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Fundamento Teórico e Metodológico do Ensino das Ciências Naturais

Conceitos em Saúde e Noções de Epidemiologia

Fonte: https://www.aosfatos.org/noticias/desenhamos-fatos-sobre-o-su
rto-de-sarampo-no-brasil/

Prof. Edmir Vicente


email: edmir.lamarca@ibirapuera.edu.br
Conteúdo

o Noções de Epidemiologia

o Doenças Crônicas e Doenças Agudas

o Doenças Transmissíveis e Doenças Não Transmissíveis

o Doenças Infecciosas Emergentes e Doenças Infecciosas Reemergentes

o Contaminação e Infecção

o Objetivos da Epidemiologia; Indicadores de Saúde; Epidemiologia e Saúde Pública

o Promoção da Saúde e Prevenção de Doenças

o O processo Epidêmico

o Conceitos em Epidemiologia: Endemia, Epidemia, Pandemia e Surto


Doenças Crônicas e Doenças Agudas

 Doenças Crônicas – são aquelas que apresentam início gradual, com duração longa ou
incerta, que, em geral, apresentam múltiplas causas e cujo tratamento envolva mudanças de
estilo de vida, em um processo de cuidado contínuo que, usualmente, não leva à cura.
Exemplos: Asma, Hipertensão, Osteoporose, Doença de Parkinson, Doença de Alzheimer,
Diabetes (Portaria nº 483, de 1º de abril de 2014).
 Doenças Agudas – são aquelas que têm um curso acelerado, terminando com convalescença
ou morte em menos de três meses. Exemplo: Resfriado, Gripe, Infecções Gastrointestinais,
Trauma físico, Infartos, Hemorragias.
 Doença Crônica – produz sintomas e sinais num período variável de tempo, de curso
prolongado, havendo apenas recuperação parcial (PHIPPS et al., 1995).
 Doença Aguda – produz sintomas e sinais pouco depois da exposição à causa, de curso
rápido, a partir da qual há normalmente total recuperação ou um fim abrupto em morte
(PHIPPS et al., 1995).
Convalescença: Período de recuperação após uma doença ou enfermidade.
Doenças Transmissíveis e Doenças não Transmissíveis

 Doença transmissível: (doença infecciosa) é causada por um agente patogênico (ex. vírus,
bactérias, fungos, parasitas). Pode ser transmitida através do contato com micro-organismos
(ex. vírus e bactérias). Por exemplo, contato com sangue e fluidos corporais; respirando um
vírus transportado pelo ar; por um inseto, animais, alimentos. Ex: Resfriados, gripe, catapora,
sarampo, herpes, AIDS, febre amarela etc..

 Doença não transmissível: patologias caracterizadas pela ausência de micro-organismos, ou


seja, é uma doença não infecciosa. Doenças não infecciosas; doenças crônicas não
transmissíveis; doenças degenerativas. Ex: Hipertensão Arterial, Diabetes, Cânceres etc..

 Conceito de doenças: “doença pode ser definida como um desajustamento ou uma falha nos
mecanismos de adaptação do organismo ou uma ausência de reação aos estímulos a cuja
ação está exposto. O processo conduz a uma perturbação da estrutura ou da função de um
órgão ou de um sistema, ou de todo o organismo de suas funções vitais” (Jenicek & Cleroux,
1982).
Doenças Emergentes e Doenças Reemergentes

 Doenças infecciosas emergentes (doenças emergentes) – são aquelas que surgiram


recentemente (nas últimas duas décadas) numa população ou as que ameaçam se expandir
num futuro próximo. É o surgimento ou a identificação de um novo problema de saúde ou
um novo agente infeccioso (ex. Ebola, AIDS, Hepatite C) ou micro-organismos que só
atingiam animais e que agora afetam também seres humanos.

 Doenças infecciosas reemergentes (doenças reemergentes) – são aquelas causadas por


