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Psicologia Jurídica no Brasil – Gonçalves e Brandão

Cap. A interlocução do Direito com as varas de família


Sem o respaldo da equipe interdisciplinar, a ação do juiz é insuficiente para regular as
relações entre os sexos e de parentesco.
Primeiro lugar – Código compartilhado entre psicólogos e operadores do Direito.
As referências usadas pelo psicólogo devem comunicar-se com as do Juiz, sejam as opiniões
convergentes ou não, caso contrário, ele não poderá contribuir para o desenlace, das
dificuldades e dos conflitos com os quais o Judiciário se embaraça.
Segundo lugar – conhecer e lei é imperativo, como a doutrina jurídica se inscreve
historicamente e se articula aos dispositivos modernos de poder.
As leis normatizam e reprimem. Julgam e punem – não trazendo a perspectiva de curar,
corrigir, educar.
Mecanismos sutis de poder, que com o apoio das leis jurídicas, são mascarados pela
pretensa isenção política de sua ciência.
Decreto 181 de 1890, principal manifestação do Direito Civil/Família -> abole jurisdição
eclesiástica: passam a valer somente casamentos perante autoridade civil
Art. 227 CF – crianças e adolescentes reconhecidos como sujeitos de direito – proteção
integral do estado, família e sociedade, com absoluta prioridade:
“Assegurar o direito à vida, saúde, educação, lazer, alimentação, profissionalização,
cultura, dignidade, respeito, liberdade, convivência familiar e comunitária, colocando-os a
salvo de qualquer forma de violência, negligência, discriminação, exploração, crueldade e
opressão”
Genitor descontinuo – Termo de Dolto para qualificar quem não detém a guarda
Conv Internacional Dir Cç e Adols. E ECA -> Responsabilidade parental
O interesse da criança é critério usado juridicamente toda vez que que ela requer uma
intervenção do magistrado, visando assegurar-lhe um desenvolvimento adequado.
Lide  “Bem da vida” – tudo que corresponde a bens, seja material ou afetivo
Psicólogo, condição de perito apontar o genitor que melhor atenda aos interesses da
criança
Dificuldades:
 Instrumentos de avaliação que verifiquem quem é melhor, fora do contexto onde o
conflito está  pode resultar em definições estereotipadas, que não mostrem a
pluralidade das relações intrafamiliares.
 O genitor descontinuo tem a ideia de ser incapaz, moralmente condenável, não-
idôneo, temporariamente desabilitado de exercer tal função  colabora para o
afastamento de suas atividades/responsabilidades
 A perpetuação do embate familiar via judicial é uma maneira de dar continuidade ao
trabalho de luto da separação do objeto amado, ou manter vínculo com o ex
companheiro.
 É certamente improprio indagar a criança sobre com quem ela quer ficar  gera
sentimentos de culpa posteriormente, por rejeitar um dos genitores
Dolto: a criança deve ser ouvida pelo juiz. Escutá-la tem como significado o fato dela ser
membro da família e ter vontade de falar sobre o que se passa com ela, assim como tirar
dúvidas da situação.
Ao final é importante a criança saber que “o divorcio foi legalizado pela justiça, os pais
terão outros direitos, mas permanecem com seus deveres de parentalidade. Ainda, devem
ouvir do juiz algumas palavras a respeito dos deveres filiais – como preservação de
convivência com ambas as linhagens.
Caso o juiz não tenha jeito, outra pessoa pode fazê-lo em seu lugar. NÃO HAVENDO IDADE
MINIMA QUE NÃO SE POSSA EXPLICAR A SITUAÇÃO!
Culpa Das crianças pelo divorcio  silencio pode ser a forma da criança não compartilhar as
reclamações parentais e nem das exigências judiciais, não é, portanto, algo negativo.
Alianças feitas com um dos genitores  forma aliança com o genitor que dispõe de sua
guarda, que está mais próximo a ela, independentemente do sexo. Quanto maior o tempo
transcorrido entre a separação e a decisão judicial, maior chance de alianças.
A sugestão do psicólogo deve contar com a participação O MAXIMO POSSIVEL DA FAMILIA,
retirando-as do papel passivo.
PRIVELIGAR RECURSOS SUBJETIVOS  temática do sujeito e das relações da família.
Outras linhas de atuação: Psicanálise
Conceito Direito de Família para as autoras: o Direito de Família uma tentativa de organizar
juridicamente as relações de afeto e 'suas consequências patrimoniais.
“Moral Sexual” – o julgamento de valores dos julgadores em cada decisão.
Cronificação do litígio – fazer falar o sujeito e não seus porta-vozes
Encaminhamento para estudo psicossocial  eleva a questão do conflito/família a algo
psicológico, e não judicial, externo e de cada um dos seus membros (suannes)
A prática psicanalítica pode proporcionar o realinhamento subjetivo do sujeito  deixa de
se queixar do outro e percebeu seu lugar naquele conflito. “separar-se do outro, perder o
casamento, sem ficar perdido de verdade”
Se os sujeitos retornam ao Judiciário pode-se “construir efeitos de intervenção na historia
do sujeito”.

