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#LEGIS

Rafael Figueiredo
Aprovado na Defensoria Pública de Rondônia e do Distrito Federal.
Especialista em Processo Penal. Graduado pela UFGD. Advogado.

Rodrigo Santos
Defensor Público do Estado do Ceará (2º lugar).
Ex-Defensor Público do Estado de São Paulo.
Aprovado também no concurso da DP-DF, Analista MPU e Analista do TRF5.

CÓDIGO PENAL
tomo i
Parte geral

FIGUEIREDO, Rafael; SANTOS, Rodrigo. Código Penal. Tomo I - Parte


geral. Fortaleza: Ouse Saber, 2020. (Legis. V. 17)

Código Penal. Legislação Penal. Parte geral.

ISBN:– 978-65-86950-05-2.
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Proposta do Legis

A Coleção Legis tem como objetivo primordial preparar candidatos para os principais concur-
sos públicos do país.

Pela experiência adquirida ao longo dos anos estudando e lecionando para concursos públicos,
bem como conversando com centenas e centenas de alunos aprovados, a conclusão a que cheguei é que,
cada dia mais, torna-se indispensável para a aprovação em concursos, principalmente, na prova objetiva,
o conhecimento adequado da legislação.

Estudar a lei em sua literalidade, todavia, é algo árido e, normalmente, pouco estimulante. Para
vencer essa dificuldade, o Ouse Saber idealizou o Legis, a sua melhor maneira de estudar a legislação. No
Legis, a estrela é a “letra da lei”, mas um super time de Professores, com larga experiência na preparação
para concursos, destaca os pontos mais importantes da legislação, além de fazer comentários rápidos e ob-
jetivos, apontar jurisprudência relevante sobre os temas e garantir questões para treinamento do conteú-
do estudado. Tudo isso em um material de leitura agradável, com espaços para anotações e organização do
estudo da lei em formato de plano dividido por dias.

É realmente tudo que você precisa para aprender a legislação da forma mais rápida e agra-
dável possível.

Bons estudos e Ouse Saber!

Filippe Augusto
Defensor Público Federal
Mestre e Doutor em Direito
Coordenador do Legis
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Sumário

Plano de Leitura da Lei:

Dia 01........................................................................... Dos Arts. 1º ao 22.


Dia 02........................................................................... Dos Arts. 23 ao 42.
Dia 03........................................................................... Dos Arts. 43 ao 60.
Dia 04........................................................................... Dos Arts. 61 ao 76.
Dia 05........................................................................... Dos Arts. 77 ao 95.
Dia 06......................................................................... Dos Arts. 96 ao 120.
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DIA 1 seja mais favorável ao réu do que o advindo da


aplicação da Lei n. 6.368/1976, sendo vedada a
combinação de leis.
Disciplina: Direito Penal
Responsável: Prof. Rafael Figueiredo. Parágrafo único. A lei posterior, que de
Dia 01: Do Art. 1º ao 22. QUALQUER modo favorecer o agente, aplica-se
aos fatos anteriores, ainda que decididos por
sentença condenatória transitada em julgado.
Estudado Revisão 1 Revisão 2 Revisão 3
Comentários: O parágrafo único prevê o prin-
cípio da retroatividade benéfica da lei penal.
PARTE GERAL Note que não há limitação de tempo, ou seja,
TÍTULO I aplica-se mesmo que tenha ocorrido o trânsito
em julgado.
DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL

Anterioridade da Lei Lei excepcional ou temporária

Art. 1º Não há crime sem lei anterior que Art. 3º A lei excepcional ou temporária, em-
o defina. Não há pena sem prévia cominação bora decorrido o período de sua duração ou cessa-
legal. das as circunstâncias que a determinaram, aplica-
-se ao fato praticado durante sua vigência.
Comentários: O art. 1º prevê o princípio da an-
terioridade na primeira parte e da legalidade na Comentários: Lei temporária é aquela que vige
segunda parte. A Constituição Federal tem previ- durante determinado período de tempo. Já as
são muito parecida no art. 5º, XXXIX: “não há cri- excepcionais são aquelas cuja vigência permeia
me sem lei anterior que o defina, nem pena sem a situação excepcional. É circunstancial. Esse
prévia cominação legal”. Considerado, portanto, artigo é considerado exceção à regra geral da lei
direito fundamental e, consequentemente, cláu- penal no tempo. Ambas tem ultratividade, já que
sula pétrea (art. 60, §4º, IV, da CF). são aplicáveis mesmo após sua vigência. Evita,
assim, que sejam letra morta, pois mesmo após
os fatos as leis excepcionais e temporárias conti-
Lei penal no tempo nuam a produzir efeitos, ainda que negativos, em
face de quem a infringiu.
Art. 2º Ninguém pode ser punido por fato
que lei posterior deixa de considerar crime,
Súmula 711 do STF: A lei penal mais grave apli-
cessando em virtude dela a execução e os efeitos
ca-se ao crime continuado ou ao crime perma-
penais da sentença condenatória. nente, se a sua vigência é anterior à cessação da
continuidade ou da permanência.
Comentários: Prevê o princípio da irretroativi-
dade da lei penal, quando prejudicial ao réu.
Tempo do crime

Súmula 471 do STJ: Os condenados por crimes Art. 4º - Considera-se praticado o crime no
hediondos ou assemelhados cometidos antes momento da ação ou omissão, ainda que outro
da vigência da Lei n. 11.464/2007 sujeitam-se ao
disposto no art. 112 da Lei n. 7.210/1984 (Lei de seja o momento do resultado.
Execução Penal) para a progressão de regime pri-
sional. Comentários: Muito comum que as questões
de prova levem em consideração a menoridade
Súmula 501 do STJ: É cabível a aplicação retroa- relativa da pessoa, que é aferida no momento
tiva da Lei n. 11.343/2006, desde que o resultado da ação/omissão, para que incida a atenuante
da incidência das suas disposições, na íntegra, do art. 65, I, do CP e a redução, pela metade, da
prescrição (art. 115 do CP).

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Mnemônico: LU-TA – Lugar do crime – teoria da § 2º É também aplicável a lei brasileira aos
Ubiquidade. Tempo do crime – teoria da Ativida- crimes praticados a bordo de aeronaves ou
de embarcações estrangeiras de propriedade
privada, achando-se aquelas em pouso no
território nacional ou em vôo no espaço
Anotações sobre os artigos anteriores: aéreo correspondente, e estas em porto ou
mar territorial do Brasil.

Comentários: O §1º traz as hipóteses de exten-


são do território brasileiro, ou seja, áreas que em-
bora não estejam dentro do Brasil, ainda assim,
são, para efeitos penais, como se estivessem no
Brasil.

O dispositivo traz uma diferença:

- Sendo embarcação/aeronave pública


ou a serviço do governo brasileiro:
o território é sempre brasileiro.
- Sendo embarcação/aeronave privada:
somente representarão extensão do território
brasileiro se estiverem em território de
ninguém ou no próprio território brasileiro.

Territorialidade Vejam que o artigo evita que a prática de crime se


dê em terra nullius.
Art. 5º Aplica-se a lei brasileira, sem pre-
juízo de convenções, tratados e regras de direito Anotações sobre os artigos anteriores:
internacional, ao crime cometido no território
nacional.

Comentários: O Brasil adotou a regra da territo-


rialidade. É uma regra temperada, e não absolu-
ta, já que permite a aplicação, juntamente às leis
brasileiras, de tratados e convenções.

Territorialidade é a aplicação da lei brasileira aos


crimes praticados no Brasil. Extraterritorialidade
é a aplicação da lei brasileira a crimes praticados
no exterior.

§1º Para os efeitos penais, consideram-se


como extensão do território nacional as
embarcações e aeronaves brasileiras, de
natureza pública ou a serviço do governo Lugar do crime
brasileiro onde quer que se encontrem,
bem como as aeronaves e as embarcações
brasileiras, mercantes ou de propriedade Art. 6º - Considera-se praticado o crime
privada, que se achem, respectivamente, no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no
no espaço aéreo correspondente ou em al- todo ou em parte, bem como onde se produziu
to-mar. ou deveria produzir-se o resultado.

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Mnemônico: LU-TA – Lugar do crime – teoria da § 1º - Nos casos do inciso I, o agente é pu-
Ubiquidade. Tempo do crime – teoria da Ativi- nido segundo a lei brasileira, ainda que ab-
dade solvido ou condenado no estrangeiro.
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da
Jurisprudência: “1. Conforme entendimento lei brasileira depende do concurso das se-
consolidado no âmbito da Terceira Seção, o deli- guintes condições:
to de estelionato é consumado no local em que
se verifica o prejuízo à vítima. Precedentes. 2. a) entrar o agente no território nacional;
Ainda que o delito de estelionato seja praticado b) ser o fato punível também no país em
mediante adulteração de cheque, a competên- que foi praticado;
cia para o processo e julgamento dos fatos deve
ser declarada em favor do juízo do local em que c) estar o crime incluído entre aqueles pe-
a vítima mantém a conta bancária. Precedente. los quais a lei brasileira autoriza a extradi-
3. Agravo regimental desprovido, confirman- ção;
do-se a competência do Juízo de Direito da 1ª d) não ter sido o agente absolvido no
Vara Cível e Criminal de Mafra/SC.” [STJ - AgRg estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena;
no CC 146.524/SC, Rel. Ministro JORGE MUSSI,
TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 22/03/2017, DJe e) não ter sido o agente perdoado no
30/03/2017]. estrangeiro ou, por outro motivo, não estar
extinta a punibilidade, segundo a lei mais
favorável.
Extraterritorialidade
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, crime cometido por estrangeiro contra
embora cometidos no estrangeiro: brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as
condições previstas no parágrafo ante-
I - os crimes: rior:

a) contra a vida ou a liberdade do Presi- a) não foi pedida ou foi negada a extradi-
dente da República; ção;
b) contra o patrimônio ou a fé pública da b) houve requisição do Ministro da Justiça.
União, do Distrito Federal, de Estado, de
Território, de Município, de empresa pú- Comentários: O artigo trata da extraterritoria-
blica, sociedade de economia mista, au- lidade, que é exceção à territorialidade. Ou seja,
tarquia ou fundação instituída pelo Poder da aplicação da lei brasileira a crimes cometidos
Público; no estrangeiro. O inciso I prevê a extraterrito-
c) contra a administração pública, por rialidade incondicionada, pois serão punidos
quem está a seu serviço; no Brasil independe de qualquer outro requisito
(§1º). Já o inciso II prevê a extraterritorialida-
d) de genocídio, quando o agente for bra- de condicionada, devendo, também, estar pre-
sileiro ou domiciliado no Brasil; sentes os requisitos do §2º. Um bom exemplo é
o caso Neymar. Como o crime teria ocorrido, em
II - os crimes: tese, em outro país, a justiça brasileira estaria au-
torizada a puni-lo reunidas certas condições.
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil
se obrigou a reprimir;
Aprofundando: O referido artigo prevê alguns
b) praticados por brasileiro; princípios que já foram cobrados em prova.
c) praticados em aeronaves ou embarca-
ções brasileiras, mercantes ou de proprie- a) Princípio do Domicílio: Sujeito é julgado pe-
dade privada, quando em território es- las leis do país em que é domiciliado, indepen-
trangeiro e aí não sejam julgados. dentemente da nacionalidade (art. 7º, I, “d”, do
CP);

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b) Princípio da Defesa Real ou da Proteção: Eficácia de sentença estrangeira


fundamenta a aplicação da lei brasileira por vio-
lação a bens jurídicos nacionais (art. 7º, I, “a”, “b” Art. 9º - A sentença estrangeira, quando a
e “c”, do CP); aplicação da lei brasileira produz na espécie as
c) Princípio da Jurisdição Universal, Justiça mesmas conseqüências, pode ser homologada
Cosmopolita, Justiça Universal, Competência no Brasil para:
Universal, Jurisdição Mundial ou Universali-
dade do Direito de Punir: tem razão numa soli- I - obrigar o condenado à reparação do
dariedade mundial no combate a determinados dano, a restituições e a outros efeitos civis;
crimes (art. 7º, II, “a”, do CP); II - sujeitá-lo a medida de segurança.
d) Princípio da Bandeira, do Pavilhão, Subsi-
diário, da Representação ou da Substituição: Parágrafo único - A homologação depende:
fundamenta a punição de crimes ocorridos em
território estrangeiro, em embarcações brasilei- a) para os efeitos previstos no inciso I, de
ras privadas, que não tenham sido punidos (art. pedido da parte interessada;
7º, II, “c”, do CP). b) para os outros efeitos, da existência de
tratado de extradição com o país de cuja
autoridade judiciária emanou a sentença,
Anotações sobre os artigos anteriores: ou, na falta de tratado, de requisição do
Ministro da Justiça.

Contagem de prazo
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Art. 10 - O dia do começo inclui-se no côm-


puto do prazo. Contam-se os dias, os meses e os
anos pelo calendário comum. (Redação dada
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Comentários: Trata-se de prazo penal/material


(que é diferente de prazo processual penal). Des-
se modo, não se pode prejudicar o réu desconsi-
derando o dia de início. Imaginem que X é preso
no dia 10.03. Esse dia deve ser computado como
pena cumprida.
Pena cumprida no estrangeiro
Frações não computáveis da pena (Redação
Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo
crime, quando diversas, ou nela é computada, Art. 11 - Desprezam-se, nas penas privati-
quando idênticas. vas de liberdade e nas restritivas de direitos, as
frações de dia, e, na pena de multa, as frações
Comentários: O referido artigo prevê a detração de cruzeiro. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
penal. Deve ser lido em conjunto com o artigo 42 11.7.1984)
do CP, que diz “computam-se, na pena privativa
de liberdade e na medida de segurança, o tempo Comentários: Esse artigo deve ser lido em com-
de prisão provisória, no Brasil ou no estrangeiro, plemento ao artigo anterior. Assim, naquele
o de prisão administrativa e o de internação em exemplo, se X foi preso às 22 horas do dia 10.03,
qualquer dos estabelecimentos referidos no arti- deve ser computado o dia 10.03 como dia inte-
go anterior.” gral de pena cumprida.

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Legislação especial Para Fixação:


(Incluída pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
1. DP-DF (CESPE - 2019) Considerando o Código
Penal brasileiro, julgue o item a seguir, com re-
Art. 12 - As regras gerais deste Código apli- lação à aplicação da lei penal, à teoria de delito
cam-se aos fatos incriminados por lei especial, e ao tratamento conferido ao erro. Em razão da
se esta não dispuser de modo diverso. (Redação teoria da ubiquidade, considera-se praticado o
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) crime no lugar em que ocorreu a ação ou omis-
são, no todo ou em parte, bem como onde se pro-
Comentários: O Código Penal se torna norma duziu ou deveria ter sido produzido o resultado.
geral, irradiando efeitos, até mesmo, em relação
às normas especiais, caso não tenham disposto
de modo diverso. O Decreto-Lei 3.688/41 (Lei de 2. PGE-PE (CESPE – 2019) Com relação ao tempo
Contravenções Penais), a título de exemplo, re- e ao lugar do crime e à aplicação da lei penal no
mete para o Código Penal (Art. 1º Aplicam-se as tempo, julgue o item seguinte. A superveniência
contravenções às regras gerais do Código Penal, de lei penal mais gravosa que a anterior não im-
sempre que a presente lei não disponha de modo pede que a nova lei se aplique aos crimes conti-
diverso). São as chamadas normas de reenvio. nuados ou ao crime permanente, caso o início da
vigência da referida lei seja anterior à cessação
da continuidade ou da permanência.
Súmula 171 do STJ: Cominadas cumulativamen-
te, em lei especial, penas privativa de liberdade e
pecuniária, é defeso a substituição da prisão por
multa. 3. PGE-PE (CESPE – 2019) Com relação ao tem-
po e ao lugar do crime e à aplicação da lei penal
no tempo, julgue o item seguinte. O Código Pe-
Anotações sobre os artigos anteriores: nal adota a teoria da atividade, segundo a qual o
delito deverá ser considerado praticado no mo-
mento da ação ou da omissão e o local do crime
deverá ser aquele onde tenha ocorrido a ação ou
a omissão.

4. PRF (CESPE – 2019) O art. 1.º do Código Pe-


nal brasileiro dispõe que “não há crime sem lei
anterior que o defina. Não há pena sem prévia
cominação legal”. Considerando esse dispositivo
legal, bem como os princípios e as repercussões
jurídicas dele decorrentes, julgue o item que se
segue. O presidente da República, em caso de ex-
trema relevância e urgência, pode editar medida
provisória para agravar a pena de determinado
crime, desde que a aplicação da pena agravada
ocorra somente após a aprovação da medida
pelo Congresso Nacional.

Gabarito: 1-C, 2-C, 3-E, 4-E.

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Anotações sobre as questões anteriores: Comentários: Dito isso, gostaria de sugerir uma
tabela que tenta mesclar as teorias da conduta,
da culpabilidade e o sistema penal. Fiz questão
de unir esses três temas, para torna-lo mais didá-
tico numa análise global. Tentem compreender
bem, pois isso é recorrente em provas.

SISTEMA PENAL CLÁSSICO

Conduta é um movi-
Teoria
mento corporal volun-
Causalista/Mecanicis-
tário que produz um re-
ta/Naturalística/Causal
sultado.

Adota a teoria psicoló-


gica, pois nela se insere
TÍTULO II
o dolo e a culpa. Portan-
DO CRIME Culpabilidade to, a culpabilidade é o
vínculo psicológico que
Relação de causalidade une o autor ao resultado
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) produzido por sua ação.

Art. 13 - O resultado, de que depende a exis- Dolo É normativo.


tência do crime, somente é imputável a quem lhe
deu causa. Considera-se causa a ação ou omis- Obs: quem é clássico, precisa ser tripartido, pois
são sem a qual o resultado não teria ocorrido. dolo e culpa estão na culpabilidade.
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Comentários: A segunda parte do caput do art. SISTEMA PENAL NEOCLÁSSICO/NEOKANTISTA


13 do CP prevê o princípio da conditio sine qua
non, também chamada de teoria da equivalên- Conduta é um movi-
cia dos antecedentes. Teoria
mento corporal volun-
Causalista/Mecanicis-
tário que produz um re-
ta/Naturalística/Causal
Aprofundamento: A teoria da equivalência dos sultado.
antecedentes é abrandada pelo elemento subje-
Adota a teoria psicoló-
tivo do injusto, ou seja, dolo ou culpa, na medida
em que, do contrário, haveria o regresso ao in- gico-normativa, pois,
finito. além do dolo e culpa,
Culpabilidade tem nela a exigibilidade
de conduta diversa, que
Superveniência de causa independente é um elemento normati-
(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
vo.

§ 1º - A superveniência de causa relativa- É normativo e abarca a


mente independente exclui a imputação Dolo
consciência de ilicitude.
quando, por si só, produziu o resultado; os
fatos anteriores, entretanto, imputam-se
Obs: É normativo e abarca a consciência de ilici-
a quem os praticou. (Incluído pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984) tude.

