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Prefeito

Rodrigo Neves Barreto

Prestação de Contas de Governo do


Município de Niterói
Exercício 2020

Conselheiro Substituto
Christiano Lacerda Ghuerren
PROCESSO Nº 206.489-6/21

RUBRICA: FLS.: 2

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO


GABINETE DO CONSELHEIRO-SUBSTITUTO
CHRISTIANO LACERDA GHUERREN

VOTO GCS-3

PROCESSO : TCE-RJ Nº 206.489-6/21


ORIGEM : PREFEITURA MUNICIPAL DE NITERÓI
ASSUNTO : PRESTAÇÃO DE CONTAS DO GOVERNO – EXERCÍCIO
DE 2020
RESPONSÁVEL : RODRIGO NEVES BARRETO

PRESTAÇÃO DE CONTAS DE GOVERNO –


EXERCÍCIO DE 2020. PARECER PRÉVIO
FAVORÁVEL À APROVAÇÃO DAS CONTAS DE
GOVERNO, COM RESSALVAS, DETERMINAÇÕES E
RECOMENDAÇÃO. COMUNICAÇÃO AO CONTROLE
INTERNO PARA CIÊNCIA E ADOÇÃO DE
PROVIDÊNCIAS. COMUNICAÇÃO AO ATUAL
PREFEITO PARA CIÊNCIA E ALERTA.
COMUNICAÇÃO AO PRESIDENTE DA CÂMARA.
COMUNICAÇÃO. ARQUIVAMENTO.

Trata o presente processo da Prestação de Contas do Governo do Município


de Niterói, relativa ao exercício de 2020, sob a responsabilidade do Prefeito, Sr.
Rodrigo Neves Barreto, encaminhada a este Tribunal de Contas para Emissão de
Parecer Prévio, conforme previsto no artigo 125, inciso I, da Constituição Estadual.

A documentação da Prestação de Contas, de forma parcial, foi encaminhada,


tempestivamente, a este Tribunal e, em razão da ausência de documentos
indispensáveis à competente análise, foi formalizado Ofício Regularizador –
Processo TCE-RJ nº 207.449-3/21 – que, em decisão monocrática de 09/04/2021,
decidi pela Comunicação ao atual Prefeito para que procedesse a complementação.

Em atendimento ao contido no Ofício Regularizador, foram remetidos a este


Tribunal, de forma tempestiva, os documentos solicitados, constituindo os Docs.

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TCE-RJ n.os 9.279-4/21 e 9.349-5/21 que, após análise consubstanciada em


Relatório o Corpo Instrutivo manifestou-se pela emissão de Parecer Prévio
Contrário à aprovação das Contas do Governo do Município de Niterói, relativas ao
exercício de 2020, em face de duas Irregularidades apontadas, com Comunicações
e Expedição de Ofício ao Ministério Público Estadual para conhecimento e
providências que entender cabíveis.

O Ministério Público Especial junto a este Tribunal de Contas, representado


pelo Procurador-Geral, Henrique Cunha de Lima Teixeira, manifesta-se, no mérito,
no mesmo sentido proposto pelo Corpo Instrutivo, porém, exclui uma das
irregularidades e adiciona duas impropriedades, além de determinação à
Secretaria-Geral de Controle Externo.

Conforme previsto no § 1º do art. 45 do Regimento Interno deste Tribunal,


introduzido pela Deliberação TCE-RJ nº 294, de 27.09.2018, o presente processo
foi objeto de Decisão Monocrática no dia 18 de agosto de 2021 para vista do
processo e apresentação de manifestação escrita por parte do jurisdicionado.

Em atendimento aos termos da referida decisão, o responsável pelas


presentes Contas e o atual Prefeito Municipal, apresentaram, de forma tempestiva,
por meio do sistema informatizado e-TCERJ, manifestações escritas e documentos,
os quais foram imediatamente remetidos à Coordenadoria competente para que
procedesse à análise dos elementos apresentados.

Concluída a análise, retornaram os autos ao meu Gabinete, cujos Órgãos de


Instrução deste Tribunal, após exame dos elementos apresentados na
manifestação escrita, manifestaram-se, mais uma vez, pela emissão de Parecer
Prévio Contrário à aprovação das Contas do Governo do Município de Niterói,
relativas ao exercício de 2020, em face de uma Irregularidade, a seguir transcrita, e
das impropriedades apontadas, com Comunicações e Expedição de Ofício ao
Ministério Público Estadual para conhecimento e providências que entender
cabíveis.

IRREGULARIDADE N° 1
O município realizou despesas no montante de R$571.791,33 sem
haver dotação orçamentária para se proceder ao seu empenhamento,
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caracterizando, dessa forma, a ocorrência de despesas sem


autorização legislativa, em desacordo com o previsto no inciso II do art.
167 da Constituição Federal.

O Ministério Público Especial junto a este Tribunal de Contas, representado


pelo Procurador-Geral, Henrique Cunha de Lima, manifesta-se, novamente, no
mérito, no mesmo sentido proposto pelo Corpo Instrutivo, porém adiciona uma
impropriedade, além de determinação à Secretaria-Geral de Controle Externo.

Finalmente, ressalto que, conforme previsto no artigo 123 do Regimento


Interno desta Corte de Contas, o presente processo foi incluído na Pauta Especial
nº 317/2021, publicada no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro do dia
06/10/2021.

É o Relatório.

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I – CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Inicialmente, registro que atuo nestes autos em virtude de convocação


promovida pela Presidência desta Egrégia Corte de Contas, em Sessão Plenária de
17/04/2018.

Antes de adentrar, propriamente, no mérito das Contas de Governo sob


exame, cabe consignar que o Supremo Tribunal Federal, em 09/08/2007, ao
apreciar a Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 2238 e, por maioria, deferiu a
medida cautelar requerida na ação, suspendendo a eficácia dos artigos 56, caput, e
57 da Lei Complementar nº 101/2000 que, especificamente, no art. 56, estabelece
que as Contas prestadas pelos Chefes do Poder Executivo incluirão, além das suas
próprias, as dos Presidentes dos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário e do
Chefe do Ministério Público, as quais receberão Parecer Prévio, separadamente, do
respectivo Tribunal de Contas.

Não é demais registrar que a medida cautelar em ação direta de


inconstitucionalidade é dotada de “eficácia contra todos”, como dispõe o § 1º do
art. 11 da Lei nº 9.868 de 10/11/99 (que disciplina o rito das ADIs), o que equivale
dizer, cumpre ao Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro respeitar o citado
julgado do Supremo na referida ADI 2238.

Assim, diante de tal decisão, serão aqui analisadas as Contas do Governo do


Chefe do Poder Executivo Municipal, deixando as Contas de Chefe do Poder
Legislativo para apreciação na Prestação de Contas de Gestão da Câmara
Municipal, exercício de 2020.

I.1 – Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro

Em obediência ao princípio federativo e ao princípio da simetria insculpido no


art. 75 da CF, a Constituição Estadual estabelece que compete ao Tribunal de
Contas do Estado do Rio de Janeiro emitir Parecer Prévio – favorável ou contrário

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– à aprovação, por parte da Câmara Municipal, das Contas de Governo


prestadas pelo respectivo Chefe do Poder Executivo dos municípios e
estabelecendo, ainda, a competência ao Tribunal de Contas para julgar as contas
dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos
da administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e
mantidos pelo poder público, e as contas daqueles que derem causa a perda,
extravio, ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário.

Assim, a competência do TCE/RJ é exercida por força do disposto no art. 75


da Constituição Federal e com o estabelecido nos arts. 79 e 123 e nos arts. 124,
125, 127 §§1°, 2°, arts. 132, 133, 309 § 3° e art. 348 da Constituição do Estado do
Rio de Janeiro; da Lei Complementar Federal nº 101/2000 (Lei de
Responsabilidade Fiscal) e da Lei Complementar Estadual nº 63, de 1.8.1990 (Lei
Orgânica do TCE/RJ).

I.2 – O dever de Prestar Contas

Em sentido amplo é a obrigação imposta a uma pessoa ou a uma entidade


sujeita à fiscalização, de demonstrar que geriu ou fiscalizou os recursos que lhe
foram confiados em conformidade com as condições em que esses recursos lhe
foram entregues.

Na Administração Pública é a obrigação decorrente de disposições legais que


consiste na apresentação, por pessoas responsáveis pela gestão de recursos
públicos, de documentos e demonstrativos que expressem a situação financeira e
patrimonial, bem como o resultado das operações realizadas sob a sua
responsabilidade.

Destaco ainda que o dever de prestar contas é um dos encargos inerentes à


função do chefe do Poder Executivo e está esculpido no inciso I do art. 71 c/c o
inciso IX do artigo 49, da Constituição Federal. Tão relevante é este dever, que a
ausência da prestação de contas, é motivo para intervenção no ente federativo,
conforme previsto nos dispositivos art. 34, inciso VII, alínea “d” e art. 35, inciso II,
ambos também da carta constitucional.

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I.2.1 – Prestação de Contas de Governo

São as Contas prestadas anualmente pelo Chefe do Poder Executivo


Federal, Estadual e Municipal.

Conforme prevê o disposto no inciso I do artigo 125 da Constituição do


Estado do Rio de Janeiro, compete ao Tribunal de Contas do Estado do Rio de
Janeiro emitir Parecer Prévio – Favorável ou Contrário – à aprovação das Contas
prestadas pelo Chefe do Poder Executivo, verificando o cumprimento dos
dispositivos Constitucionais (Educação, Saúde, entre outros) e restrições previstas
na Lei Federal nº 4.320/64, Lei Complementar Federal nº 101/2000, Leis
Orçamentárias etc. O Parecer Prévio do Tribunal de Contas, de cunho
eminentemente técnico, somente poderá ser rejeitado pela Casa Legislativa
municipal mediante voto de dois terços dos seus membros.

O Parecer Prévio do Tribunal Contas reveste-se de características de um


parecer técnico, e prevalecerá se não apreciado pela Casa Legislativa no prazo
fixado na legislação vigente. Portanto, se a Casa Legislativa não decidiu, pode-se
admitir que não tinha maioria de parlamentares para rejeitar o que,
presumivelmente, pela Constituição, deve ser mantido, no caso prevalece o Parecer
do Tribunal de Contas, ressaltando que, quando a Casa Legislativa, deixando de
votar, mantém o parecer do Tribunal de Contas, está agindo dentro do escopo e da
linha estabelecida na Constituição.

Ressalte-se, ainda, que a aprovação político/administrativa das Contas do


Chefe do Poder Executivo pelos membros da Casa Legislativa não tem como
escopo extinguir a punibilidade do responsável, ou seja, o ato ilegal não pode ser
transmudado para legal, pela simples aprovação das Contas pelo Legislativo. Em
razão disso, quando este Tribunal de Contas, em sua análise técnica, constata o
descumprimento da legislação, emitindo Parecer Prévio Contrário à aprovação das
Contas do Chefe do Executivo pelo Legislativo, o procedimento adotado por esta
Corte de Contas tem sido comunicar, imediatamente, o Ministério Público Estadual
para as providências pertinentes, independentemente da aprovação ou não das
Contas por parte dos Parlamentares.

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Tal procedimento está consagrado no Código de Processo Penal – Decreto-


Lei nº 3.689, de 03.10.1940 – que, no artigo 40, assim dispõe:

“Art. 40. Quando, em autos ou papéis de que conhecerem, os juízes ou


tribunais verificarem a existência de crime de ação pública, remeterão ao
Ministério Público as cópias e os documentos necessários ao oferecimento da
denúncia.”

O Parecer Prévio do Tribunal de Contas de Governo não exime os


Ordenadores de Despesas e demais responsáveis pela guarda e movimentação de
bens e valores, de eventuais responsabilidades que venham a ser apuradas em
processos de Prestação ou Tomada de Contas, sendo, nestes casos, julgados pelo
próprio Tribunal de Contas.

Para que este Tribunal possa cumprir sua competência constitucional, a


apreciação das Contas de Governo torna-se, especialmente, qualificada quando
elaborada de acordo com as normas e parâmetros incorporados ao sistema
orçamentário nacional e com os mandamentos e diretrizes da Lei de
Responsabilidade Fiscal – LRF.

Neste sentido, deve-se considerar o entendimento mais consolidado de que é


necessário, tanto quanto possível, aliar adequadas previsões orçamentárias de
Receitas e Despesas, inclusive em relação ao Plano Plurianual e à Lei de Diretrizes
Orçamentárias, a uma execução orçamentária responsável e que pretenda
alcançar, em última instância, o equilíbrio das Contas Públicas.

A Lei de Responsabilidade Fiscal, ao estabelecer normas de Finanças


Públicas e orçamentação voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal, tornou
mais abrangente a função fiscalizadora, quanto ao cumprimento de metas de
resultados entre Receitas e Despesas, respeito ao limite e condições, renúncia de
Receitas, controle da Dívida Pública, gastos com Pessoal, Seguridade Social,
Serviços de Terceiros e Restos a Pagar.

Cabe ressaltar, nos termos do artigo 58 da LRF, a previsão de que “a


prestação de contas evidenciará o desempenho da arrecadação em relação à previsão,
destacando as providências adotadas no âmbito da fiscalização das receitas e combate
à sonegação, as ações de recuperação de crédito nas instâncias administrativa e
judicial, bem como as demais medidas para implemento das receitas tributárias e de
contribuições.”

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I.3 – Competência face a Lei de Responsabilidade Fiscal

A Lei de Responsabilidade Fiscal estabelece normas de finanças públicas e


orçamentação pautadas na ação planejada, transparência e equilíbrio. Em
consequência, além da verificação da observância dos requisitos constitucionais e
legais, a função fiscalizadora desta Corte na análise das Contas de Governo
abrange a avaliação do atendimento aos pressupostos de uma gestão fiscal
responsável e do equilíbrio das contas públicas, quanto ao cumprimento de metas
de resultados entre receitas e despesas, à observância de limites e condições, à
renúncia de receitas, ao controle da dívida e dos gastos com pessoal, seguridade
social, serviços de terceiros e restos a pagar.

O exame da atuação governamental, entretanto, não se esgota no exame da


documentação enviada, recebendo subsídios dos diversos produtos da atuação
deste Tribunal. É um trabalho realizado ao longo do exercício sob exame, seja por
intermédio da análise de processos, tais como os relatórios exigidos pela Lei de
Responsabilidade Fiscal, seja por meio das Auditorias Governamentais e, ainda, de
consultas ao Sistema Integrado de Gestão Fiscal – SIGFIS.

I.4 – Elementos Constitutivos da Prestação de Contas de


Governo

Para o cumprimento do dever de prestar contas, o Chefe do Executivo deve


demonstrar a atuação governamental e seus resultados referentes ao exercício
financeiro, evidenciando a realização do orçamento, dos Planos e Programas de
Governo; o cumprimento dos dispositivos constitucionais e legais de gastos com
Saúde, Educação, Pessoal e endividamento, dentre outros. São contas globais, que
objetivam demonstrar o retrato da situação das finanças do ente.

É importante destacar que, na forma da legislação em vigor, integram as


Contas de Governo do Chefe do Poder Executivo diversos elementos, destacando-
se o relatório do Órgão Central de Contabilidade; o relatório do Órgão Central do
Sistema de Controle Interno do Poder Executivo, de que trata o art. 36, §2º da Lei
Complementar Estadual nº 63, de 1º de agosto de 1990; balanços e demais
relatórios gerenciais exigidos pela Lei Federal nº 4.320, de 17 de março de 1964; e
demonstrativos exigidos pela Lei de Responsabilidade Fiscal.

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A Prestação de Contas de Governo submete-se a Parecer Técnico Prévio


não vinculante dos Tribunais de Contas, e a julgamento definitivo, político e
posterior, do Parlamento (art. 71, I c/c 49, IX, da Constituição Federal), que poderá
ou não seguir as recomendações técnicas das Cortes de Contas.

I.5 – Aspectos Formais


I.5.1 – Prazo de Envio da Prestação de Contas

A Prestação de Contas foi encaminhada em 15.03.2021, portanto, de forma


tempestiva, uma vez que a Lei Orgânica não dispõe de forma diversa e a sessão
legislativa de 2021 foi inaugurada em 15.01.2021, conforme Declaração de Abertura
da Sessão Legislativa à fl. 06.

I.5.2 – Consolidação dos Demonstrativos Contábeis

De acordo com a Deliberação TCE-RJ n.º 285/18, as Prestações de Contas


de Governo dos municípios devem ser apresentadas de forma consolidada,
abrangendo os resultados gerais da gestão de todos os órgãos e entidades dos
Poderes do município, assim como dos Fundos.

A Lei Complementar Federal n.º 101/00, no inciso III do art. 50, estabelece
que as demonstrações contábeis abrangem toda a administração direta e indireta
municipal, não sendo alcançadas as empresas estatais não dependentes.

Os dados contábeis apresentados foram consolidados pelo município


abrangendo os resultados gerais da gestão de todos os órgãos e entidades da
Administração Direta e Indireta, assim como dos Fundos, conforme disposto na
Deliberação TCE-RJ n.º 285/18.

Por fim, deve ser salientado que a análise individual das contas dos órgãos e
entidades da administração direta e indireta, respectivamente, será efetuada, de
acordo com o critério de seletividade, nos processos de Prestação de Contas Anual
de Gestão, enfatizando que a manifestação desta Corte acerca do parecer prévio
não repercute ou condiciona qualquer posterior julgamento da responsabilidade de
administradores e demais responsáveis.

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I.5.2.1 – Relatório Resumido da Execução Orçamentária (RREO)

No exame do Relatório Resumido da Execução Orçamentária referente ao 6º


bimestre de 2020, foi constatada a consolidação adequada dos dados das
Unidades Gestoras do município.

I.5.2.2 – Relatório de Gestão Fiscal (RGF)

No exame dos Relatórios de Gestão Fiscal de todos os períodos de 2020,


foi constatada a consolidação dos dados das Unidades Gestoras do município,
também de forma adequada.

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II – PLANEJAMENTO GOVERNAMENTAL

A Constituição de 1988 consagrou o planejamento como preceito basilar da


Administração Pública, por várias vezes referido no texto constitucional,
destacando-se o mandamento do art. 174: “Como agente normativo e regulador da
atividade econômica, o Estado exercerá, na forma da lei, as funções de
fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para o setor
público e indicativo para o setor privado”.

Em reconhecimento à importância deste processo, os constituintes de 1988,


consolidaram na nova Carta Magna, como pilares da Administração Financeira do
Setor Público, o Plano Plurianual (PPA), as Diretrizes Orçamentárias (LDO) e os
Orçamentos Anuais (LOA).

Entretanto, o que deve ser enfatizado no processo de elaboração do PPA, da


LDO e da LOA não são os textos, as classificações ou as demonstrações que os
integram, mas as intenções do governo e os meios para executá-las, assegurando
que o planejado e o orçado se concretizem e que o orçamento deixe de ser
encarado como mera peça formal de ficção e passe a ser instrumento real de
planejamento e controle, orientando efetivamente as ações do governo.

É indispensável a realização de um diagnóstico da realidade e uma avaliação


das necessidades. Feito o diagnóstico, poderão as necessidades levantadas serem
incluídas no Plano Plurianual (PPA), na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e na
Lei Orçamentária Anual (LOA), tendo em vista que o processo de planejamento
orçamentário, hoje, não se restringe, somente, ao orçamento do exercício – Lei do
Orçamento Anual (LOA) -, mas abrange, também, o PPA, e a LDO. Os três
instrumentos devem, necessariamente, manter-se compatíveis nos seus conteúdos.

II.1 – Lei Orçamentária Anual (LOA)


O Orçamento Geral do município para o exercício de 2020 foi aprovado pela
Lei Orçamentária Anual (LOA) n.º 3.460, de 30 de dezembro de 2019, estimando a
receita no valor de R$3.612.034.093,07 e fixando a despesa em igual valor,
conforme demonstrado às fls. 08/389.

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II.1.1 – Autorizações para Abertura de Créditos Adicionais

De acordo com a Lei Orçamentária para 2020 do município de Niterói, o


Poder Executivo foi autorizado a abrir Créditos Suplementares, com a finalidade de
atender insuficiências nas dotações orçamentárias, até o limite de 30% do total do
Orçamento.

Dessa forma, foi autorizada a abertura de Créditos Adicionais Suplementares


no valor de R$ .1050.933.697,52.

A Lei Orçamentária do município prevê ainda exceções ao limite de 30% para


abertura de Créditos Suplementares para atender insuficiências nas dotações
orçamentárias.

As exceções podem caracterizar a possibilidade de abertura de créditos


ilimitados, uma vez que o gestor poderá alterar o orçamento, indiscriminadamente,
abrindo Créditos Suplementares que não oneram o limite estabelecido, o que é
vedado pelo art. 167, VII da Constituição Federal.

II.1.2 – Alterações Orçamentárias

São alterações realizadas no Orçamento Anual através de Créditos


Adicionais abertos pelo Poder Executivo, com autorização do Poder Legislativo
correspondente, para atender despesas não previstas no orçamento.

II.1.2.1 – Autorizadas pela Lei Orçamentária Anual – LOA

Tendo como referência o demonstrativo de Relação dos Créditos Adicionais


abertos com base na LOA, apresentada pela Administração Municipal, o Corpo
Instrutivo elaborou quadro com as alterações orçamentárias no exercício,
autorizados pela Lei Orçamentária Anual, concluindo que a abertura de créditos
adicionais, no montante de R$ 417.589.569,66, encontra-se dentro do limite
estabelecido na LOA, observando-se, portanto, o preceituado no inciso V do art.
167 da Constituição Federal, conforme, resumidamente, se demonstra:

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SUPLEMENTAÇÕES

Anulação 1.422.445.969,64
Excesso - Outros 151.512.898,42
Fonte de
Alterações Superávit 610.872.185,08
recursos
Convênios 0,00

Operação de crédito 0,00

(A) Total das alterações 2.184.831.053,14


(B) Créditos não considerados (exceções previstas na LOA) 1.767.241.483,48
(C) Alterações efetuadas para efeito de limite = (A – B) 417.589.569,66
(D) Limite autorizado na LOA 1.050.933.697,52
(E) Valor total dos créditos abertos acima do limite = (C – D) 0,00
Fonte: Lei dos Orçamentos Anuais – fls. 08/389 e Relação dos Créditos Adicionais abertos com base na LOA – Quadro A.1 – fls.
1998/2002.

II.1.2.2 – Abertura de Créditos Adicionais autorizados por leis específicas

No que concerne aos Créditos Adicionais abertos em face de autorização em


leis específicas, tendo como referência o demonstrativo de “Relação dos Créditos
Adicionais abertos com base em Leis Específicas”, apresentado pela Administração
Municipal, o Corpo Instrutivo elaborou, à fls. 2680, quadro demonstrativo,
concluindo que a abertura de Créditos Adicionais encontra-se dentro do limite
estabelecido nas Leis Autorizativas, observando-se, portanto, o preceituado no
inciso V do art. 167 da Constituição Federal.

II.1.3 – Análise das Fontes de Recursos

Após exposição de seu entendimento, o Corpo Instrutivo elaborou o quadro


demonstrativo reproduzido a seguir, com o propósito de evidenciar o Resultado
Orçamentário apresentado ao final do exercício, excluída a movimentação
orçamentária do Regime Próprio de Previdência Social – RPPS, bem como os
repasses financeiros (extraorçamentários) transferidos para o Instituto com vistas à
cobertura de deficit financeiro:

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RESULTADO APURADO NO EXERCÍCIO (EXCETO RPPS)

Natureza Valor - R$

I - Superávit do exercício anterior 1.201.545.760,75


II - Receitas arrecadadas 3.348.846.773,35
III - Total das receitas disponíveis (I+II) 4.550.392.534,10
IV - Despesas empenhadas 3.461.546.229,66

V - Aporte financeiro (extraorçamentário) ao instituto de previdência 153.267.524,27

VI - Total das despesas realizadas (IV+V) 3.614.813.753,93


VII - Resultado alcançado (III-VI) 935.578.780,17
Fonte: prestação de contas de governo de 2019, processo TCE-RJ nº.211.151-6/2020; Anexo 10 consolidado da Lei Federal n.º
4.320/64 - fls. 914/925 e Anexo 11 consolidado da Lei Federal n.º 4.320/64 – fls. 926/927, Anexo 12 do RPPS da Lei Federal n.º
4.320/64 - fls. 1119/1122 e Balanço Financeiro do RPPS – fls. 1126/1127.
Nota: superavit do exercício anterior, excluídos os resultados do RPPS e Legislativo.

Em conclusão, o Corpo Instrutivo manifestou-se da seguinte forma:


“Como se observa, ao final do exercício, o município registrou um
resultado positivo, já considerados todos os recursos disponíveis e todas
as despesas realizadas, inclusive aquelas efetuadas por meio da abertura
de créditos adicionais, cuja indicação dos recursos consta da análise
efetuada anteriormente. Desse modo, conclui-se que o gestor adotou as
medidas necessárias à preservação do equilíbrio orçamentário no
exercício, já consideradas as alterações orçamentárias efetuadas,
cumprindo, assim, as determinações legais pertinentes.”

