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Reações explosivas?

Bloco de Conteúdo
Química

Conteúdo
Modelo químico, equilíbrio e reações

Conteúdo relacionado

Este plano de aula está ligado à seguinte reportagem de VEJA:

• Remédios, misturas perigosas - 13/05/2009

Conteúdos
Ácidos, bases e reações de neutralização

Habilidade
Analisar os tipos de reação que alguns medicamentos provocam no organismo

Tempo estimado
Duas aulas

O Guia de VEJA faz lembrar certas assertivas do passado referentes à mistura de remédios e
alimentos: “Se tomar antibiótico, não coma ovo, porque ‘corta’ o efeito”, “Anti-inflamatório
com chocolate pode provocar o efeito contrário ao do medicamento, além de dor de cabeça e
hemorragia”. Nem as frutas escapavam dessas orientações, principalmente as cítricas. Mas
será que há algum fundo de verdade nessas informações que acabaram sendo passadas de uma
geração para outra? A leitura do texto permite trabalhar com a turma o método de investigação
científica para identificar os efeitos da combinação de alguns remédios com outros produtos e
também oferecer dicas de como verificar a autenticidade de uma droga farmacêutica.

Atividades
1ª e 2ª aula – Leia a reportagem com a garotada e, em seguida, chame a atenção para o fato de
que o texto nos faz refletir em dois sentidos. Um deles é a preocupação com a qualidade do
medicamento que se ingere, que pode ser falso ou verdadeiro. O outro, diz respeito aos
cuidados na administração combinada de remédios.

Converse com os alunos sobre a importância de determinar a legitimidade de um remédio. Se


ele for falso, não terá o efeito esperado, o que pode ser, evidentemente, prejudicial à saúde do
paciente. Além disso, nessa situação, o consumidor é induzido ao erro de concluir que a falta
do efeito desejado é decorrente da ingestão concomitante de algum alimento ou outro
medicamento.

Peça que os alunos analisem a situação sob o ponto de vista científico. Se recebessem
amostras do medicamento para uma análise, o que deveriam fazer? Instigue-os a vencer esse
desafio. Seguindo o método científico, o primeiro passo é observar a embalagem para saber se
houve violação prévia - como pequenos furos capazes de acelerar sua decomposição - e,
depois, realizar algum teste para comprovar se ele é verdadeiro ou falsificado.

O início da investigação pode ser feito com o Mylanta Plus, um dos medicamentos
mencionados na reportagem, um antiácido muito comum, que é comercializado sem receita
médica. Retome a leitura da reportagem com a turma e peça que verifiquem qual a
combinação não recomendada.

Em seguida, distribua o quadro “Teste de Legitimidade” (abaixo) e providencie os materiais


necessários para testar o produto. Peça que confirmem se a coloração do medicamento é
branca com aspecto leitoso. Depois, oriente-os a escrever a fórmula da substância mencionada
e classificá-la quanto ao tipo de meio (ácido, básico ou neutro).

Como se trata de um álcali formado por elemento químico metálico (alumínio), que não
pertence às famílias da tabela periódica 1A e 2A, é uma base fraca e insolúvel. Pergunte,
então, por que se recomenda agitar antes de usar? A resposta é que, como é insolúvel em água,
o princípio ativo fica no fundo do frasco. Assim, antes de ser ingerido, deve ser agitado a fim
de que ocorra a dispersão do princípio ativo no meio medicamentoso.

Para comprovar que se trata de uma base, peça que continuem o experimento, seguindo as
instruções do quadro. Depois de colocar o indicador químico, saliente que a coloração amarela
adquirida comprova a alcalinidade do meio.

Para seus alunos Teste de legitimidade

Veja como comprovar se um remédio é ou não falsificado.

Material necessário:
• Dois béqueres ou copos de vidro;
• Indicador químico de base (extrato de repolho roxo ou fenolftaleína)
• Um frasco de Mylanta Plus;
• Ácido clorídrico diluído;
• Uma proveta graduada ou outro aparelho para medidas.

Procedimento:
No béquer, coloque aproximadamente 5 mililitros do medicamento (Mylanta Plus). Agite bem
pois, como se trata de hidróxido de alumínio, parte do produto pode ficar no estado sólido no
fundo do frasco. Observe, então, a coloração.

Comprove, agora, que se trata de uma base. Coloque 1 ml de indicador químico (repolho
roxo) na solução que está no béquer e verifique a coloração. Se for amarela, significa que o
meio é básico. Se o produto estiver adulterado, essa cor não deve aparecer.