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Comentários: O dispositivo traz os chamados


SISTEMA PENAL FINALISTA garantes. São pessoas que, ao contrário das de-
mais, têm obrigação de não se omitir, sob pena
de responder pelo crime (crimes omissivos im-
Conduta é um movi- próprios ou comissivo por omissão).
mento corporal voluntá-
Teoria Finalista
rio psiquicamente dire- - Exemplos da alínea “a”: genitores;
cionado a um resultado.
- Exemplos da alínea “b” (há uma relação contra-
tual): médicos.
Adota a teoria normati-
va pura, pois, mantém a - Exemplo da alínea “c”: sujeito que arremessa
pessoa que não sabe nadar na piscina.
exigibilidade de conduta
diversa e perde o dolo/
culpa que são transpor- Art. 14 - Diz-se o crime: (Redação dada pela
Culpabilidade tados para a conduta. Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Por outro lado, a cons-
ciência de ilicitude pre- Crime consumado
sente na culpabilida- (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
de torna-se potencial
consciência de ilicitude. I - Consumado, quando nele se reúnem
todos os elementos de sua definição legal;
É natural porque inde- (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Dolo pende da consciência
de ilicitude. Tentativa
(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Comentários: Alguns dizem que esse parágrafo
traz a teoria da causalidade adequada, segundo II - Tentado, quando, iniciada a execução,
a qual o resultado somente pode ser imputado a não se consuma por circunstâncias alheias
quem pratica conduta eficaz de produzi-lo. Luiz à vontade do agente. (Incluído pela Lei nº
Flávio Gomes, por sua vez, diz que esse parágrafo 7.209, de 11.7.1984)
traz hipótese de teoria da imputação objetiva.
Pena de tentativa
(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Relevância da omissão
(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Parágrafo único - Salvo disposição em con-
trário, pune-se a tentativa com a pena corres-
§ 2º - A omissão é penalmente relevante
quando o omitente devia e podia agir para pondente ao crime consumado, diminuída de
evitar o resultado. O dever de agir incum- um a dois terços. (Incluído pela Lei nº 7.209, de
be a quem: (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
11.7.1984)
Comentários: Devemos ler tal dispositivo lem-
a) tenha por lei obrigação de cuidado, brando do iter criminis, que é composto pela
proteção ou vigilância; (Incluído pela Lei (fase interna) cogitação, (fase externa) prepara-
nº 7.209, de 11.7.1984) ção, execução e consumação.
b) de outra forma, assumiu a responsabi-
lidade de impedir o resultado; (Incluído Obs1: a preparação não é punível, salvo
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) quando constituir crime autônomo.
c) com seu comportamento anterior, Obs2: o exaurimento, também chamado
criou o risco da ocorrência do resultado. de consumação material (Zaffaroni), não
(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) integra o iter criminis, mas pode influir

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na dosimetria da pena. No mais, existem Desistência voluntária e arrependimento


espécies de tentativas: eficaz
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
a) Tentativa Perfeita/Acabada/Crime Falho: se dá
quando o agente esgota os atos executórios, mas Art. 15 - O agente que, voluntariamente,
o crime não se consuma. desiste de prosseguir na execução ou impede
que o resultado se produza, só responde pelos
b) Tentativa Imperfeita/Inacabada/Tentativa atos já praticados. (Redação dada pela Lei nº
Propriamente Dita: se dá quando o agente não 7.209, de 11.7.1984)
esgota os atos executórios (e o crime não se con-
suma).
Comentários: A primeira parte do dispositivo
c) Tentativa Cruenta/Vermelha: se dá quando a traz referência à desistência voluntária. A se-
pessoa é atingida. gunda, ao arrependimento eficaz. Em outras
palavras, haverá desistência voluntária quando
d) Tentativa Incruenta/Branca: se dá quando a a execução do crime é interrompida. Por outro
pessoa não é atingida. lado, o arrependimento eficaz pressupõe o esgo-
Aprofundamento: qual o momento que ocorre a tamento dos atos executórios.
transição da preparação para a execução? Duas
teorias abordam esse tema, a saber: Ex: X pretende matar Y com 5 tiros. Deflagra 2
e para. É hipótese de desistência voluntária.
a) Teoria Subjetiva: não há diferença entre atos Ex2: X pretende matar Y com 5 tiros.
preparatórios e executórios. Deflagra todos os 5 e para. É hipótese de
arrependimento eficaz (desde que evite a
b) Teoria Objetiva: há diferença entre os atos ocorrência do resultado).
preparatórios e executórios:

b.1) Teoria da Hostilidade ao Bem Jurídico: no Arrependimento posterior


ato preparatório o bem está em paz, já no execu- (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
tório ele sofre ameaça.
Art. 16 - Nos crimes cometidos sem vio-
b.2) Teoria Objetivo-Formal/Lógico Formal: no lência ou grave ameaça à pessoa, reparado o
ato executório há o início da prática do núcleo do
tipo. dano ou restituída a coisa, até o recebimento
da denúncia ou da queixa, por ato voluntário
b.3) Teoria Objetivo-Material: há o início da do agente, a pena será reduzida de um a dois
prática do núcleo do tipo, mais os atos imedia- terços. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
tamente anteriores, na visão de um terceiro ob- 11.7.1984)
servador.
Comentários: notem que, como no arrependi-
b.4) Teoria Objetivo-Individual: há o início da mento eficaz, o arrependimento posterior pres-
prática do núcleo do tipo, mais os atos imediata- supõe o esgotamento dos atos executórios.
mente anteriores, de acordo com o plano concre- Mas aqui é necessário um passo além: a consu-
to do agente. mação do delito inicialmente pretendido.

Anotações sobre os artigos anteriores: Jurisprudência: “Pela aplicação do art. 30 do


Código Penal, uma vez reparado o dano integral-
mente por um dos autores do delito, a causa de
diminuição prevista no art. 16 do mesmo Es-
tatuto estende-se aos demais coautores, por
constituir circunstância de natureza objetiva,
cabendo ao julgador avaliar a fração de redução
que deve ser aplicada, dentro dos parâmetros

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mínimo e máximo previstos no dispositivo, con- Aprofundamento: Perceba que nos dois casos
forme a atuação de cada agente em relação à deve ser “absoluta” (absoluta impropriedade do
reparação efetivada. [REsp 1187976/SP, Rel. Mi- objeto ou ineficácia absoluta do meio). Isso sig-
nistro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, nifica que se for “relativa”, haverá tentativa e não
julgado em 07/11/2013, DJe 26/11/2013]. crime impossível. A isso dá-se o nome de teoria
objetiva temperada.
Os crimes contra a fé pública, assim como nos
demais crimes não patrimoniais em geral, são
incompatíveis com o instituto do arrependi- Súmula 145 do STF: Não há crime, quando a pre-
mento posterior, dada a impossibilidade ma- paração do flagrante pela polícia torna impossí-
terial de haver reparação do dano causado ou vel a sua consumação.
a restituição da coisa subtraída. [REsp 1242294/
PR, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, Rel. Art. 18 - Diz-se o crime: (Redação dada pela
p/ Acórdão Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
SEXTA TURMA, julgado em 18/11/2014, DJe
03/02/2015].
Crime doloso
As Turmas especializadas em matéria criminal (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
do Superior Tribunal de Justiça firmaram a im-
possibilidade material do reconhecimento I - doloso, quando o agente quis o resultado
de arrependimento posterior nos crimes não ou assumiu o risco de produzi-lo; (Incluído
patrimoniais ou que não possuam efeitos pa- pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
trimoniais. In casu, a composição pecuniária
da autora do homicídio culposo na direção de Crime culposo (Incluído pela Lei nº 7.209,
veículo automotor (art. 302 do CTB) com a famí- de 11.7.1984)
lia da vítima, por consectário lógico, não poderá II - culposo, quando o agente deu causa ao
surtir proveito para a própria vítima, morta em resultado por imprudência, negligência ou
decorrência da inobservância do dever de cui- imperícia. (Incluído pela Lei nº 7.209, de
dado da recorrente.” [REsp 1561276/BA, Rel. Mi- 11.7.1984)
nistro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA,
julgado em 28/06/2016, DJe 15/09/2016]. Parágrafo único - Salvo os casos expressos
em lei, ninguém pode ser punido por fato previs-
Crime impossível to como crime, senão quando o pratica dolosa-
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de mente. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
11.7.1984)
Comentários: Para Rogério Greco, “dolo é a von-
Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, tade e a consciência dirigidas a realizar a con-
por ineficácia absoluta do meio ou por abso- duta prevista no tipo penal incriminador”. A
luta impropriedade do objeto, é impossível culpa, para Mirabete, é “a conduta humana vo-
consumar-se o crime. (Redação dada pela Lei nº luntária (ação ou omissão) que produz resul-
tado antijurídico não querido, mas previsível,
7.209, de 11.7.1984)
e excepcionalmente prevista, que podia, com a
devida atenção, ser evitado”.
Comentários: Sinônimos: tentativa inidônea/
inadequada/impossível/quase crime.
Aprofundamento: Existem algumas teorias que
- Ineficácia absoluta do meio: quando o meio fundamentam o dolo, a saber:
de execução do crime é inviável. Exemplo: utili-
zar arma de brinquedo para dar tiro. a) Teoria da Vontade: é o querer/desejar o re-
sultado. Previsto na primeira parte do inciso I do
- Impropriedade absoluta do objeto: quando o art. 18 do CP.
bem visado não é apto a sofrer a ação crimino-
sa. Exemplo: matar cadáver. b) Teoria do Assentimento: ocorre quando o
agente antevê o resultado e não o quer direta-
mente, mas não se importa com sua ocorrên-

9
#LEGIS

cia. Previsto na segunda parte do inciso I do art. Erro sobre elementos do tipo
18 do CP. É o chamado dolo eventual. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
c) Teoria da Representação: se dá quando o
agente prevê o resultado como possível e con- Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo
tinua sua conduta. Não importa saber se o do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite
agente concordou ou não se importou com o a punição por crime culposo, se previsto em lei.
resultado. Assim, não haveria distinção, para (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
essa teoria, entre dolo eventual e culpa conscien-
te. Comentários: O erro de tipo ocorre quando o su-
jeito tem falsa interpretação da realidade. Acha
d) Teoria da Probabilidade: havendo conside- que age normalmente, quando está praticando
ração, pelo agente, de provável produção do um crime. Exemplo: pegar celular achando que é
resultado, ocorreria o dolo eventual. Por outro seu, mas na verdade é de um amigo. É diferente
lado, se o agente considerar o resultado apenas do erro de proibição (que exclui a culpabilida-
possível, haverá imprudência. de), no qual o agente sabe exatamente o que
está fazendo. Não se confunde com a realida-
Anotações sobre os artigos anteriores: de, mas ignora ou desconhece o caráter ilícito do
fato. Exemplo: holandês que fuma maconha no
Brasil.

Descriminantes putativas
(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

§ 1º - É isento de pena quem, por erro ple-


namente justificado pelas circunstâncias,
supõe situação de fato que, se existisse,
tornaria a ação legítima. Não há isenção
de pena quando o erro deriva de culpa e o
fato é punível como crime culposo. (Reda-
ção dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Comentários: Notem que aqui, como no erro


de tipo, há uma confusão acerca da situação de
fato. Contudo, essa confusão leva o agente a
crer que poderia agir escudado por uma des-
criminante. Daí porque é chamado de erro de
tipo permissivo (ou erro de proibição indireto,
como será visto adiante). Exemplo: sujeito imagi-
na que seu desafeto sacará arma para lhe matar.
Agravação pelo resultado Reage e mata ele antes. Depois descobre que ele
somente iria tirar um lenço do paletó (entendam:
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) é uma descriminante putativa, na espécie erro de
tipo permissivo que, nesse caso, ficou caracteri-
Art. 19 - Pelo resultado que agrava especial- zado como legítima defesa putativa).
mente a pena, só responde o agente que o hou-
ver causado ao menos culposamente. (Redação
Erro determinado por terceiro
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Aprofundamento: Evita o chamado versari in re
§ 2º - Responde pelo crime o terceiro que
illicita que diz que o agente responderá, mes-
determina o erro. (Redação dada pela Lei
mo que sem culpa, ou seja, responsabilidade
nº 7.209, de 11.7.1984)
objetiva.

10
#LEGIS

Comentários: É o chamado erro provocado. as descriminantes putativas podem ser erro de


Nesse caso o provocador responderá dolosa ou tipo ou de proibição (Item 19 da Exposição de
culposamente pelo crime, a depender da cir- Motivos: Repete o Projeto as normas do Código
cunstância. de 1940, pertinentes às denominadas “descrimi-
nantes putativas”. Ajusta-se, assim, o Projeto à
teoria limitada pela culpabilidade, que distin-
Erro sobre a pessoa gue o erro incidente sobre os pressupostos fá-
(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) ticos de uma causa de justificação do que incide
sobre a norma permissiva. Tal como no Código
§ 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual vigente, admite-se nesta área a figura culposa
o crime é praticado não isenta de pena. (artigo 17, § 1º).
Não se consideram, neste caso, as condi-
ções ou qualidades da vítima, senão as Coação irresistível e obediência hierárquica
da pessoa contra quem o agente que- (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
ria praticar o crime. (Incluído pela Lei nº 11.7.1984)
7.209, de 11.7.1984)
Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação ir-
Comentários: Assim como no artigo 73 do CP, resistível ou em estrita obediência a ordem, não
deverá responder como se tivesse atingido a manifestamente ilegal, de superior hierárqui-
pessoa pretendida.
co, só é punível o autor da coação ou da ordem.
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Erro sobre a ilicitude do fato
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de Comentários: Trata-se de modalidade de ex-
11.7.1984) cludente de culpabilidade. A coação moral ir-
resistível e a obediência hierárquica excluem a
Art. 21 - O desconhecimento da lei é ines- exigibilidade de conduta diversa (elemento da
cusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se ine- culpabilidade).
vitável, isenta de pena; se evitável, poderá dimi-
nuí-la de um sexto a um terço. (Redação dada Obs: coação moral irresistível não se confunde
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) com coação física, que é hipótese de exclusão
da tipicidade, já que afasta a conduta.
Parágrafo único - Considera-se evitável o
erro se o agente atua ou se omite sem a consciên-
Mnemônico: Macete para gravar os elementos
cia da ilicitude do fato, quando lhe era possível,
da culpabilidade e suas excludentes: Im – Po – Ex
nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciên-
e MEDECO. Historinha: Quando se está mal, vai-
cia. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
-se ao “MEDECO”, o qual receita o remédio “Im-
PoEx”.
Comentários: O caput deve ser lido em conjunto
com o art. 3º da LINDB (Art. 3º Ninguém se escusa
ELEMENTOS EXCLUDENTES
de cumprir a lei, alegando que não a conhece) e
com o art. 65, II, do CP que diz que atenua a pena
o desconhecimento da lei. Desse modo, conclui- Menoridade
-se que o desconhecimento pode atenuar a Embriaguez
Im - Imputabilidade
pena, mas jamais afastar o crime. Doença Mental

No mais, o artigo prevê o chamado erro de proi- Po – Potencial


Erro de Proibição
bição (direto ou indireto. Este, no caso de descri- Consciência de Ilicitude
minante putativa).
Coação Moral Irresistível
Aprofundamento: O Código Penal adota a teo- Ex - Exigibilidade
ria limitada da culpabilidade, segundo a qual, de Conduta Diversa Obediência Hierárquica

11
#LEGIS

DIA 2 cesso doloso ou culposo. (Incluído pela Lei nº


7.209, de 11.7.1984)

Disciplina: Direito Penal. Estado de necessidade


Responsável: Prof. Rafael Figueiredo.
Dia 02: Do Art. 23 ao 42. Art. 24 - Considera-se em estado de neces-
sidade quem pratica o fato para salvar de perigo
atual, que não provocou por sua vontade, nem
Estudado Revisão 1 Revisão 2 Revisão 3
podia de outro modo evitar, direito próprio ou
alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não
era razoável exigir-se. (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)
Exclusão de ilicitude
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 1º - Não pode alegar estado de necessida-
de quem tinha o dever legal de enfrentar o
perigo. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
Art. 23 - Não há crime quando o agente 11.7.1984)
pratica o fato: (Redação dada pela Lei nº 7.209,
§ 2º - Embora seja razoável exigir-se o sa-
de 11.7.1984)
crifício do direito ameaçado, a pena poderá
ser reduzida de um a dois terços. (Redação
I - em estado de necessidade; (Incluído dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
II - em legítima defesa; (Incluído pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984) Aprofundamento: a teoria adotada pelo Código
III - em estrito cumprimento de dever le- Penal é a unitária. Já o Código Penal Militar adota
gal ou no exercício regular de direito. (In- a teoria diferenciadora.
cluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Teoria Unitária Teoria Diferenciadora

Comentários: O crime é composto por fato típi-


co, ilícito e praticado por agente culpável (teo- Faz uma diferença. Sen-
ria tripartite, majoritariamente aceita). A ilicitu- do o bem protegido de
de diz respeito ao alinhamento da conduta com o valor maior ou igual ao
ordenamento jurídico. Portanto, pode ser típico bem sacrificado, será
sem, contudo, ser ilícito. Exclui a ilicitude quando justificante (igual o an-
o bem protegido tem va- terior). Mas se o bem
Aprofundamento: Existem excludentes su- lor igual ou superior ao protegido for de valor
pralegais de ilicitude, como por exemplo o con- bem sacrificado. Todo inferior ao sacrificado,
sentimento. estado de necessidade é pode-se ventilar a possi-
justificante. bilidade de excludente
da culpabilidade (ex-
Decorem: justificante ou descriminantes são culpante), na modalida-
as excludentes de ilicitude, já as exculpan-
de inexigibilidade de
tes, dirimentes ou causas eximentes são as
excludentes de culpabilidade. conduta diversa.

Excesso punível
Legítima defesa
(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 25 - Entende-se em legítima defesa
Parágrafo único - O agente, em qualquer
quem, usando moderadamente dos meios neces-
das hipóteses deste artigo, responderá pelo ex-
sários, repele injusta agressão, atual ou iminen-

12
#LEGIS

te, a direito seu ou de outrem. (Redação dada Para fixação:


pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
1. MPE-SC (MPE-SC – 2019) Os crimes omissi-
vos próprios são os cujo tipo descreve a conduta
Comentários: Matar animal que ataca a si próprio omissiva de forma direta, e por isso não é neces-
ou terceiro é legítima defesa? Depende: sária a incidência do art. 13, § 2º, do CP.

1. Se animal ataca por ordem do dono é


legítima defesa. É mero instrumento da
agressão. 2. MPE-SC (MPE-SC – 2019) O arrependimento
eficaz somente se configura (é necessário) em re-
2. Se animal ataca por conta própria é estado lação à tentativa perfeita.
de necessidade. Caracteriza “perigo”.

Parágrafo único. Observados os requisitos


3. MPE-SC (MPE-SC – 2019) No caso em que o su-
previstos no caput deste artigo, considera-se jeito realiza a conduta e prevê a possibilidade de
também em legítima defesa o agente de segu- produção do resultado, mas não quer sua ocor-
rança pública que repele agressão ou risco de rência e conta com a “sorte” para que ele não se
agressão a vítima mantida refém durante a prá- materialize, pois sabe que não tem o controle
tica de crimes. sobre a situação implementada, se configura um
exemplo de “culpa consciente” e não de “dolo
eventual”, porque se o sujeito soubesse de ante-
Comentários: NOVIDADE LEGISLATIVA decorren-
mão que o resultado iria ocorrer, provavelmente
te da Lei nº 13.964/19, que entrou em vigor no dia
não teria atuado.
23 de janeiro de 2020. Reparem que há uma cer-
ta presunção de legítima defesa quando a reação
partir de um “agente de segurança pública” (que,
de acordo com o artigo 144 da CF é a polícia fe- 4. Técnico Adm-STJ (CESPE – 2018) Conside-
deral, rodoviária federal, ferroviária federal, civil rando que crime é fato típico, ilícito e culpável,
e militar, além do corpo de bombeiro militar - ler julgue o item a seguir. O crime é dito impossível
artigo 144 e seguintes da CF), somado ao fato de quando não há, em razão da ineficácia do meio
existir uma agressão ou risco de agressão a uma empregado, violação, tampouco perigo de viola-
vítima mantida refém durante a prática do crime. ção, do bem jurídico tutelado pelo tipo penal.
Portanto decorem os novos requisitos:

Agente de segurança pública; 5. Técnico Adm-STJ (CESPE – 2018) Conside-


Agressão/risco de agressão a vítima refém; rando que crime é fato típico, ilícito e culpável,
julgue o item a seguir. Crime doloso é aquele em
Durante a prática de crime. que o sujeito passivo age com imprudência, ne-
gligência ou imperícia.
Anotações sobre os artigos anteriores:

Gabarito: 1-C, 2-C, 3-E, 4-C, 5-E.

13
#LEGIS

Anotações sobre as questões: Menores de dezoito anos

Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos


são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos
às normas estabelecidas na legislação especial.
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Comentários: Reparem que o artigo é muito pró-


ximo ao disposto no 228 da CF (são penalmente
inimputáveis os menores de dezoito anos, sujei-
tos às normas da legislação especial). Ademais,
a imputabilidade é afastada pela menoridade, em-
briaguez e doença mental (vide comentários do
art. 22 do CP).
Relembrando o MEDECO e ImPoEx (mnemônico):

TÍTULO III
Menoridade
DA IMPUTABILIDADE PENAL Im - Imputabilidade Embriaguez
Doença Mental
Inimputáveis
Emoção e paixão
Art. 26 - É isento de pena o agente que, por
doença mental ou desenvolvimento mental in- Art. 28 - Não excluem a imputabilidade pe-
completo ou retardado, era, ao tempo da ação nal: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
ou da omissão, inteiramente incapaz de enten-
der o caráter ilícito do fato ou de determinar-se I - a emoção ou a paixão; (Redação dada
de acordo com esse entendimento. (Redação pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Embriaguez
II - a embriaguez, voluntária ou culposa,
Comentários: Aplica-se a teoria da atividade pelo álcool ou substância de efeitos aná-
para aferir a menoridade, doença mental e até logos. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
embriaguez. Esse dispositivo adotou a conjuga- 11.7.1984)
ção do critério biológico (doença mental ou de-
senvolvimento mental incompleto/retardado)
com o critério psicológico (absoluta incapacida- § 1º - É isento de pena o agente que, por
de de determinar-se de acordo com esse entendi- embriaguez completa, proveniente de caso
mento). Daí dizermos que foi escolhido o método fortuito ou força maior, era, ao tempo da
biopsicológico. ação ou da omissão, inteiramente incapaz
de entender o caráter ilícito do fato ou de
determinar-se de acordo com esse enten-
Redução de pena dimento. (Redação dada pela Lei nº 7.209,
de 11.7.1984)
Parágrafo único - A pena pode ser reduzida § 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois
de um a dois terços, se o agente, em virtude de terços, se o agente, por embriaguez, prove-
perturbação de saúde mental ou por desenvolvi- niente de caso fortuito ou força maior, não
mento mental incompleto ou retardado não era possuía, ao tempo da ação ou da omissão,
inteiramente capaz de entender o caráter ilícito a plena capacidade de entender o caráter
do fato ou de determinar-se de acordo com esse ilícito do fato ou de determinar-se de acor-
entendimento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, do com esse entendimento. (Redação dada
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
de 11.7.1984)

14
#LEGIS

Comentários: Notem que, em se tratando de - Liame psicológico


embriaguez, somente fica isento de pena se for
completa e culposa, ou seja, sem intenção de se
embriagar. Por outro lado, também precisa ser § 1º - Se a participação for de menor
proveniente de caso fortuito ou força maior importância, a pena pode ser diminuída de
para reduzir a pena. Portanto, embriaguez um sexto a um terço. (Redação dada pela
preordenada, além de não afastar a culpabilida- Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
de, agrava a pena (61, II, “l”, do CP).
Comentários: Como o próprio texto diz, é a
chamada participação de menor importância.
Aprofundamento: Aplica, no caso de embriaguez
preordenada, a chamada teoria da actio libera
in causa, segundo a qual a análise do elemento Jurisprudência: “Aquele que se associa a com-
subjetivo é feita no momento anterior ao fato, parsas para a prática de roubo, sobrevindo a mor-
ou seja, quando ainda não estava embriagado. te da vítima, responde pelo crime de latrocínio,
ainda que não tenha sido o autor do disparo fatal
ou a participação se revele de menor importân-
Anotações sobre os artigos anteriores:
cia.“ [RHC 133575, Relator(a): Min. MARCO AURÉ-
LIO, Primeira Turma, julgado em 21/02/2017, PRO-
CESSO ELETRÔNICO DJe-101 DIVULG 15-05-2017
PUBLIC 16-05-2017]

§ 2º - Se algum dos concorrentes quis parti-


cipar de crime menos grave, ser-lhe-á apli-
cada a pena deste; essa pena será aumen-
tada até metade, na hipótese de ter sido
previsível o resultado mais grave. (Redação
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Comentários: Esse parágrafo consagra a chama-


da colaboração dolosamente distinta ou desvio
subjetivo entre os agentes. NÃO confundir com a
participação de menor importância.

