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FICHA TÉCNICA Editores técnicos da Secretaria Executiva da UNA-SUS

Roberto Jorge Freire Esteves


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Diretor Revisor Técnico-científico
Celeste Aida Nogueira Silveira
Gilvânia Feijó Luiza Hiroko Yamada Kuwae
Vice diretora
Sumário

Atividade 1
Sistema de referência e contrarreferência: Sistema de referência e contrarreferência:
O que é e como funciona?.....................................................................................................................................8

Atividade 2
Solicitação de procedimentos especializados: quando solicitar?..................................................................17

Atividade 3
Procedimentos corretos dos formulários dos encaminhamentos
e solicitação de procedimentos......................................................................................................................... 22

Atividade 4
Relação Nacional de Ações e Serviços de Saúde – RENASES.........................................................................31

Dúvidas Frequentes............................................................................................................................................. 45

Chegamos ao final da unidade...........................................................................................................................49

Referências ...........................................................................................................................................................50

Referências Complementares ........................................................................................................................... 52


Apresentação da Unidade Didática

4
A Unidade é composta por quatro atividades que
abordam os seguintes temas:

Nesta unidade será enfatizada o preenchimento correto do documento de acordo com as regras de causa básica, serão apresentados
exemplos de situações diferenciadas e propostos exercícios para a sua fixação. Vamos aos estudos!
Objetivos Introdução

Habilitar o médico para o preenchimento correto do sistema de Segundo o conceito de hierarquização do SUS, as unidades de saúde estão
encaminhamentos e solicitações de procedimentos, em conformidade escalonadas em níveis de atenção de acordo com sua complexidade e
com os parâmetros éticos e legais vigentes. tecnologia em baixa, média e alta complexidade.

O sistema de referência e Contrarreferência nem sempre é utilizado ou


utilizado de forma correta, o que provoca um verdadeiro nó, por motivos
diversos, no sistema de saúde. Esta unidade convida os participantes a
refletir sobre seu papel no sistema integrado de saúde, preconizado pelo
SUS para o desenvolvimento de uma postura mais ativa no uso dos níveis
primário, secundário e terciário de saúde.
7
Atividade 1

8
Sistema de referência
e contrarreferência:
Sistema de referência
e contrarreferência:
O que é e como
funciona?
Sistema de Referência e Contrarreferência

O Sistema de Referência e Contrarreferência é um mecanismo administrativo, no qual os serviços


estão organizados de forma a possibilitar o acesso a todos os serviços existentes no Sistema de Saúde
pelas pessoas que procuram as unidades de saúde de menor complexidade, como consultórios,
Unidades Básicas de Saúde, no nível primário de atendimento para o serviço de maior complexidade.
Complexidade,

9
O Sistema de Referência e Contrarreferência é o
modo de organização dos serviços configurados
em redes sustentadas por critérios, fluxos e meca-
nismos de pactuação de funcionamento para as-
segurar a atenção integral aos usuários. Na com-
preensão de rede, deve-se reafirmar a perspectiva
de seu desenho lógico, que prevê a hierarquização
dos níveis de complexidade, viabilizando-se en-
10
caminhamentos resolutivos (dentre os diferentes
equipamentos de saúde), porém reforçando a sua
concepção central de fomentar e de assegurar vín-
culos em diferentes dimensões: intraequipes de
saúde, interequipes/serviços, entre trabalhadores
e gestores, e entre usuários e serviços/equipes
(BRASIL, 2011).
11
Portanto, a Atenção Básica (AB) é
entendida como o primeiro nível da
atenção à saúde no SUS (contato pre-
ferencial dos usuários), que se orien-
ta por todos os princípios do sistema,
inclusive a integralidade, resolvendo
cerca de 80 a 90% dos problemas de
saúde (MENDES, 2012).

Emprega tecnologia de baixa densi-


dade, com insumos e equipamentos
necessários para o atendimento das
prioridades definidas para a saúde
12
local, com a “garantia dos fluxos de
referência e contrarreferência aos
serviços especializados, de apoio
diagnóstico e terapêutico, ambula-
torial e hospitalar”.

