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DIREITO

PENAL
- DIREITO PENAL -
PRINCÍPIOS PENAIS CONSTITUCIONAIS Princípio da intervenção mínima e da
ofensividade
E INFRACONSTITUCIONAIS
A Declaração dos Direitos do Homem e do
Cidadão, de 1789, prevê em seu art. 8º conforme é
O Direito Penal tem suas bases solidificadas nos observado por Capez que, a lei deve somente
preceitos constitucionais, por meio dos princípios e estabelecer penas que sejam evidentemente
ditames que a Constituição impõe ao legislador, necessárias, entendimento pelo qual se tem a origem
visando assegurar os direitos e garantias assentada da intervenção mínima do Estado.
fundamentais de toda pessoa ali previstos, orientando Sobre a observância que o Estado deve ter na
o Estado no exercício da aplicação da lei penal. tipificação penal, vale ressaltar o entendimento
Entendendo princípios como critérios introdutórios
brilhante transposto que Beccaria já advertia, apud
na interpretação e aplicação inerentes a qualquer
Lopes, que: “proibir uma enorme quantidade de ações
norma, pode-se conceituá-los conforme doutrina
indiferentes não é prevenir os crimes que delas
Nucci, como “(...) uma ordenação, que se irradia e
imanta os sistemas de normas, servindo de base para possam resultar, mas criar outros novos”.
a interpretação, integração, conhecimento e aplicação A atuação estatal em sua função legisladora, bem
do direito positivo.”, denotando portanto, como regras como ao interprete do Direito, devem ser dirimidos
interpretativas que norteiam a aplicação das normas, pelos diversos princípios dispostos no ordenamento
os quais serão apresentados nos tópicos seguintes. pátrio.
Não bastam apenas os preceitos dispostos pelo
Princípios em espécie princípio da legalidade como supracitado, mas
Princípio da reserva legal e da anterioridade também, outras normas que se possa valer antes da
Em um contexto histórico, a doutrina entende que aplicação penal, conforme já elucidado pelo princípio
tais princípios têm suas raízes na Magna Carta da fragmentariedade decorrente deste.
Inglesa de João sem Terra, do ano de 1215, na qual o Nesse contexto, Masson cita decisão já proferida
art. 39 desta, conforme cita Masson, apregoava que: pelo Superior Tribunal de Justiça:
“(...) nenhum homem livre poderia ser submetido à A missão do Direito Penal moderno consiste em
pena sem prévia lei em vigor naquela terra.” tutelar os bens jurídicos mais relevantes. Em
O princípio da reserva legal estabelece toda a decorrência disso, a intervenção penal deve ter o
estrutura basilar das leis penais brasileiras, estando caráter fragmentário, protegendo apenas os bens
intrinsecamente ligado ao princípio da anterioridade, mais importantes e em casos de lesões de maior
tendo ambos, previsão legal na CF, no art. 5º, inc. gravidade.
XXXIX, o qual: “não há crime sem lei anterior que o Nessa sistemática, o Direito Penal mostra-se
defina, nem pena sem prévia cominação legal”, bem como ultima ratio, conotação essa também atribuída
como de outro modo, no que dispõe CP, pelo art. ao princípio em comento, que se aplica na intervenção
1º, caput: “Não há crime sem lei anterior que o defina. do Estado na sociedade, tendo caráter subsidiário as
Não há pena sem prévia cominação legal.” normas que visam assegurar os bens jurídicos.
Tais dizeres que transpõe a essência dos
Exaurindo esse entendimento primário, Muñoz
princípios elencados são extraídos conforme transpõe
Conde, citado por Greco, preleciona que:
Prado, da “(...) formulação latina – Nullum crimen,
nulla poena sine praevia lege (...)” do filósofo alemão O poder punitivo do Estado deve estar regido e
Feuerbach, que pode ser entendido como, não haverá limitado pelo princípio da intervenção mínima.
crime sem que haja prévia cominação legal. Com isto, quero dizer que o Direito Penal somente
De forma a englobar as duas previsões legais, deve intervir nos casos de ataques muito graves aos
cumpre ressaltar os entendimentos de Paulo e bens jurídicos mais importantes.
Alexandrino sobre tais princípios: As perturbações mais leves do ordenamento
Observa-se que, além da exigência expressa de jurídico são objeto de outros ramos do Direito.
lei formal para tipificar crimes e cominar sanções Infere-se de tais explanações que, o Direito Penal
penais, deflui do dispositivo que a lei somente se deve ser utilizado na proteção dos bens jurídicos mais
aplicará, para qualificar como crime, aos atos relevantes, empregando-o quando não restem outras
praticados depois que ela tenha sido publicada. normas que possibilitem maior eficácia sem
Da mesma forma, a previsão legal abstrata da punibilidades extremas.
pena (cominação da pena) deve existir, estar Ou seja, nos dizeres de Prado: “Aparece ele como
publicada, antes da conduta que será apenada. uma orientação político-criminal restritiva do jus
Estes princípios estabelecem acima de tudo, puniendi e deriva da própria natureza do Direito Penal
proibição de aplicação retroativa de lei penal maléfica e da concepção material de Estado democrático de
ou incriminadora, vedando também, conforme Greco Direito.”
entende: “(...) analogia in malam partem para criar De outro modo, tem-se o princípio da
hipóteses que de alguma forma, venham prejudicar o ofensividade, ou lesividade que, encontra correlação
agente, seja criando crimes, seja incluindo novas direta com o princípio da intervenção mínima, ou seja,
causas de aumento de pena (...)” o Direito Penal é tido como ultima ratio, e em virtude
Em síntese, com base nesses princípios, as leis disso, por ele serão tipificadas as condutas mais
devem ater-se a prever condutas taxativas em suas lesivas aos bens jurídicos assegurados.
formas, assegurando as garantias da liberdade
Outra característica é que não haja punição aos
pessoal de todo cidadão, de forma a não obstruir os
pensamentos internos não aflorados do íntimo de
preceitos constitucionais, regulando a aplicação da
cada pessoa, devendo haver a concretização destes
norma, mantendo por fim, a segurança jurídica na
imposição estatal. para que sejam considerados atos ilícitos.

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Nos dizeres de Greco, esse princípio se expressa: XLV - nenhuma pena passará da pessoa do
“(...) pelo brocardo latino cogitations poenam nemo condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e
partitura, ou seja, ninguém pode ser punido por aquilo a decretação do perdimento de bens ser, nos termos
que pensa ou mesmo por seus sentimentos pessoais.” da lei, estendidas aos sucessores e contra eles
Assim, pode-se entender que tal princípio no que executadas, até o limite do valor do patrimônio
observa Capez, tenha como função principal: “(...) transferido.
limitar a pretensão punitiva estatal, de maneira que Como se pode observar, as penas serão aplicadas
não poderá haver proibição penal sem um conteúdo tão somente ao condenado, sem que ocorra sua
ofensivo a bens jurídicos.” transmissão, diferente do que o artigo preceitua em
relação à obrigação de reparar o dano que, pode
Princípio da culpabilidade e da presunção de estender aos sucessores.
inocência Sinteticamente, pode-se conceituar o principio da
O art. 18 do CP prevê expressamente a aplicação imputação pessoal de modo que, a culpabilidade dos
desse princípio, observando que também se encontra atos será imputada a quem os tenha praticado, bem
como aqueles, que de alguma forma tenham incorrido
disposto implicitamente em diversos artigos da CF,
em participação, visando à punibilidade aplicada de
possuindo relação direta com o princípio da
forma individual a cada sujeito, na medida de sua
intervenção mínima, como forma de assegurar os
ação.
direitos fundamentais elencados nessa.
De outro modo, Mason doutrina que: “(...) não se
Culpabilidade entende-se segundo cita Damásio
admite a punição quando se tratar de agente
de Jesus, “Nullum crimen sine culpa. inimputável, sem potencial consciência da ilicitude ou
A pena só pode ser imposta a quem, agindo com de quem não se possa exigir conduta diversa.”
dolo ou culpa, e merecendo juízo de reprovação, Já, quanto ao princípio da individualização da
cometeu um fato típico e antijurídico.
pena, Luisi cita o magistério de Nelson Hungria que
Tal imputação recairá ao indivíduo que, podendo
límpido o entende como:
comportar-se de forma diferente, e tendo consciência
“Retribuir o mal concreto do crime, com o mal
da ilicitude do fato, não se abstém de pratica-los,
concreto da pena, na concreta personalidade do
sujeitando-se a aplicação das normas, como modo de
criminoso.”
punição, salvo havendo causas de exclusão da
Esse princípio, também possui respaldo na CF, no
punibilidade, também chamadas de dirimentes, que
art. 5º, XLVI, pelo qual desenvolve segundo ensina
afetem ao sujeito agir de modo contrário sem que fira
Mason, questões relativas às sanções adequadas,
a lei.
limites de aplicação máximos e mínimos, bem como
Desta forma, o juízo aplicado pela ocorrência do
circunstâncias que aumentem ou diminuam sua
princípio, observará como ensina Damásio de Jesus,
aplicação.
como fundamento e medida da pena, repudiando a
Desta seleção, conforme entendimento doutrinado
responsabilidade penal objetiva, ou seja,
por Greco, o legislador visou dividir as diversas
reponsabilidade penal sem culpa.
formas de aplicação de sanções, intrinsecamente
Já o princípio da presunção de inocência, está
relacionado em sua essência, como oposto ao relacionadas à medida de importância dos bens
princípio da culpabilidade, encontrando previsão legal jurídicos tutelados, ou seja, impor o Direito Penal na
expressa na CF, no art. 5º, inc. LVII, nos seguintes proporção da lesão praticada.
termos: “ninguém será considerado culpado até o
trânsito em julgado de sentença penal condenatória”. Princípio da proporcionalidade e da limitação
Deste entendimento, decorre o termo jurídico in das penas
dubio pro reo, que, segundo Paulo e Alexandrino: “(...) A proporcionalidade encontra correlação com os
existindo dúvida na interpretação da lei ou na princípios anteriormente citados, observando que, a
capitulação do fato, adota-se aquela que for mais pena deverá ter como parâmetro de aplicação o grau
favorável ao réu.” de responsabilidade do autor, funcionando como
Cumpre ressaltar que, na aplicação desse forma de medição da imposição penal.
princípio, não serão afastadas normas que visem Conforme entendimento do STJ que observa o
medidas cautelares, tais como prisão preventiva ou princípio elencado:
temporária disposta na nova Lei nº. 12.403, de 4 de Na fixação da pena-base, além do respeito aos
maio de 2011, que manterá o entendimento anterior ditames legais e da avaliação criteriosa das
do Código de Processo Penal. circunstâncias judiciais, deve ser observado o
Tais normas serão aplicadas com intuito de princípio da proporcionalidade, para que a resposta
assegurar questões processuais ou investigatórias, penal seja justa e suficiente para cumprir o papel de
mesmo que ainda não tenha ocorrido o transito em reprovação do ilícito.
julgado de sentença condenatória que seja favorável Coadunam-se com esse entendimento, os
ao réu. comentários de Nucci no sentido de que, “(...) as
penas devem ser harmônicas com a gravidade da
Princípio da imputação pessoal e da infração penal cometida, não tendo cabimento o
individualização da pena exagero, nem tampouco a extrema liberalidade na
Também denominado como princípio da cominação das penas nos tipos penais
responsabilidade pessoal, o princípio da imputação incriminadores.”, ou seja, em sentido estrito, deve
pessoal, encontra previsão legal no art. 5º, XLV da CF haver relação entre o ilícito praticado e a medida
o qual convém colacionar: punitiva aplicada, de modo proporcional.

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Vale ressaltar, de forma a exaurir a temática Prado Pode-se afirmar quanto a essa relação, segundo
leciona que: entendimento lecionado por Prado que: “Apresenta-se
“Para a cominação e imposição da pena, como uma diretriz garantidora de ordem material e
agregam-se, além dos requisitos de idoneidade e restritiva da lei penal, verdadeira salvaguarda da
necessidade, a proporcionalidade. dignidade pessoal, relacionando-se de forma estreita
Pela adequação ou idoneidade, a sanção penal com os princípios da culpabilidade e da igualdade.”.
deve ser um instrumento capaz, apto ou adequado à Assim, tem-se que a imposição de penas, deverá
consecução da finalidade pretendida pelo legislador observar os preceitos constitucionais, de modo que,
(adequação do meio e fim). não haja aplicação penal que exceda tais limites, não
O requisito da necessidade significa que o meio impondo penas que visem tão somente à punibilidade,
escolhido é indispensável, necessário, para atingir o como ocorreria no caso de penas de modo vexatório,
fim proposto, na falta de outro menos gravoso e de humilhante e mesmo degradante em relação ao
igual eficácia.” acusado.
Destas explanações, extrai-se a correlação ora É necessário possibilitar a correção das ações
mencionada com o princípio da individualização da ilícitas no limite do possível, como modo de respeito
pena anteriormente explicado, pois, a às normas legais inerentes a qualquer pessoa, tendo
proporcionalidade, quando aplicada pelo magistrado, o intuito de inserção do readaptando condenado no
segundo a doutrina de Greco, será imposta conforme convívio social, sem que se criem sentimentos deste,
preceitos do CP, em seu art. 68, que dispõe sobre o de continuidade da vida criminal posteriormente ao
critério trifásico de aplicação da pena, o que, dispõe cumprimento da pena.
ao juiz, meio de individualizar a pena do agente, de
modo proporcional ao ilícito por este cometido. TEORIA DA NORMA PENAL
Em conexão, tem-se na aplicação das penas, o
limite que a legislação impõe ao operador do Direito, o O Direito cumpre sua função social construindo um
que, se insere o princípio da limitação das penas, complexo de proibições, obrigações e permissões.
visando um “efeito cliquet”, em que não haja A proteção do mínimo ético cabe ao Direito Penal,
retrocesso do legislador na cominação das penas. que impõe obediência sob ameaça de pena, a qual
De modo a impor o respeito a tais regras, a CF em implica privação de um bem jurídico. A legitimidade
seu art. 5º, XLVII, preceitua o princípio da limitação dessa intervenção estatal no campo dos direitos
das penas. Vejamos: individuais encontra-se na garantia da
XLVII - não haverá penas: proporcionalidade entre a ofensa a uma proibição e a
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, resposta do Estado.
nos termos do art. 84, XIX; Daí o mandato de garantia conferido pelo
b) de caráter perpétuo; ordenamento ao Direito Penal, que, para ser cumprido
c) de trabalhos forçados; efetivamente, depende que as normas proibitivas
d) de banimento; tenham as seguintes características: exaustivas,
e) cruéis; exatas, públicas e legítimas.
De modo geral, o princípio em questão tem como E, no Estado Democrático de Direito, a regra
intuito, assegurar os direitos asseverados na CF, jurídica que se revela idônea para preencher essas
quanto à dignidade da pessoa humana, orientando o exigências é a LEI, que recebe do ordenamento o
legislador no implemento de novas normas punitivas mandato de garantia: não há crime, nem pena, sem lei
do Direito Penal, devendo observar também, os – princípio da reserva legal ou da legalidade dos
preceitos de tornar as penas proporcionais em relação delitos e das penas.
aos atos praticados, sem que se fira de algum modo, A CF prevê o princípio da legalidade penal dentro
direitos já pré-estabelecidos na Constituição. dos direitos e garantias individuais, estabelecendo o
princípio da isonomia, da restrita legalidade, da
Princípio da humanidade e da proibição de tipicidade e da anterioridade penal.
pena indigna Tal princípio foi esboçado primeiramente na
A dignidade da pessoa humana está consagrada Magna Carta de 1215; mas ganhou força no séc.
na CF como princípio fundamental em eu art. 1º, III. XVIII, com o Iluminismo e as ideias de Beccaria:
A humanidade como princípio penalista, encontra aparece na Declaração da Virgínia, na Constituição
base nos ditames constitucionais em diversos Americana e na Declaração dos Direitos do Homem,
dispositivos, dos quais se pode citar como exemplo, o tendo Feuerbach, em 1801, criado a expressão latina
art. 5º, III, o qual prevê: “ninguém será submetido a nullum crimen, nulla poena sine praevia lege.
tortura nem a tratamento desumano ou degradante”. Todavia a simples preexistência da lei ao fato não
Da mesma forma, o inc. XLIX, também preconiza bastava, era preciso o enunciado descritivo do delito,
que: “é assegurado aos presos o respeito à com todos os elementos da sua definição específica:
integridade física e moral”. era o Tatbestand de Beling, o tipo.
Relacionado a tal princípio, encontra-se atrelado, a Nullum crimen sine typus. Como corolário do
proibição de pena indigna, conforme o inc. XLIX princípio da tipicidade, tem-se que a norma penal
supracitado, o qual não permite penas que agridam a incriminadora tem que ser prévia (anterior ao fato,
integridade física e moral do sujeito. irretroativa), escrita (e não costumeira), restrita
De outro modo, em consonância com a (proibição da analogia in malam partem), estrita (lei
humanidade, tal princípio terá aplicação efetiva em em sentido formal) e certa (não pode ser vaga ou
todos os demais princípios citados anteriormente. indeterminada).

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Além disso, deve ser imperativa, geral, abstrata e Existem duas categorias de normas penais em
impessoal, como lei que é. Assim é o princípio da branco:
taxatividade, a impor que a lei penal deve ser a) em sentido próprio ou estrito, quando o
elaborada de forma clara e precisa, com função complemento tem natureza diversa e hierarquia
garantista, portanto. inferior à da norma penal – lei estadual ou municipal,
ato administrativo (portarias, resoluções, etc.).
ESPÉCIES DE LEI PENAL A complementação é heteróloga ou heterogênea.
Existem várias classificações: Ex: art. 12 da lei de tóxicos.
a) leis penais ordinárias e extraordinárias (ex: lei b) em sentido impróprio ou amplo, quando o
penal excepcional); complemento é uma lei federal.
b) leis penais gerais e locais; (extensão espacial Trata-se de complementação homóloga ou
de sua aplicação) homogênea (hierarquia e natureza idênticas às da
c) leis penais comuns e especiais (normas penais norma penal em branco), havendo quem diferencie
contidas); em homóloga homovitelina (o complemento é uma lei
d) leis penais completas e incompletas ou normas penal – ex: art. 178, CP) e homóloga heterovitelina (o
penais em branco; complemento é uma lei extrapenal – ex: art. 312, CP).
De ver-se que as leis penais em branco
CLASSIFICAÇÃO DAS NORMAS PENAIS propriamente ditas, diferentemente das homólogas,
Existem diversas classificações das normas não conferem ao poder complementar a possibilidade
penais, sendo que a mais importante podem ser feitas de alargar o campo da incriminação, mas apenas de
de acordo com o seguinte critério: regulamentar os claros por elas deixados, tratando-se
a) leis penais incriminadoras são aquelas que de poder regulamentar, não podendo, pois, inovar na
possuem a estrutura preceito x sanção, isto é, ordem jurídica.
definem os tipos legais de crime.
Estão presentes na parte especial do Código HERMENÊUTICA PENAL
Penal e na legislação extravagante. Não existem Interpretar a lei penal é procurar seu sentido, seu
normas penais incriminadoras na parte geral do alcance e sua correta aplicação ao caso penal e,
Código. sendo a lei a única fonte formal de incriminação, a
b) Normas penais não-incriminadoras – hermenêutica adquire maior relevância no Direito
subdividem-se em três modalidades: normas Penal.
permissivas (definem casos de exclusão de ilicitude Existem diversas classificações de interpretação
ou de culpabilidade de certas condutas típicas); e penal:
normas penais finais, complementares ou explicativas a) quanto ao sujeito:
(enunciam conceitos e delimitam o âmbito de sua – legislativa ou autêntica: o próprio legislador edita
aplicação) uma lei cuja única finalidade é esclarecer o sentido de
outra, podendo ser contextual (quando tem vigência
LEI PENAL INCRIMINADORA concomitante à da lei interpretada – ex: art. 327, CP),
As normas jurídicas são compostas de duas ou sucessiva (quando é posterior – ex: art. 1º da lei n.
partes: preceito e sanção, sendo que no preceito 5249/67 em relação à lei n. 4898/65) e sua incidência
encontra-se a conduta ordenada pelo Direito, podendo é retroativa em ambos os casos;
ser de proibição, obrigação ou permissão, enquanto – doutrinária: feita pelos juristas e operadores do
que a sanção encerra a consequência da direito, por meio de suas obras, artigos, pareceres,
inobservância do preceito. etc., bem como pelos parlamentares através de
A norma penal incriminadora, estruturada da forma estudos e exposições de motivos que acontecem no
preceito e sanção, na qual o preceito incriminador decorrer do processo legislativo;
contém a descrição da conduta criminosa. Com efeito – jurisprudencial: pela repetição das decisões dos
o tipo do art. 121 não diz “não mate”, mas sim “matar tribunais, que, não raro, inspiram o legislador, como
alguém”. A proibição da conduta descrita no tipo está no caso da prescrição retroativa.
justamente na associação desta conduta a uma
sanção. b) quanto ao objeto:
– literal: procura o significado técnico ou
NORMA PENAL EM BRANCO gramatical – deve servir apenas como ponto de
A conduta proibida deve estar totalmente descrita partida;
em lei editada especialmente para essa finalidade – lógico: busca o significado racional do texto,
pelo Poder Legislativo; todavia algumas situações podendo ser de quatro espécies: sistemática (vê o
apresentam características de mutabilidade e contexto em que a lei se insere, cotejando a norma
complexidade, exigindo uma intervenção penal com outras dentro do ordenamento jurídico),
adequada e dinâmica, daí a necessidade de normas teleológica (procura a finalidade da norma, a mens
que delimitam apenas parcialmente a incriminação, legis), histórica (analisa o processo de formação da
cuja complementação se dará com outras regras do lei, as suas raízes) e sociológica (considera a
ordenamento. realidade social a fim de que se adapte a norma a
Essas leis incriminadoras de preceito remetido ou ela).
incompleto são chamadas de normas penais em
branco, no qual a sanção é determinada, porém o c) quanto ao resultado:
preceito é incompleto no seu conteúdo, necessitando – declaratória: quando o texto interpretado diz
de outro dispositivo legal para sua. exatamente o que teve intenção de dizer;
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– restritiva: quando o texto interpretado diz mais CONFLITO APARENTE DE NORMAS
do que teve intenção de dizer, cabendo ao intérprete a
sua redução – ex: o art. 28 diz que a emoção não Ocorre quando duas ou mais normas
exclui a imputabilidade penal, mas como a palavra aparentemente parecem aplicáveis ao mesmo fato.
“emoção” tanto pode significar uma perturbação Elementos configurativos do conflito:
momentânea da consciência quanto um sintoma de - Uma só infração penal – unidade de fatos;
doença mental, deve se entender que o artigo - Duas ou mais normas pretende regulá-lo –
mencionado quis se referir apenas ao primeiro pluralidade de normas;
sentido; - Aparente aplicação de todas as normas à
– extensiva: quando o texto interpretado diz menos espécie;
do que teve intenção de dizer, cabendo ao intérprete a - Efetiva aplicação de apenas uma delas.
sua ampliação, seja ela favorável (acolhida sempre –
ex: é causa de extinção da punibilidade a morte do A solução se dá pela aplicação de alguns
agente, cf. art. 107, I, devendo ser incluído também o princípios, que são:
a morte da agente) ou desfavorável (quando a técnica
de redação da própria lei autoriza a ampliação – ex: o Da especialidade – lex specialis derogat
art. 235 fala de bigamia, mas deve ser abrangida generalis: especial é a norma que possui todos os
também a poligamia). elementos gerais e mais alguns denominados de
especializantes que trazem um minus ou um plus de
ANALOGIA E INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA severidade. A lei especial prevalece sobre a geral a
(ANALÓGICA) qual deixa de incidir sobre aquela hipótese. Ex.: o art.
A hipótese de interpretação extensiva desfavorável 123 do CP, trata de infanticídio que prevalece sobre o
ao Réu não se confunde com a utilização da analogia artigo 121, homicídio, pois além de ter os elementos
in mala partem. genéricos deste possui elementos especializantes
A interpretação extensiva ou analógica ocorre (próprio filho, durante o parto ou logo após, etc..).
quando a própria lei faz uma definição casuística,
elegendo alguns paradigmas. Da subsidiariedade – lex primaria derogat
Após o elenco do(s) paradigma(s), a lei utiliza a subsidiariae: subsidiária é aquela norma que descreve
expressão “ou outro...”, com as características em grau menor de violação de um mesmo bem
daquele paradigma que devem ser levados em conta. jurídico, isto é, um fato menos amplo e menos grave,
Quando à autorização legal de ampliar o sentido o qual embora definido como delito autônomo,
se dá por meio de uma fórmula genérica, após encontra-se também compreendido em outro tipo
enumeração casuística, tem-se a interpretação como fase normal de execução de crime mais grave.
analógica ou intra legem, espécie da extensiva, A norma primária prevalece sobre a subsidiária.
portanto, de que é exemplo o art. 121, §2º, III, que diz Exemplo o agente efetua disparos com arma de fogo
“com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, sem atingir a vítima, aparentemente três normas são
tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que aplicáveis o artigo 132 do CP, o artigo 10 § 1°, III da
possa resultar perigo comum”) Lei 9437/97 e o art. 121 c/c o art. 14, II do CP. O tipo
Apesar de alguns defenderem que sempre existe definidor da tentativa de homicídio descreve um fato
uma norma para cada caso (dogma da completude), é mais amplo e mais grave do qual cabemos dois
possível que, ocorrendo um fato concreto, haja uma primeiros.
lacuna jurídica ou vazio normativo, pois o legislador
não teria capacidade de prever todos os fatos da vida
Espécies:
social, até porque eles são mutáveis.
Para solucionar este tipo de problema, o Direito Expressa ou explícita: própria norma reconhece
Penal deve-se valer das regras de integração expressamente seu caráter subsidiário, admitindo
sistemática, principalmente a analogia, os costumes e incidir somente se não ficar caracterizado fato de
os princípios gerais de Direito e a equidade. maior gravidade. Exemplo artigo 132 do CP, “se o fato
Pelo princípio da reserva legal, os tipos penais não constitui crime mais grave”
incriminadores devem ser previstos em lei – logo, não Tácita ou implícita: norma nada diz, mas diante
se admitem analogia, costumes ou princípios gerais do caso concreto verifica-se sua subsidiariedade.
para resolver uma lacuna de lei penal incriminadora Da consunção – lex consumens derogat
ou agravadora. consumptae: ocorre quando um fato mais grave
Já na lacuna de tipos penais permissivos é
absorve outros fatos menos amplos e graves , que
possível o uso de tais recursos para estender o
funcionam como fase normal de preparação ou
benefício a situações não abarcadas previamente pela
lei – ex: não se pune o aborto praticado por médico se execução ou como mero exaurimento
a gravidez resulta de estupro (art. 128, II, CP) e, por Hipóteses em que se verifica a consunção:
analogia in bonam partem, se ela resulta de atentado Crime progressivo: ocorre quando o agente,
violento ao pudor. objetivando produzir resultado mais grave pratica, por
Não se confunde a analogia com a interpretação meio de atos sucessivos crescentes violações ao bem
analógica, pois esta supõe um fato e uma lei válida jurídico. Única conduta comandada por única vontade,
que, ao regulá-lo, utiliza-se de expressões através de diversos atos. O agente responde pelo ato
semelhantes, enquanto aquela supõe dois fatos mais grave, ficando absorvida as demais lesões
semelhantes e uma lei, que regula apenas um dos anteriores ao bem jurídico.
fatos.
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Tem quatro elementos caracterizadores: uma Como preleciona o Prof. Damásio Evangelista de
única vontade, um só crime, pluralidade de atos, Jesus: “O Princípio da Legalidade (ou de reserva
progressividade da lesão. legal) tem significado político, no sentido de ser uma
garantia constitucional dos direitos do homem.
Constitui a garantia fundamental da liberdade civil,
Crime complexo: é o que resulta da fusão de dois
que não consiste em fazer tudo o que se quer, mas
ou mais delitos autônomos que passam a funcionar somente aquilo que a lei permite.
como elementos ou circunstância no tipo complexo. O À lei e somente a ela compete fixar as limitações
fato complexo absorve os autônomos. Ex. latrocínio – que destacam a atividade criminosa da atividade
fica o roubo e o homicídio absorvidos. legítima.
Esta é a condição de segurança e liberdade
Progressão criminosa: pode ser de três formas: individual. Não haveria, com efeito, segurança ou
liberdade se a lei atingisse, para os punir, condutas
Progressão criminosa em sentido estrito: lícitas quando praticadas, e se os juízes pudessem
inicialmente o agente pretende produzir um resultado punir os fatos ainda não incriminados pelo legislador”.
Em seu desenvolvimento teórico, destacam-se
e após atingi-lo, decide prosseguir e reiniciar sua
diversos autores que, com suas formulações,
agressão produzindo uma lesão mais grave. O agente
evidenciaram a possibilidade de se fazer derivar deste
só responde pelo fato final, mais grave. princípio vários corolários, destacando-se duas ordens
de pensamento: uma, formulada pelo jurista italiano
Fato anterior não punível: sempre que um fato FERRANDO MANTOVANI, que afirma derivarem do
anterior menos grave for praticado como meio Princípio da Legalidade, no âmbito do Direito Penal,
necessário de outro mais grave, ficará por este três postulados: a) a reserva legal; b) a determinação
absorvido. taxativa; e c) a irretroatividade da lei penal. A esta
corrente filiou-se, na própria Itália, FRANCESCO
Fato posterior não punível: após realizada a PALAZZO e, entre nós, o insigne LUIZ LUISI.
conduta o agente pratica novo ataque contra o mesmo Outra formulação é liderada pelo penalista
espanhol REINHART MAURACH, propugna que o
bem jurídico, visando apenas tirar proveito da prática
princípio em questão se desdobra em quatro
anterior. postulados:
a) nullum crimen, nulla poena sine lege praevia;
Da alternatividade: quando uma norma descreve b) nullum crimen, nulla poena sine lege scripta;
várias formas de realização da figura típica, em que a c) nullum crimen, nulla poena sine lege stricta; e,
realização de uma ou de todas configura um único d) nullum crimen, nulla poena sine lege certa.
crime. Exemplo artigo 12 da Lei de Tóxicos. O que há Entre nós, este esquema foi adotado, entre outros, por
aqui é um conflito interno da própria norma. FRANCISCO DE ASSIS TOLEDO.

