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MAPEAMENTO QUALI-QUANTITATIVO EM

EDUCAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO: UM


LEVANTAMENTO PANORÂMICO DOS ARTIGOS
DESENVOLVIDOS NO ENEGEP E SIMPEP DE 2011 A
2016.
CAROLINA MAIA DOS SANTOS - cmaias@ymail.com
CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA - CEFET - RJ

FERNANDA ABREU DE MORAES FIGUEIREDO - fernandaabreu@id.uff.br


CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA - CEFET - RJ

ALEXANDRE DE CARVALHO CASTRO - o.aken@uol.com.br


CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA - CEFET - RJ

Área: 10 - EDUCAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO


Sub-Área: 10.2 - ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO E APLICAÇÃO DA PESQUISA
EM ENG. DE PRODUÇÃO

Resumo: A PESQUISA ENVOLVE O LEVANTAMENTO BIBLIOMÉTRICO DOS


ARTIGOS DA ÁREA DE EDUCAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
PUBLICADOS NOS ANAIS DOS EVENTOS DO ENEGEP E SIMPEP DE 2011 A 2016.
CONSISTE EM UM ESTUDO EXPLORATÓRIO, ABRANGENDO OS MÉTODOS
QUANTITAATIVO E QUALITATIVO APLICADOS NA AVALIAÇÃO DOS ARTIGOS
DESTA ÁREA. CONSTATA-SE A DOMINÂNCIA NO DESENVOLVIMENTO DE
ESTUDOS TEÓRICOS, SENDO IMPORTANTE O INCENTIVO DE ANÁLISES QUE
TRAGAM RESULTADOS PREDOMINATEMENTE PRÁTICOS, ENVOLVENDO
MUDANÇAS NO COTIDIANO DE PROFISSIONAIS DA ENGENHARIA DE
PRODUÇÃO. A SUBÁREA DE ESTUDO DO ENSINO É ABORDADA EM MAIOR
QUANTIDADE, PREVALECENDO-SE SOB AS DEMAIS SUBÁREAS. EMBORA SE
PERCEBA O AUMENTO GRADUAL DE PESQUISAS NAS SUBÁREAS DE APLICAÇÃO
DE PESQUISA E DE PRÁTICA PROFISSIONAL TANTO NO ENEGEP QUANTO NO
SIMPEP, O VOLUME DA QUANTIDADE DE ARTIGOS, NESSES GRUPOS, AINDA
CONTINUA IRRISÓRIO SE COMPARADO AO MONTANTE OBSERVADO NA
SUBÁREA DE ESTUDO DO ENSINO. IDENTIFICA-SE, ASSIM, A NECESSIDADE DE
SE FOCAR EM ESTUDOS VOLTADOS ÀS SUBÁREAS DE APLICAÇÃO DE PESQUISA
E DE PRÁTICA PROFISSIONAL QUE VEM RECEBENDO, ULTIMAMENTE, POUCO
DESTAQUE NESSES EVENTOS CIENTÍFICOS.

Palavras-chaves: MAPEAMENTO; ARTIGOS; EDUCAÇÃO; ENGENHARIA DE


PRODUÇÃO
XXIV SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
Contribuições Da Engenharia De Produção Para Uma Economia De Baixo Carbono
Bauru, SP, Brasil, 8 a 10 de novembro de 2017

QUALI-QUANTITATIVE MAPPING IN
PRODUCTION ENGINEERING
EDUCATION: A PANORAMIC SURVEY
OF THE ARTICLES DEVELOPED IN
ENEGEP AND SIMPEP FROM 2011 TO
2016
Abstract: RESEARCH INVOLVES THE BIBLIOMETRIC SURVEY OF THE
EDUCATION AREAS IN PRODUCTION ENGINEERING PUBLISHED IN THE
ANALYSIS OF THE EVENTS OF ENEGEP AND SIMPEP FROM 2011 TO 2016.
CONSISTS IN AN EXPLORATORY STUDY, COVERING THE QUANTITATIVE AND
QUALIITATIVE METHODS APPLIED IN THE EVALUATION OF THE ARTICLES IN
THIS AREA. FIND OUT THE DOMINANCE IN THE DEVELOPMENT OF MORE
THEORETICAL STUDIES, AND THE INCENTIVE OF ANALYSIS THAT BRINGS
PREDOMINATELY PRACTICAL RESULTS, INVOLVING CHANGES IN THE DAILY
PROFESSIONALS OF THE PRODUCTION ENGINEERING IS NECESSARY.
THEREFORE, THE TEACHING STUDY SUBJECT IS ADOKED IN OVERLAPH,
HAVING HIS SATURATED THEME IN THE TOUCH OF NUMBER OF ARTICLES.
NEED TO FOCUS IN STUDIES CONCERNED TO SUBHEARS OF RESEARCH
APPLICATION AND PROFESSIONAL PRACTICE THAT RECEIVE LITTLE
IMPORTANCE.

