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Atuação do Biomédico

em Citopatologia

Dra. Suelene Brito do Nascimento Tavares


Faculdade de Farmácia - UFG
suelenetavares@gmail.com

Goiânia
2015
Biomedicina

1966 – primeiro curso de graduação

1979 – regulamentação da Biomedicina no Brasil - Lei


6.684 de 03/09/1979 – CFBM e CRBM

49 anos – voltados à qualidade de vida e à saúde do


povo brasileiro
CONSELHO FEDERAL DE BIOMEDICINA

RESOLUÇÃO Nº 78, DE 29 DE ABRIL DE 2002

Dispõe sobre o Ato Profissional Biomédico, fixa o


campo de atividade do Biomédico e cria normas
de Responsabilidade Técnica.

O Conselho Federal de Biomedicina - CFBM, no uso das


atribuições que lhe confere o inciso V do art. 10, da Lei
n.º 6.684/79 e o inciso VI do art. 12, do Decreto n.º
88.439/83.

CONSIDERANDO, que através da Resolução n.º 287,


de 08 de outubro de 1998, do Conselho Nacional de
Saúde, o Biomédico foi oficialmente reconhecido
como profissional da área de saúde;
CAPÍTULO I - DO ATO PROFISSIONAL DO
BIOMÉDICO

Art. 1º - Definir o Ato Profissional do Biomédico,


como todo procedimento técnico-profissional
praticado por Biomédico, na área em que esteja
legalmente habilitado/capacitado, a saber.

§ 1º - Atividades que envolvam procedimentos de


apoio diagnóstico.

§ 2º - Atividades de coordenação, direção, chefia,


perícia, auditoria, supervisão e ensino.

§ 3º - Atividades de pesquisa e investigação.


CAPÍTULO II - DO CAMPO DE ATUAÇÃO DAS
ATIVIDADES DO BIOMÉDICO
Art. 1º - Fixar o campo de atuação das atividades do
Biomédico.
§ 1º - O Biomédico, poderá, desde que comprovado a
realização de Estágio com duração igual ou superior a
500 (quinhentas) horas, em instituições oficiais ou
particulares, reconhecidas pelo órgão competente do
Ministério da Educação ou em laboratório conveniado
com Instituições de nível superior ou cursos de
especialização ou pós-graduação, reconhecidos pelo
MEC.
REGULAMENTAÇÃO DAS ATIVIDADES DO
BIOMÉDICO

Resoluções do Conselho Federal de Biomedicina que


dispõem sobre o Ato Profissional Biomédico
‒ 78 e 83 de 29/04/02
‒ 135 de 03/04/07
‒ 140 de 04/04/07
‒ 145 de 30/08/07
Habilitações:
1. Análises Clínicas 16. Análises Bromatológicas
2. Biofísica 17. Microbiologia de Alimentos
3. Parasitologia 18. Histologia Humana
4. Microbiologia e Virologia 19. Patologia
5. Imunologia 20. Citopatologia
6. Hematologia 21. Análise Ambiental
7. Bioquímica 22. Acupuntura
8. Banco de Sangue 23. Indústria e comércio
9. Genética 24. Embriologia
10. Docência e Pesquisa 25. Reprodução Humana
11. Fisiologia Geral e Humana 26. Biologia Molecular
12. Farmacologia 27. Informática de Saúde
13.Toxicologia 28.Perfusão extracorpórea
14. Saúde Pública e sanitarismo 29. Coleta de material
15. Imagenologia e radiologia
Ato profissional Biomédico
Capítulo II – Do campo de atuação do
biomédico
Art. 20
§ 5º - Citologia Oncótica (citologia esfoliativa)

Art. 3º - Para o reconhecimento das habilitações


elencadas, além da comprovação em currículo,
deverá o profissional comprovar a realização de estágio
mínimo, com duração igual ou superior a 500
(quinhentas) horas, em instituições oficiais, ou
particulares, reconhecidas pelo Órgão competente do
Ministério da Educação ou em Laboratórios conveniados
com Instituições de nível superior, ou especialização ou
curso de Pós-Graduação, reconhecido pelo MEC.
Art. 70
Os Biomédicos poderão realizar toda e qualquer
coleta de amostras biológicas dos diversos
exames, como também supervisionar os
respectivos setores de coleta de material
biológicos de qualquer estabelecimento a que
isso se destine.

