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ANÁLISE DE RESISTÊNCIA DE ROCHA E CRITÉRIOS DE RUPTURA

O estudo da resistência de rochas em elevada temperatura e sob pressão foi fortemente influenciado
pelos trabalhos de John Handin nos laboratórios da Shell (EUA) nos anos 1950-1960. Este grupo
sistematicamente estudou a resistência à ruptura de vários tipos de rochas. O exercício 1 mostra
como os resultados obtidos na Shell puderam ser usados na determinação do envelope de ruptura de
rochas submetidas ao esforço (tensão) de carga.

Exercício 1 – Determinação do envelope de ruptura no domínio rúptil (frágil)

O objetivo deste experimento foi determinar o envelope de ruptura de um arenito (arenito maciço
de granulação fina, bem selecionado). Todos os experimentos foram realizados em temperatura
ambiente a uma taxa de deformação de 10-3 s-1.

Os dados brutos obtidos nos três experimentos foram plotados no gráfico abaixo (Fig. 1A). Em cada
caso, quando a amostra atingiu o limite de resistência (ultimate strength), ela quebrou formando
fraturas discretas de cisalhamento. A pressão confinante (σ3) está indicada no lado direito do
gráfico 1A. O limite da resistência é a carga máxima que a amostra suporta antes de quebrar,
seguido pela queda da tensão provocada pelo fraturamento. A queda de tensão é indicada pela seta
no final da curva. A amostra fraturada após o término do experimento (Fig. 1B) contém um plano
principal de fratura cujo ângulo (θ) medido com a direção de σ1 é de 67°.

Figura 1. Dados experimentais de ruptura em arenito. 1A - Relação deformação vs. tensão (σ3 é a pressão confinante).
1B - Tensões principais na amostra de prova. θ é o ângulo entre σ1 e a normal ao plano de fratura.
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a) Usando os dados da Figura 1A determine a tensão diferencial (σ1 – σ3) e a tensão média (σm) no
limite de resistência da amostra (preencha os resultados na Tabela abaixo).

b) Construa o diagrama de Mohr no momento da ruptura para as magnitudes da pressão confinante


(σ3) fornecidos na figura 1A.

c) Desenhe duas retas (na parte superior e inferior do gráfico) que tangenciam os três círculos (o
ajuste pode ser aproximado). Estas curvas definem o envelope de ruptura do arenito nas condições
do experimento (T ambiente). Calcule a equação que descreve o envelope de ruptura. Esta é a
equação de Coulomb-Mohr para o arenito (obs: a reta-envelope pode ser descrita por uma equação
de primeiro grau).

e) A orientação do plano de ruptura é determinada pelo ângulo obtuso entre o eixo σn, a linha
conectando o centro do círculo de Mohr e o ponto tangente ao envelope. A inclinação do plano de
ruptura é a mesma nos três experimentos?

f) A orientação do plano de fratura observado é o mesmo daquele sugerido pelo critério de ruptura
de Coulomb-Mohr?

g) Como a pressão confinante afeta a resistência ao fraturamento do arenito?

h) Com as respostas da questão (e-f), complete a Tabela 1. Sugira que aplicações práticas estes
resultados poderiam ter, notadamente no que se refere a estabilidade de furos de sondagem?

Tabela 1 - Preencher com os dados da figura 1A

Arenito Oil Creek

P conf. (σ3) Tensão diferencial na ruptura Tensão média, σm σ1 na ruptura Ângulo da


Experimento
(σ1 - σ3) fratura com σ1

1
2
3

Exercício 2 – Estudo da transição rúptil – dúctil.

Handin et al. (1963) conduziram um conjunto de experimentos de carga em um arenito do


Carbonífero (Berea Sandstone; quartzo-arenito de granulação média). Este arenito é menos
resistente a carga que o arenito Oil Creek. Nestes experimentos, as amostras continham uma
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pressão fluida controlada no laboratório. A pressão confinante (σ3) nos cinco experimentos foi a
mesma (200 MPa), mas a pressão fluida (Pf) variou (0, 50, 100, 150 e 200 MPa). A Figura 2
fornece as curvas dos cinco experimentos de Handin et al. (1963). A pressão efetiva confinante (P’c
= σ3 - Pf) associada a cada curva é indicada na figura. A análise das curvas mostra que o arenito
Berea não perde completamente sua integridade após o limite elástico; não há uma queda súbita da
coesão (ruptura) acompanhada de queda abrupta da tensão, como foi a caso do Oil Creek
Sandstone. Sob elevada magnitude de tensão efetiva confinante, foi observado que as amostras de
arenito continuaram a deformar sem queda de tensão, mesmo após o desenvolvimento de fraturas
(ponto na curva com respectivo valor da tensão diferencial). Note que, sob elevada pressão
confinante, o limite de resistência do arenito continua a crescer.

