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Plano de Desenvolvimento
Sustentável do Noroeste
do Estado do Rio de Janeiro

Análise Situacional – 2ª Parte

Setembro 2010
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Coordenador geral | Eduardo Nery


Gestor | Ricardo Carvalho

Projeto:
Plano de Desenvolvimento
Sustentável do Norte e Noroeste do
Estado do Rio de Janeiro

Coordenadores dos Módulos

História e Etnografia | Elisiana Alves


Meio Ambiente Natural | Luciano Cota
Meio Ambiente Modificado | Milton Casério
Economia | Nildred Martins
Social | Karen Menezes e
Samantha Nery
Rede Social | Ênio Silva
Sistema Físico e
Infraestrutura | Milton Casério
Político Administrativo,
Municipal e Regional | Eduardo Nery
Sistema de Informação | Rosângela Milagres
Cartografia | Miguel Felippe

Coordenadoras de Módulo Avaliação Situacional


dos Mercados | Samantha Nery e
Karen Menezes

Aquarelas | Elisiana Alves

Praça (Miracena)
O Caxambu (Porciúncula)
Capoeira (São Francisco do Itabapoana)
O Rio Muriaé II (Laje do Muriaé)
O Sítio dos Milagres (Natividade)
Carroceiro em Cardoso (Distrito de Itaperuna)
O Jongo IV (Região Norte e Noroeste)
Reizado (Região Norte e Noroeste)
O Rio Muriaé I (Itaperuna)
O Jongo I (Região Norte e Noroeste)
Boi Pintadinho (Itaperuna)
APRESENTAÇÃO

Os vultosos investimentos que estão sendo e serão realizados na Região Norte Fluminense
associados à Bacia de Campos constituem um forte elemento indutor do seu desenvolvi-
mento, se adequadamente geridos segundo os preceitos da sustentabilidade econômica
social e ambiental. Neste sentido, a elaboração de um plano de desenvolvimento sustentá-
vel, de longo prazo, certamente trará, depois de concluído, um diferencial estratégico com-
petitivo para os gestores públicos, empreendedores privados e do terceiro setor e, igualmen-
te, para toda a sociedade que vive nessa Região e na Noroeste, sua vizinha integrada.

Assim, o projeto do Planejamento Estratégico do Norte e Noroeste Fluminense representa,


portanto, o refinamento de um olhar focalizado no desenvolvimento continuado, baseando-
se no fato de que a sua implementação, como resultado dos esforços dos diversos agentes
socioeconômicos regionais e do Estado do Rio de Janeiro, entre outros, representa um con-
junto de ações e programas coordenados, devidamente priorizados, comprometidos com a
criação e crescimento de um estado de bem estar para sua sociedade. O seu escopo princi-
pal abrange inclusive a identificação de outras potencialidades dessas Regiões, além das já
conhecidas, qual sejam o pólo petrolífero, o pólo de extração mineral e os tradicionais pólos
de agricultura. O desenvolvimento sustentável será produzido de forma conseqüente, sobre
o conhecimento e a exploração dos fatores diferenciais que caracterizam e que as suas lo-
calidades e populações podem promover.

A metodologia utilizada no projeto, conforme a especificação consistente de seu termo de


referência, foi testada e amadurecida, com sucesso, em outros estados da federação, e os
seus resultados responderão as seguintes indagações:

onde estamos em relação ao restante da sociedade? e, onde queremos chegar numa visão
de futuro, dos próximos 25 anos?

Como produto, ao final de sua realização, estará disponível uma carteira de projetos estrutu-
rantes e articulados de curto, médio e longo prazos, capazes de induzir e promover o pro-
cesso de desenvolvimento regional. Essa carteira será incorporada ao Sistema de informa-
ção de Gestão Estratégica do Estado do Rio de Janeiro, SIGE- RIO, onde tornar-se-á aces-
sível, via Internet, para os interessados em sua implementação,

Para sua viabilização, a Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão se articulou com a


Petrobras, por meio da unidade de Negócio de Exploração e Produção da Bacia de Campos
(UM-BC), a qual vem desenvolvendo um conjunto de ações regionais relevantes através do
seu Programa de Desenvolvimento Social de Macaé e Região, PRODESMAR, especifica-
mente constituído com o objetivo de aprimorar o planejamento e as ações de desenvolvi-
mento, em bases sustentáveis, para as Regiões Norte e Noroeste do Estado do Rio de Ja-
neiro, afetadas direta e indiretamente pelas atividades do setor petrolífero. Desse entendi-
mento, como uma decisão de responsabilidade social da empresa, a Petrobrás assumiu a
responsabilidade pelo aporte financeiro para a execução desse projeto, cuja gestão está a
cargo da SEPLAG, Rio de Janeiro, em um prazo de dez meses, conclusão programada para
setembro de 2010, em quatro etapas, sequenciadas, que também produzirão resultados,
parciais, da maior significação, para os processos de tomada de decisão sobre o desenvol-
vimento do Norte e Noroeste Fluminense e os seus reflexos na economia do Estado do Rio
de Janeiro.

Francisco Antônio Caldas Andrade Pinto


Subsecretário Geral
Rio de Janeiro, março de 2010

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Governo do Estado do Rio de Janeiro

Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão - SEPLAG


Sérgio Ruy Barbosa Guerra Martins
Secretário de Estado

Subsecretário Geral de Planejamento e Gestão - SUBGEP


Francisco Antonio Caldas Andrade Pinto

Av. Erasmo Braga, 118 - Centro


20.020-000 - Rio de Janeiro/RJ
Brasil

Edição Final

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


EXPLICAÇÃO INICIAL

O Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


foi desenvolvidoo em quatro etapas consecutivas, num total de dez meses.

A Etapa 1, denominada Análise Situacional, foi realizada em quatro meses e teve como pro-
dutos, os seguintes relatórios:

• Análise Situacional da Região Norte do Estado do Rio de Janeiro, Volume 1, em 2 to-


mos, o qual está estruturado em nove capítulos com os seguintes conteúdos história,
etnografia, meio ambiente natural, meio ambiente modificado, economia(1), sistema so-
cial(1), rede social, sistema físico e infraestrutura, sistema político-administrativo muni-
cipal e regional(1), nos quais os capítulos sinalizados com (1) são individualizados por
Região Norte ou Noroeste, os demais sendo comuns a ambas as Regiões;

• Análise Situacional da Região Noroeste do Estado do Rio de Janeiro, Volume 2, em 2


tomos, estruturado de maneira análoga ao anterior;

• Relatório Análise da Relação Situacional de Mercados que trata especificamente dos


da inclusão da população no sistema socioeconômico regional, tendo como temas cen-
trais a estrutura social, o trabalho, a renda e a democracia econômica, designado Vo-
lume 3; e

• Cenários Prospectivos, designado como Volume 4.

Os trabalhos, que se referem à situação existente anterior, estão referenciados a menos


quinze anos, ou seja, cobrem o período 1994 a 2009, exceção à história e cultura que re-
montam às origens do processo civilizatório regional, nos idos de 1532. As evoluções futu-
ras consideram o horizonte 2035, às vezes 2040, com períodos menores intermediários,
sempre que tal condição mostre significado e agregue valor.

Para a execução da Etapa 1, foram adotados diferentes modos de participação da socieda-


de fluminense e regional, dependendo do momento em que ocorreram, a saber:

Primeiro Momento

• levantamento e compilação de dados secundários de fontes oficiais ou reconhecidas;

• conjunto de entrevistas com formadores de opinião líderes empresariais, municipais e


associações de classe e população;

• visitas técnicas e levantamentos de campo nas regiões norte e noroeste fluminense


com a realização de um novo conjunto de entrevistas e conversas com representantes
da sociedade local e regional, incluindo prefeitos municipais.

Segundo Momento

• implantação da rede social regional e realização de oficinas de trabalho regulares em


Campos dos Goytacazes e Itaperuna com os participantes que se filiaram;

• os resultados escritos pelos grupos, nessas oficinas, foram considerados como contri-
buições passando a constar do conteúdo dos relatórios;

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Terceiro Momento

• distribuição de pesquisas sistemáticas, sob a forma de questionários, para resposta


por representantes das secretarias municipais das duas Regiões;

• nova interação direta para esclarecimento e complementação de informações para a


elaboração da análise situacional.

A Etapa 2, denominada Estratégia de Desenvolvimento Regional, produziu um único relató-


rio com o mesmo nome, possuindo um conjunto de Macroprogramas de Desenvolvimento –
com seus Objetivos, Metas, Programas, Empreendimentos ou Iniciativas correspondentes -,
associados a cada um dos assuntos que configuram as realidades regionais. A partir desta
plataforma foram constituídas a Visão, os Eixos de Desenvolvimento Estratégicos e os Pro-
gramas Estruturantes que geram, na Etapa 3, o Programa de Desenvolvimento Sustentável
do Norte e Noroeste Fluminense, entre outros produtos. Para a realização desta Etapa 2,
houve duas baterias de reuniões e oficinas e um questionário que apresentaram ampla pos-
sibilidade de participação para representantes regionais (e membros da Rede Social) e re-
presentantes do Governo Estadual e PETROBRÁS, tendo sido obtidas contribuições impor-
tantes que alimentaram o relatório correspondente.

A Etapa 3 compreende a Carteira de Projetos Iniciais correspondendo ao Programa de De-


senvolvimento Regional, um relatório reunindo tudo o que se identificou deve ser feito, já
classificado e priorizado tecnicamente pelos especialistas, assim como os relatórios do mo-
delo de Regulação e Regulamentação Institucional-Legal, os Modelos de Governança e
Gestão, “Funding” e a Metodologia de Acompanhamento e Desempenho a ser usada na
implementação. Para a sua realização, duas novas oficinas nas duas Regiões, produziram
idéias e propostas muito profícuas, que foram desenvolvidas e incorporadas aos conteúdos
dos relatórios mencionados.

Do Programa de Desenvolvimento Regional, citado, foram extraídos e especificados 52 Ma-


croprojetos que serão priorizados para execução gradual. Estes Macroprojetos constituem o
Relatório Carteira de Projetos, objeto da Etapa 4.

As operações da Rede Social, passarão a operar em um Portal específico, desenvolvido


especificamente para permitir o acompanhamento da implementação deste Plano de De-
senvolvimento Sustentável Norte-Noroeste, sob a supervisão da SEPLAG. A este Portal
está igualmente conectado o Sistema de Informação de Acompanhamento, SIGEP, estru-
turado com as bases de dados e informações usadas para o desenvolvimento deste Plano,
bem como o módulo instrumental de gerenciamento da Carteira de Projetos, nos moldes
especificados pela SEPLAG.

Finalmente, mas da maior importância, cumpre lembrar que os relatórios deste Plano rece-
beram, desde sua divulgação inicial, inúmeras sugestões, comentários e ajustes, que foram
devidamente considerados em uma revisão completa de todo o material produzido, que foi ,
por conseguinte, integralmente reeditado, nesta sua versão final.

Coordenação Geral
Setembro de 2010

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


SUMÁRIO

1ª Parte

1. História .............................................................................................................. 13

2. Etnografia .......................................................................................................... 65

3. Meio Ambiente Natural ...................................................................................... 353

4. Meio Ambiente Modificado ................................................................................ 439

2ª Parte

5. Economia ........................................................................................................... 593

6. Sistema Social ................................................................................................... 697

7. Rede Social ....................................................................................................... 849

8. Sistema Físico e Infraestrutura .......................................................................... 875

9. Sistema Político-administrativo Municipal e Regional ....................................... 977

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


“ ...as formas de comportamento emergente mostram a qualidade distintiva de fica-
rem mais inteligentes com o tempo e de reagirem às necessidades específicas e
mutantes de seu ambiente...”

in Emergência, 2001.
Steven Johnson

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


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Economia
Capítulo 5
Autora:
Nildred Stael Fernandes Martins

Colaboradores:
Leandro Alves Silva
Maria Fernanda Souza Jácome
Renato Martins Passos Ferreira
Arnaldo Clemente Vieira
Rogério Augusto Figueiredo Coutinho

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


SUMÁRIO

1. CARACTERIZAÇÃO REGIONAL......................................................................... 593

1.1 Formação Econômica e Padrão Geral de Reprodução ........................................ 593

1.2 Delimitação Geográfica e Inserção Regional........................................................ 595

2. DINÂMICA ECONÔMICA REGIONAL ................................................................. 597

2.1 Nível de Desenvolvimento da Economia Regional ............................................... 597

2.2 Classificação dos Municípios Segundo o Desempenho ....................................... 599

2.3 Fluxos Externos – Comércio Exterior ................................................................... 600

3. AGRICULTURA E AGRONEGÓCIO .................................................................... 602

3.1 Caracterização Geral ........................................................................................... 602

3.2 Estabelecimentos................................................................................................. 602

3.3 Agricultura Familiar .............................................................................................. 604

3.4 Produtores ........................................................................................................... 605

3.5 Pessoal Ocupado................................................................................................. 605

3.6 Uso da Terra ........................................................................................................ 606

3.7 Lavoura Temporária............................................................................................. 608

3.8 Lavoura Permanente............................................................................................ 610

3.9 Pecuária............................................................................................................... 612

3.9.1 Bovinocultura: A Cadeia Produtiva do Leite ......................................................... 613

3.10 Apicultura ............................................................................................................. 615

3.11 Silvicultura............................................................................................................ 616

3.12 Financiamento da Produção, Assistência Técnica e Tecnologia .......................... 617

3.13 Agronegócio......................................................................................................... 618

3.14 Conclusão ............................................................................................................ 619

3.15 Análise Macro Ambiental Setor Agropecuário ...................................................... 619

4. O MERCADO DE CRÉDITO DE CARBONO ....................................................... 621

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


4.1 O Aquecimento Global ......................................................................................... 621

4.2 Tratados Internacionais sobre Meio Ambiente e Mudanças Climáticas ................ 623

4.2.1 O Protocolo de Quioto.......................................................................................... 623

4.2.2 O Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL)................................................. 624

4.3 A política Nacional de Mudanças Climáticas ........................................................ 626

4.4 O Fundo Nacional sobre Mudanças Climáticas - Lei nº 12.014/2009 ................... 627

4.5 Mercado de Créditos de Carbono no Brasil.......................................................... 627

4.6 Mercado de Créditos de Carbono no Rio de Janeiro............................................ 629

4.7. A Potencialidade dos Créditos de Carbono na Região Noroeste Fluminense ...... 630

4.8 Conclusão - Região Noroeste .............................................................................. 635

5 TURISMO ............................................................................................................ 637

5.1 Turismo Sustentável ............................................................................................ 637

5.2 Regiões Turísticas do Estado do Rio de Janeiro .................................................. 638

5.3 Regiões Turísticas dos Municípios da Região Noroeste do Estado do Rio de Janeiro639

5.4 Descrição dos Principais Atrativos Turísticos da Região Noroeste do Estado do Rio
de Janeiro ............................................................................................................ 639

5.4.1 Aperibé ................................................................................................................ 639

5.4.2 Bom Jesus do Itabapoana.................................................................................... 640

5.4.3 Cambuci............................................................................................................... 641

5.4.4 Italva .................................................................................................................... 642

5.4.5 Itaocara................................................................................................................ 642

5.4.6 Itaperuna.............................................................................................................. 643

5.4.7 Laje do Muriaé ..................................................................................................... 644

5.4.8 Miracema ............................................................................................................. 644

5.4.9 Natividade ............................................................................................................ 645

5.4.10 Porciúncula........................................................................................................ 646

5.4.11 Santo Antônio de Pádua .................................................................................... 647

5.4.12 São José de Ubá ............................................................................................... 648

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


5.4.13 Varre-Sai ........................................................................................................... 648

5.5 Infraestrutura Turística ......................................................................................... 649

5.5.1 Infraestrutura Turística da Região Noroeste do Estado do Rio de Janeiro ........... 649

5.6 Empregos Gerados pelo Turismo na Região Noroeste Fluminense ..................... 650

5.7 Turismo Cultural................................................................................................... 651

5.7.1 Turismo Cultural na Região Noroeste do Estado do Rio de Janeiro..................... 651

5.8 Artesanato como Produto Turístico ...................................................................... 651

5.9 O Artesanato na Região Noroeste do Estado do Rio de Janeiro .......................... 651

5.10 Conclusão ............................................................................................................ 652

5.11 Análise Macro Ambiental...................................................................................... 653

6. ESTRUTURA PRODUTIVA.................................................................................. 654

6.1 Estrutura Produtiva do Estado do Rio de Janeiro ................................................. 654

6.2 Especialização Produtiva ..................................................................................... 657

6.3 Indústria ............................................................................................................... 661

6.4 Grandes Empreendimentos ................................................................................. 665

6.5 Ciência e Tecnologia............................................................................................ 669

6.6 Alternativa para a Organização Produtiva ............................................................ 673

6.7 Conclusão ............................................................................................................ 675

6.8 Análise Macro Ambiental...................................................................................... 675

7 Trabalho e Gestão ............................................................................................... 676

8 Potencialidades e Vetores de Desenvolvimento e Crescimento - Análise


Macroambiental.................................................................................................... 677

8.1 Agropecuária........................................................................................................ 677

8.2 Turismo................................................................................................................ 678

8.3 Estrutura Produtiva .............................................................................................. 680

9. REFERÊNCIAS.................................................................................................... 681

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


LISTAS

FIGURAS

Figura 1 – Processo Normal de Absorção dos Raios UV e Liberação na Forma de Raios


Inravermelhos.................................................................................................................... 622

Figura 2 – Modificação na Onda de Energia ...................................................................... 622

FOTOS

Foto 1 - Região Abrangida pelo Domínio Geoambiental Norte-Noroeste Fluminense ........ 636

Foto 2 - Região Abrangida pelo Domínio Geoambiental Norte-Noroeste Fluminense ........ 636

Foto 3 - Região do Planalto do Itabapoana........................................................................ 637

Foto 4 – Região Noroeste Fluminense, Aperibé, Serra da Bolívia...................................... 640

Foto 5 – Região Noroeste Fluminense, Bom Jesus do Itabapoana, Cachoeira da Fumaça640

Foto 6 – Região Noroeste Fluminense, Cambuci, Parque da Cachoeira............................ 641

Foto 7 – Região Noroeste Fluminense, Itaocara, Monumento à Matemática ..................... 642

Foto 8 – Região Noroeste Fluminense, Itaperuna, Cristo Redentor de Itaperuna .............. 643

Foto 9 – Região Noroeste Fluminense, Miracema, Cachoeira da Cara.............................. 644

Foto 10 – Região Noroeste Fluminense, Miracema, Cachoeira do Moura ......................... 645

Foto 11 – Região Noroeste Fluminense, Natividade, Santuário das Aparições de Nossa


Senhora da Natividade ...................................................................................................... 646

Foto 12 – Região Noroeste Fluminense, Porciúncula, Pedra da Elefantina ....................... 646

Foto 13 – Região Noroeste Fluminense, Porciúncula, Fazenda São José ......................... 647

Foto 14 – Região Noroeste Fluminense, Santo Antônio de Pádua, Ponte Raul Veiga ....... 648

Foto 15 – Região Noroeste Fluminense, Varre-Sai, Cachoeira do Pedro Dutra ................. 648

Foto 16 – Região Noroeste Fluminense, Varre-Sai, Gruta do Pirozzi................................. 648

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


GRÁFICOS

Gráfico 1 - Brasil, Estado do Rio de Janeiro e Mesorregiões, Produto Interno Bruto, 2007 597

Gráfico 2 – Brasil, Estado do Rio de Janeiro e Mesorregiões Fluminenses, Taxa Média Anual
de Crescimento entre 1996 e 2007 .................................................................................... 598

Gráfico 3 - Mesorregião Noroeste Fluminense, Evolução Produto Interno Bruto Total e por
Setores Econômicos, 1996, 2000 e 2007........................................................................... 599

Gráfico 4 – Região Noroeste Fluminense, Itaperuna, Exportações, Importações e Balança


Comercial, 2000 a 2009..................................................................................................... 601

Gráfico 5 – Região Noroeste Fluminense, Porciúncula, Exportações, 2002 a 2009........... 601

Gráfico 6 – Região Noroeste Fluminense, Itaperuna, Exportações, Importações e Balança


Comercial, 2000 a 2009..................................................................................................... 602

Gráfico 7 - Região Noroeste Fluminense, Tipo de Prática Agrícola, 2006.......................... 607

Gráfico 8 - Região Noroeste Fluminense, Número de Estabelecimentos (percentagem) por


Grupos de Atividade Econômica, 1995 .............................................................................. 607

Gráfico 9 - Região Noroeste Fluminense, Número de Estabelecimentos (percentagem) por


Grupos de Atividade Econômica, 2006 .............................................................................. 608

Gráfico 10 - Número de Atividades de Projeto no Âmbito do MDL no Mundo .................... 628

Gráfico 11 - Participação no Total de Atividades de Projeto no Âmbito do MDL no Mundo 629

Gráfico 12 - Curva de Crescimento das Atividades de Projeto MDL no Brasil.................... 629

Gráfico 13 – Emissões de CO2eq pelo Uso de Energia por Região (Gg CO2eq e %) ....... 632

Gráfico 14 – Região Noroeste Fluminense, Participação dos Setores no Total das Emissões
de Gases Estufa pelo Uso de Energia (%)......................................................................... 632

Gráfico 15 – Emissões de CO2eq pelos Resíduos Sólidos Urbanos (Gg CO2eq e %) ...... 633

Gráfico 16 – Emissões de CO2eq pelos Esgotos Sanitários por Região (Gg CO2eq e %) 634

MAPAS

Mapa 1 - Mesorregiões do Estado do Rio de Janeiro........................................................ 595

Mapa 2 – Relação das Regiões Hidrográficas do Estado do Rio de Janeiro e Regiões do


Governo............................................................................................................................. 630

Mapa 3 - Regiões Turísticas do Estado do Rio de Janeiro................................................. 639

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


TABELAS

Tabela 1 – Participação Relativa do PIB das Mesorregiões Fluminenses no PIB do Estado


do Rio de Janeiro e do Brasil, 2007 ................................................................................... 597

Tabela 2 - Brasil, Estado do Rio de Janeiro e Mesorregiões Fluminenses, Taxa de


Crescimento do PIB por Períodos Selecionados, 1996, 2000 e 2007 ................................ 598

Tabela 3 - Parâmentros da Classificação dos Municípios Segundo o Desempenho .......... 599

Tabela 4 – Região Noroeste Fluminense, Desempenho Econômico, 2000 - 2007............. 600

Tabela 5 – Região Noroeste Fluminense, Número de Estabelecimentos Agropecuários por


Grupo de Área Total, 2006 ................................................................................................ 603

Tabela 6 - Brasil, Rio de Janeiro e Região Noroeste Fluminense, Número de


Estabelecimentos (percentagem) Agropecuários por Grupos de Área Total, 1995 - 2006 . 603

Tabela 7 – Região Noroeste Fluminense, Número e Área dos Estabelecimentos


Agropecuários, 1995 - 2006............................................................................................... 604

Tabela 8 – Região Noroeste Fluminense, Número de Estabelecimentos Agropecuários por


Condição do Produtor em Relação às Terras e Agricultura Familiar, 2006 ........................ 604

Tabela 9 - Mesorregião Noroeste Fluminense, Pessoal Ocupado em Estabelecimentos


Agropecuários por Faixa de Idade e Sexo, 1995 ............................................................... 605

Tabela 10 - Mesorregião Noroeste Fluminense, Pessoal Ocupado em Estabelecimentos


Agropecuários em 31/12 por Faixa de Idade e Sexo, 2006................................................ 605

Tabela 11 - Mesorregião Noroeste Fluminense, Pessoal Ocupado em Estabelecimentos


Agropecuários por Grupo de Atividade Econômica, 1995 .................................................. 606

Tabela 12 - Mesorregião Noroeste Fluminense, Pessoal Ocupado em Estabelecimentos


Agropecuários em 31/12, por Grupo de Atividade Econômica, 2006 ................................. 606

Tabela 13 – Região Noroeste Fluminense, Quantidade Produzida, Área Plantada,


Produtividade da Lavoura Temporária, 1995 - 2008 .......................................................... 609

Tabela 14 – Região Noroeste Fluminense, Quantidade Produzida, Área Plantada,


Produtividade da Lavoura Permanente, 1995 - 2008 ......................................................... 611

Tabela 15 – Região Noroeste Fluminense - Efetivo de Rebanhos por Tipo de Rebanho, 1995
- 2008 ................................................................................................................................ 613

Tabela 16 – Região Noroeste Fluminense - Número de Cabeças de Bovinos nos


Estabelecimentos Agropecuários com Mais de 50 Cabeças em 31/12, 2006 .................... 613

Tabela 17 - Região Noroeste Fluminense - Número de Cabeças do Rebanho Bovino por


Municípios, 1995 - 2008..................................................................................................... 614

Tabela 18 - Brasil, Estado do Rio de Janeiro, Noroeste Fluminense e Municípios do


Noroeste Fluminense, Produtividade do Rebanho Bovino Leiteiro, 1995 - 2008 ................ 614

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Tabela 19 - Quantidade Produzida na Silvicultura por Tipo de Produto da Silvicultura, 2008
.......................................................................................................................................... 616

Tabela 20 – Região Noroeste Fluminense - Número de Estabelecimentos Agropecuários que


Receberam Financiamentos por Recursos Provenientes de Programas Governamentais de
Crédito, 2006 ..................................................................................................................... 617

Tabela 21 – Região Noroeste Fluminense - Número de Estabelecimentos Agropecuários que


Receberam Financiamentos por Motivo da Não Obtenção do Financiamento, 2006 ......... 617

Tabela 22 - Região Noroeste Fluminense - Número de Estabelecimentos Agropecuários por


Recebimento de Orientação Técnica, 2006 ....................................................................... 618

Tabela 23 - Mesorregião Noroeste Fluminense - Número de Estabelecimentos


Agropecuários por Origem da Orientação Técnica Recebida, 2006................................... 618

Tabela 24 – Região Noroeste Fluminense - Número de Informantes e Quantidade Produzida


na Agroindústria Rural por Produtos da Agroindústria Rural, 2006 .................................... 619

Tabela 25 – Compensação e Equivalência de CO2 x Créditos de Carbono........................ 625

Tabela 26 – Distribuição das Atividades de Projeto no Brasil por Tipo de Projeto.............. 626

Tabela 27 - Emissões de CO2eq por Região do Estado do Rio de Janeiro ....................... 631

Tabela 28 – Região Noroeste Fluminense - Infraestrutura Turística (Entretenimento) e


Infraestrutura Urbana, 2006 ............................................................................................... 649

Tabela 29 – Região Noroeste Fluminense - Estabelecimentos Hoteleiros e Outros Tipos de


Alojamentos, 2006 - 2007 .................................................................................................. 650

Tabela 30 – Região Noroeste Fluminense - Número de Empregos por Atividade Econômica


do Turismo, 2007............................................................................................................... 650

Tabela 31 – Estado do Rio de Janeiro, Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Distribuição


dos Empregados Formais e Estabelecimentos por Região, 2008 (Ranking de Cada Variável
Entre Parênteses).............................................................................................................. 655

Tabela 32 – Distribuição dos Empregados Formais por Porte do Estabelecimento e Região,


2008 .................................................................................................................................. 657

Tabela 33 – Divisão CNAE com QL Maior que 1 para o Estado do Rio de Janeiro, QL para
as Regiões Norte e Noroeste Fluminense, QL para Região Sudeste e para Demais Regiões
do Brasil em 2008.............................................................................................................. 658

Tabela 34 – Divisão CNAE com QL Maior que 1 para a Região Norte Fluminense e para o
Estado do Rio de Janeiro, 2008......................................................................................... 659

Tabela 35 – Divisão CNAE com QL maior que 1 para a Região Noroeste Fluminense e para
o Estado do Rio de Janeiro, 2008...................................................................................... 660

Tabela 36 – Classe CNAE com QL Maior que 2 para o Estado do Rio de Janeiro, QL para as
Regiões Norte e Noroeste Fluminense, QL para Demais Regiões do Estado em 2008 ..... 661

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Tabela 37 – Classe CNAE com QL Maior que 1 para Região Norte Fluminense, QL para a
Noroeste, QL para Estado do Rio de Janeiro, 2008........................................................... 663

Tabela 38 – Classe CNAE com QL Maior que 1 para Região Noroeste Fluminense, QL para
a Norte, QL para Estado do Rio de Janeiro, 2008.............................................................. 664

Tabela 39 – Estado do Rio de Janeiro, Vinte Maiores Investimentos Previstos, 2010-2012


.......................................................................................................................................... 666

Tabela 40 – Estado do Rio de Janeiro, Investimentos Previstos na Indústria de


Transformação e Infraestrutura, 2010-2012....................................................................... 667

Tabela 41 – Investimentos Programados, até 2012 ........................................................... 667

Tabela 42 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Principais Investimentos Programados


2010-2012 ......................................................................................................................... 668

Tabela 43 – Estado do Rio de Janeiro, Número de Instituições Ofertantes e Número de


Curso Superior por Região, 2009....................................................................................... 669

Tabela 44 – Estatísticas do Diretório dos Grupos de Pesquisa do CNPq, Censo 2008...... 670

Tabela 45 – Produção dos Grupos de Pesquisa do CNPq, Censo 2008............................ 671

Tabela 46 – Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Artigos Científicos Indexados no ISI com
Autores de Instituições Localizadas, Publicados em 2009 ................................................. 672

Tabela 47 – Regiões do Estado do Rio de Janeiro, Depósitos de Patentes no INPI, por Tipo
de Patente e Natureza Jurídica do Titular no Período 1990-2005...................................... 672

Tabela 48 – Depósitos de Patentes Junto ao INPI por Classe de Atividade CNAE e Região
entre 1990 e 2005.............................................................................................................. 673

Tabela 49 – Relação de APL Identificados pelo SEBRAE/RJ, 2004 .................................. 674

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


1. CARACTERIZAÇÃO REGIONAL

1.1 Formação Econômica e Padrão Geral de Reprodução

A ocupação territorial e a formação econômica do Noroeste Fluminense têm sua origem


ligada ao município de Campos dos Goytacazes, que compreendia desde 1673 até o século
XIX toda a área das atuais Regiões Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro.

Os desmembramentos começaram a surgir em meados do século XIX, resultantes do


processo de ocupação, definição e distribuição de propriedades, especializações produtivas,
interações sociais, dentre outros, que foram caracterizando diferentes espaços territoriais ao
longo do século.

A primeira atividade econômica de destaque em toda essa região foi o cultivo das lavouras
de café, que começaram a se desenvolver em meados do século XIX, alcançando o auge
nas primeiras duas décadas do século XX. A cana-de-açúcar também começou a ser
cultivada nesta época, porém em menor escala, apenas em algumas localidades.

O município de São Fidélis, atualmente pertencente à Região Norte, foi o primeiro a se


desmembrar. Emancipou-se de Campos dos Goytacazes, em 1850, e compreendia os
atuais municípios de São José do Ubá, Cambuci, Santo Antônio de Pádua, Miracema,
Aperibé e Itaocara. Com uma produção cafeeira de destaque no Estado, escoava sua
produção pelo Rio Paraíba do Sul até o porto de São João da Barra, e também atravessava
o canal Macaé-Campos e chegava ao porto de Macaé. Com a implantação da rede
ferroviária, este meio de transporte entrou em decadência.

Cabe destacar, que o povoamento das localidades que hoje compõem o Noroeste
Fluminense, teve início no século XIX, quando começaram a surgir os primeiros povoados
às margens do Rio Muriaé, utilizado então como meio de transporte de pessoas e também
para escoamento de mercadorias para o litoral.

Verifica-se então a importância dos rios no início da ocupação territorial da Região, seja pela
condição de abastecimento de água potável, seja como principal meio de transporte,
incentivou o povoamento às suas margens. Com o passar do tempo eles cederam este
papel para as ferrovias e rodovias construídas na região.

Com um povoamento mais intenso após a abolição da escravatura, a região Noroeste teve
uma expressiva colonização européia em alguns de seus municípios, caracterizando-se
como uma região de colonização campesina, com o predomínio de pequenas propriedades,
as quais prevalecem atualmente. (Secretaria de Agricultura, Pesca e Abastecimento, 2008).

Em fins do século XIX, tem início o processo de composição e definição dos limites da atual
Região Noroeste. São emancipados os municípios de Santo Antônio de Pádua, Itaocara,
Cambuci (desmembrados de São Fidélis) e Itaperuna (desmembrado de Campos dos
Goytacazes).

No início dos anos 30, com a crise econômica mundial que atingiu o Brasil e especialmente
os cafeicultores, a atividade cafeeira entrou em decadência, dando lugar ao aparecimento
de outras atividades, principalmente a pecuária.

Surge então um novo ciclo econômico, baseado na mudança da base produtiva, inicialmente
caracterizado por um processo de adaptação dos produtores locais à nova realidade

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 593


econômica, e que passa a ter como atividade principal a prática da agropecuária,
especialmente a pecuária bovina.

Este novo ciclo também foi caracterizado por um novo processo de desmembramentos em
meados do século XX, quando foram emancipados os municípios de Bom Jesus de
Itabapoana, Natividade, Porciúncula, Laje do Muriaé (desmembrados de Itaperuna) e
Miracema (desmembrada de Santo Antônio de Pádua). E, completando o processo de
desmembramentos e emancipações, em 1980 o município de Italva foi desmembrado de
Campos dos Goytacazes, em 1994 Varre-Sai foi desmembrado de Cambuci e em 1997 São
José de Ubá foi desmembrado de Natividade.
O ciclo econômico baseado na atividade pecuária, especialmente na bovinocultura leiteira
permanece até os dias atuais. No entanto a região vem apresentando uma relativa
diversificação produtiva, apesar de ainda muito ligada à atividade agropecuária. A lavoura
de arroz já assumiu posição de destaque na região, no entanto vem perdendo importância,
apesar de alguns sinais de recuperação devido a alguns incentivos localizados. Destaca-se
atualmente a produção de tomate, presente em todos os municípios da região, e o
desenvolvimento da fruticultura irrigada. A atividade cafeeira permanece nos municípios
localizados na parte mais alta do Noroeste Fluminense, destacando-se Varre-Sai.

O município de Italva, que faz divisa com Campos dos Goytacazes apresentou uma
trajetória diferenciada dos demais. Boa parte do seu processo de ocupação foi vinculada ao
complexo sucro-alcooleiro, com plantações de cana-de-açúcar e a implantação da Usina
São Pedro Paraíso. Com a crise do setor, os pequenos produtores fornecedores de cana-
de-açúcar, se viram empobrecidos e diante da necessidade de alteração da sua base
econômica, que vem se firmando sobre a agropecuária.

A atividade industrial, ainda incipiente na Região, é composta, principalmente pelos


laticínios. Santo Antônio de Pádua e Itaperuna apresentam o setor secundário pouco mais
desenvolvido, com extração mineral, fábrica de papel, fábrica de lonas de freio, frigorífico e
confecções.
A extração mineral é feita através da exploração de rochas ornamentais na região de Santo
Antônio de Pádua. O APL de Rochas Ornamentais abrange os municípios de Santo Antônio
de Pádua (principal produtor), Miracema, São José do Ubá, Itaperuna, Laje do Muriaé,
Natividade, Porciúncula, Varre-Sai, Bom Jesus de Itabapoana, Cambuci e Italva.

Com o setor de serviços mais desenvolvido, Itaperuna constitui-se no principal centro


regional, destacando-se no fornecimento de serviços de educação e saúde para o seu
entorno.
De certa maneira vem se configurando um novo ciclo, ou um processo de transição para um
novo ciclo de desenvolvimento, onde se faz necessária a adaptação dos produtores, da
produção e dos processos produtivos às exigências do mercado atual, que é caracterizado,
essencialmente, pela adoção de práticas sustentáveis de utilização dos fatores produtivos.
A pratica da pecuária local é um exemplo desta necessidade de mudança e adaptação do
processo. Caracteristicamente pouco produtiva, foi ao longo dos anos, uma das principais
responsáveis pelo desmatamento que levou à destruição de aproximadamente 97% da
floresta original.

Esta necessidade de mudança e adaptação constitui-se num grande desafio regional, visto
que, em sua maioria, os pequenos proprietários encontram-se descapitalizados e com
pouca capacidade de realizar os investimentos necessários. Ou seja, encontram-se com
reduzida autonomia na condução do processo produtivo.

594 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


1.2 Delimitação Geográfica e Inserção Regional

O Noroeste Fluminense compõe uma das seis mesorregiões do Rio de Janeiro, está
localizado na parte mais setentrional do interior fluminense e faz divisa com os Estados de
Minas Gerais a oeste e do Espírito Santo ao norte. Compreende uma área de 5.373.545 km2
e é composto por treze municípios, que se agrupam em duas microrregiões.

A microrregião de Itaperuna, composta pelos municípios de Itaperuna, Bom Jesus de


Itabapoana, Italva, Laje do Muriaé, Natividade, Porciúncula e Varre Sai. E a microrregião de
Santo Antônio de Pádua, composta pelos Municípios de Aperibé, Cambuci, Itaocara,
Miracema, Santo Antônio de Pádua e São José de Ubá. (Mapa seguinte).

Mapa 1 - Mesorregiões do Estado do Rio de Janeiro

Fonte: http://www.rio-turismo.com/Mapas/regioes.htm

Esta Região, juntamente com o Norte Fluminense, teve um processo de formação da rede
urbana1 que, de certa maneira, se beneficiou da localização geográfica. Como são regiões

1 A formação de uma rede urbana hierarquizada, resultante do surgimento de municípios com diferentes
tamanhos e funções configura um quadro regional em que as cidades maiores, onde a própria especialização
produtiva requer e permite o desenvolvimento de vários tipos de serviços urbanos, tendem a ser consideradas
como lugares centrais que cumprem a função de fornecer estes bens e serviços para o interior imediatamente
próximo a elas. Como resultado deste processo, conforma-se uma rede de interdependências municipais e
regionais, onde os municípios que apresentam o setor terciário mais desenvolvido atendem às necessidades das
localidades menores em seus respectivos entornos e assim se constituem em municípios polarizadores e lugares
centrais em relação aos demais. São os municípios que mantêm a dominância sobre o espaço regional e onde
as forças da polarização se mostram mais visíveis. Englobam os centros terciários mais importantes e
concentram os benefícios urbanos, tendendo a ter reforçada a sua posição.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 595


que se encontram mais afastadas da metrópole, o que caracteriza um acesso mais difícil à
Infraestrutura de serviços desta, tiveram que desenvolver localmente esta Infraestrutura
para atender à população e às atividades produtivas.

Este processo se deu de uma maneira mais intensa na região Norte, especificamente a
partir do município de Campos dos Goytacazes, onde se desenvolveu a indústria
sucroalcooleira, que se consolidou com a instalação da estrada de ferro, em meados do
século XIX, ligando a cidade de Campos à cidade do Rio de Janeiro. No entanto, esta
ferrovia se constituiu apenas numa via de drenagem de recursos vinculados à cana e à
produção pecuária, reforçando assim a necessidade de construir uma infraestrutura local
que suportasse o processo de desenvolvimento. Também as rodovias, que ligavam as
Regiões Norte e Noroeste à capital do estado, não se constituíram em eixos viários
importantes, principalmente porque o acesso à cidade do Rio de Janeiro era interrompido
pela Baía de Guanabara.

Desenvolveu-se então, a partir de Campos, toda uma infraestrutura dos mais diversos
serviços e também da atividade comercial para atender as necessidades locais. Este
processo foi intensificado com a exploração do petróleo na Bacia de Campos, a partir da
década de 1970, quando o município absorveu várias atividades de suporte a estes
investimentos.

Internamente, na Região Noroeste, o processo de desenvolvimento do setor terciário se deu


de uma maneira mais branda, alavancado pelas necessidades mais imediatas da população
e da prática da atividade agropecuária, dado que não se desenvolveu na Região, nenhuma
atividade produtiva mais sofisticada, ou de maior porte, que justificasse a oferta de serviços
mais elaborados.

O município de Itaperuna, que se desenvolveu em função da estação de Porto Alegre (local


de bifurcação da Estrada de Ferro Leopoldina em direção à Minas Gerais) e do cultivo do
café implantado por imigrantes, desenvolveu uma rede urbana mais dinâmica, incentivada
pela utilização da mão-de-obra assalariada, que intensificou as demandas de consumo no
comércio e nos serviços locais. Atualmente, o Município se consolidou como um centro
urbano regional que polariza os demais municípios do Noroeste Fluminense.

Neste contexto, o município de Campos dos Goytacazes pode ser considerado como o
grande centro regional que polariza as regiões Norte e Noroeste, e o município de Itaperuna,
hierarquicamente seguinte de Campos na rede urbana regional, como o lugar central do
Noroeste Fluminense.
Estas observações podem ser confirmadas pela regionalização feita pelo Cedeplar/UFMG e
presente no trabalho de LEMOS et. al. (2000)2, onde a Mesorregião Noroeste Fluminense é
polarizada pela Macrorregião do Rio de Janeiro e mais especificamente pelo Mesopólo de
Campos dos Goytacazes, o qual é composto pelas microrregiões de Macaé, Santa Maria de
Madalena, Santo Antônio de Pádua, Itaperuna e Campos dos Goytacazes.

2
Esta regionalização foi realizada com base no critério de polarização urbana. Basicamente este critério
relaciona a capacidade de atração de outras localidades que vão constituir sua área de influência, com base no
potencial de interação econômica entre as unidades espaciais e na correspondente hierarquia de poder de
atração econômica no espaço. Este poder de atração está diretamente relacionado à sua influência econômica,
principalmente em relação à oferta de serviços e inversamente relacionado à acessibilidade deste município.
(LEMOS et. al., 2002)

596 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


2. DINÂMICA ECONÔMICA REGIONAL

2.1 Nível de Desenvolvimento da Economia Regional

A Região Noroeste apresentou em 2007, de acordo com dados do IBGE – Contas


Nacionais, um PIB equivalente a R$3.483.731.553,41, que representava 1,07% da
economia fluminense e 0,12% da economia brasileira. Como pode se ver no Gráfico
seguinte, esta foi a mesorregião que menos contribuiu com a geração de riqueza no Estado
do Rio de Janeiro.

Gráfico 1 - Brasil, Estado do Rio de Janeiro e Mesorregiões, Produto Interno Bruto, 2007

Fonte: IBGE – Contas Nacionais, Produto Interno Bruto dos Municípios Brasileiros.
*Valores constantes, corrigidos pelo IGP-DI, ano base:2007.

O PIB do Estado, em 2007, foi de R$324.370.491.236,30, dos quais a Região Metropolitana


do Rio de Janeiro respondeu por 73,61%, seguida pela Região Norte Fluminense com
10,79%, pelo Sul com 7,58%, pela Baixada com 5,18%, pelo Centro com 1,77% e finalmente
pela Região Noroeste com 1,07%. (Tabela seguinte).

Tabela 1 – Participação Relativa do PIB das Mesorregiões Fluminenses no PIB do Estado do


Rio de Janeiro e do Brasil, 2007
Participação Relativa do PIB Mesorregional
Mesorregião
no Brasil no Rio de Janeiro
Noroeste 0,12 1,07
Norte 1,20 10,79
Baixadas 0,58 5,18
Centro Fluminense 0,20 1,77
Metropolitana do Rio de Janeiro 8,21 73,61
Sul Fluminense 0,85 7,58
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do IBGE – Contas Nacionais, Produto Interno Bruto dos
Municípios Brasileiros.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 597


Ao se analisar os dados de crescimento das regiões fluminenses a partir de 1996, nota-se
uma tendência de redução da participação da Região Metropolitana na geração da riqueza
estadual, visto que na média, esta Região apresentou taxas de crescimento inferiores às
apresentadas pelas demais.
As regiões da Baixada e Norte Fluminense apresentaram as maiores taxas de crescimento
no período considerado, seguidas pela Região Noroeste, Sul, Centro e Metropolitana do Rio
de Janeiro.
As regiões apresentaram desempenho melhor entre 1996 e 2000, quando todas superaram
a média de crescimento estadual e nacional. Já entre 2000 e 2007, com exceção das
regiões Norte e Baixada, as demais cresceram seguinte das médias fluminense e brasileira.
A Região Centro apresentou crescimento negativo neste período. (Tabela seguinte).
Tabela 2 - Brasil, Estado do Rio de Janeiro e Mesorregiões Fluminenses, Taxa de Crescimento
do PIB por Períodos Selecionados, 1996, 2000 e 2007
Taxa de Crescimento do PIB
Localidade
1996 - 2000 2000-2007 1996-2007
Brasil 9,4 38,3 51,3
Rio de Janeiro 23,0 23,2 51,5
Noroeste 89,9 17,2 122,6
Norte 112,0 102,1 328,4
Baixadas 257,6 106,4 638,2
Centro Fluminense 53,0 -1,2 51,1
Metropolitana do Rio de Janeiro 11,5 12,3 25,3
Sul Fluminense 42,1 22,3 73,8
Fonte: Elaboração Própria a partir de dados do IBGE – Contas Nacionais e PIB Municipal

Ao se analisar a taxa média anual de crescimento entre 1996 e 2007, destaca-se a


desempenho da Baixada Fluminense com crescimento médio anual do PIB de 58,02%.
Seguido pelo Norte (29,85%), Noroeste (11,15%), Sul (6,71%), as quais apresentaram taxas
superiores à média estadual (4,68%) e nacional (4,66%). A região Centro Fluminense
apresentou taxa próxima às do Estado do Rio de Janeiro e do Brasil. Já a Região
Metropolitana do Rio, apresentou o pior desempenho no período, com taxa média de
crescimento anual de 2,3%. (Gáfico seguinte).
Gráfico 2 – Brasil, Estado do Rio de Janeiro e Mesorregiões Fluminenses, Taxa Média Anual de
Crescimento entre 1996 e 2007

Fonte: Elaboração Própria a partir de dados do IBGE – Contas Nacionais e PIB Municipal
598 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
Internamente, ao analisar o desempenho do PIB da Região Noroeste decomposto por
setores econômicos, observa-se que apesar da base produtiva ser, de uma maneira geral,
ligada ao setor agropecuário, o principal gerador de riquezas na Região foi o setor de
serviços (engloba o comércio).

O Gráfico a seguir mostra que o crescimento do PIB nos anos de 1996 e 2006 foi
alavancado pelo setor de serviços e pela atividade industrial, ainda que pouco significativa
na Região. O setor agropecuário, por sua vez, apresentou piora do seu desempenho
durante estes anos, contribuindo cada vez menos com a geração de riqueza no município.

Gráfico 3 - Mesorregião Noroeste Fluminense, Evolução Produto Interno Bruto Total e por
Setores Econômicos, 1996, 2000 e 2007

Fonte: IBGE – Contas Nacionais, valores constantes ajustados pelo IGP-DI, Ano base:2007

2.2 Classificação dos Municípios Segundo o Desempenho

O desempenho econômico dos municípios é medido neste tópico tendo como base de
comparação a taxa de crescimento estadual e nacional, medida pela razão entre o PIB 2007
e o PIB 2000, a qual gera uma classificação conforme descrita no quadro a seguir.

Tabela 3 - Parâmentros da Classificação dos Municípios Segundo o Desempenho

Classificação Descrição
Taxa de crescimento média maior ou igual a 2 vezes a
Crescimento elevado
média estadual / nacional
Taxa de crescimento média maior ou igual a 1,25 vezes e
Crescimento acima da média
menor que 2 vezes a média estadual / nacional
Taxa de crescimento média maior ou igual à média
Crescimento moderado
estadual / nacional e menor que 1,25 vezes a mesma

Municípios em estagnação econômica Menor que a média estadual / nacional


Fonte: CEDEPLAR, UFMG
Tendo como base de comparação o crescimento estadual, o Município de Varre-Sai foi o
único que apresentou crescimento acima da média (1,48). Os demais municípios foram
classificados como estagnados economicamente. Itaperuna, Laje do Muriaé, Porciúncula e
Santo António de Pádua apresentaram crescimento positivo, e os demais apresentaram
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 599
crescimento negativo no período.O que pode estar vinculado ao fato destes municípios
apresentarem especialização produtiva em um setor agropecuário caracterizado pela
adoção de práticas tradicionais, pouco avançadas tecnologicamente, com baixa
produtividade e consequentemente, pouco competitivas. (Tabela seguinte).

Quando comparadas com as taxas de crescimento nacional, todos os municípios da região


Noroeste foram classificados como estagnados economicamente.

Os dados que deram origem à classificação anterior são apresentados na Tabela a seguir.
Verifica-se que Varre-Sai, Itaperuna, Porciúncula, Laje do Muriaé e, em menor escala, Santo
Antônio de Pádua apresentaram taxas de crescimento positivas, quando se compara os
anos de 2000 e 2007. Os demais municípios apresentaram taxa negativa de crescimento do
produto no período.

Tabela 4 – Região Noroeste Fluminense, Desempenho Econômico, 2000 - 2007

Razão em Razão em
Relação Relação
Municípios da Região PIB 2000 PIB 2007 Taxa de
à Taxa de à Taxa de
Noroeste Fluminense (MR$) (MR$) Crescimento
Crescimento Crescimento
Estadual Nacional

Aperibé 63.325,79 59.536,10 -5,98 -0,26 -0,16


Bom Jesus do Itabapoana 325.656,41 305.771,30 -6,11 -0,26 -0,16
Cambuci 117.904,09 112.083,02 -4,94 -0,21 -0,13
Italva 107.610,17 103.154,05 -4,14 -0,18 -0,11
Itaocara 269.850,98 248.054,54 -8,08 -0,35 -0,21
Itaperuna 1.074.684,07 1.318.276,53 22,67 0,98 0,59
Laje do Muriaé 54.459,40 59.983,79 10,14 0,44 0,26
Miracema 212.167,36 194.057,75 -8,54 -0,37 -0,22
Natividade 131.638,63 129.133,36 -1,90 -0,08 -0,05
Porciúncula 122.607,68 142.960,68 16,60 0,72 0,43
Santo Antônio de Pádua 380.020,76 386.892,31 1,81 0,08 0,05
São José de Ubá 57.273,54 54.542,09 -4,77 -0,21 -0,12
Varre-Sai 54.187,57 72.833,60 34,41 1,48 0,90
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do IBGE – Contas Nacionais, 2000 e 2007 * Valores
Constantes corrigidos pelo IGP-DI, ano base 2007.

2.3 Fluxos Externos – Comércio Exterior

De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior – SECEX - os municípios do


Noroeste que apresentaram algum tipo de comércio exterior no período compreendido entre
2000 e 2009 foram Itaocara, Itaperuna, Porciúncula e Santo Antônio de Pádua.
Itaocara exportou em 2009, para a Cingapura, U$S 312 (FOB) em lingeries.
Já em Itaperuna os fluxos comerciais com o exterior mostraram-se mais frequentes e
intensos. Como pode se observar no Gráfico a seguir, estes tiveram um comportamento
bastante irregular entre 2000 e 2009. Até 2003, a balança comercial apresentou saldo
negativo. No início de 2003 as exportações mostraram crescimento, junto com uma queda
das importações, levando a um melhor desempenho da balança comercial. A partir de
então, depois de uma queda nos fluxos em meados de 2004, que chegaram próximos de
zero, as exportações cresceram, mais intensamente entre meados de 2006 e de 2007,
acompanhados da manutenção das importações em níveis mais baixos, caracterizando um
600 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
bom desempenho da balança comercial no período. No entanto, depois de atingir o topo em
2007 as exportações voltaram a cair, e em 2009 alcançou níveis seguinte dos montantes
importados, voltando a gerar saldo negativo da balança comercial. (Gáfico seguinte).

Gráfico 4 – Região Noroeste Fluminense, Itaperuna, Exportações, Importações e Balança


Comercial, 2000 a 2009

Fonte: Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio- MDIC - SECEX


Neste período os principais destinos das exportações do Município de Itaperuna foram o
Paraguai, a Bolívia e a Argentina, e em menor escala, Equador e Portugal. Já as
importações se originaram, predominantemente, da Holanda, seguidas, numa escala bem
menor, pela China, Japão, Finlândia, Alemanha e Estados Unidos.
Os principais produtos exportados foram peças e acessórios de equipamentos de
transporte, insumos industriais e bens de consumo duráveis, como roupas, lingeries e
calçados. Os principais produtos importados foram, essencialmente, aparelhos para
prestação de serviços de saúde.
Os fluxos comerciais de Porciúncula foram caracterizados pelo desempenho das
exportações a partir de 2002, dado que o município não importou produtos no período. As
exportações do município cresceram entre 2002 e 2005, quando atingiram o melhor
desempenho, a partir de então vêm se reduzindo, apesar de uma pequena recuperação em
2008. (Gráfico seguinte).
Gráfico 5 – Região Noroeste Fluminense, Porciúncula, Exportações, 2002 a 2009

Fonte: Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio- MDIC - SECEX

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 601


Os destinos das exportações foram a Romênia em 2008 e a Itália em 2009. E o produto
exportado foi o granito.

E por fim, Santo Antônio de Pádua, que assim como Itaperuna, apresentou um desempenho
bastante irregular dos fluxos comerciais externos. A balança comercial apresentou saldos
negativos nos anos de 2000, 2001, 2004 e 2008. Nos demais anos, as exportações
superaram as importações. Em 2009, ainda que com uma queda das exportações e
importações, a balança comercial melhorou seu desempenho. (Gráfico seguinte).

Os principais destinos das exportações, em 2009, foram Argentina, Uruguai e México, e o


produto exportado foi o granito,

Já as importações em 2009, tiveram como origem a China e o Japão. Os produtos


importados foram insumos industriais.

Gráfico 6 – Região Noroeste Fluminense, Itaperuna, Exportações, Importações e Balança


Comercial, 2000 a 2009

Fonte: Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio- MDIC - SECEX

3. AGRICULTURA E AGRONEGÓCIO

3.1 Caracterização Geral

O Noroeste Fluminense caracteriza-se por ser uma região tradicionalmente agrícola.


Inicialmente produtora de café, atividade que ainda hoje permanece em alguns municípios
situados na parte mais alta da Região, destaca-se atualmente na produção pecuária, com
destaque para a bovinocultura. Somam-se a estas atividades o cultivo do tomate, do arroz, a
fruticultura e o cultivo da cana-de-açúcar.

3.2 Estabelecimentos

Predominam os pequenos estabelecimentos agropecuários. De acordo com o Censo


Agropecuário 2006, dos 10.268 estabelecimentos da região, 8.540 (83,18%) possuíam até
50 ha, dos quais aproximadamente 50% tinham entre 5 ha e 50 ha. (Tabela seguinte).

602 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Tabela 5 – Região Noroeste Fluminense, Número de Estabelecimentos Agropecuários por
Grupo de Área Total, 2006
Variável
Número de Número de
Grupos de Área Total Estabelecimentos Estabelecimentos
Agropecuários Agropecuários
(Unidades) (Percentual)
Total 10.268 100
Mais de 0 a menos de 0,1 ha 78 0,76
De 0,1 a menos de 0,2 ha 57 0,56
De 0,2 a menos de 0,5 ha 83 0,81
De 0,5 a menos de 1 ha 431 4,2
De 1 a menos de 2 ha 735 7,16
De 2 a menos de 3 ha 838 8,16
De 3 a menos de 4 ha 489 4,76
De 4 a menos de 5 ha 746 7,27
De 5 a menos de 10 ha 1.722 16,77
De 10 a menos de 20 ha 1.645 16,02
De 20 a menos de 50 ha 1.716 16,71
De 50 a menos de 100 ha 847 8,25
De 100 a menos de 200 ha 432 4,21
De 200 a menos de 500 ha 237 2,31
De 500 a menos de 1000 ha 41 0,4
De 1000 a menos de 2500 ha 16 0,16
De 2500 ha e mais 3 0,03
Produtor sem área 152 1,48
Fonte: Censo Agropecuário, IBGE, 2006.
De acordo com os dados dos Censos Agropecuários de 1995/96 e 2006, vem ocorrendo um
significativo aumento do número de pequenos estabelecimentos (com área de até 5 ha),
acompanhados de queda no número de estabelecimentos com áreas maiores. A Tabela
seguinte mostra que esta é uma tendência nacional, apresentada também pelo Estado do
Rio de Janeiro e pela Região Noroeste3. A região Noroeste, diferentemente do Brasil e do
Estado do Rio de Janeiro apresentou aumento do número de estabelecimentos
agropecuários também na faixa entre 5 ha e 10 ha.

Tabela 6 - Brasil, Rio de Janeiro e Região Noroeste Fluminense, Número de Estabelecimentos


(percentagem) Agropecuários por Grupos de Área Total, 1995 - 2006
Brasil Rio de Janeiro Noroeste Fluminense
Grupos de Área Total
1995 2006 1995 2006 1995 2006
Menos de 1 ha 5,47 11,73 8,66 12,68 4,31 6,33
1 a menos de 2 ha 5,71 8,54 5,70 8,94 2,61 7,16
2 a menos de 5 ha 14,04 15,30 15,71 20,05 11,16 20,19
5 a menos de 10 ha 13,84 12,30 15,30 15,05 16,05 16,77
10 a menos de 20 ha 17,09 14,24 15,95 13,51 19,51 16,02
20 a menos de 50 ha 20,59 16,31 17,75 12,73 22,91 16,71
50 a menos de 100 ha 10,24 7,55 9,39 6,45 12,13 8,25
100 a menos de 200 ha 6,29 4,26 6,01 3,88 6,60 4,21
200 a menos de 500 ha 4,16 2,91 3,99 2,57 3,85 2,31
500 a menos de 1.000 ha 1,42 1,04 1,08 0,60 0,67 0,40
Acima de 1.000 ha 1,14 0,91 0,45 0,27 0,21 0,19
Produtor sem área ou sem declaração 4,93 3,27 1,48
Fonte: Censo Agropecuário, IBGE, 2006.

3
De certa maneira o aumento das pequenas propriedades deve-se ao desmembramento das grandes
propriedades e também ao crescente processo de urbanização.
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 603
Observa-se que não só a área, mas também o número de estabelecimentos diminuiu entre
1995 e 2006 na Região Noroeste. Com exceção dos municípios de Itaocara, Porciúncula e
Santo Antônio de Pádua, os demais municípios apresentaram redução do número de
estabelecimentos agropecuários. O caso de Cambuci e São José do Ubá merece uma
observação: em 1995, São José do Ubá era distrito de Cambuci, e foi emancipado apenas
em 1997, refletindo assim nos dados relativos ao número de estabelecimentos destas
localidades. (Tabela a seguir).

Tabela 7 – Região Noroeste Fluminense, Número e Área dos Estabelecimentos Agropecuários,


1995 - 2006
Área dos
Número de Estabelecimentos Estabelecimentos
Mesorregião Geográfica
Agropecuários
e Montepio
1995 2006 2006
Número Percentagem Número Percentagem Hectares Percentagem
Noroeste Fluminense 10.818 100 10.268 100 359.708 100
Aperibé 297 3 226 2,20 5.072 1,41
Bom Jesus do Itabapoana 1075 9,94 1.046 10,19 40.012 11,12
Cambuci 1.649 15,24 1.146 11,16 44.818 12,46
Italva 631 5,83 424 4,13 10.824 3,01
Itaocara 1492 13,79 1.612 15,70 35.803 9,95
Itaperuna 1.492 13,79 1.185 11,54 66.242 18,42
Laje do Muriaé 431 3,98 413 4,02 21.541 5,99
Miracema 486 4,49 374 3,64 23.297 6,48
Natividade 575 5,32 447 4,35 37.317 10,37
Porciúncula 1122 10,37 1.320 12,86 20.635 5,74
Santo Antônio de Pádua 879 8,13 1.003 9,77 31.501 8,76
São José de Ubá - - 429 4,18 8.924 2,48
Varre-Sai 689 6,37 643 6,26 13.723 3,82
Nota: O Município de São José do Ubá foi emancipado do município de Cambuci em 1997
Fonte: IBGE – Censo Agropecuário- 1995, 2006.

3.3 Agricultura Familiar


A agricultura familiar predomina na Região e é praticada em 75,56% dos estabelecimentos
agropecuários. Em relação à condição dos produtores, estes são em sua maioria
proprietários (83,47%). O sistema de parceria está presente em aproximadamente 10% dos
estabelecimentos. Os demais se dividem em arrendatários (3,75%), produtores sem área
(1,48%), ocupantes (1,03%) e assentados sem titulação definitiva (0,17%). (Tabela
seguinte).
Tabela 8 – Região Noroeste Fluminense, Número de Estabelecimentos Agropecuários por
Condição do Produtor em Relação às Terras e Agricultura Familiar, 2006
Variável X Agricultura Familiar
Número de
Número de Estabelecimentos
Estabelecimentos
Condição do Produtor Agropecuários (Unidades)
Agropecuários (Percentual)
Não Agricultura Não Agricultura
Total Total
Familiar Familiar Familiar Familiar
Total 10.268 2.510 7.758 100 24,44 75,56
Proprietário 8.571 2.374 6.197 83,47 23,12 60,35
Assentado sem titulação definitiva 17 1 16 0,17 0,01 0,16
Arrendatário 385 74 311 3,75 0,72 3,03
Parceiro 1.037 44 993 10,1 0,43 9,67
Ocupante 106 13 93 1,03 0,13 0,91
Produtor sem área 152 4 148 1,48 0,04 1,44
Fonte: IBGE, Censo Agropecuário, 2006.

604 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


3.4 Produtores

Os produtores são, em sua maioria, homens, adultos, com baixa escolaridade. De acordo
com o Censo Agropecuários 2006: - 92,4% dos estabelecimentos são dirigidos por homens;
57,47% dos dirigentes dos estabelecimentos estão nesta atividade há pelo menos 10 anos;
88,44% deles têm mais que 35 anos; 47,57% possuem ensino fundamental incompleto;
6,08% não sabem ler e escrever; e apenas 0,66% possuem curso superior em áreas
relacionadas à atividade agropecuária.

3.5 Pessoal Ocupado

De acordo com os Censos Agropecuários de 1995 e 2006, o total de pessoal ocupado em


estabelecimentos agropecuários reduziu neste período, passando de 33.900 para 24.588
pessoas. Destes, prevalecem os homens com idade acima de 14 anos, tendência que foi
intensificada no período. (Tabelas seguinte).

Tabela 9 - Mesorregião Noroeste Fluminense, Pessoal Ocupado em Estabelecimentos


Agropecuários por Faixa de Idade e Sexo, 1995

Total Menores 14 Anos de 14 Anos e Mais


Sexo
Pessoas Percentual Pessoas Percentual Pessoas Percentual
Total 33.900 100 2.659 100 31.241 100
Homens 25.977 76,6 1.440 54,2 24.537 78,5
Mulheres 7.923 23,4 1.219 45,8 6.704 21,5
Fonte: IBGE, Censo DemoGráfico, 1995.

Tabela 10 - Mesorregião Noroeste Fluminense, Pessoal Ocupado em Estabelecimentos


Agropecuários em 31/12 por Faixa de Idade e Sexo, 2006

Total Menores 14 anos de 14 Anos e Mais


Sexo Pessoas Percentual Pessoas Percentual Pessoas Percentual
Total 24.588 100 474 100 24.114 100
Homens 19.996 81,32 280 59,1 19.716 81,76
Mulheres 4.592 18,68 194 40,9 4.398 18,24
Fonte: IBGE, Censo Agropecuário, 2006.

Em relação ao pessoal ocupado por grupo de atividade econômica, verifica-se que no


período 1995 - 2006, a participação de trabalhadores na pecuária se intensificou em relação
às demais atividades, apesar de ter reduzido, em termos absolutos, a quantidade de
trabalhadores. Em 1995, esta atividade ocupava 50,5% do pessoal ocupado em
estabelecimentos agropecuários, em 2006, este percentual passou para 61,75%.

Seguindo a tendência apresentada pela produção, o percentual de pessoal ocupado na


lavoura temporária foi reduzido (passou de 15,22% para 6,2%), enquanto na lavoura
permanente foi intensificado (passou de 14,09% para 18, 89%). (Tabela a seguir).

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 605


Tabela 11 - Mesorregião Noroeste Fluminense, Pessoal Ocupado em Estabelecimentos
Agropecuários por Grupo de Atividade Econômica, 1995
Variável
Pessoal Ocupado em Pessoal Ocupado em
Grupo de Atividade Econômica
Estabelecimentos Estabelecimentos
Agropecuários (Pessoas) Agropecuários (%)
Total 33.900 100
Lavoura temporária 5.160 15,22
Horticultura e produtos de viveiro 1.724 5,09
Lavoura permanente 4.776 14,09
Pecuária 17.121 50,50
Produção mista (lavoura e pecuária) 5.047 14,89
Silvicultura e exploração florestal 43 0,13
Pesca e aquicultura 29 0,09
Produção de carvão vegetal - -
Fonte: IBGE – Censo Agropecuário
Devido a uma mudança de classificação dos dados, entre 1995 e 2009, a comparação do
desempenho das demais atividades neste período, torna-se um pouco mais difícil. No
entanto, cabe destacar o aumento da proporção de pessoal dedicado à horticultura e à
floricultura, que em 2006 superou o percentual de pessoal ocupado na lavoura
temporária.(Tabela seguinte).

Tabela 12 - Mesorregião Noroeste Fluminense, Pessoal Ocupado em Estabelecimentos


Agropecuários em 31/12, por Grupo de Atividade Econômica, 2006
Variável
Pessoal Ocupado em Pessoal Ocupado em
Grupos de Atividade Econômica Estabelecimentos Estabelecimentos
Agropecuários em 31/12 Agropecuários em 31/12
(Pessoas) (Percentual)
Total 24.588 100
Lavoura temporária 1.525 6,2
Horticultura e floricultura 2.963 12,05
Lavoura permanente 4.644 18,89
Sementes, mudas e outras formas de
7 0,03
propagação vegetal.
Pecuária e criação de outros animais 15.182 61,75
Produção florestal - florestas plantadas 68 0,28
Produção florestal - florestas nativas 12 0,05
Pesca 8 0,03
Aquicultura 179 0,73
Fonte: IBGE - Censo Agropecuário, 2006

3.6 Uso da Terra


Em termos de prática agrícola, de acordo com os dados do Censo Agropecuário, realizado
em 2006, prevalece a área destinada à pecuária e criação de outros animais (80%), seguida
pelas lavouras permanente (7%) e temporária (7%), horticultura e floricultura (5%) e
aquicultura (1%). Atividades como produção florestal, pesca e cultivo de sementes, mudas e
outras formas de propagação vegetal não se mostraram significativas.(Gráfico a seguir).

606 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Gráfico 7 - Região Noroeste Fluminense, Tipo de Prática Agrícola, 2006

Fonte: Censo Agropecuário, IBGE-2006.


Entre 1995 e 2006 houve uma redução do número de estabelecimentos que cultivavam a
lavoura temporária, passando de 15,04% do total de estabelecimentos agropecuários em
1995 para 6,26% em 2006. Já a lavoura permanente mostrou tendência contrária, passando
a ser praticada em um número maior de estabelecimentos no período considerado, assim
como a horticultura e a pecuária.

Nos Gráficos a seguir, nota-se que, em ambos os períodos, os estabelecimentos menores


apresentaram uma diversidade maior de culturas, sem que tenha ocorrido predomínio
significativo de uma cultura sobre as demais. À medida que os estabelecimentos se tornam
maiores, passa a haver um predomínio da pecuária em relação aos demais grupos de
atividade, alcançando seu ápice nos estabelecimentos entre 20 ha e 50 ha.

Gráfico 8 - Região Noroeste Fluminense, Número de Estabelecimentos (percentagem) por


Grupos de Atividade Econômica, 1995

Fonte: IBGE – Censo Agropecuário, 1995

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 607


Gráfico 9 - Região Noroeste Fluminense, Número de Estabelecimentos (percentagem) por
Grupos de Atividade Econômica, 2006

Fonte: IBGE – Censo Agropecuário, 2006.

3.7 Lavoura Temporária

Entre 1995 e 2008, ocorreu uma expressiva redução da área plantada da lavoura
temporária, de aproximadamente 40%, a qual passou de 23.026 hectares para 14.118
hectares. Arroz e milho apresentaram as maiores reduções de área cultivada no
período.(Tabela seguinte).

O abacaxi, que não era plantado em 1995, aparece nas estatísticas de 2008, com uma área
plantada de 10 hectares e uma produção de 200 mil frutos, resultando numa produtividade
de 20 mil frutos por hectare. Neste mesmo ano, a produtividade da lavoura de abacaxi no
Brasil foi de aproximadamente 24 mil frutos por hectare. O município de Bom Jesus de
Itabapoana é responsável por toda a produção de abacaxi da Região.

O arroz, um dos destaques da produção agrícola municipal, apresentou queda expressiva


da área plantada (passou de 7.733 ha, em 1995, para 1.827 ha, em 2008) e da quantidade
produzida (23.906 toneladas em 1995 para 6.420 toneladas em 2008). Em 2008, a
produtividade do arroz em casca foi de 3,5 t/ha, enquanto a brasileira foi de 4,2 t/ha. De
acordo com informações locais, o arroz é cultivado na Região em pequenas áreas de
várzea, e apesar de ter uma produtividade razoável, perdeu competitividade devido à falta
de mecanização e a utilização de máquinas de beneficiamento ainda arcaicas. Cultivado em
todos os municípios da Região, em alguns deles, como Miracema, reativado, estão sendo
implantados programas de melhoria da mecanização e beneficiamento da produção.

608 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Tabela 13 – Região Noroeste Fluminense, Quantidade Produzida, Área Plantada, Produtividade
da Lavoura Temporária, 1995 - 2008

Variável X Ano
Área Plantada Quantidade
Lavoura Temporária Produtividade
(ha) Produzida
1995 2008 1995 2008 1995 2008
Abacaxi (mil frutos) - 10 - 200 - 20
Arroz (em casca) (toneladas) 7.733 1.827 23.906 6.420 3,1 3,5
Cana-de-açúcar (toneladas) 4.968 5.040 208.130 315.850 41,9 62,7
Feijão (em grão) (toneladas) 2.742 2.290 1.241 1.863 0,5 0,8
Mandioca (toneladas) 92 100 1.385 1.310 15,1 13,1
Milho (em grão) (toneladas) 6.367 3.594 3.502 8.725 0,6 2,4
Tomate (toneladas) 1.124 1.267 66.999 103.295 59,6 81,5
Fonte: IBGE – Produção Agrícola Municipal
A cana-de-açúcar, contrariando a tendência apresentada pela lavoura temporária como um
todo, apresentou aumento de 72 ha em sua área plantada e de 107.720 toneladas de sua
quantidade produzida, resultando num aumento de produtividade, que passou de 41,9t/ha
em 1995 para 62,7 t/ha em 2008. No entanto, este valor ainda caracteriza uma baixa
produtividade desta cultura na região, quando comparada com a brasileira, que foi de 78,59
t/ha em 2008. A topografia da Região é bastante acidentada para o cultivo da cana-de-
açúcar, dificultando o processo de irrigação. A cana-de-açúcar utilizada, principalmente,
para a alimentação animal, tendo uma importante participação na cadeia de produção do
leite. Além da alimentação animal, uma pequena parcela da produção canavieira é
destinada à incipiente agroindústria local, especialmente aos alambiques. Com exceção de
São José do Ubá, os demais municípios da Região cultivam a cana-de-açúcar.

A lavoura de feijão, apesar de uma redução de 452 ha da área plantada entre 1995 e 2008,
apresentou aumento de 622 toneladas da quantidade produzida, com consequente aumento
de produtividade, que passou de 0,5 t/ha para 0,8 t/ha. Próxima à produtividade brasileira,
que foi de 0,87 t/há, em 2008. Apenas Laje do Muriaé e São José do Ubá não cultivaram
feijão em 2008.

A mandioca, apesar do aumento de 8 ha da área plantada, foi a única lavoura que


apresentou redução da produtividade no período. A quantidade produzida passou de 1.385 t
para 1.310 toneladas e a produtividade de 15,1 t/ha para 13,1 t/ha, ficando próxima a
brasileira, que foi de 13,29 t/ha em 2008. É cultivada nos municípios de Italva, Itaocara,
Itaperuna e Miracema.

O milho, apesar de redução da área plantada (passou de 6.367 há, em 1995, para 3.594 há,
em 2008), apresentou aumento da produção de 5.223 t e um expressivo ganho de
produtividade no período, passando de 0,6 t/ha para 2,4 t/ha. No entanto, ainda aquém da
produtividade brasileira, que foi de 4 t/há, em 2008. É cultivado em todos os municípios,
classificando a Região Noroeste como principal produtora de milho do Estado. Destaca-se a
produção dos municípios de Itaperuna, Bom Jesus de Itabapoana, Varre-Sai e Italva.

E, por fim, a lavoura de tomate, também cultivada em toda a Região, destaca-se como um
dos principais produtos da produção agrícola local. No período aumentou a área plantada
em 143 ha e a produção em 36.286 t, com um ganho de produtividade de 21,9 t/ha. Em
2008, a produtividade regional foi de 81,5 t/ha, enquanto a brasileira foi de 63,38 t/ha. De

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 609


acordo com informações locais, a produção é feita, predominantemente, em sistema de
parceria com distribuidoras do Estado de São Paulo. Estas distribuidoras financiam e
compram toda a produção, que é comercializada em São Paulo, no Paraná e no Rio Grande
do Sul. Este sistema, não é considerado, localmente, como um bom negócio para os
produtores, que se encontram descapitalizados. De acordo com os “Perfis Municipais”
elaborados pelo Tribunal de Contas do Rio de Janeiro, São José de Ubá, Cambuci e Santo
Antônio de Pádua estão entre os maiores produtores de tomate do estado.

3.8 Lavoura Permanente

A lavoura permanente, ao contrário da temporária, apresentou expressivo aumento da área


plantada, devido, principalmente, à expansão da cafeicultura e à introdução da fruticultura
na Região. A área plantada da lavoura permanente mais que dobrou no período
compreendido entre 1995 e 2008, com uma expansão de 5.719 ha.(Tabela a seguir).

A lavoura de café, cultivada principalmente nos municípios localizados na parte mais alta da
Região, constitui-se numa das principais fontes de trabalho e renda para a população local.
Com expansão de aproximadamente de 113% da área plantada no período, a quantidade
produzida cresceu cerca de 95%, ocasionando um queda da produtividade. Em 2008, a
produtividade foi de 1,1 t/ha, enquanto a brasileira foi de 1,2 t/ha. De acordo com
informações locais, o café é o produto que mais contribui com a geração de riqueza (PIB)
nos municípios onde é produzido na Região Noroeste. No entanto, parte da produção é
escoada via Minas Gerais e Espírito Santo, não entrando no cômputo das estatísticas locais.
Destaca-se a produção do município de Varre-Sai e Porciúncula, seguidos por Bom Jesus
de Itabapoana, e em menor escala, Itaperuna, Natividade, Cambuci, Laje do Muriaé e
Miracema.

A fruticultura é um uma cultura mais recente na Região, incentivada pelo Projeto Frutificar,
de iniciativa do Governo do Estado, da FIRJAN e do SEBRAE-RJ. Além de financiamento
para investimento e custeio de lavouras com fruticultura irrigada, o Projeto também fornece
orientação especializada através de técnicos da EMATER-RJ, das Municipalidades
conveniadas e também de empresas de pesquisa e universidades (SEAPPA – RJ).

Os dados revelam o aumento da área plantada e o aparecimento do cultivo de novas frutas


na Região, como coco-da-baía, figo, manga e pêssego.

A lavoura da banana teve uma expansão de área de 67 ha e um aumento de produção de


1.263 t (passou de 27 t para 1.290t). Obtendo um ganho expressivo de produtividade, a qual
alcançou 12,9 t/ha em 2008, aproximando da brasileira, que foi de 13,38 t/ha. É produzida
em Cambuci, Itaocara, Itaperuna, Miracema, Porciúncula, Santo Antônio de Pádua e Varre-
Sai.

O coco-da-baía não foi produzido em 1995, já em 2008 ocupou uma área plantada de 112
ha, com uma produção de 2.195 mil frutos, o que equivale a uma produtividade de 19,6 mil
frutos/ha., muito acima da apresentada pelo Brasil, de 7,45 mil frutos/ha. Os municípios
produtores são Aperibé, Bom Jesus de Itabapoana, Italva, Itaocara, Itaperuna, Miracema,
Natividade e Santo Antônio de Pádua.

A lavoura de figo, também uma cultura nova na Região, encontra-se ainda pouco
expressiva, com uma área plantada de 2 ha e produção de 14 toneladas. A produtividade
da lavoura de 7 t/ha está próxima da brasileira de 7,88 t/ha. Seu cultivo ocorre no município
de Santo Antônio de Pádua.

610 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Tabela 14 – Região Noroeste Fluminense, Quantidade Produzida, Área Plantada, Produtividade
da Lavoura Permanente, 1995 - 2008

Variável X Ano
Área Plantada Quantidade
Lavoura Permanente Produtividade
(ha) Produzida
1995 2008 1995 2008 1995 2008
Banana (cacho) (toneladas) 33 100 27 1.290 0,8 12,9
Café (em grão) (toneladas) 4.759 10.162 5.869 11.514 1,2 1,1
Coco-da-baía (mil frutos) - 112 - 2.195 - 19,6
Figo (toneladas) - 2 - 14 - 7
Goiaba (toneladas) 1 20 150 273 150 13,7
Laranja (toneladas) 70 85 3.806 1.439 54,4 16,9
Limão (toneladas) 12 8 1.800 78 150 9,8
Manga (toneladas) - 80 - 1.600 - 20
Maracujá (toneladas) 38 38 606 846 15,9 22,3
Palmito (toneladas) - 4 - 8 - 2
Pêssego (toneladas) - 21 - 35 - 1,7
Fonte: IBGE – Produção Agrícola Municipal
A goiaba, em 1995, era produzida apenas no município de Porciúncula, o qual, de acordo
com os dados da PAM, produziu 150 t em apenas 1 ha. Já em 2008, a fruta passou a ser
também cultivada nos municípios de Italva, Itaocara, Miracema e Natividade. A área
plantada passou para 20 hectares e a produção foi de 273 toneladas, resultando numa
produtividade de 13,7 t/ha, enquanto a média de produção brasileira foi de 19,84 t/ha.

A laranja, cultivada nos municípios de Natividade e Santo Antônio de Pádua, apresentou no


período uma redução da produção de 2.367 t, apesar do aumento de 15 ha da área
plantada. A produtividade média passou de 54,4 t/ha para 16,9 t/ha. No Brasil, em 2008, a
produtividade média foi de 22,15 t/ha.Apesar dos dados não mostrarem produção de laranja
no município de São José do Ubá, informações locais ressaltam que este município está
desenvolvendo um projeto piloto para o cultivo da laranja de mesa.

Já o limão, que, em 1995, teve uma produtividade média de 150 t/ha, apresentou redução
de área plantada de 12 ha para 8 ha, e da quantidade produzida de 1800 t para 78 t,
resultando numa produtividade média de 9,8 t/ha. No Brasil, a média de produção em 2008
foi 21,67 t/ha. O limão é produzido em Aperibé, Itaocara e Laje do Muriaé.

A lavoura de manga, cultivada no município de Itaocara, produziu 1600 t em 80 ha


plantados, em 2008. A produtividade média de 20 t/ha foi superior à média brasileira de
14,61 t/ha.

A lavoura de maracujá manteve a mesma área plantada nos dois períodos, no entanto, com
acréscimo de produtividade. Em 2008, foram produzidas 846 t de maracujá, enquanto, em
1995, a quantidade produzida foi de 606 t. A produtividade média em 2008 foi de 22,3 t/ha,
superior a brasileira que foi de 13,94 t/ha. A cultura do maracujá está presente nos
municípios de Itaocara, Itaperuna, Laje do Muriaé, Miracema e Santo Antônio de Pádua.

A lavoura de pêssego, presente nos municípios localizados na parte mais alta da Região,
como Bom Jesus de Itabapoana, Porciúncula e Varre-Sai completa a prática da fruticultura
na Região Noroeste. Uma cultura mais recente ocupou uma área plantada de 21 ha, em
2008, com uma produção de 35 t, resultando numa produtividade de 1,7 t/ha. Neste mesmo
ano, a produtividade média do pêssego no Brasil foi de 11,21 t/ha. O cultivo do pêssego tem
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 611
como prioridade a comercialização do produto in natura, ou do chamado pêssego de mesa.
Porém, em Porciúncula está sendo desenvolvida uma pequena unidade de processamento
para fazer doces com o pêssego que não passa no controle de qualidade para a mesa.
Atualmente a comercialização do produto está sendo feita na própria região e também com
municípios do Norte Fluminense, especialmente Campos, com o objetivo de fornecer
também para a cidade do Rio de Janeiro.

E por fim, a lavoura de palmito, também uma cultura mais recente, mas ainda tímida.
Cultivado no Município de Miracema, a lavoura plantada ocupou uma área de 4 ha com uma
produção de 8 t. A produtividade média de 2 t/ha foi inferior à brasileira em 2008, a qual foi
de 4,94 t/ha.

Cabe destacar que o município de Cambuci possui um viveiro de mudas frutíferas


certificadas pela Delegacia Federal do Ministério da Agricultura. A implantação deste viveiro
na Região é de extrema importância para o fortalecimento da cadeia produtiva do setor,
deixando a disponibilidade de mudas de ser um fator limitante à expansão da fruticultura
irrigada.

A comercialização das frutas se divide entre dois mercados: o das frutas frescas e o
fornecimento para as agroindústrias, especialmente as localizadas na Região Norte
Fluminense. Atualmente as agroindústrias têm sido os principais compradoras, apesar de
limitarem o poder de negociação de preços pelos pequenos produtores. Como trabalham
com margens pequenas, estas agroindústrias pagam preços relativamente menores que o
mercado de frutas frescas.

3.9 Pecuária
A pecuária é a atividade mais disseminada entre os municípios da Região Noroeste
Fluminense. Em 2006, de acordo com os dados censitários, foi praticada em
aproximadamente 65% dos estabelecimentos agropecuários da Região e ocupou cerca de
80% da área destes.
A prática da pecuária bovina predomina entre as demais. São praticadas a pecuária leiteira
e de corte, ambas consideradas pouco produtivas. Prevalece a pecuária leiteira praticada
pelos pequenos produtores familiares. O leite produzido é vendido para laticínios e
cooperativas, que o industrializa para produzir, leite pasteurizado em caixa, requeijão, leite
condensado, doce de leite e leite em pó, os quais são distribuídos em escala nacional.

Os dados da Tabela seguinte trazem as informações relativas aos efetivos de rebanhos da


Região Noroeste, de acordo com a Pesquisa Pecuária Municipal – PPM realizada pelo
IBGE, para os anos de 1995 e 2008.

Os dados atestam a importância da bovinocultura para a economia local, expressa no


aumento do número de cabeças no período considerado, e na prevalência dessas sobre os
demais tipos de rebanho.

Além da bovinocultura, porém num patamar bastante inferior, destacam-se os rebanhos de


suínos e de equinos. O rebanho de suínos apresentou queda do número de cabeças no
período, passando de 35.100, em 1995, para 28.426, em 2008. Já o rebanho de equinos
apresentou aumento do número de cabeças, passando de 18.440 para 19.483. O município
de Santo Antônio de Pádua está entre os maiores criadores de suínos do Estado.

Os rebanhos de galos, frangas, frangos e pintos apresentou redução expressiva no período,


de 73.610 cabeças. O rebanho de galinhas seguiu a mesma tendência, com uma redução
de 11.270 cabeças.
612 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
Os outros rebanhos mostraram-se menos significativos. Com exceção dos asininos e
muares, os demais rebanhos – bubalinos, caprinos, ovinos, codornas, coelhos -
apresentaram aumento do número de cabeças no período. Cabe destacar que, apesar da
redução do rebanho, os municípios de Santo Antônio de Pádua e Cambuci estão entre os
maiores criadores de mulas do Estado, enquanto Itaperuna se destaca na criação de
caprinos.

Tabela 15 – Região Noroeste Fluminense - Efetivo de Rebanhos por Tipo de Rebanho, 1995 -
2008
Ano
Tipo de Rebanho
1995 2008
Bovino 413.656 506.928
Equino 18.440 19.483
Bubalino 290 773
Asinino 347 237
Muar 4.856 3.235
Suíno 35.100 28.426
Caprino 7.930 7.965
Ovino 2.000 4.130
Galos, frangas, frangos e pintos. 205.080 131.470
Galinhas 76.050 64.780
Codornas 490 2.914
Coelhos 310 550
Nota: Efetivos de rebanho em 31/12
Fonte: IBGE – Pesquisa Pecuária Municipal

3.9.1 Bovinocultura: A Cadeia Produtiva do Leite

Na região são praticadas a bovinocultura de corte e de leite, com predomínio desta última.
Como se pode ver na Tabela a seguir, o número de cabeças com a finalidade leiteira
equivale a quase 60% do total de cabeças do rebanho.

Tabela 16 – Região Noroeste Fluminense - Número de Cabeças de Bovinos nos


Estabelecimentos Agropecuários com Mais de 50 Cabeças em 31/12, 2006
Variável
Número de Cabeças de Número de Cabeças de
Bovinos nos Bovinos nos
Finalidade da Criação Estabelecimentos Estabelecimentos
Agropecuários com Agropecuários com
Mais de 50 Cabeças em Mais de 50 Cabeças em
31/12 (unidades) 31/12 (%)
Corte 141.184 40,4
Leite 207.632 59,41
Trabalho 672 0,19
Fonte: IBGE - Censo Agropecuário, 2006

Praticada em toda a Região, alguns municípios assumem posição de destaque no cenário


estadual pelo tamanho do rebanho. Estão entre eles, Itaperuna, Bom Jesus de Itabapoana,
Santo Antônio de Pádua e Cambuci. Este último, com tendência contrária à regional,
apresentou expressiva redução do seu rebanho entre 1995 e 2008, como pode se observar
na Tabela seguinte. Em Laje do Muriaé o número de cabeças também reduziu no período.
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 613
Tabela 17 - Região Noroeste Fluminense - Número de Cabeças do Rebanho Bovino por
Municípios, 1995 - 2008
Ano
Município
1995 2008
Aperibé 6.461 11.200
Bom Jesus do Itabapoana 48.904 66.625
Cambuci 74.000 49.900
Italva 18.900 28.300
Itaocara 33.500 42.200
Itaperuna 104.935 114.240
Laje do Muriaé 20.240 19.890
Miracema 21.800 31.700
Natividade 25.100 37.000
Porciúncula 17.435 19.050
Santo Antônio de Pádua 37.281 52.333
São José de Ubá - 26.690
Varre-Sai 5.100 7.800
Fonte: IBGE – Pesquisa Pecuária Municipal, 1995, 2008
A produtividade do rebanho bovino leiteiro, medida pelo do número de litros de leite por vaca
ordenhada, aumentou entre 1995 e 2008 na Região Noroeste, seguindo a tendência
apresentada pelo Brasil e pelo Estado do Rio de Janeiro. Como pode se observar, na
Tabela a seguir, em 1995 a produtividade do Noroeste Fluminense foi maior do que a média
brasileira, no entanto menor que a estadual. Já em 2008, tanto o Estado do Rio de Janeiro,
quanto o Noroeste apresentaram médias de produtividade inferiores à nacional.
Regionalmente, o município de Itaocara apresentou o melhor desempenho nos anos
considerados. Natividade e Itaperuna também se mantiveram entre os mais produtivos.
Destacam-se os municípios de Varre-Sai, que com o ganho de produtividade no período,
passou a ser em 2008 o segundo município mais produtivo da Região; e Miracema, que em
1995 apresentou a quinta maior produtividade da Região, devido a uma queda expressiva
no período, passou a ser o município com menor produtividade em 2008.
Tabela 18 - Brasil, Estado do Rio de Janeiro, Noroeste Fluminense e Municípios do Noroeste
Fluminense, Produtividade do Rebanho Bovino Leiteiro, 1995 - 2008
Produtividade
Localidades (Litros de Leite por Vaca Ordenhada)
1995 2008
Brasil 801 1.277
Rio de Janeiro 1.096 1.130
Noroeste Fluminense – RJ 942 1.066
Aperibé 923 745
Bom Jesus do Itabapoana 840 1.105
Cambuci 933 1.147
Italva 720 793
Itaocara 1.489 1.353
Itaperuna 1.032 1.250
Laje do Muriaé 1.032 1.062
Miracema 1.016 665
Natividade 1.080 1.277
Porciúncula 647 1.116
Santo Antônio de Pádua 716 1.080
São José de Ubá - 792
Varre-Sai 960 1.295
Fonte: Elaboração Própria a partir de dados da Pesquisa Pecuária Municipal de 1995 e 2008

614 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


A bovinocultura leiteira, assim como a grande maioria das culturas praticadas na Região, é
uma atividade bastante tradicional, o que dificulta, em certa medida, a sua modernização.
Visto que o tradicionalismo se reflete na forma de produzir e revela certa resistência na
utilização de técnicas mais modernas. Além deste tradicionalismo, em geral, a baixa
capitalização dos produtores constitui a maior barreira à adoção das inovações necessárias
ao aumento da qualidade e da escala de produção. O reflexo maior deste padrão de
produção é a baixa produtividade do rebanho e a perda de competitividade do pequeno
produtor rural.

A maior parte do leite produzido na Região é vendida para as cooperativas e para grandes
empresas de laticínios, e apenas uma pequena parcela da produção se destinada à
agroindústria local. As cooperativas têm um papel destacado na comercialização do leite,
muitas vezes funcionando como intermediárias entre o pequeno produtor e as grandes
empresas de laticínios. Neste sentido, podem ser consideradas como importantes atores na
condução do processo de fortalecimento e de melhoria do desempenho do setor na região.
Especialmente, se além da comercialização, passarem a internalizar os vários elos da
cadeia produtiva do leite, agregando valor à produção e assim tornando a atividade e os
produtores menos vulneráveis às constantes oscilações de preço e às novas tendências
observadas no mercado.

Deve-se destacar que a pecuária bovina leiteira vem enfrentando vários problemas em
âmbito nacional, os quais devem ser solucionados através de uma ação conjunta entre
políticas nacionais e iniciativas locais de adequação e desenvolvimento do setor. Dentre
estes problemas destacam-se: qualidade deficiente do leite brasileiro; necessidade de
melhoria genética dos rebanhos; falhas de coordenação nas relações comerciais,
caracterizadas por fortes oscilações nos preços e nos ágios/deságios praticados (com o
tabelamento de preços que perdurou por quarenta anos, a abertura econômica do inicio da
década de 90 sem prévia preparação, tanto do setor leiteiro, quanto de qualquer outro, a
concorrência desleal de importados através do dumping e subsídios dos países
exportadores e a falta de crédito a taxas condizentes com a lucratividade da atividade das
últimas décadas); as externalidades negativas ao longo da cadeia produtiva que ameaçam a
sustentabilidade da atividade, ineficiência da assistência técnica rural; sistemas de difusão
de tecnologia deficiente, carga tributária alta, ausência de pesquisas voltadas para o setor,
deficiência na capacitação de técnicos e produtores, baixo poder de articulação e
representatividade das associações locais, levando a uma ineficiente atuação sistêmica e
coordenada na resolução de problemas de interesse público; e demais problemas de
natureza técnica, econômica e institucional. (LEMOS, M.B., 2002)

Diante de tais problemas, regionalmente, as cooperativas, de um lado, e as grandes


indústrias de laticínios, de outro, são os agentes primordiais da transformação do setor.
Assumir este papel significa que a busca de soluções coletivas devem se sobrepor às de
cunho individual. Mas para que isto ocorra é necessário que sejam criados mecanismos de
coordenação, regulação e de financiamento capazes de permitir a socialização dos riscos e
custos envolvidos na transformação e que incluam explicitamente um compromisso das
grandes empresas de laticínio que captam leite na região.

3.10 Apicultura

Em relação à apicultura não foram encontrados dados sobre o número de produtores e de


colméias existentes na região. No entanto, sabe-se que esta é uma importante atividade que
vem sendo desenvolvida e apoiada por instituições governamentais (municipais, estaduais e
federais) e também pelo Sebrae-RJ. Existe na Região uma cooperativa de apicultores, com
sede em Porciúncula, onde foi construído um entreposto apícola com capacidade de

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 615


produção de 126 toneladas de mel e 400 kg de própolis por mês, com o objetivo de
processar todo o mel produzido na área de abrangência da cooperativa. No entanto, desde
que foi construído, em 2000, este entreposto vem atuando com capacidade ociosa.

A Cooperativa, fundada em 1985 como Associação dos Apicultores do Vale do Carangola,


passou por várias mudanças, e desde 2006, passou a ser a Cooperativa Regional da
Agricultura Familiar – COOPERAFA, atuando em outros setores do agronegócio,
representados por comitês. A apicultura passou a ser tratada então, pelo Comitê Apícola do
Vale do Carangola, COAPIVAC.

Em relação à produção de mel, dados da Pesquisa Pecuária Municipal – PPM revelam uma
expressiva queda da produção de mel entre os anos de 1995 e 2008, a qual passou de
33.020 kg para 16.229 kg, produção esta, muito aquém da capacidade de processamento
da Cooperativa.

A ausência de estudos e estatísticas disponíveis sobre o setor dificulta a análise sobre o


desempenho deste, assim como a proposição de medidas que possibilitem a melhor
utilização da estrutura de processamento do mel existente na região.

3.11 Silvicultura

A silvicultura é ainda pouco praticada no Noroeste Fluminense, embora considerada como


uma potencialidade local. Além de ser uma prática, que vem se revelando necessária para a
sustentabilidade ambiental do município, visto que a área ocupada por florestas é
praticamente inexistente na região.

De acordo com estudo sobre a silvicultura no Estado do Rio de Janeiro, publicado pela
FIRJAN em dezembro de 2009, foi realizada uma pesquisa pelo Departamento de
Silvicultura do Instituto de Florestas da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
(UFRRJ) intitulado “Estimativa da Área Ocupada por Reflorestamentos no Estado do Rio de
Janeiro”, onde foram identificados 63 polígonos, com área total de 525 ha na Região
Noroeste Fluminense, decorrentes, em sua grande maioria, de contratos de fomento com a
empresa Aracruz Celulose (atual Fibria).

O que pode ser confirmado pelos dados da produção da extração vegetal e da silvicultura
publicados pelo IBGE. Os dados revelam que, em 2008, foram produzidos 1.440 m3 de
madeira em tora para papel e celulose. A produção de lenha mostrou-se significativa dentro
dos padrões da Região, com uma produção, em 2008, de 1.345 m3. A produção de carvão
também é praticada na Região, tendo sido produzidas 46 t., em 2008.(Tabela seguinte).

Tabela 19 - Quantidade Produzida na Silvicultura por Tipo de Produto da Silvicultura, 2008

Tipo de Produto da Silvicultura Quantidade Produzida


Carvão vegetal (toneladas) 46
Lenha (metros cúbicos) 1.345
Madeira em tora para papel e celulose (metros cúbicos) 1.440
Fonte: IBGE – Produção da extração vegetal e da silvicultura, 2008.

O estudo acima citado considera que estes plantios, ainda em pequena escala, têm
potencial de expansão pela grande disponibilidade de terras e interesse demonstrado pelos
produtores. E que a concretização desse potencial depende fundamentalmente da presença
de empresas âncora que realizem contratos de fomento florestal, contribuindo com
tecnologia, assistência técnica e outros recursos. (FIRJAN, 2009).
616 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
3.12 Financiamento da Produção, Assistência Técnica e Tecnologia

A prática da atividade agropecuária no Noroeste Fluminense é caracterizada pela utilização


de técnicas tradicionais, pouco produtivas e pouco avançadas tecnologicamente.

Apesar da vocação agrícola, a Região demonstra estagnação em relação à adoção de


técnicas de produção e cultivo mais adequada às exigências do mercado, o que torna a
produção local pouco ou menos competitiva.

Como exemplo, os dados censitários de 2006 mostram que apenas 543 do total de 10.268
estabelecimentos agropecuários possuíam trator.

As principais justificativas para este “atraso” tecnológico são a falta de linhas de


financiamento adequadas para os pequenos produtores e a falta de assistência técnica.

Em relação aos financiamentos, apenas 1.012 estabelecimentos os receberam em 2006,


dos quais 795 foram provenientes de programas de crédito, predominantemente do
PRONAF.(Tabela a seguir).

Tabela 20 – Região Noroeste Fluminense - Número de Estabelecimentos Agropecuários que


Receberam Financiamentos por Recursos Provenientes de Programas Governamentais de
Crédito, 2006
Número de
Recursos Provenientes de Programas Governamentais de Crédito
Estabelecimentos
Não são provenientes de programas de crédito 117
São provenientes de programas de crédito 895
São provenientes de programas de crédito - PRONAF 790
São provenientes de programas de crédito - outro programa (federal,
100
estadual ou municipal).
São provenientes de programas de crédito - PRONAF e outro programa
5
(federal, estadual ou municipal).
Fonte: IBGE – Censo Agropecuário, 2006.

Os 9.256 estabelecimentos restantes não receberam financiamento. A Tabela seguinte


mostra os motivos do não recebimento de financiamentos pelos estabelecimentos. A grande
maioria (6.185) declarou não ter precisado de financiamento. Dentre os que supostamente
precisariam, destacam-se os que declararam ter medo de contrair dívidas (1.677) e os que
consideram o processo burocrático (804).

Tabela 21 – Região Noroeste Fluminense - Número de Estabelecimentos Agropecuários que


Receberam Financiamentos por Motivo da Não Obtenção do Financiamento, 2006
Motivo da Não Obtenção do Financiamento Número de Estabelecimentos
Falta de garantia pessoal 45
Não sabe como conseguir 77
Burocracia 804
Falta de pagamento do empréstimo anterior 42
Medo de contrair dívidas 1.677
Outro motivo 426
Não precisou 6.185
Fonte: IBGE – Censo Agropecuário, 2006

Em relação à assistência técnica, 65% dos estabelecimentos declararam não receber


nenhum tipo de assistência, aproximadamente 25% a recebem ocasionalmente e apenas
9,5% a recebem regularmente. (Tabela seguinte).

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 617


Tabela 22 - Região Noroeste Fluminense - Número de Estabelecimentos Agropecuários por
Recebimento de Orientação Técnica, 2006

Número de Estabelecimentos
Orientação Técnica
Estabelecimentos (Percentual)

Total 10.268 100


Ocasionalmente 2.623 25,5
Regularmente 972 9,5
Não recebeu 6.673 65,0
Fonte: IBGE – Censo Agropecuário, 2006.

Já em relação à origem da assistência técnica predominam as prestadas pelo Governo,


seguidas das próprias e das provenientes das cooperativas. (Tabela a seguir).

Tabela 23 - Mesorregião Noroeste Fluminense - Número de Estabelecimentos Agropecuários


por Origem da Orientação Técnica Recebida, 2006
Variável

Origem da Orientação Técnica Pessoas que Dirigem os


Número de
Recebida Estabelecimentos
Estabelecimentos
Agropecuários
Agropecuários
(Percentual)
Total 10.268 100
Recebe 3.595 35,01
Governo (federal, estadual ou municipal). 2.115 20,6
Própria ou do próprio produtor 1.014 9,88
Cooperativas 615 5,99
Empresas integradoras 27 0,26
Empresas privadas de planejamento 72 0,7
Organização não-governamental (ONG) 2 0,02
Outra 83 0,81
Não recebe 6.673 64,99
Fonte: IBGE- Censo Agropecuário, 2006

3.13 Agronegócio

O agronegócio é pouco desenvolvido e disseminado na região. De acordo com os


levantamentos censitários de 2006, 78 informantes declararam estar envolvidos com a
agroindústria rural. Destes, 54 produzem queijo e requeijão utilizando predominantemente a
matéria-prima própria, o que representa uma alternativa de agregação de valor ao leite.

Os demais estabelecimentos agroindustriais, também utilizam predominantemente matéria-


prima própria, se dividem entre produtores de doces e geléias (6), de aguardente de cana
(5), de rapaduras (4), de arroz em grão (3), de café torrado (3) e de fubá moído, embutidos,
couros e peles (1).(Tabela a seguir).

618 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Tabela 24 – Região Noroeste Fluminense - Número de Informantes e Quantidade Produzida na
Agroindústria Rural por Produtos da Agroindústria Rural, 2006
Variável
Quantidade
Quantidade
Número de Produzida
Produtos da Agroindústria Rural Produzida
Informantes com Matéria-
com Matéria-
(Unidades) Prima
prima Própria
Adquirida
Aguardente de cana (mil litros) 5 151 30
Arroz em grão (toneladas) 3 5 2
Café torrado em grão (toneladas) 1 x -
Café torrado e moído (toneladas) 2 x x
Doces e geléias (toneladas) 6 52 0
Fubá de milho (toneladas) 1 - x
Queijo e requeijão (toneladas) 54 81 15
Rapadura (toneladas) 4 3 1
Embutidos (linguiças, salsichas, etc.) (toneladas). 1 x x
Couros e peles (toneladas) 1 - x
Fonte: IBGE – Censo Agropecuário 2006

3.14 Conclusão

De uma maneira geral, a atividade agropecuária e a agroindústria na Região Noroeste são


atividades produtivas caracterizadas pelo predomínio de pequenos estabelecimentos, onde
se desenvolvem atividades ainda bastante artesanais, em sua maioria de caráter informal e
que utilizam a mão-de-obra familiar.
Obtêm baixos rendimentos, são ainda pouco profissionalizadas e bastante instáveis. São
pouco competitivas no mercado e os principais problemas enfrentados relacionam-se a:
tamanho; baixa capacidade gerencial; assistência técnica insuficiente, dificuldades de
acesso ao crédito; comercialização e localização – especialmente as agroindústrias rurais. O
problema da localização reflete-se, essencialmente, na restrição ao tipo e quantidade de
produto comercializado e ao difícil acesso a informação, financiamento e apoio institucional.

Por outro lado, deve-se considerar a existência de importantes potencialidades para o


desenvolvimento de tais atividades na região. A forte base agrícola, o grande mercado
potencial relacionado à proximidade com centros urbanos de elevada renda per capita,
crescente importância do turismo, rede de transporte relativamente desenvolvida, crescente
interesse e presença de instituições governamentais e não-governamentais, entre outros.
Deve-se destacar a implantação de vários projetos do Governo do Estado, como o Rio
Rural, Rio Genética e o Frutificar.

3.15 Análise Macro Ambiental Setor Agropecuário

A análise macroambiental é um diagnóstico do sistema que se deseja planejar e está entre


os primeiros passos do planejamento. Subdivide-se em análise externa e análise interna.

A análise externa relaciona-se aos fatores externos ao sistema e que o influenciam


(oportunidades e ameaças). São fatores econômicos, políticos, culturais, sociais e
tecnológicos. Já a análise interna diz respeito aos fatores internos a um sistema e que são
seus recursos (fraquezas e fortalezas). São fatores físicos, humanos, tecnológicos e
financeiros.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 619


Na análise macroambiental do setor agropecuário da Região Noroeste do Estado do Rio de
Janeiro, foram levantadas as oportunidades, ameaças, fortalezas e fraquezas da Região,
conforme a seguir:

Oportunidades
• Crescente presença de instituições governamentais e não governamentais com
programas de incentivo ao desenvolvimento do setor agropecuário, como o Projeto
Frutificar, Rio Genética e Rio Rural – Micro bacias Hidrográficas;
• Proximidade com centros urbanos de elevada renda per capita;
• Crescente importância do turismo
Ameaças
• Falhas de coordenação nas relações comerciais;
• Alta carga tributária;
• Ausência de pesquisas;
Fortalezas
• Prática da atividade agropecuária bastante disseminada em pequenos estabelecimentos;
• Predomínio da agricultura familiar;
• Diversidade de culturas;
• Condições edafo-climáticas favoráveis à prática da atividade agropecuária,
especialmente fruticultura, cafeicultura nos municípios mais altos da região, rizicultura e
bovinocultura;
• Fruticultura irrigada;
• Água abundante;
• Existência de infraestrutura compatível com a logística eficiente para entrega de insumos
e envio de produtos, tanto para o mercado interno, como para o mercado externo;
• Viveiro de mudas frutíferas em Cambuci;
• Existência de Cooperativas de produtores de leite, da agricultura familiar, de apicultura,
entre outras;
• Existência de um entreposto de processamento da produção de mel e própolis em
Porciúncula com capacidade para atender a toda a região;
• Forte base agrícola;
• Escola Agrícola em Cambuci;
• Disponibilidade de terras e interesse dos produtores pela prática da silvicultura.
Fraquezas
• Tendência de redução do número de estabelecimentos agropecuários e do número de
pessoas ocupadas na atividade agropecuária;
• Baixa escolaridade dos produtores rurais;
• Baixa produtividade, em geral, da atividade agropecuária praticada na região;
• Baixa capitalização dos produtores;
• Resistência à adoção de novas técnicas de produção;
• Necessidade de melhoramento genético dos rebanhos;
• Baixo poder de articulação e representatividade das associações locais;
• Falta de dados estatísticos e estudos sobre o desempenho da apicultura local;
• Área ocupada por florestas é praticamente inexistente na região;
• Baixa capacidade gerencial;
• Pequena escala de produção;
• Assistência técnica insuficiente;
• Dificuldade de acesso ao crédito;
620 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
• Processo de comercialização deficiente;
• Deficiência na capacitação de técnicos e produtores;
• Sistema de difusão da tecnologia deficiente.
• Dependência dos pequenos produtores em relação aos grandes laticínios e às
agroindústrias processadoras de frutas.

4. O MERCADO DE CRÉDITO DE CARBONO

Considerando que a mudança global do clima representa um dos grandes desafios da


atualidade, medidas para a mitigação dos impactos das mudanças climáticas têm sido
adotadas pela comunidade internacional e pelo Governo brasileiro. Diante desta realidade a
geração de Créditos de Carbono no cenário nacional, apresenta-se como alternativa eficaz
de combate ao avanço do aquecimento global e ao mesmo tempo representa uma
oportunidade para a geração de negócios e riquezas.

Assim, o presente estudo tem como objetivo demonstrar a potencialidade do Estado do Rio
de Janeiro, e mais especificamente das Regiões Norte e Noroeste Fluminense, no que
tange à geração de Créditos de Carbono, como instrumento do Mecanismo de
Desenvolvimento Limpo – MDL, instituído pelo Protocolo de Quioto.

4.1 O Aquecimento Global

Desde a primeira Revolução Industrial (séc. XVIII)4, o meio ambiente vem sendo gravemente
devastado para atender às demandas de oferta e procura do mercado capitalista. Dentre as
principais causas do aquecimento global podemos destacar a queima de combustíveis
fósseis - carvão mineral, petróleo e gás natural, para a utilização em transportes e como
fonte de energia -, desmatamento, queimadas das florestas nativas, agricultura e a criação
de gado.

O desenvolvimento desenfreado - não-sustentável - e os elevados níveis históricos de


emissão de gases do efeito estufa pelos países desenvolvidos acabaram por culminar no
aquecimento global nas proporções atuais.

O aquecimento global decorre da alta concentração de gases causadores do efeito estufa


(GEE) acumulados na atmosfera. Como parte de um processo natural de absorção e
liberação de energia, o sol emite Raios Ultravioletas que são absorvidos pela atmosfera
terrestre e liberados na forma de Raios Infravermelhos. No entanto, os GEEs acumulados
na atmosfera aprisionam parte dos Raios Infravermelhos, retendo-os na atmosfera terrestre
causando o aquecimento do planeta. Vide figuras a seguir.

Em outro aspecto, a camada de ozônio presente na estratosfera, de salutar importância,


destina-se a conter parte dos Raios Ultravioletas emitidos pelo sol. Quanto menor é a
referida camada de ozônio, maior é a quantidade de Raios Ultravioletas que se prestará a
atingir o planeta Terra, intensificando, via de consequência, a emissão de Raios
Infravermelhos, e em razão do acúmulo de GEEs na atmosfera, gerando maior aquecimento
global.

4
O processo de degradação ambiental teve início com a primeira Revolução Industrial (Inglaterra - séc. XVIII),
em que a produção em larga escala, a queima de carvão mineral (principal fonte de energia para movimentar
máquinas e locomotivas a vapor), a explosão demográfica, as demandas de consumo e a competição por
mercados, começaram a gerar poluição no meio ambiente. Neste momento as cidades industrializadas européias
passaram a emitir toneladas de gases poluentes na atmosfera terrestre.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 621


Os principais gases do efeito estufa são regulados pelo Protocolo de Quioto, quais sejam:
CO2 – Dióxido de Carbono; N2O - Óxido nitroso; CH4 – Metano; HFCs –
Hidrofluorcarbonetos; PFCs – Perfluorcarbonetos e SF6 – Hexafluoreto de enxofre. Os CFCs
– Clorofluorcarbonetos são regulados pelo Protocolo de Montreal e tornaram-se conhecidos
pelo seu grande poder de destruição da camada de ozônio.

O aquecimento global, se não contido a tempo, causará sérias conseqüências atuais e


futuras ao planeta, dentre as quais se destacam: a desertificação de algumas áreas; o
derretimento das geleiras; aumento da temperatura e do nível dos mares; intensificação das
tempestades tropicais e da ocorrência de furacões; decréscimo na capacidade de produção
de alimentos e impactos negativos na biodiversidade.

Neste cenário de mudanças climáticas, a temática ambiental ganhou destaque frente à


comunidade internacional. Então foram concebidos inúmeros Tratados e Convenções com
objetivo de conter o aquecimento global e fomentar o desenvolvimento sustentável, evitando
assim, maiores prejuízos no futuro.

Figura 1 – Processo Normal de Absorção dos Raios UV e Liberação na Forma de Raios


Inravermelhos

Legenda:
Raios Ultravioletas
Raios Infravermelhos

A figura representa o processo normal de absorção dos Raios


UV e liberação na forma de Raios Infravermelhos pela
atmosfera terrestre.
Fonte: Elaboração de Rogério Coutinho.

Figura 2 – Modificação na Onda de Energia

Legenda:
Raios Ultravioletas
Raios Infravermelhos

A Figura representa a modificação na onda de energia quando os


Raios Infravermelhos são aprisionados na atmosfera terrestre
pelos gases do efeito estufa GEEs), causando o aquecimento
global.
Fonte: Elaboração de Rogério Coutinho.

622 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


4.2 Tratados Internacionais sobre Meio Ambiente e Mudanças Climáticas

Diante da problemática das mudanças climáticas e da necessidade de conciliar progresso e


preservação ambiental, as Convenções sobre o clima começaram a ganhar relevo no
debate internacional, culminando na celebração de vários Tratados Internacionais.

Dentre as principais Convenções Internacionais podemos destacar: a Conferência das


Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano (Estolcomo, 1972); Conferência das
Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento – conhecida como ECO 92 ou Rio
92 (Rio de Janeiro, 1992); Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do
Clima (adotada em Nova Iorque/EUA na sede das Nações Unidas e assinada pela maioria
das nações durante a ECO 92) e as Conferências das Partes – COPs.

A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, realizada no ano de
1972, em Estolcomo/Suécia, foi a primeira Conferência das Nações Unidas sobre o Meio
Ambiente. Por isso, representa o marco inicial das discussões em nível mundial sobre a
temática ambiental. A Conferência chamou a atenção das nações para o fato de que as
ações humanas estavam causando séria devastação ambiental, gerando riscos para a
própria sobrevivência da humanidade, mas não chegou a abordar diretamente a questão
climática.

A ECO 92 ou Cúpula da Terra foi uma grande Conferência realizada no Rio de


Janeiro/Brasil, em 1992, com a participação de delegações nacionais de 175 países. Seu
objetivo era introduzir a idéia do desenvolvimento sustentável, como modelo de crescimento
econômico pautado no equilíbrio ecológico, e articular a comunidade global em torno do
problema do aquecimento global. Durante a Conferência foram consagrados 27 princípios
de política de prevenção ambiental. A Declaração do Rio - Agenda 21 -, a Declaração do
princípio do manejo florestal sustentável e a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre
Mudanças do Clima são alguns dos Tratados celebrados durante a ECO 92, dentre os quais
grande parte das nações participantes tornaram-se signatárias.

A Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima, celebrada em 1992,


durante o encontro da Cúpula da Terra, tinha como principal objetivo a estabilização da
concentração de Gases do Efeito Estufa. Tal Convenção do Clima entrou em vigor, no ano
de 1994, e já, em 1995, as partes da Convenção passaram a reunir-se em encontros
denominados Conferência das Partes - COP. Desde então a Convenção-Quadro das
Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas avança em suas discussões por meio de
reuniões anuais, as denominadas COPs - Conferências das Partes.

Dentre todas as Conferências das Partes já realizadas, destaca-se a COP-3 que aconteceu,
em 1997, na cidade de Quioto/Japão. A Conferência tornou-se importante por ser palco da
celebração do Protocolo de Quioto, que representa o primeiro instrumento a estabelecer
metas de redução de emissão dos gases do efeito estufa aos países desenvolvidos,
incluídos no Anexo I do Protocolo, e também a propor um modelo de desenvolvimento limpo
para os países emergentes.

4.2.1 O Protocolo de Quioto

O Protocolo de Quioto - anexo à 3ª Conferência das Partes - foi adotado, em 1997, durante
a COP-3, como medida jurídica de combate ao aquecimento global. Começou a vigorar
internacionalmente, em 16 de fevereiro de 2005, com a adesão da Rússia ao Tratado, sendo
ratificado por 179 países até o momento, que juntos são responsáveis por 55% das
emissões globais.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 623


O documento estabelece que os países do Anexo I (países desenvolvidos), que celebraram
e ratificaram o Protocolo, devem reduzir suas emissões de Gases do Efeito Estufa (GEEs)
em 5,2%, em média, utilizando como base os níveis de emissões observados em 1990.
Essa meta deverá ser observada e cumprida entre os anos de 2008 e 2012, que
corresponde ao Primeiro Período de Comprometimento do Protocolo. Anote-se que se os
países signatários do tratado não cumprirem suas metas de redução de emissões, sujeitar-
se-ão a penalidades.5

Atendendo aos protestos dos países desenvolvidos que vaticinaram ser inviável a redução
de parte das emissões dos gases do efeito estufa, o Protocolo de Quito prevê que as Partes
podem adotar programas nacionais de redução de emissões. Ofereceu-se, ainda, três
mecanismos de flexibilização para auxiliar os países desenvolvidos a cumprirem suas metas
de redução de emissões assumidas na Convenção, quais sejam:

• Implementação Conjunta (JI – Joint Implementation): consiste em uma atividade de


projeto de redução de emissões de gases do efeito estufa implementada por duas Partes
que se encontrem no Anexo I (países desenvolvidos). Nos termos do artigo 6º do
Protocolo de Quioto, as Partes podem transferir ou adquirir umas das outras unidades de
redução de emissões resultantes de projetos por elas implementados, haja vista que se
trata de uma iniciativa conjunta entre dois países industrializados objetivando o
cumprimento de suas metas. É um mecanismo válido somente entre os 39 países
constantes no Anexo I, portanto, não válido no e para o Brasil.

• Comércio de Emissões (Emissions Trading): instituído pelo artigo 17 do Protocolo de


Quioto, o Comércio de Emissões permite que as Partes que tenham compromissos de
limitação de emissões, negociem entre si parte de suas metas. Através deste
mecanismo, uma Parte que não conseguiu cumprir a sua meta estabelecida no Tratado,
poderia adquirir uma cota de emissões de outra Parte que tenha atingido e superado esta
meta. A exemplo do mecanismo de Implementação Conjunta, o Comércio de Emissões
também não está disponível para utilização nos países que não estão dispostos no
Anexo I.

• Mecanismo de Desenvolvimento Limpo – MDL (Clean Development Mechanism –


CDM): criado pelo artigo 12 do documento em voga, é o único mecanismo pelo qual os
países emergentes, não incluídos no Anexo I, podem implementar atividades e projetos
de redução de emissões de gases do efeito estufa, que tenham por finalidade a geração
de Créditos de Carbono. Dado a relevância do MDL para o Mercado de Créditos de
Carbono nacional, o mecanismo será discutido com mais abrangência nos tópicos
seguintes.

4.2.2 O Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL)

O MDL é a alternativa que mais interessa ao Brasil, pois permite que os países não
desenvolvidos participem de projetos de redução de emissões, possibilitando, inclusive, que
os países desenvolvidos invistam nesses projetos. De acordo com artigo 12 do Protocolo de
Quioto, o MDL tem como principal objetivo auxiliar os países não incluídos no Anexo I
5
O Protocolo de Quioto nos países em que foi ratificado possui força normativa. Assim, os países
industrializados, constantes do Anexo I (que ratificaram o acordo) que não cumprirem suas metas de redução
estarão sujeitos a penalidades, como por exemplo, serem excluídos de acordos comerciais ou terem sua meta
de redução multiplicada por 1,3 para o próximo Período de Comprometimento, que deve ter início em 2013, além
de prestar contas regularmente às Partes da Conferência informando as medidas tomadas para minimizar o
aquecimento global.

624 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


(países não desenvolvidos), a conquistar o desenvolvimento sustentável, contribuindo para
o objetivo final da Convenção, e ainda auxiliar as nações constantes no Anexo I a
cumprirem seus compromissos quantificados de limitação e redução de GEEs.

O mecanismo em tela representa, pois, uma oportunidade para as empresas brasileiras no


desenvolvimento de programas de redução de emissões de GEEs, ou até mesmo de
seqüestro de gases do efeito estufa através do florestamentos e reflorestamento,
manutenção de florestas nativas, criação de aterros sanitários, dentre outros.

Funcionando como mecanismo de cooperação entre países desenvolvidos (Anexo I) e os


países não constantes no Anexo I, o MDL permite que os países do Anexo I adquiram
Certificados de Emissões Reduzidas (CERs) resultantes das atividades dos projetos
implantados nos países emergentes. Emitidos por organizações credenciadas, os CERs
corresponderão às reduções que decorram da implementação de um projeto, sem o qual as
emissões seriam mais elevadas. Ou seja, a redução de emissões advindas de um projeto
será vendida sob a forma de CERs.

Os gases do efeito estufa - GEEs são quantificados ou valorados para fins de aquisição dos
CERs ou créditos de carbono, de modo que cada tonelada de um GEE corresponda a uma
quantia diferente na aquisição dos referidos créditos. Esta é uma medida internacional
criada com o objetivo de medir o potencial de aquecimento global, que cada um dos seis
gases causadores do efeito estufa possui. O Dióxido de Carbono - CO2 é o gás utilizado
como base de cálculo, uma vez que as quantificações são realizadas considerando a
tonelada deste gás. Por exemplo: o seqüestro de uma tonelada de dióxido de carbono - CO2
equivale a um crédito de carbono, conforme Tabela seguinte.

Tabela 25 – Compensação e Equivalência de CO2 x Créditos de Carbono

Gases do Efeito Estufa Créditos de Carbono ou CERs Equivalentes


1 Tonelada do CO2 – Dióxido de Carbono 1
1 Tonelada do CH4 – Metano 21
1 Tonelada do N2O - Óxido nitroso 310
1 Tonelada do HFCs – Hidrofluorcarbonetos 140 a 11.700
1 Tonelada do PFCs – Perfluorcarbonetos 6.500 a 9.200
1 Tonelada do SF6 – Hexafluoreto de enxofre 23.900
Fonte: Como Comercializar Créditos de Carbono, Antônio Carlos Porto Araújo, 2006.
Dessa forma, com a criação de um aterro sanitário, v.g., podem-se adquirir créditos de
carbono advindos do seqüestro do gás metano na atmosfera, sendo que um tonelada de
gás metano seqüestrado equivale a 21 CERs ou Créditos de Carbono.

Existem diversos espécies de projetos de MDL capazes de gerar créditos de carbono (vide
Tabela a seguir). Dentre os vários segmentos do mercado de carbono, os que mais se
destacam são:

• Utilização de Energias limpas: biomassa, eólica, PCHs, solar, e energia geradas


por hidrelétricas, etc.;
• Substituição de combustíveis fósseis por renováveis (óleo, petróleo x gás,
biomassa, biocombustiveis, etc.);
• Eficiência energética: redução de consumo de energia elétrica ou térmica;

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 625


• Melhorias em tecnologias de processos industriais: siderurgia, alumínio, cimento,
petroquímica, fertilizantes, etc.
• Projetos de seqüestro de biogás, resíduos e efluentes: criação de aterros
sanitários, seqüestros de gases de autofornos, biodigestores, produção e
aproveitamento de biogás na agricultura, suinocultura, pecuária, frigoríficos,
agra-indústria em geral, etc.
• Projetos florestais (reflorestamento ou florestamento).
Tabela 26 – Distribuição das Atividades de Projeto no Brasil por Tipo de Projeto
Redução
Redução
de
de
Emissão
Redução Emissão
Número Número Redução no 1º
Projetos em Anual de no
de de Anual de Período
Validação/Aprovação Emissão 1º Período
Projetos Projetos Emissão de
(Toneladas) de
Obtenção
Obtenção
de
de Crédito
Crédito
Energia Renovável 215 18.164.438 133.159.388 49,1% 38,1% 35,4%
Suinocultura 74 4.140.069 38.617.535 16,9% 8,7% 10,3%
Troca de
44 3.271.516 27.382.490 10% 6,9% 7,3%
Combustíveis fósseis
Aterro Sanitário 36 11.327.606 84.210.095 8,2% 23,8% 22,4%
Eficiência Energética 28 2.027.173 19.853.258 6,4% 4,3% 5,3%
Resíduos 17 646.833 5.002.110 3,9% 1,4% 1,3%
Processos industriais 14 1.002.940 7.449.083 3,2% 2,1% 2%
Redução de N2O 5 6.373.896 44.617.272 1,1% 13,4% 11,9%
Reflorestamento 2 434.438 13.033.140 0,5% 0,9% 3,5%
Emissões Fugitivas 3 269.181 2.564.802 0,7% 0,6% 0,7%
Fonte: Relatório publicado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, utilizando a última compilação do
site da CQNUMC: 01 de fevereiro de 2010: “Status atual das atividades de projeto no âmbito do
Mecanismo de desenvolvimento Limpo (MDL) no Brasil e no mundo”.

4.3 A política Nacional de Mudanças Climáticas

Como prova de que o insucesso nas negociações internacionais da COP-15 (realizada em


Copenhague/Dinamarca de 7 a 18/12/2009), não afetou as intenções do Governo brasileiro,
no que tange à redução em âmbito nacional das emissões de gases do efeito estufa (GEEs),
foi sancionada pelo Presidente da República no dia 28/12/2009, Lei de Mudanças Climáticas
que institui no país a Política Nacional de Mudança do Clima.

A Lei de Mudanças Climáticas representa o instrumento normativo responsável por


introduzir no ordenamento jurídico pátrio, metas de redução de emissões. Anote-se que
serão mantidos os compromissos já anunciados pelo Brasil durante a COP-15, quais sejam:
entre 36,1% e 38,9% de redução das emissões de GEEs, até o ano de 2020.

A Política Nacional de Mudanças Climáticas estabelece princípios, objetivos e políticas


públicas que servirão para auxiliar os diversos setores da economia no cumprimento de
suas metas de redução de emissões de gases causadores do efeito estufa.

626 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Serão definidas através de decreto presidencial as metas que cada setor da economia
assumirá para que a meta global do país seja atingida. Para isso, foram previstas para o
mês de janeiro de 2010 reuniões com o Governo, acadêmicos e empresários de aéreas
como construção civil, mineração, setor agropecuário, indústria de bens de consumo, de
serviços de saúde e transporte público, com o objetivo de discutir as metas a serem fixadas
no aludido decreto.

Não obstante a previsão de tais agendamentos cumpre-se registrar que nenhuma


divulgação do acontecimento das mesmas foi veiculada e divulgada pelo Governo Brasileiro.

4.4 O Fundo Nacional sobre Mudanças Climáticas - Lei nº 12.014/2009

Instituído pela Lei nº. 12.014, de 9 de dezembro de 2009 (publicada no DOU em


10/12/2009), o Fundo Nacional sobre Mudanças Climáticas será administrado por um
Comitê Gestor, vinculado ao Ministério do Meio Ambiente, com a participação de
representantes do Poder Executivo Federal e de representantes do setor não
governamental. Será constituído por recursos do orçamento da União oriundos
principalmente da exploração do petróleo e gás natural, de doações e empréstimos de
entidades nacionais e internacionais. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social – BNDES será o agente financeiro responsável por controlar o Fundo.

A partir de 2010, o Fundo começará a ser irrigado com recursos provenientes do lucro da
exploração do petróleo no Brasil. Cerca de R$ 800.000.000,00 (oitocentos milhões de reais)
serão destinados ao Fundo em 2010, e este será mantido com mais ou menos 10% do lucro
da exploração do petróleo e do gás no Brasil. Os recursos do Fundo servirão para financiar
projetos que contribuam para a redução das emissões de gases do efeito estufa no território
nacional.

Note-se que a criação do Fundo, favorece a concepção de novos projetos de MDL, podendo
financiar projetos de mitigação da mudança do clima, apoiar as cadeias produtivas
sustentáveis, recuperação de áreas degradas e restauração de florestas nativas, formulação
de políticas públicas, dentre outros.

4.5 Mercado de Créditos de Carbono no Brasil

Em 2009, ano em que o Brasil iniciou a exploração do pré-sal, foram instituídas pela Política
Nacional de Mudanças Climáticas metas significativas de redução de emissões de gases do
efeito estufa. Nesse contexto, para que o Brasil possua uma economia de baixo carbono, e
ao mesmo tempo possa explorar o petróleo, sobretudo, localizado na camada do pré-sal,
será necessário investir parte dos recursos advindos desta exploração para estimular e
financiar projetos de redução de emissões no território nacional.

Desde a criação e implementação do MDL no Brasil foram registrados 165 projetos


brasileiros no Conselho Executivo de MDL da ONU, o que representa 8,47% dos 1.946
projetos já implementados em nível mundial, segundo dados atualizados até o dia
04/12/2009. Estima-se que os 165 projetos já implantados possam gerar aproximadamente
20,8 milhões de Créditos de Carbono por ano, no Brasil, com o potencial de negociação total
de R$ 686 milhões em média a.a. Considerando o impacto da crise econômica internacional
no mercado de carbono, atualmente o preço de cada crédito de carbono está cotado entre
12 e 13 euros, preço este que estava cotado em 20 euros antes da crise.

A título de registro histórico-evolutivo, cumpre-se registrar que no ano de 2008 foram


registrados 34 projetos de MDL brasileiros no Conselho de MDL, o que equivale a 9% dos
projetos registrados em todo o mundo, que somaram 367. Em 2009, ocorreu uma brusca
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 627
queda de 50% no número de projetos registrados junto ao Conselho de MDL da ONU, tendo
sido apresentados apenas 17 projetos. Sendo assim, a participação do Brasil diminuiu no
ano de 2009, para 2%, considerando os 610 projetos registrados em âmbito mundial,
comparativamente ao ano de 2008.
A Associação Brasileira das Empresas do Mercado de Carbono (ABEMC) atribui este
declínio no número de registro de MDL no país à falta de compreensão quanto ao
funcionamento do mercado de carbono, à ausência de um regime tributário específico, aos
riscos regulatórios e à falta de definição da natureza jurídica dos CERs (Certificado de
Emissão Reduzida). Somem-se a esses fatores os impactos da crise financeira mundial que
reduziu o valor das cotações, desestimulando assim possíveis investimentos.
No entanto, a expectativa brasileira para o mercado de carbono em 2010 são as melhores,
considerando as metas de redução de emissões fixadas voluntariamente pelo Governo
brasileiro, a instituição da Política Nacional de Mudanças do Clima e a criação o Fundo
Nacional sobre Mudanças Climáticas, que já começará a ser irrigado e fomentado em
janeiro de 2010.
Posto isso, trabalhados os números dos projetos de MDL efetivamente implantados no
Brasil, passa-se a apresentar as estatísticas das atividades de projetos em fase de
habilitação no âmbito do MDL no Brasil e no mundo até fevereiro de 2010, conforme
relatório compilado do site da CQNUMC – acesso Internet (www.mct.gov.br/clima).
Uma atividade de projeto entra no sistema do MDL quando o seu documento de concepção
de projeto (DCP) correspondente é submetido para validação a uma Entidade Operacional
Designada (EOD). Ao completar o ciclo de validação, aprovação e registro, a atividade
registrada torna-se efetivamente uma atividade de projeto no âmbito do MDL. As Figuras 3 e
3a mostram o status atual das atividades de projeto em estágio de validação, aprovação e
registro. Um total de 5.804 projetos encontrava-se em alguma fase do ciclo de projetos do
MDL, sendo 2.029 já registrados pelo Conselho Executivo do MDL e 3.775 em outras fases
do ciclo. Como pode ser verificado nas já mencionadas figuras 3 e 3a, o Brasil ocupa o 3º
lugar em número de atividades de projeto, com 438 projetos (8%), sendo que em primeiro
lugar encontra-se a China com 2.162 (37%) e, em segundo, a Índia com 1.546 projetos
(27%).

Gráfico 10 - Número de Atividades de Projeto no Âmbito do MDL no Mundo

Fonte: Extraído do Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Estado do Rio de Janeiro, SEA (2007)

628 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Gráfico 11 - Participação no Total de Atividades de Projeto no Âmbito do MDL no Mundo

Fonte: Extraído do Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Estado do Rio de


Janeiro, SEA (2007)
Quanto a distribuição mensal das atividades de projeto do MDL no Brasil, pode-se verificar
da figura 4 a curva de crescimento do número de atividades de projeto no âmbito do MDL no
Brasil, tanto dos projetos que estão em validação ou passaram pela etapa de validação
como dos projetos registrados. Para validação, a curva inicia-se em janeiro de 2004 e, para
o registro, em novembro de 2004, quando o primeiro projeto foi registrado pelo Conselho
Executivo do MDL, no caso um projeto brasileiro.

Gráfico 12 - Curva de Crescimento das Atividades de Projeto MDL no Brasil

Fonte: Extraído do Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Estado do Rio de


Janeiro, SEA (2007).
4.6 Mercado de Créditos de Carbono no Rio de Janeiro

Não se conseguiu fazer uma análise oficial, pragmática e exaustiva do Mercado de Créditos
de Carbono no Estado do Rio de Janeiro, seja quanto à sua instituição e/ou
desenvolvimento.
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 629
Nada obstante, através de entrevistas com organizações da sociedade civil, como por
exemplo, o Instituto BioAtlântica (IBio) e ASM Ambiental, pôde-se perceber que o mercado
de créditos de carbono, no Estado do Rio de Janeiro, tem se desenvolvido de forma
bastante lenta e deficitária.

Fora assentado sistematicamente que apesar de o estado ter um grande potencial de


crescimento, principalmente nas Regiões Norte e Noroeste fluminense, mais
especificamente no campo do florestamento e reflorestamento, não existem políticas
públicas incentivadoras capazes de catapultar tal mercado.

Ressaltou-se que existem diversos projetos caminhando para a certificação CCBA (mercado
voluntário do tipo A, que usa todos os critérios do MDL, diferenciado apenas no que tange à
necessidade da carta de anuência do governo federal).

Outrossim, cumpre-se registrar que não existe ainda processo de sistematização e


ranqueamento dos estados brasileiros produtores de Créditos de Carbono, não sendo
possível, pois, aferir a posição exata e status do Estado do Rio de Janeiro no cenário
nacional.

Contudo, imperativo destacar que o primeiro projeto de MDL implantado no Brasil, e


efetivamente certificado, foi levado a efeito no Estado do Rio de Janeiro, qual seja, o Aterro
Sanitário de Nova Iguaçu.

4.7. A Potencialidade dos Créditos de Carbono na Região Noroeste Fluminense

Mapa 2 – Relação das Regiões Hidrográficas do Estado do Rio de Janeiro e Regiões do


Governo

Fonte: Extraído do Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Estado do Rio de


Janeiro, SEA (2007).

630 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


As emissões de CO2eq de três regiões do Estado do Rio de Janeiro (Metropolitana, Médio
Paraíba e Norte Fluminense) correspondem a cerca de 90% das emissões totais do Estado.
A Região Metropolitana é responsável por mais da metade de todas essas emissões,
enquanto o Médio Paraíba por cerca de 28% e o Norte Fluminense por pouco mais de 10%,
conforme Tabela seguinte colacionada.

Na Região Metropolitana, o setor que mais contribui é o de transportes, responsável por


41% de todas as emissões dessa área. Já no Médio Paraíba, é o setor industrial (81%), que
é bastante importante para a economia regional. No Norte Fluminense, o setor energético é
responsável por 76% das emissões, em função da existência de termoelétricas importantes.

Todas as outras regiões do Estado apresentam importância global reduzida em relação à


emissão de CO2eq, sendo que nenhuma delas ultrapassa 3,5% do total emitido. Além disso,
nas demais regiões, as emissões são mais equilibradas entre os setores, com exceção da
Baía de Ilha Grande, onde 41% das emissões são ligadas ao setor energético, fato
decorrente do consumo das usinas nucleares de Angra. Além deste, na Região Serrana, o
setor industrial (33%) e o de transportes (32%) são as principais fontes, com um importante
predomínio sobre os demais.

Tabela 27 - Emissões de CO2eq por Região do Estado do Rio de Janeiro

Região Emissão de CO2eq (Gg) (%)

Metropolitana 19.742,0 51,8


Médio Paraíba 10.741,3 28,2
Norte Fluminense 4.035,3 10,6
Serrana 1.280,6 3,4
Baixadas Litorâneas 1.156,6 3,0
Centro-Sul 464,7 1,2
Baía de Ilha Grande 382,9 1,0
Noroeste Fluminense 311,6 0,8
TOTAL 38.115,0 100,0
Fonte: Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Estado do Rio de Janeiro (2007)

De interessante para o presente trabalho, aponta-se, pois, o mercado de créditos de


carbono porventura existente nas regiões hidrográficas respectivamente insertas nas
regiões de governo Noroeste fluminense. É de se ressaltar que a presente análise será
desenvolvida a partir dos dados das emissões da região, sobrepostos a real potencialidade
dessa área em gerar créditos de carbono.

A área que abrange toda a porção Noroeste do estado do Rio de Janeiro, englobando as
Regiões Hidrográficas IX e X do Estado do Rio de Janeiro – vide Mapa-figura 5, retro
colacionada -, possui 1.546.940 ha.

A região Noroeste apresenta emissões equivalente a 311,0 Gg de CO2eq (0,8%), a menor


emissão de todas as regiões do Estado do Rio de Janeiro – Grafico seguinte.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 631


Gráfico 13 – Emissões de CO2eq pelo Uso de Energia por Região (Gg CO2eq e %)

Fonte: Extraído do Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Estado


do Rio de Janeiro, SEA (2007).

A análise detalhada de cada uma dessas regiões indica que as emissões pelo uso de
energia se diferencia bastante.
Na região Noroeste ocorre a dominância do setor de transportes nos totais emitidos pelo uso
de energia (49,2%) e com participação expressiva das emissões a partir dos setores
residencial (22,2%) e industrial (11,9%). Nesta região não existem registros de emissões a
partir do setor energético, enquanto o setor agropecuário (7,1%), público (4,5%) e comercial
(5,1%) apresentam pequena relevância nas emissões de gases de efeito estufa, Gráfico
seguinte.
Gráfico 14 – Região Noroeste Fluminense, Participação dos Setores no Total das Emissões de
Gases Estufa pelo Uso de Energia (%)

Fonte: Extraído do Inventário de Emissões de Gases de Efeito


Estufa do Estado do Rio de Janeiro, SEA (2007).

632 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


A Região Noroeste apresenta a terceira maior emissão de gases de efeito estufa, a partir
dos diferentes usos do seu solo (13,4%), atrás somente das Regiões Norte e Metropolitana.
Nessa Região, as emissões devido a mudanças do uso do solo são as menores de todo o
Estado (506,14 Gg de CO2eq), mas ela apresenta grande quantidade de emissões de gases
de efeito estufa a partir da fermentação entérica e manejo de dejetos dos rebanhos ali
existentes.

Com relação as emissões a partir de resíduos sólidos urbanos, observa-se que quase todas
as regiões do Estado apresentam pequena participação nas emissões dos gases de efeito
estufa quando comparadas a Região Metropolitana, em virtude desta Região concentrar a
maior parte da população do Estado do Rio de Janeiro – Gráfico seguinte. A Região
Noroeste apresenta emissões bem menores (33,0 Gg de CO2eq ou 0,9%), somente
comparável a região Centro-Sul Fluminense.
Gráfico 15 – Emissões de CO2eq pelos Resíduos Sólidos Urbanos (Gg CO2eq e %)

Fonte: Extraído do Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa do


Estado do Rio de Janeiro, SEA (2007).

Na região Noroeste não existem emissões a partir de aterros sanitários, enquanto são
registradas pequenas emissões de gases estufa a partir de aterros controlados (0,5 Gg de
CH4) e maiores emissões dos lixões (1,1 Gg de CH4), lembrando que os lixões
proporcionam maiores problemas ambientais em virtude, por exemplo, da contaminação dos
aquíferos.

No que pertine às emissões de gases de efeito estufa a partir dos esgotos sanitários, a
região Noroeste emite 18,6 Gg de CO2eq (1,9%), valor este mais elevado que nas regiões
da Baia de Ilha Grande e Centro-Sul, comparativamente.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 633


Gráfico 16 – Emissões de CO2eq pelos Esgotos Sanitários por Região (Gg CO2eq e %)

Fonte: Extraído do Inventário de Emissões de Gases de Efeito


Estufa do Estado do Rio de Janeiro, SEA (2007).
Vistos os passivos da região Noroeste, imperativo lançar as informações angariadas no que
toca aos projetos efetivamente existentes, se existentes.

Para o desenvolvimento do presente trabalho foi elaborado um resumido questionário, este


submetido a empresas da sociedade civil, tais como Instituto BioAtlântica e ASM Ambiental,
ambas sediadas no Rio de Janeiro – capital -, haja vista que nos órgãos governamentais
nenhuma base de dados foi encontrada ou disponibilizada, não obstante as insistentes
investidas.

Vejamos:

1 - O Mercado de Créditos de Carbono já funciona efetivamente nas


Regiões Norte e Noroeste fluminense? Existem projetos de Reduções
Certificadas de Emissões já iniciados nessas regiões? Quais são as
espécies de créditos de carbono (reflorestamento, suinocultura, utilização
de energias renováveis...) gerados nessas regiões?

2 - Análise das condições - físicas, fiscais...e outras identificadas pelo


instituto - favoráveis e desfavoráveis ao funcionamento do Mercado de
Carbono nas Regiões Norte e Noroeste Fluminense.

3 - Quais são as expectativas futuras para a geração de Créditos de


Carbono nas Regiões Norte e Noroeste fluminense?

4 - Com o advento da Política Nacional de Mudanças Climáticas e o Fundo


Nacional de Mudanças Climáticas criado no final de 2009, quais são as
novas expectativas para o mercado de créditos de carbono nacional?

Da interpretação literal das respostas obtidas nas entrevistas, unanimemente, fora declinado
não funcionar ainda o mercado de créditos de carbono na região Noroeste, sendo
634 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
destacadas apenas algumas poucas iniciativas, tímidas e incipientes, por parte do setor
privado, como por exemplo, na queima do bagaço da cana-de-açúcar pelas usinas, projetos
esses ainda precários e sem as devidas certificações.

Restou enfatizado, repita-se, que existem projetos caminhando para a certificação CCBA,
que é o mercado voluntário, do tipo A (usa todos os critérios do MDL, diferenciado somente
no que tange a carta de anuência do governo federal).

No que implica à expectativa para a implantação de projetos geradores de créditos de


carbono, gize-se, certificados e capazes de gerar dividendos, não foi apontado nenhum em
efetiva estruturação.

Não obstante, restou evidenciado que o mercado de carbono no Noroeste fluminense é


bastante promissor, sobretudo, no que pertine ao reflorestamento, seja pelas condições do
solo, pelo relevo, mão de obra e espaço geoGráfico.

Apontou-se como condições desfavoráveis a falta de políticas públicas direcionadoras,


estipulação de metas e incentivos fiscais.

4.8 Conclusão - Região Noroeste


Como já demonstrado neste relatório, a geração de créditos de carbono ou de Certificados
de Emissões Reduzidas – CERs representam às empresas brasileiras e às estrangeiras
aqui instaladas, grande oportunidade de participar do mercado de carbono. Mercado este
que segundo a Associação Brasileira das Empresas do Mercado de Carbono (ABEMC),
poderá chegar a render ao Brasil aproximadamente US$16 bilhões por ano, já que se tornou
necessidade a redução de emissões do Brasil após a instituição da Política Nacional de
Mudanças Climáticas.
Nesse contexto, podemos afirmar o grande potencial da região Noroeste fluminense na
geração de CERs. Sobretudo, porque existentes grandes terrenos sem utilização. Assim,
essas áreas podem e devem ser ocupadas com a instalação de geradores eólicos de
energia, hidrelétricas, usinas processadoras de biomassa, projetos de seqüestro de biogás:
criação de aterros sanitários, produção e aproveitamento do biogás proveniente da
agricultura, suinocultura, pecuária, mas, sobretudo, de projetos de florestamento e
reflorestamento.

Vale ressaltar que, além de rentável, seria interessante para a região utilizar-se do MDL por
meio de projetos de florestamento e reflorestamento, como forma de reconstruir a vegetação
nativa severamente degrada. Fotos seguintes.