micro-organismos bem conhecidos que estavam sob controle, mas se tornaram resistentes às
drogas antimicrobianas comuns ou estão se expandindo rapidamente em incidência em áreas
geográficas. Indicam mudança no comportamento epidemiológico de doenças já conhecidas,
que haviam sido controladas, mas que voltaram a representar ameaça à saúde humana. Por
exemplo: malária, tuberculose, dengue, cólera, febre amarela.
Fatores associados às doenças emergentes e reemergentes
- modelos de desenvolvimento econômico determinando alterações ambientais, migrações
(movimentação de entrada - imigração ou de saída - emigração), processos de urbanização sem
adequada infraestrutura urbana, grande obras como hidrelétricas e rodovias;
- fatores ambientais como desmatamento, mudanças climáticas (aquecimento global), secas e
inundações;
- aumento do intercâmbio internacional, que assume o papel de "vetor cultural" na
disseminação das doenças infecciosas;
- incorporação de novas tecnologias médicas, com uso disseminado de procedimentos invasivos;
- ampliação do consumo de alimentos industrializados, especialmente os de origem animal;
- desestruturação/inadequação dos serviços de saúde e/ou desatualização das estratégias de
controle de doenças;
- aprimoramento das técnicas de diagnóstico, possibilitando diagnósticos etiológicos mais
precisos;
- processo de evolução de micro-organismos: mutações virais, emergência de bactérias
resistentes.
Fonte: http://www.boletimdasaude.rs.gov.br/conteudo/1441/doen%C3%A7as-
(Waldman, 1998; Luna, 2002). emergentes-e-reemergentes-no-contexto-da-sa%C3%BAde-p%C3%BAblica-
Contaminação e Infecção
 Contaminação – Presença de agente infeccioso na superfície do corpo, no vestuário e nas
roupas de cama, em brinquedos, instrumentos ou pensos cirúrgicos (esparadrapo, gazes,
faixas), em objetos inanimados ou em substâncias como água, leite e alimentos.

 Contaminação – transmissão de impurezas ou de elementos nocivos capazes de prejudicar a


ação normal de um objeto. Contaminação deve ser utilizado somente ao se referir a objetos
e equipamentos. Uma seringa usada, por exemplo, pode estar contaminada com um vírus. A
água está contaminada por bactérias Vibrio cholerae – causador da Cólera. O ar está
contaminado.

 Infecção – Penetração e desenvolvimento ou multiplicação de um agente infeccioso no


organismo de uma pessoa ou animal.

 Infecção – invasão de tecidos corporais de um organismo hospedeiro por parte de


organismos capazes de provocar doenças. A transmissão de um vírus, bactéria ou fungo para
uma pessoa, dizemos que a pessoa foi infectada. Utilizado para seres vivos. A pessoa está
infectada; O mosquito está infectado. (ROUQUAYROL & ALMEIDA FILHO, 2003)
Conceito em Epidemiologia

 Epidemiologia – o estudo da distribuição e dos determinantes de estados ou


eventos relacionados à saúde em populações específicas, e sua aplicação na
prevenção e controle dos problemas de saúde.
(LAST, J. M. A dictionary of epidemiology, 4 ed. Oxford, Oxford University Press, 2001).

 O termo epidemiologia – é derivado do grego: EPI = sobre; DEMOS = povo; LOGOS


= estudo.

 Epidemiologia = significa o estudo que afeta a população.


Aspectos Históricos

 Epidemiologia – é uma disciplina que usa

métodos quantitativos para estudar a

ocorrência de doenças nas populações N: 460 a.C. – F: 370 a.C. Grécia.

Hipócrates: Pensador Grego, conhecido como o "Pai


humanas e para definir estratégias de da Medicina Ocidental“. Enquanto muitos pensadores
gregos concentravam seus esforços na natureza em
geral ou na moral e política, Hipócrates focou em
prevenção e controle. observar e compreender o funcionamento do
organismo humano e encontrar explicações racionais e
passíveis de controle e manipulação, para os males que
atingem a saúde humana.

 A epidemiologia – se originou das observações de Hipócrates feitas há mais de 2000 anos de


que fatores ambientais (miasmas) influenciam a ocorrência de doenças. Entretanto, foi
somente no séc. XIX que a distribuição das doenças em grupos humanos específicos passou a
ser medida em larga escala.

Miasmas vem do verbo miasmar - encher-se de exalações nocivas à saúde ou pestilenciais.


Objetivos da epidemiologia
 Prevenir doenças e promover saúde. Para que isso seja possível, é necessário conhecer as
causas das doenças e agravos à saúde e as maneiras pelas quais podem ser modificados.
 Reduzir os problemas de saúde na população. Na prática, ela estuda principalmente a
ausência de saúde sob as formas de doenças e agravos.
 Descrever as condições de saúde da população, medindo a frequência com que ocorrem os
problemas de saúde em populações humanas. (Indicador do estado de saúde da população).
 Desenvolver estratégias para as ações voltadas para a proteção e promoção da saúde da
população.
 A epidemiologia constitui também como um instrumento para o desenvolvimento de
políticas públicas no setor da saúde. Uma das ferramentas para melhorar a saúde pública, é
utilizada de várias formas.
 Saúde pública – refere-se às ações coletivas visando melhorar a saúde das populações. Saúde
coletiva e individual.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) define saúde não apenas como a ausência de
doença, mas como a situação de perfeito bem-estar físico, mental e social.
Área de atuação da epidemiologia

 O alvo de um estudo epidemiológico – é sempre uma população humana, que pode ser
definida em termos geográficos ou outro qualquer. Por exemplo, um grupo específico de
pacientes hospitalizados ou trabalhadores de uma indústria pode constituir uma unidade de
estudo.

