Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1
Apostila gerada especialmente para: Fernando de Melo 074.125.349-63
29. Res, IFPR 03/2017 - Aprova a criação da comissão de ética no uso de animais (CEUA)
do Instituto Federal do Paraná. ............................................................................................ 300
30. Res. IFPR 04/2017 - Aprova a criação do Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto
Federal do Paraná. ............................................................................................................... 301
31. Res. IFPR 50/2017 Estabelece as normas de avaliação dos processos de
ensinoaprendizagem no âmbito do IFPR .............................................................................. 302
32. Res. IFPR 05/2018- Define as diretrizes institucionais para os cursos que articulam a
Educação Profissional e Técnica com a modalidade Proeja no IFPR. .................................. 306
Sabemos que estudar para concurso público não é tarefa fácil, mas acreditamos na sua
dedicação e por isso elaboramos nossa apostila com todo cuidado e nos exatos termos do
edital, para que você não estude assuntos desnecessários e nem perca tempo buscando
conteúdos faltantes. Somando sua dedicação aos nossos cuidados, esperamos que você
tenha uma ótima experiência de estudo e que consiga a tão almejada aprovação.
Caso existam dúvidas em disciplinas diferentes, por favor, encaminhar em e-mails separados,
pois facilita e agiliza o processo de envio para o tutor responsável, lembrando que teremos até
cinco dias úteis para respondê-lo (a).
2
Apostila gerada especialmente para: Fernando de Melo 074.125.349-63
1. Tendências pedagógicas: visão geral e suas implicações na prática
pedagógica
TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS
Genericamente, podemos dizer que a perspectiva redentora se traduz pelas pedagogias liberais e a
perspectiva transformadora pelas pedagogias progressistas.1
Pedagogia Liberal
Pedagogia Progressista
- Tradicional
- Libertadora
- Renovada Progressivista
- Libertária
- Renovada Não Diretiva
- Crítico-Social dos Conteúdos
- Tecnicista
É evidente que tanto as tendências quanto suas manifestações não são puras nem mutuamente
exclusivas o que, aliás, é a limitação principal de qualquer tentativa de classificação. Em alguns casos as
tendências se complementam, em outros, divergem. De qualquer modo, a classificação e sua descrição
poderão funcionar como um instrumento de análise para o professor avaliar a sua prática de sala de aula.
Pedagogia Liberal
A Pedagogia Liberal é voltada para o sistema capitalista e esconde a realidade das diferenças entre
as classes sociais. Nessa pedagogia, a escola tem que preparar os indivíduos para a sociedade, de
acordo com as suas aptidões individuais, por isso os indivíduos precisam aprender a se adaptar aos
valores e às normas vigentes na sociedade de classes através do desenvolvimento da cultura individual.
A ênfase no aspecto cultural esconde a realidade das diferenças de classes, pois, embora difunda a
ideia de igualdade de oportunidades, não leva em conta a desigualdade de condições. Historicamente, a
educação liberal iniciou-se com a pedagogia tradicional e, por razões de recomposição da hegemonia da
burguesia, evoluiu para a pedagogia renovada (também denominada Escola Nova ou Ativa), o que não
significou a substituição de uma pela outra, pois ambas conviveram e convivem na prática escolar.
Papel da escola - consiste na preparação intelectual e moral dos alunos para assumir sua posição na
sociedade. O compromisso da escola é com a cultura, os problemas sociais pertencem à sociedade. O
caminho cultural em direção ao saber é o mesmo para todos os alunos, desde que se esforcem. Assim,
os menos capazes devem lutar para superar suas dificuldades e conquistar seu lugar junto aos mais
capazes. Caso não consigam, devem procurar o ensino mais profissionalizante.
Conteúdos de ensino - são os conhecimentos e valores sociais acumulados pelas gerações adultas e
repassados ao aluno como verdades. As matérias de estudo visam preparar o aluno para a vida, são
determinadas pela sociedade e ordenadas na legislação. Os conteúdos são separados da experiência do
aluno e das realidades sociais, valendo pelo valor intelectual, razão pela qual a pedagogia tradicional é
criticada como intelectualista e, às vezes, como enciclopédica.
Métodos - baseiam-se na exposição verbal da matéria e/ou demonstração. Tanto a exposição quanto
a análise são feitas pelo professor, observados os seguintes passos:
1
LUCKESI C. Tendências Pedagógicas na Prática escolar. 2011
Avaliação - se dá por verificações de curto prazo (interrogatórios orais, exercício de casa) e de prazo
mais longo (provas escritas, trabalhos de casa). O esforço é, em geral, negativo (punição, notas baixas,
apelos aos pais); às vezes, é positivo (emulação, classificações).
Manifestações na prática escolar - a pedagogia liberal tradicional é viva e atuante em nossas escolas,
predominante em nossa história educacional.
- a Renovada Não Diretiva orientada para os objetivos de auto realização (desenvolvimento pessoal)
e para as relações interpessoais, na formulação do psicólogo norte-americano Carl Rogers.
Conteúdos de ensino - como o conhecimento resulta da ação a partir dos interesses e necessidades,
os conteúdos de ensino são estabelecidos em função de experiências que o sujeito vivencia frente a
desafios cognitivos e situações problemáticas. Dá-se, portanto, muito mais valor aos processos mentais
Método de ensino - a ideia de “aprender fazendo” está sempre presente. Valorizam-se as tentativas
experimentais, a pesquisa, a descoberta, o estudo do meio natural e social, o método de solução de
problemas. Embora os métodos variem, as escolas ativas ou novas (Dewey, Montessori, Decroly,
Cousinet e outros) partem sempre de atividades adequadas à natureza do aluno e às etapas do seu
desenvolvimento. Na maioria delas, acentua-se a importância do trabalho em grupo não apenas como
técnica, mas como condição básica do desenvolvimento mental. Os passos básicos do método ativo são:
- Colocar o aluno numa situação de experiência que tenha um interesse por si mesma;
- O problema deve ser desafiante, como estímulo à reflexão;
- O aluno deve dispor de informações e instruções que lhe permitam pesquisar a descoberta de
soluções;
- Soluções provisórias devem ser incentivadas e ordenadas, com a ajuda discreta do professor;
- Deve-se garantir a oportunidade de colocar as soluções à prova, a fim de determinar sua utilidade
para a vida.
Relacionamento professor-aluno - não há lugar privilegiado para o professor; antes, seu papel é auxiliar
o desenvolvimento livre e espontâneo da criança; se intervém, é para dar forma ao raciocínio dela. A
disciplina surge de uma tomada de consciência dos limites da vida grupal; assim, aluno disciplinado é
aquele que é solidário, participante, respeitador das regras do grupo. Para se garantir um clima
harmonioso dentro da sala de aula é indispensável um relacionamento positivo entre professores e
alunos, uma forma de instaurar a “vivência democrática” tal qual deve ser a vida em sociedade.
Avaliação - é fluida e tenta ser eficaz à medida que os esforços e os êxitos são prontos e explicitamente
reconhecidos pelo professor.
Conteúdos de ensino - a ênfase que esta tendência põe nos processos de desenvolvimento das
relações e da comunicação torna secundária a transmissão de conteúdos. Os processos de ensino visam
mais facilitar aos estudantes os meios para buscarem por si mesmos os conhecimentos que, no entanto,
são dispensáveis.
2
ROGERS, Carl. Liberdade para aprender. 1969
Relacionamento professor-aluno - propõe uma educação centrada no aluno, visando formar sua
personalidade através da vivência de experiências significativas que lhe permitam desenvolver
características inerentes à sua natureza. O professor é um especialista em relações humanas, ao garantir
o clima de relacionamento pessoal e autêntico. “Ausentar-se” é a melhor forma de respeito e aceitação
plena do aluno. Toda intervenção é ameaçadora, inibidora da aprendizagem.
Papel da escola - a escola funciona como modeladora do comportamento humano, através de técnicas
específicas. À educação escolar compete organizar o processo de aquisição de habilidades, atitudes e
conhecimentos específicos, úteis e necessários para que os indivíduos se integrem na máquina do
sistema social global. Tal sistema social é regido por leis naturais (há na sociedade a mesma regularidade
e as mesmas relações funcionais observáveis entre os fenômenos da natureza), cientificamente
descobertas. Basta aplicá-las. A atividade da “descoberta” é função da educação, mas deve ser restrita
aos especialistas; a “aplicação” é competência do processo educacional comum.
A escola atua, assim, no aperfeiçoamento da ordem social vigente (o sistema capitalista), articulando-
se diretamente com o sistema produtivo; para tanto, emprega a ciência da mudança de comportamento,
3
KUENZER, Acácia A; MACHADO, Lucília R. S. “Pedagogia Tecnicista”, in Guiomar N. de MELLO (org.), Escola nova, tecnicismo e educação compensatória.
2012
Conteúdos de ensino - são as informações, princípios científicos, leis etc., estabelecidos e ordenados
numa sequência lógica e psicológica por especialistas. É matéria de ensino apenas o que é redutível ao
conhecimento observável e mensurável; os conteúdos decorrem, assim, da ciência objetiva, eliminando-
se qualquer sinal de subjetividade. O material instrucional encontra-se sistematizado nos manuais, nos
livros didáticos, nos módulos de ensino, nos dispositivos audiovisuais etc.
Métodos de ensino - consistem nos procedimentos e técnicas necessárias ao arranjo e controle nas
condições ambientais que assegurem a transmissão/recepção de informações. Se a primeira tarefa do
professor é modelar respostas apropriadas aos objetivos instrucionais, a principal é conseguir o
comportamento adequado pelo controle do ensino; daí a importância da tecnologia educacional.
Qualquer sistema instrucional (há uma grande variedade deles) possui três componentes básicos:
objetivos instrucionais operacionalizados em comportamentos observáveis e mensuráveis,
procedimentos instrucionais e avaliação.
Relacionamento professor-aluno - são relações estruturadas e objetivas, com papéis bem definidos: o
professor administra as condições de transmissão da matéria, conforme um sistema instrucional eficiente
e efetivo em termos de resultados da aprendizagem; o aluno recebe, aprende e fixa as informações. O
professor é apenas um elo de ligação entre a verdade científica e o aluno, cabendo-lhe empregar o
sistema instrucional previsto. O aluno é um indivíduo responsivo, não participa da elaboração do programa
educacional. Ambos são espectadores frente à verdade objetiva. A comunicação professor-aluno tem um
sentido exclusivamente técnico, que é o de garantir a eficácia da transmissão do conhecimento. Debates,
discussões, questionamentos são desnecessários, assim como pouco importam as relações afetivas e
pessoais dos sujeitos envolvidos no processo de ensino e de aprendizagem.
4
AURICCHIO, Lígia O. Manual de tecnologia educacional,1978..
5
Idem 4.
OLIVEIRA, J.G.A. Tecnologia Educacional teorias da instrução. 1985
Manifestações na prática escolar6 - a influência da pedagogia tecnicista remonta à 2ª metade dos anos
50 (PABAEE - Programa Brasileiro-americano de Auxílio ao Ensino Elementar). Entretanto foi introduzida
mais efetivamente no final dos anos 60 com o objetivo de adequar o sistema educacional à orientação
político-econômica do regime militar: inserir a escola nos modelos de racionalização do sistema de
produção capitalista.
Quando a orientação escolanovista cede lugar à tendência tecnicista, pelo menos no nível de política
oficial; os marcos de implantação do modelo tecnicista são as leis 5.540/68 e 5.692/71, que reorganizam
o ensino superior e o ensino de 1º e 2º graus.
A despeito da máquina oficial, entretanto, não há indícios seguros de que os professores da escola
pública tenham assimilado a pedagogia tecnicista, pelo menos em termos de ideário. A aplicação da
metodologia tecnicista (planejamento, livros didáticos programados, procedimentos de avaliação etc.) não
configura uma postura tecnicista do professor; antes, o exercício profissional continua mais para uma
postura eclética em torno de princípios pedagógicos assentados nas pedagogias tradicional e renovada.
Pedagogia Progressista
“Formulação de inspiração marxista que influenciou diversos pedagogos brasileiros em fins de 1970.
Trabalha com a educação na perspectiva da luta de classes, ou seja, a escola pode e deve servir na luta
contra o sistema capitalista, visando a construção do socialismo. Dessa forma, sua metodologia tem
inspiração na teoria do conhecimento marxista, pela dialética materialista, pelo movimento de
continuidade e ruptura.
Na sala de aula, parte-se da necessidade e aspirações dos estudantes, com seu cotidiano, com o
objetivo de estimular rupturas, sair do imediato e chegar ao teórico e abstrato. Depois desse movimento,
espera-se um retorno ao real com uma nova visão que possibilite uma nova ação sobre ele.
Foi proposta pelo educador francês Georges Snyders7 em pelo menos quatro de suas obras:
Pedagogia progressista, Para onde vão as pedagogias não-diretivas? Alegria na escola e Alunos felizes.
Opõe-se ao ensino tecnicista, de linha autoritária, adotado por volta de 1970, em que professores e
alunos executam projetos elaborados em gabinetes e desvinculados do contexto social e político. Ou seja,
a pedagogia progressista procura formar cidadãos conscientes e participativos na vida da sociedade, que
leve o aluno a refletir, a desenvolver o espírito crítico e criativo e a relacionar o aprendizado a seu contexto
social.”8
6
FREITAG, Barbara. Escola, Estado e Sociedade; GARCIA, Laymert G. S. Desregulagens - Educação, planejamento e tecnologia como ferramenta social;
CUNHA, Luis A. Educação e desenvolvimento social no Brasil. 1978.
7
SNYDERS, Georges. Pedagogia progressista. Lisboa, Ed. Almedina. 1974.
8
MENEZES, Ebenezer Takuno de; SANTOS, Thais Helena dos. Verbete pedagogia progressista. Dicionário Interativo da Educação Brasileira - Educabrasil. São
Paulo: Midiamix, 2001. http://www.educabrasil.com.br/pedagogia-progressista/
9
FREIRE, Paulo. Ação Cultural para a Liberdade; Pedagogia do Oprimido e Extensão ou Comunicação?, 1978.
Manifestações na prática escolar - a pedagogia libertadora tem como inspirador e divulgador Paulo
Freire, que tem aplicado suas ideias pessoalmente em diversos países, primeiro no Chile, depois na
África. Entre nós, tem exercido uma influência expressiva nos movimentos populares e sindicatos e,
praticamente, se confunde com a maior parte das experiências do que se denomina “educação popular”.
Há diversos grupos desta natureza que vêm atuando não somente no nível da prática popular, mas
também por meio de publicações, com relativa independência em relação às ideias originais da pedagogia
libertadora. Embora as formulações teóricas de Paulo Freire se restrinjam à educação de adultos ou à
educação popular em geral, muitos professores vêm tentando colocá-las em prática em todos os graus
de ensino formal.
Conteúdos de ensino - as matérias são colocadas à disposição do aluno, mas não são exigidas. São
um instrumento a mais, porque importante é o conhecimento que resulta das experiências vividas pelo
grupo, especialmente a vivência de mecanismos de participação crítica. “Conhecimento” aqui não é a
investigação cognitiva do real, para extrair dele um sistema de representações mentais, mas a descoberta
de respostas às necessidades e às exigências da vida social. Assim, os conteúdos propriamente ditos
são os que resultam de necessidades e interesses manifestos pelo grupo e que não são, necessária nem
indispensavelmente, as matérias de estudo.
Método de ensino - é na vivência grupal, na forma de autogestão, que os alunos buscarão encontrar
as bases mais satisfatórias de sua própria “instituição”, graças à sua própria iniciativa e sem qualquer
forma de poder. Trata-se de “colocar nas mãos dos alunos tudo o que for possível: o conjunto da vida, as
atividades e a organização do trabalho no interior da escola (menos a elaboração dos programas e a
decisão dos exames que não dependem nem dos docentes, nem dos alunos)”. Os alunos têm liberdade
de trabalhar ou não, ficando o interesse pedagógico na dependência de suas necessidades ou das do
grupo.
10
LOBROT, Michel. Pedagogia instotucional, la escuela hacia la autogestión. 1999.
Relação professor-aluno - a pedagogia institucional visa “em primeiro lugar, transformar a relação
professor-aluno no sentido da não diretividade, isto é, considerar desde o início a ineficácia e a nocividade
de todos os métodos à base de obrigações e ameaças”. Embora professor e aluno sejam desiguais e
diferentes, nada impede que o professor se ponha a serviço do aluno, sem impor suas concepções e
ideias, sem transformar o aluno em “objeto”. O professor é um orientador e um catalisador, ele se mistura
ao grupo para uma reflexão em comum.
Se os alunos são livres frente ao professor, também este o é em relação aos alunos (ele pode, por
exemplo, recusar-se a responder uma pergunta, permanecendo em silêncio). Entretanto, essa liberdade
de decisão tem um sentido bastante claro: se um aluno resolve não participar, o faz porque não se sente
integrado, mas o grupo tem responsabilidade sobre este fato e vai se colocar a questão; quando o
professor se cala diante de uma pergunta, seu silêncio tem um significado educativo que pode, por
exemplo, ser uma ajuda para que o grupo assuma a resposta ou a situação criada. No mais, ao professor
cabe a função de “conselheiro” e, outras vezes, de instrutor-monitor à disposição do grupo. Em nenhum
momento esses papéis do professor se confundem com o de “modelo”, pois a pedagogia libertária recusa
qualquer forma de poder ou autoridade.
Pressupostos de aprendizagem - as formas burocráticas das instituições existentes, por seu traço de
impessoalidade, comprometem o crescimento pessoal. A ênfase na aprendizagem informal, via grupo, e
a negação de toda forma de repressão visam favorecer o desenvolvimento de pessoas mais livres. A
motivação está, portanto, no interesse em crescer dentro da vivência grupal, pois supõe-se que o grupo
devolva a cada um de seus membros a satisfação de suas aspirações e necessidades.
Somente o vivido, o experimentado é incorporado e utilizável em situações novas. Assim, o critério de
relevância do saber sistematizado é seu possível uso prático. Por isso mesmo, não faz sentido qualquer
tentativa de avaliação da aprendizagem, ao menos em termos de conteúdo.
Outras tendências pedagógicas correlatas - a pedagogia libertária abrange quase todas as tendências
antiautoritárias em educação, entre elas, a anarquista, a psicanalista, a dos sociólogos, e também a dos
professores progressistas. Embora Neill e Rogers não possam ser considerados progressistas (conforme
entendemos aqui), não deixam de influenciar alguns libertários, como Lobrot. Entre os estrangeiros
devemos citar Vasquez y Oury entre os mais recentes, Ferrer y Guardia entre os mais antigos.
Particularmente significativo é o trabalho de C. Freinet, que tem sido muito estudado entre nós, existindo
inclusive algumas escolas aplicando seu método.
Entre os estudiosos e divulgadores da tendência libertária pode-se citar Maurício Tragtenberg, apesar
da tônica de seus trabalhos não ser propriamente pedagógica, mas de crítica das instituições em favor
de um projeto autogestionário.
11
SAVIANI, Dermeval, Educação: do senso comum à consciência filosófica. 2013.
MELLO, Guiomar N de, Magistério de 1° grau. 1982.
CURY, Carlos R. J. Educação e contradição: elementos. 1985.
Métodos de ensino - a questão dos métodos se subordina à dos conteúdos: se o objetivo é privilegiar
a aquisição do saber, e de um saber vinculado às realidades sociais, é preciso que os métodos favoreçam
a correspondência dos conteúdos com os interesses dos alunos, e que estes possam reconhecer nos
conteúdos o auxílio ao seu esforço de compreensão da realidade (prática social). Assim, nem se trata dos
métodos dogmáticos de transmissão do saber da pedagogia tradicional, nem da sua substituição pela
descoberta, investigação ou livre expressão das opiniões, como se o saber pudesse ser inventado pela
criança, na concepção da pedagogia renovada.
Os métodos de uma pedagogia crítico-social dos conteúdos não partem, então, de um saber artificial,
depositado a partir de fora, nem do saber espontâneo, mas de uma relação direta com a experiência do
aluno, confrontada com o saber trazido de fora. O trabalho docente relaciona a prática vivida pelos alunos
com os conteúdos propostos pelo professor, momento em que se dará a “ruptura” em relação à
experiência pouco elaborada. Tal ruptura apenas é possível com a introdução explícita, pelo professor,
dos elementos novos de análise a serem aplicados criticamente à prática do aluno.
Em outras palavras, uma aula começa pela constatação da prática real, havendo, em seguida, a
consciência dessa prática no sentido de referi-la aos termos do conteúdo proposto, na forma de um
confronto entre a experiência e a explicação do professor. Vale dizer: vai-se da ação à compreensão e
da compreensão à ação, até a síntese, o que não é outra coisa senão a unidade entre a teoria e a prática.
Manifestações na prática escolar12 - o esforço de elaboração de uma pedagogia “dos conteúdos” está
em propor modelos de ensino voltados para a interação conteúdos-realidades sociais; portanto, visando
avançar em termos de uma articulação do político e do pedagógico, aquele como extensão deste, ou seja,
a educação “a serviço da transformação das relações de produção”. Ainda que a curto prazo se espere
do professor maior conhecimento dos conteúdos de sua matéria e o domínio de formas de transmissão,
a fim de garantir maior competência técnica, sua contribuição “será tanto mais eficaz quanto mais seja
capaz de compreender os vínculos de sua prática com a prática social global”, tendo em vista (...) “a
democratização da sociedade brasileira, o atendimento aos interesses das camadas populares, a
transformação estrutural da sociedade brasileira”.
Após a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de n.º 9.394/96, revalorizam-se as ideias de
Piaget, Vygotsky e Wallon. Um dos pontos em comum entre esses psicólogos é o fato de serem
interacionistas, porque concebem o conhecimento como resultado da ação que se passa entre o sujeito
e um objeto. De acordo com Aranha14, o conhecimento não está, então, no sujeito, como queriam os
inatistas, nem no objeto, como diziam os empiristas, mas resulta da interação entre ambos.
Para citar um exemplo no ensino da língua, segundo essa perspectiva interacionista, a leitura como
processo permite a possibilidade de negociação de sentidos em sala de aula. O processo de leitura,
portanto, não é centrado no texto, ascendente, bottom-up, como queriam os empiristas, nem no receptor,
descendente, top-down, segundo os inatistas, mas ascendente/descendente, ou seja, a partir de uma
negociação de sentido entre enunciador e receptor. Assim, nessa abordagem interacionista, o receptor é
retirado da sua condição de mero objeto do sentido do texto, de alguém que estava ali para decifrá-lo,
decodificá-lo, como ocorria, tradicionalmente, no ensino da leitura.
12
SAVIANI, Demerval. Escola e democracia. 1983.
13
SILVA, Delcio Barros da. As Principais Tendências Pedagógicas na Prática Escolar Brasileira e seus Pressupostos de Aprendizagem.
LIBÂNEO, José Carlos. Democratização da Escola Pública. São Paulo: Loyola, 1990.
14
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Filosofia da Educação. São Paulo: Editora Moderna, 1998.
De acordo com esse quadro teórico de José Carlos Libâneo, deduz-se que as tendências pedagógicas
liberais, ou seja, a tradicional, a renovada e a tecnicista, por se declararem neutras, nunca assumiram
compromisso com as transformações da sociedade, embora, na prática, procurassem legitimar a ordem
econômica e social do sistema capitalista. No ensino da língua, predominaram os métodos de base ora
empirista, ora inatista, com ensino da gramática tradicional, ou sob algumas as influências teóricas do
estruturalismo e do gerativismo, a partir da Lei 5.692/71, da Reforma do Ensino.
A partir da LDB 9.394/96, principalmente com a difusão das ideias de Piaget, Vygotsky e Wallon, numa
perspectiva sócio histórica, essas teorias buscam uma aproximação com modernas correntes do ensino
da língua que consideram a linguagem como forma de atuação sobre o homem e o mundo, ou seja, como
processo de interação verbal, que constitui a sua realidade fundamental.
Nome da
Papel da Professor x
tendência Conteúdos Métodos Aprendizagem Manifestações
escola Aluno
pedagógica
São
A
conhecimentos
Preparação aprendizagem
e valores sociais Exposição e Nas escolas
intelectual e Autoridade do é receptiva e
acumulados demonstração que adotam
Tendência moral dos professor que mecânica, sem
através dos verbal da filosofias
Liberal alunos para exige atitude se considerar
tempos e matéria e /ou humanistas
Tradicional assumir seu receptiva do as
repassados aos por meio de clássicas ou
papel na aluno. características
alunos como modelos. científicas.
sociedade. próprias de
verdades
cada idade.
absolutas.
Os conteúdos
são
Por meio de É baseada na Montessori,
A escola deve estabelecidos a
Tendência experiências, O professor é motivação e na Decroly,
adequar as partir das
Liberal pesquisas e auxiliador no estimulação de Dewey, Piaget,
necessidades experiências
Renovada método de desenvolvimento problemas. O Cousinet,
individuais ao vividas pelos
Progressivista solução de livre da criança. aluno aprende Lauro de
meio social. alunos frente às
problemas. fazendo. Oliveira Lima.
situações
problema.
Educação
centralizada no
aluno; o
Tendência Baseia-se na professor deve
Método Aprender é Carl Rogers,
Liberal busca dos garantir um clima
Formação de baseado na modificar as “Sumerhill”,
Renovada Não conhecimentos de
atitudes. facilitação da percepções da escola de A.
Diretiva pelos próprios relacionamento
aprendizagem. realidade. Neill.
(Escola Nova) alunos. pessoal e
autêntico,
baseado no
respeito.
Não atua em
Valorização da
escolas, porém
experiência
visa levar
vivida como
professores e Temas
base da
alunos a atingir geradores
Tendência A relação é de relação
um nível de retirados da Grupos de
Progressista igual para igual, educativa. Paulo Freire.
consciência da problematização discussão.
Libertadora horizontalmente. Codificação-
realidade em do cotidiano dos
decodificação.
que vivem na educandos.
Resolução da
busca da
situação
transformação
problema.
social.
Conteúdos
O método
Tendência culturais Makarenko, B.
parte de uma Papel do aluno
Progressista universais que Baseadas nas Charlot,
relação direta como
“Crítico-social são estruturas Suchodolski,
Difusão dos da experiência participador e do
dos incorporados cognitivas já Manacorda, G.
conteúdos. do aluno professor como
conteúdos ou pela estruturadas Snyders
confrontada mediador entre o
histórico- humanidade nos alunos. Demerval
com o saber saber e o aluno.
crítica” frente à Saviani.
sistematizado.
realidade social.
Questões
02. (INSS - Analista - Pedagogia - FUNRIO) A ênfase em um ensino funcional ou ativo, baseado nos
interesses naturais das crianças e no trabalho em grupo ou em comunidade, para criar o hábito da
cooperação e incentivar a relação entre a escola e a vida. Essas são características de uma pedagogia
baseada
(A) na teoria crítico-social dos conteúdos.
(B) na naturalização das práticas pedagógicas.
(C) nos princípios escolanovistas.
(D) na utilização de técnicas motivacionais.
(E) em aprendizagens de abordagem behaviorista.
03. (TJ/DF - Analista Judiciário - Pedagogia - CESPE) A partir das concepções pedagógicas, julgue
o item seguinte: As experiências de alfabetização de jovens e adultos inspiradas nas ideias do educador
Paulo Freire são exemplo da concepção liberal renovada progressista.
( ) Certo ( ) Errado
05. (TJ/DF - Analista Judiciário - Pedagogia - CESPE) A partir das concepções pedagógicas, julgue
o item seguinte: As escolas que utilizam o método montessoriano são consideradas uma manifestação
da concepção liberal tradicional.
( ) Certo ( ) Errado
06. (INSS - Analista - Pedagogia - CESPE) A partir das concepções pedagógicas, julgue o item
seguinte: Questionar a realidade das relações do homem com a natureza e com os outros homens, para
promover a transformação dessa realidade, é o papel da escola na perspectiva progressista libertadora.
( ) Certo ( ) Errado
07. (TJ/DF - Analista Judiciário - Pedagogia - CESPE) A partir das concepções pedagógicas, julgue
o item seguinte: A escola de Summerhill é uma das concretizações dos pressupostos da concepção liberal
renovada não diretiva.
( ) Certo ( ) Errado
08. (TJ/DF - Analista Judiciário - Pedagogia - CESPE) A partir das concepções pedagógicas, julgue
o item subsequente: A Lei n.º 5.692/1971, que organizou a educação brasileira durante um longo período,
é uma manifestação da tendência liberal tecnicista nas políticas educacionais.
( ) Certo ( ) Errado
09. (TJ/DF - Analista Judiciário - Pedagogia - CESPE) A partir das concepções pedagógicas, julgue
o item subsequente: Os trabalhos realizados por Freinet são significativos na concretização do papel da
escola na concepção progressista libertária.
( ) Certo ( ) Errado
Gabarito
01.C / 02.C / 03.Errada / 04.Errada / 05.Errada / 06.Certa / 07.Certa / 08.Certa / 09.Certa / 10.C / 11.D
/ 12.C
Comentários
01. Resposta: C.
A Tendência Liberal Tradicional parte do pressuposto de que o aluno deve ser preparado intelectual e
moralmente para assumir seu papel na sociedade. Caracteriza-se por um ensino humanístico e cultural.
Fundamenta-se em conhecimentos e valores acumulados ao longo do tempo, tratando-os como dogmas,
utiliza-se de métodos universais onde o professor é o centro do processo de ensino e de aprendizagem.
02. Resposta: C.
Nos Princípios Escolanovistas. O ideário da Escola Nova veio para contrapor o que era considerado
“tradicional”. Os seus defensores lutavam por diferenciar-se das práticas pedagógicas anteriores.
... a centralidade da criança nas relações de aprendizagem, o respeito às normas higiênicas na
disciplinarização do corpo do aluno e de seus gestos, a cientificidade da escolarização de saberes e
fazeres sociais e a exaltação do ato de observar, de intuir, na construção do conhecimento do aluno.
(Vidal15)
O conhecimento, em lugar de ser transmitido pelo professor para memorização, emergia da relação
concreta estabelecida entre os alunos e esses objetos ou fatos, devendo a escola responsabilizar-se por
incorporar um amplo conjunto de materiais. (Vidal)
15
VIDAL, Diana Gonçalves. Escola Nova e processo educativo. In: LOPES, Eliane Marta, FIGUEIREDO, Luciano e GREIVAS, Cynthia (orgs.). 500 anos de
educação no Brasil. Belo Horizonte: Autêntica, 3ª. Ed., 2003
10. Resposta: C.
A pedagogia liberal acredita que a escola tem a função de preparar os indivíduos para desempenhar
papéis sociais, baseadas nas aptidões individuais. Dessa forma, o indivíduo deve adaptar-se aos valores
e normas da sociedade de classe, desenvolvendo sua cultura individual. Com isso as diferenças entre as
classes sociais não são consideradas, já que, a escola não leva em consideração as desigualdades
sociais. Já as tendências pedagógicas progressistas analisam de forma critica as realidades sociais, cuja
educação possibilita a compreensão da realidade histórico-social, explicando o papel do sujeito como um
ser que constrói sua realidade. Ela assume um caráter pedagógico e político ao mesmo tempo.
11. Resposta: D.
Para essa tendência liberal tecnicista, a escola tem um papel fundamental na formação de indivíduos
que se integrem à “máquina social”. Para isso, a escola deve moldar o comportamento, organizar o
processo de aquisição de habilidades e conhecimentos já historicamente descobertos. Descobrir o
conhecimento é função da educação, mas isso cabe aos especialistas, o papel da escola é repassá-lo e
aplicá-lo. Dessa forma, percebe-se a divisão entre trabalho intelectual e manual. Portanto, os conteúdos
a serem ensinados já estão muito bem explicitados nos manuais, nos livros didáticos, nas apostilas, entre
outros. Cabe ao professor buscar a melhor forma de controlar as condições ambientais que assegurem a
transmissão/recepção de informações. A relação professor-aluno passa a ser estruturada e objetiva,
cabendo ao professor transmitir a matéria e ao aluno receber, aprender e fixar.
12. Resposta: C.
Espera-se, assim, uma atuação do educador- educando em prol da transformação da sociedade, o
que implica na libertação do homem das condições de opressão. Contra o que é a educação bancária,
Freire orienta uma didática organizada nos seguintes passos: vivência, seleção de temas geradores,
problematização, conscientização e ação social e política. É esta metodologia que se pretende
desenvolver em sala de aula, tendo como objeto de trabalho o conteúdo da Didática. Evidentemente que
esse processo foi recriado considerando a especificidade da referida disciplina e as condições concretas
do trabalho docente e discente.
Concepções de Currículo
À palavra currículo associam-se distintas concepções, que derivam dos diversos modos de como a
educação é concebida historicamente, bem como das influências teóricas que a afetam e se fazem
hegemônicas em um dado momento.
Diferentes fatores socioeconômicos, políticos e culturais contribuem, assim, para que currículo venha
a ser entendido como:
- os conteúdos a serem ensinados e aprendidos;
- as experiências de aprendizagem escolares a serem vividas pelos alunos;
- os planos pedagógicos elaborados por professores, escolas e sistemas educacionais;
- os objetivos a serem alcançados por meio do processo de ensino;
- os processos de avaliação que terminam por influir nos conteúdos e nos procedimentos selecionados
nos diferentes graus da escolarização.
Podemos afirmar que as discussões sobre o currículo incorporam, com maior ou menor ênfase,
discussões sobre os conhecimentos escolares, sobre os procedimentos e as relações sociais que
conformam o cenário em que os conhecimentos se ensinam e se aprendem, sobre as transformações
que desejamos efetuar nos alunos e alunas, sobre os valores que desejamos inculcar e sobre as
identidades que pretendemos construir.
Estamos entendendo currículo como as experiências escolares que se desdobram em torno do
conhecimento, em meio a relações sociais, e que contribuem para a construção das identidades de
nossos/as estudantes.
Currículo associa-se, assim, ao conjunto de esforços pedagógicos desenvolvidos com intenções
educativas. Por esse motivo, a palavra tem sido usada para todo e qualquer espaço organizado para
afetar e educar pessoas, o que explica o uso de expressões como o currículo da mídia, o currículo da
prisão etc.
Devemos, ainda, considerar que o currículo se refere a uma realidade histórica, cultural e socialmente
determinada, e se reflete em procedimentos didáticos, administrativos que condicionam sua prática e
teorização. Enfim, a elaboração de um currículo é um processo social, no qual convivem lado a lado os
fatores lógicos, epistemológicos, intelectuais e determinantes sociais como poder, interesses, conflitos
simbólicos e culturais, propósitos de dominação dirigidos por fatores ligados à classe, raça, etnia e gênero.
Cabe destacar que a palavra currículo tem sido também utilizada para indicar efeitos alcançados na
escola, que não estão explicitados nos planos e nas propostas, não sendo sempre, por isso, claramente
percebidos pela comunidade escolar.
Trata-se do chamado currículo oculto, que envolve, dominantemente, atitudes e valores transmitidos,
subliminarmente, pelas relações sociais e pelas rotinas do cotidiano escolar. Fazem parte do currículo
oculto, assim, rituais e práticas, relações hierárquicas, regras e procedimentos, modos de organizar o
espaço e o tempo na escola, modos de distribuir os alunos por grupamentos e turmas, mensagens
implícitas nas falas dos(as) professores(as) e nos livros didáticos.
Como quase todos os temas educacionais, as decisões sobre currículo envolvem diferentes
concepções de mundo, de sociedade e, principalmente, diferentes teorias sobre o que é o conhecimento,
como é produzido e distribuído, qual seu papel nos destinos humanos.
Pode-se agrupar essas teorias em duas grandes vertentes:
- o currículo centrado no conhecimento; e
- o currículo centrado no aluno.
Aluno - a vertente centrada no aluno entende que o currículo escolar deve ser constituído do
conhecimento reconstruído pelo aluno a partir de suas próprias referências culturais e individuais. As
muitas variantes dessa vertente têm em comum a concepção do conhecimento como emancipação, mas
diferem significativamente no que diz respeito ao papel do professor e da escola.
Para as mais radicais, a educação escolar deve ser abolida porque é apenas transmissora de ideologia
(Michael Apple18) ou de arbitrários culturais (Bourdieu & Passeron19). Já para seguidores de teóricos como
Cesar Coll20 ou Emília Ferreiro e Ana Teberosky21, o conhecimento é emancipador se envolver a
participação do aluno e se o professor for antes de mais nada um facilitador da reconstrução do
conhecimento. Sua didática requer atividade e vínculo do aluno com o saber; em lugar de frontal, é
distribuída entre professor e alunos.
O currículo é centrado no conhecimento mas num conhecimento falível, que deve ser submetido à
problematização. Diferentemente da concepção do currículo centrado no conhecimento, essa nova
perspectiva considera a apropriação sistemática do mesmo, necessária mas não suficiente porque é
preciso ir além e aplicá-lo às situações que demandam a intervenção humana.
Da mesma forma, diferentemente da concepção do currículo centrado no aluno, considera insuficiente
a reconstrução do conhecimento descomprometida com a intervenção na realidade. A didática dessa
vertente propõe facilitar não só a reconstrução do conhecimento, como também sua mobilização para
intervir em situações de diferentes graus de complexidade. De preferência, demanda que o conhecimento
seja reconstruído para um projeto ou um objetivo o que o torna inseparável da intenção e do valor.
Por essa razão o currículo não é centrado nem no aluno nem no conhecimento, mas na aprendizagem
e no resultado, entendido como aquilo que o aluno é capaz de saber e fazer. Por essa razão é também
denominado currículo referenciado em competências.
Essa concepção superadora da polarização é sintonizada com as novas fronteiras de aprendizagem
que vêm sendo abertas pelo uso pedagógico das tecnologias da informação e comunicação. As
Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) estão se revelando um recurso pedagógico capaz de
potencializar o ensino baseado em projetos e a organização de situações problema, estratégias
pedagógicas pertinentes na concepção do currículo referenciado em competências.
16
MOREIRA, Antônio Flávio Barbosa. Currículos e programas no Brasil. Campinas: Papirus, 1990.
17
SILVA, Tomaz Tadeu da. Identidades terminais: as transformações na política da pedagogia e na pedagogia da política. Petrópolis: Vozes, 1996.
18
APPLE, M. Ideology and curriculum. New York: Routledge Falmer, 2004.
19
BOURDIEU, P. & PASSERON, J-C. A reprodução - elementos para uma teoria do ensino. Petrópolis: Vozes, 2008.
20
COLL, C. O construtivismo na sala de aula. São Paulo: Ática, 2006.
21
FERREIRO, E. & TEBEROSKY, A. Psicogenese da língua escrita. Porto Alegre: ArtMed, 1988.
Currículo Fechado
- Apresenta disciplinas isoladas;
- Organizadas em grade curricular;
- Objetivos e competências definidos;
- Professor limita-se a segui-los.
Currículo Aberto
- Preocupa-se com a interdisciplinaridade;
- Objetos e competências definidos em áreas geradoras;
- Professores participam de todo o processo.
Currículo Acadêmico: é dentre as várias orientações curriculares, a que possui maior tradição
histórica. Para os adeptos da tendência tradicional, o núcleo da educação é o currículo, cujo elemento
irredutível é o conhecimento. Nas disciplinas acadêmicas de natureza intelectual - como língua e literatura,
matemática, ciências naturais, história, ciências sociais e belas artes -, se encontra o núcleo do
conhecimento, o conteúdo principal ou a matéria de ensino.
Sua abordagem baseia-se, principalmente, na estrutura do conhecimento, como um patrimônio
cultural, transmitido às novas gerações. As disciplinas clássicas, verdades consagradas pela ciência,
representam ideias e valores que resistiram ao tempo e às mudanças socioculturais. Portanto, são
fundamentais à construção do conhecimento.
Segundo McNeil a finalidade da educação, segundo o currículo acadêmico, é a transmissão dos
conhecimentos vistos pela humanidade como algo inquestionável e principalmente como uma verdade
absoluta. À escola, cabe desenvolver o raciocínio dos alunos para o uso das ideias e processos mais
proveitosos ao seu progresso.
Currículo Humanístico: o currículo humanista tem como base teórica a tendência denominada
Escola Nova e esta defende que o currículo necessita levar em consideração a realidade dos alunos. Na
ênfase humanista, segundo McNeil a atenção do conteúdo disciplinar se desloca para o indivíduo. O aluno
é visto como um ser individual, dotado de uma identidade pessoal que precisa ser descoberta, construída
e ensinada; e o currículo tem a função de propiciar experiências gratificantes, de modo a desenvolver sua
consciência para a libertação e auto realização.
A educação é um meio de liberação, cujos processos, conduzidos pelos próprios alunos, estão
relacionados aos ideais de crescimento, integridade e autonomia. A auto realização constitui o cerne do
currículo humanístico. Para consegui-la, o educando deverá vivenciar situações que lhe possibilitem
descobrir e realizar sua própria individualidade, agindo, experimentando, errando, avaliando, reordenando
e expressando. Tais situações ajudam os educandos a integrar emoções, pensamentos e ações.
Currículo Tecnológico: sob a perspectiva tecnológica, ainda segundo McNeil a educação consiste
na transmissão de conhecimentos, comportamentos éticos, práticas sociais e habilidades que propiciem
o controle social. Sendo assim, o currículo tecnológico tem sua base sólida na tendência tecnicista. O
comportamento e o aprendizado são moldados pelo externo, ou seja, ao professor, detentor do
conhecimento, cabe planejar, programar e controlar o processo educativo; ao aluno, agente passivo,
compete absorver a eficiência técnica, atingindo os objetivos propostos.
O currículo tecnológico, concebido fundamentalmente no método, tem, como função, identificar meios
eficientes, programas e materiais com a finalidade de alcançar resultados pré-determinados. É expresso
de variadas formas: levantamento de necessidades, plano escolar sob o enfoque sistêmico, instrução
programada, sequências instrucionais, ensino prescritivo individualmente e avaliação por desempenho.
22
MCNEIL, John. O currículo reconstrucionista social. Tradução de José Camilo dos Santos Filho. Campinas: editora, 2001.
______. O currículo humanístico. Tradução de José Camilo dos Santos Filho. Campinas: editora, 2001.
______. O currículo acadêmico. Tradução de José Camilo dos Santos Filho. Campinas: editora, 2001.
______. O currículo tecnológico. Tradução de José Camilo dos Santos Filho. Campinas: editora, 2001.
O currículo não surge de forma independente, há uma forte interligação com os professores, que são
uma parte integral do currículo construído e transmitido às turmas, já que o modo como é interpretado
pelo professor, as decisões que toma e o modo como as concretiza influenciam o currículo.
Ele corresponde a um conjunto de valores, significados e padrões de vida e, simultaneamente, é uma
fonte de conhecimentos, compreensões, técnicas, destrezas e estratégias necessárias para o
desenvolvimento tanto pessoal como social do sujeito.
Mas esse processo requer uma progressão (Diogo; Vilar23), isto é, desde as decisões assumidas pela
Administração Central do Sistema Educativo (Lei de Bases do Sistema Educativo, decretos-lei,
programas...) que constituem o instrumento nuclear da política curricular: Currículo Prescrito
23
DIOGO, F.; VILAR, A. Gestão flexível do currículo. Porto: Edições Asa, 1998.
Por meio de manuais escolares, publicações científicas e didáticas, passando pela planificação
curricular e consequentes programações pedagógico-didáticas levadas a cabo na escola: Currículo
Traduzido.
Já na sala de aula, o professor realiza diversas atividades em função dessas finalidades educativas
assumidas. Currículo Trabalhado.
Dando significado real às decisões curriculares previamente assumidas, o que implica uma
aprendizagem significativa dos alunos a diversos níveis: cognitivo, motor, afetivo, moral, social,
materializando-se o currículo. Currículo concretizado.
Como tal, esse processo de construção do currículo implica que professores interpretem, alterem e
procedam à revisão e adaptação do currículo prescrito, de acordo com as situações concretas de suas
intervenções educativas e de suas perspectivas e concepções curriculares, de forma a surgir um currículo
trabalhado adequado ao meio envolvente, à diversidade dos alunos e com a participação de toda a
comunidade educativa.
Desse modo, afirma José Pacheco24, “o currículo é um propósito que não é neutro em termos de
informação, já que esta deriva de diferentes níveis é veiculada por diversos agentes curriculares dentro
do contexto de vários condicionalismos”.
É viável destacar que o currículo constitui o elemento central do projeto pedagógico, ele viabiliza
o processo de ensino e de aprendizagem.
Sacristán25 afirma que o currículo é a ligação entre a cultura e a sociedade exterior à escola e à
educação; entre o conhecimento e cultura herdados e a aprendizagem dos alunos; entre a teoria (ideias,
suposições e aspirações) e a prática possível, dadas determinadas condições.
Alguns estudos realizados sobre currículo a partir das décadas 1960 a 1970 destacam a existência de
vários níveis de Currículo: formal, real e oculto. Esses níveis servem para fazer a distinção de quanto o
aluno aprendeu ou deixou de aprender.
O Currículo Formal refere-se ao currículo estabelecido pelos sistemas de ensino, é expresso em
diretrizes curriculares, objetivos e conteúdos das áreas ou disciplina de estudo. Este é o que traz prescrita
institucionalmente os conjuntos de diretrizes como os Parâmetros Curriculares Nacionais.
O Currículo Real é o currículo que acontece dentro da sala de aula com professores e alunos a cada
dia em decorrência de um projeto pedagógico e dos planos de ensino.
Assim, o currículo não é um elemento neutro de transmissão do conhecimento social. Ele está
imbricado em relações de poder e é expressão do equilíbrio de interesses e forças que atuam no sistema
educativo em um dado momento, tendo em seu conteúdo e formas, a opção historicamente configurada
de um determinado meio cultural, social, político e econômico.
O caráter pedagógico compreende todos os aspectos envolvidos com as finalidades que se pretende
a educação. A Pedagogia, segundo Libâneo26, ocupa-se da educação intencional, que investiga os fatores
que contribuem para a construção do ser humano como membro de uma determinada sociedade, e aos
processos e aos meios dessa formação.
Ter clara a compreensão de que Pedagogia se está falando, pra qual escola, que aluno, que ensino,
ou seja, que conceitos fundamentam as finalidades educativas que se pretende alcançar, é imprescindível
para “orientar a prática educativa de modo consciente, intencional, sistemática, para finalidades sociais e
políticas cunhadas a partir de interesses concretos no seio da práxis social”.
Portanto, o caráter pedagógico tem fundamental e estreita relação com a construção de um currículo
que oriente a ação educativa e determine princípios e formas de atuação. Quando os conceitos acerca
do que se pretende tratar são apresentados, entendem-se seus “fins desejáveis” e, define-se assim, “uma
intencionalidade educativa, implicando escolhas, valores, compromissos éticos” (Libâneo).
O desenvolvimento das teorias críticas de currículo somam-se à preocupação com uma prática
pedagógica comprometida, porque desejam ir além do estático formalismo das propostas curriculares. A
partir dessas considerações, fica clara a estreita relação entre currículo e práticas pedagógicas.
24
PACHECO, J. Currículo: teoria e práxis. Porto: Porto Editora, 1996.
25
SACRISTAN, J. Gimeno. Poderes instáveis em educação. Tradução de Beatriz Affonso Neves. Porto Alegre: Artmed, 1999.
26
LIBÂNEO, José Carlos. Pedagogia e pedagogos, para quê? 3ª ed. São Paulo: Cortez, 2000.
Teorias do Currículo
Teoria Tradicional
Kliebard27 apresenta que os fundamentos da teoria curricular de John Bobbit estão baseados na
concepção de administração científica de Taylor, e que a extrapolação desses princípios para a área de
currículo transformou a criança no objeto de trabalho da engrenagem burocrática da escola.
Neste sentido, as finalidades do currículo eram:
- educar o indivíduo segundo as suas potencialidades;
- desenvolver o conteúdo do currículo de modo suficientemente variado com o fim de satisfazer as
necessidades de todos os tipos de indivíduos na comunidade;
- favorecer um ritmo de treinamento e de estudo que seja suficientemente flexível;
- dar ao indivíduo somente aquilo de que ele necessita;
- estabelecer padrões de qualidade e quantidade definitivos para o produto;
- desenvolver objetivos educacionais precisos e que incluam o domínio ilimitado da capacidade
humana através do conhecimento de hábitos, habilidades, capacidades, formas de pensamento, valores,
ambições, etc., enfim, conhecer o que seus membros necessitam para o desempenho de suas atividades;
- oferecer “experiências diretas” quando essas múltiplas necessidades não fossem atendidas por
“experiências indiretas”.
Da transposição dos princípios gerais da administração científica para a administração das escolas
passou-se ao domínio da teoria curricular. As implicações para a prática de uma escola em que a criança
é o material e a escola é a escola-fábrica e, que, portanto deve modelá-la como um produto de acordo
com as especificações da sociedade, tem seus objetivos voltados para um controle de qualidade.
Kliebard28, defendia que “padrões qualitativos e quantitativos definitivos fossem estabelecidos para o
produto”, considerando esse produto como o material criança, a professor deveria obter de seus alunos
a maior capacidade que eles possuíssem para solucionar determinada tarefa em determinado período de
tempo.
A prática docente desse currículo é facilmente compreendida, pois baseia-se num modelo funcional
de aplicação de conteúdos e atividades. Para Kliebard a padronização de atividades ou unidades de
trabalho e dos próprios produtos (crianças), exigiu a especificação de objetivos educacionais e tornou a
criança, em idade escolar como algo a ser modelado e manipulado, produzido de modo que se encaixasse
em seu papel social predeterminado.
Em sequência a essa concepção fabril de currículo, Kliebard apresenta o pensamento de Tyler, que
afirma que o professor pode controlar as experiências de aprendizagem através da “manipulação do
ambiente de tal forma que crie situações estimulantes - situações que irão suscitar a espécie de
comportamento desejado, portanto, parte do pressuposto de que “a educação é um processo de mudança
nos padrões de comportamento das pessoas”.
27
KLIEBARD, H. Burocracia e teoria de currículo. In: MESSIK, R.; PAIXÃO, L.; BASTOS, L. (Orgs.). Currículo: análise e debate. São Paulo: Zahar,1980..
28
KLIEBARD, H. Os princípios de Tyler. In: MESSIK, R.; PAIXÃO, L.; BASTOS, L. (Orgs.) Currículo: análise e debate. São Paulo: Zahar, 1980.
Teoria Crítica
Quando Bobbitt (in Kliebard) concebeu esse currículo, acreditamos que talvez não tenha tido a
intenção de, além de padronizar atividades, padronizar pessoas. Essa teoria produziu uma concepção
mecanizada de currículo que perdura até hoje, mas ela abriu espaço para o campo político e econômico,
conferindo ao currículo conteúdos implícitos de dominação e poder, através da ideologia dominante.
Essa foi a percepção de Michael Apple do que vinha acontecendo com o currículo e que o tornou,
segundo Paraskeva29, o grande precursor da Escola de Frankfurt no campo da educação e do currículo
e o primeiro a reavivar, de uma forma explícita, o cunho político do ato educativo e curricular, colocando
a teorização crítica como a saída para a compreensão do atual fenômeno da escolarização.
Aponta que Apple, em “Ideilogy and Curriculum”, denuncia a feliz promiscuidade entre Ideologia,
Cultura e Currículo e o modo como os movimentos hegemônicos (e também contra hegemônicos) se [re]
[des] constroem e disputam um determinado conhecimento decisivo na construção e manutenção de um
dado senso comum com implicações diretas nas políticas sociais, em geral e educativas e curriculares,
em particular. E esta obra, para muitas figuras de proa no campo do currículo - Huebner, McDonald,
Mann, Kliebard, Beane, McLaren, Giroux, Macedo - seria o inaugurar de uma nova era no campo, em que
passava-se do Tylerismo ao Appleanismo.
Paraskeva, apresenta que para Apple, a problemática do conhecimento é considerada como pedra
angular para o estudo da escolarização como veículo de seletividade, um conhecimento que se toma
parte nas dinâmicas desiguais de poder e de controle, no qual o processo de escolarização não é
inocente.
Sobre a preocupação com as formas de conhecimento difundido Apple30, considera fundamental
questionar “para quem é esse conhecimento”, demonstrando uma preocupação com o que deve ser
ensinado não apenas como questão educacional, mas, sobretudo, como questão ideológica e política.
Destaca a escola e o currículo porque considera “que discutir sobre o que acontece, o que pode
acontecer e o que deveria acontecer em sala de aula” (...) é uma “tarefa que merece a aplicação de
nossos melhores esforços”.
Nesse sentido observa que “enquanto não levarmos à sério a intensidade do envolvimento da
educação com o mundo real das alternativas e desiguais relações de poder, estaremos vivendo em um
mundo divorciado da realidade. As teorias, diretrizes e práticas envolvidas na educação não são técnicas.
São intrinsecamente éticas e políticas, e em última análise envolvem - uma vez que assim se reconheça
- escolhas profundamente pessoais em relação ao que Marcus Raskin denomina “o bem comum”.
Quanto ao professor afirma que “queria que os educadores, sobretudo aqueles com interesse
específico no que acontece nas salas de aula, examinassem criticamente as suas próprias ideias acerca
dos efeitos da educação”. Esse posicionamento certamente modificaria a prática pedagógica, não no
sentido de aplicação metodológica, mas enquanto intenções provocativas à reflexão e à emancipação.
Portanto, segundo Silva31, as teorias tradicionais pretendem ser apenas “teorias” neutras, científicas,
desinteressadas, concentrando-se em questões técnicas e de organização, enquanto que “as teorias
críticas e as teorias pós-críticas argumentam que nenhuma teoria é neutra, científica ou desinteressada,
mas que está, inevitavelmente implicada em relações de poder. Não se limita a questionar “que
conhecimentos”, mas por que esse conhecimento e não outro? Quais interesses fazem com que esse
conhecimento e não outro esteja no currículo? Por que privilegiar um determinado tipo de identidade ou
subjetividade e não outro?”
Desta forma, percebemos que as teorias críticas pretendem trazer as relações sociais e sua discussão
para a sala de aula: questões de raça, de religião, dominação política e ideológica, diferenças culturais,
etc. A intenção é legítima quanto à uma educação voltada para a redução e até mesmo, nivelação das
desigualdades.
Trazer essas intenções para a sala de aula, concretizar essa teorização crítica do currículo na prática
pedagógica não é tarefa fácil. É possível perceber essa dificuldade sobre o que observamos do que
Moreira32 apresenta quando a teoria curricular crítica é vista em crise tanto nos Estados Unidos como no
Brasil, e revela as seguintes interpretações:
29
PARASKEVA, J.M. Michael Apple e os estudos [curriculares] críticos. Currículo sem Fronteiras, v.2, n. 1. 2002.
30
APPLE, M. W. Repensando ideologia e currículo. In: MOREIRA, A. F.; SILVA, T. T. (Orgs.). Currículo, cultura e sociedade. São Paulo: Cortez, 1994.
31
SILVA, T. T. Documentos de identidade: uma introdução às teorias do currículo. Belo Horizonte: Autêntica, 1999.
32
MOREIRA, A. F. B. A crise da teoria curricular crítica. 1999.
Fundamentos:
- Crítica aos processos de convencimento, adaptação e repressão da hegemonia dominante;
- Contraposição ao empiricismo e ao pragmatismo das teorias tradicionais;
- Crítica à razão iluminista e racionalidade técnica;
- Busca da ruptura do status quo;
- Materialismo Histórico Dialético - crítica da organização social pautada na propriedade privada dos
meios de produção (fundamentos em Marx e Gramsci);
- Crítica à escola como reprodutora da hegemonia dominante e das desigualdades sociais. (Michael
Apple)
Principais Fundamentos:
- Escola Francesa: teoria da reprodução cultural - “capital cultural”. O currículo da escola está baseado
na cultura dominante, na linguagem dominante, transmitido através do código cultural (Bourdieu e
Passeron)
Teoria Pós-Críticas
Já a teoria pós-críticas emergiu a partir das décadas de 1970 e 1980, partindo dos princípios da
fenomenologia, do pós-estruturalismo e dos ideais multiculturais. Assim como a teoria crítica, a
perspectiva pós-crítica criticou duramente a teoria tradicional, mas elevaram as suas condições para além
da questão das classes sociais, indo direto ao foco principal: o sujeito.
Desse modo, mais do que a realidade social dos indivíduos, era preciso compreender também os
estigmas étnicos e culturais, tais como a racialidade, o gênero, a orientação sexual e todos os elementos
próprios das diferenças entre as pessoas. Nesse sentido, era preciso estabelecer o combate à opressão
de grupos semanticamente marginalizados e lutar por sua inclusão no meio social.
A teorias pós-crítica considerava que o currículo tradicional atuava como o legitimador dos modus
operandi dos preconceitos que se estabelecem pela sociedade. Assim, a sua função era a de se adaptar
ao contexto específico dos estudantes para que o aluno compreendesse nos costumes e práticas do outro
uma relação de diversidade e respeito.
Além do mais, em um viés pós-estruturalista, o currículo passou a considerar a ideia de que não existe
um conhecimento único e verdadeiro, sendo esse uma questão de perspectiva histórica, ou seja, que se
transforma nos diferentes tempos e lugares.
- As questões de gênero são uma das questões muito presentes nas teorias pós-críticas;
- O acesso à educação era desigual para homens e mulheres e dentro do currículo havia distinções de
disciplinas masculinas e femininas;
- Assim certas carreiras eram exclusivamente masculinas sem que as mulheres tivessem
oportunidades;
- A intenção era que os currículos percebessem as experiências, os interesses, os pensamentos e os
conhecimentos femininos dando-lhes igual importância;
- As questões raciais e étnicas também começaram a fazer parte das teorias pós-críticas do currículo,
tendo sido percebida a problemática da identidade étnica e racial.
É essencial, por meio do currículo, desconstruir o texto racial, questionar por que e como
valores de certos grupos étnicos e raciais foram desconsiderados ou menosprezados no
desenvolvimento cultural e histórico da humanidade e, pela organização do currículo,
proporcionar os mesmos significados e valores a todos os grupos, sem supervalorização de um
ou de outro.
- Uma característica marcante da política curricular no Brasil foi a centralização do currículo nas mãos
do poder público.
- Estados legislaram sobre o programa de ensino primário e secundário durante todo o século XIX e
parte do século XX.
- Divisor de águas - a reforma do ensino de 1º e 2º graus ocorrida em 1971 - Lei 5.692/1971, que
fixava as Diretrizes e Bases para o ensino de 1° e 2º graus.
- Em relação aos conteúdos, optou-se pela classificação tríplice das matérias em: (Conteúdos
Particulares)
* Comunicação e Expressão;
* Estudos Sociais;
* Ciências.
- A Arte:
* Artes Plásticas;
* Desenho;
* Teatro, entre outros.
Dessa forma, no primeiro mandato do presidente Fernando Henrique Cardoso, uma das prioridades
do Ministério da Educação foi a elaboração de referências curriculares para a educação básica, um
processo inédito na história da educação brasileira, sistematizando ideias que já vinham sendo utilizadas
nas reformulações curriculares de estados e municípios.
Os procedimentos seguidos na elaboração dos documentos representam a manifestação do espírito
democrático e participativo que deve caracterizar a educação de base no país. Equipes de educadores
(professores com larga e boa experiência nas salas de aula, professores universitários e pesquisadores)
elaboraram os documentos preliminares.
Estas equipes realizaram um estudo dos currículos de outros países (como Inglaterra, França,
Espanha, Estados Unidos), analisaram as propostas dos estados e de alguns dos municípios brasileiros,
considerando os indicadores da educação no Brasil (como taxas de evasão e repetência, desempenho
dos alunos nas avaliações sistêmicas) e estudaram os marcos teóricos contemporâneos sobre currículo,
ensino, aprendizagem e avaliação.
A finalidade das referências curriculares consiste na radical transformação dos objetivos, dos
conteúdos e da didática na educação infantil, no ensino fundamental e na educação de jovens e adultos.
Os conteúdos estudados passam a ser os meios com os quais o estudante desenvolve capacidades
intelectuais, afetivas, motoras, tendo em vista as demandas do mundo em que vive. A formação se
sobrepõe à informação pura e simples, modificando o antigo conceito de que educação é somente
transmissão de conhecimentos.
A nova proposta apresentada pelo Ministério da Educação aos educadores brasileiros é composta dos
documentos:
- Parâmetros Curriculares Nacionais para Educação Fundamental;
- Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil
- Referencial Curricular Nacional para a Educação Indígena;
- Proposta Curricular para Educação de Jovens e Adultos.
Dentro das propostas já referidas, cada qual com sua especificidade, os Parâmetros Curriculares
Nacionais para o Ensino Fundamental incluem, além das áreas curriculares clássicas (Língua Portuguesa,
A Base Nacional Comum Curricular é um documento de caráter normativo que define o conjunto
orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo
das etapas e modalidades da Educação Básica.
Conforme definido na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB, Lei nº 9.394/1996), a
Base deve nortear os currículos dos sistemas e redes de ensino das Unidades Federativas, como também
as propostas pedagógicas de todas as escolas públicas e privadas de Educação Infantil, Ensino
Fundamental e Ensino Médio, em todo o Brasil.
A Base estabelece conhecimentos, competências e habilidades que se espera que todos os
estudantes desenvolvam ao longo da escolaridade básica. Orientada pelos princípios éticos, políticos e
estéticos traçados pelas Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica, a Base soma-se aos
propósitos que direcionam a educação brasileira para a formação humana integral e para a construção
de uma sociedade justa, democrática e inclusiva.
Miguel G. Arroyo33 é um dos autores que têm se preocupado com o currículo e os sujeitos envolvidos
na ação educativa: educandos e educadores. Arroyo tem ressaltado nesses estudos diversos aspectos,
como:
- a importância do trabalho coletivo na educação para a construção de parâmetros de ação pedagógica;
- o fato de serem os educandos sujeitos de direito ao conhecimento;
- a necessidade de se mapearem imagens e concepções dos educandos para subsidiar o debate sobre
os currículos.
Com base em discussões apresentadas por esse autor, veremos alguns pontos de reflexão sobre o
tema:
33
ARROYO, Miguel Gonzalez. Secretaria de Educação Básica (Org.). Os educandos, seus Direitos e o Currículo: Documento em versão preliminar. 2006.
O direito à educação e o currículo como instrumento para viabilizar esse direito nos obrigam a
desconstruir crenças cristalizadas e a repensá-las à luz de critérios éticos.
34
BRUNER, J. A cultura da educação. Porto Alegre: Artmed, 2001.
Currículo e Multiculturalismo
Para que não perca a identidade das culturas, o planejamento curricular, de acordo com Sacristán36,
deve se pautar na seguinte estratégia:
- formação de professores;
- planejamento de currículos;
- desenvolvimento de materiais apropriados e,
- a análise e revisão crítica das práticas vigentes.
Em relação ao papel da escola Candau37 enfatiza que as diversidades culturais existentes nas
diferentes sociedades, como:
- os negros americanos;
- os emigrantes em países desenvolvidos;
- os emigrantes no Brasil; e mais,
- as muitas distintas culturas que variam de grupos e de pessoas se fazem presentes no interior da
escola.
A escola neste sentido, não pode reproduzir a cultura dominante, ela deve considerar as vivências dos
educandos e contribuir para uma pedagogia libertária.
Em decorrência do fracasso escolar, intensificaram-se os estudos a respeito do multiculturalismo
associado com a Antropologia, mas também se viu a Psicologia como uma das ciências importantíssima
para a resolução dos problemas.
Candau faz referência à teoria de Paulo Freire, a qual buscou em uma perspectiva da cultura popular,
alfabetizar muitas pessoas em blocos divididos, os quais os educadores faziam um estudo do cotidiano
das pessoas para daí então, começar alfabetizá-los, considerando a linguagem e os termos comuns.
O multiculturalismo, de acordo com Candau, tem sua maior representatividade nos EUA, porque lá
vivem negros, mexicanos, porto-riquenhos, chineses e uma pluralidade de raças e etnias distintas.
Durante a década de 1960, tiveram muitas manifestações em prol da igualdade dos negros perante
aos brancos, eles reivindicavam direitos e participação iguais na sociedade, independentemente de raça,
sexo, crenças e religião.
35
SACRISTAN, José Gimeno. O currículo: uma reflexão sobre a prática. Trad Ernani da Rosa. Porto Alegre, RGS: Artmed, 2000.
36
SACRISTAN, José Gimeno. Currículo e diversidade cultural. In SILVA, Tomaz Tadeu da. MOREIRA, Antonio Flávio (Orgs). Territórios Contestados: o currículo
e os novos mapas políticos e culturais. Petrópolis, RJ: Vozes, 1995.
37
CANDAU, Vera Maria Ferrão. (Org.). Sociedade, educação e cultura(s): Questões e propostas. Rio de Janeiro: Vozes, 2002.
Currículo e Avaliação
Que tipo de ser humano queremos formar? É com esta pergunta na cabeça que devemos pensar o
currículo. Não obstante, a avaliação, também, perpassa por este viés - uma avaliação que dê conta de
suprir algumas de nossas necessidades do cotidiano.
É nesse contexto que as três últimas décadas registraram uma preocupação intensa com os estudos
sobre avaliação. O processo de avaliação não está ainda bem resolvido e definido pela escola e tampouco
nas cabeças dos professores.
Muitos estudos foram empreendidos, mas pouco se avançou. Teóricos têm estudado e buscado
caminhos para romper com um processo tão solidificado na escola como é o caso da avaliação da
aprendizagem.
Algumas críticas severas têm sido feitas em relação ao aluno não saber quais são os verdadeiros
objetivos das avaliações, não saber como ele será avaliado e, o mais importante não saber o que o
professor espera que ele responda, o que o professor, verdadeiramente, quer.
É preciso entender, de uma vez por todas, que temos que conciliar a concepção de avaliação em um
currículo aberto e em construção que deve contemplar o conhecimento real dos alunos.
Como local de conhecimento, o currículo é a expressão de nossas concepções do que constitui
conhecimento (...). Trata-se de uma concepção do conhecimento e do currículo como presença: presença
do real e do significado no conhecimento e no currículo; presença do real e do significado para quem
transmite e para quem recebe.
Este conceito assevera a ideia de um currículo em constante movimento. Um currículo aberto e que
serve de passagem para o real e significativo. Um lugar perfeito para se processar a avaliação que se
deseja em qualquer processo de aprendizagem
A avaliação é um processo histórico que se propaga de acordo com as mudanças sociais, tendo em
vista os múltiplos contextos que perpassam a vida dos sujeitos humanos. Ou seja, a avaliação está
presente no cotidiano dos indivíduos, ocorrendo de maneira espontânea ou através do ensino formal.
Na educação, a avaliação deve partir de um currículo planejado, envolvendo todo o coletivo da
instituição. O currículo, por sua vez, tem por objetivo direcionar caminhos de como trabalhar as
diversidades encontradas dentro da escola, atribuindo juízo de valor que deve ser realizado de forma
ética e democrática a respeito do objetivo que se pretende alcançar, principalmente no ensino e na
aprendizagem escolar.
Nesse sentido, as práticas pedagógicas do educador podem se tornar um ato classificatório, sendo
que o juízo de valor se expressa nas suas ações diárias desenvolvidas em sala de aula. Haja vista que a
atividade docente requer um processo contínuo de reflexões em torno da práxis, especialmente no tocante
ao ato de avaliar.
Faz-se fundamental que o educador reflita as suas práticas desenvolvidas no cotidiano da sala de aula,
respeitando as experiências que os indivíduos trazem do seu convívio em sociedade. Tendo em vista que
a avaliação consiste um dos aspectos do processo pedagógico, cuja prática deve colaborar no
desenvolvimento da criticidade do indivíduo, interagindo os conhecimentos escolares com os contextos
em que alunos estão inseridos.
Nesse sentido, o corpo docente não deve utilizar o ato de avaliar apenas para medir e controlar o
rendimento do discente dentro da instituição escolar. Segundo Fernandes e Freitas38 perpassam, na
prática escolar, duas formas de avaliação:
- a avaliação formativa que tem princípios norteadores no próprio processo educativo e
- a avaliação somativa que apresenta a função de julgar o resultado final, ou seja, ao término do ano
letivo, sendo feito uma avaliação com objetivo de somar as notas do aluno durante o período escolar.
“Os processos de avaliação formativa são concebidos para permitir ajustamentos sucessivos durante o
desenvolvimento e a experimentação do currículo”.
O memorial, por sua vez, constitui um instrumento de avaliação que visa à concretização da escrita do
discente, visto que contém o propósito de fazer com que o aluno reflita sobre as suas ações e o seu
compromisso durante o processo de aprendizagem, contribuindo assim para o crescimento individual e
coletivo da turma.
Outro instrumento relacionado à avaliação condiz ao conselho de classe, que consiste na troca de
informações e experiências entre professores que trabalham com os mesmos alunos, a fim de criar uma
estratégia que favoreça os processos de aprender. Dessa forma, o conselho de classe não deve ser
entendido, simplesmente, como fechamento de notas e decisões acerca da aprovação ou reprovação de
alunos.
Além da avaliação dos processos de ensino e aprendizagem, segundo Fernandes e Freitas, faz
necessária a avaliação institucional e a avaliação do sistema educacional.
- A avaliação institucional tem como apoio o Projeto Político-Pedagógico da escola, que é elaborado
coletivamente pelos os profissionais envolvidos na educação, que se articula à comunidade local para
criar e propor alternativas aos problemas.
- A avaliação do sistema educacional acontece fora da rede avaliada, sendo a mesma elaborada pelas
secretarias de educação, envolvendo assim as escolas e os professores de forma que esta seja realizada
Referências:
ALVES, Alzenira Cândida; SANTOS, Jaiana Cirino dos; FERNANDES, Hercília Maria. Currículo e Avaliação: uma análise do projeto político pedagógico da
Escola Cecília Estolano Meireles.IV FIPED. Campina Grande, REALIZE Editora, 2012.
BRASIL. Indagações sobre Currículo - Currículo, Conhecimento e Cultura. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Brasília, 2007.
FRANCO, Maristela Canário Cella. Teoria Curricular Crítica e Prática Pedagógica: Mundos Desconexos, 2014.
JESUS, Adriana Regina de. Currículo e Educação: conceito e questões no contexto educacional, 2008.
MELLO, Guiomar Namo de. Currículo da Educação Básica no Brasil: concepções e políticas, 2014.
PRADO, Iara Glória Areias. O MEC e a Reorganização Curricular. Secretária de Educação Fundamental do MEC São Paulo Perspec. vol.14 no.1 São Paulo
Jan./Mar. 2000.
REIS, Danielle de Souza. Concepções de Currículo e suas inter-relações com os Fundamentos Legais e as Políticas Educacionais Brasileiras. Rio de
Janeiro,2010.
Questões
01. (SEDUC/RO - Professor História - FUNCAB) Considere uma organização curricular por
disciplinas isoladas, dispostas em uma grade curricular, que não foi discutida e nem elaborada pelos
professores e visa a desenvolver nos alunos habilidades e destrezas desejadas pela sociedade. Este é
um currículo:
(A) fechado e tecnicista.
(B) aberto e por competência.
(C) aberto e sociocrítico.
(D) fechado e escolanovista.
(E) aberto e tradicional.
02. (INSS - Analista Pedagogia - FUNRIO) A Pedagogia tem passado por muitas inovações e
mudanças no que se refere aos processos de ensino e aprendizagem, em relação ao que se compreende
hoje sobre o que é o campo do currículo, em relação aos métodos e técnicas de ensino.
Algumas questões exemplificam essas afirmações:
1. começam a ser conhecidas e praticadas as propostas de trabalhos por projetos;
2. os estudos curriculares apontam que é preciso problematizar a hierarquização linear dos conteúdos;
3. há uma reflexão sobre o uso das tecnologias em educação, ao preço da escola se distanciar da vida
concreta dos estudantes.
No que se refere à hierarquização linear dos conteúdos, faz-se uma crítica quanto à
(A) presença da interdisciplinaridade nos currículos.
(B) presença da não disciplinaridade nos currículos.
(C) interdisciplinaridade presente nos currículos.
(D) não presença da interdisciplinaridade nos currículos.
(E) disciplinaridade não presente nos currículos.
