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Idéias e René Descartes

(Internet: Canal do Nando Moura)


Talvez você não tenha percebido isso que é muito importante, mas, todo grande
morticidio, toda grande desgraça, grande holocausto, todas as mais perverças
coisas, se originam de uma ideia, que a primeiro momento pareceia ser até
benefica; o que no entanto você precisa aprender é que todo verdadeiro mal, vem
primeiro desfarçado de algo que parece bom.
Idéias que parecem ser inócuas, como, “Penso, logo existo”, de René Descartes, o
pai da filosofia moderna; “Durante o tempo, em que quis portanto pensar que tudo
era falso, percebi que era necessário, que eu, que estava pensando isso, fosse
alguma coisa e dando-me conta que essa verdade (Penso, logo existo) era tão firme
e tão certa, que nem a mais extravagante suposições dos céticos era capaz de
abalá-la, eu julguei, que eu poderia então aceitá-la sem escrúpulos, como o primeiro
princípio da filosofia que eu estava buscando”, diz ele; temos aí então uma das
frases mais famosas de toda a história da filosofia, ou na sua forma mais conhecida,
cogito ergo sum, o discurso no entanto foi feito originalmente em francês, então, je
pense donc je suis.
Soa convincente não? Se sim, parabéns, você acabou de cair em uma armadilha
que aprisiona a mentalidade ocidental a quatro séculos, armadilha da qual não há
escapatória, porque Descartes há apresenta justamente como uma escapatória de
outra armadilha que não existe; o ceticismo é um problema da nossa cabeça,
desconfiar de tudo, como Descartes; só é uma armadilha mortal se tentarmos
escapar dela fugindo para dentro da nossa própria mente, ou seja, se deixarmos
que as dúvidas, que são nossas, se tornem dúvidas gerais quanto a realidade
mesma, o lugar para onde se deve correr para escapar do ceticismo, não é nossa
própria mente, onde a aranha do subjetivismo espera para nos devorar, mas é na
direção certeira de uma árvore, para nos lembramos de que o mundo real, fora da
nossa mente, sempre foi e continua sendo sólido, independente da nossa inclinação
por pensar o contrário.
Imagine que você acredita que uma árvore que há na sua frente não exista, você
desconfia da sua existência, ela é feita de névoa para você; você corre em direção a
ela, o que vai acontecer? Você vai tacar sua cara na frente da árvore, que você
achava por ceticismo ser feita de névoa, então, você vai se deparar com a
realidade. O tratamento natural e apropriado para quem é inclinado a se encurralar
em pensamentos, não é ir a um beco encurralado para pensar, mas sim, sair
correndo pelos campos e agarrar a realidade e ser agarrado por ela.
Devemos porém, escavar mais profundamente no erro de Descartes, a um nível
mais raso é simplesmente ridículo, destacar o pensar como ato pelo qual eu sei que
estou existindo, alguém poderia muito bem usar o ouvir, o cheirar, tossir; exceto
talvez, porque não soaria tão bem em latim, não estou negando que o pensar é
mais fundamentalmente humano, do que, cheirar, o ouvir e tossir, mas estou
chamando a atenção, para o ponto que o argumento de Descartes não é
essencialmente ligado ao pensamento, é apenas assim; enquanto eu estou fazendo
X, sejá lá o que X for, eu não posso duvidar da minha existência, porque eu preciso
existir para fazer X; esse é o raciocínio de Descartes.
De modo mais profundo, o resmungo, “Penso, logo existo”, contém uma das mais
perversas inversões possíveis, tão destrutiva que, podemos rotulá-la de, pecado
filosófico original; nos identificamos o erro, se escoamos para o senso-comum e
dizemos; “Mas René, não seria justamente o oposto, para pensar eu devo antes
existir, eu continuo formidavelmente existindo, quando não estou pensando;
convenhamos também, o mundo já não estava dando certo antes que eu
aparecesse por aí pensando, deveríamos então dizer; Existo, logo posso pensar, ao
invés de; Penso, logo existo.
Você consegue ver, o quão importante é você compreender as idéias, para então
poder contra-argumentar contra elas, com a verdade, com a lógica e o raciocínio;
Agostinho já tinha feito isso muito antes de Descartes, no entanto a ideia de
Descartes faz com que nos deparamos com uma armadilha, do subjetivismo, do
nada existe, do nada é certo, o tudo está errado, a verdade ela não existe.” -Nando
Moura
*”10 Livros que Estragaram o Mundo e Outros 5 que Não Ajudaram em Nada”
-Benjamin Wiker

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