 Em geral, a população utilizada em um estudo epidemiológico é aquela localizada em uma


determinada área ou país em um certo momento do tempo. Isso forma a base para definir
subgrupos de acordo com o sexo, grupo etário, etnia e outros aspectos. Considerando que as
estruturas populacionais variam conforme a área geográfica e o tempo, isso deve ser levado
em conta nas análises epidemiológicas.

 População (conceito em ecologia)– conjunto de indivíduos da mesma espécie que vivem em


um lugar, no mesmo intervalo de tempo.
População em risco

 Um importante fator a considerar no cálculo das medidas de ocorrência de doenças


é o total de pessoas expostas, ou seja, indivíduos que podem vir a ter a doença.

 Esse número deve incluir somente as pessoas que são potencialmente suscetíveis
de adquirir a doença em estudo.

 As pessoas susceptíveis a determinadas doenças são chamadas de população em


risco e podem ser estudadas conforme fatores demográficos, geográficos e
ambientais.

 Por exemplo, acidentes de trabalho só ocorrem entre pessoas que estão


trabalhando. Assim, a população em risco é constituída somente por
trabalhadores.
Causalidade das doenças

 Embora algumas doenças sejam causadas unicamente por fatores genéticos, a


maioria delas resulta da interação destes com fatores ambientais. Por exemplo, a
diabetes – apresenta os componentes genéticos e ambientais.

 O ambiente – é definido da forma mais ampla possível para permitir a inclusão de


qualquer fator biológico, químico, físico, psicológico, econômico e cultural, que
possa afetar a saúde.

 O comportamento e o estilo de vida são de grande importância nessa conexão, e a


epidemiologia é cada vez mais usada para estudar a influência e a possibilidade de
intervenção preventiva através da promoção da saúde.
Indicadores de saúde

 Para que a saúde seja quantificada e para permitir comparações na população,

utilizam-se os indicadores de saúde. Estes devem refletir, com fidedignidade, o

panorama da saúde populacional.

 Apesar desses indicadores serem chamados Indicadores de Saúde, muitos deles

medem ocorrência de doenças, mortes, gravidade de doenças, o que denota ser

mais fácil, às vezes, medir doença do que medir saúde.

 Indicadores de saúde: morbidade e mortalidade.

 Saúde – não apenas como a ausência de doença, mas como a situação de perfeito
bem-estar físico, mental e social.
Morbidade e Mortalidade
 Morbidade – é um dos importantes indicadores de saúde. Morbidade é um termo genérico
usado para designar o conjunto de casos de uma dada doença ou a soma de agravos à saúde
que atingem um grupo de indivíduos. Para fazer essas mensurações, utiliza-se as medidas de
incidência e prevalência.

Morbidade - conjunto de causas capazes de produzir uma doença.


Mórbido - relativo a ou que revela doença; que origina, que causa doença.

Incidência e Prevalência
 Incidência – indica o número de casos novos ocorridos em um certo período de tempo em
uma população específica.
 Prevalência – refere-se ao número de casos (novos e velhos) encontrados em uma população
definida em um determinado ponto no tempo (melhor definido como uma data específica no
calendário).

 Mortalidade – outro indicador de saúde tradicional na saúde coletiva é o coeficiente de


mortalidade ou taxa de mortalidade, o qual é determinado de forma genérica pelo número
de óbitos dividido pela população exposta (total da população em questão).
Epidemiologia e saúde pública

 Saúde pública – refere-se às ações coletivas visando melhorar a saúde das


populações. Saúde coletiva e individual.

 Epidemiologia – uma das ferramentas para melhorar a saúde pública, é utilizada de


várias formas.

Medindo a saúde e a doença

 Medir saúde e doença é fundamental para a prática da epidemiologia.


 Diversas medidas são utilizadas para caracterizar a saúde das populações.
 Medidas de morbidade e mortalidade.
PROMOÇÃO DA SAÚDE E PREVENÇÃO DE DOENÇAS

 Promoção da saúde - Primeira Conferência Internacional sobre a Promoção da Saúde


(realizada em Ottawa, no Canadá, em 1986) que estabeleceu uma série de princípios
éticos e políticos, definindo os campos de ação. De acordo com o documento (Carta de
Ottawa), promoção da saúde é o “processo de capacitação da comunidade para atuar
na melhoria da sua qualidade de vida e saúde, incluindo maior participação no controle
desse processo”. Para atingir um estado de completo bem-estar físico, mental e social os
indivíduos e grupos devem saber identificar aspirações (almejar algo), satisfazer
necessidades e modificar favoravelmente o meio ambiente.