Em seguida, comece a gotejar ácido clorídrico sobre o medicamento. A cada dez gotas,
promova a agitação. Observe se ocorre mudança de cor ou de aspecto. Vá acrescentado ácido
e agitando, na mesma proporção inicial até perceber mudança na coloração.
Ilustração: Robles/Pingado

Ao iniciar a segunda fase do experimento, com o gotejamento do ácido clorídrico, oriente a


garotada a sempre estar atento quanto a mudanças de cor e aspecto. É possível que algum
aluno pergunte até quando se deve agitar a mistura. Esclareça que, em certo momento, o ácido
vai consumir a base medicamentosa, a cor amarela deve desaparecer, tornando a solução
levemente esverdeada e sem aspecto leitoso. Questione: que tipo de reação química foi
realizada? Explique que ocorreu uma neutralização. Aliás, a mesma reação que se dá no
estômago quando ingerimos esse remédio. Daí o nome de antiácido, pois ele inibe a acidez
estomacal e melhora a sensação de azia e queimação.

No teste realizado, a cor amarela deve demorar para desaparecer com a presença do ácido
diluído. Se essa coloração mudar instantaneamente, que conclusão se pode tirar?

Verifique se os estudantes têm alguma idéia acerca da resposta e conduza-os, então, ao


seguinte raciocínio: um gasto pequeno de ácido indica que a base medicamentosa está fraca ou
diluída demais. Portanto, não faz efeito no estômago. Isso pode ser um sinal de adulteração no
medicamento. Assim, não podemos atribuir a algum alimento a falta de efeito do
medicamento. Mesmo com a ingestão de muita fruta ácida, o remédio deve agir de forma
positiva pois há grande quantidade de base no frasco.

Outra restrição que se menciona é a mistura desse medicamento com antibióticos. Será que é
verdade? Lembre a classe o que foi observado. Se o fármaco faz efeito porque provoca uma
reação química no estômago, simulada no experimento, o que o impediria de reagir com outro
órgão do nosso corpo? São poucos os obstáculos e a grande parte das orientações é que não se
tome certos medicamentos ao mesmo tempo.

No caso dos antibióticos, que têm ácidos orgânicos como princípio ativo, os efeitos podem ser
atenuados por antiácidos com magnésio, cálcio ou alumínio, pois a neutralização diminui a
ação medicamentosa de matar as bactérias, tornando-as mais resistentes.

Para finalizar, ressalte que as misturas podem, sim, fazer efeitos contrários - ou mesmo não
causar nenhum. É preciso sempre verificar os princípios ativos, pois há algumas misturas que
causam indisposição estomacal, dores de cabeça, e outros efeitos colaterais, principalmente
quando misturados com álcool.
Remédios
Combinações perigosas

Ana Paula Buchalla


abuchalla@abril.com.br

A principal causa de intoxicação entre os brasileiros, demonstra um levantamento do


Sistema Nacional de Informações Toxicofarmacológicas, é o mau uso de remédios.
Benzodiazepínicos, antigripais, antidepressivos e anti-inflamatórios lideram a lista dos
medicamentos mal empregados.

Muitos remédios se tornam ineficazes ou perigosos quando associados a outros. Mas


mesmo alimentos e fitoterápicos podem interagir de maneira nociva com remédios. A
automedicação é um mau hábito cultivado por 60% dos brasileiros. "Para complicar, há
uma desatenção generalizada por parte dos médicos com os problemas causados por
certas combinações", diz o toxicologista Gilberto De Nucci. Eis as associações mais
frequentes e arriscadas:

REMÉDIO + REMÉDIO

Combinação: CORTICOIDES E ANTI-INFLAMATÓRIOS


Nomes comerciais*: os corticoides Meticorten e Decadron e os anti-inflamatórios não
esteroides Spidufen, Cataflam, Voltaren e Feldene
Efeitos: dores de estômago e maior risco de sangramento e formação de úlceras
Recomendações: especialmente quando o tratamento com corticoide dura mais de cinco
dias, não se devem combinar os dois medicamentos

Combinação: ANTIÁCIDOS E ANTIBIÓTICOS


Nomes comerciais: Aldrox, Pepsamar e Mylanta Plus e antibióticos em geral
Efeitos: os antiácidos mais comuns diminuem a taxa de absorção do antibiótico. Até
70% do seu princípio ativo deixa de ser aproveitado
Recomendações: é um erro tomar um antiácido para combater a dor de estômago que
o antibiótico possa provocar. É preciso esperar pelo menos uma hora depois da ingestão
do antibiótico para tomar o antiácido
Combinação: REMÉDIOS PARA EMAGRECER E ANTIDEPRESSIVOS
Nomes comerciais: os antidepressivos cujo princípio ativo é a fluoxetina, Daforin,
Deprax, Fluxene e Prozac, e os remédios à base de sibutramina Reductil, Plenty e Vazy
Efeitos: a fluoxetina inibe enzimas que metabolizam a sibutramina, potencializando seus
efeitos colaterais. Ocorrem aumento da pressão arterial e taquicardia.
Recomendações: os dois medicamentos só devem ser tomados juntos com
acompanhamento médico rigoroso. Dependendo do metabolismo de cada pessoa, até as
doses pequenas podem interagir de forma perigosa