03. (TJ/DF - Analista Judiciário Pedagogia - CESPE) Julgue os item subsequente, relativo às
concepções de currículo.
As imagens de família presentes em determinados livros didáticos são exemplos de um tipo de
currículo intitulado oculto, pois não são explicitados em documentos.
( ) Certo ( ) Errado
04. (TSE - Analista Pedagogia - CONSULPLAN) A incorporação, no currículo, de questões tais como
ética, saúde, meio ambiente, orientação sexual e pluralidade cultural, segundo os PCNs (1997) deve ser
realizada a partir de
(A) uma abordagem transversal que integre todas as temáticas relacionadas.
(B) criação de disciplinas específicas para cada tópico específico.
(C) desenvolvimento das disciplinas de Ciências, História e Geografia.
(D) criação de uma disciplina integradora que contemple ciência e cultura.
06. (TSE - Analista Pedagogia - CONSULPLAN) O currículo tem um papel tanto de conservação
quanto de transformação e construção dos conhecimentos historicamente acumulados. A perspectiva
teórica que trata o currículo como um campo de disputa e tensões, pois o vê implicado com questões
ideológicos e de poder, denomina-se
(A) tecnicista.
(B) crítica.
(C) tradicional.
(D) pós-crítica.
08. (UFAL - Pedagogo - COPEVE) Do ponto de vista etimológico, a palavra Currículo deriva da palavra
latina curros (carros, carruagem) e de suas variações. Começou a ser empregada na literatura geral norte-
americana em meados do século XIX, para designar processo de vida e desenvolvimento. Segundo Vilar
(1998), o currículo pode assumir os significados seguintes:
Faça a associação correta.
1. Currículo prescrito.
2. Currículo apresentado.
3. Currículo trabalhado.
4. Currículo traduzido.
5. Currículo concretizado.
( ) Conjunto dos meios elaborados por diferentes instâncias com o objetivo de apresentar uma
interpretação do currículo prescrito.
( ) Conjunto das tarefas escolares que corporizam as decisões curriculares, anteriormente assumidas.
( ) Consiste na planificação curricular no âmbito da escola, configuram os significados e conteúdos
das decisões e propostas.
( ) Consiste no conjunto de efeitos cognitivos, afetivos, morais, sociais etc.
( ) Trata-se do resultado das decisões assumidas pela administração do sistema educativo.
Assinale a sequência correta, de cima para baixo
(A) 2, 3, 5, 4, 1.
(B) 3, 2, 4, 1, 5.
(C) 3, 1, 2, 4, 5.
(D) 2, 3, 4, 5, 1.
(E) 2, 4, 3, 5, 1.
10. (TJ/DF - Analista Judiciário Pedagogia - CESPE) Julgue os item subsequente, relativo às
concepções de currículo.
Em uma visão emancipadora de currículo, deve-se partir do pressuposto que os alunos são diferentes,
porém o parâmetro de organização curricular deve ser a capacidade daqueles mais capazes ou normais
para garantia da qualidade.
( ) Certo ( ) Errado
Gabarito
01.A / 02.D / 03.Certa / 04.A / 05.A / 06.B / 07.D / 08.D / 09.Errada / 10.Errada
Comentários
01. Resposta: A
Currículo Fechado
- Apresenta disciplinas isoladas;
- Organizadas em grade curricular;
- Objetivos e competências definidos;
- Professor limita-se a segui-los.
“Organização curricular por disciplinas isoladas, dispostas em uma grade curricular, que não foi
discutida e nem elaborada pelos professores.”
Tecnicista
Currículo Tecnológico - a educação consiste na transmissão de conhecimentos, comportamentos
éticos, práticas sociais e habilidades que propiciem o controle social. Sendo assim, o currículo tecnológico
tem sua base sólida na tendência tecnicista. O comportamento e o aprendizado são moldados pelo
externo, ou seja, ao professor, detentor do conhecimento, cabe planejar, programar e controlar o processo
educativo; ao aluno, agente passivo, compete absorver a eficiência técnica, atingindo os objetivos
propostos.
02. Resposta: D
Os professores da rede estadual aplicaram uma primeira proposta, de Currículo Básico, com suporte
na pedagogia histórico crítica até 1999. A proposta atual vigente na época da pesquisa, de Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCNs), era de conhecimento dos professores em suas concepções. Comentavam
que sua implementação não mudou a conformação metodológica dos conteúdos curriculares.
Essa opinião confirma a visão de Moreira39, já referida e que aponta presente nos PCNs, a abordagem
dos conteúdos curriculares de forma linear e hierarquizada, dificultando uma compreensão mais acurada
da complexidade dos fenômenos do mundo atual.
39
MOREIRA, A.F.B. Currículos e programas no Brasil. Campinas: Papirus, 1990.
05. Resposta: A
Currículo Oculto - São normas e valores, passados do professor para o aluno, de uma forma contida
numa proposição sem estar expresso em termos precisos. No dia a dia na sala de aula, além da conclusão
do planejamento diário, o professor cita exemplos a mais, ou se aprofunda no tema verbalmente, criando
uma racionalização involuntária além do esperado, do que estavam propostos no plano de aula, sem ter
consciência disso.
06. Resposta: B
Perspectiva Crítica: argumenta que não existe uma teoria neutra, já que toda teoria está baseada nas
relações de poder. Isso está implícito nas disciplinas e conteúdos que reproduzem a desigualdade social
que fazem com que muitos alunos saem da escola antes mesmo de aprender as habilidades das classes
dominantes. Percebe o currículo como um campo que prega a liberdade e um espaço cultural e social de
lutas.
07. Resposta: D
O segundo nível de Concretização do desenvolvimento curricular diz respeito às Propostas
Curriculares dos Estados e Municípios. Os PCNs são usados como subsídio para adaptações ou
elaborações de currículos realizados pelas Secretarias de Educação.
Os parâmetros Curriculares Nacionais, servem como norte para a produção do Currículo de cada
região do país, pois temos uma Diversidade Cultura muito grande. Os estados e municípios, em sequência
podem produzir, reproduzir e transformar este Currículo para aproximar-se de características Regionais.
E as Unidades escolares devem refletir sobre este currículo e o incorporá-lo baseado em discussões
com todos os sujeitos a Comunidade Escolar, visando a garantia de um processo educacional consigo, e
formador de cidadãos autônomos, críticos e donos de seu próprio saber.
08. Resposta: D
Currículo Apresentado - conjunto dos meios elaborados por diferentes instâncias com o objetivo de
apresentar uma interpretação do currículo prescrito.
Currículo Trabalhado - conjunto das tarefas escolares que corporizam as decisões curriculares,
anteriormente assumidas.
Currículo Traduzido - consiste na planificação curricular no âmbito da escola, configuram os
significados e conteúdos das decisões e propostas.
Currículo Concretizado - consiste no conjunto de efeitos cognitivos, afetivos, morais, sociais etc.
Currículo Prescrito - trata-se do resultado das decisões assumidas pela administração do sistema
educativo.
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS
Com a aprovação da Nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), o dia 20/12/96
assinala um momento de transição significativo para a educação brasileira, o Chefe do Poder Executivo
sancionou a Lei 9.394/96, denominando-a “Lei Darcy Ribeiro”.
Assim, a nova LDB, ao estabelecer a finalidade e os fundamentos da formação profissional, utiliza a
expressão formação de profissionais da educação e, mais adiante, refere-se à formação de docentes.
Para melhor compreensão dessas expressões, utilizaremos o entendimento de Freitas (1992)42, que
nos parece apropriado para isso. Segundo esse autor, profissional da educação é “aquele que foi
preparado para desempenhar determinadas relações no interior da escola ou fora dela, onde o trato com
o trabalho pedagógico ocupa posição de destaque, constituindo mesmo o núcleo central de sua
formação”. Portanto, não há identificação de “trabalho pedagógico com docência, (...) sendo este um dos
aspectos da atuação do profissional da educação”. No entanto, ainda de acordo com Freitas, há que se
reafirmar que a formação do profissional da educação é a “sua formação como educador, com ênfase na
atuação como professor”.
Dessa forma, a Lei coloca como finalidade da formação dos profissionais da educação atender aos
objetivos dos diferentes níveis e modalidades de ensino e às características de cada fase de
desenvolvimento do educando.
Assim, criar condições e meios para se atingir os objetivos da educação básica é a razão de ser dos
profissionais da educação. Formação com tal finalidade terá por fundamentos, segundo a Lei, “a
associação entre teorias e práticas, inclusive mediante capacitação em serviço” e “o aproveitamento da
formação e experiências anteriores”, adquiridas, estas, não só em instituições de ensino, mas também
em “outras atividades”, que não do ensino.
Afinal de contas, o que é uma prática pedagógica? Talvez essa pergunta seja muito frequente entre
alunos e professores. Percebe-se, em suas falas, certa tendência em considerar como pedagógico
40
FREIRE, Paulo. Sobre Educação: diálogos (Paulo Freire e Sérgio Guimarães) – Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1982.
41
GIROUX, Henry. Os professores como intelectuais. Porto Alegre:Artes Médicas,1998.
42
FREITAS, Luís Carlos. Em direção a uma política para a formação de professores. Brasília, ano 12, nº 54, abr./jun. 1992.
Essas similaridades são mais bem compreendidas a partir da diferenciação proposta por Carr43 entre
o conceito de poiesis e o de práxis. O autor considera que a primeira é uma forma de saber fazer não
reflexivo, ao contrário da última, que é, eminentemente, uma ação reflexiva. Nessa perspectiva, a prática
docente não se fará inteligível como forma de poiesis, ou seja, como ação regida por fins prefixados e
governada por regras predeterminadas. A prática educativa, de modo amplo, só adquirirá inteligibilidade
quando for regida por critérios éticos imanentes, que, segundo Carr44, servem para distinguir uma boa
prática de uma prática indiferente ou má.
É preferível considerar esses critérios éticos, a fim de distinguir uma prática tecida pedagogicamente -
vista como práxis - de outra apenas tecnologicamente tecida - identificada como poiesis. Assim, realça-
se o pressuposto que será o fio condutor do texto: há práticas docentes construídas pedagogicamente e
há práticas docentes construídas sem a perspectiva pedagógica, num agir mecânico que desconsidera a
construção do humano. Esse aspecto é destacado por Pinto45, ao abordar a técnica como produto do
humano, diferente da técnica como produtora do humano. Isso remete a uma possível mistificação da
técnica no campo pedagógico, supervalorizando-a como produtora das práticas. Considera-se que, nas
práticas pedagogicamente construídas, há a mediação do humano e não a submissão do humano a um
artefato técnico previamente construído.
Assim, uma aula ou um encontro educativo tornar-se-á uma prática pedagógica quando se organizar
em torno de intencionalidades, bem como na construção de práticas que conferem sentido às
intencionalidades. Será prática pedagógica quando incorporar a reflexão contínua e coletiva, de forma a
assegurar que a intencionalidade proposta é disponibilizada a todos; será pedagógica à medida que
buscar a construção de práticas que garantam que os encaminhamentos propostos pelas
intencionalidades possam ser realizados.
Nesse aspecto, uma prática pedagógica, em seu sentido de práxis, configura-se sempre como uma
ação consciente e participativa, que emerge da multidimensionalidade que cerca o ato educativo. Como
conceito, entende-se que ela se aproxima da afirmação de Gimeno46 de que a prática educativa é algo
mais do que expressão do ofício dos professores; é algo que não pertence por inteiro aos professores,
uma vez que há traços culturais compartilhados que formam o que pode ser designado por subjetividades
pedagógicas (Franco47). No entanto, destaca-se que o conceito de prática pedagógica poderá variar
dependendo da compreensão de pedagogia e até mesmo do sentido que se atribui a prática.
É comum considerar que práticas pedagógicas e práticas educativas sejam termos sinônimos e,
portanto, unívocos. No entanto, quando se fala de práticas educativas, faz-se referência a práticas que
ocorrem para a concretização de processos educacionais, ao passo que as práticas pedagógicas se
referem a práticas sociais que são exercidas com a finalidade de concretizar processos pedagógicos.
Fala-se, então, de práticas da Educação e práticas da Pedagogia. Contudo, Pedagogia e Educação são
conceitos e práticas distintas?
Trata-se de conceitos mutuamente articulados, porém, com especificidades diferentes. Pode-se
afirmar que a educação, numa perspectiva epistemológica, é o objeto de estudo da Pedagogia, enquanto,
numa perspectiva ontológica, é um conjunto de práticas sociais que atuam e influenciam a vida dos
sujeitos, de modo amplo, difuso e imprevisível.
Por sua vez, a Pedagogia pode ser considerada uma prática social que procura
organizar/compreender/transformar as práticas sociais educativas que dão sentido e direção às práticas
educacionais. Pode-se dizer que a Pedagogia impõe um filtro de significado à multiplicidade de práticas
que ocorrem na vida das pessoas. A diferença é de foco, abrangência e significado, ou seja, a Pedagogia
43
CARR, W. Una teoria para la educación: hacia una investigación educativa crítica. Madrid: Morata, 1996.
44
Idem 2.
45
PINTO, A. V. O conceito de tecnologia. Rio de Janeiro: Contraponto, 2005.
46
GIMENO SACRISTÁN, J. Poderes instáveis em educação. Porto Alegre: Artmed, 1999.
47
FRANCO, M. A. R. S. Pedagogia e prática docente. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2012
Em pesquisa teórica realizada sobre a epistemologia da Pedagogia48, observou-se que, desde o século
19, quando Herbart preconiza o princípio de uma cientificidade rígida à Pedagogia, ele também impõe um
fechamento epistemológico a essa ciência, de tal forma que, para ser ciência, teve que deixar de ser
Pedagogia, em seu sentido lato, pois seu objeto - a educação - foi se restringindo à instrução, ao visível,
ao aparente, ao observável do ensino, e, assim, foi apreendida pela racionalidade científica da época.
Essa associação da Pedagogia às tarefas apenas instrucionais tem marcado um caminho de
impossibilidades à prática pedagógica. Como teoria da instrução, a Pedagogia contenta-se com a
organização da transmissão de informações, e, dessa forma, a prática pedagógica - pressuposta a essa
perspectiva teórica - será voltada à transmissão de conteúdos instrucionais. A partir de diferentes
configurações, essa Pedagogia, de base técnico-científica, alastrou-se pelo mundo com variadas
interpretações.
Quando se afirma que as práticas pedagógicas são práticas que se realizam para
organizar/potencializar/interpretar as intencionalidades de um projeto educativo, argumenta-se a favor de
outra epistemologia da Pedagogia: uma epistemologia crítico-emancipatória, que considera ser a
Pedagogia uma prática social conduzida por um pensamento reflexivo sobre o que ocorre nas práticas
educativas, bem como por um pensamento crítico do que pode ser a prática educativa.
A grande diferença é a perspectiva de ser crítica e não normativa; de ser práxis e não treinamento; de
ser dialética e não linear. Nessa perspectiva, as práticas pedagógicas realizam-se como sustentáculos à
prática docente, num diálogo contínuo entre os sujeitos e suas circunstâncias, e não como armaduras à
prática, que fariam com que esta perdesse sua capacidade de construção de sujeitos.
No entanto, constata-se que essa epistemologia crítica da Pedagogia tem estado cada vez mais
distante das práticas educativas contemporâneas. Segundo essa perspectiva, é possível falar em
esgotamento da racionalidade pedagógica. A esfera da reflexão, do diálogo e da crítica parece cada vez
mais ausente das práticas educativas contemporâneas, as quais estão sendo substituídas por pacotes
instrucionais prontos, cuja finalidade é, cada vez mais, preparar crianças e jovens para as avaliações
externas, a fim de galgarem um lugar nos vestibulares universitários. A educação, rendendo-se à
racionalidade econômica, não mais consegue dar conta de suas possibilidades de formação e
humanização das pessoas.
Como esses dois polos da racionalidade pedagógica são fundamentais à compreensão da
variabilidade de interpretação do sentido de prática pedagógica, faz-se aqui uma digressão para
especificar suas diferenças, destacando-se que, entre ambos os polos, há um continuum de
possibilidades:
48
FRANCO, M. A. R. S. A pedagogia como ciência da educação: entre epistemologia e prática. 2001. 257 f. Tese (Doutorado em Educação) - Faculdade de
Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2001.
57
VEIGA, I. P. A. Inovações e projeto político-pedagógico: uma relação regulatória ou emancipatória? Cadernos Cedes, Campinas, v. 23, n. 61, p. 267-281, dez.
2003.
58
CALDEIRA, A. M. S.; ZAIDAN, S. Prática pedagógica. In: OLIVEIRA, D. A.; DUARTE, A. C.; VIEIRA, L. M. F. (Org.). Dicionário: trabalho, profissão e condição
docente. Belo Horizonte: Gestrado/UFMG, 2010.
59
CERTEAU, M. A invenção do cotidiano: artes de fazer. Petrópolis: Vozes, 1994.
60
DELEUZE, G. Diferença e repetição. Tradução Luiz Orlandi e Roberto Machado. Rio de Janeiro: Graal, 2006.
61
CARR, W. Una teoria para la educación: hacia una investigación educativa crítica. Madrid: Morata, 1996.
62
FREIRE, P. Ação cultural para a liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.
63
MARX, K.; ENGELS, F. A ideologia alemã: teses sobre Feuerbach. São Paulo: Moraes, 1994.
64
KOSIK, K. Dialética do concreto. 6. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1995.
65
VÁSQUEZ, A. S. Filosofia das práxis. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1968.
66
KOSIK, K. Dialética do concreto. 6. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1995.
67
Idem 25.
68
HOUSSAYE, J. Une illusion pédagogique? Cahiers Pédagogiques, Paris, n. 334, p. 28-31, 1995.
69
FREIRE, P. Ação cultural para a liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.
70
Idem 26.
71
IMBERT, F. Para uma práxis pedagógica. Brasília: Plano, 2003.
72
Idem 28.
73
FRANCO, M. A. R. S. A pedagogia como ciência da educação. 3. ed. rev. e ampl. Campinas: Cortez, 2013
74
Idem 30.
75
FRANCO, M. A. R. S. Entre a lógica da formação e a lógica das práticas: a mediação dos saberes pedagógicos. In: REUNIÃO ANUAL DA ANPED, 29., 2006,
Caxambu. Anais... Caxambu: Anped , 2006
76
FREIRE, P. Conscientização. São Paulo: Cortez , 1983.
A questão da formação docente ao lado da reflexão sobre a prática educativo progressiva em favor da
autonomia do ser dos educandos é a temática que se incorpora a análise de saberes fundamentais àquela
prática e aos quais acrescente alguns que me tenham escapado ou cuja importância não tenha percebido.
77
CERTEAU, M. A invenção do cotidiano: artes de fazer. Petrópolis: Vozes, 1994.
33
FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa. Paz e Terra, 2003.
Exige uma competência geral, um saber de sua natureza e saberes especiais, ligados à atividade
docente. Como professor, se a minha opção é progressista e sou coerente com ela, meu papel é contribuir
para que o educando, seja o, artífice de sua formação. Devo estar atento à difícil caminhada da
heteronomia para a autonomia. "É assim que venho tentando ser professor, assumindo minhas
convicções, disponível ao saber, sensível à boniteza da prática educativa, instigado por seus desafios..."
Ensinar exige alegria e esperança.
O meu envolvimento com a prática educativa jamais deixou de ser feito com alegria, o que não significa
dizer que tenha podido criá-la nos educandos. Parece-me uma contradição que uma pessoa que não
teme a novidade, que se sente mal com as injustiças, que se ofende com as discriminações, que luta
contra a impunidade, que recusa o fatalismo cínico e imobilizante não seja criticamente esperançosa.
Ensinar exige a convicção de que a mudança é possível.
A realidade não é inexoravelmente esta e, está agora, e para que seja outra, precisamos lutar, viver a
história como tempo de possibilidade, e não de determinação. O amanhã não é algo já estabelecido, mas
um desafio. Não posso, por isso, cruzar os braços. Esse é, aliás, um dos saberes primeiros,
indispensáveis a quem pretende que sua presença se torne convivência. O mundo não é. O mundo está
sendo. O meu papel no mundo não é só o de quem constata o que ocorre, mas também o de quem
intervém como sujeito de ocorrências.
Constato, não para me adaptar, mas para mudar. No fundo, as resistências orgânicas e culturais são
manhas necessárias à sobrevivência física e cultural dos oprimidos. É preciso, porém, que tenhamos na
resistência fundamentos para a nossa rebeldia e não para a nossa resignação em face das ofensas. Não
é na resignação que nos afirmamos, mas na rebeldia em face das injustiças. A rebeldia é ponto de partida,
é deflagração da justa ira, mas não é suficiente.
A rebeldia, enquanto denúncia, precisa se alongar até uma posição mais radical e crítica, a
revolucionária, fundamentalmente anunciadora. Mudar é difícil, mas é possível. Ensinar exige curiosidade.
Como professor, devo saber que, sem a curiosidade que me move, não aprendo nem ensino. A
construção do conhecimento implica o exercício da curiosidade, o estímulo à pergunta, a reflexão crítica
sobre a própria pergunta.
O fundamental é que professor e alunos saibam que a postura deles é dialógica, aberta, curiosa,
indagadora e não apassivada. A dialogicidade, no entanto, não nega a validade de momentos
explicativos, narrativos. O bom professor faz da aula um desafio. Seus alunos cansam, não dormem. Um
dos saberes fundamentais à prática educativo-crítica é o que me adverte da necessária promoção da
curiosidade espontânea para a curiosidade epistemológica. Resultado do equilíbrio entre autoridade e
liberdade, a disciplina implica o respeito de uma pela outra, expresso na assunção que ambas fazem de
limites que não podem ser transgredidos.
Creio que uma das qualidades essenciais que a autoridade docente democrática deve revelar em suas
relações com as liberdades dos alunos é a segurança em si mesma. É a segurança que se expressa na
firmeza com que atua, com que decide, com que respeita as liberdades, com que discute suas próprias
posições, com que aceita rever-se. Ensinar exige segurança, competência profissional e generosidade -
A segurança com que a autoridade docente se move implica uma outra, fundada na sua competência
profissional.
Nenhuma autoridade docente se exerce ausente desta competência. O professor que não leva a sério
sua formação, que não estuda, que não se esforça para estar à altura de sua tarefa não tem força moral
para coordenar as atividades de sua classe. A incompetência profissional desqualifica a autoridade do
professor. Outra qualidade indispensável à autoridade, em suas relações com a liberdade, é a
generosidade. Não há nada que inferiorize mais a tarefa formadora da autoridade do que a mesquinhez,
a arrogância ao julgar os outros e a indulgência ao se julgar, ou aos seus.
A arrogância que nega a generosidade nega também a humildade. O clima de respeito que nasce de
relações justas, sérias, humildes, generosas, em que a autoridade docente e as liberdades dos alunos se
assumem eticamente, autentica o caráter formador do espaço pedagógico. A autoridade, coerentemente
democrática, está convicta de que a disciplina verdadeira não existe na estagnação, no silêncio dos
Exigências do Ensinar
“O negro é geneticamente inferior ao branco. É uma pena, mas é isso o que a ciência nos diz.”
“Em defesa de sua honra, o marido matou a mulher.”
“Que poderíamos esperar deles, uns baderneiros, invasores de terra?”
“Essa gente é sempre assim: damos-lhe os pés e logo quer as mãos.”
“Nós já sabemos o que o povo quer e do que precisa. Perguntar-lhe seria uma perda de tempo.”
“O saber erudito a ser entregue às massas incultas é a sua salvação.”
“Maria é negra, mas é bondosa e competente.”
“Esse sujeito é um bom cara. É nordestino, mas é sério e prestimoso”.
“Você sabe com quem está falando?”
“Que vergonha, homem se casar com homem, mulher se casar com mulher.”
“É isso, você vai se meter com gentinha, é o que dá.”
“Quando negro não suja na entrada, suja na saída.”
“O governo tem que investir mesmo é nas áreas onde mora gente que paga imposto.”
“Você não precisa pensar. Vote em fulano, que pensa por você.”
“Você, desempregado, seja grato. Vote em quem ajudou você. Vote em fulano de tal.”
“Está se vendo, pela cara, que se trata de gente fina, de trato, que tomou chá em pequeno e não de um
pé-rapado qualquer.”
“O professor falou sobre a Inconfidência Mineira.”
“O Brasil foi descoberto por Cabral.”
Assim, o melhor caminho para guardar viva e desperta a minha capacidade de pensar certo, de ver
com acuidade, de ouvir com respeito, por isso de forma exigente, é me deixar exposto às diferenças, é
recusar posições dogmáticas, em que me admita como proprietário da verdade.
Assim como já descrito anteriormente, essas funções respondem a sociedade de classes, pois em sua
função de formação para o controle político serão preparados aqueles que determinarão os rumos da
sociedade enquanto a mão de obra mantem a estrutura social.
Todas as teorias deste grupo desempenharam e ainda desempenham grande poder sobre as práticas
pedagógicas exercidas, tendo a ação da escola como a de adequação do indivíduo a sociedade.
A chamada escola tradicional tem o ensino centrado na autoridade do professor, os conteúdos não
estão relacionados a realidade e o aluno deve aprender pela repetição e memorização. No entanto, ao
longo do tempo essa escola foi sendo progressivamente criticada por não conseguir realizar seu
desiderato de universalização nem todos nela ingressavam e mesmo os que ingressavam nem sempre
eram bem-sucedidos.
A educação tradicional esteve ligada a fase revolucionaria da burguesia, defendendo o princípio de
que todos os seres humanos nascem essencialmente iguais, ou seja, nascem uma tabula rasa, que se
contrapunha a concepção medieval, segundo a qual os seres humanos nasceriam essencialmente
diferentes e defendia a reforma da sociedade substituindo uma sociedade com base num suposto direito
natural por uma sociedade contratual”
Essa escola, estava articulada a um processo político de superação da Idade Média e consolidação
da burguesia e sua ordem democrática no poder.
Não se podem ignorar as insuperáveis limitações da pedagogia tradicional, as quais decorrem
principalmente do fato de que se trata de uma pedagogia burguesa e, como tal, desconsidera inteiramente
a existência da luta de classes e suas implicações para a produção e distribuição social do conhecimento,
da mesma forma que transforma o conhecimento ensinado na escola em algo destituído de historicidade.
Mas não foi por essa razão que a escola tradicional passou, no final do século XIX e início do século
XX, a ser alvo das críticas dos defensores da “nova pedagogia.
Tais críticas tem sua origem social no fato de que a burguesia precisava recompor sua hegemonia e,
nesse contexto, tornou-se necessário articular ideologicamente a escola a uma perspectiva não mais
centrada na socialização do conhecimento objetivo sobre a realidade natural e social, mas sim a uma
concepção da escola como espaço de respeito a individualidade, a atividade espontânea e as
necessidades da vida cotidiana dos indivíduos.
Os ideólogos da burguesia colocavam a necessidade de educação de forma mais geral e, nesse
sentido, cumpriam o papel de hegemonia, ou seja, de articular toda a sociedade em torno dos interesses
que se contrapunham a dominação feudal. Enquanto a burguesia era revolucionaria, isso fazia sentido,
quando ela se consolidou no poder, a questão principal já não era superar a velha ordem, o Antigo
Regime. Este, com efeito, já fora superado, e a burguesia, em consequência, já se tornara classe
dominante; nesse momento, o problema principal da burguesia passa a ser evitar as ameaças e
neutralizar as pressões para que se avance no processo revolucionário e se chegue a uma sociedade
socialista. A burguesia, então, torna-se conservadora e passa a ter dificuldades ao lidar com o problema
da escola, pois a verdade e sempre revolucionaria. Enquanto a burguesia era revolucionaria, ela possuía
interesse na verdade. Quando passa a ser conservadora, a verdade então a incomoda, choca-se com
seus interesses. Isso ocorre porque a verdade histórica evidencia a necessidade das transformações, as
quais, para a classe dominante - uma vez consolidada no poder -, não são interessantes; ela tem interesse
na perpetuação da ordem existente.
Dessa forma, a burguesia passa a propor uma pedagogia que legitima a diferença entre os homens, a
pedagogia da existência, que vai contrapor-se ao movimento de libertação da humanidade em seu
conjunto, vai legitimar as desigualdades, legitimar a dominação, legitimar a sujeição, legitimar os
privilégios. Nesse momento, a classe revolucionaria e outra: não e mais a burguesia, e exatamente aquela
classe que a burguesia explora.
A teoria educacional que toma corpo a partir de então, a pedagogia nova, afirma que os homens não
são essencialmente iguais; os homens são essencialmente diferentes, e nós temos que respeitar as
diferenças entre os homens. Então há aqueles que tem mais capacidade e aqueles que tem menos
capacidade; há aqueles que aprendem mais devagar; há aqueles que se interessam por isso e os que se
interessam por aquilo.
Em verdade, o que está por trás dessa “aceitação” e a validação das desigualdades como algo natural
e impossível de ser superado.
81
Existem diferentes grafias para o nome de Vigotski. Aqui será adotada esta forma (“Vigotski”), mas se preservarão as diferentes grafias utilizadas em obras
citadas neste trabalho.
Nas teorias crítico-reprodutivistas, estão as teorias da escola como violência simbólica, da escola como
aparelho ideológico do Estado e da escola dualista.
A violência simbólica é exercida pelo poder de imposição das ideias transmitidas por meio da
comunicação cultural, da doutrinação política e religiosa, das práticas esportivas, da educação escolar.
Pierre Bourdieu e Jean-Claude Passeron, sociólogos franceses, escreveram sobre o fenômeno
escolar. Os autores de Os herdeiros (1964) e A reprodução (1970) deixam claro que a escola não é
desvinculada do contexto social em que está inserida, mas sim marcada pelo sistema social e, portanto,
sob o véu de neutralidade, acaba por reproduzir as diferenças de classes, o que se traduz numa violência
simbólica. Desta forma, a cultura torna-se instrumento de poder, pois legitima a ordem vigente.
A teoria da escola como aparelho ideológico de Estado representa a reflexão feita por Louis Althusser,
filósofo francês, a partir do pensamento de Marx, sobre a seguridade da produção por meio da garantia
de reprodução de suas condições materiais.
As condições materiais que estão postas na transformação da natureza em cultura se dão por meio da
ideologia. A exploração e a dominação de uma classe são veladas, de forma que a classe trabalhadora
acredita serem valores universais aqueles impostos pela classe dominante.
O Estado, como aparelho repressivo (em que o indivíduo respeita as leis para não ser punido) e
ideológico (instituições que garantem a dominação pela ideologia), visa garantir a ordem vigente, tendo
como um de seus instrumentos a escola.
Roger Establet e Christian Baudelot, utilizando a matriz teórica marxista, retomando Althusser e
criticando Bourdieu e Passeron em alguns pontos, escrevem sobre a divisão da escola e desenvolvem a
teoria da escola dualista, na qual a escolarização atende de maneiras diferentes a burguesia e o
proletariado, tendo, portanto, a escola, a função de reproduzir as divisões sociais entre trabalho intelectual
e trabalho manual.
Esse grupo de teorias deve ser considerado crítico porque compreende a educação em sua relação
com a sociedade e influenciou estudos sobre a educação (na América Latina, especialmente na década
de 1970). Porém, como chegam invariavelmente à conclusão de que a função própria da educação
consiste na reprodução da sociedade em que ela se insere, bem merecem a denominação de ‘teorias
crítico-reprodutivistas’”. Nesse sentido, essas teorias, ao mesmo tempo em que desvelaram a articulação
da educação com os interesses da burguesia, também propagaram o pessimismo entre os educadores,
impactados com a impossibilidade de articular os sistemas de ensino com os esforços de superação do
problema da marginalidade.
Designam teorias que fazem uma análise crítica da sociedade e, consequentemente, da educação,
sendo que o posicionamento delas é de que a educação, como fenômeno social, é determinada pelas
classes sociais opostas, com interesses, valores e comportamentos diversos.
Podem-se localizar dois grandes grupos nas teorias críticas. No primeiro grupo, as propostas
inspiradas nas concepções libertadora e libertária e no segundo, a pedagogia crítico-social dos conteúdos
e a pedagogia histórico-crítica.
No caso das teorias do primeiro grupo, pode-se afirmar que elas estão centradas “no saber do povo e
na autonomia de suas organizações [preconizando] uma educação autônoma e até certo ponto, à margem
da estrutura escolar”.
Já nas teorias do segundo grupo, a centralidade está na educação escolar, com valorização do acesso
da classe trabalhadora ao conhecimento sistematizado.
Assim, essa tendência aglutinou representantes cuja orientação teórica predominantemente se
inspirava no marxismo, entendido, porém, com diferentes aproximações: uns mantinham como referência
a visão liberal, interpretando o marxismo apenas pelo ângulo da crítica às desigualdades sociais e da
busca de igualdade de acesso e permanência nas escolas organizadas com o mesmo padrão de
qualidade; outros se empenhavam em compreender os fundamentos do materialismo histórico, buscando
articular a educação com uma concepção que se contrapunha à visão liberal.
A pedagogia histórico-crítica pertence ao grupo empenhado em fundamentar-se no materialismo
histórico, contrapondo-se à pedagogia liberal. Visto que este trabalho se fundamenta nessa concepção,
que se estruturou como alternativa ao “negativismo pedagógico” que, preocupado em denunciar a
reprodução capitalista atribuiu ênfase ao papel reprodutor da escola, seus fundamentos serão
explicitados.
A pedagogia histórico-crítica busca compreender a história a partir do seu desenvolvimento material,
da determinação das condições materiais da existência humana.
Nesse sentido, esta teoria pedagógica toma posição na luta de classes aliando-se aos interesses dos
dominados e surge em decorrência de necessidades postas pela prática dos educadores nas condições
atuais. A educação escolar tem caráter específico e central na sociedade, o papel do professor é
fundamental no ensino, o currículo deve ser organizado com base nos conteúdos clássicos e a
transmissão do conhecimento é basilar. Desta forma, considera-se que na busca da superação das
pedagogias tradicional e do “aprender a aprender” a pedagogia histórico- crítica se torna referência por
sua coerência teórica e posicionamento ideológico.
Uma pedagogia articulada com os interesses populares valorizará, pois, a escola; não será indiferente
ao que ocorre em seu interior; estará empenhada em que a escola funcione bem; portanto, estará
interessada em métodos de ensino eficazes. Tais métodos situar-se-ão para além dos métodos
tradicionais e novos, superando por incorporação as contribuições de uns e de outros. Serão métodos
que estimularão a atividade e iniciativa dos alunos sem abrir mão, porém, da iniciativa do professor;
favorecerão o diálogo dos alunos entre si e com o professor, mas sem deixar de valorizar o diálogo com
a cultura acumulada historicamente; levarão em conta os interesses dos alunos, os ritmos de
aprendizagem e o desenvolvimento psicológico, mas sem perder de vista a sistematização lógica dos
conhecimentos, sua ordenação e gradação para efeitos do processo de transmissão-assimilação dos
conteúdos cognitivos.
A reflexão desenvolvida pela pedagogia histórico-crítica busca propor novos caminhos, para que a
crítica não seja esvaziada pela falta de soluções e organização metodológica do pensamento.
Sendo assim, os momentos propostos por esta formulação teórica serão a seguir explicitados:
A) Ponto de partida da prática educativa (prática social): etapa na qual se deve levar em conta a
realidade social do educando.
Neste primeiro momento, o professor tem uma “síntese precária”, pois há um conhecimento e
experiências em relação à prática social, mas seu conhecimento é limitado, pois ele ainda não tem claro
o nível de compreensão dos seus alunos. Por sua vez, a compreensão dos alunos é sincrética,
fragmentada, sem a visão das relações que formam a totalidade. O primeiro momento do método articula-
-se com o nível de desenvolvimento efetivo do aluno, tendo em vista a adequação do ensino aos
conhecimentos já apropriados e ao desenvolvimento iminente, no qual o ensino deve atuar. Com isso se
quer dizer que esse momento deve, com base nas demandas da prática social (o que não é sinônimo de
demandas do cotidiano), selecionar os conhecimentos historicamente construídos que devam ser
transmitidos, traduzidos em saber escolar. O ponto de partida da prática educativa é a busca pela
apropriação, por parte dos alunos, das objetivações humanas.
F) Ponto de chegada da prática educativa (prática social modificada): o educando, tendo adquirido
e sintetizado o conhecimento, tem entendimento e senso crítico para buscar seus objetivos de maneira
transformadora.
Quando o aluno problematiza a prática social e evolui da síncrese para a síntese, está no caminho da
compreensão do fenômeno em sua totalidade. O primeiro e o quinto momento são a prática social, mas
dilerem no sentido de que ao final do processo essa prática se modifica em razão da aprendizagem
resultante da prática educativa, produzindo alterações na qualidade e no tipo de pensamento (do empírico
ao teórico).
É importante que a proposta metodológica da pedagogia histórico-crítica não seja incorporada como
um receituário, desvencilhada de seus fundamentos teóricos, pois seu embasamento visa garantir aos
dominados aquilo que os dominantes dominam, de forma que contribua para a luta pela superação de
sua condição de exploração, e por isso não é concebível utilizar essa metodologia para a manutenção da
ordem vigente.
Questões
01. (FUB - Pedagogo - CESPE) Quando se fala em materialismo, a figura de Karl Marx aparece como
uma espécie de mito, pois provocou profundas simpatias ou violentos rancores nos mais variados grupos
sociais, em diversos lugares do planeta. (A. B. Carvalho e W. C. L. Silva. Sociologia da educação. São
Paulo: Avercamp, 2006, p. 49 - com adaptações.) Acerca do marxismo e da educação, julgue os próximos
itens.
Para os marxistas, a prática educativa é uma atividade que favorece a transformação da sociedade.
( ) Certo ( ) Errado
02. (IF/SP - Técnico em assuntos educacionais - FUNDEP) Para Freire (2001), a prática educativa
é compreendida como um exercício contínuo em prol da produção e do desenvolvimento da autonomia
de educadores e educandos.
Para a prática educativa comprometida com a autonomia, é necessário, EXCETO:
(A) Querer bem aos educandos.
(B) Ter disponibilidade para o diálogo.
(C) Reconhecer que somos seres determinados pelos condicionamentos genéticos, sociais e culturais.
(D) Reconhecer que a educação é ideológica.
03. (Prefeitura de Maria Helena/PR - Professor - Educação Infantil - FAFIPA) “A natureza humana
não é dada ao homem, mas é por ele produzida sobre a base da natureza biofísica. Consequentemente,
trabalho educativo é o ato de produzir, direta e intencionalmente, em cada indivíduo singular, a
humanidade que é produzida histórica e coletivamente pelo conjunto de homens”. Esta citação
corresponde à tendência pedagógica:
(A) Pedagogia Histórico-Cultural.
(B) Pedagogia Libertadora.
(C) Pedagogia Histórico-Crítica.
(D) Pedagogia Tecnicista.
Gabarito
02. Resposta: C
No item 2, estudamos os saberes para a prática educativa, a Pedagogia da Autonomia defendida por
Freire, esta define que é ensinar é uma especificidade humana, dentre as alternativas da referida questão
a única que não está presente na Pedagogia da Autonomia é a de que a prática educativa é compreendida
por reconhecer que somos seres determinados pelos condicionamentos genéticos, sociais e culturais,
dessa forma a alternativa C é considerada incorreta.
03. Resposta: C
Podemos, pois, dizer que a natureza humana não é dada ao homem, mas é por ele produzida sobre a
base da natureza biofísica. Consequentemente, o trabalho educativo é o ato de produzir, direta e
intencionalmente, em cada indivíduo singular, a humanidade que é produzida histórica e coletivamente
pelo conjunto dos homens. Assim, o objeto da educação diz respeito, de um lado, à identificação dos
elementos culturais que precisam ser assimilados pelos indivíduos da espécie humana para que eles se
tornem humanos e, de outro lado e concomitantemente, à descoberta das formas mais adequadas para
atingir esse objetivo.
04. Resposta: D
No final do século XIX, e início do século XX, a pedagogia tradicional passou a ser alvo das críticas
dos defensores da “nova pedagogia”, por defender o princípio de que todos os seres humanos nascem
essencialmente iguais, ou seja, nascem uma tabula rasa, para eles essa escola, estava articulada a um
processo político de superação da Idade Média e consolidação da burguesia e sua ordem democrática
no poder.
Desde a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), em 1996, toda escola
precisa ter um projeto político-pedagógico (o PPP, ou simplesmente Projeto Pedagógico).
No sentido etimológico, o termo projeto vem do latim projectu, particípio passado do verbo projicere,
que significa lançar para diante. Plano, intento, desígnio. Empresa, empreendimento. Redação provisória
de lei. Plano geral de edificação.
Segundo Veiga82, ao construirmos os projetos de nossas escolas, planejamos o que temos intenção
de fazer, de realizar. Lançamo-nos para diante, com base no que temos, buscando o possível. É antever
um futuro diferente do presente.
82
VEIGA, Ilma Passos Alencastro. (org) Projeto político-pedagógico da escola: uma construção possível. 14ª edição Papirus, 2002.
83
GADOTTI, Moacir. "Pressupostos do projeto pedagógico". In: MEC, Anais da Conferência Nacional de Educação para Todos. Brasília, 1994.
“A dimensão política se cumpre na medida em que ela se realiza enquanto prática especificamente
pedagógica”.
Desse modo, o projeto político-pedagógico tem a ver com a organização do trabalho pedagógico em
dois níveis: como organização da escola num todo e como organização da sala de aula, incluindo sua
relação com o contexto social imediato, procurando preservar a visão de totalidade.
Nesta caminhada será importante ressaltar que o projeto político-pedagógico busca a organização do
trabalho pedagógico da escola na sua globalidade.
A principal possibilidade de construção do projeto político-pedagógico passa pela relativa autonomia
da escola, de sua capacidade de delinear sua própria identidade. Isto significa resgatar a escola como
espaço público, lugar de debate, do diálogo, fundado na reflexão coletiva.
Portanto, é preciso entender que o projeto político-pedagógico da escola dará indicações necessárias
à organização do trabalho pedagógico, que inclui o trabalho do professor na dinâmica interna da sala de
aula.
Buscar uma nova organização para a escola constitui uma ousadia para os educadores, pais, alunos
e funcionários. E para enfrentarmos essa ousadia, necessitamos de um referencial que fundamente a
construção do projeto político-pedagógico.
A questão é, pois, saber a qual referencial temos que recorrer para a compreensão de nossa prática
pedagógica. Nesse sentido, temos que nos alicerçar nos pressupostos de uma teoria pedagógica crítica
viável, que parta da prática social e esteja compromissada em solucionar os problemas da educação e
do ensino de nossa escola.
Uma teoria que subsidie o projeto político-pedagógico e, por sua vez, a prática pedagógica que ali se
processa deve estar ligada aos interesses da maioria da população. Faz-se necessário, também, o
domínio das bases teórico-metodológicas indispensáveis à concretização das concepções assumidas
coletivamente. Mais do que isso, afirma Freitas84 que:
84
FREITAS Luiz Carlos. "Organização do trabalho pedagógico". Palestra proferida no 11 Seminário Internacional de Alfabetização e Educação. Novo Hamburgo,
agosto de 1991.
A gestão democrática da escola implica que a comunidade, os usuários da escola, sejam os seus
dirigentes e gestores e não apenas os seus fiscalizadores ou meros receptores dos serviços educacionais.
Os pais, alunos, professores e funcionários assumem sua parte na responsabilidade pelo projeto da
escola.
Há pelo menos duas razões, que justificam a implantação de um processo de gestão democrática na
escola pública:
1º: a escola deve formar para a cidadania e, para isso, ela deve dar o exemplo.
2º: porque a gestão democrática pode melhorar o que é específico da escola, isto é, o seu ensino.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação - LDB 9394/96, no artigo 12, define claramente a incumbência
da escola de elaborar o seu projeto pedagógico.
Além disso, explicita uma compreensão de escola para além da sala de aula e dos muros da escola,
no sentido desta estar inserida em um contexto social e que procure atender às exigências não só dos
alunos, mas de toda a sociedade.
Ainda coloca, nos artigos 13 e 14, como tarefa de professores, supervisores e orientadores a
responsabilidade de participar da elaboração desse projeto.
A construção do projeto político-pedagógico numa perspectiva emancipatória se constitui num
processo de vivência democrática à medida que todos os segmentos que compõem a comunidade escolar
e acadêmica dele devam participar, comprometidos com a integridade do seu planejamento, de modo
que todos assumem o compromisso com a totalidade do trabalho educativo.
Segundo Veiga85, a abordagem do projeto político-pedagógico, como organização do trabalho da
escola como um todo, está fundada nos princípios que deverão nortear a escola democrática, pública e
gratuita:
Igualdade: de condições para acesso e permanência na escola. Saviani86 alerta-nos para o fato de
que há uma desigualdade no ponto de partida, mas a igualdade no ponto de chegada deve ser garantida
pela mediação da escola. O autor destaca: Portanto, só é possível considerar o processo educativo em
seu conjunto sob a condição de se distinguir a democracia com a possibilidade no ponto de partida e
democracia como realidade no ponto de chegada. Igualdade de oportunidades requer, portanto, mais que
a expansão quantitativa de ofertas; requer ampliação do atendimento com simultânea manutenção de
qualidade.
Qualidade: que não pode ser privilégio de minorias econômicas e sociais. O desafio que se coloca ao
projeto político-pedagógico da escola é o de propiciar uma qualidade para todos. A qualidade que se
busca implica duas dimensões indissociáveis: a formal ou técnica e a política. Uma não está
subordinada a outra; cada uma delas tem perspectivas próprias.
85
VEIGA, Ilma Passos Alencastro. (org) Projeto político-pedagógico da escola: uma construção possível. 12ª edição Papirus, 2002.
86
SAVIANI, Dermeval. "Para além da curvatura da 'vara". In: Revista Ande no 3. São Paulo, 1982.
Política - a qualidade política é condição imprescindível da participação. Está voltada para os fins,
valores e conteúdos. Quer dizer “a competência humana do sujeito em termos de se fazer e de fazer
história, diante dos fins históricos da sociedade humana”.
Nesta perspectiva, o autor chama atenção para o fato de que a qualidade centra-se no desafio de
manejar os instrumentos adequados para fazer a história humana. A qualidade formal está relacionada
com a qualidade política e esta depende da competência dos meios.
A escola de qualidade tem obrigação de evitar de todas as maneiras possíveis a repetência e a evasão.
Tem que garantir a meta qualitativa do desempenho satisfatório de todos. Qualidade para todos, portanto,
vai além da meta quantitativa de acesso global, no sentido de que as crianças, em idade escolar, entrem
na escola. É preciso garantir a permanência dos que nela ingressarem. Em síntese, qualidade “implica
consciência crítica e capacidade de ação, saber e mudar”.
O projeto político-pedagógico, ao mesmo tempo em que exige dos educadores, funcionários, alunos e
pais a definição clara do tipo de escola que intentam, requer a definição de fins. Assim, todos deverão
definir o tipo de sociedade e o tipo de cidadão que pretendem formar. As ações especificas para a
obtenção desses fins são meios. Essa distinção clara entre fins e meios é essencial para a construção do
projeto político-pedagógico.
Liberdade: o princípio da liberdade está sempre associado à ideia de autonomia. O que é necessário,
portanto, como ponto de partida, é o resgate do sentido dos conceitos de autonomia e liberdade. A
autonomia e a liberdade fazem parte da própria natureza do ato pedagógico. O significado de autonomia
remete-nos para regras e orientações criadas pelos próprios sujeitos da ação educativa, sem imposições
externas.
Para Rios89, a escola tem uma autonomia relativa e a liberdade é algo que se experimenta em
situação e esta é uma articulação de limites e possibilidades. Para a autora, a liberdade é uma experiência
de educadores e constrói-se na vivência coletiva, interpessoal. Portanto, “somos livres com os outros,
não, apesar dos outros”. Se pensamos na liberdade na escola, devemos pensá-la na relação entre
87
DEMO Pedro. Educação e qualidade. Campinas, Papirus,1994.
88
MARQUES, Mário Osório. "Projeto pedagógico: A marca da escola". In: Revista Educação e Contexto. Projeto pedagógico e identidade da escola no 18. ljuí,
Unijuí, abr./jun. 1990.
89
RIOS, Terezinha. "Significado e pressupostos do projeto pedagógico". In: Série Ideias. São Paulo, FDE,1982.
A formação continuada é um direito de todos os profissionais que trabalham na escola, uma vez que
não só ela possibilita a progressão funcional baseada na titulação, na qualificação e na competência dos
profissionais, mas também propicia, fundamentalmente, o desenvolvimento profissional dos professores
articulado com as escolas e seus projetos.
A formação continuada deve estar centrada na escola e fazer parte do projeto político-pedagógico.
Assim, compete à escola:
- proceder ao levantamento de necessidades de formação continuada de seus profissionais;
- elaborar seu programa de formação, contando com a participação e o apoio dos órgãos centrais, no
sentido de fortalecer seu papel na concepção, na execução e na avaliação do referido programa.
Daí, passarem a fazer parte dos programas de formação continuada, questões como cidadania, gestão
democrática, avaliação, metodologia de pesquisa e ensino, novas tecnologias de ensino, entre outras.
Inicialmente, convém alertar para o fato de que essa tomada de consciência, dos princípios do projeto
político-pedagógico, não pode ter o sentido espontaneísta de se cruzar os braços diante da atual
organização da escola, que inibe a participação de educadores, funcionários e alunos no processo de
gestão.
É preciso ter consciência de que a dominação no interior da escola efetiva-se por meio das relações
de poder que se expressam nas práticas autoritárias e conservadoras dos diferentes profissionais,
distribuídos hierarquicamente, bem como por meio das formas de controle existentes no interior da
organização escolar. Por outro lado, a escola é local de desenvolvimento da consciência crítica da
realidade.
Estratégia de Planejamento
Para definirmos o marco operativo sugere-se que analisemos a concepção e os princípios para
o papel que a escola pode desempenhar na sociedade.
Propomos a partir da leitura de textos, da compreensão de cada um, discutir com todos os segmentos
como queremos que seja nossa escola, que tipo de educação precisamos desenvolver para ajudar a
construir a sociedade que idealizamos como entendemos que ser a proposta pedagógica da escola, como
devem ser as relações entre direção, equipe pedagógica, professores, alunos, pais, comunidade, como
a escola pode envolver a comunidade e se fazer presente nela, analisando qual a importância desta
relação para os sujeitos que dela participam.
O documento produzido sobre o marco referencial deve ser lido por todos. Com base neste documento
deve-se elaborar um roteiro de discussão para comparar todos os elementos que aparecem no
documento com a prática social vivida, ou seja, discutir como de fato se dá a relação entre escola e a
comunidade, como ela trabalha com os conhecimentos que os alunos trazem da sua prática social, como
os conteúdos são escolhidos, como os professores planejam o seu trabalho pedagógico da escola, como
e quando se avalia o trabalho na sala de aula e o trabalho pedagógico da escola, quem participa desta
avaliação, como a escola tem definido a sua opção teórica no trabalho pedagógico, como se dão as
relações e a participação de alunos, professores, coordenadores, diretores, pais, funcionários e
comunidade na organização do trabalho pedagógico escolar.
Estes dados precisam ser sistematizados e discutidos por todos da equipe que elabora o projeto. Com
a finalização do diagnóstico da escola e de sua relação com a comunidade pode-se definir um plano de
ação e as grandes estratégias que devem ser perseguidas para atingir a intencionalidade assumida no
marco referencial.
Propostas de Ação: este é o momento em que se procura pensar estratégias, linhas de ação, normas,
ações concretas permanentes e temporárias para responder às necessidades apontadas a partir do
diagnóstico tendo por referência sempre à intencionalidade assumida. Assim, cada problema constatado,
cada necessidade apontada é preciso definir uma proposta de ação.
Esta proposta de ação pode ser pensada a partir de grandes metas. Para cada meta pode-se definir
ações permanentes, ações de curto, médio e longo prazo, normas e estratégias para atingir a meta
definida. Além disso, é preciso justificar cada meta, traçar seus objetivos, sua metodologia, os recursos
necessários, os responsáveis pela execução, o cronograma e como será feita a avaliação.
Com base nesses três momentos que devem estar dialeticamente articulados elabora-se o projeto
político-pedagógico, o qual precisa também de forma coletiva ser executado, avaliado e (re)planejado.
Etapas
Devemos analisar e compreender a organização do trabalho pedagógico, no sentido de se gestar uma
nova organização que reduza os efeitos de sua divisão do trabalho, de sua fragmentação e do controle
hierárquico.
Nessa perspectiva, a construção do projeto político-pedagógico é um instrumento de luta, é uma forma
de contrapor-se à fragmentação do trabalho pedagógico e sua rotinização, à dependência e aos efeitos
negativos do poder autoritário e centralizador dos órgãos da administração central.
As etapas de elaboração de um projeto pedagógico podem assim ser definidas:
É importante reiterar que, quando se busca uma nova organização do trabalho pedagógico, está se
considerando que as relações de trabalho, no interior da escola deverão estar calçadas nas atitudes de
Histórico da instituição: sua criação, ato normativo, origem de seu nome, etc.
Princípios legais e norteadores da ação: a instituição deve observar ainda os planos e Políticas
(federal, estadual ou municipal) de Educação. A partir da identificação dos princípios registrados nas
legislações em vigor, deve explicitar o sentido que os mesmos adquirem em seu contexto de ação.
Currículo: identificar o paradigma curricular em concordância com sua opção do método, da teoria
que orienta sua prática. Implica, necessariamente, a interação entre sujeitos que têm um mesmo objetivo
e a opção por um referencial teórico que o sustente. Na organização curricular é preciso considerar alguns
pontos básicos:
1º - é o de que o currículo não é um instrumento neutro. O currículo passa ideologia, e a escola precisa
identificar e desvelar os componentes ideológicos do conhecimento escolar que a classe dominante utiliza
para a manutenção de privilégios. A determinação do conhecimento escolar, portanto, implica uma análise
interpretativa e crítica, tanto da cultura dominante, quanto da cultura popular. O currículo expressa uma
cultura.
2º - é o de que o currículo não pode ser separado do contexto social, uma vez que ele é historicamente
situado e culturalmente determinado.
3º - diz respeito ao tipo de organização curricular que a escola deve adotar. Em geral, nossas
instituições têm sido orientadas para a organização hierárquica e fragmentada do conhecimento escolar.
4º - refere-se a questão do controle social, já que o currículo formal (conteúdos curriculares,
metodologia e recursos de ensino, avaliação e relação pedagógica) implica controle. Por outro lado, o
controle social é instrumentalizado pelo currículo oculto, entendido este como as “mensagens transmitidas
pela sala de aula e pelo ambiente escolar”.
Assim, toda a gama de visões do mundo, as normas e os valores dominantes são passados aos alunos
no ambiente escolar, no material didático e mais especificamente por intermédio dos livros didáticos, na
relação pedagógica, nas rotinas escolares. Os resultados do currículo oculto “estimulam a conformidade
a ideais nacionais e convenções sociais ao mesmo tempo que mantêm desigualdades socioeconômicas
e culturais”.
Orientar a organização curricular para fins emancipatórios implica, inicialmente desvelar as visões
simplificadas de sociedade, concebida como um todo homogêneo, e de ser humano como alguém que
tende a aceitar papéis necessários à sua adaptação ao contexto em que vive. Controle social na visão
crítica, é uma contribuição e uma ajuda para a contestação e a resistência à ideologia veiculada por
intermédio dos currículos escolares.
Finalidades
Segundo Veiga91, a escola persegue finalidades. É importante ressaltar que os educadores precisam
ter clareza das finalidades de sua escola. Para tanto há necessidade de se refletir sobre a ação educativa
que a escola desenvolve com base nas finalidades e nos objetivos que ela define. As finalidades da escola
referem-se aos efeitos intencionalmente pretendidos e almejados.
Alves92 afirma que há necessidade de saber se a escola dispõe de alguma autonomia na determinação
das finalidades e, consequentemente, seu desdobramento em objetivos específicos. O autor enfatiza que:
interessará reter se as finalidades são impostas por entidades exteriores ou se são definidas no interior
do território social e se são definidas por consenso ou por conflito ou até se é matéria ambígua, imprecisa
ou marginal.
Essa colocação está sustentada na ideia de que a escola deve assumir, como uma de suas principais
tarefas, o trabalho de refletir sobre sua intencionalidade educativa. Nesse sentido, ela procura alicerçar o
conceito de autonomia, enfatizando a responsabilidade de todos, sem deixar de lado os outros níveis da
esfera administrativa educacional.
90
ENGUITA, Mariano F. A face oculta da escola: Educação e trabalho no capitalismo. Porto Alegre, Artes Médicas, 1989.
91
VEIGA, Ilma Passos Alencastro. (org) Projeto político-pedagógico da escola: uma construção possível. 12ª edição Papirus, 2002.
92
ALVES José Matias. Organização, gestão e projeto educativo das escolas. Porto Edições Asa, 1992.
Estrutura Organizacional
A escola, de forma geral, dispõe de dois tipos básicos de estruturas: administrativas e pedagógicas.
A análise da estrutura organizacional da escola visa identificar quais estruturas são valorizadas e por
quem, verificando as relações funcionais entre elas. É preciso ficar claro que a escola é uma organização
orientada por finalidades, controlada e permeada pelas questões do poder. A análise e a compreensão
da estrutura organizacional da escola significam indagar sobre suas características, seus polos de poder,
seus conflitos.
Avaliar a estrutura organizacional significa questionar os pressupostos que embasam a estrutura
burocrática da escola que inviabiliza a formação de cidadãos aptos a criar ou a modificar a realidade
social. Para realizar um ensino de qualidade e cumprir suas finalidades, as escolas têm que romper com
a atual forma de organização burocrática que regula o trabalho pedagógico - pela conformidade às regras
fixadas, pela obediência a leis e diretrizes emanadas do poder central e pela cisão entre os que pensam
e executam, que conduz a fragmentação e ao consequente controle hierárquico que enfatiza três
aspectos inter-relacionados: o tempo, a ordem e a disciplina.
Nessa trajetória, ao analisar a estrutura organizacional, ao avaliar os pressupostos teóricos, ao situar
os obstáculos e vislumbrar as possibilidades, os educadores vão desvelando a realidade escolar,
estabelecendo relações, definindo finalidades comuns e configurando novas formas de organizar as
estruturas administrativas e pedagógicas para a melhoria do trabalho de toda a escola na direção do que
se pretende.
Assim, considerando o contexto, os limites, os recursos disponíveis (humanos, materiais e financeiros)
e a realidade escolar, cada instituição educativa assume sua marca, tecendo, no coletivo, seu projeto
político-pedagógico, propiciando consequentemente a construção de uma nova forma de organização.
Processo de Decisão
Na organização formal de nossa escola, o fluxo das tarefas das ações e principalmente das decisões
é orientado por procedimentos formalizados, prevalecendo as relações hierárquicas de mando e
submissão, de poder autoritário e centralizador.
Uma estrutura administrativa da escola adequada à realização de objetivos educacionais, de acordo
com os interesses da população, deve prever mecanismos que estimulem a participação de todos no
processo de decisão.
Isto requer uma revisão das atribuições especificas e gerais, bem como da distribuição do poder e da
descentralização do processo de decisão. Para que isso seja possível há necessidade de se instalarem
mecanismos institucionais visando à participação política de todos os envolvidos com o processo
educativo da escola.
Questões
02. (ABIN - Oficial Técnico de Inteligência - Área de Pedagogia CESPE) Julgue o item a seguir,
relativo a projeto político-pedagógico, que, nas instituições, pode ser considerado processo de
permanente reflexão e discussão a respeito dos problemas da organização, com o propósito de propor
soluções que viabilizem a efetivação dos objetivos almejados.
Os pressupostos que norteiam o projeto político-pedagógico estão desvinculados da proposta de
gestão democrática.
( ) Certo ( ) Errado
06. (Pref. São Luís/MA - Professor de Nível Superior - CESPE/2017) A partir da participação da
comunidade escolar e da reflexão a respeito da composição escolar, a organização da escola, desde os
tempos e espaços do currículo até o relacionamento com a comunidade, é estabelecida
(A) no plano de aula anual.
(B) no plano de curso.
(C) no conselho de classe.
(D) na reunião de pais.
(E) no projeto político-pedagógico.
07. (Pref. Lagoa da Prata/MG - Especialista Educacional - FGR) “A construção do Projeto Político-
Pedagógico (PPP) é um processo dinâmico e permanente, pois continuamente novos atores se
incorporam ao grupo, trazendo novas experiências, capacidades e necessidades, assim como novo
interesses e talentos, exigindo que novas frentes de trabalho se abram.
09. (DEPEN - Pedagogo - CESPE) São funções do projeto político-pedagógico: diagnóstico e análise
da realidade, definição de objetivos e eixos norteadores, determinação de atividades e responsabilidades
a serem assumidas, além da avaliação dos processos e resultados previstos.
( ) Certo ( ) Errado
10. (SEEAL - Pedagogo - CESPE) Para evitar prejuízo à autonomia escolar, não deve haver
articulação do projeto político pedagógico das escolas com o sistema nacional de avaliação.
( ) Certo ( ) Errado
Gabarito
01.E / 02.Errado / 03.C / 04.D / 05.B / 06.E / 07.A / 08.C / 09.Certo / 10.Errado
Comentários
01. Resposta: E
O PPP deve ser democrático, construído de forma coletiva, conferindo a identidade da escola junto à
comunidade, explicitando a intencionalidade da escola, de forma abrangente.
“O projeto pedagógico da escola é, por isso mesmo, sempre um processo inconcluso, uma etapa em
direção a uma finalidade que permanece como horizonte da escola”. (Gadotti93). Por isso, a questão com
palavra imutável está incorreta.
03. Resposta: C
O Projeto Político-Pedagógico vai além de um simples agrupamento de planos de ensino e de
atividades diversas. O projeto não é algo que é construído e em seguida arquivado ou encaminhado às
autoridades educacionais como prova do cumprimento de tarefas burocráticas. Ele é construído e
vivenciado em todos os momentos, por todos os envolvidos com o processo educativo da escola.
O projeto busca um rumo, uma direção. É uma ação intencional, com um sentido explícito, com um
compromisso definido coletivamente. Por isso, todo projeto pedagógico da escola é, também, um projeto
político por estar intimamente articulado ao compromisso sociopolítico com os interesses reais e coletivos
da população majoritária. É político no sentido de compromisso com a formação do cidadão para um tipo
de sociedade.
04. Resposta: D
Os processos e princípios do PPP são: Igualdade de condições para acesso e permanência na escola;
Qualidade que não pode ser privilégio de minorias econômicas e sociais; Gestão Democrática: é um
93
GADOTTI, Moacir. "Pressupostos do projeto pedagógico". In: MEC, Anais da Conferência Nacional de Educação para Todos. Brasília, 28/8 a 2/9/94.
05. Resposta: B
Grifo nas palavras que deixam as afirmativas I e II incorretas:
I. O Projeto Político Pedagógico deve ter como marco fundamental a participação democrática, o ser
multicultural, mantendo o convívio com base em hierarquias fixas.
II. O Projeto Político Pedagógico deve registrar, orientar, estabelecer ações, metas e estratégias que
tenham como objetivo o disciplinamento dos corpos e das mentes.
06. Resposta: E
O Projeto Político-Pedagógico vai além de um simples agrupamento de planos de ensino e de
atividades diversas. O projeto não é algo que é construído e em seguida arquivado ou encaminhado às
autoridades educacionais como prova do cumprimento de tarefas burocráticas. Ele é construído e
vivenciado em todos os momentos, por todos os envolvidos com o processo educativo da escola.
07. Resposta: A
Grifo nas palavras que deixam as afirmativas II e III Falsas:
Realização de trabalho padronizado, repetitivo e mecânico, desconsiderando as diferenças entre os
agentes educativos.
O currículo se restringe ao cumprimento das atividades do livro didático, que passa a ser utilizado
como um fim e não um meio.
08. Resposta: C
“A dimensão política se cumpre na medida em que ela se realiza enquanto prática especificamente
pedagógica”.
Na dimensão pedagógica reside a possibilidade da efetivação da intencionalidade da escola, que é a
formação do cidadão participativo, responsável, compromissado, crítico e criativo. Pedagógico, no sentido
de definir as ações educativas e as características necessárias às escolas de cumprirem seus propósitos
e sua intencionalidade.
EDUCAÇÃO PROFISSIONAL
A Educação Profissional no Brasil94, no decorrer da história, assumiu diferentes funções, foi norteada
por muitos princípios, embasada por inúmeras teorias, desenvolvida com base nas mais diversas práticas
pedagógicas e sofreu muitas alterações em sua estrutura. Além disso, ela sempre esteve muito atrelada
à formação de mão de obra, pois, desde seus primórdios, sempre fora destinada às camadas pobres da
população.
A Legislação da Educação Nacional, promulgada entre 1942 e 1946 define como objetivo do ensino
secundário e normal a formação das elites condutoras do país, ficando para o ensino profissional a tarefa
de oferecer formação adequada aos filhos dos operários, aos desvalidos da sorte e aos menos
afortunados, aqueles que necessitam ingressar precocemente na força de trabalho.
Cristalizou-se, com isso, na sociedade brasileira, a ideia de que os ensinos secundário, normal e
superior eram destinados aos que detinham o poder e o saber, enquanto o ensino profissional estava
voltado apenas àqueles que executavam as tarefas manuais. Promovia-se assim, com amparo legal, a
separação entre os que pensam e os que fazem, e, preconceituosamente, a educação profissional era
considerada como uma educação de segunda categoria.
Até a década de 1970, a formação profissional era sinônimo de treinamento para a produção em série
e padronizada. O resultado de tal prática era a incorporação no mercado de trabalho de operários
semiqualificados que desempenhavam tarefas simples, rotineiras e previamente delimitadas.
Somente a partir da década de 1980 surgiram novas formas de organização e de gestão que
modificaram a estrutura do mundo do trabalho e as empresas passaram então a exigir empregados mais
qualificados. Novas competências passaram ser requeridas. Além da destreza manual, passou-se
requerer competências como inovação, criatividade, capacidade para o trabalho em equipe e autonomia
na tomada de decisões. Tudo mediado pela utilização de novas tecnologias da informação.
Atualmente, a Educação Profissional não consiste em simples instrumento de política assistencialista
nem se resume à simples preparação do indivíduo para execução de determinado conjunto de tarefas.
Ao contrário, com a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a Educação Profissional
passou a ter significado muito maior: o domínio operacional de determinado fazer, acompanhado da
compreensão global do processo produtivo, com apreensão do saber tecnológico, valorização da cultura
do trabalho e mobilização dos valores necessários à tomada de decisões.
A partir da LDB a Educação Profissional no Brasil passou a ser considerada complementar à Educação
Básica, podendo ser desenvolvida em escolas, em instituições especializadas ou no próprio ambiente de
trabalho.
É preciso ter presente, no entanto, a necessidade de se trabalhar para conquistar tais direitos. É
necessário ir muito além da espera passiva. Deixar de ser mero receptor, ser acima de tudo sujeito daquilo
que se pode conquistar.
Ainda na busca por compreender o que é cidadania torna-se difícil não voltar a citar a autora acima
mencionada:
[...] Penso que a cidadania é o próprio direito à vida no sentido pleno. Trata-se de um direito
que precisa ser construído coletivamente, não só em termos de atendimento às necessidades
básicas, mas de acesso a todos os níveis de existência, incluindo o mais abrangente, o papel do
(s) homem (s) no Universo.
Nos tempos atuais, afirma Machado “[...] nenhuma caracterização das funções da Educação parece
mais adequada do que a associação da mesma à formação do cidadão, à construção da cidadania”.
Percebe-se aqui o espaço por excelência, de atuação da Educação. É preciso educar para a cidadania.
Retomam-se então, questionamentos que norteiam esse texto. Como, por meio da Educação Profissional,
contribuir na formação de cidadãos, superando a mera preparação de mão de obra para o mercado de
trabalho?
Ao tomarmos como categoria de análise a concepção de trabalho em geral, na dimensão de produção
da existência humana, em suas múltiplas possibilidades, embora determinadas em última instância pela
lógica da mercadoria, a educação sempre será uma categoria fundamental para a construção da
cidadania.
Na consciência de que a educação comprometida com a formação de cidadãos passa
necessariamente por uma prática pedagógica que compreenda o ser humano na sua integralidade,
indaga-se o que caracteriza uma prática educativa humanizadora, que busque a formação integral, para
a cidadania.
A ideia de formação é, pois, no entendimento de Severino, “[...] aquela do alcance de um modo de ser,
mediante um devir, modo de ser que se caracterizaria por uma qualidade existencial marcada por um
máximo possível de emancipação, pela condição de sujeito autônomo. Uma situação plena de
humanidade”. Nesta perspectiva, o
A consciência de que não nascemos prontos e de que a humanização é processo do qual cada ser
precisa ser sujeito na relação com o semelhante apresenta-se cada vez mais como grande desafio à
educação no sentido de ser ela agente dinamizador do processo de humanização, o que se trata, sem
dúvida, de objetivo que soa utópico e de difícil consecução à vista da dura realidade histórica de nossa
existência. No entanto, a humanização sempre deverá ser um horizonte constantemente almejado e
buscado pois, essa
[...] situação degradada do momento histórico-social que atravessamos só faz aguçar o desafio
da formação humana, necessária pelas carências ônticas e pela contingência ontológica dos
homens, mas possível pela educabilidade humana. Quando se fala, pois, em educação para além
de qualquer processo de qualificação técnica, o que está em pauta é uma autêntica Bildung, uma
Paideia, formação de uma personalidade integral.
O que está em pauta é a necessidade de uma educação que, comprometida com a qualificação
técnica, não perca de vista sua missão humanizadora na consciência de que “Nascemos humanos, mas
isso não basta: temos também que chegar a sê-lo”. Ainda há muito o que dizer…
Ao se propor a necessidade de uma formação humana que supere a mera qualificação técnica, está
se reforçando a importância da formação da personalidade integral, sem em momento algum, desmerecer
o valor do preparo técnico para o exercício de uma profissão. Diante das atuais políticas de governo e de
dois complexos paradoxos: de um lado falta de qualificação, de outro, vagas ociosas em tantas
instituições de ensino; falta mão de obra qualificada e tantas pessoas procuram por emprego, necessitam
de trabalho para ganhar seu sustento... há que se questionar a razão destes “desencontros”. Além disso,
indaga-se até que ponto a conquista da escolaridade pode garantir a cidadania, num país marcado por
tantas contradições. A qualificação do cidadão garante-lhe emprego, sendo este um dos requisitos
fundamentais para se pensar em cidadania?
O que dizer aos trabalhadores? Reforçar, pura e simplesmente, a tese oficial de que a escolarização
complementada por alguma formação profissional confere “empregabilidade” é, no mínimo, má fé. Por
outro lado, afirmar que não adianta lutar por mais e melhor educação, é, mais do que matar a esperança,
eliminar um espaço importante para a construção de um outro projeto, contra hegemônico.
Tantos outros questionamentos poderiam ser levantados em torno do pouco interesse em envolver-se
num processo formativo por parte de muitos que parecem acomodar-se como que na espera por
No momento atual observa-se um aparente consenso dos atores sociais quanto à importância da
educação profissional e tecnológica para o desenvolvimento do país. Porém, existem divergências
profundas tanto em relação ao significado do desenvolvimento, quanto ao papel desempenhado pela
educação profissional e tecnológica nesse processo.
Em relação ao desenvolvimento, explicita-se a rejeição aos modelos tradicionais, excludentes e não
sustentáveis social e ambientalmente, que envolvem concentração de renda e submissão à divisão
internacional do trabalho; dilapidação da força de trabalho, e das riquezas naturais; competição,
promoção do individualismo e destruição dos valores das culturas populares.
Em seu lugar, na perspectiva da outra globalização - na esteira dos movimentos sociais que afirmam
nas sucessivas edições do Fórum Social Mundial que outro mundo é possível - é preciso defender um
desenvolvimento sócio econômico ambiental, em que a inserção do Brasil no mundo se dê de forma
95
MENEZES, Ebenezer Takuno de; SANTOS, Thais Helena dos. Verbete educação profissional. Dicionário Interativo da Educação Brasileira - Educabrasil. São
Paulo: Midiamix, 2001.