Circunstâncias incomunicáveis
TÍTULO IV
DO CONCURSO DE PESSOAS Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias
e as condições de caráter pessoal, salvo quando
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concor- elementares do crime. (Redação dada pela Lei nº
re para o crime incide nas penas a este comina- 7.209, de 11.7.1984)
das, na medida de sua culpabilidade. (Redação
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: Elementares são aquelas circuns-
tâncias sem as quais há atipicidade (relativa ou
absoluta). São os dados que integram a própria
Mnemônico: Para decorar os requisitos mais di- definição do tipo penal. Vamos ao exemplo: infan-
fundidos do concurso de agentes: PRIL. ticídio - Art. 123 - Matar, sob a influência do estado
puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo
- Pluralidade de condutas/agentes após. Pena detenção, de dois a seis anos. A questão
- Relevância causal das condutas e resultados é que o “estado puerperal”, além de circunstância
personalíssima, é considerado por parte da dou-
- Identidade de infração para todos os concorren- trina como elementar do delito, já que sua exclu-
tes – consagra a teoria unitária, que é a regra do são geraria a desclassificação (atipicidade relati-
Código Penal. va) para o crime de homicídio. Assim, por força do

15
#LEGIS

art. 30 do CP, haveria comunicação e consequente Para Fixação:


punição de ambos os agentes pelo delito do art.
123. Frise-se que o tema não é pacífico. 1. Analista do MPU (CESPE – 2018) Cada um do
Casos de impunibilidade item a seguir apresenta uma situação hipotética
seguida de uma assertiva a ser julgada, a respeito
da aplicação e da interpretação da lei penal, do
Art. 31 - O ajuste, a determinação ou insti- concurso de pessoas e da culpabilidade. João e
gação e o auxílio, salvo disposição expressa em Manoel, penalmente imputáveis, decidiram ma-
contrário, não são puníveis, se o crime não che- tar Francisco. Sem que um soubesse da intenção
ga, pelo menos, a ser tentado. (Redação dada do outro, João e Manoel se posicionaram de to-
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) caia e, concomitantemente, atiraram na direção
da vítima, que veio a falecer em decorrência de
um dos disparos. Não foi possível determinar
Comentários: Induzir significa fazer surgir a de qual arma foi deflagrado o projétil que atin-
ideia. Instigar é fomentar a ideia existente. giu fatalmente Francisco. Nessa situação, João e
São espécies da chamada participação moral. Manoel responderão pelo crime de homicídio na
Lembrar que o artigo 122, que prevê o induzi- forma tentada.
mento, instigação ou auxílio a suicídio prevê uma
exceção a esse artigo, pois exige a consumação
do suicídio ou, ao menos, a lesão corporal gra-
ve (Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a sui- 2. Analista do MPU (CESPE – 2018) Cada um do
cidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça. item a seguir apresenta uma situação hipotética
Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio seguida de uma assertiva a ser julgada, a respei-
se consuma; ou reclusão, de um a três anos, se to da aplicação e da interpretação da lei penal,
da tentativa de suicídio resulta lesão corporal do concurso de pessoas e da culpabilidade. Joa-
de natureza grave). No mais, auxílio significa quim, penalmente imputável, praticou, sob abso-
fornecer elementos materiais (ex: emprestar luta e irresistível coação física, crime de extrema
arma). gravidade e hediondez. Nessa situação, Joaquim
não é passível de punição, porquanto a coação
física, desde que absoluta, é causa excludente da
Anotações sobre os artigos anteriores: culpabilidade.

3. PC-SE (CESPE – 2018) João e Pedro, maiores


e capazes, livres e conscientemente, aceitaram
convite de Ana, também maior e capaz, para jun-
tos assaltarem loja do comércio local. Em data e
hora combinadas, no período noturno e após o
fechamento, João e Pedro arrombaram a porta
dos fundos de uma loja de decoração, na qual en-
traram e ficaram vigiando enquanto Ana subtraía
objetos valiosos, que seriam divididos igualmen-
te entre os três. Alertada pela vizinhança, a polí-
cia chegou ao local durante o assalto, prendeu os
três e os encaminhou para a delegacia de polícia
local. Considerando essa situação hipotética, jul-
gue o item subsequente. Para que fique caracte-
rizado o concurso de pessoas, é necessário que
exista o prévio ajuste entre os agentes delitivos
para a prática do delito.

Gabarito: 1-C, 2-E, 3-E.

16
#LEGIS

TÍTULO V b) regime semi-aberto a execução da pena


DAS PENAS em colônia agrícola, industrial ou estabele-
cimento similar;
CAPÍTULO I c) regime aberto a execução da pena em
DAS ESPÉCIES DE PENA casa de albergado ou estabelecimento ade-
quado.
Art. 32 - As penas são: (Redação dada pela
Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 2º - As penas privativas de liberdade
deverão ser executadas em forma progres-
I - privativas de liberdade; siva, segundo o mérito do condenado, ob-
servados os seguintes critérios e ressalva-
II - restritivas de direitos; das as hipóteses de transferência a regime
III - de multa. mais rigoroso: (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)
Aprofundamento: Existem, classicamente, duas
teorias que explicam a pena. A teoria absoluta e a) o condenado a pena superior a 8 (oito)
a relativa. A absoluta diz que pena é retribuição. anos deverá começar a cumpri-la em regi-
Já a relativa tenta também dar caráter preven- me fechado;
tivo à punição. A teoria relativa se subdivide em b) o condenado não reincidente, cuja pena
prevenção geral, que diz respeito à sociedade e seja superior a 4 (quatro) anos e não ex-
prevenção especial, que se relaciona ao agente. ceda a 8 (oito), poderá, desde o princípio,
cumpri-la em regime semi-aberto;
a) Prevenção Geral: pode ser positiva ou c) o condenado não reincidente, cuja pena
negativa. seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos,
a.1) Prev. Ger. Positiva: reafirma o valor da poderá, desde o início, cumpri-la em regi-
norma, promove a integração social. me aberto.
a.2) Prev. Ger. Negativa: intimida. § 3º - A determinação do regime inicial
b) Prevenção Especial: pode ser positiva ou de cumprimento da pena far-se-á com
negativa. observância dos critérios previstos no art.
b.2) Prev. Esp. Positiva: ressocializa. 59 deste Código. (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)
b.3) Prev. Esp. Negativa: neutraliza evitando
novos cometimentos de crime. § 4º O condenado por crime contra a admi-
nistração pública terá a progressão de regi-
me do cumprimento da pena condicionada
SEÇÃO I à reparação do dano que causou, ou à de-
DAS PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE volução do produto do ilícito praticado, com
os acréscimos legais. (Incluído pela Lei nº
Reclusão e detenção 10.763, de 12.11.2003)

Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumpri- Jurisprudência: “É inconstitucional a fixação ex


da em regime fechado, semi-aberto ou aberto. A lege, com base no art. 2º, § 1º, da Lei 8.072/1990, do
de detenção, em regime semi-aberto, ou aberto, regime inicial fechado, devendo o julgador, quan-
do da condenação, ater-se aos parâmetros previs-
salvo necessidade de transferência a regime fecha-
tos no artigo 33 do Código Penal.” [Tese definida no
do. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) ARE 1.052.700 RG, rel. min. Edson Fachin, P, j. 2-11-
2017, DJE 18 de 1º-2-2018, Tema 972].
§ 1º - Considera-se: (Redação dada pela Lei
nº 7.209, de 11.7.1984)
Súmula 269 do STJ. É admissível a adoção do re-
a) regime fechado a execução da pena em gime prisional semi-aberto aos reincidentes con-
estabelecimento de segurança máxima ou denados a pena igual ou inferior a quatro anos se
média; favoráveis as circunstâncias judiciais.

17
#LEGIS

Súmula 440 do STJ. Fixada a pena-base no míni- § 3º - O trabalho externo é admissível, no


mo legal, é vedado o estabelecimento de regime regime fechado, em serviços ou obras pú-
prisional mais gravoso do que o cabível em razão blicas. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
da sanção imposta, com base apenas na gravida- 11.7.1984)
de abstrata do delito.
Comentários: Dispositivos que devem ser lidos
Súmula 715 do STF. A pena unificada para aten-
em conjunto com os artigos 28 a 37 da LEP.
der ao limite de trinta anos de cumprimento,
determinado pelo art. 75 do Código Penal, não
é considerada para a concessão de outros bene- Regras do regime semi-aberto
fícios, como o livramento condicional ou regime
mais favorável de execução.
Art. 35 - Aplica-se a norma do art. 34 deste
Súmula 716 do STF. Admite-se a progressão de Código, caput, ao condenado que inicie o cumpri-
regime de cumprimento da pena ou a aplicação mento da pena em regime semi-aberto. (Redação
imediata de regime menos severo nela determi- dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
nada, antes do trânsito em julgado da sentença
condenatória. § 1º - O condenado fica sujeito a trabalho em
comum durante o período diurno, em colônia
Súmula 718 do STF. A opinião do julgador sobre agrícola, industrial ou estabelecimento
a gravidade em abstrato do crime não constitui similar. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
motivação idônea para a imposição de regime 11.7.1984)
mais severo do que o permitido segundo a pena § 2º - O trabalho externo é admissível, bem
aplicada. como a freqüência a cursos supletivos pro-
fissionalizantes, de instrução de segundo
Súmula 719 do STF. A imposição do regime de grau ou superior. (Redação dada pela Lei nº
cumprimento mais severo do que a pena aplica- 7.209, de 11.7.1984)
da permitir exige motivação idônea.
Regras do regime aberto
Regras do regime fechado
Art. 36 - O regime aberto baseia-se na au-
Art. 34 - O condenado será submetido, no todisciplina e senso de responsabilidade do
início do cumprimento da pena, a exame crimi- condenado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
nológico de classificação para individualização 11.7.1984)
da execução. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984) § 1º - O condenado deverá, fora do estabe-
lecimento e sem vigilância, trabalhar, fre-
Súmula 439 do STJ. Admite-se o exame crimino- qüentar curso ou exercer outra atividade au-
lógico pelas peculiaridades do caso, desde que torizada, permanecendo recolhido durante
em decisão motivada o período noturno e nos dias de folga. (Re-
dação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§1º - O condenado fica sujeito a trabalho § 2º - O condenado será transferido do regime
no período diurno e a isolamento durante aberto, se praticar fato definido como crime
o repouso noturno. (Redação dada pela Lei doloso, se frustrar os fins da execução ou
nº 7.209, de 11.7.1984) se, podendo, não pagar a multa cumulativa-
mente aplicada. (Redação dada pela Lei nº
§ 2º - O trabalho será em comum dentro 7.209, de 11.7.1984)
do estabelecimento, na conformidade das
aptidões ou ocupações anteriores do con-
denado, desde que compatíveis com a exe- Regime especial
cução da pena. (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984) Art. 37 - As mulheres cumprem pena em
estabelecimento próprio, observando-se os

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#LEGIS

deveres e direitos inerentes à sua condição pes- § 4º O cometimento de novo crime doloso
soal, bem como, no que couber, o disposto nes- ou falta grave implicará a revogação do
te Capítulo. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de benefício previsto no § 3º deste artigo.
11.7.1984)
Art. 318-A, CPP. A prisão preventiva imposta à
mulher gestante ou que for mãe ou responsá-
Comentários: Artigo que deve ser lido em con- vel por crianças ou pessoas com deficiência
junto com o art. 5º, XLVIII e L, da CF: será substituída por prisão domiciliar, desde
que: (Incluído pela Lei nº 13.769, de 2018).
XLVIII - A pena será cumprida em
estabelecimentos distintos, de acordo com I - Não tenha cometido crime com violência
a natureza do delito, a idade e o sexo do ou grave ameaça a pessoa; (Incluído pela
apenado; Lei nº 13.769, de 2018).
L - Às presidiárias serão asseguradas condições II - Não tenha cometido o crime contra seu
para que possam permanecer com seus filho ou dependente. (Incluído pela Lei nº
filhos durante o período de amamentação. 13.769, de 2018).
Também não se pode esquecer das recentes
mudanças legislativas: Jurisprudência: “HABEAS CORPUS COLETI-
VO. ADMISSIBILIDADE. DOUTRINA BRASILEIRA
Art. 112-LEP. A pena privativa de liberdade será DO HABEAS CORPUS. MÁXIMA EFETIVIDADE DO
executada em forma progressiva com a transfe- WRIT. MÃES E GESTANTES PRESAS. RELAÇÕES
rência para regime menos rigoroso, a ser deter- SOCIAIS MASSIFICADAS E BUROCRATIZADAS.
minada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido GRUPOS SOCIAIS VULNERÁVEIS. ACESSO À JUS-
ao menos um sexto da pena no regime anterior TIÇA. FACILITAÇÃO. EMPREGO DE REMÉDIOS
e ostentar bom comportamento carcerário, PROCESSUAIS ADEQUADOS. LEGITIMIDADE ATI-
comprovado pelo diretor do estabelecimento, VA. APLICAÇÃO ANALÓGICA DA LEI 13.300/2016.
respeitadas as normas que vedam a progressão. MULHERES GRÁVIDAS OU COM CRIANÇAS SOB
(Redação dada pela Lei nº 10.792, de 2003) SUA GUARDA. PRISÕES PREVENTIVAS CUMPRI-
DAS EM CONDIÇÕES DEGRADANTES. INADMIS-
§ 3º No caso de mulher gestante SIBILIDADE. PRIVAÇÃO DE CUIDADOS MÉDICOS
ou que for mãe ou responsável por PRÉ-NATAL E PÓS-PARTO. FALTA DE BERÇÁRIOS
crianças ou pessoas com deficiência, os E CRECHES. ADPF 347 MC/DF. SISTEMA PRISIO-
requisitos para progressão de regime são, NAL BRASILEIRO. ESTADO DE COISAS INCONS-
cumulativamente: (Incluído pela Lei nº TITUCIONAL. CULTURA DO ENCARCERAMENTO.
13.769, de 2018) NECESSIDADE DE SUPERAÇÃO. DETENÇÕES
CAUTELARES DECRETADAS DE FORMA ABUSI-
VA E IRRAZOÁVEL. INCAPACIDADE DO ESTADO
I - Não ter cometido crime com violência ou DE ASSEGURAR DIREITOS FUNDAMENTAIS ÀS
grave ameaça a pessoa; (Incluído pela Lei ENCARCERADAS. OBJETIVOS DE DESENVOLVI-
nº 13.769, de 2018) MENTO DO MILÊNIO E DE DESENVOLVIMENTO
II - Não ter cometido o crime contra seu SUSTENTÁVEL DA ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES
filho ou dependente; (Incluído pela Lei nº UNIDAS. REGRAS DE BANGKOK. ESTATUTO DA
13.769, de 2018) PRIMEIRA INFÂNCIA. APLICAÇÃO À ESPÉCIE. OR-
DEM CONCEDIDA. EXTENSÃO DE OFÍCIO.”
III - Ter cumprido ao menos 1/8 (um oitavo)
da pena no regime anterior; (Incluído pela
Lei nº 13.769, de 2018) I – Existência de relações sociais
massificadas e burocratizadas, cujos
IV - Ser primária e ter bom comportamento problemas estão a exigir soluções a
carcerário, comprovado pelo diretor do partir de remédios processuais coletivos,
estabelecimento; (Incluído pela Lei nº especialmente para coibir ou prevenir
13.769, de 2018) lesões a direitos de grupos vulneráveis.
V - Não ter integrado organização criminosa. II – Conhecimento do writ coletivo
(Incluído pela Lei nº 13.769, de 2018) homenageia nossa tradição jurídica de

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#LEGIS

conferir a maior amplitude possível de caráter humanitário, abrigadas no


ao remédio heroico, conhecida como ordenamento jurídico vigente.
doutrina brasileira do habeas corpus. IX – Quadro fático especialmente inquietante
III – Entendimento que se amolda ao que se revela pela incapacidade de o
disposto no art. 654, § 2º, do Código Estado brasileiro garantir cuidados
de Processo Penal - CPP, o qual outorga mínimos relativos à maternidade, até
aos juízes e tribunais competência para mesmo às mulheres que não estão em
expedir, de ofício, ordem de habeas situação prisional, como comprova o “caso
corpus, quando no curso de processo, Alyne Pimentel”, julgado pelo Comitê
verificarem que alguém sofre ou está na para a Eliminação de todas as Formas de
iminência de sofrer coação ilegal. IV – Discriminação contra a Mulher das Nações
Compreensão que se harmoniza também Unidas.
com o previsto no art. 580 do CPP, que X – Tanto o Objetivo de Desenvolvimento
faculta a extensão da ordem a todos do Milênio nº 5 (melhorar a saúde materna)
que se encontram na mesma situação quanto o Objetivo de Desenvolvimento
processual. Sustentável nº 5 (alcançar a igualdade de
V - Tramitação de mais de 100 milhões de gênero e empoderar todas as mulheres
processos no Poder Judiciário, a cargo de e meninas), ambos da Organização das
pouco mais de 16 mil juízes, a qual exige Nações Unidades, ao tutelarem a saúde
que o STF prestigie remédios processuais reprodutiva das pessoas do gênero
de natureza coletiva para emprestar feminino, corroboram o pleito formulado
a máxima eficácia ao mandamento na impetração.
constitucional da razoável duração do XI – Incidência de amplo regramento
processo e ao princípio universal da internacional relativo a Direitos
efetividade da prestação jurisdicional Humanos, em especial das Regras de
VI - A legitimidade ativa do habeas Bangkok, segundo as quais deve ser
corpus coletivo, a princípio, deve ser priorizada solução judicial que facilite
reservada àqueles listados no art. 12 da a utilização de alternativas penais ao
Lei 13.300/2016, por analogia ao que encarceramento, principalmente para as
dispõe a legislação referente ao mandado hipóteses em que ainda não haja decisão
de injunção coletivo. condenatória transitada em julgado.
VII – Comprovação nos autos de XII – Cuidados com a mulher presa que se
existência de situação estrutural em direcionam não só a ela, mas igualmente
que mulheres grávidas e mães de aos seus filhos, os quais sofrem
crianças (entendido o vocábulo aqui injustamente as consequências da prisão,
em seu sentido legal, como a pessoa de em flagrante contrariedade ao art. 227 da
até doze anos de idade incompletos, Constituição, cujo teor determina que se
nos termos do art. 2º do Estatuto da dê prioridade absoluta à concretização dos
Criança e do Adolescente - ECA) estão, direitos destes.
de fato, cumprindo prisão preventiva XIII – Quadro descrito nos autos que exige
em situação degradante, privadas de o estrito cumprimento do Estatuto da
cuidados médicos pré-natais e pós- Primeira Infância, em especial da nova
parto, inexistindo, outrossim berçários redação por ele conferida ao art. 318, IV e V,
e creches para seus filhos. do Código de Processo Penal.
VIII – “Cultura do encarceramento” que XIV – Acolhimento do writ que se impõe
se evidencia pela exagerada e irrazoável de modo a superar tanto a arbitrariedade
imposição de prisões provisórias judicial quanto a sistemática exclusão de
a mulheres pobres e vulneráveis, direitos de grupos hipossuficientes, típica
em decorrência de excessos na de sistemas jurídicos que não dispõem
interpretação e aplicação da lei penal, de soluções coletivas para problemas
bem assim da processual penal, mesmo estruturais.
diante da existência de outras soluções,

