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Durante o período de Vacatio Legis (antes da lei entrar em vigor) é publicada uma outra lei sobre a
mesma matéria;
A lei que é publicada em momento posterior (depois) entra em vigor antes ou ao mesmo tempo que a
lei publicada em momento anterior;
Uma vez que a segunda lei contém última posição do legislador sobre a matéria em questão, a primeira lei não
chega a entrar em vigor.
1.2) Suspensão da Vigência
A suspensão da vigência da lei pode ser um prazo mais ou menos longo. Recorre-se à suspensão quando se
considera inconveniente a lei permaneça em vigor, mas se entende que a lei continua a ser justificada e poderá
retomar a sua vigência no futuro. Há dois tipos de suspensão:
I) Suspensão Temporária – quando a vigência da lei é suspensa por determinado tempo, ao fim
do qual a lei volta a entrar em vigor;
II) Suspensão Indefinida – quando a vigência da lei é suspensa, mas não se define um prazo
concreto de suspensão, logo não há nenhuma data fixa para a lei voltar a vigorar;
1.3) Cessação da Vigência
Causas determinantes da cessação da vigência de uma lei:
I. Caducidade – cessação que decorre do termo do prazo de vigência da lei, ou do desaparecimento
dos pressupostos, de facto ou de direito, da sua aplicação.
Vigência Temporária – a caducidade verifica-se quando a lei se destina a ter uma
vigência temporária; o que acontece quando a própria lei prevê um facto (pode ser
cronológico, ou não cronológico; quando é não cronológico, pode-se dizer que a vigência
da lei está sujeita a uma condição) que implica a cessação da sua vigência.
Falta de Pressupostos – a caducidade verifica-se também quando desaparecem os
pressupostos (de facto ou de direito) da sua aplicação; e, quando a previsão da lei deixa
de poder ser preenchida.
II. Revogação – termo de vigência da lei por um ato (expresso ou tácito) do legislador.
A revogação de uma lei é a cessação da sua vigência determinada por outra lei. Aqui
verifica-se a entrada em vigor de uma lei e a cessação da vigência de outra.
Esta revogação é realizada por uma outra lei posterior. Pressupõe assim 2 leis: a
revogada e a revogatória. A revogada tem de estar em vigor no momento em que é
revogada; e a revogatória só opera a revogação no momento em que entrar em vigor.
Modalidades de Revogação:
a) A revogação pode ser expressa (quando resulta de uma declaração do legislador)
ou tácita (quando resulta da incompatibilidade da lei revogada com uma nova lei);
b) Pode ser substitutiva (verifica-se quando a lei revogatória substitui o regime jurídico
da lei revogada) ou simples (ocorre quando a lei revogatória se limita a revogar a lei
anterior sem definir nenhum novo regime jurídico – actus contrarius);
c) A revogação tácita é necessariamente substitutiva, uma vez que é esta
incompatibilidade de um regime posterior com um regime anterior que provoca que a
revogação seja tácita?????;
d) A revogação expressa pode ser simples ou substitutiva;
e) Tendo em conta o seu objeto, a revogação pode ser individualizada (aquela que
atinge apenas uma lei ou algumas regras jurídicas de uma lei) ou global (aquela que
recai sobre um instituto jurídico ou um ramo de direito. Esta é tácita quando decorre
da circunstância de a lei nova regular toda a matéria da lei anterior; ou seja, recair
sobre todo um ramo de direito ou regime jurídico);
f) Tendo em conta o seu âmbito, ela pode ser total/ab-rogação (quando a lei anterior foi
revogada no seu todo) ou parcial/derrogação (quando apenas forem revogadas
algumas regras da lei anterior);
g) Tendo em conta a sua eficácia temporal, ela pode ser retroativa (aquela em que a lei
é revogada a partir do início de vigência da lei revogada) ou não retroativa (a lei é
revogada a partir da vigência da lei revogatória). Normalmente, a revogação não tem
eficácia retroativa. Dúvida: se não é retroativa, isto significa que os atos praticados
durante a vigência da lei revogada são regidos pela lei revogada? Ou só acontece no
direito penal?
Revogação Tácita – resolve o conflito de leis através de regras que definem os seguintes
critérios:
i. Prevalência da fonte posterior à fonte anterior;
ii. Prevalência da fonte de hierarquia superior à fonte de hierarquia inferior;
iii. Prevalência da fonte especial sobre a fonte geral.
