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Escola Politécnica de Pernambuco, Universidade de Pernambuco, Recife, Brasil,
Resumo
A Indústria 4.0 é uma abordagem que faz uso da tecnologia da informação, de sistemas inteligentes,
autônomos e automáticos de uma forma revolucionária, à medida que integra máquinas, pessoas e
sistemas. Também chamada de quarta revolução industrial, é caracterizada pelo acréscimo da
autonomação na Indústria 3.0 automatizada, melhorando a eficácia e eficiência do processo
produtivo. Estruturada por nove pilares, a Indústria 4.0, assim como as revoluções industriais
anteriores, traz novos desafios e determina novas abordagens inteligentes para os processos
produtivos. O presente trabalho tem como proposta principal identificar o nível de industrialização
em empresas localizadas na Região Metropolitana do Recife no Estado de Pernambuco, Brasil.
Baseado nos resultados de envio de cinquenta questionários e obtenção de vinte e seis respostas da
aplicação da pesquisa de campo, realizada por meio da ferramenta digital Google Forms, foram
formuladas conclusões que identificam as características e o nível de evolução industrial na região
pesquisada, além de identificar os setores industrias e indústrias em cada nível de evolução.
Abstract
Industry 4.0 is an approach that makes use of information technology, intelligent, autonomous and
automatic systems in a revolutionary way, as it integrates machines, people and systems. Also called
the fourth industrial revolution, it is characterized by the addition of autonomy in automated Industry
3.0, improving the effectiveness and efficiency of the production process. Structured by nine pillars,
Industry 4.0, like previous industrial revolutions, brings new challenges and determines new
intelligent approaches to production processes. The present work has as main proposal to identify
the level of industrialization in companies located in the Metropolitan Region of Recife in the State of
Pernambuco, Brazil. Based on the results of sending fifty questionnaires and obtaining twenty-six
responses from the application of the field research, carried out through the digital tool Google Forms,
conclusions were formulated that identify the characteristics and the level of industrial evolution in
the researched region, in addition to identify the industrial sectors and industries at each level of
evolution.
1 DOI: 10.xxxx/s11468-014-9759-3
Nível de evolução industrial em empresas: O caso da Região Metropolitana do Recife
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Revista de Engenharia e Pesquisa Aplicada (2017) vol:pp.x-pp.y
3.1 A História da Riqueza do Homem Nesse período, o termo "Comércio" era muito mais
abrangente, significava saques, pirataria, troca de
mercadorias e, infelizmente, escravização e
A revolução industrial é um dos marcos mais
comercialização de pessoas.
importantes da história, ela traz consigo mudanças e
evoluções na indústria, no trabalho, no comércio e, Segundo HASHIZUME (2013), com os benefícios
também, na sociedade. Toda essa nova configuração econômicos decorrentes da exploração do modelo
foi necessária pois a modificação do processo colonial, os ingleses puderam injetar recursos em
produtivo não poderia acontecer de forma isolada, era setores estratégicos como a siderurgia, a extração de
preciso, em conjunto, modificar a maneira de pensar carvão mineral e a formação dos bancos. Essa
das pessoas. Sem a mudança de mentalidade se conjunção de fatores contribuiu para o
tornava impossível sustentar as mudanças na desenvolvimento da indústria têxtil e das bases da
produção. infraestrutura produtiva (estradas, canais etc.) na
Inglaterra, nação soberana no comércio de escravos
Na história, a ideia de riqueza se reestruturou ao
durante o século XVIII.
longo do tempo. Na Idade Média, a partir do século
XI, a sociedade era estruturada pelo sistema Feudal, CARVALHO (2018) defende que, nesse estágio, a
os nobres e a Igreja católica já possuíam cofres cheios produção industrial tornou-se necessária, pois com
de ouro e prata, mas no início não se existia a o crescimento demográfico e expansão das cidades
mentalidade de multiplicação de riqueza nem havia era fundamental que os produtos fossem criados e
um "destino" para aplicar tais recursos. distribuídos com mais eficiência e escala.
Nos primórdios da sociedade feudal, a vida HUBERMAN (1981) acrescenta, ainda, que
econômica decorria sem muita utilização de capital, juntamente com a acumulação de capital que veio do
era uma economia de consumo, em que cada aldeia comércio primitivo, a existência de uma classe de
feudal era praticamente autossuficiente. Havia um trabalhadores sem propriedades, em consequência
intercâmbio de mercadorias, um escambo, mas não das “Leis de Fechamento” foi uma das principais
havia razão para a produção de excedentes em larga formas de obter o necessário suprimento de mão-de-
escala, só se fabrica ou cultiva além da necessidade obra para a indústria.
de consumo quando há uma procura firme.