Conforme já elucidado no item 5, os impactos da crise econômica mundial, a ausência de


um regime tributário especifico, a falta de compreensão quanto ao funcionamento do
mercado de carbono, a indefinição quanto a natureza jurídica dos CERs e os riscos
regulatórios levaram a queda de 50% dos projetos de MDL no Brasil em 2009
comparativamente ao ano de 2008. No entanto, esse brusco declínio do mercado tende a
ser superado em 2010, considerando a instituição de metas de redução de emissões,
criação do Fundo Nacional sobre Mudanças Climáticas e a instituição da Política Nacional
de Mudanças Climáticas.

Sendo assim, é de grande valia que o Governo do Estado do Rio de Janeiro aproveite este
momento de regulamentação das mudanças climáticas, para conceder incentivos fiscais,
criar e executar políticas públicas que tornem atrativos os investimentos em créditos de
carbono na região Noroeste fluminense, além de auxiliar os empreendedores na confecção

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 635


dos projetos de MDL para que seja possível a aquisição de financiamentos junto ao Fundo
Nacional de Mudanças Climáticas pelos pequenos investidores.

Nas cidades menores da região é de interesse do Governo local investir em créditos de


carbonos, faltando apenas empreendedores interessados em executar projetos ali
localizados. Daí surge a necessidade de criar condições que atraiam e facilitem esses
investimentos no Noroeste fluminense.

Foto 1 - Região Abrangida pelo Domínio Geoambiental Norte-Noroeste Fluminense

São áreas bastante dissecadas, em que predominam solos de elevada fertilidade natural, capazes de
promover o sequestro de carbono, por meio de projetos de florestamento e reflorestamento.

Fonte: Estudo realizado pela Embrapa em dezembro de 2004: “Macropedoambientes da Região


Noroeste Fluminense – uma contribuição ao planejamento ambiental”.

Foto 2 - Região Abrangida pelo Domínio Geoambiental Norte-Noroeste Fluminense

Em algumas áreas o relevo apresenta-se forte e ondulado.

Fonte: Estudo realizado pela Embrapa em dezembro de 2004: “Macropedoambientes da Região


Noroeste Fluminense – uma contribuição ao planejamento ambiental”.

636 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Foto 3 - Região do Planalto do Itabapoana

Região do Planalto do Itabapoana, em geral são áreas dissecadas. Os solos desse ambiente
caracterizam-se pela fertilidade natural baixa, com baixa a média retenção de água. Considerando a
baixa fertilidade, está região pode ser utilizada para a instalação de energias renováveis.

Fonte: Estudo realizado pela Embrapa em dezembro de 2004: “Macropedoambientes da Região


Noroeste Fluminense – uma contribuição ao planejamento ambiental”.

5 TURISMO

5.1 Turismo Sustentável

O turismo é uma das maiores atividades econômicas do planeta, movimentando 10% do PIB
mundial. Segundo a Organização Mundial do Turismo, cada dólar investido em turismo por
um país gera seis dólares de retorno.

No Brasil, mesmo longe de atingir todo o seu potencial, a atividade já é uma das principais
fontes de entrada de dólares no país. Com 5,0 milhões de visitantes estrangeiros, em 2008,
o Brasil é o principal mercado turístico internacional na América do Sul e ocupa o segundo
lugar na América Latina em termos de fluxo de turistas internacionais.

Mas bons resultados exigem cautela. O desenvolvimento não-controlado de um destino


turístico pode levar ao esgotamento de seus recursos naturais, à descaracterização de seu
patrimônio cultural e ao desequilíbrio social. Em conseqüência, a região se deteriora, perde
sua atividade e os turistas desaparecem, rumo a novos destinos.

O turismo sustentável surge como alternativa para quebrar esse ciclo e assegurar a
viabilidade dos destinos e empreendimentos a longo prazo. Surge, também, como condição
para que o turismo possa contribuir substancialmente para a promoção do desenvolvimento
econômico e social, para a proteção do meio ambiente e da diversidade cultural.

Para a Organização Mundial do Turismo (1999), “Turismo sustentável é a atividade que


satisfaz as necessidades dos turistas e as necessidades socioeconômicas das regiões
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 637
receptoras, enquanto a integridade cultural, a integridade dos ambientes naturais e a
diversidade biológica são mantidas para o futuro”.

Por ser uma das maiores indústrias do mundo e por envolver atividades das mais distintas, o
turismo tem um imenso potencial transformador. Ele é fundamental para o aumento das
taxas de emprego, exigindo investimentos de menor vulto que outros setores para criar
postos de trabalho. Necessita de serviços que dificilmente podem ser substituídos por
máquinas e cria vagas que beneficiam tanto os menos qualificados quanto profissionais
especializados. Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego, o turismo responde por um
em cada nove empregos no mundo e, no Brasil, as atividades turísticas empregavam cerca
de 1,4 milhões de pessoas em 2003.

5.2 Regiões Turísticas do Estado do Rio de Janeiro


De acordo com a TURISRIO – Companhia de Turismo do Estado do Rio de Janeiro, o
Estado do Rio de Janeiro, foi divido em 11 regiões turísticas. Esse mapeamento tem por
objetivo a organização territorial e a gestão da atividade. O trabalho resultou no
agrupamento de um determinado número de município, conferindo praticidade nas ações
propostas para o desenvolvimento do setor, sem perder de vista a necessária integração
das diversas regiões na realização e promoção do produto turístico de todo o estado. As
regiões foram identificadas levando em consideração a homogeneidade e
complementaridade das identidades geográficas, paisagísticas, territoriais e da oferta de
infraestrutura e serviços. Esse processo de regionalização é dinâmico e vem sendo ajustado
para atender novos cenários.
Seguinte, as 11 regiões turísticas (Mapa a seguir) do Estado do Rio de Janeiro e os
municípios que fazem parte:
• Metropolitana: Niterói e Rio de Janeiro;
• Agulhas Negras: Itatiaia, Resende, Porto Real e Quatis;
• Baixada Fluminense: Belford Roxo, Duque de Caxias, Japeri, Mesquita,
Nilópolis, Nova Iguaçu, Queimados, São João de Meriti e Seropédica;
• Caminhos da Mata: Itaboraí, Rio Bonito, Silva Jardim, São Gonçalo e
Tanguá;
• Costa Doce: Campos dos Goytacazes, Cardoso Moreira, São Francisco do
Itabapoana, São Fidelis e São João da Barra.
• Costa do Sol – Região dos Lagos: Araruama, Armação dos Búzios, Arraial
do Cabo, Cabo Frio, Carapebus, Casimiro de Abreu, Iguaba Grande, Macaé,
Maricá, Quissamã, Rio das Ostras, São Pedro da Aldeia e Saquarema;
• Costa Verde: Angra dos Reis, Itaguaí, Mangaratiba, Paraty e Rio Claro;
• Noroeste das Águas: Aperibé, Bom Jesus do Itabapoana, Cambuci, Italva,
Itaocara, Itaperuna, Laje do Muriaé, Miracema, Natividade, Porciúncula, Santo
Antônio de Pádua, São José de Ubá e Varre-Sai;
• Serra Norte: Bom Jardim, Cantagalo, Carmo, Conceição de Macabu,
Cordeiro, Duas Barras, Macuco, Santa Maria Madalena, São Sebastião do
Alto, Sapucaia, Sumidouro e Trajano de Morais;
• Serra Verde Imperial: Areal, Cachoeiras de Macacu, Comendador Levy
Gasparian, Guapimirim, Magé, Nova Friburgo, Petrópolis, São José do Vale
do Rio Preto, Teresópolis e Três Rios;
• Vale do Café: Barra do Piraí, Barra Mansa, Engenheiro Paulo de Frontin,
Mendes, Miguel Pereira, Paracambi, Paraíba do Sul, Paty do Alferes,
Pinheiral, Piraí, Rio das Flores, Valença, Vassouras e Volta Redonda.

638 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Mapa 3 - Regiões Turísticas do Estado do Rio de Janeiro

Fonte: www.riodejaneirohotel.com.br

5.3 Regiões Turísticas dos Municípios da Região Noroeste do Estado do Rio de


Janeiro

Os municípios que fazem parte da Região Noroeste do Estado do Rio de Janeiro fazem
parte da seguinte região turística:

• Noroeste das Águas:

A Região Noroeste das Águas possui 5.373,5 km² e população de 297.696 habitantes. O rio
Paraíba do Sul atravessa a Região, formando em seu curso grande quantidade de ilhas.

A região apresenta potencialidades centradas no ecoturismo, no turismo rural, no turismo


religioso e na prática da pesca esportiva nos rios da Região. Além disso, as estâncias
hidrominerais de Raposo e Santo Antônio de Pádua oferecem águas raras e de grandes
propriedades terapêuticas.

5.4 Descrição dos Principais Atrativos Turísticos da Região Noroeste do Estado


do Rio de Janeiro

5.4.1 Aperibé

• Ponte Ary Parreiras: de apurado gosto arquitetônico, a ponte mede


aproximadamente 1.000 metros de extensão e 600 metros de altura. Possui 4

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 639


bases de sustentação, com suas fundações no Rio Paraíba do Sul e uma estrutura
em arco portante que ampara a pista. Liga os municípios de Aperibé e Itaocara.
• Serra da Bolívia: formação montanhosa com 400m de altura, tombada como área
de preservação ambiental.
Foto 4 – Região Noroeste Fluminense, Aperibé, Serra da Bolívia

Foto: Kenio Vieira Rezende

5.4.2 Bom Jesus do Itabapoana

• Vale do Itabapoana: formado ao longo do Rio Itabapoana, serve de marco divisório


entre os Estados do Rio de Janeiro e do Espírito Santo. São paisagens de
montanhas, corredeiras, cachoeiras e vales de grande beleza.
• Cachoeira da Fumaça: cujas águas formam em sua queda uma poeira de água
que deu origem ao nome do atrativo.
Foto 5 – Região Noroeste Fluminense, Bom Jesus do Itabapoana, Cachoeira da Fumaça

Foto: Ricardo Mezenga


• Cachoeira do Inferno: formada por um grande salto, suas águas correm por baixo
das rochas, saindo novamente no leito do rio. Caracteriza-se pelo fato de, junto a
ela, estar instalada a Usina França Amaral.
• Cachoeira de Rosal: mais volumosa queda d'água do município, possui dois saltos
medindo aproximadamente 80 metros de altura. É circundada pela Serra do
Bálsamo (RJ) e pela Serra do Cachoeirão (ES). No local, está sendo construída a
Usina Hidrelétrica de Rosal, provocando redução na vazão de água. Um túnel de
5km está sendo escavado para levar água da barragem até as turbinas.
640 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
• Morro do Calvário: onde merece destaque a Capela de Fátima em seu cume,
datada de 1899, e a visão panorâmica da cidade.
• Lago da Cidade: circundado por um calçadão e medindo aproximadamente 700
metros.
• Distrito Rosal: uma pequena vila com casas do final do século 19 e início do
século passado. São construções graciosas e coloridas, que compõem um conjunto
harmonioso e bem conservado. Consta que o nome Rosal vem dos canteiros de
rosas que há muito tempo eram plantadas nesse distrito.

5.4.3 Cambuci

• Rio Paraíba do Sul: marco divisório entre os municípios de Cambuci, Itaocara e


São Fidélis, ocupa toda a região sul de Cambuci. Forma uma belíssima paisagem
com suas pequenas ilhas arborizadas com espécies de alto e médio porte e
vegetação rasteira. O traçado da estrada de ferro acompanha seu percurso.
• Parque da Cachoeira: grande atração do município, com restaurantes,
lanchonetes, bares, camping, praça de esportes e grande área gramada. Há duas
cachoeiras: uma natural, de 22 metros de altura e outra artificial, de 15 metros
aproximadamente. A natural possui três saltos principais e cai como um véu-de-
noiva, enquanto a artificial, em concreto, tem a estrutura de uma grande escada.
Seguinte de cada cachoeira há duas grandes piscinas, que dão origem a uma
terceira.
Foto 6 – Região Noroeste Fluminense, Cambuci, Parque da Cachoeira

Foto: Mauro Teixeira

• Cachoeira da Fazenda de São Francisco: um açude que forma uma cachoeira


artificial de 0,5 metro de altura e 20 m. de comprimento. Em seguida, as águas
descem por um escorrega formado por uma rocha de 10 m. de extensão,
continuando por um trecho de 20 m., pouco acidentado, com pequenos poços. Logo
após, o rio torna-se acidentado formando em sua descida pequenas corredeiras,
escorregas e piscinas naturais.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 641


5.4.4 Italva

• Cachoeira da Serra da Prata: com aproximadamente 200 m. de altura, formada


por 8 saltos de águas claras.
• Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição: cujo início da construção do
conjunto arquitetônico atual datado de 1930, tem grandes janelas envidraçadas em
forma de arco nas laterais e torre com 24 m. de altura.
• Fazenda Bela Vista: situada dentro da Fazenda Experimental de Italva, presume-
se que possui um século e meio de existência, tendo sido construída por escravos.

5.4.5 Itaocara

• Serra do Cândido: situada dentro dos limites da Fazenda do Engenho Central


Laranjeiras, possui árvores de grande porte, arbustos, aves e répteis. Com 630
metros de altura, é o ponto mais alto do município, podendo-se avistar grande parte
do próprio município, a Pedra da Bolívia (em Santo Antônio de Pádua), a Serra
Vermelha, Cantagalo, Santa Maria Madalena, parte do município de Cambuci e
outras localidades.
• Igreja Matriz de São José de Leonissa: construída por volta de 1810, supõe-se
que primeiramente com a ajuda de índios da região, depois remodelada pela
primeira vez pelos Padres Capuchinhos, na metade do século XIX, e na segunda
vez em 1900.
• Monumento à Geografia: situado na Praça da Geografia, é circundado por árvores
de médio porte e chafariz.
• Monumento à Matemática: localizado na Praça da Matemática, inaugurado em
1945.
Foto 7 – Região Noroeste Fluminense, Itaocara, Monumento à Matemática

Fonte: http://www.aulasmatematica.com.br/

• Ponte Ary Parreiras: de apurado gosto arquitetônico, a ponte mede


aproximadamente 1.000 m. de extensão e 600 m. de altura. Possui 4 bases de
sustentação, com suas fundações no Rio Paraíba do Sul e uma estrutura em arco
portante que ampara a pista. Liga os municípios de Aperibé e Itaocara.

642 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


5.4.6 Itaperuna

• Cachoeira da Fumaça: próxima de Retiro do Muriaé é formada pelas águas do Rio


Muriaé. O primeiro local de interesse é uma piscina natural, de fundo rochoso com
presença de plantas aquáticas. Mais seguinte, o curso do rio se altera, se dividindo
e formando uma pequena ilha. Junto a um dos seus lados há três quedas d'água. A
primeira, a menor delas, forma uma pequena piscina natural. A segunda, a maior de
todas, tem largura aproximada de 30m e altura de 20 m. A terceira queda, com
altura aproximada de 8m, possui um volume de água muito maior do que as outras.
A segunda e a terceira queda se unem formando um fosso muito profundo, com
fortes correntezas.
• Fonte Avahy: água considerada milagrosa pelos índios Puris, antigos habitantes
da região, fica instalada a 10km da sede do município.
• Fonte Super Ita: captada da rocha viva em terras da Fazenda Cubatão, a 8 km da
sede municipal, a antiga fonte hidromineral Cubatão foi descoberta em 1920. O
lugar é isolado e aprazível, destacando-se pastagens imensas de gado e árvores
frutíferas.
• Cristo Redentor de Itaperuna: localizado no Morro do Castelo, ponto turístico
natural, de onde se tem uma vista panorâmica da cidade. Pode-se ver o Rio Muriaé,
o Centro e os bairros Niterói, Cidade Nova, Vinhosa e Aeroporto. Subindo-se ainda
em uma pequena elevação atrás da imagem, pode-se ver uma grande extensão da
zona rural. A imagem do Cristo está entre as maiores já construídas, com 20m de
altura, e foi inaugurada em 1966.
Foto 8 – Região Noroeste Fluminense, Itaperuna, Cristo Redentor de Itaperuna

Fonte: http://viagenslacoste.blogspot.com/2009/04/itaperuna.html

• Cachoeira do Hotel Raposo: formada por uma corredeira que surge de uma
nascente, cujas águas vêm deslizando entre rochas. É constituída por uma única
queda d'água, formando uma piscina natural de aproximadamente 90m2 de área e
3m de profundidade. De águas cristalinas e temperatura amena, tem boas
condições para banhos.
• Fonte Raposo: esta água foi descoberta em conseqüência de um surto de
conjuntivite. As pessoas banhavam os olhos naquela bica de água cristalina, à beira
do caminho, e ficavam curadas. Atualmente, cai num chafariz de azulejos
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 643
portugueses, onde, além de se beber, pode-se lavar o rosto e os olhos. No Parque
de Raposo estão três das mais importantes fontes do lugar, todas de águas
minerais carbo-gasosas.
• Parque D'Águas Soledade: se faz através de uma vistosa construção, misto de
castelo e pagode chinês. O amplo hall de entrada permite a passagem de carros e
de ônibus e, descendo por uma rampa, atinge-se o parque propriamente dito, com
área total de 67.100m2. É possível tomar banho de sol com água sulfurosa, tomar
sauna de vapores sulfurosos.

5.4.7 Laje do Muriaé

• Cachoeira Cinco Barras: com 40 m. de altura, tem águas turvas no verão e


transparentes durante a estiagem.
• Cachoeira do Paranhos: possui dois saltos, o primeiro com altura em torno de 50
m., formando em seguida uma piscina natural, e o segundo com 20 m., seguido de
outra piscina.
• Piscicultura Novaes - Fazenda do Itú: localizada em serra de 700 m. de altitude
composta de árvores de médio porte e vasta fauna, possui poços e piscinas
naturais, com variedades de peixes e alevinos e pesque-pague.
• Casarões da Rua Garcia Pereira: de grande valor histórico para o município, são
construções de dois andares da segunda metade do século XIX, todas de pau a
pique com paredes de taipa.
• Morro do Zé do Arrastado: possui um pelourinho de pedra e ferro situado junto a
uma cruz.

5.4.8 Miracema

• Cachoeira da Cara: em cujo acesso há pequenas cascatas formadas pelos


desníveis do terreno até chegar à queda d'água de 20 metros de altura, formando
uma piscina de 10 m. de comprimento e 5 m. de largura. Segue-se uma corredeira
com nova queda de 3 m.
Foto 9 – Região Noroeste Fluminense, Miracema, Cachoeira da Cara

Foto: André Alvim


• Cachoeira do Moura: formada por um desnível de aproximadamente 35 m., nesse
trecho existe uma ilha fluvial e barragem, o que faz com que o curso do rio se
divida, formando 2 piscinas em cada lado da ilha.
644 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
Foto 10 – Região Noroeste Fluminense, Miracema, Cachoeira do Moura

Foto: André Alvim


• Cachoeira do Paraíso do Tobias: localizada no Ribeirão do Bonito, tem um queda
de 2,5 m. e forma um lago de 25 m. de diâmetro.
• Pontão do Sinal: com 930 m. de altitude, o pico é um dos pontos mais altos do
Município. O caminho que leva ao pico possui 14km, em trilha de mata fechada. De
seu cume avista-se a localidade de Areias, a cidade de Miracema, Monte Alegre em
Santo Antônio de Pádua e São José de Ubá.
• Centro Histórico da Cidade: possuindo importantes exemplares de arquitetura
eclética construídos por mestres artesãos italianos durante as duas primeiras
décadas do século XX.
• Centro Cultural Melchíades Cardoso: instituição municipal, voltada para a
preservação da memória e para promoção cultural. Possui importante acervo
documental, museológico e bibliográfico, mantendo uma exposição permanente
sobre a Fiação e Tecelagem São Martino.

5.4.9 Natividade

• Morro da Saibreira: com cerca de 400m de altura, deslumbra-se de seu topo vista
da cidade.
• Pico Cabo Frio: a 810m acima do nível do mar, é o ponto mais elevado do
município. Do topo tem-se a visão do Cristo Redentor, em Itaperuna, município
vizinho, e do Pico do Caparaó, em Minas Gerais.
• Santuário das Aparições de Nossa Senhora da Natividade: teve a casa de
Nossa Senhora construída em 1974, em frente a um lago. Possui estilo oriental,
com suas cúpulas arredondadas. Internamente, o primeiro plano é constituído de
uma sala de visitas, onde pode-se ver a Pedra Cefas. No segundo plano há três
oratórios e um quadro que traz as mensagens deixadas pela Virgem. Ao lado
esquerdo, a sala dos milagres e, ao lado direito, a sala particular da Santa. A
poucos metros da casa localiza-se o nicho construído no local exato das aparições.
Nele está uma imagem em bronze de autoria de Matheus Fernandes, datada de
1969. Defronte ao nicho, passa o regato onde Nossa Senhora apareceu. Há uma
fileira de bicas, para facilitar a colheita da água do regato pelos fiéis, que a
procuram para fins milagrosos.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 645


Foto 11 – Região Noroeste Fluminense, Natividade, Santuário das Aparições de Nossa Senhora
da Natividade

Fonte: http://www.panoramio.com/photo/21758871
• Fazenda São José: localizada no município de Porciúncula, mas com acesso
exclusivo por Natividade, foi construída pelo bandeirante José de Lannes Dantas
Brandão, que ali morou até 1852. Implantada na raiz de um conjunto de pequenas
elevações irregulares, foi edificada na primeira metade do século XIX com todas as
características da construção colonial mineira. A casa-grande, primitivamente em
formato de "L", possui dois andares. Não há senzalas ou outros edifícios que
compunham o dia-a-dia de uma fazenda do século XIX, como celeiros e armazéns
de café. O portão em estilo barroco faz interessante contraste com o conjunto
colonial à sua volta e faz parte do brasão da cidade de Porciúncula.
• Fazenda das Tabocas: localizada na Serra da Sapucaia, zona rural de Purilândia,
município de Porciúncula, mas com acesso exclusivo por Natividade. Fazenda
construída por volta de 1865 com 13 cômodos e varanda. A fazenda fica numa
elevação e, diante dela, situa-se uma cachoeira cujas pedras foram colocadas
pelos escravos da fazenda. No seu lado direito possui um açude.

5.4.10 Porciúncula

• Cachoeirinha: com 15 m. de altura e 30 m. de largura, possui 3 saltos com águas


límpidas, transparentes de baixa temperatura.
• Pedra da Elefantina: com 992 m. de altura. A vista do mirante a 700 m. de altura
alcança os Estados de Minas Gerais e Espírito Santo. Aventureiros praticam
escaladas na pedra.
Foto 12 – Região Noroeste Fluminense, Porciúncula, Pedra da Elefantina

Fonte: http://www.porciuncula.rj.gov.br/110/11025015.asp
• Cachoeira de Três Tombos: conhecida como a mais imponente da região, está
localizada na divisa com Minas Gerais e suas águas acionam a Usina Hidrelétrica
646 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
de Tombos. Possui queda de 75 m. com saltos. O prédio da usina possui estilo
neoclássico e foi construído em 1912.
• Cachoeira Bom Jardim: com 20 m. de altura, suas águas são límpidas,
transparentes e frias.
• Cachoeira da Fazenda: de altura aproximada de 20 m., encontra-se numa região
alta do Município, de onde se pode avistar plantações de café, eucaliptos e áreas
de pastagem.
• Cachoeira da Jurema: localizada em córrego encachoeirado, a principal queda
tem 25 m. de altura.
• Cachoeira de Cima: possui quatro saltos com altura total de 30 m., registrando-se
piscinas naturais e a vista do centro de Purilândia.
• Cachoeira de Baixo: com 30 m., tem três saltos e piscina natural.
• Fazenda São José: primeira edificação de Porciúncula, foi construída pelo
bandeirante José de Lanes Dantas Brandão. Implantada na raiz de um conjunto de
pequenas elevações irregulares, foi edificada na primeira metade do século XIX
com todas as características da construção colonial mineira, a Casa Grande,
primitivamente em formato de "L".
Foto 13 – Região Noroeste Fluminense, Porciúncula, Fazenda São José

Fonte: http://www.porciuncula.rj.gov.br/110/11025015.asp

5.4.11 Santo Antônio de Pádua

• Parque do Hotel das Águas: bosque frutífero com a única fonte de água mineral
água iodatada da América do Sul, classificada como água alcalina-bicarbonada-
sódica.
• Cachoeira dos Macacos: localizada antes que o rio atinja o distrito de Baltazar,
são pequenas quedas que, em alguns trechos, possui formação de escorregas.””
• Capelinha da São Sebastião: situada no alto de um morro de onde pode ser vista
a cidade, foi construída em 1926.
• Museu Histórico: localizado no Colégio de Pádua, tem em seu acervo peças
antigas de valor cultural, artístico ou histórico para a cidade.
• Ponte Raul Veiga: conhecida como Ponte Velha, tem forma de arco com 200 m. de
comprimento e 10 m. de altura. Foi inaugurada em 1922.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 647


Foto 14 – Região Noroeste Fluminense, Santo Antônio de Pádua, Ponte Raul Veiga

Fonte: http://www.coseac.uff.br/cidades/padua_old.htm
5.4.12 São José de Ubá
Não foram encontrados atrativos para o município.

5.4.13 Varre-Sai

• Cachoeira do Pedro Dutra: com cerca de 100 m. de extensão e piscinas naturais,


está rodeada por vegetação de médio e grande porte.
Foto 15 – Região Noroeste Fluminense, Varre-Sai, Cachoeira do Pedro Dutra

Fonte: http://www.varresai.rj.cnm.org.br/portal1/municipio/ponto_turistico.asp?iIdMun=100133090
• Cachoeira da Prata: queda de 50 m. com 3 saltos, forma piscina natural.
• Cachoeira Tatão Randolfo: local da antiga usina de força de Varre-Sai,
atualmente desativada, possui ainda parte das muretas da represa. São 150 m. de
corredeiras com várias piscinas e duas quedas d'água, uma das quais com 20 m.
de altura.
• Gruta do Pirozzi: localizada no alto de uma montanha, possui diversos salões em
seu interior, além da floresta tropical ao seu redor.
Foto 16 – Região Noroeste Fluminense, Varre-Sai, Gruta do Pirozzi

Fonte:http://www.varresai.rj.cnm.org.br/portal1/municipio/ponto_turistico.asp?iIdMun=1001330

648 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


• Gruta São Sebastião: localizada na zona urbana, é de fácil acesso.
• Casarão da Cultura: onde hoje existe um museu. Ali se encontram fotos das
primeiras famílias da cidade, móveis usados por esses colonizadores, o
equipamento do primeiro cinema da cidade etc.

5.5 Infraestrutura Turística

Considera-se como infraestrutura do apoio ao turismo o conjunto dos estabelecimentos e


serviços que dão suporte à atividade turística através do atendimento direto ao visitante.
Trata-se dos meios de hospedagem e alimentação, agenciamento turístico, lazer, compras e
entretenimento, aviação (através de melhorias nos aeroportos) e infraestrutura urbana.
Integrados ao conjunto da infraestrutura urbana, constituem, em parte, a força de atração de
uma determinada localidade.

5.5.1 Infraestrutura Turística da Região Noroeste do Estado do Rio de Janeiro

Em relação à infraestrutura turística de apoio ao turismo (entretenimento) e à infraestrutura


urbana, a Região Noroeste do Estado do Rio de Janeiro possui no total 35 bibliotecas, 3
museus, 6 teatros, 6 centros culturais, 39 estádios/ginásios, 3 cinemas, 38 instituições
financeiras, 215 estabelecimentos de saúde, 64 estabelecimentos hoteleiros e 11 outros
tipos de alojamentos (Tabelas a seguir).

Tabela 28 – Região Noroeste Fluminense - Infraestrutura Turística (Entretenimento) e


Infraestrutura Urbana, 2006

Municípios da Região Centro Estádios / Instituições Est.


Biblioteca Museu Teatro Cinema
Cultural Ginásios Financeiras Saúde
Nororeste Fluminense
Aperibé 1 0 0 0 4 0 1 10
Bom Jesus de Itabapoana 6 1 0 0 1 1 4 40
Cambuci 1 0 0 0 2 0 2 8
Italva 1 0 0 0 9 0 2 10
Itaocara 1 0 1 0 6 0 4 17
Itaperuna 10 0 1 0 1 1 7 46
Laje do Muriaé 4 0 0 0 1 0 1 7
Miracema 2 0 2 1 4 0 3 15
Natividade 1 1 1 1 0 0 3 12
Porciúncula 5 0 0 1 8 0 3 11
Santo Antônio de Pádua 1 0 1 1 1 1 4 28
São João de Ubá 1 0 0 1 1 0 2 5
Varre-Sai 1 1 0 1 1 0 2 6
TOTAL 35 3 6 6 39 3 38 215
Fonte: IBGE – Perfil dos Municípios Brasileiros – Cultura 2006
IBGE – Cidades 2005 e 2007

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 649


Tabela 29 – Região Noroeste Fluminense - Estabelecimentos Hoteleiros e Outros Tipos de
Alojamentos, 2006 - 2007

Municípios da Região Outros Tipos de


Estabelecimentos Hoteleiros
Nororeste Fluminense Alojamentos
Aperibé 1 0
Bom Jesus de Itabapoana 5 0
Cambuci 1 2
Italva 3 0
Itaocara 6 0
Itaperuna 28 3
Laje do Muriaé 0 0
Miracema 3 0
Natividade 2 2
Porciúncula 3 2
São José de Ubá 0 0
Santo Antõnio de Pádua 10 2
Varre-Sai 2 0
TOTAL 64 11
Fonte: Anuário Estatístico do Rio de Janeiro - 2007
5.6 Empregos Gerados pelo Turismo na Região Noroeste Fluminense
O turismo tem caráter social e multiplicador na geração de empregos, sendo um setor
extremamente importante em termos de investimentos e desenvolvimento econômico.
O total de empregos gerados por algumas atividades econômica do turismo nos municípios
da Região Noroeste do Estado do Rio de Janeiros são: 543 no setor de transporte rodoviário
de passageiros, nenhum registro no setor de transporte aéreo de passageiros, 357 em
hotéis e similares, 537 em restaurantes e outros serviços de alimentação e bebidas, 13 em
agências de viagens e operadoras de turismo e 18 no setor de locação de meios de
transporte sem condutor (Tabela seguinte).
Tabela 30 – Região Noroeste Fluminense - Número de Empregos por Atividade Econômica do
Turismo, 2007

Locação de
Municípios da Restaurantes e Agências de
Transporte Transporte Meios de
Hotéis e Outros Serviços Viagens e
Região Noroeste Rodoviário de Aéreo de
Similares de Alimentação e Operadores
Transporte
Fluminense Passageiros Passageiros sem
Bebidas Turísticos
Condutor

Aperibé 0 0 10 13 0 0
Bom Jesus de
234 0 34 65 0 0
Itabapoana
Cambuci 1 0 1 2 0 0
Italva 2 0 5 1 0 0
Itaocara 28 0 21 31 0 0
Itaperuna 200 0 238 311 7 18
Miracema 21 0 7 21 4 0
Natividade 14 0 0 11 0 0
Porciúncula 11 0 0 7 0 0
Santo Antônio de
32 0 40 71 2 0
Pádua
São José de Ubá 0 0 0 4 0 0
Varre-Sai 0 0 1 0 0 0
TOTAL 543 0 357 537 13 18
Fonte: Anuário Estatístico do Rio de Janeiro - 2009
650 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
5.7 Turismo Cultural

O turismo cultural é um dos segmentos do mercado turístico e consiste na visita a


determinado destino com o objetivo de conhecer a cultura local em sua forma de expressão,
como museus, galerias, arquiteturas, sítios históricos, o folclore, a gastronomia, o
artesanato, a arte, crenças e tradições, festas e outros que caracterizam o modo de ser e
viver de um povo.

5.7.1 Turismo Cultural na Região Noroeste do Estado do Rio de Janeiro

Na Região Noroeste do Estado do Rio de Janeiro podemos destacar a fabricação de vinho


de jabuticaba de Varre-Sai, cujo processo, inteiramente artesanal, teve origem com a
migração italiana no começo do século XX.

No distrito de Raposo, em Itaperuna, o ponto alto é a festa em homenagem a Nossa


Senhora de Soledade, padroeira local, com procissão de carros-de-boi enfeitados.

Nos municípios de Itaocara, Miracema, Santo António de Pádua e Laje do Muriaé,


encontramos o Mineiro-pau, uma dança de homens, que usam bastões de madeira, com os
quais desenvolvem uma complicada coreografia, cujas batidas fazem a marcação dos
tempos do compasso musical. Nesses municípios, as figuras do boi, da mulinha, do jaraguá,
do gavião, lideradas pelo toureiro acompanham essa dança.

O Jongo e o Caxambu, danças de terreiro de origem africana, integram o conjunto das


formas de samba no Brasil, também estão presentes em Santo António de Pádua, Miracema
e Cambuci.

5.8 Artesanato como Produto Turístico

O artesanato é um produto que pode refletir a história de um povo, além de contribuir para o
desenvolvimento sustentável de uma comunidade. Para que o artefato possa ser um veículo
de sustentabilidade turística, é necessário que tenha referência do lugar, com destaque dos
traços da cultura local, transformando-se em instrumento de informação e atração e,
conseqüentemente, em um produto turístico.

5.9 O Artesanato na Região Noroeste do Estado do Rio de Janeiro

A Região Noroeste do Estado do Rio de Janeiro é bastante habilidosa e criativa em seus


artesanatos. Os artesãos buscam a herança e técnicas e culturas, preservando objetos
tradicionais, como as de cestaria e da madeira. Os bordados ilustram o modo de vida,
quando se entrelaçam com as amparas de malhas das confecções, transformando em belas
peças artesanais.

Identificamos nos municípios da Região Noroeste do Estado do Rio de Janeiro as seguintes


atividades artesanais:

• Aperibé: bordado, pedras e tecelagem;


• Bom Jesus do Itabapoana: bordado, barro e fibras vegetais;
• Cambuci: bordado, fibras vegetais e tecelagem;
• Italva: bordado, pedras e culinária típica;
• Itaocara: bordado, barro e madeira;

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 651


• Itaperuna: bordado, madeira e tecelagem;
• Laje do Muriaé: bordado, barro e madeira;
• Miracema: bordado, tecelagem e material reciclável;
• Natividade: bordado, madeira e material reciclável;
• Porciúncula: bordado, fibras vegetais e material reciclável;
• Santo Antônio de Pádua: bordado, fibras vegetais e madeira;
• São José de Ubá: bordado, fios e fibras e material reciclável;
• Varre-Sai: bordado, barro e material reciclável.
Os municípios da Região Noroeste do Estado do Rio de Janeiro contam com associações
de artesanato, que tem um objetivo principal: despertar e estimular o desenvolvimento da
atividade produtiva, com intuito de geração de renda.

Um projeto que podemos destacar é o Programa de Artesanato do Estado do Rio de


Janeiro, coordenado pela Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico, Energia,
Indústria e Serviços. O programa tem como objetivo desenvolver o artesanato no Estado do
Rio de Janeiro, permitindo a geração de mais emprego e renda, melhorando a qualidade de
vida dos artesãos e de toda a cadeia produtiva do setor. O desenvolvimento do setor com
responsabilidade social e valorização do aproveitamento de matéria-prima local,
contribuindo para a identidade regional.

5.10 Conclusão

A Região Noroeste do Estado do Rio de Janeiro, formada por 13 municípios com população
de 323.436 habitantes, ocupando um território que perfaz cerca de 5.374 km² (IBGE 2009).

Como vocações turísticas, podemos identificar na Região Noroeste do Estado do Rio de


Janeiro a tendência pelo turismo rural, agroturismo, turismo de aventuras e turismo religioso.

A atividade turística já está em andamento em alguns municípios da região. Em Natividade,


o turismo rural e o turismo religioso se destacam, devido à suas fazendas históricas e a
relatos da aparição de Nossa Senhora de Natividade. O município de Santo Antônio de
Pádua já vem sendo procurado devido ao turismo medicinal, graças as suas estâncias
hidrominerais, com fontes de águas com propriedades medicinais. Os outros municípios da
região possuem potenciais turísticos, mas ainda não são bem explorados.

Os municípios de Itaperuna e Santo Antônio de Pádua são os que possuem algum tipo de
infraestrutura turística, mas ainda, bastante deficiente. Os outros municípios da Região
necessitam de investimentos na área.

Verifica-se a necessidade de investimento em políticas públicas no setor de turismo nessa


região, principalmente nas questões de saneamento básico, divulgação institucional,
capacitação e qualificação, conscientização da população local e sinalização turística.
Investimentos do setor privado, no que diz respeito à hotelaria e alimentos e bebidas,
também são necessários.

652 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


5.11 Análise Macro Ambiental
A análise macroambiental é um diagnóstico do sistema de turismo que se deseja planejar e
está entre os primeiros passos do planejamento. Subdivide-se em análise externa e análise
interna.
A análise externa relaciona-se aos fatores externos ao sistema de turismo e que o
influenciam (oportunidades e ameaças). São fatores econômicos, políticos, culturais, sociais
e tecnológicos. Já a análise interna diz respeito aos fatores internos a um sistema de
turismo e que são seus recursos (fraquezas e fortalezas). São fatores físicos, humanos,
tecnológicos e financeiros.
Na análise macroambiental do turismo da Região Noroeste do Estado do Rio de Janeiro,
foram levantadas as oportunidades, ameaças, fortalezas e fraquezas da Região, conforme a
seguir:
Oportunidades
• Os municípios da Região Noroeste localizam-se, em média, 290 km da capital
Rio de Janeiro, principal receptor de turistas no Brasil;
• A região é servida de rodovias federais e estaduais, com pavimentação em bom
estado de conservação, favorável ao turismo;
• Os municípios da Região Noroeste estão inseridos no Programa de Artesanato
do Estado do Rio de Janeiro;
• Plano Diretor de Turismo do Estado do Rio de Janeiro, que contém programas
norteadores da política pública do turismo no Estado do Rio de Janeiro;
• Crescimento do turismo interno e externo no Brasil;
• A Região possui um rico acervo ambiental e cultural, capaz de suportar
continuadamente atividades turísticas;
• Economia voltada para a pecuária leiteira e agricultura, podendo alavancar o
agroturismo e o turismo rural;
Ameaças
• Aumento do êxodo rural na Região;
• Na região, constatam-se graves problemas ambientais;
• Falta de infraestrutura e serviços voltados para o turismo;
• Estagnação da economia da região;
• Migração da mão de obra local, disponível para o turismo, para outras
atividades;
• Saneamento básico deficiente;
Fortalezas
• Existência de tradições populares e manifestações folclóricas de significativa
importância;
• Rico patrimônio histórico cultural, tais como, fazendas centenárias e produções
artesanais;
• Existência de significativos atrativos naturais, tais como, cachoeiras, parques e
montanhas;
• Estâncias hidrominerais do município de Itaperuna, com a existência de águas
minerais com propriedades terapêuticas;
• Vocação para o turismo religioso, devido às aparições de Nossa Senhora da
Natividade, no município de Natividade;
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 653
• Participação da região no projeto da TURISRIO – Companhia de Turismo do
Estado do Rio de Janeiro, de Mapeamento das Regiões Turísticas do Rio de
Janeiro;
• Existência de associações de artesanato, com intuito de divulgar o artesanato
local.
• Rota de acesso ao Parque Nacional da Serra do Caparaó, no município de Varre-
Sai, podendo ser explorado o turismo de aventuras.
Fraquezas
• Inexistência de terminais rodoviários em alguns municípios da Região;
• Necessidade de consolidação das informações geradas pelas pesquisas,
tornando-as ferramenta de gestão, num plano articulado e integrado de fomento
ao turismo e à cadeia de produção e comércio de sua economia;
• Inexistência de receptivos turísticos em alguns municípios da região;
• Necessidade de capacitação de mão de obra especializada, principalmente dos
prestadores de serviços aos turistas;
• Necessidade de envolvimento do setor privado, principalmente prestadores de
serviços e operadores turísticos, no que diz respeito ao desenvolvimento de
ações para o fortalecimento das políticas públicas de turismo;
• Falta de conscientização da população referente ao desenvolvimento do turismo
regional;
• Falta de investimentos do setor privado, em alguns municípios, de
estabelecimentos hoteleiros e de alimentos e bebidas;
• Sinalização turística precária em alguns municípios;
• Em alguns municípios da região, faltam opções de instituições financeiras.
• Falta de entretenimento nos municípios, tanto para a população local, quanto
para o turista.
• Falta de políticas públicas na região voltadas para o turismo, tais como,
Secretarias de Turismo, Conselhos e Fundos Municipais de Turismo e Cultura;

6. ESTRUTURA PRODUTIVA

Este estudo trata das regiões Noroeste e Norte Fluminense. A análise conjunta apresentada
decorre da possibilidade de avaliar estas duas estruturas produtivas que se mostraram
bastantes diferentes uma da outra. Neste sentido, buscou-se aproveitar de comparações
para destacar pontos que ajudam no entendimento de cada estrutura, bem como do caráter
de complementariedade e integração que um estudo regional requer.
Ao apresentar as duas regiões em paralelo espera-se tornar claro a necessidade de ações
distintas, porém coordenadas, de forma que possam ser eliminadas as fraquezas de uma
região sem ampliar as de outra, para que as oportunidades possam ser compartilhadas,
mesmo que indiretamente.

6.1 Estrutura Produtiva do Estado do Rio de Janeiro


A análise é feita a partir de dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) de 2008.
A Tabela a seguir apresenta esta estrutura em termos da distribuição setorial do emprego e
dos estabelecimentos do Rio de Janeiro. Nesta Tabela os números entre parênteses
indicam a classificação de cada variável (percentual de empregados ou de
estabelecimentos) para cada região, seguido a ordem do maior para o menor.

654 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Tabela 31 – Estado do Rio de Janeiro, Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Distribuição dos Empregados Formais e Estabelecimentos por
Região, 2008 (Ranking de Cada Variável Entre Parênteses)
Região Norte Região Noroeste Total Rio de Janeiro
Subsetor do IBGE
Estab Emp Estab Emp Estab Emp
Comércio varejista 41,66 (1) 14,91 (1) 37,57 (1) 21,66 (2) 17,99 (1) 17,92 (1)
Administração pública direta e autárquica 0,26 (22) 14,51 (2) 0,44 (18) 26,46 (1) 16,48 (2) 16,53 (2)
Com. e administração de imóveis, valores mobiliários, serv. técnico... 10,20 (3) 8,41 (6) 6,13 (4) 1,95 (13) 15,23 (3) 15,24 (3)
Serv. de alojamento, alimentação, reparação, manutenção, redação, r... 14,09 (2) 11,15 (3) 15,96 (2) 8,56 (3) 11,84 (4) 11,83 (4)
Transportes e comunicações 3,42 (8) 6,58 (7) 2,04 (10) 2,38 (10) 6,54 (5) 6,55 (5)
Construção civil 5,03 (5) 10,04 (5) 2,50 (8) 2,33 (11) 4,69 (6) 4,68 (6)
Ensino 2,95 (9) 3,14 (10) 1,95 (11) 3,79 (7) 4,55 (7) 4,55 (7)
Serviços médicos, odontológicos e veterinários. 4,33 (6) 3,86 (8) 3,93 (6) 5,54 (5) 4,03 (8) 4,03 (8)
Comércio atacadista 3,46 (7) 2,15 (13) 4,43 (5) 3,02 (9) 3,22 (9) 3,22 (9)
Instituições de crédito, seguros e capitalização. 1,03 (11) 0,89 (16) 0,90 (16) 1,38 (16) 2,21 (10) 2,21 (10)
Indústria de produtos alimentícios, bebidas e álcool etílico. 1,92 (10) 3,80 (9) 2,85 (7) 5,00 (6) 2,00 (11) 2,00 (11)
Indústria têxtil do vestuário e artefatos de tecidos 0,76 (13) 0,43 (18) 2,34 (9) 3,05 (8) 1,54 (12) 1,54 (12)
Ind. química de produtos farmacêuticos, veterinários, perfumaria, ... 0,33 (20) 0,20 (22) 0,31 (20) 0,35 (21) 1,39 (13) 1,39 (13)
Indústria metalúrgica 0,62 (15) 1,13 (15) 0,93 (14) 1,39 (15) 1,28 (14) 1,29 (14)
Serviços industriais de utilidade pública 0,37 (18) 0,81 (17) 0,33 (19) 0,46 (20) 1,21 (15) 1,21 (15)
Extrativa mineral 0,76 (14) 10,82 (4) 1,46 (13) 1,07 (17) 1,13 (16) 1,13 (16)
Indústria do material de transporte 0,17 (23) 0,23 (21) 0,07 (23) 1,04 (18) 0,94 (17) 0,95 (17)
Indústria do papel, papelão, editorial e gráfica. 0,58 (16) 0,23 (20) 0,92 (15) 1,78 (14) 0,85 (18) 0,85 (18)
Agricultura, silvicultura, criação de animais, extrativismo vegetal... 5,99 (4) 2,17 (12) 11,98 (3) 5,92 (4) 0,77 (19) 0,75 (19)
Indústria mecânica 0,47 (17) 2,71 (11) 0,15 (22) 0,15 (22) 0,63 (20) 0,63 (20)
Indústria de produtos minerais não metálicos 0,92 (12) 1,37 (14) 1,75 (12) 2,05 (12) 0,52 (21) 0,52 (21)
Ind. da borracha, fumo, couros, peles, similares, ind. diversas. 0,33 (19) 0,24 (19) 0,28 (21) 0,08 (23) 0,51 (22) 0,51 (22)
Indústria da madeira e do mobiliário 0,31 (21) 0,17 (23) 0,74 (17) 0,56 (19) 0,28 (23) 0,28 (23)
Indústria do material elétrico e de comunicações 0,04 (24) 0,03 (24) 0,01 (25) 0,01 (25) 0,15 (24) 0,15 (24)
Indústria de calçados 0,02 (25) 0,02 (25) 0,03 (24) 0,02 (24) 0,03 (25) 0,03 (25)
Total 100 100 100 100 100 100
Fonte: RAIS 2008

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 655


Observa-se que a classificação da participação dos estabelecimentos é idêntica à
classificação da participação do emprego considerando o total do estado. Neste sentido,
verifica-se também que a distribuição setorial dos estabelecimentos e do emprego no Rio de
Janeiro é extremamente próxima. Isso sugere uma associação entre estas dimensões no
sentido de que a importância relativa de cada atividade econômica (em termos da presença
desta atividade na economia medida pelo número de estabelecimentos) está refletida no
emprego que esta atividade gera na região.

Além disso, percebe-se o peso das atividades de comercio varejista, administração pública e
alguns serviços, tanto na presença destas atividades (estabelecimentos) quanto no emprego
gerado por elas no Estado do Rio de Janeiro. Na outra extremidade algumas atividades
industriais apresentam um peso menor para o total da economia fluminense, como
demonstrado pela participação das indústrias de material de transporte; mecânica; produtos
minerais não metálicos; borracha, fumo, couros, peles, similares; madeira e do mobiliário;
material elétrico e de comunicações e Indústria de calçados, toda com menos de 1% de
participação.

A Região Norte apresenta uma estrutura diferente da média do Estado. O comercio varejista
é responsável por mais de 40% dos estabelecimentos, mas por apenas 14,91% dos
empregados deste setor. Contudo, esta não é a regra geral, ou seja, é mais comum
observar a superioridade da participação no emprego em relação à participação nos
estabelecimentos. Esta comparação permite distinguir a presença de uma atividade
econômica na região e o seu peso na geração de emprego. Desta forma, chamam a
atenção os setores de construção civil; extrativa mineral e a Indústria de produtos
alimentícios, bebidas e álcool etílico onde a participação no emprego supera a participação
nos estabelecimentos.

No caso da Região Noroeste o comércio varejista também aparece em destaque, porém


com uma participação menor em relação à Região Norte no que se refere aos
estabelecimentos (37,57%) e uma participação maior no que se refere ao emprego
(21,66%). De fato, as Municipalidades, exercendo a Administração Pública é a principal
atividade empregadora nesta Região (26,46%), embora represente apenas 0,44% dos
estabelecimentos.

Dois outros setores destacam-se na Região Noroeste. Primeiro, o setor de Serviços


abrangendo alojamento, alimentação (...) que concentra 15,96% dos estabelecimentos e
8,56% do emprego. Isso denota a presença de um conjunto de estabelecimentos de menor
porte em termos relativos. O mesmo acontece com o setor de Agricultura, silvicultura,
criação de animais, extrativismo vegetal (...), que responde por 11,98% dos
estabelecimentos e 5,52% do emprego. No caso particular desta atividade, verifica-se que
nas duas dimensões, estabelecimentos e emprego, a Região Noroeste apresenta
participações muito acima da média do Estado que, para este setor, não ultrapassa 1%.

A Tabela seguinte apresenta a distribuição do emprego nas Regiões Norte e Noroeste em


termos do porte dos estabelecimentos, em 2008. Na Região Norte observa-se uma
concentração do emprego em estabelecimentos de grande porte (com mais de 500
empregados) representando 42,5% do emprego. Por sua vez, a Região Noroeste concentra
o emprego em estabelecimentos de micro e pequeno porte com uma participação conjunta
de 60%.

656 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Tabela 32 – Distribuição dos Empregados Formais por Porte do Estabelecimento e Região,
2008
Micro Pequeno Médio Grande
De De 1000
Menos De 100 De 250 De 500
Região 10 a 50 a ou Total
de 10 a 249 a 499 a 999
49 99 mais
(%) (%) (%) (%) (%) (%) (%) (%)
Norte 13,2 18,7 6,9 10,7 8,0 13,5 29,0 100
Noroeste 29,0 24,7 6,3 6,0 6,1 18,3 9,6 100
Outras Regiões do Rio de Janeiro 14,3 21,5 8,6 10,2 7,8 8,0 29,7 100
Total Rio de Janeiro 14,4 21,4 8,5 10,2 7,8 8,4 29,4 100
Total Sudeste 16,3 21,5 8,8 10,8 8,7 8,0 25,8 100
Total Brasil 16,5 20,7 8,2 10,4 8,8 8,6 26,8 100
Fonte: RAIS, 2008
De fato, estes dados mostram que as Regiões Norte e Noroeste possuem estruturas
produtivas bastante distintas. A Região Norte baseia-se em grandes estabelecimentos e
possui uma importância relativa do comércio, serviços, construção civil e indústria extrativa
mineral significativa em termos do emprego. A Região Noroeste tem uma estrutura produtiva
baseada em estabelecimentos de pequeno porte, na atividade agrícola e na administração
pública.

6.2 Especialização Produtiva

Para avaliar as especializações produtivas é utilizado o Quociente Locacional (QL). O QL é


a razão entre a participação de um setor específico no total do emprego de uma
determinada região e a participação relativa deste mesmo setor no total do emprego do
país. Desta forma, QL com valor superior à unidade denotam alguma especialização da
Região naquele setor específico. A Tabela a seguir mostra as atividades econômicas,
segundo a classificação CNAE 2.0 em dois dígitos (Divisão), com QL maior que 1 para o
Estado do Rio de Janeiro.

É preciso esclarecer que apesar de um QL acima da unidade representar uma


especialização, pode também acontecer que esta especialização surja como resultado de
uma pequena base econômica, tendo em vista que o QL relaciona participações relativas.
Assim, para uma unidade espacial com uma pequena base econômica, quantidades muito
pequenas de trabalhadores em uma determinada atividade tende a ser representativa. Isso
tende a ser verificado quando se trabalha com dados muito desagregados espacialmente.

Tendo em vista essas limitações do QL, pode-se destacar na Tabela a seguir os setores em
que o valor para o Quociente Locacional para o Rio de Janeiro está acima de dois. Neste
sentido, chamam atenção os setores de Apoio à Extração de Minerais; Extração de Petróleo
e Gás Natural; Transporte Aquaviário; Fabricação de Outros Equipamentos de Transporte,
Exceto Veículos Automotores; Coleta, Tratamento e Disposição de Resíduos, Recuperação
de Materiais. Isto sugere que as atividades produtivas do Estado estão concentradas em
torno da extração de petróleo e gás natural e as atividades relacionadas. De fato, a cadeia
produtiva do petróleo é historicamente uma referência para a economia fluminense.

Quando observada a Região Norte Fluminense as atividades relativas à extração de


petróleo e gás natural tornam-se ainda mais importantes. A Região apresenta-se ainda mais
especializada na cadeia produtiva do petróleo dentro do Estado do Rio de Janeiro. Além
disso, destacam-se os setores em que a especialização da Região supera a do Estado. Na
Tabela a seguir o QL destes setores está destacado. Desta forma, surgem as atividades de

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 657


Transporte Aquaviário; Serviços de Arquitetura e Engenharia; Testes e Análises Técnicas;
Obras de Infraestrutura e Atividades de Organizações Associativas como especializações
desta Região, mais do que para o Estado. Isso revela uma maior complexidade da
organização da cadeia produtiva do petróleo e gás dentro da Região Norte Fluminense onde
estão concentradas outras atividades correlatas com uma importância relativa maior do que
para o Estado ou para as demais regiões do país.

Observando a Região Noroeste Fluminense a partir dos dados da Tabela seguinte percebe-
se um quadro diferenciado. Esta Região apresenta algumas especializações nos mesmos
setores em que o Estado. Contudo, não há para estes setores uma especialização da
Região maior que 2, o que não invalida a especialização, mas leva-se considerar mais
fortemente a possibilidade de uma base econômica mais modesta. Existem três setores em
que a especialização da Região é superior a do Estado: Alojamento; Atividades de Atenção
à Saúde Humana e Comércio Varejista. Isto sugere que, em comparação com as
especializações do Estado, a Região Noroeste contribui para a especialização do Rio de
Janeiro em atividades mais relacionadas aos serviços e ao comércio.

Tabela 33 – Divisão CNAE com QL Maior que 1 para o Estado do Rio de Janeiro, QL para as
Regiões Norte e Noroeste Fluminense, QL para Região Sudeste e para Demais Regiões do
Brasil em 2008
Estado
Região Região do Rio Região Outras
Divisão CNAE 2.0
Norte Noroeste de Sudeste Regiões
Janeiro
Atividades De Apoio À Extração De Minerais 43,07 0,62 6,58 1,39 0,59
Extração De Petróleo E Gás Natural 92,77 0,00 5,68 1,19 0,79
Atividades De Exploração De Jogos De Azar E Apostas 0,07 0,99 4,64 1,35 0,63
Transporte Aquaviário 20,84 0,00 4,58 1,02 0,98
Fabricação De Outros Equipamentos De Transporte,
0,34 0,51 2,67 1,27 0,71
Exceto Veículos Automotores.
Coleta, Tratamento E Disposição De Resíduos;
2,30 0,06 2,24 1,16 0,83
Recuperação De Materiais.
Outras Atividades De Serviços Pessoais 1,28 0,60 2,23 1,12 0,87
Atividades Artísticas, Criativas E De Espetáculos. 1,10 0,47 1,98 1,13 0,86
Serviços De Arquitetura E Engenharia; Testes E Análises
3,15 0,37 1,96 1,34 0,64
Técnicas.
Seguros, Resseguros, Previdência Complementar E
0,47 0,75 1,95 1,35 0,62
Planos De Saúde.
Pesquisa E Desenvolvimento Científico 0,35 0,00 1,90 1,09 0,90
Atividades De Rádio E De Televisão 0,73 0,94 1,87 1,05 0,95
Telecomunicações 0,27 0,13 1,79 1,29 0,69
Atividades Veterinárias 0,38 0,21 1,79 1,26 0,72
Atividades Cinematográficas, Produção De Vídeos E De
Programas De Televisão; Gravação De Som E Edição De 0,63 0,13 1,77 1,24 0,74
Música.
Atividades Esportivas E De Recreação E Lazer 0,53 1,05 1,76 1,23 0,76
Atividades De Sedes De Empresas E De Consultoria Em
0,98 0,10 1,75 1,37 0,60
Gestão Empresarial
Manutenção, Reparação E Instalação De Máquinas E
6,29 0,13 1,67 1,20 0,78
Equipamentos.
Serviços Para Edifícios E Atividades Paisagísticas 0,43 0,42 1,54 1,18 0,81
Alimentação 1,37 0,58 1,51 1,17 0,82
Reparação E Manutenção De Equipamentos De
Informática E Comunicação E De Objetos Pessoais E 0,44 1,17 1,51 1,16 0,83
Domésticos
Atividades Auxiliares Dos Serviços Financeiros, Seguros,
0,25 0,24 1,45 1,34 0,64
Previdência Complementar E Planos De Saúde.
Serviços De Escritório, De Apoio Administrativo E Outros
1,16 0,16 1,42 1,33 0,65
Serviços Prestados Às Empresas.

658 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


(continuação)
Estado
Região Região do Rio Região Outras
Divisão CNAE 2.0
Norte Noroeste de Sudeste Regiões
Janeiro
Educação 0,90 1,09 1,39 0,99 1,01
Atividades Imobiliárias 0,44 0,48 1,38 1,16 0,83
Agências De Viagens, Operadores Turísticos E Serviços
0,29 0,19 1,35 1,06 0,93
De Reservas.
Seleção, Agenciamento E Locação De Mão-De-Obra. 0,47 0,00 1,34 1,21 0,78
Fabricação De Produtos Do Fumo 0,36 0,00 1,33 0,70 1,32
Armazenamento E Atividades Auxiliares Dos Transportes 1,92 0,05 1,30 1,24 0,74
Aluguéis Não-Imobiliários E Gestão De Ativos Intangíveis
0,92 0,73 1,30 1,17 0,82
Não-Financeiros
Serviços Especializados Para Construção 1,68 0,40 1,29 1,22 0,77
Transporte Terrestre 0,92 0,56 1,29 1,12 0,88
Atividades Jurídicas, De Contabilidade E De Auditoria 0,48 0,89 1,29 1,13 0,86
Alojamento 1,19 1,49 1,28 0,90 1,11
Edição E Edição Integrada À Impressão 0,36 0,44 1,28 1,17 0,81
Atividades Dos Serviços De Tecnologia Da Informação 0,55 0,12 1,28 1,37 0,61
Obras De Infraestrutura 3,52 0,53 1,27 1,06 0,94
Correio E Outras Atividades De Entrega 0,55 1,06 1,26 1,07 0,92
Atividades De Prestação De Serviços De Informação 0,71 0,21 1,23 1,22 0,76
Atividades De Atenção À Saúde Humana 1,19 1,71 1,20 1,12 0,88
Atividades De Organizações Associativas 3,06 1,88 1,18 1,04 0,96
Atividades De Vigilância, Segurança E Investigação 0,46 0,01 1,17 0,98 1,02
Transporte Aéreo 1,99 0,00 1,15 1,47 0,49
Fabricação De Produtos Farmoquímicos E Farmacêuticos 0,16 0,02 1,14 1,49 0,48
Comércio Varejista 1,02 1,42 1,10 1,02 0,98
Outras Atividades Profissionais, Científicas E Técnicas 0,92 0,05 1,09 1,22 0,77
Eletricidade, Gás E Outras Utilidades. 0,59 0,93 1,07 0,77 1,25
Fabricação De Bebidas 0,54 0,86 1,05 0,85 1,16
Atividades De Serviços Financeiros 0,49 0,78 1,02 1,12 0,87
Fonte: RAIS 2008
Além disso, é preciso observar os setores em que as regiões norte e Noroeste apresentam
QL acima de 1, mesmo que este não seja o caso para o total do Estado do Rio de Janeiro. A
Tabela seguinte a deixa ainda mais evidente a importância e a centralidade da cadeia do
petróleo e gás para a Região Norte, na medida em que mostra haver especialização nas
atividades de Serviços de Arquitetura e Engenharia; Testes e Análises Técnicas; Serviços
Especializados para Construção; Fabricação de Produtos de Minerais Não-Metálicos e
Fabricação de Máquinas e Equipamentos, além daquelas mencionadas anteriormente.

Tabela 34 – Divisão CNAE com QL Maior que 1 para a Região Norte Fluminense e para o
Estado do Rio de Janeiro, 2008
Divisão CNAE 2.0 Região Norte RJ
Extração De Petróleo E Gás Natural 92,77 5,68
Atividades De Apoio À Extração De Minerais 43,07 6,58
Transporte Aquaviário 20,84 4,58
Manutenção, Reparação E Instalação De Máquinas E Equipamentos. 6,29 1,67
Obras De Infraestrutura 3,52 1,27
Serviços De Arquitetura E Engenharia; Testes E Análises Técnicas. 3,15 1,96
Atividades De Organizações Associativas 3,06 1,18
Coleta, Tratamento E Disposição De Resíduos; Recuperação De
Materiais. 2,30 2,24
Transporte Aéreo 1,99 1,15
Armazenamento E Atividades Auxiliares Dos Transportes 1,92 1,30
Serviços Especializados Para Construção 1,68 1,29
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 659
(continuação)
Divisão CNAE 2.0 Região Norte RJ
Fabricação De Produtos De Minerais Não-Metálicos 1,50 0,58
Alimentação 1,37 1,51
Fabricação De Máquinas E Equipamentos 1,35 0,46
Outras Atividades De Serviços Pessoais 1,28 2,23
Alojamento 1,19 1,28
Atividades De Atenção À Saúde Humana 1,19 1,20
Serviços De Escritório, De Apoio Administrativo E Outros Serviços
Prestados Às Empresas. 1,16 1,42
Atividades Artísticas, Criativas E De Espetáculos. 1,10 1,98
Comércio Varejista 1,02 1,10
Fonte: RAIS, 2008

Para a Região Noroeste Fluminense a Tabela a seguir também apresenta os setores com
QL maior que 1. A maior especialização desta Região é na Extração de Minerais Não-
Metálicos (QL=5,11) seguida da Fabricação de Celulose, Papel E Produtos de Papel
(QL=3,41) e Fabricação de Produtos de Minerais Não-Metálicos (QL=2,24). Além destes
setores, já com um QL menor que 2, chama atenção as atividades de Serviços Domésticos;
Agricultura, Pecuária E Serviços Relacionados; Confecção de Artigos Do Vestuário E
Acessórios, em adição àquelas já citadas.

Em resumo, estes dados permitem perceber mais claramente as diferenças entre as


Regiões Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro. A Região Norte possui
especializações em setores com maiores exigências de capital enquanto a Região Noroeste
concentra suas especializações nas atividades intensivas em trabalho. Isso está de acordo
com a distribuição dos estabelecimentos segundo o porte apresentado na seção anterior em
que a Região Norte concentra o emprego em estabelecimentos de grande porte ao passo
que a Região Noroeste o faz em unidades de micro e pequeno porte.

Por fim, é preciso lembrar que ao mesmo tempo em que indica a especialização das
regiões, o QL também aponta para a dependência da estrutura produtiva destas regiões por
determinados setores. Neste sentido, a Região Norte aparece com maior dependência da
cadeia de petróleo e gás tornando a região mais sensível tanto ao crescimento quanto às
crises desta cadeia produtiva. De outra forma, a especialização menos dependente da
Região Noroeste (possui QL em geral mais baixos e mais bem distribuídos) a torna mais
sensível as variações de caráter mais geral na economia, com alguma concentração no
setor agrícola.

Tabela 35 – Divisão CNAE com QL maior que 1 para a Região Noroeste Fluminense e para o
Estado do Rio de Janeiro, 2008
Divisão CNAE 2.0 Região Noroeste RJ
Extração De Minerais Não-Metálicos 5,11 0,58
Fabricação De Celulose, Papel E Produtos De Papel. 3,41 0,55
Fabricação De Produtos De Minerais Não-Metálicos 2,24 0,58
Atividades De Organizações Associativas 1,88 1,18
Serviços Domésticos 1,81 0,44
Agricultura, Pecuária E Serviços Relacionados. 1,73 0,17
Atividades De Atenção À Saúde Humana 1,71 1,20
Confecção De Artigos Do Vestuário E Acessórios 1,51 0,82
Alojamento 1,49 1,28
Comércio Varejista 1,42 1,10
660 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
(continuação)
Divisão CNAE 2.0 Região Noroeste RJ
Fabricação De Produtos Alimentícios 1,32 0,29
Administração Pública, Defesa E Seguridade Social. 1,25 0,89
Comércio E Reparação De Veículos Automotores E
1,17 0,70
Motocicletas
Reparação E Manutenção De Equipamentos De Informática E
1,17 1,51
Comunicação ...
Educação 1,09 1,39
Correio E Outras Atividades De Entrega 1,06 1,26
Atividades Esportivas E De Recreação E Lazer 1,05 1,76
Esgoto E Atividades Relacionadas 1,03 0,85
Fonte: RAIS, 2008

6.3 Indústria

Esta seção analisa a estrutura industrial das regiões Norte e Noroeste do Estado do Rio de
Janeiro. Por tratar especificamente da indústria, a base desta análise é a classificação
CNAE 2.0 em cinco dígitos (classe CNAE). Isto permite observar com mais detalhe as
atividades industriais nestas regiões, uma vez que conta com uma maior desagregação.
Utiliza-se, portanto, as classes CNAE pertencentes às indústrias extrativas e de
transformação, compreendendo a 274 atividades econômicas (de um total de 676). Contudo,
o grande número de classes industriais coloca limites a análise, no sentido de que passa a
ser necessário maior rigor para a apresentação do QL.

Desta forma, a Tabela a seguir apresenta a os setores em que o Estado do Rio de Janeiro
possui Quociente Locacional superior a dois. Observa-se que o Estado apresenta
especialização em 41 atividades industriais, das quais se destacam as relacionadas á
cadeia do petróleo e gás. Vale chamar a atenção para os serviços relacionados a esta
cadeia. Além disso, vale ressaltar a presença de especializações na cadeia metal-mecânica
que relaciona-se com várias outras cadeias para as quais serve de base, como por exemplo,
a Construção de embarcações e relacionados e de aeronaves. Três outras atividades que
merecem distinção neste cenário são a Extração de minerais radioativos; Fabricação de
preparações farmacêuticas e Fabricação de produtos farmoquímicos.

Tabela 36 – Classe CNAE com QL Maior que 2 para o Estado do Rio de Janeiro, QL para as
Regiões Norte e Noroeste Fluminense, QL para Demais Regiões do Estado em 2008

Outras
Região Região Regiões Rio de
Classe CNAE 2.0
Norte Noroeste do Janeiro
Estado
Construção de embarcações e estruturas flutuantes 0,86 0,00 15,19 13,43
Fabricação de máquinas e equipamentos para a prospecção e extração
61,28 0,00 7,63 13,06
de petróleo
Atividades de apoio à extração de petróleo e gás natural 44,17 0,00 8,70 12,23
Produção de semi-acabados de aço 0,00 0,00 12,92 11,35
Manutenção e reparação de embarcações 6,65 0,00 11,85 11,10

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 661


Outras
Região Região Regiões Rio de
Classe CNAE 2.0
Norte Noroeste do Janeiro
Estado

Fabricação de catalisadores 0,00 0,00 11,93 10,48


Extração de petróleo e gás natural 87,03 0,00 0,78 9,71
Extração de minerais radioativos 23,59 0,00 7,10 8,68
Manutenção e reparação de aeronaves 0,00 0,00 9,81 8,62
Fabricação de preparações farmacêuticas 0,00 0,00 9,58 8,42
Fabricação de desinfetantes domissanitários 0,00 0,00 9,06 7,96
Produção de outros tubos de ferro e aço 0,00 0,00 6,26 5,50
Fabricação de elastômeros 0,00 0,00 5,93 5,21
Produção de laminados planos de aço 0,00 0,00 4,91 4,31
Confecção de roupas íntimas 0,26 6,64 4,71 4,28
Fabricação de produtos derivados do petróleo, exceto produtos do
0,00 0,00 4,64 4,07
refino.
Fabricação de produtos do refino de petróleo 0,00 0,00 3,98 3,50
Construção de embarcações para esporte e lazer 0,00 0,00 3,94 3,46
Fabricação de produtos farmoquímicos 0,09 0,00 3,80 3,34
Manutenção e reparação de tanques, reservatórios metálicos e
11,69 0,00 2,17 3,12
caldeiras, exceto para veículos.
Fabricação de produtos químicos inorgânicos não especificados
0,00 0,00 3,48 3,06
anteriormente
Fabricação de equipamentos e instrumentos ópticos, fotoGráficos e
0,00 0,00 3,48 3,06
cinematoGráficos.

Fabricação de pneumáticos e de câmaras-de-ar 0,00 0,00 3,42 3,00


Fabricação de artigos para viagem, bolsas e semelhantes de qualquer
0,13 0,00 3,35 2,95
material.
Fabricação de malte, cervejas e chopes. 0,03 0,00 3,32 2,92
Fabricação de produtos do fumo 0,42 0,00 3,16 2,82
Fabricação de cosméticos, produtos de perfumaria e de higiene
0,00 0,57 3,17 2,80
pessoal.
Manutenção e reparação de equipamentos e produtos não
0,11 0,00 3,09 2,73
especificados anteriormente
Fabricação de locomotivas, vagões e outros materiais rodantes. 0,00 0,00 3,09 2,72
Fabricação de obras de caldeiraria pesada 0,07 0,00 3,02 2,66
Fabricação de mídias virgens, magnéticas e ópticas. 0,00 0,00 3,01 2,64
Extração e refino de sal marinho e sal-gema 0,00 0,00 3,00 2,64
Fabricação de aparelhos e equipamentos para instalações térmicas 0,00 0,00 2,96 2,60
Fabricação de embalagens metálicas 0,28 0,59 2,87 2,56
Fabricação de bijuterias e artefatos semelhantes 0,00 0,00 2,83 2,49
Manutenção e reparação de máquinas e equipamentos da indústria
9,05 0,25 1,71 2,44
mecânica
Produção de relaminados, trefilados e perfilados de aço. 0,00 0,00 2,61 2,29
Fabricação de embalagens de vidro 0,00 0,00 2,59 2,28
Fabricação de gases industriais 0,18 0,00 2,54 2,25
Fabricação de massas alimentícias 0,03 1,63 2,47 2,20
Fabricação de instrumentos e materiais para uso médico e
0,09 0,12 2,29 2,03
odontológico e de artigos ópticos
Fonte: RAIS, 2008

662 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Ao observar os QL apresentados na Tabela acima para a Região Norte, e em comparação
com o geral do Estado, percebe-se mais fortemente a importância da cadeia de petróleo e
gás para esta região especificamente. Os QL das atividades Extração de petróleo e gás
natural (QL=87,03); Fabricação de máquinas e equipamentos para a prospecção e extração
de petróleo (QL=61,28); Atividades de apoio à extração de petróleo e gás natural
(QL=44,17); Manutenção e reparação de tanques, reservatórios metálicos e caldeiras,
exceto para veículos (QL=11,69) e Manutenção e reparação de máquinas e equipamentos
da indústria mecânica (QL=9,05) são bastante expressivos e em muito superiores aos do
Estado para os respectivos setores. Assim, verifica-se que a Região Norte é um elo
fundamental para a cadeia de petróleo e gás no Rio de Janeiro, embora existam muito
outros elos faltantes tendo em vista as varias atividades relacionas com QL igual a zero.
Espera-se, portanto, uma complementariedade entre a Região Norte e o restante do Estado
no sentido de dar sustentação à cadeia do petróleo e gás como um todo. Por fim, vale
mencionar o alto valor para o QL na Extração de minerais radioativos (QL=23,59) que é
maior para a Região Norte do que para o Estado no geral.

Para o Noroeste Fluminense os dados da Tabela acima revelam até agora uma grande
vulnerabilidade da indústria da Região tendo em vista que apenas para a Confecção de
Roupas Íntimas (QL=6,64) há uma especialização de destaque. Nas demais atividades em
que o Estado apresenta especialização, esta Região mostra valores para o QL seguinte de 1
para a maioria dos setores listados. Isso evidencia uma desconexão, ao menos aparente,
entre a estrutura industrial do Estado e da Região.

As atividades industriais em que a Região Norte possui QL maior que 1 são mostradas na
Tabela a seguir. Fica claro, mais uma vez o peso da cadeia produtiva do petróleo e gás e da
cadeia metal-mecânica, sem maiores novidades em relação aos dados já apresentados.
Surgem apenas algumas outras especializações em Moagem e fabricação de produtos de
origem vegetal; Fabricação de farinha de mandioca e derivados e Preparação do leite, por
exemplo. Das atividades em que a Região Noroeste apresentou QL superior a 1, apenas
para Fabricação de Aguardentes e outras Bebidas Destiladas (QL=3,47) e Atividades de
apoio à Extração de Minerais, exceto petróleo e gás natural (QL=7,95) a Região Noroeste
também mostrou especialização.

Tabela 37 – Classe CNAE com QL Maior que 1 para Região Norte Fluminense, QL para a
Noroeste, QL para Estado do Rio de Janeiro, 2008

Região Região Rio de


Classe CNAE 2.0
Norte Noroeste Janeiro
Extração de petróleo e gás natural 87,03 0,00 9,71
Fabricação de máquinas e equipamentos para a prospecção e extração de
61,28 0,00 13,06
petróleo
Atividades de apoio à extração de petróleo e gás natural 44,17 0,00 12,23
Extração de minerais radioativos 23,59 0,00 8,68
Manutenção e reparação de tanques, reservatórios metálicos e caldeiras,
11,69 0,00 3,12
exceto para veículos.
Manutenção e reparação de máquinas e equipamentos da indústria mecânica 9,05 0,25 2,44
Manutenção e reparação de embarcações 6,65 0,00 11,10
Fabricação de estruturas metálicas 3,81 0,02 1,34
Fabricação de produtos cerâmicos não-refratários para uso estrutural na
3,63 0,30 0,85
construção
Produção de tubos de aço com costura 3,46 0,00 1,13
Fabricação de alimentos e pratos prontos 3,29 0,00 0,75

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 663


(continuação)
Região Região Rio de
Classe CNAE 2.0
Norte Noroeste Janeiro
Fabricação de aguardentes e outras bebidas destiladas 2,54 3,47 0,75
Fabricação de produtos químicos orgânicos não especificados anteriormente 2,36 0,00 0,95
Instalação de máquinas e equipamentos industriais 2,16 0,00 1,30
Moagem e fabricação de produtos de origem vegetal não especificados
1,95 0,00 0,44
anteriormente
Serviços de usinagem, solda, tratamento e revestimento em metais. 1,77 0,06 0,93
Fabricação de farinha de mandioca e derivados 1,67 0,00 0,17
Manutenção e reparação de equipamentos eletrônicos e ópticos 1,53 0,00 1,94
Manutenção e reparação de máquinas e equipamentos elétricos 1,41 0,00 1,47
Atividades de apoio à extração de minerais, exceto petróleo e gás natural. 1,26 7,95 0,92
Extração de minério de estanho 1,22 0,00 0,13
Extração de minerais não-metálicos não especificados anteriormente 1,21 0,26 0,66
Preparação do leite 1,07 4,19 0,98
Fabricação de conservas de frutas 1,07 0,00 0,29
Fabricação de açúcar em bruto 1,03 0,00 0,11
Fonte: RAIS, 2008
Os dados da Tabela a seguir listam as classes CNAE em que a Região Noroeste apresenta
QL acima de 1. A partir de tais dados, dois pontos merecem destaque. Em primeiro lugar, o
fato de a Região Noroeste possuir especializações em um maior número de atividades
industriais (32 classes com QL maior que 1) do que a Região Norte (25 classes com QL
maior que 1). Isso denota uma menor dependência em relação a apenas uma, ou poucas
cadeias produtivas. Em segundo lugar, a pouca presença de atividades mais relacionadas
com a cadeia produtiva do petróleo e gás, o que sugere uma fragilidade na interação
produtiva entre as duas regiões. Isto fica mais claro quando se observa que, apenas nas
atividades de Apoio à Extração de Minerais, exceto petróleo e gás natural; Preparação do
Leite e Fabricação de Aguardentes e outras bebidas destiladas, ambas as Regiões
apresentam especialização.

Tabela 38 – Classe CNAE com QL Maior que 1 para Região Noroeste Fluminense, QL para a
Norte, QL para Estado do Rio de Janeiro, 2008

Região Região Rio de


Classe CNAE 2.0
Norte Noroeste Janeiro
Fabricação de peças e acessórios para o sistema de freios de veículos
0,00 24,45 0,58
automotores
Fabricação de papel 0,00 17,94 1,03
Aparelhamento e outros trabalhos em pedras 0,24 17,52 1,43
Fabricação de artefatos de tapeçaria 0,00 17,15 0,98
Fabricação de produtos de carne 0,00 12,96 1,81
Fabricação de laticínios 0,21 11,64 0,39
Extração de pedra, areia e argila. 0,75 8,34 1,06
Atividades de apoio à extração de minerais, exceto petróleo e gás natural. 1,26 7,95 0,92
Fabricação de equipamentos de transporte não especificados anteriormente 0,57 7,30 0,51
Confecção de roupas íntimas 0,26 6,64 4,28
Fabricação de águas envasadas 0,84 4,92 0,64
Fabricação de equipamentos hidráulicos e pneumáticos, exceto válvulas. 0,56 4,75 0,85
Fabricação de esquadrias de metal 0,16 4,61 1,11

664 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


(continuação)
Região Região Rio de
Classe CNAE 2.0
Norte Noroeste Janeiro
Preparação do leite 1,07 4,19 0,98
Fundição de ferro e aço 0,00 3,59 0,86
Fabricação de aguardentes e outras bebidas destiladas 2,54 3,47 0,75
Torrefação e moagem de café 0,42 3,45 1,39
Confecção de roupas profissionais 0,61 3,16 1,60
Fabricação de artigos de serralheria, exceto esquadrias. 0,16 3,07 0,95
Fabricação de produtos de minerais não-metálicos não especificados
0,28 2,54 1,57
anteriormente
Fabricação de produtos de panificação 0,43 2,33 1,25
Fabricação de artefatos têxteis para uso doméstico 0,00 2,32 0,28
Serviços de pré-impressão 0,69 2,22 1,89
Fabricação de artefatos de concreto, cimento, fibrocimento, gesso e materiais
0,58 1,90 0,94
semelhantes.
Fabricação de sabões e detergentes sintéticos 0,08 1,87 0,95
Fabricação de artigos do vestuário, produzidos em malharias e tricotagens,
0,03 1,66 0,42
exceto meias.
Fabricação de estruturas de madeira e de artigos de carpintaria para construção 0,28 1,64 0,60
Fabricação de massas alimentícias 0,03 1,63 2,20
Reforma de pneumáticos usados 0,26 1,48 0,71
Recondicionamento e recuperação de motores para veículos automotores 0,74 1,31 1,12
Fundição de metais não-ferrosos e suas ligas 0,00 1,28 0,70
Fabricação de escovas, pincéis e vassouras. 0,27 1,17 1,09
Fonte: RAIS, 2008

6.4 Grandes Empreendimentos

Esta seção apresenta os principais empreendimentos relacionados às regiões do Norte e


Noroeste Fluminense, em especial. A base para esta análise é a compilação das
informações presentes no documento “Decisão Rio – Investimentos 2010-2012” elaborado
pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro – FIRJAN (2009).

De acordo com a FIRJAN, estão previstos para o período 2010-2012 um total de R$126,3
bilhões distribuídos em investimentos de infraestrutura (R$28,6bilhões), indústria de
transformação (R$20,3bilhões), Petrobrás (R$77,1bilhões) e outros (R$0,3bilhão). Estes
investimentos estão distribuídos entre os objetivos de implantação (75,5%),
expansão/modernização (20,2%) e construção de embarcações (4,3%).

A Tabela a seguir apresenta os vinte maiores investimentos previstos de acordo com o


relatório “Decisão”. Estes investimentos correspondem a cerca de 34% do total previsto.
Estas informações mostram que os maiores investimentos são de implantação, ou seja,
correspondem a empreendimentos novos, e concentrados em petroquímica e energia. O
setor de transporte e logística também apresenta grandes investimentos, embora em menor
escala, seguido pela indústria naval. Vale observar, para estes vinte maiores
empreendimentos, a diversidade de atores/investidores presentes. Do ponto de vista das
regiões em análise, apenas os municípios de Campos e São João da Barra, ambos na
Região Norte Fluminense, receberão investimentos específicos. Deve-se mencionar que
existem investimentos que não ficarão restritos a um único município e, portanto, poderão
contemplar outras regiões do Estado não explicitadas na Tabela.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 665


Tabela 39 – Estado do Rio de Janeiro, Vinte Maiores Investimentos Previstos, 2010-2012

Valor
Investimento Setor Municípios Objetivo
(R$ bi)
Comperj Petroquímica Itaboraí Implantação 14,6
Chevron Energia Campos Implantação 4,4
São João da
Usina Termelétrica do Açu Energia Implantação 4,3
Barra
Angra 3 Energia Angra dos Reis Implantação 4
CSN – Plataforma
Transporte/Logística Itaguaí Expansão/Modernização 3,7
Logística em Itaguaí
Complexo Portuário do São João da
Transporte/Logística Implantação 2
Açu Barra
OGX Energia Campos Implantação 1,5
Construção de
Eisa Indústria Naval Rio de Janeiro 1,4
Embarcação
Grupo Fisher Indústria Naval Vários Expansão/Modernização 1,3
Desenvolvimento
Governo Federal Vários Expansão/Modernização 1,1
Urbano
Porto do Sudeste Transporte/Logística Itaguaí Implantação 1,1
Light S/A – UHE Itaocara Energia Vários Implantação 0,6
Gerdau – Terminal
Transporte/Logística Itaguaí Implantação 0,6
Portuário
Metrô – Linha 1A Transporte/Logística Rio de Janeiro Expansão/Modernização 0,5
Aeroporto Internacional
Transporte/Logística Rio de Janeiro Expansão/Modernização 0,4
Tom Jobim
Desenvolvimento
Porto Maravilha Rio de Janeiro Expansão/Modernização 0,4
Urbano
MRS Logística Transporte/Logística Vários Expansão/Modernização 0,4
Construção de
STX Europe Indústria Naval Niterói 0,4
Embarcação
Coquepar – Companhia
de Coque Calcinado de Petroquímica Seropédica Implantação 0,3
Petróleo
Michelin Borracha Itatiaia Implantação 0,3
Fonte: FIRJAN 2009

A Tabela a seguir relaciona os investimentos por macro setor, setor e valor. Fica mais claro,
nesta Tabela, o peso de cada setor no total dos investimentos. Estes dados sugerem uma
lógica coerente para os investimentos. Pode-se perceber um foco final na indústria
petroquímica e naval, que para se implantar, desenvolver e funcionar adequadamente,
requer investimentos em setores correlatos que se encontram em elos anteriores da cadeia
produtiva, como siderurgia e energia, por exemplo. Além disso, o setor de transporte e
logística é fundamental tanto no período de execução dos investimentos quanto para o
funcionamento dos setores considerando-se o fluxo de matérias primas e o escoamento da
produção.

666 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Tabela 40 – Estado do Rio de Janeiro, Investimentos Previstos na Indústria de Transformação
e Infraestrutura, 2010-2012
Valor
Macrosetor Setor %
(R$ bi)
Petroquímica 15,2 75
Indústria Naval 3,7 18,1
Indústria de Transformação Siderurgia 0,8 3,9
Outros 0,6 3
Total 20,3 100
Energia 15,6 55
Transporte/Logística 10,5 37
Infraestrutura Desenvolvimento Urbano 2,1 7
Saneamento Básico 0,4 1
Total 28,6 100
Fonte: FIRJAN 2009
Os diferenciais de investimento nas regiões podem ser observados a partir da Tabela
seguinte. De todo montante de investimentos previstos, a Região Norte Fluminense deverá
receber o segundo maior volume de recursos, superada apenas pela Região Leste. Na outra
ponta, os investimentos destinados à Região Noroeste confundem-se com os de outras
regiões, o que denota um volume menor de recursos. O volume total para conjunto de
Regiões no qual se encontra a Região Noroeste soma R$1,9 bi, correspondendo a 1,5% do
investimento total e a apenas 14,7% do previsto para a Região Norte. Esta desigualdade é
reflexo, entre outras coisas, das especializações produtivas de cada região, o que
combinado aos setores que receberão investimento levam à concentração destes em
algumas regiões. Uma conseqüência prevista deste movimento é a intensificação da
concentração destes setores nas respectivas regiões especializadas, bem como o
aprofundamento desta especialização.

Tabela 41 – Investimentos Programados, até 2012


Região R$ Bilhões %
Leste 15,6 12,3
Norte 12,9 10,3
Baixada I 6,2 4,9
Município do Rio de Janeiro 5,3 4,2
Sul 5,0 3,9
Outros - incluindo a Região Noroeste 1,9 1,5
Investimentos não restritos a uma única região 79,4 62,9
Total 126,3 100
Fonte: FIRJAN 2009
Os principais investimentos em cada região são apresentados na Tabela a seguir. Mais uma
vez, reforça-se a predominância dos investimentos na Região Norte que revelam uma
concentração em infraestrutura e para a implantação. Além disso, surge apenas a indústria
naval entre os principais investimentos. Uma observação importante é a ausência do setor
de petroquímica entre os principais investimentos na Região Norte, o que aponta para duas
possibilidades. Primeiro, os investimentos previstos em petroquímica nesta Região são de
menor porte e estão espraiados em empreendimentos mais modestos. Isto pode ser
decorrente do peso da cadeia produtiva do petróleo na Região, que requer ações mais
localizadas para ampliação de capacidade ao mesmo tempo em que demanda fortes
investimentos em energia e logística para obter ganhos de eficiência. Em segundo, pode ser
o resultado de uma complementariedade entre as regiões do Estado mais especializadas no
setor petroquímico, de tal forma que a ampliação da capacidade produtiva para extração do

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 667


petróleo necessite de investimentos em transporte e logística para alcançar as atividades
relacionadas à petroquímica localizadas nas regiões vizinhas. De qualquer forma, a Região
Norte beneficia-se não apenas com os investimentos diretos em infraestrutura, mas também
dos demais investimentos previstos em outras regiões no setor petroquímico, uma vez que
isso significa uma ampliação da demanda para a sua produção industrial.

Tabela 42 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Principais Investimentos Programados


2010-2012
R$
Região Investimento Setor Município Objetivo
Bilhões
Chevron Energia Campos Implantação 4,4
Usina Termelétrica do Açu Energia São João da Barra Implantação 4,3
Complexo Portuário do Açu Transporte/Logística São João da Barra Implantação 2
Norte
OGX – Exploração de Petróleo Energia Campos Implantação 1,5
Aeroporto Farol de São Tomé Transporte/Logística Campos Implantação 0,3
Centro Logístico de Barra do Furado Indústria Naval Quissamã Implantação 0,1
Light S/A – Itaocara Energia Vários Implantação 0,62
Desenvolvimento Expansão/
Noroeste Governo Federal Vários 0,01
Urbano Modernização
Godiva Alimentos – GODAM Alimentos São José de Ubá Implantação 0,01
Fonte: FIRJAN 2009

Por sua vez, os principais investimentos previstos para a Região Noroeste são bem mais
modestos e abrangem os setores de energia, desenvolvimento urbano e alimentos. Isto leva
a considerar dois pontos em especial. Em primeiro lugar, a reduzida presença de atividades
industriais na região, o que pode levar a um ritmo mais lento nos investimentos em
atividades desta natureza. Contudo, o investimento em infraestrutura (energia) tende a
induzir e possibilitar a expansão da indústria local. Em segundo lugar, o próprio investimento
no desenvolvimento urbano caracteriza a possibilidade de uma demanda maior de energia
para fins não industriais, como efeito da maior urbanização da Região.

De modo geral, estes investimentos podem levar ao mesmo tempo a dois efeitos que
merecem destaque. O primeiro efeito é mais claro, qual seja o crescimento das respectivas
regiões que receberão os investimentos, bem como do Estado do Rio de Janeiro como um
todo. Tende a haver um efeito multiplicador deste investimento com o aumento de renda e
emprego, proporcionado por economias de aglomeração e de escala. Neste sentido, espera-
se um desenvolvimento destas regiões alem da diversificação da sua estrutura produtiva.

Contudo, um segundo efeito possível é o aprofundamento das desigualdades intra e


interregionais. As desigualdades intrarregionais, destacando-se aqui a Região Norte, seriam
resultados do aumento da especialização nas atividades produtivas já presentes nesta
região. Desta forma, o crescimento da cadeia produtiva do petróleo e, em alguma medida,
da cadeia metal mecânica e da indústria naval, tornariam a região mais dependente das
poucas atividades para as quais já apresenta especialização, reduzindo o ritmo da
diversificação. O aprofundamento das desigualdades interregionais seria conseqüência, ao
mesmo tempo, da concentração de investimentos de maior vulto em regiões já relativamente
mais desenvolvidas e como resultado do próprio crescimento destas regiões em virtude dos
investimentos. Na medida em que tais investimentos ampliam o emprego e a renda em
determinadas regiões tende também a absorver mão de obra proveniente das outras regiões
de crescimento mais lento e a concentrar novos investimentos. Deve-se, portanto, buscar
formas compensatórias para estes efeitos considerando a integração das Regiões, em
especial do Noroeste e Norte Fluminense, no sentido de direcionar novos investimentos
para diversificar as economias regionais e distribuir renda.

668 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


6.5 Ciência e Tecnologia

A analise da estrutura científica e tecnológica das regiões passa pela observação de cinco
pontos principais: a) capacidade para formação de recursos humanos de nível superior; b)
capacidade de formar e fixar pesquisadores; c) produção e diversificação do conhecimento
gerado; d) geração de tecnologia; e) setores envolvidos na geração de tecnologia.

Do ponto de vista da capacidade de formar recursos humanos de nível superior, a Tabela


seguinte apresenta o número de instituições que oferecem cursos de nível superior e o
número de cursos oferecidos de acordo com o Ministério da Educação (MEC). Para um total
de 206 instituições dentro do Estado do Rio de Janeiro, são oferecidos ao todo 3.074
cursos. Um primeiro aspecto a chamar a atenção é o fato de que a Região Noroeste possui
instituições de ensino superior apenas em quatro municípios dos treze que compõem a
região. São, para esta região, um total de doze instituições que oferecem 70 cursos, o que
representa apenas 5,8% e 2,2% do total do Estado, respectivamente. No caso da Região
Norte as instituições de ensino superior estão em apenas três dos nove municípios
constituintes. Por sua vez, estes três municípios somam 24 instituições e 239 cursos,
correspondendo, respectivamente, a 11,6% e 7,7% do Estado.

Tabela 43 – Estado do Rio de Janeiro, Número de Instituições Ofertantes e Número de Curso


Superior por Região, 2009

População Cursos por mil


Região Município Instituições Cursos
2009 Habitantes
Campos dos Goytacazes 13 176 434.008 0,41
Macaé 8 56 194.413 0,29
Norte
Quissamã 3 7 19.878 0,35
Total 24 239 648.299 0,37
Itaperuna 6 55 99.454 0,55
Santo Antônio de Pádua 3 9 42.405 0,21
Noroeste Bom Jesus do Itabapoana 2 5 35.303 0,14
Miracema 1 1 26.824 0,04
Total 12 70 203.986 0,34
Capital Rio de Janeiro 80 1572 6.186.710 0,25
Outros Outros 90 1193 - -
Total 206 3074 - -
Fonte: MEC, 2010
Destes dados, é importante ressaltar que, tanto para a Região Noroeste quanto para a
Região Norte, a ponderação do número de cursos de nível superior ofertados pela
população é superior à verificada para a capital do Estado. Isto indica uma possibilidade de
que a estrutura para graduação nestas regiões esteja minimamente adequada ao peso da
população em termos relativos. Esta relação seria mais bem medida a partir da comparação
oferta de vagas ao invés de cursos, contudo, estas informações não estão disponíveis em
âmbito municipal/microrregional.

De qualquer forma, deve-se estar atento para a capacidade desta estrutura de graduação
alimentar e sustentar as atividades de pesquisa e geração de conhecimento nas regiões.
Neste sentido, a Tabela seguinte ajuda a entender a capacidade das regiões em gerar e
fixar pesquisadores. A partir de dados do Diretório dos Grupos de Pesquisa do CNPq, é
apresentado um retrato da estrutura de pesquisa no ano de 2008.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 669


A primeira constatação é quanto à ausência de grupos de pesquisa localizados na Região
Noroeste e cadastrados na base de dados do CNPq. Desta forma, entende-se que, pelo
menos no que este indicador é capaz de captar, as atividades de pesquisa nesta região são
bastante limitadas, chegando praticamente a ausência.

A situação mostra-se, ao menos em parte, diferente para a Região Norte. Neste caso,
existem 117 grupos cadastrados junto ao CNPq, porém, concentrados em apenas três
instituições. Além disso, estes grupos contam com 872 pesquisadores, 983 estudantes e
235 técnicos atuando em 490 linhas de pesquisa diferentes. Chama atenção o número de
estudantes (de graduação ou pós-graduação) envolvidos em pesquisa. Isto sugere certa
capacidade da região em dar continuidade na formação de pessoal com potencial para a
geração de conhecimento. Estes dados conferem a região norte uma melhor condição para
sustentar uma infraestrutura científica em comparação à Região Noroeste, embora tal
estrutura seja bastante diminuta em comparação à capital, Rio de Janeiro.

Tabela 44 – Estatísticas do Diretório dos Grupos de Pesquisa do CNPq, Censo 2008


Linhas de
Região Cidade Instituições Grupos Pesquisadores Estudantes Técnicos
Pesquisa
Campos dos
2 98 434 757 922 216
Região Goytacazes
Norte Macaé 1 19 56 115 61 19
Total 3 117 490 872 983 235
Rio de
47 2.178 8.291 15.185 15.143 29.60
Janeiro
Niterói 2 398 14.77 2.487 2.631 254
Petrópolis 1 46 95 136 221 37
Nova Iguaçu 2 37 137 231 158 12
Maricá 1 28 76 158 100 5
Outras
Vassouras 1 28 76 158 100 5
Duque de
1 19 56 115 61 19
Caxias
Volta
1 8 33 130 248 5
Redonda
Arraial do
1 6 26 20 5 12
Cabo
Total Geral 60 2.865 10.757 19.492 19.650 35.44
Fonte: CNPq, 2010

Ainda utilizando dados do Diretório dos Grupos de pesquisa do CNPq, é possível avaliar a
produção de conhecimento e sua diversidade, em particular na Região Norte Fluminense,
uma vez que pesquisadores localizados na Região Noroeste não aparecem nesta base de
dados para o ano de 2008. Desta forma, a Tabela seguinte traz a produção dos Grupos de
Pesquisa do CNPq por tipo de produção e por área do conhecimento. Dois pontos são
importantes destacar para a Região Norte (Campos e Macaé). Primeiro é a presença de
produção científica em todas as grandes áreas do conhecimento, o que evidencia a
diversidade das pesquisas e do conhecimento produzido. Em segundo, vale observar a
concentração desta produção em ciências agrárias (em primeiro lugar) e em ciências
biológicas (na sequência), em geral, pouco relacionadas à especialização produtiva da
região. Não obstante esta concentração deve-se apontar a produção em produção nas
ciências da terra e engenharias, estas sim, mais próximas às características industriais
presentes na região. Vale lembrar, neste caso, a superioridade do município de Campos dos
Goytacazes em relação à baixa produção de Macaé.

670 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Tabela 45 – Produção dos Grupos de Pesquisa do CNPq, Censo 2008
Campos dos Goytacazes Macaé Outras regiões Total Rio de Janeiro
Grande Área do Conhecimento Produção Produção Produção Produção Produção Produção Produção Produção
Autores Autores Autores Autores
Bibliog. Técnica Bibliog. Técnica Bibliog. Técnica Bibliog. Técnica
Ciências Agrárias 320 8.903 2.094 - - - 999 25.524 7.730 1.319 34.427 9.824
Ciências Biológicas 270 4.518 1.237 12 145 53 3.832 72.892 23.408 4.090 77.265 24.592
Ciências da Saúde 23 581 187 25 717 242 3.766 80.762 40.725 3.764 80.626 40.670
Ciências Exatas e da Terra 133 3.003 574 - - - 2.495 45.293 14.038 2.628 48.296 14.612
Ciências Humanas 108 1.775 899 4 12 53 3.796 59.350 54.346 3.900 61.113 55.192
Ciências Sociais Aplicadas 24 320 158 29 389 337 1.884 28.924 24.406 1.879 28.855 24.227
Engenharias 140 3.075 1.025 3 49 12 3.215 52.619 20.450 3.352 55.645 21.463
Lingüística, Letras e Artes - - - 16 304 301 1.273 19.243 18.419 1.257 18.939 18.118
Total geral 1.018 22.175 6.174 89 1.616 998 21.260 384.607 203.522 22.189 405.166 208.698
Fonte: CNPq, 2010

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 671


Para complementar estas informações, a Tabela a seguir contabiliza o total de artigos
científicos indexados no Institute for Scientific Information em que pelo menos um autor
localiza-se nas regiões do Norte ou Noroeste Fluminense e que tenha sido publicado no ano
de 2009. Percebe-se que, embora não seja captado pela base de dados do CNPq, existe na
região Noroeste alguma estrutura capaz de gerar conhecimento. Os municípios de Campos
dos Goytacazes e Macaé são os representantes da Região Norte, o que comprova a
estrutura científica percebida na Tabela 56. Por sua vez, a ocorrência de uma produção
científica de nível internacional nos municípios de Itaperuna e Miracema é útil para
considerar a existência de alguma estrutura científica e de pesquisa na Região Noroeste

Tabela 46 – Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Artigos Científicos Indexados no ISI com
Autores de Instituições Localizadas, Publicados em 2009

Região Município Artigos Científicos


Campos dos Goytacazes 264
Região Norte Macaé 15
Total 279
Itaperuna 3
Região Noroeste Miracema 1
Total 4
Outras Regiões Outros Municípios 7.395
Fonte: ISI 2010

A partir das informações sobre a infraestrutura científica das Regiões Norte e Noroeste do
Estado do Rio de Janeiro, faz-se necessário destacar dois pontos conclusivos. primeiro, é
pela própria existência desta infraestrutura minimamente mensurável nestas Regiões.
Segundo, apesar de mensurável, esta estrutura mostra-se bastante acanhada, sobre tudo
para a Região Noroeste, tanto em termos da formação de pessoal de nível superior e
pesquisadores, quanto na condução de pesquisas e na produção de conhecimento,
principalmente quando comparados ao conjunto das demais regiões e do Estado.

Do ponto de vista da estrutura tecnológica, a análise é feita em termos da capacidade das


empresas da região em gerar tecnologia razoavelmente mensurável. Desta forma, a Tabela
seguinte apresenta a produção tecnológica, medida por depósitos de patentes junto ao
Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) no período de 1990 a 2005, por Região,
tipo de patente e natureza jurídica do titular.

Tabela 47 – Regiões do Estado do Rio de Janeiro, Depósitos de Patentes no INPI, por Tipo de
Patente e Natureza Jurídica do Titular no Período 1990-2005
Região Tipo PF PJ NA Total
Modelo de Utilidade 2 2 1 5
Região Norte
Patente de Invenção 2 3 2 7
Modelo de Utilidade 2 0 0 2
Região Noroeste
Patente de Invenção 1 1 1 3
Modelo de Utilidade 269 255 245 769
Outas regiões
Patente de Invenção 272 1.096 316 1.684
Modelo de Utilidade 273 257 246 776
Total do Estado
Patente de Invenção 275 1.100 319 1.694
Fonte: INPI, 2007 (Base de dados cedida diretamente ao Cedeplar/UFMG)

672 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Inicialmente, vale esclarecer que modelos de utilidade são, em geral, considerados patentes
com menor conteúdo tecnológico, ao passo que a patente de invenção representaria uma
contribuição mais significativa para o estoque de conhecimento tecnológico e para a
mudança tecnológica. Além disso, deve-se esclarecer que a predominância de patentes
registradas por indivíduos (pessoa física) representa uma fragilidade do sistema de
inovação, o que revela uma limitada capacidade de criar e sustentar um ambiente mais
propício à geração de novas tecnologias e da inovação.

Desta forma, os dados apresentados na tabela acima revelam um sistema local de inovação
bastante limitado e imaturo, tanto para a Região Norte, mas sobretudo, para a região
Noroeste. Isto fica claro ao observar-se a baixa atividade patentária, o peso dos modelos de
utilidade e de indivíduos como titulares, considerando o extenso período apurado.

Em outra perspectiva, a Tabela seguinte apresenta os depósitos de patentes distribuídos


entre as classes de atividade CNAE para as regiões em análise. Ressalta-se, neste sentido,
a pequena diversidade de setores com atividade patentária. Para a Região Noroeste
constata-se apenas um pedido de patente originado pelo setor de peças e acessórios para o
sistema de freios, enquanto para a Região Norte vale ressaltar o setor de edificações. De
modo geral, estes dados também sugerem uma desconexão entre as atividades
tecnológicas e as especializações produtivas das Regiões.

Tabela 48 – Depósitos de Patentes Junto ao INPI por Classe de Atividade CNAE e Região entre
1990 e 2005
Outras
Noroeste Norte
Classe CNAE Fluminense Fluminense
Regiões Brasil
do Brasil
Administração publica em geral 0 1 74 75
Atividades de serviços relacionados com a agricultura 0 1 0 1
Edificações (residenciais, industriais, comerciais
e de serviços) 0 2 3 5
Fabricação de outros produtos elaborados de metal 0 1 15 16
Fabricação de peças e acessórios para o sistema
de freios 1 0 2 3
Outros setores 0 0 1.112 1.112
Não disponível 4 7 1.247 1.258
Total 5 12 2.453 2.470
Fonte: INPI, 2007 (Base de dados cedida diretamente ao Cedeplar/UFMG)

Em resumo, as informações apresentadas nesta seção sugerem que as Regiões Noroeste e


Norte Fluminense possuem um sistema de inovação imaturo com uma infraestrutura
científica e tecnológica bastante limitada. Desta forma, estas regiões apresentam grande
fragilidade e pouca possibilidade para responder a desafios econômicos e sociais que
demandem mais intensamente a geração e emprego de conhecimento científico e
tecnológico. Além disso, este cenário torna tais regiões menos habilitadas a receber
atividades que exijam um conteúdo cientifico e tecnológico maior, capazes de gerar maior
valor agregado e concorrer em mercados mais competitivos.

6.6 Alternativa para a Organização Produtiva

Esta seção trata basicamente dos denominados Arranjos Produtivos Locais (APL) como
uma opção para considerar a organização produtiva das regiões. Desta forma, apresenta-se
na Tabela a seguir o conjunto de APL identificados no Estado do Rio de Janeiro em estudo
produzido pelo SEBRAE/RJ (2004).
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 673
Tabela 49 – Relação de APL Identificados pelo SEBRAE/RJ, 2004
Atividade Localização
Petróleo Macaé
Moda Íntima Nova Friburgo
Têxtil/Vestuário Petrópolis
Rochas Ornamentais Santo Antônio de Pádua
Vale do Paraíba
Siderurgia (Volta Redonda, Barra Mansa e Barra do Piraí).
Automotivo Sul Fluminense (Resende e Porto Real)
Petroquímico,
Químico e Plásticos Duque de Caxias, Belford.
Cerâmica Vermelha Campos dos Goytacazes
Indústria Naval Niterói
Fruticultura Campos dos Goytacazes
Turismo Rio de Janeiro
Turismo Região dos Lagos
Turismo Itatiaia e Resende
Turismo Costa Verde
Telecomunicações Rio de Janeiro
Informática Rio de Janeiro
Audiovisual Rio de Janeiro
Fonte: SEBRAE, 2004
Dadas as características das regiões em análise, a abordagem dos APLs torna-se
interessante na medida em que tais formas de organização e coordenação de atividades
produtivas, relacionadas à produção e distribuição de bens e serviços e também ao
processo de geração, disseminação e uso de conhecimentos e de inovações, podem gerar
impactos positivos sobre o crescimento e sustentação do emprego e da renda nas regiões
sede. Alem disso, deve-se considerar a possibilidade de obter maior eficiência de
especializações produtivas, bem como atenuar efeitos negativos de crises econômicas.

Em termos da Região Noroeste, cabe observar a ocorrência do APL de rochas ornamentais


em Santo Antônio de Pádua. Apesar de esta identificação vir desde o estudo do SEBRAE
em 2004, esta evidencia é confirmada pela especialização percebida na região onde o
Quociente Locacional (QL) é de 8,34 para a atividade de extração de pedra areia e argila no
ano de 2008. Em complemento, de acordo com o SEBRAE este APL caracteriza-se pela
predominância de pequenas e microempresas onde se identifica algum grau de articulação
entre agentes locais (incluindo instituições de apoio), visando à adoção de ações coletivas
indutoras de um maior nível de competitividade.

No caso da Região Norte vale ressaltar o APL do setor de petróleo localizado em Macaé. De
fato, as três maiores especializações desta região são nas atividades de extração de
petróleo e gás (QL=87,03), fabricação de máquinas e equipamentos para a prospecção e
extração de petróleo (QL=61,28) e atividades de apoio à extração de petróleo e gás natural
(QL=44,17). De acordo com o apurado pelo SEBRAE, trata-se de APL no qual se identifica a
presença de empresa-âncora (PETROBRÁS), que conforma uma estrutura de governança
centralizada, baseada na presença de uma malha de empresas fornecedoras de insumos,
componentes e serviços que a elas se articulam via relações de subcontratação.

Além do APL de petróleo, têm-se, em Campos do Goytacazes, os APLs de cerâmica


vermelha e fruticultura. No primeiro caso, cerâmica vermelha, pode-se associar esta
ocorrência com a especialização na extração de minerais não metálicos (QL=1,21) na
Região Norte, embora seja pequena. Este APL apresenta a mesma caracterização
percebida em Santo Antônio de Pádua (Rochas Ornamentais). No caso do APL de
674 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
fruticultura não é observada especialização na região que indique maior presença desta
atividade em âmbito microrregional. Isto está de acordo com o levantamento do SEBRAE
que o caracteriza como incipiente em termos do seu grau de articulação interna, mas que
apresentam um expressivo potencial de expansão, em virtude da presença de possíveis
empresas-âncora e da mobilização de um conjunto de estímulos provenientes de políticas
de apoio àquele ramo de atividade. Não obstante ao menor peso em termos regionais, é
preciso considerar a importância do Arranjo para a organização produtiva do município.

6.7 Conclusão

A Região do Noroeste Fluminense possui uma estrutura produtiva e industrial bastante


limitada. Os pontos ressaltados anteriormente levam a necessidade de estabelecer um
plano, ou programa diferenciado para o seu desenvolvimento. Neste sentido, é preciso
destacar a necessidade de formação de mão de obra especializada e dedicada à pesquisa.
Em especial, sugere-se considerar o fomento em atividades científicas voltadas aos setores
agrícola e de agronegócio, alimentos e relacionados. Tal desenvolvimento é importante na
medida em que permite agregar valor, tanto aos processos produtivos relacionados a esta
cadeia, quanto aos produtos resultante. Não obstante, é fundamental estruturar a base
científica na Região com características e em condições para a interação com o setor
produtivo e direcionada para ele.

Por tratar-se de uma estrutura econômica baseada em pequenos estabelecimentos, deve-se


considerar o incentivo à constituição de APLs com forte governança, apoio de instituições de
pesquisa e desenvolvimento, para a transferência de tecnologia, e buscando a
complementariedade dos pontos d vista intra e inter-regional.

Os investimentos anunciados para o período 2010-2012 dão conta da expectativa de


crescimento acelerado para as Regiões Norte e Leste do Estado. Desta forma, deve-se
buscar promover atividades que permitam à Região Noroeste se beneficiar com este
crescimento, oferecendo serviços e produtos de forma competitiva. Um efeito importante de
ações deste tipo é evitar a migração de pessoal para as regiões de maior crescimento a
partir do aumento da renda e do emprego internamente.

Faz-se necessário o fortalecimento da base industrial na Região. Desta forma, é preciso


criar mecanismos, diretos ou indiretos, para atração de novos empreendimentos industriais.
Os investimentos em energia e infraestrutura podem ser a base para este movimento.
Contudo, será necessário um esforço de planejamento público para coordenar as ações e,
principalmente, aportar recursos e apresentar os incentivos necessários a atração dos
empreendimentos.

6.8 Análise Macro Ambiental

Fortalezas

• Diversificação da base com indicativo de especialização em várias atividades


industriais revelando menor dependência de poucos setores;
• Especialização em agricultura e pecuária;
• Presença de Arranjos Produtivos Locais revelando capacidade de organização e
coordenação econômica;
Fraquezas

• Vulnerabilidade da base industrial, com poucas especializações mais


representativas do que para o Estado;
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 675
• Ausência de especialização relacionada à cadeia produtiva do petróleo e gás
representando baixa relação com uma base significativa da indústria fluminense;
• Base para a formação de pessoal de nível superior ainda incipiente;
• Fraca infraestrutura e pessoal aplicado à pesquisa;
Oportunidades
• Investimentos em energia, desenvolvimento urbano e alimentos;
• Dada a relativa diversificação, o próprio crescimento da economia tende a
favorecer a Região;
Ameaças

• Desconexão entre a estrutura industrial da Região e a do Estado, sem evidência


de complementaridades;
• Crescimento mais acelerado de outras regiões em função de maior volume de
investimentos gerando fuga de mão de obra e mais concentração de novos
investimentos para outras regiões;
• Sistema de inovação ainda rudimentar, com inexpressiva produção tecnológica;
7 Trabalho e Gestão

O Estado do Rio de Janeiro, de acordo com o Ministério do Trabalho e Renda possui, em


seus municípios, 92 Comissões Municipais de Emprego criadas e 78 Comissões Municipais
de Emprego homologadas.

Na Região Noroeste, os municípios que possuem Comissões Municipais de Emprego


criadas são: Bom Jesus de Itabapoana, Italva, Itaperuna, Laje do Muriaé, Porciúncula,
Varre-Sai, Santo Antônio de Pádua, Cambuci e Miracema. Já nos municípios de Natividade,
Aperibé, Itaocara e São José de Ubá, as Comissões Municipais de Emprego foram criadas,
mas não homologadas.

Bom Jesus de Itabapoana, Santo Antônio de Pádua, Miracema e Natividade possuem


agências de emprego /SINE. Estão previstas a instalação de Agências de Emprego, neste
ano de 2010, em Italva, Itaperua e Laje do Muriaé.

Os municípios da Região são contemplados pelo Plano Estratégico de Formação e


Qualificação Profissional da Secretaria Estadual de Trabalho e Renda, cuja proposta é
buscar a aproximação com os gestores desses municípios para identificar as demandas
ocupacionais e as vocações destas regiões para o melhor desenvolvimento das ações de
capacitação e intermediação de mão-de-obra. Tem como objetivo a inclusão social dos
trabalhadores locais e a sustentabilidade regional, com geração de emprego e renda.

Em relação à formação da mão-de-obra, Itaperuna e Santo Antônio de Pádua possuem uma


sede do SESI / SENAI que atende os municípios de Italva, Varre Sai, Porciúncula,
Natividade, Bom Jesus do Itabapoana, Itaperuna, Laje do Muriaé, Miracema, Santo Antonio
de Pádua, São José de Ubá, Cambuci, Itaocara e Aperibé.

Itaperuna, através de sua Secretaria Municipal de Ação Social, investe na qualificação


profissional daqueles que necessitam de uma oportunidade de trabalho, através de cursos,
com o objetivo de inserir no mercado de trabalho as pessoas que possuem baixa renda,
estimulando-as a abrirem um negócio próprio.

676 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Miracema e Santo Antônio de Pádua receberam cursos pelo Plano Territorial de
Qualificação Profissional (Planteq), plano do Ministério do Trabalho e Renda.

Porciúncula, através da Secretaria Municipal de Promoção Social, possui o projeto Geração


Trabalho e Renda, ligado principalmente ao artesanato.

8 Potencialidades e Vetores de Desenvolvimento e Crescimento - Análise


Macroambiental

A análise macroambiental é um diagnóstico do sistema que se deseja planejar e está entre


os primeiros passos do planejamento. Subdivide-se em análise externa e análise interna.

A análise externa relaciona-se aos fatores externos ao sistema e que o influenciam


(oportunidades e ameaças). São fatores econômicos, políticos, culturais, sociais e
tecnológicos. Já a análise interna diz respeito aos fatores internos a um sistema e que são
seus recursos (fraquezas e fortalezas). São fatores físicos, humanos, tecnológicos e
financeiros.

Na análise macroambiental da Região Noroeste do Estado do Rio de Janeiro, foram


levantadas as oportunidades, ameaças, fortalezas e fraquezas da Região, conforme a
seguir:

8.1 Agropecuária

Oportunidades

• Crescente presença de instituições governamentais e não governamentais com


programas de incentivo ao desenvolvimento do setor agropecuário, como o
Projeto Frutificar, Rio Genética e Rio Rural – Micro bacias Hidrográficas;
• Proximidade com centros urbanos de elevada renda per capita;
• Crescente importância do turismo
Ameaças

• Falhas de coordenação nas relações comerciais;


• Alta carga tributária;
• Ausência de pesquisas;
Fortalezas

• Prática da atividade agropecuária bastante disseminada em pequenos


estabelecimentos;
• Predomínio da agricultura familiar;
• Diversidade de culturas;
• Condições edafo-climáticas favoráveis à prática da atividade agropecuária,
especialmente fruticultura, cafeicultura nos municípios mais altos da região,
rizicultura e bovinocultura;
• Fruticultura irrigada;
• Água abundante;

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 677


• Existência de infraestrutura compatível com a logística eficiente para entrega de
insumos e envio de produtos, tanto para o mercado interno, como para o
mercado externo;
• Viveiro de mudas frutíferas em Cambuci;
• Existência de Cooperativas de produtores de leite, da agricultura familiar, de
apicultura, entre outras;
• Existência de um entreposto de processamento da produção de mel e própolis
em Porciúncula com capacidade para atender a toda a região;
• Forte base agrícola;
• Escola Agrícola em Cambuci;
• Disponibilidade de terras e interesse dos produtores pela prática da silvicultura.
Fraquezas

• Tendência de redução do número de estabelecimentos agropecuários e do


número de pessoas ocupadas na atividade agropecuária;
• Baixa escolaridade dos produtores rurais;
• Baixa produtividade, em geral, da atividade agropecuária praticada na região;
• Baixa capitalização dos produtores;
• Resistência à adoção de novas técnicas de produção;
• Necessidade de melhoramento genético dos rebanhos;
• Baixo poder de articulação e representatividade das associações locais;
• Falta de dados estatísticos e estudos sobre o desempenho da apicultura local;
• Área ocupada por florestas é praticamente inexistente na região;
• Baixa capacidade gerencial;
• Pequena escala de produção;
• Assistência técnica insuficiente;
• Dificuldade de acesso ao crédito;
• Processo de comercialização deficiente;
• Deficiência na capacitação de técnicos e produtores;
• Sistema de difusão da tecnologia deficiente.
• Dependência dos pequenos produtores em relação aos grandes laticínios e às
agroindústrias processadoras de frutas.
8.2 Turismo

Oportunidades

• Os municípios da Região Noroeste localizam-se, em média, 290 km da capital


Rio de Janeiro, principal receptor de turistas no Brasil;
• A região é servida de rodovias federais e estaduais, com pavimentação em bom
estado de conservação, favorável ao turismo;

678 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


• Os municípios da Região Noroeste estão inseridos no Programa de Artesanato
do Estado do Rio de Janeiro;
• Plano Diretor de Turismo do Estado do Rio de Janeiro, que contém programas
norteadores da política pública do turismo no Estado do Rio de Janeiro;
• Crescimento do turismo interno e externo no Brasil;
• A região possui um rico acervo ambiental e cultural, capaz de suportar
continuadamente atividades turísticas;
• Economia voltada para a pecuária leiteira e agricultura, podendo alavancar o
agroturismo e o turismo rural;
Ameaças

• Aumento do êxodo rural na região;


• Na região, constatam-se graves problemas ambientais;
• Falta de infraestrutura e serviços voltados para o turismo;
• Estagnação da economia da região;
• Migração da mão de obra local, disponível para o turismo, para outras
atividades;
• Saneamento básico deficiente;
Fortalezas

• Existência de tradições populares e manifestações folclóricas de significativa


importância;
• Rico patrimônio histórico cultural, tais como, fazendas centenárias e produções
artesanais;
• Existência de significativos atrativos naturais, tais como, cachoeiras, parques e
montanhas;
• Estâncias hidrominerais do município de Itaperuna, com a existência de águas
minerais com propriedades terapêuticas;
• Vocação para o turismo religioso, devido às aparições de Nossa Senhora da
Natividade, no município de Natividade;
• Participação da região no projeto da TURISRIO – Companhia de Turismo do
Estado do Rio de Janeiro, de Mapeamento das Regiões Turísticas do Rio de
Janeiro;
• Existência de associações de artesanato, com intuito de divulgar o artesanato
local.
• Rota de acesso ao Parque Nacional da Serra do Caparaó, no município de
Varre-Sai, podendo ser explorado o turismo de aventuras.
Fraquezas

• Inexistência de terminais rodoviários em alguns municípios da Região;


• Necessidade de consolidação das informações geradas pelas pesquisas,
tornando-as ferramenta de gestão, num plano articulado e integrado de fomento
ao turismo e à cadeia de produção e comércio de sua economia;

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 679


• Inexistência de receptivos turísticos em alguns municípios da região;
• Necessidade de capacitação de mão de obra especializada, principalmente dos
prestadores de serviços aos turistas;
• Necessidade de envolvimento do setor privado, principalmente prestadores de
serviços e operadores turísticos, no que diz respeito ao desenvolvimento de
ações para o fortalecimento das políticas públicas de turismo;
• Falta de conscientização da população referente ao desenvolvimento do turismo
regional;
• Falta de investimentos do setor privado, em alguns municípios, de
estabelecimentos hoteleiros e de alimentos e bebidas;
• Sinalização turística precária em alguns municípios;
• Em alguns municípios da região, faltam opções de instituições financeiras.
• Falta de entretenimento nos municípios, tanto para a população local, quanto
para o turista.
• Falta de políticas públicas na região voltadas para o turismo, tais como,
Secretarias de Turismo, Conselhos e Fundos Municipais de Turismo e Cultura;
8.3 Estrutura Produtiva

Fortalezas
• Diversificação da base com indicativo de especialização em várias atividades
industriais revelando menor dependência de poucos setores;
• Especialização em agricultura e pecuária;
• Presença de Arranjos Produtivos Locais revelando capacidade de organização e
coordenação econômica.
Fraquezas
• Vulnerabilidade da base industrial, com poucas especializações mais
representativas do que para o Estado;
• Ausência de especialização relacionada à cadeia produtiva do petróleo e gás
representando baixa relação com uma base significativa da indústria fluminense;
• Base para a formação de pessoal de nível superior ainda incipiente;
• Fraca infraestrutura e pessoal aplicado à pesquisa.
Oportunidades

• Investimentos em energia, desenvolvimento urbano e alimentos;


• Dada a relativa diversificação, o próprio crescimento da economia tende a
favorecer a região.
Ameaças
• Desconexão entre a estrutura industrial da Região e a do Estado, sem evidência
de complementariedades;
• Crescimento mais acelerado de outras regiões em função de maior volume de
investimentos gerando fuga de mão de obra e mais concentração de novos
investimentos para outras regiões;
• Sistema de inovação ainda rudimentar, com inexpressiva produção tecnológica.

680 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


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682 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


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Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 685


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Sistema Social
Capítulo 6
Autoras:
Karen Menezes
Samantha Nery

Colaboradora:
Giovanna Borges

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


SUMÁRIO

1. DEMOGRAFIA ....................................................................................................... 697


2. DESENVOLVIMENTO HUMANO........................................................................... 712

2.1 Índice de Desenvolvimento Humano Municipal, IDH-M .......................................... 712

2.2 Índice FIRJAN de Desenvolvimento Municipal (IFDM) ........................................... 721

2.3 Índice de Qualidade dos Municípios (IQM) ............................................................. 726

2.4 Comparação IDH, IFDM e IQM dos Municípios da Região Noroeste Fluminense .. 733

3. EDUCAÇÃO........................................................................................................... 734

3.1 A Divisão Educacional do Estado do Rio de Janeiro .............................................. 735

3.2 O Sistema Educacional da Região Noroeste.......................................................... 736

3.3 Níveis de Escolaridade........................................................................................... 748

3.4 Qualidade da Educação ......................................................................................... 755

3.4.1 Prova Brasil............................................................................................................ 755

3.4.2 IDEB ...................................................................................................................... 757

3.4.3 ENEM..................................................................................................................... 760

3.5 Considerações ....................................................................................................... 762

4. SAÚDE E VIGILÂNCIA SANITÁRIA....................................................................... 763

4.1 Saneamento........................................................................................................... 768

4.2 Atenção Básica ...................................................................................................... 771

4.3 Estabelecimentos de Saúde e Público Atendido .................................................... 775

4.4 Leitos por Habitantes ............................................................................................. 780

4.5 Intervenções e Procedimentos ............................................................................... 781

4.6 Natalidade, Mortalidade e Atenção Básica ............................................................. 785

4.7 Orçamentos em Saúde .......................................................................................... 796

4.8 Síntese dos Dados da Saúde no Noroeste Fluminense ......................................... 798

4.9 Resultados do Caderno de Informações em Saúde ............................................... 801

5. ESPORTES............................................................................................................ 803

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


6. ESTRUTURAS SOCIAIS, ASSOCIATIVAS E COMUNITÁRIAS ............................ 805
7. SEGURANÇA PÚBLICA ........................................................................................ 807

7.1 A Violência no Noroeste Fluminense...................................................................... 808

7.1.1 Ocorrências da AISP 29......................................................................................... 811

7.1.2 Ocorrências da AISP 36......................................................................................... 813

7.2 Mapa da Violência - Região Noroeste .................................................................... 816

7.3 Os Indicadores da Região Noroeste....................................................................... 817

7.4 Estudo Socioeconômico Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro............. 826

7.5 Sistema Prisional ................................................................................................... 827

8. POLARIZAÇÃO E INTEGRAÇÃO REGIONAL....................................................... 828


9. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 835
10. REFERÊNCIAS...................................................................................................... 836

ANEXOS............................................................................................................... 842

ANEXO 1 – MATRIZ DO ENEM............................................................................ 842

ANEXO 2 – INDICADORES DA GESTÃO PLENA DA ATENÇÃO BÁSICA


AMPLIADA............................................................................................................ 843

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


LISTAS

FOTOS

Fotos 1 e 2 – Região Noroeste Fluminense, Itaperuna, Rio Muriaé ................................... 698

Fotos 3 e 4 – Região Noroeste Fluminense, Laje do Muriaé, Ruas Centrais ..................... 706

Fotos 5 e 6 - Região Noroeste Fluminense, Santo Antônio de Pádua, Rua no Centro e


Miracema, Praça Pública Central....................................................................................... 726

Fotos 7 e 8 – Região Noroeste Fluminense, Itaperuna, Rio Muriaé e Santo Antônio de


Pádua, Rio Pomba............................................................................................................. 770

Foto 9 – Região Noroeste Fluminense, Itaperuna, Hospital ............................................... 775

Foto 10 – Região Noroeste Fluminense, Miracema, Secretaria Municipal de Saúde ......... 775

Fotos 11 e 12– Região Noroeste Fluminense, Miracema, Associação Comercial Industrial e


Agropecuária e Loja de Artesanato Local .......................................................................... 807

Fotos 13, 14, 15 e 16 - Região Noroeste Fluminense, Miracema, Centro Cultural Melchíades
Cardoso ............................................................................................................................. 830

GRÁFICOS

Gráfico 1 – Rio de Janeiro, Distribuição Percentual da População por Regiões do Estado,


2007 .................................................................................................................................. 699

Gráfico 2 – Região Noroeste Fluminense, Distribuição Percentual da População por


Município, 2009 ................................................................................................................. 700

Gráfico 3 – Região Noroeste Fluminense, Evolução da População, 1991 - 2009............... 700

Gráfico 4 – Região Noroeste Fluminense, Evolução da População, 1991 - 2009............... 703

Gráfico 5 - Região Noroeste Fluminense, População por Situação de Domicílio, 1991 – 2000
.......................................................................................................................................... 705

Gráfico 6 – Região Noroeste Fluminense, Pirâmide Etária, 2009 ...................................... 709

Gráfico 7 – Região Noroeste Fluminense - Evolução do IDH-M, 1991- 2000..................... 717

Gráfico 8 - Região Noroeste Fluminense, Ranking Estadual dos Municípios – IDHM, 1991 -
2000 .................................................................................................................................. 717

Gráfico 9 - Região Noroeste Fluminense, Ranking Estadual dos Municípios – IDH-M, 2000
.......................................................................................................................................... 717

Gráfico 10 - Região Noroeste Fluminense, Ranking Estadual dos Municípios – IFDM, 2006
.......................................................................................................................................... 724

Gráfico 11 - Região Noroeste Fluminense, Evolução do IQM, 1998 e 2005....................... 729

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Gráfico 12 - Região Noroeste Fluminense, Evolução na posição dos Municípios segundo
IQM, 1998 e 2005 .............................................................................................................. 729

Gráfico 13 – Região Noroeste Fluminense, Estabelecimentos de Ensino, 2008 ................ 737

Gráfico 14 – Região Noroeste Fluminense, Estabelecimentos de Ensino por Município, 2008


.......................................................................................................................................... 739

Gráfico 15 – Região Noroeste Fluminense, Número de Matrículas, 1998 a 2006 .............. 740

Gráfico 16 – Região Noroeste Fluminense, Número de Docentes, 1998 a 2006................ 744

Gráfico 17 – Região Noroeste Fluminense, Número de Reprovação, 1998 a 2005 ........... 745

Gráfico 18 – Região Noroeste Fluminense, Taxas Brutas de Natalidade, 2006 ................. 788

Gráfico 19 – Região Noroeste Fluminense, Percentual de Mães de 10 a 14 Anos e de 10 a


19 Anos, 2006.................................................................................................................... 789

Gráfico 20- Região Noroeste Fluminense, Ocorrências das AISPs 29 e 36, 2009 ............. 816

MAPAS

Mapa 1 – Região Noroeste Fluminense............................................................................. 697

Mapa 2 – Região Noroeste Fluminense – Taxa de Crescimento da População, 1991 a 2009


.......................................................................................................................................... 704

Mapa 3 - Região Noroeste Fluminense, Distribuição da População por Distrito - 2000...... 711

Mapa 4 – Rio de Janeiro, ID-M dos Municípios, 2000 ........................................................ 715

Mapa 5 - Região Noroeste Fluminense, IDH-M, 2000........................................................ 720

Mapa 6 - Região Noroeste Fluminense, IFDM, 2006 ......................................................... 722

Mapa 7 - Região Noroeste Fluminense - Percentual de Adolescentes Frequentando a


Escola, 2000...................................................................................................................... 753

Mapa 8 - Região Noroeste Fluminense, Regiões da Saúde............................................... 764

Mapa 9 - Região Noroeste Fluminense – Cobertura do Programa Saúde da Família, 2008


.......................................................................................................................................... 773

Mapa 10 - Região Noroeste Fluminense – Cobertura da Saúde Bucal, 2008 .................... 774

Mapa 11 – Região Norte e Noroeste Fluminense, Identificação das AISPs ....................... 810

Mapa 12 – Rio de Janeiro, Mapa da Violência, 2008 ......................................................... 817

Mapa 13 - Região Noroeste Fluminense, Homicídio da População Total, 2006 ................. 819

Mapa 14 - Região Noroeste Fluminense, Homicídio da População Jovem, 2006 .............. 821

Mapa 15 - Região Noroeste Fluminense, Óbito por Acidente de Transporte, 2006............ 823

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Mapa 16 - Região Noroeste Fluminense, Óbitos por Armas de Fogo, 2006....................... 825

TABELAS

Tabela 1 – Região Noroeste Fluminense, Caracterização dos Municípios, 2000 ............... 699

Tabela 2 – Região Noroeste Fluminense, Evolução da População, 1991 - 2009 ............... 701

Tabela 3 - Região Noroeste Fluminense, Taxa de Crescimento, 1991 - 2009 ................... 702

Tabela 4 - Região Noroeste Fluminense, População por Situação de Domicílio, 1991 e 2000
.......................................................................................................................................... 705

Tabela 5 - Região Noroeste Fluminense, Situação de Domicílios, 2000 ............................ 707

Tabela 6 - Região Noroeste Fluminense, População por Domicílio, 2000.......................... 707

Tabela 7 - Região Noroeste Fluminense, População Residente por Sexo, 2009 ............... 708

Tabela 8 - Região Noroeste Fluminense, Distribuição da População por Faixa Etária, 2009
.......................................................................................................................................... 709

Tabela 9 - Região Noroeste Fluminense, População Feminina em Idade Fértil, 2009 ....... 710

Tabela 10 - Região Noroeste Fluminense, IDH-M, 1991 - 2000......................................... 716

Tabela 11 – Região Noroeste Fluminense, Educação, Longevidade e Renda do IDH-M,


1991 – 2000....................................................................................................................... 719

Tabela 12 – Região Noroeste Fluminense, Total do IFDM, 2000, 2005 e 2006 ................. 723

Tabela 13 – Região Noroeste Fluminense, Composição do IFDM, 2000 - 2005 - 2006 ..... 725

Tabela 14 - Região Noroeste Fluminense, Variação das Posições do IQM por Grupo de
Indicadores, 1998 - 2005 ................................................................................................... 732

Tabela 15 – Região Noroeste Fluminense, Estabelecimentos de Ensino, 2008................. 738

Tabela 16 – Região Noroeste Fluminense, Número de Matrículas, 2000, 2005 e 2006 ..... 741

Tabela 17 – Região Noroeste Fluminense, Número de Matrículas da Educação Especial,


EJA e Educação Profissional, 2005 ................................................................................... 742

Tabela 18 – Região Noroeste Fluminense, Razão entre Matrículas e Docentes, 2005 - 2006
.......................................................................................................................................... 744

Tabela 19 – Região Noroeste Fluminense, Número de Reprovações no Ensino


Fundamental, 1998 – 2005 ................................................................................................ 746

Tabela 20 – Região Noroeste Fluminense, Taxa de Reprovações, 2005........................... 747

Tabela 21 – Região Noroeste Fluminense, Número de Reprovações no Ensino Médio, 1995


a 2004 ............................................................................................................................... 747

Tabela 22 – Região Noroeste Fluminense, Taxa de Reprovação no Ensino Médio, 2004 . 748

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Tabela 23 - Região Noroeste Fluminense, Taxa de Analfabetismo da População Jovem,
1991 e 2000....................................................................................................................... 749

Tabela 24 - Região Noroeste Fluminense, Taxa de Analfabetismo da População Adulta,


1991 e 2000....................................................................................................................... 750

Tabela 25 - Região Noroeste Fluminense, Nível Educacional da População Jovem, 1991 -


2000 .................................................................................................................................. 751

Tabela 26 - Região Noroeste Fluminense, Nível Educacional da População Adulta, 1991 -


2000 .................................................................................................................................. 754

Tabela 27 - Região Noroeste Fluminense, Resultado da Prova Brasil - Rede Municipal, 2005
- 2007 ................................................................................................................................ 756

Tabela 28 - Região Noroeste Fluminense, Índice de Desenvolvimento da Educação Básica,


2005 e 2007....................................................................................................................... 758

Tabela 29 - Região Noroeste Fluminense, Resultados do ENEM, 2007 ............................ 761

Tabela 30 - Região Noroeste Fluminense, Moradores / Tipo de Abastecimento de Água,


1991 e 2000....................................................................................................................... 768

Tabela 31 – Região Noroeste Fluminense, Moradores / Tipo de Instalação Sanitária, 1991 e


2000 .................................................................................................................................. 770

Tabela 32 - Região Noroeste Fluminense, Indicadores da Atenção Básica, 2002 e 2007.. 771

Tabela 33 – Região Noroeste Fluminense, Número de Unidades por Tipo de Prestador


Segundo Tipo de Estabelecimento, Dezembro 2007 ......................................................... 776

Tabela 34 – Região Noroeste Fluminense, Número de Unidades por Tipo de Prestador


Segundo Tipo de Estabelecimento, Dezembro 2007 ......................................................... 778

Tabela 35 – Região Noroeste Fluminense, Número de Estabelecimentos Segundo o Público


Atendido, Dezembro 2007 ................................................................................................. 779

Tabela 36 – Região Noroeste Fluminense, Leitos de Internação/1000 Habitantes, Janeiro


2000 .................................................................................................................................. 781

Tabela 37 - Região Noroeste Fluminense, Assistência Hospitalar - Valores Médios Anuais,


2007 .................................................................................................................................. 783

Tabela 38 – Região Noroeste Fluminense, Razão de Equipamentos / Contingente


Populacional, 2008 ............................................................................................................ 784

Tabela 39 – Região Noroeste Fluminense, Assistência Ambulatorial - Valores Médios Anuais


de Procedimento, 2007...................................................................................................... 785

Tabela 40 – Região Noroeste Fluminense, Nascimentos, 1997, 2000, 2003 e 2006 ......... 786

Tabela 41 –Região Noroeste Fluminense, Indicadores da Atenção Básica, 2002 a 2007.. 790

Tabela 42 – Região Noroeste Fluminense, Outros Indicadores de Mortalidade, 2000 a 2006


.......................................................................................................................................... 792

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Tabela 43 – Região Noroeste Fluminense, Mortalidade Proporcional por Faixa Etária
Segundo Grupo de Causas, 2006...................................................................................... 796

Tabela 44 – Região Noroeste Fluminense, Orçamentos Públicos, 2004 e 2007 ................ 796

Tabela 45 – Região Noroeste Fluminense, Estabelecimentos Esportivos e de Lazer, 2007


.......................................................................................................................................... 804

Tabela 46 - Região Noroeste Fluminense, Ocorrências de Vítimas de Crimes Violentos da


AISP 29, 2006 - 2009......................................................................................................... 811

Tabela 47 - Região Noroeste Fluminense, Ocorrências de Vítimas de Crimes de Trânsito da


AISP 29, 2006 - 2009......................................................................................................... 811

Tabela 48 - Região Noroeste Fluminense, Registros de Crimes contra o Patrimônio da AISP


29, 2006 - 2009.................................................................................................................. 812

Tabela 49 - Região Noroeste Fluminense, Atividade Policial da AISP 29, 2006 - 2009...... 812

Tabela 50 - Região Noroeste Fluminense, Totais de Registros da AISP 29, 2006 - 2009.. 813

Tabela 51 - Região Noroeste Fluminense, Ocorrências de Vítimas de Crimes Violentos da


AISP 36, 2006 - 2009........................................................................................................ 813

Tabela 52 - Região Noroeste Fluminense, Ocorrências de Vítimas de Crimes de Trânsito da


AISP 36, 2006 - 2009......................................................................................................... 814

Tabela 53 - Região Noroeste Fluminense, Registros de Crimes contra o Patrimônio da AISP


36, 2006 - 2009.................................................................................................................. 814

Tabela 54 - Região Noroeste Fluminense, Registros de Atividade Policia da AISP 36, 2006-
2009 .................................................................................................................................. 815

Tabela 55 - Região Noroeste Fluminense, Totais de Registros da AISP 36, 2006 - 2009.. 815

Tabela 56 – Região Noroeste Fluminense, Homicídios População Total, 2002 a 2006...... 818

Tabela 57 – Região Noroeste Fluminense, Homicídios População Jovem, 2002 a 2006 ... 820

Tabela 58 – Região Noroeste Fluminense, Óbitos por Acidentes de Transporte, 2002 a 2006
.......................................................................................................................................... 822

Tabela 59 – Região Noroeste Fluminense, Óbitos por Armas de Fogo, 2002 a 2006 ........ 824

Tabela 60 - Região Noroeste Fluminense, Migração em Internações de Média


Complexidade, 2008 .......................................................................................................... 832

Tabela 61 - Região Noroeste Fluminense, Internação de Média Complexidade no Município


de Ocorrência, 2008 .......................................................................................................... 833

Tabela 62 - Região Noroeste Fluminense, Migração em Internações de Alta Complexidade,


2008 .................................................................................................................................. 834

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


“O desenvolvimento humano tem a ver, primeiro e acima de tudo, com a
possibilidade de que as pessoas vivam o tipo de vida que escolheram - e
com a oferta dos instrumentos e das oportunidades para fazerem suas
escolhas. Não existe liberdade cultural sem liberdade econômica!"

Autor desconhecido, no fólder da exposição:


"Vale: Vozes e Visões, a Arte Universal do Jequitinhonha”
Novembro 2006, Belo Horizonte, Brasil

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


1. DEMOGRAFIA

A Mesorregião Noroeste Fluminense é constituída por treze municípios distribuídos em duas


microrregiões: Itaperuna e Santo Antônio de Pádua. A primeira é formada pelos municípios
Bom Jesus do Itabapoana, Italva, Itaperuna, Laje do Muriaé, Natividade, Porciúncula e Var-
re-Sai. A segunda se constitui pelos municípios de Aperibé, Cambuci, Itaocara, Miracema,
Santo Antônio de Pádua e São José de Ubá.
Mapa 1 – Região Noroeste Fluminense

Fonte: Fundação CIDE – Centro de Informações do Estado do Rio de Janeiro, 2009

A consolidação da ocupação da Região Noroeste aconteceu através a cultura cafeeira. Após


seu declínio, as atividades agropecuárias que a substituíram se caracterizam por uma estru-
tura fundiária arcaica com muitas culturas de subsistência.

Ao longo das últimas décadas, a Região vem apresentando um esvaziamento populacional


contínuo, verificado principalmente pelas limitações no processo de comercialização da pro-
dução, pela má utilização de suas terras e ainda, pela pecuária extensiva.

Além disto, as atividades industriais não apresentam movimentos de expansão expressivos,


afetando a região de forma negativa no que tange a geração de trabalho e renda da popula-
ção. Esse aspecto se reflete nos PIB per capita dos municípios, inferiores à média estadual,
à exceção de Itaocara (Caderno de Informações em Saúde, 2009).

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 697


Fotos 1 e 2 – Região Noroeste Fluminense, Itaperuna, Rio Muriaé

Fonte: Fotos das autoras, 2009.


Itaperuna é o centro regional tanto historicamente, como também por possuir uma rede viá-
ria que a conecta com os demais municípios da Região e com outras partes do Estado.
Quando incluída a pecuária de corte na sua economia, o Município se destacou dos outros,
desenvolvendo atividades comercias e se tornando referência na prestação de serviços para
toda a Região.
Atualmente, dois Municípios também despontam como pólos regionais, Santo Antônio de
Pádua e Bom Jesus do Itabapoana. O primeiro é um importante núcleo de especialização no
setor de extração mineral, direcionado para a exploração de rochas ornamentais (gnaisses,
denominados pedra paduana e pedra madeira) que, apesar da baixa qualificação gerencial
e técnica e do baixo nível tecnológico processual, é um importante gerador de renda e em-
prego. Novas empresas também vem sendo instaladas neste município e sua influencia já
se faz sentir no território mineiro. (Fundação CIDE, 2009).
Bom Jesus do Itabapoana situa-se em uma posição privilegiada por onde passam veículos
do Espírito Santo e de municípios mineiros, favorecendo a multiplicação de empresas de
apoio logístico ao transporte. Por conseguinte, o município tem fortalecido seu comércio e
alguns serviços especializados, além de incrementado suas atividades rurais. (Fundação
CIDE, 2009).
Itaocara é o Município que se localiza mais próximo da Capital do Estado, 178,6 Km. Os
mais distantes correspondem a Varre-Sai, 259 km, seguido de Bom Jesus do Itabapoana,
251,8 Km e Porciúncula, 246,9 Km. Devido às longas distancias, aumentam-se os limites de
acesso aos serviços centrais do Estado e tornam-se menos viáveis as Migrações Pendula-
res, o que significa o habitante que tem sua moradia em um município e se desloca para ou-
tro diariamente, por motivos de trabalho e/ou estudos.
Em termos administrativos, na década de 90 a Região Noroeste passou por um processo de
reordenamento territorial, com a emancipação de três municípios: Aperibé, em 1993, Varre-
Sai, emancipado de Natividade no mesmo ano e São José do Ubá, emancipado de Cambuci
em 1997, o que trouxe mudanças administrativas, populacionais e nas próprias demandas
pelas políticas públicas ofertadas.
Analisa-se a seguir, sua estrutura populacional e dinâmicas demográficas, a partir da déca-
da de 90, considerando-se vários indicadores.

698 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Tabela 1 – Região Noroeste Fluminense, Caracterização dos Municípios, 2000
Caracterização dos Municípios – 2000
Densidade
Municípios da Região Distância da Autonomia
Área / km² Demográfica
Noroeste Fluminense Capital / km Municipal
hab. / km²
Aperibé 89,5 89,4 182,2 1.993
Bom Jesus de Itabapoana 600,5 56 251,8 1.938
Cambuci 563,2 26 198,9 1.891
Italva 297 42,5 226,9 1.986
Itaocara 429,6 53,5 178,6 1.890
Itaperuna 1.108,4 78,2 232,6 1.885
Laje do Muriaé 251,2 31,4 219,2 1.962
Miracema 302,2 89,5 195,6 1.935
Natividade 387,3 39 242,8 1.947
Porciúncula 302,8 52,6 246,9 1.947
Santo Antonio de Pádua 615,2 62,9 184,8 1.882
São José de Ubá 251,3 25,6 215,5 1.997
Varre-Sai 190,3 41,3 259 1.993
Total da Região Noroeste 5.388,5 52,9 NA NA
Total do Estado do Rio de Janeiro 43.797,4 328,6 NA 1.975
Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, PNUD, 2003
Dados referentes ao ano de 2000 indicam que a densidade demográfica da Região foi signi-
ficativamente inferior a do Estado do Rio de Janeiro, correspondendo respectivamente a
52,9 e 328,6 habitantes por km². Os maiores índices de densidade demográfica são encon-
trados nos Municípios de Aperibé 89,4 e Miracema 89,5 habitantes/km². Em seguida apare-
ce Itaperuna, 78,2 e Santo Antônio de Pádua 62,9. São José de Ubá e Cambuci são os que
apresentam os menores índices de população por km², respectivamente, 25,6 e 26, contribu-
indo para a baixa densidade demográfica regional. À exceção de Laje do Muriaé, todos os
outros enfrentaram emancipações recentes, provável causa para uma população ainda pe-
quena.
Nenhum dos municípios apresenta população superior a 100.000 habitantes, segundo da-
dos do IBGE, sendo que quatro deles possuem população menor que 10.000 habitantes:
Aperibé, Laje do Muriaé, São José de Ubá e Varre-Sai.
Gráfico 1 – Rio de Janeiro, Distribuição Percentual da População por Regiões do Estado, 2007

Fonte: TCE - Estudos Socioeconômicos dos Municípios, 2008.


Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 699
Gráfico 2 – Região Noroeste Fluminense, Distribuição Percentual da População por Município,
2009

Fonte: IBGE - Censos Demográficos, Contagem da População, Estimativas da População


A Região Noroeste conta atualmente com uma população total de 323.436 habitantes, o que
equivale a 2% da população do Rio de Janeiro. Esta população se distribui em uma exten-
são territorial de aproximadamente 5.388 Km, o que corresponde a 13% da área total do Es-
tado. A população de Itaperuna corresponde a 30,74% do total da Região Noroeste, en-
quanto Santo Antônio de Pádua abriga 13,11%. São estes seus municípios mais populosos.
Gráfico 3 – Região Noroeste Fluminense, Evolução da População, 1991 - 2009

Fonte: IBGE
700 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
Tabela 2 – Região Noroeste Fluminense, Evolução da População, 1991 - 2009
Evolução da População Total - 1991 - 2009
Municípios da Região
1991 1996 2000 2007 2009*
Noroeste Fluminense
Aperibé - 7.201 8.018 8.820 9.556
Bom Jesus do Itabapoana 29.873 32.231 33.655 33.888 35.303
Cambuci 21.011 20.803 14.670 14.368 14.770
Italva 12.764 13.199 12.621 13.645 14.676
Itaocara 22.933 23.273 23.003 22.069 22.452
Itaperuna 78.000 82.650 86.720 92.852 99.454
Laje do Muriaé 7.464 7.580 7.909 7.769 7.997
Miracema 25.091 24.450 27.064 26.231 26.824
Natividade 21.765 15.125 15.125 14.930 15.406
Porciúncula 14.561 15.407 15.952 17.178 18.444
Santo Antônio de Pádua 39.600 34.123 38.692 40.145 42.405
São José de Ubá - - 6.413 6.829 7.297
Varre-Sai - 7.554 7.854 8.309 8.852
Total da Região Noroeste 273.062 283.596 297.696 307.033 323.436
Total do Estado do Rio de Janeiro 12.807.706 13.406.308 14.391.282 15.420.450 16.010.429
Total do Brasil 146.825.475 157.070.163 169.799.170 183.989.711 191.481.045
* Estimativas da População
-- = sem informação
Fonte: IBGE - Censos Demográficos, Contagem da População, Estimativas da População

Pesquisas e prospecções do IBGE no período de 1991 a 2009 apontam para um aumento


populacional gradativo na Região. Assim como na Região Norte, a população dos municí-
pios vem crescendo paulatinamente, ainda que de forma heterogenia. Todavia, este cresci-
mento populacional se apresenta inferior ao crescimento do Estado.
Neste período, a taxa de crescimento total estadual foi de 25%, o que corresponde a uma
média de 1,39% ao ano. O Brasil apresentou a taxa de crescimento total de 30,4%, perfa-
zendo a média de 1,69% ao ano. A Região Noroeste, por sua vez, apresentou taxa de cres-
cimento total 18,45%, o que corresponde a 1,02% ao ano, ou seja, menor que as médias
estaduais e nacionais.
Embora enfrentando proporções de crescimento demográfico menores que o estadual, o
aumento de população da Região Noroeste pressupõe novas demandas e impactos sociais,
econômicos e estruturais, que freqüentemente ocorrem com a chegada de novos habitantes,
levando ao aumento de problemas enfrentados nos municípios.
Na Tabela abaixo, são observados alguns períodos de redução populacional considerável
em alguns municípios. No início da década de 90 até 1996, Natividade apresentou a maior
perda populacional da Região Noroeste, (-30,51%). Outros Municípios seguiram o mesmo
movimento de êxodo, como Santo Antônio de Pádua (-13,83), Miracema (-2,55) e Cambuci
(-0,99).

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 701


Tabela 3 - Região Noroeste Fluminense, Taxa de Crescimento, 1991 - 2009

Taxas de Crescimento (%)


Intervalo Taxa de
Municípios da Região Crescimento /
Noroeste Fluminense 1991 - 1996 1996 - 2000 2000 - 2007 2007 - 2009 1991 - 2009 Médio - 1.991 a
2.009
Aperibé - 11,35 10,00 8,34 - -
Bom Jesus do Itabapoana 7,89 4,42 0,69 4,18 18,18 1,01
Cambuci -0,99 -29,48 -2,06 2,80 -29,70 -1,65
Italva 3,41 -4,38 8,11 7,56 14,98 0,83
Itaocara 1,48 -1,16 -4,06 1,74 -2,10 -0,12
Itaperuna 5,96 4,92 7,07 7,11 27,51 1,53
Laje do Muriaé 1,55 4,34 -1,77 2,93 7,14 0,40
Miracema -2,55 10,69 -3,08 2,26 6,91 0,38
Natividade -30,51 0,00 -1,29 3,19 -29,22 -1,62
Porciúncula 5,81 3,54 7,69 7,37 26,67 1,48
Santo Antônio de Pádua -13,83 13,39 3,76 5,63 7,08 0,39
São José de Ubá - - 6,49 6,85 - -
Varre-Sai - 3,97 5,79 6,54 - -
Total da Região Noroeste 3,86 4,97 3,14 5,34 18,45 1,02
Total do Estado do Rio
de Janeiro
4,67 7,35 7,15 3,83 25,01 1,39
Total do Brasil 6,98 8,10 8,36 4,07 30,41 1,69
Fonte: IBGE - Censos Demográficos, Contagem da População, Estimativas da População
Posteriormente, no período entre 1996 e 2000, estes mesmos municípios voltaram a revelar
aumento populacional, exceto Cambuci que, ao contrário, perdeu 29,48% da população e
Natividade, que manteve sua população estável após a grande perda populacional. Em con-
trapartida, apresentaram as maiores taxas de crescimento Bom Jesus do Itabapoana,
7,89%, seguido de Itaperuna, 5,96% e Porciúncula, 5,81%. Tais índices se apresentam mai-
ores, inclusive, que a taxa de crescimento regional, 3,86% e também Estadual, 4,67%.
Se considerado o período de 1991 a 2009, totalizando 18 anos, verifica-se que estes tam-
bém foram os municípios que apresentaram as maiores taxas de crescimento, atingindo
média anual superior a 1%.
Itaperuna e Santo Antônio de Pádua, neste mesmo período, foram os Municípios que apre-
sentaram o maior crescimento populacional, 27,5% e 26,6, respectivamente. Em seguida,
Bom Jesus de Itabapoana com 18,18% e Italva com 14,98%. Outros municípios revelaram
esvaziamento populacional, como por exemplo, Cambuci que perdeu 29,7% de sua popula-
ção, ou seja, (- 1,65%)/ano; Natividade que se aproximou deste valor e teve sua população
reduzida em 29,22%, atingindo (-1,62%)/ano e Itaocara que teve sua população reduzida
em 0,12%/ano.
De acordo com estes movimentos populacionais supõe-se que enquanto Bom Jesus do Ita-
bapoana, Itaperuna e Porciúncula têm mantido e/ou criado novos atrativos para a população
em geral, tanto no sentido de fixá-la em seu território ou atrair novos habitantes, Cambuci,
Natividade e Itaocara tem sofrido efeito inverso, perdendo continuamente população, o que
sugere problemas com relação às oportunidades de emprego e renda e/ou serviços públicos
e educacionais insatisfatórios.
Entretanto, recentemente entre 2007-2009 as taxas de crescimento municipais, em sua
maioria, voltaram a crescer ou, em alguns casos, se mantiveram constantes. Bom Jesus de
Itabapoana e Pádua registraram o maior aumento populacional.

702 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Este crescimento pode ser explicado, em parte, porque Santo Antônio de Pádua se apresen-
ta como o principal produtor local das atividades extrativas de rocha e integra o APL – Arran-
jo Produtivo Local de base mineral da Região1 e, juntamente com Itaperuna, constituem os
dois principais pólos da Região Noroeste. Nestes municípios encontram-se mais oportuni-
dades de acesso à saúde, educação e trabalho, o que atrai a instalação fixa ou temporária
de grande público externo e principalmente de habitantes vindos de áreas rurais.
Bom Jesus do Itabapoana tem se despontado como um novo pólo de desenvolvimento regi-
onal, destacando-se no comércio, serviços de logística e pecuária de corte; consequente-
mente apresentando o terceiro maior crescimento populacional do Noroeste nas duas últi-
mas décadas.
Assim como a Região Norte concentra atividades extrativas minerais, a Região Noroeste
está ligada a extração de rochas, que também aparece como um importante setor econômi-
co, em processo ascendente nas últimas décadas. Apesar de que sua base econômica cen-
tral continue sendo a pecuária e, em segundo lugar, a agricultura.
Gráfico 4 – Região Noroeste Fluminense, Evolução da População, 1991 - 2009

Fonte: IBGE - Censos Demográficos, Contagem da População, Estimativas da População


Ressalta-se que neste período, todas as taxas, ao contrario dos anos anteriores, foram posi-
tivas, como se verifica no Gráfico acima.
O mapa abaixo reflete os valores de crescimento municipais entre 1991-2009, sendo que
em alguns municípios, por ausência de dados não foi possível constatar o valor total, inclu-
sive porque a pesquisa foi realizada antes de suas instalações administrativas. Nestes mu-
nicípios que possuem dados incompletos, Aperibé teve aumento populacional de 10%, São
José de Ubá também aumentou sua população em 6,49% e Varre-sai aumentou em 5,78%,
entre 2000-2007.

1
Praticamente todos os Municípios do Noroeste integram o APL à exceção de Aperibé e Itaocara.
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 703
Mapa 2 – Região Noroeste Fluminense – Taxa de Crescimento da População, 1991 a 2009

Fonte: IBGE - Censos Demográficos, Contagem da População, Estimativas da População, 2009.

704 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Considerando esta perda ou aumento populacional, sabe-se que existem fluxos migratórios
internos, mas não se tem mapeado os seus locais de saída-destino.
Simultaneamente ao fluxo migratório ocorrido nas últimas décadas, o processo de urbaniza-
ção também vem crescendo na Região, seguindo a própria dinâmica brasileira. As elevadas
taxas de urbanização indicam que a população rural da Região vem sofrendo quedas cons-
tantes, principalmente devido à substituição crescente dos meios produtivos rurais, reforça-
do pelas limitações no processo de comercialização produtiva local, resultando no êxodo
rural.
Comparando-se a Região com o Estado, observa-se que esta vem se aproximando dos ní-
veis de urbanização estadual, ao longo dos anos. Em 1991 o Estado apresentou taxa de ur-
banização de 95,25%, enquanto a Região Noroeste atingiu 68,33%, ou seja, uma diferença
percentual de 26,92%. No ano de 2000, essa diferença caiu para 16,88%, indicando que a
urbanização regional está ocorrendo em ritmos mais acelerados do que a estadual.
Em 1991 a população urbana do Noroeste era de 186.584 e aumentou para 235.660,
26,30% a mais em 2000 e a população rural decresceu de 86.478 para 64.036, isto é, 25,9%
a menos em 2000.
Gráfico 5 - Região Noroeste Fluminense, População por Situação de Domicílio, 1991 – 2000

Fonte: IBGE - Censos Demográficos, Contagem da População, Estimativas da População, 2009


Tabela 4 - Região Noroeste Fluminense, População por Situação de Domicílio, 1991 e 2000

População por Situação de Domicílio - 1.991 e 2.000


Taxa de
Municípios da Região População Urbana População Rural
Urbanização %
Noroeste Fluminense
1.991 2.000 1.991 2.000 1.991 2.000
Aperibé - 6.842 - 1.176 - 85,33
Bom Jesus de Itabapoana 21.180 27.425 8.693 6.230 70,90 81,49
Cambuci 9.362 9.946 11.649 4.724 44,56 67,80
Italva 6.352 8.841 6.412 3.780 49,76 70,05
Itaocara 13.494 15.928 9.439 7.075 58,84 69,24
Itaperuna 61.742 77.378 16.258 9.342 79,16 89,23
Laje do Muriaé 3.804 5.624 3.660 2.285 50,96 71,11
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 705
(continuação)
Taxa de
Municípios da Região População Urbana População Rural
Urbanização %
Noroeste Fluminense
1.991 2.000 1.991 2.000 1.991 2.000
Miracema 20.954 24.044 4.137 3.020 83,51 88,84
Natividade 12.136 11.741 9.629 3.384 55,76 77,63
Porciúncula 9.535 12.018 5.026 3.934 65,48 75,34
Santo Antonio de Pádua 28.025 29.415 11.575 9.277 70,77 76,02
São José de Ubá - 2.326 - 4.087 - 36,27
Varre-Sai - 4.132 - 3.722 - 52,61
Total da Região Noroeste 186.584 235.660 86.478 64.036 68,33 79,16

Total do Estado do Rio de Janeiro 12.199.641 13.821.466 608.065 569.816 95,25 96,04

* Estimativas da População
-- = sem informação
Fonte: IBGE - Censos Demográficos, Contagem da População, Estimativas da População

No período de 1991 a 2000, todos os seus municípios tiveram aumentos consideráveis na


taxa de urbanização, destacando-se Italva que apresentou aumento em seu processo de
urbanização de 20,29% de 1991 para 2000, passando de 49,76% para 70,05% e Laje do
Muriaé cuja taxa de urbanização aumentou 20,15% no mesmo período de 50,96% para
71,11%.
Em 1991, as maiores taxas de urbanização apresentadas foram em Miracema, 83,51%, Ita-
peruna com 79,16%, Bom Jesus do Itabapoana, 70,90% e Santo Antônio de Pádua,
70,77%. Cambuci e Italva apresentaram os índices menores, sendo 44,56% e 49,76% res-
pectivamente.
Em todos os municípios dos quais se possui registro, as taxas de urbanização em 2000, cu-
jos valores ultrapassaram os 67%, à exceção de São José de Ubá, 36,27% e Varre-Sai,
52,61%. Neste ano, em Itaperuna, a urbanização alcançou 89,23%, em Miracema 88,84 e
em Aperibé 85,33%.

Fotos 3 e 4 – Região Noroeste Fluminense, Laje do Muriaé, Ruas Centrais

Fonte: Fotos das autoras, 2009.

706 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Tabela 5 - Região Noroeste Fluminense, Situação de Domicílios, 2000
Situação de Domicílios - 2000
Taxa de uso
Taxa de Total de
Municípios da Região Total de Ocasional dos
Ocupação Domicílios não
Noroeste Fluminense Domicílios Domicílios não
(%) Ocupados
Ocupados (%)
Aperibé 3.028 81 566 19
Bom Jesus de Itabapoana 11.549 84 1.825 19
Cambuci 5.392 81 997 23
Italva 4.811 80 960 11
Itaocara 8.580 83 1.481 22
Itaperuna 29.867 84 4.682 22
Laje do Muriaé 2.713 81 511 16
Miracema 8.601 85 1.269 18
Natividade 5.458 80 1.062 19
Porciúncula 5.589 81 1.079 15
Santo Antônio de Pádua 14.098 81 2.667 20
São José de Ubá 2.190 82 393 35
Varre-Sai 2.693 78 576 14
Total da Região Noroeste 104.569 82 18.068
Fonte: TCE – Estudos Socioeconômicos 2008
Com relação aos domicílios, segundo os Estudos Socioeconômicos realizados pelo Tribunal
de Contas do Estado do Rio de Janeiro (2008), existiam cerca de 104.569 domicílios na Re-
gião Noroeste em 2000, cuja taxa de ocupação variou entre 78%, de Varre-Sai e 85%, de
Miracema, seguido por Itaperuna e Bom Jesus de Itabapoana, ambas com índices de 84%.
As taxas de ocupação são elevadas e bastante similares entre os municípios. O uso de do-
micílios ocupados ocasionalmente foi próximo a 20%, diferenciando-se da maior taxa em
São José de Ubá, 35%, e da menor taxa em Italva, de 11%, seguido por Varre-Sai, 14% e
Porciúncula, 15%.
Tabela 6 - Região Noroeste Fluminense, População por Domicílio, 2000
População por Domicílio - 2000
Total de Média de
Municípios da Região População Total de
Domicílios Pessoas por
Noroeste Fluminense Total Domicílios
Ocupados Domicílio
Aperibé 8.018 3.028 2.462 3,26
Bom Jesus do Itabapoana 33.655 11.549 9.724 3,46
Cambuci 14.670 5.392 4.395 3,34
Italva 12.621 4.811 3.851 3,28
Itaocara 23.003 8.580 7.099 3,24
Itaperuna 86.720 29.867 25.185 3,44
Laje do Muriaé 7.909 2.713 2.202 3,59
Miracema 27.064 8.601 7.332 3,69
Natividade 15.125 5.458 4.396 3,44
Porciúncula 15.952 5.589 4.510 3,54
Santo Antônio de Pádua 3.8692 14.098 11.431 3,38
São José de Ubá 6.413 2.190 1.797 3,57
Varre-Sai 7.854 2.693 2.117 3,71
Total da Região Noroeste 297.696 104.569 86.501 3,44
Fonte: TCE – Estudos Socioeconômicos 2008 / IBGE, Censos e Estimativas

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 707


Além disto, buscando uma melhor compreensão sobre a composição familiar regional, foi
calculada a média de moradores por domicílio, dividindo-se a população total de cada muni-
cípio pelo número de domicílios ocupados, de acordo com os dados do Censo realizado pe-
lo IBGE, em 2000.
Como resultado, as famílias residentes na Região Noroeste são compostas em média por
3,44 membros. Isoladamente, os Municípios também não apresentaram números muito dife-
rentes, sendo Itaocara o município com a menor média, 3,24 e Varre-Sai com a média mais
elevada, 3,71.
Importante ponderar, no entanto, que embora as médias encontradas sejam equiparadas,
estes dados não são capazes de estabelecer com fidelidade as discrepâncias e desigualda-
des populacionais existentes entre os Municípios, ou seja, não se pode conhecer em quais
localidades se encontram as famílias mais ou menos numerosas.
De acordo com a realidade histórica, por exemplo, sabe-se que as famílias rurais e de bair-
ros pobres tendem a ser mais numerosas do que nos centros urbanos, mas para conhecer
as especificidades seria necessário a realização de pesquisas por municípios.

Tabela 7 - Região Noroeste Fluminense, População Residente por Sexo, 2009

População Residente por Sexo - 2009


Municípios da Região Sexo
Total
Noroeste Fluminense Masculino Feminino
Aperibé 4.723 4.833 9.556
Bom Jesus de Itabapoana 17.272 18.031 35.303
Cambuci 7.462 7.308 14.770
Italva 7.259 7.417 14.676
Itaocara 11.011 11.441 22.452
Itaperuna 48.410 51.044 99.454
Laje do Muriaé 3.942 4.055 7.997
Miracema 12.889 13.935 26.824
Natividade 7.604 7.802 15.406
Porciúncula 9.220 9.224 18.444
Santo Antônio de Pádua 21.028 21.377 42.405
São José de Ubá 3.777 3.520 7.297
Varre-Sai 4.568 4.284 8.852
Total da Região Noroeste 159.165 164.271 323.436
Total do Estado do Rio de Janeiro 7.657.302 8.353.127 16.010.429
Total do Brasil 94.050.601 97.430.444 191.481.045

Fonte: Ministério da Saúde, Informações da Saúde, DATA SUS


As razões de sexo na Região Noroeste apontam para uma pequena tendência de predomí-
nio feminino em sua composição populacional, totalizando-se 159.165 homens e 164.271
mulheres nos municípios, salvo Cambuci, São José de Ubá e Varre-Sai, que tem um peque-
no percentual a mais de população masculina. No geral, as razões de sexo se apresentam
bem equilibradas.

708 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Tabela 8 - Região Noroeste Fluminense, Distribuição da População por Faixa Etária, 2009
Região Noroeste – Distribuição da População por Faixa Etária - 2009
Faixa Etária Total % em Relação a População Total
Menor 1 3.676 1,14
1a4 17.410 5,38
5a9 24.938 7,71
10 a 14 23.703 7,33
15 a 19 24.006 7,42
20 a 29 53.324 16,49
30 a 39 47.271 14,62
40 a 49 46.626 14,42
50 a 59 36.170 11,18
60 a 69 23.454 7,25
70 a 79 14.853 4,59
80 e + 8.005 2,47
Total da Região Noroeste 323.436 100,00
Fonte: IBGE, Censos e Estimativas
Com relação à faixa etária, verifica-se que o maior percentual de população está entre 20 a
59 anos, sendo especialmente elevado nos jovens de 20 a 29 anos, 16,49%. O grupo infan-
til, de 1 a 9 anos correspondeu a 14,23% da população, enquanto os adolescentes de 10 a
19 anos somaram 14,75% do total e a população de 20 a 59 anos representou 56,71% da
população total da Região, sendo o grupo considerado economicamente ativo para o traba-
lho.
Estes valores apontam para o tamanho dos grupos que demandam políticas públicas espe-
cíficas para a infância, adolescência e adultos em idade produtiva, respectivamente, sendo
que os dois primeiros somam aproximadamente 28,98% da população, o grupo produtivo
cerca de 57% e o grupo de idosos os outros 14,31% do total, demandando também cuida-
dos particulares.
Na Pirâmide Etária é possível uma melhor visualização destes dados, com destaque para
seu centro, reforçando que a maior proporção da população se encontra em idade produtiva.
Gráfico 6 – Região Noroeste Fluminense, Pirâmide Etária, 2009

Fonte: IBGE, Censos e Estimativas


Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 709
Proporcionalmente à sua população total, a Região Noroeste é a que concentra o maior per-
centual de idosos no Estado, correspondendo à aproximadamente 14% do total da popula-
ção residente na Região. Portanto, o índice de envelhecimento regional é elevado, desta-
cando Cardoso Moreira, Cambuci, Italva e Itaocara.
Segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde, não houve nestes municípios uma au-
mento na expectativa de vida da população, de maneira geral, supondo-se que o número
mais elevado da população idosa se deve, principalmente, a um evasão significativa de jo-
vens e não necessariamente à melhoria na qualidade e aumento da expectativa de vida.
Tabela 9 - Região Noroeste Fluminense, População Feminina em Idade Fértil, 2009

Municípios da Região Mulheres em Idade Fértil Proporção da População


Noroeste Fluminense (10-49 anos) Feminina em Idade Fértil, (%)

Aperibé 3.009 62,3


Bom Jesus de Itabapoana 10.574 58,6
Cambuci 4.233 57,9
Italva 4.279 57,7
Itaocara 6.623 57,9
Itaperuna 31.140 61,0
Laje do Muriaé 2.416 59,4
Miracema 8.185 58,7
Natividade 4.538 58,1
Porciúncula 5.530 60,0
Santo Antonio de Pádua 12.879 60,2
São José de Ubá 2.252 64,0
Varre-Sai 2.669 62,3

Fonte: IBGE, Censos e Estimativas


Outra questão relevante é que do total da população feminina da Região Noroeste, cerca de
60% se encontra em idade fértil. Junto a este dado, de acordo com a pesquisa da Secretaria
de Saúde e Defeso Civil do Estado do Rio (2009), as taxas de fecundidade do Noroeste se
assemelham à média estadual, à exceção de Varre-Sai, Cardoso Moreira, Miracema e Laje
do Muriaé, que são mais elevadas, diferente do que foi apresentado pelo IBGE. Considera-
se ainda que as datas de avaliação desta pesquisa são muito mais recentes e os dados po-
dem ter sido modificados.
Destaca-se que entre 2000 e 2005, houve um crescimento da oferta de serviços de plane-
jamento familiar na Região de 61,5%, mas não o suficiente para reverter determinados pro-
blemas. O Noroeste ainda ocupa a terceira pior posição do Estado no que se refere à dispo-
nibilidades destes serviços.
Complementando a análise demográfica, os dados da distribuição da população por distrito
das mesorregiões Norte e Noroeste demonstram uma maior concentração populacional nas
sedes municipais e menores concentrações na medida em que os distritos se afastam das
sedes, para cada município, conforme representado no mapa abaixo. (Censo, 2000)
Esta situação comum é explicada em grande parte pelas centralidades das sedes e sua
maior concentração de recursos físicos e financeiros, como centros produtivos e comerciais,
criando-se hierarquias entre estas e os distritos, e influenciando as distribuições populacio-
nais.
710 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
Mapa 3 - Região Noroeste Fluminense, Distribuição da População por Distrito - 2000

Fonte: TCE – Estudos Socioeconômicos dos Municípios, 2008.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 711


2. DESENVOLVIMENTO HUMANO
Para analisar-se o bem estar das populações, serão apresentadas a seguir as analises de
alguns indicadores que buscam refletir sua qualidade de vida.
A compreensão do chamado “desenvolvimento humano” passa pela consideração de inúme-
ros aspectos e deve incluir o acesso da população à Educação, Saúde, Moradia Digna, con-
dições de locomoção dentro do seu território, opções de Esportes, Lazer e Cultura, Segu-
rança Pública e outros temas que, juntos, refletirão sua qualidade de bem-viver.
Nas últimas décadas o conceito de desenvolvimento humano tem sido ampliado com a no-
ção de sustentabilidade, que significa a manutenção da espécie humana e do próprio Plane-
ta no presente e no futuro, de maneira duradoura, de forma que os seus recursos sejam
preservados para as gerações futuras. A sustentabilidade, portanto, não é apenas ambien-
tal, ela se desdobra em vieses sociais, culturais, econômicos e políticos, significando que
estas questões estão interconectadas.
De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), o para-
digma de desenvolvimento sustentável humano está baseado em três pontos centrais:
• O desenvolvimento das pessoas, para aumentar suas oportunidades, potenciali-
dades e direitos de escolha;
• O desenvolvimento para as pessoas, visando garantir a apropriação equitativa
dos resultados obtidos pela população;
• O desenvolvimento pelas pessoas, para aumentar seu poder e o das comunida-
des, desde que participem ativamente do processo de desenvolvimento do qual
são, ao mesmo tempo, sujeitos e beneficiários.
Além disto, no Relatório do PNUD são descritos dois princípios indissociáveis ao desenvol-
vimento humano: a equidade, expressa na construção e distribuição dos benefícios entre os
seres humanos e a sustentabilidade em todos os seus âmbitos.
Considerando de maneira ampla o tema do desenvolvimento humano sustentável, os próxi-
mos tópicos irão avaliar as condições de vida dos habitantes do Noroeste Fluminense, apre-
sentando inicialmente os resultados obtidos na análise do IDH-M, IFDM e IQM, sendo que
cada indicador enfatiza diferentes aspectos que influem no bem estar das populações muni-
cipais.
2.1 Índice de Desenvolvimento Humano Municipal, IDH-M
O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, em parceria com o IPEA e com a
Fundação João Pinheiro são responsáveis por elaborarem o Mapa de Desenvolvimento
Humano no Brasil e o Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil, realizados a partir da
síntese de uma extensa base de dados e informações coletadas pelo IBGE. O primeiro per-
mite a análise dos municípios existentes no ano de referência de 1991/2000 e o último foi
elaborado a partir de dados do Censo 2000.
Segundo o PNUD (1998), o desenvolvimento humano pode ser entendido como um proces-
so abrangente, considerando-se as dimensões econômicas, sociais, políticas e culturais que
influenciam a qualidade da vida humana.
Por sua vez, tem sido usualmente acrescido ao termo “desenvolvimento humano” a noção
do “sustentável”, refletindo que crescimento não necessariamente significa desenvolvimento,
pois há situações em que o aumento de riqueza não resulta em melhores condições de vida
para a população, ou seja, em municípios com uma renda per capita elevada pode haver
uma qualidade de vida inadequada para seus habitantes, com baixos indicadores de desen-
712 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
volvimento humano e vice-versa.
Na análise dos dados municipais, foi desenvolvido um indicador específico a partir do IDH: o
IDH-M – Índice de Desenvolvimento Humano Municipal, que utiliza quatro indicadores agru-
pados em três dimensões: Longevidade (esperança de vida ao nascer), Educação (alfabeti-
zação e taxa de matrícula) e Renda (PIB per capita).
O IDH varia de zero a um e classifica os países/municípios com índices considerados como
baixo, médio ou alto desenvolvimento humano, respectivamente nas faixas de 0 a 0,5; de
0,5 a 0,8; e de 0,8 a 1. Quanto mais próximo de 1 for o IDH, maior o nível de desenvolvi-
mento humano constatado, o mesmo valendo para os municípios avaliados.
Segundo o Atlas de Desenvolvimento Humano (PNUD, 2003), a média brasileira melhorou
sua posição no Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M) nos últimos 9 anos,
passando de 0,709, em 1991, para 0,764, em 2000.
No ano 2000, do total de 5.507 municípios, 23 foram classificados com baixo desenvolvi-
mento humano, 4.910, com médio e 574, com alto desenvolvimento, sendo que 99,87%
(5.500) dos municípios aumentaram seu IDH-M quando comparados com os resultados de
1991. Apesar da melhoria neste índice, na classificação internacional, o Brasil continua sen-
do um país de médio desenvolvimento humano.
A dimensão Longevidade reflete a esperança de vida ao nascer, ou seja, o número médio
de anos que um habitante nascido no município no ano de referência viverá. Este indicador
sintetiza as condições de saúde e salubridade local.
A dimensão Educação é avaliada a partir de dois indicadores, com pesos diferentes: taxa de
alfabetização de pessoas acima de 15 anos de idade (com peso dois) e a taxa bruta de fre-
qüência à escola (com peso um). O primeiro indica o percentual de pessoas com mais de 15
anos capaz de ler e escrever um bilhete simples (ou seja, adultos alfabetizados) e o segun-
do é resultado do somatório de pessoas (independentemente da idade) que freqüentam os
cursos fundamental, secundário e superior, dividido pela população na faixa etária de 7 a 22
anos do município.
A Renda municipal per capita, ou seja, a renda média de cada residente é utilizada para a
avaliação da dimensão renda. Calcula-se este índice através da soma da renda de todos os
residentes, dividido pelo número de habitantes do município. O calculo é obtido a partir das
respostas dadas ao questionário expandido do Censo, aplicados pelo IBGE (um questioná-
rio mais detalhado do que o universal, aplicado a uma amostra dos domicílios visitados).
Após a obtenção destes dados, são calculados os índices para Educação (IDHM-E), para
Longevidade (IDHM-L) e para Renda (IDHM-R). Para cada município o IDHM é calculado a
partir da média aritmética simples desses três sub-índices (IDHM-E + IDHM-L + IDHM-R/3).
Foi na Educação que o Brasil atingiu o melhor desempenho, com uma marca superior à mé-
dia latino-americana e, proporcionalmente, mais próxima aos valores dos países desenvol-
vidos. No conjunto dos 177 países avaliados, o Brasil ocupa a 62º posição.
Ainda assim, o país continua levando uma década para que seus estudantes tenham 1 ano
a mais de escolaridade, avanço ainda insuficiente. O tempo médio de estudos do brasileiro é
de 6,2 anos, ou seja, não chegam a completar o ensino fundamental, o que somam 8 anos
de estudo. Além disto, o IDH mede a taxa de alfabetização e o número de alunos matricula-
dos, em todos os níveis, priorizando o aspecto quantitativo. Entretanto, parece fundamental
saber também se os alunos concluem estes cursos e se a qualidade do ensino é satisfatória.
Na Saúde, ao contrário da avaliação educacional, os dados brasileiros não foram favoráveis.
A esperança de vida aumentou, mas continuou baixa com relação a outros países. Passou
de 66 anos, em 1995, para 68 anos em 2002. O Brasil ocupou o 111º lugar entre os países
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 713
em termos de expectativa de vida ao nascer, posição muito pior que a sua classificação ge-
ral no IDH, 72º lugar, absolutamente incompatível com um país que atualmente possui a 15ª
economia mundial.
Mas, sem dúvida, o principal problema brasileiro continua sendo a Renda per Capita, que
ainda é muito baixa: o Brasil foi o 63º colocado no ranking da renda entre todos os países
analisados: US$ 7.700 ao ano, inferior aos países vizinhos Argentina, Chile, Uruguai e Méxi-
co. Mais ainda, o número de pobres permaneceu muito elevado: 22,4% dos brasileiros estão
vivendo abaixo da linha de pobreza, definida pelo Pnud como sendo de até US$ 2/dia, em
torno de R$ 180/mês ou 70% do atual valor do salário mínimo.
Com relação ao Estado do Rio de Janeiro, dos seus noventa e um municípios (considerando
que o Município de Mesquita foi instalado somente em 2001 e não consta no Último Atlas),
Niterói aparece em terceiro lugar e a capital Rio de Janeiro em sexagésimo. Estas duas ci-
dades mantiveram-se em primeiro e segundo lugar no ranking interno estadual desde 1970.
São oito os municípios com alto desenvolvimento humano. Outros trinta e cinco municípios
estão na faixa de IDH-M superior à média brasileira.
Todos os 43 que se enquadram nesta “elite” estão marcados em verde no Mapa a seguir.
Os 48 municípios restantes tiveram seu IDH-M abaixo de 0,764, ficando Varre-Sai com a
menor marca, de 0,679. Esses foram assinalados em vermelho no mesmo mapa. (Estudo
Sócio Econômico de São Fidélis 2004).
Os municípios que tiveram a maior taxa de crescimento de IDH-M, entre 1991 e 2000, foram
justamente aqueles que apresentaram este indicador abaixo de 0,600, em 1991, destacan-
do-se na Região Norte São João da Barra, que avançou mais de 30% nestes nove anos e,
mesmo assim, continua no grupo “vermelho”, segundo a análise do Estudo Sócio Econômi-
co de São Fidélis (2004).
Interessante observar também que, dos seis municípios emancipados na década de 80, a-
penas Itatiaia e Arraial do Cabo estão na faixa verde, enquanto Quissamã, Italva, São José
do Vale do Rio Preto e Paty do Alferes encontram-se na faixa vermelha.
Já dos 21 municípios que surgiram na década de 90, sete estão na faixa verde (Iguaba
Grande, Pinheiral, Armação dos Búzios, Quatis, Rio das Ostras, Macuco e Areal) e catorze
na vermelha, Seropédica, Aperibé, Comendador Levy Gasparian, Porto Real, Belford Roxo,
Carapebus, Guapimirim, Queimados, Japeri, Tanguá, São José de Ubá, sendo os três últi-
mos colocados são Cardoso Moreira, São Francisco de Itabapoana e Varre-Sai. Assim, a
emancipação mais recente tem significado para a maioria dos municípios um IDH-M mais
baixo.

714 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Mapa 4 – Rio de Janeiro, ID-M dos Municípios, 2000

Fonte: TCE, Estudos Socioeconômico do Município de São Fidelis, 2004

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 715


A Tabela abaixo apresenta a evolução do IDH-M para os municípios do Noroeste Fluminen-
se no período de 1991 a 2000, tendo como referência estadual o IDH-M de Niterói, melhor
do Estado, com 0,886 em 2000 e como referência nacional São Caetano do Sul, 0,919 neste
mesmo ano, ambos bem acima do IDH brasileiro, 0,766, que representa uma média de to-
dos os seus municípios.
Todos os valores do IDH-M dos municípios do Noroeste elevaram-se no período pesquisado
e apresentaram valores mais próximos entre si, em 2000. Em 1991, apenas Itaperuna tinha
seu valor acima de 0,7, sendo que os outros 12 municípios ficaram abaixo deste valor. Em
segundo lugar regional estava Santo Antônio do Pádua, 0,694 e Itaocara, 0,681. Neste mes-
mo ano, o pior valor foi o de Varre-Sai, seguido por São José do Ubá, 0,637.
Em 2000, a maioria dos municípios conseguiu ultrapassar 0,7 em sua avaliação, sendo que
o único abaixo foi Varre-Sai, apesar de ter melhorado seu valor para 0,679. Neste ano, o
melhor valor continuou sendo o de Itaperuna, 0,787, próximo a avaliação de alto desenvol-
vimento humano, 0,800.
Durante o período 1991-2000 Aperibé elevou seu valor, de 0,676 para 0,756 e também sua
posição no Ranking estadual, de 54o para 48a posição. Bom Jesus do Itabapoana obteve
um crescimento de 0,662 para 0,746, passando da 67o para a 56o posição. Itaocara, que
teve o IDH avaliado em 0,681 em 1991 passou para 0,771 e melhorou da 46a para a 38a
posição em 2000. Natividade melhorou duas posições no ranking, para o 68o lugar em
2000, passando de 0,658 para 0,736. Porciúncula também subiu uma posição, com os valo-
res que aumentaram de 0,646 para 0,730.
Cambuci, apesar de haver melhorado numericamente de 0,654 para 0,733 desceu uma po-
sição no ranking, para 71o lugar. De igual maneira, Italva teve uma elevação de IDH de
0,659 para 0,724, mas perdeu posições de 69o para o 77o lugar e Laje do Muriaé elevou
seu valor de 0,625 para 0,710, caindo do 85o para o 88o lugar, bastante baixo considerando
o total de 92 municípios.
Miracema passou de 0,669 para 0,733, enquanto no ranking caiu do 62o para o 72o lugar.
Santo Antônio do Pádua teve o aumento de 0,694 para 0,754 no seu IDH, mas perdeu posi-
ções de 37o para 50o de 1991-2000, bem como São José do Ubá, que elevou seu valor de
0,637 para 0,718 e perdeu duas posições, ficando em 2000 no 85o lugar.
Tabela 10 - Região Noroeste Fluminense, IDH-M, 1991 - 2000
Índice de Desenvolvimento Humano Municipal – IDH-M - 1991 e 2000
IDH-M Ranking Estadual
Municípios da Região Noroeste Fluminense
1.991 2.000 1.991 2.000
Aperibé 0,676 0,756 54º 48º
Bom Jesus do Itabapoana 0,662 0,746 67º 56º
Cambuci 0,654 0,733 72º 71º
Italva 0,659 0,724 69º 77º
Itaocara 0,681 0,771 46º 38º
Itaperuna 0,708 0,787 25º 20º
Laje do Muriaé 0,625 0,710 85º 88º
Miracema 0,669 0,733 62º 72º
Natividade 0,658 0,736 70º 68º
Porciúncula 0,646 0,730 77º 76º
Santo Antônio de Pádua 0,694 0,754 37º 50º
São José de Ubá 0,637 0,718 83º 85º
Varre-Sai 0,600 0,679 89º 91º
Estadual – Niterói 0,817 0,886 1º 1º
Nacional - Águas de São Pedro/SP 0,848 NA 1º NA
Nacional – São Caetano do Sul/SP NA 0,919 NA 1º
Brasil 0,696 0,766 NA NA
Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano do Brasil, PNUD, 2003 NA = Não se aplica
716 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
Gráfico 7 – Região Noroeste Fluminense - Evolução do IDH-M, 1991- 2000

Região Noroeste Fluminense - IDHM, 1991 e 2000


IDHM

0,900
0,746 0,787
0,754 0,756 0,771
0,800 0,710 0,718 0,724 0,730 0,733 0,733 0,736
0,679 0,669 0,694 0,681 0,708
0,637 0,659 0,662 0,676
0,700 0,625 0,646 0,654 0,658
0,600
0,600
0,500 1991
0,400 2000
0,300
0,200
0,100
0,000
Varre-Sai Laje do São José Italva Porciúncula Miracem a Cam buci Natividade Bom Jesus Santo Aperibé Itaocara Itaperuna
Muriaé de Ubá do Antônio de
Itabapoana Pádua

Municípios

Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano do Brasil, PNUD, 2003

Gráfico 8 - Região Noroeste Fluminense, Ranking Estadual dos Municípios – IDHM, 1991 - 2000

Ranking Ranking Estadual dos Municípios da Região Noroeste Fluminense - IDHM, 2000

100
89 91
85 88 83 85
77 77 76
80 72 72 71
69 70 68
67
62
60 56 54
50 48 1991
46
37 38 2000
40
25
20
20

0
Varre-Sai Laje do São José Italva Porciúncula Miracem a Cam buci Natividade Bom Jesus Santo Aperibé Itaocara Itaperuna
Muriaé de Ubá do Antônio de
Itabapoana Pádua

Municípios

Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano do Brasil, PNUD, 2003


Apesar das melhorias dos dados numéricos, parte dos municípios teve uma queda no ran-
king estadual, o que pode ser explicado porque, comparativamente, outros municípios tam-
bém melhoraram suas posições e elevaram os valores estaduais. Porciúncula, Cambuci,
Natividade, Bom Jesus do Itabapoana, Aperibé, Itacoara e Itaperuna melhoraram suas posi-
ções, enquanto os outros 6 municípios foram pior classificados em 2000.
Gráfico 9 - Região Noroeste Fluminense, Ranking Estadual dos Municípios – IDH-M, 2000

Ranking Ranking Estadual dos Municípios da Região Noroeste Fluminense - IDHM, 2000

100 91º
85º 88º
76º 77º
80 71º 72º
68º
56º
60 50º
48º
38º
40
20º
20

0
Itaperuna Itaocara Aperibé Santo Antônio Bom Jesus do Natividade Cambuci Miracema Porciúncula Italva São José de Laje do Muriaé Varre-Sai
de Pádua Itabapoana Ubá

Municípios

Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano do Brasil, PNUD, 2003


Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 717
Conforme a Tabela acima em 2000, Itaperuna se destaca na Região no 20o lugar estadual,
seguido por Itaocara, 38o, já 18 posições abaixo. Segue-se o grupo formado por Aperibé,
Santo Antônio do Pádua e Bom Jesus do Itabapoana que estão posicionados medianamen-
te, considerando-se o total de 92 municípios fluminenses. Natividade, Cambuci, Miracema e
Porciúncula e Italva já estão perto das 70a posições. Por fim, São José do Ubá, Laje do Mu-
riaé e Varre-Sai encontram-se em posições muito desfavoráveis, nas últimas classificações
estaduais.

Desmembrando o IDH-M nos seus três componentes, observa-se que a Educação apresen-
tou neste mesmo período, melhorias em todos estes municípios, destacando-se como de
alto desenvolvimento humano Aperibé, Bom Jesus do Itabapoana, Italva, Itaocara, Itaperu-
na, Laje do Muriaé, Miracema, Natividade, Porciúncula, com os valores mais elevados e
muito positivos os de Itaperuna, 0,859 e Bom Jesus do Itabapoana, 0,851. Abaixo de 0,8 no
IDH-M Educação ficaram os municípios de São José de Ubá, 0,766 e Varre-Sai, 0,782, ape-
sar de estarem próximos de 0,8 e serem classificados como de médio desenvolvimento hu-
mano.

Com relação ao IDH-M Longevidade, reflexo direto da Saúde e das condições de sanea-
mento locais, também houve aumento em todos os valores municipais, sendo que Itaperuna
foi o único a alcançar 0,800, alto desenvolvimento humano, seguido por Santo Antônio do
Pádua, Cambuci e Itaocara, todos com o valor de 0,759, em 2000. Aperibé, Porciúncula e
São José do Ubá apresentaram valores próximos a 0,740 e os outros municípios ficaram
abaixo de 0,700, sendo que Bom Jesus do Itabapoana ficou no limite, com 0,699 e o pior
índice foi o de Varre-Sai, 0,620, em 2000.

Apesar de diferenças, à exceção de Itaperuna, todos estão na faixa considerada de médio


desenvolvimento humano e muitos melhoraram significativamente seus valores, a exemplo
de Itaperuna, Cambuci, Porciúncula e São José de Ubá.

Considerando-se o indicador IDH-M Renda, também houve melhorias em todos os municí-


pios da Região, apesar de que os aumentos foram menos expressivos que os outros dois
indicadores, sendo que a maioria dos valores está abaixo de 0,7.

Os municípios que melhoraram foram Itaocara, 0,718 e Itaperuna, 0,702, observando-se que
não foram muito díspares dos valores menores dos outros municípios, que estão, em sua
maioria, próximos a 0,680. Neste sentido, os piores valores do IDH-M Renda foram os de
Porciúncula, 0,640, Varre-Sai, 0,636 e Laje do Muriaé, 0,627.

Dos três componentes, a Educação foi o que elevou o IDH-M de todos os municípios e a
Renda teve o menor peso em seu valor total.

Itaperuna se destacou com os valores mais equilibrados entre seus componentes, seguido
por Itaocara. Em alguns outros municípios da Região Noroeste foram verificadas grandes
discrepâncias nos valores dos três indicadores – como em Bom Jesus do Itabapoana, Por-
ciúncula e Santo Antônio de Pádua - apesar de estarem, em 2000, todos os valores classifi-
cados como médio desenvolvimento, sendo que em 1991 havia alguns destes índices muito
baixos, especialmente no componente Renda, sugerindo uma possível melhora geral na
qualidade de vida da população.

718 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Tabela 11 – Região Noroeste Fluminense, Educação, Longevidade e Renda do IDH-M, 1991 – 2000

Índice de Desenvolvimento Humano Municipal por Subíndice - IDH M - 1991 e 2000


Municípios da Região Educação Longevidade Renda
Noroeste Fluminense 1.991 2.000 1.991 2.000 1.991 2.000
Aperibé 0,756 0,84 0,7 0,741 0,573 0,688
Bom Jesus do Itabapoana 0,754 0,851 0,632 0,699 0,6 0,689
Cambuci 0,691 0,784 0,675 0,759 0,597 0,656
Italva 0,719 0,823 0,659 0,683 0,6 0,667
Itaocara 0,736 0,837 0,7 0,759 0,606 0,718
Itaperuna 0,756 0,859 0,702 0,8 0,667 0,702
Laje do Muriaé 0,697 0,804 0,632 0,699 0,546 0,627
Miracema 0,749 0,829 0,647 0,683 0,611 0,686
Natividade 0,736 0,829 0,632 0,689 0,607 0,689
Porciúncula 0,70 0,810 0,624 0,74 0,614 0,640
Santo Antônio de Pádua 0,725 0,814 0,733 0,759 0,624 0,689
São José de Ubá 0,618 0,766 0,686 0,73 0,607 0,657
Varre-Sai 0,638 0,782 0,596 0,62 0,565 0,636
Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano do Brasil, PNU 2003

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 719


Mapa 5 - Região Noroeste Fluminense, IDH-M, 2000

Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano do Brasil, PNUD, 2003

720 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


2.2 Índice FIRJAN de Desenvolvimento Municipal (IFDM)
A seguir, apresentam-se os dados do IFDM - Índice FIRJAN de Desenvolvimento Municipal,
calculado para “acompanhar de forma permanente o desenvolvimento humano, econômico e
social no interior do Estado” (IFDM, 2009). Na composição do índice, foram utilizadas esta-
tísticas oficiais, a partir de dados fornecidos pelos Ministérios da Educação, da Saúde e do
Trabalho, para o ano sob análise, apresentados neste trabalho 2000, 2005 e 2006.
Diferentemente do IDH-M, já se tem disponíveis os resultados mais recentes destes dois
últimos anos. Assim, a metodologia pioneira do IFDM distingue-se por ter periodicidade a-
nual, recorte municipal e abrangência nacional, possibilitando o acompanhamento anual do
desenvolvimento de todos os municípios brasileiros.
O IFDM considera, com igual ponderação, Emprego & Renda, Educação e Saúde, possuin-
do igual peso neste cálculo, para avaliação dos municípios. A leitura dos resultados – por
áreas de desenvolvimento ou do índice final - variam entre 0 e 1, sendo que quanto mais
próximo de 1, maior o nível de desenvolvimento da localidade.
Neste sentido, municípios com IFDM entre 0 e 0,4 são considerados de baixo estágio de de-
senvolvimento; entre 0,4 e 0,6, de desenvolvimento regular; entre 0,6 e 0,8, de desenvolvi-
mento moderado; e entre 0,8 e 1,0, de alto desenvolvimento (IFDM, 2009).
Em 2006, a média brasileira do IFDM atingiu 0,7376 pontos. Esta pontuação é superior à de
2005, 0,7129, indicando melhoria nas condições de desenvolvimento do país, com alta de
3,47%. O valor mais elevado foi atingido por São Caetano do Sul-SP, com 0,9524 pontos e
o menor por Santa Luzia-BA, com 0,2928 pontos.
No Noroeste Fluminense, de 2000-2005 e 2006 houve participações distintas de cada um
dos municípios. Alguns elevaram continuamente seu valor de IFDM, outros tiveram uma su-
bida para cair em 2006 e outros, apesar de enfrentarem aumento em 2005, pioraram seu
valor entre 2000-2006.
Aperibé, Bom Jesus do Itabapoana e Santo Antônio do Pádua apresentaram um aumento
crescente nos IFDM nos anos de 2000, 2005 e 2006. Aperibé passou de 0,6781, em 2000,
para 0,6843, em 2006. Bom Jesus do Itabapoana teve aumento de 0,6980 para 0,7118 e
Santo Antônio do Pádua, de igual maneira, aumentou seu IDHM de 0,5669, em 2000, para
0,7052, em 2006.
Italva, Itaperuna, Laje do Muriaé, Miracema, Natividade e São José do Ubá apresentaram
um aumento de seu IFDM de 2000 para 2005 e depois uma queda em 2006, ainda conse-
guindo uma melhoria do valor no período total avaliado.
Italva aumentou seu IFDM de 2000 para 2005, 0,7626 e depois teve uma queda para 0,7311
em 2006, apesar de ainda ser um valor mais alto do que aquele de 2000. Igualmente ocor-
reu em Itaperuna, que após aumento em 2005, 0,7643, teve uma queda em 2006, para
0,7386.
Laje do Muriaé, que havia alcançado o IFDM de 0,6899, em 2005, perdeu pontos e ficou
com 0,6738, em 2006; Miracema obteve 0,6971 em 2005, e caiu para 0,6771, em 2006; Na-
tividade também, chegou a 0,6882 em 2005 e sofreu uma caída para 0,6737 em 2006 – a-
pesar de que todos estes municípios conseguiram uma elevação do IFDM com relação ao
ano de 2000.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 721


Mapa 6 - Região Noroeste Fluminense, IFDM, 2006

Fonte: Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro – FIRJAN, 2006.

722 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


São José do Ubá enfrentou igual situação, diminuindo seu valor para 0,6457, em 2005, e
aumentando para 0,6696, em 2006.
Já Cambuci teve uma queda de 2000 para 2005, e em 2006 melhorou seu valor, 0,6537,
ainda ficando abaixo daquele conseguido em 2000. Itaocara passou por situação similar:
após aumento do IFDM em 2005, 0,7022, sofreu queda em 2006, 0,6639, abaixo do índice
de 2000, assim como Porciúncula, que diminuiu seu IFDM para 0,6931 em 2005, e teve um
aumento para 0,6995 em 2006.
Varre-Sai, diferente dos outros municípios, após aumento do IFDM para 0,6497 em 2005
manteve o mesmo valor em 2006.
Os melhores valores de IFDM do Noroeste Fluminense foram apresentados em 2006 por
Itaperuna, 0,7386, seguido por Italva, 0,7311, bem próximo, Bom Jesus do Itabapoana,
0,7118 e Santo Antônio do Pádua, 0,7052, todos estes acima de 0,7 e considerados de de-
senvolvimento humano moderado.
Abaixo deste patamar estão, por ordem decrescente, Porciúncula, 0,6995, Aperibé, 0,6843,
Miracema, 0,6771, Laje do Muriaé, 0,6738, São José do Ubá, 0,6696.
Um pouco mais abaixo, mas ainda representando desenvolvimento humano moderado fica-
ram Itaocara, 0,6639, Cambuci, 0,6537 e por último figura Varre-Sai, 0,6497, com a pior ava-
liação regional.
Tabela 12 – Região Noroeste Fluminense, Total do IFDM, 2000, 2005 e 2006
Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal - IFDM - 2000, 2005, 2006
Municípios da Região IFDM Ranking Estadual
Noroeste Fluminense 2.000 2.005 2.006 2.000 2.005 2.006
Aperibé 0,6781 0,6787 0,6843 20º 54º 44º
Bom Jesus do Itabapoana 0,6318 0,6980 0,7118 44º 36º 29º
Cambuci 0,6659 0,6296 0,6537 24º 76º 71º
Italva 0,6127 0,7626 0,7311 62º 15º 21º
Itaocara 0,6719 0,7022 0,6639 22º 34º 63º
Itaperuna 0,6835 0,7643 0,7386 18º 13º 19º
Laje do Muriaé 0,6179 0,6899 0,6738 60º 44º 51º
Miracema 0,6262 0,6971 0,6771 53º 38º 48º
Natividade 0,6122 0,6882 0,6737 63º 48º 52º
Porciúncula 0,7292 0,6931 0,6995 6º 40º 39º
Santo Antônio de Pádua 0,5660 0,6977 0,7052 82º 37º 35º
São José de Ubá 0,6535 0,6457 0,6696 28º 70º 57º
Varre-Sai 0,6321 0,6497 0,6497 43º 68º 73º
Estadual – Macaé 0,7807 0,8729 0,8604 1º 1º 1º
Nacional - Matão/SP 0,8697 NA NA 1º NA NA
Nacional - Indaiatuba/SP NA 0,9368 NA NA 1º NA
Nacional - São Caetano do Sul/SP NA NA 0,9524 NA NA 1º
Brasil 0,5954 0,7129 0,7376 NA NA NA

NA = Não se aplica
Fonte: Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro – FIRJAN

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 723


Ressalta-se que Porciúncula possuía a melhor posição regional em 2000, 6o lugar, bem a-
cima de Itaperuna, que no mesmo ano estava na 18o posição, mas se manteve em
2005/2006 com os respectivos 13o e 19o lugar do Estado, o melhor da Região, enquanto
Porciúncula foi um dos municípios do Noroeste que mais perdeu posições, do 5o para o 40o
lugar em 2005 e 39o em 2006.
Outros municípios que perderam posições entre 2000-2006 foram Aperibé, do 20o para o
44o, Cambuci, de 24o para o 71o lugar, uma piora expressiva, assim como Itaocara, de 22o
para 63o lugar. Laje do Muriaé enfrentou a queda da 60o para a 51o posição e Miracema caiu
da 53o para a 48o. São José do Ubá perdeu posições de 28o para 57o e Varre-Sai, que saiu
de 43o para a 73o posição, em igual período, ainda ocupa a pior posição no ranking do No-
roeste Fluminense.
Já Bom Jesus do Itabapoana melhorou significativamente, da 44o posição para a 29o no
ranking estadual, Italva subiu da 62o para a 21o posição. Laje do Muriaé também melhorou
sua situação, elevando sua posição de 60o para 51o, bem como Miracema, que saiu do 53o
lugar para o 48o e Natividade, do 63o para 52o.
Santo Antônio do Pádua apresentou a melhor recuperação, elevando-se da 82o posição pa-
ra a 35o neste mesmo período, de 2000-2006.
Desta forma, as mudanças municipais do Noroeste Fluminense foram bem distintas, pois
enquanto Porciúncula perdeu inúmeras posições, Itaperuna se consolidou como o melhor
município em termos de IFDM, junto à uma melhora expressiva de Santo Antônio do Pádua,
em 35o lugar e Italva, chegando ao 21o lugar estadual.
Assim, apenas alguns destes conseguiram manter-se bem posicionados, como Bom Jesus
do Itabapoana, na 29o posição. No geral, a maioria dos municípios apresentou uma queda
no ranking entre 2000-2006, ainda mantendo seus valores no limite do desenvolvimento
humano classificado como moderado, o que é positivo.
As variações internas de posicionamento neste ranking vão desde o 19o até o 73o lugar,
num total dos 92 municípios fluminenses, o que aponta para um desafio regional em tratar
com realidades bem distintas, ressaltando-se que algumas delas enfrentam grandes dificul-
dades quanto ao seu desenvolvimento humano, nos quesitos avaliados.
Observa-se ainda que, em comparação com o melhor valor estadual, de Macaé, 0,8604 ou
mesmo com o melhor valor nacional, 0,9524 há uma distancia ainda muito grande nos valo-
res alcançados pelos municípios do Noroeste que, todavia, não se encontram muito abaixo
do valor do IFDM nacional, 0,7376.
Gráfico 10 - Região Noroeste Fluminense, Ranking Estadual dos Municípios – IFDM, 2006

Ranking Estadual dos Municípios da Região Noroeste Fluminense - IFDM, 2006


Ranking

100

80 71º 73º
63º
57º
60 48º 51º 52º
44º
35º 39º
40 29º
19º 21º
20

0
Itaperuna Italva Bom Jesus Santo Porciúncula Aperibé Miracema Laje do Natividade São José de Itaocara Cambuci Varre-Sai
do Antônio de Muriaé Ubá
Itabapoana Pádua

Municípios

Fonte: Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro – FIRJAN

724 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Ao desmembrar-se o IFDM em seus 3 componentes, compreende-se melhor cada municí-
pio. Considerando o Emprego e Renda, em 2006 o melhor índice foi o de Itaperuna, 0,6162,
seguido por Santo Antônio de Pádua, 0,4880, já bem abaixo e por Bom Jesus do Itabapoa-
na, 0,4660. São José de Ubá também está na casa dos 0,4, refletindo o chamado desenvol-
vimento humano moderado, enquanto todos os outros municípios do Noroeste Fluminense
ficaram abaixo de 0,4, considerando seus valores como indicativos de desenvolvimento hu-
mano regular.
Os piores valores no E&R foram os de Natividade, 0,3061, de Laje do Muriaé, 0,3177 e de
Cambuci, 0,3536, inclusive sendo os piores do conjunto de indicadores avaliados em 2006.
Observa-se ainda que, apesar dos números estarem bem abaixo do desejado, houve melho-
rias em alguns municípios no período de 2000-2006, como em Bom Jesus do Itabapoana,
Itaperuna, Laje do Muriaé, Miracema e especialmente em Santo Antônio do Pádua, que
mais que dobrou o valor de 2000, chegando ao segundo lugar no ranking regional.
Entretanto, dos 13 municípios da Região, 8 pioraram seu valor em E&R no período de 2000-
2006, o que representa uma situação muito negativa em dois sentidos. Primeiro, por repre-
sentar as dificuldades enfrentadas em âmbitos municipais, que resultam em perdas popula-
cionais, aumento de pobreza, miséria e violência, ou seja, em crescentes desigualdades so-
cioeconômicas.
Desde outra perspectiva, é ruim porque a dificuldade de geração de renda configura-se co-
mo um problema regional. Neste caso, os desdobramentos influenciam a todos os municí-
pios, pois os problemas começam a multiplicar-se sem possibilidades de solução, já que
seus vizinhos municipais estão, em sua maioria, enfrentando problemas similares.
Tabela 13 – Região Noroeste Fluminense, Composição do IFDM, 2000 - 2005 - 2006
Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal - IFDM - 2000, 2005 e 2006
Municípios da Emprego & Renda Educação Saúde
Região Noroeste
Fluminense 2.000 2.005 2.006 2.000 2.005 2.006 2.000 2.005 2.006
Aperibé 0,4665 0,3289 0,3719 0,7532 0,8348 0,8435 0,8144 0,8723 0,8374
Bom Jesus do
0,3965 0,4314 0,4660 0,7376 0,8388 0,8346 0,7611 0,8240 0,8347
Itabapoana
Cambuci 0,4550 0,2682 0,3536 0,7361 0,8065 0,8155 0,8068 0,8140 0,7919
Italva 0,5533 0,4743 0,4198 0,7072 0,8795 0,8592 0,5777 0,9341 0,9141
Itaocara 0,4654 0,5161 0,4252 0,7399 0,8040 0,8057 0,8105 0,7866 0,7607
Itaperuna 0,4393 0,6338 0,6162 0,7540 0,8382 0,8233 0,8571 0,8209 0,7762
Laje do Muriaé 0,2841 0,3619 0,3177 0,6665 0,8356 0,8314 0,9030 0,8721 0,8721
Miracema 0,3571 0,4498 0,3938 0,7749 0,8260 0,8025 0,7466 0,8156 0,8350
Natividade 0,3705 0,3365 0,3061 0,8197 0,8792 0,8475 0,6465 0,8489 0,8676
Porciúncula 0,4773 0,3170 0,3757 0,7778 0,8073 0,7994 0,9324 0,9549 0,9234
Santo Antônio de
0,2831 0,4718 0,4880 0,7144 0,8421 0,8191 0,7004 0,7793 0,8084
Pádua
São José de Ubá 0,5448 0,3330 0,4154 0,6037 0,7518 0,7751 0,8120 0,8522 0,8183
Varre-Sai 0,3769 0,3737 0,3683 0,6857 0,7152 0,7059 0,8338 0,8602 0,8748

Fonte: Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro – FIRJAN

No componente Educação, se destacam em primeiro lugar Italva, 0,8592, seguido por Nati-
vidade, 0,8475 e Bom Jesus do Itabapoana, 0,8435.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 725


A maioria dos outros municípios da Região também ficou acima de 0,8, considerados neste
quesito como de alto desenvolvimento humano, à exceção de Porciúncula, com 0,7994 e
São José de Ubá, 0,7751, também muito próximos deste patamar de classificação.
Varre-Sai foi avaliado com 0,7059 na Educação, reflexo de desenvolvimento humano medi-
ano, mas bem abaixo dos valores regionais.
Assim, todos os municípios do Noroeste foram muito bem avaliados no que se refere à Edu-
cação e melhoraram seus valores no período 2000-2006.
No que tange à Saúde, a média brasileira do IFDM-Saúde avançou em 2006 e atingiu novo
patamar de 0,7699 pontos. No Noroeste a Saúde foi melhor avaliada em Porciúncula,
0,9234 e Italva, 0,9141, com excelentes valores, seguido por Varre-Sai, 0,8748. Grande par-
te dos municípios ficou bem classificada como de alto desenvolvimento, sendo que abaixo
de 0,8 ficaram apenas Cambuci, 0,7919, Itaperuna, 0,7762 e Itaocara, 0,7607.
Agrupando-se os três itens, constata-se algumas discrepâncias municipais como, por exem-
plo, Itaperuna, que ficou entre os primeiros lugares em Emprego e Renda e Educação e está
com uma das piores classificações na Saúde.
Porciúncula também teve uma avaliação muito pequena no E&R, mas ótima classificação na
Educação e foi a melhor do ranking em Saúde. Varre-Sai e Aperibé, igualmente, receberam
avaliações muito negativas no quesito E&R ficaram bem em Educação e em Saúde.
A partir dos valores encontrados pelo IFDM 2000-2006 verifica-se que o maior problema re-
gional se relaciona com a geração de trabalho e renda para a população, que traz resulta-
dos extremamente inferiores com relação à Educação e Saúde locais, apontando para um
dos principais vetores a ser incrementado nos próximos anos.
Fotos 5 e 6 - Região Noroeste Fluminense, Santo Antônio de Pádua, Rua no Centro e Mirace-
ma, Praça Pública Central

Fonte: Fotos das autoras, 2009

2.3 Índice de Qualidade dos Municípios (IQM)

Outro índice analisado foi o IQM, pois ele abrange questões distintas àquelas do IDH-M e do
IFDM, complementando a análise. O Índice de Qualidade dos Municípios (IQM) foi desen-
volvido pela Fundação Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro (CIDE), órgão do
Governo do Estado vinculado à Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico e Tu-
rismo – SEDET, com sua primeira edição realizada em 1998. O Índice avalia as condições
dos municípios para atrair investimentos, bem como sua capacidade para multiplicar os e-
ventuais benefícios gerados por estes.

726 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Segundo Ranulfo Vidigal, diretor executivo da CIDE, entre as principais propostas da pes-
quisa está orientar os possíveis investimentos nos municípios: "Esses resultados colaboram
para orientação dos investidores dos setores público e privado, assim como a atração de
novos investimentos". (Muniz, 2006).
Assim, o IQM pode ser utilizado como um instrumento de gestão municipal, pois apresenta
um panorama diversificado em termos de análise de dados, podendo subsidiar também um
planejamento estratégico, já que abrange diversos temas que contemplam o desenvolvimen-
to econômico sustentável. (Plano Diretor São João da Barra, 2006).
Em 1998 foi lançada sua primeira versão (IQM I), que conta com indicadores relativos ao
meio ambiente (IQM Verde I e IQM Verde II), às carências municipais (IQM Carências), ao
déficit habitacional (IQM Necessidades Habitacionais) e às Finanças Públicas (IQM Susten-
tabilidade Fiscal). Em 2006, a Fundação CIDE lançou uma segunda versão, ampliada, intitu-
lada Potencial para o Desenvolvimento II (IQM-2005).
Foram adotadas duas vertentes no IQM-2005, em termos de referencial teórico: a Teoria
das Localidades Centrais e a formação dos Pólos de Desenvolvimento. Em termos de Loca-
lidades Centrais, destaca-se a perspectiva de um processo de crescimento que se dá, ne-
cessariamente, de forma espontânea. Ou seja, um determinado município alcança, por suas
características socioeconômicas, um lugar de destaque no âmbito da região a qual integra.
Sendo assim, naturalmente ele desencadeia um processo dinâmico de atração e irradiação
do desenvolvimento, envolvendo municípios e localidades vizinhas. Forma-se aí uma locali-
dade central ligada à uma rede de centros secundários. No Norte e Noroeste Fluminense,
Campos dos Goytacazes e Itaperuna são bons exemplos de localidades centrais.
Já a teoria dos Pólos de Desenvolvimento preconiza a participação do Estado como o único
agente capaz de formular e fomentar determinado processo de crescimento econômico. No
Estado do Rio de Janeiro, a implantação da Companhia Siderúrgica Nacional, em Volta Re-
donda, é o melhor exemplo de emprego deste modelo. Cabe ao Estado, portanto, criar pólos
de desenvolvimento nas regiões menos favorecidas, com a função de irradiar o desenvolvi-
mento por toda a área de influência dos centros escolhidos para a instalação de tais pólos.
Assim, os processos espontâneos de desenvolvimento que destacam um município podem
ser mesclados aos processos de desenvolvimento planejados, considerando-se a participa-
ção tanto dos atores municipais como do Estado.
Para o cálculo do IQV foi realizada uma classificação geral dos municípios, obtida a partir de
sete grupos de indicadores, com pesos diferentes: centralidade e vantagem locacional, qua-
lificação da mão-de-obra, riqueza e potencial de consumo, facilidades para negócios, infra-
estrutura para grandes empreendimentos, dinamismo e cidadania.
Os Grupos de Indicadores consideraram:
• DIN: o dinamismo da economia local, representado pela existência de alguns
serviços especializados e pelo nível de suas atividades (dinamismo);
• CEN: a capacidade do município para estabelecer vínculos com os mercados vi-
zinhos (centralidade e vantagem locacional);
• RIQ: a demonstração da riqueza existente no município, representada pela sua
produção e pelo nível de rendimento de seus habitantes (riqueza e potencial de
consumo);
• QMA: a representação do padrão de formação educacional da população, do
ponto de vista da especialização e profissionalização (qualificação da mão-de-
obra);

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 727


• FAC: o demonstrativo das facilidades existentes para a operação das empresas
e de seus funcionários (facilidades para negócios);
• IGE: a demonstração de condições favoráveis à implantação e operação de em-
presas de grande porte (infra-estrutura para grandes empreendimentos);
• CID: a representação das condições de atendimento às necessidades básicas
da população do município no que diz respeito à saúde, educação, segurança,
justiça e lazer (cidadania).
Cada grupo de indicadores abordou um aspecto das condições básicas consideradas ne-
cessárias ao desenvolvimento, num total de 37 variáveis. Cada um destes grupos foi, por
sua vez, composto de um número variado de indicadores, ou critérios, considerados rele-
vantes para a composição do indicador em questão.
Em sua segunda edição, foram analisados novamente os 92 municípios fluminenses em
termos de qualidade de vida e desenvolvimento econômico, estando entre as variáveis po-
der de consumo, dinamismo, infra-estrutura e desenvolvimento social, entre outros. Foi utili-
zada a mesma metodologia da primeira publicação, suprimindo-se apenas o indicador INT,
que indicava a facilidade de acesso à Internet no município. 2
Do total dos municípios, apenas sete (8%) mantiveram a classificação anterior (destes sete,
cinco permaneceram entre os vinte primeiros colocados), enquanto 48 municípios (52%) de-
cresceram na ordem de classificação.
Dez municípios subiram mais de vinte posições, enquanto sete caíram neste mesmo pata-
mar. A capital e Niterói continuam com as primeiras colocações, mantendo grandes distân-
cias entre seus índices e os dos demais municípios. O índice do sétimo classificado (Porto
Real) já corresponde a menos de 50% do primeiro colocado (Rio de Janeiro). Entre o Rio de
Janeiro e Macaé (3º colocado), a distância é de 36%; entre o Rio de Janeiro e Volta Redon-
da (4º colocado), de 44%.
Os dez primeiros municípios que se destacaram nesta Edição foram o Rio de Janeiro, Nite-
rói, Macaé, Volta Redonda, Resende, Rio das Ostras, Porto Real, Casimiro de Abreu, Cam-
pos dos Goytacazes, Duque de Caxias. Entre os 20 melhores também apresentaram bons
índices de Piraí, Petrópolis, Cabo Frio, Barra Mansa, Vassouras, Nova Iguaçu, Três Rios,
Armação de Búzios, São Gonçalo e Itaguaí.
Há que se ressaltar o resultado obtido por Niterói, cuja distância para o Município do Rio de
Janeiro caiu de 29% (IQM-1998) para 19% (IQM-2005), ou seja, diminuiu 10 pontos percen-
tuais, uma aproximação notável para um período de tempo tão curto, segundo avaliação da
Fundação CIDE. O mesmo se pode dizer quanto a Rio das Ostras, que diminuiu seu valor
em 19 pontos percentuais e Macaé, com 16 pontos percentuais a menos, ambos revelando
melhoras expressivas em suas condições.
É interessante observar que, no IQM-2005, não se encontrava, entre os vinte primeiros co-
locados, um único município representante do Noroeste Fluminense. O mesmo não aconte-
ceu no IQM-1998, que registrou dois municípios desta Região de Governo: Santo Antônio de
Pádua e Bom Jesus do Itabapoana.

2
Para atender aos objetivos propostos para a nova versão do IQM e, além disto, manter a comparabilidade com
a versão anterior de 1998, optou-se pela análise dos dados a partir de duas abordagens: a primeira, que estabe-
lece um ranking (IQM- Ranking), é baseada na utilização de índices padronizados, que variam de 0 a 1 e repro-
duz a metodologia já utilizada na primeira edição, com pequenos ajustes. A segunda utiliza-se a Análise Multicri-
tério (IQM- Multicritério) para permitir a comparação do município com ele próprio, em dois momentos (IQM-1998
e IQM-2005).
728 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
Gráfico 11 - Região Noroeste Fluminense, Evolução do IQM, 1998 e 2005

Região Noroeste Fluminense - Índice de Qualidade dos Municípios - IQM, 1998 e 2005
Índice

1,0000

0,8000

0,6000
0,3931
0,3514
0,3469

0,3459

0,3316
0,2927

0,2897

0,2575

0,2548

0,2328
0,2250
0,4000

0,2093
0,1996

0,1967

0,1991

0,1628
0,1518
0,1444

0,1464

0,1304

0,1214
0,1145

0,0425
0,0302
0,0269

0,0213
0,2000

0,0000
Bom Jesus Santo Miracem a Itaperuna Itaocara Natividade Cam buci Italva Porciúncula Aperibé Laje do São José Varre-Sai Municípios
do Antônio de Muriaé de Ubá
Itabapoana Pádua

1998 2005

Fonte: Secretaria de Planejamento e Gestão do Estado do Rio de Janeiro, Fundação CIDE


Avaliando-se o IQM no Noroeste Fluminense a partir do Gráfico, entre 1998 e 2005 a maio-
ria dos municípios piorou seu valor, à exceção de Itaperuna, com elevação de 0,258 para
0,332 e Laje do Muriaé, para 0,1214, o que demonstra uma situação grave, especialmente
porque os valores já eram bastante baixos, sendo que os maiores eram o de Bom Jesus de
Itabapoana, 0,3514, caindo um pouco para 0,3469, Santo Antônio do Pádua, 0,393, que caiu
para 0, 293, de Itaperuna, que se elevou para 0,3316 e de Miracema, 0,346, que abaixou
em 2005 para 0,290.
Neste mesmo ano, Itaocara e Natividade ficaram com seu IQM perto de 0,2, seguido por
Cambuci, Italva, Porciúncula, Aperibé e Laje do Muriaé, com valores médios de 0,140. As
duas últimas posições no ranking são ocupadas por São José de Ubá, 0,027 e Varre-Sai,
0,021.
Esses indicadores evidenciam que, no geral, os componentes do IQM no Noroeste Flumi-
nense, como a atratividade para novos negócios, a qualificação da população, o dinamismo
local e/ou suas questões de cunho social, como a “cidadania” dentre outros, estão extre-
mamente baixos e inferiores a outros municípios do Estado. Os valores refletem as múltiplas
carências e deficiências locais no que diz respeito à possibilidade de desenvolvimento de
seus municípios e às dificuldades para o enfrentamento do problema, tendo em vista a com-
plexidade do processo de reversão desta situação.
Gráfico 12 - Região Noroeste Fluminense, Evolução na posição dos Municípios segundo IQM,
1998 e 2005

Ranking Estadual dos Municípios da Região Noroeste Fluminense - IQM, 1998 e 2005
Ranking
100
89 89 88 90
77 79 80 80
80 76
70 72
57 60 58
60 56
50
43
36 37 34 31 35
40
26
21
17
20 10

0
Bom Jesus Santo Miracema Itaperuna Itaocara Natividade Cambuci Italva Porciúncula Aperibé Laje do São José Varre-Sai Municípios
do Antônio de Muriaé de Ubá
Itabapoana Pádua

1998 2005

Fonte: Secretaria de Planejamento e Gestão do Estado do Rio de Janeiro, Fundação CIDE

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 729


Além disto verifica-se que, regionalmente, há uma grande desigualdade interna, pois en-
quanto Bom Jesus de Itabapoana ocupou a 26a e Itaperuna a 31a posições estaduais em
2005, São José de Ubá ocupou a 89a posição e Varre-Sai a 90a posição, ambas entre as
piores do Estado.

Neste mesmo período, de 1998 a 2005, Itaperuna apresentou o 2º lugar regional no IQM,
perdendo 3 posições, Santo Antônio de Pádua decresceu muito para a 36a posição, mas
ainda manteve o terceiro lugar de IQM no Noroeste, seguido por Miracema e Itaocara, que
também pioraram bem, mas estão melhores que os outros 7 municípios da região. Nativida-
de alcançou um valor similar ao de Itaocara, enquanto Cambuci, Italva, Porciúncula e Aperi-
bé estão próximos no ranking regional.

Dos 13 municípios, apenas Itaperuna melhorou um pouco sua colocação estadual em três
posições e Laje do Muriaé e São José do Ubá mantiveram-se iguais no ranking, em posi-
ções bastante desfavoráveis. Os outros municípios apresentaram quedas em suas posições
de IQM, sendo que alguns tiveram quedas expressivas, a maior delas ocorrida em Aperibé,
do 43º para o 79º lugar na avaliação e Pádua, do 10º para o 36º lugar.

Desde uma perspectiva mais detalhada, apresenta-se a posição no ranking de cada um dos
sete indicadores constituintes do IQM, por municípios, nos anos de 1998 e 2005. O melhor
lugar regional, que em 1998 era de Pádua, foi ocupado por Bom Jesus de Itabapoana, que
entretanto decaiu da 17ª para a 26ª posição. Referente ao seu grupo de indicadores havia
em 1998 dois terceiros lugares para o município, Dinamismo e Cidadania e se mantiveram
em 2005, quando ainda estava bem posicionada a Centralidade, 19º lugar. Dentre suas pio-
res colocações houve a queda da Riqueza do 48º para o 59º lugar e da Qualificação da
Mão-de-Obra, que abaixou para o 48º lugar. Sua principal melhora foi na Facilidade para
Negócios, que elevou-se do 73º para o 49º lugar.

Aperibé também piorou bastante, da 43ª para a 79ª posição, durante este período, estando
muito mal classificado em 2005 com relação ao Dinamismo, 88º lugar, seu pior valor e Quali-
ficação, 78º lugar. Houve outras pioras referentes à sua Centralidade, do 25º para o 62º lu-
gar, Infraestrutura para Grandes Empreendimentos, que caiu do 58º para o 73º lugar e Ci-
dadania, que diminuiu do 33º para o 56º lugar.

Cambuci piorou sua colocação geral da 60ª para a 77ª posição, em 2005. Contribuíram bas-
tante para isto a passagem do Dinamismo do 22º lugar para o 70º lugar. As outras perdas
nas colocações não foram tão expressivas mas, somadas, rebaixaram o município – Centra-
lidade e Facilidade para negócios. Sua melhor subida foi em Infraestrutura para Grandes
Empreendimentos, que melhorou da 77ª para a 66ª posição.

Já Italva perdeu duas posições, ficando em 2005 na 72º posição, tendo enfrentado grandes
perdas e ganhos em seus grupos de indicadores. Seu melhor indicador foi o Dinamismo, na
42º posição, onde enfrentou melhora expressiva e na Cidadania, 45ª posição, enquanto pio-
rou muito sua Centralidade, Riqueza e Facilidade para negócios, equilibrando-se o resultado
final, mas tendo mudado a avaliação de suas características entre 1998-2005.

Itaocara perdeu várias posições neste intervalo, caindo da 35ª para a 56ª posição, influenci-
ada por perdas no seu Dinamismo e Qualificação da Mão-De-Obra, em 55º e 50º lugares,
respectivamente. Ficaram estáveis suas colocações de Facilidade para Negócios, 74º lugar
e Cidadania, 40º lugar e apresentaram melhoras expressivas a Riqueza, do 76º para o 38º
lugar e a Infraestrutura para Grandes Empreendimentos, do 75º para o 54º lugar.

Itaperuna foi o único município do Noroeste que ganhou posições no ranking estadual, pas-
sando do 34º para o 31º posto. Melhorou seu Dinamismo, que em 2005 ficou no 49º lugar,
730 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
sua Centralidade, que chegou ao 23º lugar, com grandes melhorias na Qualificação da Mão-
de-Obra, do 20º para o 7º lugar, na Infraestrutura para Grandes Empreendimentos, do 50º
para o 33º lugar e na Cidadania, do 26º para o 8º lugar. Piorou apenas na Facilidade para
Negócios, passando da 63ª para a 71ª posição, revelando progressos locais em inúmeras
áreas investigadas.

A situação de Laje do Muriaé é muito insatisfatória sob vários aspectos. Manteve entre
1998-2005 a 80ª posição estadual e a maioria do seu grupo de indicadores estava cerca da
80ª posição estadual, à exceção do Dinamismo, que melhorou do 83º para o 54º lugar e a
Cidadania, que melhorou do 11º para o 4º lugar do ranking, o que surpreende tendo em vis-
ta os resultados negativos dos outros indicadores.

Miracema era um dos municípios mais bem colocados da Região, em 1998 e caiu do 21º
para o 37º lugar. Em 2005 perdeu em Dinamismo, ficando na 15ª posição, a Centralidade
também caiu um pouco para o 22o lugar, igual a Cidadania, que ficou na 12a posição. A In-
fraestrutura para Grandes Empreendimentos piorou do 53º para o 62º lugar. A Riqueza foi o
único indicador que se elevou, do 62º para o 45º lugar.

Com relação às mudanças em Natividade houve uma perda de colocação da 50ª para a 57ª
posição entre 1998-2005, sendo que neste ano a Centralidade caiu do 50º para o 66º lugar,
e a Qualificação da Mão-de-Obra também perdeu posições do 51º para o 62º lugar. Houve
elevação no Dinamismo, para o 14º lugar, em Riqueza, para o 43º lugar e em Cidadania,
para o 18º lugar. Seu pior indicador foi, em ambos os anos avaliados a Facilidade para Ne-
gócios, estando em 88º lugar em 2005 e abaixando seu valor total.

Porciúncula caiu várias posições e ficou em 2005 no 76º lugar, com perdas expressivas em
seu Dinamismo, que ficou no 43º lugar, Centralidade, 72º lugar e Facilidade para Negócios,
89º lugar, seu pior índice. Houve melhoras na Qualificação de Mão-de-Obra, do 80º para o
69º lugar e na Cidadania, do 20º para o 14º lugar.

Santo Antônio de Pádua era em 1998 o município melhor classificado do Noroeste Flumi-
nense e muito bem colocado também no Estado, 10ª posição, mas caiu para a 36ª posição
em 2005, em parte pelas grandes perdas de colocação no Dinamismo, que foi do 2º para o
27º lugar, em Qualificação da Mão-de-Obra, que caiu para o 28º lugar na Facilidade para
Negócios, que perdeu muitas posições da 20ª para a 66ª posição, entretanto com melhoras
menos expressivas em Riqueza, para a 24ª posição, em Infraestrutura para Grandes Em-
preendimentos, para a 36ª posição e em Cidadania, para a 16ª posição em 2005, contraba-
lançando um pouco as perdas.

Os dois outros municípios do Noroeste foram muito mal colocados, São José de Ubá e Var-
re-Sai. São José de Ubá manteve nos anos avaliados a 89ª posição, apresentando suas po-
sições mais desfavoráveis em Centralidade, 90º, Facilidade para Negócios, 85ª e Cidadania,
91ª posição, em 2005. Neste mesmo ano, suas melhores colocações foram em Infraestrutu-
ra para Grandes Empreendimentos, que melhorou muito da 80ª para a 40ª posição e em
Qualificação da Mão-de-Obra, que passou da 75ª para a 66ª posição.

Varre-Sai piorou da 88ª para a 90ª posição, a pior do Noroeste e uma das piores do Estado.
Todos os seus grupos de indicadores foram avaliados em posições muito desfavoráveis,
sendo o mais baixo a Facilidade para Negócios, 92º lugar, pior do Estado, 88º lugar para
Infraestrutura para Grandes Empreendimentos e 87º lugar para Qualificação de Mão-de-
Obra, em 2005, além de piora na Cidadania do 61º para o 78º lugar.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 731


Tabela 14 - Região Noroeste Fluminense, Variação das Posições do IQM por Grupo de Indica-
dores, 1998 - 2005
Variação das Posições, por Grupo de Indicadores do IQM, 1998, 2005
Municípios da Região IQM DIN CEN RIQ QMA FAC IGE CID
Noroeste Fluminense 98/05 98/05 98/05 98/05 98/05 98/05 98/05 98/05
Aperibé 43 / 79 86 / 88 25 / 62 26 / 20 58 / 78 60 / 69 58 / 73 33 / 56
Bom Jesus do Itabapoana 17 / 26 3/3 16 / 19 48 / 59 37 / 48 73 / 49 48 / 43 3/3
Cambuci 60 / 77 22 / 70 68 / 73 65 / 65 73 / 71 57 / 63 77 / 66 34 / 31
Italva 70 / 72 81 / 42 44 / 76 58 / 82 46 / 49 55 / 73 73 / 67 73 / 45
Itaocara 35 / 56 26 / 55 41 / 38 76 / 38 13 / 50 74 / 74 75 / 54 40 / 40
Itaperuna 34 / 31 53 / 49 34 / 23 27 / 27 20 / 7 63 / 71 50 / 33 26 / 8
Laje do Muriaé 80 / 80 83 / 54 52 / 80 87 / 89 87 / 86 86 / 87 76 / 80 11 / 4
Miracema 21 / 37 9 / 15 14 / 22 62 / 45 56 / 59 49 / 51 53 / 62 4 / 12
Natividade 50 / 57 28 / 14 50 / 66 56 / 43 51 / 62 84 / 88 68 / 63 24 / 18
Porciúncula 58 / 76 29 / 43 62 / 72 59 / 58 80 / 69 52 / 89 69 / 71 20 / 14
Santo Antônio de Pádua 10 / 36 2 / 27 36 / 42 35 / 24 18 / 28 20 / 66 41 / 36 19 / 16
São José de Ubá 89 / 89 89 / 77 88 / 90 80 / 70 75 / 66 88 / 85 80 / 40 83 / 91
Varre-Sai 88 / 90 82 / 78 85 / 86 45 / 83 85 / 87 91 / 92 84 / 88 61 / 78
Fonte: Secretaria de Planejamento e Gestão do Estado do Rio de Janeiro, Fundação CIDE
Fazendo-se uma síntese de todos os grupos de indicadores no Noroeste, em 2005 o muni-
cípio que demonstrou maior Dinamismo foi Bom Jesus de Itabapoana, com a excelente co-
locação do 3o lugar estadual, sendo o segundo melhor da região Natividade, bem abaixo no
14o lugar e Miracema, no 15o lugar, apesar de ambos municípios estarem bem classificados.
A Centralidade também foi melhor avaliada em Bom Jesus de Itabapoana, 19o lugar, segui-
do de Miracema, 22º lugar.
Referente à Riqueza, Aperibé ocupou o 20º lugar e ficou muito acima da maioria dos outros
municípios regionais, sendo o outro melhor Pádua, no 24º lugar e Itaperuna, no 27º lugar. A
Qualificação da Mão-de-Obra foi extremamente melhor em Itaperuna, 7º lugar e depois em
Pádua, 28º lugar, sendo que neste indicador houve valores muito baixos em quase todos os
municípios. A Facilidade para Negócios não ficou bem colocada em nenhum município,
sendo que a melhor posição regional foi de Bom Jesus de Itabapoana, 49ª, seguida de Mira-
cema, 51ª posição e, por sua vez, Itaperuna ofereceu a melhor Infraestrutura para Grandes
Negócios, 33º lugar, seguido de Pádua, 36º lugar.
Com relação à Cidadania, houve grandes variações nas classificações, sendo que os me-
lhores colocados foram, em 2005, Bom Jesus de Itabapoana, 3º lugar e Laje do Muriaé, 4o
lugar, estando abaixo das 20 posições estaduais Itaperuna, Miracema, Natividade, Porciún-
cula e Pádua, ou seja, mais da metade dos municípios da Região ficaram muito bem classi-
ficados neste quesito, o que é paradoxal e, considerando-se que nos outros grupos de indi-
cadores grande parte apresentou classificações muito abaixo do desejável.
É importante observar que Bom Jesus de Itabapoana, Itaperuna, Miracema e Pádua se des-
tacam em algumas questões e que em Cidadania destacam-se Laje do Muriaé e Itaperuna,
revelando que as potencialidades econômicas podem ou não estar conectadas com o de-
senvolvimento social local, ou seja, a riqueza e as potencialidades materiais não garantem
condições de vida adequadas para suas populações, ao mesmo tempo em que não são, de
nenhuma maneira, excludentes.
Preocupante também são as situações de São José de Ubá e Varre-Sai, ocupando as pio-
res classificações da Região e entre as piores do Estado, indicando graves problemas tanto
no desenvolvimento econômico como social.

732 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


2.4 Comparação IDH, IFDM e IQM dos Municípios da Região Noroeste Fluminense
Considerando-se os três indicadores avaliados, IDH-M, IFDM e IQM, foi realizada uma com-
paração qualitativa dos resultados, uma vez que cada um possui sua própria lógica e os da-
dos numéricos não podem ser comparados. Todavia, após as diversas análises percebe-se
algumas questões comuns aos municípios e espera-se clarificar mais as compreensões so-
bre estas realidades.
Na comparação foram utilizados somente os últimos anos de publicação de cada um: IDH-M
2000, IFDM 2006 e IQM 2005, sendo que os dois últimos possuem apenas um ano de dife-
rença enquanto os resultados do IDH-M distam 5/6 anos dos outros dois, o que em muitos
aspectos deverá apresentar, per si, uma defasagem nos valores.
Para a Região, o IDH-M em 2000 foi mais elevado em Itaperuna-20o estadual e em Itaocara-
38o estadual e mais baixo em Varre-Sai-91o estadual e em Laje do Muriaé-88o estadual.
Nestes municípios, o melhor subíndice na Educação foi o de Itaperuna, 0,859 e o pior de
São José de Ubá, 0,766. Para a Longevidade, o melhor valor também foi o de Itaperuna,
0,800 e o pior foi de Varre-Sai, 0,620 enquanto na Renda destacou-se Itaocara, 0,718 e o
pior foi de Laje do Muriaé, 0,627.
Assim, se destacaram Itaperuna e Itaocara com os melhores índices regionais do IDH-M e
Varre-Sai e Laje do Muriaé com os piores valores, sendo que Itaperuna foi melhor na Edu-
cação e na Longevidade, Itaocara na Renda e os piores valores foram encontrados em São
José de Ubá, na Educação, em Laje do Muriaé, na Renda, e na Longevidade, em Varre-Sai.
No IFDM 2006, os melhores classificados foram Itaperuna, 0,7386-19o estadual e Italva,
0,7311, 11o estadual. Os piores valores foram mensurados em Varre-Sai, 0,6497, 73o esta-
dual e em Cambuci, 0,6537, 71o estadual.
Comparando-se os subíndices constituintes do IFDM, o Emprego e Renda teve sua melhor
avaliação em Itaperuna, 0,7540 e a pior em Natividade, 0,3061; na Educação se destacou
Italva, 0,8592 e o resultado mais baixo foi em Varre-Sai, 0,7059 e na Saúde o melhor valor
encontrou-se em Porciúncula, 0,9234 e o pior resultado coube a Itaocara, 0,7607.
Resumindo, obtiveram os melhores valores regionais do IFDM Itaperuna e Italva e os piores
valores foram de Varre-Sai e Cambuci, destacando-se no Emprego e Renda Itaperuna, com
pior resultado em Natividade, na Educação os melhores resultados foram em Italva e os pio-
res em Varre-Sai e para a Saúde, o melhor valor foi encontrado em Porciúncula e o pior em
Itaocara.
O IQM, Índice de Qualidade de Vida da Região Noroeste, em 2005, foi melhor em Bom Je-
sus de Itabapoana, 0,3469, 26a posição estadual e Itaperuna, 0,332, 31a posição estadual e
nas últimas posições estavam Varre-Sai, 0,021, 90a posição estadual e São José de Ubá,
com 0,027 pontos, 89a posição estadual.
Considerando seus 7 grupos de variáveis, comparados entre os 92 municípios fluminenses,
o Dinamismo foi melhor em Bom Jesus de Itabapoana, em 3o lugar e o pior lugar ficou para
Aperibé, 88o lugar; a Centralidade também foi melhor em Bom Jesus de Itabapoana, 19o lu-
gar e pior em São José de Ubá, 90o. Já a Riqueza teve destaque em Aperibé, 20o lugar e foi
mais baixa em Laje do Muriaé, 89o lugar, enquanto a Qualificação da Mão de Obra apresen-
tou-se melhor em Itaperuna, 7a posição e pior em Varre-Sai, 87a posição.
Na Facilidade para Negócios, nenhum município do Noroeste está bem classificado, sendo
que o melhor foi Bom Jesus de Itabapoana, na 49a posição e o pior município foi Varre-Sai,
na última posição estadual, a Infraestrutura para Grandes Investimentos teve melhor avalia-
ção em Itaperuna, 33o lugar e foi considerada pior em Varre-Sai, 88o lugar e por fim a Cida-
dania foi melhor em Bom Jesus de Itabapoana, 3o lugar e pior em São José de Ubá, 91o lu-
gar.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 733


Em síntese, ficaram melhor avaliados Itaperuna e Itaocara no IDH-M e Itaperuna e Italva no
IFDM e os piores resultados finais não foram iguais para os mesmos municípios, variando
no primeiro índice com Varre-Sai e Laje do Muriaé e no segundo com Varre-Sai e Cambuci.
Para o IQM os melhores municípios foram Bom Jesus de Itabapoana e Itaperuna e os últi-
mos colocados foram Varre-Sai e São José de Ubá.
Portanto, Itaperuna aparece nos três indicadores como município em lugares 1o ou 2o colo-
cada, destacando-se também Itaocara, Italva e Bom Jesus de Itabapoana, enquanto que
nas piores colocações aparecem 4 municípios: Laje do Muriaé, Cambuci, Varre-Sai e São
José de Ubá, estes dois últimos avaliados nesta posição através do IQM, que enfoca espe-
cialmente as condições locais para a atratividade de negócios, significando que ambos tem
condições de crescimento econômico inferiores na Região, mesmo que possam ter boas
condições em outros indicadores.
Varre-Sai, contudo, apresenta várias colocações muito baixas, algumas entre as piores es-
taduais, revelando tanto problemas sociais como econômicos. Pádua, que é considerado um
dos pólos regionais junto com Itaperuna, não está nos primeiros lugares para estes indica-
dores mas, no conjunto, apresenta bons resultados e considerando-se os grupos de indica-
dores do IQM, foi um dos municípios que apresentou mais equilíbrio em suas posições.

3. EDUCAÇÃO
A concepção de democracia atribui à Educação uma função central na relação com a cida-
dania, com o intuito de garantir a todos igualdade de oportunidades e a possibilidade de a-
quisição contínua de conhecimentos.
No seu sentido mais abrangente, a Educação constitui a atividade primordial e permanente
para o desenvolvimento dos indivíduos no que se refere à constituição do sistema de rela-
ções entre eles e deles com o meio ambiente em que vivem; à formação de regras de convi-
vência e de respeito às diferenças individuais; ao desenvolvimento de sua cidadania e inter-
nalização dos seus direitos e deveres na sociedade; à sua qualificação para o trabalho e a-
inda, à conquista de sua liberdade, na medida em que vão desenvolvendo sua capacidade
de discernir, avaliar, criticar e decidir sobre suas posições no mundo.
Entende-se que a Educação afeta as condições de vida dos indivíduos em inúmeros aspec-
tos, quiçá em todas as dimensões do comportamento, como um caminho para todas as o-
portunidades essenciais ao desenvolvimento e ao reconhecimento social dos seres huma-
nos.
Na perspectiva da Saúde, a Educação contribui com a formação de hábitos mais saudáveis
de higiene, alimentação, métodos contraceptivos e prevenção de doenças diversas. Demo-
graficamente, níveis educacionais mais elevados estão diretamente relacionados com a
possibilidade de haver um planejamento familiar, resultando atualmente em menores níveis
de fecundidade e de mortalidade, em função do maior acesso aos métodos preventivos e
outros cuidados com a saúde, prática de esportes, etc. A dimensão educacional também é
um fator determinante para o desenvolvimento do trabalho, na elevação das condições de
renda e na estabilidade dos vínculos profissionais que se estabelecem sendo, portanto, fator
preponderante na redução da pobreza e das desigualdades sociais.
Em síntese, pode-se dizer que a Educação influi diretamente na qualidade de vida e no bem
estar das pessoas. Uma população mais educada é mais saudável, mais crítica e conscien-
te, mais fortalecida no exercício da cidadania, ou seja, mais capaz de participar ativamente
da vida social, política e cultural do país, promovendo reflexos em âmbitos locais, regionais
e nacionais.

734 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Todavia, o contrário se faz pertinente, ou seja, uma população com níveis educacionais
mais baixos se encontra mais vulnerável frente às questões sociais e econômicas de sua
realidade.
Enfim, a Educação representa uma das principais ferramentas para diminuir as inequidades,
contribuindo para a “reconstrução” da dimensão social e ética do desenvolvimento econômi-
co. Cada vez mais a oferta de ensino de boa qualidade é requisito para que se pense em
justiça social, proporcionando condições para que os indivíduos compitam em graus seme-
lhantes. (Estudos Socioeconômicos dos Municípios, 2007): “Ideal seria que todas as crian-
ças e adolescentes tivessem acesso à escola, não desperdiçassem tempo com repetências,
não abandonassem os estudos precocemente e, ao final de tudo, aprendessem” (Fernan-
des, p.07, 2007).
Mais que isso, em um mundo globalizado, constituído por constantes mudanças tecnológi-
cas na produção, informação e comunicação, cujas necessidades de qualificação se tornam
continuamente específicas e dinâmicas, o sistema educacional deve fornecer ferramentas e
conhecimentos que capacitem os indivíduos para atuar neste contexto.
Cabe mencionar que a Educação também é um elemento diferenciador e estratégico de um
Município, um Estado e/ou de uma Nação, repercutindo diretamente no desempenho indivi-
dual e no desempenho coletivo das organizações as quais pertence e, em decorrência, no
desempenho do próprio Estado. De tal forma, os processos de reconhecimento e produção
do conhecimento, de empreendedorismo e inovação, devem atuar como decisivos em pro-
cessos de desenvolvimento, imprescindíveis para a noção de sustentabilidade social.
3.1 A Divisão Educacional do Estado do Rio de Janeiro
Segundo a Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro, SEEDUC, a Educação
Básica é composta pela Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio. Seu objeti-
vo é assegurar a todos a formação indispensável ao exercício da cidadania e fornecer-lhes
os meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores. Os principais documentos
norteadores da Educação Básica são a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e o
Plano Nacional de Educação, regidos pela Constituição Brasileira de 1988.
Na Educação Infantil, o período da vida escolar destinado às crianças de 0 a 3 anos é de-
nominado de creche e o equipamento educacional que se destina a crianças de 4 a 6 anos é
chamado de pré-escola.
O Ensino Fundamental tem a duração de nove anos, de acordo com o Projeto de Lei nº
144/2005, aprovado em 2006 e se destina à crianças e adolescentes com idade entre seis e
14 anos.3 A primeira fase corresponde da primeira a quinta série, incluindo a alfabetização e
a consolidação dos conteúdos básicos. A segunda fase vai da sexta até a nona série.
O Ensino Médio, anteriormente chamado de 2º Grau, é a etapa final da Educação Básica.
Está estruturado em 3 (três) anos e tem como objetivos a consolidação e o aprimoramento
dos conhecimentos adquiridos no Ensino Fundamental, além da preparação para a vida e
para os primeiros passos no mercado de trabalho.
Após o Ensino Médio, a continuidade do processo de formação se dá através de cursos su-
periores, técnicos, de qualificação e requalificação profissional, sendo estes os principais
determinantes na formação de mão de obra qualificada, para atender às demandas do mer-
cado e firmar a posição ocupada pelos indivíduos no universo laboral.
Já o Ensino Superior4 é o âmbito educacional que mais propicia e favorece a prática de pes-
quisas e produção de conhecimentos que podem ser relevantes para a incorporação de ino-
3
Até 2010, os Municípios, Estados e Distrito Federal deverão atender a esta modificação, que estabelece a idade
de seis anos para a matrícula no primeiro ano do Ensino Fundamental.
4 O Ensino Superior e Profissionalizante serão tratados no Módulo Avaliação Situacional.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 735


vações nas relações empresariais, sociais, produtivas e também na construção de políticas
públicas.
Nas últimas décadas, o Brasil vem demonstrando avanços em direção à democratização do
acesso e permanência dos alunos no Ensino Fundamental, pautado em um dos Objetivos
do Milênio das Nações Unidas, que é atingir, até 2015, o Ensino Básico universal e comple-
to, para todas as crianças e adolescentes.
Entretanto, apesar da universalização do acesso à 1ª série, a conclusão dos Ensinos Fun-
damental e Médio ainda se encontra bem distante de contemplar todas as crianças e ado-
lescentes do país. Como agravante, constata-se que mesmo aqueles que os concluem não
apresentam qualificação compatível com o nível de escolaridade atingido, o que pode ser
observado nos dados crescentes do chamado analfabetismo funcional. (Estudos Socioeco-
nômicos dos Municípios, 2007).
Segundo a UNESCO, o analfabeto funcional se refere àqueles que conseguem ler e escre-
ver, mas não são capazes de interpretar e colocar idéias no papel, ou seja, não são capazes
de utilizar a leitura, a escrita e as habilidades matemáticas para fazer frente às demandas de
seu contexto social e continuar seu percurso de aprendizagem ao longo da vida.
Ainda de acordo com os Estudos Socioeconômicos (2006, 2007), tal constatação pode ser
referendada pelo Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), desenvolvido
conjuntamente pelos países-membros da Organização para Cooperação e Desenvolvimento
Econômico, OCDE, que avalia até que ponto os jovens de 15 anos, que se encontram pró-
ximos ao término da Educação Básica, adquiriram conhecimentos e habilidades essenciais
para sua participação efetiva na sociedade.
Segundo o estudo, o Pisa de 2000 avaliou a operacionalização de esquemas cognitivos de
leitura, no qual o Brasil ficou em último lugar dentre os 32 países participantes. Já em 2003,
participaram 41 países incorporando novos quesitos de avaliação e novamente o Brasil ficou
em último lugar em matemática, penúltimo em ciências e 37º em leitura.
Verifica-se, portanto, que a política educacional brasileira enfrenta graves questões com re-
lação a qualidade do ensino ofertada. Embora a universalização do Ensino Básico resulte
em grandes avanços, percebe-se a ocorrência de um afunilamento no acesso aos níveis de
escolaridade mais altos.
As condições socioeconômicas da maioria da população favorecem os processos de eva-
são, principalmente no Ensino Médio, onde os jovens escolhem freqüentemente o trabalho
em detrimento da conclusão dos estudos.
Em se tratando de Educação Superior, as universidades públicas também não são suficien-
tes para absorver toda a demanda, gerando fortes processos de concorrência, cujo percurso
formativo de cada aluno propicia condições desiguais de inserção nas instituições de ensino.
Por conseguinte, surgem mais instituições particulares de ensino superior, muitas vezes
pouco qualificadas, ratificando a fragilidade do sistema educacional público que, a priori,
possui uma concepção democrática e de desenvolvimento para todos.
3.2 O Sistema Educacional da Região Noroeste
A Região Norte e Noroeste Fluminenses não fogem aos padrões educacionais nacionais. Os
níveis de escolaridade da população, embora crescentes, ainda estão muito aquém das me-
tas desejáveis, conforme revelado nas informações que se apresentam posteriormente.
Ambas as Regiões apresentam níveis de escolaridade baixos e falta de mão de obra qualifi-
cada em diversas áreas. A Região Norte é um pouco mais favorecida em termos de educa-

736 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


ção superior, principalmente pelo fato de sediar várias instituições de Ensino Superior de
grande qualidade na produção de conhecimento, em plano estadual e nacional .
Diante da complexidade do tema, pretende-se neste estudo aprofundar a compreensão do
sistema educacional do Ensino Básico da Região Noroeste Fluminense, considerando além
da composição e estruturação do sistema educacional, a oferta versus a demanda dos ser-
viços, a qualidade do ensino e os níveis educacionais apresentados pela população regio-
nal.5
Os dados e indicadores contemplados neste Relatório foram obtidos por meio de pesquisa
de dados secundários oficiais. Alguns indicadores apresentaram lacunas e não possuem
atualizações recentes, impossibilitando uma compreensão mais fidedigna da situação vigen-
te. Contudo, continuam mantendo sua importante função ao nortear hipóteses e prospec-
ções futuras, tendo em vista o movimento de evolução e/ou involução do sistema educacio-
nal e seus resultados, até o momento em que foram aferidos.
De antemão, cabe ressalvar que as políticas de ensino e qualificação devem se envolver
ativamente nos processos de transformação, respondendo às exigências de avanços e a-
daptações frente as novas demandas do mercado. De tal forma, o cenário de desqualifica-
ção educacional revelado na Região aponta para a necessidade continuada em se estabe-
lecer uma sólida rede de alianças e de formação da instituições de ensino de todos os níveis
educacionais com as comunidades, constituindo uma rede de conhecimentos aberta à parti-
cipação de quaisquer instituições educacionais, integrando-as, interna e externamente em
um espaço de convivência cooperativo, coeso, de qualidade superior e efetividade nos re-
sultados.
Os Gráficos seguintes representam a composição do sistema educacional da Região Noro-
este Fluminense, permitindo uma melhor visualização da distribuição destes equipamentos
públicos e privados, segundo os municípios de instalação e os níveis de ensino oferecidos.
Gráfico 13 – Região Noroeste Fluminense, Estabelecimentos de Ensino, 2008

Fontes: Ministério da Educação, Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais – INEP –


Censo Educacional 2008; Censo da Educação Superior, 2007

5
Não obstante, o Relatório Análise Situacional complementa o panorama com uma explanação sobre o Ensino
Superior e Técnico, considerando o momento atual e as perspectivas futuras de desenvolvimento econômico da
Região.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 737


Regra geral, a Educação Infantil e Fundamental são responsabilidade da Municipalidade,
enquanto o Ensino Médio é atribuído ao Estado e o Ensino Superior à União, além das insti-
tuições particulares presentes nestes diversos níveis.
Esta distribuição é observada no Noroeste Fluminense sem muitas discrepâncias entre a
realidade e o ideal de gestão proposto para o Sistema Educacional Básico.
No Noroeste Fluminense, a gestão municipal é responsável por 84% do Ensino Infantil, 67%
do Ensino Fundamental e apenas 1% do Ensino Médio. Na gestão estadual encontra-se
18% de oferta do Ensino Fundamental e 71% do Ensino Médio.
O restante fica a cargo das iniciativas privadas, que contribuem na constituição do sistema
educacional da Região, sendo responsável por 16% do Ensino Infantil, 14,5% do Ensino
Fundamental e 27% da última etapa do Ensino Básico.
Segundo o Ministério da Educação, no Brasil, 89,9% dos alunos matriculados no Ensino
Fundamental em 2005 estavam nas redes estaduais e municipais. No Estado do Rio de Ja-
neiro, a proporção caiu para 80,4%.
Nos municípios que compõem as Regiões Norte e Noroeste também é possível observar
uma distribuição semelhante das matrículas nas redes públicas, alcançando mais de 80%
em cada localidade.
Tabela 15 – Região Noroeste Fluminense, Estabelecimentos de Ensino, 2008
Estabelecimento de Ensino – 2008
Municípios da Região Educação Infantil Ensino Fundamental Ensino Médio
Munici- Munici- Munici-
Noroeste Fluminense Privada
pal
Estadual Privada
pal
Estadual Privada
pal
Estadual Federal

Aperibé 1 11 0 1 9 3 0 1 2 0
Bom Jesus de Itabapoana 10 20 0 10 22 11 4 0 8 1
Cambuci 0 16 0 1 20 2 0 0 4 0
Italva 2 8 0 2 7 3 0 0 3 0
Itaocara 3 23 0 3 20 8 3 0 5 0
Itaperuna 18 34 0 17 38 14 9 0 14 0
Laje do Muriaé 0 6 0 0 10 2 0 0 2 0
Miracema 2 21 0 3 16 6 2 0 6 6
Natividade 3 11 0 3 10 3 1 0 4 0
Porciúncula 2 14 0 2 13 4 1 0 4 0
Santo Antônio de Pádua 7 32 0 6 31 4 3 0 7 0
São José de Ubá 0 10 0 0 11 1 0 0 1 0
Varre-Sai 0 20 0 1 20 1 0 0 1 0
Total da Região Noroeste 48 226 0 49 227 62 23 1 61 1
Fontes: Ministério da Educação, Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais – INEP –
Censo Educacional 2008; Censo da Educação Superior, 2007
Das 698 ofertas da Educação Básica da Região, 120 são privadas, 454 municipais e 123
estaduais, possuindo ainda mais 1 de direção federal que oferece o ensino médio.
Os dados apresentados pelo MEC, em 2008, demonstram ainda que os municípios que
mais concentram ofertas de serviços da Educação Básica são: Itaperuna com 144 estabele-
cimentos, Santo Antônio de Pádua, com 88 e Bom Jesus do Itabapoana, com 86, observan-
do que estes três se destacam em várias áreas de desenvolvimento econômico.
De tal forma, pode-se dizer que Itaperuna é o principal pólo regional na área da Educação
Infantil, Fundamental e Média, em termos quantitativos, o que ocorre também com relação à
Educação Superior e Técnica, confirmado no Relatório complementar da Análise Situacio-
nal.

738 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Todavia, esta oferta também está diretamente relacionada à quantidade de população em
faixa etária escolar que reside nestes municípios, que também é proporcionalmente maior
que nos demais.
Segundo o IBGE, a população com menos de 15 anos da Região Noroeste era, em 2009, de
69.738 crianças e adolescentes. Assim, a população dessa mesma faixa etária residente em
Itaperuna representava 30% desse valor, ou seja, 30% da população até 15 anos de toda a
Região se concentram em Itaperuna. Outros 13% estavam em Santo Antônio de Pádua e
11% em Bom Jesus do Itabapoana.
Gráfico 14 – Região Noroeste Fluminense, Estabelecimentos de Ensino por Município, 2008

Fontes: Ministério da Educação, Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais – INEP –


Censo Educacional 2008; Censo da Educação Superior, 2007.
Aperibé, Laje do Muriaé e São José de Ubá são as cidades que possuem as mais baixas
concentrações de população regional. O número de crianças e adolescentes com idade até
15 anos nestas localidades corresponde a aproximadamente 2% da população regional. De
forma compatível, são também estas as cidades que possuem os menores quantitativos de
estabelecimentos de ensino.
São José de Ubá e Varre-Sai possuem apenas um estabelecimento de ensino com a oferta
do Ensino Médio e Laje do Muriaé apenas dois. Contudo, seria prematuro julgar-se que nes-
tes municípios ou ainda nos demais exista uma insuficiência de equipamentos educacionais,
visto que seus contingentes populacionais e as demandas por estes serviços são também
as menores da Região, com as capacidades de atendimento escolares são distintas.
Foto 3 – Região Noroeste Fluminense, Miracema, Escola

Fonte: Fotos das autoras, 2009


Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 739
Na análise do Gráfico acima ressalta-se que, tanto a Região, como cada um de seus muni-
cípios isoladamente revelam um afunilamento na oferta do Ensino Médio, totalizando ape-
nas 78 instituições no total.
Portanto, esta etapa essencial do ciclo educacional se encontra defasada regionalmente, o
que pode se apresentar como um fator determinante e/ou dificultador para a continuidade
dos estudos para os jovens, contribuindo com o processo de evasão antes da conclusão de
sua formação básica.
Este dado pode ser comprovado em seguida, a partir de uma diminuição muito significativa
no número de matrículas do Ensino Médio, comparando-se com o Ensino Fundamental.
Gráfico 15 – Região Noroeste Fluminense, Número de Matrículas, 1998 a 2006

Fonte: Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro – CIDE RJ


Considerando todo o Ensino Básico da Região, no período de 1998 a 2006, o número de
matrículas apresentou crescimento, exceto no ano de 2000, iniciando o período com 78.937.
Em 2003 foi registrado o maior quantitativo de matrículas, 87.437. De 2003 a 2006 este va-
lor reduziu-se, chegando no último ano a 79.891, com uma diferença de 7.546 matrículas a
menos que em 2003.
Separando o número de matrículas por níveis, o Ensino Infantil tive oscilações de aumento e
decréscimo no período entre 1998 a 2003, iniciando com 12.881 alunos e chegando a um
total de 15.980 alunos matriculados neste último ano. O maior aumento registrado foi em
2001, alcançando-se 16.037 matrículas. A partir de 2003, verifica-se um decréscimo gradati-
vo de 1.240 matrículas até o ano de 2006, totalizando 14.740.
No Ensino Fundamental também houve decréscimo, de 52.993 matrículas em 1998 para
50.251 em 2006. Neste período, o ano que apresentou o número mais elevado de matrícu-
las foi 1999, com 55.583. A diferença deste ápice até o valor registrado em 2006 indica um
decréscimo de 5.332 matrículas, no decorrer de 7 anos.
Assim, o número de matrículas do Ensino Fundamental é bastante superior às matrículas do
Ensino Médio e Infantil. Em parte, este fenômeno decorre pelo fato de que o Ensino Funda-
mental compreende 9 anos, enquanto os outros dois apenas três anos, cada. Além disto, o
Ensino Fundamental possui uma oferta elevada na Região, mas é muito provável que outros
fatores influenciem na queda do número de alunos do Ensino Médio, fenômeno frequente
em grande parte do Brasil.
As matrículas do Ensino Médio passaram por ascensão, iniciando com 13.063 em 1998,
aumentando até o ano de 2003, com o total de 17.820 e diminuindo nos três anos seguintes,
para 14.900 matrículas em 2006.
740 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
De tal forma, considerando o período total de 1998-2006 houve no geral, um aumento no
número de matrículas nos Ensinos Infantil de 12.881 para 14.740 e no Ensino Médio, de
13.063 para 14.900. Já no Ensino Fundamental houve uma redução de 52.993 para 50.251.
Abaixo, as variações nas matrículas se apresentam discriminadas por Município e por eta-
pas da Educação Básica nos anos de 2000, 2005 e 2006, propiciando uma análise mais de-
talhada.
Tabela 16 – Região Noroeste Fluminense, Número de Matrículas, 2000, 2005 e 2006

Número de Matrículas – 2000, 2005 e 2006

Educação Infantil Ensino Fundamental Ensino Médio


Municípios da Região
Noroeste Fluminense
2000 2005 2006 2000 2005 2006 2000 2005 2006

Aperibé 434 561 481 1.454 1.361 1.371 423 570 549

Bom Jesus do Itabapoana 1.723 2.060 1.899 6.814 7.016 6.697 2.325 2.423 2.255

Cambuci 686 739 734 2.443 2.307 2.237 570 603 574

Italva 420 548 535 2.232 1.958 1.959 450 488 433

Itaocara 1.052 1.031 988 3.937 3.413 3.320 1.088 1.344 1.231

Itaperuna 3.988 3.891 3.808 15.709 14.299 13.819 4.403 4.448 4.074

Laje do Muriaé 406 418 392 1.517 1.526 1.467 319 487 486

Miracema 1.702 1.675 1.559 5.561 5.090 4.813 1.350 1.593 1.569

Natividade 1.191 960 885 2.737 2.380 2.358 875 843 772

Porciúncula 953 950 869 3.221 3.007 3.006 808 1.003 797

Santo Antônio de Pádua 1.707 2.039 1.867 6.330 6.135 6.193 1.749 1.848 1.614

São José de Ubá 109 240 249 1.220 1.253 1.219 163 236 221

Varre-Sai 497 468 474 1.925 1.810 1.792 295 371 325

Total da Região Noroeste 14.868 15.580 14.740 55.100 51.555 50.251 14.818 16.257 14.900

Fonte: Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro – CIDE RJ, 2009


Comparando-se todos os municípios, Itaperuna apresentou os mais elevados números de
matrículas, apesar deste ter diminuindo nos Ensinos Infantil e Fundamental, entre 2000-
2006. No Ensino Médio ocorreu um aumento de matrículas pouco expressivo em 2005, for-
mando-se o mesmo padrão em todos os municípios do Noroeste, à exceção de Natividade,
voltando a diminuir em 2006.
Os outros municípios que também tiveram número elevado de matrículas foram Santo Antô-
nio de Pádua, Miracema e Bom Jesus do Itabapoana.
Os menores números de matrículas foram observados em São José de Ubá, Laje do Muriaé
e Aperibé, de forma proporcional aos tamanhos populacionais, conforme comentado anteri-
ormente.
No que se refere à Educação de Jovens e Adultos, EJA, o maior número de matrículas foi
no Ensino Fundamental presencial e semipresencial, em 2005, em todos os municípios do
Noroeste. Para as demais séries do Ensino Médio, o número de matrículas pôde ser verifi-
cado pela diferença entre o total de matrículas apresentado e as matrículas do Ensino Fun-
damental.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 741


Assim, verificou-se que as Redes Estadual e Municipal são as maiores responsáveis pelas
matrículas desta modalidade de ensino. Itaperuna mais uma vez apresentou o maior número
de matrículas no EJA, enquanto São José de Ubá, Laje do Muriaé, Cambuci e Varre-Sai a-
presentaram os menores quantitativos, oferecendo apenas cursos presenciais.
Tabela 17 – Região Noroeste Fluminense, Número de Matrículas da Educação Especial, EJA e
Educação Profissional, 2005
Resultados do Censo Escolar 2005
Educação de Educação de
Municípios Jovens e Jovens e Educação
Educação Especial
da Região Rede de Adultos Adultos Profissional
Noroeste Ensino (presencial) (semipresencial) (Nível
Fluminense Funda- Funda- Funda- Técnico)
Total Total Total
mental mental mental
Estadual 0 0 118 118 344 197 0
Municipal 0 0 144 144 0 0 79
Aperibé
Privada 65 25 0 0 0 0 0
Total 65 25 262 262 344 197 79
Estadual 21 21 473 420 1.005 427 237
Federal 0 0 0 0 0 0 270
Bom Jesus do
Municipal 117 63 212 212 0 0 0
Itabapoana
Privada 112 0 0 0 0 0 0
Total 250 84 685 632 1.005 427 507
Estadual 0 0 117 117 0 0 110
Municipal 0 0 0 0 0 0 0
Cambuci
Privada 67 26 0 0 0 0 0
Total 67 26 117 117 0 0 110
Estadual 0 0 223 90 0 0 57
Municipal 16 16 253 253 0 0 0
Italva
Privada 34 0 0 0 0 0 0
Total 50 16 476 343 0 0 57
Estadual 27 17 247 247 1.119 655 0
Municipal 0 0 133 133 0 0 0
Itaocara
Privada 51 0 0 0 0 0 0
Total 78 17 380 380 1.119 655 0
Estadual 30 30 1.036 734 4.885 2.480 385
Municipal 0 0 655 655 0 0 0
Itaperuna
Privada 400 173 53 19 0 0 144
Total 430 203 1.744 1.408 4.885 2.480 529
Estadual 0 0 40 40 0 0 0
Municipal 0 0 0 0 0 0 0
Laje do Muriaé
Privada 30 0 0 0 0 0 0
Total 30 0 40 40 0 0 0
Estadual 43 43 242 242 405 169 94
Municipal 0 0 0 0 0 0 0
Miracema
Privada 138 30 0 0 0 0 0
Total 181 73 242 242 405 169 94

742 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


(continuação)
Educação de Jo- Educação de Jo-
Municípios Educação Especi- vens e vens e Educação
da Região Rede de al Adultos Adultos Profissio-
Noroeste Ensino (presencial) (semipresencial) nal (Nível
Fluminense Funda- Funda- Funda- Técnico)
Total Total Total
mental mental mental
Estadual 0 0 378 160 297 135 72
Municipal 0 0 134 134 0 0 0
Natividade
Privada 68 0 0 0 0 0 0
Total 68 0 512 294 297 135 72
Estadual 3 3 157 157 480 226 117
Municipal 51 7 49 49 0 0 0
Porciúncula
Privada 0 0 0 0 0 0 0
Total 54 10 206 206 480 226 117
Estadual 8 8 192 192 1.512 817 122
Santo Antô- Municipal 0 0 1.184 740 0 0 0
nio de Pá-
dua Privada 217 36 0 0 0 0 0
Total 225 44 1.376 932 1.512 817 122
Estadual 0 0 28 28 0 0 0
São José de
Municipal 0 0 0 0 0 0 0
Ubá
Total 0 0 28 28 0 0 0
Estadual 0 0 115 17 0 0 0
Municipal 8 8 16 16 0 0 0
Varre-Sai
Privada 0 0 0 0 0 0 0
Total 8 8 131 33 0 0 0
Fontes: Ministério da Educação, Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais – INEP
Censo Educacional 2005
Em Itaperuna, 1.744 jovens/adultos se encontravam matriculados no EJA em 2005, sendo
que a maioria cursava o Ensino Fundamental e apenas 336 cursavam o Ensino Médio. Além
destes, 4.885 estudavam em cursos semipresenciais, dos quais 2.405 (praticamente a me-
tade) fazia o Ensino Médio. Itaperuna apresentou ainda 430 alunos matriculados na Educa-
ção Especial e 529 no Nível Técnico.
Santo Antônio de Pádua apresentou o segundo maior número de matrículas, 1.376, sendo
444 do Ensino Médio, valor também mais elevado nos cursos semipresenciais, 1.512, das
quais 695 faziam parte do Ensino Médio. Na Educação Especial foram 225 matrículas e ain-
da 122 em cursos técnicos, em 2005.
São José de Ubá, Laje do Muriaé, e Cambuci apresentaram, por sua vez, apenas 28, 40, e
117 matrículas, respectivamente, no Ensino Fundamental presencial do EJA e não possuí-
am EJA nível Médio. Itaocara, Laje do Muriaé, São José de Ubá e Varre-Sai não possuem
EJA ou cursos profissionais de nível técnico e os demais municípios também apresentaram
valores pouco expressivos na área.
Quanto à Educação Especial, verifica-se um número de matrículas bastante reduzido em
toda a Região, de 1.506. Destas, 430 foram registradas em Itaperuna, 250 em Bom Jesus
do Itabapoana e 225 em Santo Antônio de Pádua. Em São José de Ubá não existe Educa-
ção Especial e em Varre-Sai apenas 8 matrículas foram registradas. A rede de ensino priva-
da foi responsável pela maioria das matrículas em todos os municípios que possuem tal ser-
viço.
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 743
Em síntese, verificaram-se em toda a Região Noroeste um total de 16.311 matrículas no
EJA (cursos presencial e semipresencial) e apenas 1.687 matrículas em cursos de nível
técnico.
No caso destes dois últimos indicadores, avalia-se que a quantidade de matrículas esteja
ainda muito aquém das demandas e insuficientes para reverter o déficit educacional regional
e da formação de mão de obra qualificada para o mercado.
Desde outra perspectiva, como verificado nos próximos Gráficos, observa-se uma grande
diferença entre o número absoluto de matrículas e o número de docentes segundo as eta-
pas do Ensino Básico. Como já referido anteriormente, Itaperuna, Santo Antônio de Pádua e
Bom Jesus do Itabapoana são detentores dos maiores números de matrículas e também de
docentes em todas as etapas do Ensino Básico, enquanto São José de ubá, Laje do Muriaé,
Cambuci e Varre-Sai apresentam as menores quantidades, valores equivalentes às matrícu-
las efetuadas em cada localidade.
Gráfico 16 – Região Noroeste Fluminense, Número de Docentes, 1998 a 2006

Fonte: Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro – CIDE RJ


Tabela 18 – Região Noroeste Fluminense, Razão entre Matrículas e Docentes, 2005 - 2006

Região Noroeste Fluminense – Razão entre Matrícula e Professor – 2005, 2006


Número de Número de
Razão
Tipos de Ensino Matrículas Docentes
2005 2006 2005 2006 2005 2006
Educação Infantil 15.580 14.740 1.041 980 14,96 15,04
Ensino Fundamental 51.555 50.251 4.076 3.911 12,64 12,84
Ensino Médio 16.257 14.900 1.813 1.662 8,96 8,96
Total de Matrículas da Região 83.392 79.891 6.930 6.553 12,03 12,19
Fonte: Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro – CIDE RJ
Ao se comparar as razões entre o número de matrículas e de docentes, tanto na Região
como em cada município, nos anos de 2005 e 2006, percebe-se que as variações locais não
são significativas, devido aos diferentes índices demográficos municipais.
Contudo, ao se fazer a mesma comparação entre os diferentes níveis educacionais, encon-
tra-se as seguintes variações: para a Educação Infantil existem aproximadamente 15 alunos
matriculados para cada professor.
744 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
Na Educação Fundamental esta média cai para aproximadamente 13 alunos para cada pro-
fessor. Já no Ensino Médio é encontrada a menor razão de todas as etapas, com um pro-
fessor para cada 9 alunos matriculados, constatando-se uma vez mais que o número de a-
lunos do Ensino Médio é bastante reduzido.
Assim, a Região Noroeste apresenta em média 12 alunos para cada professor atuante em
sala de aula, considerando todos os níveis da Educação Básica, média esta inferior a da
Região Norte, que possui aproximadamente 15 alunos para cada professor.
Gráfico 17 – Região Noroeste Fluminense, Número de Reprovação, 1998 a 2005

Fonte: Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro – CIDE RJ


Na análise do rendimento escolar, de acordo com informações disponibilizadas pelo MEC e
pelo Observatório Socioeconômico da Região Norte Fluminense (2001), de forma geral, as
instituições de ensino particular brasileiras possuem as melhores taxas de rendimento, men-
suradas a partir dos índices de aprovação, reprovação e abandono escolar, se comparadas
à rede pública de ensino.
Nos municípios do Noroeste observa-se este mesmo padrão de rendimento, uma vez que as
escolas particulares se sobressaem em relação às escolas públicas.
Dentre os fatores que explicam esta diferença aponta-se o nível socioeconômico mais ele-
vado das famílias cujas crianças freqüentam as escolas particulares. Não só a renda é rele-
vante nesse aspecto, mas também as oportunidades de acesso a cultura, esportes, saúde e
outras questões que influem positivamente no desenvolvimento cognitivo e social das crian-
ças, favorecendo um desempenho mais condizente com as exigências escolares.
Complementariamente, famílias mais bem informadas tem mais possibilidades de acompa-
nhar seus filhos durante o processo educacional, incentivando hábitos de estudo, leitura e
dando-lhes subsídios para uma melhor compreensão dos conhecimentos adquiridos, funcio-
nando também como modelo.
Outra constatação é a de que a maior parte da taxa de abandono, ou seja, a evasão escolar
também se sobressai na rede pública, chegando a ser dez vezes maior que na rede privada
de ensino, em regiões brasileiras e em regiões mais industrializadas que, de forma geral,
apresentam melhores rendimentos escolares que as regiões mais rurais.
Desta forma, a Região Sudeste do Brasil possui índices de aprovação cerca de 25% mais
elevados que na Região Norte e Nordeste do país e 16% maiores que a Região Centro–Sul.
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 745
A taxa de reprovação da Região Sudeste é quase a metade e a taxa de abandono é menos
que a metade quando comparada às demais regiões do país.
Analisando-se o Rio de Janeiro, ainda segundo dados do Observatório Socioeconômico
(2001), o Estado apresenta taxas de aprovação e de abandono compatíveis com a Região
Sudeste brasileira. No entanto, as taxas de reprovação são extremamente elevadas, se a-
proximando aos índices encontrados nas Regiões Norte e Nordeste que apresentam, por
sua vez, os piores índices de rendimento escolar.
Assim, a taxa de repetência do Noroeste Fluminense, no que se referiu ao Ensino Funda-
mental foi de 7.050 em 1998, apresentando uma importante queda até 2001. Nos anos se-
guintes, voltou crescer chegando ao total de 5.324 reprovações. Daí por diante, estas taxas
começaram a cair novamente, chegando em 2005 para 4.380, menor dos que os valores de
2002. Entretanto, esta queda pode estar vinculada à redução do número de matrículas ocor-
rida entre 2002-2005, não revelando necessariamente uma melhoria nos indicadores de
rendimento escolar.

Tabela 19 – Região Noroeste Fluminense, Número de Reprovações no Ensino Fundamental,


1998 – 2005

Rendimento dos Alunos no Ensino Fundamental – Número de Reprovações


Municípios da Região Noroeste
1998 2000 2001 2002 2003 2004 2005
Fluminense
Aperibé 58 114 66 126 129 154 86
Bom Jesus do Itabapoana 886 491 482 475 614 555 502
Cambuci 203 246 235 199 186 258 224
Italva 305 138 194 270 296 346 253
Itaocara 474 389 337 371 428 418 381
Itaperuna 2.133 1.071 1.225 1.741 1.335 1.190 900
Laje do Muriaé 225 146 141 145 115 93 116
Miracema 624 536 452 640 665 653 462
Natividade 408 346 177 223 204 194 206
Porciúncula 722 331 343 294 372 286 316
Santo Antônio de Pádua 565 540 448 561 552 572 503
São José de Ubá 105 168 102 161 85 191 168
Varre-Sai 342 316 191 295 343 293 263
Total da Região Noroeste 7.050 4.832 4.393 5.501 5.324 5.203 4.380
Fonte: Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro – CIDE RJ
Não foi possível constatar em nenhum dos municípios em questão uma melhora constante
que revelasse a redução dos índices de reprovação de forma sistemática. Ao contrário, en-
tre os anos de 1998-2005, em todos os municípios pôde verificar-se aumentos e decrésci-
mos relativamente pequenos, indicando resultados oscilantes.
Entretanto, os municípios que apresentaram aumentos no número de reprovações neste in-
tervalo foram São Jose de Ubá, que cresceu de 105, em 1998 para 168, em 2005, Cambuci
que aumentou de 203 para 224 e Aperibé, de 58 para 86.
Nos demais municípios verificou-se decréscimo das taxas de reprovação, com destaque pa-
ra Itaperuna, que reduziu as reprovações de 2.133 para 900, em 2005, o que significa uma
redução de 57% conforme verificado na Tabela acima.

746 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Tabela 20 – Região Noroeste Fluminense, Taxa de Reprovações, 2005

Ensino Fundamental – Taxa de Reprovações 2005


Municípios da Região Número de Número de Taxa de
Noroeste Fluminense Matrículas Repetência Repetência (%)
Aperibé 1.361 86 6,3
Bom Jesus do Itabapoana 7.016 502 7,1
Cambuci 2.307 224 9,7
Italva 1.958 253 12,9
Itaocara 3.413 381 11,1
Itaperuna 14.299 900 6,3
Laje do Muriaé 1.526 116 7,6
Miracema 5.090 462 9,0
Natividade 2.380 206 8,6
Porciúncula 3.007 316 10,5
Santo Antônio de Pádua 6.135 503 8,1
São José de Ubá 1.253 168 13,4
Varre-Sai 1.810 263 14,5
Total da Região Noroeste 51.555 4.380 8,4
Fonte: Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro – CIDE RJ, 2009.
Tomando o ano de 2005 como última referência para este indicador, ao se comparar o nú-
mero de matrículas realizadas no Ensino Fundamental e o número de repetências ocorridas
neste mesmo ano, pode-se perceber que os índices de rendimento escolar são um pouco
melhores do que os da Região Norte, mas nem por isso menos preocupantes.
Das 51.555 crianças matriculadas em toda a Região, em 2005, 8,4% foram reprovadas no
Ensino Fundamental. Varre-Sai foi o município onde ocorreram mais repetências, 14,5%,
seguido de São José de Ubá, onde 13,4% dos alunos matriculados foram reprovados. Itao-
cara, Italva e Porciúncula também apresentaram índices maiores que 10%, superiores aos
da própria Região.
Aperibé e Itaperuna apresentaram a menor taxa de repetência, 6,3% cada, seguidos por
Bom Jesus do Itabapoana, 7,1%, Laje do Muriaé, 7,6% e Santo Antônio de Pádua, 8,1%.
Tabela 21 – Região Noroeste Fluminense, Número de Reprovações no Ensino Médio, 1995 a
2004
Movimento e Rendimento de Alunos no Ensino Médio – Número de Reprovações
Municípios da Região
1995 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004
Noroeste Fluminense
Aperibé 5 12 8 4 15 27 45 44 37
Bom Jesus do Itabapoana 71 211 123 63 84 133 103 159 128
Cambuci 15 10 17 32 18 11 41 37 20
Italva 25 38 54 50 60 116 132 75 31
Itaocara 44 40 70 71 36 43 62 101 71
Itaperuna 298 370 447 402 204 488 417 289 357
Laje do Muriaé 18 25 13 4 50 18 3 18 27
Miracema 134 72 74 94 45 94 155 163 96
Natividade 49 45 35 84 47 30 48 38 60
Porciúncula 57 41 54 41 43 58 61 85 98
Santo Antônio de Pádua 72 39 62 86 99 180 96 110 128
São José de Ubá 3 0 1 4 2 11 1 1 4
Varre-Sai 25 37 51 34 6 15 32 17 24
Total da Região Noroeste 816 940 1.009 969 709 1.224 1.196 1.137 1.081
Fonte: Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro – CIDE RJ, 2009

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 747


Ao se fazer a mesma análise das taxas de reprovação para o Ensino Médio, observa-se que
os municípios apresentam indicadores bem melhores que na Educação Fundamental, em-
bora o número de alunos matriculados nesta etapa do ensino esteja bem inferior, apontando
para esta lacuna educacional na Região.
Assim como constatadas oscilações nas matrículas do Ensino Médio, entre os anos 1998-
2004, as taxas de repetência acompanharam estes movimentos de decréscimo e aumento,
passando de 1.009 para 1.081 em 2004. São José de Ubá registrou baixos números de re-
provações, apenas 4, todavia, o município também possuía um número de alunos muito pe-
queno neste nível, de apenas 231 alunos, em 2004.
Tabela 22 – Região Noroeste Fluminense, Taxa de Reprovação no Ensino Médio, 2004

Ensino Médio – Taxa de Reprovação , 2004


Municípios da Região Número de Número de Taxa de
Noroeste Fluminense Matrículas Repetência Repetência (%)
Aperibé 501 37 7,3
Bom Jesus do Itabapoana 2.577 128 4,9
Cambuci 643 20 3,1
Italva 700 31 4,4
Itaocara 1.340 71 5,2
Itaperuna 4.655 357 6,6
Laje do Muriaé 471 27 5,7
Miracema 1.574 96 6,1
Natividade 1.016 60 5,9
Porciúncula 1.012 98 9,6
Santo Antônio de Pádua 2.051 128 6,2
São José de Ubá 231 4 1,7
Varre-Sai 441 24 5,4
Total da Região Noroeste 17.212 1.081 6,2
Fonte: Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro – CIDE RJ, 2009.
Neste mesmo ano, dos 17.212 adolescentes matriculados no Ensino Médio, em toda a Re-
gião Noroeste, 6,2% foram reprovadas, porcentagem um pouco inferior à taxa de reprova-
ção do Ensino Fundamental, 8,4%. As taxas de repetência variaram entre 1,7% em São Jo-
sé de Ubá a 9,6%, em Porciúncula, com o maior índice.
São José de Ubá, que havia apresentado a segunda maior taxa de reprovação no Ensino
Fundamental, apresentou por sua vez a menor taxa regional de reprovação no Ensino Mé-
dio, 1,7%. Cambuci vem em seguida, com a segunda menor taxa de reprovação, 3,1%, en-
quanto para o Ensino Fundamental ocupava a terceira maior taxa de reprovação do Noroes-
te.
3.3 Níveis de Escolaridade
Outro aspecto fundamental da análise educacional refere-se aos níveis de escolaridade a-
tingidos por seus habitantes. De uma maneira geral, as taxas de analfabetismo foram redu-
zidas consideravelmente em todas as faixas etárias de população jovem, no período de
1991 a 2000, tanto no Estado quanto em todos os municípios da Região Noroeste, apontan-
do para uma elevação dos níveis educacionais de suas populações.
No Estado do Rio de Janeiro o analfabetismo atingia a 12,7% da população de 7 a 14 anos
em 1991, caindo para 6,7%, em 2000. À medida que a idade se elevava, ocorria uma dimi-
nuição da porcentagem da população analfabeta, sendo que no primeiro ano analisado ha-
via 4,3% da população de 15 a 17 anos analfabeta, caindo para 1,5% em 2000. Para a po-
pulação jovem de 18 a 24 anos, o analfabetismo reduziu-se em igual período, de 4,5% para
2,2%.

748 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Comparando-se os índices municipais aos estaduais observa-se que interregionalmente o-
correm grandes diferenças no nível educacional da população, indicando diferentes graus
de vulnerabilidade. Além disso, os indicadores revelam que, na Região, as taxas de analfa-
betismo são, em sua maioria, mais elevadas que as estaduais, especialmente da população
adulta.
Tabela 23 - Região Noroeste Fluminense, Taxa de Analfabetismo da População Jovem, 1991 e
2000
Nível Educacional da População Jovem - 1991 e 2000
Taxa de
Faixa Etária
Municípios da Região Noroeste Fluminense Analfabetismo (%)
(anos)
1991 2000
7 a 14 9,5 6,7
Aperibé 15 a 17 4,0 1,3
18 a 24 6,3 2,5
7 a 14 15 8,3
Bom Jesus de Itabapoana 15 a 17 7,8 0,9
18 a 24 9,6 3,7
7 a 14 26,4 6,7
Cambuci 15 a 17 12,1 1,4
18 a 24 15,6 4,3
7 a 14 15,8 6,7
Italva 15 a 17 6,0 1,2
18 a 24 9,1 3,8
7 a 14 15,3 3,1
Itaocara 15 a 17 7,4 0,9
18 a 24 9,1 4,4
7 a 14 16,3 6,3
Itaperuna 15 a 17 7,6 1,7
18 a 24 8,3 3,5
7 a 14 22,1 9,4
Laje do Muriaé 15 a 17 10,9 2,1
18 a 24 12,7 3,5
7 a 14 19,1 7,3
Miracema 15 a 17 8,8 1,9
18 a 24 7,2 7,1
7 a 14 17,8 6,3
Natividade 15 a 17 5,5 1,9
18 a 24 7,3 3,7
7 a 14 19,9 9,2
Porciúncula 15 a 17 8,1 1,5
18 a 24 10 7,5
7 a 14 12,6 4,7
Santo Antonio de Pádua 15 a 17 5,2 1,7
18 a 24 6,8 3,6
7 a 14 25,7 6,5
São José de Ubá 15 a 17 8,7 2,5
18 a 24 18,3 5,7
7 a 14 29,4 9,2
Varre-Sai 15 a 17 19,3 3,1
18 a 24 15 6,6
7 a 14 12,7 6,7
Total do Estado do Rio de Janeiro 15 a 17 4,3 1,5
18 a 24 4,5 2,2
Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano do Brasil, PNUD, 2003
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 749
Os indicadores de 2000 revelam que, na Região Noroeste, suas taxas de analfabetismo da
população de 7 e 14 anos foram inferiores às do Estado em alguns dos municípios, como é
o caso de Itaocara que possuía 3,1% de analfabetos entre a população desta faixa etária,
em Pádua, com índice de 4,7%, em Itaperuna e Natividade, com 6,3% cada e São José de
Ubá com 6,5%. Outros apresentaram taxas equivalentes às do Estado, como Aperibé, Cam-
buci e Italva, 6,7% de analfabetos.
As maiores taxas de analfabetismo desta faixa etária foram encontradas em Laje do Muriaé,
9,4%, Varre-Sai e Porciúncula, 9,2% cada e ainda em Miracema, com 7,3%.
Para a população de 15 a 17 anos, as taxas de analfabetismo também tiveram quedas im-
portantes de 1991 a 2000. Neste último ano, as taxas variaram entre 0,9% em Bom Jesus
de Itabapoana e Itaocara e 3,1 em Varre-Sai, que apresentando-se um pouco mais reduzi-
das do que no Norte Fluminense.
Em 2000, os maiores índices de analfabetismo para os jovens entre 18 a 24 anos (quando o
Ensino Fundamental já deveria estar concluído) foram verificadas em Porciúncula, 7,5%,
seguido de Miracema, com 7,1%. Já os menores percentuais de população analfabeta nesta
idade foram observados em Aperibé, 2,5%, Itaperuna e Laje do Muriaé, com 3,5% cada.
Observa-se que todos estes valores foram maiores que os estaduais.
Entretanto, como ressaltado, houve uma considerável melhora nas taxas de analfabetismo
da população jovem em todos os municípios, neste período, que ficaram abaixo de 10% no
Noroeste.
Seguindo a mesma lógica, os indicadores de analfabetismo da população adulta, de 25 anos
para cima, vem diminuindo consideravelmente, mas ainda continuam em proporções alar-
mantes.
Como agravante, destaca-se que a partir desta idade se torna mais difícil o retorno das pes-
soas aos estudos, devido a uma série de questões: a participação no mercado de trabalho
de forma mais consolidada, as relações conjugais que se estabelecem e freqüentemente
“dificultam” a retomada dos estudos, principalmente para as mulheres, que se tornam mães
e assumem responsabilidades domésticas, o próprio desinteresse e conformismo referente
à situação educacional; o receio e a “vergonha” de voltar para a escola em idade mais avan-
çada, e ainda, a insuficiência de políticas públicas que sejam capazes de atender a toda a
demanda existente e reprimida, de forma acessível, motivadora e eficaz.
Tabela 24 - Região Noroeste Fluminense, Taxa de Analfabetismo da População Adulta, 1991 e
2000
Taxa de Analfabetismo da População Adulta (25 Anos ou Mais) – 1991, 2000
Taxa de Analfabetismo (%)
Municípios da Região Noroeste Fluminense
1991 2000
Aperibé - 17,2
Bom Jesus de Itabapoana 22,1 16,1
Cambuci 31,1 21
Italva 26,6 21,3
Itaocara 25,8 16,1
Itaperuna 21,8 14,5
Laje do Muriaé 31,8 22,4
Miracema 24,8 17,5
Natividade 25,4 17,4
Porciúncula 25,9 19,6
Santo Antônio de Pádua 23,3 17
São José de Ubá - 24,3
Varre-Sai - 24,3
Total do Estado do Rio de Janeiro 10,9 7,6
Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano do Brasil, PNUD, 2003

750 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


No Estado do Rio, em 1991, 10,9% da população adulta era analfabeta, enquanto em 2000
este valor havia abaixado para 7,6%. Os índices de analfabetismo do Noroeste, todavia, são
mais alarmantes. Itaperuna apresentou os menores índices, 21,8% em 1991 e 14,5% em
2000, seguido de Bom Jesus do Itabapoana, com 22,1% em 1991 e 16,1% em 2000.
Novamente, os municípios que aparecem em posições mais desprivilegiadas são: Cambuci
e Laje do Muriaé, com aproximadamente 31% de analfabetos cada, em 1991, diminuindo
para 21% e 22,4% em 2000, respectivamente.
O nível de escolaridade da população jovem também melhorou nesta década. Entretanto, na
leitura dos indicadores que revelam a porcentagem da população com menos de 4 e 8 anos
de estudo, constata-se que o nível de escolaridade da população, tanto do Estado quanto
dos Municípios do Noroeste estava bem abaixo do desejado, em 2000.
Em 2000, considerando-se a população de 15-17 anos, os piores indicadores foram os de
Varre-Sai, que apresentou a maior porcentagem de pessoas com menos de 8 anos de estu-
do 73,8%, caindo para 15,9% os que possuíam menos de 4 anos. São José de Ubá apare-
ceu em seguida, com 69,7% de habitantes com menos de 8 anos de estudo e 15,6% com
menos de 4 anos.
Os municípios que, por sua vez, apresentam os melhores níveis de escolaridade nesta faixa
etária foram Pádua e Natividade, com 53% com menos de 8 anos de estudo, sendo que
Santo Antônio apresentou 10,9% e Natividade 7,3% de habitantes com menos de 4 anos de
estudo.
No que se refere à população jovem de 18-24 anos, os piores indicadores foram também os
de Varre-Sai que apresentou a maior porcentagem de jovens com menos de 8 anos de es-
tudo, 66,5%, caindo para 15,9% os que possuíam menos de 4 anos. São José de Ubá apa-
receu em seguida, com 69,7% com menos de 8 anos de estudo e 15,6% com menos de 4
anos.
Já os melhores níveis de escolaridade estavam em Bom Jesus do Itabapoana, com 42,7%
com menos de 8 anos e 12,9% com menos de 4 anos de estudo e em Aperibé, com 46,2%
da população com menos de 8 anos de estudo e 10,2% com menos de 4 anos.
Outro tema relevante, o percentual de crianças e jovens freqüentando a escola, também
aumentou em toda a Região Noroeste. No Ensino Fundamental todos os municípios apre-
sentaram mais de 90% das crianças freqüentando a escola, em 2000, similar à taxa estadu-
al de 96,1%, o que é uma condição bastante favorável.
Tabela 25 - Região Noroeste Fluminense, Nível Educacional da População Jovem, 1991 - 2000
% Com Menos % Com Menos
% Freqüentando
Municípios da Região Faixa Etária de 4 Anos de de 8 Anos de
a Escola
Noroeste Fluminense (anos) Estudo Estudo
1991 2000 1991 2000 1991 2000
7 a 14 NA NA NA NA 87,2 97,3
Aperibé 15 a 17 25,8 6,8 75,7 55,8 52,6 78,8
18 a 24 20,2 10,2 54,3 46,2 NA NA
7 a 14 NA NA NA NA 89,2 97,4
Bom Jesus de Itaba-
15 a 17 25,6 12,1 76,1 55,3 58,6 75,5
poana
18 a 24 23,4 12,9 56,9 42,7 NA NA
7 a 14 NA NA NA NA 83,2 95,2
Cambuci 15 a 17 36,1 8,8 83,9 61,1 46,6 71,8
18 a 24 31,4 15,6 67,3 51,4 NA NA
7 a 14 NA NA NA NA 84 94,3
Italva 15 a 17 21,4 11 86,9 63,6 50,1 71,9
18 a 24 22,8 17 66,2 52,7 NA NA

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 751


(continuação)
% Com Menos % Com Menos
% Freqüentando
Municípios da Região Faixa Etária de 4 Anos de de 8 Anos de
a Escola
Noroeste Fluminense (anos) Estudo Estudo
1991 2000 1991 2000 1991 2000
7 a 14 NA NA NA NA 85,9 97,5
Itaocara 15 a 17 27,9 6,8 81,8 54,9 54,4 81,3
18 a 24 24 12,6 60 49,9 NA NA
7 a 14 NA NA NA NA 85,4 96,7
Itaperuna 15 a 17 33,6 10,1 82,2 59,1 52 77,7
18 a 24 22,3 12,8 62 47,7 NA NA
7 a 14 NA NA NA NA 83,7 95,5
Laje do Muriaé 15 a 17 38,2 10,4 90,4 64 52,3 77,4
18 a 24 31,4 16,9 71,4 58,5 NA NA
7 a 14 NA NA NA NA 86 96
Miracema 15 a 17 31,2 10,2 76,7 60,8 64,4 78,3
18 a 24 23,5 15,4 47,6 47,9 NA NA
7 a 14 NA NA NA NA 84,2 96,9
Natividade 15 a 17 29,3 7,3 76,1 53,6 55,2 74,5
18 a 24 23 14,2 65,6 45,8 NA NA
7 a 14 NA NA NA NA 83,6 92
Porciúncula 15 a 17 35,9 14,2 85,1 62,6 48,3 70,9
18 a 24 34,2 19,2 78,4 59,1 NA NA
7 a 14 NA NA NA NA 88,1 96,3
Santo Antônio de
15 a 17 18,8 10,9 81,4 53 42,7 73,2
Pádua
18 a 24 23,9 16,4 62,7 51,2 NA NA
7 a 14 NA NA NA NA 73,5 96,4
São José de Ubá 15 a 17 31,8 15,6 83,5 69,7 36,2 65,9
18 a 24 40,6 20,4 76,4 64,9 NA NA
7 a 14 NA NA NA NA 73,1 94,1
Varre-Sai 15 a 17 53,8 15,9 94,4 73,8 26,6 65,8
18 a 24 44,1 22,5 83,6 66,5 NA NA
7 a 14 NA NA NA NA 87,8 96,1
Total do Estado do
15 a 17 19 9,4 70,8 55,6 64,2 81,5
Rio de Janeiro
18 a 24 14,9 9,5 46,8 37,9 NA NA
Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano do Brasil, PNUD, 2003

Referente ao Ensino Médio, o Rio de Janeiro apresentou, em 2000, 81,5% dos jovens fre-
qüentando a escola, enquanto nos municípios do Noroeste a média variou de 65,8% em
Varre-Sai a 78,8% em Aperibé. Entretanto, os percentuais aumentaram em toda a Região.
São José de Ubá e Varre-Sai apresentam cerca de 66% de seus adolescentes frequentando
a escola e Itaocara apresentou 81,3% de freqüência, a maior porcentagem regional.