20
#LEGIS

XV – Ordem concedida para determinar de 12 anos e mulher responsável por pessoa


a substituição da prisão preventiva pela com deficiência, sempre que apresentada pro-
domiciliar - sem prejuízo da aplicação va idônea do requisito estabelecido na norma
concomitante das medidas alternativas (art. 318, parágrafo único), ressalvadas as exce-
previstas no art. 319 do CPP - de todas as ções legais. A normatização de apenas duas das
mulheres presas, gestantes, puérperas exceções não afasta a efetividade do que foi deci-
ou mães de crianças e deficientes, dido pelo Supremo no Habeas Corpus n. 143.641/
nos termos do art. 2º do ECA e da SP, nos pontos não alcançados pela nova lei. O
Convenção sobre Direitos das Pessoas fato de o legislador não ter inserido outras exce-
com Deficiências (Decreto Legislativo ções na lei, não significa que o Magistrado esteja
186/2008 e Lei 13.146/2015), relacionadas proibido de negar o benefício quando se deparar
neste processo pelo DEPEN e outras com casos excepcionais. Assim, deve prevalecer
autoridades estaduais, enquanto perdurar a interpretação teleológica da lei, assim como a
tal condição, excetuados os casos de proteção aos valores mais vulneráveis. Com efei-
crimes praticados por elas mediante to, naquilo que a lei não regulou, o precedente da
violência ou grave ameaça, contra seus Suprema Corte deve continuar sendo aplicado,
descendentes ou, ainda, em situações pois uma interpretação restritiva da norma pode
excepcionalíssimas, as quais deverão ser representar, em determinados casos, efetivo risco
devidamente fundamentadas pelos juízes direto e indireto à criança ou ao deficiente, cuja
que denegarem o benefício. proteção deve ser integral e prioritária. Assim, a
XVI – Extensão da ordem de ofício a todas separação excepcionalíssima da mãe de seu filho,
as demais mulheres presas, gestantes, com a decretação da prisão preventiva, somente
puérperas ou mães de crianças e de pode ocorrer quando violar direitos do menor ou
pessoas com deficiência, bem assim do deficiente, tendo em vista a força normativa da
às adolescentes sujeitas a medidas nova lei que regula o tema. [HC 470.549/TO, Rel.
socioeducativas em idêntica situação Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA
no território nacional, observadas as TURMA, julgado em 12/02/2019, DJe 20/02/2019].
restrições acima. (HC 143641/SP)
Direitos do preso
O art. 318-A do Código de Processo Penal, intro-
duzido pela Lei n. 13.769/2018, estabelece um po- Art. 38 - O preso conserva todos os direi-
der-dever para o juiz substituir a prisão preventiva tos não atingidos pela perda da liberdade, im-
por domiciliar de gestante, mãe de criança menor pondo-se a todas as autoridades o respeito à sua
de 12 anos e mulher responsável por pessoa com
deficiência, sempre que apresentada prova idô- integridade física e moral. (Redação dada pela
nea do requisito estabelecido na norma (art. 318, Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
parágrafo único), ressalvadas as exceções legais.
Todavia, naquilo que a lei não regulou, o pre- Comentários: O artigo 3º da LEP vai no mesmo
cedente da Suprema Corte (HC n. 143.641/SP) sentido: art. 3º Ao condenado e ao internado
deve continuar sendo aplicado, pois uma inter- serão assegurados todos os direitos não atingi-
pretação restritiva da norma pode representar, em dos pela sentença ou pela lei. Parágrafo único.
determinados casos, efetivo risco direto e indireto Não haverá qualquer distinção de natureza ra-
à criança ou ao deficiente, cuja proteção deve ser cial, social, religiosa ou política. Também não
integral e prioritária. (HC 487.763/SP, Rel. Ministro se pode descurar que é assegurado o direito à
REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, integridade física e moral: art. 5º, XLIX, CF - é
julgado em 02/04/2019, DJe 16/04/2019) assegurado aos presos o respeito à integridade
física e moral;
A prisão domiciliar consiste no recolhimento do
indiciado ou acusado em sua residência, só po-
dendo dela ausentar-se com autorização judicial Trabalho do preso
(art. 317 do Código de Processo Penal). O art. 318-
A do Código de Processo Penal, introduzido pela Art. 39 - O trabalho do preso será sempre
Lei n. 13.769/2018, estabelece um poder-dever remunerado, sendo-lhe garantidos os benefí-
para o juiz substituir a prisão preventiva por
domiciliar de gestante, mãe de criança menor

21
#LEGIS

cios da Previdência Social. (Redação dada pela Art. 183, LEP. Quando, no curso da execução da
Lei nº 7.209, de 11.7.1984) pena privativa de liberdade, sobrevier doença
mental ou perturbação da saúde mental, o Juiz,
de ofício, a requerimento do Ministério Público,
Comentários: Dispositivos que devem ser lidos da Defensoria Pública ou da autoridade admi-
em conjunto com os artigos 28 a 37 da LEP. nistrativa, poderá determinar a substituição da
pena por medida de segurança. (Redação dada
Legislação especial pela Lei nº 12.313, de 2010).

Art. 184, LEP. O tratamento ambulatorial poderá


Art. 40 - A legislação especial regulará a ma- ser convertido em internação se o agente revelar
téria prevista nos arts. 38 e 39 deste Código, bem incompatibilidade com a medida.
como especificará os deveres e direitos do preso,
os critérios para revogação e transferência dos Parágrafo único. Nesta hipótese, o prazo mínimo
regimes e estabelecerá as infrações disciplinares de internação será de 1 (um) ano.
e correspondentes sanções. (Redação dada pela
Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Detração
Superveniência de doença mental
Art. 42 - Computam-se, na pena privativa
de liberdade e na medida de segurança, o tempo
Art. 41 - O condenado a quem sobrevém de prisão provisória, no Brasil ou no estrangei-
doença mental deve ser recolhido a hospital ro, o de prisão administrativa e o de internação
de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta, em qualquer dos estabelecimentos referidos no
a outro estabelecimento adequado. (Redação artigo anterior. (Redação dada pela Lei nº 7.209,
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) de 11.7.1984)

Comentários: O artigo 154 do CPP traz comple- Comentários: Ao proferir sentença condenató-
mento interessante: ria, o juiz deverá considerar a detração, por or-
dem do artigo 387, §2º, do CPP. Art. 387. O juiz,
Art. 154, CPP. Se a insanidade mental sobrevier ao proferir sentença condenatória: § 2º O tempo
no curso da execução da pena, observar-se-á o de prisão provisória, de prisão administrativa
disposto no art. 682. ou de internação, no Brasil ou no estrangeiro,
será computado para fins de determinação do
Art. 682, CPP. O sentenciado a que sobrevier regime inicial de pena privativa de liberdade.
doença mental, verificada por perícia médica, (Incluído pela Lei nº 12.736, de 2012).
será internado em manicômio judiciário, ou, à
falta, em outro estabelecimento adequado, onde
Ihe seja assegurada a custódia. Jurisprudência: “É cabível a aplicação do be-
nefício da detração penal previsto no art. 42 do
§ 1º Em caso de urgência, o diretor do CP em processos distintos, desde que o delito
estabelecimento penal poderá determinar pelo qual o sentenciado cumpre pena tenha
a remoção do sentenciado, comunicando sido cometido antes da segregação cautelar,
imediatamente a providência ao juiz, que, evitando a criação de um crédito de pena. Pre-
em face da perícia médica, ratificará ou cedentes citados: HC 188.452-RS, DJe 1º/6/2011,
revogará a medida. e HC 148.318-RS, DJe 21/2/2011. HC 178.894-RS,
Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 13/11/2012.
§ 2º Se a internação se prolongar até o
término do prazo restante da pena e não É possível a remição do tempo de trabalho
houver sido imposta medida de segurança realizado antes do início da execução da pena,
detentiva, o indivíduo terá o destino desde que em data posterior à prática do deli-
aconselhado pela sua enfermidade, feita a to. [HC 420.257-RS]”
devida comunicação ao juiz de incapazes.

22
#LEGIS

DIA 3 denado, bem como os motivos e as cir-


cunstâncias indicarem que essa substi-
tuição seja suficiente. (Redação dada pela
Disciplina: Direito Penal (art. 1º ao 60). Lei nº 9.714, de 1998)
Responsável: Prof. Rafael Figueiredo.
Dia 03: Do Art. 43 ao 60. § 1º (VETADO) (Incluído pela Lei nº 9.714, de
1998)
§ 2º Na condenação igual ou inferior a um
Estudado Revisão 1 Revisão 2 Revisão 3 ano, a substituição pode ser feita por mul-
ta ou por uma pena restritiva de direitos;
se superior a um ano, a pena privativa de
liberdade pode ser substituída por uma
SEÇÃO II pena restritiva de direitos e multa ou por
DAS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS duas restritivas de direitos. (Incluído pela
Lei nº 9.714, de 1998)
Penas restritivas de direitos § 3º Se o condenado for reincidente, o juiz
poderá aplicar a substituição, desde que,
Art. 43. As penas restritivas de direitos são: em face de condenação anterior, a medida
(Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998) seja socialmente recomendável e a rein-
cidência não se tenha operado em virtude
I - prestação pecuniária; (Incluído pela Lei da prática do mesmo crime. (Incluído pela
nº 9.714, de 1998) Lei nº 9.714, de 1998)
II - perda de bens e valores; (Incluído pela § 4º A pena restritiva de direitos converte-se
Lei nº 9.714, de 1998) em privativa de liberdade quando ocorrer o
descumprimento injustificado da restrição
III - limitação de fim de semana. (Incluído imposta. No cálculo da pena privativa de li-
pela Lei nº 7.209, de 1984) berdade a executar será deduzido o tempo
IV - prestação de serviço à comunidade ou cumprido da pena restritiva de direitos,
a entidades públicas; (Incluído pela Lei nº respeitado o saldo mínimo de trinta dias
9.714, de 25.11.1998) de detenção ou reclusão. (Incluído pela Lei
nº 9.714, de 1998)
V - interdição temporária de direitos; (In-
cluído pela Lei nº 9.714, de 25.11.1998) § 5º Sobrevindo condenação a pena priva-
tiva de liberdade, por outro crime, o juiz da
VI - limitação de fim de semana. (Incluído execução penal decidirá sobre a conversão,
pela Lei nº 9.714, de 25.11.1998) podendo deixar de aplicá-la se for possível
ao condenado cumprir a pena substituti-
Art. 44. As penas restritivas de direitos são va anterior. (Incluído pela Lei nº 9.714, de
autônomas e substituem as privativas de liber- 1998)
dade, quando: (Redação dada pela Lei nº 9.714,
de 1998) Súmula 493 do STJ. É inadmissível a fixação de
pena substitutiva (art. 44 do CP) como condição
I – Aplicada pena privativa de liberdade especial ao regime aberto Conversão das penas
não superior a quatro anos e o crime não restritivas de direitos
for cometido com violência ou grave amea-
ça à pessoa ou, qualquer que seja a pena
aplicada, se o crime for culposo; (Redação Art. 45. Na aplicação da substituição pre-
dada pela Lei nº 9.714, de 1998) vista no artigo anterior, proceder-se-á na forma
deste e dos arts. 46, 47 e 48. (Redação dada pela
II – O réu não for reincidente em crime
Lei nº 9.714, de 1998)
doloso; (Redação dada pela Lei nº 9.714,
de 1998)
§ 1º A prestação pecuniária consiste no
III – A culpabilidade, os antecedentes, a pagamento em dinheiro à vítima, a seus
conduta social e a personalidade do con- dependentes ou a entidade pública ou

23
#LEGIS

privada com destinação social, de impor- § 1º A prestação de serviços à comunida-


tância fixada pelo juiz, não inferior a 1 (um) de ou a entidades públicas consiste na
salário mínimo nem superior a 360 (tre- atribuição de tarefas gratuitas ao con-
zentos e sessenta) salários mínimos. O denado. (Incluído pela Lei nº 9.714, de
valor pago será deduzido do montante de 1998)
eventual condenação em ação de repara- § 2º A prestação de serviço à comunidade
ção civil, se coincidentes os beneficiários. dar-se-á em entidades assistenciais, hos-
(Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998) pitais, escolas, orfanatos e outros esta-
§ 2º No caso do parágrafo anterior, se hou- belecimentos congêneres, em programas
ver aceitação do beneficiário, a prestação comunitários ou estatais. (Incluído pela
pecuniária pode consistir em prestação Lei nº 9.714, de 1998)
de outra natureza. (Incluído pela Lei nº § 3º As tarefas a que se refere o § 1º serão
9.714, de 1998) atribuídas conforme as aptidões do con-
§ 3º A perda de bens e valores pertencen- denado, devendo ser cumpridas à razão
tes aos condenados dar-se-á, ressalvada de uma hora de tarefa por dia de conde-
a legislação especial, em favor do Fundo nação, fixadas de modo a não prejudicar
Penitenciário Nacional, e seu valor terá a jornada normal de trabalho. (Incluído
como teto – o que for maior – o montante pela Lei nº 9.714, de 1998)
do prejuízo causado ou do provento obtido § 4º Se a pena substituída for superior a
pelo agente ou por terceiro, em conseqüên- um ano, é facultado ao condenado cum-
cia da prática do crime. (Incluído pela Lei nº prir a pena substitutiva em menor tem-
9.714, de 1998) po (art. 55), nunca inferior à metade da
§ 4º (VETADO) (Incluído pela Lei nº 9.714, de pena privativa de liberdade fixada. (In-
1998) cluído pela Lei nº 9.714, de 1998)

Anotações sobre os artigos anteriores: Interdição temporária de direitos


(Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)

Art. 47 - As penas de interdição temporária


de direitos são: (Redação dada pela Lei nº 7.209,
de 11.7.1984)

I - Proibição do exercício de cargo, fun-


ção ou atividade pública, bem como de
mandato eletivo; (Redação dada pela Lei
nº 7.209, de 11.7.1984)
II - Proibição do exercício de profissão,
atividade ou ofício que dependam de ha-
bilitação especial, de licença ou autoriza-
ção do poder público;(Redação dada pela
Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
III - Suspensão de autorização ou de ha-
Prestação de serviços à comunidade ou a bilitação para dirigir veículo. (Redação
entidades públicas dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
IV – Proibição de freqüentar determina-
Art. 46. A prestação de serviços à comuni- dos lugares. (Incluído pela Lei nº 9.714,
dade ou a entidades públicas é aplicável às con- de 1998)
denações superiores a seis meses de privação V - Proibição de inscrever-se em concur-
da liberdade. (Redação dada pela Lei nº 9.714, so, avaliação ou exame público s. (Incluí-
de 1998) do pela Lei nº 12.550, de 2011)

24
#LEGIS

Limitação de fim de semana § 1º - A cobrança da multa pode efetuar-se


mediante desconto no vencimento ou sa-
Art. 48 - A limitação de fim de semana con- lário do condenado quando: (Incluído pela
siste na obrigação de permanecer, aos sábados Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
e domingos, por 5 (cinco) horas diárias, em
casa de albergado ou outro estabelecimento a) Aplicada isoladamente; (Incluído pela
Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
adequado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984) b) Aplicada cumulativamente com pena
restritiva de direitos; (Incluído pela Lei nº
Parágrafo único - Durante a permanência 7.209, de 11.7.1984)
poderão ser ministrados ao condenado cursos c) Concedida a suspensão condicional
e palestras ou atribuídas atividades educativas. da pena. (Incluído pela Lei nº 7.209, de
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 11.7.1984)

SEÇÃO III § 2º - O desconto não deve incidir sobre


os recursos indispensáveis ao sustento do
DA PENA DE MULTA condenado e de sua família. (Incluído pela
Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Multa
Comentários: O §2º prevê o princípio da huma-
Art. 49 - A pena de multa consiste no paga- nidade e da intranscendência das penas (art. 5º,
mento ao fundo penitenciário da quantia fixada XLVI e XLVII, da CF).
na sentença e calculada em dias-multa. Será, no
mínimo, de 10 (dez) e, no máximo, de 360 (tre-
Jurisprudência: “1. A Lei nº 9.268/1996, ao
zentos e sessenta) dias-multa. (Redação dada
considerar a multa penal como dívida de valor,
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) não retirou dela o caráter de sanção criminal,
que lhe é inerente por força do art. 5º, XLVI, c,
§ 1º - O valor do dia-multa será fixado pelo da Constituição Federal. 2. Como consequência,
juiz não podendo ser inferior a um trigé- a legitimação prioritária para a execução da
simo do maior salário mínimo mensal vi- multa penal é do Ministério Público perante a
gente ao tempo do fato, nem superior a 5 Vara de Execuções Penais. 3. Por ser também
(cinco) vezes esse salário. (Redação dada dívida de valor em face do Poder Público, a mul-
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) ta pode ser subsidiariamente cobrada pela
Fazenda Pública, na Vara de Execução Fiscal,
§ 2º - O valor da multa será atualizado, se o Ministério Público não houver atuado
quando da execução, pelos índices de cor- em prazo razoável (90 dias). 4. Ação direta de
reção monetária. (Redação dada pela Lei nº inconstitucionalidade cujo pedido se julga par-
7.209, de 11.7.1984) cialmente procedente para, conferindo inter-
pretação conforme à Constituição ao art. 51 do
Comentários: remeto para a leitura do artigo 60 Código Penal, explicitar que a expressão “apli-
e seus comentários. cando-se-lhes as normas da legislação relativa
à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no
que concerne às causas interruptivas e suspen-
Pagamento da multa sivas da prescrição”, não exclui a legitimação
prioritária do Ministério Público para a cobran-
Art. 50 - A multa deve ser paga dentro de ça da multa na Vara de Execução Penal. Fixação
10 (dez) dias depois de transitada em julga- das seguintes teses: (i) O Ministério Público é o
do a sentença. A requerimento do condenado e órgão legitimado para promover a execução da
conforme as circunstâncias, o juiz pode permitir pena de multa, perante a Vara de Execução Cri-
minal, observado o procedimento descrito pe-
que o pagamento se realize em parcelas mensais.
los artigos 164 e seguintes da Lei de Execução
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Penal; (ii) Caso o titular da ação penal, devida-
mente intimado, não proponha a execução da

25
#LEGIS

multa no prazo de 90 (noventa) dias, o Juiz da § 2º - (Revogado pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996)
execução criminal dará ciência do feito ao órgão Suspensão da execução da multa
competente da Fazenda Pública (Federal ou Es-
tadual, conforme o caso) para a respectiva co-
brança na própria Vara de Execução Fiscal, com Art. 52 - É suspensa a execução da pena
a observância do rito da Lei 6.830/1980.” [ADI de multa, se sobrevém ao condenado doen-
3150, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Rela- ça mental. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
tor(a) p/ Acórdão: Min. ROBERTO BARROSO, Tri- 11.7.1984)
bunal Pleno, julgado em 13/12/2018, PROCES-
SO ELETRÔNICO DJe-170 DIVULG 05-08-2019 Comentários: art. 167 da LEP caminha no mesmo
PUBLIC 06-08-2019]. sentido: art. 167. A execução da pena de multa
será suspensa quando sobrevier ao condena-
STJ: Nos casos em que haja condenação a do doença mental (artigo 52 do Código Penal).
pena privativa de liberdade e multa, cum-
prida a primeira (ou a restritiva de direitos
que eventualmente a tenha substituído), o ina- Anotações sobre os artigos anteriores:
dimplemento da sanção pecuniária não obsta
o reconhecimento da extinção da punibilida-
de. (REsp Repetitivo 1519777/SP – Tema 931)

Conversão da Multa e revogação


(Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)

Art. 51 - Transitada em julgado a sentença


condenatória, a multa será executada perante
o juiz da execução penal e será considerada
dívida de valor, aplicáveis as normas relativas
à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no
que concerne às causas interruptivas e suspen-
sivas da prescrição.

Comentários: NOVIDADE LEGISLATIVA decor-


rente da Lei nº 13.964/19, que entrou em vigor
no dia 23 de janeiro de 2020. Reparem que foi
acrescentada a seguinte expressão “executada
perante o juiz da execução penal”. Portanto, a
discussão acerca da competência ficou supera-
da.

Súmula 693 do STF Não cabe habeas corpus


contra decisão condenatória a pena de multa, ou
relativo a processo em curso por infração penal
a que a pena pecuniária seja a única cominada.

