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A
modernidade sustenta-se da racionalidade e intelecção. Os valores últimos sumiram
desta esfera.
Pg.53 Encantamento do mundo, uma tentativa. A partir do onírico, do fantástico, do
feérico, do mito, da fábula, da mágica. Tentativa de retorno ao pré-capitalismo,
encantamento do mundo desencantado. Tentativa de preencher o hiato, de recompor a
subjetividade e retomar o processo de subjetivação.
Pg.53/54 Aufklarung. Pg.54 Noite, imperativo mágico, feérico, emblema da cozinha da
bruxa (hexenküche) do Fausto. Associar com o clima (noite) da narrativa.
Pg.55 Contra a razão instrumental e utilitária da indústria e do meio, o romantismo
aspira reencantar a natureza.
Pg.58 Românticos e mamonismo, culto ao deus Dinheiro, esmorecimento de valores
qualitativos, dissolução dos mesmos laços, morte da imaginação, edificação da
racionalidade, platitude da vida. Quantificação... Espírito de cálculo Weberiano.
Pg.60 “O espaço e o tempo parecem ter perdido toda sua diversidade qualitativa e toda
variedade cultural, tornando-se uma estrutura única, contínua, moldada pela atividade
ininterrupta das máquinas”. Falando-se da Inglaterra.
Pg.61 A mecanização do mundo: Mecanização das fábricas, do sujeito e da
consciência.
Pg.64 Sistema capitalista racionalizante pautado num modo de comportamento
abstrato, orientado para valor de troca, quantitativo,
Pg.66 Dissolução de vínculos sociais. Alienação, torpor de consciência, incapacidade
de penetrar na subjetividade do outro e em reconhecer a própria subjetividade.
Pg.66 Relação inversamente proporcional entre o quantitativo e qualitativo; a perda do
ser.
Pg.70 Romantismo como movimento equidistante à civilização moderna, no século das
luzes.
Pg.73 Surgimento do romantismo dentro da ascensão moderna da revolução industrial
do século XVIII, onde o mercado assume a hegemonia e pautas antes discutidas e em
embrião tornam-se sistema (capitalista).
Pg.73 Os literatos, poetas, escritores, artistas e intelectuais se viram na contradição entre
o valor de uso e valor de troca de seus próprios produtos; eles mesmos tornaram-se
vítimas da própria produção, uma vez que, para o trabalho produzido chegar à urbe,
passava primeiro pelo mercado.
Pg.74 Inglaterra e avanço socioeconômico.
Pg.81 “Ligações inegáveis entre espírito das luzes e a burguesia”. O espírito das luzes
está estreitamente ligado à eclosão do espírito do capitalismo.
Pg.82 O romantismo é a continuidade da crítica social das luzes: contra a aristocracia,
os privilégios sociais, a arbitrariedade do poder e o abuso do dinheiro. Exemplo do caso
Werther (crítica à burguesia e à aristocracia)
Introdução:
Usar o Berman na citação de Marx: o mundo desaba a seus pés, mas vocês sentem?
Revolta e Melancolia:
Este ensaio pretende ser uma exposição do conceito de Aufklärung, acerca do qual se
pretende atingir campos semânticos de orientação distinta, como a crítica moderna e o
processo de subjetivação. Nesse prisma, pretende-se mostrar como a subjetividade, que
permite sua tomada como Aufklärung, se torna, simultaneamente, mercadoria e
demanda nos prólogos da pós-modernidade.
sua riqueza é extraída de certas fontes das quais não superamos, ou, se superamos, o
fizemos com custo, à expensa de nossa matéria-prima mais cara, célula nominal de
nossos desejos e aspirações, nossa subjetividade. Se não a abandonamos por completo,
desistimos do processo de reconquistá-la; deixamo-la para trás. Desde a Revolução
Francesa e a Revolução Industrial o mundo das tradições foi ultrapassado, Goethe lhe
deu o nome — “velocífero” —, veloz o suficiente para encobrir os rastros, feroz o
suficiente para dominá-lo. A modernidade aprendeu a acelerar os meios de produção
encilhando suas forças produtivas. A transformação do mundo foi levada a efeito pela
transformação do homem. Buscamos, a esse respeito, traçar uma historiografia
psicológica da subjetividade na qual se possa identificar esse passado recente e nossas
atuais raízes de insatisfação. A partir da revisão dos textos etnopsicológicos de Sigmund
Freud, da análise e crítica literária de Joseph Conrad e das exegeses sociológico-
filosóficas de Löwy e Sayre e Marshall Berman pretende-se reconstruir tal paraíso
perdido.
