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LETÍCIA MELLO IGNÁCIO

3 – TERMO / NUTRIÇÃO GRAN TIETÊ


TRABALHO GENÉTICA

PESQUISA BIBLIOGRAFICA: DOENÇAS CARDIOVASCULARES SOB O PONTO


DE VISTA NUTRIGENETICA E NUTRIGENOMICA

1. INTRODUÇÃO

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) as doenças cardiovasculares


(DCVs) são a maior causa de mortalidade no mundo, dentre as DCVs estão: angina
estável e instável, o infarto agudo do miocárdio (IAM) e o acidente vascular cerebral
(AVC); sendo as doenças de maior prevalência na população mundial.1
Em 2015, o Brasil teve mais de 30% das mortes decorrentes de DCVs (morte entre
adultos).2 As DCVs ficaram em terceiro lugar em causas de internação em 2001, no
Sistema Único de Saúde (SUS), com a maior taxa (de 10%) sendo observada na
região sudeste e a menor taxa na região Norte.3
Os indivíduos que sofrem de IAM e/ou AVC, que sobrevivem, precisam passar por
tratamento na maioria dos casos, esse tratamento perdura por um longo tempo o que
impacta de forma relevante a economia do país (WHO).4 Há um crescimento da
prevalência das DCVs em países em desenvolvimento, sendo considerada uma
questão de saúde pública de relevância atualmente. (ABDULLAH et. al., 2015).5

2. GENES E DIETA

A contribuição dos fatores genéticos para o desenvolvimento de DCNT, como a


doença arterial coronariana (DAC), hipertensão arterial sistêmica (HAS), obesidade e
dislipidemias, pode chegar a mais de 50%.Os genes relacionados às formas mais
raras, ou monogênicas, dessas doenças já tinham sido alertadas antes quando
identificadas no projeto Genoma Humano. Entretanto, as complicações também
podem ser caracterizadas como multifatoriais, ou poligênicas, já que um grande
número das alterações genéticas herdadas podem sofrer boa influência de fatores
ambientais – entre eles está a alimentação.6
A dieta responde principalmente aos requisitos energéticos e metabólicos da
homeostase da composição corporal, porém também pode atender e exercer efeitos
sobre a saúde humana, aumentando o risco para o desenvolvimento de DCNT ou
contribuindo para prevenção dessas por meio da regulação dos processos celulares e
moleculares.7
Já foi demonstrado em estudos que a dieta mediterrânea por exemplo, pode alterar
mais de 10 rotas metabólicas, e a atividade/expressão de mais de 300 genes
associados ao RCV.8
Se considerarmos uma melhora na qualidade da dieta no mundo todo – dos padrões
globais para um padrão saudável – proporcionaria a prevenção de 11 milhões de
óbitos prematuros aproximadamente, dos quais 1 milhão ocorre por AVC e 3,9 milhões
ocorrem por DAC.9

AVC – Acidente vascular cerebral.


DAC – Doença arterial coronariana.
RCV – Risco cardiovascular.

Um estudo epidemiológico prospectivo da Framingham Heart Study demonstrou


algumas características que se associam às doenças cardiovasculares, tendo assim
os fatores de risco tradicionais (DM, dislipidemia, hipertensão arterial sistêmica, idade,
sexo masculino, tabagismo, obesidade, sedentarismo e antecedentes de DCVs na
família) (WILSON,199410; WHO, 201511).
Alguns dos fatores de risco como predisposição genética, idade e/ou sexo, são fatores
imodificáveis, porém os fatores como obesidade, tabagismo, ou uma mudança de
estilo de vida e implementação da atividade física são passíveis e facilmente utilizados
como prevenção.10

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Entender que a boa alimentação pode influenciar a atividade dos genes, contribuindo
para o manejo das condições clinicas é essencial para que o indivíduo entenda a
importância da adoção de um padrão alimentar saudável, sendo uma indicação
primária para o tratamento e para a prevenção dos fatores de risco das DCVs.
Sendo assim, tanto a nutrigenética quanto a nutrigenómica são de suma importância
para esse grande problema de saúde pública que as DCVs vêm se tornando, visto que
os estudos dessa área podem ajudar com o planejamento de dietas que previnam ou
até ajudem como forma de tratamento e recuperação da saúde da população como
um todo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. World Health Organization. Cardiovascular deseases (CVDs) facts sheets


[internet]. Geneva: WHO; 2016 [Acesso em 20 de Nov. de 2020]. Disponível
em: https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/cardiosvascular-
deseases-(cvds).

2. França EB, Passos VMA, Malta DC, Dulcan BB, Ribeiro ALP, Guimarães MDC,
et. al. Cause-specific mortality for 249 causes in Brazil and states during 1990-
2015: a systematic analysis for the global burden of disease study 2015. Popul
Health Metr. 2017 Nov; 15(1):39.

3. MINISTÉRIO DA SAÚDE – PORTAL BRASIL. Doenças cardiovasculares


causam quase 30% das mortes no País. Publicado em 06 de setembro
de 2011, atualizado em 28 de julho de 2014. Disponível em
http://www.brasil.gov.br/saude/2011/09/doencas- cardiovasculares-
causam-quase-30-das-mortes-no-pais.[Acesso em 21 de Nov. de 2020].

4. WORLD HEALTH ORGANIZATION. Cardiovascular Diseases. Fact Sheets, n


317, Jan. 2015. Disponível em
http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs317/en/. [Acesso em 22 de Nov.
de 2020].

5. ABDULLAH, M.H. et al. Economic benefits of the Mediterranean-style diet


consumption in Canada and the United States. Food & Nutrition Research.
v.59, p. 1-10, 2015

6. Peña-Romero AC, Navas-Carillo D, Marin F, Orenes-Piñero E. The future of


Nutrition: nutrigenomics and nutrigenetics in obesety and cardiovascular
deseases. Crit Ver Food Sci Nuti. 2018;58(17):3030-41

7. Rescigno T, Micolucci L, Tecce MF, Capasso A. Bioactive nutrients and


nutrigenomics in age-related diseases. Molecules. 2017 Jan;22(1):E105.

8. Castañer O, Corella D, Covas MI, Sorlí JV, Subirana I, Flores-Mateo G, et. al.
In vivo transcriptomic profile after a Mediterranean diet in high-cardiovascular
risk patients: a randomized controled trial. Am J Clin Nutr, 2013 Sep; 98(3):845-
53.

9. Wang DD, Li Y, Afshin A, Springmann M, Mozzafarian D, Strampfer MJ, et. al.


Global Improvement in dietary quality could lead to substantial redution in
premature death. J Nutr. 2019 Jun;149(6):1065-74.

10. WILSON, P.W.F. Established risk factors and coronary artery disease: The
Framingham Study. Am J hypertens, v.7, p. 7S-12S, 1994.

11. WORLD HEALTH ORGANIZATION. Obesity and overweight. Fact Sheets, n


317, Jan. 2015. Disponível em:
http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs311/en. [Acesso em 22 de Nov. de
2020].

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