Keyword: MAPPING; ARTICLES; EDUCATION; PRODUCTION ENGINEERING

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Contribuições Da Engenharia De Produção Para Uma Economia De Baixo Carbono
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1. Introdução

Ao longo dos anos, o mundo passou por modificações que alteraram o modo de vida,
hábitos, crenças e formas de trabalho (COUTINHO, 2016). A engenharia e seus segmentos de
aplicação também se modificaram uma vez que o desenvolvimento desta área acompanha a
evolução da sociedade e dos processos industriais. Todavia, nos últimos anos, observam-se
alterações cada vez mais rápidas e isto leva a compreender que, em espaços de tempo cada
vez mais curtos, tecnologias tenderão a ruir e surgir a todo momento, exigindo uma grande
preparação para viver em um ambiente de constantes mudanças (TELLES, 2015).
Nota-se, dessa forma, a necessidade do desenvolvimento de pesquisas sobre a área de
Educação voltada para a engenharia (CORDEIRO et al., 2009) para acompanhar tais
transformações, sobretudo estudos dessa vertente voltados para o curso de Engenharia de
Produção pois elementos como “Produtividade e Qualidade, que historicamente sempre foram
[itens] fundamentais de interesse e estudo da Engenharia de Produção, tornaram-se agora uma
necessidade competitiva de interesse global [...]” (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, 2001).
Assim sendo, o presente trabalho possui, como objetivo, produzir uma análise
qualitativa e quantitativa sobre estudos atuais em Educação em Engenharia de Produção
através da verificação de artigos publicados nesta área em dois grandes eventos de divulgação
científica. Para essa empreitada, escolheram-se, como objetos de análise, o Encontro Nacional
de Engenharia de Produção (ENEGEP) e o Simpósio de Engenharia de Produção (SIMPEP).
A ideia é mapear a quantidade de artigos na área de Educação de Engenharia de Produção
publicados entre os anos de 2011 e 2016 nesses dois eventos estipulados como focos do
estudo. Desse modo, pretende-se analisar os trabalhos qualitativamente usando como
categorias as três subáreas empregadas por esses eventos na área de Educação de Engenharia
de Produção, observando a sua distribuição com o passar dos anos, as abordagens estudadas e
aquelas que recebem pouca atenção.

2. Referencial Teórico

Apesar de ter nascido em um âmbito mais restrito, nos dias atuais, percebe-se a
atuação da engenharia nos mais variados ramos, desde a mais tradicional, como a civil, até a
ambiental, de alimentos, bioquímica, automação e computação.
O aparecimento de uma dessas variações veio com o advento das máquinas, em

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decorrência da Revolução Industrial, que fez emergir a necessidade de otimização do trabalho


nas fábricas. Assim, no final do século XIX, estudiosos como Frederick Taylor, Frank e Lilian
Gilbreth, Henry Gantt e Harrington Emerson começaram a desenvolver métodos e técnicas
para aprimorar as atividades dos operários visando ao aumento da produtividade. Estas ideias
foram postas em prática nas empresas estadunidenses e, posteriormente, espalharam-se por
todo o mundo. É neste mesmo período que nasce o curso denominado Engenharia Industrial
que, no Brasil, viria a chamar-se Engenharia de Produção (BATALHA, 2013).