Em meio a revoluções tecnológicas e políticas, em
(HUBERMAN, 1981)
1760, a Revolução Industrial se inicia na Inglaterra e
Com o início das cruzadas, o comércio começou a temos a passagem do capitalismo comercial para
se desenvolver rapidamente ao tentar suprir a o capitalismo industrial. A riqueza em dinheiro dá
necessidade de mercadorias que o exército lugar ao capital.
demandava nas guerras contra o Oriente. As cidades
começaram a se desenvolver com a alta circulação de
pessoas durante as feiras de mercadorias e assim, a 3.2 Revoluções Industriais
partir da expansão comercial, surgiu um novo tipo de
riqueza, a riqueza em dinheiro.
A indústria está sempre passando por
Com a Idade Moderna vieram as grandes transformações que acompanham diretamente a
navegações, viagens comerciais ao Oriente com o evolução tecnológica da sociedade. Para entender a
objetivo de trazer as especiarias para a Europa e evolução da produção de bens e o tipo de tecnologia
expedições à procura de novas terras. A posse de ouro que é implementada com esse avanço, é necessário,
e prata era o índice de riqueza e poder, e com o apoio primeiramente, conhecer quais foram os avanços
da ideologia Mercantilista, a indústria nacional foi disruptivos das três revoluções industriais anteriores a
estimulada por todos os meios possíveis. O negócio, Indústria 4.0. (BREZINSKI,2017). Como exemplificado
portanto, era exportar mercadorias de valor, e na figura [1].
importar apenas o que fosse necessário, recebendo o
saldo do dinheiro sonante, porque seus produtos
valiam mais que os da agricultura, e portanto,
obteriam mais dinheiro nos mercados estrangeiros
(HUBERMAN, 1981).
3 DOI: 10.xxxx/s11468-014-9759-3
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disponibilizado para uma amostragem de empresas. O Grupo 5 – Setor Bens de Consumo, Grupo 6 – Setor
critério na seleção das empresas foi a limitação Farmacêutico, Grupo 7 – Setor Metalúrgico, Grupo 8
geográfica, deveriam estar compreendidas na Região – Setor Eletrodomésticos, Grupo 9 - Setor
Metropolitana do Recife. O contato com as empresas Embalagens, Grupo 10 - Setor Petróleo, Grupo 11 –
se deu primeiramente por telefone e posterior envio Setor Injeção de Plástico PET, Grupo 12 – Setor
do questionário por e-mail. Cada empresa Maquinário, Grupo 13 – Setor Têxtil e Grupo 14 –
disponibilizou uma pessoa de seu quadro de Setor Vidros. Na tabela 1 também foi identificado o
funcionários para responder a pesquisa e todos os porte de cada uma das empresas, sendo representado
entrevistados trabalhavam diretamente no setor pelas letras “G” para grande porte, “M” para médio
produtivo. Dentre os cargos ocupados compreendem- porte e “P” para pequeno porte. No total, a amostra
se gerentes, coordenadores e supervisores. foi composta por vinte e uma empresas de grande
porte, quatro de médio porte e uma empresa de
O questionário foi aplicado em uma amostra de
pequeno porte, distribuídas em entre os grupos.
cinquenta empresas, das quais vinte e seis
responderam, essas estavam distribuídas entre nove Na Figura 3, temos a representação a gráfica da
municípios distintos da Região Metropolitana do Tabela 1, representando a divisão % da amostra por
Recife. Após a estratificação dos resultados obtidos, a grupo e por setor.
tabela 1 foi construída para consolidar essas
Ao fim da pesquisa, os contatos dos entrevistados
informações. As vinte e seis empresas foram
foram registrados para posterior envio do diagnóstico,
categorizadas em quatorze grupos diferentes, de
a fim de contribuir para a melhoria contínua dessas
acordo com a área de atuação. Sendo Grupo 1 – Setor
empresas.