Súmula 521 do STJ: A legitimidade para a exe-


cução fiscal de multa pendente de pagamento
imposta em sentença condenatória é exclusiva
da Procuradoria da Fazenda Pública. (aparente-
mente superada pela ADIN 3150)

§ 1º - (Revogado pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996)

26
#LEGIS

CAPÍTULO II substituída por restritivas de direitos, bem como


DA COMINAÇÃO DAS PENAS ao pagamento de 16 (dezesseis) dias-multa pela
prática do crime previsto no artigo 1º, I e II, da
Lei n. 8.137/1990.” [HC 141978 AgR, Relator(a):
Penas privativas de liberdade Min. LUIZ FUX, Primeira Turma, julgado em
23/06/2017, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-168 DI-
Art. 53 - As penas privativas de liberdade VULG 31-07-2017 PUBLIC 01-08-2017]
têm seus limites estabelecidos na sanção corres-
pondente a cada tipo legal de crime. (Redação Art. 55. As penas restritivas de direitos re-
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) feridas nos incisos III, IV, V e VI do art. 43 terão a
mesma duração da pena privativa de liberda-
Penas restritivas de direitos de substituída, ressalvado o disposto no § 4º do
art. 46. (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998)
Art. 54 - As penas restritivas de direitos são
aplicáveis, independentemente de cominação Art. 56 - As penas de interdição, previstas
na parte especial, em substituição à pena priva- nos incisos I e II do art. 47 deste Código, aplicam-
tiva de liberdade, fixada em quantidade inferior -se para todo o crime cometido no exercício de
a 1 (um) ano, ou nos crimes culposos. (Redação profissão, atividade, ofício, cargo ou função,
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) sempre que houver violação dos deveres que
lhes são inerentes. (Redação dada pela Lei nº
Comentários: Deve ser lido em conjunto com o 7.209, de 11.7.1984)
art. 44 e seguintes do Código Penal.
Art. 57 - A pena de interdição, prevista no
Jurisprudência: “1. Embora o Supremo Tribunal inciso III do art. 47 deste Código, aplica-se aos
Federal tenha decidido pela viabilidade da ime- crimes culposos de trânsito. (Redação dada
diata execução da pena imposta ou confirmada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
pelos tribunais locais após esgotadas as respec-
tivas jurisdições, não analisou tal possibilidade Pena de multa
quanto às reprimendas restritivas de direitos. 2.
Considerando a ausência de manifestação ex-
Art. 58 - A multa, prevista em cada tipo le-
pressa da Corte Suprema e o teor do art. 147
da LEP, não se afigura possível a execução da gal de crime, tem os limites fixados no art. 49
pena restritiva de direitos antes do trânsito e seus parágrafos deste Código. (Redação dada
em julgado da condenação. (EREsp 1619087/SC, pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA,
Rel. p/ Acórdão Ministro JORGE MUSSI, TERCEIRA Parágrafo único - A multa prevista no pará-
SEÇÃO, julgado em 14/06/2017, DJe 24/08/2017). grafo único do art. 44 e no § 2º do art. 60 deste
STF: 1. A execução provisória de pena restriti- Código aplica-se independentemente de comi-
va de direitos imposta em condenação de se- nação na parte especial. (Redação dada pela Lei
gunda instância, ainda que pendente o efetivo
nº 7.209, de 11.7.1984)
trânsito em julgado do processo, não ofende o
princípio constitucional da presunção de ino-
cência, conforme decidido por esta Corte Supre- Anotações sobre os artigos anteriores:
ma no julgamento das liminares nas ADC nºs 43 e
44, no HC nº 126.292/SP e no ARE nº 964.246, este
com repercussão geral reconhecida – Tema nº
925. Precedentes: HC 135.347-AgR, Primeira Tur-
ma, Rel. Min. Edson Fachin, DJe de 17/11/2016,
e ARE 737.305-AgR, Segunda Turma, Rel. Min.
Gilmar Mendes, DJe de 10/8/2016. 2. In casu, o
recorrente foi condenado, em sede de apela-
ção, à pena de 3 (três) anos, 7 (sete) meses e 16
(dezesseis) dias de reclusão, em regime aberto,

27
#LEGIS

CAPÍTULO III sendo suficiente para a sua exasperação a mera


DA APLICAÇÃO DA PENA indicação do número de majorantes.

Súmula 444 do STJ: É vedada a utilização de in-


Fixação da pena quéritos policiais e ações penais em curso para
agravar a pena-base.
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade,
aos antecedentes, à conduta social, à persona- Súmula 501 do STJ: É cabível a aplicação retroa-
lidade do agente, aos motivos, às circunstân- tiva da Lei n. 11.343/2006, desde que o resultado
cias e conseqüências do crime, bem como ao da incidência das suas disposições, na íntegra,
comportamento da vítima, estabelecerá, con- seja mais favorável ao réu do que o advindo da
forme seja necessário e suficiente para repro- aplicação da Lei n. 6.368/1976, sendo vedada a
combinação de leis.
vação e prevenção do crime: (Redação dada pela
Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Súmula Vinculante 56 do STF: A falta de estabe-
lecimento penal adequado não autoriza a manu-
Comentários: Remeto para a leitura dos comen- tenção do condenado em regime prisional mais
tários do art. 32, em que foi trabalhada a teoria gravoso, devendo-se observar, nessa hipótese,
relativa (prevenção especial e geral), que é a ado- os parâmetros fixados no RE 641.320/RS. (Crité-
tada por este dispositivo. rios adotados no referido julgado: 1) a saída an-
tecipada de sentenciado no regime com falta de
vagas; 2) a liberdade eletronicamente monitora-
I - As penas aplicáveis dentre as comina- da ao sentenciado que sai antecipadamente ou é
das; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de posto em prisão domiciliar por falta de vagas; 3)
11.7.1984) o cumprimento de penas restritivas de direito e/
II - A quantidade de pena aplicável, dentro ou estudo ao sentenciado que progrida ao regi-
dos limites previstos; (Redação dada pela me aberto)
Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
III - O regime inicial de cumprimento da Critérios especiais da pena de multa
pena privativa de liberdade; (Redação dada
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 60 - Na fixação da pena de multa o juiz
IV - A substituição da pena privativa da deve atender, principalmente, à situação econô-
liberdade aplicada, por outra espécie de mica do réu. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
pena, se cabível. (Redação dada pela Lei nº 11.7.1984)
7.209, de 11.7.1984)
§ 1º - A multa pode ser aumentada até o
Súmula 231 do STJ: A incidência da circunstân- triplo, se o juiz considerar que, em virtude
cia atenuante não pode conduzir à redução da da situação econômica do réu, é ineficaz,
pena abaixo do mínimo legal. embora aplicada no máximo. (Redação
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Súmula 269 do STJ: É admissível a adoção do re-
Multa substitutiva
gime prisional semi-aberto aos reincidentes con-
denados a pena igual ou inferior a quatro anos se § 2º - A pena privativa de liberdade aplicada,
favoráveis as circunstâncias judiciais. não superior a 6 (seis) meses, pode ser
substituída pela de multa, observados os
Súmula 440 do STJ: Fixada a pena-base no míni- critérios dos incisos II e III do art. 44 deste
mo legal, é vedado o estabelecimento de regime Código. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
prisional mais gravoso do que o cabível em razão 11.7.1984)
da sanção imposta, com base apenas na gravida-
de abstrata do delito. Comentários: A pena de multa é aplicada segun-
do um critério bifásico: quantidade de dias-
Súmula 443 do STJ: O aumento na terceira fase -multa e valor dos dias-multa. Para determinar
de aplicação da pena no crime de roubo circuns- a quantidade (primeira fase), leva-se em conta
tanciado exige fundamentação concreta, não as circunstâncias judiciais. Já o valor (segunda

28
#LEGIS

fase), é determinado pelas condições financei- Para fixação:


ras do apenado. Sendo pessoa abastada e inefi-
caz a multa aplicada, o magistrado poderá tripli- 1. PGE-PE (CESPE – 2019) A respeito de ação
cá-la (§1º). Essa etapa é, por alguns, considerada penal, espécies e cominação de penas, julgue o
uma terceira fase do cálculo da multa. item a seguir. Inquéritos policiais e ações penais
em curso podem servir para agravar a pena-base
do condenado a título de maus antecedentes e
Súmula 171 do STJ: Cominadas cumulativamen- de personalidade desajustada ou voltada para a
te, em lei especial, penas privativa de liberdade e criminalidade.
pecuniária, é defeso a substituição da prisão por
multa.
2. PGE-PE (CESPE – 2019) A respeito de ação
Anotações sobre os artigos anteriores: penal, espécies e cominação de penas, julgue o
item a seguir. A reincidência em qualquer crime
na modalidade dolosa impede a substituição da
pena privativa de liberdade por restritiva de di-
reitos.

3. Policial Federal (CESPE – 2018) Ronaldo,


maior e capaz, e outras três pessoas, também
maiores e capazes, furtaram um veículo que es-
tava parado em um estacionamento público.
Depois de terem retirado pertences do veículo, o
abandonaram perto do local do assalto. O grupo
foi preso. Constatou-se que Ronaldo era réu pri-
mário, tinha bons antecedentes e que agira por
coação dos outros elementos do grupo. Nessa
situação, se a coação foi resistível, se houver con-
fissão do crime e se as circunstâncias atenuantes
preponderarem sobre as agravantes, a pena de
Ronaldo poderá ser reduzida para abaixo do mí-
nimo legal.

4. Analista do STJ (CESPE – 2018) O réu senten-


ciado provisoriamente que se encontre em pri-
são especial deverá aguardar o trânsito em julga-
do da sentença com a definição da pena para que
seja aplicada a progressão de regime de execu-
ção da pena.

5. MPE-SC (MPE-SC – 2016) Em relação à dosime-


tria, segundo consta no entendimento da Súmula
443 do Superior Tribunal de Justiça, o aumento
na terceira fase de aplicação da pena no crime de
roubo circunstanciado não exige fundamentação
efetiva, sendo suficiente para sua exasperação a
indicação da quantidade de majorantes.

Gabarito: 1-E, 2-E, 3-E, 4-E, 5-E

29
#LEGIS

DIA 4 Comentários: As agravantes previstas nas


quatro alíneas anteriores encontram corres-
pondência com as qualificadoras do art. 121,
Disciplina: Direito Penal. §2º, do CP. Contudo, para evitar bis in idem,
a utilização da agravante é vedada quando
Responsável: Prof. Rodrigo Santos.
a mesma circunstância já for utilizada para
Dia 04: Do Art. 61 ao 76. qualificar o delito.

Estudado Revisão 1 Revisão 2 Revisão 3 e) Contra ascendente, descendente, ir-


mão ou cônjuge;
f) Com abuso de autoridade ou preva-
Circunstâncias agravantes lecendo-se de relações domésticas, de
coabitação ou de hospitalidade, ou com
violência contra a mulher na forma da
Art. 61 - São circunstâncias que sempre
lei específica; (Redação dada pela Lei nº
agravam a pena, quando não constituem ou 11.340, de 2006)
qualificam o crime:(Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)
Jurisprudência: “Nesse sentido é a jurispru-
Comentários: As agravantes estão previstas dência pacificada desta Corte Superior ao en-
em rol taxativo, não se admitindo analogia in tender que a aplicação da agravante prevista
malam partem. Por outro lado, as atenuantes no art. 61, II, f, do CP, de modo conjunto com
possuem natureza exemplificativa, conforme outras disposições da Lei n. 11.340/06 não
art. 66 do CP, adiante analisado. acarreta bis in idem, pois a Lei Maria da Pe-
nha visou recrudescer o tratamento dado para
a violência doméstica e familiar contra a mu-
I - A reincidência; (Redação dada pela Lei lher”
nº 7.209, de 11.7.1984)
(AgRg no AREsp n. 1.079.004/SE, Quinta Turma,
Comentários: Prevalece na doutrina que a Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, DJe de 28/6/2017).
reincidência é a única agravante que se aplica Habeas corpus não conhecido.
aos crimes culposos. As demais somente inci-
dem sobre as condutas dolosas. Mais comentá- g) Com abuso de poder ou violação de
rios sobre a reincidência serão feitos no art. 64. dever inerente a cargo, ofício, ministério
ou profissão;
II - Ter o agente cometido o crime: (Reda- h) contra criança, maior de 60 (sessenta)
ção dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) anos, enfermo ou mulher grávida; (Reda-
ção dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
a) Por motivo fútil ou torpe;
b) Para facilitar ou assegurar a execução, Jurisprudência: “1. A incidência da agravante
a ocultação, a impunidade ou vantagem estabelecida no art. 61, inciso II, “h”, do CP é de
de outro crime; natureza objetiva e não depende de prévio
conhecimento do agente para sua incidência,
c) À traição, de emboscada, ou mediante
já que a vulnerabilidade do idoso é presumida.
dissimulação, ou outro recurso que di-
Precedentes. 2 Agravo regimental desprovido.”
ficultou ou tornou impossível a defesa
do ofendido;
(AgRg no REsp 1722345/SP, Rel. Ministro JORGE
d) Com emprego de veneno, fogo, explo- MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 21/05/2019,
sivo, tortura ou outro meio insidioso ou DJe 04/06/2019)
cruel, ou de que podia resultar perigo co-
mum;
i) quando o ofendido estava sob a imedia-
ta proteção da autoridade;

30
#LEGIS

j) em ocasião de incêndio, naufrágio, IV - executa o crime, ou nele participa,


inundação ou qualquer calamidade mediante paga ou promessa de recom-
pública, ou de desgraça particular do pensa.(Redação dada pela Lei nº 7.209,
ofendido; de 11.7.1984)
l) em estado de embriaguez preordena-
da. Anotações sobre os artigos anteriores:

Comentários: O estado de embriaguez preor-


denada não afasta a culpabilidade, por conta
da teoria do actio libera in causa. Ao contrário,
permite o agravamento da pena, por se consi-
derar mais reprovável a conduta daquele que
ingere bebida alcoólica com o fito de cometer
crimes.

Reincidência
Agravantes no caso de concurso de pessoas
Art. 63 - Verifica-se a reincidência quando
Art. 62 - A pena será ainda agravada em
o agente comete novo crime, depois de transitar
relação ao agente que: (Redação dada pela Lei
em julgado a sentença que, no País ou no estran-
nº 7.209, de 11.7.1984)
geiro, o tenha condenado por crime anterior.
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - promove, ou organiza a cooperação
no crime ou dirige a atividade dos de-
mais agentes; (Redação dada pela Lei Comentários: Segundo o Código Penal, somen-
nº 7.209, de 11.7.1984) te cabe falar em reincidência no caso de come-
timento de crime após a condenação transitada
em julgado por outro crime. Condenação ante-
Comentários: Aplica-se ao caso da denomina- rior por contravenção penal não tem o condão
da “autoria intelectual” ou “autoria de escritó- de gerar a reincidência nos termos do CP.
rio”. Para incidência da agravante, deve haver
hierarquia entre o agente e os demais autores
da infração penal. Súmula 241 do STJ - A reincidência penal não
pode ser considerada como circunstância agra-
II - coage ou induz outrem à execução vante e, simultaneamente, como circunstância
material do crime; (Redação dada pela judicial.
Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
III - instiga ou determina a cometer o cri- Súmula 636 do STJ: A folha de antecedentes cri-
me alguém sujeito à sua autoridade ou minais é documento suficiente a comprovar os
não-punível em virtude de condição ou maus antecedentes e a reincidência Art. 64 - Para
qualidade pessoal; (Redação dada pela efeito de reincidência: (Redação dada pela Lei nº
Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 7.209, de 11.7.1984)

Comentários: Os dois incisos anteriores tradu- Art. 64 - Para efeito de reincidência: (Reda-
zem hipótese de autoria mediata. No caso do ção dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
inciso II, se a coação for resistível, o indivíduo
que sofreu a coação (coacto) será responsabi- I - não prevalece a condenação anterior, se
lizado criminalmente, ainda que com a pena entre a data do cumprimento ou extinção
atenuada, nos termos do art. 65, III, “c”, do CP. da pena e a infração posterior tiver decorri-
Se a coação for irresistível, afasta-se o fato tí- do período de tempo superior a 5 (cinco)
pico (por ausência de conduta), se física, ou anos, computado o período de prova da
a culpabilidade, por inexigibilidade de con- suspensão ou do livramento condicional,
duta diversa, se moral.

31
#LEGIS

se não ocorrer revogação; (Redação dada Circunstâncias atenuantes


pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 65 - São circunstâncias que sempre ate-
Comentários: No caso de cometimento de deli- nuam a pena: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
to depois do período depurador da reincidên- 11.7.1984)
cia, há divergência se o agente teria ou não maus
antecedentes.
Súmula 231 - A incidência da circunstância ate-
nuante não pode conduzir à redução da pena
I - Segundo o entendimento do Superior abaixo do mínimo legal.
Tribunal de Justiça, haverá sim maus an-
tecedentes em referida hipótese. Ou seja,
I - Ser o agente menor de 21 (vinte e um),
os maus antecedentes, para o STJ, podem
na data do fato, ou maior de 70 (seten-
estar caracterizados na hipótese de o indi-
ta) anos, na data da sentença; (Redação
víduo cometer um delito depois do período
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
depurador da reincidência.
II - Existem precedentes do Supremo Tri-
bunal Federal, contudo, no sentido de que, Comentário: O indivíduo que completa 70 (se-
como a pena não pode ter efeito perpétuo tenta) anos depois da sentença, mas antes do
(art. 5º, XLVII, “b”, da CF/88), não seria pos- trânsito em julgado, não faz jus à atenuante aci-
sível esta hipótese de maus antecedentes. ma nominada, conforme entendimento domi-
Assim, para esta corrente do STF, passados nante dos Tribunais Superiores.
5 (cinco) anos da extinção da pena anterior,
o agente seria primário e portador de bons II - O desconhecimento da lei; (Redação
antecedentes. dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
II - Não se consideram os crimes militares III - ter o agente: (Redação dada pela Lei nº
próprios e políticos.(Redação dada pela Lei 7.209, de 11.7.1984)
nº 7.209, de 11.7.1984)
a) Cometido o crime por motivo de rele-
Comentário: A condenação anterior por crime vante valor social ou moral;
militar próprio, crime político ou contravenção b) Procurado, por sua espontânea vontade
penal não gera reincidência em caso de cometi- e com eficiência, logo após o crime, evitar-
mento de novo crime, mas induz os maus ante- -lhe ou minorar-lhe as consequências, ou
cedentes. ter, antes do julgamento, reparado o dano;
c) Cometido o crime sob coação a que po-
Anotações sobre os artigos anteriores: dia resistir, ou em cumprimento de ordem
de autoridade superior, ou sob a influência
de violenta emoção, provocada por ato in-
justo da vítima;
d) Confessado espontaneamente, perante
a autoridade, a autoria do crime;

Súmula 545 do STJ: Quando a confissão for


utilizada para a formação do convencimento do
julgador, o réu fará jus à atenuante prevista no
artigo 65, III, d, do Código Penal.

Súmula 630 do STJ: A incidência da atenuante


da confissão espontânea no crime de tráfico ilíci-
to de entorpecentes exige o reconhecimento da
traficância pelo acusado, não bastando a mera

32
#LEGIS

admissão da posse ou propriedade para uso Concurso de circunstâncias agravantes e


próprio. e) cometido o crime sob a influência de atenuantes
multidão em tumulto, se não o provocou.
Art. 67 - No concurso de agravantes e ate-
Art. 66 - A pena poderá ser ainda atenuada nuantes, a pena deve aproximar-se do limite
em razão de circunstância relevante, anterior ou indicado pelas circunstâncias preponderantes,
posterior ao crime, embora não prevista expres- entendendo-se como tais as que resultam dos
samente em lei. (Redação dada pela Lei nº 7.209, motivos determinantes do crime, da persona-
de 11.7.1984) lidade do agente e da reincidência. (Redação
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Comentário: O dispositivo acima reflete a cha-
mada atenuante inominada. Repare que a cir- Comentário: Não há definição expressa em lei
cunstância relevante pode ser anterior ou poste- de quais seriam as atenuantes ou agravantes
rior ao crime. Assim, por exemplo, a boa conduta preponderantes, exceto quanto à reincidência.
do indivíduo após o cometimento do ilícito pode O art. 67 do CP estabelece apenas diretrizes, no
ser levada em conta pelo magistrado como ate- sentido de que devem preponderar aquelas ine-
nuante inominada. rentes aos motivos determinantes do crime e à
personalidade. Cabe ao intérprete analisar as
agravantes e atenuantes previstas na lei penal
Atenção: A tese da coculpabilidade, segundo e verificar se estas são ou não preponderantes.
a qual haveria responsabilidade compartilhada Havendo a concorrência entre atenuantes e agra-
entre o agente que cometeu o ilícito e o Estado, vantes igualmente preponderantes, ambas deve-
no caso de aquele não ter tido acesso a direitos rão se compensar.
sociais básicos ao longo da vida, pode ser enca-
rada como atenuante inominada, justificando a
redução de pena do autor do crime com base no Jurisprudência: “É possível, na segunda fase da
art. 66 do Código Penal. dosimetria da pena, a compensação da atenuan-
te da confissão espontânea com a agravante da
reincidência” (REsp n. 1.341.370/MT, Rel. Minis-
Anotações sobre os artigos anteriores: tro Sebastião Reis Júnior, Terceira Seção, julgado
em 10/4/2013, DJe 17/4/2013, sob o rito dos re-
cursos especiais repetitivos).

Jurisprudência: “O Superior Tribunal de Justiça


já decidiu que a agravante do crime praticado
com violência doméstica e familiar contra a mu-
lher é circunstância preponderante, nos termos
do art. 67 do Código Penal, devendo ser compen-
sada com as atenuantes igualmente preponde-
rantes, como a confissão espontânea”. (AgRg no
AREsp 689.064-RJ, Rel. Min. Maria Thereza de As-
sis Moura, julgado em 6/8/2015, DJe 26/8/2015.)