Produz efeitos:
 Ressignificação do conflito, resolução dos aspectos judiciais
 Dissolução dos conflitos com o simples gesto de ouvir
Duas possibilidades de intervenção:
 O laço conjugal  estrutura vincular entre dois egos, mundo intra-subjetivo de cada
um. Traz a tarefa de desenlace dos vínculos familiares, nem sempre concluída. Os
vínculos são fonte de prazer ou angústia. Na separação os sujeitos sabem o que
querem fazer, mas não sabem do que querem se separar.
 Perspectiva lacaniana  Sujeito como objeto de análise/escuta. Laço conjugal como
formação sintomática – não há como fixar o objeto do desejo, pois a base do desejo é
a falta.
 Reflexão – o quanto essas práticas estão persuadindo os poderes judiciais. Foucalt,
visão da psicologia.
Mediação Familiar: Devolver ao casal a competência para resolver o conflito
Pode envolver todos os pontos do divorcio ou somente questão de guarda e regulamento
de visita.
Publica, privada ou ambos
Alguns excluem os advogados, outros eles participam
Práticas podem liberais e não diretivas, outras são restritivas e condutoras
Diferenças entre Arbitragem, Mediação e Conciliação
Arbitragem  a solução é decidida por um terceiro, a qual as partes se submetem (Juiz)
Conciliação  um terceiro auxilia a manter ou restabelecer a negociação, reduzindo as
animosidades, opinando e sugerindo novas alterativas. O conciliador atua diretamente no
conflito, visando acordo entre as partes.
Mediação  O terceiro ajuda a compor a negociação, mas as partes DEVEM SER AUTORAS
DA DECISÃO. O mediador atua como FACILITADOR, reestabelecendo o diálogo para que
haja acordo e desfecho do conflito. Deve focar em um resgaste de comunicação entre as
partes. Atua na construção de um ambiente colaborativo. DIÁLOGO!
Evitar o litígio. O mediador evita imposições e traz à tona somente o que o casal quer
negociar, orientando e buscando ideias que favoreçam a prática.
Não deve se deter demais na análise da origem do conflito do casal, pois pode dar um
cunho terapêutico à algo que não cabe ali, sem garantir as condições necessárias para o fim
do litigio.
Quando vai bem a medicação, o caminho dos advogados fica livre para resolver as questões
judiciais.
“Divorcio psíquico” – torna-se possível ajudar os filhos quanto ao divorcio dos pais, para
que possam manter vínculo com ambos.
Na abordagem sistêmica, busca-se compreender a dinâmica relacional que deu origem ao
conflito, e o papel de cada me membro da família. Cada membro deve saber de seu papel
neste conflito e experimentar resoluções dele.
Guarda Compartilhada – Alteração do CC
Lei 13.058/2014 NOVA GUARDA COMPARTILHADA
 O Tempo de convívio entre pai e mãe deve ser dividida de maneira equilibrada,
sempre levando em conta as condições fáticas e o interesse dos filhos;  Juiz
solicita, a ofício ou requerimento do MP, orientação técnico-cientifico (equipe
interdisciplinar)

 A cidade base de moradia dos filhos será que melhor atender aos interesses dos
filhos;

 Quem não detém a guarda deve supervisionar os interesses dos filhos, para
possibilitar tal supervisão, qualquer dos genitores sempre será parte legitima a
solicitar informação ou prestação de contas, objetiva ou subjetiva, em assuntos ou
situações, direta ou indiretamente, em relação à saúde, educação, psicológica.

 QUANDO NÃO HOUVER ACORDO E AMBOS OS GENITORES SE ENCONTRAREM APTOS


A EXERCER O PODER FAMILIAR  GUARDA COMPARTILHADA. SALVO SE UM DOS
GENITORES DECLARAR AO MAGISTRADO QUE NÃO DESEJA A GUARDA DO MENOR.

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