Conceitos e Concepções
Ciavatta, ao se propor a refletir sobre o que é ou que pode vir a ser a formação integrada
pergunta: que é integrar? A autora remete o termo, ao seu sentido de completude, de compreensão
das partes no seu todo ou da unidade no diverso, o que implica tratar a educação como uma
totalidade social, isto é, nas múltiplas mediações históricas que concretizam os processos
educativos. No caso da formação integrada ou do ensino médio integrado ao ensino técnico, o
Cidadania
Cidadania é conceito empregado hegemonicamente em sua acepção liberal-burguesa. Apoia-se na
concepção de homem portador de direitos naturais, não obstante tal natureza ser sócio historicamente
produzida. Tal historicidade se faz irrefutável pela própria constatação da sucessão das ditas gerações
de direitos humanos desde ao menos o século XVII, com a primeira revolução burguesa, a inglesa. Estas
gerações costumam ser apresentadas linear e logicamente encadeadas a partir dos direitos civis,
seguindo-se a dos direitos políticos e, embora para muitos autores avançando para além da terceira
geração, substancialmente tem sua conclusão na dos direitos sociais.
Uma cidadania assim, aqui brevemente esboçada, será plena se somente as três dimensões dos
direitos humanos ou naturais forem contempladas na existência social (liberdade, igualdade e
propriedade). Tal plenitude se apresenta tanto uma promessa quanto uma expectativa histórica de uma
concepção de homem e projeto de sociedade hegemonizados a partir de uma particularidade, qual seja
da perspectiva da classe burguesa - em dado momento histórico, cumpridora de papel revolucionário das
condições materiais de produção da vida social.
Sabemos que a realização da razão na história, a história da liberdade do homem, não se realiza como
um desdobramento de si própria, nem linearmente nem por força de uma dialética idealista. A
emancipação humana não é uma questão de lógica! Os direitos políticos, constata-se, são facilmente
reduzidos ao ritual cívico do voto. Convivem com a liberdade de pensamento e todos os demais direitos
civis e sociais, mas o desemprego e os baixos salários, as violências urbana e no campo, a baixa
qualidade e ainda precária oferta de educação pública, o difícil acesso à justiça e seus desiguais
condicionamentos de classe, a saúde pública deficiente quanto à observância dos princípios de
integralidade, universalidade e equidade - tudo isso é exemplo da persistência de uma condição social e
cidadã perversa aos brasileiros; mas não só a nós.
É que aquela plenitude cidadã ou democrática não pode se realizar por força da estrutura em que se
concebe. No modo de produção da existência hegemonizado desde a inauguração da Idade Moderna, o
capitalismo, vigem contradições que impedem esta realização. De um lado, uma contradição econômica:
convivem numa razão direta a socialização do trabalho e a privatização dos meios de produção. De outro,
uma contradição política: a, por assim dizer, socialização da política, embalada na proposta democrática
moderna de soberania popular, caminha de mãos dadas com a privatização do poder.
Nossa carta constitucional, que o entusiasmo pós-ditadura civil-militar batizou de constituição cidadã,
alinha-se do início ao fim com os princípios, as concepções e as contradições da democracia classista.
Estão lá todos os direitos, se desenrolando numa esteira aberta pelos direitos à propriedade privada e à
livre iniciativa. Algo em torno de dez anos após a promulgação da CF, a lei que regulamenta a matéria
educacional em suas diretrizes e bases, a LDB, corrobora a centralidade da cidadania como valor,
princípio e fim da educação básica, o que poderíamos estender a todos os níveis e modalidades, a rigor.
A educação, não obstante, ser enquadrada dentre os direitos sociais, foi um fator decisivo em
todos os países em que os direitos civis e políticos se anteciparam aos sociais, os mais
desenvolvidos economicamente. Neles, sua oferta pública e universal é experimentada e levada à
condição de implementação do projeto republicano democrático da classe recém hegemonizada.
Exemplos maiores, não à toa: Inglaterra e França. Portanto, junto com a educação cidadã
modernizante, patrocinada ainda que precariamente pelo Estado brasileiro, vem seu corolário
papel de reprodução das condições ideológicas da sociabilidade contraditória das desigualdades
equalizadas ou igualdades assimétricas. Porém, desta volta atualizado.
O discurso da defesa da qualificação profissional, inserido no contexto da maior crise já vivida pela
humanidade, encontra-se inflado pelo conjunto de relações estabelecidas pela ideologia dominante, que
relaciona e assegura a melhoria de vida dos trabalhadores, bem como sua empregabilidade, através da
educação técnico-profissionalizante, que representa uma ferramenta estratégica do Estado para adequar
paradigmas e reformas educacionais aos ditos do mercado. A ordem capitalista tende a agravar
problemas sociais, não pela falta de desenvolvimento das forças produtivas, mas pelo tipo de relações
que regem este desenvolvimento. As consequências deste processo não são observadas apenas na área
econômica; Ivo Tonet, por exemplo, afirma que elas afetam poderosamente o mundo das ideias, dos
valores e das relações sociais.
Nesse panorama, toda cultura e conhecimentos acumulados pela humanidade, pertencentes a todo o
conjunto de indivíduos nela inseridos, ficam distribuídos de forma desigual: uma classe é privilegiada,
desfrutando indiscriminadamente dos proveitos advindos do trabalho humano e do acúmulo da
produtividade material, através dos avanços tecnológicos e científicos; a classe trabalhadora, entretanto,
está exposta àquilo que de pior a sociedade capitalista produziu, todo tipo de mazelas sociais, violência,
desemprego, precarização dos serviços básicos, dentre outras incontáveis. Diante deste cenário, os
complexos sociais como saúde e educação, dentre outros, deixam de existir como direito e passam a ser
serviços disputados no mercado, voltados às demandas comerciais de competição e adequação a este
sistema.
Faz parte desta lógica uma contínua disputa entre os próprios capitalistas e entre eles e os
trabalhadores, que colabora para o desenvolvimento científico e tecnológico, pois os detentores dos
meios de produção estão sempre à procura de novas tecnologias na tentativa de superar a concorrência
e controlar cada vez mais a classe trabalhadora. As novas tecnologias, não sem contradições, também
cumprem a função de reduzir os custos, diminuindo o tempo de produção e a mão-de-obra que
constantemente vem sendo substituída por máquinas, o que aumenta
[...] o capital constante e diminui o capital variável. Resultado imediato: crescimento da capacidade
produtiva, mas, ao mesmo tempo, aumento do desemprego, rebaixamento dos salários e da capacidade
de consumo. Em decorrência, diminuição dos lucros dos capitalistas, acirramento da concorrência, etc.
Na passagem que apresentamos a seguir, Santos comenta o quanto a educação dos trabalhadores,
em prol do desenvolvimento tecnológico necessário aos países ainda em processo de modernização
precária, tem se transformado em mera adequação das forças produtivas:
[...] mesmo a mão de obra qualificada não encontra emprego no quadro atual de desemprego que,
hoje, é mais estrutural do que conjuntural, transferindo a análise da situação para um campo mais
complexo dentro da lógica do capital que se perpetua, quando a organização do sistema educacional não
está voltada para provocar uma postura consciente e atuante dos trabalhadores de modo a interferir de
forma concreta no seu meio, a fim de transformar as condições reais de vida em que sua classe se
encontra.
Nos marcos da complexificação da sociedade e do contínuo crescimento industrial, tem sido reclamada
formação especializada, mão de obra qualificada, retomando a dicotomia antiga que tem cindido a
educação em duas ao longo dos tempos: uma voltada aos filhos das elites, formando futuros intelectuais
e dirigentes da sociedade; outra destinada a capacitar os filhos dos trabalhadores, que passam a dispor
do ensino profissionalizante, forçados a gerar, continuamente, resultados positivos frente à crise
96
http://www.ggramsci.faced.ufc.br/wp-content/uploads/2017/06/OMNILATERALIDADE-POLITECNIA-ESCOLA-UNIT%C3%81RIA-E-
EDUCA%C3%87%C3%83O-TECNOL%C3%93GICA-UMA-AN%C3%81LISE-MARXISTA.pdf
Da relação do trabalho estranhado com a propriedade privada depreende-se, além do mais, que a
emancipação da sociedade da propriedade privada etc., da servidão, se manifesta na forma política da
emancipação dos trabalhadores, não como se dissesse respeito somente à emancipação deles, mas
porque na sua emancipação está encerrada a [emancipação] humana universal. Mas esta [última] está aí
encerrada porque a opressão humana inteira está envolvida na relação do trabalhador com a produção,
e todas as relações de servidão são apenas modificações e consequências dessa relação.
A formação tecnológica proposta por Marx conjectura a unidade absoluta entre teoria e prática,
partindo da atividade produtiva para a atividade social, de forma a garantir a possibilidade de
“manifestação plena e total de si mesmo, independente das ocupações específicas que cada indivíduo
exerce”. Na percepção do filósofo alemão, unicamente a partir desta unidade entre formação manual e
formação intelectual, seguida da práxis social, torna-se possível a formação omnilateral por ele idealizada
e compartilhada. Qualquer formação que perca de vista a superação do modelo de produção capitalista
afasta-se da perspectiva omnilateral, e ainda que, de algum modo, consiga aliar trabalho produtivo e
instrução, conserva o caráter unilateral. Logo, “a liberdade não é um estado; é uma atividade histórica
que cria formas correspondentes de convivência humana, isto é, de espaço social”.
Ancorado nos pressupostos marxianos, Manacorda define omnilateralidade como o “desenvolvimento
total, completo, multilateral, em todos os sentidos, das faculdades e das forças produtivas, das
necessidades e da capacidade da sua satisfação”. Marx e Engels sublinham que os pressupostos da
educação politécnica se descaracterizam na sociedade de classes, homologando a divisão social do
trabalho como base fundante:
A formação politécnica, que foi defendida pelos escritores proletários, deve compensar os
inconvenientes que se derivam da divisão do trabalho, que impede o alcance do conhecimento profundo
de seu ofício aos seus aprendizes. Neste ponto, partiu-se sempre do que a burguesia entende por
formação politécnica, o que produziu interpretações errôneas.
O homem se apropria de essência omnilateral de uma maneira omnilateral. Cada uma das suas
relações humanas com o mundo, ver, ouvir, cheirar, degustar, sentir, pensar, intuir, perceber, querer, ser
ativo, amar, enfim todos os órgãos da sua individualidade, assim como os órgãos que são imediatamente
em sua forma como órgãos comunitários.
Em suma, compreendemos que uma leitura minuciosa do Caderno 12 se torna importante [...] em
virtude do pensamento de Gramsci ter sido apropriado desde os teóricos da educação que se situam no
campo da pós-modernidade até os teóricos que assentam suas reflexões no campo do materialismo
histórico-dialético; [...] e, por último, pela atualidade de suas elaborações nesse documento.
Na escola atual, em função da crise profunda da tradição cultural e da concepção da vida e do homem,
verifica-se um processo de progressiva degenerescência: as escolas de tipo profissional, isto é,
preocupadas em satisfazer interesses práticos imediatos, predominam sobre a escola formativa,
imediatamente desinteressada. O aspecto paradoxal reside em que este novo tipo de escola aparece e é
louvado como democrático, quando na realidade, não só é destinado a perpetuar as diferenças sociais,
como ainda a cristalizá-las em formas chinesas.
A crise terá uma solução que, racionalmente, deveria seguir esta linha: escola única inicial de cultura
geral, humanista, formativa, que equilibre de modo justo o desenvolvimento da capacidade de trabalhar
manualmente (tecnicamente, industrialmente) e o desenvolvimento das capacidades de trabalho
intelectual. Deste tipo de escola única, através de repetidas experiências de orientação profissional,
passar-se-á a uma das escolas especializadas ou ao trabalho produtivo.
Na elaboração da escola unitária, fica evidente a perspectiva revolucionária assumida por Gramsci ao
propor reorganizar o sistema educacional de modo a permitir que se estabelecessem novas relações
entre trabalho manual e trabalho intelectual. Após a escola unitária, os elementos de sistematização,
expansão e criação espiritual estariam cruzados - numa interseção permanente - entre as atividades
intelectual e manual.
Apoiado em Marx e Engels, Suchodolski comprova o caráter de classe do ensino burguês, manifestado
de forma mais nítida a educação oferecida aos filhos dos operários e camponeses: “A filosofia de Marx e
Engels desmascara os ideais educativos burgueses como política do interesse de classe que se encobre
com o pseudo-humanismo”. Afirma ainda que esse desmascaramento “mostra que as teses filosóficas
em que se apoiam as teses pedagógicas foram escolhidas de modo falso e arbitrário”.
A educação dos filhos da classe dominante avaliada por Suchodolski, baseia-se “[...]na mentira e na
fraude, e a educação da classe oprimida, no que é indispensável [...]”, muito embora quem decida o que
é indispensável sejam os capitalistas e não as necessidades gerais da sociedade. A crítica de Marx
alonga-se ao ensino profissional universal apresentado pela burguesia que, no entender de Manacorda,
não passava de um adestramento do operário a tantos ramos de trabalho quanto possível, de modo a
impedir a introdução de novas máquinas ou mudanças na divisão do trabalho.
Frisamos, portanto, a necessidade apontada por Marx e Engels em abolir o sistema educativo burguês
e a divisão do trabalho no sentido de interromper a hipertrofia e atrofia que provocam nos polos da
sociedade em sentidos opostos. Suchodolski arremata ainda que, se por um lado, uma minoria sofre pelo
excesso de uma formação intelectual e abstrata, por outro lado, outros tantos desfalecem sob o peso de
um trabalho embrutecedor, meramente físico, mecânico. A ideia de formação humana integral em Marx
e Engels, fundamentada nos conceitos de referência do trabalho como princípio educativo, união trabalho-
ensino, politecnia e omnilateralidade - que procuramos, ainda que brevemente, contemplar ao longo desta
comunicação - se confronta com a ideia de integração apregoada, por exemplo, nas escolas profissionais
que compõem o ensino médio integrado no Ceará.
O conceito de omnilateralidade guarda relação com outro conceito marxiano importante para o
problema da formação humana que é o de politecnia. O elemento fundamental de distinção entre os dois
conceitos é justamente o fato de que a politecnia representa uma proposta de formação aplicável no
âmbito das relações burguesas, articulada ao próprio momento do trabalho abstrato, ao passo que a
omnilateralidade apenas se faz possível no conjunto de novas relações, no ‘reino da liberdade’. Como
lembra Nogueira:
Para Marx, a educação politécnica não é utopia da criação de um indivíduo ideal, desenvolvido em
todas as suas dimensões. Mas é antes, dialeticamente e ao mesmo tempo, uma virtualidade posta pelo
desenvolvimento da produção capitalista e um dos fatores em jogo na luta política dos trabalhadores
contra a divisão capitalista do trabalho...
A noção de politecnia, antes da formulação marxiana, surge nas experiências teóricas e práticas dos
socialistas utópicos. Por sua vez, a noção de politecnia enquanto formação polivalente - ou
pluriprofissional modo como Manacorda e Nosella nomeiam a noção de politecnia defendida pelo capital
- em grande medida, é uma realidade imposta pelo próprio desenvolvimento da grande indústria. Em
Marx, todavia, a proposta de politecnia adquire novos relevos. Para esse autor, ela era, acima de tudo,
uma forma de se confrontar com a formação unilateral e os malefícios da divisão do trabalho capitalista.
Ela representava a reunião de diversos aspectos que, uma vez associados, significariam uma formação
mais elevada dos filhos dos trabalhadores em relação às demais classes sociais. Assim, a experiência do
trabalho (em atividades diversas), associada aos estudos dos fundamentos teóricos do trabalho e à
formação escolar, e ainda aos exercícios físicos e militares, representariam um salto na formação dos
trabalhadores, pois imporiam fortes elementos contrários à empobrecedora formação decorrente das
condições de trabalho capitalistas.
Os dois conceitos, no entanto, apesar de apresentarem esse traço distintivo, se complementam. Na
verdade, não há uma dissociação do tipo: a politecnia se realiza no âmbito das relações burguesas ao
passo que a omnilateralidade apenas se realiza com a superação destas relações. Ambas são realizações
da práxis revolucionária que em graus diferentes se manifestam em diferentes estágios históricos da vida
social. A omnilateralidade, por exemplo, é uma busca da práxis revolucionária no presente, desde sempre,
embora sua realização plena apenas seja possível com a superação das determinações históricas da
sociedade do capital. Elementos de ruptura para com as unilateralidades burguesas são exercitados
cotidianamente por meio de relações diferenciadas com a natureza, com a propriedade, com o outro, com
as crianças, com as artes, com o saber, por intermédio de relações éticas de novo tipo, etc. Porém, de
maneira plena, como ruptura ampla e radical, a omnilateralidade só se realiza como práxis social, coletiva
e livre, pois depende da universalização das relações não-alienadas entre os indivíduos, no intercâmbio
com a natureza e no intercâmbio social em geral.
Já a politecnia é claramente uma proposta que toma como ponto de partida a contribuição dos
socialistas utópicos e a observação do próprio movimento material da produção capitalista, que avança
com a grande indústria.
A politecnia é proposta para se realizar no presente da opressão a que estão submetidos os
trabalhadores com o propósito de a eles responder. A politecnia não almeja alcançar a formação plena
do homem livre, mas a formação técnica e política, prática e teórica dos trabalhadores no sentido de
elevá-los na busca da sua autotransformação em classe-para-si. Portanto, a politecnia não tem como
condição para sua realização a ruptura ou superação das determinações históricas da sociedade do
capital.
Entre politecnia e omnilateralidade há complexas mediações colocadas pelo cotidiano da vida social
alienada e estranhada. É nesse cotidiano que atua a formação politécnica, potencialmente capaz de
elevar as classes trabalhadoras a um patamar superior de compreensão de sua própria condição social
e histórica. Aí atua a práxis revolucionária, principal ação político-pedagógica da formação do proletariado
como sujeito social transformador. Nesse processo são gestados elementos que deverão ser
consolidados - e que só podem ser consolidados com a superação da alienação e do estranhamento - no
interior das novas relações não-estranhadas. Somente a partir dessas relações é possível a formação
omnilateral.
Portanto, politecnia e omnilateralidade se complementam no processo desde a formação do sujeito
social revolucionário até a consolidação do Ser social emancipado. Se a omnilateralidade como formação
97
http://www.sites.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/omn.html
Quanto ao exposto, vejamos o que afirma Manacorda a respeito de um comentário elogioso de Marx,
presente n’O Capital, em relação a John Bellers, por ter este autor defendido desde os fins do século XVII
a superação da educação e da divisão do trabalho da época por formarem indivíduos limitados:
Eis aí um homem educado com doutrinas não ociosas, com ocupações não estúpidas, capaz de livrar-
se da estreita esfera de um trabalho dividido. Trata-se do tipo de homem onilateral que Marx propõe,
superior ao homem existente...
Ora, como se observa claramente, o destaque de Manacorda está na ‘educação em doutrinas não
ociosas’, nas ‘ocupações não estúpidas’ e na ‘estreita esfera do trabalho dividido’, portanto, em dimensões
dos campos do ‘fazer’ e do ‘saber’ que não necessariamente rompem com a sociabilidade estranhada. O
indivíduo alienado/estranhado pode alcançar tudo isso a que Manacorda se refere mesmo sem atingir o
ponto mais elevado da condição do homem livre que se reconhece no seu trabalho e na ampla
coletividade livre.
Os comentários elogiosos de Marx a indivíduos dotados de talento criativo especial muitas vezes são
tomados como referência de modelos de formação, por exemplo, quando Marx enaltece o relojoeiro Watt,
o barbeiro Arkwright e o artífice de ourivesaria Fulton por terem descoberto, respectivamente, a máquina
a vapor, o tear e o navio a vapor. Esse reconhecimento da capacidade inventiva acima da média ou ao
talento especial está longe de caracterizar uma formação omnilateral.
Esse tipo de capacidade criativa individual sempre existiu na história da humanidade. Em todas as
épocas houve homens e mulheres cuja competência inventiva ultrapassava a média de seu tempo, mas
não é a isto que se refere o conceito de omnilateralidade de Marx, ele remete ao campo vasto, complexo
e variado das dimensões humanas: ética, afetiva, moral, estética, sensorial, intelectual, prática; no plano
dos gostos, dos prazeres, das aptidões, das habilidades, dos valores etc., que serão propriedades da
formação humana em geral, desenvolvidas socialmente, portanto, não correspondem à genialidade de
um indivíduo desenvolvido num determinado sentido especial ou ainda que seja em sentidos diversos.
Na consideração de Manacorda o conceito de omnilateralidade representa uma formação mais ampla,
mais avançada, mas não antagônica ao metabolismo do capital, por isto, talvez, não haja necessidade da
consideração das premissas materiais da construção do homem omnilateral - a criação de novas bases
sociais que permitam o livre desenvolvimento das potencialidades humanas.
02. (Administrador - IF/TO) Tíbia, servidora pública federal, ocupante de cargo técnico administrativo
em educação no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Tocantins, ingressou no serviço
público possuindo diploma de conclusão de ensino médio, requisito mínimo de titulação exigido para o
cargo. Após três meses de efetivo exercício, concluiu graduação em curso superior oferecido por
instituição de ensino regularmente reconhecida pelo Ministério da Educação. Para obter acréscimo
remuneratório em virtude da obtenção de diploma de curso de educação formal superior ao exigido para
o cargo de que é titular, Tíbia deverá requerer perante a Administração:
(A) Incentivo à qualificação.
(B) Progressão por capacitação profissional.
(C) Promoção.
(D) Progressão por mérito profissional.
(E) Aceleração.
03. (UFMT - IF/MT - Professor) Projetos para o ensino médio e para a educação profissional técnica
que defendem um currículo de caráter integrado, politécnico e omnilateral se sustentam nas proposições
de
(A) Gramsci.
(B) Perrenoud.
(C) Paulo Freire.
(D) Cláudio Moura e Castro.
Gabarito
Comentários
01. Resposta: C
É um dos principais objetivos da educação profissional que visa muito a aprendizagem prática para
que esse aluno possa assim desenvolver melhor aquilo que foi visto em sala de aula e ter uma melhor
receptividade no mercado de trabalho.
02. Resposta: A
03. Resposta: A
Gramsci consegue elaborar uma concepção educativa de base marxiana mais especificada, apesar
de conter em seu cerne a mesma proposição do pensador alemão: a defesa de uma educação que de
fato represente a verdadeira síntese entre teoria e prática; denominada pelo revolucionário sardo de
escola única ou unitária, ou seja, ele sempre defende uma educação profissional técnica com um currículo
integrado.
Introdução98
O Princípio da Indissociabilidade
O processo de consolidação das universidades brasileiras tem como meta principal, promover a total
integração e melhoria do ensino superior nacional, notadamente as privadas, que trouxe à atualidade a
observância do princípio da indissociabilidade do tripé ensino, pesquisa e extensão, colocada pela
Constituição Federal de 1988 em seu artigo 207, o qual afirma que “as universidades gozam de
autonomia didático- científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial e obedecerão ao
princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão” (BRASIL, Constituição, 1988).
A compreensão sobre a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, não se restringe a uma
questão conceitual ou legislativa, mas fundamentalmente, paradigmática, epistemológica e político-
pedagógica, pois está relacionada às funções e à razão de ser das universidades, que se constituíram,
historicamente, vinculadas às aspirações e aos projetos nacionais de educação. A indissociabilidade entre
ensino, pesquisa e extensão caracteriza-se, de acordo com Rays (2003, p. 73), como “um processo
multifacetado de relações e de correlações que busca a unidade da teoria e da prática”, pois se constitui
princípio das atividades-fins da universidade.
Pode-se compreender por indissociabilidade a qualidade de indissociável, ou seja, aquilo que não se
pode dissociar, que não é separável em partes (FERREIRA, 1986, p.938). De acordo com este conceito,
o sentido da indissociabilidade ensino, pesquisa e extensão para as universidades brasileiras são de
inseparabilidade, haja vista, que essa tríade constitui o eixo fundamental e não pode ser
compartimentado.
O princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão reflete um conceito de qualidade
do trabalho acadêmico que favorece a aproximação entre universidade e sociedade, a autorreflexão
crítica, a emancipação teórica e prática dos estudantes e o significado social do trabalho acadêmico. A
concretização deste princípio supõe a realização de projetos coletivos de trabalho que se referencie na
avaliação institucional, no planejamento das ações institucionais e na avaliação que leve em conta o
interesse da maioria da sociedade. (ANDES, 2003, p. 30)
Contudo, o que tem sido observado nos últimos anos é o afastamento entre esses eixos, provocando
o distanciamento dessas três abordagens. Um dos fundamentos dessa realidade é o nível de
especialização dos docentes dentro das universidades. Quanto mais instruído, um professor de nível
superior tende a verter para o ensino, para a pesquisa ou para a extensão. O que tem se observado na
prática é que a qualificação e a instrução elevada do docente fazem-no se afastar do ensino e extensão
na graduação e se dedicar à pesquisa na pós-graduação, ou seja, essas atividades são postas como se
não pudessem coexistir, nem tampouco serem integradas umas às outras. (DIAS, 2009, p.41).
Outro fator que pode ser apontado é que, pelo atual crescimento econômico e pela aceleração dos
investimentos em mais universidades particulares no mercado, por exemplo, os docentes não possuem
recursos nem apoio institucional, além da dificuldade em relação ao tempo, tendo em vista a elevada
carga de trabalho e responsabilidades que alguns professores assumem para desenvolverem a pesquisa,
o ensino e a extensão conjuntamente, obrigando-os a ter que optar por um desses eixos. E, diante disso,
grande parte dos professores opta pela pesquisa, pelo status que tem dentro da universidade e na
99
http://www.scielo.br/pdf/rbedu/v14n41/v14n41a06.pdf
100
http://www.seer.ufu.br/index.php/revextensao/article/view/20564/10969
101
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Ensfund/indag3.pdf
102
BOCOCK, R. The cultural formations of modern society. In: HALL, S. e GIEBEN, B. (Orgs.). Formations of modernity. Cambridge: Polity Press/The Open
University, 1995.
103
CANEN, A. e MOREIRA, A. F. B. Reflexões obre o multiculturalismo na escola e na formação docente. In: CANEN, A. e MOREIRA, A. F. B. (Orgs.) Ênfases
e omissões no currículo. Campinas: Papirus, 2001.
Como temos, nas salas de aula, reagido a esse “confuso” panorama em que a diversidade se faz tão
presente?
Como temos nos esforçado para desestabilizar privilégios e discriminações? Como temos buscado
neutralizar influências “indesejáveis”?
Como temos, na escola, dialogado com os “currículos” desses outros espaços?
Em resumo, o complexo, variado e conflituoso cenário cultural em que estamos imersos se reflete no
que ocorre em nossas salas de aula, afetando sensivelmente o trabalho pedagógico que nelas se
processa. Voltamos a perguntar:
104
WILLIAMS, R. The long revolution. Harmondsworth: Penguin Books, 1984.
105
SILVA, T. T. Documentos de identidade: uma introdução às teorias do currículo. Belo Horizonte: Autêntica, 1999.
106
MOREIRA, A. F. B. e SILVA, T. T. (Orgs.). Currículo, cultura e sociedade. São Paulo: Cortez, 1994.
Sem pretender oferecer respostas prontas a serem aplicadas em quaisquer situações, move-nos a
intenção de apresentar alguns princípios que possam nortear a construção coletiva, em cada escola, de
currículos que visem a enfrentar alguns dos desafios que a diversidade cultural nos tem trazido.
Fundamentamo-nos, nesse propósito, em estudos, pesquisas, práticas e depoimentos de docentes
comprometidos com uma escola cada vez mais democrática. Nossa intenção é convidar o profissional da
educação a engajar- se no instigante processo de pensar e desenvolver currículos para essa escola.
Desejamos, com os princípios que vamos sugerir, intensificar a sensibilidade do (a) docente e do gestor
para a pluralidade de valores e universos culturais, para a necessidade de um maior intercâmbio cultural
no interior de cada sociedade e entre diferentes sociedades, para a conveniência de resgatar
manifestações culturais de determinados grupos cujas identidades se encontram ameaçadas, para a
importância da participação de todos no esforço por tornar o mundo menos opressivo e injusto, para a
urgência de se reduzirem discriminações e preconceitos.
O objetivo maior concentra-se, cabe destacar, na contextualização e na compreensão do processo de
construção das diferenças e das desigualdades. Nosso propósito é que os currículos desenvolvidos
tornem evidente que elas não são naturais; são, ao contrário, “invenções/construções” históricas de
homens e mulheres, sendo, portanto, passíveis de serem desestabilizadas e mesmo transformadas. Ou
seja, o existente nem pode ser aceito sem questionamento nem é imutável; constitui-se, sim, em estímulo
para resistências, para críticas e para a formulação e a promoção de novas situações pedagógicas e
novas relações sociais.
Um aspecto a ser trabalhado, que consideramos de especial relevância, diz respeito a se procurar, na
escola, promover ocasiões que favoreçam a tomada de consciência da construção da identidade cultural
de cada um de nós, docentes e gestores, relacionando-a aos processos socioculturais do contexto em
que vivemos e a história de nosso país. O que temos constatado é a pouca consciência que, em geral,
temos desses processos e do cruzamento de culturas neles presente. Tendemos a uma visão
homogeneizadora e estereotipada de nós mesmos e de nossos alunos e alunas, em que a identidade
cultural é muitas vezes vista como um dado, como algo que nos é impresso e que perdura ao longo de
toda nossa vida. Desvelar essa realidade e favorecer uma visão dinâmica, contextualizada e plural das
identidades culturais é fundamental, articulando- se as dimensões pessoal e coletiva desses processos.
Constitui um exercício fundamental tornarmo-nos conscientes de nossos enraizamentos culturais, dos
processos em que misturam ou se silenciam determinados pertencimentos culturais, bem como sermos
capazes de reconhecê-los, nomeá-los e trabalhá-los. Constitui um exercício fundamental tornarmo-nos
conscientes de nossos enraizamentos culturais, dos processos em que misturam ou se silenciam
determinados pertencimentos culturais, bem como sermos capazes de reconhecê-los, nomeá-los e
trabalhá-los.
Como favorecer essa tomada de consciência? Alguns exercícios podem ser propostos, buscando-se
criar oportunidades em que o profissional da educação se estimule a falar sobre como percebe a
construção de sua identidade. Como vêm sendo criadas nossas identidades de gênero, raça, sexualidade,
classe social, idade, profissão? Como temos aprendido a ser quem somos, como profissionais da
educação, brasileiros (as), homens, mulheres, casados (as), solteiros (as), negros (as), brancos (as),
jovens ou idosos (as)? Nesses momentos, tem sido bastante frequente a afirmação “nunca pensei na
formação da minha identidade cultural”, ou então “me considero uma órfã do ponto de vista cultural”,
Junto ao reconhecimento da própria identidade cultural, outro elemento a ser ressaltado relaciona-se
às representações que construímos dos outros, daqueles que consideramos diferentes. As relações entre
nós e os outros estão carregadas de dramaticidade e ambiguidade. Em sociedades nas quais a
consciência das diferenças se faz cada vez mais forte, reveste-se de especial importância aprofundarmos
questões como: quem incluímos na categoria nós? Quem são os outros? Quais as implicações dessas
questões para o currículo? Como nossas representações dos outros se refletem nos currículos?
Esses são temas fundamentais que estamos desafiados a trabalhar nas relações sociais e,
particularmente, na educação. Nossa maneira de nos situarmos em relação aos outros tende a construir-
se em uma perspectiva etnocêntrica. Quem são os nós? Tendemos a incluir na categoria nós todas
aquelas pessoas e aqueles grupos sociais que têm referenciais semelhantes aos nossos, que têm hábitos
de vida, valores, estilos e visões de mundo que se aproximam dos nossos e os reforçam. Quem são os
outros? Tendem a ser os que entram em choque com nossas maneiras de nos situarmos no mundo, por
sua classe social, etnia, religião, valores, tradições, sexualidade etc.
Como temos entendido esse outro? Para Skliar e Duschatzky107, principalmente de três formas
distintas: o outro como fonte de todo mal, o outro como sujeito pleno de um grupo cultural, o outro como
alguém a tolerar.
A primeira perspectiva, segundo os autores, marcou predominantemente as relações sociais durante
o século XX e pode se revestir de diferentes formas, desde a eliminação física do outro, até a coação
interna, mediante a regulação de costumes e moralidades. Nesse modo de nos situarmos diante do outro,
assumimos uma visão binária e dicotômica. Em um lado separamos os bons, os verdadeiros, os
autênticos, os civilizados, cultos, defensores da liberdade e da paz. Em outro, deixamos os outros: os
maus, os falsos, os bárbaros, os ignorantes e os terroristas. Se nos identificamos com os primeiros, o que
temos a fazer é eliminar, neutralizar, dominar ou subjugar os outros. Caso nos sintamos representados
como integrantes do polo oposto, ou internalizamos a nossa maldade e nos deixamos salvar, passando
para o lado dos bons, ou nos confrontamos violentamente com eles.
Ao considerarmos o outro como sujeito pleno de uma marca cultural, estamos concebendo-o como
membro de uma dada cultura, vista como uma comunidade homogênea de crenças e estilos de vida. O
outro, ainda que não seja a fonte de todo mal, é diferente de nós, tem uma essência claramente definida,
distinta da que nos caracteriza. Na área da educação, essa visão se expressa, por exemplo, quando nos
limitamos a abordar o outro de forma genérica e “folclórica”, apenas em dias especiais, usualmente
incluídos na lista dos festejos escolares, tais como o Dia do Índio ou Dia da Consciência Negra.
107
SKLIAR, C. e DUSCHATZKY, S. O nome dos outros: narrando a alteridade na cultura e na educação. In: LARROSA, J. e SKLIAR, C. (Orgs.). Habitantes de
Babel: políticas e poéticas da diferença. Belo Horizonte: Autêntica, 2001.
Apresentamos agora outro princípio, fortemente relacionado aos anteriores: sugerimos que se
expandam os conteúdos curriculares usuais, de modo a neles incluir alguns dos artefatos culturais que
circundam o (a) aluno (a). A ideia é tornar o currículo um espaço de crítica cultural.
Como fazê-lo?
Um dos caminhos é abrir as portas, na escola, a diferentes manifestações da cultura popular, além das
que compõem a chamada cultura erudita. Músicas populares, danças, filmes, programas de televisão,
festas populares, anúncios, brincadeiras, jogos, peças de teatro, poemas, revistas e romances precisam
fazer-se presentes nas salas de aula. Da mesma forma, levando-se em conta a importância de ampliar
os horizontes culturais dos (as) estudantes, bem como de promover interações entre diferentes culturas,
outras manifestações, mais associadas aos grupos dominantes, precisam ser incluídas no currículo.
A intenção é que a cultura dos estudantes e da comunidade possa interagir com outras manifestações
e outros espaços culturais como museus, exposições, centros culturais, música erudita, clássicos da
literatura. Se aceitarmos a inexistência, no mundo contemporâneo, de qualquer “pureza cultural”109, se
pretendermos abrir espaço na escola para a complexa interpenetração das culturas e para a pluralidade
cultural, tanto as manifestações culturais hegemônicas como as subalternizadas precisam integrar o
currículo e ser objeto de apreciação e crítica. Talvez fosse útil, para o desenvolvimento do que sugerimos,
que discutíssemos, na escola, com que recursos podemos contar em nossa comunidade e como fazer
para que outros recursos venham, de alguma forma, a tornar-se familiares a nossos (as) alunos (as). Abrir
as portas, na escola, a diferentes manifestações da cultura popular, além das que compõem a chamada
cultura erudita.
Nessa perspectiva, há um ponto que desejamos destacar. Ao intentarmos transformar a escola em um
espaço cultural, estamos convidando cada professor (a), como intelectual que é, a desempenhar o papel
de crítico (a) cultural. Estamos considerando que a atividade intelectual implica o questionamento do que
parece inscrito na natureza das coisas, do que nos é apresentado como natural, questionamento esse
que visa, fundamentalmente, a mostrar que as coisas não são inevitáveis. A atividade intelectual centra-
se, assim, na crítica da cultura em que estamos imersos. Como se expressa essa atividade na prática
curricular?
Julgamos que cabe à escola, por meio de suas atividades pedagógicas, mostrar ao aluno que as coisas
não são inevitáveis e que tudo que passa por natural precisa ser questionado e pode, consequentemente,
ser modificado. Cabe à escola levá-lo a compreender que a ordem social em que está inserido define-se
por ações sociais cujo poder não é absoluto. O que existe precisa ser visto como a condição de uma ação
futura, não como seu limite. Nossos questionamentos devem, então, provocar tensões e desafiar o
existente. Podem não mudar o mundo, mas podem permitir que o aluno o compreenda melhor. Como nos
diz Bauman110, “para operar no mundo (por contraste a ser ‘operado’ por ele) é preciso entender como o
mundo opera”.
108
SKLIAR, C. e DUSCHATZKY, S. O nome dos outros: narrando a alteridade na cultura e na educação. In: LARROSA, J. e SKLIAR, C. (Orgs.). Habitantes de
Babel: políticas e poéticas da diferença. Belo Horizonte: Autêntica, 2001.
109
McCARTHY, C. The uses of culture: education and the lilmits of ethnic affiliation. New York: Routledge, 1998.
110
BAUMAN, Z. Em busca da política. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2000.
Fundamentos Éticos
Uma proposta curricular voltada para a cidadania deve preocupar-se necessariamente com as
diversidades existentes na sociedade, uma das bases concretas em que se praticam os preceitos éticos.
É a ética que norteia e exige de todos, e da escola e educadores em particular, propostas e iniciativas
que visem à superação do preconceito e da discriminação. A contribuição da escola na construção da
democracia é a de promover os princípios éticos de liberdade, dignidade, respeito mútuo, justiça e
equidade, solidariedade, diálogo no cotidiano; é a de encontrar formas de cumprir o princípio
constitucional de igualdade, o que exige sensibilidade para a questão da diversidade cultural e ações
decididas em relação aos problemas gerados pela injustiça social.
A diferença entre o que se tem historicamente pregado como sendo fins e valores da democracia
republicana e práticas sociais marcadas pela dominação, exploração e exclusão, torna imperativo o
posicionamento ético da escola e do educador, ao mesmo tempo em que se coloca a superação dessa
situação, no campo educacional, como um dos maiores desafios da prática pedagógica.
Num mundo que tende cada vez mais à globalização no plano econômico, da qual é ainda
desconhecido o conjunto de efeitos sociais, é importante perceber o incessante processo de reposição
das diferenças e o ressurgimento de etnicidades. De um lado, esse processo ensina que o fato de as
culturas viverem dinâmicas que resultam em sua modificação constante não quer dizer que o sentido da
mudança seja único, e conduza fatalmente ao modelo de desenvolvimento dominante. De outro,
apresenta com clareza a necessidade da construção de valores e novas práticas de relação social que
permitam o reconhecimento e a valorização da existência das diferenças étnicas e culturais, e a
superação da relação de dominação e exclusão - ao mesmo tempo em que se constitui a solidariedade.
111
Brasil. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: pluralidade cultural, orientação sexual / Secretaria de Educação Fundamental.
Explicitada no contexto dramático do pós-guerra, quando se indagou como teria sido possível ao ser
humano produzir a barbárie do Holocausto e o horror de Nagasaki e Hiroshima, a Declaração Universal
dos Direitos Humanos surgiu como a ponte entre o medo e a esperança. Essa ponte, apenas projetada
ali, seria preciso ser construída.
Os direitos humanos assumiram, gradativamente, a importância de tema global. Assim como a
preservação do meio ambiente, os Direitos Humanos colocam-se como assunto de interesse de toda a
humanidade. Se o planeta está ameaçado por políticas de desenvolvimento predatórias, da mesma
maneira a miséria e a intolerância em seus diversos matizes promovem no final do século a morte pela
fome, a marginalidade extrema, migrações em massa, desequilíbrios internos e, no limite, guerras entre
grupos humanos que outrora conviveram em suposta harmonia. A violência em que pode resultar a
disputa étnica, religiosa e social, quando a intolerância e o desequilíbrio são levados ao extremo,
expressa-se em números: sabe-se que 80% das guerras que ocorrem hoje derivam da intolerância étnica
e religiosa em conflitos internos.
A ONU, preocupada com a conquista da paz mundial, promoveu conferências que buscavam um
programa de consenso que orientasse os países e os indivíduos quanto à questão dos direitos humanos.
A Conferência de Viena de 1993, de cuja declaração o Brasil é signatário, reafirmou a universalidade dos
direitos humanos e apresentou as condições necessárias para os Estados promoverem, controlarem e
garantirem tais direitos. Sabia-se naquele momento que o tratamento adequado do tema da pluralidade
etnocultural era condição para a democracia e fator primordial do equilíbrio social e internacional. Firma-
se nesse contexto a responsabilidade do Estado na proteção e promoção das identidades étnicas,
culturais, linguísticas e religiosas.
A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 é uma das mais avançadas quanto aos
temas do respeito à diferença e do combate à discriminação. O Brasil teve, por outro lado, participação
ativa nas reuniões mundiais sobre os direitos humanos e sobre minorias. Aqui não se trata, é claro, de
exigir conhecimentos próprios do especialista em Direito, mas de saber como se define basicamente a
cidadania.
Vale lembrar que dispositivos presentes na Seção “Da Educação”, da Constituição Federal, referentes
às comunidades indígenas, também asseguram “a utilização de suas línguas maternas e processos
próprios de aprendizagem” (art. 210, § 2º), consolidando o reconhecimento de exigências historicamente
apresentadas em trabalhos desenvolvidos pelos povos indígenas, em cooperação notadamente com a
sociedade civil.
Alguns aspectos pedagógicos decorrem desse dispositivo. O estabelecimento de escolas indígenas,
com proposta pedagógica, organização administrativa e didáticas próprias, atende a uma exigência
constitucional, traz enriquecimento pedagógico e introduz exigências adicionais na estruturação do
sistema nacional de educação.
O ensino religioso nas escolas públicas é assunto que exige atenção. Tema vinculado, em termos de
direito, à liberdade de consciência e de crença, a presença plural das religiões no Brasil constitui-se fator
de possibilidade de escolha. Ao indivíduo é dado o direito de ter religião, quando criança, por decisão de
seus pais, ou, quando adulto, por escolha pessoal; de mudar de religião, por determinação voluntária ao
longo da vida, sem restrições de ordem civil; e de não ter religião, como opção consciente. O que
caracteriza, portanto, a inserção social do cidadão, desse ponto de vista, é o respeito, a abertura e a
liberdade.
De fato, a configuração laica do Estado é propiciadora dessa pluralidade, no plano social, e se
caracteriza por ser impeditiva de rótulos, no plano do cidadão. Ou seja, não há uma predeterminação que
vincule compulsoriamente etnias e religiões, origem de nascimento e percursos de vida.
É nesse sentido que se define a postura laica da escola pública como imperativo no cumprimento do
dever do Estado referente ao estabelecimento pleno de uma educação democrática, voltada para o
aprimoramento e a consolidação de liberdades e direitos fundamentais da pessoa humana.
Não se trata, é claro, de mostrar um Brasil perfeito e irreal, mas as possibilidades que se abrem com
trabalho, embates e entendimentos, mediante a colocação em prática de instrumentos jurídicos já
disponíveis.
O estudo da ocupação do território nacional e da constituição da população pode ser empreendido por
intermédio da trajetória das etnias no Brasil. Tarefa complexa, esse estudo traz tanto a compreensão da
Toda seleção curricular é marcada por determinantes e fatores culturais, sociais e políticos, que podem
ser analisados de forma isolada, para efeito de estudo, mas que se encontram amalgamados no social.
Conhecimentos sociológicos são indispensáveis na discussão da Pluralidade Cultural, pelas
possibilidades que abrem de compreensão de processos complexos, onde se dão interações entre
fenômenos de diferentes naturezas.
Atuando em campo social marcado historicamente pela exclusão de grandes contingentes da
população, a escola pode fortalecer sua atuação tanto mais quanto seja conhecedora dos problemas
presentes na estrutura socioeconômica, de como se dão as relações de dominação, qual o papel
desempenhado pelo universo cultural nesse processo.
Embora tenha sido muito salientado o papel de reprodutora de mecanismos de dominação e exclusão,
atribuído historicamente à escola, cabe lembrar que potencializar suas possibilidades de resistência e
transformação depende também, ainda que não exclusivamente, das opções e das práticas dos
educadores. Nesse sentido, além das diversas contribuições da Sociologia, aspectos particulares
voltados para a discussão curricular têm sido desenvolvidos por autores que se ocupam da Sociologia da
Educação, Sociologia do Currículo. Nesses estudos, os vínculos entre escola e democracia, escola e
cidadania, e democracia e currículo são analisados, permitindo uma reflexão voltada especificamente
para o interior da escola e da sala de aula, no que se refere a esses assuntos.
Os conhecimentos sociológicos permitem uma discussão acurada de como as diferenças étnicas,
culturais e regionais não podem ser reduzidas à dimensão socioeconômica de classes sociais, assim
como das formas como ambas se retroalimentam.
A desatenção à questão da diferença cultural tem sido instrumento que reforça e mantém a
desigualdade social, levando a escola a atuar, frequentemente, como mera transmissora de ideologias.
Por outro lado, a injustiça socioeconômica se apoia em preconceitos e discriminações de caráter
etnocultural de tal forma que, muitas vezes, não é possível saber se a discriminação vem pelo fato étnico,
pelo socioeconômico, ou por ambos.
A discussão sociológica colabora para a escola e o professor enfrentarem o desafio que lhes está
colocado, qual seja, o de ser parte de certa realidade social injusta, dela sofrer influências, e, ainda assim,
garantir a possibilidade de educar o aluno como cidadão em formação, de forma que atue como sujeito
sociocultural, voltado para mudanças, para a busca de caminhos de transformação social.
Conhecimentos Antropológicos
Trata-se, aqui, de trabalhar diferentes linguagens que ampliam as possibilidades de expressão para
além da verbal, forma predominante de comunicação na maioria das sociedades. Integrada aos
conhecimentos antropológicos, permitirá o entendimento da importância de diferentes códigos
linguísticos, de diferentes manifestações culturais e sua compreensão no campo educacional, como fator
de integração e expressão do aluno, respeitando suas origens.
Tratando especificamente da temática das línguas, abrem-se muitas possibilidades de
transversalização com Língua Portuguesa, por exemplo, pela valorização de diferentes formas de
linguagem oral e escrita, pelo respeito às manifestações regionais, pela possibilidade de contato e
integração com a diversidade de línguas e de linguagens presentes na vida de crianças e adolescentes
no Brasil.
Conhecer a existência do uso de outras línguas diferentes da Língua Portuguesa, idioma oficial,
significa não só ampliação de horizontes, como também compreensão da complexidade do País. A escola
tem a possibilidade de trabalhar com esse panorama rico e complexo, referindo-se à existência, estrutura
e uso dessas centenas de línguas. Pode, com isso, promover não só a reflexão metalinguística, como
também a compreensão de como se constituem identidades e singularidades de diferentes povos e etnias.
Saber da existência de diferentes formas de bilinguismos e multilinguíssimos, presentes em diferentes
regiões - assim como ver-se reconhecida e presente neste tema transversal, aberto às suas próprias
singularidades regionais, étnicas e culturais - será extremamente relevante na construção desse
conhecimento e na valorização do que é a pluralidade cultural brasileira. São exemplos de tais
bilinguismos e multilinguíssimos as vivências de escolas indígenas, escolas de regiões de fronteiras
geopolíticas do Brasil, escolas vinculadas a grupos étnicos, existentes em particular em grandes centros
urbanos, regionalismos na fala cotidiana de tantas escolas espalhadas pelo País.
Por outro lado, o desenvolvimento de outras linguagens será muito importante, permitindo
transversalizar, em particular, com Educação Física e Arte. A música, a dança, as artes em geral,
vinculadas aos diferentes grupos étnicos e a composições regionais típicas, são manifestações culturais
que a criança e o adolescente poderão conhecer e vivenciar. Dessa forma enriquecerão seu
conhecimento sobre a diversidade presente no Brasil, enquanto desenvolvem seu próprio potencial
expressivo.
Conhecimentos Populacionais
Embora estejam presentes ao longo da discussão referente à trajetória das etnias no Brasil, os
conhecimentos populacionais precisam ser aqui lembrados, por constituírem fonte de informação
relevante, sobretudo a partir do segundo ciclo.
Dados estatísticos sobre a população brasileira conforme distribuição regional, densidade
demográfica, em relação com dados como renda per capita, PIB per capita, fornecem um quadro
informativo de como se vive no Brasil. Cotejado com informações provenientes de levantamentos feitos
pelos próprios alunos (via correspondência, imprensa, etc.), significarão a possibilidade de um
conhecimento mais adequado sobre o Brasil e oportunidade, nas séries finais, de discussão, de debates
acerca de políticas públicas alternativas que beneficiem a vida da população.
Da mesma forma, História e Geografia, Ciências Naturais, Orientação Sexual e Saúde possibilitam
discutir dados referentes à mortalidade infantil, abortos e esterilizações, com as consequências daí
advindas. Um tratamento enriquecedor da temática dos direitos reprodutivos propicia também a análise
da relação com questões de raça/etnia.
A escolha dos conteúdos e abordagens pode nortear-se por questões como: quais características são
relevantes quanto à relação entre composição populacional, aspectos culturais, distribuição de renda,
qualidade de vida e o papel da educação? Que relações perversas estabeleceram-se, historicamente,
entre exclusão socioeconômica e determinados grupos, que estão exigindo ações específicas? Que
dados são relevantes para uma compreensão integrada de áreas sociais, como educação e saúde, por
exemplo?
Esses conhecimentos poderão, assim, oferecer subsídios preliminares que permitam construir a
compreensão do entrelaçamento de componentes sociais, culturais e populacionais na definição da
qualidade de vida, além de possíveis formas de ação voltadas para a melhoria dessa qualidade.
O tema Pluralidade Cultural propõe que sejam revistas e transformadas práticas arraigadas,
inaceitáveis e inconstitucionais, enquanto se ampliam conhecimentos acerca das gentes do Brasil, suas
histórias, trajetórias em território nacional, valores e vidas. O trabalho volta-se para a eliminação de
causas de sofrimento, de constrangimento e, no limite, de exclusão social da criança e do adolescente.
Além disso, o tema traz oportunidades pedagogicamente muito interessantes, motivadoras, que
entrelaçam escola, comunidade local e sociedade: ampliando questões do cotidiano para o âmbito
cosmopolita e vice-versa, colocando-se assim, simultaneamente, como objetivo e como meio do processo
educacional.
Para os alunos, o tema da Pluralidade Cultural oferece oportunidades de conhecimento de suas
origens como brasileiro e como participante de grupos culturais específicos. Ao valorizar as diversas
culturas que estão presentes no Brasil, propicia ao aluno a compreensão de seu próprio valor,
promovendo sua autoestima como ser humano pleno de dignidade, cooperando na formação de
autodefesas a expectativas indevidas que lhe poderiam ser prejudiciais. Por meio do convívio escolar
possibilita conhecimentos e vivências que cooperam para que se apure sua percepção de injustiças e
Pela educação pode-se combater, no plano das atitudes, a discriminação manifestada em gestos,
comportamentos e palavras, que afasta e estigmatiza grupos sociais. Contudo, ao mesmo tempo em que
não se aceita que permaneça a atual situação, em que a escola é cúmplice, ainda que só por omissão,
não se pode esquecer que esses problemas não são essencialmente do âmbito comportamental,
individual, mas das relações sociais, e como elas têm história e permanência. O que se coloca, portanto,
é o desafio de a escola se constituir um espaço de resistência, isto é, de criação de outras formas de
relação social e interpessoal mediante a interação entre o trabalho educativo escolar e as questões
sociais, posicionando-se crítica e responsavelmente perante elas.
Assim, cabe à escola buscar construir relações de confiança para que a criança possa perceber-se e
viver, antes de mais nada, como ser em formação, e para que a manifestação de características culturais
que partilhe com seu grupo de origem possa ser trabalhada como parte de suas circunstâncias de vida,
que não seja impeditiva do desenvolvimento de suas potencialidades pessoais.
É possível identificar no cotidiano as muitas manifestações que permitem o trabalho sobre pluralidade:
os fatos da comunidade ou comunidades do entorno escolar, as notícias de jornal, rádio e TV, as festas
das localidades, estratégias de intercâmbio entre escolas de diferentes regiões do Brasil, e de diferentes
municípios de um mesmo Estado.
A escola deve trabalhar atenta às limitações éticas. Assim, quando se fala de alguma comunidade, é
preciso ter certeza de que se referem a conhecimentos reconhecidos por essas comunidades como
verdadeiros. Então, como conseguir informações? Nesse sentido, a prática de intercâmbio escolar e da
consulta a órgãos comunitários e de imprensa, inclusive das próprias comunidades, é instrumento
pedagógico privilegiado. Com isso, será possível transformar a possibilidade de obter informações das
comunidades em fator de corresponsabilização social pelos rumos da discussão, da formação de crianças
e adolescentes.
É importante abrir espaço para que a criança e o adolescente possam manifestar-se. Viver o direito à
voz é experiência pessoal e intransferível, que permite um oportuno e rico trabalho de Língua Portuguesa.
Assim também o exercício efetivo do diálogo, voltado para a troca de informações sobre vivências
culturais e esclarecimentos acerca de eventuais preconceitos e estereótipos é componente fortalecedor
do convívio democrático.
O cotidiano da escola permite viver algo da beleza da criação cultural humana em sua diversidade e
multiplicidade. Partilhar um cotidiano onde o simples “olhar-se” permite a constatação de que são todos
diferentes traz a consciência de que cada pessoa é única e, exatamente por essa singularidade,
insubstituível.
O simples fato de os alunos serem provenientes de diferentes famílias, diferentes origens, assim como
cada professor ter, ele próprio, uma origem pessoal, e os outros auxiliares do trabalho escolar terem
também, cada qual, diferentes histórias, permite desenvolver uma experiência de interação “entre
diferentes”, na qual cada um aprende e cada um ensina. O convívio, aqui, é explicitação de aprendizagem
a cada momento: o que um gosta e o outro não, o que um aprecia e o outro, talvez, despreze.
Questões
01. (Prefeitura de Itaquitinga - Pedagogo IDHTEC) A Lei nº 10.639/2003, torna obrigatório o estudo
da História e Cultura Afro Brasileira e Africana:
(A) Nos estabelecimentos oficiais de ensino e nas comunidades indígenas e quilombolas.
(B) Na Educação infantil e ensino fundamental de escolas públicas.
(C) Nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, públicos e privados.
(D) Nas escolas confessionais e de movimentos populares.
(E) Em todos os níveis e modalidades de ensino através da criação de uma nova disciplina curricular.
02. (UNIRIO - Pedagogo - CESGRANRIO) Os currículos têm uma estreita relação com a história e a
sociedade, refletindo questões sociais de um determinado momento. Os currículos são produtores de
sujeitos dotados de classe, etnia e gênero. Nessa perspectiva, o papel do pedagogo na instituição de
ensino deve ser o de:
(A) Premiar os docentes que cumpram o cronograma estabelecido.
(B) Separar os alunos pelas diferenças no seu ritmo de aprendizagem.
(C) Treinar os professores segundo aulas-padrão.
(D) Incrementar a competição entre as diferentes disciplinas do currículo.
(E) Promover a discussão docente sobre o significado dos conteúdos do currículo.
03. Segundo SILVA (1999), o currículo é o espaço em que os diferentes significados sobre o social e
político fazem sentido. Isso só é possível mediante a um currículo...
(A) que tem como cerne os elementos do processo de ensino e aprendizagem, principalmente a
didática e a avaliação.
(B) no qual possamos identificar grupos prioritários, evidenciando o potencial de um todo.
(C) que determinados grupos sociais, expressam sua visão de mundo, seu projeto social, na qual sua
representação se dá através de um conjunto de práticas que favorecem a produção, evidenciando a
construção de identidades sociais e culturais.
(D) onde é possível torná-lo em um espaço de crítica cultural, abrindo as portas, na escola, às
diferentes manifestações da cultura popular.
(E) cuja organização e gestão, as abordagens disciplinares, pluridisciplinar, interdisciplinar e
transdisciplinar possuem papel secundário.
05. (IF/PE - Assistente de Alunos) Temos, no Brasil, uma grande diversidade cultural e racial.
Descendentes de povos africanos e de índios brasileiros, de imigrantes europeus, asiáticos e latino-
americanos compõem o cenário brasileiro. Por conta disso, podemos que afirmar que:
(A) atualmente, o termo “pluralidade cultural” não se aplica ao Brasil por causa da Globalização.
(B) a mistura de todas estas raças e etnias não caracteriza a identidade do povo brasileiro.
(C) o Brasil é um país dotado de uma ampla “pluralidade cultural”, ou seja, diferentes culturas foram e
são produzidas pelos grupos sociais que fazem parte da nossa história.
(D) a diversidade cultural e racial não interfere nas formas com que os habitantes do Brasil organizaram
sua vida social e política.
(E) ações racistas e discriminatórias não existem na sociedade brasileira por causa da grande
diversidade cultural e racial do país.
06. (SME/SP - Professor de Ensino Fundamental II e Médio - FGV) Observe a imagem a seguir:
A partir da imagem, registro de uma atividade realizada no Ensino Fundamental, é correto afirmar:
(A) Reforça a hegemonia de um conhecimento em detrimento de outro e cria um imaginário que vê as
culturas de forma hierarquizada e inferior.
(B) Apresenta uma situação típica do currículo monocultural.
(C) Comprova que o processo de hierarquização de conhecimentos foi superado.
(D) Ilustra e introduz uma nova disciplina nos currículos escolares.
(E) Ilustra a construção de um currículo intercultural, o lugar da diversidade nas práticas curriculares
10. (Prefeitura de Rio Branco - Professor de Ensino Fundamental - IBADE) Para elaboração da
proposta curricular, certamente, o professor precisa:
1. conhecer as diretrizes curriculares de sua disciplina.
2. fazer uma análise em relação aos conteúdos propostos.
3. participar do debate sobre qual currículo real deve ser implantado.
4. cumprir o papel de fiscalizar os serviços burocráticos propostos pelo projeto político-pedagógico da
escola.
Estão corretos apenas os itens:
(A) 1 e 2.
(B) 1 e 3.
(C) 1, 2 e 3.
(D) 2, 3 e 4.
(E) 1, 3 e 4.
Gabarito
01.C / 02.E / 03.C / 04.B / 05.C / 06.E / 07.C / 08.D / 09.Certo / 10.C
Comentários
01. Resposta: C
Lei de Diretrizes e Bases da Educação com a sanção da conhecida lei 10.639, que determinou o
seguinte artigo (dentre outros): Art. 26 - A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais
e particulares, torna-se obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira.
02. Resposta: E
Embora seja complexo, variado e conflituoso o cenário cultural em que estamos imersos se reflete no
que ocorre em nossas salas de aula, afetando sensivelmente o trabalho pedagógico que nelas se
processa. Por isso é necessário promover a discursão acerca do currículo para que se desmistifique a
diversidade.
04. Resposta: B
Conviver com as diferenças é construir relações de respeito e de interpelações que irão contribuir para
um espaço harmonioso, de maneira que todos possam compreender e respeitar as diferenças entre si.
05. Resposta: C
A pluralidade de valores e universos culturais, para a necessidade de um maior intercâmbio cultural no
interior de cada sociedade e entre diferentes sociedades, para a conveniência de resgatar manifestações
culturais de determinados grupos cujas identidades se encontram ameaçadas, para a importância da
participação de todos no esforço por tornar o mundo menos opressivo e injusto, para a urgência de se
reduzirem discriminações e preconceitos.
06. Resposta: E
É na escola que, através da prática, se proporciona a diversidade cultural.
07. Resposta: C
Fundamentamo-nos, nesse propósito, em estudos, pesquisas, práticas e depoimentos de docentes
comprometidos com uma escola cada vez mais democrática. Nossa intenção é convidar o profissional da
educação a engajar- se no instigante processo de pensar e desenvolver currículos para essa escola.
08. Resposta: D
Privilegiamos somente a comunicação verbal, desconsiderando outras formas de comunicação
humana, como a corporal, a artística etc.
10. Resposta: C
O bom professor necessita conhecer, entre suas funções, suas obrigações em relação ao que é melhor
para a escola/aluno. Para isso conhecer as diretrizes curriculares é essencial, assim como analisar os
conteúdos propostos, além de discutir qual o currículo deverá ser implantado.
112
Conceito de Juventude
É função da época, do modo de inserção dos indivíduos em um determinado contexto social e do seu
processo de aprendizagem. Ariès, por exemplo, descreve o ritual de passagem da adolescência para a
juventude, para o sexo masculino, na época da glória bélica romana, como "a idade da guerra ou da
simulação - a idade da bravata". Duby põe em evidência a existência e o papel, na sociedade aristocrática
do século XII, de uma categoria social particular, a dos jovens, definindo juventude como "a parte da
existência compreendida entre a vestidura e a paternidade, que é "errante, vagabunda e violenta".
O Estatuto da Criança e do Adolescente do Brasil, considera criança, para os efeitos da lei, a pessoa
até 12 anos de idade incompletos e, adolescente, aquela entre 12 e 18 anos. Já a Organização Mundial
de Saúde preconiza que seja considerado adolescência o período que vai dos 10 aos 19 anos de idade
e, juventude, aquele que transcorre entre os 15 e os 24 anos.
O termo adolescência denomina processo primariamente biológico que transcende a área psicossocial
e que constitui período durante o qual se acelera o desenvolvimento cognitivo e a estruturação da
112
Texto extraído e adaptado de VERMELHO, L. L. e JORGE, M. H. P. M. Mortalidade de jovens: análise do período de 1930 a 1991 (a transição epidemiológica
para a violência).
A Importância do Trabalho
Com as Olimpíadas no Brasil, pode-se notar o grande número de jovens voluntários trabalhando
incansavelmente, dando orientações aos turistas, empenhando-se ao máximo, mas ai lhe pergunto,
passado esse período transitório quantos estão de fato trabalhando?
Não pense que eles se acomodaram e não querem trabalhar, pelo contrário, a Secretaria Nacional da
Juventude (SNJ) da Secretaria Geral da Presidência da República em análise ao perfil dos jovens
brasileiros, enfatizou que 34% dos jovens de hoje se preocupam quando o assunto é emprego ou
profissão.
A maioria das empresas oferecem vagas de emprego para aqueles que já tenham experiência de
trabalho e esse é o grande problema, quem vai deixar o “Joãozinho” trabalhar pela primeira vez...
Alguns programas beneficiam os jovens brasileiros, dentre eles podemos destacar o Projovem que se
divide em quatro modalidades, entre elas o Projovem Adolescente que é destinado aos jovens de 15 a 17
anos e oferece oportunidades socioeducativas para criar condições de inserção, reinserção e
permanência no sistema educacional, e o Projovem Trabalhador, voltado para pessoas de 18 a 29 anos,
que sejam membros de família com renda mensal per capita de até um salário mínimo.113
No Projovem Trabalhador, os jovens participam de cursos com duração de 350 horas, divididas entre
a qualificação social e qualificação profissional. Eles recebem uma bolsa auxílio de seis parcelas de R$
100, desde que obtenham a frequência mínima no período. Eles têm, ainda, de estar cursando ou ter
finalizado o ensino fundamental ou médio. Há ainda o ProJovem Campo e o ProJovem Urbano.
O Programa de Aprendizagem, por exemplo, faz parte da Política de Responsabilidade Social
Empresarial e tem como objetivo promover a inclusão social de adolescentes de baixa renda, no mercado
de trabalho, por meio de sua capacitação profissional em serviços bancários e administrativos. Em 2011,
203.060 aprendizes concluíram o programa e 165.123 permaneceram no mercado em 2012. Quase o
mesmo percentual foi observado em 2012, quando 256.320 aprendizes concluíram e 211.186
continuaram no mercado formal em 2013, representando 82%.
113
http://www.brasil.gov.br/cidadania-e-justica/2014/09/politicas-sociais-envolvem-jovens-em-programas-de-esporte-cultura-e-trabalho
As relações entre mundo do trabalho e educação apresentam-se, também, aos jovens participantes
do PJA, como tendo um forte significado psicossocial, seja para sua inserção na escola, seja para se
sentirem integrados e participantes na sociedade, ou para o próprio processo de transição escola-
trabalho115.
Este significado psicossocial pode manifestar-se nas dimensões relativas à construção da identidade
(estudante trabalhador, trabalhador (estudante), às relações de pertencimento social (ao se envolverem
com o PJA e depositarem nele expectativas de realização profissional) e à crença no direito de
participação (seja no âmbito do próprio PJA ou da sociedade, tendo já um status de maior participação
econômica). Quando pesquisamos o PJA, em que há uma relação direta entre educação e
profissionalização, dirigida a uma educação para o trabalho, procuramos captar, na ótica desses jovens,
algumas dimensões psicossociais relacionadas à sua vida e seus planos de futuro profissional, assumindo
o compromisso de dar voz a eles. Os aprendizes revelaram que a formação recebida nesse programa de
aprendizagem poderá ter maior importância se dirigida às condições reais da sua vida e, principalmente,
se forem potencializadas condições concretas para que eles possam ter um futuro mais promissor e
seguro.
Ao mesmo tempo em que apontam dificuldades e/ou problemas vividos nesse processo de
aprendizagem, observa-se que estão dispostos a indicar possibilidades de melhoria e solução quando
falam de alternativas que poderiam transformar as atividades de ensino-aprendizagem em situações,
historicamente concretas, mais proveitosas e interessantes para o seu cotidiano. Em certa medida, isto
indica que as contribuições do programa são valorizadas pelos aprendizes, a despeito de existirem tais
dificuldades.
Contudo, a importância dada à voz e percepção que os aprendizes têm, sobre seu próprio processo
de aprendizagem e formação, poderia constituir-se em uma ferramenta significativa para que pudessem
ser feitas reestruturações e renovações dos métodos, estratégias e conteúdos existentes nesses cursos.
Estas renovações e reestruturações poderiam implicar em um envolvimento maior, por parte de
aprendizes e formadores, além de, consequentemente, gerar resultados mais efetivos tanto na
aprendizagem quanto na formação destes jovens como cidadãos.
O Problema da Mortalidade
Do ponto de vista da saúde e de todas as consequências sociais que lhe são inerentes, observa-se
hoje que, na realidade, estes grupos vem se caracterizando pelo alto risco a que estão expostos. Estes
se relacionam a comportamentos ou hábitos individuais/sociais, tais como fumar, beber, drogar-se, armar-
se assim como pelos contextos de miséria e violência a que os jovens estão submetidos.
Além disto, é o período de vida que se caracteriza pelo despertar da sexualidade que se apresenta
muitas vezes para os jovens como sinônimo de doenças sexualmente transmissíveis, gravidez indesejada
e aborto, que podem conduzir a situações extremamente graves tanto do ponto de vista da saúde, quanto
de inserção social, relatados em diversas partes do mundo.
Às condições gerais que interferem na saúde de uma sociedade subdesenvolvida, como um todo,
temos que adicionar para os jovens, hábitos e circunstâncias geradas a partir das necessidades próprias
da idade, considerando-se sua localização geográfica, inserção social e cultural. Este somatório constitui
um padrão próprio de saúde, que deverá ser sempre respeitado na medida em que se busquem,
seriamente, soluções.
Barreto sugere que é necessário não se tratar de forma generalizada e determinista a variabilidade
das reações diferenciais às mudanças, evidenciadas pelos diferentes grupos e categorias sociais de uma
dada população.
No momento em que visivelmente a sociedade brasileira sofre cada vez mais frequentemente perdas
de vidas de jovens, o presente trabalho propõe-se a resgatar o impacto dessas perdas e buscar elementos
que possam sugerir as razões de tal retrocesso ao longo do tempo. As mortes de jovens devem ser
consideradas, antes de tudo, perdas injustificadas, principalmente a partir da transição, que fez com que
as sociedades modernas caminhassem rumo à longevidade tanto almejada.
114
Texto adaptado de: Maria de Fatima Quintal de Freitas e Lygia Maria Portugal de Oliveira, extraído
http://www.ufjf.br/psicologiaempesquisa/files/2013/02/v6n2a04.pdf
115
Bock, S. D. (2002). A Inserção do Jovem no Mercado de Trabalho. In M. H. Abramo, M. V. Freitas & M. Sposito. (orgs.) Juventude em Debate, (pp. 26- 35).
São Paulo: Cortez
Já que estamos falando de jovens, façamos um breve apontamento sobre o EJA (Educação de Jovens
e Adultos)
A visão de mundo de uma pessoa que retorna aos estudos depois de adulta, após um tempo afastada
da escola, ou mesmo daquela que inicia sua trajetória escolar nessa fase da vida, é bastante peculiar.
Protagonistas de histórias reais e ricos em experiências vividas, os alunos jovens e adultos configuram
tipos humanos diversos. São homens e mulheres que chegam à escola com crenças e valores já
constituídos.116
Nas cidades, as escolas para jovens e adultos recebem alunos e alunas com traços de vida, origens,
idades, vivências profissionais, históricos escolares, ritmos de aprendizagem e estruturas de pensamento
completamente variados.
A cada realidade corresponde um tipo de aluno e não poderia ser de outra forma, são pessoas que
vivem no mundo adulto do trabalho, com responsabilidades sociais e familiares, com valores éticos e
morais formados a partir da experiência, do ambiente e da realidade cultural em que estão inseridos.
Durante muito tempo, a psicologia esteve centrada nos processos de desenvolvimento de crianças e
adolescentes, pois compreendia que o desenvolvimento terminava com o fim da adolescência e que esta
etapa representava o auge do desenvolvimento humano. Entendia-se que na idade adulta as pessoas se
estabilizavam e na velhice se deterioravam.
Estudos recentes contrariam esta concepção porque indicam que o desenvolvimento psicológico é um
processo que dura toda a vida e que a idade adulta é rica em transformações. Os adultos possuem mais
experiência que os adolescentes e podem ter acumulado uma maior quantidade de conhecimentos.
Talvez sejam menos rápidos, mas podem oferecer uma visão mais ampla, julgar melhor os prós e os
contras de uma situação e ter boa dose de criatividade.
Os alunos e alunas de EJA trazem consigo uma visão de mundo influenciada por seus traços culturais
de origem e por sua vivência social, familiar e profissional. Podemos dizer que eles trazem uma noção de
mundo mais relacionada ao ver e ao fazer, uma visão de mundo apoiada numa adesão espontânea e
imediata às coisas que vê. Ao escolher o caminho da escola, a interrogação passa a acompanhar o ver
desse aluno, deixando-o preparado para olhar. Aberto à aprendizagem, eles vêm para a sala de aula com
um olhar que é, por um lado, um olhar receptivo, sensível, e, por outro, é um olhar ativo: olhar curioso,
explorador, olhar que investiga, olhar que pensa.
Os Conhecimentos já Adquiridos
Os conhecimentos de uma pessoa, que procura tardiamente a escola, são inúmeros e adquiridos ao
longo de sua história de vida. Enfatizaremos, nesta publicação, duas espécies destes conhecimentos,
originados das experiências de vida dos alunos e alunas: o saber sensível e o saber cotidiano.
O saber sensível diz respeito aquele saber do corpo, originado na relação primeira com o mundo e
fundado na percepção das coisas e do outro. Caracterizado pela Filosofia como um saber pré-reflexivo,
nos leva à ideia de que existe um conhecimento essencial, acessível a toda a humanidade: uma verdade
mais antiga que todas as verdades conquistadas pela ciência, anterior a todas as construções realizadas
pela cultura humana.
O saber sensível é um saber sustentado pelos cinco sentidos, um saber que todos nós possuímos,
mas que valorizamos pouco na vida moderna. É aquele saber que é pouco estimulado numa sala de aula
e que muitos professores e professoras atribuem sua exploração apenas às aulas de artes.
No entanto, qualquer processo educativo, tanto com crianças quanto com jovens e adultos, deve ter
suas bases nesse saber sensível, porque é somente através dele que o(a) aluno(a) abre-se a um
conhecimento mais formal, mais reflexivo.