Entende-se por tecnologia de bai-


xa densidade na atenção básica a
inclusão de procedimentos mais
simples e baratos, capazes de aten-
der à maior parte dos problemas
comuns de saúde da comunidade
(BRASIL, 2007).
13
Complexidade

14
15
Os procedimentos da alta complexidade encontram-se
relacionados na tabela do SUS, em sua maioria no Sistema
de Hospitalar, e estão também no Sistema de Informações
Ambulatoriais em quantidade, mas com impacto financeiro
extremamente alto, como é o caso dos procedimentos de
16
diálise, de quimioterapia, de radioterapia e de hemoterapia.

Veja na biblioteca virtual o documento SUS de A a Z.


Inserir vínculo com o link: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/
publicacoes/sus_az_garantindo_saude_municipios_3ed_p1.pdf

Fonte: Ministério da Saúde, SUS de A a Z, 2005.


Atividade 2

Solicitação de
procedimentos
especializados:
quando solicitar?
17

Agora que já vimos como funciona o Sistema de


Referência e Contrarreferência, é importante
compreender quando se deve encaminhar ou
solicitar um procedimento especializado para o
usuário, na rede de atenção à saúde.

Já vimos também que a Atenção Primária


é a porta de entrada preferencial
de atendimento do SUS.
Neste sentido, o desenvolvimento de Protocolos de enca­mi­
nha­mento da Atenção Básica para a Atenção Especializada fa­
cilitam a ação regulatória de solicitação de procedimentos e
encaminhamento.
18
Você conhece alguns dos protocolos de encaminhamento?

Para saber mais Acesse na nossa biblioteca virtual os protocolos


publicados pelo Ministério de Saúde.
http://atencaobasica.saude.rs.gov.br/ministerio-da-saude-e-
ufrgs-disponibilizam-protocolos
19
20
21

Baseado, ainda, no Código de Ética Médica, consta o seguinte:

• quanto aos procedimentos, deverão ser adequados ao caso clínico de cada paciente e cientificamente reconhecidos;
• nas situações clínicas irreversíveis e terminais, o médico evitará a realização de procedimentos diagnósticos e terapêuticos desnecessários e propiciará aos pacientes sob sua
atenção todos os cuidados paliativos apropriados;
• deixar de assumir responsabilidade sobre procedimento médico que indicou ou do qual participou, mesmo quando vários médicos tenham assistido o paciente;
• deixar de obter consentimento do paciente ou de seu representante legal após esclarecê-lo sobre o procedimento a ser realizado, salvo em caso de risco iminente de morte;
• deixar de encaminhar o paciente que lhe foi enviado para procedimento especializado de volta ao médico assistente e, na ocasião, fornecer-lhe as devidas informações sobre
o ocorrido no período em que por ele se responsabilizou.

As solicitações de procedimentos devem ser feitas com responsabilidade, evitando investigações diagnósticas desnecessárias, as quais, muitas vezes, causam preocupação e estresse
dispensáveis aos pacientes, além do gasto de tempo e dinheiro, que terminam por agravar, ainda mais, o quadro clínico dos indivíduos. Tais solicitações devem seguir não só os protocolos
e as diretrizes clínicas, mas também o bom senso e as boas práticas clínicas para termos eficácia e efetividade no diagnóstico e no tratamento do paciente em sua totalidade.
Atividade 3

Procedimentos
22 corretos dos
formulários dos
encaminhamentos
e solicitação de
procedimentos.
A elaboração dos protocolos deve ser pautada pela melhor evidência científica disponível e pelas diretrizes de organização da rede
de serviços de saúde regional/local. É fundamental a revisão periódica dos protocolos, ou quando do surgimento de novas evidências
científicas. Segue abaixo algumas orientações para elaboração de protocolos voltados as necessidades locais (Brasil, 2015).