A LEI PENAL NO FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL


TEMPO E NO ESPAÇO A estrutura do Estado Democrático de Direito tem
sua origem na Constituição Federal, norma esta
fundamental para regulamentar as relações sociais e
APLICAÇÃO DA LEI PENAL. PRINCÍPIOS DA
embasar também as disposições de ordem penal.
LEGALIDADE E DA ANTERIORIDADE
Assim, o conteúdo do Direito Penal, suas regras
punitivas, sanções e bens jurídicos sujeitos a sua
- INTRODUÇÃO
proteção devem estar a ela atrelados.
A democratização das sociedades modernas
Relevante é a citação da jurista Alice Bianchini,
gerou consequências também para o Direito Penal,
professora da Faculdade de Direito da Universidade
exigindo-se que este ramo do Direito, para garantir
de São Paulo e Doutora em direito penal pela
sua eficácia, se assente em duas pilastras básicas:
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo,
que sua intervenção seja legalizada e mínima.
quando nos elucida que “a criminalização da conduta
Relativamente à intervenção legalizada, trata-se
deve pautar-se, neste quadro, por processo
de expressão apta a referir que a intervenção do
meticuloso e que jamais pode deixar de contemplar
Direito Penal na sociedade deve ser amparada no
direitos e garantias inscritos na Constituição”.
Princípio da Legalidade, único meio de evitar que o
Seguindo o pensamento moderno, a Constituição
poder punitivo seja exercido arbitrária e
Brasileira de 1988, protege as garantias fundamentais
ilimitadamente. Portanto, para ser legal, a intervenção
previstas pela Reserva Legal em seu art. 5º, inciso
deve limitar-se ao direito positivo.
XXXIX onde diz: “Não haverá crime sem lei anterior
O Princípio da Legalidade, desde o Iluminismo do
que o defina, nem pena sem prévia cominação legal”.
século XVIII, exerce suma importância para o Direito
O inciso II do art. 5º da Constituição Federal
Penal, e se insere numa lógica em que o poder
consagrou o Princípio da Legalidade nos seguintes
estatal é restringido, tendo como principal papel
termos: “ninguém será obrigado a fazer ou a deixar de
garantir direitos mínimos para os indivíduos, aos
fazer alguma coisa senão em virtude de lei”.
quais pode ser imputada a prática de crime somente
O Princípio da Legalidade também está explicito
se lei prévia estabeleceu determinada conduta como
no art. 37º, caput, da CF, que estabeleceu a
tal, nem lhes pode ser imposta pena também
vinculação de todo o agir administrativo público à
previamente definida.
legalidade.
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- DIREITO PENAL -
A obrigação de estar subordinado o poder público A Medida Provisória e o Direito Penal
ao Princípio da Legalidade ganhou força e Antecedendo a Medida Provisória, existia o
consolidação, principalmente, na já clássica lição de Decreto-Lei. Este último foi substituído pelo primeiro
Meirelles: por ser considerado uma figura diversa no Processo
“A legalidade, como princípio de administração, Legislativo. A Constituição Federal de 1988, pelo art.
(Constituição da República Federativa do Brasil - 62º, substitui o decreto-lei pela medida provisória e,
1988, art. 37, caput), significa que o administrador esta, não recebeu limites objetivos para sua edição e
público está, em toda a sua atividade funcional, sujeito exigindo apenas uma certa “urgência e relevância”,
aos mandamentos da lei, e às exigências do bem- podendo ser baseada em princípios genéricos e
comum, e deles não se pode afastar ou desviar, sob pouco confiáveis.
pena de praticar ato inválido e expor-se à Medida provisória é uma espécie de “lei delegada”
responsabilidade disciplinar, civil e criminal, conforme condicionada à expressa aprovação do Congresso
o caso”. Nacional. Tal medida, por não ser considerada lei
antes de sua aprovação pelo Congresso, não pode
FUNDAMENTO LEGAL delinear o que seja crime ou pena criminal (art. 5º,
No dizer do Professor Julio Fabbrini Mirabete, em inciso XXXIX ).
comentários ao artigo 1º, do Código Penal, assinala Medida Provisória não é lei, mas mesmo
que: admitindo-se ter ela força de lei, não é capaz de
“O artigo define o Princípio da Legalidade, a mais versar sobre matéria da importância e
importante conquista de índole política, norma básica responsabilidade como é o Direito Penal, não
do Direito Penal Moderno, inscrito como garantia podendo, portanto, criar tipos penais ou prescrição de
constitucional...” penas.
Confira-se a propósito as seguintes ementas: Celso de Mello Filho coloca-se contra a
“Ação Penal. Ilegalidade patente e evidenciada possibilidade de edição de medida provisória em
pela mera exposição dos fatos, demonstrando matéria penal, afirmando que: “a privação, mesmo
ausência de qualquer indício que sustente a cautelar, da liberdade individual, a tipificação de novas
acusação. entidades delituosas e a cominação de penas não
Trancamento por falta de justa causa. podem constituir objeto de medidas provisórias, em
Possibilidade: - É possível o trancamento da ação face, até, da irreversibilidade das situações geradas
penal por falta de justa causa, quando a ilegalidade é por essa espécie normativa”.
patente e evidenciada pela mera exposição dos fatos, Igualmente, Alberto Silva Franco afirma que: “com
demonstrando ausência de qualquer indício que tais características, pode a medida provisória servir de
sustente a acusação”. instrumento normativo adequado à abordagem da
“A prestação de serviços à comunidade por estar disciplina penal? A resposta à indagação só poderá
expressamente prevista em Lei como forma de ser negativa. Tal como o decreto-lei, a medida
condicionar o sursis não ofende o Princípio da provisória ocupa um lugar de inferioridade, em relação
Reserva Legal. - A opção, que não incide no pecado à lei em sentido estrito. Não se argumente com o fato
denominado bis in idem, encontra respaldo no art. 78, de que o texto constitucional relativo à medida
§ 1º do Código Penal sendo diferente da pena provisória não sofre nenhuma restrição em seu raio de
prevista e cominada ao delito. - Recurso defensório a incidência. O dispositivo não pode ser interpretado
que se nega provimento”. isoladamente, mas deve ser submetido a uma
Cumpre aqui realçar que o Princípio da Legalidade interpretação sistemática para a qual contribuem
apresenta corolários, ou garantias de sua outros princípios constitucionais tais como o da
inviolabilidade, desdobrando-se, então, em quatro legalidade e da separação de poderes”.
funções garantidoras:
“LEX SCRIPTA” - Lei Escrita
1 - Lex Praevia ou Lei Anterior A função de garantia da Lei Escrita dispensa
2 - Lex Scripta ou Lei Escrita extenso comentário, pois, como a própria
3 - Lex Stricta ou Lei Estrita denominação assevera, só pode ser considerado
4 - Lex Certa ou Lei Certa crime o que está escrito por lei anterior.

“LEX PRAEVIA” - Lei Anterior A LEI PENAL NO TEMPO


A lei anterior, como preconiza o Professor Osvaldo
Palotti Junior, “projeta-se em duas frentes: significa VIGÊNCIA DA LEI PENAL
que ‘a lei que institui o crime e a pena deve, ser A entrada em vigor de uma lei de aprovação pelo
anterior ao fato que se deve punir’ e ‘proíbe a Congresso Nacional, após o que a mesma deve ser
retroatividade da lei penal que crie figuras delituosas sancionada pelo Presidente da República,
novas, ou agrave, de qualquer maneira, a situação do promulgada e logo em seguida publicada. Mas nem
acusado’. Alcança, também, as medidas de sempre a data da publicação corresponde à data de
segurança”. início de vigência da lei. Quando a lei não dispuser
Como não se pode punir de acordo com a vontade sobre o dies a quo em que começa a entrar em vigor,
própria de cada um, a lei institui que a pena de um aplica-se o art. 1º da Lei de Introdução ao Código
crime específico deve ser preposta ao fato que deve Civil, que dispõe: “salvo disposição contrária, a lei
ser punido e que “só a lei em seu sentido estrito pode começa a vigorar em todo o País quarenta e cinco
criar crimes e penas criminais”. dias depois de oficialmente publicada”.

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Em outras palavras, a lei pode estabelecer o termo tempus regit actum: mesmo que já exista coisa
inicial de sua própria vigência. Não o fazendo, ela julgada, dá-se a retroatividade benéfica, prevista na
entra em vigor 45 dias após a publicação. CF, art. 5º, XL, e no CP, art. 2º, caput e §1º, além do
O término de vigência formal de uma lei art. 107, III, que prevê a abolitio criminis como causa
corresponde à sua revogação. de extinção de punibilidade.
Esta revogação pode ser total (ab-rogação), d) a lei nova cria uma condição para um tipo legal
quando a norma perde totalmente sua vigência (ex: de crime já existente que, em comparação com a lei
art. 95 da lei 8.212/91) ou parcial (derrogação), anterior, é mais favorável ou menos gravosa ao
quando cessa parcialmente a autoridade da lei. A agente (lex mitior ou novatio legis in mellius).
revogação pode ser também expressa (quando a lei Em face do art. 2º do Código Penal, a lei posterior
revogadora dispõe, de forma expressa, a cessação de mais benéfica também tem efeito retroativo, o que
vigência da Lei anterior) ou tácita (quando o novo excepciona o princípio tempus regit actum.
texto legal contém disposição incompatível com a Aplicando estes princípios, pode-se perceber que
legislação anterior ou regula inteiramente a matéria vigência não se confunde com eficácia da lei, pois, em
precedente). alguns casos, uma lei em vigor pode não ser eficaz
Ressalte-se que uma lei só pode ser revogada por (em relação a fatos cometidos antes de sua vigência,
outra lei de igual ou superior hierarquia. O costume no caso de lei mais severa), e uma lei revogada pode
não revoga a lei, como também não revoga o desuso. ser eficaz (no caso de fato cometido na vigência de lei
A lei, via de regra, produz efeitos apenas durante anterior mais benéfica).
o período de sua vigência, em face do princípio A avaliação da maior benignidade da lei deve ser
tempus regit actum. A lei incide sobre a ação ou feita no caso concreto, e discute-se se seria possível
omissão ocorrida durante a sua vigência, nem antes o juiz fazer uma conjugação de partes das leis, pois
(irretroatividade da lei penal incriminadora – decorre alguns entendem que, nesse caso, o juiz estaria
do princípio da reserva legal), nem depois (não ultra- legislando, enquanto outros defendem que deve ser
atividade da mesma lei – lei sucedida por outra não dada eficácia retroativa à parte da lei posterior que for
pode mais incidir porque não faz mais parte do mais benéfica e ultra ativa à parte da lei anterior que
ordenamento).Ocorre, todavia que um crime, for melhor que a lei nova. Prevalece, modernamente,
cometido sob a vigência de uma lei, pode vir a ser o entendimento de que cabe combinação de leis.
julgado sob a vigência de outra. Neste caso é preciso Se leis ordinárias incriminadoras ou não
definir princípios e critérios sobre a eficácia da lei incriminadoras forem sucedidas por lei mais favorável,
penal no tempo. esta retroagirá. Se as leis ordinárias forem sucedidas
por lei mais desfavorável, terão eficácia ultra ativa
VIGÊNCIA DA LEI INCRIMINADORA sobre o fato ocorrido sob a sua vigência.
Para situações de conflito de leis penais no tempo, De notar-se que, sendo uma lei A (época do fato)
dois princípios regem a matéria: sucedida pela B, e esta pela C (época da solução do
a) irretroatividade da lei penal mais severa; caso), se a lei intermediária for a mais favorável,
b) retroatividade da lei mais benéfica. deverá ser a aplicada – será retroativa e ultra ativa ao
No caso de sucessão de leis, cada uma vigendo mesmo tempo.
ao tempo da conduta, da condenação e da execução, Em caso de crime permanente ou habitual,
existem algumas hipóteses de conflitos, que devem iniciado sob a vigência de uma lei e prolongando sob
ser examinadas: a de outra, vale esta, ainda que mais desfavorável.
a) a lei posterior cria um novo tipo legal de crime Tratando-se de crime continuado, podem surgir
(novatio legis incriminadora); algumas situações: se novatio legis in pejus, aplica-se
Esta lei cria um tipo legal para uma conduta que esta; se novatio legis incriminadora, só responde
antes era indiferente penal. Esta lei não possui efeito pelos fatos cometidos sob a sua vigência se presentes
retroativo, não alcançando, portanto, fatos anteriores os requisitos para configurar a continuidade delitiva;
à data de início da sua vigência. se abolitio criminis, há retroatividade desta lei.
b) a lei posterior cria uma condição para um tipo Por fim, sendo norma penal em branco, qual
legal de crime já existente que, em comparação com a solução quando lei posterior modifica o complemento,
lei anterior, é mais gravosa ou mais desfavorável ao favorecendo o sujeito?
agente (lex gravior ou novatio legis in pejus). Alguns doutrinadores, como Hungria, Noronha e
Também pelo princípio da irretroatividade, ela não Frederico Marques pronunciam-se pela retroatividade
se aplica a situações ocorridas anteriormente à sua benéfica. Já Damásio de Jesus entende que sendo a
vigência; norma penal em branco constituída de duas partes, a
c) a lei nova extingue um tipo legal de crime disposição a ser complementada e o complemento: se
(abolitio criminis); o complemento possuir caráter de excepcionalidade
A lei deixa de considerar crime conduta que antes ou de temporariedade, haverá ultra atividade, e não
era incriminada. Em face do princípio da retroatividade retroatividade do complemento posterior que seja
da lei mais benéfica, a abolitio criminis alcança o fato mais benéfico.
em qualquer fase em que ele se encontre.
Se não há processo, o mesmo não pode ser LEIS TEMPORÁRIAS E EXCEPCIONAIS
iniciado; se há ação penal, a mesma deve ser As leis, em regra, surgem com prazo
trancada; se há condenação, a pena não pode ser indeterminado de vigência. Outras existem, todavia,
executada; se o condenado está cumprindo pena, que predeterminam no seu próprio texto o termo ou
deve o mesmo ser solto imediatamente. condição de sua vigência. São as leis excepcionais ou
Nesses casos, há uma exceção ao princípio do temporárias, auto revogáveis, que podem ser:
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a) leis excepcionais: vigem enquanto perdurarem LUGAR DO CRIME
situações especiais, como guerras, calamidades A maioria dos crimes se dá num único local (crime
públicas; voltando a situação ao normal, revogada unilocal); às vezes, porém, as fases de realização das
estará a lei; infrações podem ocorrer em lugares diferentes, como
b) leis temporárias: também regulam situações nos crimes plurilocais (quando as etapas do iter
transitórias, mas delimitadas no tempo (fixam o prazo acontecem em locais diversos, porém dentro do
de sua vigência). mesmo território – têm relevância apenas processual)
Em face do art. 3º do CP, tratando-se de leis e nos crimes à distância ou de espaço máximo
ordinárias ou excepcionais, o agente não pode invocar (quando as etapas ocorrem em territórios diferentes).
a retroatividade benéfica com base na ausência de lei
incriminadora quando se dá a auto revogação Existem três teorias para definir onde se considera
daquelas leis, porque são ultra ativas, ou seja, são praticado o crime:
eficazes mesmo decorrido o prazo de sua vigência ou a) teoria da atividade ou da conduta: lugar da
cessadas as circunstâncias que a determinaram. ação;
Tal ultra atividade não se revela inconstitucional b) teoria do resultado ou do evento: lugar em que
porque, em verdade, o problema é de tipicidade. (as se produz o resultado pretendido pelo agente ou onde
condições e o tempo são elementares do tipo penal, ele deveria ter sido produzido;
tal como no furto noturno e no infanticídio). c) teoria da ubiquidade ou mista: lugar da ação ou
Só há retroatividade da lei posterior em caso de lei do resultado.
excepcional ou temporária se a lei posterior contiver As duas primeiras teorias podem levar a um
não só a conduta, mas também as circunstâncias absurdo lógico, pois se um crime plurilocal for
anormais da lei excepcional ou temporária. cometido num Estado que adota o critério do
resultado e seu resultado for produzido em outro que
MOMENTO DA INFRAÇÃO adota o critério da atividade, haverá a impunidade do
Na maioria dos delitos, o resultado é crime, o que não acontece com o critério da
contemporâneo ao comportamento; em outros casos, ubiquidade, acolhido pelo nosso CP, art. 6o.
há uma dilação temporal entre esses dois momentos, Em outras palavras, basta que o crime tenha
daí a necessidade de se determinar quando se “tocado” o território nacional, isto é, que qualquer dos
considera o instante em que a infração ocorreu e, elementos do iter puníveis (a partir da execução até a
para tanto, existem três teorias: consumação) tenham ocorrido no território nacional.
a) teoria da atividade ou da conduta;
b) teoria do resultado; TERRITÓRIO
c) teoria da ubiquidade ou mista. Território nacional é o espaço geográfico da
As duas últimas têm o inconveniente de poderem soberania, incluindo o mar territorial (doze milhas – lei
considerar criminosas condutas que, ao tempo em n. 8617/93) e o espaço aéreo correspondente.
que foram praticadas, eram lícitas. Também são consideradas território nacional as
Já a teoria da atividade, além de não ter esse embarcações e aeronaves públicas ou as que estão a
defeito, ainda leva em conta que, ao decidir praticar o serviço do Estado, onde quer que se encontrem, bem
crime, o agente tinha condições de conhecer do como as embarcações e aeronaves brasileiras,
caráter ilícito de sua conduta. É a adotada pelo CP, mercantes ou de propriedade privada quando
art. 4º. estiverem em alto mar ou no espaço aéreo
correspondente – é o território nacional por extensão
A LEI PENAL (art. 5º, §1º).
NO ESPAÇO São também consideradas território nacional as
embarcações e aeronaves privadas estrangeiras que
A aplicação da lei penal no espaço relaciona-se estejam em mar territorial brasileiro ou no espaço
com os limites de incidência e eficácia de normas aéreo correspondente quando da prática da infração
penais de determinado Estado soberano quanto a (art. 5º , §2º).
infrações ocorridas sob a sua própria soberania ou As embarcações e aeronaves públicas
sob a de outro Estado. estrangeiras não são consideradas território nacional,
O princípio geral é o locus regit actum ou da mesmo que estejam em mar territorial brasileiro ou no
territorialidade, inerente à soberania, eis que não espaço aéreo correspondente quando da prática da
existe Estado sem território sobre o qual incide seu infração.
ordenamento jurídico: a aplicação territorial da lei é a De ver-se que não há extensão territorial quando
projeção, na delimitação geográfica e política do se trata de embaixadas, consulados, legados ou
Estado da sua própria soberania. prédios públicos, apenas a aplicação da lei brasileira
Todavia essa territorialidade não é absoluta, mas em crimes ocorridos em seu interior pode sofrer
moderada, visto que excepciona regras de Direito limitações quanto as pessoas que exercem
Internacional (art. 5º, CP). determinadas funções em virtude de convenções ou
Mas para se entender tal princípio, é mister tratados diplomáticos.
responder a algumas questões:
a) onde se considera praticado o crime; EXTRATERRITORIALIDADE
b) o que é território nacional; Em alguns casos, o Direito Penal brasileiro pode
c) quando a lei penal brasileira não é aplicável ao alcançar condutas ocorridas fora do território nacional,
crime ocorrido em território nacional o que se chama de extraterritorialidade, para infrações
que, de algum modo, têm grande relevância para o
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país e, mesmo, para a comunidade internacional, e se Ela se dá nos casos do inciso I do art. 7º, CP,
coaduna com um programa mundial de repressão à ainda que o agente tenha sido absolvido ou
criminalidade. condenado no estrangeiro (§ 1º, art. 7º).
É preciso, contudo, que haja um liame entre o O art. 8º disciplina os efeitos da pena cumprida no
ordenamento brasileiro e o crime cometido no exterior estrangeiro por crime também sujeito à lei brasileira.
a fim de conferir-lhe legitimidade para a punição. A Para evitar o bis in idem, o CP estabelece duas
extraterritorialidade é regida pelos princípios: regras: se a pena cumprida no estrangeiro for da
mesma natureza da pena aplicada no Brasil, faz-se a
a) princípio da proteção ou da defesa real: detração (art. 42); se de naturezas diversas, a pena
aplica-se a lei penal brasileira ao crime cometido brasileira será atenuada (art. 8º). Jurisdição é ato de
contra bem jurídico brasileiro no exterior (art. 7º, I, b e soberania. Por isso mesmo, a sentença estrangeira
c) tem seus efeitos limitados no Brasil.
Ela depende de homologação no STJ (a rigor, é a
b) princípio da personalidade: aplica-se a lei homologação do STJ que produz efeitos), apenas
brasileira do país de origem de uma das pessoas para obrigar o condenado à reparação do dano e
envolvidas no delito (sujeito ativo ou passivo) e outros efeitos civis, e para sujeitá-lo a medida de
subdivide-se em: segurança.
– personalidade passiva: a lei penal brasileira Para fins penais, o prazo é contado incluindo-se o
aplica-se ao crime praticado contra brasileiro no dia do começo e consideram-se os dias, meses e
exterior (art. 7º, I, a e §3º); anos de acordo com o calendário comum (art. 10).
– personalidade ativa: a lei penal brasileira aplica- Não são computadas nas penas privativas de
se ao crime cometido por brasileiro em outro país (art. liberdade e privativas de direitos as frações de dia, e,
7º, I, d e II, b) nas penas de multa, as de cruzeiro (rectius: Real), ou
seja, os centavos (art. 11).
c) princípio cosmopolita, da competência Por fim, o art. 12 manda que sejam aplicadas as
universal ou da justiça universal: a lei penal regras gerais do CP aos fatos incriminados por lei
brasileira é aplicável aos crimes que, pela sua especial, salvo disposição em contrário – assim, as
repercussão internacional, o Brasil se comprometeu a normas contidas na Parte Geral do Código Penal
reprimir por meio de tratados e convenções (art. 7º, II, (arts. 1º a 120), além das normas não-incriminadoras
a). contidas na Parte Especial serão, em regra, aplicadas
na legislação complementar, salvo e lei especial
d) princípio da representação quando o Estado dispuser de forma diversa.
em cujo território ocorreu a infração deixa de
submeter o autor à sua jurisdição. Aplica-se a lei PARTE GERAL
brasileira aos crimes cometidos no interior de TÍTULO I - DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL
embarcações e aeronaves brasileiras, mercantes ou
de propriedade particular quando em território Anterioridade da Lei
estrangeiro e aí não sejam julgados (art. 7º, II, c). Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o
defina. Não há pena sem prévia cominação legal.
A extraterritorialidade pode ser condicionada ou
incondicionada, isto é, para que a lei brasileira seja Lei penal no tempo
aplicável pode ser ou não necessário o preenchimento Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei
de outros requisitos (condições objetivas de posterior deixa de considerar crime, cessando em
punibilidade), além do elemento de conexão. virtude dela a execução e os efeitos penais da
Tais requisitos encontram-se nos §§ 2º e 3º, art. sentença condenatória.
7º, CP. São condições para que a lei penal brasileira Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer
seja aplicável por força dos princípios da modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos
nacionalidade ativa, da justiça universal e da anteriores, ainda que decididos por sentença
representação: condenatória transitada em julgado.
- a entrada do agente no território nacional,
- a punibilidade do crime no Estado em que Lei excepcional ou temporária
ocorreu, Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora
- a possibilidade de extradição decorrido o período de sua duração ou cessadas as
- a inocorrência de absolvição ou de cumprimento circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato
de pena no estrangeiro praticado durante sua vigência.
- e inexistência de perdão ou de extinção da
punibilidade. Tempo do crime
Para o princípio da nacionalidade passiva, além Art. 4º - Considera-se praticado o crime no
dessas condições, é necessário, ainda, que não tenha momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o
sido pedida ou negada a extradição e que tenha momento do resultado.
havido requisição do Ministro da Justiça.
A extraterritorialidade é incondicionada quando, Territorialidade
existindo o elemento de conexão, a lei penal brasileira Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de
incide, independentemente da ocorrência de qualquer convenções, tratados e regras de direito internacional,
outra condição. ao crime cometido no território nacional.