116
http://portal.mec.gov.br/secad/arquivos/pdf/eja_caderno1.pdf
Os cursos supletivos não foram extintos, pelo fato de termos à inclusão do EJA. O artigo 38 da Lei
9.394/1996, deixa claro:
Art. 38 Os sistemas de ensino manterão cursos e exames supletivos, que compreenderão a base
nacional comum do currículo, habilitando ao prosseguimento de estudos em caráter regular.
§ 1º Os exames a que se refere este artigo realizar-se-ão:
I - no nível de conclusão do ensino fundamental, para os maiores de quinze anos;
II - no nível de conclusão do ensino médio, para os maiores de dezoito anos.
§ 2º Os conhecimentos e habilidades adquiridos pelos educandos por meios informais serão aferidos
e reconhecidos mediante exames.
117
https://bit.ly/2rMFw2f
“Uma boa aula é como uma refeição: quanto mais atraentes estiverem os pratos que você, cozinheiro
– professor, dispuser sobre a mesa, mais os alunos desejaram saboreá-los. Aprender é como comer.
Comer alimenta o corpo de energia, enquanto aprender alimenta a alma de saber”
Questões
01. (UFPE - Pedagogo - COVEST/COPSET) Qual alternativa é incompatível com educação de jovens
e adultos de acordo com a LDB/1996?
(A) Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos jovens e aos adultos, oportunidades
educacionais apropriadas, consideradas as características do alunado, seus interesses, condições de
vida e de trabalho, mediante cursos e exames.
(B) O Poder Público viabilizará e estimulará o acesso e a permanência do trabalhador na escola,
mediante ações integradas e complementares entre si.
(C) A educação de jovens e adultos deverá articular- se, preferencialmente, com a educação
profissional, na forma do regulamento.
(D) Os sistemas de ensino manterão cursos e exames supletivos, que compreenderão a base nacional
comum do currículo, habilitando ao prosseguimento de estudos em caráter regular.
(E) Os cursos e exames supletivos, no nível de conclusão do Ensino Fundamental, serão para os
maiores de quinze anos e no nível de conclusão do Ensino Médio, para os maiores de vinte e um anos.
02. (FUB - Pedagogo – CESPE). Com a Educação de Jovens e Adultos (EJA) os cursos e exames
supletivos foram extintos.
( ) Certo ( ) Errado
Gabarito
01.E / 02.Errado
Comentários
01. Resposta: E
Lei 9.394/1996
Art. 38 Os sistemas de ensino manterão cursos e exames supletivos, que compreenderão a base
nacional comum do currículo, habilitando ao prosseguimento de estudos em caráter regular.
§ 1º Os exames a que se refere este artigo realizar-se-ão:
I - no nível de conclusão do ensino fundamental, para os maiores de quinze anos;
II - no nível de conclusão do ensino médio, para os maiores de dezoito anos.
Aspectos Históricos
Base Conceitual
É importante observar que as Políticas Públicas Educacionais não apenas se relacionam às questões
relacionadas ao acesso de todas as crianças e adolescentes as escolas públicas, mas também, a
construção da sociedade que se origina nestas escolas a partir da educação. Neste entendimento,
aponta-se que as Políticas Públicas Educacionais influenciam a vida de todas as pessoas.
No Brasil, com ênfase para a última década a expressão Políticas Públicas ganhou um rol de
notoriedade em todos os campos, fala-se de Políticas Públicas para a educação, saúde, cultura, esporte,
justiça e assistência social. No entanto, tais políticas nem sempre trazem os resultados esperados, pois
somente garantir o acesso a todos estes serviços públicos não significa que estes tenham qualidade e,
que efetivamente, os usuários terão seus direitos respeitados.120
Diante destes aspectos tem-se que as Políticas Públicas se voltam para o enfrentamento dos
problemas existentes no cotidiano das escolas, que reduzem a possibilidade de qualidade na educação.
No entanto, somente o direcionamento destas para a educação não constitui uma forma de efetivamente
auxiliar crianças e adolescentes a um ensino de melhor qualidade, posto que existam outros pontos que
também devem ser tratados a partir das Políticas Públicas, como os problemas de fome, drogas e a
própria violência que vem se instalando nas escolas em todo o Brasil.121
Quando se fala em Políticas Públicas na educação a abordagem trata-se da articulação de projetos
que envolvem o Estado e a sociedade, na busca pela construção de uma educação mais inclusiva e de
melhor qualidade, ou seja, que resgate a construção da cidadania.122
Tem-se que o sistema educativo adotado e as Políticas Públicas direcionadas para a educação, são
elementos que demonstram a preocupação do país com o seu futuro, pois somente, o ensino público
gratuito, inclusivo e de qualidade pode construir uma sociedade em que as diferenças socioculturais e
socioeconômicas não são tão díspares.123
118
FERREIRA, C. S.; SANTOS, E. N. dos. Políticas públicas educacionais: apontamentos sobre o direito social da qualidade na educação. Revista LABOR nº
11, v.1, 2014.
119
OLIVEIRA, Adão Francisco de. Políticas públicas educacionais: conceito e contextualização numa perspectiva didática. In: OLIVEIRA, Adão Francisco de.
Fronteiras da educação: tecnologias e políticas. Goiânia-Goiás: PUC Goiás, 2010.
120
SETUBAL, Maria Alice. Com a palavra... Consulex. Ano XVI. N.382. 15 de Dezembro de 2012.
121
QUADROS, Neli Helena Bender de. Políticas públicas voltadas para a qualidade da educação no ensino fundamental: inquietudes e provocações a partir do
plano de desenvolvimento da educação. [Dissertação de Mestrado em Educação]. Passo Fundo - RS: Faculdade de Educação da Universidade de Passo Fundo,
2008.
122
GIRON, Graziela Rossetto. Políticas públicas, educação e neoliberalismo: o que isso tem a ver com a cidadania. Revista de Educação. PUC-Campinas.
Campinas. n.24. jun. 2008.
123
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1998.
A escola pública brasileira vem demonstrando, especialmente, nas últimas décadas um processo de
desenvolvimento no contexto organizacional e de gestão, partindo do princípio que a democracia gera
qualidade e oportunidade a todos também no âmbito escolar. Porém, a educação pública necessita mais
do que oferecer escolas, mas é imprescindível ter docentes conscientes de seu papel educacional, tanto
quanto social, bem como sejam oferecidas as crianças oportunidades de aprendizagem a partir da
construção de conhecimento.124
A luta por uma escola cidadã no Brasil é envolvida por uma história de encontros e desencantos em
que nem sempre o foco dos projetos é a qualidade da educação e a construção da cidadania, isto é:
Crianças de 5ª série que não sabem ler nem escrever, salários baixos para todos os profissionais da
escola, equipes desestimuladas, famílias desinteressadas pelo que acontece com seus filhos nas salas
de aula, qualidade que deixa a desejar, professores que fingem que ensinam e alunos que fingem que
aprendem. O quadro da Educação Brasileira (sobretudo a pública) está cada vez mais desanimador.
[...].128
Esta realidade de desencanto com a educação brasileira assegura a esta um status de baixa qualidade,
seja no contexto de toda a estrutura organizacional e educacional vivenciada, seja nos resultados de
desempenho dos estudantes no processo ensino e aprendizagem.
Várias políticas públicas foram lançadas por todos os setores do governo federal para se alcançar os
objetivos propostos pela Constituição Federal. A título de exemplo, entre outras políticas podem ser
citadas as seguintes:
a) Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério-
(FUNDEB);
124
BOLZANO, Sonia Maria Nogueira. Do direito ao ensino de qualidade ao direito de aprender com qualidade - o desafio da nova década. In: LIBERTI, Wilson
Donizeti. Direito à educação: uma questão de justiça. São Paulo: Malheiros, 2004.
125
AZEVEDO, José Clovis de. Educação pública: o desafio da qualidade. Estud. av. v.21. n.60. São Paulo. May/Aug. 2007.
126
FURGHESTTI, Mara Luciane da Silva; GRECO, Maria Terêsa Cabral; CARDOSO, Rosinete Costa Fernandes. Ensino fundamental de nove anos: os impactos
das políticas públicas para a alfabetização com letramento. IX ANPED Sul Seminário de Pesquisa em Educação da Região Sul. 2012.
127
SAVIANI, Demerval. História das ideais pedagógicas no Brasil. Campinas-SP: Autores Associados, 2010.
128
BENCINI, Roberta; MORAES, Trajano de; MINAMI, Thiago. O desafio da qualidade não dá mais para esperar: ou o Brasil coloca a Educação no topo das
prioridades ou estará condenado ao subdesenvolvimento. A boa notícia é que a situação tem jeito se a sociedade agir já. Nova Escola. Ano XXI. N.1996. Out. de
2006.
O Plano Nacional de Educação é a política pública mais atual e tem como objetivo a melhoria da
educação. Está amparado na Constituição Federal e visa efetivar os deveres do Estado em relação à
Educação. Os planos devem contemplar a realidade nacional, estadual e municipal, razão pela qual se
mostra de extrema relevância o diagnóstico realizado.
A participação de todos redunda do modelo democrático assumido pelo País e previsto
constitucionalmente. Mas, esta participação tem outro efeito, o princípio do pertencimento da coisa
pública, ou seja, as pessoas tendem a se comprometer com o que lhes pertence, o que lhes diz respeito.
Quando se tem um plano elaborado com a efetiva participação dos professores, educadores, pais,
funcionários, vereadores, do executivo, enfim de toda a sociedade, a possibilidade de não se tornar um
plano fictício ou dissociado da realidade local é muito menor, pois cobranças advirão da sua
implementação, inclusive em esferas extra educacionais, com a participação do Ministério Público e
Judiciário.
A Qualidade da Educação
A qualidade na educação é elemento complexo devido a sua abrangência e necessidade de ter nas
características físicas da escola, nos docentes e na didática de ensino fatores que possibilitem a
construção desta qualidade. Isto não significa dizer que nenhuma criança ou adolescente fique fora da
sala de aula é, importante que exista qualidade nesta escola básica, oferecida para todos.129
Com a necessidade de construir uma sociedade mais justa, digna e cidadã as discussões sobre a
qualidade da educação se exacerbaram, neste campo tem-se que:
A QUALIDADE do ensino tem sido foco de discussão intensa, especialmente na educação pública.
Educadores, dirigentes políticos, mídia e, nos últimos tempos, economistas, empresários, consultores
empresariais e técnicos em planejamento têm ocupado boa parte do espaço dos educadores, emitindo
receitas, soluções técnicas e, não raro, sugerindo a incompetência dos educadores para produzir
soluções que empolguem a qualificação do ensino. Essa invasão de profissionais não identificados ou
não envolvidos com as atividades do campo educacional merece uma reflexão. Não se trata aqui de
preconizar o monopólio da discussão da educação aos educadores, mas de registrar a intensa penetração
ideológica das análises, dos procedimentos e das receitas tecnocráticas à educação.130
A qualidade da educação, especialmente nas escolas públicas não podem ser construídas com base
unicamente em políticas quantitativas e privatizadoras, em que a escola particular seja símbolo de
eficiência, mas em programas que tenham no resgate da qualidade da escola pública a sua força para
alcançar efetivamente um melhor nível educacional.
No Brasil a eficiência das escolas públicas, que poderiam ser traduzidas em qualidade educacional,
está intimamente ligada a influência tecnicista dos americanos e do humanismo republicano. Porém, este
humanismo é contraditório, pois não tem por objetivo a formação de cidadãos conscientes de seus direitos
e deveres e, sim, de seus direitos, fazendo surgir um paternalismo que oprime a escola a oferece
educação e não educação de qualidade.131
Esta qualidade não é alcançada com uma educação institucionalizada que busca fornecer
conhecimento já pronto para que as crianças e os adolescentes continuem a propagação desta sociedade
129
BOLZANO, Sonia Maria Nogueira. Do direito ao ensino de qualidade ao direito de aprender com qualidade - o desafio da nova década. In: LIBERTI, Wilson
Donizeti. Direito à educação: uma questão de justiça. São Paulo: Malheiros, 2004.
130
AZEVEDO, José Clovis de. Educação pública: o desafio da qualidade. Estud. av. v.21. n.60. São Paulo.2007.
131
LIBERATI, Wilson Donizetti. Conteúdo material do direito à educação escolar. In: LIBERTI, Wilson Donizeti. . Direito à educação: uma questão de justiça. São
Paulo: Malheiros, 2004.
Amparo Constitucional133
A Constituição Federal Brasileira de 1988, considerada a mais humana de todos os tempos, trouxe em
seu bojo abordagens importantes para a educação. Nesta contextualização, o artigo 205 preleciona que:
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada
com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o
exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.134
Não obstante aponta-se que a Constituição Federal (CF) não traz em seu bojo somente o acesso à
escola, mas o pleno desenvolvimento das pessoas a partir da educação, o que denota a pertinência de
uma educação de qualidade. Sendo que a CF em seu art. 205, VII, menciona a “garantia de padrão de
qualidade” do ensino, ou seja, não apenas o acesso de crianças e adolescentes a escola, mas um ensino
de qualidade. Garantia está também presente no inciso IX do art. 4º da LDB.
Ao tratar sobre a educação à luz da Constituição Federal, tem-se que segundo a: “[...] legislação
brasileira, o direito à educação engloba os pais, o Estado e a comunidade em geral e os próprios
educandos, mas é obrigação do Estado garantir esse direito, inclusive quando o assunto é qualidade.
[...]”.135
Em consonância com a Constituição Federal de 1988 a educação pública de qualidade é obrigação do
Estado, sendo ainda o acesso ao ensino fundamental obrigatório e gratuito, um direito público subjetivo,
BRASIL.136
Neste enfoque quando é negado a qualquer criança ou adolescente o seu direito de frequentar uma
escola e receber um ensino de qualidade, possibilitando a construção de valores que o levam ao exercício
da cidadania, se está negando um direito social amparado na Constituição Federal.
Nesse sentido, as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica visam estabelecer
bases comuns nacionais para a Educação Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino Médio, bem
como para as modalidades com que podem se apresentar, a partir das quais os sistemas federal,
estaduais, distrital e municipais, por suas competências próprias e complementares, formularão as suas
orientações assegurando a integração curricular das três etapas sequentes desse nível da escolarização,
essencialmente para compor um todo orgânico.
O processo de formulação destas Diretrizes foi acordado, em 2006, pela Câmara de Educação Básica
com as entidades: Fórum Nacional dos Conselhos Estaduais de Educação, União Nacional dos
Conselhos Municipais de Educação, Conselho dos Secretários Estaduais de Educação, União Nacional
dos Dirigentes Municipais de Educação, e entidades representativas dos profissionais da educação, das
instituições de formação de professores, das mantenedoras do ensino privado e de pesquisadores em
educação.
Para a definição e o desenvolvimento da metodologia destinada à elaboração deste Parecer,
inicialmente, foi constituída uma comissão que selecionou interrogações e temas estimuladores dos
debates, a fim de subsidiar a elaboração do documento preliminar visando às Diretrizes Curriculares
Nacionais para a Educação Básica, sob a coordenação da então relatora, conselheira Maria Beatriz Luce.
(Portaria CNE/CEB nº 1/2006)
A comissão promoveu uma mobilização nacional das diferentes entidades e instituições que atuam na
Educação Básica no País, mediante:
I - Encontros descentralizados com a participação de Municípios e Estados, que reuniram escolas
públicas e particulares, mediante audiências públicas regionais, viabilizando ampla efetivação de
manifestações;
II - Revisões de documentos relacionados com a Educação Básica, pelo CNE/CEB, com o objetivo de
promover a atualização motivadora do trabalho das entidades, efetivadas, simultaneamente, com a
discussão do regime de colaboração entre os sistemas educacionais, contando, portanto, com a
participação dos conselhos estaduais e municipais.
Inicialmente, partiu-se da avaliação das diretrizes destinadas à Educação Básica que, até então,
haviam sido estabelecidas por etapa e modalidade, ou seja, expressando-se nas Diretrizes Curriculares
Nacionais para a Educação Infantil; para o Ensino Fundamental; para o Ensino Médio; para a
Educação de Jovens e Adultos; para a Educação do Campo; para a Educação Especial; e para a
Educação Escolar Indígena.
Os temas considerados pertinentes à matéria objeto deste Parecer passaram a se constituir nas
seguintes ideias-força:
I - As Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica devem presidir as demais
diretrizes curriculares específicas para as etapas e modalidades, contemplando o conceito de Educação
Básica, princípios de organicidade, sequencialidade e articulação, relação entre as etapas e modalidades:
articulação, integração e transição;
II - O papel do Estado na garantia do direito à educação de qualidade, considerando que a educação,
enquanto direito inalienável de todos os cidadãos, é condição primeira para o exercício pleno dos direitos:
humanos, tanto dos direitos sociais e econômicos quanto dos direitos civis e políticos;
Ressalte-se que o momento em que estas Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação
Básica estão sendo elaboradas é muito singular, pois, simultaneamente, as diretrizes das etapas da
Educação Básica, também elas, passam por avaliação, por meio de contínua mobilização dos
representantes dos sistemas educativos de nível nacional, estadual e municipal. A articulação entre os
diferentes sistemas flui num contexto em que se vivem:
I - Os resultados da Conferência Nacional da Educação Básica (2008);
II - Os 13 anos transcorridos de vigência da LDB e as inúmeras alterações nela introduzidas por várias
leis, bem como a edição de outras leis que repercutem nos currículos da Educação Básica;
III - O penúltimo ano de vigência do Plano Nacional de Educação (PNE), que passa por avaliação, bem
como a mobilização nacional em torno de subsídios para a elaboração do PNE para o período 2011-2020;
IV - A aprovação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização
dos Professores da Educação (FUNDEB), regulado pela Lei nº 11.494/2007, que fixa percentual de
recursos a todas as etapas e modalidades da Educação Básica;
V - A criação do Conselho Técnico Científico (CTC) da Educação Básica, da Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior do Ministério da Educação (Capes/MEC);
VI - A formulação, aprovação e implantação das medidas expressas na Lei nº 11.738/2008, da
Educação Básica;
VII - A criação do Fórum Nacional dos Conselhos de Educação, objetivando prática de regime de
colaboração entre o CNE, o Fórum Nacional dos Conselhos Estaduais de Educação e a União Nacional
dos Conselhos Municipais de Educação;
VIII - A instituição da política nacional de formação de profissionais do magistério da Educação Básica
(Decreto nº 6.755, de 29 de janeiro de 2009);
IX - A aprovação do Parecer CNE/CEB nº 9/2009 e da Resolução CNE/CEB nº 2/2009, que institui as
Diretrizes Nacionais para os Planos de Carreira e Remuneração dos Profissionais do Magistério da
Educação Básica Pública, que devem ter sido implantados até dezembro de 2009;
X - As recentes avaliações do PNE, sistematizadas pelo CNE, expressas no documento Subsídios
para Elaboração do PNE Considerações Iniciais. Desafios para a Construção do PNE (Portaria CNE/CP
nº 10/2009);
XI - A realização da Conferência Nacional de Educação (CONAE), com o tema central “Construindo
um Sistema Nacional Articulado de Educação: Plano Nacional de Educação - Suas Diretrizes e
Estratégias de Ação”, tencionando propor diretrizes e estratégias para a construção do PNE 2011-2020;
XII - A relevante alteração na Constituição, pela promulgação da Emenda Constitucional nº 59/2009,
que, entre suas medidas, assegura Educação Básica obrigatória e gratuita dos 4 aos 17 anos de idade,
inclusive a sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria; assegura o
atendimento ao estudante, em todas as etapas da Educação Básica, mediante programas suplementares
de material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde, bem como reduz, anualmente,
a partir do exercício de 2009, o percentual da Desvinculação das Receitas da União incidente sobre os
recursos destinados à manutenção e ao desenvolvimento do ensino.
Para a comissão, o desafio consistia em interpretar essa realidade e apresentar orientações sobre a
concepção e organização da Educação Básica como sistema educacional, segundo três dimensões
básicas: organicidade, sequencialidade e articulação. Dispor sobre a formação básica Nacional
relacionando-a com a parte diversificada, e com a preparação para o trabalho e as práticas sociais,
consiste, portanto, na formulação de princípios para outra lógica de diretriz curricular, que considere a
138
BRASIL. Lei nº 11.114 de 16 de maio de 2005. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11114.htm
O Brasil vive, nos últimos anos, um processo de desenvolvimento que se reflete em taxas ascendentes
de crescimento econômico tendo o aumento do Produto Interno Bruto ultrapassado a casa dos 7%, em
2010. Este processo de crescimento tem sido acompanhado de programas e medidas de redistribuição
de renda que o retroalimentam. Evidenciam-se, porém, novas demandas para a sustentação deste ciclo
de desenvolvimento vigente no País. A educação, sem dúvida, está no centro desta questão.
O crescimento da economia e novas legislações, como o Fundo de Desenvolvimento da Educação
Básica (FUNDEB), a Emenda Constitucional nº 59/2009 - que extinguiu a Desvinculação das Receitas da
União (DRU) - e dispôs sobre outras medidas, têm permitido ao País aumentar o volume de recursos
destinados à Educação.
Tais iniciativas, nas quais o Conselho Nacional de Educação (CNE) tem tido destacada participação,
visam criar condições para que se possa avançar nas políticas educacionais brasileiras, com vistas à
melhoria da qualidade do ensino, à formação e valorização dos profissionais da educação e à inclusão
social.
Para alcançar o pleno desenvolvimento, o Brasil precisa investir fortemente na ampliação de sua
capacidade tecnológica e na formação de profissionais de nível médio e superior. Hoje, vários setores
industriais e de serviços não se expandem na intensidade e ritmos adequados ao novo papel que o Brasil
desempenha no cenário mundial, por se ressentirem da falta desses profissionais. Sem uma sólida
expansão do Ensino Médio com qualidade, por outro lado, não se conseguirá que nossas universidades
e centros tecnológicos atinjam o grau de excelência necessário para que o País dê o grande salto para o
futuro.
Tendo em vista que a função precípua da educação, de um modo geral, e do Ensino Médio - última
etapa da Educação Básica - em particular, vai além da formação profissional, e atinge a construção da
cidadania, é preciso oferecer aos nossos jovens novas perspectivas culturais para que possam expandir
seus horizontes e dotá-los de autonomia intelectual, assegurando-lhes o acesso ao conhecimento
historicamente acumulado e à produção coletiva de novos conhecimentos, sem perder de vista que a
educação também é, em grande medida, uma chave para o exercício dos demais direitos sociais.
É nesse contexto que o Ensino Médio tem ocupado, nos últimos anos, um papel de destaque nas
discussões sobre educação brasileira, pois sua estrutura, seus conteúdos, bem como suas condições
atuais, estão longe de atender às necessidades dos estudantes, tanto nos aspectos da formação para a
cidadania como para o mundo do trabalho. Como consequência dessas discussões, sua organização e
funcionamento têm sido objeto de mudanças na busca da melhoria da qualidade. Propostas têm sido
feitas na forma de leis, de decretos e de portarias ministeriais e visam, desde a inclusão de novas
disciplinas e conteúdos, até a alteração da forma de financiamento. Constituem-se exemplos dessas
alterações legislativas a criação do FUNDEB e a ampliação da obrigatoriedade de escolarização,
resultante da Emenda Constitucional no 59, de novembro de 2009.
Especificamente em relação ao Ensino Médio, o número de estudantes da etapa é, atualmente, da
ordem de 8,3 milhões. A taxa de aprovação no Ensino Médio brasileiro é de 72,6%, enquanto as taxas de
reprovação e de abandono são, respectivamente, de 13,1% e de 14,3% (INEP, 2009). Observe-se que
essas taxas diferem de região para região e entre as zonas urbana e rural. Há também uma diferença
significativa entre as escolas privadas e públicas.
Em resposta a esses desafios que permanecem, algumas políticas, diretrizes e ações do governo
federal foram desenvolvidas com a proposta de estruturar um cenário de possibilidades que sinalizam
para uma efetiva política pública nacional para a Educação Básica, comprometida com as múltiplas
Questões
01. (IF/ES - Pedagogo) De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº
9.394/1996, quanto aos Níveis e as Modalidades de Ensino da educação brasileira, analise as
proposições:
I) A educação superior abrangerá os seguintes cursos e programas: cursos sequenciais por campo de
saber, de graduação, de pós-graduação, e de extensão.
II) O ensino médio, etapa secundária da educação básica, com duração mínima de dois anos, terá
como finalidade a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no ensino
fundamental e a preparação básica para o trabalho.
III) Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar
oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos com deficiência, transtornos
globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação.
IV) A educação profissional técnica de nível médio será desenvolvida nas seguintes formas: articulada
com o ensino médio; e subsequente, em cursos destinados a quem já tenha concluído o ensino
fundamental.
V) A educação escolar compõe-se de educação básica, formada pela educação infantil, ensino
fundamental e ensino médio; e educação superior.
02. (IDECAN - Prefeitura de Natal - RN - Psicólogo) Acerca da Lei nº 11.494/2007, que regulamenta
o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da
Educação - FUNDEB, assinale a afirmativa INCORRETA.
(A) Prevê pelo menos 5% do montante dos impostos e transferências que compõem a cesta de
recursos do FUNDEB, somados aos, no mínimo, de 25% desses impostos e transferências em favor da
manutenção e desenvolvimento do ensino.
(B) A União desenvolverá e apoiará políticas de estímulo às iniciativas de melhoria de qualidade do
ensino, acesso e permanência na escola, promovidas pelas unidades federadas, em especial aquelas
voltadas para a inclusão de crianças e adolescentes em situação de risco social.
(C) A instituição dos Fundos previstos da supracitada Lei e a aplicação de seus recursos não isentam
os Estados, o Distrito Federal e os Municípios da obrigatoriedade da aplicação na manutenção e no
desenvolvimento do ensino, na forma prevista na Constituição Federal e na Lei de Diretrizes e Bases.
(D) A União, os Estados e o Distrito Federal desenvolverão, em regime de colaboração, programas de
apoio ao esforço para conclusão da educação básica dos alunos regularmente matriculados no sistema
público de educação que cumpram pena no sistema penitenciário, exceto na condição de presos
provisórios.
03. (AL/SP - Agente Técnico Legislativo Especializado - Pedagogia - FCC). A aproximação entre
as instituições públicas de ensino e as famílias dos estudantes é incentivada pelas gestões democráticas
escolares, especialmente via Conselhos de Escola, por se compreender que
(A) a comunidade tem um papel político relevante e deve se responsabilizar pelas decisões de natureza
pedagógica nas escolas.
(B) a sociedade tem o direito de conhecer e fiscalizar a implementação das ações educativas e das
políticas educacionais em vigor.
(C) os pais são os que melhor conhecem seus filhos e, portanto, sabem indicar as condutas mais
apropriadas para a escola cumprir seus objetivos educacionais.
(D) a colaboração das APMs na conservação das escolas e no apoio às atividades complementares é
fundamental ao bom funcionamento das instituições.
(E) as famílias podem constituir uma base de apoio importante para a direção diante de conflitos
extraescolares com grupos de alunos.
05. (ANVISA - Técnico Administrativo - CETRO). A respeito das Políticas Públicas, é correto afirmar
que
(A) geram bens públicos e privados.
(B) são o resultado da atividade política.
(C) não possuem aspecto coercitivo.
(D) leis orgânicas municipais são políticas públicas.
(E) Estados e Municípios priorizam a ocupação do que se convencionou denominar a high politics.
Gabarito
Comentários
01. Resposta: C
I - Certo
Art. 44. A educação superior abrangerá os seguintes cursos e programas:
02. Resposta: D
Parágrafo único. A União, os Estados e o Distrito Federal desenvolverão, em regime de colaboração,
programas de apoio ao esforço para conclusão da educação básica dos alunos regularmente
matriculados no sistema público de educação:
I - Que cumpram pena no sistema penitenciário, ainda que na condição de presos provisórios;
03. Resposta: B
As Políticas Públicas Educacionais estão diretamente ligadas a qualidade da educação e,
consequentemente, a construção de uma nova ordem social, em que a cidadania seja construída
primeiramente nas famílias e, posteriormente, nas escolas e na sociedade.
05. Resposta: B
Entende-se por políticas públicas tudo aquilo que um governo faz ou deixa de fazer, políticas públicas
educacionais é tudo aquilo que um governo faz ou deixa de fazer em educação.
Para uma boa compreensão da Educação de Jovens e Adultos no Brasil é necessário fazer um
retrospecto na história da educação brasileira. Torna-se importante observar os mais variados aspectos
que envolvem essa modalidade de ensino, desde o fim dos regimes das capitanias até o ano de 2010,
relacionando fatos e datas considerados importantes no que diz respeito ao desenvolvimento e evolução
do processo de alfabetização de jovens e adultos. 141
141
Texto adaptado de MARQUES, C. E.
142
GHIRALDELLI JR., Paulo História da Educação. 2 ed. São Paulo: Cortez, 2000.
143
GHIRALDELLI JR., Paulo. “Entrevista: O Plano do heroísmo”. In. Revista Educação nº. 129, Janeiro 2008.
144
SOARES, Leôncio José G. Educação de Jovens e Adultos. Rio de Janeiro: DP&A, 2002.
O renomado educador, brasileiro, Paulo Reglus Neves Freire jamais concordou com práticas
educacionais que transmitissem aos sujeitos um saber já construído. Ele acreditava que o ato de educar
deve contemplar o pensar e o concluir, contrapondo a simples reprodução de ideias impostas -
alfabetização deveria ser sinônimo de reflexão, argumentação, criticidade e politização. Se em práticas
educacionais envolvendo alfabetização em níveis de escolaridades “adequados”, metodologias
tradicionais de ensino não despertam interesse do educando, no EJA estas ações são um convite a
evasão escolar.
Ao pensar em alfabetização de adultos, Freire (A Importância do Ato de Ler: em três artigos que se
completam), considerou a ausência de sentido presente nas lições das cartilhas, com frases
desvinculadas da realidade do alfabetizando - que após trabalhar o dia todo, sentava em uma cadeira,
preocupado com o gás, a água, a energia elétrica, o alimento e o salário do mês - e ouvia frases como “O
boi baba e bebe” ou “Vovô viu a uva”. Em que frases como estas contribuíram para seu cotidiano?
Aprender a ler e escrever para quê? Uma mudança seria eminentemente necessária.
As atividades apresentadas a Freire também eram desmotivantes ao processo, pois traziam suas
respostas prontas, sem a necessidade de uma reflexão sobre o assunto. Apesar de não haver o que um
adulto, trabalhador, assalariado pudesse analisar em frases - desprovidas de informação - como as acima
citadas. Então, realmente as práticas envolvendo a alfabetização de adultos estavam desvinculadas da
realidade de seus educandos.
Paulo Freire152 iniciou suas pesquisas de campo, e através delas pode confirmar que as metodologias
e os materiais didáticos utilizados, estavam desmotivando os alunos, que demoravam muito a apresentar
resultados e acabavam abandonando os estudos. Após esta conclusão, Freire elaborou seu método,
montou sua equipe e partiu para o desafio de alfabetizar para além das cartilhas.
O método utilizado por Paulo Freire é conhecido mundialmente, pois sua forma de ensino quebrou
barreiras. Com muito pouco de inovação, mas com uma interação entre educando X aprendizagem e com
o objetivo de desenvolver conceitos relativos ao método de Paulo Freire, a educação passou a ser
construída sob uma análise crítica da metodologia utilizada por ele. O método de Paulo Freire parte do
ponto de vista estritamente metodológico veremos que, em termos do processo de apropriação da leitura
151
FREIRE, Paulo. Educação e Mudança. Tradução de Moacir Gadotti e Lillian Lopes Martin. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.
152
FREIRE, Paulo. Educação e Mudança. Tradução de Moacir Gadotti e Lillian Lopes Martin. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.
Para que o educador de jovens e adultos possa contribuir de fato com uma aprendizagem significativa
para o educando, deve estar preparado para atender esses alunos em todas as suas especificidades, ele
deve conhecer cada um deles, e partindo daí relacionar o conteúdo a ser ministrado com o cotidiano e a
realidade social de cada um considerando suas aspirações por melhores condições de vida, de trabalho
e de satisfação pessoal.
O educador deve estar embasado teoricamente para apontar métodos que despertem no jovem e no
adulto a conscientização, a criatividade e o interesse em querer saber sempre mais. Para isso, é
necessário que o material didático utilizado pelo educador seja construído a partir de debates entre ele e
155
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 13. ed. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1983.
156
SOARES, Magda Becker. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte, Autêntica, 1998.
157
FREIRE, Paulo. A importância do Ato de Ler: em três artigos que se completam. 39 ed. São Paulo: Cortez, 2000.
158
FREIRE, Paulo. A importância do Ato de Ler: em três artigos que se completam. 39 ed. São Paulo: Cortez, 2000.
159
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. 7. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1998.
160
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. Saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2001.
Os jovens161
Adultos no ensino162
Muchielli165 afirma que “a formação de adultos não pode ser feita pelo sistema tradicional atual por
causa da resistência à volta à escola, entendimento que o conhecimento escolar universitário não serve
para nada e difícil de dissociar teoria e comportamento técnico em uma situação profissional”. E não só
isso o desafio de motivá-lo, conquistá-lo em sala de aula em muitos casos, se torna uma dificuldade. O
Exercício de técnicas criativas hoje, em salas de aulas, esbarra em várias dificuldades: físicas,
tecnológicas e humanas.
Dificuldades Físicas seria ausência de espaços maiores onde pudessem comportar muitos alunos
como na maioria das escolas hoje com pelo menos 40(quarenta indivíduos), onde estes pudessem
manobrar suas cadeiras de maneira a formar semicírculos ou círculos pra formação de pequenos grupos
de discussão, para pratica de teatro com os próprios alunos, para abertura de espaço maior para que no
centro das salas pudessem ocorrer dinâmicas com movimentações entre dois alunos ou mais. Estas tem
haver também com a falta de visão de governos municipais ou estaduais através de suas secretarias de
educação para este tipo de atividades no ensino adulto, nas salas de aulas em seu sistema de ensino,
uma vez que em escolas particulares isso não costuma acontecer pelo fato da visão empresarial de
escolas particulares incluírem melhores condições físicas em suas dependências, nisto a escola particular
sai em vantagem sobre as governamentais. Dificuldades Tecnológicas seria a ausência de equipamento
de mídia visual como, por exemplo, Tela de Tv grande (32 polegadas) com aparelho de DVD, ou tela de
projeção com projetor multimídia, sistema de acesso internet wireless para conexão com tablets ou not,
netbooks de alunos, o que como na anterior quando se trata do ensino público esbarra não só na falta de
visão mas de recursos financeiros também.
Vale à pena investir no aluno adulto, e acreditar, que assim como a criança eles são indivíduos que
podem ser, com as devidas técnicas, sujeitos a transformação para serem melhores cidadãos, mais
humanizados e com perspectiva de vida e real crescimento profissional através da educação.
Dificuldades humanas são de professores com falta de conhecimento, treinamento ou domínio de
técnicas de divisão de grupos de discussão, dinâmicas envolvendo alunos, atividades em duplas ou trios.
Podemos elencar também a falta de vontade e animo da parte de muitos professores para aplicar estas
atividades em todas as aulas, uma vez que a carga horária de aulas de um professor de adultos no Brasil
é de muitas e muitas horas, gerando muito cansaço físico e indisposição ao final de um dia letivo, por
exemplo, em contrapartida outra dificuldade é a má remuneração dos educadores, sem aumentos e
muitas vezes com salário atrasado, falta de ambiente escolar adequado no caso de escolas de periferia
por causa da violência urbana e consumo de drogas por parte de alunos. O desafio de ser professor no
165
MUCC HIELLI ROGER. A Formação de Adultos. São Paulo, Livraria Martins Fontes,1981.
EJA e Diversidade166
Durante décadas, a sociedade conceituou a EJA, como uma modalidade de ensino, voltada somente
a adultos analfabetos. No entanto, atualmente sabe-se que a realidade da EJA é outra.
Nem sempre o educando que precisa retornar a escola, para constituir ou reconstituir sua jornada
estudantil, é um adulto analfabeto ou um sujeito que nunca teve acesso a escola. No contexto das
discussões contemporâneas sobre a Educação de Jovens e Adultos, pode-se perceber que há inúmeras
razões que levam a acontecer o fenômeno da diversidade nesta modalidade de ensino.
A própria realidade e as histórias de vida do público da EJA, colaboram para que ocorram diferentes
contextos inseridos nesta modalidade. No processo de educação popular de Paulo Freire, a educação
dos adultos se constituía principalmente nas localidades de baixa renda. Os educandos do professor
Paulo Freire eram adultos, trabalhadores, que muitas vezes nem mesmo o seu próprio nome sabiam
escrever.
Contemporaneamente, esta realidade se transforma a cada dia, a cada tempo. O adulto que chega à
EJA, já não é somente o analfabeto e, além disso, o processo de rejuvenescimento da EJA tem sido
fortemente discutido, uma vez que, a realidade comprova que, nesta modalidade de ensino, se fazem
presentes jovens e adultos, com diferentes histórias de vidas e motivos que os levaram a saírem da
escola. O que há em comum entre estes jovens e adultos, o elo que os liga e facilita assim, o compartilhar
das experiências em um espaço educativo, é justamente o fato de que por um motivo ou outro, todos
foram excluídos da escola e todos em sua grande maioria, são trabalhadores.
O fenômeno da diversidade se inicia quando a dona de casa vem para EJA, aprender a decifrar o sal
do açúcar e ao mesmo tempo vem o jovem que quer um emprego melhor ou ainda o trabalhador que
precisou se qualificar um pouco mais, para não perder o seu “ganha pão”. Mas a diversidade, ainda é
muito mais ampla do que pensamos, principalmente quando levamos em conta a história da EJA e as
vivências de cada um destes educandos.
Como foi colocado anteriormente, o próprio distanciamento etário, corrobora a diversidade da EJA.
Ainda nesta mesma lógica, temos as questões de gênero, valores pessoais, culturais e outras
particularidades que divergem este fenômeno educativo.
Pensando nos princípios de humanização, emancipação e identidade do sujeito, tomamos consciência
da diversidade, quando percebemos também que a sociedade não é homogênea e sim heterogênea, uma
vez que cada sujeito tem sua identidade, sua diferença, sua bagagem histórica, seus ideais.
As pessoas jovens e adultas são sujeitos que possuem lugares sociais, geracionais, de raça, de gênero
e de orientação sexual diversos. E essas diferenças tecem marcas da diversidade.
Durante o estudo organizado para este trabalho, percebemos que estas questões não muito discutidas,
portanto encontram-se abordadas de forma reduzida. No entanto compreendemos, que no cotidiano da
EJA, enquanto modalidade de ensino a diversidade cultural, etária, racial e de gênero se expressam, se
fazem presentes e não podem, portanto serem negadas.
Na EJA, se torna imprescindível então que sejam realizadas discussões e abordagens para refletir o
modo como o educador da EJA irá normalizar o seu trabalho, a fim de dar conta dos conflitos iminentes
entre organização políticas educacionais, diversidade e especificidade de cada sujeito que está
retornando à escola, com um sonho.
166
https://bit.ly/2Dbp1Dj
Questões
01. (IFC/SC - Pedagogia - IESES) As Diretrizes Curriculares Nacionais para a EJA nasceram para
fazer cumprir a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9.394/96, que contempla a
Educação de Jovens e Adultos, considerando a educação como direito social à cidadania. Nesse sentido,
a mencionada lei determina: oferta de educação escolar regular para jovens e adultos, com características
e modalidades adequadas às suas necessidades e disponibilidades, garantindo-se aos que forem
trabalhadores as condições de acesso e permanência na escola (BRASIL, 1996). Isso significa dizer que:
(A) O ensino da EJA deve proporcionar condições e meios para que os alunos se tornem sujeitos
passivos no processo de apropriação do saber.
(B) É fundamental que o ambiente escolar da EJA envolva situações que estimulem a memorização,
pois nesta etapa da vida, é mais difícil o adulto se apropriar do conhecimento.
(C) É necessário reconhecer que a EJA tenha um encaminhamento metodológico específico, que
respeite o adulto como tal. As atividades desenvolvidas devem ser direcionadas a essa modalidade, assim
também como a apresentação dos conteúdos propostos e discutidos, que precisam ser do âmbito da
vivência do adulto.
(D) A prática pedagógica da EJA deve ser individualizada na perspectiva da transmissão, exigindo dos
adultos a concentração absoluta no conteúdo que é transmitido, visando à sua assimilação.
02. (IF/RR - Pedagogo - FUNCAB) Com base na LDB nº 9394/1996, a EJA é considerada:
(A) forma eficaz de erradicação do analfabetismo que acontece prioritariamente por meio de cursos
profissionalizantes e técnicos.
(B) programa educacional assistencialista para aqueles que foram reprovados na idade certa.
(C) correção de fluxo da distorção série e idade com formação centrada no trabalho para atender às
demandas do capital.
167
PINHO, F. A. Aspectos éticos em representação do conhecimento: em busca do diálogo entre Antonio García Gutiérrez, Michèle Hudon e Clare Beghtol. 2006.
Gabarito
01.C / 02.E
Comentários
01. Resposta: C
a) O sujeito deve ser ativo
b) Errada. A reflexão
c) Correta
d) Grupos - Temas geradores
02. Resposta: E
Segundo a Secretaria de Estado de Educação a Educação de Jovens e Adultos - EJA é uma
MODALIDADE DE EDUCAÇÃO BÁSICA destinada aos jovens e adultos que não tiveram acesso ou não
concluíram os estudos no ensino fundamental e no ensino médio.
A avaliação168, tal como concebida e vivenciada na maioria das escolas brasileiras, tem se constituído
no principal mecanismo de sustentação da lógica de organização do trabalho escolar e, portanto,
legitimador do fracasso, ocupando mesmo o papel central nas relações que estabelecem entre si os
profissionais da educação, alunos e pais.
Os métodos de avaliação ocupam, sem dúvida espaço relevante no conjunto das práticas pedagógicas
aplicadas ao processo de ensino e aprendizagem. Avaliar, neste contexto, não se resume à mecânica do
conceito formal e estatístico; não é simplesmente atribuir notas, obrigatórias à decisão de avanço ou
retenção em determinadas disciplinas.
Para Oliveira169, devem representar as avaliações aqueles instrumentos imprescindíveis à verificação
do aprendizado efetivamente realizado pelo aluno, ao mesmo tempo que forneçam subsídios ao trabalho
docente, direcionando o esforço empreendido no processo de ensino e aprendizagem de forma a
contemplar a melhor abordagem pedagógica e o mais pertinente método didático adequado à disciplina -
mas não somente -, à medida que consideram, igualmente, o contexto sócio-político no qual o grupo está
inserido e as condições individuais do aluno, sempre que possível.
A avaliação da aprendizagem possibilita a tomada de decisão e a melhoria da qualidade de ensino,
informando as ações em desenvolvimento e a necessidade de regulações constantes.
Origem da Avaliação
Avaliar vem do latim a + valere, que significa atribuir valor e mérito ao objeto em estudo. Portanto,
avaliar é atribuir um juízo de valor sobre a propriedade de um processo para a aferição da qualidade do
seu resultado, porém, a compreensão do processo de avaliação do processo ensino/aprendizagem tem
sido pautada pela lógica da mensuração, isto é, associa-se o ato de avaliar ao de “medir” os
conhecimentos adquiridos pelos alunos.
A avaliação da aprendizagem tem seus princípios e características no campo da Psicologia, sendo que
as duas primeiras décadas do século XX foram marcadas pelo desenvolvimento de testes padronizados
para medir as habilidades e aptidões dos alunos.
A avaliação é uma operação descritiva e informativa nos meios que emprega, formativa na
intenção que lhe preside e independente face à classificação. De âmbito mais vasto e conteúdo mais rico,
a avaliação constitui uma operação indispensável em qualquer sistema escolar.
168
KRAEMER, M. E. P.- A avaliação da aprendizagem como processo construtivo de um novo fazer. 2005.
169
OLIVEIRA, I. B. Currículos praticados: entre a regulação e a emancipação. Rio de Janeiro: DP & A, 2003.
Evolução da Avaliação
A partir do início do século XX, a avaliação vem atravessando pelo menos quatro gerações, conforme
Guba e Lincoln170 são elas: mensuração, descritiva, julgamento e negociação.
1. Mensuração: não distinguia avaliação e medida. Nessa fase, era preocupação dos estudiosos a
elaboração de instrumentos ou testes para verificação do rendimento escolar. O papel do avaliador era,
então, eminentemente técnico e, neste sentido, testes e exames eram indispensáveis na classificação de
alunos para se determinar seu progresso.
170
FIRME, Tereza Penna. Avaliação: tendências e tendenciosidades. Avaliação v Políticas Públicas Educacionais, Rio de Janeiro,1994.
1. Função diagnóstica: a primeira abordagem, de acordo com Miras e Solé171, contemplada pela
avaliação diagnóstica (ou inicial), é a que proporciona informações acerca das capacidades do aluno
antes de iniciar um processo de ensino/aprendizagem, ou ainda, segundo Bloom, Hastings e Madaus,
busca a determinação da presença ou ausência de habilidades e pré-requisitos, bem como a identificação
das causas de repetidas dificuldades na aprendizagem.
A avaliação diagnóstica pretende averiguar a posição do aluno face a novas aprendizagens que lhe
vão ser propostas e a aprendizagens anteriores que servem de base àquelas, no sentido de obviar as
dificuldades futuras e, em certos casos, de resolver situações presentes.
2. Função formativa: a segunda função á a avaliação formativa que, conforme Haydt, permite
constatar se os alunos estão, de fato, atingindo os objetivos pretendidos, verificando a compatibilidade
entre tais objetivos e os resultados efetivamente alcançados durante o desenvolvimento das atividades
propostas.
Representa o principal meio através do qual o estudante passa a conhecer seus erros e acertos, assim,
maior estímulo para um estudo sistemático dos conteúdos.
Outro aspecto é o da orientação fornecida por este tipo de avaliação, tanto ao estudo do aluno como
ao trabalho do professor, principalmente através de mecanismos de feedback.
Estes mecanismos permitem que o professor detecte e identifique deficiências na forma de ensinar,
possibilitando reformulações no seu trabalho didático, visando aperfeiçoa-lo.
Para Bloom, Hastings e Madaus, a avaliação formativa visa informar o professor e o aluno sobre o
rendimento da aprendizagem no decorrer das atividades escolares e a localização das deficiências na
organização do ensino para possibilitar correção e recuperação.
A avaliação formativa pretende determinar a posição do aluno ao longo de uma unidade de ensino, no
sentido de identificar dificuldades e de lhes dar solução.
3. Função somativa: tem como objetivo, segundo Miras e Solé determinar o grau de domínio do aluno
em uma área de aprendizagem, o que permite outorgar uma qualificação que, por sua vez, pode ser
utilizada como um sinal de credibilidade da aprendizagem realizada.
Pode ser chamada também de função creditativa. Também tem o propósito de classificar os alunos ao
final de um período de aprendizagem, de acordo com os níveis de aproveitamento.
A avaliação somativa pretende ajuizar do progresso realizado pelo aluno no final de uma
unidade de aprendizagem, no sentido de aferir resultados já colhidos por avaliações do tipo
formativa e obter indicadores que permitem aperfeiçoar o processo de ensino. Corresponde a um
balanço final, a uma visão de conjunto relativamente a um todo sobre o qual, até aí, só haviam
sido feitos juízos parcelares.
Objetivos da Avaliação
Na visão de Miras e Solé, os objetivos da avaliação são traçados em torno de duas possibilidades:
emissão de “um juízo sobre uma pessoa, um fenômeno, uma situação ou um objeto, em função de
distintos critérios”, e “obtenção de informações úteis para tomar alguma decisão”.
Para Nérici, a avaliação é uma etapa de um procedimento maior que incluiria uma verificação prévia.
A avaliação, para este autor, é o processo de ajuizamento, apreciação, julgamento ou valorização do que
o educando revelou ter aprendido durante um período de estudo ou de desenvolvimento do processo
ensino/aprendizagem.
Para outros autores, a avaliação pode ser considerada como um método de adquirir e processar
evidências necessárias para melhorar o ensino e a aprendizagem, incluindo uma grande variedade de
evidências que vão além do exame usual de ‘papel e lápis’.
171
MIRAS, M., SOLÉ, I. A Evolução da Aprendizagem e a Evolução do Processo de Ensino e Aprendizagem in COLL, C., PALACIOS, J., MARCHESI, A.
Desenvolvimento psicológico e educação: psicologia da educação. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996.
Gadotti diz que a avaliação é essencial à educação, inerente e indissociável enquanto concebida como
problematização, questionamento, reflexão, sobre a ação.
Entende-se que a avaliação não pode morrer, ela se faz necessária para que possamos refletir,
questionar e transformar nossas ações.
O mito da avaliação é decorrente de sua caminhada histórica, sendo que seus fantasmas ainda se
apresentam como forma de controle e de autoritarismo por diversas gerações. Acreditar em um processo
avaliativo mais eficaz é o mesmo que cumprir sua função didático-pedagógica de auxiliar e melhorar o
ensino/aprendizagem.
A forma como se avalia, segundo Luckesi, é crucial para a concretização do projeto educacional. É ela
que sinaliza aos alunos o que o professor e a escola valorizam. O autor, na tabela 1, traça uma
comparação entre a concepção tradicional de avaliação com uma mais adequada a objetivos
contemporâneos, relacionando-as com as implicações de sua adoção.
Tabela 1 - Comparação entre a concepção tradicional de avaliação com uma mais adequada
Modelo tradicional de avaliação Modelo adequado
Foco na aprendizagem - o alvo do aluno deve ser
Foco na promoção - o alvo dos alunos é a
a aprendizagem e o que de proveitoso e prazeroso
promoção. Nas primeiras aulas, se discutem as
dela obtém.
regras e os modos pelos quais as notas serão
obtidas para a promoção de uma série para outra.
Implicação - neste contexto, a avaliação deve ser
um auxílio para se saber quais objetivos foram
Implicação - as notas vão sendo observadas e
atingidos, quais ainda faltam e quais as
registradas. Não importa como elas foram obtidas,
interferências do professor que podem ajudar o
nem por qual processo o aluno passou.
aluno.
Foco nas provas - são utilizadas como objeto de
pressão psicológica, sob pretexto de serem um
'elemento motivador da aprendizagem', seguindo
Foco nas competências - o desenvolvimento das
ainda a sugestão de Comenius em sua Didática
competências previstas no projeto educacional
Magna criada no século XVII. É comum ver
devem ser a meta em comum dos professores.
professores utilizando ameaças como "Estudem!
Caso contrário, vocês poderão se dar mal no dia da
Implicação - a avaliação deixa de ser somente um
prova!" ou "Fiquem quietos! Prestem atenção! O dia
objeto de certificação da consecução de objetivos,
da prova vem aí e vocês verão o que vai
mas também se torna necessária como instrumento
acontecer..."
de diagnóstico e acompanhamento do processo de
aprendizagem. Neste ponto, modelos que indicam
Implicação - as provas são utilizadas como um
passos para a progressão na aprendizagem, como
fator negativo de motivação. Os alunos estudam
a Taxionomia dos Objetivos Educacionais de
pela ameaça da prova, não pelo que a
Benjamin Bloom, auxiliam muito a prática da
aprendizagem pode lhes trazer de proveitoso e
avaliação e a orientação dos alunos.
prazeroso. Estimula o desenvolvimento da
submissão e de hábitos de comportamento físico
tenso (estresse).
Os estabelecimentos de ensino estão centrados
Estabelecimentos de ensino centrados na
nos resultados das provas e exames - eles se
qualidade - os estabelecimentos de ensino devem
preocupam com as notas que demonstram o quadro
preocupar-se com o presente e o futuro do aluno,
global dos alunos, para a promoção ou reprovação.
especialmente com relação à sua inclusão social
(percepção do mundo, criatividade,
Implicação - o processo educativo permanece
empregabilidade, interação, posicionamento,
oculto. A leitura das médias tende a ser ingênua
criticidade).
(não se buscam os reais motivos para
discrepâncias em determinadas disciplinas).
Apostila gerada especialmente para: Fernando de Melo 074.125.349-63
145
Implicação - o foco da escola passa a ser o
resultado de seu ensino para o aluno e não mais a
média do aluno na escola.
O sistema social se contenta com as notas - as
notas são suficientes para os quadros estatísticos.
Sistema social preocupado com o futuro - Já
Resultados dentro da normalidade são bem vistos,
alertava o ex-ministro da Educação, Cristóvam
não importando a qualidade e os parâmetros para
Buarque: "Para saber como será um país daqui há
sua obtenção (salvo nos casos de exames como o
20 anos, é preciso olhar como está sua escola
ENEM que, de certa forma, avaliam e "certificam" os
pública no presente". Esse é um sinal de que a
diferentes grupos de práticas educacionais e
sociedade já começa a se preocupar com o
estabelecimentos de ensino).
distanciamento educacional do Brasil com o dos
demais países. É esse o caminho para revertermos
Implicação - não há garantia sobre a qualidade,
o quadro de uma educação "domesticadora" para
somente os resultados interessam, mas estes são
"humanizadora".
relativos. Sistemas educacionais que rompem com
esse tipo de procedimento tornam-se incompatíveis
Implicação - valorização da educação de
com os demais, são marginalizados e, por isso,
resultados efetivos para o indivíduo.
automaticamente pressionados a agir da forma
tradicional.
Mudando de paradigma, cria-se uma nova cultura avaliativa, implicando na participação de todos os
envolvidos no processo educativo. Isto é corroborado por Benvenutti, ao dizer que a avaliação deve estar
comprometida com a escola e esta deverá contribuir no processo de construção do caráter, da
consciência e da cidadania, passando pela produção do conhecimento, fazendo com que o aluno
compreenda o mundo em que vive, para usufruir dele, mas sobretudo que esteja preparado para
transformá-lo.
Esta seria a concepção que se opõe à anterior, polarizando em torno das condições do sujeito e não
mais do objeto ou meio. Funda-se em uma base filosófica de natureza racionalista ou apriorista, que
percebe o conhecimento como resultante de estruturas pré-formadas, de variáveis biológicas ou
maturacionais e de organização perceptual de situações imediatas. A escola psicológica alemã conhecida
como Gestalt, responsável no início do século XX, por estudos na vertente da percepção, constitui umas
das expressões mais fortes dessa posição, tendo deixado um legado mais associado ao estudo da “boa
forma” ou das condições capazes de propiciar soluções de problemas por discernimento súbito (insight),
em função de relações estabelecidas na totalidade da situação. Neste modelo, a aprendizagem prevalece
sobre o ensino, em seu estatuto de autossuficiência e autorregulação, reducionismo que permanece
recusando a relação ensino-aprendizagem e se fixando em apenas um de seus polos.
Esta seria uma concepção de base construtivista ou interacionista, comprometida com a superação
dos reducionismos anteriores (experiência advinda dos objetos X pré-formação de estruturas) e
identificada com modelos mais abertos, fundados nas ideias de gênese ou processo.
Por esta razão, suas principais vertentes podem ser identificadas como “psicogenéticas” e são
representadas pela Epistemologia Genética Piagetiana e pela abordagem sócio-histórica dos psicólogos
soviéticos (Vygotsky, Luria e Leontierv, em especial).
- Avaliação Classificatória
Avaliação Classificatória é uma perspectiva de avaliação vinculada à noção de medida, ou seja, à ideia
de que é possível aferir, matemática, e objetivamente, as aprendizagens escolares. A noção de medida
supõe a existência de padrões de rendimento a partir dos quais, mediante comparação, o desempenho
de um aluno será avaliado e hierarquizado. A Avaliação Classificatória é realizada através de variadas
atividades, tais como exercícios, questionários, estudos dirigidos, trabalhos, provas, testes, entre outros.
Sua intenção é estabelecer uma classificação do aluno para fins de aprovação ou reprovação.
A centralidade da aprovação/reprovação na cultura escolar impõe algumas considerações importantes
em torno da nota e da ideia de avaliação como medida dos desempenhos do aluno. Para se medir
objetivamente um fenômeno, é preciso definir uma unidade de medida. Sua operacionalização se dá
através de um instrumento. No caso da avaliação escolar, este instrumento é produzido, aplicado e
174
VYGOTSKY, Lev S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes,1984.
- Dimensão Procedimental
A dimensão procedimental do conhecimento implica no saber fazer. Ex.: uma pesquisa tem uma
dimensão procedimental. O aluno precisa saber observar, saber ler, saber registrar, saber procurar dados
em várias fontes, saber analisar e concluir a partir dos dados levantados. Nesse caso, são procedimentos
que precisam ser desenvolvidos. Muitas vezes o aluno está com uma dificuldade procedimental e não
conceitual e, dependendo do instrumento usado, o professor não identifica essa dificuldade para então
ajudá-lo a superá-la, por isso é importante diferenciar essas dimensões. Outros exemplos de dimensões
procedimentais do conhecimento: saber fazer um gráfico, um cartaz, uma tabela, escrever um texto
dissertativo, narrativo. Vale a pena, nesse caso, que o professor acompanhe de perto essa aprendizagem.
O melhor instrumento para isso é a observação sistemática - um conjunto de ações que permitem ao
professor conhecer até que ponto seus alunos estão sabendo: dialogar, debater, trabalhar em equipe,
fazer uma pesquisa bibliográfica, orientar-se no espaço, dentre outras. Devem ser atividades abertas,
feitas em aula, para o professor perceber como o aluno transfere o conteúdo para a prática.
- Dimensão Atitudinal
A dimensão atitudinal do conhecimento é aquela que indicará os valores em construção. É mais difícil
de ser trabalhada porque não se desliga da formação mais ampla em outros espaços da sociedade, sendo
complexa por seus componentes cognitivos (conhecimentos e crenças), afetivos (sentimentos e
preferências) e condutais (ações e declaração de intenção). Manifesta-se mais através do comportamento
referenciado em crenças e normas. Por isso, precisa ser amplamente entendida à luz dos valores que a
escola considera formadores. A aquisição de valores é alcançada através do desenvolvimento de atitudes
de acordo com esse sistema de valores. Depende de uma autopersuasão que está sempre permeada por
crenças que sustentam a visão que as pessoas têm delas mesmas e do mundo. E delas mesmas em
relação ao mundo. As atitudes e valores envolvem também as normas.
Valores são princípios ou ideias éticas que permitem às pessoas emitir um juízo sobre as condutas e
seu sentido. Ex.: a solidariedade, a responsabilidade, a liberdade, o respeito aos outros. Atitudes são
tendências relativamente estáveis das pessoas para atuarem de certas maneiras: cooperar com o grupo,
respeitar o meio ambiente, participar das tarefas escolares, respeitar datas, prazos, horários, combinados.
Normas são padrões ou regras de comportamentos que as pessoas devem seguir em determinadas
situações sociais. Portanto, são desenvolvidas nas interações, nas relações, nos debates, nos trabalhos
em grupos, o que indica uma natureza do planejamento das atividades de sala de aula.
Os melhores instrumentos para se avaliar a aprendizagem de atitudes são a observação e
autoavaliação.
Para uma avaliação completa (envolvendo fatos, conceitos, procedimentos e atitudes), deve-se
formalizar sempre o momento da avaliação inicial. Ela é um início de diagnóstico que ajudará aos
Feito isso, planeja-se como trabalhar as atitudes importantes para a formação dos alunos na
adolescência. Para mudança de atitudes é que são feitos os projetos.
- Valores são princípios ou ideias éticas que permitem às pessoas emitir juízo sobre as condutas e seu
sentido. Ex.: a solidariedade, a responsabilidade, a liberdade, o respeito aos outros...
- Atitudes são tendências relativamente estáveis das pessoas para atuarem de certas maneiras:
cooperar com o grupo, respeitar o meio ambiente, participar das tarefas escolares, respeitar datas, prazos,
horários, combinados...
- Normas são padrões ou regras de comportamentos que a pessoas devem seguir em determinadas
situações sociais.
Depois de realizada a avaliação inicial, os professores terão dados para dar continuidade ao trabalho
com a Avaliação Formativa: a serviço das aprendizagens.
Fatos ou dados devem ser “aprendidos” de forma reprodutiva: não é necessário compreendê-los. Ex.:
capitais de um estado ou país, data de acontecimentos, tabela de símbolos químicos. Correspondem a
uma informação verbal literal como vocabulários, nomes ou informação numérica que não envolvem
cálculos, apenas memorização. Para isso se usa a repetição, buscando mesmo a automatização da
informação.
Esse processo de repetição não se adequa à construção conceitual. Um aluno aprende, atribui
significado, adquire um conceito, quando o explica com suas próprias palavras. É comum o aluno dizer
que sabe, mas não sabe explicar. Nesse caso, eles estão num início de processo de compreensão do
conceito. Precisam trabalhar mais a situação, o que vai ajudá-los a entender melhor, até saberem explicar
com as suas palavras. Esse processo de construção conceitual não é estanque, ele está em permanente
movimento entre o conceito espontâneo, construído nas representações sociais e o conceito científico.
Princípios são conceitos muito gerais, de alto nível de abstração, subjacentes, à organização
conceitual de uma área, nem sempre explícitos. Atravessam todos os conteúdos das matérias, devendo
ser o objetivo maior da aprendizagem na educação básica. Eles orientam a compreensão de noções
básicas. Assim, por exemplo, se a compreensão de conceitos como sociedade e cultura são princípios
das áreas de humanas, eles devem referenciar o trabalho nos conceitos específicos. Dentro de um
conceito como o de sociedade, outros específicos como o de migração, democracia, crescimento
populacional, estariam subjacentes. Portanto, ao definir o que referenciará o trabalho do professor, será
muito importante uma revisão conceitual por área de conhecimento e por disciplina. Será preciso
esclarecer as características dos fatos e dos conceitos como objetos de conhecimento.
Aprendizagem e formação humana são processos de natureza social e cultural. É nas interações que
estabelece com seu meio que o ser humano vai se apropriando dos sistemas simbólicos, das práticas
sociais e culturais de seu grupo. Esses processos têm uma base orgânica, mas se efetivam na vida social
e cultural, e é através deles que o ser humano elabora formas de conceber e de se relacionar com o
mundo físico e social. Esses estudos sobre a formação humana e a aprendizagem trazem implicações
profundas para a educação e destacam a importância do papel do professor como mediador do processo
de construção de conhecimento dos alunos. Sua ação pedagógica deve estar voltada para a
compreensão dos processos sociocognitivos dos alunos e a busca de uma articulação entre os diversos
fatores que constituem esses processos - o desenvolvimento psíquico do aluno, suas experiências
sociais, suas vivências culturais, sua história de vida - e as intenções educativas que pretende levar a
cabo. Nesse contexto, a avaliação constitui-se numa prática que permite ao professor aproximar-se dos
processos de aprendizagem do aluno, compreender como esse aluno está elaborando seu conhecimento.
Não importa, aqui, registrar os fracassos ou os sucessos através de notas ou conceitos, mas entender o
significado do desempenho: como o aluno compreendeu o problema apresentado? Que tipo de
elaboração fez para chegar a determinada resposta? Que dificuldades encontrou? Como tentou resolvê-
las?
Na Avaliação Formativa, o desempenho do aluno deve ser tomado como uma evidência ou uma
dificuldade de aprendizagem. E cabe ao professor interpretar o significado desse desempenho. Nessa
perspectiva, a avaliação coloca-se a serviço das aprendizagens, da forma dos alunos. Trata-se, portanto,
de uma avaliação que tem como finalidade não o controle, mas a compreensão e a regulação dos
processos dos educandos, tendo em vista auxiliá-los na sua trajetória escolar. Isso significa entender que
a avaliação, indo além da constatação, irá subsidiar o trabalho do professor, apontando as necessidades
de continuidade, de avanços ou de mudanças no seu planejamento e no desenvolvimento das ações
educativas. Caracterizando-se como uma prática voltada para o acompanhamento dos processos dos
alunos, este tipo de avaliação não comporta registros de natureza quantitativa (notas ou mesmo
conceitos), já que estes são insuficientes para revelar tais processos. Tampouco pode-se pensar, a partir
desta concepção, na manutenção da aprovação/reprovação. Isso porque este tipo de avaliação não tem
como objetivo classificar ou selecionar os alunos, mas interpretar e compreender os seus processos, e
promover ações que os ajudem a avançar no seu desenvolvimento, nas suas aprendizagens. Sendo
assim, a avaliação a serviço das aprendizagens desmistifica a ideia de seleção que está implícita na
discussão sobre aprovação automática. É uma avaliação que procura administrar, de forma contínua, a
progressão dos alunos. Trata-se, portanto, de Progressão Continuada.
A Avaliação Formativa é um trabalho contínuo de regulação da ação pedagógica. Sua função é permitir
ao professor identificar os progressos e as dificuldades dos alunos para dar continuidade ao processo,
fazendo as mediações necessárias para que as aprendizagens aconteçam. Inicialmente, é fundamental
conhecer a situação do aluno, o que ele sabe e o que ele ainda não sabe, tendo em vistas as intenções
educativas definidas. A partir dessa avaliação inicial, organiza-se o planejamento do trabalho, de forma
suficientemente flexível para incorporar, ao longo do processo, as adequações que se fizerem
necessárias. Ao mesmo tempo, o uso de variados instrumentos e procedimentos de avaliação,
possibilitará ao professor compreender o processo do aluno para estabelecer novas propostas de ação.
Uma mudança fundamental, sobretudo nos ciclos ou séries finais do Ensino Fundamental, diz respeito
à organização dos professores. Agrupamentos de professores responsáveis por um determinado número
de turmas facilita o planejamento, o desenvolvimento das atividades, a relação pessoal com os alunos e
o trabalho coletivo.
Ex.: definir um grupo de X professores para trabalhar com 5 turmas de um mesmo ciclo ou de séries
aproximadas, visando favorecer o trabalho voltado para determinado período de formação humana
(infância, adolescência, etc.). Este tipo de organização tende a romper com a fragmentação do trabalho
pedagógico, facilitando a interdisciplinaridade e o desenvolvimento de uma Avaliação Formativa.
Tendo em vista a diversidade de ritmos e processos de aprendizagem dos alunos, um dos aspectos
importantes da ação docente deve ser a organização de atividades cujo nível de abordagem seja
diferenciado. Isso significa criar situações, apresentar problemas ou perguntas e propor atividades que
demandem diferentes níveis de raciocínio e de realização. A diversificação das tarefas deve também
Instrumentos de Avaliação
As provas objetivas (mais conhecidas como provas de múltipla escolha), as provas abertas /
operatórias, observação e autoavaliação são ferramentas para levantamento de dados sobre o processo
de aprendizagem. São materiais preparados pelo professor levando em conta o que se ensina e o que se
quer saber sobre a aprendizagem dos alunos. Podem ter diferentes naturezas. Alguns, como as provas,
são instrumentos que têm uma intenção de testagem, de verificação, de colocar o aluno em contato com
o que ele realmente estiver sabendo. Esses instrumentos podem ser elaborados em dois formatos: um
de questões fechadas, de múltipla escolha ou de respostas curtas, identificado como prova objetiva; outro
com questões abertas. Ambos são instrumentos que possibilitam tanto a avaliação de aprendizagem de
fatos, como de aprendizagem de conceitos, embora, em relação à construção conceitual, o professor
precisará inserir também instrumentos de observação.
Outra importante ferramenta é a observação: uma técnica que coloca o professor como pesquisador
da sua prática. Toda observação pressupõe registros. É um bom instrumento para avaliar a construção
conceitual, o desenvolvimento de procedimentos e as atitudes.
Outro instrumento é a autoavaliação, que é muito importante no desenvolvimento das habilidades
metacognitivas e na avaliação de atitudes.
Pode-se ainda utilizar questionários e entrevistas quando as situações escolares necessitarem de um
aprofundamento maior para levantamento de dados.
A avaliação sempre foi uma pedra no sapato do trabalho docente do professor. Quando falamos em
avaliação de alunos com deficiência, então, o problema torna-se mais complexo ainda. Apesar disso,
discutir a avaliação como um processo mais amplo de reflexão sobre o fracasso escolar, dos mecanismos
que o constituem e das possibilidades de diminuir o violento processo de exclusão causado por ela, torna-
se fundamental para possibilitarmos o acesso e a permanência com sucesso dos alunos com deficiência
na escola.
De início, importa deixar claro um ponto: alunos com deficiência devem ser avaliados da mesma
maneira que seus colegas. Pensar a avaliação de alunos com deficiência de maneira dissociada das
concepções que temos acerca de aprendizagem, do papel da escola na formação integral dos alunos e
das funções da avaliação como instrumento que permite o replanejamento das atividades do professor,
não leva a nenhum resultado útil.
Nessa linha de raciocínio, para que o processo de avaliação do resultado escolar dos alunos seja
realmente útil e inclusivo, é imprescindível a criação de uma nova cultura sobre aprendizagem e avaliação,
uma cultura que elimine:
- O vínculo a um resultado previamente determinado pelo professor;
- O estabelecimento de parâmetros com os quais as respostas dos alunos são sempre comparadas
entre si, como se o ato de aprender não fosse individual;
- O caráter de controle, adaptação e seleção que a avaliação desempenha em qualquer nível;
- A lógica de exclusão, que se baseia na homogeneidade inexistente;
- A eleição de um determinado ritmo como ideal para a construção da aprendizagem de todos os
alunos.
Numa escola onde a avaliação ainda se define pela presença das características acima certamente
não haverá lugar para a aceitação da diversidade como inerente ao ser humano e da aprendizagem como
processo individual de construção do conhecimento. Numa educação que parte do falso pressuposto da
homogeneidade não há espaço para o reconhecimento dos saberes dos alunos, que muitas vezes não
se enquadram na lógica de classificação das respostas previamente definidas como certas ou erradas.
O que estamos querendo dizer é que todas as questões referentes à avaliação dizem respeito à
avaliação de qualquer aluno e não apenas das pessoas com deficiências. A única diferença que há entre
as pessoas ditas normais e as pessoas com deficiências está nos recursos de acessibilidade que devem
ser colocados à disposição dos alunos com deficiências para que possam aprender e expressar
adequadamente suas aprendizagens. Por recursos de acessibilidade podemos entender desde as
atividades com letra ampliada, digitalizadas em Braille, os interpretes, até uma grande gama de recursos
da tecnologia assistiva hoje já disponíveis, enfim, tudo aquilo que é necessário para suprir necessidades
impostas pelas deficiências, sejam elas auditivas, visuais, físicas ou mentais.
Neste contexto, a avaliação escolar de alunos com deficiência ou não, deve ser verdadeiramente
inclusiva e ter a finalidade de verificar continuamente os conhecimentos que cada aluno possui, no seu
tempo, por seus caminhos, com seus recursos e que leva em conta uma ferramenta muito pouco
explorada que é a coaprendizagem.
Nessa mudança de perspectiva, o primeiro passo talvez seja o de nos convencermos de que a
avaliação usada apenas para medir o resultado da aprendizagem e não como parte de um compromisso
com o desenvolvimento de uma prática pedagógica comprometida com a inclusão, e com o respeito às
diferenças é de muito pouca utilidade, tanto para os alunos com deficiências quanto para os alunos em
geral.
De qualquer modo, a avaliação como processo que contribui para investigação constante da prática
pedagógica do professor que deve ser sempre modificada e aperfeiçoada a partir dos resultados obtidos,
não é tarefa simples de ser conseguida. Entender a verdadeira finalidade da avaliação escolar só será
possível quando tivermos professores dispostos a aceitar novos desafios, capazes de identificar nos erros
pistas que os instiguem a repensar seu planejamento e as atividades desenvolvidas em sala de aula e
que considerem seus alunos como parceiros, principalmente aqueles que não se deixam encaixar no
modelo de escola que reduz o conhecimento à capacidade de identificar respostas previamente definidas
como certas ou erradas.
Segundo a professora Maria Teresa Mantoan, a educação inclusiva preconiza um ensino em que
aprender não é um ato linear, continuo, mas fruto de uma rede de relações que vai sendo tecida pelos
175
SARTORETTO, Mara Lúcia. Assistiva-Tecnologia e Educação, 2010.