A revogação só pode operar entre uma lei anterior e uma lei posterior da mesma hierarquia ou de
hierarquia superior. Se esta regra não for respeitada a lei posterior é inválida. Em todas as situações que não
sigam a regra há uma incompatibilidade entre a lei revogada e a revogatória (no caso do critério de
posterioridade há uma incompatibilidade total; enquanto no critério de especialidade a incompatibilidade é
parcial). No caso de a lei especial ser posterior à geral, a geral não deixa de vigorar, apenas é restringido, ou
seja, deixa de ser aplicável aos casos abrangidos pela lei especial. [aqui também se pode falar de derrogação,
mas não nos podemos esquecer que aqui não se trata de uma vicissitude na vigência da lei geral, apenas uma
alteração no âmbito da sua aplicação]
Se não se verificar nenhum problema quanto à hierarquia, a lei posterior só pode revogar a anterior
quando ambas forem leis gerais ou especiais; ou quando a lei anterior for geral e a posterior for especial. Assim,
uma lei geral posterior não revoga uma especial anterior, exceto se a intenção inequívoca do legislador for
outra. (não nos poderemos esquecer dos outros elementos da interpretação, não podemos dar importância
apenas ao elemento histórico da intenção do legislador; há uma intenção inequívoca do legislador quando ele o
determine expressamente – seria inútil, porque decorreria de uma determinação expressa; no art.7: O legislador
fala de revogações expressas, e já uma referência linguística diferente; a resolução do problemas remetendo
para a intenção do legislador remete-nos para o juízo cujo resultado pode não ser claro; a palavra inequívoca
vem alocar o ónus da argumentação; se não for inequívoca, não revoga)
Efeitos Sistémicos – efeitos que a revogação pode produzir no sistema jurídico:
a) A revogação limita-se a eliminar uma repetição no sistema jurídico, sem nada
alterar de substancial neste sistema.
b) Pode implicar o alargamento do âmbito de aplicação de uma outra lei (por
exemplo o caso de quando as leis especiais são revogadas a lei geral passa a
ter um âmbito de aplicação mais vasto);
c) Determina a caducidade de todas as leis que percam o seu âmbito de aplicação
após a cessação de vigência daquela lei.
d) A revogação de uma lei implica também a caducidade de todas as leis
dependentes.
Revogação e Aplicabilidade – Embora a revogação de uma lei implique o fim de vigência
da lei, não significa que a lei revogada deixe de ser aplicável na resolução de casos
concretos. Esta possibilidade decorre da aplicação da lei no tempo, em concreto, da
sobrevigência da lei antiga (a revogação não implica a cessação de vigência da mesma
lei, mas apenas a restrição do seu âmbito de aplicação)
Não Repristinação – a lei revogatória pode ser revogada por uma lei posterior – aqui, vale
a regra da não repristinação da lei revogada, segundo o qual a revogação da lei
revogatória não importa o renascimento da lei que teria sido revogada; para que o
contrário fosse possível, era necessário que a nova lei revogatória indicasse que a
anterior lei revogada voltasse a entrar em vigor.
Esta regra nem sempre é seguida: a declaração de inconstitucionalidade ou ilegalidade com força
obrigatória geral da lei revogatória determina a repristinação das regras que a lei declarada inconstitucional ou ilegal
tinha revogado, pelo que essa declaração implique a retoma de vigência da lei revogada.
Revogação e Remissão – Pode acontecer que a lei para a qual uma outra lei realizou
uma remissão seja revogada por uma lei posterior. Importa assim verificar quais os
reflexos dessa revogação na remissão. Aqui temos que distinguir entre:
i. Revogação Simples: implica a interpretação ab-rogante da lei remissiva;
ii. Revogação Substitutiva: implica que todas as remissões realizadas para a lei
revogada passam a ser feitas pela lei revogatória
III. Declaração de Inconstitucionalidade ou ilegalidade com força obrigatória geral.
IV. Formação de um Costume contra legem (formação de um costume contrário à lei).
1.4) Problemas de Hierarquia
A lei revogatória tem de ter a mesma hierarquia ou hierarquia superior à lei revogada ou suspensa.
1) Cessação de Vigência
1.1) A Caducidade da Lei
Existem 2 tipos de caducidade:
1. Sentido Amplo – traduz a cessação de um efeito jurídico, pela superveniência de um facto a que o
Direito confira eficácia extintiva ou pelo desaparecimento da base que lhe facultava a produção de
efeitos.
2. Sentido Estrito – exprime a cessação de efeitos pelo decurso do prazo a que eles estavam
sujeitos. As situações sujeitas a este tipo de caducidade estão estruturalmente delimitadas em
termos temporais.
Leis Transitórias: são consideradas leis transitórias aquelas que se destinam a vigorar apenas num
período limitado. Por exemplo: leis destinadas a enfrentar situações passageiras, leis que visem um
efeito pré-determinado, leis dirigidas a ocorrências destinadas a desaparecer. Em todos os casos é
necessário que se possa inferir a autolimitação da lei. O diploma transitório pode conter um prazo
explicito e certo quanto à sua vigência, mas pode também ter um termo incerto. Existem ainda as leis
condicionadas, cuja vigência dependa da ocorrência da condição.
1.1.1) Supressão da Matéria Regulada
A lei visa regular os factos que nela própria se prevejam; então, quando se verifica que tais factos não se
podem verificar, a lei cessa automaticamente a sua vigência.
Neste caso não se trata de uma lei transitória uma vez que o objetivo do legislador não é o de
uma aplicação necessária e temporalmente limitada. A lei procura vigorar para sempre, e só deixa
de o fazer de acordo com uma ocorrência exterior á vontade normativa.