 Prevenção de doenças - conjunto de ações que visam evitar a doença na população,


removendo os fatores causais, ou seja, visam a diminuição da incidência da doença.
Tem por objetivo a promoção de saúde e proteção específica. Prevenção é uma ação
antecipada que tem por finalidade evitar o progresso da patologia.

(http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/carta_ottawa.pdf)
I Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde em Ottawa
(1986)
 Realizada em Ottawa, no Canadá, em novembro de
1986.
 Tema: “Promoção da Saúde nos Países
Industrializados”
 Em decorrência das expectativas mundiais por uma
saúde pública eficiente, focalizando em especial as
necessidades dos países industrializados, e
estendendo tal necessidade aos demais países.
 Foi elaborada a Carta de Ottawa, que estabelecia
fatores de importância para o alcance de uma saúde
para todos.
 O Brasil não participou dessa conferência, no
entanto, posteriormente adere ao proposto pela
Carta de Ottawa.
(http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/carta_ottawa.pdf)
A carta de Ottawa - afirma que são recursos indispensáveis para ter saúde:

 Paz
 Habitação
 Educação
 Alimentação
 Renda
 Ecossistema estável
 Recursos sustentáveis
 Justiça social e equidade
 O incremento nas condições de saúde requer uma base sólida nestes pré-
requisitos básicos.
(Carta de Ottawa, 1986)

(http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/carta_ottawa.pdf)
Conceitos Epidemiológicos
Endemia:
 quando uma doença existe apenas em uma determinada região;
 ocorrência de uma doença (geralmente infecciosa), em determinado local, acometendo
um número maior ou menor de indivíduos;
 Exemplos: febre amarela, malária, esquistossomose, dengue, doença de chagas,
Hanseníase etc.
Epidemia:
 quando a doença é transmitida para outras populações, infesta mais de uma região;
 doença, principalmente infecciosa e transmissível, que ocorre numa comunidade ou
região e pode se espalhar rapidamente entre as pessoas de outras regiões;
 um surto de agravação de uma doença endêmica;
 Exemplos: peste bubônica (Europa e a Ásia), Varíola etc.
Pandemia:
 caracteriza quando uma determinada doença se espalha por grande parte de um
continente ou por diversas partes do mundo;
 uma epidemia de forma desequilibrada pode se espalhar entre continentes e/ou mundo;
 Exemplos: AIDS, tuberculose, gripe espanhola etc.
Surto:
 aumento repentino de número de casos, dentro de limites muito restrito ou de uma
doença específica.
 caracteriza quantidades acima do normal de doenças contagiosas.
Agente etiológico (agente infeccioso, agente patogênico) – é o organismo causador de uma doença,
podendo ser: vírus, bactéria, protozoário, fungo, platelminto etc.
Endemia:
• quando uma doença existe apenas em uma determinada região;
• ocorrência de uma doença (geralmente infecciosa), em determinado local, acometendo
um número maior ou menor de indivíduos;
• Apresenta uma incidência normal de casos, ou seja, aquilo que tem sido habitual.
Frequência média, frequência máxima esperada, frequência mínima esperada.
• Dá-se a denominação de endemia à ocorrência coletiva de uma determinada doença que,
no decorrer de um largo período histórico, acometendo sistematicamente grupos
humanos distribuídos em espaços delimitados e caracterizados, mantém a sua incidência
constante.
• A endemia é temporalmente ilimitada. A epidemia é restrita a um intervalo de tempo,
marcado por um começo e um fim.
• Exemplos: febre amarela, malária, esquistossomose, dengue, doença de chagas,
Hanseníase etc.

População (conceito em ecologia) – conjunto de indivíduos da mesma espécie que vivem em um


lugar, no mesmo intervalo de tempo.
Epidemia:
• É a ocorrência de doença em grande número de pessoas ao mesmo tempo.
• um surto de agravação de uma doença endêmica;
• quando a doença é transmitida para outras populações, infesta mais de uma região;
• doença, principalmente infecciosa e transmissível, que ocorre numa comunidade ou região e pode
se espalhar rapidamente entre as pessoas de outras regiões;
• Exemplos: peste bubônica (Europa e a Ásia), Varíola, Sarampo etc.

Epidemia:
• Elevados números de casos de certa doença em determinado lugar não necessariamente indica a
existência de uma epidemia.
• A manifestação de dois casos de doenças transmissíveis não existente anteriormente ou muitos
anos ausente na área, associados no tempo e no espaço, pode constituir uma epidemia.
• O número de casos indicando a presença de uma epidemia varia de acordo com o agente, o
tamanho e o tipo da população exposta, experiência prévia ou falta de exposição à doença, e o
tempo e lugar de ocorrência.
• A identificação de uma epidemia também depende da frequência usual da doença na área entre a
população específica durante a mesma estação do ano.
• Um número muito pequeno de casos de uma doença nunca diagnosticada previamente em uma
área, associada com o tempo e o lugar, pode ser suficiente para constituir uma epidemia.
Pandemia:
• caracteriza quando uma determinada doença se espalha por grande parte de um continente
ou por diversas partes do mundo;
• Apenas para doenças transmissíveis.
• uma epidemia de forma desequilibrada pode se espalhar entre continentes e/ou mundo;
• Exemplos: AIDS, tuberculose, gripe espanhola etc.