Automotivo, Grupo 2 – Setor Alimentos, Grupo 3 –
Setor Bebidas, Grupo 4 – Setor Produtos Químicos,
G R UP O 4 - G R UP O 11 -
G R UP O 5 - G R UP O 8 -
G R UP O 1 - G R UP O 2 - SET OR G R UP O 6 - G R UP O 7 - G R UP O 9 - G R UP O 10 - S E T O R G R UP O 12 -
G R UP O 3 - SET OR SET OR G R UP O 13 - G R UP O 14 -
SET OR SET OR P R O D UT O SET OR SET OR SET OR SET OR IN J E ÇÃ O SET OR
MUNICÍPIOS A UT O M O T I A LIM E N T
SET OR
S
B EN S D E
F A R M A C Ê M E T A LÚR G
E LE T R O D
E M B A LA G E P E T R Ó LE D E M Á Q UIN Á R
SET OR SET OR
B E B ID A S C O N S UM O M ÉS T IC O T ÊX T IL V ID R O S
VO OS Q UÍ M IC O UT IC O IC O NS O P LÁ S T IC O IO
O S
S P ET
Porte da
M G G G G G M G P G G G G G G M G
Empresa
Moreno 1
Paulista 1
Cabo 1
Jaboatão dos
1 1 1
Guararapes
Goiana 1 1 1
Ipojuca 1 1 1 1
Igarassu 2 1 1
Itapissuma 1 2 2 1
Recife 1 1 1
Percentual por 15% 12% 12% 12% 8% 8% 8% 3,8% 3,8% 3,8% 3,8% 3,8% 3,8% 3,8%
setor 74% 26%
Legenda: P: Pequeno porte | M: Médio porte | G: Grande porte
Tabela 1: Levantamento da distribuição por Município e Porte da empresa x Empresas separadas por setores industriais.
Fonte: Autora
Figura 3: Representação Gráfica da Tabela 1 divisão % da amostra por grupo e por setor
Fonte: Autora
7 DOI: 10.xxxx/s11468-014-9759-3
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para, em média, 58%. Esse fato se deu ,pois, duas Grupo 2 - Setor Alimentos
das quatro indústrias de médio porte fazem parte do Grupo 4 - Setor Produtos químicos
[NÍVEL 2 - Mecânico]
44% [NÍVEL 3 - Automatizado]
33% [NÍVEL 4 - Sistema autônomos com inteligência artificial]
26%
19%
11% 10% 10%
Gráfico 3: Setor industrial x Divisão % dos processos
0% 0% 0% produtivos.
Fonte: Autora.
Grande Médio Pequeno
Importante destacar que nenhuma das indústrias
NÍVEL 1 - Manual/Artesanal
Grande 21 de pequeno e médio porte apresentaram alguma etapa
NÍVEL 2 - Mecânico Médio 4
do processo produtivo estruturada na Indústria 4.0.
Pequeno 1
NÍVEL 3 - Automatizado Mesmo levando em consideração que ambas
NÍVEL 4 - Sistema autônomos com inteligência artificial representam apenas 15% da amostra total e que as
Gráfico 1: Porte industrial x Divisão % dos processos indústrias de pequeno porte são representadas por
produtivos. apena 1 empresa. Esse fato é coerente com a pesquisa
Fonte: Autora.
realizada anteriormente pela FIESP (Federação das
No Gráfico 2, observa-se o mesmo resultado Indústrias do Estado de São Paulo) a nível nacional,
mas agora em relação a total geral da amostra. que mostrou a baixa prioridade que as PME’s (pequenas
e médias empresas) dão ao investimento para
NÍVEL 1 - Manual/Artesanal Indústria 4.0, entre as causas a pesquisa destaca: as
processos produtivos
45%
Divisão em % dos
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produção
multifuncionais 43%
29% 29% 25%
36%
0% 0% 0%
70%
Divisão em % das atividas de
65%
50%
43%
40%
manutenção
30%
38%
21% 22% 23% 36%
30%
18%
10% 10% 10%10% 22%
6% 8%
15%
0% 11% 11%
3%
Grande Médio Pequeno 0% 0%
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Nível de evolução industrial em empresas: O caso da Região Metropolitana do Recife
Não
Não
Totalmente descentralizado
% de Utilização das
58%
Sim Gráfico 10: Divisão % do processo de tomada de decisão
42%
do Nível 4
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compreendias no Grupo 2 – Setor Alimentos e Grupo amostra, diferentemente do uso do Bigdata, que ainda
5 – Setor Farmacêutico. é pouco difundido e ainda não apresenta indícios de
grande expansão em curto prazo.
75% 75%
Em relação ao processo de tomada de decisão,
Divisão % do processo de
5.0 Conclusões
6.0 Referências Bibliográficas
[6] INDÚSTRIA 4.0: A QUARTA REVOLUÇÃO [14] TARTAROTTI, LUCAS ; SIRTORI, GUILHERME;
INDUSTRIAL. https://www.arktis.com.br/. LARENTIS, FABIANO. Indústria 4.0: Mudanças
2015. Disponível em: e Perspectivas. In: MOSTRA DE INICIAÇÃO
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[7] LAVAGNOLI, Silvia . Indústria 4.0 : Evolução ou arotti/publication/328943948_Industria_40_Mud
Revolução?. Opencadd. 2018. Disponível em: ancas_e_Perspectiva/links/5beca741a6fdcc3a8dd
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4-0/. Acesso em: 25 out. 2020 Acesso em: 21 set. 2020.