Esta maneira de avaliar permite que o professor acompanhe o processo de aprendizagem de seus
alunos e descubra que cada aluno tem o seu método próprio de construir conhecimentos, o que torna
absurdo um método de ensinar único e uma prova como recurso para avaliar como se houvesse
homogeneidade de aprendizagem.
Nessa perspectiva, entendemos que é possível avaliar, de forma adequada e útil, alunos com
deficiências. Mas, se analisarmos com atenção, tudo o que o que se diz da avaliação do aluno com
deficiência, na verdade serve para avaliar qualquer aluno, porque a principal exigência da inclusão escolar
é que a escola seja de qualidade - para todos! E uma escola de qualidade é aquela que sabe tirar partido
das diferenças oportunizando aos alunos a convivência com seus pares, o exemplo dos professores que
se traduz na qualidade do seu trabalho em sala de aula e no clima de acolhimento vivenciado por toda a
comunidade escolar.
Questões
01. (TSE - Analista Judiciário - Pedagogia - CONSULPLAN) Para Cipriano Carlos Luckesi (2000), a
avaliação é um ato amoroso e dialógico que envolve sujeitos e, como tal, a primeira fase do processo de
avaliação começa com:
(A) o acolhimento do sujeito avaliado.
(B) a qualificação dos conhecimentos prévios.
(C) o julgamento das aprendizagens avaliadas.
(D) o diagnóstico do perfil do sujeito.
03. (Prefeitura de Montes Claros/MG - PEB I - UNIMONTES) De acordo com Luckesi (1999), é
importante estar atento à função ontológica (constitutiva) da avaliação da aprendizagem, que é de
diagnóstico.
Dessa forma, a avaliação cria a base para a tomada de decisão. Articuladas com essa função básica
estão, EXCETO:
(A) a função de motivar o crescimento.
(B) a função de propiciar a autocompreensão, tanto do educando quanto da família.
(C) a função de aprofundamento da aprendizagem.
(D) a função de auxiliar a aprendizagem.
04. (IFC/SC - Pedagogia - Educação Infantil - IESES) No que diz respeito à avaliação no processo
de aprendizagem, é INCORRETO afirmar que:
(A) A avaliação é constituída de instrumentos de diagnóstico que levam a uma intervenção, visando à
melhoria da aprendizagem. Ela deve propiciar elementos diagnósticos que sirvam de intervenção para
qualificar a aprendizagem.
(B) Na esfera educacional infantil, a avaliação que se faz das crianças pode ter algumas consequências
e influências decisivas no seu processo de aprendizagem e crescimento. Neste sentido, a expectativa
dos professores sobre os seus alunos tem grande influência no que diz respeito ao rendimento da
aprendizagem. Nesta fase, é preciso ter uma visão fragmentada da criança. É aconselhável concentrar
esforços no que as crianças não sabem fazer e, não, considerar as suas potencialidades.
(C) A avaliação deve se dar de forma sistemática e contínua, aperfeiçoando a ação educativa,
identificando pontos que necessitam de maior atenção na busca de reorientar a prática do educador,
permitindo definir critérios para o planejamento, auxiliando o educador a refletir sobre as condições de
aprendizagem oferecidas e ajustar sua prática às necessidades colocadas pelas crianças.
(D) Na educação infantil, a avaliação tem a finalidade básica de fornecer subsídios para a intervenção
na tomada de decisões educativas e observar a evolução da criança, como também, ajudar o educador
a analisar se é preciso intervir ou modificar determinadas situações, relações ou atividades na sala de
aula.
Gabarito
Comentários
01. Resposta: A
Luckesi (2005) destaca que o papel da avaliação é diagnosticar a situação da aprendizagem, tendo
em vista subsidiar a tomada de decisão para a melhoria da qualidade do desempenho do educando.
Nesse contexto, a avaliação, segundo o autor, é processual e dinâmica. Na medida em que busca meios
pelos quais todos possam aprender o que é necessário para o próprio desenvolvimento, é inclusiva.
Sendo inclusiva é, antes de tudo, um ato democrático. O autor é enfático ao afirmar que o ato de avaliar,
uma vez que está a serviço da obtenção do melhor resultado possível, implica a disposição de acolher a
realidade como ela é, seja satisfatória ou insatisfatória, agradável ou desagradável. A disposição para
acolher é, pois, o ponto de partida para qualquer prática de avaliação.
Nesse cenário, a avaliação da aprendizagem escolar é compreendida como um ato amoroso, “O ato
amoroso é aquele que acolhe a situação, na sua verdade (como ela é)” (LUCKESI, 2005), é um estado
psicológico oposto ao estado de exclusão.
Como afirma Hoffmann (1993), “a avaliação é uma reflexão permanente sobre a realidade, e
acompanhamento, passo a passo, do educando, na sua trajetória de construção de conhecimento”. Dessa
forma, o avaliador, por ser avaliador, não se assusta com a realidade, mas a observa atentamente; não
a julga (aprova/reprova), mas se abre para observá-la, buscando conhecer essa realidade como
verdadeiramente é, e, a partir dela, criar estratégias de superação dos limites e ampliação das
possibilidades, com vistas à garantia da aprendizagem.
02. Resposta: A
A avaliação educacional é feita através de situações de aprendizagem, buscando a aquisição de novo
conhecimento, atitudes ou habilidades. A avaliação emancipatória tem como compromisso fazer com que
as pessoas envolvidas em uma ação, realizem e executem a sua própria história e escolham as suas
ações de maneira libertadora.
03. Resposta: B
Segundo Luckesi, a avaliação da aprendizagem deverá ter como premissa a função ontológica
(constitutiva), pois busca resoluções para as decisões e não um julgamento definitivo. O ato de avaliar,
por sua constituição mesma, não se destina a um julgamento “definitivo” sobre alguma coisa, pessoa ou
situação, pois não é um ato seletivo. A avaliação se destina ao diagnóstico e, por isso mesmo, à inclusão;
destina-se a melhoria do ciclo da vida. Deste modo, por si, é um ato amoroso. Infelizmente, por nossas
experiências histórico-sociais e pessoais, temos dificuldades em assim compreendê-la e praticá-la.
04. Resposta: B
Na esfera educacional infantil, a avaliação que se faz das crianças pode ter algumas consequências e
influências decisivas no seu processo de aprendizagem e crescimento. Neste sentido, a expectativa dos
professores sobre os seus alunos tem grande influência no que diz respeito ao rendimento da
aprendizagem. Nesta fase, é preciso ter uma visão fragmentada da criança- (ao contrário, não se deve
ter visão fragmentada, mas sim global da criança. É aconselhável concentrar esforços no que as crianças
não sabem fazer e, não, considerar as suas potencialidades (deve-se sempre considerar as suas
potencialidades).
05. Resposta: A
Para especificar melhor a inter-relação instrução/desenvolvimento e a importância das conquistas
ontogenéticas para a constituição do homem, Vygotsky entende que o desenvolvimento humano
compreende dois níveis: o primeiro é o nível de desenvolvimento real, que compreende o conjunto de
atividade que a criança consegue resolver sozinha. Esse nível é indicativo de ciclos de desenvolvimento
Segundo Maciel176, hoje, no Brasil, milhares de pessoas com algum tipo de deficiência estão sendo
discriminadas nas comunidades em que vivem ou sendo excluídas do mercado de trabalho. O processo
de exclusão social de pessoas com deficiência ou alguma necessidade especial é tão antigo quanto a
socialização do homem.
A estrutura das sociedades, desde os seus primórdios, sempre inabilitou os portadores de deficiência,
marginalizando-os e privando-os de liberdade. Essas pessoas, sem respeito, sem atendimento, sem
direitos, sempre foram alvo de atitudes preconceituosas e ações impiedosas.
A literatura clássica e a história do homem refletem esse pensar discriminatório, pois é mais fácil
prestar atenção aos impedimentos e às aparências do que aos potenciais e capacidades de tais pessoas.
Nos últimos anos, ações isoladas de educadores e de pais têm promovido e implementado a inclusão,
nas escolas, de pessoas com algum tipo de deficiência ou necessidade especial, visando resgatar o
respeito humano e a dignidade, no sentido de possibilitar o pleno desenvolvimento e o acesso a todos os
recursos da sociedade por parte desse segmento.
Movimentos nacionais e internacionais têm buscado o consenso para a formatação de uma política de
integração e de educação inclusiva, sendo que o seu ápice foi a Conferência Mundial de Educação
Especial, que contou com a participação de 88 países e 25 organizações internacionais, em assembleia
geral, na cidade de Salamanca, na Espanha, em junho de 1994.
Este evento teve como culminância a "Declaração de Salamanca", da qual transcrevem-se, a seguir,
pontos importantes, que devem servir de reflexão e mudanças da realidade atual, tão discriminatória.
A inclusão escolar, fortalecida pela Declaração de Salamanca, no entanto, não resolve todos os
problemas de marginalização dessas pessoas, pois o processo de exclusão é anterior ao período de
escolarização, iniciando-se no nascimento ou exatamente no momento em aparece algum tipo de
deficiência física ou mental, adquirida ou hereditária, em algum membro da família. Isso ocorre em
qualquer tipo de constituição familiar, sejam as tradicionalmente estruturadas, sejam as produções
independentes e congêneres e em todas as classes sociais, com um agravante para as menos
favorecidas.
O nascimento de um bebê com deficiência ou o aparecimento de qualquer necessidade especial em
algum membro da família altera consideravelmente a rotina no lar. Os pais logo se perguntam: por quê?
De quem é a culpa? Como agirei daqui para frente? Como será o futuro de meu filho?
O imaginário, então, toma conta das atitudes desses pais ou responsáveis e a dinâmica familiar fica
fragilizada. Imediatamente instalam-se a insegurança, o complexo de culpa, o medo do futuro, a rejeição
e a revolta, uma vez que esses pais percebem que, a partir da deficiência instalada, terão um longo e
tortuoso caminho de combate à discriminação e ao isolamento.
176
MACIEL, MA. R. C; Portadores de Deficiência a questão da inclusão social, São Paulo Perspec. vol.14 no.2 São Paulo Apr./June 2000.
Inclusão Escolar
A escola brasileira é marcada pelo fracasso e pela evasão de uma parte, privações constantes e pela
baixa autoestima resultante da exclusão escolar e da social — alunos que são vítimas de seus pais, de
seus professores e, sobretudo, das condições de pobreza em que vivem, em todos os seus sentidos.
Esses alunos são sobejamente conhecidos das escolas, pois repete as suas séries várias vezes, são
expulsos, evadem e ainda são rotulados como mal nascidos e com hábitos que fogem ao protótipo da
educação formal.
As soluções sugeridas para se reverter esse quadro parecem reprisar as mesmas medidas que o
criaram. Em outras palavras, pretende-se resolver a situação a partir de ações que não recorrem a outros
meios, que não buscam novas saídas e que não vão a fundo nas causas geradoras do fracasso escolar.
Esse fracasso continua sendo do aluno, pois a escola reluta em admiti-lo como sendo seu.
A inclusão total e irrestrita é uma oportunidade que temos para reverter a situação da maioria de nossas
escolas, as quais atribuem aos alunos as deficiências que são do próprio ensino ministrado por elas —
sempre se avalia o que o aluno aprendeu, o que ele não sabe, mas raramente se analisa “o que” e “como”
a escola ensina, de modo que os alunos não sejam penalizados pela repetência, evasão, discriminação,
exclusão, enfim.
177
MANTOAN, M. T. E. Inclusão escolar: o que é? Por quê? Como fazer? São Paulo: Moderna, 2006.
178
MORIN. E. A cabeça bem-feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. 4. ed. Trad. Eloá Jacobina. Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, 2001.
Um dos princípios norteadores da Lei de Diretrizes e Bases Nacionais da Educação – LDB 9.394/96 é
o da igualdade de condições para o acesso e a permanência na escola. A LDB reconhece a educação
infantil como direito e prevê a garantia de condições adequadas à escolarização de jovens, adultos e
trabalhadores, a qualidade de ensino em todos os níveis e modalidades educacionais, além de outros
direitos e obrigações (Título III, Artigo 5 I – IX).
A reafirmação de identidades étnicas e o desenvolvimento de educação escolar bilíngue e intelectual
aos povos indígenas são apontados em diversas proposições. A LDB rompe com o modelo assistencial
e terapêutico operante, até então, no que diz respeito ao tratamento dispensado a educandos com
deficiência e necessidades educacionais especiais. Tais proposições nos permitem inferir que os pilares
fundamentais da LDB podem favorecer a concretização de projetos flexíveis e inovadores referenciados
no ideal de uma escola inclusiva.
Mudanças na Escola
Para atender a todos e atender melhor, a escola atual tem de mudar, e a tarefa de mudar a escola
exige trabalho em muitas frentes. Cada escola, ao abraçar esse trabalho, terá de encontrar soluções
próprias para os seus problemas. As mudanças necessárias não acontecem por acaso e nem por Decreto,
mas fazem parte da vontade política do coletivo da escola, explicitadas no seu Projeto Político Pedagógico
(PPP) e vividas a partir de uma gestão escolar democrática.
É ingenuidade pensar que situações isoladas são suficientes para definir a inclusão como opção de
todos os membros da escola e configurar o perfil da instituição. Não se desconsideram aqui os esforços
de pessoas bem-intencionadas, mas é preciso ficar claro que os desafios das mudanças devem ser
assumidos e decididos pelo coletivo escolar.
A organização de uma sala de aula é atravessada por decisões da escola que afetam os processos
de ensino e de aprendizagem. Os horários e rotinas escolares não dependem apenas de uma única sala
de aula, o uso dos espaços da escola para atividades a serem realizadas fora da classe precisa ser
combinado e sistematizado para o bom aproveitamento de todos, as horas de estudo dos professores
devem coincidir para que a formação continuada seja uma aprendizagem colaborativa, a organização do
Atendimento Educacional Especializado (AEE) não pode ser um mero apêndice na vida escolar ou da
competência do professor que nele atua.
Um conjunto de normas, regras, atividades, rituais, funções, diretrizes, orientações curriculares e
metodológicas, oriundo das diversas instâncias burocrático-legais do sistema educacional, constitui o
arcabouço pedagógico e administrativo das escolas de uma rede de ensino. Trata-se do que está
INSTITUÍDO e do que Libâneo179 e outros autores analisaram pormenorizadamente.
Nesse INSTITUÍDO, estão os parâmetros e diretrizes curriculares, as leis, os documentos das políticas,
os regimentos e demais normas do sistema.
Em contrapartida, existe um espaço e um tempo a serem construídos por todas as pessoas que fazem
parte de uma instituição escolar, porque a escola não é uma estrutura pronta e acabada a ser perpetuada
e reproduzida de geração em geração. Trata-se do INSTITUINTE.
179
LIBÂNEO, J. C., OLIVEIRA J. F.; TOSCHI, M. S. Educação Escolar: políticas, estrutura e organização. São Paulo: Cortez, 2003.
Uma das inovações trazidas pela Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação
Inclusiva é o Atendimento Educacional Especializado - AEE, um serviço da educação especial que "[...]
identifica, elabora e organiza recursos pedagógicos e de acessibilidade, que eliminem as barreiras para
a plena participação dos alunos, considerando suas necessidades específicas" (SEESP/MEC).180
O AEE complementa e/ou suplementa a formação do aluno, visando a sua autonomia na escola e fora
dela, constituindo oferta obrigatória pelos sistemas de ensino. É realizado, de preferência, nas escolas
comuns, em um espaço físico denominado Sala de Recursos Multifuncionais. Portanto, é parte integrante
do projeto político pedagógico da escola.
São atendidos, nas Salas de Recursos Multifuncionais, alunos público-alvo da educação especial,
conforme estabelecido na Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva
e no Decreto N.6.571/2008.
- Alunos com deficiência: aqueles [...] que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, mental,
intelectual ou sensorial, os quais em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação
plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas (ONU)181.
- Alunos com transtornos globais do desenvolvimento: aqueles que apresentam alterações qualitativas
das interações sociais recíprocas e na comunicação, um repertório de interesses e atividades restrito,
estereotipado e repetitivo. Incluem-se nesse grupo alunos com autismo, síndromes do espectro do
autismo e psicose infantil (MEC/SEESP).
- Alunos com altas habilidades/superdotação: aqueles que demonstram potencial elevado em qualquer
uma das seguintes áreas, isoladas ou combinadas: intelectual, acadêmica, liderança, psicomotricidade e
artes, além de apresentar grande criatividade, envolvimento na aprendizagem e realização de tarefas em
áreas de seu interesse (MEC/SEESP).
A matrícula no AEE é condicionada à matrícula no ensino regular. Esse atendimento pode ser oferecido
em Centros de Atendimento Educacional Especializado da rede pública ou privada, sem fins lucrativos.
Tais centros, contudo, devem estar de acordo com as orientações da Política Nacional de Educação
Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva e com as Diretrizes Operacionais da Educação Especial
para o Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica (MEC/SEESP).
Na perspectiva da educação inclusiva, o processo de reorientação de escolas especiais e centros
especializados requer a construção de uma proposta pedagógica que institua nestes espaços,
principalmente, serviços de apoio às escolas para a organização das salas de recursos multifuncionais e
para a formação continuada dos professores do AEE.
Os conselhos de educação têm atuação primordial no credenciamento, autorização de funcionamento
e organização destes centros de AEE, zelando para que atuem dentro do que a legislação, a Política e
as Diretrizes orientam. No entanto, a preferência pela escola comum como o local do serviço de AEE, já
definida no texto constitucional de 1988, foi reafirmada pela Política, e existem razões para que esse
atendimento ocorra na escola comum.
O motivo principal de o AEE ser realizado na própria escola do aluno está na possibilidade de que suas
necessidades educacionais específicas possam ser atendidas e discutidas no dia a dia escolar e com
todos os que atuam no ensino regular e/ou na educação especial, aproximando esses alunos dos
ambientes de formação comum a todos. Para os pais, quando o AEE ocorre nessas circunstâncias,
propicia-lhes viver uma experiência inclusiva de desenvolvimento e de escolarização de seus filhos, sem
ter de recorrer a atendimentos exteriores à escola.
Para atuar no AEE, os professores devem ter formação específica para este exercício, que atenda aos
objetivos da educação especial na perspectiva da educação inclusiva. Nos cursos de formação
continuada, de aperfeiçoamento ou de especialização, indicados para essa formação, os professores
180
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Decreto No 6.571, de 17 de setembro de 2008.
181
Organização das Nações Unidas - ONU. Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência. Nova Iorque, 2006.
182
ZABALA, A. A Prática Educativa. Porto Alegre: Artmed, 1998.
183
HERNANDEZ, F; VENTURA, M. A Organização do Currículo por Projetos de Trabalho: o conhecimento é um caleidoscópio. Porto Alegre: Artmed, 1998.
Conclusões Finais
Embora possa assustar pelo grande número de mudanças e pelo teor de cada uma delas, a inclusão
é como muitos a apregoam “um caminho sem volta”.
Nunca é demais, contudo, reafirmar as condições em que essa inovação acontece, marcando, grifando
na nossa consciência de educadores o seu valor para que nossas escolas atendam à expectativa dos
alunos de nossas escolas, do ensino infantil à Universidade.
A escola prepara o futuro e de certo que, se os alunos aprenderem a valorizar e a conviver com as
diferenças nas salas de aula, serão adultos bem diferentes de nós que temos de nos empenhar tanto
para entender e viver a experiência da inclusão!
O movimento inclusivo, nas escolas, por mais que seja ainda muito contestado, pelo caráter
ameaçador de toda e qualquer mudança, especialmente no meio educacional, convence a todos pela sua
lógica e pela ética de seu posicionamento social.
Ao denunciar o abismo existente entre o velho e o novo na instituição escolar brasileira, a inclusão é
reveladora dos males que o conservadorismo escolar tem espalhado pela nossa infância e juventude
estudantil.
O futuro da escola inclusiva depende de uma expansão rápida dos projetos verdadeiramente imbuídos
do compromisso de transformar a escola, para se adequar aos novos tempos.
Se hoje ainda esses projetos se resumem a experiências locais, estas estão demonstrando a
viabilidade da inclusão, em escolas e redes de ensino brasileiras, porque têm a força do óbvio e a clareza
da simplicidade.
A aparente fragilidade das pequenas iniciativas tem sido suficiente para enfrentar, com segurança e
otimismo, o poder da velha e enferrujada máquina escolar. A inclusão é um sonho possível.
Questões
01. (FUNCAB - EMSERH - Pedagogo) A Escola Inclusiva é uma tendência internacional do final do
século XX. O principal desafio dessa escola é:
(A) Desenvolver uma pedagogia centrada na criança, capaz de educar todas, sem discriminação,
respeitando suas diferenças.
(B) Dar conta da diversidade das crianças oferecendo respostas adequadas às suas características e
necessidades, solicitando apoio de instituições e especialistas somente quando a família exigir.
(C) Fortalecer uma sociedade democrática, justa e economicamente ativa.
(D) Garantir às crianças com necessidades especiais uma convivência participativa com outras
crianças com as mesmas necessidades especiais.
(E) Desenvolver o princípio da integração previsto na Declaração Municipal.
04. (Big Advice - Prefeitura de Martinópolis - Professor PEB I - Educação Especial/2017) A noção
de necessidades educacionais especiais entrou em evidência a partir das discussões do chamado
“movimento pela inclusão” e dos reflexos provocados pela Conferência Mundial sobre Educação Especial,
realizada em Salamanca, na Espanha, em 1994. Nesse evento, foi elaborado um documento
mundialmente significativo denominado “Declaração de Salamanca” e na qual foram levantados aspectos
inovadores para a reforma de políticas e sistemas educacionais.
De acordo com a declaração:
I. O conceito de “necessidades educacionais especiais” passará a incluir, além das crianças portadoras
de deficiências, aquelas que estejam experimentando dificuldades temporárias ou permanentes na
escola, as que estejam repetindo continuamente os anos escolares, as que sejam forçadas a trabalhar,
as que vivem nas ruas, as que vivem em condições de extrema pobreza ou que sejam desnutridas, as
que sejam vítimas de guerra ou conflitos armados, as que sofrem de abusos contínuos, ou as que
simplesmente estão fora da escola, por qualquer motivo que seja.”
II. A Declaração de Salamanca estabeleceu uma nova concepção, extremamente abrangente, de
“necessidades educacionais especiais” que provoca a secessão dos dois tipos de ensino, o regular e o
especial, na medida em que esta nova definição implica que todos possuem ou podem possuir, temporária
ou permanentemente, “necessidades educacionais especiais”.
III. Dessa forma, orienta para a existência de um sistema único, que seja capaz de prover educação
para todos os alunos, por mais especial que este possa ser ou estar.
IV. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), elaborados com base na Lei de Diretrizes e Bases
da Educação (LDB), de 1996, orientam a respeito de estratégias para a educação de alunos com
necessidades especiais. Para isso, estabeleceu um material didático-pedagógico intitulado “Adaptações
Curriculares” que insere-se na concepção da escola inclusiva defendida na Declaração de Salamanca.
Assinale a alternativa correta:
(A) Apenas a I.
(B) I, II e IV.
(C) I, III e IV.
(D) Todas estão corretas.
(E) Nenhuma das alternativas.
05. (FCM - IFSudeste/MG - Técnico em Assuntos Educacionais) A escola inclusiva é aquela que:
I- atua em coletividade, prezando o indivíduo, reconhecendo sua identidade e subjetividade.
II- está preparada para receber os alunos, tendo a garantia da acessibilidade física, metodológica,
comunicacional e tecnológica.
III- tem o poder de acabar com as mazelas sociais, com a produção das desigualdades sociais.
IV- defende a inserção de alunos com deficiência com comprometimentos mais severos para o ato de
socialização.
São corretas as afirmativas:
(A) I e II.
(B) I e III.
(C) II e III.
(D) III e IV.
(E) I, II, III e IV.
06. (UTFPR - Pedagogo) A Declaração de Salamanca apresentou princípios, políticas e práticas, que
são explicitados nas legislações atualmente vigentes e nos documentos oficiais. Sobre tais princípios, é
correto afirmar que:
(A) A Declaração de Salamanca refere-se à necessidade de todas as crianças se adaptarem à
educação regular, a partir dos esforços da família e da comunidade.
(B) A Declaração de Salamanca acentuou as desigualdades historicamente construídas em nossa
sociedade, reforçando a segregação e a exclusão.
(C) A Declaração de Salamanca refere-se à educação nos países em desenvolvimento, fruto das
desigualdades promovidas pelo sistema capitalista.
Gabarito
Comentários
01. Resposta: A
Educação inclusiva significa educar todas as crianças em um mesmo contexto escolar. A opção por
este tipo de Educação não significa negar as dificuldades dos estudantes, pelo contrário. Com a inclusão,
as diferenças não são vistas como problemas, mas como diversidade. É essa variedade, a partir da
realidade social, que pode ampliar a visão de mundo e desenvolver oportunidades de convivência a todas
as crianças.
04. Resposta: C
Declaração de Salamanca (1994)
A Conferência Mundial sobre Necessidades Educativas Especiais: Acesso e Qualidade, realizada pela
UNESCO, em Salamanca (Espanha), em junho de 1994, teve, como objeto específico de discussão, a
atenção educacional aos alunos com necessidades educacionais especiais.
Nela, os países signatários, dos quais o Brasil faz parte, declararam:
- Todas as crianças, de ambos os sexos, têm direito fundamental à educação e que a elas deve ser
dada a oportunidade de obter e manter um nível aceitável de conhecimentos;
05. Resposta: A
Escolas inclusivas devem reconhecer e responder às necessidades diversas de seus alunos,
acomodando ambos os estilos e ritmos de aprendizagem e assegurando uma educação de qualidade a
todos através de um currículo apropriado, arranjos organizacionais, estratégias de ensino, uso de
recursos e parceria com as comunidades AEE, um serviço da educação especial que "[...] identifica,
elabora e organiza recursos pedagógicos e de acessibilidade, que eliminem as barreiras para a plena
participação dos alunos, considerando suas necessidades específicas.
06. Resposta: D
As escolas inclusivas devem reconhecer e responder às diversas necessidades de seus alunos,
acomodando tanto estilos como ritmos diferentes de aprendizagem e assegurando uma educação de
qualidade a todos através de currículo apropriado, modificações organizacionais, estratégias de ensino,
uso de recursos e parceiras com a comunidade (…) Dentro das escolas inclusivas, as crianças com
necessidades educacionais especiais deveriam receber qualquer apoio extra que possam precisar, para
que se lhes assegure uma educação efetiva (…)”.
07. Resposta: D
O estudante que apresentar alguma deficiência específica deverá ser avaliado conforme sua
particularidade, respeitando seu desenvolvimento perante as suas capacidades e limitações, e não
passando por um processo de aprovação automática.
Compreender, entender e conseguir visualizar esse aluno de maneira mais adequada as suas
capacidades, vão garantir sempre o sucesso dessa inclusão escolar efetiva e com qualidade. Importante
será, se o docente for capaz de ter esse olhar para todos aqueles que estão inseridos no contexto escolar,
respeitando as limitações e estimulando sempre o máximo de cada aluno.
184
A gestão escolar foi criada com o intuito de diferenciar e integralizar o contexto educacional, sua
função é otimizar os processos diários e aumentar e melhorar a eficiência do ensino dentro da instituição.
Nesse sentido, ela visa a proporcionar organização e articulação de premissas que asseguram o processo
educacional nas instituições de ensino e desburocratizar atividades cotidianas.
184
https://bit.ly/2IeXswl ; https://bit.ly/2ztIJrY
Gestão Pedagógica
Esta área é considerada a principal, está relacionada com a organização e com o planejamento de
todo o sistema educacional, além da elaboração e execução de projetos pedagógicos.
Esta gestão tem como principal foco melhorar as práticas educacionais e sempre explorar novas
maneiras de ensinar mais e melhor. Os líderes educacionais são fundamentais para que toda essa
didática inovadora funcione. As ações elementares que os responsáveis por esse tipo de gestão devem
exercer, incluem:
- Articular as concepções, estratégias métodos e conteúdos no ambiente educacional;
- Definir as metas necessárias para otimização dos processos pedagógicos;
- Conseguir fazer com que os profissionais de ensino e a comunidade escolar assumam esse
compromisso como seu próprio objetivo de melhorar a educação;
- Despertar no professor a vontade de ensinar e no aluno a vontade de aprender;
- Avaliar o trabalho pedagógico exercido por professores e praticados na instituição;
- Estabelecer formas de envolver mais os docentes na educação;
- Criar um ambiente estimulante e motivador para a comunidade escolar.
Gestão Administrativa
Como já dito, a gestão administrativa cuida dos recursos físicos, financeiros e materiais da instituição.
Sempre buscando zelar por todos os bens que serão utilizados em função do ensino. Para que ela
funcione, é necessário estar atento às rotinas da secretaria, legislação educacional, processos
educacionais, manutenção patrimonial e várias outras tarefas e atribuições fundamentais para que tudo
flua bem e para que os professores tenham tudo o que precisam para ensinar com qualidade.
Entre as principais atribuições da gestão administrativa nas escolas e cursos estão:
- Organizar e administrar os recursos físicos, materiais e financeiros da escola ou curso;
- Organizar a necessidade de compras, consertos e manutenção dos bens patrimoniais;
- Manter o inventário dos bens e patrimônios da instituição atualizados;
- Manter o ambiente limpo e organizado;
- Garantir a correta utilização dos materiais da instituição de ensino;
- Garantir o cumprimento das leis, diretrizes e estatuto do colégio ou curso,
- Utilizar as tecnologias da informação para melhorar os processos de gestão em todos os segmentos
da escola.
Gestão Financeira
A Gestão Financeira cuida do orçamento da instituição, observando atentamente os gastos, as
oportunidades de melhoria e analisando recursos e investimentos. Entre os benefícios obtidos, um
sistema financeiro bem organizado permite tomadas de decisões mais ágeis e garante que as demais
Gestão da Comunicação
Este setor está diretamente ligado ao setor de recursos humanos, indo além de apenas motivar e
garantir que todos os envolvidos com a escola estejam sempre satisfeitos. Ele vai mais adiante das
paredes das escolas e procurem sempre estar em contato com toda a sua comunidade participativa.
Uma boa comunicação garante que:
- Os professores estejam alinhados com a proposta da instituição;
- Os setores saibam quais são suas prioridades;
- Os colaboradores entendam que suas tarefas influenciam na realização do todo;
- Os alunos se mantenham engajados e focados no aprendizado;
- Os pais entendam a importância do seu papel no processo de ensino.
Além disso cabe a este setor mostrar para os pais, o quanto vale a pena sempre investir e apoiar a
instituição que os seus filhos frequentam. Por envolver e integrar todos os setores, realizar uma boa
gestão da comunicação ajuda escolas e cursos a acabarem com problemas conhecidos na rotina escolar
e desenvolver a sua instituição de ensino.
Gestão Democrática
E por falar em gestão, como proceder de forma mais democrática nos sistemas de ensino e nas escolas
públicas? 185
A participação é educativa tanto para a equipe gestora quanto para os demais membros das
comunidades escolar e local. Ela permite e requer o confronto de ideias, de argumentos e de diferentes
pontos de vista, além de expor novas sugestões e alternativas. Maior participação e envolvimento da
comunidade nas escolas produzem os seguintes resultados:
- Respeito à diversidade cultural, à coexistência de ideias e de concepções pedagógicas, mediante um
diálogo franco, esclarecedor e respeitoso;
- Formulações de alternativas, após um período de discussões onde as divergências são expostas
- Tomada de decisões mediante procedimentos aprovados por toda a comunidade envolvida;
- Participação e convivência de diferentes sujeitos sociais em um espaço comum de decisões
educacionais.
A gestão democrática dos sistemas de ensino e das escolas públicas requer a participação coletiva
das comunidades escolar e local na administração dos recursos educacionais financeiros, de pessoal, de
patrimônio, na construção e na implementação dos projetos educacionais.
Mas para promover a participação e deste modo implementar a gestão democrática da escola,
procedimentos prévios podem ser observados:
- Solicitar a todos os envolvidos que explicitem seu comprometimento com a alternativa de ação
escolhida;
- Responsabilizar pessoas pela implementação das alternativas acordadas;
- Estabelecer normas prévias sobre como os debates e as decisões serão realizados;
- Estabelecer regras adequadas à igualdade de participação de todos os segmentos envolvidos;
- Articular interesses comuns, ideias e alternativas complementares, de forma a contribuir para
organizar propostas mais coletivas;
- Esclarecer como a implementação das ações serão acompanhadas e supervisionadas;
- Criar formas de divulgação das ideias e alternativas em debate como também do processo de
decisão.
A participação proporciona mudanças significativas na vida das pessoas, na medida em que elas
passam a se interessar e se sentir responsáveis por tudo que representa interesse comum. Assumir
responsabilidades, escolher e inventar novas formas de relações coletivas faz parte do processo de
participação e trazem possibilidades de mudanças que atendam a interesses mais coletivos.
A participação social começa no interior da escola, por meio da criação de espaços nos quais
professores, funcionários, alunos, pais de alunos e demais envolvidos possam discutir criticamente o
cotidiano escolar.
Nesse sentido, a função da escola é formar indivíduos críticos, criativos e participativos, com
condições de participar criticamente do mundo do trabalho e de lutar pela democratização da educação.
A escola, no desempenho dessa função, precisa ter clareza de que o processo de formação para uma
vida cidadã e, portanto, de gestão democrática passa pela construção de mecanismos de participação da
comunidade escolar, como: Conselho Escolar, Associação de Pais e Mestres, Grêmio Estudantil,
Conselhos de Classes, etc.
185
DOURADO, L. F. Progestão: como promover, articular e envolver a ação das pessoas no processo de gestão escolar? Brasília: CONSED - Conselho Nacional
de Secretários de Educação, 2001.
O processo de participação na escola produz, também, efeitos culturais importantes. Ele ajuda a
comunidade a reconhecer o patrimônio das instituições educativas - escolas, bibliotecas, equipamentos -
como um bem público comum, que é a expressão de um valor reconhecido por todos, o qual oferece
vantagens e benefícios coletivos. Sua utilização por algumas pessoas não exclui o uso pelas demais. É
um bem de todos; todos podem e devem zelar pelo seu uso e sua adequada conservação.
- Quanto à estrutura organizacional: sistema de organização e gestão, plano de trabalho com metas
bem definidas e expectativas elevadas; competência específica e liderança efetiva e reconhecida da
direção e coordenação pedagógica; integração dos professores e articulação do trabalho conjunto e
participativo; clima de trabalho propício ao ensino e à aprendizagem; práticas de gestão participativa;
oportunidades de reflexão conjunta e trocas de experiências entre os professores;
- Autonomia da escola, criação de identidade própria, com possibilidade de projeto próprio e tomada
de decisões sobre problemas específicos; planejamento compatível com as realidades locais; decisão e
controle sobre uso de recursos financeiros; planejamento participativo e gestão participativa, bom
relacionamento entre os professores e responsabilidades assumidas em conjunto.
- Quanto à estrutura curricular: adequada seleção e organização dos conteúdos; valorização das
aprendizagens acadêmicas e não apenas das dimensões sociais e relacionais; modalidades de avaliação
formativa; organização do tempo escolar de forma a garantir o máximo de tempo para as aprendizagens
e o clima para o estudo; acompanhamento de alunos com dificuldades de aprendizagem.
- Participação dos pais nas atividades da escola; investimento em formar uma imagem pública positiva
da escola.
Essas características reforçam a ideia de que a qualidade de ensino depende de mudanças no âmbito
da organização escolar, envolvendo a estrutura física, as condições de funcionamento, a estrutura
organizacional, a cultura organizacional, as relações entre alunos, professores, funcionários, as práticas
colaborativas e participativas. É a escola como um todo que deve responsabilizar-se pela aprendizagem
dos alunos, especialmente em face dos problemas sociais, culturais, econômicos, enfrentados
atualmente.
O estudo da escola como organização de trabalho não é novo, há toda uma pesquisa sobre
administração escolar que remonta aos pioneiros da educação nova, nos anos 30. Esses estudos se
deram no âmbito da Administração Escolar e, frequentemente, estiveram marcados por uma concepção
burocrática, funcionalista, aproximando a organização escolar da organização empresarial.
Estes estudos eram identificados com o campo de conhecimentos denominado Administração e
Organização Escolar ou, simplesmente Administração Escolar.
Nos anos 80, com as discussões sobre reforma curricular dos cursos de Pedagogia e de Licenciaturas,
a disciplina passou em muitos lugares a ser denominada de Organização do Trabalho Pedagógico ou
Organização do Trabalho Escolar, adotando um enfoque crítico, frequentemente restringido a uma análise
crítica da escola dentro da organização do trabalho no Capitalismo. Houve pouca preocupação, com
algumas exceções, com os aspectos propriamente organizacionais e técnico-administrativos da escola.
É sempre útil distinguir, no estudo desta questão, um enfoque científico-racional e um enfoque crítico,
de cunho sócio-político. Não é difícil aos futuros professores fazerem distinção entre essas duas
concepções de organização e gestão da escola. No primeiro enfoque, a organização escolar é tomada
como uma realidade objetiva, neutra, técnica, que funciona racionalmente; portanto, pode ser planejada,
organizada e controlada, de modo a alcançar maiores índices de eficácia e eficiência.
As escolas que operam nesse modelo dão muito peso à estrutura organizacional: organograma de
cargos e funções, hierarquia de funções, normas e regulamentos, centralização das decisões, baixo grau
de participação das pessoas que trabalham na organização, planos de ação feitos de cima para baixo.
Este é o modelo mais comum de funcionamento da organização escolar.
O segundo enfoque vê a organização escolar basicamente como um sistema que agrega pessoas,
importando bastante a intencionalidade e as interações sociais que acontecem entre elas, o contexto
sócio-político etc.
A organização escolar não seria uma coisa totalmente objetiva e funcional, um elemento neutro a ser
observado, mas uma construção social levada a efeito pelos professores, alunos, pais e integrantes da
comunidade próxima. Além disso, não seria caracterizado pelo seu papel no mercado, mas pelo interesse
público. A visão crítica da escola resulta em diferentes formas de viabilização da gestão democrática,
conforme veremos em seguida.
Com base nos estudos existentes no Brasil sobre a organização e gestão escolar e nas experiências
levadas a efeito nos últimos anos, é possível apresentar, de forma esquemática, três das concepções de
organização e gestão: a técnico-científica (ou funcionalista), a autogestionária e a democrático-
participativa.
Concepção Técnico-Científica
Tem como base a hierarquia de cargos e funções visando a racionalização do trabalho, a eficiência
dos serviços escolares. Tende a seguir princípios e métodos da administração empresarial. Algumas
características desse modelo são:
- Prescrição detalhada de funções, acentuando-se a divisão técnica do trabalho escolar (tarefas
especializadas);
- Poder centralizado do diretor, destacando-se as relações de subordinação em que uns têm mais
autoridades do que outros;
- Ênfase na administração (sistema de normas, regras, procedimentos burocráticos de controle das
atividades), às vezes descuidando-se dos objetivos específicos da instituição escolar;
- Comunicação linear (de cima para baixo), baseada em normas e regras;
- Maior ênfase nas tarefas do que nas pessoas;
Atualmente, esta concepção também é conhecida como gestão da qualidade total.
Concepção Autogestionária
Baseia-se na responsabilidade coletiva, ausência de direção centralizada e acentuação da participação
direta e por igual de todos os membros da instituição. Outras características:
- Ênfase nas inter-relações mais do que nas tarefas;
- Decisões coletivas (assembleias, reuniões), eliminação de todas as formas de exercício de autoridade
e poder;
- Vínculo das formas de gestão interna com as formas de auto-gestão social (poder coletivo na escola
para preparar formas de auto-gestão no plano político);
186
LIBÂNEO, José Carlos. Organização e Gestão da Escola - Teoria e Prática. Editora Heccus. 6ª Edição. Goiânia. 2013.
Concepção Democrática-Participativa
Tem base na relação orgânica entre a direção e a participação do pessoal da escola. Acentua a
importância da busca de objetivos comuns assumidos por todos. Defende uma forma coletiva de gestão
em que as decisões são tomadas coletivamente e discutidas publicamente. Entretanto, uma vez tomadas
as decisões coletivamente, advoga que cada membro da equipe assuma a sua parte no trabalho,
admitindo-se a coordenação e avaliação sistemática da operacionalização das decisões tomada dentro
de uma tal diferenciação de funções e saberes. Outras características desse modelo:
- Definição explícita de objetos sócio-políticos e pedagógicos da escola, pela equipe escolar;
- Articulação entre a atividade de direção e a iniciativa e participação das pessoas da escola e das que
se relacionam com ela;
- A gestão é participativa mas espera-se, também, a gestão da participação;
- Qualificação e competência profissional;
- Busca de objetividade no trato das questões da organização e gestão, mediante coleta de
informações reais;
- Acompanhamento e avaliação sistemáticos com finalidade pedagógica: diagnóstico,
acompanhamento dos trabalhos, reorientação dos rumos e ações, tomada de decisões;
- Todos dirigem e são dirigidos, todos avaliam e são avaliados.
Atualmente, o modelo democrático-participativo tem sido influenciado por uma corrente teórica que
compreende a organização escolar como cultura. Esta corrente afirma que a escola não é uma estrutura
totalmente objetiva, mensurável, independente das pessoas, ao contrário, ela depende muito das
experiências subjetivas das pessoas e de suas interações sociais, ou seja, dos significados que as
pessoas dão às coisas enquanto significados socialmente produzidos e mantidos. Em outras palavras,
dizer que a organização é uma cultura significa que ela é construída pelos seus próprios membros.
Esta maneira de ver a organização escolar não exclui a presença de elementos objetivos, tais como
as ferramentas de poder, a estrutura organizacional, e os próprios objetivos sociais e culturais definidos
pela sociedade e pelo Estado.
Uma visão sociocrítica propõe considerar dois aspectos interligados: por um lado, compreende que a
organização é uma construção social, a partir da Inteligência subjetiva e cultural das pessoas, por outro,
que essa construção não é um processo livre e voluntário, mas mediatizado pela realidade sociocultural
e política mais ampla, incluindo a influência de forças externas e internas marcadas por interesses de
grupos sociais, sempre contraditórios e às vezes conflitivas.
Busca relações solidárias, formas participativas, mas também valoriza os elementos internos do
processo organizacional, o planejamento, a organização, a gestão, a direção, a avaliação, as
responsabilidades individuais dos membros da equipe e a ação organizacional coordenada e
supervisionada, já que precisa atender a objetivos sociais e políticos muito claros, em relação à
escolarização da população.
As concepções de gestão escolar refletem, portanto, posições políticas e concepções de homem e
sociedade. O modo como uma escola se organiza e se estrutura tem um caráter pedagógico, ou seja,
depende de objetivos mais amplos sobre a relação da escola com a conservação ou a transformação
social.
A concepção funcionalista, por exemplo, valoriza o poder e a autoridade, exercida unilateralmente.
Enfatizando relações de subordinação, determinações rígidas de funções, hipervalorizando a
racionalização do trabalho, tende a retirar ou, ao menos, diminuir nas pessoas a faculdade de pensar e
decidir sobre seu trabalho. Com isso, o grau de envolvimento profissional fica enfraquecido.
As duas outras valorizam o trabalho coletivo, implicando a participação de todos nas decisões. Embora
ambas tenham entendimentos das relações de poder dentro da escola, concebem a participação de todos
nas decisões como importante ingrediente para a criação e desenvolvimento das relações democráticas
e solidárias. Adotamos, neste livro, a concepção democrático-participativa.
Toda a instituição escolar necessita de uma estrutura de organização interna, geralmente prevista no
Regimento Escolar ou em legislação específica estadual ou municipal. O termo estrutura tem aqui o
sentido de ordenamento e disposição das funções que asseguram o funcionamento de um todo, no caso
a escola. Essa estrutura é comumente representada graficamente num organograma - um tipo de gráfico
que mostra a inter-relações entre os vários setores e funções de uma organização ou serviço.
Questões
02. (IF/TO - Professor - 2017) No que concerne à organização e à gestão do trabalho escolar, e de
acordo com Libâneo (2012), marque a alternativa incorreta.
(A) A organização dos sistemas de ensino não possui influências sociais e políticas.
(B) Todos os envolvidos no processo educacional educam, não são apenas os professores.
(C) A organização e a gestão da escola correspondem à necessidade de a instituição escolar dispor
das condições e dos meios para a realização de seus objetivos específicos.
(D) O professor participa ativamente da organização do trabalho escolar, formando com os demais
colegas uma equipe de trabalho, aprendendo novos saberes e competências, assim como um modo de
agir coletivo, em favor da formação dos alunos.
(E) O professor está a cargo do principal objetivo da escola: o ensino e a aprendizagem dos alunos.
Gabarito
Comentários
01. Resposta: B
A gestão democrática se assemelha até um pouco com o Projeto Político Pedagógico da Instituição,
pois deve ter a participação de toda comunidade em torno da escola tanto na elaboração, avaliação e
exigências para que a mesma atenda a todos.
02. Resposta: A
De acordo com Libâneo, o enfoque de cunho sócio-político, vê a organização escolar basicamente
como um sistema que agrega pessoas, importando bastante a intencionalidade e as interações sociais
que acontecem entre elas, o contexto sócio-político etc. A organização escolar não seria uma coisa
totalmente objetiva e funcional, um elemento neutro a ser observado, mas uma construção social levada
a efeito pelos professores, alunos, pais e integrantes da comunidade próxima. Além disso, não seria
caracterizado pelo seu papel no mercado, mas pelo interesse público.
03. Resposta: C
"A gestão, numa concepção democrática, efetiva-se por meio da participação dos sujeitos sociais
envolvidos com a comunidade escolar, na elaboração e construção de seus projetos, como também nos
processos de decisão, de escolhas coletivas e nas vivências e aprendizagens de cidadania.
04. Resposta: A
Segundo Libâneo (2004) “autonomia é a faculdade das pessoas de autogovernar-se, de decidir sobre
seu próprio destino”. Autonomia de uma instituição significa ter o poder de decisão sobre seus objetivos
Desenvolvimento Interpessoal187
Moscovici188 para relatar sobre relacionamento interpessoal, ressalta que desde sempre a convivência
humana é difícil e desafiante, e que às vezes interferências ou reações, sejam voluntárias ou não
constituem o processo de interação humana, logo o processo de interação é complexo e ocorre entre
pessoas, sob a forma de comportamentos, fala verbal e não verbais, pensamentos, sentimentos e
reações, ou seja, o fato de sentir a presença do outro já é interação.
Assim as relações interpessoais ocorrem em decorrência do processo de interação. Em local de
trabalho há atividades predeterminadas a serem executadas, logo interações e sentimentos
recomendados, como: comunicação, cooperação, respeito e amizade. A partir do desenvolvimento
dessas atividades e interações, os sentimentos podem ser despertados de diversas maneiras. Sendo
importante destacar que o ciclo atividades-interações-sentimentos, não se relaciona diretamente com a
competência técnica de cada pessoa, ou seja, profissionais competentes individualmente podem render
muito pouco em relação a atividades grupais da situação de trabalho.
Se as diferenças são aceitas e tratadas em aberto, a comunicação flui fácil, as pessoas falam o que
pensam e sentem e tem a possibilidade de dar feedback, se não esse tipo de comunicação, se torna
falha, incompleta, há distorções e fofocas. O relacionamento interpessoal pode se tornar prazeroso,
permitindo o trabalho cooperativo em equipe, com integrações de esforços, conjugando as energias,
conhecimentos e experiências para um produto que é a relação de qualidade das pessoas.
Logo se as competências técnicas podem ser adquiridas através de cursos, seminários, leituras e
experiência ou prática, a competência interpessoal necessita de treinamento. E em que consiste esta
competência?
Segundo Moscovic189i competência interpessoal é a habilidade de lidar eficazmente com relações
interpessoais, de lidar com outras pessoas de forma adequada às necessidades de uma e ás exigências
da situação... é a habilidade de lidar eficazmente de acordo com três critérios: percepção acurada da
situação interpessoal de suas variáveis relevantes e respectiva inter-relação; habilidade de resolver
realmente os problemas interpessoais, de tal modo que não haja regressões; solução alcançada de tal
forma que as pessoas envolvidas continuem juntas tão eficientemente, pelo menos, como quando
começaram a resolver seus problemas.
Alguns componentes da competência interpessoal são importantes, estes são: a percepção que está
relacionada ao autoconhecimento, a habilidade propriamente dita e o relacionamento em si que
compreende a dimensão emocional-afetiva. Portanto a competência interpessoal é resultado da
percepção realística das situações e de habilidades especificas comportamentais que conduzem a
consequências significativas no relacionamento para as pessoas envolvidas.
Cultivar a habilidade de compreender as pessoas é uma das tarefas mais difíceis que um homem
jamais poderia se propor. Mesmo fazendo o maior esforço, somente é possível compreender em parte as
necessidades sentidas pelo homem; e, menos ainda, os sentimentos da vida interior. Isto porque a
habilidade de compreender abrange mais do que ser capaz de perceber, entender, identificar e interpretar
as comunicações ou expressões captadas pelos sentidos.
187
PESSOA: J. Relacionamento Interpessoal: Desenvolvimento Pessoal e Profissional. S.D.
188
MOSCOVICI, F. Desenvolvimento Interpessoal: Treinamento em grupo, 13°ed. RJ: Jose Olympio,2003.
189
Idem 2.
O real significado de empatia está em compreender os outros, apesar de não se concordar, muitas
vezes, com o comportamento destes. Procurar ser compreensivo e sentir como a outra pessoa estaria
sentindo não significa que se deva ser sempre permissivo e tolerante frente a certos comportamentos
agressivos e destrutivos.
Compreender implica simultaneamente ser capaz de estabelecer limites, quando necessário. O ato de
impor limites poderá gerar ira momentânea no outrem, mas com o tempo o fato será percebido como uma
atitude de ajuda.
Neste pensamento está intrínseco que o cultivo da habilidade de compreender não é obra do acaso.
É a combinação ativa de qualidades e habilidades pessoais de ajustamento emocional, de amor ao
próximo, de possuir senso equilibrado de autoestima e autocrítica, e de avaliar inteligentemente as
necessidades das outras pessoas.
Entretanto, assim como há fatores que influenciam a disposição para ser mais compreensivo, por outro
lado há outros que dificultam igualmente. Um destes é o egocentrismo ou egoísmo pessoal, o excesso
de preocupação consigo próprio, ou a dificuldade de discernimento do conceito de que é "certo " ou
"errado" que pode bloquear as tentativas de empatizar-se com os outros.
Para falarmos de trabalho em equipe primeiramente, temos que definir o que vem a ser a comunicação.
- Comunicação é:
1. Ação, efeito ou meio de comunicar;
2. Aviso, informação; transmissão de uma ordem ou reclamação.
Conceituando Grupo
Para Bowditch e Buono191, um grupo consiste em duas ou mais pessoas que são psicologicamente
conscientes umas das outras e que interagem para atingir uma meta comum. Para esse autor, os
passageiros de um avião não seriam considerados um grupo, porém os participantes de uma excursão
aérea seriam um grupo, pois preenchem as condições necessárias para sê-lo, tais como: consciência
mútua e interação para atingir uma meta comum.
190
OLIVEIRA, A. C. F. de. Comportamento intergrupal e grupal. S.D.
191
BOWDITCH, James L., BUONO Anthony F. Elementos de comportamento organizacional. São Paulo: Pioneira, 1999.
Papéis
Normas
Você segue normas? Na sua escola ou no seu trabalho você é obrigado a usar uniforme? Caso utilize,
esse comportamento é decorrente de uma norma estabelecida pela organização e você, como membro
dela, deverá segui-la.
Para Robbins, todos os grupos estabelecem normas, ou seja, padrões aceitáveis de comportamento
que são compartilhados por todos os membros do grupo. As normas norteiam o comportamento dos
componentes, indicando o que deve ou não ser feito em grupo.
Status
A posição social que é atribuída a uma pessoa ou a um grupo é o que chamamos status. O status de
um gerente é diferente do status de um assistente; o status de um médico também é diferente do de um
auxiliar de enfermagem. O status pode advir tanto da posição formal como das qualidades individuais.
Pensando no caso dos médicos, podemos presenciar enfermeiros com mais status que médicos em uma
equipe de saúde, quando é esperado que os médicos tenham mais status pela posição que ocupam na
hierarquia de um hospital.
O status também pode ser de um determinado grupo, como exemplo, em uma empresa, o
departamento de marketing pode ter mais status que o departamento de compras, pois o primeiro participa
de todas as reuniões estratégicas e de planejamento da empresa e tem poder de voz junto a diretoria.
O Tamanho do Grupo
Na visão de Robbins, o tamanho do grupo afeta o desempenho deste, mas o efeito depende de quais
variáveis dependentes você vai considerar. Na concepção do autor citado, os grupos menores são mais
rápidos na realização das tarefas. Mas se a questão for resolução de problemas, o mesmo autor afirma
que grupos maiores conseguem melhores resultados.
Conjunta
- Dois ou mais grupos funcionam paralelamente, executando o mesmo conjunto de tarefas, sendo
coordenados por um grupo superior
- Pouco probabilidade de conflito
Sequencial
- Um grupo depende da conclusão da tarefa para iniciar a sua
- Alta probabilidade de conflito
Recíproca
- O trabalho de um grupo é necessário para manter a continuidade do outro, e este processo tem o
efeito de feedback sobre o primeiro
- Probabilidade máxima de conflito
Conflito intergrupal
Divergências entre os membros de dois ou mais grupos, quanto a autoridade, metas, territórios ou
recursos.
O conflito não é necessariamente ruim:
- A falta pode indicar exclusão sistemática de certas informações
- Pode levar a novas ideias
- Problemas antigos podem ser resolvidos
- Por a prova a capacidade, interesse e criatividade
É negativo quando:
- Quando as pessoas se sentem derrotadas
- Se põem na defensiva
- Desenvolve clima de desconfiança
- Resistência passa a ser a norma e a cooperação exceção.
Percebido
- Conclusão de que há conflito, nenhuma das partes se incomoda
Sentido
- Uma das partes sente e se incomoda - gera tensão e stress
Manifesto
- Envolve comportamentos declaradamente agressivos
Desfecho
- Se solucionado o conflito - leva a satisfação e harmonia
- Se não solucionado - pode retornar
Equipe Multidisciplinar
A equipe multidisciplinar é formada por um grupo de profissionais de uma área qualquer (saúde,
administração, etc.) que trabalham em conjunto a fim de chegar a um objetivo comum. Desta maneira,
cada um profissional vai fazer o que estiver dentro de sua área de formação para alcançar este objetivo
em comum.
192
Bowditch, J,L. & Bouno, A. F. Elementos de comportamento organizacional. São Paulo: Livraria Pioneira editora.1992.
Segundo Davel e Machado194 a liderança como campo teórico e empírico de pesquisa tem se
desenvolvido de maneira variada, dependendo da concepção e preferências metodológicas adotadas.
Para os autores, provavelmente, o aspecto mais controverso nesse campo de pesquisa se refere aos
diferentes e, em parte, contraditórios fundamentos epistemológicos que recortam e embasam seus
estudos.
Entre os conceitos observados na literatura acerca do tema liderança, de certa forma todos
destacam o líder como sendo aquele indivíduo capaz de exercer influência sobre os outros.
Exercer liderança, portanto, seria ter a capacidade de tomar iniciativa em situações sociais, de
planejar, de organizar e conduzir ação e de suscitar colaboração.
Para Soto, o líder e sua forma de atuar vão refletir diretamente na construção da cultura organizacional,
ou seja, nos valores, crenças, hábitos, normas e condutas que dão identidade, sentido e destino a uma
organização para a realização de seus objetivos.
Keith e Newstron, por sua vez, argumentam que estilo de liderança pode ser concebido como o padrão
global das ações do líder que são percebidas por seus subordinados, representando a filosofia, as
habilidades e as atitudes do dirigente em sua prática de trabalho. Já Maximiano define estilo de liderança
como a forma do líder se relacionar com os integrantes de sua equipe em interações individuais e grupais.
A principal teoria que explica liderança por meio de estilos de comportamento sem se preocupar com
características de personalidade do líder é a que se refere a três estilos: autoritária, democrática e
liberal, sendo esta a teoria mais conhecida para Chiavenato.
Tendo à frente o pesquisador Kurt Lewin, estudos buscaram, a partir de 1950, identificar conjuntos de
comportamentos que pudessem configurar aquilo que passou a se chamar “habilidade de liderança”. Não
é importante o que o líder é, mas sim o que ele faz. Essa teoria concentrava-se mais especificamente no
modo como os líderes tomam decisões e o efeito que isso produzia nos índices de produtividade e
satisfação geral dos trabalhadores.
No texto realizado, a opção por adotar esta abordagem mais clássica sobre liderança, enfocando os
três estilos citados acima em detrimento de outras abordagens mais atuais sobre o tema, decorre
basicamente por duas razões:
1) Muitas organizações baseiam-se nela para melhor compreensão das interações entre líder e
liderados, e a influência que eles – os três estilos de liderança – exercem nas relações grupais, individuais
e organizacionais;
2) Entende-se que esses três estilos caracterizam uma conduta dos dirigentes que influencia no “clima”
interno das organizações e nas relações de trabalho em geral, estando mais adequados para se efetuar
checagem sobre esses estilos e uma possível associação com o desenvolvimento do stress em
professores. Essa opção corrobora com Guerra, quando afirma que os estudos conduzidos por Lewin e
sua equipe sobre os três estilos de liderança têm grande aceitação nos meios organizacionais nos dias
atuais.
193
GOULART JUNIOR, E.; LIPP, M. E. N. Estilo de liderança e stress: uma pesquisa em escolas estaduais de ensino fundamental, 2011.
194
DAVEL, Eduardo and, MACHADO, Hilka Vier. A dinâmica entre liderança e identificação: sobre a influência consentida nas organizações contemporâneas.
Rev. adm. contemp. [online]. 2001.
Questões
01. (IF/PB - Administrador - IF/PB) Os _______ são criados e delineados para alcançar
objetivos específicos e realizar tarefas específicas para a organização, buscando atingir
seus objetivos. Esses grupos se estabelecem com base na racionalidade, lógica e efic iência, e são
projetados para realizar funções específicas dentro da organização. Essa configuração está presente
no organograma institucional. Analise a figura a seguir, identificando o modelo de trabalho em grupo
e marque a alternativa que preenche CORRETAMENTE a afirmação.
02. (FUB - Administrador - CESPE) A respeito do processo grupal nas organizações, julgue os itens
seguintes. Comitê e força-tarefa são exemplos de grupos temporários informais.
( ) Certo ( ) Errado
03. (FUB - Pedagogo - CESPE) Julgue o item que se segue, a respeito das relações humanas no
trabalho e dos tipos de liderança.
Devido ao fato de que o estilo de liderança depende da situação, os requisitos do exercente da
liderança democrática são variáveis.
( ) Certo ( ) Errado
04. (SEDU/ES - Pedagogo - CESPE) Quanto à liderança e às relações humanas no trabalho, julgue
o item a seguir.
A liderança democrática contrapõe-se à liderança autoritária, sobretudo pela forma de condução
compartilhada do processo decisório.
( ) Certo ( ) Errado
Gabarito
Respostas
01. Resposta: E
Os grupos formais são aqueles que têm metas estabelecidas, voltadas para objetivos, e que são
explicitamente formados como parte da organização, tais como grupos de trabalho, departamentos,
equipes de projeto.
Institui Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino
de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana.
O Presidente do Conselho Nacional de Educação, tendo em vista o disposto no art. 9º, § 2º, alínea “c”,
da Lei nº 9.131, publicada em 25 de novembro de 1995, e com fundamentação no Parecer CNE/CP
3/2004, de 10 de março de 2004, homologado pelo Ministro da Educação em 19 de maio de 2004, e que
a este se integra, resolve:
Art. 1° A presente Resolução institui Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações
Étnico-raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, a serem observadas pelas
Instituições de ensino, que atuam nos níveis e modalidades da Educação Brasileira e, em especial, por
Instituições que desenvolvem programas de formação inicial e continuada de professores.
§ 1° As Instituições de Ensino Superior incluirão nos conteúdos de disciplinas e atividades curriculares
dos cursos que ministram, a Educação das Relações Étnico-raciais, bem como o tratamento de questões
e temáticas que dizem respeito aos afrodescendentes, nos termos explicitados no Parecer CNE/CP
3/2004.
§ 2° O cumprimento das referidas Diretrizes Curriculares, por parte das instituições de ensino, será
considerado na avaliação das condições de funcionamento do estabelecimento.
Art. 2° As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-raciais e para o
Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africanas constituem-se de orientações, princípios e
fundamentos para o planejamento, execução e avaliação da Educação, e têm por meta, promover a
educação de cidadãos atuantes e conscientes no seio da sociedade multicultural e pluriétnica do Brasil,
buscando relações étnico-sociais positivas, rumo à construção de nação democrática.
§ 1° A Educação das Relações Étnico-raciais tem por objetivo a divulgação e produção de
conhecimentos, bem como de atitudes, posturas e valores que eduquem cidadãos quanto à pluralidade
étnico racial, tornando-os capazes de interagir e de negociar objetivos comuns que garantam, a todos,
respeito aos direitos legais e valorização de identidade, na busca da consolidação da democracia
brasileira.
§ 2º O Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana tem por objetivo o reconhecimento e
valorização da identidade, história e cultura dos afro-brasileiros, bem como a garantia de reconhecimento
e igualdade de valorização das raízes africanas da nação brasileira, ao lado das indígenas, europeias,
asiáticas.
§ 3º Caberá aos conselhos de Educação dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios desenvolver
as Diretrizes Curriculares Nacionais instituídas por esta Resolução, dentro do regime de colaboração e
da autonomia de entes federativos e seus respectivos sistemas.
Art. 8º Os sistemas de ensino promoverão ampla divulgação do Parecer CNE/CP 003/2004 e dessa
Resolução, em atividades periódicas, com a participação das redes das escolas públicas e privadas, de
exposição, avaliação e divulgação dos êxitos e dificuldades do ensino e aprendizagens de História e
Cultura Afro-Brasileira e Africana e da Educação das Relações Étnico-raciais.
§ 1° Os resultados obtidos com as atividades mencionadas no caput deste artigo serão comunicados
de forma detalhada ao Ministério da Educação, à Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial,
ao Conselho Nacional de Educação e aos respectivos Conselhos Estaduais e Municipais de Educação,
para que encaminhem providências, que forem requeridas.
Art. 9º Esta resolução entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em
contrário.
Questões
01. (IF/SP - Professor - Biologia) De acordo com a Resolução nº 1, de 17 de junho de 2004, que
institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino
de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, é correto afirmar que:
(A) A referida Resolução deve ser observada apenas por instituições de ensino públicas, excluindo-se
as entidades privadas.
(B) As Instituições de Ensino Superior devem incluir nos conteúdos de disciplinas e atividades
curriculares dos cursos que ministram, a Educação das Relações Étnico-Raciais, bem como o tratamento
de questões e temáticas que dizem respeito aos afrodescendentes.
(C) O disposto na Resolução não é de observância obrigatória pelas instituições de ensino, servindo
apenas a título de recomendação ou sugestão.
(D) A Educação das Relações Étnico-Raciais tem por objetivo a divulgação e produção de
conhecimentos, bem como de atitudes, posturas e valores que eduquem cidadãos quanto à cultura
africana apenas.
(E) A Educação das Relações Étnico-Raciais e o estudo de História e Cultura Afro-Brasileira, e História
e Cultura Africana serão desenvolvidos por meio de um componente curricular específico a ser incluído
nos currículos.
03. (MEC - Analista Processual - Regulação da Educação Superior - CESPE) O Conselho Pleno
(CP) do Conselho Nacional de Educação (CNE), por meio da Resolução CNE/CP n.º 1/2004, instituiu as
Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Com base nesse instrumento legal, julgue o item seguinte.
Ao estabelecer as diretrizes para a educação das relações étnico-raciais, a referida resolução concebe
que essa educação deve estar voltada para a produção do conhecimento, a formação de posturas, valores
e atitudes que possam garantir o respeito aos direitos e a valorização da cultura afro-brasileira.
( ) Certo ( ) Errado
Gabarito
Comentários
01. Resposta: B
Resolução 1/2004
Art. 1° A presente Resolução institui Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações
Étnico-raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, a serem observadas pelas
Instituições de ensino, que atuam nos níveis e modalidades da Educação Brasileira e, em especial, por
Instituições que desenvolvem programas de formação inicial e continuada de professores.
§ 1° As Instituições de Ensino Superior incluirão nos conteúdos de disciplinas e atividades curriculares
dos cursos que ministram, a Educação das Relações Étnico-raciais, bem como o tratamento de questões
e temáticas que dizem respeito aos afrodescendentes, nos termos explicitados no Parecer CNE/CP
3/2004.
02. Resposta: B
Resolução 1/2004
Art. 1° A presente Resolução institui Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações
Étnico-raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, a serem observadas pelas
Instituições de ensino, que atuam nos níveis e modalidades da Educação Brasileira e, em especial, por
Instituições que desenvolvem programas de formação inicial e continuada de professores.
[...]
§ 2° O cumprimento das referidas Diretrizes Curriculares, por parte das instituições de ensino, será
considerado na avaliação das condições de funcionamento do estabelecimento.
O Presidente do Conselho Nacional de Educação, no uso de suas atribuições legais e tendo em vista
o disposto nas Leis nos 9.131, de 24 de novembro de 1995, e 9.394, de 20 de dezembro de 1996, com
fundamento no Parecer CNE/CP nº 8/2012, homologado por Despacho do Senhor Ministro de Estado da
Educação, publicado no DOU de 30 de maio de 2012,
CONSIDERANDO o que dispõe a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948; a Declaração
das Nações Unidas sobre a Educação e Formação em Direitos Humanos (Resolução A/66/137/2011); a
Constituição Federal de 1988; a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394/1996); o
Programa Mundial de Educação em Direitos Humanos (PMEDH 2005/2014), o Programa Nacional de
Direitos Humanos (PNDH-3/Decreto nº 7.037/2009); o Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos
(PNEDH/2006); e as diretrizes nacionais emanadas pelo Conselho Nacional de Educação, bem como
outros documentos nacionais e internacionais que visem assegurar o direito à educação a todos(as),
RESOLVE
Art. 2º A Educação em Direitos Humanos, um dos eixos fundamentais do direito à educação, refere-se
ao uso de concepções e práticas educativas fundadas nos Direitos Humanos e em seus processos de
promoção, proteção, defesa e aplicação na vida cotidiana e cidadã de sujeitos de direitos e de
responsabilidades individuais e coletivas.
§ 1º Os Direitos Humanos, internacionalmente reconhecidos como um conjunto de direitos civis,
políticos, sociais, econômicos, culturais e ambientais, sejam eles individuais, coletivos, transindividuais
ou difusos, referem-se à necessidade de igualdade e de defesa da dignidade humana.
§ 2º Aos sistemas de ensino e suas instituições cabe a efetivação da Educação em Direitos Humanos,
implicando a adoção sistemática dessas diretrizes por todos(as) os(as) envolvidos(as) nos processos
educacionais.
Art. 3º A Educação em Direitos Humanos, com a finalidade de promover a educação para a mudança
e a transformação social, fundamenta-se nos seguintes princípios:
I - dignidade humana;
II - igualdade de direitos;
III - reconhecimento e valorização das diferenças e das diversidades;
IV - laicidade do Estado;
V - democracia na educação;
VI - transversalidade, vivência e globalidade; e
VII - sustentabilidade socioambiental.
196
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/rcp001_12.pdf
Art. 5º A Educação em Direitos Humanos tem como objetivo central a formação para a vida e para a
convivência, no exercício cotidiano dos Direitos Humanos como forma de vida e de organização social,
política, econômica e cultural nos níveis regionais, nacionais e planetário.
§ 1º Este objetivo deverá orientar os sistemas de ensino e suas instituições no que se refere ao
planejamento e ao desenvolvimento de ações de Educação em Direitos Humanos adequadas às
necessidades, às características biopsicossociais e culturais dos diferentes sujeitos e seus contextos.
§ 2º Os Conselhos de Educação definirão estratégias de acompanhamento das ações de Educação
em Direitos Humanos.
Art. 6º A Educação em Direitos Humanos, de modo transversal, deverá ser considerada na construção
dos Projetos Político-Pedagógicos (PPP); dos Regimentos Escolares; dos Planos de Desenvolvimento
Institucionais (PDI); dos Programas Pedagógicos de Curso (PPC) das Instituições de Educação Superior;
dos materiais didáticos e pedagógicos; do modelo de ensino, pesquisa e extensão; de gestão, bem como
dos diferentes processos de avaliação.
Art. 8º A Educação em Direitos Humanos deverá orientar a formação inicial e continuada de todos(as)
os(as) profissionais da educação, sendo componente curricular obrigatório nos cursos destinados a esses
profissionais.
Art. 9º A Educação em Direitos Humanos deverá estar presente na formação inicial e continuada de
todos(as) os(as) profissionais das diferentes áreas do conhecimento.
Art. 10. Os sistemas de ensino e as instituições de pesquisa deverão fomentar e divulgar estudos e
experiências bem sucedidas realizados na área dos Direitos Humanos e da Educação em Direitos
Humanos.
Art. 11. Os sistemas de ensino deverão criar políticas de produção de materiais didáticos e
paradidáticos, tendo como princípios orientadores os Direitos Humanos e, por extensão, a Educação em
Direitos Humanos.
Art. 12. As Instituições de Educação Superior estimularão ações de extensão voltadas para a
promoção de Direitos Humanos, em diálogo com os segmentos sociais em situação de exclusão social e
violação de direitos, assim como com os movimentos sociais e a gestão pública.
01 (SEDUC/AM - Professor - Língua Portuguesa - FGV) A respeito dos objetivos do Plano Nacional
de Educação em Direitos Humanos, assinale V para a afirmativa verdadeira e F para a falsa.
( ) Direcionar as políticas educacionais para uma cultura de direitos humanos.
( ) Incentivar a criação de instituições e de organizações que valorizem a educação em direitos
humanos.
( ) Incentivar o acesso de pessoas com deficiência nas ações de educação em direitos humanos.
As afirmativas são, respectivamente,
(A) V, V e V.
(B) V, V e F
(C) V, F e F.
(D) F, V e V
(E) F, F e V.
02. (MEC - Analista Educacional - CESPE) Julgue o item, acerca das Diretrizes Nacionais para
Educação em Direitos Humanos. “Com a finalidade de promover a educação para a mudança e a
transformação social, um dos princípios que fundamentam a educação em direitos humanos é a
sustentabilidade socioambiental.”
( ) Certo ( ) Errado
03. (CONDER - Pedagogo - FGV) Com relação aos princípios norteadores da educação em direitos
humanos na Educação Básica, assinale V para a afirmativa verdadeira e F para a falsa.
( ) A educação em direitos humanos, por seu caráter coletivo e participativo, deve ocorrer em espaços
marcados pelo entendimento mútuo, respeito e responsabilidade.
( ) A escola deve assegurar que os objetivos e as práticas a serem adotados sejam coerentes com
os valores e princípios da educação em direitos humanos.
( ) A educação em direitos humanos deve ser um dos eixos fundamentais da educação básica e
permear o currículo e a formação inicial e continuada dos profissionais da educação.
As afirmativas são, respectivamente,
(A) V, V e V.
(B) F, V e F.
(C) V, V e F.
(D) F, V e V.
(E) F, F e V.
Gabarito
Comentários
01. Resposta: A.
Todas as assertivas são consideradas corretas, pois como vimos, o objetivo da Educação em Direitos
Humanos é a construção de uma sociedade que valorize e ofereça condições para a garantia da dignidade
03. Resposta: A.
Para responder a questão, o candidato deverá utilizar novamente do artigo 3º da Resolução 01, de 30
de maio de 2012, que trata sobre os princípios da Educação em Direitos Humanos, e sua interpretação é
de fundamental importância para a resolução da questão.
04. Resposta: E.
O enunciado fala sobre o princípio fundante dos Direitos Humanos e, este, deve ser analisado sob a
seguinte perspectiva:
"Se, no mundo contemporâneo, os direitos humanos pressupõem a cidadania como meio para a sua
proteção, o direito a ter direitos deve ser o primeiro direto humano assegurado a todos."
