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Noções de Higiene e

Vigilância em Saúde

Brasília-DF.
Elaboração

Bruna Ettore

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração


Sumário

APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 5

ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA..................................................................... 6

INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 8

UNIDADE I
VIGILÂNCIA EM SAÚDE......................................................................................................................... 11

CAPÍTULO 1
EVOLUÇÃO DA VIGILÂNCIA EM SAÚDE.................................................................................... 11

CAPÍTULO 2
COMPONENTES DA VIGILÂNCIA EM SAÚDE............................................................................. 15

CAPÍTULO 3
PRINCÍPIOS E DIRETRIZES DA VIGILÂNCIA EM SAÚDE................................................................. 23

UNIDADE II
VIGILÂNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR............................................................................................ 35

CAPÍTULO 1
BASES HISTÓRICAS E LEGAIS.................................................................................................... 35

CAPÍTULO 2
VIGILÂNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR............................................................................... 49

UNIDADE III
EPIDEMIOLOGIA E O PROCESSO SAÚDE-DOENÇA................................................................................ 56

CAPÍTULO 1
EPIDEMIOLOGIA...................................................................................................................... 56

CAPÍTULO 2
PROCESSO SAÚDE-DOENÇA................................................................................................... 58

UNIDADE IV
VIGILÂNCIA AMBIENTAL........................................................................................................................ 61

CAPÍTULO 1
CONCEITOS E HISTÓRICO....................................................................................................... 61

UNIDADE V
OPERACIONALIZAÇÃO DA AÇÃO DE VIGILÂNCIA................................................................................. 65
CAPÍTULO 1
ASPECTOS OPERACIONAIS DA VIGILÂNCIA EM SAÚDE ............................................................ 65

UNIDADE VI
BIOSSEGURANÇA EM FONOAUDIOLOGIA............................................................................................. 75

CAPÍTULO 1
ASPECTOS GERAIS................................................................................................................... 75

PARA (NÃO) FINALIZAR...................................................................................................................... 78

REFERÊNCIAS................................................................................................................................... 79
Apresentação

Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se


entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade.
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da
Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos


conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da
área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional que
busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica
impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo


a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

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Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa

Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em


capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para
aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares.

A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de
Estudos e Pesquisa.

Provocação

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.

Para refletir

Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo,


discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Praticando

Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de fortalecer


o processo de aprendizagem do aluno.

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Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a


síntese/conclusão do assunto abordado.

Saiba mais

Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões


sobre o assunto abordado.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o


entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Exercício de fixação

Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não
há registro de menção).

Avaliação Final

Questionário com 10 questões objetivas, baseadas nos objetivos do curso,


que visam verificar a aprendizagem do curso (há registro de menção). É a única
atividade do curso que vale nota, ou seja, é a atividade que o aluno fará para saber
se pode ou não receber a certificação.

Para (não) finalizar

Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem


ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.

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Introdução
A Vigilância em Saúde é um conjunto articulado de ações que analisa a situação de saúde,
identifica e controla determinantes, riscos e danos à saúde da população, embasada nos
princípios do SUS.

Os componentes da Vigilância em Saúde são: Vigilância Epidemiológica, Vigilância


Sanitária, Vigilância Ambiental em Saúde, Vigilância em Saúde do Trabalhador,
Vigilância da Situação da Saúde e a Promoção da Saúde.

A Constituição Federal de 1988 foi um dos marcos importantes para a implantação


da Vigilância em Saúde, pois foi a primeira vez que a saúde foi abordada em uma
constituição brasileira. O artigo 196 da Constituição Federal define: “A saúde é direito
de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem
à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às
ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”. Diante da preocupação
crescente com a atenção à saúde da população e os progressos em relação à Saúde
Pública houve um aumento proporcional das ações de Vigilância em Saúde no Sistema
Único de Saúde (SUS). Destacamos também a preocupação crescente com a promoção
e proteção da saúde, presente cada vez mais no cotidiano dos indivíduos assistidos pela
Atenção Primária da Saúde.

A Vigilância em Saúde do Trabalhador é um dos componentes da Vigilância em Saúde,


que tem por objetivo detectar, conhecer, pesquisar e analisar os fatores determinantes e
condicionantes dos agravos à saúde relacionados aos processos e ambientes de trabalho.

Para contribuir com ações da Vigilância é imprescindível a Vigilância Epidemiológica


tornar disponíveis as informações atualizadas sobre a ocorrência das doenças ou agravos,
bem como dos seus fatores condicionantes, em uma área geográfica ou população
determinada.

Para que as informações cheguem até a Vigilância Epidemiológica é necessária


a notificação ao Ministério da Saúde das doenças e agravos. O preenchimento e
encaminhamento das notificações é dever de todo profissional da saúde da rede pública,
conveniada ou privada para fins de adoção de medidas de intervenção pertinentes. Estas
informações favorecem a formulação e avaliação das políticas, planos e programas de
saúde, contribuindo com a melhoria da situação de saúde pública.

Ao final, discutiremos questões de biossegurança com o objetivo de alertar e orientar os


profissionais sobre a importância da temática em fonoaudiologia.
8
Dessa forma, essa disciplina guiará você, aluno, na direção do conhecimento para
o aprendizado dos conceitos, dos objetivos, dos princípios e das diretrizes para o
desenvolvimento das ações de vigilância no âmbito da Saúde Pública, em especial da
saúde do trabalhador.

Objetivos
»» Promover o conhecimento das ações da Vigilância em Saúde e seus
componentes.

»» Analisar as estratégias da Vigilância em Saúde do Trabalhador.

»» Promover o conhecimento epidemiológico e o processo saúde-doença.

»» Apresentar o conceito, a evolução, os princípios e as diretrizes da


Vigilância em Saúde como um todo.

»» Abordar os aspectos da operacionalização das ações de Vigilância em


Saúde, em especial as ações de Vigilância em Saúde do Trabalhador.

»» Orientar e informar sobre a necessidade dos protocolos em biossegurança.

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VIGILÂNCIA EM SAÚDE UNIDADE I

Nesta unidade, abordaremos o tema Vigilância em Saúde, destacando o conceito, o


objetivo, os tipos de vigilância, como também os princípios e diretrizes que a regem.

CAPÍTULO 1
Evolução da Vigilância em Saúde

Marcos relevantes para consolidação da


Vigilância em Saúde
A criação da Constituição Federal de 1988, das Leis Orgânicas da Saúde (Lei Federal
no 8.880/1990 e da Lei Federal no 8.142/1990), das Normas Operacionais da Saúde,
dentre outras, viabilizou os avanços da atenção à saúde da população, a partir das
normas e procedimentos estabelecidos. Esse avanço favoreceu o aumento das ações
de Vigilância em Saúde no Sistema Único de Saúde (SUS), englobando as ações de
Vigilância Sanitária, Ambiental na Saúde, Epidemiológica e da Saúde do Trabalhador.
Destacamos também a preocupação crescente com a programação e o planejamento de
medidas de Saúde Pública objetivando a promoção e proteção dos agravos e doenças da
população do país.

Outros marcos relevantes para a consolidação da Vigilância em Saúde além da


institucionalização do SUS em 1988 foram: em 1990 a criação do Centro Nacional de
Epidemiologia (CENEPI); a estruturação do financiamento das ações de vigilância
e controle de doenças no SUS; e em 2003, a criação da Secretaria de Vigilância em
Saúde do Ministério da Saúde, que passou a assumir as funções de coordenar o Sistema
Nacional de Vigilância em Saúde (BRASIL, 2006b).

Em 2013, o Ministério da Saúde publicou a portaria no 1.378, que regulamenta as


responsabilidades e define diretrizes para execução e financiamento das ações de
Vigilância em Saúde pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, relativos ao

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UNIDADE I │ VIGILÂNCIA EM SAÚDE

Sistema Nacional de Vigilância em Saúde e Sistema Nacional de Vigilância Sanitária. No


primeiro capítulo da portaria encontramos a seguinte definição para Vigilância em Saúde:

Vigilância em Saúde constitui um processo contínuo e sistemático de


coleta, consolidação, análise e disseminação de dados sobre eventos
relacionados à saúde, visando o planejamento e a implementação de
medidas de saúde pública para a proteção da saúde da população, a
prevenção e controle de riscos, agravos e doenças, bem como para a
promoção da saúde (BRASIL, 2013).

Com a criação da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), todas as ações de vigilância,


prevenção e controle de doenças, além da promoção da saúde, passaram a estar reunidas
em uma única estrutura do Ministério da Saúde (BRASIL, 2006b).

A Vigilância em Saúde tem como objetivo observar e analisar a condição da saúde


da população, independente de renda, idade, sexo ou raça. É o setor responsável por
realizar ações para controlar determinantes, riscos e danos à saúde dos habitantes
de determinados territórios, realizando tanto uma abordagem individual como ações
coletivas.

As ações de Vigilância em Saúde não estão direcionadas somente ao combate às doenças


transmissíveis, mas também, para a prevenção e o controle de fatores de risco de
doenças não transmissíveis e riscos ambientais. Diante disso, a Vigilância em Saúde está
vinculada com as demais ações e serviços desenvolvidos e ofertados no Sistema Único
de Saúde (SUS), garantindo assim a integralidade da atenção à saúde da população.
Como já mencionado, a Vigilância em Saúde abrange as ações de vigilância, promoção,
prevenção e controle de doenças e agravos à saúde.

Você já foi apresentado à definição de Vigilância em Saúde, tente pensar quais


ações são desenvolvidas no seu município que estariam relacionadas com
a Vigilância em Saúde. Você já foi submetido a alguma ação da Vigilância em
Saúde na Unidade de Saúde do seu bairro, em alguma campanha do Ministério
da Saúde ou no seu trabalho?

O trabalho desenvolvido pela Vigilância em Saúde deve estar inserido no cotidiano da


população, diante disso, podemos destacar as campanhas realizadas para o controle
de doenças transmissíveis e não transmissíveis, temos como exemplo as campanhas
contra: a dengue, doença de chagas, malária, febre amarela, Aids, hepatites virais e as
ações de vigilância sanitária. As equipes de saúde da Atenção Primária da Saúde (APS)
procuram programar e planejar ações, de maneira a organizar os serviços, aumentando
o acesso da população a diferentes atividades e ações de saúde.

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VIGILÂNCIA EM SAÚDE │ UNIDADE I

Em 1999, após um longo debate entre os três níveis de gestão do Sistema


Único de Saúde – municipal, estadual e federal – o Ministério da
Saúde aprovou normas e portarias que regulamentam o papel de cada
gestor na prática das ações epidemiológicas, de prevenção e controle
de doenças. A definição das responsabilidades das esferas de gestão
seguiu as diretrizes de descentralização do SUS, tornando as ações
mais efetivas e garantindo um maior acesso da população aos serviços
públicos de saúde (BRASIL, 2006b).

Alguns efeitos da institucionalização da gestão descentralizada em Vigilância em Saúde


(BRASIL, 2006b):

»» Incremento da capacidade institucional de estados e municípios,


possibilitando o desenvolvimento de processos no setor de vigilância em
saúde, com melhor planejamento, gerenciamento e avaliação.

»» Agilidade nas respostas diante de situações epidemiológicas rotineiras e


inusitadas.

»» Aperfeiçoamento de espaços para a construção de acordos e processos de


cooperação tendo por finalidade a geração de práticas mais efetivas em
Vigilância em Saúde.

»» Fortalecimento da responsabilidade compartilhada entre as instâncias


municipal, estadual e federal.

»» Criação de mecanismos eficientes e permanentes de incentivos.

A descentralização das ações de Saúde possibilitou a atuação da Vigilância em


Saúde mais próxima de cada indivíduo nos municípios, e com seus conhecimentos e
metodologias, viabilizou ao gestor a percepção da realidade local e identificação dos
problemas e realização de ações em sua região, tanto às de urgência como as de ações
de resultado em longo prazo. Cada gestor atua, então, com a realidade que o cerca,
favorecendo o direcionamento e o resultado e a efetividade das ações.

Objetivo da Vigilância em Saúde


Eliseu Waldman publicou o livro Vigilância em Saúde Pública em 1998 dentro da
série Saúde & Cidadania. Neste livro ele lista os principais objetivos da vigilância
(WALDMAN, 1998b):

»» identificar novos problemas de saúde pública;

»» detectar epidemias;

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UNIDADE I │ VIGILÂNCIA EM SAÚDE

»» documentar a disseminação de doenças;

»» estimar a magnitude da morbidade e mortalidade causadas por


determinados agravos;

»» identificar fatores de risco que envolvem a ocorrência de doenças;

»» recomendar, com bases objetivas e científicas, as medidas necessárias


para prevenir ou controlar a ocorrência de específicos agravos à saúde;

»» avaliar o impacto de medidas de intervenção por meio de coleta e análise


sistemática de informações relativas ao específico agravo, objeto dessas
medidas;

»» avaliar a adequação de táticas e estratégias de medidas de intervenção,


com base não só em dados epidemiológicos, mas também nos referentes
à sua operacionalização;

»» revisar práticas antigas e atuais de sistemas de vigilância com o objetivo


de discutir prioridades em saúde pública e propor novos instrumentos
metodológicos;

»» recomendar, com bases objetivas e científicas, as medidas necessárias


para prevenir ou controlar a ocorrência de específicos agravos à saúde.

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CAPÍTULO 2
Componentes da Vigilância em Saúde

A Vigilância em Saúde é composta pelas: Vigilância e Controle de Doenças Transmissíveis;


Vigilância das Doenças e Agravos Não Transmissíveis; Vigilância da Situação da Saúde;
Vigilância Ambiental em Saúde; Vigilância Epidemiológica; Vigilância em Saúde do
Trabalhador e Vigilância Sanitária.

Vigilância Epidemiológica
A Lei Orgânica da Saúde, no 8.080 de 19 de setembro de 1990, define a Vigilância
Epidemiológica da seguinte forma:

É o conjunto de ações que proporciona o conhecimento, a detecção


ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e
condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de
recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle das doenças
ou agravos (BRASIL, 1990).

O propósito da Vigilância Epidemiológica é fornecer orientação técnica permanente


para os que têm a responsabilidade de decidir sobre a execução de ações de controle
de doenças e agravos. Para contribuir com esta atividade, a Vigilância Epidemiológica
deve tornar disponíveis as informações atualizadas sobre a ocorrência das doenças
ou agravos, bem como dos seus fatores condicionantes, em uma área geográfica ou
população determinada. A Vigilância Epidemiológica constitui-se, ainda, em importante
instrumento para o planejamento, a organização e a operacionalização dos serviços de
saúde, como também para a normatização de atividades técnicas correlatas.

Sua operacionalização compreende um ciclo completo de funções específicas e


intercomplementares que devem ser, necessariamente, desenvolvidas de modo
contínuo, de modo a possibilitar conhecer, a cada momento, o comportamento
epidemiológico da doença ou agravo que se apresente como alvo das ações, para que
as medidas de intervenção pertinentes possam ser desencadeadas com oportunidade e
eficácia (BRASIL, 2002a).

São funções da Vigilância Epidemiológica:

»» coleta de dados;

»» processamento de dados coletados;


15
UNIDADE I │ VIGILÂNCIA EM SAÚDE

»» análise e interpretação dos dados processados;

»» recomendação das medidas de controle apropriadas;

»» promoção das ações de controle indicadas;

»» avaliação da eficácia e efetividade das medidas adotadas;

»» divulgação de informações pertinentes.

É importante mencionar que todos os níveis do sistema de saúde (municipal, estadual e


federal) têm atribuições de vigilância epidemiológica. Quanto mais eficientemente essas
funções forem realizadas no nível local e de acordo com sua especificidade, maior será
a oportunidade com que as ações de controle tenderão a ser desencadeadas. Ou seja, as
ações executivas são inerentes ao nível municipal e seu exercício exige conhecimento
analítico da situação de saúde local, mas cabe aos níveis nacional e estadual conduzir as
ações de caráter estratégico e longo alcance.

Para que as funções da Vigilância Epidemiológica sejam cumpridas existe a dependência


da disponibilidade dos dados para direcionar o processo de informação para ação.
Diante disso, se torna imprescindível a adequada coleta de dados no local que ocorre
o agravo ou evento sanitário, para realizar eficientemente a avaliação, manutenção
e aprimoramento das ações. Tratando-se, por exemplo, da notificação de doenças
transmissíveis, sendo fundamental a capacitação para o diagnóstico de casos e a
realização de investigações epidemiológicas correspondentes.

Os dados que alimentam o Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica são os


seguintes: demográficos, ambientais e socioeconômicos; dados de morbidade; dados
de mortalidade; notificação de surtos e epidemias.

A principal fonte de dados para a Vigilância Epidemiológica são as notificações, ou


seja, a comunicação da ocorrência de determinada doença ou agravo à saúde feita
à autoridade sanitária por profissionais de saúde ou qualquer cidadão, para fins de
adoção de medidas de intervenção pertinentes. Outras bases de dados dos sistemas
nacionais de informação são os laboratórios, as investigações epidemiológicas, a
imprensa e a população.

Vigilância da Situação de Saúde


A Vigilância da Situação de Saúde desenvolve ações de monitoramento contínuo do
país, estado, região, município e território, por meio de estudos e análises que revelem
o comportamento dos principais indicadores de saúde, priorizando questões relevantes
e contribuindo para um planejamento de saúde mais abrangente (BRASIL, 2010b).
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VIGILÂNCIA EM SAÚDE │ UNIDADE I

Ou seja, é a vigilância responsável por ações de consolidação, análise, avaliação e divulgação


de informações com objetivo de monitorar os riscos e as alterações das condições de
saúde, contribuindo para o processo de planejamento, para a definição de prioridades
institucionais e, especialmente, para a proposição de soluções para problemas detectados.

Vigilância Ambiental em Saúde


A Vigilância Ambiental em Saúde realiza ações de conhecimento e de detecção direcionadas
aos fatores não biológicos do meio ambiente que possam promover risco à saúde humana,
como: água para consumo humano, ar, solo, desastres naturais, substâncias químicas,
acidentes com produtos perigosos, fatores físicos e o ambiente de trabalho.

Então, a Vigilância Ambiental em Saúde realiza um conjunto de ações que proporcionam


o conhecimento e a detecção de qualquer mudança nos fatores determinantes e
condicionantes do meio ambiente e que interferem na saúde humana, com a finalidade
de identificar as medidas de prevenção e controle dos fatores de riscos ambientais,
relacionados às doenças ou outros agravos à saúde (BRASIL, 2002b).

A incorporação da vigilância ambiental no campo das políticas públicas


de saúde é uma demanda relativamente recente no Brasil. Um dos
principais desafios da Vigilância Ambiental em Saúde é a definição do
seu objeto e a especificidade de suas ações. O conceito ampliado de
exposição, tratado não como um atributo da pessoa, mas do conjunto
de relações complexas entre a sociedade e o ambiente, é central para
a definição de indicadores e para a orientação da prática de vigilância
ambiental. Entre as dificuldades encontradas para sua efetivação no
Sistema Único de Saúde estão a necessidade de reestruturação das
ações de vigilância em saúde e a formação de equipes multidisciplinares,
com capacidade de diálogo com outros setores, além da construção de
sistemas de informação capazes de auxiliar a análise de situações de
saúde e a tomada de decisões (BARCELLOS; QUITÉRIO, 2006).