II.1.4 – Demonstrativo das alterações no Orçamento

Durante o exercício ocorreram alterações orçamentárias em razão da


abertura de Créditos Adicionais, resultando em um Orçamento Final de
R$ 4.381.915.256,29, representando um acréscimo de 21,31% em relação ao
Orçamento Inicial, conforme evidenciado a seguir:
Descrição Valor (R$)

(A) Orçamento inicial 3.612.034.093,07


(B) Alterações: 2.192.327.132,86
Créditos extraordinários 0,00
Créditos suplementares 2.184.831.053,14
Créditos especiais 7.496.079,72
(C) Anulações de dotações 1.422.445.969,64
(D) Orçamento final apurado (A + B - C) 4.381.915.256,29
(E) Orçamento registrado no comparativo da despesa autorizada com a realizada consolidado –
4.381.915.256,29
Anexo 11 da Lei Federal n.º 4.320/64

(F) Divergência entre o orçamento apurado e os registros contábeis (D - E) 0,00


Fonte: Anexo 11 consolidado da Lei Federal n.º 4.320/64 – fls. 926/927, Relação dos Créditos Adicionais abertos com base na LOA
– Quadro A.1 – fls. 1998/2002 e Relação dos Créditos Adicionais abertos com base em Leis Específicas – Quadro A.2 – fls.
396/397.

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III – ANÁLISE DOS RESULTADOS

III.1 – Receita

III.1.1 – Previsão e Arrecadação

A receita arrecadada no exercício foi de R$ 3.709.199.472,88, portanto,


abaixo da previsão que era de R$ 3.763.546.991,49, gerando, em consequência,
uma variação negativa de R$ 54.347.518,61, que representa um decréscimo de
1,44% em relação ao total da arrecadação prevista.

O quadro a seguir demonstra o comportamento da arrecadação municipal no


exercício de 2020 em comparação com a previsão atualizada:

ARRECADAÇÃO NO EXERCÍCIO
Previsão Saldo
Arrecadação
Natureza Atualizada
R$ R$ Percentual
R$
Receitas correntes 3.464.143.829,65 3.416.384.704,20 -47.759.125,45 -1,38%
Receitas de capital 151.100.000,00 73.056.133,42 -78.043.866,58 -51,65%
Receita intraorçamentária 148.303.161,84 219.758.635,26 71.455.473,42 48,18%

Total 3.763.546.991,49 3.709.199.472,88 -54.347.518,61 -1,44%


Fonte: Anexo 10 consolidado da Lei Federal n.º 4.320/64 – fls. 914/925.
Nota: nos valores das receitas já foram consideradas as devidas deduções.

A Receita Arrecadada registrada no Balanço Orçamentário Consolidado não


apresenta divergência do consignado no Anexo 10 da Lei Federal nº 4.320/64 –
Comparativo da Receita Orçada com a Arrecadada.

III.1.2 – Auditorias de Diagnósticos da Gestão Tributária

Objetivando diagnosticar a gestão do imposto sobre serviços – ISS, do


Imposto Predial e Territorial Urbano – IPTU e do Imposto sobre a Transmissão de
Bens Imóveis – ITBI, este Tribunal, por intermédio da Coordenadoria de Controle da
Receita (CCR) executou, nos exercícios de 2014 e 2015, auditorias governamentais
nos 91 municípios jurisdicionados.

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As inconsistências identificadas naquelas Auditorias foram objeto de


Ressalva e Determinação quando da apreciação das Contas de Governo de 2017,
com alerta ao Prefeito Municipal de que ocorreriam Auditorias de Monitoramento e
de que seus resultados seriam considerados para avaliação de sua gestão, na
apreciação das Contas de Governo sob sua responsabilidade. Assim, em 2020,
foram realizados os respectivos monitoramentos nos Processos TCE RJ nº
224.526-8/20 (ISS) e nº 224.589-0/20 (IPTU e ITBI).

Nos referidos processos, foram verificadas a situação atual e as respectivas


providências adotadas para a solução dos Achados de Auditoria mais relevantes,
dentre os quais demonstra-se a seguir o extrato daqueles cujos resultados
negativos têm maior impacto na gestão tributária e, por conseguinte, na
arrecadação municipal.

III.1.2.1 – Impostos Sobre Serviços – ISS

A auditoria sobre o Imposto Sobre Serviços, realizada em 2014, teve como


objeto questões sobre a legislação local, benefícios fiscais, estrutura disponível –
incluindo a de pessoal e de sistemas informatizados –, fiscalização e procedimentos
fiscalizatórios mínimos, procedimentos de lançamento e cálculo para retenção de
ISS quando do pagamento de serviços tomados.

Dentre os problemas identificados à época e que restaram evidenciados sem


solução pelo município em razão de ações ou omissões dos gestores – sem o
objetivo de demonstrar todo o resultado da auditoria, o qual pode ser consultado em
maiores detalhes em autos próprios –, cabe apenas o destaque positivo para a
atuação do município no que tange à gestão do ISS.

III.1.2.2 – Impostos Imobiliários – IPTU e ITBI

A Auditoria sobre a gestão dos Impostos Imobiliários, realizada em 2015, teve


como objeto questões sobre a planta genérica de valores e sua atualização
monetária, plano diretor municipal, alíquotas de IPTU, benefícios fiscais, cadastro
imobiliário e procedimentos de fiscalização de ITBI.

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Assim como no monitoramento sobre o ISS, dentre os problemas


identificados à época e que restaram evidenciados sem solução pelo município em
razão de ações ou omissões dos gestores – sem o objetivo de demonstrar todo o
resultado da Auditoria, o qual pode ser consultado em maiores detalhes em autos
próprios –, os de maior relevância merecem destaque nesta análise de Contas de
Governo.

Dentre os objetos mais relevantes para esta análise de Contas, destaca-se a


Planta Genérica de Valores – PGV, documento imprescindível ao cálculo do IPTU.
Evidenciou-se que não foi proposta lei para sua instituição no município. Tal
situação, além de trazer dúvidas quanto à justiça sobre os valores cobrados do
imposto, também os torna passíveis de arguição de nulidade.

III.1.2.3 – Encaminhamento das Auditorias

As falhas apontadas no presente tópico, que estão sendo individualmente


tratadas nos relatórios de monitoramento para verificar as questões relativas à
gestão do ISS e dos Impostos Imobiliários do município, culminaram em proposta
de Notificação aos gestores com mandato entre 2014 e 2020 e Determinação
Plenária ao gestor eleito para o mandato 2021/2024 para correção das
Irregularidades ou para aproveitamento de oportunidades de melhoria / ganhos de
eficiência, considerando a possibilidade de acompanhamento de seu cumprimento
através de um futuro monitoramento ou em outras formas de verificação pela
Coordenadoria de Controle da Receita.

Na análise dessa gestão, em visão macro, tais fatos sobre os impostos


constituem violação ao art. 11 da LRF e foram apontados como Impropriedade pelo
Corpo Instrutivo e pelo Parquet de Contas.

Após exame dos elementos constituídos nos Docs. TCE-RJ nº 33.148-3/21 e


33.160-1/21, apresentados em razão da decisão monocrática de 18/08/2021 que
concedeu vista aos autos, a Instrução assim se pronunciou:

Razões de Defesa:
O responsável argumenta que a quantidade de computadores atualmente
disponibilizados à Coordenação de ISS não tem prejudicado os trabalhos da

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mesma. Quanto à alegação de exigência irregular da quitação do ISS para a


concessão do “habite-se”, informa que o Decreto Municipal n° 13.837, de 16
de dezembro de 2020, realizou alterações na redação do Decreto Municipal n°
11.089, de 06 de janeiro de 2012, removendo a exigência de quitação do ISS
como condição para a obtenção do “habite-se”, atendendo ao solicitado pelo
Tribunal. Em relação à alegação de existência de vários contribuintes de ISS
cadastrados no mesmo endereço, caracterizando a “instalação fictícia”,
esclarece que há previsão na Legislação Municipal de aplicação de multa aos
contribuintes que não mantiverem as suas informações cadastrais atualizadas
ou que não comunicarem o encerramento das suas atividades.
Além das citadas alegações, foram apresentadas outras às fls. 2782/2803,
relativamente às Auditorias sobre a Gestão dos Impostos Municipais,
realizadas pela Coordenadoria de Controle da Receita – CCR.
Análise:
Em que pesem as alegações apresentadas pelo defendente, as inconsistências
foram de fato identificadas à época, em sede de auditoria.
Conclusão:
Dessa forma, a impropriedade verificada será mantida na conclusão deste
relatório.

O douto Ministério Público Especial concordou com a sugestão da Instrução,


a qual também acompanho, contudo, ao final deste Voto, consignarei a
impropriedade apontada como Ressalva, com a respectiva Determinação.

III.2 – Despesas

III.2.1 – Execução Orçamentária da Despesa

As despesas realizadas no exercício de 2020 representaram 87,60% dos


créditos autorizados, resultando uma economia orçamentária de R$543.399.992,45,
conforme resumido a seguir:

EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA DA DESPESA

Percentual Economia
Inicial - R$ Atualizada - R$ Empenhada - R$ Liquidada - R$ Paga - R$
Natureza empenhado orçamentária
(A) (B) (C) (D) (E)
(C/B) (B-C)

Total das despesas 3.612.034.093,07 4.381.915.256,29 3.838.515.263,84 3.606.026.320,00 3.472.821.953,03 87,60% 543.399.992,45

Fonte: Dotação inicial - Lei dos Orçamentos Anuais – fls.08/389 e Balanço Orçamentário – fls. 928/931.
Nota: Incluídas as despesas intraorçamentárias.

Acrescento que a chamada ECONOMIA ORÇAMENTÁRIA é uma conta de


resultado entre o que foi autorizado pelo Legislativo e o que foi executado, e NÃO
uma FONTE de recursos para abertura de Créditos.
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O valor da Despesa Empenhada consignada no Balanço Orçamentário não


apresenta divergência do evidenciado no Anexo 11 da Lei Federal nº 4.320/64 –
Comparativo da Despesa Autorizada com a Realizada Consolidado.

III.2.2 – Restos a Pagar

De acordo com definição contida no Manual da Contabilidade Aplicada ao


Setor Público – MCASP, Restos a Pagar correspondem às despesas regularmente
empenhadas, do exercício atual ou anteriores, mas não pagas ou canceladas até
31 de dezembro do exercício financeiro correspondente ao ano de sua inscrição,
distinguindo-se as processadas (despesas já liquidadas) das não processadas
(despesas a liquidar ou em liquidação).

III.2.2.1 – Saldo de Restos a Pagar Processados e Não Processados de


Exercícios Anteriores

Demonstra-se, a seguir, o saldo de Restos a Pagar Processados e Não


Processados referentes a exercícios anteriores, conforme quadros anexos ao
balanço orçamentário:

Inscritos
Liquidados Pagos Cancelados Saldo
Em Exercícios Em
Anteriores 31/12/2019
Restos a Pagar
Processados e Não
14.009.950,74 117.489.629,78 - 113.509.634,54 6.024.222,10 11.965.723,88
Processados
Liquidados
Restos a Pagar Não
20.626.785,58 234.210.327,82 137.400.209,09 137.529.323,53 65.332.030,40 51.975.759,47
Processados

Total 34.636.736,32 351.699.957,60 137.400.209,09 251.038.958,07 71.356.252,50 63.941.483,35

Fonte: Balanço Orçamentário Consolidado da Lei Federal n.º 4.320/64 – fls. 928/931.
Nota: não foi verificado cancelamento de restos a pagar processados na Câmara Municipal e seu Fundo Especial.

Pelo demonstrado no quadro anterior, observa-se que o município possui um


saldo de Restos a Pagar, referente a exercícios anteriores, no montante de
R$63.941.483,35, sendo R$11.965.723,88 de Restos a Pagar Processados e Não
Processados Liquidados e R$51,975.759,47 de Restos a Pagar Não Processados.

No quadro anterior, verifica-se que houve cancelamento de Restos a Pagar


Processados e Não Processados Liquidados no valor de R$6.024.222,10, cuja

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obrigação já fora cumprida pelo credor, o que caracteriza, em princípio, a


ilegalidade desse cancelamento, conforme previsto nos artigos 62 e 63 da Lei
Federal n.º 4.320/64.

No entanto, em exame procedido na documentação encaminhada pelo


jurisdicionado (fls. 932/963), observa-se que os cancelamentos se referem a
“valores cuja pretensão de cobrança já prescrevera, sobras de saldo e valores
lançados em duplicidade, justificando, dessa forma, os referidos cancelamentos”,
conforme constatado pelo Corpo Instrutivo.

III.2.2.2 – Inscrição de Restos a Pagar não Processados

Como regra geral, o processamento das fases da despesa deve ser


totalmente concluído no exercício financeiro em que a despesa foi empenhada,
entretanto, extraordinariamente, despesas orçamentárias que se encontrarem
empenhadas, mas que ainda não tenham sido liquidadas e pagas, poderão ser
inscritas em Restos a Pagar Não Processados, observada a suficiente
disponibilidade de caixa para a sua cobertura (art. 55, inciso III da Lei de
Responsabilidade Fiscal).

A restrição estabelecida no artigo 42 da Lei de Responsabilidade Fiscal - LRF


se limita aos dois últimos quadrimestres do mandato, no entanto a LRF pressupõe
uma gestão fiscal responsável pautada em ação planejada e transparente,
prevenindo riscos e corrigindo desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas
públicas, impondo ajustes que devem ser observados durante todo o mandato.

Assim, o controle da disponibilidade de caixa e da geração de obrigações


deve ocorrer simultaneamente à execução financeira da despesa em todos os
exercícios, evitando o acúmulo de passivos financeiros.

A inscrição de Restos a Pagar não Processados é analisada no tópico “IV.8 –


Verificação quanto ao cumprimento do artigo 42 da Lei Complementar Federal nº
101/00 – LRF”.

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III.3 – Resultado Orçamentário

O Resultado Orçamentário representa a diferença entre as receitas


arrecadadas e as despesas empenhadas no exercício, podendo, dessa forma,
ocorrer um superavit ou um deficit orçamentário.

Da análise do Resultado Orçamentário, verificou-se que a Administração


Municipal apresentou deficit de R$ 129.315.790,96 e, excluindo os montantes
relativos ao Regime Próprio de Previdência Social, este resultado reflete um déficit
de R$ 112.699.456,31, conforme apresentado no quadro a seguir:

RESULTADO ORÇAMENTÁRIO
Regime próprio de
Natureza Consolidado Valor sem o RPPS
previdência
Receitas Arrecadadas 3.709.199.472,88 360.352.699,53 3.348.846.773,35
Despesas Realizadas 3.838.515.263,84 376.969.034,18 3.461.546.229,66

Deficit Orçamentário -129.315.790,96 -16.616.334,65 -112.699.456,31

Fonte: Anexo 10 consolidado da Lei Federal n.º 4.320/64 - fls. 914/925, Anexo 11 consolidado da Lei Federal n.º
4.320/64 – fls. 926/927 e Balanço Orçamentário do RPPS – fls. 1119/1122.

4.000.000

3.500.000

3.000.000
Milhares

2.500.000

2.000.000

1.500.000

1.000.000

500.000

0
Receitas Arrecadadas Despesas Realizadas

III.4 – Apuração do Superavit/Deficit Financeiro de 2020


Preliminarmente é oportuno destacar que, em conformidade com o
estabelecido no § 1º do artigo 1º da Lei Complementar Federal nº 101/00 – Lei de
Responsabilidade Fiscal, esta Corte, por vários exercícios, vem, sistematicamente,
quando dos exames das Contas de Governo, alertando os Prefeitos sobre a
necessidade de obtenção do equilíbrio financeiro da gestão até o final do mandato.

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Assim, por ser o exercício de 2020 do último ano da gestão do Chefe do


Poder Executivo Municipal, o exame efetuado neste tópico não se restringirá, para
efeito da apuração do resultado financeiro, somente à análise dos valores
registrados pela Contabilidade no Balanço Patrimonial, uma vez que este pode não
evidenciar a real situação financeira do município.

Neste sentido, podem ser identificados, por exemplo, a realização de


despesas não contabilizadas, cancelamentos indevidos de passivos, bem como
formalização de termos de Reconhecimento/Confissões de Dívida, que, embora
possam ter seus vencimentos para o exercício seguinte, constituíram obrigações
líquidas e certas de responsabilidade da gestão que se encerra, devendo ser, dessa
forma, considerados no cálculo do resultado superavit/deficit financeiro
efetivamente alcançado no final do mandato.

Cabe ressaltar que essas obrigações, caso não possuam características de


Essencialidade, Preexistência e Continuidade, bem como tenham sido formalizadas
a partir de 01/05/2020, devem, ainda, ser consideradas para efeito da análise do
artigo 42 da LRF, o que será objeto de análise no tópico próprio denominado
“OBRIGAÇÕES CONTRAÍDAS EM FINAL DE MANDATO – ARTIGO 42 DA LRF”.

Por fim, deve ser registrado que, neste último ano de mandato será excluído
do resultado superavit/deficit financeiro, além dos valores do Instituto de
Previdência e da Câmara Municipal, o efeito dos saldos do Ativo e do Passivo
financeiros referentes a Convênios, por se tratarem de recursos estritamente
vinculados, tendo como base as informações extraídas do Sistema SIGFIS deste
Tribunal encaminhadas eletronicamente pela Administração do município.

Verifica-se que a instância instrutiva promoveu ajuste no passivo financeiro,


uma vez que, conforme planilhas “Despesas realizadas não inscritas em RP” e
“Dívidas Consideradas”, extraídas do Sistema SIGFIS/Del. 248, anexadas
respectivamente às fls. 2532/2560 e 2561/2562, foram identificadas despesas de
curto prazo não contabilizadas no valor de R$167.936.306,16, bem como
Reconhecimentos/Confissões de Dívidas não empenhadas no exercício de 2020 no
valor de R$ 10.201.847,79.

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Relevante ainda destacar, quanto às despesas de curto prazo não


contabilizadas, que embora a respectiva planilha, extraída do Sistema SIGFIS/Del. 248,
registre o montante de R$167.936.306,16, somente R$571.791,33 serão computados
para fins do ajuste no passivo financeiro, uma vez que os demais valores referem-se a
despesas relativas a anulações de saldos de dotações e outros cancelamentos
devidamente justificados. Saliente-se ainda que, desse montante, o valor de
R$538.879,52, cujas respectivas obrigações foram contraídas a partir de 01/05/2020,
deve ainda ser considerado para efeito do artigo 42 da LRF, o que será objeto de
análise no presente relatório em tópico próprio, conforme mencionado anteriormente.

No quadro a seguir demonstra-se o resultado superavit/deficit financeiro:

APURAÇÃO DO SUPERAVIT/DEFICIT FINANCEIRO


Regime Próprio de Câmara
Consolidado Convênios Valor considerado
Descrição Previdência Municipal
(A) (D) (E) = (A-B-C-D)
(B) (C)
Ativo financeiro 2.147.656.663,36 785.132.028,88 2.639.951,62 156.083.040,63 1.203.801.642,23
Passivo financeiro 565.496.643,97 34.747.509,40 2.596.118,11 63.788.382,67 464.364.633,79

Superavit Financeiro 1.582.160.019,39 750.384.519,48 43.833,51 92.294.657,96 739.437.008,44

Fonte: Balanço Patrimonial Consolidado – fls. 966/969, Balanço Patrimonial do RPPS – fls. 1131/1134, Balanço Patrimonial da Câmara –
fls. 1074/1079 e 2242, Balanço Patrimonial do Fundo Especial da Câmara – fls. 1097/1101 e 2243 e Relatório Saldos de Convênios – fls.
2319.
Nota 1: nos valores referentes à Câmara Municipal foram considerados os montantes relativos ao Fundo Especial.
Nota 2: Ajuste do Passivo Financeiro:
Passivo Financeiro (fls. 967) – R$ 554.723.004,85
(+) Despesas Não Contabilizadas (fls. 2532/2560) – R$ 571.791,33
(+) Reconhecimento/Confissão de Dívida Não Empenhada (fls. 2561/2562) – R$ 10.201.847,79
(=) Total do Passivo Financeiro Ajustado – R$ 565.496.643,97

Do demonstrativo acima, verifica-se que foram realizadas despesas no total


de R$ 571.791,33 sem o devido registro contábil (R$538.879,52 consideradas para
fins do artigo 42 da LRF + R$12.809,02 às fls. 2543 + R$20.102,79 às fls. 2544),
que, de acordo com o assinalado na planilha de fls. 2532/2560, se referem a
obrigações contraídas que sequer foram empenhadas, em vista da não liberação de
recursos dentro do orçamento de 2020, conforme justificativa apresentada pelo
próprio jurisdicionado.

Dessa forma, considerando que não havia dotação orçamentária suficiente


para se proceder ao empenhamento da despesa, caracteriza-se a ocorrência de
despesas sem autorização legislativa, uma vez que excederam os créditos
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RUBRICA: FLS.: 25

orçamentários autorizados, contrariando o previsto no inciso II do art. 167 da


Constituição Federal, in verbis:
“Art. 167. São vedados:
(...)
II - a realização de despesas ou a assunção de obrigações diretas que
excedam os créditos orçamentários ou adicionais;”

Assim, na análise inicial, o Corpo Instrutivo e o Parquet de Contas


manifestaram-se sugerindo que tal fato deva ser objeto de Irregularidade.

Após exame dos elementos constituídos nos Docs. TCE-RJ nº 33.148-3/21 e


33.160-1/21, apresentados em razão da decisão monocrática de 18/08/2021, que
concedeu vista aos autos, a Instrução assim se pronunciou:

Razões de Defesa:
O responsável inicia sua defesa às fls. 2772/2780, informando que do total
apontado pelo Tribunal, R$161.161,90 são de competência da Fundação
Municipal de Educação e R$410.629,46 são da Instituição Nittrans – Niterói,
Transporte e Trânsito S/A, totalizando R$ 571.791,33, e que ambas as
entidades compõem a Administração Indireta do Município de Niterói. Em
sequência, apresenta em sua defesa resumo do Balanço Orçamentário dos
referidos Órgãos, apontando que houve economia orçamentária no exercício de
R$ 80.960.180,34 no Fundo de Educação e de R$6.573.299,89 na Nittrans.
O defendente sustenta ainda, que o valor apontado como irregularidade
corresponde a 0,013% da despesa autorizada para o Município de Niterói e
que, no geral consolidado da despesa, a economia orçamentária foi de
R$543.399.992,45 e, que apesar do ano de calamidade pública e diante de um
cenário de extrema dificuldade econômica, o Município apresentou um
superávit financeiro na ordem de R$739.437.008,44.
Em outro ponto, o responsável cita que, ainda que tenha ocorrido a
inobservância do prévio empenho, ou mesmo da eventual ausência de dotação
orçamentária prévia, que configure vício no rito orçamentário, seria possível
cogitar de sua convalidação, caso este não tenha causado prejuízo à perfeita
execução orçamentária, e, que o instituto da convalidação exige do operador
do direito o justo equilíbrio entre os princípios da legalidade e os princípios da
segurança jurídica, da boa-fé e da presunção de validade e legitimidade dos
atos administrativos. Visando consolidar tal entendimento cita passagem da
obra de Direito Administrativo de Gustavo Binenbjom e Andre Cyrino, que
defendem que se deve admitir, no plano da realidade, que o administrador
público possa cometer erros de boa-fé, os quais, desde que sanáveis não devem
gerar a nulidade contratual, pois do contrário se criaria incentivos perversos
de preocupação com ritos em detrimento da obtenção de resultado, o que
comprometeria a boa gestão pública.
Adicionalmente, argumenta que este Tribunal já aprovou recentemente contas
de Municípios, inclusive de Niterói, que embora tenham eventualmente
apresentado inconsistências contábeis e falhas formais nos dados apresentados,
tiveram seu mérito reconhecido, ante as reduzidas quantias encontradas em

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falhas procedimentais, citando os processos TCE-RJ nº 205.851-5/17


(Prestação de Contas de Governo de Niterói) e 205.437-5/17 (Prestação de
Contas de Governo de Iguaba Grande).
Por fim, esclarece que para regularização dos valores, foram adotadas
providências administrativas no corrente exercício, como Termo de
Ajustamento de Conduta e reconhecimentos de despesas de exercícios
anteriores, cujos comprovantes encontram-se anexados à presente defesa,
demonstrando o compromisso da gestão municipal em honrar seus
compromissos perante a Lei e à responsabilidade fiscal.
Análise:
Inicialmente cumpre destacar o informado pelo defendente, no que tange à
economia orçamentária apresentada individualmente pelos Órgãos municipais
Fundação Municipal de Educação e Nittrans, responsáveis pelas despesas no
montante de R$571.791,33 sem o devido empenhamento. Não foram
encaminhadas as demonstrações contábeis das referidas unidades gestoras e,
ainda que de fato tenha existido tal economia, não justifica a irregularidade
apontada na Instrução inicial.
Quanto à existência de decisões Plenárias anteriores, deve-se registrar que,
estas não possuem efeito vinculante, não servindo como base para sugestões
por parte deste Corpo de Auditoria em decisões futuras a serem proferidas por
esta Corte de Contas.
Na documentação ora encaminhada às fls. 2821/2827, foram apresentadas as
notas de empenhamento das despesas e os Documentos de Arrecadação da
Receita Federal do Brasil – DARF, por parte da Fundação Municipal de
Educação e na NITTRANS, demonstrando a regularização das despesas
mencionadas na irregularidade, o que, entretanto, ocorreu somente no decorrer
do exercício de 2021.
Ressalte-se que, a realização das despesas, além de observar os princípios
constitucionais pertinentes, deve atender ao princípio da legalidade.
No tocante à Lei Complementar nº 101/2000 – Lei de Responsabilidade Fiscal,
o disposto em seu art. 60 veda de forma expressa a realização de despesa sem
prévio empenho.
Por derradeiro, cumpre destacar que, de acordo com o informado pelo próprio
jurisdicionado na planilha de fls. 2532/2560 (Despesas Não Contabilizadas
conforme Deliberação TCE-RJ nº 248/08) as despesas no montante de
R$571.791,33 sequer foram empenhadas, tendo como justificativa para tal fato
a não liberação de recursos dentro do orçamento de 2020, o que agrava a
situação em tela, comprovando a inexistência de dotação orçamentária
suficiente para se proceder ao empenhamento da despesa, em desacordo com o
previsto no inciso II do art. 167 da Constituição Federal, e conforme abordado
na Instrução Inicial (fls. 2574/2673).
Conclusão:
Dessa forma, a referida irregularidade será mantida na conclusão deste
relatório.