Surto:
• aumento repentino de número de casos, dentro de limites muito restrito ou de uma doença
específica.
• Denomina-se surto epidêmico, ou apenas surto, uma ocorrência epidêmica restrita a um
espaço extremamente delimitado. Em população institucionalizada. Exemplo: colégio,
quartel, edifício de apartamentos, bairro etc..
• Caracteriza quantidades acima do normal de doenças contagiosas.
• Surto: aumento repentino de número de casos, dentro de limites muito restrito ou de uma
doença específica.
Fonte: https://www.sagroltecidos.com.br/digital/tricoline-estampa-digital-mapa-mundi-0-50x-0-75-cm-100-algodao-com-1-50-lg--p
Mapa-múndi ou planisfério é uma representação cartográfica plana, em escala reduzida, de toda a
superfície do planeta Terra.
Conceitos Epidemiológicos: Endemia

Exemplo: Febre Amarela (América Central, Região Amazônica, Região Tropical da África)

Fonte: https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/geografia/mapa-mundi. Mapa-múndi. (Foto: Wikipédia).

Outros exemplos: Malária, Esquistossomose, Doença de Chagas, Hanseníase.


Conceitos Epidemiológicos: Epidemia
Exemplo: Gripe Aviária (Conhecida também como gripe do frango, Regiões da Ásia, Europa e
América do Norte e do Sul). Itália, Holanda, Bélgica, Chile, EUA, Canadá, China, Japão, Tailândia,
Filipinas, Vietnã, Cazaquistão e Rússia.

Fonte: https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/geografia/mapa-mundi. Mapa-múndi. (Foto: Wikipédia).

Outros exemplos: Febre Tifoide, Ebola, Peste Bubônica (Europa e a Ásia), Varíola.
Número de casos Gráficos de Endemia e Epidemia

Número de casos
Tempo Tempo

Endemia Epidemia
Conceitos Epidemiológicos: Pandemia

Exemplo: COVID 19

Fonte: https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/geografia/mapa-mundi. Mapa-múndi. (Foto: Wikipédia).

Outros exemplos: AIDS, Gripe Espanhola, Tuberculose, H1N1.


Fonte: https://www.reddit.com/r/coronabr/comments/fwo92b/voc%C3%AA_sabe_qual_a_diferen%C3%A7a_entre_surto_endemia/
Conceitos Epidemiológicos: Pandemia
Exemplo: H1N1

Fonte: https://www.euroclinix.net/br/gripe/gripe-suina

• A H1N1 (também chamada de Gripe Suína) é uma infecção respiratória em humanos causada
por um subtipo do vírus Influenza A (H1N1). Entre os anos de 2009 e 2010, ao todo 207
países notificaram casos confirmados de gripe H1N1.
• H1N1 - resultado da combinação de segmentos genéticos do vírus humano da gripe, do vírus
da gripe aviária e do vírus da gripe suína (o nome pelo qual ficou conhecida inicialmente),
que infectaram porcos simultaneamente.
Conceitos Epidemiológicos: Pandemia
Gripe Espanhola

 Gripe espanhola (também conhecida como


gripe de 1918). Foi uma pandemia que
aconteceu entre janeiro de 1918 a dezembro
de 1920, atingindo todos os continentes.
Estima que infectou 500 milhões de pessoas,
cerca de um quarto da população mundial na
época (2 bilhões). Estima-se que o número de
mortos foi cerca de 50 milhões. Não se sabe o
local de origem dela, mas sabe-se que ela se
iniciou de uma mutação do vírus Influenza. Os
primeiros casos foram registrados nos Estados
Unidos.
População global 7,8 bilhões, em julho de 2020. Fonte: https://br.pinterest.com/pin/70509550403737936/
O Processo Epidêmico
Doença epidêmica – Doença endêmica – Doença epidêmica – Doença endêmica...

 Introdução: Uma determinada doença, em relação a uma população, que afete ou que possa
vir a afetar, pode ser caracterizada como:

o Presente em nível endêmico Estrutura Epidemiológica


Em dado momento, o favorecimento de
o Presente em nível epidêmico
uma ou de outra dessas situações
o Inexistente dependerá da confluência e conjunção
sistêmica de inúmeros fatores,
o Presente com casos esporádicos relacionados ao agente, ao ambiente e ao
suscetível.

o Doença esporádica - ocorre raramente ou é infrequente. Não tem regularidade, não é


previsível e a ocorrência é localizada. A ocorrência esporádica sugere que o agente
infrequentemente infecta o hospedeiro, ou o agente está sempre presente e a doença clínica
resulta de outros fatores.
(ROUQUAYROL & ALMEIDA FILHO, 2003)
O Processo Epidêmico

 Introdução: Elevado número de casos de certa doença em determinado lugar não indica
necessariamente a existência de uma epidemia.