Combinação: INIBIDORES DE APETITE E ANSIOLÍTICOS


Nomes comerciais: os anorexígenos Inibex, Desobesi-M, Dualid e Hipofagin e os
benzodiazepínicos Valium, Lorax e Lexotan
Efeitos: o paciente pode ter irritabilidade, confusão mental, alteração de batimentos
cardíacos e tontura. Em casos graves, a combinação pode desencadear psicoses e
esquizofrenia
Recomendações: a associação não deve ser feita em nenhuma hipótese. Só é cogitada
pelos médicos em casos extremos de obesidade mórbida

Lailson Santos

AUTOMEDICAÇÃO PARA EMAGRECER


A professora de inglês Fabiana Sandri,
32 anos, misturou, por conta própria, um antidepressivo
com um remédio para emagrecer. "Foram quatro horas de
terror. Minha pressão subiu muito e senti rigidez nos
músculos"

REMÉDIO + ALIMENTOS

Combinação: BRONCODILATADORES E GORDURA


Nomes comerciais: Euphyllin e Bamifix
Efeitos: o princípio ativo dos broncodilatadores, ao ser absorvido no intestino, compete
com a digestão da gordura dos alimentos – um dificulta a absorção do outro. Em menor
quantidade, o remédio perde o efeito esperado e as crises respiratórias voltam muito
antes do previsto
Recomendações: não se devem fazer refeições ricas em gordura duas horas antes nem
duas horas depois de tomar o medicamento. É o tempo mínimo para que ele passe pelo
intestino e caia na corrente sanguínea em quantidade suficiente

Combinação: ANTIBIÓTICOS DO GRUPO QUINOLONA E LATICÍNIOS


Nomes comerciais: Floxacin, Cipro, Trovan e Tavanic
Efeitos: o leite e seus derivados neutralizam a atividade do antibiótico
Recomendações: o alimento e o remédio não devem ser ingeridos juntos. Depois de
consumir um laticínio, deve-se esperar cerca de três horas, tempo da digestão, antes de
tomar um antibiótico. Os alimentos também só podem ser consumidos duas horas depois
da ingestão do medicamento
REMÉDIO + BEBIDAS

Combinação: ANTIPARASITÁRIOS E ÁLCOOL


Nomes comerciais: Flagyl, Periodontil, Pletil e Facyl
Efeitos: a associação causa dores de cabeça, taquicardia, náuseas e sudorese. Em casos
extremos, pode desencadear convulsões
Recomendações: os tratamentos contra parasitas são curtos – duram, em média, até
três dias –, mas a interação pode acontecer mesmo com doses moderadas de álcool.
Depois do tratamento, é preciso esperar 24 horas até que o medicamento seja eliminado
do organismo

Combinação: PARACETAMOL E ÁLCOOL


Nomes comerciais: Tylenol, Acetofen e Dôrico
Efeitos: o álcool e o paracetamol, presente em analgésicos, são metabolizados no fígado
e, em combinação, produzem um resultado altamente tóxico. Utilizada com frequência, a
mistura pode lesionar o fígado. O uso concomitante e recorrente das duas substâncias
pode ser fatal
Recomendações: não existe ideia mais equivocada do que tomar um comprimido de
paracetamol para curar a dor de cabeça de uma ressaca. É recomendável esperar, no
mínimo, seis horas para ingerir qualquer bebida alcoólica depois do analgésico

Combinação: ANSIOLÍTICOS E CAFEÍNA (presente sobretudo em café e nos chás


verde, preto e branco)
Nomes comerciais: Valium, Lorax e Lexotan
Efeitos: dependendo das doses de remédio e de cafeína ingeridas, os efeitos do
ansiolítico são anulados. Em geral, o nível de stress do paciente aumenta ao perceber
que o medicamento não faz efeito
Recomendações: deve-se esperar entre oito e doze horas para ingerir cafeína, mesmo
em doses pequenas

Combinação: ANSIOLÍTICOS E ÁLCOOL


Nomes comerciais: Valium, Lorax e Lexotan
Efeitos: um potencializa a ação do outro se administrados conjuntamente. Há diminuição
da frequência da respiração e pode ocorrer até mesmo parada respiratória
Recomendações: é preciso esperar doze horas até que o princípio ativo do
tranquilizante tenha deixado o organismo para consumir bebidas alcoólicas. Ou aguardar
doze horas depois de ingerir álcool para tomar o medicamento

REMÉDIO + FITOTERÁPICOS

Combinação: ANSIOLÍTICOS E VALERIANA


Nomes comerciais: Valium, Lorax e Lexotan
Efeitos: a valeriana, indicada como um ansiolítico natural, pode potencializar a ação de
outros medicamentos de efeito calmante semelhante. Entre os perigos, letargia e queda
de pressão arterial
Recomendações: na falta de informações conclusivas sobre os riscos, o melhor a fazer é
evitar a associação

Combinação: GINKGO BILOBA E ÁCIDO ACETILSALICÍLICO


Nome comercial: Aspirina
Efeitos: no organismo, as ações anticoagulantes das substâncias se somam,
aumentando o risco de sangramentos internos
Recomendações: só é seguro tomar ginkgo biloba depois de no mínimo dez dias do uso
de Aspirina

* Marcas mais vendidas

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