197
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=70431-res-cne-cp-002-03072015-pdf&category_slug=agosto-2017-
pdf&Itemid=30192. Acesso em 02.04.2019 as 09:36
Resolve:
CAPÍTULO I
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 1º Ficam instituídas, por meio da presente Resolução, as Diretrizes Curriculares Nacionais para a
Formação Inicial e Continuada em Nível Superior de Profissionais do Magistério para a Educação Básica,
definindo princípios, fundamentos, dinâmica formativa e procedimentos a serem observados nas políticas,
na gestão e nos programas e cursos de formação, bem como no planejamento, nos processos de
avaliação e de regulação das instituições de educação que as ofertam.
§ 1º Nos termos do § 1º do artigo 62 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), as
instituições formadoras em articulação com os sistemas de ensino, em regime de colaboração, deverão
promover, de maneira articulada, a formação inicial e continuada dos profissionais do magistério para
Art. 2º As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação Inicial e Continuada em Nível Superior
de Profissionais do Magistério para a Educação Básica aplicam-se à formação de professores para o
exercício da docência na educação infantil, no ensino fundamental, no ensino médio e nas respectivas
modalidades de educação (Educação de Jovens e Adultos, Educação Especial, Educação Profissional e
Tecnológica, Educação do Campo, Educação Escolar Indígena, Educação a Distância e Educação
Escolar Quilombola), nas diferentes áreas do conhecimento e com integração entre elas, podendo
abranger um campo específico e/ou interdisciplinar.
§ 1º Compreende-se a docência como ação educativa e como processo pedagógico intencional e
metódico, envolvendo conhecimentos específicos, interdisciplinares e pedagógicos, conceitos, princípios
e objetivos da formação que se desenvolvem na construção e apropriação dos valores éticos, linguísticos,
estéticos e políticos do conhecimento inerentes à sólida formação científica e cultural do ensinar/aprender,
à socialização e construção de conhecimentos e sua inovação, em diálogo constante entre diferentes
visões de mundo.
§ 2º No exercício da docência, a ação do profissional do magistério da educação básica é permeada
por dimensões técnicas, políticas, éticas e estéticas por meio de sólida formação, envolvendo o domínio
e manejo de conteúdos e metodologias, diversas linguagens, tecnologias e inovações, contribuindo para
ampliar a visão e a atuação desse profissional.
CAPÍTULO II
FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DO MAGISTÉRIO PARA EDUCAÇÃO BÁSICA: BASE COMUM
NACIONAL
Art. 5º A formação de profissionais do magistério deve assegurar a base comum nacional, pautada
pela concepção de educação como processo emancipatório e permanente, bem como pelo
reconhecimento da especificidade do trabalho docente, que conduz à práxis como expressão da
articulação entre teoria e prática e à exigência de que se leve em conta a realidade dos ambientes das
instituições educativas da educação básica e da profissão, para que se possa conduzir o(a) egresso(a):
I - à integração e interdisciplinaridade curricular, dando significado e relevância aos conhecimentos e
vivência da realidade social e cultural, consoantes às exigências da educação básica e da educação
superior para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho;
II - à construção do conhecimento, valorizando a pesquisa e a extensão como princípios pedagógicos
essenciais ao exercício e aprimoramento do profissional do magistério e ao aperfeiçoamento da prática
educativa;
III - ao acesso às fontes nacionais e internacionais de pesquisa, ao material de apoio pedagógico de
qualidade, ao tempo de estudo e produção acadêmica-profissional, viabilizando os programas de fomento
à pesquisa sobre a educação básica;
IV - às dinâmicas pedagógicas que contribuam para o exercício profissional e o desenvolvimento do
profissional do magistério por meio de visão ampla do processo formativo, seus diferentes ritmos, tempos
e espaços, em face das dimensões psicossociais, histórico-culturais, afetivas, relacionais e interativas
que permeiam a ação pedagógica, possibilitando as condições para o exercício do pensamento crítico, a
resolução de problemas, o trabalho coletivo e interdisciplinar, a criatividade, a inovação, a liderança e a
autonomia;
V - à elaboração de processos de formação do docente em consonância com as mudanças
educacionais e sociais, acompanhando as transformações gnosiológicas e epistemológicas do
conhecimento;
VI - ao uso competente das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) para o aprimoramento
da prática pedagógica e a ampliação da formação cultural dos(das) professores(as) e estudantes;
VII - à promoção de espaços para a reflexão crítica sobre as diferentes linguagens e seus processos
de construção, disseminação e uso, incorporando-os ao processo pedagógico, com a intenção de
possibilitar o desenvolvimento da criticidade e da criatividade;
VIII - à consolidação da educação inclusiva através do respeito às diferenças, reconhecendo e
valorizando a diversidade étnico-racial, de gênero, sexual, religiosa, de faixa geracional, entre outras;
IX - à aprendizagem e ao desenvolvimento de todos(as) os(as) estudantes durante o percurso
educacional por meio de currículo e atualização da prática docente que favoreçam a formação e
estimulem o aprimoramento pedagógico das instituições.
Art. 7º O(A) egresso(a) da formação inicial e continuada deverá possuir um repertório de informações
e habilidades composto pela pluralidade de conhecimentos teóricos e práticos, resultado do projeto
pedagógico e do percurso formativo vivenciado cuja consolidação virá do seu exercício profissional,
fundamentado em princípios de interdisciplinaridade, contextualização, democratização, pertinência e
relevância social, ética e sensibilidade afetiva e estética, de modo a lhe permitir:
I - o conhecimento da instituição educativa como organização complexa na função de promover a
educação para e na cidadania;
II - a pesquisa, a análise e a aplicação dos resultados de investigações de interesse da área
educacional e específica;
III - a atuação profissional no ensino, na gestão de processos educativos e na organização e gestão
de instituições de educação básica.
Parágrafo único. O PPC, em articulação com o PPI e o PDI, deve abranger diferentes características
e dimensões da iniciação à docência, entre as quais:
I - estudo do contexto educacional, envolvendo ações nos diferentes espaços escolares, como salas
de aula, laboratórios, bibliotecas, espaços recreativos e desportivos, ateliês, secretarias;
II - desenvolvimento de ações que valorizem o trabalho coletivo, interdisciplinar e com intencionalidade
pedagógica clara para o ensino e o processo de ensino- aprendizagem;
III - planejamento e execução de atividades nos espaços formativos (instituições de educação básica
e de educação superior, agregando outros ambientes culturais, científicos e tecnológicos, físicos e virtuais
que ampliem as oportunidades de construção de conhecimento), desenvolvidas em níveis crescentes de
complexidade em direção à autonomia do estudante em formação;
IV - participação nas atividades de planejamento e no projeto pedagógico da escola, bem como
participação nas reuniões pedagógicas e órgãos colegiados;
V - análise do processo pedagógico e de ensino-aprendizagem dos conteúdos específicos e
pedagógicos, além das diretrizes e currículos educacionais da educação básica;
VI - leitura e discussão de referenciais teóricos contemporâneos educacionais e de formação para a
compreensão e a apresentação de propostas e dinâmicas didático- pedagógicas;
VII - cotejamento e análise de conteúdos que balizam e fundamentam as diretrizes curriculares para a
educação básica, bem como de conhecimentos específicos e pedagógicos, concepções e dinâmicas
didático-pedagógicas, articuladas à prática e à experiência dos professores das escolas de educação
básica, seus saberes sobre a escola e sobre a mediação didática dos conteúdos;
VIII - desenvolvimento, execução, acompanhamento e avaliação de projetos educacionais, incluindo o
uso de tecnologias educacionais e diferentes recursos e estratégias didático-pedagógicas;
IX - sistematização e registro das atividades em portfólio ou recurso equivalente de acompanhamento.
Art. 8º O(A) egresso(a) dos cursos de formação inicial em nível superior deverá, portanto, estar apto
a:
I - atuar com ética e compromisso com vistas à construção de uma sociedade justa, equânime,
igualitária;
II - compreender o seu papel na formação dos estudantes da educação básica a partir de concepção
ampla e contextualizada de ensino e processos de aprendizagem e desenvolvimento destes, incluindo
aqueles que não tiveram oportunidade de escolarização na idade própria;
III - trabalhar na promoção da aprendizagem e do desenvolvimento de sujeitos em diferentes fases do
desenvolvimento humano nas etapas e modalidades de educação básica;
IV - dominar os conteúdos específicos e pedagógicos e as abordagens teórico- metodológicas do seu
ensino, de forma interdisciplinar e adequada às diferentes fases do desenvolvimento humano;
V - relacionar a linguagem dos meios de comunicação à educação, nos processos didático-
pedagógicos, demonstrando domínio das tecnologias de informação e comunicação para o
desenvolvimento da aprendizagem;
VI - promover e facilitar relações de cooperação entre a instituição educativa, a família e a comunidade;
VII - identificar questões e problemas socioculturais e educacionais, com postura investigativa,
integrativa e propositiva em face de realidades complexas, a fim de contribuir para a superação de
exclusões sociais, étnico-raciais, econômicas, culturais, religiosas, políticas, de gênero, sexuais e outras;
VIII - demonstrar consciência da diversidade, respeitando as diferenças de natureza ambiental-
ecológica, étnico-racial, de gêneros, de faixas geracionais, de classes sociais, religiosas, de necessidades
especiais, de diversidade sexual, entre outras;
CAPÍTULO IV
DA FORMAÇÃO INICIAL DO MAGISTÉRIO DA EDUCAÇÃO BÁSICA EM NÍVEL SUPERIOR
Art. 9º Os cursos de formação inicial para os profissionais do magistério para a educação básica, em
nível superior, compreendem:
I - cursos de graduação de licenciatura;
II - cursos de formação pedagógica para graduados não licenciados;
III - cursos de segunda licenciatura.
§ 1º A instituição formadora definirá no seu projeto institucional as formas de desenvolvimento da
formação inicial dos profissionais do magistério da educação básica articuladas às políticas de valorização
desses profissionais e à base comum nacional explicitada no capítulo II desta Resolução.
§ 2º A formação inicial para o exercício da docência e da gestão na educação básica implica a formação
em nível superior adequada à área de conhecimento e às etapas de atuação.
§ 3º A formação inicial de profissionais do magistério será ofertada, preferencialmente, de forma
presencial, com elevado padrão acadêmico, científico e tecnológico e cultural.
Art. 10. A formação inicial destina-se àqueles que pretendem exercer o magistério da educação básica
em suas etapas e modalidades de educação e em outras áreas nas quais sejam previstos conhecimentos
pedagógicos, compreendendo a articulação entre estudos teórico-práticos, investigação e reflexão crítica,
aproveitamento da formação e experiências anteriores em instituições de ensino.
Parágrafo único. As atividades do magistério também compreendem a atuação e participação na
organização e gestão de sistemas de educação básica e suas instituições de ensino, englobando:
I - planejamento, desenvolvimento, coordenação, acompanhamento e avaliação de projetos, do ensino,
das dinâmicas pedagógicas e experiências educativas;
II - produção e difusão do conhecimento científico-tecnológico das áreas específicas e do campo
educacional.
Art. 11. A formação inicial requer projeto com identidade própria de curso de licenciatura articulado ao
bacharelado ou tecnológico, a outra(s) licenciatura(s) ou a cursos de formação pedagógica de docentes,
garantindo:
I - articulação com o contexto educacional, em suas dimensões sociais, culturais, econômicas e
tecnológicas;
II - efetiva articulação entre faculdades e centros de educação, institutos, departamentos e cursos de
áreas específicas, além de fóruns de licenciatura;
III - coordenação e colegiado próprios que formulem projeto pedagógico e se articulem com as
unidades acadêmicas envolvidas e, no escopo do PDI e PPI, tomem decisões sobre a organização
institucional e sobre as questões administrativas no âmbito de suas competências;
IV - interação sistemática entre os sistemas, as instituições de educação superior e as instituições de
Art. 12. Os cursos de formação inicial, respeitadas a diversidade nacional e a autonomia pedagógica
das instituições, constituir-se-ão dos seguintes núcleos:
I - núcleo de estudos de formação geral, das áreas específicas e interdisciplinares, e do campo
educacional, seus fundamentos e metodologias, e das diversas realidades educacionais, articulando:
a) princípios, concepções, conteúdos e critérios oriundos de diferentes áreas do conhecimento,
incluindo os conhecimentos pedagógicos, específicos e interdisciplinares, os fundamentos da educação,
para o desenvolvimento das pessoas, das organizações e da sociedade;
b) princípios de justiça social, respeito à diversidade, promoção da participação e gestão democrática;
c) conhecimento, avaliação, criação e uso de textos, materiais didáticos, procedimentos e processos
de ensino e aprendizagem que contemplem a diversidade social e cultural da sociedade brasileira;
d) observação, análise, planejamento, desenvolvimento e avaliação de processos educativos e de
experiências educacionais em instituições educativas;
e) conhecimento multidimensional e interdisciplinar sobre o ser humano e práticas educativas,
incluindo conhecimento de processos de desenvolvimento de crianças, adolescentes, jovens e adultos,
nas dimensões física, cognitiva, afetiva, estética, cultural, lúdica, artística, ética e biopsicossocial;
f) diagnóstico sobre as necessidades e aspirações dos diferentes segmentos da sociedade
relativamente à educação, sendo capaz de identificar diferentes forças e interesses, de captar
contradições e de considerá-los nos planos pedagógicos, no ensino e seus processos articulados à
aprendizagem, no planejamento e na realização de atividades educativas;
g) pesquisa e estudo dos conteúdos específicos e pedagógicos, seus fundamentos e metodologias,
legislação educacional, processos de organização e gestão, trabalho docente, políticas de financiamento,
avaliação e currículo;
h) decodificação e utilização de diferentes linguagens e códigos linguístico- sociais utilizadas pelos
estudantes, além do trabalho didático sobre conteúdos pertinentes às etapas e modalidades de educação
básica;
i) pesquisa e estudo das relações entre educação e trabalho, educação e diversidade, direitos
humanos, cidadania, educação ambiental, entre outras problemáticas centrais da sociedade
contemporânea;
j) questões atinentes à ética, estética e ludicidade no contexto do exercício profissional, articulando o
saber acadêmico, a pesquisa, a extensão e a prática educativa;
l) pesquisa, estudo, aplicação e avaliação da legislação e produção específica sobre organização e
gestão da educação nacional.
II - núcleo de aprofundamento e diversificação de estudos das áreas de atuação profissional, incluindo
os conteúdos específicos e pedagógicos, priorizadas pelo projeto pedagógico das instituições, em sintonia
com os sistemas de ensino, que, atendendo às demandas sociais, oportunizará, entre outras
possibilidades:
a) investigações sobre processos educativos, organizacionais e de gestão na área educacional;
b) avaliação, criação e uso de textos, materiais didáticos, procedimentos e processos de aprendizagem
que contemplem a diversidade social e cultural da sociedade brasileira;
c) pesquisa e estudo dos conhecimentos pedagógicos e fundamentos da educação, didáticas e
práticas de ensino, teorias da educação, legislação educacional, políticas de financiamento, avaliação e
currículo.
d) aplicação ao campo da educação de contribuições e conhecimentos, como o pedagógico, o
filosófico, o histórico, o antropológico, o ambiental-ecológico, o psicológico, o linguístico, o sociológico, o
político, o econômico, o cultural;
III - núcleo de estudos integradores para enriquecimento curricular, compreendendo a participação em:
a) seminários e estudos curriculares, em projetos de iniciação científica, iniciação à docência,
residência docente, monitoria e extensão, entre outros, definidos no projeto institucional da instituição
de educação superior e diretamente orientados pelo corpo docente da mesma instituição;
CAPÍTULO V
DA FORMAÇÃO INICIAL DO MAGISTÉRIO DA EDUCAÇÃO BÁSICA EM NÍVEL SUPERIOR:
ESTRUTURA E CURRÍCULO
Art. 13. Os cursos de formação inicial de professores para a educação básica em nível superior, em
cursos de licenciatura, organizados em áreas especializadas, por componente curricular ou por campo
de conhecimento e/ou interdisciplinar, considerando-se a complexidade e multirreferencialidade dos
estudos que os englobam, bem como a formação para o exercício integrado e indissociável da docência
na educação básica, incluindo o ensino e a gestão educacional, e dos processos educativos escolares e
não escolares, da produção e difusão do conhecimento científico, tecnológico e educacional, estruturam-
se por meio da garantia de base comum nacional das orientações curriculares.
§ 1º Os cursos de que trata o caput terão, no mínimo, 3.200 (três mil e duzentas) horas de efetivo
trabalho acadêmico, em cursos com duração de, no mínimo, 8 (oito) semestres ou 4 (quatro) anos,
compreendendo:
I - 400 (quatrocentas) horas de prática como componente curricular, distribuídas ao longo do processo
formativo;
II - 400 (quatrocentas) horas dedicadas ao estágio supervisionado, na área de formação e atuação na
educação básica, contemplando também outras áreas específicas, se for o caso, conforme o projeto de
curso da instituição;
III - pelo menos 2.200 (duas mil e duzentas) horas dedicadas às atividades formativas estruturadas
pelos núcleos definidos nos incisos I e II do artigo 12 desta Resolução, conforme o projeto de curso da
instituição;
IV - 200 (duzentas) horas de atividades teórico-práticas de aprofundamento em áreas específicas de
interesse dos estudantes, conforme núcleo definido no inciso III do artigo 12 desta Resolução, por meio
da iniciação científica, da iniciação à docência, da extensão e da monitoria, entre outras, consoante o
projeto de curso da instituição.
§ 2º Os cursos de formação deverão garantir nos currículos conteúdos específicos da respectiva área
de conhecimento ou interdisciplinares, seus fundamentos e metodologias, bem como conteúdos
relacionados aos fundamentos da educação, formação na área de políticas públicas e gestão da
educação, seus fundamentos e metodologias, direitos humanos, diversidades étnico-racial, de gênero,
sexual, religiosa, de faixa geracional, Língua Brasileira de Sinais (Libras), educação especial e direitos
educacionais de adolescentes e jovens em cumprimento de medidas socioeducativas.
§ 3º Deverá ser garantida, ao longo do processo, efetiva e concomitante relação entre teoria e prática,
ambas fornecendo elementos básicos para o desenvolvimento dos conhecimentos e habilidades
necessários à docência.
§ 4º Os critérios de organização da matriz curricular, bem como a alocação de tempos e espaços
curriculares, se expressam em eixos em torno dos quais se articulam dimensões a serem contempladas,
como previsto no artigo 12 desta Resolução.
§ 5º Nas licenciaturas, curso de Pedagogia, em educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental
a serem desenvolvidas em projetos de cursos articulados, deverão preponderar os tempos dedicados à
constituição de conhecimento sobre os objetos de ensino, e nas demais licenciaturas o tempo dedicado
às dimensões pedagógicas não será inferior à quinta parte da carga horária total.
§ 6º O estágio curricular supervisionado é componente obrigatório da organização curricular das
licenciaturas, sendo uma atividade específica intrinsecamente articulada com a prática e com as demais
atividades de trabalho acadêmico.
Art. 14. Os cursos de formação pedagógica para graduados não licenciados, de caráter emergencial e
provisório, ofertados a portadores de diplomas de curso superior formados em cursos relacionados à
habilitação pretendida com sólida base de conhecimentos na área estudada, devem ter carga horária
mínima variável de 1.000 (mil) a 1.400 (mil e quatrocentas) horas de efetivo trabalho acadêmico,
dependendo da equivalência entre o curso de origem e a formação pedagógica pretendida.
§ 1º A definição da carga horária deve respeitar os seguintes princípios:
Art. 15. Os cursos de segunda licenciatura terão carga horária mínima variável de 800 (oitocentas) a
1.200 (mil e duzentas) horas, dependendo da equivalência entre a formação original e a nova licenciatura.
§ 1º A definição da carga horária deve respeitar os seguintes princípios:
I - quando o curso de segunda licenciatura pertencer à mesma área do curso de origem, a carga horária
deverá ter, no mínimo, 800 (oitocentas) horas;
II - quando o curso de segunda licenciatura pertencer a uma área diferente da do curso de origem, a
carga horária deverá ter, no mínimo, 1.200 (mil e duzentas) horas;
III - a carga horária do estágio curricular supervisionado é de 300 (trezentas)
horas;
§ 2º Durante o processo formativo, deverá ser garantida efetiva e concomitante
relação entre teoria e prática, ambas fornecendo elementos básicos para o desenvolvimento dos
conhecimentos e habilidades necessários à docência.
§ 3º Os cursos de formação deverão garantir nos currículos conteúdos específicos da respectiva área
de conhecimento e/ou interdisciplinar, seus fundamentos e metodologias, bem como conteúdos
relacionados aos fundamentos da educação, formação na área de políticas públicas e gestão da
educação, seus fundamentos e metodologias, direitos humanos, diversidades étnico-racial, de gênero,
sexual, religiosa, de faixa geracional, Língua Brasileira de Sinais (Libras), educação especial e direitos
educacionais de adolescentes e jovens em cumprimento de medidas socioeducativas.
§ 4º Os cursos descritos no caput poderão ser ofertados a portadores de diplomas de cursos de
graduação em licenciatura, independentemente da área de formação.
§ 5º Cabe à instituição de educação superior ofertante do curso verificar a compatibilidade entre a
formação do candidato e a habilitação pretendida.
§ 6º O estágio curricular supervisionado é componente obrigatório da organização curricular das
CAPÍTULO VI
DA FORMAÇÃO CONTINUADA DOS PROFISSIONAIS DO MAGISTÉRIO
Art. 16. A formação continuada compreende dimensões coletivas, organizacionais e profissionais, bem
como o repensar do processo pedagógico, dos saberes e valores, e envolve atividades de extensão,
grupos de estudos, reuniões pedagógicas, cursos, programas e ações para além da formação mínima
exigida ao exercício do magistério na educação básica, tendo como principal finalidade a reflexão sobre
a prática educacional e a busca de aperfeiçoamento técnico, pedagógico, ético e político do profissional
docente.
Parágrafo único. A formação continuada decorre de uma concepção de desenvolvimento profissional
dos profissionais do magistério que leva em conta:
I - os sistemas e as redes de ensino, o projeto pedagógico das instituições de educação básica, bem
como os problemas e os desafios da escola e do contexto onde ela está inserida;
II - a necessidade de acompanhar a inovação e o desenvolvimento associados ao conhecimento, à
ciência e à tecnologia;
III - o respeito ao protagonismo do professor e a um espaço-tempo que lhe permita refletir criticamente
e aperfeiçoar sua prática;
IV - o diálogo e a parceria com atores e instituições competentes, capazes de contribuir para alavancar
novos patamares de qualidade ao complexo trabalho de gestão da sala de aula e da instituição educativa.
Art. 17. A formação continuada, na forma do artigo 16, deve se dar pela oferta de atividades formativas
e cursos de atualização, extensão, aperfeiçoamento, especialização, mestrado e doutorado que
agreguem novos saberes e práticas, articulados às políticas e gestão da educação, à área de atuação do
profissional e às instituições de educação básica, em suas diferentes etapas e modalidades da educação.
§ 1º Em consonância com a legislação, a formação continuada envolve:
I - atividades formativas organizadas pelos sistemas, redes e instituições de educação básica incluindo
desenvolvimento de projetos, inovações pedagógicas, entre outros;
II - atividades ou cursos de atualização, com carga horária mínima de 20 (vinte) horas e máxima de 80
(oitenta) horas, por atividades formativas diversas, direcionadas à melhoria do exercício do docente;
III - atividades ou cursos de extensão, oferecida por atividades formativas diversas, em consonância
com o projeto de extensão aprovado pela instituição de educação superior formadora;
IV - cursos de aperfeiçoamento, com carga horária mínima de 180 (cento e oitenta) horas, por
atividades formativas diversas, em consonância com o projeto pedagógico da instituição de educação
superior;
V - cursos de especialização lato sensu por atividades formativas diversas, em consonância com o
projeto pedagógico da instituição de educação superior e de acordo com as normas e resoluções do CNE;
VI - cursos de mestrado acadêmico ou profissional, por atividades formativas diversas, de acordo com
o projeto pedagógico do curso/programa da instituição de educação superior, respeitadas as normas e
resoluções do CNE e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Capes;
VII - curso de doutorado, por atividades formativas diversas, de acordo com o projeto pedagógico do
curso/programa da instituição de educação superior, respeitadas as normas e resoluções do CNE e da
Capes.
§ 2º A instituição formadora, em efetiva articulação com o planejamento estratégico do Fórum Estadual
Permanente de Apoio à Formação Docente e com os sistemas e redes de ensino e com as instituições
CAPÍTULO VII
DOS PROFISSIONAIS DO MAGISTÉRIO E SUA VALORIZAÇÃO
Art. 18. Compete aos sistemas de ensino, às redes e às instituições educativas a responsabilidade
pela garantia de políticas de valorização dos profissionais do magistério da educação básica, que devem
ter assegurada sua formação, além de plano de carreira, de acordo com a legislação vigente, e
preparação para atuar nas etapas e modalidades da educação básica e seus projetos de gestão,
conforme definido na base comum nacional e nas diretrizes de formação, segundo o PDI, PPI e PPC da
instituição de educação superior, em articulação com os sistemas e redes de ensino de educação básica.
§ 1º Os profissionais do magistério da educação básica compreendem aqueles que exercem atividades
de docência e demais atividades pedagógicas, como definido no artigo 3º, § 4º, desta Resolução;
§ 2º No quadro dos profissionais do magistério da instituição de educação básica deve constar quem
são esses profissionais, bem como a clara explicitação de sua titulação, atividades e regime de trabalho.
§ 3º A valorização do magistério e dos demais profissionais da educação deve ser entendida como
uma dimensão constitutiva e constituinte de sua formação inicial e continuada, incluindo, entre outros, a
garantia de construção, definição coletiva e aprovação de planos de carreira e salário, com condições
que assegurem jornada de trabalho com dedicação exclusiva ou tempo integral a ser cumprida em um
único estabelecimento de ensino e destinação de 1/3 (um terço) da carga horária de trabalho a outras
atividades pedagógicas inerentes ao exercício do magistério, tais como:
I - preparação de aula, estudos, pesquisa e demais atividades formativas;
II - participação na elaboração e efetivação do projeto político-pedagógico da instituição educativa;
III - orientação e acompanhamento de estudantes;
IV - avaliação de estudantes, de trabalhos e atividades pedagógicas; V - reuniões com pais, conselhos
ou colegiados escolares;
VI - participação em reuniões e grupos de estudo e/ou de trabalho, de coordenação pedagógica e
gestão da escola;
VII - atividades de desenvolvimento profissional;
VIII - outras atividades de natureza semelhante e relacionadas à comunidade escolar na qual se insere
a atividade profissional.
Art. 19. Como meio de valorização dos profissionais do magistério público nos planos de carreira e
remuneração dos respectivos sistemas de ensino, deverá ser garantida a convergência entre formas de
acesso e provimento ao cargo, formação inicial, formação continuada, jornada de trabalho, incluindo horas
para as atividades que considerem a carga horária de trabalho, progressão na carreira e avaliação de
desempenho com a participação dos pares, asseverando-se:
I - acesso à carreira por concurso de provas e títulos orientado para assegurar a qualidade da ação
educativa;
II - fixação do vencimento ou salário inicial para as carreiras profissionais da educação de acordo com
a jornada de trabalho definida nos respectivos planos de carreira no caso dos profissionais do magistério,
com valores nunca inferiores ao do Piso Salarial Profissional Nacional, vedada qualquer diferenciação em
virtude da etapa ou modalidade de educação e de ensino de atuação;
III - diferenciação por titulação dos profissionais da educação escolar básica entre os habilitados em
nível médio e os habilitados em nível superior e pós-graduação lato sensu, com percentual compatível
entre estes últimos e os detentores de cursos de mestrado e doutorado;
IV - revisão salarial anual dos vencimentos ou salários conforme a Lei do Piso;
V - manutenção de comissão paritária entre gestores e profissionais da educação e os demais setores
da comunidade escolar para estudar as condições de trabalho e propor políticas, práticas e ações para o
bom desempenho e a qualidade dos serviços prestados à sociedade;
VI - elaboração e implementação de processos avaliativos para o estágio probatório dos profissionais
do magistério, com a sua participação;
VII - oferta de programas permanentes e regulares de formação e aperfeiçoamento profissional do
magistério e a instituição de licenças remuneradas e formação em serviço, inclusive em nível de pós-
graduação, de modo a atender às especificidades do exercício de suas atividades, bem como os objetivos
das diferentes etapas e modalidades da educação básica.
Art. 21. Sobre as formas de organização e gestão da educação básica, incluindo as orientações
curriculares, os entes federados e respectivos sistemas de ensino, redes e instituições educativas
deverão garantir adequada relação numérica professor/educando, levando em consideração as
características dos educandos, do espaço físico, das etapas e modalidades da educação e do projeto
pedagógico e curricular.
CAPÍTULO VIII
DAS DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS
Art. 23. Os processos de avaliação dos cursos de licenciatura serão realizados pelo órgão próprio do
sistema e acompanhados por comissões próprias de cada área.
Art. 24. Os cursos de formação inicial de professores para a educação básica em nível superior, em
cursos de licenciatura, organizados em áreas interdisciplinares, serão objeto de regulamentação
suplementar.
Art. 25. Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em
contrário, em especial a Resolução CNE/CP nº 2, de 26 de junho de 1997, a Resolução CNE/CP nº 1, de
30 de setembro de 1999, a Resolução CNE/CP nº 1, de 18 de fevereiro de 2002 e suas alterações, a
Resolução CNE/CP nº 2, de 19 de fevereiro de 2002 e suas alterações, a Resolução nº 1, de 11 de
fevereiro de 2009, e a Resolução nº 3, de 7 de dezembro de 2012.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso IV, da
Constituição, e tendo em vista o disposto nos arts. 35 a 42 da Lei n° 9.394, de 20 de dezembro de 1996,
e n° Decreto no 5.154, de 23 de julho de 2004, no art. 6°, inciso III, da Lei n° 8.080, de 19 de setembro
de 1990, e no art. 54, inciso XV, da Lei n° 8.906, de 4 de julho de 1994,
198
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/decreto/D5840.htm - Acesso em 08/01/2019 às 16h50min.
Art.1° Fica instituído, no âmbito federal, o Programa Nacional de Integração da Educação Profissional
à Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos - PROEJA, conforme as diretrizes
estabelecidas neste Decreto.
§1° O PROEJA abrangerá os seguintes cursos e programas de educação profissional:
I - formação inicial e continuada de trabalhadores; e
II - educação profissional técnica de nível médio.
§2° Os cursos e programas do PROEJA deverão considerar as características dos jovens e adultos
atendidos, e poderão ser articulados:
I - ao ensino fundamental ou ao ensino médio, objetivando a elevação do nível de escolaridade do
trabalhador, no caso da formação inicial e continuada de trabalhadores, nos termos do art. 3°, §2°, do
Decreto n° 5.154, de 23 de julho de 2004; e
II - ao ensino médio, de forma integrada ou concomitante, nos termos do art. 4°, §1°, incisos I e II, do
Decreto n° 5.154, de 2004.
§3° O PROEJA poderá ser adotado pelas instituições públicas dos sistemas de ensino estaduais e
municipais e pelas entidades privadas nacionais de serviço social, aprendizagem e formação profissional
vinculadas ao sistema sindical (“Sistema S”), sem prejuízo do disposto no § 4° deste artigo.
§4° Os cursos e programas do PROEJA deverão ser oferecidos, em qualquer caso, a partir da
construção prévia de projeto pedagógico integrado único, inclusive quando envolver articulações
interinstitucionais ou intergovernamentais.
§5° Para os fins deste Decreto, a rede de instituições federais de educação profissional compreende
a Universidade Federal Tecnológica do Paraná, os Centros Federais de Educação Tecnológica, as
Escolas Técnicas Federais, as Escolas Agrotécnicas Federais, as Escolas Técnicas Vinculadas às
Universidades Federais e o Colégio Pedro II, sem prejuízo de outras instituições que venham a ser
criadas.
Art. 4° Os cursos de educação profissional técnica de nível médio do PROEJA deverão contar com
carga horária mínima de duas mil e quatrocentas horas, assegurando-se cumulativamente:
I - a destinação de, no mínimo, mil e duzentas horas para a formação geral;
II - a carga horária mínima estabelecida para a respectiva habilitação profissional técnica; e
III - a observância às diretrizes curriculares nacionais e demais atos normativos do Conselho Nacional
de Educação para a educação profissional técnica de nível médio, para o ensino fundamental, para o
ensino médio e para a educação de jovens e adultos.
Art. 5° As instituições de ensino ofertantes de cursos e programas do PROEJA serão responsáveis
pela estruturação dos cursos oferecidos e pela expedição de certificados e diplomas.
Parágrafo único. As áreas profissionais escolhidas para a estruturação dos cursos serão,
preferencialmente, as que maior sintonia guardarem com as demandas de nível local e regional, de forma
a contribuir com o fortalecimento das estratégias de desenvolvimento socioeconômico e cultural.
Art. 6° O aluno que demonstrar a qualquer tempo aproveitamento no curso de educação profissional
técnica de nível médio, no âmbito do PROEJA, fará jus à obtenção do correspondente diploma, com
validade nacional, tanto para fins de habilitação na respectiva área profissional, quanto para atestar a
conclusão do ensino médio, possibilitando o prosseguimento de estudos em nível superior.
Art. 8° Os diplomas de cursos técnicos de nível médio desenvolvidos no âmbito do PROEJA terão
validade nacional, conforme a legislação aplicável.
Art. 10. O §2° do art. 28 do Decreto n° 5.773, de 9 de maio de 2006, passa a vigorar com a seguinte
redação:
Questões
01. (IF/BA - Pedagogo – FUNRIO) O Decreto nº 5.840 de 2006 estabeleceu o Programa Nacional de
Integração da Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos (PROEJA) para todo o
país. Como decorrência desse Decreto, determinou-se que o PROEJA tem por função
(A) formar adolescentes e adultos jovens nos cursos de supletivo de Ensino Médio não envolvendo o
Ensino Fundamental e nem preparação para o mercado de trabalho.
(B) atender somente adolescentes ou adultos jovens repetentes no ensino médio regular
encaminhando-os para o ensino noturno e profissionalizando-os para o mercado.
(C) universalizar a formação profissional para o trabalho envolvendo adultos jovens com trajetórias
escolares descontínuas e não outras faixas etárias de alunos.
(D) incluir jovens de classes populares no Ensino Médio empoderando-os para alcançar o Ensino
Superior e oferecendo para isso um estudo propedêutico.
(E) fortalecer o currículo de jovens e adultos no Ensino Médio oferecendo em caráter integrado os
cursos técnicos voltados para a formação profissional.
03. As áreas profissionais escolhidas para a estruturação dos cursos serão, preferencialmente, as que
maior sintonia guardarem com as demandas de nível local e regional, de forma a contribuir com o
fortalecimento das estratégias de desenvolvimento socioeconômico e cultural.
( ) Certo ( ) Errado
Comentários
01. Resposta: E. Decreto 5.840/2006 Art. 1º Fica instituído, no âmbito federal, o Programa Nacional
de Integração da Educação Profissional à Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e
Adultos - PROEJA, conforme as diretrizes estabelecidas neste Decreto.
§ 1º O PROEJA abrangerá os seguintes cursos e programas de educação profissional:
I - formação inicial e continuada de trabalhadores; e
II - educação profissional técnica de nível médio.
02. Resposta: Certo. Decreto 5.840/2006 Art. 1º Fica instituído, no âmbito federal, o Programa
Nacional de Integração da Educação Profissional à Educação Básica na Modalidade de Educação de
Jovens e Adultos - PROEJA, conforme as diretrizes estabelecidas neste Decreto.
§ 1º O PROEJA abrangerá os seguintes cursos e programas de educação profissional:
I - formação inicial e continuada de trabalhadores; e
II - educação profissional técnica de nível médio.
03. Resposta: Certo. Decreto 5.840/2006 Art. 5° As instituições de ensino ofertantes de cursos e
programas do PROEJA serão responsáveis pela estruturação dos cursos oferecidos e pela expedição de
certificados e diplomas.
Parágrafo único. As áreas profissionais escolhidas para a estruturação dos cursos serão,
preferencialmente, as que maior sintonia guardarem com as demandas de nível local e regional, de forma
a contribuir com o fortalecimento das estratégias de desenvolvimento socioeconômico e cultural.
Define Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Profissional Técnica de Nível Médio.
TÍTULO I
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
Capítulo I
Objeto e Finalidade
Art. 1º A presente Resolução define as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Profissional
Técnica de Nível Médio.
Parágrafo único. Para os fins desta Resolução, entende-se por Diretriz o conjunto articulado de
princípios e critérios a serem observados pelos sistemas de ensino e pelas instituições de ensino públicas
e privadas, na organização e no planejamento, desenvolvimento e avaliação da Educação Profissional
Técnica de Nível Médio, inclusive fazendo uso da certificação profissional de cursos.
Art. 2º A Educação Profissional e Tecnológica, nos termos da Lei nº 9.394/96 (LDB), alterada pela Lei
nº 11.741/2008, abrange os cursos de:
I - formação inicial e continuada ou qualificação profissional;
199
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=11663-rceb006-12-pdf&category_slug=setembro-2012-pdf&Itemid=30192.
Acesso em 16.05.2018 às 18h48min.
Art. 3º A Educação Profissional Técnica de Nível Médio é desenvolvida nas formas articulada e
subsequente ao Ensino Médio, podendo a primeira ser integrada ou concomitante a essa etapa da
Educação Básica.
§ 1º A Educação Profissional Técnica de Nível Médio possibilita a avaliação, o reconhecimento e a
certificação para prosseguimento ou conclusão de estudos.
§ 2º Os cursos e programas de Educação Profissional Técnica de Nível Médio são organizados por
eixos tecnológicos, possibilitando itinerários formativos flexíveis, diversificados e atualizados, segundo
interesses dos sujeitos e possibilidades das instituições educacionais, observadas as normas do
respectivo sistema de ensino para a modalidade de Educação Profissional Técnica de Nível Médio.
§ 3º Entende-se por itinerário formativo o conjunto das etapas que compõem a organização da oferta
da Educação Profissional pela instituição de Educação Profissional e Tecnológica, no âmbito de um
determinado eixo tecnológico, possibilitando contínuo e articulado aproveitamento de estudos e de
experiências profissionais devidamente certificadas por instituições educacionais legalizadas.
§ 4º O itinerário formativo contempla a sequência das possibilidades articuláveis da oferta de cursos
de Educação Profissional, programado a partir de estudos quanto aos itinerários de profissionalização no
mundo do trabalho, à estrutura sócio-ocupacional e aos fundamentos científico-tecnológicos dos
processos produtivos de bens ou serviços, o qual orienta e configura uma trajetória educacional
consistente.
§ 5º As bases para o planejamento de cursos e programas de Educação Profissional, segundo
itinerários formativos, por parte das instituições de Educação Profissional e Tecnológica, são os Catálogos
Nacionais de Cursos mantidos pelos órgãos próprios do MEC e a Classificação Brasileira de Ocupações
(CBO).
Art. 4º A Educação Profissional Técnica de Nível Médio, no cumprimento dos objetivos da educação
nacional, articula-se com o Ensino Médio e suas diferentes modalidades, incluindo a Educação de Jovens
e Adultos (EJA), e com as dimensões do trabalho, da tecnologia, da ciência e da cultura.
Parágrafo único. A Educação de Jovens e Adultos deve articular-se, preferencialmente, com a
Educação Profissional e Tecnológica, propiciando, simultaneamente, a qualificação profissional e a
elevação dos níveis de escolaridade dos trabalhadores.
Art. 5º Os cursos de Educação Profissional Técnica de Nível Médio têm por finalidade proporcionar ao
estudante conhecimentos, saberes e competências profissionais necessários ao exercício profissional e
da cidadania, com base nos fundamentos científico-tecnológicos, socio-históricos e culturais.
Capítulo II
Princípios Norteadores
TÍTULO II
ORGANIZAÇÃO E PLANEJAMENTO
Capítulo I
Formas de Oferta
Art. 7º A Educação Profissional Técnica de Nível Médio é desenvolvida nas formas articulada e
subsequente ao Ensino Médio:
I - a articulada, por sua vez, é desenvolvida nas seguintes formas:
a) integrada, ofertada somente a quem já tenha concluído o Ensino Fundamental, com matrícula
única na mesma instituição, de modo a conduzir o estudante à habilitação profissional técnica de nível
médio ao mesmo tempo em que conclui a última etapa da Educação Básica;
b) concomitante, ofertada a quem ingressa no Ensino Médio ou já o esteja cursando, efetuando-se
matrículas distintas para cada curso, aproveitando oportunidades educacionais disponíveis, seja em
unidades de ensino da mesma instituição ou em distintas instituições de ensino;
c) concomitante na forma, uma vez que é desenvolvida simultaneamente em distintas instituições
educacionais, mas integrada no conteúdo, mediante a ação de convênio ou acordo de
intercomplementaridade, para a execução de projeto pedagógico unificado;
II - a subsequente, desenvolvida em cursos destinados exclusivamente a quem já tenha concluído o
Ensino Médio.
Art. 8º Os cursos de Educação Profissional Técnica de Nível Médio podem ser desenvolvidos nas
formas articulada integrada na mesma instituição de ensino, ou articulada concomitante em instituições
de ensino distintas, mas com projeto pedagógico unificado, mediante convênios ou acordos de
intercomplementaridade, visando ao planejamento e ao desenvolvimento desse projeto pedagógico
unificado na forma integrada.
§ 1º Os cursos assim desenvolvidos, com projetos pedagógicos unificados, devem visar
simultaneamente aos objetivos da Educação Básica e, especificamente, do Ensino Médio e também da
Art. 9º Na oferta de cursos na forma subsequente, caso o diagnóstico avaliativo evidencie necessidade,
devem ser introduzidos conhecimentos e habilidades inerentes à Educação Básica, para
complementação e atualização de estudos, em consonância com o respectivo eixo tecnológico,
garantindo o perfil profissional de conclusão.
Art. 10 A oferta de curso de Educação Profissional Técnica de Nível Médio em instituições públicas e
privadas, em quaisquer das formas, deve ser precedida da devida autorização pelo órgão competente do
respectivo sistema de ensino.
Art. 11 A oferta da Educação Profissional para os que não concluíram o Ensino Médio pode se dar sob
a forma de articulação integrada com a Educação de Jovens e Adultos.
Parágrafo único. As instituições de ensino devem estimular a continuidade dos estudos dos que não
estejam cursando o Ensino Médio e alertar os estudantes de que a certificação do Ensino Médio é
condição necessária para a obtenção do diploma de técnico.
Capítulo II
Organização Curricular
Art. 12 Os cursos de Educação Profissional Técnica de Nível Médio são organizados por eixos
tecnológicos constantes do Catálogo Nacional de Cursos Técnicos, instituído e organizado pelo Ministério
da Educação ou em uma ou mais ocupações da Classificação Brasileira de Ocupações (CBO).
Art. 13 A estruturação dos cursos da Educação Profissional Técnica de Nível Médio, orientada pela
concepção de eixo tecnológico, implica considerar:
I - a matriz tecnológica, contemplando métodos, técnicas, ferramentas e outros elementos das
tecnologias relativas aos cursos;
II - o núcleo politécnico comum correspondente a cada eixo tecnológico em que se situa o curso, que
compreende os fundamentos científicos, sociais, organizacionais, econômicos, políticos, culturais,
ambientais, estéticos e éticos que alicerçam as tecnologias e a contextualização do mesmo no sistema
de produção social;
III - os conhecimentos e as habilidades nas áreas de linguagens e códigos, ciências humanas,
matemática e ciências da natureza, vinculados à Educação Básica deverão permear o currículo dos
cursos técnicos de nível médio, de acordo com as especificidades dos mesmos, como elementos
essenciais para a formação e o desenvolvimento profissional do cidadão;
IV - a pertinência, a coerência, a coesão e a consistência de conteúdos, articulados do ponto de vista
do trabalho assumido como princípio educativo, contemplando as necessárias bases conceituais e
metodológicas;
V - a atualização permanente dos cursos e currículos, estruturados em ampla base de dados,
pesquisas e outras fontes de informação pertinentes.
Art. 14 Os currículos dos cursos de Educação Profissional Técnica de Nível Médio devem proporcionar
aos estudantes:
I - diálogo com diversos campos do trabalho, da ciência, da tecnologia e da cultura como referências
fundamentais de sua formação;
II - elementos para compreender e discutir as relações sociais de produção e de trabalho, bem como
as especificidades históricas nas sociedades contemporâneas;
III - recursos para exercer sua profissão com competência, idoneidade intelectual e tecnológica,
autonomia e responsabilidade, orientados por princípios éticos, estéticos e políticos, bem como
compromissos com a construção de uma sociedade democrática;
Art. 15 O currículo, consubstanciado no plano de curso e com base no princípio do pluralismo de ideias
e concepções pedagógicas, é prerrogativa e responsabilidade de cada instituição educacional, nos termos
de seu projeto político-pedagógico, observada a legislação e o disposto nestas Diretrizes e no Catálogo
Nacional de Cursos Técnicos.
Art. 16. As instituições de ensino devem formular, coletiva e participativamente, nos termos dos arts.
12, 13, 14 e 15 da LDB, seus projetos político-pedagógicos e planos de curso.
Art. 18 São critérios para o planejamento e a organização de cursos de Educação Profissional Técnica
de Nível Médio:
I - atendimento às demandas socioeconômico-ambientais dos cidadãos e do mundo do trabalho, em
termos de compromisso ético para com os estudantes e a sociedade;
II - conciliação das demandas identificadas com a vocação e a capacidade da instituição ou rede de
ensino, em termos de reais condições de viabilização da proposta pedagógica;
III - possibilidade de organização curricular segundo itinerários formativos, de acordo com os
correspondentes eixos tecnológicos, em função da estrutura sócio-ocupacional e tecnológica
consonantes com políticas públicas indutoras e arranjos socioprodutivos e culturais locais;
IV - identificação de perfil profissional de conclusão próprio para cada curso, que objetive garantir o
pleno desenvolvimento de conhecimentos, saberes e competências profissionais e pessoais requeridas
pela natureza do trabalho, segundo o respectivo eixo tecnológico, em função da estrutura sócio-
ocupacional e tecnológica e em condições de responder, de forma original e criativa, aos constantes
desafios da vida cidadã e profissional.
Art. 20 Os planos de curso, coerentes com os respectivos projetos político pedagógicos, são
submetidos à aprovação dos órgãos competentes dos correspondentes Sistemas de Ensino, contendo
obrigatoriamente, no mínimo:
I - identificação do curso;
Art. 21 A prática profissional, prevista na organização curricular do curso, deve estar continuamente
relacionada aos seus fundamentos científicos e tecnológicos, orientada pela pesquisa como princípio
pedagógico que possibilita ao educando enfrentar o desafio do desenvolvimento da aprendizagem
permanente, integra as cargas horárias mínimas de cada habilitação profissional de técnico e
correspondentes etapas de qualificação e de especialização profissional técnica de nível médio.
§ 1º A prática na Educação Profissional compreende diferentes situações de vivência, aprendizagem
e trabalho, como experimentos e atividades específicas em ambientes especiais, tais como laboratórios,
oficinas, empresas pedagógicas, ateliês e outros, bem como investigação sobre atividades profissionais,
projetos de pesquisa e/ou intervenção, visitas técnicas, simulações, observações e outras.
§ 2º A prática profissional supervisionada, caracterizada como prática profissional em situação real de
trabalho, configura-se como atividade de estágio profissional supervisionado, assumido como ato
educativo da instituição educacional.
§ 3º O estágio profissional supervisionado, quando necessário em função da natureza do itinerário
formativo, ou exigido pela natureza da ocupação, pode ser incluído no plano de curso como obrigatório
ou voluntário, sendo realizado em empresas e outras organizações públicas e privadas, à luz da Lei nº
11.788/2008 e conforme Diretrizes específicas editadas pelo Conselho Nacional de Educação.
§ 4º O plano de realização do estágio profissional supervisionado deve ser explicitado na organização
curricular e no plano de curso, uma vez que é ato educativo de responsabilidade da instituição
educacional, conforme previsto no inciso V do art. 20 desta Resolução.
§ 5º A carga horária destinada à realização de atividades de estágio profissional supervisionado deve
ser adicionada à carga horária mínima estabelecida pelo Conselho Nacional de Educação ou prevista no
Catálogo Nacional de Cursos Técnicos para a duração do respectivo curso técnico de nível médio ou
correspondente qualificação ou especialização profissional.
Art. 22 A organização curricular dos cursos técnicos de nível médio deve considerar os seguintes
passos no seu planejamento:
I - adequação e coerência do curso com o projeto político-pedagógico e com o regimento da instituição
de ensino;
II - adequação à vocação regional e às tecnologias e avanços dos setores produtivos pertinentes;
III - definição do perfil profissional de conclusão do curso, projetado na identificação do itinerário
formativo planejado pela instituição educacional, com base nos itinerários de profissionalização
claramente identificados no mundo do trabalho, indicando as efetivas possibilidades de contínuo e
articulado aproveitamento de estudos;
IV - identificação de conhecimentos, saberes e competências pessoais e profissionais definidoras do
perfil profissional de conclusão proposto para o curso;
V - organização curricular flexível, por disciplinas ou componentes curriculares, projetos, núcleos
temáticos ou outros critérios ou formas de organização, desde que compatíveis com os princípios da
interdisciplinaridade, da contextualização e da integração entre teoria e prática, no processo de ensino e
aprendizagem;
Capítulo III
Duração dos cursos
Art. 26 A carga horária mínima de cada curso de Educação Profissional Técnica de Nível Médio é
indicada no Catálogo Nacional de Cursos Técnicos, segundo cada habilitação profissional.
Parágrafo único. Respeitados os mínimos previstos de duração e carga horária total, o plano de curso
técnico de nível médio pode prever atividades não presenciais, até 20% (vinte por cento) da carga horária
diária do curso, desde que haja suporte tecnológico e seja garantido o atendimento por docentes e tutores.
Art. 27 Os cursos de Educação Profissional Técnica de Nível Médio, na forma articulada com o Ensino
Médio, integrada ou concomitante em instituições de ensino distintas com projeto pedagógico unificado,
têm as cargas horárias totais de, no mínimo, 3.000, 3.100 ou 3.200 horas, conforme o número de horas
para as respectivas habilitações profissionais indicadas no Catálogo Nacional de Cursos Técnicos, seja
de 800, 1.000 ou 1.200 horas.
Art. 28 Os cursos de Educação Profissional Técnica de Nível Médio, na forma articulada integrada com
o Ensino Médio na modalidade de Educação de Jovens e Adultos, têm a carga horária mínima total de
Art. 29 Os cursos de Educação Profissional Técnica de Nível Médio oferecidos nas formas
subsequente e articulada concomitante, aproveitando as oportunidades educacionais disponíveis,
portanto sem projeto pedagógico unificado, devem respeitar as cargas horárias mínimas de 800, 1.000
ou 1.200 horas, conforme indicadas para as respectivas habilitações profissionais no Catálogo Nacional
de Cursos Técnicos instituído e mantido pelo MEC.
Art. 30 A carga horária mínima, para cada etapa com terminalidade de qualificação profissional técnica
prevista em um itinerário formativo de curso técnico de nível médio, é de 20% (vinte por cento) da carga
horária mínima indicada para a respectiva habilitação profissional no Catálogo Nacional de Cursos
Técnicos instituído e mantido pelo MEC.
Art. 31 A carga horária mínima dos cursos de especialização técnica de nível médio é de 25% (vinte e
cinco por cento) da carga horária mínima indicada no Catálogo Nacional de Cursos Técnicos para a
habilitação profissional a que se vincula.
Art. 32 A carga horária destinada a estágio profissional supervisionado, quando previsto em plano de
curso, em quaisquer das formas de oferta do curso técnico de nível médio, deverá ser adicionada à carga
horária mínima estabelecida para a respectiva habilitação profissional.
TÍTULO III
AVALIAÇÃO, APROVEITAMENTO E CERTIFICAÇÃO
Capítulo I
Avaliação e aproveitamento
Art. 34 A avaliação da aprendizagem dos estudantes visa à sua progressão para o alcance do perfil
profissional de conclusão, sendo contínua e cumulativa, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre
os quantitativos, bem como dos resultados ao longo do processo sobre os de eventuais provas finais.
Capítulo II
Certificação
Art. 37 A avaliação e certificação, para fins de exercício profissional, somente poderão ser realizadas
por instituição educacional devidamente credenciada que apresente em sua oferta o curso de Educação
Profissional Técnica de Nível Médio correspondente, previamente autorizado.
§ 1º A critério do órgão normativo do respectivo sistema de ensino, instituições de ensino que não
tenham o correspondente curso de Educação Profissional Técnica de Nível Médio, mas ofertem cursos
inscritos no mesmo eixo tecnológico, cuja formação tenha estreita relação com o perfil profissional de
conclusão a ser certificado, podem realizar os processos previstos no caput deste artigo.
§ 2º A certificação profissional abrange a avaliação do itinerário profissional e de vida do estudante,
visando ao seu aproveitamento para prosseguimento de estudos ou ao reconhecimento para fins de
certificação para exercício profissional, de estudos não formais e experiência no trabalho, bem como de
orientação para continuidade de estudos, segundo itinerários formativos coerentes com os históricos
profissionais dos cidadãos, para valorização da experiência extraescolar.
§ 3º O Conselho Nacional de Educação elaborará diretrizes para a certificação profissional.
§ 4º O Ministério da Educação, por meio da Rede Nacional de Certificação Profissional e Formação
Inicial e Continuada (Rede CERTIFIC), elaborará padrões nacionais de certificação profissional para
serem utilizados obrigatoriamente pelas instituições de Educação Profissional e Tecnológica do sistema
federal de ensino e das redes públicas estaduais, quando em processos de certificação.
§ 5º As instituições educacionais poderão aderir à Rede CERTIFIC e, se acreditadas, poderão realizar
reconhecimento para fins de certificação para exercício profissional, de acordo com o respectivo perfil
profissional de conclusão do curso;
§ 6º As instituições que possuam metodologias de certificação profissional poderão utilizá-las nos
processos de certificação, desde que autorizadas pelos órgãos normativos dos sistemas de ensino, até a
elaboração das diretrizes para a certificação profissional.
Art. 38 Cabe às instituições educacionais expedir e registrar, sob sua responsabilidade, os diplomas
de técnico de nível médio, sempre que seus dados estejam inseridos no SISTEC, a quem caberá atribuir
um código autenticador do referido registro, para fins de validade nacional dos diplomas emitidos e
registrados.
§ 1º A instituição de ensino responsável pela certificação que completa o itinerário formativo do técnico
de nível médio expedirá o correspondente diploma de técnico de nível médio, observado o requisito
essencial de conclusão do Ensino Médio.
§ 2º Os diplomas de técnico de nível médio devem explicitar o correspondente título de técnico na
respectiva habilitação profissional, indicando o eixo tecnológico ao qual se vincula.
Capítulo III
Avaliação da Educação Profissional Técnica de Nível Médio
TÍTULO IV
FORMAÇÃO DOCENTE
Art. 40 A formação inicial para a docência na Educação Profissional Técnica de Nível Médio realiza-se
em cursos de graduação e programas de licenciatura ou outras formas, em consonância com a legislação
e com normas específicas definidas pelo Conselho Nacional de Educação.
§ 1º Os sistemas de ensino devem viabilizar a formação a que se refere o caput deste artigo, podendo
ser organizada em cooperação com o Ministério da Educação e instituições de Educação Superior.
§ 2º Aos professores graduados, não licenciados, em efetivo exercício na profissão docente ou
aprovados em concurso público, é assegurado o direito de participar ou ter reconhecidos seus saberes
profissionais em processos destinados à formação pedagógica ou à certificação da experiência docente,
podendo ser considerado equivalente às licenciaturas:
I - excepcionalmente, na forma de pós-graduação lato sensu, de caráter pedagógico, sendo o trabalho
de conclusão de curso, preferencialmente, projeto de intervenção relativo à prática docente;
II - excepcionalmente, na forma de reconhecimento total ou parcial dos saberes profissionais de
docentes, com mais de 10 (dez) anos de efetivo exercício como professores da Educação Profissional,
no âmbito da Rede CERTIFIC;
III - na forma de uma segunda licenciatura, diversa da sua graduação original, a qual o habilitará ao
exercício docente.
§ 3º O prazo para o cumprimento da excepcionalidade prevista nos incisos I e II do § 2º deste artigo
para a formação pedagógica dos docentes em efetivo exercício da profissão, encerrar-se-á no ano de
2020.
§ 4º A formação inicial não esgota as possibilidades de qualificação profissional e desenvolvimento
dos professores da Educação Profissional Técnica de Nível Médio, cabendo aos sistemas e às instituições
de ensino a organização e viabilização de ações destinadas à formação continuada de professores.
Art. 41 As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Profissional Técnica de Nível Médio são
obrigatórias a partir do início do ano de 2013.
§ 1º Os sistemas e instituições de ensino que tenham condições de implantar as Diretrizes Curriculares
Nacionais, poderão fazê-lo imediatamente.
§ 2º Fica ressalvado, aos alunos matriculados no período de transição, o direito de conclusão de cursos
organizados com base na Resolução CNE/CEB nº 4/99, atualizada pela Resolução CNE/CEB nº 1/2005,
e regulamentações subsequentes.
Art. 42 Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em
contrário, em especial as disposições da Resolução CNE/CEB nº 4/99 e da Resolução CNE/CEB nº
1/2005.
Questões
Gabarito
Comentários
APRESENTAÇÃO
O Fórum de Dirigentes de Ensino - FDE propôs ao Conselho Nacional das Instituições da Rede
Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica - CONIF o estabelecimento de Diretrizes
Indutoras para a Oferta de Cursos Técnicos Integrados ao Ensino Médio como política prioritária na Rede
Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica - RFEPCT.
Para tanto, o FDE elaborou dois documentos: 1) em 2016, o Documento Base para a promoção da
formação integral, fortalecimento do ensino médio integrado e implementação do currículo integrado no
âmbito das Instituições da RFEPCT conforme Lei nº. 11.892/2008; e 2) em 2017, a Agenda de
Fortalecimento do Ensino Médio Integrado na RFEPCT, construído conjuntamente com os participantes
do I Seminário Nacional do Ensino Médio Integrado, realizado em
Brasília.
Na reunião do FDE, ocorrida durante a 41a Reunião de Dirigentes das Instituições Federais de
Educação Profissional e Tecnológica – REDITEC, em novembro de 2017, em João Pessoa, foi constituído
o Grupo de Trabalho - GT dos Cursos Integrados, tendo como objetivo atualizar e aperfeiçoar o
Documento Base de 2016, considerando o contexto da Medida Provisória nº. 746/2016, convertida na Lei
nº. 13.415/2017. Assim, houve a retomada do referido documento e a ampliação dos estudos sobre o
impacto da citada reforma, bem como a ampla discussão sobre a concepção de ensino médio integrado,
defendida pela Rede Federal.
O texto a seguir é o resultado do trabalho do GT e foi elaborado com a seguinte estrutura:
• Dados dos cursos técnicos integrados extraídos na Plataforma Nilo Peçanha – PNP, referente ao ano
de 2017;
200
https://www.ifsc.edu.br/documents/38101/1079513/Diretrizes+EMI+-+Reditec2018.pdf/0cd97af4-bad5-b347-4869-7293ac87eb69
1. INTRODUÇÃO
A educação profissional técnica integrada ao ensino médio, conforme definida no inciso I, do art. 36-
B, da Lei de Diretrizes e Bases - LDB, é a educação desenvolvida na forma articulada ao ensino médio.
De acordo com o inciso I, do art. 7 da Lei nº. 11.892/2008, essa forma de oferta destina-se aos concluintes
do ensino fundamental e ao público da educação de jovens e adultos - EJA.
Cabe ressaltar que as expressões cursos integrados, cursos técnicos integrados ou ensino médio
integrado referem-se ao que a LDB denomina de educação profissional técnica de nível médio na forma
articulada ao ensino médio. O Parecer CNE/CEB nº. 11/2012 explicita que, no ensino médio integrado à
educação profissional técnica de nível médio, a formação geral do estudante deve se tornar inseparável
da formação profissional, que deve enfocar o trabalho como princípio educativo, objetivando superar a
tradicional e preconceituosa dicotomia entre trabalho manual e trabalho intelectual e a compreensão dos
fundamentos científico-tecnológicos dos processos produtivos, relacionando a teoria com a prática, no
ensino de cada componente curricular.
Em outras palavras, os cursos técnicos integrados se fundamentam na ideia de ensino médio
integrado no sentido da formação humana integral, politécnica e multidimensional. Portanto, não se está
falando somente de uma integração da matriz curricular entre os componentes da formação básica e da
formação técnica. Essa integração é fundamental na medida em que cada componente e cada conteúdo
curricular deve ser planejado num todo e não como uma matriz de disciplinas fragmentadas.
O objetivo deste documento, denominado Diretrizes Indutoras, é induzir um alinhamento na oferta de
cursos técnicos integrados ao ensino médio nas instituições da RFEPCT vinculadas ao CONIF.
Inicialmente, são apresentados os dados da Plataforma Nilo Peçanha - PNP sobre o perfil geral de
estudantes e a oferta dos Cursos Integrados na RFEPCT.
Na sequência, são feitas considerações sobre a concepção ontológica de educação que orienta os
cursos integrados, bem como a base legal da sua oferta em consonância com a Lei nº. 11.892/2008 e
Os indicadores da PNP têm como base os dados do Sistema Nacional de Informações da Educação
Profissional e Tecnológica - Sistec, do Ministério da Educação, inseridos por cada campus, e
representam as informações de 2017.
Conforme Figura 1, os dados gerais da educação profissional na Rede Federal são os seguintes: 643
unidades, 11.264 cursos e 1.031.798 estudantes matriculados.
Os dados das instituições da RFEPCT, vinculadas ao CONIF (IFs, CEFETs e Colégio Pedro II),
conforme Figura 2, indicam um total de 1.004.737 estudantes matriculados em 620 unidades.
Figura 2 – IFs, CEFETs e Colégio Pedro II: Unidades, Cursos e Matrículas no ano de 2017
Fonte: Plataforma Nilo Peçanha
Na RFEPCT, são ofertadas 474.161 vagas, sendo 80.765 nos cursos técnicos integrados,
representando aproximadamente 17% do total.
Considerando o disposto no art. 8° da Lei n°. 11.892/2008, os IFs devem ofertar, no mínimo, 50% das
vagas para cursos técnicos com prioridade de oferta para cursos técnicos integrados, o que seria mais
de 50% das vagas de Cursos Técnicos.
Como forma de garantir o disposto no texto legal, a RFEPCT precisa aumentar em torno de 8% do
total de suas vagas, o que significa aproximadamente 40 mil vagas, para a oferta de cursos técnicos
integrados.
A PNP também traz alguns dados significativos sobre o público hoje atendido pelos cursos técnicos
integrados da RFEPCT. O quadro socioeconômico do país evidencia a necessidade da educação como
estratégia de desenvolvimento e inclusão social para a garantia de acesso, permanência e êxito de
estudantes em sua trajetória acadêmica. Mesmo com as políticas de inclusão estabelecidas, observa-se,
conforme Figura 4, que apenas uma pequena parcela de estudantes são afrodescendentes ou indígenas,
cotas prioritárias para o processo de inclusão social.
Quando o quesito é renda familiar, a maioria situa-se na faixa de renda de até 1,5 salários mínimos -
SM per capita, conforme Figura 5. Os dados indicam, portanto, que, do ponto de vista socioeconômico,
a Rede Federal está atingindo o público que mais necessita de formação integral.
Figura 5 – Renda Familiar dos Estudantes Matriculados nos Cursos Integrados no ano de 2017
Fonte: Plataforma Nilo Peçanha
O Parecer CNE/CEB nº. 11/2012 discorre, ainda, sobre a mudança na natureza do trabalho na
sociedade atual, na qual adquire cada vez mais importância o conhecimento científico e a incorporação
de saberes em detrimento do emprego de massa e sem qualificação profissional. Ou seja, o
conhecimento assume “centralidade da nova organização da sociedade pós-industrial”.
Nesse sentido, o Parecer enfatiza, conforme sessão nº. 92 da Conferência Geral Anual da
Organização Internacional do Trabalho - OIT, ocorrida em 17 de junho de 2004, com aprovação da
Recomendação nº. 195/2004, sobre orientação, formação profissional e aprendizagem ao longo da vida,
que
a Educação Básica, reconhecida como direito público fundamental de todos os cidadãos, deve ser
garantida de forma integrada com a orientação, a formação e a qualificação profissional para o trabalho.
O objetivo dessa política pública é o de propiciar autonomia intelectual, de tal forma que, a cada mudança
científica e tecnológica, o cidadão consiga por si próprio formar-se ou buscar a formação necessária para
o desenvolvimento de seu itinerário profissional. A qualidade da oferta da tríade Educação Básica,
formação profissional e aprendizagem ao longo da vida contribui significativamente para a promoção dos
interesses individuais e coletivos dos trabalhadores e dos empregadores, bem como dos interesses
sociais do desenvolvimento socioeconômico, especialmente, tendo em conta a importância fundamental
do pleno emprego, da erradicação da pobreza, da inclusão social e do crescimento econômico
sustentado.
Já o Parecer CNE/CEB nº. 5/2011, que deu origem à Resolução CNE/CEB nº. 2/2012, que institui as
Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio, estabelece algumas definições conceituais
importantes que fundamentam a formação humana integral, pretendida com os cursos técnicos
integrados, dentre as quais se destacam:
Ciência como conjunto de conhecimentos sistematizados, produzidos socialmente ao longo da
história, na busca da compreensão e transformação da natureza e da sociedade, expressa-se na forma
de conceitos representativos das relações de forças determinadas e apreendidas da realidade;
Tecnologia como extensão das capacidades humanas que promove a transformação da ciência em
força produtiva, visando à satisfação de necessidades humanas; é a mediação entre conhecimento
científico (apreensão e desvelamento do real) e produção (intervenção no real);
O disposto como princípio geral estabelece que a formação profissional e básica precisam estar
articuladas, de forma a promover a formação humana integral, instrumentalizando o estudante para a
produção do conhecimento, a intervenção social e sua inserção produtiva no ambiente social, com a
formação crítica necessária para intervir e transformá-lo.
Portanto, para o pleno desenvolvimento do sujeito, que implica formação para a cidadania e
qualificação para o trabalho, torna-se imprescindível a articulação entre educação básica e profissional.
Neste sentido, a educação precisa libertar-se da perspectiva histórica imposta pelo mercado e pelos
segmentos produtivos de foco unicamente na formação para o trabalho e buscar a formação omnilateral,
que visa ao desenvolvimento de todas as potencialidades humanas.
Dessa forma, o compromisso da RFEPCT deve ser com a formação crítica, humanizada e
emancipadora, que proporcione experiências por meio das quais seja possível despertar o senso crítico,
elevando o sujeito a patamares de compreensão capazes de ampliar seu nível de participação na esfera
social, sem negligenciar a relação do homem com as questões de socialização, com as tecnologias, com
os desafios ambientais e com a totalidade do complexo mundo do trabalho.
§ 3º O ensino da língua portuguesa e da matemática será obrigatório nos três anos do ensino médio
(...);
[...]
§ 5º A carga horária destinada ao cumprimento da Base Nacional Comum Curricular não poderá ser
superior a mil e oitocentas horas.
A oferta das disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática nos três anos dos cursos técnicos
integrados está contemplada, se não no todo, na quase totalidade, dos PPCs. O currículo integrado não
nega a importância destas disciplinas, mas não baliza sua formação unicamente nelas, sendo relevante
a presença de todos os componentes curriculares que compõem a formação humana integral, dentre
eles Sociologia, Filosofia, Arte e Educação Física.
Quanto à dúvida sobre o cumprimento das 1.800 horas da Base Nacional Comum Curricular - BNCC,
o § 3º, do art. 36 da Lei nº. 13.415/2017, estabelece que,
a critério dos sistemas de ensino, poderá ser composto itinerário formativo integrado, que se traduz
na composição de componentes curriculares da Base Nacional Comum Curricular - BNCC e dos
itinerários formativos, considerando os incisos I a V do caput.
Portanto, o currículo integrado implica articulação entre conhecimentos básicos e conhecimentos
técnicos, que, muitas vezes, fundem-se no processo de ensino e aprendizagem vislumbrando a formação
humana integral. Nesse sentido, não há que se falar em BNCC nos cursos técnicos integrados, por tratar-
se de contrassenso e fragmentação da formação. Além disso, a autonomia didáticopedagógica dos
institutos possibilita fundamentar a opção pelo currículo integrado na forma como vem sendo
desenvolvido na Rede.
É importante ressaltar, por fim, que a Lei nº. 13.415/2017 alterou a LDB fundamentalmente no que diz
respeito ao ensino médio regular.
Assim, faz-se necessário ratificar que os cursos técnicos integrados não estão em contradição, do
ponto de vista legal, com as alterações na LDB, e que sua oferta, na RFEPCT, continua sendo uma
determinação da lei de criação dos
IFs.
O FDE produziu dois documentos, sendo o primeiro, em 2016, intitulado Documento Base para a
promoção da formação integral, fortalecimento do ensino médio integrado e implementação do currículo
integrado no âmbito das Instituições da RFEPCT, conforme Lei nº. 11.892/2008, resultante de amplas
discussões ocorridas desde o ano de 2014.
O segundo, construído juntamente com os participantes do 1º Seminário Nacional do Ensino Médio
Integrado - SNEMI, realizado entre os dias 19 e 21 de setembro de 2017, no Centro de Convenções
Ulysses Guimarães, em Brasília, aprovou a agenda para o fortalecimento dos cursos técnicos integrados
na RFEPCT.
Os documentos consideram:
- a Lei nº. 11.892/2008, que exige a oferta de, no mínimo, 50% de suas vagas em cursos técnicos,
prioritariamente na forma de cursos técnicos integrados ao ensino médio;
- o PNE 2014-2024 que, por meio da estratégia 3.7, prescreve o fomento à expansão das matrículas
gratuitas de ensino médio integrado à educação profissional e da meta 11, que estabelece triplicar as
matrículas da educação profissional técnica de nível médio, assegurando a qualidade da oferta e pelo
menos 50% da expansão no segmento público;
- a Resolução CNE/CEB nº. 06/2012, que estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a
Educação Profissional Técnica de Nível Médio, reconhece e valoriza a oferta de cursos técnicos
integrados ao ensino médio;
- a reconhecida qualidade do ensino ofertado pela Rede Federal, sobretudo, no que diz respeito aos
cursos técnicos integrados, decorrente da concepção de educação, da garantia de boas condições de
trabalho e do compromisso coletivo dos profissionais da Rede, cujos resultados são demonstrados,
dentre outros aspectos, pelos bons desempenhos dos estudantes nas avaliações de larga escala
nacionais e internacionais.
Diante desses aspectos que fundamentam os dois documentos, o FDE propõe que a RFEPCT assuma
os cursos técnicos integrados como política fundamental de sua atuação.
Para tanto, faz-se necessário constituir política sistêmica de formação continuada dos profissionais
da educação para retomar constantemente os fundamentos pedagógicos de constituição da RFEPCT.
Tal formação implica assumir os princípios constituintes da formação humana integral: o trabalho
como princípio educativo; a pesquisa como princípio pedagógico; o currículo integrado, a
interdisciplinaridade e a politecnia como base de organização curricular; a avaliação como caráter
formativo.
Além disso, para dar conta da oferta prioritária para os cursos técnicos integrados dentro do princípio
da formação humana integral, é necessário discutir a diversidade de organização dos cursos no que se
refere à carga horária e tempo de duração.
O excessivo número de horas em sala de aula compromete a possibilidade de tempo/espaço para o
envolvimento do estudante em projetos de ensino, pesquisa e extensão e em ações dos núcleos
inclusivos. Um estudante que tem todo o seu tempo semanal envolvido em atividades de sala de aula
não consegue participar de ações que visam à formação integral além das já previstas nas disciplinas.