 Por exemplo: os 241 casos de Coqueluche registrados na Bahia no ano de 2000 não foram
considerados como um evento epidêmico. Há mais de uma década os casos dessa doença
nessa região vêm se mantendo de 63 a 1300 casos. Todavia, um único caso poderá ser tido
como processo epidêmico. Por exemplo, quando um morador do distrito de Cantagalo,
Ceará, em 1992, foi hospitalizado com suspeita de cólera e depois confirmado pelo
laboratório como portador de Vibrio cholerae, a saúde pública foi acionada para dar combate
a um surto. A partir deste primeiro caso, com a ocorrência inesperada de inúmeros outros, o
processo epidêmico foi confirmado. Houve a confirmação da presença da Vibrio cholerae em
poço contaminado. Atualmente, no Ceará, a cólera é endêmica com média anual de 34 casos
confirmados no período de 1995 a 1999.

(ROUQUAYROL & ALMEIDA FILHO, 2003)


Conceitos Epidemiológicos: Epidemia

 Segundo a publicação científica 442 da OPS, a manifestação de dois casos de doença


transmissível não existente anteriormente ou há muitos anos ausente na área, associados no
tempo e no espaço, constitui prova suficiente para ser considerada uma epidemia.

 Epidemia é a ocorrência de doença em grande número de pessoas ao mesmo tempo. É a


ocorrência em uma comunidade ou região de um número de casos de uma doença além do
esperado para um dado tempo e lugar. Quando uma epidemia é descrita, o período de
tempo, a área geográfica, e particularidades da comunidade em que os casos ocorrem devem
ser claramente detalhados.

 O número de casos indicando a presença de uma epidemia varia de acordo com o agente, o
tamanho e o tipo da população exposta, experiência prévia ou falta de exposição à doença, e
o tempo e lugar de ocorrência. A identificação de uma epidemia também depende da
frequência usual da doença na área entre a população específica durante a mesma estação
do ano. Um número muito pequeno de casos de uma doença nunca diagnosticada
previamente em uma área, associado com o tempo e o lugar, pode ser suficiente para
constituir uma epidemia.
(BEAGLEHOLE et al., 2003; ROUQUAYROL & ALMEIDA FILHO, 2003)
Conceitos Epidemiológicos: Epidemia
 Doença Epidêmica: abundante, mas infrequente; Excede a frequência normal esperada (mais
de duas vezes o desvio padrão acima da média) e este aumento não é previsível; A doença
ocorre num determinado momento e espaço; Uma doença epidêmica sugere um
desiquilíbrio grande com o agente em vantagem; Este desiquilíbrio é comum quando uma
nova estirpe ou cepa do organismo aparece (mutação) ou quando o hospedeiro é exposto
pela primeira vez ao agente; Desequilíbrio ecológico ou ambiental.
 Duração das Epidemias: Diferente das endemias, as quais são temporalmente ilimitadas, as
epidemias são restritas a um intervalo de tempo marcado por um começo e um fim, com
retorno das medidas de incidência aos patamares endêmicos observados antes da ocorrência
epidêmica. Este intervalo de tempo pode abranger umas poucas horas ou dias ou pode
estender-se para anos ou mesmo décadas. Exemplos: intoxicação alimentar – duração curta;
febre tifoide – duração intermediária; AIDS – duração longa.
 Com o tempo e um ambiente estável a ocorrência de doença passa de epidêmica para
endêmica e depois para esporádica.
(ROUQUAYROL & ALMEIDA FILHO, 2003)
Conceitos Epidemiológicos: Endemia

 Endemia: ocorrência coletiva de uma determinada doença, no decorrer de um largo período


histórico, acometendo sistematicamente grupos humanos distribuídos em espaços
delimitados e caracterizados, mantém a sua incidência constante, permitidas as flutuações
de valores, tais como variações sazonais.

 A definição entre comportamento endêmico ou epidêmico de uma dada doença fica


estabelecida com base em critérios relativos. Uma afirmação de caráter geral, não crítica, é a
de que, embasada na experiência passada, são derivados critérios para distinguir-se, na
atualidade, a presença da doença em nível endêmico ou em nível epidêmico.