1. identificar a especialidade/procedimento especializado 5. definir os motivos de encaminhamento que devem e que não
com demanda reprimida (identificada por tempo de espera devem ser encaminhados para especialidade/procedimento
prolongado), cujos motivos de encaminhamento são sensíveis especializado;
às ações clínicas em AB e sua capacidade de resposta 

(resolutividade); 
 6. definir quais são os motivos que caracterizam maior risco/
necessidade para prioridade no acesso especializado. Em casos
2. realizar diagnóstico de demanda nas listas de espera das de dúvida da necessidade do encaminhamento, recomendamos
especialidades clínicas previamente escolhidas. Dada a a solicitação de informações adicionais ou a manutenção do
incongruência comumente encontrada entre a história encaminhamento com a intenção de proteger o paciente; 

clínica e a categorização baseada na Classificação Estatística
Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde 7. elencar conjunto mínimo de informações que devem ser 23
(CID), é fundamental a avaliação da descrição subjetiva contida fornecidas pelo médico solicitante. Obtidas por meio da
no encaminhamento; 
 anamnese, exame físico e exames complementares, essas
informações constituirão o protocolo de encaminhamento de
3. selecionar os motivos de encaminhamento mais frequentes cada motivo de encaminhamento. Por isso, devem ser suficientes
para cada especialidade/procedimento; para definir o diagnóstico/suspeita diagnóstica e a conduta

 do médico regulador (condutas essas já definidas a priori –
4. revisar evidências e protocolos científicos sobre o manejo protocolos de regulação). Os critérios de encaminhamento
clínico mais indicado em AB e em outros níveis de atenção devem ser objetivos e disponíveis. Em função da impossibilidade
dos principais motivos de encaminhamento. Atentar para de prever todas as circunstâncias passíveis de encaminhamento,
necessidade de esgotar todos os recursos disponíveis na AB. algumas informações clínicas complementares, não previstas
Identificar quais são as contribuições do serviço especializado em 
protocolo, podem auxiliar na decisão da regulação.
na avaliação e tratamento da condição clínica em estudo; 

25
Pare agora e consulte os Protocolos de encaminhamento da atenção básica para Incontinência Urinária
a atenção especializada; v. IV, ginecologia, página 13. (Biblioteca virtual - Brasil.
Ministério da Saúde.
Ginecologia [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Condições clínicas que indicam a necessidade de
Universidade Federal do Rio Grande do Sul – Brasília : Ministério da Saúde, 2016b). encaminhamento para Ginecologia ou Urologia:

Pois bem, vamos encaminhar a Sra. M. para consulta especializada. ● incontinência urinária sem resposta ao tratamento
clínico otimizado (exercícios para músculos do assoalho
pélvico, treinamento vesical e intervenções no estilo
de vida, perda de peso quando necessário, diminuição
ingesta de cafeína/álcool).

Condições clínicas que indicam a necessidade de


encaminhamento para Ginecologia:

● paciente com prolapso genital e incontinência urinária


associada, sem resposta ao tratamento clínico
26 otimizado por 3 meses.

Conteúdo descritivo mínimo que o encaminhamento deve


ter:

1. sinais e sintomas; 

2. descrição do exame pélvico (presença e grau de
prolapso);
3. resultado de urocultura, com data; 

4. resultado do estudo urodinâmico, com data (se
disponível); 

O que diz o protocolo?
5. tratamento em uso ou já realizado para incontinência
urinária (medicamentos utilizados com dose e
posologia); 

6. outros medicamentos em uso que afetam a continência
urinária (sim ou não). Se sim, quais são eles; 

7. número da teleconsultoria, se caso discutido com
Telessaúde (BRASIL, 2016b).
27
28
Pare agora e consulte o Protocolo de encaminhamento da Atenção Básica para a Bócio Multinodular
Atenção Especializada; v. I, Endocrinologia, p. 9. (Biblioteca Virtual, BRASIL, Ministério da
Saúde;
Endocrinologia e nefrologia/Ministério da Saúde, Universidade Federal do Rio Grande Condições clínicas que indicam a necessidade de
do Sul, Brasília, Ministério da Saúde, 2015). encaminhamento:

1. TSH diminuído (suspeita de nódulo quente); ou


2. nódulo com indicação de PAAF (quando ainda
não foi realizada); ou
3. sintomas compressivos atribuíveis ao bócio ou
suspeita de malignidade; ou
4. indicação de tratamento cirúrgico ou por
iodo radioativo (bócio grande, bócio que está
crescendo).