2.1 O crescimento da Engenharia de Produção (EP)

Os primeiros cursos brasileiros iniciaram suas atividades a partir de um


desdobramento da Engenharia Mecânica na década de 1950. Este vínculo é mantido até 1970
quando há a criação do primeiro curso de Engenharia de Produção autônomo pela
Universidade de São Paulo (USP) que seria reconhecido em 1976 (DIRETORIA DA
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, 2017).
Hoje, de acordo com Associação Brasileira de Engenharia de Produção (ABEPRO)
(2001) a partir de definições do International Institute of Industrial Engineering, compete à
Engenharia de Produção

“[...] o projeto, a modelagem, a implantação, a operação, a manutenção e a


melhoria de sistemas produtivos integrados de bens e serviços, envolvendo
homens, recursos financeiros e materiais, tecnologia, informação e energia.
Compete ainda especificar, prever e avaliar os resultados obtidos destes sistemas
para a sociedade e o meio ambiente, recorrendo a conhecimentos especializados
da matemática, física, ciências humanas e sociais, conjuntamente com os
princípios e métodos de análise e projeto da engenharia.”

Desde o seu aparecimento até os dias atuais, os cursos de Engenharia de Produção


apresentaram um elevado crescimento. Segundo Bittencourt et al. (2010),

No início da década de 1990, o Brasil contava com 15 cursos de EP em


funcionamento, considerando todas as ênfases. Este número saltou para 72 no
ano 2000 e, em oito anos, aumentou para 287. A explosão verificada nos cursos
de EP (aumento de 1820% no período) não ocorreu na mesma magnitude nas
áreas tradicionais da engenharia.[...] Os cursos de maior representatividade são,
respectivamente, a EP plena e a EP mecânica. As duas ênfases correspondem a

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84,5% do total dos cursos [...].

Dessa maneira, é nos anos 2000 que a quantidade de cursos de engenharia, de forma
geral, despontam, com grande destaque para a Engenharia de Produção. Este crescimento é
consequência de incentivos governamentais em prol da formação de “mais e melhores
engenheiros” que levaram, inclusive, a abertura de cursos de engenharia através da educação a
distância também como uma forma de difusão desta modalidade de ensino (ASSUMPÇÃO et
al., 2016; DOS REIS et al., 2017).
Entretanto, não é somente em números que esta graduação se expandiu.
Acompanhando o desenvolvimento dos processos industriais assim como as demais
engenharias, o engenheiro de produção passou a ser requisitado em outros segmentos.

Apesar [do] início mais restrito em termos de campo de atuação, especialmente


na manufatura e nas indústrias de produção em massa, [o engenheiro de
produção] se transformou ao longo dos anos frente os novos desafios
enfrentados pela indústria. A primeira mudança foi quanto à abrangência. Mais e
mais setores [...] experimentaram as vantagens proporcionadas pelo conjunto de
competências e habilidades [deste profissional]. Assim, hoje, estes [engenheiros]
são requisitados nos setores médico, hospitalares, alimentícios, de processos
contínuos e todos os demais. Além disso, além da fabricação, os conhecimentos
e métodos utilizados são aplicados também nas áreas de inovação,
desenvolvimento de produtos complexos e para garantir a eficácia na execução
de grandes programas (DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE
PRODUÇÃO/USP, 2017).

Neste cenário, com a modificação dos meios social, profissional e de formação do


engenheiro de produção, há também a necessidade de aprimoramento e novos estudos e
pesquisas voltados para a educação em engenharia.

2.2 Os eventos

Neste trabalho, os artigos analisados são provenientes de dois importantes eventos na


área da Engenharia de Produção no Brasil, representando, deste modo, grandes espaços de
difusão e troca de conhecimentos bem como de discussão e integração entre pessoas e
também instituições.
O ENEGEP (Encontro Nacional de Engenharia de Produção) reúne, todos os anos