Da forma com a qual se pretende trabalhar, Aufklärung pode-se referir, a depender do contexto, tanto ao
Iluminismo e ao progresso como sinonímia, ou categoria de uso superior da razão, fadada ao texto do
Kant tratado (O que é Esclarecimento?)
frente à natureza, construindo uma primeira divisão de saberes que marcava, entre
outras coisas, a primazia da racionalidade e a subordinação do conhecimento à matéria
cognoscível (MELLO; DONATO, 2011).
Os ideais iluministas no final do século XVIII, na mesma proporção de seu
disparo, encontraram seu fim na revolução francesa e no painel econômico do
capitalismo surgido de então. Apesar do desenvolvimento do capitalismo estar atrelado
à transição lenta da sociedade feudal até sua alçada e consolidação como sistema, o
ponto de inserção e crítica é a revolução burguesa, assinalando, pois, um segundo eixo
da modernidade, desdobrado a partir de 1879. No estado de permanente revolução à
qual se seguiu a modernidade, as reinvindicações populares da burguesia consolidaram
uma nova hegemonia política. É dessa forma que o fim do iluminismo marca o avanço
da modernidade industrial, sobre os quais se interpõem a ascensão do liberalismo
econômico e do mercado mundial, os projetos de dominação extraterritoriais e
nacionalistas e o surgimento do sujeito moderno e os mecanismos sociais de alienação,
valor de troca e mercadoria.
Assim, na ideia de modernidade racionalizante, a Aufklärung passará a atuar
como crítica e apelo à racionalidade, fomentando “ligações inegáveis entre o espírito
das luzes e a burguesia” (LÖWY e SAYRE, 2015, p.81). Tais ligações amalgamam-se
no conceito de romantismo anticapitalista de viés marxista e, mais notavelmente, no
“espírito capitalista” de Weber (2007, p.66), segundo o qual:
O motivo fundamental da
economia moderna como um todo
é o “racionalismo econômico”. E
com todo o direito, se
entendermos por essa expressão o
aumento da produtividade do
trabalho que, pela estruturação do
processo produtivo a partir de
pontos de vista científicos,
eliminou sua dependência dos
limites “fisiológicos” da pessoa
humana impostos pela natureza.
Ora, esse processo de
racionalização no plano da
técnica e da economia sem dúvida
condiciona também uma parcela
importante dos ‘ideais de vida’ da
moderna sociedade burguesa: o
trabalho com o objetivo de dar
forma racional ao provimento dos
bens materiais necessários à
humanidade é também, não há
dúvida, um dos sonhos dos
representantes do ‘espírito
capitalista’, uma das balizas
orientadoras de seu trabalho na
vida”.
No cenáculo desencorajado, desencantado e, segundo Marx (2010), afogado pelo
cálculo egoísta, a racionalização e o vínculo acima do qual são alicerçados as próprias
leis de instrução ampliam o universo estruturado pela modernidade, com sua própria
dialética de construção. Na medida em que amplia o campo de ação indireto do sujeito
reduz sua ação direta, isto é, surrupia a subjetividade ao ampliar o mundo para construí-
la; um paradoxo incabível, visto que o progresso tecnológico e científico concede
ao homem ferramentas, mas as sujeita às próprias leis
A razão, sob os signos do progresso, pode ser dominada, inflada e submetida à razão de
um espírito primário. O outro (desconfiança de que não fossem desumanos) torna-se
mero instrumento para um fim.
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Tal perspectiva será discutida com afinco mais à frente (Freud).