Jurisprudência: “A jurisprudência desta Corte


superior entende que a atenuante da menorida-
de relativa e a agravante da reincidência são
igualmente preponderantes, devendo, portanto,
serem integralmente compensadas, não havendo
se falar em redução da reprimenda na segunda
fase da dosimetria pela preponderância da citada
atenuante. (AgRg no HC 447.645/SC, Rel. Minis-
tro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em
02/10/2018, DJe 18/10/2018)

33
#LEGIS

Cálculo da pena Concurso material

Art. 68 - A pena-base será fixada atenden- Art. 69 - Quando o agente, mediante mais
do-se ao critério do art. 59 deste Código; em se- de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais
guida serão consideradas as circunstâncias ate- crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumula-
nuantes e agravantes; por último, as causas de tivamente as penas privativas de liberdade em
diminuição e de aumento. (Redação dada pela que haja incorrido. No caso de aplicação cumu-
Lei nº 7.209, de 11.7.1984) lativa de penas de reclusão e de detenção, execu-
ta-se primeiro aquela. (Redação dada pela Lei nº
Parágrafo único - No concurso de causas 7.209, de 11.7.1984)
de aumento ou de diminuição previstas na par-
te especial, pode o juiz limitar-se a um só au- Comentário: Lembre-se que, no caso de suspen-
mento ou a uma só diminuição, prevalecendo, são condicional do processo envolvendo concur-
todavia, a causa que mais aumente ou diminua. so material de crimes, o sursis só será possível se
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) o resultado do somatório das penas mínimas de
cada crime não ultrapassar 1 (um) ano.
Comentário: Havendo duas causas de aumento
ou diminuição da parte geral, ou uma da parte § 1º - Na hipótese deste artigo, quando ao
especial e uma da geral, deve o juiz aplicar am- agente tiver sido aplicada pena privativa
bas. Somente quando as duas causas forem da de liberdade, não suspensa, por um dos
parte especial é que o juiz pode limitar-se a um crimes, para os demais será incabível a
só aumento ou a uma só diminuição. substituição de que trata o art. 44 deste
Código. (Redação dada pela Lei nº 7.209,
de 11.7.1984)
Comentário: Prevalece que o art. 68 do Código
Penal encerra uma faculdade do magistrado. § 2º - Quando forem aplicadas penas
Ou seja, o juiz sentenciante, a partir de seu li- restritivas de direitos, o condenado cumprirá
vre convencimento motivado, decidirá se apli- simultaneamente as que forem compatí-
ca apenas uma das causas de aumento da parte veis entre si e sucessivamente as demais.
especial presentes em dado caso concreto, ou se (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
fará incidir ambas de forma cumulativa.
Concurso formal
Anotações sobre os artigos anteriores:
Art. 70 - Quando o agente, mediante uma
só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes,
idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das
penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas,
mas aumentada, em qualquer caso, de um sex-
to até metade. As penas aplicam-se, entretan-
to, cumulativamente, se a ação ou omissão é
dolosa e os crimes concorrentes resultam de
desígnios autônomos, consoante o disposto no
artigo anterior.(Redação dada pela Lei nº 7.209,
de 11.7.1984)

Comentário: A parte inicial do dispositivo traz o


denominado concurso formal próprio ou per-
feito, enquanto a parte final tipifica o que ficou
conhecido como concurso formal impróprio ou
imperfeito, por conta dos desígnios autônomos
em relação aos resultados produzidos.

34
#LEGIS

Jurisprudência: “3. A jurisprudência desta Corte Anotações sobre os artigos anteriores:


Superior é firme em assinalar que a quantidade
de infrações praticadas deve ser o critério utili-
zado para embasar o patamar de aumento rela-
tivo ao concurso formal de crimes. (HC 319.513/
SP, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA
TURMA, julgado em 07/04/2016, DJe 20/04/2016)
.

Comentário: Considerando o entendimento ju-


risprudencial, podemos afirmar que a fixação do
quantum de aumento em decorrência do con-
curso formal próprio deve obedecer a seguinte
regra:

2 (dois) crimes = aumento de 1/6 (um


sexto);
3 (três) crimes = aumento de 1/5 (um
quinto);
4 (quatro) crimes = aumento de 1/4 (um
quarto); Crime continuado
5 (cinco) crimes = aumento de 1/3 (um
terço); Art. 71 - Quando o agente, mediante mais
de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais
6 (seis) ou mais crimes = aumento de 1/2 crimes da mesma espécie e, pelas condições de
(metade).
tempo, lugar, maneira de execução e outras
semelhantes, devem os subseqüentes ser havi-
Parágrafo único - Não poderá a pena exce-
dos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe
der a que seria cabível pela regra do art. 69 des-
a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a
te Código. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
mais grave, se diversas, aumentada, em qual-
11.7.1984)
quer caso, de um sexto a dois terços. (Redação
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Comentário: O dispositivo anteriormente citado
descreve o concurso material benéfico.
Comentário: Ainda que não esteja expresso no
Com efeito, no caso do concurso formal próprio, dispositivo legal, os Tribunais Superiores enten-
adotou-se o sistema da exasperação como forma dem como requisito implícito para caracteriza-
de beneficiar o infrator. ção do crime continuado a unidade de desígnios
entre as ações praticadas. Quanto ao assunto,
Ocorre que nem sempre esse sistema é mais fa- existem duas teorias importantes:
vorável, pois é possível que sua aplicação resulte
em pena superior à soma das penas dos crimes. Para a teoria objetiva pura ou puramente obje-
tiva, basta a presença dos requisitos previstos no
Nesse caso, deverá ser aplicado o sistema do cú- art. 71, caput, do CP, dispensando-se a intenção
mulo material, que será benéfico ao agente. do agente em praticar os crimes continuidade.

Para a teoria objetivo-subjetiva ou mista, não


Exemplo: Imaginemos a situação: um indivíduo basta a presença dos requisitos previstos no art.
pratica os crimes de latrocínio (art. 157, §3º, II, do 71, caput, do CP, sendo necessária também a
CP) e corrupção de menores (art. 244-B do ECA) unidade de desígnio, ou seja, a prática dos cri-
em concurso formal. Nesta hipótese, em tese, é mes resulta de um plano previamente elaborado
mais vantajosa ao infrator a soma das penas pelo agente. Essa teoria é amplamente majori-
do que a exasperação da pena mais grave. tária na jurisprudência.

35
#LEGIS

Atenção: No caso de crime continuado, a fração calculada da mesma forma que a privativa de
de aumento é de um sexto a dois terços, enquan- liberdade: a maior sanção deve ser exasperada.
to, no concurso formal, o quantum é de um sexto (AgRg no AREsp 484.057/SP, Rel. Ministro JORGE
até a metade. Cuidado para não confundir, pois MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 27/02/2018,
esta diferença já foi objeto de questionamento DJe 09/03/2018)
em provas anteriores. Para ajudar a memorizar,
basta lembrar que o crime continuado é mais
grave, por ser configurado quando o indivíduo Anotações sobre os artigos anteriores:
pratica duas ou mais ações, de modo que a san-
ção também é mais rigorosa.

Parágrafo único - Nos crimes dolosos, con-


tra vítimas diferentes, cometidos com violên-
cia ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz,
considerando a culpabilidade, os antecedentes,
a conduta social e a personalidade do agente,
bem como os motivos e as circunstâncias, au-
mentar a pena de um só dos crimes, se idênticas,
ou a mais grave, se diversas, até o triplo, obser-
vadas as regras do parágrafo único do art. 70 e
do art. 75 deste Código.(Redação dada pela Lei
nº 7.209, de 11.7.1984)

Atenção: O parágrafo único do art. 71 traz o que


se chama de crime continuado específico ou
qualificado, em oposição ao genérico do caput.

Para fixação do quantum de aumento, no crime


continuado genérico, a jurisprudência do STJ é
firme no sentido de que devem ser levadas em
consideração exclusivamente a quantidade de
crimes praticados, sendo este um critério pura-
mente aritmético.
Erro na execução
Por outro lado, no caso do crime continuado Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no
específico, além da quantidade de crimes, de- uso dos meios de execução, o agente, ao invés
vem ser levadas em consideração as circuns- de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge
tâncias judiciais do art. 59 do Código Penal, pessoa diversa, responde como se tivesse pra-
dando, assim, maior liberdade ao magistrado. ticado o crime contra aquela, atendendo-se ao
disposto no § 3º do art. 20 deste Código. No caso
Multas no concurso de crimes de ser também atingida a pessoa que o agente
pretendia ofender, aplica-se a regra do art. 70
Art. 72 - No concurso de crimes, as penas deste Código.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de
de multa são aplicadas distinta e integralmen- 11.7.1984)
te. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Comentário: O erro na execução pode se mani-
festar nas seguintes espécies:
Cuidado: Segundo o STJ, referida disposição
não se aplica ao crime continuado, já que a
I – Com unidade simples: é a situação em que o
redação legal menciona “concurso de crimes”, e
agente pretende atingir “A”, mas, por erro na exe-
o crime continuado é uma ficção jurídica, e não
cução, atinge “B”. Diz respeito à primeira parte
um concurso de delitos. Assim, na hipótese de
do art. 73, do CPB.
continuidade delitiva, a pena de multa deve ser

36
#LEGIS

II – Com unidade complexa: é a situação em incidir a aplicação da pena do crime mais grave,
que o agente pretende atingir “A”, mas, por erro acrescido de 1/6 até 1/2, conforme estabelecido
na execução, atinge tanto “A” (pessoa que real- na segunda parte do art. 74, do CPB.
mente desejava lesar), quanto “B” (pessoa que o
agente não tinha intenção de lesionar). Diz res- ATENÇÃO: Ressalte-se que prevalece na doutrina
peito à segunda parte do art. 73, do CPB. que a regra estabelecida no art. 74 não incidirá
quando o resultado diverso do pretendido for de
Destaca-se, por fim, que no caso de erro na exe- menor gravidade em relação ao crime desejado
cução com unidade complexa, para a maior par- ou se não houver previsão da conduta do agente
te da doutrina, o agente responderá pelos dois como crime culposo.
crimes considerando sempre qualidades da
pessoa que desejava lesar. Exemplo: se o agente, desejando atingir uma
pessoa com uma pedra, acaba por quebrar
Exemplo: Marcos, por ciúmes, desejava matar uma vidraça, deverá responder por tentativa
sua esposa. Para alcançar seu objetivo, efe- de lesão, e não simplesmente por dano, conside-
tuou disparos de arma de fogo. Por erro na rando não haver previsão legal de dano culposo
execução, os tiros atingiram sua esposa e um (e, ainda se houvesse, a pena seria certamente
pedestre que passava pelo local, vindo ambos inferior à da lesão culposa, o que também afasta-
a falecer. Nessa hipótese, Marcos responderá ria o art. 74). Limite das penas
por dois crimes de feminicídio (art. 121, §2º,
VI), pois devem ser levadas em conta as carac-
terísticas de sua esposa em relação aos dois re- Art. 75. O tempo de cumprimento das pe-
sultados, mesmo que o pedestre atingido por nas privativas de liberdade não pode ser superior
erro seja homem. a 40 (quarenta) anos.

§ 1º Quando o agente for condenado a


Resultado diverso do pretendido penas privativas de liberdade cuja soma
seja superior a 40 (quarenta) anos, devem
Art. 74 - Fora dos casos do artigo anterior, elas ser unificadas para atender ao limite
quando, por acidente ou erro na execução do máximo deste artigo.
crime, sobrevém resultado diverso do preten- § 2º - Sobrevindo condenação por fato
dido, o agente responde por culpa, se o fato posterior ao início do cumprimento da
é previsto como crime culposo; se ocorre tam- pena, far-se-á nova unificação, despre-
bém o resultado pretendido, aplica-se a regra do zando-se, para esse fim, o período de
art. 70 deste Código. (Redação dada pela Lei nº pena já cumprido.
7.209, de 11.7.1984)
Cuidado: Este dispositivo foi recentemente mo-
Comentário: De modo semelhante ao erro de dificado no que restou conhecido como “Pacote
execução, o resultado diverso do pretendido po- Anticrime”, de modo que há grande probabilida-
derá se manifestar nas seguintes espécies: de de ser cobrado em prova. Concurso de infra-
ções
I – Com unidade simples: é a situação em que,
por exemplo, o agente pretendia matar um ani- Art. 76 - No concurso de infrações, execu-
mal silvestre, porém acaba matando uma pes- tar-se-á primeiramente a pena mais grave.
soa. Nessa situação, o agente responde pelo re- (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
sultado involuntário a título de culpa, desde que
o fato seja previsto como crime culposo, nos mol-
des estabelecidos na primeira parte do aludido Comentário: Quanto a este dispositivo, há diver-
art. 74, do CPB. gência se, havendo simultaneamente condena-
ção a penas de reclusão e de detenção, devem ou
II – Com unidade complexa: situação em que não estas serem unificadas, visto que, em tese, a
a ação do agente atinge o resultado almejado pena de reclusão é mais grave do que a de deten-
como, também, de forma culposa, atinge um ção.
resultado diverso do pretendido. Aqui, deverá

37
#LEGIS

Para a 5ª Turma do STJ e a 2ª Turma do STF, 1. Para fixação:


“As reprimendas de reclusão e de detenção devem
ser somadas para fins de unificação da pena, haja Ano: 2018 / Banca: FCC / Órgão: DPE-RS / Pro-
vista que ambas são modalidades de pena priva- va: Defensor Público
tiva de liberdade e, portanto, configuram sanções
de mesma espécie. Precedentes do STF e desta 1) Inconformado com o fim do casamento que
Corte Superior de Justiça.” (HC 484.690/SC, Rel. mantinha com Marisa, João passa a persegui-la
Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julga- todos os dias. Certo dia, sabendo que a ex-mu-
do em 30/05/2019, DJe 04/06/2019). lher iria a uma festa na casa de amigos, João inva-
de local e, ao avistar Marisa, nos fundos da casa,
Para a 6ª Turma do STJ, “1. A teor do art. 76 do atira com seu revólver calibre 38. O disparo fere
Código Penal, em casos de concurso de infrações Marisa no braço esquerdo, de raspão, mas atin-
com tipos de gravidade diferentes, deve-se execu- ge letalmente Leonardo, que estava logo atrás da
tar primeiro a pena mais grave. 2. A pena de re- ulher no momento do disparo e não havia sido
clusão será cumprida em primeiro lugar e, poste- visto pelo atirador.
riormente, a de detenção, não havendo falar em
unificação de penas, diante da impossibilidade de a) A ação se amolda ao que a lei prevê como con-
execução simultânea de duas modalidades dis- curso formal (art. 70 do CP) e João estará sujeito
tintas de penas privativas de liberdade. 3. Agravo às penas previstas para o homicídio qualificado
regimental improvido. (AgRg no REsp 1835638/ como se praticado contra a mulher por razões da
GO, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, condição de sexo feminino (art. 121, § 2°, VI, c/c
julgado em 26/11/2019, DJe 03/12/2019) art. 121, § 2° -A, I, do CP), aumentada de um sexto
até metade, nos termos do art. 70 c/c art. 73 do
CP.
Anotações sobre os artigos anteriores:
b) Se está diante de uma tentativa de homicídio
e um homicídio consumado praticados em con-
curso material, aplicando-se ao autor, cumulati-
vamente, as penas privativas de liberdade aplicá-
veis a cada um dos crimes, conforme art. 69 do
CP.

c) Se está diante de conduta que se amolda ao


conceito de crime continuado, podendo-se apli-
car a pena conforme disposto no art. 71, parágra-
fo único, do CP − a mais grave, aumentada até o
triplo.

d) Se está diante de conduta que se amolda ao


conceito de crime continuado, aplicando-se a
pena conforme disposto no art. 71, caput, do CP
− a mais grave, aumentada de um sexto a dois
terços.

e) A ação se amolda ao que a lei prevê como con-


curso formal (art. 70 do CP) e a João será apli-
cada pena em virtude da prática de homicídio
tentado contra a mulher, qualificado por razões
da condição de sexo feminino (art. 121, § 2°, VI,
c/c art. 121, § 2° -A, I, do CP), somada àquela apli-
cada em razão do homicídio consumado contra
o homem, nos termos do art. 70 (parte final) c/c
art. 73 do CP.

38
#LEGIS

Ano: 2015 / Banca: CESPE / Órgão: DPE-PE / c) As circunstâncias agravantes incidem apenas
Prova: Defensor Público sobre os crimes dolosos.

2) Com relação ao concurso de crimes, julgue o d) A circunstância atenuante referente à senilida-


seguinte item. de é definida pelo Estatuto do Idoso.

O concurso formal próprio distingue-se do con- e) A clemência incide em circunstâncias anterio-


curso formal impróprio pelo elemento subjetivo res à prática do crime, nas hipóteses previstas ex-
do agente, ou seja, pela existência ou não de de- pressamente no CP
sígnios autônomos.
Anotações gerais sobre as questões anteriores:
( ) Certo
( ) Errado

Ano: 2014 / Banca: FCC / Órgão: DPE-CE / Pro-


va: Defensor Público

3) Em relação ao crime continuado, correto afir-


mar que:

a) a prescrição incide sobre o total da pena.

b) na modalidade específica a pena poderá ultra-


passar a que seria cabível pela regra do concurso
material.

c) a teoria objetiva pura exige a unidade de de-


sígnios.

d) inadmissível, após a reforma penal de 1984,


nos crimes contra a vida.

e) nos crimes dolosos contra a mesma vítima,


cometidos com violência ou grave ameaça, o juiz
aplicará a pena de um só dos crimes, se idênti-
cas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em
qualquer caso, de um sexto a dois terços.

Ano: 2017 / Banca: CESPE / Órgão: DPE-AL /


Prova: Defensor Público

4) Quanto às circunstâncias agravantes e às ate-


nuantes, assinale a opção correta.

a) Constitui atenuante genérica o erro sobre a ili-


citude do fato, embora o desconhecimento da lei
seja inescusável.

b) Inexiste, nas agravantes e atenuantes genéri-


cas, previsão legal taxativa acerca do quantum a
ser aplicado, cabendo ao juiz defini-lo. GABARITO: 01: A | 02: C | 03: E | 04: B

39
#LEGIS

DIA 5 fício.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de


11.7.1984)
§ 2º A execução da pena privativa de
Disciplina: Direito Penal. liberdade, não superior a quatro anos,
Responsável: Prof. Rodrigo Santos poderá ser suspensa, por quatro a seis
Dia 05: Do Art. 77 ao 95. anos, desde que o condenado seja maior
de setenta anos de idade, ou razões de
saúde justifiquem a suspensão. (Redação
Estudado Revisão 1 Revisão 2 Revisão 3 dada pela Lei nº 9.714, de 1998)

Comentários: O §2º do art. 77 do Código Penal


contempla os denominados sursis etário e hu-
CAPÍTULO IV manitário, estabelecendo condições mais vanta-
DA SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA josas para a concessão do beneficio aos conde-
Requisitos da suspensão da pena nados que tenham idade avançada ou problemas
graves de saúde.
Art. 77 - A execução da pena privativa de
liberdade, não superior a 2 (dois) anos, pode- Comentários: Há também outra hipótese espe-
rá ser suspensa, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, cial de suspensão condicional da pena prevista
desde que: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de no art. 16 da Lei de Crimes Ambientais, a qual
11.7.1984) estabelece a pena máxima de 3 (três) anos para
ensejar o benefício. Art. 78 - Durante o prazo da
I - O condenado não seja reincidente em suspensão, o condenado ficará sujeito à observa-
crime doloso; (Redação dada pela Lei nº ção e ao cumprimento das condições estabeleci-
7.209, de 11.7.1984) das pelo juiz. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
II - A culpabilidade, os antecedentes, a con-
duta social e personalidade do agente, bem
como os motivos e as circunstâncias auto- § 1º - No primeiro ano do prazo, deverá
rizem a concessão do benefício;(Redação o condenado prestar serviços à comuni-
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) dade (art. 46) ou submeter-se à limitação
de fim de semana (art. 48). (Redação dada
III - Não seja indicada ou cabível a subs-
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
tituição prevista no art. 44 deste Códi-
go. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de § 2° Se o condenado houver reparado o
11.7.1984) dano, salvo impossibilidade de fazê-lo, e
se as circunstâncias do art. 59 deste Códi-
go lhe forem inteiramente favoráveis, o
Comentários: Percebam que não há vedação
juiz poderá substituir a exigência do pará-
legal à concessão da suspensão condicional da
grafo anterior pelas seguintes condições,
pena aos crimes cometidos com violência ou
aplicadas cumulativamente: (Redação
grave ameaça à pessoa, tanto que a maior apli-
dada pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996)
cação prática do sursis da pena se dá nos cri-
mes de lesão leve e ameaça.
a) Proibição de frequentar determinados
lugares; (Redação dada pela Lei nº 7.209,
Comentários: A concessão da suspensão condi- de 11.7.1984)
cional da pena é, em regra, realizada na senten- b) Proibição de ausentar-se da comarca
ça condenatória, pelo juízo do conhecimento, onde reside, sem autorização do juiz; (Re-
se presentes os requisitos. Ao juízo da execução dação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
penal cabe a fiscalização do cumprimento das
condições estabelecidas. c) Comparecimento pessoal e obrigatório a
juízo, mensalmente, para informar e justi-
ficar suas atividades. (Redação dada pela
§ 1º - A condenação anterior a pena de Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
multa não impede a concessão do bene-

40
#LEGIS

Comentários: O §2º do art. 78 do Código Penal Art. 80 - A suspensão não se estende às pe-
traz o que se convencionou denominar de sursis nas restritivas de direitos nem à multa. (Reda-
especial, em oposição ao sursis simples do §1º ção dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
do mesmo dispositivo, pois se deferem condi-
ções menos severas ao condenado que tiver re- Revogação obrigatória
parado o dano, salvo impossibilidade de fazê-lo,
e ostentar circunstâncias inteiramente favorá-
veis. Art. 81 - A suspensão será revogada se, no
curso do prazo, o beneficiário: (Redação dada
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Anotações sobre os artigos anteriores:
I - É condenado, em sentença irrecorrível,
por crime doloso; (Redação dada pela Lei
nº 7.209, de 11.7.1984)
II - Frustra, embora solvente, a execução de
pena de multa ou não efetua, sem motivo
justificado, a reparação do dano; (Redação
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
III - Descumpre a condição do § 1º do art.
78 deste Código. (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)

Revogação facultativa

§ 1º - A suspensão poderá ser revogada se


o condenado descumpre qualquer outra
condição imposta ou é irrecorrivelmen-
te condenado, por crime culposo ou por
contravenção, a pena privativa de liberda-
de ou restritiva de direitos. (Redação dada
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Prorrogação do período de prova

§ 2º - Se o beneficiário está sendo proces-


sado por outro crime ou contravenção,
considera-se prorrogado o prazo da sus-
pensão até o julgamento definitivo. (Reda-
ção dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Comentários: Cuidado para não confundir a pre-


visão do §2º do art. 81 com as disposições a res-
peito do livramento condicional, pois, no caso do
sursis, há previsão expressa de que a pendência
de ação penal enseja a prorrogação automática
do período de prova, o que inexiste no livramen-
to condicional, situação que ensejou a edição da
Súmula 617 do STJ.
Art. 79 - A sentença poderá especificar ou-
tras condições a que fica subordinada a sus- § 3º - Quando facultativa a revogação, o
pensão, desde que adequadas ao fato e à situa- juiz pode, ao invés de decretá-la, prorrogar
ção pessoal do condenado. (Redação dada pela o período de prova até o máximo, se este
não foi o fixado. (Redação dada pela Lei nº
Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 7.209, de 11.7.1984)

41
#LEGIS

Cumprimento das condições CAPÍTULO V


DO LIVRAMENTO CONDICIONAL
Art. 82 - Expirado o prazo sem que tenha Requisitos do livramento condicional
havido revogação, considera-se extinta a pena
privativa de liberdade. (Redação dada pela Lei Art. 83 - O juiz poderá conceder livramen-
nº 7.209, de 11.7.1984) to condicional ao condenado a pena privati-
va de liberdade igual ou superior a 2 (dois)
Anotações sobre os artigos anteriores: anos, desde que: (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)

Comentários: Há divergência jurisprudencial


sobre a possibilidade de excepcionar a exigên-
cia de que a pena seja superior a 2 (dois) anos
para possibilitar a obtenção do livramento con-
dicional. Para fins de concurso, o ideal, em pro-
vas objetivas, é obedecer a literalidade da lei.