O Mapa a seguir permite a visualização dos dados de freqüência escolar dos adolescentes
entre 15 a 17 anos, no Ensino Médio, em 2000, demonstrando que no Noroeste Fluminense
as menores frequências foram encontradas em Italva, São José de Ubá, Cambuci e Santo
Antônio de Pádua. O maior percentual de tal variável concentrou-se em Itaocara e Aperibé.

752 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Mapa 7 - Região Noroeste Fluminense - Percentual de Adolescentes Frequentando a Escola, 2000

Fonte: Estudo Socioeconômico de São Fidelis, 2004

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 753


Com relação ao nível escolar da população adulta, os melhores indicadores se apresenta-
ram em Miracema, com 58,1% de pessoas adultas com menos de 8 anos de estudo e
30,2% com menos de 4 anos. A média de anos de estudo também foi a mais elevada nesta
localidade, correspondendo a 6,2 anos. Mesmo apresentando os melhores índices de de-
sempenho da Região, o nível educacional foi inferior ao observado no Estado que possuía,
em 2000, 50,8% da população com menos de 8 anos de estudo, 21,1% com menos de 4
anos e uma média de 7,2 anos de estudo.
São José de Ubá, Italva e Varre-Sai apresentaram os índices mais elevados de população
adulta com menos de 8 e 4 anos de estudo em 2000, todos com mais de 70%. As médias de
anos estudados nestas cidades foram as piores, regionalmente, variando de 3,8, em São
José de Ubá a 4,5 em Italva.
Claramente percebe-se que os níveis de escolaridade da população estadual e da Região
Noroeste são bastante indesejados, à exceção do Ensino Infantil, sendo que quase a meta-
de da população de 18 a 24 anos e praticamente mais da metade da população adulta não
completaram o Ensino Fundamental.
Este cenário indica que grande parte da população abandona os estudos muito antes de sua
conclusão e quanto mais “velha” ela se torna, maiores são as taxas de analfabetismo e a
baixa escolaridade, sendo necessárias a implementação de políticas específicas, objetivan-
do a reversão do problema.
Tabela 26 - Região Noroeste Fluminense, Nível Educacional da População Adulta, 1991 - 2000

Nível Educacional da População Adulta (25 anos ou mais) - 1991, 2000


% Com Menos % Com Menos
Média de Anos
Municípios da Região de 4 Anos de de 8 Anos de
de Estudo
Noroeste Fluminense Estudo Estudo
1991 2000 1991 2000 1991 2000
Aperibé - 37,4 - 69,8 - 5,2
Bom Jesus de Itabapoana 41,9 34,5 71,8 62,8 4,8 5,7
Cambuci 54,9 41,5 78,7 70,6 3,9 4,9
Italva 52,2 44,9 84 76,5 3,6 4,5
Itaocara 49,2 36,7 74,2 67,3 4,5 5,4
Itaperuna 43 32,7 72 65,1 4,8 5,8
Laje do Muriaé 53,1 41,2 80,2 72,9 3,9 4,8
Miracema 41,8 30,2 65,8 58,1 5,1 6,2
Natividade 49,8 32,7 77,1 65,2 4,3 5,6
Porciúncula 45,9 39,4 78,6 73,4 4,3 4,8
Santo Antônio de Pádua 49,4 37,9 77,1 70,5 4,3 5,2
São José de Ubá - 49,6 - 83,9 - 3,8
Varre-Sai - 44 - 79,4 - 4,3
Total da Região Noroeste NA NA NA NA 3,3 5,1
Total do Estado do Rio de Janeiro 26,3 21,1 57,5 50,8 6,5 7,2
= sem informação
NA = Não se aplica
Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano do Brasil, PNUD, 2003
Este déficit educacional é um dos maiores entraves para o desenvolvimento socioeconômi-
co. As demandas do mercado, exigem competências e habilidades específicas, cuja a base
educacional é essencial, e sem a qual se torna inviável seu desenvolvimento e inclusão so-
cial. Mesmo para funções de trabalho menos sofisticadas, cada vez mais são necessárias
754 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
capacidades elaboradas de articulação, postura, manuseio de maquinários, computadores,
tecnologias de informação, dentre outras. A concorrência aumenta continuamente e as opor-
tunidades privilegiam aqueles mais capacitados e com condições mais criativas, dinâmicas e
multifuncionais.
Nesta perspectiva, a deficiência no nível de escolaridade da população, agravada pelo anal-
fabetismo funcional, se reflete em sérios problemas enfrentados na Região Noroeste como a
escassez de mão de obra qualificada que, por sua vez, contribui com a proliferação das de-
sigualdades econômicas. Consequentemente, estes baixos níveis de qualificação deman-
dam políticas públicas de qualidade e bem planejadas, de acordo com as necessidades con-
textuais, para contribuir-se efetivamente com uma transformação social.
3.4 Qualidade da Educação
Complementando a avaliação das condições educacionais dos habitantes do Noroeste Flu-
minense, são apresentadas a seguir análises da Prova Brasil e do ENEM, ambos exames
que auxiliam na compreensão da qualidade do ensino ofertado.
A avaliação da qualidade educacional é um instrumento importante na construção e gestão
de suas políticas, auxiliando no direcionamento de recursos técnicos e financeiros, nortean-
do a comunidade escolar no estabelecimento de metas e implantação de ações pedagógi-
cas e administrativas.
Para realizar esta avaliação, o Ministério da Educação, MEC, implantou um sistema no qual
se integra o Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB), adotado desde 1995 e o
Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM).
Atualmente, o SAEB é composto por duas avaliações: Avaliação Nacional da Educação Bá-
sica (ANEB) e a Avaliação Nacional do Rendimento Escolar (ANRESC), que recebe o nome
de Prova Brasil. A primeira têm como foco a gestão dos sistemas educacionais e é realizada
por amostragem das redes de ensino de cada Estado, onde participam alunos de 4ª e 8ª sé-
ries do Ensino Fundamental e também estudantes do 3º ano do Ensino Médio regular, tanto
da rede pública quanto da rede privada, em áreas urbanas e rurais. Sua aplicação oferece
resultados no âmbito dos Estados e das Redes de Ensino.
3.4.1 Prova Brasil
A segunda avaliação é a Prova Brasil, uma avaliação mais extensa e detalhada, com foco
em cada unidade escolar, correspondendo a um processo de expansão do sistema avaliati-
vo. A Prova é aplicada a todos os estudantes das séries avaliadas e apresenta médias de
proficiência por unidade escolar. Os resultados são apresentados em uma escala de de-
sempenho, nas disciplinas de português e matemática.
A escala é única para cada disciplina e permite apresentar, em uma mesma métrica, os re-
sultados de desempenhos dos estudantes das 4ª e 8ª séries do Ensino Fundamental (que
atualmente correspondem do 5º ao 9º anos).
Para o desempenho na Língua Portuguesa o resultado se apresenta dentro de uma variação
de nove níveis: 125, 150, 175 e assim sucessivamente, até o nível 350. Em Matemática, a
escala é composta por dez níveis, que vão do 125 aos 375.
A partir destas escalas verifica-se o percentual de alunos que já construiu as competências
e habilidades requeridas em cada uma das séries avaliadas, quantos ainda estão em pro-
cesso de construção do que seria adequado e quantos estão acima do nível.
O desempenho é apresentado em ordem crescente e cumulativa. Estudantes posicionados
em nível mais alto da escala já desenvolveram as competências e habilidades deste nível,
bem como as dos níveis anteriores. Nos parâmetros estabelecidos para a quarta série, em
ambas as disciplinas a nota máxima é 300 pontos. Para os estudantes da oitava série, 350 é
a nota máxima para português e 375, para matemática.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 755


Na Prova Brasil realizada em 2005, participaram 5.387 municípios de todas as unidades da
Federação, avaliando 3.392.880 alunos de 4ª e 8ª séries do Ensino Fundamental, de 40.962
escolas públicas urbanas, com mais de 30 alunos matriculados na série avaliada.
Por fim, disponibiliza-se a pontuação para cada município, de cada rede e de cada escola,
dificultando o confronto dos resultados em nível regional ou nacional. Portanto, tal compara-
ção não pode ser feita com as médias brasileiras e estaduais e será realizada posteriormen-
te, a partir do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – IDEB.
Tabela 27 - Região Noroeste Fluminense, Resultado da Prova Brasil - Rede Municipal, 2005 -
2007
Resultado da Prova Brasil - Rede Municipal - 2005 - 2007
Municípios da Região
Ano Matemática Língua Portuguesa
Noroeste Fluminense
2005 207,24 197,49
4ª série / 5º ano
2007 249,60 212,53
Aperibé
2005 - -
8ª série / 9º ano
2007 251,02 239,39
2005 192,83 188,75
4ª série / 5º ano
Bom Jesus do 2007 199,10 179,11
Itabapoana 2005 240,04 227,17
8ª série / 9º ano
2007 235,91 230,43
2005 191,38 184,98
4ª série / 5º ano
2007 199,64 183,63
Cambuci
2005 - -
8ª série / 9º ano
2007 258,75 249,94
2005 202,81 205,43
4ª série / 5º ano
2007 189,48 177,39
Italva
2005 265,36 235,24
8ª série / 9º ano
2007 257,23 250,00
2005 181,39 178,41
4ª série / 5º ano
2007 206,95 181,63
Itaocara
2005 271,94 247,2
8ª série / 9º ano
2007 291,71 255,07
2005 187,38 182,51
4ª série / 5º ano
2007 203,49 185,67
Itaperuna
2005 260,68 244,38
8ª série / 9º ano
2007 251,42 240,57
2005 174,12 177,5
4ª série / 5º ano
2007 188,02 171,79
Laje do Muriaé
2005 243,76 237,61
8ª série / 9º ano
2007 240,57 245,87
2005 220,43 203,36
4ª série / 5º ano
2007 223,51 205,57
Miracema
2005 - -
8ª série / 9º ano
2007 269,37 262,54
2005 - -
4ª série / 5º ano
2007 177,24 161,51
Natividade
2005 - -
8ª série / 9º ano
2007 227,36 233,61
2005 190,76 178,85
4ª série / 5º ano
2007 192,41 179,08
Porciúncula
2005 - -
8ª série / 9º ano
2007 - -

756 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


(continuação)
Municípios da Região
Ano Matemática Língua Portuguesa
Noroeste Fluminense
2005 198,22 188,91
4ª série / 5º ano
Santo Antônio de 2007 216,40 195,94
Pádua 2005 247,8 233,73
8ª série / 9º ano
2007 259,88 245,75
2005 223,58 193,27
4ª série / 5º ano
2007 224,03 201,88
São José de Ubá
2005 - -
8ª série / 9º ano
2007 - -
2005 - -
4ª série / 5º ano
2007 234,84 198,25
Varre-Sai
2005 - -
8ª série / 9º ano
2007 229,99 214,67
-- = Sem informação
Fonte: Ministério da Educação - Indicadores Demográficos e Educacionais, 2009
Na análise da Tabela acima observa-se que, no geral, os resultados da Prova Brasil melho-
raram no ano de 2007, em diferentes proporções. Porém, as médias alcançadas são extre-
mamente baixas, pois as pontuações obtidas na 8ª série seriam mais adequadas para a 4ª
série, de acordo com os parâmetros de pontuações máximas (300 pontos na 4a série e 350
pontos em português e 375 pontos em matemática na 8a série).
Considerando-se o atual 5o ano, as maiores notas registradas em 2007, em Português, fo-
ram em Aperibé, 212, e em Miracema, 205, e os piores resultados ficaram registrados em
Natividade, 161, seguido por Laje do Muriaé, 171. Em Matemática as melhores notas foram
encontradas também em Aperibé, 249, e em Bom Jesus de Itabapoana, 235, e as mais bai-
xas novamente em Natividade, 177, e Laje do Muriaé, 188.
Em 2007, para o último ano do Ensino Fundamental as melhores notas em Português foram
alcançadas em Miracema, 262, e em Itaocara, 255, uma das melhores notas regionais de
toda a avaliação. As piores notas foram encontradas em Varre-Sai, 214 e Bom Jesus de Ita-
bapoana, 230. Já em Matemática, as melhores notas foram conferidas a Itaocara, 291, e
Miracema, 269. As piores notas ficaram em Natividade, 233, e Varre-Sai, 214.
Constata-se que alguns municípios não apresentaram todos os resultados, provavelmente
por não terem participado da Prova com seus alunos daquela série e que, no conjunto, al-
guns se repetem nos melhores lugares, como Aperibé, Miracema e Itaocara, em diferentes
séries, e outros municípios nas posições que refletem as notas mais baixas, como Nativida-
de, Laje do Muriaé e Varre-Sai.

3.4.2 IDEB
A qualidade do ensino ofertado nas Escolas Municipais e Estaduais do Noroeste também foi
mensurada através Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, IDEB, criado pelo I-
NEP/MEC.
O objeto do IDEB é reunir em um só indicador dois conceitos importantes para a qualidade
da educação: o fluxo escolar e a média de desempenho nas avaliações.
Para tanto, os resultados refletem a combinação das informações sobre a taxa de rendimen-
to escolar, ou seja, aprovação, evasão e repetência dos estudantes em cada etapa do ensi-
no, obtida a partir do Censo Escolar anual e as médias de desempenho, ou seja, a média da
pontuação dos estudantes obtida em exames padronizados (Prova Brasil) aplicados pelo
INEP, ao final da etapa correspondente.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 757


Nos exames são aplicadas provas de Língua Portuguesa, com foco em Leitura e Matemáti-
ca, com questões curriculares de todas as unidades da Federação, considerando-se ainda
as recomendações dos Parâmetros Curriculares Nacionais.
O IDEB também fornece projeções das expectativas de evolução dos valores da educação,
desde o ano presente até o ano 2021, ou seja, avalia os resultados do que acontecerá se as
condições atuais forem mantidas, estabelecendo comparações entre as projeções do Rio de
Janeiro e do Brasil e definindo metas para incrementar-se a qualidade da educação nas es-
colas avaliadas.
Cabe mencionar que o IDEB representa o esforço de se estabelecer padrões e critérios uni-
formes mínimos para se monitorar e avaliar o Sistema de Educação no Brasil.
Não obstante, o desafio persiste em conseguir um sistema de avaliação que influencie na
orientação dos gestores locais e das unidades escolares, ao mesmo tempo em que atenda
às necessidades locais específicas.
Os resultados do IDEB referentes são apresentados a seguir, distinguindo-se aqueles obti-
dos nos anos iniciais e finais do Ensino Fundamental, nas redes estadual e municipal.
Tabela 28 - Região Noroeste Fluminense, Índice de Desenvolvimento da Educação Básica,
2005 e 2007
Índice de Desenvolvimento da Educação Básica - IDEB
Anos Iniciais do Ensino Anos Finais do Ensino
Fundamental Fundamental
Municípios da Região Rede de IDEB IDEB
Noroeste Fluminense Ensino Metas Metas
Observado Observado
2005 2007 2007 2021 2005 2007 2007 2021
Estadual - 4,9 - 6,9 3,5 4 3,5 5,5
Aperibé
Municipal 5,1 5,8 5,2 7 - 4 - 5,9
Estadual 4,2 4,5 4,2 6,3 4,2 3,4 4,2 6,1
Bom Jesus do Itabapoana
Municipal 4,4 4,5 4,5 6,5 3,6 3,5 3,6 5,6
Estadual 4,5 4,6 4,6 6,6 5 3,8 5 6,7
Cambuci
Municipal 4,2 4,7 4,3 6,4 - 3,9 - 5,9
Estadual 4,6 4,7 4,6 6,6 5,1 4,1 5,1 6,8
Italva
Municipal 4,8 3,6 4,9 6,8 3,3 3,8 3,3 5,3
Estadual 5,7 4,9 5,8 7,4 4,9 4,3 5 6,7
Itaocara
Municipal 3,6 4,3 3,7 5,8 3,5 3,8 3,5 5,5
Estadual 5 4,9 5,1 6,9 3,8 3,4 3,8 5,8
Itaperuna
Municipal 4,6 5 4,7 6,7 4,5 4,3 4,6 6,4
Estadual 4,1 4,7 4,2 6,3 3,7 3,1 3,7 5,7
Laje do Muriaé
Municipal 4,1 3,9 4,2 6,3 4,3 3,7 4,3 6,2
Estadual 4,3 4,7 4,3 6,4 4,1 3,3 4,1 6
Miracema
Municipal 4,9 4,7 4,9 6,8 - 4,2 - 6,1
Estadual 5 4,6 5,1 6,9 4,7 3,9 4,7 6,5
Natividade
Municipal - 3,8 - 6 - 3,4 - 5,5
Estadual - - - - 4,3 3,5 4,3 6,2
Porciúncula
Municipal 4,3 4,3 4,3 6,4 - - - -
Estadual 5,7 5,7 5,7 7,4 4,5 4,2 4,6 6,4
Santo Antônio de Pádua
Municipal 4,6 5 4,6 6,6 4,1 4,4 4,1 6
Estadual - 5 - 6,9 3,1 3,2 3,2 5,1
São José de Ubá
Municipal 5,4 5,5 5,5 7,2 - - - -

758 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


(continuação)
Anos Iniciais do Ensino Anos Finais do Ensino
Fundamental Fundamental
Municípios da Região Rede de IDEB IDEB
Noroeste Fluminense Ensino Metas Metas
Observado Observado
2005 2007 2007 2021 2005 2007 2007 2021
Estadual - - - - 3,3 3 3,3 5,3
Varre-Sai
Municipal - 5 - 6,9 - 3 - 5
Rede Estadual do Rio de Janeiro 3,7 3,8 3,8 5,9 2,9 2,9 2,9 4,9
Total 3,8 4,2 3,9 6,0 3,5 3,8 3,5 5,5
Pública 3,6 4,0 3,6 5,8 3,2 3,5 3,3 5,2
Federal 6,4 6,2 6,4 7,8 6,3 6,1 6,3 7,6
Brasil
Estadual 3,9 4,3 4,0 6,1 3,3 3,6 3,3 5,3
Municipal 3,4 4,0 3,5 5,7 3,1 3,4 3,1 5,1
Privada 5,9 6,0 6,0 7,5 5,8 5,8 5,8 7,3
-- = Sem informação
Fonte: Ministério da Educação - Indicadores Demográficos e Educacionais
De forma geral, os resultados do IDEB apresentados pelos Municípios da Região Noroeste
são bastante superiores aos resultados encontrados na Região Norte, superando inclusive
os resultados do Estado e do Brasil, destacando-se os anos iniciais do Ensino Fundamental.
De 2005 para 2007, praticamente todos os municípios evoluíram e melhoraram seus resul-
tados dos anos iniciais do Ensino Fundamental, em proporções diferentes, muitos superan-
do a meta estabelecida para 2007. O contrário ocorreu nos anos finais, cujos os resultados,
na maioria dos casos, tiveram quedas tanto na Rede Estadual quanto na Rede Municipal.
Em 2007, os resultados da Rede Municipal nos anos iniciais variaram de 3,6 em Italva ao
melhor resultado 5,8, em Aperibé. Já na Rede Estadual, 4,6 foi o pior resultado regional, em
Natividade, e 5,7 o melhor resultado, em Santo Antônio de Pádua.
Os anos finais da Rede Municipal apresentaram melhoras em alguns municípios, como em
Santo Antônio de Pádua, Itaocara e Italva, sendo que todos estes ultrapassaram a meta de
2007. Os demais municípios revelaram piora nos seus resultados, se afastando das metas
estabelecidas para este ano. Os resultados variaram de 3 em Varre-Sai a 4,3 em Itaperuna,
sendo este o melhor resultado regional nos anos finais do Ensino Fundamental da Rede
Municipal.
Já a Rede Estadual, apresentou melhora apenas em Aperibé, que passou de 3,5 para 4 e
São José de Ubá, que passou de 3,1 para 3,2, sendo esta a pior avaliação regional da Rede
nos anos finais. A melhor avaliação se deu em Itaocara, 4,3.
Complementando a análise regional dos resultados do IDEB, é pertinente uma descrição
individual dos resultados de cada município. Em Bom Jesus do Itabapoana a Rede Estadual
melhorou seu resultado de 2005 e 2007, nos anos iniciais do Ensino Fundamental, atingindo
4,5 em 2007. Nos anos finais seu resultado piorou, passando de 4,2 para 3,4, distanciando o
município de sua meta. Na Rede Municipal, pôde-se constatar o mesmo movimento, porém
com variações menos significativas, de 0,1 pontos a mais nos anos iniciais e a menos nos
anos finais.
Em Cambuci houve uma melhora nos anos iniciais, constatadas nas Redes Estadual e Mu-
nicipal; nesta última a melhora foi mais expressiva, subindo sua pontuação de 4,2 para 4,7,
em 2007. Nos anos finais houve uma piora bastante relevante na Rede Estadual, caindo de
5 para 3,8. A Rede Municipal somente foi avaliada em 2007 nos anos finais, alcançando um
índice equiparado de 3,9.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 759


Em Italva, a Rede Estadual apresentou pequena melhora em 2007, nos anos iniciais, no en-
tanto houve queda expressiva nos anos finais, de 5,1 para 4,1, enquanto a Rede Municipal
seguiu a ordem inversa, apresentando queda nos anos iniciais de 4,8 para 3,6 e aumento
nos anos finais de 3,3 para 3,8, superando a meta estabelecida para 2007.
Itaocara apresentou a melhor pontuação regional na Rede Estadual em 2005, 5,7, mas em
2007 caiu para 4,9. Para os anos finais a diminuição foi similar, caindo de 4,9 para 4,3. A
Rede Municipal apresentou melhoras em 2007, mas ainda com pontuações mais baixas, 4,3
nos anos iniciais e 3,8 nos finais.
Itaperuna apresenta uma das pontuações mais elevadas de Região, sendo que suas Redes
Estadual e Municipal alcançaram 4,9 e 5 nos anos iniciais, em 2007, enquanto Já nos fi-
nais, as pontuações sofreram quedas, caindo de 3,8 para 3,4 na Rede Estadual e de 4,5 pa-
ra 4,3 na Rede Municipal.
Laje do Muriaé melhorou seus resultados nos anos iniciais da Rede Estadual chegando a
4,7 e piorou nos anos finais caindo para 3,1. A Rede Municipal teve pioras em ambas eta-
pas, caindo de 4,1 para 3,9, nos anos iniciais e de 4,3 para 3,7, nos anos finais.
Miracema teve uma boa melhora nos anos iniciais da Rede Estadual de 4,3 para 4,7, mas
piorou nos anos finais de 4,1 para 3,3. A Rede Municipal apresentou piora nos aos iniciais,
4,9, para 4,7 em 2007. Os anos finais só foram avaliados em 2007, com resultado de 4,2.
Os resultados de Natividade da Rede Estadual apresentaram piora nos anos iniciais caindo
de 5 para 4,6 e também nos anos finais, de 4,7 para 3,9, em 2007. Todavia, os resultados
da Rede Estadual deste ano foram ainda melhores que os municipais, 3,8 nos anos iniciais
e 3,4, nos anos finais.
Santo Antônio de Pádua melhorou seus resultados da Rede Municipal nos anos iniciais al-
cançando 5, em 2007. Já a Rede Estadual teve a melhor avaliação regional, 5,7. Nos anos
finais, a Rede Estadual caiu de 4,5 para 4,2 e a Rede Municipal melhorou de 4,1 para 4,4.
São José de Ubá não apresentou dados completos da avaliação, mas apresentou melhora
de 0,1 nos anos iniciais da Rede Municipal, alcançando 5,5, em 2007, e 5 na Rede Estadual,
revelando bons resultados se comparado aos outros municípios. O resultado dos anos finais
também alcançou uma pequena melhora de 0,1 na Rede Estadual, fechando o ano de 2007
com 3,2, valores estes bem inferiores aos resultados dos anos iniciais.
Por fim, Varre-Sai também apresentou lacunas nos dados disponíveis, sendo possível ob-
servar que, em 2007, o resultado da Rede Municipal foi 5 para os anos iniciais e apenas 3
para os anos finais.
3.4.3 ENEM
Finalizando-se as análises dos indicadores educativos locais, apresentam-se os resultados
do ENEM, Exame Nacional do Ensino Médio, que é aplicado anualmente aos alunos conclu-
intes do Ensino Médio e aos egressos. Seu objetivo principal é estabelecer uma referência
para que cada estudante possa se auto-avaliar.
O teste identifica em que área do conhecimento ou competência o estudante está mais ou
menos apto e onde ele precisa reforçar seus estudos, ampliando-o em suas escolhas futu-
ras, tanto em relação ao mercado de trabalho quanto na continuidade dos estudos.
A parte objetiva da prova é constituída por questões de múltipla escolha de igual valor, ava-
liada numa escala de 0 a 100 pontos. Além disso, é atribuída uma nota na mesma escala a
cada uma das cinco competências avaliadas (ver anexo). Na redação, também há uma nota
global de 0 a 100 – a média aritmética simples das notas por competências - e outra para
cada uma das cinco competências aferidas.
De um total de 2,7 milhões de alunos que fizeram o ENEM em 2006, cerca de 187 mil são
fluminenses. O desempenho médio da prova objetiva no país foi de 36,90 e de 52,08 na re-
760 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
dação. Na avaliação, o Estado do Rio de Janeiro ficou na primeira posição, com notas mé-
dias de 38,61 e 53,34, respectivamente. Todas estas notas foram inferiores aos resultados
de 2005 (42,50 e 57,40). No país, a nota global foi de 42,616 e no Estado foi de 44,246.
Neste ano, o Estado do Rio alcançou resultado superior a do Brasil, apesar de ter diminuído
sua qualificação com relação à 2005 e de ter caído de 7 para 3 o número de municípios flu-
minenses que tiveram mais de 50% de aproveitamento, em 2006.
No Noroeste Fluminense, apenas em Bom Jesus do Itabapoana foram realizados os exa-
mes nas Redes Federal, Estadual e Privada de Ensino. A Rede Estadual foi a única avaliada
em todas as localidades e em alguns casos verificou-se os resultados da Rede Privada. A-
peribé foi a única localidade na qual houve avaliação do ENEM na Rede Municipal. Estas
lacunas inviabilizaram estabelecer parâmetros comparativos entre os diferentes sistemas de
ensino.
Tabela 29 - Região Noroeste Fluminense, Resultados do ENEM, 2007
Desempenho no Exame Nacional do Ensino Médio dos Concluintes das Escolas Divulgadas -
ENEM - 2007
Média da
Média Total
Média Total Prova
Média da (Redação e Prova
Municípios da Região (Redação e Objetiva
Prova Objetiva) com
Noroeste Fluminense Prova com
Objetiva Correção de
Objetiva) Correção de
Participação
Participação
Rede Federal 0,00 0,00 0,00 0,00
Rede Estadual 44,71 51,01 44,05 50,50
Aperibé
Rede Municipal 48,61 53,94 47,95 53,45
Rede Privada 0,00 0,00 0,00 0,00
Rede Federal 65,66 64,10 65,57 64,04
Bom Jesus do Rede Estadual 43,34 48,57 42,77 48,15
Itabapoana Rede Municipal 0,00 0,00 0,00 0,00
Rede Privada 60,33 60,17 59,94 59,91
Rede Federal 0,00 0,00 0,00 0,00
Rede Estadual 44,92 49,42 44,56 49,17
Cambuci
Rede Municipal 0,00 0,00 0,00 0,00
Rede Privada 0,00 0,00 0,00 0,00
Rede Federal 0,00 0,00 0,00 0,00
Rede Estadual 49,28 53,22 48,65 52,76
Italva
Rede Municipal 0,00 0,00 0,00 0,00
Rede Privada 0,00 0,00 0,00 0,00
Rede Federal 0,00 0,00 0,00 0,00
Rede Estadual 46,56 52,11 46,08 51,76
Itaocara
Rede Municipal 0,00 0,00 0,00 0,00
Rede Privada 70,39 68,37 69,92 68,07
Rede Federal 0,00 0,00 0,00 0,00
Rede Estadual 45,02 49,15 44,42 48,70
Itaperuna
Rede Municipal 0,00 0,00 0,00 0,00
Rede Privada 72,14 67,69 71,60 67,35
Rede Federal 0,00 0,00 0,00 0,00
Rede Estadual 49,70 52,34 48,99 51,84
Laje do Muriaé
Rede Municipal 0,00 0,00 0,00 0,00
Rede Privada 0,00 0,00 0,00 0,00
Rede Federal 0,00 0,00 0,00 0,00
Rede Estadual 42,51 47,97 42,00 47,59
Miracema
Rede Municipal 0,00 0,00 0,00 0,00
Rede Privada 72,68 70,00 72,27 69,74

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 761


(continuação)
Média da
Média Total
Média Total Prova
Média da (Redação e Prova
Municípios da Região (Redação e Objetiva
Prova Objetiva) com
Noroeste Fluminense Prova com
Objetiva Correção de
Objetiva) Correção de
Participação
Participação
Rede Federal 0,00 0,00 0,00 0,00
Rede Estadual 47,41 51,48 46,74 51,00
Natividade
Rede Municipal 0,00 0,00 0,00 0,00
Rede Privada 71,50 70,58 71,06 70,29
Rede Federal 0,00 0,00 0,00 0,00
Rede Estadual 49,74 52,09 48,94 51,53
Porciúncula
Rede Municipal 0,00 0,00 0,00 0,00
Rede Privada 0,00 0,00 0,00 0,00
Rede Federal 0,00 0,00 0,00 0,00
Santo Antônio
Rede Estadual 44,28 49,51 43,79 49,14
de
Rede Municipal 0,00 0,00 0,00 0,00
Pádua
Rede Privada 60,42 60,93 60,13 60,74
Rede Federal 0,00 0,00 0,00 0,00
São José de Rede Estadual 41,33 46,79 41,11 46,62
Ubá Rede Municipal 0,00 0,00 0,00 0,00
Rede Privada 0,00 0,00 0,00 0,00
Rede Federal 0,00 0,00 0,00 0,00
Rede Estadual 43,74 48,24 43,07 47,75
Varre-Sai
Rede Municipal 0,00 0,00 0,00 0,00
Rede Privada 0,00 0,00 0,00 0,00
Fonte: Ministério da Educação - Indicadores Demográficos e Educacionais
Conforme o quadro, considerando a média total dos resultados que inclui redação, prova
objetiva e correção de participação (da Rede Estadual), os valores em 2007 variaram entre
46,62 em Varre-Sai e 52,76 em Italva, sendo este o melhor resultado regional. Laje o Muria-
é, Natividade e Porciúncula obtiveram resultados bem próximos, em torno de 51 pontos. A
Rede Privada alcançou os melhores resultados, sendo o melhor deles de Natividade, 70,29.
3.5 Considerações
Para uma melhor compreensão das fragilidades e potencialidades encontradas no sistema
Educacional da Região Noroeste, para cada indicador apresentado, foram distinguidos os
dois municípios que apresentaram os melhores resultados, demonstrando em quais aspec-
tos os mesmos se revelam mais fortalecidos e com maior qualidade e desempenho educa-
cional. Também foram distinguidos os dois que apresentaram indicadores mais reduzidos, a
partir de um pior desempenho na área.
Varre-Sai e São José de Ubá apresentaram as menores porcentagem de crianças e jovens
de 7 -17 anos freqüentando a escola, revelando que aproximadamente 65% população que
deveria freqüentar o Ensino Médio se encontra fora da escola, um índice preocupante.
Já as maiores taxas de reprovação do Ensino Médio ocorreram em Porciúncula e Aperibé,
9,6 e 7,3 respectivamente. Estes municípios apresentaram ainda as piores avaliações no
IDEB 2007, no que se refere aos anos finais do Ensino Fundamental, ao contrário dos anos
iniciais, cujos resultados são bastante satisfatórios. Os alunos de Aperibé se destacaram na
Prova Brasil com resultados muito bons no 5o ano, tanto em português como em matemáti-
ca.
Nos anos iniciais a Rede Estadual teve em média bons resultados, sendo que o mais baixo
ficou com Cambuci e Natividade, 4,6 e a melhor avaliação foi em Santo Antônio de Pádua,
5,7.
762 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
Segundo a avaliação do ENEM, a pior nota regional foi de Varre-Sai, e as melhores de Italva
e São Francisco de Itabapoana. Considerando sua média total que inclui redação, prova ob-
jetiva e correção de participação (da Rede Estadual), os resultados variaram entre 46,62 em
Varre-Sai e 52,76 em Italva, sendo este o melhor resultado regional. Laje o Muriaé, Nativi-
dade e Porciúncula obtiveram resultados bem próximos, em torno de 51. A Rede Privada
alcançou os melhores resultados, sendo o melhor deles de Natividade, 70,29.
Por outro lado, os maiores índices de escolaridade, no geral, foram encontrados em Itaperu-
na, Santo Antônio de Pádua e Bom Jesus do Itabapoana, sendo que outros municípios tam-
bém se destacam em alguns indicadores específicos.
No Ensino Médio, Itaocara, Aperibé e Miracema possuíram a maior porcentagem de jovens
de 15-17 anos freqüentando a escola, em torno de 80%. As maiores médias de anos de es-
tudo foram verificadas em Miracema, 6,2 Itaperuna, 5,8 e Bom Jesus do Itabapoana, 5,7.
Quanto as taxas de reprovação do Ensino Fundamental esta foi menor em Laje do Muriaé,
juntamente com Bom Jesus do Itabapoana e Itaperuna, apresentando o terceiro melhor indi-
cador. Por outro lado, as taxas de reprovação no Ensino Médio se apresentam mais baixas
em São José de Ubá, 1,7 e Cambuci, 3,1.
São José de Ubá, Varre-Sai, Laje do Muriaé e Aperibé apresentaram, de forma geral, as
condições educacionais mais desprivilegiadas. Estes Municípios tiveram os menores índices
de escolaridade, as maiores taxas de analfabetismo da população e também as menores
médias de anos de estudo sendo que, no caso deste último indicador, Italva e Porciúncula
também fazem parte do grupo com as menores médias.
Por outro lado, Itaperuna, Itaocara Santo Antônio de Pádua e Bom Jesus de Itabapoana a-
presentaram vários resultados positivos na Região. Italva também se destacou positivamen-
te em alguns de seus índices.

Portanto, considerando-se os indicadores educacionais dos municípios do Noroeste Flumi-


nense, cada localidade revelou fragilidades em determinados aspectos e potencialidades em
outros, observando-se que as causas que apontam para uma baixa qualificação educacional
na Região possuem diferentes focos a serem melhorados, como o aumento da freqüência
escolar para os jovens do Ensino Médio e a qualidade da Educação ofertada.

4. SAÚDE E VIGILÂNCIA SANITÁRIA

A Constituição de 1988 assegurou o acesso universal e equânime a serviços e ações de


promoção, proteção e recuperação da Saúde dos habitantes. Com este objetivo foi estrutu-
rado o Sistema Único de Saúde – SUS opera nas esferas federal, estadual e municipal.

Dentre as mudanças enfrentadas no Sistema de Saúde, a partir de 1999 houve, no Estado


Fluminense, um declínio significativo de hospitais próprios do INAMPS e hospitais federais,
reduzidos a apenas 6, em 2003. O mesmo ocorreu com hospitais contratados, que passa-
ram de 172, em 1997, para 109, em 2003. O número total de hospitais caiu de 401, em
1997, para 317, em 2003, resultando na queda no número de leitos contratados de 60 mil
para 43,7 mil nos últimos sete anos. As redes estadual e filantrópica também apresentaram
redução no número de leitos ofertados. A rede universitária manteve-se praticamente cons-
tante e os hospitais municipais e particulares foram os únicos que aumentaram sua oferta.
(Estudo Socioeconômico de São Fidélis, 2004, Tribunal de Contas do Estado).
Destacam-se na viabilização plena deste direito as Leis Orgânicas da Saúde, nº 8.080/90 e
nº 8.142/90 e as Normas Operacionais Básicas – NOB. Em fevereiro de 2002, foi publicada
a Norma Operacional da Assistência à Saúde – NOAS-SUS 01/2002, que amplia as respon-
sabilidades dos municípios na Atenção Básica; estabelece o processo de regionalização
como estratégia de hierarquização dos serviços de saúde e de busca de maior eqüidade;

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 763


cria mecanismos para o fortalecimento da capacidade de gestão do Sistema Único de Saú-
de e procede à atualização dos critérios de habilitação de estados e municípios.
Recentemente, o Ministério e as Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde desencadea-
ram diversas atividades de planejamento e adequação de seus modelos assistenciais e de
gestão, ponderando avanços e desafios que as novas diretrizes organizacionais trouxeram à
sua realidade.
Visando reverter o panorama geral de desigualdades regionais existente no Estado do Rio
de Janeiro e facilitar o acesso dos habitantes aos serviços do SUS, inclusive os de maior
complexidade, algumas estratégias e instrumentos foram concebidos e executados:
• plena adoção da Programação Pactuada e Integrada – PPI da assistência ambulatorial e
hospitalar, via implantação de centrais de regulação para ordenar a oferta de serviços e
agilizar o atendimento aos pacientes;
• assessoria às pactuações intermunicipais de serviços referenciados, por intermédio de
apoio direto aos gestores municipais e apoio à consolidação de fóruns regionais perma-
nentes de negociação.
Este processo possibilitou maior transparência na alocação de recursos em cada município,
melhorando o acesso aos pacientes residentes em cidades que não possuem serviços mais
complexos (oncologia, hemoterapia, tomografias, diálise, etc.), de forma que os mesmos es-
tejam acessíveis em cada região.
Para contemplar a perspectiva de redistribuição geográfica de recursos tecnológicos e hu-
manos, foi elaborado o Plano Diretor de Regionalização do Estado 21, representado territo-
rialmente pelo seguinte mapa:
Mapa 8 - Região Noroeste Fluminense, Regiões da Saúde

Fonte: Caderno de Informação da Saúde, 2009


764 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
A partir deste Mapa, observa-se que o Território da Saúde é dividido em 10 regiões, que não
necessariamente coincidem com a divisão administrativa do Estado. A diferença encontrada
no Norte e Noroeste Fluminense é que o município de Cardoso Moreira, ao invés de ser in-
tegrante da Norte faz parte da região Noroeste, para o Sistema de Saúde.
Conseqüentemente, os resultados avaliados pelo Caderno da Saúde contabilizam os dados
encontrados em Cardoso Moreira na Região Noroeste, por tanto, estarão um pouco distintos
daqueles avaliados no restante do relatório, que considerou a divisão administrativa do Es-
tado, entendendo que Cardoso Moreira é parte da Região Norte.
Recentemente, a Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro (SES-RJ) elaborou um
novo Plano Estadual de Saúde (PES). O processo de construção do PES compreende vá-
rios aspectos:
• a construção dos diagnósticos institucional e da situação de saúde no Estado;
• a definição das metodologias e das matrizes de planejamento estratégico;
• a mobilização e participação dos atores implicados;
• a implementação de estratégias de informação e comunicação;
• a elaboração da metodologia de acompanhamento e avaliação da gestão do Plano.
Inicialmente, foi avaliado o PES anterior (exercício 2001-2004) e exposta a construção de
uma nova Agenda Estadual de Saúde, contendo os eixos orientadores para o novo PES.
Concomitantemente, foi elaborada uma matriz de indicadores para apoio ao processo de
diagnóstico, priorização e tomada de decisão, a partir da qual foi definida a metodologia pa-
ra as Oficinas Regionais de Planejamento.
Buscou-se, igualmente, integrar os planejamentos setoriais da SES-RJ, de forma a reduzir a
fragmentação institucional e aproximar o processo de planejamento das ações concretas de
gestão. Isto implicou uma repactuação no interior da própria Secretaria de Estado, com o
objetivo de integrar as ações que envolvem a gestão plena do Sistema Estadual de Saúde
na estrutura mais ampla deste novo Pacto de Gestão.
Conforme já ressaltado, o enfoque estratégico do planejamento privilegia a dimensão regio-
nal no processo de reorientação do modelo assistencial. Neste sentido, as Oficinas de Pla-
nejamento nas nove Regiões de Saúde do Estado desempenham um papel fundamental,
incluindo a participação de atores dos segmentos técnicos, de gestão e de controle social,
para a definição das prioridades e pactuação das metas de saúde, bem como das ações ne-
cessárias para atingi-las.
Assim, os diversos produtos gerados ao longo do processo de planejamento são incorpora-
dos progressivamente ao PES e divulgados para os setores envolvidos e para o público em
geral, através de seu site, criado especificamente para dar mais transparência ao planeja-
mento e torná-lo mais participativo.
Em janeiro de 2009 iniciaram-se as Oficinas de Regionalização para a construção dos Pla-
nos Diretores para a Saúde, sendo concluídos em meados do mesmo ano, com alguns re-
sultados apresentados a seguir.
Com relação aos sistemas ambulatorial e hospitalar de atendimento ocorre uma programa-
ção para otimizar a utilização dos recursos financeiros do SUS pelos Municípios e pelo Es-
tado. É estabelecida, junto aos gestores municipais, uma metodologia de alocação de recur-
sos financeiros que considera os dados de população, a capacidade instalada, os indicado-
res de saúde, as características locais e regionais, a efetiva utilização dos recursos e o im-
pacto causado pelas ações de saúde desenvolvidas.
Por sua vez, a programação dos recursos financeiros é pactuada entre o conjunto de muni-
cípios, partindo de proposta elaborada pela SES/RJ, em conjunto com técnicos indicados
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 765
pelo COSEMS – Conselho de Secretários Municipais de Saúde, sendo aprovada pela CIB –
Comissão Intergestores Bipartite. Estas pactuações podem ser modificadas quando solicita-
do pelos gestores, sendo seus tetos financeiros publicados no Diário Oficial do Estado e
disponibilizados na página da SES-RJ na web.
Referente aos municípios, eles podem ser habilitados à condição de: Gestão Plena da Aten-
ção Básica ou Gestão Plena do Sistema Municipal.
Gestão Plena da Atenção Básica
Neste caso, o município é responsável pela gestão e execução de ações da assistência am-
bulatorial básica, das ações básicas de vigilância sanitária, de epidemiologia e controle de
doenças, gerência de todas as unidades ambulatoriais estatais (municipal-estadual-federal)
ou privadas, autorização de internações hospitalares e procedimentos ambulatoriais especi-
alizados, operação do Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS, controle e avaliação
da assistência básica.
Assim, o princípio da Atenção Básica é o conjunto de ações prestadas às pessoas e à co-
munidade, com vistas à promoção da saúde e à prevenção de agravos, bem como seu tra-
tamento e reabilitação no primeiro nível de atenção dos sistemas locais de saúde.
Para garantir o custeio das ações básicas em saúde foi implantado, em janeiro de 1988, o
Piso da Atenção Básica, PAB, que é composto por um valor fixo, destinado à assistência e
um valor variável, relativo ao desenvolvimento de ações complementares.
Concomitantemente, o Ministério da Saúde vem desenvolvendo um sistema de acompa-
nhamento e avaliação da produção de serviços de Atenção Básica, cujo objetivo é avaliar o
impacto da implantação do PAB na melhoria destes serviços e a sua efetividade, assim co-
mo a utilização dos recursos repassados fundo a fundo para os municípios. Este sistema de
acompanhamento consiste em um conjunto de metas que são pactuadas anualmente entre
as três esferas de governo, constituindo o Pacto da Atenção Básica.
A já citada NOAS-SUS 01/2002 criou a Gestão Plena da Atenção Básica Ampliada, como
uma das condições de gestão dos Sistemas Municipais de Saúde. Agrega às atividades a-
cima o controle da tuberculose, a eliminação da hanseníase, o controle da hipertensão arte-
rial, o controle da diabetes mellitus, a saúde da criança, a saúde da mulher e a saúde bucal,
com indicadores definidos anualmente pela União.
Além disto, na Atenção Básica existem os trabalhos desenvolvidos pelo Programa Saúde da
Família, PSF, e pelos Agentes Comunitários de Saúde, cidadãos da própria comunidade
que são treinados para realizar visitas domiciliares de orientação às famílias, PACS, levado
aos domicílios informações sobre o acesso aos tratamentos e à prevenção de doenças.
Ambas equipes visitam os habitantes, evitando deslocamentos desnecessários às Unidades
de Saúde e, junto à comunidade devem elaborar um plano para enfrentar os principais pro-
blemas detectados e desenvolver a educação de saúde preventiva.
A equipe de Saúde da Família é multiprofissional e composta por, no mínimo, um médico de
família, um enfermeiro de saúde pública, um auxiliar de enfermagem e mais 4 a 6 agentes
comunitários de saúde. Cada equipe trabalha em áreas de abrangência definidas, por meio
do cadastramento e do acompanhamento de 600 a 1.000 famílias, com limite máximo de
4.500 pessoas por equipe.
Referente ao Agente Comunitário de Saúde, cada um acompanha no máximo 150 famílias
ou 450 pessoas. A implantação do Programa de Saúde da Família depende da decisão polí-
tica da Administração Municipal, que deve submeter a proposta ao Conselho Municipal de
Saúde e discutir com as comunidades a serem beneficiadas e com toda a sociedade local.
Gestão Plena do Sistema Municipal

766 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Na Gestão Plena do Sistema Municipal o município é responsável pela gestão e execução
de todas as ações e serviços de saúde existentes no município, pela gerência de todas as
unidades ambulatoriais, hospitalares e de serviços de saúde estatais ou privadas, adminis-
tração da oferta de procedimentos de alto custo e complexidade, execução das ações bási-
cas, de média e de Alta Complexidade de vigilância sanitária, de epidemiologia e de controle
de doenças, controle, avaliação e auditoria dos serviços no município, operação do Sistema
de Informações Hospitalares e do Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS.
Consequentemente, neste tipo de Gestão o Município precisa estar melhor qualificado tanto
em termos de planificação como de oferta de serviços demandando uma organização bem
mais complexa.
No Estado do Rio de Janeiro, 76% dos municípios se encontram na condição de Gestão
Plena da Atenção Básica e o restante está capacitado para a Gestão Plena do Sistema Mu-
nicipal. A Gestão Plena Estadual ocorre naqueles municípios que ainda não estão aptos pa-
ra assumir a gestão de seu sistema hospitalar.
Dados da Pesquisa
Para o presente trabalho, na área da Saúde foram consultados os dados estatísticos do
DATASUS/2009 e do Caderno de Informações em Saúde do Estado do Rio, realizado pela
Secretaria Estadual de Saúde e Defesa Civil, SESDEC, em maio de 2009, além de consul-
tas aos sites municipais e alguns outros documentos citados durante o texto.
O Caderno de Informações em Saúde foi elaborado a partir de Oficinas Regionais, com uma
ampla equipe de técnicos, gestores e representantes dos Conselhos de Saúde de todos os
92 municípios do Rio, resultando em um panorama amplo e ao mesmo tempo detalhado da
situação. As análises foram realizadas por Região de Saúde e fundamentaram o processo
de revisão do Plano Diretor de Regionalização, PDR, após a implantação do Pacto pela Sa-
úde, auxiliando também na atualização da Programação Pactuada Integrada, PPI, de assis-
tência à Saúde.
Posteriormente, o “Caderno” foi distribuído nas Oficinas Regionais para orientar o processo
de monitoramento e qualificação da saúde pública e fomentar o planejamento regional. Para
tal, foram utilizados diversos indicadores diretamente vinculados à Atenção Básica de Saú-
de, incluindo a contagem da demanda por “Internações por condições sensíveis à Atenção
Básica”, ISAB, juntamente com as análises da oferta de serviços em Média e Alta Complexi-
dade, fluxos migratórios na Saúde e outros.
Após a problematização da situação de saúde em cada Região foram identificadas necessi-
dades e ações comuns que devem ser implantadas para alcançar-se uma melhor resolutivi-
dade do sistema.
Durante todo o processo, foi comum aos gestores que a Atenção Básica é uma responsabi-
lidade da Gestão Municipal e deve ser a principal porta de entrada do SUS, enquanto o Es-
tado deve formular políticas e regular o sistema, viabilizando ações que garantam a integra-
lidade da atenção e oferecendo apoio técnico para fortalecer as ações básicas. (Caderno de
Informações em Saúde, 2009, p.7).
O processo de regionalização em curso reforça a importância da integração entre planeja-
mento e gestão nas ações cotidianas e confere importância ao Plano Diretor Regional, PDR,
ao Plano Diretor de Investimento, PDI e a Programação Pactuada e Integrada da Atenção à
Saúde, PPI.6

6
O Pacto pela Saúde traz como eixo principal a necessidade de instituir uma regionalização de base cooperativa,
respeitando a autonomia dos entes federados. Entre 2004 para 2009 houve no Brasil um grande aumento de
adesão municipal ao Programa, passando-se de 681 municípios habilitados para 2.753. Ressalta-se que no Es-
tado do Rio, em maio de 2009, só 25 municípios haviam assinado o Termo de Compromisso de Gestão do Pac-
to, sendo apenas Campos no Norte e Itaperuna no Noroeste.
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 767
Dentro desta perspectiva, definiu-se a construção dos Colegiados de Gestão Regionais, pa-
ra efetivar-se a descentralização das ações de Atenção à Saúde. São nove colegiados, que
representam cada um sua Região de Saúde e definem as prioridades regionais, sendo “es-
paços permanentes de pactuação e co-gestão solidária e cooperativa, tomadas de decisões,
sempre por consenso, como premissa do envolvimento e comprometimento do conjunto dos
gestores”, que deverão promover ações solidárias e cooperativas e fortalecer o controle so-
cial. (Caderno de Informações em Saúde, 2009, p.9).
Assim, o Estado do Rio definiu para cada Região de Saúde: que cuide de suas ações de
Atenção básica e ações básicas de Vigilância Sanitária, que cada Região deve oferecer su-
ficiência em ações de Média Complexidade e algumas de Alta Complexidade (de acordo
com critérios de oferta e acessibilidade) e que arranjos inter-regionais devem garantir as
demais ações de Alta Complexidade que, se não forem resolvidas nos próprios municípios,
deverão fazer parte de propostas futuras.
4.1 Saneamento
Neste trabalho, inicialmente serão avaliados nos municípios do Noroeste Fluminense as
condições da água utilizada e de instalações sanitárias presentes, considerando que condi-
ções inadequadas de saneamento se refletem direta ou indiretamente na saúde pública,
causando enfermidades.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, OMS, 65% dos leitos dos hospitais do país são
ocupados por pacientes com problemas de saúde relacionados à falta de saneamento. As
doenças transmitidas pela água podem acarretar diretamente cólera, diarréia, febre tifóide,
disenteria bacilar, amebíase ou disenteria amebiana, hepatite infecciosa e outras e indireta-
mente podem causar esquistossomose, malária, febre amarela, dengue, leptospirose entre
outras.
Conforme o quadro abaixo, no Noroeste Fluminense, entre 1991 e 2000, os moradores a-
presentaram condições diferenciadas no que se refere ao tipo de abastecimento de água. A
distribuição de água em regime de concessão ocorria em quase todos os municípios, à ex-
ceção de Pádua.
Em termos de recebimento de água por rede geral a média de 71,4% de abastecimento para
a Região estava acima da média estadual. Em 2000 o melhor município neste quesito foi
Aperibé, com 89,5%, em segundo lugar Itaperuna e Miracema apresentaram o mesmo índi-
ce, 86,8%, seguido por Bom Jesus do Itabapoana, 83,2%. Apresentaram cerca de 70% de
recebimento de rede geral. Grande parte dos outros municípios, Cambuci, Italva, Itaocara,
Laje do Muriaé, Natividade, Porciúncula. Santo José de Ubá e Varre-Sai ofereciam um índi-
ce bem menor, de cerca de 35% de rede geral para seus habitantes.
Tabela 30 - Região Noroeste Fluminense, Moradores / Tipo de Abastecimento de Água, 1991 e
2000

Proporção de Moradores por Tipo de Abastecimento de Água - 1991 e 2000


Municípios da Região Poço ou Nascente
Ano Rede Geral Outra Forma
Noroeste Fluminense (na Propriedade)
1991 - - -
Aperibé
2000 89,5 9,3 1,2
1991 71,0 27,0 2,1
Bom Jesus do Itabapoana
2000 83,2 15,2 1,6
1991 46,4 49,2 4,4
Cambuci
2000 67,9 29,7 2,4
1991 57,7 34,1 8,2
Italva
2000 69,7 23,4 6,9
1991 59,6 33,3 7,2
Itaocara
2000 74,2 23,7 2,1
768 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
(continuação)
Municípios da Região Poço ou Nascente
Ano Rede Geral Outra Forma
Noroeste Fluminense (na Propriedade)
1991 76,1 21,0 3,0
Itaperuna
2000 86,8 11,0 2,2
1991 43,8 52,8 3,4
Laje do Muriaé
2000 70,0 27,0 3,0
1991 79,3 18,6 2,1
Miracema
2000 86,8 12,5 0,7
1991 50,3 46,6 3,1
Natividade
2000 75,9 23,1 1,0
1991 64,3 33,9 1,8
Porciúncula
2000 74,4 24,4 1,2
1991 62,6 31,8 5,6
Santo Antônio de Pádua
2000 75,2 22,6 2,2
1991 - - -
São José de Ubá
2000 35,3 58,2 6,5
1991 - - -
Varre-Sai
2000 39,2 60,2 0,6
-- = Não há informação
Fonte: Ministério da Saúde - IBGE/Censos Demográficos, 2009
A maioria dos habitantes que não recebe água pela rede geral se utiliza de água advinda de
poço ou nascente, sendo que outras formas de abastecimento de água apresentaram per-
centuais um pouco mais significativos em Italva, 6,9%.
Ressalta-se que alguns municípios apresentaram melhoras importantes entre 1991-2000,
como Natividade e Laje do Muriaé, este último tendo instalado uma Estação de Tratamento
de Esgoto, ETE e que separa os esgotos residenciais do esgoto hospitalar, serviço mantido
pela Municipalidade.
No geral, mesmo com estas melhorias na ampliação da rede principal de abastecimento,
ainda há muito que ser realizado nestes municípios, para que ofereçam cobertura total de
água tratada a seus habitantes.
Dados referentes ao tipo de instalação sanitária também apontam que na maioria dos muni-
cípios existe uma precariedade enorme no saneamento, sendo muito diferentes os dados
entre eles. Apesar de observadas algumas melhorias significativas, as condições ainda e-
ram muito desfavoráveis: Laje do Muriaé quadruplicou sua rede de esgoto entre 1991-2000,
ficando com 54,2% de rede, Italva passou de 30,9% para 58,3% de rede e especialmente,
Porciúncula, que não tinha rede alguma, conseguiu ofertar a 63,5% de seus habitantes este
serviço.
Em 2000, a rede geral de esgoto mais completa da Região era a de Itaperuna, que atendia a
80,4% da população, similar aos serviços de Miracema, atendendendo a 79,3% de seus ha-
bitantes e Aperibé, com 77,3% de rede.
Em ordem decrescente neste tipo de serviço ficaram Bom Jesus do Itabapoana, com 73,3%
de rede, Santo Antonio do Pádua, com 69,4% e Porciúncula, com 63,5%. Outros municípios
da Região também apresentam porcentagens baixas: em Itaocara e Italva a rede geral esta-
va disponível para 58% de seus habitantes, similar aos 56,8% de rede em Natividade, se-
guido por Laje do Muriaé com 54,2% e Cambuci, com 48,9% de rede de esgoto.
Os índices mais alarmantes da Região foram, em 2000, os de São José de Ubá, 26% e o de
Varre-Sai, com 8,4% de rede.
A situação se agrava quando foi constatado que o tipo de saneamento mais utilizado em al-
guns municípios, neste mesmo ano, foi a fossa rudimentar ou vala, que recebe o esgoto
sem nenhum tipo de tratamento, o que seria realizado com a instalação de fossa séptica,
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 769
destacando-se Varre-Sai, com 84,7% de seus dejetos sendo jogados em fossa rudimentar
ou vala, São José de Ubá, 55,3%, Cambuci, 28,9% e outros municípios com cerca de 20%
de sua população utilizando-se deste tipo de instalação sanitária.
A opção de saneamento “outro escoadouro ou não tem instalação sanitária”, que engloba
lançar os dejetos no rio, lago ou mar, não saber o tipo de escoadouro ou não ter instalação
sanitária, também apresentou valores demasiado elevados em algumas localidaes, apesar
de haver melhorado um pouco no período 1991-2000, especialmente em Laje do Muriaé,
Porciúncula, Cambuci, Itaocara e Santo Antônio de Pádua.
Portanto, o panorama geral do Saneamento na Região era muito negativo em 2000, tema
que atualmente é considerado fundamental, tanto em termos de saúde pública como de pro-
teção às águas e ao meio ambiente de forma geral.
Fotos 7 e 8 – Região Noroeste Fluminense, Itaperuna, Rio Muriaé e Santo Antônio de Pádua,
Rio Pomba

Fonte: Fotos das autoras, 2009.


Apesar dos baixos índices, o tipo de instalação sanitária da Região Noroeste foi bastante
superior ao da Região Norte, a qual possui recursos financeiros inúmeras vezes maior do
que no Noroeste, apontando para uma falha de inúmeras administrações públicas e/ou ou-
tros agentes responsáveis pelo bem-estar de sua população, durante o período analisado.
Assim, no tocante à rede geral de esgoto ou pluvial o melhor índice de ambas as Regiões foi
o de Itaperuna, com 80,4% deste serviço. Comparativamente à Região Norte, o melhor índi-
ce apresentado em Macaé foi de 66,1% de rede, enquanto seus municípios vizinhos ofere-
ciam rede de esgoto para menos de 40% de sua população. Na Noroeste, apesar dos dados
também serem insatisfatórios, na maioria dos seus municípios, mais de 60% da população
recebia rede de esgoto.
Tabela 31 – Região Noroeste Fluminense, Moradores / Tipo de Instalação Sanitária, 1991 e 2000
Proporção de Moradores por tipo de Instalação Sanitária – 1991, 2000
Rede Geral de Fossa Outro Escoadouro
Municípios da Região Fossa
Ano Esgoto ou Rudimentar ou não tem
Noroeste Fluminense Séptica
Pluvial ou Vala Instalação Sanitária
1991 - - - -
Aperibé
2000 77,3 4,6 13,2 4,9
1991 66,2 2,7 11,2 19,8
Bom Jesus do Itabapoana
2000 73,3 4,3 16,1 6,3
1991 29,4 3,9 26,1 40,7
Cambuci
2000 48,9 5,0 28,9 17,2
1991 30,9 17,1 27,0 -
Italva
2000 58,3 11,2 20,9 9,6
1991 44,0 3,3 26,6 26,1
Itaocara
2000 58,2 7,3 21,9 12,6
770 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
(continuação)
Outro Escoadouro
Rede Geral de Fossa
Municípios da Região Fossa ou não tem
Ano Esgoto ou Rudimentar
Noroeste Fluminense Séptica Instalação
Pluvial ou Vala
Sanitária
1991 65,8 2,5 17,7 13,9
Itaperuna
2000 80,4 3,2 11,2 5,3
1991 14,6 0,4 29,4 55,7
Laje do Muriaé
2000 54,2 6,2 26,9 12,7
1991 72,1 6,7 9,6 11,7
Miracema
2000 79,3 4,3 10,7 5,8
1991 38,4 4,0 14,0 43,6
Natividade
2000 56,8 1,2 18,3 23,7
1991 0,5 58,6 7,8 33,1
Porciúncula
2000 63,5 7,9 17,1 11,4
1991 51,3 2,5 22,9 23,3
Santo Antônio de Pádua
2000 69,4 1,8 18,4 10,5
1991 - - - -
São José de Ubá
2000 26,0 8,6 55,3 10,1
1991 - - - -
Varre-Sai
2000 8,4 4,3 84,7 2,6
-- = Não há informação
Fonte: Ministério da Saúde - IBGE/Censos Demográficos, 2009

4.2 Atenção Básica


A cobertura na Atenção Básica foi verificada pelos indicadores de população atendida no
PACS e no PSF. Na maioria dos municípios verificou-se aumento da cobertura, com desta-
que para Natividade e Varre-Sai, que tiveram toda sua população coberta pelos Programas,
tanto em 2002 como em 2007, Porciúncula, que aumentou sua cobertura de 37,3% para
100,8% e São José de Ubá, que também ofertou em 2007, serviços de Atenção Básica para
toda a sua população.
Neste mesmo período, Bom Jesus do Itabapoana ampliou seu percentual para 89,5%, Ape-
ribé alcançou 76,8% da população e Itaocara 64,2%, Miracema dobrou seu valor para
60,5%, Itaperuna aumentou para 54,5% e Pádua ofertou cobertura para 42,8% de seus ha-
bitantes. Diminuíram um pouco os percentuais de cobertura na Atenção Básica Cambuci e
Italva, ainda ofertando cobertura para 89% de sua população e Laje do Muriaé, que caiu de
52,1% para menos da metade de atenção.
No quadro abaixo se observa ainda que, em diversos casos, não havia informações sobre
os Programas, seja pela própria desinformação ou por sua inexistência nos municípios, o
que diminuiu a cobertura ofertada à população. Outro fato foi que a cobertura da Atenção
Básica para os habitantes de Itaperuna e Santo Antônio de Pádua, considerando-se o porte
de ambos os municípios é extremamente inferior ao desejado.
Tabela 32 - Região Noroeste Fluminense, Indicadores da Atenção Básica, 2002 e 2007

Indicadores da Atenção Básica


Municípios da Região 2002 2007
Noroeste Fluminense PACS PSF Total PACS PSF Total
1
População coberta - 5.115 5.115 - 7.274 7.274
Aperibé % população coberta
- 61,1 61,1 - 76,8 76,8
pelo programa
Bom Jesus População coberta 1 10.330 16.273 26.603 5.786 27.207 32.993
do Itaba- % população coberta
30,0 47,2 77,2 15,7 73,8 89,5
poana pelo programa

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 771


(continuação)
Municípios da Região 2002 2007
Noroeste Fluminense PACS PSF Total PACS PSF Total
População coberta 1 - 13.913 13.913 - 12.803 12.803
Cambuci % população coberta
- 95,3 95,3 - 89,3 89,3
pelo programa
1
População coberta 11.829 - 11.829 5.775 5.356 11.131
Italva % população coberta
93,9 - 93,9 46,2 42,8 89,0
pelo programa
1
População coberta 8.282 4.330 12.612 8.671 6.148 14.819
Itaocara % população coberta
36,0 18,8 54,8 37,6 26,7 64,2
pelo programa
População coberta 10.352 34.664 45.016 4.437 46.895 51.332
Itaperuna % população coberta
11,7 39,1 50,8 4,7 49,8 54,5
pelo programa
1
População coberta - 5.744 5.744 - 4.318 4.318
Laje do
% população coberta
Muriaé - 71,7 71,7 - 52,1 52,1
pelo programa
População coberta 1 841 7.489 8.330 - 17.393 17.393
Miracema % população coberta
3,1 27,3 30,3 - 60,5 60,5
pelo programa
População coberta 1 2.356 13.325 15.681 - 16.198 16.198
Natividade % população coberta
15,5 87,5 103,0 - 104,2 104,2
pelo programa
População coberta 1 7 6.052 6.059 - 17.271 17.271
Porciúncula % população coberta
0,0 37,2 37,3 - 100,8 100,8
pelo programa
1
Santo População coberta 4.570 9.061 13.631 - 18.507 18.507
Antônio de % população coberta
11,5 22,7 34,2 - 42,8 42,8
Pádua pelo programa
População coberta 1 - 5.824 5.824 - 6.934 6.934
São José
% população coberta
de Ubá - 89,5 89,5 - 102,2 102,2
pelo programa
População coberta 1 4.115,0 4.611,0 8.726,0 - 8.554,0 8.554,0
Varre-Sai % população coberta
51,38 57,57 108,95 - 100,92 100,92
pelo programa
Nota: (1): Situação no final do ano. -- = Não há informação
Fonte: Ministério da Saúde - IBGE/Censos Demográficos, 2009.

A taxa de cobertura do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS)/100.000 habitantes é outro


indicador importante proposto no Pacto pela Vida, resultando em um valor para a Região
Noroeste considerado como uma cobertura muito boa (acima de 0,70) de 1,5/100.000 hab.
apontando para o aumento de acessibilidade da população às ações comunitárias de saúde
mental do SUS na Região, de acordo com o parâmetro estabelecido para o indicador pelo
Ministério da Saúde. (Caderno de Saúde, 2009).
De acordo com os dados da Cobertura do Programa da Família, de 2008, do Noroeste Flu-
minense, mais recentes que os dados avaliados anteriormente, apontam que a Região con-
centra o maior número de municípios com as maiores coberturas do PSF, indicando uma
vantagem no que se refere à saúde preventiva comparando-se com a Região Norte. Itaoca-
ra apresenta a menor cobertura (de 25 a 50%), seguido de Laje do Muriaé, São José de U-
bá, Italva e Cardoso Moreira com cobertura de 50 a 75%. O restante dos Municípios aten-
dem à mais de 75% da população neste Programa, conforme verificado no mapa a seguir.

772 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Mapa 9 - Região Noroeste Fluminense – Cobertura do Programa Saúde da Família, 2008

Fonte: Caderno de Informações em Saúde, 2009.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 773


Mapa 10 - Região Noroeste Fluminense – Cobertura da Saúde Bucal, 2008

Fonte: Caderno de Informações em Saúde, 2009

774 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Já os dados de porcentagem da Saúde Bucal de 2008 apontam que os valores mais baixos
de cobertura, até 25% da população, ocorreram em Italva e Itaocara localizados no Noroes-
te Fluminense e em Cardoso Moreira, localizado no Norte, onde os demais municípios apon-
tam para uma cobertura de mais de 25% de sua população. No Norte, Quissamã e Campos
apresentam as maiores coberturas da Saúde Bucal, variando de 75 a 100%.
No entanto, na Região Noroeste existem mais municípios com alta cobertura deste serviço,
de 75 a 100%, assim como identificado anteriormente com a cobertura do PSF, demons-
trando uma estrutura mais completa que a Região Norte.
4.3 Estabelecimentos de Saúde e Público Atendido
Os tipos de estabelecimento de Saúde na Região foram divididos em duas Tabelas, contabi-
lizando-se: Centro de Saúde ou Unidade Básica de Saúde, Posto de Saúde, Unidade de Vi-
gilância em Saúde, Hospital Especializado, Hospital Geral, Hospital Dia, Pronto Socorro Ge-
ral ou Especializado, Policlínica, Clínica Especializada/Ambulatório Especializado, Unidade
de Serviço de Apoio de Diagnose de Terapia e Consultório Isolado.
Na Região, três municípios se destacam em números de instituições de Saúde, Itaperuna,
Pádua e Bom Jesus do Itabapoana. Em 2007, aquele com o maior número de Centros de
Saúde ou Unidades Básicas de Saúde é Bom Jesus do Itabapoana, 26, que também possui
1 Hospital Especializado e 2 Gerais, 1 Pronto Socorro, 4 Policlínicas, sendo 1 privada, 6 clí-
nicas/ambulatórios especializados, 11 Unidades de Diagnose, constituindo uma rede de Sa-
úde bastante ampla.
Em seguida estava Santo Antônio do Pádua, com 22 Centros de Saúde, 4 Hospitais Gerais,
1 Pronto-Socorro e 1 Policlínica e Itaperuna, com 18 Centros de Saúde, 7 Postos, 3 Hospi-
tais Gerais e 3 Especializados, 1 Pronto Socorro, 2 Policlínicas, 15 Clínicas Especializadas.
Os outros municípios apresentavam entre 3 a 11 Centros ou UBS cada. Continuando no ní-
vel de Atenção Primária, parte deles complementa seu quadro de atendimentos com Postos
de Saúde, variando entre 1 a 7 postos/município.
No nível de média ou Alta Complexidade, Itaocara tem 3 Hospitais Gerais e 2 Policlínicas,
Aperibé e Laje do Muriaé possuem, cada município, 1 Hospital Geral e 1 Policlínica, Italva e
Cambuci também possuem, cada, 1 Hospital Geral e 1 Pronto Socorro. Miracema possui 2
Hospitais Gerais e 1 Pronto Socorro. Porciúncula oferece à seus habitantes 1 Hospital Ge-
ral, 1 Pronto Socorro e 1 Policlínica. Os municípios com menos instituições de saúde são
Natividade e Varre-Sai, com 1 Hospital Geral cada e São José de Ubá, que possui apenas 1
Pronto Socorro.
Foto 9 – Região Noroeste Fluminense, Itaperuna, Hospital
Foto 10 – Região Noroeste Fluminense, Miracema, Secretaria Municipal de Saúde

Fonte: Fotos das autoras, 2009

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 775


Destes municípios, a maioria possui Vigilância Sanitária, à exceção de Cambuci, Laje do
Muriaé, Miracema, Natividade, Santo Antônio de Pádua, que provavelmente deixam lacunas
importantes nesta área municipal. Ressalta-se ainda que Italva possui duas unidades de Vi-
gilância em Saúde, Itaocara possui 2 unidades também, só que privadas.
Tabela 33 – Região Noroeste Fluminense, Número de Unidades por Tipo de Prestador Segundo
Tipo de Estabelecimento, Dezembro 2007
Número de Unidades por Tipo de Prestador Segundo Tipo de Estabelecimento
Dezembro 2007
Centro de Saúde / Unidade de
Municípios da Região Posto de
Unidade Básica de Vigilância em
Noroeste Fluminense Saúde
Saúde Saúde
Público 3 3 1
Filantrópico - - -
Aperibé Privado - - -
Sindicato - - -
Total 3 3 1
Público 26 - 1
Filantrópico - - -
Bom Jesus do
Itabapoana Privado - - -
Sindicato - - -
Total 26 - 1
Público 7 4 -
Filantrópico - - -
Cambuci Privado - - -
Sindicato - - -
Total 7 4 -
Público 5 2 2
Filantrópico - - -
Italva Privado - - -
Sindicato - - -
Total 5 2 2
Público 3 5 -
Filantrópico - - -
Itaocara Privado - - 2
Sindicato - - -
Total 3 5 2
Público 18 7 1
Filantrópico - - -
Itaperuna Privado - - -
Sindicato - - -
Total 18 7 1

776 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


(continuação)
Centro de Saúde / Unidade de
Municípios da Região Posto de
Unidade Básica de Vigilância em
Noroeste Fluminense Saúde
Saúde Saúde
Público 4 - -
Filantrópico - - -
Laje do Muriaé Privado - - -
Sindicato - - -
Total 4 - -
Público 8 2 -
Filantrópico - - -
Miracema Privado - - -
Sindicato 1 - -
Total 9 2 -
Público 7 - -
Filantrópico - - -
Natividade Privado - - -
Sindicato - - -
Total 7 - -
Público 11 - 1
Filantrópico - - -
Porciúncula Privado - - -
Sindicato - - -
Total 11 - 1
Público 21 - -
Filantrópico - - -
Santo Antônio de
Pádua Privado 1 1 -
Sindicato - - -
Total 22 1 -
Público 2 2 1
Filantrópico - - -
São José de Ubá Privado - - -
Sindicato - - -
Total 2 2 -
Público 5 1 1
Filantrópico - - -
Varre-Sai Privado - - -
Sindicato - - -
Total 5 1 -
-- = Não há informação
Fonte: Ministério da Saúde - IBGE/Censos Demográficos, 2009

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 777


Tabela 34 – Região Noroeste Fluminense, Número de Unidades por Tipo de Prestador Segundo Tipo de Estabelecimento, Dezembro 2007
Número de Unidades por Tipo de Prestador Segundo Tipo de Estabelecimento – Dezembro 2007
Pronto Clínica
Unidade de Serviço
Municípios da Região Hospital Hospital Socorro Especializada Consultório
Hospital Dia Policlínica de Apoio de
Noroeste Fluminense Especializado Geral Geral ou /Ambulatório Isolado
Diagnose e Terapia
Especializado Especializado
Público/Filantrópico - 1 - - 1 1 - 3
Aperibé
Privado/Sindicato - 1- - - - - - -
Bom Jesus do Público/Filantrópico - 1 - 1 3 2 1 -
Itabapoana Privado/Sindicato 1 1 - - 1 4 10 67
Público/Filantrópico - 1 - 1 - 1 - 1
Cambuci
Privado/Sindicato - - - - - - - -
Público/Filantrópico - - - 1 - 2 - -
Italva
Privado/Sindicato - 1 - - - - - 1
Público/Filantrópico - 2 - - 1 3 - -
Itaocara
Privado/Sindicato - 1 - - 1 1 2 -
Público/Filantrópico 2 1 - 1 1 4 - 3
Itaperuna
Privado/Sindicato 1 2 - - 1 11 7
Público/Filantrópico - 1 - - 1 1 - 123-
Laje do Muriaé
Privado/Sindicato - - - - - 1 1 2
Público/Filantrópico - 1 - 1 - 1 - 1
Miracema
Privado/Sindicato - 1 - - - - 1 -
Público/Filantrópico - 1 - - - 2 - -
Natividade
Privado/Sindicato - - - - - 1 2 8
Público/Filantrópico - 1 - 1 1 2 1 4
Porciúncula
Privado/Sindicato - 1- - - - 1 5 9
Santo Antônio de Público/Filantrópico - 2 - 1 1 4 - 6
Pádua Privado/Sindicato - 2 - - - 2 1 1
Público/Filantrópico - - - 1 - 1 - -
São José de Ubá
Privado/Sindicato - - - - - - - -
Público/Filantrópico - 1 - - - - - 3
Varre-Sai
Privado/Sindicato - - - - - - - 1
- = Não há informação Fonte: Ministério da Saúde - IBGE/Censos Demográficos, 2009

778 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Dados de dezembro de 2007, que são uma pequena amostra do volume de atendimentos
realizados, revelam que Itaperuna atendeu a maior quantidade de público na Região, em
sua maioria na Atenção Ambulatorial, sendo 48 pacientes pelo SUS, 147 no sistema particu-
lar e 129 pelo Plano de Saúde Privado. As internações realizadas foram de 6 pacientes pelo
SUS e 4 em instituições particulares. Nos serviços de Diagnose e Terapia foram aproxima-
damente 8 internações particulares e 10 realizadas pelo SUS.
O atendimento ambulatorial maior depois de Itaperuna ocorreu em Bom Jesus do Itabapoa-
na, com 74 atendimentos particulares e igual número realizado pelo Plano de Saúde Priva-
do, 36 pelo SUS e 12 pelo Sistema Público, o que aponta que uma parcela significativa da
população se utiliza dos serviços particulares e não públicos do Sistema de Saúde. Neste
Município ocorreu também o maior número de atendimentos em Diagnose e Terapia do No-
roeste, sendo 8 pelo SUS, 24 particulares, 24 pelo Plano Privado e 6 pelo Plano de Saúde
Público.
Em todos os municípios a Urgência apresentou uma variação pequena, considerando-se
todos os âmbitos de atenção, variando entre 1 atendimento em Aperibé, Laje do Muriaé e
Varre-Sai cada, e 25 em Porciúncula, em dezembro. Nos outros municípios do Noroeste
Fluminense, o número médio de internações neste período variou pouco, entre 1 e 10 paci-
entes, ocorrendo em todos os âmbitos de atenção.
Tabela 35 – Região Noroeste Fluminense, Número de Estabelecimentos Segundo o Público
Atendido, Dezembro 2007
Número de Estabelecimentos Segundo o Público Atendido, Dezembro 2007
Municípios da Região Diagnose e
Internação Ambulatorial Urgência
Noroeste Fluminense Terapia

SUS 1 13 1 1
Particular - - - -
Aperibé
Plano de Saúde Público - - - -
Plano de Saúde Privado - - - -
SUS 3 36 4 8
Bom Jesus do Particular 2 74 3 24
Itabapoana Plano de Saúde Público - 12 - 6
Plano de Saúde Privado 2 74 3 24
SUS 1 16 3 2
Particular 1 1 1 1
Cambuci
Plano de Saúde Público - - - -
Plano de Saúde Privado 1 1 1 1
SUS 1 11 3 3
Particular 1 2 1 1
Italva
Plano de Saúde Público - 1 - 1
Plano de Saúde Privado 1 2 1 1
SUS 3 16 3 6
Particular 2 4 2 5
Itaocara
Plano de Saúde Público - - - -
Plano de Saúde Privado 1 2 1 2
SUS 6 48 5 10
Particular 4 147 4 6
Itaperuna
Plano de Saúde Público - - - -
Plano de Saúde Privado - 129 - 2

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 779


(continuação)
Municípios da Região Diagnose e
Internação Ambulatorial Urgência
Noroeste Fluminense Terapia
SUS 1 8 1 2
Particular - 1 - 1
Laje do Muriaé
Plano de Saúde Público - - - -
Plano de Saúde Privado - 2 - 2
SUS 2 15 12 6
Particular 2 3 2 3
Miracema
Plano de Saúde Público 1 1 1 1
Plano de Saúde Privado 2 2 2 2
SUS 1 11 1 1
Particular 1 9 1 3
Natividade
Plano de Saúde Público - - - -
Plano de Saúde Privado 1 6 1 3
SUS 1 23 1 8
Particular 1 13 9 7
Porciúncula
Plano de Saúde Público - 9 6 1
Plano de Saúde Privado 1 12 9 8
SUS 4 38 4 10
Santo Antônio Particular 3 5 3 6
de Pádua Plano de Saúde Público - - - -
Plano de Saúde Privado 3 5 3 6
SUS - 7 1 2
São José de Particular - - - -
Ubá Plano de Saúde Público - - - -
Plano de Saúde Privado - - - -
SUS 1 13 1 2
Particular - - - -
Varre-Sai
Plano de Saúde Público - - - -
Plano de Saúde Privado - - - -
-- = Não há informação
Fonte: Ministério da Saúde - IBGE/Censos Demográficos, 2009
4.4 Leitos por Habitantes
De acordo com a Tabela abaixo, Bom Jesus do Itabapoana se destaca com um número ex-
pressivo de leitos por 1.000 habitantes, 18,1, sendo 15 destes do SUS, seguido por Italva,
10,2 leitos/1000 hab., todos estes do SUS. Itaperuna e Pádua oferecem 8,3 leitos/1000 hab.
cada, sendo que no primeiro 5,2 são do SUS e no segundo a maioria é do SUS. Seguem-se
Laje do Muriaé, com 6,3 leitos/1.000 hab., Cambuci, 5,6 leitos, Itaocara com 5,2 leitos e A-
peribé, 3,7 leitos.
No Noroeste, os municípios com menos oferta de leitos/1.000 hab. são Porciúncula, 3,3, Na-
tividade, 3,2 e Miracema, 2,6 leitos/1.000 hab.
No Estado, em dezembro de 2008, havia um total de 24.341 leitos gerais destinados ao SUS
(excluídos leitos psiquiátricos, leitos de crônicos e hospital-dia), numa razão 1,5 leitos/ 1000
hab. A distribuição de leitos, todavia, é muito desproporcional entre as regiões, sendo que a
Noroeste apresenta o maior número de leitos, de 7,8/1.000 habitantes, valor expressivo, es-
pecialmente devido ao número de leitos apresentados em Bom Jesus de Itabapoana.
Das 25 unidades hospitalares existentes na Região, 2 tem menos de 30 leitos, 9 de 31 a 50
leitos, 5 de 101 a 200 leitos e 1 de 301 a 500 leitos. Assim, comparando-se com a referência
estadual, na Região, todos os seus municípios tem este indicador bem acima da média, de
1,5 leitos/1000 hab., dado bastante positivo.
780 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
Mais ainda, no geral, de acordo com a pesquisa do Caderno de Informações em Saúde,
(2009), em 2002 a Região apresentou um quantitativo de leitos gerais SUS (excluídos leitos
de psiquiatria, crônicos e hospital-dia) de 1.353 leitos, 4,1 leitos/1.000 hab., valor superior
aos parâmetros da Portaria GM/MS no 1.101/2002, de 2,5 a 3 leitos/1.000 hab. Nesta pers-
pectiva, apenas Miracema não alcançou a meta, pois não possui unidade hospitalar.

Tabela 36 – Região Noroeste Fluminense, Leitos de Internação/1000 Habitantes, Janeiro 2000


Leitos de Internação por 1.000 Habitantes, Janeiro 2000
Municípios da Região Leitos Existentes por Leitos SUS por
Noroeste Fluminense 1.000 Habitantes 1.000 Habitantes

Aperibé 3,7 3,7


Bom Jesus do Itabapoana 18,1 15,0
Cambuci 5,6 5,6
Italva 10,2 10,2
Itaocara 5,2 4,4
Itaperuna 8,3 5,2
Laje do Muriaé 6,3 6,3
Miracema 2,6 1,6
Natividade 3,2 2,8
Porciúncula 3,3 2,9
Santo Antônio de Pádua 8,3 7,9
São José de Ubá - -
Varre-Sai 4,2 4,2
-- = Não há informação
Fonte: Ministério da Saúde - IBGE/Censos Demográficos, 2009

O maior percentual de unidades básicas ocorre nos municípios com menor contingente po-
pulacional, destacando-se Varre-Sai, Cambuci, São José de Ubá e Aperibé.
Referente à Unidade Intermediária existem 22 leitos na Região, sendo 10 em Itaperuna, 4
em Varre-Sai, 3 em Miracema e em Bom Jesus de Itabapoana e 2 em Itaocara, sendo que
em Itaperuna há o predomínio de Média Complexidade Ambulatorial.
O estudo constatou ainda que, teoricamente, não existe carência de leitos de UTI na região,
uma vez que o parâmetro esperado era de 33 leitos e havia 35 cadastrados. Itaperuna con-
centrava a quase totalidade, 30 dos leitos de UTI.
Além disto, em 2007, nas especialidades de cirurgia geral, otorrino, proctologia e reumatolo-
gia a produção anual apresentada foi inferior às necessidades, considerando-se o parâmetro
mínimo indicado. Mas nas outras especialidades, seus valores de atendimento estavam a-
dequados.

4.5 Intervenções e Procedimentos

De acordo com os dados do Caderno de Informações em Saúde (2009), considerando-se as


internações, entre as principais causas de hospitalização no Estado está o predomínio de
gravidez, parto e puerpério, tanto em 1998 como em 2007, apesar de queda expressiva nes-

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 781


te último ano. Em segundo e terceiro lugares ficam as doenças do aparelho circulatório e
respiratório, seguido das doenças do aparelho digestivo e das neoplasias, que aumentaram
bastante sua freqüência neste mesmo período.

Ressalta-se a redução da proporção de internações por transtornos mentais e comporta-


mentais e o aumento de causas externas, sem grandes diferenciais por sexo. Neste grupo
de doenças, 75% das internações de 2007 se concentraram nas faixas etárias entre 25 a 54
anos. Não houve aumento de frequencia quanto às doenças infecciosas e parasitárias na
proporção de internações por grupos de causas.

Referente às internações por neoplasias, destacam-se as de mama, colo de útero e colón,


junção retossigmóide, reto e anus, no qual se destacam a maior concentração de interna-
ções na faixa etária dos 40-49 anos.

Segundo esta mesma pesquisa, considerando que a população fluminense enfrenta contí-
nuo envelhecimento, as doenças do aparelho circulatório tendem a aumentar, apesar de ha-
verem se mantido praticamente estáveis desde 2003. Com relação às doenças do aparelho
respiratório, a faixa etária mais comum é de até 4 anos. Já a proporção de internações por
doenças do aparelho digestivo apresentou ligeiro aumento, sendo que o maior grupo, de
31%, foi devido a Hérnias (inguinal, umbilical e ventral).

Mais especificamente para o Noroeste em 2007, os percentuais de internação por diabetes


mellitus no total de internações revelam que Aperibé, 2,49%, Bom Jesus de Itabapoana,
2,53% Italva, 3,11%, Itaocara, 2,89% e Miracema 3,99% apresentaram índices superiores
ao estadual, 1,71%. Com relação ao percentual de internações por hipertensão arterial des-
taca-se Miracema, com 4,42%, sendo o único município com índice significativamente maior
que o valor estadual, de 1,40%. (Caderno de Informações em Saúde, 2009).

A região apresentou ainda taxas de internação por AVC de 56,73/10.000 hab. e por DM e
suas complicações 35,26/10.000 hab., ambas muito acima da média estadual, sendo res-
pectivamente, 22,53 e 12,4. Isto avalia indiretamente as ações de prevenção e controle dos
fatores de risco para as complicações de HAS (hipertensão arterial) e DM (diabetes melli-
tus), como o tabagismo e o estresse.

Conforme a Tabela abaixo, a Assistência Hospitalar do Noroeste foi mais utilizada em Italva,
19,30, seguido por Bom Jesus de Itabapoana, 15,30, ambos com números bem elevados de
internações. Cambuci, Itaperuna e Itaocara apresentaram cerca de metade destas interna-
ções, 9,0 e Laje do Muriaé, Varre-Sai e Porciúncula tiveram o menor número de interna-
ções/100 hab., 5,62, 6,06 e 6,34, respectivamente.

Esta variação significativa também se verifica no valor médio gasto em assistência hospita-
lar/hab., que variou de R$ 279,41 em Itaperuna até R$21,17 em Laje do Muriaé, uma dife-
rença de mais de dez vezes entre ambos, com gastos muito variados também nos outros
municípios da Região.

Comparando-se em 2008, o Estado apresentou uma cobertura de internação hospitalar de


3,68%, quando o parâmetro preconizado de internação/ano para a população em geral é de
7 a 9%. Neste ano, a cobertura de internação hospitalar da Região Noroeste foi de 7,65%,
superior a do Estado, estando 4 municípios com valores acima do máximo esperado, Italva,
com 9,98%, Miracema, com 9,61%, Bom Jesus de Itabapoana, com 9,34% e Itaocara, com
9,07%. Por outro lado, São José de Ubá e Cardoso Moreira apresentaram cobertura inferior
ao esperado, de 3,82% e 3,53%, respectivamente, este último inferior inclusive à média es-
tadual.

782 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Tabela 37 - Região Noroeste Fluminense, Assistência Hospitalar - Valores Médios Anuais, 2007
Valores Médios Anuais – 2007
Internações / Internações / Valor Médio
Municípios da Região
100 Habitantes 100 Habitantes por Habitante
Noroeste Fluminense
(Local de Internação) (Local de Residência) (R$)
Aperibé 7,25 6,68 32,68
Bom Jesus do Itabapoana 15,30 8,67 150,50
Cambuci 10,24 9,38 45,56
Italva 19,30 10,06 86,88
Itaocara 8,58 9,06 45,49
Itaperuna 9,41 7,57 279,41
Laje do Muriaé 5,62 7,54 21,17
Miracema 7,79 8,25 35,69
Natividade 7,86 8,68 32,11
Porciúncula 6,34 7,88 26,91
Santo Antonio de Pádua 7,66 8,37 41,21
São José de Ubá - 3,59 -
Varre-Sai 6,06 7,43 27,64
-- = Não há informação
Fonte: Ministério da Saúde - IBGE/Censos Demográficos, 2009

Ressalta-se que Itaperuna é referência para os exames de citopatologia, para atendimento


nas especialidades de Patologia Cervical e Patologia Mamária, possuindo um Centro de Alta
Complexidade Oncológica que é reconhecido como de grande qualidade. Assim, para o a-
tendimento oncológico, Itaperuna é o único município do Noroeste a oferecer quimioterapia
e representa a referência para todos os municípios da Região, alem de ser um dos quatro
municípios do Estado que oferece cirurgia oncológica.

Já a quantidade de equipamentos existentes no Noroeste Fluminense foi apresentada na


Tabela seguinte. A razão por contingente populacional de alguns equipamentos seleciona-
dos baseou-se nos parâmetros estabelecidos pela Portaria GM/MS no 2002 e as análises
consideraram os equipamentos SUS em uso, tanto aqueles disponíveis para pacientes in-
ternados como não internados (Caderno de Saúde de 2009).

No Estado, os mamógrafos existentes em todas as regiões apresentam números superiores


ao necessário, sendo que o total é de cerca de 50% a mais. Em 2008, no Noroeste existiam
6 mamógrafos, quando o necessário seria de 1 a 2 unidades, localizados em Bom Jesus de
Itabapoana, Itaocara e Itaperuna. Os equipamentos de média tecnologia, tais como raios X e
ultrassons, existem em quantidade acima dos parâmetros. São 47 aparelhos de raio X e se-
riam necessários 13 e 45 aparelhos de ultrassom, quando seriam necessários também 13.

Enquanto o Estado apresenta insuficiência de tomógrafos computadorizados, o Noroeste


apresenta 4 TCs para uma necessidade de 3 equipamentos, 3 em Itaperuna e 1 em Bom
Jesus de Itabapoana e há 1 ressonância magnética, considerada suficiente, em Itaperuna.
Ainda há, na Região, 3 serviços de hemodiálise, localizados em Bom Jesus de Itabapoana,
Pádua e Itaperuna. Pelos parâmetros de população seriam necessários apenas 2 destes
serviços, mas deve considerar-se distâncias grandes e as condições de deslocamento dos
pacientes na avaliação de suficiência dos mesmos.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 783


Tabela 38 – Região Noroeste Fluminense, Razão de Equipamentos / Contingente Populacional, 2008

Razão de Equipamentos por Contingente Populacional nas Regiões – 2008

Tomógrafo Ressonância
Equipamento Mamógrafo Raio X Ultrassom
Computadorizado Magnética

Necessidade Necessidade Necessidade Necessidade Necessidade


Parâmetro
1/240.000hab 1/25.000hab 1/100.000hab 1/500.000hab 1/25.000hab

SUS Necessário Diferença SUS Necessário Diferença SUS Necessário Diferença SUS Necessário Diferença SUS Necessário Diferença

Região Noroeste
6 1 5 47 13 34 4 3 1 1 0 1 45 13 32
Fluminense

Região Norte
10 3 7 50 32 18 9 8 1 2 2 0 44 32 12
Fluminense

Fonte: Caderno de Informações em Saúde, maio de 2009.

784 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Com relação aos números de procedimentos básicos/habitantes em 2007, no Noroeste Flu-
minense, Cambuci, Porciúncula e São José de Ubá apresentaram os números mais altos,
respectivamente 25,12, 18,57 e 17,93, seguido por números menores em Natividade, Bom
Jesus do Itabapoana, Italva e Itaocara, com cerca de 11 procedimentos básicos/hab. cada.
Seguiu-se o grupo constituído por Miracema, Varre-Sai, Aperibé, Laje do Muriaé, Santo An-
tônio do Pádua e Itaperuna, com uma média de 7 procedimentos básicos/hab., menos da
metade do que os municípios que prestam mais procedimentos básicos.
Ressalta-se também que em alguns municípios, o valor de procedimentos especializados
por habitante foi extremamente mais elevado do que em outros, sendo os maiores valores
encontrados em Natividade, R$ 55,43, seguido pelos índices de Laje do Muriaé e Aperibé,
de R$ 39,84.
Existem vários municípios que gastaram com procedimentos especializados cerca de R$
30,00/hab.: Bom Jesus do Itabapoana, Cambuci, Itaocara, Itaperuna, Porciúncula e Pádua.
O menor valor de procedimentos verificou-se em São José de Ubá e Varre-Sai, R$ 15,85 e
R$ 19,87, respectivamente.
A mesma variação foi constatada nos valores dos procedimentos de Alta Complexidade, de
R$ 101,59/hab. em Natividade, passando por uma média de R$ 50,00 em Bom Jesus do
Itabapoana, Itaperuna e Pádua para o menor valor de R$ 9,98/hab., em Miracema. Alguns
municípios não oferecem procedimentos de Alta Complexidade, o que provavelmente expli-
ca a ausência de dados.
Tabela 39 – Região Noroeste Fluminense, Assistência Ambulatorial - Valores Médios Anuais de
Procedimento, 2007
Valores Médios Anuais de Procedimentos – 2007

Número de Valor Procedimentos Valor Procedimentos


Municípios da Região
Procedimentos Especializados / Alta Complexidade /
Noroeste Fluminense Básicos / habitante habitante habitante

Aperibé 7,12 39,84 -


Bom Jesus do Itabapoana 11,85 28,61 45,14
Cambuci 25,12 30,40 -
Italva 10,29 26,27 23,00
Itaocara 10,12 34,06 11,32
Itaperuna 6,67 29,44 55,27
Laje do Muriaé 7,04 41,65 -
Miracema 8,93 22,36 9,88
Natividade 12,54 55,43 101,59
Porciúncula 18,57 32,86 -
Santo Antonio de Pádua 6,16 31,00 58,82
São José de Ubá 17,93 15,85 -
Varre-Sai 7,08 19,17 -
-- = Não há informação
Fonte: Ministério da Saúde - IBGE/Censos Demográficos, 2009.

4.6 Natalidade, Mortalidade e Atenção Básica


Os dados referentes aos nascimentos nos anos de 1997, 2000, 2003 e 2006 informam que a
taxa bruta de natalidade decresceu em quase todos os municípios da Região, exceto em
Laje do Muriaé, São José de Ubá e Varre-Sai, este último apresentando uma pequena vari-
ação da taxa de 24,2% em 1997 para 25,1 % em 2006, o que representa a maior taxa de

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 785


natalidade regional. Itaocara permaneceu praticamente com o mesmo valor, 13%. Em 2006
a taxa variou bastante, entre 11,4% em Aperibé a 24,2% em Varre-Sai, cerca de 100% a
mais, ficando entretanto entre 13 a 15% na maioria dos municípios.
Ressalta-se ainda que diversos municípios apresentaram quedas expressivas na natalidade
entre 1997-2006, em Bom Jesus do Itabapoana, Itaperuna, Miracema, Porciúncula, Pádua,
Natividade, que diminuíram 5/6 pontos percentuais cada.
No mais, o Caderno da Saúde revelou que todos os municípios do Noroeste apresentaram
taxa de cesárea superior ao esperado, sem relação direta com o grau de cobertura do PSF.
Por exemplo, em Itaocara, em 2007, 93,7% dos partos foram cesáreos, repetindo-se com
números excessivamente elevados em grande parte dos municípios, como 87,7% em Aperi-
bé, 83,2% em São José de Ubá, 82% em Varre-Sai, alguns destes com grande número de
consultas pré natal. Neste ano, o menor índice foi o de Porciúncula, 63,1% de cesáreas, a-
inda demasiado elevado.
Adverte-se que as cesáreas geram um custo mais elevado devido ao tempo de internação e
aos procedimentos necessários e podem trazer menos benefícios na recuperação da mãe.
Ressalta-se que Itaocara apresentou a menor proporção de consultas pré-natal e a maior
taxa de cesárea da Região. Cardoso Moreira, Italva, Laje do Muriaé, Miracema e Natividade
apresentaram proporção de consultas pré-natal superior a meta de 70% estabelecida pelo
Pacto pela Vida, em 2008 e altas taxas de cesáreas. Quanto à proporção de mães adoles-
centes, a maioria apresentou taxa acima de 20%, à exceção de Aperibé, Itaocara, Mirace-
ma, Natividade e Itaperuna.
Tabela 40 – Região Noroeste Fluminense, Nascimentos, 1997, 2000, 2003 e 2006
Informações Sobre Nascimentos
Municípios da Número de Taxa % de Mães % de Mães
% de Partos
Região Noroeste Nascidos Bruta de com 10-19 com 10-14
Cesáreos
Fluminense Vivos Natalidade Anos Anos
1997 114 15,3 78,1 18,4 0,9
2000 102 12,7 76,5 22,5 -
Aperibé
2003 125 14,6 80,0 22,8 0,8
2006 106 11,4 87,7 18,9 1,9
1997 623 19,0 57,6 19,6 1,0
Bom Jesus do 2000 610 18,1 49,0 22,5 0,2
Itabapoana 2003 554 15,9 56,0 18,8 0,7
2006 515 14,1 72,6 20,0 0,6
1997 234 15,8 55,1 24,3 0,9
2000 210 14,3 66,0 26,2 1,0
Cambuci
2003 200 13,7 66,0 19,5 1,0
2006 180 12,5 77,1 20,0 0,6
1997 219 16,4 64,4 22,5 0,9
2000 202 16,0 60,9 29,7 0,5
Italva
2003 178 14,2 59,6 16,3 1,1
2006 173 13,8 77,5 23,7 -
1997 298 12,7 72,8 21,2 0,3
2000 320 13,9 76,8 19,4 0,3
Itaocara
2003 275 11,9 80,0 18,2 0,4
2006 300 13,0 93,7 18,0 0,7
1997 1.552 18,5 72,9 22,8 0,9
2000 1.484 17,1 61,7 21,2 0,3
Itaperuna
2003 1.303 14,6 67,1 20,0 0,6
2006 1.189 12,8 73,8 19,1 0,7

786 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


(continuação)
Municípios da Número de Taxa % de Mães % de Mães
% de Partos
Região Noroeste Nascidos Bruta de Na- com 10-19 com 10-14
Cesáreos
Fluminense Vivos talidade Anos Anos
1997 98 12,9 59,2 25,3 -
2000 148 18,7 70,3 32,2 3,4
Laje do Muriaé
2003 119 14,8 53,8 28,6 -
2006 117 14,2 73,5 21,4 1,7
1997 488 20,0 51,6 21,1 0,6
2000 499 18,4 45,1 27,3 1,0
Miracema
2003 431 15,6 57,8 18,6 0,7
2006 421 14,8 70,5 16,9 0,5
1997 310 20,3 78,7 24,6 0,7
2000 232 15,3 82,2 25,1 0,9
Natividade
2003 219 14,3 72,1 22,4 0,9
2006 213 13,8 66,5 16,9 0,5
1997 304 19,4 56,9 28,5 0,7
2000 260 16,3 56,5 22,7 -
Porciúncula
2003 239 14,6 56,9 23,8 1,3
2006 222 13,1 63,1 23,9 0,5
1997 610 17,8 65,1 21,3 1,0
Santo Antônio 2000 653 16,9 75,8 19,4 0,8
de Pádua 2003 520 12,9 69,2 23,5 0,8
2006 499 11,7 79,4 21,7 0,8
1997 49 8,3 71,4 31,1 -
São José de 2000 107 16,7 55,1 20,6 0,9
Ubá 2003 80 12,2 72,5 16,3 -
2006 95 14,1 83,2 24,2 -
1997 186 24,2 54,8 24,0 0,5
2000 213 27,1 67,0 16,9 0,5
Varre-Sai
2003 223 27,6 78,5 24,7 0,4
2006 211 25,1 82,0 25,1 0,9
Fonte: Ministério da Saúde - IBGE/Censos Demográficos, 2009
Todavia, apesar do crescimento da oferta de serviços de planejamento familiar no Noroeste
entre 2000-2005, 61,5%, a Região ainda ocupa a terceira pior posição estadual quanto à
disponibilidade destes serviços. Ainda assim, além de não apresentar taxas de fecundidade
muito elevadas, seus dados apontam que à proporção de menores de 5 anos é similar aos
valores do Estado, a exceção de Italva e Itaocara que apresentam baixo percentual de cri-
anças em sua pirâmide etária, acompanhado de uma elevada proporção de idosos. (Cader-
nos de Informações em Saúde, 2009).
Assim, mesmo considerando uma situação estadual que revela envelhecimento elevado de
sua população, a Região supera a média, especialmente em Cardoso Moreira, Cambuci,
Italva e Itaocara, representando a evasão dos jovens da Região, mais do que ooo aumento
da longevidade populacional.
As taxas brutas de natalidade de 2006 são ressaltadas no Gráfico abaixo, revelando-se mais
elevada em Varre-Sai, 25,1%, seguido de longe por Miracema, 14,8%, Laje do Muriaé, São
José de Ubá e Bom Jesus de Itabapoana, todos com 14,1%. Na verdade, a maioria dos mu-
nicípios apresentaram taxa de natalidade próximas, entre 11,4, de Aperibé e 14,8. Verifica-
se também que entre esta média regional e Varre-Sai há uma variação expressiva, repre-
sentando mais do que o dobro da media, o que aponta para a necessidade de maior contro-
le de natalidade em Varre-Sai, a partir do conhecimento específico de sua situação.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 787


Gráfico 18 – Região Noroeste Fluminense, Taxas Brutas de Natalidade, 2006

Taxas Brutas de Natalidade dos Municípios da Região Noroeste Fluminense (2006)

(%)

30
25,1
25

20
14,1 13,8 14,2 14,8 13,8 14,1
15 12,5 13,0 12,8 13,1
11,4 11,7
10

0
Aperibé Bom Jesus Cambuci Italva Itaocara Itaperuna Laje do Miracema Natividade Porciúncula Santo São José de Varre-Sai
do Muriaé Antônio de Ubá
Itabapoana Pádua

Municípios

Fonte: Ministério da Saúde - IBGE/Censos Demográficos, 2009

788 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Gráfico 19 – Região Noroeste Fluminense, Percentual de Mães de 10 a 14 Anos e de 10 a 19 Anos, 2006

Percentual de Mães com 10 a 14 Anos e com 10 a 19 Anos dos Municípios da Região Noroeste Fluminense - 2006

% de Mães
30
24,2 25,1
23,7 23,9
25 21,7
21,4
20,0 20,0 19,1
18,9 18,0
20 16,9 16,9
15

10

5 1,9 1,7
0,6 0,6 - 0,7 0,7 0,5 0,5 0,5 0,8 - 0,9
0
Aperibé Bom Jesus Cambuci Italva Itaocara Itaperuna Laje do Miracema Natividade Porciúncula Santo São José de Varre-Sai
do Muriaé Antônio de Ubá
Itabapoana Pádua
Municípios

% de Mães com 10-14 anos % de Mães com 10-19 anos

Fonte: Ministério da Saúde - IBGE/Censos Demográficos, 2009.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 789


Outro dado significativo delineado no Gráfico acima é o percentual de mães de 10-14 anos,
que na maioria dos municípios do Noroeste é pequeno, sendo maior em Aperibé, 1,9% e
Laje do Muriaé, 1,7%, com valores inexistentes em Italva e São José de Ubá e com valores
próximos a 0,5% em Bom Jesus do Itabapoana, Cambuci, Itaocara, Itaperuna, Miracema,
Natividade, Porciúncula, Santo Antônio de Pádua e Varre-Sai.
Já o percentual de mães de 10 -19 anos se eleva bastante em todos os municípios, apon-
tando para um tema que precisará ser melhor trabalhado nas políticas públicas junto à sua
população jovem, que apresentou uma média de 20% de gravidez nesta faixa etária, sendo
melhor em Miracema e Natividade, ambos com 16,9% de gravidez e maior em Varre-Sai,
25,1% e São José de Ubá, 24,2%. Observa-se que como em Varre-Sai a taxa de natalidade
é a maior da região, este índice pode estar sendo elevado pela alta taxa de gravidez entre
10 a 19 anos.
A Tabela seguinte também aponta para questões importantes per si e que possibilitam inter-
ferências com relação à qualidade de atendimentos de diferentes áreas na Saúde, como o
trabalho elaborado pelo PSF, de planejamento familiar, etc., indicando o percentual de co-
bertura vacinal e a prevalência de desnutrição infantil nos municípios.
Em todos os municípios do Noroeste, no período entre 2002-2007 houve grande percentual
de cobertura vacinal em dia para as crianças e poucas variações entre os municípios, ge-
ralmente acima de 97%, sendo que Cambuci, Miracema, Natividade e Pádua apresentaram
percentuais próximos ou iguais a 100% em todos os anos e todos os municípios apresenta-
ram melhoria em sua cobertura ao longo do período total avaliado.
Além disto, conhecer o percentual de desnutrição infantil é muito útil no monitoramento do
estado de populações infantis, para subsidiar uma política de Segurança Alimentar e Nutri-
cional, bem como embasar a implementação de Programas de Suplementação Alimentar.
Uma das Metas do Milênio, estabelecida pela Assembléia Geral das Nações Unidas em
2000, é reduzir pela metade, entre 1990 e 2015, a proporção da população que passa fome,
incluindo as crianças com menos de 5 anos de idade desnutridas.
A desnutrição infantil vem se reduzindo no País, tendo diminuído de 18,4%, em 1975, para
4,6%, em 2003, correspondendo a uma queda de aproximadamente 75%, que pode ser ex-
plicado pelas políticas de saúde e distribuição de alimentos implementadas no Brasil, inclu-
indo a atuação da Pastoral da Criança, a partir da melhoria das condições de saúde e de
alimentação das crianças, embora esta não tenha sido homogênea para todas as Regiões.
(Indicadores de Desenvolvimento Sustentável – Brasil, 2008, p. 256, 257).
Em 2002, a prevalência de desnutrição em crianças menores de 2 anos/100 ainda era ele-
vada em Itaperuna, 7,5, Itaocara, 5,8 e Varre-Sai, 5,1. Entretanto, sofreu queda em todos os
municípios do Noroeste Fluminense até 2007, quando apresentou a maior taxa de desnutri-
ção em Itaperuna, 4,5, sendo que em Aperibé, Cambuci, Italva, Pádua, São José de Ubá e
Varre-Sai apresentou taxa de desnutrição inferior a 1.
Tabela 41 –Região Noroeste Fluminense, Indicadores da Atenção Básica, 2002 a 2007
Indicadores da Atenção Básica
Municípios da Região
2002 2003 2004 2005 2006 2007
Noroeste Fluminense
% de crianças c/ esq.vacinal
básico em dia 1 96,1 98,3 98,8 95,8 98,7 99,7
Aperibé 2
Prevalência de desnutrição 1,8 1,4 5,3 4,1 1,5 0,4
Bom Jesus % de crianças 1c/ esq.vacinal 95,4 96,0 95,9 95,7 97,5 98,1
básico em dia
do 2
Itabapoana Prevalência de desnutrição 4,7 3,5 2,8 3,6 3,2 3,1

790 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


(continuação)
Municípios da Região
2002 2003 2004 2005 2006 2007
Noroeste Fluminense
% de crianças c/ esq.vacinal
básico em dia 1 97,38 100,00 99,90 99,94 100,00 100,0
Cambuci 2
Prevalência de desnutrição 0,71 0,44 0,68 1,67 0,45 0,1
% de crianças c/ esq.vacinal
básico em dia 1 94,6 94,4 98,0 98,5 98,9 98,9
Italva 2
Prevalência de desnutrição 3,1 1,8 0,8 0,4 - 0,4
% de crianças c/ esq.vacinal
básico em dia 1 88,4 96,7 98,6 99,4 97,4 98,7
Itaocara
2
Prevalência de desnutrição 5,8 3,2 2,5 2,0 3,4 1,6
% de crianças c/ esq.vacinal
básico em dia 1 93,6 95,4 95,5 96,3 98,0 97,2
Itaperuna 2
Prevalência de desnutrição 7,5 11,4 8,8 5,0 3,6 4,5
% de crianças c/ esq.vacinal
Laje do básico em dia 1 100,0 99,4 95,0 98,5 95,6 99,6
Muriaé Prevalência de desnutrição 2
4,0 3,0 0,6 0,9 1,1 1,9
% de crianças c/ esq.vacinal
básico em dia 1 98,1 98,7 97,5 98,8 98,9 99,4
Miracema 2
Prevalência de desnutrição 2,8 3,7 3,1 3,5 3,2 2,7
% de crianças c/ esq.vacinal
básico em dia 1 97,7 96,8 94,8 98,2 97,6 98,4
Natividade 2
Prevalência de desnutrição 3,8 4,9 3,1 3,5 2,1 1,5
% de crianças c/ esq.vacinal
básico em dia 1 99,3 99,5 100,0 99,4 99,8 99,8
Porciúncula
2
Prevalência de desnutrição 4,9 1,6 1,3 0,7 1,6 2,4
Santo % de crianças c/ esq.vacinal
básico em dia 1 98,3 99,4 99,0 99,8 99,6 99,7
Antônio de 2
Pádua Prevalência de desnutrição 1,9 3,1 2,3 1,8 1,9 0,9
% de crianças c/ esq.vacinal
São José básico em dia 1 95,0 97,7 99,1 99,5 98,6 99,9
de Ubá Prevalência de desnutrição 2
2,2 2,7 0,5 0,7 0,6 0,2
% de crianças c/ esq.vacinal
básico em dia 1 97,7 98,6 99,4 98,9 99,4 99,8
Varre-Sai 2
Prevalência de desnutrição 5,1 2,7 1,3 2,1 1,3 0,8
Notas: (1): Como numeradores e denominadores, foi utilizada a média mensal dos mesmos.
(2): em menores de 2 anos, por 100. -- = Não há informação
Fonte: Ministério da Saúde - Secretaria Executiva - DATASUS - Caderno de Informações de Saúde -
IBGE/Censos Demográficos, 2009.
Outros indicadores significativos apresentados são a expectativa de vida da população e a
investigação da causa dos óbitos, Este último um indicador sensível para aferir a qualidade
dos serviços de saúde, da Atenção Básica, da assistência hospitalar prestada, o contexto
epidemiológico e outros fatores.
A taxa de mortalidade infantil é também importante para avaliar-se a saúde de uma popula-
ção. Pode contribuir para a compreensão da disponibilidade e acesso aos serviços e recur-
sos relacionados à Saúde, como a atenção ao pré-natal e ao parto, a vacinação contra do-
enças infecciosas infantis, a disponibilidade de saneamento básico, entre outros. (Indicado-
res de Desenvolvimento Sustentável – Brasil, 2008, p. 256).
Por estar estreitamente relacionada ao rendimento familiar, ao nível da fecundidade, à edu-
cação das mães, à nutrição e ao acesso aos serviços de saneamento, a redução da mortali-
dade infantil é um dos objetivos do desenvolvimento sustentável.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 791


As taxas de mortalidade infantil foram classificadas de: altas, aquelas de 50 óbitos/ mil nas-
cidos vivos ou mais; médias aquelas de 20-49/mil e baixas as que consideram os óbitos
menores que 20/mil nascidos vivos, pela Organização Mundial da Saúde – OMS7.
O Brasil vem experimentando um declínio acelerado nas taxas de mortalidade infantil, pas-
sando de 47,0% para 25,8%, entre 1990 e 2005, correspondendo a uma queda de 45%, que
ocorreu sobretudo devido à melhoria das condições de vida da população, como melhor ní-
vel educacional, ampliação da vacinação contra doenças infecciosas infantis e o incentivo
ao aleitamento materno, reduzindo os óbitos de menores de 1 de idade. (Indicadores de De-
senvolvimento Sustentável - Brasil 2008, p. 256, 257).
Conforme a Tabela seguinte, observando-se os anos de 2000 e 2006 – nos quais aconteceu
aumento de população na maioria dos municípios do Noroeste - houve um pequeno aumen-
to do número de óbitos/1.000 hab. em Cambuci, Italva, Natividade. Itaocara, Itaperuna, Laje
do Muriaé e Porciúncula mantiveram seus valores praticamente estáveis.
Neste mesmo período, apresentaram decréscimo no número de óbitos Aperibé, Bom Jesus
do Itabapoana, Miracema, Pádua, São José de Ubá e Varre-Sai. Assim, apesar do aumento
populacional, não verificou-se grandes variações deste indicador no período, que em 2006
ficou entre 6 a 9óbitos/1.000 hab. na maioria nos municípios, com destaque para o menor
valor em São José de Ubá, 4,5 e o maior valor em Italva, 9,3 óbitos/1.000 habitantes.
Destes valores, em 2006 o percentual de óbitos infantis no total foi maior em São José de
Ubá, 4,5%, seguido por Itaperuna, 4,4%, Varre-Sai, 3,9% e Natividade, 3,5%, representando
os valores mais elevados da Região. Para os outros municípios, os percentuais foram mais
baixos, entre 2 e 3%. Destaque para Porciúncula, com o percentual de óbitos infantis no to-
tal de 1,4% e Itaocara, 1,5%, ambos apresentando taxas de mortalidade infantil bem peque-
nas.
Observa-se ainda que, entre 2000-2006, quase todos os municípios apresentaram decrés-
cimo na taxa, especialmente Varre-Sai, com queda de 13,8% para 3,9% e Natividade, que
apresentou queda de 9,3% de óbitos infantis do total para 3,5% em 2006. O único aumento
expressivo ocorreu em São José de Ubá, de 2,4% para 10%, praticamente quintuplicando
seu valor, o que demanda uma investigação sobre as causas de tamanha piora.
Algumas variações nestes resultados foram constatados a partir do cálculo da taxa de mor-
talidade infantil por 1.000 nascidos vivos. Esta se apresentou elevada em São José de Ubá,
31,6%, seguido por Itaperuna, 25,2% e Natividade, 18,8%. Existe um grupo de municípios
com taxas entre 9 a 17%, com os menores valores apresentados por Porciúncula, 9,0%,
Aperibé, 9,4% e Varre-Sai, 9,5%.

Tabela 42 – Região Noroeste Fluminense, Outros Indicadores de Mortalidade, 2000 a 2006


Outros Indicadores de Mortalidade
Municípios da Região
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
Noroeste Fluminense
Nº de óbitos por 1.000
habitantes 6,6 8,3 7,9 5,9 6,7 7,8 5,9
Aperibé % de óbitos infantis no total
1
de óbitos 3,8 1,5 1,5 2,0 3,4 - 1,8
Mortalidade infantil por 1.000
2
nascidos-vivos 19,6 8,1 8,5 8,0 20,0 - 9,4

7
A Assembléia Geral das Nações Unidas estabeleceu as Metas do Milênio para implementar a Declaração do
Milênio, adotada por unanimidade pelos países-membros da ONU, em 2000. Para a mortalidade infantil, os paí-
ses se comprometeram a reduzir suas taxas em 2/3 até 2015, adotando 1990 como ano de referência. (Indicado-
res de Desenvolvimento Sustentável – Brasil, 2008, p. 256, 257).

792 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


(continuação)
Municípios da Região
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
Noroeste Fluminense
Nº de óbitos por 1.000
habitantes 9,0 7,8 7,3 7,4 8,8 8,2 8,0
Bom Jesus
do % de óbitos infantis no total
1
de óbitos 3,6 3,4 5,2 4,7 2,6 3,4 2,4
Itabapoana
Mortalidade infantil por 1.000
2
nascidos-vivos 18,0 16,5 24,3 21,7 15,1 17,1 13,6
Nº de óbitos por 1.000
habitantes 7,6 8,2 9,8 7,5 7,2 8,7 8,1
Cambuci % de óbitos infantis no total
1
de óbitos 1,8 4,2 0,7 4,6 1,0 5,6 2,6
Mortalidade infantil por 1.000
2
nascidos-vivos 9,5 25,0 6,3 25,0 5,6 37,6 16,7
Nº de óbitos por 1.000
habitantes 8,2 9,0 7,5 7,7 10,2 9,3 9,3
Italva % de óbitos infantis no total
1
de óbitos 3,8 5,3 2,1 1,0 0,8 2,6 1,7
Mortalidade infantil por 1.000
2
nascidos-vivos 19,8 28,0 11,8 5,6 5,2 17,5 11,6
Nº de óbitos por 1.000
habitantes 8,8 8,0 6,6 9,0 8,6 8,7 8,5
Itaocara % de óbitos infantis no total
1
de óbitos 1,5 1,6 2,0 1,9 2,0 2,5 1,5
Mortalidade infantil por 1.000
2
nascidos-vivos 9,4 8,6 9,8 14,5 12,3 18,0 10,0
Nº de óbitos por 1.000
habitantes 7,4 7,6 7,2 7,4 8,2 7,3 7,3
Itaperuna % de óbitos infantis no total
1
de óbitos 5,0 3,3 3,1 3,9 3,4 2,8 4,4
Mortalidade infantil por 1.000
2
nascidos-vivos 21,6 16,1 15,0 20,0 19,9 15,1 25,2
Nº de óbitos por 1.000
habitantes 7,0 9,0 6,4 8,1 7,5 7,2 7,0
Laje do % de óbitos infantis no total
1
Muriaé de óbitos 5,5 2,8 2,0 4,6 - 3,4 3,4
Mortalidade infantil por 1.000
2
nascidos-vivos 20,3 13,2 8,3 25,2 - 15,6 17,1
Nº de óbitos por 1.000
habitantes 7,8 8,0 8,0 7,8 6,6 7,9 6,9
Miracema % de óbitos infantis no total
1
de óbitos 2,8 5,0 3,2 5,1 2,2 3,6 2,5
Mortalidade infantil por 1.000
2
nascidos-vivos 12,0 23,5 15,4 25,5 9,0 18,6 11,9
Nº de óbitos por 1.000
habitantes 7,1 6,9 7,0 8,2 8,5 9,3 7,4
Natividade % de óbitos1
infantis no total
de óbitos 9,3 7,6 4,7 2,4 3,1 1,4 3,5
Mortalidade infantil por 1.000
2
nascidos-vivos 43,1 31,1 21,1 13,7 17,8 9,6 18,8
Nº de óbitos por 1.000
habitantes 8,5 8,1 6,5 7,5 7,5 8,1 8,2
Porciúncula % de óbitos
1
infantis no total
de óbitos 3,7 5,4 7,6 3,3 2,4 2,9 1,4
Mortalidade infantil por 1.000
2
nascidos-vivos 19,2 28,0 31,0 16,7 12,7 16,0 9,0

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 793


(continuação)
Municípios da Região
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
Noroeste Fluminense
Nº de óbitos por 1.000
habitantes 7,5 7,7 7,1 7,7 8,2 6,4 7,0
Santo
Antônio de % de óbitos infantis no total
1
de óbitos 3,5 4,3 3,9 4,2 2,4 2,6 2,0
Pádua
Mortalidade infantil por 1.000
2
nascidos-vivos 15,3 22,0 18,9 25,0 13,4 12,8 12,0
Nº de óbitos por 1.000
habitantes 6,5 3,9 6,1 8,1 4,9 6,4 4,5
São José % de óbitos infantis no total
1
de Ubá de óbitos 2,4 4,0 5,0 1,9 3,1 - 10,0
Mortalidade infantil por 1.000
2
nascidos-vivos 9,3 11,4 20,6 12,5 11,5 - 31,6
Nº de óbitos por 1.000
habitantes 8,3 4,5 6,2 5,8 7,0 5,7 6,1
Varre-Sai % de óbitos infantis no total
1
de óbitos 13,8 11,1 8,0 12,8 - 8,5 3,9
Mortalidade infantil por 1.000
2
nascidos-vivos 42,3 22,6 19,8 26,9 - 17,2 9,5
(1) Coeficiente de mortalidade infantil proporcional
(2) Considerando apenas os óbitos e nascimentos coletados pelo SIM/SINASC
-- = Não há informação
Fonte: Ministério da Saúde - IBGE/Censos Demográficos, 2009.
Variações significativas também estão presentes na expectativa de vida das populações, de
acordo com a SESDEC (2006). Entre os quadriênios 1997-2000, 2001-2004 a expectativa
de vida ao nascer, no Estado, passou de 69,2 anos para 71 anos, total. Entre os homens a
variação foi de 64,2 para 66,5 anos e entre as mulheres foi de 73,8 para 75,5 anos.
Este forte diferencial por sexo também se reflete na proporção de óbitos por grupos de ida-
de. Os homens apresentam sobremortalidade em relação às mulheres a partir dos 15 anos,
com um pico entre os 20-29 anos, relacionado às causas externas de mortalidade. A primei-
ra causa externa de morte para os homens entre 15 a 39 anos, especialmente na faixa etá-
ria dos 20-29 anos são as agressões, onde representam 43% dos óbitos por causas exter-
nas. Os suicídios ocupam a primeira posição entre as causas externas de morte masculina
dos 40 aos 59 anos, enquanto entre os idosos predominam as quedas.
Entre as mulheres o padrão de mortalidade por causas externas é menos marcante, mas
nas idades avançadas as causas externas mais freqüentes são quedas e eventos de inten-
ção indeterminada. Os suicídios, da mesma forma que para os homens, se concentram en-
tre os 40-59 anos, as agressões são de maneira similar, a primeira causa de óbito por cau-
sas externas, para mulheres entre 20-39 anos. (Cadernos de Informações em Saúde, 2009,
p.12, 13).
Cita-se também que o Estado do Rio tem uma das maiores taxas de incidência de tubercu-
lose no país, 73,2/100.000 hab., em 2006, devido, principalmente, à precariedade das con-
dições básicas de saúde de alguns extratos da população. Consequentemente, a tuberculo-
se se tornou uma prioridade nacional por ser um grave problema de Saúde Pública com alta
incidência atual. (Caderno de Informações em Saúde, p. 39).
No Noroeste Fluminense cura de casos novos foi de 52,22%, em 2007, ficando muito abaixo
da meta de 85%. Já a proporção de cura de novos casos de Hanseníase foi de 88%, acima
da meta preconizada de 85%.

Referente à AIDS, foram notificados na Região 536 casos, entre 2002-julho 2008, represen-
tando em 2007, taxa de incidência de 7,2 casos/100.000 hab., abaixo da média estadual de
794 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
12,5/100.000 hab. No que tange à Sífilis Congênita, a incidência foi de 0,0/100.000 hab.,
com a notificação de 14 casos, o que avalia indiretamente como positivo a qualidade de a-
tendimento à gestante, incluindo a assistência pré-natal, a realização do VDRL na gestação
e o tratamento adequado para gestantes e seus parceiros com sífilis.

A Tabela seguinte revela que a proporção de óbitos por causas mal definidas foi maior em
Miracema, 11,3%, seguido de Italva, 9,6% e Cambuci, 8,8% e foi menor em Aperibé, 1,9%.
Já os óbitos por doenças cardiovasculares/ 100.000 habitantes foram mais freqüentes em
Itaocara, 381, bem acima dos outros municípios, que em sua maioria, apresentou a taxa a-
proximada de 300. São José de Ubá teve o menor número de óbitos devidos à esta causa,
178, menos da metade do maior índice regional.

A taxa de óbitos por câncer foi maior em Italva, 199 e Cambuci, 152, sendo que a média
deste índice para grande parte dos municípios foi de 100. A menor taxa se encontrou em
Aperibé, 64.

Um dos temas que chama a atenção na Região é o uso de uma dose extremamente eleva-
da de agrotóxicos nas plantações de tomate (muito freqüentes em São José de Ubá, Cam-
buci e Pádua) e mesmo em outras culturas agrícolas, podendo elevar as taxas de câncer
regional e promover outros problemas de saúde o que, no entanto, demandaria uma investi-
gação cuidadosa e o preparo/treinamento continuado dos agricultores para lidar com estas
substâncias tóxicas.

O câncer de mama feminino/100.000 hab. teve uma grande variação de aproximadamente 8


a 49 óbitos/município, este último índice elevado e pertencente a Varre-Sai, apresentando
valores mais baixos em Itaperuna, 4,2 e em Pádua, 4,7. Considerando a diabetes melli-
tus/100.000 hab. também houve grandes variações interregionais, com mais ocorrências em
Porciúncula e Itaocara, 59 e 52, respectivamente. Um valor bem mais baixo aparece São
José de Ubá, 15 e Varre-Sai, 11,9, apresentando a menor taxa regional.

A taxa de mortalidade por homicídio/100.000 hab. foi maior em Aperibé, 32,3, seguido por
Itaperuna, 26,8. Destacam-se Pádua, Natividade e Bom Jesus de Itabapoana com as meno-
res taxas, de 7, 6,5 e 5,5, respectivamente. Com relação aos óbitos por acidentes de trans-
porte/100.000 habitantes os índices mais elevados ocorreram em Italva, 39,4, seguido por
Laje do Muriaé, 36,4. As menores taxas foram de Porciúncula e Natividade, ambas próximas
de 6.

A mortalidade materna/100.000 hab. não possuiu dados para a maioria dos municípios e foi
avaliada apenas em Cambuci, Varre-Sai e Itaperuna, sendo que esta última teve o menor
índice, 168,5, enquanto Cambuci apresentou o maior, 555,6, dados estes que parecem de-
masiado elevados.

A taxa de mortalidade neonatal/100.000 hab. foi maior em São José de Ubá, 21,1, seguido
de Laje do Muriaé, 17 e Itaperuna, 16,8. Neste quesito, apresentaram os melhores valores
Italva, 5,8 e Pádua, 6,5.