Vigilância em Saúde do Trabalhador


A Vigilância em Saúde do Trabalhador realiza um conjunto de ações direcionadas à
promoção, proteção, recuperação e reabilitação da saúde dos trabalhadores submetidos
a riscos e agravos devido às condições que são submetidos no ambiente de trabalho.
O Ministério da Saúde, na Portaria no 3.120/1998 (BRASIL, 1998a) define a Vigilância
em Saúde do Trabalhador como:

17
UNIDADE I │ VIGILÂNCIA EM SAÚDE

[...] uma atuação contínua e sistêmica, ao longo do tempo, no sentido


de detectar, conhecer, pesquisar e analisar os fatores determinantes
e condicionantes dos agravos à saúde relacionados aos processos
e ambientes de trabalho, em seus aspectos tecnológicos, social,
organizacional e epidemiológico, com a finalidade de planejar, executar
e avaliar intervenções sobre esses aspectos, de forma a eliminá-los
e controlá-los.

A Vigilância em Saúde do Trabalhador será o assunto da nossa próxima unidade,


abordaremos as bases históricas e legais, o conceito e os seus princípios e diretrizes.

Vigilância Sanitária
A Vigilância Sanitária (VISA) é responsável por realizar ações para promover e proteger
a saúde de uma população. O objetivo é eliminar, diminuir ou prevenir risco à saúde
e intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, da produção e da
circulação de bens e da prestação de serviços de interesse da saúde.

Lei Orgânica da Saúde no 8.080/1990 conceitua as ações de Vigilância Sanitária como:

Um conjunto de ações capazes de eliminar, diminuir ou prevenir riscos


à saúde e de intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio
ambiente, da produção e circulação de bens e da prestação de serviços
de interesse da saúde, abrangendo o controle de bens de consumo que,
direta ou indiretamente, se relacionam com a saúde da população.

De acordo com o disposto na Lei no 9.782, de 26 de janeiro de 1999, que define o Sistema
Nacional de Vigilância Sanitária e cria a Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(ANVISA), cabe à Vigilância Sanitária desenvolver um conjunto de ações relacionadas
aos seguintes bens, produtos e serviços:

»» alimentos, inclusive bebidas, águas envasadas, seus insumos, suas


embalagens, aditivos alimentares, limites de contaminantes orgânicos,
resíduos de agrotóxicos e de medicamentos veterinários;

»» medicamentos de uso humano, suas substâncias ativas e demais insumos,


processos e tecnologias;

»» cosméticos, produtos de higiene pessoal e perfumes;

»» saneantes destinados à higienização, desinfecção ou desinfestação em


ambientes domiciliares, hospitalares e coletivos;

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VIGILÂNCIA EM SAÚDE │ UNIDADE I

»» conjuntos, reagentes e insumos destinados a diagnóstico;

»» equipamentos e materiais médico-hospitalares, odontológicos,


hemoterápicos e de diagnóstico laboratorial e por imagem;

»» imunobiológicos e suas substâncias ativas, sangue e hemoderivados;

»» órgãos, tecidos humanos e veterinários para uso em transplantes ou


reconstituições;

»» radioisótopos para uso diagnóstico in vivo, radiofármacos e produtos


radioativos utilizados em diagnóstico e terapia;

»» cigarros, cigarrilhas, charutos e qualquer outro produto fumígero, derivado


ou não do tabaco;

»» quaisquer produtos que envolvam a possibilidade de risco à saúde, obtidos


por engenharia genética, por outro procedimento ou ainda submetidos a
fontes de radiação;

»» serviços voltados para a atenção ambulatorial seja de rotina ou de


emergência, os realizados em regime de internação, os serviços de
apoio diagnóstico e terapêutico, bem como aqueles que impliquem a
incorporação de novas tecnologias;

»» serviços de interesse da saúde, como: creches, asilos para idosos,


presídios, cemitérios, salões de beleza, cantinas e refeitórios escolares,
academia de ginástica, clubes etc.;

»» as instalações físicas, equipamentos, tecnologias, ambientes e


procedimentos envolvidos em todas as fases de seus processos de produção
dos bens e produtos submetidos ao controle e fiscalização sanitária,
incluindo a destinação dos respectivos resíduos.

No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) é responsável por


criar normas e regulamentos e dar suporte para todas as atividades da área no País.
A ANVISA também é quem executa as atividades de controle sanitário e fiscalização em
portos, aeroportos e fronteiras.

São atribuições próprias da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA):

»» o controle sanitário de portos, aeroportos, fronteiras e recintos


alfandegados;

»» as ações afeitas à área de Relações Internacionais;

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UNIDADE I │ VIGILÂNCIA EM SAÚDE

»» a promoção de estudos e manifestação sobre a concessão de patentes


de produtos e processos farmacêuticos previamente à anuência pelo
Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).

Promoção da Saúde
Outro aspecto fundamental da Vigilância em Saúde é a Promoção da Saúde.
A promoção da saúde visa o cuidado integral com a saúde da população, estimulando
os habitantes de uma região a reduzir a vulnerabilidade e o risco à saúde relacionado
aos seus determinantes e condicionantes: modo de viver, condições de trabalho,
habitação, ambiente, educação, lazer, cultura e acesso a bens e serviços essenciais.
A intenção das ações de promoção da saúde é reduzir as chances de que uma doença ou
agravo gere a incapacidade, o sofrimento crônico e a morte prematura de indivíduos
e da população.

A Promoção da Saúde é um dos eixos fundamentais estabelecido pelo Sistema Único de


Saúde (SUS) para a construção de uma abordagem integral no processo saúde-adoecimento
(BRASIL, 2006a).

O Ministério da Saúde, em setembro de 2005, definiu a Agenda de Compromisso pela


Saúde que agrega três eixos: O Pacto em Defesa do Sistema Único de Saúde (SUS), o
Pacto em Defesa da Vida e o Pacto de Gestão.

Entre as macroprioridades do Pacto em Defesa da Vida, possui especial


relevância o aprimoramento do acesso e da qualidade dos serviços
prestados no SUS, com a ênfase no fortalecimento e na qualificação
estratégica da Saúde da Família; a promoção, informação e educação
em saúde com ênfase na promoção de atividade física, na promoção
de hábitos saudáveis de alimentação e vida, controle do tabagismo;
controle do uso abusivo de bebida alcoólica; e cuidados especiais
voltados ao processo de envelhecimento (BRASIL, 2010a).

Devido às mudanças ocorridas ao longo dos anos, a atenção à saúde no Brasil começou
a investir na formulação, implementação e concretização de políticas de promoção,
proteção e recuperação da saúde, visando à melhoria da qualidade de vida dos sujeitos
e da sociedade.

Diante das necessidades de atenção à saúde, no ano de 2006, foi aprovada a Política de
Promoção da Saúde através da portaria no 687. A Política de Promoção da Saúde tem
como objetivos específicos (BRASIL, 2010a):

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VIGILÂNCIA EM SAÚDE │ UNIDADE I

»» incorporar e implementar ações de promoção da saúde, com ênfase na


atenção básica;

»» ampliar a autonomia e a corresponsabilidade de sujeitos e coletividades,


inclusive o poder público, no cuidado integral à saúde e minimizar e/
ou extinguir as desigualdades de toda e qualquer ordem (étnica, racial,
social, regional, de gênero, de orientação/opção sexual, entre outras);

»» promover o entendimento da concepção ampliada de saúde, entre os


trabalhadores de saúde;

»» contribuir para o aumento da resolubilidade do Sistema, garantindo


qualidade, eficácia, eficiência e segurança das ações de promoção da saúde;

»» estimular alternativas inovadoras e socialmente inclusivas/contributivas


no âmbito das ações de promoção da saúde;

»» valorizar e otimizar o uso dos espaços públicos de convivência e de


produção de saúde para o desenvolvimento das ações de promoção da
saúde;

»» favorecer a preservação do meio ambiente e a promoção de ambientes


mais seguros e saudáveis;

»» contribuir para elaboração e implementação de políticas públicas


integradas que visem à melhoria da qualidade de vida no planejamento
de espaços urbanos e rurais;

»» ampliar os processos de integração baseados na cooperação, solidariedade


e gestão democrática;

»» prevenir fatores determinantes e/ou condicionantes de doenças e agravos


à saúde;

»» estimular a adoção de modos de viver não violentos e o desenvolvimento


de uma cultura de paz no País;

»» valorizar e ampliar a cooperação do setor Saúde com outras áreas de


governos, setores e atores sociais para a gestão de políticas públicas e a
criação e/ou o fortalecimento de iniciativas que signifiquem redução das
situações de desigualdade.

Com o objetivo de consolidar e coordenar a implantação das propostas da Política


Nacional de Promoção da Saúde, articular e integrar as ações de promoção da saúde no
SUS, incentivar a elaboração pelas três esferas de governo de um Plano de Promoção da

21
UNIDADE I │ VIGILÂNCIA EM SAÚDE

Saúde e monitorar e avaliar as estratégias de implementação da Política, foi instituído


em 2007, o Comitê Gestor da Política Nacional de Promoção da Saúde (BRASIL, 2010a).

O Ministério da Saúde tem, rotineiramente, realizado ações concretas na tentativa de


informar a população e os profissionais da saúde, criando e disponibilizado cartilhas e
mídias digitais informativas sobre o Sistema Único de Saúde.

Para saber mais sobre as Ações de Vigilância em Saúde acesse o Manual de


Gestão de Vigilância em Saúde pelo link:

<http://www.saude.rs.gov.br/upload/1346166966_Manual_de_gest%C3%A3o
_vigil%C3%A2ncia_em_sa%C3%BAde_SVS_DAGVS_2009.pdf>

Uma pesquisa mais detalhada no site do Ministério da Saúde oferecerá muitas


outras oportunidades de compreensão do SUS e de suas iniciativas em favor da
promoção de saúde. Acesse o link <http://portalsaude.saude.gov.br/> e saiba
mais sobre as ações do Ministério da Saúde.

22
CAPÍTULO 3
Princípios e diretrizes da Vigilância
em Saúde

A Vigilância em Saúde auxilia os gestores, com seus conhecimentos e metodologias,


a visualizar a real situação da população, por meio da identificação dos problemas e
estabelecendo prioridades de atuação e melhor utilização dos recursos disponíveis,
indispensáveis para a elaboração do planejamento das ações.

O Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de Vigilância em Saúde e Secretaria de


Atenção à Saúde lançou em 2010 o caderno com as Diretrizes da Vigilância em Saúde.
O caderno descreve os meios utilizados para a análise da situação da saúde de uma
população (BRASIL, 2010a):

»» Caracterização da população: variáveis demográficas (número de


habitantes com distribuição por sexo, idade, local de residência, fluxos de
migração etc.); variáveis socioeconômicas (renda, inserção no mercado
de trabalho, ocupação, condições de vida etc.); variáveis culturais (grau
de instrução, hábitos, comportamentos etc.).

»» Caracterização das condições de vida: ambientais (abastecimento de água,


coleta de lixo e dejetos, esgotamento sanitário, condições de habitação,
acesso a transporte, segurança e lazer).

»» Características dos sujeitos (nível educacional, inserção no mercado de


trabalho, tipo de ocupação, nível de renda, formas de organização social,
religiosa e política).

»» Caracterização do perfil epidemiológico: indicadores de morbidade;


indicadores de mortalidade.

»» Descrição dos problemas: O quê? (problema); Quando? (atual ou


potencial); Onde? (territorialização); Quem? (que indivíduos ou grupos
sociais).

Planejamento e programação em saúde


As ações em Vigilância em Saúde necessitam ser planejadas e programadas conforme
as análises, estudos e as demandas dos agravos e doenças que podem acometer ou já
acometeram uma população.

23
UNIDADE I │ VIGILÂNCIA EM SAÚDE

O Planejamento é um processo contínuo e dinâmico que consiste em um conjunto


de ações intencionais, integradas, coordenadas e orientadas para tornar realidade
um objetivo futuro, de forma a possibilitar a tomada de decisões antecipadamente.
Essas ações devem ser identificadas de modo a permitir que sejam executadas de
forma adequada e considerando aspectos como prazo, custos, qualidade, segurança,
desempenho e outros condicionantes (BRASIL, 2010b).

O Sistema Único de Saúde (SUS), através do sistema de planejamento, presume uma


atuação contínua, articulada, integrada e solidária das áreas de planejamento das três
esferas de gestão do SUS (BRASIL, 2010b).

Então, cada esfera de governo deve realizar seu próprio planejamento, fortalecendo
os objetivos e as diretrizes do SUS, atuando de acordo com a necessidade da região de
cobertura. Deve também monitorar e avaliar as ações realizadas pelo SUS, promover a
participação social e a integração inter e intrassetorial.

Para organizar as ações de Saúde Pública, os gestores dispõem, de acordo com o caderno de
Diretrizes Nacionais da Vigilância em Saúde (BRASIL, 2010b), das seguintes estratégias:

»» O Plano de Saúde (PS), que apresenta as intenções e os resultados a serem


perseguidos no período de quatro anos, expressos em objetivos, diretrizes
e metas. É a definição das políticas de saúde em determinada esfera de
gestão. É a base para a execução, acompanhamento, avaliação e gestão do
sistema de saúde. Deve ser feito de forma participativa, tomando como
subsídio privilegiado as proposições das Conferências de Saúde.

»» A Programação Anual de Saúde (PAS) operacionaliza as intenções


expressas no Plano de Saúde. Detalha as ações, metas e recursos
financeiros para o PAS e apresenta os indicadores para avaliação (a
partir dos objetivos, diretrizes e metas do plano de saúde). Contém –
de forma sistematizada, agregada e segundo a sua estrutura básica – as
programações das áreas específicas.

»» O Relatório Anual de Gestão (RAG) expressa os resultados alcançados,


apurados com base no conjunto de indicadores definidos na programação
para acompanhar o cumprimento das metas fixadas.

Uma das diretrizes do SUS é a regionalização e descentralização das ações em saúde.


Diante disso, existe também o planejamento da regionalização através do Plano Diretor
de Regionalização (PDR), o Plano Diretor de Investimento (PDI), a Programação
Pactuada e Integrada (PPI) da atenção à saúde, e a Programação das Ações de Vigilância
em Saúde (PAVS).

24
VIGILÂNCIA EM SAÚDE │ UNIDADE I

O Programa das Ações de Vigilância em


Saúde (PAVS)
O Programa das Ações de Vigilância em Saúde (PAVS) atua articulado com as outras
áreas de atenção à saúde, principalmente com a atenção básica. As ações do PAVS
realizadas pelos estados e municípios são monitoradas pela Secretaria de Vigilância em
Saúde / Ministério da Saúde.

Competência das esferas de governo nas


ações de Vigilância em Saúde
A Portaria no 3.252, de 22 de dezembro de 2009 foi revogada pela Portaria no 1.378 de
2013. Esta portaria estabelece a competência de cada esfera de governo em relação à
Vigilância em Saúde, onde podemos destacar:

A competência da União
Compete ao Ministério da Saúde a gestão das ações de vigilância em saúde no âmbito
da União, cabendo: à Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS/MS) a coordenação do
Sistema Nacional de Vigilância em Saúde.

Compete à Secretaria de Vigilância em Saúde / MS:

I – Ações de vigilância, prevenção e controle das doenças transmissíveis,


a vigilância e prevenção das doenças e agravos não transmissíveis e
dos seus fatores de risco, a vigilância de populações expostas a riscos
ambientais em saúde, gestão de sistemas de informação de vigilância
em saúde de âmbito nacional e que possibilitam análises de situação
de saúde, as ações de vigilância da saúde do trabalhador e ações de
promoção em saúde;

II – Participação na formulação de políticas, diretrizes e prioridades em


Vigilância em Saúde no âmbito nacional;

III – Coordenação nacional das ações de Vigilância em Saúde, com


ênfase naquelas que exigem simultaneidade nacional ou regional;

IV – Apoio e cooperação técnica junto aos Estados, Distrito Federal e


aos Municípios para o fortalecimento da gestão da Vigilância em Saúde;

V – Execução das ações de Vigilância em Saúde de forma complementar


à atuação dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, nos casos
previstos em lei;

25
UNIDADE I │ VIGILÂNCIA EM SAÚDE

VI – Participação no financiamento das ações de Vigilância em Saúde;

VII – Normalização técnica;

VIII – Coordenação dos sistemas nacionais de informação de interesse


da Vigilância em Saúde, incluindo:

a) estabelecimento de diretrizes, fluxos e prazos, a partir de negociação


tripartite, para o envio dos dados para o nível nacional;

b) estabelecimento e divulgação de normas técnicas, rotinas e


procedimentos de gerenciamento dos sistemas nacionais; e

c) retroalimentação dos dados para as Secretarias Estaduais de Saúde;

IX – Coordenação da preparação e resposta das ações de vigilância em


saúde, nas emergências de saúde pública de importância nacional e
internacional, bem como cooperação com Estados, Distrito Federal e
Municípios em emergências de saúde pública, quando indicado;

X – Coordenação, monitoramento e avaliação da estratégia de Vigilância


em Saúde sentinela em âmbito hospitalar, em articulação com os
Estados e Distrito Federal;

XI – Monitoramento e avaliação das ações de Vigilância em Saúde;

XII – Desenvolvimento de estratégias e implementação de ações de


educação, comunicação e mobilização social referentes à Vigilância em
Saúde;

XIII – Realização de campanhas publicitárias em âmbito nacional e/ou


regional na Vigilância em Saúde;

XIV – Participação ou execução da educação permanente em Vigilância


em Saúde;

XV – Promoção e implementação do desenvolvimento de estudos,


pesquisas e transferência de tecnologias que contribuam para o
aperfeiçoamento das ações e incorporação de inovações na área de
Vigilância em Saúde;

XVI – Promoção e fomento à participação social nas ações de Vigilância


em Saúde;

XVII – Promoção da cooperação e do intercâmbio técnico científico com


organismos governamentais e não governamentais, de âmbito nacional
e internacional, na área de Vigilância em Saúde;

26
VIGILÂNCIA EM SAÚDE │ UNIDADE I

XVIII – Gestão dos estoques nacionais de insumos estratégicos, de


interesse da Vigilância em Saúde, inclusive o monitoramento dos
estoques e a solicitação da distribuição aos Estados e Distrito Federal
de acordo com as normas vigentes;

XIX – Provimento dos seguintes insumos estratégicos:

a) imunobiológicos definidos pelo Programa Nacional de Imunizações;

b) seringas e agulhas para campanhas de vacinação que não fazem parte


daquelas já estabelecidas ou quando solicitadas por um Estado;

c) medicamentos específicos para agravos e doenças de interesse


da Vigilância em Saúde, conforme termos pactuados na Comissão
Intergestores Tripartite (CIT);

d) reagentes específicos e insumos estratégicos para as ações


laboratoriais de Vigilância em Saúde, nos termos pactuados na CIT;

e) insumos destinados ao controle de doenças transmitidas por vetores,


compreendendo: praguicidas, inseticidas, larvicídas e moluscocidas -
indicados pelos programas;

f) equipamentos de proteção individual (EPI) para as ações de Vigilância


em Saúde sob sua responsabilidade direta, que assim o exigirem;

g) insumos de prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças


sexualmente transmissíveis, indicados pelos programas, nos termos
pactuados na CIT; e

h) formulários das Declarações de Nascidos Vivos (DNV) e de óbitos


(DO);

XX – Coordenação e normalização técnica das ações de laboratório


necessárias para a Vigilância em Saúde, bem como estabelecimento
de fluxos técnico operacionais, habilitação, supervisão e avaliação das
unidades partícipes;

XXI – Coordenação do Programa Nacional de Imunizações, incluindo


a definição das vacinas componentes do calendário nacional, as
estratégias e normalizações técnicas sobre sua utilização, com destino
adequado dos insumos vencidos ou obsoletos, de acordo com as normas
técnicas vigentes;

XXII – Participação no processo de implementação do Decreto no 7.508,


de 28 de junho de 2011, no âmbito da Vigilância em Saúde; e

27
UNIDADE I │ VIGILÂNCIA EM SAÚDE

XXIII – Estabelecimento de incentivos que contribuam para o


aperfeiçoamento e melhoria da qualidade das ações de Vigilância em
Saúde.