 Doença Endêmica: é constante, ocorre com regularidade previsível com apenas pequenos
desvios na frequência esperada; A frequência média da doença endêmica pode ser baixa,
moderada ou alta; São resultados de desequilíbrio a longo prazo entre agente e hospedeiro;
Este equilíbrio pode ser perturbado por fatores ambientais.

(ROUQUAYROL & ALMEIDA FILHO, 2003)


Conceitos Epidemiológicos: Endemia
 Endemia: qualquer doença espacialmente localizada, temporalmente ilimitada,
habitualmente presente entre os membros de uma população e cujo nível de incidência se
situe sistematicamente nos limites de uma faixa endêmica que foi previamente
convencionada para uma população e época determinadas.
 Doenças endêmicas, como a malária, estão entre os principais problemas de saúde nos
países em desenvolvimento. Se as condições mudam tanto no hospedeiro como no
ambiente, uma doença endêmica pode tornar-se epidêmica. Por exemplo, na Europa a
redução na incidência de varíola alcançado no início do século XX foi revertida durante a
Primeira Guerra Mundial.
 O conceito atribuído a expressão nível endêmico é complexo e sua compreensão depende do
estabelecimento de uma série de conceitos que lhe são logicamente anteriores, tais como os
descritos a seguir:
o Frequência média, Frequência máxima esperada, Frequência mínima esperada.
o Desvio-padrão (medidas de dispersão).
o Incidência normal; entre outros.
(BEAGLEHOLE et al., 2003; ROUQUAYROL & ALMEIDA FILHO, 2003)
Incidência Normal

 Incidência normal: o qualitativo normal refere-se a todo evento que esteja de acordo com a
norma estabelecida. A norma pode ser uma moda, uma regra, uma tradição ou até mesmo
uma expectativa.

 Em epidemiologia, quando do estudo da doença como fenômeno endêmico ao usar o termo


normal, quer-se referir àquilo que tem sido habitual. Coeficientes de incidência altíssimos ou
baixíssimo são normais desde que constituam o habitual esperado.

 Incidência normal, com referência ao que foi observado na semana, no mês ou no ano que
acabam de se encerrar, é a incidência que se iguala à que vinha sendo registrada em igual
período de tempo, nos anos anteriores, respeitadas as flutuações de medidas.

(ROUQUAYROL & ALMEIDA FILHO, 2003)


Nível Endêmico

(ROUQUAYROL & ALMEIDA FILHO, 2003)


 Limite superior da incidência normal: conjunto formado pelas medidas de incidência mensais máximas.
Calculadas para todo um ciclo de variações e unidas mês a mês sob forma de uma linha poligonal.
 Limite inferior da incidência normal: conjunto formado pelas medidas de incidência mensais mínimas.
Calculadas para todo um ciclo de variações e unidas mês a mês sob forma de uma linha poligonal.
Uma linha poligonal é formada por segmentos de retas consecutivos que não possuem as mesmas direções. Segmento de
reta é uma parte da reta que possui início e fim.
Nível Endêmico

(Também conhecido
como Limiar epidêmico)

(ROUQUAYROL & ALMEIDA FILHO, 2003)

Coeficiente: Número que indica quantas vezes se deve multiplicar por outro. Sinônimo de: nível, grau, fator
A Curva Epidêmica

(ROUQUAYROL & ALMEIDA FILHO, 2003)


Descrição da Curva Epidêmica
1- Incremento inicial de casos: o coeficiente de incidência aproxima-se do nível superior
endêmico. Aqui não tem sentido para incidência quando é nula ou para casos esporádicos, pois
nestes já caracterizam o processo epidêmico.
2- Egressão: por algum descontrole ocorrido no equilíbrio endêmico anterior, a incidência
ultrapassa o limite superior endêmico.
3- Progressão: estabelecida a epidemia, o crescimento progressivo da incidência caracteriza a
fase inicial do processo até o processo epidêmico atingir o seu clímax (ponto mais alto
comunidade estável).
4- Incidência máxima: a força de crescimento da epidemia se extingue devido a: diminuição do
número de expostos, diminuição do número de suscetíveis, ação intencional de vigilância e
controle ou processos naturais de controle.
5- Regressão: última fase na evolução de uma epidemia. O processo tente a retornar aos valores
iniciais de incidência; estabilizar em um patamar endêmico; regredir até incidência nula,
incluindo neste a erradicação.
6- Decréscimo endêmico: quando o processo regride a níveis mais baixos que aqueles vigentes
antes da eclosão da epidemia, pode-se pensar em erradicação teoricamente. “a epidemia é
restrita a um intervalo de tempo, marcada por um começo e por um fim, pode durar poucas
horas, dias ou décadas”; contrariamente a endemia que é ilimitada.