Em sintese, as doenças cardiovasculares constituem a principal causa de óbito regional,


com valores bem maiores do que os outros grupos de causas, seguidas pelo câncer. Res-
salta-se também que na maioria dos municípios, a diabetes é a terceira causa de óbi-
tos/100.000 hab. e as taxas de homicídios não são altas, na maioria dos casos estando a-
baixo do percentual de mortalidade por acidentes de transporte. A mortalidade materna
também aparece como muito elevada nos três municípios em foi registrada, refletindo possi-
velmente a baixa oferta de serviços de neonatal e também de saúde da mulher.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 795


Tabela 43 – Região Noroeste Fluminense, Mortalidade Proporcional por Faixa Etária Segundo
Grupo de Causas, 2006
Indicadores de Mortalidade por Município

Homicídio por 100.000 Habi-


enças Cardiovasculares por

Taxa de Mortalidade Neona-


Taxa de Mortalidade de dia-

Acidente de Transporte por


Taxa de Mortalidade de Do-

tal Precoce por 100.000 Ha-


Razão Mortalidade Materna
Câncer de Mama Feminino

betes Mellitus por 100.000


Proporção de Óbitos por

Taxa de Mortalidade por

Taxa de Mortalidade por

Taxa de Mortalidade por

Taxa de Mortalidade por


Doença Neoplástica por

por 100.000 Habitantes

por 100.000 Habitantes


Causas Mal Definidas

100.000 Habitantes

100.000 Habitantes

100.000 Habitantes
Habitantes

bitantes
tantes
Municípios da Região
Noroeste Fluminense

Aperibé 1,9 237,1 64,7 21,3 21,6 32,3 32,3 - -


Bom Jesus do Itabapoana 4,3 274,3 120,7 32,2 24,7 5,5 21,9 - 9,7
Cambuci 8,8 291,7 152,8 28,2 20,8 13,9 6,9 555,6 -
Italva 9,6 319,6 199,7 - 47,9 24,0 39,9 - 5,8
Itaorcara 4,2 381,6 82,4 8,6 52,0 26,0 30,4 - 6,7
Itaperuna 6,3 228,6 105,2 4,2 32,2 26,8 32,2 168,5 16,8
Laje do Muriaé - 267,1 85,0 - 24,3 24,3 36,4 - 17,1
Miracema 11,3 231,4 126,2 13,7 35,1 10,5 14,0 - 7,1
Natividade 3,5 290,6 96,9 12,8 51,7 6,5 6,5 - 13,9
Porciúncula 3,7 294,5 76,6 11,7 58,9 17,7 5,9 - -
Santo Antônio de Pádua 4,5 295,2 98,4 4,7 35,1 7,0 18,7 - 6,5
São José de Ubá - 178,1 89,0 - 14,8 - 14,8 - 21,1
Varre-Sai 3,9 202,6 107,3 49,0 11,9 - 11,9 480,8 9,6
-- = Não há informação
Fonte: Secretaria de Saúde e Defesa Civil do Estado do Rio de Janeiro, Caderno de Informações de
Saúde do Estado do Rio de Janeiro, jul. 2009
4.7 Orçamentos em Saúde
Por fim, avaliam-se as despesas totais com saúde/hab. Nos municípios do Noroeste,
evêlando diferenças expressivas entre os valores investidos. Em 2007, os menores valores
na despesa foram em Pádua, R$ 220,55 e de Bom Jesus do Itabapoana, R$ 221,35 e foram
mais elevados em São José de Ubá, R$ 681,52,28, Laje do Muriaé, R$ 653,62 e Itaperuna,
R$ 581,90, o que revela que em alguns municípios, os valores investidos em Saúde foram 3
vezes mais altos que em outros. Grande parte dos municípios, entretanto, investe entre R$
290 a R$ 380/hab., como Aperibé, Cambuci, Italva, Itaocara, Natividade Porciúncula, São
José de Ubá e Varre-Sai.
Tabela 44 – Região Noroeste Fluminense, Orçamentos Públicos, 2004 e 2007
Orçamentos Públicos
%
Despesa
% Despesa
Despesa com %
Municípios da Recursos com Serv.
Total com Recursos Transferências Transferências
Próprios Terceiros –
Região Noroeste Saúde por Próprios SUS por SUS/ Despesa
Aplicados Pessoa
Fluminense Habitante por Habitante (R$) Total com
em Saúde Jurídica
(R$) Habitante Saúde
(EC 29) /Despesa
(R$)
Total
2004 473,10 387,32 103,29 21,83 40,69 5,42
Aperibé
2007 347,85 265,78 120,49 34,64 21,59 41,99
Bom Jesus 2004 171,21 78,89 88,30 51,58 15,71 41,97
do
Itabapoana 2007 221,35 107,04 114,02 51,51 15,74 48,18
796 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
(continuação)
%
Despesa
% Despesa
Despesa com %
Municípios da Recursos com Serv.
Total com Recursos Transferências Transferências
Próprios Terceiros -
Região Noroeste Saúde por Próprios SUS por SUS/ Despesa
Aplicados Pessoa
Fluminense Habitante por Habitante (R$) Total com
em Saúde Jurídica
(R$) Habitante Saúde
(EC 29) /Despesa
(R$)
Total
2004 208,43 150,01 58,42 28,03 17,69 5,27
Cambuci
2007 290,62 185,09 90,01 30,97 15,05 7,83
2004 276,51 209,99 66,52 24,06 25,93 16,29
Italva
2007 328,69 269,47 58,36 17,76 27,80 6,63
2004 169,49 101,19 67,31 39,71 17,34 8,51
Itaocara
2007 305,41 132,88 129,88 42,53 16,50 7,39
2004 347,53 69,06 272,58 78,43 18,06 26,81
Itaperuna
2007 581,90 123,78 466,61 80,19 22,82 63,95
Laje do 2004 363,72 285,78 75,84 20,85 26,94 5,88
Muriaé 2007 653,62 534,34 141,59 21,66 37,90 33,30
2004 167,18 118,99 48,19 28,82 25,23 31,99
Miracema
2007 249,38 183,40 65,83 26,40 26,45 31,41
2004 247,30 145,29 91,85 37,14 19,17 5,15
Natividade
2007 374,02 187,35 180,75 48,33 18,06 6,14
2004 209,51 143,92 68,62 32,75 21,19 7,82
Porciúncula
2007 331,00 267,35 98,08 29,63 30,73 33,32
Santo Antônio 2004 146,35 74,18 74,93 51,20 15,28 13,34
de Pádua 2007 220,55 113,77 108,26 49,09 17,02 53,15
São José de 2004 333,70 204,51 129,18 38,71 15,51 13,14
Ubá 2007 681,52 500,73 190,83 28,00 30,10 23,59
2004 277,76 218,07 59,69 21,49 21,58 36,52
Varre-Sai
2007 371,17 207,79 129,63 34,93 16,10 33,20
-- = Não há informação
Fonte: Ministério da Saúde - IBGE/Censos Demográficos, 2009.
Todos apresentaram aumento nas despesas realizadas na Saúde, de 2004 para 2007, me-
nos Aperibé, que teve redução neste valor. Os maiores aumentos foram verificados em Laje
do Muriaé e São José de Ubá, durante este período.
Observa-se que, enquanto o percentual de transferências de recursos do SUS variou entre
os municípios entre R$ 58,36 /hab., em Italva, a R$ 466,61, em Itaperuna/hab., o percentual
de recursos próprios aplicados em Saúde é bem menor do que aqueles recebidos pelo SUS
na maioria dos municípios e, portanto, neste caso as variações encontradas são bem meno-
res, de 17,76% em Italva, em 2007, a 80,19 %, em Itaperuna.
Entre 2004-2007 houve ainda queda muito expressiva deste percentual em Aperibé, de 40%
para 21% de recursos próprios, e uma menor diminuição em Varre-Sai, de 21% para 16%. O
percentual se manteve similar em diversos municípios, como Bom Jesus de Itabapoana,
Cambuci, Italva, Itaocara, Miracema, Natividade, Pádua; aumentou um pouco em Itaperuna,
Laje do Muriaé, Porciúncula e teve seu valor melhorado em São José de Ubá, que aumen-
tou de 15% para 30% de recursos próprios aplicados à Saúde.
Importante verificar que também houve investimentos significativos a partir de serviços de
terceiros - pessoa jurídica na despesa total de Saúde, sendo bastante expressiva esta parti-
cipação nos municípios de Aperibé, Bom Jesus de Itabapoana, Miracema, Pádua e Varre-
Sai.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 797


4.8 Síntese dos Dados da Saúde no Noroeste Fluminense
No geral, mesmo com as melhorias importantes no abastecimento de água no Noroeste
Fluminense entre 1991-2000, ainda havia 2 municípios com menos de 40 % de rede geral
de abastecimento de água.
No tocante à rede geral de esgoto ou pluvial, o melhor índice de ambas as regiões foi o de
Itaperuna, com 80,4% deste serviço, sendo que a maioria dos municípios do Noroeste ofe-
rece rede de esgoto a pelo menos 60% de sua população.
A situação se agrava quando constatado que o tipo de saneamento mais utilizado em alguns
municípios ainda era a fossa rudimentar ou vala, que recebe o esgoto sem nenhum tipo de
tratamento, destacando-se Varre-Sai, com 84,7% de fossa rudimentar ou vala e São José
de Ubá, 55,3%.
Assim, o panorama geral de saneamento da Região se encontrava negativo em 2000, espe-
cialmente considerando que este é um tema fundamental tanto em termos de saúde pública
como de proteção às águas e ao meio ambiente.
A cobertura da Atenção Básica pelo PACS ou PSF tem tido índices crescentes na Região,
mas ainda está aquém do esperado em alguns municípios, com menos de 50% da popula-
ção coberta, destacando-se Itaperuna, 54% e Santo Antônio de Pádua, 43%, índices estes
incongruentes com o porte de ambos os municípios.
Já a taxa de cobertura de CAPS – Centro de Atenção Psicossocial/100.000 habitantes de
1,5/100.000 hab. foi considerada como muito boa (acima de 0,70), pelos parâmetros do Es-
tado.
A maioria dos municípios do Noroeste implantou as equipes de Saúde Bucal, sendo que a
menor cobertura foi verificada em Italva e Itaocara (menos de 25% da população atendida).
No entanto, a Região Noroeste apresenta a maior concentração de Municípios com alta co-
bertura desse serviço (de 75 a 100%).
Na Região, três municípios se destacaram em quantitativos de instituições de saúde, Itape-
runa, Pádua e Bom Jesus do Itabapoana, enquanto este último também apresentou o maior
número de Centros de Saúde ou Unidades Básicas de Saúde.
Dados de dezembro de 2007 revelam que Itaperuna atendeu a maior quantidade de público
na Região, em sua maioria na Atenção Ambulatorial, seguido pelo maior número de atendi-
mentos ambulatoriais realizados em Bom Jesus de Itabapoana, apontando também que
uma parcela significativa da população utiliza-se dos serviços particulares e não públicos do
Sistema de Saúde. Itaperuna foi ainda referência para os atendimentos em Diagnose e Te-
rapia do Noroeste Fluminense.
Bom Jesus do Itabapoana se destacou pelo número expressivo de leitos/1.000 hab., 18,1,
sendo 15 destes do SUS, seguido por Italva, 10,2 leitos/1000 hab., todos estes do SUS e
Itaperuna e Pádua oferecem 8,3 leitos/1000 hab. cada. Os municípios com menos oferta de
leitos/1.000 hab. foram Natividade, 3,2 e Miracema, 2,6 leitos/1.000 hab.
O Noroeste apresentou o maior número de leitos/1000 hab. do Estado, de 7,8/ 1.000 habi-
tantes. Assim, de acordo com a pesquisa do Caderno da Saúde (2009) os leitos gerais do
SUS na Região, em 2002, estavam acima do parâmetro desejado, 4,1 leitos/1.000 hab., su-
perior aos parâmetros de 2,5 a 3 leitos/1.000 hab. Ou seja, todos os seus municípios tem
este indicador bem acima da média estadual, de 1,5 leitos/1000 hab.
Teoricamente não existe carência de leitos de UTI na Região, uma vez que o parâmetro es-
perado era de 33 leitos e havia 35 cadastrados. Porém Itaperuna concentrava a quase tota-
lidade, 30 dos leitos de UTI locais, ou seja, esta distribuição não ocorre de forma homogenia
entre todos os municípios, sendo necessário o deslocamento de pacientes para tal atendi-
mento, o que não se sabe se causa dificuldades para as populações.
798 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
O maior percentual de unidades básicas ocorreu nos municípios com menor contingente po-
pulacional, destacando-se Varre-Sai, Cambuci, São José de Ubá e Aperibé. Em 2007, Cam-
buci, Porciúncula e São José de Ubá apresentaram os números mais altos de procedimen-
tos básicos/hab., respectivamente 25,12, 18,57 e 17,93, seguido por cerca de 11 procedi-
mentos básicos/hab., em Natividade, Bom Jesus do Itabapoana, Italva e Itaocara.
Das 25 unidades hospitalares existentes na Região, 2 tem menos de 30 leitos, 9 de 31 a 50
leitos, 5 de 101 a 200 leitos e 1 de 301 a 500 leitos. Referente à Unidade Intermediária exis-
tiam 22 leitos na Região, sendo 10 em Itaperuna e 4 em Varre-Sai, sendo que em Itaperuna
há o predomínio de Média Complexidade Ambulatorial.
Ressalta-se que Itaperuna é referência para os exames de citopatologia, para atendimento
nas especialidades de Patologia Cervical e Patologia Mamária, possuindo um Centro de Alta
Complexidade Oncológica que tem sua qualidade reconhecida. Para o atendimento oncoló-
gico, Itaperuna é referência regional, sendo o único município do Noroeste a oferecer quimi-
oterapia, além de ser um dos quatro municípios do Estado a oferecer cirurgia oncológica.
Destes municípios, a maioria possui Vigilância Sanitária, à exceção de Cambuci, Laje do
Muriaé, Miracema, Natividade, Santo Antônio de Pádua, que provavelmente deixam lacunas
importantes nesta área.
Em 2007, nas especialidades de cirurgia geral, otorrino, proctologia e reumatologia a produ-
ção anual apresentada na Região foi inferior ao parâmetro mínimo indicado e nas outras es-
pecialidades apresentou atendimentos em valores adequados.
No Noroeste, considerando-se as internações realizadas, o percentual de internação por di-
abetes mellitus no total, revelou que Aperibé, 2,49%, Bom Jesus de Itabapoana, 2,53% Ital-
va, 3,11%, Itaocara, 2,89% e Miracema 3,99% apresentaram índices superiores ao estadual,
1,71%. Quanto ao percentual de internações por Hipertensão Arterial destaca-se Miracema,
com 4,42%, sendo este o único município com índice significativamente maior que o valor
estadual, de 1,40%. (Caderno da Saúde, 2009).
Portanto, em 2007 a Região apresentou taxas de internação por AVC de 56,73/10.000 hab.
e por DM e suas complicações 35,26/10.000 hab. muito acima da média estadual, de res-
pectivamente, 22,53 e 12,4, avaliando indiretamente as ações de prevenção e controle dos
fatores de risco para as complicações de HAS (hipertensão arterial) e DM (diabetes melli-
tus), como o tabagismo e o stress.
Em 2007, foram realizadas mais internações hospitalares em Italva, 19,30, seguido por Bom
Jesus de Itabapoana, 15,30, ambos com números elevados. Cambuci, Itaperuna e Itaocara
apresentaram cerca de metade destas internações, 9,0 e Laje do Muriaé, Varre-Sai e Porci-
úncula tiveram o menor número de internações/100 hab., 5,62, 6,06 e 6,34, respectivamen-
te.
Em 2008, a cobertura de internação hospitalar do Noroeste foi de 7,65%, superior a do Es-
tado, de 3,68%, estando 4 municípios com valores acima do máximo esperado.
Referente à existência de equipamentos de saúde na Região, em 2008 existiam 6 mamógra-
fos, quando o necessário seria 1 a 2 unidades.
Na Região existem ainda 4 tomografias Computadorizadas, para uma necessidade de 3 e
há 1 Ressonância Magnética, considerada suficiente, em Itaperuna. A Região possui ainda
3 serviços de Hemodiálise, quando seriam necessários apenas 2 serviços. Situação similar
ocorre com o quantitativo total de máquinas, de 47, sendo que seria necessário 23. São 47
raio X e seriam necessários 13 e 45 ultrassons, quando seriam necessários 13, ou seja, to-
dos os valores estavam acima dos parâmetros estabelecidos.
Os dados referentes aos nascimentos entre os anos de 1997 - 2006 informam que a taxa
bruta de natalidade decresceu em quase todos os municípios da Região, exceto em Laje do
Muriaé, São José de Ubá e Varre-Sai, este último apresentando uma pequena variação da
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 799
taxa de 24,2% em 1997 para 25,1 % em 2006, o que representa a maior taxa de natalidade
local, seguida de longe por Miracema, 14,8%, e 11,4%, de Aperibé, a menor taxa.
O Caderno da Saúde apontou que todos os municípios do Noroeste apresentaram taxa de
cesárea superior ao esperado, freqüentemente acima de 60%, independente dos graus de
cobertura do PSF, em 2007. O maior índice foi o de Itaocara, em 2007, de 93,7%.
Com relação a porcentagem de mães com 10-14 anos somente Italva e São José de Ubá
não registraram casos e os percentuais foram próximos à 0,5% na maioria dos municípios.
Quanto à proporção de mães de 10-19 anos, todos apresentaram taxa acima de 20% e a
maioria foi muito elevada, à exceção de Aperibé, Itaocara, Miracema, Natividade e Itaperu-
na, apontando para um tema que precisará ser melhor trabalhado nas políticas públicas jun-
to à população jovem e suas famílias.
Apesar do crescimento da oferta de serviços de planejamento familiar no Noroeste entre
2000-2005 para 61,5%, a Região ainda ocupa a terceira pior posição estadual quanto à dis-
ponibilidade destes serviços.
Em todos os municípios do Noroeste, no período entre 2002-2007 houve melhorias no per-
centual de cobertura vacinal para as crianças, alcançando geralmente acima de 97%. A pre-
valência de desnutrição em crianças menores de 2 anos/100.000 hab., sofreu queda em to-
dos os municípios do Noroeste até 2007, quando apresentou a maior taxa de desnutrição
Itaperuna, 4,5 e as menores taxas foram encontradas em Aperibé, Cambuci, Italva, Pádua,
São José de Ubá e Varre-Sai, inferior a 1.
Observando-se os anos de 2000 e 2006 – nos quais aconteceu aumento de população na
maioria dos municípios - houve um pequeno aumento no número de óbitos/1.000 hab., que
ficou entre 6 a 9/1.000 hab., sendo que em Itaocara, Itaperuna, Laje do Muriaé, Porciúncula
seus valores se mantiveram praticamente estáveis. Destaque para o menor valor em São
José de Ubá, 4,5 e o maior valor em Italva, 9,3 óbitos/1.000 habitantes
Destes, em 2006, o percentual de óbitos infantis no total foi regionalmente maior em São
José de Ubá, 4,5% seguido por Itaperuna, 4,4%, Varre-Sai, 3,9%. Para os outros municípios
estes valores variaram entre 2 e 3%. Observa-se ainda que, no período 2000-2006, quase
todos apresentaram decréscimo nesta taxa.
Em 2007, o Noroeste Fluminense apresentou 52,22% de cura de casos novos de tuberculo-
se, ficando bem abaixo da meta de 85%. Já a proporção de cura de novos casos de Hanse-
níase foi de 88%, acima da meta preconizada de 85%.
Referente à AIDS, foram notificados na Região 536 casos entre 2002-julho 2008, represen-
tando em 2007 a taxa de incidência de 7,2 casos/100.000 hab., abaixo da média estadual de
12,5/100.000 hab.
Em 2006, a proporção de óbitos por causas mal definidas foi maior em Miracema, 11,3%,
seguido de Italva, 9,6% e Cambuci, 8,8% e foi menor em Aperibé, 1,9%. Já os óbitos por
doenças cardiovasculares/ 100.000 habitantes foram mais freqüentes em Itaocara, 381, bem
acima dos outros municípios, sendo que grande parte dos municípios apresentaram a taxa
aproximada de 300 e São José de Ubá teve o menor número de óbitos devido à esta causa,
178, menos da metade do maior índice regional. A taxa de óbitos por câncer foi maior em
Italva, 199 e Cambuci, 152, sendo que a média deste índice para grande parte dos municí-
pios foi de 100, com a menor taxa registrada em Aperibé, 64.
O câncer de mama feminino/100.000 hab. teve uma grande variação, de 8 a 49 óbi-
tos/município, este último valor pertencente à Varre-Sai, à exceção dos valores inferiores em
Itaperuna, 4,2 e em Pádua, 4,7. Considerando o óbito por diabetes mellitus/100.000 hab.
também houve grandes variações interregionais, sendo maior em Porciúncula, 59 e em Itao-
cara, 52, com um valor bem mais baixo de 15 em São José de Ubá e Varre-Sai, 11,9, com a
menor taxa regional.
800 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
A taxa de mortalidade por homicídio/100.000 hab. foi maior em Aperibé, 32,3, seguido por
Itaperuna, 26,8. Destacam-se Pádua, Natividade e Bom Jesus de Itabapoana com as me-
nores taxas, de 7, 6,5 e 5,5, respectivamente. Com relação aos óbitos por acidentes de
transporte/100.000 habitantes os índices mais elevados ocorreram em Italva, 39,4, seguido
por Laje do Muriaé, 36,4. As menores taxas foram de Porciúncula e Natividade, ambas pró-
ximas de 6.
Assim, as doenças cardiovasculares são a principal causa de óbito na Região, com valores
bem maiores do que os outros grupos de causas, seguido pelo câncer. Ressalta-se também
que na maioria dos municípios a diabetes é a terceira causa de óbitos/100.000 hab. e as ta-
xas de homicídios não são altas, na maioria dos casos estando abaixo do percentual de
mortalidade por acidentes de transporte.
Por fim, avaliam-se as despesas totais com Saúde/hab., que foram menores em Pádua e
Bom Jesus do Itabapoana, cerca de R$ 221,00 e mais elevadas em São José de Ubá, R$
681,52,28, Laje do Muriaé, R$ 653,62 e Itaperuna, R$ 581,90, o que revela que em alguns
municípios, os valores investidos em saúde são 3 vezes mais altos que em outros.
Grande parte destes, entretanto, investe entre R$ 290 a R$ 380/hab. e todos apresentaram
aumento nas despesas realizadas na Saúde entre 2004 - 2007, (menos Aperibé), com os
maiores aumentos verificados em Laje do Muriaé e São José de Ubá.
Observa-se que, enquanto o percentual de transferências de recursos do SUS variou entre
municípios nos valores de R$ 58,36 /hab. em Italva a R$ 466,61 em Itaperuna/hab., o per-
centual de recursos próprios aplicados em Saúde é bem menor do que aqueles recebidos
pelo SUS na maioria dos municípios e, portanto, teve variações menores, sendo o menor de
17,76% em Italva, em 2007 e o maior de 80,19 %, em Itaperuna.
Entre 2004-2007 houve queda muito expressiva deste percentual em Aperibé, de 40% para
21%. O percentual se manteve similar em diversos municípios e teve valores aumentados
em São José de Ubá.
Importante verificar que também houve investimentos significativos a partir de serviços de
terceiros - pessoa jurídica na despesa total de Saúde, sendo bastante expressiva esta parti-
cipação nos municípios de Aperibé, Bom Jesus de Itabapoana, Miracema, Pádua e Varre-
Sai, em 2007.

4.9 Resultados do Caderno de Informações em Saúde


Como comentado anteriormente, em 2009 foram realizadas oficinas de diagnóstico da Saú-
de no Estado, nas Regiões de Saúde existentes e em cada município (Caderno de Informa-
ções em Saúde, 2009). Foram discutidos os problemas do Sistema de Saúde para cada Re-
gião, a partir de uma categorização clássica. As propostas resultantes deste processo foram
encaminhadas para a discussão do Planejamento Regional, PDR e para os Colegiados de
Gestão Regional, CGR.
A seguir, são apresentados os resultados específicos para a Região Noroeste, divididos pe-
los tópicos discutidos, que complementam as análises estatísticas, à medida em que tratam
de questões constatadas no cotidiano dos profissionais que lidam com a Saúde e que, em
muitos casos não constam das estatísticas. Seus encaminhamentos também são bem mais
de natureza prática e apontam às demandas vividas no dia-a-dia sendo, portanto, de espe-
cial significado.
Atenção Básica
• Acesso: baixa cobertura da Saúde Bucal, implantação das equipes da ESF sem
conversão do modelo, pouca resolutividade do PSF, escassez de equipamentos

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 801


para resolutividade da Atenção Básica, cobertura do PSF não correspondente à
realidade;
• Recursos: pouco custeio para ações da Atenção Básica em relação à Alta Com-
plexidade;
• Gestão do Trabalho: alta rotatividade de profissionais, insuficiência de recursos
humanos para a área técnica;
• Informação: mudanças constantes nas versões dos Sistemas de Informação.

Média Complexidade
• Acesso: pouca cobertura de consultas de Média Complexidade, falta de LACEN
(Laboratório de Saúde Pública) regional, consultas e procedimentos de Proctolo-
gia, Hematologia, Oftalmologia e Ortopedia (angiologia) abaixo do parâmetro;
• Recursos Físicos: falta de equipamentos para diagnóstico.

Alta Complexidade
• Acesso: falta de UTI móvel, dificuldade de acesso à hospitais de referência no
Rio de Janeiro, insuficiência de UTI Neonatal, dificuldades na realização de e-
xames de Alta Complexidade para perícia médica do INSS, dificuldade de vaga
de internação para gestantes de alto risco, falta de referência de neurocirurgia e
traumatologia.

Encaminhamentos
• Criar equipamentos para atenção à gestante /Casas de Parto;
• Implantação da política de humanização do parto;
• Criar Fóruns técnicos/Colegiado de gestão regional;
• Rever a alocação de recursos pendentes no Consórcio Intermunicipal;
• Apoio aos gestores para implementação do Plano de Ação Municipal;
• Integrar os municípios para propiciar a redução de custos;
• Levantar necessidades regionais para a construção do Plano Diretor de Investi-
mento;
• Investir na Atenção Básica;
• Rever fluxos intermunicipais;
• Realizar concurso regional;
• Criação e/ou implantação de Protocolos Assistenciais;
• Promover nivelamento salarial regional;
• Capacitação de RH, incluindo os profissionais que trabalham no faturamento;
• Melhorar a comunicação entre os Secretários de Saúde;
• Melhorar o entendimento entre o Judiciário e o gestor do SUS;
• Equipar a Central de Regulação para uma melhor resolutividade;
• Capacitar os Conselhos Municipais de Saúde;
• Atualizar os valores da Tabela SUS;
• Elaborar o Plano de Contingência dos municípios da Região – dengue,
• Facilitar o acesso à informação em alguns setores da SESDEC;
• Viabilizar a regionalização em consonância com o Controle Social e fortalecê-lo;

802 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


• Definir a Região de saúde pelas características de migração e dados epidemio-
lógicos – Cardoso Moreira seria mais pertencente à Região Norte do que à No-
roeste;
• Fortalecer o Consórcio Intermunicipal da Região Noroeste (CONSPNOR), re-
vendo os repasses de recursos financeiros a partir de um convênio com a SES-
DEC, suspenso na época em que o Consórcio estava pouco atuante.
Assim, estes dados contemplam aqueles discutidos anteriormente, apontando para a neces-
sidade de melhorias na gestão do Sistema de Saúde e suas diversas interfaces e de fortale-
cimento do Consórcio Municipal, entre outros encaminhamentos que deverão ser considera-
dos para a elaboração de propostas que sejam capazes de desenvolver o Sistema como um
todo.

5. ESPORTES
O Esporte como uma política pública, sobretudo como uma política integrante das práticas
educacionais, é direito básico dos indivíduos em todas as suas faixas etárias. Sua prática,
incorporada aos hábitos de vida, contribui para uma maior qualidade de viver, saúde e bem
estar e também na criação de espaços e regras de convivência e no fortalecimento de redes
sociais entre os indivíduos e as comunidades. É portanto, uma faceta essencial do desen-
volvimento individual e coletivo de uma sociedade, que merece a formulação de políticas
públicas especificas e bem elaboradas.
Contudo, ressalta-se que na área desportiva existe uma carência de pesquisas e dados se-
cundários oficiais que possibilitem uma análise das condições esportivas locais e regionais
do Norte e Noroeste fluminense.
De acordo com dados da Secretaria Estadual de Turismo, Esporte e Lazer não existem, no
momento, programas desportivos específicos para o Noroeste Fluminense. Os Programas
que já acontecem na Região são:
• Programa de Iniciação Esportiva, realizado em núcleos com capacidade de a-
tendimento para 500 pessoas, que funcionam nos municípios de Itaperuna e
Campos. Havia previsão da implantação de novos núcleos em Macaé, Cardoso
Moreira, São João da Barra, Laje do Muriaé e Varre-Sai, em 2009. A Subsecre-
taria de Esportes utiliza a infraestrutura já existente nos municípios e implementa
os Núcleos, que passam a ser gerenciados pelo Estado.
• Olimpíadas, que são de execução indireta do município. O Estado realiza as O-
limpíadas Escolares Estaduais e encaminha participantes para a Olimpíada Na-
cional.
• Jogos Abertos do Interior do Estado: financiados com a execução indireta da
Subsecretaria.

Observando-se especificamente os municípios, existem diferenças com relação às infraes-


truturas desportivas existentes e às especificidades de cada um, no que se refere a organi-
zação de sua área desportiva.
De acordo com a Tabela abaixo, o município que possuía mais estabelecimentos desporti-
vos no Noroeste, em 2007, era Itaperuna, 6, seguido por Bom Jesus de Itabapoana e Pá-
dua, ambos com 5 estabelecimentos e por Natividade, com 3 locais para a prática de espor-
tes. Cambuci, Itaocara e Miracema possuíam 2 cada e Aperibé, Italva, Porciúncula e São
José de Ubá apenas 1 estabelecimento cada, sendo que Laje do Muriaé e Varre-Sai não
tinham, neste ano, nenhum estabelecimento desportivo registrado.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 803


Com relação aos equipamentos de Recreação e Lazer novamente Itaperuna possuía o mai-
or número, 3 locais, sendo que Itaocara, Laje do Muriaé, Miracema, Pádua e Varre-Sai ti-
nham 1 local cada e os outros municípios restantes do Noroeste não tinham nenhum regis-
tro.
Tabela 45 – Região Noroeste Fluminense, Estabelecimentos Esportivos e de Lazer, 2007
Estabelecimentos Esportivos e de Lazer - 2007
Municípios da Região Noroeste Fluminense Esportivas Recreação e Lazer
Aperibé 1 -
Bom Jesus do Itabapoana 5 -
Cambuci 2 -
Italva 1 -
Itaocara 2 1
Itaperuna 6 3
Laje do Muriaé - 1
Miracema 2 1
Natividade 3 -
Porciúncula 1 -
Santo Antônio de Pádua 5 1
São José de Ubá 1 -
Varre-Sai - 1
Região 29 8
- = sem informação
Fonte: Anuário Estatístico do Estado do Rio de Janeiro, 2009

Dados fornecidos pelos próprios municípios atualizaram alguns destes números. Em Bom
Jesus de Itabapoana, as ações de esporte e lazer ainda são carentes de apoio financeiro,
inviabilizando a concretização de muitos projetos. No município acontecem o Campeonato
de Futebol, no qual participam cerca de 15 clubes municipais; as Olimpíadas Estudantis,
que abrangem escolas municipais e estaduais e estudantes de várias faixas etárias; o Cam-
peonato de Futsal entre os bairros (no ano de 2009 os melhores times foram selecionamos
para participar da copa Inter TV, que consagrou Bom Jesus como campeão), além de cam-
peões de jiu-jítsu e maratonistas.
Um dos projetos municipais é o “Adolescentes em Movimento”, da Secretaria Municipal de
Saúde, que busca incentivar o hábito da vida saudável através de noções a respeito de ali-
mentação, bem como o incentivo à prática do exercício físico. Este Projeto recebeu apoio do
Governo Federal, com repasse para a Vigilância Epidemiológica (DIVDANT), mas devido ao
fim dos recursos financeiros está paralisado.
O Projeto “Ginástica Pública no Lago” tem por objetivo incentivar a prática da Ginástica no
contexto do lazer e da recreação, como modalidade capaz de proporcionar o acesso à cultu-
ra corporal, ao lazer e a promoção da saúde. É iniciativa da Secretaria de Esporte e Lazer,
visando atingir desde os jovens até os idosos para uma atividade física prazerosa.
O distrito de São José dos Pinhais se destaca na área. Apresenta atualmente qualidade e
inovação na área de esportes e lazer, como o Centro de Excelência do Basquetebol, Cen-
tro de Rendimento do Futsal, Centro de Rendimento do Atletismo, Centro de Excelência
do Handebol, Programa Ônibus do Lazer, entre outros. Possui atualmente uma estrutura
com 03 ginásios de esporte, mais 02 em construção, 02 estádios de futebol, 02 parques,
02 pistas de skate e 03 pistas de caminhada.
Outro projeto importante em Bom Jesus do Itabapoana é o CAPS em Movimento, que inclui
a prática de esportes como fundamental para o processo de reinserção social e familiar do
portador de transtorno mental e do dependente químico. O índice de usuários de álcool e

804 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


drogas é elevado, inclusive as internações mais freqüentes na Clínica de Repouso são devi-
do à dependência química e o objetivo do Projeto é contribuir para o seu desenvolvimento
psíquico, social e mental. No momento, o Município possui aproximadamente 603 pacientes
cadastrados em duas Residências terapêuticas e cerca de 346 pacientes que freqüentam o
serviço.
Em Italva, entre diversos estádios de clubes locais o maior é o Estádio Jorge Nasser. Exis-
tem em vários bairros e escolas quadras polivalentes de esportes, construídas pela Prefeitu-
ra. O futebol amador é coordenado pela Liga Desportiva Italvense e outras modalidades de
esportes são praticadas com incentivo particular, além de se praticar a canoagem no muni-
cípio.
Em Itaocara o distrito de Laranjais tem o clube esportivo mais antigo do município, o Brasil
Esporte Clube, com estádio próprio e cujo nome homenageia o seu antigo goleiro Adherbal
Lopes Bittencourt. Nesta localidade existem também um clube social e uma quadra poliva-
lente de esportes. O Engenho Central tinha um excelente estádio, com arquibancadas co-
bertas, mas que se encontra degradado. No rio que cruza a cidade se pratica a canoagem.
Itaperuna possui várias fontes de águas medicinais, que propiciaram a construção de dois
parques: O Parque Hidromineral de Raposo e o Parque d’águas Soledade, tendo ainda um
Parque Temático Rural, o Valle Campestre. Para as infraestruturas desportivas existentes
faltam recursos de manutenção e as atividades de esporte e lazer encontram-se abandona-
das por falta de recursos, demandando a contratação de profissionais e a aquisição de ma-
teriais.
Segundo informações do Município, há apenas um projeto em andamento na área, o Projeto
Suderj em Forma, que atende a um bairro, enquanto seriam necessários 23 núcleos de a-
tenção, ressaltando que a falta de recursos e planejamento nos esportes e lazer é um dos
fatores que promove o alto índice local de criminalidade.
Em Santo Antônio de Pádua a área desportiva conta com quadras poliesportivas em todos
os distritos para utilização da Rede Municipal de Ensino, que conta com 60 unidades escola-
res. Na sede do Município existem três estádios de futebol, sendo dois municipais e um par-
ticular e todos os distritos contam com campos de futebol. Além disto, Pádua possui em seu
Rio trechos para a canoagem e a pesca.
A Secretaria Municipal de Esportes promove anualmente o Campeonato Municipal de Fute-
bol de Campo e de Futsal e a Secretaria Municipal de Educação e Cultura realiza anualmen-
te, em setembro, o JESAP- Jogos Estudantis de Santo Antônio de Pádua, com a participa-
ção de toda a rede de ensino do município - pública e particular - com competições de futsal,
vôlei, basquete e handball.
O Município possui ainda o Paduano Esporte Clube, que já foi campeão do antigo Estado do
Rio em 1970, Campeão da 3ª Divisão de Profissionais do Estado do Rio em 1987 e recebeu
vários títulos regionais. Este Clube possui um Estádio amplo, com arquibancada para 2.000
pessoas e parque aquático. Faltam recursos para efetuar-se melhorias em sua infraestrutu-
ra, como a troca de seu alambrado, aumento da arquibancada e um sistema de iluminação
para jogos noturnos, pois é interesse de toda comunidade que o Clube volte a participar das
competições profissionais em níveis estadual e nacional.
A Prefeitura está iniciando algumas obras de melhoramento para que ele possa participar
da 3ª Divisão da FERJ, necessitando, todavia, de uma reforma mais ampla. Outra necessi-
dade do Município na área são as ampliações e reformas de suas quadra poliesportivas.

6. ESTRUTURAS SOCIAIS, ASSOCIATIVAS E COMUNITÁRIAS


Em seguida, apresenta-se um inventários de Associações existentes nos municípios do No-
roeste Fluminense, sempre que foi Possível obter estes dados. O objetivo foi identificar a
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 805
partir desta lista, a capacidade associativa de cada localidade e a conexão entre os grupos
sociais em prol de ações comuns. No entanto, não foi possível encontrar os dados de alguns
municípios.
Em Italva existem as seguintes associações:
• Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Italva
• Sindicato dos Servidores Públicos Municipais
• Sindicato dos Lavradores,
• Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL),
• Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Italva (ACIAI)
• Associações de Bairros e Conselhos da Comunidade.
Itaperuna, por sua vez, possui diversas associações de bairros, Lyons Club
e Rotary Club e Sindicatos de diversos segmentos profissionais, além de
Academia de Letras.
Em Santo Antônio de Pádua as entidades de prestação de serviço social sem fins lucrativos
são:
• Asilo Nossa Senhora do Carmo: atua no abrigo de idosos carentes, principal-
mente aqueles sem família, fornecendo alimentação, moradia e assistência mé-
dica, odontológica e social;
• Lean: Lar Evangélico do Ancião: no mesmo campo de atuação do Asilo N. S. do
Carmo;
• Projeto Esperança: atua no campo de atenção à dependentes químicos, forne-
cendo atenção médica, psiquiatra e social, além de palestras e exercícios de re-
cuperação do paciente;
• Centro de Convivência Psico-Social: mantido com recursos da Prefeitura, atua
no tratamento de doenças psíquicas e do sistema nervoso, fornecendo alimenta-
ção, atenção médica e social.
Grupos Sociais:
• Lyons Club de Pádua e Rotary Club de Pádua: clubes de serviço, atuando na
área de prestação de serviços à pessoas carentes;
• Loja Maçônica Fraternidade Paduense: atuando seguindo os ritos maçônicos.
Associações:
• Associação Comercial e Industrial de Santo Antonio de Pádua;
• CDL - Câmara dos Dirigentes Lojistas de S.A. de Pádua;
• Associação dos Contabilistas de S. A. de Pádua e Aperibé;
• Associação dos Produtores de Leite de S. A. de Pádua;
• Sindicato das Industrias de Pedras Gnaiss;
• Sindicato Rural de S. A. de Pádua;
• APLAC - Academia Paduana de Artes e Ciências;
• Associações de Moradores de todos os bairros e distritos do Município.

806 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Fotos 11 e 12– Região Noroeste Fluminense, Miracema, Associação Comercial Industrial e A-
gropecuária e Loja de Artesanato Local

Fonte: Fotos das Autoras, 2009.

7. SEGURANÇA PÚBLICA
Atualmente, a violência e a criminalidade urbana são problemas considerados entre os mais
graves e crescentes do país, refletindo de forma intensa e sistêmica a existência de outros
problemas sociais: O país passa por um período em que a segurança pública é um fator de
preocupação e análise de diversos setores sociais, uma vez que a violência é um fenômeno
crescente em quase todo o território nacional. (Silva, 2003).
A criminalidade geralmente ocorre associada ao processo de urbanização descontrolado,
aliado à condições econômicas e educacionais antagônicas, que não permitem a inserção
social de algumas camadas da população no mercado de trabalho, relegando-as ao mundo
da marginalidade, tanto econômica como social.
Neste processo, espaço urbano e população crescem sem planejamento e, paralelamente,
cresce a ocorrência de crimes, o tráfico de drogas, a destruição de patrimônio, dentre outras
mazelas, que apontam para um processo de degradação física e moral da população margi-
nalizada, vivendo sem espaço e sem condições de vida dignas.
A criminalidade brasileira não é fruto apenas da miséria, mas do desenvolvimento descon-
trolado que dilatou a periferia dos centros urbanos mais ricos. Consequentemente, existe
uma massa da população urbana que convive com a abundância e a riqueza, beneficiando-
se dela, se comparada a Estados menos desenvolvidos, mas que não se integrou nem pos-
sui condições suficientes de se integrar e ter acesso a inúmeros bens e riqueza. (Silva,
2003, p.09).
Percebe-se, portanto, que o crescimento rápido e desordenado pode favorecer o crescimen-
to econômico, mas acarreta consigo um custo social elevado que possui efeitos devastado-
res, dos quais se destaca aqui a expansão da criminalidade e da violência nas suas diversas
interfaces.
A repetição de determinadas formas de violência gera uma “sociedade que vive com medo”,
com uma sensação profunda de insegurança, diminuindo significativamente a qualidade de
vida de grupos de habitantes, seja pelas restrições de mobilidade e de liberdade da popula-
ção, seja pela modificação que isto acarreta nas formas de convívio social, pois muda-se a
relação das pessoas com os outros e com seu meio, a partir das percepções de ameaça
continuada.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 807


A circularidade da questão revela que é importante considerar não apenas os criminosos
que transgridem as leis, mas a justiça que não funciona, as lacunas da ação policial e que,
em muitos casos, também se torna transgressora, a população empobrecida, a ineqüidade
social. (Silva, 2003). Ou seja, trabalhar com o espaço urbano, a violência e o medo equivale
a trabalhar também com a política criminal e social ligada à estas questões.
No Estado do Rio de Janeiro a criminalidade e os índices de violência tem se constituído há
muitas décadas como um de seus problemas mais graves e de difícil “controle”, envolvendo
o crime organizado e o império do tráfico de drogas. Ressalta-se que este fenômeno, antes
desprivilégio da Capital, alcança crescentemente o interior do Estado, pois os índices de vio-
lência revelam que a criminalidade tem crescido mais nas cidades antes consideradas “pa-
catas”, no interior do Estado, do que na capital e na Baixada Fluminense.
Macaé é um exemplo clássico deste fenômeno, representando a expansão acelerada e des-
controlada de sua população e ocupação territorial, em decorrência da migração e das
grandes transformações em torno da produção de petróleo. Em paralelo, observou-se um
aumento exponencial de problemas sociais, entre eles a violência, sendo que em 2008 Ma-
caé ocupou o posto do 15o município mais violento do país (Mapa da Violência dos Municí-
pios Brasileiros, 2008).
7.1 A Violência no Noroeste Fluminense
A análise da criminalidade urbana no Estado do Rio de Janeiro dar-se-á a partir de dados
oficiais secundários do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ), do Instituto de Segurança
Pública do Estado e do Mapa da Violência dos Municípios Brasileiros, de 2008.
O sistema de Segurança Pública no Estado do Rio de Janeiro é organizado em Regiões de
Segurança Pública (RISP) e em Áreas de Segurança Pública (AISP). Esta organização por
áreas de atuação tem o objetivo de estreitar as relações entre a Polícia Militar e a Policia
Civil e, assim, ampliar a eficácia de suas ações, melhorando o atendimento à população.
As AISPs foram implementadas em 1999, antes mesmo da divisão do Estado por regiões.
Posteriormente, em junho de 2009, o governador Sérgio Cabral assinou um decreto criando
as RISPs, que são uma divisão Estadual mais ampla e englobam as AISPs.
O Estado do Rio de Janeiro foi dividido em 6 RISPs – que implementaram o Sistema de Ge-
renciamento de Metas para Indicadores Estratégicos de Criminalidade - constituídas por um
total de 40 AISPs, cada qual dirigida pelo comandante local do Batalhão da Polícia Militar e
pelo Delegado Titular da Delegacia Distrital. Esta unidade, que coordena cada uma das
RISPs é chamada de Centro Integrado de Segurança Pública (CISP).
Cada AISP possui um Conselho Comunitário de Segurança, composto pelos agentes de se-
gurança pública locais e membros da comunidade. Este sistema parte do princípio de que a
segurança pública é de responsabilidade coletiva, portanto todo cidadão deve participar da
construção de sua própria segurança e dos demais.
De tal maneira a comunidade, juntamente com a força policial, se responsabiliza pela avali-
ação da dinâmica criminal por área, a incidência criminal, a elucidação de delitos e a avalia-
ção da qualidade dos serviços policiais. Ou seja, na busca de uma gestão participativa e de
soluções para a redução da violência, a sociedade é convidada a identificar os crimes mais
comuns, discutindo soluções e acompanhando os resultados das medidas adotadas.
As reuniões das AISPs tem freqüência mensal e os relatórios são entregues ao Instituto de
Segurança Pública do Estado, ISP, para análise e adoção de medidas. São realizadas ativi-
dades de pesquisa e análise criminal para levantar e tratar dados que subsidiem os agentes
públicos de segurança na tomada de decisões e no direcionamento de estratégias para
o controle da violência e criminalidade, racionalizando recursos, através do foco nos pro-
blemas.
808 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
O acompanhamento das metas das AISPs é realizado pela Secretaria de Estado de Segu-
rança (SESEG) e são realizadas reuniões periódicas, caso haja dificuldades em atingi-las.
Além disto, são elaborados relatórios estatísticos periódicos sobre a situação da criminalida-
de constatada no Estado que, ao serem publicados, podem ser acessados pela sociedade
civil.
De acordo com o Instituto de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, as Mesorre-
giões Norte e Noroeste Fluminense abrangem quatro Áreas Integradas de Segurança Públi-
ca, a saber: AISP 08, AISP 29, AISP 32 e AISP 36.
A região Noroeste se divide em duas AISPs. A SESEG utiliza numerações para identificá-las
sendo, portanto, a AISP29, constituída por: Laje do Muriaé, Natividade, Porciúncula, Varre-
Sai, Bom Jesus do Itabapoana, Itaperuna, Italva e Cardoso Moreira, que não pertence à es-
ta Região. A segunda AISP da região Noroeste, identificada como AISP 36, é formada pelos
municípios Miracema, São José de Ubá, Cambuci, Santo Antônio de Pádua, Aperibé, Itaoca-
ra, São Sebastião do Alto. Este último município também não pertence a Região Noroeste
administrativa.
Para analisar a criminalidade e o índice de violência das Regiões estudadas, são apresen-
tadas a seguir informações dos relatórios das AISPs. Foram consideradas as ocorrências
registradas entre os meses de janeiro a outubro dos anos de 2006 a 2009, conforme as dife-
rentes categorias de crime definidas, possibilitando assim a comparação dos dados quanti-
tativos contabilizados. Tal análise possibilitou uma leitura mais pontual, identificando quais
as modalidades de crimes ocorrem com mais freqüência e se estas ocorrências apresenta-
ram aumento ou diminuição ao longo dos anos.
Neste período, as categorias identificadas pelo ISP, que apontam para alguns indicadores
de criminalidade da Região Noroeste foram:
• Vítimas de crimes violentos: Homicídio doloso, Lesão Corporal Seguida de Mor-
te, Latrocínio (roubo seguido de morte), Tentativa de homicídio, Lesão corporal
dolosa, Estupro e Atentado violento ao pudor;
• Vítimas de Crimes de Trânsito: Homicídio Culposo e Lesão Corporal Culposa;
• Registros de crimes contra o patrimônio: Roubo a estabelecimento comercial,
Roubo a residência, Roubo de veículo, Roubo de carga, Roubo a transeunte,
Roubo em coletivo, Roubo a banco, Roubo de caixa eletrônico, Roubo de apare-
lho celular, Roubo com condução da vítima para saque, Extorsão mediante se-
questro (Seqüestro Clássico), Extorsão, Extorsão com momentânea privação da
liberdade e Estelionato;
• Atividade Policial: Apreensão de drogas, Armas apreendidas, Prisões, Apreen-
são de crianças e adolescentes (ECA), Recuperação de veículo, Cumprimento
de mandado de prisão.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 809


Mapa 11 – Região Norte e Noroeste Fluminense, Identificação das AISPs

Fonte: Instituto de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, 2009.

810 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


7.1.1 Ocorrências da AISP 29
Observa-se que na AISP 29, ou seja, nos municípios de Laje do Muriaé, Natividade, Porci-
úncula, Varre-Sai, Bom Jesus do Itabapoana, Itaperuna, Italva e Cardoso Moreira, as maio-
res ocorrências verificadas nos anos analisados correspondem à: lesão corporal dolosa, le-
são corporal culposa por acidentes de trânsito e roubo à pessoas que caminham pelas ruas.
Os furtos e roubos aparecem como ameaças constantes para a população, na maioria dos
casos com aumentos crescentes nas quantidades de ocorrências registradas ao longo dos
últimos anos.
Tabela 46 - Região Noroeste Fluminense, Ocorrências de Vítimas de Crimes Violentos da
AISP 29, 2006 - 2009
AISP 29: Comparativo ano - Acumulado - Jan a Out / Vítimas de Crimes Violentos
Dif. Dif. Dif.
Vítimas de Crimes Violentos 2006 2007
Abstrata
2007 2008
Abstrata
2008 2009
Abstrata

Homicídio Doloso 28 47 19 47 36 -11 36 36 0


Lesão Corporal Seguida de Morte - - - - - - 0 0 0
Latrocínio (Roubo Seguido de Morte) 0 0 0 0 7 7 7 2 -5
Tentativa de homicídio - - - - - - 62 42 -20
Lesão corporal dolosa 765 576 -189 576 653 77 653 768 115
Estupro 20 14 -6 14 13 -1 13 16 3
Atentado violento ao pudor 18 8 -10 8 20 12 20 17 -3

- = não há informação
Fonte: Instituto de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, 2009
Entre 2006-2009, na categoria Vítimas de Crimes Violentos, as ocorrências mais registradas
na AISP 29 se referem aos casos de Lesão Corporal Dolosa. De 2006 para 2007 houve uma
queda importante de 189 registros, voltando a crescer nos anos seguintes, totalizando 768
ocorrências em 2009, similar ao registrado em 2006.
Para as ocorrências de Homicídio Doloso, 2006 contabilizou 28 crimes dessa natureza, ca-
indo em 2008 e se mantendo constante em 2009, com 36 casos registrados. Quanto a Ten-
tativa de homicídio, o ISP disponibilizou dados somente de 2008 e 2009, observando-se
queda de 20 registros, contabilizando 42 ocorrências em 2009.
O Atentado violento ao pudor apresentou poucas alterações: em 2006, 18 ocorrências e em
2009, 20 casos. Com relação ao Estupro, entre 2006-2009 houve uma queda de 20 para 16
ocorrências, em 2009 e o Latrocínio (Roubo Seguido de Morte) também apresentou redu-
ção, de 7 ocorrências em 2008 para 2, em 2009. Não houve registro de Lesão Corporal Se-
guida de Morte, em 2009.
Tabela 47 - Região Noroeste Fluminense, Ocorrências de Vítimas de Crimes de Trânsito da
AISP 29, 2006 - 2009
AISP 29: Comparativo ano - Acumulado - Jan a Out / Vítimas de Crimes de Trânsito
Vítimas de Crimes Dif. Dif. Dif.
2006 2007 2007 2008 2008 2009
de Trânsito Abstrata Abstrata Abstrata
Homicídio Culposo 34 34 0 34 22 -12 22 25 3
Lesão Corporal Culposa 305 258 -47 258 362 104 362 262 -100
Fonte: Instituto de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, 2009.

Nos casos de Lesão Corporal Culposa em Acidentes de trânsito, também houve queda no
período total avaliado, 34 em 2006 e 25 em 2009. Já os casos de Homicídio Culposo se a-
presentaram mais elevados, chegando a 362 em 2008 e reduzindo-se para 262 em 2009,
com variações no período e uma média de 321 ocorrências/ano.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 811


Tabela 48 - Região Noroeste Fluminense, Registros de Crimes contra o Patrimônio da AISP 29,
2006 - 2009
AISP 29: Comparativo ano - Acumulado - Jan a Out / Registros de crimes contra o patrimônio
Registros de Crimes Dif. Dif. Dif.
2006 2007 2007 2008 2008 2009
Contra o Patrimônio Abstrata Abstrata Abstrata
Roubo a estabelecimento
14 30 16 30 18 -12 18 23 5
comercial
Roubo a residência 5 18 13 18 17 -1 17 11 -6
Roubo de veículo 5 7 2 7 11 4 6 5 -1
Roubo de carga - - - - - - 8 4 -4
Roubo a transeunte 15 37 22 37 41 4 41 34 -7
Roubo em coletivo 6 4 -2 4 2 -2 2 1 -1
Roubo a banco 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Roubo de caixa eletrônico - - - - - - 0 0 0
Roubo de aparelho celular - - - - - - 0 3 3
Roubo com condução da
- - - - - - 0 0 0
vítima para saque em I.F.
Furto de veículos 49 48 -1 48 56 8 56 53 -3
Extorsão mediante seqüestro
0 0 0 0 0 0 0 0 0
(seqüestro Clássico)
Extorsão 7 6 -1 6 8 2 8 13 5
Extorsão com momentânea
- - - - - - 0 1 1
privação da liberdade
Estelionato - - - - - - 123 139 16

Fonte: Instituto de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, 2009.


Considerando-se os crimes contra o patrimônio, o Furto de Veículos foi um dos índices que
apresentou maior aumento na Região, com uma média de 51 ocorrências/ano. Em seguida,
o Roubo a Transeunte (caminhantes), apresentou aumento de 15 para 34 registros em
2009, com seu maior valor em 2008, de 41 ocorrências.
Os Roubos a estabelecimento comercial subiram de 14 registros em 2006 para 23 em 2009,
enquanto o Roubo à Residência totalizou 18 ocorrências em 2007, diminuindo para 11 em
2009. O Roubo de Veículo variou seus casos, sendo que em 2009 apresentou o maior nú-
mero de ocorrências, 11. Em relação ao Estelionato, tem-se apenas os dados de 2008 e
2009, onde verificou-se um aumento de 16 registros durante o período, totalizando 139 ocor-
rências registradas.
Observa-se ainda que na AISP 29 não foram registradas ocorrências de Roubo a Bancos e
Caixas Eletrônicos, nem Extorsão mediante seqüestro (Seqüestro Clássico). No entanto, os
casos de Extorsão aumentaram de 7 para 13 casos entre 2006-2009. Foram 3 os casos de
Roubo de celular e 01 de Extorsão com momentânea privação da liberdade.
Tabela 49 - Região Noroeste Fluminense, Atividade Policial da AISP 29, 2006 - 2009
AISP 29: Comparativo Ano - Acumulado - Jan a Out / Atividade Policial
Dif. Dif. Dif.
2006 2007 2007 2008 2008 2009
Atividade Policial Abstrata Abstrata Abstrata
Apreensão de drogas 411 516 105 516 406 -110 407 417 10
Armas apreendidas 249 199 -50 215 154 -61 154 145 -9
Prisões 366 251 -115 251 291 40 291 370 79
Apreensão de criança/
39 32 -7 32 19 -13 19 31 12
adolescente (ECA)
Recuperação de veículo 35 39 4 39 30 -9 30 40 10
Cumprimento de mandado
131 108 -23 108 146 38 146 136 -10
de prisão
Fonte: Instituto de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, 2009.

812 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Entre 2007-2009 o indicador Prisões foi o mais elevado em termos de Atividade Policial, a-
presentando aumentos e decréscimos durante este intervalo, até alcançar 370 neste último
ano. A Apreensão de drogas também seguiu este movimento, chegando em 2009 a 417 o-
corrências, enquanto o número de Armas Apreendidas diminuiu de 249, em 2006 para 145,
em 2009.
Quanto a Apreensão de crianças e adolescentes (ECA), de 2006 a 2008 houve uma queda
de 20 registros, num total de 19 ocorrências. Porém, em 2008 e 2009, aumentou em 12 re-
gistros, totalizando 31, em 2009.
A Recuperação de Veículos cresceu um pouco, finalizando o período com 40 ocorrências
em 2009. No Cumprimento de mandado de prisão, de 2006 a 2007 houve uma queda de 23
registros, voltando a crescer em 2008 e enfrentando nova queda em 2009, finalizando com
136 ocorrências neste ano.
Tabela 50 - Região Noroeste Fluminense, Totais de Registros da AISP 29, 2006 - 2009
AISP 29: Comparativo ano - Acumulado - Jan a Out / Totais de Registros
Dif. Dif. Dif.
Totais de Registros 2006 2007
Abstrata
2007 2008
Abstrata
2008 2009
Abstrata
Total de roubos 53 113 60 113 106 -7 101 101 0
Total de furtos 828 937 109 937 1.097 160 1.097 1.112 15
Registros de
4.707 4.373 -334 4.373 4.620 247 4.620 5.075 455
ocorrências
Fonte: Instituto de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, 2009.

Assim, finalizou-se a contagem quanto ao total de roubos, de 2006 a 2009, observando-se


um aumento considerável de quase 50%, de 53 para 101 registros. O total de furtos contabi-
lizados no período teve um valor elevado de 1.112 ocorrências em 2009. Somando-se todos
os valores, em 2006 foram registradas 4.707 ocorrências na AISP 29 e em 2009, 5.075, um
aumento de 7,8% durante o período de 3 anos.
7.1.2 Ocorrências da AISP 36
A AISP 32, formada por Miracema, São José de Ubá, Cambuci, Santo Antônio de Pádua,
Aperibé, Itaocara, São Sebastião do Alto, possui um município a menos que a AISP 29.
Tabela 51 - Região Noroeste Fluminense, Ocorrências de Vítimas de Crimes Violentos da
AISP 36, 2006 - 2009
AISP 36: Comparativo Ano - Acumulado - Jan a Out / Vítimas de Crimes Violentos
Vítimas de Dif. Dif. Dif.
2006 2007 2007 2008 2008 2009
Crimes Violentos Abstrata Abstrata Abstrata

Homicídio Doloso 20 12 -8 12 10 -2 10 8 -2
Lesão Corporal Seguida de Morte - - - - - - 0 1 1
Latrocínio (Roubo Seguido de
0 0 0 0 3 3 3 1 -2
Morte)
Tentativa de homicídio - - - - - - 17 27 10
Lesão corporal dolosa 650 584 -66 584 607 23 607 727 120
Estupro 11 5 -6 5 17 12 17 18 1
Atentado violento ao pudor 12 14 2 14 10 -4 10 8 -2
Fonte: Instituto de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, 2009.
Entre 2006-2009, na categoria Vítimas de Crimes Violentos, as ocorrências mais registradas
na AISP 36 se referem aos casos de Lesão Corporal Dolosa, verificando-se ainda, um au-
mento de 650 para 727 destes registros. Para as ocorrências de Homicídio Doloso houve
uma queda neste mesmo período, de 20 para 8 registros, em 2009.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 813


Quanto a Tentativa de Homicídio, o ISP disponibilizou dados somente de 2008 e 2009, em
que se observa um aumento de 17 para 27 casos. O Atentado violento ao pudor aparece
como a terceira maior incidência de crimes violentos, porém apresentou uma diminuição
nos casos, finalizando 2009 com 8 ocorrências.
Seguem-se os indicadores para Estupro, que entre 2006-2009 quase dobraram suas ocor-
rências, de 11 para 18. Foram registrados ainda 1 Lesão Corporal Seguida de Morte e 1 La-
trocínio, em 2009.
Tabela 52 - Região Noroeste Fluminense, Ocorrências de Vítimas de Crimes de Trânsito da
AISP 36, 2006 - 2009
AISP 36: Comparativo ano - Acumulado - Jan a Out / Vítimas de Crimes de Trânsito
Vítimas de Crimes Dif. Dif. Dif.
2006 2007 2007 2008 2008 2009
de Trânsito Abstrata Abstrata Abstrata
Homicídio Culposo 21 22 1 22 21 -1 21 22 1
Lesão Corporal Culposa 310 261 -49 261 358 97 358 264 -94

Fonte: Instituto de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, 2009


Nos casos de Lesão Corporal Culposa em acidentes de trânsito, ao comparar-se os dados
de 2006 a 2007, houve queda importante de 49 registros, num total de 261 ocorrências. Po-
rém, no ano seguinte houve um aumento significativo de 97 registros, finalizando 2009 com
264. Os casos de Homicídio Culposo se mantiveram constantes entre 21 e 22/ano, entre
2006 - 2009.
Tabela 53 - Região Noroeste Fluminense, Registros de Crimes contra o Patrimônio da AISP 36,
2006 - 2009
AISP 36: Comparativo ano - Acumulado - Jan a Out / Vítimas de Crimes Contra o Patrimônio
Registros de Crimes Contra Dif. Dif. Dif.
2006 2007 2007 2008 2008 2009
o Patrimônio Abstrata Abstrata Abstrata
Roubo a estabelecimento
11 21 10 21 13 -8 13 2 -11
comercial
Roubo a residência 8 15 7 15 10 -5 10 9 -1
Roubo de veículo 7 6 -1 6 7 1 7 5 -2
Roubo de carga - - - - - - 4 4 0
Roubo a transeunte 18 6 -12 6 20 14 20 21 1
Roubo em coletivo 1 0 -1 0 0 0 0 0 0
Roubo a banco 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Roubo de caixa eletrônico - - - - - - 0 0 0
Roubo de aparelho celular - - - - - - 1 2 1
Roubo com condução da vítima
- - - - - - 0 0 0
para saque em I.F.
Furto de veículos 54 42 -12 42 39 -3 39 42 3
Extorsão mediante seqüestro
0 0 0 0 0 0 0 0 0
(Seqüestro Clássico)
Extorsão 13 6 -7 6 3 -3 3 4 1
Extorsão com momentânea
- - - - - - 0 0 0
privação da liberdade
Estelionato - - - - - - 71 54 -17

Fonte: Instituto de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, 2009


Considerando-se os Crimes contra o Patrimônio, o Furto de Veículos foi um dos indicadores
que apresentou maior ocorrência nesta AISP, similar ao ocorrido na AISP 29, no entanto di-
minuindo de 54 para 42 registros entre 2006-2009. Seguem-se como mais freqüentes o
Roubo a Transeunte, com aumento de 18 para 21 casos neste mesmo período.

814 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Os Roubos a estabelecimento comercial diminuíram de 11, em 2006 para apenas 2, em
2009 e os Roubos a residências apresentaram uma média de 10 ocorrências/ ano. Em rela-
ção ao Estelionato, o ISP apenas disponibilizou dados apenas de 2008/2009, com queda de
17 registros durante tal período, totalizando 54 ocorrências.
Observa-se ainda que na AISP 36 não foram registradas ocorrências relacionadas a Roubo
de bancos e caixas eletrônicos nem Extorsão mediante seqüestro (Seqüestro Clássico). No
entanto, nos casos de Extorsão foram 13, em 2006, caindo para 4, em 2009.
Tabela 54 - Região Noroeste Fluminense, Registros de Atividade Policia da AISP 36, 2006- 2009
AISP 36: Comparativo ano - Acumulado - Jan a Out / Atividade Policial
Dif. Dif. Dif.
Atividade Policial 2006 2007 2007 2008 2008 2009
Abstrata Abstrata Abstrata
Apreensão de drogas 102 131 29 131 140 9 140 219 79
Armas apreendidas 119 113 -6 130 75 -55 75 64 -11
Prisões 225 185 -40 185 151 -34 151 138 -13
Apreensão de criança/
9 6 -3 6 10 4 10 3 -7
adolescente (ECA)
Recuperação de veículo 29 29 0 29 36 7 36 28 -8
Cumprimento de mandado
116 157 41 157 109 -48 109 126 17
de prisão
Fonte: Instituto de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, 2009.
Entre 2006-2009 o indicador Prisões foi o mais elevado em termos de Atividade Policial, di-
minuindo nestes anos até alcançar 138. A Apreensão de Drogas, ao contrário, aumentou
significativamente até o ano de 2009, num total de 219, mais que o dobro dos registros em
2006, enquanto o número de Armas Apreendidas diminuiu neste período, de 119 para 64.
Quanto a Apreensão de criança e adolescente, o número de ocorrências foi baixo, chegando
a 3 em 2009. A Recuperação de veículos aumentou durante o período entre 2006-2008,
mas em 2009 voltou a diminuir para 28 ocorrências e o Cumprimento de Mandato de Prisão
aumentou suas ocorrências de 116 para 126.
Tabela 55 - Região Noroeste Fluminense, Totais de Registros da AISP 36, 2006 - 2009
AISP 36: Comparativo ano - Acumulado - Jan a Out / Totais de Registros
Totais de Dif. Dif. Dif.
2006 2007 2007 2008 2008 2009
Registros Abstrata Abstrata Abstrata
Total de roubos 57 61 4 61 67 6 67 48 -19
Total de furtos 535 665 130 665 761 96 761 708 -53
Registros de
3.298 3.326 28 3.326 3.511 185 3.511 3.693 182
ocorrências

Fonte: Instituto de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, 2009

Assim, finaliza-se a contagem final quanto ao total de roubos, de 2006 a 2009, observando-
se um aumento até 2008, seguido de uma diminuição de 19 registros em 2009, totalizando
48. O total de furtos fechou o período com um valor de 708 ocorrências em 2009. Somando-
se todos os valores, em 2006 foram registradas 3.298 ocorrências na AISP 36 e em 2009,
3,693, revelando um aumento pouco expressivo neste último ano.
Comparando-se, vê-se no Gráfico abaixo que a AISP 29, no geral, apresentou um quantita-
tivo bem expressivo de ocorrências, com relação a AISP 36. Em ambas as maiores ocorrên-
cias registradas nos anos analisados correspondem à: lesão corporal dolosa, lesão corporal
culposa por acidentes de trânsito e apreensão de drogas. Nestes casos, a AISP 29 supera a
AISP 36 em número de registros, exceto nas ocorrências de lesão corporal culposa em aci-
dentes de trânsito, ambas com números praticamente similares.
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 815
Gráfico 20- Região Noroeste Fluminense, Ocorrências das AISPs 29 e 36, 2009

Fonte: Instituto de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, 2009.


Relativo à Apreensão de Drogas, a AISP 29 teve quase o dobro de ocorrências que a AISP
36, 417 e 219, respectivamente. Os registros de prisões seguiram processo similar, com 138
casos na AISP 36 e 370 na AISP 29.
Os Furtos e Roubos, na maioria dos casos apresentaram aumento nas quantidades de ocor-
rências registradas ao longo dos anos.
O fato das análises serem realizadas por cada AISP não permite, todavia, uma identificação
de quais cidades apresentam as maiores contribuições de incidências de criminalidade. To-
davia, as variações de registros criminosos demonstram que o grupo de Municípios que
constituem a AISP 29 se caracteriza como o menos violento da Região Noroeste.
7.2 Mapa da Violência - Região Noroeste
Além da análise dos Relatórios das AISPs do Noroeste, outro documento foi analisado para
a compreensão da criminalidade local, o Mapa da Violência dos Municípios Brasileiros,
2008, que complementa os dados estatísticos apresentados anteriormente. Esta publicação
é uma iniciativa da RITLA (Rede de Informação Tecnológica Latino-Americana), junto com o
Instituto Sangari, o Ministério da Justiça e o Ministério da Saúde, que estão dando continui-
dade a uma série de estudos iniciados há dez anos.
O primeiro Mapa da Violência foi divulgado em 1998, com o objetivo de preencher uma la-
cuna existente no país no campo de indicadores de abrangência nacional sobre o tema da
violência letal e da criminalidade, diferenciando-se dos estudos já apresentados porque se
limitam a avaliar os crimes violentos no país. Os estudos existentes nessa área eram espo-
rádicos e pouco sistemáticos.
Os Mapas da Violência vêm produzindo uma série de estudos que, devido à sua abrangên-
cia e sistematicidade, os tornaram insumos importantes para a elaboração e avaliação dos
816 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
planos e estratégias de enfrentamento da violência no Brasil. Também têm sido subsídios
significativos para a formulação dos planos e programas dirigidos à juventude nas diversas
esferas e para a elaboração de relatórios nacionais e internacionais na área.
Em 2007 foi publicado o segundo Mapa da Violência, contendo informações e indicadores
coletados até o ano de 2004. O Ministério da Saúde agilizou seus processos de coleta e sis-
tematização de informações de mortalidade e tornou disponíveis, em curto espaço de tem-
po, os dados até 2006, elaborando um novo Mapa em 2008.
A importância de se elaborarem indicadores de violência específicos a nível municipal foi a
possibilidade de observar-se o fenômeno de deslocamento da violência das grandes capitais
e metrópoles para o interior dos estados. Este fato ficou evidente com a divulgação do Mapa
da Violência de São Paulo, em 2005 e em 2006, confirmando esta tendência para alguns
estados de grande peso demográfico do país.
Os pesquisadores do Mapa da Violência (2008) desenvolveram um mapeamento dos 556
municípios que possuíam o maior percentual de taxa de homicídio/população total8. Apesar
destes representarem apenas 10% dos municípios brasileiros, são responsáveis por 73,3%
dos homicídios acontecidos no país, durante o ano de 2006.
Mapa 12 – Rio de Janeiro, Mapa da Violência, 2008

Fonte: Mapa da Violência dos Municípios Brasileiros, 2008.


7.3 Os Indicadores da Região Noroeste
O Estado do Rio de Janeiro possui em torno de 40% de seus municípios compondo este
grupo crítico, constituído pelas cidades mais violentas do país. Quanto à Região Noroeste,
apenas um município compõe o grupo: Itaperuna, sendo o 509º município com maior taxa
de homicídios no país, no ano de 2006, com taxa média de 30,6 homicídios/100.000 habi-
tantes.

8
As contagens populacionais utilizadas no Mapa tem como referência os dados do IBGE
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 817
Na Tabela abaixo, são contabilizados os números absolutos de homicídios na Região, com
maiores valores em Itaperuna. O número de ocorrências vem crescendo desde 2002, sendo
que em 2005 dobrou o número de registros. Mesmo considerando que este é o município
mais populoso do Noroeste, sua média de homicídios foi elevada (30,6 homicídios/100.000
hab.).
Em Santo Antônio de Pádua, que tem a metade de seus habitantes e a segunda maior po-
pulação do Noroeste, sua média de homicídios foi de 15,6/100.000hab., exatamente a me-
tade do valor de Itaperuna e menos elevado do que outros municípios da Região, o que
mostra que não há relação direta entre o tamanho da população e a quantidade de homicí-
dios.
Tabela 56 – Região Noroeste Fluminense, Homicídios População Total, 2002 a 2006
Municípios da Região Homicídios População Total
Noroeste Fluminense 2002 2003 2004 2005 2006 Média
Aperibé 4 1 2 1 2 19,4
Bom Jesus do Itabapoana 4 3 4 1 1 5,9
Cambuci 1 1 2 3 2 16,1
Italva 3 0 1 2 3 14,6
Itaocara 1 6 1 2 4 10,4
Itaperuna 14 26 27 30 27 30,6
Laje do Muriaé 0 1 0 1 2 12,9
Miracema 1 0 0 2 3 6,5
Natividade 0 0 0 2 1 6,6
Porciúncula 1 0 1 1 2 7,9
Santo Antônio de Pádua 3 3 7 8 3 15,6
São José de Ubá 0 0 1 0 0 5,2
Varre-Sai 0 0 0 0 0 0,0
Fonte: Mapa da Violência dos Municípios Brasileiros, 2008.

Aperibé apresentou o segundo maior índice regional, com a média de 19,4 homicí-
dios/100.000 hab. Embora em números absolutos Pádua ocupe a segunda posição, a média
de Aperibé se apresenta mais elevada em proporção com sua população, 22% da popula-
ção de Pádua.
Assim, pela ordem decrescente, a maior média de homicídios/população total foi de Itaperu-
na, Aperibé, Cambuci, Santo Antônio de Pádua, Italva e Laje do Muriaé. Os menores valores
foram encontrados em São José de Ubá, Bom Jesus do Itabapoana, com média em torno de
5, Miracema e Natividade com média de 6 e Porciúncula, com 7,9 homicídios/100.000 habi-
tantes.
Em Varre-Sai inexistiram ocorrências de homicídios entre os anos analisados e em São Jo-
sé de Ubá foi registrada apenas 1 ocorrência em 2004, municípios estes cujas populações
também foram as menores da Região, juntamente com Laje do Muriaé que, por sua vez, a-
presentou uma média de homicídios bem maior, 12,9/100.000 hab.
Ressalta-se que em 2004 ocorreu uma queda do número de homicídios em vários municí-
pios brasileiros – o que não foi a tendência deste grupo em questão – fato atribuído pelos
pesquisadores do Mapa da Violência ao Programa de Desarmamento do Governo Federal,
deste mesmo ano.
Por sua vez, não houve uma tendência geral no número de homicídios/população total, o-
correndo tanto aumento como diminuições de seu valor em cada um dos Municípios do No-
roeste, sendo que o maior aumento foi em Itaperuna, de 14 em 2002, para 30 homicídios em
2005 e a maior diminuição em Bom Jesus de Itabapoana de 4 para 1 homicídios/pop. total,
em 2006.

818 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Mapa 13 - Região Noroeste Fluminense, Homicídio da População Total, 2006

Fonte: Mapa da Violência dos Municípios Brasileiros, 2008

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 819


Referente aos homicídios da população jovem, os pesquisadores do Mapa constataram que
eles tiveram um aumento de 1996 a 2006 de 31,3%, no Brasil. Este aumento foi maior do
que o aumento de homicídios da população total, de 20%, e maior do que o crescimento da
população nacional, que foi de 16,3%.
Tabela 57 – Região Noroeste Fluminense, Homicídios População Jovem, 2002 a 2006
Número Total
Municípios da Região
Homicídios População Jovem
Noroeste Fluminense
2002 2003 2004 2005 2006 Média
Aperibé 1 0 0 1 0 20,9
Bom Jesus do Itabapoana 0 0 1 0 0 5,5
Cambuci 0 0 0 1 0 12,8
Italva 3 0 1 1 1 41,1
Itaocara 0 1 0 0 0 0,0
Itaperuna 7 9 10 11 13 64,8
Laje do Muriaé 0 0 0 0 1 23,2
Miracema 1 0 0 0 1 6,8
Natividade 0 0 0 1 0 11,7
Porciúncula 0 0 0 1 1 21,1
Santo Antônio de Pádua 0 1 0 0 0 0,0
São José de Ubá 0 0 1 0 0 27,0
Varre-Sai 0 0 0 0 0 0,0
Fonte: Mapa da Violência dos Municípios Brasileiros, 2008

Entre 2002-2006, na Região Noroeste Fluminense, o município com o maior número absolu-
to de homicídios juvenis9 foi Itaperuna, aumentando gradativamente seus valores e encer-
rando 2006 com 13 ocorrências. Mesmo considerando-se que seu número de jovens é o
maior da Região, a média de 64,3 homicídios/100.000 hab. ocupou o 1o lugar regional.
Em números absolutos, constata-se que as ocorrências de homicídios juvenis não foram e-
levadas, com exceção de Itaperuna. Varre-Sai não teve ocorrências registradas e os demais
municípios apresentaram 0 ou 1 registro, em anos distintos. Italva fugiu a essa regra, pois
em 2002 apresentou 3 registros.
No entanto, observa-se grande variação nas médias de homicídios pelo fato de também o-
correr igual variação no número de jovens nestes municípios. Seguem em ordem decres-
cente Italva, com média de 41,1, São José de Ubá, 27 e Laje do Muriaé, 23,2 homicí-
dios/jovens/100.000 hab. Aperibé e Porciúncula apresentam médias similares, cerca de 21
homicídios/jovens/100.000 hab.
Varre-Sai, Santo Antônio de Pádua e Itaocara apresentam média de 0, sendo que nos dois
últimos houve registro de 1 ocorrência em cada, entre 2002-2006. Os demais tiveram média
que variaram entre 5,5, em Bom Jesus do Itabapoana e 12,8 em Cambuci.

9
O conceito de juventude utilizado no Mapa da Violência dos Municípios Brasileiros (2008) possui um viés socio-
lógico e indica o processo de preparação enfrentado pelos indivíduos para assumirem o papel de adultos, esten-
dendo-se dos 15 aos 24 anos.

820 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Mapa 14 - Região Noroeste Fluminense, Homicídio da População Jovem, 2006

Fonte: Mapa da Violência dos Municípios Brasileiros, 2008.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 821


Referente aos óbitos por acidente de transporte, mais uma vez Itaperuna apresentou a mai-
or média de registros da Região, com 43 óbitos/100.000 hab. Houve variações internas no
dados entre o período avaliado, que teve em 2003, 27 óbitos/acidentes de transporte (menor
registro) e 44, em 2005 (maior registro).

Tabela 58 – Região Noroeste Fluminense, Óbitos por Acidentes de Transporte, 2002 a 2006

Número Total
Municípios da Região
Óbitos Acidentes de Transporte
Noroeste Fluminense
2002 2003 2004 2005 2006 Média
Aperibé 1 2 1 1 2 15,4
Bom Jesus do Itabapoana 10 13 10 7 9 25,5
Cambuci 1 0 1 0 1 4,6
Italva 1 1 3 2 2 17,1
Itaocara 11 1 5 7 4 23,7
Itaperuna 35 27 36 44 38 43,0
Laje do Muriaé 0 0 1 0 1 8,6
Miracema 5 2 2 4 2 10,4
Natividade 2 4 1 3 1 11,0
Porciúncula 0 2 0 1 1 3,9
Santo Antônio de Pádua 13 11 19 8 12 33,8
São José de Ubá 4 1 1 2 3 30,3
Varre-Sai 0 0 0 0 0 0,0
Fonte: Mapa da Violência dos Municípios Brasileiros, 2008

O segundo município com maior média de óbitos/acidente de transporte foi Pádua, com 33,8
óbitos/100.000 hab., com valores elevados em 2004 e registrando uma queda para 12 óbitos
em 2006.
Segue-se em terceira posição Bom Jesus do Itabapoana. No entanto, considerando a pro-
porção menor de sua população, ao se observar a média 25,5/100.000 hab. sua colocação
cai para o quarto lugar, atrás também de São José de Ubá, cuja média se aproximou de
Santo Antônio de Pádua 30,3/100.000 hab.
Varre-Sai novamente não apresentou registros desta natureza e as menores médias foram
registradas em Porciúncula, 3,9, Cambuci, 4,6 e Laje do Muriaé, 8,6/100.000 hab. de óbitos
por acidente de transporte. Natividade e Miracema se aproximaram desta média, com apro-
ximadamente 11/100.000 hab. e 10,4/100.000 hab., respectivamente.

822 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Mapa 15 - Região Noroeste Fluminense, Óbito por Acidente de Transporte, 2006

Fonte: Mapa da Violência dos Municípios Brasileiros, 2008.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 823


Abaixo, a Tabela aponta para os óbitos por armas de fogo do Noroeste. Este tipo de óbito
abrange diversas situações como: suicídios, homicídios, acidentes mortais e mortes por ar-
mas de fogo de intencionalidade indeterminada, conforme explicado no Mapa da Violência.
Além disto, as armas de fogo são responsáveis por 92,5% das mortes nos homicídios prati-
cados com este instrumento e a maioria dos homicídios é praticada com armas de fogo.

Tabela 59 – Região Noroeste Fluminense, Óbitos por Armas de Fogo, 2002 a 2006

Número Total
Municípios da Região
Óbitos Por Armas de Fogo
Noroeste Fluminense
2002 2003 2004 2005 2006 Média
Aperibé 3 0 0 1 1 7,7
Bom Jesus do Itabapoana 1 3 3 0 1 3,9
Cambuci 1 1 1 2 2 11,5
Italva 2 0 1 1 3 12,2
Itaocara 1 3 0 2 1 4,5
Itaperuna 11 18 15 23 23 22,2
Laje do Muriaé 0 0 0 1 1 8,6
Miracema 0 0 0 2 0 2,6
Natividade 0 1 0 0 1 2,2
Porciúncula 1 0 1 1 2 7,9
Santo Antônio de Pádua 2 1 5 3 2 8,7
São José de Ubá 0 0 1 0 0 5,2
Varre-Sai 0 0 0 0 0 0,0
Fonte: Mapa da Violência dos Municípios Brasileiros, 2008

Em Itaperuna a média de óbitos por arma de fogo foi de 22,2 óbitos/100.000 hab. Ainda que
apresentando grande variação de ocorrências no período, cresceu entre 2002-2006, finali-
zando com a marca de 23 óbitos. É importante relembrar que, em 2006, Itaperuna foi o 509º
município com maior taxa de homicídio no país, estando entre os 10% mais violentos, com
taxa média de 30,6 homicídios/100.000 habitantes, ocupando também o 1o lugar da Região
na média de homicídios da população jovem e ainda, o Município com maior média de óbi-
tos por arma de fogo/100.000 hab. no Noroeste Fluminense.
Os demais municípios apresentaram médias entre 12,2 em Italva, a 2,2 em Natividade, sen-
do que Varre-Sai também não apresentou ocorrências desta natureza.

824 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Mapa 16 - Região Noroeste Fluminense, Óbitos por Armas de Fogo, 2006

Fonte: Mapa da Violência dos Municípios Brasileiros, 2008

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 825


7.4 Estudo Socioeconômico Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro
Por fim, apresenta-se um outro viés na análise da Segurança Pública dos municípios do No-
roeste Fluminense, que trata da influência das questões financeiras e de planejamento na
efetividade as ações da Segurança Pública (Estudos Socioeconômicos do Tribunal de Con-
tas do Estado do Rio de Janeiro, 2007).
No estudo, o TCE-RJ aborda um trabalho realizado em parceria com a Fundação Getúlio
Vargas, lançado em 2006, denominado “O Investimento Público e a Efetividade das Ações
Estatais na Segurança”. Para tal, foram realizadas entrevistas com diferentes gestores de
Segurança Pública do Estado, profissionais da Polícia Militar, da Polícia Civil e do Sistema
Prisional, buscando-se dados que contribuíssem para maior eficácia na elaboração das polí-
ticas públicas estaduais.
Considerando-se a execução orçamentária do Governo do Estado, entre janeiro de 2003 a
junho de 2006, o aparelhamento das policias e demais instituições públicas absorveu, em
média, 12,6% dos gastos totais do Estado, fatia inferior apenas àquelas inscritas nas rubri-
cas Encargos Especiais e Educação. Entretanto, quando se analisa a distribuição de gastos,
confirma-se que os recursos se mostram insuficientes para fazer frente às necessidades de
investimento e custeio.
Dos recursos públicos estaduais destinados à área, em média, mais de 30% se destinam ao
Fundo Único da Previdência Social e mais de 40% aos gastos com pessoal da ativa e seus
respectivos encargos. Por outro lado, só 3,25% costumam ser direcionados para o policia-
mento propriamente dito, sugerindo-se um desequilíbrio entre o que é gasto nas atividades-
meio e o que é gasto nas atividades-fim na área de Segurança Pública.
As principais observações do estudo foram:
• A preocupação central demonstrada pelos entrevistados se relacionou à ausên-
cia de planejamento e de critérios de gestão sobre as questões orçamentárias. A
elaboração do orçamento viria sendo executada com base no que foi feito em
anos anteriores, sem a preocupação com os aumentos de custos registrados no
período, nem com o estabelecimento de um elo entre receitas, despesas e obje-
tivos de longo prazo para a área. Além disto, faltava considerar diversos fatores
exteriores às organizações de segurança – como crises, demandas da opinião
pública, julgamentos morais, adequação ao sistema legal – que influem no seu
cotidiano, apontando para a necessidade de antecipação às contingências, o
que, de maneira ampla, demanda instrumentos gerenciais eficazes para que a
política de segurança cumpra sua função. Outras deficiências relatadas foram a
improvisação constante, o excesso de burocracia e a falta de comunicação no in-
terior da organização (fosse esta Polícia Militar ou Civil) e entre as organizações
de uma maneira em geral (Polícias, Sistema Penitenciário, Executivo, etc.);
• Aponta-se também para um conflito entre os critérios técnicos e políticos na
construção dos orçamento das instituições da área, com forte influência política
na definição de prioridades em detrimento de questões técnicas, levando ques-
tões fundamentais a receberem um tratamento superficial, comprometendo a
própria subsistência de algumas instituições.
• Além disto, a partir dos discursos dos gestores foi identificada a existência de um
orçamento insuficiente – por exemplo, faltando verbas para a manutenção e
compra de viaturas - e a execução precária que o acompanha. As verbas são li-
beradas de formas reativa, de acordo com as necessidades - sem planejamento
- de forma emergencial, geralmente quando um problema ganha repercussão
pública. Os atrasos de verbas são constantes, prejudicando o andamento de

826 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


projetos. Falta ainda investir-se no sistema prisional que necessita de grandes
recursos, freqüentemente gastos de forma inadequada.
• A quarta categoria de problemas discutidos foi a utilização de sobras das despe-
sas com alimentação (“rancho”) para custear outras atividades dos batalhões e
unidades da PM, como combustível e manutenção. Tal fato reflete tanto a preca-
riedade de verbas quanto a ausência de planejamento. Ressalta a necessidade
de melhor treinamento dos recursos humanos para lidar com as questões orça-
mentárias, sendo solicitada ao menos formação básica na área.
O fundamental, acima de tudo, é que o conceito de estratégia seja incorporado não só ao
dia-a-dia das instituições de Segurança, mas à própria forma como o Estado trata a Segu-
rança Pública no contexto das políticas sociais.
Nesta perspectiva, a Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP), que coordena o
Sistema Único de Segurança Pública (SUSP) identificou e definiu sete ações estruturantes
para alcançar-se um Sistema de Segurança Pública adequado:
1 - modernização organizacional;
2 – melhoria do sistema de informações gerenciais;
3 - implementação e modernização da infra-estrutura;
4 - valorização profissional;
5 - prevenção;
6 - reaparelhamento;
7 - repressão classificada, que tem como premissa básica buscar os criminosos mais “peri-
gosos” para a sociedade e no mais breve espaço de tempo investigá-los, processá-los e
condená-los.

7.5 Sistema Prisional


Complementando o tema da Segurança Pública, o Sistema Prisional das Regiões Norte e
Noroeste contam com 2 penitenciarias, sendo uma localizada em Campos dos Goytacazes,
Penitenciária Carlos Tinoco da Fonseca, com a capacidade para 795 presos, e outra locali-
zada em Itaperuna, Presídio Diomedes Vinhosa Muniz, com capacidade para 410 presos.
Não foi possível até o momento obter informações oficiais sobre a situação atual no que se
refere à lotação das penitenciarias, sendo desconhecido se as Regiões sofrem do problema
comum vivido na maioria das cidades do país, de superlotação das cadeias.
No entanto, os dados de ocorrências das AISPs acabam por favorecer uma suposição con-
tundente a este respeito, ao se observar que somente no ano de 2009 foram realizadas 370
prisões na AISP 29 e mais 138 na AISP 36, totalizando 508, número este superior à capaci-
dade oferecida na penitenciária regional. Diante disso, pode-se supor que muitas detenções
realizadas nas Regiões sejam encaminhadas para outros municípios do Estado, para a efe-
tuação das prisões.
Além disto, considerando-se todos os dados estatísticos avaliados nas AISPs e no Mapa da
Violência e a influência vital das questões financeiras no funcionamento do Sistema de Se-
gurança Pública, faltaria uma avaliação qualitativa do Sistema de Segurança, no que diz
respeito aos serviços de prevenção e repressão ofertados nos municípios e em suas respec-
tivas regiões pois, desde outra perspectiva, não se tem conhecimento da efetividade do sis-
tema nas soluções das ocorrências de criminalidade e violência apresentadas.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 827


8. POLARIZAÇÃO E INTEGRAÇÃO REGIONAL
Atualmente, diante da premência em atender-se as exigentes demandas do mercado e da
população, as práticas sociais e econômicas resultam em uma sociedade cada vez mais di-
nâmica, inserida em um contexto globalizado, que depende crescentemente da velocidade
de circulação dos fluxos entre pessoas, mercadorias, serviços, capital e informação. Esta
realidade exige contínua interlocução e articulação entre os setores produtivos, sejam eles
públicos, privados, terceiro setor.
Conseqüentemente, constata-se que as conexões inter-municipais, regionais e em todas as
esferas administrativas são fundamentais no processo de desenvolvimento local, pois os
processos de cada município influem nos municípios vizinhos e em sua região. Situações
locais como comércio, sistema de saúde e educação, cultura e diversos outros temas são
utilizados não apenas por habitantes de um único município, mas se praticam diariamente,
migrações dos habitantes buscando as melhores oportunidades.
Além disto, o crescimento econômico e social de um município pode atrair ou não o cresci-
mento de seus vizinhos e, ao longo do tempo, só existirá um desenvolvimento verdadeiro se
tanto os municípios centrais quanto os secundários estiverem em um processo continuado e
interconectado de promoção da geração de renda e de condições de vida adequadas para
seus habitantes.
Entretanto, estas premissas básicas raramente são aplicadas às práticas intermunicipais
brasileiras, onde ainda prevalecem a competição e o exclusivismo, acreditando-se que estar
melhor do que o município vizinho é sinal de superioridade, o que refletem dos paradigmas
mais arraigados na política do país e do qual é preciso desvincular-se para haver um desen-
volvimento real nas regiões brasileiras.
Considerando-se esta perspectiva, foram observadas as polarizações e integrações regio-
nais do Norte e Noroeste Fluminense. Como esperado, o processo possui suas peculiarida-
des, tanto no que se refere às alianças e estratégias políticas, quanto relativas ao fluxo mi-
gratório inter-regional dos seus habitantes, em busca de melhores serviços de educação,
saúde, integração cultural e especialmente em busca de trabalho.
De forma geral, as negociações entre os poderes locais e os planejamentos regionais se
dão de forma incipiente, na maioria dos casos inexistentes. Observa-se, nestes 22 municí-
pios, uma pulverização das iniciativas, que ilustra a dificuldade em elaborar-se políticas pú-
blicas e alternativas de desenvolvimento capazes de ultrapassarem o paradigma de cresci-
mento local - restrito aqui ao âmbito municipal - e inserir um conjunto de empreendimentos
sociais, econômicos, culturais em projetos que visem o desenvolvimento regional integrado.
Os indicadores secundários analisados confirmam esta visão, pois há inúmeros problemas e
ineficiências comprovadas em dados quantitativos, inferindo-se a falta de um processo de
planificação interna municipal e principalmente de uma planificação regional que estabeleça
acordos, metas e prospecções unificadas de progresso regional, apesar de haverem iniciati-
vas atuais que parecem buscar uma reversão deste quadro.
Contudo, enfatiza-se que, de maneira geral, os indicadores sociais da Região Noroeste,
mesmo sendo esta uma Região menos privilegiada economicamente em termos de receitas
orçamentárias, apresenta diversos resultados melhores do que aqueles da Região Norte,
demonstrando assim um descompasso entre os fatores econômicos e o desenvolvimento
social em seus territórios.
No contexto regional, Itaperuna e Santo Antônio de Pádua se destacam como pólos, no que
se refere à economia, saúde e educação. São estes os dois Municípios dotados de melho-
res infraestrutura, principalmente de hospitais e escolas de referência nos níveis superior e
técnico e com o comércio mais diversificado da região. Supõe-se que estes fatores atraiam
grande parcela da população regional, contribuindo para o processo de crescimento popula-

828 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


cional destes municípios, principalmente em Itaperuna, que teve um aumento populacional
de 27,51% entre 1991 e 2009.
Além disto, os índices demográficos demonstram que neste período, Porciúncula e Bom Je-
sus de Itabapoana também apresentam grande crescimento populacional, 26,67% e 18,18%
respectivamente, pressupondo a existência de atrativos nestes locais.
Um dos seus maiores potenciais do Noroeste tem sido a extração de rochas. Desde a déca-
da de 80 a vocação mineral vem se firmando e atualmente é uma das maiores geradoras de
emprego regional, especialmente em Santo Antônio de Pádua que é o principal produtor de
pedra do Noroeste, integrando o APL “Rochas Ornamentais de Santo Antônio de Pádua”.
O início da extração de rochas no Noroeste se deu na década de 70, com a aquisição das
primeiras máquinas. Na década seguinte houve um crescimento do setor, acompanhado de
uma organização no entorno, propiciando a entrada da Região no mercado de feiras e ex-
posições de pedras, estaduais, nacionais e internacionais. Em 1998 foi criada o SINDG-
NAISSES – Sindicato dos Produtores de Rocha na Região, legalizado em 2001 e, posteri-
ormente, outro Sindicato foi constituído.
Em 2002, a Região expandiu sua produção e começou a exportar pedras. Segundo o presi-
dente da Associação das Rochas de Santo Antônio de Pádua, existem nesta área dois sin-
dicatos atuantes: um em Miracema e outro em Pádua, este último com maior autonomia e
sustentabilidade econômica, ou seja, atuam isoladamente, sem qualquer integração, o que
faz com que ambos percam forças no seu desenvolvimento.
Ressalta-se, ainda, que a atividade mineraria local ocorre em sua grande maioria com base
na economia familiar. Os empreendimentos e as funções são passadas entre as gerações e
a qualificação para o trabalho se dá de maneira informal. A importância da qualificação da
mão de obra neste setor se atribui, entre outros aspectos, à instalação de práticas mais se-
guras - evitando acidentes de trabalho - e a formação de profissionais capazes de multiplicar
os benefícios econômicos advindos do processo de produção e comercialização, o que não
tem ocorrido.
Assim, com relação às pedras, a Região enfrenta o grave problema da falta de qualificação
profissional, dificuldade de comercialização produtiva, pouca inserção na economia estadu-
al, problemas reforçados pela falta de programas e políticas públicas afins.
Outra necessidade emergente do setor é a busca de iniciativas e investimentos que visem
mitigar os impactos ambientais causados pela atividade e o reaproveitamento e redução dos
rejeitos gerados pela mineração, que são poluentes e gerados em quantidades extraordiná-
rias.
Assim, estas medidas devem ser objetivo de planejamento dos poderes públicos locais e
estaduais a partir de um trabalho conjunto, definindo alternativas de reutilização de rejeitos
em setores de obras e outras atividades que absorvam as perdas da atividade mineraria. A
partir desta profissionalização maior em diversos aspectos: formação, produção, associati-
vismo, comercialização, diminuição das perdas e reaproveitamento de rejeitos será possível
vislumbrar a auto-sustentabilidade do processo e uma expansão positiva da atividade na
Região.
Do contrário, ainda que a curto prazo a atividade continue gerando ganhos financeiros para
alguns grupos de população, a longo prazo as perdas ambientais serão enormes e o cres-
cimento econômico tenderá a diminuir.
Um dos projetos que considera a integração regional se relaciona com o destino do lixo pro-
duzido na Região. Foi identificada uma possibilidade emergente da criação de um Consórcio
Intermunicipal, para a implementação de um Aterro Sanitário conjunto. Esta é uma proposta
do Estado, que está em tramitação na FUNASA. A princípio, o Consórcio considera dois

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 829


municípios de instalação do Aterro: São Fidelis, com a cobertura de sete municípios e Itape-
runa com a cobertura dos outros seis municípios do Noroeste.
Segundo alguns gestores locais, a iniciativa é questionável e pode não atender às necessi-
dades, uma vez que os aterros precisariam ser demasiado grandes para receber o lixo de
toda a Região, com o outro entrave de diversos municípios precisarem se estruturar em ter-
mos de transporte e pré-seleção do lixo.
No que se refere à Cultura e Lazer, a Região é rica em atrativos de diversas naturezas, se-
jam eles físicos, naturais, culturais e/ou simbólicos.
Miracema se destaca como um pólo cultural. Possui muitos grupos artísticos e folclóricos
organizados, patrimônios tombados e manifestações locais preservadas, perfazendo uma
agenda de eventos contínua, o que atrai habitantes locais e visitantes de outras localidades,
a partir de seus recursos culturais10.
Apesar deste e outros exemplos, não tem havido integrações ou conexões intermunicipais
nesta área, como circuitos culturais e/ou propostas educativas que reforce esta riqueza cul-
tural.
Fotos 13, 14, 15 e 16 - Região Noroeste Fluminense, Miracema, Centro Cultural Melchíades Car-
doso

Fonte: Fotos das autoras, 2009


Na área educacional foram considerados para a avaliação da integração regional os níveis
técnicos e de Ensino Superior, pois acredita-se que nos níveis de Ensino Fundamental e
Médio os municípios sejam auto-suficientes em sua capacidade de atenção às populações
locais, ou devem estruturar-se para alcançar este objetivo.

10
O Centro Cultural Melchíades Cardoso abriga o Museu da cidade com um importante e conservado acervo de
registros, documentos e mobiliário, incluindo máquinas da antiga fábrica de tecidos, que contam e preservam a
história da cidade, além de ser espaço para a promoção de diversas atividades culturais e artísticas.

830 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Para conhecimento das instituições de ensino que compõe o sistema de Educação Superior
e Técnico da Região buscou-se informações do MEC – Ministério da Educação, 2009. No
entanto, ressalta-se que muitos estabelecimentos de ensino existentes no Noroeste e que
prestam serviços ativamente na área da formação acadêmica, técnica e profissional não es-
tão registradas ou não passaram pelo processo de reconhecimento do MEC.
Assim, outras fontes de pesquisa como os sites das prefeituras municipais, o SiedSup – Sis-
tema Integrado de Informação da Educação Superior e os próprios sites de divulgação e a-
presentação institucional foram utilizados para complementação da pesquisa, sendo prová-
vel que não tenham sido documentados todos os dados existentes.
A Região Norte conta com 15 ofertas de curso técnico e 24 de curso superior, incluindo as
universidades e faculdades. Em termos quantitativos é um pouco mais privilegiada que a
Região Noroeste Fluminense, que conta com 09 cursos de nível técnico e 23 de nível Supe-
rior. No entanto, estas ofertas não estão distribuídas de forma homogênea em todos os Mu-
nicípios.
Itaperuna pode ser considerado como pólo educacional. Abriga a FSJ - Faculdade São Jo-
sé; Faculdade Redentor; UFF - Universidade Federal Fluminense; UNIG - Universidade I-
guaçu; UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro e o Instituto Superior de Educação
da FAETEC. De acordo com a Prefeitura Municipal oferece quase 30 cursos de graduação,
além de cursos de pós graduação em Psicopedagogia e Direito.
Santo Antônio de Pádua possui mais de 3000 alunos nos cursos técnicos da FAETEC, que
oferece Informática, Normal Superior, Mineração de Rochas, Inglês e Espanhol. A UFF - U-
niversidade Federal Fluminense oferece curso superior de Matemática e a FASAP, Faculda-
de de Santo Antônio de Pádua possui os cursos de Direito, Administração e Fisioterapia. O
município tem também a Academia Paduana de Letras, Artes e Ciências.
Italva e Itaocara possuem 2 instituições de nível técnico cada. Italva tem se destacado regi-
onalmente em pesquisas técnicas e de incentivo à agropecuária, com a presença de institui-
ções governamentais tais como a Siagro-Rio, a Emater-Rio e uma Fazenda Experimental.
Itaocara não possui instituições de Ensino Superior, apesar da possibilidade de que a Esco-
la de Engenharia Agrícola seja implantada em seu território, através da UENF, segundo in-
formações da Prefeitura Municipal.
Ressalta-se que o MEC não possui registro de instituições de ensino em outros Municípios
que compõem a Região Noroeste. De tal forma, a possibilidade para que os habitantes a-
vancem em seus estudos e se qualifiquem profissionalmente exige, para muitos, um deslo-
camento grande e oneroso, o que freqüentemente inviabiliza o processo ou se faz possível
apenas através de migração pendular – casa/escola/casa – exigindo a mudança de cidade.
Esta concentração educacional em determinados municípios é um dos fatores que acarreta
os movimentos migratórios intra e interregionais, contribuindo com o aumento populacional
em algumas localidades e o esvaziamento de outros, com possibilidades restritas de forma-
ção, constituindo-se naturalmente em uma forma de integração regional não planejada.
Além da formação superior, as instituições de ensino tem como papel fundamental a produ-
ção de conhecimento e a inovação tecnológica, que podem são essenciais para o direcio-
namento de políticas públicas e estratégias de desenvolvimento. Portanto, no Noroeste ain-
da é baixo o número destas instituições como também de cursos técnicos, que são tão ne-
cessários para ampliar-se as capacidades de trabalho de uma grande parcela da população
sem nenhuma qualificação e melhorou-se as condições de desenvolvimento regionais.
Na área da Saúde existe o Consórcio Intermunicipal de Saúde Pública do Noroeste, consti-
tuído por Bom Jesus do Itabapoana, Cardoso Moreira, Itaocara, Laje do Muriaé, Santo An-
tônio de Pádua, Itaperuna, Miracema, São José de Ubá, Varre-Sai, Italva, Natividade e Por-
ciúncula. Não participam os municípios de Aperibé e Cambuci.
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 831
A sede se localiza em Itaperuna e há pólos descentralizados nos municípios de Bom Jesus
do Itabapoana, Itaocara e Natividade. O Consórcio é uma forma de gestão associada de
municípios que permite a participação do Estado e da União através de convênios, na cap-
tação de recursos para investimentos e custeio, possibilitando a ampliação da oferta de ser-
viços para a população dos municípios consorciados.
A estrutura do Consórcio contempla os municípios com atendimentos complementares de
Saúde nas especialidades de Oftamologia e Otorrinolaringologia, além de exames e proce-
dimentos ligados às respectivas especialidades, e ainda exames de ultrassonografia, eco-
cardiograma, ecodoppler, eletroencefalograma, densitometria óssea, entre outros.
O Consórcio possibilita a compra conjunta de medicamentos, reduzindo de forma considerá-
vel o custo dos mesmos. Para tanto deve ser cada vez mais fortalecido e estruturado, au-
mentando sua legitimidade nas reivindicações junto às esferas estaduais e federais, tendo
em vista a melhoria da Saúde Pública regional.
Alem disto, conforme já apresentado o próprio Estado definiu uma meta que integra os mu-
nicípios regionalmente. Cada Região de Saúde deve cuidar de suas ações de Atenção bási-
ca e ações básicas de Vigilância Sanitária, oferecer suficiência em ações de Média Comple-
xidade e algumas de Alta Complexidade e deve estabelecer arranjos inter-regionais que ga-
rantizem as demais ações de Alta Complexidade. (Caderno de Informações em Saúde,
2009).
O processo de regionalização proposto reforça a importância da integração de planejamento
e gestão nas ações cotidianas e, através do reforço do Pacto pela Saúde, a necessidade de
instituir-se uma regionalização de base cooperativa, respeitando a autonomia dos entes fe-
derados.
Alem disto, o Consórcio ainda está pouco funcional, mas os fluxos de saúde tem ocorrido
frequentemente. De acordo com o estudo realizado pela Secretaria de Saúde e Defesa Civil,
foi mapeado o destino dos munícipes com relação aos serviços de saúde de Média Comple-
xidade, considerando-se sua primeira, segunda e terceira referência. (Caderno de Informa-
ções em Saúde, 2009).
Tabela 60 - Região Noroeste Fluminense, Migração em Internações de Média Complexidade,
2008
% de Internação de Média Complexidade Excluindo Psiquiatria - 2008
Municípios da Região Primeira Referência Segunda Refe- Terceira Referência
Noroeste Fluminense % rência % %
Aperibé Aperibé 72,0 Itaocara 21,5 Itaperuna 3,6
Bom Jesus de Itabapoana Bom Jesus 96,3 Itaperuna 2,0 Rio de Janeiro 0,84
Cambuci Cambuci 84,0 Aperibé 4,0 Itaocara 3,8
Italva Italva 83,6 Itaperuna 13,3 Campos 2,0
Itaocara Itaocara 96,2 Itaperuna 1,96 Rio de Janeiro 0,95
Itaperuna Itaperuna 95,0 Italva 3,5 Laje do Muriaé 0,5
Laje do Muriaé Laje do Muriaé 76,0 Itaperuna 21,0 Miracema 1,3
Miracema Miracema 95,5 Itaperuna 2,0 Itaocara 1,0
Natividade Natividade 85,6 Itaperuna 12,7 Rio de Janeiro 0,9
Porciúncula Porciúncula 83,0 Itaperuna 11,20 Italva 1,4
Santo Antonio de Pádua Santo Antonio 92,7 Itaperuna 2,2 Miracema 0,84
São José de Ubá Italva 66,5 Itaperuna 25,0 Campos 1,6
Varre-Sai Varre-Sai 80,0 Itaperuna 15,6 Campos 1,7

Fonte: Caderno de Informações em Saúde do Estado do Rio de Janeiro - Maio 2009 / SHI/SUS 2008

832 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Mais de 70% das internações de Média Complexidade, com exceção da Psiquiatria, aconte-
cem no próprio município de ocorrência indicando que, de alguma forma, estes possuem
boa estrutura e condições para os atendimentos deste nível. Os maiores percentuais de in-
ternação local observados foram em Bom Jesus do Itabapoana, 96,3%, Itaocara, 96,2%, Mi-
racema, 95,5%, Itaperuna, 95% e Santo Antônio de Pádua, 92,7%. Aperibé é o Município
que realiza o menor número de internações em seu território, 72%, mas mesmo assim este
valor é bastante considerável.
Dos 13 municípios, apenas São José de Ubá não possui unidade hospitalar e realiza suas
internações principalmente em Italva, 66,59% e em Itaperuna 25%. Segundo a Secretaria de
Saúde Estadual, este município apresentou ainda o maior percentual de internações fora do
Estado, 4,23%, seguido por Santo Antônio de Pádua, com 2,52% de internações, percentu-
ais pequenos.
Assim, é importante ressaltar que a primeira referência dos habitantes, na maioria dos muni-
cípios, é o próprio município. Já Itaperuna aparece como segunda referência para todos os
demais municípios, exceto para Cambuci, que se reporta a Aperibé.
O Estado do Rio aparece como terceira referência para os Municípios de Natividade, Bom
Jesus de Itabapoana e Itaocara absorvendo, no entanto, menos de 1% das internações des-
tes locais.
Ainda segundo o estudo, Cardoso Moreira - pertencente à Região Noroeste de acordo com
a divisão da Saúde - foi o município que mais realizou internações em outras regiões, até
mesmo por não possuir unidade hospitalar. Destas, 46,56% se deram na Região Norte,
sendo que 44,02% foram realizadas em Campos. Dentro da Região Noroeste, Cardoso Mo-
reira realizou internações principalmente no Município de Italva, 34,61% e Itaperuna,
18,07%.
Complementando as informações dobre os fluxos de saúde, a Tabela seguinte apresenta os
percentuais de internação de Média Complexidade por municípios de ocorrência.
Tabela 61 - Região Noroeste Fluminense, Internação de Média Complexidade no Município de
Ocorrência, 2008
% de Internação de Média Complexidade no Município de Ocorrência - residentes e não residentes - 2008
Porciúncula
Itabapoana

Natividade
Bom J. de

Miracema
Itaperuna

de Pádua
Antoônio

Varre-Sai
Cambuci

Itaocara
Aperibé

Laje do
Muriaé

Santo
Italva

Municípios da Região
Noroeste Fluminense

Aperibé 90,2 5,52 2,79 0,18


Bom Jesus de Itabapoana 69,97 0,78 0,42
Cambuci 9,05 0,05 73,52 0,46 1,75 0,22 0,13 0,11
Italva 0,16 41,41 2,29
Itaocara 0,02 88,54 0,46 0,09 0,04
Itaperuna 0,60 8,88 82,09 6,86 0,13
Laje do Muriaé 0,02 0,04 1,55 93,14 0,31
Miracema 0,3 0,16 0,04 1,24 0,58 96,45 0,04
Natividade 0,05 0,04 1,72 98 0,21
Porciúncula 0,16 0,65 1,83 1,55 93,95 1,88
Santo Antônio de Pádua 0,5 0,07 0,04 0,15 0,84 1,05 99,55
São José de Ubá 0,05 6,59 0,85 0,04 0,11
Varre-Sai 0,16 1,2 0,33 97,49
Outras regiões 6,31 28,84 2,79 3,84 0,13
Outros Estados 26,16 7,85 0,59 1,49 0,11 1,05 0,15
Total 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100
Não residentes Residentes
Fonte: Caderno de Informações em Saúde do Estado do Rio de Janeiro - Maio 2009 / SHI/SUS 2008
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 833
Varre-Sai, Porciúncula e Bom Jesus de Itabapoana e Itaperuna foram os Municípios que
mais realizaram internações de outros munícipes da Região Norte.

A internação de pacientes vindos de outros Estados é bem significativa na Região Noroeste,


principalmente em de Bom Jesus de Itabapoana que realizou, em 2008, 26,16% destas. Ital-
va, Miracema, Natividade, Porciúncula e Santo Antônio de Pádua também realizam interna-
ções de outros Estados, porém em menor quantidade.

Italva, por outro lado, se destacou como sendo o Município que recebeu em 2008 o maior
número de internações de outras regiões do Estado, 28,84%.
Tabela 62 - Região Noroeste Fluminense, Migração em Internações de Alta Complexidade, 2008
% de Internação de Alta Complexidade - 2008
Municípios da Região
Primeira Referência % Segunda Referência % Terceira Referência %
Noroeste Fluminense
Aperibé Itaperuna 65 Rio de Janeiro 20 Aperibé 15
Bom Jesus de Itabapo- Bom Jesus de
Itaperuna Rio de Janeiro
ana 57,58 Itabapoana 21,21 19,7
Cambuci Itaperuna 80,95 Rio de Janeiro 14,29 Campos 4,76
Italva Itaperuna 95 Rio de Janeiro 4
Itaocara Itaperuna 30,3 Rio de Janeiro 14,29 Itaocara 3,57
Itaperuna Itaperuna 98,94 Rio de Janeiro 0,85 São Gonçalo 0,21
Laje do Muriaé Itaperuna 85 Rio de Janeiro 10 Nova Friburgo 5
13,4
Miracema Itaperuna Miracema Rio de Janeiro
52,44 29,27 1
Natividade Itaperuna 91,89 Natividade 5,41 Rio de Janeiro 2,7
Porciúncula Itaperuna 94,12 Rio de Janeiro 5,88
Santo Antônio de
Santo Antônio de Pádua Itaperuna Rio de Janeiro
75,29 20 Pádua 4,71
São José de Ubá Itaperuna 88,24 Rio de Janeiro 11,76
Varre-Sai Itaperuna 85,7 Rio de Janeiro 14,29
Fonte: Caderno de Informações em Saúde do Estado do Rio de Janeiro - Maio 2009 / SHI/SUS 2008

Referente às internações de Alta Complexidade, Itaperuna foi o segundo maior responsável


pelas internações no Estado, com 6,33%. Destas internações, apenas 34,75% são de seus
próprios habitantes. Todos os Municípios utilizam os serviços de Itaperuna como primeira
referência, apontando para uma capacidade hospitalar elevada da Região.

Além disto, Itaperuna está entre os nove municípios do Estado que prestam atendimento na
área cardiológica. É a referência principal na área para todos os municípios da Região No-
roeste e o terceiro prestador deste tipo no Estado, com 12% do total de atendimentos. Em
segundo lugar está Cabo Frio, com 13% e na liderança encontra-se a Capital, com 35,66%
dos atendimentos.

Para terapia renal substitutiva, a Região Noroeste presta serviços em Bom Jesus de Itaba-
poana, atendendo principalmente a seus habitantes. Itaperuna também atende aos muníci-
pes de Italva, Laje do Muriaé, Natividade, Porciúncula, São José de Ubá, Varre-Sai, além de
seus próprios habitantes e parte da demanda de Cambuci. Por fim, Santo Antônio de Pádua
atende munícipes de Aperibé, Itaocara, Miracema e a maior parte da demanda de Cambuci.

Itaperuna é ainda o único município da Região Noroeste que oferece tratamento oncológico
– quimioterapia e radioterapia. É ainda um dos quatro municípios do Estado que realiza ci-
rurgias oncológicas, se configurando como única referência de Alta Complexidade para Na-
834 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
tividade, Porciúncula e Varre-Sai e segunda referência para Itaocara, Miracema e Santo An-
tônio de Pádua. Estes recorrem à Capital em primeiro lugar, para a Alta Complexidade.

Outro aspecto importante em que se observa a integração regional é o Sistema de Seguran-


ça Pública do Estado, apresentado anteriormente, que se organiza em Regiões de Seguran-
ça Pública (RISP) e Áreas de Segurança Pública (AISP). A própria organização regionaliza-
da por áreas de atuação funciona como uma importante tentativa para promover a gestão
integrada entre a Polícia Militar e a Polícia Civil, possibilitando uma maior eficácia de suas
ações.

Além disso, funciona como um instrumento de conexão com a comunidade, através dos
Conselhos Comunitários de Segurança na busca de uma gestão participativa. Cada AISP
promove mensalmente reuniões e elabora os relatórios estatísticos para análise situação da
criminalidade constatada e adoção de medidas cabíveis, o que não se sabe todavia, se tem
sido funcional e suficiente em termos para o controle da violência e criminalidade.

9. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considerando-se as peculiaridades de cada município, bem como as potencialidades e fra-


gilidades que configuram a Região Noroeste, ressalta-se que, apesar da melhoria de muitos
de seus dados estatísticos, de maneira geral, o resultado encontrado não é positivo, especi-
almente para seus habitantes.

A Região, de tradição agrícola, é considerada uma das mais pobres do Estado, com ativida-
des de base primária, poucas diversificações e indústrias. Com índices socioeconômicos
muito baixos na década de 90, diversos de seus municípios conseguiram reverter este qua-
dro ou ao menos minimizar a gravidade da situação, mas outros ainda apresentam os piores
resultados do Estado.

Bom Jesus de Itabapoana, juntamente com Pádua e Itaperuna estão conseguindo, parcial-
mente, elevar as condições de vida regionais, ofertando bons serviços, comércio e oportuni-
dades de emprego, buscando reverter a inércia enfrentada na Região durante as últimas
décadas, em termos econômicos e sociais.

Melhorou-se o IDH, o IFDM e alguns valores dos grupos de indicadores do IQM. Ressalta-se
que, enquanto a maioria dos componentes do IQM relacionados à atratividade de negócios
é baixo e, no geral, bastante inferior aos da Região Norte, os níveis de Cidadania foram em
alguns casos muito positivos e melhoraram ao longo da pesquisa, refletindo elevação na re-
presentação das condições de atendimento às necessidades básicas da população, englo-
bando saúde, educação, segurança, justiça e lazer, o que significa que os recursos locais,
infinitamente menores do que os da Região Norte, estão sendo melhor direcionados para o
bem-estar de seus habitantes.

A Educação melhorou sob vários aspectos, como a porcentagem de crianças e jovens fre-
qüentando as escolas, o índice de analfabetismo, a média de escolaridade em diversas fai-
xas etárias; na Saúde houve uma elevação dos anos de vida, uma diminuição da mortalida-
de infantil e a melhoria nas redes de esgoto e tratamento de água, que apresentam, no ge-
ral, índices melhores do que os do Norte Fluminense, novamente uma situação inusitada-
mente positiva, em considerando-se o aporte de recursos muito inferior do Noroeste.

A Saúde se destaca como muito boa em vários aspectos. É referência regional, interregional
e mesmo estadual em algumas áreas, com ótimas instituições de tratamento e diagnóstico,

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 835


apresentando diversos índices acima da média estadual, inclusive para atendimentos de
média e Alta Complexidade.

Na Segurança podem haver ocorrido melhorias estruturais, não avaliadas, mas o nível de
ocorrências aumentou para quase todos os tipos de criminalidade locais, através de índices
de violência alarmantes, destacando-se Itaperuna. Poucos foram os dados disponibilizados
na área desportiva, mas o que havia apontou uma grande carência de recursos financeiros,
infra-estruturais e de projetos na área.

A Região Noroeste apresentou também altos índices de pobreza e indigência, rendas bai-
xas, grande informalidade no mercado de trabalho e espaços de pobreza, com visível ca-
rência de infra-estruturas, revelando que as Regiões estão empobrecidas e enfraquecidas
em diversas áreas sociais.

Falta à Região um direcionamento integrado, que agrupe as iniciativas locais para a melho-
ria de qualificação de mão de obra, o desenvolvimento de novos negócios, dentro dos po-
tenciais locais que já se configuram, como a produção de pedras, mas que necessitam de
melhores condições produtivas e de comercialização.

Dentro desta perspectiva, o panorama geral de crescimento da Região não tem se refletido
em desenvolvimento sustentável e o planejamento urbano e regional são fundamentais para
a continuidade de processos regionais de êxito, ainda incipientes, mas que para se desen-
volverem, dependem de um amplo processo educacional e políticas públicas adequadas,
incluindo o estabelecimento de parcerias intermunicipais e regionais.

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http://www.investerio.com.br/

• ASSESPRORJ - Associação das Empresas Brasileiras de Software e Serviços de Infor-


mática do Rio de Janeiro. Disponível em: www.assespro-rj.org.br

• CDI - Comitê para Democratização da Informática. Disponível em: www.cdi.org.br

• CODIN - Companhia de Desenvolvimento Industrial do Estado do Rio de Janeiro. Dispo-


nível em: http://www.codin.rj.gov.br/

• COPPE - Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia.


Disponível em www.coppe.ufrj.br

• FAPERJ - Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de


Janeiro. Disponível em www.faperj.br

• FIRJAN - Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro. Disponível em:


www.firjan.org.br

• Fluminense on line. Disponível em:

838 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


http://www.ofluminense.com.br/script/oFluPagOutrasRegioes.asp?CodigoRegiao=53&po
pup=yes

• Fundação CIDE - Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro. Disponível em:


http://www.cide.rj.gov.br/cide/index.php

• Governo do Rio de Janeiro. Disponível em:http://www.governo.rj.gov.br/municipios.asp

• IBGE. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1

• IETS - Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade. Disponível em:


http://www.iets.org.br/

• IVIDES - Instituto Virtual para o Desenvolvimento Sustentável. Atlas de Indicadores de


Sustentabilidade para os Municípios Costeiros do Estado do Rio de Janeiro. Dis-
ponível em: http://www.ivides.org/atlas/index.php

• Mapas do Rio de Janeiro. Disponível


em :http://www.mapabrasil.com/Mapa_Regiao_Norte_Fluminense_Estado_Rio_Janeiro_
Brasil.htm.

• Ministério da Saúde - Secretaria Executiva - DATASUS - Caderno de Informações de


Saúde - IBGE/Censos Demográficos. Disponível em:
http://tabnet.datasus.gov.br/tabdata/cadernos/rj.htm.

• Observatório Socioeconômico da Região Norte Fluminense. Disponível em:


http://portal.iff.edu.br/projetos/observatorio-socioeconomico-da-regiao-norte-fluminense.

• Portal da Receita, Finanças e Planejamento do Estado do Rio de Janeiro


www.sef.rj.gov.br

• PRODERJ - Centro de Tecnologia de Informação e Comunicação do Estado do Rio de


Janeiro. Disponível em: www.proderj.rj.gov.br

• Prominp - Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural.


Disponível em: www.prominp.com.br

• REDETEC - Rede de Tecnologia do RJ –. Site disponível em: www.redetec.org.br

• SEPRORJ - Sindicato das Empresas de Informática. Disponível em: www.seprorj.org.br

• SEDEIS - Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Energia, Indústria e


Serviços. Disponível em: http://www.desenvolvimento.rj.gov.br

• SECT - Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia do Estado do Rio de Janeiro, dis-


ponível em: www.cienciaetecnologia.rj.gov.br

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 839


• SECTI - Secretaria de Estado, Ciência e Inovação do Estado do Rio de Janeiro. Disponí-
vel em: www.cederj.edu.br/atlas/rnorte.htm

• SEPLAG - Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão do Estado do Rio de Janei-


ro. Disponível em: http://www.planejamento.rj.gov.br/.

• SETRAB - Secretaria de Estado de Trabalho. Disponível em: www.setrab.rj.gov.br

• SINDPDRJ - Sindicato dos Trabalhadores em Empresas e Órgãos Públicos de Proces-


samento de Dados, Serviços de Informática e Similares do Estado do Rio de Janeiro.
Disponível em: www.sindpdrj.org.br

• Sistema de Informações Territoriais – Disponível em: http://sit.mda.gov.br

• UERJ - Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Disponível em: www.uerj.br

840 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Anexos

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 841


ANEXOS
ANEXO 1 – MATRIZ DO ENEM
O ENEM, Exame Nacional do Ensino Médio, é um teste aplicado anualmente aos alunos
concluintes do Ensino Médio em diversos municípios do território nacional. Visa que o estu-
dante conheça qual área do conhecimento ou competência ele está mais ou menos apto e
onde precisa reforçar seus estudos.
Isto auxilia os alunos em suas escolhas futuras relacionadas ao mercado de trabalho e à
continuidade dos estudos.
A parte objetiva da prova é constituída por questões de múltipla escolha de igual valor, atri-
buindo-se uma nota na mesma escala a cada uma das cinco competências avaliadas, que
são:
• Dominar a norma culta da língua portuguesa e fazer uso da linguagem matemá-
tica, artística e científica;
• Construir e aplicar conceitos das várias áreas do conhecimento para a compre-
ensão de fenômenos naturais, de processos histórico-geográficos, da produção
tecnológica e das manifestações artísticas;
• Selecionar, organizar, relacionar, interpretar dados e informações representados
de diferentes formas, para tomar decisões e enfrentar situações-problema;
• Relacionar informações representadas em diferentes formas e conhecimentos
disponíveis em situações concretas, para construir argumentação consistente;
• Recorrer aos conhecimentos desenvolvidos na escola para a elaboração de pro-
postas de intervenção solidária na realidade, respeitando os valores humanos e
considerando a diversidade sociocultural.

Fonte: Ministério da Educação, 2007

842 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


ANEXO 2 – INDICADORES DA GESTÃO PLENA DA ATENÇÃO BÁSICA AMPLIADA

Na Gestão Plena da Atenção Básica Ampliada são definidos, anualmente, alguns indicado-
res. Em 2005 foram estabelecidos os seguintes:

• Saúde da Criança

Indicadores Principais: Número absoluto de óbitos em menores de um ano de idade; Taxa


de Mortalidade Infantil; Proporção de nascidos vivos com baixo peso ao nascer; Proporção
de óbitos em menores de um ano de idade por causas mal definidas; Taxa de internações
por Infecção Respiratória Aguda em menores de 5 anos de idade; Homogeneidade da co-
bertura vacinal por tetra valente em menores de um ano de idade.

• Saúde da Mulher

Indicadores Principais: Taxa de mortalidade materna; Proporção de nascidos vivos de mães


com 4 ou mais consultas de pré-natal; Proporção de óbitos de mulheres em idade fértil in-
vestigados; Razão entre exames citopatológicos cérvicovaginais em mulheres de 25 a 59
anos e a população feminina nesta faixa etária.

• Controle da Hipertensão

Indicadores Principais: Taxa de internações por acidente vascular cerebral (AVC); Taxa de
mortalidade por doenças cérebrovasculares.

• Controle da Diabetes Mellitus

Indicador Principal: Proporção de internações por cetoacidose e coma diabético mellitus.

• Controle da Tuberculose

Indicador Principal: Proporção de abandono do tratamento da tuberculose.

• Eliminação de Hanseníase

Indicadores Principais: Proporção de abandono de tratamento da hanseníase; Taxa de de-


tecção de casos novos de hanseníase.

• Saúde Bucal

Indicadores Principais: Cobertura de primeira consulta odontológica; Razão entre os proce-


dimentos odontológicos coletivos e a população de 0 a 14 anos.

• Gerais

Indicadores Principais: Proporção da população coberta pelo Programa de Saúde da Família


(PSF); Média anual de consultas médicas por habitante nas especialidades básicas.

Fonte: Cadernos de Informações em Saúde, maio de 2009.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 843


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Rede Social
Capítulo 7
Autor:
Enio Eduardo Pereira da Silva

Colaboradora:
Avanice Maria Claret

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


SUMÁRIO

1. CONCEITUAÇÃO DE REDE................................................................................ 849

2. REDES SOCIAIS ................................................................................................. 849

2.1 Redes da Sociedade Civil .................................................................................... 851

3. REDE SOCIAL DO PROJETO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO


NORTE/ NOROESTE DO RIO DE JANEIRO....................................................... 852

3.1 Capital Social da Rede Social do Projeto de Desenvolvimento Sustentável das


Regiões Norte/Noroeste do Estado do Rio de Janeiro ......................................... 853

3.2 Horizontalidade na organização da Rede Social do Projeto de Desenvolvimento


Sustentável das Regiões Norte/Noroeste do Estado do Rio de Janeiro ............... 853

3.2.1 Participação Voluntária ........................................................................................ 855

4. PROCESSO DE CRIAÇÃO DA REDE SOCIAL DO PROJETO DE


DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DAS REGIÕES NORTE / NOROESTE DO
ESTADO DO RIO DE JANEIRO .......................................................................... 855

4.1 Passos para Construção da Rede Social ............................................................. 855

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 862

6. REFERÊNCIAS.................................................................................................... 863

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


LISTAS

FIGURA

Figura 1 – Estrutura para Funcionamento da Rede Social RIONOR.................................. 854

Figura 2 – Interação dos Membros da Rede Social RIONOR, mediada via web ................ 854

Figura 3 – Estrutura da Página Residente do Portal da Rede Social RIONOR .................. 856

Figura 4 – Página Principal do Portal da Rede Social RIONOR (www.rionor.ning.com)..... 857

Figura 5 – Link para Convidar novos Integrantes para a Rede Social RIONOR................. 858

Figura 6 – Espaço – Blog – Reservado para Assinantes da Rede Social RIONOR ........... 859

Figura 7 – Link Fórum de Debates da Rede Social RIONOR............................................. 860

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


1. CONCEITUAÇÃO DE REDE

Rede se constitui em um termo polissêmico, sendo diversos os sentidos dados a ele. No


Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa (2009) encontram-se pelo menos 19 sentidos para
o vocábulo rede. Segundo Santana (2004), a concepção de rede é originada do latim retio-
lus, que “designa um conjunto de linhas entrelaçadas”, uma analogia que remete ao sentido
de ligação, de junção de pontos separados. É um conceito que advém de uma derivação por
metáfora, significando que elementos como pessoas, coletivos, entidades, estabelecimen-
tos, empresas ou instituições se mantém interligados entre si, estando geralmente organiza-
das em torno de interesses, valores, afinidades, projetos e objetivos comuns que os une.

Embora não seja um termo novo, nos dias atuais, tem se constituído em um importante te-
ma de investigação científica. O estudo de rede nas diversas ciências é tratado de acordo
com a especificidade de seus interesses. Nas Ciências Humanas, particularmente na Antro-
pologia, destaca-se uma perspectiva de interação direta estabelecida, em decorrência de
conexões pré-existentes, entre indivíduos pertencentes a determinados agrupamentos. Na
Sociologia, os enfoques buscam apreender a idéia de rede a partir de articulações políticas,
ideológicas ou simbólicas embutidas nas ações coletivas e nos movimentos sociais. Na Ge-
ografia, destacam-se os estudos de redes urbanas, onde se analisa, a partir de determina-
dos fluxos, os níveis de interdependência entre os centros urbanos.

Ao se tratar de assuntos urbanos, uma idéia de rede num sentido de entrelaçamento de fios
e nós articulados, formando uma malha pode ser trazida. Nos estudos de redes urbanas,
normalmente, os nós são vinculados aos centros urbanos que, funcionalmente, se articulam
via fios, que são estradas de ferro, de rodagem, rios e outros meios por onde ocorrem os
fluxos.

A rede urbana pode ser observada sob o aspecto material referindo-se a elementos espaci-
ais concretos que compõem a infra-estrutura. Poderia ser chamada de “rede técnica” por ser
constituída de tal forma que permite o transporte de matéria, energia ou informação, en-
quanto que a rede analisada a partir de uma perspectiva social referindo-se às pessoas,
mensagens e valores que se utilizam dessa infra-estrutura, pode ser chamada de “rede so-
cial.

Há uma interdependência entre estas duas concepções de rede, em sua forma e função:
dependem tanto da estrutura material, quanto dos aspectos sociais que lhe dão dinamicida-
de.

2. REDES SOCIAIS

Na sociedade, o fato de todo indivíduo estar inserido simultaneamente em várias relações,


sejam elas de parentesco, amizade, vizinhança, trabalho e outras, por si só, já pressupõe o
seu envolvimento em redes sociais, porém trata-se de uma inclusão de forma passiva.

Ao ocorrer a inserção do indivíduo em organizações instituídas capazes de mobilizar outras


redes, tem-se, então, uma inclusão em forma ativa de participação em redes sociais.

Nas redes sociais, diferentemente de outros sistemas de conexão, existe uma estrutura,
cujo pressuposto é a interação social, onde o todo é mais que o somatório das partes e não
somente uma coleção de perfis. Os laços sociais ou relações nas redes sociais se estabele-
cem no sentido de desenvolver ou promover assuntos muito específicos, de interesse co-
mum, o que faz com que as participações, interações, intercâmbios, buscas, e outras mani-
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 849
festações se processem espontânea e voluntariamente, através de fluxos regulares que
transitam pela rede ou entre os que nela comparecem. As relações, portanto, entre os agen-
tes que a constituem não são feitas de maneira aleatória, mas observam a princípios da au-
torregulação. Os teores ou conteúdos, os modos ou funções que especificam o seu movi-
mentar e interagir, as densidades e intensidades, as entradas e saídas e realimentações,
entre outras condições que regem o seu existir, definem os estados de sua energia interna,
as sinergias, o que influencia e determina o modus operandi e os resultados que explicam e
mantem a sua existência enquanto rede.

As redes sociais, segundo Parrochia (1993), designam organizações não estruturadas, sem
coordenações, sem estatutos legais ou paralegais, o que se denomina uma rede em hiper-
texto. Prescindem da contigüidade espacial e de longos períodos de tempo. Para Parrochia,
as redes sociais podem ser feitas e desfeitas rapidamente, sendo, portanto, pontuais e efê-
meras. Pressupõem flexibilizações, rapidez e multiciplidade de atores, relativizando a idéia
de centralidade e hierarquia oriundas de forças centrípetas, a favor de uma morfologia mais
aberta , sem perder coesão e funcionalidade.

Ao se tratar de redes sociais é fundamental considerar o papel da comunicação como ele-


mento essencial à sua operacionalidade. Nas redes materiais ou técnicas prevalece um mo-
delo simples comunicação, composto de ligações físicas, locais, que envolvem poucos ele-
mentos no processo de transmissão e receptação dos conhecimentos. Nesse modelo sim-
ples é possível identificar todos os canais de comunicação através da contigüidade espacial
das mensagens transmitidas. Nas redes sociais, historicamente, o fenômeno da comunica-
ção ocorreu da forma mais simples para a mais complexa. Num determinado estágio da
evolução da sociedade, em que prevaleceu a linguagem gestual e oral, estabelecida por um
pequeno número de pessoas, a comunicação era simples, havia uma limitação espaço-
temporal, com o entorno imediato, prevalecendo nas relações sócio-espaciais.

Hoje, com a sociedade globalizada e a alta tecnologia, os modelos de comunicação se tor-


naram bastante complexos. A comunicação mediada pelo computador pode ser muito efici-
ente no estabelecimento de laços sociais porque facilita sua manutenção. A internet é um
instrumento que possibilita a constituição de um sistema de conexão à distância, instantâ-
nea, permitindo a comunicação, compartilhamento e intercâmbio de dados entre os elemen-
tos das redes sociais. A discussão sobre redes sociais baseadas em Manuel Castells, cien-
tista social espanhol, envolve o fenômeno da comunicação nessa perspectiva mais ampla
que é a da “Revolução da Tecnologia e da Informação”. Revolução esta que vem provocan-
do transformações aceleradas na sociedade e, segundo Castells, levam as pessoas a terem
uma tendência a reagruparem-se em torno de entidades e grupamentos associativos primá-
rios tais como religiosos, éticos, territoriais, empresariais e nacionais. Desaparecem as bar-
reiras da distância e dos elementos físicos. Segundo esta perspectiva, a existência das re-
des sociais se deve, então, à necessidade de se produzir conversações na linguagem, para
atender à condição de se produzir trabalho co-operativo, independente do espaço e do tem-
po e de organizações formais, e de se viabilizar a propensão das pessoas de atuarem atra-
vés de conexões no conhecimento que contribuam para a formação de suas identidades.

Castells não é, propriamente, um defensor da lógica das redes como forma de organização,
que, segundo seu pensamento, possui uma lógica invisível, produzindo valores, criando có-
digos culturais, decidindo o poder, o que faz com que seu sentido estrutural deixe de existir.
Como um analista que busca compreender essas novas dinâmicas sociais, políticas e eco-
nômicas da chamada sociedade da informação, ele analisa e descreve a nova configuração
que decorre da difusão do uso das novas tecnologias, viabilizando os processos da globali-
zação em rede e explica que:

850 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


“Uma estrutura social com base em redes é um sistema aberto alta-
mente dinâmico suscetível de inovação sem ameaças ao seu equilí-
brio. Redes são instrumentos apropriados para a economia capitalis-
ta baseada na inovação, globalização e concentração descentraliza-
da; para o trabalho, trabalhadores e empresas voltadas a flexibilidade
e a adaptabilidade; para uma cultura de desconstrução e reconstru-
ção contínuas; para uma política destinada ao processamento instan-
tâneo de novos valores e humores públicos; e para uma organização
social que vise a suplantação do espaço e a invalidação do tempo.”
(A Sociedade em Rede:497)

2.1 Redes da Sociedade Civil

A sociedade civil pode ser considerada como uma representação em vários níveis de como
os interesses e os valores da cidadania se organizam, em cada sociedade, para encami-
nhamento de suas ações em prol de políticas sociais e públicas, protestos sociais, manifes-
tações simbólicas e pressões políticas. O momento histórico da revolução tecnológica e in-
formacional acelera a fundação de uma sociedade civil global, da qual são expressões mar-
cantes das grandes mobilizações organizadas por meio de redes que tem como exemplos,
entre outras, as manifestações que ocorreram em Seattle, Praga e Gênova relacionadas ao
comércio internacional, o Fórum Social Mundial, de Porto Alegre, e a recente Conferência
sobre o Clima do Planeta de Copenhagen.

O estágio de desenvolvimento das tecnologias de informação e comunicação tem a proprie-


dade de proporcionar a agilização ou aceleração e articulação da variedade de movimentos
sociais e organizações da sociedade civil, a partir das iniciativas pioneiras das redes ambi-
entalistas. Tais redes que, anteriormente, tiveram existência episódica, emergindo do rela-
cionamento entre os atores sociais e das situações políticas que exigiam uma resposta cole-
tiva.

Desde então, as redes vem se tornando o principal instrumento das operações e em um dos
principais meios de organização e de manifestações coletivas persistentes dos agentes liga-
dos a assuntos especializados e que envolvem modos de pensar e agir diferenciados, no
plano da cidadania, associados à articulação de ações políticas de grande envergadura da
população, dos segmentos estruturados da sociedade, das organizações não governamen-
tais e dos movimentos sociais, quer sejam de âmbito nacional ou internacional.

A sociedade civil está numa fase de transição, promovida pelas inovações tecnológicas e
informacionais atuais, que proporcionam uma infra-estrutura global de redes de ongs e que,
segundo Boaventura de Sousa Santos (2004), pode produzir um desenvolvimento futuro de
um bloco histórico contra-hegemônico. Para ele, a globalização contra-hegemônica de que
os movimentos e organizações congregadas em redes transnacionais, cujo Fórum Social
Mundial é o exemplo mais expressivo, é feita de uma enorme diversidade de ações de resis-
tência contra a injustiça social em suas múltiplas dimensões.

A sociedade civil organizada, no século XXI, tende a ser uma sociedade de redes organiza-
cionais, de redes inter-organizacionais e de redes de movimentos, com formação de parce-
rias entre as esferas públicas, privadas e estatais, criando novos espaços de gestão a partir
do crescimento da participação cidadã.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 851


3. REDE SOCIAL DO PROJETO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO
NORTE/ NOROESTE DO RIO DE JANEIRO

As redes sociais, embora se diferenciem quanto aos objetivos e à sua composição, traba-
lham com articulações e desenho organizacional semelhantes, e ainda se mostram mais
parecidas quando consideradas a partir do conjunto de problemas e desafios gerenciais e
operacionais que tem que enfrentar.

A construção da Rede Social do Projeto de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noro-


este do Estado do Rio de Janeiro é um pressuposto básico para a completa implementação
e consolidação das propostas, programas e carteira de projetos de desenvolvimento regio-
nal.

Neste sentido a via proposta de desenvolvimento deve, por um lado, realçar os resultados
conquistados das políticas de desenvolvimento global e, por outro, instruir o planejamento e
seus objetivos atribuindo-se-lhes condição a mais equilibrada e dinâmica em relação consti-
tuição de seu território. Com isto, o desenvolvimento regional dará cobertura às necessida-
des individualizadas das Regiões Norte e Noroeste Fluminense, para gerir mais eficazmente
seus fatores e condições, tanto na otimização dos recursos disponíveis escassos, como na
garantia de que as soluções terão uma participação dos diferentes atores na sua elabora-
ção, realização e acompanhamento de desempenho.

Trata-se de uma rede dedicada, de foco singular, de escopo multitemático, onde a questão
do desenvolvimento sustentável é o elemento que justifica a sua razão de ser, quem dela
participa, como opera e o que gravita em seu entorno, envolvendo inclusive os seus atores
participantes. É também, ao mesmo tempo, uma rede territorial, pois a questão do desen-
volvimento sustentável a ser considerada tem um território específico, que são as Regiões
Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro, em torno das quais se reúnem os agentes
numa espécie de parceria solidária.

Quanto a sua orientação, a Rede Social do Projeto de Desenvolvimento Regional Sustentá-


vel do Norte/Noroeste do Rio de Janeiro é uma rede que tem como função primordial consti-
tuir uma plataforma de informações e conhecimentos, um espaço de veiculação de notícias
e intercâmbio da trajetória do projeto. Mas, sua proposta de ação vai para além do inter-
câmbio e disseminação de informações, ela deverá, também, ser capaz de contribuir para
elevar o nível do protagonismo dos atores sociais atuantes nas vinte e duas cidades que
compõem as Regiões Norte e Noroeste Fluminense, promovendo a participação e a articu-
lação destes agentes em uma escala territorial, contemplando as especificidades locais.

A Rede Social do Projeto de Desenvolvimento Regional Sustentável do Norte/Noroeste do


Rio de Janeiro tem, entre os seus objetivos, contribuir para as soluções dos problemas per-
tencentes à dinâmica econômica da Região. A perspectiva é de que as propostas que com-
porão a carteira dos projetos, atuem efetivamente para o equacionamento, eliminação ou
atenuação dos desequilíbrios regionais. Nesse contexto, fica assegurado que a conquista
dos objetivos de seu desenvolvimento e de sua expansão desejada, correspondentes ao
aproveitamento dos recursos e potencialidades de sua socioeconomia, far-se-á com a parti-
cipação ativa dos seus cidadãos e entidades representativas, exercitando a sua responsabi-
lidade social.

852 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


3.1 Capital Social da Rede Social do Projeto de Desenvolvimento Sustentável das
Regiões Norte/Noroeste do Estado do Rio de Janeiro

O Capital Social é o amálgama que interconecta as várias formas de Capital Humano. É o


elemento central, fundamental importância, uma vez que a Rede Social é constituída pelo
Capital Humano. No âmbito do Projeto de Desenvolvimento Sustentável das Regiões Nor-
te/Noroeste Fluminense, a mobilização e a ação do Capital Social Regional representam o
alvo intangível e valioso para a execução do Projeto, garantindo-lhe uma rede humana de
trabalho.

Desenvolver o Capital Social de qualidade, a partir da Rede Social, cria as conexões entre
pessoas e grupos que intervem em áreas estratégicas da socioeconomia regional. Do Capi-
tal Social da Rede emergem líderes informais nas Regiões Norte/Noroeste do Riocapazes
de conduzir, com a desenvoltura, os trabalhos de suporte e intermediação da sociedade
regional para implantar o seu desenvolvimento sustentável.

Somente com a presença dos líderes emergentes do Capital Social pode-se prevenir falhas
ou perda de efetividade da comunicação que se programa, movimente a Rede Social Regi-
onal. Na sua ocorrência, surgem ou aumentam o clima de incerteza e certa desmotivação,
enfraquecendo a Rede Social.

Para que o enfoque do Capital Social não corra o risco de ser tomado meramente como
uma metáfora dos novos tempos, a Coordenação Geral visitou e continuará visitando as
Regiões Norte e Noroeste Fluminense, com o objetivo de ampliar a participação e elevar a
intensidade da interações da Rede Social. Para que se mantenha a Rede ativa, será utiliza-
do sistematicamente o mecanismo de oficinas temáticas, com a aplicação de dinâmicas en-
tre as pessoas da Rede Social, que lhes permitam ampliar a compreensão de seus integran-
tes sobre as questões que determinam o escopo e abrangência do projeto. As oficinas, i-
gualmente, produzem os insumos estratégicos para a implantação e gerenciamento os pro-
jetos selecionados melhores, integrados e organicamente interconectados no sentido de
atender ao objetivo fim deste trabalho, agregando ao longo da execução do mesmo, o Capi-
tal Humano que se fizer necessário.

3.2 Horizontalidade na organização da Rede Social do Projeto de Desenvolvimen-


to Sustentável das Regiões Norte/Noroeste do Estado do Rio de Janeiro

A Rede Social do Projeto de Desenvolvimento Regional Sustentável do Norte/Noroeste do


Rio de Janeiro possui uma arquitetura plástica, não-linear, aberta, descentralizada, plural,
dinâmica e na sua capacidade de auto-regular-se. Ela se baseia, fundamentalmente, em sua
horizontalidade, ou seja, no modo de inter-relacionar das pessoas, sem uma hierarquia pré-
definida, onde as pessoas se afirmam pela sua independência na interdependência, pela
iniciativa em atos individualizados que se ajustam na observância dos limites e na integra-
ção das partes, inovação desenvolvida na cooperação entre as pessoas, um processo es-
sencialmente que se rege pelo aprendizado que amplia o conhecimento e o conhecer da
Rede. Habitualmente devem predominar os laços horizontais, entre pares, e os diagonais,
entre colaboradores de áreas.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 853


Figura 1 – Estrutura para Funcionamento da Rede Social RIONOR

Membros da Iniciativa Privada


Membros de ONG’S

Membros do Poder Municipal

Comitê Gestor da Rede Social Rionor


Membros do Poder Estadual

Não há centros de poder nessa Rede e o que a autorregula é que todos que dela participam
entendem que o resultado é coletivo, destinado ao coletivo, o que pressupõe uma rigorosa
coordenação de coordenação de ações. Somente assim, e com os que participam de sua
gestão co-construindo e vivendo experiências conjuntas, a rede se realimenta positivamen-
te. Assim, cresce a sua energia interna, continuadamente, até a mudança do nível lógico do
Sistema (Regiões Norte e Noroeste) e dela mesma, enquanto Rede.

Figura 2 – Interação dos Membros da Rede Social RIONOR, mediada via web

854 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Em outras palavras, os elementos da Rede se ajustam uns aos outros, em função de seus
erros e acertos, até o estabelecimento de um modo coordenado de funcionamento. É um
processo intenso de arranjo e rearranjo, não havendo um controle central nessa dinâmica e,
sim, uma organização que emerge das relações entre os elementos. Processo de auto-
organização, onde o termo coordenação pode ser utilizado no cerne de seu significado, on-
de a co-produção leva à mudança da ordem lógica do sistema.

Portanto, a Rede Social do Projeto de Desenvolvimento Regional Sustentável do Nor-


te/Noroeste Fluminense é uma forma não-institucional de organização. Requer um modo de
operação distinto próprio, usando a web, em que não há burocracia.

3.2.1 Participação Voluntária

O primeiro princípio para a participação na Rede Social do Desenvolvimento Regional Sus-


tentável do Norte/Noroeste do Rio de Janeiro é que a pessoa seja uma participação voluntá-
ria. Essa é uma das razões da capacidade da rede trabalhar com autonomia. As pessoas
participam da rede quando querem e porque assim o desejam. Elas são convidadas e não
obrigadas a participar. Participam quando decidem compartilhar do projeto coletivo de de-
senvolvimento sustentável para a Região, acreditam e investem nele.

Os partícipes poderão entrar e sair da Rede Social, a qualquer tempo. A ação voluntária
implica a adesão livre a uma forma de solidariedade coletiva que resulta no pertencimento à
Rede por livre escolha.

O surgimento da Rede ocorre pela existência de um propósito comum, que é o Projeto de


Desenvolvimento Regional Sustentável do Norte/Noroeste Fluminense e está conseguindo
aglutinar atores do poder público, da iniciativa privada, de sindicatos de classe e da socie-
dade civil organizada. O elemento de coesão entre esses atores é o objetivo comum, que os
integra e move a ação, o que constitui justamente o sucesso do desenvolvimento regional.
A rede pode até parecer frágil como princípio organizacional, mas constitui um poderoso
agente de transformação, uma vez que tenha representatividade regional que a legitime .

4. PROCESSO DE CRIAÇÃO DA REDE SOCIAL DO PROJETO DE DESENVOLVI-


MENTO SUSTENTÁVEL DAS REGIÕES NORTE / NOROESTE DO ESTADO DO RIO DE
JANEIRO

A idéia da rede social como estratégia de trabalho surgiu como uma conseqüência natural
do processo de debate, mobilização, e planejamento para se constituir viabilidade e viabili-
zação ao Desenvolvimento Regional Sustentável do Norte/Noroeste do Rio de Janeiro, em
razão da necessidade de integração entre múltiplos domínios e esferas de conhecimento,
promovendo a troca de experiências, a difusão de informações chaves e ainda pela neces-
sidade de se gerar sinergia entre equipes e projetos.

4.1 Passos para Construção da Rede Social

O primeiro passo dado para a construção da rede foi a identificação de parceiros. Uma vez
identificados diversos atores afins, através do trabalho de imersão nas Regiões Nor-
te/Noroeste Fluminense, foram emitidos os convite para participação da Rede Social a pes-
soas envolvidas com o seu processo de desenvolvimento. Esse grupo constitui o núcleo
genético que deu origem à Rede Social, em escala reduzida (no momento há 28 membros
participantes), mas que já possibilitou fazer funcionar a Rede inclusive com as suas Oficinas
Temáticas, entre outras iniciativas.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 855


O projeto da Rede Social do Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Nor-
te/Noroeste do Fluminense é resultado de uma pactuação coletiva. Portanto, novos mem-
bros estarão nela ingressando da Rede Social, ao longo da execução do projeto e em suas
etapas de implementação, imediatamente a seguir.

O segundo passo que está sendo dado é o que trata de definir a condição de funcionamento
da Rede, com os objetos que permitam orientar o seu cotidiano, as tomadas de decisões e a
gestão do Projeto de Desenvolvimento das Regiões Norte e Noroeste.

Figura 3 – Estrutura da Página Residente do Portal da Rede Social RIONOR

Principal

Bate- Convidar
Papo

Blogs Minha
Página

Rede
Social
RIONOR
Grupos Membros

Eventos Fotos

Fórum Vídeos

Em princípio, a Rede Social será administrada, em conjunto, pelo Consórcio RIONOR em


parceria com o Comitê da Rede Social, que terá, em cada uma das Regiões, uma composi-
ção de, no máximo, 9 (nove) membros. O mandato de Gestor da Rede Social Norte Noroes-
te Fluminense será de 10 meses, para o representante do Consórcio RIONOR, e de 24 me-
ses para o do Comitê Gestor, que escolherá o administrador da rede entre seus pares, po-
dendo neste caso, o seu mandato ser prorrogado por igual período.

A Rede Social Rionor está hospedada na plataforma Ning, Figura seguinte, sob o endereço
www.rionor.ning.com.

856 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Figura 4 – Página Principal do Portal da Rede Social RIONOR (www.rionor.ning.com)

Os usuários da Rede Social Rionor são todas pessoas que aceitam o convite formulado pelo
Gestor. Depois do recebimento do convite, automaticamente os membros terão a cessão de
uso, tendo para isto seu espaço (Blog), podendo interagir com os demais membros.

Consumada a inscrição para o acesso ao Portal da Rede, as seguintes instruções devem


ser utilizadas pelos seus integrantes:

a) Fazer o cadastro clicando no link “Registre-se” no canto superior direito da página inicial
da rede social;

A) digite seu e-mail, B) escolha uma senha, C) informe sua data de nascimento e D) copie o
código de segurança na caixa à esquerda do mesmo. Na seqüência, E) digite seu nome, F)
clique no ícone da máquina fotográfica e escolha no arquivo do computador uma foto sua
para que os outros membros da rede conheçam sua imagem, G) informe seu sexo; H) in-
forme seu país; I) informe sua cidade/estado, entre outras informações sobre você para
compor seu perfil. Se você já está cadastrado em alguma outra rede social que lhe forneceu
uma ID NING clique em “acesse”, digite seu email e senha anteriormente cadastrados.

b) Convidar novos membros para fazer parte da rede;

O convite a representantes e pessoas qualificados para participarem do Plano de Desenvol-


vimento Sustentável do Norte/Noroeste do Estado do Rio de Janeiro, será feito por indica-
ções ou por escolha dos grupos de trabalho técnicos responsáveis por sua elaboração

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 857


Figura 5 – Link para Convidar novos Integrantes para a Rede Social RIONOR

Clique em convidar no menu horizontal superior, onde serão encontradas 4 (quatro) opções:

a) “Importar do catálogo de endereços na web”: escolha seu provedor de e-mail (Google,


Hotmail, Yahoo e MSN) e informe sua senha para que o sistema busque sua lista de conta-
tos com toda segurança. Você poderá optar entre enviar para todos ou selecionar para
quem enviar;

b) “Digitar endereços de e-mail”: digite endereço por endereço e não se esqueça de separar
com vírgula ou “enter”. Caso tenha uma lista de emails no Word ou Excel copie e cole desde
que os emails estejam separados por vírgula ou “enter”;

c) “Convidar amigos”: escolher um ou mais pessoas já cadastrados na Rede Social e enviar


mensagem convite para ver informações postadas na Rede Social. Isso também pode ser
feito na própria página onde se encontra a postagem a ser divulgada. Clicar em compartilhar
e serão encontradas todas as opções de convite.

d) “Importar do aplicativo Catálogo de Endereços”: Você pode importar seu catálogo de en-
dereço exportado do Microsoft Outlook, Apple Mail, Google, Hotmail, Yahoo, UOL e todos os
outros.

Depois que exportar sua lista de contatos no formato “.csv” ou “.vcf” faça a importação deste
arquivo e o sistema convida seus amigos para entrar na sua rede social. Depois de importar
seu catálogo de endereços você terá a oportunidade de escolher para quais amigos enviar o
convite.
858 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
c) Postagens: em todas as postagens tem-se a opção de adicionar o autor como amigo. É
só clicar no link “Adicionar como amigo”.

e) Publicar notícias e idéias no seu blog: Clicar na palavra “blogs”, que fica na parte superior
da página Residência, da Rede Social (Figura 4).

Nele se vêem as postagens nos blogs de todos os participantes da rede. Para publicar a
primeira mensagem no “blog”, clicar na frase “Adicionar um Post ao Blog” que fica no canto
superior direito da página.

Escolher um título, escrever a mensagem e clicar em “Publicar Mensagem”.

Pode-se programar a exibição da postagem em horário e data futura.

Definir quem pode visualizar a postagem, bem como moderar e definir quem pode postar
comentários no blog.

Figura 6 – Espaço – Blog – Reservado para Assinantes da Rede Social RIONOR

f) Criar fórum de discussão sobre qualquer assunto relacionado ao Plano de Desenvolvi-


mento Sustentável do Norte/Noroeste do Estado do Rio de Janeiro e convidar a Rede para
debater: Clicar na palavra “Fórum” que fica na parte superior da página inicial da Rede Soci-
al.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 859


Desta forma será visualizado todos os fóruns criados pelos participantes da rede. Para criar
um fórum clicar na frase “Adicionar uma discussão” que fica no canto superior direito da pá-
gina.

Escolher um título, descrever o tema a ser debatido, anexar arquivos com informações com-
plementares sobre o tema do fórum e clicar em “Adicionar Discussão”.

Figura 7 – Link Fórum de Debates da Rede Social RIONOR

f) Criar um grupo para reunir pessoas que tenham interesse em comum em algum assunto
específico sobre o Desenvolvimento Sustentável.