Conteúdo descritivo mínimo que o encaminhamento


deve ter:
29
1. sinais e sintomas;
2. resultado de exame TSH, com data;
3. resultado de ecografia de tireoide, com descri-
ção do tamanho, característica dos nódulos e
volume do bócio, com data; 

4. história familiar de câncer de tireoide (sim ou
não), com indicação do parentesco;
5. número da teleconsultoria, se caso discutido
com Telessaúde.

Vamos preencher o encaminhamento.


30
SAÚDE
“um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não somente
ausência de afecções e enfermidades” (OMS, 1946).

Atividade 4

Relação Nacional de
Ações e Serviços de 31
Saúde – RENASES
Escolhemos, para encerrar nossa
discussão, rever a legislação aplicada ao
SUS.
Antes de comentar as diretrizes
do SUS, é importante apresentar o
conceito de saúde:

O conceito definido pela 8a Conferencia Nacional de Saúde é o seguinte:

“Em sentido mais abrangente, a saúde é a resultante das condições de alimentação,


habitação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer,
liberdade, acesso e posse da terra e ao acesso aos serviços de saúde. É, assim, antes de
tudo, o resultado das formas de organização social da produção, as quais podem gerar
grandes desigualdades nos níveis de vida” (BRASIL, 1987)
32
Vamos, então, à Lei nº 8.080/1990, também chamada de Lei Orgânica, que regulamenta os serviços de saúde
em todo o território nacional.
Focalizaremos apenas o Capítulo II - Dos Princípios e Diretrizes, art. 7º:.
Art. 7o - As ações e os serviços públicos de saúde e os serviços privados contratados ou conveniados que
integram o Sistema Único de Saúde - SUS são desenvolvidos de acordo com as diretrizes previstas no art. 198 da
Constituição Federal, obedecendo, ainda, aos seguintes princípios:
I - universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de assistência;
II - integralidade de assistência, entendida como conjunto articulado e contínuo das ações e serviços preventivos
e curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis de complexidade do sistema;
III - preservação da autonomia das pessoas na defesa de sua integridade física e moral;
IV - igualdade da assistência à saúde, sem preconceitos ou privilégios de qualquer espécie;
V - direito à informação, às pessoas assistidas, sobre sua saúde;
Lei 8.080, de 1990 VI - divulgação de informações quanto ao potencial dos serviços de saúde e a sua utilização pelo usuário;
33
VII - utilização da epidemiologia para o estabelecimento de prioridades, a alocação de recursos e a orientação
programática;
VIII - participação da comunidade;
IX - descentralização político-administrativa, com direção única em cada esfera de governo:
a) ênfase na descentralização dos serviços para os municípios;

b) regionalização e hierarquização da rede de serviços de saúde;

X - integração em nível executivo das ações de saúde, meio ambiente e saneamento básico;

XI - conjugação dos recursos financeiros, tecnológicos, materiais e humanos da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios na prestação de serviços de assistência à saúde da população;
XII - capacidade de resolução dos serviços em todos os níveis de assistência; e
XIII - organização dos serviços públicos de modo a evitar duplicidade de meios para fins idênticos.
Como visto, a Lei 8.080/90 dispõe sobre organização do SUS:
planejamento da saúde, a assistência à saúde e a articulação
interfederativa.
34

Para fixar esses princípios, assista, agora, aos vídeos sobre as


diretrizes do SUS, disponível na sua biblioteca.

Veja também ao final da Unidade o Mapa Conceitual sobre


Princípios Diretrizes do SUS.
Como vimos acima, a Lei nº 8.080/90 dispõe sobre a organização do SUS: planejamento da saúde, a assistência à saúde e a articulação interfederativa.
Passaremos, em seguida, o Decreto nº 7.508, de 2011, que regulamenta a Lei Orgânica da Saúde (Lei nº 8.080/90). Veremos, aqui, apenas os arts. 2º,
20, 21 e 22.

A que se refere o art. 2º?