Figura 2. Deformação (strain) vs tensão diferencial em arenito. P'c é a pressão efetiva confinante.

a) As curvas dos experimentos em baixa pressão efetiva confinante possuem forma diferente das
curvas sob elevada pressão efetiva confinante. Por que? O limite elástico é o mesmo que o limite de
resistência em todos os experimentos? Sob que condições ocorre o endurecimento da rocha (strain
hardening) ?

b) Após examinar a Figura 2, sugira como a deformação (%) está relacionada a pressão efetiva
confinante, quando o limite de resistência é alcançado. Relembrando a definição de ductilidade
(ductilidade = deformação total (%) antes da ruptura), explique como a ductilidade está relacionada
a pressão efetiva confinante.

c) Plote os círculos de Mohr para cada experimento. Use a magnitude do limite de resistência (valor
acima do ponto) como a tensão diferencial no momento da ruptura e considere P'c = σ3 como a
pressão efetiva confinante. Trace o envelope de ruptura (linha tangenciando os círculos de Mohr).
De que maneira o envelope de ruptura deste experimento difere do envelope de ruptura do Oil
Creek Sandstone?
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d) Determine como os ângulos de fratura mudam em função da pressão efetiva confinante. Há uma
mudança sistemática? Tente explicar porque esta mudança ocorre. Os ângulos medidos de fratura
(ângulo entre σ1 e o plano de fratura) foram 26° a 0 Mpa (Pc), 27° a 50 MPa, 34° a 100 MPa, 36° a
150 MPa e 38° a 200 MPa. Note que estes ângulos são um tanto diferentes daqueles obtidos com o
diagrama de Mohr, provavelmente refletindo a natureza qualitativa do envelope de ruptura de
Coulomb-Mohr.

e) Baseado nos resultados das amostras do arenito Berea, qual seria o comportamento deste arenito
a 1 km de profundidade submetido a tensão proveniente da carga litostática (considere uma rocha
“seca”). O que aconteceria com o Oil Creek Sandstone nestas mesmas condições? Assuma que a
tensão diferencial na crosta superior é 2/3 ρgh, onde ρ é a densidade (2.700 kg/m3), g é a constante
gravitacional (9.8 m/s2) e h é a profundidade em quilômetros.

f) Observe que neste experimento foi usado o termo “efetivo” para enfatizar que as amostras
continham uma pressão fluida nos poros da rocha. Uma mudança na pressão fluida afetaria a
equação do envelope de ruptura de uma determinada rocha?

g) A pressão confinante de uma amostra do arenito Berea é ajustada a 100 MPa e o teste de carga
triaxial a 210 MPa. Baseado no envelope de falha que você determinou, a amostra irá fraturar se a
pressão fluida for de 50 MPa? E a 60 MPa? Como um aumento da pressão fluida de 75 MPa afeta a
posição do círculo de Mohr? Como um aumento na pressão fluida de 60 MPa afeta o valor de
tensão média e a tensão diferencial?

ANÁLISE DA DEFORMAÇÃO DÚCTIL

No domínio de deformação rúptil, uma pequena taxa de deformação elástica (< 3%) é suficiente
fraturar uma rocha. Na deformação dúctil, fraturas não se desenvolvem mesmo após a imposição de
elevadas taxas de deformação (> 25%). Em outras palavras, durante o comportamento dúctil a
rocha pode suportar elevadas taxas de deformação sem fraturar (perder a coesão).

Exercício 3

Os três parâmetros ambientais mais importantes na determinação do comportamento rúptil ou dúctil


de uma rocha são a temperatura, a pressão confinante e a taxa de deformação. Dados experimentais
em calcário e mármore utilizando os parâmetros acima descritos são mostrados na figura 3. As
amostras de calcário e mármore examinadas foram submetidas uma uma carga compressiva triaxial,
sendo que o mármore Yule foi submetido a uma carga distensiva triaxial.
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Figura 3. Comportamento dúctil no calcário (limestone) Solenhofen e no mármore (marble) Carrara e Yule, com a
variação da: (a, b) pressão confinante, (c) temperatura e, (d) taxa de deformação (ε).
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a) Descreva como o limite elástico varia em função das condições ambientais em cada grupo de
experimentos. Esboce um gráfico do limite elástico (em termos da tensão diferencial) em função
dos parâmetros ambientais (pressão confinante, temperatura, taxa de deformação).