A caducidade de uma lei não se confunde com a sua não-aplicação.
Existe ainda a eventualidade de a lei visar uma solução que se tornou impossível ou inútil, aquando desta
ocorrência, faz cessar a sua vigência numa caducidade em sentido amplo.
1.1.2) Desuso
Ocorre quando, justificadamente, uma lei deixa-se de aplicar. A justificação deve ser procurada no plano
do sistema, ela pode resultar:
a) De se atenuarem fortemente os fins que levaram à promulgação da lei;
b) De, no seu conjunto e mercê da evolução socioeconómica, a lei se revelar contraproducente ou
inútil;
c) De se terem apurado valores ou princípios que contraditem a via prosseguida ou que a tornem
menos eficaz.
Encontramos uma não aplicação consistente da lei e apoiada no sistema, sedimentada num período de
tempo significativo.
1.2) A Revogação da Lei
Diz-se revogação a cessação de vigência de uma lei (lei velha) por determinação de outra lei (lei nova).
Temos então:
i. Revogação – figura mais geral; abrange as diversas situações de cessação de vigência de uma
lei, pela ocorrência de uma nova lei.
ii. Ab-Rogação – traduz uma revogação expressa e completa de uma lei velha por uma nova.
iii. Derrogação – afastamento da lei velha pelo surgimento de um novo regime com ela incompatível.
O Art.º 7.º/2 do CC aponta 3 modalidades de revogação:
i. Revogação Expressa – ocorre sempre que uma lei nova suprima explicitamente a lei velha.
ii. Revogação Implícita – casos em que uma lei venha estabelecer um regime diverso do anterior.
iii. Revogação Global – sempre que uma lei substitua toda a matéria regulada na anterior.
1.2.1) Leis Especiais
Diz-se especial a norma que retire, de um regime comum, uma situação determinada em função de uma
certa característica e estabeleça, para ela, um regime não conforme com o aplicável às generalidades das
situações.
A situação de especialidade é sempre relativa – ela só é especial em relação a uma outra norma.
1.2.2) Remissões para Leis revogadas e não-repristinação
O que acontece quando uma lei remete para outra que tenha sido revogada?
i. Remissões Estáticas – a lei remissora apela ao concreto regime constante da lei para que remeta;
assim, se este for revogado, a lei remissora perde o seu sentido, sendo também revogada.
ii. Remissões Dinâmicas – se foi substituído subentende-se que a remissão se vai reportar à lei
nova.
Princípio da Não-Repristinação das Leis [art.º 7.º/4 CC] – a revogação da lei revogatória não importa o
renascimento da lei que este revogara. Esta mensagem normativa dirige-se apenas à supressão da lei
velha. A repristinação é possível apenas perante a lei nova.
2) Direito Transitório
Este fenómeno tem a ver com a sucessão de leis no tempo. Quando uma situação jurídica se prolongue no
tempo e tenha se deparado com uma lei velha e uma lei nova, qual se deve aplicar?
Direito Transitório Material – quando surgem regras especiais para as situações em
causa dispensando-lhes um tratamento misto adequado à sua materialidade;
Direito Transitório de Conflitos – quando ocorrem regras de conflito que determinam a
aplicação da lei nova ou da lei velha.
O Direito Transitório preocupa-se também com a entrada em vigor das leis e a sua cessação.
2.1) Princípios Clássicos
São 3 os princípios clássicos do Direito Transitório:
i. Princípio da Não-Retroatividade – “a lei dispõe apenas para o futuro”. Significa que (a) a lei nova
não se aplica às questões que já foram resolvidas de acordo com a lei velha; (b) a lei nova não
funciona perante os factos jurídicos operados perante a lei anterior; (c) a lei nova respeita os
direitos adquiridos.
A lei retroativa será aquela que fixa efeitos não em função de factos presentes ou futuros, mas
de acordo com algo que sucedeu no passado e que nada poderá alterar.
Podemos então distinguir 3 tipos de retroatividade:
A. Retroatividade Forte – a lei nova atinge situações que já foram decididas pelo
tribunal ao abrigo da lei velha. Este tipo de retroatividade é inconstitucional de acordo
com o art.º 282.º/3 CRP.
B. Retroatividade Média – vai atingir efeitos decorridos ao abrigo da lei velha. Este tipo
de retroatividade é tendencialmente inconstitucional: a CRP não a proíbe, a não ser
em matéria penal e salvo se a lei nova for mais favorável ao arguido. Se não, a
retroatividade contraria o princípio básico da proteção de segurança (característica
de um Estado de Direito); ela poderia ser admitida se fosse compensada com uma
indemnização.
C. Retroatividade Fraca - quando a lei nova vá atingir determinados efeitos para o futuro
que já estavam a decorrer ao abrigo da lei velha. Este tipo de retroatividade é
admissível desde que não contradiga valores constitucionais, e no caso concreto não
origine posições abusivas por serem contrárias ao sistema.
ii. Princípio do Respeito pelos Direitos Adquiridos – “a lei nova deve respeitar os direitos
anteriormente constituídos”. Distinguem-se então:
A. Regras que se reportam aos requisitos para a aquisição de direitos – a lei nova rege
para o futuro, respeitando os direitos constituídos (mas estes não se confundem com
meras expectativas; estas são atingidas pela lei nova)
B. Regras que regem institutos, dos quais podem emergir relações jurídicas – são
sensíveis à lei nova.
