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UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI


Instituto de Ciência e Tecnologia - ICT
Bacharelado em Ciência e Tecnologia – BC&T
Iris Yasmim Reis

HISTÓRIA DA ARTE, DA ARQUITETURA E DO URBANISMO: Arquitetura


Brasileira Colonial e Modernista

Diamantina
2020
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Iris Yasmim Reis

HISTÓRIA DA ARTE, DA ARQUITETURA E DO URBANISMO: Arquitetura


Brasileira Colonial e Modernista

Artigo produzido como parte da disciplina de


Projetos Arquitetônicos e Paisagismo, do curso
de Ciência e Tecnologia da Universidade
Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri.

Docente: Mônica Martins Andrade Tolentino

Diamantina
2020
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RESUMO

Desde o início, a arquitetura brasileira sofre influências dos estilos arquitetônicos pelo mundo.
Porém no Brasil alguns estilos, como o Neoclássico, são modificados e adaptados aos materiais
e técnicas nacionais. A arquitetura colonial trouxe às cidades estruturadas na época (1530 –
1830) uma semelhança com as cidadelas portuguesas, uma vez que as fachadas eram
especificadas pelas Cartas Régias. Séculos depois temos o surgimento da arquitetura
modernista no Brasil, onde os jovens arquitetos sofrem diretamente a influência de Le
Corbusier, o grande pilar mundial deste estilo. Hoje em dia podemos nos inspirar nas obras
construídas nestes estilos muito por conta do processo de conservação de patrimônio realizado
pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).

Palavras-chave: Arquitetura. Brasil. Colonialismo. Neoclassicismo. Modernismo.


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ABSTRACT

From the beginning, Brazilian architecture has been influenced by architectural styles around
the world. However, in Brazil, some styles, such as the Neoclassical, are modified and adapted
to national materials and techniques. Colonial architecture brought to the cities structured at the
time (1530 - 1830) a resemblance to the Portuguese citadels, since the façades were specified
by the Royal Letters. Centuries later we have the emergence of modernist architecture in Brazil,
where young architects directly provide the influence of Le Corbusier, the great worldwide
pillar of this style. Nowadays, we can be inspired by the works in the form of style, due to the
heritage conservation process carried out by IPHAN (National Historical and Artistic Heritage
Institute).

Keywords: Architecture. Brazil. Colonialism. Neoclassicism. Modernism.


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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 4
1 ARQUITETURA COLONIAL BRASILEIRA ............................................................................... 5
1.2 Algumas características da Arquitetura Colonial Brasileira ...................................................... 5
2 ARQUITETURA NEOCLÁSSICA BRASILEIRA ........................................................................ 7
1.2 Algumas características da Arquitetura Colonial Brasileira ...................................................... 7
3 ARQUITETURA MODERNISTA BRASILEIRA.......................................................................... 8
3.1 Algumas características da arquitetura modernista no Brasil.................................................... 9
4 O IPHAN COMO MEIO DE PRESERVAÇÃO DA HISTÓRIA ARQUITETÔNICA
BRASILEIRA ...................................................................................................................................... 10
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INTRODUÇÃO

O desenvolvimento da arquitetura e do urbanismo no Brasil se deu a partir de


1530, com o impulso das capitanias hereditárias, e desde então tem se transformado.

Começando nosso estudo pela Arquitetura Colonial, temos a semelhança com as


cidadelas portuguesas, mesmo que as obras aqui fossem mais simplificadas. As Cartas
Régias regiam como deveriam ser as fachadas, sendo a planta e o interior liberados.

No início dos anos 1800, com a vinda da corte portuguesa ao Brasil, tivemos uma
tentativa de se espelhar no estilo que era sensação na Europa, o Neoclassicismo. Porém
essa arquitetura encontrou muitas dificuldades em se instalar completamente em terras
brasileiras, em grande parte pela mão de obra sem qualificação e também pela utilização
de materiais frágeis e sofisticados, o que tornavam sua interiorização impraticável.

Iniciado na Europa, em meados do século XX, o modernismo foi um movimento que


envolvia as áreas artísticas e culturais, e chegou ao Brasil a partir da primeira de década do
século XX, introduzida através de manifestos como a Semana da Arte Moderna realizada em
1922 em São Paulo.
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1 ARQUITETURA COLONIAL BRASILEIRA

A arquitetura colonial brasileira é aquela arquitetura realizada no Brasil no período entre


1530 e 1830 (da chegada dos colonizadores portugueses á independência brasileira).

As construções da época seguiram um estilo diferente do que acontecia na Europa,


enquanto lá ocorria o Renascimento, aqui um novo estilo, bem menos rebuscado predominava:
o chamado estilo Colonial. Ao mesmo tempo, por aqui, surgia o estilo Barroco, mas esse era
restrito as edificações religiosas e na maior parte das vezes, apenas ao interior das mesmas.