Competência dos Estados


Compete às Secretarias Estaduais de Saúde a coordenação do componente estadual dos
Sistemas Nacionais de Vigilância em Saúde, no âmbito de seus limites territoriais e de
acordo com as políticas, diretrizes e prioridades estabelecidas, compreendendo:

I – Ações de vigilância, prevenção e controle das doenças transmissíveis,


a vigilância e prevenção das doenças e agravos não transmissíveis e
dos seus fatores de risco, a vigilância de populações expostas a riscos
ambientais em saúde, gestão de sistemas de informação de vigilância de
âmbito estadual que possibilitam análises de situação de saúde, as ações
de vigilância da saúde do trabalhador, ações de promoção em saúde e o
controle dos riscos inerentes aos produtos e serviços de interesse a saúde;

II – Implementação das políticas, diretrizes e prioridades na área de


vigilância, no âmbito de seus limites territoriais;

III – Coordenação das ações com ênfase naquelas que exigem


simultaneidade estadual, regional e municipal;

IV – Apoio e cooperação técnica junto aos Municípios no fortalecimento


da gestão das ações de Vigilância;

V – Execução das ações de Vigilância de forma complementar à atuação


dos Municípios;

VI – Participação no financiamento das ações de Vigilância;

VII – Normalização técnica complementar à disciplina nacional;

VIII – Coordenação e alimentação, quando couber, dos sistemas de


informação de interesse da vigilância em seu âmbito territorial, incluindo:

a) estabelecimento de diretrizes, fluxos e prazos para o envio dos


dados pelos Municípios e/ou unidades regionais definidas pelo
Estado, respeitando os prazos estabelecidos no âmbito nacional;

b) estabelecimento e divulgação de normas técnicas, rotinas e


procedimentos de gerenciamento dos sistemas, em caráter complementar
à atuação da esfera federal;

c) retroalimentação dos dados às Secretarias Municipais de Saúde;

28
VIGILÂNCIA EM SAÚDE │ UNIDADE I

IX – Coordenação da preparação e resposta das ações de vigilância,


nas emergências de saúde pública de importância estadual, bem como
cooperação com Municípios em emergências de saúde pública de
importância municipal, quando indicado;

X – Coordenação, monitoramento e avaliação da estratégia de Vigilância


em Saúde sentinela em âmbito hospitalar, em articulação com os
Municípios;

XI – Desenvolvimento de estratégias e implementação de ações de


educação, comunicação e mobilização social;

XII – Monitoramento e avaliação das ações de Vigilância em seu âmbito


territorial;

XIII – Realização de campanhas publicitárias de interesse da vigilância,


em âmbito estadual;

XIV – Fomento e execução da educação permanente em seu âmbito de


atuação;

XV – Promoção da cooperação e do intercâmbio técnico-científico com


organismos governamentais e não governamentais, de âmbito estadual,
nacional e internacional;

XVI – Promoção e fomento à participação social nas ações de vigilância;

XVII – Gestão dos estoques estaduais de insumos estratégicos de


interesse da Vigilância em Saúde, inclusive o armazenamento e o
abastecimento aos Municípios, de acordo com as normas vigentes;

XVIII – Provimento dos seguintes insumos estratégicos:

a) seringas e agulhas, sendo facultada ao Estado a solicitação da


aquisição pela União;

b) medicamentos específicos, para agravos e doenças de interesse da


Vigilância em Saúde, nos termos pactuados na CIT;

c) meios de diagnóstico laboratorial para as ações de Vigilância em


Saúde, nos termos pactuados na Comissão Intergestores Bipartite
(CIB);

d) insumos de prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças


sexualmente transmissíveis, indicados pelos programas, nos termos
pactuados na CIB;

29
UNIDADE I │ VIGILÂNCIA EM SAÚDE

e) equipamentos de aspersão de inseticidas;

f) EPI para todas as atividades de Vigilância em Saúde que assim o


exigirem, em seu âmbito de atuação, incluindo:

1. máscaras faciais completas para nebulização de inseticidas a Ultra


Baixo Volume para o combate a vetores; e

2. máscaras semifaciais para a aplicação de inseticidas em superfícies


com ação residual para o combate a vetores;

g) óleo vegetal para diluição de praguicida;

XIX – Coordenação, acompanhamento e avaliação da rede estadual de


laboratórios públicos e privados que realizam análises de interesse em
saúde pública, nos aspectos relativos à vigilância, com estabelecimento
de normas e fluxos técnico-operacionais, credenciamento e avaliação
das unidades partícipes;

XX – Garantia da realização de análises laboratoriais de interesse da


vigilância, conforme organização da rede estadual de laboratórios e
pactuação na CIB;

XXI – Armazenamento e transporte adequado de amostras laboratoriais


para os laboratórios de referência nacional;

XXII – Coordenação do componente estadual do Programa Nacional


de Imunizações, com destino adequado dos insumos vencidos ou
obsoletos, de acordo com as normas técnicas vigentes;

XXIII – Participação no processo de implementação do Decreto no


7.508/2011, no âmbito da vigilância;

XXIV – Colaboração com a União na execução das ações sob Vigilância


Sanitária de Portos, Aeroportos e Fronteiras, conforme pactuação
tripartite; e

XXV – Estabelecimento de incentivos que contribuam para o


aperfeiçoamento e melhoria da qualidade das ações de Vigilância.

Parágrafo único. Os Estados poderão adquirir insumos estratégicos para


uso em Vigilância em Saúde, em situações específicas, mediante pactuação
na CIT entre as esferas governamentais, observada a normalização
técnica e, em situações excepcionais, mediante a comunicação formal
com a respectiva justificativa à SVS/MS.

30
VIGILÂNCIA EM SAÚDE │ UNIDADE I

Competência dos Municípios – Compete às Secretarias Municipais


de Saúde a coordenação do componente municipal dos Sistemas
Nacionais de Vigilância em Saúde e de Vigilância Sanitária, no âmbito
de seus limites territoriais, de acordo com a política, diretrizes e
prioridades estabelecidas, compreendendo:

I – Ações de vigilância, prevenção e controle das doenças transmissíveis,


a vigilância e prevenção das doenças e agravos não transmissíveis e
dos seus fatores de risco, a vigilância de populações expostas a riscos
ambientais em saúde, gestão de sistemas de informação de vigilância
em saúde em âmbito municipal que possibilitam análises de situação
de saúde, as ações de vigilância da saúde do trabalhador, ações de
promoção em saúde e o controle dos riscos inerentes aos produtos e
serviços de interesse a saúde;

II – Coordenação municipal e execução das ações de vigilância;

III – Participação no financiamento das ações de vigilância;

IV – Normalização técnica complementar ao âmbito nacional e estadual;

V – Coordenação e alimentação, no âmbito municipal, dos sistemas de


informação de interesse da vigilância, incluindo:

a) coleta, processamento, consolidação e avaliação da qualidade dos


dados provenientes das unidades notificantes dos sistemas de base
nacional, de interesse da vigilância, de acordo com normalização técnica;

b) estabelecimento e divulgação de diretrizes, normas técnicas,


rotinas e procedimentos de gerenciamento dos sistemas, no âmbito do
Município, em caráter complementar à atuação das esferas federal e
estadual; e

c) retroalimentação dos dados para as unidades notificadoras;

VI – Coordenação da preparação e resposta das ações de vigilância, nas


emergências de saúde pública de importância municipal;

VII – Coordenação, monitoramento e avaliação da estratégia de


Vigilância em Saúde sentinela em âmbito hospitalar;

VIII – Desenvolvimento de estratégias e implementação de ações de


educação, comunicação e mobilização social;

IX – Monitoramento e avaliação das ações de vigilância em seu


território;

31
UNIDADE I │ VIGILÂNCIA EM SAÚDE

X – Realização de campanhas publicitárias de interesse da vigilância,


em âmbito municipal;

XI – Promoção e execução da educação permanente em seu âmbito de


atuação;

XII – Promoção e fomento à participação social nas ações de vigilância;

XIII – Promoção da cooperação e do intercâmbio técnico científico


com organismos governamentais e não governamentais de âmbito
municipal, intermunicipal, estadual, nacional e internacional;

XIV – Gestão do estoque municipal de insumos de interesse da


Vigilância em Saúde, incluindo o armazenamento e o transporte desses
insumos para seus locais de uso, de acordo com as normas vigentes;

XV – Provimento dos seguintes insumos estratégicos:

a) medicamentos específicos, para agravos e doenças de interesse da


Vigilância em Saúde, nos termos pactuados na CIT;

b) meios de diagnóstico laboratorial para as ações de Vigilância em


Saúde nos termos pactuados na CIB;

c) insumos de prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças


sexualmente transmissíveis, indicados pelos programas, nos termos
pactuados na CIB; e

d) equipamentos de proteção individual - EPI - para todas as atividades


de Vigilância em Saúde que assim o exigirem, em seu âmbito de atuação,
incluindo vestuário, luvas e calçados;

XVI – coordenação, acompanhamento e avaliação da rede de


laboratórios públicos e privados que realizam análises essenciais às
ações de vigilância, no âmbito municipal;

XVII – Realização de análises laboratoriais de interesse da vigilância,


conforme organização da rede estadual de laboratórios pactuados na
CIR/CIB;

XVIII – Coleta, armazenamento e transporte adequado de amostras


laboratoriais para os laboratórios de referência;

XIX – Coordenação e execução das ações de vacinação integrantes do


Programa Nacional de Imunizações, incluindo a vacinação de rotina
com as vacinas obrigatórias, as estratégias especiais como campanhas

32
VIGILÂNCIA EM SAÚDE │ UNIDADE I

e vacinações de bloqueio e a notificação e investigação de eventos


adversos e óbitos temporalmente associados à vacinação;

XX – Descartes e destinação final dos frascos, seringas e agulhas


utilizadas, conforme normas técnicas vigentes;

XXI – Participação no processo de implementação do Decreto no


7.508/2011, no âmbito da vigilância;

XXII – Colaboração com a União na execução das ações sob Vigilância


Sanitária de Portos, Aeroportos e Fronteiras, conforme pactuação
tripartite; e

XXIII – Estabelecimento de incentivos que contribuam para o


aperfeiçoamento e melhoria da qualidade das ações de Vigilância em
Saúde.

Parágrafo único. Os Municípios poderão adquirir insumos estratégicos


para uso em Vigilância em Saúde, em situações específicas, mediante
pactuação na CIT entre as esferas governamentais, observada a
normalização técnica e, em situações excepcionais, mediante a
comunicação formal com justificativa à SVS/MS ou à Secretaria Estadual
de Saúde.

Competência do Distrito Federal

A coordenação dos Sistemas Nacionais de Vigilância em Saúde e Vigilância Sanitária


pelo Distrito Federal compreenderá, simultaneamente, as competências relativas a
Estados e Municípios.

Sistema de Informação de Agravos de Notificação


(SINAN)

Com o objetivo de coletar, transmitir e disseminar dados gerados pelo Sistema de


Vigilância Epidemiológica foi criado o Sistema de Informação de Agravos de Notificação
(SINAN), que apresenta informação das três esferas de governo por meio de uma rede
informatizada. O SINAN surge como apoio ao processo de investigação e subsidio a
análise das informações de vigilância epidemiológica das doenças de notificação
compulsória (BAHIA, 2009).

O Sistema de Informação de Agravos de Notificação é alimentado, sobretudo, pela


notificação e investigação de casos de doenças e agravos que constam da lista nacional

33
UNIDADE I │ VIGILÂNCIA EM SAÚDE

de doenças de notificação compulsória, mas é facultado a estados e municípios incluir


outros problemas de saúde considerados importantes em sua região (BRASIL, 2011b).

As notificações dos agravos são lançadas pela vigilância epidemiológica no Sistema de


Informação de Agravos de Notificação (SINAN).

O sistema foi desenvolvido para ser operacionalizado da Unidade de


Saúde até a Secretaria Estadual de Saúde, porém caso o município
não disponha de microcomputadores nas suas unidades, o mesmo
pode ser operacionalizado a partir das Secretarias Municipais, das
Regionais de Saúde e da Secretaria Estadual de Saúde. O sistema é
alimentado semanalmente em 52 semanas, de acordo com o calendário
epidemiológico. Quando não houver notificação de doenças em alguma
unidade de saúde, o município deve fazer uma notificação negativa para
esta unidade (BAHIA, 2009).

A notificação compulsória tem sido, ao longo dos anos, a principal forma de informação,
a partir do qual, a maioria das vezes, desencadeia o processo de informação-decisão-
ação. A portaria no 1.271/2014 apresenta a relação de doenças, agravos e eventos em
saúde pública de notificação compulsória em todo o território nacional e estabelece
fluxo, critérios, responsabilidades e atribuições aos profissionais e serviços de saúde.

A notificação compulsória é obrigatória a todos os profissionais de saúde: enfermeiros,


médicos, odontólogos, médicos veterinários, biólogos, biomédicos, farmacêuticos,
fonoaudiólogos, como também os em exercício da profissão, e os responsáveis
por organizações e estabelecimentos públicos e particulares de saúde e ensino
(BRASIL, 2011b).

Se você é um profissional da saúde, você sabia que é obrigatório realizar as


notificações de doenças, agravos e eventos da saúde pública? O preenchimento
da notificação é realizado pelos profissionais de saúde que você conhece?
Você tem noção da importância das notificações e das ações que vão ser
desencadeadas com o levantamento destas informações?

É importante destacar que a portaria no 104/2011 também apresenta a lista de doenças


e agravos relacionados à saúde do trabalhador, essa lista está presente no anexo III da
portaria, sendo também considerado de notificação compulsória.

Saiba mais sobre a Portaria no 104/2011 no link:

<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt0104_25_01_2011.
html>.

34
VIGILÂNCIA EM SAÚDE UNIDADE II
DO TRABALHADOR

CAPÍTULO 1
Bases históricas e legais

Regulamentação legal
A partir da Constituição Federal de 1998, com a instituição do Sistema Único de Saúde
(SUS), a Saúde do Trabalhador passa a ter novas definições e sua incorporação como
área de competência própria da saúde. Essa mudança motivou os estados e municípios
a atualizarem seus estatutos jurídicos em relação à saúde e à saúde do trabalhador.

As conquistas foram possíveis pela participação e mobilização social envolvendo


organizações sindicais de trabalhadores, técnicos dos serviços de saúde e de outras
instituições públicas e da academia, conhecida como “movimento da Saúde do Trabalho”,
estes buscavam: [...] “desvelar as consequências negativas do trabalho sobre a saúde,
traduzidas em um perfil diferenciado de adoecimento e morte dos trabalhadores; e
construir formas de intervenção, visando a melhoria das condições de trabalho e de
vida” (DIAS; SILVA, 2013a).

A estrutura jurídica que regulamenta a Saúde do Trabalhador no SUS é um dos pilares


fundamentais para que os gestores estaduais e municipais exerçam sua competência
e cumpram suas atribuições, direcionando suas ações no sentido de proporcionar
efetiva promoção, proteção e prevenção de agravos à saúde relacionados ao trabalho
(BRASIL, 2005b).

A Constituição Federal de 1988


O Caderno de Legislação em Saúde do Trabalhador, lançado em 2005 pelo Ministério
da Saúde, destaca que:

A Constituição Federal de 1988 é a norma jurídica de eficácia máxima,


não podendo seus princípios serem contrariados ou diminuídos por

35
UNIDADE II │ VIGILÂNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR

nenhum outro diploma que a suceder na hierarquia legal, ou seja,


na graduação de positividade jurídica. É também a regra de maior
legitimidade, dado o processo constituinte estabelecido para sua
definição e aprovação, que contou com a maior participação popular
jamais vista na história do Brasil.

A Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 1988) é de fundamental importância para


a saúde, pois é pela primeira vez que é abordada na constituição brasileira. Dentre os
seus artigos podemos destacar:

»» “A saúde é um direito de todos e dever do Estado” (artigo 196).

»» Direito esse a ser “garantido mediante políticas sociais e econômicas


que visem à redução do risco da doença e de outros agravos e ao acesso
universal e igualitário às ações e serviços para a sua promoção, proteção e
recuperação” (Título VIII – Da Ordem Social, Capítulo II – Da Seguridade
Social, Seção II – Da Saúde).

»» “São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, o lazer, a segurança,


a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência
aos desamparados, na forma desta Constituição”. (Título II – Dos Direitos
e Garantias Fundamentais, Capítulo II – Dos Direitos Sociais).

»» “Cuidar da saúde é competência comum da União, dos estados e dos


municípios” (art. 23, inciso II).

»» E legislar sobre a defesa da Saúde compete concorrentemente à União,


aos estados (art. 24, inciso XII) e, suplementarmente, aos municípios
(art. 30, inciso II).

No Capítulo do direito à saúde, a Constituição Federal aborda Saúde do Trabalhador e o


ambiente do trabalho no Art. 200, onde diz: “Ao Sistema Único de Saúde (SUS) compete,
além de outras atribuições, nos termos da lei: [...] II – executar as ações de vigilância
sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador; [...] VIII – colaborar
na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho” (BRASIL, 1988).

Diante disso, podemos constatar que a Vigilância em Saúde do Trabalhador teve seus
pilares garantidos a partir da Constituição Federal de 1988, em seu artigo 200.

As Leis Orgânicas da Saúde

Conforme o mandamento da Constituição Federal foram elaboradas as leis que


“regulam, fiscalizam e controlam as ações e os serviços de saúde”.