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§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como a) não foi pedida ou foi negada a extradição;
extensão do território nacional as embarcações e b) houve requisição do Ministro da Justiça.
aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a
serviço do governo brasileiro onde quer que se Pena cumprida no estrangeiro
encontrem, bem como as aeronaves e as Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a
embarcações brasileiras, mercantes ou de pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando
propriedade privada, que se achem, respectivamente, diversas, ou nela é computada, quando idênticas.
no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos Eficácia de sentença estrangeira
crimes praticados a bordo de aeronaves ou Art. 9º - A sentença estrangeira, quando a
embarcações estrangeiras de propriedade privada, aplicação da lei brasileira produz na espécie as
achando-se aquelas em pouso no território nacional mesmas consequências, pode ser homologada no
ou em voo no espaço aéreo correspondente, e estas Brasil para:
em porto ou mar territorial do Brasil. I - obrigar o condenado à reparação do dano, a
restituições e a outros efeitos civis;
Lugar do crime
II - sujeitá-lo a medida de segurança.
Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar
Parágrafo único - A homologação depende:
em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em
a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido
parte, bem como onde se produziu ou deveria
da parte interessada;
produzir-se o resultado.
b) para os outros efeitos, da existência de tratado
Extraterritorialidade de extradição com o país de cuja autoridade judiciária
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora emanou a sentença, ou, na falta de tratado, de
cometidos no estrangeiro: requisição do Ministro da Justiça.
I - os crimes:
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da Contagem de prazo
República; Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo
Distrito Federal, de Estado, de Território, de calendário comum.
Município, de empresa pública, sociedade de
economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Frações não computáveis da pena
Poder Público; Art. 11 - Desprezam-se, nas penas privativas de
c) contra a administração pública, por quem está a liberdade e nas restritivas de direitos, as frações de
seu serviço; dia, e, na pena de multa, as frações de cruzeiro.
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou
domiciliado no Brasil; Legislação especial
II - os crimes: Art. 12 - As regras gerais deste Código aplicam-se
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se aos fatos incriminados por lei especial, se esta não
obrigou a reprimir; dispuser de modo diverso.
b) praticados por brasileiro;
c) praticados em aeronaves ou embarcações TEORIA DO DELITO
brasileiras, mercantes ou de propriedade privada,
quando em território estrangeiro e aí não sejam TÍTULO DO DELITO: É a denominação jurídica do
julgados. crime - pressupõe todos os seus elementos -
§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido indicação marginal da figura típica fundamental. Ex.:
segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou Art. 121 - “nomem juris” - homicídio simples.
condenado no estrangeiro.
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei Conceito de Delito: delito e infração: infração
brasileira depende do concurso das seguintes penal é gênero que comporta duas espécies: crime e
contravenção. Delito, no Brasil é a mesma coisa que
condições:
crime.
a) entrar o agente no território nacional;
Sistema dicotômico ou bipartido: é o sistema
b) ser o fato punível também no país em que foi
brasileiro (porque conta com duas espécies de
praticado;
infrações). É diferente do sistema do sistema
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais tricotômico ou tripartido, que vigora na França, por
a lei brasileira autoriza a extradição; exemplo, (onde se distingue crime, delito e
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro contravenção).
ou não ter aí cumprido a pena;
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro Conceito Formal: do ponto de vista formal crime
ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, é a infração da lei do Estado.
segundo a lei mais favorável.
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime Conceito Material: crime, do ponto de vista
cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do material, é a infração da lei do Estado e consequente
Brasil, se, reunidas as condições previstas no lesão ou perigo concreto de lesão ao bem jurídico
parágrafo anterior: protegido.

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Conceito Legal: (LICP, art.1º): crime é a infração Conceito Racional-final (ou teológico funcional)
punida com reclusão ou detenção e eventualmente de delito (Roxin): todas as categorias do delito devem
multa cumulativa; contravenção é a infração punida ser interpretadas de acordo com os princípios da
com prisão e/ou multa. Política criminal. O crime é constituído das seguintes
Como se vê, não existe no Brasil crime sem a categorias: tipicidade, antijuridicidade e
cominação de uma pena. Se o legislador apenas responsabilidade (que engloba a culpabilidade e a
descrever o fato típico, mas não cominar pena, não há necessidade concreta de pena). A partir de Roxin
que se falar em crime. tornou-se possível abandonar a concepção puramente
formalista do Direito penal e do delito. O delito deve
Conceitos Analíticos de Delito: são conceitos ser examinado do ponto de vista material. Tipicidade
que procuram definir e explicar todos os requisitos do não é só a adequação típica da conduta á letra da lei.
delito. No momento do juízo de tipicidade contam também os
Durante o século XX pelo menos cinco conceitos princípios de política criminal (intervenção mínima,
destacaram-se: proteção de bens jurídicos etc).

Conceito naturalista (ou causal-naturalista ou Conceito funcionalista (ou sistêmico) de delito


clássico) de delito (final do século XIX e começo do (Jakobs): o delito possui três requisitos (fato típico,
século XX): conduta típica, antijurídica, culpável e antijurídicos e culpável) mas é sobretudo infração da
punível (Von Liszt-Beling-este último, em 1906,criou o norma imperativa; a pena existe para reforçar a norma
conceito de tipicidade); dividiam o delito em duas ( assim como a confiança no Direito-prevenção geral
partes: parte objetiva e parte subjetiva. A primeira é positiva).O Direito penal existe para a tutela da norma.
composta da tipicidade e da antijuridicidade; da A antijuridicidade é infração da norma.
segunda faz parte a culpabilidade, que é o vínculo do
agente com seu fato. Ela é, ademais, puramente Conceito constitucionalista (ou teleológico-
psicológica (é integrada por dois requisitos: constitucional) de delito: neste principio de novo
imputabilidade e dolo ou culpa). milênio tornou-se possível uma nova síntese em
As primeiras mudanças no conceito de delito: com relação ao conceito analítico de delito. Partindo-se da
a descoberta dos requisitos normativos e subjetivos teoria de Roxin assim como da necessária (e
no tipo, percebeu-se que nem todo subjetivo está na absolutamente imprescindível) integração entre Direito
culpabilidade (há requisitos subjetivos que fazem penal e Constituição, devemos entender o delito como
parte do tipo; subtrair para si ou para outrem); a forma de ofensa a um bem jurídico.
tipicidade, por sua vez, conta também com requisitos Do ponto de vista analítico, impõe-se distinguir
normativos (coisa alheia, crime culposo, funcionário dois conceitos de crime, isto é, ele pode ser enfocado
público, documento público etc). como injusto penal ou como fato punível. Como
injusto penal é o fato materialmente típico e
Conceito Neoclássico (neokantista) de delito: antijurídico (dois requisitos); entendido como fato
crime é o fato típico, antijurídico e culpável, mas punível é o fato materialmente típico + antijuridicidade
enfocando desde a perspectiva da teoria dos valores + punibilidade (fato ameaçado com pena) (três
(Mezger, 1930): o fato típico não é neutro requisitos). A culpabilidade não faz parte do conceito
(valorativamente falando). É a seleção de um fato de delito (é fundamental da pena).
valorado negativamente pelo legislador; Fato materialmente típico coincide com o que se
antijuridicidade não é só a contrariedade do fato com chama de tipicidade penal. A tipicidade penal engloba
a norma, é também um fato danoso (socialmente o fato formalmente típico + lesão ou perigo concreto
danoso); a culpabilidade não é puramente psicológica, de lesão ao bem jurídico protegido; o conceito de
é psicológica-normativa, porque integra de três tipicidade penal incorpora em seu seio o ( esquecido)
requisitos:(a) imputabilidade;(b) dolo ou culpa e (c) conceito material de delito. Sintetizando: a tipicidade,
exigibilidade de conduta diversa( este requisito foi doravante, segundo a perspectiva constitucionalista,
criado em 1907 por Frank, desenvolvido depois por já não pode ser entendida só em sentido formal.
Goldschmit e Freudental e acolhido pelo conceito Dela faz parte inevitavelmente também o sentido
neoclássico de delito).Como se vê, o requisito da material.
punibilidade(fato punível) desapareceu a partir do Tipicidade penal é igual a tipicidade formal +
neokantismo. tipicidade material.

Conceito Finalista de Delito: crime é o fato típico Antijuridicidade: é a contrariedade do fato com o
de delito, antijurídico e culpável (Welzel): finalismo Direito. Todo fato materialmente típico já é expressão
minoritário difundido no Brasil: fato típico e provisória da antijuridicidade, salvo quando presente
antijurídico. Para Wenzel toda conduta é dolosa ou uma causa de exclusão dela (causa justificante).
culposa (porque toda conduta é finalista e finalidade é
igual a dolo; se o dolo está na conduta, a culpa não Punibilidade: o injusto penal (fato materialmente
pode pertencer á culpabilidade). Dolo e culpa, desse típico e antijurídico) só se torna punível no direito
modo, deixam de compor a culpabilidade. Passam a brasileiro se for ameaçado com pena. Sem ameaça
integrar a tipicidade. A antijuridicidade é a de pena não há que se falar em fato punível.
contrariedade do fato com norma. A culpabilidade é
puramente normativa e é composta de: (a) Culpabilidade: é puramente normativa (não exige
impunibilidade; (b) potencial consciência da ilicitude e requisitos subjetivos) e, ademais, é juízo de
(c) exigibilidade de conduta diversa. reprovação que recai sobre o agente do fato punível.
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INFRAÇÃO PENAL: ELEMENTOS, ESPÉCIES É aquele cuja atividade é subsumível ao tipo legal
incriminador.
CONCEITO Questão polêmica é sobre a responsabilidade
A infração penal pode ser conceituada segundo penal da pessoa jurídica.
três critérios distintos: formal, material e analítico. Até a Constituição de 1988, prevalecia, de forma
a) Pelo critério formal, a infração penal é aquela unânime, o entendimento de que apenas o ser
definida pelo direito positivo, que corresponde ao fato humano, pessoa física, isoladamente ou associado a
ao qual a ordem jurídica associa a sanção penal como outros, tinha capacidade para delinquir.
consequência. A pessoa jurídica não podia ser sujeito ativo de
b) Segundo o conceito material, infração penal é crime, em face da máxima societas delinquere non
a conduta humana que gera lesão ou perigo a um potest.
interesse penalmente relevante. O conceito material Com a constituição de 1988, e, em especial, a
enfatiza a proteção ao bem jurídico. redação dos arts. 173, §5o, e 225, §3o, abriu-se a
c) Pelo conceito analítico, decompõe-se a infração discussão sobre a possibilidade de pessoas jurídicas
penal em suas partes constitutivas – fato típico, serem sujeito ativo de delito, autores defendendo a
antijurídico e culpável (para alguns autores, adeptos possibilidade, outros defendendo, ainda assim, a
da teoria finalista da ação, o crime seria apenas fato impossibilidade de responsabilizar penalmente a
típico e antijurídico, pois a culpabilidade seria pessoa jurídica.
pressuposto de aplicação da pena). Com o advento da lei 9.605/98 (lei de proteção ao
meio ambiente), o legislador ordinário adotou a
Classificação das infrações: hermenêutica que permite a incriminação da pessoa
Adota-se a divisão bipartida. Há dois tipos de jurídica nos crimes contra o meio ambiente, prevendo,
infração penal: no art. 3º da sobredita lei, a responsabilidade penal da
a) Crime ou delito; pessoa jurídica.
b) Contravenção Numa perspectiva legalista-dogmática, então,
Não há diferença ontológica entre crime e pode-se afirmar que, em regra, pessoa jurídica não
contravenção. A distinção é puramente formal, pode ser sujeito ativo de crime, salvo nos casos de
presente no art. 1º do Decreto-Lei 3.914/41. crime contra o meio ambiente (Lei 9.605/98), por
Crime ou delito é a infração penal a que a lei expressa disposição legal e permissivo constitucional,
comina pena de reclusão ou detenção, isolada ou em que é cabível a punição da pessoa jurídica.
cumulativamente com a pena de multa. Todavia, numa hermenêutica constitucional, em
Contravenção é a infração penal a que a lei face dos princípios da proporcionalidade,
comina pena de prisão simples ou de multa, quer culpabilidade, da responsabilidade penal subjetiva,
isoladamente, ou alternativa ou cumulativamente. dos fins da pena, a responsabilidade penal da pessoa
Dentre as peculiaridades das contravenções, jurídica não seria passível de aplicação concreta e
destaca-se o fato da mesma não admitir tentativa, na imediata, pois faltam instrumentos hábeis e
forma expressa do art. 4º da Lei das contravenções indispensáveis para sua aplicação.
(Decreto-Lei 3.688/41). A maior parte dos crimes pode ser praticada por
qualquer pessoa, sendo necessário apenas a
ELEMENTOS capacidade geral – crimes comuns; todavia,
Partindo da concepção analítica de delito, pode-se determinados crimes exigem de seu sujeito ativo uma
identificar como elementos constitutivos de crime: capacidade especial, uma certa posição jurídica
a) Conduta humana (não há crime sem conduta (funcionário público, médico) ou de fato (gestante,
humana – ação ou omissão). mãe, ascendente) – crimes próprios ou especiais.
b) Tipicidade – consequência do princípio da Às vezes, faz-se necessária a capacidade
legalidade. A tipicidade cria o mandamento proibitivo, especial do sujeito ativo para se valer de normas
prevendo abstratamente as condutas puníveis. permissivas de exclusão de crime ou isenção de
c) Antijuridicidade. Contrariedade formal e material pena – ex.: médico para praticar o aborto quando a
ao direito. gravidez resulta de estupro, parte ou procurador da
d) Culpabilidade. Antigamente concebido como parte para gozar da imunidade judiciária, ascendente
dolo e culpa, atualmente é concebido como um juízo ou descendente em certos crimes contra o
de censura sobre o agente. patrimônio.
Além dos elementos ditos genéricos do crime,
existem elementos taxados como específicos, que são SUJEITO PASSIVO
os elementos ou elementares ou, segundo o art. 30, É o titular do bem jurídico lesado ou ameaçado de
CP, as “circunstâncias elementares” (várias formas lesão pelo comportamento criminoso.
que assumem os requisitos genéricos nos diferentes Há possibilidade de existirem dois ou mais sujeitos
tipos penais). passivos em um mesmo crime, e, às vezes, um
imediato e outro mediato, como em vários crimes
SUJEITO ATIVO E SUJEITO PASSIVO contra a Administração Pública.
Sujeito passivo formal ou constante: titular do
DA INFRAÇÃO PENAL.
mandamento proibitivo – Estado.
Sujeito passivo material ou eventual: titular do
SUJEITO ATIVO interesse penalmente tutelado – homem, pessoa
É aquele que realiza o fato descrito na norma jurídica, Estado, coletividade destituída de
penal incriminadora. personalidade jurídica.
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Também quanto ao sujeito passivo, em alguns a) tipo normal e anormal;
casos, é preciso possuir uma qualidade ou condição b) tipo aberto e fechado;
especial para poder ser vítima – ex.: recém-nascido, c) tipo básico ou fundamental e derivado
mulher, descendente, menor em idade escolar. (privilegiado e qualificado).
No tocante à pessoa jurídica, entende-se que pode
ser sujeito passivo de certos crimes, como furto, dano, FUNÇÕES DO TIPO
difamação; se se entender que pode cometer crimes, Segundo Heleno Fragoso, são duas:
em face da Lei 9.605/98, então também poderia ser a) de garantia – relaciona-se com o princípio da
vítima de calúnia. reserva legal;
Os mortos, animais ou coisas inanimadas não b) indiciária ou fundamentador da ilicitude.
podem ser sujeito passivo de delitos, podendo ser seu Cezar Bitencourt acrescenta mais uma: função
objeto material. diferenciadora do erro – o desconhecimento de uma
Pode o sujeito ativo de um crime ser também seu elementar do tipo constitui erro de tipo, excluindo o
sujeito passivo? dolo.
Entende-se que não, visto que quando se define
como crime condutas ofensivas à própria pessoa é TIPO DE INJUSTO COMISSIVO DOLOSO
porque elas lesam interesses ou bens de terceiros, TIPO OBJETIVO
como na autolesão para receber indenização ou valor O tipo objetivo representa a exteriorização da
de seguro. vontade, a qual corresponde ao tipo subjetivo. O tipo
No crime de rixa, plurissubjetivo, o rixoso não é objetivo, na espécie de injusto aqui tratada, tem como
sujeito ativo da própria ação, mas da dos outros. elementos o autor da ação, a ação ou omissão, o
Por fim, impende destacar a diferença entre sujeito resultado e o nexo causal.
passivo e prejudicado, pois este é qualquer pessoa a
quem o crime haja causado prejuízo, pecuniário ou TIPO SUBJETIVO
não, podendo ser ressarcido, enquanto que aquele é Já o tipo subjetivo, que engloba todos os aspectos
o titular do bem jurídico violado, que também poderá subjetivos da norma penal incriminadora, os quais,
ser ressarcido (há exceções). concretamente, produzem o tipo objetivo, é composto
de um elemento geral (dolo) e, eventualmente, de
TIPICIDADE elementos especiais (intenções e tendências).