(ROUQUAYROL & ALMEIDA FILHO, 2003)


A Curva Epidêmica

1- Incremento inicial de casos: o coeficiente de incidência aproxima-se do nível superior


endêmico. Aqui não tem sentido para incidência quando é nula ou para casos esporádicos, pois
nestes já caracterizam o processo epidêmico.
(ROUQUAYROL & ALMEIDA FILHO, 2003)
A Curva Epidêmica

2- Egressão: por algum descontrole ocorrido no equilíbrio endêmico anterior, a incidência


ultrapassa o limite superior endêmico.

(ROUQUAYROL & ALMEIDA FILHO, 2003)


A Curva Epidêmica

3- Progressão: estabelecida a epidemia, o crescimento progressivo da incidência caracteriza a


fase inicial do processo até o processo epidêmico atingir o seu clímax (ponto mais alto,
comunidade estável).
(ROUQUAYROL & ALMEIDA FILHO, 2003)
A Curva Epidêmica

4- Incidência máxima: a força de crescimento da epidemia se extingue devido a: diminuição do


número de expostos, diminuição do número de suscetíveis, ação intencional de vigilância e
controle ou processos naturais de controle.
(ROUQUAYROL & ALMEIDA FILHO, 2003)
A Curva Epidêmica

5- Regressão: última fase na evolução de uma epidemia. O processo tente a retornar aos valores
iniciais de incidência; estabilizar em um patamar endêmico; regredir até incidência nula,
incluindo neste a erradicação.
(ROUQUAYROL & ALMEIDA FILHO, 2003)
A Curva Epidêmica

6- Decréscimo endêmico: quando o processo regride a níveis mais baixos que aqueles vigentes
antes da eclosão da epidemia, pode-se pensar em erradicação teoricamente. “a epidemia é
restrita a um intervalo de tempo, marcada por um começo e por um fim, pode durar poucas
horas, dias ou décadas”; contrariamente a endemia que é ilimitada.
(ROUQUAYROL & ALMEIDA FILHO, 2003)
Conceitos Epidemiológicos: Pandemia e Surto Epidêmico

 Pandemia: dá-se o nome de pandemia à ocorrência epidêmica caracterizada por uma larga
distribuição espacial, atingindo várias nações. A pandemia pode ser tratada como uma série
de epidemias localizadas em diferentes regiões e que ocorrem em vários países ao mesmo
tempo.

 Surto Epidêmico: denomina-se surto epidêmico, ou simplesmente surto, uma ocorrência


epidêmica restrita a um espaço extremamente delimitado. Por exemplo, colégio, quartel
edifício de apartamentos, bairro etc..

 A abrangência espacial da ocorrência epidêmica varia enormemente. Podem ser encontrados


exemplos para todas as gradações, desde os limites espaciais correspondentes a um surto até
o envolvimento de toda uma nação. Epidemias de gripe, cólera, AIDS etc., ocasionalmente
podem envolver toda a extensão territorial de um país e mesmo ultrapassar os seus limites.

(ROUQUAYROL & ALMEIDA FILHO, 2003)


Surto, Epidemia, Endemia, Pandemia

Fonte: https://www.telessaude.unifesp.br/images/noticias/epidemiologianovo.jpg
Conquistas da Epidemiologia

A Epidemiologia Moderna

William Richard Austin Bradford Hill


Shaboe Doll (1897 – 1991).
(1912 – 2005). Epidemiologista e
Fisiologista britânico. estatístico inglês.

 O avanço mais recente da epidemiologia pode ser demonstrado no trabalho de Doll, Hill &
outros. Pioneiros a relacionar a ligação entre o uso do cigarro e o câncer de pulmão.
Estudaram a relação entre o hábito de fumar cigarros e o câncer de pulmão na década de 50.
Esse estudo expandiu o interesse da epidemiologia para o âmbito das doenças crônicas.
(Beaglehole et al., 2003)
Referências Bibliográficas

 BEAGLEHOLE, R.; BONITA, R.; KJELLSTRÖM, T. Epidemiologia Básica. São Paulo:


Livraria Santos Editora, 2003.

 JEKEL, J.F. Epidemiologia, Bioestatística e Medicina Preventiva. 2ª ed., São Paulo:


Artmed, 2006. 432p.

 ROUQUAYROL, M.Z.; ALMEIDA FILHO, N.de. Epidemiologia & Saúde. 6ª ed., Rio de
Janeiro: Medsi, 2003. 570p.

 SARACCI, R. Epidemiologia: uma breve introdução. Porto Alegre: L&PM EDITORES,


2019. 192p.

o Organização Pan-Americana da Saúde (OPS) é uma organização internacional especializada em saúde.


Criada em 1902 e sediada em Washington, nos Estados Unidos é um organismo internacional de saúde
pública com mais de um século de experiência, dedicado a melhorar as condições de saúde dos países das
Américas. Atualmente, OPAS: Organização Pan-Americana da Saúde.

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