Figuras 1 e 2: Fachada e interior da Igreja Nossa Senhora das Mercês, Diamantina, Minas Gerais

1.2 Algumas características da Arquitetura Colonial Brasileira

Nas vilas e cidades estruturadas no período colonial, é possível notar características bem
marcantes como o alinhamento das edificações às vias públicas e com as paredes laterais nos
limites do terreno, bem como a inexistência de jardins ou áreas verdes nas áreas centrais.

Figuras 3 e 4: Trechos do centro histórico em Diamantina, Minas Gerais, onde pode-se observar as construções
nos limites dos terrenos e a ausência de jardins.
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As edificações possuíam cobertura em duas águas feitas de telhas de barro, e, nas


residências de proprietários mais abastados, usava-se um detalhe próximo ao fim da linha do
telhado, chamado de “eira”.

Figura 5: Casas em
Diamantina, Minas
Gerais, onde é possível
observar as eiras e os
telhados de duas águas.

Quanto às técnicas construtivas, utilizava-se o pau-a-pique, o adobe ou a taipa de pilão


na maioria das edificações, já nas mais abastadas usava-se pedra e barro ou ainda pedra e cal.

Haviam cartas régias que determinavam a parte externa das edificações enquanto a
planta e dimensionamento de cômodos eram liberados. É possível observar a simplicidade nas
edificações do período, e o que diferenciava o poder aquisitivo dos proprietários (além da eira
e da técnica construtiva) era o número de cômodos e a tipologia da residência: térrea ou sobrado.

Nas térreas se usava o chão batido por piso, enquanto os sobrados apresentavam piso
assoalhado. Em ambas as tipologias as esquadrias são simples e sempre simétricas, no caso dos
sobrados, observa-se também a repetição do mesmo ritmo e mesmo tipo de esquadria em todos
os pavimentos. O vidro passou a ser utilizado mais pro final do período, quando era mais fácil
a sua obtenção, sendo comum então o uso de muxarabis e venezianas como forma de vedação
das esquadrias.

Figura 6: Biblioteca Antônio Torres (Casa do Muxarabiê), Figura 7: Imagem com foco em esquadrias com vidro.
em Diamantina, Minas Gerais, onde é visível um balcão
coberto com muxirabiê.
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2 ARQUITETURA NEOCLÁSSICA BRASILEIRA

Em 1808, com a transferência da corte portuguesa para a colônia e com a chegada da


família real de Dom João VI no Brasil, iniciou-se uma nova fase na arquitetura brasileira. A
origem do neoclássico do Brasil geralmente é atribuída à Missão Francesa, contratada para
fundar e dirigir no Rio de Janeiro a Escola de Artes e Ofícios, conhecida mais tarde, em 1826,
como Imperial Academia de Belas Artes. Ela trouxe artistas como Jean-Baptiste Debret, Johann
Moritz Rugendas e o arquiteto Grandjean de Montigny.

É essencial destacar que a arquitetura neoclássica brasileira ficou restrita à Corte, aos
meios oficiais e às camadas mais abastadas. Isso porque os recursos para a sua produção
dependiam de elementos importados da Europa. Assim, a parte menos favorecida da população
contava com uma versão provinciana, feita por escravos, e que imitava a arquitetura dos grandes
centros.

Figura 8: Fachada do
Arquivo Nacional, Rio
de Janeiro

1.2 Algumas características da Arquitetura Colonial Brasileira

As residências urbanas utilizavam das mesmas soluções de implantação dos tempos


coloniais: sobre o alinhamento das ruas e sobre os limites laterais dos lotes.

Já as mudanças em relação à arquitetura colonial deram-se no uso de colunas, frontões


triangulares e escadas de pedra na fachada das edificações, além da substituição dos beirais por
platibandas com seus respectivos condutores d’água, o uso de telhados de quatro águas, e de
vidro simples ou colorido na parte superior das portas e janelas.

Na arquitetura urbana prevaleceu clareza construtiva, e a utilização de materiais


sofisticados (como mármore e granito), a presença de abóbadas e cúpulas e as paredes
revestidas e pintadas com cores suaves, também são características deste período.
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É interessante observar que, mesmo considerados todas as adaptações sofridas no Brasil


pelo Neoclassicismo, com uma arquitetura que estava na dependência de importação de materiais
e mão-de-obra especializada ou que apenas disfarça com aplicações superficiais a precariedade da
mão-de-obra escrava, o neoclássico não chegou a corresponder ao aperfeiçoamento maior da
construção no Brasil.

Figura 9: Prédio em estilo neoclassicista em Figura 10: Vista de prédio em estilo neoclássico
Diamantina, Minas Gerais em contraste com edificações no estilo colonial,
em Diamantina, Minas Gerais

3 ARQUITETURA MODERNISTA BRASILEIRA

Internacionalmente, a Arquitetura Moderna se embasou nos ideais da Idade Moderna e


se fortaleceu com as facilidades advindas de um novo meio de produção proporcionado pela
Revolução Industrial

No Brasil, o movimento pregava a expressão do nacional de forma autônoma e


independente dos ideais europeus. Isso marcou o movimento arquitetônico nacional e fez com
que um novo estilo de pensar arquitetonicamente fosse desenvolvido, adaptado à nossa cultura,
nossas formas e nossos materiais.