O sistema dependeria então da natureza das regras em jogo. Teremos de saber se elas
visam factos passados ou futuros (nesta hipótese não afetam os primeiros).
iii. Princípio da Aplicação Imediata da Lei – a regra do respeito pela lei leva a que a mesma se deva
aplicar imediatamente. A aplicação imediata da lei não envolve uma aplicação retroativa, mas
finda a lei velha; que uma vez revogada pela lei nova não pode mais reger as situações da vida
social.
Segundo o Art.º12.º/2 (2ªparte), a lei nova dirige-se para situações preexistentes, ou seja,
relações duradouras. De outro modo, subsistiriam situações perpétuas reguladas por leis há
muito ab-rogadas. Este artigo conduz-nos a uma manifestação de retroatividade fraca: a lei
rege ignorando os factos passados que justificam a diferenciação que ela vai suprimir.
2.2) Leis Interpretativas
São leis que interpretam outras. Quando uma lei velha tem vários sentidos possíveis, a lei interpretativa
vem validar um desses sentidos.
Estas leis têm determinados requisitos:
I. Tem que recair sobre um ponto em que existam efetivas divergências e sendo estas reconhecidas
pela jurisprudência/doutrinas;
II. Tem que exprimir uma vontade legislativa de resolver a dúvida dentro de uma das soluções
plausíveis (se não, seria inovatória);
III. Tem que manifestar uma intenção normativa de o fazer;
IV. A retroatividade resultante tem que coincidir com os dados básicos do sistema.
O art.º 13.º/1 (2ªparte) proíbe a retroatividade forte; no que diz respeito à retroatividade média, tem que se
ponderar em cada caso a sua admissibilidade constitucional.
3) Situações Jurídicas
3.1) Situação Jurídica
Situação humana valorada pelo direito;
Produto de uma decisão apropriada, correspondendo ao ato e ao efeito de realizar o direito, resolvendo um
caso concreto;
Ela integra a localização das fontes, a interpretação e a aplicação.
Existem várias modalidades de situações jurídicas:
i. Situações Simples e Complexas (deriva muitas vezes de fatores científicos ou de problemas de
linguagem)
Situações Simples – é composta por um elemento ou mais?? Se tirarmos algum dos seus
elementos a situação deixa de existir;
Situações Complexas – constituída por vários elementos, ocorre quando podemos retirar
algum dos seus elementos, pois a situação continua a existir; os elementos retirados
poderiam ser situações jurídicas autónomas.
ii. Situações Unissubjetivas e Plurissubjetivas
Situação Unissubjetiva – postula apenas um sujeito; uma única pessoa;
Situação Plurissubjetiva – assenta em mais do que uma pessoa;
Complexidade Subjetiva – trata-se de uma modalidade de situações plurissubjetivas que se
caracteriza pela presença, numa conjuntura simples, de vários sujeitos.
iii. Situações Absolutas e Relativas (a relação jurídica)
Situação Absoluta – existe por si, sem dependência de uma outra situação de sinal contrário;
não postula nenhuma relação jurídica;
Situação Relativa – há duas situações: uma em relação à outra e uma de teor inverso; aqui
temos a relação jurídica – relaciona 2 pessoas; a relação jurídica é apenas uma das várias
situações jurídicas possíveis.
A doutrina clássica apresentava outros critérios de distinção:
1. Um critério de Eficácia (onde seriam absolutas as situações que produzissem efeitos
perante todos; e relativas as que operassem apenas entre credor-devedor);
2. Um critério de Responsabilidade (seriam absolutas as situações que, a serem
violadas, possibilitariam o responsabilizar de qualquer coisa; e relativas as que
apenas permitissem pedir contas a uma única pessoa);
As 2 primeiras hipóteses são naturais (derivam da natureza disponível que tem a
concessão de poderes de representação) a última emerge da osmose que sempre existe
entre a procuração e o negócio-base;
A substituição pode ser feita com ou sem reserva:
o Com reserva – o procurador não é excluído – ele mantém os poderes que lhe foram
conferidos; regime supletivo;
o Sem reserva – verifica-se a exclusão do procurador;
Em que medida é que o procurador primitivo é responsável pelos atos praticados pelo novo
procurador?