O douto Ministério Público Especial – MPE, assim como a instrução,


reafirmou a irregularidade em seu parecer, uma vez que a manifestação do
jurisdicionado confirmou a ocorrência do fato.
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Contudo, com a devida vênia ao Parquet de Contas e ao Corpo Instrutivo,


considero que o montante de despesa efetuada sem haver dotação orçamentária
para se proceder ao seu empenhamento, no valor de R$ 571.791,33, em que pese
se tratar de falha grave por caracterizar a ocorrência de despesas sem autorização
legislativa, em desacordo com o previsto no inciso II do art. 167 da Constituição
Federal, é imaterial diante do orçamento da prefeitura.

O montante envolvido na irregularidade corresponde a 0,013% do orçamento


atualizado do município para o exercício de 2020 (R$ 4.381.915.256,29), a 0,015%
da despesa empenhada (R$ 3.838.515.263,84) e 0,077% do superavit financeiro
apurado no exercício (R$ 739.437.008,44), de modo que as despesas que deixaram
de ser contabilizadas corretamente no exercício são irrelevantes e não afetariam
demais aspectos avaliados nesta Prestação de Contas.

Assim, diante da imaterialidade do valor envolvido na irregularidade e em


homenagem ao princípio da proporcionalidade, reputo que tal fato não deve ensejar
a emissão de parecer prévio contrário, de modo que consignarei o mesmo apenas
como Ressalva, consequentemente, implicando também na discordância quanto ao
mérito da presente Contas, uma vez que esta era a única irregularidade apontada
pelo Corpo Instrutivo e o Ministério Público Especial.

Em prosseguimento, deve ser destacado, ainda, que o superavit ora


apurado reflete apenas o resultado alcançado ao final da gestão, não estando
contempladas as demais obrigações contraídas que serão objeto de análise no
presente relatório em tópico próprio denominado “OBRIGAÇÕES CONTRAÍDAS
EM FINAL DE MANDATO – ARTIGO 42 DA LRF”.

No que refere ao Demonstrativo do Superavit/Deficit Financeiro do Exercício


(fl. 969), o resultado final apurado apresenta divergência com a diferença entre o
ativo e passivo financeiros registrados no Quadro de Ativos e Passivos Financeiros
e Permanentes às fls. 967.

Após exame dos elementos constituídos nos Docs. TCE-RJ nº 33.148-3/21 e


33.160-1/21, apresentados em razão da decisão monocrática de 18/08/2021 que
concedeu vista aos autos, a Instrução assim se pronunciou:
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Razões de Defesa:
O responsável alega que não há diferença, apontando as folhas 1038 e 1040
dos autos.
Análise:
A defesa se pauta no Balanço Patrimonial da Unidade Gestora “Prefeitura
Municipal”, contudo, para efeito da análise em questão, foi utilizado o Balanço
Patrimonial Consolidado, contendo as informações de todas as Unidades
Gestoras do Município, da Administração Direta e Indireta, Dessa maneira,
analisando novamente o citado Balanço (fls. 966/969), verifica-se que a
divergência de fato existe, ou seja, a diferença entre o Ativo Financeiro
(R$2.147.656.663,36) e o Passivo Financeiro (R$554.723.004,85), de
R$1.592.933.658,51, não guarda consonância com o resultado apurado no
Demonstrativo do Superávit/Deficit Financeiro, de R$1.605.065.968,06.
Conclusão:
Do exposto, a impropriedade verificada será mantida na conclusão deste
relatório.

O douto Ministério Público Especial concordou com a sugestão da Instrução,


a qual também acompanho, contudo, ao final deste Voto, consignarei a
impropriedade apontada como Ressalva, com a respectiva Determinação.

Concluindo a presente análise, constata-se que foi alcançado o equilíbrio


financeiro necessário ao atendimento do §1º do artigo 1º da Lei Complementar
Federal n.º 101/00.

Deve ser destacado, também, que o exercício de 2020 é o último ano desta
gestão e que, ao iniciar o mandato, o gestor herdou um deficit financeiro de
R$ 6.110.052,83. De acordo com o quadro abaixo, que demonstra o
comportamento do resultado financeiro no último ano da gestão anterior, observa-
se ter a atual gestão conseguido reverter o resultado financeiro herdado,
alcançando, em 2020, um superávit de R$ 739.437.008,44.

EVOLUÇÃO DOS RESULTADOS

Gestão anterior Gestão atual

2016 2017 2018 2019 2020

-6.110.052,83 91.980.363,14 584.678.482,76 1.201.545.760,75 739.437.008,44


Fonte: prestação de contas de governo de 2019 – processo TCE-RJ n.o 211.151-6/2020 e quadro anterior.

Desta forma, ficou evidenciada que foram adotadas ações planejadas para o
equilíbrio financeiro necessário ao atendimento do §1º do artigo 1º da Lei
Complementar Federal n.º 101/00.
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III.5 – Situação Previdenciária

A Lei Federal nº 9.717/98, que dispõe sobre regras gerais para organização e
funcionamento dos Regimes Próprios de Previdência Social - RPPS dos servidores
públicos dos entes da Federação, tem como principal objetivo garantir o equilíbrio
financeiro e atuarial do Sistema Previdenciário.

III.5.1 – Resultado previdenciário - RPPS

De acordo com o Demonstrativo das Receitas e Despesas Previdenciárias do


Regime Próprio dos Servidores Públicos – Balanço Orçamentário do RPPS – Anexo
12 da Lei Federal nº 4.320/64, constata-se um resultado orçamentário deficitário
da ordem de R$ 16.616.334,65, conforme demonstrativo a seguir:

Descrição Valor (R$)

Receitas previdenciárias 360.352.699,53


Despesas previdenciárias 376.969.034,18

Déficit -16.616.334,65
Fonte: Balanço Orçamentário do RPPS – fls. 1119/1122.
Nota: Estão incluídas as receitas e despesas intraorçamentárias.

O deficit constatado, no montante de R$ 16.616.334,65, demonstra que no


exercício de 2020 não houve equilíbrio financeiro do Regime Próprio de Previdência
Social dos servidores públicos, em desacordo, portanto, com o que determina a Lei
Federal n.º 9.717/98. O Corpo Instrutivo e o Parquet de Contas apontaram este fato
como impropriedade.

Após exame dos elementos constituídos nos Docs. TCE-RJ nº 33.148-3/21 e


33.160-1/21, apresentados em razão da decisão monocrática de 18/08/2021 que
concedeu vista aos autos, a Instrução assim se pronunciou:

Razões de Defesa:
Na defesa apresentada, o responsável entende que não foi utilizada a correta
metodologia no cálculo realizado pelo Corpo de Auditoria, uma vez que neste,
foi considerado nas receitas previdenciárias o aporte efetuado pelo Tesouro ao
RPPS, além de suas receitas próprias.
Análise:
Não procede o alegado pelo jurisdicionado, haja vista que nesta análise, são
consideradas todas as receitas auferidas pelo Regime Próprio de Previdência
Social, nestas incluídas as transferências realizadas pela Prefeitura Municipal
para aportes ao Instituto.
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Conclusão:
Dessa forma, a impropriedade verificada será mantida na conclusão do
presente.

O douto Ministério Público Especial concordou com a sugestão da Instrução,


a qual também acompanho, contudo, ao final deste Voto, consignarei a
impropriedade apontada como Ressalva, com a respectiva Determinação.

III.5.2 – Contribuição ao RPPS

Preliminarmente, cumpre informar que, quando da apreciação das contas de


governo do município de São Fidélis, referente ao exercício de 2017 – Processo
TCE/RJ nº 210.477-4/18, o Plenário decidiu que a partir da análise das Contas de
Governo do exercício de 2019, encaminhadas em 2020, a impontualidade nos
repasses mensais ao órgão de previdência social, tanto da contribuição do servidor,
quanto da patronal, assim como o descumprimento dos parcelamentos porventura
firmados até o exercício de 2018 poderia ensejar a emissão de Parecer Prévio
Contrário.

O artigo 1º da Lei Federal nº 9.717/98 determina que os Regimes Próprios de


Previdência Social dos servidores públicos da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, dos militares dos Estados e do Distrito Federal deverão
ser organizados, baseados em normas gerais de Contabilidade e Atuária, de modo
a garantir o seu equilíbrio financeiro e atuarial, observando, entre outros, os
seguintes critérios:

• Realização de avaliação atuarial inicial em cada balanço utilizando-se


parâmetros gerais, para a organização e revisão do plano de custeio e
benefícios;

• Financiamento mediante recursos provenientes da União, dos Estados, do


Distrito Federal e dos Municípios e das contribuições do pessoal civil e
militar, ativo, inativo e dos pensionistas, para os seus respectivos regimes.

O quadro a seguir demonstra, de forma resumida e consolidada, o montante


devido e o valor efetivamente repassado, oriundo das contribuições previdenciárias
dos servidores e da parte patronal, relativas à competência do exercício de 2020,
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referente a todas as unidades gestoras (exceto Câmara Municipal) cujos dados


foram extraídos Demonstrativo das Contribuições Previdenciárias ao RPPS (Modelo
23) enviado pelo jurisdicionado:

Contribuição Valor Devido Valor Repassado Diferença

Do Servidor 76.516.655,10 76.494.653,35 22.001,75

Patronal 82.434.917,53 82.434.914,75 2,78

Total 158.951.572,63 158.929.568,10 22.004,53

Fonte: Demonstrativo das Contribuições Previdenciárias ao RPPS (Modelo 23) – Fls. 1631/1632, 1635/1637 e 1639/1662.
Nota 1: os valores das contribuições referem-se a todas as unidades gestoras, exceto câmara municipal.
Nota 2: o demonstrativo consolidado às fls. 1630 apresentou inconsistências, razão pela qual foram utilizados no quadro os valores
dos demonstrativos por unidade gestora.
Nota 3: a diferença de R$2,78 referente a contribuição patronal não repassada será relevada em vista de sua imaterialidade.

Conforme evidenciado no quadro anterior, constata-se que o Poder Executivo


não vem efetuando regularmente o repasse para o Regime Próprio de Previdência
Social – RPPS das contribuições retidas dos servidores e da contribuição patronal,
contrariando ao disposto no inciso II, do artigo 1º da Lei Federal n.º 9.717/98.

Tal fato foi apontado inicialmente pelo Corpo Instrutivo como Irregularidade n°
2. Cabe ressaltar que o Ministério Público Especial se manifestou de forma diversa:

Neste caso concreto, o valor inadimplido de R$22.001,75, que representa


0,03% do montante de contribuição descontada dos segurados, não é
expressivo o suficiente para macular as Contas de Governo em exame.
Destarte, à luz dos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade, o
Parquet de Contas considera o fato como Impropriedade em seu parecer.

Após exame dos elementos constituídos nos Docs. TCE-RJ nº 33.148-3/21 e


33.160-1/21, apresentados em razão da decisão monocrática de 18/08/2021, que
concedeu vista aos autos, a Instrução assim se pronunciou:

Razões de Defesa:
Incialmente, em seus argumentos apresentados às fls. 2818/2819 o responsável
solicita o enquadramento da inconsistência como uma impropriedade, citando
a imaterialidade do valor e, em razão dos princípios da proporcionalidade e da
razoabilidade, considerando que o valor repassado a menor, de R$22.001,75,
representa apenas 0,03% do total da contribuição descontada dos segurados.
Posteriormente, o defendente afirma que a Secretaria Municipal de
Administração do Município informou que a diferença no repasse da
contribuição previdenciária do servidor ao RPPS se deu em face do desconto a
maior dos funcionários, sendo tal montante devolvido aos mesmos.
Análise:

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Embora em sua defesa o responsável tenha afirmado que juntou aos autos
documentação comprobatória, esta não foi localizada de forma a dar suporte
às razões de defesa apresentadas. No entanto, nesta análise, esta
Coordenadoria entende, s.m.j, que a diferença apresentada (R$ 22.001,75)
entre o valor que deveria ser repassado ao RPPS dos servidores
(R$76.516.655,10) e aquele que foi de fato repassado (R$76.494.653,35), pela
inexpressiva materialidade perante o total envolvido, não deve macular a
presente Prestação de Contas de Governo do Município de Niterói, relativa ao
exercício de 2020.
Conclusão:
Dessa forma, a referida irregularidade será desconsiderada, porém será
tratada como uma impropriedade na conclusão desta Instrução.

Acompanho o entendimento do Corpo Instrutivo e do Parquet de Contas e,


diante da imaterialidade do valor que deixou de ser repassado, apontarei tal fato
como mera Ressalva ao final deste voto.

III.5.3 – Parcelamentos de débitos previdenciários junto ao RPPS

De acordo com o documento de fls. 1692, enviado pelo jurisdicionado, não


houve parcelamentos de débitos previdenciários no exercício de 2020, tampouco
parcelas a serem quitadas referentes a parcelamentos acordados em exercícios
anteriores.

III.5.4 – Contribuição ao Regime Geral de Previdência Social - RGPS

O quadro a seguir demonstra, de forma resumida e consolidada, o montante


que deveria ter sido repassado e o valor efetivamente repassado, oriundo das
contribuições previdenciárias dos servidores e da parte patronal, relativas à
competência do exercício de 2020, referentes aos servidores vinculados ao Regime
Geral de Previdência Social cujos dados foram extraídos do Demonstrativo das
Contribuições Previdenciárias ao RGPS enviado pelo jurisdicionado (Modelo 24).

Contribuição Valor Devido Valor Repassado Diferença


Do Servidor 29.114.072,28 29.114.072,28 0,00

Patronal 84.158.831,19 84.158.831,19 0,00

Total 113.272.903,47 113.272.903,47 0,00


Fonte: Demonstrativo das Contribuições Previdenciárias ao RGPS (modelo 24) – fls.1665 e 1667/1689.
Nota 1: os valores das contribuições referem-se a todas as unidades gestoras, exceto câmara municipal.
Nota 2: o demonstrativo consolidado às fls. 1663 apresentou inconsistências, razão pela qual foram utilizados no quadro os valores
dos demonstrativos por unidade gestora.

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Conforme evidenciado no quadro anterior, constata-se que o município vem


efetuando regularmente o repasse para o Regime Geral de Previdência Social -
RGPS das contribuições retidas dos servidores e da contribuição patronal.

III.5.5 – Certificado de Regularidade Previdenciária

O Decreto Federal nº 3.788/01 instituiu o Certificado de Regularidade


Previdenciária e estabeleceu que o seu fornecimento é de responsabilidade do
Ministério da Previdência Social. A emissão do mencionado certificado foi
disciplinada pela Portaria MPS nº 204/08 e tem por objetivo atestar o cumprimento,
pelos entes federativos, dos critérios e exigências estabelecidos na legislação,
assim como dos parâmetros e prazos estabelecidos em normas específicas do
MPS.

O acompanhamento e supervisão dos RPPS são realizados pela Secretaria


de Políticas de Previdência Social – SPPS, por meio das informações enviadas
pelos entes para o Sistema de Informações dos Regimes Públicos de Previdência
Social – CADPREV e por auditoria direta e indireta, nos termos da Portaria MPS nº
204/08.

De acordo com o Certificado de Regularidade Previdenciária - CRP (fl. 2266),


obtido mediante pesquisa realizada no “site” http://www.previdencia.gov.br, o
município de Niterói encontra-se em situação regular, tendo sido emitido em
30/12/2020, com validade que se estende até 28/06/2021. Posteriormente,
conforme destacou o MPE, foi emitido novo CRP em 28/06/2021 com validade até
25/12/2021.

III.5.6 – Avaliação Atuarial

A Portaria MPS nº 464/2018, de 19 de novembro de 2018, dispõe sobre as


normas aplicáveis às avaliações atuariais dos Regimes Próprios de Previdência
Social - RPPS da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e
estabelece parâmetros para a definição do plano de custeio e o equacionamento do
deficit atuarial.

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O objetivo principal da avaliação é estabelecer, de forma suficiente e


adequada, os recursos necessários para a garantia dos pagamentos dos benefícios
previstos pelo plano, sendo sua realização obrigatória a cada balanço.

O cálculo dos pagamentos previstos é uma projeção da apuração dos


compromissos, ou seja, é o somatório dos valores provisionados pelos RPPS para
fazer face à totalidade dos compromissos futuros do plano para com seus
servidores e dependentes e as contribuições correspondentes. Este montante é
registrado como obrigação no Balanço Patrimonial do ente previdenciário, no
Passivo Exigível a Longo Prazo no grupo de contas Provisões Matemáticas
previdenciárias.

O Poder Executivo encaminhou o Relatório de Avaliação Atuarial anual (fls.


1693/1759) referente ao Regime Próprio de Previdência Social, realizado por
técnico habilitado ou entidade independente e legalmente habilitada.

Sobre este relatório atuarial, o Corpo Instrutivo assim se manifestou:

Conforme evidenciado no relatório, o município possui um superavit atuarial.

Contudo, em consulta às fls. 1721/1727, constata-se que o Grupo Financeiro,


decorrente da segregação de massa, apresenta uma insuficiência financeira de
R$4.218.952.685,98, cujo equacionamento está sendo realizado conforme
estabelecido na Lei Municipal n° 2.667/2009, como descrito no relatório (às fls.
1719/1720):

Além da Contribuião Normal, viabilizando o financiamento do déficit atuarial o


ente arcar mensalmente, com APORTES, definido de acordo com o disposto na
Lei N° 2.667, de 15 de dezembro de 2009, Decreto 10.773 de 31 de julho de
2010 e no Decreto N° 12.290 de 04 de abril de 2018, que contabilizavam em
31/12/2019, um montante a receber do Ente Federativo no valor de R$
269.717.308,77.
Além da Contribuição Normal, o Ente arca com o custeio especial em forma de
aportes anuais, conforme o art. 1° da Lei N° 667, de 15 de dezembro de 2009 e
Decreto N° 12.920 de 04 de abril de 2018, por um período remanescente de 33
anos, como os valores contabilizados superam o montante necessário para
cobrir o déficit apurado, sugerimos manutenção.

Neste contexto, é prudente ressaltar a recomendação do relatório de


avaliação atuarial à fl. 1726:

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RUBRICA: FLS.: 35

Quesito III
No tocante as contribuições dos servidores Ativos, Aposentados e Pensionistas,
com a publicação da Emenda Constitucional 103/2019, sugerimos fazer a
adequação da alíquota de contribuição do segurados do RPPS à alíquota de
contribuição do servidor da União, passando a vigorar em 14,00% para os
servidores ativos e 14,00% para os aposentados e pensionistas nos valores que
superem o teto do INSS.
Sugerimos ainda que a Contribuição Normal doente de 16,59%, prevista no
art. 1° da Lei n° 3250 de 29 de dezembro de 2016, seja alterada, passando a
vigorar em 18,00% incidindo mensalmente, inclusive sobre o 13° salário no
mês de respectivo pagamento em cada ano, sobre o total da remuneração de
contribuição dos segurados ativos.
No tocante a Contribuição especial, observou-se o ente arcar mensalmente,
com APORTES, definido de acordo com o disposto na Lei N° 2.667, de 15 de
dezembro de 2009, Decreto 10.773 de 31 de julho de 2010 e no Decreto N°
12.920 de 04 de abril de 2018, que contabilizavam em 31/12/2019, um
montante a receber do Ente Federativo no valor de R$ 269.717.308,77, o que
torna o Plano Previdenciário Superavitário em R$ 3.480.079,95.

Ademais, o Parquet de Contas propõe DETERMINAÇÃO ao Corpo Técnico


deste TCE-RJ para que verifique o cumprimento das regras impostas pela EC nº
103/19, quanto à obrigatoriedade de, a partir de 13/11/2019 (data da publicação da
referida EC), os Regimes Próprios de Previdência Social do Estado e dos
Municípios somente poderão custear despesas com aposentadorias e pensões por
morte, e os que possuem déficit atuarial a ser equacionado estabelecerem, até
01/03/2020, alíquota de contribuição que não seja inferior à da contribuição dos
servidores da União (14%).

Na conclusão deste Relatório acolherei a Determinação proposta pelo


Parquet de Contas, substituindo por Ciência à SGE.

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RUBRICA: FLS.: 36

IV – LIMITES CONSTITUCIONAIS E LEGAIS

IV.1 – Dívida Pública

Os limites de endividamento para os municípios estão estabelecidos na


Resolução n.º 40/01 do Senado Federal, onde se determina que a Dívida
Consolidada Líquida Municipal não poderá exceder, ao final do décimo quinto
exercício financeiro contado a partir do encerramento do ano da publicação da
Resolução (21.12.2001), a 1,2 (um inteiro e dois décimos) da Receita Corrente
Líquida.

Dessa forma, o quadro a seguir resume a situação do município com relação


à Dívida, sendo este demonstrativo a transcrição dos dados contidos nos
Demonstrativos da Dívida Consolidada referentes ao 3º quadrimestre do Relatório
de Gestão Fiscal do exercício de 2020, os quais devem ser elaborados pelo Poder
Executivo e abranger o Poder Legislativo:

2019 2020
Especificação
3° quadrimestre 1º quadrimestre 2º quadrimestre 3º quadrimestre

Valor da dívida consolidada 738.216.910,10 704.395.301,60 702.422.331,60 914.200.944,70

Valor da dívida consolidada


-938.108.195,60 -1.222.183.618,30 -826.983.227,30 -321.492.688,80
líquida
% da dívida consolidada líquida
-27,58% -35,14% -25,16% -9,64%
s/ a RCL
o
Fonte: prestação de contas de governo de 2019 - processo TCE-RJ n° 211.151-6/2020 e processo TCE-RJ n. 202.100-4/21, RGF
– 3º quadrimestre de 2020.

Conforme verificado no quadro acima, tanto no exercício anterior, como em


todos os quadrimestres de 2020, o limite previsto no inciso II do artigo 3º da
Resolução n.º 40/01 do Senado Federal – 120% da RCL – foi respeitado pelo
município.

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IV.2 – Limite para Operações de Crédito

IV.2.1 – Operações de Crédito

Conforme o Demonstrativo das Operações de Crédito – Anexo 4 do Relatório


de Gestão Fiscal do 3º quadrimestre de 2020, constata-se que o município realizou
operações de crédito no montante global de R$ 73.056.133,40, que corresponde a
2,19% da Receita Corrente Líquida, que foi de R$ 3.335.711.635,05, tendo
cumprido, portanto, o limite de 16% estipulado no artigo 7º da Resolução do SF n.º
43/2001.

O Corpo Instrutivo salienta o ingresso de tal montante não se deu por operação
de crédito contraída no exercício de 2020, mas em exercícios anteriores, com as
respectivas autorizações de direito, conforme se depreende do cotejo entre as
informações constantes da Prestação de Contas de Governo do município referente ao
exercício de 2019 (Processo TCE-RJ nº 211.151-6/2020) e as declarações ora
apresentadas às fls. 1197/1219.

IV.2.2 – Regra de Ouro

O art. 167, inciso III, da Constituição Federal e, ainda, o estabelecido no §3º


do artigo 32 da LRF, vedam operações de crédito que ultrapassem as Despesas de
Capital, ressalvadas as autorizadas mediante Créditos Suplementares ou Especiais
com finalidade precisa, aprovados pelo Poder Legislativo por maioria absoluta. É a
chamada “Regra de Ouro” das Finanças Públicas, reiterada no art. 12, §2º da Lei de
Responsabilidade Fiscal, prevendo que não sejam realizadas Operações de Crédito
para pagamento de Despesas Correntes.