b) Considerando os resultados destes experimentos, sob que condições a deformação dúctil seria
favorecida?

c) Compare os resultados dos experimentos com pressão confinante variável do calcário Solenhofen
(3b) com aqueles experimentos do mármore Carrara (3a). O calcário é uma rocha de granulação
fina enquanto o mármore possui uma granulação grossa. Qual a dependência da ductilidade com o
tamanho do grão?

d) Rochas carbonáticas são relativamente dúcteis se comparadas as propriedades reológicas do


granito. Que tipos de curvas no diagrama tensão-deformação seriam esperadas para o granito nas
condições dos experimentos 3a e b?

e) Considerando o estado de tensão na crosta continental, a que profundidades esperaríamos o


comportamento dúctil tornar-se dominante com respeito ao comportamento frágil no calcário
Solenhofen, assumindo que a temperatura não se altera significativamente com a profundidade?

f) O gradiente geotérmico na crosta é em média 30° C/km. A aproximadamente que profundidade


esperaríamos a transição frágil-dúctil no mármore Yule, desconsiderando os efeitos da pressão
confinante?

RESISTÊNCIA A FRICÇÃO NA ROCHA

Estudo do envelope de deslizamento por fricção

Nos laboratórios da Shell, no final dos anos 60, John Handin mediu as propriedades friccionais do
arenito Tennessee. Para cada experimento ele usou um cilindro de arenito de 1.9 x 50 cm contendo
um corte diagonal de 45° com o eixo do cilindro. A superfície cortada foi polida de modo a permitir
um bom ajuste entre as duas partes do cilindro. As amostras foram colocadas no dispositivo de
carga triaxial. A tensão necessária ao deslizamento da seção cortada (i.e., a resistência à fricção ou
ao atrito) foi medida submetendo a amostra a uma carga triaxial e observando em que momento
superfície cortada se movimenta. O experimento foi repetido para uma gama variada de pressões
confinantes, como mostrado na tabela II abaixo.
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Tabela II
Propriedades friccionais do arenito Tennessee
Pressão confinante Tensão cisalhante σs Tensão normal σn Coef de fricção µ
25 76 100 0.76
50 130 180 0.72
75 181 255 0.71
100 231 330 0.70
125 287 410 0.70
150 331 480 0.69
175 386 560 0.69
200 420 620 0.68

A tabela II lista os valores de µ (razão entre σs/σn) para cada experimento (Handin, 1969). Note
que os termos das tensões normal e cisalhante foram calculados pela resolução da tensão axial sobre
um plano orientado 45°. Note ainda que o coeficiente de fricção µ é adimensional.

Exercício 4

a) Derive µ’ baseado na inclinação da reta entre σs versus σn.

b) Escreva a equação geral para o deslizamento friccional do arenito Tennesse. Note que µ’ nesta
equação é, por definição, independente da pressão confinante.

c) De que maneira o coeficiente de fricção µ em cada teste individual depende da pressão


confinante? Esta relação é melhor ilustrada plotando-se µ contra a pressão confinante.

Competição entre (nova) fratura e deslizamento friccional na rocha.

A tensão cisalhante necessária para iniciar o escorregamento em uma fratura preexistente depende
da magnitude da tensão normal no plano de fratura, como pode ser ilustrado comparando a tensão
normal e cisalhante da tabela II. A tensão normal no plano de fratura depende da orientação relativa
de σ1. Se a fratura é orientada de modo que a tensão normal sobre a fratura seja elevada, a rocha
poderá sofrer nova ruptura antes da fratura preexistente ceder. É possível determinar as condições
nas quais o deslizamento friccional antecede a fraturação para um dado tipo de rocha, comparando
o envelope de deslizamento friccional com o envelope de ruptura de Coulomb-Mohr.

Handin (1969) realizou uma série de experimentos para investigar a preferência da ocorrência de
um novo fraturamento antes do movimento de fraturas preexistentes. Ele selecionou cilindros de 1.9
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x 5.0 cm de vários tipos de rocha (dolomito Blair, calcário Solenhofen, calcário Leuders e arenito
Tennessee) e os seccionou a um ângulo específico. Os cortes representaram as fraturas
preexistentes nas amostras de teste. Os experimentos foram repetidos nos mesmos tipos de rocha
para diferentes orientações de fraturas e para uma gama variada de pressões confinantes.

A tabela III apresenta as equações dos envelopes de ruptura e fricção. Em algumas amostras a
deformação foi acomodada inteiramente pelo deslizamento de fraturas preexistentes. Em outras
amostras a carga formou novas fraturas, com as antigas permanecendo estáveis (Fig. 4).

