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Física Moderna

Parte III: Teoria Ondulatória da Matéria

Aula 41/45 – Revisão geral

Objetivos:
 Revisar os principais conceitos sobre a teoria ondulatória de
de Broglie e suas aplicações
 Resolver alguns problemas da 3ª lista de exercícios

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Problemas da lista
1. Se quisermos observar um objeto cujo tamanho seja 2,5 Å.
a) Qual a menor energia dos fótons que pode ser usada? (𝑬 = 𝟒𝟗𝟔𝟎 𝒆𝑽)
b) Se em vez de fótons usarmos elétrons? (𝑬 = 𝟐𝟒, 𝟏 𝒆𝑽)
c) Para ter espalhamento de uma onda em um objeto é necessário que o
tamanho da onda seja da mesma ordem de grandeza do objeto. A partir da
segunda afirmação, analise como para uma determinada energia os elétrons
terão um poder de resolução muito maior do que os fótons. (𝛌 = 𝟓𝟏𝟒, 𝟓 Å ≫
𝟐, 𝟓 Å)

Comentário: É por isso que um microscópio eletrônico tem capacidade de


aumento muito maior do que um microscópio óptico. O aumento máximo em
microscópios ópticos é cerca de 1200 vezes, enquanto que nos microscópios
eletrônicos pode alcançar mais de um milhão de vezes.
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Problemas da 3a lista
2. Mostre que o comprimento de onda de de Broglie de uma partícula é
aproximadamente igual ao comprimento de onda de um fóton com a mesma
energia, quando a energia da partícula é muito maior do que sua energia de
repouso.

Use a energia relativística para a partícula, isole o momento linear e use a


condição de que 𝑬 ≫ 𝑬𝟎 . Depois use 𝝀𝒑 = 𝒉/𝒑 e ache𝝀𝒑 .
Para o fóton use 𝑬 = 𝒉𝒇 = 𝒉𝒄/𝝀𝒇 e ache 𝝀𝒇 e compare com 𝝀𝒑

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Problemas da 3a lista
3. Podemos substituir os raios-x e usar um feixe de nêutrons para identificar a
estrutura atômica de materiais. Em muitas situações esta é a única maneira de
identificarmos a estrutura de determinados materiais, pelas características dos
nêutrons, conforme discutido em sala de aula. Um feixe de nêutrons de 83 meV
é espalhado em uma amostra desconhecida e o máximo da intensidade na
reflexão de Bragg é de 220. Com estas informações, qual é a distância entre os
planos atômicos da amostra?

Use a regra da difração 𝟐𝒅𝒔𝒆𝒏𝜽 = 𝒏𝝀. Use 𝒏 = 𝟏. Ache 𝒅 = 𝝀/𝟐𝒔𝒆𝒏𝜽. Ache 𝝀


usando 𝝀 = 𝒉/𝒑 e ache 𝒅 = 𝟏, 𝟑𝟐Å .
Para o fóton use 𝑬 = 𝒉𝒇 = 𝒉𝒄/𝝀𝒇 e ache 𝝀𝒇 e compare com 𝝀𝒑

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5. Suponha que 𝒉 = 𝟔, 𝟔𝟐𝟓 × 𝟏𝟎−𝟑 𝑱. 𝒔 em vez de 𝒉 = 𝟔, 𝟔𝟐𝟓 × 𝟏𝟎−𝟑𝟒 𝑱. 𝒔. Imagine
que você joga várias pedrinhas de 66,25 gramas com velocidade de 5 m/s para
dentro de uma casa através de duas janelas estreitas, separadas de 60 cm.
Existe uma parede a 12 m atrás das janelas. A janela por onde você vai jogar
cada pedra é escolhida aleatoriamente.
a) Você acha que veria uma distribuição de furinhos aleatoriamente distribuído
na parede ou reconheceria um padrão de interferência nela?
b) Se está convencido que veria um padrão de máximos e mínimos, determine a
distância entre as “franjas” observadas.