Clicar na palavra “Grupos” que fica na parte superior da página inicial da rede social. Será
visualizada todos os grupos criados pelos participantes da rede. Para criar um grupo clicar
na frase “Adicionar um Grupo” que fica no canto superior direito da página. Escolher um
nome para o grupo, escolher uma imagem em seu computador para ser ícone do grupo,
descrever o objetivo do grupo e clicar em “Adicionar Grupo”.

g) Publicar os eventos na agenda da Rede Social;

Clicar na palavra “Eventos” que fica na parte superior da página inicial da rede social. Serão
visualizados todos os eventos criados pelos participantes da rede. Para criar um evento cli-
car na frase “Adicionar um evento” que fica no canto superior direito da página. Escolher um
nome para o evento, escolher uma imagem para ser ícone do evento, descrever o evento,
informar horário e data de início e fim do evento, local de realização, organizador, telefone,
site e clique em “Adicionar Evento”.

860 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


h) Publicar as fotos e imagens que contribuem com o Plano de Desenvolvimento Sustentá-
vel do Norte/Noroeste do Estado do Rio de Janeiro;

Podem-se postar fotos na Rede Social. Clicar em “Adicionar foto” e o sistema abrirá o ge-
renciador de arquivos.

Escolher a pasta (“Minhas imagens” por exemplo) e arraste os arquivos de foto que desejar
divulgar na rede. Clicar em “próximo”. Definir um nome, descrição e palavras-chave que ca-
racterizam a foto.

Definir quem na Rede pode visualizar e clicar em “carregar” para o sistema disponibilizar
uma foto.

Cada foto deve ter tamanho máximo de 10MB. O sistema suporta fotos nos formatos “.jpg”,
“.gif” e “.png”.

Podem-se adicionar fotos que já estão no flickr, além de enviar por telefone ou e-mail (ver
na alínea n).

i) Publique vídeos que abordam a questão do Desenvolvimento Sustentável do Nor-


te/Noroeste do Estado do Rio de Janeiro;

Podem-se postar vídeos na rede social. Clicar em “Adicionar vídeo” e o sistema abrirá o ge-
renciador de arquivos. Escolher a pasta (“Minhas imagens” por exemplo) e arrastar os arqui-
vos de vídeo que desejar divulgar na rede. Clicar em “próximo”. Definir um nome, descrição
e palavras-chave que caracterizam o vídeo. Definir quem na rede pode visualizar e clicar em
“carregar” para o sistema disponibilizar o vídeo. Cada vídeo deve ter o tamanho máximo de
100MB. O sistema suporta vídeos nos formatos “.mov”, “.mp4”, “.mpg”, “.avi”, “.wmv” e
“.3gp”. Podem-se adicionar vídeos do YouTube ou Google apenas copiando o código HTML
“embutido” de qualquer site de vídeos popular para adicioná-lo à rede social, além de enviar
por telefone ou e-mail (ver item n)

j) O sistema também está preparado para publicar músicas;

Pode-se postar músicas na rede social. Clicar em “Adicionar música” e o sistema abrirá o
gerenciador de arquivos. Escolher a pasta (“Minhas músicas”, por exemplo) e arrastar os
arquivos de música que desejar divulgar na rede. Clicar em “próximo”. Definir um nome,
descrição e palavras-chave que caracterizam a música.

k) Definir para quais atividades da Rede Social Rionor você gostaria de ser avisado por
e.mail.

Pode-se receber e-mails sobre tudo o que acontece na Rede ou apenas receber os avisos
gerais do moderador da Rede. Fazer a escolha clicando na palavra “Configurações” que
sempre será encontrada no canto superior direito, abaixo do nome do membro da Rede, em
qualquer página da Rede Social. Na próxima página, clicar na palavra “e-mail” no canto su-
perior esquerdo.

Podem-se definir quais informações sobre a participação na Rede Social que o membro
gostaria de deixar pública, exclusiva para amigos ou totalmente privativas. Fazer a escolha
clicando na palavra “Configurações” que sempre será encontrada no canto superior direito,
abaixo do nome do membro da Rede, em qualquer página da Rede Social. Na próxima pá-
gina, clicar na palavra “Privacidade” no canto superior esquerdo.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 861


l) Definir o nível de privacidade que gostaria de ter na Rede Social

Podem-se definir quais informações sobre a participação na Rede Social que cada membro
gostaria de deixar pública, exclusiva para amigos ou totalmente privativas. Fazer a escolha
clicando na palavra “Configurações” que sempre será encontrada no canto superior direito,
abaixo do nome do membro, em qualquer página da Rede Social. Na próxima página, clicar
na palavra “Privacidade” no canto superior esquerdo.

m) Redefinir perfil – informações pessoais

Podem-se redefinir as informações pessoais, como nome, foto, e-mail, senha, sexo, endere-
ço, data de nascimento, apresentação pessoal, entre outras. Fazer a escolha clicando na
palavra “Configurações” que sempre será encontrada no canto superior direito, abaixo do
nome do membro da Rede, em qualquer página da Rede Social. Na próxima página, clicar
na palavra “Perfil” no canto superior esquerdo.

n) Postar fotos e vídeos na rede social usando seu celular

No Perfil, cada membro encontra o endereço de e-mail para o qual podem ser enviadas su-
as fotos e vídeos para que as mesmas sejam postadas automaticamente. Descobrir o e.mail
de postagem clicando na palavra “Configurações” que sempre será encontrada no canto
superior direito, abaixo do nome do membro da rede, em qualquer página da rede social. Na
próxima página, clicar na palavra “Perfil” no canto superior esquerdo.

Por fim, à medida que os assuntos e temas abordados na Rede Social forem se ampliando,
caberá ao Gestor organizá-los em arquivos, que ficarão à disposição dos integrantes para
consulta, quando necessário.

Todos os assuntos tratados pelo Consórcio RIONOR que forem de interesse direto dos
membros da Rede Social, serão disponibilizados em arquivos tipo PDF, para consulta.

A Rede Social RIONOR promoverá um Fórum de Oficinas Temáticas, cujos temas serão
propostos pelo seu Gestor ou por algum membro. A proposta inicial é que a cada 15 dias um
novo tema para debate, seja proposto para que os membros interajam.

No link “Eventos” serão postadas as agendas de Reuniões e de Oficinas a serem realizadas


no âmbito do Plano de Desenvolvimento Sustentável do Rio de Janeiro.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O âmago da agenda da Rede Social do Projeto de Desenvolvimento Regional Sustentável


do Norte/Noroeste do Rio de Janeiro é a sustentabilidade. Ela é constituída de uma natureza
eminentemente democrática, aberta e emancipatória, o que poderá possibilitar um grande
poder de mobilização e articulação. Mantendo suas características mais preciosas que são o
seu poder criador de novas ordens e seu caráter libertador, ela deverá estabelecer seus
processos em caráter permanente, de forma abrangente e que transcenda os limites da ela-
boração da carteira de projetos e seja capaz também, de acompanhar a execução dos
mesmos.

862 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


6. REFERÊNCIAS

CASTELS, Manuel. A Sociedade em Rede – A Era da Informação: Economia, Sociedade


e Cultura. Vol. I – 3ª Edição. São Paulo: Paz e Terra, 1999.

FONSECA, A. A. M.; O’NEILL, M.M. A Revolução Tecnológica e Informacional e o Re-


nascimento das Redes. Revista de Geociências, Niterói, RJ, v.2, páginas 26-35, 2001.

FRANCO, Augusto. Escola de redes: novas visões sobre a sociedade, o desenvolvi-


mento, a internet, a política e o mundo globalizado. Curitiba: Arca Sociedade do Conhe-
cimento, 2008.

FUKUYAMA, Francis. Confiança: as virtudes sociais e a criação da prosperidade. Rio


de Janeiro: Rocco, 1996.

HOLANDA, Sérgio Buarque. Raízes do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

INTERNATIONAL MONETARY FUND. World Economic Outlook Database, Washington,


2009. Disponível em: http://www.imf.org/external/. Acesso em 03 de fevereiro de 2010.

LOPES, Carlos Alberto. Fortalecimento dos Atores Locais como Estratégia de Amplia-
ção do Capital Social: Formação da Rede Social Itaquera, São Paulo, Brasil. São Paulo,
2004. LOPES, Carlos Alberto. Desenvolvimento Local: Um processo sustentado no investi-
mento em capital social, São Paulo, 2008.

PARROCHIA, D. Philosophie des Reseaux, Paris PUF, 1993, páginas 1-78.

PUTNAM, Robert D. Comunidade e Democracia: a experiência da Itália moderna. Rio de


Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1996.

SANTANA, M.R.C. Redes Técnicas: os avatares geográficos da cidade mediada eletro-


nicamente. In: Reflexões e Construções Geográficas Contemporâneas. Salvador, Copyri-
ght, 2004.

SANTOS, B.S. (2004): Entrevista in


<www.ces.fe.uc.pt/BSS/documentos/JornalOGLOBNov2004.pdf>.

SANTOS, M. A Natureza do Espaço: técnica e tempo, razão e emoção. São Paulo:


Hucitec, 1997;

SENGE, Peter; SCHARMER, C Otto; JAWORSKI, Joseph; FLOWERS, Betty Sue. Presen-
ça: propósito humano e o campo do futuro. São Paulo: Cultrix, 2007.
UGARTE, David. O poder das redes. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2008.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 863


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Sistema Físico
e Infraestrutura
Capítulo 8
Autores:
Ailton Mota de Carvalho
Antônio Otávio Gontijo
Gustavo Menezes Gonçalves
Laudirléa Silva dos Reis
Mário Teixeira Rodrigues Bragança
Milton Casério Filho
Túlio Ricardo Amaral Pereira

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


SUMÁRIO

1. SISTEMA VIÁRIO E DE TRANSPORTES – HIDROVIÁRIO E MARÍTIMO,


RODOVIÁRIO, AEROVIÁRIO, OUTROS, ENTREPOSTOS E UNIDADES DE
ARMAZENAMENTO E ESTOCAGEM, CICLOVIAS, POSIÇÃO GEOGRÁFICA
ESTRATÉGICA.................................................................................................... 875

1.1 Sistema de Transporte do Estado do Rio de Janeiro ........................................... 875

1.1.2 Transporte Rodoviário.......................................................................................... 875

1.1.3 Transporte Ferroviário.......................................................................................... 876

1.1.3.1 Histórico do Sistema de Trens de Passageiros .................................................... 876

1.1.3.2 Rede Atual do Sistema de Trens.......................................................................... 879

1.1.4 Transporte Aeroviário........................................................................................... 880

1.1.4.1 Rede Aeroviária do Estado do Rio de Janeiro...................................................... 880

1.1.4.2 A Importância de uma Rede Aeroportuária no Interior.......................................... 881

1.1.4.3 PROFAA - Parceria União e Estado..................................................................... 881

1.1.4.4 Plano Aeroviário do Estado do Rio de Janeiro - PAERJ....................................... 882

1.1.4.5 Projeto da Região Noroeste Fluminense.............................................................. 882

1.1.5 Ciclovias .............................................................................................................. 883

1.2 Sistema de Transporte Terrestre das Regiões Norte e Noroeste do Estado do Rio
de Janeiro ............................................................................................................ 885

1.2.1 Transporte Rodoviário.......................................................................................... 885

1.2.2 Transporte Aéreo ................................................................................................. 887

1.2.3 Transporte Ferroviário.......................................................................................... 889

1.2.4 Transporte Marítimo / Portos................................................................................ 889

1.2.5 Plataformas, Armazenamento e Transporte por Dutos......................................... 891

2. ENERGIA – ENERGIA ELÉTRICA, REFINARIAS, USINAS DE ÁLCOOL, GÁS


ENVASADO E CANALIZADO, COMBUSTÍVEIS LÍQUIDOS, PRODUÇÃO DE
CALOR, RENOVÁVEIS........................................................................................ 893

2.1 Sistema Energético do Estado do Rio de Janeiro................................................. 894

2.1.1 Petróleo ............................................................................................................... 894

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


2.1.1.2 Reservas.............................................................................................................. 894

2.1.1.3 Produção.............................................................................................................. 895

2.1.1.4 Refino .................................................................................................................. 896

2.1.1.5 Transporte de Petróleo e Derivados..................................................................... 897

2.1.2 Gás Natural.......................................................................................................... 898

2.1.2.1 Reservas.............................................................................................................. 898

2.1.2.2 Produção.............................................................................................................. 898

2.1.2.3 Processamento .................................................................................................... 899

2.1.2.4 Distribuição .......................................................................................................... 900

2.1.3 Energia Elétrica.................................................................................................... 901

2.1.3.1 Capacidade Instalada .......................................................................................... 901

2.1.3.2 Distribuição, Geração e Suprimento Externo........................................................ 903

2.1.4 Carvão Mineral..................................................................................................... 906

2.1.5 Carvão Energético ............................................................................................... 906

2.1.5.1 Carvão Metalúrgico .............................................................................................. 906

2.1.6 Produtos da Cana-de-açúcar ............................................................................... 907

2.1.7 Lenha e Carvão Vegetal....................................................................................... 907

2.1.7.1 Lenha................................................................................................................... 908

2.1.7.2 Carvão Vegetal .................................................................................................... 908

2.2 Análise Energética das Regiões Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro . 908

2.2.1 Produção de Energia ........................................................................................... 908

2.2.2 Consumo de Energia ........................................................................................... 909

2.2.3 Energia Eólica...................................................................................................... 910

3. COMUNICAÇÃO E TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO........................................ 911

3.1 Retrospectiva Histórica ........................................................................................ 911

3.2 Histórico da Tecnologia da Comunicação Fluminense ......................................... 912

3.3 Infraestrutura Tecnológica.................................................................................... 912

3.3.1 Rede Governo...................................................................................................... 916

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


3.3.2 Infovia-RJ............................................................................................................. 916

3.3.3 Infovia-RJ - Software Livre ................................................................................... 917

3.4 Redes de Comunicação Fixa e Móvel .................................................................. 917

4. USO E OCUPAÇÃO DO SOLO, ZONEAMENTO, ÁREAS URBANAS E RURAIS918

4.1 Conceituação ....................................................................................................... 918

4.2 Uso e Cobertura do Solo no Estado do Rio de Janeiro ........................................ 918

4.3 Uso e Cobertura do Solo nas Regiões Norte e Noroeste Fluminense .................. 921

4.3.1 Levantamentos Realizados em 1994/1995........................................................... 921

4.3.2 Levantamentos Realizados em 2006 ................................................................... 925

4.4 Considerações Finais........................................................................................... 930

5. URBANIZAÇÃO ................................................................................................... 930

5.1 Grau de Urbanização ........................................................................................... 932

5.2 As Cidades por Faixas de População................................................................... 933

5.3 Destaques............................................................................................................ 936

5.4 Resultados Parciais ............................................................................................. 937

5.5 Hierarquia Urbana da Região Norte e Noroeste Fluminense................................ 938

5.5.1 Antecedentes ....................................................................................................... 938

5.5.2 Classificação Hierárquica dos Centros e Áreas de Influência............................... 940

5.5.3 Os Centros e Suas Áreas de Influência................................................................ 945

5.6 As Relações Externas.......................................................................................... 945

5.7 Considerações Finais........................................................................................... 947

6. O SISTEMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL E HABITAÇÃO ............................ 947

6.1 Introdução ............................................................................................................ 947

6.3 Saneamento Ambiental na Região Noroeste Fluminense .................................... 949

6.3.1 Sistema Público de Abastecimento de Água ........................................................ 949

6.3.2 Sistema Público de Coleta e Tratamento de Esgoto Sanitário.............................. 950

6.3.3 Sistema Público de Coleta e Destino Final dos Resíduos Sólidos Urbanos ......... 950

6.3.4 Sistema Público de Drenagem Pluvial.................................................................. 952

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


6.4 Sistema Habitacional na Região Noroeste Fluminense ........................................ 953

6.5 Considerações Finais........................................................................................... 956

7. ESTRUTURA FUNDIÁRIA ................................................................................... 957

7.1 Fonte de Dados.................................................................................................... 958

7.2 Levantamento de Informações de Dados do IBGE............................................... 959

7.3 Levantamento de Informações de Dados do INCRA ............................................ 963

7.4 Considerações Finais........................................................................................... 966

8. REFERÊNCIAS.................................................................................................... 966

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


LISTAS

FIGURAS
Figura 1 - Região Norte Fluminense, São João da Barra, Esquema Piers do Porto do Açu
.......................................................................................................................................... 890

Figura 2 - Região Norte Fluminense, São João da Barra, Esquema de Funcionamento em


Planta do Porto do Açu ...................................................................................................... 891

GRÁFICOS

Gráfico 1 – Distribuição da Capacidade Instalada em Centrais Elétricas de Serviço Público


por Empresa do Estado do Rio de Janeiro, 2002............................................................... 902

Gráfico 2 – Estado do Rio de Janeiro, Participação da Capacidade Instalada em Centrais


Elétricas de Serviço Público Segundo o Tipo de Usina, 2002 ............................................ 903

Gráfico 3 - Região Norte Fluminense, Consumo Final de Energia por Setores, 2002 ........ 909

Gráfico 4 - Região Noroeste Fluminense, Consumo Final de Energia por Setores, 2002 .. 910

Gráfico 5 – Brasil, Evolução de Linhas de Telefonia Móvel (número de telefones instalados),


1995 – 2005....................................................................................................................... 914

Gráfico 6 – Brasil, Evolução dos Telefones de Uso Público (número de telefones instalados),
1995 – 2005....................................................................................................................... 915

Gráfico 7 – Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Número de Cidades Polarizadas ....... 941

Gráfico 8 – Regiões Norte e Noroeste Fluminense, População Polarizada........................ 942

Gráfico 9 – Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Fluxos de Telefonia Interurbana


(Principais Fluxos) ............................................................................................................. 942

MAPAS

Mapa 1 – Estado do Rio de Janeiro, Ferrovias .................................................................. 879

Mapa 2 - Região Norte Fluminense, São João da Barra, Localização do Porto do Açu ..... 890

Mapa 3 - Região Norte Fluminense, Campos dos Goytacazes, Bacia de Campos, Petrobrás,
Campos de Petróleo .......................................................................................................... 892

Mapa 4 - Região Norte Fluminense, Mineroduto de Conceição do Mato Dentro/MG - São


João da Barra/RJ............................................................................................................... 892

Mapa 5 – Regiões Norte e Noroeste, Fluxo e Polarização (incluindo Campos dos


Goytacazes) ...................................................................................................................... 943

Mapa 6 – Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Fluxo Telefônico (excluindo Campos dos
Goytacazes) ...................................................................................................................... 944

Mapa 7 – Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Fluxos Telefônicos Extra ...................... 946
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
TABELAS
Tabela 1 – Rio de Janeiro, Unidades Aeroportuárias ......................................................... 882

Tabela 2 – Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Rodovias de Acessos aos Municípios 886

Tabela 3 – Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Relação Descritiva das Rodovias do


Sistema Rodoviário Nacional ............................................................................................. 886

Tabela 4 – Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Malha Rodoviária Estadual (km), 2000 a
2002 .................................................................................................................................. 886

Tabela 5 – Região Norte Fluminense, Campos dos Goytacazes, Complexo Aeroportuário887

Tabela 6 – Região Norte Fluminense, Campos dos Goytacazes, Movimento Operacional,


2002 a 2008....................................................................................................................... 887

Tabela 7 – Região Norte Fluminense, Macaé, Complexo Aeroportuário............................ 888

Tabela 8 - Região Norte Fluminense, Macaé, Movimento Operacional, 2002 a 2008 ........ 888

Tabela 9 - Região Norte Fluminense, São João da Barra, Dimensionamento da Carga do


Porto do Açu...................................................................................................................... 891

Tabela 10 – Brasil e Estado do Rio de Janeiro (106 m3), Evolução das Reservas Provadas de
Petróleo, 1980 a 2002........................................................................................................ 894

Tabela 11 – Brasil e Estado do Rio de Janeiro (106 m³), Evolução da Produção de Petróleo,
1980 a 2002....................................................................................................................... 895

Tabela 12 – Brasil e Estado do Rio de Janeiro (106 m³), Evolução das Reservas Provadas de
Gás Natural, 1980 - 2002................................................................................................... 898

Tabela 13 – Brasil e Estado do Rio de Janeiro (106 m³), Evolução da Produção de Gás
Natural, 1980 a 2002 ......................................................................................................... 899

Tabela 14 – Estado do Rio de Janeiro1, Centrais Elétricas de Serviço Público, 2002 ........ 901

Tabela 15 – Estado do Rio de Janeiro, Geração Bruta de Energia Elétrica por Empresa e
Tipo de Usina – Centrais Elétricas de Serviço Público, 2002 ............................................. 904

Tabela 16 – Estado do Rio de Janeiro, Comparação entre a Geração Bruta e a Demanda de


Energia Elétrica (1), 2002.................................................................................................... 905

Tabela 17 – Estado do Rio de Janeiro, Consumo Setorial de Energia Elétrica por


Concessionária de Distribuição e Consumo Total Incluindo Autoprodução, 2002 .............. 905

Tabela 18 – Estado do Rio de Janeiro, Autoprodução de Energia Elétrica por Setores - 2002
.......................................................................................................................................... 906

Tabela 19 - Perfil da Indústria Sucroalcooleira Fluminense - 2002, (Produção de Bagaço de


Cana e de Álcool Etílico).................................................................................................... 907

Tabela 20 – Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Produção de Energia Primária, 2002 908

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Tabela 21 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Consumo Final de Energia, População e
PIB, 2002........................................................................................................................... 909

Tabela 22 – Estado do Rio de Janeiro e Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Participação


das Fontes no Consumo Final (%), 2002 ........................................................................... 910

Tabela 23 – Brasil, Fornecedores de Redes 3G para as Operadoras, 2010 ...................... 913

Tabela 24 – Brasil e Estados, Acessos Totais por UF (TV a Cabo, DTH e MMDS) ........... 913

Tabela 25 – Brasil e Estado do Rio de Janeiro, Densidade do Serviço de TV por Assinatura


.......................................................................................................................................... 915

Tabela 26 – Brasil e Estado do Rio de Janeiro, Evolução da Densidade Telefônica.......... 915

Tabela 27 – Brasil e Estado do Rio de Janeiro, Evolução da Densidade Telefônica SMC . 915

Tabela 28 - Brasil e Estado do Rio de Janeiro, Evolução da Densidade Telefônica TUCs. 915

Tabela 29 – Área Ocupada pelas Classes de Uso e Cobertura do Solo de Acordo com o
Trabalho Coordenado pela CPRM, 1999 ........................................................................... 919

Tabela 30 - Percentual das Áreas, por Tipo de Uso do Solo, Segundo os Municípios das
Regiões Norte e Noroeste Fluminense, 1994 .................................................................... 922

Tabela 31 – Estado do Rio de Janeiro e Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Utilização


das Terras nos Estabelecimentos, 1995 ............................................................................ 923

Tabela 32 - Estado do Rio de Janeiro e Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Utilização


das Terras nos Estabelecimentos, 2006 ............................................................................ 925

Tabela 33 - Estado do Rio de Janeiro e Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Comparação


do Percentual de Lavouras, Pastagens e Matas Naturais e Plantadas, 1995 e 2006......... 926

Tabela 34 - Estado do Rio de Janeiro e Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Percentual


das Áreas, por Tipo de Uso do Solo .................................................................................. 926

Tabela 35 - Estado do Rio de Janeiro e Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Descrição da


Utilização de Terras com a Subdivisão da Classe Lavouras em Permanentes, Temporárias,
Forrageira para Corte, e Área para Cultivo de Flores, Viveiros de Mudas, Estufas de Plantas
e Casas de Vegetação, 2006............................................................................................. 928

Tabela 36 - Estado do Rio de Janeiro e Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Descrição da


Utilização de Terras com a Subdivisão da Classe Pastagens Naturais, Plantadas
Degradadas, Plantadas em Boas Condições, 2006 ........................................................... 929

Tabela 37 – Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Grau de Urbanização dos Municípios,


1970, 1980, 1991, 2000 ..................................................................................................... 932

Tabela 38 – Regiões Norte e Noroeste Fluminense, População dos Municípios, 1970, 1980,
1991 .................................................................................................................................. 933

Tabela 39 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Nas Datas dos Censos, Segundo Faixas
de Tamanho de População, 1970, 1980, 1991 .................................................................. 934

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Tabela 40 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Situação Por Faixa de Tamanho, 1970 -
1980 e 1980 - 1991............................................................................................................ 934

Tabela 41 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Participação Relativa das Cidades por
Faixa de População, 1970, 1980, 1991.............................................................................. 935

Tabela 42 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Evolução da População por Grupos de


Habitantes, 1970 - 1980 e 1980 - 1991.............................................................................. 935

Tabela 43 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, População e Evolução das Cidades no


Período de 1970 – 1991 .................................................................................................... 936

Tabela 44 – Regiões Norte e Noroeste, Cidades Polarizadas............................................ 941

Tabela 45 - Totais de Ligações Telefônicas do Conjunto de Municípios da Região Norte e


Noroeste Fluminense para a Capital do Estado do Rio de Janeiro e para as Capitais
Vizinhas ............................................................................................................................. 945

Tabela 46 – Estado do Rio de Janeiro e Região Noroeste Fluminense, Taxa de Mortalidade


Infantil, 1993 - 2007 ........................................................................................................... 948

Tabela 47 – Estado do Rio de Janeiro, Sistema de Abastecimento de Água ..................... 949

Tabela 48 – Estado do Rio de Janeiro e Região Noroeste Fluminense, Produção Diária


Estimada de Resíduos Sólidos, 2009 ................................................................................ 950

Tabela 49 – Região Noroeste Fluminense, Quadro Geral da Destinação de Resíduos


Sólidos, 2007..................................................................................................................... 951

Tabela 50 – Estado do Rio de Janeiro e Região Noroeste Fluminense, Déficit Habitacional


.......................................................................................................................................... 953

Tabela 51 – Estado do Rio de Janeiro e Região Noroeste Fluminense, Domicílios com


Carência e Deficiência de Infraestrutura, 2000 .................................................................. 955

Tabela 52 – Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Total de Estabelecimentos


Agropecuários, 1995.......................................................................................................... 959

Tabela 53 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Total de Estabelecimentos


Agropecuários, 2006.......................................................................................................... 960

Tabela 54 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Áreas dos Estabelecimentos


Agropecuários, 1995.......................................................................................................... 961

Tabela 55 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Compartimentação de Áreas, 1995... 962

Tabela 56 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Tamanho do Módulo Fiscal, 1992, 1998,
2005 .................................................................................................................................. 963

Tabela 57 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Índice de GINI, 1992 - 1998 .............. 964

Tabela 58 - Concentração da Terra Versus Índice de GINI................................................ 965

Tabela 59 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Áreas, 1992 - 1998 ........................... 965

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


1. SISTEMA VIÁRIO E DE TRANSPORTES – HIDROVIÁRIO E MARÍTIMO, RODO-
VIÁRIO, AEROVIÁRIO, OUTROS, ENTREPOSTOS E UNIDADES DE ARMAZE-
NAMENTO E ESTOCAGEM, CICLOVIAS, POSIÇÃO GEOGRÁFICA ESTRATÉ-
GICA

Neste item pretende-se delinear a evolução e a situação atual do sistema de viário e de


transportes no conjunto dos vinte e dois (22) municípios integrantes do espaço regional de-
nominado Norte e Noroeste Fluminense.

No Estado do Rio de Janeiro a Secretaria de Transportes é responsável pelo planejamento


e implantação, operação e melhoria da qualidade dos transportes públicos de passageiros e
de cargas, promovendo os fluxos necessários com segurança e conforto para a população.

Suas principais atribuições são:


• Definir a política de transportes do Estado, compatibilizando as suas iniciativas
aos programas de desenvolvimento do Governo;
• Promover a implantação, ampliação, melhoria e integração da infra-estrutura de
transportes;
• Realizar estudos, pesquisas e planejamento do sistema de transportes do Esta-
do do Rio de Janeiro, com vistas a propiciar ao usuário a adoção de meio de lo-
comoção social e economicamente mais adequado;
• Incentivar o aprimoramento de mecanismos institucionais, objetivando a implan-
tação de um plano diretor integrado de transportes da Região Metropolitana, que
discipline os investimentos públicos no setor de transportes e indique soluções
para integração harmônica de suas modalidades, tendo em vista a indispensável
articulação entre os sistemas de transportes nos ambientes Estadual e Municipal
existentes;
• Explorar e administrar aeroportos, aeródromos e heliportos no Estado, mediante
delegação, concessão ou autorização do Ministério da Aeronáutica;
• Apreciar e deliberar sobre assuntos relativos à política, planejamento, coordena-
ção e integração dos sistemas de transportes do Estado do Rio de Janeiro, atra-
vés do órgão auxiliar colegiado – Conselho Estadual de Transportes;
• Controlar, supervisionar e avaliar o desempenho das entidades da administração
indireta que lhe sejam vinculadas;
• Negociar e firmar convênios, acordos, contratos e ajustes, bem como outros ins-
trumentos que interessem ao setor de transportes do Estado, com quaisquer
pessoas de direito público ou privado;
• Operar adequadamente os serviços de transportes e de terminais, neles incluí-
dos o rodoviário de passageiros, o metroviário, o ferroviário e o hidroviário e, a-
inda, zelar pela qualidade, segurança e eficiência desses serviços quando con-
cedidos, segundo qualquer modalidade de direito permitida, à iniciativa privada.
1.1 Sistema de Transporte do Estado do Rio de Janeiro

1.1.2 Transporte Rodoviário

O Sistema de Ônibus no Estado do Rio de Janeiro é totalmente realizado por empresas par-
ticulares que possuem as concessões das linhas conforme regulamentação do poder públi-
co.

No caso de linhas intermunicipais, as linhas que tem origem e destino em dois municípios
distintos, mas ambos dentro do Estado do Rio de Janeiro, o órgão regulamentador e fiscali-
zador é o DETRO, autarquia vinculada à Secretaria Estadual de Transportes. Neste sentido
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 875
o DETRO planeja, concede, permite, autoriza, fiscaliza e regulamenta a prestação deste
serviço público, de acordo com os interesses do Estado e da população.

Para a supervisão e controle de tais atividades, são realizadas permanentemente vistorias


nas frotas das operadoras, e utilizada a estrutura operacional para a fiscalização do sistema
em todo o Estado.

Para tanto o DETRO/RJ possui uma rede operacional descentralizada, constituída por 3
Unidades de Controle Operacional na Região Metropolitana e por 6 Postos de Apoio e Co-
ordenação Regionais no Interior.

No caso de linhas municipais, isto é, linhas que circulam somente dentro de um município o
órgão regulamentador e fiscalizador pertence à própria Prefeitura da cada Município.

Há ainda ônibus interestaduais e internacionais que são de responsabilidade de órgãos da


Administração Federal.

Intermunicipais

O transporte coletivo (linhas regulares) no Estado do Rio de Janeiro é constituído por 109
empresas que operam 1.090 linhas, utilizando uma frota de 6.167 veículos, sendo 4.920 do
tipo urbano, 143 do tipo urbano com ar condicionado, 982 do tipo rodoviário e 122 do tipo
rodoviário com ar condicionado, com uma movimentação mensal superior a 52 milhões de
passageiros.

Por sua vez, o transporte intermunicipal de passageiros, na modalidade de fretamento, é


promovido por 50 empresas e 2 cooperativas, compreendendo 986 veículos registrados.

O sistema intermunicipal de transporte por ônibus é responsável por mais de 80% da movi-
mentação de passageiros na Região Metropolitana do Rio de Janeiro.

A regulamentação e fiscalização dos ônibus interestaduais é de responsabilidade do Minis-


tério dos Transportes.

Na rodoviária Novo Rio, no Rio de Janeiro, operam 37 empresas com linhas interestaduais e
no Terminal Rodoviário de Niterói operam 22 empresas.

As linhas internacionais que partem do Rio (Rodoviária Novo Rio) têm como destino: Argen-
tina, Paraguai e Chile, através das empresas Pluma e Rysa - Rápido Iguaçu.

1.1.3 Transporte Ferroviário

1.1.3.1 Histórico do Sistema de Trens de Passageiros

A renovação urbana pela qual passou a cidade do Rio de Janeiro no período entre a metade
do século XIX e meados do século XX foi devida, em grande parte, aos meios de transporte
sobre trilhos.

Os trens foram responsáveis pela rápida transformação de freguesias que, até então, se
mantinham exclusivamente rurais.

Em 1854, foi inaugurado o trecho inicial de 14,5 km da Imperial Companhia de Navegação a


Vapor e Estrada de Ferro Petrópolis (depois E. F. Mauá) a primeira ferrovia construída no
Brasil, ligando a Estação de Guia de Pacobaíba a Fragoso, em direção a Petrópolis. Esse
876 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
trecho estava integrado a uma ligação por barcas que conectava a Estação de Guia de Pa-
cobaíba ao Porto da Praça Mauá (Cais Pharoux).

Em 1855, o Decreto Imperial 1598 autoriza a constituição da Companhia da Estrada de Fer-


ro D. Pedro II. São iniciados os trabalhos de implantação da ferrovia.

O serviço ferroviário de passageiros foi inaugurado em 1858, com a implantação do trecho


da Estrada de Ferro D. Pedro II, ligando a Estação da Corte, hoje denominada D. Pedro II, à
Estação de Queimados. Em 1861, foi inaugurado o serviço regular de trens até Cascadura.
Em 1864, a ferrovia já havia ultrapassado a serra e alcançado Barra do Piraí. Em 1870, a
linha de Cascadura passou a ser servida por mais dois trens diários, inaugurando de fato o
sistema suburbano de transporte.

Em 1871, lei da Província de Minas Gerais autoriza a criação de empresa ferroviária para
estabelecer a ligação entre a cidade de Leopoldina e a futura estação de Porto Novo da E.
F. D. Pedro II. Em 1872, o Decreto Imperial 4.914 autoriza a constituição da Cia. E. F. Leo-
poldina, de capital inglês e brasileiro. O trecho inicial é inaugurado em 1873, ligando São
José a Volta Grande.

Em 1875 é autorizada a implantação da Estrada de Ferro Rio D'Ouro, como auxiliar da cons-
trução da adutora entre o Caju e as represas do Rio D'Ouro, na Baixada Fluminense. Nesse
mesmo ano, as linhas da Cia. da E. F. D. Pedro II alcançam Cachoeira Paulista, em São
Paulo, ponto final da navegação do Rio Paraíba do Sul.

Em 1877, é adotado o sistema telegráfico entre as estações da Corte e Todos os Santos


para controle dos trens. Nesse mesmo ano é feita a junção dos trilhos da Cia. E. F. D. Pedro
II (bitola 1,60 m) com a Estrada de Ferro São Paulo (bitola de 1,00 m), estabelecendo a liga-
ção definitiva entre esses dois estados, com baldeação em Cachoeira, considerando a dife-
rença de bitolas.

Em 1883, foi aberta ao tráfego a Estrada de Ferro Rio D'Ouro, com 58 km de extensão e
traçado paralelo à E. F. D. Pedro II.

Ainda em 1883 é inaugurada a ligação da Raiz da Serra à Petrópolis e também realizada a


aquisição da Imperial Companhia de Navegação e Estrada de Ferro de Petrópolis pela Cia.
Estrada de Ferro Príncipe do Grão Pará.

Em 1884, é inaugurado o serviço telefônico na E. F. D. Pedro II, sendo que em 1900 todas
as estações suburbanas já dispunham desse serviço.

No âmbito da atual Região Metropolitana do Rio de Janeiro, a E. F. Leopoldina teve papel


indutor muito mais importante que a Rio D'Ouro. Sua primeira linha, inaugurada em 1886,
entre São Francisco Xavier e Mirity (atual Duque de Caxias), interligou uma série de núcleos
urbanos já existentes, que passaram a se desenvolver em ritmo acelerado.

Em 1889, a E.F.D.Pedro II passa a ser denominada E. F. Central do Brasil em virtude da


queda da monarquia.

Em 1891, a E.F.São Paulo e Rio de Janeiro (ligando Cachoeira Paulista a São Paulo) é in-
corporada à E.F.Central do Brasil.

Em 1893, foi inaugurado o primeiro trecho da Estrada de Ferro Melhoramentos do Brasil,


construída pela Companhia de mesmo nome, que, em 1903, seria incorporada à Central do

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 877


Brasil com o nome de Linha Auxiliar. Com 61 estações, partia de Alfredo Maia (Praça da
Bandeira), passando por Triagem, Herédia de Sá, Vieira Fazenda até São Mateus.

A E.F.Leopoldina é liquidada, por falência, em 1897. No mesmo ano, é criada a "The Leo-
poldina Railway Co" , que incorpora o acervo da Cia. E.F.Leopoldina. No ano seguinte é
concedida autorização para início de operação à empresa britânica 'The Leopoldina Railway
Company Ltd".

A partir dos primeiros anos do século XX, há um aumento substancial no tráfego suburbano
de passageiros.

Em 1930, o transporte ferroviário encontra-se em contínua expansão. Em 1937, a ferrovia foi


eletrificada. A participação percentual dos passageiros nos trens suburbanos quase duplica
entre as décadas de 40 e 50 (passando de 8% para 16%), mantendo-se posteriormente, até
1960, na mesma proporção.

Em 1949, o Governo Federal assume os encargos financeiros da "The Leopoldina Railway


Co", administrando-a de maneira compartilhada. No ano seguinte, a União encampa definiti-
vamente a Companhia, que passa a denominar-se E. F. Leopoldina.

A Central do Brasil permanece sob o domínio do Estado. Em 1941, sofre uma reformulação
administrativa, tornando-se autarquia, com autonomia financeira e administrativa, embora o
Governo Federal assuma, em 1950, a responsabilidade de financiar as aquisições e obras
necessárias à sua expansão. Em 1957, passa a ser a espinha dorsal da Rede Ferroviária
Federal S. A. - RFFSA, juntamente com a Estrada de Ferro Leopoldina.

As Divisões Operacionais da RFFSA são criadas em 1969. Os sistemas de trem de subúrbio


passam a integrar a 8a Divisão de Subúrbios do Grande Rio.

Entre 1977 e 1981, são adquiridos 180 trens das séries 500, 700, 800 e 900.

Em 1984, é criada a Companhia Brasileira de Trens Urbanos - CBTU, subordinada ao Minis-


tério dos Transportes, com a responsabilidade pelo transporte ferroviário metropolitano de
passageiros em todo o Brasil. A RFFSA fica com a responsabilidade pelo transporte de car-
gas. No mesmo ano, o sistema de trens metropolitanos do Rio de Janeiro ultrapassa a bar-
reira de 1 milhão de passageiros pagantes transportados por dia.

Após 1985, teve início a queda do volume de passageiros transportados pelo sistema de
trens metropolitanos do Rio de Janeiro, considerando a falta de investimentos aliada a ou-
tros fatores.

Em cumprimento ao disposto na Constituição Federal, que transfere à autoridade pública


local as responsabilidades inerentes ao transporte urbano de passageiros nas áreas metro-
politanas, foi criada pelo decreto no 20.288, de 28 de julho de 1994, a Companhia Flumi-
nense de Trens Urbanos - FLUMITRENS. A transferência efetiva do Sistema Ferroviário do
Rio de Janeiro, da Companhia Brasileira de Trens Urbanos - CBTU, subordinada à União,
para a FLUMITRENS, diretamente ligada à Secretaria de Estado de Transportes do Rio de
Janeiro, deu-se em 22 de dezembro de 1994.

Em novembro de 1998, a operação do sistema de trens foi transferida para a iniciativa pri-
vada, através de concessão à empresa Supervia.

Durante este período de transição do sistema de trens para o Estado, concessão para a
iniciativa privada e até os dias de hoje, o sistema vem sendo recuperado, com recursos do

878 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Banco Mundial e contrapartida do Governo Estadual, (Programas BIRD I e PET) além de
programas de investimento da própria concessionária. No entanto, a recuperação da de-
manda permanece aquém das expectativas.

Através do decreto nº 27.898, de 9 de março de 2001 ( complementado pelo decreto nº


28.313 de 11 de maio de 2001 ), o Governador determinou a cisão da Flumitrens em duas
empresas: uma a ser liquidada (onde permanecem os ativos e a relação empregatícia dos
funcionários) e outra que é a responsável pelas atividades relativas à malha ferroviária de
passageiros, acrescida da responsabilidade do Sistema de Bondes de Santa Teresa, trans-
ferido da CTC - Cia de Transportes Concedidos, através do Decreto nº 21.846 de 18/07/01.

No dia 30 de maio de 2001, a Flumitrens realizou a Assembléia que efetivou a cisão, criando
a Companhia Estadual de Engenharia de Transportes e Logística - CENTRAL.

1.1.3.2 Rede Atual do Sistema de Trens

O Sistema Ferroviário do Rio de Janeiro abrange uma extensão de 264 km de faixa, sendo
174,5 km em bitola larga (1,60m) eletrificada, 9 km em bitola larga não eletrificada e 80,5 km
em bitola métrica não eletrificada, com 95 estações e 32 paradas. Devido à multiplicidade de
vias, o sistema totaliza 684 km de extensão.

A malha ferroviária subdivide-se em 5 corredores principais em bitola larga eletrificada: De-


odoro, Japeri, Santa Cruz, Leopoldina (Saracuruna) e Belford Roxo (operados pela SUPER-
VIA); e 3 corredores em bitola métrica não eletrificada: Vila Inhomirim (operado pela SU-
PERVIA), Guapimirim e corredor de Niterói a Visconde de Itaboraí (operados pela CEN-
TRAL).

Mapa 1 – Estado do Rio de Janeiro, Ferrovias

Fonte: Site Google

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 879


1.1.4 Transporte Aeroviário

A Secretaria de Estado de Transportes comporta em sua estrutura a Coordenadoria de


Transporte Aeroviário, com as seguintes atribuições:

• Planejar a rede aeroportuária do Estado;


• Projetar, construir, administrar, manter e explorar aeroportos, aeródromos e heli-
portos do Estado, mediante delegação, concessão ou autorização do Comando
da Aeronáutica;
• Desenvolver e implementar estudos e métodos com vistas a viabilizar a obten-
ção de recursos necessários aos Programas de Setor;
• Coordenar a aplicação de recursos e meios da iniciativa privada, no desenvolvi-
mento do setor aeroviário estadual, em especial apoiando a implantação de um
Pólo da Indústria Aeronáutica no Estado;
• Arrecadar tarifas e taxas aeroportuárias por delegação do Ministério da Aeronáu-
tica;
• Aplicar as normas legais, técnicas e administrativas, baixadas pelas autoridades
Federais;
• Coordenar a execução das Políticas Federal e Estadual de Transporte Aeroviário
de passageiros e cargas e, desempenhar direta ou indiretamente, todas as de-
mais atividades legadas à Aeronáutica de competência do Estado ou que lhe fo-
rem delegadas.
• Colaborar com os órgãos competentes da União no que se refere a aplicação, no
Estado do Rio de Janeiro, da política Aeronáutica Nacional.
Na atualidade o Estado do Rio de Janeiro conta com 28 aeroportos homologados e/ou regis-
trados e 85 helipontos. Os aeroportos civis públicos somam 13 e os privados 10, além de 5
aeródromos das bases militares.

1.1.4.1 Rede Aeroviária do Estado do Rio de Janeiro

A constituição de uma compacta, porém bem equipada rede de aeroportos no interior do


Estado visa, entre outros objetivos, agilizar e tornar rotineiro o acesso de empresários, turis-
tas, comerciantes etc. a estas áreas, seja através da utilização de pequenas aeronaves par-
ticulares, táxi aéreo, linhas regulares de aviação ou vôos de fretamento (“charter”) sistemáti-
cos, procurando sempre aproximar tais regiões dos centros de decisão do país.

No caso específico do Rio de Janeiro, destaca-se a necessidade de melhor atender as im-


portantes áreas industriais existentes no interior, que carecem de ligação principalmente
com São Paulo e Rio de Janeiro, além do segmento turístico, que no mundo inteiro vem
crescendo com altas taxas, freqüentemente em função da existência de pacotes turísticos,
que englobam hospedagem, transporte aéreo, “transfer” de passageiros aeroporto-hotel e,
eventualmente atrações turísticas, oferecendo desta forma conforto, segurança, rapidez e
preços relativamente reduzidos.

Com relação à ocupação de hotéis classificados localizados no interior do Estado, foi exaus-
tivamente estudado e comprovado pelos órgãos do setor, que tais unidades tem nos turistas
residentes em cidades de outros estados (notadamente na Região Metropolitana de São
Paulo, região de Ribeirão Preto e Belo Horizonte) ou mesmo provenientes do exterior, a
grande maioria de seus usuários, o que implica “mandatoriamente” no uso sistemático da
aviação.
880 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
Finalmente, há de se destacar a promulgação e operacionalização da Lei Federal n° 8.399
de 07/01/92, que instituiu o Programa Federal de Auxílio a Aeroportos - PROFAA, e possibi-
litou a disponibilização de recursos visando investimentos em aeroportos de pequeno e mé-
dio portes, com base em receitas geradas no próprio sistema de aviação civil. Ao logo dos
últimos 10 anos, porém apoiado principalmente pelo PROFAA, além de recursos oriundos
do próprio Tesouro Estadual e da iniciativa privada, foram implementadas várias obras e
melhorias nos aeródromos de Resende, Paraty, Angra dos Reis, Cabo Frio, Nova Iguaçu,
Maricá, Itaperuna, Saquarema e Santo Antônio de Pádua, sendo, entretanto de fundamental
importância a complementação e qualificação da infra-estrutura aeroportuária, para que tal
infra-estrutura efetivamente apóie o desenvolvimento das regiões em que estão localizados.

Paralelamente, é importante destacar o grande crescimento que vem sendo observado na


utilização de helicópteros tanto em vôos turísticos, como em apoio a atividades de negócios,
particularmente os ligados à exploração de petróleo na plataforma continental, e mesmo em
situações emergenciais ou em ações de segurança pública e defesa civil.

1.1.4.2 A Importância de uma Rede Aeroportuária no Interior

Atualmente, os principais Estados da Federação já dispõem de boas redes aeroportuárias


que atendem as regiões interioranas, visto que este equipamento permite aproximar zonas
de produção dos centros de decisão. É sabido que a carga, os insumos e mesmo a produ-
ção tem como sustentáculo na distribuição de seus produtos as rodovias e ferrovias, porém
o empreendedor, o industrial, o grande comerciante, técnicos qualificados, ou seja, a deci-
são do investimento e o acompanhamento de seu dia a dia têm no transporte aéreo ferra-
menta fundamental.

Cabe sempre destacar o exemplo da implantação da Volkswagen em Resende, que foi a


primeira indústria de expressão internacional a se implantar naquela região, já que era a
única fábrica de caminhões e ônibus daquela marca no mundo. Entre os oito itens que a
empresa considerava decisivos para a escolha da região de implantação, entre os quais
disponibilidade de energia farta, sistemas de telecomunicações adequados, boas vias de
transporte rodoviário e ferroviário e, a existência de um aeroporto em boas condições ope-
racionais, o que motivou o Estado a empreender uma reforma completa na pista de pouso,
táxi e pátio de aeronaves.

É sempre importante destacar que nenhuma região se desenvolve sem adequados meios
de transportes. Tal processo normalmente se inicia pela pavimentação da principal estrada,
e posteriormente consolida-se com outros modos que não o rodoviário. Dado ao crescimen-
to da aviação no Brasil, o transporte aéreo tem adquirido um papel de destaque na econo-
mia de regiões de maior dinamismo. Praticamente, não mais existem regiões industriais no
interior do País que não disponham de aeródromos adequados e compatíveis com a sua
atividade econômica, associados a serviços de linhas regulares de aviação regional. Hoje,
são mais de 180 cidades servidas pela aviação regional regular no país. Locais de turismo
intenso também estão aparelhando rapidamente seus aeroportos.

1.1.4.3 PROFAA - Parceria União e Estado

As obras de melhorias nos aeródromos / aeroportos do interior do Estado do Rio de Janeiro,


são executadas com recursos do Programa Federal de Auxílios a Aeroportos (PROFAA),
criado pelo Governo Federal através da Lei n° 8.399 , de 7 de janeiro de 1992, e instituído
pela Portaria Ministerial n.° 1.047/GM4, de 31 de d ezembro de 1992, que destina 20% da
receita do Adicional de Tarifa Aeroportuária (ATAERO) para aplicação na implantação, me-
lhoramento, re-aparelhamento, reforma ou ampliação de aeródromos e aeroportos de inte-

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 881


resse estadual, por meio de parceria entre o DAC e os Governos Estaduais, sendo 70% dos
recursos provenientes do Programa com uma contra-partida de 30% dos Estados.

1.1.4.4 Plano Aeroviário do Estado do Rio de Janeiro - PAERJ

O Plano Aeroviário Estadual é um instrumento macrodiretor do desenvolvimento do Sistema


Estadual de Aeroportos. Determina as diretrizes e metas fundamentais que devem ser se-
guidas e alcançadas até cada horizonte de planejamento estabelecido, bem como os recur-
sos essenciais para o pleno desenvolvimento da infra-estrutura aeronáutica. Seu principal
objetivo é promover o desenvolvimento eficiente e harmônico da infra-estrutura aeronáutica,
localizada no interior do Estado, visando suprir as necessidades de transporte aéreo nos
próximos vinte anos.

Tendo em vista que o Plano Aeroviário do Estado do Rio de Janeiro existente, foi elaborado
em 1990, estando, portanto desatualizado, foi celebrado em 20 de dezembro de 2000, Ter-
mo de Convênio entre o Estado do Rio de Janeiro e a União através do Comando da Aero-
náutica, por intermédio do Departamento de Aviação Civil - DAC, com a interveniência da
Secretaria de Estado de Transportes do Rio de Janeiro - SECTRAN e execução pelo Institu-
to de Aviação Civil - IAC, objetivando a Revisão do Plano Aeroviário do Estado do Rio de
Janeiro - PAERJ.

Este Convênio, para a revisão do PAERJ, teve por objeto a redefinição do sistema estadual
de aeroportos, compostos dos aeroportos e aeródromos públicos de interesse estadual ou
regional, bem como estabelecer diretrizes de desenvolvimento e possibilitar a utilização dos
recursos do Programa Federal de Auxílio a Aeroportos - PROFAA, necessários à sua im-
plementação.

Na reformulação da Rede Estadual de Aeroportos, foram inseridos os aeroportos / aeródro-


mos do Vale do Aço (que atenderá aos municípios de Volta Redonda, Barra Mansa, Barra
do Piraí, Piraí e Pinheiral), Baixada Norte Fluminense (Niterói, Alcântara e São Gonçalo),
Cantagalo e Itaguaí além de 8 (oito) heliportos a serem implantados no interior do Estado.

Neste contexto, foi adotada a seguinte hierarquia aeroportuária:

Tabela 1 – Rio de Janeiro, Unidades Aeroportuárias


Aeródromo
Heliporto
Regional Local Turístico Complementar
Agulhas Negras
Baixada Fluminense Parati Saquarema Ilha Grande
(Resende)
Angra dos Reis Cantagalo Itaipava
Cabo Frio Itaguaí Visconde de Mauá
Itaperuna Marica Nova Friburgo
Volta Redonda Nova Iguaçu Petrópolis
Santo Antônio de Pádua
Teresópolis
Três Rios
Fonte: Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária – INFRAERO.

1.1.4.5 Projeto da Região Noroeste Fluminense


Nessa revisão do Plano Aeroviário Estadual, a única instalação nova, da Região Noroeste,
que figura é o heliporto de Santo Antônio de Pádua, como uma resposta ao atendimento das
necessidades de transporte aéreo em áreas que apresentam dificuldade para implantação
882 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
de aeródromos. Os recursos foram solicitados, em 2003, ao Programa Federal de Auxílio a
Aeroportos – PROFAA. Considerando a existência dos heliportos de Macaé e São Tomé, há
uma integração regional que se complementa com os aeródromos de Campos dos Goytaca-
zes e Itaperuna.

1.1.5 Ciclovias

As grandes cidades vivem uma crise de mobilidade que tende a se agravar. Segundo os
dados do DETRAN-RJ, de 1997 a 2007, ocorreu um crescimento exponencial de carros no
município do Rio, na ordem de 40%, correspondente a 1,7 milhões de carros a mais. Em
decorrência, o consumo dos combustíveis, o tempo dos deslocamentos e os custos aumen-
taram. Um exemplo disto foi a redução da velocidade média em vias arteriais da Região Me-
tropolitana para 27,44 km/h. Outra conseqüência da crise da mobilidade é o dano ambiental,
uma vez que 14% do total poluente de 7,9 milhões de t de CO2, anuais, são emitidas por
transportes rodoviários.

Diante dos resultados das pesquisas e dos estudos, a Secretaria de Transportes enxergou a
necessidade de criar no estado um Plano de Mobilidade Não-Motorizada, com a formulação
de diretrizes estaduais a serem sugeridas para os municípios. O plano estuda a acessibili-
dade de cidadãos com deficiências físicas e os deslocamentos de baixo custo no estado. A
bicicleta foi a alternativa mais barata, viável, rápida e facilmente integrável ao sistema de
transporte.

Por isso, a secretaria criou o programa Rio – Estado da Bicicleta, que visa estimular o uso
da bicicleta como meio de transporte urbano em todo o estado, integrando-a aos outros mo-
dais, através da criação de sistemas cicloviários nos municípios. O projeto tem custo esti-
mado em R$ 60 milhões e se estrutura em três pilares: o do Rio como Estado com vocação
para os esportes, o do crescimento econômico e o da sustentabilidade.

Além disso, prevê a construção de ecovias às margens de rios; programas de educação


para o trânsito, em parceria com as demais secretarias estaduais, órgãos de trânsito do es-
tado e dos municípios; campanhas de divulgação intensivas e segmentadas; e a realização
de tours e provas ciclísticas por todo o estado, com o objetivo de disseminar o uso da bici-
cleta. Um dos objetivos do programa é implantar 1.000 km de ciclovias, com 10 km em cada
um dos municípios e 80 km ao longo do Arco Rodoviário Metropolitano.

Segundo os estudos, uma vaga de carro equivale a seis bicicletas, ou 20 compactadas. A-


lém disso, a bicicleta pode transportar sete vezes mais pessoas que o carro, ocupando o
mesmo espaço. O programa Rio – Estado da Bicicleta não pretende substituir nenhum
transporte de massa, mas integrá-los. O objetivo do programa é criar uma nova cultura ci-
cloviária e promover uma revolução do transporte para deslocamentos curtos, com trajetos
de até cinco quilômetros.

Outro fator determinante para o nascimento do programa é o fato do Rio de Janeiro ter a
segunda malha cicloviária da América Latina, ficando atrás apenas da Colômbia. Contudo,
ela é subaproveitada porque é restrita, sem continuidade. Os estudos para a implementação
do Rio – Estado da Bicicleta mostram que ciclovias já existentes podem ser prolongadas e
que outras podem ser construídas. No município do Rio, por exemplo, as ciclovias são restri-
tas à orla e, por isso, são mais utilizadas para o lazer. Apesar disto, é preciso ressaltar que,
na Região Metropolitana do Estado, 90% da população utiliza a bicicleta para o deslocamen-
to diário, como principal meio de transporte.

A parte operacional do programa prevê a implementação de um sistema de bicicleta pública,


com locação de bicicletas a baixo custo. Para isto, bicicletários automatizados serão instala-

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 883


dos em áreas específicas, como terminais de ônibus, trens, metrôs e barcas, onde o usuário
poderá retirar e devolver as bicicletas sem se preocupar com a manutenção ou estaciona-
mento. A bicicleta passa a fazer parte do mobiliário urbano. Um facilitador para que o siste-
ma de bicicleta pública tenha êxito é o fato do Rio de Janeiro ter o maior sistema de bilheta-
gem eletrônica do Brasil.

A título de exemplo de experiências bem sucedidas, em Barcelona, o sistema de bicicletas


públicas espanhol, Bicing, é utilizado para pequenos trajetos e complementar ao transporte
tradicional, com 1.500 bicicletas e 120 postos. Em Paris, o sistema Velib iniciou, em 2001, e
conta com 20.600 bicicletas, 437 quilômetros de ciclovias, 1.451 postos e cartão integrado
ao sistema de transporte público. Em Amsterdam, 28% das viagens diárias são feitas de
bicicleta. Já em Berlim, 15% são realizadas por bicicletas, em 753 quilômetros de ciclovias,
no sistema de serviço chamado Call a Bike.

Com base nesta premissa o Estado do Rio de Janeiro lançou o “Programa Rio – Estado da
Bicicleta” que estabelece o incentivo ao uso da bicicleta como meio de transporte, e com-
preende um conjunto de 15 iniciativas de curto, médio e longo prazo, através do financia-
mento Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e Governo Federal.

Objetivos:

• Estimular o uso da bicicleta como meio de transporte alternativo para a parcela


da população que hoje faz suas viagens a pé;

• Implantar, em parceria com os demais órgãos de transporte e trânsito do Estado


e dos municípios, políticas de educação para o trânsito;

• Integrar a bicicleta aos outros modais de transportes, funcionando como trans-


porte complementar, para percursos de curta distância;

• Apoiar os municípios do Estado do Rio de Janeiro a construir ciclovias, ciclofai-


xas e sistemas cicloviários;

• Instalar bicicletários públicos;

• Promover e apoiar eventos esportivos, culturais e institucionais que incentivem o


uso da bicicleta como meio de transporte.

Programa Educacional - Ações Educativas Instituições de Ensino

• Escola da Bicicleta: Instalação da Escola da Bicicleta na Estação Barão de Mau-


á, na Leopoldina, Zona Norte do Rio;

• Criação de multiplicadores na Rede Educacional;

• Elaboração de material pedagógico;

• Concursos em estabelecimentos de ensino para incentivar o uso da bicicleta;

• Ação educativa junto aos sindicatos de transportes coletivos e de carga;

• Capacitação de agentes de trânsito.

Programa Operacional

• Implantação de 1.000 km de ciclovias em todo o Estado do Rio de Janeiro;


884 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
• 10 km em cada um dos 92 municípios;

• 80 km ao longo do Arco Rodoviário Metropolitano;

• Bicicletário Integrador – Bicicletários estratégicos em pontos de parada e termi-


nais de transporte coletivos (ônibus, trens, metrôs e barcas). Valor integrado à
passagem para utilização dos bicicletários;

• Ecovias – Implantação de ciclovias nas margens de rios que estão sendo draga-
dos e recuperados pela Serla (Superintendência Estadual de Rios e Lagoas),
como, por exemplo, os rios Sarapuí e Meriti-Pavuna, para estimular a circulação
intermunicipal e evitar a ocupação desordenada;

• Bicicleta Pública – Sistema de locação de bicicletas a baixo custo, com instala-


ção de bicicletários automatizados em áreas estratégicas, onde o usuário poderá
retirar e devolver as bicicletas – sem se preocupar com manutenção ou estacio-
namento. A bicicleta passa a fazer parte do mobiliário urbano.

1.2 Sistema de Transporte Terrestre das Regiões Norte e Noroeste do Estado do


Rio de Janeiro

1.2.1 Transporte Rodoviário

As Regiões Norte e Noroeste Fluminense são cortadas pela BR101, considerada a rodovia
de acesso troncal longitudinal e de conexão com a capital, cidade do Rio de Janeiro. No
sentido transversal comparece a rodovia BR356, que conecta o Estado de Minas Gerais até
São João da Barra cruzando com a BR 101. Além das rodovias federais, as Regiões possu-
em malha viária estadual, como a RJ-234 que é de considerável importância para o Estado,
por ser uma das rotas utilizadas para fazer o escoamento da produção agrícola do eixo que
passa por São Fidélis.

Esta rede viária não observa um planejamento integrado e revela uma limitação básica com
a BR101 que requer uma solução na modalidade autoestrada, com múltiplas pistas, sistema
de atendimento, derivações de conexões colaterais e integração multimodal, etc., o que im-
plica numa concessão privada (que já está em implementação, ainda sem os investimentos
equacionados). O sistema existente apresenta vários gargalos – entre Macaé e Campos dos
Goytacazes, entre Macaé e Rio das Ostras -, congestionamentos freqüentes e os tempos de
deslocamento são muito longos, regra geral.

A construção da Via dos Lagos e do Anel Viário de Campos são medidas que retiram o mo-
vimento intermunicipal de dentro das áreas urbanas, contribuindo significativamente para a
melhoria do transporte na Região Norte.

Todo o transporte municipal e intermunicipal de passageiros é feito por rodovias, através de


linhas de ônibus intermunicipais, com boa freqüência e qualidade. Essas linhas fazem a li-
gação dos municípios do Norte e do Noroeste com a Capital do Estado e com Niterói, na
Região Metropolitana do Rio de Janeiro.

Além disso, a maioria dos municípios é atendida por linhas interestaduais, que os ligam aos
Estados vizinhos, Minas Gerais e Espírito Santo, além de outros.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 885


Tabela 2 – Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Rodovias de Acessos aos Municípios
Município BR RJ
São Francisco do Itabapoana 224 / 196
São João da Barra 356
Campos dos Goytacazes 356 / 101 158 / 224 / 216
Quissamã 196
Carapebus 178
Macaé 168
São Fidélis 204 / 158 / 192 / 194
Itaocara 116 158 / 116
Aperibé 202 / 194 / 116
Santo Antônio de Pádua 116 / 186 / 218
Miracema 116 / 200
Laje do Muriaé 116
Natividade 214 / 220
Porciúncula 220 / 230
Varre Sai 214 / 198
Bom Jesus de Itabapoana 186 / 230
Itaperuna 368 / 356 210 / 198
São José de Ubá 186 / 198
Cambuci 198 / 194
Italva 356
Cardoso Moreira 356
Conceição do Macabú 182 / 196

Tabela 3 – Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Relação Descritiva das Rodovias do Sistema
Rodoviário Nacional

RODOVIAS DIAGONAIS km

Cachoeiro do Itapemirim - Itaperuna - Além Paraíba - Três Rios - Volta Redonda Entron-
BR-393 444,8
camento com a BR-116
BR-356 Belo Horizonte – Muriaé - Campos - São João da Barra 472,9
RODOVIAS LONGITUDINAIS
Touros - Natal - João Pessoa - Recife - Maceió - Aracaju - Feira de Santana - Itabuna –
São Mateus - Vitória - Campos - Niterói - Rio de Janeiro - Mangaratiba - Angra dos Reis -
BR-101 4.556,8
Caraguatatuba - Santos - Iguape - Antonina - Joinville – Itajaí - Florianópolis - Tubarão -
Osório - São José do Norte - Rio Grande
RODOVIAS DE LIGAÇÃO
Morro do Coco (BR-101) - Cardoso Moreira (BR-356) – São Fidélis - Cordeiro – Nova
BR-492 Friburgo - Bom Sucesso - Sobradinho (BR-116) - Posse (BR-040) – Pedro do Rio (BR- 390,5
040) -Avelar – Maçambará (BR-393)
BR-484 Colatina - Itaguaçu - Afonso Cláudio - Guaçuí - São José do Calçado - Bom Jesus do
343,0
Itabapoana – Itaperuna
Fonte: Ministério dos Transportes - 2001 e 2002

Tabela 4 – Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Malha Rodoviária Estadual (km), 2000 a 2002
Situação Física 2000 2001 2002
Planejada 87,1 78,8 78,8
Pavimentada 351,3 432,6 432,6
Não pavimentada – leito natural 486,6 419,9 419,9
Implantada 34,3 22,5 22,5
Total 959,3 953,8 953,8
Nota: Observa-se que entre 2001 e 2002 não houve alterações nos dados. Fonte: CIDE
886 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
1.2.2 Transporte Aéreo

Existem três aeroportos nas Regiões Noroeste e Norte Fluminense, um localizado em Cam-
pos dos Goytacazes, o outro em Macaé e um o mais novo, em Itaperuna. Estes aeroportos
oferecem serviços comerciais atendidos a partir de aeroportos da cidade do Rio de Janeiro.

Aeroporto de Campos dos Goytacazes

Este aeroporto está localizado numa área de 957.347,97 m², nas margens da BR-101, no
trecho que liga Campos a Vitória.

Tabela 5 – Região Norte Fluminense, Campos dos Goytacazes, Complexo Aeroportuário


Área: 949.114,04 m²
Pista
Dimensões(m): 1.544 x 45
Terminal de Passageiros
Área(m²): 459
Estacionamento
Capacidade: 41 vagas
Estacionamento de Aeronaves
Nº de Posições: 6 posições
Fonte: INFRAERO

Tabela 6 – Região Norte Fluminense, Campos dos Goytacazes, Movimento Operacional, 2002 a
2008
Aeronaves Carga Aérea Passageiros
Ano Quantidade Ano Quantidade Ano Quantidade
2002 5.949 2002 346.743 2002 18.535
2003 5.518 2003 337.448 2003 16.263
2004 4.331 2004 303.491 2004 13.258
2005 4.253 2005 283.234 2005 10.720
2006 3.477 2006 151.257 2006 8.231
2007 3.517 2007 157.661 2007 7.075
2008 4.316 2008 156.286 2008 5.908
Fonte: INFRAERO

Aeroporto de Macaé

Nos anos 50, existia na cidade de Macaé um campo de aviação localizado junto à praia,
com pista que permitia apenas o pouso de aeronaves militares em treinamento. A década de
60 mostrou a necessidade de evolução, e nascia assim o Aeroclube e o atual sítio aeropor-
tuário, ainda com pista de terra.

Com o advento da exploração do petróleo offshore, nos anos 80, a pista de terra foi cober-
ta por asfalto. Foi construído um pátio de estacionamento de aeronaves e um terminal de
passageiros com 900,00 m², para permitir o movimento de 135.000 passageiros ao ano para
o vôo de helicópteros. O aeroporto, que nasceu a 6 km da cidade, foi sendo envolvido pela
população.

O aeroporto de Macaé dispõe atualmente pista pavimentada com 1.500 metros de asfalto e
sistema de rádio-navegação. Mantém grande tráfego aéreo de helicópteros podendo rece-
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 887
ber aeronaves de médio porte. A pista é utilizada pela Petrobrás e, em 2006, já havia 79
vôos diários.

O Aeroporto de Macaé é hoje a maior base de apoio a exploração de petróleo nacional, mo-
vimentando acima de 60.000 pousos e decolagens e recebendo acima de 400.000 passa-
geiros anualmente em suas dependências. Destes números, 98% referem-se à atividade
"offshore".

A principal vocação deste aeroporto é receber os pousos e decolagens de helicópteros que


circulam entre as diversas unidades marítimas localizadas na bacia de Campos. O aeropor-
to, assim como a cidade, se expandiu nos anos 80, com o advento da exploração do petró-
leo offshore.

Tabela 7 – Região Norte Fluminense, Macaé, Complexo Aeroportuário


Sítio Aeroportuário
Área: 480.000 m²
Pátio das Aeronaves
Área: 41.000 m²
Pista
Dimensões(m): 1.200 x 30
Terminal de Passageiros
Área(m²): 941
Estacionamento
Capacidade: 74 vagas
Estacionamento de Aeronaves
38 posições para asa rotativa e 6 posições
Nº de Posições:
para asa fixa de pequeno porte
Fonte: INFRAERO

Tabela 8 - Região Norte Fluminense, Macaé, Movimento Operacional, 2002 a 2008

Aeronaves Carga Aérea Passageiros


Ano Quantidade Ano Quantidade Ano Quantidade
2002 45.804 2002 457.713 2002 290.939
2003 42.102 2003 427.620 2003 298.707
2004 44.959 2004 419.118 2004 281.020
2005 52.135 2005 375.394 2005 341.559
2006 55.131 2006 323.502 2006 366.778
2007 60.938 2007 403.921 2007 408.095
2008 61.558 2008 303.221 2008 385.651
Fonte: INFRAERO
No Farol de São Tomé, no município de Campos, há uma base para pouso de helicópteros
que atendem às plataformas instaladas na Bacia de Campos.

Atualmente, Macaé se constitui na área com o segundo maior tráfego aéreo de helicópteros
do país, sendo superada apenas por São Paulo.

888 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


1.2.3 Transporte Ferroviário
O Estado do Rio de Janeiro possui, atualmente, cerca de 3.000 km de ferrovias em opera-
ção por empresas de transporte de carga, principalmente FCA e MRS Logística.
O Norte e Noroeste Fluminense são servidos pela linha tronco Campos Elíseos (Duque de
Caxias) – Campos dos Goytacazes. É uma linha de bitola estreita, utilizada exclusivamente
para o transporte de cargas, predominantemente, derivados de petróleo.

1.2.4 Transporte Marítimo / Portos

Imbetiba

Há um intenso tráfego marítimo no litoral Norte Fluminense e na Bacia de Campos, relacio-


nado às atividades petrolíferas e pesqueiras, além de embarcações turísticas e de lazer.

O Pier de Serviços de Macaé (situado em Imbetiba) é intensamente utilizado para o trans-


porte de passageiros e cargas destinados às plataformas petrolíferas.

O Terminal de Imbetiba é atualmente responsável por cerca de 440 atracações por mês,
sendo que o mesmo conta com 3 píers e 6 berços (vagas) e movimenta em média 49,020
toneladas de carga de convés por mês, sendo o seu funcionamento é continuo, 24 horas por
dia e 07 dias por semana.

Considerado o principal terminal portuário da Bacia de Campos, apóia cerca de 140 embar-
cações de diversas atividades de transporte como: transporte de cargas gerais, graneis lí-
quidos e sólidos, manuseio de ancoras, recolhimento de óleo no mar e combate a incêndio.

O terminal de Imbetiba conta também com um Centro de Distribuição de cargas situado cer-
ca de 13 Km do Píer, sendo que o mesmo dispõe de uma área de armazenamento aberta
de 180.000m² e de uma área coberta de 21.600m².

Superporto do Açu

Segundo dados da LLX, empresa responsável pela construção do porto localizado no muni-
cípio de São João da Barra, o Complexo Portuário do Açu é um dos maiores investimentos
do Brasil no setor portuário.

Próximo aos campos de petróleo offshore das bacias de Campos, Santos e do Espírito San-
to e com fácil acesso para as regiões mais desenvolvidas do Brasil, o Superporto do Açu se
propõe servir de centro logístico de exportação e importação para as Regiões Centro-Oeste
e Sudeste do Brasil.

O Superporto do Açu terá seis píeres para movimentação de granéis e quatro para movi-
mentação de carga geral e embarcações de apoio à atividades offshore.

Com profundidade de 18,5 m., Açu permitirá a atracação de navios Capesize, com capaci-
dade de até 220.000 t., assim como a nova geração dos navios superconteiners com capa-
cidade de até 11.000 TEUs (conteiner padrão de 20 pés - 6,0 m - de comprimento).

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 889


Mapa 2 - Região Norte Fluminense, São João da Barra, Localização do Porto do Açu

Fonte: Site Google

Figura 1 - Região Norte Fluminense, São João da Barra, Esquema Piers do Porto do Açu

Fonte: LLX, 2009

O Superporto do Açu também possui retroárea com 7.800 ha, projetada para abrigar um
inovador pólo industrial de grande capacidade, que incluirá um terminal para minério de fer-
ro, plantas de pelotização, usinas termoelétricas, um complexo siderúrgico e um pólo metal-
mecânico.

O empreendimento também engloba centros de distribuição e consolidação de cargas, insta-


lações para embarcações de apoio às atividades offshore e clusters para processamento de
rochas ornamentais.

890 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Tabela 9 - Região Norte Fluminense, São João da Barra, Dimensionamento da Carga do Porto
do Açu

Terminal Capacidade (MMt/a)

Minério de Ferro 63,2


Carvão 15,0
Produtos Siderúrgicos 10,0
Carga Geral 7,5
Granel Líquido 4,3
Fonte: Balanço Energético do Estado do Rio 2000-2002.
A previsão é de que o Superporto do Açu, esquema geral seguinte, inicie sua operação no
primeiro semestre de 2012.

Figura 2 - Região Norte Fluminense, São João da Barra, Esquema de Funcionamento em Planta
do Porto do Açu

Fonte: LLX, 2009

1.2.5 Plataformas, Armazenamento e Transporte por Dutos

A Petrobrás conta com 39 campos de petróleo na Bacia de Campos, que garantem mais de
80% da produção nacional. Esses campos, batizados com nomes de peixes da costa flumi-
nense, contem reservas de óleo equivalente da ordem de 9,7 bilhões de barris. Eles se es-
palham por uma área de 115.000 km2, em profundidade d'água de até 3.400 m. Além das
plataformas e navios, a região da Bacia de Campos conta também com uma complexa rede
de produção e escoamento que compreende cerca de 4.200 km. de dutos submarinos. Parte
da produção é escoada por dutovias, desde as plataformas até o terminal de Cabiúnas, pró-
ximo de Macaé, e daí até as refinarias de Duque de Caxias (REDUC) no Rio de Janeiro e
Gabriel Passos (REGAP) em Minas Gerais. O restante da produção é transferida por navios
para os teminais de Madre de Deus (BA), de Ilha Grande (RJ), de São Sebastião (SP), de
São Francisco do Sul (SC) e Tramandaí (RS).

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 891


Mapa 3 - Região Norte Fluminense, Campos dos Goytacazes, Bacia de Campos, Petrobrás,
Campos de Petróleo

A região também é atravessada pelo gasoduto Macaé – Campos (GASCAM). Esse gasodu-
to foi construído pela Petrobrás com o objetivo de transportar gás natural de Macaé até
Campos, atravessando os municípios de Quissamã e Carapebus.
Outros gasodutos existentes na área são o GASCABO e o GASDUC que ligam Macaé a
Arraial do Cabo e Duque de Caxias (REDUC), respectivamente. Além destes, encontra-se
presente o GASCAB I, que liga as instalações da Petrobrás em Ponto A – Barra do Furado a
Estação de Cabiúnas.
Encontra-se em fase de instalação o mineroduto da MMX, que corresponde ao Sistema Mi-
nas-Rio da Anglo Ferrous Brazil-MMX, composto de jazidas e lavra de minério de ferro situ-
adas em Conceição do Mato Dentro e Alvorada de Minas, em Minas Gerais, e o seu escoa-
mento até o Complexo Portuário do Açu, no município de São João da Barra (PIRES, 2009,
p. 55).

Mapa 4 - Região Norte Fluminense, Mineroduto de Conceição do Mato Dentro/MG - São João
da Barra/RJ

Fonte: LLX, 2009

892 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Dados da Bacia de Campos
Área:

A área sedimentar, conhecida pelo nome de Bacia de Campos, tem cerca de 100 mil quilô-
metros quadrados, abrangendo uma área terrestre e marítima que se estende do estado do
Espírito Santo (próximo a Vitória) até Arraial do Cabo, no litoral norte do Estado do Rio de
Janeiro.

Força trabalho direta: 50 mil pessoas

• Pessoas Embarcadas - 48.829.

Produção da Unidade Bacia de Campos


• Total de plataformas de produção – 39, sendo 37 de produção e 2 de armaze-
namento;
• Poços perfurados – 2.203;
• Dutos – 3682 e quantitativo em metros 3.919.743m;
• Produção de Petróleo + LGN – 811.516 (bdp/d) (dados de 2006);
• Produção de Gás Associado e não Associado – 11.943 mil m3/d (dados de
2006);
• Geração Média de Energia nas plataformas – 645 MW.
Transportes
• Pessoas transportadas por mês – 49.763 (dezembro /2006);
• Embarcações de apoio – 124;
• Vôos de helicópteros – 2.343 voos (janeiro/2007);
• Número de helicópteros da Petrobrás – 48;
• Toneladas transportadas por mês – 213.056.

2. ENERGIA – ENERGIA ELÉTRICA, REFINARIAS, USINAS DE ÁLCOOL, GÁS


ENVASADO E CANALIZADO, COMBUSTÍVEIS LÍQUIDOS, PRODUÇÃO DE CA-
LOR, RENOVÁVEIS

O setor energético fluminense foi impulsionado por uma série de ações, projetos e incenti-
vos do Governo do Estado do Rio de Janeiro, que tiveram papel fundamental na diversifica-
ção da matriz energética brasileira. Afinal, ao longo do período1999-2006, foram viabilizados
e implantados diversos projetos voltados para o aumento da geração de energia elétrica,
como PCHs, termelétricas, cogeração, energia solar, além de novas linhas de transmissão,
com impacto positivo na sua infraestrutura e na economia fluminense.

O setor elétrico fluminense foi reabilitado nos últimos doze anos, já que o Rio de Janeiro
saiu de uma situação de depender e importar 60% de sua energia de outros estados, possu-
indo em 1998, somente 2.400 MW de capacidade de geração elétrica instalada, para uma
geração instalada superior a 6.000 MW, registrando um excedente de geração local de 20%
que pode ser despachado (exportado) para o restante do país. Do ponto de vista da univer-
salização no atendimento de energia elétrica, o Estado é líder nacional, por ter sido o primei-
ro a conquistar a universalização, no final de 2007, contabilizando-se nos últimos oito anos
quase 200 mil cidadãos fluminenses que passaram a ter acesso à energia elétrica e foram
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 893
potencializados, em simultaneidade, economicamente por programas de geração de renda
no interior.

Quanto ao gás natural, este já representa elevada participação da matriz energética do Es-
tado, enquanto, no restante do país, a sua participação ainda é pouco significativa. Com o
uso do gás em segmentos como geração, cogeração, GNV, industrial, petroquímica e resi-
dencial, a liderança do Rio é absoluta no País. Com o programa de incentivo à interioriza-
ção, o gás natural já chegava a 42 municípios, em 2008. Vale lembrar que, em 1998, o gás
natural só se atinha a um município, que era a capital.

2.1 Sistema Energético do Estado do Rio de Janeiro

2.1.1 Petróleo

2.1.1.2 Reservas

As reservas e a produção de petróleo no Estado do Rio de Janeiro estão concentradas na


Bacia de Campos. Localizada na plataforma continental, é a maior província petrolífera do
País, ocupando uma área de cerca de 100.000 km² que se encontra a uma distância de 60 a
130 km da costa, com uma lâmina d’água que varia de 80 até mais de 3.500 m de profundi-
dade. Em função dos grandes investimentos realizados pela Petrobrás na Bacia de Campos,
o Brasil é atualmente líder mundial em exploração e produção em águas profundas, produ-
zindo petróleo a 1.853 metros de profundidade no campo gigante de Roncador. Nas duas
últimas décadas, 66 campos foram descobertos e a produção de petróleo é realizada por 30
plataformas, sendo 14 fixas e 16 flutuantes.

Recentemente a Petrobrás anunciou a descoberta de um novo campo gigante na Bacia de


Santos, localizado no litoral do Estado do Rio de Janeiro. As primeiras avaliações indicaram
um volume potencial recuperável de cerca de 700 milhões de barris/dia de óleo. Esta des-
coberta no litoral fluminense se reveste de grande importância, pela qualidade do óleo en-
contrado, o mais leve óleo já descoberto na Região Sudeste da plataforma continental brasi-
leira, o que diminuirá a importação de petróleos leves usados no “blending” com petróleo da
bacia de Campos para o processamento nas refinarias nacionais. Além disso, abre perspec-
tivas de novas descobertas em blocos atualmente em fase exploração na região da Bacia de
Santos e de crescimento na arrecadação de “royalties” para o Estado do Rio de Janeiro.

A descoberta de campos de petróleo na Bacia de Campos, ao longo das últimas duas déca-
das proporcionou um crescimento acelerado das reservas de petróleo no Estado do Rio de
Janeiro e, por conseguinte, no Brasil, conforme mostra a Tabela a seguir. No período de
1980 a 2002, as reservas provadas de petróleo cresceram, em média anual, 12,5% no Esta-
do e 9,4% no País. No ano de 2002, as reservas provadas de petróleo em território flumi-
nense atingiram a marca de 1.300 milhões de m³, ou 83,3% das reservas totais do País.
6 3 1
Tabela 10 – Brasil e Estado do Rio de Janeiro (10 m ), Evolução das Reservas Provadas de
Petróleo, 1980 a 2002
Ano Brasil Rio de Janeiro BR/RJ (%)
1980 217 97 44,9
1981 254 127 49,8
1982 295 156 52,9
1983 338 182 53,7
1984 378 211 55,7

1
Utiliza-se aqui o conceito de reserva provada para probabilidade de 90% de a reserva ser maior ou igual ao
valor apresentado na Tabela (ou reserva P90). Esta definição está conforme a Portaria ANP N-0 009 de 21 de
janeiro de 2000.
894 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
(continuação)
Ano Brasil Rio de Janeiro BR/RJ (%)
1985 422 252 59,7
1986 462 294 63,6
1987 479 313 65,4
1988 771 599 77,7
1989 769 601 78,1
1990 718 558 77,8
1991 766 609 79,4
1992 789 615 77,9
1993 792 615 77,6
1994 854 703 82,2
1995 989 832 84,1
1996 1.062 906 85,3
1997 1.130 978 86,6
1998 1.170 1.012 86,5
1999 1.296 1.129 87,1
2000 1.346 1.173 86,8
2001 1.351 1.173 86,8
2002 1.560 1.300 83,3
Fonte: ANP para os anos de 1999 a 2002 e Petrobrás para os anteriores.

2.1.1.3 Produção

A produção anual de petróleo no Estado do Rio de Janeiro era de apenas 1,7 milhões de m³
(29 mil barris/dia) em 1980, tendo evoluído para 23,1 milhões de m³ (399,3 mil barris/dia) em
1990, e atingido 68,8 milhões de m³ (1.187 mil barris/dia), em 2002. Atualmente, o Estado
do Rio de Janeiro é auto-suficiente em produção de petróleo e seus derivados. Sua produ-
ção de petróleo representa 81,6% do total do País. De acordo com a Tabela seguinte, a taxa
de crescimento anual da produção do Estado, no período de 1980 a 2002, foi de 18,4%,
enquanto que para o Brasil esta taxa foi de 9,9%.

A vida útil das reservas - determinada pela relação entre as reservas provadas e a produção
de petróleo, em 2002, era de 18,9 anos no Estado do Rio de Janeiro e de 18,5 anos para o
Brasil.
6
Tabela 11 – Brasil e Estado do Rio de Janeiro (10 m³), Evolução da Produção de Petróleo,
1980 a 2002
Ano Brasil Rio de Janeiro BR/RJ (%)
1980 10.562 1.663 15,7
1981 12.384 3.130 25,3
1982 15.080 5.371 35,6
1983 19.141 8.432 44,1
1984 26.839 14.489 54,0
1985 31.710 19.227 60,6
1986 33.200 20.239 61,0
1987 32.829 19.938 60,7
1988 32.237 18.853 58,5
1989 34.543 20.386 59,0
1990 36.588 23.171 63,3
1991 36.146 23.486 65,0
1992 36.411 23.197 63,7

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 895


(continuação)
Ano Brasil Rio de Janeiro BR/RJ (%)
1993 37.152 24.338 65,5
1994 38.588 25.626 66,4
1995 40.018 27.126 67,8
1996 45.405 31.294 68,9
1997 48.647 34.662 71,3
1998 56.386 41.647 73,9
1999 63.718 49.110 77,1
2000 71.844 56.341 78,4
2001 75.014 59.900 79,9
2002 84.434 68.872 81,6
Fonte: ANP para os anos de 1999 a 2002 e Petrobrás para os anteriores

Pré – Sal

O termo pré-sal refere-se a um conjunto de rochas localizadas nas porções marinhas de


grande parte do litoral brasileiro, com potencial para a geração e acúmulo de petróleo. Con-
vencionou-se chamar de pré-sal porque forma um intervalo de rochas que se estende por
baixo de uma extensa camada de sal, que em certas áreas da costa atinge espessuras de
até 2.000m. O termo pré é utilizado porque, ao longo do tempo, essas rochas foram sendo
depositadas, antes da camada de sal. A profundidade total dessas rochas, que é a distância
entre a superfície do mar e os reservatórios de petróleo abaixo da camada de sal, pode
chegar a mais de 7.000 metros.

As maiores descobertas de petróleo, no Brasil, foram feitas recentemente pela Petrobrás na


camada pré-sal localizada entre os estados de Santa Catarina e Espírito Santo, onde foram
encontrados grandes volumes de óleo considerado leve. Na Bacia de Santos, por exemplo,
o óleo já identificado no pré-sal tem uma densidade de 28,5º API, baixa acidez e baixo teor
de enxofre. São características de um petróleo de alta qualidade e maior valor de mercado.

Os primeiros resultados apontam para volumes muito expressivos. Para se ter uma idéia, só
a acumulação de Tupi, na Bacia de Santos, tem volumes recuperáveis estimados entre 5 e 8
bilhões de barris de óleo equivalente (óleo mais gás). Já o poço de Guará, também na Bacia
de Santos, tem volumes de 1,1 a 2 bilhões de barris de petróleo leve e gás natural, com
densidade em torno de 30º API.

Com base no resultado dos poços até agora perfurados e testados, não há dúvida sobre a
viabilidade técnica e econômica do desenvolvimento comercial das acumulações descober-
tas. Os estudos técnicos já feitos para o desenvolvimento do pré-sal, associados à mobiliza-
ção de recursos de serviços e equipamentos especializados e de logística, permitem garan-
tir o sucesso de sua exploração. Algumas etapas importantes dessa tarefa já foram venci-
das: em maio deste ano a Petrobrás iniciou o teste de longa duração da área de Tupi, com
capacidade para processar até 30 mil barris diários de petróleo. Em fevereiro de 2010, a
Petrobrás comunicou a descoberta de petróleo no pré-sal da Bacia de Campos, no campo
da Albacora.

2.1.1.4 Refino

Existem duas refinarias em operação no Estado do Rio de Janeiro: Refinaria de Manguinhos


e a Refinaria Duque de Caxias (REDUC), da PETROBRÁS. A refinaria de Manguinhos, per-
tencente ao grupo privado YPF-Peixoto de Castro, começou a operar em 1954, apresentan-
do, hoje, uma capacidade de processamento de 5.071 m³/dia. Em 1961, foi iniciada a opera-
ção da REDUC que, hoje, tem uma capacidade de processamento de 38.500 m³/dia, ou

896 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


242.000 bpd (barris de petróleo por dia), cerca de 88,4% da capacidade do Estado do Rio, a
qual representa 13,1% da capacidade total do País.

O Estado do Rio é atualmente auto-suficiente em petróleo e, inclusive, exporta a maior parte


de sua produção para outros estados e também para o exterior (respectivamente, 75,3% e
16,3% em 2002). Entretanto, parte da carga processada nas refinarias do Estado é proveni-
ente do exterior, tendo em vista a estrutura de refino da REDUC e de Manguinhos. Em
2002, a participação do petróleo importado na carga processada nas refinarias foi de 51,3%,
bastante inferior aos 99% correspondentes, em 1980. A REDUC foi responsável pelo pro-
cessamento de 12% do volume total de petróleo processado no país, e transformou a maior
parte do petróleo importado: uma parcela de 25,7% do total.

Destacam-se no parque de refino da REDUC, além da Unidade de Destilação, os dois Con-


juntos de Lubrificantes e Parafinas que, com capacidade de produção de 665 mil m³/ano de
lubrificantes e 33.000 t/ano de parafinas, atendem à demanda de lubrificantes básicos das
regiões Sudeste e Sul do País. A REDUC dispõe também de uma Unidade de Craqueamen-
to Catalítico2, uma Unidade de Reforma Catalítica3 e, ainda, de unidades especiais para a
produção de propeno, de tratamento de querosene de aviação e de reforma para obtenção
de gasolina com alta octanagem.

2.1.1.5 Transporte de Petróleo e Derivados

A integração das várias refinarias nacionais faz com que o Estado do Rio de Janeiro seja um
eixo central de dutos e tancagem do País, e um centro exportador de derivados, não só para
as demais regiões como para o exterior.

O suprimento e o escoamento de petróleo e derivados são realizados através de dois termi-


nais marítimos:

• O Terminal da Ilha d’Água, localizado no município do Rio de Janeiro, constitui-


se em um complexo operacional de piers, com capacidade para receber navios
de até 130.000 tpb, parque de armazenamento com capacidade para 700.000 m³
de petróleo e derivados e 4.000 m³ de GLP. Recebe petróleo da Bacia de Cam-
pos por intermédio do oleoduto Cabiúnas/Ilha d’Água, transferindo este produto
para a REDUC e para a REGAP pelo duto Ilha d’Água/Betim (MG), existindo a-
inda uma rede de dutos para movimentação de derivados claros, escuros e álco-
ol.

• O Terminal da Baía de Ilha Grande, localizado em Angra dos Reis, Rio de Janei-
ro, é constituído de pier de atracação com dois berços para navios com capaci-
dade de até 500.000 tpb, parque de armazenamento com 1.000.000 m³ e um o-
leoduto interligando-o à Ilha d’Água, abastecendo a REDUC e a REGAP. Ele
também atua como entreposto, abastecendo de petróleo outras refinarias com
emprego de navios de menor porte.

• Cumpre ainda mencionar o duto para transferência de derivados excedentes da


região de Betim para o Rio de Janeiro, e o poliduto São Paulo/Rio de Janeiro
que permite movimentar para o Rio de Janeiro álcool e derivados excedentes da
região de São Paulo.

2
Converte óleos destilados pesados em frações leves de maior valor comercial, tais como gás liquefeito de pe-
tróleo e nafta de alto índice de octanagem.
3
Produz a partir de naftas pesadas de baixa qualidade, gasolina de alto poder antidetonante de elevado teor de
aromáticos.
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 897
2.1.2 Gás Natural

2.1.2.1 Reservas

As reservas de gás natural do Estado do Rio de Janeiro são do tipo associado ao petróleo, e
estão situadas na Bacia de Campos. De acordo com a Tabela a seguir, no período de 1980
a 2002, as reservas provadas de gás natural do Estado cresceram na média de 10,2% ao
ano, contra 6,8% ao ano do País, tendo alcançado o patamar de 114.852 milhões de m³, em
2002, que constituem 48,5% das reservas do País.
6 4
Tabela 12 – Brasil e Estado do Rio de Janeiro (10 m³), Evolução das Reservas Provadas de
Gás Natural, 1980 - 2002
Ano Brasil Rio de Janeiro BR/RJ (%)
1980 56.210 13.675 24,3
1981 66.770 19.290 28,9
1982 80.349 25.952 32,3
1983 95.993 32.600 34,0
1984 99.048 35.407 35,7
1985 110.375 40.694 36,9
1986 115.029 45.125 39,2
1987 123.153 47.530 38,6
1988 176.769 69.918 39,6
1989 182.643 68.012 37,2
1990 172.019 65.073 37,8
1991 181.523 70.726 39,0
1992 192.534 70.690 36,7
1993 191.071 64.597 33,8
1994 198.761 73.654 37,1
1995 207.964 82.924 39,9
1996 223.562 88.687 39,7
1997 227.650 94.203 41,4
1998 225.944 94.419 41,8
1999 231.233 104.904 45,4
2000 220.999 103.515 46,8
2001 222.731 106.246 47,7
2002 236.592 114.852 48,5
Fonte: ANP para os anos de 1999 a 2002 e Petrobrás para os anteriores
2.1.2.2 Produção

A produção de gás natural no Estado do Rio de Janeiro iniciou-se em 1978, porém só a par-
tir de 1980 ele passou a ser aproveitado, inicialmente, como combustível nas plataformas. A
partir de 1983, o gás natural passou a ser utilizado pela CEG para produção de gás manufa-
turado, em substituição à nafta e, a partir de 1984, passou a ser consumido no setor indus-
trial fluminense, distribuído pela CEG e PETROBRÁS. Atualmente o gás também já é con-
sumido nos setores de transportes, serviços, residencial, para a autoprodução de eletricida-
de e geração termoelétrica em centrais elétricas de serviço público. Em 2002, a produção
fluminense de gás natural foi de 6.886 milhões de m³, representando 44,2% da produção
nacional (15.568 milhões de m³). Considerando o período de 1980 a 2002, a produção do
Estado cresceu, na média, 18,1% ao ano, superior à produção nacional que cresceu, na
média, 9,3% ao ano, conforme a Tabela seguinte.

4
Utiliza-se aqui o conceito de reserva provada para probabilidade de 90% de a reserva ser maior ou igual ao
valor apresentado no Tabela (ou reserva P90). Esta definição está conforme a Portaria ANP N-o 009 de 21 de
janeiro de 2000.
898 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
A relação entre reservas provadas e produção de gás natural sofreu pequenas variações no
período analisado, à exceção do ano de 1980, quando a produção de gás natural era míni-
ma na Bacia de Campos. Em 2002, a relação indicou uma vida útil para as reservas prova-
das do Estado em torno de 16,7 anos.

Em 2002, o índice de aproveitamento da produção de gás natural da Bacia de Campos situ-


ou-se em torno de 75,8% mostrando uma redução do nível de perdas, ou seja, do gás quei-
mado no “flare” das plataformas.

Da produção de gás natural, parte foi reinjetada (2,5%), parte foi utilizada para o consumo
próprio da Petrobrás (22,1%) e para a autoprodução de energia elétrica (7,0%), e a parcela
de 44,2% foi destinada à comercialização, sendo enviada ao continente através de gasodu-
tos, para ser processada nas unidades de Cabiúnas (Macaé) e REDUC (Duque de Caxias).
6
Tabela 13 – Brasil e Estado do Rio de Janeiro (10 m³), Evolução da Produção de Gás Natural,
1980 a 2002
Ano Brasil Rio de Janeiro BR/RJ (%)
1980 2.205 177 8,0
1981 2.490 320 12,9
1982 3.066 555 18,1
1983 4.014 918 22,9
1984 4.881 473 30,2
1985 5.474 1.932 35,3
1986 5.713 2.119 37,1
1987 5.937 2.332 39,3
1988 5.857 2.330 39,8
1989 6.091 2.389 39,2
1990 6.279 2.584 41,2
1991 6.599 2.757 41,8
1992 6.973 2.773 39,8
1993 7.355 2.842 38,6
1994 7.712 2.893 37,5
1995 8.046 3.165 39,3
1996 9.167 3.577 39,0
1997 9.825 3.876 39,5
1998 10.784 4.544 42,1
1999 11.855 5.528 46,6
2000 13.283 5.721 43,1
2001 13.998 5.968 42,6
2002 15.568 6.886 44,2
Fonte: ANP para os anos de 1999 a 2002 e Petrobrás para os anteriores.

2.1.2.3 Processamento

O processamento do gás natural é realizado nas unidades de Cabiúnas (Macaé) e REDUC


(Duque de Caxias). A unidade de tratamento de Cabiúnas5 é composta de uma Unidade de
Processamento de Condensado de Gás Natural (UPCGN), com capacidade de processar
1.500 m³/dia, uma Unidade de Processamento de Gás Natural (UPGN), com capacidade de
processar 610.000 m³/dia e uma Unidade de Recuperação de Condensado de Gás Natural
(URGN), com capacidade de processar 3.000.000 m³/dia. Estas unidades abastecem de
GLP a região Norte Fluminense, e de gás natural às indústrias do município de Arraial do

5
A finalidade das unidades de processamento é retirar as frações mais pesadas do gás natural (propano, buta-
no, pentano e hexano) que se condensam em forma de gás liquefeito de petróleo (GLP) e C5 + gasolina “natu-
ral”. O restante do gás natural que não se liquefaz é rico em metano e etano.
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 899
Cabo e Cabo Frio. O C5+ é enviado para a REDUC misturado à carga processada de petró-
leo.

Na REDUC estão instaladas duas UPGN‘s, com capacidade de processar 4.900 mil m³/dia
de gás natural cada uma, que abastecem o mercado fluminense e são exportados para os
estados de São Paulo e Minas Gerais.

A capacidade de processamento de gás natural no Brasil é de 30.310,0 mil m³/dia, sendo


que 28,1% desta capacidade (8.511,5 mil m³/dia) localizam-se no Estado do Rio de Janeiro.

2.1.2.4 Distribuição

A distribuição de gás canalizado (gás natural e gás manufaturado) no Estado do Rio de Ja-
neiro atravessou um processo de reestruturação no ano de 1997, com a privatização do se-
tor e a solução do conflito nas relações entre os agentes envolvidos na atividade. Tal confli-
to, existente desde o início da distribuição de gás natural no Estado, foi acirrado após a
promulgação da Constituição Federal de 1998, que ao estabelecer o monopólio estadual
sobre a distribuição de gás canalizado, deu legitimidade tão somente à atuação da Compa-
nhia Estadual de Gás – CEG (atualmente Companhia Distribuidora de Gás do Rio de Janei-
ro), à época concessionária estadual, não obstante a forte presença da Petrobrás na distri-
buição de gás natural no Estado.

Cabe lembrar que a Petrobrás detinha em 1996, 80% das vendas de gás natural ao merca-
do industrial fluminense, através do atendimento direto de 20 indústrias situadas nos muni-
cípios do Rio de Janeiro, Belford Roxo, Duque de Caxias, Arraial do Cabo, Cabo Frio, Volta
Redonda, Barra Mansa e Piraí.

A primeira etapa desta reformulação ocorreu em janeiro de 1997, com a criação da RIOGAS
(atualmente CEG-Rio), provisoriamente como empresa estadual, nos moldes de uma socie-
dade entre o Governo Estadual e a Petrobrás, que reteve 25% do capital total por intermédio
de sua subsidiária BR Distribuidora.

Em contrapartida, a Petrobrás transferiu para a nova empresa distribuidora, em maio de


1997, início da operação da CEG-Rio), 8 clientes diretos do interior do Estado (Álcalis, Bar-
bará, CSN, Dupont, Lit. Matarazzo, Perynas, Pirahy e Refinaria Nacional de Sal), além de
redes de distribuição utilizadas no atendimento dos mesmos. Os 12 clientes restantes da
Petrobrás foram transferidos para a CEG.

Posteriormente, em julho de 1997, as duas empresas – CEG e CEG-Rio – foram privatiza-


das, tendo sido estabelecido nos seus contratos de concessão, a exclusividade no atendi-
mento em suas áreas de atuação, tanto para a CEG na distribuição de gás canalizado na
região Metropolitana do Rio de Janeiro, quanto para a CEG-Rio no restante do Estado. Por
sua vez, o governo estadual retirou-se da esfera de atuação produtiva para assumir as tare-
fas de regulação e fiscalização da atividade de distribuição do gás, visando garantir o equilí-
brio nas relações entre os agentes privados que compõem o novo Tabela institucional do
setor.

A CEG possui uma rede de distribuição de 2.246 km. A companhia recebe o gás natural da
Petrobrás em um “city gate” na estação de armazenamento de gás, na Rodovia Washington
Luiz, em frente à REDUC. A empresa distribui três tipos de gases, quais sejam: o gás natu-
ral, o gás manufaturado e o GLP. O gás natural (9.400 kcal/Nm³) está sendo distribuído no
sistema de gasodutos mais novos. No sistema antigo, que está sendo convertido para gás
natural, distribui-se o gás manufaturado, de médio poder calorífico (3.900 kcal/Nm³), fabrica-
do pela CEG a partir do gás natural e, em situações de emergência, da nafta. Em algumas

900 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


regiões afastadas do sistema de gasodutos, a CEG distribui GLP, canalizado a partir de re-
servatórios instalados junto aos pontos de consumo.

Em 2002, a comercialização de gás manufaturado da CEG alcançou um volume de 580 mil


m³/dia, dos quais 71% destinaram-se ao setor residencial. A venda direta de gás natural da
CEG foi de 3.393 mil m³/dia, voltada para o atendimento do mercado final formado por um
universo de 598 mil clientes, que inclui além dos segmentos tradicionais de consumo, tam-
bém centrais de geração de energia elétrica, tanto de autoprodução como de serviço públi-
co, caso da Usina Termelétrica de Santa Cruz, pertencente a FURNAS, e também o uso
como matéria-prima para a indústria petroquímica. O mercado industrial da CEG consumiu
1.718 mil m³/dia de gás natural em 2002, ou 48% do mercado industrial total do Estado.

A CEG-Rio possui aproximadamente 383 km de redes de distribuição adquiridas da CEG e


da Petrobrás na sua área de atuação que abrange as regiões Norte, Noroeste, das Baixadas
Litorâneas, Serrana, do Médio Paraíba, Centro-Sul e da Baía da Ilha Grande. O mercado
consumidor da CEG-Rio, exclusivamente de gás natural, totalizou em 2002, 1.875 mil
m³/dia, incluindo-se o atendimento as centrais de autoprodução de eletricidade. Os setores
industriais e de centrais elétricas de serviço público detêm uma participação de 97,8% do
mercado desta empresa, representando respectivamente 49,2% 48,6% do total.

No curto prazo está prevista a expansão da rede de gás natural existente nos municípios de
Resende, Barra Mansa e Campos dos Goytacazes, em médio prazo deverão ser implanta-
das redes de distribuição nos municípios de Itaboraí, Piraí, Barra do Piraí, São Gonçalo e
Niterói e, a longo prazo, projeta-se a construção de gasodutos visando atender os municí-
pios de Itatiaia, Cantagalo, Três Rios, Nova Friburgo, Valença, Petrópolis, Teresópolis e
Santo Antônio de Pádua.

2.1.3 Energia Elétrica

2.1.3.1 Capacidade Instalada

As centrais geradoras de energia elétrica do Estado do Rio de Janeiro têm capacidade no-
minal instalada total de 5.099,4 MW, conforme ilustra a Tabela a seguir. Em 1999, a capaci-
dade nominal instalada no Estado era de 2.511,4 MW, o que representa uma expansão de
aproximadamente 100% na capacidade instalada no período de apenas 3 anos.

Do total atual, 38,6% pertencem a ELETRONUCLEAR (1.966 MW), 18,4% a LIGHT (940
MW), 17,6% a EL PASO (900 MW), 16,6% a FURNAS (846 MW), 7,4% a SFE – ELETRO-
BOLT, 1,2% a AMPLA (antiga CERJ) (60 MW) e 0,2% a CENF (8,4 MW). Quanto ao tipo de
usina, vemos na Tabela a seguir, que 38,6% da capacidade instalada é de origem termonu-
clear (1.966,0 MW), 37,41% térmica convencional (1.909 MW) e 24,0% hidrelétrica (1.224,4
MW).
1
Tabela 14 – Estado do Rio de Janeiro , Centrais Elétricas de Serviço Público, 2002
Usinas Empresa Potência (MW) Município
Hidrelétricas 1.224,4
Funil FURNAS 216,0 Itatiaia
Nilo Peçanha LIGHT 380,0 Piraí
Pereira Passos LIGHT 100,0 Piraí
Nilo Peçanha LIGHT 132,0 Piraí
Ilha dos Pombos LIGHT 164,0 Carmo
Santa Branca LIGHT 164,0 Santa Branca - SP
Areal AMPLA 20,0 Três Rios
Macabu AMPLA 17,5 Macaé

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 901


(continuação)
Usinas Empresa Potência (MW) Município
Piabanha AMPLA 8,6 Três Rios
Fagundes AMPLA 4,8 Três Rios
Franca Amaral AMPLA 4,8 B. J. do Itabapoana
Tombos AMPLA 1,7 Porciúncula
Euclidelândia AMPLA 1,2 Cantagalo
Chave do Vaz AMPLA 0,7 Cantagalo
Comendador Venâncio AMPLA 0,7 Itaperuna
Xavier CENF 6,0 Nova Friburgo
Catete CENF 2,1 Nova Friburgo
Hans CENF 0,3 Nova Friburgo
Térmicas Fósseis 1.909,0
Santa Cruz FURNAS 600,0 Rio de Janeiro
Roberto Silveira FURNAS 30,0 C. dos Goytacazes
Macaé Merchant EL PASO 900,0 Macaé
SFE - Sociedade
Eletrobolt 379,0 Seropédica
Fluminense de Energia
Térmicas Físseis 1.966,0
Angra I ELETRONUCLEAR 657,0 Angra dos Reis
Angra II ELETRONUCLEAR 1.309,00 Angra dos Reis
Total 5.039,40
(1) Não inclui as usinas elevatórias de Santa Cecília (32 MW) e de Vigário (88 MW), pertencentes à
LIGHT.
(2) A usina hidrelétrica de Santa Branca fica localizada no município de Santa Branca – São Paulo.
(3) A usina hidrelétrica de Tombos fica localizada no município de Tombos – Minas Gerais.
Fonte: Balanço Energético do Estado do Rio 2000-2002.
Gráfico 1 – Distribuição da Capacidade Instalada em Centrais Elétricas de Serviço Público por
Empresa do Estado do Rio de Janeiro, 2002

45,000%

40,000%

35,000%

30,000%

25,000%

Série1

20,000%

15,000%

10,000%

5,000%

0,000%
LIGHT SFE EL PASO CENF ELETRONUCLEAR FURNAS

Fonte: Balanço Energético do Estado do Rio 2000-2002

902 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Gráfico 2 – Estado do Rio de Janeiro, Participação da Capacidade Instalada em Centrais Elétri-
cas de Serviço Público Segundo o Tipo de Usina, 2002

24%

37%

HIDRELÉTRICAS
TÉRMICAS NUCLEARES
TÉRMICAS CONVENCIONAIS

39%

Fonte: Balanço Energético do Estado do Rio 2000-2002


2.1.3.2 Distribuição, Geração e Suprimento Externo

O fornecimento de energia elétrica ao consumidor final é realizado pelas companhias de


distribuição LIGHT, AMPLA e CENF, que além de suas capacidades próprias de geração,
compram energia elétrica do sistema interligado operado por FURNAS para atendimento de
seus mercados.

A ELETRONUCLEAR, empresa estatal federal, subsidiária da ELETROBRÁS, foi constituída


em 1997 com a finalidade específica de explorar, em nome da União, atividades nucleares
(combustíveis físseis) para fins de geração de energia elétrica. Em 2002, a geração da Cen-
tral Nuclear de Angra, que inclui Angra I e Angra II, foi de 13.837 GWh, ou seja, 56,8% da
geração do Estado, conforme o Tabela a seguir. A usina nuclear de Angra II iniciou sua ope-
ração comercial no início do segundo semestre de 2000.

FURNAS, empresa federal de âmbito regional, não possui consumidores finais, e comple-
menta os mercados das concessionárias que atuam no Estado com a energia gerada em
suas próprias usinas, ou com repasses da energia da Usina Hidrelétrica de Itaipu, através
de seu sistema de transmissão. Em 2002, as usinas de FURNAS situadas no Estado gera-
ram 2.787 GWh de eletricidade, o que equivale a 11,4% da geração total do Estado.

A EL PASO, empresa privada produtora independente de energia, gerou no ano de 2002,


2.573 GWh, o equivalente a 10,6% da geração estadual. A usina Macaé Merchant entrou
em operação no final do ano de 2001.

A SFE, Sociedade Fluminense de Energia, empresa privada produtora independente de e-


nergia, gerou no ano de 2002, 290 GWh, o equivalente a 1,2% da geração estadual. A usina
ELETROBOLT entrou em operação ao longo do ano 2001.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 903


A LIGHT, empresa privada concessionária de distribuição de energia elétrica estadual aten-
de à cidade do Rio de Janeiro e mais 30 municípios fluminenses, distribuídos pelas Regiões
Metropolitana, Serrana, do Médio Paraíba e Centro-Sul, abrangendo 25% do Estado -
10.970 km². Cerca de 68% da população do Estado concentra-se na área de concessão da
LIGHT. Em 2002, as usinas pertencentes à LIGHT geraram 4.601 GWh, respondendo por
18,9% da geração estadual e 18,3% do consumo total de sua área de concessão, incluídas
as perdas de transmissão e distribuição, conforme o Tabela seguinte, sendo o complemento
proveniente do sistema interligado de alta tensão de FURNAS.
A AMPLA, empresa privada concessionária de distribuição de energia elétrica estadual a-
tende a 60 municípios, exclusivamente localizados nas Regiões Centro-Norte e Extremo Sul
do Estado, e divide o atendimento de outros 04 municípios com a LIGHT, localizados nas
Regiões Metropolitana, Serrana e Centro-Sul.
Sua área de atuação engloba 31.741 km², ou 73% do território fluminense e cerca de 31%
da população do Estado. Em 2002, esta concessionária gerou 224 GWh, que representam
0,9% da geração estadual e responderam por 2,7% do consumo total de sua área de con-
cessão, incluídas as perdas de transmissão e distribuição, importando o restante do sistema
FURNAS.
A CENF (Companhia de Eletricidade de Nova Friburgo), empresa privada concessionária de
distribuição de energia elétrica municipal restringe-se ao atendimento do mercado de Nova
Friburgo, abrangendo uma área de 935 km², equivalente a 2,0% da área total do Estado, e
uma população de 177,4 mil habitantes, 1,2% da população estadual. A geração de eletrici-
dade das usinas da CENF, em 2002, correspondeu a 45 GWh, o que representa 0,2% da
geração estadual e 15,4% do consumo total de sua área de concessão, incluídas as perdas
de transmissão e distribuição.
A geração total de energia elétrica das centrais elétricas de serviço público localizadas no
Estado, em 2002, correspondeu a 24.357 GWh. Desse total, 23,3% foram de origem hidrelé-
trica, 56,8% termonuclear e 19,9% térmica convencional.

Embora o total gerado pelas concessionárias no Estado tenha crescido 87,1% no período
entre 1999 e 2002 e apesar de uma redução de aproximadamente 7% no consumo entre os
anos de 1999 e 2002, a geração de eletricidade estadual não foi suficiente para atender as
necessidades fluminenses, tendo sido importados 31,6% da eletricidade consumida na área
de atuação das mesmas, considerando-se as perdas na transmissão e distribuição, valor
bastante inferior aos 66,5% importados em 1999.

Tabela 15 – Estado do Rio de Janeiro, Geração Bruta de Energia Elétrica por Empresa e Tipo
de Usina – Centrais Elétricas de Serviço Público, 2002
Concessionária / Tipo de Usina GWh
Empresa
ELETRONUCLEAR 13.837
LIGHT 4.601
FURNAS 2.787
EL PASO 2.573
SFE-ELETROBOLT 290
AMPLA 224
CENF 45
Tipo de Usina
Hidrelétrica 5.681
Térmica Convencional 4.839
Termonuclear 13.837
Total 24.357
Fonte: Balanço Energético do Estado do Rio 2000-2002.
904 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
Tabela 16 – Estado do Rio de Janeiro, Comparação entre a Geração Bruta e a Demanda de
(1)
Energia Elétrica , 2002
Concessionária Consumo Total (GWh) Auto-atendimento
Geração (GWh) (a)
de Distribuição Consumo Perdas Total (b) (a)/(b) (%)
LIGHT ² 4.601 19.717 5.454 25.171 18,3
AMPLA 224 6.784 1.444 8.228 2,7
CENF 45 268 24 292 15,3
Total do Estado¹ 24.357 28.667 6.922 35.589 68,4
Nota: (1) A Tabela não considera a revenda e a autoprodução de energia;
(2) A geração e o consumo da LIGHT incorporam a energia destinada ao bombeamento nas usinas elevatórias
de Vigário e Santa Cecília;
(3) Inclui a geração, o consumo próprio e as perdas das geradoras de LIGHT, AMPLA, CENF, FURNAS, ELE-
TRONUCLEAR, EL PASO e SFE - ELETROBOLT.
Fonte: Balanço Energético do Estado do Rio 2000-2002.
As concessionárias de distribuição atenderam a 82,1% do consumo final de energia elétrica
do Estado em 2002 (60,5% através da LIGHT, 20,8% da AMPLA e 0,8% da CENF), confor-
me a Tabela a seguir, enquanto a autoprodução de energia foi responsável por 12,0% do
consumo final. O consumo próprio das geradoras de LIGHT, AMPLA, CENF, FURNAS, E-
LETRONUCLEAR, EL PASO e SFE - ELETROBOLT somou 5,8% do total.

Tabela 17 – Estado do Rio de Janeiro, Consumo Setorial de Energia Elétrica por Concessioná-
ria de Distribuição e Consumo Total Incluindo Autoprodução, 2002
LIGHT CERJ CENF TOTAL
Setores
GWh % GWh % GWh % GWh %
Consumo Final 19.717 100 6.784 100 268 100 32.589 100
Energético 71 0,4 14 0,2 0 0,1 4.223 13,0
Residencial 6.354 32,2 2.667 39,3 118 43,9 9.139 28,0
Comercial 5.117 26,0 1.336 19,7 53 20,0 6.516 20,0
Público 2.784 14,1 846 12,5 31 11,7 3.662 11,2
Agropecuário 39 0,2 192 2,8 7 2,5 238 0,7
Industrial 5.351 27,1 1.729 25,5 58 21,8 8.812 27,0
Nota: (*) O consumo total inclui a autoprodução de energia elétrica no Estado e o consumo próprio
das geradoras de LIGHT, AMPLA, CENF, FURNAS, ELETRONUCLEAR, EL PASO e SFE - ELE-
TROBOLT.
Fonte: Balanço Energético do Estado do Rio 2000-2002.
Cabe destacar também o perfil da autoprodução de energia elétrica no Estado do Rio de
Janeiro, que se caracteriza por sua origem exclusivamente térmica, e por se concentrar em
grande parte no setor energético, responsável por 57,1% do total autoproduzido em 2002,
conforme a Tabela a seguir. Destacam-se, como pólos autoprodutores do setor energético,
o complexo petrolífero localizado na Bacia de Campos, e as refinarias de petróleo, respon-
sáveis respectivamente por 46,4% e 9,3% da energia elétrica autoproduzida no Estado em
2002.

Há que se destacar que em 1999 estes valores eram, respectivamente, 77,8% e 11,5%, e a
redução de sua participação deve-se à entrada em operação de uma autogeração na Com-
panhia Siderúrgica Nacional – CSN que hoje responde por 37 % da energia elétrica auto-
produzida no Estado.

O parque agro-industrial sucroalcooleiro, concentrado na região de Campos, no Norte Flu-


minense do Estado, foi responsável por 2,6% do total autoproduzido no Estado em 2002.
Este subsetor não é auto-suficiente em energia elétrica, e complementa suas necessidades,
sobretudo na entressafra, com eletricidade da rede da AMPLA.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 905


Tabela 18 – Estado do Rio de Janeiro, Autoprodução de Energia Elétrica por Setores - 2002
Setor Capacidade Instalada (MW) Geração (MWh)
Setor Energético 491 2.239.236
Produção Petróleo 399 1.818.675
Refinarias 67 363.379
Sucro-alcooleiro 25 57.182
Setor Comercial 7 9.160
Setor Industrial 319 1.673.828
Ferro-gusa/Aço 275 1.450.718
Química 21 88.142
Bebidas 13 96.206
Alimentícios 5 16.000
Gráfica 5 22.762
Total 817 3.922.224
Fonte: Balanço Energético do Estado do Rio 2000-2002.
2.1.4 Carvão Mineral

O Estado do Rio de Janeiro produz carvão mineral, e nem possui potenciais capazes de
suprir a sua demanda atual. Todas as suas necessidades de consumo são atendidas a partir
de importações que chegam ao Estado pelo Porto de Sepetiba e futuramente pelo Porto do
Açu.

2.1.5 Carvão Energético

O consumo de carvão energético ocorre do Estado do Rio de Janeiro nas indústrias cimen-
teiras – localizadas nos municípios de Cantagalo e Volta Redonda, normalmente consumido
sob a forma de combustível nos fornos. No período recente, esta indústria, que apresenta
flexibilidade para adoção de combustíveis em seus fornos, vem consumindo coque de petró-
leo importado e no ano de 2002 não se verificou o consumo de carvão energético no Esta-
do.

2.1.5.1 Carvão Metalúrgico

O carvão metalúrgico é responsável por 99% da demanda de carvão mineral no Estado. Em


2002, foram processadas 2,14 milhões de toneladas de carvão metalúrgico pela única indús-
tria siderúrgica integrada a coque do Estado, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) loca-
lizada em Volta Redonda, na Região do Médio Paraíba. Poderá também vir a ser utilizado
na planta siderúrgica prevista para o Complexo Portuário de Açu.

Para ser consumido, este tipo de carvão deve ser submetido a um processo denominado
coqueificação6, que visa produzir o coque. Este insumo atua, no processo siderúrgico, como
redutor do minério de ferro nos altos fornos para produzir ferro-gusa, e fornece parte da e-
nergia necessária ao processo de redução e liquefação do ferro, e a sinterização.

No processo de coqueificação, além do coque, são produzidos o gás de coqueria e o alca-


trão, utilizados como combustível e matéria-prima no próprio processo siderúrgico, que a-
presenta ainda a produção de gás de alto forno e de gás de aciaria, que são atualmente
utilizados também como insumo energético no processo siderúrgico e na geração de ener-
gia elétrica e força motriz através de sistemas de co-geração.

6
Destilação seca do carvão, mediante o aquecimento do mesmo a uma temperatura de cerca de 1.000oC,
quando se separam as matérias voláteis da fração sólida.
906 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
2.1.6 Produtos da Cana-de-açúcar

A produção de álcool etílico (anidro e hidratado) no Estado é obtida pelo processamento da


cana-de-açúcar nas destilarias anexas e autônomas. Inicialmente é feita a moagem da ca-
na-de-açúcar para obtenção do caldo, que nas destilarias autônomas é convertido em álco-
ol. Nas usinas com destilaria anexa, o caldo é transformado em açúcar e melaço ou mel
residual, que por sua vez pode ser convertido em álcool. No entanto, é comum nas destilari-
as autônomas a utilização de melaço, e nas destilarias anexas, a utilização direta do caldo
para produção do álcool.

Tabela 19 - Perfil da Indústria Sucroalcooleira Fluminense - 2002, (Produção de Bagaço de


Cana e de Álcool Etílico)
Produção de Produção de Álcool Etílico (m³)
Unidade Industrial Município
Bagaço (t) Anidro Hidratado Total
Barcelos¹ São João da Barra 133.246 - 10.697 10.697
Cupim¹ Campos 117.597 - - -
Paraíso¹ Campos 194.509 - 11.612 11.612
Pureza¹ São Fidelis 55.318 - 2.929 2.929
Santa Cruz¹ Campos 316.573 - 9.982 21.400
São João¹ Campos 46.988 11.418 6.361 10.755
Sapucaia¹ Campos 357.392 4.394 3.821 32.181
Outras² - 280.917 28.360 4.412 17.017
Total - 1.502.541 56.777 49.814 106.591
Nota: Tipo de instalação: (1) Usina com destilaria anexa; (2) Conforme explicitado nos itens 1.3 e 1.4
da Nota Metodológica.
Fonte: Balanço Energético do Estado do Rio 2000-2002.
A indústria sucroalcooleira fluminense, concentrada, sobretudo, na região de Campos, no
Norte Fluminense do Estado, atravessou um período de crise financeira e de produtividade
nos anos noventa, com a redução da área plantada de cana e a subutilização do parque
agro-industrial sucroalcooleiro. Ao longo deste processo, várias usinas e destilarias foram
desativadas, tais como Cambayba, Usina do Queimado, Outeiro, Santa Maria, Novo Hori-
zonte e Santo Amaro. Atualmente, o setor sucroalcooleiro fluminense é constituído por 9
usinas com destilarias anexas, uma destilaria autônoma e uma usina de açúcar, conforme a
Tabela anterior. Das unidades em atividade no ano de 2002, as mais representativas foram
as usinas Sapucaia e Santa Cruz, responsáveis por 44,9% da produção estimada de bagaço
e 50,3% da produção de álcool etílico no Estado do Rio de Janeiro.

No ano de 2002, a produção Fluminense de álcool etílico (anidro e hidratado) foi de 106,6
mil m³, 70% superior a produção do ano anterior, ao passo que o consumo estadual em
2002 situou-se em 719,7 mil m³. A participação da produção estadual no consumo de álcool
etílico, em 2002, foi 14,8%. Cabe lembrar que, durante os anos 80, a produção estadual de
álcool etílico chegou a apresentar cerca de um terço do consumo estadual.

A participação Fluminense na produção nacional de álcool etílico tem sido modesta, atingin-
do, em 2002, apenas 0,85% do total de 12.588 mil m³ produzidos no país.

No ano de 2002, a produção Fluminense de bagaço foi estimada em 1.502,5 mil toneladas.
Este considerável volume de biomassa foi praticamente consumido pelo setor sucroalcoolei-
ro, sendo uma parcela inferior a 6,4% não aproveitada, e o restante utilizado pelas próprias
usinas e destilarias como fonte de calor para a produção de açúcar (68,5%), álcool (21,3%)
e energia elétrica (3,8%).

2.1.7 Lenha e Carvão Vegetal

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 907


2.1.7.1 Lenha

A produção de lenha no Estado do Rio de Janeiro resulta da exploração predatória das flo-
restas nativas remanescentes e de florestas plantadas. Entretanto, a exploração de florestas
nativas sofre atualmente, enormes restrições, tanto pelo esgotamento dos recursos flores-
tais, como pelas pressões da sociedade civil e repressão dos órgãos estaduais de defesa do
meio ambiente, em função dos danos ecológicos.

O consumo de lenha no Estado, em 2002, correspondeu a apenas 2,2% do consumo final


de energia e está em declínio. Este consumo é suprido por produção própria e importação
estadual, não sendo clara a quantificação destes fluxos. O consumo concentra-se nos seto-
res residencial - principalmente sob a forma de cocção nas áreas rurais e na periferia dos
centros urbanos - e industrial, onde predomina o consumo na indústria de cerâmica verme-
lha, sendo consumido em menor escala, nos setores de papel e celulose, química e têxtil,
além do agropecuário e comercial.

2.1.7.2 Carvão Vegetal

Ao contrário da lenha, o carvão vegetal consumido no Estado do Rio de Janeiro necessita


ser importado em boa parcela de outros estados. O mercado consumidor estadual é com-
posto pela indústria siderúrgica, notadamente pela Companhia Metalúrgica Barbará, onde é
usado com fins de redução do minério de ferro e geração de calor para fabricação de ferro-
gusa. As distâncias dos centros de produção de carvão do país aumentam e, por conseguin-
te, os custos. O consumo de carvão vegetal nas indústrias cimenteiras, localizadas nos mu-
nicípios de Cantagalo e Volta Redonda, recentemente foi substituído pelo coque importado.

2.2 Análise Energética das Regiões Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro

2.2.1 Produção de Energia

A produção de energia primária concentrou-se na Região Norte Fluminense em função da


produção de petróleo e gás natural da Bacia de Campos que foi responsável em 2002, por
99,3% da produção estadual, sendo esta caracterizada como a base energética da Região.

Tabela 20 – Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Produção de Energia Primária, 2002

Energia Primária Energia Secundária


Regiões 10³ tep % 10³ tep %
Norte Fluminense 68.521 99,30 486 2,90
Noroeste Fluminense 3 0,00 3 0,00
Total 68.524 99,30 489 2,90
Fonte: Balanço Energético do Estado do Rio 2000-2002.
Pode-se salientar ainda na Região a implantação da Usina Termelétrica (UTE) Porto do Açu
Energia S.A., a primeira dentre duas previstas para ali se instalarem.

A UTE irá utilizar o carvão como combustível para a geração de 2.100 MW de energia, por
meio de 3 conjuntos geradores de 700 MW cada. A UTE atenderá ao Sistema Interligado
Brasileiro, entre os quais os consumidores internos do Porto do Açu.

Sua instalação está prevista para um terreno de 239 ha dentro da Fazenda Caruara, no mu-
nicípio de São João da Barra, Região Norte Fluminense, RJ, sendo a previsão de operação
52 meses após a concessão das licenças de implantação pelo INEA (previsão ano de 2013).

908 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


2.2.2 Consumo de Energia

A Região Norte Fluminense, com população correspondente a 2,1% e 21,3% do PIB do Es-
tado do Rio de Janeiro, respondeu por 17,3% do consumo final do Estado em 2002. No que
se refere ao consumo por setores, destacou-se o energético (indústria do petróleo), respon-
sável por 73,3% do consumo final da Região. A eletricidade (17,8%), os derivados de petró-
leo (21,4%), gás natural (46,5%) e bagaço de cana (11,1%) são as fontes energéticas mais
utilizadas na Região.

Já a Região Noroeste Fluminense, com população correspondente a 4,9% e 0,7% do PIB do


Estado do Rio de Janeiro, respondeu por somente 1,0% do consumo final do Estado, em
2002. No que se refere ao consumo por setores, destacou-se o transporte e residencial,
responsável por 44% e 30% respectivamente do consumo final da região. A eletricidade
(18,7%), os derivados de petróleo (62,2%), lenha (12,6%) e álcool etílico (3,7%) são as fon-
tes energéticas mais consumidas na região.

Tabela 21 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Consumo Final de Energia, População e PIB,
2002
Consumo População PIB
Regiões 6
10¹ tep % 10¹ hab % 10¨ R$ %
Norte Fluminense 2.516 17,3 305 2,1 35.739 21,3
Noroeste Fluminense 142 1,0 715 4,9 1.155 0,7
Total 2.658 18,3 1.020 7,0 36.894 22,0
Fonte: A partir do Banco de Dados Municipais - Centro de Informação e Dados do Rio de Janeiro -
FUNDAÇÃO CIDE 2004 para PIB e População por região e IBGE 2003 para crescimento da popula-
ção em 2002.

Gráfico 3 - Região Norte Fluminense, Consumo Final de Energia por Setores, 2002

4% 4%
8% 10%

Outros
Industrial
Energético
Transportes
Residencial

74%

Fonte: Balanço Energético do Estado do Rio 2000-2002


Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 909
Gráfico 4 - Região Noroeste Fluminense, Consumo Final de Energia por Setores, 2002

8%

9%
30%

Residencial
9%
Transportes
Outros
Agropecuário
Industrial

44%

Fonte: Balanço Energético do Estado do Rio 2000-2002


Tabela 22 – Estado do Rio de Janeiro e Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Participação das
Fontes no Consumo Final (%), 2002
Fontes Norte Noroeste Estado RJ
Gás Natural 46,5 - 18,3
Carvão Energético - - -
Lenha 1,9 12,6 2,2
Bagaço de Cana 11,1 - 2,0
Outras Fontes Primárias - - 0,8
Óleo Diesel 17,5 36,5 15,6
Óleo Combustível 0,1 4,6 3,7
Gasolina 1,9 11,3 7,5
GLP 1,3 9,9 4,0
Querosene 0,6 - 3,3
Gás Manufaturado - - 0,5
Coque de Carvão Mineral - - 10,5
Eletricidade 17,8 18,7 20,4
Carvão Vegetal - - 0,3
Álcool Etílico 0,6 3,7 2,6
Outras Secundárias Petróleo - - 2,4
Outras Secundárias Carvão Mineral - - 4,2
Produtos Não energéticos 0,6 2,6 1,6
Total 100 100 100
Fonte: Balanço Energético do Estado do Rio 2000-2002.
2.2.3 Energia Eólica

Com previsão de operação em 2012, a Gargau Energética, localizada no município São


Francisco de Itabapoana, no Norte fluminense, deverá gerar empregos diretos e indiretos e
contribuirá para o desenvolvimento do Norte do Estado Fluminense. A empresa será o pri-

910 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


meiro parque de geração de energia eólica da região Sudeste e a construção está prevista
para começar em 2010, com investimento de R$ 130 milhões. Serão instalados 17 aeroge-
radores, com capacidade individual de 1,65 MW. Ao todo, o empreendimento terá capacida-
de instalada de 28 MW. Este primeiro parque de energia eólica será erguido numa área de
500 ha, no distrito de Gargaú, distante cerca de 50 km. do município vizinho de Campos dos
Goytacazes. Cada um dos 17 aerogeradores terá 120 m.: 80 m. de altura da torre e mais 40
m. da pá da hélice.

3. COMUNICAÇÃO E TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO

3.1 Retrospectiva Histórica

Os anos de 1980 e 1990, especialmente a última década, testemunharam mudança extraor-


dinária na ordem internacional econômica. O Brasil também foi envolvido pela avassaladora
onda liberal, com a desregulamentação de quase todos os setores da atividade. Esgotada a
lei da informática, foram criadas regras para propriedade intelectual de software e foi elabo-
rada uma nova lei das telecomunicações. A Lei Geral das Telecomunicações acabou com o
monopólio estatal e privado. Na prática, levou à privatização dos sistemas estatais de tele-
comunicações e às chamadas empresas espelho, privadas, para evitar o monopólio. Che-
gou ao fim o sistema estatal Embratel/Telebrás e de todas as concessionárias estaduais,
igualmente estatais, de serviço público de telefonia. O processo foi conduzido com sucesso
por meio de leilões de privatização.

Sempre que se vendia a concessão de uma área, ou que se vendia uma concessionária,
fazia-se um leilão logo em seguida para se criar uma empresa espelho. As telecomunica-
ções nessa primeira década do século XXI são caracterizadas também pela explosão da
demanda e a explosão da oferta, com a grande participação de ambos os lados, das linhas
de transmissão de dados. Essa explosão do mercado é reforçada pela utilização da tecnolo-
gia de fibras óticas, cujos preços desabaram com os dos computadores. A fibra ótica tem o
preço vertiginosamente reduzido desde sua recente introdução, e substitui com uma enorme
vantagem as redes de fios de cobre. Substitui também as redes de microondas e os satéli-
tes. O sistema global de comunicações de voz e dados entre continentes, entre todos os
países, todas as grandes cidades, as capitais e centros de consumo, brasileiros ou interna-
cionais, hoje se faz essencialmente por cabos de fibra óptica. Os cabos submarinos usam
fibra óptica e continuam sendo lançados com velocidade crescente. As estradas e as linhas
de transmissão de energia elétrica reúnem condições favoráveis para que se distribuam ao
longo delas cabos de fibra óptica. As concessionárias de serviços rodoviários no Brasil e as
empresas de energia elétrica cedem por bom preço o direito de empresas de telecomunica-
ções utilizarem os cabos de fibras óticas distribuídas ao longo da estrada ou da linha de
transmissão.

Enquanto isso surge a Internet, que dispensa comentários ou explicações. A partir do fim
dos anos de 1960 e começo dos anos de 1970, a Agência Americana de Defesa lançou um
projeto chamado Arpa que resultou na Arpanet, rede precursora da Internet, graças à parti-
cipação destacada de dois professores americanos, Kleinrock e Vincent Cerf. Desde seu
lançamento, a internet só cresceu, sem restrições, e está disponível em todo o mundo. A
novidade da primeira década do século XXI é o oferecimento de conexões grátis, sem taxa
mensal para acesso à rede. Graças à Internet, é possível, a partir de um PC ou de uma es-
tação de trabalho, ter acesso a um potencial imenso de computação situado em qualquer
lugar do mundo, com muita condição de economia de escala, porque esses recursos de
computação, conectados e acessíveis pela internet, podem ser compartilhados entre muitos
usuários sem que seja necessária a proximidade física de uma super-máquina centralizada.
É como se um grande computador fosse agora distribuído em um grande número de pontos

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 911


ou nós e, dessa forma, todos pudessem se servir dele. A Internet é uma rede de telecomu-
nicações, com a central de comutação distribuída.

Sua estrutura é quase invulnerável, independente de defeitos que possam se estabelecer


localmente em pontos ou em áreas isoladas dessa teia de distribuição de dados que cobre o
mundo. A redução dos preços de computadores e a melhoria de sua performance levou a
um número não imaginável de usuários da rede. O custo decrescente da transmissão por
fibras óticas e por satélites implica uma tarifação independente da banda passante utilizada.
Em matéria de 1977, a revista “The Economist” chamou esse fenômeno de “A Morte da Dis-
tância” nas telecomunicações. O quadro é altamente favorável e aberto para inovações, pa-
ra a venda de novos serviços e aperfeiçoamentos nos serviços existentes, no interesse de
operadores e usuários de sistemas de computação e de telecomunicações.

O Brasil e os brasileiros passam a desenvolver negócios criativos e originais, as empresas


aqui criadas e instaladas, podem realizar lucros no mundo inteiro. Com a atual explosão do
comércio eletrônico, os negócios nesta modalidade têm crescido em ritmo alucinante,

3.2 Histórico da Tecnologia da Comunicação Fluminense

O PRODERJ – Centro de Tecnologia da Informação e Comunicação do Estado do Rio de


Janeiro – autarquia vinculada à Secretaria de Estado da Casa Civil – é o órgão gestor de
Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) do Governo do Estado, desempenhando o
importante papel de propor diretrizes e orientações técnicas voltadas para o estabelecimen-
to da política de TIC no âmbito da administração pública estadual.

Criado como Fundação CPDERJ – Centro de Processamento de Dados do Estado do Rio


de Janeiro – pelo Decreto-Lei nº 6.097, de 9 de julho de 1968, o PRODERJ foi transformado
em autarquia em 16 de junho de 1981, pelo Decreto 4.188. Em 28 de dezembro de 2004,
teve suas atribuições atualizadas e seu nome alterado pela Lei n.o 4.480.

Ao incorporar as novas funções de integrador e homologador de soluções, gerador de nor-


mas e padrões e disseminador de novas tecnologias para a informática pública, o PRO-
DERJ evoluiu, deixando de ser apenas um grande bureau de processamento de dados e se
tornando, de forma cada vez mais efetiva, o responsável pelos sistemas corporativos e pela
gestão da Rede Governo, provendo serviços de Internet e atividades afins para o Governo
do Estado. Ao longo de sua existência, o foco principal em todas as ações empreendidas
pelo PRODERJ tem sido o de colocar a "Tecnologia a Serviço do Cidadão".

A sede principal da autarquia está localizada no CAERJ – Centro Administrativo do Estado


do Rio de Janeiro. O Parque Computacional do PRODERJ, que dá suporte à comunicação
de dados e à guarda de informações no âmbito do Governo do Estado, compreende o Cen-
tro de Operações da Rede Governo, e o Centro de Operações vinculado ao Mainframe, lo-
calizado na Unidade Maracanã, da UERJ.

3.3 Infraestrutura Tecnológica

A estrutura física da Rede Rio tem o formato de um pentágono, cujos vértices são a UFRJ
(Universidade Federal do Rio de Janeiro), o CBPF (Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas),
a PUC-Rio (Pontifícia Universidade Católica/RJ), a FIOCRUZ (Fundação Oswaldo Cruz) e a
TELEMAR/RJ.

Nestes pontos, os roteadores são responsáveis pela interligação de todas as instituições da


Rede Rio e a Internet, propiciando portas de acesso às instalações interessadas. Estes e-
quipamentos estão interligados por fibras óticas cedidas pela TELEMAR à FAPERJ e são

912 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


capazes de trafegar informações a 1 Gbit/s (a velocidade anterior da Rede Rio era de 155
Mbit/s).

As demais instituições estão hoje ligadas por circuitos digitais em diferentes velocidades, a
grande maioria sendo de circuitos fornecidos pela TELEMAR.

Há diversas ligações sendo feitas via rádio e por via fibra ótica também.

A Rede Rio tem pontos de presença na região serrana, utilizando as instalações do LNCC
(Laboratório Nacional de Computação Científica), em Petrópolis - interligado hoje a 2 Mbit/s;
em Niterói, utilizando as instalações da UFF (Universidade Federal Fluminense) - interligada
hoje a 34 Mbit/s; em Campos dos Goytacazes, nas instalações da UENF (Universidade Es-
tadual do Norte Fluminense), interligada a 6 Mbit/s; e em Vila Seropédica, nas instalações
da UFRRJ (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro), interligada a 2 Mbit/s.

O canal internacional da Rede Rio, hoje instalado no CBPF, é de 155 Mbit/s embora uma
licitação para 310 Mbit/s esteja em andamento para atender futuras demandas da Rede Rio
e de cerca de 100 instituições e 600 mil usuários.

Todas as companhias de telefonia móvel, operando no Estado do Rio de Janeiro, oferecem


serviços ligados a redes 3G para transferência de dados.

A Tabela seguinte contém a relação de operadores e os equipamentos vinculados para a-


cesso à tecnologia 3G.

Tabela 23 – Brasil, Fornecedores de Redes 3G para as Operadoras, 2010


Operadora Core Equipamentos de acesso
Vivo Ericsson Ericsson e Huawei
Tim Ericsson Ericsson, Nokia-Siemens e Huawei
Claro Ericsson e Nokia-Siemens Ericsson, Nokia-Siemens e Huawei
Oi Nokia-Siemens Nokia-Siemens e Huawei
BrT Ericsson* Ericsson e ZTE*
CTBC Huawei Huawei
Sercomtel Huawei Huawei
Com a aquisição da BrT pela Oi, Ericsson e ZTE foram substituídos por Nokia-Siemens e Huawei.
Fonte: www.teleco.com.br
Quanto ao acesso a canais de televisão por assinatura, Tabela seguinte, mostra que no pe-
ríodo 2006 a 2009, o estado do Rio de Janeiro figura com o quarto maior número de aces-
sos, ficando atrás, apenas dos estados de Amapá, Roraima e Maranhão.

Tabela 24 – Brasil e Estados, Acessos Totais por UF (TV a Cabo, DTH e MMDS)
Acessos (Milhares), Total de 2006, Variações Trimestrais 2008 e 2009
UF 2006 1T08 2T08 3T08 4T08 1T09 2T09 3T09 4T09 ∆Trim
São Paulo 1.843 2.353 2.466 2.637 2.747 2.852 2.963 3.092 3.158 2,1%
Rio de Janeiro 704 795 826 851 874 908 941 981 1.118 14,0%
Minas Gerais 372 441 467 490 506 529 549 570 635 11,4%
Rio Grande do Sul 352 405 428 457 474 493 507 521 539 3,6%
Paraná 244 291 309 326 337 352 358 370 378 2,2%
Santa Catarina 185 199 221 227 234 241 251 262 273 4,0%
Distrito Federal 125 155 168 175 180 186 193 199 202 1,4%

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 913


(continuação)
UF 2006 1T08 2T08 3T08 4T08 1T09 2T09 3T09 4T09 ∆Trim
Bahia 108 116 121 124 127 131 137 148 159 7,5%
Goiás 72 102 111 118 119 121 128 134 136 1,3%
Ceará 74 84 87 90 92 96 100 105 110 4,8%
Pernambuco 75 81 83 85 86 86 90 95 98 3,4%
Amazonas 60 67 72 78 79 78 80 88 98 11,3%
Espírito Santo 60 70 74 77 79 81 82 87 91 4,3%
Rio Grande do
51 60 63 64 64 65 67 70 74 5,9%
Norte
Pará 42 45 47 48 48 49 51 53 56 6,0%
Mato Grosso do Sul 36 42 46 48 50 51 53 55 55 0,1%
Paraíba 30 37 39 40 41 45 46 49 51 4,3%
Alagoas 29 35 37 38 39 39 41 44 50 13,0%
Mato Grosso 32 34 36 38 38 39 41 44 46 4,5%
Maranhão 22 28 30 32 33 34 37 38 44 14,1%
Sergipe 25 25 26 25 26 27 28 29 31 5,5%
Rondônia 13 14 14 15 15 16 17 19 21 9,8%
Piauí 9 10 10 11 11 12 13 14 15 10,4%
Amapá 6 6 7 7 7 7 9 10 12 18,2%
Roraima 5 5 5 5 5 6 6 7 8 19,4%
Tocantins 5 6 6 6 6 7 7 8 8 10,1%
Acre 5 6 6 6 6 6 7 7 8 9,6%
Brasil 4.584 5.513 5.804 6.119 6.321 6.555 6.802 7.098 7.473 5,3%
Fonte: Anatel, 2009. Disponível em www.teleco.com.br
No contexto nacional, observa-se no gráfico seguinte a evolução do serviço móvel de celular
no Brasil, num período de 10 anos. Os números são expressivos, tendo sido registrado um
salto de 1,4 milhões de linhas telefônicas em 1995, para mais de 58 milhões de assinaturas,
em 2005.

Gráfico 5 – Brasil, Evolução de Linhas de Telefonia Móvel (número de telefones instalados),


1995 – 2005

Fonte: Anatel

914 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


O mesmo acontece com o número de aparelhos telefônicos de uso público. Esses equipa-
mentos passaram de pouco mais de 367.000, em 1995, para mais de 1.642.000, em 2005.

Gráfico 6 – Brasil, Evolução dos Telefones de Uso Público (número de telefones instalados),
1995 – 2005

Fonte: Anatel
Ao se comparar a situação do estado do Rio de Janeiro com o restante do Brasil, em termos
da variação quantitativa de algum serviço de comunicação específico, nota-se que o Estado
se sobressai em relação país.

Os dados das Tabelas seguintes demonstram a posição privilegiada do Estado no que ser
refere aos serviços de comunicação por telefonia fixa e móvel e acessos aos serviços de
televisão por assinatura.

Tabela 25 – Brasil e Estado do Rio de Janeiro, Densidade do Serviço de TV por Assinatura


Local 2002 (%) Domicílios 2005 (%) Domicílios
Brasil 7,7 43.867 32,7 50.458
Rio de Janeiro 13,8 4.155 41,0 4.60
Fonte: Anatel
Tabela 26 – Brasil e Estado do Rio de Janeiro, Evolução da Densidade Telefônica
Local 2002 (%) População 2005 (%) População
Brasil 28,7 166.112.500 32,6 177.043.000
Rio de Janeiro 44,9 13.868.912 43,2 14.507.389
Fonte: Anatel
Tabela 27 – Brasil e Estado do Rio de Janeiro, Evolução da Densidade Telefônica SMC
Local 2002 (%) População 2005 (%) População
Brasil 20,3 166.112.500 32,6 177.043.000
Rio de Janeiro 38,6 13.868.912 40,7 14.507.389
Fonte: Anatel
Tabela 28 - Brasil e Estado do Rio de Janeiro, Evolução da Densidade Telefônica TUCs
Local 2002 (%) População 2005 (%) População
Brasil 8,0 166.112.500 9,2 177.043.000
Rio de Janeiro 8,7 13.868.912 10,6 14.507.389
Fonte: Anatel

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 915


3.3.1 Rede Governo

A rede de comunicação de dados que interliga o PRODERJ e as diversas Secretarias de


Estado e órgãos da administração pública indireta estadual, permite a troca de informações
entre os mesmos. Administrada pelo PRODERJ, a Rede Governo dá suporte ao e.gov, pos-
sibilitando o oferecimento pelo Governo do Estado de vários serviços em plataforma web,
entre eles o correio eletrônico, capaz de suportar 20 mil contas de e-mail. Para atender às
demandas crescentes de informações em tempo real e de novas aplicações, como educa-
ção a distância, vídeo conferência, tele-medicina, entre outras, é vital a atualização tecnoló-
gica permanente da Rede Governo, e de forma a prover uma infra-estrutura de alto desem-
penho sob os aspectos de performance e segurança, foi criada a Infovia RJ.