35

Decreto 7.508,
de 2011
36

Pare agora e assista ao vídeo sobre a Lei 7.508/11 disponível na sua biblioteca.

Veja também ao final da Unidade o Mapa conceitual sobre o Decreto 7.508/11.


Lei Complementar
nº 141

RENASES 37
É a relação de todas as ações e serviços públicos que o SUS garante para a população,
com a finalidade de atender a integralidade da assistência à saúde.

Em 12 de maio de 2012, é publicada a Portaria nº 841, que trata da organização e das


ações da RENASES no âmbito do SUS.
Portaria nº 841,
38 de 2012
39
Para saber mais sobre pactuacão e regionalização, assista ao
vídeo disponível na sua biblioteca.

40

Nesta atividade, procuramos explorar as leis, os decretos e as


portarias que regulamentam o Sistema Único de Saúde. Na nossa
Biblioteca Virtual, você vai encontrar os documentos na íntegra
e os vídeos que serviram de base para o nosso estudo e reflexão.
Vale explorar esse ambiente. Fica o convite!
Bons estudos!

Veja também o Mapa Conceitual sobre a Portaria 841/12


ao final da Unidade.
Paciente de 30 anos procurou atendimento médico na UBS, com história de queda do cavalo em atividade rural
de trabalho há dois dias, permanecendo com muita dor lombar, edema local e dificuldade de deambulação, fez
uso de anti-inflamatório sem melhora da dor.

Você acha que essa paciente deve ser encaminhada para uma consulta especializada?

Que dados da história clínica devem ser selecionados para o preenchimento da ficha de referência? Lembre-se
de que o encaminhamento tem que ser sucinto e preciso.
Vamos ver se
O médico fez uma hipótese diagnóstica de lesão na coluna lombar, porém necessita de exames complementares
você entendeu como RX e RM, além da avaliação do ortopedista. Encaminhou o paciente para o hospital de referência da região
preenchendo o formulário próprio com descrição do quadro, CID, solicitação de investigação e conduta, assim
mesmo? como encaminhou também os pedidos de exames de imagem.

Pois bem, vamos encaminhar o paciente para consulta especializada.


Caso 1
41
Conteúdo descritivo mínimo que o encaminhamento deve ter:

1. sinais e sintomas; 

2. descrição do exame físico: 

3. tratamento já em uso ou já realizado para; 

4. exames solicitados hoje RX coluna lombo-sacra e
Ressonância magnética de coluna lombar. 


Especialidade: Ortopedia.

Quadro clínico: Paciente de 30 anos com história de queda do


cavalo há 2 dias, permanecendo com dor lombar intensa, edema
local, posição antálgica e dificuldade de deambulação.
Exames de imagem realizados: nenhum
Hipótese diagnóstica: Lesão em coluna lombo-sacra.
Paciente de 35 anos, durante exame de rotina anual de colpocitologia oncótica, foi diagnóstica com NIC III.

Você acha que essa paciente deve ser encaminhada para uma consulta especializada?

Que dados da história clínica devem ser selecionados para o preenchimento da ficha de referência? Lembre-se
de que o encaminhamento tem que ser sucinto e preciso.

O que diz o protocolo?


Vamos ver se
Condições clínicas que indicam a necessidade de encaminhamento para oncoginecologia:
você entendeu
• lesão suspeita (como tumores ou úlceras) ao exame especular; ou resultado de biópsia de colo com:
mesmo? neoplasia invasora (carcinoma epidermóide/adenocarcinoma); ou carcinoma microinvasor; ou • NIC 2/3.

Pois bem, vamos encaminhar a paciente para consulta especializada.


Caso 2
Conteúdo descritivo mínimo que o encaminhamento deve ter:

1. sinais e sintomas;
2. exame físico ginecológico (especular e toque vaginal);
3. descrição do (s) último (s) CP, com data (s);
4. número da teleconsultoria, se caso discutido com
Telessaúde.