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desde 1981, uma grande quantidade de professores, pesquisadores, empresários e também


muitos estudantes. De 2011 a 2016, período de análise dos trabalhos neste estudo, o evento
contou com mais de 12.000 participantes dos quais mais de 50% eram graduandos. Em 2014,
estes estudantes atingiram o patamar de 73% do total de congressistas (ABEPRO, 2017). O
evento ainda é estruturado pela ABEPRO desde 1986 e a cada ano é organizado em diferentes
cidades brasileiras.
Já o SIMPEP (Simpósio de Engenharia de Produção) acontece desde 1994 e tem, em
média, 700 trabalhos inscritos por ano. Ao contrário do ENEGEP, este evento ocorre sempre
no mesmo local, na Faculdade de Engenharia da Universidade Estadual Paulista “Julio de
Mesquita Filho” (UNESP), campus Bauru (SP), sendo organizado por esta mesma instituição
(SIMPEP, 2017). Além dos inscritos oriundos de todas as regiões brasileiras, o simpósio
conta ainda com a participação de estrangeiros vindos da Europa promovendo debates e
reflexões sobre pesquisas em Engenharia de Produção de âmbitos nacional e internacional.

3. Metodologia

A pesquisa é bibliográfica por fazer o levantamento de informações sobre os assuntos


tratados com base em artigos publicados nos anais dos congressos. É considerada do tipo
exploratória por proporcionar maior familiaridade com o problema, promovendo o
conhecimento de quais assuntos vem sendo mais abordados e aqueles que estão sendo pouco
destacados nas pesquisas (SILVA; MENEZES, 2001).
Utilizam-se os métodos qualitativo e quantitativo para levantar a quantidade e as
informações sobre os tipos de pesquisas abordados nos eventos, simultaneamente (GIL, 2007
apud ZANELLA, 2009). Para este fim, aproveita-se a mesma classificação dos artigos em
subáreas dentro da área de Educação aplicados igualmente no ENEGEP e no SIMPEP.
Baseando-se nestas, faz-se uma consideração das frequências absolutas e relativas das
quantidades observadas em cada um dos eventos. Além disso, compara-se a evolução do
incremento de artigos de cada subárea de um ano para outro partindo-se de 2011 e indo até
2016 para, ao final, discutir os panoramas temáticos observados nos artigos submetidos e
publicados nesses eventos.
Para o levantamento dos artigos, utilizam-se os endereços em que são identificados os
artigos dos anais. Os anais do ENEGEP encontram-se no site da ABEPRO devido esta ser a
instituição organizadora do evento.

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4. Resultados e Discussões

Embora o ENEGEP e o SIMPEP sejam organizados por instituições diferentes, ambos


utilizam-se das mesmas divisões de subáreas do conhecimento ao agregar os artigos. Por isso,
tais classificações são aproveitadas para se fazer a análise quantitativa dos artigos submetidos
à área de ensino em Engenharia de Produção.
Segundo esta divisão, a área de Educação em Engenharia de Produção (área 10) é
distribuída em três segmentos (10.1, 10.2 e 10.3), são elas:
 Estudo do Ensino de Engenharia de Produção;
 Estudo do Desenvolvimento e Aplicação da Pesquisa em Engenharia de
Produção;
 Estudo da Prática Profissional em Engenharia de Produção.
Ao se compilar o quantitativo de artigos enquadrados em cada uma das subáreas dos
eventos nos seus respectivos sites, chega-se aos dados informativos na Figura 1. Nela, há a
Figura 1a que identifica a quantidade dos artigos do ENEGEP, a Figura 1b que mostra a
quantidade referente ao SIMPEP e a Figura 1c que mostra o somatório do número dos artigos
dos ENEGEP e SIMPEP.
Percebe-se a predominância de trabalhos dentro da repartição de Estudo do Ensino em
detrimento das demais no decorrer de todos os anos considerados, seja verificando-se
separadamente (Figura 1a e Figura 1b) ou conjuntamente (Figura 1c) relativo ao somatório.
Além disso, nos três casos de análise da Figura 1, o segmento de Aplicação da Pesquisa
apresenta-se em segundo lugar em relação à quantidade de artigos e a seção de Prática
Profissional encontra-se em último lugar com o menor volume.
Ao passo que se nota a tendência ao aumento do número de artigos em Estudo do
Ensino no ENEGEP, excetuando-se uma diminuição ocorrida em 2013, percebe-se uma
oscilação um pouco menor dos valores apresentados no SIMPEP para esta mesma subárea. Já
na parte de Aplicação da Pesquisa, repara-se uma diminuição do número de artigos do
SIMPEP com o passar dos anos enquanto que se vê o fenômeno de crescimento inicial
associado a pouca variação nos últimos anos no ENEGEP.