3.3.2 Infovia-RJ

A Infovia-RJ é uma rede de transmissão de dados em alta velocidade que já levou o acesso
à Internet em banda larga para escolas, hospitais e órgãos públicos de todas as cidades
fluminenses, melhorando a qualidade dos serviços eletrônicos oferecidos à população, pro-
movendo a inclusão digital na capital e no interior, agilizando a troca de informações entre a
sede do governo e as secretarias e órgãos do Estado, estimulando o desenvolvimento eco-
nômico dos municípios.

Elaborado em parceria com a Coordenadoria da Rede Rio – que interliga as instituições a-


cadêmicas fluminenses – e sob a supervisão da Secretaria de Ciência e Tecnologia, este
projeto de infra-estrutura de telecomunicações, desenhado e gerenciado pelo PRODERJ, é
considerado um dos prioritários para o Governo do Estado.

Atualmente, a Infovia-RJ conecta os 92 municípios do Estado do Rio de Janeiro, através de


uma rede MPLS (Multi-Protocol Label Switching). Dentre os órgãos públicos que já aderiram
ao contrato Infovia-RJ, podemos destacar a Secretaria de Estado de Fazenda (SEFAZ), a
Secretaria de Estado de Segurança (SESEG), o Departamento de Trânsito do Estado do Rio
de Janeiro (DETRAN/RJ), a Procuradoria Geral do Estado do Rio de Janeiro (PGE/RJ), o
Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro (CEDERJ), a Im-
prensa Oficial do Estado do Rio de Janeiro (IO/RJ), a Fundação de Apoio à Escola Técnica
do Estado do Rio de Janeiro (FAETEC) e a Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro
(PCERJ).

Vários outros órgãos estão em fase de análise e negociação, a saber: Secretaria de Estado
de Educação (SEE); Secretaria de Estado de Governo (Segov); Secretaria de Estado de
Saúde e Defesa Civil (SESDEC); Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos Hu-
manos (SEASDH); Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (ALERJ); Ministério
Público / Procuradoria Geral de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (MP/PGJ); Agência
Reguladora de Serviços Públicos Concedidos de Transportes Aquaviários, Ferroviários, Me-
troviários e de Rodovias do Estado do Rio de Janeiro (Agetransp); Empresa de Assistência
Técnica e Extensão Rural do Estado do Rio de Janeiro (Emater-Rio); Fundação Departa-
mento de Estradas de Rodagem do Estado do Rio de Janeiro (DER/RJ); Fundação Superin-
tendência Estadual de Rios e Lagoas (Serla); Instituto de Pesos e Medidas (IPEM); Fundo
Único de Previdência Social do Estado do Rio de Janeiro (RioPrevidência); e Companhia de
Transportes Sobre Trilhos do Estado do Rio de Janeiro (Rio Trilhos).

As entidades que optarem por se conectar à nova Rede Fluminense de comunicação de


dados poderão usufruir de recursos modernos como Telefonia IP, Webcasting (transmissões
de vídeo pela Internet) e videoconferência, facilidades trazidas pela tecnologia MPLS.

916 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


3.3.3 Infovia-RJ - Software Livre

Cumprindo sua missão de propor diretrizes e orientações técnicas para o desenvolvimento


de uma política de Tecnologia da Informação e Comunicação para o governo fluminense, o
Proderj tem atuado no sentido de difundir o Software Livre e ampliar sua adoção na adminis-
tração pública estadual, mapeando as aplicações já em andamento, detectando o sucesso
alcançado e as dificuldades encontradas, e promovendo a troca de experiências e a disse-
minação de conhecimentos sobre o assunto no estado do Rio de Janeiro, através da organi-
zação de eventos específicos e da condução de discussões no âmbito do Conselho Temáti-
co de Software Livre do CONSETI (Conselho Estadual de Tecnologia da Informação).

Em outubro de 2004, o Proderj lançou, com grande sucesso, uma distribuição Linux temáti-
ca para padronizar as estações de trabalho do governo fluminense, batizada de Livre.RJ,
contendo pacote de automação de escritório e navegador desenvolvidos em Software Livre,
entre outros produtos. Em 2005, foram lançados um CD de instalação do Livre.RJ 1.0 e um
Portal de Software Livre ( www.softwarelivre.rj.gov.br ). Em outubro de 2006, durante o IV
Fórum de Software Livre do Rio de Janeiro, o PRODERJ lançou o CD Livre.RJ versão 2.0,
com novo layout e contendo o Agente Cacic, o OpenOffice 2.0, o repositório da distribuição
no PRODERJ e um software antivírus.

Para que os órgãos clientes do Governo tenham o controle total dos usuários e dados de
suas redes locais e disponham de acesso rápido e seguro à Internet, a autarquia disponibili-
za ainda o CD Box Linux, pacote básico de soluções de segurança de rede desenvolvidas
em código livre e aberto. Doze clientes na administração pública estadual fluminense já es-
tão utilizando a solução, disponível para download no endereço www.softwarelivre.rj.gov.br .

Também é baseado em plataforma livre o aplicativo de correio eletrônico que o PRODERJ


customiza e disponibiliza aos usuários da Rede Governo, desde setembro de 2005. A solu-
ção Correio.RJ possui capacidade para suportar 20 mil contas de e-mail e há a previsão de
aumentar esse número, até 2010, para 400 mil contas, de forma a permitir que cada servidor
público do estado do Rio tenha o seu próprio e-mail.

É importante frisar, ainda, que o PRODERJ participa ativamente da organização do Fórum


de Software Livre do Rio de Janeiro, que ocorre todos os anos, uma vez que a autarquia
abraça a causa em torno de uma importante discussão sobre políticas públicas para solu-
ções de código aberto.

3.4 Redes de Comunicação Fixa e Móvel

As Regiões Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro são atendidas pelas principais
operadoras de telefonia comutável fixa e móvel do país as quais possuem autorização da
Anatel, entre as quais se destacam:

• Claro;
• Oi/Telemar;
• Nextel;
• Tim;
• Vivo;
• Embratel;
• CTBC.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 917


4. USO E OCUPAÇÃO DO SOLO, ZONEAMENTO, ÁREAS URBANAS E RURAIS

4.1 Conceituação
O levantamento sobre o uso e a cobertura da terra comporta análises e mapeamentos e é
de grande utilidade para o conhecimento da espacialidade, constituindo importante ferra-
menta de planejamento e de orientação à tomada de decisão (IBGE, 2006). Ao descrever as
formas e a dinâmica de ocupação da terra, os estudos também representam instrumento
valioso para a construção de indicadores ambientais e para a avaliação da capacidade de
suporte ambiental, diante dos diferentes manejos empregados na produção, contribuindo
assim para a identificação de alternativas promotoras da sustentabilidade do desenvolvi-
mento. No contexto das mudanças globais, tais levantamentos fornecem subsídios para as
análises e avaliações dos impactos ambientais, os provenientes de desmatamentos ou ain-
da dos inúmeros impactos gerados pelos altos índices de urbanização, dentre outros.

No Brasil, os primeiros trabalhos sobre uso da terra foram efetuados entre as décadas de 30
e 40 do século passado, quando predominaram estudos sobre a colonização e viagens de
reconhecimento como os que se dedicaram à análise da ocupação da Amazônia e também
à análise da colonização do Sul do Brasil. A partir da década de 1950, até a década de
1960, passaram a predominar estudos sobre padrões espaciais, com avaliações a partir de
processos produtivos. Daí se chegou às análises da caracterização de variáveis específicas
da ocupação, como a distribuição de propriedades rurais, análise dos rebanhos, da expan-
são do povoamento, entre outras (IBGE, 2006).

Na década de 1970, foram registrados avanços em análises classificatórias das formas e


das dinâmicas de uso da terra, especialmente a partir de focos temáticos, como o uso nos
meios técnico e acadêmico de procedimentos estatísticos na geografia, refletindo uma forte
ênfase às análises quantitativas na produção dos trabalhos da época, Centros importantes,
como o IBGE e Universidades, disseminaram no Brasil vários estudos sob este foco (IBGE,
2006).

O desenvolvimento de novos recursos tecnológicos, como o sensoriamento remoto, permitiu


enfatizar a riqueza de informações do uso da terra e a subjetividade da sua apreensão por
diferentes abordagens, sendo que o estudo do uso da terra não pode prescindir de uma ori-
entação teórica, conceitual e metodológica. Seguindo uma tendência internacional, o conhe-
cimento do uso do território no Brasil evoluiu orientado para os recursos das regiões estuda-
das (IBGE, 2006).
4.2 Uso e Cobertura do Solo no Estado do Rio de Janeiro

O Serviço Geológico do Brasil (CPRM) coordenou o “Projeto Rio de Janeiro” que consistiu
em estudos multitemáticos do meio físico realizados na escala 1:250.000, entre 1998 e
1999, em todo o Estado do Rio de Janeiro, abrangendo uma área de 44.000km2, Com parte
integrante desse estudo obtiveram-se resultados de Uso e Cobertura do Solo deste Estado.
A metodologia adotada consistiu na análise digital de imagens de satélite, utilizando-se téc-
nicas de sensoriamento remoto e ajustes através de medições com base nas observações
feitas durante as campanhas de campo.

Como resultado dessa classificação, foram confeccionados os mapas de Uso e Cobertura


do Solo com as seguintes classes individualizadas: Pastagem, Mata, Áreas Urbanas, Solo
Exposto, Áreas Agrícolas, Corpos d’Água, Afloramentos de Rocha, Vegetação de Restinga,
Campo Inundável, Manguezal, Coberturas Arenosas, Salinas e Extração de Areia. Estes
dados estão apresentados na Tabela seguinte.

918 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Tabela 29 – Área Ocupada pelas Classes de Uso e Cobertura do Solo de Acordo com o Traba-
lho Coordenado pela CPRM, 1999

2 Participação Relativa na Área


Classes Área absoluta (km )
Total do Estado (%)
Pastagem 24.750 56,10
Mata 12.532 28,38
Áreas urbanas 1.676 3,81
Solo exposto 1.216 2,76
Áreas agrícolas 1.037 2,35
Vegetação de restinga 757 1,72
Corpos d’água 752 1,70
Afloramento de rocha 326 0,74
Campo inundável 255 0,58
Manguezal 131 0,30
Praias e dunas 97 0,22
Salinas 27 0,06
Extração de areia 2 0,005
Áreas encobertas por nuvens 527 1,27
Total 44.085 100,00
Fonte: Fonte: Serviço Geológico do Brasil (CPRM - 1999) - "Projeto Rio de Janeiro".
Pastagens

Essa classe refere-se à cobertura vegetal, abrangendo o denominado “pasto sujo”, além de
pastagem plantada. O termo “pasto sujo” refere-se às áreas cobertas por gramíneas (capim-
colonião, capim-gordura, brachiária, entre outras), com infestação de espécies invasoras
herbáceas e sem investimento na formação da pastagem. Esse sistema abrange aquelas
áreas onde houve intervenção humana para uso da terra, descaracterizando a vegetação
primária, ficando essas áreas, quando abandonadas, ficam sujeitas a um processo de rege-
neração natural.

Essa classe representa a maior parte das terras no Estado do Rio de Janeiro, com 56,10%
da área do Estado. Esse percentual elevado de pastagens verificada no Estado decorre da
ocupação do solo fluminense, que resultou de um processo histórico onde as queimadas e o
desmatamento sucederam a uma exploração sem maior planejamento no que diz respeito à
aptidão das terras e ao seu uso. Nas áreas cultivadas com cana-de-açúcar e café, no perío-
do Brasil Colônia, foram desenvolvidas pastagens compostas de algumas espécies herbá-
ceas nativas e gramíneas. Também uma percentagem menor dessa classe é composta de
pastagem plantada, sendo a criação de bovinos e outros, uma atividade importante em mui-
tos municípios do Estado.

Mata

Essa categoria agrega os remanescentes florestais primários, as matas secundárias e os


reflorestamentos. Matas secundárias são aquelas formadas através de um processo de re-
generação natural.

Os remanescentes florestais primários compreendem o domínio da Mata Atlântica. No início


da colonização, ocupavam 97% do Estado. Já em 1990, devido à devastação, a área ocu-
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 919
pada era de apenas 20% (CIDE, 1997). Neste estudo concluído em 1999, esta porcentagem
sofreu um aumento, chegando a 28,38%, o que pode ser devido a criação de novas áreas
de preservação e a diminuição da destruição destas áreas.

Áreas Urbanas

Essa classe compreende áreas ocupadas por edificações e sistema viário. Engloba todo o
sistema urbano das cidades, municípios, distritos, vilas e vias pavimentadas. Estes ocupam
aproximadamente 1.676km2, o que representa 3,81% da área total do Estado, com a maior
concentração urbana localizada na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Esta classe
ocupa a terceira posição em área no Estado do Rio de Janeiro.

Solo Exposto

Essa classe corresponde às áreas desprovidas de vegetação ou de cultura, excetuando-se


os afloramentos de rocha. Estão inseridos nessa classe: áreas erodidas por processo de
voçorocamento, áreas com deslizamentos de terra associados às chuvas intensas, áreas
degradadas por manejo agrícola inadequado, áreas de extração mineral e aterros. Esta
classe está em 2,76% do Estado.

Áreas Agrícolas

Atualmente a agricultura é uma atividade de pouca expressão no Estado, tanto em termos


de área, representando apenas 2,35%, quanto em valor da produção, representando cerca
de 1% do PIB fluminense. O fenômeno da modernização agrícola, que determinou as trans-
formações desse setor no Brasil, a partir da década de 70, não atingiu o interior do Estado
do Rio de Janeiro, da mesma forma como ocorreu em outras áreas da Região Sudeste.

O principal produto agrícola cultivado é a cana-de-açúcar, representando aproximadamente


80% da produção agrícola relativa do Estado, seguido das olerícolas, com 15%, e, por últi-
mo, as culturas do café, milho, feijão e fruteiras que, juntas, correspondem aos 5% restan-
tes.

Vegetação de Restinga

Restingas são faixas alongadas de areia, paralelas à linha de costa, formadas principalmen-
te por sedimentos arenosos transportados e empilhados pelo mar. Essas áreas compreen-
dem ambientes diferenciados, tais como: mangues, brejos, dunas, além de lagoas temporá-
rias e permanentes.

No Estado do Rio de Janeiro, as principais áreas de ocorrência dessa vegetação são os


extensos cordões arenosos a nordeste do Estado, no trecho entre Barra de Itabapoana e
Macaé, a Região dos Lagos (lagoas de Araruama e Maricá) e a Restinga da Marambaia.

Esta área que representa 1,72% do Estado tem como principais atividades econômicas a
especulação imobiliária e a agricultura.

Corpos d’Água

Os Corpos d’Água, neste trabalho, referem-se ao Oceano Atlântico, a lagoas, lagunas, re-
servatórios, rios e baías e representam 1,70% da área.

Afloramento de Rocha

920 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Os afloramentos de rocha do Estado que são mais expressivos concentram-se na Serra dos
Órgãos e também no Maciço de Itatiaia.

Campo Inundável

Compreende as áreas planas, baixas e sazonalmente alagadas que aparecem nas cabecei-
ras, em zonas de transbordamento de rio ou próximas a lagos e lagunas. Essa classe pode
ser encontrada, por exemplo, próximo às lagoas de Maricá e Feia. Em geral, apresenta-se
coberta por vegetação higrófila de várzea, e representam cerca de 0,58% do Estado.

Manguezal

Compreende a vegetação litorânea que ocorre na faixa entremarés (situada entre o ponto
mais baixo da maré baixa e o ponto mais alto da maré alta). Apresenta alta densidade de
indivíduos com pouca diversidade de espécies vegetais, em comparação a outros sistemas,
como as florestas tropicais. Os manguezais ocupam 0,30% da área do Estado do Rio de
Janeiro.

Coberturas Arenosas

Essa classe compreende as praias e dunas, compreendendo 0,22% do Estado.

Salinas

São áreas próximas ao mar, utilizadas para a exploração do sal de cozinha. Apresentam
padrões retangulares resultantes do método de exploração.

No Estado do Rio de Janeiro, as salinas concentram-se principalmente no trecho entre Ara-


ruama e Cabo Frio. A produção de sal marinho nessa área confere ao Estado a posição de
segundo maior produtor do país, contribuindo com 4% da produção nacional.

Extração de Areia

São áreas de extração de areia e representam apenas 0,005% das áreas do Estado.

4.3 Uso e Cobertura do Solo nas Regiões Norte e Noroeste Fluminense


A Região Norte Fluminense é atualmente composta por 9 municípios: Campos dos Goyta-
cazes, Carapebus, Cardoso Moreira, Conceição de Macabu, Macaé, Quissamã, São Fidélis,
São Francisco do Itabapoana e São João da Barra.

Já a Região Noroeste Fluminense é representada por 13 municípios, são eles: Aperibé, Bom
Jesus do Itabapoana, Cambuci, Italva, Itaocara, Itaperuna, Laje do Muriaé, Miracema, Nati-
vidade, Porciúncula, Santo Antônio de Pádua, São José de Ubá e Varre-Sai.

4.3.1 Levantamentos Realizados em 1994/1995


Na Tabela seguinte é apresentado o percentual das áreas por tipo de uso do solo para os
municípios das Regiões Norte e Noroeste Fluminense, obtidos do mapeamento digital do
Estado do Rio de Janeiro, realizado pelo CIDE, em 1994.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 921


Tabela 30 - Percentual das Áreas, por Tipo de Uso do Solo, Segundo os Municípios das Regiões Norte e Noroeste Fluminense, 1994

Floresta Área Afloramento Não Não


Formações Vegetação Área Área Corpos
Municípios Ombrófila Pastagem Degra- Rochoso e Cam- Sensoria- Classifi-
Pioneiras Secundária Urbana Agrícola D'água
densa dada pos de Altitude do cado

Estado 16,6 4,3 15,5 4,2 9,4 44,5 1,2 2,3 0,5 1,3 0,1
Carapebus 0,0 24,5 1,8 0,1 11,2 59,2 0,0 3,2 0,0 0,0 0,0
Campos dos Goytacazes 5,7 8,2 3,5 1,1 48,3 27,9 0,1 4,8 0,4 0,0 0,0
Cardoso Moreira 0,0 0,2 12,1 0,1 15,9 68,8 0,9 1,4 0,5 0,0 0,0
Conceição de Macabu 27,9 0,0 1,6 0,4 3,2 66,4 0,0 0,1 0,4 0,0 0,0
Macaé 31,2 0,8 6,6 1,7 0,6 57,7 0,0 0,8 0,6 0,0 0,1
Quissamã 0,0 36,0 0,2 0,3 37,8 12,9 0,0 12,8 0,0 0,0 0,0
São Francisco de Itabapoana 0,0 20,8 0,9 0,1 64,2 12,2 0,0 1,6 0,0 0,2 0,0
São Fidélis 6,2 0,0 16,9 0,3 1,6 70,5 0,6 2,4 1,7 0,0 0,0
São João da Barra 0,0 76,3 0,0 1,2 15,7 3,1 0,0 3,6 0,0 0,0 0,0
Norte 7,9 18,5 4,8 0,6 22,1 42,1 0,2 3,4 0,4 0,0 0,0
Aperibé 0,0 0,0 4,8 0,9 0,0 89,3 0,0 5,0 0,0 0,1 0,0
Bom Jesus do Itabapoana 0,0 0,0 18,0 0,4 4,2 76,6 0,1 0,6 0,0 0,0 0,0
Cambuci 0,0 0,0 16,5 0,4 0,0 81,4 0,1 1,0 0,6 0,0 0,0
Italva 0,0 0,0 8,7 0,5 0,0 88,6 0,1 1,3 0,8 0,0 0,0
Itaocara 0,5 0,0 11,6 0,6 2,4 83,4 0,0 1,5 0,0 0,0 0,0
Itaperuna 0,0 0,0 9,9 1,1 0,0 87,0 0,6 1,2 0,2 0,0 0,0
Laje do Muriaé 0,0 0,0 12,5 0,1 0,4 85,1 0,1 0,7 1,0 0,0 0,0
Miracema 0,0 0,0 14,4 1,3 0,0 84,2 0,0 0,0 0,1 0,0 0,0
Natividade 0,0 0,0 16,1 0,2 0,4 81,6 0,0 0,6 1,0 0,0 0,0
Porciúncula 0,0 0,0 17,9 0,5 0,0 80,9 0,0 0,5 0,2 0,0 0,0
Santo Antonio de Pádua 1,3 0,0 10,0 0,5 0,7 86,3 0,0 1,1 0,1 0,1 0,0
São José de Ubá 0,0 0,0 10,3 0,0 0,0 85,5 0,0 0,0 4,2 0,0 0,0
Varre-Sai 0,0 0,0 29,6 0,2 0,0 69,9 0,0 0,2 0,0 0,0 0,0
Noroeste 0,1 0,0 13,9 0,5 0,6 83,1 0,1 1,1 0,6 0,0 0,0

Fonte: Obtidos no Mapeamento Digital do Estado do Rio de Janeiro, GEROE/CIDE, 1994

922 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Pode ser verificado que a maior área do Estado do Rio de Janeiro, assim como da Região
Norte e da Noroeste Fluminense é formada por pastagens. A Região Norte tem o percentual
de pastagens (42,10%) semelhante ao Estado (44,50%). Já a Região Noroeste possui um
percentual de pastagens muito superior, sendo de 83,10%.

Esta diferença pode ser explicada por um maior desmatamento das florestas na Região No-
roeste Fluminense, a qual apresentou nesse estudo apenas 0,1% de floresta ombrófila den-
sa. Ocorre que nesta Região o desmatamento foi intenso e após algum período, muitas á-
reas foram abandonadas, sendo caracterizadas por pastagens, muitas das quais estão de-
gradadas.

Pode ser verificado que em alguns municípios a porcentagem de floresta ainda é elevada,
principalmente na Região Norte Fluminense, como é o caso de Macaé e Conceição de Ma-
cabu, com 31,2 e 27,9% de floresta ombrófila densa, respectivamente.

Como esperado, as Regiões Norte e Noroeste Fluminense possuem pequena porcentagem


de área urbana, sendo 0,6% e 0,5% para as duas Regiões, respectivamente, contra os 4,2%
quando se considera todo o Estado do Rio de Janeiro.

Quanto à porcentagem de área agrícola existente, a Região Norte Fluminense possui 22,1%
de sua área, contra apenas 0,6% para a Região Noroeste Fluminense. Este fato pode estar
ligado a grande área cultivada com a cultura da cana-de-açúcar na Região Norte Fluminen-
se. Porém, vários municípios aparecem sem nenhuma porcentagem de área agrícola, como
é o caso de Aperibé, Cambuci, Italva, Itaperuna, Miracema, Porciúncula, São José de Ubá e
Varre-Sai, o que se explica pela escala das imagens digitais desse estudo realizado pelo
CIDE, que não as identificou já que alguns destes municípios possuem cultivo agrícola in-
tensivo em pequenas propriedades.

Dados da utilização da terra nos estabelecimentos agropecuários dos municípios do Estado


do Rio de Janeiro, obtidos do Censo Agropecuário do IBGE de 1995, são apresentados na
Tabela seguinte.

Tabela 31 – Estado do Rio de Janeiro e Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Utilização das
Terras nos Estabelecimentos, 1995
Matas Terras
Área Total Lavouras Pastagens Naturais e Produtivas
Município
(ha) (ha) (ha) Plantadas Não Utilizadas
(ha) (ha)
Estado do Rio de Janeiro 2.416.305 337.241 1.545.123 348.987 77.492
Noroeste Fluminense 428.773 42.725 331.232 27.650 10.792
Bom Jesus do Itabapoana 52.860 3.975 46.772 1.495 130
Italva 23.011 2.607 15.507 1.747 1.834
Itaperuna 100.565 5.627 82.227 5.089 3.055
Laje do Muriaé 23.515 2.164 17.221 2.551 857
Natividade 26.150 2.363 20.450 1.726 228
Porciúncula 24.609 5.449 15.631 2.165 454
Varre-Sai 17.320 5.592 8.900 2.222 318
Aperibé 6.129 682 4.880 261 48
Cambuci 62.379 4.447 50.673 4.047 1.062
Itaocara 36.403 5.561 25.798 2.377 324
Miracema 24.345 2.279 18.812 2.030 947
Santo Antônio de Pádua 31.487 1.979 24.360 1.939 1.534

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 923


(continuação)
Matas Terras
Área Total Lavouras Pastagens Naturais e Produtivas
Município
(ha) (ha) (ha) Plantadas Não Utilizadas
(ha) (ha)
Norte Fluminense 663.198 161.350 409.041 50.146 14.979
Campos dos Goytacazes 289.042 91.948 164.582 13.522 5.632
Cardoso Moreira 27.056 2.938 21.065 1.663 491
São Fidélis 74.579 8.759 52.860 4.391 3.886
São João da Barra 99.006 32.154 60.152 3.799 1.665
Conceição de Macabu 22.073 1.419 17.778 2.308 167
Macaé 110.760 12.246 73.929 17.974 2.050
Quissamã 40.682 11.886 18.675 6.490 1.088
Fonte: Censo Agropecuário do IBGE, 1995

Os municípios de Carapebus, São Francisco de Itabapoana e São Joseé de Ubá foram e-


mancipados de Macaé, São João da Barra e Cambuci, respectivamente, no ano de 1995.
Assim, não aparecem nesta Tabela, e seus dados estão somados aos respectivos municí-
pios dos quais foram emancipados.

Os dados do Censo Agropecuário realizado pelo IBGE, em 1995, assemelham-se aos obti-
dos do mapeamento digital do Estado do Rio de Janeiro realizado pelo CIDE, em 1994,
quanto a pastagem ser detentora da maior área nas Regiões Norte e Noroeste Fluminense,
porém, com valores um pouco distintos entre os trabalhos. Pelos dados do IBGE (1995), a
Região Norte possuia 409.041ha (61,7%) de sua área coberta com pastagens, já a Região
Noroeste Fluminense detinha 331.232ha (77,25%). É observado nos dados do IBGE (1995),
um valor menos discrepante entre as Regiões quanto à porcentagem de pastagem.

Quanto às lavouras, os dados levantados pelo IBGE (1995) mostram-se mais realistas, com
a Região Noroeste Fluminense tendo 9,96% de sua área nesta classificação, contra os 0,6%
encontrados nos dados do CIDE (1994), em razão da diferença de metodologias usada por
ambas as instituições. Como relatado anteriormente, a agricultura dos municípios desta Re-
gião é caracterizada, em sua maior parte, por pequenos agricultores que não apareceram
nos dados do CIDE (1994), sendo a Região produtora de café e hortifrutigranjeiros.

A Região Norte Fluminense, caracterizada por produtores de maior porte, principalmente


devido ao cultivo da cana-de-açúcar que abriga vastas extensões, apresentou 161.350ha
(24,3%) registrado como áreas de lavouras, dado semelhante ao encontrado pelo CIDE
(1995) de 22,1%.

O Norte Fluminense foi caracterizado com uma área da matas naturais e plantadas um pou-
co superior ao Noroeste Fluminense, 7,6% contra 6,5%, demonstrando um maior desmata-
mento ocorrido nesta segunda Região.

Apenas 2,5% e 2,3% das terras foram classificadas como terras produtivas e não utilizadas
para as Regiões Noroeste e Norte Fluminense. Porém, muitas das áreas dessas Regiões
classificadas principalmente como pastagens, são áreas produtivas e subutilizadas, forma-
das por pastagens degradadas, mal aproveitadas, ou ainda por pastos sujos e largados.
Estas áreas podem ser melhor aproveitadas para cultivos, caso haja interesse de seus pro-
prietários e políticas públicas de incentivo.

924 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


4.3.2 Levantamentos Realizados em 2006

Dados obtidos do Censo Agropecuário do IBGE de 2006, da utilização da terra nos estabe-
lecimentos agropecuários dos municípios do Estado do Rio de Janeiro, são apresentados na
Tabela seguinte. Na Tabela posterior é apresentada uma comparação entre os dados do
Censo Agropecuário do IBGE de 1995 e o de 2006.

Tabela 32 - Estado do Rio de Janeiro e Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Utilização das
Terras nos Estabelecimentos, 2006

Estabelecimentos

Ocupada com La-


Matas Naturais e

Agroflorestais

Pastagens ou
Pastagens

Matas (ha)
Área Total

Plantadas
Lavouras

Área Não
Sistemas
Total de

vouras,
(ha)

(ha)

(ha)

(ha)

(ha)
Municípios

Rio de Janeiro 58.482 2.048.973 349.434 1.282.310 294.262 15.812 107.403


Noroeste Fluminense 10.268 359.708 41.786 281.943 23.631 1.698 10.669
Bom Jesus do
1.046 40.012 4.382 31.769 2.281 29 1.550
Itabapoana
Italva 424 10.824 1.115 8.718 538 214 234
Itaperuna 1.185 66.242 3.432 56.311 4.394 29 2.078
Laje do Muriaé 413 21.541 1.359 17.209 2.256 105 580
Natividade 447 37.317 2.681 32.918 1.119 0 448
Porciúncula 1.320 20.635 5.301 12.286 2.117 0 928
Varre-Sai 643 13.723 4.065 7.405 1.738 0 502
Aperibé 226 5.072 438 4.475 116 10 24
Cambuci 1.146 44.818 2.843 37.324 3.596 157 901
Itaocara 1.612 35.803 5.535 26.884 1.493 790 1.106
Miracema 374 23.297 6.107 14.171 2.036 9 974
Santo Antônio de Pádua 1.003 31.501 3.931 24.755 1.604 179 1.033
São José de Ubá 429 8 924 595 7 719 331 22 260
Norte Fluminense 17.571 530.035 144.129 318.607 36.217 2.326 28.845
Campos dos Goytacazes 8.098 255.738 85.061 138.633 14.311 766 17. 012
Cardoso Moreira 640 28.146 1.106 24.239 1.141 210 1.438
São Fidélis 3.391 66.695 14.869 43.722 3.384 698 4.035
São Francisco de
3.493 79.962 33.239 42.616 1.758 114 2.218
Itabapoana
São João da Barra 689 12.874 2.599 9.618 185 0 473
Carapebus 162 5.798 781 3.994 96 262 666
Conceição de Macabu 207 11.506 587 7.650 2.695 0 569
Macaé 626 56.591 2.989 40.935 11.446 97 1.127
Quissamã 265 12.724 2.845 7.200 1.201 174 1.303
Fonte: Censo Agropecuário do IBGE, 2006

Pela Tabela anterior encontra-se uma área média das propriedades do Estado do Rio de
Janeiro em aproximadamente 35ha, para a Região Noroeste Fluminense 35ha e para a Re-
gião Norte Fluminense de 30ha, o que demonstra boa distribuição de terra entre os proprie-
tários do Estado.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 925


Pela Tabela seguinte, nota-se que as áreas de lavoura aumentaram entre o período de 1995
e 2006, sendo este aumento de 1,7% e 2,9% para as Regiões Noroeste e Norte Fluminense,
respectivamente. Isso pode estar correlacionado ao aumento do cultivo de hortifrutigranjei-
ros na Região Noroeste Fluminense e o aumento das áreas de plantio com a cultura da ca-
na-de-açúcar na Região Norte, já que esta cultura vem demonstrando grande crescimento
na área cultivada no país.

Quanto a área de pastagem, houve um acréscimo na Região Noroeste e um declínio na Re-


gião Norte, apesar de ambas serem pequenas.

Ocorreu também um pequeno desmatamento na Região Norte, com queda de 0,8% na área
com matas naturais e plantadas. Isso é preocupante, pois estas regiões já sofreram grandes
alterações pelo desmatamento ao longo do histórico de ocupação desordenada e o mau uso
da terra, ocasionando o aumento dos processos erosivos nas encostas e planícies aluviais,
entre outras consequências.

Tabela 33 - Estado do Rio de Janeiro e Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Comparação do


Percentual de Lavouras, Pastagens e Matas Naturais e Plantadas, 1995 e 2006
Matas Naturais e
Lavouras Pastagens
Região Plantadas
1995 2006 Diferença 1995 2006 Diferença 1995 2006 Diferença
RJ 13,9 17,1 +3,2 63,9 62,3 -1,6 14,4 14,4 0,0
Noroeste 9,9 11,6 +1,7 77,3 78,4 +1,1 6,5 6,6 +0,1
Norte 24,3 27,2 +2,9 61,7 60,1 -1,6 7,6 6,8 -0,8
Fonte: Censos Agropecuários do IBGE, 1995 e 2006
A falta de políticas públicas de proteção à fauna e flora da região, a falta de fiscalização dos
órgãos competentes, juntamente com a degradação ambiental de tais usos da terra e ocu-
pação desordenada, principalmente nas décadas anteriores, vem degradando os seus e-
cossistemas, trazendo inúmeras conseqüências para o meio ambiente. Porém, atualmente
este ritmo de degradação vem diminuindo devido a criação de unidades de conservação em
alguns municípios.

Na Tabela seguinte estão expressos, em porcentagem, os dados de utilização da terra nos


estabelecimentos agropecuários dos municípios do Estado do Rio de Janeiro, obtidos pelo
Censo Agropecuário do IBGE de 2006.

Tabela 34 - Estado do Rio de Janeiro e Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Percentual das
Áreas, por Tipo de Uso do Solo
Área Não
Matas Sistemas Ocupada com
Municípios Lavouras Pastagens Naturais e Agroflores- Lavouras,
Plantadas tais Pastagens ou
Matas
Rio de Janeiro 17,05 62,58 14,36 0,77 5,24
Noroeste Fluminense 11,62 78,38 6,57 0,47 2,97
Bom Jesus do Itabapoana 10,95 79,40 5,70 0,07 3,87
Italva 10,30 80,54 4,97 1,98 2,16
Itaperuna 5,18 85,01 6,63 0,04 3,14
Laje do Muriaé 6,31 79,89 10,47 0,49 2,69
Natividade 7,18 88,21 3,00 0,00 1,20
Porciúncula 25,69 59,54 10,26 0,00 4,50
Varre-Sai 29,62 53,96 12,66 0,00 3,66

926 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


(continuação)
Área Não
Matas Sistemas Ocupada com
Municípios Lavouras Pastagens Naturais e Agroflores- Lavouras,
Plantadas tais Pastagens ou
Matas
Aperibé 8,64 88,23 2,29 0,20 0,47
Cambuci 6,34 83,28 8,02 0,35 2,01
Itaocara 15,46 75,09 4,17 2,21 3,09
Miracema 26,21 60,83 8,74 0,04 4,18
Santo Antônio de Pádua 12,48 78,58 5,09 0,57 3,28
São José de Ubá 6,67 86,50 3,71 0,25 2,91
Norte Fluminense 27,19 60,11 6,83 0,44 5,44
Campos dos Goytacazes 33,26 54,21 5,60 0,30 6,65
Cardoso Moreira 3,93 86,12 4,05 0,75 5,11
São Fidélis 22,29 65,56 5,07 1,05 6,05
São Francisco de Itabapoana 41,57 53,30 2,20 0,14 2,77
São João da Barra 20,19 74,71 1,44 0,00 3,67
Carapebus 13,47 68,89 1,66 4,52 11,49
Conceição de Macabu 5,10 66,49 23,42 0,00 4,95
Macaé 5,28 72,33 20,23 0,17 1,99
Quissamã 22,36 56,59 9,44 1,37 10,24
Fonte: Censo Agropecuário do IBGE, 2006
Com relação as áreas cultivadas com lavouras, na Região Noroeste Fluminense destacam-
se os municípios de Varre-Sai, Miracema e Porciúncula, apresentando 29,62%, 26,21% e
25,69% de suas áreas abrangidas por lavouras, respectivamente. Na Região Norte Flumi-
nense os municípios de São Francisco do Itabapoana e Campos dos Goytacazes possuem
as maiores porcentagens de suas áreas totais representadas por lavouras, com 41,57% e
33,26% respectivamente.
Os municípios com a menor porcentagem de área de pastagem são Varre-Sai (53,96%) e
São Francisco de Itabapoana (53,30%) para as Regiões Noroeste e Norte Fluminense, res-
pectivamente. Os com a maior porcentagem são Aperibé (88,23%) e Cardoso Moreira
(86,12%) respectivamente para as Regiões Noroeste e Norte Fluminense.
A maior porcentagem de áreas com matas naturais e plantadas é encontrada em Varre-Sai
(12,66%), Laje do Muriaé (10,47%) e Porciúncula (10,26%) e a menor é em Aperibé (2,29%)
e Natividade (3,0%) para a Região Noroeste Fluminense. Quanto à Região Norte Fluminen-
se os municípios de Conceição de Macabu (23,42%) e Macaé (20,23%) se destacam com
as maiores porcentagens do seu território ocupado por matas, e os municípios de São João
da Barra (1,44%) e Carapebus (1,66%) com as menores.
Os sistemas agroflorestais são uma forma de uso da terra na qual se combinam espécies
arbóreas lenhosas (frutíferas e/ou madeireiras) com cultivos agrícolas e/ou animais, de for-
ma simultânea ou em seqüência temporal, que interagem econômica e ecologicamente. Es-
tão presentes em 0,47% das áreas na Região Noroeste Fluminense e em 0,44% na Região
Norte Fluminense.
A área não ocupada com lavouras, pastagens ou matas refere-se as áreas com as seguin-
tes ocupações: tanques, lagos, açudes e/ou área de águas públicas para exploração da a-
qüicultura; construções, benfeitorias ou caminhos; terras degradadas (erodidas, desertifica-
das, salinizadas, etc.); e terras inaproveitáveis para agricultura ou pecuária (pântanos, are-
ais, pedreiras, etc.). Estas áreas representam 2,97% da Região Noroeste Fluminense e
5,44% da Região Norte Fluminense.
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 927
Na Tabela seguinte são apresentados os dados referentes à subdivisão da classe lavouras
pelo Censo Agropecuário do IBGE de 2006.

Na Região Noroeste Fluminense é verificado 31,25% (13.059 ha) da área abrangendo cultu-
ras permanentes, 28,22% (11.794 ha) temporárias, 40,52% (16.930 ha) culturas forrageiras
para corte, e uma área não expressiva para cultivo de flores, viveiros de mudas, estufas de
plantas e casas de vegetação. Essa alta porcentagem de culturas permanentes é devida a
áreas como as de cafeicultura, sendo o município de Varre-Sai, maior produtor de café do
Estado, possuidor de 90,1% da sua área com lavouras representadas por culturas perma-
nentes.

Tabela 35 - Estado do Rio de Janeiro e Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Descrição da


Utilização de Terras com a Subdivisão da Classe Lavouras em Permanentes, Temporárias,
Forrageira para Corte, e Área para Cultivo de Flores, Viveiros de Mudas, Estufas de Plantas e
Casas de Vegetação, 2006
Lavouras
Área para
Cultivo de
Flores,
Área Plantada Viveiros de
Permanentes Temporárias com Forrageiras Mudas,
Municípios
para Corte Estufas de
Plantas e
Casas de
Vegetação
Área Área Área Área
Estab. Estab. Estab. Estab.
(ha) (ha) (ha) (ha)
Estado do Rio de Janeiro 16.109 77.223 24.793 193.451 30.292 76.796 648 1.963
Região Noroeste Fluminense 3 .032 13.059 2.541 11.794 4.141 16.930 5 3
Bom J. do Itabapoana 364 1.376 195 1.791 455 1.215 1 0
Italva 89 267 147 422 261 426 1 0
Itaperuna 218 872 241 1 216 506 1.345 0 0
Laje do Muriaé 59 254 122 516 186 588 0 0
Natividade 44 1.077 81 371 235 1.233 0 0
Porciúncula 1.032 3.497 130 706 186 1.097 0 0
Varre-Sai 576 3.663 104 351 121 51 1 0
Aperibé 17 44 91 266 109 127 0 0
Cambuci 100 391 431 1.750 549 703 1 0
Itaocara 281 442 565 2.837 674 2.255 0 0
Miracema 106 604 88 400 226 5.103 0 0
Santo A. de Pádua 119 527 145 758 396 2.646 0 0
São José de Ubá 27 44 201 410 237 140 1 0
Região Norte Fluminense 3.754 11.480 8488 121.637 9.281 10.956 6 56
Campos dos Goytacazes 1.688 4.245 4.263 79.107 4.516 1.708 3 2
Cardoso Moreira 64 117 134 882 155 107 1 0
São Fidélis 1.252 2.453 1.117 4.715 1.478 7.702 0 0
São F.de Itabapoana 332 1.791 2.371 31.108 2.428 340 1 0
São João da Barra 70 329 288 2.250 294 19 0 0
Carapebus 35 299 32 416 41 66 0 0
Conceição de Macabu 54 228 29 83 73 276 0 0
Macaé 160 1.238 188 1.221 223 529 0 0
Quissamã 99 781 66 1.856 73 208 1 0
Fonte: Censo Agropecuário do IBGE, 2006

928 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Muitos municípios dessa Região, também são produtores de culturas temporárias, como o
tomate (em que São José de Ubá é um grande produtor, possuindo 69% de lavouras tempo-
rárias), feijão, abóbora, entre outras.

A maior área cultivada nessa Região foi com forrageiras para corte, 16.930 ha, sendo expli-
cado por a Região possuir uma grande quantidade de animais, principalmente vacas de lei-
te, e ainda com uma estação de secas bem prolongada, necessitando, portanto, de com-
plementação alimentar que é obtida com forrageiras para corte.

Em se tratando da Região Norte, ocorre valores bem diferenciados quanto a distribuição das
áreas com lavoura, possuindo 84,39% (121.637ha) desta área com lavouras temporárias,
7,97% (11.480ha) com lavouras permanentes e 7,6% (10.956ha) com forragens para corte.
Esta posição diferente entre as duas regiões pode ser explicada pelas principais atividades
agrícolas nestas, onde na Região Noroeste destacam-se o café, feijão, hortigranjeiros, etc.
na Região Norte há predominância da cultura da cana-de-açúcar, a qual é classificada pelo
IBGE como temporária. Com isso ocorre essa discrepância de 84,39% e 28,22% de área
com culturas temporárias nas Regiões Norte e Noroeste Fluminense, respectivamente.

Na Tabela seguinte são apresentados os dados referentes a subdivisão da classe pastagem


pelo Censo Agropecuário do IBGE de 2006.

Quanto às subdivisões de pastagem, as Regiões Noroeste e Norte Fluminense são bastante


semelhantes, as pastagens naturais representam 49,3% e 39,1% das áreas totais de pasta-
gem existente nas Regiões Noroeste e Norte, respectivamente. As pastagens plantadas em
boas condições somam 48,1% e 57,5% para as mesmas Regiões, respectivamente, e as
pastagens plantadas e degradadas representam 2,6% e 3,4% dessas áreas nas Regiões
Norte e Noroeste Fluminense, respectivamente.

Os municípios com maior área de pastagem degradada são Itaperuna (1.302ha), Porciúncu-
la (1.397ha), Campos dos Goytacazes (5.083ha), São Fidelis (1.916ha) e São Francisco do
Itabapoana (1.915ha). Porém, o município com maior porcentagem de área de pastagem
degradada é o de Porciúncula, com 11,37% de sua pastagem considerada como degradada.

Tabela 36 - Estado do Rio de Janeiro e Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Descrição da


Utilização de Terras com a Subdivisão da Classe Pastagens Naturais, Plantadas Degradadas,
Plantadas em Boas Condições, 2006
Pastagens
Pastagens Pastagens
Naturais Plantadas Plantadas em Boas
Municípios Degradadas Condições
Área Área Área
Estab. Estab. Estab.
(ha) (ha) (ha)
Estado do Rio de Janeiro 24.132 653.134 1.697 41.028 13.776 588.148
Região Noroeste Fluminense 5.220 139.062 298 7.275 3.573 135.607
Bom Jesus do Itabapoana 305 6.444 20 177 689 25.148
Italva 247 5.382 18 430 126 2.906
Itaperuna 737 30.583 57 1.302 503 24.425
Laje do Muriaé 286 8.771 10 254 145 8.184
Natividade 263 20.778 29 869 206 11.272
Porciúncula 363 6.908 21 1.397 147 3.981
Varre-Sai 192 3.355 4 71 132 3.979
Aperibé 174 3.017 5 93 56 1.365

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 929


(continuação)
Pastagens
Pastagens Pastagens
Naturais Plantadas Plantadas em Boas
Municípios Degradadas Condições
Área Área Área
Estab. Estab. Estab.
(ha) (ha) (ha)
Cambuci 643 15.056 44 944 422 21.325
Itaocara 855 11.951 44 886 574 14.046
Miracema 212 5.995 11 276 172 7.900
Santo Antônio de Pádua 629 15.452 15 403 292 8.900
São José de Ubá 314 5.369 20 174 109 2.176
Região Norte Fluminense 6.717 124.702 517 10.789 4.433 183.117
Campos dos Goytacazes 2.769 40.590 172 5.083 2.523 92.960
Cardoso Moreira 534 18.771 39 691 86 4.776
São Fidélis 1.555 22.210 177 1.916 681 19.596
São Francisco do Itabapoana 796 16.441 79 1.915 597 24.260
São João da Barra 406 6.450 12 109 91 3.060
Carapebus 84 2.753 9 54 31 1.187
Conceição de Macabu 121 2.351 10 71 77 5.228
Macaé 278 10.548 14 528 258 29.859
Quissamã 174 4.588 5 421 89 2.191
Fonte: Censo Agropecuário do IBGE, 2006

4.4 Considerações Finais

Os resultados dos trabalhos consultados permitiram constatar diferenças significativas nos


aspectos de uso e ocupação do solo entre as duas regiões fluminenses: Norte e Noroeste,
aspectos principalmente referentes a como cada Região utilizou e vem utilizando suas ter-
ras. Estas Regiões diferenciam-se quanto às áreas de matas e reservas florestais, bem co-
mo para as áreas com ação do homem já instalada.

Deve ser salientado que políticas públicas para o desenvolvimento de cada Região devem
levar em conta as suas particularidades atualizadas, visando aproveitar da melhor forma as
potencialidades e superar as fraquezas de cada uma delas.

5. URBANIZAÇÃO

A urbanização, representada por uma parcela cada vez maior de pessoas vivendo nas cida-
des, é um fato incontestável e que caracteriza todos os países. Nos periféricos, especial-
mente, o aumento de população urbana se fez num ritmo muito acelerado, provocando um
aumento significativo do número e do tamanho das cidades.

O Brasil, naturalmente, apresentou o mesmo comportamento, caracterizando-se por expres-


sivos índices de crescimento de população urbana.

Entre 1940 e 1970, a população urbana cresceu 4,1 vezes, passando de 12,9 para 52,9 mi-
lhões de pessoas e no intervalo de 1970 e 1991 este total praticamente dobrou, ao atingir
cerca de 111 milhões de pessoas vivendo nas cidades7.

7
O conceito de população urbana adotado neste trabalho é o mesmo do IBGE ( a população urbana é formada
pelos moradores das sedes distritais do município, incluindo o distrito sede), reconhecendo que o mesmo pode
ser interpretado de outra forma
930 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
No Estado do Rio de Janeiro, o processo de urbanização também se deu de uma maneira
rápida, especialmente nas três últimas décadas, onde a população rural foi praticamente
reduzida pela metade.

Em 1970, a população rural era de 1.088.656 habitantes passando em 1996 para 599.891
habitantes, ou seja, uma redução de quase 50%.

O índice de urbanização do Estado do Rio de Janeiro é alarmante chegando a 95,53% de


acordo com a contagem de população de 1996/2007, ou seja, a população rural é ínfima no
Estado.

No entanto, devemos considerar que no interior do Estado - Regiões Norte e Noroeste- o


processo de urbanização possui peculiaridades que divergem, em alguns aspectos, das ca-
racterísticas gerais do Estado do Rio.

O estudo específico das características da urbanização das Regiões Norte e Noroeste Flu-
minense é o objeto desta análise no período de 1970 até 2000.

As Regiões Norte e Noroeste Fluminense são constituídas por 22 municípios com uma área
total de 15.143,6 km2 (34,4 % da área total do Estado), e uma população total de 828.377
habitantes (5,7% do total da população do Estado) o que corresponde a uma densidade
demográfica de 54,7 hab/km2, bem inferior à densidade demográfica do Estado que é de
327,1 hab./km2.

Estudar a relação entre a dinâmica, ou seja, como vem ocorrendo o crescimento populacio-
nal da região e a estrutura da rede de cidades, adquire relevância, pois como afirma COR-
REA (1989): “estabelece-se uma relação entre tamanho das cidades de uma rede urbana e
certos aspectos da vida econômica e social, tais como o desenvolvimento e sua difusão es-
pacial, a integração nacional e a existência de desequilíbrios internos.

O pressuposto desta relação reside no fato de que é através das cidades que as ligações
econômicas internas e externas se realizam, delas derivando o desenvolvimento: o tamanho
das cidades aparece então como uma expressão do desenvolvimento”.

Tem sido uma preocupação histórica dos analistas urbanos, de várias ciências, a busca de
relação causal entre cidades e desenvolvimento, entre os quais podemos lembrar o pioneiro
estudo de Christaller, sobre a Teoria dos Lugares Centrais (Apud, Bradford & Kent: 1987).

Esta análise faz opção por valorizar os aspectos positivos da relação entre cidade e desen-
volvimento, de acordo com os estudos de Rondinelli (1983), segundo o qual, um sistema
eficiente de cidades intermediárias ligadas aos grandes e pequenos centros e a uma rede
de serviços rurais e de mercados urbanos, pode trazer uma contribuição importante para
gerar e difundir o crescimento econômico regional.

Para que isto se cumpra, uma região qualquer deve ter uma rede urbana bem estruturada,
com uma hierarquia equilibrada, com uma adequada distribuição espacial, e com níveis de
interação que complementem as atividades.

As cidades entendidas na sua concepção e finalidade precípua de servirem de pólos difuso-


res de inovações e de fonte geradora de empregos, de oferta, bens e serviços que possam
melhorar a qualidade de vida da população, conforme a concepção original da Teoria dos
Pólos de Desenvolvimento, (Perroux, 1960) no qual as criações de pólos regionais serviriam
como bases centrais do desenvolvimento.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 931


Entender a dinâmica e a estrutura da rede de cidades de qualquer região é, portanto, uma
tarefa fundamental para qualquer pesquisa que vise o conhecimento deste espaço e a ela-
boração de uma proposta de desenvolvimento urbano e regional.

Isto se torna mais verdadeiro no contexto atual da globalização, que faz reviver a importân-
cia do local frente ao global.

Os indicadores sócio-econômicos do Norte e Noroeste Fluminense demonstram uma situa-


ção de inferioridade relativamente às outras regiões do Estado faltando uma análise mais
detalhada da rede de cidades, com dados de crescimento, distribuição por faixas de tama-
nho populacional, e distribuição por ordem-tamanho e a distribuição espacial, que é o que
este texto apresenta, sob a forma de dados organizados em representações, acompanha-
dos de explicações.

5.1 Grau de Urbanização

Este indicador mostra a porcentagem de população classificada como urbana, de acordo


com o critério do IBGE, sem outras considerações conceituais.

Tabela 37 – Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Grau de Urbanização dos Municípios, 1970,
1980, 1991, 2000
1970 1980 ∆ 1991 ∆ 2000 ∆ 1970 a 2000
Municípios (%) (%) (%) (%) (%) (%) (%) ∆ (%)
Campos dos
58,8 60,8 2 84,5 23,7 89,4 4,9 30,6
Goytacazes
Cardoso Moreira 24,8 27,8 3 52,1 24,3 63,8 11,7 39,0
São Fidélis 33,5 43,5 10 64,0 20,5 72,1 8,1 38,6
São Francisco do
6,8 26,3 19,5 39,1 12,8 46,6 7,5 39,8
Itabapoana
São João da Barra 44,5 61,9 17,4 70,1 8,2 70,7 0,6 26,2
Macaé 73,8 82,4 8,6 91,7 9,3 95,1 3,4 21,3
Quissamã 28,2 33,6 5,4 42,1 8,5 56,3 14,2 21,1
Carapebus 28,9 43,4 14,5 47,1 3,7 79,3 32,2 50,4
Conceição de
63,1 70,9 7,8 82,4 11,5 88,1 5,7 25,0
Macabu
Itaperuna 50,3 61,6 11,3 79,1 17,5 89,2 10,1 38,9
Bom Jesus do
44,7 59,9 15,2 70,9 11 81,5 10,6 36,8
Itabapoana
Italva 26,1 30,3 4,2 49,7 19,4 69,9 20,2 43,8
Laje do Muriaé 22,5 37,3 14,8 50,9 13,6 71,0 20,1 48,5
Natividade 39,3 49,0 9,7 67,0 18 77,6 10,6 38,3
Varre-Sai 25,0 28,8 3,8 32,5 3,7 52,6 20,1 27,6
Porciúncula 45,8 54,5 8,7 65,4 10,9 75,3 9,9 29,5
Santo Antônio de
45,1 58,3 13,2 71,0 12,7 76,0 5,0 30,9
Pádua
Aperibé 32,2 53,3 21,1 65,2 11,9 85,3 20,1 53,1
Cambuci 32,3 40,6 8,3 50,6 10 67,8 17,2 35,5
São José de Ubá 17,2 22,6 5,4 29,4 6,8 36,0 6,6 18,8
Itaocara 25,7 43,4 17,7 58,8 15,4 69,2 10,4 43,5
Miracema 25,7 75,5 49,8 83,5 8 88,8 5,3 63,1
Regiões Norte e
47,9 56,9 9,0 75,8 18,9 83,3 7,5 35,4
Noroeste Fluminense
Fonte: IBGE. Censos Demográficos, 1970, 1980, 1991. Elaboração do Autor.

932 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Fica claro que somente a partir de 1980 as Regiões Norte e Noroeste Fluminense passaram
a ter a maior parte de sua população urbana (56,9%)8.
A partir de então este índice subiu para 75,8% em 1991 e depois a 83,3% em 2000, índice
semelhante ao do Brasil e que em princípio, é exagerado, considerando as características
econômicas regionais, com base em atividades agropecuárias.
Os dados nos permitem distinguir os municípios muito urbanizados (acima da média regio-
nal), como Campos dos Goytacazes com 89,4% de população urbana; Conceição de Maca-
bu com 88,1%; Aperibé com 85%; Macaé com 95,1%; Itaperuna com 89,2% e Miracema
com 88,8%; assim como os municípios com grau de urbanização pequeno, como São Fran-
cisco do Itabapoana com 46,6% e São José de Ubá com apenas 36% da população urbana
em 2000.
5.2 As Cidades por Faixas de População
Tendo em vista este comportamento da população total, urbana e rural nas regiões e muni-
cípios, a população das cidades do Norte e Noroeste Fluminense (distritos sedes) passa a
ser examinado sob a forma de estratos por tamanho das cidades, no sentido de se avaliar o
processo de seu crescimento no período.
A Tabela seguinte nos fornece os dados de população das cidades em 1970, 1980, 1991 de
acordo com os Censos Demográficos do IBGE. Campos dos Goytacazes lidera o “ranking”
regional em todos os anos com uma população de 277.705 habitantes em 1991. Na outra
ponta da listagem em contrapartida situam-se as pequenas cidades com população inferior
a 5.000 habitantes, demonstrando um índice de primazia muito acentuado de Campos dos
Goytacazes, ou seja, uma relação de ordem-tamanho muito irregular, o que representa um
problema de organização regional.
Tabela 38 – Regiões Norte e Noroeste Fluminense, População dos Municípios, 1970, 1980, 1991
População População População Ordem
Municípios
1970 1980 1991 Tamanho
Campos dos Goytacazes 153.215 178.457 277.705 1º
Cardoso Moreira 3.995 3.686 5.957 15
São Fidélis 8.266 11.730 15.925 7
São Francisco do Itabapoana 770 4.261 6.564 13
São João da Barra 5.066 8.789 11.707 9
Macaé 29.293 39.625 57.658 2
Quissamã 2.796 3.240 4.410 16
Carapebus 2.362 2.967 3.416 20
Conceição de Macabu 7.130 9.448 13.785 8
Itaperuna 36.581 34.592 55.476 3
Bom Jesus do Itabapoana 11.027 14.784 18.908 5
Italva 3.970 3.907 6.352 14
Laje do Muriaé 1.933 2.806 3.804 18
Natividade 5.079 6.146 8.618 11
Varre-Sai 1.329 1.751 2.315 21
Porciúncula 5.060 6.379 8.493 12
Santo Antônio de Pádua 9.829 13.378 18.407 6
Aperibé 1.416 2.637 4.372 17
Cambuci 2.299 2.695 3.573 19
São José de Ubá 1.171 1.387 1.781 22
Itaocara 3.495 6.546 10.085 10
Miracema 12.751 15.519 19.395 4
Total 308.833 374.730 558.706 22
Fonte: IBGE. Censos Demográficos, 1970, 1980, 1991. Elaboração do Autor.
8
Um atraso de cerca de 20 anos em relação à mudança estrutural ocorrida no Brasil que a partir dos anos 60
passa a ter maioria de população vivendo em cidades.
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 933
Considerando-se apenas a segunda cidade em tamanho populacional, Macaé com 57.658
em 1991 verificamos que Campos dos Goytacazes tinha quase cinco vezes mais população
que Macaé. Esse desequilíbrio de tamanho demográfico indica uma rede urbana muito pola-
rizada por estas cidades maiores, cuja influência sobre as pequenas cidades vai se fazer de
forma inibidora. Óbvio que uma distribuição mais equilibrada de população por cidades, a-
presenta aspectos bem mais favoráveis ao desenvolvimento regional.

Em 1970 as Regiões tinham 11 cidades com mais de 5.000 habitantes, o que representava
50% do total das cidades, e que concentravam apenas 8,2% da população urbana. Campos
dos Goytacazes com 153.215 habitantes em 1970 representava 49,6% de toda a população
urbana. A rede urbana intermediária, compreendendo as cidades de 10 a 40 mil habitantes
totalizava apenas 4 cidades, ou 18% do total, representando 29,1 de população.

Em 1980 o grupo de cidades pequenas diminuiu de número, passando para 10 cidades e a


participação no total diminuiu para 7,8%, o mesmo ocorrendo com Campos dos Goytacazes
cuja participação no total da população passa para 47,6%. Em compensação a rede de ci-
dades intermediárias, soma 6 cidades o que equivale a 27,2% do total e 34,5% de popula-
ção.

Em 1991, a situação geral era a seguinte: 7(sete) cidades pequenas com menos de 5.000
habitantes representando 31,8% do número e apenas 4,2 de população; 14 (quatorze) cida-
des tinham entre 5 e 60 mil habitantes representando 63,7% do número e 46,1% do total da
população. Campos dos Goytacazes recupera terreno e aumenta a sua participação no total
para 49,7%. Seguida por Macaé que participou com 10,3% da população urbana total.

Em síntese tem-se um grande número de pequenas cidades com pouca população e uma
concentração de população em poucas cidades médias, e a primazia de duas grandes cida-
des.

Tabela 39 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Nas Datas dos Censos, Segundo Faixas de
Tamanho de População, 1970, 1980, 1991
Número População
Grupo de Habitantes
1970 1980 19911970 1980 1991
De 0 a 5.000 11 10 7 25.536 29.337 23.671
De 5.000 a 10.000 6 5 5 40.430 37.308 35.984
De 10.000 a 15.000 2 3 3 23.778 39.892 35.577
De 15.000 a 20.000 - 1 4 - 15.519 72.635
De 20.000 a 25.000 - - - - - -
De 25.000 a 30.000 1 - - 29.293 - -
De 30.000 a 35.000 1 - - 34.592 -
De 35.000 a 40.000 1 1 - 36.581 39.625 -
De 40.000 a 60.000 2 - - 113.134
De 150.000 a 300.000 1 1 1 153.215 178.457 277.705
Total 22 22 22 308.833 374.730 558.706
Fonte: IBGE. Censos Demográficos. 1970, 1980, 1991. Elaboração do Autor

Tabela 40 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Situação Por Faixa de Tamanho, 1970 - 1980
e 1980 - 1991
1970/1980 1980/1991
Grupo de Habitantes
Número População Número População
De 0 a 5.000 Diminuiu Aumentou Diminuiu Diminuiu
De 5.000 a 10.000 Diminuiu Diminuiu Constante Diminuiu
934 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
(continuação)
1970/1980 1980/1991
Grupo de Habitantes
Número População Número População
De 10.000 a 15.000 Aumentou Aumentou Constante Diminuiu
De 15.000 a 20.000 Aumentou Aumentou Aumentou Aumentou
De 20.000 a 25.000 Constante Constante Constante Constante
De 25.000 a 30.000 Diminuiu Diminuiu Constante Constante
De 30.000 a 35.000 Aumentou Aumentou Diminuiu Diminuiu
De 35.000 a 40.000 Constante Aumentou Diminuiu Diminuiu
De 40.000 a 60.000 Constante Constante Aumentou Aumentou
De 150.000 a 300.000 Constante Aumentou Constante Aumentou
Fonte: Elaboração do autor.

As cidades classificadas em 10 estratos de tamanho possibilitam uma visão mais agregada


do conjunto dos 22 municípios. No entanto, o que se percebe é um desequilíbrio, o que se
caracteriza em um problema para o desenvolvimento regional, pois desequilíbrio de qual-
quer natureza é um fator de desorganização espacial. As cidades pequenas (até 5.000 habi-
tantes) estão diminuindo em número e população, sendo que a faixa de 15 a 20 mil habitan-
tes foi a que mais cresceu em número e população.

Tabela 41 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Participação Relativa das Cidades por Faixa
de População, 1970, 1980, 1991
1970 1980 1991
Grupo de
Número População Número População Número População
Habitantes
sim-
simples acum. acum. simples acum. simples acum. simples acum. simples acum.
ples
De 0 a 5.000 50.0 - 8.2 - 45.5 - 7.8 - 31.8 - 4.2 -
De 5.000 a
27.3 77.3 13.1 21.3 22.8 68.3 9.9 17.7 22.8 54.6 6.5 10.7
10.000
De 10.000 a
9.2 86.5 7.7 29.0 13.7 82.0 10.7 28.4 13.7 68.3 6.4 17.1
15.000
De 15.000 a
- - - - 4.5 86.5 4.2 32.6 18.1 86.4 13.0 30.1
20.000
De 20.000 a
- - - - - - - - - - - -
25.000
De 25.000 a
4.5 91.0 9.5 38.5 - - - - - - - -
30.000
De 30.000 a
- - - 4.5 91.0 9.2 41.8 - - - -
35.000
De 35.000 a
4.5 95.5 11.9 50.4 4.5 95.5 10.6 52.4 - - - -
40.000
De 40.000 a
- - - - - - - - 9.1 95.5 20.2 50.3
60.000
De 150.000 a
4.5 100.0 49.6 100.0 4.5 100.0 47.6 100.0 4.5 100.0 49.7 100.0
300.000
Total 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0
Fonte: Elaboração do autor.

Tabela 42 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Evolução da População por Grupos de Habi-
tantes, 1970 - 1980 e 1980 - 1991
Período 1970/1980 Período 1980/1991
Grupo de Habitantes
Incremento % Incremento %
De 0 a 5.000 3.801 5.8 -5.666 -3.1
De 5.000 a 10.000 -3.122 -4.7 -1.324 -0.2
De 10.000 a 15.000 16.114 24.4 -4315 -2.4
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 935
(continuação)
Período 1970/1980 Período 1980/1991
Grupo de Habitantes
Incremento % Incremento %
De 15.000 a 20.000 15.519 23.5 57.116 31
De 20.000 a 25.000 - - - -
De 25.000 a 30.000 -29.293 -44.4 - -
De 30.000 a 35.000 34.592 52.4 -34.592 -18.9
De 35.000 a 40.000 3.044 4.6 -39.625 -21.7
De 40.000 a 60.000 - - 113.134 61.4
De 150.000 a 300.000 25.242 38.3 99.248 53.9
Total 65.897 100.0 558706 100.0
Fonte: Elaboração do Autor.

Analisando das Tabelas, observam-se os estratos reportando as faixas da população, real-


çando a positiva evolução de faixas de cidades de 15 a 20 mil habitantes, cuja participação
na população foi de 23,5% entre 1970/1980, passando para 31% entre 1980/1991, e as de
mais de 40 mil habitantes.

5.3 Destaques

Em termos individuais algumas cidades se destacaram nas décadas estudadas, pelo seu
expressivo e constante crescimento.

• na década de 70/80 – destaca-se a cidade de São Francisco de Itabapoana com um


crescimento de 453.3%, podemos também destacar as cidades de Aperibé (86.2%) e Ita-
ocara com (87.2%).
• na década de 80/91 – podemos notar que não há um destaque especifico, as cidades
mantém um crescimento médio de 42.5%.

• no período total, que vai de 1970 a 1991, podemos destacar as cidades de São Francisco
de Itabapoana com um crescimento de 752.4%, em segundo Aperibé com 208.7%, em
terceiro Itaocara com 188.5% e em quarto São João da Barra (131.0%). O que significa
um crescimento acima da média total dos municípios que é 80,9%.

• em situação oposta podemos identificar as cidades que tiveram um crescimento abaixo


da média regional, Cardoso Moreira, Quissamã, Carapebus, Varre-Sai, Itaperuna, Bom
Jesus de Itabapoana, Italva, Natividade, Porciúncula, Cambuci, São José de Ubá e Mira-
cema.

Tabela 43 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, População e Evolução das Cidades no


Período de 1970 – 1991
Taxa de Crescimento
Municípios Região 1970 1980 1991
1970/80 1980/91 1970/91
Campos dos Goytacazes III 153.215 178.457 277.705 16.4 55.6 81.2
Cardoso Moreira III 3.995 3.686 5.957 -7.7 61.6 49.1
São Fidélis III 8.266 11.730 15.925 41.9 35.7 92.6
São Francisco do
III 770 4.261 6.564 453.3 54.0 752.49
Itabapoana

9
São Francisco de Itabapoana: os distritos de Barra Seca, Itabapoana e Maniva até o censo de 1991 eram distri-
tos do Município de São João da Barra
936 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
(continuação)
Taxa de Crescimento
Municípios Região 1970 1980 1991
1970/80 1980/91 1970/91
São João da Barra III 5.066 8.789 11.707 73.4 33.2 131.0
Macaé III 29.293 39.625 57.658 35.2 45.5 96.8
Quissamã III 2.796 3.240 4.410 15.8 36.1 57.7
Carapebus III 2.362 2.967 3.416 25.6 35.5 44.6
Conceição de Macabu III 7.130 9.448 13.785 35.5 45.9 93.3
Itaperuna II 36.581 34.592 55.476 -5.4 60.3 51.6
Bom Jesus do Itabapoana II 11.027 14.784 18.908 34.0 27.8 71.4
Italva II 3.970 3.907 6.352 -1.5 62.5 60.0
Laje do Muriaé II 1.933 2.806 3.804 45.1 35.5 96.7
Natividade II 5.079 6.146 8.618 21.0 40.2 69.6
Varre-Sai II 1.329 1.751 2.315 31.7 32.2 74.1
Porciúncula II 5.060 6.379 8.493 26.0 33.1 67.8
Santo Antônio de Pádua II 9.829 13.378 18.407 36.1 37.5 87.2
Aperibé II 1.416 2.637 4.372 86.2 65.7 208.7
Cambuci II 2.299 2.695 3.573 17.2 32.5 55.4
São José de Ubá II 1.171 1.387 1.781 18.4 28.4 52.0
Itaocara II 3.495 6.546 10.085 87.2 54.0 188.5
Miracema II 12.751 15.519 19.395 21.7 24.9 52.1
Total 308.833 374.730 558706 21.3 49.0 80.9
Fonte: Elaboração do Autor

5.4 Resultados Parciais

As características da rede urbana das Regiões Norte e Noroeste Fluminense guardam se-
melhanças com outras regiões do estado, ou seja, apresentam um certo tabela de normali-
dade.

Entre 1970 e 2000, de acordo com os dados dos Censos do IBGE, a população urbana au-
mentou muito acima da média e do índice de população total. Em contrapartida ocorreu uma
diminuição constante de população rural o que se caracteriza como uma tendência geral,
mas que nestas regiões tem um significado especial, considerando as suas características
rurais.

Ficou patente também o desequilíbrio da rede urbana na qual se destaca a cidade de Cam-
pos dos Goytacazes com um tamanho demográfico muito superior ao das outras cidades, e
mesmo da segunda cidade na hierarquia (Macaé).

Assim, das 22 cidades analisadas, podemos considerar que a maioria absoluta é formada
de pequenas comunidades, em processo constante de esvaziamento populacional, com
raras exceções.

Sendo assim, podemos afirmar, com base nos antecedentes teóricos, que a rede urbana
das Regiões Norte e Noroeste Fluminense, é muito mais um entrave ao desenvolvimento
regional, uma vez constituída de cidades parasitas, e não por cidades promotoras, ou seja, o
grau de relação é sempre numa escala negativa para a maior parte dos municípios. O que
ocorre na verdade é que a população de muitos dos municípios depende diretamente dos
municípios maiores, uma dependência dos serviços diretos de saúde, educação, comércio,
serviços bancários e outros.
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 937
A diferença de tamanho entre as pequenas e as grandes cidades da Região (índice de pri-
mazia de Campos dos Goytacazes e Macaé) tende a aumentar com o tempo, reforçando o
poder de polarização destes dois centros regionais.

5.5 Hierarquia Urbana da Região Norte e Noroeste Fluminense

Em complementação , avalia-se a dinâmica espacial da rede urbana da Região Norte e No-


roeste Fluminense, com os seguintes objetivos:

• conhecer como se acha estruturado o sistema urbano da Região Norte e Noroeste Flu-
minense e os subsistemas que a integram;
• identificar a distribuição regional dos centros, delimitar os espaços de relações e hierar-
quizar os centros;
• identificar os fatores que explicam a estrutura atual;
• identificar as deficiências dessa estrutura;
• verificar as mudanças mais recentes ocorridas na rede urbana.
Este tipo de informação constitui uma contribuição valiosa para a elaboração e implementa-
ção das políticas de desenvolvimento urbano e regional, fornecendo também um subsídio
importante às Municipalidades, no momento de planejar o futuro.

Considerando-se a Região Norte e Noroeste Fluminense como um espaço em organização,


caracterizado por um conjunto de localizações que estão inter-relacionadas, torna-se mais
fácil entender a relevância de um estudo que objetiva distinguir os subsistemas urbanos,
identificar seus centros nodais e caracterizar a intensidade de suas interações.

Para tanto, os estudos de fluxos são mais representativos, pois, de acordo com Carlos Mau-
rício FERREIRA10:
“as decisões tomadas pelos indivíduos e que se materializam em su-
as ações e atividades são produto de um fluxo de informações que
recebem continuamente e que trocam uns com os outros. Os indiví-
duos necessitam, então, de estar sempre em comunicação, para o
exercício das diversas atividades humanas, o que, inevitavelmente,
gera diversas relações de interdependência diretas e indiretas entre
estas atividades”.

5.5.1 Antecedentes

Cada vez mais se consolida na Ciência Geográfica e na Economia Regional a necessidade


de se analisarem os fenômenos sócio-econômicos em seu contexto espacial, através de
uma visão global e integrada.

Esta tendência viu-se facilitada e influenciada pelo desenvolvimento da análise de sistemas,


o qual permitiu que grande parte dos fenômenos sócio-econômicos possam ser expressos,
em seu contexto espacial, como conjuntos de elementos e relações, integrados em siste-
mas.

10
FERREIRA, Carlos Maurício de Carvalho. Um Estudo de Regionalização do Estado de Minas Gerais por um
Modelo de Potencial. CEDEPLAR, Monografia nº3. Belo Horizonte, 1971.

938 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Sabe-se, por outro lado, que as atividades econômicas e a população não se distribuem de
maneira homogênea no espaço. Algumas localidades destacam-se por sua maior concen-
tração econômica e demográfica, desempenhando o papel de pólos de desenvolvimento, ou
lugares centrais, para usar duas denominações mais conhecidas, pelos estudiosos do tema.

A estrutura espacial de uma área geográfica é caracterizada, portanto, por uma organização
hierárquica de centros que se acham estreitamente inter-relacionados, e com uma racionali-
dade baseada em princípios de complementaridade, como tratado por Christaller em sua
“Teoria dos Lugares Centrais”.

A aceitação da falta de uniformidade na economia espacial e da existência de interação en-


tre os centros do espaço considerado, conduz ao conceito de regiões nodais ou polarizadas,
o que se subentende como uma estrutura hierarquizada.

O reconhecimento de que tanto a estrutura hierárquica dos nódulos (cidades), como suas
relações de interdependência diretas e indiretas têm significado econômico e são relevantes
para o estabelecimento de uma estratégia de desenvolvimento regional, fez com que se de-
senvolvessem alguns modelos e técnicas específicas para a análise de polarização.

Uma técnica útil para a identificação da estrutura hierárquica dos nódulos é a análise de
grafos11. Esta técnica permite quantificar o grau de associação entre ares de centros popu-
lacionais, a fim de identificar as redes de mais forte associação.

Esta intensidade é medida pela direção e magnitude de fluxos de diversas naturezas: fluxos
de comunicação, fluxos de população, fluxos financeiros e fluxos de recursos produtivos.

Neste trabalho utilizar-se-á a técnica de grafos e fluxos de comunicação, especificamente as


ligações telefônicas interurbanas, como indicador para a análise da estrutura espacial da
Região Norte e Noroeste Fluminense. Esta metodologia já foi testada em Minas Gerais, re-
sultando no estudo “Hierarquia Urbana de Minas Gerais- variável fluxos telefônicos”, publi-
cado pelo Instituto de Geociências Aplicadas (IGA) em 1985. Estudo análogo foi realizado
para o Estado de São Paulo, com resultados satisfatórios em termos de regionalização, o
que de certa forma se constitui em mais um subsídio12. O método de análise empregado é
indireto e utiliza como indicador as ligações telefônicas interurbanas, realizadas no mês de
outubro, considerado como típico pela EMBRATEL (Empresa Brasileira de Telecomunica-
ções), que teve a gentileza de fornecer a base de dados necessária. O uso das ligações
telefônicas como indicador para a análise regional é comumente adotado pelos analistas,
devido à relativa facilidade de obtenção de dados junto às companhias telefônicas e ao seu
elevado grau de confiabilidade e de representatividade quanto ao nível de interação dos
centros urbanos.

Apesar destes fatores favoráveis, cabem aqui algumas observações a respeito das dificul-
dades iniciais encontradas na manipulação dos dados.

A cidade de São João da Barra não foi contemplada pela análise devido a questões técnicas
e operacionais da EMBRATEL.

11
NYSTEN, J.D. e DACEY M. F. A. Graph Theory Interpretation of nodal Regions, Papers an Proceedings of the
Regional Science Association, vol.7, 1991, 9.29-42; e BOUDEVILLE, J. R.. Problems os Regional Economic
Planing. Edinburgh University Press, 1966.
12
ROCHA, Roberto Vasconcelos Moreira. Subsídios à Regionalização e Classificação Funcional das cidades:
Um Estudo de Cãs – Estado de São Paulo.
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 939
Outra observação que deve ser registrada é que a análise não extrapolou, de forma consis-
tente, o âmbito territorial do Estado do Rio de Janeiro, dada à impossibilidade de serem ob-
tidos dados relativos aos estados vizinhos. De qualquer maneira, com base nos dados for-
necidos pela EMBRATEL, foi feita uma tentativa de identificar vínculos externos da região,
com outras cidades do Rio de Janeiro localizadas em outras regiões. Também foi feita uma
investigação da relação com as capitais vizinhas, através também dos fluxos telefônicos.
Desta forma, o estudo apresenta certa limitação, na medida em que não se identificam as
relações das cidades fluminenses da Região Norte e Noroeste, com cidades de outros esta-
dos, o que poderia elucidar algumas articulações da rede urbana, fora do território fluminen-
se.

A partir do estabelecimento destas premissas, foram elaboradas as matrizes primária e se-


cundária, seguindo a técnica de análise de grafos (“first linkage analysis”)13, que permite
representar os fluxos sob a forma de uma matriz. No caso específico deste estudo, foram
registrados os totais de ligações telefônicas originadas em uma cidade, durante o período
analisado, de tal modo que, ao final, cada elemento da matriz definia um fluxo Fij, originado
na cidade “i”, com destino à cidade “j”.

Em continuação, construiu-se uma nova matriz (a partir da matriz principal), na qual se iden-
tificou o maior fluxo registrado, considerando-se, em princípio, todos os outros fluxos como
nulos.

Esta matriz foi representada graficamente, mediante uma rede de pontos e linhas, sendo
que os pontos representam as cidades e as linhas e as intensidades e a direção da cone-
xão: ou seja, haverá uma linha ligando a cidade “i” à cidade “j” somente se o fluxo “Fij” esti-
ver registrado na matriz secundária. A representação gráfica da matriz secundária obedeceu
aos seguintes princípios14:

Independência: um nódulo é independente quando seu maior fluxo, selecionado, é para ci-
dade menor, e subordinado quando seu maior fluxo é para a cidade maior1510.

Transitividade: se “C” estiver subordinado a “B”, e “B” subordinado a “A”, então “C” está
também subordinado a “A”;

Subordinação: uma cidade não pode ser subordinada a nenhuma outra que já lhe esteja
subordinada; ou seja, o dígrafo é acíclico;

Este tipo de situação exige uma análise mais cuidadosa e, em certo sentido, maior maleabi-
lidade científica, para se chegar a uma nodalização mais racional, lançando mão de outros
recursos metodológicos como, por exemplo, o de proximidade.

5.5.2 Classificação Hierárquica dos Centros e Áreas de Influência

Depois de seguir os passos metodológicos mencionados, chegou-se a uma estrutura de


regiões nodais, conforme mostra o cartograma a seguir.

Esta organização espacial mostrou-se bastante representativa, na medida em que confirmou


as impressões recolhidas nos trabalhos de campo realizados na Região, e coincidiu com os
resultados de outras análises da rede urbana fluminense.

13
BOISER, Sérgio. Técnicas de Análisis Regional con Información Limitada. ILPES, Santiago do Chile, 1980, p.
122-123 e RICHARDSON, Harry W., op. Cit., p. 62-63.
14
FERREIRA, Carlos M. C., op. Cit., p. 62-63.
15
“Estabeleceu-se que uma cidade (a) seria maior que outra cidade (b), sempre que a população de “a” fosse
pelo menos 20% maior que a população de “b””.
940 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
Depois de desenhados os centros nodais e delimitadas as suas respectivas áreas de influ-
ência, o passo seguinte foi o de estabelecer uma ordem hierárquica para os centros, consi-
derando o número total de chamadas telefônicas recebidas pelos centros, proveniente das
cidades polarizadas por ele; número de cidades polarizadas; e população urbana.

Tabela 44 – Regiões Norte e Noroeste, Cidades Polarizadas

Nº. de População População


Nº. de Nº. de
Municípios Cidades da Sede Polarizada
Ordem Chamadas
Polarizadas 2000 (1) 2000 (2)
1 Campos dos Goytacazes 172.786 7 364.177 323.538
3 Itaperuna 76.143 7 77.738 118.092
2 Macaé 106.727 3 126.007 41.122
4 Santo Antônio de Pádua 35.807 2 29.415 50.067
5 Itaocara 16.540 1 15.928 8.018
Elaboração do autor, a partir de IBGE, 2000.
Como se visualiza há cinco centros polarizadores na Região Norte e Noroeste Fluminense,
ou seja, cidades que servem de centro para, pelo menos, uma cidade menor que ela. Pela
relação ordenada podemos identificar um primeiro nível de centro, no qual se destacam as
cidades de Campos dos Goytacazes e Itaperuna com sete (7) centros polarizados. Ocupan-
do a primeira uma posição de destaque, polarizando uma população de 322.302 habitantes.

A cidade de Macaé ocupa um segundo nível, sendo centro para três (03) cidades menores,
seguida de outros centros que polarizam um (1) município cada.

Os três gráficos a seguir indicam: o primeiro auxilia na visualização do número de cidades


polarizadas por cada município; o segundo gráfico nos mostra o número da população pola-
rizada. O último é uma visualização geral das duas coordenadas conjugadas.

Gráfico 7 – Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Número de Cidades Polarizadas

Nº de cidades polarizadas
nº de cidades polarizadas

8
7
6
5
4
3
2
1
0

cidades

Fonte: EMBRATEL, 2000. Elaboração do autor.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 941


Gráfico 8 – Regiões Norte e Noroeste Fluminense, População Polarizada

350.000
população polarizada

300.000 População
250.000 polarizada:

200.000
150.000
100.000
50.000
0

cidades

Fonte: EMBRATEL, 2000. Elaboração do autor.

Estes Gráficos mostram uma dispersão ordenada dos centros, com base na correlação de
duas variáveis: número de cidades polarizadas e número de chamadas. Num primeiro nível
de polarização estão as cidades de Campos dos Goytacazes e Itaperuna. Cada uma servin-
do de centro para outras sete (7) cidades. Num segundo nível, encontra-se a cidade de Ma-
caé polarizando três (3) cidades da Região avaliada. Num terceiro nível, temos as cidades
de Santo Antônio de Pádua e Itaocara servindo de centro, para pelo menos, uma cidade
menor.

Gráfico 9 – Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Fluxos de Telefonia Interurbana (Principais


Fluxos)
200.000

180.000

160.000

140.000

120.000

100.000

80.000

60.000

40.000

20.000

0
0 1 2 3 4 5 6 7 8

Nº de Cidades Diretamente P o larizadas

Fonte: EMBRATEL, 2000. Elaboração do autor.


Configuram-se agora, através de Mapas, os pólos regionais. No Mapa seguinte figura a for-
mação desses pólos. No Mapa posterior, a demonstração das relações intermunicipais ex-
cluindo Campos dos Goytacazes.

942 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Mapa 5 – Regiões Norte e Noroeste, Fluxo e Polarização (incluindo Campos dos Goytacazes)

Fonte: EMBRATEL
Mapeamento Temático UENF/LEEA/SEUR, DUARTE, 2002.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 943


Mapa 6 – Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Fluxo Telefônico (excluindo Campos dos Goy-
tacazes)

Fonte: EMBRATEL
Mapeamento Temático UENF/LEEA/SEUR, DUARTE, 2002
944 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
5.5.3 Os Centros e Suas Áreas de Influência
Analisando-se os mapas anteriores, podemos identificar as seguintes regiões polarizadas:
1- A região de Campos dos Goytacazes – esta região é formada por sete (7) centros meno-
res diretamente vinculados a Campos, totalizando uma população de 322.022 em 2000.
2- A região de Itaperuna – assim como a região de Campos dos Goytacazes, é formada por
sete (7) centros menores que possuem vinculação direta. Esta região polariza uma popula-
ção de 125.557 habitantes em 2000. Podemos observar que a população polarizada é me-
nor que a metade da população polarizada por Campos dos Goytacazes. A região de Itape-
runa polariza o mesmo número de cidades, porém são cidades que possuem um número
menor de habitantes. Campos dos Goytacazes polariza também sete (7) cidades, tendo es-
sas um número maior de habitantes.
3- A região de Macaé – localizada ao sul da região de estudo, funciona como centro polari-
zador para três (3) municípios de forma direta: Quissamã, Carapebus e Conceição de Ma-
cabu; totalizando 41.025 habitantes em 2000.
4- A região de Santo Antônio de Pádua – esta cidade serve como centro para uma outra
cidade apenas: Itaocara. Assim sendo, a população polarizada é o igual ao número de habi-
tantes do município: 22.999 em 2000.
5- A região de Itaocara – semelhante à região citada acima, esta cidade é centro para ape-
nas outra cidade: Aperibé, localizada ao noroeste da região estudada.
6- O caso extra, ou sem polarização definida, é o da cidade de São Francisco do Itabapoa-
na. Os dados deste município não estavam disponíveis pela EMBRATEL. No entanto, com
base nos critérios de proximidade e pelo poder de Campos, chegamos a conclusão de que
São Francisco é polarizada por Campos dos Goytacazes. Outros fatores que nos auxiliaram
na chegada dessa conclusão foram: posição geográfica e ligação asfáltica.
5.6 As Relações Externas
Para completar essa análise, de acordo com as disponibilidades e limitações dos dados da
EMBRATEL, procurou-se identificar alguns elos de interação da região Norte e Noroeste
Fluminense com outros espaços externos, conforme a tabela que vem a seguir.

Tabela 45 - Totais de Ligações Telefônicas do Conjunto de Municípios da Região Norte e No-


roeste Fluminense para a Capital do Estado do Rio de Janeiro e para as Capitais Vizinhas
Origem Destino
Principais UFs Número de Ligações
Rio de Janeiro 771.357
Região Norte e São Paulo 166.832
Noroeste Fluminense Vitória 39.829
Belo Horizonte 23.273
Total 1.000.291
Fonte: Embratel. Elaboração do autor.
Podemos observar que ainda existe um elevado grau de interação entre a capital do Estado
e as demais regiões do Estado, ou seja, o poder de polarização da capital sobre todo o Es-
tado do Rio de Janeiro é evidente. Em segundo lugar aparecem as ligações destinadas para
a cidade de São Paulo, num total de 166.832.
A proximidade de Vitória faz com que esta seja o segundo maior fluxo de chamadas exter-
nas dos municípios da região, com um total de 39.829 chamadas no período analisado. Por
último, temos o fluxo de ligações para a capital mineira, Belo Horizonte, totalizando 23.273
chamadas telefônicas.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 945


Mapa 7 – Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Fluxos Telefônicos Extra

Fonte: EMBRATEL
Mapeamento Temático UENF/LEEA/SEUR, DUARTE, 2002
946 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
5.7 Considerações Finais

Ao final deste estudo ficam registradas algumas impressões mais fortes sobre a dinâmica e
estrutura urbana da Região Norte e Noroeste Fluminense que, em linhas gerais, revelam
comportamentos normais, ou seja, as cidades são causa e conseqüência das estruturas
sociais e econômicas prevalecentes nessa peculiar Região do Rio de Janeiro, o grau de
dependência em relação à Região Metropolitana é evidente medido pelo número de ligações
telefônicas mensais que partem da Região em direção ao centro político e econômico do
Estado. Percebe-se que é uma estrutura simples, formada por poucos pólos centralizadores,
que funcionam como centro de serviços para um pouco mais de uma dezena de pequenos
municípios. De um ponto de vista mais técnico pode-se caracterizar a estrutura como mal
estruturada e excessivamente polarizada.

6. O SISTEMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL E HABITAÇÃO

6.1 Introdução

O território do Noroeste Fluminense apresenta uma densidade demográfica baixa quando


comparada ao Estado do Rio de Janeiro e outros espaços da Região Sudeste, e há uma
desigualdade entre as densidades dos vários municípios que o compõem.

Devido à topografia predominantemente montanhosa e ondulada da Região e a existência


de grandes cursos d’ água nas áreas urbanas, a maior parte dos territórios se defronta com
questões específicas de ocupação das superfícies de drenagem, com problemas de cheias
frequentes, invasões extensivas das faixas ou áreas de preservação lindeiras aos cursos
d’água nas manchas urbanas e ocupações desordenadas das encostas das montanhas que
constituem os vales onde estão localizadas estas aglomerações, muitas delas com altas
declividades, assim como subsistem os problemas tradicionais associados à impermeabili-
zação dos solos, retirada da mata ciliar, carreamento de sedimentos e particulados aéreos,
contaminações antrópicas várias, dentre outras.

Não obstante a destruição da maior parte da vegetação original, a Mata Atlântica, principal-
mente para a cultura do café e a criação de bovinos (século XX), ainda há uma parcela re-
manescente, disseminada particularmente nos topos dos morros, que permite manter uma
expectativa favorável de se restabelecer as conectividades e corredores ecológicos.

6.2 A População

A população vem crescendo regularmente na maioria dos municípios e há um forte fluxo


migratório de habitantes da Região Noroeste para outras regiões do Estado, particularmente
para a Norte, onde os grandes empreendimentos atraem parcelas expressivas da população
economicamente ativa. Quando se considera o IDH, constata-se que a exceção de Itaperu-
na e talvez Itaocara, os demais ocupam posições as mais desfavoráveis no conjunto dos
municípios fluminenses, com alguns nas piores posições ou últimos lugares, casos, por e-
xemplo, de São José do Ubá, Laje do Muriaé e Varre-Sai.

Um indicador muito importante para uma primeira mensuração da contribuição oferecida ou


não pelo saneamento e pela habitação para a condição de vida está ligada ao aspecto da
saúde da população medido pela mortalidade infantil.

No país, as taxas de mortalidade infantil diminuíram muito nas duas últimas décadas, no
entanto, o índice continua muito elevado, 23,6 m/mil nasc. (mortes por mil nascidos), se

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 947


comparado a outros países como Suécia onde este índice é de 3 m/mil nasc., Noruega 10,4
m/mil nasc, Canadá 4,63 m/mil nasc., ou até mesmo outras localidades brasileiras que se
destacam, como é o caso, entre outros, de Janaúba, Minas Gerais, 2,3 m/mil nasc., premia-
da pela UNESCO, por sua conquista.

O Brasil está perseguindo a meta, por ele estabelecida, de reduzir a média nacional para
15,6 m/mil nasc., até o ano de 2015, no sentido de se alinhar a outros países em relação às
Metas do Milênio, visando a melhoria da qualidade de vida no planeta, aprovadas pela As-
sembléia Geral da Nações Unidas, no ano de 2000 , em Nova York.

A Região Noroeste do Rio de Janeiro, apresenta uma trajetoria positiva ainda que com
média um pouco superior à do Estado mas bastante superior à média nacional, o que pode
ser visto na Tabela seguinte.

No entanto, em vários de seus municípios os últimos anos mostram uma elevação da taxa
de mortalidade, piorando o desempenho. Preocupam as situações de Laje do Muriaé e São
José do Ubá com crescimentos negativos que ultrapassam as médias, enquanto Varre-Sai
que possui um dos piores IDHs do Estado mostra um baixa taxa de mortalidade infantil su-
perando outros municípios de sua Região. De um modo geral, portanto, não há sinais de
que podem estar ocorrendo interferências do saneamento e da condição habitacional na
mortalidade infantil.

Tabela 46 – Estado do Rio de Janeiro e Região Noroeste Fluminense, Taxa de Mortalidade


Infantil, 1993 - 2007
Taxa de mortalidade infantil (por 1 000 nascidos vivos)
Locais
1993 1994 1996 1998 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Rio de Janeiro
30.0 29.0 25.6 22.6 19.8 18.7 18.0 17.6 17.0 16.2 15.4 15.0
Região Noroeste
Fluminense 29.6 29.6 25.1 24.1 20.5 18.6 18.8 16.9 16.5 15.2 16.2 16.4
Aperibé -
10.9 10.8 17.7 15.8 11.7 8.2 11.7 8.8 9.3 6.6 10.6
Bom Jesus do
Itabapoana 32.7 36.6 24.2 21.6 17.3 19.5 20.8 20.4 18.0 15.3 17.0 17.0
Cambuci
21.8 28.4 21.8 21.0 15.6 14.0 19.6 13.0 23.0 20.1 20.1 9.6
Italva
18.4 22.9 25.5 23.1 21.6 20.5 16.0 7.4 9.3 11.2 15.7 14.7
Itaocara
22.5 18.4 20.8 24.4 13.1 9.3 10.8 12.1 14.8 13.3 13.7 11.8
Itaperuna
35.2 32.6 24.8 24.6 20.3 17.7 17.0 18.2 18.3 20.0 17.9 19.3
Laje do Muriaé
25.0 37.6 45.6 13.6 15.7 14.3 15.3 10.6 13.0 10.5 20.3 23.0
Miracema
28.9 26.5 22.3 28.2 23.3 16.9 21.4 16.6 17.7 13.1 17.5 16.8
Natividade
32.6 18.8 15.5 19.4 30.5 31.7 22.4 17.6 13.8 15.5 14.5 17.0
Porciúncula
40.8 34.9 30.1 27.5 27.3 26.0 25.4 20.5 15.2 12.7 15.4 15.0
Santo Antônio
de Pádua 28.6 30.3 32.3 23.7 18.6 18.6 21.9 18.8 16.8 12.8 13.9 14.6
São José de
- - -
Ubá 25.8 13.8 13.7 15.1 15.2 8.1 15.2 15.0 21.6
Varre-Sai - 30.5 32.7 35.6 35.4 28.7 23.3 15.3 14.6 8.9 14.1 12.3
Fonte: Fundação Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro - CIDE
948 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
6.3 Saneamento Ambiental na Região Noroeste Fluminense
Saneamento ambiental incorpora e trata de forma conjunta os sistemas de abastecimento e
tratamento de água potável e esgotamento sanitário, a coleta e o tratamento de resíduos
sólidos urbanos e o sistema de drenagem urbana, todos eles em associação com progra-
mas de educação ambiental da população, particularmente nos seus estratos mais jovens.
6.3.1 Sistema Público de Abastecimento de Água

Constata-se que a situação do abastecimento de água potável da Região Noroeste do


Estado do Rio de Janeiro, em uma primeira aproximação, na atualidade, está equalizada
com os sistemas existentes de abastecimento de água sendo operados pela CEDAE (com-
panhia estadual). Deve-se observar que a capacidade operacional dos mananciais de cap-
tação não tem problemas de quantidade, apesar das perdas altas verificadas na distribuição.
No entanto, há problemas de poluição que, em alguns municípios, são críticos e afetam dire-
tamente a qualidade da água bruta, com reflexos negativos nos custos de seu tratamento.
Outro ponto a ser considerado consiste nos sistemas que possuem pequenas margens em
relação ao consumo atual, não sendo capazes de atender a crescimentos muito expressi-
vos, em curto prazo, o que implicaria em investimentos e prazos adicionais.

Tabela 47 – Estado do Rio de Janeiro, Sistema de Abastecimento de Água


Capacidade
Vazão Vazão Regime
de
Locais Manancial Mínima Distribuída de
Atendimento
(l/s) (l/s) Abastecimento
(hab.) (1)
Estado 56.499.27 14.785.691
Região Noroeste
1. 055 342.252
Fluminense
Aperibé Rio Pomba 16.000 25.00 11.880 permanente
Santo Antônio de
Rio Pomba ... 120.00 39 600 permanente
Paduá
Campelo
Rio Pomba ... 4.00 1 800 permanente
(Paraoquena)
Rio Pomba -recebe água
Funil tratada do sistema de ... 4.00 1.440 permanente
Aperibé
Marangatu Subterrâneo (Poço Tubular) 1 1.00 360 intermitente
Monte Alegre Subterrâneo (Poço Tubular) 4 3.00 1.080 intermitente
Boa Nova Subterrâneo (Poço Tubular) 2 2.00 720 intermitente
Santa Cruz Subterrâneo (Poço Tubular) 1 2.50 900 intermitente
Ibitinema Rio Pirapetinga-COPASA 30 3.00 1.080 permanente
Ibitiguaçu Poço Tubular 1 2.50 900 intermitente
Bom Jesus do
20.000 120.00 25.200 permanente
Itabapoana Rio Itabapoana
Carabuçu Rio Carabuçu 12 6.50 2.340 permanente
Rio Paraíba do Sul /
Cambuci 150.000 25.00 9.000 permanente
Rio Dantas
Monte Verde Subterrãneo (Poço Tubular) 6 2.00 720 intermitente
São João do Para- Nascente / Subterrâneo
12 6.00 2.160 intermitente
íso (Poço Tubular)
Três Irmãos Rio Paraíba do Sul 150.000 2.50 900 permanente
Itaocara Rio Paraíba do Sul ... 60.00 28.800 permanente
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 949
(continuação)
Capacidade
Vazão Vazão Regime
de
Locais Manancial Mínima Distribuída de
Atendimento
(l/s) (l/s) Abastecimento
(hab.) (1)
Coronel Teixeira Rio Paraíba do Sul 150.000 3.00 972 permanente
Portela Rio Paraíba do Sul ... 12.00 4.320 permanente
Morro Bela Vista ETA Itaocara ... 5.00 1.800 permanente
Morro do Eucalipto ETA Itaocara ... 4.50 1.620 permanente
Nascente / Subterrâneo
Estrada Nova 3 2.00 540 intermitente
(Poço Tubular)
Jaguarembé Rio Negro 1.800 8.00 2.160 permanente
Laranjais Rio das Areias >20 9.00 3.240 permanente
São José de Ubá Rio Muriaé 20.000 13.00 2.880 permanente
Itaperuna Rio Muriaé ... 320.00 115.200 permanente
Italva Rio Muriaé ... 40.00 7.200 permanente
Laje do Muriaé Rio Muriaé ... 20.00 7.200 permanente
Miracema Rio Pomba 16.000 90.00 30.600 permanente
Córrego Local e
Paraíso do Tobias 5 3 1.080 permanente
Subterrâneo (Poço Tubular)
Venda das Flores Córrego Santa Cruz 5 3.00 1.080 permanente
Natividade Rio Carangola 1 900 60.00 16.200 permanente
Ourânia Subterrãneo (Poço Tubular) 3 2.00 720 intermitente
Porciúncula Rio Carangola ... 60.00 13.680 permanente
Santa Clara Subterrãneo (Poço Tubular) 4 2.00 720 intermitente
Varre-Sai Ribeirão Varre-Sal >6 9.00 2.160 permanente

Fontes: Companhia Estadual de Águas e Esgotos - CEDAE, Concessionária Águas do Paraíba

6.3.2 Sistema Público de Coleta e Tratamento de Esgoto Sanitário


Os sistemas públicos de coleta e tratamento de esgoto sanitário dos municipios localizados
na Região Noroeste do Estado do Rio de Janeiro revelam que menos de 45 % do esgoto
produzido é coletado pelo sistema, e o indice de tratamento é inferior a 20 %. Enquanto no
abastecimento de água, as Municipalidades, eventuais concessionárias e/ou seus prepostos
procuram atender ao aumento da demanda decorrente em função da expansão demográfica
e empresarial, promovendo a ampliação do atendimento de forma quase continuada, o
mesmo não acontece com o esgotamento sanitário. A participação da CEDAE, neste seg-
mento é muito baixa, praticamente nula, visto que os convênios de prestação dos serviços
de saneamento quase sempre se limitam ao abastecimento de água.

6.3.3 Sistema Público de Coleta e Destino Final dos Resíduos Sólidos Urbanos

Tabela 48 – Estado do Rio de Janeiro e Região Noroeste Fluminense, Produção Diária Estima-
da de Resíduos Sólidos, 2009
Produção Estimada
Produção
População Per Capita de
Locais Estimada de Resíduos
Estimada Resíduos Sólidos
Sólidos (t/dia)
(kg/hab/dia) (1)
Estado 15 727 437 1.01 15 840.77
Região Noroeste Fluminense 309 778 0.72 223.27
950 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
(continuação)
Produção Estimada
Produção
População Per Capita de
Locais Estimada de Resíduos
Estimada Resíduos Sólidos
Sólidos (t/dia)
(kg/hab/dia) (1)
Aperibé 9 059 0.65 5.89
Bom Jesus do Itabapoana 33 958 0.65 22.07
Cambuci 14 278 0.65 9.28
Italva 13 951 0.65 9.07
Itaocara 21 790 0.65 14.16
Itaperuna 94 683 0.86 81.43
Lajé do Muriaé 7 727 0.65 5.02
Miracema 25 982 0.65 16.89
Natividade 14 872 0.65 9.67
Porciúncula 17 502 0.65 11.38
Santo Antônio de Pádua 40 579 0.70 28.41
São José de Ubá 6 953 0.65 4.52
Varre-Sai 8 444 0.65 5.49
Fontes: Secretaria de Estado do Ambiente -SEA e Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente, FEEMA

Tabela 49 – Região Noroeste Fluminense, Quadro Geral da Destinação de Resíduos Sólidos,


2007
Destinação de resíduos sólidos
Locais Outro
Tipo Endereço
Município
vazadouro a céu aberto em
Santo Antonio de Pádua (km 222 da
Aperibé Santo Antonio de Pádua (com- x
RJ 116)
partilhado)
Bom Jesus do
vazadouros a céu aberto Um em cada distrito
Ita-bapoana
Zona Rural - 3º Distrito (Fazenda
Cambuci vazadouro a céu aberto
Santa Cruz - Caeté)
Italva vazadouro a céu aberto Distrito de Lagarto
vazadouro a céu aberto em
Santo Antonio de Pádua (km 222 da
Itaocara Santo Antonio de Pádua (com- x
RJ 116)
partilhado)
Bairro Jaboticaba (anexo ao cemi-
Itaperuna vazadouro a céu aberto
tério São João Batista)
Lajé do Muriaé vazadouro acéu aberto Rodovia Municipal 13 (km 1)
local remediado com operação
UTIL - Unidade de Tratamento de
Miracema concomitante (aterro controla-
Lixo (2 km do Centro)
do)
local remediado com operação
Natividade concomitante (aterro controla- Estr. Natividade - Itaperuna
do)
local remediado com operação
Estrada Porciúncula - Fazenda São
Porciúncula concomitante (aterro controla-
José (km 2)
do)
Santo Antônio de Santo Antonio de Pádua (km 222 da
vazadouro a céu aberto
Pádua RJ 116)
São José de Ubá vazadouro a céu aberto 1º Distrito (1,5 km do centro)
Fazenda Vargem Grande (3 km do
Varre-Sai vazadouro a céu aberto
centro)
Fontes: Secretaria de Estado do Ambiente - SEA e Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambi-
ente - FEEMA

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 951


Analisando os dados das Tabelas, não obstante estar funcionando o sistema de coleta de
residuos sólidos, a situação de sua destinação é crítica, pois a maioria dos municípios lança
seus resíduos a céu aberto, com exceção de Miracema, Natividade e Porciúncula com risco
para a saúde da população e para o meio ambiente.

6.3.4 Sistema Público de Drenagem Pluvial

O sistema de microdrenagem/drenagem pluvial na Região Noroeste do Estado do Rio de


Janeiro, conforme levantamentos iniciais, indica que pode ser equacionado, com soluções
que exigem investimentos de custo expressivos, devido principalmente às restrições de
períodos de ocorrências relativos às inundações.

Com relação à macrodrenagem, os reservatórios de cabeceira (Paraitinga, Paraibuna e Ja-


guari) no Estado de São Paulo, juntamente com o reservatório de Funil, no Estado do Rio de
Janeiro, e futuramente Simplício e Itaocara, proporcionam controle bastante satisfatório no
que se refere a enchentes de caráter regional nos dois terços superiores do Rio Paraíba do
Sul – cursos alto e médio. Neles, as inundações urbanas hoje, na maioria das vezes, de
âmbito municipal são provocadas pelo transbordamento dos cursos d'água afluentes do Pa-
raíba do Sul. Os motivos das inundações são basicamente os mesmos: invasão da calha
principal dos cursos d'água pelas construções ribeirinhas, que restringem a seção de esco-
amento e superfície de drenagem, lixo domiciliar e entulhos despejados que aceleram o pro-
cesso de assoreamento e insuficiência de seção de escoamento sob pontes, entre outros.
Em situações de vazões excepcionais (probabilidades menores), as cidades atravessadas
pelo rio Paraíba do Sul podem vir a ser inundadas por suas águas, tal como ocorrido na
cheias mais recentes nos meses de janeiro de 1997 e de 2000.

Já no terço inferior, afluentes importantes como o rio Muriaé, Pomba, Carangola, que ao
longo de seu curso atravessam várias áreas urbanas de diversos municípios, contribuem
para recorrentes inundações de caráter regional na bacia, afetando, no trecho fluminense,
principalmente os municípios de Campos, Cardoso Moreira, Italva, Itaperuna, Natividade e
Laje do Muriaé.

Na parte Fluminense da bacia as cheias atingem, anualmente, uma população direta de


mais de 20 mil habitantes, podendo chegar a 47mil em chuvas com recorrência de 20 anos.
Nesses casos, a população indiretamente afetada ultrapassa 130 mil pessoas. A cheia de
janeiro de 1997, chegou a cobrir mais de 95% da área urbana do município de Cardoso Mo-
reira, deixando desabrigadas quase 9 mil pessoas em toda a Região. Os prejuízos materiais
também foram vultosos. Extensas áreas urbanas foram também atingidas nos municípios de
Patrocínio de Muriaé e Itaperuna com alturas de inundação superiores a 1,50m na região
central.

A recuperação dos corpos hídricos exige, forçosamente, a implantação e funcionamento de


obras de macro e mesodrenagem, quase sempre de execução difícil e de elevado custo
devido ao grau de urbanização das bacias, conforme se observa nos estudos levados a efei-
to no contexto do PQA. Para a solução desse sério problema será de fundamental importân-
cia o desenvolvimento de planos integrados de recursos hídricos, com a participação ativa
dos Comitês de Bacia os quais, no tocante aos aspectos relacionados a enchentes, devem
contemplar as necessidades de barramentos de contenção e regularização à montante, sis-
temas de monitoramento e alerta, reabilitação das áreas de preservação, recomposição da
cobertura ciliar, reabilitação do sistema de canais Campos dos Goytacazes -Macaé e outras
medidas, associadas ou não a outros usos, bem como, de disciplinar a ocupação ao longo
das vias de drenagem, visando a defesa das cidades.
952 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
6.4 Sistema Habitacional na Região Noroeste Fluminense

Na Região Noroeste do Estado do Rio de Janeiro, a questão social é o está no centro da


sustentabilidade dos núcleos urbanos. Estes espaços tem sido constantemente afetados por
fenômenos econômicos e pelos ciclos alternados associados aos sistemas hegemônicos da
produção regional.

Analisando as condições de moradia através da quantidade de domicílios com condições


mínimas de habitação, deve-se levar em conta que a habitação tem forte relação com al-
guns indicadores de dimensão ambiental que então, deverão ser tratados em conjunto com
os casos de abastecimento de água, esgotamento sanitário, coleta e tratamento de resíduos
sólidos e drenagem pluvial, dentre outros serviços públicos.

O levantamento da situação do déficit habitacional na Região Noroeste Fluminense está


mostrado na Tabela seguinte.

Tabela 50 – Estado do Rio de Janeiro e Região Noroeste Fluminense, Déficit Habitacional


Déficit Habitacional Simplificado
Cômodos
Domicílios Famílias
Total Cedidos
Improvisados Conviventes
Locais ou Alugados
Total Urbano Total Urbano Total Urbano Total Urbano

Rio de Janeiro 293.848 283 921 12 583 11.754 243.923 235.637 37.342 36.531
Região Norte
5.550 4.470 254 172 4.992 4.030 303 268
Fluminense
Aperibé 163 128 - - 158 123 5 5

Bom Jesus do
535 436 12 12 495 396 28 28
Itabapoana
Cambuci 353 264 25 19 306 227 22 17

Italva 133 80 8 - 119 74 5 5

Itaocara 412 259 29 24 372 225 10 10

Itaperuna 1.553 1.414 90 90 1.386 1.261 77 63

Laje do Muriaé 209 189 7 7 190 170 11 11

Miracema 603 528 18 - 574 518 11 11

Natividade 287 189 25 - 259 189 3 -

Porciúncula 275 225 - - 251 201 24 24

Santo Antônio de Pádua 798 678 26 18 678 567 94 94

São José de Ubá 111 31 3 - 95 31 14 -

Varre-Sai 118 49 10 - 109 49 - -


Fonte: Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE; Censo 2000 - Microdados da
Amostra. (Tabulação Fundação CIDE. 2005)

O Censo Demográfico considera como adequado o domicílio particular permanente com


abastecimento de água por rede geral, esgotamento sanitário por rede coletora ou fossa

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 953


séptica, coleta de lixo direta ou indireta e com até dois moradores por dormitório (IBGE,
2004).

O Ministério das Cidades decidiu adotar como diretriz para a área de habitação as Metas de
Desenvolvimento do Milênio: reduzir pela metade a proporção da população sem acesso à
água potável até 2015, e atingir, até 2020, uma melhoria significativa da qualidade de vida
das pessoas que residem em habitações precárias – PNUD Brasil, em março de 2004.

Outro importante documento a ser referenciado é o Estatuto das Cidades, que visa regula-
mentar o capítulo da política urbana da Constituição Federal (artigos 182 e 183), estabele-
cendo suas diretrizes e regulamentando a aplicação de importantes instrumentos de gestão
e intervenção urbana. O Estatuto visa prover os meios para se promover a reforma urbana e
o combate à especulação imobiliária, ordenar o uso e a ocupação do solo urbano e promo-
ver a gestão democrática da cidade (BRAGA, 2001).

No entanto, há ainda que se considerar outro aspecto igualmente significativo desta ques-
tão: os modelos de soluções habitacionais, os projetos e materiais das moradias de interes-
se social, associados às condições ambientais e climáticas específicas. Em particular, este é
um aspecto bastante revelador nas cidades da Região Norte do Rio de Janeiro, alvo deste
estudo, devido principalmente à crescente demanda por hospedagem para migrantes, traba-
lhadores da indústria de petróleo ou de sua cadeia, particularmente no setor serviços.

Estudos atuais recomendam a análise de tipos de habitações, diferenças e semelhanças,


bem como códigos de construção adotados por cada município ou região para avaliar a sua
situação existente e a da oferta. A qualidade do domicílio foi incorporada ao DNA Brasil,
índice criado em 2004 por cientistas brasileiros. Em 2006, o DNA Brasil revelou, entre outros
fatores, a inexistência de políticas públicas para redução da desigualdade regional. Outros
índices, criados por pesquisas no Brasil, como o IVS (Índice de Vulnerabilidade Social) foca
a questão dos domicílios com o saneamento acoplado.

O relatório com a versão preliminar do levantamento dos dados secundários e dos principais
sistemas produtivos, referentes à realidade sócio-econômica do Território Noroeste Flumi-
nense da Secretaria de Desenvolvimento Territorial – SDT do Ministério do Desenvolvimento
Agrário (MDA, 2005) mostra que os municípios aqui estudados têm um percentual alto de
domicílios em situação de pobreza, conforme tabela abaixo, referente aos domicílios com
carência e deficiência de infra-estrutura.

954 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Tabela 51 – Estado do Rio de Janeiro e Região Noroeste Fluminense, Domicílios com Carência e Deficiência de Infraestrutura, 2000

Carência de Infraestrutura Deficiência de Infraestrutura


Total de
Locais Abastecimento Iluminação Instalação Destino Abastecimento Instalação Destino
Total Total Domicílios
de Água Elétrica Sanitária do Lixo de Água Sanitária do Lixo

Rio de Janeiro 693.228 123.035 19.025 443.623 300.948 413.630 37.574 132.615 268.895 4.265.471
Região Noroeste
25.578 1.638 2.272 18.773 17.446 11.647 79 871 10.923 86.308
Fluminense
Aperibé 607 22 84 402 444 1.128 3 26 1.110 2.457
Bom Jesus do
2.128 53 148 1 475 1.484 282 29 101 152 9 673
Itabapoana
Cambuci 2.131 121 167 1 664 1.584 743 4 63 732 4.390
Italva 1.345 265 219 862 1.074 169 9 116 50 3.850
Itaocara 2.890 186 157 1 941 2.282 2.963 - 20 2.952 7.089
Itaperuna 4.799 493 276 3 227 3.187 770 21 178 588 25.142
Laje do Muriaé 1.004 45 159 678 690 673 3 24 663 2.193
Miracema 1.073 34 242 843 690 500 - 107 420 7.323
Natividade 1.684 35 153 1 438 737 1.635 9 23 1.628 4.367
Porciúncula 1.272 76 173 977 949 1.045 - 19 1.036 4.503
Santo Antônio de
3.578 186 282 2 596 2.497 1.703 - 163 1.587 11.412
Pádua
São José de Ubá 1.280 112 88 943 1.033 19 - 14 5 1.792
Varre-Sai 1.789 9 123 1 728 795 16 - 16 - 2.115
Fonte: Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro - Fundação CIDE (tabulações do Censo Demográfico - 2000, IBGE (não há dados mais recentes
disponíveis)

Obs. Nos núcleos urbanos da Região, há grande desigualdade, convivendo lado a lado assim como centenas de habitações em péssimas condições de
construção e localizadas em terrenos inadequados sem infraestrutura, principalmente em relação ao atendimento dos serviços públicos básicos.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 955


6.5 Considerações Finais

No quesito saneamento ambiental, os sistemas de abastecimento de água, que são opera-


dos pela CEDAE, estão em situação estável, possuindo mananciais com disponibilidade
limitada, principalmente pela quantidade de água disponível e poluição destas fontes. Há
perdas expressivas nas redes destes sistemas, que devem ser monitoradas com macro e
micro medição.

Os sistemas de esgotamento sanitário dos municípios estão em situação deficitária, devido


ao baixo índice de coleta e tratamento de esgoto. Este é, hoje, o maior fator de risco à saú-
de da população e ao meio ambiente e se deve principalmente ao baixo investimento acu-
mulado neste setor.

Os sistemas de coleta e destino de resíduos sólidos estão equacionados no quesito coleta,


havendo restrições severas, a serem resolvidas, no quesito armazenamento ou depósito. A
implantação imediata de sistema adequado de tratamento dos resíduos sólidos coletados
associadas a usinas de triagem/reciclagem e compostagem, o que diminuirá consideravel-
mente os volumes de resíduos acumulados, com menores custos de recuperação do meio
ambiente. Tal solução somente se viabiliza mediante consórcios.

Quanto aos sistemas de drenagem pluvial da Região Noroeste Fluminense, há uma situação
de carência mais generalizada, na maior parte dos municípios, que requer desde o planeja-
mento até a construção e operacionalização, ou seja, intervenções integradas que envolvem
as bacias dos rios urbanos presentes. A drenagem se relaciona com o controle de cheias e
a regularização e coordenação do controle de vazões dos rios principais e seus tributários
inclusive no que diz respeito à proteção ambiental e realocação de áreas de invasão.

Na questão habitacional, há um quadro de déficit tanto quantitativo quanto qualitativo, com


grande número de habitações construídas em áreas de risco, em áreas de encostas e mor-
ros impróprias para urbanização ou nas margens de rios e lagoas, dentre outras áreas pro-
tegidas por legislação local, estadual e/ou federal, residências com carências em infra-
estrutura urbana, conforme dados apresentados, e residentes em habitações sem um míni-
mo conforto, onde a população menos favorecida se mantém em condições inadequadas.
O reflexo da condição social e econômica de seus moradores associada à falta de políticas
públicas determinam a deterioração de sua qualidade de vida.

A nova política para o espaço urbano nas cidades deve utilizar exaustivamente o Estatuto
das Cidades, estabelecendo planos diretores e códigos para a construção civil viabilizando a
inovação tecnológica e o atendimento ao bem estar social e ambiental para as novas habi-
tações, incluindo as de interesse social.

A Região Noroeste do Estado do Rio de Janeiro exige uma política de ordenação e controle
do uso do solo, tanto nas áreas urbanas quanto rurais, particularmente nas encostas dos
morros e margens dos rios.

Não há, na Região Noroeste do Estado do Rio de Janeiro, um perfilamento a laser da área,
hoje o método mais utilizado no mundo para todo o tipo de projetos, seja na área de estra-
das e vias, meio ambiente, habitação, ou sistemas de água e esgoto. No âmbito das Munici-
palidades, o perfilamento a laser suporta o cadastro técnico, a administração da arrecada-
ção e os setores de transportes urbanos e projetos, entre outros.

956 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


7. ESTRUTURA FUNDIÁRIA

A distribuição da terra no Brasil é historicamente concentrada, com a ocupação colonial ca-


racterizada pelo regime de sesmarias, da monocultura e do trabalho escravo, fatores estes
que, conjugados, deram origem ao latifúndio, propriedade rural sobre a qual se centrou a
ocupação do espaço agrário brasileiro. De acordo com Souza e Lima (2003), essa estrutura
concentrada, de origem histórica, têm se mantido ao longo dos anos.

Ao longo do processo de ocupação do território brasileiro, ciclos bem definidos podem ser
destacados, os quais sempre estiveram associados a uma forma particular de latifúndio.
Inicialmente, ocorreu a extração do pau-brasil, sendo que esta fase estendeu-se por aproxi-
madamente trinta anos, entretanto a exploração da madeira esteve presente durante todo o
período colonial. Quando se inicia a ocupação efetiva do território brasileiro por Portugal, é
instituído o regime das sesmarias e adotado o sistema de capitanias hereditárias, sendo a
produção do açúcar a atividade econômica de maior expressão.

Com o surgimento da pecuária, atividade adequada à promoção da ocupação das áreas


interioranas na época, a tendência à formação de imensos latifúndios foi acentuada e gerou
o denominado latifúndio pastoril. Mais adiante a cultura do café, com toda sua representati-
vidade econômica, desencadeou uma onda de concessão de sesmarias, disseminando a
presença do latifúndio nas regiões sudeste e sul. A pequena propriedade tem seu início so-
mente com a chegada dos imigrantes europeus, no sul do país.

Mais atualmente a questão da reforma agrária ganhou considerável impulso, decorrência


tanto das pressões sociais, como de iniciativas governamentais que pretendem modificar o
perfil da estrutura fundiária brasileira, por meio da desapropriação e da redistribuição de
terras.

A Região Sudeste é caracterizada como a mais antiga a ser ocupada, juntamente com o
Nordeste, como a possuidora do maior índice de população urbana e com o maior grau de
industrialização do país. Tais fatores, entretanto, não garantem um ordenamento fundiário
equilibrado à região, ainda que seja melhor do que aquele verificado quando da análise do
Brasil, como um todo.

No Estado do Rio de Janeiro, a agricultura iniciou-se no século XVI, com a produção da ca-
na-de-açúcar nas baixadas da Guanabara, Paraty e Campos dos Goytacazes. O Rio de Ja-
neiro, capital do Império, foi até a metade do século XIX, a Região mais forte economica-
mente do país e, mesmo nessa época, quando São Paulo começou a desenvolver-se com a
expansão da cafeicultura, o Rio de Janeiro acompanhou esse desenvolvimento, onde foram
feitas melhorias com a implementação de uma infra-estrutura que até então não existia.
Quando a cafeicultura se deslocou para São Paulo por limitações de espaço geográfico e da
acidentada topografia da região para onde poderia expandir-se, o Rio de Janeiro deixou de
concentrar a comercialização e a exportação da produção cafeeira (Fausto, 1995).

Depois do declínio do café, o Estado do Rio de Janeiro começa a se recuperar tanto pelo
desenvolvimento de novas atividades agrícolas, quanto pela instalação de indústrias. A ca-
na-de-açúcar, em Campos dos Goytacazes, a criação de gado no vale do Rio Paraíba do
Sul, plantações de arroz em Miracema e Santo Antônio de Pádua e Laje do Muriaé, a extra-
ção do sal em Cabo Frio, Araruama e São Pedro da Aldeia, são alguns itens dessa pauta da
nova atividade agrícola e industrial.

No século XX, a agricultura fluminense não se integrou ao movimento da “modernização


agrícola” e entrou novamente em declínio, passando a ter pouca expressão na economia e a

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 957


apresentar, entre os estados do Sudeste, as taxas mais baixas de produtividade no setor
agropecuário. Alguns fatores podem ser atribuídos a essa não integração: características do
relevo e do clima, colinas profundamente entalhadas e vales, entre outros acidentes topo-
gráficos, que dificultam a implantação de culturas em que são necessárias extensas áreas
planas para se tornarem economicamente viáveis. Outro fator que pesou foi o fato do Esta-
do quase não ter investido na implantação de outro modelo para o desenvolvimento regio-
nal.

As Regiões Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro compreendem 23 municípios


que, além da extensão territorial, possuem grande importância para a economia do Estado
devido, principalmente, à atividade agrícola e aos “royalties” do petróleo.

Formada pelos municípios de Campos dos Goytacazes, São João da Barra, Macaé, São
Fidelis, Conceição de Macabu, Cardoso Moreira, Quissamã, Carapebus e São Francisco do
Itabapoana, a Região Norte Fluminense tem como principal atividade agrícola a cana-de-
açúcar. A Região Noroeste Fluminense é formada pelos municípios de Itaperuna, Miracema,
Italva, Itaocara, Santo Antônio de Pádua, Porciúncula, Laje do Muriaé, Natividade, Varre-
Sai, Bom Jesus do Itabapoana, Cambuci, Aperibé e São José de Ubá possuem atividade
agrícola mais diversificada, sendo a pecuária leiteira e a cafeicultura os principais produtos
agrícolas da região.

A primeira atividade econômica desenvolvida nas Regiões Norte e Noroeste Fluminense foi
a criação de gado e cavalos para abastecer de carne e animais de tração a cidade do Rio de
Janeiro, que na época produzia cana-de-açúcar no entorno da Baia de Guanabara e tinha
seus engenhos movidos a tração animal. Logo depois começaram a surgir engenhos de
cana-de-açúcar, concomitante à expansão da lavoura da cana em toda Região Norte do
Estado.

Produtoras de cana-de-açúcar e café, as Regiões Norte e Noroeste Fluminense, respecti-


vamente, são consideradas como um dos espaços canavieiros e cafeeiros mais tradicionais
do Brasil, datando do século XVIII. Essa diferenciação das atividades econômicas, sobretu-
do nas atividades agrícolas dos municípios, foram determinadas pelas diferenças de clima e
relevo encontradas entre as duas Regiões. De relevo plano, típico de baixada, e clima quen-
te e úmido, a Região Norte Fluminense se estruturou sua economia sobre a lavoura de ca-
na-de-açúcar. Já o Noroeste Fluminense, com relevo fortemente acidentado, se diferenciou
em região produtora de gado de leite e café.

A concentração da terra é uma das características do capitalismo no campo que agrava a


questão agrária. No caso particular da Região Noroeste, esta situação não acontece na sua
maior parte, na medida em que, no início do século XIX, as grandes propriedades oriundas
das capitanias, já haviam sido subdivididas em centenas de pequenas propriedades, aten-
dendo aos interesses coletivos, o que se revelou um desastre diante da introdução gradual
da industrialização e dos conceitos da escala de produção, mecanização, etc.

7.1 Fonte de Dados

Tradicionalmente, no Brasil, duas fontes alimentam os estudos referentes à estrutura fundiá-


ria: a primeira são os dados cadastrais, levantados pelo Instituto Nacional de Colonização e
Reforma Agrária - INCRA, que permitem determinar a distribuição do espaço fundiário entre
os detentores (proprietários e posseiros); a segunda mostra a forma pela qual os produtores
rurais (proprietários, ocupantes, arrendatários e parceiros) ocupam tal espaço, sendo o dado
extraído dos Censos Agropecuários do IBGE.

958 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


O cadastro do INCRA é abastecido com dados de natureza declaratória, não havendo con-
ferências com informações dos cartórios de registro de imóveis, o que indica a fragilidade do
sistema. A declaração de uma área superior ou inferior à área real do imóvel pode ter como
objetivo a redução de impostos, omissão de terras improdutivas, ampliação de crédito rural e
grilagem de terras. Por isso, devemos considerar possíveis desvios principalmente no tama-
nho da área dos imóveis rurais. Esses possíveis desvios nos dados do INCRA não os inutili-
zam, pois essas práticas ilegais, por mais numerosas que possam ser, não se aplicam à
maioria dos detentores. Os dados do IBGE não estão totalmente isentos desses possíveis
desvios, porém, em virtude de sua finalidade censitária, acredita-se que haja menos interes-
se dos produtores em fornecer informações falsas.

Este trabalho baseou-se nos dados do Censo Agropecuário do IBGE dos anos de 1995 e de
2006, e nas Estatísticas Cadastrais do INCRA dos anos de 1992, 1998 e 2005.

Apesar de serem analisados dados do IBGE e do INCRA, deve-se reconhecer a possibilida-


de da concentração da terra ser ainda maior, pois alguns proprietários podem possuir mais
de um imóvel rural.

Para os cálculos do índice de GINI, foram utilizados dados das Estatísticas Cadastrais do
INCRA, pois estes podem fornecem informações sobre a real concentração de terra e indi-
cam quem detém a terra. Os dados do Censo Agropecuário do IBGE podem considerar pro-
dutores que não são proprietários.

O imóvel rural ou estabelecimento rural citado neste trabalho se refere ao prédio rústico, de
área contínua, formado de uma ou mais parcelas de terra, pertencentes a um mesmo pro-
prietário, que seja ou possa ser utilizado em exploração agrícola, pecuária, extrativa vegetal
ou agroindustrial, independentemente de sua localização.

7.2 Levantamento de Informações de Dados do IBGE

Nas Tabelas a seguir, são apresentados os dados obtidos dos Censos Agropecuários do
IBGE de 1995 e de 2006, respectivamente. A área média do Estado saiu de 45,01 ha em
1995, para 35,04 ha em 2006, representando um decréscimo de 22,2%, o que demonstra
melhoria na distribuição das terras. Estes valores são mais positivos do que o índice obser-
vado para o Brasil, o qual estava em 72,76 ha em 1995 e 68,19ha em 2006.

Tabela 52 – Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Total de Estabelecimentos Agropecuários,


1995

Total de Área total Área Média


Municípios
Estabelecimentos (ha) (ha)
Estado do Rio de Janeiro 53.680 2.416.305 45,01
Região Noroeste Fluminense 10.818 428.773 39,64
Aperibé 297 6.129 20,64
Bom Jesus do Itabapoana 1.075 52.860 49,17
Cambuci 1.649 62.379 37,83
Italva 631 23.011 36,47
Itaocara 1.492 36.403 24,40
Itaperuna 1.492 100.565 67,40
Laje do Muriaé 431 23.515 54,56
Miracema 486 24.345 50,09
Natividade 575 26.150 45,48
Porciúncula 1.122 24.609 21,93

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 959


(continuação)
Total de Área total Área Média
Municípios
Estabelecimentos (ha) (ha)
Santo Antônio de Pádua 879 31.487 35,82
Varre-Sai 689 17.320 25,14
Região Norte Fluminense 15.028 663.198 44,13
Campos dos Goytacazes 7.114 289.042 40,63
Cardoso Moreira 564 27.056 47,97
Conceição de Macabu 223 22.073 98,98
Macaé 973 110.760 113,83
Quissamã 317 40.682 128,33
São Fidélis 2.323 74.579 32,10
São João da Barra 3.514 99.006 28,17
Fonte: Censo Agropecuário do IBGE, 1995
De acordo com o Censo Agropecuário do IBGE de 2006 (Tabela a seguir), as Regiões Norte
e Noroeste Fluminense representam 43% do território do Estado.
Em 1995, a Região Noroeste Fluminense apresentava área média dos estabelecimentos
agrícolas, menor do que a Região Norte, 39,64ha contra 44,13ha. Este fato foi alterado no
Censo Agropecuário de 2006, onde a Região Norte apresentou área média de 30,17ha e a
Noroeste de 35,03, ocorrendo um declínio nesse valor de 31,6% e 11,6% para as duas Re-
giões, respectivamente.
O maior aumento percentual na área média ocorreu para o município de Natividade (83,6%)
e o maior decréscimo para Quissamã (-62,6%). Deve ser salientado que em apenas quatro
(Natividade, Miracema, Aperibé e Cambuci) dos 23 municípios dessas duas Regiões ocor-
reu o aumento da área média, mostrando que nestas Regiões ocorreu a melhoria na estrutu-
ra fundiária com uma maior distribuição de terras.

Tabela 53 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Total de Estabelecimentos Agropecuários,


2006

Total de Área Total Área Média Variação


Municípios
Estabelecimentos (ha) (ha) 2006/1995
Estado do Rio de Janeiro 58.482,00 2.048.973,27 35,04 -22,2
Noroeste Fluminense 10.268,00 359.707,71 35,03 -11,6
Aperibé 226,00 5.072,47 22,44 8,7
Bom Jesus do Itabapoana 1.046,00 40.011,66 38,25 -22,2
Cambuci 1.146,00 44.818,36 39,11 3,4
Italva 424,00 10.823,68 25,53 -30,0
Itaperuna 1.185,00 66.241,91 55,90 -17,1
Itaocara 1.612,00 35.802,60 22,21 -9,0
Laje do Muriaé 413,00 21.540,65 52,16 -4,4
Miracema 374,00 23.297,24 62,29 24,4
Natividade 447,00 37.316,59 83,48 83,6
Porciúncula 1.320,00 20.634,80 15,63 -28,7
Santo Antônio de Pádua 1.003,00 31.500,59 31,41 -12,3
São José de Ubá 429,00 8.924,45 20,80 -
Varre-Sai 643,00 13.722,71 21,34 -15,1
Norte Fluminense 17.571,00 530.035,24 30,17 -31,6
Campos dos Goytacazes 8.098,00 255.738,32 31,58 -22,3
Carapebus 162,00 5.798,34 35,79 -

960 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


(continuação)
Total de Área Total Área Média Variação
Municípios
Estabelecimentos (ha) (ha) 2006/1995
Cardoso Moreira 640,00 28.146,28 43,98 -8,3
Conceição de Macabu 207,00 11.506,28 55,59 -43,8
Macaé 626,00 56.590,82 90,40 -20,6
Quissamã 265,00 12.724,48 48,02 -62,6
São Fidélis 3.391,00 66.695,10 19,67 -38,7
São Francisco de Itabapoana 3.493,00 79.961,62 22,89 -
São João da Barra 689,00 12.874,00 18,69 -33,7
Fonte: Censo Agropecuário do IBGE, 2006
Os municípios de Natividade e Macaé apresentaram, em 2006, as maiores áreas médias, os
dois acima de 80 ha. Já os municípios de Porciúncula, São João da Barra e São Fidélis, as
menores, abaixo de 20 ha. Os outros estão em situação intermediária, variando entre 20,8
ha (São José de Ubá) e 62,29 ha (Miracema).
Na Tabela a seguir está apresentado o percentual de estabelecimentos de acordo com clas-
ses de tamanho para as duas regiões estudadas, de acordo com o Censo Agropecuário de
1995 do IBGE.
A Região Noroeste Fluminense apresentou a maior parte dos seus estabelecimentos
(45,62%) com tamanho entre 10 e 100 ha, já na Região Norte a maior parte estava situada
em áreas de até 10 ha (55,34%). Quando se consideram os municípios, a maioria deles é
caracterizada pela maior porcentagem de estabelecimentos na faixa de 10 a 100 ha, sendo
o município de Itaperuna possuidor da maior porcentagem nessa faixa (58,78%) e o municí-
pio de Porciúncula detentor da maior porcentagem na faixa de até 10 ha (70,77%).

Tabela 54 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Áreas dos Estabelecimentos Agropecuários,


1995
Menos 10ha a 100ha a 200ha a 500ha a Mais de Sem
Municípios de 10ha 100ha 200ha 500ha 2000ha 2000ha Declaração
Estado do Rio de Janeiro 52,98 37,27 5,10 3,36 1,16 0,09 0,05
Noroeste Fluminense 45,39 45,62 5,20 3,03 0,67 0,03 0,07
Bom Jesus do Itabapoana 37,58 49,12 7,35 5,30 0,47 0,00 0,19
Italva 43,11 49,45 4,91 1,74 0,79 0,00 0,00
Itaperuna 26,41 58,78 8,04 4,89 1,68 0,13 0,07
Laje do Muriaé 29,47 54,06 9,74 6,26 0,46 0,00 0,00
Natividade 36,00 53,57 5,74 4,17 0,52 0,00 0,00
Porciúncula 70,77 25,04 2,50 1,25 0,45 0,00 0,00
Varre-Sai 68,07 25,40 4,64 1,45 0,44 0,00 0,00
Aperibé 47,81 48,15 3,03 0,67 0,00 0,00 0,34
Cambuci 45,85 45,72 4,55 3,15 0,73 0,00 0,00
Itaocara 52,21 43,83 2,28 1,01 0,34 0,07 0,27
Miracema 43,21 43,62 8,44 3,91 0,82 0,00 0,00
Santo Antônio de Pádua 40,50 52,10 4,32 2,73 0,34 0,00 0,00
Norte Fluminense 55,34 35,89 4,31 3,03 1,32 0,10 0,02
Campos dos Goytacazes 60,30 31,99 3,58 2,66 1,32 0,10 0,04
Cardoso Moreira 37,77 51,42 5,85 4,26 0,71 0,00 0,00
São Fidélis 47,70 46,36 3,31 2,02 0,56 0,04 0,00
São João da Barra 66,90 27,49 3,04 2,02 0,48 0,06 0,00
Conceição de Macabu 19,28 53,81 13,00 11,66 1,79 0,45 0,00
Macaé 20,97 55,60 10,79 7,50 4,83 0,31 0,00
Quissamã 33,75 38,80 12,93 8,20 5,99 0,32 0,00
Fonte: Censo Agropecuário do IBGE, 1995
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 961
Os municípios de Itaocara, Aperibé, Porciúncula, São João da Barra, São Fidelis, Varre-Sai,
Santo Antônio de Pádua, Italva, Campos dos Goytacazes e Cambuci apresentaram mais de
90% dos estabelecimentos com até 100 ha, demonstrando grande predominância de pe-
quenas propriedades.

Na Tabela a seguir é apresentado o percentual da área total do município para as classes


de tamanho dos estabelecimentos, de acordo com o Censo Agropecuário de 1995, do IBGE.

Tabela 55 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Compartimentação de Áreas, 1995


Menos de 10ha a 100ha a 200ha a 500ha a Mais de
Municípios 10ha 100ha 200ha 500ha 2000ha 2000ha
Estado do Rio de Janeiro 4,06 28,22 16,03 22,67 21,94 7,07
Noroeste Fluminense 4,73 39,11 18,30 22,31 13,61 1,93
Bom Jesus do Itabapoana 2,75 38,29 20,49 30,55 7,92 0,00
Italva 6,39 38,82 18,63 15,04 21,12 0,00
Itaperuna 2,12 32,48 16,80 21,11 21,48 6,02
Laje do Muriaé 2,90 32,59 25,91 33,74 4,86 0,00
Natividade 3,34 43,54 16,95 26,07 10,10 0,00
Porciúncula 12,05 38,43 16,80 17,03 15,70 0,00
Varre-Sai 11,28 36,28 24,87 16,47 11,09 0,00
Aperibé 7,98 65,90 17,59 8,53 0,00 0,00
Cambuci 4,27 39,63 16,62 25,51 13,96 0,00
Itaocara 8,45 50,77 13,07 10,70 10,89 6,13
Miracema 3,70 36,79 23,66 23,87 11,97 0,00
Santo Antônio de Pádua 5,21 47,22 17,61 21,85 8,12 0,00
Norte Fluminense 4,52 27,72 14,01 21,58 25,56 6,62
Campos dos Goytacazes 4,92 27,10 12,52 20,74 27,60 7,11
Cardoso Moreira 3,77 33,40 18,04 31,43 13,36 0,00
São Fidélis 6,45 44,37 15,47 18,63 12,40 2,68
São João da Barra 7,62 33,04 15,47 22,49 15,00 6,37
Conceição de Macabu 1,23 23,40 17,69 33,63 13,08 10,96
Macaé 1,42 18,36 13,49 20,91 36,25 9,57
Quissamã 1,26 12,66 15,04 19,49 46,64 4,92
Fonte: Censo Agropecuário do IBGE, 1995
As Regiões Norte e Noroeste Fluminense apresentaram 32,24% e 43,84% de sua área
composta por estabelecimentos de até 100 ha, e 53,76% e 37,85% de sua área com estabe-
lecimentos maiores que 200 ha, respectivamente.

Os municípios de Aperibé, Itaocara, Santo Antônio de Pádua, São Fidelis e Porciúncula a-


presentaram mais da metade do seu território ocupado por propriedades rurais de tamanho
de até 100 ha. Os municípios com a menor área ocupada por estabelecimentos de até 100
ha são Quissamã (13,92%) e Macaé (19,78%), estes dois municípios apresentaram mais de
45% de seu território ocupado por propriedades maiores do que 500 ha.

Apesar dos municípios de Porciúncula, Varre-Sai, São João da Barra, Campos dos Goyta-
cazes e Itaocara possuírem mais da metade de seus estabelecimentos na faixa de até 10 ha
em 1995, estes representavam apenas 12,05%, 11,28%, 7,62%, 4,92% e 8,45% da área
total de cada município, respectivamente.

962 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


7.3 Levantamento de Informações de Dados do INCRA

Na Tabela seguinte, estão apresentados o tamanho do módulo fiscal e as áreas médias dos
municípios das Regiões Norte e Noroeste Fluminense obtidas das Estatísticas Cadastrais do
INCRA para os anos de 1992, 1998 e 2005.

Tabela 56 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Tamanho do Módulo Fiscal, 1992, 1998, 2005
Área média (ha)
Municípios Módulo fiscal (ha)
1992 1998 2005
Noroeste Fluminense - - - -
Bom Jesus de Itabapoana 30 49,97 50,73 44,01
Italva 12 32,64 31,86 26,57
Itaperuna 30 64,23 65,81 54,9
Laje do Muriaé 28 51,19 50,44 41,45
Natividade 30 47,48 46,89 40,66
Porciúncula 30 61,64 59,14 52,04
Varre-Sai 30 52,85 45,85 36,27
Aperibé 35 - 7,50 22,39
Cambuci 35 47,12 44,11 38,14
Itaocara 22 24,24 32,05 23,82
Miracema 35 57,85 57,02 49,72
Santo Antônio de Pádua 35 31,65 29,9 26,32
São José de Ubá 35 - - 73,48
Norte Fluminense - - - -
Campos dos Goytacazes 12 46,12 46,31 40,07
Cardoso Moreira 12 29,17 50,31 43,42
São Francisco de Itabapoana 12 - - 31,73
São Fidélis 12 33,59 33,71 33,80
São João da Barra 12 26,89 27,61 20,46
Carapebus 12 - - 59,11
Conceição de Macabu 12 96,23 114,77 75,77
Macaé 12 76,61 75,89 69,46
Quissamã 12 72,85 66,11 69,72
Fonte: Estatísticas Cadastrais do INCRA, 1992, 1998 e 2005
Pode ser verificada uma variação significativa no valor da área média dos estabelecimentos
entre os anos e ainda entre esses valores e os valores das médias apresentadas nas Tabe-
las referentes as áreas médias calculadas pelos dados do Censo Agropecuário do IBGE de
1995 e 2006.

Isso pode ser explicado pela forma de aquisição dos dados da estrutura fundiária no Brasil,
pois estes possuem uma dimensão política importante, com a qual devemos ser cuidadosos.
Um aspecto a observar refere-se à natureza dos dados cadastrais do INCRA e do IBGE
que, em função de serem declaratórios, podem retratar um panorama distorcido da realida-
de fundiária brasileira, conforme discutido anteriormente.

Para o ano de 2005, os municípios com maior área média foram Conceição de Macabu
(75,77 ha) e São José de Ubá (73,48ha) e os com menores foram Aperibé (22,39 ha) e São
João da Barra (20,46 ha). Os municípios de Aperibé, São José de Ubá, São Francisco de
Itabapoana e Carapebus não possuem todos os dados, pois foram emancipados mais re-
centemente.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 963


O módulo fiscal é uma unidade de medida expressa em hectares, fixada para cada municí-
pio, que considera os seguintes fatores: tipo de exploração predominante no município; ren-
da obtida com a exploração predominante; outras explorações existentes no município que,
embora não predominantes, sejam significativas em função da renda e da área utilizada; e o
conceito de propriedade familiar.

A Tabela exibe os valores do índice de GINI da distribuição da posse de terras para os mu-
nicípios do Norte e Noroeste Fluminense nos anos de 1992 e 1998 apresentados por Souza
et al. (2007) e obtidos através das Estatísticas Cadastrais do INCRA. O índice de GINI é
utilizado para medir o grau de concentração de um atributo (renda, terra, etc.) numa distribu-
ição de freqüência, sendo que quanto mais baixo melhor a distribuição daquele item estuda-
do.

Os municípios de Campos dos Goytacazes e Quissamã exibem os maiores valores do índi-


ce de GINI, com valores acima de 0,75, e os menores valores são apresentados pelos mu-
nicípios de Varre-Sai e Aperibé. Em 1998, o Brasil apresentava índice de GINI de 0,843,
bem superior aos valores apresentados pelos municípios do Norte e Noroeste Fluminense.

Pode ser observado que os valores mais baixos do índice de GINI encontram-se no Noroes-
te Fluminense e os mais altos no Norte Fluminense, esse fator tem origem histórica nos lati-
fúndios canavieiros que se instalarem na Região Norte.

Apesar de a Região Noroeste possuir menor valor do índice de GINI, por convenção estabe-
lecida por Câmara (1949) e apresentada na Tabela a seguir, a distribuição de terras dessa
região não deve ser entendida como fraca. Na verdade a maioria dos municípios apresenta
concentração fundiária considerada de média a forte. Alguns municípios apresentaram ainda
concentração forte a muito forte, como o caso de Macaé, Campos dos Goytacazes, Cardoso
Moreira, São João da Barra e Quissamã, todos na Região Norte Fluminense.