Parágrafo único – Excetuam-se as biópsias, coleta de


líquido céfalo-raquidiano (líquor) e punções para
obtenção de líquidos cavitários em qualquer situação.
N O R M A T I V A : n.º 01/2012

EMENTA: Dispõe sobre rol de atividades


para fins de inscrição e fiscalização dos
profissionais Biomédicos, Técnicos,
Tecnólogos nas áreas de acupuntura,
estética, citologia e anatomia patológica e
imagenologia, junto aos Conselhos
Regionais de Biomedicina.

Brasília, 10 de abril de 2012.


SILVIO JOSÉ CECCHI
PRESIDENTE – CFBM
Metodologias em citopatologia
‒ Colheita de Citologia cérvico-vaginal, preparo das amostras e metodologias de
coloração
‒ Técnicas avançadas em citopatologia
‒ Citologia em meio líquido, imunocitoquímica, colorações especiais, biologia
molecular (Análise genômica e proteômica)
Diagnóstico Citopatológico
‒ Citologia cérvico-vaginal
‒ Citologia mamária.
‒ Citologia de derrames cavitários e líquido cefalorraquiano.
‒ Citologia do trato respiratório (escarro e lavados)
‒ Citologias urinárias, citologia anal.
‒ Citologia de produto de punção aspirativa, raspados e escovados
‒ Citologia de diversos sítios.
‒ Controle da qualidade interno e externo
‒ Gestão em laboratório de citologia e anatomia patológica.
‒ Gerenciamento de programas de prevenção e saúde pública.
‒ O profissional biomédico tem responsabilidade pela análise das amostras
citológicas, bem como firmar o respectivo laudo.

NORMATIVA: n.º 01/2012


Diagnóstico Citopatológico
Classificação de Papanicolaou Atlas of
Exfoliative Cytology, 1954
1943

George Nicholas Papanicolaou


Importância da Citopatologia

‒ Detecção precoce de lesões


‒ Permite que o diagnóstico reduza a
mortalidade por câncer
‒ Fácil acesso e baixo custo
Prevenção do câncer do colo do útero

Valor do teste de rastreamento


Esfregaço cervical

Carcinomas escamosos
Adenocarcinomas cervicais
Schoolland, Alpress & Sterret, 2002, Franco et al. 2001, Liu et al. 1999
Prevenção do câncer do colo do útero
‒ Detecção precoce das lesões precursoras
‒ Citologia convencional – disponível no SUS
‒ Toda mulher que tem ou já teve vida sexual
(25 e 64 anos)
‒ Após dois exames seguidos (com intervalo de
um ano) apresentando resultado normal, pode
passar a ser feito a cada três anos
‒ Controle de qualidade - fase pré-analítica e
analítica para diminuir resultados falso-
negativos.

INCA, 2011; Cuzick et al., 2008; Tavares et al., 2012; Ronco et al., 2013
INCA, 2011; Cuzick et al., 2008; Tavares et al., 2012; Ronco et al., 2013
I. Colheita de citologia cérvico-vaginal

Coleta do Exame de Papanicolaou


Monitoramento Interno da Qualidade dos
Exames Citopatológicos do Colo do Útero

Colheita

Locais de Colheita
- Fundo de saco posterior
- Região escamo-colunar
- Endocérvice

Tríplice x Dupla
Monitoramento Interno da Qualidade dos
Exames Citopatológicos do Colo do Útero
Colheita - Endocérvice

Ectocérvice (JEC) Endocérvice


Monitoramento Interno da Qualidade dos
Exames Citopatológicos do Colo do Útero
Confecção do esfregaço
Movimentos regulares,
fino, homogêneo,
bem distribuído,
rapidamente para não ressecar

Esfregaço ideal
30.000 e 300.000 células!!!!!!
Bateria de Papanicolaou
CITOLOGIA EM BASE-LÍQUIDA

 Transferir todo o material celular coletado para


meio líquido (morfológicas e moleculares).