CONCEITO Dolo
É a correspondência entre a conduta realizada É a consciência e vontade de realização típica.
pelo agente e a descrição abstrata contida na norma Possui, portanto, dois elementos: o cognitivo e o
penal; é um atributo do fato que se amolda ao modelo volitivo.
legal. Já o tipo é a reunião dos elementos do fato Pela teoria clássica, o dolo era normativo, pois
punível descrito na norma penal incriminadora. possuía a consciência da ilicitude e era uma das
A adequação típica pode se dar de forma imediata espécies de culpabilidade; a teoria finalista deslocou a
ou mediata, necessitando, neste último caso, da consciência da ilicitude para a culpabilidade e o dolo
concorrência de outra norma, de caráter extensivo, de para o tipo, visto que toda ação humana é voltada
que são exemplos os arts. 14, II, e 29, ambos do CP. para um fim; como o dolo está na ação e ela está no
tipo, o dolo está no tipo.
ELEMENTOS ESTRUTURAIS DO TIPO
São de três espécies: Elementos do tipo doloso:
a) núcleo: todo crime resulta de uma conduta a) ação voluntária e consciente;
humana. Desta forma, o núcleo do tipo sempre vai ser b) resultado voluntário (ou consentido, no dolo
o verbo constante da ação. Cumpre ressaltar que eventual)
existem tipos que contém mais de um verbo, como c) consciência do nexo causal entre ação e
nos casos tipos mistos alternativos (ex: art. 122), nos resultado.
quais a prática de um dos núcleos exclui os demais, e d) Consciência dos elementos do tipo
delitos complexos (ex: art. 157).
b) objetivos ou descritivos: resultam de percepção Teorias sobre o dolo:
sensorial, são aqueles relativos a tempo, meio, modo, a) teoria da vontade – quando o agente quer o
coisas. resultado (adotada pelo CP em relação ao dolo
c) normativos: a compreensão de elementos direto);
normativos (ex: “indevidamente” – CP, 151, “sem justa b) teoria da representação –
causa” CP, 146) dependerão de uma valoração do juiz c) teoria do consentimento - decorre da assunção
no caso concreto. do risco de produzir o resultado (adotada pelo CP em
d) Conhecido outrora como “dolo específico”, os relação ao dolo eventual.)
elementos subjetivos do tipo representam finalidades,
intenções específicas que o tipo exige, além do dolo, Espécies:
para que o crime esteja consumado. (ex: “com o fim a) dolo direto ou determinado: quando o agente
de” – CP art. 131, “para si ou para outrem” – CP art. quer o resultado. A conduta dirige-se diretamente ao
155 e “para fim de” – CP art. 136) resultado.
b) dolo indireto. A conduta não se dirige
CLASSIFICAÇÃO DOS TIPOS diretamente à produção do resultado – eventual –
Existem algumas, sendo as mais importantes: teoria da anuência (Frank).
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O agente age com indiferença em relação ao Por sua vez, o princípio da confiança, regulador da
resultado. O agente não quer propriamente o vida social, estabelece que cada um deve se
resultado, mas conscientemente, assume o risco de comportar como se os demais se comportassem
produzi-lo. corretamente; a quebra dessa regra (todos devem se
OBS: alternativo – hipótese questionada por vários comportar como se os demais se comportassem
autores. Ocorre quando o agente quer uma lesão a incorretamente) tornaria inviável a vida em sociedade,
um bem jurídico, satisfazendo-se, todavia, com uma visto que as pessoas, com medo de atitudes danosas
ou outra. dos outros, deixariam de realizar as ações mais
Ex: X agride Y, com a intenção de matar ou ferir, comuns.
satisfazendo-se com qualquer uma das duas. Ao não observar a cautela indispensável à vida em
sociedade, produzindo lesões em bens jurídicos
Na verdade, quem quer matar ou ferir, pelo menos essenciais, o sujeito pode ser punido a título de culpa
assume o risco de matar, daí porque a inutilidade da porque deixou de corresponder à confiança dos
descrição. demais; a contrario sensu, o agente não poderá ser
punido por crime culposo se age confiando na
Elemento subjetivo especial de injusto normalidade das situações que envolvem certo risco e
Era o que a doutrina clássica denominava algo fora do comum, apesar de objetivamente
antigamente de dolo específico, em contraposição ao previsível, faz com que ele acabe “provocando” um
genérico. resultado danoso.
Acontece que, no magistério de Cezar Bitencourt, No plano da tipicidade, examina-se apenas se o
o especial fim de agir tem autonomia frente ao dolo, sujeito agiu sem o cuidado objetivo necessário; a
que, conforme visto, abrange apenas vontade e análise sobre se ele tinha, no caso concreto,
consciência, constituindo-se aquele em elemento condições de agir de outra forma será feita na
subjetivo especial do tipo, fundamentador da culpabilidade.
antijuridicidade do fato; na falta desses elementos, há Cabe ainda ressaltar que, enquanto a
carência do tipo subjetivo, independentemente de previsibilidade objetiva encontra-se na tipicidade e
haver o dolo. antijuridicidade, a previsibilidade subjetiva esta na
Poderiam ser classificados em delitos de intenção culpabilidade.
(para si ou para outrem, em proveito próprio ou Há possibilidade de conduta tipicamente culposa
alheio), delitos de tendência (propósito de ofender, acobertada por uma causa de exclusão da ilicitude.
propósito de ultrajar), especiais motivos de agir
(motivo torpe, motivo fútil, motivo nobre, de relevante Elementos do tipo culposo:
valor social ou moral) e momentos especiais de ânimo a) ação voluntária contrária ao dever objetivo de
(sem escrúpulos, sem consideração, satisfazer cuidado;
instinto sexual, inescrupulosamente). b) produção de um resultado involuntário
c) nexo causal entre conduta contrária ao dever e
TIPO DE INJUSTO CULPOSO resultado
Culpa é a inobservância do dever objetivo de d) previsibilidade do resultado.
cuidado, fazendo com que o comportamento produza
um resultado não querido, porém previsível. Espécies de culpa:
O Direito Penal protege o bem jurídico não só a) culpa inconsciente: quando o agente,
contra condutas dirigidas para finalidades ilícitas, mas inobservando cuidado objetivo necessário
também contra condutas mal dirigidas para finalidades (imprudência, negligência ou imperícia), causa um
lícitas – a culpa é tão finalista quanto o dolo, mas na resultado típico objetivamente previsível, mas não
culpa, o agente não tem uma finalidade proibida pelo previsto, não querido nem aceito pelo autor;
Direito, embora realize um resultado proibido por ele. b) culpa consciente: quando o agente, prevendo a
Mas só há punição por crime culposo quando probabilidade de um resultado típico, não a aceita e
expressamente prevista. realiza a conduta, sem as devidas cautelas. Ocorre,
Diante da realização de uma conduta com na maioria das vezes, quando o agente, prevendo o
perspectiva de risco ao bem jurídico, o ordenamento resultado, superestima as suas habilidades pessoais
impõe o dever de reconhecer a situação de perigo e, ou minimiza os riscos de sua conduta, acreditando,
por via de consequência, o dever de não realizá-la, sinceramente, que o resultado não ocorrerá.
ou, se necessário ou conveniente, praticá-la
observando o cuidado de não causar a lesão. c) culpa imprópria (por assimilação ou equiparação
De ver-se que há situações em que a conduta ao dolo): denominação criada pelos causalistas para
encerra importante risco para o bem jurídico os casos em que o agente prevê o resultado típico e
protegido, todavia a sociedade não pode dispensar a se propõe a realizá-lo, mas incide em erro vencível.
sua realização (intervenções médicas e cirúrgicas, Na verdade, trata-se de dolo, porque o agente quer o
experiências científicas, operações com explosivos ou resultado, mas o código penal trata como culpa, na
combustíveis, etc.). forma do art. 20.
Nestes casos, observa-se o princípio do risco
tolerado: quanto mais necessária a conduta, maior Concorrência de culpas – quando dois sujeitos
será o risco que, em relação a ela, deve-se correr, e concorrem, culposamente, para a produção de um
maiores os cuidados exigíveis de quem a realiza; se, fato definido como crime, sem que um saiba da
mesmo obedecendo-se esse princípio, o resultado existência do outro; cada um responde, isoladamente,
danoso previsível ocorre, não haverá crime culposo. pelo crime cometido.
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Compensação de culpas – não é admitida em A opção dos termos e expressões do tipo decorre
Direito Penal, mas a culpa da vítima deve ser levada de uma reflexão axiológica, logo, se existe uma norma
em consideração quando da primeira fase da autorizando, fomentando ou mesmo determinando a
dosimetria da pena; somente a culpa exclusiva da realização de uma conduta, não poderá ser
vítima exclui a do ofensor. caracterizada como proibida sequer indiciariamente.
Uma vez que a tipicidade pressupõe a
Modalidade de culpa: antinormatividade e a ordem jurídica é um todo
Imprudência: É um atuar em excesso, o agente coerente, o exame da tipicidade passa
atua mais do que recomenda a cautela, de forma necessariamente pela constatação dessa coerência, o
precipitada. que somente é possível com uma análise
conglobante. É a tipicidade conglobante, idealizada
Negligência: Decorre da ausência de precaução por Zaffaroni, que se relaciona com a tipicidade
diante do ato. Geralmente decorre de uma inatividade, material.
da inércia do sujeito ativo
Tipicidade legal + tipicidade conglobante =
Imperícia: falta de aptidão para o exercício de arte tipicidade penal
ou profissão. Assim é que um médico, ao realizar uma cirurgia,
Na forma do art. 18, parágrafo único, do CP, a em tese, estaria praticando uma conduta legalmente
culpa só ocorre excepcionalmente, quando houver típica (art. 129, CP), mas, avaliando-se todo o sistema
previsão expressa em lei. No caso, um tipo penal só jurídico, verificar-se-ia que o seu comportamento, por
vai ser punido na forma culposa se houver expressa não ser nem indiciariamente proibido, é atípico
previsão neste sentido. penalmente.
Entretanto grande parte da doutrina continua
CRIME PRETERDOLOSO estudando as hipóteses de atuação conforme o Direito
É aquele em que a conduta produz em resultado e de estímulo normativo no âmbito da exclusão da
mais grave do que o pretendido pelo autor: há dolo no ilicitude.
antecedente e culpa no consequente (pelo art. 19, CP,
o resultado que agrava o crime só pode ser imputado FASES DE REALIZAÇÃO DO CRIME:
ao agente pelo menos a título de culpa).
Ex: lesão corporal seguida de morte (art. 129, CRIME CONSUMADO E TENTADO.
§3º). Trajetória do crime.
O agente age inicialmente com dolo, querendo (iter criminis = etapas do crime)
produzir uma determinada lesão a um bem jurídico. Identificam-se as seguintes fases:
Ocorre que, por culpa, ocorre um resultado mais a) cogitação do crime não se pune;
grave do que o pretendido. b) atos preparatórios - não se pune;
Nesses casos, há preterdolo. c) execução interrompida nessa fase, pune-se a
Para Damásio de Jesus, os crimes preterdolosos tentativa;
ou preterintencionais se confundem com os crimes d) consumação do crime.
qualificados pelo resultado. A execução se inicia com o primeiro movimento
Para alguns, aqueles são espécie destes – que concretize a realização da ação descrita no tipo.
haveria, ainda, crimes em que há dolo + dolo (art. A punição ocorre somente nas fases de execução
157, §3º), culpa + dolo (art. 129, §7º), culpa + culpa e consumação. Na execução, o bem jurídico começa
(art. 250, §2º, c/c o art. 258, 2ª parte), além de dolo + a ser atacado. O agente inicia a realização do núcleo
culpa. do tipo e o crime já se toma punível. Na consumação
Para Cezar Bitencourt, a concepção mais acertada todos os elementos que se encontram descritos no
seria que, no crime preterdoloso, os bens jurídicos tipo penal foram realizados.
atingidos são da mesma natureza – ex: lesão corporal
seguida de morte –, enquanto que, no crime Consumação.
qualificado pelo resultado, “o resultado ulterior, mais Crime consumado é aquele em que se reúnem
grave, derivado involuntariamente da conduta todos os elementos de sua definição legal (art. 14, 1).
criminosa, lesa um bem jurídico que, por sua Nos crimes materiais, a consumação se dá com a
natureza, não contém o bem jurídico ocorrência do resultado descrito no tipo; admite-se a
precedentemente lesado” – ex: aborto seguido de tentativa. Nos crimes formais e de mera conduta, a
morte da gestante. consumação se dá com a prática da ação proibida.
Nos crimes permanentes, a consumação se prolonga
ATUAÇÃO CONFORME O DIREITO E no tempo, até que o agente resolva interrompê-la; o
TIPICIDADE CONGLOBANTE agente encontra-se em permanente estado de
Sendo o ordenamento jurídico um todo harmônico, flagrância.
por um princípio de lógica, nada pode ser e não ser ao
mesmo tempo e sob o mesmo aspecto – se ele Tentativa.
ordena ou permite a prática de uma conduta, não Diz-se o crime tentado quando, iniciada a
pode, ao mesmo tempo, proibi-la. execução, não se consuma por circunstâncias alheias
É importante notar que a doutrina moderna tende à vontade do agente. Salvo disposição em contrário,
a concluir pela inexistência, nesses casos, da própria pune-se a tentativa com a pena correspondente ao
tipicidade. crime consumado, diminuída de um a dois terços (art.
Explica-se. 14. II e parágrafo único).
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Não há tentativa nos crimes culposos, nos de a) decorrentes da necessidade de preservação do
mera conduta, nos omissivos próprios e nos bem jurídico – estado de necessidade e legítima
preterdolosos. defesa;
Não é punível a tentativa de contravenção (art. 4°, b) decorrentes de atuação conforme o
LCP). ordenamento jurídico – exercício regular de direito e
estrito cumprimento do dever legal;
Espécies. c) decorrente da renúncia à proteção ao bem
a) Tentativa perfeita ou acabada (ou crime jurídico – consentimento do ofendido, causa
falho ou frustrado): o agente consegue praticar supralegal de exclusão da ilicitude.
todos os atos necessários à consumação embora esta Discute-se sobre a necessidade do elemento
acabe não ocorrendo. subjetivo: para se configurar uma cláusula de licitude
b) Tentativa imperfeita ou inacabada: a ação do extraordinária, é preciso que o sujeito tenha
agente é interrompida no meio do caminho. O agente consciência de que está agindo sob o seu manto? A
não chega a esgotar sua capacidade ofensiva contra maioria da doutrina entende que sim, visto que, assim,
o bem jurídico visado. como os tipos proibitivos, os permissivos também têm
tipo objetivo e subjetivo, devendo se apresentar de
CRIME IMPOSSÍVEL. forma completa para aproveitar ao agente.
Pode ocorrer por: Outros entendem que não se pode exigir o
a) Ineficácia absoluta do meio: o meio elemento subjetivo porque a lei não seria expressa
empregado ou instrumento utilizado para a execução nesse sentido.
do crime jamais levará à consumação (ex.: usar um
palito de dentes para matar um adulto). ESTADO DE NECESSIDADE
b) Impropriedade absoluta do objeto: a pessoa É a realização inevitável de um tipo incriminador
ou coisa sobre a qual recai a conduta é para salvar um bem jurídico de valor igual ou superior
absolutamente inidônea à produção de algum ao sacrificado, exposto a uma situação de perigo não
resultado lesivo (ex.: matar cadáver, ingerir substância provocado de forma voluntária pelo necessitado.
abortiva imaginando-se grávida). Está disposto nos arts. 23, I e 24 do CP e
fundamenta-se no instinto de conservação.
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E Deve atender a uma série de requisitos:
ARREPENDIMENTO EFICAZ. a) existência de uma situação de perigo atual: é
São espécies de tentativa abandonada. pressuposto fático do estado de necessidade. Perigo
é a probabilidade de dano conforme a máxima da
Desistência voluntária. O agente experiência. A lei só fala em perigo atual, mas, para
voluntariamente interrompe a execução do crime, alguns, estaria incluído também o perigo iminente. O
impedindo sua consumação (art. 15). A lei quer, com perigo futuro não está abrangido pelo estado de
tal medida, estimular o agente a retroceder. Não é necessidade. Não decorre apenas de fatos humanos,
possível nos crimes de mera conduta, em que a podendo decorrer de forças da natureza ou de
execução é a própria consumação. irracionais;
b) não provocação voluntária do perigo: não teria
Arrependimento eficaz - O agente termina todo o sentido que, para salvaguardar-se, o provocador
processo de execução, porém evita a consumação. voluntário do risco pudesse sacrificar bem jurídico
Nos dois casos o agente só responde pelos atos alheio. Acontece que o CP não distingue entre a
até então praticados. provocação dolosa e a culposa do perigo; todavia ele
põe a vontade em referência ao próprio perigo, e não
ARREPENDIMENTO POSTERIOR ao dano, e o resultado não é querido no crime culposo
Ocorre nos crimes cometidos sem violência ou – logo, o provocador culposo do perigo pode invocar a
grave ameaça à pessoa, em que o agente, justificante;
voluntariamente repara o dano ou resistiu a coisa até c) não ter obrigação legal de enfrentar o perigo:
o recebimento da denúncia ou queixa. A pena será conferir art. 24, §1º – se tem dever legal de proteger o
reduzida de um a dois terços (art. 16). Tratando-se de bem jurídico ameaçado, não pode, em contrapartida,
causa objetiva de diminuição de pena, o permitir que seja sacrificado (não pode ser garantidor
arrependimento posterior não se restringe à esfera na forma do art. 13, §2º, a, CP);
pessoal de quem o realiza. estendendo-se aos d) ameaça a direito próprio ou de outrem;
coautores e participes condenados pelo mesmo fato. e) inevitabilidade da lesão: como o estado de
necessidade implica o sacrifício de um bem jurídico
EXCLUDENTES inocente, que, via de regra, não provocou a situação
DE ILICITUDE de perigo (diferente da legítima defesa), a lesão só
pode ser autorizada como recurso extremo, isto é, se
Sendo a tipicidade indiciária da ilicitude, quando o não há possibilidade de salvar-se de outro modo,
fato for típico, via de regra, será antijurídico. O fato como, p. ex., fugir.
típico só será conforme ao direito quando presente Assim também pode-se permitir o furto de um
uma causa justificante (excludente de ilicitude), por alimento quando há a probabilidade de morrer de
conseguinte, um conceito negativo, por exclusão. fome (furto famélico), mas não quando furta-se um
Encontram-se dispostas no art. 23, CP e, objeto com o fim de vendê-lo para adquirir alimento,
conforme as situações que as fundamentam, as pois falta a atualidade do perigo;
justificativas penais (tipos permissivos) podem ser: f) inexigibilidade do sacrifício do direito ameaçado;
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g) reação do necessitado orientada pela finalidade a bem jurídico próprio ou alheio. Está nos arts. 23, II,
de salvação: o art. 24 fala em “para salvar”, indicando e 25 do CP. Ela exclui a ilicitude porque o bem jurídico
intenção ou propósito. essencial para a coexistência deve ficar a salvo de
qualquer injustiça.
Quanto ao bem protegido, pode ser próprio ou de Ao permitir a reação de defesa, o Direito Penal
terceiro. está apenas reafirmando a sua função social de
Há também o estado de necessidade defensivo proteção: a ordem jurídica existe para evitar o injusto;
(quando a reação de salvação direciona-se contra se, envolvido por uma situação concreta, o indivíduo
coisa da qual provém o perigo para o bem jurídico) ou toma para si a tarefa de proteção e o faz dentro dos
estado de necessidade agressivo (quando ela limites fixados pelo próprio Direito, impedindo, ainda
direciona-se contra coisa diversa da qual provém o que com violência, a agressão, não só atua dentro da
perigo para o bem jurídico) – neste caso, embora a ordem jurídica como em defesa dessa mesma ordem.
conduta lesiva esteja ao abrigo de uma justificante, Requisitos:
pode gerar indenização civil devida pelo causador do a) agressão injusta: agressão é qualquer ação ou
dano, que terá direito de regresso - se o perigo for omissão humana ofensiva que impõe dano ao bem
proveniente de um comportamento humano, e não da jurídico; deve ser injusta, i.e., contrária ao Direito;
natureza. sempre decorre de agressão humana. Ataque de
É preciso ressaltar que, na base do estado de animal é estado de necessidade, salvo se o animal é
necessidade, está um princípio de ponderação atiçado por um ser humano.
axiológica dos bens em conflito: se os dois bens são b) atualidade ou iminência da agressão: deve estar
igualmente protegidos pelo Direito e um deles será sendo praticada ou estar prestes a ocorrer. Isso
sacrificado, é preciso que haja valoração para porque não se pode permitir a reação a uma agressão
autorizar tal sacrifício e a justificação do necessitado. passada (legitimação da vingança) ou a uma ofensa
Existem duas teorias a esse respeito: unitária e futura (legitimação do medo).
diferenciadora. Não é possível legítima defesa simultânea
recíproca, mas lesões corporais recíprocas; pode
A teoria diferenciadora, com origem no direito haver legítima defesa real contra legítima defesa
alemão, distingue entre estado de necessidade putativa; pode haver, também legítima defesa
justificante e o exculpante: se o bem sacrificado for de recíproca sucessiva, quando, p. ex; “A” repele injusta
valor menor que o protegido, tem-se a primeira agressão de “B”. “A”, logo em seguida à repulsa, se
hipótese (o titular do bem jurídico mais valioso tem o excede, fazendo com que “B”, por seu turno, venha a
direito de sacrificar o outro para preservar o seu); mas repelir o excesso. Como o excesso de legítima defesa
se o bem sacrificado for de valor igual ou maior que o é agressão injusta, há, no caso, legítima defesa
protegido, poderá haver, em algumas situações, o recíproca.
estado de necessidade exculpante, excluindo a c) ameaça ou ataque a direito próprio ou de
culpabilidade por inexigibilidade de conduta diversa. terceiro;
d) proporcionalidade da reação: consubstancia-se
Já a teoria unitária reconhece apenas o estado no emprego moderado dos meios necessários. Meio
de necessidade justificante – é a teoria adotada pelo necessário é o que está ao alcance do agente – deve-
CP, todavia deve haver uma comparação dos bens se levar em conta não a natureza ou característica do
em conflito, visto que fala em direito cujo sacrifício não instrumento de defesa, mas a possibilidade que tem o
era razoável exigir-se (art. 24, caput) e prevê sujeito de dele dispor no momento e diante das
diminuição de pena se era razoável exigir-se o circunstâncias reais da agressão.
sacrifício do direito ameaçado (§2º do mesmo art.). A moderação relaciona-se com a ideia de que
Há autores que defendem, em algumas situações, somente se reconhece a excludente quando não
o estado de necessidade exculpante, quando o bem sejam ultrapassados os limites da contenção da
jurídico sacrificado é de valor maior do que o ofensa ao bem jurídico.
protegido, como causa supralegal de exclusão da Assim, há reação proporcional apenas se o
culpabilidade por inexigibilidade de conduta diversa. defendente emprega o meio disponível para fazer
Mas quando é razoável exigir-se o sacrifício de um cessar a agressão e até que ela cesse; porém não se
bem? Quando for o único recurso de que dispõe para despreza o fator humano, sempre predisposto a
preservar o bem que tem valor igual ou superior. Os perturbações intensas que costumam acompanhar as
critérios de ponderação devem seguir a lógica do situações traumáticas da violência propiciadora da
razoável, pois é necessário levar em consideração a legítima defesa (pode ser caso de excesso exculpante
forte influência da situação no estado anímico do de legítima defesa, quando ele se dá por escusável
agente, envolvido por circunstância de risco de medo, surpresa ou perturbação do ânimo, em face da
perecimento de direito próprio ou alheio; ainda, na situação, não devendo o agente ser considerado
valoração, pode-se socorre à disposição hierárquica culpável);
determinada pelo direito posto (o CP considera a vida e) propósito de defender-se: grande parte dos
mais importante do que o patrimônio, tanto que a juristas exigem-no como requisito.
pena do homicídio é mais grave do que a do furto). O excesso da defesa, pela não observância da
proporcionalidade, pode resultar do emprego de
LEGÍTIMA DEFESA meios desnecessários ou pela utilização imoderada
É a realização de um fato típico como reação dos meios necessários: no primeiro caso, a legítima
proporcional, com uso moderado dos meios defesa não se configura, cabendo ao agente a
necessários, a uma ofensa injusta, atual ou iminente, punição pela integralidade de sua conduta; no
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segundo caso, a legítima defesa exclui a ilicitude do Qualquer excesso, doloso ou culposo, afasta a
fato até o momento em que se instala o excesso, excludente e, sendo agente público, poderá ficar
respondendo o agente pelo crime praticado a partir da caracterizado o abuso de autoridade (Lei n. 4.898/65).
cessação da agressão.
Deve-se sempre conferir, conforme as CONSENTIMENTO DO OFENDIDO
circunstâncias reais que informaram a seleção ou o O consentimento do ofendido pode assumir três
acionamento desses meios, se ele agiu com dolo ou funções no nosso ordenamento:
culpa (tipo doloso ou culposo, se houver). a) elementar objetiva do tipo legal de crime – a
ausência de consentimento leva à carência do tipo
Diferença estado necessidade x legítima objetivo. Ex: art. 126 do CP.
defesa. b) excludente do tipo – quando o dissenso é
a) no estado necessidade, há conflito de elementar do tipo, o consentimento do ofendido
interesses lícitos, enquanto na legítima defesa há enseja a atipicidade da conduta. Ex: art. 150 e 164,
conflito entre interesses lícitos, de um lado, e ilícitos, ambos do CP.
de outro. c) excludente da ilicitude – o dissenso não é
b) No estado necessidade, o perigo pode advir de elementar; necessidade de atender a certas
força da natureza, ataque de animal ou de ação lícita condições: o bem jurídico deve ser disponível, a
de outrem. Na legítima defesa há agressão humana. vítima deve ser capaz e o consentimento deve ser
c) No estado necessidade, há uma ação (ataque) livre, sem vícios. Exs: arts. 140 e 163, ambos do CP.
a bem jurídico. Na legítima defesa, há reação (defesa) Há autores que criticam o consentimento do
do interesse ameaçado. ofendido como causa supralegal de exclusão da
d) Na legítima defesa há injustiça da agressão, o ilicitude, pois, ao se dispor que o exercício regular de
que não ocorre no estado necessidade, em que há direito e o estrito cumprimento de dever são
perigo. excludentes legais, estariam abarcadas várias normas
Não existe legítima defesa contra estado de permissivas, inclusive o consentimento do ofendido,
necessidade porque quem agride o bem jurídico de diferente do que ocorre com o direito alemão, onde
outrem para salvar-se não realiza um injusto; há surgiu essa causa supralegal, tendo em vista que lá
estado de necessidade simultâneo e recíproco. as supracitadas excludentes não se encontram
EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO previstas no código penal.
O ordenamento jurídico é harmônico e ordenado,
de modo que exercício de um direito jamais pode ser CULPABILIDADE
ilícito, ainda que ocorra a tipicidade formal da conduta,
pois se o ordenamento jurídico autoriza, por CONCEPÇÕES
conseguinte não poderá proibi-lo. Intolerável, todavia, Para que uma conduta seja punível, além da
é o abuso ou excesso. Tal excludente não se tipicidade e da antijuridicidade, é necessário que ela
confunde com a legítima defesa, visto que prescinde apresente um coeficiente pessoal de censurabilidade,
de qualquer agressão injusta precedente da ação reprovação: este juízo normativo de censura que se
típica. De ver-se que não há exercício regular do dirige ao autor do comportamento contrário ao Direito
direito de matar em nosso Direito Penal. é o núcleo da noção de culpabilidade.
Quanto aos ofendículos, que são meios ofensivos No Estado Democrático de Direito, a culpabilidade,
predispostos à proteção do patrimônio, o Direito não juntamente com o princípio da reserva legal, da
proíbe a sua instalação, desde que seja observado o lesividade, da intervenção mínima e da humanidade, é
dever jurídico de cuidado, adotando-se as cautelas um dos princípios basilares do Direito Penal: nullum
indispensáveis para não serem lesados bens jurídicos crimen, nulla poena sine culpa, pois não pode haver
alheios, caso contrário, advindo resultado típico, não delito sem que seja possível exigir-se um
haverá exclusão da ilicitude, quer por legítima defesa comportamento conforme o dever imposto pela norma
predisposta, quer por exercício regular de direito jurídica.
(também poderá haver excesso doloso ou culposo). Antigamente, a responsabilidade era objetiva – o
ESTRITO CUMPRIMENTO DE DEVER LEGAL grupo social impunha o castigo tão só pelo nexo
Ao obedecer a uma ordem jurídica disposta em causal entre a ação e o resultado lesivo a outrem, o
uma lei, o indivíduo pode acabar praticando uma que se traduz na responsabilidade penal objetiva.
conduta estatuída em outra lei como crime; contudo o Posteriormente, com a concepção psicológica
indício de ilicitude não se confirma desde que ausente da culpabilidade, percebeu-se a diferença entre a
qualquer abuso – art. 23, III, CP. evitabilidade e inevitabilidade do dano, associada à
De notar-se que, para Zaffaroni, trata-se de possibilidade de prever, a partir de uma processo
conduta atípica penalmente por faltar a tipicidade psicológico de origem intelectual e volitivo, os
conglobante, corretiva da tipicidade legal. resultados da conduta que poderiam ocorrer: quem
De regra, o dever legal destina-se aos agentes do tem condições de prever a ocorrência de um dano em
Estado na observância do interesse público, mas relação a outrem, pode evitá-lo; se assim não o faz,
existem relações privadas que são compatíveis com a quer intencionalmente (dolo), quer porque deixa de
obrigação legal de praticar determinadas atividades. tomar o cuidado necessário (culpa), deve ser punido.
A legalidade do dever é o primeiro requisito a ser A culpabilidade, portanto, é o vínculo psíquico que
preenchido, devendo o agente, tendo esta ciência, liga o agente ao fato, podendo assumir duas espécies
orientar-se pela vontade de cumprir a obrigação – dolo e culpa – e tendo como pressuposto a
imposta pela lei. imputabilidade.