o Art.º 264.º/3 – culpa in eligendo ou in instruendo – o procurador só responde e tiver
agido com culpa na escolha do substituto ou nas instruções que lhe deu;
Art.º 264.º/4 – admite que o procurador sirva de auxiliares na execução da procuração; esta
possibilidade poderá ser afastada por cláusula em contrato;
Cessação da Procuração
Art.º 265.º/1 e 2 prevê 3 formas para a extinção da procuração:
o A renúncia do Procurador – a relação de representação está assente numa
confiança mútua; a renúncia súbita a uma procuração pode prejudicar o
representado – assim, o procurador poderá ter que indemnizar se causar danos e a
sua responsabilidade emergir da relação-base;
o A cessação do negócio-base – a lei admite que a procuração subsista se aquela for
a vontade do representado – nesta altura, os poderes mantêm-se, aguardando o
consubstanciar de outra situação de base que dê sentido ao seu exercício. As regras
aplicadas à caducidade do mandato aplicam-se também à procuração;
o A revogação pelo Representado – contraponto da livre renunciabilidade; nesta
ocasião, é necessário ter em conta o regime aplicável ao negócio-base para
eventuais indemnizações;
Art.º 265.º/3 – uma procuração conferida no interesse do procurador ou de terceiro será
irrevogável; o exercício da representação e os moldes em que, pelo contrato-base ele se
possa efetivar, podem representar uma vantagem tutelada para o próprio representante ou
para terceiro – nesta altura, a revogação só pode ocorrer havendo justa causa (ou seja,
surgindo um fundamento, objetivo ou subjetivo, que torne inexigível a manutenção dos
poderes conferidos);
A revogação e a renúncia podem ser expressas ou tácitas – o art.º 1171.º tem aplicação à
procuração (o representado que designe outro procurador para a prática dos mesmos atos
está, implicitamente, a revogar a procuração primeiro passada) – a revogação só produz
efeitos depois de ser conhecida pelo procurador;
Sobrevindo a cessação da procuração, o representante deve restituir ao representado o
documento de onde constem os seus poderes – art.º 267.º - para evitar que terceiros possam
ser enganados quanto à manutenção de poderes de representação;
5.8.3) A Tutela de Terceiros
A representação voluntária serve os interesses próprios do representado – o representado pode multiplicar
as suas possibilidades de agir em termos juridicamente eficazes;
A solidez e a seriedade dos vínculos de representação não relevam apenas para o representado;
Através da representação o representante contrata com terceiros – estes têm tanto interesse quanto o do
próprio representado;
Embora implicado na procuração, o terceiro contratante não intervém nem na sua constituição, nem nas
suas modificações e extinções – o direito criou então uma tutela para os terceiros;
Proteção perante as Modificações e a Extinção da Procuração
Para contemplar os interesses e a confiança dos terceiros, mas sem negligenciar a posição
do representado – art.º 266.º estabeleceu regras:
o Modificações ou Revogações da Procuração (atuações que dependem da iniciativa
do representante) – devem ser levadas ao conhecimento de terceiros por meios
idóneos – da inobservância desta regra resulta apenas a inoponibilidade da
modificação ou revogação;
o Casos de Extinção – não há um expresso dever de dar a conhecer aos terceiros,
mas não podem estar opostas ao terceiro que sem culpa as tenha ignorado;
A diferença reside no regime do ónus da prova – no n.º 1: o representado terá que
provar que os terceiros conheciam a revogação; no n.º 2: a invocação da boa-fé
caberá aos terceiros;
Para explicar a produção de efeitos da procuração cuja extinção mantém eficácia por não ter
sido comunicada aos terceiros interessados surgiram 2 teorias:
o Teoria da Aparência Jurídica – entende que a procuração se extinguiu efetivamente,
todavia, mercê da aparência e para tutela de terceiros ela mantém alguma eficácia;
(art.º 266.º - dispensa aos terceiros nele referidos uma determinada proteção)
o Teoria do Negócio Jurídico – a procuração só se extingue quando a sua cessação
seja conhecida pelos terceiros a proteger;
Procuração Tolerada e Aparente
A doutrina e jurisprudência alemã determinaram um princípio de tutela da confiança de
terceiros, útil no domínio comercial; na base desse princípio autonomizaram-se 2 institutos:
o A procuração tolerada – verifica-se que alguém admite, repetidamente que um
terceiro se atribua seu representante; quando isto ocorre, reconhecem-se ao
representante aparente autênticos poderes de representação – no entanto, não se
aceita que surja uma verdadeira procuração (apenas um esquema de tutela
imputada ao representado suscitada pela conduta do representante).
Mesmo assim, alguma doutrina defende a presença de uma verdadeira
procuração negocialmente consubstanciada;
o A procuração aparente – alguém atribui-se representante de outrem, sem
conhecimento do representado. Porém, o representado deveria ter prevenido a
situação ao vigilar os seus subordinados.