Use a regra ∆𝒚 = 𝝀𝑳/𝒅 (visto em sala de aula para achar a distância entre duas
franjas de interferência). Use 𝝀 = 𝒉/𝒑, com 𝒑 = 𝒎𝒗 e ache ∆𝒚 = 𝟒𝟎 𝒄𝒎.

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5. (cont.) Antes de passar para a questão seguinte, faça uma digressão sobre a
importância deste problema. Veja como o valor muito pequeno de 𝒉 faz com
que os fenômenos ondulatórios na escala macroscópica não se manifeste. Como
exemplo, a onda quântica de um tijolo de 2 kg se movendo a uma velocidade de
1 m/s tem comprimento de onda da ordem de 𝟏𝟎−𝟐𝟒 Å . Isto torna
absolutamente impossível a observação de fenômenos associados a estas
ondas. Mas quando se trata de partículas subatômicas, como um elétron
viajando à mesma velocidade, o comprimento de onda seria aproximadamente
0,7 mm. Com estas ondas seria muito fácil perceber a difração, e objetos como
um livro ou cadeira não teriam contornos bem definidos. Veja como no mundo
quântico as “coisas se misturam”, sempre havendo superposição de várias delas
no mesmo local.

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6. Uma partícula de massa 𝒎 está limitada a se movimentar apenas ao longo de
uma linha de comprimento 𝑳. Use argumentos baseados na interpretação
ondulatória da matéria para mostrar que sua energia só pode ter valores
discretos. Depois encontre estes valores.
Use o fato de que em 𝒙 < 𝟎 e 𝒙 > 𝑳 temos 𝝍 𝒙 = 𝟎, e por continuidade 𝝍 𝒙 = 𝟎
em 𝒙 = 𝟎 e em 𝒙 = 𝑳. Apenas ondas com amplitude nula em 𝟎 e 𝑳 são possíveis,
ou seja, 𝑳 = 𝒏(𝝀/𝟐). Use a regra 𝝀 = 𝒉/𝒑 e mostre que 𝑲 = 𝝅𝟐 ℏ𝟐 𝒏𝟐 /𝟐𝒎𝑳𝟐
Comentário: Analise este problema e certifique-se de entender bem que a
quantização das propriedades físicas das partículas é uma consequência do
fato de que ela é representada por ondas e estas ondas estão confinadas no
espaço, resultando em batimento. Esta é a razão porque uma onda plana não
serve para representar uma partícula material. É necessário haver batimento
para controlar a localização espacial na qual a intensidade é não nula. É nesta
região que imaginamos estar a partícula.
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Problemas da 3a lista
8. A largura de uma linha espectral de comprimento de onda de 4000 Å é de
𝟏𝟎−𝟒 Å. Com esta informação, faça uma estimativa de quanto tempo o elétron
permanece no correspondente estado de energia?

Use a regra ∆𝑬∆𝒕 ≥ 𝒉/𝟒𝝅.


∆𝑬 ∆𝝀
Menor incerteza em 𝑬: ∆𝑬𝒎í𝒏 ≥ 𝒉/𝟒𝝅∆𝒕𝒎á𝒙 . Use 𝑬 = 𝒉𝒄/𝝀 e a relação = e
𝑬 𝝀
𝝀𝟐
mostre que ∆𝒕𝒎á𝒙 = = 𝟒, 𝟐𝟒 𝐧𝐬
𝟒𝝅𝒄∆𝝀𝒎í𝒏