Além da formação integral, a preocupação com a permanência e o êxito, como elemento fundante da
educação inclusiva, impõe uma reflexão sobre o tempo de duração dos cursos.
Nesta perspectiva, as diretrizes indutoras foram elaboradas ao longo dos últimos anos, resultado de
reflexões internas de várias unidades, em eventos do FDE e nos Seminários do Ensino Médio Integrado.
Estas diretrizes têm como propósito a garantia da prioridade de oferta para cursos técnicos integrados,
201
Entende-se como Prática Profissional Integrada – PPI a metodologia de trabalho prevista no Projeto Pedagógico do Curso que se destina a promover a articulação entre os
conhecimentos trabalhados nos diferentes componentes curriculares, propiciando a flexibilização curricular e a ampliação do diálogo entre as diferentes áreas de formação. A
PPI não é um componente curricular, mas uma atividade interdisciplinar que integra a carga horária dos componentes curriculares.
APRESENTAÇÃO
INTRODUÇÃO
Crianças e jovens em estado de mendicância eram encaminhados para essas casas, onde recebiam
instrução primária [...] e aprendiam alguns dos seguintes ofícios: tipografia, encadernação, alfaiataria,
tornearia, carpintaria, sapataria etc. Concluída a aprendizagem, o artífice permanecia mais três anos no
asilo, trabalhando nas oficinas, com a dupla finalidade de pagar sua aprendizagem e formar um pecúlio
que lhe era entregue no final do triênio. (Manfredi, 2002, p. 76-77, citado por Maciel, 2005, p. 31).
A educação profissional no Brasil tem, portanto, a sua origem dentro de uma perspectiva
assistencialista com o objetivo de “amparar os órfãos e os demais desvalidos da sorte”, ou seja, de
atender àqueles que não tinham condições sociais satisfatórias, para que não continuassem a praticar
ações que estavam na contra-ordem dos bons costumes.
O início do século XX trouxe uma novidade para a educação profissional do país quando houve um
esforço público de sua organização, modificando a preocupação mais nitidamente assistencialista de
atendimento a menores abandonados e órfãos, para a da preparação de operários para o exercício
profissional. Assim, em 1909, o Presidente Nilo Peçanha criou as Escolas de Aprendizes Artífices,
destinadas “aos pobres e humildes”, e instalou dezenove delas, em 1910, nas várias unidades da
Federação.
A criação das Escolas de Aprendizes Artífices e do ensino agrícola evidenciou um grande passo ao
redirecionamento da educação profissional no país, pois ampliou o seu horizonte de atuação para atender
necessidades emergentes dos empreendimentos nos campos da agricultura e da indústria.
Nesse contexto, chega-se às décadas de 30 e 40, marcadas por grandes transformações políticas,
econômicas e educacionais na sociedade brasileira.
É nesse momento que no Brasil se fortalece a nova burguesia industrial em substituição às oligarquias
cafeeiras, profundamente afetadas pela crise da agricultura do café dos anos 20 e pelo crash da bolsa de
Nova Iorque, em 1929.
Esse processo de industrialização e modernização das relações de produção exigiu um
posicionamento mais efetivo das camadas dirigentes com relação à educação nacional. Como parte das
respostas a essas demandas, foram promulgados diversos Decretos–Lei para normatizar a educação
nacional.
Este conjunto de decretos ficou conhecido como as Leis Orgânicas da Educação Nacional – a Reforma
Capanema, em função do nome do então ministro da educação, Gustavo Capanema. Os principais
decretos foram os seguintes: Decreto nº. 4.244/42 – Lei Orgânica do Ensino Secundário; Decreto nº.
4.073/42 – Lei Orgânica do Ensino Industrial; Decreto nº. 6.141/43 – Lei Orgânica do Ensino Comercial;
Decreto nº. 8.529/46 – Lei Orgânica do Ensino Primário; Decreto nº. 8.530/46 – Lei Orgânica do Ensino
Normal e; Decreto nº. 9.613/46 – Lei Orgânica do Ensino Agrícola. Além disso, o Decreto-Lei nº.
202
Este capítulo foi produzido a partir do texto Educação básica e educação profissional e tecnológica: dualidade histórica e perspectivas de integração (Moura, 2006),
apresentado na 1ª Conferência Nacional da Educação Profissional e Tecnológica, realizada em Brasília – DF, no período de 5 a 8 de novembro de 2006, assim como de uma
versão revisada do mesmo texto apresentada no âmbito do GT Trabalho e Educação na 30ª Reunião Anual da ANPED, realizada em Caxambu/MG, no período de 7 a 10 de
outubro do 2007 (Moura, 2007).
203
Para Grabowski (2005), integram o Sistema “S”: SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial, SESI – Serviço Social da Indústria, SENAC – Serviço Nacional de
Aprendizagem Comercial, SESC – Serviço Social do Comércio, SENAT – Serviço Nacional de Aprendizagem dos Transportes, SEST – Serviço Social dos Transportes, SENAR –
Serviço Nacional de Aprendizagem Rural, SESCOOP – Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo e SEBRAE - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas.
204
Análises mais profundas sobre a questão educacional brasileira na Constituinte de 1988 e na LDB de 1996 podem ser encontradas em Fávero (2005) e Machado (1997),
dentre outros.
1.3 A Reforma Da Educação Profissional Da Segunda Metade Dos Anos 1990: O Decreto Nº
2.208/97 E O PROEP
O Decreto nº. 2.208/97, o Programa de Expansão da Educação Profissional (PROEP) e as ações deles
decorrentes ficaram conhecidos como a Reforma da Educação Profissional. Nesse contexto, o ensino
médio retoma legalmente um sentido puramente propedêutico, enquanto os cursos técnicos, agora
obrigatoriamente separados do ensino médio, passam a ser oferecidos de duas formas. Uma delas é a
Concomitante ao ensino médio, em que o estudante pode fazer ao mesmo tempo o ensino médio e um
curso técnico, mas com matrículas e currículos distintos, podendo os dois cursos serem realizados na
mesma instituição (concomitância interna) ou em diferentes instituições (concomitância externa). A outra
forma é a Seqüencial, destinada a quem já concluiu o ensino médio e, portanto, após a educação básica.
Juntamente com o Decreto no. 2.208/97, que estabeleceu as bases da reforma da educação
profissional, o governo federal negociou empréstimo junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento
(BID) com o objetivo de financiar a mencionada reforma como parte integrante do projeto de privatização
do estado brasileiro em atendimento à política neoliberal, determinada desde os países hegemônicos de
capitalismo avançado, dos organismos multilaterais de financiamento e das grandes corporações
transnacionais. Esse financiamento é materializado por meio Proep.
Apesar da crítica que merece essa lógica privatizante que transferiu grande parte do patrimônio público
nacional à iniciativa privada a baixos custos, é necessário reconhecer que a reforma da educação
profissional e o Proep foram extremamente coerentes com a lógica neoliberal que os patrocinou, de forma
que ao serem analisados a partir dessa perspectiva, revelam-se muito eficientes.
Existem vários aspectos que demonstram essa “eficiência”. Aqui serão destacados apenas dois deles.
O primeiro diz respeito à lógica da relação entre o Proep e a Rede Federal de Educação Profissional e
Tecnológica e entre o Programa em questão e as escolas estaduais e comunitárias.
A função do Proep para a Rede Federal era reestruturá-la desde o ponto de vista de suas ofertas
educacionais, da gestão e das relações empresariais e comunitárias na perspectiva de torná-la
competitiva no mercado educacional. Mediante projeto, essas instituições receberam aporte de recursos,
via Proep, com o objetivo de reestruturarem-se a fim de assumir a nova função, ou seja, a de buscar
arrecadação a partir da prestação de serviços à comunidade na perspectiva de aumentar sua capacidade
de autofinanciamento e, dessa forma, o Estado gradativamente se eximiria do custo com sua manutenção.
Paralelamente ao aporte de recursos do Proep, o orçamento público das instituições federais de
educação tecnológica foi sendo reduzido, uma vez que esse Programa tinha duração determinada com
previsão inicial de 5 anos205, ao final dos quais, segundo a lógica da reforma, era necessário que essas
instituições estivessem preparadas para buscar parte de seus orçamentos por meio da venda de cursos
à sociedade e de outras formas de prestação de serviços.
Cabe destacar que os critérios de elegibilidade dos projetos institucionais eram extremamente
coerentes com a reforma da educação profissional e tecnológica. Assim, o projeto que apresentasse
alguma proposta relacionada com o ensino médio era sumariamente descartado, medida compatível com
a separação do ensino médio da educação profissional e, mais ainda, com o afastamento definitivo das
instituições federais de educação tecnológica da educação básica.
Nessa mesma direção, a Portaria no 646/97 determinou que a partir de 1998 a oferta de vagas de cada
instituição federal de educação tecnológica no ensino médio corresponderia a, no máximo, 50% das vagas
oferecidas nos cursos técnicos de nível médio no ano de 1997, os quais conjugavam ensino médio e
educação profissional. Desse modo, na prática, essa simples Portaria determinou a redução da oferta de
ensino médio no país – algo flagrantemente inconstitucional, mas que teve plena vigência até 01/10/2003,
quando foi publicada no Diário Oficial da União a sua revogação por meio da Portaria nº. 2.736/2003.
205
Na verdade, em função de constantes atrasos na elaboração e execução dos projetos nos moldes exigidos pela forte burocracia definida pelo BID, esse prazo foi ampliado,
de maneira que em 2007 algumas ações ainda estão sendo executadas, principalmente, nos sistemas estaduais.
1.4 Uma Nova Chance Para A Integração Entre O Ensino Médio E A Educação Profissional: O
Decreto Nº 5.154/2004
No início do mandato do governo federal em 2003, e mesmo antes, no período de transição, ocorreu
o recrudescimento da discussão acerca do Decreto no. 2.208/97, em especial no tocante à separação
obrigatória entre o ensino médio e a educação profissional.
Esse processo resultou em uma significativa mobilização dos setores educacionais vinculados ao
campo da educação profissional, principalmente no âmbito dos sindicatos e dos pesquisadores da área
trabalho e educação. Desse modo, durante o ano de 2003 e até julho de 2004 houve grande efervescência
nos debates relativos à relação entre o ensino médio e a educação profissional.
206
Aqui se entende educação politécnica como equivalente à educação tecnológica, ou seja, uma educação voltada para a superação da dicotomia entre trabalho manual e
trabalho intelectual cultura geral e cultura técnica. Uma educação que contribua para o domínio dos fundamentos científicos das diferentes técnicas que caracterizam o
processo de trabalho (Frigotto, Ciavatta e Ramos, 2005).
207
Essa dualidade não é fruto do acaso, mas sim da separação entre a educação proporcionada aos filhos das classes média-alta e alta e aquela permitida aos filhos dos
trabalhadores. Entretanto, como o objetivo central deste trabalho não está circunscrito a essa oferta educacional, sugerimos, para um maior aprofundamento sobre a matéria,
consultar: Frigotto;
Ciavatta; Ramos, 2005; Cefet-RN, 2005; e Moura; Baracho; Pereira; Silva, 2005
Tabela 1 – Matrícula no ensino médio e na educação profissional técnica de nível médio no Brasil
por dependência administrativa
Ao analisar a Tabela 1, percebe-se que a oferta do ensino médio está concentrada nos sistemas e
redes públicas (88,6% da oferta). Nota-se também que os cursos técnicos de nível médio correspondem
a apenas 6,98% da oferta total do Ensino Médio. Além disso, a oferta, no âmbito federal, alcança escassos
10,73% do total de matrículas nesses cursos. E ainda mais, a oferta de cursos técnicos de nível médio é
maior no âmbito privado (54,79%) do que no público (45,21%), mesmo incluindo-se as esferas municipal,
estadual e federal. Finalmente, no que diz respeito ao público da modalidade EJA, na Rede Federal, essa
oferta é praticamente nula em termos estatísticos.
Nessa perspectiva, a ampliação da oferta do ensino médio integrado nas instituições públicas de
educação pode contribuir para uma efetiva (re)construção de uma identidade própria e, ao mesmo tempo,
significativa, para a vida de seus grupos destinatários.
Nesse sentido, algumas iniciativas governamentais têm potencializado essa ampliação, uma delas é o
Projeto de Lei nº 919/2007, enviado pelo Executivo ao Congresso Nacional e cujo objetivo é incorporar à
LDB o conteúdos dos Decretos nos. 5.154/2004 e 5.840/2006, que tratam, dentre outros temas, do ensino
médio integrado, tanto para os adolescentes recém concluintes do ensino fundamental e que ingressam
no ensino médio, como para o público da educação de jovens e adultos.
208
É importante esclarecer que em alguns estados como em São Paulo, por exemplo, a rede Paula Souza atua fortemente na educaçã o tecnológica. Na mesma direção, o
estado do Paraná também está ampliando de forma significativa a oferta de educação profissional. Não obstante, essa não é a realidade predominante no país.
209
Este capítulo foi produzido a partir dos seguintes textos: Ensino médio integrado na modalidade EJA: financiamento e formação de professores (Moura, 2007c), apresentado
no 18º EPENN – Encontro de Pesquisa Educacional do Norte e Nordeste, realizado em Maceió – AL, no período de 1 a 4 de julho de 2007; A formação de docentes para a
educação profissional e tecnológica (Moura, 2007b), apresentado no XXIII Simpósio Brasileiro de Política e Administração da Educação, realizado em Porto Alegre, no período
de 11 a 14 de novembro de 2007.
Esses três eixos devem interagir permanentemente entre si e estarem orientados a um constante
diálogo com a sociedade em geral e com o mundo do trabalho.
Tais eixos devem ainda contemplar:
a) as relações entre estado, sociedade, ciência, tecnologia, trabalho, cultura, formação humana e
educação;
b) as políticas públicas e, sobretudo, educacionais de uma forma geral e da educação profissional e
tecnológica em particular;
c) o papel dos profissionais da educação, em geral, e da educação profissional e tecnológica, em
particular;
d) a concepção da unidade ensino-pesquisa;
e) a concepção de docência que se sustente numa base humanista;
f) a profissionalização do docente da educação profissional e tecnológica: formação inicial e
continuada, carreira, remuneração e condições de trabalho;
g) o desenvolvimento local e a inovação.
Com relação especificamente ao ensino médio integrado, ao se tratar de um domínio educacional em
processo de construção, coincidimos com o Documento Base do Programa Nacional de Integração da
Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos –
PROEJA210 (Brasil, 2006a) que aponta para a necessidade de que a formação de professores precisa ser
pensada, inclusive, na perspectiva da formação de formadores com o objetivo de contribuir para a
constituição de um quadro de profissionais nessa área educacional.
Além disso, é necessário produzir conhecimento nesse novo campo e, para isso, deve-se estimular a
criação de grupos de pesquisa e programas de pós-graduação vinculados à formação desses
profissionais.
Nesse sentido, a exemplo do que vem sendo feito no âmbito da formação de professores para o Proeja,
é fundamental estimular ações, no âmbito do ensino médio integrado, dirigidas à elaboração e
implementação de projetos de cursos de especialização destinados aos profissionais do ensino público
que atuam/atuarão nessa esfera educacional.
Iniciativa semelhante, desenvolvida no âmbito do Proeja, formou ou está formando, entre 2006 e 2007,
cerca de 2.700 profissionais em 15 pólos distribuídos em todo o País, sendo 12 em Cefets (SC, ES, SP,
MG, MT, consórcio Cefet-RJ - Cefet-Campos/RJ - Cefet-Química/RJ, BA, PE, RN, CE, MA e AM), 2 em
universidades federais (UFPB – campus de Bananeiras e UTFPR - antigo Cefet-PR) e outro em consórcio
entre uma universidade federal e um Cefet (Cefet-Pelotas e UFRGS). Além disso, esse curso está sendo
reproduzido, com alguns ajustes, no biênio 2007/2008.
Outras importantes ações em desenvolvimento no contexto do Proeja que devem ser adaptadas e
executadas no âmbito do ensino médio integrado como forma de potencializar a sua expansão, com
qualidade, foi originada pelo Edital PROEJA-CAPES/SETEC N0 03/2006, cujo objetivo é estimular a
realização de projetos conjuntos de pesquisa utilizando-se de recursos humanos e de infra-estrutura
disponíveis em diferentes instituições de educação superior, incluída a Rede Federal de educação
profissional e tecnológica, visando a produção de pesquisas científicas e tecnológicas e a formação de
recursos humanos pós-graduados em educação profissional integrada à educação de jovens e adultos,
210
É importante ter clareza que uma das principais ofertas do Proeja é, precisamente, o ensino médio integrado, de maneira que, apesar das especificidades da formação de
professores para o Proeja, há uma base comum muito forte entre essa formação e a formação de professores
2.4 Financiamento
A definição e a garantia das fontes de financiamento público para dar suporte à política em discussão
é uma questão essencial. Partimos do pressuposto de que as ofertas inerentes ao ensino médio integrado
estão inseridas ao mesmo tempo na educação básica e na educação profissional e tecnológica. Quanto
ao financiamento desde sua inserção na educação básica, foi recentemente aprovado no Congresso
Nacional o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos
Profissionais da Educação – FUNDEB, que substitui o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do
Ensino Fundamental e Valorização do Magistério – FUNDEF, o qual só garantia vinculação constitucional
de recursos para o ensino fundamental. Assim, o novo Fundo visa promover a ampliação dessa
vinculação para a educação infantil e o ensino médio. Apesar do avanço que representa o Fundeb, a sua
criação não resolverá totalmente os problemas de financiamento para a educação básica no País.
Evidentemente, o aumento de 15% (Lei no. 9.424/96) para 20%, após o quarto ano de implantação do
Fundeb, sobre uma base de arrecadação constituída a partir da mesma lógica do Fundef, representa um
maior volume de recursos destinados à educação básica do país. Entretanto, a criação e a implantação
do Fundeb também aumentará substancialmente a população atendida, pois, em 2005, a matrícula total
no ensino fundamental foi de 37.432.378 (Inep, 2006), no ensino médio, de 10.748.894 (Inep, 2006),
ambos incluindo a oferta denominada regular e a modalidade educação de jovens e adultos, enquanto,
na educação infantil, a matrícula chegou a 7.205.013 (Inep, 2006), sendo que as duas últimas ofertas não
estão incluídas na base de atendimento do Fundef, mas passarão a integrar a do Fundeb. Assim, fica
claro que o Fundeb contribuirá para a melhoria do financiamento da educação básica brasileira, mas não
representa uma solução definitiva.
Apesar de o Fundeb prever o atendimento a alunos regularmente matriculados no ensino médio
integrado à educação profissional e na educação de jovens e adultos integrada à educação profissional
técnica de nível médio, com avaliação no processo, o financiamento do ensino médio integrado pela
esfera da educação profissional e tecnológica, é ainda uma situação bastante complexa. Não existe
atualmente a definição de fontes de financiamento perenes para a educação profissional e tecnológica. A
cada ano, as verbas orçamentárias a ela destinadas são definidas a partir da luta por recursos escassos
no processo de elaboração do Orçamento Geral da União, onde, usualmente, o parâmetro predominante
é o da série histórica. Esse não é um critério justo, pois tende a cristalizar as diferenças existentes, uma
vez que algumas unidades recebem pouco porque sempre receberam pouco e outras são mais bem
aquinhoadas porque sempre o foram. Além disso, as tentativas de alterar essa situação, em geral, não
logram sair dessa lógica linear e meramente quantitativa. Referimo-nos ao fato de que nos últimos anos,
na busca de se construírem critérios para mais além das séries históricas, assumiu-se uma combinação
entre essas séries e a quantidade de estudantes matriculados como únicos critérios de definição
orçamentária.
Além disso, historicamente, esses recursos são insuficientes para atender às necessidades globais da
educação profissional e tecnológica pública nas instâncias federal, estadual e municipal. Por outro lado,
há uma grande dispersão de recursos em atividades nessa esfera, os quais costumam ser distribuídos
entre vários ministérios e outros órgãos da administração pública (Grabowski; Ribeiro; Santos Silva,
2003), o que efetivamente dificulta a construção, implementação e coordenação da execução de uma
política pública nesse domínio. No que diz respeito à Rede Federal de Educação Profissional e
Tecnológica, Grabowski (2005) nos informa que lhe foi destinado em 2005 o montante de cerca de 600
milhões de reais, enquanto o Sistema “S” recebe em torno de 5 bilhões de reais de recursos públicos a
cada ano (Grabowski, 2005).
Para fazer frente à escassez e à dispersão dos recursos destinados à educação profissional e
tecnológica pública, está em trâmite no Congresso Nacional um Projeto de Emenda Constitucional que
visa à criação do Fundo de Desenvolvimento da Educação Profissional – FUNDEP, de iniciativa do
Senador Paulo Paim, do PT do Rio Grande do Sul. Essa pode ser uma solução que ajude a perenizar o
financiamento da educação profissional e tecnológica, em geral e, em particular, do ensino médio
3. CONCEPÇÕES E PRINCÍPIOS211
Discutiremos aqui o primeiro sentido do ensino médio integrado, de natureza filosófica, que atribuímos
à integração. Ele expressa uma concepção de formação humana, com base na integração de todas as
dimensões da vida no processo educativo, visando à formação omnilateral dos sujeitos. Essas dimensões
são o trabalho, a ciência e a cultura. O trabalho compreendido como realização humana inerente ao ser
(sentido ontológico) e como prática econômica (sentido histórico associado ao modo de produção); a
ciência compreendida como os conhecimentos produzidos pela humanidade que possibilita o contraditório
avanço das forças produtivas; e a cultura, que corresponde aos valores éticos e estéticos que orientam
as normas de conduta de uma sociedade.
211
As reflexões aqui apresentadas se baseiam nos artigos publicados no livro “Ensino Médio Integrado: concepção e contradições”; organizado por Frigotto, Ciavatta, Ramos
(2005) e em texto de Ramos (2007), intitulado “Concepção do Ensino Médio Integrado à Educação Profissional”, produzido a partir da exposição no seminário sobre ensino
médio, realizado pela Superintendência de Ensino Médio da Secretaria de Educação do Estado do Rio Grande do Norte, em Natal e Mossoró, respectivamente nos dias 14 e 16
de agosto de 2007, a ser também publicado em livro organizado pela Secretaria de Educação do Estado do Paraná.
212
Neste item nos apropriamos das análises desenvolvidas por Ramos (2004; 2005; 2007).
213
Também neste item trazemos idéias já apresentadas em Ramos (2004).
214
Este item está desenvolvido a Baracho; Moura; Silva; Pereira (2005) e Moura (2006;2007)
215
As reflexões aqui apresentadas tem como base os estudos de Ramos (2005).
RESOLVE:
DOS OBJETIVOS
Art. 2º - O Regime de Trabalho dos docentes efetivos do Quadro Permanente do IFPR, ou dos docentes
com contrato de trabalho na qualidade de substitutos, é definido segundo critérios de contratação
previstos na legislação Federal – Lei nº 7.596/87, de 10/04/87, Decreto Federal 94.664, de 23/07/87,
Portaria nº 475, de 26/08/87 e Lei 11.784, de 22/09/08, compreendendo os seguintes regimes de trabalho:
I. Tempo parcial de 20 (vinte) horas semanais de trabalho;
II. Tempo integral de 40 (quarenta) horas semanais de trabalho, em 2 (dois) turnos diários completos;
III. Dedicação exclusiva, 40 horas semanais, em 2 (dois) turnos diários completos e impedimento do
exercício de outra atividade remunerada, pública ou privada; e
IV. Contrato administrativo de prestação de serviços, de acordo com a Lei n º 8.745, de 09/12/93 e Lei
n º9.849, de 26/10/99.
Art. 3º - As Atividades de Ensino compreendem as ações dos docentes diretamente vinculadas aos
cursos e programas regulares, em todos os níveis e modalidades de ensino, ofertados pelo IFPR,
compreendendo:
I. Aulas;
II. Atividades de Manutenção do Ensino; e III. Atividades de Apoio ao Ensino.
Art. 4º - As aulas, além das presenciais, poderão ser ministradas na modalidade de Ensino a
Distância – EAD, desde que previstas no Projeto Pedagógico do Curso, aprovado pelo Conselho
Superior, nos limites e condições estabelecidas pela legislação vigente específica e sem remuneração
adicional.
Art. 9º - A carga horária semanal do docente será constituída pelo tempo destinado às Atividades de
Ensino, Pesquisa e Extensão.
Parágrafo Único – O tempo destinado as Atividades de Ensino, Pesquisa e Extensão será mensurada
em hora (sessenta minutos) atendendo ao artigo 24, inciso I, da Lei nº 9.394 – Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional, de 20 de dezembro de 1996.
Art. 10 – O limite mínimo e máximo referenciais de carga horária docente, destinadas as Atividades de
Ensino, de acordo com o artigo 10, § 3º da Portaria nº 475/87, compreende:
I – mínimo de 08 (oito) horas e máximo de 20 (vinte) horas para docentes com regime tempo parcial
de 20 (vinte) horas semanais de trabalho;
II – mínimo de 12 (doze) e máximo de 24(vinte e quatro) horas para docentes de tempo integral de 40
(quarenta) horas semanais de trabalho ou Dedicação Exclusiva.
Art. 11 – A carga horária destinada as atividades de ensino terá a seguinte distribuição: I - Docentes
com regime de tempo parcial de 20 (vinte) horas semanais de trabalho destinarão: no mínimo 08 (oito) e
no máximo 12 (doze) horas para aula, 04 (quatro) horas para manutenção de ensino e 04 (quatro) para
apoio ao ensino; e
II - Docentes com regime de tempo integral de 40 (quarenta) horas semanais de trabalho ou Dedicação
Exclusiva destinarão: no mínimo 12 (doze) e no máximo 16 (dezesseis) horas semanais para aula, 04
(quatro) horas para manutenção de ensino e 04 (quatro) para apoio ao ensino.
Parágrafo Único – Os docentes que não comprovarem a carga horária destinada ao Apoio ao Ensino
terão a respectiva carga horária automaticamente destinada para aulas.
Art. 13 – As atividades de ensino, pesquisa e/ou extensão são condições necessárias para a
concessão de Dedicação Exclusiva e obrigatória para a manutenção dos regimes de tempo integral e
dedicação exclusiva.
Parágrafo Único – Os docentes dos regimes de tempo integral e dedicação exclusiva deverão
apresentar, semestralmente, os relatórios de pesquisa e/ou extensão em desenvolvimento, conforme
calendário do Comitê de Pesquisa e Extensão de cada Campus.
Art. 15 – A aplicação destas normas estará sob a responsabilidade, no âmbito de cada Campus, da
Direção de Ensino.
Art. 17 – Esta Resolução entra em vigor nesta data, revogadas as disposições em contrário.
Art. 1º Fica instituído o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior - SINAES, com o objetivo
de assegurar processo nacional de avaliação das instituições de educação superior, dos cursos de
graduação e do desempenho acadêmico de seus estudantes, nos termos do art 9º, VI, VIII e IX, da Lei
no 9.394, de 20 de dezembro de 1996.
§ 1º O SINAES tem por finalidades a melhoria da qualidade da educação superior, a orientação da
expansão da sua oferta, o aumento permanente da sua eficácia institucional e efetividade acadêmica e
social e, especialmente, a promoção do aprofundamento dos compromissos e responsabilidades sociais
das instituições de educação superior, por meio da valorização de sua missão pública, da promoção dos
valores democráticos, do respeito à diferença e à diversidade, da afirmação da autonomia e da identidade
institucional.
§ 2º O SINAES será desenvolvido em cooperação com os sistemas de ensino dos Estados e do Distrito
Federal.
216
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/lei/l10.861.htm. Acesso em 27.05.2019.
Art. 3º A avaliação das instituições de educação superior terá por objetivo identificar o seu perfil e o
significado de sua atuação, por meio de suas atividades, cursos, programas, projetos e setores,
considerando as diferentes dimensões institucionais, dentre elas obrigatoriamente as seguintes:
I - a missão e o plano de desenvolvimento institucional;
II - a política para o ensino, a pesquisa, a pós-graduação, a extensão e as respectivas formas de
operacionalização, incluídos os procedimentos para estímulo à produção acadêmica, as bolsas de
pesquisa, de monitoria e demais modalidades;
III - a responsabilidade social da instituição, considerada especialmente no que se refere à sua
contribuição em relação à inclusão social, ao desenvolvimento econômico e social, à defesa do meio
ambiente, da memória cultural, da produção artística e do patrimônio cultural;
IV - a comunicação com a sociedade;
V - as políticas de pessoal, as carreiras do corpo docente e do corpo técnico-administrativo, seu
aperfeiçoamento, desenvolvimento profissional e suas condições de trabalho;
VI - organização e gestão da instituição, especialmente o funcionamento e representatividade dos
colegiados, sua independência e autonomia na relação com a mantenedora, e a participação dos
segmentos da comunidade universitária nos processos decisórios;
VII - infraestrutura física, especialmente a de ensino e de pesquisa, biblioteca, recursos de informação
e comunicação;
VIII - planejamento e avaliação, especialmente os processos, resultados e eficácia da auto-avaliação
institucional;
IX - políticas de atendimento aos estudantes;
X - sustentabilidade financeira, tendo em vista o significado social da continuidade dos compromissos
na oferta da educação superior.
§ 1º Na avaliação das instituições, as dimensões listadas no caput deste artigo serão consideradas de
modo a respeitar a diversidade e as especificidades das diferentes organizações acadêmicas, devendo
ser contemplada, no caso das universidades, de acordo com critérios estabelecidos em regulamento,
pontuação específica pela existência de programas de pós-graduação e por seu desempenho, conforme
a avaliação mantida pela Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior -
CAPES.
§ 2º Para a avaliação das instituições, serão utilizados procedimentos e instrumentos diversificados,
dentre os quais a auto avaliação e a avaliação externa in loco.
§ 3º A avaliação das instituições de educação superior resultará na aplicação de conceitos, ordenados
em uma escala com 5 (cinco) níveis, a cada uma das dimensões e ao conjunto das dimensões avaliadas.
Art. 4º A avaliação dos cursos de graduação tem por objetivo identificar as condições de ensino
oferecidas aos estudantes, em especial as relativas ao perfil do corpo docente, às instalações físicas e à
organização didático-pedagógica.
§ 1º A avaliação dos cursos de graduação utilizará procedimentos e instrumentos diversificados, dentre
os quais obrigatoriamente as visitas por comissões de especialistas das respectivas áreas do
conhecimento.
§ 2º A avaliação dos cursos de graduação resultará na atribuição de conceitos, ordenados em uma
escala com 5 (cinco) níveis, a cada uma das dimensões e ao conjunto das dimensões avaliadas.
Art. 5º A avaliação do desempenho dos estudantes dos cursos de graduação será realizada mediante
aplicação do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes - ENADE.
§ 1º O ENADE aferirá o desempenho dos estudantes em relação aos conteúdos programáticos
previstos nas diretrizes curriculares do respectivo curso de graduação, suas habilidades para ajustamento
Art. 8º A realização da avaliação das instituições, dos cursos e do desempenho dos estudantes será
responsabilidade do INEP.
Art. 9º O Ministério da Educação tornará público e disponível o resultado da avaliação das instituições
de ensino superior e de seus cursos.
Art. 11. Cada instituição de ensino superior, pública ou privada, constituirá Comissão Própria de
Avaliação - CPA, no prazo de 60 (sessenta) dias, a contar da publicação desta Lei, com as atribuições de
condução dos processos de avaliação internos da instituição, de sistematização e de prestação das
informações solicitadas pelo INEP, obedecidas as seguintes diretrizes:
Art. 12. Os responsáveis pela prestação de informações falsas ou pelo preenchimento de formulários
e relatórios de avaliação que impliquem omissão ou distorção de dados a serem fornecidos ao SINAES
responderão civil, penal e administrativamente por essas condutas.
Art. 13. A CONAES será instalada no prazo de 60 (sessenta) dias a contar da publicação desta Lei.
Parágrafo único. Quando da constituição da CONAES, 2 (dois) dos membros referidos no inciso VII do
caput do art. 7º desta Lei serão nomeados para mandato de 2 (dois) anos.
Questões
01. (CESGRANRIO) A Lei n° 10.861, de 14/04/2004, que Institui o Sistema Nacional de Avaliação da
Educação Superior (SINAES), especifica que esse Sistema deverá assegurar
(A) avaliação comparativa, contemplando uma análise específica das dimensões, estruturas, relações,
do compromisso social e das atividades realizadas entre instituições de um mesmo município.
(B) sigilo quanto aos procedimentos, dados e resultados dos processos avaliativos a fim de preservar
estudantes e instituições de ensino.
(C) participação dos corpos discente, docente e técnico administrativo das instituições de educação
superior e da sociedade civil, por meio de suas representações.
(D) respeito à identidade e à diversidade de instituições e de cursos, a fim de garantir a autonomia
universitária e a não necessidade de regulamentação de cursos superiores.
(E) credenciamento e renovação de credenciamento incondicionais para todas as instituições de
educação superior que aderirem ao processo de avaliação.
02. (UFSM - Técnico em Assuntos Educacionais) Em 14 de abril de 2004, foi publicada, no Brasil,
a Lei n. 10.861, que institui o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior - SINAES. São
finalidades do SINAES:
(A) A melhoria da qualidade da educação superior; a orientação da expansão da sua oferta; o aumento
permanente da sua eficácia institucional e efetividade acadêmica e social; e, especialmente, a promoção
do aprofundamento dos compromissos e responsabilidades sociais das instituições de educação superior,
por meio da valorização de sua missão pública, da promoção dos valores democráticos, do respeito à
diferença e à diversidade, da afirmação da autonomia e da identidade institucional.
(B) Formulação de propostas para o desenvolvimento das instituições de educação superior, com
base nas análises e recomendações produzidas nos processos de avaliação, modificando radicalmente
os projetos pedagógicos para se articular com os sistemas estaduais de ensino, visando a estabelecer
ações e critérios comuns de avaliação e supervisão do ensino profissional.
(C) Suspensão temporária da abertura de processo seletivo de cursos de graduação.
(D) Cassação da autorização de funcionamento da instituição de educação superior pública ou do
reconhecimento de cursos por ela oferecidos, após advertência e suspensão, caso não sejam realizadas
avaliações da aprendizagem periodicamente.
(E) Submissão anual à aprovação do Ministro de Estado da Educação a relação dos cursos a cujos
estudantes será aplicada a avaliação de aprendizagem.
06. (UFAL - Técnico em Assuntos Educacionais - COPEVE/UFAL) De acordo com a Lei nº 10.861,
de 14 de abril de 2004, que instituiu o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES), o
Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE) é
(A) componente curricular obrigatório dos cursos de graduação, sendo inscrita no histórico escolar do
estudante somente a nota obtida ou, quando for o caso, dispensa oficial pelo Ministério da Educação, na
forma estabelecida em regulamento.
(B) componente curricular obrigatório dos cursos de graduação, sendo inscritas no histórico escolar do
estudante a sua situação regular com relação a essa obrigação e a respectiva nota ou, quando for o caso,
dispensa oficial pelo Ministério da Educação, na forma estabelecida em regulamento.
(C) componente curricular facultativo dos cursos de graduação, sendo inscrita no histórico escolar do
estudante somente a sua situação regular com relação a essa obrigação, atestada pela sua efetiva
participação ou, quando for o caso, dispensa oficial pelo Ministério da Educação, na forma estabelecida
em regulamento.
(D) componente curricular obrigatório dos cursos de graduação, sendo inscrita no histórico escolar do
estudante somente a sua situação regular com relação a essa obrigação, atestada pela sua efetiva
participação ou, quando for o caso, dispensa oficial pelo Ministério da Educação, na forma estabelecida
em regulamento.
07. (UFRN - Assistente de Alunos - COMPERVE) Segundo a Lei nº 10.861, de 14 de abrir de 2004,
a avaliação do desempenho dos estudantes dos cursos de graduação é feita mediante o Exame Nacional
de Desempenho dos Estudantes (ENADE). Esse exame é aplicado periodicamente, admitida a utilização
de procedimentos amostrais,
(A) aos estudantes de todos os cursos de graduação, ao final do primeiro e do último ano de curso
(B) aos estudantes de todos os cursos de graduação, ao final do segundo e do último ano de curso.
(C) aos estudantes de todos os cursos de graduação, ao final do primeiro e do penúltimo ano de curso.
(D) aos estudantes de todos os cursos de graduação, ao final do segundo e do penúltimo ano de curso.
08. (UFRN - Assistente de Alunos - COMPERVE) Segundo a Lei nº 10.861, de 14 de abril de 2004,
a avaliação do desempenho dos estudantes dos cursos é realizada mediante a aplicação do Exame
Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE). Em relação ao ENADE, é correto afirmar:
(A) Utiliza, em sua avaliação, conceitos numa escala com dez níveis.
(B) É um componente curricular opcional dos cursos de graduação.
(C) A sua aplicação é acompanhada de instrumento destinado a levantar o perfil dos estudantes.
(D) A prova está composta apenas de questões de natureza objetiva de múltipla escolha.
Gabarito
01.C / 02.A / 03.A / 04.B / 05.B / 06.D / 07.A / 08.C / 09.E / 10.E
Comentários
01. Resposta: C.
Art. 2º, IV - a participação do corpo discente, docente e técnico-administrativo das instituições de
educação superior, e da sociedade civil, por meio de suas representações.
03. Resposta: A.
Literalidade do caput do art. 1º da lei.
Art. 1º Fica instituído o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior - SINAES, com o objetivo
de assegurar processo nacional de avaliação das instituições de educação superior, dos cursos de
graduação e do desempenho acadêmico de seus estudantes, nos termos do art. 9º, VI, VIII e IX, da Lei
nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996.
04. Resposta: B.
Art. 2º O SINAES, ao promover a avaliação de instituições, de cursos e de desempenho dos
estudantes, deverá assegurar:
II - o caráter público de todos os procedimentos, dados e resultados dos processos avaliativos;
05. Resposta: B.
Art. 1º, §1º O SINAES tem por finalidades a melhoria da qualidade da educação superior, a orientação
da expansão da sua oferta, o aumento permanente da sua eficácia institucional e efetividade acadêmica
e social e, especialmente, a promoção do aprofundamento dos compromissos e responsabilidades sociais
das instituições de educação superior, por meio da valorização de sua missão pública, da promoção dos
valores democráticos, do respeito à diferença e à diversidade, da afirmação da autonomia e da identidade
institucional.
06. Resposta: D.
Art. 5º A avaliação do desempenho dos estudantes dos cursos de graduação será realizada mediante
aplicação do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes - ENADE.
§ 5º O ENADE é componente curricular obrigatório dos cursos de graduação, sendo inscrita no
histórico escolar do estudante somente a sua situação regular com relação a essa obrigação, atestada
pela sua efetiva participação ou, quando for o caso, dispensa oficial pelo Ministério da Educação, na forma
estabelecida em regulamento.
07. Resposta: A.
Art. 5º, § 2º O ENADE será aplicado periodicamente, admitida a utilização de procedimentos amostrais,
aos alunos de todos os cursos de graduação, ao final do primeiro e do último ano de curso.
08. Resposta: C.
Art. 5º, § 4º A aplicação do ENADE será acompanhada de instrumento destinado a levantar o perfil
dos estudantes, relevante para a compreensão de seus resultados.
09. Resposta: E.
As atribuições encontram-se elencadas no art. 6º da lei, e entre elas não encontramos definir normas
para o sistema de ensino, portanto, a alternativa “E” é incorreta.
Art. 6º Fica instituída, no âmbito do Ministério da Educação e vinculada ao Gabinete do Ministro de
Estado, a Comissão Nacional de Avaliação da Educação Superior - CONAES, órgão colegiado de
coordenação e supervisão do SINAES, com as atribuições de:
I - propor e avaliar as dinâmicas, procedimentos e mecanismos da avaliação institucional, de cursos e
de desempenho dos estudantes;
II - estabelecer diretrizes para organização e designação de comissões de avaliação, analisar
relatórios, elaborar pareceres e encaminhar recomendações às instâncias competentes;
III - formular propostas para o desenvolvimento das instituições de educação superior, com base nas
análises e recomendações produzidas nos processos de avaliação;
IV - articular-se com os sistemas estaduais de ensino, visando a estabelecer ações e critérios comuns
de avaliação e supervisão da educação superior;
10. Resposta: E.
Art. 11. Cada instituição de ensino superior, pública ou privada, constituirá Comissão Própria de
Avaliação - CPA, no prazo de 60 (sessenta) dias, a contar da publicação desta Lei, com as atribuições de
condução dos processos de avaliação internos da instituição, de sistematização e de prestação das
informações solicitadas pelo INEP, obedecidas as seguintes diretrizes:
II - atuação autônoma em relação a conselhos e demais órgãos colegiados existentes na instituição de
educação superior.
Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a organização e o funcionamento dos cursos
superiores de tecnologia.
O Presidente do Conselho Nacional de Educação, de conformidade com o disposto nas alíneas “b” e
“d” do Artigo 7º, na alínea “c” do § 1º e na alínea “c” do § 2º do Artigo 9º da Lei 4.024/61, na redação dada
pela Lei Federal 9.131, de 25 de novembro de 1995, nos Artigos 8º, § 1º, 9º, Inciso VII e § 1º, 39 a 57 da
Lei 9.394, de 20 de novembro de 1996 (LDBEN), nos Decretos 2.208, de 17 de abril de 1997, e 3.860, de
9 de julho de 2001, e com fundamento no Parecer CNE/CES 436/2001 e no Parecer CNE/CP 29/2002,
homologado pelo Senhor Ministro da Educação em 12 de dezembro de 2002, resolve:
Art. 2º Os cursos de educação profissional de nível tecnológico serão designados como cursos
superiores de tecnologia e deverão:
I - incentivar o desenvolvimento da capacidade empreendedora e da compreensão do processo
tecnológico, em suas causas e efeitos;
II - incentivar a produção e a inovação científico-tecnológica, e suas respectivas aplicações no mundo
do trabalho;
III - desenvolver competências profissionais tecnológicas, gerais e específicas, para a gestão de
processos e a produção de bens e serviços;
IV - propiciar a compreensão e a avaliação dos impactos sociais, econômicos e ambientais resultantes
da produção, gestão e incorporação de novas tecnologias;
V - promover a capacidade de continuar aprendendo e de acompanhar as mudanças nas condições
de trabalho, bem como propiciar o prosseguimento de estudos em cursos de pós-graduação;
VI - adotar a flexibilidade, a interdisciplinaridade, a contextualização e a atualização permanente dos
cursos e seus currículos;
VII - garantir a identidade do perfil profissional de conclusão de curso e da respectiva organização
curricular.
Art. 3º São critérios para o planejamento e a organização dos cursos superiores de tecnologia:
I - o atendimento às demandas dos cidadãos, do mercado de trabalho e da sociedade;
II - a conciliação das demandas identificadas com a vocação da instituição de ensino e as suas reais
condições de viabilização;
217
http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CP032002.pdf
Art. 4º Os cursos superiores de tecnologia são cursos de graduação, com características especiais, e
obedecerão às diretrizes contidas no Parecer CNE/CES 436/2001 e conduzirão à obtenção de diploma
de tecnólogo.
§ 1º O histórico escolar que acompanha o diploma de graduação deverá incluir as competências
profissionais definidas no perfil profissional de conclusão do respectivo curso.
§ 2º A carga horária mínima dos cursos superiores de tecnologia será acrescida do tempo destinado a
estágio profissional supervisionado, quando requerido pela natureza da atividade profissional, bem como
de eventual tempo reservado para trabalho de conclusão de curso.
§ 3º A carga horária e os planos de realização de estágio profissional supervisionado e de trabalho de
conclusão de curso deverão ser especificados nos respectivos projetos pedagógicos.
Art. 5º Os cursos superiores de tecnologia poderão ser organizados por módulos que correspondam a
qualificações profissionais identificáveis no mundo do trabalho.
§ 1º O concluinte de módulos correspondentes a qualificações profissionais fará jus ao respectivo
Certificado de Qualificação Profissional de Nível Tecnológico.
§ 2º O histórico escolar que acompanha o Certificado de Qualificação Profissional de Nível Tecnológico
deverá incluir as competências profissionais definidas no perfil de conclusão do respectivo módulo.
Art. 7º Entende-se por competência profissional a capacidade pessoal de mobilizar, articular e colocar
em ação conhecimentos, habilidades, atitudes e valores necessários para o desempenho eficiente e
eficaz de atividades requeridas pela natureza do trabalho e pelo desenvolvimento tecnológico.
Art. 8º Os planos ou projetos pedagógicos dos cursos superiores de tecnologia a serem submetidos à
devida aprovação dos órgãos competentes, nos termos da legislação em vigor, devem conter, pelo
menos, os seguintes itens:
I - justificativa e objetivos;
II - requisitos de acesso;
III - perfil profissional de conclusão, definindo claramente as competências profissionais a serem
desenvolvidas;
IV - organização curricular estruturada para o desenvolvimento das competências profissionais, com a
indicação da carga horária adotada e dos planos de realização do estágio profissional supervisionado e
de trabalho de conclusão de curso, se requeridos;
V - critérios e procedimentos de avaliação da aprendizagem;
VI - critérios de aproveitamento e procedimentos de avaliação de competências profissionais
anteriormente desenvolvidas;
VII - instalações, equipamentos, recursos tecnológicos e biblioteca;
VIII - pessoal técnico e docente;
IX - explicitação de diploma e certificados a serem expedidos.
Art. 11. Para subsidiar as instituições educacionais e os sistemas de ensino na organização curricular
dos cursos superiores de tecnologia, o MEC divulgará referenciais curriculares, por áreas profissionais.
Parágrafo único. Para a elaboração dos referidos subsídios, o MEC contará com a efetiva participação
de docentes, de especialistas em educação profissional e de profissionais da área, trabalhadores e
empregadores.
Art. 12. Para o exercício do magistério nos cursos superiores de tecnologia, o docente deverá possuir
a formação acadêmica exigida para a docência no nível superior, nos termos do Artigo 66 da Lei 9.394 e
seu Parágrafo Único.
Art. 13. Na ponderação da avaliação da qualidade do corpo docente das disciplinas da formação
profissional, a competência e a experiência na área deverão ter equivalência com o requisito acadêmico,
em face das características desta modalidade de ensino.
Art. 14. Poderão ser implementados cursos e currículos experimentais, nos termos do Artigo 81 da
LDBEN, desde que ajustados ao disposto nestas diretrizes e previamente aprovados pelos respectivos
órgãos competentes.
Art. 15. O CNE, no prazo de até dois anos, contados da data de vigência desta Resolução, promoverá
a avaliação das políticas públicas de implantação dos cursos superiores de tecnologia.
Art. 16. Para a solicitação de autorização de funcionamento de novos cursos superiores de tecnologia
e aprovação de seus projetos pedagógicos, a partir da vigência desta resolução, será exigida a
observância das presentes diretrizes curriculares nacionais gerais.
Parágrafo único. Fica estabelecido o prazo de 6 (seis) meses, contados da data de cumprimento do
prazo estabelecido no artigo anterior, para que as instituições de ensino procedam as devidas
adequações de seus planos de curso ou projetos pedagógicos de curso às presentes diretrizes
curriculares nacionais gerais, ressalvados os direitos dos alunos que já iniciaram os seus cursos.
Art. 17. Esta Resolução entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em
contrário.
Questões
01. (IF/RN - Pedagogo - FUNCERN) Segundo as diretrizes curriculares gerais para organização e
funcionamento dos cursos superiores de tecnologia, constitui-se como um dos critérios para o
planejamento e a organização dos cursos superiores de tecnologia:
(A) identificação de perfis profissionais próprios para cada estudante.
(B) atendimento às demandas da Organização Internacional do Trabalho, mercado de trabalho e da
instituição de ensino.
(C) atendimento às demandas dos cidadãos, do mercado de trabalho e da sociedade
(D) identificação de perfis profissionais próprios da instituição, com intuito de ressignificar seus arranjos
organizacionais e pedagógicos.
04. Entende-se por competência profissional a capacidade pessoal de mobilizar, articular e colocar em
ação conhecimentos, habilidades, atitudes e valores necessários para o desempenho eficiente e eficaz
de atividades requeridas pela natureza do trabalho e pelo desenvolvimento tecnológico.
( ) Certo ( ) Errado
05. Fica estabelecido o prazo de 3 (três) meses, contados da data de cumprimento do prazo
estabelecido no artigo anterior, para que as instituições de ensino procedam as devidas adequações de
seus planos de curso ou projetos pedagógicos de curso às presentes diretrizes curriculares nacionais
gerais, ressalvados os direitos dos alunos que já iniciaram os seus cursos.
( ) Certo ( ) Errado
Gabarito
Comentários
01. Resposta: C.
Resolução 3/2002 Art. 3º São critérios para o planejamento e a organização dos cursos superiores de
tecnologia:
I - o atendimento às demandas dos cidadãos, do mercado de trabalho e da sociedade.
03. Resposta: D.
Resolução 3/2002 Art. 2º Os cursos de educação profissional de nível tecnológico serão designados
como cursos superiores de tecnologia e deverão:
I - incentivar o desenvolvimento da capacidade empreendedora e da compreensão do processo
tecnológico, em suas causas e efeitos;
II - incentivar a produção e a inovação científico-tecnológica, e suas respectivas aplicações no mundo
do trabalho;
III - desenvolver competências profissionais tecnológicas, gerais e específicas, para a gestão de
processos e a produção de bens e serviços;
IV - propiciar a compreensão e a avaliação dos impactos sociais, econômicos e ambientais resultantes
da produção, gestão e incorporação de novas tecnologias.
RESOLUÇÃO Nº 54/11
RESOLVE:
Art. 3º - Paralelamente aos cursos acima referidos, o IFPR pode oferecer cursos inseridos nas
atividades de Extensão, de acordo com os princípios e as finalidades da Educação Profissional e
Tecnológica, em articulação com o mundo do trabalho e com os segmentos sociais, com ênfase na
produção, no desenvolvimento e na difusão de conhecimentos científicos e tecnológicos.
Art. 6º – Conforme o Decreto Federal nº 5154/2004, incluem-se entre os Cursos de Formação Inicial
e Continuada de Trabalhadores (FIC) aqueles com objetivo de capacitação, aperfeiçoamento,
qualificação, especialização e atualização, em todos os níveis de escolaridade, ofertados segundo
itinerários formativos definidos, objetivando o desenvolvimento de aptidões para a vida produtiva e social.
§1º - Os itinerários formativos, referidos no caput deste artigo, são compreendidos como conjuntos de
etapas que compõem a organização da Educação Profissional e Tecnológica em um determinado Eixo,
possibilitando o aproveitamento contínuo e articulado dos estudos.
§2º - Os cursos mencionados no caput deste artigo articulam-se, preferencialmente, com os cursos
direcionados ao público da Educação de Jovens e Adultos, objetivando a qualificação profissional e a
elevação do nível de escolaridade do trabalhador.
§3º - O Projeto do Curso de Formação Inicial e Continuada deverá ser vinculado a um Eixo Tecnológico
e ao itinerário formativo de um Curso Técnico ofertado pelo IFPR.
§4º - Os cursos mencionados no caput deste artigo devem, ainda, ser estruturados considerando-se a
carga horária mínima de 160 (cento e sessenta) horas para a Formação Inicial, a carga horária mínima
de 20 (vinte) horas para a Formação Continuada.
§5º - No caso de um curso FIC destinar-se à especialização em determinada área de formação
profissional, esse será voltado a egressos do ensino técnico de nível médio, devendo obedecer às normas
de carga horária estabelecidas para os cursos de formação continuada, conforme parágrafo anterior.
Art. 8° - O currículo de Educação Profissional e Tecnológica deve estar em consonância com o projeto
político-pedagógico do Câmpus, considerando os saberes e as experiências incorporados pelos
estudantes e pelo aluno-trabalhador, o qual tem o seu próprio saber sobre a tecnologia e seu processo
de produção.
Art. 9º - O currículo da Educação Geral deve se tornar parte inseparável da educação profissional e
vice-versa, em todos os campos onde se dá a preparação para o trabalho: seja nos processos produtivos,
nos processos educativos, na formação inicial dos trabalhadores ou qualificação profissional, no ensino
técnico, tecnológico ou superior.
Art. 11 - As matrizes curriculares dos cursos são organizadas e estruturadas de acordo com as
Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Profissional de Nível Técnico e as Diretrizes
Curriculares Nacionais para o Ensino Médio, no caso dos Cursos de Ensino Médio Integrado à Educação
Profissional e PROEJA.
Art. 13 - Entende-se por período letivo a unidade de tempo na qual é integralizada uma etapa/bloco
de componentes curriculares/série;
Parágrafo Único – Para efeito dessa Organização, poderão ser considerados como período letivo,
conforme organização curricular dos cursos, o disposto no caput do art. 12.
Art. 14 - A proposta de abertura de um novo Curso Técnico de Nível Médio deve seguir a Instrução
Interna de Procedimentos (IIP) da Pró-Reitoria de Ensino que regulamenta a abertura de cursos técnicos
no IFPR.
Art. 16 – É dever do docente apresentar, discutir e reestruturar com os estudantes, no início do período
letivo, o Plano de Ensino da unidade curricular.
Art. 18 – O Calendário Acadêmico será proposto pela Pró-Reitoria de Ensino em até 90 (noventa) dias
antes do início do ano letivo e deverá ser regulamentado anualmente em resolução própria.
Parágrafo Único – A Direção de Ensino, Pesquisa e Extensão, mediante proposição do coletivo do
Câmpus, com vistas na realidade local e regional, poderá adaptar o Calendário Acadêmico, mediante
consulta ao Colégio Dirigente do Câmpus e homologação pela Próreitoria de Ensino, conforme prazo
estabelecido pela Resolução do Calendário Acadêmico.
Art. 19 - O Calendário Acadêmico anual dos Câmpus do IFPR, independentemente do ano civil, terá
no mínimo 200 (duzentos) dias letivos de trabalho acadêmico efetivo, para cada forma e modalidade de
ensino regular, nos turnos matutino, vespertino e noturno.
Art. 20 - Entende-se por dia letivo aquele fixado no Calendário Acadêmico em que se realizam
atividades educacionais (ensino, pesquisa e extensão), dentro ou fora dos Câmpus, com a participação
conjunta de professores e estudantes.
Parágrafo Único – Nos cursos que se organizam com base na Pedagogia da Alternância, pode ser
considerado dia letivo os períodos em que os estudantes realizam atividades no seu meio sócio-
profissional (família/comunidade), desde que com efetiva orientação do professor e adequação das
atividades ao projeto pedagógico do curso e ao plano de estudo de cada aluno.
Art. 22 - Considera-se concluído o Calendário Acadêmico dos diferentes câmpus do IFPR quando
cumpridos: a carga horária, os dias letivos e as atividades previstas.
Parágrafo Único - Cabe à Direção de Ensino, Pesquisa e Extensão do Câmpus, a partir de discussão
coletiva com os profissionais, definir a forma e os procedimentos para reposição de aulas, quando
necessário para o cumprimento do Calendário Acadêmico.
Art. 23 – O Calendário Acadêmico, quando não cumprido por motivo de força maior, deve ser
reorganizado por proposição do Colégio Dirigente do Câmpus e homologação do Conselho de Ensino,
Pesquisa e Extensão (CONSEPE).
Art. 24 - O número de cursos e vagas a ser oferecido pelos Câmpus, para ingresso de estudantes no
IFPR, será proposto pelo Colégio Dirigente do Câmpus, observando-se o estabelecido no Projeto
Pedagógico de cada curso, a capacidade de trabalho do quadro docente e a disponibilidade de salas de
aula e de laboratórios, encaminhado à PROENS até a data prevista no Calendário Acadêmico.
§ 1º – Entenda-se como capacidade de trabalho do quadro docente as atividades de ensino, pesquisa,
extensão e outras de caráter administrativo-pedagógicas desenvolvidas semanalmente pelo professor,
conforme regulamentação específica em vigor.
§ 2º – A oferta de cursos através de convênios ou de outra natureza especial não prevista até a data
limite definida em Calendário Acadêmico poderá ser aceita em datas posteriores a esta, desde que
devidamente justificada.
Art. 25 - São formas de ingresso nos cursos regulares de Educação Profissional Técnica de Nível
Médio: I. Processo seletivo;
Art. 26 - O ingresso para os cursos de Formação Inicial e Continuada para trabalhadores, PROEJA-
FIC se dará por meio de seleção, conforme critérios estabelecidos em Edital específico.
Art. 27 - O ingresso nos cursos regulares da Educação Profissional Técnica de Nível Médio de forma
integrada ao ensino médio, concomitante e subsequente do IFPR far-se-á mediante processo seletivo
público a partir de critérios e normas definidas em edital específico.
Art. 29 - O ingresso nos cursos técnicos na modalidade PROEJA, far-se-á por meio de processo
seletivo específico, cujas normas estarão previstas em edital próprio, destinado aos candidatos que
tenham concluído o Ensino Fundamental e tenham idade mínima de 18 (dezoito) anos.
Parágrafo Único – O edital do processo seletivo específico poderá contemplar critérios que visem
atender à população que se encontre em maior período fora da escola, que atue na área do curso, em
situação de vulnerabilidade social, entre outros, definidos pelo Câmpus em parceria com a PROENS, que
visem atender às demandas da realidade local e regional.
Art. 30 - O Processo Seletivo Simplificado para Vagas Remanescentes tem como finalidade a
ocupação das vagas remanescentes no primeiro período letivo do curso.
§ 1º – Entende-se por vagas remanescentes aquelas não ocupadas após esgotadas todas as
chamadas do processo seletivo e/ou aquelas geradas pela não confirmação da matrícula no prazo
estabelecido.
§ 2º – O processo seletivo simplificado é definido em edital específico do Câmpus.
Art. 32 - Entende-se por aluno especial o estudante regularmente matriculado em Curso Técnico de
Nível Médio de Instituição da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica que cursa,
no IFPR, componentes curriculares em outro curso de mesmo nível de ensino.
Art. 34 - O aluno especial terá direito ao atestado de aprovação no componente curricular, respeitadas
as exigências de frequência e de aproveitamento estabelecidas para os estudantes regulares.
Art. 35 – A cada início de período letivo, a coordenação do curso publicará comunicado com a relação
dos componentes curriculares e número de vagas disponíveis para aluno especial, assim como os
critérios de seleção.
Art. 36 – Cada estudante terá direito a cursar no máximo 2 (dois) componentes curriculares em outros
cursos como aluno especial durante a realização de seu curso.
Seção V Da Transferência
Art. 38 – Para transferência interna e externa, cada Câmpus, através da Direção de Ensino, Pesquisa
e Extensão em conjunto com as coordenações de curso, divulgará, semestralmente, conforme prazo
estabelecido no calendário acadêmico, Edital com a relação dos cursos e vagas e com os critérios de
seleção.
Parágrafo Único – Será adotada como critério de seleção a prioridade dos estudantes do IFPR em
relação aos estudantes externos.
Art. 40 - Entende-se por Registro Acadêmico o ato de vinculação oficial do estudante ao IFPR,
mediante entrega e aceite da documentação necessária fixada em edital, pela Secretaria Acadêmica, à
qual compete a conferência e a guarda da documentação.
§ 1º - Os prazos para os registros previstos no caput deste artigo serão fixados pelo Calendário
Acadêmico ou pelos editais de divulgação.
§ 2º - Somente terá direito à matrícula o estudante que tiver efetuado o seu registro acadêmico.
§ 3º - Por ocasião da efetivação do registro acadêmico pela Secretaria Acadêmica, o estudante
ingressará na última matriz curricular do curso, aprovada pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão
(CONSEPE).
Art. 41 - O estudante que ingressar mediante processo seletivo tendo efetuado seu registro acadêmico,
deverá realizar a confirmação de sua matrícula em um dos 5 (cinco) primeiros dias de aula previstos no
Calendário Acadêmico do período letivo para o qual foi classificado, conforme orientação da Direção de
Ensino, Pesquisa e Extensão do Câmpus.
Parágrafo Único – A não realização da confirmação de matrícula pelo estudante ou de pessoa por ele
autorizada para tal caracterizar-se-á como desistência, o que ocasionará o cancelamento do seu registro
acadêmico e o consequente chamamento, para a ocupação da vaga correspondente, do primeiro
candidato ainda não convocado, arrolado na ordem de classificação do mesmo ano e curso, divulgada
pela Pró-Reitoria de Ensino.
CAPÍTULO II DA MATRÍCULA
Art. 43 – Entende-se por matrícula o ato que precede o ingresso do estudante em cada período letivo,
vinculando o estudante aos componentes curriculares.
Parágrafo Único - A matrícula nos cursos técnicos de nível médio para o período letivo seguinte não
é automática. O estudante deverá obrigatoriamente efetivá-la a cada período letivo, conforme a
organização do curso nas datas previstas no Calendário Acadêmico vigente.
Art. 45 – Nos casos de perda de prazo de matrícula pelo estudante, este deverá encaminhar à
Secretaria Acadêmica do Câmpus o pedido de matrícula fora do prazo, devidamente justificado. Caberá
à Direção de Ensino, Pesquisa e Extensão do Câmpus no período de 3 (três) dias úteis, analisar e julgar
o requerimento de matrícula fora do prazo publicando o resultado em edital próprio.
§ 1º - Uma vez deferido o pedido o estudante terá o prazo de até 3 (três) dias após a data de publicação
do Edital para efetuar a matrícula.
§ 2º – É vedado o pedido de matrícula fora do prazo para estudantes do primeiro período.
Art. 46 – Os estudantes dos Cursos Técnicos do IFPR podem afastar-se para participar de Programas
de Intercâmbio em Instituições de Ensino ou Centros de Pesquisas do Brasil e de outros países,
conveniados com o IFPR.
Parágrafo Único - Os estudantes se regerão pelo estabelecido nos convênios e, no que couber, pelas
normas do IFPR.
Art. 52 – A matrícula decorrente de convênio, intercâmbio ou acordo cultural entre o Brasil e outros
países, dar-se-á:
I. Para conclusão do curso no IFPR, estando o estudante regido pelas normas decorrentes do acordo
e, no que couber, pelas disposições regimentais do IFPR.
II. Para o desenvolvimento de estudos por tempo determinado, entendida como a estada do estudante
por, no mínimo, 2 (dois) meses e até, no máximo, 2 (dois) semestres letivos, estando este regido pelo
acordo assumido entre as partes, inclusive no referente ao tempo de permanência e, no que couber, por
este Regulamento.
Art. 53 – Para a matrícula dos estudantes referidos no Artigo 52 desta resolução, exigirse-á a seguinte
documentação:
I. Comprovante de seleção encaminhado pelo Ministério das Relações Exteriores do
Brasil;
II. Passaporte;
III. Certidão de Nascimento;
IV. Certificado de conclusão do Ensino Fundamental ou Médio (ou equivalente), acompanhado de
histórico escolar, expedidos por autoridade competente, e das respectivas traduções oficiais;
V. Atestado de sanidade física e mental, expedido por órgãos competentes.
Parágrafo Único - Os documentos mencionados nos incisos III, IV e V deverão estar devidamente
autenticados pelo consulado brasileiro no país de origem.
Art. 56 – Entende-se por trancamento de curso a interrupção total das atividades escolares, por tempo
determinado, a pedido do estudante.
§1º - O estudante poderá realizar o trancamento de matrícula no Curso técnico que frequenta e demais
atividades relacionadas a ele, por um período de tempo determinado, sem comprometimento de seu
vínculo com a Instituição, mediante requerimento protocolado junto à Coordenação de Eixo/Colegiado de
Curso, que irá analisar o pedido e encaminhar o resultado à Secretaria Acadêmica de seu Câmpus.
§2º - O trancamento de matrícula no curso somente poderá ocorrer a partir do segundo período letivo,
exceto nos casos previstos em Lei.
Art. 58 – O tempo máximo para trancamento de cursos técnicos deverá ser de 1 (um) ano ou 2 (dois)
semestres, assim dispostos:
I. 2 (dois) semestres consecutivos no mesmo ano letivo para cursos com entrada anual de turmas;
II. 2 (dois) semestres alternados ou consecutivos para cursos semestrais que têm 2 (duas) entradas
anuais de turmas.
§ 1º – Situações especiais que demandam tempo maior de trancamento serão analisadas pela Direção
de Ensino, Pesquisa e Extensão do Câmpus e, tendo seu parecer favorável, serão encaminhadas para
o CONSEPE, para seu deferimento ou indeferimento.
§ 2º – Constituem situações especiais de que trata o § 1º:
a) casos de doença, devidamente comprovada;
b) situações das quais o estudante é arrimo de família, devidamente comprovadas;
c) demais hipóteses de natureza especial, desde que comprovadas.
Art. 59 – Os períodos de efetivo trancamento de curso não serão considerados para efeito de
contagem de tempo para integralização curricular.
Art. 60 – Ao estudante que solicitar o trancamento de curso será dada ciência formalmente de que,
por ocasião de seu retorno, será enquadrado na última matriz curricular do curso, aprovada no Conselho
de Ensino, Pesquisa e Extensão (CONSEPE).
Art. 61 – Decorrido o prazo de trancamento de curso, o estudante deverá requerer sua matrícula,
durante o período previsto para matrícula no calendário acadêmico vigente, mediante requerimento
protocolado à Secretaria Acadêmica de seu Câmpus.
§ 1º – A não realização da matrícula, após o término do trancamento, no prazo estabelecido em
Calendário Acadêmico, caracterizará abandono de curso.
§ 2º – A Direção de Ensino, Pesquisa e Extensão do Câmpus, em conjunto com a coordenação do
curso, deverá comunicar formalmente, à Secretaria Acadêmica, a opção curricular a qual o estudante
deverá frequentar, em ficha de Adaptação Curricular.
Art. 63 - Nos Cursos de Ensino Médio Integrado e PROEJA, não há possibilidade de aproveitamento
de estudos.
Art. 65 - O pedido de aproveitamento de estudos deve ser avaliado por Comissão de Análise composta
de professores da área de conhecimento, seguindo os seguintes critérios:
I. Correspondência entre as ementas, os programas e a carga horária cursados na outra instituição e
as do curso do IFPR. A carga horária cursada não deverá ser inferior a 75% (setenta e cinco por cento)
daquela indicada na disciplina do curso do IFPR;
II. Além da correspondência entre os componentes curriculares, o processo de aproveitamento de
estudos poderá envolver avaliação teórica e/ou prática acerca do conhecimento a ser aproveitado.
Art. 69 - De acordo com a LDB 9394/96 e a Resolução CNE/CEB No 04/99, o conhecimento adquirido
na educação profissional e tecnológica, inclusive no trabalho, poderá ser objeto de avaliação,
reconhecimento e certificação para prosseguimento ou conclusão de estudos.
Art. 71 – A certificação de conhecimentos por componente curricular somente pode ser aplicada em
curso que prevê matrícula por componente curricular.
Art. 73 – É obrigatória a frequência mínima de 75% (setenta e cinco porcento) da carga horária total
do período letivo.
Art. 74 – Não haverá abono de faltas, qualquer que tenha sido o motivo da ausência, exceto em casos
previstos pelo Decreto-Lei nº 715/1969, o qual altera dispositivo da Lei nº 4.375, de 17 de agosto de 1964
(Lei do Serviço Militar).
Parágrafo Único - O estudante, amparado pela Lei, deverá ter suas faltas abonadas e ter condições
especiais para recuperação das atividades escolares não realizadas, definidas entre o estudante e o
professor do componente curricular em que esteja matriculado, em conjunto com a Direção de Ensino,
Pesquisa e Extensão do Câmpus e coordenação do curso.
Art. 76 – É assegurado o regime domiciliar de estudos, ao estudante que se encontra em pelo menos
uma das seguintes situações:
I. Nos casos de estudante em estado de gestação a partir do 8º (oitavo) mês e durante 3 (três) meses,
conforme normatiza a Lei nº 6.202, de 17 de abril de 1975, após apresentação de atestado médico, ou
mediante apresentação do termo judicial de guarda à adotante ou guardiã, a estudante pode desenvolver
suas atividades acadêmicas em regime domiciliar, pelo tempo determinado pelo médico, observando as
normativas legais e as condições de saúde da estudante.
II. Nos casos de o estudante estar acometido de doenças infecto-contagiosas, fraturas expostas,
afecções congênitas ou outras situações que o impeçam de frequentar os trabalhos
escolares/acadêmicos por tempo determinado, o estudante poderá realizar as atividades acadêmicas em
regime domiciliar, mediante comprovação médica, conforme o Decreto-Lei nº 1.044, de 21 de outubro de
1969.
Art. 77 – A solicitação de regime domiciliar de estudos, conforme situações descritas acima, deverá
ser feita pelo requerente ou representante na Secretaria Acadêmica do Câmpus, devendo ser anexado o
atestado médico, com a devida tipificação da doença, de acordo com o código de diagnósticos expresso
na Classificação Internacional de Doenças (CID), quando for o caso, em até 3 (três) dias úteis após a
data da expedição do atestado.
Art. 78 - No Diário de Classe, deverá ser registrado que o estudante se encontra em regime domiciliar
de estudos.
Art. 80 - A Avaliação de Aprendizagem no âmbito dos cursos ofertados será regulamentada por meio
de resolução do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CONSEPE).
Art. 81 – É possível a progressão parcial de estudos para os estudantes que reprovarem em até 3
(três) componentes curriculares do período letivo.
§ 1º – O estudante com progressão parcial deverá realizar os componentes curriculares em que foi
reprovado em regime de dependência, preferencialmente, no período letivo subsequente à reprovação.
§ 2º – Nos cursos de ensino médio integrado é obrigatória a realização dos componentes curriculares
em dependência no período letivo subsequente a reprovação.
Art. 83 - Nos cursos de Ensino Médio Integrado o estudante que reprovar em 4 (quatro) ou mais
componentes curriculares ficará retido na série em que se encontra e deverá realizar matrícula em todos
os componentes curriculares desta série.
Art. 84 – No final de cada processo avaliativo (bimestre e/ou semestre), os docentes serão
responsáveis por incluir, no sistema de controle acadêmico utilizado na Instituição, o conceito avaliativo
e a frequência dos estudantes em cada componente curricular, conforme prazos estabelecidos no
Calendário Acadêmico.
§ 1º – No final do período letivo, o docente deverá entregar o Diário de Classe e o Registro de
Aproveitamento Acadêmico dos estudantes, que deverá conter os conceitos avaliativos individuais em
todas as avaliações realizadas e o registro dos conteúdos ministrados no(s) componente(s) curricular(es)
de sua responsabilidade, à Direção de Ensino, Pesquisa e Extensão do Câmpus, que será responsável
pela conferência dos arquivos.
§ 2º – É de inteira responsabilidade do professor o preenchimento completo e a assinatura do registro
de frequência e aproveitamento acadêmico e de conteúdos ministrados, ficando vedada a delegação de
competência e responsabilidade.
Art. 85 - Compete à Secretaria Acadêmica do Câmpus a guarda dos Diários de Classe e dos demais
documentos relativos ao controle acadêmico, após o recebimento e conferência da Direção de Ensino,
Pesquisa e Extensão.
Art. 88 - O estudante que for submetido à adaptação curricular poderá cumpri-la mediante:
I. Matrícula e efetiva frequência no componente curricular que necessita cumprir; II. Plano Especial de
Estudos, definido pela Direção de Ensino, Pesquisa e Extensão, nos casos em que houver necessidade
de flexibilizar o cumprimento da adaptação às condições do estudante.
Art. 89 - Após conclusão da adaptação, compete à Secretaria Acadêmica proceder aos devidos
registros no Histórico Escolar do estudante.
Art. 91 – O estudante que atingir a integralização curricular receberá o diploma de concluinte do curso,
que será obtido junto à Secretaria Acadêmica de seu câmpus, após ter realizado a formatura na data
agendada pela Instituição.
Parágrafo Único – Antes da formatura, o formando deverá apresentar à Secretaria
Acadêmica do Câmpus o comprovante de ausência de débito com a biblioteca e com a Direção de
Ensino, Pesquisa e Extensão do Câmpus e, no caso de ter sofrido mudança no nome durante o curso,
entregar cópia do documento do qual consta o nome atualizado.