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ENEGEP SIMPEP

27
21 20 21
22 21 22 18
Quantidade

Quantidade
18 16
14
14
10 10
10 9 8 7 6 6
6 6 5
4 4 4 3
3 2 2 2 2 2
1 1 0
2011 2012 2013 2014 2015 2016 2011 2012 2013 2014 2015 2016
(A) (B)

FIGURA 1 - Quantidades de artigos publicados na área de Educação em Engenharia de Produção divididos por
subáreas nos anais do ENEGEP e SIMPEP de 2011 a 2016. Fonte: Elaborado pelos autores a partir dos dados
disponíveis nos sites dos anais do ENEGEP e SIMPEP.

É importante ressaltar que os dois anos em que há uma diminuição de artigos na


subárea de Estudo do Ensino, tanto no ENEGEP quanto no SIMPEP (em 2013 e 2012,
respectivamente), estão associados ao aumento - no primeiro evento - e manutenção da
quantidade - no segundo - de artigos no segmento de Aplicação da Pesquisa, sugerindo uma
possível migração entre áreas ou busca por elaboração de artigos voltados mais à prática.

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Quanto à subárea de Prática Profissional, embora o tema seja menos abordado nos
eventos, há uma projeção de aumento no ENEGEP e uma certa expectativa para a continuação
de dois artigos, em média, no SIMPEP.
A partir da Figura 1c, nota-se, através da junção da contagem dos artigos dos dois
eventos inseridos na mesma seção, que o número de artigos da repartição de Estudo do Ensino
gira em torno de 30 a 40 no total, fica por volta das dezenas no segmento de Aplicação da
Pesquisa e está na ordem das unidades na subárea de Prática Profissional.
A prevalência de artigos da área de Educação em Engenharia de Produção em Estudo
do Ensino é justificada devido tal seção envolver temas muito mais abrangentes do que as
demais divisões. Percebe-se, portanto que, quanto mais específico a subárea no tocante ao
assunto, menor o número de artigos enquadrados em tal grupo.
Agrupando-se as seções em uma pirâmide, em sua base, estaria o maior volume de
artigos sobre Estudo do Ensino, no estrato acima, estaria localizada a parte de Aplicação da
Pesquisa e, no segmento do topo, em menor número, os trabalhos sobre Prática Profissional.
Tal fato corrobora para a constatação de que os artigos da área de Educação estão sendo muito
abrangentes e pouco expressivos para a realidade prática, sendo, muitas das vezes
predominantemente teóricos. Há, portanto, a necessidade de desenvolvimento de pesquisas da
área de Educação mais significativas, deixando os escopos genérico, conceitual e abstrato.
A fim de se ter uma visão mais ampla, além das frequências absolutas das quantidades
de artigos publicados mostradas na Figura 1, mostram-se as porcentagens (frequências
relativas) em cada subárea da área de Educação em Engenharia de Produção no ENEGEP e no
SIMPEP identificadas na Figura 2a e na Figura 2b, respectivamente.
Ao analisar a distribuição de artigos entre as subáreas (Figura 2), percebe-se a
dominância da seção de Estudo do Ensino sobre as demais nos dois eventos conforme
relatado anteriormente.
No ENEGEP, durante os anos de 2011 e 2012, notam-se os maiores percentuais de
artigos registrados na subárea de Estudo do Ensino, atingindo as marcas de 81,82% e 81,48%,
respectivamente. Ese segmento apresenta uma queda percentual, em 2013, para 53,85%
concomitantemente ao crescimento percentual de artigos da seção de Aplicação da Pesquisa
para 38,46%. Tal fato sugere a migração de artigos entre subáreas como descrito previamente.
Além dessa transição, é importante destacar a porcentagem de 38,46% do ano de 2013 por
registrar a maior distribuição de artigos da repartição de Aplicação de Pesquisa de 2011 a
2016 ao se comparar os eventos do ENEGEP e do SIMPEP.