Teríamos assim como elemento objetivo – a aparência da representação;
Como elemento subjetivo – a negligência do representado – na presença de
ambos, os poderes de representação teriam lugar;
Teria de se exigir a boa-fé por parte do terceiro protegido – a tutela não opera
quando ele conhecesse ou devesse conhecer a falta da procuração;
Procuração Institucional
No direito português, a confiança só é protegida através da boa-fé e do abuso do direito,
assim, não se admite a procuração tolerada nem a procuração aparente;
No entanto, o terceiro que seja colocado numa situação de acreditar, justificadamente, na
existência de uma procuração poderá sempre ser protegido – sempre que, do conjunto da
situação, resulte que a invocação, pelo representado, da falta de procuração constitua abuso
do direito;
Procuração institucional – destinada a proteger o tráfego jurídico e a proteger terceiros; surgir
enquadrada numa organização permanente com trabalhadores ou agentes e serviços
indiferenciados.
o Surge sempre que uma pessoa de boa-fé, contrate com uma organização em cujo
nome atue um agente em termos tais que, de acordo com os dados socioculturais
vigentes e visto a sua inserção orgânica, seja tranquila a existência de poderes de
representação;
Representação aparente – requisitos:
o Uma atuação em nome alheio;
o Um terceiro de boa-fé (esta boa-fé resulta da aparência global da agência com
representação);
o Com uma confiança justificada;
o Para a qual tenha contribuído o principal;
Procuração Post Mortem
Art.º 265.º - infere-se que a morte do representado não implica a caducidade da procuração;
em certos casos é evidente a não-caducidade;
Em situações individualizadas, a procuração tende a caducar pela morte do representado, em
virtude da cessação da relação subjacente;
O terceiro, perante uma procuração irrevogável e eficaz post mortem, fica latamente
protegido;
5.8.4) Representação sem poderes e Abuso de Representação
Inscrevem-se no domínio da tutela dos terceiros;
Ambos os institutos devem computar uma interpretação e uma aplicação integradas;
Representação sem Poderes
Art.º 268.º - ato praticado em nome e por conta de outrem sem que, para tanto, existam os
necessários poderes de representação;
O negócio deveria ser nulo uma vez que se coloca fora do âmbito da autonomia do seu autor;
No entanto, o negócio pode ser favorável ao principal – todo o instituto da gestão
representativa do negócio assenta nessa eventualidade;
Art.º 268.º/1 – a ratificação surge como um ato jurídico em sentido restrito pelo qual o
representado acolhe o negócio em causa na sua esfera jurídica;
A aprovação implica apenas que o principal renuncie a eventuais indemnizações que lhe
poderiam caber por danos causados com a atuação sem poderes do representante e que
está disposto a compensar o representante pelas despesas e danos que ele tenha sofrido
com a sua atuação;
O ato praticado sem poderes traduz numa violação contratual;
Pode haver ratificação, mas não aprovação, de tal modo que se mantenha intacta a
responsabilidade contratual do mandatário;
Não há qualquer contradição na hipótese de uma ratificação sem aprovação; o negócio
celebrado sem poderes pode vir a ser aproveitado – a ratificação coloca-se nesse plano, não
prejudicando o caráter jurídico e eticamente reprovável da conduta do agente;
A ratificação está sujeita à forma requerida para a própria procuração e tem eficácia
retroativa, sem prejuízo dos direitos de terceiros;
Se for negada, o negócio ficará sem efeitos, salvo se outra coisa se inferir do seu próprio teor;
Não havendo ratificação o negócio mantém-se, todavia, é ineficaz em relação ao
representado;
Uma vez que foi praticado em nome e por conta deste, enquanto se mantiver essa ineficácia,
ele poucos efeitos práticos irá surtir; o próprio terceiro fica vinculado a ele; a lei distingue 2
hipóteses para não adiar esta situação:
o A de o terceiro ter conhecimento da falta de poderes do representante, no momento
da conclusão – o terceiro pode fixar um prazo para que sobrevenha a ratificação:
Se o prazo for ultrapassado considera-se negada a ratificação, ficando o
negócio sem efeito; s
Se tal prazo não for fixado, o terceiro sujeita-se a que o representado adie,
indefinidamente a situação; sendo que o terceiro pode pedir ao tribunal que fixe um prazo
ao representado para que este ratifique o negócio sem que este caduque;
o A de ele não ter tal conhecimento – o terceiro pode, a todo o tempo, revogar ou
rejeitar o negócio em causa;
Abuso de Representação
Art.º 269.º - determina a aplicação do regime da representação sem poderes;
Abuso de Poder:
o Terminologia Italiana – situação na qual os poderes efetivamente existentes sejam
superados pelo ato praticado;
o CC português – doutrina – se use do poder de representação de modo a contrariar o
seu escopo ou as indicações do representado e a contraparte conheça ou devesse
conhecer o abuso, havendo também representação sem poder;
Abuso de representação – exercício dos inerentes poderes em oposição com a relação
subjacente (com o que dela resulte, de modo direto ou por violação dos deveres de lealdade
que ela postula);
O terceiro não pode ser confrontado com tal relação, que não tenha expressão direta nos
próprios poderes – salvo se a conhecesse ou devesse conhecer;
