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Poder Judiciário
JUSTIÇA ESTADUAL
Tribunal de Justiça do Estado do Tocantins
2ª Vara Cível de Gurupi

PROCEDIMENTO COMUM CÍVEL Nº 0005690-33.2021.8.27.2722/TO


AUTOR: WLISSES DE SOUSA NASCIMENTO
RÉU: TELEFONICA BRASIL S.A.

SENTENÇA

Trata-se de ação declaratória cumulada com indenização por danos morais


proposta por WLISSES DE SOUZA NASCIMENTO devidamente qualificado nos autos, em
desfavor de TELEFÔNICA BRASIL S/A., ambos qualificadas nos autos.

Aduz a parte autora ser cliente da operadora Vivo e que no ano de 2016 contratou
um plano pós-pago que oferecia uma assinatura em que o usuário pagaria um valor mensal
corresponde ao que utilizou; que na época denominava-se ‘plano controle’ e tinha como fatura
mensal o valor de R$ 86,00 mensais, mas o requerente ficou indignado quando recebeu a
segunda fatura que veio no valor de R$135,00; que ligou imediatamente para a operadora que o
respondeu informou que ele tinha excedido o plano, sendo que o plano do requerente era plano
controle, ou seja, não tinha como exceder e o cobrar indevidamente; que o requerente negociou
e pagou a dívida junto à empresa de telefonia.

Alega que em 2020 teve negado aquisição de crédito junto a instituição financeira
em face da existência de restrição de crédito apontada indevidamente ao seu nome pela
requerida, sendo que tinha feito uma negociação efetuando o pagamento de R$ 60,75 buscando
assim a retirada de seu nome do cadastro de inadimplentes.

Relata ter feito diversas ligações para a requerida, sem que obtivesse qualquer
êxito.

Informa que a restrição de crédito lhe gerou danos morais; discorre acerca dos
direitos que entende lhe assistir e ao final requer: a) a gratuidade judiciária; b) a citação da
requerida; c) a inversão do ônus da prova; d) a concessão de tutela de urgência para determinar o
cancelamento das restrições de crédito/protesto sob pena de multa diária; e) a procedência do
feito com a condenação da parte requerida ao pagamento de danos morais no valor de R$
10.000,00; bem como, ao pagamento de custas/despesas processuais e honorários advocatícios.
Juntou documentos. (evento 01)

Deferi a gratuidade judiciária; a inversão do ônus da prova para determinar à parte


requerida que demonstrasse a origem da dívida negativada no SPC; indeferi a tutela provisória.
(evento3)

Regularmente citada, a requerida apresentou defesa na modalidade contestação

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argüindo preliminarmente: a) a prescrição trienal; a inépcia da inicial ante a ausência de
documentos indispensáveis à propositura da ação – ausência de comprovante de residência em
seu nome; falta de interesse de agir ante a ausência de pretensão resistida; b) no mérito, sustenta
que a parte autora apresenta comprovante de pagamento e parcelamento de débito referente ao
contrato de nº 0202879210, mas a restrição impugnada se refere ao contrato nº 0289331395; que
em relação a esse último a parte autora não apresenta qualquer comprovação de pagamento; que
a restrição se refere ao contrato de nº 0289331395 o qual consta em aberto a quantia de R$
432,15 referentes às faturas vencidas em 21/12/2016, 21/01/2017 e 21/02/2017; c) que agiu no
regular exercício do direito; d) inexistência de danos morais; e) a possibilidade de apreciação de
pedido contraposto; f) ao final requer a improcedência dos pedidos iniciais e a condenação do
autor ao pagamento do débito atualizado e ônus sucumbenciais. (evento 9)

A autora impugnou a contestação apresentada e reiterou os pedidos iniciais.


(evento14)

Intimadas acerca do interesse na conciliação e produção de provas, as partes


permaneceram silentes. (evento16)

É o relato do necessário. DECIDO.

Presentes os pressupostos processuais e as condições da ação, o feito comporta


julgamento de mérito.

Como antecedente lógico, devo proceder à análise da defesa processual.

Da Falta de Interesse de Agir

A parte requerida arguiu preliminar de falta de interesse de agir alegando a


ausência de resistência da requerida.

Todavia, razão não lhe assiste, posto que a alegada ausência de resistência do
pedido não encontra amparo legal. Ademais, ainda que assim não fosse, verifico que o requerido
se manifestou contrariamente a todos os pedidos da parte autora, restando evidenciado que isso
teria ocorrido na via administrativa. Rejeito.

Da ausência de comprovante de endereço.

Quanto a alegada ausência de comprovante de endereço, rechaço, posto que o


documento foi acostado ao evento 1 end4.

Ademais, não há exigência legal quanto à comprovação da residência, bastando a

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simples indicação pela parte nos moldes do artigo 319, II do CPC, o que foi procedido pelo
autor em sua peça de ingresso. Indefiro.