Tabela III
Envelopes de ruptura e fricção
Tipo de rocha Envelope de Coulomb-Mohr Envelope de fricção
Dolomito Blair σs= 45 + σn tan 45° σs = σn tan 21°
Arenito Tennessee σs = 50 + σn tan 40° σs = σn tan 35°
Calcário Solenhofen σs = 105 + σn tan 28° σs = σn tan 32°
Calcário Leuders σs = 15 + σn tan 28° σs = σn tan 31°

Figura 4. Teste de carga em amostra (dolomito) previamente cortada (precut), com a normal ao plano de corte fazendo
um ângulo de 25° com σ1.

Exercício 5

a) No diagrama de Mohr, determine os envelopes tanto de Coulomb-Mohr como de friccão para as


quatro litologias listadas na Tabela III. Observe que a linha de ruptura friccional passa pela origem
do gráfico.

b) Nos experimentos identificados na tabela III, compare os coeficientes de fricção ao deslizamento


e fricção interna. Considere um experimento no qual a pressão confinante é de 100 MPa, com a
tensão diferencial aumentando gradualmente. Com os dados da tabela III, determine se alguma das
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rochas deformariam por deslizamento em uma fratura preexistente inclinada 45° com a carga axial
(σ1) ou se novas fraturas seriam desenvolvidas.

c) Considere um experimento onde a tensão média é de 400 MPa. Quais seriam os ângulos nas
fraturas pré-existentes do arenito Tennessee em que, após a carga, novas fraturas se formariam
enquanto as pré-existentes permaneceriam estáveis?

d) A crosta da Terra contém fraturas com muitas orientações. Utilizando as respostas das questões
precedentes e as tabelas II e III, explique por que a magnitude da tensão diferencial na crosta
superior é controlada pelo critério de deslizamento friccional e não pelo critério de ruptura.

e) Se a tensão axial é de 207.6 MPa e a pressão confinante de 92.4 MPa, determine a tensão
cisalhante em cada um dos planos do cilindro de rocha (Fig. 5) usados nos experimentos.
Assumindo que estas descontinuidades existam dentro do cilindro de rocha, qual seria o plano onde
o escorregamento friccional seria favorecido? (Construir o diagrama de Mohr cuidadosamente).

Figura 5. Condições experimentais para teste de carga em dolomito

FRICÇÃO E TENSÃO NA CROSTA DA TERRA

Os dados da tabela III do arenito Tennessee estão plotados no diagrama de Mohr (Fig. 6). Os dados
parecem alinhar-se em uma única reta definindo um envelope semelhante ao de Coulomb-Mohr,
denominado envelope de fricção. Byerlee (1978) compilou uma grande quantidade de dados de
fricção para uma grande variedade de rochas. Após plotar seus dados num diagrama semelhante ao
da figura 6, Byerlee observou que muitos dados de fricção seguiam um alinhamento geral dividido
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em dois segmentos (Fig. 7). Os resultados mostraram que para tensões médias inferiores a 200
MPa, a equação geral de fricção é dada por:

σs = 0.85 (σn) equação 1


enquanto os dados para tensões médias acima de 200 MPa seguiam a equação:
σs = 50 + 0.6 (σn) equação 2

Figura 6. Diagrama de Mohr para o arenito Tennessee

Figura 7. Dados experimentais de fricção para vários tipos de rocha.

Neste exercício vamos demonstrar que a análise de Coulomb-Mohr pode ser usada para determinar
que orientações de fratura são mais favoráveis ao deslizamento. Em um cilindro de granito, foram
criadas 3 direções de fraturas (cortes na serra diamantada com superfícies levemente polidas). As
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normais aos planos de fratura fazem ângulos de 45°, 60° e 75° com σ1 (Fig. 8). A amostra foi
colocada na prensa triaxial e ajustada a pressão confinante para 150 MPa. A carga axial cresce
progressivamente até que um dos planos de fratura ceda.

