mente as consequencias do liberalismo, devemos nortear nossa critica pelos tres aspectos do homem e decorrentes do regime. O liberalismo define o homem como um sêr Civico; o homem Idatural de Rousseau não tem es- tomago nem espirito: é razão pura, animando um corpo sem exigencias. Tendo, deste modo, desligado o homem da terra e do céo, colocando-ono reino abstráto da razão, o liberalismo, em contradição (I) com suas raizes filosoficas, realizou um regime e este en- gendrou um Estado, o qual não tom conheci- mento nem das necessidades espirituais nem das economicas do homem. O Estado só tem uma es- peci•ede relação com o homem: relação juridica; e relação é diréta, isto é, o Estado não admite intermediario em suas relações juri- dicas com o individuo: o regime liberal resolveu que o homem deveria, na sociedade, estar o mais ,proximo possivel do seu antigo estado -natural, isto é, individual, ao maximo, realizando um Es- tado que Ideqaa sociedade em suas relações com o individuo. Tal negação é tanto mais despotica e absurda, quanto, conforme estudamos atraz, o Es- tado liberal não se entrosa completamentecom a sociedade, representando apenas a organização da
Contradição,porque, sendo materialista, o regtme
deveria negar tais aspirações, mas nunca fingir desconhece-las. Do Liberalismo ao Integralismo 131
face juridico-politica, no sentido restrito daquela,
realizando conl ela um dualisnnoque degenera em luta. De fato, no regime liberal, ha uma luta per- manente entre o Estado e a sociedade, dividida esta em grupos economicos e morais, ora econo- niicos sómente, ora morais exclusivamente. Como, porém, o homem é espiritual, econo- mico e juridico, as consequenciasda pratica de qualquer regime, podem e devem ser estudadac segundo estes tres aspectos: consequencias do pon- io de vista moral, do ponto de vista economicoe juridico. Em muitas ocasiões, as consequencias se acham como provindo entrelaçadamente das tres origens Citadas, separadas, entretanto, ape- nas para os efeitos de exposição. 2 — Consequenciasda atitude filosofico- moral do liberalismo. A atitude filosofico-moral do regime- reage a principio sobre a economia que o liberalismo deixou livre de qualquer restrição moral, subor- dinada apenas ás leis naturais; como a moral li- beral é natural, racional, o liberalismo colocotl a economia sob a lei moral racional, natural- em suma. Ao estudarmos as consequenciasda atitu- de economica do liberalismo, veremos esta parte. O agnosticismo liberal, isto é, a atitude de indiferença em relação aos problemas fundamen- tais do espirito humano, colOCOt1 Estado e indivi- duo nas mais dificeis condições de relações. Em primeiro logar, por coerencia, o Estado liberal na-
EVOLUÇÃO DO ESTADO MODERNO - PARADIGMAS CONSTITUCIONAIS DO ESTADO LIBERAL DE DIREITO, DO ESTADO SOCIAL DE DIREITO E DO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO - Teoria da Constituição (1).pdf