Prof. PPV
1) Abuso de Direito
(MC) Requisitos do Abuso de Direito:
o Existência de uma situação de confiança – traduzida em boa-fé subjetiva ética (desconhecimento
não culposo);
o Justificação da Confiança (crença plausível e legítima);
o Investimento da Confiança (realização de atos em função da confiança depositada na situação);
o Imputação da confiança à pessoa que vai ser atingida pela proteção;
(Oliveira Ascensão) distinção entre ilegitimidade e ilicitude:
o Ilicitude pressupõe um elemento subjetivo (a culpa);
o Ilegitimidade em sentido técnico exprime, no sujeito exercente, a falta de uma especifica
qualidade que o habilite a agir no âmbito de certo direito;
o O Abuso vai ser verificado pela análise objetiva da situação jurídica, independentemente de
qualquer reprovação que possa ser feita ao sujeito;
o MC “ilegítimo” não foi utilizado no seu sentido técnico; pretendendo o legislador dizer “é ilícito”
ou “não é permitido”;
Art.º 334.º CC desempenha um papel de controlo em relação ao direito subjetivo como o art.º 280.º
desempenha para o NJ; Consagra os limites da autonomia privada no exercício do direito subjetivo,
sendo que estes limites são de 3 ordens:
i. Boa-Fé
Contrariedade à Boa-Fé:
O exercício do direito subjetivo não exige sempre o contacto social, mas envolve-o natural e
frequentemente;
Neste contacto social envolvido no exercício do direito subjetivo, o titular do direito deve agir
de boa-fé – art.º 762.º/2 que deve ser aplicado analogicamente ao exercício de qualquer
direito subjetivo;
A concretização do dever de boa-fé tem a ver com os velhos mandamentos de:
A. Honeste Agere
O Direito deve ser exercido honestamente;
Insere-se aqui um tipo característico de má fé designado por exceptio doli;
Insere-se ainda um tipo de exercício inadmissível denominado de tu quoque – proscrição da
invocação e aproveitamento de ilicitude própria = trata-se de situações em que o exercício é
inaceitavelmente contrário aos padrões de honestidade que devem reger as relações entre
pessoas de bem;
B. Alterum Non Laedere
O direito deve ser exercido de modo não danoso – ou do modo menos danoso possível;
Princípio do Mínimo Dano exige que no exercício do direito, o titular deve evitar causar
danos a terceiros e que, se não for possível, exerça o direito de modo a causar os mínimos
danos possíveis;
O exercício do direito não permite ao seu titular causar a terceiros danos desnecessários e
evitáveis;
C. Venire Contra Factum Proprium
Corresponde à frustração de expectativas criadas – este tipo de má fé assenta na
inadmissibilidade de comportamentos contraditórios;
O direito deve ser exercido sem frustrar expectativas criadas pelo seu titular;
Se alguém tiver agido de modo a criar em outrem uma confiança legitima relativamente ao
exercício do direito, então não poderá frustrar essa confiança que tenha criado ou contribuído
para criar;
Este tipo de má fé abrange ainda os comportamentos omissivos – como quando há uma
omissão do exercício do direito em circunstâncias tais que suscitem a expectativa de que ele
não virá a ser exercido;
Os casos designados por supressio e surrectio constituem comportamentos contraditórios;
“Inalegabilidade Formal” – é também um comportamento contraditório: aquele que dá lugar ou
permite que se mantenha um vício que conduz à invalidade formal do negócio age
contraditoriamente quando vem depois invocar a invalidade decorrente da deficiência formal
que provocou ou permitiu;
ii. Bons Costumes
Distingue-se os bons costumes dos maus costumes – esta distinção é ética, entendendo-se
assim que o limite do exercício lícito do direito se encontra na moral – concretamente na não
contrariedade à moral;
Nada pode valer como direito se for contrário à ética, à moral e aos bons costumes;
Existe um estreito contacto entre os bons costumes e a boa fé – sendo que esta comunicação
é mais intensa no que concerne à boa fé objetiva do que respeita à boa fé subjetiva;
A clausula dos bons costumes é muito mais ampla que a da boa fé;
Os bons costumes implicam uma referência para critérios éticos supralegais, para as
coordenadas éticas regentes na sociedade e na Ordem Social, através desta referência o
direito procura encontrar critérios de decisão e de valor que o transcendem e o dominam –
trata-se de uma normatividade imanente que não se encontra muitas vezes nas palavras da
lei;
Embora seja difícil, é preciso distinguir de entre os critérios de dever-ser imanentes nas
coisas, quais os aceitáveis e quais os que não o são;
iii. Fim Social ou Económico do direito
O fim pessoal é inerente ao direito subjetivo e não pode deixar de existir;
É frequente (embora não necessário) que o direito subjetivo, além do seu fim pessoal
subjetivo, tenha também uma função social e económica objetiva para a realização, da qual é
reconhecida pela Ordem Jurídica ao seu titular;
Sempre que o anterior se suceda, o exercício do direito será abusivo quando seja contrário a
esse fim económico ou social que, com o fim pessoal preenche a sua função;
Tipos doutrinários tradicionais de abuso de Direito não abrangem a totalidade dos casos de abuso do
direito, mas apenas os casos mais frequentes e emblemáticos de exercício abusivo de direitos subjetivos