Especialidade: Ginecologia

Quadro clínico: Paciente de 35 anos durante exame de rotina


anual de colpocitologia oncótica foi diagnóstica com NIC III.
Necessitando ampliar a investigação com colposcopia para
avaliar a necessidade de conização do colo uterino ou outra
intervenção terapêutica.
Exames realizados: citologia oncótica (data);
Hipótese diagnóstica: carcinoma in situ.
Criança de 10 meses apresenta-se na consulta de CID com queixa de cansaço e baixo peso. No exame físico,
apresenta um sopro sistólico de 3+, em foco pulmonar, com desdobramento fixo em segunda bulha, com histórico
de pneumonia de repetição.

Você acha que essa criança deve ser encaminhada para uma consulta especializada?

Que dados da história clínica devem ser selecionados para o preenchimento da ficha de referência? Lembre-se
de que o encaminhamento tem que ser sucinto e preciso.

O que diz o protocolo?


Vamos ver se
você entendeu Condições clínicas que indicam a necessidade de encaminhamento para ecocardiografia:

mesmo? ● qualquer sopro diastólico ou contínuo; ou sopro sistólico associado a (pelo menos um): - sintomas (dispneia,
dor torácica, síncope/pré-síncope); ou sopro de grau elevado (≥3/6) ou frêmito;

Caso 3 Pois bem, vamos encaminhar a paciente para consulta especializada.

Conteúdo descritivo mínimo que o encaminhamento deve ter:

1. Sinais e sintomas – presença de síncope, dor torácica ou dispneia, descrever também tempo de evolução;
frequência dos sintomas, classe funcional (NYHA);
2. Presença de sopro (sim ou não). Se sim, descrever a localização e as características do sopro, intensidade,
com ou sem frêmito;
3. Outras doenças ou condições clínicas associadas (cardiológicas ou não);
4. Descrição do eletrocardiograma e/ou raio-X de tórax, quando indicado, com data;
5. Descrição da ecocardiografia (área valvar, gradiente médio, fração de ejeção e diâmetros do ventrículo
esquerdo), com data (se disponível);
6. Número da teleconsultoria, se caso discutido com Telessaúde.

Especialidade: Cardiologia

Quadro clínico: Criança de 10 meses apresenta-se na consulta de CID com queixa de e cansaço e baixo peso. No
exame físico, apresenta um sopro sistólico de 3+, em foco pulmonar, com desdobramento fixo em segunda bulha,
com histórico de pneumonia de repetição.

Hipótese diagnóstica: Comunicação interatrial, necessitando de investigação diagnóstica e exames laboratoriais.


Paciente de 46 anos com quadro de diabetes Mellius tipo 1,em uso de insulina, apresentando creatinina 1,5mg/dl.

Você acha que esse paciente deve ser encaminhado para uma consulta especializada?

Que dados da história clínica devem ser selecionados para o preenchimento da ficha de referência? Lembre-se
de que o encaminhamento tem que ser sucinto e preciso.

Pois bem, vamos encaminhar a paciente para consulta especializada.


Vamos ver se
O que diz o protocolo?
você entendeu
Condições clínicas que indicam a necessidade de encaminhamento para Endocrinologia:
mesmo?
• paciente em uso de insulina em dose otimizada (mais de uma unidade por quilograma de peso); ou
insuficiência renal crônica (creatinina > 1,5 mg/dl); ou paciente com DM tipo 1 (uso de insulina como
Caso 4 medicação principal antes dos 40 anos). PREFERÊNCIA NO ENCAMINHAMENTO.

Especialidade: Endocrinologia

Quadro clínico: Paciente de 46 anos com quadro de diabetes


Mellius tipo 1,em uso de insulina, apresentando creatinina
1,5mg/dl.

Hipótese diagnóstica: Diabetes Mellitus.


Dúvidas Frequentes
(Fonte: Adaptado do parecer nº. 2.466/2014, Conselho Regional de Medicina-PR).