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FIGURA 2 - Porcentagem de artigos publicados na área de Educação em Engenharia de Produção divididos por
subáreas nos anais do ENEGEP e SIMPEP de 2011 a 2016. Fonte: Elaborado pelos autores a partir dos dados
disponíveis nos sites dos anais do ENEGEP e SIMPEP.

Na Figura 2b, como pontos relevantes, destacam-se o percentual de 0,00% de artigos


no segmento de Prática Profissional por não se ter artigo nenhum nesse grupo em 2013 e a
maior frequência relativa do SIMPEP de 80,77% de artigos na subárea de Estudo do Ensino
em 2015.
Para comparar a variação do número de artigos de um ano para outro, foram feitos os
cálculos dos incrementos percentuais (%∆) para mostrar a elevação ou redução da quantidade
por subárea. Os cálculos obtidos são mostrados na Tabela 1.
Desta relação, ressalta-se que, como 2011 é o primeiro ano dos dados analisados na
pesquisa, o valor incremental (%∆) como referência é zero. Ademais, o símbolo identificado
como hífen (-) na seção de Prática Profissional de 2014 deve-se a nenhum artigo dessa
subárea no ano de 2013, gerando uma impossibilidade de divisão por zero no cálculo do
incremento.

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TABELA 1 – Comparação das variações anuais das quantidades dos artigos publicados na área de Educação em
Engenharia de Produção divididos por subáreas nos anais do ENEGEP e SIMPEP de 2011 a 2016.
ENEGEP SIMPEP ENEGEP + SIMPEP
ANO SUBÁREAS %∆ de subárea %∆ da subárea no ano
10.1 - Estudo do Ensino de Engenharia de
0,00 0,00 0,00
Produção
10.2 - Estudo do Desenvolvimento e Aplicação
0,00 0,00 0,00
2011 da Pesquisa em Engenharia de Produção
10.3 - Estudo da Prática Profissional em
0,00 0,00 0,00
Engenharia de Produção
TOTAL 0,00 0,00 0,00
SUBÁREAS %∆ de subárea %∆ da subárea no ano
10.1 - Estudo do Ensino de Engenharia de
22,22 -22,22 0,00
Produção
10.2 - Estudo do Desenvolvimento e Aplicação
2012 33,33 0,00 7,69
da Pesquisa em Engenharia de Produção
10.3 - Estudo da Prática Profissional em
0,00 100,00 66,67
Engenharia de Produção
TOTAL 22,73 -6,67 5,77
SUBÁREAS %∆ de subárea %∆ da subárea no ano
10.1 - Estudo do Ensino de Engenharia de
-36,36 50,00 -2,78
Produção
10.2 - Estudo do Desenvolvimento e Aplicação
2013 150,00 -30,00 21,43
da Pesquisa em Engenharia de Produção
10.3 - Estudo da Prática Profissional em
100,00 -100,00 -60,00
Engenharia de Produção
TOTAL -3,70 0,00 -1,82
SUBÁREAS %∆ de subárea %∆ da subárea no ano
10.1 - Estudo do Ensino de Engenharia de
50,00 -4,76 17,14
Produção
10.2 - Estudo do Desenvolvimento e Aplicação
2014 -40,00 -28,57 -35,29
da Pesquisa em Engenharia de Produção
10.3 - Estudo da Prática Profissional em
100,00 - 400,00
Engenharia de Produção
TOTAL 19,23 10,71 14,81
SUBÁREAS %∆ de subárea %∆ da subárea no ano
10.1 - Estudo do Ensino de Engenharia de
4,76 5,00 4,88
Produção
10.2 - Estudo do Desenvolvimento e Aplicação
2015 50,00 -40,00 9,09
da Pesquisa em Engenharia de Produção
10.3 - Estudo da Prática Profissional em
-50,00 -66,67 -60,00
Engenharia de Produção
TOTAL 6,45 -16,13 -4,84
SUBÁREAS %∆ de subárea %∆ da subárea no ano
10.1 - Estudo do Ensino de Engenharia de
22,73 -23,81 0,00
Produção
10.2 - Estudo do Desenvolvimento e Aplicação
2016 -11,11 100,00 16,67
da Pesquisa em Engenharia de Produção
10.3 - Estudo da Prática Profissional em
200,00 0,00 100,00
Engenharia de Produção
TOTAL 24,24 -7,69 10,17

Fonte: Elaborado pelos autores a partir dos dados disponíveis nos sites dos anais do ENEGEP e SIMPEP.