36
VIGILÂNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR │ UNIDADE II

São elas as Leis Federais no 8.080, de 19 de setembro de 1990 e no 8.142, de 28 de


dezembro de 1990. As duas leis juntas formam as Leis Orgânicas da Saúde.

A Lei Federal no 8.080/1990 dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e


recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes
e dá outras providências e a Lei Federal no 8.142/1990 engloba a participação da
comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) e sobre as transferências
intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde e dá outras providências.

Perante a definição na Constituição Federal de 1988, a Lei Federal no 8.080/1990 insere


a Saúde do Trabalhador como campo de atuação do Sistema Único de Saúde (SUS) e
estabelece o que se entende por vigilância sanitária, por vigilância epidemiológica e por
saúde do trabalhador (BRASIL, 2005b).

Saiba mais sobre as leis federais no 8.080, de 19 de setembro de 1990 no link:


<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm>. Acesso em: 27 abr. 2015.

Sobre a lei no 8.142, de 28 de dezembro de 1990: <http://www.planalto.gov.br/


ccivil_03/leis/l8142.htm>. Acesso em: 27 abr. 2015.

Norma Operacional Básica (NOB-SUS) 01/1996


A Portaria do Ministério da Saúde no 2.203, de 5 de novembro de 1996, aprovou a
Norma Operacional Básica do SUS (NOB-SUS) 01/1996.

A presente Norma Operacional Básica tem por finalidade primordial promover e


consolidar o pleno exercício, por parte do poder público municipal e do Distrito
Federal, da função de gestor da atenção à saúde dos seus municípios com a consequente
redefinição das responsabilidades dos Estados, do Distrito Federal e da União,
avançando na consolidação dos princípios do Sistema Único de Saúde (SUS) (BRASIL,
1996).

A Norma Operacional Básica – NOB-SUS 01/1996 define como um dos três grandes
campos de atenção à saúde do SUS “o das intervenções ambientais”, no seu sentido
mais amplo, incluindo as relações e as condições sanitárias nos ambientes de vida e de
trabalho, o controle de vetores e hospedeiros e a operação de sistemas de saneamento
ambiental (mediante o pacto de interesses, as normatizações, as fiscalizações e outros).

A intervenção nas condições do ambiente de trabalho, abordado na NOB-SUS 01/1996,


demonstra a preocupação existente com a atenção e vigilância da Saúde e do ambiente
de trabalho.

37
UNIDADE II │ VIGILÂNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR

Norma Operacional de Saúde do Trabalhador


(NOST-SUS)

A Portaria no 3.908, de 30 de outubro de 1998, estabelece procedimentos para orientar e


instrumentalizar as ações e serviços de saúde do trabalhador e da trabalhadora, urbano
e rural, pelos Estados, o Distrito Federal e os Municípios no Sistema Único de Saúde
(SUS). A Norma Operacional de Saúde do Trabalhador (NOST-SUS) é complementar
à Norma Operacional Básica de 1996 (NOB-SUS 01/1996). Vamos ressaltar os
pressupostos básicos presentes na NOST-SUS em seu artigo 1o:

I – Universalidade e equidade, onde todos os trabalhadores, urbanos e


rurais, com carteira assinada ou não, empregados, desempregados ou
aposentados, trabalhadores em empresas públicas ou privadas, devem
ter acesso garantido a todos os níveis de atenção à saúde;

II – Integralidade das ações, tanto em termos do planejamento quanto


da execução, com um movimento constante em direção à mudança do
modelo assistencial para a atenção integral, articulando ações individuais
e curativas com ações coletivas de vigilância da saúde, uma vez que os
agravos à saúde, advindos do trabalho, são essencialmente preveníveis;

III – Direito à informação sobre a saúde, por meio da rede de serviços


do SUS, adotando como prática cotidiana o acesso e o repasse de
informações aos trabalhadores, sobretudo os riscos, os resultados
de pesquisas que são realizadas e que dizem respeito diretamente à
prevenção e à promoção da qualidade de vida;

IV – Controle social, reconhecendo o direito de participação dos


trabalhadores e suas entidades representativas em todas as etapas do
processo de atenção à saúde, desde o planejamento e estabelecimento
de prioridades, o controle permanente da aplicação dos recursos, a
participação nas atividades de vigilância em saúde, até a avaliação das
ações realizadas;

V – Regionalização e hierarquização das ações de saúde do trabalhador,


que deverão ser executadas por todos os níveis da rede de serviços,
segundo o grau de complexidade, desde as básicas até as especializadas,
organizadas em um sistema de referência e contra-referência, local
e regional;

VI – Utilização do critério epidemiológico e de avaliação de riscos


no planejamento e na avaliação das ações, no estabelecimento de
prioridades e na alocação de recursos;

38
VIGILÂNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR │ UNIDADE II

VII – Configuração da saúde do trabalhador como um conjunto de ações de


vigilância e assistência, visando à promoção, à proteção, à recuperação e à
reabilitação da saúde dos trabalhadores submetidos a riscos e agravos advindos
do processo de trabalho.

A Norma Operacional de Saúde do Trabalhador (NOST-SUS) com a implementação


de ações de saúde do trabalhador no SUS e o estabelecimento de normas e
procedimentos para orientar e instrumentalizar as ações e serviços de saúde
do trabalhador favoreceu surgimento e a efetivação das ações de Vigilância em
Saúde do Trabalhador, a partir da atuação já iniciada de promoção e normatização
das ações e procedimentos direcionados à saúde do trabalhador.

Manual para organização da atenção básica no


Sistema Único de Saúde
A Portaria no 3.935, de 13 de novembro de 1998, aprova o Manual para Organização
da Atenção Básica no Sistema Único de Saúde (SUS). No elenco de responsabilidades
quanto à atenção à saúde do trabalhador constam a: “divulgação de informações e
orientações educativas direcionadas para empregadores e trabalhadores, visando à
redução da  morbimortalidade  por acidentes e doenças do trabalho” e “a assistência
básica aos acidentados e portadores de doenças do trabalho e notificação dos agravos e
riscos relacionados ao trabalho” (BRASIL, 1998b).

Portarias Federais normatizadoras da saúde do


trabalhador no SUS
Destacamos aqui as portarias federais relacionadas à saúde do trabalhador, sendo
interessante a consulta e leitura de seu conteúdo para a compreensão da evolução e
desenrolar das ações e relação ao trabalhador e a trabalhadora, urbano ou rural, informal
ou de carteira assinada, empregados, desempregados ou aposentados, trabalhadores
em empresas públicas ou privadas:

»» Portaria do Ministério da Saúde no 3.908, de 30 de outubro de 1998,


que aprova a Norma Operacional de Saúde do Trabalhador (NOST),
estabelece procedimentos para orientar e instrumentalizar as ações
e serviços de saúde do trabalhador no Sistema Único de Saúde (SUS).

»» Portaria Ministério da Saúde no 3.120, de 1o de julho de 1998, aprovou


a Instrução Normativa de Vigilância em Saúde do Trabalhador no SUS.

39
UNIDADE II │ VIGILÂNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR

»» Portaria no 1.679, de 19 de setembro de 2002, que dispõe sobre


a estruturação da Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do
Trabalhador no Sistema Único de Saúde (SUS), denominada RENAST.

»» Portaria no 1.969, de 25 de outubro de 2001, que dispõe sobre o


preenchimento de Autorização de Internação Hospitalar (AIH), de
interesse à notificação e registro dos acidentes de trabalho.

»» Portaria no 1.565, de 26 de agosto de 1994, que define o Sistema


Nacional de Vigilância Sanitária, sua abrangência, campo de atuação e
determina a distribuição das competências da União, Estados, Distrito
Federal e Municípios.

Política Nacional de Segurança e Saúde do


Trabalhador e da Trabalhadora (PNSST)
A Política Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho (PNSST) tem por objetivos a
promoção da saúde e a melhoria da qualidade de vida do trabalhador e a prevenção
de acidentes e de danos à saúde advindos, relacionados ao trabalho ou que ocorram
no curso dele, por meio da eliminação ou redução dos riscos no ambiente de trabalho
(BRASIL, 2011c).

A PNSST tem por princípios: universalidade; prevenção; precedência das ações de


promoção, proteção e prevenção sobre as de assistência, reabilitação e reparação;
diálogo social; e integralidade.

A Elaboração de uma política que possa atender, de forma integral, as necessidades de


Saúde do Trabalhador, deve integrar os aspectos de saúde, produção e desenvolvimento
sustentável. Para se atingir esse objetivo, são necessárias modificações na estrutura
da rede de serviços públicos de saúde, com a sua organização e qualificação, além de
alterações nos processos produtivos (BRASIL, 2006).

A coordenação nacional do Programa Nacional de Segurança e Saúde do Trabalhador


(PNSST) é de responsabilidade do Ministério da Saúde e área técnica específica dentro
Ministério da Saúde que coordenada PNSST é a Coordenação Geral de Saúde do
Trabalhador (CGSAT).

A Coordenação Geral de Saúde do Trabalhador (CGSAT) tem a função de: cooperar


para a capacitação técnica de gestores, técnicos e administradores que atuam no
Sistema único de Saúde (SUS); prover os meios de capacitação dos profissionais
que exercem o Controle Social na formação dos Conselhos e da população nas

40
VIGILÂNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR │ UNIDADE II

ações relacionadas à saúde do trabalhador; formulação de políticas aprovadas de


Conselho Nacional de Saúde; efetivação das resoluções das Conferências Nacionais
de Saúde do Trabalhador; Normatização técnica e administrativa da área de Saúde
do Trabalhador.

O Manual de Gestão e Gerenciamento da Rede Nacional de Atenção Integral à


Saúde do Trabalhador (BRASIL, 2006c) menciona alguns dos documentos que
foram importantes para elaborar e efetivar a Política Nacional de Segurança e
Saúde do Trabalhador (PNSST), dentre eles, a Portaria Interministerial no 800, de 3
de maio de 2005 e a Portaria no 1.125, de 6 de julho de 2005, que deram origem a
Portaria no 2.437/2005, que determinou a ampliação e o fortalecimento da Rede
Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador (RENAST) e foi atualizada,
posteriormente, com a Portaria no 2.728/2009. Outro documento importante é a
Portaria no 399/2006, que divulga o Pacto pela Saúde 2006 – Consolidação do SUS.

Pesquise e leia sobre as portarias mencionadas acima.

Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do


Trabalhador (RENAST)

A Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador, RENAST,


foi criada oficialmente em 2002, por meio da Portaria no 1.679 (BRASIL,
2002c). A RENAST foi criada com o objetivo de disseminar ações de
saúde do trabalhador articuladas as demais redes do Sistema Único
de Saúde (SUS) e representou o fortalecimento da Política de Saúde
do Trabalhador no SUS, reunindo as condições para estabelecer uma
política de estado e os meios para sua execução.

Com o objetivo de ampliação e fortalecimento da RENAST, o Ministério


da Saúde revisou e atualizou a Portaria GM/MS no 1679//2002, com
a publicação da portaria GM/MS no 2.437/2005, e posteriormente a
Portaria GM/MS no 2.728/2009.

A portaria GM/MS no 2.437/2005 determina a ampliação da Rede


Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador – RENAST, com
a implementação de forma articulada entre o Ministério da Saúde, as
Secretarias de Saúde dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
(BRASIL, 2005a).

Para a implementação da Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde


do Trabalhador (RENAST), segundo a Portaria no 2.728/2009,

41
UNIDADE II │ VIGILÂNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR

precisaria da: estruturação da rede de Centros de Referência em


Saúde do Trabalhador (CEREST); inclusão das ações de saúde do
trabalhador na atenção básica, por meio da definição de protocolos,
estabelecimento de linhas de cuidado e outros instrumentos que
favoreçam a integralidade; implementação das ações de promoção e
vigilância em saúde do trabalhador; instituição e indicação de serviços
de Saúde do Trabalhador de retaguarda, de média e alta complexidade
já instalados, aqui chamados de Rede de Serviços Sentinela em Saúde
do Trabalhador; e caracterização de Municípios Sentinela em Saúde do
Trabalhador (BRASIL, 2009b).

A Norma Operacional da Assistência à Saúde – NOAS-SUS 01/2002, anexa à portaria


no 373/2002 do Ministério da Saúde, visa ao aperfeiçoamento do Sistema Único de
Saúde (SUS) à medida “que amplia as responsabilidades dos municípios na Atenção
Básica; estabelece o processo de regionalização como estratégia de hierarquização dos
serviços de saúde e de busca de maior equidade; cria mecanismos para o fortalecimento
da capacidade de gestão do Sistema Único de Saúde e procede à atualização dos critérios
de habilitação de estados e municípios” (BRASIL, 2002d).

Apesar da atuação da Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador


(RENAST) abranger ações em todos os níveis de complexidade, na atualidade existe
consenso de que a inserção efetiva das ações da Saúde do Trabalhador no SUS está
diretamente relacionada à sua assimilação inicial pela Atenção Básica, quando há
possibilidade de execução das ações junto às residências e aos locais de trabalho da
população (BRASIL, 2006c). Com isso, existe uma necessidade de treinamento das
equipes de Atenção Básica e da Estratégia em Saúde da Família para viabilizar ações
em Saúde do Trabalhador.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Organização Pan Americana


de Saúde (OPAS) reiteram a importância da Atenção Primária á
Saúde (APS) como alternativa de saída dos impasses decorrentes da
complexidade crescente e dos altos custos da assistência (DIAS; SILVA,
2013a).

As ações em Saúde do Trabalhador compreendem a assistência aos agravos; vigilância


sanitária (ambientes e condições de trabalho); vigilância epidemiológica (saúde dos
trabalhadores); vigilância ambiental (meio ambiente); processamento de informações
de saúde (coleta, sistematização, análise e divulgação); e educação (produção de
conhecimento e atividades educativas) (BRASIL, 2006c).

42
VIGILÂNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR │ UNIDADE II

O fluxo que, geralmente, desencadeia uma ação em relação à saúde do trabalhador,


inicia a partir dos casos de adoecimento do trabalhador, advindo das informações das
ações assistenciais. Esse adoecimento é informado, como forma de notificação, ao
Sistema de Informação que estabelece ações de Vigilância em Saúde. As informações
sobre suspeitas ou casos de adoecimento de trabalhadores também podem vir das
ações de vigilância (sanitária, epidemiológica e ambiental) com os casos identificados e
encaminhados para diagnóstico, tratamento e reabilitação na rede de serviços sentinela
(serviços de média e alta complexidade responsáveis pelo diagnóstico, tratamento e
notificação) (BRASIL, 2006c).

Outra porta de assistência no SUS aos usuários trabalhadores, englobando os princípios da


RENAST, é nos serviços de urgência e de emergência, quando trabalhadores acidentados,
ou acidentes de trajeto e agravos agudos relacionados ao trabalho são encaminhados a
estes atendimentos. Esses casos são diagnosticados, tratados e notificados ao Sistema de
Informações de Agravos de Notificação (SINAN) (BRASIL, 2006c).

A qualificação e o aparelhamento da Rede de Média e Alta Complexidade devem


permitir a estruturação da Rede de Serviços Sentinela em Saúde do Trabalhador.
A RENAST apresenta a necessidade da existência das redes sentinelas para a realização
de diagnósticos e notificação de agravos à saúde relacionados ao trabalho. A definição
das unidades sentinelas será feita pelos gestores e técnicos dos municípios em nível
local e regional.

De forma geral, qualquer unidade de saúde, desde as unidades de atenção primária à


saúde até as referências especializadas, pode ser constituída como unidade sentinela.
Ainda assim, os casos confirmados de agravos relacionados ao trabalho de notificação
compulsória pela Portaria no 104/2011 devem ser notificados em todas as unidades de
saúde. Quando a confirmação não puder ser feita, os casos deverão ser encaminhados
para referências especializadas, dentro dos fluxos locais e especificidades do agravo. 
(RENAST on-line)
<http://www.renastonline.org/temas/rede-sentinela>.

Entre no site da RENAST para conhecer e explorar as informações disponíveis.


<http://www.renastonline.org/.>

A Portaria no 104, de 25 de janeiro de 2011, define as terminologias adotadas em


legislação nacional, conforme o disposto no Regulamento Sanitário Internacional 2005
(RSI 2005), a relação de doenças, agravos e eventos em saúde pública de notificação

43
UNIDADE II │ VIGILÂNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR

compulsória em todo o território nacional e estabelece fluxo, critérios, responsabilidades


e atribuições aos profissionais e serviços de saúde. (BRASIL, 2011b).

A seguir segue a Lista de Notificação Compulsória em Unidades Sentinela (LNCS)


presente no anexo III da Portaria 104/2011:

1. acidente com exposição a material biológico relacionado ao trabalho;

2. acidente de trabalho com mutilações;

3. acidente de trabalho em crianças e adolescentes;

4. acidente de trabalho fatal;

5. câncer relacionado ao trabalho;

6. dermatoses ocupacionais;

7. distúrbios ostemusculares relacionados ao trabalho (DORT);

8. influenza humana;

9. Perda Auditiva Induzida por Ruído – PAIR relacionada ao trabalho;

10. pneumoconioses relacionadas ao trabalho;

11. pneumonias;

12. rotavírus;

13. toxoplasmose adquirida na gestação e congênita;

14. transtornos mentais relacionados ao trabalho.

Na Portaria no 104/2011 consta que é proibido a exclusão de doenças, agravos e eventos


que constam nos anexos pelos gestores estaduais e municipais do SUS, porém é facultada
a elaboração de listas estaduais ou municipais de Notificação Compulsória, no âmbito
de sua competência e de acordo com o perfil epidemiológico local (BRASIL, 2011b).

Diante dessa possibilidade, o Governo do Estado do Rio de Janeiro publicou a Resolução


SES no 674, de 12 de julho de 2103, que redefine a relação de doenças e agravos de
notificação compulsória no âmbito do Estado do Rio de Janeiro. Dentre outras doenças
e agravos incluídos pelo Estado do Rio de Janeiro podemos destacar o artigo 5 da
resolução que resolve:

Os casos de suspeita ou confirmação de Acidentes de trabalho simples,


Disfonia ocupacional, Asma ocupacional e as Dorsopatias ocupacionais

44
VIGILÂNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR │ UNIDADE II

deverão ser notificados e registrados, semanalmente, no Sistema de


Informação de Agravos de Notificação – SINAN, através da Ficha de
Notificação Individual para tais agravos, no Anexo III, ou seja, em Rede
Sentinela. (RIO DE JANEIRO, 2013)

A Notificação Compulsória é obrigação de todos os profissionais de saúde médicos,


enfermeiros, odontólogos, médicos veterinários, biólogos, biomédicos, farmacêuticos e
outros no exercício da profissão, como também pelos responsáveis por organizações e
estabelecimentos públicos e particulares de saúde e de ensino. (BRASIL, 2011b).

Pesquise se no seu estado foi incluído alguma doença ou agravos na lista de


notificação compulsória diferentes das que constam na portaria no 104/2011.