TÍTULO VI
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
Parágrafo Único - Não havendo solicitação de modificação conforme previsto no caput, esta
Organização Didático-Pedagógica deverá ser reavaliada, parcial ou integralmente, se necessário, a cada
dois (02) anos para homologação no CONSEPE.
A educação profissional técnica de nível médio inclui desde as qualificações profissionais técnicas de
nível médio (EPTNM), como saídas intermediárias, até a correspondente habilitação profissional do
técnico de nível médio.
218
http://portal.mec.gov.br/cursos-da-ept/cursos-da-educacao-profissional-tecnica-de-nivel-medio
Instituições ofertantes
Os cursos da Educação Profissional Técnica de nível médio são realizados em instituições
devidamente credenciadas pelos sistemas de ensino:
- Rede de Instituições Educacionais do Sistema Único de Saúde – a RET SUS, vinculada ao Ministério
da Saúde;
- SENAI, SENAC, SENAR e SENAT, vinculados aos Serviços Nacionais de Aprendizagem (SNA),
como instituições privadas de educação profissional, vinculadas ao sistema Sindical, nos termos do Art.
240 da Constituição Federal;
- Instituições de ensino superior devidamente habilitadas para ofertar cursos técnicos, nos termos do
Art. 20-B da Lei nº 12.513/2011, na redação dada pela Lei nº 12.816/2013.
- Instituições de ensino superior mantidas pelo poder público estadual ou municipais devidamente
habilitadas para ofertar cursos técnicos.
As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Profissional Técnica de Nível Médio vigentes
correspondem ao conjunto articulado de princípios e critérios a serem observados pelos Sistemas de
Ensino e pelas Instituições de Ensino Públicas e Privadas, na organização, planejamento,
desenvolvimento e avaliação da educação profissional técnica de nível médio e seus respectivos
itinerários formativos.
Estágio
A obrigatoriedade ou não da realização do estágio nos cursos de Educação Profissional Técnica no
Ensino Médio atende à legislação específica, como definido na Lei nº 11.788, de 25 de Setembro de 2008
e demais normativas da educação como as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação
Profissional Técnica de Nível Médio do Conselho Nacional de Educação (Resolução CNE nº 06/2012).
Diplomas e certificados
Cabe às instituições educacionais expedir e registrar, sob sua responsabilidade, os diplomas de
técnico de nível médio, sempre que seus dados estejam inseridos no Sistema Nacional de Informações
da Educação Profissional e Tecnológica (SISTEC), a quem caberá atribuir um código autenticador do
referido registro, para fins de validade nacional dos diplomas emitidos e registrados.
Compete igualmente às instituições de ensino a emissão dos certificados referentes a conclusão dos
cursos de qualificação profissional técnica e de especialização técnica de nível médio.
Lei nº 9.394/1996 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), em especial, os dispositivos
que tratam da Educação Profissional e Tecnológica.
Lei nº 13.005/2014, que aprovou o Plano Nacional de Educação, em especial as Metas e Estratégias
vinculadas à Educação Profissional e Tecnológica
Decreto 5.154, de 23 de Julho de 2004, que regulamento dispositivos da LDB no tocante a educação
profissional e tecnológica.
Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Profissional Técnica de Nível Médio definidas pelo
Conselho Nacional de Educação, em especial na Resolução CNE/CEB nº 06/2012, com fundamento no
Parecer CNE/CEB nº 11/2012.
Catálogo Nacional de Cursos Técnicos, contendo informações sobre as habilitações técnicas, o perfil
profissional de conclusão, possibilidades de trajetórias de estudo para profissionalização, carga horária,
campo de atuação dentre outros.
Normas complementares definidas pelo Ministério da Educação e pelos órgãos próprios do respectivo
Sistema de Ensino.
Projetos Pedagógicos e Regimentos Escolares das próprias Instituições Educacionais e suas
exigências.
A formação inicial e continuada (FIC) ou qualificação profissional são organizados para preparar para
a vida produtiva e social, promovendo a inserção e reinserção de jovens e trabalhadores no mundo do
trabalho.
Isso inclui cursos de capacitação profissional, aperfeiçoamento e atualização profissional de
trabalhadores em todos os níveis de escolaridade. Abrange cursos especiais, de livre oferta, abertos à
comunidade, além de cursos de qualificação profissional integrados aos itinerários formativos do sistema
educacional.
Cursos regulamentados
Quando organizados pelo sistema educacional dentro de um itinerário formativo com o intuito de
possibilitar continuidade de estudos, os cursos de formação inicial e continuada (FIC) ou qualificação
profissional possuem regulamentação quanto a carga horária. Está estabelecida a duração mínima de
160 horas, no § 1º do Art. 3º do Decreto nº 5.154/2004, alterado pelo Decreto nº 8.268/2014.
O perfil profissional de conclusão dos cursos de FIC ou qualificação profissional deve corresponder a
perfis necessários ao exercício de uma ou mais ocupações com identidade reconhecida pelo mercado de
219
http://portal.mec.gov.br/cursos-da-ept/formacao-inicial-e-continuada-ou-qualificacao-profissional
Denominação
Vale destacar que a formação inicial e continuada (FIC) ou qualificação profissional, assim denominada
na LDB, também possui a denominação de “qualificação profissional, inclusive formação inicial e
continuada de trabalhadores”, determinada no Decreto nº 5.154/2004, alterado pelo Decreto nº
8.268/2014.
Instituições ofertantes
Podem oferecer cursos de formação inicial e continuada ou qualificação profissional as instituições que
compõem:
Certificados
A conclusão dos cursos de formação inicial e continuada (FIC) ou qualificação profissional dá direito a
um certificado que confere ao seu titular a comprovação do desenvolvimento de saberes associados a
determinada função laboral.
A instituição que oferta o curso é responsável pela emissão dos certificados, que servem como prova
da formação recebida pelo seu titular.
Principais regulamentações
- Lei nº 9.394/1996 - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), em especial, os
dispositivos que tratam da Educação Profissional e Tecnológica.
- Decreto 5.154, de 23 de Julho de 2004, que regulamenta dispositivos da LDB no tocante a educação
profissional e tecnológica.
- Resolução CNE/CEB nº 06/2012, define as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação
Profissional Técnica de Nível Médio em especial os normativos relativos as saídas intermediárias e a
qualificações.
- Normas complementares definidas pelo Ministério da Educação e pelos órgãos próprios do respectivo
Sistema de Ensino.
- Projetos Pedagógicos e Regimentos Escolares das próprias Instituições Educacionais e suas
exigências.
Ressalta-se que os cursos especiais de livre oferta que compõem a formação inicial e continuada (FIC)
ou qualificação profissional se caracterizam pela ausência de atos normativos por parte do Poder Público,
conforme estabelecido no Art. 42 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB – Lei no.
9.394/1996).
RESOLUÇÃO Nº 55/11
TÍTULO I
DA ORGANIZAÇÃO DIDÁTICA
CAPÍTULO I
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
CAPÍTULO II
DOS CURSOS E SEUS OBJETIVOS
Art. 3º - Paralelamente aos cursos acima referidos, o IFPR pode oferecer cursos inseridos nas
atividades de Extensão, de acordo com os princípios e as finalidades do Ensino Superior, em articulação
com o mundo do trabalho e com os segmentos sociais, com ênfase na produção, no desenvolvimento e
na difusão de conhecimentos científicos e tecnológicos.
TÍTULO II
DAS MODALIDADES DE EDUCAÇÃO E ENSINO
CAPÍTULO I
DA EDUCAÇÃO SUPERIOR
Art. 5º - A Educação Superior, ofertada pelo IFPR nas modalidades presencial e a distância,
compreende os Cursos de Graduação, os Cursos de Aperfeiçoamento e de Extensão, os Cursos de Pós-
Graduação Lato Sensu e Programas de Pós-Graduação Stricto Sensu.
Art. 6º - Os cursos na modalidade de Educação a Distância recebem a mesma certificação que seus
equivalentes ofertados na modalidade presencial.
Art. 8º – Os Cursos Superiores de Tecnologia têm por objetivo formar profissionais aptos a desenvolver
atividades em determinado Eixo Tecnológico, utilizando, desenvolvendo e adaptando tecnologias com a
compreensão crítica das implicações decorrentes e das suas relações com o processo produtivo, com o
ambiente e com a sociedade.
Art. 9º - Os Cursos de Bacharelado têm por objetivo formar profissionais para as áreas do
conhecimento e para o mundo do trabalho.
Art. 12 - Os Cursos de Graduação são estruturados por componentes curriculares que podem ser
agrupados em períodos, módulos ou séries.
Parágrafo Único - A duração e a carga horária dos cursos oferecidos são compatíveis com as
exigências das formações profissionais delineadas nos respectivos Projetos Pedagógicos dos Cursos,
observando-se as diretrizes curriculares aprovadas pelos órgãos competentes do Ministério da Educação.
Seção II
Dos Cursos e Programas de Pós-Graduação
TÍTULO III
DAS ATIVIDADES DE ENSINO
CAPÍTULO I
DO CURRÍCULO DOS CURSOS
Art. 18 - A organização curricular dos cursos deve proporcionar a articulação entre a formação teórica
e prática, de modo a contribuir para a formação integral do educando como cidadão consciente, atuante
e criativo e como profissional responsável e competente para desempenhar de forma plena seu papel
social, político e econômico na sociedade.
Art. 20 - O currículo dos Cursos Superiores do IFPR deve estar em consonância com o projeto político-
pedagógico do Câmpus, considerando os saberes e as experiências incorporados pelos estudantes e
pelo aluno-trabalhador, o qual tem o seu próprio saber sobre a tecnologia e seu processo de produção.
Art. 21 - A estrutura curricular dos cursos possui flexibilidade na organização seriada, em módulos, na
matrícula por componente curricular e de regime de alternância de acordo com as normativas do Projeto
Político Institucional (PPI) e em observância às Instruções Internas de Procedimentos (PPI) da Pró-
Reitoria de Ensino (PROENS).
Art. 23 - O currículo dos cursos oferecidos pelo IFPR, em consonância com o Estatuto, com o PPI
(Projeto Político Institucional) e com o PPP (Projeto Político Pedagógico) do Câmpus, deve ser a
expressão de cada PPC (Projeto Pedagógico de Curso), envolvendo o conjunto de conteúdos comuns,
específicos e eletivos, projetos, experiências e estágios relacionados à formação profissional e integral
do estudante.
Art. 24 - As matrizes curriculares dos cursos são organizadas e estruturadas de acordo com as
Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Superior.
Art. 25 - A proposta de abertura de um novo Curso Superior deve seguir a Instrução Interna de
Procedimentos da Pró-Reitoria de Ensino que regulamenta a abertura de cursos superiores no IFPR.
Art. 27 – É dever do docente apresentar e discutir com os alunos, no início do período letivo, o Plano
de Ensino do componente curricular.
CAPÍTULO II
DA PROGRAMAÇÃO DAS ATIVIDADES DE ENSINO
Seção I
Dos turnos e horários de funcionamento
Seção II
Do Calendário Acadêmico
Art. 29 – A resolução do Calendário Acadêmico será proposta pela Pró-Reitoria de Ensino em até 90
(noventa) dias antes do início do ano letivo e regulamentada anualmente em Resolução própria.
Parágrafo Único – A Direção de Ensino, Pesquisa e Extensão, mediante proposição do coletivo do
Câmpus, com vistas na realidade local e regional, poderá adaptar o Calendário Acadêmico, mediante
Art. 30 - O Calendário Acadêmico anual dos Câmpus do IFPR, independentemente do ano civil, terá
no mínimo 200 (duzentos) dias letivos de trabalho acadêmico efetivo, para cada forma e modalidade de
ensino regular, nos turnos matutino, vespertino e noturno.
Art. 31 - Entende-se por dia letivo aquele fixado no Calendário Acadêmico em que se realizam
atividades educacionais (ensino, pesquisa e extensão), dentro ou fora dos Câmpus, com a participação
conjunta de professores e estudantes.
Art. 33 - Considerar-se-á concluído o Calendário Acadêmico dos diferentes Câmpus do IFPR quando
cumpridos: a carga horária, os dias letivos e as atividades previstas.
Parágrafo Único – Caberá à Direção de Ensino, Pesquisa e Extensão, a partir de discussão coletiva
com os profissionais, definir a forma e os procedimentos para reposição de aulas, quando necessário
para o cumprimento do Calendário Acadêmico.
Art. 34 – O Calendário Acadêmico, quando não cumprido por motivo de força maior, deverá ser
reorganizado por proposição do Colégio de Dirigentes do Câmpus e homologação do CONSEPE.
TÍTULO IV
DA OFERTA DE CURSOS E FORMAS DE INGRESSO
CAPÍTULO I
DOS CURSOS E VAGAS OFERTADAS
Art. 35 - O número de cursos e vagas a serem oferecidos pelos Câmpus, para ingresso de alunos do
IFPR, será definido pelo Colégio de Dirigentes do Câmpus, observando-se a capacidade de trabalho do
quadro docente e a disponibilidade de salas de aula e de laboratórios, e encaminhado à PROENS até a
data prevista no Calendário Acadêmico.
§ 1º – Entenda-se como capacidade de trabalho do quadro docente as atividades de ensino, pesquisa,
extensão e outras de caráter administrativo-pedagógicas desenvolvidas semanalmente pelo professor,
conforme regulamentação específica em vigor.
§ 2º – A oferta de cursos através de convênios ou de outra natureza especial não prevista até a data
limite definida em Calendário Acadêmico poderá ser aceita em datas posteriores à mesma, desde que
devidamente justificada.
Parágrafo único: o Edital deve contemplar as políticas de ações afirmativas definidas em Resolução
própria pelo Conselho Superior do IFPR.
Seção I
Do Ingresso por Processo Seletivo para os cursos regulares do Ensino Superior
Art. 38 - O ingresso nos cursos regulares do Ensino Superior do IFPR se faz mediante processo
seletivo público, a partir de critérios e normas definidas em edital específico.
§ 1º – Os cursos e número de vagas ofertadas devem seguir rigorosamente o estabelecido no Projeto
Pedagógico de cada curso.
§ 2º – O IFPR abrirá 40 vagas para cada curso presencial ofertado em seus Câmpus.
Seção II
Dos Processos Simplificados para Vagas Remanescentes
Seção III
Do Sistema de Seleção Unificada/SiSU
Art. 42 - A validade do Processo Seletivo restringir-se-á ao período letivo que esteja expressamente
referido no edital.
Art. 46 - Aos candidatos selecionados, será emitido, pelo Coordenador Responsável pelo respectivo
curso, com anuência do Colegiado, um Plano Individual de Estudos, contendo obrigatoriamente:
I. A classificação do candidato;
II. Os componentes curriculares nos quais foi obtido aproveitamento de estudos;
III. O período letivo em que o candidato será matriculado, de acordo com o critério adotado pelo curso;
IV. O prazo máximo para integralização curricular;
V. Os componentes curriculares a serem considerados como atividades acadêmicas complementares,
quando for o caso.
Art. 47 - Divulgada a relação dos classificados, a Secretaria Acadêmica procederá à chamada dos
candidatos até o número de vagas definidas no edital, podendo haver, em caso de desistência, outras
chamadas, enquanto houver candidatos.
§1º - O candidato classificado que não efetivar a matrícula junto à Secretaria Acadêmica, no período
designado no Edital do Processo Seletivo, será considerado desistente.
§2º - A vaga não preenchida, conforme o que dispõe o § 1º, será oferecida para o candidato
remanescente, respeitando-se a ordem de classificação.
Seção V
Do Ingresso de Estudantes Estrangeiros através de Convênio Cultural, Educacional e/ou
Científico e Tecnológico
Seção VI
Do Ingresso de Alunos Especiais
Art. 49 - Entende-se por aluno especial o estudante matriculado em Curso Superior ou formado em
nível superior que cursa, no IFPR, componentes curriculares em outro curso de mesmo nível de ensino.
Art. 51 - O aluno especial tem direito ao atestado de aprovação no componente curricular, respeitadas
as exigências de frequência e de aproveitamento estabelecidas para os estudantes regulares.
Parágrafo Único – O aluno do IFPR que obtiver aprovação terá o referido componente curricular
registrado em seu histórico escolar.
Art. 52 – A cada início de período letivo, a coordenação do curso publicará comunicado com a relação
de disciplinas e número de vagas disponíveis para aluno especial e com os critérios de seleção.
Parágrafo Único – A seleção do aluno especial é feita através de entrevista, realizada por pelo menos
1 (um) membro do colegiado do curso e pelo professor responsável pela disciplina, com registro em ata.
Art. 53 – Cada estudante tem direito a cursar no máximo 2 (dois) componentes curriculares em outros
cursos como aluno especial, durante a realização do seu curso.
Seção VII
Da Transferência
Art. 56 – No caso de transferência ex offício, será aceito estudante de outras instituições de educação
profissional e tecnológica ou de ensino superior, independentemente de existência de vaga e edital de
abertura de transferência, conforme a Lei n. 9.536, de 11 de dezembro de 1997, mediante a entrega dos
documentos exigidos para o registro acadêmico em seu curso e dos seguintes documentos:
I. Documento oficial que comprove o ato de remoção ou transferência de ofício e declaração do órgão
público da localidade recebedora;
II. Comprovante de dependência, quando se tratar de filho, cônjuge ou dependente;
III. Histórico escolar original atualizado, emitido no semestre em que for requerida a transferência;
IV. Declaração original de vínculo com a Instituição de origem ou comprovante de matrícula atualizado
do semestre letivo em que for requerida a transferência;
V. Ementas e Programas das disciplinas cursadas, vistados pela Instituição de ensino de origem.
Art. 57 – O estudante pode solicitar, a qualquer tempo, na Secretaria Acadêmica, a transferência para
outra instituição de ensino, a qual expedirá a documentação necessária, desde que comprovada a
ausência de débitos com a Instituição (Biblioteca do Câmpus, Direção de Ensino, Pesquisa e Extensão,
Secretaria Acadêmica e o que mais houver).
CAPÍTULO I
DO REGISTRO ACADÊMICO
Art. 58 - Entende-se por Registro Acadêmico o ato de vinculação oficial do aluno ao IFPR realizado
pela Secretaria Acadêmica, mediante entrega e aceite da documentação necessária fixada em edital, à
qual compete a conferência e a guarda da referida documentação.
§ 1º - Os prazos para os registros previstos no caput deste artigo são fixados pelo Calendário
Acadêmico ou pelos editais de divulgação.
§ 2º - O aluno de curso de graduação do IFPR, em conformidade com a Lei nº 12.089/2009, não pode
ocupar 2 (duas) vagas, simultaneamente, em instituições públicas de ensino superior em todo o território
nacional ou 2 (duas) vagas em cursos superiores no IFPR.
§ 3º - Somente terá direito à matrícula o aluno regular que tiver efetuado o seu registro acadêmico.
§ 4º - Por ocasião da efetivação do registro acadêmico pela Secretaria Acadêmica, o estudante
ingressará na última matriz curricular do curso, aprovada pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão.
Art. 59 - O aluno que ingressar mediante processo seletivo, tendo efetuado seu registro acadêmico,
deverá realizar a confirmação de sua matrícula em um dos cinco (05) primeiros dias de aula previstos no
Calendário Escolar do período letivo para o qual foi classificado, conforme orientação da coordenação do
curso.
Parágrafo único – A não realização pelo estudante ou de pessoa por ele autorizada para tal
caracterizar-se-á como desistência, o que ocasionará o cancelamento do seu registro acadêmico e o
consequente chamamento, para a ocupação da vaga correspondente, do primeiro candidato ainda não
convocado, arrolado na ordem de classificação do mesmo ano e curso, divulgada pela Pró-Reitoria de
Ensino.
CAPÍTULO II
DA MATRÍCULA
Art. 61 – Entende-se por matrícula o ato que precede o ingresso do estudante em cada período letivo,
vinculando o aluno aos componentes curriculares.
Parágrafo Único - A matrícula nos cursos de graduação para o período letivo subsequente não é
automática, tendo o estudante de obrigatoriamente efetivá-la a cada série ou etapa/período letivo,
conforme a organização do curso nas datas previstas no Calendário Acadêmico vigente.
Art. 63 – Nos casos de perda de prazo de matrícula pelo estudante, este ou seu representante legal
deverá encaminhar à Secretaria Acadêmica do Câmpus o pedido de matrícula fora do prazo, devidamente
justificado. Caberá à Direção de Ensino, Pesquisa e Extensão do Câmpus, no período de 3 (três) dias
úteis, analisar e julgar o requerimento de matrícula fora do prazo, publicando o resultado em Edital próprio.
§ 1º – Uma vez deferida, o acadêmico terá prazo de até 3 (três) dias úteis, após a data de publicação
do Edital, para efetuar a matrícula.
Art. 64 – Os alunos dos Cursos de Graduação do IFPR podem afastar-se para participar de Programas
de Intercâmbio em Instituições de Ensino Superior ou Centros de Pesquisas do Brasil e de outros países,
conveniados com o IFPR.
Art. 69 – A matrícula decorrente de convênio entre o IFPR e outras instituições nacionais de ensino
superior será concedida a alunos dessas instituições nos termos estabelecidos nos convênios, limitada,
no máximo, a dois semestres letivos.
Parágrafo único - Os estudantes se regerão pelo estabelecido nos convênios e, no que couber, pelas
normas do IFPR.
Art. 70 – A matrícula decorrente de convênio, intercâmbio ou acordo cultural entre o Brasil e outros
países dar-se-á:
I - para a conclusão do curso no IFPR, estando o aluno regido pelas normas decorrentes do acordo e,
no que couber, pelas disposições regimentais do IFPR. II - para o desenvolvimento de estudos por tempo
determinado, entendido como a estada do aluno por, no mínimo, dois (02) meses e até, no máximo, dois
(02) semestres letivos, estando este regido pelo acordo assumido entre as partes, inclusive no referente
ao tempo de permanência e, no que couber, por este Regulamento.
Art. 71 – Para a matrícula dos estudantes referidos no Inciso I do Artigo 70 desta Resolução, exigir-
se-á a seguinte documentação:
a) Comprovante de seleção encaminhado pelo Ministério das Relações Exteriores do Brasil;
b) Certidão de nascimento;
c) Passaporte;
d) Certificado de conclusão do Ensino Médio ou equivalente, acompanhado de histórico escolar,
expedidos por autoridade competente, e das respectivas traduções oficiais;
e) Atestado de sanidade física e mental, expedido por órgãos competentes.
CAPÍTULO III
DO CANCELAMENTO DE MATRÍCULA
CAPÍTULO IV
DO ABANDONO DE CURSO
CAPÍTULO V
DO TRANCAMENTO E DESTRANCAMENTO DE CURSO
Art. 76 – Entende-se por trancamento de curso a interrupção total das atividades escolares, por tempo
determinado, a pedido do aluno.
§1º – O estudante poderá realizar o trancamento de matrícula no curso superior que frequenta e nas
demais atividades relacionadas a ele, por um período de tempo determinado, sem comprometimento de
seu vínculo com a Instituição, mediante requerimento protocolado junto à Coordenação de Curso, que irá
analisar o pedido, com a anuência da Direção de Ensino, Pesquisa e Extensão, e encaminhar o resultado
à Secretaria Acadêmica de seu Câmpus.
§2º – O trancamento de matrícula no curso somente poderá ocorrer a partir do segundo período letivo,
exceto nos casos previstos em Lei.
§ 3º – O prazo final para pedidos de trancamento de curso será estipulado pelo calendário acadêmico
vigente.
Art. 77 – O tempo máximo para trancamento de Cursos Superiores é de dois anos ou quatro
semestres.
§ 1º – Nos cursos superiores, o trancamento deverá se dar da seguinte forma:
a) dois semestres consecutivos no mesmo ano letivo para aqueles cursos que têm oferta anual de
turmas;
b) quatro semestres consecutivos a contar do primeiro semestre do ano;
c) semestres alternados (sendo o máximo quatro) para aqueles cursos semestrais com oferta
semestral de turmas.
§ 2º – Situações especiais que demandam tempo maior de trancamento serão analisadas pela Direção
de Ensino, Pesquisa e Extensão do Câmpus e, tendo seu parecer favorável, serão encaminhadas para o
CONSEPE, para seu deferimento ou indeferimento.
§ 3º – Constituem situações especiais de que trata o § 2º:
a) casos de doença, devidamente comprovada;
b) situações das quais o estudante é arrimo de família, devidamente comprovadas;
c) demais hipóteses de natureza especial, desde que comprovadas.
Art. 78 – Os períodos de efetivo trancamento de curso não serão considerados para efeito de
contagem de tempo para integralização curricular.
Art. 79 – Ao estudante que solicitar o trancamento de curso, será dada ciência formalmente de que,
por ocasião de seu retorno, será enquadrado na última matriz curricular do curso aprovada no CONSEPE.
Art. 80 – Decorrido o prazo de trancamento de curso, o estudante deverá requerer sua matrícula,
durante o período previsto para matricula no calendário acadêmico vigente, mediante requerimento
protocolado à Secretaria Acadêmica de seu Câmpus.
§ 1º – A não realização da matrícula, após o término do trancamento, no prazo estabelecido em
Calendário Acadêmico, caracterizará abandono de curso.
§ 2º – A Direção de Ensino, Pesquisa e Extensão do Câmpus, em conjunto com a coordenação do
curso, deverá comunicar formalmente, à Secretaria Acadêmica, a opção curricular a qual o estudante
deverá frequentar, em ficha de Adaptação Curricular.
CAPÍTULO VI
DO APROVEITAMENTO DE ESTUDOS ANTERIORES
Art. 83 - O pedido de aproveitamento de estudos deve ser avaliado por Comissão de Análise composta
de professores da área de conhecimento, seguindo os seguintes critérios:
I. correspondência entre a instituição de origem e o IFPR em relação às ementas, ao conteúdo
programático e à carga horária cursados. A carga horária cursada não deverá ser inferior a 75% daquela
indicada na disciplina do curso do IFPR;
II. além da correspondência entre as disciplinas, o processo de aproveitamento de estudos poderá
envolver avaliação teórica e/ou prática acerca do conhecimento a ser aproveitado.
CAPÍTULO VII
DA CERTIFICAÇÃO DE CONHECIMENTOS ANTERIORES
Art. 87 - De acordo com a LDB 9394/96 e a Resolução CNE/CEB No 04/99, o conhecimento adquirido
na educação profissional e tecnológica, inclusive no trabalho, poderá ser objeto de avaliação,
reconhecimento e certificação para prosseguimento ou conclusão de estudos.
Art. 89 – A certificação de conhecimentos por componente curricular somente pode ser aplicada em
curso que prevê matrícula por componente curricular.
Parágrafo único – No curso com matrícula por módulo, bloco ou série, a certificação de
conhecimentos somente se aplica se o estudante demonstrar domínio de conhecimento em todos os
componentes curriculares do período letivo.
CAPÍTULO VIII
DA FREQUÊNCIA
Art. 91 – No Instituto Federal do Paraná, é obrigatória a frequência mínima de 75% da carga horária
total do componente curricular.
Art. 92 – Não haverá abono de faltas, qualquer que tenha sido o motivo de ausência, exceto em casos
previsto pelo Decreto-Lei 715/1969, o qual altera dispositivo da Lei nº
4.375, de 17 de agosto de 1964 (Lei do Serviço Militar).
Parágrafo único - O estudante, amparado pela Lei, deverá ter suas faltas abonadas e ter condições
especiais para a recuperação das atividades escolares não realizadas, definidas entre o aluno e o
professor do componente curricular em que esteja matriculado, em conjunto com a Direção de Ensino,
Pesquisa e Extensão do Câmpus e Coordenação do Curso.
Art. 93 – A Direção de Ensino, Pesquisa e Extensão do Câmpus, de comum acordo com o(s)
professor(es) do(s) componente(s) curricular(es) cursado(s) pelo estudante, poderá dispensar
esporadicamente das aulas regulares o estudante participante de cursos intensivos, simpósios,
seminários, congressos, aulas extraordinárias, participação em comissões instituídas pela Instituição e
outras atividades similares sempre que houver correlação com o seu curso. Em caso de deferimento,
devem ser justificadas as faltas em todas as aulas e possibilitada recuperação de avaliações formais que
eventualmente ocorrerem no período.
§ 1º – O estudante deverá encaminhar pedido formal à Direção de Ensino, Pesquisa e Extensão do
Câmpus, a qual, juntamente com o(s) professor(s) do(s) componente(s) curricular(es), deverá pronunciar-
se no prazo de cinco (05) dias, contados do recebimento da solicitação.
§ 2º – Encerrado o evento, o estudante deverá imediatamente apresentar ao(s) professor(s) documento
comprobatório de sua participação no mesmo, no prazo máximo de cinco (5) dias, a fim de que sejam
justificadas as faltas e marcadas as avaliações perdidas no período de afastamento.
CAPÍTULO IX
DO REGIME DOMICILIAR DE ESTUDOS
Art. 95 – A solicitação de atendimento domiciliar, conforme situações descritas acima, deverá ser feita
pelo requerente ou representante na Secretaria Acadêmica do Câmpus, devendo ser anexado o atestado
médico, com a devida tipificação da doença, de acordo com o código de diagnósticos expresso na
Classificação Internacional de Doenças (CID), quando for o caso, em até 3 (três) dias úteis após a data
da expedição do atestado.
Parágrafo único - os atestados médicos comprobatórios das situações descritas nos incisos acima
deverão ser arquivados na Pasta Individual do Aluno.
Art. 97 - No Diário de Classe, deverá ser registrado que o estudante se encontra em regime de
atendimento domiciliar de estudos.
Art. 98 - Ao estudante que estiver impedido de frequentar as aulas, tendo em vista internamento
hospitalar, assegurar-se-á o atendimento adequado em ambiente hospitalar, levando em consideração
as orientações médicas, por meio de plano especial de acompanhamento pedagógico organizado pelo
Câmpus.
CAPÍTULO X
DAS NORMAS GERAIS DE AVALIAÇÃO
Art. 100 - A Avaliação de Aprendizagem no âmbito dos cursos ofertados será regulamentada por meio
de Resolução do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CONSEPE).
Art. 101 – É possível a progressão parcial de estudos para os estudantes que reprovarem em até três
(3) componentes curriculares do período letivo.
Art. 102 - O estudante com progressão parcial deverá realizar os componentes curriculares em que
foi reprovado em regime de dependência, preferencialmente, no período ou ano letivo subsequente à
reprovação.
Parágrafo Único – Os acadêmicos com direito à progressão parcial poderão optar por matricularem-
se apenas nas disciplinas em dependência.
Art. 103 – A matrícula no regime de dependência poderá dar-se em componente curricular regular ou
turma especial aberta para esse fim, no contraturno do seu curso.
Parágrafo Único - No caso de matrícula em turma especial, o docente poderá utilizar como
metodologia de ensino planos individuais de estudo para cada estudante, de acordo com a necessidade
de aprendizagem de cada estudante.
CAPÍTULO XI
DO REGISTRO E ARQUIVAMENTO DOS RESULTADOS DA AVALIAÇÃO
Art. 105 – No final de cada período letivo (bimestre e/ou semestre), os docentes serão responsáveis
por incluir, no sistema de controle acadêmico utilizado na instituição, o conceito avaliativo e a frequência
dos estudantes em cada componente curricular, conforme prazos estabelecidos no Calendário
Acadêmico.
§ 1º – No final do período letivo, o docente deverá entregar o Livro de Registro de Classe e o Registro
de Aproveitamento Acadêmico dos estudantes, que deverá conter os conceitos avaliativos individuais em
todas as avaliações realizadas e o registro dos conteúdos ministrados no(s) componente(s) curricular(es)
de sua responsabilidade, à Direção de Ensino, Pesquisa e Extensão do Câmpus, que será responsável
pela conferência dos arquivos.
§ 2º – É de inteira responsabilidade do professor o preenchimento completo e a assinatura do registro
de frequência e aproveitamento acadêmico e de conteúdos ministrados, ficando vedada a delegação de
competência e responsabilidade.
CAPÍTULO XII
DA ADAPTAÇÃO CURRICULAR
Art. 108- A adaptação curricular é um procedimento pedagógico realizado, sempre que necessário,
para que o estudante prossiga os estudos com os devidos ajustes ao currículo em vigência no IFPR.
Parágrafo Único - A adaptação curricular pode se fazer necessária em casos de transferência de
estudantes para o IFPR e mudança de matriz curricular.
Art. 109 - O estudante que for submetido à adaptação curricular poderá cumpri-la mediante:
I - matrícula e efetiva frequência no componente curricular que necessita cumprir;
II - plano especial de estudos, definido pela Direção de Ensino, Pesquisa e Extensão, nos casos em
que houver necessidade de flexibilizar o cumprimento da adaptação às condições do estudante.
Art. 110 - Após conclusão da adaptação, compete à Secretaria Acadêmica proceder aos devidos
registros no Histórico Escolar do estudante.
CAPÍTULO XIII
DA INTEGRALIZAÇÃO E JUBILAMENTO DOS CURSOS
Art. 111 – Entende-se por integralização curricular a conclusão com aproveitamento e frequência de
todas as atividades curriculares previstas no Projeto Pedagógico do Curso – PPC, incluindo a carga
horária das disciplinas, as atividades complementares do projeto pedagógico e os Trabalhos de
Conclusão de Curso (TCCs) ou monografias.
Art. 112 – Entende-se por jubilamento o tempo máximo definido pelo Instituto Federal do Paraná para
a integralização do curso.
Art. 113 – Para o ensino superior o tempo máximo para jubilamento é considerado o dobro do tempo
mínimo previsto no PPC menos um (1) ano, ou seja, para cursos com três (3) anos o tempo para
jubilamento será de cinco (5) anos; para os cursos com quatro (4) anos o tempo para jubilamento será de
sete (7) anos e para os cursos com cinco (5) anos, o tempo para jubilamento será de nove (9) anos.
Parágrafo único – O estudante jubilado deverá participar de processo seletivo do IFPR e, uma vez
aprovado, fará jus ao aproveitamento de estudos.
CAPÍTULO XIV
DA DIPLOMAÇÃO
Art. 114 – O estudante que frequentar todos os módulos/unidades curriculares previstos no curso,
tendo obtido aproveitamento em todos eles, frequência mínima de setenta e cinco por cento (75%) das
horas-aula e Trabalho de Conclusão de Curso ou relatório de Estágio aprovado, quando o curso exigir,
antes do prazo para jubilamento, receberá o diploma de concluinte do curso, que será obtido junto à
Secretaria Acadêmica de seu Câmpus, após ter realizado a colação de grau na data agendada pela
Instituição.
Art. 115 – O estudante concluinte de curso poderá requerer, após a sua Formatura, declaração de
Conclusão de Curso junto à Secretaria Acadêmica de seu Câmpus.
TÍTULO VI
DAS OUTRAS ATIVIDADES DE ENSINO
CAPÍTULO I
DA MONITORIA
CAPÍTULO II
DAS ATIVIDADES DE PESQUISA
CAPÍTULO III
DAS ATIVIDADES DE EXTENSÃO
Art. 119 - O estágio curricular é parte integrante do currículo e tem sua carga horária e validade
definidas no regulamento do estágio curricular, obedecendo às Diretrizes Curriculares Nacionais
especificas ao curso, quando couberem.
CAPÍTULO V
DO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO (TCC)
Art. 120 - O TCC é parte integrante do currículo e tem sua carga horária e validade definidas no
regulamento do TCC, obedecendo às Diretrizes Curriculares Nacionais específicas ao curso, quando
couberem.
TÍTULO VII
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
Art. 121 – Esta Organização Didático-Pedagógica poderá sofrer modificações, quando se fizerem
necessárias, mediante proposta apresentada ao CONSEPE.
Parágrafo único - Não havendo solicitação de modificação conforme previsto no caput, esta
Organização Didático-Pedagógica deverá ser reavaliada, parcial ou integralmente, se necessário, a cada
02 (dois) anos, para homologação no CONSEPE.
Art. 122 - Os casos omissos serão resolvidos pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão do
Instituto Federal do Paraná.
Art. 123 – Esta Resolução entra em vigor na data de sua aprovação pelo Conselho Superior do IFPR.
Aprova a criação da comissão de ética no uso de animais (CEUA) do Instituto Federal do Paraná
Resolve
Art. 1º Aprovar a criação da comissão de ética no uso de animais (CEUA) do Instituto Federal do
Paraná.
Art. 2º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação, com ampla divulgação na página
eletrônica do IFPR.
RESOLVE:
Art. 2º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação, com ampla divulgação na página
eletrônica do IFPR.
PRESIDENTE
220
http://reitoria.ifpr.edu.br/resolucao-042017/
RESOLVE:
TÍTULO I
DAS DISPOSIÇÕES INICIAIS
TÍTULO II
DA CONCEPÇÃO
Art. 2º No processo pedagógico, estudantes e docentes são sujeitos ativos, seres humanos históricos,
imersos numa cultura, que apresentam características particulares de vida, e devem atuar de forma
consciente no processo de ensino-aprendizagem.
§ 1º O estudante traz consigo componentes cognitivo, psicológico, biológico, social, cultural, afetivo,
linguístico, entre outros, e os conteúdos de ensino e as atividades propostas pelos professores devem
levar em conta a diversidade dessa composição humana.
§2º O processo de ensino-aprendizagem deve ser organizado a partir dos conhecimentos formais,
prescritos no currículo, e dos informais, oriundos da prática social.
Art. 3º No IFPR, o ciclo do conhecimento, que pressupõe a relação entre teoria e prática, expresso na
indissociabilidade dos processos de ensino, pesquisa, extensão e
inovação, deve permear o processo de ensino-aprendizagem.
§ 1º A relação entre teoria e prática permite o desenvolvimento da capacidade de refletir criticamente
o aprendido, levando o estudante a um processo permanente de aprendizado visando sua atuação na
sociedade.
§ 2º Aos docentes cabe realizar a mediação entre o conhecimento prévio dos estudantes e o
sistematizado, propiciando formas de apropriação e/ou construção dos saberes em suas múltiplas
dimensões.
Art. 4º A avaliação como parte do processo de ensino-aprendizagem deverá ser contínua e cumulativa,
com predominância dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos, prevalecendo o desenvolvimento do
estudante ao longo do período letivo sobre os de eventuais provas finais.
§ 1º O caráter contínuo e cumulativo da avaliação implica a necessidade de diagnóstico e registro da
aprendizagem, também contínuos.
§ 2º A avaliação, como parte do processo ensino-aprendizagem, deve subsidiar continuamente o
planejamento e a prática de ensino, mediante diagnóstico e tomada de decisões ao longo do período
letivo, visando à aprendizagem.
TÍTULO III
DOS PRINCÍPIOS
Art. 8º O processo de avaliação do ensino-aprendizagem deve prever critérios articulados aos objetivos
estabelecidos no plano de ensino, dialogados entre docentes e estudantes, corroborando, desta forma,
para sua revisão contínua.
Parágrafo único. As alterações decorrentes do diálogo sobre os critérios serão divulgadas à
comunidade acadêmica por meio do plano de ensino do componente curricular.
TÍTULO IV
DOS INSTRUMENTOS AVALIATIVOS
Art. 9º Para a avaliação do processo ensino-aprendizagem, deverão ser utilizados vários instrumentos
avaliativos de coleta de dados, como por exemplo:
I – seminários;
II – trabalhos individuais e/ou em grupos;
Art. 10. A produção do estudante, a partir dos diversificados instrumentos avaliativos, fornecerá ao
docente indicadores de seu desenvolvimento cognitivo e da construção que está realizando nas áreas do
conhecimento.
Parágrafo único. O docente deve utilizar, ao menos, dois instrumentos ao longo de cada período
avaliado para emitir resultados parciais e finais.
Art. 11. Os docentes terão autonomia didático/metodológica para definir qual estratégia, instrumentos
e critérios avaliativos serão os mais adequados a serem utilizados, sempre em consonância com os
valores, objetivos e princípios adotados pelo IFPR.
§ 1º Cabe ao docente organizar as informações obtidas e proporcionar condições para o avanço na
construção do conhecimento por meio de uma proposta de avaliação que oportunize o uso de diferentes
metodologias e instrumentos, que seja construída de forma participativa com os estudantes, discutida e,
caso necessário, reformulada a qualquer momento do processo ensino-aprendizagem, expressando
assim uma prática coletiva de trabalho.
§ 2º Deverá o docente, observando as especificidades de seu componente curricular, estabelecer
critérios para cada instrumento avaliativo, entendendo-os como o que se espera que os estudantes
tenham aprendido durante os processos de ensinoaprendizagem.
§ 3º Após a realização de cada instrumento avaliativo e ao final das etapas de avaliação deverá ser
realizada a avaliação do processo avaliativo, momento de discussão e apreciação coletiva entre docentes
e estudantes da turma, considerando as metodologias e os instrumentos utilizados e aperfeiçoando-os
para o próximo período.
Art. 12. A avaliação do ensino-aprendizagem dos estudantes com deficiência, Transtornos Globais do
Desenvolvimento, Transtornos do Espectro Autista, Altas Habilidades ou Superdotação, transtornos
psiquiátricos, distúrbios e dificuldades de aprendizagem, preferencialmente, comprovadas por meio de
laudos ou pareceres da respectiva área, deverá ser organizada pelos docentes juntamente aos
profissionais da Seção Pedagógica e de Assuntos Estudantis, do Núcleo de Apoio às Pessoas com
Necessidades Educacionais Específicas - NAPNE e registrada no Plano de Trabalho do Estudante.
Parágrafo único. O Plano de Trabalho do Estudante contempla as flexibilizações necessárias e
possíveis ao processo de ensino-aprendizagem e consequentemente da avaliação, considerando a
singularidade e especificidade dos estudantes, de maneira que sejam atendidos em suas necessidades
e possam avançar em seu processo de aprendizagem.
TÍTULO V
DA RECUPERAÇÃO DE ESTUDOS
TÍTULO VI
DO CONSELHO DE CLASSE
Art. 14. O Conselho de Classe é um órgão colegiado e uma instância avaliativa que analisa, discute,
orienta e delibera sobre os processos de ensino-aprendizagem.
§ 1º O Conselho de Classe discute e reflete, entre outros assuntos, sobre a avaliação da prática
docente, no que se refere à metodologia, aos conteúdos e à totalidade das atividades pedagógicas
realizadas, bem como a participação do estudante nas atividades propostas e dos demais envolvidos no
processo educativo com a
proposição de ações para a superação das dificuldades.
§ 2º São funções do Conselho de Classe:
I – o estabelecimento prévio de critérios para as suas ações analíticas, avaliativas e deliberativas;
II – a avaliação do processo ensino-aprendizagem desenvolvida e a proposição
de ações para a sua melhoria;
III – a consideração das condições físicas, materiais e de gestão dos estabelecimentos de ensino que
substanciam o processo ensino-aprendizagem;
IV – a apreciação e deliberação dos processos e resultados das avaliações dos estudantes
apresentados pelos professores durante o período letivo;
V – a apreciação e deliberação sobre o avanço do estudante para série/etapa subsequente ou
retenção, após a apuração dos resultados finais, levando-se em consideração o desenvolvimento integral
do estudante;
VI – a apreciação e deliberação sobre as solicitações de Revisão dos Resultados.
§ 3º A organização do Conselho de Classe é responsabilidade da Direção de Ensino, e da Seção
Pedagógica e de Assuntos Estudantis, sendo coordenado pela Coordenadoria de Ensino e/ou
Coordenador(a) de Curso e pelo(a) Pedagogo(a).
§ 4º O Conselho de Classe contará com a participação de todos os docentes dos componentes
curriculares do período e, preferencialmente, com a participação de um representante discente indicado
pela turma.
§ 5º Das reuniões do Conselho de Classe deverá ser lavrada ata, em arquivo próprio, com assinatura
de todos os presentes.
TÍTULO VII
DOS RESULTADOS
Art. 15. Os resultados obtidos no processo de avaliação serão emitidos por disciplinas/ unidades
curriculares/ componentes curriculares/ áreas e disponibilizados por meio eletrônico e/ou entrega
individual de boletim, devendo ser expressos por conceitos, sendo:
I – conceito A – quando a aprendizagem do estudante for PLENA e atingir os objetivos, conforme
critérios propostos no plano de ensino;
Art. 17. Cabe aos docentes, Coordenadores de Curso, Coordenador de Ensino, Seção Pedagógica e
de Assuntos Estudantis e Direção de Ensino dar ciência do processo avaliativo aos estudantes e aos pais
ou responsáveis pelos estudantes menores de idade.
TÍTULO VIII
DA PROGRESSÃO
Art. 18. Terão direito à progressão parcial os estudantes dos cursos da Educação Profissional Técnica
de Nível Médio na forma articulada integrada que obtiverem no máximo 3 (três) conceitos D em disciplina/
unidade curricular/ componente curricular/ área e frequência mínima de 75% no período letivo.
Parágrafo Único. Cabe a cada campus ofertar as disciplinas/ unidades curriculares/ componentes
curriculares/ áreas para os estudantes em regime de dependência em turmas regulares ou especiais para
este fim.
Art. 19. Os estudantes dos cursos da Educação Profissional Técnica de Nível Médio na forma
articulada integrada que obtiverem 4 (quatro) ou mais conceitos D em disciplinas/ unidades curriculares/
componentes curriculares/ áreas deverão cursar novamente o período letivo.
Art. 20. Os estudantes dos cursos da Educação Profissional Técnica de Nível Médio na forma de oferta
subsequente, na modalidade PROEJA – Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com
a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos, e no Ensino Superior que
reprovarem em disciplinas/ unidades curriculares/ componentes curriculares/ áreas deverão cursá-las
novamente, podendo solicitar matrícula também em disciplinas/ unidades curriculares/ componentes
curriculares/ áreas do próximo período.
Art. 21. Os estudantes reprovados por conceito nos casos previstos nos artigos 18 e 19 poderão cursar
a dependência em turmas regulares ou em turmas especiais.
Parágrafo Único. Nas turmas especiais poderá ser utilizada a metodologia do Plano Individual de
Estudos.
Art. 22. Os estudantes dos cursos da Educação Profissional Técnica de Nível Médio reprovados por
frequência deverão cursar novamente todas as disciplinas/ unidades curriculares/ componentes
curriculares/ áreas do período letivo.
TÍTULO IX
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 24. Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação, produzindo seus efeitos a partir de
1º de janeiro de 2018.
§ 1º Os campi têm até o primeiro dia letivo do ano de 2018 para implementação das adequações a
esta normativa.
§ 2º A Pró-reitoria de Ensino – PROENS estabelecerá prazo para o encaminhamento dos Projetos
Pedagógicos de Curso com as adequações a esta normativa.
Art. 2º Esta Resolução entra em vigor nesta data, com ampla publicação e divulgação na página
eletrônica do IFPR.
32. Res. IFPR 05/2018- Define as diretrizes institucionais para os cursos que
articulam a Educação Profissional e Técnica com a modalidade Proeja no IFPR.
Define as Diretrizes Institucionais para os cursos que articulam a Educação Profissional e Técnica com
a modalidade Proeja no IFPR
O Conselho Superior do Instituto Federal do Paraná, no uso de suas atribuições legais e estatutárias,
considerando o Parecer Nº 022/2018 do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão e o parecer do
conselheiro Diego Dutra Zontini contido no processo 23411.003183/2018-35
RESOLVE:
Art. 1º Definir as diretrizes institucionais para os cursos que articulam a Educação Profissional e
Técnica com a modalidade Educação de Jovens e Adultos (Proeja) no Instituto Federal do Paraná (IFPR),
nos termos do anexo desta resolução.
Art. 2º Esta Resolução entra em vigor nesta data, com ampla publicação e divulgação na página
eletrônica do IFPR.
Diretrizes Institucionais para os cursos que articulam a Educação Profissional e Técnica com a
modalidade PROEJA no IFPR
TÍTULO I
DO OBJETO, PRINCÍPIOS E FINALIDADES
CAPÍTULO I
DO OBJETIVO
Art. 1º Definir as diretrizes institucionais para a oferta de cursos que articulam a Educação Profissional
e Técnica com a modalidade Educação de Jovens e Adultos, ofertados de forma integrada ao Ensino
Médio ou concomitante a Educação Básica, atendendo ao disposto na Lei nº 9.394, de 20 de dezembro
Parágrafo único. A Educação de Jovens e Adultos (EJA )é uma modalidade de ensino que se destina
a oferecer oportunidade de estudos para aquelas pessoas que não tiveram acesso ao Ensino
Fundamental ou Médio na idade regular, considerando suas condições de vida e de trabalho.
CAPÍTULO II
DOS PRINCÍPIOS
Art. 2º Os cursos que articulam a Educação Profissional e Técnica com a modalidade Educação de
Jovens e Adultos (cursos EPT/EJA) são organizados com base nos seguintes princípios educativos:
I – trabalho, como produção da condição humana, campo de aprendizagem e conhecimento;
II – articulação entre:
a) diferentes sujeitos sociais e suas formas organizativas;
b) teoria e prática;
c) educação básica e profissional;
d) fatos e seus contextos;
e) trabalho, ciência, tecnologia e cultura;
f) elementos curriculares;
g) ensino, extensão, pesquisa, inovação e gestão.
III – inclusão, como ação de reconhecimento, empoderamento e visibilidade da singularidade dos
sujeitos sociais e suas identidades coletivas;
IV – emancipação, como construção e exercício da autonomia, liberdade, criticidade e autoridade dos
sujeitos sociais;
V – coletividade, como garantia da legitimidade dos processos decisórios de planejamento e gestão
democráticos;
VI – dialogicidade, como prática comunicativa e reflexiva entre os sujeitos, suas histórias de vida, seus
saberes e o conhecimento científico e tecnológico;
VII – direitos humanos, como reconhecimento da diferença e dignidade inerente a todos os sujeitos
sociais que precisam ter seus direitos respeitados, defendidos e promovidos.
Capítulo III
Das finalidades
Capítulo I
Modalidades de Oferta
Art. 4º Os cursos EPT/EJA poderão ser articulados ao Ensino Fundamental ou ao Ensino Médio,
organizados de forma concomitante ou integrada, ofertados nas seguintes modalidades:
I – EPT/EJA Formação Inicial e Continuada (FIC) Fundamental – oferta de qualificação profissional
com formação inicial e continuada articulada ao Ensino Fundamental:
a) a carga horária dos cursos EPT/EJA FIC Fundamental é de 1.400 horas, sendo 1.200 horas da
Educação de Jovens e Adultos e 200 horas da Formação Inicial e Continuada;
II – EPT/EJA FIC Médio – oferta de qualificação profissional com formação inicial e continuada
articulada ao Ensino Médio:
a) a carga horária dos cursos EPT/EJA FIC Médio é de 1.400 horas, sendo 1.200 horas da EJA e 200
horas da Formação Inicial e Continuada;
III – EPT/EJA Técnico – oferta de Educação Profissional Técnica articulada ao Ensino Médio:
a) a carga horária dos cursos EPT/EJA Técnico é de 2.400 horas, sendo trabalhado de forma integrada
a EJA e a educação profissional.
Parágrafo único. Os cursos devem ser ofertados a partir da construção prévia de projeto pedagógico
integrado, inclusive quando envolverem articulações interinstitucionais ou intergovernamentais.
Art. 5º Os cursos, nestas mesmas modalidades, são designados de EPT/EJA Campo, quando
atenderem as populações do campo e/ou povos tradicionais.
Art. 6º Os cursos, nestas mesmas modalidades são designados de EPT/EJA Indígena, quando
atenderem os povos indígenas.
Capítulo II
Da proposição de cursos
Art. 7º Para a proposição e implantação de um curso EPT/EJA, a equipe gestora no campus nomeia
comissões que devem efetuar o levantamento das demandas sociais, a construção do Projeto
Pedagógico do Curso (PPC), a submissão ao processo de abertura do curso e sua implementação.
§ 1º O levantamento das demandas sociais objetiva a compreensão dos sujeitos, suas necessidades
educacionais e de trabalho abrangendo as seguintes ações:
I – identificar os projetos de extensão existentes no campus/comunidade e seus resultados efetivos;
II – realizar junto à população local uma imersão que possibilite vivenciar momentos de socialização
desses sujeitos em suas práticas econômicas, culturais e organizativas, aliando a isso mapeamentos
socioeconômico e cultural, por meio de metodologias participativas;
III – dialogar com os movimentos sociais e com as entidades governamentais e não governamentais,
atuantes na região do campus, sobre suas demandas formativas;
IV – identificar as possibilidades de oferta do curso a partir das áreas de atuação dos docentes e da
infraestrutura do campus;
V – avaliar a conjuntura para a oferta de curso considerando as demandas externas, as condições do
campus e as perspectivas locais e institucionais.
VI – registrar o levantamento em atas, relatórios, pareceres ou demais formas de registros que
evidenciem a história do processo de estudo para a criação de curso.
VII – apresentar à equipe gestora no campus parecer justificado indicando a viabilidade de cursos a
serem ofertados pelo campus.
§ 2º A construção do PPC visa à concretização dos objetivos institucionais e do curso EPT/EJA, aliando
a Educação de Jovens e Adultos com a Educação Profissional, considerando o exposto nos capítulos II
e III do título I e o capítulo I do título III deste documento, e compreende:
I – a concepção de ser humano e de mundo;
II – as finalidades do curso;
III – as concepções pedagógicas e metodológicas;
IV – a organização dos tempos e espaços.
§ 3º O processo de abertura de curso é regulamentado por IIP específica da Pró-reitoria de Ensino
(Proens).
Capítulo III
Da gestão
Art. 9º A gestão dos cursos EPT/EJA compreende ações de orientação, acompanhamento e avaliação
dos cursos, tendo como parâmetro os ordenamentos legais e as orientações pedagógicas da Educação
Profissional e Técnica, da Educação de Jovens e Adultos e da Educação Básica.
Art. 10. A gestão da EPT/EJA é composta por uma coordenação na Proens e por coordenações locais
nos campi:
§ 1º A coordenação da EPT/EJA na Proens é responsável pela articulação político-pedagógica,
fomento e desenvolvimento dos cursos, sendo assessorada:
I – pela Comissão Permanente da EPT/EJA, coletivo de caráter consultivo no acompanhamento das
ações da EPT/EJA, formada por:
a) um representante docente e um técnico administrativo em educação da Proens e da Proepi;
b) um representante docente ou técnico administrativo em educação de cada campi que oferta cursos
EPT/EJA;
II – pelo Fórum EPT/EJA, espaço institucional de interlocução, debate e articulação das ações e
atividades da EPT/EJA IFPR, formado por servidores, estudantes e comunidade externa, a se realizar:
a) em encontro anual presencial; e
b) em ambiente virtual permanente.
§ 2º A coordenação da EPT/EJA nos campi é responsável pelas ações de implantação e manutenção
da EPT/EJA na unidade, garantindo a integração dos cursos EPT/EJA com as demais atividades
institucionais e a sociedade local, sendo assessorada:
I – pela Seção Pedagógica e de Assuntos Estudantis do campus, que realizará diagnóstico,
planejamentos e intervenções pedagógicas e sociais;o chefe da seção pedagógica indica um
representante da própria seção para as atividades da coordenação EPT/EJA no campus;
II – pelo Coletivo Estudantil, grupo constituído e organizado por estudantes dos cursos EPT/EJA do
campus para acompanhar, propor, intermediar e discutir o desenvolvimento das atividades e ações dos
cursos; com encontros periódicos;
III – pelo fórum local EPT/EJA, espaço institucional de interlocução, debate e articulação das ações e
atividades da EPT/EJA IFPR, formado por servidores, estudantes e comunidade externa, a se realizar:
a) em encontro semestral presencial; e
b) em ambiente virtual permanente.
Capítulo IV
Profissionais
Art. 11. A formação pedagógica dos docentes e técnicos administrativos atuantes nos cursos EPT/EJA
deve propiciar o engajamento, o aperfeiçoamento e o reconhecimento dos profissionais que atuam com
jovens e adultos e criar condições para a produção dos saberes profissionais especializados nesta área.
Art. 12. A formação nas áreas afins da EPT/EJA para os servidores que atuam nos Cursos EPT/EJA
FIC e EPT/EJA Técnico pode ser realizada das seguintes formas:
I – em cursos ou programas de preparação e formação continuada;
II – em cursos de pós-graduação, stricto sensu e lato sensu;
Art. 13. A Proens, a Direção Geral e a Direção de Ensino, Pesquisa e Extensão dos campi, são
responsáveis pelo planejamento, organização, realização e acompanhamento da formação, capacitação
e profissionalização dos docentes e técnicos administrativos em educação que atuam na educação de
jovens e adultos.
Art. 14. À equipe gestora dos campi cabe garantir, integralmente, as condições de trabalho aos
docentes e técnicos administrativos de acordo com as exigências do programa.
Parágrafo único. Como condições de trabalho entende-se:
I – distribuição da jornada de trabalho adequada aos tempos dos cursos EPT/EJA;
II – espaços que atendam à pluralidade das propostas pedagógicas;
III – meios para o deslocamento e permanência dos profissionais da educação aos locais em que são
oferecidos os cursos;
IV – garantia de continuidade dos docentes nos cursos EPT/EJA.
Art. 15. Aos docentes e técnicos administrativos cabe a proposição de ações pedagógicas voltadas à
análise das singularidades educacionais dos jovens e adultos, dos ambientes e cotidianos comunitários
e dos grupos sociais.
Art. 18. Os espaços educativos configuram-se como todo espaço físico e virtual organizado e
dimensionado para atender satisfatoriamente às diversas estratégias de ensino realizadas. São espaços
educativos: a sala de aula, as dependências do campus, os locais de vivência, trabalho e manifestação
política e cultural dos educandos, entre outros.
§ 1º Os espaços educativos físicos requerem:
I – adequação ao número de estudantes;
II – ambiente iluminado, ventilado e seguro;
III – garantia de acessibilidades, considerando as características físicas dos sujeitos;
IV – cuidado, limpeza e organização.
§ 2º O espaço educativo virtual requer:
I – infraestrutura de comunicação e informação;
II – número de equipamentos e acessórios suficientes;
III – conexão com a rede mundial de computadores;
IV – dispositivos audiovisuais apropriados.
§ 3º Quando o espaço educativo for sala de aula, ela requer:
I – conforto térmico, acústico e visual;
II – mobiliários e acessórios que possibilitem a mobilidade e a interação;
III – condições para a caracterização sociocultural conforme o grupo;
IV – equipamentos multimídias e eletrônicos, tais como: computador, lousa digital, dispositivos móveis,
projetor multimídia, televisão e dvd.
Art. 19. Os estudantes de cursos EPT/EJA Campo deverão ter condições de permanência onde o curso
se realiza devendo ser previsto alojamento, refeitório e transporte para as comunidades atendidas.
Capítulo VI
Das Bolsas e Auxílios
Art. 22. Devem ser previstas iniciativas de fomento de projetos de ensino, pesquisa, extensão e
inovação que reservem bolsas e/ou auxílios para estudantes da modalidade EPT/EJA, seja por meio de
editais exclusivos ou por cotas em editais de concorrência geral.
§1º Em projetos com recursos do IFPR deverá ser construído um plano de trabalho com atividades
que sejam viáveis à realidade do estudante dos cursos EPT/EJA, preponderando os aspectos qualitativos
sobre os quantitativos.
§2º Como contrapartida para o recebimento de bolsas, os estudantes de cursos EPT/EJA devem
apresentar resultados periódicos atestados pelo(a) coordenador(a) do projeto.
Art. 23. Os estudantes dos cursos EPT/EJA receberão bolsas e auxílios do Programa de Assistência
Estudantil do IFPR, cujos objetivos são:
Art. 24. O Auxílio EPT/EJA destina-se aos estudantes matriculados em cursos EPT/EJA FIC ou
EPT/EJA Técnico, cadastrados no Sistema Nacional de Informações da Educação. Profissional e
Tecnológica (Sistec) e que apresentem frequência mensal de 75% (setenta e cinco por cento), no período
letivo, segundo critérios definidos em edital.
Parágrafo único. O recurso a ser destinado para o Auxílio EPT/EJA será definido de acordo com a Lei
Orçamentária Anual e com o planejamento do Programa de Assistência Estudantil.
Art. 26. Os editais do Programa de Assistência Estudantil deverão prever um prazo amplo de
divulgação e/ou a previsão de um cadastro prévio, considerando as especificidades dos estudantes
EPT/EJA.
Parágrafo único. O acompanhamento e a orientação de profissionais da Seção Pedagógica e de
Assuntos Estudantis na inscrição dos estudantes devem estar previstos em edital.
Título III
DA ORGANIZAÇÃO CURRICULAR
Capítulo I
Dos Fundamentos Político-Pedagógicos do Currículo
Art 27. O currículo escolar é o processo constituído pelas experiências, atividades, objetivos,
conteúdos, métodos, tempo, espaço, recursos e pela diversidade e singularidade dos sujeitos.
§1º O currículo deve estar fundamentado:
I – na consecução dos princípios e finalidades dos artigos 2º e 3º desta normativa;
II – na integração epistemológica de seus elementos constitutivos;
III – no reconhecimento da experiência dos sujeitos na construção do conhecimento;
IV – na diversidade social, cultural e cognitiva dos jovens e adultos, do campo e da cidade;
V – na investigação sistemática das questões locais, interagindo os mecanismos investigativos e suas
problematizações com o processo ensino aprendizagem e com a comunidade;
VI – na construção de um perfil profissional que articule a compreensão crítica do mundo do trabalho
e sua transformação;
VII – na problematização e contextualização do conhecimento em sua historicidade, suas relações e
contradições.
Capítulo II
Do Currículo Integrado
Art. 28. A organização do currículo dos cursos EPT/EJA no IFPR fundamenta-se na concepção de
currículo integrado.
§ 1º O currículo integrado resulta do diálogo permanente entre os conhecimentos da formação geral e
profissional tendo o processo de trabalho, a ciência, a tecnologia e a cultura como eixos definidores dos
conteúdos.
§ 2º A interdisciplinaridade como um princípio e um método de reconstrução da totalidade entre os
sujeitos, os saberes e os distintos recortes da realidade, representados pelos diferentes campos
científicos possibilita a materialização do currículo integrado.
Art. 29. A organização curricular dos cursos EPT/EJA segue os objetivos das áreas de conhecimento
organizadoras da educação básica e da área da educação profissional, possibilitando aos estudantes
uma leitura do mundo em todos os âmbitos e contextos.
Art. 31. Cada curso deverá prever em seu PPC mecanismos de materialização do currículo integrado
que contemplem:
I – o trabalho coletivo;
II – o aprofundamento e a relação entre temas e conteúdos da formação básica e técnica;
III – a resolução de problemas científicos, do cotidiano e da sociedade;
IV – a pesquisa como princípio educativo.
Art. 32. O planejamento das atividades deve considerar o diagnóstico e as características dos grupos
com a finalidade de atender aos diferentes níveis de conhecimento, os interesses e os múltiplos estilos
de aprendizagem dos estudantes.
Art. 33. As abordagens metodológicas, pautadas pelo compromisso com a emancipação social dos
estudantes e orientadas pelo Documento Base do Proeja Setec/MEC devem:
I – privilegiar o trabalho com conceitos, eixos e temas integradores;
II – priorizar conteúdos mínimos de mais de uma área do conhecimento, que dialoguem com a
realidade e o contexto de aprendizagem dos educandos;
III – permitir a problematização, a divulgação, a ampliação e a implementação dos conhecimentos;
IV – prever exercícios periódicos de sistematização, análise e reflexão e avaliação.
Art. 34. A organização pedagógica dos cursos deverá prever o uso das Tecnologias de Informação e
de Comunicação (TIC) com o objetivo de auxiliar e potencializar o acesso à informação, flexibilizar tempos
e espaços e diversificar as ações pedagógicas.
Seção I
Do Ensino, Extensão, Pesquisa e Inovação
Art. 35. Compreende-se o ensino como criação de possibilidades para a construção do conhecimento,
a extensão como forma de interação e diálogo permanente e amplo com a sociedade, seus saberes e
demandas, a pesquisa como o processo de se levantar as necessidades e os questionamentos de forma
sistematizada, gerando conhecimento sobre eles, e a inovação como implementação de soluções.
§ 1º As ações de ensino envolvem o movimento dialético de reconhecimento e diálogo de diferentes
saberes e experiências de modo a permitir a construção de conhecimentos e o desenvolvimento de ações
e raciocínios investigativos e críticos sintonizados com as necessidades dos sujeitos e com as demandas
locais.
§ 2º As ações de extensão surgem como o laço entre o ensino, a pesquisa e a inovação com base nos
saberes produzidos pela sociedade, transformando-a.
§ 3º As ações de pesquisa se caracterizam pela investigação, produção, divulgação e efetivação do
conhecimento como atividade de estudantes, servidores e comunidade em permanente articulação.
§ 4º As ações de inovação são o desenvolvimento e a implementação de ideias e invenções capazes
de trazer novidades ou aprimoramentos em produtos, serviços, processos, negócios, marketing ou formas
organizacionais que promovam melhorias ou soluções para a sociedade, gerando novas ações conjuntas
de ensino, pesquisa e extensão.
Art. 36. As ações de ensino, extensão, pesquisa e inovação devem possibilitar, especialmente a
segmentos e setores tradicionalmente excluídos, a democratização do conhecimento científico e
tecnológico e a valorização do conhecimento popular a fim de criar condições favoráveis à inserção e á
permanência no trabalho, à geração de trabalho e renda, ao desenvolvimento humano e ao exercício da
cidadania.
Art. 37. São considerados como espaços de ensino-aprendizagem os ambientes onde o sujeito vive
suas práticas sociais, seja no campo, na cidade, na comunidade, no trabalho, nos presídios, nos hospitais,
no território, nos campi e outros locais onde possam se realizar as práticas de ensino.
Art. 39. São considerados como tempos de ensino-aprendizagem aqueles organizados para a
consecução dos objetivos do curso.
§ 1º Os cursos EPT/EJA podem ser organizados a partir do Tempo Escola (TE) ou do conjunto do TE
e do Tempo Comunidade (TC):
I – Tempo Escola: é o processo de formação que ocorre integralmente sob orientação de professores
sendo composto por planejamento e ações de ensino-aprendizagem, a saber: Tempo Aula, Tempo
Cultura, Tempo Avaliação, Tempo Oficina, Tempo Auto-organização, Tempo Trabalho, Tempo Reflexão,
Tempo Lazer, Tempo Esporte, Tempo Notícia, Tempo Diálogo, Tempo Ciência, entre outros.
II – Tempo Comunidade: é o processo de formação organizado pela comunidade ou pelos grupos
sociais, garantido o vínculo direto do estudante com o seu território e suas práticas que ocorrem no espaço
da comunidade ou grupo social, de forma sistemática e sob orientação de professores, com
acompanhamento da equipe pedagógica, da própria família, dos movimentos sociais, das associações e
de outros coletivos de origem.
§ 2º Nos cursos EPT/EJA organizados em regime de alternância, a integralização do ano letivo efetiva-
se com as atividades previstas no TE e TC, sendo também considerados dias e horas letivos atividades
desenvolvidas fora da sala de aula, mas executadas dentro do Plano de Ensino e do Plano de Estudo de
cada estudante.
Art. 40. Os cursos podem prever em seu PPC até 20% da carga horária diária total em atividades não
presenciais, desde que seja garantido suporte tecnológico e atendimento realizado por docentes.
Seção III
Da avaliação
Art. 41. A avaliação nos cursos EPT/EJA tem perspectiva teórico-metodológica crítica, emancipatória,
dialógica e libertadora.
§ 1º A avaliação é um processo contínuo, de descrição e análise crítica do contexto da aprendizagem
visando ao desenvolvimento humano.
§ 2º São avaliadores e avaliados todos os sujeitos envolvidos no processo ensino- aprendizagem,
como os docentes, os estudantes, os gestores, os demais profissionais do campus e a comunidade.
§ 3º A avaliação articula conhecimentos escolares, saberes populares e reflexões das estruturas
sociais, econômicas e culturais.
§ 4º Os procedimentos da avaliação assemelham-se a etapas de pesquisa, com a identificação de
temas e problemas, elaboração de hipóteses, coleta de dados, análise mediante referencial teórico e
proposição de caminhos para a aprendizagem, incluindo sua implementação.
§ 5º Os procedimentos avaliativos dos componentes curriculares/áreas/módulos devem ser
organizados de modo articulado, demonstrando a integração curricular.
§ 6º O processo avaliativo deve impactar na contínua revisão e harmonização do ensino, da extensão,
da pesquisa, da inovação e da gestão com as necessidades socioeconômicas e culturais.
Art. 45. Os instrumentos avaliativos devem ser diversificados, prevendo a estimulação dos diversos
sentidos receptores de informação, podendo incluir:
I – portfólio;
II – autoavaliação;
III – trabalho individual e em grupo;
IV – projeto;
V – prova com questões a mais para escolha ou com questões elaboradas pelo estudante; momento
de troca de ideias entre os estudantes sobre as questões da prova, antes de seu início; provas com
consultas;
VI – seminário;
VII – mostra, feira, performance e outras formas de comunicação;
VIII – avaliações integradas, elaboradas a partir dos objetivos e conteúdos trabalhados em diversos
componentes curriculares/áreas/módulos;
IX – mapa conceitual entre outros.
Art. 46. O processo avaliativo deve possibilitar que todos estudantes alcancem uma aprendizagem
suficiente, de acordo com os objetivos e critérios construídos nos plano de ensino de forma coerente com
o PPC, PPP e PDI.
Art. 47. Os resultados obtidos no processo de avaliação serão emitidos por componente, unidade
curricular ou área devendo ser expressos por conceitos.
Art. 49. Os resultados do estudante devem ser preferencialmente acompanhados de parecer descritivo.
Art. 51. A avaliação por conceitos pressupõe a definição de critérios, que são elementos constitutivos
do processo avaliativo, parâmetros utilizados para a observação, sendo estabelecidos a partir dos
conteúdos selecionados.
Parágrafo único. A definição dos critérios deve ser discutida com os estudantes e seguir a Nota Técnica
Proens/Demtec referente a critérios em avaliação.
Art. 52. Nos cursos EPT/EJA Técnico Integrado é necessário para a aprovação dos estudantes:
I – obtenção de conceito A, B ou C; e
II – frequência igual ou superior a 75%, setenta e cinco por cento, da carga horária total do período
letivo, segundo a organização curricular dos cursos.
Art. 53. Nos cursos EPT/EJA FIC é necessário para a aprovação dos estudantes:
I – obtenção de conceito A, B ou C;e
II – frequência igual ou superior a 75%, setenta e cinco por cento, da carga horária do componente
cursado, segundo a organização curricular dos cursos.
Art 54. A progressão parcial de estudos é direito dos estudantes que reprovarem em até três
componentes curriculares distintos no período letivo, sendo que o seu regime de organização deve ser
detalhado no PPC.
Parágrafo único. Serão admitidos mecanismos diferenciados desde que devidamente aprovados no
PPC.
Art. 56. A operacionalização da recuperação paralela de estudos pode admitir processos flexíveis,
entre os quais:
I – oferta de horários de atendimento compatíveis com as possibilidades de participação dos
estudantes;
II – realização de estudos dirigidos;
III – realização da reavaliação com os estudantes durante o horário regular de aula;
IV – estratégias que utilizem ferramentas tecnológicas como acesso a recursos educacionais abertos,
desde que sob a orientação do docente.
Art. 57. O registro de conceitos em diário de classe deve expressar o histórico dos resultados do
estudante, apresentando os conceitos iniciais e aqueles obtidos após a recuperação de estudos.
Art. 58. O conselho de classe constitui-se em uma instância colegiada, com a finalidade de analisar,
discutir, orientar e deliberar acerca do processo ensino-aprendizagem.
Título IV
Das Disposições Finais
Art. 62. Para a realização de cursos EPT/EJA é necessário que o Projeto Político Pedagógico do
Campus atenda a esta normativa.
Art. 63. A Seção Pedagógica e de Assuntos Estudantis dos campi ofertantes de cursos EPT/EJA
deverão construir protocolos de diagnóstico, de planejamento e de intervenções pedagógicas e sociais.
Art. 64. A Pró-reitoria de Ensino estabelecerá prazo para o encaminhamento dos Projetos Pedagógicos
de Curso com adequações a esta normativa.