Conforme demonstrado a seguir, as despesas de capital foram superiores ao


valor total das operações de crédito realizadas, observando, dessa forma, a norma
estabelecida pela Constituição Federal:

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REGRA DE OURO

Descrição Valor - R$

A – Receitas de operações de crédito 73.056.133,40


B – Despesas de capital 482.351.432,90
C – Incentivos fiscais para contribuintes 0,00
D – Despesa de capital líquida (B - C) 482.351.432,90

E – Resultado para apuração da Regra de Ouro (A - D) -409.295.299,50


Fonte: Anexo 9 do RREO do 6º bimestre de 2020 – processo TCE-RJ n.º 202.101-8/21.

IV.2.3 – Limite para Operação de Crédito por Antecipação de Receita


Orçamentária (ARO)

Em consulta ao Demonstrativo das Operações de Crédito – Anexo 4 do


Relatório de Gestão Fiscal do 3º quadrimestre de 2020, foi constatado, também,
que o município não contraiu Operações de Crédito por Antecipação de Receita no
exercício.

IV.2.4 – Limite para Concessão de Garantia

De acordo com o Demonstrativo das Garantias e Contragarantias de Valores


– Anexo 3 do Relatório de Gestão Fiscal do 3º quadrimestre de 2020, verifica-se
que o município não concedeu garantia em operações de crédito.

IV.3 – Alienação de Ativos

De acordo com o Demonstrativo da Receita de Alienação de Ativos e


Aplicação dos Recursos – Anexo 11 do Relatório Resumido da Execução
Orçamentária do 6º bimestre de 2020, constata-se que o município não realizou
alienações de ativos no exercício.

IV.4 – Despesas com Pessoal

A despesa total com pessoal dos municípios, em cada período de apuração,


não poderá exceder 60% da sua RCL, sendo 6% para o Legislativo, incluído o

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Tribunal de Contas, quando houver, e 54% para o Executivo, conforme disposto no


art. 20 da Lei Complementar Federal n.º 101/00.

IV.4.1 – Verificação do cumprimento do limite

Considerando que a apuração das despesas com pessoal se faz nos


Relatórios de Gestão Fiscal – RGF, sendo, inclusive, a não observância aos
percentuais, motivo de alerta por parte deste Tribunal, na forma do §1º do art. 59 da
Lei Complementar Federal n.º 101/00, a seguir é demonstrado o percentual
aplicado com pessoal do Poder Executivo Municipal, sendo considerada a
transcrição dos dados cuja trajetória se deu nos exercícios de 2019 e 2020,
registrados nos respectivos Demonstrativos da Despesa com Pessoal – Anexo I do
RGF:

2019 2020
1º 2º
Descrição 3º quadrimestre 1º quadrimestre 2º quadrimestre 3º quadrimestre
quadr. quadr.
% % VALOR % VALOR % VALOR % VALOR %

Poder
33,56% 34,25% 1.195.093.321,65 35,13% 1.353.615.788,90 38,92% 1.287.576.723,72 39,17% 1.378.008.116,28 41,31%
Executivo
Fonte: prestação de contas de governo de 2019 - processo TCE-RJ n.º211.151-6/2020, e processos TCE-RJ n.os 216.011-5/20, 227.777-0/20 e
202.100-4/21 - RGF – 1º, 2º e 3º quadrimestres de 2020.

Conforme se constata, os gastos com Pessoal do Executivo alcançaram, no


1º, 2º e 3º quadrimestres de 2020, os percentuais de 38,92%, 39,17% e 41,31%,
respectivamente, da Receita Corrente Liquida (RCL), respeitando , dessa forma, o
limite máximo de 54% da RCL previsto na alínea “b”, inciso III do art. 20 da LRF.

IV.4.2 – Aumento das despesas com pessoal em final de mandato

O artigo 21 da Lei Complementar Federal nº 101/2000, alterado pela Lei


Complementar Federal nº 173/2020, dispõe que são nulos de pleno direito os atos
de que resultem aumento de despesas com pessoal nos 180 dias anteriores ao final
de mandato do chefe de Poder ou que prevejam parcelas a serem implementadas
em períodos posteriores ao final do mandato.

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De acordo com a documentação apresentada às fls. 1959/1961, verifica-se


que foram editados os seguintes atos relativos a aumento de despesas com
pessoal nos últimos 180 dias do final do mandato do chefe de Poder ou prevendo
parcelas a serem implementadas em períodos posteriores ao final do mandato,
conforme se segue:

- Lei nº 3.521, de 08/07/2020


Objeto da Lei: Dispõe sobre a revisão geral anual da remuneração dos servidores
públicos do Município de Niterói e dá outras providências.

- Lei nº 3.522, de 08/07/2020


Objeto da Lei: Dispõe sobre a revisão geral anual dos servidores públicos do Poder
Legislativo.

No caso do município, constata-se que o ato trata da revisão geral anual da


remuneração dos servidores públicos, com amparo no inciso X, artigo 37 da CRFB.

Cumpre destacar ainda que foram encaminhadas a Lei nº 3.552, de


05/11/2020 (fls. 1962/1963), e a Lei nº 3.566, de 31/12/2020 (fls. 1964/1965), as
quais tratam, respectivamente, de prorrogação da vigência dos Contratos
Temporários de Trabalho na área da saúde e da alteração de valores de
vencimentos do quadro dos servidores ocupantes de cargo em comissão da
Administração Direta do Município de Niterói, sem aumento de despesas.

Dessa forma, entende-se que não houve o descumprimento do artigo 21 da


Lei Complementar Federal nº 101/00, alterado pela Lei Complementar Federal n.º
173/2020.

IV.5 – Educação

O art. 212 da Constituição Federal determina que os Estados e Municípios


apliquem, no mínimo, 25% (vinte e cinco por cento) da receita resultante de
impostos, compreendida a proveniente de transferências de impostos, na
Manutenção e Desenvolvimento do Ensino – MDE.

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IV.5.1 – Critérios de Apuração

Ao longo dos anos, os critérios de apuração das despesas com Manutenção


e Desenvolvimento do Ensino vêm sendo aperfeiçoados tanto pela promulgação de
novos dispositivos legais quanto pela adoção de novos entendimentos no âmbito de
decisões desta Corte de Contas. Assim, é importante destacar os aspectos
relevantes considerados quando da apuração das despesas com educação:

a) as despesas com alimentação custeadas pelo município com recursos


próprios serão consideradas para fins de apuração do limite com
educação, consoante decisão proferida no processo TCE-RJ n.º 261.276-
8/01;

b) as despesas com auxílio-alimentação ou denominação similar, assim


como qualquer outra verba de caráter indenizatória, concedidas aos
profissionais do magistério da educação básica em efetivo exercício na
rede pública, sob regime estatutário, poderão ser custeados tão-somente
com a parcela dos 40% dos recursos do FUNDEB, desde que tais
despesas atendam às diretivas do artigo 70 da Lei nº 9.394/96, consoante
decisão proferida no processo TCE-RJ n.º 219.129-2/18;

c) as despesas com aquisição de uniformes e afins, custeadas pelo


município, ainda que distribuídos indistintamente a todos os alunos, serão
consideradas despesas de natureza assistencial, razão pela qual não
poderão ser consideradas no cômputo da base de cálculo do limite
mínimo constitucional de 25% (vinte e cinco por cento), consignado no
art. 212 da Constituição Federal, assim como não poderão ser
financiadas com recursos do FUNDEB, consoante decisão proferida no
processo TCE-RJ n.º 219.129-2/18; e

d) serão consideradas somente as despesas efetivamente pagas no


exercício, de modo a interpretar a expressão “despesas realizadas”
constante do art. 70 da Lei Federal nº 9.394/96 como as despesas
públicas efetivadas após o cumprimento das três etapas previstas na Lei
Federal nº 4.320/64: empenho, liquidação e pagamento, consoante
decisão proferida no processo TCE-RJ n.º 100.797-7/18;

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IV.5.2 – Apuração das Receitas de Impostos e Transferências legais

O quadro a seguir demonstra os valores das Receitas de Impostos e


Transferências de Impostos recebidas pelo município no exercício de 2020 e que,
de acordo com o previsto no artigo 212 da Constituição Federal, serão utilizadas na
base de cálculo do limite das despesas realizadas na Manutenção e
Desenvolvimento do Ensino:

RECEITAS RESULTANTES DE IMPOSTOS E TRANSFERÊNCIAS LEGAIS

Descrição Receita arrecadada

I - Diretamente arrecadados 908.982.525,39

IPTU 430.672.163,37

ITBI 58.642.422,54

ISS 276.753.625,00

IRRF 131.984.765,52

ITR - Diretamente arrecadado 0,00

Outros Impostos 10.929.548,96

II - Receita de transferência da União 66.743.329,53

FPM (alíneas "b", "d" e "e") 66.735.836,87

ITR 7.492,66

IOF-Ouro 0,00

ICMS desoneração - LC 87/96 0,00

III - Receita de transferência do Estado 655.582.084,18

IPVA 87.690.452,95
ICMS + ICMS ecológico 552.134.041,57
IPI - Exportação
15.757.589,66
IV - Dedução das contas de receitas 13.614.694,69
Valor total das deduções das receitas de impostos e transferências
13.614.694,69
anteriormente registradas (exceto as deduções para o Fundeb)
V - Total das receitas resultantes dos impostos e transferências Legais
1.617.693.244,41
(I+II+III-IV)
Fonte: Anexo 10 consolidado da Lei Federal n.º 4.320/64 – fls. 914/925.
Nota: nos valores dos impostos e transferências de impostos estão incluídos os valores do principal, multa e juros,
dívida ativa e multas e juros de dívida ativa.

IV.5.3 – Apuração das Despesas com a Educação

IV.5.3.1 – Verificação do Enquadramento das Despesas nos Artigos 70 e 71


da Lei n.º 9.394/96

Inicialmente, recorreu-se ao Sistema Integrado de Gestão Fiscal – SIGFIS a


fim de verificar a existência de despesas que não se enquadram nos art. 70 e 71 da
Lei Federal nº 9.394/96.

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Foi observado que o valor total das despesas evidenciadas no SIGFIS não
diverge do valor registrado pela Contabilidade na Função 12, conforme
demonstrado:
Descrição Valor –R$

Sigfis 558.148.220,37
Contabilidade – Anexo 8 consolidado 558.148.220,37

Diferença 0,00
Fonte: Anexo 8 consolidado da Lei Federal n.º 4.320/64 – fls. 908/913 e Relatório Analítico Educação – fls. 2267/2277.

A verificação da adequação das despesas aos artigos 70 e 71 da Lei Federal


nº 9.394/96 foi efetuada por meio de técnica de amostragem, na qual foi apurado
99,70% do valor total das despesas com educação empenhadas com recursos
próprios e com o FUNDEB, registradas no banco de dados, fornecido pelo próprio
município por meio do SIGFIS. A relação destes empenhos consta no Relatório
Analítico Educação às fls. 2267/2277.

Foram identificadas, nos históricos constantes do relatório extraído do


sistema, as seguintes despesas cujos objetos não devem ser considerados para a
apuração do cumprimento dos limites da educação.

a) gasto que não pertence ao exercício de 2020, em desacordo com artigo 212 da
Constituição Federal c/c com inciso II do artigo 50 da Lei Complementar n° 101/00:
Valor
Data do N.º do Fonte de Valor Pago
Histórico Credor Subfunção Empenhado
empenho empenho recurso – R$
– R$

Termo de Reconhecimento
de Divida referente ao
realinhamento dos precos da
obra da E.M. Antineia Silveira
Miranda (contrato n 50/2014 RIVALL
Ensino
05/11/2020 502 - termo aditivo n 23/2018) ENGENHARIA ORDINÁRIOS 113.560,02 113.560,02
Fundamental
no periodo de LTDA
19/novembro/2014 a
19/novembro de 2017,
conforme despacho do
Depto. de Su
Fonte: Relatório Analítico Educação – fls. 2267/2277.

O Corpo Instrutivo e o Parquet de Contas apontaram este fato como


impropriedade.

Após exame dos elementos constituídos nos Docs. TCE-RJ nº 33.148-3/21 e


33.160-1/21, apresentados em razão da decisão monocrática de 18/08/2021 que
concedeu vista aos autos, a Instrução assim se pronunciou:

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Razões de Defesa:
Na defesa apresentada às fls. 2809, o responsável reconhece que a despesa não
pertence ao exercício em análise, e que foi cientificado o setor de planejamento
do Fundo de Educação, para que tal tipo de despesa seja admitida em outra
função, de forma a atender a legislação.
Análise:
Conforme verificado, o responsável reconhece a falha ocorrida no exercício em
análise.
Conclusão:
Diante do exposto, a impropriedade verificada será mantida na conclusão
deste relatório.

O douto Ministério Público Especial concordou com a sugestão da Instrução,


a qual também acompanho, contudo, ao final deste Voto, consignarei a
impropriedade apontada como Ressalva, com a respectiva Determinação.

É importante, neste momento, ressaltar, que as despesas não são


legitimadas nesta Prestação de Contas, podendo, a qualquer momento, este
Tribunal, verificar a legalidade das mesmas, ou seja, entende-se por considerar que
há presunção de veracidade dos documentos públicos, até prova em contrário.

IV.5.3.2 – Total das Despesas Realizadas com Educação

A metodologia de apuração do cumprimento do limite mínimo constitucional,


referente à Manutenção e Desenvolvimento do Ensino, mudou neste exercício, na
forma já alertada aos municípios jurisdicionados em Prestações de Contas do
Governo de exercícios anteriores, sendo consideradas as despesas efetivamente
pagas, acrescida do valor referente à efetiva aplicação dos recursos do FUNDEB.

No exercício de 2020, o município aplicou R$ 540.012.842,95, considerando


a despesa paga na educação, conforme consignado no quadro a seguir:
DESPESA COM EDUCAÇÃO

Empenhada Liquidada Paga

558.148.220,37 546.829.855,72 540.012.842,95

Fonte: Quadro C.1 – fls. 1246, Quadro C.2 – fls. 1247 e Quadro C.3 – fls. 1248.

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IV.5.3.3 – Apuração da aplicação mínima de 25%

No quadro a seguir, é demonstrado o total dos gastos com a Educação


Básica, de responsabilidade do município, ou seja, as despesas com o Ensino
Infantil e Fundamental, efetuadas com recursos de impostos e transferências de
impostos para efeito do cálculo dos limites legais:
DEMONSTRATIVO DAS RECEITAS E DESPESAS COM MANUTENÇÃO E
DESENVOLVIMENTO DO ENSINO – EDUCAÇÃO BÁSICA

FONTE DE RECURSOS: IMPOSTOS E TRANSFERÊNCIA DE IMPOSTOS

Despesa Paga
Modalidades de Ensino Subfunção
R$
Ensino fundamental 361 – Ensino fundamental 38.198.783,28
Educação infantil 365 – Ensino infantil 0,00
Educação jovens e adultos (Consideradas no ensino
fundamental)
366 – Educação jovens e adultos 0,00
Educação especial (Consideradas no Ensino Fundamental e
Infantil)
367 – Educação especial 0,00

122 – Administração 244.175.686,59


Demais subfunções atítpicas (Consideradas no Ensino
Fundamental e Infantil) 306 – Alimentação 0,00
Demais subfunções 65.439.792,80
Subfunções típicas da educação registradas em outras
funções

( a ) Subtotal das despesas com ensino da fonte Impostos e Transferência de Impostos 347.814.262,67

FONTE DE RECURSOS: FUNDEB

Despesa Paga
Descrição
R$

( b ) Despesas realizadas com ensino da fonte FUNDEB 115.709.184,10

Apuração do mínimo constitucional de aplicação em MDE

( c ) Total das despesas com ensino ( a + b ) 463.523.446,77


( d ) Perda de Recursos FUNDEB 22.721.518,86
( e ) Total das despesas registradas como gasto em educação ( c + d ) 486.244.965,63
( f ) Dedução do Sigfis/BO (fonte: impostos e transferência de imposto e fundeb) 113.560,02
( g ) Cancelamento de restos a pagar dos exercícios anteriores 0,00

( h ) Total das despesas consideradas para fins de limite constitucional ( e - f - g ) 486.131.405,61

( i ) Receita resultante de impostos 1.617.693.244,41

( j ) Percentual alcançado (limite mínimo de 25,00% - art. 212 da CF/88) (h/i x 100) 30,05%
Fonte: Quadro C.3 e Demonstrativos Contábeis – fls. 1248 e 1252/1253, Anexo 10 consolidado da Lei Federal n.º
4.320/64 – fls. 914/925, Documento de Cancelamentos de RP nas fontes "Impostos e Transferências de Impostos" e
“Fundeb” – fls. 2244/2248 e 1406/1407, Relatório Analítico Educação – fls. 2267/2277.
Nota 1: o montante despendido nas “demais subfunções” refere-se à previdência básica (subfunção 271), proteção e
benefícios ao trabalhador (subfunção 331) e outros encargos especiais (subfunção 846), conforme demonstrativo às fls.
1252/1253.
Nota 2 (linha d): Após apuração do Fundeb para o exercício, verifica-se que o município teve uma perda líquida no
valor de R$22.721.518,86 (transferência recebida R$115.840.417,60 e contribuição R$138.561.936,46).

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Nota 3: embora tenha ocorrido cancelamento de Restos a Pagar de exercícios anteriores na fonte “Impostos e
Transferências de Impostos”, o mesmo não será excluído do total das despesas com educação, tendo em vista que o
montante cancelado não impactaria o cálculo do limite mínimo constitucional, ou seja, mesmo desconsiderando o valor
das despesas ora canceladas o município ainda assim cumpriria o limite mínimo naqueles exercícios.
Nota 4: Na linha “f” foram registradas despesas não consideradas no cálculo do limite, conforme verificado no SIGFIS
e abordado no item ‘5.3.1 – Da verificação do enquadramento das despesas nos artigos 70 e 71 da Lei nº 9.394/96’.

Pelo demonstrado no quadro anterior, constata-se:

➢ O valor aplicado pelo município na Manutenção e Desenvolvimento do


Ensino corresponde a 30,05% do total da receita resultante de
impostos (próprios arrecadados e cota-parte de impostos transferidos),
ficando, portanto, acima do limite mínimo de 25% previsto no art. 212
da Constituição Federal;

Verificou-se na Nota Explicativa, à fl. 1251, que as despesas com a


administração (subfunção 122) correspondem à educação básica (ensinos infantil e
fundamental). Já no que diz respeito às despesas nas demais subfunções (“271 –
previdência básica”, “331 – proteção e benefícios ao trabalhador” e “846 – outros
encargos especiais”), pelo fato do município não aplicar recursos em ensino médio
(subfunção 362), pode-se aferir que essas correspondem à educação básica,
motivo pelo qual todas foram incluídas na base de cálculo do limite da educação
apresentado no quadro anterior.

IV.5.4 – Repasse dos Recursos à Educação

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei Federal nº 9.394, de


20/12/1996, dispõe no §5º do artigo 69 que o repasse dos 25% da receita resultante
de impostos e transferências de impostos que serão aplicados na Manutenção e no
Desenvolvimento do Ensino, ocorrerá imediatamente do caixa da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios ao órgão responsável pela educação.

A referida norma estabelece uma série de regras e prazos para transferência


dos recursos arrecadados ao órgão responsável pela educação, bem como
sanções e responsabilização pelo atraso. Neste sentido, faz-se necessária a
abertura de conta específica distinta daquela em que se encontram os recursos do
Tesouro para implementação de tais regras.

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De acordo com a documentação apresentada pelo jurisdicionado às fls.


1266/1276, verifica-se que o município não cumpriu as regras estabelecidas no
§5º do artigo 69 da LDB, uma vez que não foi possível aferir se as contas bancárias
abertas encontram-se sob a titularidade do órgão gestor dos recursos da educação,
tampouco se os repasses foram efetuados à referida conta nos prazos
estabelecidos. O Corpo Instrutivo e o Parquet de Contas apontaram este fato como
impropriedade.

Após exame dos elementos constituídos nos Docs. TCE-RJ nº 33.148-3/21 e


33.160-1/21, apresentados em razão da decisão monocrática de 18/08/2021 que
concedeu vista aos autos, a Instrução assim se pronunciou:

Razões de Defesa:
O responsável informa que, a respeito aos prazos estabelecidos para
cumprimento das repasse dos 25% das receitas de impostos e transferência de
impostos, está sendo estruturado um plano de trabalho entre o Tesouro
Municipal e a Fundação de Educação para monitorar a arrecadação
efetivamente realizada, as datas limites e o efetivo repasse dos valores, em
cumprimento aos aspectos de legalidade, economicidade, controle e eficiência
que tangenciam o tema.
Análise:
Conforme se depreende da defesa apresentada, o responsável reconhece a
existência da inconsistência, bem como informou que estão sendo adotadas
medidas visando saná-la.
Conclusão:
Dessa forma, a impropriedade em tela será mantida na conclusão deste
relatório.

O douto Ministério Público Especial concordou com a sugestão da Instrução,


a qual também acompanho, contudo, ao final deste Voto, consignarei a
impropriedade apontada como Ressalva, com a respectiva Determinação.

IV.5.5 – FUNDEB (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da


Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação)

A Emenda Constitucional n.º 53/06, aprovada em 06 de dezembro de 2006 e


publicada em 19/12/2006, criou o FUNDEB – Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da
Educação –, que tem por objetivo proporcionar a elevação e uma nova distribuição

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dos investimentos em educação, e com vigência pelo prazo de 14 anos, a partir da


sua promulgação. Assim, esse prazo foi completado no final de 2020.

IV.5.5.1 – Recursos recebidos do FUNDEB – 2020

No exercício de 2020, o município registrou como receitas transferidas pelo


FUNDEB o montante de R$ 115.877.809,12, correspondente aos recursos
repassados, acrescidos do valor das aplicações financeiras, conforme demonstrado
no quadro a seguir:

RECEITAS DO FUNDEB

Natureza Valor - R$

Transferências multigovernamentais 115.840.417,60


Aplicação financeira 37.391,52
Complementação financeira da União 0,00

Total das Receitas do Fundeb 115.877.809,12


Fonte: Anexo 10 Consolidado da Lei Federal n.º 4.320/64 – fls. 914/925 e Relatório do Controle Interno – fls. 1820.
Nota: o valor da aplicação financeira utilizado no quadro foi o informado no relatório do controle interno, uma vez que não foi
possível a identificação da respectiva rubrica no Anexo 10 da Lei Federal nº 4.320/64, Consolidado ou da Prefeitura Municipal.

IV.5.5.2 – Apuração do resultado entre a Contribuição ao FUNDEB e o que


foi recebido pelo Município com distribuição dos recursos

Comparando o valor recebido com a contribuição realizada pelo município


para formação do FUNDEB, ou seja, com o valor transferido decorrente da dedução
de 20% (vinte por cento) das receitas de Transferências de Impostos, verifica-se
que o município teve uma PERDA de recursos na ordem de R$ 22.721.518,86,
como demonstrado a seguir:
RESULTADO DAS TRANSFERÊNCIAS DO FUNDEB

Descrição R$

Valor das transferências recebidas do Fundeb 115.840.417,60

Valor da contribuição efetuada pelo município ao Fundeb 138.561.936,46

Diferença (perda de recursos) -22.721.518,86

Fonte: Anexo 10 consolidado da Lei Federal n.º 4.320/64 – fls. 914/925.

IV.5.5.3 – Pagamento dos profissionais do magistério

O artigo 22 da Lei Federal nº 11.494, de 2007, determina que, do total dos


recursos recebidos do FUNDEB, acrescido do resultado das aplicações financeiras,

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os municípios devem aplicar, no mínimo, 60% (sessenta por cento) no pagamento


da remuneração dos profissionais do magistério da educação básica, no caso, dos
profissionais que atuam no ensino fundamental e infantil.

O quadro a seguir demonstra o percentual aplicado pelo município, no


exercício de 2020, no pagamento da remuneração dos profissionais do magistério:

PAGAMENTO DA REMUNERAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DO MAGISTÉRIO

(A) Total registrado como pagamento dos profissionais do magistério 114.801.441,36

(B) Dedução do Sigfis relativo aos profissionais do magistério 0,00

(C) Cancelamento de restos a pagar de exercícios anteriores - magistério 0,00

(D) Total apurado referente ao pagamento dos profissionais do magistério (A - B - C) 114.801.441,36

(E) Recursos recebidos do Fundeb 115.840.417,60


(F) Aplicações financeiras do Fundeb 37.391,52
(G) Complementação de recurso da União 0,00
(H) Total dos recursos do Fundeb (E + F + G) 115.877.809,12

(I) Percentual do Fundeb na remuneração do magistério do ensino básico (mínimo


99,07%
60,00% - artigo 22 da Lei 11.494/07) (D/H)x100

Fonte: Quadro D.1 e demonstrativo contábil – fls. 1278/1280 e Anexo 10 consolidado da Lei Federal n.º 4.320/64 – fls.
914/925 (receita de aplicação financeira no relatório do controle interno às fls. 1820).

