Você está na página 1de 12

EXMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) FEDERAL DO

JUIZADO ESPECIAL FEDERAL

xxxxxxxxxx, brasileira, convivente em união


estável, agricultora, portador do RG xxxxx, inscrito no CPF de Nº xxxxx,
residente e domiciliado, na XXXXXXX, bairro XXXXX, CCCC, informa
que não utiliza endereço eletrônico, por meio de seu procurador com
mandato procuratório em anexo (com endereço na rua xxxxx, nº xxxxx,
xxxxx, xxxxx para correspondência), vem, respeitosamente à presença de
Vossa Excelência, propor, AÇÃO DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIO
SALÁRIO MATERNIDADE, em face de INSTITUTO NACIONAL
DO SEGURO SOCIAL, autarquia federal, com endereço na xxxxxxxxxx,
xxx, xxxxxxxxx, pelos fatos a seguir alinhados:
DA JUSTIÇA GRATUITA

A requerente não possui condições financeiras


para arcar com as custas processuais e honorários advocatícios, sem
prejuízo do seu sustento e de sua família.

Nesse sentido, junta-se declaração de


hipossuficiência (Doc. X), cópia da Carteira de Trabalho da requerente
(Doc. X) e certidão de nascimento dos filhos (Doc. X), além de recibo de
aluguel, contas de energia elétrica bem como de consumo de água.

Por tais razões, requer seja deferido os benefícios


da Justiça Gratuita, assegurados pela Constituição Federal, artigo 5º,
LXXIV e pela Lei 13.105/2015 (CPC), artigo 98 e seguintes.

DOS FATOS

A requerente possui 30 (trinta) anos de idade, e é


segurada da Previdência Social na qualidade de segurada especial,
“trabalhador rural”, desde o ano de XXXXX, requereu o benefício salário
maternidade (80) de nº XXXXXXXX na DER XXXXX, tendo o
benefício sido indeferido pela autarquia sob a alegação de falta de
preenchimento do requisito de Carência de 10 meses de atividade rural.

No entanto, razão não assiste à autarquia!


A requerente antes de contrair união estável com
seu atual companheiro e pai de seus filhos, xxxxxxxxxx, trabalhava junto
com seus pais na agricultura em regime de economia familiar, e após passar
a conviver com seu atual parceiro passaram juntos a exercer a atividade de
agricultura também em regime de economia familiar, com a cultura de
feijão, hortaliças, e criação de aves para consumo do próprio grupo
familiar.

Inconformada com a decisão administrativa do


INSS busca a tutela estatal a fim de garantir seus direitos, uma vez que
exerce atividade rural na condição de segurada especial, o que lhe vincula a
previdência social (dizer a quanto tempo está vinculada a previdência
social), garantindo assim o preenchimento da carência necessária para o
benefício.

O imóvel onde ocorre a cultura em regime de


economia familiar pertence ao espólio de XXXXXXXXX, hoje
responsável o senhor inventariante xxxxxxxxxx, em troca o companheiro
da requerente paga mensalmente XXXXX, conforme demonstra contrato
de arrendamento.

Em XXXX nasceu seu filho xxxxxxxxxx, motivo


pelo qual na data de XXXX, requereu ao INSS , o salário maternidade que
foi indeferido, segundo o órgão previdenciário, por falta de comprovação
de atividade rural nos últimos dez meses anteriores ao requerimento do
benefício.
Com a negativa da autarquia, a requerente juntou
novas provas que comprovam o exercício de sua atividade rural dez meses
antes do nascimento de seu filho na data do dia XXXXXXX, vindo a saber
em XXXX que o seu novo pedido tinha sido negado novamente, com
fundamento de que, segundo o órgão previdenciário, tendo em vista que
não comprovou estar filiada ao regime geral da previdência social na data
do afastamento.

Esclareça-se que foram juntados os seguintes


documentos ao processo administrativo que fazem prova da atividade rural
contemporânea no interregno dos últimos 12 meses, e ora junta-se ao
presente processo:

1- Certidão de Matrícula do filho XXXX no


presente ano, na Escola Rural XXXXXXXX.