1. A quem compete o ato de preencher o encaminhamento em for- 4. Os campos especialidade, Impressão Diagnóstica, CID 10, Motivo
mulário de Referência e Contrarreferência (anexo)? de encaminhamento/Exames/Conduta podem ser preenchidos por
profissional não médico?
Cabe exclusivamente aos profissionais médicos solicitar o encaminha-
mento de pacientes a um nível maior ou menor de complexidade no Não, esses campos não podem ser preenchidos por outros profissionais,
SUS, conforme sua necessidade, pois cabem a esse profissional fazer o pois apenas ao médico cabe fazer diagnósticos ou levantar hipóteses
diagnóstico e estabelecer a gravidade do paciente. diagnósticas, solicitar exames, conforme o diagnóstico suspeitado, e
sugerir que o paciente seja atendido em outro nível de complexidade
2. A solicitação de referência trata-se de ato médico? dentro do Sistema Único de Saúde.
45
Sim, trata-se de ato médico, a solicitação de referência e Contrarrefe- 5. A quem compete autorizar tal encaminhamento? Ao profissional
rência para que o paciente seja atendido onde necessário. É um ato Médico?
médico, pois se baseia em diagnóstico e determinação do grau de com-
plexidade que o paciente necessita para seu melhor atendimento. Sim, cabe ao médico autorizar tal encaminhamento. No entanto, qual-
quer outro profissional (administrativo, por exemplo) pode agendar a
3. Existe neste formulário algum campo que pode ser preenchido por consulta solicitada ou buscar a vaga necessária ao atendimento em
profissional não médico? diferentes níveis de complexidade do SUS.

Os dados pessoais do paciente podem ser preenchidos por qualquer


(Adaptado do Parecer nº 2.466/2014 - Conselho Regional de Medicina - PR).
pessoa. A qual especialidade ele deverá ser encaminhado e a impres-
são diagnóstica devem ser preenchidas por médicos.
46
47
48
Chegamos ao final da unidade

Revisamos, nesta unidade, o Sistema de Referência e Contrarreferência,


uma importante rede hierarquizada e integrada de cuidados e de
serviços que se inicia nas UBS e se estende até às estruturas de crescente
complexidade requeridas para resolver os problemas de saúde dos
usuários do SUS. Um bom funcionamento do sistema poderá contribuir
com maior resolubilidade uma vez que a grande maioria deverá ser
resolvida à entrada do sistema.

Vimos também que a regulação em saúde visa manter o equilíbrio entre


a oferta e a procura, buscando-se a disponibilização de serviços e de 49
recursos assistenciais adequados às necessidades da população.

Nesse sentido, o desenvolvimento de Protocolos de encaminhamento da


Atenção Básica para a Atenção Especializada facilitam a ação regulatória
de solicitação de procedimentos e encaminhamento. Propusemos
alguns exercícios utilizando protocolos de encaminhamento no sentido
de promover maior reflexão e comprometimento do médico no bom
funcionamento do sistema.

Esperamos que os pontos colocados aqui sejam úteis na sua prática


profissional.

Bons estudos!
Referências Bibliográficas

BRASIL. Anais da 8a. Conferência Nacional de Saúde, Brasília, 1987. Centro de Documentação do Ministério de Saúde; 1987.

BRASIL. Conselho Nacional de Secretários de Saúde. Assistência de Média e Alta Complexidade no SUS / Conselho Nacional de Secretários de Saúde. –
Brasília : CONASS, 2007. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/colec_progestores_livro9.pdf

BRASIL. Decreto nº 7.508, de 28 de junho de 2011. Regulamenta a Lei no 8.080, de 19 de setembro de 1990, para dispor sobre a organização do Sistema
Único de Saúde - SUS, o planejamento da saúde, a assistência à saúde e a articulação interfederativa, e dá outras providências.

BRASIL. Lei complementar nº 141, de 13 de janeiro de 2012. Regulamenta o § 3o do art. 198 da Constituição Federal para dispor valores mínimos a
serem aplicados anualmente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios em ações e serviços públicos de saúde; estabelece os critérios de rateio
dos recursos de transferências para a saúde e as normas de fiscalização, avaliação e controle das despesas com saúde nas 3 (três) esferas de governo;
revoga dispositivos das Leis nos 8.080, de 19 de setembro de 1990, e 8.689, de 27 de julho de 1993; e dá outras providências.
50
BRASIL. Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o
funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências.

BRASIL. Ministério da Saúde.
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