Pelo demonstrado no quadro anterior constata-se que o município CUMPRIU


o limite mínimo de 60% estabelecido no artigo 22 da Lei Federal nº 11.494/07,
tendo aplicado 99,07% dos recursos recebidos do FUNDEB no pagamento da
remuneração dos profissionais do magistério.

IV.5.5.4 – Aplicação mínima de 95% dos recursos do FUNDEB

A seguir procede-se à avaliação do cumprimento do artigo 21 da Lei Federal


nº 11.494/07, no que concerne à aplicação do superavit financeiro porventura
existente no exercício anterior, bem como da exigência de aplicação mínima de
95% (noventa e cinco por cento) dos recursos recebidos do FUNDEB no exercício
de 2020, ressaltando que a apuração inclui o resultado das aplicações financeiras
dos recursos do FUNDEB.

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IV.5.5.4.1 – Resultado financeiro do exercício anterior

Conforme mencionado anteriormente, a Lei Federal nº 11.494/07 permite a


aplicação de até 5% (cinco por cento) dos recursos do FUNDEB no 1º trimestre do
exercício seguinte, por meio da Abertura de Créditos Adicionais.

Portanto, a Fonte de Recurso a ser utilizada para a abertura do Crédito


Adicional deve ser o Superavit Financeiro verificado ao final do exercício anterior,
uma vez que, sem o recurso financeiro, não se pode efetuar a abertura do Crédito.

Como forma de verificar o atendimento ao estabelecido no §2º do artigo 21


da Lei Federal nº 11.494/07, buscou-se informações presentes na Prestação de
Contas de Governo do exercício anterior (Processo TCE-RJ nº 211.151-6/20),
sendo constatado que a conta FUNDEB registrou ao final do exercício de 2019,
conforme balancete apresentado naquele processo, um SUPERAVIT FINANCEIRO
de R$ 3.544.089,79.

Constatada a existência de superavit financeiro no exercício anterior, será


efetuado a seguir o cálculo do limite mínimo (95%) de aplicação das despesas
empenhadas no exercício de 2020, subtraindo o superavit, ora registrado, das
despesas empenhadas com recursos do FUNDEB no exercício.

Deve ser registrado que o valor de R$ 3.544.089,79 foi utilizado no exercício


de 2020, por meio da abertura de crédito adicional após o 1º trimestre do exercício,
conforme Decreto nº 13.841/2020 (fls. 1282/1283), em desacordo, portanto, com o
previsto no §2º do art. 21 da Lei Federal nº 11.494/07. O Corpo Instrutivo e o
Parquet de Contas apontaram este fato como impropriedade.

Após exame dos elementos constituídos nos Docs. TCE-RJ nº 33.148-3/21 e


33.160-1/21, apresentados em razão da decisão monocrática de 18/08/2021 que
concedeu vista aos autos, a Instrução assim se pronunciou:

Razões de Defesa:
O Defendente informou apenas que a Fundação de Educação tem se esforçado
para atender a legislação.
Análise:

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Em sua defesa o responsável reconhece a falha ocorrida no exercício de 2020.


Conclusão:
Dessa forma, a referida impropriedade será mantida na conclusão deste
relatório.

O douto Ministério Público Especial concordou com a sugestão da Instrução,


a qual também acompanho, contudo, ao final deste Voto, consignarei a
impropriedade apontada como Ressalva, com a respectiva Determinação.

IV.5.5.4.2 – Cálculo da aplicação mínima de 95%

No quadro, a seguir, é demonstrado o valor total das despesas empenhadas


no exercício de 2020 com recursos FUNDEB, em face do que dispõe o artigo 21 da
Lei Federal nº 11.494/07:
CÁLCULO DAS DESPESAS EMPENHADAS COM RECURSOS DO FUNDEB

Descrição Valor - R$ Valor - R$ Valor - R$

(A) Recursos recebidos a título de Fundeb no exercício 115.840.417,60


(B) Receita de aplicação financeira dos recursos do Fundeb 37.391,52

(C) Total das receitas do Fundeb no exercício (A + B) 115.877.809,12

(D) Total das despesas empenhadas com recursos do Fundeb no exercício 115.709.184,10

(E) Superavit financeiro do Fundeb no exercício anterior 3.544.089,79

(F) Despesas não consideradas 0,00


i. Exercício anterior 0,00
ii. Desvio de finalidade 0,00
iii. Outras despesas 0,00
(G) Cancelamentos de restos a pagar de exercícios anteriores 0,00

(H) Total das despesas consideradas como gastos do Fundeb no exercício (D - E - F - G) 112.165.094,31

(I) Percentual alcançado (mínimo = 95%) (H/C) 96,80%


Fonte: Anexo 10 consolidado da Lei Federal n.º 4.320/64 – fls. 914/925 (receita de aplicação financeira no relatório do controle
interno às fls. 1820), Quadro C.1 e Demonstrativos Contábeis – fls. 1246 e 1252/1253, Documento de Cancelamentos de RP na
fonte FUNDEB – fls.1406/1407, Relatório Analítico Educação – fls. 2267/2277 e prestação de contas de governo de 2019 -
processo TCE-RJ n.o 211.151-6/2020.

Pelo demonstrado no quadro anterior, constata-se que o município utilizou


96,80% dos recursos do FUNDEB no exercício de 2020, restando 3,20% para que
seja empenhado no primeiro trimestre de 2021. Logo, cumprindo o disposto no § 2º
do artigo 21 da Lei Federal nº 11.494/07, estabelecendo que os recursos deste
Fundo serão utilizados no exercício financeiro em que forem creditados, podendo
ser utilizado no primeiro trimestre do exercício imediatamente subsequente, até 5%
destes recursos.
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IV.5.5.4.3 – Resultado Financeiro para o exercício seguinte

Tendo em vista que o resultado financeiro para o exercício seguinte,


verificado em 31/12/2020, pode não representar, necessariamente, a diferença
entre Receitas recebidas e Despesas empenhadas, considerando que outras
movimentações eventualmente realizadas, podem impactá-lo, ao final do exercício,
tais como ressarcimento financeiro creditado na Conta do FUNDEB, cancelamentos
de passivos, etc., efetuou-se a análise do resultado financeiro, para o exercício de
2021, da seguinte forma:

RESULTADO FINANCEIRO DO FUNDEB PARA O EXERCÍCIO 2021

Descrição Valor - R$

Superavit financeiro em 31/12/2019 3.544.089,79

(+) Receita do Fundeb recebida em 2020 115.840.417,60


(+) Receita de aplicação financeira do Fundeb de 2020 37.391,52
(+) Ressarcimento efetuado à conta do Fundeb em 2020 0,00
(+) Créditos outros (depósitos, transferências, etc) em 2020 0,00
(+) Cancelamento de passivo financeiro (RP, Outros) efetuados em 2020 0,00
= Total de recursos financeiros em 2020 119.421.898,91
(-) Despesas empenhadas do Fundeb em 2020 115.709.184,10
= Superavit Financeiro Apurado em 31/12/2020 3.712.714,81
Fonte: prestação de contas de governo de 2019 - processo TCE-RJ n.o 211.151-6/2020, Anexo 10 consolidado da Lei
Federal n.º 4.320/64 – fls. 914/925 (receita de aplicação financeira no relatório do controle interno às fls. 1820), Quadro
C.1 e Demonstrativos Contábeis – fls. 1246 e 1252/1253 e documento de cancelamentos de passivos na fonte FUNDEB
– fls. 1406/1407.

O valor do superavit financeiro para o exercício de 2021, apurado no quadro


anterior de R$ 3.712.714,29, diverge do valor registrado pelo município no
Balancete Contábil de Verificação do FUNDEB - Quadro D.2 de R$ 3.685.547,22,
fls. 1286, apontando uma diferença no montante de R$ 27.167,59.

O saldo evidenciado pela contabilidade da Prefeitura registra um superavit


inferior ao apurado na presente instrução, revelando a saída de recursos da conta
do FUNDEB sem a devida comprovação. Ocorre que, conforme nota explicativa às
fls. 1287 e conciliação bancária às fls. 1289/1292, o município não considerou como
disponibilidade no Balancete supra mencionado (Quadro D.2) o valor de
R$27.608,25, referente a bloqueios judiciais cuja contrapartida será arcada por
recursos ordinários, o que supre a aventada ausência de recursos na conta do
Fundeb, restando ainda uma diferença a maior em relação ao resultado financeiro
apurado, de R$440,66, que será relevada por sua imaterialidade.

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Outrossim, o superavit financeiro registrado no Balancete deverá ser o valor


utilizado para a abertura de crédito no exercício de 2020.

Conforme previsto no artigo 24 da Lei Federal nº 11.494/97, foi encaminhado


o parecer do Conselho de Acompanhamento e Controle Social do FUNDEB (fls.
1409/1410) sobre a distribuição, a transferência e a aplicação dos recursos do
Fundo com conclusão pela REGULARIDADE.

IV.5.5.5 – NOVO FUNDEB – EC n° 108/2020 e Lei Federal 14.113/2020

Em 26 de agosto de 2020, o Congresso Nacional promulgou a Emenda


Constitucional n° 108/2020 que torna permanente o FUNDEB – Fundo de
Desenvolvimento e Valorização dos Profissionais da Educação. Com novas regras,
o novo FUNDEB foi regulamentado pela Lei Federal n° 14.113, de 25 de dezembro
de 2020, e passa a valer a partir de 2021.

Pela NOVA lei, os recursos recebidos do FUNDEB devem ser totalmente


utilizados durante o exercício em que forem creditados, admitindo-se que eventual
saldo (não comprometido) possa ser utilizado no primeiro QUADRIMESTRE do
exercício subsequente, mediante abertura de Crédito Adicional, desde que não
ultrapasse 10% do valor recebido durante o exercício, conforme disposto no §3°
do art. 25 da nova lei. Pelo ANTIGO FUNDEB, o percentual não poderia ultrapassar
5% e o eventual saldo do exercício anterior deveria ser utilizado no primeiro
TRIMESTRE do exercício subsequente. Assim, pela regra antiga, existia a
obrigatoriedade de aplicação dos recursos de, no mínimo 95% recebidos dentro do
exercício, a partir do exercício de 2021 o percentual dessa obrigatoriedade foi
reduzido para 90%.

O NOVO FUNDEB estabeleceu também a obrigatoriedade de aplicação de,


no mínimo, 70% dos recursos recebidos na remuneração dos profissionais da
educação em efetivo exercício da atividade e expressamente veda o pagamento de
aposentadorias e pensões, conforme dispõe o inciso II do art. 29 da nova lei c/c o
art. 212, §7 da Constituição Federal. Pelo ANTIGO FUNDEB, o percentual era de,
no mínimo, 60%.

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RUBRICA: FLS.: 54

Com as mudanças, entre 2021 e 2026, a União ampliará dos atuais 10% para
23% a complementação das verbas repassadas para Manutenção e
Desenvolvimento da Educação Básica. Os repasses serão feitos de forma
progressiva e, a cada ano, o percentual será elevado até alcançar, em 2026, 23%.
Da parcela da complementação federal, 15% devem ser destinados para Despesas
de Capital - para investimentos em infraestrutura e melhoria de equipamentos e
instalações - e não somente gasto com Despesas Correntes.

A NOVA LEI DO FUNDEB ampliou os poderes dos Conselhos de


Acompanhamento e de Controle Social do FUNDEB e, nos arts. 30 e 31, estabelece
que os Estados e municípios prestem contas dos recursos do FUNDEB, conforme
os procedimentos adotados pelos TRIBUNAIS DE CONTAS.

Assim, entendo oportuno incluir na conclusão deste Relatório alerta ao atual


Prefeito Municipal quanto às novas regras estabelecidas pela Lei Federal n°
14.113/2020, sobre a aplicação dos recursos do FUNDEB, que serão consideradas
a partir da Prestação de Contas de Governo, referentes ao exercício de 2021, a ser
encaminhada a este Tribunal em 2022.

IV.6 – Saúde
Em 13 de janeiro de 2012, em atendimento ao § 3º, artigo 198 da
Constituição Federal, acrescentado pela Emenda Constitucional nº 29, de 13 de
setembro de 2000, foi editada a Lei Complementar Federal nº 141, regulamentando
e estabelecendo conceito e normas de fiscalização, avaliação e controle das
despesas com Ações e Serviços Públicos de Saúde – ASPS, nas esferas Federal,
Estadual e Municipal, para o cumprimento do dispositivo constitucional:

I – percentuais mínimos do produto da arrecadação de impostos a serem


aplicados anualmente pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos
Municípios em Ações e Serviços Públicos de Saúde;

II – critérios de rateio dos recursos da União vinculados à saúde


destinados aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, e dos
Estados destinados aos seus respectivos municípios, visando à
progressiva redução das disparidades regionais;
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RUBRICA: FLS.: 55

III – normas de fiscalização, avaliação e controle das despesas com


saúde nas esferas federal, estadual, distrital e municipal.

Para fins de apuração da aplicação dos recursos mínimos estabelecidos na


Lei Complementar Federal nº 141/2012, o artigo 3º destaca as despesas em Ações
e Serviços Públicos de Saúde que devem ser consideradas, enquanto o artigo 4º
estabelece aquelas que não constituirão despesas com ASPS.

Segundo o artigo 24 da lei, deverão ser consideradas:


I – as despesas liquidadas e pagas no exercício; e
II – as despesas empenhadas e não liquidadas, inscritas em Restos
a Pagar até o limite das disponibilidades de caixa ao final do
exercício, consolidadas no Fundo de Saúde.

É oportuno destacar que a Lei Complementar não menciona as despesas


liquidadas não pagas. Não obstante, essas despesas devem compor o cálculo do
limite mínimo constitucional, visto ser este o critério utilizado pelo Sistema de
Informações Sobre Orçamentos Públicos em Saúde – SIOPS, criado pelo Ministério
da Saúde, bem como ser esta a metodologia aplicada pela Secretaria do Tesouro
Nacional – STN, conforme estabelece a Portaria n.º 553/14, que aprovou o Manual
de Demonstrativos Fiscais, o qual assim dispõe:

Para efeito de cálculo dos recursos mínimos a serem aplicados anualmente


em ações e serviços públicos de saúde serão consideradas as despesas:
I – pagas;
II – liquidadas e inscritas em Restos a Pagar; e
III – empenhadas e não liquidadas inscritas em Restos a Pagar até o limite da
disponibilidade de caixa do exercício.

Deve ser registrado que, quando da análise das Prestações de Contas de


Governo dos municípios, referentes aos exercícios de 2016 e 2017, o Egrégio
Plenário desta Corte decidiu que computaria somente as despesas com Ações e
Serviços Públicos de Saúde que tenham sido movimentadas pelo Fundo de Saúde,
para efeito de apuração do limite mínimo estabelecido pela Constituição Federal,
nos estritos termos da Lei Complementar Federal n.º 141/12.

Quando do exame da consulta sobre a metodologia de aferição do


cumprimento das despesas obrigatórias com Ações e Serviços Públicos de Saúde –
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RUBRICA: FLS.: 56

ASPS, art. 198, §2º, II, e § 3º, I, da CRFB e art. 24 da Lei Complementar Federal nº
141/12, constituída no processo TCE-RJ nº 113.617-4/18, o Egrégio Plenário desta
Corte decidiu que a partir das Prestações de Contas de Governo do Estado do Rio
de Janeiro e de todos os municípios jurisdicionados deste Tribunal, referentes ao
exercício de 2019, a serem apresentadas em 2020, devem ser consideradas, para
fins de aferição do cumprimento do art. 198, §2º, II e §3º, I, da CRFB, e do art. 24
da LC nº141/12, as despesas liquidadas e efetivamente pagas no exercício, bem
como os restos a pagar processados e não processados até o limite da
disponibilidade de caixa do respectivo Fundo no exercício.

Entretanto, diante de nova consulta formulada no Processo TCERJ n°


106.738-5/19, o E. Plenário desta Corte decidiu, em Sessão de 06/04/2020, que a
aplicação da metodologia mencionada anteriormente será considerada a partir das
Prestações de Contas de Governo referentes ao exercício de 2020, a serem
apresentadas em 2021. A ampliação do período de transição para aplicação da
nova metodologia foi comunicada a todos jurisdicionados.

Portanto, no exercício em análise, para fins de aferição do cumprimento do


limite previsto no art. 198, §2º, II e §3º, I, da CRFB, c/c o art. 7° da LC nº 141/12,
serão consideradas as despesas liquidadas acrescida dos restos a pagar não
processados até o limite da disponibilidade de caixa ao final do exercício,
devidamente comprovadas no Fundo de Saúde.

Diante de tudo que foi exposto, demonstra-se, a seguir, a análise do


cumprimento do limite mínimo de aplicação de recursos em Ações e Serviços
Públicos de Saúde, observando o novo regramento trazido pela Lei Complementar
Federal n.º 141/12.

IV.6.1 – Verificação do enquadramento das Despesas nos artigos 3º e


4º da Lei Complementar Federal nº 141/12

Na verificação da adequação das despesas aos artigos 3° e 4° da


Lei Complementar n.º 141/12, serão considerados os dados encaminhados pelo
município por meio do Sistema Integrado de Gestão Fiscal – SIGFIS.

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RUBRICA: FLS.: 57

Observou-se que o valor total das despesas evidenciadas no SIGFIS, não


apresenta divergência em relação ao valor registrado contabilmente na Função 10 –
Saúde, conforme demonstrado:
Descrição Valor –R$

Sigfis 728.322.362,91
Contabilidade – Anexo 8 consolidado 728.322.362,91

Diferença 0,00
Fonte: Anexo 8 consolidado da Lei Federal n.º 4.320/64 – fls. 908/913 e Relatório Analítico Saúde – fls. 2278/2299.

A verificação da adequação das despesas aos artigos 3° e 4° da Lei


Complementar n.º 141/12 foi efetuada por meio de técnica de amostragem, na qual
foi apurado 99,30% do valor total das despesas com Saúde empenhadas com
recursos próprios registradas no banco de dados fornecido pelo próprio município
por meio do SIGFIS. A relação destes empenhos consta no Relatório Analítico
Saúde às fls. 2278/2299.

Foram identificadas, nos históricos constantes do relatório extraído do


sistema, despesas no montante de R$ 298.300,35 que não serão consideradas no
cálculo do limite dos gastos com ações e serviços públicos de saúde, conforme
evidenciado a seguir:

a) Gastos que não pertencem ao exercício de 2020, em desacordo com o artigo 7° da Lei
Complementar n.º 141/12 c/c inciso II do artigo 50 da Lei Complementar n.º 101/00:

Valor Valor
Data do N.º do Fonte de Valor
Histórico Credor Subfunção Empenhado Liquidado
empenho empenho recurso R$ R$
Pago - R$

Repasse referente ao
pagamento da 3s
medicao dos Servicos
realizados durante o
mes de Setembro de
EMPRESA MUN.
2019 dos Ambientes do Assistência
DE MORADIA,
13/03/2020 337 Laboratorio Miguelote Hospitalar e ORDINÁRIOS 81.420,64 81.420,64 81.420,64
URBANIZAÇÃO
Vianna e de algumas Ambulatorial
E SAN-EMUSA
intervecoes na
Policlinica Sergio
Arouca-Niteroi-RJ. Nota
tecnica n
0743/2018/CONTROLE

Fonte: Relatório Analítico Saúde – fls. 2278/2299.

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RUBRICA: FLS.: 58

b) Despesas não consideradas como ações e serviços públicos, conforme artigos 3º e 4°


da Lei Complementar n.º 141/12:

Valor Valor
Data do N.º do Fonte de Valor Pago
Histórico Credor Subfunção Empenhado Liquidado
empenho empenho recurso R$ R$
R$

SOLICITACAO DE
COMPRAS REFERENTE
AO PARCELAMENTO DE
DIVIDA ATIVA COM A
PROCURADORIA GERAL
DA FAZENDA
MINISTERIO
NACIONAL. ESTA
DA FAZENDA Administração
30/01/2020 66 SOLICITACAO NAO ORDINÁRIOS 53.944,88 53.944,88 53.944,88
(RECEITA Geral
ESTA ATRELADA A
FEDERAL)
NENHUM CONTRATO
POR SE TRATAR DE
PARCELAMENTO DE
DIVIDA ATIVA. Proc.
200007904/2019 TIPO
DE COM

SOLICITACAO DE
COMPRAS REFERENTE
AO PARCELAMENTO DE
DIVIDA ATIVA COM A
PROCURADORIA GERAL
DA FAZENDA
MINISTERIO
NACIONAL. ESTA
DA FAZENDA Administração
14/02/2020 205 SOLICITACAO NAO ORDINÁRIOS 162.934,83 162.934,83 162.934,83
(RECEITA Geral
ESTA ATRELADA A
FEDERAL)
NENHUM CONTRATO
POR SE TRATAR DE
PARCELAMENTO DE
DIVIDA ATIVA. Proc.
200007904/2019 TIPO
DE COM

TOTAL 216.879,71 216.879,71 216.879,71


Fonte: Relatório Analítico Saúde – fls. 2278/2299.

Assim, de acordo com o artigo 7° da Lei Complementar n.º 141/12 c/c inciso II
do artigo 50 da Lei Complementar n.º 101/00 , as despesas no montante de
R$298.300.35 não serão computadas no cálculo do limite dos gastos com Ações e
Serviços Públicos de Saúde. Ademais, o Corpo Instrutivo e o Parquet de Contas
apontaram este fato como impropriedade.

Após exame dos elementos constituídos nos Docs. TCE-RJ nº 33.148-3/21 e


33.160-1/21, apresentados em razão da decisão monocrática de 18/08/2021 que
concedeu vista aos autos, a Instrução assim se pronunciou:

CONTAS DE GOVERNO – EXERCÍCIO 2020 CHRISTIANO LACERDA GHUERREN


MUNICÍPIO DE NITERÓI Conselheiro-Substituto – Relator
PROCESSO Nº 206.489-6/21

RUBRICA: FLS.: 59

Razões de Defesa:
O responsável argumenta que, apesar de no exercício de 2020 haver despesas
de exercícios anteriores na função 10 – Saúde, o Fundo Municipal de Saúde e a
Fundação Municipal de Saúde se adaptaram em 2021 para que as despesas em
questão fossem alocadas na função 04 – Administração, para atender os
artigos 3º, 4º e 7º da Lei Complementar nº 141/12 c/c com o inciso II do artigo
50 da Lei Complementar nº 101/00.
Análise:
Da defesa apresentada se depreende que a falha de fato ocorreu em 2020,
sendo que o explicitado pelo ex-Prefeito será verificado oportunamente, na
análise na próxima Prestação de Contas de Governo, relativa ao exercício de
2021.
Conclusão:
Dessa forma, a impropriedade verificada será mantida na conclusão deste
relatório.

O douto Ministério Público Especial concordou com a sugestão da Instrução,


a qual também acompanho, contudo, ao final deste Voto, consignarei as
impropriedades apontadas como Ressalvas, com as respectivas Determinações.

É importante, neste momento, ressaltar, que as despesas não são


legitimadas nesta Prestação de Contas, podendo, a qualquer momento, este
Tribunal, verificar a legalidade das mesmas, ou seja, entende-se por considerar que
há presunção de veracidade dos documentos públicos, até prova em contrário.