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A segunda concepção nasceu da ideia de que a dimensões: sob o prisma do Estado, o direito de punir
culpabilidade não se exaure no aspecto psicológico: (jus puniendi), de abstrato, passa à concreção; sob o
culpado é quem erra em relação a algo que deveria ângulo do agente, a privação de um bem jurídico, de
fazer. abstrato, passa a ser possível.
Daí porque a culpabilidade, de acordo com a Há situações em que, embora o crime esteja
teoria normativa ou psicológico-normativa, é o configurado em todos os seus estratos (tipicidade,
juízo de censura que engloba a imputabilidade, o ilicitude e culpabilidade), a punibilidade não se dá
elemento psicológico (dolo e culpa), e o elemento porque subordinada a condições objetivas de
normativo (exigibilidade do poder agir de outra forma) punibilidade ou porque algum fator pessoal a impede
– influência da teoria teleológica do delito de se formar (escusas absolutórias).
(neokantismo ou teoria neoclássica do delito).
Posteriormente, surgiu a teoria psicológico- CONDIÇÕES OBJETIVAS DE PUNIBILIDADE
normativa da culpabilidade, que, além do dolo e Condições objetivas de punibilidade são
culpa – elemento psicológico – continha a acontecimentos externos e posteriores ao delito aos
exigibilidade de conduta diversa e a imputabilidade quais a lei sujeita a possibilidade de exercer o direito
como elementos normativos. de punir. Suspendem a punibilidade, pois, enquanto
Quanto à concepção normativa pura: sendo a não se realizam, ela não surge. Por serem situações
ação humana orientada finalisticamente, o dolo e a de fato ou jurídicas estranhas aos elementos do
culpa estão no tipo; a culpabilidade passa a ser um crime, não são requisitos dele. Ex: sentença
juízo de valor, um juízo de censura do juiz sobre a declaratória de falência quanto aos crime falimentares
conduta do agente. Por esta teoria, não se pode em que a ação é anterior à sentença; entrada do
confundir o juízo de censura ou reprovação que é a agente em território nacional e ser o fato punível
culpabilidade, com aquilo que se censura ou reprova, também no país em que o crime foi praticado quanto à
que é a conduta (valoração do objeto - objeto da aplicação de lei penal brasileira a fatos cometidos no
valoração) – despojada de qualquer conteúdo estrangeiro.
psicológico, a reprovação passa a ser analisada
apenas no seu conteúdo normativo. ESCUSAS ABSOLUTÓRIAS
Destarte, o juízo de censurabilidade exige duas Já as escusas absolutórias são causas pessoais
condições: que se realize um fato típico e antijurídico de isenção de pena que impedem o surgimento da
e que ele seja praticado por alguém com capacidade punibilidade por razões de utilidade pública ou Política
de decidir, i.e., que tenha autonomia de vontade para Criminal. São condições impeditivas de punibilidade,
decidir conforme o direito, no caso concreto. São uma vez que, ocorrendo, a punibilidade não se forma.
elementos da culpabilidade: Não excluem qualquer requisito do crime, não são
a) imputabilidade; descriminantes ou dirimentes e não aproveitam aos
b) exigibilidade de conduta diversa; coautores ou partícipes a que não se refiram. Ex:
c) potencial consciência da ilicitude. isenção de pena prevista no art. 181, CP, referente
Fala-se, hoje, também, numa teoria complexa da aos crimes contra o patrimônio praticados sem
culpabilidade, evolução da teoria normativa pura, violência, p. Ex: do filho contra o pai, ou do marido em
que inclui, no grau de censura, um juízo de valor relação à mulher; relação de parentesco no
acerca do elemento subjetivo do tipo: dolo direto, favorecimento pessoal (art. 348, §2º, CP).
eventual ou culpa. É importante ressaltar que as condições objetivas
e as escusas absolutórias têm o efeito de impedir a
ESTRUTURA formação da punibilidade, não se confundindo com as
Pelo conceito normativo, culpabilidade é a causas de extinção de punibilidade, que são
acontecimentos que obstam o Estado de exercer o
reprovação normativa do tipo de ilícito praticado pela
direito de punir que já havia surgido, que serão
pessoa que, tendo capacidade de entender e querer,
estudadas posteriormente.
podia, nas circunstâncias concretas do fato, conhecer
a sua ilicitude e agir de outro forma. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE
Disso se extrai que ela possui um pressuposto e INTRODUÇÃO
dois requisitos: imputabilidade, possibilidade concreta Muitas vezes, o fato se torna punível, mas a sua
de conhecer a ilicitude da conduta e possibilidade punibilidade se extingue em decorrência das causas
concreta de agir de forma diversa. de extinção da punibilidade, isto é, eventos que
Faltando um dos elementos, a culpabilidade não impedem o Estado de exercer o direito de punir
se forma, existindo tipos permissivos exculpantes ou (extinção da pretensão punitiva) ou de submeter o
dirimentes, tais como a coação irresistível e a condenado à sanção que lhe foi imposta (extinção da
obediência hierárquica, bem como causas supralegais pretensão executória).
de exclusão da culpabilidade, conforme segue abaixo. As principais causas estão no art. 107, CP, todavia
existem outras hipóteses, como o cumprimento das
PUNIBILIDADE condições do sursis (art. 82), a declaração
espontânea do agente (art. 337-A, §1º), etc.
CONCEITO Deve-se atentar para o fato de que algumas
É a possibilidade jurídica de impor uma sanção ao causas são provenientes de fatos naturais,
autor de uma infração penal. Não é estrato analítico independentes da vontade (morte do agente, decurso
do crime, mas sua consequência. Trata-se de uma do tempo), enquanto outras são atos jurídicos
relação jurídica entre o autor e o Estado e tem duas extintivos (renúncia, perdão, casamento do ofendido,
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clemência soberana, retratação, reparação do dano) efeitos penais, inclusive a reincidência, subsistindo os
e, pelo menos uma resulta do próprio sistema penal efeitos civis.
(abolitio criminis). Já a graça e o indulto pressupõem sentença
Ainda, existem causas comuns a qualquer espécie condenatória transitada em julgado e são da
de crime e outras que só se verificam em competência do Chefe do Executivo, que poderá
determinadas espécies de crime (casamento do delegar aos Ministros (art. 84, XII e parágrafo único da
ofendido, perdão judicial, renúncia, etc.). CF).
Sistematizando-se as causas quanto aos seus Acontece que o indulto dirige-se a um grupo
efeitos, elas podem ser classificadas em: indeterminado de condenados e é delimitado pela
a) causas de extinção exclusiva da pretensão natureza do crime e quantidade da pena aplicada,
punitiva enquanto que a graça tem por objeto crimes comuns e
a. decurso do tempo pela decadência e destina-se a um indivíduo determinado, sendo
perempção; chamada também de indulto individual.
b. manifestação de vontade do ofendido pela
renúncia do direito de queixa e perdão aceito nos ABOLITIO CRIMINIS
crimes de ação penal privada; Pelo princípio da retroatividade da lei penal
c. retratação do agente; benéfica, a lei nova que descriminaliza uma conduta
d. casamento do agente com a vítima nos crimes tanto extingue o processo já iniciado sob a lei
contra os costumes; revogada, quanto rescinde a sentença condenatória já
e. casamento da vítima com terceiro nos crimes prolatada, extinguindo também todos os efeitos
contra os costumes; penais.
f. perdão judicial
b) causa de extinção exclusiva da pretensão PRESCRIÇÃO, DECADÊNCIA E PEREMPÇÃO
executória: Por sua importância, a prescrição será estudada
a. clemência soberana pelo indulto e graça em tópico específico.
c) causas de extinção da pretensão punitiva e da A decadência é a perda do direito de ação privada
pretensão executória: ou de representação pela inércia do ofendido nos
a. morte do agente; prazos que a lei estipula (em regra, 6 meses a partir
b. clemência soberana pela anistia; do dia em que a vítima vem a saber quem é o autor
c. abolitio criminis; do crime ou a partir do escoamento do prazo
d. decurso do tempo pela prescrição. conferido ao Ministério Público em caso de ação penal
privada subsidiária da pública – art. 103 ou, no caso
CAUSAS DO ART. 107, CP do § 3º, do art. 100, isto é, da ação privada
MORTE DO AGENTE subsidiária).
Como já visto, pode extinguir tanto a pretensão Por sua vez, a perempção, instituto de direito
punitiva quanto a pretensão executória, visto que a processual penal, é a perda do direito de prosseguir
responsabilidade penal é personalíssima. A na ação penal privada em virtude de o querelante
Constituição preceitua que nenhuma pena passará da deixar de tomar as providências necessárias à
pessoa do condenado (art. 5º, XLV). Se já houver movimentação do processo, gerando uma presunção
sentença, não se afetam seus efeitos necessários, de desistência (art. 60, CPP).
quais sejam, reparação do dano e confisco.
É preciso documento oficial para comprovação da RENÚNCIA E PERDÃO
morte (certidão de óbito), não podendo ser substituído A renúncia é a manifestação unilateral de falta de
por nenhum outro, como laudo necroscópico, interesse de exercer o direito de queixa, podendo ser
declaração hospitalar, etc., sendo que a falsidade da expressa, tácita ou presumida (art. 74, parágrafo
certidão constitui crime autônomo (arts. 297 a 304, único da Lei n. 9099/95).
CP) e, comprovada, reverte a decisão que, com Somente incide antes de iniciada a ação penal
estribo nela, decretou a extinção da punibilidade – se, privada e, pelo princípio da indivisibilidade, concedida
porém, já tiver transitada em julgado, a doutrina em relação a um, a todos os corréus se estende.
diverge, uns entendendo que apesar de nula, visto O perdão do ofendido é a desistência do
que baseada em prova ilícita, não pode ser rescindida querelante de prosseguir na ação penal privada,
contra o réu, e outros defendendo que a decisão seria podendo ser expresso ou tácito; também pelo
inexistente, nunca tendo produzido efeitos realmente, princípio da indivisibilidade, aproveita a todos os
podendo ser simplesmente desconsiderada, desde corréus, mas somente extingue a punibilidade em
que não extinta a punibilidade por qualquer outra relação àqueles que o aceitarem porque ato bilateral.
causa.
RETRATAÇÃO
ANISTIA, GRAÇA E INDULTO Pela retratação, o agente reconsidera a afirmação
Também chamadas pela doutrina de clemência que havia feito e, assim, visa a impedir o dano que
soberana, existem distinções entre eles. poderia advir da sua falsidade.
A anistia, esquecimento jurídico do ilícito, é É cabível nos crimes de calúnia, difamação, falso
concedida pelo Poder Legislativo, tendo por objeto testemunho e falsa perícia, sendo que neste último
crimes, em regra, políticos, militares ou eleitorais. caso, deve ela ser completa e se dar antes de
É sempre ampla, geral e irrestrita, podendo ser publicada a sentença do processo em que se deu a
total ou parcial e vir antes ou depois da sentença falsidade, comunicando-se aos demais participantes,
condenatória irrecorrível; ainda, extingue todos os ao contrário do que ocorre nos crimes contra honra.
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No que se refere à injúria, somente é admissível bigamia ou de falsificação de registro (art. 111). Os arts.
se praticada por meio da imprensa (art. 26, Lei n. 116 e 117 trazem um elenco de causas suspensivas e
5250/67). interruptivas respectivamente.
A prescrição da ação se subdivide em: prescrição
PERDÃO JUDICIAL abstrata, retroativa e intercorrente.
É o instituto pelo qual o juiz deixa de aplicar a Na prescrição abstrata, como não há condenação,
pena ao réu em virtude da existência de determinadas o critério da base de cálculo é o máximo da pena
circunstâncias previstas pela lei – vide CP, arts. 121, privativa de liberdade cominada em abstrato,
§5º, 129, §8º, 140, §1º, I e II, etc. observando-se a tabela do art. 109, CP. Devem ser
Para uns, trata-se de mero favor do juiz, enquanto levadas em conta também as majorantes (a que mais
outros entendem que, desde que preenchidos os aumente) e as minorantes (a que menos diminua)
requisitos legais, é um direito público subjetivo de obrigatórias, excluindo-se as causas de exasperação
liberdade do indivíduo. Outrossim, há divergência do concurso formal e do crime continuado.
sobre a natureza jurídica da sentença que concede o Devem-se considerar, ainda, a redução pela
perdão: parte da doutrina defende que se trata de metade prevista no art. 115 (o menor de 21, à época
sentença condenatória, somente livrando o réu da do fato, e o maior de 70, à época da sentença).
pena e do pressuposto da reincidência; outra parte Por sua vez, a prescrição retroativa se baseia na
considera que, a teor da Exposição de Motivos da pena aplicada na sentença condenatória, visto que,
Reforma Penal de 84 (n.98), ela é extintiva da fruto de construção jurisprudencial, entende-se que,
punibilidade, sem qualquer efeito penal, principal ou desde o princípio, aquela era a pena justa aplicável ao
secundário; a Súmula 18 do STJ pacificou o caso. Também deve ser observada a tabela do art.
entendimento no sentido de que a sentença que 109. São seus pressupostos a inocorrência da
concede o perdão judicial é declaratória da extinção prescrição abstrata, sentença penal condenatória e o
da punibilidade. trânsito em julgado para a acusação ou improvimento
de seu recurso (eis que, pela proibição da reformatio
CRIMES ACESSÓRIOS, CONEXOS E in pejus, a pena não poderá mais ser aumentada).
COMPLEXOS Seu termo inicial é o do art. 110, §1º; o prazo pode ser
A extinção da punibilidade quanto a esses crimes interrompido ou suspenso (arts. 116 e 117).
é independente, pois, conforme preceitua o art. 108, De seu turno, a prescrição intercorrente ou
CP: “a extinção da punibilidade de crime que é subsequente também se baseia na pena in concreto,
pressuposto (crime acessório), elemento constitutivo observando-se o art. 109.
(crime complexo) ou circunstância agravante (crime
complexo) não se estende a este. Nos crimes PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO EXECUTÓRIA
conexos, a extinção da punibilidade de um deles não Esta prescrição impede que o Estado execute a
impede, quanto aos outros, a agravação da pena pena imposta, i.e., o jus punitionis, mas faz subsistir
resultante da conexão”. todos os demais efeitos do crime, penais ou
extrapenais; ocorre após o trânsito em julgado da
PRESCRIÇÃO sentença penal condenatória, regulando-se pela pena
Como já visto, é uma das causas de extinção da aplicada, considerando-se o art. 109. São seus
punibilidade pelo decurso do tempo, impedindo a pressupostos não ter acontecido a prescrição da
aplicação da pena ou a sua execução e fundamenta-se: pretensão punitiva, sentença condenatória irrecorrível
a) na presunção de desinteresse do Estado em e não satisfação da pretensão executória estatal.
exercer o jus puniendi; Estabelece o art. 112 o termo inicial da prescrição
b) no desaparecimento dos efeitos sociais do da condenação: do dia em que transita em julgado a
delito; sentença condenatória, para a acusação, ou a que
c) por razões de humanidade e interesse social. revoga a suspensão condicional da pena ou o
Daí porque as hipóteses de imprescritibilidade são livramento condicional; do dia em que se interrompe a
exceções que devem constar do texto constitucional execução, salvo quando o tempo de interrupção deva
(art. 5º, XLII e XLIV – prática do racismo e crimes computar-se na pena (ex: se ocorrer internação em
contra o Estado Democrático). hospital de custódia e tratamento, computa-se o
Há duas modalidades de prescrição no nosso tempo na pena).
Direito Penal: prescrição da pretensão punitiva ou da
ação e prescrição da pretensão executória ou da HIPÓTESES DE MODIFICAÇÃO DO PRAZO
condenação – o que as distingue é a existência ou PRESCRICIONAL
não de sentença penal condenatória definitiva, pois, Podem ser de três espécies:
antes desta, fala-se em prescrição da ação e, após, a) causas suspensivas: enquanto não resolvida
prescrição da condenação. questão prejudicial; enquanto o agente cumpre pena
no estrangeiro (art. 116, II); em caso de imunidade
PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA parlamentar (art. 53, §2º, CF); se a sentença já estiver
A prescrição da pretensão punitiva faz com que não transitada em julgado, enquanto o condenado estiver
subsistam quaisquer dos efeitos penais. Em regra, ela preso por outro motivo.
começa a correr a partir da data da consumação do Ainda, a suspensão condicional do processo (Lei
crime, mas pode ser ainda do dia em que cessou a n. 9099/95) e nos casos de citação editalícia em que o
atividade criminosa, se tentativa; do dia em que cessou a réu não comparece nem constitui advogado (art. 366,
permanência se crime permanente; da data em que o CPP) e de citação por rogatória de réu no estrangeiro,
fato se tornou conhecido pela autoridade, se crime de enquanto não cumprida a carta (art. 368, CPP).
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b) causas interruptivas (art. 117): recebimento conforme esse entendimento – a imputabilidade só
da denúncia/queixa; pronúncia (data da sua estará excluída se o fator psicológico decorrer do
publicação); decisão confirmatória da pronúncia; biológico.
sentença ou acórdão condenatórios recorríveis (data É o que se deduz do art. 26, que traz um conceito
da publicação); início ou continuação do cumprimento negativo de imputabilidade: não sendo inimputável,
da pena (de ver-se que, durante o período de prova imputável é (regra da imputabilidade).
do sursis e do livramento condicional, a prescrição No entanto, no que tange à menoridade penal, o
não corre); reincidência (além de aumentar o prazo CP adotou o critério biológico quando, no art. 27,
prescricional em um terço – art. 110, caput – estabelece presunção de inimputabilidade por
interrompe o seu curso; alguns entendem que o desenvolvimento mental incompleto, quais sejam, os
momento da interrupção é a data do novo crime, mas menores de dezoito anos: a eles são aplicadas as
a maioria defende que é a da sentença condenatória regras do Estatuto da Criança e do Adolescente.
que reconhece esse crime, pressuposto da Os fatores biológicos ensejadores da
reincidência). inimputabilidade são a doença mental, o retardamento
ou a imaturidade do desenvolvimento mental – eles
c) causas redutoras do prazo (art. 115): quando
geram a inimputabilidade do autor do fato típico e
o agente, ao tempo do delito, for menor de 21 anos ou ilícito quando determinarem a absoluta incapacidade
quando, na data da sentença, for maior de 70 anos – de conhecimento da ilicitude ou a absoluta
o prazo prescricional é reduzido pela metade. incapacidade de orientação do comportamento.
Impende notar que, salvo nas hipóteses de início Sendo inimputável, ele não possui o discernimento
ou continuação do cumprimento da pena e de ético de motivar-se conforme a norma e não pratica
reincidência, a interrupção da prescrição atinge a crime – há isenção de pena, sendo-lhe imposta uma
todos os coautores do crime e, em se tratando de medida terapêutica de defesa social, a medida de
crimes conexos, a interrupção da prescrição referente segurança.
a um deles alcança a todos os outros (art. 117, §2º). Mas os distúrbios da saúde mental podem,
embora preservando parcialmente, importar na
PRESCRIÇÃO DA PENA DE MULTA redução (e não supressão) da capacidade psicológica
De acordo com o art. 114, CP, a pena de multa de conhecimento ou de vontade: semi-imputabilidade
prescreve em dois anos quando for a única cominada ou imputabilidade diminuída (art. 26, parágrafo único).
ou aplicada ou no mesmo prazo estabelecido para a Ao juiz, esclarecido pela perícia, abre-se a opção de
prescrição da pena privativa de liberdade, quando a atenuar quantitativamente a pena ou de substituí-la
multa for alternativa ou cumulativamente cominada ou por medida de segurança (sistema vicariante, em
cumulativamente aplicada (ver também art. 118). oposição ao duplo binário, que permitia a aplicação
Se a pena de multa for a única que ainda não foi dos dois institutos. Pelo sistema vicariante, o agente
cumprida, portanto, o prazo será o da pena privativa só responde por uma das duas consequências: ou
de liberdade. pena, ou medida de segurança).
O momento da aferição é o da conduta – já que o
IMPUTABILIDADE PENAL tempo do crime é o da ação ou omissão – por meio de
exame póstumo realizado por peritos especialmente
CONSIDERAÇÕES GERAIS habilitados. Esta aferição, em alguns casos, pode ser
A noção de crime como fato punível implica o retroativa: quando o agente deliberadamente se pôs
reconhecimento de que seu autor é uma pessoa com em condição de inimputabilidade para cometer um
uma dimensão ética, alguém que tem condições de crime – será considerado imputável.
discernimento e autodeterminação suficientes para
direcionar e motivar o seu comportamento segundo EMOÇÃO E PAIXÃO
critérios de valor. Mas esta dimensão ética pressupõe A emoção é um profundo abalo de estado da
normalidade biológica e psicológica, caso contrário consciência determinada por uma mudança repentina
faltará uma condição prévia para que o juízo do ambiente; comporta graus. O impacto inicial
normativo de censura possa incidir, não sendo desencadeador da emoção (emoção-choque)
possível imputar juridicamente a essa pessoa a confunde as pautas intelectuais e volitivas; na medida
prática do fato. em que vai se afastando do abalo, atinge-se um
Imputabilidade é a capacidade biopsicológica de estado de serenidade relativa (emoção-sentimento).
compreender a ilicitude penal e de determinar sua Já a paixão é a total concentração da consciência
conduta conforme esta compreensão. Apresenta-se em torno de um objeto, levando-se a um
como pressuposto da culpabilidade. Há três critérios comprometimento da seletividade.
possíveis para aferição da imputabilidade: o biológico, Os estados emocionais ou passionais não
o psicológico e o biopsicológico ou misto. O primeiro excluem a imputabilidade (art. 28, I, CP), até porque a
considera suficiente que haja imaturidade ou afecção emoção e a paixão não são classificadas como
mental para que se configure a inimputabilidade; para enfermidades mentais, sendo situações frequentes da
o segundo, inimputável seria todo aquele que vida de qualquer indivíduo equilibrado. Todavia,
apresentasse um déficit intelectual ou volitivo – ambos quando elas já se apresentam como sérias
pecam pela visão unilateral do problema. perturbações crônicas da saúde mental ou
O CP adotou o critério biopsicológico como regra: manifestações sintomalógicas de outras psicopatias,
inimputável é aquele que, por fatores biológicos, podem levar à total ou parcial imputabilidade. Todavia,
demonstra incapacidade psicológica de conhecer do a emoção não é totalmente indiferente ao Direito
caráter ilícito da sua conduta, ou de determinar-se Penal.
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Pode servir como causa de diminuição de pena no modernização do Direito Penal quanto a esse
homicídio, quando causada por injusta provocação da aspecto. Por fim, a dependência física ou psíquica de
vítima, além da a atenuante genérica do art. 65, II, c, substâncias psicotrópicas também pode levar à
quando provocada por ato injusto da vítima. inimputabilidade, e seus efeitos penais regem-se pelo
art. 19 e parágrafo único da Lei n. 11.343/2006.
EMBRIAGUEZ
A embriaguez é a intoxicação passageira e aguda CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE
produzida pelo álcool ou por substâncias de efeitos O juízo de reprovação somente incide se, no caso
análogos. O nosso Direito Penal adotou, quanto à concreto, ao agente capaz era possível saber que
embriaguez, um tratamento diversificado: ela pode ser estava atuando contra o ordenamento jurídico: a
uma contravenção (art. 62, LCP), aparece no Código vontade deve orientar-se pela consciência da ilicitude
de Trânsito Brasileiro (conduzir veículo embriagado do comportamento. Mas o que é a consciência da
constitui o crime do art. 306) e também vem disposta ilicitude?
no Código Penal, podendo ter as seguintes Não se trata de conhecimento técnico de uma
consequências: norma jurídica (orientação formal) ou de um
- a embriaguez simples, voluntária ou culposa, conhecimento diferenciado das normas culturais, da
proveniente de álcool ou substâncias análogas. Há antissocialidade da conduta (orientação material), ou
incidência da actio libera in causa. Não exclui a penas os juristas, no primeiro caso, ou os sábios, no
imputabilidade, mesmo que, ao tempo da ação ou segundo, seriam passíveis do juízo de reprovação.
omissão, o agente esteja em embriaguez completa. Trata-se de conhecimento leigo, vulgar, que está
Neste caso, se o agente, no início do processo causal, ao alcance de qualquer indivíduo capaz que tenha
ao embriagar-se, agiu com dolo ou culpa (em relação acesso aos meios de informação. E o ordenamento
ao ato de embriagar-se), responde pelo crime, mesmo não impõe o dever de conhecer a ilicitude, mas o
que esteja completamente embriagado quando da dever de se informar, somente exigindo o
prática do fato. Há muita crítica a este dispositivo, que cumprimento desse dever quando, nas circunstâncias
englobaria caso de responsabilidade penal concreta do agir, verifique-se que o sujeito tem
objetiva.(art. 28, II); possibilidade de informar-se, com a reflexão ordinária,
- a embriaguez preordenada é circunstância sobre a antijuridicidade de um comportamento.
agravante (art. 61, II, l); A censura deve recair tanto sobre quem realiza
- a embriaguez acidental, proveniente de força uma conduta cuja ilicitude conhecia quanto sobre
maior ou caso fortuito, se completa, exclui a quem realiza uma conduta cuja ilicitude desconhecia
imputabilidade (art. 28, §1º) e, se incompleta, há porque, tendo possibilidade de aplicar sua inteligência
diminuição de pena (art. 28, §2º); e atenção para conseguir esse conhecimento, não se
- a embriaguez patólogica, quando acarreta informou sobre a ilicitude.
incapacidade intelectiva ou volitiva, exclui a
imputabilidade (art. 26, caput), mas quando há Teorias sobre a posição da consciência da
redução dessa capacidade, acarreta a diminuição de ilicitude na estrutura do delito:
pena (art. 26, parágrafo único). a) teoria extrema do dolo: o dolo possui a
Para que a embriaguez seja exculpante no nosso consciência da ilicitude, que deve ser real e atual, não
ordenamento, ela deve conter os seguintes sendo suficiente que seja potencial; a inexistência real
elementos: quantitativo (deve ser completa), causal ou de consciência da ilicitude exclui o dolo, podendo
etiológico (proveniente de caso fortuito ou força haver punição por crime culposo se o erro era
maior), cronológico (ao tempo da ação ou omissão), e vencível;
consequencial (inteiramente incapaz de entender o
caráter ilícito do fato ou de determinar-se conforme b) teoria limitada do dolo: no dolo basta que exista
esse entendimento). A doutrina entende que não seria um potencial conhecimento da antijuridicidade;
preciso que a embriaguez decorresse de caso fortuito
ou força maior, isto é, estando presentes todos os c) teoria extrema da culpabilidade: sendo o dolo
outros elementos, a imputabilidade deveria ser natural, a consciência da ilicitude não faz parte dele,
excluída. mas da culpabilidade, bastando ser potencial; ausente
O fundamento da punibilidade em caso de o conhecimento da ilicitude, o sujeito deve ser
embriaguez voluntária ou culposa, conforme a absolvido não por ausência de dolo, mas por inexistir
Exposição de Motivos, é a teoria da actio libera in culpabilidade – erro evitável, pois se o erro de
causa ad libertatem relata. Acontece que se, no proibição for evitável, a culpabilidade deve ser
instante da imputabilidade, o sujeito quis o resultado, atenuada; já o erro de tipo exclui o dolo;
ou assumiu o risco de produzi-lo, ou o previu sem
aceitá-lo ou ainda, não previu mas lhe era previsível, é d) teoria limitada da culpabilidade: semelhante à
possível a punição com base na supracitada teoria (o anterior, difere quanto ao erro sobre a situação de fato
agente deve ser portador de dolo ou culpa quanto à de uma causa de justificação, que seria erro de
embriaguez e quanto ao crime posterior); mas, se a proibição pela teoria anterior, pela limitada, é erro de
hipótese era de imprevisibilidade, permitir a punição tipo, excluído o dolo e remanescendo a punição a
como faz o CP é consagrar a responsabilidade penal título de culpa se evitável; mas se o erro recair sobre
objetiva, vedada pela Constituição, pois a embriaguez a norma de proibição, o dolo subsiste, podendo ser
não será ato executivo delituoso, o que é livre na excluída ou atenuada a culpabilidade se o erro de
causa não é a ação criminosa, mas somente a proibição for inevitável ou evitável (como a anterior) –
embriaguez. Faz-se necessária, portanto, uma é a teoria adotada pelo CP.
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Destarte, o primeiro requisito da culpabilidade (e Impende registrar que o subalterno militar tem o
seu segundo elemento) é a consciência potencial, não dever legal de obediência (pode cometer crime de
necessariamente atual, da ilicitude. Incidindo o erro de insubordinação do art. 163, CPM), não sendo culpado
proibição sobre ela, pode fazer excluir a culpabilidade qualquer que seja a sua concepção sobre a
se invencível ou atenuá-la, se vencível (o assunto ilegalidade da ordem; apenas ela não pode ser
será mais bem abordado quando se falar de erro). manifestamente criminosa – todavia poderá ser
obrigado a executá-la por meio de coação irresistível,
EXIGIBILIDADE DE CONDUTA CONFORME O excluindo-se nesse caso a sua culpabilidade por força
DIREITO dessa última exculpante.
A conduta do sujeito, ao realizar um fato típico e
antijurídico, somente pode ser considerada autônoma COAÇÃO MORAL IRRESISTÍVEL
(reprovável, punível) se a decisão de realizá-la foi Em Direito Penal, coação é o constrangimento
proveniente de um processo de normal motivação de imposto a uma pessoa para compeli-la a realizar um
sua vontade. fato típico e antijurídico. Fala-se aqui apenas da
Por outro lado, se qualquer interferência convence coação psicológica ou moral, porque a vis absoluta
de que a vontade foi anormalmente motivada, a (coação física) é causa de ausência de vontade e,
decisão não se considera autônoma, e a culpabilidade portanto, de conduta.
estará excluída. A coação moral, que pode se dar por meio da
Para saber se a motivação foi normal ou anormal, violência ou ameaça, interfere no processo
recorre-se à teoria das circunstâncias concomitantes, psicológico de decisão, fazendo com que o sujeito
concebida por Frank: a análise exaustiva de tais decida em circunstâncias anormais (sua vontade é
circunstâncias ao atuar permitirá identificar os fatores viciada).
e as situações que motivaram a vontade a decidir Acontece que o Direito Penal impõe a todos a
daquela maneira – se a conclusão for no sentido de obrigação de abster-se de realizar condutas lesivas,
que, naquelas circunstâncias, era impossível ao mesmo suportando sofrimentos físicos ou morais – a
indivíduo decidir de outra forma, já que sua vontade escusabilidade da coação vai depender, por
estava anormalmente motivada, não poderá recair conseguinte, da persistência ou não desse dever de
sobre ele o juízo de reprovação, pois ninguém pode resistir. Afere-se esse dever no caso concreto
ser culpado por uma conduta que não podia deixar de (circunstâncias concomitantes), inclusive porque leva
ser praticada. em conta a capacidade de resistir de cada um: sendo
A inexigibilidade de conduta conforme o Direito a coação moral irresistível, isenta-se de pena o
fundamenta duas dirimentes legais, quais sejam, a coacto, respondendo pelo delito o coator; se resistível,
obediência hierárquica e a coação irresistível (art. 22, ambos respondem em concurso, podendo o coacto se
CP) além de servir como causa supralegal de beneficiar da atenuante prevista no art. 65, III, c, CP.
exclusão da culpabilidade. Na coação há a promessa de um mal futuro, grave
e irresistível, contra o coacto. ou contra terceiro, em
OBEDIÊNCIA HIERÁRQUICA que o mal praticado ou anunciado pelo coator é igual
O atendimento do interesse público, finalidade ou maior do que o mal que será praticado pelo coacto.
precípua do Estado, impõe rígido vínculo de Assim, o coacto pratica o fato para salvar direito
subordinação entre os funcionários que exercem próprio ou de terceiro. Neste caso, ocorre autoria
atividades de chefia e os que exercem funções mediata, sendo que a culpabilidade se transfere do
operacionais. Do poder hierárquico que informa a coacto para o coator. Há quem entenda que o coator
Administração, decorre que, via de regra, as ordens responde, em concurso, pelo crime cometido pelo
emanadas dos superiores devem ser cumpridas pelos coacto e por constrangimento ilegal.
subalternos tendo em vista o princípio da presunção
da legitimidade e veracidade. Daí porque se diz que, CASO FORTUITO E FORÇA MAIOR
muitas vezes, não é dado ao funcionário agir de outro Afastam a culpabilidade porque o caso fortuito
modo, ainda que a execução de uma ordem superior caracteriza-se pela imprevisibilidade do dano, embora
importe na realização de um fato típico e antijurídico. evitável, enquanto a força maior caracteriza-se pela
Excluída a sua culpabilidade, responde pelo fato inevitabilidade do dano, embora previsível. Para Assis
apenas seu superior. Toledo, apenas o caso fortuito excluiria a
São requisitos da obediência hierárquica: culpabilidade, pois a força maior excluiria a própria
a) relação de Direito Público entre superior e ação humana, assim como a coação física irresistível.
subordinado;
b) que a ordem não seja manifestamente ilegal – o ERRO DE TIPO; ERRO DE PROIBIÇÃO
cumprimento estrito de uma ordem legal corresponde
a uma justificativa penal (art. 23, III). Se a ordem for INTRODUÇÃO
manifestamente ilegal (quando não observa aos Tecnicamente, existe diferença entre erro e
requisitos formais extrínsecos, ou emitida por ignorância: o primeiro é a falsa noção da realidade,
autoridade incompetente ou tem objeto ilícito), a enquanto a segunda é a ausência de conhecimento
dirimente é afastada, respondendo o obediente como sobre a realidade; todavia o CP, assim como o CC,
coautor ou partícipe, incidindo a atenuante prevista no equipara as duas figuras, dando-lhes o mesmo
art. 65, III, c, CP. tratamento.
c) que o fato seja cumprido dentro de estrita O erro pode incidir sobre os elementos do tipo,
obediência à ordem – se houver excesso, o executor tem-se o erro de tipo; se o erro recair sobre a ilicitude
responde por isso. da conduta, há o erro de proibição.
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Outrossim, é preciso deixar claro que tais O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável,
denominações não guardam exata correspondência isenta de pena; se evitável, poderá diminuir a pena de
com os antigos “erro de fato” e “erro de direito” um sexto a um terço”.
respectivamente, uma vez que designam institutos Antes, é necessário distinguir a ignorância da lei
diferentes – houve verdadeira mudança conceitual – da ausência de conhecimento da ilicitude: a primeira é
daí porque devem ser abandonadas as velhas matéria de aplicação da lei que, por ficção jurídica,
concepções. presume-se conhecida por todos; já a segunda refere-
Ao longo do tempo, diversas foram as teorias se à culpabilidade, significando não o
elaboradas a fim de se dar um tratamento adequado desconhecimento da lei ou do fato, mas da
ao erro jurídico-penal. contrariedade que se firma, naquela circunstância,
entre o fato e a norma. Ainda, o que se exige não é
ERRO DE TIPO uma consciência real da ilicitude, mas uma potencial
O erro de tipo foi disciplinado pelo art. 20 do consciência, atingível pela consciência profana do
Código Penal. Incide ele sobre os elementos injusto, a qual se adquire por meio das normas de
estruturais do tipo – erro de tipo essencial. O erro cultura e dos princípios morais e éticos. Todavia, às
sobre o fato típico diz respeito ao elemento cognitivo vezes, a lei moral não coincide com o dever jurídico,
ou intelectual do dolo. Por isso, de acordo com o que seja porque há ações imorais ou amorais protegidas
dispõe o art. 20, caput, do CP, o erro de tipo exclui o pelo Direito, seja porque há ações criminosas
dolo e, portanto, a tipicidade (carência do tipo moralmente louváveis – neste último caso, a
subjetivo). Como a culpabilidade permanece intacta, presunção do conhecimento da proibição legislativa é
se o erro for vencível, haverá punição por crime iníqua.
culposo se prevista a modalidade – CP, art. 20, caput. Além disso, com a multiplicidade de leis que existe
Ainda há, também o erro acidental, que recai e que vai sendo produzida, nem sempre é possível
sobre circunstâncias secundárias do crime. Não saber o que é permitido ou que é proibido em
impede o conhecimento sobre o caráter ilícito da determinado momento – daí porque Welzel,
conduta, e pode recair sobre circunstâncias (que reelaborando o conceito de consciência da ilicitude,
estão ao seu redor), como é o caso do error in introduziu-lhe um novo elemento, qual seja o dever de
persona (ex: A quer atingir B, mas o confunde com C, informar-se: é preciso aferir se o agente, não tendo a
que vem a ser a vítima efetiva – art. 20, §3º, CP – A consciência naquele momento, poderia tê-la adquirido
deverá responder como se tivesse atingido B, a vítima se tivesse procurado se informar convenientemente. E
virtual) e da aberratio causae (ex: A dá várias facadas o nosso CP, seguindo esse entendimento, estabelece
em B e, presumindo que esteja morto, atira-o de um que, tratando-se de erro de proibição inevitável, há
precipício, mas B vem a morrer com a queda) – isenção de pena; se evitável, a pena (do crime
nesses casos, não haverá exclusão do dolo, punindo- doloso), é diminuída de um sexto a um terço. É o
se o autor por crime doloso. Há também o erro próprio parágrafo único do referido art. 21 que diz:
acidental no erro quanto à coisa (subtrai açúcar “considera-se evitável o erro se o agente atua ou se
quando pretendia subtrair farinha). Há também o erro omite sem a consciência da ilicitude do fato, quando
na execução (aberratio ictus) - CP, art. 73 (A, lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir
querendo atingir B, erra o tiro e atinge C) e o aberratio essa consciência”.
delicti - CP, art. 74 (X quer atingir a vidraça e acerta a O erro de proibição pode se apresentar de três
cabeça de Y) formas: direto, indireto (erro de permissão) e erro de
O erro na execução difere do erro in persona mandamento, sendo os dois primeiros também
porque neste, o agente atinge "A" (vítima efetiva) chamados por alguns de descriminantes putativas.
pensando que "A" fosse "B" (vítima desejada). Ou O erro de proibição direto recai sobre a existência
seja, há um erro na realidade. No erro na execução, o de uma norma penal incriminadora e se dá quando o
agente quer atingir "B" (vítima desejada) e sabe que agente entende que a sua conduta não é proibida pelo
"B" é "B", só que erra na execução, p.ex: erra o tiro, e Direito.
atinge "A". No erro quanto 'a pessoa, apenas a vítima Exemplo típico é o da estrangeira que pratica
efetiva (A) é exposta a perigo, enquanto no erro na aborto em país que o proíbe porque em seu país de
execução, tanto (A) quanto (B) estão expostos a origem aquela conduta é permitida.
perigo. Pode ocorrer em crimes culposos quando o sujeito
De notar-se que é possível que ocorra erro de tipo não sabe qual o dever objetivo de cuidado exigido
em crimes omissivos impróprios quando o agente para aquele caso.
desconhece a sua posição de garantidor ou tem dela Por seu turno, o erro de proibição indireto recai
uma noção errada, por exemplo. sobre a existência de uma norma penal permissiva
Responde pelo crime o terceiro que determina o (excludente de ilicitude) e pode ocorrer em duas
erro, na forma do art. 20, § 2º do CP. situações: quando o agente pratica o fato pensando
Há discussão sobre qual a natureza do erro que estar acobertado por uma causa de justificação
recaia sobre os elementos normativos do tipo: seria inexistente ou quando, atuando sob uma causa
erro de tipo ou de proibição? Para Welzel, trata-se de existente, desconhece seus limites.
erro de proibição; para Cezar Bitencourt, seria erro de Exemplo do primeiro seria o caso de alguém que,
tipo. sendo credor de outrem, entende que pode ir à casa
deste pegar o dinheiro devido; exemplo do segundo
ERRO DE PROIBIÇÃO seria a hipótese de alguém que, sob ameaça de
Dispõe o art. 21, caput, CP: “O desconhecimento agressão no dia seguinte, se antecipa e, no mesmo
da lei é inescusável. dia, atira no futuro agressor pelas costas.
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No caso, o agente desconhece, por exemplo, o O tratamento dado pelo CP ao erro de tipo
alcance da legítima defesa, que só é admissível incriminador é a exclusão do dolo; já o referido art. 20,
contra agressão atual ou iminente, e não sobre §1º, ao tratar do erro de tipo permissivo (denominação
agressão futura. combatida por alguns), isenta de pena, o que ocorre
Pode recair sobre a necessidade dos meios, sobre com o erro de proibição; todavia, se o erro for evitável,
a moderação do seu uso, enfim, recai, no último caso, dá-se a punição por crime culposo, o que ocorre com
sobre os limites da norma permissiva. o erro de tipo.
O erro mandamental, por fim, é aquele em que o É, pois, um erro sui generis na concepção de Luiz
agente, estando na condição de garantidor e tendo Flávio Gomes e de Cezar Bitencourt e deveria ser
conhecimento da situação fática de perigo, deixa de tratado em dispositivo autônomo.
impedir o resultado, omitindo a ação que a norma Em verdade, a noção errônea de culpa imprópria,
preceptiva lhe impunha, por entender que não tinha tal anômala ou por assimilação ao dolo nasceu da
dever. tentativa causalista de explicação deste erro: se, no
Pode se dar tanto em crimes omissivos como em exemplo supracitado, A atira no próprio filho pensando
comissivos por omissão. Exemplo seria o do médico tratar-se de um ladrão, mas ele não morre, Nelson
cujo plantão já acabou, e que, por isso, deixa de Hungria entendia que ele havia atuado com culpa, já
atender o paciente que chega depois, entendendo que que o dolo era a vontade de praticar um crime;
a obrigação de examiná-lo é do seu substituto, o qual contudo, como não se admite tentativa de crime
está atrasado. culposo, seria uma culpa imprópria.
Há de se salientar que, apesar de o Acontece que, pelo finalismo, o dolo é natural, é a
desconhecimento da lei ser inescusável, é previsto consciência e vontade de realização do
como circunstância atenuante pelo art. 65, II, CP. comportamento típico, o que ocorre in casu, apenas o
agente aprecia mal as circunstâncias – em sua
AS DESCRIMINANTES PUTATIVAS FÁTICAS estrutura, portanto, é um crime doloso, mas a lei pune
As chamadas descriminantes putativas são objeto como crime culposo, se o erro é culposo (chamada
de divergências doutrinárias é a modalidade de erro culpa imprópria, por equiparação), modalidade
que recai sobre os pressupostos fáticos de uma causa excepcional, que, de forma estranha, comporta até
de justificação (ex: à noite, A, estando em sua casa, tentativa.
ouve o barulho de alguém entrando e, pensando Ademais, não se pode confundir erro culposo com
tratar-se de um ladrão, atira no vulto, supondo estar crime culposo: se a má apreciação decorreu de culpa
em legítima defesa, mas, depois, percebe que era seu do agente, isto é, se o erro poderia ter sido evitado e
filho B, que retornara de viagem mais cedo do que o não o foi, isso não transmutará a natureza do crime de
previsto): seria erro de tipo ou erro de proibição? doloso para culposo, pois ele teve intenção de realizar
a conduta típica, apenas se enganou sobre a licitude
Algumas teorias procuram solucionar o problema: dela.
– teoria dos elementos negativos do tipo: seria Por causa disso e, tendo em vista a teoria do erro
erro de tipo; se invencível, atipicidade; se vencível, orientada às consequências jurídicas, a sua
pena do crime culposo; culpabilidade será atenuada, emprestando-se tão-
somente a pena do crime culposo correspondente, se
– teoria extremada da culpabilidade: trata-se de prevista a figura (se o erro era inevitável, como já
erro de proibição; se invencível, isenção de pena; se mencionado, há isenção de pena).
vencível, culpabilidade dolosa atenuada;
– teoria limitada da culpabilidade: seria erro de CLASSIFICAÇÃO DAS INFRAÇÕES PENAIS
tipo permissivo e, por analogia, teria o mesmo
tratamento do erro de tipo; se escusável, há Classificação das infrações penais
atipicidade; se inescusável, pena do crime culposo; FRANCESA: tripartida: crime, delito e
contravenções.
– teoria do erro orientada às consequências: o BRASIL: bipartida : crime e contravenção.
agente comete um crime doloso quando atua com Crime descritos no Código penal e leis
essa espécie de erro, mas deve sofrer as extravagantes;
consequências de um crime culposo se evitável o erro Contravenções: Leis das Contravenções Penais e
porque o desvalor da ação é menor (ele quer algo que Leis Especiais.
a lei permite), bem como o conteúdo da sua
culpabilidade (o que orientou a formação do dolo não Qualificação legal e doutrinária dos crimes
foi uma falta de atitude jurídica, mas uma análise
desatenta da situação); se inevitável, há isenção de Qualificação: nome dado ao fato ou infração pela
pena. doutrina ou lei. Há a qualificação legal e a qualificação
O nosso CP, em seu art. 20, §1º, estatui que: “é doutrinária. A primeira refere-se ao fato ou a infração
isento de pena quem, por erro plenamente justificado
pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se Qualificação Legal: refere-se ao fato ou a
existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de infração é o nomem juris da infração. Ex.: lesão
pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível corporal, porte de arma.
como crime culposo”.
Da leitura do dispositivo conclui-se que as Qualificação da infração é o nome que recebe a
descriminantes putativas fáticas são um misto de erro modalidade a que pertence o fato - crime ou
de tipo e erro de proibição, senão vejamos. contravenção.