I - Cumprida mais de um terço da pena


se o condenado não for reincidente em
crime doloso e tiver bons anteceden-
tes; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
II - Cumprida mais da metade se o con-
denado for reincidente em crime dolo-
so; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
III – Comprovado: (Redação dada pela Lei
nº 13.964, de 2019)

a) Bom comportamento durante a exe-


cução da pena; (Redação dada pela Lei
nº 13.964, de 2019)
b) Não cometimento de falta grave nos
últimos 12 (doze) meses; (Redação dada
pela Lei nº 13.964, de 2019)
c) Bom desempenho no trabalho que
lhe foi atribuído e; (Redação dada pela
Lei nº 13.964, de 2019)
d) Aptidão para prover a própria subsis-
tência mediante trabalho honesto; (Re-
dação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)

PACOTE ANTICRIME: A Lei Anticrime promo-


veu alterações nos requisitos para obtenção do
livramento condicional. O inciso III do art. 83
do Código Penal foi modificado para esclarecer
os requisitos subjetivos para obtenção do be-
nefício. Atenção especial à alínea “b”, que esta-
beleceu requisito temporal para consideração
das faltas graves.

42
#LEGIS

IV - Tenha reparado, salvo efetiva impos- Especificações das condições


sibilidade de fazê-lo, o dano causado pela
infração; (Redação dada pela Lei nº 7.209, Art. 85 - A sentença especificará as con-
de 11.7.1984) dições a que fica subordinado o livramento.
V - Cumpridos mais de dois terços da (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
pena, nos casos de condenação por crime
hediondo, prática de tortura, tráfico ilíci-
to de entorpecentes e drogas afins, tráfico Comentários: O liberado fica sujeito a condi-
de pessoas e terrorismo, se o apenado não ções obrigatórias, descritas no art. 132, §1º, da
for reincidente específico em crimes dessa Lei de Execuções Penais, bem como às condi-
natureza. (Incluído pela Lei nº 13.344, de ções facultativas, do §2º do mesmo artigo, sem
2016) (Vigência) prejuízo da possibilidade de o Juiz, fundamen-
tadamente, especificar outras condições.

PACOTE ANTICRIME: Vale destacar que o inciso Revogação do livramento


V, apesar de não ter sido modificado expressa-
mente pelo Pacote Anticrime, deve ser interpre-
tado de forma sistemática com o art. 112, VI, “a” Art. 86 - Revoga-se o livramento, se o li-
e VIII, da Lei de Execuções Penais, o qual passou berado vem a ser condenado a pena privativa
a vedar o livramento condicional para os conde- de liberdade, em sentença irrecorrível: (Re-
nados por crime hediondo ou equiparado com dação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
resultado morte, seja o agente primário ou rein-
cidente. I - Por crime cometido durante a vigência
do benefício; (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)
Parágrafo único - Para o condenado por
crime doloso, cometido com violência ou gra-
ve ameaça à pessoa, a concessão do livramen- Comentários: O mero cometimento de um
to ficará também subordinada à constatação de novo crime não justifica a revogação do livra-
mento condicional. Conforme delimitado no
condições pessoais que façam presumir que o li-
caput do dispositivo transcrito, somente a con-
berado não voltará a delinqüir. (Redação dada denação transitada em julgado é que pode
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) justificar referida sanção. Contudo, no caso
de cometimento de novo crime no curso do li-
Soma de penas vramento condicional, o juiz pode suspender
o benefício, nos termos do art. 145 da Lei de
Art. 84 - As penas que correspondem a in- Execuções Penais, até que sobrevenha a deci-
frações diversas devem somar-se para efeito são definitiva.
do livramento. (Redação dada pela Lei nº 7.209,
de 11.7.1984) II - Por crime anterior, observado o dis-
posto no art. 84 deste Código. (Redação
Anotações sobre os artigos anteriores: dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Revogação facultativa

Art. 87 - O juiz poderá, também, revogar


o livramento, se o liberado deixar de cumprir
qualquer das obrigações constantes da sen-
tença, ou for irrecorrivelmente condenado,
por crime ou contravenção, a pena que não
seja privativa de liberdade.(Redação dada
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

43
#LEGIS

Efeitos da revogação Anotações sobre os artigos anteriores:

Art. 88 - Revogado o livramento, não


poderá ser novamente concedido, e, salvo
quando a revogação resulta de condenação por
outro crime anterior àquele benefício, não se
desconta na pena o tempo em que esteve solto
o condenado. (Redação dada pela Lei nº 7.209,
de 11.7.1984)

Comentários: Este dispositivo é a razão para ha-


ver dúvida acerca de qual benefício da execução
penal é mais vantajoso ao apenado, se o livra-
mento condicional ou o regime aberto. Com
efeito, no caso do livramento condicional, a re-
vogação gerará a perda de todo o período de
prova cumprido, salvo se o fundamento para a
revogação for a condenação por um crime ante-
rior ao benefício.

Extinção

Art. 89 - O juiz não poderá declarar extinta a


pena, enquanto não passar em julgado a senten-
ça em processo a que responde o liberado, por
crime cometido na vigência do livramento.(Re-
dação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Art. 90 - Se até o seu término o livramen-


to não é revogado, considera-se extinta a pena
privativa de liberdade. (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)

Súmula 617 - A ausência de suspensão ou revo-


gação do livramento condicional antes do tér-
mino do período de prova enseja a extinção da
punibilidade pelo integral cumprimento da
pena. (Súmula 617, TERCEIRA SEÇÃO, julgado
em 26/09/2018, DJe 01/10/2018)

Comentários: O art. 90 do Código Penal, ante-


riormente transcrito, é o que fundamenta o en-
tendimento da Súmula 617 do STJ, pois referido
dispositivo é expresso ao afirmar que a ausên-
cia de revogação do livramento condicional, até
o final do período de prova, gera a extinção da
pena privativa de liberdade, ressalvando-se, ob-
viamente, a possibilidade de suspensão do bene-
fício, nos termos do art. 145 da Lei de Execuções
Penais.

44
#LEGIS

CAPÍTULO VI Art. 91-A. Na hipótese de condenação por


DOS EFEITOS DA CONDENAÇÃO infrações às quais a lei comine pena máxima
Efeitos genéricos e específicos superior a 6 (seis) anos de reclusão, poderá ser
decretada a perda, como produto ou proveito
Art. 91 - São efeitos da condenação: (Reda- do crime, dos bens correspondentes à diferen-
ção dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) ça entre o valor do patrimônio do condenado
e aquele que seja compatível com o seu rendi-
I - Tornar certa a obrigação de indenizar mento lícito. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
o dano causado pelo crime; (Redação dada 24.12.2019)
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
II - A perda em favor da União, ressalva- § 1º Para efeito da perda prevista no caput
do o direito do lesado ou de terceiro de deste artigo, entende-se por patrimônio
boa-fé: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de do condenado todos os bens: (Incluído
11.7.1984) pela Lei nº 13.964, de 24.12.2019)

a) Dos instrumentos do crime, desde que I - De sua titularidade, ou em relação aos


consistam em coisas cujo fabrico, aliena- quais ele tenha o domínio e o benefício di-
ção, uso, porte ou detenção constitua fato reto ou indireto, na data da infração penal
ilícito; ou recebidos posteriormente; e (Incluído
b) Do produto do crime ou de qualquer pela Lei nº 13.964, de 24.12.2019)
bem ou valor que constitua proveito au- II - Transferidos a terceiros a título gratui-
ferido pelo agente com a prática do fato to ou mediante contraprestação irrisória,
criminoso. a partir do início da atividade criminal.
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 24.12.2019)
§ 1º Poderá ser decretada a perda de bens
ou valores equivalentes ao produto ou
proveito do crime quando estes não forem § 2º O condenado poderá demonstrar a
encontrados ou quando se localizarem no inexistência da incompatibilidade ou a
exterior. (Incluído pela Lei nº 12.694, de procedência lícita do patrimônio. (Incluí-
2012) do pela Lei nº 13.964, de 24.12.2019)
§ 2º Na hipótese do § 1o, as medidas § 3º A perda prevista neste artigo deverá
assecuratórias previstas na legislação ser requerida expressamente pelo Minis-
processual poderão abranger bens ou va- tério Público, por ocasião do oferecimento
lores equivalentes do investigado ou acu- da denúncia, com indicação da diferença
sado para posterior decretação de perda. apurada. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
(Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012) 24.12.2019)
§ 4º Na sentença condenatória, o juiz deve
declarar o valor da diferença apurada
Anotações sobre os artigos anteriores: e especificar os bens cuja perda for
decretada. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
24.12.2019)
§ 5º Os instrumentos utilizados para a
prática de crimes por organizações cri-
minosas e milícias deverão ser declarados
perdidos em favor da União ou do Esta-
do, dependendo da Justiça onde tramita
a ação penal, ainda que não ponham em
perigo a segurança das pessoas, a moral
ou a ordem pública, nem ofereçam sério
risco de ser utilizados para o cometimen-
to de novos crimes. (Incluído pela Lei nº
13.964, de 24.12.2019)

45
#LEGIS

PACOTE ANTICRIME: O art. 91-A do CP criou Parágrafo único - Os efeitos de que trata
efeito extrapenal específico da condenação este artigo não são automáticos, devendo ser
destinado às hipóteses em que o patrimônio do motivadamente declarados na sentença. (Re-
condenado, não obstante não seja produto do dação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
crime ou proveito auferido com o fato crimino-
so, for incompatível com seus rendimentos
lícitos declarados. Destaque-se que referido Anotações sobre os artigos anteriores:
efeito da condenação se aplicará aos crimes
com pena máxima em abstrato superior a 6
(seis) anos, ainda que a pena concreta tenha
sido estabelecida em patamar inferior.

Art. 92 - São também efeitos da conde-


nação:(Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)

I - A perda de cargo, função pública ou


mandato eletivo: (Redação dada pela Lei
nº 9.268, de 1º.4.1996)

Comentários: Conforme remansoso entendi-


mento jurisprudencial, o disposto no inciso I do
art. 92 do Código Penal não autoriza a cassação
da aposentadoria, por ausência de previsão le-
gal expressa. (AgRg no REsp 1336980/SC, Rel.
Ministro ANTONIO SALDANHA PALHEIRO, SEXTA
TURMA, julgado em 05/11/2019, DJe 11/11/2019)

a) Quando aplicada pena privativa de liber-


dade por tempo igual ou superior a um
ano, nos crimes praticados com abuso de
poder ou violação de dever para com a
Administração Pública; (Incluído pela Lei nº
9.268, de 1º.4.1996)
b) Quando for aplicada pena privativa de
liberdade por tempo superior a 4 (qua-
tro) anos nos demais casos. (Incluído
pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996)

II – A incapacidade para o exercício do po-


der familiar, da tutela ou da curatela nos
crimes dolosos sujeitos à pena de reclusão
cometidos contra outrem igualmente titu-
lar do mesmo poder familiar, contra filho,
filha ou outro descendente ou contra tu-
telado ou curatelado; (Redação dada pela
Lei nº 13.715, de 2018)
III - A inabilitação para dirigir veículo,
quando utilizado como meio para a prá-
tica de crime doloso. (Redação dada pela
Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

46
#LEGIS

CAPÍTULO VII da. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de


DA REABILITAÇÃO 11.7.1984)
Reabilitação
Parágrafo único - Negada a reabilitação,
Art. 93 - A reabilitação alcança quaisquer poderá ser requerida, a qualquer tempo, desde
penas aplicadas em sentença definitiva, asse- que o pedido seja instruído com novos elemen-
gurando ao condenado o sigilo dos registros tos comprobatórios dos requisitos necessários.
sobre o seu processo e condenação. (Redação (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 95 - A reabilitação será revogada, de
Parágrafo único - A reabilitação poderá, ofício ou a requerimento do Ministério Público,
também, atingir os efeitos da condenação, se o reabilitado for condenado, como reinci-
previstos no art. 92 deste Código, vedada rein- dente, por decisão definitiva, a pena que não
tegração na situação anterior, nos casos dos seja de multa. (Redação dada pela Lei nº 7.209,
incisos I e II do mesmo artigo. (Redação dada de 11.7.1984)
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Para fixação:
Comentários: A reabilitação tem dupla finali-
dade. Garantir o sigilo das condenações e revo- 1) Ano: 2017 / Banca: CESPE / Órgão: DPE-AL /
gar alguns dos efeitos da condenação. Quanto Prova: Defensor Público
ao sigilo da condenação, não obstante já exis-
ta a proteção automática do art. 202 da Lei de Quanto às circunstâncias agravantes e às ate-
Execuções Penais, a reabilitação garante ainda nuantes, assinale a opção correta.
maior proteção, somente podendo ser quebra-
do o sigilo por ordem do juiz criminal, conforme a) Constitui atenuante genérica o erro sobre a ili-
art. 748 do CPP. citude do fato, embora o desconhecimento da lei
seja inescusável.
Art. 94 - A reabilitação poderá ser requeri- b) Inexiste, nas agravantes e atenuantes genéri-
da, decorridos 2 (dois) anos do dia em que for cas, previsão legal taxativa acerca do quantum a
extinta, de qualquer modo, a pena ou terminar ser aplicado, cabendo ao juiz defini-lo.
sua execução, computando-se o período de
prova da suspensão e o do livramento condi- c) As circunstâncias agravantes incidem apenas
cional, se não sobrevier revogação, desde que sobre os crimes dolosos.
o condenado: (Redação dada pela Lei nº 7.209,
d) A circunstância atenuante referente à senilida-
de 11.7.1984) de é definida pelo Estatuto do Idoso.
I - Tenha tido domicílio no País no prazo e) A clemência incide em circunstâncias anterio-
acima referido; (Redação dada pela Lei nº res à prática do crime, nas hipóteses previstas ex-
7.209, de 11.7.1984) pressamente no CP.
II - Tenha dado, durante esse tempo, de-
monstração efetiva e constante de
bom comportamento público e privado; 2) Ano: 2019 / Banca: CESPE / Órgão: DPE-DF
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de / Prova: CESPE - 2019 - DPE-DF - Defensor Pú-
11.7.1984) blico
III - Tenha ressarcido o dano causado
pelo crime ou demonstre a absoluta im- Com base no entendimento do STJ, julgue o pró-
possibilidade de o fazer, até o dia do pe- ximo item, a respeito de aplicação da pena.
dido, ou exiba documento que comprove
a renúncia da vítima ou novação da dívi- A confissão espontânea na delegacia de polícia
retratada em juízo deverá ser considerada ate-
nuante da confissão espontânea, ainda que o

47
#LEGIS

magistrado não a utilize para fundamentar a con- d) o cometimento de dois crimes mediante mais
denação do réu. de uma ação, porém nas mesmas condições de
tempo, lugar e maneira de execução.
( ) Certo
( ) Errado e) o cometimento de dois crimes idênticos, me-
diante a prática de duas ações distintas, porém
em sequência imediata.

3) Ano: 2018 / Banca: FUMARC / Órgão: PC-MG


/ Prova: FUMARC - 2018 - PC-MG - Delegado de
Polícia Substituto

Com relação ao concurso de crimes, é CORRETO


afirmar:

a) Não se admite a aplicação da suspensão con-


dicional do processo ao crime continuado.

b) No caso hipotético em que Gioconda, ao diri-


gir seu automóvel de maneira imprudente, perde
o controle do carro, matando três pessoas e le-
sionando gravemente outras cinco, deve ser re-
conhecido o concurso formal próprio de crimes
pelo qual lhe será aplicada somente uma pena,
a mais grave, aumentada de um sexto até a me-
tade.

c) No concurso de crimes, a aplicação da pena de


multa observa as regras pertinentes à modalida-
de de concurso que incide no caso concreto.

d) No concurso formal, aplica-se a mais grave das


penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas,
mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto
até a metade, ainda que os crimes concorrentes
resultem de desígnios autônomos.

4) Ano: 2017 / Banca: MPE-SP / Órgão: MPE-SP /


Prova: Promotor de Justiça

Entende-se por concurso material benéfico:

a) o cometimento de dois crimes com uma única


ação, cujas penas são somadas em favor do réu.

b) a soma da pena de dois crimes distintos que


não impeçam a obtenção da suspensão condi-
cional da pena.

c) o cometimento de mais de um crime, median-


te mais de uma ação, cuja pena pode ser substi-
tuída.