 Maior controle da fixação

Material para coleta da citologia em base-líquida


Esfregaços convencionais/base líquida
II. Interpretações ou Resultados

 Adequação do espécime

- Satisfatório

- Insatisfatório

 Negativo para lesão intraepitelial ou malignidade

-Outros: flora, agentes microbianos, etc.

 Anormalidades em células epiteliais

Solomon; Nayar,, 2004


Resultado - Terminologia recomendada

INCA, 2006, 2012


FORMAS ESPECÍFICAS DE INFLAMAÇÃO
DO COLO E DA VAGINA

Gardnerella vaginalis Actinomyces sp

Leptothrix vaginalis Clhamydia trachomatis


FORMAS ESPECÍFICAS DE INFLAMAÇÃO
DO COLO E DA VAGINA

Candida sp

Herpes simples
Diagnóstico Citopatológico

Atipias Escamosas de Significado Indeterminado


Lesões pré – malignas e malignas do TGF

Solomon; Nayar, 2004


Anormalidades em Células Epiteliais Escamosas

- Células escamosas atípicas (ASC)

- de significado indeterminado (ASC-US)


- que não pode-se excluir HSIL (ASC-H)

ASC-US
ASC-H
DeMay, 1997
Lesões Escamosas Pré - malignas

Lesão Intra - Epitelial Escamosa de


Baixo Grau (LSIL)

Laboratório de Citopatologia/CAISM/UNICAMP
Lesão Intraepitelial Escamosa de Alto Grau
(HSIL)

Laboratório de Citopatologia/CAISM/UNICAMP
Lesões Malignas do TGF
Carcinoma de Células Escamosas

DeMay, 1997
Anormalidades em células epiteliais
endocervicais

 Células Glandulares Atípicas


- Endocervical / Endometrial/SOE
- Endocervical Provavelmente neoplásica

 Adenocarcinoma endocervical in situ


 Adenocarcinoma invasivo

Solomon & Nayar, 2004


AGC/SOE AGC/NEO

Adeno in situ Adenocarcinoma


III. Citologia mamária
Alteração fibrocística Fibroadenoma Tumor filoides

Papiloma Ca Ductal Ca Lobular


IV. Citologia de derrames cavitários
e líquido cefalorraquidiano (LCR)

Líquido cefalorraquidiano – LCR


Líquidos cavitários

 Pleural
 Pericárdico
 Peritoneal
 Sinovial

Líquido Ascítico

Lavado broncoalveolar e
lavado brônquico
V. Citologia urinária

células epiteliais renais


Controle e Garantia da Qualidade dos Exames
Citopatológicos do Colo do Útero
Legislação
RESOLUÇÃO DA DIRETORIA
COLEGIADA - RDC Nº. 302
DE 13 DE OUTUBRO DE 2005
http://portal.anvisa.gov.br
Dispõe sobre o regulamento técnico para
o funcionamento de laboratórios clínicos

É aplicável a todos os serviços públicos ou privados,


que realizam atividades laboratoriais na área de
análises clínicas, patologia clínica e citologia
 Controle interno da qualidade (CIQ)
 Controle externo da qualidade (CEQ)
Controle da Qualidade dos Exames
Citopatológicos do Colo do Útero
Legislação

Ministério da Saúde
Portaria GM/SM Nº 3.388, de 30 de dezembro de 2013.
Redefine a Qualificação Nacional em Citopatologia na prevenção do
câncer do colo do útero (QualiCito), no âmbito da Rede de Atenção à
Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas.