Centro de Referência em Saúde do


Trabalhador – CEREST

Atribuições dos Centros de Referência em Saúde


do Trabalhador

Os Centros de Referência em Saúde do Trabalhador (CERESTs) promovem ações para


melhorar as condições de trabalho e a qualidade de vida do trabalhador por meio da
prevenção e vigilância. Existem dois tipos de CERESTs: os estaduais e os regionais.

O CEREST tem por função dar subsídio técnico para o SUS, nas ações de promoção,
prevenção, vigilância, diagnóstico, tratamento e reabilitação em saúde dos trabalhadores
urbanos e rurais. Poderão ser implantados CERESTs, de abrangência estadual, regional
e municipal e sua implantação está condicionada a uma população superior a 500 mil
habitantes. (BRASIL, 2009b).

Conforme a Portaria no 2.728/2009, cabe aos Centros de Referência em Saúde do


Trabalhador promover a integração da rede de serviços de saúde do Sistema Único
de Saúde (SUS), assim como suas vigilâncias e gestão, na incorporação da Saúde do
Trabalhador em sua atuação rotineira. As atribuições dos CERESTs incluem apoiar
investigações de maior complexidade, assessorar a realização de convênios de cooperação
técnica, subsidiar a formulação de políticas públicas,  fortalecer a articulação entre
a atenção básica, de média e alta complexidade para identificar e atender acidentes
e agravos relacionados ao trabalho, em especial, mas não exclusivamente, aqueles
contidos na Lista de Doenças Relacionadas ao Trabalho ou de notificação compulsória.

45
UNIDADE II │ VIGILÂNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR

A Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora instituída pela portaria


no 1.823, de 23 de agosto de 2012, lista as atribuições e responsabilidades dos CERESTs
e das equipes técnicas, dentre as quais podemos destacar: desempenhar as funções de
suporte técnico, de educação permanente, de coordenação de projetos de promoção,
vigilância e assistência à saúde dos trabalhadores, atuar como centro articulador e
organizador das ações intra e intersetoriais de saúde do trabalhador.

Em 2013 foi publicada a portaria no 1.206, em que altera o cadastramento dos


Centros de Referência em Saúde do Trabalhador no Sistema de Cadastro Nacional de
Estabelecimentos de Saúde (SCNES). No artigo 2o desta portaria, o CEREST é definido
como: “um estabelecimento de atenção especializada em Saúde do Trabalhador, que
dispõe de serviço de vigilância em Saúde do Trabalhador (VISAT), além de prestar,
à rede de serviços do SUS, suporte técnico-pedagógico e clínico-assistencial para a
atenção integral à saúde dos usuários trabalhadores urbanos e rurais, o que compreende
as ações de promoção, prevenção, vigilância, diagnóstico, tratamento e reabilitação”.

Os CERESTs têm a função de apoiar a organização e a estruturação da assistência de


média e alta complexidade, no âmbito local e regional, para dar atenção aos acidentes
de trabalho e aos agravos contidos na Lista de Doenças Relacionadas ao Trabalho e aos
agravos de notificação compulsória citados na Portaria no 104/ 2011.

De acordo com Dias e Silva (2013b), Os CERESTs e Referências Técnicas em Saúde


do Trabalhador apoiam os gestores municipais para o desenvolvimento das seguintes
atividades:

»» Definição e inclusão de ações de saúde do trabalhador no Plano Municipal


de Saúde e Programa Anual em Saúde.

»» Implementação da Política de Educação Permanente em Saúde do


Trabalhador pactuada em cada Colegiado de Gestão Regional.

»» Fortalecimento do controle social na região e nos territórios de


abrangência.

»» Discussão de informações em saúde do trabalhador, bem como de


eventos-sentinela.

»» Reorganização do processo de trabalho das equipes de saúde, em especial


da Atenção Primária da Saúde (APS), porta de entrada preferencial dos
usuários do SUS.

»» Fomento e participação no desenvolvimento de eventos em Saúde do


Trabalhador, entre outras.

46
VIGILÂNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR │ UNIDADE II

Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da


Trabalhadora

A Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora tem como finalidade


definir os princípios, as diretrizes e as estratégias a serem observados pelas três esferas
de gestão do Sistema Único de Saúde (SUS), para o desenvolvimento da atenção integral
à saúde do trabalhador, com ênfase na vigilância, visando à promoção e a proteção da
saúde dos trabalhadores e a redução da morbimortalidade decorrente dos modelos de
desenvolvimento e dos processos produtivos (BRASIL, 2012).

Esta política abrange todas as classes de trabalhadores, independente de sexo, de


localização, de sua forma de inserção no mercado de trabalho e de seu vínculo empregatício,
priorizando, entretanto, pessoas e grupos em situação de maior vulnerabilidade, como
aqueles inseridos em atividades ou em relações informais e precárias de trabalho, em
atividades de maior risco para a saúde, submetidos a formas nocivas de discriminação,
ou ao trabalho infantil, na perspectiva de superar desigualdades sociais e de saúde e de
buscar a equidade na atenção. (BRASIL, 2012).

A Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora observará os princípios e


diretrizes: universalidade; integralidade; participação da comunidade, dos trabalhadores
e do controle social; descentralização; hierarquização; equidade; e precaução.

Ao indicar a universalidade de cobertura, a Política Nacional de Saúde do Trabalhador


e da Trabalhadora se diferencia da atuação do Ministério do Trabalho e Emprego e
da Previdência Social, que sempre esteve dirigido do setor formal de trabalho (DIAS;
SILVA, 2013a).

O objetivo da Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora é fortalecer a


Vigilância em Saúde do Trabalhador (VISAT) e a integração com os demais componentes
da Vigilância em Saúde, o que pressupõe: identificação das atividades produtivas da
população trabalhadora e das situações de risco à saúde dos trabalhadores no território;
identificação das necessidades, demandas e problemas de saúde dos trabalhadores no
território; realização da análise da situação de saúde dos trabalhadores; intervenção
nos processos e ambientes de trabalho; produção de tecnologias de intervenção, de
avaliação e de monitoramento das ações de VISAT; controle e avaliação da qualidade
dos serviços e programas de saúde do trabalhador, nas instituições e empresas públicas
e privadas; produção de protocolos, de normas técnicas e regulamentares; e participação
dos trabalhadores e suas organizações.

Dentre as estratégias propostas temos: integração da Vigilância em Saúde do Trabalhador


com os demais componentes da Vigilância em Saúde e com a Atenção Primária em Saúde;

47
UNIDADE II │ VIGILÂNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR

análise do perfil produtivo e da situação de saúde dos trabalhadores; estruturação da


Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador (RENAST) no contexto
da Rede de Atenção à Saúde; fortalecimento e ampliação da articulação intersetorial,
estímulo à participação da comunidade, dos trabalhadores e do controle social;
desenvolvimento e capacitação de recursos humanos; apoio ao desenvolvimento de
estudos e pesquisas.

Saiba mais sobre a Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora


no link:

<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2012/prt1823_23_08_2012.html>

Política Nacional de Atenção Básica (PNAB)


A Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) foi redefinida em pela Portaria no
2.488/2011, que estabelece as diretrizes e normas para a organização da Atenção Básica,
para a Estratégia da Saúde da Família (ESF) e o Programa de Agentes Comunitários de
Saúde (PACS) com a seguinte definição:

Um conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e coletivo, que


abrange a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de agravos,
o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação, redução de danos e a
manutenção da saúde com o objetivo de desenvolver uma atenção integral
que impacte na situação de saúde e nos determinantes e condicionantes
das coletividades (BRASIL, 2011d).

Segundo Dias e Silva (2013a), a Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) prescreve
prática de cuidado e gestão democrática e participativa desenvolvidas por equipes
multiprofissionais, direcionadas a populações de territórios delimitados e dinâmicos,
pelos quais assume a responsabilidade sanitária, com alto grau de descentralização.
A organização das Redes de Atenção à Saúde (RAS) é a principal estratégia para superar
a fragmentação do cuidado e da gestão; garantir acesso e criar espaços de acolhimento
e vínculo entre profissionais e usuários, assegurando ações e serviços com efetividade e
eficiência. (BRASIL, 2011d).
A Atenção Básica de Saúde (ABS) é a principal porta de entrada da rede, por onde se
inicia o atendimento ao usuário do SUS. Neste atendimento inicial os profissionais da
equipe acolhem e realizam o levantamento da queixa apresentada pela população, com
isso detém de um levantamento sobre a condição de saúde dos indivíduos do território
de abrangência e dos agravos que eles são acometidos. Com esta acolhida é possível
saber se doença ou agravo pode estar relacionado à condição de trabalho que o usuário
é submetido e realizar ações de Vigilância em Saúde do Trabalhador.

48
CAPÍTULO 2
Vigilância em saúde do trabalhador

Conceito
O Ministério da Saúde, segundo a portaria GM/MS no 3120/98 (BRASIL, 1998a) define
a Vigilância em Saúde do Trabalhador em:

[...] uma atuação contínua e sistemática, ao longo do tempo, no


sentido de detectar, conhecer, pesquisar e analisar os fatores
determinantes e condicionantes dos agravos à saúde relacionados
aos processos e ambientes de trabalho, em seus aspectos tecnológico,
social, organizacional e epidemiológico, com a finalidade de planejar,
executar e avaliar intervenções sobre esses aspectos, de forma a
eliminá-los e controlá-los.

A Vigilância em Saúde do Trabalhador (VISAT) faz parte das ações desenvolvidas pelo
Sistema Nacional de Vigilância em Saúde, consolidada pelas leis que regem o Sistema
Único de Saúde (SUS).

De acordo com Machado (2013)

[...] na prática, e para que haja ênfase nas ações preventivas e de


promoção, costuma-se separar vigilância de assistência do ponto de
vista da gestão da saúde como atividades distintas. É pressuposto da
ação de vigilância o controle da exposição/sujeição na perspectiva de
prevenir agravos à saúde dos trabalhadores, manifestos por sofrimento,
exigência, alteração biológica, dano, desgaste, doença, lesão ou acidente.

A Vigilância em Saúde é na atualidade um dos grandes desafios para o Sistema Único


de Saúde (SUS) e para a Atenção Primária de Saúde e deve ser feita de modo articulado
coma Vigilância Epidemiológica, Sanitária, Ambiental e da Saúde do Trabalhador
(BRASIL, 2009b).

As ações em relação ao trabalhador não dependem somente da Vigilância em Saúde


Trabalhador, necessitam também das intervenções dos setores do Meio Ambiente, do
Ministério do Trabalho, do Ministério Público, entre outras ações intersetoriais.

A Vigilância em Saúde do Trabalhador compartilha com a Vigilância Epidemiológica


as ações de notificação dos agravos relacionados ao trabalho junto ao Sistema de
Informação de Agravos e Notificação (SINAN), de acordo com a portaria no 104/2011.

49
UNIDADE II │ VIGILÂNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR

A notificação é de suma importância para mudança dos registros de acidentes e/ou


agravos à saúde do trabalhador nas estatísticas, as informações não condizem com a
realidade, dificultando o planejamento e as intervenções pela falta de índice real de
incidência do agravo ou acidente.

Objetivo das ações de Vigilância em Saúde


do Trabalhador
A Portaria no 3.120, de 1o de julho de 1998, lista de forma esquemática os objetivos da
Vigilância em Saúde do Trabalhador, que são:

»» Conhecer a realidade de saúde da população trabalhadora,


independentemente da forma de inserção no mercado de trabalho e do
vínculo trabalhista.

»» Intervir nos fatores determinantes de agravos à saúde da população


trabalhadora visando eliminá-los ou, na sua impossibilidade, atenuá-los e
controlá-los por meio da fiscalização do processo, do ambiente e das condições
em que o trabalho se realiza, fazendo cumprir com rigor as normas e legislações
existentes, nacionais ou mesmo internacionais quando relacionados à
promoção da saúde do trabalhador.

»» Avaliar o impacto das medidas adotadas para a eliminação, atenuação e


controle dos fatores determinantes de agravos à saúde.

»» Subsidiar a tomada de decisões dos órgãos competentes, nas três esferas


do governo, considerando o estabelecimento de políticas públicas,
contemplando a relação entre o trabalho e a saúde no campo de
abrangência da Vigilância em Saúde.

»» Estabelecer sistemas de informação em saúde do trabalhador, junto às


estruturas existentes no setor de saúde, considerando a criação de bases
de dados com todas as informações oriundas do processo de vigilância
e incorporando as informações tradicionais já existentes e divulgando,
sistematicamente, as informações analisadas e consolidadas.

»» Caracterizar o histórico dos perfis de morbidade e mortalidade em função


de sua relação com o processo de trabalho.

»» Avaliar o processo, o ambiente e as condições em que o trabalho se realiza,


identificando os riscos e cargas de trabalho a que o trabalhador está
sujeito, nos seus aspectos tecnológicos, ergonômicos e organizacionais.

50
VIGILÂNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR │ UNIDADE II

»» Pesquisar e analisar novas e ainda desconhecidas formas de adoecer e


morrer em decorrência do trabalho.

Princípios e diretrizes da Vigilância em Saúde


do Trabalhador
O trabalho desenvolvido pela Vigilância em Saúde do Trabalhador é baseado nos
princípios do Sistema Único de Saúde (SUS), integrado com as vigilâncias (sanitária,
epidemiológica e saúde ambiental) e as redes assistenciais.

De acordo com a Portaria no 3.120 de 1998, que apresenta a Instrução Normativa de


Vigilância em Saúde do Trabalhador no SUS, os princípios que regem a VISAT são:

»» Universalidade – todos trabalhadores, homens e mulheres, são sujeitos


da VISAT, independentemente da localização do seu trabalho – urbana ou
rural, na rua, nas empresas e nos domicílios – de sua forma de inserção no
mercado de trabalho – formal ou informal, de seu vínculo empregatício –
público ou privado, autônomo, doméstico, aprendiz, estagiário – podendo
estar ativo, afastado, aposentado e em situação de desemprego.

»» Equidade – serão contemplados nas ações de VISAT, todos os


trabalhadores, definindo prioridade para grupos mais vulneráveis, a
exemplo dos trabalhadores informais, em situação de precariedade,
discriminados, ou em atividades de maior risco para a saúde, dentre
outros definidos a partir dos diagnósticos locais, regionais ou nacionais e
da discussão com os trabalhadores e outros sujeitos sociais de interesse
na saúde dos trabalhadores, buscando superar desigualdades sociais e
de saúde, considerando o respeito à ética e dignidade das pessoas, e suas
especificidades e singularidades culturais e sociais.

»» Integralidade das ações – a garantia da integralidade nas ações de


VISAT inclui a articulação entre as ações individuais com ações coletivas,
entre as ações de planejamento e avaliação com as práticas de saúde, e
entre o conhecimento técnico e os saberes, experiências e subjetividade
dos trabalhadores e destes com as respectivas práticas institucionais.

»» Integração interinstitucional – deve ser compreendida como o


exercício da transversalidade entre as políticas de saúde do trabalhador e
outras políticas setoriais, como Previdência, Trabalho e Meio Ambiente,
educação e justiça e aquelas relativas ao desenvolvimento econômico e
social, nos âmbitos federal, estadual e municipal.

51
UNIDADE II │ VIGILÂNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR

»» Plurinstitucionalidade – articulação, com formação de redes e


sistemas, entre as instâncias de vigilância em saúde, incluindo as de
saúde do trabalhador, a rede de atenção à saúde, as universidades, os
centros de pesquisa e demais instituições públicas com responsabilidade
na área de saúde do trabalhador, consumo e ambiente.

»» Integração intrainstitucional – pressupõe a integração  das instâncias


do SUS na ação de vigilância em rede, incorporando o apoio matricial e
as ações solidárias e complementares entre regiões, estados e municípios
aos componentes da Vigilância em Saúde, das redes de atenção à saúde,
da promoção da saúde e da educação em saúde.

»» Responsabilidade Sanitária – Pressupõe assumir um princípio ético-


político da ação em Vigilância em Saúde do Trabalhador, que compreende
o entendimento de que o objetivo e a justificativa da intervenção é a
melhoria das condições de trabalho e saúde. As instâncias envolvidas
na VISAT têm o dever de identificar situações que resultem em risco
ou produção de agravos à saúde, notificando aos setores sanitários
competentes, adotando e ou fazendo adotar medidas de controle
quando necessário.  Isso pressupõe o entendimento de que os locais
de trabalho são espaços de interesse público, cabendo ao SUS assumir
sua responsabilidade sanitária e constitucional de proteger a saúde dos
trabalhadores em seu trabalho.

»» Direito do trabalhador ao conhecimento e à participação –


O conhecimento e a participação dos trabalhadores são essenciais
aos processos de identificação das situações de risco presentes nos
ambientes de trabalho e das repercussões sobre a sua saúde, bem
como na formulação, no planejamento, acompanhamento e avaliação
das intervenções sobre as condições geradoras de riscos e agravos
relacionados ao trabalho. Requer o fortalecimento da representação
dos trabalhadores nos setores informais e de trabalho precário nas
instâncias de participação e controle social.

»» Controle e participação social – pressupõe a garantia de


participação dos trabalhadores ou seus representantes na formulação,
no planejamento, no acompanhamento e na avaliação das políticas e
execução das ações de VISAT, nas instâncias constituídas no SUS,
especificamente nos conselhos de saúde, CIST e conselhos de gestão
participativa  e fóruns, comissões e outras formas de organização além
das constituídas no SUS.

52
VIGILÂNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR │ UNIDADE II

»» Comunicação/publicização – refere-se à garantia de transparência


das ações de VISAT, com a divulgação das informações e ações para a
sociedade, preservados o anonimato e a confidencialidade das informações
dentro dos princípios éticos.

»» Hierarquização e descentralização – compreende a consolidação


do papel do município como instância efetiva de desenvolvimento
das ações de vigilância em saúde do trabalhador, integrado e apoiado
pelos níveis regional, estadual e federal do Sistema Único de Saúde, em
função de sua complexidade e considerando sua organização em redes
e sistemas solidários.

»» Interdisciplinaridade – compreende os campos disciplinares


distintos de saberes técnicos, com a concorrência de diferentes áreas do
conhecimento e fundamentalmente o saber do trabalhador.

»» Princípio da precaução – compreende prevenir possíveis agravos à


saúde dos trabalhadores causados pela utilização de processos produtivos
e tecnologias, uso de substâncias químicas, equipamentos e máquinas
entre outros, que mesmo na ausência da certeza científica formal da
existência de risco grave, ou irreversível à saúde requer a implantação
de medidas que possam prevenir danos, ou por precaução, a tomada de
decisão de que estas tecnologias não devam ser utilizadas.

»» Caráter transformador –  pressupõe processo pedagógico que


requer a participação dos sujeitos e implica em assumir compromisso
ético em busca da melhoria dos ambientes e processos de trabalho, com
ações que contenham caráter proponente de mudanças, de intervenção
e de regulação sobre os fatores determinantes dos problemas de saúde
relacionados ao trabalho, num processo de negociação no sentido da
promoção da saúde.