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QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA Crime Instantâneo e Permanente
Crimes Comuns: Descritos no Direito Penal Crime Instantâneo: se completam em um só
comum; momento. Consumação se dá num determinado
Crimes Especiais: Descritos no Direito Penal instante, sem continuidade temporal. Ex.: homicídio.
Especial. Crime Permanente: causam situação danosa ou
Crimes Comuns: praticados por qualquer pessoa; perigosa que se prolonga no tempo. O momento
Crimes Próprios: só cometidos por uma categoria consumativo se prolonga no tempo. Ex.: sequestro,
de pessoas, pressupõe no agente particular condição cárcere privado.
ou qualidade pessoal. Caracteriza-se pela circunstância de a
Crimes de Mão Própria ou de Atuação Pessoal: consumação pode cessar por vontade do agente - até
só podem ser cometidos pelo sujeito em pessoa. Os quando este queira.
estranhos podem intervir como partícipes mas não Crime permanente - duas fases - realização do
como autores. fato descrito pela lei - comissivo - manutenção do
Crimes de Dano: são os que se consumam com a estado danoso - omissivo.
efetiva lesão do bem jurídico. Crime Permanente - bens jurídicos - materiais e
imateriais.
Crimes de Perigo: se consumam tão-só com a Crime Necessariamente Permanente: a
possibilidade de dano. Perigo pode ser: continuidade do estado danoso ou perigoso é
- Perigo Presumido: considerado pela lei em face essencial para a sua configuração - Ex.: sequestro.
de determinado comportamento, positivo ou negativo, Crime Eventualmente Permanente: o crime
lei presume juris et de jure não precisa ser provado, tipicamente instantâneo prolonga a sua consumação -
resulta da própria ação ou omissão. Ex.: abuso de profissão.
- Perigo Concreto: é o que precisa ser provado; Crime Instantâneo de Efeitos Permanentes:
- Perigo Individual: expõe o risco de dano ao permanência dos efeitos não depende do agente,
interesse de uma só pessoa ou número limitado de Crime instantâneo que se caracteriza pela índole
pessoas. duradoura de suas consequências.
- Perigo Comum (coletivo): expõe ao risco de
dano interesses jurídicos de um número Crime Continuado: quando o agente mediante
indeterminado de pessoas. mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais
- Perigo Iminente: é o que está ocorrendo. crimes da mesma espécie e, condições de tempo,
- Perigo Futuro: embora não existindo no lugar maneira de execução e outras semelhantes
presente pode advir em ocasião posterior. devem os subsequentes serem havidos como
continuação do primeiro. Não se trata de um tipo de
Crimes Formais, Materiais e de Mera Conduta: crime, mas uma forma de concurso de delitos.
Crime de Mera Conduta: sem resultado
naturalístico- o legislador só descreve o Crime Principal: existe independentemente de
comportamento do agente. Ex.: violação de domicílio. outro.
Crimes Formais: de evento naturalístico
cortado ou consumação antecipada - menciona o Crime acessório: sua existência pressupõe outro
comportamento e o resultado, mas não exige sua crime. Ex. Receptação, pressupõe o furto, este
produção para consumação. Ex.: Crimes contra principal, aquele acessório.
honra.
Crimes Materiais: de resultado - o tipo menciona Crime condicionado: tem a punibilidade
a conduta e o evento, exigindo a sua produção para condicionada a um fato exterior e posterior a
consumação. Ex.: aborto. consumação.

