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Barroco e Rococo
Barroco e Rococo
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
O barroco foi um tipo de manifestação artística popular entre os sécu-
los XVI e XVIII. No Brasil, a arte barroca se desenvolveu até meados do
século XIX. O período foi marcado pela rivalidade entre a Igreja Católica
e a Protestante. Além disso, caracterizou-se pelo movimento sinuoso e
retorcido, pelas exuberâncias de detalhes e ornamentos. O rococó, por
sua vez, foi um estilo cultivado pela aristocracia francesa, de modo a exibir
seu poderio por meio do excesso na decoração e da representação fútil
da vida. O uso de formas curvas, cristais e muito brilho influenciaram o
estilo de vida e a estética do período.
Neste capítulo, você vai estudar o estilo barroco e o estilo rococó.
Também vai conhecer as principais características desses estilos e avaliar
a relevância de ambos para o designer de interiores.
O barroco
pintado na Capela Sistina (Figura 1). Sua obra revela, por meio da intensidade
expressiva e do vigor das figuras, características que anunciam um estilo em
que a emoção se sobrepõe à razão.
As origens da palavra barroco são incertas. Acredita-se que ela seja derivada do
termo português “barroco” ou do espanhol berrueco, que significa “pérola de formato
irregular”. A palavra passou a ser usada por críticos no final do século XVIII para definir
o estilo artístico exagerado e extravagante desenvolvido no século XVII.
A pintura
Figura 2. Teto da Igreja de Santo Inácio de Loyola, Andrea Pozzo, Roma, Itália.
Fonte: Pozzo (2018, documento on-line).
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A escultura
Figura 3. Êxtase de Santa Teresa, Bernini, Igreja de Santa Maria della Vittoria, Roma.
Fonte: Bernini (2017, documento on-line).
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A arquitetura
Figura 4. Praça de São Pedro, Vaticano, em vista aérea da cidade de Roma, Itália.
Fonte: St Peter's Square (2018, documento on-line).
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O barroco na Espanha
Um dos traços do barroco espanhol está presente nas portadas dos edifícios
civis e religiosos. Essa característica da arquitetura barroca da Espanha
pode ser observada na fachada da Catedral de Santiago de Compostela
(Figura 6).
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O barroco no Brasil
Figura 9. Igreja de São Francisco de Assis, Ouro Preto, considerada a obra-prima de Alei-
jadinho no campo arquitetônico.
Fonte: Belchior (2009, documento on-line).
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Para ver mais detalhes da obra de Aleijadinho, assista a Arquiteturas: Igreja São Francisco
de Assis, do SescTV, disponível no link a seguir.
https://goo.gl/TdZKTL
Figura 10. Pintura de Mestre Ataíde para o teto da Igreja de São Francisco de Assis, Ouro Preto.
Fonte: Mestre Ataíde (2015, documento on-line).
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Além das obras desses artistas, há muitas outras espalhadas pelas mais
diversas regiões do País, criadas muitas vezes por artistas anônimos, ates-
tando que o barroco foi um momento singular da história da arte brasileira. A
partir desse movimento estético, teve início uma busca tanto de técnicas e de
materiais construtivos como de motivos para as criações artísticas nacionais.
O barroco, com suas técnicas e características, marcou o início de uma arte propriamente
brasileira, em busca de seus valores próprios.
O rococó
O estilo arquitetônico denominado rococó foi considerado por alguns histo-
riadores como uma fase do barroco compreendida entre 1710 e 1780. Nesse
período, se passou a valorizar a função decorativa da arte. Assim, os valores
decorativos e ornamentais eram exaltados tanto pelos artistas quanto pelos
apreciadores da arte. De acordo com o Dicionário Oxford de Arte, rococó é
o termo aplicado ao estilo artístico e arquitetônico caracterizado pela leveza,
pela graça, pela alegria e pela intimidade. Ele surgiu na França do século
XVIII e se difundiu por toda a Europa a seguir.