Nas Diretrizes para implementação da Vigilância em Saúde do Trabalhador – VISAT


no SUS constam as ações planejadas e esperadas: vigilância da situação de saúde dos
trabalhadores; intervenção nos fatores determinantes dos riscos e agravos à saúde da
população trabalhadora; monitoramento da intervenção; divulgação sistemática de
informações e Educação em saúde do trabalhador.

Procure saber se seu município tem os serviços de Vigilância em Saúde do


Trabalhador implantado!

53
UNIDADE II │ VIGILÂNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR

Ações da VISAT na atenção básica de Saúde

A partir do mapeamento local e cadastramento das famílias, a ações da Atenção


Básica podem ser desenvolvidas. O momento da acolhida do usuário que vai para a
consulta médica é ideal para se levantar a história desse indivíduo como trabalhador.
É imprescindível que o profissional de saúde que acolhe este trabalhador investigue
as causas da queixa apresentada e se possuem relação com a atividade profissional
exercida. Esse seria a atendimento ideal esperado do profissional, porém muitos
desconhecem essa necessidade.

Com as informações do trabalhador em mãos é possível agilizar o atendimento e os


encaminhamentos que serão necessários para contribuir para o diagnóstico e a melhora
da saúde deste indivíduo. Com também, notificar ao Sistema de Informação de Agravos
de Notificação (SINAN) e realizar, se necessário, ações de vigilância e intervenções no
ambiente de trabalho de modo conjunto com Vigilância em Saúde.

As equipes de Atenção Primária da Saúde também contribuem com a saúde do


trabalhador realizando ações educativas e de promoção da saúde, que podem ser
executadas no domicílio, nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e em outros espaços
comunitários. Segundo Dias e Silva (2013), dentre as ações educativas desenvolvidas
destinadas ao usuário-trabalhador, principalmente pelos Agentes Comunitários de
Saúde (ACS), estão: diálogo com os trabalhadores sobre o seu trabalho, informando os
perigos e os cuidados necessários; orientação sobre os cuidados à saúde do trabalhador,
informando os serviços de saúde disponíveis e os fluxos de atendimento; e orientações
sobre os direitos trabalhistas e previdenciários, quando o trabalhador é assegurado
pela Previdência Social.

O ACS desempenha papel fundamental no desenvolvimento das


ações educativas, atuando com mediador, tradutor e elo entre
as equipes de saúde e a comunidade. Como membro da equipe e
morador do território em que trabalha, possui amplo conhecimento
sobre os processos produtivos no território e a influência desses na
saúde das pessoas e também sobre o ambiente. Conhece de modo
particular o perfil ocupacional das famílias e as principais queixas,
demandas e problemas que possam estar relacionados ao trabalho.
Entretanto, para desenvolver bem seu trabalho, ele necessita
ser capacitado e contar com suporte técnico permanente (DIAS;
SILVA, 2013).

O Cerest, sempre que necessário presta serviços de retaguarda técnica especializada,


considerando seu papel no apoio matricial a toda a rede SUS. As ações de retaguarda

54
VIGILÂNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR │ UNIDADE II

que os Cerest’s realizam englobam a Atenção Primária à Saúde, Urgência e Emergência


e a atenção especializada (ambulatorial e hospitalar). (BRASIL, 2012).

Diante disso, os CEREST’s atuam capacitando e orientando as equipes de saúde em


relação à saúde do trabalhador, informando também a necessidade e importância de se
também notificar os casos de agravos e acidentes de trabalho.

Na portaria no 1.823/2012 também consta que os gestores do SUS, no âmbito municipal,


devem em parceria com as Secretarias Estaduais de Saúde e com os CEREST’s, capacitar
os profissionais e as equipes de saúde do SUS, para identificar e atuar nas situações de
riscos à saúde relacionados ao trabalho, assim como para o diagnóstico dos agravos à
saúde relacionados com o trabalho.

55
EPIDEMIOLOGIA E O
PROCESSO UNIDADE III
SAÚDE-DOENÇA

CAPÍTULO 1
Epidemiologia

A epidemiologia foi definida por Last (2001) como “o estudo da distribuição e dos
determinantes de estados ou eventos relacionados à saúde em populações específicas,
e sua aplicação na prevenção e controle dos problemas de saúde”. Essa definição deixa
claro que os epidemiologistas estão preocupados não somente com a incapacidade,
doença ou morte, mas, também, com a melhoria dos indicadores de saúde e com
maneiras de promover saúde. O termo “doença” compreende todas as mudanças
desfavoráveis em saúde, incluindo acidentes e doenças mentais. É uma ciência
fundamental para a saúde pública.

O alvo de um estudo epidemiológico é sempre uma população humana, que pode ser
definida em termos geográficos ou outro qualquer. Por exemplo, trabalhadores de uma
indústria pode constituir uma unidade de estudo. Em geral, a população utilizada em
um estudo epidemiológico é aquela localizada em uma determinada área ou país em
certo momento do tempo.

Isso forma a base para definir subgrupos de acordo com o sexo, grupo etário, etnia e
outros aspectos. Considerando que as estruturas populacionais variam conforme a área
geográfica e o tempo, isso deve ser levado em conta nas análises epidemiológicas.

A epidemiologia atual é uma disciplina relativamente nova e usa métodos quantitativos


para estudar a ocorrência de doenças nas populações humanas e para definir estratégias
de prevenção e controle.

Os primeiros estudos epidemiológicos tinham por objetivos investigar a causa


(etiologia) das doenças transmissíveis. Tais estudos continuam sendo essenciais porque
possibilitam a identificação de métodos preventivos. Nesse sentido, a epidemiologia
é uma ciência médica básica que tem por objetivo melhorar a saúde das populações,
especialmente dos menos favorecidos.

56
VIGILÂNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR │ UNIDADE II

A epidemiologia é frequentemente utilizada para descrever o estado de saúde de grupos


populacionais. O conhecimento da carga de doenças que subsiste na população é
essencial para as autoridades em saúde. Esse conhecimento permite melhor utilização
de recursos através da identificação de programas curativos e preventivos prioritários à
população. Em algumas áreas especializadas, tais como na epidemiologia ocupacional
e ambiental, a ênfase está no estudo de populações com exposições muito particulares.

A epidemiologia está, também, preocupada com a evolução e o desfecho (história


natural) das doenças nos indivíduos e nos grupos populacionais. A aplicação dos
princípios e métodos epidemiológicos no manejo de problemas encontrados na prática
médica com pacientes levou ao desenvolvimento da epidemiologia clínica.

»» A epidemiologia tem dado grande contribuição à melhoria da saúde


das populações.

»» A epidemiologia é essencial no processo de identificação e mapeamento


de doenças emergentes.

»» Na maioria das vezes, ocorrem grandes atrasos entre as descobertas


epidemiológicas e a sua aplicação na população.

57
CAPÍTULO 2
Processo saúde-doença

A definição de saúde proposta pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 1948 foi:
“Saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a mera
ausência de doença”. Essa definição, embora criticada devido à dificuldade em definir
e mensurar bem-estar, permanece sendo um ideal. Porém os epidemiologistas tendem
a ser simples nas suas definições: “doença presente” ou “doença ausente”. A partir do
momento em que se considera a saúde como algo mais amplo e não apenas a ausência
de doenças, as estratégias de intervenção deslocam-se do eixo puramente individual
para a atuação sobre esses diferentes elementos, o que demanda, necessariamente, a
interdisciplinaridade e a intersetorialidade.

O desenvolvimento de critérios para determinar a presença de uma doença requer a


definição de “normalidade” e “anormalidade”. Entretanto, pode ser difícil definir o
que é normal, e frequentemente não há uma clara distinção entre normal e anormal,
especialmente quando são consideradas as variáveis contínuas com distribuição normal
que podem estar associadas a diversas doenças.

Os critérios para diagnóstico são, normalmente, baseados em sintomas, sinais, história


clínica e resultados de testes. Mas cada situação depende de uma avaliação que pode
simplificar o diagnóstico. Por exemplo, a OMS recomenda que a detecção dos casos
de pneumonia seja baseada somente nos sinais clínicos, sem ausculta, radiografia
pulmonar ou testes laboratoriais. Esses critérios podem ser modificados rapidamente
dependendo dos conhecimentos científicos e técnicas diagnósticas adquiridas.

É importante considerar no cálculo das medidas de ocorrência de doenças o total


de pessoas expostas, ou seja, indivíduos que podem vir a ter a doença. As pessoas
susceptíveis a determinadas doenças são chamadas de população em risco e podem
ser estudadas conforme fatores demográficos, geográficos e ambientais. Por exemplo,
acidentes de trabalho só ocorrem entre pessoas que estão trabalhando. Assim, a
população em risco é constituída somente por trabalhadores.

Incidência e prevalência
Incidência indica o número de casos novos ocorridos em um período de tempo em
uma população específica, enquanto prevalência refere-se ao número de casos (novos e
velhos) encontrados em uma população definida em um determinado ponto no tempo.

58
VIGILÂNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR │ UNIDADE II

Estas são, fundamentalmente, as diferentes formas de medir a ocorrência de doenças


nas populações. A relação entre incidência e prevalência varia entre as doenças. Uma
mesma doença pode apresentar baixa incidência e alta prevalência – como o diabetes –
ou alta incidência e baixa prevalência – como no resfriado comum.

A medida da prevalência e da incidência envolve, basicamente, a contagem de casos


em uma população em risco. A simples quantificação do número de casos de uma
doença, sem fazer referência à população em risco, pode ser utilizada para dar uma
ideia da magnitude do problema de saúde ou da sua tendência, em curto prazo, em uma
população como, por exemplo, durante uma epidemia.

O termo “taxa de ataque” é frequentemente utilizado, ao invés de incidência, durante a


epidemia de doença em uma população bem definida em um curto período de tempo.
A taxa de ataque pode ser calculada como o número de pessoas afetadas dividido pelo
número de pessoas expostas.

Uma vez que a prevalência pode ser determinada por muitos fatores não relacionados à
causa da doença, estudos de prevalência, em geral, não proporcionam fortes evidências de
causalidade. Medidas de prevalência são, entretanto, úteis na avaliação de necessidades
em saúde (curativas ou preventivas) e no planejamento dos serviços de saúde.

Existem cálculos para taxas de prevalência e incidência cumulativa, letalidade, mortalidade


que não abordaremos neste capítulo mas podem ser consultados na bibliografia.

Limitação, incapacidade e deficiência


Os epidemiologistas estão preocupados não somente com a ocorrência das doenças,
mas também com as suas principais consequências, que são limitação, incapacidade
deficiência, definidas pela OMS através da Classificação Internacional de Funcionalidade,
Incapacidade e Saúde (CIFIS). Essa classificação descreve como as pessoas vivem
conforme suas condições de saúde.

Os parâmetros-chave da CIFIS são:

»» limitação: qualquer perda ou anormalidade de estrutura ou de função


psicológica, fisiológica ou anatômica;

»» incapacidade: qualquer restrição ou falta (resultante de uma limitação)


de habilidade para realizar uma atividade considerada normal para o ser
humano;

»» deficiência: desvantagem resultante de limitação ou incapacidade que


impede o indivíduo de desempenhar uma vida normal (dependendo da
idade, sexo, fatores sociais e culturais).

59
UNIDADE II │ VIGILÂNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR

Processo epidemiológico

O primeiro passo do processo epidemiológico é medir a ocorrência de doença ou de


qualquer outra condição relacionada ao estado de saúde das populações. O passo
seguinte é a comparação entre as medidas de dois ou mais grupos de pessoas cuja
exposição tenha sido diferente. Em termos qualitativos, um indivíduo pode estar exposto
ou não exposto a um determinado fator em estudo, que tanto pode ser de risco quanto
de proteção. O grupo não exposto é frequentemente usado como grupo de referência,
também denominado grupo controle, basal ou baseline. Em termos quantitativos, a
exposição pode variar conforme a intensidade e a duração. A quantidade de exposição
sofrida pelo indivíduo é chamada “dose”. A comparação dessas ocorrências permite
estimar o risco resultante da exposição. Essa comparação pode ser tanto absoluta
quanto relativa e mede a força de associação entre exposição e desfecho.

»» Medir saúde e doença é fundamental para a prática da epidemiologia.

»» Diversas medidas são utilizadas para caracterizar a saúde das


populações.

»» O estado de saúde da população não é totalmente medido em muitas


partes do mundo, e essa falta de informações constitui um grande
desafio para os epidemiologistas.

60
VIGILÂNCIA AMBIENTAL UNIDADE IV

A evolução do perfil epidemiológico brasileiro, com a incorporação crescente de novos


agravos à saúde, decorrentes da industrialização e urbanização tardia e acelerada,
exige um novo modelo de vigilância à saúde com ênfase nos aspectos de promoção
e prevenção.

CAPÍTULO 1
Conceitos e histórico

A Vigilância em Saúde Ambiental caracteriza-se como um dos componentes da Vigilância


em Saúde. É definida como um conjunto de ações que propiciam o conhecimento e a
detecção de mudanças nos fatores determinantes e condicionantes do meio ambiente
que interferem na saúde humana, com a finalidade de identificar as medidas de
prevenção e controle dos fatores de risco ambientais relacionados às doenças ou a
outros agravos à saúde.

A caracterização do ambiente como um componente do processo saúde-doença foi


apontada pelo Relatório Lalonde, em 1974, publicado pelo Ministério de Bem-Estar e
Saúde do Canadá, que aponta o ambiente como um dos grupos explicativos do fenômeno
saúde/doença, sendo até hoje um documento de referência para a promoção da saúde.

O modelo de desenvolvimento não sustentável gera danos ambientais e sociais, pois


considera apenas o crescimento econômico como sinônimo de progresso e desconsidera
outras necessidades da vida humana e de outras espécies do planeta (FREITAS; PORTO,
2006), trazendo consequências como a contaminação e a poluição ambiental, com
crescente impacto nos ecossistemas e na exposição humana a substâncias químicas,
além de aumento dos desastres e ameaças decorrentes dos fenômenos ambientais de
escala global, como o aquecimento global, gerado pelas mudanças climáticas.

O resultado das reivindicações sanitaristas pode ser conferido na Constituição Federal


promulgada em 1988 que incluiu, pela primeira vez, uma seção sobre saúde com os

61
UNIDADE IV │ VIGILÂNCIA AMBIENTAL

conceitos propostos na VIII Conferência de Saúde. O setor saúde ganhou, assim, um


forte respaldo legal com a aprovação da criação do Sistema Único de Saúde (SUS), que
reconheceu a saúde como um direito assegurado pelo Estado e pautado pelos princípios
de universalidade, equidade e integralidade.

A Lei Orgânica do SUS foi aprovada em 1990 e trouxe a definição de meio ambiente
como um dos fatores determinantes e condicionantes da saúde e conferiu à saúde
pública promover ações que visem garantir às pessoas e à coletividade condições de
bem-estar físico, mental e social.

A relação entre ambiente e impacto à saúde ganhou forte apoio nacional e internacional
na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD
ou Rio-92), realizada no Rio de Janeiro em 1992, se instituiu o compromisso da definição
e adoção de um conjunto de políticas de meio ambiente e de saúde, no contexto do
desenvolvimento sustentável.

Na perspectiva de ajudar a proteger a saúde dos impactos ambientais no fim da década


1990, começou a se estruturar a vigilância em saúde ambiental no Brasil.

Objetivos
Os objetivos da Vigilância Ambiental em Saúde são (RIO GRANDE DO SUL, 2013):

»» produzir, integrar, processar e interpretar informações, visando a


disponibilizar ao SUS instrumentos para o planejamento e execução
de ações relativas às atividades de promoção da saúde e de prevenção e
controle de doenças relacionadas ao meio ambiente;

»» estabelecer os principais parâmetros, atribuições, procedimentos e ações


relacionadas à vigilância ambiental em saúde nas diversas instâncias de
competência;

»» identificar os riscos e divulgar as informações referentes aos fatores


ambientais condicionantes e determinantes das doenças e outros agravos
à saúde;

»» intervir com ações diretas de responsabilidade do setor ou demandando


para outros setores, com vistas a eliminar os principais fatores ambientais
de riscos à saúde humana;

»» promover, junto aos órgãos afins ações de proteção da saúde humana


relacionadas ao controle e recuperação do meio ambiente;

62
VIGILÂNCIA AMBIENTAL │ UNIDADE IV

»» conhecer e estimular a interação entre saúde, meio ambiente e


desenvolvimento, visando ao fortalecimento da participação da população
na promoção da saúde e qualidade de vida.

De acordo com os objetivos, e para melhor operacionalizar as ações do SINVSA, a


CGVAM passou por uma reestruturação e hoje conta com as seguintes áreas técnicas:

»» Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano – Vigiagua;

»» Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Contaminantes Químicos


– Vigipeq;

»» Vigilância em Saúde Ambiental dos Riscos Associados aos Desastres –


Vigidesastres.

Estruturação da Vigilância em Saúde Ambiental

A área de Vigilância em Saúde Ambiental (VSA) começou a ser implantada pela


Fundação Nacional de Saúde (Funasa), com base no Decreto no 3.450/2000, que
estabeleceu, dentre suas competências, “a gestão do sistema nacional de vigilância
ambiental”. No início, as atividades da VSA foram centradas na capacitação de
recursos humanos, no financiamento da construção e reforma dos Centros de Controle
de Zoonose e na estruturação do Sistema de Informação da Qualidade da Água para
Consumo Humano (Sisagua).

Em 2001, as competências da Coordenação Geral de Vigilância em Saúde Ambiental


(CGVAM) foram instruídas por meio da Instrução Normativa Funasa no 01/2001.

Em 2003, com a publicação do Decreto no 4.726, houve a reestruturação do Ministério


da Saúde, com a criação da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), que passou a ter
como uma de suas competências a gestão do Subsistema Nacional de Vigilância em
Saúde Ambiental (SINVSA), compartilhada com os Estados, Municípios e o Distrito
Federal em articulação com fóruns intra e intersetoriais e o controle social. Assim, a
área de Saúde Ambiental foi incorporada ao Ministério da Saúde, para atuar de forma
integrada com as vigilâncias sanitária e epidemiológica, no âmbito da SVS.

O Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador (DSAST),


por meio de um planejamento estratégico e participativo, definiu sua missão como
sendo: formular, regular e fomentar políticas de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde
do Trabalhador de forma a eliminar e minimizar riscos, prevenir doenças e agravos,
intervindo nos determinantes do processo saúde-doença, decorrentes dos modelos

63
UNIDADE IV │ VIGILÂNCIA AMBIENTAL

de desenvolvimento, dos processos produtivos e da exposição ambiental, visando à


promoção da saúde da população.

Ao longo dos últimos anos, a área de Saúde Ambiental no Brasil adquiriu


reconhecimento institucional na estrutura do Ministério da Saúde, com a criação
do Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e de Saúde do Trabalhador
no âmbito da Secretaria de Vigilância em Saúde, além de instituir representações
em todos os estados e capitais do país. Entretanto, ainda há muitos desafios para
serem enfrentados pela área, principalmente no que se refere à implantação de
uma agenda intersetorial voltada para a sustentabilidade socioambiental.