 Definição de critérios para avaliação de laboratórios


 Contratação de laboratórios Tipo I e Tipo II, pelos gestores
 Monitoramento Interno de Qualidade (MIQ)
 Monitoramento Externo de Qualidade (MEQ)
Controle da Qualidade dos Exames
Citopatológicos do Colo do Útero
Objetivos

Oferecer à mulher e ao médico um diagnóstico


confiável, em tempo ágil, baseado em interpretação
pessoal de material citológico adequadamente
preparado

Monitorar
Resultados falso-negativos
Resultados falso-positivos
Controle Interno da Qualidade dos
Exames Citopatológicos do Colo do Útero

Revisão Retrospectiva

Correlação Cito-Histo

Dupla Leitura

Automação
Métodos de CIQ
Revisão Critérios Clínicos

Revisão 10%

Revisão 100%

Pré-escrutínio rápido

(AMARAL et al., 2005; Di LORETO et al., 1997; DOORNEWARD et al.; ORTIZ-VÁZQUEZ et


al., 2001; DZIURA et al., 2006; RENSHAW; ELSHEIKH, 2010; TAVARES et al., 2006; 2011)
Controle Interno da Qualidade dos
Exames Citopatológicos do Colo do Útero

Recomendações
– Revisão-100% ou Pré-escrutínio rápido
– Revisão dos casos positivos no Escrutínio de Rotina
– Revisão retrospectiva
– Correlação cito-histológica
– Relação estreita com os responsáveis pela coleta
(médicos e UBS)
– Educação continuada - CEQ
– Avaliar a frequência de casos positivos e
insatisfatórios do laboratório e do(s)
escrutinador(es)
VIII. Controle Externo da Qualidade dos
Exames Citopatológicos do Colo do Útero

Critérios de seleção de lâminas para


MEQ
‒ Todas as lâminas com casos positivos
(atipias, lesões intra-epiteliais de baixo e
alto grau, carcinomas e adenocarcinomas);
‒ Todas as lâminas insatisfatórias;
‒ Mínimo de 5% dos exames normais.
Controle Externo da Qualidade dos
Exames Citopatológicos do Colo do Útero

‒ Programa de troca de lâminas/comparação


inter-laboratorial
‒ Educação continuada
‒ Registro das discrepâncias diagnósticas e
medidas corretivas
‒ Consultas externas
‒ Compromisso da direção e organização da
qualidade
‒ Teste de Proficiência – Prova de Título
Diagnósticos Moleculares
Papilomavírus Humano - HPV
189 tipos sequenciados

15 - alto risco oncogênico

16, 18, 31, 33, 35, 45, 51, 52, 56, 58, 59, 68,
73 e 82

 3 - prováveis alto rico:


26, 53 e 66

11 - baixo risco:


6,11,40, 42, 43, 54, 61, 70, 72, 81 e 83
Bernard et al., 2010; Dobec et al., 2009
Prevalência total de HPV

86%
14%
Positivo
Negativo

Ribeiro et al., 2011


Prevalência dos principais tipos de HPV
50
45%
45

40

35

30
%

25

20

15
11,1%
8,1%
10
4,7%
4,1%
5

0
HPV 16 HPV 31 HPV 35 HPV 52 HPV 18

Ribeiro et al., 2011


Vacinas
L1 do capsídeo viral - VLPs

Cervarix (Glaxo Smith Kline)

16 e 18

Gardasil (Merck Sharp & Done)

16, 18, 6 e 11 VLPs – L1

Castle
Castle et
et al.,
al., 2009;
2009; Einstein
Einstein et
et al.,
al., 2009
2009
Vacinas

Proteção cruzada

31, 33, 45, 52, 58 e 59

> 5 anos

Brown et
Brown et al.,
al., 2009;
2009; Massad
Massad et
et al.,
al., 2009
2009
Vacinas

Programa Nacional de Imunização


‒ Vacina quadrivalente
‒ 2014 - meninas entre 11 a 13 anos
‒ 2015 – meninas 9 a 11 anos e mulheres de
14 a 26 anos que são portadoras de HIV
‒ 2016 – meninas de 9 a 14 anos
‒ Doses: 3 doses: 0, 6 mese, 5 anos
‒ Esquema estendido possibilita maior
cobertura e o reforço prolongado contra a
doença. Ministério da Saúde, 2014
Vacinas
Cobertura
‒ Meta do MS: 83%
‒ SC: 85%
‒ SP : 80%
‒ AM: 8%, MS: 18%
‒ GO: 60%

Ministério da Saúde, 2014


Obrigada!

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