IV.6.2 – Despesas em Ações e Serviços Públicos de Saúde

O quadro a seguir evidencia o total das despesas realizadas com Ações e


Serviços Públicos de Saúde, detalhadas por Grupo de Natureza de Despesas e as
respectivas deduções, indicando, dessa forma, o total gasto pelo município na
Saúde e o total considerado para fins de limite:

CONTAS DE GOVERNO – EXERCÍCIO 2020 CHRISTIANO LACERDA GHUERREN


MUNICÍPIO DE NITERÓI Conselheiro-Substituto – Relator
PROCESSO Nº 206.489-6/21

RUBRICA: FLS.: 60

Descrição Valor - R$

RP processados e RP não
Despesas gerais com saúde Despesas pagas
processados
(A) Despesas correntes 637.960.686,36 65.956.429,16

Pessoal e Encargos Sociais 306.258.198,15 33.263.663,59

Juros e Encargos da Dívida 0,00 0,00

Outras Despesas Correntes 331.702.488,21 32.692.765,57

(B) Despesas de capital 23.071.128,93 1.334.118,46

Investimentos 22.854.249,22 1.334.118,46

Inversões Financeiras 0,00 0,00

Amortização da Dívida 216.879,71 0,00

(C) Total (A+B) 661.031.815,29 67.290.547,62

(D) Total das despesas com saúde 728.322.362,91

Despesas com saúde não computadas para fins de RP processados e RP não


Despesas pagas
apuração do percentual mínimo processados

(E) Despesas com inativos e pensionistas 0,00 0,00


(F) Despesa com assistência à saúde que não atende ao princípio de acesso
0,00 0,00
universal
(G) Despesas custeadas com outros recursos 392.415.846,19 48.690.448,87

Recursos de transferência do Sistema Único de Saúde - SUS 178.095.075,09 27.918.433,10

Outros Recursos 214.320.771,10 20.772.015,77

(H) Outras ações e serviços não computados 298.300,35 0,00


(I) Restos a pagar processados inscritos no exercício sem disponibilidade de
NA 9.541.432,94
caixa (fonte impostos e transferências)

(J) Restos a pagar não processados inscritos no exercício sem


NA 9.058.665,81
disponibilidade de caixa (fonte impostos e transferências)

(K) Cancelamento de restos a pagar de exercícios anteriores, com


0,00 0,00
disponibilidade de caixa

(L) Total (E+F+G+H+I+J+K) 392.714.146,54 67.290.547,62

(M) Total das despesas com saúde não computadas 460.004.694,16

(N) Total das despesas com ações e serviços públicos de saúde para fins de
268.317.668,75
limite (D - M)
Fonte: Quadro E.1 e demonstrativos contábeis – fls.1412/1419, Quadro E.2 – fls. 1421, Balancete Contábil de Verificação da Saúde -
QUADRO E.3 e Documentação Comprobatória – fls. 1424 e 1427/1509, documento de cancelamento de RP na fonte "Impostos e
Transferências de Impostos" – fls. 2244/2248 e Relatório Analítico Saúde – fls. 2278/2299.
Nota 1: na linha H foram registradas despesas não consideradas no cálculo do limite, conforme verificado no SIGFIS e abordado no item
5.4.1 deste capítulo.
Nota 2: embora tenha ocorrido, no exercício de 2020, cancelamento de Restos a Pagar referentes a exercícios anteriores, o mesmo não
será excluído do total das despesas com saúde, tendo em vista que o montante cancelado não impactaria o cálculo do limite mínimo
constitucional daqueles exercícios, ou seja, mesmo desconsiderando o valor das despesas ora canceladas o município ainda assim
cumpriria o limite mínimo nos exercícios anteriores.
Nota 3: o Quadro E.3 – balancete de verificação, demonstrando a disponibilidade financeira e obrigações na fonte de recursos impostos
e transferência de impostos, apresentou inconsistência, uma vez que evidenciou valores referentes a todas as fontes de recursos
(impostos e transferências de impostos, recursos do SUS, convênios, royalties). Diante disso, não foram consideradas as despesas
inscritas em restos a pagar, processados e não processados, como despesas em saúde para fins de limite.

A instrução constatou que o município encaminhou as informações sobre os


gastos com saúde indicando como recursos utilizados, além da fonte “impostos e
transferências de impostos”, a fonte “ordinários”. No entanto, entende-se que o
município deve segregar as fontes de recursos, utilizando na aplicação de gastos
com saúde para fins de limite constitucional, apenas os recursos oriundos de
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RUBRICA: FLS.: 61

impostos e transferências de impostos, uma vez que a fonte “ordinários” pode


contemplar outros recursos que não se refiram a impostos. O Corpo Instrutivo e o
Parquet de Contas apontaram este fato como impropriedade.

Após exame dos elementos constituídos nos Docs. TCE-RJ nº 33.148-3/21 e


33.160-1/21, apresentados em razão da decisão monocrática de 18/08/2021 que
concedeu vista aos autos, a Instrução assim se pronunciou:

Razões de Defesa:
De acordo com o defendente, em resposta apresentada às fls. 2814, o Município
de Niterói não utiliza fonte de recursos classificada exclusivamente como
“ordinários”, mas sim “ordinários provenientes de impostos”, conforme
Decreto Municipal nº 12.926/2018, ou seja, há a segregação das fontes de
forma a alocar estimativas e arrecadações com impostos apenas na FR 100 e
transferências constitucionais e legais FR 114, de forma a dar maior
transparência sobre receitas, bem como aplicações das mesmas.
Análise:
Diante da defesa apresentada e, em consulta às fontes de recursos utilizadas
pelo Município, verifica-se que existe separadamente a fonte de impostos e
transferências de impostos, assistido assim, razão ao defendente em relação ao
tema em questão.
Conclusão:
Dessa forma, a referida impropriedade será desconsiderada na conclusão deste
relatório.

O douto Ministério Público Especial concordou com a sugestão da Instrução,


a qual também acompanho.

IV.6.3 – Apuração dos Gastos com Saúde

Conforme evidenciado anteriormente, o artigo 7º da Lei Complementar


Federal n.º 141/12, dispõe que os municípios aplicarão anualmente em Ações e
Serviços Públicos de Saúde, no mínimo, 15% (quinze por cento) da arrecadação
dos impostos a que se refere o artigo 156 e dos recursos de que tratam o artigo 158
e a alínea “b” do inciso I do caput e o § 3º do artigo 159, todos da Constituição
Federal.

Dessa forma, evidencia-se a seguir a situação do município com relação aos


Gastos com Saúde para fins do cálculo do limite constitucional:

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RUBRICA: FLS.: 62

DEMONSTRATIVO DAS RECEITAS E DESPESAS COM SAÚDE


DESCRIÇÃO Valor - R$

RECEITAS

(A) Receitas de impostos e transferências (conforme quadro da educação) 1.617.693.244,41


(B) Dedução da parcela do FPM (art. 159, I, "d" e "e") 5.515.728,48
(C) Dedução do IOF-Ouro 0,00

(D) Total das receitas (base de cálculo da saúde) (A-B-C) 1.612.177.515,93

DESPESAS COM SAÚDE

(E) Despesas pagas custeadas com recursos de impostos e transf. de impostos 268.317.668,75
(F) Restos a pagar processado e não processados, relativos aos recursos de
0,00
impostos e transf. de impostos, com disponibilidade de caixa
(G) Cancelamento de restos a pagar de exercícios anteriores com disponibilidade
0,00
financeira
(H) Total das despesas consideradas = (E+F-G) 268.317.668,75
(I) Percentual das receitas aplicado em gastos com saúde (H/D) mínimo
16,64%
15%
(J) Valor referente à parcela que deixou de ser aplicada em ASPS no
0,00
exercício
Fonte: Anexo 10 consolidado da Lei Federal n.º 4.320/64 – fls.914/925, Quadro E.1 e demonstrativos contábeis – fls.
1412/1419, Quadro E.2 – fls. 1421, Balancete Contábil de Verificação da Saúde - QUADRO E.3 e documentação comprobatória
– fls. 1424 e 1427/1509, documento de cancelamento de RP na fonte "Impostos e Transferências de Impostos" – fls.
2244/2248 e documentos de arrecadação do FPM de julho e dezembro – fls. 2300/2303.
Nota 1: as Emendas Constitucionais n.ºs 55 e 84 estabeleceram um aumento de 1% no repasse do FPM (alíneas “d” e “e”,
inciso I, artigo 159 da CRFB), a serem creditados nos primeiros decêndios dos meses de julho e dezembro. De acordo com
comunicado da STN, os créditos ocorreram nos dias 09/07/2020 e 09/12/2020. No entanto, esta receita não compõe a base de
cálculo da saúde, prevista no artigo 198, § 2º, inciso III da CRFB, da mesma forma que o IOF-Ouro.
Nota 2: o Quadro E.3 – balancete de verificação, demonstrando a disponibilidade financeira e obrigações na fonte de recursos
impostos e transferência de impostos, apresentou inconsistência, uma vez que evidenciou valores referentes a todas as fontes
de recursos (impostos e transferências de impostos, recursos do SUS, convênios, royalties). Diante disso, não foram
consideradas as despesas inscritas em restos a pagar, processados e não processados, como despesas em saúde para fins de
limite.

Da análise dos demonstrativos apresentados, verifica-se que, no exercício de


2020, o município aplicou em Saúde, 16,64% das receitas de impostos e
transferências de impostos com Saúde, cumprindo o mínimo de 15% previsto na Lei
Complementar Federal nº 141/12.

A Lei Orgânica do município não prevê limite mínimo para gastos em Saúde.

É importante destacar que os recursos destinados às Ações e Serviços


Públicos de Saúde foram geridos, diretamente, pelo Fundo Municipal de Saúde,
totalizando R$ 728.322.362,91, conforme Anexos 8 da Lei nº 4.320/64 Consolidado
e o do FMS, às fls. 908/913 e 1161, uma vez que o município repassou a
integralidade dos recursos de Saúde para o referido Fundo, cumprindo, assim, o
disposto no parágrafo único do artigo 2º da Lei Complementar n.º 141/12.

A Constituição Federal de 1988, por meio de seus dispositivos (art. 194, VII;
art. 198, III; art. 204, II; art. 206, VI, art. 227, § 7º), incorporou o controle social, que
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RUBRICA: FLS.: 63

visa à participação da comunidade na gestão das políticas públicas, de forma a


avaliar seus objetivos, processos e resultados, principalmente, no que se refere aos
setores de Educação e Saúde.

O Conselho Municipal de Saúde, através do parecer às fls. 1526/1534,


opinou pela aprovação quanto à aplicação dos recursos destinados a Ações e
Serviços Públicos de Saúde, na forma do artigo 33 da Lei n.º 8.080/90 c/c § 1º,
artigo 36 da Lei Complementar Federal n.º 141/12.

IV.7 – Repasse Financeiro para a Câmara Municipal

As Câmaras Municipais não possuem receitas próprias, portanto, dependem


de transferências de recursos do Poder Executivo Municipal.

IV.7.1 – Limite do Repasse Financeiro à Câmara Municipal

O artigo 29-A da Constituição Federal acrescentado pela Emenda


Constitucional n.º 25, de 25.02.2000, e posteriormente alterado pela Emenda
Constitucional nº 58, de 23 de setembro de 2009, dispõe sobre o limite do repasse
financeiro a ser efetuado pelo Poder Executivo à Câmara Municipal para custear as
despesas do Poder Legislativo.

Seguindo os critérios do artigo 29-A da Constituição Federal, o total do


repasse para custear as despesas do Poder Legislativo do Município de Niterói,
incluídos os subsídios dos Vereadores e excluídos os gastos com inativos, não
poderia ultrapassar, em 2020, o percentual de 4,5% sobre o somatório da Receita
Tributária e das Transferências previstas no §5º do art. 153 e nos art. 158 e 159,
efetivamente realizado no exercício anterior, observados os dados do IBGE que
estimam a população do município em 513.584 habitantes, conforme Anexo IX da
Decisão Normativa n.º 179/2019 – TCU.

IV.7.2 – Repasse financeiro à Câmara Municipal

Conforme estabelecido no artigo 29-A da Constituição Federal, o repasse


financeiro a ser efetuado pelo Poder Executivo à Câmara Municipal, não poderá
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RUBRICA: FLS.: 64

ultrapassar os limites definidos no caput do citado artigo, bem como não poderá ser
inferior à proporção fixada na Lei Orçamentária.
RECEITAS TRIBUTÁRIAS E DE TRANSFERÊNCIA DO MUNICÍPIO NO
VALOR (R$)
EXERCÍCIO DE 2019
(A) RECEITAS TRIBUTÁRIAS (TRIBUTOS DIRETAMENTE ARRECADADOS)

1112.01.00 - ITR DIRETAMENTE ARRECADADO 0,00


1112.02.00 - IPTU 445.439.029,68
1112.04.00 - IRRF 102.999.186,47
1112.08.00 - ITBI 59.089.355,79
1113.05.00 - ISS (incluindo o Simples Nacional - SNA) 305.094.347,65
Outros Impostos 7.797.210,18
1120.00.00 - TAXAS 51.578.967,53
1130.00.00 - CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA 0,00
1230.00.00 - CONTRIBUIÇÃO ILUMINAÇÃO PÚBLICA - CIP 35.514.247,82
RECEITA DE BENS DE USO ESPECIAL (cemitério, mercado municipal, etc) (1) 1.049.342,44

SUBTOTAL (A) 1.008.561.687,56

(B) TRANSFERÊNCIAS

1721.01.02 - FPM 70.033.968,21


1721.01.05 - ITR 19.194,06
1721.01.32 - IOF-OURO 0,00
1721.36.00 - ICMS Desoneração LC 87/96 0,00
1722.01.01 - ICMS 475.835.390,01
ICMS Ecológico 0,00
1722.01.02 - IPVA 91.664.495,01
1722.01.04 - IPI - Exportação 11.912.484,44
1722.01.13 - CIDE 0,00

SUBTOTAL (B) 649.465.531,73

(C) DEDUÇÃO DAS CONTAS DE RECEITAS 12.308.046,51

(D) TOTAL DAS RECEITAS ARRECADADAS ( A + B - C ) 1.645.719.172,78

(E) PERCENTUAL PREVISTO PARA O MUNICÍPIO 4,50%

(F) TOTAL DA RECEITA APURADA ( D x E ) 74.057.362,78

(G) GASTOS COM INATIVOS 0,00


(H) LIMITE MÁXIMO PARA REPASSE DO EXECUTIVO AO LEGISLATIVO EM
2020 ( F + G ) 74.057.362,78
Fonte: Anexo 10 consolidado da Lei Federal n.º 4.320/64 do exercício anterior às fls. 1617/1624 e Anexo 2 da Lei
Federal n.º 4.320/64 da Câmara e do Fundo Especial da Câmara – fls.1063/1064 e 1089.
Nota (1): Receitas de mercado municipal, de cemitério, de aeroporto, de terra dos silvícolas, conforme voto
proferido no processo TCE-RJ n.º 261.314-8/02.

Cabe destacar que, em sessão realizada em 04.12.2019, o Plenário desta


Corte, ao apreciar a consulta formulada no Processo TCE-RJ nº 216.281-7/19,
decidiu rever o entendimento até então vigente acerca da base de cálculo para fins
de limite de repasse do Poder Executivo para o Poder Legislativo Municipal previsto
no art. 29-A da Constituição Federal, e, assim, estabelecer que a Contribuição para

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RUBRICA: FLS.: 65

Custeio dos Serviços de Iluminação Pública (COSIP) não deve compor a referida
base de cálculo. O novo posicionamento a ser exigido dos jurisdicionados desta Corte
de Contas foi comunicada aos Gestores no referido processo e pela sua relevância
será reiterada ao final deste relatório.

IV.7.3 – Verificação do cumprimento do artigo 29-A da C.F.

IV.7.3.1 – Art. 29-A, § 2º, inciso I

Verifica-se, de acordo com o quadro seguir, que foi respeitado o limite


máximo de repasse do Executivo para o Legislativo, conforme o disposto no art.
29-A, § 2º, Inciso I da Constituição Federal.

Limite de repasse permitido


Repasse recebido
art. 29-A

74.057.362,78 73.170.426,52
Fonte: Balanço Financeiro da Câmara – fls. 1072/1073.

IV.7.3.2 – Proporção fixada na Lei Orçamentária (Art. 29-A, § 2º, inciso III)

De acordo com a Lei Orçamentária e com o Demonstrativo das Alterações


Orçamentárias, verifica-se que o total previsto para repasse ao Legislativo, no
exercício de 2020, montava em R$ 73.170.426,52.

Ao comparar este valor, com o montante efetivamente repassado à Câmara


Municipal, constata-se que houve o repasse igual ao limite previsto, tendo sido
cumprido o §2º, inciso III do art. 29-A da Constituição Federal, conforme se
demonstra:

Orçamento final da câmara Repasse recebido

73.170.426,52 73.170.426,52
Fonte: Balanço Orçamentário e Balanço Financeiro da Câmara da Lei Federal n.º 4.320/64 –
fls. 1069/1071 e 1072/1073.
Nota: conforme verificado no citado Balanço Financeiro da Câmara e na declaração de fls.
1626, houve uma transferência financeira de sobra orçamentária ao Fundo Especial da
Câmara, com fulcro na Lei Municipal nº 3.043/13, no montante de R$1.014.758,66.

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RUBRICA: FLS.: 66

IV.8 – Verificação quanto ao cumprimento do artigo 42 da Lei


Complementar Federal nº 101/00 – LRF

IV.8.1 – Introdução

A Lei Complementar Federal n.º 101/00 – Lei de Responsabilidade Fiscal/


LRF –, com o objetivo de garantir o equilíbrio das finanças públicas e a
responsabilidade na gestão fiscal definida no § 1º do seu artigo 1º, estabeleceu
normas para a transição de término de mandato dos titulares dos Poderes,
objetivando não prejudicar Administrações posteriores onerando seus orçamentos.

Com essa finalidade foram estabelecidas regras rígidas a serem observadas


por ocasião do término de mandato dos gestores das quais destaca-se a disposta
em seu artigo 42, que veda, nos dois últimos quadrimestres do exercício, a
assunção de obrigação de despesa que não possa ser cumprida integralmente
dentro dele, ou que tenha parcelas a serem pagas no exercício seguinte sem que
haja suficiente disponibilidade de caixa para este efeito.

O art. 42 da Lei de Responsabilidade Fiscal foi concebido com o espírito de,


por um lado, evitar que, no último ano da Administração, sejam, de maneira
irresponsável, contraídas novas despesas que não possam ser pagas no mesmo
exercício. Por outro lado, o fim do mandato serviria, também, como ponto de corte
para equacionamento de todas as obrigações assumidas, evitando transferir ao
sucessor dívidas e obrigações.

A Lei Federal nº 10.028, de 19 de outubro de 2000, denominada Lei de


Crimes Fiscais, caracterizou como crime, ordenar ou autorizar a assunção de
obrigação em desacordo com a determinação do referido art. 42 da LRF.

IV.8.2 – Metodologia

Este Tribunal, através da Deliberação TCE-RJ n.º 248/08, instituiu, no âmbito


estadual e municipal, o módulo “Término de Mandato” no Sistema Integrado de
Gestão Fiscal (SIGFIS), disciplinando o encaminhamento dos elementos
pertinentes à análise do cumprimento do art. 42 da Lei de Responsabilidade Fiscal.

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RUBRICA: FLS.: 67

A avaliação deste dispositivo, realizada por meio do SIGFIS – MÓDULO


AUDITOR, considera as informações do banco de dados encaminhadas pelos
municípios. Nesta ferramenta foram criadas tabelas com os dados necessários à
verificação, permitindo que seja efetuada a análise de acordo com a metodologia
aplicada.

Cabe destacar que as informações integrantes do módulo “Término de


Mandato” constituirão fonte oficial para análise, pelo Tribunal de Contas, do
cumprimento das regras a serem observadas pelos agentes públicos no último ano
do mandato, podendo, se necessário para fins da análise, serem utilizadas outras
informações obtidas a partir dos dados disponíveis nos bancos de dados e demais
fontes existentes neste Tribunal, de acordo com o §3º da Deliberação TCE-RJ n.º
248/08.

A metodologia, as planilhas utilizadas e a análise técnica foram apresentadas


de forma mais detalhada no preâmbulo intitulado ANÁLISE DO ARTIGO 42 DA LEI
COMPLEMENTAR FEDERAL Nº 101/00 – LRF às fls. 3935/3949.

Dessa forma, procedeu-se ao exame quanto à observância do estabelecido


no artigo 42 da Lei Complementar Federal nº 101/00.

IV.8.3 – Análise dos resultados

IV.8.3.1 – Aspectos formais

Foram encaminhadas, intempestivamente, as bases de dados referentes ao


Módulo Término de Mandato, na forma evidenciada abaixo, conforme o disposto no
§ 1º do artigo 2º da Deliberação TCE-RJ nº 248/08.

Constatou-se que foram enviados os dados das seguintes Unidades


Gestoras:

ART. 2º, I (DEL


Unidades Gestoras DATA DA ENTREGA
248/08)

PREFEITURA MUNICIPAL 17/02/2021 Intempestiva

FUNDO ESP PROCURADORIA GERAL NITEROI 14/02/2021 Tempestiva

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RUBRICA: FLS.: 68

FUNDO MUN EST CIENCIA TECNOLOGIA NITEROI 15/02/2021 Tempestiva

FUNDO ESP CRÉDITO DIVIDA ATIVA NITERÓI 17/02/2021 Intempestiva

FUNDO MUNICIPAL DE TRANSPORTE DE NITERÓI 19/02/2021 Intempestiva

FUNDO ESPECIAL MOD AP FUNCIONAL NITEROI 11/02/2021 Tempestiva

FUNDO MUN SAUDE NITEROI 17/02/2021 Intempestiva

NITERÓI TRANSP. E TRANS. S/A 12/02/2021 Tempestiva

FUNDO MUN MOBILIDADE URBANA NITEROI 17/02/2021 Intempestiva

FUNDO MUN EQUALIZAÇÃO RECEITAS NITEROI 17/02/2021 Intempestiva

FUNDAÇÃO ESTATAL DE SAÚDE DE NITEROI 08/03/2021 Intempestiva

FUNDO CRÉDITO EMERGENCIAL NITEROI 17/02/2021 Intempestiva

FUNDO DO IDOSO NITEROI 08/03/2021 Intempestiva

FUNDACAO ARTE NITEROI - FAN 12/02/2021 Tempestiva

EMPRESA MUN MOR URB E SAN NITEROI-EMUSA 15/02/2021 Tempestiva

NITEROI - EMPRESA DE LAZER E TURISMO S/A - NELTUR 15/02/2021 Tempestiva

CIA LIMPEZA URBANA DE NITERÓI - CLIN 17/02/2021 Intempestiva

FUNDO MUN URB HAB REG FUND DE NITERÓI 17/02/2021 Intempestiva

FUNDAÇÃO MUN EDUCAÇÃO NITERÓI 15/02/2021 Tempestiva

FUNDO MUN INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA NITERÓ 17/02/2021 Intempestiva

FUNDO MUN ASSIST SOCIAL NITERÓI 12/02/2021 Tempestiva

FUNDO MUN CONSERVAÇÃO AMBIENTAL NITERÓI 15/02/2021 Tempestiva

FUNDAÇÃO MUN SAÚDE NITERÓI 17/02/2021 Intempestiva

Fonte: Relatório extraído do Sistema de Recebimentos de Dados do SIGFIS – fls. 2320/2321.

Entende-se que a intempestividade não poderá ser imputada ao responsável


pelas Contas de Governo do Município, relativa ao exercício de 2020, uma vez que o
mesmo não motivou o encaminhamento das informações relativas ao Sistema
Sigfis/Del. TCE-RJ nº 248/08, devido à alteração do chefe do Poder Executivo.

Assim, considerando a atual estrutura administrativa do município, verificou-


se o encaminhamento dos dados relativos ao Sistema SIGFIS/Del. TCE-RJ nº
248/08 de todas as Unidades Gestoras.

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RUBRICA: FLS.: 69

IV.8.3.2 – Dos resultados

IV.8.3.2.1 – Contratos formalizados

Em análise efetuada na Relação de Contratos fornecida pelo município por


meio do Sistema SIGFIS/Del. 248/08 deste Tribunal, verificou-se o preenchimento
dos campos conforme exigido.

No relatório de Contratos, foram apresentados os contratos e seus aditivos


vigentes independentemente da modalidade licitatória adotada ou de sua
dispensa/inexigibilidade, o valor total contratado de R$ 203.203.345,21 (Planilha:
“Contratos Formalizados a partir de 01/05/2020”, às fls. 2322/2339, dos quais
R$61.656.841,03 foram empenhados, sendo que o montante de R$ 42.733.532,14
foi considerado no cômputo do “total das obrigações contraídas” na avaliação final
do art. 42 da Lei de Responsabilidade Fiscal.

Saliento que os contratos formalizados para medidas de enfrentamento à


pandemia de Covid-19, durante o estado de calamidade pública reconhecida pelo
Decreto Legislativo Federal n.º 06/2020, não foram considerados no cômputo do
“total das obrigações contraídas” na avaliação final do art. 42 da Lei de
Responsabilidade Fiscal, com amparo no inciso II do §1º do artigo 65 da Lei
Complementar Federal n.º 101/2000, incluído pelo Lei Complementar Federal n.º
173/2020.

IV.8.3.2.2 – Restos a Pagar de Empenhos emitidos após 01.05.2020

Foram apresentados os Restos a Pagar de Empenhos efetuados após


01/05/2020. Em análise da tabela informada pelo município por meio do Sistema
SIGFIS/Del. TCE-RJ nº 248/08 verificou-se o preenchimento dos campos, conforme
destacado na mesma.

Na planilha de “Restos a Pagar de Empenhos Emitidos a partir de


01/05/2020” (fls. 2340/2525), verificou-se o valor total inscrito em RP Processado de
R$61.852.490,45, em RP não Processado foram inscritos R$ 166.770.765,16,
sendo o montante de R$ 187.461.342,74 considerado no cômputo do “total das

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obrigações contraídas” na avaliação final do art. 42 da Lei de Responsabilidade


Fiscal.

Saliento que o montante de R$ 32.881.886,11, registrado na planilha


complementar “RP’s COVID 19” (fls. 2526/2531), referente à inscrição em Restos a
Pagar de despesas realizadas em ações de enfrentamento à pandemia de Covid-
19, durante o estado de calamidade pública, reconhecido pelo Decreto Legislativo
Federal n.º 06/2020, não foi considerado no cômputo do “total das obrigações
contraídas” na avaliação final do art. 42 da Lei de Responsabilidade Fiscal,
amparado no inciso II, § 1º do art. 65 da Lei Complementar Federal n.º 101/2000,
incluído pela Lei Complementar Federal nº 173/2020.