Pensar a atuação da Vigilância em Saúde Ambiental reconhecendo seus


processos e suas dinâmicas, com o seu olhar sobre o território, tem promovido
uma nova forma de atuação no SUS.

A Vigilância em Saúde Ambiental está envolvida na missão de consolidar o SUS,


tendo a intersetorialidade e a interdisciplinaridade como pressupostos. Do ponto
de vista estratégico, enquanto contribuição à consolidação da Vigilância em
Saúde, a prática de Vigilância em Saúde Ambiental, articulada com referenciais
teóricos que dialoguem com modelos e sistemas complexos, vem possibilitando
a construção e interpretação de vulnerabilidades socioambientais enquanto
evidência da complexa trama de determinação da saúde.

As ações em vigilância ambiental são um conjunto de medidas, no que se


relaciona com o binômio saúde-meio ambiente, de vigilância sanitária e
epidemiológica, incluindo-se as ações específicas de prevenção e controle das
zoonoses e enfermidades transmitidas por vetores, bem como dos agravos
causados pelas diversas formas de poluição do meio ambiente, que serão
exercidas em articulação e integração com outros setores, dentre os quais os
de saneamento básico, planejamento urbano, obras públicas e meio ambiente.

64
OPERACIONALIZAÇÃO
DA AÇÃO DE UNIDADE V
VIGILÂNCIA

CAPÍTULO 1
Aspectos operacionais da Vigilância
em Saúde

Identificação de prioridades
O primeiro passo é estabelecer os critérios de prioridade a serem observados na
identificação de agravos à saúde que deverão ser contemplados com sistemas específicos
de vigilância.

Os critérios mais frequentemente recomendados são os seguintes: incidência e


prevalência de casos; letalidade; índices de produtividade perdida, como, por exemplo,
dias de incapacidade no leito, dias de trabalho perdidos; taxa de mortalidade; existência
de fatores de risco ou fatores de prognóstico suscetíveis a medidas de intervenção;
impacto potencial das medidas de intervenção sobre os fatores de risco (risco atribuível);
possibilidade de compatibilizar as diversas intervenções em programas de controle
polivalentes; anos de vida potencialmente perdidos; custo e factibilidade da intervenção
versus eficácia; existência de medidas eficazes de profilaxia e controle (vulnerabilidade
do dano às intervenções profiláticas e terapêuticas) e identificação de subgrupos da
população que estarão sujeitos a um risco elevado de ser atingidos pelo dano.

Etapas do desenvolvimento de Sistemas de


Vigilância (WALDMAN,1998b)

Para a implementação de um sistema de vigilância é necessário cumprir as seguintes


etapas:
»» 1a etapa – Definição dos objetivos do sistema de vigilância
proposto: descrição da história natural de uma doença; identificação
e investigação de surtos de determinado agravo; acompanhamento de
65
UNIDADE V │ OPERACIONALIZAÇÃO DA AÇÃO DE VIGILÂNCIA

tendências; identificação de contatos de doentes para a administração


de drogas de ação profilática; identificação de casos num estudo de caso-
controle; geração de hipóteses sobre a etiologia etc.

»» 2a etapa – Definição de caso: a definição precisa do que se considera


“caso” para o específico agravo à saúde contemplado pelo sistema de
vigilância é uma questão técnica importante para o aprimoramento da
qualidade da informação, permitindo a comparabilidade dos dados.

Além disso, a escolha da melhor definição está intimamente relacionada com o objetivo
do sistema e de acordo com ele podemos optar por definições mais sensíveis ou mais
específicas.

Poderíamos tomar como exemplo as definições de caso de poliomielite em diferentes


momentos do desenvolvimento do programa em nosso país. Quando o objetivo era
estabelecer um sistema de vigilância voltado a um programa de controle dessa doença,
a definição de caso poderia ser a seguinte: Doença infecciosa aguda, com paralisia
flácida assimétrica não reversível seis meses após o quadro agudo, sem alteração da
sensibilidade.

Em outro momento, quando a vigilância visava oferecer subsídios para um programa de


eliminação do poliovírus selvagem, a definição de caso poderia ser: Doença infecciosa
aguda, com paralisia flácida assimétrica não reversível seis meses após o quadro agudo,
sem alteração da sensibilidade, com isolamento de poliovírus caracterizado por técnicas
moleculares como selvagem e conversão sorológica para o poliovírus isolado.

A característica da primeira definição que nos chama a atenção é a elevada sensibilidade,


fator que deve repercutir positivamente na capacidade de o sistema de vigilância de
identificar um maior número de casos. No entanto, deve também elevar o número de
casos falsamente positivos.

A segunda definição, por sua vez, é bem mais específica: diminui provavelmente o
número de casos falsamente positivos, mas deve reduzir também a capacidade de o
sistema de identificar casos.

O que deve ficar claro é que as características da definição de caso, especialmente a


sua sensibilidade e especificidade, devem estar obrigatoriamente condicionadas aos
objetivos do sistema. Sua elaboração deve levar em conta os aspectos clínicos, de
laboratório e epidemiológicos mais relevantes.

»» 3a etapa – identificação dos componentes do sistema de


vigilância: estabelecidos os objetivos e a definição de caso, devemos

66
OPERACIONALIZAÇÃO DA AÇÃO DE VIGILÂNCIA │ UNIDADE V

passar a identificar os componentes do sistema, que são os seguintes:


Qual a população alvo desse sistema de vigilância; Qual a periodicidade
da coleta de informações? Quais informações serão coletadas? Qual é a
fonte dessas informações? Quem provê a informação para o programa?
Como a informação será coletada? Como é transferida a informação?
Quem analisa as informações? Como são analisadas as informações?
Com que frequência são analisadas as informações? Com que frequência
são difundidos os relatórios?

»» 4a etapa – Elaboração do fluxograma para cada sistema de


vigilância: nesta etapa, apresentam-se numa forma gráfica os principais
passos a serem seguidos por um sistema de vigilância; quanto maior e
mais complexo esse esquema, mais dispendioso será o sistema.

A implementação da Vigilância em Saúde através das etapas de definição dos objetivos,


definição de caso, a identificação dos componentes do sistema de vigilância e a elaboração
do fluxograma podem ser utilizadas em todas as ações de vigilância em saúde, porém
em cada componente da vigilância os aspectos a serem observados serão diferentes.

Apresentamos a seguir a operacionalização da Vigilância em Saúde do Trabalhador,


descrita na portaria no 3.120/1998, as etapas são as mesmas que da Vigilância em
Saúde, porém se diferencia pela nomenclatura.

Aspectos operacionais da Vigilância em Saúde


do Trabalhador

É necessário que se adotem metodologias capazes de estabelecer um diagnóstico


situacional, dentro do princípio da pesquisa-intervenção e capazes, ainda, de avaliar
de modo permanente os seus resultados no sentido das mudanças pretendidas
(BRASIL, 1998a).

As etapas da metodologia utilizada pela Vigilância em Saúde do Trabalhador para o


diagnóstico situacional estão presentes na portaria no 3.120/1998 e a seguir descrevemos
estas fases conforme apresentada na portaria.

Fase preparatória

Seria o planejamento da ação a partir de uma demanda, onde a equipe busca conhecer,
com maior profundidade possível o(s) processo(s), o ambiente e as condições de
trabalho do local onde realiza a ação. A preparação deve ser efetuada por meio de
análise conjunta com os trabalhadores da(s) empresa(s).

67
UNIDADE V │ OPERACIONALIZAÇÃO DA AÇÃO DE VIGILÂNCIA

A intervenção (inspeção/fiscalização sanitária)

A intervenção realizada em conjunto com os representantes dos trabalhadores, de


outras instituições e sob a responsabilidade administrativa da equipe da Secretaria
Estadual e/ou Municipal de Saúde, deverá considerar, na inspeção sanitária em saúde
do trabalhador, a observância das normas e legislações que regulamentam a relação
entre o trabalho e a saúde, de qualquer origem, especialmente na esfera da saúde, do
trabalho, da previdência, do meio ambiente e das internacionais ratificadas pelo Brasil.

Além disso, é preciso considerar os aspectos passíveis de causar dano à saúde, mesmo
que não estejam previstos nas legislações, considerando-se não só a observação direta
por parte da equipe de situações de risco à saúde como, também, as questões subjetivas
referidas pelos trabalhadores na relação de sua saúde com o trabalho realizado.

Os instrumentos administrativos de registro da ação, de exigências e outras medidas


são os mesmos utilizados pelas áreas de Vigilância/Fiscalização Sanitária, tais como os
Termos de Visita, Notificação, Intimação, Auto de Infração etc.

Análise dos processos

Uma forma importante de considerar a capacidade potencial de adoecer, no ambiente


ou em decorrência das condições em que o trabalho se realiza, é utilizar instrumentos
que inventariem o processo produtivo e a sua forma de organização. Os instrumentos
metodológicos, a serem estabelecidos no âmbito do SUS, devem ser entregues no ato da
inspeção, para serem preenchidos pela empresa, e o Roteiro de Vigilância, construído
e aplicado pela equipe, no momento da ação, é outra forma de conhecer os processos.

Inquéritos

Como proposta metodológica de investigação, no mesmo tempo da intervenção,


podem-se organizar inquéritos, por meio da equipe interdisciplinar e de representantes
sindicais e ou dos trabalhadores, aplicando questionários ao conjunto dos trabalhadores,
contemplando a sua percepção da relação entre trabalho e saúde, a morbidade referida
(sinais e sintomas objetivos e subjetivos), a vivência com acidente e o quase acidente
de trabalho (incidente crítico), consigo e com os companheiros, e suas sugestões para a
transformação do processo, do ambiente e das condições em que o trabalho se realiza.

Mapeamento de riscos

Podem-se utilizar algumas técnicas de mapeamento de riscos dos processos produtivos,


de forma gradualmente mais complexa à medida que a intervenção se consolide

68
OPERACIONALIZAÇÃO DA AÇÃO DE VIGILÂNCIA │ UNIDADE V

e as mudanças vão ocorrendo, sempre com a participação dos trabalhadores na sua


elaboração.

Uma das técnicas que deve ser utilizada, especialmente em casos de acidentes graves e
fatais, é a metodologia de árvore de causa para investigação dos fatores determinantes
do evento.

Com a concorrência interdisciplinar, na equipe, de profissionais de áreas diversas e à


medida que os trabalhadores se apropriem de novos conhecimentos acerca do tema,
aprofunda-se a investigação, por intermédio da utilização de técnicas mais sofisticadas.

É importante mapear, além dos riscos tradicionalmente reconhecidos, as chamadas


cargas de trabalho e as formas de desgaste do trabalhador.

Estudos epidemiológicos

Os estudos epidemiológicos clássicos tais como: os seccionais, de coorte e caso-


controle, podem ser aplicados sempre que se identificar sua necessidade, igualmente
com a concorrência, na equipe interdisciplinar de técnicos das universidades e centros
de pesquisa, como assessores da equipe.

Acompanhamento do processo

A intervenção implica a confecção de um relatório detalhado, incorporando o conjunto


de informações coletadas, elaborado pela equipe, com a participação dos trabalhadores,
servindo como parâmetro de avaliações futuras.

Em razão do ritmo de implementação das medidas, avalia-se a necessidade do


envolvimento de outras instâncias como, por exemplo, o Ministério Público, com o
objetivo de garantir as mudanças requeridas.

Cabe ressaltar que o entendimento da intervenção deve ser o de um processo de


acompanhamento e avaliação, ao longo do tempo, em que se deve buscar a negociação com
as diversas instâncias, objetivando o aprimoramento da qualidade de vida no trabalho.

Monitoramento, acompanhamento e gerenciamento das


ações De Vigilância em Saúde

De acordo com a Portaria no 1.378/2013 que regulamenta as responsabilidades e


define as diretrizes para execução e financiamento das ações de Vigilância em Saúde
pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, relativos ao Sistema Nacional de
Vigilância em Saúde e Sistema Nacional de Vigilância Sanitária, e revoga a Portaria no

69
UNIDADE V │ OPERACIONALIZAÇÃO DA AÇÃO DE VIGILÂNCIA

3.252/2009, as ações de Vigilância em Saúde abrangem toda a população brasileira


e dentre as práticas e processos de trabalho destacamos: a vigilância da situação de
saúde da população, com a produção de análises que subsidiem o planejamento,
estabelecimento de prioridades e estratégias, monitoramento e avaliação das ações de
saúde pública (BRASIL, 2013), ou seja, a Vigilância em Saúde, dentro de cada esfera de
governo, realiza o planejamento e estabelece as prioridades e estratégias das ações na
saúde pública e verifica a efetividade da ação por meio do monitoramento e avaliação
das intervenções realizadas.

Nesta mesma portaria encontramos as competências da Vigilância em Saúde de cada


esfera de governo – Federal, Estadual e Municipal. Às três esferas compete: coordenação,
monitoramento e avaliação da estratégia de Vigilância em Saúde sentinela em âmbito
hospitalar e o monitoramento e avaliação das ações de Vigilância em Saúde.

O planejamento das ações deve ser desenvolvido de forma ascendente, articulada,


integrada e solidária entre os três níveis de gestão. Cada nível deve realizar o seu próprio
planejamento, fortalecendo os objetivos e diretrizes do SUS, contemplando as necessidades
e realidade de saúde locais e regionais. Além disso, deve buscar o monitoramento e avaliação
do SUS, bem como promover a participação social e a integração intra e intersetorial,
considerando os determinantes e condicionantes de saúde (BRASIL, 2009a).

O termo monitorização ou monitoramento tem o significado de acompanhar e avaliar,


ou ainda controlar mediante acompanhamento; já a definição utilizada pela Organização
Mundial de Saúde (OMS) refere-se ao contínuo acompanhamento das atividades,
objetivando garantir a execução de acordo com o planejado (WALDMAN, 1998a).

O monitoramento, então, faz parte do processo de avaliação e o Ministério da Saúde (MS)


tem adotado a avaliação como necessária para implementar novas ações e demonstrar
os avanços alcançados com a política de saúde implantada (BRASIL, 2005c).

Apesar de perfeitamente delimitada como instrumento de saúde pública, tem sido


frequente a utilização do termo monitorização como sinônimo de vigilância, o que
nos parece equivocado, uma vez que ambos apresentam aplicações distintas em saúde
pública. A monitorização, diferentemente da vigilância, não dispõe ainda de uma
perfeita delimitação de seus objetivos, metodologia e critérios de avaliação de seu
desempenho (WALDMAN, 1998a).

De acordo com Waldman (1991), a metodologia da Vigilância pode ser resumida


pela atividade de acompanhamento contínuo e análise regular do comportamento de
específicos eventos adversos à saúde em populações e pela elaboração, com fundamento
no conhecimento científico, das bases técnicas que oferecem sustentação às estratégias
adotadas pelos programas de controle desses eventos.

70
OPERACIONALIZAÇÃO DA AÇÃO DE VIGILÂNCIA │ UNIDADE V

Podemos definir com instrumento de saúde pública os recursos utilizados para atingir
o objetivo de oferecer assistência integral à saúde à população.

Citaríamos, entre os instrumentos de saúde pública: a ação programática, o planejamento,


a educação sanitária, a fiscalização sanitária, a vigilância, a monitorização, a pesquisa
em saúde pública e a capacitação de recursos humanos (WALDMAN, 1991).

Langmuir apud Waldman (1998a) assinalou alguns pontos ao definir vigilância.


Em um deles, alertava para que não se confunda vigilância com as ações de controle de
doenças pois ambas constituem instrumentos distintos de saúde pública, salientando,
ainda, que as ações de controle são de responsabilidade das autoridades locais de
saúde. Afirmava também que a vigilância não devia ser entendida como sinônimo de
epidemiologia, pois esta, seja como ciência ou como uma prática de saúde pública, é
muito mais ampla do que a vigilância.

De acordo com Last apud Waldman, (1998a) o termo monitorização pode ser entendido
no campo da saúde pública como:

a) elaboração e análise de mensurações rotineiras visando detectar


mudanças no ambiente ou no estado de saúde da comunidade. Não
devendo ser confundida com vigilância. Para alguns monitorização
implica intervenção à luz das mensurações observadas;

b) contínua mensuração do desempenho do serviço de saúde ou de


profissionais de saúde, ou do grau com que os pacientes concordam
com ou aderem às suas recomendações;

c) em administração, a contínua supervisão da implementação de uma


atividade com o objetivo de assegurar que a liberação dos recursos, os
esquemas de trabalho, os objetivos a serem atingidos e as outras ações
necessárias estejam sendo processadas de acordo com o planejado.

Entre as diferenças mais relevantes entre vigilância e monitorização, temos que a


vigilância analisa exclusivamente o comportamento de eventos adversos à saúde na
comunidade, constituindo uma das aplicações da epidemiologia em saúde pública,
enquanto a monitorização acompanha indicadores e pode ser utilizada em diferentes
áreas de atividade como, por exemplo, o acompanhamento de indicadores econômicos,
demográficos, de qualidade ambiental etc.

Entre as semelhanças apresentadas por esses dois instrumentos há a existência


obrigatória de três componentes: a informação, a análise e a ampla disseminação da
informação analisada a todos que dela necessitam (WALDMAN, 1998a)

71
UNIDADE V │ OPERACIONALIZAÇÃO DA AÇÃO DE VIGILÂNCIA

Acesse o texto Usos da Vigilância e da Monitorização em Saúde Pública, de Eliseu


Alves Waldman pelo link: <http://scielo.iec.pa.gov.br/pdf/iesus/v7n3/v7n3a02.
pdf>.

E para você? Monitoramento, acompanhamento e gerenciamento são ações de


vigilância?