Figura 8. Condições experimentais em amostra de granito

Exercício 6

a) Estime a tensão diferencial no momento da falha. Se σ3 é 150 MPa, podemos supor que a tensão
média é pelo menos 300 MPa. Se esta suposição estiver correta, podemos usar a equação geral de
fricção para definir o envelope de deslizamento friccional. Construa o diagrama de Mohr mostrando
os envelopes de fricção para o deslizamento.

b) Plote o valor de σ3 no diagrama de Mohr. Como sabemos que a rocha falha por deslizamento,
então podemos por tentativa e erro usar o compasso para encontrar o círculo de Mohr que passa por
150 MPa e tangencia o envelope de ruptura. Determine a tensão média e a tensão diferencial no
momento da ruptura. Considerando a tensão média que foi determinada, que equação caracteriza o
envelope de ruptura?

c) Calcule o ângulo 2θ no diagrama de Mohr. Com este ângulo podemos saber qual foi o plano de
fratura que deslizou no experimento. Qual foi ele? Note que este plano não foi onde a tensão
cisalhante σs foi maior. Porque ele então deslizou primeiro? Porque devemos esperar que outras
fraturas sejam estáveis nestas condições de tensão?

d) Considere um estado hipotético de tensão na crosta superior da Terra. σ1 é a tensão vertical dado
pelo peso da coluna de rocha sobrejacente. A magnitude de σ1 é ρ.g.h. Na ausência de esforços
tectônicos, a tensão horizontal na crosta superior é devido a expansão lateral da rocha provocado
pela carga vertical. Assuma que a tensão horizontal σ2 = σ3 = 1/3 σ1. Determine a tensão média, a
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tensão diferencial e a profundidade na crosta na qual σ2 = σ3 = 150 MPa. Assumindo que as


predições feitas acima estão corretas, como estas tensões se comparam com as tensões no momento
de ruptura do experimento? A profundidades de 18 km você esperaria qual fratura, ou grupo de
fraturas, deslizaria primeiro? Se nenhuma, o quanto a pressão fluida teria que crescer antes que o
deslizamento na rocha ocorresse.

O diagrama de Mohr contruído com os dados da tabela III para o dolomito Blair é mostrado na
figura 9. Neste diagrama, o círculo de Mohr representa o estado de tensão no qual uma fratura de
cisalhamento se forma sob uma pressão confinante de 100 MPa. O envelope de ruptura de
Coulomb-Mohr é tangente ao círculo no ponto O. O raio ON faz um ângulo 2θ = 135°. Portanto, o
diagrama de Mohr indica que uma fratura se desenvolve na rocha homogênea que se quebra a uma
pressão confinante de 100 MPa, fazendo um ângulo de aproximadamente 22° com σ1.

Figura 9. Diagrama de Mohr para o dolomito Blair.

Utilizando os dados de fricção de Byerlee (descritos anteriormente), verificamos que o envelope de


fricção do dolomito Blair possui uma inclinação relativamente suave (21°). Este envelope não é o
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mesmo que aquele especificado nas equações 1 e 2 e, portanto, não se ajusta as equações gerais de
fricção fornecidas anteriormente. Esta discrepância pode ser ao devido ao polimento das superfícies
dos cortes efetuados nas amostras, o que diminui a resistência ao cisalhamento nestes planos.

Os dados da figura 9(a) permitem antecipar quais os setores de orientações possíveis no qual o
deslizamento em fraturas preexistentes no dolomito seria favorecido, ao invés da formação de nova
ruptura. As orientações favorecidas estariam situadas na área pontilhada ABN. Se usarmos a
equação geral de fricção para representar a resistência friccional deste dolomito (Fig. 9(b)),
verificamos que um grupo menor de orientações de deslizamento seriam favorecidas. Neste caso,
uma fratura pré-existente inclinada 45° (2θ = 90°) com σ1 não seria reativada, enquanto uma fratura
inclinada 43° (2θ = 96°) provavelmente deslizaria. No primeiro caso, a rocha desenvolveria uma
nova fratura com um ângulo de 22° com σ1.

Exercício 7

O calcário Leuders é uma rocha relativamente frágil. Sob pressões confinantes de 100 MPa, é
solicitado uma tensão diferencial de 230 Mpa para fraturar esta rocha.

a) Construa o diagrama de Mohr. Qual a orientação da fratura? (use os dados da tabela III)

b) Plote o envelope de fricção deste calcário. Note que ele é muito próximo do envelope de
Coulomb-Mohr. O que isto significa?

c) Nesse estado de tensão, quais as orientações das fraturas que iriam reativar? Se o calcário for
homogêneo, qual a orientação da fratura quando a tensão diferencial atinge o valor crítico?

d) No artigo que Byerlee (1978) compilou os dados de fricção de vários tipos de litologias (Fig. 7),
muitas rochas mostraram um comportamento friccional que se desviava da equação geral de
fricção. O calcário Leuders foi uma destas litologias. Plote o envelope de fricção utilizando a
equação geral de fricção. Neste caso, o envelope de fricção ficará acima do envelope de ruptura de
Coulomb-Mohr. Se as equações gerais de fricção são aplicáveis, seria possível que o calcário
Leuders favorecesse o deslizamento de fraturas preexistentes caso estas estivessem presentes?

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