IV.8.3.2.3 – Despesas realizadas não inscritas em Restos a Pagar

De acordo com o relatório apresentado pelo município por meio do Sistema


SIGFIS/Del.248 deste Tribunal, foram registradas despesas realizadas não inscritas
em Restos a Pagar no montante total de R$167.936.306,16, conforme planilha
“Despesas Realizadas não Inscritas em RP” (anexada às fls. 2532/2560 ).

Contudo, do valor acima, somente será considerado o montante de


R$538.879,52, uma vez que os demais valores referem-se a despesas relativas a
anulações de saldos de dotações e outros cancelamentos devidamente justificados ou,
ainda, a obrigações contraídas antes de 01/05/2020 (R$32.911,81 = R$12.809,02 às
fls. 2543 + R$20.102,79 às fls. 2544).

A não contabilização das despesas em virtude da ausência de recursos


orçamentários caracteriza a assunção de obrigação direta sem autorização
legislativa, contrariando o previsto no inciso II do art. 167 da Constituição Federal, e
foi apreciada no tópico “III.4 – Apuração do Superavit/Deficit Financeiro de 2020”.

IV.8.3.2.4 – Reconhecimento/Confissão de Dívidas

Foram registrados atos e/ou termos de reconhecimento ou confissão de


dívida, ajuste de contas ou similares, referentes a despesas que não foram
processadas em época própria, no montante de R$ 10.201.847,79 (Planilha:

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RUBRICA: FLS.: 71

Dívidas Consideradas, anexada às fls. 2561/2562), conforme informado pelo


município por meio do Sistema SIGFIS/Del.248 deste Tribunal.

IV.8.3.2.5 – Avaliação do artigo 42

Inicialmente, procedeu-se à verificação da consonância das disponibilidades


financeiras e dos Encargos e Despesas Compromissadas a Pagar registradas nos
dados obtidos pelo Sistema SIGFIS/Del. TCE-RJ nº 248/08 com os dados
contábeis, conforme apontado na análise efetuada adiante.

Tal comparação visa resguardar a real capacidade de pagamento


apresentada pelo município, bem como seu endividamento de curto prazo,
evitando-se distorções por ausência de registros no Sistema SIGFIS/Del. TCE-RJ
nº 248/08.

IV.8.3.2.5.1 – Das disponibilidades financeiras

Efetuou-se, a seguir, a comparação entre os valores das disponibilidades


financeiras registradas no demonstrativo contábil – Balanço Patrimonial e os dados
lançados pelo município no Sistema SIGFIS/Del. 248/08:
DISPONIBILIDADES FINANCEIRAS EM 31/12/2020 - QUADRO I

Natureza Valor - R$

(A) Saldo do Balanço Patrimonial Consolidado 2.147.656.663,36

(B) Regime Próprio de Previdência 785.132.028,88

(C) Câmara Municipal 2.639.951,62

(D) Convênios (conforme dados do Sistema SIGFIS/Del.248) 156.083.040,63

(E) Total das Disponibilidades registradas pela Contabilidade Ajustada (A-B-C-D) 1.203.801.642,23

(F) Total das Disponibilidades registradas no SIGFIS-Del. 248 1.126.018.292,02

(G) Diferença (E-F) 77.783.350,21


Fonte: Balanço Patrimonial Consolidado, fls. 966/969; Balanço Patrimonial da Câmara, fls. 1074/1079 e 2242; Balanço Patrimonial
do Fundo Especial da Câmara, fls. 1097/1101 e 2243; Balanço Patrimonial do Instituto de Previdência, fls. 1131/1134; Relatório
Saldos de Convênios extraído do SIGFIS (os saldos de convênios são excluídos pela Del. 248), fls. 2319 e Planilha de
Disponibilidade Financeira do SIGFIS/Del.248, fls. 2563.
Nota: nos valores referentes à Câmara Municipal foram considerados os montantes relativos ao Fundo Especial.

Conforme se observa, há uma divergência entre o valor total das


disponibilidades financeiras registradas pela contabilidade e o evidenciado no
Sistema SIGFIS/Del. TCE-RJ nº 248/08. O Corpo Instrutivo e o Parquet de Contas
apontaram este fato como impropriedade.
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Após exame dos elementos constituídos nos Docs. TCE-RJ nº 33.148-3/21 e


33.160-1/21, apresentados em razão da decisão monocrática de 18/08/2021 que
concedeu vista aos autos, a Instrução assim se pronunciou:

Razões de Defesa:
Em linhas gerais, o responsável argumenta que, tendo em vista a necessidade
de aprimorar o registro dos atos e fatos orçamentários, financeiros e
patrimonial dos órgãos e entidades do Município de Niterói, a atual gestão
instituiu o Sistema de Contabilidade Municipal de Niterói, amparado pelo
Decreto nº 13.962/2021 que procedeu a criação da Rede de Contadores do
Município, cujo principal objetivo é capacitar e integrar os servidores
responsáveis pela elaboração das informações contábeis, alocados nos diversos
órgãos da administração direta, incluído o poder legislativo.
Análise:
De acordo com a defesa apresentada, o município vem buscando melhorar as
formas de controles em âmbito orçamentário, financeiro e patrimonial e
capacitando servidores. Contudo, não entrou no cerne da questão, ou seja, não
esclareceu a divergência apontada na impropriedade.
Conclusão:
Diante do exposto, a impropriedade verificada será mantida na conclusão
deste relatório.

O douto Ministério Público Especial concordou com a sugestão da Instrução,


a qual também acompanho, contudo, ao final deste Voto, consignarei a
impropriedade apontada como Ressalva, com a respectiva Determinação.

Dessa forma, na análise, utilizou-se o valor apurado ajustado com base nos
dados da contabilidade da Prefeitura Municipal – R$ 1.203.801.642,23, uma vez
que se optou pela utilização, sempre que possível, das informações contábeis como
base principal para análise dos resultados apurados nas Prestações de Contas.

IV.8.3.2.5.2 – Dos encargos e despesas compromissadas a pagar

Quanto aos Encargos e Despesas Compromissadas a Pagar, foi efetuada a


comparação entre os valores registrados no demonstrativo contábil – Balanço
Patrimonial e os dados lançados pelo município no Sistema SIGFIS/Del. TCE-RJ nº
248/08, a saber:
ENCARGOS E DESPESAS COMPROMISSADAS A PAGAR EM 31/12/2020 - QUADRO II

Natureza Valor - R$

(A) Saldo do Balanço Patrimonial Consolidado 554.755.916,66

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(B) Regime Próprio de Previdência 34.747.509,40

(C) Câmara Municipal 2.596.118,11

(D) Convênios (conforme dados do Sistema SIGFIS/Del.248) 63.788.382,67

(E) Despesas para o Enfrentamento da COVID-19 - LCF 173/20 32.881.886,11

(F) Restos a Pagar a Partir de 01/05/2020 187.461.342,74


(G) Total dos Encargos e Despesas Compromissadas a Pagar registradas pela
233.280.677,63
Contabilidade Ajustado (A-B-C-D-E-F)

(H) Total dos Encargos e Despesas Compromissados a Pagar registradas no SIGFIS-Del. 248 432.103.888,78

(I) Diferença (G-H) -198.823.211,15


Fonte: Balanço Patrimonial Consolidado, fls. 966/969; Balanço Patrimonial da Câmara, fls. 1074/1079 e 2242; Balanço Patrimonial
do Fundo Especial da Câmara, fls. 1097/1101 e 2243; Balanço Patrimonial do Instituto de Previdência, fls. 1131/1134; Relatório
Saldos de Convênios extraído do SIGFIS (os saldos de convênios são excluídos pela Del. 248), fls. 2319; Planilha “Restos a Pagar de
Empenhos Partir de 01/05/2020”, fls. 2340/2525; Planilha complementar “RPs Covid-19”, fls. 2526/2531 e Planilha “Encargos
Compromissados a Pagar”, fls. 2564.
Nota 1: nos valores referentes à Câmara Municipal foram considerados os montantes relativos ao Fundo Especial.
Nota 2: o valor consignado na linha (A) refere-se ao montante registrado no Quadro de Ativos e Passivos Financeiros e
Permanentes do Balanço Patrimonial Consolidado às fls. 967 (R$554.723.004,85) acrescido das despesas não contabilizadas
anteriores a 01/05/2020, conforme planilha às fls. 2532/2560 (R$32.911,81). Cumpre consignar que não foram registrados os
valores de R$538.879,52, referente a despesas não contabilizadas a partir de 01/05/2020, e R$10.201.847,79, referente a
reconhecimento/confissão de dívida não empenhada, para não gerar duplicidade, uma vez que os mesmos farão parte da
composição do Total das Obrigações de Despesas Contraídas, na análise a seguir.
Nota 3: O valor consignado na linha (E) – Despesas para o Enfrentamento do Covid-19, não considerou aquelas custeadas por
convênios, conforme verifica-se na Planilha “RPs Covid 19”, para evitar a duplicidade de exclusão de obrigações não consideradas
no cômputo.

Conforme demonstrado, apurou-se divergência de R$ 198.823.211,15 entre


os encargos e despesas compromissadas a pagar registrados pela contabilidade e
as evidenciadas no Sistema SIGFIS/Del. TCE-RJ nº 248/08. O Corpo Instrutivo e o
Parquet de Contas apontaram este fato como impropriedade.

Após exame dos elementos constituídos nos Docs. TCE-RJ nº 33.148-3/21 e


33.160-1/21, apresentados em razão da decisão monocrática de 18/08/2021 que
concedeu vista aos autos, a Instrução assim se pronunciou:

Razões de Defesa:
Esclarece que o controle dos registros contábeis no sistema e-Cidade é de
competência da Secretaria Municipal de Fazenda, sendo que a Subsecretaria
de Contabilidade (SSCONT) - setor responsável pelo acompanhamento da
execução contábil, de forma consolidada, realiza a conferência mensal, por
instituição, comparando os valores apurados pelo e-Cidade e os registrados no
SIGFIS. Informa, ainda, que toda e qualquer divergência identificada é
imediatamente reportada ao gestor contábil responsável pelo órgão, para que
possa providenciar a correção. Por fim, informa que, visando melhorar o
controle das informações financeiras e patrimoniais, a Secretaria Municipal de
Fazenda vem promovendo capacitações aos servidores, através da criação da
Rede de Contadores (Decreto Municipal Nº 13.962/2021).
Assim como na impropriedade anterior, a defesa apresentada, não esclareceu o
motivo da diferença apontada na impropriedade.
Conclusão:

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Diante do exposto, a impropriedade em questão será mantida na conclusão


deste relatório.

O douto Ministério Público Especial concordou com a sugestão da Instrução,


a qual também acompanho, contudo, ao final deste Voto, consignarei a
impropriedade apontada como Ressalva, com a respectiva Determinação.

Dessa forma, será utilizado o valor apurado ajustado com base nos dados da
Contabilidade da Prefeitura Municipal – R$ 233.280.677,63, uma vez que se optou
pela utilização, sempre que possível, das informações contábeis como base
principal para análise dos resultados apurados nas Prestações de Contas.

Assim, com base nos demonstrativos contábeis e nos dados apresentados no


Sistema SIGFIS/Del. TCE-RJ nº 248/08, consignados na planilha: “Avaliação do art.
42” de fls. 3922, que apresenta o resumo da avaliação de todos os dados
considerados na análise do estabelecido artigo 42 da LRF, apurou-se o seguinte
resultado:
Total dos Encargos e das Despesas
Total das Disponibilidades Financeiras Disponibilidade de Caixa
Compromissadas a Pagar em
em 31/12/2020 31/12/2020
31/12/2020
(A) (B) C = (A-B)

1.203.801.642,23 233.280.677,63 970.520.964,60

Total das Disponibilidades de Caixa em Total das Obrigações de Despesas Suficiência de Caixa - 31/12/2020
31/12/2020 Contraídas – Art. 42 LRF
(C) (D) E = (C-D)

970.520.964,60 240.935.602,19 729.585.362,41


Fonte: item (A) - Disponibilidades Financeiras Apuradas - Quadro I; item (B) - Encargos e Despesas a Pagar Apurados – Quadro
II e item (D) - Planilha de avaliação do artigo 42, fls. 2565.

Nota: composição dos valores do item "D"

Valor Total - Planilhas


Descrição Valor - R$
R$ Del. 248
Total das Obrigações de Despesas
Contraídas 240.935.602,19
Contratos
Formalizados a 42.733.532,14
partir de 01/05
Restos a Pagar a Todas as
partir de 01/05, Planilhas
considerados constam em
187.461.342,74
como despesas anexo (fls.
para efeito do 2322/2525 e
artigo 42 2532/2562)
Despesas Não
Inscritas em 538.879,52
Restos a Pagar
Dívidas
10.201.847,79
Reconhecidas

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RUBRICA: FLS.: 75

Pelo demonstrado, conclui-se que o Poder Executivo observou o


estabelecido no artigo 42 da Lei Complementar Federal n.º 101/00, apontando, em
31.12.2020, uma SUFICIÊNCIA de caixa de R$ 729.585.362,41.

IV.9 – Mudança de metodologia da apuração do cumprimento do art.


42 da Lei Complementar nº 101/00

A metodologia de apuração do cumprimento ao disposto no artigo 42 da Lei


Complementar Federal n.º 101/00 aplicada por este Tribunal de Contas, até então,
considera os valores referentes às disponibilidades de caixa e as obrigações de
despesas contraídas, de forma global, sendo os montantes consolidados,
independentemente das características das Fontes de recursos com as quais
guardam vinculação, expurgando, tão somente, os valores relativos aos convênios
firmados e ao Regime Próprio de Previdência dos servidores, por possuírem
destinação específica.

Faz-se imperativo esclarecer que a Lei de Responsabilidade Fiscal, em seu


artigo 8º, dispõe que os recursos legalmente vinculados à finalidade específica
deverão ser utilizados exclusivamente para atender ao objeto de sua vinculação.
Dessa forma, ao se apurar as disponibilidades de caixa que deverão suportar as
obrigações contraídas nos dois últimos quadrimestres do final de mandato, faz-se
necessário que se observe a vinculação dos recursos, a fim de dar cumprimento ao
disposto no referido artigo.

Dessa forma, é imperioso que se promova a alteração da metodologia de


apuração do cumprimento ao disposto no artigo 42, de modo que se observem as
disponibilidades de caixa e as obrigações de despesas contraídas, de forma
segregada, por fonte de recurso específica, uma vez que nos exercícios pretéritos
foi adotado o critério de apuração de forma global e consolidada, expurgando
somente os montantes referentes a Convênios e Previdência.

Entende-se, ainda, que tal mudança na metodologia deve ser levada a efeito
no exercício referente ao final de mandato do atual chefe do Poder Executivo
Municipal, ou seja, referentes às Contas de Governo do exercício de 2024, que

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RUBRICA: FLS.: 76

serão encaminhadas a este Tribunal em 2025, sendo, da mesma forma, aplicada na


análise das Prestações de Contas Anuais de Gestão do exercício de 2024 do titular
do Poder Legislativo, conferindo, dessa forma, um prazo razoável para que os
gestores se adequem à nova metodologia.

Esclarece-se, ainda, que essa nova metodologia será aplicada, também, ao


final de mandato do atual chefe do Poder Executivo estadual, referentes às Contas
de Governo do exercício de 2022, encaminhadas a este Tribunal em 2023, sendo,
da mesma forma, aplicada na análise das Prestações de Contas Anuais de Gestão
do exercício de 2022 dos titulares dos Poderes Judiciário e Legislativo, bem como
do Ministério Público e Tribunal de Contas do Estado, conforme o E. Plenário desta
Corte decidiu nos autos do processo de Prestação de Contas de Governo Estadual,
referente ao exercício de 2018 (Processo TCERJ 101.949-1/2019).

Neste sentido, na conclusão deste Relatório incluirei proposta do Corpo


Instrutivo para que o Plenário desta Corte decida pela Comunicação aos
jurisdicionados informando a alteração da metodologia de apuração do
cumprimento ao disposto no artigo 42 da LRF, passando a considerar as
disponibilidades de caixa e as obrigações de despesas contraídas, de forma
segregada, por Fonte de recurso específica, em observância ao artigo 8º da Lei
Complementar Federal n.º 101/00.

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RUBRICA: FLS.: 77

V – DEMAIS ASPECTOS RELEVANTES

V.1 – Royalties do petróleo

V.1.1 – Considerações iniciais

O artigo 8º da Lei nº 7.990, de 28.12.89, alterada pelas Leis Federais n.º


10.195/01 e n° 12.858/13, veda a aplicação dos recursos provenientes de royalties
no quadro permanente de pessoal e no pagamento da dívida, excetuando o
pagamento de dívida com a União, bem como a capitalização de fundos de
previdência.

As Leis Federais n° 12.858/13 e n° 13.885/19 também dispõem sobre os


recursos provenientes da exploração do petróleo e sua aplicação.

V.1.2 – Repasse dos recursos dos royalties ao Município

De acordo com os demonstrativos apresentados a movimentação dos


recursos de royalties no exercício pode ser resumida da seguinte forma:

RECEITAS DE ROYALTIES

Descrição Valor - R$ Valor - R$ Valor - R$

I – Transferência da União 1.227.970.057,94

Compensação financeira de recursos hídricos 0,00

Compensação financeira de recursos minerais 0,00

Compensação financeira pela exploração do petróleo, xisto e gás natural 1.227.970.057,94

Royalties pela produção (até 5% da produção) 67.755.260,78

Royalties pelo excedente da produção 418.478.007,88

Participação especial 740.752.589,51

Fundo especial do petróleo 984.199,77

II – Transferência do Estado 39.222.824,08

III – Outras compensações financeiras 0,00


IV - Subtotal 1.267.192.882,02
V – Aplicações financeiras 4.800.797,30

VI – Total das receitas ( IV + V ) 1.271.993.679,32


Fonte: Anexo 10 consolidado da Lei Federal n.º 4.320/64 – fls. 914/925 e Relatório do Controle Interno – fls. 1835.
Nota: o valor da aplicação financeira utilizado no quadro foi o informado no relatório do controle interno, uma vez que não foi possível a
identificação das respectivas rubricas no Anexo 10 da Lei Federal nº 4.320/64, Consolidado ou da Prefeitura Municipal.

CONTAS DE GOVERNO – EXERCÍCIO 2020 CHRISTIANO LACERDA GHUERREN


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PROCESSO Nº 206.489-6/21

RUBRICA: FLS.: 78

V.1.3 – Receitas com Royalties e Participação Especial prevista nas


Leis Federais nos 12.858/13 e 13.885/19
Conforme Quadro F.3. – Aplicação de Recursos dos Royalties (Modelo 21),
verificou-se que ocorreu arrecadação de royalties previstos nas Leis n. os
12.858/2013 e 13.885/19, assim demonstrado:

Receitas de Royalties - Leis Federais n.º 12.858/2013 e n° 13.885/2019


Descrição Valor

Recursos Recebidos dos Royalties Previstos na Lei Federal n.º 12.858/2013 2.138.322,02

Recursos Recebidos dos Royalties a Título de Cessão Onerosa previstos na Lei Federal n.º
0,00
13.885/2019
Fonte: Quadro F.3 – fls. 2249 e Quadro F.4 – fls. 2259.

A aplicação dos recursos, conforme previsto nas Leis nos 12.858/2013 e


13.885/2019 será verificada adiante, nos subitens V.1.5 e V.1.6 deste Relatório.

V.1.4 – Aplicação dos recursos dos royalties


A Administração Municipal informa que os recursos dos royalties foram
aplicados nas seguintes despesas:

DESPESAS CUSTEADAS COM RECURSOS DOS ROYALTIES

Descrição Valor - R$ Valor - R$

I - Despesas correntes 1.163.888.686,60

Pessoal e encargos 57.317.718,85

Juros e encargos da dívida 2.493.525,75

Outras despesas correntes 1.104.077.442,00

II - Despesas de capital 381.654.896,50

Investimentos 287.675.244,06

Inversões financeiras 91.075.258,96

Amortização de dívida 2.904.393,48

III - Total das despesas ( I + II ) 1.545.543.583,10


Fonte: Quadro F.1 e demonstrativo contábil – fls. 1539 e 1540/1555.

Pelo demonstrado, verifica-se que o município aplicou 75,31% dos recursos


dos royalties em Despesas Correntes e 24,69% em Despesas de Capital,
demonstrando, assim, a preponderância das Despesas de Custeio sobre os gastos
com Investimentos.

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RUBRICA: FLS.: 79

Da análise das informações constantes dos autos, pode-se concluir que o


município aplicou recursos de royalties em pessoal no valor de R$57.317.718,85,
bem como de dívidas no montante de R$2.904.393,48, o que pode caracterizar,
descumprimento da Lei n.º 7.990, de 28.12.1989.

Contudo, verifica-se que o município recebeu recursos de participação


especial e Royalties pelo excedente da produção no valor total de
R$1.159.230.597,39, superando o valor despendido nos gastos com pessoal e
dívida. Cumpre registrar que, em entendimento majoritário, o Plenário desta Corte
tem acatado o pagamento dessas despesas com esses recursos, como consta dos
processos TCE-RJ n.os 215.499-0/06, 225.235-8/08, 218.094-1/08, 208.951-3/09 e
209.143-9/06.

Destaca-se também que, conforme consignado na documentação constante


às fls. 1591/1600, ocorreram transferências financeiras dos royalties para o regime
próprio de previdência social, no montante de R$166.378.753,72, as quais não
foram destinadas para capitalização (declaração às fls. 1600).

Embora não tenha sido constatada a realização de despesas de pessoal com


recursos dos royalties do petróleo, na forma vedada pela legislação vigente,
entende-se que a sua utilização deva ser efetuada de forma consciente e
responsável, evitando-se o uso inapropriado de tal fonte de recurso.

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RUBRICA: FLS.: 80

Como se sabe, o petróleo é um recurso natural não renovável, portanto, as


receitas auferidas em face do recebimento dos royalties decorrentes de
compensações financeiras pagas pela exploração desse produto tendem, ao longo
do tempo, a se esgotarem.

Além disso, a receita de royalties é muito volátil e sofre a influência de


variáveis como câmbio, cotação do petróleo no mercado internacional e quantidade
produzida, notadamente pela Petrobras. Todas estas variáveis estão fora do
controle do gestor municipal, o qual deve manter rígido controle das despesas
correntes, especialmente as de pessoal, e direcionar os recursos dos royalties para
investimentos.

Dessa forma, espera-se que a utilização dos recursos dos royalties deva ser
efetuada de forma consciente e responsável, evitando-se o uso inapropriado de tal
fonte de recurso e esteja direcionada às atividades que possibilitem a
implementação de políticas públicas voltadas para o desenvolvimento sustentável,
sem prejuízo, contudo, do meio ambiente.

Para tanto, torna-se fundamental a realização de investimentos num sistema


econômico e social capaz de fomentar ações e programas de governo que atendam
à demanda da população local, como, por exemplo, programas de habitação,
saneamento, urbanismo, agricultura, capacitação de mão-de-obra, emprego e
renda, respeitando-se, certamente, o perfil de cada município. Em outras palavras
deve-se evitar a aplicação de recursos dos royalties em Despesas Correntes, uma
vez que estas não geram investimentos diretos e podem comprometer, no futuro, o
resultado fiscal do município.

Outro aspecto a ser considerado refere-se ao fato de que as receitas de


royalties compõem a base de cálculo da Receita Corrente Liquida e, dessa forma, o
cumprimento dos limites legais de Despesas com Pessoal, Dívida Consolidada
Liquida e Operações de Crédito pode ficar seriamente comprometido caso ocorra
uma diminuição dessas receitas.

Nesse sentido, entendo indispensável e relevante incluir recomendação, ao


final deste Relatório, para que o município atente para a necessidade do uso
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RUBRICA: FLS.: 81

consciente e responsável dos recursos dos royalties, priorizando a alocação dessas


receitas na aplicação de programas e ações voltadas para o desenvolvimento
sustentável da economia local.

Entendo oportuno destacar que, em sessão de 27/11/2019, nos autos do


Processo de Consulta TCE/RJ nº 214.567-3/18, o Egrégio Plenário deste Tribunal
decidiu que, a partir das prestações de contas de governo, referentes ao exercício
de 2021, a serem apresentadas em 2022, deverão ser consideradas que as
vedações impostas pelo art. 8º da Lei nº 7.990/89 (que veda a aplicação de
recursos de royalties em pagamento de dívida e no quadro permanente de pessoal,
excetuado o pagamento de dívidas para com a União e suas entidades, bem como
excepcionado o custeio de despesas com manutenção e desenvolvimento do
ensino, inclusive as relativas a pagamento de salários e outras verbas de natureza
remuneratória a profissionais do magistério em efetivo exercício na rede pública)
aplicam-se a todas as compensações financeiras devidas pelo resultado da
exploração de petróleo ou gás natural, quais sejam: Royalties Gerais – Lei Federal
n.º 9.478/97, art.48; Royalties Excedentes – Lei 9.478/97, art.49; Royalties em
áreas do pré-sal e em áreas estratégicas – Lei Federal n.º 12.351/2010, art. 42-B;
Participações Especiais – Lei Federal n.º 9.478/97, art. 50.