Tabela 57 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Índice de GINI, 1992 - 1998


Municípios 1992 1998 Variação 1998/1992
Norte Fluminense - - -
Macaé 0,720 0,731 0,011
Campos dos Goytacazes 0,796 0,789 -0,007
Cardoso Moreira 0,646 0,760 0,114
Conceição de Macabu 0,617 0,664 0,047
São Fidelis 0,636 0,647 0,011
São João da Barra 0,704 0,721 0,017
Quissamã 0,780 0,766 -0,014
Noroeste Fluminense - - -
Italva 0,616 0,637 0,021
Itaocara 0,585 0,690 0,105
Itaperuna 0,655 0,661 0,006
Laje do Muriaé 0,645 0,647 0,002
Miracema 0,638 0,638 0,000
Natividade 0,593 0,607 0,014
Porciúncula 0,574 0,578 0,004
Santo Antônio de Pádua 0,584 0,583 -0,001
Varre-Sai 0,330 0,542 0,212
Fonte: Adaptado de Souza et al. (2007)

964 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Tabela 58 - Concentração da Terra Versus Índice de GINI
Faixa do Índice de GINI Classificação
0,000 a 0,100 Concentração nula
0,101 a 0,250 Concentração nula a fraca
0,251 a 0,500 Concentração fraca a média
0,501 a 0,700 Concentração média a forte
0,701 a 0,900 Concentração forte a muito forte
0,901 a 1,000 Concentração forte a absoluta
Fonte: Câmara (1949)
Somente os municípios de Quissamã, Campos dos Goytacazes e Santo Antônio de Pádua
apresentaram tendência de diminuição no índice de GINI. Em outros municípios esse índice
aumentou ou permaneceu inalterado. Contudo essas modificações não foram suficientes
para alterar a classificação dos municípios.

Na Tabela, estão apresentados o percentual da área total correspondente aos 5% maiores


imóveis e aos 50% menores imóveis para os anos de 1992 e 1998 de acordo com as Esta-
tísticas Cadastrais do INCRA.

Tabela 59 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Áreas, 1992 - 1998

% de área dos 5% maiores % de área dos 50% menores


Municípios
1992 1998 1992 1998
Aperibé - 9,97 - 18,44
Bom Jesus do Itabapoana 29,93 30,75 12,78 12,49
Cambuci 39,07 38,76 10,47 10,75
Campos dos Goytacazes 58,82 57,24 4,12 4,22
Cardoso Moreira 44,57 59,42 11,82 7,53
Conceição de Macabu 29,84 36,63 8,75 7,26
Italva 40,50 43,58 13,30 12,49
Itaocara 30,80 48,30 12,44 9,22
Itaperuna 41,60 41,63 9,74 9,47
Laje do Muriaé 37,01 36,86 9,73 9,68
Macaé 48,99 48,89 7,81 7,29
Miracema 30,23 30,36 8,64 8,57
Natividade 30,68 31,90 11,57 10,96
Porciúncula 30,46 30,38 12,68 12,35
Quissamã 49,88 47,48 3,46 3,65
Santo Antônio de Pádua 32,03 32,30 13,91 13,78
São Fidélis 41,56 42,72 12,41 11,77
São João da Barra 47,78 50,94 7,73 7,32
Varre-Sai 8,30 25,21 17,03 13,60
Fonte: Estatísticas Cadastrais do INCRA
Pode ser constatado que o percentual de área correspondente aos 5% dos maiores imóveis
é elevado, sendo maior do que 50% para os municípios de Campos dos Goytacazes, Car-
doso Moreira e São João da Barra, no ano de 1998. Os municípios com a menor concentra-
ção encontrada foram Varre-Sai, Porciúncula, Miracema e Aperibé, contudo, os dados refe-
rentes ao município de Aperibé devem ser analisados com certa cautela, pois no ano de
1998 foram registrados apenas 6 estabelecimentos neste município, possivelmente devido a
algum erro cometido nas estatísticas cadastrais.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 965


As diferenças entre os anos de 1992 e 1998, com relação a porcentagem de área dos 5%
maiores e dos 50% menores estabelecimentos é pequena para a maioria dos municípios.

O percentual de área dos 50% menores imóveis, também encontrado na Tabela, é em geral
muito baixo, sendo o maior percentual registrado para o município de Aperibé e em segundo
lugar Santo Antônio de Pádua. Os municípios de Quissamã e Campos dos Goytacazes a-
presentam os menores valores para esse índice, 3,65% e 4,22%, respectivamente, demons-
trando uma maior concentração de terras.

7.4 Considerações Finais

Nesta pesquisa procurou-se caracterizar o perfil fundiário das Regiões Norte e Noroeste
Fluminense, bem como analisar as alterações ocorridas ao longo dos anos. Pôde ser cons-
tatado que a Região Norte possui um perfil mais concentrado do que a Região Noroeste, o
que pode ser explicado por fatos históricos ocorridos em ambas e ainda pela geografia dis-
tinta das regiões.

As mudanças apresentadas no período estudado foram pouco expressivas, onde os municí-


pios dessas duas regiões não passaram por alterações significativas na distribuição da pos-
se da terra no período estudado. Assim, conclui-se que as políticas atuantes nesse período
não exerceram efeito significativo sobre a estrutura fundiária dessas regiões.

8. REFERÊNCIAS

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empíricas. Estudo do caso de São Paulo. Instituto de Pesquisas Econômicas, 1982. P.21-
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966 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


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Sistema
Político-Administrativo
Municipal e Regional
Capítulo 9
Autor:
Eduardo Nery

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


SUMÁRIO

1. CONSTITUIÇÃO DO NOROESTE FLUMINENSE ................................................. 977

2. DEMOGRAFIA ...................................................................................................... 977

3. GERAÇÃO DE RIQUEZA PELA REGIÀO.............................................................. 982

4. GERAÇÃO DA RENDA E POSTOS DE TRABALHO OU EMPREGO.................... 992

5. SITUAÇÃO ECONÔMICO-FINANCEIRA DAS MUNICIPALIDADES...................... 998

5.1 Formação da Receita ............................................................................................. 998


5.2 Outras Receitas (CFEM e “royalties”)................................................................... 1007
5.3 Formação da Despesa ......................................................................................... 1009

6. DA ORDEM POLÍTICA......................................................................................... 1020

7. REFERÊNCIAS.................................................................................................... 1032

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


LISTAS

FIGURAS

Figura 1 – Região Noroeste Fluminense, Centralidades Urbanas, 2010.......................... 1023

GRÁFICOS

Gráfico 1 – Região Noroeste Fluminense, Evolução da População Total, 1991 - 2009...... 978

Gráfico 2 – Região Noroeste Fluminense, Evolução do PIB Total, 1996 - 2007 (a preços
constantes) ........................................................................................................................ 982

Gráfico 3 - Região Noroeste Fluminense, Evolução do PIB Agropecuária, 1996 - 2007 (a


preços constantes) ............................................................................................................ 983

Gráfico 4 - Região Noroeste Fluminense, Evolução do PIB Indústria, 1996- 2007 (a preços
constantes) ........................................................................................................................ 983

Gráfico 5 - Região Noroeste Fluminense, Evolução do PIB Serviços, 1997- 2007 (a preços
constantes) ........................................................................................................................ 984

Gráfico 6 - Região Noroeste Fluminense, Evolução do PIB Impostos, 1996- 2007 (a preços
constantes) ........................................................................................................................ 984

Gráfico 7 - Região Noroeste Fluminense, Evolução do PIB per Capita, 1996- 2007 (a preços
constantes) ........................................................................................................................ 992

Gráfico 8 - Região Noroeste Fluminense, Distribuição x Geração de Renda, 2007 ........... 997

Gráfico 9 - Região Noroeste Fluminense, Evolução da Receita Total Realizada, 1997- 2000 -
2008 (a preços constantes).............................................................................................. 1005

Gráfico 10 - Região Noroeste Fluminense, Evolução da Receita Total Realizada per Capita,
1997- 2000 - 2008 (a preços constantes)......................................................................... 1005

Gráfico 11 - Região Noroeste Fluminense, Evolução da Receita Tributária Propria, 1997-


2000 - 2008 (a preços constantes)................................................................................... 1006

Gráfico 12 - Região Noroeste Fluminense, Evolução da Receita Tributária Própria per


Capita, 1997- 2000 - 2008 (a preços constantes) ............................................................ 1006

Gráfico 13 - Região Noroeste Fluminense, Evolução da Receita da CFEM, 2005 - 2009 (a


preços constantes) .......................................................................................................... 1007

Gráfico 14 - Região Noroeste Fluminense, Evolução da Receita dos “Royalties”, 2005-2009


(a preços constantes) ...................................................................................................... 1008

Gráfico 15 - Região Noroeste Fluminense, Evolução da Despesa Total Realizada, 1997 -


2000 -2008 (a preços constantes).................................................................................... 1010

Gráfico 16 - Região Noroeste Fluminense, Evolução da Despesa Total per Capita, 1997 -
2000 -2008 (a preços constantes).................................................................................... 1010

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Gráfico 17 - Região Noroeste Fluminense, Evolução da Despesa com Pessoal, 1997 - 2000
- 2008 (a preços constantes) ........................................................................................... 1013

Gráfico 18 - Região Noroeste Fluminense, Evolução do Investimento per Capita, 1997 -


2000 - 2008 (a preços constantes)................................................................................... 1015

Gráfico 19 - Região Noroeste Fluminense, Evolução do Investimento x Pessoal, 1997 -


2000 - 2008 (a preços constantes)................................................................................... 1016

Gráfico 20 - Região Noroeste Fluminense, Evolução do Quadro de Pessoal Próprio, 2002 -


2008 ................................................................................................................................ 1028

Gráfico 21 - Região Noroeste Fluminense, Eficácia do Emprego Público, 2004 - 2008 ... 1031

TABELAS

Tabela 1 – Região Noroeste Fluminense, Evolução da População Total dos Municípios,


1991 - 2009 ....................................................................................................................... 978

Tabela 2 - Região Noroeste Fluminense, Distribuição das Faixas Etárias, 1991 - 2000 - 2009
.......................................................................................................................................... 980

Tabela 3 - Região Noroeste Fluminense, Razão de Dependência, 1991 - 2000 - 2009 ..... 981

Tabela 4 - Região Noroeste Fluminense, População por Sexo, 2009 ................................ 981

Tabela 5 - Região Noroeste Fluminense, Evolução do PIB Total, 1996 - 2007 (a preços
constantes) ........................................................................................................................ 985

Tabela 6 - Região Noroeste Fluminense, Evolução do PIB Agropecuária, 1996 - 2007 (a


preços constantes) ............................................................................................................ 986

Tabela 7 - Região Noroeste Fluminense, Evolução do PIB Indústria, 1996 - 2007 (a preços
constantes) ........................................................................................................................ 987

Tabela 8 - Região Noroeste Fluminense, Evolução do PIB Serviços, 1996 - 2007 (a preços
constantes) ........................................................................................................................ 988

Tabela 9 - Região Noroeste Fluminense, Evolução do PIB Impostos, 1996 - 2007 (a preços
constantes) ........................................................................................................................ 989

Tabela 10 - Região Noroeste Fluminense, Evolução do VAF, 2003 - 2008........................ 990

Tabela 11 - Região Noroeste Fluminense, Evolução do Coeficiente de Participação do


ICMS, 1994 - 2010............................................................................................................. 991

Tabela 12 - Região Noroeste Fluminense, Evolução do PIB/Capita, 1996 - 2007.............. 994

Tabela 13 - Região Noroeste Fluminense, Emprego Formal, 2009 (Flutuação) e 2008


(Remuneração Média) ....................................................................................................... 995

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Tabela 14 - Região Noroeste Fluminense, Emprego Formal por Setor – Remuneração
Média, 2008....................................................................................................................... 996

Tabela 15 - Região Noroeste Fluminense, Receita Fiscal das Municipalidades e Região,


1997, 2000, 2008 (a preços constantes) .......................................................................... 1000

Tabela 16 - Região Noroeste Fluminense, Receita Tributária Própria das Municipalidades e


Região, 1997, 2000, 2008 (a preços constantes)............................................................. 1001

Tabela 17 - Região Noroeste Fluminense, Receita Tributária Própria per Capita das
Municipalidades e Região, 1997- 2000 - 2008 (a preços constantes) .............................. 1003

Tabela 18 - Região Noroeste Fluminense, Receita Realizada Total per Capita das
Municipalidades e Região, 1997 - 2000- 2008 (a preços constantes) .............................. 1004

Tabela 19 - Região Noroeste Fluminense, Evolução da CFEM das Municipalidades, 2005 -


2009 (a preços constantes).............................................................................................. 1007

Tabela 20 - Região Noroeste Fluminense, Evolução dos Royalties das Municipalidades,


2005- 2009 (a preços constantes).................................................................................... 1008

Tabela 21 - Região Noroeste Fluminense, Formação da Despesa Total Realizada, 1997 -


2000 - 2008 (a preços constantes)................................................................................... 1011

Tabela 22 - Região Noroeste Fluminense, Evolução da Despesa Total per Capita, 1997 -
2000 - 2008 (a preços constantes)................................................................................... 1012

Tabela 23 - Região Noroeste Fluminense, Evolução da Despesa com Pessoal, 1997 - 2000 -
2008 (a preços constantes).............................................................................................. 1014

Tabela 24 - Região Noroeste Fluminense, Evolução do Investimento, 1997 - 2000 - 2008 (a


preços constantes) .......................................................................................................... 1017

Tabela 25 - Região Noroeste Fluminense, Comparação Investimento e Despesa com


Pessoal, 1997 - 2000 - 2008 (a preços constantes) ......................................................... 1018

Tabela 26 - Região Noroeste Fluminense, Dívida Ativa, 2000 - 2008 (a preços constantes)
........................................................................................................................................ 1019

Tabela 27 - Região Noroeste Fluminense, Exigível a Longo Prazo, 2000 - 2008 (a preços
constantes) ...................................................................................................................... 1019

Tabela 28 - Região Noroeste Fluminense, Caracterização Básica, 2009......................... 1020

Tabela 29 - Região Noroeste Fluminense, Organização dos Municípios, 2010................ 1021

Tabela 30 - Região Noroeste Fluminense, Portais, 2010 ................................................. 1021

Tabela 31 - Região Noroeste Fluminense, Quadro de Pessoal das Municipalidades, 2002 -


2008 ................................................................................................................................ 1025

Tabela 32 - Região Noroeste Fluminense, Índices de Pessoal das Municipalidades, 2004 e


2008 ................................................................................................................................ 1030

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


1. CONSTITUIÇÃO DO NOROESTE FLUMINENSE
A Região Noroeste do Estado do Rio de Janeiro compreende treze municípios sendo eles
Aperibé, Bom Jesus de Itabapoana, Cambuci, Italva, Itaocara, Itaperuna, Laje do Muriaé,
Miracema, Natividade, Porciúncula, Santo Antônio de Pádua, São José de Ubá e Varre-Sai,
todos eles interiores ao território.
O Noroeste constitui uma região ou “um território organizado que contém, em termos reais
ou em termos potenciais, os fatores de seu próprio desenvolvimento, com total independên-
cia da escala” (a partir dos intangíveis, governanças e sinergias).
Como uma Região de tamanho pequeno em relação ao Estado do Rio de Janeiro, ele pos-
sui um atributo próprio, qual seja, a intrínseca complexidade própria de um sistema aberto.
Assim, o seu desenvolvimento e/ou transformação estrutural se faz a partir de três dimen-
sões:
 uma sociocultural em que os valores e as instituições regionais servem de base para
sustentar o seu processo de desenvolvimento, segundo um paradigma cultural sistêmi-
co, “holístico”e recursivo,
 outra econômica, na qual os seus agentes produtivos regionais fazem uso de sua capa-
cidade de organizar os fatores produtivos em níveis de produtividade e qualidade e dife-
renciação (inovação) suficientes para se tornarem competitivos nos mercados em que a
Região está inserida ou pode e deve alcançar, e finalmente,
 uma dimensão político-administrativa em que as políticas econômicas públicas se orien-
tam e permitem criar um entorno propício e favorável/fértil, protegê-lo das interferências
ou influências externas e impulsionar o desenvolvimento regional desejado.”
Este desenvolvimento, endógeno, se concentra e se mantém pela satisfação das necessi-
dades humanas, pela geração de níveis crescentes de sua auto-dependência, em função da
articulação orgânica das pessoas com o meio ambiente e com o conhecimento ou tecnolo-
gia, dos processos globais com os comportamentos regionais, das pessoas com o sistema
social, do planejamento com a co-construção da sua autonomia e, da sociedade civil com as
municipalidades que ali subsistem e o estado e federação.
A condição endógena do desenvolvimento regional do Noroeste se apresenta, portanto, co-
mo uma especificidade da generalidade do desenvolvimento, como a interseção de quatro
planos: o da cultura no seu papel de geradora da identidade, da atitude e da disposição da
governança regional, o político como a sua capacidade crescente de tomada de decisões
regionais e negociação em relação à implementação de suas vias de desenvolvimento esco-
lhidas e viabilizáveis, o que inclui a sua capacidade de formular políticas e planos/programas
correspondentes, o da economia em termos da sua capacidade de gerar, apropriar e desti-
nar/aplicar excedentes de recursos (poupança) na formação e diversificação da economia
regional (investimentos), atribuindo-se-lhe a estrutura sustentável de longo prazo, e o do
conhecimento e da tecnologia em que o território se habilita e se qualifica para produzir e
manter as condições necessárias para que os seus sistemas e processos realizem as trans-
formações planejadas, nos tempos e intensidades devidos.

2. DEMOGRAFIA
Nesta perspectiva, a população da Região Noroeste Fluminense apresenta, no horizonte
1991 a 2009, um crescimento de 18,45%, inferior ao do Estado do Rio e Janeiro, 25,01%, e
ao brasileiro, 30,41%. Entre os municípios, Natividade e Cambuci perderam população em
função do desmembramento com a emancipação de Aperibé e Varre-Sai, e São José de
Ubá, em 1993 e 1996, respectivamente, restando apenas o caso de Itaocara no qual houve,

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 977


efetivamente, uma redução de 2,19% de sua população, neste período, o que pode ser visto
na Tabela a seguir.
Tabela 1 – Região Noroeste Fluminense, Evolução da População Total dos Municípios, 1991 -
2009
Taxa de
Ano
Municípios da Região Noroeste do Crescimento
Rio de Janeiro 1.991 - 2.009
1.991 1.996 2.000 2.007 2009* (%)
(1)
Aperibé - 7.201 8.018 8.820 9.556 -
Bom Jesus do Itabapoana 29.873 32.231 33.655 33.888 35.303 18,18
Cambuci 21.011 20.803 14.670 14.368 14.770 -29,70
Italva 12.764 13.199 12.621 13.645 14.676 14,98
Itaocara 22.933 23.273 23.003 22.069 22.452 -2,10
Itaperuna 78.000 82.650 86.720 92.852 99.454 27,51
Laje do Muriaé 7.464 7.580 7.909 7.769 7.997 7,14
Miracema 25.091 24.450 27.064 26.231 26.824 6,91
Natividade 21.765 15.125 15.125 14.930 15.406 -29,22
Porciúncula 14.561 15.407 15.952 17.178 18.444 26,67
Santo Antônio de Pádua 39.600 34.123 38.692 40.145 42.405 7,08
(2)
São José de Ubá - - 6.413 6.829 7.297 -
(3)
Varre-Sai - 7.554 7.854 8.309 8.852 -
Total da Região Noroeste 273.062 283.596 297.696 307.033 323.436 18,45
Total do Estado do Rio de Janeiro
25,01
12.807.706 13.406.308 14.391.282 15.420.450 16.010.429
Total do Brasil 146.825.475 157.070.163 169.799.170 183.989.711 191.481.045 30,41

(1)
Autonomia Municipal em 1993
(2)
Autonomia Municipal em 1997
(3)
Autonomia Municipal em 1993
* Estimativas da População
-- = sem informação
Fonte: IBGE - Censos Demográficos, Contagem da População, Estimativas da População

A população da Noroeste corresponde, na atualidade, a 0,2% da população do Estado, em


função da enorme concentração demográfica no colar da Região Metropolitana do Rio de
Janeiro e do fato de ter perdido vários pontos, em decorrência de sua taxa de crescimento
menor, neste intervalo de tempo.
O seu crescimento, praticamente vegetativo, está representado no Gráfico a seguir.
Gráfico 1 – Região Noroeste Fluminense, Evolução da População Total, 1991 - 2009

Evolução da População Total da Região Noroeste Fluminense


hab.

900.000

800.000

700.000

600.000

500.000

400.000 273.062 283.596 297.696 307.033 323.436

300.000

200.000
1.991 1.996 2.000 2.007 2009* Ano
* Estimativa

Fonte: IBGE

978 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Não obstante não se dispor de dados mais recentes sobre a condição de urbanização, a
situação é, certamente, de taxas crescentes com a migração continuada da população das
áreas rurais para as aglomerações, sedes ou distritos, ainda que com uma incidência menos
intensa do que em outras áreas do Estado, onde o processo de industrialização e serviços
se desenvolve mais.

Na verdade, observa-se, na maioria dos municípios, uma redução dos níveis de atividade
agropecuárias e assemelhadas, associada igualmente a um crescimento do setor serviços,
particularmente aglomerações de maior porte e crescimento econômico, atraindo a popula-
ção jovem. Este fenômeno subsiste também em outros municípios da Região Norte, irmã
vizinha mais próxima e em relação a municípios em outras regiões, tendo ocorrido fluxos
migratórios no passado mais recente.

Como um movimento que perpassa toda a população brasileira, constata-se o deslocamento


etário em curso na Região, reconfigurando-se, por conseguinte, a pirâmide etária. Assim, o
número de jovens, na faixa etária até 15 anos, vem diminuindo, de modo substantivo e pre-
ocupante, o que causa um crescimento concentrado e mais acentuado da faixa etária da
população economicamente ativa (PEA), faixa entre 15 e 65 anos e, por via de consequên-
cia, do contingente de pessoas mais idosas.

Desta maneira, a população da Região Noroeste, como a brasileira mostra que transcendeu
o estágio de tendência e percorre uma trajetória de envelhecimento progressivo, Tabela se-
guinte.

Esta situação se reflete em termos político-administrativos, pela redução gradativa das de-
mandas por serviços públicos para crianças e jovens (em geral com distribuições espaciais
diferenciadas), simultaneamente ao aumento do conjunto de pessoas ativas que constituem
a força de trabalho, o que requer uma correspondente criação e oferta maior de postos de
trabalho pela sociedade.

Na verdade, indo além, na medida em que a vida útil da população vem se estendendo con-
secutiva e continuamente, de modo substantivo, a propensão de aumento da PEA se faz,
tanto pelo aumento quantitativo de pessoas que nela estão, quanto pelo seu tempo de per-
manência de vida ativa economicamente.

Outra circunstância decorrente de processos de crescimento heterogêneos que deve ser


considerado consiste no aumento da polarização das aglomerações que mais oferecem tra-
balho, atraindo mão-de-obra externa, o que provoca um crescimento ainda mais acentuado
da sua população economicamente ativa, pelo ingresso de pessoas de fora.

Este é o caso típico de Itaperuna, com maior intensidade, e de Santo Antônio de Pádua,
com menor, em que se verifica a nítida superposição dos dois efeitos mencionados. Cumpre
lembrar que tal condição configura um primeiro sinal do desenvolvimento desigual entre os
municípios que compõem a Região Noroeste.

Naturalmente, qualquer aumento da população economicamente ativa irá produzir, se a-


companhada do aumento da oferta de trabalho, um aumento de rendas e receitas onde o-
corre, com impacto considerável na economia das Municipalidades e da Região. De maneira
análoga, o aumento sem oferta de trabalho, fragiliza a economia, com o empobrecimento e
exclusão social, regra geral aumentando a intervenção social com os custos corresponden-
tes para a sociedade.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 979


Tabela 2 - Região Noroeste Fluminense, Distribuição das Faixas Etárias, 1991 - 2000 - 2009

Municípios da Região Noroeste Menos de 15 anos 15 a 64 anos 65 anos e mais


Fluminense
1.991 2.000 2.009 1.991 2.000 2.009 1.991 2.000 2.009
Aperibé - 1.916 1.818 - 5.413 6.770 - 689 968
Bom Jesus de Itabapoana 8.987 8.764 7.976 18.820 21.949 23.539 2.066 2.942 3.788
Cambuci 6.152 3.475 3.045 13.289 9.729 9.947 1.570 1.466 1.778
Italva 3.613 2.897 2.762 8.166 8.410 10.016 985 1.314 1.898
Itaocara 6.595 5.297 4.108 14.593 15.529 15.524 1.745 2.177 2.820
Itaperuna 23.835 21.537 21.190 49.427 58.572 68.909 4.738 6.611 9.355
Laje do Muriaé 2.342 2.099 1.908 4.644 5.143 5.280 478 667 809
Miracema 8.085 7.434 6.378 15.358 17.461 17.823 1.648 2.169 2.623
Natividade 7.179 3.896 3.430 13.043 9.807 10.245 1.543 1.422 1.731
Porciúncula 4.724 4.416 4.203 8.747 10.142 12.342 1.090 1.394 1.899
Santo Antônio de Pa dua 11.766 9.723 9.104 24.900 25.694 28.996 2.934 3.275 4.305
Sa o Jose de Uba - 1.629 1.602 - 4.361 5.071 - 423 624
Varre-Sai - 2.315 2.214 - 5.013 5.980 - 526 658
Total da Região Noroeste 83.278 75.398 69.738 170.987 197.223 220.442 18.797 25.075 33.256
Total do Estado do Rio de Janeiro 3.634.093 3.619.639 3.644.309 8.411.963 9.702.034 10.972.183 761.650 1.069.609 1.393.937
Total do Brasil 50.988.432 50.266.122 49.138.121 88.751.196 109.597.948 129.010.739 7.085.847 9.935.100 13.332.185
Fonte: IBGE

980 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Neste primeiro momento do movimento, a tendência é de um pequeno incremento de de-
manda de serviços para os idosos. No entanto, também aí, observam-se crescimentos maio-
res pela oferta de serviços de maior complexidade pelas aglomerações mais estruturadas ou
mesmo, pelo acompanhamento de familiares jovens migrantes.
Tabela 3 - Região Noroeste Fluminense, Razão de Dependência, 1991 - 2000 - 2009
Razão de dependência %
Municípios da Região Noroeste
Das Crianças (1) Dos Idosos (2)
Fluminense
1.991 2.000 2.009 1.991 2.000 2.009
Aperibé - 35,40 26,85 - 12,73 14,30
Bom Jesus de Itabapoana 47,75 39,93 33,88 10,98 13,40 16,09
Cambuci 46,29 35,72 30,61 11,81 15,07 17,87
Italva 44,24 34,45 27,58 12,06 15,62 18,95
Itaocara 45,19 34,11 26,46 11,96 14,02 18,17
Itaperuna 48,22 36,77 30,75 9,59 11,29 13,58
Laje do Muriaé 50,43 40,81 36,14 10,29 12,97 15,32
Miracema 52,64 42,57 35,79 10,73 12,42 14,72
Natividade 55,04 39,73 33,48 11,83 14,50 16,90
Porciúncula 54,01 43,54 34,05 12,46 13,74 15,39
Santo Antônio de Pádua 47,25 37,84 31,40 11,78 12,75 14,85
São José de Ubá - 37,35 31,59 - 9,70 12,31
Varre-Sai - 46,18 37,02 - 10,49 11,00
Total da Região Noroeste 48,70 38,23 31,64 10,99 12,71 15,09
Total do Estado do Rio de Janeiro 43,20 37,31 33,21 1.104,44 907,06 787,14
Total do Brasil 57,45 45,86 38,09 1.252,51 1.103,14 967,66
(1)
Notas: Razão de dependência das crianças = (Pop0-15 / Pop15-64) *100.
(2)
Razão de dependência dos idosos = (Pop70+ / Pop15-64) *100.
Fontes: IBGE - Censos Demográficos, Contagem da População, Estimativas da População
Ministério da Saúde, Caderno de Informações de Saúde, DATASUS
Site: Acesso em novembro de 2009: http://tabnet.datasus.gov.br/tabdata/cadernos/rj.htm
Tabela 4 - Região Noroeste Fluminense, População por Sexo, 2009
População Residente por Sexo - 2.009
Municípios da Região Noroeste Sexo
Total
Fluminense Masculino Feminino
Aperibé 4.723 4.833 9.556
Bom Jesus de Itabapoana 17.272 18.031 35.303
Cambuci 7.462 7.308 14.770
Italva 7.259 7.417 14.676
Itaocara 11.011 11.441 22.452
Itaperuna 48.410 51.044 99.454
Laje do Muriaé 3.942 4.055 7.997
Miracema 12.889 13.935 26.824
Natividade 7.604 7.802 15.406
Porciúncula 9.220 9.224 18.444
Santo Antônio de Pa dua 21.028 21.377 42.405
Sa o Jose de Uba 3.777 3.520 7.297
Varre-Sai 4.568 4.284 8.852
Total da Região Noroeste 159.165 164.271 323.436
Total do Estado do Rio de Janeiro 7.657.302 8.353.127 16.010.429
Total do Brasil 94.050.601 97.430.444 191.481.045
Fonte: Ministério da Saúde, Informações da Saúde, DATASUS
Site: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?ibge/cnv/popRJ.def (acesso 12/2009)
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 981
Como se pode constatar da Tabela anterior, a distribuição da população entre homens e
mulheres segue a situação do Estado e do país, com uma pequena predominância quantita-
tiva de mulheres.
Em 2000, não havendo informações processadas do censo 2007, o nível médio de educa-
ção da população economicamente ativa era de 5,1 anos, ainda persistindo uma taxa de
analfabetismo na Região em torno de 18%. Assumindo-se que houve uma melhora significa-
tiva neste período, principalmente como resultado do esforço que levou ao aumento quanti-
tativo da quase totalidade dos jovens na educação fundamental, ainda resta uma parcela
expressiva da população com escolaridade correspondente ao fundamental. Há pouca ofer-
ta de educação profissionalizante e universitária na Região e mesmo na vizinhança, o que
permite dizer que o incremento educacional que deve ter ocorrido em termos de anos de
estudo, não deve ter modificado a capacitação de jovens e adultos para o trabalho, mesmo
porque não ocorreu uma expansão da economia regional no período considerado (o que
estimularia o requisito educação). Uma exceção, neste aspecto, é representada pela educa-
ção digital, em que a disseminação da informática na Região constitui fato reconhecido (te-
lecentros, “lan houses ou cyber ambientes”, informatização escolar e outras manifestações
equivalentes).

3. GERAÇÃO DE RIQUEZA PELA REGIÀO


A geração da riqueza pela Região medida através do seu Produto Interno Bruto, PIB, revela,
entre 1996 e 2007, uma variação positiva pequena (31,85%), a qual nos últimos anos, 2005-
2007, sinaliza para uma estagnação da economia regional, com taxas com valores negati-
vos entre anos consecutivos tanto no Noroeste (Gráficos e Tabelas a seguir) quanto, natu-
ralmente, em alguns de seus municípios (Tabelas a seguir). Neste mesmo período, a eco-
nomia da Região Norte cresceu 5,83 vezes impulsionada pelo petróleo. Esta diferença, no-
tável, evidencia claramente a desigualdade dos processos de crescimento entre regiões
contiguas que poderiam estar compartilhando os benefícios de maneira mais equânime.
Três municípios – Itaperuna, Santo Antônio de Pádua e Bom Jesus de Itabapoana concen-
tram mais de 2/3 do PIB Regional, com tendência de ampliarem esta participação.
Gráfico 2 – Região Noroeste Fluminense, Evolução do PIB Total, 1996 - 2007 (a preços cons-
tantes)

Noroeste Fluminense - PIB Total (a preços constantes)

MMR$
3.493

3.443

3.477
3.078

2.535

2.770
2.977

2.685

2.784
2.637

2.309

1.929

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 Ano

Fonte: Valores Referentes a 1996 até 2002: Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro - CIDE RJ
Valores Referentes a 2003 até 2007: IBGE
http://www.cide.rj.gov.br/tabnet/deftohtm.exe?cide/PIB/PIBCOR.def
Acesso em 22 de dezembro de 2009

982 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Os dados do PIB, tanto nos Gráficos quanto nas Tabelas estão, todos eles, em valores
constantes, tendo-se usado como indicador, o IGP da Fundação Getúlio Vargas. Desmem-
brando-se o PIB nos seus constituintes Agropecuária, Indústria, Serviços e Impostos, classi-
ficação utilizada pelo CIDERJ e IBGE, pode-se verificar a quase inexpressiva participação
da Agropecuária a qual teve um papel de destaque no passado com a cafeicultura e rizicul-
tura, acompanhadas da olericultura e perdeu substância inclusive ao longo deste período.
Gráfico 3 - Região Noroeste Fluminense, Evolução do PIB Agropecuária, 1996 - 2007 (a preços
constantes)

Noroeste Fluminense - PIB Total Agropecuária (a preços constantes)

MMR$

161
195

204

190

177
192

155

181

151

150
166

186

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 Ano
Fonte: Valores Referentes a 1996 até 2002: Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro - CIDE RJ
Valores Referentes a 2003 até 2007: IBGE
http://www.cide.rj.gov.br/tabnet/deftohtm.exe?cide/PIB/PIBCOR.def
Acesso em 22 de dezembro de 2009

De maneira análoga, comparece o PIB Indústria que mostra uma ascensão no último triênio,
devido basicamente ao crescimento de Itaperuna, com o Pólo de Confecções e um início de
reação, em 2007, de Santo Antônio de Pádua, na direção da formação do Pólo de Pedras
Decorativas. Nos demais municípios, a produção industrial permanece pouco significativa,
sem definição e estratégias.
Gráfico 4 - Região Noroeste Fluminense, Evolução do PIB Indústria, 1996- 2007 (a preços cons-
tantes)

Noroeste Fluminense - PIB Total Indústria (a preços constantes)

MMR$
634
349

336
402

787
350

672
322

153

371
370
108

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 Ano

Fonte: Valores Referentes a 1996 até 2002: Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro - CIDE RJ
Valores Referentes a 2003 até 2007: IBGE
http://www.cide.rj.gov.br/tabnet/deftohtm.exe?cide/PIB/PIBCOR.def
Acesso em 22 de dezembro de 2009

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 983


O setor serviços é o que mostra uma trajetória de crescimento contínua, ainda que com ta-
xas muito pequenas, tímidas, representando, contudo, a maior contribuição e o melhor de-
sempenho.
Gráfico 5 - Região Noroeste Fluminense, Evolução do PIB Serviços, 1997- 2007 (a preços cons-
tantes)

Noroeste Fluminense - PIB Total Serviços (a preços constantes)

MMR$

2.379
2.163

2.304
1.807

2.239

1.773

2.084

2.071

2.449
1.456
1.700
1.947

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 Ano
Fonte: Valores Referentes a 1996 até 2002: Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro - CIDE RJ
Valores Referentes a 2003 até 2007: IBGE
http://www.cide.rj.gov.br/tabnet/deftohtm.exe?cide/PIB/PIBCOR.def
Acesso em 22 de dezembro de 2009

No que diz respeito aos impostos, os seus valores tem se mantido praticamente com pe-
quenas variações em torno de ua média, exceção aos anos 2003 e 2004, em que revelam
contribuições bem menores, em função do decréscimo no nível das atividades econômicas
no biênio 2001-2002.

Gráfico 6 - Região Noroeste Fluminense, Evolução do PIB Impostos, 1996- 2007 (a preços
constantes)

Noroeste Fluminense - PIB Total Impostos (a preços constantes)

MMR$
261

246

251

214

155

155

215
259
295

212

245
273

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 Ano
Fonte: Valores Referentes a 1996 até 2002: Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro - CIDE RJ
Valores Referentes a 2003 até 2007: IBGE
http://www.cide.rj.gov.br/tabnet/deftohtm.exe?cide/PIB/PIBCOR.def
Acesso em 22 de dezembro de 2009

984 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Para uma compreensão maior, as Tabelas seguintes contem os PIBs dos municípios.

Tabela 5 - Região Noroeste Fluminense, Evolução do PIB Total, 1996 - 2007 (a preços constantes)
Produto Interno Bruto - PIB Total (a preços constantes) (MMR$)
Municípios da Região
1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Noroeste Fluminense
Aperibé 56,69 66,37 68,98 62,78 51,84 53,07 40,18 69,96 64,12 65,05 65,42 64,95
Bom Jesus do Itabapoana 295,90 366,97 326,83 318,21 281,58 294,98 228,84 325,16 316,03 320,15 337,03 333,60
Cambuci 148,98 101,66 107,95 93,36 113,43 143,73 138,12 111,48 118,67 120,73 120,95 122,28
Italva 133,90 146,60 143,64 154,07 104,81 114,91 89,35 97,99 98,15 99,95 101,72 112,54
Itaocara 162,21 198,76 212,92 184,03 157,87 156,69 132,34 206,79 212,48 247,45 262,86 270,63
Itaperuna 999,54 1.021,84 1.150,27 998,29 835,83 735,35 615,76 981,65 959,51 1.567,58 1.448,28 1.438,24
Laje do Muriaé 60,54 49,26 70,67 62,80 62,97 56,02 43,52 55,84 57,61 62,14 66,08 65,44
Miracema 170,07 208,44 201,25 174,80 153,40 154,92 132,58 198,73 195,55 204,55 208,19 211,72
Natividade 128,06 146,14 127,54 104,89 94,35 104,98 86,49 119,87 117,67 138,58 139,90 140,88
Porciúncula 110,22 154,76 128,78 116,84 103,64 115,68 95,59 139,72 179,16 147,69 153,82 155,97
Santo Antônio de Pádua 328,82 358,37 411,23 309,76 270,33 288,04 244,98 356,54 348,29 386,94 406,23 422,10
São José de Ubá - 76,63 75,47 51,25 47,30 46,15 43,27 50,59 55,30 64,13 61,55 59,51
Varre-Sai 41,73 81,19 52,34 53,59 46,17 44,28 37,59 55,52 61,46 67,79 71,11 79,46
Região 2.636,65 2.976,98 3.077,87 2.684,66 2.323,52 2.308,80 1.928,60 2.769,84 2.784,00 3.492,73 3.443,13 3.477,32
Fonte: Valores Referentes a 1996 até 2002: Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro - CIDE RJ
Valores Referentes a 2003 até 2007: IBGE
http://www.cide.rj.gov.br/tabnet/deftohtm.exe?cide/PIB/PIBCOR.def
Acesso em 22 de dezembro de 2009

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 985


Tabela 6 - Região Noroeste Fluminense, Evolução do PIB Agropecuária, 1996 - 2007 (a preços constantes)
Evolução do PIB Agropecuária (a preços constantes) (MMR$)
Municípios da Região
1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Noroeste Fluminense
Aperibé 4,14 6,33 4,34 3,27 4,58 4,61 4,27 4,37 4,97 4,45 4,09 2,97
Bom Jesus do Itabapoana 14,29 13,49 14,89 13,99 15,03 21,85 13,27 17,76 18,58 18,71 16,81 16,59
Cambuci 30,58 3,38 6,25 17,47 26,81 17,11 22,88 15,85 22,71 19,88 19,04 13,74
Italva 9,07 7,85 9,39 40,54 11,03 14,04 8,25 7,33 7,87 8,23 7,41 6,92
Itaocara 18,01 20,04 15,73 8,72 15,90 19,98 16,71 17,18 17,89 17,34 17,57 13,53
Itaperuna 29,78 39,99 23,94 5,87 28,15 37,02 25,13 29,83 32,30 33,03 29,33 25,51
Laje do Muriaé 5,21 5,11 5,45 6,75 14,23 8,30 4,67 4,69 4,76 4,61 4,08 3,67
Miracema 6,99 6,26 5,82 6,53 5,60 7,28 3,52 7,64 7,86 8,09 7,37 6,33
Natividade 10,06 10,13 7,33 1,00 9,62 17,90 9,24 10,76 10,44 10,80 9,19 8,08
Porciúncula 13,73 13,82 14,70 13,98 15,89 20,78 14,63 9,14 11,92 13,29 13,98 11,76
Santo Antônio de Pádua 15,01 15,62 42,27 15,15 8,44 18,41 11,24 16,45 18,60 17,80 17,33 14,44
São José de Ubá - 42,90 35,86 10,55 14,12 9,13 9,20 11,47 14,76 18,39 15,27 9,55
Varre-Sai 9,61 6,89 8,90 11,28 11,89 7,81 7,95 8,35 13,75 15,02 15,65 16,51
Região 166,46 191,81 194,86 155,11 181,28 204,23 150,98 160,83 186,40 189,64 177,12 149,60
Fonte: Valores Referentes a 1996 até 2002: Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro - CIDE RJ
Valores Referentes a 2003 até 2007: IBGE
http://www.cide.rj.gov.br/tabnet/deftohtm.exe?cide/PIB/PIBCOR.def
Acesso em 22 de dezembro de 2009

986 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Tabela 7 - Região Noroeste Fluminense, Evolução do PIB Indústria, 1996 - 2007 (a preços constantes)
Evolução do PIB Indústria (a preços constantes) (MMR$)
Municípios da Região
1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Noroeste Fluminense
Aperibé 6,14 6,01 6,47 5,75 5,26 5,76 2,65 7,22 7,26 6,80 6,85 6,55
Bom Jesus do Itabapoana 14,84 14,86 17,10 20,45 25,54 20,44 7,08 38,21 37,43 41,51 41,84 39,46
Cambuci 6,98 2,57 4,34 0,85 0,96 1,80 0,69 9,10 9,48 9,92 8,81 9,51
Italva 31,70 32,70 20,85 20,93 13,76 12,14 7,27 11,02 10,66 10,51 10,56 10,81
Itaocara 15,75 12,87 17,34 15,22 14,14 13,28 11,26 21,89 21,88 41,31 42,00 40,31
Itaperuna 264,89 222,20 222,21 228,95 207,50 45,08 35,39 163,36 140,17 541,19 423,89 383,97
Laje do Muriaé 0,34 0,27 0,30 1,37 1,29 0,18 0,99 5,58 5,50 7,32 9,37 7,34
Miracema 9,62 6,30 7,00 6,22 7,28 7,45 5,09 24,09 25,83 22,78 21,56 20,68
Natividade 2,83 2,71 4,79 3,08 4,51 3,74 4,19 12,09 11,74 22,29 22,01 19,11
Porciúncula 7,59 11,07 11,40 2,71 5,37 11,74 8,95 15,73 43,02 15,18 15,67 14,52
Santo Antônio de Pádua 41,14 35,23 34,10 27,52 33,95 30,23 22,85 52,02 48,88 58,73 59,59 71,59
São José de Ubá - 2,30 2,43 2,43 2,04 0,04 1,64 4,55 4,39 4,34 4,48 4,60
Varre-Sai 0,53 0,60 0,55 0,73 0,76 0,95 0,36 4,91 5,04 5,28 5,15 5,25
Região 402,36 349,71 348,87 336,20 322,36 152,84 108,40 369,77 371,27 787,15 671,78 633,70
Fonte: Valores Referentes a 1996 até 2002: Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro - CIDE RJ
Valores Referentes a 2003 até 2007: IBGE
http://www.cide.rj.gov.br/tabnet/deftohtm.exe?cide/PIB/PIBCOR.def
Acesso em 22 de dezembro de 2009

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 987


Tabela 8 - Região Noroeste Fluminense, Evolução do PIB Serviços, 1996 - 2007 (a preços constantes)
Evolução do PIB Serviços (a preços constantes) (MMR$)
Municípios da Região
1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Noroeste Fluminense
Aperibé 42,51 48,67 53,32 49,79 42,74 38,92 31,72 55,70 49,10 51,28 51,68 52,01
Bom Jesus do Itabapoana 228,01 305,17 257,95 252,56 233,87 223,72 185,26 251,13 241,99 244,71 261,21 256,92
Cambuci 102,58 84,05 91,80 71,70 92,94 122,02 112,30 83,05 82,72 86,99 88,95 91,14
Italva 85,65 95,43 104,49 85,42 82,52 82,74 68,34 75,43 75,59 77,24 79,45 88,59
Itaocara 118,15 145,35 166,03 148,41 130,87 111,70 95,05 155,64 160,67 174,01 185,23 195,62
Itaperuna 591,84 664,56 774,78 650,84 552,69 524,54 439,30 725,57 729,19 875,77 888,23 923,16
Laje do Muriaé 50,39 39,24 59,72 50,90 49,51 43,91 35,18 43,76 45,51 48,06 49,45 50,93
Miracema 139,37 173,73 169,66 144,52 134,80 122,63 109,25 159,00 154,49 166,29 170,55 174,79
Natividade 104,51 120,69 103,06 89,80 77,27 73,79 65,73 92,11 90,44 99,16 101,65 105,30
Porciúncula 80,23 116,47 94,44 92,45 83,18 75,95 65,93 106,76 111,77 111,96 116,47 119,49
Santo Antônio de Pádua 234,43 274,03 291,34 236,97 225,03 213,41 189,23 262,29 254,26 282,96 298,07 299,60
São José de Ubá - 26,90 32,72 34,63 31,87 33,83 30,86 32,95 34,53 39,63 39,70 40,79
Varre-Sai 29,57 68,41 39,74 39,44 35,49 33,22 27,56 40,71 41,04 45,70 48,29 50,87
Região 1.807,23 2.162,71 2.239,06 1.947,43 1.772,80 1.700,37 1.455,71 2.084,08 2.071,31 2.303,75 2.378,95 2.449,23
Fonte: Valores Referentes a 1996 até 2002: Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro - CIDE RJ
Valores Referentes a 2003 até 2007: IBGE
http://www.cide.rj.gov.br/tabnet/deftohtm.exe?cide/PIB/PIBCOR.def
Acesso em 22 de dezembro de 2009

988 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Tabela 9 - Região Noroeste Fluminense, Evolução do PIB Impostos, 1996 - 2007 (a preços constantes)
Evolução do PIB Impostos (a preços constantes) (MMR$)
Municípios da Região
1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Noroeste Fluminense
Aperibé 3,90 5,37 4,85 3,97 3,97 3,78 1,55 2,66 2,80 2,52 2,80 3,43
Bom Jesus do Itabapoana 38,76 33,45 36,89 31,21 32,76 28,97 23,22 18,06 18,04 15,22 17,17 20,62
Cambuci 8,84 11,65 5,56 3,33 3,05 2,79 2,25 3,49 3,76 3,95 4,16 7,90
Italva 7,48 10,62 8,91 7,17 7,04 5,99 5,50 4,22 4,03 3,96 4,29 6,22
Itaocara 10,29 20,50 13,82 11,69 11,32 11,73 9,31 12,08 12,04 14,79 18,06 21,16
Itaperuna 113,03 95,09 129,34 112,63 123,55 128,71 115,93 62,88 57,85 117,59 106,82 105,61
Laje do Muriaé 4,60 4,63 5,20 3,78 3,66 3,63 2,69 1,81 1,83 2,16 3,19 3,50
Miracema 14,09 22,15 18,76 17,53 19,67 17,55 14,72 8,00 7,36 7,39 8,71 9,91
Natividade 10,67 12,60 12,37 11,01 11,54 9,55 7,31 4,91 5,04 6,33 7,05 8,39
Porciúncula 8,67 13,39 8,24 7,69 8,63 7,21 6,08 8,09 12,45 7,26 7,69 10,20
Santo Antônio de Pádua 38,24 33,49 43,52 30,13 27,52 25,99 21,66 25,79 26,56 27,45 31,25 36,47
São José de Ubá - 4,53 4,46 3,65 3,57 3,15 1,57 1,63 1,62 1,78 2,09 4,56
Varre-Sai 2,03 5,28 3,14 2,14 2,23 2,30 1,72 1,55 1,63 1,79 2,02 6,83
Região 260,60 272,76 295,07 245,92 258,52 251,35 213,50 155,16 155,01 212,19 215,29 244,80
Fonte: Valores Referentes a 1996 até 2002: Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro - CIDE RJ
Valores Referentes a 2003 até 2007: IBGE
http://www.cide.rj.gov.br/tabnet/deftohtm.exe?cide/PIB/PIBCOR.def
Acesso em 22 de dezembro de 2009

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 989


Esta evolução do PIB da Região Noroeste que sofreu uma redução expressiva com a desva-
lorização cambial, em 1999, depois com a crise energética em 2002, retomando o cresci-
mento em 2005, que se estabiliza imediatamente em seguida, indica uma economia com
pouco dinamismo, propensa à estagnação. A longa duração desse processo leva ao afas-
tamento do PIB Real, ou efetivamente verificado, do PIB Potencial ou aquele que poderia ter
sido realizado e não foi, promovendo a descapitalização e a desestruturação dos sistemas e
bases de sustentação do sistema socioeconômico de municípios e da Região, de tal manei-
ra que em qualquer hipótese de seu ressurgimento haverá a necessidade de se contar com
tempos adicionais para o resgate das condições indispensáveis ao seu realizar.
Simultaneamente torna-se muito importante a avaliação da evolução dos Valores Adiciona-
dos Fiscais, VAFs, que reiteram ou ajustam as interpretações emanadas do PIB, desde que
ele define a condição de geração da riqueza pelo Município e de formação da receita das
Municipalidades. No caso da Noroeste, a situação dos valores da Tabela seguinte reitera o
quadro de um processo econômico sem dinamismo (os dados já incluem 2008, o qual apro-
funda a redução da maior parte dos índices), mantendo a propensão recessiva para a Regi-
ão.
Tabela 10 - Região Noroeste Fluminense, Evolução do VAF, 2003 - 2008
Valor Adicionado Fiscal - VAF - Índice Médio
Municípios da Região
Noroeste Fluminense 2003 2004 2005 2006 2007 2008
Aperibé 0,0097 0,0101 0,0110 0,0115 0,0077 0,0084
Bom Jesus do Itabapoana 0,0616 0,0453 0,0463 0,0457 0,0513 0,0495
Cambuci 0,0135 0,0131 0,0149 0,0133 0,0112 0,0157
Italva 0,0219 0,0198 0,0217 0,0196 0,0163 0,0145
Itaocara 0,0253 0,0291 0,0361 0,0402 0,0399 0,0355
Itaperuna 0,1717 0,1692 0,1736 0,1808 0,1945 0,1627
Laje do Muriaé 0,0069 0,0060 0,0071 0,0099 0,0107 0,0102
Miracema 0,0272 0,0218 0,0249 0,0277 0,0245 0,0227
Natividade 0,0189 0,0170 0,0184 0,0245 0,0181 0,0230
Porciúncula 0,0176 0,0163 0,0180 0,0187 0,0205 0,0193
Santo Antônio de Pádua 0,0785 0,0832 0,0849 0,0956 0,0926 0,0846
São José de Ubá 0,0090 0,0091 0,0107 0,0111 0,0115 0,0104
Varre-Sai 0,0084 0,0073 0,0078 0,0080 0,0076 0,0078
Região 0,0362 0,0344 0,0366 0,0390 0,0390 0,0357

Fonte: Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro - CIDE RJ


http://www.cide.rj.gov.br/tabnet/tabcgi.exe?cide\FinanPub\VAF.def
Acesso em 22 de dezembro de 2009
Secretaria de Estado da Fazenda do Rio de Janeiro

A condição de participação no ICMS, 1994 a 2010, Tabela a seguir, ratifica e agrava o de-
sempenho inferido com uma situação de imobilismo da economia regional, traduzidos pelo
PIB e pelo VAF, agora, com as contribuições do ICMS, através da evolução mensurada de
seus coeficientes, que indicam uma queda continuada, desde 2001 até 2010.

Todos os municípios perdem posição relativa, com grande parte retornando à condição de
participação de 1994. Este fato compromete diretamente a formação das receitas munici-
pais, com menores transferências em razão da menor geração de riqueza pela Região.

990 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Tabela 11 - Região Noroeste Fluminense, Evolução do Coeficiente de Participação do ICMS, 1994 - 2010
Evolução Coeficiente de Participação do ICMS
Municípios da Região (*1) (*2) (*3) (*4) (*5) (*6) (*7)
1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
Noroeste Fluminense
Aperibé 0,125 0,126 0,127 0,184 0,184 0,183 0,183 0,183 0,181 0,180 0,180 0,180 0,179 0,179 0,180 0,180 0,176
Bom Jesus do Itabapoana 0,260 0,259 0,261 0,303 0,302 0,302 0,306 0,309 0,306 0,306 0,306 0,305 0,300 0,296 0,298 0,288 0,281
Cambuci 0,264 0,262 0,215 0,249 0,244 0,245 0,244 0,243 0,238 0,242 0,242 0,247 0,251 0,251 0,249 0,240 0,233
Italva 0,172 0,171 0,175 0,214 0,215 0,216 0,212 0,208 0,204 0,203 0,203 0,200 0,201 0,202 0,202 0,196 0,197
Itaocara 0,221 0,233 0,241 0,262 0,251 0,246 0,26 0,268 0,252 0,245 0,245 0,241 0,238 0,241 0,246 0,239 0,232
Itaperuna 0,559 0,55 0,549 0,631 0,606 0,582 0,586 0,6 0,582 0,552 0,552 0,544 0,552 0,552 0,558 0,563 0,520
Laje do Muriaé 0,148 0,146 0,145 0,188 0,187 0,187 0,188 0,189 0,191 0,189 0,189 0,189 0,187 0,185 0,185 0,182 0,179
Miracema 0,191 0,187 0,186 0,229 0,229 0,227 0,228 0,228 0,228 0,226 0,226 0,226 0,224 0,223 0,226 0,223 0,213
Natividade 0,194 0,191 0,191 0,223 0,223 0,222 0,22 0,221 0,217 0,217 0,217 0,218 0,219 0,219 0,224 0,222 0,218
Porciúncula 0,169 0,168 0,169 0,209 0,21 0,21 0,21 0,211 0,215 0,212 0,212 0,212 0,213 0,211 0,211 0,211 0,203
Santo Antônio de Pádua 0,293 0,284 0,287 0,334 0,335 0,329 0,33 0,332 0,327 0,324 0,324 0,323 0,327 0,330 0,334 0,326 0,313
São José de Ubá - - 0,053 0,19 0,19 0,191 0,19 0,189 0,188 0,187 0,187 0,191 0,190 0,192 0,197 0,192 0,186
Varre-Sai 0,141 0,14 0,143 0,185 0,184 0,184 0,184 0,184 0,189 0,183 0,183 0,183 0,182 0,182 0,181 0,177 0,174
Região 2,737 2,717 2,742 3,401 3,36 3,324 3,341 3,365 3,318 3,266 3,266 3,259 3,263 3,263 3,291 3,239 3,125

-- = sem informação
(*1) - Restabelecimento do IPM 2002 fixados pelo Decreto 30.401/2001 em face da revogação do Decreto 30.852/2002 pelo Decreto 31.509/2002 .
(*2) - IPM 2003 publicado pelo Decreto N.º 34.451 de 08 de dezembro de 2003.
(*3) - Restabelecimento do IPM 2003, para vigorar temporariamente em 2004, em face da suspensão dos efeitos do Decreto nº 34.858/2004 pelo Decreto nº 34.982/2004.
(*4) - Índices fixados pelo Decreto nº 36.687/2004.
(*5) índices de 2006 fixados pelo Decreto nº 38.888, de 20/02/2006.
(*6) índices de 2007 fixados pelo Decreto nº 40.597, de 09/02/2007.
(*7) o Decreto 41.108/2008 alterou os índices para 2008 anteriormente fixados pelo Decreto 40.953/2007

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 991


4. GERAÇÃO DA RENDA E POSTOS DE TRABALHO OU EMPREGO
(CAPACIDADE DE PAGAMENTO E/OU PODER DE COMPRA)
Foram escolhidos para uma análise da situação da geração e distribuição da renda da Regi-
ão Noroeste Fluminense os indicadores Produto Interno Bruto, PIB, per Capita, numa di-
mensão do agregado econômico local, a Renda Média per Capita, uma medida censitária
apurada para o ano de 2000, o GINI, cujas descrições e avaliações correspondentes cons-
tam a seguir.
O primeiro indicador considerado, o PIB per Capita, Gráfico a seguir, mostra claramente a
predominância da influência de uma variação maior do PIB em relação ao crescimento da
população. Observa-se igualmente o efeito da participação dos programas assistenciais, a
partir de 2003, que contribuíram também para a elevação da renda, com reflexos diretos na
economia regional devido à sua dimensão e giro.
Gráfico 7 - Região Noroeste Fluminense, Evolução do PIB per Capita, 1996- 2007 (a preços
constantes)

Noroeste Fluminense - PIB Per Capita (a preços constantes)

R$
10.643

11.326
11.154

10.899
10.386
9.297

9.202

8.971
7.805

7.683

9.073
6.368

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 Ano

Fonte: IBGE

Não obstante a não disponibilidade de dados atuais sobre a situação da pobreza na Região,
cabe mencionar que os indicadores do Censo 2000, colocavam a maioria dos seus municí-
pios com duas vezes a proporção de pobres do Estado do Rio de Janeiro (38 contra 19%).
De maneira similar, a Renda per Capita Média na Noroeste representava a metade da prati-
cada no Estado, representando entre 20 a 30% do salário mínimo da época.
Esta situação se alterou com a disseminação dos programas sociais assistenciais do Go-
verno Federal, assim como por um aumento maior do PIB em relação à demografia, sem
que, no entanto, tenha havido quaisquer mudanças estruturais.
Os dados da Tabela, a seguir, que tratam exclusivamente do emprego formal que considera
somente a uma parcela da população economicamente ativa mostram uma melhoria das
condições salariais que aproximam das condições do PIB/Capita. Este fato leva à constata-
ção de uma distribuição mais igualitária da renda regional, associada à ausência de grandes
empreendimentos que, por seu escopo e escala, concentram a riqueza e a renda.
Quando o emprego público melhor remunera e a agropecuária recebe os menores salários,
a economia está em regime de desaceleração e multiplica pouco. Isto explica a propensão à
estagnação, as taxas de urbanização, a migração, entre outras. Chama atenção a diferença
entre os salários médios máximo e mínimo, 8 vezes, bem abaixo dos mais freqüentes no
país, outra indicação de uma sociedade menos desigual, mas com baixos para moderados
níveis de renda.
992 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
Em termos da oferta de trabalho, o balanço da Região, em 2009, como em outros anos des-
ta década, aponta para um saldo positivo na geração de novos postos de trabalho formais
no ano, correspondentes a + 1.817, ou seja, apenas 1,2% da PEA regional, sendo assim
menor do que a expansão média da demografia e da PEA, reiterando, uma vez mais uma
condição de resposta incompleta às demandas da sua população.
Em outra avaliação, a comparação entre o PIB per Capita e o índice GINI entre os vários
municípios que compõem a Região Noroeste Fluminense, o Gráfico deixa claro que a distri-
buição da renda não está necessariamente associada a uma economia mais pujante, caso
de Itaperuna, Itaocara e Santo Antônio de Pádua, por exemplo, em contraposição a São
José de Ubá, Italva e Varre Sai, por exemplo, numa posição mais favorável, ou São Francis-
co de Itabapoana, Aperibé e Cambuci, numa posição a menos favorável.
Ressalte-se, por oportuno, que, no Gráfico, os raios dos círculos são proporcionais à popu-
lação o que lhes confere a informação dos montantes de população que convivem com cada
uma das condições de renda e desigualdade (ou assimetria).
Fica claro que os comportamentos dos municípios desta Região, na representação gráfica,
os situa em um espaço bem delimitado, com variações moderadas, ocorrendo um distanci-
amento maior de tão somente dois dentre os treze municípios.
Observa-se também que os municípios cujas economias mais cresceram, em um curto in-
tervalo de tempo na história recente, revelam tendência a não conseguirem alcançar, em
simultaneidade, melhores distribuições de renda para sua população.
Esta análise evidencia as limitações existentes na capacidade de pagamento e poder de
compras dos habitantes da Região Noroeste. Ao considerá-los como contribuintes, este per-
fil delimita para as Municipalidades a sua capacidade atual de produzir receita, faz ressaltar
a dependência das transferências e da captação de outras receitas e destaca o papel de
empregador dos governos municipais, com salários médios superiores aos praticados pelo
mercado formal regional.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 993


Tabela 12 - Região Noroeste Fluminense, Evolução do PIB/Capita, 1996 - 2007
PIB Per Capita (a preços constantes) (MR$)
Municípios da Região
1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Noroeste Fluminense
Aperibé 7.872 8.909 9.006 7.978 6.465 6.468 4.796 8.188 7.211 7.158 7.050 7.364
Bom Jesus do Itabapoana 9.181 11.193 9.829 9.436 8.367 8.652 6.642 9.338 8.879 8.887 9.246 9.844
Cambuci 7.162 6.845 7.284 6.312 7.732 9.868 9.465 7.658 8.195 8.361 8.401 8.511
Italva 10.145 11.006 10.703 11.393 8.305 9.125 7.097 7.791 7.822 7.976 8.128 8.248
Itaocara 6.970 8.502 9.073 7.813 6.863 6.811 5.749 8.981 9.223 10.737 11.401 12.263
Itaperuna 12.094 12.152 13.484 11.538 9.638 8.380 6.953 10.980 10.522 17.005 15.545 15.490
Laje do Muriaé 7.986 6.482 9.280 8.230 7.961 7.047 5.438 6.940 7.080 7.590 8.022 8.424
Miracema 6.956 8.556 8.285 7.218 5.668 5.678 4.825 7.181 6.965 7.228 7.299 8.071
Natividade 8.467 9.573 8.291 6.766 6.238 6.917 5.680 7.847 7.653 8.981 9.034 9.436
Porciúncula 7.154 9.879 8.108 7.257 6.497 7.181 5.884 8.529 10.750 8.779 9.059 9.080
Santo Antônio de Pádua 9.636 10.455 11.952 8.969 6.987 7.319 6.151 8.835 8.400 9.196 9.517 10.514
São José de Ubá - 12.991 12.820 8.725 7.376 7.123 6.651 7.725 8.330 9.588 9.135 8.714
Varre-Sai 5.525 10.553 6.701 6.759 5.879 5.576 4.695 6.873 7.470 8.159 8.474 9.563
Região 9.297 10.386 10.643 9.202 7.805 7.683 6.368 9.073 8.971 11.154 10.899 11.326
Fonte: IBGE

994 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Tabela 13 - Região Noroeste Fluminense, Emprego Formal, 2009 (Flutuação) e 2008 (Remuneração Média)
Emprego Formal
Remuneração
Flutuação do Emprego Formal (janeiro
Municípios da Região População PEA Total Média do
a dezembro 2.009)
Noroeste Fluminense Emprego Formal
2.000 2.009 2.000 *2009 Admissão Desligamento Saldo (R$) 2.008
Aperibé 8.018 9.556 3.911 4.661 205 153 52 719,19
Bom Jesus do Itabapoana 33.655 35.303 15.479 16.237 1.456 1.405 51 923,92
Cambuci 14.670 14.770 6.500 6.544 203 202 1 744,51
Italva 12.621 14.676 5.382 6.258 189 172 17 917,67
Itaocara 23.003 22.452 11.120 10.854 747 473 274 807,72
Itaperuna 86.720 99.454 40.700 46.676 4.963 4.099 864 870,94
Laje do Muriaé 7.909 7.997 3.467 3.506 84 63 21 641,89
Miracema 27.064 26.824 12.270 12.161 529 479 50 814,30
Natividade 15.125 15.406 7.069 7.200 195 224 -29 1.090,64
Porciúncula 15.952 18.444 7.341 8.488 293 252 41 950,60
Santo Antônio de Pádua 38.692 42.405 18.475 20.248 2.177 1.759 418 730,41
São José de Ubá 6.413 7.297 3.187 3.626 111 76 35 747,02
Varre-Sai 7.854 8.852 3.959 4.462 75 53 22 767,57
Região (1) 297.696 323.436 138.860 150.922 11.227 9.410 1.817 825,11

* Calculada com base na população do IBGE


Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego / CAGED
http://perfildomunicipio.caged.com.br/seleciona_uf_consulta.asp?entrada=SPER&uf=rj
Acesso em 16 de dezembro de 2009

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 995


Tabela 14 - Região Noroeste Fluminense, Emprego Formal por Setor – Remuneração Média, 2008
Remuneração Média de Empregos Formais em 31 de Dezembro de 2008 - (R$)
Serviços
Municípios da Região Total das Extrativa Indústria de Construção Administração
Industriais de Comércio Serviços Agropecuária
Noroeste Fluminense Atividades Mineral Transformação Civil Pública
Utilidade Pública
Aperibé 719,19 0,00 827,50 0,00 0,00 578,55 771,68 696,10 513,97
Bom Jesus do Itabapoana 923,92 693,75 659,02 0,00 1.663,53 596,91 915,61 1.496,96 503,61
Cambuci 744,51 835,04 601,52 730,97 711,12 558,44 1.020,54 779,67 494,36
Italva 917,67 977,03 752,79 0,00 633,60 619,43 968,35 1.151,17 508,22
Itaocara 807,72 0,00 680,53 0,00 753,55 620,87 885,99 1.048,33 526,37
Itaperuna 870,94 936,27 763,64 2.631,32 690,56 666,35 1.045,22 1.246,23 494,89
Laje do Muriaé 641,89 491,91 692,79 0,00 495,86 582,24 973,14 1.543,21 479,28
Miracema 814,30 0,00 646,33 0,00 1.193,41 609,82 958,78 947,46 478,18
Natividade 1.090,64 571,01 765,90 0,00 670,69 568,87 977,67 1.482,30 488,32
Porciúncula 950,60 549,01 608,63 0,00 0,00 609,38 1.153,26 1.184,75 492,47
Santo Antônio de Pádua 730,41 655,22 742,71 910,71 621,81 616,20 843,78 784,57 509,95
São José de Ubá 747,02 614,69 820,92 0,00 543,12 590,85 1.353,21 779,06 478,81
Varre-Sai 767,57 0,00 711,81 0,00 538,30 557,25 1.076,92 789,75 495,66
Região 825,11 486,46 713,39 328,69 655,04 598,09 995,70 1.071,50 497,24

Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego / CAGED


http://perfildomunicipio.caged.com.br/seleciona_uf_consulta.asp?entrada=SPER&uf=rj
Acesso em 16 de dezembro de 2009

996 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Gráfico 8 - Região Noroeste Fluminense, Distribuição x Geração de Renda, 2007

Noroeste Fluminense - Distribuição de Renda x Geração de Renda


< Desigualdade
3,0

2,8

1 2,6 São José de Ubá


Varre-Sai
GINI Italva

2,4 Laje do Muriaé Porciúncula Itaperuna

Cam buci Natividade Bom Jesus do


Aperibé Itaocara
2,2 Itabapoana

São Francisco de Itabapoana Santo Antônio de Pádua


2,0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
> Desigualdade PIB/Capita x 103

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 997


5. SITUAÇÃO ECONÔMICO-FINANCEIRA DAS MUNICIPALIDADES
5.1 Formação da Receita
A Receita auferida pelas Municipalidades da Região Noroeste Fluminense, estruturada nas
suas rubricas convencionais, a saber, Tributária Própria, Fundo de Participação dos Municí-
pios, Quota de Participação no ICMS e Outras (captação de recursos de fundos, dotações
orçamentárias, programas dedicados e especiais, entre outras), conta da Tabela a seguir.
Da sua leitura é possível inferir que:
• ao longo do período, há uma redução acentuada das participações na Receita
Total das Municipalidades, das receitas Tributária, FPM e ICMS, as quais cumpre
destacar crescem no tempo;
• o que acontece, em contrapartida, é a valoração acentuada e conseqüente in-
cremento nas participações da receita intitulada Outras, que multiplica por 3 ve-
zes, no intervalo de tempo considerado, mostrando o aumento crescente da rela-
ção de dependência das Municipalidades, associada ao sucesso ou não da cap-
tação ou inscrição e participação em projetos, programas e demais iniciativas do
Governo Federal, principalmente, e do Estadual subsidiariamente. Trata-se de
uma condição conjuntural que, ao emular receitas com valores muito altos, que
superam os 50% da Receita Total em vários municípios, alcançando 69,63% em
Itaperuna e 50,88% na Região Noroeste, pode ser entendida como algo persis-
tente, que traduz uma situação de regime. Entretanto, tais receitas, a grande par-
te delas possui uma conotação de eventualidade ou temporalidade, assim como
uma destinação específica e vinculada, que nem sempre corresponde às priori-
dades ou necessidades maiores municipais. Mesmo as que constituem fundos
continuados caracterizam-se como receitas de transferência. De fato, tal condi-
ção reflete uma concentração exagerada da capacidade de financiamento das
operações e investimentos das Municipalidades da Região na União, comprome-
tendo a gestão pública municipal e regional, seja na efetividade de sua gestão,
seja na capacidade e graus de liberdade de sua governança.
• fica evidente o impacto de Outras na avaliação do desempenho das Municipali-
dades, ainda que nos anos mais recentes tenha-se generalizado o reconheci-
mento de que ela representa a via de expansão de receitas municipais;
• a redução da participação da receita Tributária Própria constitui uma contradição,
desde que a Noroeste e seus municípios apresentam uma economia de predo-
minância e que vem crescendo com o seu setor terciário, Serviços. Neste caso
deveria ter ocorrido um aumento mais expressivo da arrecadação do ISS e, por
conseguinte, da receita Tributária, tanto em valores absolutos quanto proporcio-
nais;
• ainda persistem maiores as receitas totais das Municipalidades de municípios
que possuem os maiores Produtos Internos Brutos - Itaperuna, Santo Antônio de
Pádua e Bom Jesus do Itabapoana, as quais, no entanto, em conjunto, perdem
posições em relação ao PIB, uma vez que a soma de suas Receitas Totais re-
presenta menos de 50% da Receita Total regional do Noroeste (46%, em 2008);
• os últimos municípios emancipados mostram um desempenho típico da Região,
em relação à sua Receita Total, que praticamente duplica nesse período;
• o desempenho da receita do ICMS, com baixos acréscimos, conforme explicado
anteriormente, deixa clara a fragilidade e condição desfavorável da economia re-
gional, em que já aparecem variações com taxas negativas entre dois anos con-
secutivos;
998 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
• nos valores do FPM, particularmente no valor de 2008 estão incluídos para mais
mudança de cálculo em 2005/2006 e reajuste, em 2008, decorrente de correção
do montante nacional (mantidas as alíquotas municipais) proveniente de deci-
sões políticas negociadas e aprovadas, o que se sobrepôs ao fator determinante
do seu valor, qual seja, a sua população.
Na Tabela e Gráfico seguintes, pode-se ver o resultado da gestão tributária no seu esforço
de geração interna de receita para as Municipalidades. As contribuições, para o último ano
2008, variam de 1,28%, Varre-Sai, a 8,36%, Bom Jesus de Itabapoana, da Receita Total,
com 4,81% para a Região Noroeste, o que corresponde a valores baixos e a maioria pouco
significativa. Estas contribuições sobem a valores entre 2,43%, Varre-Sai e 19,52%, Itaperu-
na, com a Região Noroeste passando a 9,79%, para a condição de se deduzir o montante
das receitas Outras da Receita Total. Na verdade, em qualquer das duas modalidades de
cálculo os valores são, regra geral, baixos mostrando um baixo desempenho. Fica claro,
portanto, o pouco dinamismo da economia da Região Noroeste Fluminense que contingen-
cia as rendas de sua população, o que restringe, por sua vez, severamente as receitas pú-
blicas, seja pela limitação na capacidade de pagamento dos contribuintes, seja pela insufici-
ência da base contributiva dos sistemas produtivos regionais.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 999


Tabela 15 - Região Noroeste Fluminense, Receita Fiscal das Municipalidades e Região, 1997, 2000, 2008 (a preços constantes)
Receita Fiscal (a preços constantes) (MR$)
Municípios da Região Tributária Própria FPM QPM-ICMS Outras Total Realizada
Noroeste Fluminense 1997 2000 2008 1997 2000 2008 1997 2000 2008 1997 2000 2008 1997 2000 2008
Aperibé 322 452 329 2.351 2.039 3.924 6.800 7.698 8.049 2.267 10.279 9.102 11.740 20.467 21.404
Bom Jesus do Itabapoana 3.092 2.691 4.103 6.418 6.872 10.463 12.850 11.354 13.329 5.411 13.970 21.212 27.770 34.887 49.107
Cambuci 452 107 529 5.485 5.189 6.540 11.516 10.568 10.998 2.296 4.200 11.454 19.750 20.063 29.522
Italva 564 783 820 3.879 3.217 6.540 8.754 7.857 9.033 2.449 3.905 13.551 15.645 15.761 29.943
Itaocara 739 971 1.634 5.485 5.817 7.847 9.924 10.929 10.999 3.435 10.423 19.466 19.583 28.141 39.946
Itaperuna 8.822 8.747 10.945 8.170 12.039 19.577 26.533 24.935 25.555 5.868 58.440 93.504 49.393 104.161 149.581
Laje do Muriaé 265 272 374 1.646 2.131 3.924 7.894 8.410 8.271 864 4.310 9.350 10.669 15.122 21.919
Miracema 953 930 1.582 3.801 4.794 9.092 9.573 8.720 10.116 4.794 7.390 22.713 19.121 21.835 43.503
Natividade 605 451 865 5.485 2.808 6.540 9.888 8.477 10.013 5.896 8.336 15.735 21.875 20.073 33.153
Porciúncula 807 888 1.466 3.890 3.644 4.400 8.117 7.821 7.985 4.241 7.633 17.064 17.055 19.986 30.915
Santo Antônio de Pádua 2.923 2.397 3.229 7.052 7.318 11.771 13.643 14.269 14.883 2.966 12.272 27.827 26.585 36.256 57.711
São José de Ubá 121 237 341 1.593 2.186 3.924 7.751 7.077 8.645 839 1.108 8.746 10.303 10.608 21.657
Varre-sai 125 158 299 2.351 2.193 3.924 8.098 6.765 8.093 2.210 6.946 10.939 12.784 16.062 23.254
Região 19.789 19.086 26.515 57.606 60.245 98.465 141.342 134.879 145.970 43.537 149.212 280.664 262.273 363.422 551.614
% 7,55 5,25 4,81 21,96 16,58 17,85 53,89 37,11 26,46 16,60 41,06 50,88 100,00 100,00 100,00
Fontes: Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Nacional, Finanças do Brasil - Dados Contábeis dos Municípios
Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro - TCE

1000 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Tabela 16 - Região Noroeste Fluminense, Receita Tributária Própria das Municipalidades e Região, 1997, 2000, 2008 (a preços constantes)
Receitas (a preços constantes)
Municípios da Região Receita Tributária Própria (MR$) Receita Total (MR$) Receita Tributária x Receita Total (%)
Noroeste Fluminense 1997 2000 2008 1997 2000 2008 1997 2000 2008
Aperibé 322 452 329 11.740 20.467 21.404 2,74 2,21 1,54
Bom Jesus do Itabapoana 3.092 2.691 4.103 27.770 34.887 49.107 11,13 7,71 8,36
Cambuci 452 107 529 19.750 20.063 29.522 2,29 0,53 1,79
Italva 564 783 820 15.645 15.761 29.943 3,60 4,97 2,74
Itaocara 739 971 1.634 19.583 28.141 39.946 3,77 3,45 4,09
Itaperuna 8.822 8.747 10.945 49.393 104.161 149.581 17,86 8,40 7,32
Laje do Muriaé 265 272 374 10.669 15.122 21.919 2,48 1,80 1,71
Miracema 953 930 1.582 19.121 21.835 43.503 4,98 4,26 3,64
Natividade 605 451 865 21.875 20.073 33.153 2,77 2,25 2,61
Porciúncula 807 888 1.466 17.055 19.986 30.915 4,73 4,44 4,74
Santo Antônio de Pádua 2.923 2.397 3.229 26.585 36.256 57.711 11,00 6,61 5,60
São José de Ubá 121 237 341 10.303 10.608 21.657 1,17 2,24 1,58
Varre-Sai 125 158 299 12.784 16.062 23.254 0,98 0,99 1,28
Região 19.789 19.086 26.515 262.273 363.422 551.614 7,55 5,25 4,81

Fonte: Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Nacional, Finanças do Brasil - Dados Contábeis dos Municípios

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 1001


Deve-se mencionar que a Região Noroeste Fluminense é composta por 8 municípios com
população até 20.000 habitantes, 4 municípios com população acima de 20.000 e inferior a
50.000 habitantes e 1 na faixa maior do que 50.000 até 100.000 habitantes. Em geral cada
uma destas faixas constrói, ao longo de sua história, um paradigma de referência quanto ao
comportamento econômico-financeiro de suas Municipalidades, na medida em que operam
em blocos de condições relativamente próximas que especificam resultados que se associ-
am a médias capazes de retratar cada conjunto com propriedade. Em vários estados brasi-
leiros, são conhecidas as médias de comportamentos desses agrupamentos de municípios
identificados por sua população que constitui um elemento determinante no comportamento
econômico-financeiro de suas Municipalidades, particularmente para as faixas de municípios
até cem mil habitantes, para as quais o grau de complexidade lógica se atém dentro de es-
paços delimitados comuns. No caso do Estado do Rio de Janeiro, esta informação ainda
não foi objeto de uma sistematização que tornasse conhecidos os valores de referência dos
estratos de municípios associando o seu desempenho econômico financeiro à sua popula-
ção (como foi feito, por exemplo, no Índice FIRJAN de Desenvolvimento Municipal). Desta
maneira, torna-se possível uma comparação intra-municípios de uma região, caso da Noro-
este Fluminense, ou entre as Regiões Noroeste e Norte, disseminando-se tal procedimento
para outras regiões e o Estado, gradativamente. É possível igualmente comparações com
indicadores de municípios de outras unidades da federação, no sentido de constituir-se um
reconhecimento de padrões que permita a aplicação de diversas metodologias conhecidas
de suporte à tomada de decisão e planejamento.
Considerando-se, então, a título de demonstração, os indicadores Receita Tributária per
Capita e Receita per Capita das Municipalidades do Noroeste Fluminense, Tabela a seguir,
é possível constatar que o valor da Receita Tributária per Capita de R$83,00/hab., em 2008,
para a Região Noroeste foi bastante influenciado pelos valores mais elevados de alguns
municípios que tanto possuem populações mais altas, superiores a 20.000 habitantes, quan-
to municípios menores que apresentam desempenhos melhores dos que os seus pares, em
termos populacionais, caso, por exemplo, de Porciúncula e Bom Jesus do Itabapoana. E,
também não quer dizer que municípios mais populosos tenham que apresentar desempe-
nhos mais altos, caso de Cambuci, Miracema. Em uma perspectiva geral, esses valores da
Receita Tributária per Capita estão em valores muito pouco significativos, não representan-
do uma contribuição e comprometimento efetivo para a geração interna da receita nas Muni-
cipalidades. Somente para reflexão, a Receita Tributária Própria da Região Norte, vizinha,
foi de R$437,00/hab., ou seja, 5 vezes maior.
No que diz respeito à Receita Realizada Total per Capita, em 2008, a situação é muito inte-
ressante, pois a maior Receita Realizada per Capita é de São José de Ubá,
R$3.000,00/hab., seguida por Laje do Muriaé com R$2.741,00/hab. Estes valores reprodu-
zem o quanto cada uma dessas Municipalidades teve como Receita para atender a cada um
de seus habitantes. No sentido contrário, recebendo os mais baixos valores, Bom Jesus de
Itabapoana, Santo Antônio de Pádua e Itaperuna obtiveram, respectivamente,
R$1.371,00/hab., R$1.396,00/hab., R$1.521,00hab., sendo supostamente municípios de
maior complexidade e maior nível de problemas. Esta situação sinaliza para fluxos migrató-
rios importantes para sedes de municípios que polarizam sem que haja uma contrapartida
na geração de receitas o que cria ou acentua os desequilíbrios e amplia déficits para exercí-
cios fiscais futuros. Em termos macroeconômicos, constitui um dos embriões do distancia-
mento entre o PIB Potencial e o PIB Real, que refreia o processo de desenvolvimento e,
sobretudo, a sua sustentabilidade.
Cabe ainda mencionar que a maior parte das Receitas Realizadas segue uma curva de
comportamento relativamente contínua: as exceções com saltos de valores representam,
em geral, descontinuidades resultantes de intervenções bem ou mal sucedidas, conforme os
resultados foram positivos ou negativos, respectivamente.

1002 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Tabela 17 - Região Noroeste Fluminense, Receita Tributária Própria per Capita das Municipalidades e Região, 1997- 2000 - 2008 (a preços constan-
tes)
Receita Tributária Própria (a preços constantes)
Municípios da Região No- População Receita Tributária Própria (MR$) Receita Tributária Per Capita (R$)
roeste Fluminense 1997 2000 2008 1997 2000 2008 1997 2000 2008
Aperibé 7.450 8.018 9.420 322 452 329 43 56 35
Bom Jesus do Itabapoana 32.786 33.655 35.178 3.092 2.691 4.103 94 80 117
Cambuci 14.852 14.670 14.772 452 107 529 30 7 36
Italva 13.320 12.621 14.496 564 783 820 42 62 57
Itaocara 23.378 23.003 22.522 739 971 1.634 32 42 73
Itaperuna 84.090 86.720 98.347 8.822 8.747 10.945 105 101 111
Laje do Muriaé 7.599 7.909 7.996 265 272 374 35 34 47
Miracema 24.363 27.064 26.868 953 930 1.582 39 34 59
Natividade 15.265 15.125 15.392 605 451 865 40 30 56
Porciúncula 15.665 15.952 18.227 807 888 1.466 52 56 80
Santo Antônio de Pádua 34.277 38.692 42.093 2.923 2.397 3.229 85 62 77
São José de Ubá 5.899 6.413 7.220 121 237 341 20 37 47
Varre-Sai 7.693 7.854 8.766 125 158 299 16 20 34
Região 286.637 297.696 321.297 19.789 19.086 26.515 69 64 83
Fontes: Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Nacional, Finanças do Brasil - Dados Contábeis dos Municípios
Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro - TCE

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 1003


Tabela 18 - Região Noroeste Fluminense, Receita Realizada Total per Capita das Municipalidades e Região, 1997 - 2000- 2008 (a preços constantes)
Receita (a preços constantes)
Municípios da Região População Receita Total Realizada (MR$) Receita Realizada per Capita (R$)
Noroeste Fluminense 1997 2000 2008 1997 2000 2008 1997 2000 2008
Aperibé 7.450 8.018 9.420 11.740 20.467 21.404 1.576 2.553 2.272
Bom Jesus do Itabapoana 32.786 33.655 35.178 27.770 34.887 49.107 847 1.037 1.396
Cambuci 14.852 14.670 14.772 19.750 20.063 29.522 1.330 1.368 1.998
Italva 13.320 12.621 14.496 15.645 15.761 29.943 1.175 1.249 2.066
Itaocara 23.378 23.003 22.522 19.583 28.141 39.946 838 1.223 1.774
Itaperuna 84.090 86.720 98.347 49.393 104.161 149.581 587 1.201 1.521
Laje do Muriaé 7.599 7.909 7.996 10.669 15.122 21.919 1.404 1.912 2.741
Miracema 24.363 27.064 26.868 19.121 21.835 43.503 785 807 1.619
Natividade 15.265 15.125 15.392 21.875 20.073 33.153 1.433 1.327 2.154
Porciúncula 15.665 15.952 18.227 17.055 19.986 30.915 1.089 1.253 1.696
Santo Antônio de Pádua 34.277 38.692 42.093 26.585 36.256 57.711 776 937 1.371
São José de Ubá 5.899 6.413 7.220 10.303 10.608 21.657 1.747 1.654 3.000
Varre-Sai 7.693 7.854 8.766 12.784 16.062 23.254 1.662 2.045 2.653
Região 286.637 297.696 321.297 262.273 363.422 551.614 915 1.221 1.717

Fontes: Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Nacional, Finanças do Brasil - Dados Contábeis dos Municípios
Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro - TCE

1004 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Ao se considerar a evolução da situação da Receita Realizada Total e per Capita e da Re-
ceita Tributária Própria e per Capita do ponto de vista da Região Noroeste Fluminense, sur-
gem algumas constatações: entre 2000 e 2009, a taxa de crescimento da Receita Total Rea-
lizada, 51,78%, menor do que a do período anterior (2000-1997, 38,56%) revela-se superior
à taxa de crescimento da Receita Total Realizada per Capita, 40,62%, também menor do
que a do período anterior (2000-1997, 33,44%), o que indica que a Receita cresceu menos
que a população, e menos também no segundo período em questão. Como a população
pouco cresceu na Região, as receitas das Municipalidades cresceram menos ainda, com a
“Municipalidade” Regional perdendo capacidade econômico-financeira crescente em mais
de uma década. Observa-se que as taxas de crescimento anuais de ambas são muito ex-
pressivas.

Gráfico 9 - Região Noroeste Fluminense, Evolução da Receita Total Realizada, 1997- 2000 -
2008 (a preços constantes)

Noroeste Fluminense - Receita Total Realizada (a preços constantes)

MR$

551.614
262.273 363.422

1997 2000 2008 Ano

Fontes: Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Nacional, Finanças do Brasil - Dados Contábeis dos Municípios
Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro - TCE

Gráfico 10 - Região Noroeste Fluminense, Evolução da Receita Total Realizada per Capita,
1997- 2000 - 2008 (a preços constantes)

Noroeste Fluminense - Receita Total Realizada per Capita (a preços constantes)

R$

1.717
1.221
915

1997 2000 2008 Ano

Fontes: Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Nacional, Finanças do Brasil - Dados Contábeis dos Municípios
Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro - TCE

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 1005


No caso das receitas tributárias da Região Noroeste Fluminense, entre 2000-2008, a taxa de
crescimento da Receita Tributária Própria foi de 38,92% (no intervalo anterior 1997-2000,
ela decresceu 3,55%), enquanto a taxa da Receita Tributária per Capita cresceu 29,69%
(entre 1997-2000, ela reduziu 7,25%), o que mostra movimentos semelhantes, mas com
percentuais melhores para a Receita Tributária, ou seja, repete-se o comportamento verifi-
cado nas Receitas Totais Realizadas, agora, entre a Própria e a per Capita, no entanto, o-
correndo crescimento maior nos anos mais recentes em relação aos anos mais remotos
(neste caso em oposição ao que aconteceu quanto às receitas totais).

Gráfico 11 - Região Noroeste Fluminense, Evolução da Receita Tributária Propria, 1997- 2000 -
2008 (a preços constantes)

Noroeste Fluminense - Receita Tributária (a preços constantes)

MR$

19.789 19.086 26.515

1997 2000 2008 Ano

Fontes: Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Nacional, Finanças do Brasil - Dados Contábeis dos Municípios
Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro - TCE

Gráfico 12 - Região Noroeste Fluminense, Evolução da Receita Tributária Própria per Capita,
1997- 2000 - 2008 (a preços constantes)

Noroeste Fluminense - Receita Tributária Per Capita (a preços constantes)

R$

69 64 83

1997 2000 2008 Ano

Fontes: Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Nacional, Finanças do Brasil - Dados Contábeis dos Municípios
Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro - TCE

1006 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


5.2 Outras Receitas (CFEM e “royalties”)
Em aditamento às suas receitas fiscais, algumas Municipalidades da Região Noroeste Flu-
minense recebem a Contribuição Financeira sobre a Exploração Mineral, como uma com-
pensação associada à extração de materiais estratégicos do solo e subsolo. Os valores não
são muito elevados e, em geral, há dificuldade em se ter um acompanhamento mais próxi-
mo de sua quantificação pelas Municipalidades desde que constitui uma prerrogativa com
exclusividade do Departamento Nacional de Política Mineral, DNPM, do Ministério das Mi-
nas e Energia, MME. Em 2009, 6 dos 13 municípios tiveram atividade de extração mineral,
com recebimento da CFEM. Como ela só é cobrada de empresas produtivas regularizadas,
entre outras condições, a evasão ocorre com freqüência e, às vezes, por longos períodos.
Uma situação em que ela pode estar ocorrendo é em Santo Antônio de Pádua, no Pólo de
Pedras Decorativas, em que, inclusive, se noticia o transporte de blocos in natura de grande
porte com seu beneficiamento em Estado vizinho, o que estaria provocando uma perda tri-
butária dupla, tanto da CFEM, quanto do ICMS. A Tabela a seguir mostra os valores dos
anos mais recentes (aqueles disponibilizados pelo DNPM).
Tabela 19 - Região Noroeste Fluminense, Evolução da CFEM das Municipalidades, 2005 - 2009
(a preços constantes)
Evolução da CFEM ( a preços constantes) (R$)
Municípios da Região
2005 2006 2007 2008 2009
Noroeste Fluminense
Aperibé - - - - -
Bom Jesus do Itabapoana - - - - -
Cambuci - - - - -
Italva 106.149 30.763 33.027 45.655 202.278
Itaocara - - - - -
Itaperuna 46.350 59.959 54.625 74.172 135.818
Laje do Muriaé 835 917 491 2.496 3.535
Miracema - - - - -
Natividade - - - 737 431
Porciúncula 1.292 1.427 1.365 2.877 3.467
Santo Antônio de Pádua 20.915 27.219 21.376 38.143 56.594
São José de Ubá - - - - -
Varre-Sai - - 3.149 - -
Região 175.541 120.285 114.032 164.080 402.123
Fonte: DNPM
Em termos da Região, a evolução do seu recolhimento consta do Gráfico seguinte.
Gráfico 13 - Região Noroeste Fluminense, Evolução da Receita da CFEM, 2005 - 2009 (a preços
constantes)

Noroeste Fluminense - Evolução da CFEM (a preços constantes)

R$

402.123

175.541 164.080
120.285 114.032

2005 2006 2007 2008 2009 Ano

Fonte: DNPM
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 1007
O grande incremento, verificado em 2009, se deve a Itaperuna e Italva, principalmente, se-
guida de Santo Antônio de Pádua. Há potencial de crescimento ainda por ser conquistado.

Para o caso dos “royalties” associados à extração dos materiais fósseis, os recebimentos
que acontecem em função da Bacia de Campos, tiveram uma queda acentuada em 2007 e
2009, pela redução da produção, mas se mantem em faixa de variação esperada.

Tabela 20 - Região Noroeste Fluminense, Evolução dos Royalties das Municipalidades, 2005-
2009 (a preços constantes)
Evolução do Valor dos Royalties dos Beneficiários ( a preços constantes) (MR$)
Municípios da Região
2005 2006 2007 2008 2009
Noroeste Fluminense
Aperibé 3.669 3.920 2.913 3.794 3.008
Bom Jesus do Itabapoana 5.320 5.685 4.224 5.502 4.362
Cambuci 4.220 4.508 3.350 4.363 3.460
Italva 4.036 4.312 3.205 4.174 3.309
Itaocara 4.770 5.096 3.787 4.933 3.911
Itaperuna 6.605 7.057 5.244 6.830 5.415
Laje do Muriaé 3.669 3.920 2.913 3.794 3.008
Miracema 4.953 5.292 3.933 5.122 4.061
Natividade 4.220 4.508 3.350 4.363 3.460
Porciúncula 4.220 4.508 3.350 4.557 3.610
Santo Antônio de Pádua 5.504 5.881 4.370 5.884 4.663
São José de Ubá 3.669 3.920 2.913 3.794 3.008
Varre-Sai 3.669 3.920 2.913 3.794 3.008
Região 58.524 62.530 46.467 60.905 48.284
Fonte: Ministério de Minas e Energia, Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis - ANP
http://www.anp.gov.br/?pg=13303&m=&t1=&t2=&t3=&t4=&ar=&ps=&cachebust=1264105332213
Acesso: 21 janeiro 2010

Os seus valores, por estar a Região indiretamente envolvida, são muito menores do que se
estivesse diretamente (e.g. na Região Norte os valores são cerca de 20 vezes maiores).
Gráfico 14 - Região Noroeste Fluminense, Evolução da Receita dos “Royalties”, 2005-2009
(a preços constantes)

Noroeste Fluminense - Evolução do Valor dos Royalties dos Beneficiários


(a preços constantes)

MR$

58.524 62.530 46.467 60.905 48.284

2005 2006 2007 2008 2009 Ano

Fonte: Ministério de Minas e Energia, Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis - ANP

No entanto, ainda que bem menores, o montante de “royalties” atribuído à Região Noroeste
supera o valor agregado do seu PIB Agropecuária e o seu percentual, 11% da Receita Total
1008 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
Realizada das Municipalidades em 2008, coincide com a média do montante de investimen-
tos anuais dos municípios classificados como os mais dinâmicos brasileiros, nos anos mais
recentes, de acordo com os resultados dos trabalhos de pesquisa da Florenzano Marketing,
publicadas pela Gazeta Mercantil, até 2008.

5.3 Formação da Despesa

A constituição das Despesas representada pelas parcelas de despesas Operacional, Pes-


soal, Capital e Investimento, mostrada na Tabela seguinte, deixa claro que a maior parte dos
recursos públicos, a sua quase totalidade, está voltada ao Custeio que reúne a Despesa
Operacional e a Despesa de Pessoal. A primeira alcançou um valor máximo em 2000, para
ter a sua participação reduzida em 8,2% da Despesa Total Realizada pelas Municipalidades
da Região Noroeste Fluminense, em 2008, enquanto a segunda havia reduzido sua partici-
pação em 24,75%, entre 1997 e 2000, voltando a aumentá-la em 2008, em 14,6%.

Desta maneira, o valor da Despesa de Pessoal está em ascensão, já alcançando cerca de


50%, voltando a se aproximar do seu limite legal.

Os valores de Investimento vem caindo, a cada período, com ua média regional bastante
inferior à de seus pares (municípios) no ambiente nacional.

Naturalmente que, na medida em que as Municipalidades investem muito pouco e ainda


recebem receitas extra-orçamentárias, as Despesas de Capital praticamente perdem o sen-
tido, para a maioria dos Municípios e mesmo para os três em que comparece, o grau de
endividamento correspondente não expressa uma alavancagem efetiva.

Esta situação, regional, traduz uma orientação política predominantemente voltada para o
curto prazo, o que habitualmente determina um estado de imobilismo das economias muni-
cipais que crescem pouco ou tendem à estagnação, podendo chegar à retração/recessão
em conformidade com a realimentação negativa que resulta do exercício tanto dessas políti-
cas públicas e da baixa propensão da sociedade para investir.

A combinação da redução muito significativa dos investimentos e a redução das despesas


operacionais (para acomodar o aumento de pessoal próprio) com o restabelecimento de
custos mais elevados de pessoal delineiam, com propriedade, a existência de um estado de
realimentação negativa. Nesta condição, instala-se o crescimento continuado das despesas,
anualizadas, que constitui tipicamente um círculo vicioso.

Deve-se ressaltar que o fator multiplicador da economia com aumento dos dispêndios de
pessoal e retração dos investimentos apresenta uma grande diferença para menos se priori-
zados os gastos públicos com pessoal próprio, reduzindo acentuadamente as oportunidades
de desenvolvimento da economia.

No caso presente da Região Noroeste Fluminense trata-se de uma situação que persiste há
praticamente quase uma década, com resultados que influem diretamente na capitalização
das Municipalidades e na sua capacidade de fazer frente aos desafios de desenvolvimento
de seus Municípios.

A evolução da Despesa Total Realizada da Região Noroeste, Gráfico a seguir, revela um


aspecto positivo pelo qual as Despesas cresceram bem menos entre 2000 e 2008, do que
entre 2000 e 1997, independente da diferença de anos destes intervalos.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 1009


Gráfico 15 - Região Noroeste Fluminense, Evolução da Despesa Total Realizada, 1997 - 2000 -
2008 (a preços constantes)

Noroeste Fluminense - Despesa Total Realizada (a preços constantes)


MR$

348.698 447.513
254.930

1997 2000 2008 Ano

Fontes: Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Nacional, Finanças do Brasil - Dados Contábeis dos Municípios
Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro - TCE

O aumento da Despesa Total Realizada é proporcionalmente maior do que o da Despesa


Total per Capita, quando ocorreu um crescimento baixo da população neste período.

Gráfico 16 - Região Noroeste Fluminense, Evolução da Despesa Total per Capita, 1997 - 2000 -
2008 (a preços constantes)

Noroeste Fluminense - Despesa Total Per Capita (a preços constantes)

R$

1.393
1.171
889

1997 2000 2008 Ano

Fontes: Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Nacional, Finanças do Brasil - Dados Contábeis dos Municípios
Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro - TCE

São José de Ubá, Varre-Sai e Laje do Muriaé possuem as mais altas despesas totais per
capita da Região, enquanto Santo Antônio de Pádua, Bom Jesus de Itabapoana e Itaperuna,
as menores.
Apenas Aperibé e Cambuci reduziram as suas despesas totais per capita entre 2000 e 2008.

1010 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Tabela 21 - Região Noroeste Fluminense, Formação da Despesa Total Realizada, 1997 - 2000 - 2008 (a preços constantes)
Despesa Fiscal (MR$) (a preços constantes)
Municípios da Região Custo Operacional Pessoal Serviço da Dívida Investimentos Total Realizada
Noroeste Fluminense 1997 2000 2008 1997 2000 2008 1997 2000 2008 1997 2000 2008 1997 2000 2008
Aperibé 3.272 12.100 4.728 5.846 4.895 9.229 0 0 0 1.745 2.384 1.454 10.862 19.380 15.410
Bom Jesus do Itabapoana 8.256 18.327 13.327 15.057 11.959 25.956 0 0 0 2.687 2.881 792 26.001 33.167 41.060
Cambuci 6.625 9.180 8.223 9.079 12.456 12.849 0 0 3 1.306 1.844 1.356 17.010 23.481 23.262
Italva 6.001 5.896 7.174 8.716 10.157 12.896 0 0 0 1.471 2.232 1.113 16.188 18.285 21.920
Itaocara 6.174 9.728 10.838 11.592 13.355 15.879 0 0 112 1.215 1.574 2.513 18.981 24.844 30.479
Itaperuna 16.472 61.408 76.062 30.727 30.294 45.169 0 0 0 3.192 4.559 4.982 50.391 96.371 127.479
Laje do Muriaé 516 5.460 6.282 5.788 6.478 9.571 0 0 0 4.143 2.432 69 10.447 14.370 16.042
Miracema 7.705 6.561 8.123 9.728 12.846 20.385 0 0 0 1.370 1.705 4.814 18.803 21.113 34.468
Natividade 6.921 18.225 8.195 12.684 11.355 13.403 0 9 67 627 2.027 3.754 20.232 20.819 25.962
Porciúncula 4.249 6.548 9.248 7.691 8.928 15.962 0 0 0 2.689 2.620 4.329 14.629 18.096 29.540
Santo Antônio de Pádua 11.970 16.241 20.384 17.112 14.847 21.920 0 72 252 540 2.678 3.330 29.621 34.141 47.013
São José de Ubá 2.586 2.011 8.429 4.193 5.724 7.072 0 0 0 3.108 2.857 1.049 9.887 10.591 16.698
Varre-sai 4.292 5.581 6.311 7.165 6.322 9.750 0 0 0 421 2.134 1.234 11.878 14.038 18.180
Região 85.038 177.267 187.323 145.379 149.616 220.040 0 81 434 24.514 31.927 30.788 254.930 348.698 447.513
% 33,36 50,84 41,86 57,03 42,91 49,17 0,00 0,02 0,10 9,62 9,16 0,69 100,00 102,92 98,01

Fontes: Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Nacional, Finanças do Brasil - Dados Contábeis dos Municípios
Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro - TCE

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 1011


Tabela 22 - Região Noroeste Fluminense, Evolução da Despesa Total per Capita, 1997 - 2000 - 2008 (a preços constantes)
Despesa (a preços constantes)
Municípios da Região População Despesa Total Realizada (MR$) Despesa Per Capita (R$)
Noroeste Fluminense 1997 2000 2008 1997 2000 2008 1997 2000 2008
Aperibé 7.450 8.018 9.420 10.862 19.380 15.410 1.458 2.417 1.636
Bom Jesus do Itabapoana 32.786 33.655 35.178 26.001 33.167 41.060 793 986 1.167
Cambuci 14.852 14.670 14.772 17.010 23.481 23.262 1.145 1.601 1.575
Italva 13.320 12.621 14.496 16.188 18.285 21.920 1.215 1.449 1.512
Itaocara 23.378 23.003 22.522 18.981 24.844 30.479 812 1.080 1.353
Itaperuna 84.090 86.720 98.347 50.391 96.371 127.479 599 1.111 1.296
Laje do Muriaé 7.599 7.909 7.996 10.447 14.370 16.042 1.375 1.817 2.006
Miracema 24.363 27.064 26.868 18.803 21.113 34.468 772 780 1.283
Natividade 15.265 15.125 15.392 20.232 20.819 25.962 1.325 1.376 1.687
Porciúncula 15.665 15.952 18.227 14.629 18.096 29.540 934 1.134 1.621
Santo Antônio de Pádua 34.277 38.692 42.093 29.621 34.141 47.013 864 882 1.117
São José de Ubá 5.899 6.413 7.220 9.887 10.591 16.698 1.676 1.652 2.313
Varre-Sai 7.693 7.854 8.766 11.878 14.038 18.180 1.544 1.787 2.074
Região 286.637 297.696 321.297 254.930 348.698 447.513 889 1.171 1.393

Fontes: Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Nacional, Finanças do Brasil - Dados Contábeis dos Municípios
Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro - TCE

1012 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Despesas Pessoal

As despesas com Pessoal, Gráfico a seguir, mostram uma estabilidade de valores entre
1997 e 2000, mas um aumento expressivo, 47,10%, entre 2000 e 2008. Este crescimento
não acompanha o crescimento da economia regional e mostra uma política dominante entre
as Municipalidades em prover emprego e salário crescentes. Tal atitude coincide com a mo-
dernização de seus serviços oferecidos às populações, abrangendo a sua informatização, a
formação de rede(s), melhores condições e funcionalidade de trabalho, entre outras ações
de efeito semelhante.

Gráfico 17 - Região Noroeste Fluminense, Evolução da Despesa com Pessoal, 1997 - 2000 -
2008 (a preços constantes)

Noroeste Fluminense - Despesa com Pessoal (a preços constantes)

MR$

220.040
145.379 149.616

1997 2000 2008 Ano

Fontes: Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Nacional, Finanças do Brasil - Dados Contábeis dos Municípios
Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro - TCE

De maneira análoga, mas com intensidade menor, 36,18%, cresce a Despesa de Pessoal
per Capita, Gráfico e Tabela a seguir, ou seja, há um incremento no custo das pessoas que
prestam serviços para cada cidadão ou habitante da Região Noroeste Fluminense. A situa-
ção entre municípios é diversificada com os maiores valores ocorrendo em Laje do Muriaé e
Varre-Sai e os menores em Itaperuna e Santo Antônio de Pádua.
Gráfico 18 - Região Noroeste Fluminense, Evolução da Despesa com Pessoal per Capita, 1997 -
2000 - 2008 (a preços constantes)

Noroeste Fluminense - Despesa com Pessoal Per Capita (a preços constantes)

R$
685

507 503

1997 2000 2008 Ano

Fontes: Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Nacional, Finanças do Brasil - Dados Contábeis dos Municípios
Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro - TCE

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 1013


Tabela 23 - Região Noroeste Fluminense, Evolução da Despesa com Pessoal, 1997 - 2000 - 2008 (a preços constantes)
Despesa (a preços constantes)
Municípios da Região Noroeste População Despesa com Pessoal (MR$) Despesa com Pessoal Per Capita (R$)
Fluminense 1997 2000 2008 1997 2000 2008 1997 2000 2008
Aperibé 7.450 8.018 9.420 5.846 4.895 9.229 785 611 980
Bom Jesus do Itabapoana 32.786 33.655 35.178 15.057 11.959 25.956 459 355 738
Cambuci 14.852 14.670 14.772 9.079 12.456 12.849 611 849 870
Italva 13.320 12.621 14.496 8.716 10.157 12.896 654 805 890
Itaocara 23.378 23.003 22.522 11.592 13.355 15.879 496 581 705
Itaperuna 84.090 86.720 98.347 30.727 30.294 45.169 365 349 459
Laje do Muriaé 7.599 7.909 7.996 5.788 6.478 9.571 762 819 1.197
Miracema 24.363 27.064 26.868 9.728 12.846 20.385 399 475 759
Natividade 15.265 15.125 15.392 12.684 11.355 13.403 831 751 871
Porciúncula 15.665 15.952 18.227 7.691 8.928 15.962 491 560 876
Santo Antônio de Pádua 34.277 38.692 42.093 17.112 14.847 21.920 499 384 521
São José de Ubá 5.899 6.413 7.220 4.193 5.724 7.072 711 893 980
Varre-Sai 7.693 7.854 8.766 7.165 6.322 9.750 931 805 1.112
Região 286.637 297.696 321.297 145.379 149.616 220.040 507 503 685

Fontes: Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Nacional, Finanças do Brasil - Dados Contábeis dos Municípios
Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro - TCE

1014 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Investimento

Como exposto na formação das despesas, os montantes de investimentos anuais pelas Mu-
nicipalidades da Região vem sendo sistematicamente baixos, sendo que, em 2008, os seus
valores se mostram um pouco inferiores aos do ano 2000, Tabela e Gráfico a seguir.
De fato, o que explica melhor a situação de estagnação regional é o valor do Investimento
per Capita do Noroeste, muito baixo, tanto em relação às receitas totais realizadas, quanto e
principalmente, se a elas se somam as receitas auferidas dos “royalties” da exploração do
petróleo.
Gráfico 19 - Região Noroeste Fluminense, Evolução do Investimento, 1997 - 2000 - 2008 (a pre-
ços constantes)

Noroeste Fluminense - Investimento (a preços constantes)

MR$

24.514 31.927 30.788

1997 2000 2008 Ano

Fontes: Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Nacional, Finanças do Brasil - Dados Contábeis dos Municípios
Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro - TCE

Gráfico 18 - Região Noroeste Fluminense, Evolução do Investimento per Capita, 1997 - 2000 -
2008 (a preços constantes)

Noroeste Fluminense - Investimento Per Capita (a preços constantes)

R$

86 107 96

1997 2000 2008 Ano

Fontes: Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Nacional, Finanças do Brasil - Dados Contábeis dos Municípios
Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro - TCE

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 1015


Fazendo-se uma comparação entre os dispêndios com Investimento e Pessoal, Gráfico e
Tabela seguintes, observa-se claramente que, no ambiente da Região Noroeste Fluminen-
se, os Investimentos que ganharam posição entre 1997 e 2000, passando de 16,86% para
21,33% das Despesas de Pessoal, sofreram uma redução acentuada entre 2008 e 2000,
caindo para 13,99%. Na verdade, os valores de Investimento se mantiveram constantes e os
de Pessoal subiram 43,49%.

Gráfico 19 - Região Noroeste Fluminense, Evolução do Investimento x Pessoal, 1997 - 2000 -


2008 (a preços constantes)

Região Noroeste Fluminense - Despesa com Investimento e Pessoal


(a preços constantes)
MR$

220.040

145.379 149.616

24.514 31.927 30.788

1997 2000 2008


Ano
Despesa com Investimento Despesa com Pessoal

Fonte: Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Nacional, Finanças do Brasil - Dados Contábeis dos Municípios

Chama atenção, nesta análise, o aparecimento de valores díspares como parte de uma dis-
persão de comportamento entre os Municípios: assim, a relação entre os dispêndios Inves-
timento/Pessoal, em Natividade, cresce de 4,94% a 28,01%, entre 1997 e 2008, respectiva-
mente. Em contrapartida, em São José do Ubá, o mesmo indicador decresce de 74,12%
para 14,83% e em Laje do Muriaé, a condição se agrava ainda mais, decrescendo de
71,08% para 0,72%, no mesmo período.
Entre 2000 e 2008, apenas Natividade e Miracema aumentaram a participação dos Investi-
mentos em relação aos dispêndios com Pessoal.
Investimentos per Capita de 9 ou 23 reais por habitante anuais, Laje do Muriaé e Bom Jesus
do Itabapoana, respectivamente, em 2008, impressionam.
Não há dúvida os baixos níveis de investimento (pelas necessidades locais e pelas médias
praticadas no país) levaram a região Noroeste Fluminense e os seus Municípios a se des-
capitalizarem e a não constituírem as oportunidades indispensáveis à oferta das condições
necessárias para a geração do trabalho e renda para a população. Com isto, além da falta
de postos de trabalho duradouros e da redução da produção da riqueza em detrimento de
todos, inclusive e particularmente, das próprias Municipalidades, esta condição se transmite
para a sociedade local, provocando a retração dos investimentos privados e não governa-
mentais que poderiam estar contribuindo para manter em ativa a economia regional.

1016 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Tabela 24 - Região Noroeste Fluminense, Evolução do Investimento, 1997 - 2000 - 2008 (a preços constantes)
Investimento (MR$) (a preços constantes)
Municípios da Região População Investimento (MR$) Investimento Per Capita (R$)
Noroeste Fluminense 1997 2000 2008 1997 2000 2008 1997 2000 2008
Aperibé 7.450 8.018 9.420 1.745 2.384 1.454 234 297 154
Bom Jesus do Itabapoana 32.786 33.655 35.178 2.687 2.881 792 82 86 23
Cambuci 14.852 14.670 14.772 1.306 1.844 1.356 88 126 92
Italva 13.320 12.621 14.496 1.471 2.232 1.113 110 177 77
Itaocara 23.378 23.003 22.522 1.215 1.574 2.513 52 68 112
Itaperuna 84.090 86.720 98.347 3.192 4.559 4.982 38 53 51
Laje do Muriaé 7.599 7.909 7.996 4.143 2.432 69 545 308 9
Miracema 24.363 27.064 26.868 1.370 1.705 4.814 56 63 179
Natividade 15.265 15.125 15.392 627 2.027 3.754 41 134 244
Porciúncula 15.665 15.952 18.227 2.689 2.620 4.329 172 164 238
Santo Antônio de Pádua 34.277 38.692 42.093 540 2.678 3.330 16 69 79
São José de Ubá 5.899 6.413 7.220 3.108 2.857 1.049 527 445 145
Varre-Sai 7.693 7.854 8.766 421 2.134 1.234 55 272 141
Região 286.637 297.696 321.297 24.514 31.927 30.788 86 107 96

Fontes: Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Nacional, Finanças do Brasil - Dados Contábeis dos Municípios
Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro - TCE

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 1017


Tabela 25 - Região Noroeste Fluminense, Comparação Investimento e Despesa com Pessoal, 1997 - 2000 - 2008 (a preços constantes)
Investimento e Despesa de Pessoal (a preços constantes)
Municípios da Região Despesa com Investimento (MR$) Despesa com Pessoal (MR$) Investimento x Pessoal (%)
Noroeste Fluminense 1997 2000 2008 1997 2000 2008 1997 2000 2008
Aperibé 1.745 2.384 1.454 5.846 4.895 9.229 29,84 48,71 15,75
Bom Jesus do Itabapoana 2.687 2.881 792 15.057 11.959 25.956 17,85 24,09 3,05
Cambuci 1.306 1.844 1.356 9.079 12.456 12.849 14,38 14,80 10,55
Italva 1.471 2.232 1.113 8.716 10.157 12.896 16,88 21,98 8,63
Itaocara 1.215 1.574 2.513 11.592 13.355 15.879 10,48 11,79 15,82
Itaperuna 3.192 4.559 4.982 30.727 30.294 45.169 10,39 15,05 11,03
Laje do Muriaé 4.143 2.432 69 5.788 6.478 9.571 71,58 37,55 0,72
Miracema 1.370 1.705 4.814 9.728 12.846 20.385 14,08 13,28 23,62
Natividade 627 2.027 3.754 12.684 11.355 13.403 4,94 17,85 28,01
Porciúncula 2.689 2.620 4.329 7.691 8.928 15.962 34,96 29,35 27,12
Santo Antônio de Pádua 540 2.678 3.330 17.112 14.847 21.920 3,15 18,04 15,19
São José de Ubá 3.108 2.857 1.049 4.193 5.724 7.072 74,12 49,90 14,83
Varre-Sai 421 2.134 1.234 7.165 6.322 9.750 5,88 33,75 12,66
Região 24.514 31.927 30.788 145.379 149.616 220.040 16,86 21,34 13,99

Fonte: Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Nacional, Finanças do Brasil - Dados Contábeis dos Municípios

1018 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Serviço da Dívida – Dívida Ativa
Congruente com a participação pequena da Receita Tributária Própria na Receita Total Re-
alizada (ou Realizável), subsiste um pequeno montante de dívida ativa, exceção apenas a
Laje do Muriaé que, em 2008, respondeu por 84% da Dívida Ativa regional.
Tabela 26 - Região Noroeste Fluminense, Dívida Ativa, 2000 - 2008 (a preços constantes)
Dívida Ativa (MR$) (a preços correntes)
Municípios da Região
2000 2008
Noroeste Fluminense
Aperibé 206 0
Bom Jesus do Itabapoana 810 5.224
Cambuci 382 2.064
Italva 0 0
Itaocara 1.183 7.602
Itaperuna 4.642 50.043
Laje do Muriaé 196 468.425
Miracema 0 0
Natividade 84 0
Porciúncula 0 0
Santo Antônio de Pádua 3.174 22.164
São José de Ubá 11 0
Varre-Sai 160 0
Região 10.847 555.522
Fonte: Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Nacional,
Finanças do Brasil - Dados Contábeis dos Municípios

Serviço da Dívida – Exigível a Longo Prazo (Dívida Fundada)


No que diz respeito à Dívida Fundada que corresponde ao Exigível a Longo Prazo uma vez
que não há Exigível significativo de Curto Prazo, o seu montante total, na Região Noroeste
Fluminense, em 2008, representava 6,34% da Receita Total, ou seja, um grau de endivida-
mento muito baixo que não compromete a saúde financeira nem da Região nem de qualquer
dos seus Municípios .
Tabela 27 - Região Noroeste Fluminense, Exigível a Longo Prazo, 2000 - 2008 (a preços cons-
tantes)
Exigível a Longo Prazo MR$ (a preços constantes)
Municípios da Região
2000 2008
Noroeste Fluminense
Aperibé 0 5.207
Bom Jesus do Itabapoana 0 11.275
Cambuci 0 56.135
Italva 0 27.384
Itaocara 0 25.995
Itaperuna 0 5.515
Laje do Muriaé 0 5.205
Miracema 0 23.101
Natividade 0 -
Porciúncula 0 -
Santo Antônio de Pádua 0 13.044
São José de Ubá 0 490
Varre-Sai 1.385 22.487
Região 1.385 195.838
Fonte: Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Nacional,
Finanças do Brasil - Dados Contábeis dos Municípios

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 1019


6. DA ORDEM POLÍTICA
Organização Administrativa
A Região Noroeste Fluminense está constituída por municípios, a maioria de pequena ex-
tensão territorial: quatro deles superam os 500 km2 e um, dentre estes, os 1.000 km2, no
caso Itaperuna, Tabela a seguir. Como se pode ler, a distância do centro de gravidade da
Região à capital, Rio de Janeiro, é de apenas 218 km. O processo de emancipação dura
mais de um século, com três municípios tendo pouco mais de uma década.

Tabela 28 - Região Noroeste Fluminense, Caracterização Básica, 2009


Caracterização dos Municípios - 2.009
Densidade
Municípios da Região Noroeste Distância da Autonomia
Área / km² Demográfica
Fluminense Capital / km Municipal
hab. / km²
Aperibé 89,5 106,8 182,2 1.993
Bom Jesus de Itabapoana 600,5 58,8 251,8 1.938
Cambuci 563,2 26,2 198,9 1.891
Italva 297 49,4 226,9 1.986
Itaocara 429,6 52,3 178,6 1.890
Itaperuna 1.108,4 89,7 232,6 1.885
Laje do Muriaé 251,2 31,8 219,2 1.962
Miracema 302,2 88,8 195,6 1.935
Natividade 387,3 39,8 242,8 1.947
Porciúncula 302,8 60,9 246,9 1.947
Santo Antônio de Pa dua 615,2 68,9 184,8 1.882
Sa o Jose de Uba 251,3 29,0 215,5 1.997
Varre-Sai 190,3 46,5 259 1.993
Região Noroeste 5.388,5 60,0 218 1882-1997
Estado do Rio de Janeiro 43.797,4 365,6 NA 1.975
NA = Não se aplica
Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano do Brasil, PNUD, 2003

Durante séculos, não obstante as distinções ambientais e colonizadoras, as regiões Noroes-


te e Norte foram consideradas integradas. Em momentos diferentes, ambas enfrentaram a
situação de ciclos econômicos que definharam, com perdas substantivas, ambas tiveram
personagens notáveis na história do país, ou seja, acumulam experiências de modo comum,
sem perder a identidade individualizada em que comparece uma forte componente atávica
em cada uma delas.
No passado bem recente, a descoberta e exploração do petróleo na plataforma continental,
dos anos 70, e num futuro próximo, nas camadas inferiores do pré-sal, criou condições de
diferenciação maior entre os resultados da economia, particularmente em relação aos muni-
cípios da faixa litorânea, receptores da maior parcela de “royalties”.
Em decorrência de condições geohistóricas do processo de sua ocupação territorial ou de
seu povoamento e, igualmente, como uma condição cultural – na medida em que o parce-
lamento/desmembramento da terra sucede desde as Capitanias, a maior parte dos municí-
pios do Noroeste (e do Norte) está organizada política e administrativamente em distritos.
No entanto, mesmo com a adoção da estrutura distrital, as administrações permanecem
centralizadas nos distritos sede.
A Tabela a seguir retrata a situação atual dos distritos existentes.

1020 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Tabela 29 - Região Noroeste Fluminense, Organização dos Municípios, 2010

Região Noroeste Fluminense – Estrutura de Organização Política dos Municípios


Município Distritos
Aperibé
Bom Jesus do Itabapoana Sede, Calheiros, Carabuçu, Pirapetinga de Bom
Jesus, Rosal, Serrinha
Cambuci Sede, Funil, Monte Verde, Três Irmãos, São João do
Paraíso
Italva Sede, Cimento Paraíso, Dr. Mattos, São Pedro Para-
íso
Itaocara Sede, Batatal, Estrada Nova, Jaguarembê, Laranjas,
Portela
Itaperuna Sede, Boaventura, Comendador Venâncio, Itajara,
Nossa Senhora da Penha, Raposo, Retiro do Muriaé
Laje do Muriaé
Miracema Sede, Paraíso do Tobias, Venda das Flores
Natividade Sede, Bom Jesus do Querendo, Ourânia
Porciúncula Sede, Purilândia, Santa Clara
Santo Antônio de Pádua Sede, Baltasar, Campelo, Ibitiguaçu, Marangatu,
Monte Alegre, Paraoquena, Santa Cruz, São Pedro
São José de Ubá não possui
Varre Sai não possui
Total 13 municípios 36 distritos
Fonte: consulta aos portais e administrações municipais, acesso entre 11e 16.01.2010

A Região possui diversos municípios que já possuem portal ou “site” na Internet, conquanto
alguns ainda estejam em formação ou incompletos. Em alguns já consta a estrutura admi-
nistrativa em uso pela Municipalidade.

Tabela 30 - Região Noroeste Fluminense, Portais, 2010


Municípios da Região Estrutura
Portal ou "Site" Oficial
Noroeste Fluminense Administrativa
Aperibé sim sim
Bom Jesus do Itabapoana sim sim
Cambuci não não
Italva não sim *
Itaocara sim não **
Itaperuna não não
Laje do Muriaé sim sim
Miracema sim sim
Natividade sim não***
Porciúncula sim não ***
Santo Antônio de Pádua sim sim
São José de Ubá sim sim
Varre-Sai sim não***
* blog
** sem nenhum acesso
Fonte: consulta aos portais e administrações municipais, acesso entre 11e 16.01.10

Em boa parte deles, os portais divulgam a legislação municipal de referência, em alguns já


consta o acompanhamento das contas públicas municipais, no que se restringe a visibilida-
de do desempenho municipal.
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 1021
Centralidade

Em termos da rede urbana brasileira, ela é constituída por nós de produção e distribuição,
de prestação de serviços, de gestão política e econômica, representando, portanto, a estru-
tura em que se organiza e se “definem os níveis da hierarquia urbana e a delimitação das
regiões de influência das cidades brasileiras” (IBGE, Regiões de Influências das cidades,
2007). Nela coexistem tanto redes hierárquicas quanto não hierárquicas, estas últimas origi-
nadas das condições das cidades ou municípios de também manterem relações horizontais,
de complementaridade, associadas à especialização produtiva e cultural, à divisão funcional
de atividades (encadeamentos ou “clusterização” ou arranjos produtivos) e pela oferta dife-
rencial de serviços.

A caracterização e classificação das cidades, neste caso, é feita mediante avaliações e aná-
lises para cada uma delas de suas interações, fluxos, pesquisas de origem e destino (inclu-
indo a compra e atendimento das necessidades das pessoas), em uma ampla e diversa ga-
ma de informações primárias, resultantes de investigação direta.

No que diz respeito às cidades ou municípios que compõem a Região Noroeste Fluminense,
no trabalho do IBGE do ano 2007, o mais recente, Itaperuna constituia um dos 85 Centros
Sub-Regional A do país, os quais possuem medianas de 95.000 habitantes e 112 relacio-
namentos. Seu papel abrange atividades de gestão menos complexas. Itaperuna está na
zona de influência direta da cidade do Rio de Janeiro, como Metrópole nacional, que atua
como o centro de mais alto nível.

Santo Antônio de Pádua constituía um Centro de Zona A (nível 4), isto é, cidade com medi-
anas de 45.000 habitantes e 49 relacionamentos, relacionando-se diretamente com Itaperu-
na, na ascendência mais próxima.

Bom Jesus do Itabapoana e Itaocara constituíam Centros de Zona B (nível 5), ou seja, me-
dianas de 23.000 habitantes e 16 relacionamentos, a primeira se relacionando com Itaperu-
na e a segunda com Santo Antônio de Pádua.

Os Centros de Zona exercem funções de gestão elementares.

Ressalte-se que Itaperuna polariza também Carangola, em Minas Gerais, além de um con-
junto de cidades, classificadas como Centros Locais, na sua zona de influência direta.

A infra-estrutura aeroportuária se restringe a Itaperuna e subsidiariamente Campos dos


Goytacazes e Macaé, no atendimento ao Noroeste, sendo que as conexões mais freqüentes
ocorrem com as capitais Rio de Janeiro, Vitória e Brasília.

Observa-se no Mapa a seguir, que as centralidades dos municípios das Regiões Noroeste,
quando existentes – casos citados - se restringem, no momento, a polarizar as próprias re-
giões e circunvizinhanças mais próximas, ou seja, possuem uma área, alcance e intensida-
des pequenos, seja pelas limitações de acesso, seja pela natureza dos relacionamentos, ou
pelo seu número. As atuações predominantes se revelam na condição de coordenar uma
interlândia, muito mais do que as de operações em rede, que ocorrem em situações de vín-
culos e interdependências mais fortes em função de uma complexidade maior de serviços e
produtos. Naturalmente, a existência de tais situações subiste, em geral, associada aos as-
pectos Serviços, que acontecem habitualmente nos campos da educação e da saúde.

1022 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Figura 1 – Região Noroeste Fluminense, Centralidades Urbanas, 2010

Fonte: IBGE – Regiões de Influência das Cidades, 2007

Não existe ativa uma associação dos municípios da Região, envolvendo os governantes e
gestores públicos. Contudo há organizações não governamentais muito atuantes como é o
caso do SEBRAE e FIRJAN, no ambiente empresarial, EMATER, PRODESMAR, no terceiro
setor, entre outras, assim como instituições governamentais como o INEA, INEPAC, etc. e
subsidiariamente uma rede universitária jovem ainda de pouca eficácia.
As Municipalidades da Noroeste adotam estruturas organizacionais hierarquizadas, tradicio-
nais, com as suas atividades distribuídas em secretarias, como um primeiro nível, podendo
existir casos, de um segundo nível, departamental. As secretarias reúnem um ou mais grupo
de atividades que variam, seja pela característica do Município, ou por pertencerem a as-
suntos semelhantes, seja pelo modo como se concebe o modo de administração, todas as
soluções visando obter uma racionalidade programada individualizada.
Constata-se que:
• planejamento, enquanto função integradora e estratégica, comparece em menos
da metade das Municipalidades;
• desenvolvimento existe em menor quantidade, assumindo as formas das ativida-
des focais em que se manifesta: agricultura, comércio e indústria (nenhuma men-
ciona especificamente serviços, a atividade dominante); há poucos casos de se-
cretarias de trabalho;

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 1023


• meio ambiente e transportes constituem uma generalidade, com variantes que
incluem o resíduo sólido, trânsito e estradas vicinais e a defesa civil (rios e en-
costas);
• um único registro de uma fundação municipal, a Universitária de Itaperuna, FU-
NITA;
• de maneira análoga, uma menção ao urbanismo ou planejamento urbano, uma
das questões críticas das aglomerações do Noroeste; há poucos casos que ex-
plicitam a habitação, outra das questões essenciais das cidades desta Região;
• são raras as estruturas de integração formal, matriciais ou resultantes de cortes
diagonais na organização;
• em algumas, há Conselhos Municipais ativos, assim como há inativos, ou mes-
mo, inexistem.
• a maior parte das Municipalidades subsiste em mais de uma edificação, mesmo
com a existência de uma sede própria moderna ou restaurada;
• a informatização e digitalização vem crescendo entre as Municipalidades, mas
estão longe, na média, de alcançar um estado sustentável de mais longo prazo e
de maior eficiência, ambos com a redução de custos e da necessidade de mais
pessoal, continuamente.

Quadro de Pessoal

As informações sobre os quadros de pessoal das Municipalidades figuram na Tabela, com


todos os detalhes discriminados, e no Gráfico, somente a força de trabalho total, seguintes.
Deve-se atentar que, na sequência temporal, estão faltando os dados dos anos 2003 e
2007.
Constata-se:
• subsistem duas modalidades de contratação para os funcionários efetivos, CLT
e estatutário, esta última modalidade preponderante;
• as quantidades de funcionários comissionados se mantem dentro de uma norma-
lidade, em quantidades e proporções razoáveis;
• coexistem aumentos, decréscimos e estabilidades do quadro de pessoal das mu-
nicipalidadesno período considerado;
• Aperibé e Santo Antônio de Pádua mostram quadros decrescentes ao longo do
período;
• Porciúncula, um pouco menos, São José de Ubá e Varre-Sai, de modo regular,
mostram uma evolução crescente no tempo dos seus quadros de pessoal;
• nos demais municípios da Região, os valores variam para mais e para menos en-
tre os anos, mantendo-se em torno de um valor médio;
• diferenças drásticas para menos, com grandes reduções nos quadros de pessoal
ocorreram em Santo Antônio de Pádua e Miracema (33,73% e 89,55% calcula-
das em relação ao ano de 2008), os quais atingiram seus valores máximos em
2004 e 2005, respectivamente;
• as Municipalidades da Região Noroeste Fluminense empregaram, em conjunto,
11.988 funcionários, em 2008.
1024 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
Tabela 31 - Região Noroeste Fluminense, Quadro de Pessoal das Municipalidades, 2002 - 2008
Composição do Quadro de Pessoal da Administração Direta - 2002, 2004, 2005, 2006, 2008
Ano
Municípios da Região Noroeste Fluminense Composição do Quadro de Pessoal da Administração Direta
2002 2004 2005 2006 2008
Total de funcionários ativos da administração direta(1) 649 556 577 540 517
Total de funcionários ativos da administração direta - Estatutários(1) 315 520 501 512 487
Aperibé Total de funcionários ativos da administração direta - CLT(1) 332 12 1 1 1
Total de funcionários ativos da administração direta - Somente comissionados(1) - 24 23 27 29
Total de funcionários ativos da administração direta - Sem vínculo permanente(1) 2 - 52 0 0
Total de funcionários ativos da administração direta(1) 1.015 1.102 1.072 1.067 1.040
Total de funcionários ativos da administração direta - Estatutários(1) 6 - 6 6 51
Bom Jesus do Itabapoana Total de funcionários ativos da administração direta - CLT(1) 1009 1007 979 960 945
Total de funcionários ativos da administração direta - Somente comissionados(1) - 46 44 32 44
Total de funcionários ativos da administração direta - Sem vínculo permanente(1) - 49 43 69 0
Total de funcionários ativos da administração direta(1) 1120 1211 1219 1088 1135
Total de funcionários ativos da administração direta - Estatutários(1) 589 870 1001 815 805
Cambuci Total de funcionários ativos da administração direta - CLT(1) 422 84 0 0 0
Total de funcionários ativos da administração direta - Somente comissionados(1) - 257 76 95 83
Total de funcionários ativos da administração direta - Sem vínculo permanente(1) 109 - 142 178 247
Total de funcionários ativos da administração direta(1) 813 822 666 763 762
Total de funcionários ativos da administração direta - Estatutários(1) 572 579 627 727 525
Italva Total de funcionários ativos da administração direta - CLT(1) 2 156 1 1 1
Total de funcionários ativos da administração direta - Somente comissionados(1) - 33 38 34 44
Total de funcionários ativos da administração direta - Sem vínculo permanente(1) 239 54 0 1 192
Total de funcionários ativos da administração direta(1) 611 994 919 960 994
Total de funcionários ativos da administração direta - Estatutários(1) 563 770 722 746 770
Itaocara Total de funcionários ativos da administração direta - CLT(1) 48 139 77 89 139
Total de funcionários ativos da administração direta - Somente comissionados(1) - 85 120 125 85
Total de funcionários ativos da administração direta - Sem vínculo permanente(1) - - 0 0 0

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 1025


(continuação)
Composição do Quadro de Pessoal da Administração Direta - 2002, 2004, 2005, 2006, 2008
Ano
Municípios da Região Noroeste Fluminense Composição do Quadro de Pessoal da Administração Direta
2002 2004 2005 2006 2008
Total de funcionários ativos da administração direta(1) 1556 1406 1734 1563 1645
Total de funcionários ativos da administração direta - Estatutários(1) 99 89 198 83 172
Itaperuna Total de funcionários ativos da administração direta - CLT(1) 1389 1224 1340 1286 1333
Total de funcionários ativos da administração direta - Somente comissionados(1) - 93 133 134 140
Total de funcionários ativos da administração direta - Sem vínculo permanente(1) 68 - 63 60 0
Total de funcionários ativos da administração direta(1) 763 681 842 865 830
Total de funcionários ativos da administração direta - Estatutários(1) 501 495 482 490 449
Laje do Muriaé Total de funcionários ativos da administração direta - CLT(1) 98 94 89 92 87
Total de funcionários ativos da administração direta - Somente comissionados(1) - 92 136 138 174
Total de funcionários ativos da administração direta - Sem vínculo permanente(1) 164 - 135 145 120
Total de funcionários ativos da administração direta(1) 930 975 1405 1259 931
Total de funcionários ativos da administração direta - Estatutários(1) 626 913 1248 1104 750
Miracema Total de funcionários ativos da administração direta - CLT(1) 304 36 112 121 83
Total de funcionários ativos da administração direta - Somente comissionados(1) - 26 32 28 26
Total de funcionários ativos da administração direta - Sem vínculo permanente(1) - - 13 6 72
Total de funcionários ativos da administração direta(1) 1054 967 947 1049 1021
Total de funcionários ativos da administração direta - Estatutários(1) 945 878 869 866 833
Natividade Total de funcionários ativos da administração direta - CLT(1) 92 53 11 8 8
Total de funcionários ativos da administração direta - Somente comissionados(1) - 34 40 48 86
Total de funcionários ativos da administração direta - Sem vínculo permanente(1) 17 2 27 127 94
Total de funcionários ativos da administração direta(1) 647 703 692 726 721
Total de funcionários ativos da administração direta - Estatutários(1) 603 656 661 681 668
Porciúncula Total de funcionários ativos da administração direta - CLT(1) 3 1 11 14 0
Total de funcionários ativos da administração direta - Somente comissionados(1) - 46 20 28 53
Total de funcionários ativos da administração direta - Sem vínculo permanente(1) 41 - 0 3 0

1026 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


(continuação)
Composição do Quadro de Pessoal da Administração Direta - 2002, 2004, 2005, 2006, 2008
Ano
Municípios da Região Noroeste Fluminense Composição do Quadro de Pessoal da Administração Direta
2002 2004 2005 2006 2008
Total de funcionários ativos da administração direta(1) 1979 1979 1191 1130 1044
Total de funcionários ativos da administração direta - Estatutários(1) 969 969 1083 1055 970
Santo Antônio de Pádua Total de funcionários ativos da administração direta - CLT(1) 931 1010 63 59 52
Total de funcionários ativos da administração direta - Somente comissionados(1) - - 45 16 22
Total de funcionários ativos da administração direta - Sem vínculo permanente(1) 79 - 0 0 0
Total de funcionários ativos da administração direta(1) 228 414 428 535 545
Total de funcionários ativos da administração direta - Estatutários(1) 43 332 348 408 407
São José de Ubá Total de funcionários ativos da administração direta - CLT(1) 163 16 0 0 0
Total de funcionários ativos da administração direta - Somente comissionados(1) - 54 78 93 123
Total de funcionários ativos da administração direta - Sem vínculo permanente(1) 22 12 2 34 15
Total de funcionários ativos da administração direta(1) 598 687 703 723 803
Total de funcionários ativos da administração direta - Estatutários(1) 528 617 638 670 734
Varre-Sai Total de funcionários ativos da administração direta - CLT(1) 4 4 3 3 3
Total de funcionários ativos da administração direta - Somente comissionados(1) - 66 53 50 61
Total de funcionários ativos da administração direta - Sem vínculo permanente(1) 66 - 9 0 5
(1) Inclusive os sem declaração de escolaridade
Quanto às demais escolaridades, considerou-se apenas o curso completo.
-- = sem informação
Fonte: IBGE, Perfil dos Municípios Brasileiros - Gestão Pública 2001, 2002, 2004, 2005 e 2006
Site: http://www.ibge.gov.br/munic2008/index.php?uf=33&nome=&x=66&y=24
Acesso em 06/01/2010

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 1027


Gráfico 20 - Região Noroeste Fluminense, Evolução do Quadro de Pessoal Próprio, 2002 - 2008

Noroeste Fluminense - Total de Funcionários da Administração Direta


Nº de Funcionários
1.979
1.979

1.734
1.645
1.563

1.556
1.406
1.405
1.259

1.219
1.211
1.191

1.135

1.120
1130

1.102
1088

1.072
1.067
1.054
1049

1.040
1.044

1.015
1.021

994
994
975
967

960
947

931

919
930

865
842
830

813
822
803

763
762
763
726
721
723

703
703

692
687

681

666

649
647

611
598

577
556
540
545
535

517
428
414
228

Aperibé Bom Jesus do Cam buci Italva Itaocara Itaperuna Laje do Miracem a Natividade Porciúncula Santo Antônio São José de Varre-Sai
Itabapoana Muriaé de Pádua Ubá
Municípios

2002 2004 2005 2006 2008

1028 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Aspectos Relevantes do Custo do Pessoal
Os indicadores constantes na Tabela seguinte permitem constatações às remunerações
praticadas na sociedade regional e à empregabilidade pública das Municipalidades. No que
diz respeito ao primeiro deles, a remuneração, foram considerados os índices que mensu-
ram a remuneração média por pessoa ou por funcionário despendidas pelas Municipalida-
des, os salários médios do emprego formal e o PIB per Capita, todos eles a preços constan-
tes e referidos aos anos 2004 e 2008, este o último com dados disponíveis. Observa-se que
o custo médio anual por pessoa das Municipalidades da Região Noroeste Fluminense cres-
ceu no período alcançando 17.638 reais, bastante superior (64,44% e 55,73% a mais res-
pectivamente), tanto em relação à remuneração média anual dos seus empregos formais
10.726 reais, quanto em relação ao seu agregado econômico per capita 11.326 reais, todos
eles referidos a 2008. Na segunda vertente, a empregabilidade pública, a oferta de postos
de trabalho pelas Municipalidades na Região, correspondeu a 11,7% da PEA, o que se de-
nomina como participação do emprego público, e a Região operou com ua média de 37 fun-
cionários públicos para cada 1.000 habitantes, ou seja, esta a medida da eficácia do empre-
go público. Estes dois índices sofreram reduções pequenas entre 2004 e 2009, o que signi-
fica que os quadros de pessoal diminuíram proporcionalmente aos números da população,
enquanto os salários correspondentes das pessoas que constituem estes quadros amplia-
ram ainda mais a sua diferença em relação aos percebidos pelas pessoas que trabalharam
no emprego formal e ao PIB per capita na Região. Ressalte-se que se houver a inclusão das
pessoas que estão no mercado informal de trabalho e os desempregados (PEA), as diferen-
ças dos salários do emprego público aumentam de maneira expressiva, acentuando os de-
sequilíbrios.
Analisando-se as variações internas da remuneração média das pessoas que integram os
quadros das Municipalidades, pode-se verificar que há diferenças consideráveis entre os
extremos, Itaperuna o que mais remunerou, despendeu 2,42 vezes o que despendeu Cam-
buci, o menor, remunerou. Entre os maiores, acima de 20.000 reais pessoa (funcionário)
ano, estão Itaperuna, Bom Jesus do Itabapoana, Porciúncula, Miracema e Santo Antônio de
Pádua e entre os menores, abaixo de 13.000 reais pessoa (funcionário) ano, figuram Cam-
buci, Laje do Muriaé, Varre-Sai e São José de Ubá.
Quanto à participação do emprego público, as Municipalidades que mais empregam em re-
lação à PEA são Laje do Muriaé 23,7%, Varre-Sai 18,2% e Cambuci 17,3%, enquanto as
que menos empregam constituem Itaperuna 3,6%, Santo Antônio de Pádua 5,2% e Bom
Jesus de Itabapoana 6,4%. Este quadro retrata a complexidade e as oportunidades ofereci-
das pelas economias municipais em função das políticas públicas que se focam em dispên-
dios em pessoal em relação a aplicações em investimento que desenvolvam uma dinâmica
para a economia municipal e regional.
Finalmente, no que diz respeito à eficácia do emprego público, os maiores indices, em 2008,
ficam por conta de Laje do Muriaé com 104 pessoas (funcionários) para cada 1.000 habitan-
tes, Varre-Sai com 92 pessoas para cada um de seus 1.000 habitantes e Cambuci com 77
pessoas para cada um dos seus 1.000 habitantes. Os que apresentaram menores índices
são Itaperuna com 17 pessoas por 1.000 habitantes, Santo Antônio de Pádua com 25 pes-
soas por 1.000 habitantes e Bom Jesus do Itabapoana, com 30 pessoas para cada 1.000
habitantes. A comparação entre maiores e menores não se mostra proporcional às popula-
ções respectivas, ou um ou outro pode estar com desempenho baixo ou mesmo, ambos.
Está claro que a escala influencia, limitada diante do que se dispõe em termos de tecnologi-
as e produtos de automação e racionalidade de recursos e instrumentos ligados à prestação
de serviços públicos no país. Há inúmeros municípios com índices menores do que 10 pes-
soas para 1000 habitantes.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 1029


Tabela 32 - Região Noroeste Fluminense, Índices de Pessoal das Municipalidades, 2004 e 2008
Índices
Remuneração Média PIB Per Capitã Participação do
Custo Médio Anual por Eficácia do Emprego
Municípios da Região No- Anual Emprego (a preços constantes) Emprego Público
Pessoa (MR$) Público (%)
roeste Fluminense Formal (R$) (R$) (%)
2004 2008 2008 2004 2007 2004 2008 2004 2008
Aperibé 9.280 17.850 9.349 7.211 7.364 0,128 0,113 0,063 0,055
Bom Jesus do Itabapoana 16.823 24.958 12.011 8.879 9.844 0,067 0,064 0,031 0,030
Cambuci 8.897 11.320 9.679 8.195 8.511 0,189 0,173 0,084 0,077
Italva 14.454 16.923 11.930 7.822 8.248 0,154 0,123 0,066 0,053
Itaocara 14.754 15.975 10.500 9.223 12.263 0,089 0,091 0,043 0,044
Itaperuna 25.242 27.459 11.322 10.522 15.490 0,033 0,036 0,015 0,017
Laje do Muriaé 11.286 11.532 8.345 7.080 8.424 0,110 0,237 0,084 0,104
Miracema s/i 21.895 10.586 6.965 8.071 0,077 0,076 0,035 0,035
Natividade 10.460 13.127 14.178 7.653 9.436 0,135 0,142 0,063 0,066
Porciúncula 19.494 22.139 12.358 10.750 9.080 0,092 0,086 0,042 0,040
Santo Antônio de Pádua 10.041 20.996 9.495 8.400 10.514 0,100 0,052 0,048 0,025
São José de Ubá 9.738 12.976 9.711 8.330 8.714 0,125 0,152 0,062 0,075
Varre-Sai 10.740 12.141 9.978 7.470 9.563 0,166 0,182 0,084 0,092
Região 13.434 17.638 10.726 8.971 11.326 0,119 0,117 0,040 0,037

s/i = sem informação

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Gráfico 21 - Região Noroeste Fluminense, Eficácia do Emprego Público, 2004 - 2008

Noroeste Fluminense - Eficácia do Emprego Público

0,104
0,092

0,084
0,084
0,084

0,077
0,075

0,066

0,066

0,063
0,063
0,062

0,055
0,053
0,048

0,044
0,043
0,042
0,040

0,035
0,035

0,031
0,030
0,025

0,017
0,015
Aperibé Bom Jesus Cam buci Italva Itaocara Itaperuna Laje do Miracem a Natividade Porciúncula Santo São José de Varre-Sai Municípios
do Itabapoana Muriaé Antônio de Ubá
Pádua
2004 2008

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 1031


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1032 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


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Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 1033


"Refletir sobre o modelo de sociedade que se quer, implica em uma disposição
para se pensar criticamente sobre o que se construiu até o momento
e como foi construído, quem determinou os rumos seguidos
e quem foi excluído, se o que se tem é o que se deseja, ou se é necessária
uma correção dos rumos".

Acselrad y Leroy

1034 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


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