GABARITO: 01: B | 02: E | 03: B | 04: A

48
#LEGIS

DIA 6 o magistrado deve fixar a espécie de medida


de segurança aplicável ao caso concreto con-
siderando a periculosidade do agente, e não a
Disciplina: Direito Penal. natureza da pena cominada ao crime praticado.
(EREsp 998.128/MG, Rel. Ministro RIBEIRO DAN-
Responsável: Prof. Rodrigo Santos
TAS, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 27/11/2019,
Dia 05: Do Art. 96 ao 120. DJe 18/12/2019)

Estudado Revisão 1 Revisão 2 Revisão 3 Prazo

§ 1º - A internação, ou tratamento
ambulatorial, será por tempo
TÍTULO VI indeterminado, perdurando enquanto não
DAS MEDIDAS DE SEGURANÇA for averiguada, mediante perícia médica,
Espécies de medidas de segurança a cessação de periculosidade. O prazo
mínimo deverá ser de 1 (um) a 3 (três)
Art. 96. As medidas de segurança são: (Re- anos. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
dação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

I - Internação em hospital de custódia e Súmula 527 do STJ: O tempo de duração da me-


tratamento psiquiátrico ou, à falta, em ou- dida de segurança não deve ultrapassar o limite
tro estabelecimento adequado; (Redação máximo da pena abstratamente cominada ao de-
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) lito praticado.
II - Sujeição a tratamento ambulato-
rial. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de Perícia médica
11.7.1984)
§ 2º - A perícia médica realizar-se-á ao termo
Parágrafo único - Extinta a punibilidade, do prazo mínimo fixado e deverá ser repe-
não se impõe medida de segurança nem subsis- tida de ano em ano, ou a qualquer tempo,
te a que tenha sido imposta. (Redação dada pela se o determinar o juiz da execução. (Reda-
Lei nº 7.209, de 11.7.1984) ção dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Comentários: Considerando o disposto no pa- Comentários: O exame para verificação da ces-


rágrafo único do art. 96, portanto, reconhecida a sação da periculosidade do agente poderá ser
prescrição da pretensão punitiva em relação ao realizado a qualquer tempo, conforme disposto
crime em tese praticado, é descabida a imposi- no art. 176 da Lei de Execuções Penais.
ção de medida de segurança.
Desinternação ou liberação condicional
Imposição da medida de segurança para
inimputável § 3º - A desinternação, ou a liberação,
será sempre condicional devendo ser res-
Art. 97 - Se o agente for inimputável, o juiz tabelecida a situação anterior se o agente,
determinará sua internação (art. 26). Se, toda- antes do decurso de 1 (um) ano, pratica
via, o fato previsto como crime for punível com fato indicativo de persistência de sua pe-
detenção, poderá o juiz submetê-lo a trata- riculosidade. (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)
mento ambulatorial. (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984) § 4º - Em qualquer fase do tratamento
ambulatorial, poderá o juiz determinar
a internação do agente, se essa providên-
Comentários: Conforme recentemente paci- cia for necessária para fins curativos. (Re-
ficado pelo Superior Tribunal de Justiça, não dação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
obstante a previsão expressa do art. 97 do CP,

49
#LEGIS

Substituição da pena por medida de TÍTULO VII


segurança para o semi-imputável DA AÇÃO PENAL
Ação pública e de iniciativa privada
Art. 98 - Na hipótese do parágrafo único
do art. 26 deste Código e necessitando o con- Art. 100 - A ação penal é pública, salvo
denado de especial tratamento curativo, a pena quando a lei expressamente a declara privativa
privativa de liberdade pode ser substituída do ofendido.
pela internação, ou tratamento ambulatorial,
pelo prazo mínimo de 1 (um) a 3 (três) anos, nos § 1º - A ação pública é promovida pelo Mi-
termos do artigo anterior e respectivos §§ 1º a 4º. nistério Público, dependendo, quando a lei
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) o exige, de representação do ofendido ou de
requisição do Ministro da Justiça. (Redação
Comentários: O disposto no art. 98 se aplica ao dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
semi-imputável, condenado na forma do art. 26,
parágrafo único, permitindo ao magistrado subs- Comentários: A legitimidade do Ministério Públi-
tituir a pena privativa de liberdade por medida co para propositura da ação penal pública emana
de segurança, caso o condenado necessite de es- do art. 129, I, da CF/88, base do sistema acusatório.
pecial tratamento curativo.

Assim, enquanto o inimputável deve ser absolvi- § 2º - A ação de iniciativa privada é promovida
do impropriamente, o semi-imputável deve ser mediante queixa do ofendido ou de quem
condenado, e, caso necessário, a pena privativa tenha qualidade para representá-lo. (Re-
de liberdade pode ser substituída por medida de dação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
segurança. § 3º - A ação de iniciativa privada pode in-
tentar-se nos crimes de ação pública, se o
Direitos do internado Ministério Público não oferece denúncia
no prazo legal. (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)
Art. 99 - O internado será recolhido a esta-
belecimento dotado de características hospita-
lares e será submetido a tratamento. (Redação Comentários: O art. 100, §3°, do CP, fundamenta
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) a denominada ação penal privada subsidiária da
pública.
Comentários: Além dos direitos previstos no art.
99 do CP, a pessoa internada ou submetida ao § 4º - No caso de morte do ofendido ou de ter
tratamento ambulatorial é protegida pelas dis- sido declarado ausente por decisão judicial,
posições da Lei 10.216/2001, conhecida como Lei o direito de oferecer queixa ou de prosse-
Antimanicomial, havendo enorme discussão, até guir na ação passa ao cônjuge, ascenden-
hoje não pacificada, acerca da revogação tácita te, descendente ou irmão. (Redação dada
ou não das previsões do Código Penal a respeito pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
da medida de segurança.
Comentários: É de ser reconhecida,
implicitamente, a legitimidade do convivente,
Anotações sobre os artigos anteriores: considerando a equiparação entre união estável e
casamento, nos termos do art. 226, §3°, da CF/88.

A ação penal no crime complexo

Art. 101 - Quando a lei considera como ele-


mento ou circunstâncias do tipo legal fatos que,
por si mesmos, constituem crimes, cabe ação
pública em relação àquele, desde que, em rela-

50
#LEGIS

ção a qualquer destes, se deva proceder por ini- Decadência do direito de queixa ou de
ciativa do Ministério Público. (Redação dada pela representação
Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 103 - Salvo disposição expressa em
Irretratabilidade da representação contrário, o ofendido decai do direito de quei-
xa ou de representação se não o exerce dentro
Art. 102 - A representação será irretratável do prazo de 6 (seis) meses, contado do dia em
depois de oferecida a denúncia. (Redação dada que veio a saber quem é o autor do crime, ou,
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) no caso do § 3º do art. 100 deste Código, do dia
em que se esgota o prazo para oferecimento da
Comentários: Nos crimes cometidos com vio- denúncia. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
lência doméstica e familiar contra a mulher, a 11.7.1984)
retratação da representação poderá ocorrer até
o recebimento da denúncia, conforme art. 16 da Renúncia expressa ou tácita do direito de
Lei 11.340/2006. queixa

Anotações sobre os artigos anteriores: Art. 104 - O direito de queixa não pode ser
exercido quando renunciado expressa ou taci-
tamente. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)

Parágrafo único - Importa renúncia tácita


ao direito de queixa a prática de ato incompatí-
vel com a vontade de exercê-lo; não a implica,
todavia, o fato de receber o ofendido a indeni-
zação do dano causado pelo crime. (Redação
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Perdão do ofendido

Art. 105 - O perdão do ofendido, nos cri-


mes em que somente se procede mediante quei-
xa, obsta ao prosseguimento da ação. (Redação
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Art. 106 - O perdão, no processo ou fora


dele, expresso ou tácito: (Redação dada pela Lei
nº 7.209, de 11.7.1984)

I - Se concedido a qualquer dos quere-


lados, a todos aproveita; (Redação dada
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
II - Se concedido por um dos ofendidos,
não prejudica o direito dos outros; (Reda-
ção dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
III - Se o querelado o recusa, não produz
efeito. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)

51
#LEGIS

§ 1º - Perdão tácito é o que resulta da prá- Prescrição antes de transitar em julgado a


tica de ato incompatível com a vontade de sentença
prosseguir na ação. (Redação dada pela Lei
nº 7.209, de 11.7.1984) Art. 109. A prescrição, antes de transitar
§ 2º - Não é admissível o perdão depois em julgado a sentença final, salvo o disposto no
que passa em julgado a sentença conde- § 1o do art. 110 deste Código, regula-se pelo má-
natória. (Redação dada pela Lei nº 7.209, ximo da pena privativa de liberdade cominada
de 11.7.1984) ao crime, verificando-se: (Redação dada pela Lei
nº 12.234, de 2010).
TÍTULO VIII
DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE I - Em vinte anos, se o máximo da pena é
Extinção da punibilidade superior a doze;
II - Em dezesseis anos, se o máximo da pena
Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: (Re- é superior a oito anos e não excede a doze;
dação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) III - Em doze anos, se o máximo da pena é
superior a quatro anos e não excede a oito;
I - Pela morte do agente; IV - Em oito anos, se o máximo da pena é
II - Pela anistia, graça ou indulto; superior a dois anos e não excede a quatro;
III - Pela retroatividade de lei que não mais V - Em quatro anos, se o máximo da pena
considera o fato como criminoso; é igual a um ano ou, sendo superior, não
excede a dois;
IV - Pela prescrição, decadência ou pe-
rempção; VI - Em 3 (três) anos, se o máximo da pena
é inferior a 1 (um) ano. (Redação dada
V - Pela renúncia do direito de queixa ou
pela Lei nº 12.234, de 2010).
pelo perdão aceito, nos crimes de ação
privada;
Prescrição das penas restritivas de direito
VI - Pela retratação do agente, nos casos
em que a lei a admite;
Parágrafo único - Aplicam-se às penas res-
VII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005) tritivas de direito os mesmos prazos previstos
VIII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005) para as privativas de liberdade. (Redação dada
IX - Pelo perdão judicial, nos casos previs- pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
tos em lei.
Prescrição depois de transitar em julgado
Art. 108 - A extinção da punibilidade de cri- sentença final condenatória
me que é pressuposto, elemento constitutivo
ou circunstância agravante de outro não se Art. 110 - A prescrição depois de transitar
estende a este. Nos crimes conexos, a extinção em julgado a sentença condenatória regula-
da punibilidade de um deles não impede, quan- -se pela pena aplicada e verifica-se nos prazos
to aos outros, a agravação da pena resultante fixados no artigo anterior, os quais se aumen-
da conexão. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de tam de um terço, se o condenado é reinciden-
11.7.1984) te. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
Anotações sobre os artigos anteriores:
Comentários: A causa de aumento da prescrição
prevista no artigo anterior somente se aplica à
prescrição executória, vide Súmula 220-STJ.

Súmula 220 do STJ: A reincidência não influi no


prazo da prescrição da pretensão punitiva

52
#LEGIS

§ 1º A prescrição, depois da sentença IV - Nos de bigamia e nos de falsificação


condenatória com trânsito em julgado para ou alteração de assentamento do registro
a acusação ou depois de improvido seu civil, da data em que o fato se tornou co-
recurso, regula-se pela pena aplicada, não nhecido. (Redação dada pela Lei nº 7.209,
podendo, em nenhuma hipótese, ter por de 11.7.1984)
termo inicial data anterior à da denún- V - Nos crimes contra a dignidade sexual
cia ou queixa. (Redação dada pela Lei nº de crianças e adolescentes, previstos neste
12.234, de 2010). Código ou em legislação especial, da data
§ 2º (Revogado pela Lei nº 12.234, de 2010). em que a vítima completar 18 (dezoito)
anos, salvo se a esse tempo já houver sido
proposta a ação penal. (Redação dada pela
Anotações sobre os artigos anteriores:
Lei nº 12.650, de 2012)

Termo inicial da prescrição após a sentença


condenatória irrecorrível

Art. 112 - No caso do art. 110 deste Código,


a prescrição começa a correr: (Redação dada
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

I - Do dia em que transita em julgado a


sentença condenatória, para a acusação,
ou a que revoga a suspensão condicional
da pena ou o livramento condicional; (Re-
dação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Comentários: Há divergência a respeito da cor-


reta interpretação do inciso I, visto que prevale-
ce, na Primeira Turma do STF, que o termo inicial
da prescrição executória é o trânsito em julgado
para ambas as partes, e não somente para a acu-
sação. O Plenário do Supremo ainda não pacifi-
cou a questão.

II - Do dia em que se interrompe a execu-


Termo inicial da prescrição antes de transitar ção, salvo quando o tempo da interrupção
em julgado a sentença final deva computar-se na pena. (Redação dada
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 111 - A prescrição, antes de transitar em
julgado a sentença final, começa a correr: (Reda- Anotações sobre os artigos anteriores:
ção dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

I - Do dia em que o crime se consumou; (Re-


dação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
II - No caso de tentativa, do dia em que
cessou a atividade criminosa; (Redação
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
III - Nos crimes permanentes, do dia em
que cessou a permanência; (Redação
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

53
#LEGIS

Prescrição no caso de evasão do condenado Redução dos prazos de prescrição


ou de revogação do livramento condicional
Art. 115 - São reduzidos de metade os
Art. 113 - No caso de evadir-se o conde- prazos de prescrição quando o criminoso era,
nado ou de revogar-se o livramento condicio- ao tempo do crime, menor de 21 (vinte e um)
nal, a prescrição é regulada pelo tempo que res- anos, ou, na data da sentença, maior de 70 (se-
ta da pena. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de tenta) anos.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984) 11.7.1984)

Prescrição da multa Comentários: Se o acusado completar 70 (seten-


ta) anos depois da sentença, ainda que antes do
Art. 114 - A prescrição da pena de multa trânsito em julgado da condenação, não terá di-
ocorrerá: (Redação dada pela Lei nº 9.268, de reito à redução prevista no art. 115 do CP. (ARE
1º.4.1996) 1241886 AgR, Relator(a): Min. ROBERTO BAR-
ROSO, Primeira Turma, julgado em 21/02/2020,
I - Em 2 (dois) anos, quando a multa for PROCESSO ELETRÔNICO DJe-047 DIVULG 05-03-
a única cominada ou aplicada; (Incluído 2020 PUBLIC 06-03-2020)
pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996)
II - No mesmo prazo estabelecido para Causas impeditivas da prescrição
prescrição da pena privativa de liberda-
de, quando a multa for alternativa ou Art. 116 - Antes de passar em julgado a
cumulativamente cominada ou cumula- sentença final, a prescrição não corre: (Redação
tivamente aplicada. (Incluído pela Lei nº dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
9.268, de 1º.4.1996)
I - Enquanto não resolvida, em outro pro-
Anotações sobre os artigos anteriores: cesso, questão de que dependa o reco-
nhecimento da existência do crime; (Re-
dação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
II - Enquanto o agente cumpre pena no ex-
terior; (Redação dada pela Lei nº 13.964, de
2019)

PACOTE ANTICRIME: O inciso II sofreu apenas


singela alteração, sendo modificada a palavra
“estrangeiro” por “exterior”, o que na prática não
terá impacto algum.

III - Na pendência de embargos de decla-


ração ou de recursos aos Tribunais Supe-
riores, quando inadmissíveis; e (Incluído
pela Lei nº 13.964, de 2019)

PACOTE ANTICRIME: O inciso III buscou evitar a


interposição de recursos meramente protelató-
rios, impedindo o curso da prescrição quando
estes forem considerados inadmissíveis.

IV - Enquanto não cumprido ou não rescin-


dido o acordo de não persecução penal.
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

54
#LEGIS

PACOTE ANTICRIME: O inciso IV deixou claro “1. O aditamento à denúncia é apto a interromper
que, caso seja firmado o Acordo de Não Persecu- o prazo da prescrição apenas quando, por esse
ção Penal (ANPP), previsto no art. 28-A do CPP, a meio, são apresentados argumentos que denotam
prescrição não corre enquanto não cumprido ou significativa modificação fática. (REsp 1794147/
rescindido o acordo. PA, Rel. Ministra LAURITA VAZ, SEXTA TURMA, jul-
gado em 05/12/2019, DJe 17/12/2019)
Parágrafo único - Depois de passada em jul-
gado a sentença condenatória, a prescrição não II - Pela pronúncia; (Redação dada pela Lei
corre durante o tempo em que o condenado está nº 7.209, de 11.7.1984)
preso por outro motivo. (Redação dada pela Lei
nº 7.209, de 11.7.1984) Súmula 191 do STJ: A pronúncia é causa inter-
ruptiva da prescrição, ainda que o Tribunal do
Anotações sobre os artigos anteriores: Júri venha a desclassificar o crime

III - Pela decisão confirmatória da pro-


núncia; (Redação dada pela Lei nº 7.209,
de 11.7.1984)
IV - Pela publicação da sentença ou acór-
dão condenatórios recorríveis; (Redação
dada pela Lei nº 11.596, de 2007).

Comentários: O Supremo Tribunal Federal, ao jul-


gar o HC 176.473, pacificou que o acórdão confir-
matório da condenação também é marco interrup-
tivo da prescrição.

V - Pelo início ou continuação do cumpri-


mento da pena; (Redação dada pela Lei nº
9.268, de 1º.4.1996)
VI - Pela reincidência. (Redação dada pela
Lei nº 9.268, de 1º.4.1996)

Comentários: O marco interruptivo da prescri-


ção insculpido no inciso VI somente se aplica à
prescrição executória, vide Súmula 220-STJ.
Causas interruptivas da prescrição
§ 1º - Excetuados os casos dos incisos V e
Art. 117 - O curso da prescrição inter- VI deste artigo, a interrupção da prescri-
ção produz efeitos relativamente a todos
rompe-se: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de os autores do crime. Nos crimes conexos,
11.7.1984) que sejam objeto do mesmo processo, es-
tende-se aos demais a interrupção relativa
I - Pelo recebimento da denúncia ou da a qualquer deles. (Redação dada pela Lei
queixa; (Redação dada pela Lei nº 7.209, nº 7.209, de 11.7.1984)
de 11.7.1984.
§ 2º - Interrompida a prescrição, salvo a hi-
pótese do inciso V deste artigo, todo o pra-
Comentários: Eventualmente, o recebimento do zo começa a correr, novamente, do dia
aditamento da denúncia também pode provocar da interrupção. (Redação dada pela Lei nº
a interrupção da prescrição, conforme entendi- 7.209, de 11.7.1984)
mento do STJ.

55
#LEGIS

Art. 118 - As penas mais leves prescrevem Para fixação:


com as mais graves. (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984) 1) Ano: 2017 / Banca: CESPE / Órgão: DPE-AC /
Prova: Defensor Público
Anotações sobre os artigos anteriores: A respeito das medidas de segurança e dos direi-
tos das pessoas portadoras de transtornos men-
tais, assinale a opção correta.

a) São vedadas a internação compulsória psi-


quiátrica e a medida de segurança de internação
em caráter cautelar, de modo a impedir o vínculo
institucional antes da decisão final do
processo.

b) As internações psiquiátricas, em qualquer


uma de suas modalidades, deve ter prazo deter-
minado, e as medidas de segurança devem durar,
no mínimo, de um a três anos.

c) As medidas de segurança, em razão da nature-


za e da finalidade, não se submetem ao instituto
da extinção de punibilidade.

d) A internação compulsória somente pode ser


determinada pelo juiz em instituições com carac-
terísticas asilares, sendo vedada a inserção dessa
modalidade de internação em hospitais de cus-
tódia e de tratamento psiquiátrico.
Art. 119 - No caso de concurso de crimes, a
extinção da punibilidade incidirá sobre a pena e) As internações psiquiátricas, em qualquer uma
de cada um, isoladamente. (Redação dada pela de suas modalidades, somente serão permitidas
se demonstrada a insuficiência dos recursos ex-
Lei nº 7.209, de 11.7.1984) tra-hospitalares.

Comentários: Desta forma, sendo praticados,


por exemplo, os crimes de roubo (art. 157 do CP)
2) Ano: 2016 / Banca: MPE-PR / Órgão: MPE-PR
e corrupção de menores (art. 244-B do ECA) em
/ Prova: Promotor de Justiça
concurso formal, a prescrição de cada um dos
delitos é calculada isoladamente, desprezando-
Considerando o entendimento sumulado dos Tri-
-se a fração de aumento decorrente do concurso
bunais Superiores, analise as assertivas abaixo e
de delitos.
indique a alternativa:

Perdão judicial I - A pronúncia é causa interruptiva da prescrição,


ainda que o Tribunal do Júri venha a desclassifi-
Art. 120 - A sentença que conceder perdão car o crime.
judicial não será considerada para efeitos de II - A sentença concessiva do perdão judicial é de-
reincidência. (Redação dada pela Lei nº 7.209, claratória da extinção da punibilidade, não sub-
de 11.7.1984) sistindo qualquer efeito condenatório.
III - A reincidência interrompe o prazo da prescri-
Súmula 18 do STJ: A sentença concessiva do per- ção da pretensão punitiva.
dão judicial é declaratória da extinção da puni-
bilidade, não subsistindo qualquer efeito conde- IV - É inadmissível a extinção da punibilidade
natório. pela prescrição da pretensão punitiva com fun-

56
#LEGIS

damento em pena hipotética, independente- d) o acórdão meramente confirmatório da deci-


mente da existência ou sorte do processo penal. são de pronúncia não interrompe a prescrição
da pretensão punitiva.
a) Todas as assertivas estão corretas; e) entre a data do fato e o recebimento da denún-
cia a prescrição pode ocorrer de forma retroativa
b) Apenas as assertivas I e III estão incorretas; com base na pena aplicada na sentença.
c) Apenas as assertivas I, II e IV estão corretas; Anotações gerais sobre as questões anteriores:
d) Apenas as assertivas II, III e IV estão incorretas;

e) Apenas as assertivas III e IV estão corretas.

3) Ano: 2018 / Banca: NUCEPE / Órgão: PC-PI /


Prova: NUCEPE - 2018 - PC-PI - Delegado de Po-
lícia Civil

As causas interruptivas da prescrição tem o obje-


tivo de fazer com que o prazo, a partir delas, seja
novamente reiniciado, o curso da prescrição in-
terrompe-se, conforme a enumeração contida no
Código Penal. Qual destas situações NÃO é causa
interruptiva da prescrição?

a) Pela pronúncia.

b) Pela decisão confirmatória da pronúncia.

c) Pelo recebimento do inquérito ou da denúncia.

d) Pela publicação da sentença ou acórdão con-


denatório recorrível.

e) Pelo início ou continuação do cumprimento da


pena.

4) Ano: 2018 / Banca: FCC / Órgão: DPE-MA /


Prova: FCC - 2018 - DPE-MA - Defensor Público

Sobre a prescrição é correto afirmar que

a) a sentença penal que absolve o réu é causa de


interrupção da prescrição.

b) ainda que seja causa que interrompe a pres-


crição, o início do cumprimento da pena não faz
com que o prazo volte a correr da data dessa in-
terrupção.

c) com a concessão do livramento condicional


volta a correr o prazo para a prescrição da pre-
tensão executória. GABARITO: 01: E | 02: C | 03: C | 04: B

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