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HERTZBERGER, H.

Lições de Arquitetura

6 - Funcionalidade, Flexibilidade e Polivalência.


Com o passar do tempo, a arquitetura foi tomando um caráter setorizado,
começando com as cidades planejadas onde há um local determinado para
comércio, outro para trabalho e outro para moradia, até as casas e apartamentos em
si. Isso foi criando uma certa interpretação coletiva e estabelecendo padrões no que
é certo ou errado de se projetar, o que obscurece a liberdade individual. A ideia
apresentada nesta parte se mostra como uma solução em referência à constante
mudança da sociedade atual. O arquiteto que tem a mudança como um fator
permanente em mente deve projetar uma obra voltada, não para um determinado
grupo de pessoas, mas para um todo e para transcender seu tempo. Porém evitando
ser completamente neutro e sem identidade. Vale ressaltar que quando uma obra é
projetada com esses ideais de ser a solução de tudo e a qualquer momento, ela
nunca será a melhor solução específica para um determinado problema. O autor
aproveita para fazer um apelo para que as cidades possam passar a ter a
capacidade de adaptar se a diversidade e a mudança sem perder sua identidade,
também enfatiza que procura uma maneira de pensar e agir que possa conduzir a
uma mudança de “mecanismo” que possa ser menos fixo e estático e que responda
aos desafios da sociedade do nosso século.
7 - Forma e Usuários: O espaço da forma.
O arquiteto deveria projetar sempre pensando nos usuários como indivíduos e
como irão usufruir do espaço, deixando a forma interpretável e aberta a
preenchimentos e associações. Uma obra que consegue absorver e comunicar seu
significado determina o efeito que a forma terá sobre quem estiver lá e vice-versa.
Se uma obra tivesse seu material organizado de tal modo que seu potencial fosse
inteiramente explorado, ficaria muito mais fácil que cada usuário tivesse sua própria
interpretação pessoal.
8 - Criando espaço, deixando o espaço.
A obra deveria ser projetada para que não fosse apenas neutra e flexível, mas
polivalente. Assumir sua identidade pelo uso. Uma maneira de fazer isso
efetivamente é utilizar a moldura provisória nos projetos. Colocando as partes
principais da construção no local mas deixando áreas abertas para que o próprio
usuário decida o melhor jeito de usá-las. Porém é muito importante que o projetista
mostre não somente o que é possível, mas mostrar as possibilidades que podem ser
utilizadas nos espaços de uma maneira que qualquer um possa entender; quanto
mais associações forem feitas, mais fácil é do cliente escolher o melhor para ele. Um
exemplo que podemos citar é o da Praça Vandenburg em Utrecht, onde ocorre uma
feira durante um determinado tempo e para não deixar a área como um espaço
vazia quando a feira não estivesse acontecendo os projetistas fazem no local como
se fossem blocos de concreto que serviriam como mesa durante as atividades
comerciais e para que as pessoas pudessem usufruir do local fora desse horário,
colocaram árvores no meio destes blocos, para que a sombra deixasse fizesse que
fosse possível apreciar o local fora dos horários das feiras.

Praça Vandenburg

Escola Montessori, Delf

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