Quando o movimento moderno se difundiu no Brasil, arquitetos recém graduados


passaram a estudar obras de arquitetos estrangeiros como os alemães Mies Van der Rohe e
Walter Gropius, porém foi arquiteto franco-suíço Le Corbusier que mais teve influência na
formação do pensamento Modernista nos arquitetos brasileiros, suas ideias inovadoras tiveram
uma vasta influencia no movimento em território brasileiro, sendo fonte inspiradora para Lúcio
Costa, Niemeyer e outros pioneiros da arquitetura Moderna brasileira.
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3.1 Algumas características da arquitetura modernista no Brasil

A contribuição de Le Corbusier para a Arquitetura Moderna foi tamanha que, ainda


hoje, cinco de seus princípios são utilizados ao redor de todo mundo e ficaram conhecidos como
“Os Cinco Pontos da Arquitetura Moderna de Le Corbusier”. São eles:

fachada livre — fachadas sem vedações e divisórias em suas estruturas, conferindo


liberdade para projetos de variados formatos;
janelas em fita — janelas que percorrem as edificações com o intuito de fornecer mais
iluminação aos ambientes;
pilotis — em que colunas substituem paredes estruturais para a criação de espaços
abertos e vãos livres para a circulação de pessoas;
terraço-jardim — utilização das coberturas e telhados como terraços e jardins feitos para
o lazer dos usuários;
planta livre — ambientes abertos nos quais diferentes cômodos interagem e se integram.

Após a divulgação do Movimento Moderno ouve uma subdivisão em várias tendências


estilísticas. Um exemplo é o Rio de Janeiro, que teve a fusão dos princípios Modernistas
europeus com a herança nativa que resultaram em uma arquitetura de formas mais livres, dentro
disso evidencia-se a originalidade de Oscar Niemeyer.
Niemeyer abandonou o funcionalismo exagerado dos ideais modernos e utilizou em suas
obras formas curvas mais livres, que buscavam a beleza, não um resultado final com base
somente em sua função. Essas características ficam evidenciadas, por exemplo, no Conjunto da
Pampulha (1942-1943), em Minas Gerais.

Figuras 11: Conjunto Arquitetônico da Pampulha, Belo


Figura 12:Hotel Tijuco, em Diamantina, em formato
Horizonte, Minas Gerais de trapézio invertido, permite apreciar linhas
modernistas de Niemeyer
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4 O IPHAN COMO MEIO DE PRESERVAÇÃO DA HISTÓRIA ARQUITETÔNICA


BRASILEIRA

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), é uma instituição


que visa preservar pedaços da nossa história, inclusive a arquitetônica. Muitas cidades contêm
edificações e outras manifestações da arquitetura brasileira ao longo dos anos, e graças à
preservação delas, podemos conhecer e estudar o passado.
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BIBLIOGRAFIA

A ARQUITETURA COLONIAL BRASILEIRA. Curso de Arquitetura e Urbanismo


PUC - Escola de Artes e Arquitetura. Disponível em:
http://professor.pucgoias.edu.br/SiteDocente/admin/arquivosUpload/17497/material/aula15%
20-%20a%20arquitetura%20colonial%20brasileira%20-%20inlfuencias.pdf. Acesso em: 10
de março de 2021.
MOREIRA, Suzana. O que é arquitetura do Brasil Colônia? Fevereiro de 2021. Disponível
em: https://www.archdaily.com.br/br/956978/o-que-e-arquitetura-do-brasil-colonia. Acesso
em: 11 de março de 2021.
Pontos Turístico. Prefeitura Municipal de Diamantina. Disponível em :
https://diamantina.mg.gov.br/turismo/pontos-turisticos/. Acesso em: 10 de março de 2021.
O Grande Hotel. Disponível em:
http://www.asminasgerais.com.br/diamantina/biblioteca/pousadas/grande018.htm. Acesso e,:
10 de março de 2021.
Entenda o que é a Arquitetura Moderna e quais são suas influências. Archtrends
Portobello. Disponível em: https://archtrends.com/blog/arquitetura-
moderna/#:~:text=Principalmente%20nas%20primeiras%20d%C3%A9cadas%20do,em%20ci
dades%20do%20mundo%20inteiro. Acesso em: 10 de março de 2021.
O que é a arquitetura neoclássica? Disponível em:
https://blog.mackenzie.br/vestibular/materias-vestibular/tudo-sobre-arquitetura-neoclassica/.
Acesso em: 09 de março de 2021
O incrível olhar da arquitetura neoclássica sobre as grandes obras do passado. Disponível
em: https://www.vivadecora.com.br/pro/arquitetura/arquitetura-neoclassica/. Acesso em 09 de
março de 2021.
Saiba tudo sobre a Arquitetura Moderna, o estilo que mais influencia arquitetos no
mundo. Disponível em: https://www.vivadecora.com.br/pro/arquitetura/arquitetura-moderna/.
Acesso em: 10 de março de 2021.

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