2- Notas fiscais de aquisição de adubos bem como


outros insumos, todas datadas dos últimos 12 meses do presente ano.

3- Contrato de arrendamento.

4- Além disso, pretende a oitiva de testemunhas


em audiência de instrução e julgamento.

Em razão do injusto indeferimento, não resta


alternativa à requerente senão recorrer ao poder judiciário para clamar pelo
seu direito, em nome da mais lapidar justiça.

DA TUTELA DE URGÊNCIA
O artigo 300 do Novo Código de Processo Civil,
estatui:

“A tutela de urgência será concedida quando


houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de
dano ou o risco ao resultado útil do processo:

§ 2º A tutela de urgência pode ser concedida


liminarmente ou após justificação previa.”

A probabilidade do direito resta demonstrada com


a farta documentação juntada.

O fundado perigo de dano se sustenta na medida


em que o salário maternidade tem natureza salarial, substituindo a renda da
segurada no período de 120 dias. Assim, sem o benefício a requerente fica
completamente desprotegida, não tendo meios de sequer prover
alimentação nesse período.

Encontra-se a requerente em total desamparo,


sem assistência da Previdência Social e sem dela receber o numerário
referente ao benefício suspenso de modo unilateral.

Verificada a presença dos requisitos para a


satisfação antecipada do direito pleiteado pelo requerente, demonstrando o
dano real que ainda sofre o Autor, torna-se imperativo o deferimento da
antecipação de tutela para que este juízo determine a concessão do salário-
maternidade.

A medida antecipatória, objeto de liminar na


própria ação principal, representa providências de natureza emergencial,
executiva e sumária, adotadas em caráter provisório, eis que a requerente
não possui outros rendimentos, estando assim totalmente desamparada e
dependente da percepção do benefício para sua sobrevivência durante o
período que está afastada do trabalho.

Assim, requer a Concessão da tutela de Urgência


pleiteada, determinando ao INSS a implantação do benefício XXXXXXX
do prazo de XX dias sob pena de multa diária.

DO DIREITO

O direito reclamado pela requerente encontra


amparo legal tanto na Constituição Federal, quanto na legislação aplicada e
ainda na jurisprudência pátria como passa a demonstrar.

Constituição Federal:

Art. 201. A previdência federal será organizada


sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação
obrigatória, observados os critérios que preservem o equilíbrio financeiro e
atuarial, e atendera nos termos da lei.

Inciso II - proteção à maternidade, especialmente


à gestante;

E mais:

ART. 7 são direitos dos trabalhadores urbanos e


rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:
XVIII- licença a gestante, sem prejuízo do
emprego e do salário, com duração de cento e vinte dias.

A legislação previdenciária assim aduz:

Lei 8.213/91

Art. 11. São segurados obrigatórios da


previdência social as seguintes pessoas físicas, redação dada pela lei nº
8.647/93

VII- como segurado especial: a pessoa física


residente no imóvel rural ou em aglomerado urbano ou rural próximo a ele
que, individualmente ou em regime de economia familiar, ainda que com o
auxílio eventual de terceiro, na condição de: redação dada pela lei
11.718/08.

Também a mesma lei 8213/91 afirma:

Art. 39...

Parágrafo único. Para a segurada especial fica


garantida a concessão do salário-maternidade no valor de 1 (um) salário
mínimo, desde que comprove o exercício de atividade rural, ainda que de
forma descontinua, nos últimos 12 (meses) imediatamente anteriores ao do
início do benefício.

Art. 71. O salário-maternidade e devido a


segurada empregada, á trabalhadora avulsa, a empregada doméstica e á
segurada especial, observado o disposto no parágrafo único do art. 39.
Desta lei, durante 120 (cento e vinte) dias, com início no período entre 28
(vinte e oito) dias antes do parto e a data da ocorrência desta, observados as
situações e condições prevista na legislação no que concerne proteção a
maternidade.