Modelo de relatório de Vigilância em Saúde


do Trabalhador

Apresentamos aqui um modelo de relatório que pode ser utilizado nas ações de
Vigilância em Saúde do Trabalhador.
I – IDENTIFICAÇÃO:
Razão Social:
Nome fantasia:
CVS:
CNPJ:
CNAE:
CCM (Cadastro de Contribuição Mobiliário):
II- ENDEREÇO:
Logradouro: No:
Complemento: Bairro:
CEP: UF: Município:
III – PROCEDIMENTO:
Origem: (denúncia; programada; solicitação de outro órgão)
Finalidade: Investigar Risco à Saúde do Trabalhador
Procedimentos executados: Inspeção
IV – OBJETIVOS:
Objetivos dos procedimentos: (Projeto de intervenção; Indicação epidemiológica; Investigação de nexo; Descrever Órgão, Documento, Ofício; Motivo)
Equipe de saúde: (Nome/ Cargo)
Pessoas contatadas: (Nome/ RG/ Cargo/ Função/ Empresa/ Sindicato/ CIPA)
V – RELATO:
A – Relato da situação encontrada no local:
1- Data e horário da inspeção:
(dd/mm/aaaa às hh:mm horas)
2- Grau de Risco:
3- Ramo de atividade / tipos de serviços e produtos:
(Setor Regulado: Alimentos, Produtos de interesse à saúde, Serviços de saúde, Setor não regulado: Indústria, Comércio, Construção civil, Serviços, Tipo
de Serviço/Produtos, Descrever)
4- Descrição da organização institucional:

72
OPERACIONALIZAÇÃO DA AÇÃO DE VIGILÂNCIA │ UNIDADE V

(Sócios, filiais, fornecedores, concorrentes, tipo de empresa – privada, pública, mista etc.)
5- Trabalhadores:
(Número Total, Masculino, Feminino, Administração, Produção, Regime de Concentração / Contratos, Menores, Deficientes, Terceiros, Horário de
Funcionamento, Turnos de Trabalho, Horários de Refeições, Sindicato, Organização do Trabalho: divisão do trabalho, controle de ritmo, de produtividade
e modo operatório; normas de segurança para os procedimentos; jornadas de trabalho: diária, semanal, turnos, rodízios, folgas, pausas, horas extras,
bancos de horas; Rotatividade da mão de obra; Observação de funções e postos de trabalho específicos; Conteúdo da tarefa; Qualificação; Requisitos;
Responsabilidades; Repetitividade; Monotonia; Decisão; Iniciativa; Espaço de trabalho; Mecanismos de controle do ritmo de trabalho; Mensagens diretas
e indiretas que evidenciem carga psíquica, responsabilização do trabalhador, ameaças)
6- Descrição dos setores:
6.1- Estrutura/localização:
(Setor, Localização, Tipo de Edificação: casa adaptada, edifício, galpão, canteiro de obras, outros; Tipo de imóvel: próprio, alugado, outro; Tipo de
construção: alvenaria, madeira, outros; área total, área construída, pé direito; Piso: saliência, depressão, desnível; Cobertura: forro, telha comum, não
forrado, telha amianto, galvanizado, laje, outros; escadas, rampas, plataformas e mezanino: material metálico, madeira, guarda copo, profundidade dos
degraus; iluminação, ventilação, sanitários, bebedouros; Condições de conforto térmico e acústico; fontes de ruído)
6.2- Descrição do processo produtivo:
(Processo de Produção, Matéria Prima, Meios de Produção, Fluxo do Processo, Produtos, Subprodutos, Resíduos, Procedimentos Operacionais Padrão,
Controle de Qualidade, Condições ambientais de trabalho: riscos físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e de acidentes; Natureza, fonte, dose, tempo
de exposição, trabalhadores mais expostos, pontos críticos; Cargas mecânicas: elementos que causam traumatismos; Cargas fisiológicas: esforço físico
realizado, posições incômodas de trabalho; levantamento de peso, esforço visual; Cargas psíquicas: organização da jornada, atenção e periculosidade
constante, ritmo intenso de trabalho, supervisão com pressão, cota de produção prefixada; máquinas, equipamentos, manutenção preventiva e corretiva
de equipamentos, irregularidades)
6.3- Instalações elétricas:
(fiação, aterramento, cabine primária, caixa de entrada, para-raios, fiações expostas, luz de emergência, aterramento geral, aterramento de máquinas e
equipamentos, gerador)
6.4- Segurança:
(Sinalização de segurança; extintores: número suficiente/insuficiente, altura da fixação compatível, acesso obstruído, vencimento da validade, ausência;
hidrantes; detector de temperatura; detector de fumaça; porta corta fogo com trava antipânico; rota de fuga; sinalização de rota de fuga; saídas de
emergência; brigada contra incêndio; treinamento dos demais funcionários)
7- Instalações sanitárias:
(Abastecimento de água: pública, de reuso, poço, outorga, laudo de potabilidade, outros; água potável: galões, bebedouro de jato inclinado, outros;
Reservatório de água: caixa d’água, cisternas, outros; condições de limpeza, comprovante de higienização; Copos: descartáveis, não descartáveis, não
descartáveis coletivo; instalações sanitárias: separada por sexo, vasos sanitários, integridade, pias, chuveiros, cesto de lixo, sabonete líquido, papel toalha,
higiene, vestiários, armários, refeitório, cozinha)
8- Gestão em saúde e segurança do trabalhador:
(PCMSO – Autoria do documento: SESMT, prestadora de serviços; Responsabilidade técnica: nome, cargo/ função, registro, vigência; periodicidade;
conhecimento dos resultados; exames complementares; atendimento às normas técnicas recomendadas; ASO, PPRA – Autoria do documento: SESMT,
prestadores de serviços; Responsabilidade técnica: nome, cargo/ função, registro, vigência; periodicidade; medidas de proteção coletiva, implantação
das medidas de proteção, estudos dos riscos à saúde e segurança, monitoração ambiental; EPIs com certificado de aprovação, fornecimento, trocas
e conservação; uniformes, informações sobre riscos, procedimentos escritos para tarefas críticas com risco de acidentes, treinamento, participação de
investigações em acidente de trabalho, CIPA, Mapa de risco, SESMT, trabalhadores terceirizados e temporários possuem o mesmo nível de proteção)
9- Meio ambiente; (resíduos sólidos, líquidos e gasosos; água servida, observações)
B- Considerações finais sobre o funcionamento do estabelecimento:
1- Análise de documentos que devem ser considerados:
(relação de trabalhadores, comunicados de acidentes de trabalho dos 5 últimos anos, Relação de matérias primas e FISPQs, Relação de produtos e
FISPQs, PPRA, cronograma e laudo de avaliações ambientais/ocupacionais, PCMAT e cronograma, PCMSO, relatório anual e ASOs, laudo de avaliação
ergonômica, programa de manutenção preventiva de máquinas e equipamentos, laudo das instalações elétricas de edificações e máquinas, prontuários
de caldeira, registro de segurança, relatório de inspeção, anotação de responsabilidade técnica, plano de combate a incêndio, plano de contenção para
riscos de acidente ampliado, licença de funcionamento do órgão ambiental. memorial de caracterização do empreendimento, certificado de aprovação
para destinação de resíduos industriais, certificado de autorização do transporte de resíduos industriais, laudo de avaliação das emissões dos efluentes,
auto de verificação de corpo de bombeiros)
2- Irregularidades/ Dispositivos legais infringidos:
3- Notificações:
4- Lavraturas de Autos: (auto de Infração, Interdição, penalidades, números e data)

73
UNIDADE V │ OPERACIONALIZAÇÃO DA AÇÃO DE VIGILÂNCIA

VI- PROVIDÊNCIAS TOMADAS:


(manutenção técnica; lavratura de auto de infração; auto de imposição de penalidade de multa; interdição cautelar; interdição de produtos, equipamentos,
utensílios; interdição definitiva; interdição parcial do estabelecimento, setor; interdição por tempo determinado; interdição total do estabelecimento;
desinterdição parcial; desinterdição total; cancelamento do cadastro, licença de funcionamento; suspensão da fabricação de produtos; suspensão de
vendas de produto; apreensão de produtos, equipamentos e utensílios; inutilização de produtos, equipamentos, utensílios; colheita de amostra; proibição
de propaganda; intervenção; nada a providenciar)
VII- Conclusões:
A- Situação conclusiva do local:
(Satisfatório, satisfatório com restrições; Insatisfatório; Insatisfatório com recomendação de interdição parcial; Insatisfatório com interdição total; Não se
aplica)
B- Condição de risco: (elevado; moderado; baixo)
C- Providências tomadas: (orientação técnica; penalidade recomendada)
D- Prazo de adequação: (cronograma)
VIII- Profissionais:
(Nome/ CPF/ RF/ Órgão/ Setor)

Fonte: Curso saúde do trabalhador e ecologia humana. Caderno de textos: textos


referentes às orientações gerais e às unidades I,II,IV e V. – Rio de Janeiro: EAD/ENSP,
2007. 420p.

74
BIOSSEGURANÇA EM UNIDADE VI
FONOAUDIOLOGIA

CAPÍTULO 1
Aspectos gerais

Biossegurança é o conjunto de ações voltadas para a prevenção, minimização ou eliminação


de riscos inerentes às atividades de pesquisa, produção, ensino, desenvolvimento
tecnológico e prestação de serviços, visando à saúde do homem, dos animais, à preservação
do meio ambiente e à qualidade dos trabalhos (TEIXEIRA VALLE, 1994).

As medidas de segurança são ações que contribuem para a segurança da vida no dia
a dia das pessoas que englobam os riscos físicos, ergonômicos, químicos, biológicos e
psicológicos.

A questão da biossegurança ainda é pouco discutida por nossos profissionais. A falta


de conhecimento por parte do fonoaudiólogo sobre o risco que corre de adquirir
doenças infectocontagiosas e também de ser um grande transmissor dessas doenças
a seus pacientes faz com que se torne imprescindível a aquisição de conhecimentos de
biossegurança na prática clínica.

É fundamental desenvolvermos a responsabilidade com relação à nossa própria


segurança e à segurança de nossos pacientes (TIPPLE et al., 2003a). A literatura
mostra diversos casos de aquisição de doenças profissionais após o contato com
material biológico. Entre eles podemos citar os virais (HVB e HIV), protozoários
(criptosporidiose), bacterianos (tuberculose), fúngicos (neofarmans) e ectoparasitas
(escabiose), sendo que o sangue humano é a principal fonte de contágio.

Precaução padrão
O fonoaudiólogo, como profissional da saúde, deve se preocupar com uma série de
condutas básicas para o controle de infecções. Conforme Souza et al. (2000), a precaução
é padrão diante do risco biológico e deve ser aplicada a todos os pacientes e em todos

75
UNIDADE VI │ BIOSSEGURANÇA EM FONOAUDIOLOGIA

os procedimentos, pois o risco é considerado universal. Entretanto, existem precauções


baseadas no mecanismo de transmissão que devem ser acrescentadas quando a via de
transmissão não é sanguínea (área, gotículas e contato).

Para que possamos aplicar um controle de infecção eficaz é importante que se conheça
quais são as fontes de infecção a que estamos expostos (podem ser do pessoal, dos
pacientes ou do meio ambiente), quais são as rotas da transmissão da doença (quatro
meios principais: por contato – direto ou indireto, por veículo, pelo ar e por vetores.
No nosso caso, o meio mais comum de transmissão da doença é o de contato, seja ele
direto – disseminação dos microrganismos de um indivíduo ao outro por meio do
contato físico real, ou indireto – quando um indivíduo entra em contato com um objeto
contaminado, como por exemplo, manusear um AASI sem luvas), que são as maneiras
de contaminação (pela pele ou mucosa quando não estão bem protegidas).

Sendo assim devemos, em nosso local de trabalho, aplicar medidas de precaução padrão
que serão extremamente úteis na questão da biossegurança.

Mas no que consiste a precaução padrão? As medidas de precaução-padrão são um


conjunto de medidas adotadas como forma eficaz de redução do risco ocupacional
e da transmissão de patógenos por meio do contato com sangue e fluídos corporais
(BRASIL, 2000). Auxiliam os profissionais nas condutas técnicas adequadas por
enfatizar os princípios básicos de proteção da saúde do profissional e de sua equipe, de
como evitar contato direto com a matéria orgânica, de como limitar a propagação de
micro-organismos e de como manipular de forma segura artigos e superfícies.

Trata-se, portanto, de medidas que têm como finalidade prevenir o acesso de


microrganismos a determinadas regiões anatômicas do hospedeiro. São as seguintes:

»» Imunização – feita por meio de vacinas, reduzindo o risco de infecções,


protegendo a saúde da equipe profissional e de seus pacientes.

»» Lavagem das mãos – ação básica mais importante para prevenção


e controle de infecção. As mãos devem ser lavadas antes de se iniciar
o trabalho de cada dia, antes e após o atendimento de cada paciente,
antes de usar as luvas e imediatamente após sua retirada. O sabão deve
ser líquido e hipoalergênico. Importante: o uso de luvas não dispensa a
lavagem das mãos.

»» Uso de EPI – luvas, máscara, avental, gorro e protetor ocular;

»» Cuidados com ambientes – limitação de propagação de


microrganismo com a descontaminação do ambiente de trabalho.

76
BIOSSEGURANÇA EM FONOAUDIOLOGIA │ UNIDADE VI

»» Cuidados com artigos – os artigos devem ser lavados, desinfetados


e esterilizados (dependendo de sua utilização e material). Normalmente
esterilizar é a melhor conduta (se possível). Spaulding (1968) classificou
os artigos quanto ao seu potencial de transmissão de infecção, sendo as
áreas e artigos agrupados em três categorias: não críticos, semicríticos e
críticos. São críticos quando se destinam à penetração na pele mucosa,
nos tecidos subepiteliais e no sistema vascular (requerem esterilização
entre usuários). São semicríticos aqueles destinados ao contato com a
pele não íntegra ou com mucosas íntegras (requerem desinfecção de alto
nível ou esterilização). Os artigos destinados ao contato com a pele íntegra
do paciente são considerados artigos não críticos e requerem apenas a
limpeza ou desinfecção de médio nível.

»» Armazenamento – os materiais devem ser acondicionados


adequadamente, evitando sua contaminação.

»» Manipulação de resíduos – resíduos contaminados com sangue ou


cerúmen contaminados ou secreção do ouvido devem ser separados do
resto do lixo para evitar a contaminação do pessoal de limpeza. O ideal
é que sejam colocados em sacos plásticos com a indicação de material
contaminado.

Finalizando, é importante que o fonoaudiólogo conheça efetivamente as normas de


biossegurança, quais materiais são passíveis de contaminação e a maneira correta de
higienização. Esse conhecimento vai prevenir, com certeza, a transmissão que vem
ocorrendo de doenças infectocontagiosas entre profissionais da saúde e pacientes
atendidos.

O momento da anamnese representa um importante recurso na terapêutica, pois


de forma simples e objetiva, o fonoaudiólogo colhe informações importantes sobre
a história pregressa e atual do paciente (tuberculose, hepatite C, AIDS). Destaca-se,
entretanto, que estas informações não podem minimizar o risco, mas podem estabelecer
o acréscimo de medidas de controle de infecção.

Você já toma algumas medidas de biossegurança na sua prática clínica? Se sim,


ótimo. Caso contrário, hoje é o momento de começar. Disso depende a sua
segurança, de seus pacientes e de seus familiares.

Para saber mais sobre Biossegurança em Fonoaudiologia acesse o link:

<http://www.fonoaudiologia.org.br/publicacoes/pubmanual2.pdf>

77
Para (não) Finalizar

Interação da Vigilância Sanitária com


a sociedade
Como vimos no estudo deste módulo, a Vigilância em Saúde tem uma atuação bem
abrangente, englobando a Vigilância Epidemiológica, a Vigilância em Saúde do
Trabalhador, a Vigilância da Situação da Saúde, a Vigilância Ambiental em Saúde e a
Vigilância Sanitária, e não podemos esquecer da Promoção da Saúde.

Cada componente da Vigilância em Saúde tem seus objetivos, metas e prioridades de


acordo com a competência de cada vigilância. Dentro da Vigilância em Saúde podemos
destacar a atuação da equipe da Vigilância Sanitária, que constitui um importante
espaço de comunicação e promoção da saúde. Os fiscais sanitários realizam visitas para
inspeção e fiscalização dos ambientes, lidando com produtos e serviços presentes no dia
a dia das pessoas. Diante disso, a ação da Vigilância Sanitária necessita de constante
interação com os membros da sociedade para o adequado gerenciamento do risco
sanitário.

Os fiscais da Vigilância Sanitária são considerados autoridades sanitárias e têm


a competência, no âmbito da área da saúde, através dos poderes legais que lhe são
concedidos, estabelecer regulamentos e executar licenciamento (habilitação) e
fiscalização. A Vigilância Sanitária é a principal responsável por transformar em prática
social as ações de Vigilância em Saúde, pois tem mais possibilidades de interação direta
com os membros da sociedade.

A Vigilância sanitária, dentre os componentes da Vigilância em Saúde, é a que tem


maior acesso ao indivíduo, tendo a possibilidade de observar no local a realidade dos
fatores condicionantes da saúde e de um ambiente ideal de trabalho.

Para melhor entendimento proponho a leitura do texto A Vigilância Sanitária no


Sistema Único de Saúde de Geraldo Lucchese, disponível em: <http://www.anvisa.gov.
br/divulga/conavisa/cadernos/eixo2_texto05.pdf>.

78
Referências

BAHIA. Secretaria da Saúde do Estado. Superintendência de Vigilância e Proteção


da Saúde. Centro Estadual de Referência em Saúde do Trabalhador. Manual de
Normas e Rotinas do Sistema de Informação de Agravos de Notificação
– SINAN – Saúde do Trabalhador / organizadores Norma Suely Souto Souza;
Delsuc Evangelista Filho; Mônica Moura da Costa e Silva. Salvador: CESAT, 2009.
Disponível em: <http://www.suvisa.saude.ba.gov.br/sites/default/files/sinan/
arquivos/2013/09/02/Manual%20do%20SINAN%20-%20Sa%C3%BAde%20do%20
Trabalhador.pdf>. Acesso em: 1 jul. 2014.

BARCELLOS, C; QUITÉRIO, L.A.D. Vigilância Ambiental em Saúde e sua


Implementação no Sistema Único de Saúde. Rev. Saúde Pública. vol.40 no.1 São
Paulo Jan./Feb. 2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S0034-89102006000100025>. Acesso em: 30 jan. 2015.

________ Conselho Nacional de Secretários de Saúde. Vigilância em Saúde –


Parte 1/ Conselho Nacional de Secretários de Saúde. Brasília: CONASS, 2011a.
Disponível em: <http://www.conass.org.br/colecao2011/livro_5.pdf>. Acesso em: 30
jan. 2015.

____________ Vigilância em Saúde/Conselho Nacional de Secretários de Saúde.


Brasília: CONASS, 2007. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/
colec_progestores_livro6a.pdf>. Acessado em: 25 jun. 2014.

________ Constituição da República Federativa do Brasil: 1988. Disponível


em: <http://www.senado.gov.br/bdtextual/const88/con1988br.pdf>. Acesso em: 15
fev. 2015.

________ Decreto no 7.602, de 7 de novembro de 2011c. Disponível em:


<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Decreto/D7602.htm>.
Acesso em: 9 de jul. 2014.

________ Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Secretaria de


Atenção à Saúde. Política Nacional de Promoção da Saúde/Ministério da
Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde. 3. ed.
Brasília : Ministério da Saúde, 2010a. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.
br/bvs/publicacoes/politica_nacional_promocao_saude_3ed.pdf>. Acesso em: 01
fev. 2015.

79
REFERÊNCIAS

________ Fundação Nacional de Saúde. Guia de vigilância epidemiológica.


Fundação Nacional de Saúde. 5. ed. Brasília: FUNASA, 2002a.

________ Fundação Nacional de Saúde. Vigilância Ambiental em Saúde.


Fundação Nacional de Saúde. Brasília: FUNASA, 2002b. Disponível em: <http://
bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_sinvas.pdf>. Acesso em: 12 fev. 2015

________ Lei no 9.782, de 26 de janeiro de 1999. Define o Sistema Nacional de


Vigilância Sanitária, e dá suas providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.
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