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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 2ª VARA DA COMARCA DE

SANTA QUITÉRIA-CE

PROCESSO Nº 0002594-86.2019.8.06.0160

VALDEMAR PEREIRA DO NASCIMENTO, por seu advogado legalmente


constituído, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, apresentar
manifestação ao laudo pericial acostado às págs. 106/107, o fazendo nos termos
seguintes.

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1 – MANIFESTAÇÃO

A prova pericial é enfática em apontar a existência de incapacidade total e


definitiva, em razão de ser portador de sequelas múltiplas de fratura da clavícula e do
úmero, associado com transtornos mentais e comportamentais por dependência química,
inclusive estando em uso de medicação de controle especial, sendo os transtornos e as
sequelas existentes desde 2013 e 2014, respectivamente, sendo as sequelas oriundas de
acidente de trabalho, o que lhe acarretou uma redução em 40% da capacidade laborativa
(respostas aos quesitos 1, 3, 8 e 12 do Juízo; 4, 6, 13 e 14 do Autor; e 4, 9, 10 e 15 do INSS),
com início da incapacidade em novembro de 2014 (quesito 5 do INSS) (Laudo Pericial pág.
85/91).

Em relação á complementação do laudo, na pág. 107, as informações


somente corroboram a tese autoral, confirmando que a incapacidade de que é portador o
autor é de caráter definitivo, com inícios da doença e incapacidade, em ambos os casos,
nos anos de 2013 (para a incapacidade psiquiátrica) e 2014 (para a incapacidade física
decorrente do acidente)

Assim, muito embora a prova pericial aponte existir a redução da


capacidade laborativa que gera o direito à percepção do auxílio-acidente objeto do pedido
principal, contudo, presentes estão todos os requisitos para a concessão de aposentadoria
por invalidez permanente, isto porque as moléstias incapacitantes somadas com a
ausência de instrução escolar e a idade de 57 anos, torna impossível sua reabilitação para
outro ofício, situação que culmina com o deferimento do benefício por incapacidade em
definitivo. Neste sentido têm entendido os Tribunais Pátrios, como se pode verificar das
ementas abaixo colacionadas, oriundas do Superior Tribunal de Justiça e do Tribunal
Regional Federal da 5ª Região:

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. VIOLAÇÃO DO ART.


1.022 DO CPC/2015. INEXISTÊNCIA. REQUISITOS PARA A CONCESSÃO DO
BENEFÍCIO. CONSIDERAÇÃO DOS ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS,
PROFISSIONAIS E CULTURAIS DO SEGURADO. DESNECESSIDADE DE
VINCULAÇÃO DO MAGISTRADO À PROVA PERICIAL. PRECEDENTES.

I - Na origem, cuida-se de ação ajuizada em desfavor do Instituto Nacional do


Seguro Social - INSS objetivando a concessão de aposentadoria por invalidez.

II - Inexiste violação do art. 1.022 do CPC/2015, visto que foi alegada omissão
do Tribunal de origem na análise de matéria não suscitada nos embargos de

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declaração.

III - No caso dos autos, o Tribunal de origem deferiu o benefício da


aposentadoria por invalidez por entender que a incapacidade do segurado,
seus aspectos socioeconômicos, profissionais e culturais inviabilizam o seu
retorno ao mercado de trabalho.

IV - Verifica-se que o acórdão regional está em conformidade com o


entendimento jurisprudencial desta Corte no sentido de que "a concessão
da aposentadoria por invalidez deve considerar, além dos elementos
previstos no art. 42 da Lei 8.213/91, os aspectos socioeconômicos,
profissionais e culturais da segurada, ainda que o laudo pericial apenas
tenha concluído pela sua incapacidade parcial para o trabalho" (REsp
1568259/SP, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, julgado em
24/11/2015, DJe 1/12/2015). Outros julgados: AgRg no AREsp n. 35.668/SP,
Rel. Ministro Nefi Cordeiro, Sexta Turma, julgado em 5/2/2015, DJe 20/2/2015
e AgRg no AREsp n. 497.383/SP, Rel. Ministra Assusete Magalhães, Segunda
Turma, julgado em 18/11/2014, DJe 28/11/2014.

V - Recurso especial improvido. (STJ - Acórdão Aresp 1251477 / Rs, Relator(a):


Min. Francisco Falcão, data de julgamento: 13/11/2018, data de publicação:
21/11/2018, 2ª Turma)

PREVIDENCIÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. SEGURADO ESPECIAL.


APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LEI Nº 8.213/91. PERÍCIA JUDICIAL.
INCAPACIDADE LABORATIVA. CONDIÇÕES SOCIAIS, PROFISSIONAIS E
CULTURAIS DO AUTOR. CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. DATA DE INÍCIO DO
BENEFÍCIO. CUSTAS. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.

1. A aposentadoria por invalidez é o benefício devido ao segurado que for


considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade
que lhe garanta a subsistência (art. 42 da Lei nº 8.213/91).
2. Além da invalidez definitiva, devem ser preenchidos os pressupostos da
qualidade de segurado, da carência, e a insuscetibilidade de reabilitação
profissional para o exercício da atividade que lhe assegure a subsistência.

3. No caso, é incontroversa a qualidade de segurado especial e o cumprimento do


período de carência, fato reconhecido pela própria Autarquia.

4. Restando analisar a questão da incapacidade, tem-se que a perícia judicial


concluiu que o autor é portador de Discopatia Degenerativa em L5-S1 com
Espondilodiscoartrose e Abaulamento Discal em coluna lombar (CID 10 M54-
5/M29/M43), condições que resultam em incapacidade laboral parcial e
permanente. Esclarece o laudo que o demandante, que sempre trabalhou na
agricultura, teve a patologia agravada pelo esforço físico gerado no labor,
estando ele incapaz de retornar a atividade anteriormente exercida,
configurando, assim, incapacidade uniprofissional.

5. É firme o entendimento do Superior Tribunal de Justiça no sentido de


que, no caso em que o laudo pericial não tenha concluído pela incapacidade
total para o trabalho, também devem ser considerados, para fins de
concessão da aposentadoria por invalidez, os aspectos sócio-econômicos,
profissionais e culturais do segurado (AgRg no AREsp 35.668/SP, Rel.
Ministro Nefi Cordeiro, Sexta Turma, julgado em 05/02/2015, DJe 20/02/2015).

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6. Atento ao contexto social, profissional e cultural em que o autor se
encontra inserido, resta claro que suas chances de reintegração ao
mercado de trabalho são ínfimas, considerando-se que ele, analfabeto,
sempre trabalhou como agricultor, tendo atualmente 56 anos de idade.

7. Garantindo-se-lhe o direito à aposentadoria por invalidez, deve ser


fixada como data de início do benefício a data de entrada do requerimento
administrativo (12.02.2014) e não a juntada do laudo pericial, como
determinado na sentença, porque a perícia apenas comprovou que já
existia a doença, havendo nos autos radiografia e receituário confirmando
que a moléstia preexistia à realização da perícia judicial.

8. Manutenção dos honorários advocatícios em 10% sobre o valor das parcelas


vencidas até a data da sentença, por estar de acordo com os requisitos constantes
no art. 85, parágrafos 2º e parágrafo 3º, I, do CPC.

9. Apelação do autor parcialmente provida, para que seja fixada como data de
início do benefício a data de entrada do requerimento administrativo.

10. No que se refere à condenação do INSS em custas judiciais, verifica-se que a


parte vencedora é beneficiária da justiça gratuita, inexistindo, na hipótese em
exame, despesas a serem ressarcidas (AC 00017152320134059999,
Desembargador Federal Manoel Erhardt, TRF5 - Primeira Turma, DJE
05/06/2014, p. 70).

11. Apelação do INSS parcialmente provida, apenas para afastar o ressarcimento


de custas processuais.

(TRF 5 - PROCESSO: 00015079720174059999, AC595186/SE,


DESEMBARGADOR FEDERAL ROBERTO MACHADO, Primeira Turma,
JULGAMENTO: 27/07/2017, PUBLICAÇÃO: DJE 17/08/2017)
Neste contexto, não há dúvida de que faz jus à concessão de aposentadoria
por invalidez permanente, na forma o art. 42 da Lei nº 8.213/91, desde a data da cessação
do benefício por incapacidade, ocorrido em 10/02/2015.

Quanto a qualidade de segurado, não há o que questionar, porquanto,


conforme laudo pericial, o requerente está incapacitado desde quando recebeu o
benefício por incapacidade, o que denota sua qualidade de segurado.

2 – PEDIDO

Diante disso, requer seja procedido ao julgamento antecipado do pleito,


ante a desnecessidade de produção de outras provas, posto que presentes a comprovação
da qualidade de segurado e da incapacidade.

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Termos em que
Pede deferimento.
Santa Quitéria-CE, 1 de outubro de 2021.

Raimundo NONATO Braga MUNIZ


OAB/CE nº 29.298

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