Também o Decreto lei 3.048/99 específica:

Art. 29. A concessão das prestações pecuniárias


do regime geral da previdência social, ressalvadas o disposto no art. 30,
depende dos seguintes períodos de carência:

III- dez contribuições mensais, no caso de salário-


maternidade, para as seguradas contribuintes individual, especial e
facultativa, respeitando o disposto no § 2 do art. 93 e do inciso II do art.
101. Redação dada pelo decreto nº 3.452/200

Art. 93. O salário-maternidade é devido á


segurada da previdência social, durante cento e vinte dias, com início vinte
e oito dias antes e termino noventa e um dia depois do parto, podendo ser
prorrogado na forma prevista no § 3 do decreto 4.862/09.
§ 2 será devido o salário-maternidade á segurada
especial, desde que comprove o exercício de atividade rural nos últimos
dez meses imediatamente anteriores à data do parto ou do requerimento do
benefício, quando requerido antes do parto mesmo que de forma
descontinua, aplicando com for o caso, o disposto no parágrafo único do
art. 29, da redação dada pelo decreto nº 5.545/05.

Também a jurisprudência é pacífica:

PREVIDENCIÁRIO. SALÁRIO-
MATERNIDADE. TRABALHADORA
RURAL EM REGIME DE
ECONOMIA FAMILIAR.
QUALIDADE DE SEGURADA
ESPECIAL COMPROVADA.
CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. 1. O
tempo de serviço rural para fins
previdenciários pode ser
demonstrado através de início de
prova material, desde que
complementado por prova
testemunhal idônea. 2. Demonstradas
a maternidade, a atividade rural e a
qualidade de segurada especial
durante o período de carência, faz jus
à parte autora ao benefício de salário-
maternidade.(TRF-4 - AC:
50611035120174049999 5061103-
51.2017.4.04.9999, Relator: JOÃO
BATISTA PINTO SILVEIRA, Data de
Julgamento: 21/02/2018, SEXTA
TURMA) (grifo da autora)

Assim, diante da demonstração de que a atividade


laborada pela requerente nos últimos 10 meses anteriores ao requerimento
do salário-maternidade, foi de cunho exclusivamente Rural, sendo o imóvel
onde há a cultura de feijão, hortaliças e aves é inferior à 04 módulos fiscais,
com mão de obra exclusivamente familiar, para a própria subsistência do
núcleo familiar, requer desde já o reconhecimento do pedido com a
condenação da Autarquia ao pagamento do benefício.

DOS PEDIDOS

1-A concessão dos benefícios da justiça gratuita,


nos termos da fundamentação.

2. A concessão da antecipação de tutela de


Urgência pleiteada para condenar o INSS a conceder liminarmente o
benefício de salário-maternidade a Autora;

3. A condenação da Autarquia Ré a conceder à


Requerente o benefício de salário-maternidade pelo período determinado
na legislação previdenciária, conforme o art. 71-A, a partir da data do
afastamento do trabalho, em (colocar a data em que deve ser restabelecido
o benefício)

4. A condenação da Autarquia Ré ao pagamento


das parcelas vencidas e vincendas, monetariamente corrigidas desde o
respectivo vencimento e acrescidas de juros de mora, incidentes até a data
do efetivo pagamento;

5. A condenação da Autarquia Ré ao pagamento


das custas processuais, despesas emergentes, correção monetária e juros de
mora sobre o total da condenação;

6. Fixação dos honorários Advocatícios a serem


arbitrados na porcentagem que melhor entender este Douto Juízo;

Requer provar o alegado por todos os meios de


provas em direito admitidos, oitiva de testemunhas, perícias, vistorias,
juntada de novos documentos e demais provas que se fizeram necessárias.

A parte autora manifesta expressamente a


renúncia ao valor que exceder a sessenta salários mínimos no momento da
propositura da ação.

Valor da causa

Dar-se a causa o valor de R$ 3.748,00

Nesses termos, pede deferimento

Local data

Advogado

Oab nº

Você também pode gostar