%∆ = percentual de aumento ou redução da quantidade em relação ao dado do ano anterior.

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Percebe-se a constância do quantitativo de artigos de um ano para outro quando o


valor incremental é 0,00%. Isso acontece nos anos de 2011 para 2012 no ENEGEP, no
SIMPEP e no somatório de artigos do ENEGEP com o SIMPEP. No ENEGEP, a permanência
da quantidade entre tais anos ocorre na subárea de Prática Profissional enquanto que, no
SIMPEP, este fato acontece na seção de Aplicação da Pesquisa, já a quantidade total de
artigos no ENEGEP + SIMPEP continua idêntica na repartição de Estudo do Ensino. A
manutenção do número de artigos é outra vez visualizada entre os anos de 2015 e 2016 na
parte de Prática Profissional do SIMPEP e na subárea de Estudo do Ensino do ENEGEP +
SIMPEP.
Dentre os aumentos mais substanciais que convém ressaltar, estão os crescimentos
relativos ao ano anterior constatados na seção de Prática Profissional do ENEGEP de 2013,
2014 e 2016. Tais dados revelam uma tendência ao aumento de artigos mais específicos, fato
que é necessário que ocorra devido à escassez da geração de conhecimento aplicável
diretamente no cotidiano já observados. Convém frisar o incremento de 400% ocorrido nessa
subárea no ano de 2014 no quantitativo de artigos do ENEGEP + SIMPEP.
A predominância da presença de valores negativos nos incrementos das subáreas do
SIMPEP na Tabela 1 retrata as oscilações frequentes ocorridas de um ano para o outro na
quantidade de artigos, indicando constantes diminuições mesmo que poucas em valor
absoluto conforme observado na Figura 1b.

5. Conclusões

Baseando-se no estudo feito, depreende-se das análises quantitativa e qualitativa de


artigos publicados nos anais do ENEGEP e SIMPEP, a dominância do número de artigos na
subárea de Estudo do Ensino em detrimento das seções de Aplicação de Pesquisa (segundo
lugar em importância de número de artigos), seguido, por último, da Prática Profissional.
A tendência na concentração dos artigos em torno da subárea de Estudo do Ensino ao
longo dos anos é explicada por esse grupo possuir uma temática mais genérica do que as
outras duas repartições que apresentam vertentes de estudos mais específicos.
Dessa forma, nota-se a importância do incentivo de pesquisas mais aplicadas,
envolvendo problemas práticos, como estudos de casos, elementos característicos das
subáreas de Aplicação de Pesquisa e de Prática Profissional.

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É necessária a busca por estudos na área de Educação de Engenharia de Produção


direcionados a causar mudanças no cotidiano a fim de ocorrer a perda de hegemonia de
estudos altamente teóricos vistos na subárea de Estudo do Ensino.
Embora se perceba o aumento gradual de pesquisas nas subáreas de Aplicação de
Pesquisa e de Prática Profissional, tanto no ENEGEP quanto no SIMPEP, o volume da
quantidade de artigos, nesses grupos, ainda continua irrisório se comparado ao montante
observado na subárea de Estudo do Ensino.
Como sugestões para estudos mais aprofundados sobre o assunto, pode-se comparar a
evolução da quantidade de artigos em uma faixa de intervalo de tempo maior, além de
confrontar o número total de artigos publicados nos anais do ENEGEP e do SIMPEP com o
número de artigos da área de Educação de Engenharia de Produção, avaliando o seu
comportamento durante os anos e a relevância assumida pelo segmento de educação em
engenharia.
Um outro viés de análise interessante seria inserir, como elementos comparativos,
outros eventos. Uma recomendação de estudo seria usar um evento da área de Educação em
Engenharia no geral, sem ser especificamente voltada à Engenharia de Produção, como, por
exemplo, o Congresso Brasileiro de Educação em Engenharia (COBENGE).

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