O texto orbita a questão do raciocínio jurídico. O autor perambula sobre
um hipotético acontecimento onde vários personagens julgam se tratar ou não de um crime, se tem capazes competência e aptidão para fazer tal julgamento, se cabe condenação ou perdão aos acusados. De início um suposto júri acolhe as provas dos fatos, porém transferem a decisão ao juiz da primeira instância, que interpreta que o ocorrido de forma retilínea e objetiva (“quem quer que prive intencionalmente a outrem da vida será punido com a morte) e que tais atos se enquadram no crime de homicídio doloso, sendo a pena para tal crime, de acordo com a lei em vigor no suposto local e tempo, a morte dos acusados por enforcamento. Porém ao Juiz Truepenny, o apropriado para esse caso em específico seria a clemência dos acusados. O Juiz Foster traz a narrativa da origem do direito, expondo a diferença entre direito natural e direito positivo, levando a hipótese de os fatos não serem de competência do direito positivo, pois os acusados se encontravam em um local e tempo de alcance do direito natural. O Juiz Tatting vem na contramão desta perspectiva, trazendo à tona a jurisprudência de um caso em que o réu foi condenado por roubar um pão para não morrer de fome, compara com o que os acusados fizeram, e crê se tratar de acontecimentos semelhante, com delito de maior gravidade, visto que no caso em questão houve morte e atos horrendos. Para o Juiz Keen vai mais fundo, colocando em dúvidas alguns conceitos; Ele levanta a que questão do propósito judicial, da função do legislador e mais diversas formas de interpretar a lei. Destaca-se em suas palavras o termo “lacuna”. O mesmo opõe-se a tais lacunas como artifícios usados para burlar o original sentido da lei em condena os réus. Já o Juiz Handy reprova todos os argumentos anteriormente citados. Alega que o julgamento dos colegas tem influência sentimental. Que é fundamental a imparcialidade quanto ao julgamento. Por fim o resulta em empates os votos dos juízes, prevalecendo a decisão de primeira instância, os réus são considerados culpados por homicídio doloso e condenados a morte por enforcamento. Quando lemos o julgo de cada jurista individualmente, parece que cada um acertou no seu julgamento, entende-se que cada um está julgando de forma justa, de acordo com os argumentos levantados por cada um. Porém, esses pareceres se opõem um ao outro. Sendo assim, estão todos errados, ou certos, depende, é relativo.
ARAGÃO, E. D. Moniz de (Egas Dirceu Moniz de). Procedimento_ formalismo e burocracia. Revista do Tribunal Superior do Trabalho, Porto Alegre, RS, v. 67, n. 1, p. 114-125, jan._mar. 2001