Registra-se ainda que, além da mudança relatada anteriormente, a consulta


consignou outras proposições a serem observadas, sendo os fatos comunicados
aos gestores.

Não obstante, e por tratar-se de matéria relevante, na conclusão deste


Relatório incluirei nova comunicação para que o gestor seja alertado quanto a
implementação desta nova metodologia, a vigorar a partir das análises das contas
de governo, referente ao exercício de 2021.

A aplicação dos recursos conforme previstos nas referidas Leis Federal será
verificada a seguir.

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RUBRICA: FLS.: 82

V.1.5 – Aplicação dos recursos conforme Lei Federal n° 12.858/2013

A Lei Federal n° 12.858, de 09 de setembro de 2013, dispõe sobre a


destinação para as áreas de Educação e Saúde de parcela da participação no
resultado ou da compensação financeira pela exploração de petróleo e gás natural.

Das receitas provenientes dos royalties e participações especiais oriundos de


contratos de exploração de petróleo assinados a partir de 03 de dezembro de 2012,
previstas no inciso II do artigo 2º da Lei Federal n.º 12.858/13, deverão ser
aplicadas, 75% (setenta e cinco por cento) na área de Educação e 25% (vinte e
cinco por cento) na área de Saúde, conforme § 3º, artigo 2º do mesmo diploma
legal. Tais recursos são em acréscimo ao mínimo obrigatório previsto na
Constituição Federal.

Segundo o Quadro F.3. – Aplicação de Recursos dos Royalties (Modelo 21),


enviado pelo município, constata-se o seguinte:
Aplicação de Recursos dos Royalties Pré-Sal
Descrição Valor

Recursos Recebidos dos Royalties Previstos na Lei Federal n.º 12.858/2013 2.138.322,02

Aplicação Mínima na Saúde – 25% 534.580,51


Aplicação de Recursos na Saúde 459.722,52
% aplicado em Saúde 21,50%
Saldo a aplicar 74.857,99
Aplicação Mínima na Educação – 75% 1.603.741,52
Aplicação de Recursos na Educação 1.379.167,58
% aplicado em Educação 64,50%
Saldo a aplicar 224.573,94
Fonte: Quadro F.3 – fls. 2249 e demonstrativos contábeis – fls. 2252/2253.

Como demonstrado, o Poder Executivo aplicou 64,50% dos recursos dos


royalties previstos na Lei Federal n.º 12.858/2013 na educação, e 21,50% na
saúde, não atendendo o disposto no § 3º, artigo 2º da mencionada legislação. O
Corpo Instrutivo e o Parquet de Contas apontaram este fato como impropriedade.

Após exame dos elementos constituídos nos Docs. TCE-RJ nº 33.148-3/21 e


33.160-1/21, apresentados em razão da decisão monocrática de 18/08/2021 que
concedeu vista aos autos, a Instrução assim se pronunciou:

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RUBRICA: FLS.: 83

Razões de Defesa:
Inicialmente, o responsável informa que o Decreto Municipal nº 13.448/2020,
incluiu no Orçamento Fiscal e da Seguridade Social, as novas fontes de
recurso, Fonte 139 – Royalties Pré-Sal e a Fonte 140 – Cessão Onerosa a fim
de cumprir com as exigências legais dispostas na Lei nº 12.858/2013.
Anteriormente, o Município vinha reconhecendo as receitas repassadas pela
ANP destinadas à saúde e educação por meio de procedimento manual, pois os
valores percebidos pelo Município eram creditados em mesma conta bancária,
sem a possibilidade de distinção – a princípio – da parcela mensal a ser
destinada à saúde e educação. O montante repassado pela ANP foi de R$
2.138.322,02. Porém, fora registrada na “Fonte de Recurso 139” no sistema e-
Cidade a quantia de R$ 1.838.890,10, conforme Nota Técnica SSCONT nº
037/2021 apresentada na Prestação de Contas ao TCE/RJ. Assim, informa que
a diferença de R$ 299.431,92 permaneceu ao longo do exercício de 2020 como
“Fonte de Recurso 138”, sendo tal divergência corrigida no sistema eCidade
para o exercício de 2021. Para o atual exercício, este fluxo foi aprimorado por
intermédio do processo administrativo nº 030006820/2021, para realizar o
registro contábil correto da “Fonte de Recurso 139”, acompanhar e controlar
a destinação desses recursos na saúde e educação.
Análise:
Em que pese a criação no exercício de 2020, da fonte de recurso específica
para tratar a receita de royalties do pré-sal, verificou-se o não cumprimento
dos limites mínimos de gastos na educação e na saúde, não atendendo ao
disposto no § 3º, artigo 2º da Lei Federal nº 12.858/13.
Conclusão:
Diante do exposto, a impropriedade verificada será mantida na conclusão
deste relatório.

O douto Ministério Público Especial concordou com a sugestão da Instrução,


a qual também acompanho, uma vez que a aplicação dos recursos ficou restrita às
destinações prevista na legislação, ficando o saldo remanescente a ser aplicado no
exercício seguinte. Contudo, ao final deste Voto, consignarei a impropriedade
apontada como Ressalva, com a respectiva Determinação.

Registra-se que na prestação de contas de governo do exercício anterior


(Processo TCE-RJ n° 211.151-6/2020), o E. Plenário desta Corte determinou que o
jurisdicionado aplicasse em 2020, além dos recursos recebidos no exercício, os
valores não aplicados no exercício de 2018, na proporção de 75% (setenta e cinco
por cento) na área de educação e 25% (vinte e cinco por cento) na área de saúde,
conforme estabelece o § 3º, artigo 2º da Lei nº 12.858/13.

Não houve atendimento à referida determinação, uma vez que a aplicação


desses recursos foi em montante inferior aos valores recebidos em 2020, o que

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RUBRICA: FLS.: 84

motivou o Corpo Instrutivo, com a anuência do Ministério Público de Contas, a


sugerir impropriedade.

Após exame dos elementos constituídos nos Docs. TCE-RJ nº 33.148-3/21 e


33.160-1/21, apresentados em razão da decisão monocrática de 18/08/2021 que
concedeu vista aos autos, a Instrução assim se pronunciou:

Razões de Defesa:
O defendente argumenta que a publicação do Decreto nº 13.448/2020
possibilitou a segregação em três fontes os recursos repassados pela ANP,
porém, que o município de Niterói não se olvidou das obrigações previstas no
§3º, artigo 2º da Lei 12.858/2013 e destinou à saúde e à educação royalties nos
valores de R$ 50.783.486,72 e de R$ 90.272.310,56, respectivamente. Ressalta-
se, por oportuno, serem essas quantias superiores ao repasse de R$
1.146.284,61 realizado pela ANP no atendimento da Lei 12.858/2013 no
período.
Análise:
Apesar da criação da fonte de recurso específica, no exercício de 2020 os
limites legais não foram cumpridos, o que será verificado por este Tribunal
quando do envio das próximas prestações de contas.
Conclusão:
Dessa forma, a referida impropriedade será mantida na conclusão deste
relatório.

O douto Ministério Público Especial concordou com a sugestão da Instrução,


a qual também acompanho, contudo, ao final deste Voto, consignarei a
impropriedade apontada como Ressalva, com a respectiva Determinação.

Foi observado que o município criou o código de fonte de recurso específica


para classificação dos recursos de royalties de que trata a Lei Federal nº 12.858/13.

V.1.6 – Aplicação dos recursos conforme Lei Federal n° 13.885/2019

A Lei Federal nº 13.885, de 17 de outubro de 2019, estabelece critérios de


distribuição dos valores arrecadados decorrentes de royalties recebidos a título de
cessão onerosa previsto na Lei Federal nº 12.276, de 30 de junho de 2010.

Segundo artigo 1° da Lei Federal n.º 13.885/19, a União transferirá 15%


destes recursos aos municípios, conforme os coeficientes que regem a repartição
de recursos do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), devendo tais recursos

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RUBRICA: FLS.: 85

serem destinados alternativamente para criação de reserva financeira específica


para pagamento das despesas previdenciárias ou investimento.

Segundo o Quadro F.4. Aplicação de Recursos dos Royalties (Modelo 21-A),


enviado pelo município, à fl. 2259, não houve ainda destinação dos recursos
recebidos no exercício de 2019, restando a aplicar, portanto, todo o montante de
R$3.370.025,63.

Na documentação encaminhada às fls. 2260/2264, constata-se que tais


recursos foram incorporados à fonte específica criada para esse fim, junto ao
superavit financeiro do exercício de 2020, para utilização no exercício de 2021, uma
vez que não houvera tempo hábil para tal procedimento ainda no orçamento de
2020, devido ao ineditismo da receita e da data de ingresso desses recursos nos
cofres municipais (31/12/2019), restando claro, dessa forma, que não houve a
aplicação dos recursos dos royalties previstos na Lei Federal n.º 13.885/2019 em
outras despesas, observando o previsto no §3º do artigo 1º da Lei Federal n.º
13.885/2019.

V.2 – Índice de Efetividade da Gestão Municipal – IEGM

A Deliberação TCE-RJ n.º 271/17 estabeleceu normas relativas à apuração


do Índice de Efetividade da Gestão Municipal – IEGM, por parte desta Corte de
Contas, devendo, os órgãos executivos dos entes sob a jurisdição do Tribunal de
Contas do Estado do Rio de Janeiro, responder, em caráter obrigatório, aos
questionários para a apuração do índice.

Conforme o art. 2º da Deliberação TCE-RJ n.º 271/17, as respostas aos


quesitos passíveis de comprovação com evidências deverão ser validadas pelo
responsável pelo órgão central de controle interno, em observância ao disposto no
art. 53, inciso IV, da Lei Complementar Estadual nº 63/90, mediante a emissão de
certificado.

O Certificado de Validação de que trata o art. 2º da Deliberação TCE-RJ nº


271/17, às fls. 1765, no qual o responsável pelo órgão de Controle Interno, após
proceder ao exame dos quesitos presentes no questionário para apuração do índice
de efetividade da gestão pública, e à análise da adequação entre as respostas
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RUBRICA: FLS.: 86

apresentadas e as respectivas evidências, certificou que as mesmas são


suficientes, relevantes, válidas e confiáveis para subsidiar a elaboração do referido
índice.

V.3 – Controle Interno


O sistema de Controle Interno dos Poderes, cujo papel principal é fazer com
que sejam observados, ainda na origem, os princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência (Art. 37 da CF). A
inobservância desse papel pode caracterizar conivência, sujeitando o responsável
pelo Controle Interno às penalidades previstas em leis.

Cumpre, ainda, destacar a importância do pronunciamento dos sistemas de


Controle Interno de cada Poder, cujos princípios basilares para o seu
estabelecimento originam-se, como é de amplo conhecimento, da Seção IX,
Capítulo I do Título IV da Carta Magna, realçando-se, por oportuno, tratar-se de
matéria afeta à Organização dos Poderes, portanto, de imperativa – até condicional
– observância para que se ponha em funcionamento, ao menos assim o preserve, a
tão complexa Administração Pública.

Certa e pacífica é a competência do sistema de Controle Interno de cada


Poder para a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e
patrimonial em sua esfera federativa, bem como, pode-se afirmar, também, que lhe
é vinculado observar a legalidade; a legitimidade; a economicidade; a aplicação das
subvenções e a renúncia de receitas (art. 70 da C.F.). Todas essas competências
em apoio às exercidas pelos Tribunais de Contas.

O art. 74 da C.F. estabelece a finalidade do Controle Interno, bem como a


obrigação de dar ciência ao Tribunal de Contas, sob pena de responsabilidade
solidária, de qualquer irregularidade ou ilegalidade de que tomarem conhecimento.

Deve-se observar, também, que a Lei Complementar Federal n.º 101/00 (Lei
de Responsabilidade Fiscal) ampliou o escopo das competências fiscalizatórias dos
sistemas de Controle Interno, conforme disposições insertas no artigo 59 e incisos.

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RUBRICA: FLS.: 87

Dessa forma, visando o aperfeiçoamento da atuação do controle do


município, os fatos apontados na análise desta Prestação de Contas deverão ser
objeto de acompanhamento e correção, mediante a adoção de sistemas de controle
implantados pelo Órgão de Controle Interno com o objetivo de evitá-las no decurso
do próximo exercício.

Assim, na conclusão deste Relatório, acompanhando a sugestão do Corpo


Instrutivo e do douto Ministério Público Especial, incluirei Comunicação ao chefe do
órgão de Controle Interno para que tome ciência do exame realizado nas presentes
Contas de Governo, a fim de adotar as providências que se fizerem necessárias
para elidir as falhas detectadas, informando, no relatório a ser encaminhado no
próximo exercício, quais foram essas medidas. Outrossim, o órgão de Controle
Interno deverá pronunciar-se, nas próximas Contas de Governo, de forma
conclusiva, apresentando Certificado de Auditoria quanto à regularidade,
regularidade com ressalvas ou irregularidade das contas.

V.3.1. – Determinações nas Contas de Governo do Exercício Anterior


Em relação às Determinações contidas na análise das Contas de Governo do
exercício de 2019, visando avaliar o cumprimento das respectivas determinações e
recomendações, foi solicitado ao jurisdicionado um Relatório de Acompanhamento
das Determinações e Recomendações do TCE-RJ, a ser elaborado pelo Controle
Interno, informando detalhadamente as ações e providências adotadas com o
objetivo de corrigir as irregularidades e/ou impropriedades verificadas quando da
emissão do Parecer Prévio das Contas referentes ao exercício anterior.

O Relatório de Acompanhamento das Determinações e Recomendações do


TCE-RJ, elaborado pelo Controle Interno foi encaminhado às fls. 1856/1883
informa, adequadamente, todas as ações e providências necessárias com o intuito
de corrigir as Irregularidades, Impropriedades ou Ressalvas apontadas.

O referido relatório apresentou a seguinte situação, em relação às


Determinações exaradas, por esta Corte de Contas, na última Prestação de Contas de
Governo:

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RUBRICA: FLS.: 88

Situação Quant. % em relação ao total

Cumprida 12 75%

Cumprida parcialmente 4 25%

Total 16 100,00%
Fonte: Relatório de Acompanhamento das Determinações e Recomendações do TCE pelo Controle Interno – Modelo 22 – fls.
1856/1883.

V.3.2 – Certificado de Auditoria

O Certificado de Auditoria é o documento expedido pelo órgão central de


Controle Interno, ou equivalente, elaborado com base na análise da execução
orçamentária, financeira, patrimonial e operacional do órgão auditado.

No caso de emissão do Certificado de Auditoria pela Regularidade com


Ressalvas ou Irregularidade das Contas, devem ser informadas as medidas
adotadas, no âmbito do Controle Interno, no sentido de alertar a administração
municipal quanto às providências a serem implementadas para melhoria da gestão
governamental.

O Certificado de Auditoria à fl. 1855, emitido pelo órgão central de Controle


Interno, opina expressamente pela Regularidade das Contas do Chefe de Governo do
Município de Niterói.

V.4 – Transparência na Gestão Fiscal


Entendida como a produção e divulgação sistemática de informações, a
Transparência da Gestão Fiscal é um dos pilares em que se assenta a Lei de
Responsabilidade Fiscal - LRF.

Para assegurar essa transparência, a Lei Complementar Federal n° 131/2009


acrescentou dispositivos à LRF, a fim de determinar a disponibilização, em tempo
real, de informações pormenorizadas sobre a execução orçamentária e financeira,
referentes à receita e à despesa, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, bem como definiu prazos para a implantação.

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RUBRICA: FLS.: 89

Nesse sentido, o Decreto Federal nº 7.185/2010 estabeleceu normas para


regulamentar a transparência dos dados públicos de todos os entes da Federação
(União, Estados, Municípios e DF), exigida pela Lei Complementar Federal n°
131/2009. Logo, aplica-se aos entes jurisdicionados tanto a exigência de
transparência trazida pela Lei de Responsabilidade Fiscal, alterada pela Lei
Complementar Federal n° 131/2009, quanto as regulamentações dispostas no
supracitado Decreto.

Em 16/05/2011, entrou em vigor a Lei Federal nº 12.527/2011 - Lei de


Acesso à Informação, visando regulamentar o direito constitucional de acesso dos
cidadãos às informações públicas no país. A lei vale para os todos os Poderes da
União, Estados, Distrito Federal e Municípios, inclusive para Tribunais de Contas e
Ministério Público.

Em consulta ao sítio eletrônico da Prefeitura Municipal de Niterói


(http://niteroi.rj.gov.br), o Ministério Público Especial informa ter constatado que
encontra-se disponibilizado no portal da transparência o relatório analítico e o
respectivo parecer prévio desta Corte (contas de governo relativas aos exercícios
financeiros de 2014 a 2019), desacompanhados da documentação constitutiva das
respectivas Prestações de Contas, de maneira que o município não está
atendendo, portanto, ao disposto no artigo 126 da Constituição Estadual e na forma
do artigo 48 da Lei de Responsabilidade Fiscal - LC 101/00, razão pela qual propõe
que o fato seja tratado como Impropriedade acompanhada de Determinação.

Com a devida vênia, discordo do posicionamento do Parquet de Contas, uma


vez que verifica-se, em consulta ao portal de transparência do município, a
disponibilização de documentação em conformidade com o estabelecido no art. 48
da LRF.

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VI – CONCLUSÃO E VOTO

Diante do exposto e,

Considerando, com fulcro no artigo 125, incisos I e II, da Constituição do


Estado do Rio de Janeiro, que é de competência desta Corte de Contas emitir
Parecer Prévio sobre as Contas dos Municípios e sugerir as medidas convenientes
para a apreciação final da Câmara Municipal;

Considerando que o Parecer Prévio deve refletir a análise técnica das


contas examinadas, ficando o julgamento das mesmas sujeito às Câmaras
Municipais;

Considerando que, nos termos da legislação em vigor, o Parecer Prévio do


Tribunal de Contas e o subsequente julgamento pela Câmara dos Vereadores não
exime a responsabilidade dos ordenadores e ratificadores de despesas, bem como
de pessoas que arrecadaram e geriram dinheiro, valores e bens municipais, ou
pelos quais seja o município responsável, cujos processos pendem de exame por
esta Corte de Contas;

Considerando que a Lei Complementar Federal n.º 101/00 (Lei de


Responsabilidade Fiscal), impõe a adoção de medidas de caráter contábil,
financeiro, orçamentário, operacional e patrimonial para a administração pública,
direta, autárquica e fundacional, e para as empresas dependentes de recursos do
Tesouro dos municípios jurisdicionados;

Considerando que as Contas de Governo do Prefeito, constituídas dos


respectivos Balanços Gerais do município e das demonstrações de natureza
contábil foram elaboradas com observância das disposições legais pertinentes,
exceto pelas ressalvas apontadas adiante;

Considerando que a abertura de Créditos Suplementares ou Especiais


atendeu a prévia autorização legislativa e com indicação dos recursos
correspondentes, em observância ao inciso V, artigo 167 da Constituição Federal;
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RUBRICA: FLS.: 91

Considerando que foi constatada a observância do limite da Dívida Pública


do município aos termos da Resolução n.º 40/01 do Senado Federal, c/c a Lei
Complementar Federal n.º 101/00;

Considerando que o município apresentou o equilíbrio financeiro das contas,


em atendimento ao §1º do art. 1º da Lei Complementar Federal n.º 101/00;

Considerando que o Poder Executivo cumpriu o disposto no artigo 42 da Lei


Complementar Federal nº 101/00;

Considerando que os gastos com Pessoal do Executivo alcançaram, no 1º,


2º e 3º quadrimestres de 2020, os percentuais de 38,92%, 39,17% e 41,31%,
respectivamente, da Receita Corrente Liquida, respeitando o limite de 54%
estabelecido na alínea “b”, inciso III, do artigo 20 da Lei Complementar Federal n.º
101/00;

Considerando que o valor aplicado pelo município na Manutenção e


Desenvolvimento do Ensino corresponde a 30,05% do total da receita resultante de
impostos (próprios arrecadados e cota-parte de impostos transferidos), ficando,
portanto, acima do limite mínimo de 25% previsto no art. 212 da Constituição
Federal;

Considerando que o município aplicou 99,07% na remuneração dos


profissionais do magistério do ensino básico em efetivo exercício de suas
atividades, sendo obedecido, portanto, o limite mínimo de 60% de aplicação dos
recursos do FUNDEB conforme previsto no artigo 22 da Lei Federal nº 11.494/07;

Considerando que o município utilizou, no exercício de 2020, 96,80% dos


recursos recebidos do FUNDEB, cumprindo o percentual mínimo de 95% conforme
disposto no artigo 21 da Lei Federal nº 11.494/07;

Considerando que o valor aplicado pelo município em Ações e Serviços


Públicos de Saúde corresponde a 16,64% do total da receita resultante de impostos
(próprios arrecadados e cota-parte de impostos transferidos), ficando, portanto,
acima do limite mínimo de 15% estabelecido pela Lei Complementar Federal nº
141/12;
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RUBRICA: FLS.: 92

Considerando que foi respeitado o limite de repasse do Executivo para o


Legislativo, conforme o disposto no art. 29-A da Constituição Federal;

Considerando que foi constatada a correta aplicação dos Recursos dos


royalties, em observância ao artigo 8º da Lei n.º 7.990/89;

Considerando, ainda, que, face à decisão do Supremo Tribunal Federal,


foram aqui analisadas as Contas de Governo do Chefe do Poder Executivo,
deixando as Contas do Chefe do Poder Legislativo para apreciação na Prestação
de Contas de Gestão da Câmara Municipal, referentes ao exercício de 2020;

Diante do exposto e examinado no presente processo, considero as


Ressalvas que proponho a seguir adequadas, tendo em vista que as
Determinações contemplam providências necessárias à correção dos fatos
ressalvados, manifestando-me, desse modo, em DESACORDO com o Ministério
Público Especial - MPE e com o Corpo Instrutivo, sendo minhas divergências:

Em relação ao Corpo Instrutivo e o Ministério Público Especial - MPE:

✓ A principal divergência com o Corpo Instrutivo e o MPE está na proposta,


de mérito de julgamento, pela Emissão de Parecer Prévio Contrário à
Aprovação das Contas do Governo, em face da realização de despesas
no montante de R$ 571.791,33 sem haver dotação orçamentária para se
proceder ao seu empenhamento, cuja discordância expus no subitem III.4
deste Relatório;

✓ Em face da divergência anterior, discordo da Expedição de Ofício ao


Ministério Público Estadual para ciência da decisão proferida no presente
processo;

✓ Por prudência, incluirei alerta na Comunicação ao atual Prefeito para que


elabore um plano de modo que mantenha o equilíbrio orçamentário e
financeiro preconizado pela Lei de Responsabilidade Fiscal;

✓ Entendo que o Prefeito, responsável pela presente Prestação de Contas


de Governo deve ser cientificado da decisão Plenária;

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RUBRICA: FLS.: 93

✓ Em face da inclusão de item em meu Voto para a comunicação ao


Presidente da Câmara Municipal de Niterói, para que tenha ciência
quanto à emissão do presente parecer prévio;

✓ Em face da inclusão de item em meu Voto para o Arquivamento do


presente processo, após as providências consignadas no art. 14 da
Deliberação TCE-RJ nº 285/18.

Em relação ao Corpo Instrutivo:

✓ Entendo pertinente a proposta de Determinação à SGE sugerida pelo


Ministério Público Especial, substituindo por Ciência, que incluirei no meu
Voto conforme evidenciei no subitem III.5.6 deste Relatório.

Em relação ao Ministério Público Especial:

✓ Não entendo pertinente a inclusão da Impropriedade nº 14, proposta pelo


Ministério Público Especial;

Dessa forma e diante dos fatos evidenciados,

VOTO:

I – Pela Emissão de PARECER PRÉVIO FAVORÁVEL à aprovação das


Contas do Governo do Município de Niterói, relativas ao exercício de
2020, sob a responsabilidade do Prefeito, Sr. Rodrigo Neves Barreto,
com as seguintes RESSALVAS, DETERMINAÇÕES e
RECOMENDAÇÃO:

RESSALVAS E DETERMINAÇÕES

RESSALVA N.º 1

O município realizou despesas no montante de R$571.791,33 sem haver


dotação orçamentária para se proceder ao seu empenhamento,
caracterizando, dessa forma, a ocorrência de despesas sem autorização
legislativa, em desacordo com o previsto no inciso II do art. 167 da
Constituição Federal.

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RUBRICA: FLS.: 94

DETERMINAÇÃO N.º 1

Abster-se de realizar despesas que extrapolem os créditos orçamentários ou


adicionais, em cumprimento ao preconizado no inciso II do art. 167 da
Constituição Federal.

RESSALVA N.º 2

O município não cumpriu, integralmente, os requisitos essenciais da


responsabilidade na Gestão Fiscal pela instituição, previsão e efetiva
arrecadação de todos os tributos de sua competência constitucional.

DETERMINAÇÃO N.º 2

Implementar ações visando à adoção de procedimentos e à estr