(tipos representativos) não devem causar estranheza ou dificuldade os casos atípicos de abuso que não
sejam qualificáveis como de algum desses tipos. Os tipos mais comuns são:
i. Exceptio Doli
É o tipo mais antigo de reação contra a má fé;
Quando o demandado se defendia com uma exceptio em que invocava um comportamento
fraudulento do titular do direito;
Por vezes surge consagrada na lei – Lei Uniforme sobre Letras e Livranças
Art.º 334.º CC – permite a sua dedução nos casos não especialmente previstos na lei;
Ao titular de um direito subjetivo pode ser oposta a desonestidade com que o adquiriu ou
pretende exercer;
Este tipo de abuso assenta na violação da boa fé, do dever de agir como uma pessoa séria e
honesta e na violação dos bons costumes;
O seu caráter vago permite ao juiz a assunção de um papel e de uma atitude quase pretórios
na busca da justiça material;
ii. Venire Contra factum Proprium
Este tipo de abuso centra-se na proscrição de comportamentos contraditórios e da frustração
de expectativas criadas e nas quais outrem haja legítima e razoavelmente confiado;
A vida em sociedade exige que as pessoas possam confiar nas expectativas criadas e que
essas expectativas sejam atendidas pelo Direito;
Encontra um fundamento duplo: negocial e ético;
O exercício posterior do Direito em contradição com a prática passada reiterada e com
frustração das expectativas legítima e razoavelmente suscitadas na parte contra quem o
direito é exercido, constitui uma conduta eticamente reprovável uma conduta contraditória
como esta é contrária aos bons costumes e à boa fé, constituindo assim abuso de direito;
iii. Inalegabilidades Formais
Consiste na invocação da invalidade formal de um negócio pela parte que provocou
intencionalmente a ocorrência do vício de que decorre, ou que, embora não a tenha
provocado, participou na sua prática;
Nestes casos, a invocação do vício formal constitui um comportamento contraditório que
frustra a expectativa da outra parte, contraria a boa fé e é desconforme os bons costumes;
iv. Supressio e Surrectio
São subtipos do venire contra factum proprium;
Traduzem o comportamento contraditório do titular do direito que o vem a exercer depois de
uma prolongada abstenção;
Esta abstenção prolongada de exercício de um direito pode suscitar uma expectativa legítima
e razoável de que o seu titular o não irá exercer ou que o tenha renunciado;
Esta expectativa é aceitável quando a sua criação seja aplicável ao titular do direito e resulte
de uma situação de confiança que seja justificada e razoável;
Estes distinguem-se do venire contra factum proprium por o comportamento inicial do titular
do direito se traduzir numa abstenção e não numa ação;
v. Tu Quoque
Consiste na invocação ou aproveitamento de um ato ilícito por parte de quem o cometeu;
É um caso de violação do dever de honeste agere que é eticamente inaceitável para o Direito
e que pode ser contrariado pelo exceptio doli;
vi. Exercício em Desequilíbrio
Trata-se de um caso de exercício danoso do direito;
O formalismo positivista conduz as pessoas juridicamente menos preparadas a pensar que
podem exercer os seus direitos de qualquer modo, causando quaisquer danos a outrem pois
estes seriam lícitos uma vez que eram causados no exercício de um direito;
O exercício do direito deve ser exercido de modo a causar o mínimo dano a outrem;
São 4 as principais situações em que o exercício danoso é abusivo:
(1) Exercício Emulativo o exercício do direito é abusivo quando o titular tem a intenção
exclusiva de prejudicar outrem;
(2) Exercício Danoso Inútil ou Injustificado o exercício do direito é abusivo quando, para o
seu titular não trouxer nenhuma vantagem, mas traga sacrifícios injustos para outrem;
(3) Exigência de algo que deva ser imediatamente restituído é abusivo a exigência de
uma coisa que deva ser imediatamente restituída ou o pagamento de uma quantia que
deve ser imediatamente paga – este é o fundamento da compensação;
(4) Desproporção no Exercício o exercício do direito é abusivo quando a vantagem
resultante para o titular é mínima e desproporcionada com um sacrifício severo de
outrem;
Consequências Jurídicas do Abuso do Direito:
O art.º 334.º CC não estatui quais as consequências do abuso;
Há alguns casos dispersos na lei em que são estatuídas determinadas consequências em
certos casos específicos de abuso do direito;
Decisões da Jurisprudência no que concerne o abuso do direito:
o O Tribunal decide que esse direito não deve e não pode ser exercido do modo e com
as consequências jurídicas que o titular pretende;
o Assim, a decisão não extingue o direito subjetivo na esfera do titular, mas delimita o
âmbito do seu exercício lícito, e decide que aquela concreta pretensão não encontra
fundamento naquele concreto direito subjetivo;
O abuso de direito dá origem à responsabilidade civil – se se verificarem os pressupostos,
leva à condenação do seu autor a indemnizar os danos que tenha causado;
Sempre que a lei não determine a consequência jurídica do abuso, cabe ao Tribunal fixá-la;
O abuso de direito é de conhecimento oficioso – pode ser conhecido e decretado sem que
tenha sido invocado pelas partes e pode ainda ser reconhecido num tribunal de recurso sem
que o tribunal recorrido tenha apreciado a respetiva questão;