Crime Comissivo e Omissivo: Baseia-se no Crime Simples: tipo penal único. Ex.: homicídio
comportamento do sujeito.
Comissivo: são os praticados mediante ação - Crime Complexo: é a fusão de dois ou mais tipos
sujeito faz algo - propriamente ditos por omissão. penais; pode apresentar-se sob duas formas: Lato:
Omissivo: mediante inação - sujeito deixa de um crime, em todas ou alguma das hipóteses
fazê-lo. contempladas na norma incriminadora contém em si
- Próprios ou de pura omissão: perfazem com a outro delito menos grave . Legislador acrescenta fatos
simples abstenção da realização de um ato a definição de um crime, que por si mesmo não
independentemente de um resultado posterior - constitui delito - o delito de maior gravidade absorve o
resultado é imputado ao sujeito pela simples omissão de menor intensidade.
normativa - Ex.: omissão de socorro. Estrito: reunião de dois ou mais tipos de penais.
- Impróprios ou comissivos por omissão: Apresenta-se sob duas formas:
sujeito mediante uma omissão permite as produção - dois ou mais delitos constituem outro,
de um resultado posterior, que os condiciona. - funcionando como elementares - o legislador reúne
simples omissão não constitui crime - Ex.: mãe que dois ou mais crimes e os transforma em elementos de
deixa de alimentar o filho causando-lhe a morte. outro
- De conduta mista: omissivos próprios que - Ex.: extorsão mediante sequestro, de que fazem
possuem fase inicial positiva há uma ação inicial e parte a extorsão e o sequestro.
uma omissão final. Ex.: apropriação indébita de coisa - um delito integra outro com circunstâncias
alheia. qualificadoras.
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Um delito deixa de ser autônomo para funcionar Ex.: na concussão funcionário solicita vantagem
como qualificadora do outro. - Ex.: Latrocínio - onde o indevida - só a solicitação consuma o crime, se
homicídio intervém como qualificadora do roubo. recebe a vantagem exaure o crime.
Crime de Concurso Necessário: são os que
Crime Putativo: Ocorre o delito putativo exigem mais de um sujeito:
(imaginário ou erroneamente suposto) quando o Coletivos, de convergência ou plurissubjetivos:
agente considera erroneamente que a conduta são os que tem como elemento o concurso de várias
realizada por ele constitui crime, sendo na verdade pessoas para um fim único.
um fato atípico. - Não há crime -. Ex.: formação de quadrilha ou bando.

Espécies: Bilaterais ou de Encontro: são os que exigem o


concurso de duas pessoas, mesmo que uma não seja
Por erro de proibição: o agente supõe violar uma culpável. Ex.: bigamia, adultério.
norma penal que não existe. Falta tipicidade à sua Crimes unilaterais ou unissubjetivos (ou
conduta, pois o fato não é considerado crime; monossubjetivos): podem ser cometidos por uma só
pessoa;
Por erro de tipo: o erro não recai sobre a norma, Crimes eventualmente coletivos: os qualificados
mas sobre os elementos do tipo, a norma realmente pelo concurso de pessoas.
existe mas na sua conduta falta elementos. Crimes simples: é o descrito em sua forma
Ex.: uma mulher supondo estar grávida ingere fundamental. É a figura típica simples que contém os
substância abortiva. elementos específicos do delito.
Crimes Privilegiados: após a definição do tipo
Por obra de agente provocador (flagrante básico, o legislador acrescenta circunstâncias de
provocado, crime de ensaio): ocorre quando alguém caráter subjetivo, com função específica de diminuir a
de forma insidiosa provoca o agente a prática de um pena.
crime, ao mesmo tempo que toma providências para Crime Qualificado: depois de descrever a figura
que ele não se consume. típica fundamental o legislador agrega circunstâncias
Crime Progressivo: sujeito para alcançar um que aumentam a pena.
resultado mais grave passa por outro menos grave. Crime Doloso: quando o sujeito quer ou assume o
Crime de Flagrante Esperado: indivíduo sabe risco de produzir o resultado;
que vai ser vítima de um delito, avisa a polícia, que Crime Culposo: quando o sujeito dá causa ao
espera e apanha o autor no momento da prática ilícita. resultado por imprudência , negligência ou imperícia.
Difere do putativo - já que não há provocação. Crime Preterdoloso (preterintencional): É aquele
Se crime formal ou de perigo: este se integra em em que a ação causa um resultado mais grave que o
todos os elementos de sua definição legal. Se crime pretendido pelo agente. O sujeito quer um minus e a
material ou de dano: haver apenas tentativa, pois o sua conduta produz um majus de forma que se
dano não se verificará devido a prévia vigilância. conjugam a ação - antecedente - e a culpa do
Crime Impossível (quase crime ou tentativa resultado - consequente.
inidônea): por ineficácia absoluta do meio, ou Crime Subsidiário: uma norma penal
impropriedade do objeto é impossível consumar o incriminadora tenha natureza subsidiária em relação a
crime. outra. A norma principal exclui a aplicação da
Crime Consumado (perfeito): nele se reúnem secundária.
todos os elementos de sua definição legal.
Subsidiária Explícita: quando a lei após
Crime Tentado (imperfeito): iniciada a
descrever um crime, diz que só tem aplicação se o
consumação, não se consuma por circunstâncias
fato não configura delito mais grave. Ex.: Subsidiária
alheias a vontade do agente
Implícita: quando a aplicação de uma norma não
Crime Falho: nome que se dá a tentativa perfeita
resulta da comparação abstrata mas do juízo de valor
ou acabada em que o sujeito faz tudo para consumar
sobre o fato concreto em face dela. Ex.: as normas
o crime, mas o resultado não ocorre por
que definem os crimes de perigo individual são
circunstâncias alheias à sua vontade.
subsidiárias frente as que descrevem os crimes contra
Crime de Dupla Subjetividade Passiva: em
a vida.
razão do tipo tem dois sujeitos passivos.
Ex.: violação de correspondência - sujeito passivo Crimes Vagos: são os que tem por sujeito passivo
- remetente e destinatário. entidades sem personalidade jurídica, como a família,
a sociedade, etc..
Crime Unissubsistente: se realiza em um só ato - Crimes de Mera Suspeita: crime sem ação - não
Não admite tentativa. Ex.: injúria verbal aceita pela maioria da doutrina.
Crime Plurissubsistente: se perfaz em vários Crimes Comuns: lesão de bens jurídicos do
atos, admite tentativa cidadão da família ou da sociedade.
A distinção entre, unissubsistente e Crimes Políticos: atacam a segurança interna ou
plurissubsistente, não se faz em vista do crime externa do Estado ou a sua própria personalidade.
abstrato, mas sim em face do caso concreto. - Próprios: ofendem a organização política do
Estado;
Crime Exaurido: causou todas as consequências - Impróprios: ofendem um interesse político do
danosas visadas pelo agente, depois de consumado cidadão;
atinge suas últimas consequências.
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- Puros: de natureza exclusivamente política; situação particular - praticados só por pessoas que
- Relativos: compreendem delitos mistos ou exercem a função pública.
complexos ofendem simultaneamente a ordem político - Próprios: a ausência da qualidade referente ao
social e um interesse privado. exercício da função pública por parte do agente,
- Comuns: conexos aos delitos políticos. causa uma atipicidade absoluta.
Crime Multitidinário: praticado por uma multidão - Imprópria: opera uma atipicidade relativa a
em tumulto. conduta é atípica em face do crime funcional, mas se
Crime de Opinião: abuso da liberdade de amolda a um de crime comum .
Delito Plurilocal: é aquele dentro de um mesmo
pensamento por: palavras, imprensa ou qualquer meio
país tem a conduta realizada num local e a produção
de transmissão.
do resultado noutro.
Crime Inominado: não aceita pela doutrina, não
Delito de Referência: sujeito não denúncia em
existe crime sem tipificação. crime conhecido quando iminente ou em grau de
Crimes de Ação Múltipla ou Conteúdo Variado: realização, mas ainda não concluído.
faz referências à varias modalidades da ação - induzir, Delitos de Tendência: condicionam a sua
instigar, prestar. existência a intenção do sujeito;
Crime De Forma Livre: são os que poder ser Crimes de Simples Desobediência: assim
cometidos por meio de qualquer comportamento que chamados os delitos de perigo abstrato ou presumido.
cause um determinado resultado. A simples desobediência ou comando geral, advinda
Crime de Forma Vinculada: aqueles em que a lei da prática de fato, enseja a presunção do perigo de
descreve a conduta de modo particularizado. dano ou bem jurídico.
Cumulativo: prevê várias ações de sujeito; Crime de Impressão: causam determinado
Alternativa: quando o tipo prevê mais de um estado anímico na vítima.
núcleo, empregando a disjuntiva “ou”. Delito de Inteligência: os que se realizam com o
Crimes de Ação Penal Pública: se inicia engano. Ex.: Estelionato;
mediante denúncia de órgão do M.P., sendo assim Delito de Sentimento: incidem sobre as
exceto quando a lei expressamente a declara privativa faculdades emocionais. Ex: Injúria;
do ofendido. Delito de Vontade: incidem sobre a vontade -
Crime de Ação Penal Privada: procede-se constrangimento ilegal. Ex.: constrangimento ilegal.
mediante queixa do ofendido ou representante legal. Crimes Pluriofensivos: lesam ou expõe a dano
mais de um bem jurídico.
Crimes de Ímpeto: vontade delituosa é repentina
Crimes Falimentares:
sem proceder deliberação;
- Próprios: só podem ser cometidos pelo devedor
Crime Gratuito: praticado sem motivo;
ou falido, ressalvada a hipótese de participação de
Crime de Circulação: praticado por meio de terceiro.
automóvel. - Impróprio: só podem ser cometidos por pessoa
Crime Habitual: reiteração da mesma conduta diversa do devedor ou falido, tendo o fato relação com
reprovável de forma a constituir um estilo ou hábito de a falência.
vida. Crime Habitual difere de Continuado: neste as - Antifalimentar: praticados antes da quebra,
ações que o compõe, por si mesma constituem sempre próprios.
crimes, naquele as ações consideradas em separado - Pós - falimentar: cometidos depois da
não são delitos, a habitualidade é uma elementar do declaração da falência podem ser próprios ou
tipo. impróprios.
Crime Profissional: os agentes praticam as ações Crimes a Prazo: nas hipóteses em que a
com o fito de lucro. qualificadora depende de um determinado lapso de
Crimes Conexos: existe um liame, um nexo entre tempo.
os delitos - assim o sujeito pode cometer uma infração Delito Transeunte: não deixa vestígios;
para ocultar outra. Delito Não Transeunte: deixa vestígios.
Teleológica ou ideológica: crime é praticado Crime de Atentado ou de Empreendimento:
para assegurar a execução de outro. pune a tentativa a mesma pena do crime consumado,
1° crime: crime-meio; sem atenuação.
2° crime: crime-fim. Crimes Internacionais: atinge mais países.
Consequencial ou causal: um crime é cometido Crimes de Tipo Fechado: apresentam a definição
para assegurar a execução, impunidade ou vantagem completa a norma descumprida pelo sujeito aparece
de outro. Ex.: sujeito, após furtar, incendeia a casa de forma clara.
para fazer desaparecer vestígio.
Ocasional: crime é praticado por ocasião de CONCURSO
pratica de outro, não havendo relação de meio e fim. DE PESSOAS
Ex.: subtração de joias enquanto a vítima é estuprada.
A conexão ideológica e consequencial pode Concurso de pessoas: há quando duas ou mais
constituir circunstância: agravante genérica; pessoas concorrem para a prática do mesmo crime.
qualificadoras. Para que ocorra o concurso de pessoas é
Crimes Funcionais: pertencem a categoria dos indispensável:
crimes próprios só podem ser cometidos por - pluralidade de agentes e condutas com nexo
determinadas pessoas em face de uma condição ou causal;

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- relevância causal de cada uma das ações com o A medida de segurança é também uma sanção
resultado; penal diferindo desta pelo fundamento que no caso é
- liame subjetivo (psicológico) entre os agentes o dever do Estado em preservar a segurança social
(consciência de que cooperam numa ação comum); em razão da periculosidade do agente.
- identidade de crime ou fato (infração penal deve São indeterminadas no tempo, findando somente
ser igual - todos contribuem para o mesmo crime). com o fim da periculosidade.
São aplicáveis aos inimputáveis (periculosidade
Ex.: Empregado deixa propositadamente aberta a presumida) ou semi-responsáveis (periculosidade
porta da casa de seu patrão objetivando que alguém reconhecida).
a furte, ainda que o ladrão desconheça a vontade
daquele em auxiliá-lo na subtração: concurso de Para sua aplicação são necessários:
pessoas. - prática de um crime
Coautoria: É a ciente e voluntária participação de - periculosidade.
duas ou mais pessoas na infração penal. Há As medidas dão-se mediante internação
convergência de vontades objetivando o crime, (manicômio judiciário) e tratamento ambulatorial.
independentemente de acordo prévio. A execução das penas privativas de liberdade são
É uma convergência ocasional de vontades. Não é feitas em regime progressivo (fechado, semiaberto e
necessário que todos exerçam a mesma conduta. aberto).

OBS.: Coautoria é diferente do concurso São características da progressividade:


necessário.
Existem delitos que só podem ser cometidos por - isolamento inicial, não superior a três meses
duas ou mais pessoas: adultério, bigamia, rixa,
quadrilha. - individualização do preso
Estamos diante dos crimes plurissubjetivos.
- preparação para seu retorno à liberdade

PENAS: - trabalho comum


ESPÉCIES, CIRCUNSTÂNCIAS
AGRAVANTES E ATENUANTES - livramento condicional.

Penas: É a imposição da perda ou diminuição de OBS.: Conforme o art. 55 do CP, as penas


um bem jurídico, previsto em lei, aplicada pelos restritivas de direito, por exemplo interdição do
órgãos judiciários, a quem praticou um ilícito penal. exercício profissional, terão a mesma duração da
Suas características são: pena privativa de liberdade substituída.