De modo geral, a arte que se desenvolveu no estilo rococó se caracterizou
como requintada, aristocrática e convencional, preocupada em expressar
sentimentos agradáveis e dominar a técnica de uma execução perfeita. Deixou
de lado as cores fortes da pintura barroca e passou a adotar cores suaves e de
tom pastel, como o verde-claro e o cor-de-rosa. Além disso, o rococó, em vez
de linhas retorcidas que expressavam as emoções humanas, buscou formas
mais leves e delicadas.
Segundo Proença (2003), o “[...] termo rococó originou-se da palavra
francesa rocaille, que, em português, por aproximação, significa concha”.
Muitas vezes, é possível perceber as linhas de uma concha associadas aos
elementos decorativos desse estilo.
A arte do rococó expressava-se a partir de cenas graciosas, como a da
Figura 11. Ela deveria refletir os valores de uma sociedade fútil, que buscava
na arte algo que lhe desse prazer e que fosse refúgio para os problemas da
vida real.
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A arquitetura
O estilo rococó se manifestou na arquitetura principalmente por meio da deco-
ração dos espaços interiores, com abundante e delicada ornamentação. As salas
e os salões apresentavam, preferencialmente, forma oval e paredes de cores
claras e suaves, com espelhos e ornamentos florais em estuque. Ao contrário
dos espaços interiores ricos em detalhes, a fachada dos edifícios refletia um
barroco sem exageros ou o estilo clássico dos renascentistas (PROENÇA, 2003,
p. 117). Um exemplo é o Hôtel de Soubise, construído por Germain Boffrand
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A pintura
Na pintura do rococó, são desenvolvidos temas mundanos, ambientados em
jardins e parques ou em interiores luxuosos, diferentemente do que ocorria no
barroco. As personagens retratadas já não são mais pessoas simples, mas mem-
bros da aristocracia ociosa. Do ponto de vista técnico, passam a predominar
as tonalidades claras e luminosas. Destacam-se os pintores Antoine Watteau
(1684–1721) e Jean-Baptiste Siméon Chardin (1699–1779). Na Figura 13, a
seguir, você pode ver uma obra de Chardin.
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Figura 13. The Scullery Maid (1738), óleo sobre tela, Chardin.
Fonte: Chardin (2018, documento on-line).
A escultura
A escultura do estilo rococó é caracterizada por linhas suaves e graciosas,
retratando geralmente pessoas importantes da época. São famosas as esculturas
que Jean-Antoine Houdon (1741–1828) fez retratando Voltaire (Figura 14),
Diderot, Rousseau e outros tantos personagens da história francesa e universal.
Além dos retratos, também se destacaram as estatuetas decorativas, a partir
do uso da porcelana.
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A porcelana teve origem na China entre os séculos VII e IX, durante a dinastia Tang. Ela
nasceu a partir da mistura de dois minérios: feldspato e caulim. Na tentativa de imitar
a porcelana chinesa, os italianos descobriram outra fórmula, à base de argila e vidro.
Fabricada em Florença, por volta de 1575, ela se diferenciava da porcelana chinesa
por sua consistência mais mole. Só em 1707 os químicos alemães Johann Friedrich
Böttger e Ehrenfried Walther von Tschirnhaus conseguiram desvendar a fórmula da
verdadeira porcelana chinesa.
Após os resultados obtidos, passou-se a produzir a porcelana de Meissen (em alemão
Meißner Porzellan), a primeira da Europa. Com a morte de Tschirnhaus, Böttger con-
tinuou o trabalho. A produção de porcelana de Meissen começou em 1710, atraindo
artistas e artesãos. A empresa permanece ativa como Staatliche Porzellan-Manufaktur
Meissen GmbH. Seu logotipo, duas espadas cruzadas, foi criado em 1720 com a intenção
de proteger a produção de falsificações. Na Figura 15, a seguir, você pode ver uma
figura feita com a porcelana de Meissen.
CHARDIN, J. B. S. The Scullery Maid. Wikimedia Commons, the free media repositor, 2 jul.
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Leituras recomendadas
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