Comentário: Lembre-se que o modelo matemático de Bohr não fornecia


informação alguma sobre a duração do tempo dos eventos excitação e
desexcitação. Isto só foi possível com a substituição do conceito de partícula
pelo conceito de ondas para representar partículas subatômicas.
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Problemas da 3a lista
11. A relação para a energia total 𝑬 e momento 𝒑 para uma partícula
relativística é 𝑬𝟐 = (𝒑𝒄)𝟐 + (𝒎𝒄𝟐 )𝟐 , onde 𝒎 é a massa de repouso e 𝒄 é a
velocidade da luz. Usado as relações 𝑬 = ℏ𝝎 e 𝒑 = ℏ𝒌, onde 𝝎 é a frequência
angular e 𝒌 o número de onda, mostre que o produto da velocidade de grupo 𝒗𝒈
de uma onda e a velocidade de fase 𝒗𝒇 é igual a 𝒄𝟐 , ou seja, 𝒗𝒈 ∙ 𝒗𝒇 = 𝒄𝟐 . Analise
este resultado e constate que a velocidade de fase é sempre maior do que c.
Verifique se há inconsistência neste resultado. Se não, explique a razão.
𝟐
𝒎𝒄𝟐
Use a regra 𝑬𝟐 = (𝒑𝒄)𝟐 + (𝒎𝒄𝟐 )𝟐 e daqui 𝝎 𝒌 = 𝒄𝟐 𝒌 𝟐 + ℏ
∆𝑬 ∆𝝀
Menor incerteza em 𝑬: ∆𝑬𝒎í𝒏 ≥ 𝒉/𝟒𝝅∆𝒕𝒎á𝒙 . Use 𝑬 = 𝒉𝒄/𝝀 e a relação = e
𝑬 𝝀
𝝀𝟐
mostre que ∆𝒕𝒎á𝒙 = 𝟒𝝅𝒄∆𝝀𝒎í𝒏
= 𝟒, 𝟐𝟒 𝐧𝐬

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Problemas da 3a lista
14. Por que a função de onda 𝝍 𝒙, 𝒕 precisa ser normalizada?
Normalização é um processo matemático de colocar um número ou uma função
dentro de um determinado intervalo que usamos como referência. Por
exemplo, podemos pegar qualquer número e compará-lo com o intervalo de 0 a
100, e com isso definimos a operação ‘porcentagem’ ou ‘por cem’. Exemplo,
𝟎,𝟓
colocando o número 0,5 no intervalo de 0 a 100 temos = 𝟓𝟎%. Isto significa
𝟏𝟎𝟎
que agora o número 0,5 está dentro do intervalo entre 0 e 100 (normalizado).
Agora 0,5 equivale a 50 neste intervalo. A expressão 𝝍 𝒙 𝟐 𝒅𝒙 representa uma
probabilidade de achar uma partícula dentro do intervalo 𝒅𝒙 . Como as
probabilidades são representadas no intervalo de 0 a 100% (ou de 0 a 1), então
precisamos colocar a função de onda dentro deste intervalo de 0 a 1 também.

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Problemas da 3a lista
+∞
A equação 𝝍 𝒙 𝟐 𝒅𝒙 = 𝟏 significa que se somarmos todas as medidas da
‫׬‬−∞
posição da partícula deveremos ter como resultado o número 1. Fisicamente,
normalizar a função de onda significa garantir que a partícula esteja dentro da
região que estamos medindo. Se não podemos garantir que uma caneta esteja
em algum lugar dentro de uma sala ‘não é justo’ pedir a um cego que a procure!
Em Mecânica Quântica é mais ou menos assim. Somos como cegos ‘tateando’
em busca de algo. Se não encontramos na primeira tentativa, demos continuar
tateando, tateando, tateando, até acharmos. A soma de todas as ‘tateadas’ deve
resultar no sucesso de encontrar a caneta. Cada tateada na nossa matemática é
representada por um 𝝍 𝒙 𝟐 𝒅𝒙 . Três tentativas seriam equivalentes a
𝝍 𝒙 𝟐 𝒅𝒙 + 𝝍 𝒙′ 𝟐 𝒅𝒙′ + 𝝍 𝒙′′ 𝟐 𝒅𝒙′′ , onde 𝒅𝒙, 𝒅𝒙′ 𝒆 𝒅𝒙′′ são locais diferentes
dentro da sala. Como esses 𝒅𝒙 são muito pequenos, devemos substituir a soma
discreta pela soma contínua (integral).
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16. Um elétron está preso em um poço de potencial unidimensional infinito. Um
gráfico de sua função de onda ψ(x) versus x é mostrado na figura ao lado. O
valor do número quântico é:
a) 0 b) 2 (c) 4 d) 6 e) 8

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