Da prescrição trienal

A requerida argui a prescrição trienal alegando se tratar de responsabilidade


extracontratual nos moldes do artigo 206, § 3º do Código Civil, contudo sem razão porquanto
inconteste se tratar de relação contratual em que se aplica a legislação consumerista que prevê
em seu artigo 27 o prazo de 05 (cinco) anos a pretensão à reparação pelos danos. Rejeito.

Passo ao Mérito.

Primeiramente ressalto que são os pedidos iniciais e a causa de pedir é que


delimitam a apreciação jurisdicional.

Verifico que o cerne da questão reside em apurar se a restrição de crédito é legal ou


não, e, sendo ilegal, aferir as conseqüências conforme as provas carreadas aos autos.

Realço que a parte autora não nega ter firmado o contrato de plano de telefonia
móvel, e que seu pedido é fundado no fato de o débito que gerou a restrição de crédito em
testilha estar supostamente pago à época da inscrição.

Registro que o autor não formulou qualquer pedido em relação à revisão e/ou
extinção do contrato que originou o débito, razão pela qual não será feito qualquer juízo acerca
das considerações encartadas nas peças autorais no tocante à insatisfação do requerente com o
contrato.

Da análise dos autos, sublinho que conforme já anotado na decisão que indeferiu o
pedido de tutela antecipada, o comprovante de pagamento acostado à inicial se refere a débito
vencido em 10/12/2020 e a restrição de crédito foi apontada por débito vencido em 21/12/2016.
(evento1 comp6/7)

Em que pese a fatura em tela informar que se trata de parcelamento, não indica
quais débitos estavam sendo parcelados. Não obstante, depreende-se da referida fatura que essa
se refere ao contrato 0202879210 e o débito que gerou a negativação do nome do autor é
oriundo do contrato 0289331395.

Assim sendo, inquestionável que o referido comprovante não se presta a


comprovar o pagamento do débito em análise.

Registro que a requerida informou estarem em aberto os débitos referentes às


faturas vencidas nos meses de outubro à dezembro/2016 e janeiro e fevereiro/2017 e a parte
autora não comprovou o pagamento dessas e/ou impugnou o débito apontado em sua réplica.
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Desta feita, considerando que a parte autora não se desincumbiu do ônus que lhe
cabia, seja de fazer prova de fato constitutivo do seu direito; e que de outro lado, a requerida
logrou comprovar a existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor,
a improcedência do pedido de declaração de inexistência de débito e cancelamento da restrição
de crédito lançada ao nome da autor é medida que se impõe. Indefiro.

Corolariamente, perecendo o pedido principal, perecem também os acessórios. No


caso, tendo restado comprovado que a requerida não cometeu qualquer ilícito em relação aos
contratos firmados com a autora, não há que se falar em reparação civil, seja moral ou material.
Indefiro.

Do pedido contraposto.

A requerida formulou pedido contraposto em sede de contestação, solicitando que


a parte autora fosse condenada ao pagamento dos débitos em aberto referentes ao contrato em
análise.

Registro que em atinência ao princípio da economia processual entendo


plenamente possível o deferimento do pedido contraposto. (EDcl no AgInt no REsp 1277669 /
SP).

Desta feita, tendo restado demonstrado que o autor não efetuou o pagamento do
débito que originou a negativação de crédito apontada pela requerida, imperativa a procedência
neste particular. Defiro.

Isto posto, nos termos do artigo 487, inciso I, primeira parte do Código de
Processo Civil, JULGO TOTALMENTE IMPROCEDENTE o pedido autoral.

JULGO PROCEDENTE o pedido contraposto nos termos do artigo 487, I, do


Código de Processo Civil, referente à condenação da parte autora no valor das faturas em aberto
referentes ao contrato 0289331395 acostadas aos autos. (evento 9).

CONDENO a parte autora em custas e honorários advocatícios em 15% (quinze


por cento) do valor dado à causa, nos termos do art. 85 do CPC, contudo, suspendo a
exigibilidade por estar amparada pela gratuidade judiciária.

PRI. Após o trânsito em julgado, em não havendo manifestação das partes,


proceda-se às devidas baixas, remetendo-se o feito à COJUN.

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Gurupi/TO, 22 de outubro de 2021.

NILSON AFONSO DA SILVA

JUIZ DE DIREITO

Documento eletrônico assinado por NILSON AFONSO DA SILVA, na forma do artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de
dezembro de 2006 e Instrução Normativa nº 5, de 24 de outubro de 2011. A conferência da autenticidade do documento está
disponível no endereço eletrônico http://www.tjto.jus.br, mediante o preenchimento do código verificador 3937406v3 e do
código CRC f7c63a5f.

Informações adicionais da assinatura:


Signatário (a): NILSON AFONSO DA SILVA
Data e Hora: 22/10/2021, às 15:50:41

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