Equações diferenciais
Equações diferenciais
Muitos problemas de diversas áreas científicas quando formulados em termos matemáticos
requerem a determinação de uma função que satisfaça uma equação contendo derivadas da
função a determinar. Uma equação deste tipo designa-se equação diferencial e, no caso em
que a equação expressa uma relação entre uma variável independente, uma variável
dependente e uma ou mais derivadas da variável dependente relativamente à única variável
independente, dizemos que se trata de uma equação diferencial ordinária. Neste capítulo
vamos estudar algumas equações diferenciais ordinárias que designaremos simplesmente
equações diferenciais.
Exemplos
1. Uma partícula de massa m desloca-se sobre o eixo Ox sob a acção de uma força elástica
−kx~i (k > 0) e de uma forçaa de amortecimento proporcional à velocidade e dada por −cv~i,
(c > 0), onde v designa a velocidade da partícula e k e c são constantes. A determinação da
equação que rege o movimento é feita por aplicação da Segunda Lei de Newton (da Dinâmica).
Desta Lei e das relações conhecidas entre deslocamento, velocidade e aceleração, obtém-se a
seguinte relação d 2x dx
m 2 +c + kx = 0.
dt dt
Esta é a equação diferencial que governa o movimento da partícula material e que resultou de
considerações físicas. O problema matemático que se põe agora é o da determinação da lei do
movimento, isto é, a determinação de uma função x = x (t ), com t > 0, que satisfaça aquela
equação.
Exemplos
2. No estudo do decaimento radioativo, o número de átomos que se desintegram por unidade de
tempo é proporcional ao número de átomos presentes nesse instante. A equação que traduz
esta relação é a equação diferencial
dN
= −λN ,
dt
onde N é o número de átomos presentes no instante t e λ é uma constante designada
constante de decaimento.
Equações diferenciais
Chama-se equação diferencial ordinária (EDO) a toda a equação que estabelece uma relação
entre uma variável independente, uma função desconhecida que depende desta variável e uma
ou mais derivadas da função desconhecida relativamente à variável independente.
F (x , y , y 0 , y 00 , ..., y (n) ) = 0,
À maior ordem de derivação que figura na equação diferencial chamamos ordem da equação
diferencial.
Dizemos que a função f , real de variável real, definida em I ⊂ IR, é uma solução da equação
diferencial F (x , y , y 0 , y 00 , ..., y (n) ) = 0 em I, se F (x , f (x ), f 0 (x ), f 00 (x ), ..., f (n) (x )) = 0, para todo
o x ∈ I.
Exercício
Indique a ordem de cada uma das equações diferenciais seguintes:
1 x + y0 = 0
2 (y 0 )2 + y = cos x
3 (y 0 )3 + y 00 = y
dy
4
dt
= t2
Exercício
Em cada caso verifique se as funções dadas são solução da equação diferencial dada:
√
1 y 0 − 4x y = 0, y = x 4 , y = 0
2 y 00 + 4y = 0, y (x ) = c1 cos(2x ) + c2 sin(2x ), c1 , c2 ∈ IR
3 xy 0 + y = tan x, y = − x1 ln(cos x )
4 y 0 = cos2 x − y tan x, y = sin x cos x
P (x )
y0 = − ⇔ Q (y )y 0 + P (x ) = 0 ⇔ P (x )dx + Q (y )dy = 0. (1)
Q (y )
Pode provar-se que Z Z
P (x )dx + Q (y )dy = C
Exercício
Verifique que as equações diferenciais dadas são equações de variáveis separáveis e
resolva-as:
1 x + yy 0 = 0
2 xy 0 − y = 0
3 y 0 = 2xy
y 0 + p(x )y = q (x ).
A ideia é multiplicar toda a equação por um fator integrante, que é uma função I = I (x ) dada por
R
p(x )dx
I (x ) = e . (2)
I (x )y 0 (x ) + I (x )p(x )y (x ) = I (x )q (x ). (3)
| {z }
d
dx [I (x )y (x )]
Substituindo (2) em (3), pode provar-se que a solução geral é dada por
Z
y (x ) = e−P (x ) q (x )eP (x ) dx + c , c ∈ IR. (4)
Exercício
Aplique o método do fator integrante para resolver as equações dadas:
1 y 0 + 2xy = x
2 y 0 − y = −ex
Mudança de variáveis
Há equações diferenciais cuja resolução pode ser simplificada com uma mudança de variáveis
adequada.
Exemplo
Considere a equação
y 0 + y = ex y 2 . (5)
Considere a mudança de variáveis seguinte:
1
y= (6)
z
substituindo em (5), obtemos a equação
z 0 − z = −ex , (7)
z = ex (c − x ). (8)