- legalidade (previsão em lei), A multa pode ser imposta independentemente de


sua cominação na parte especial (art. 58 do CP),
- proporcionalidade (a sanção deve ser podendo no caso de não previsão expressa como
proporcional a infração), pena para o tipo, ser aplicada inclusive como
substituta de outra pena prevista expressamente.
- personalidade (não passa para os sucessores A multa no que tange o número de dias multas
do condenado), deve ser proporcional a pena corporal que seria
aplicada ao tipo legal.
- inderrogalidade (uma vez transitada em julgado A multa poderá ser aumentada até o triplo, se o
deve ser executada) juiz considerar que, em virtude da situação econômica
do réu é ineficaz.
OBS.: Não importa que a vítima concorra para o
crime.
Cada um (vítima/autor) responde por seus atos. CONCURSO
DE CRIMES
As penas podem ser:
SISTEMAS DE APLICAÇÃO DA PENA
- detentivas (privativas de liberdade: prisão É possível que, em uma mesma oportunidade ou
simples, reclusão e detenção - internação em em ocasiões diversas, uma mesma pessoa cometa
estabelecimento judiciário ou em colônia agrícola), duas ou mais infrações penais que, de algum modo,
estejam ligadas por circunstâncias várias.
- não detentivos (liberdade vigiada, proibição de Quando isso ocorre, estamos diante do chamado
permanecer em determinados lugares, prestação de concurso de crimes (concursus delictorum), que dá
serviços a comunidade, limitações de fim de semana origem ao concurso de penas.
e interdição temporária de direitos) e Não se confunde essa hipóteses com a
reincidência, circunstância agravante que ocorre
- patrimoniais (confisco, multa, interdição de quando o agente, após ter sido condenado
pessoa jurídica). irrecorrivelmente por um crime, vem a cometer outro
delito.
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São vários os sistemas teóricos preconizados pela Adotou-se, nessa hipótese, de concurso formal
doutrina para a aplicação da pena nas várias formas próprio, o sistema da exasperação, e o juiz deverá
de concurso de crimes. levar em consideração, para fixar o aumento,
O primeiro é o cúmulo material, em que se principalmente, o número de vítimas da infração ou de
recomenda a soma das penas de cada um dos delitos resultados.
componentes do concursos
O segundo é o sistema do cúmulo jurídico, pelo CRIME CONTINUADO
qual a pena a ser aplicada deve ser mais grave do Prevê a lei no art. 71: “Quando o agente, mediante
que a cominada para cada um dos delitos sem se mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais
chegar à soma delas. crimes da mesma espécie e, pelas condições de
tempo, lugar, maneira de execução e outras
Pelo terceiro sistema, da absorção, só deve ser
semelhantes, devem os subsequentes ser havidos
aplicada a pena do mais grave delito, desprezando-se
como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena
os demais.
de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave,
Por fim, há o sistema da exasperação, segundo o se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um
qual deve ser aplicada a pena do delito mais grave, sexto a dois terços”.
entre os concorrentes, aumentada a sanção de certa A respeito da natureza do crime continuado,
quantidade em decorrência dos demais crimes. existem várias teoria: a da unidade real, que
considera serem as várias violações componentes de
CONCURSO MATERIAL um único crime; a da ficção jurídica, em que se afirma
Ocorrendo duas ou mais condutas e dois ou mais derivar a unidade de uma criação legal para a
resultados, causados pelo mesmo autor, caracteriza- imposição da pena quando, na realidade, existem
se o concurso material. vários delitos; e a teoria mista, pela qual não se cogita
Determina o art. 69, caput: “quando o agente, de unidade ou pluralidade de delitos, mas de um
mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois terceiro crime, que é o próprio concurso.
ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se Adotou a lei a teoria da ficção jurídica,
cumulativamente as penas privativas de liberdade em determinando o sistema da exasperação da pena ao
que haja ocorrido”. crime continuado, que é, formalmente, a reunião de
A pena final a ser imposta é a soma das que vários delitos praticados nas mesmas condições.
devem ser aplicadas a cada delito isoladamente, São vários os elementos ou requisitos do crime
adotado que foi, nesse tipo de concurso, o sistema de continuado.
cúmulo material. Em primeiro lugar é necessário que o mesmo
O concurso material pode ser homogêneo, quando sujeito pratique duas ou mais condutas. Existindo
se trata de crimes idênticos (vários homicídios por apenas uma ação, ainda que desdobrada em vários
atos, haverá concurso formal.
exemplo), ou heterogêneo, não importando se os
Em segundo lugar, deve existir pluralidade de
fatos ocorreram na mesma ocasião ou em dias
resultados, ou seja, crimes da mesma espécie. Delitos
diferentes.
da mesma espécie, segundo alguns, são os previstos
no mesmo dispositivo penal.
CONCURSO FORMAL Por fim é indispensável que se reconheça o nexo
Ocorre o concurso formal (ou ideal) quando o da continuidade delitiva, apurado pelas circunstâncias
agente, praticando uma só conduta, comete dois ou de tempo, lugar, maneira de execução e outras
mais crimes. semelhantes.
Dispões o art. 70: “quando o agente, mediante Não se deve confundir o crime continuado com o
uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, habitual.
idênticos ou não, aplicasse-lhe a mais grave das Neste, há apenas má conduta, composta de vários
penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, atos, inócuos penalmente, que, reunidos, constituem
mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até a uma infração penal.
metade. Também não há que confundi-lo como o crime
As penas aplicam-se, entretanto, permanente, em que há apenas uma violação jurídica
cumulativamente, se a ação ou omissão; e dolosa e com resultado que se prolonga no tempo. Por fim, não
os crimes concorrentes resultam de desígnios há que reconhecer o crime continuado quando se
autônomos, consoante o disposto no artigo anterior”. tratar de habitualidade criminosa.
Haverá concurso formal homogêneo quando o O delinquente habitual faz do crime uma profissão
agente, por exemplo, atropela por imprudência dois e pode infringir a lei várias vezes do mesmo modo,
pedestres causando-lhes a morte (homicídios mas não comete crime continuado com a reiteração
culposos). das práticas delituosas.
Aplica-se a pena de um dos crimes, aumentada de Para o crime continuado foi adotado o sistema da
exasperação, aplicando-se a pena de um só dos
um sexto até a metade.
crimes, se idênticos (crime continuado homogêneo),
Existirá um concurso formal heterogêneo quando
ou o do mais grave, se da mesma espécie mas
no atropelamento uma vítima morre (homicídio
diversos (crime continuado heterogêneo), sempre
culposo) e outra fica apenas ferida (lesão corporal aumentada de um sexto a dois terços. Para a
culposa). dosagem do aumento, deve-se levar em conta,
Aplica-se a pena do crime mais grave, também principalmente, o número de infrações praticadas pelo
aumentada de um sexto até a metade. agente.
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TÍTULO I - DOS CRIMES CONTRA A PESSOA II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos,
maior de 60 (sessenta) anos, com deficiência ou
portadora de doenças degenerativas que acarretem
CAPÍTULO I - DOS CRIMES CONTRA A VIDA
condição limitante ou de vulnerabilidade física ou
Homicídio simples mental; (Redação dada pela Lei nº 13.771, de 2018)
Art. 121. Matar alguém: Pena - reclusão, de seis a III - na presença física ou virtual de descendente
vinte anos. ou de ascendente da vítima; (Redação dada pela Lei
Caso de diminuição de pena nº 13.771, de 2018)
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por IV - em descumprimento das medidas protetivas
motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o de urgência previstas nos incisos I, II e III do caput do
domínio de violenta emoção, logo em seguida a art. 22 da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de
injusta provocação da vítima, ou juiz pode reduzir a 2006. (Incluído pela Lei nº 13.771, de 2018)
pena de um sexto a um terço. Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio
Homicídio qualificado (Redação dada pela Lei nº 13.968, de 2019)
§ 2° Se o homicídio é cometido: Art. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar-se
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou ou a praticar automutilação ou prestar-lhe auxílio
por outro motivo torpe; material para que o faça:
II - por motivo fútil; Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
§ 1º Se da automutilação ou da tentativa de
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo,
suicídio resulta lesão corporal de natureza grave ou
asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de gravíssima, nos termos dos §§ 1º e 2º do art. 129
que possa resultar perigo comum; deste Código: (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)
IV - à traição, de emboscada, ou mediante Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.
dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne § 2º Se o suicídio se consuma ou se da
impossível a defesa do ofendido; automutilação resulta morte:
V - para assegurar a execução, a ocultação, a Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
impunidade ou vantagem de outro crime: § 3º A pena é duplicada:
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. I - se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe
VI - contra a mulher por razões da condição de ou fútil;
sexo feminino: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. qualquer causa, a capacidade de resistência.
142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do § 4º A pena é aumentada até o dobro se a conduta é
sistema prisional e da Força Nacional de Segurança realizada por meio da rede de computadores, de rede
Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, social ou transmitida em tempo real.
§ 5º Aumenta-se a pena em metade se o agente é
ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente
líder ou coordenador de grupo ou de rede virtual.
consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa § 6º Se o crime de que trata o § 1º deste artigo
condição: resulta em lesão corporal de natureza gravíssima e é
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou
o
§ 2 -A Considera-se que há razões de condição de contra quem, por enfermidade ou deficiência mental,
sexo feminino quando o crime envolve: não tem o necessário discernimento para a prática do
I - violência doméstica e familiar; ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode
II - menosprezo ou discriminação à condição de oferecer resistência, responde o agente pelo crime
mulher. descrito no § 2º do art. 129 deste Código.
Homicídio culposo § 7º Se o crime de que trata o § 2º deste artigo é
§ 3º Se o homicídio é culposo: cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra
Pena - detenção, de um a três anos. quem não tem o necessário discernimento para a prática
Aumento de pena do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode
§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada oferecer resistência, responde o agente pelo crime de
de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância homicídio, nos termos do art. 121 deste Código.
Infanticídio
de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o
Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal,
agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não o próprio filho, durante o parto ou logo após:
procura diminuir as consequências do seu ato, ou Pena - detenção, de dois a seis anos.
foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o Aborto provocado pela gestante
homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o ou com seu consentimento
crime é praticado contra pessoa menor de 14 Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou
(quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. consentir que outrem lho provoque: (Vide ADPF 54)
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz Pena - detenção, de um a três anos.
poderá deixar de aplicar a pena, se as consequências Aborto provocado por terceiro
da infração atingirem o próprio agente de forma tão Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento
grave que a sanção penal se torne desnecessária. da gestante:
o
§ 6 A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a Pena - reclusão, de três a dez anos.
metade se o crime for praticado por milícia privada, Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da
sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, gestante:
ou por grupo de extermínio. Pena - reclusão, de um a quatro anos.
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo
§ 7o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3
anterior, se a gestante não é maior de quatorze anos,
(um terço) até a metade se o crime for praticado: ou é alienada ou débil mental, ou se o consentimento
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência
posteriores ao parto;
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- DIREITO PENAL -
Forma qualificada Violência Doméstica
o
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos § 9 Se a lesão for praticada contra ascendente,
anteriores são aumentadas de um terço, se, em descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com
consequência do aborto ou dos meios empregados quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda,
para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de prevalecendo-se o agente das relações domésticas,
natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer de coabitação ou de hospitalidade: (Redação dada
dessas causas, lhe sobrevém a morte. pela Lei nº 11.340, de 2006)
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três)
médico: anos. (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006)
Aborto necessário § 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante; artigo, se as circunstâncias são as indicadas no §
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro 9o deste artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é terço). (Incluído pela Lei nº 10.886, de 2004)
o
precedido de consentimento da gestante ou, quando § 11. Na hipótese do § 9 deste artigo, a pena
incapaz, de seu representante legal. será aumentada de um terço se o crime for cometido
contra pessoa portadora de deficiência. (Incluído pela
CAPÍTULO II - DAS LESÕES CORPORAIS Lei nº 11.340, de 2006)
Lesão corporal § 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição
saúde de outrem: Federal, integrantes do sistema prisional e da Força
Pena - detenção, de três meses a um ano. Nacional de Segurança Pública, no exercício da
Lesão corporal de natureza grave função ou em decorrência dela, ou contra seu
§ 1º Se resulta: cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por terceiro grau, em razão dessa condição, a pena é
mais de trinta dias; aumentada de um a dois terços.
II - perigo de vida;
III - debilidade permanente de membro, sentido ou CAPÍTULO III
função; DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE
IV - aceleração de parto: Perigo de contágio venéreo
Pena - reclusão, de um a cinco anos. Art. 130 - Expor alguém, por meio de relações
§ 2° Se resulta: sexuais ou qualquer ato libidinoso, a contágio de
I - Incapacidade permanente para o trabalho; moléstia venérea, de que sabe ou deve saber que está
II - enfermidade incurável; contaminado:
III perda ou inutilização do membro, sentido ou Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
função; § 1º - Se é intenção do agente transmitir a moléstia:
IV - deformidade permanente; Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
V - aborto: § 2º - Somente se procede mediante representação.
Pena - reclusão, de dois a oito anos. Perigo de contágio de moléstia grave
Lesão corporal seguida de morte Art. 131 - Praticar, com o fim de transmitir a
§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias outrem moléstia grave de que está contaminado, ato
evidenciam que o agente não quis o resultado, nem capaz de produzir o contágio:
assumiu o risco de produzi-lo: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. Perigo para a vida ou saúde de outrem
Diminuição de pena Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a
§ 4° Se o agente comete o crime impelido por perigo direto e iminente:
motivo de relevante valor social ou moral ou sob o Pena - detenção, de três meses a um ano, se o
domínio de violenta emoção, logo em seguida a fato não constitui crime mais grave.
injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto a
pena de um sexto a um terço. um terço se a exposição da vida ou da saúde de outrem
Substituição da pena a perigo decorre do transporte de pessoas para a
§ 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode prestação de serviços em estabelecimentos de qualquer
ainda substituir a pena de detenção pela de multa, de natureza, em desacordo com as normas legais.
duzentos mil réis a dois contos de réis: Abandono de incapaz
I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu
anterior; cuidado, guarda, vigilância ou autoridade, e, por
II - se as lesões são recíprocas. qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos
Lesão corporal culposa resultantes do abandono:
§ 6° Se a lesão é culposa: Pena - detenção, de seis meses a três anos.
Pena - detenção, de dois meses a um ano. § 1º - Se do abandono resulta lesão corporal de
Aumento de pena natureza grave:
o
§ 7 Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se Pena - reclusão, de um a cinco anos.
ocorrer qualquer das hipóteses dos §§ 4o e 6o do art. § 2º - Se resulta a morte:
121 deste Código Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
§ 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § Aumento de pena
5º do art. 121.(Redação dada pela Lei nº 8.069, de § 3º - As penas cominadas neste artigo
1990) aumentam-se de um terço:
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- DIREITO PENAL -
I - se o abandono ocorre em lugar ermo; CAPÍTULO V
II - se o agente é ascendente ou descendente, DOS CRIMES CONTRA A HONRA
cônjuge, irmão, tutor ou curador da vítima. Calúnia
III – se a vítima é maior de 60 (sessenta) Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe
anos (Incluído pela Lei nº 10.741, de 2003) falsamente fato definido como crime:
Exposição ou abandono de recém-nascido Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
Art. 134 - Expor ou abandonar recém-nascido, § 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo
para ocultar desonra própria: falsa a imputação, a propala ou divulga.
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. § 2º - É punível a calúnia contra os mortos.
§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza Exceção da verdade
grave: § 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo:
Pena - detenção, de um a três anos. I - se, constituindo o fato imputado crime de ação
§ 2º - Se resulta a morte: privada, o ofendido não foi condenado por sentença
Pena - detenção, de dois a seis anos. irrecorrível;
Omissão de socorro II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas
Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando indicadas no nº I do art. 141;
possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança III - se do crime imputado, embora de ação pública, o
abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível.
ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou Difamação
não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato
pública: ofensivo à sua reputação:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, Exceção da verdade
se da omissão resulta lesão corporal de natureza Parágrafo único - A exceção da verdade somente
grave, e triplicada, se resulta a morte. se admite se o ofendido é funcionário público e a
ofensa é relativa ao exercício de suas funções.
Condicionamento de atendimento médico- Injúria
hospitalar emergencial Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a
Art. 135-A. Exigir cheque-caução, nota dignidade ou o decoro:
promissória ou qualquer garantia, bem como o Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
preenchimento prévio de formulários administrativos, § 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena:
como condição para o atendimento médico-hospitalar I - quando o ofendido, de forma reprovável,
emergencial: (Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012). provocou diretamente a injúria;
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, II - no caso de retorsão imediata, que consista em
e multa. (Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012). outra injúria.
Parágrafo único. A pena é aumentada até o dobro § 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de
se da negativa de atendimento resulta lesão corporal fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado,
de natureza grave, e até o triplo se resulta a se considerem aviltantes:
morte. (Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012). Pena - detenção, de três meses a um ano, e
Maus-tratos multa, além da pena correspondente à violência.
Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de § 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos
pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a
fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência:
privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, Pena - reclusão de um a três anos e
quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, multa. (Incluído pela Lei nº 9.459, de 1997)
quer abusando de meios de correção ou disciplina: Disposições comuns
Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa. Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo
§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é
grave: cometido:
Pena - reclusão, de um a quatro anos. I - contra o Presidente da República, ou contra
§ 2º - Se resulta a morte: chefe de governo estrangeiro;
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. II - contra funcionário público, em razão de suas
§ 3º - Aumenta-se a pena de um terço, se o crime funções;
é praticado contra pessoa menor de 14 (catorze) III - na presença de várias pessoas, ou por meio
anos. (Incluído pela Lei nº 8.069, de 1990) que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou
da injúria.
CAPÍTULO IV - DA RIXA IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou
Rixa portadora de deficiência, exceto no caso de
Art. 137 - Participar de rixa, salvo para separar os injúria. (Incluído pela Lei nº 10.741, de 2003)
contendores: § 1º - Se o crime é cometido mediante paga
Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou ou promessa de recompensa, aplica-se a pena em
multa. dobro. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
Parágrafo único - Se ocorre morte ou lesão § 2º - (VETADO).
corporal de natureza grave, aplica-se, pelo fato da Exclusão do crime
participação na rixa, a pena de detenção, de seis Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação
meses a dois anos. punível:
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- DIREITO PENAL -
I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da Sequestro e cárcere privado
causa, pela parte ou por seu procurador; Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade,
II - a opinião desfavorável da crítica literária, mediante sequestro ou cárcere privado:
artística ou científica, salvo quando inequívoca a Pena - reclusão, de um a três anos.
intenção de injuriar ou difamar; § 1º - A pena é de reclusão, de dois a cinco anos:
III - o conceito desfavorável emitido por funcionário I – se a vítima é ascendente, descendente,
público, em apreciação ou informação que preste no cônjuge ou companheiro do agente ou maior de 60
cumprimento de dever do ofício. (sessenta) anos;
Parágrafo único - Nos casos dos ns. I e III, II - se o crime é praticado mediante internação da
responde pela injúria ou pela difamação quem lhe dá vítima em casa de saúde ou hospital;
III - se a privação da liberdade dura mais de
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quinze dias.
Retratação
IV – se o crime é praticado contra menor de 18
Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se (dezoito) anos;
retrata cabalmente da calúnia ou da difamação, fica V – se o crime é praticado com fins libidinosos.
isento de pena. § 2º - Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos
Parágrafo único. Nos casos em que o querelado ou da natureza da detenção, grave sofrimento físico
tenha praticado a calúnia ou a difamação utilizando-se ou moral:
de meios de comunicação, a retratação dar-se-á, se Pena - reclusão, de dois a oito anos.
assim desejar o ofendido, pelos mesmos meios em Redução a condição análoga à de escravo
que se praticou a ofensa. Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de
Art. 144 - Se, de referências, alusões ou frases, se escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou
infere calúnia, difamação ou injúria, quem se julga a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições
ofendido pode pedir explicações em juízo. Aquele que degradantes de trabalho, quer restringindo, por
se recusa a dá-las ou, a critério do juiz, não as dá qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida
satisfatórias, responde pela ofensa. contraída com o empregador ou preposto:
Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, além
somente se procede mediante queixa, salvo quando, no da pena correspondente à violência.
o
caso do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal. § 1 Nas mesmas penas incorre quem:
Parágrafo único. Procede-se mediante requisição I – cerceia o uso de qualquer meio de transporte por
do Ministro da Justiça, no caso do inciso I do caput do parte do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de
art. 141 deste Código, e mediante representação do trabalho;
II – mantém vigilância ostensiva no local de
ofendido, no caso do inciso II do mesmo artigo, bem
o trabalho ou se apodera de documentos ou objetos
como no caso do § 3 do art. 140 deste Código.
pessoais do trabalhador, com o fim de retê-lo no local
de trabalho.
CAPÍTULO VI § 2o A pena é aumentada de metade, se o crime é
DOS CRIMES CONTRA cometido:
A LIBERDADE INDIVIDUAL I – contra criança ou adolescente;
SEÇÃO I II – por motivo de preconceito de raça, cor, etnia,
DOS CRIMES CONTRA religião ou origem.
A LIBERDADE PESSOAL Art. 149-A. Agenciar, aliciar, recrutar, transportar,
Constrangimento ilegal transferir, comprar, alojar ou acolher pessoa,
Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência mediante grave ameaça, violência, coação, fraude ou
ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, abuso, com a finalidade de:
por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, I - remover-lhe órgãos, tecidos ou partes do corpo;
a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela II - submetê-la a trabalho em condições análogas
não manda: à de escravo;
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. III - submetê-la a qualquer tipo de servidão;
Aumento de pena IV - adoção ilegal; ou
§ 1º - As penas aplicam-se cumulativamente e em V - exploração sexual.
dobro, quando, para a execução do crime, se reúnem Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e
mais de três pessoas, ou há emprego de armas. multa.
o
§ 2º - Além das penas cominadas, aplicam-se as § 1 A pena é aumentada de um terço até a
correspondentes à violência. metade se:
I - o crime for cometido por funcionário público no
§ 3º - Não se compreendem na disposição deste
exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-las;
artigo:
II - o crime for cometido contra criança,
I - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o adolescente ou pessoa idosa ou com deficiência;
consentimento do paciente ou de seu representante III - o agente se prevalecer de relações de
legal, se justificada por iminente perigo de vida; parentesco, domésticas, de coabitação, de
II - a coação exercida para impedir suicídio. hospitalidade, de dependência econômica, de
Ameaça autoridade ou de superioridade hierárquica inerente
Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou ao exercício de emprego, cargo ou função; ou
gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar- IV - a vítima do tráfico de pessoas for retirada do
lhe mal injusto e grave: território nacional.
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. § 2o A pena é reduzida de um a dois terços se o
Parágrafo único - Somente se procede mediante agente for primário e não integrar organização criminosa.
representação.
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- DIREITO PENAL -
SEÇÃO II - DOS CRIMES CONTRA A Pena - detenção, de três meses a dois anos.
INVIOLABILIDADE DO DOMICÍLIO Parágrafo único - Somente se procede mediante
Violação de domicílio representação.
Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou
astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou SEÇÃO IV - DOS CRIMES CONTRA
tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas A INVIOLABILIDADE DOS SEGREDOS
dependências: Divulgação de segredo
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. Art. 153 - Divulgar alguém, sem justa causa,
§ 1º - Se o crime é cometido durante a noite, ou conteúdo de documento particular ou de
em lugar ermo, ou com o emprego de violência ou de correspondência confidencial, de que é destinatário ou
arma, ou por duas ou mais pessoas: detentor, e cuja divulgação possa produzir dano a
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além outrem:
da pena correspondente à violência. Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
§ 2º - (Revogado pela Lei nº 13.869, de 2019) § 1º Somente se procede mediante
§ 3º - Não constitui crime a entrada ou permanência representação. (Parágrafo único renumerado pela Lei
em casa alheia ou em suas dependências: nº 9.983, de 2000)
I - durante o dia, com observância das formalidades o
§ 1 -A. Divulgar, sem justa causa, informações
legais, para efetuar prisão ou outra diligência; sigilosas ou reservadas, assim definidas em lei,
II - a qualquer hora do dia ou da noite, quando algum contidas ou não nos sistemas de informações ou
crime está sendo ali praticado ou na iminência de o ser. banco de dados da Administração Pública: (Incluído
§ 4º - A expressão "casa" compreende: pela Lei nº 9.983, de 2000)
I - qualquer compartimento habitado; Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
II - aposento ocupado de habitação coletiva; multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
III - compartimento não aberto ao público, onde §
o
2 Quando resultar prejuízo para a
alguém exerce profissão ou atividade. Administração Pública, a ação penal será
§ 5º - Não se compreendem na expressão "casa": incondicionada. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
I - hospedaria, estalagem ou qualquer outra Violação do segredo profissional
habitação coletiva, enquanto aberta, salvo a restrição Art. 154 - Revelar alguém, sem justa causa,
do n.º II do parágrafo anterior; segredo, de que tem ciência em razão de função,
II - taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero. ministério, ofício ou profissão, e cuja revelação possa
produzir dano a outrem:
SEÇÃO III - DOS CRIMES CONTRA A
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou
INVIOLABILIDADE DE CORRESPONDÊNCIA
multa.
Violação de correspondência
Parágrafo único - Somente se procede mediante
Art. 151 - Devassar indevidamente o conteúdo de
representação.
correspondência fechada, dirigida a outrem:
Art. 154-A. Invadir dispositivo informático alheio,
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
conectado ou não à rede de computadores, mediante
Sonegação ou destruição de correspondência
violação indevida de mecanismo de segurança e com
§ 1º - Na mesma pena incorre:
o fim de obter, adulterar ou destruir dados ou
I - quem se apossa indevidamente de
correspondência alheia, embora não fechada e, no informações sem autorização expressa ou tácita do
todo ou em parte, a sonega ou destrói; titular do dispositivo ou instalar vulnerabilidades para
Violação de comunicação telegráfica, obter vantagem ilícita: (Incluído pela Lei nº 12.737,
radioelétrica ou telefônica de 2012)
II - quem indevidamente divulga, transmite a Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano,
outrem ou utiliza abusivamente comunicação e multa.(Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012)
o
telegráfica ou radioelétrica dirigida a terceiro, ou § 1 Na mesma pena incorre quem produz,
conversação telefônica entre outras pessoas; oferece, distribui, vende ou difunde dispositivo ou
III - quem impede a comunicação ou a programa de computador com o intuito de permitir a
conversação referidas no número anterior; prática da conduta definida no caput.(Incluído pela Lei
IV - quem instala ou utiliza estação ou aparelho nº 12.737, de 2012)
o
radioelétrico, sem observância de disposição legal. § 2 Aumenta-se a pena de um sexto a um terço
§ 2º - As penas aumentam-se de metade, se há se da invasão resulta prejuízo econômico.(Incluído
dano para outrem. pela Lei nº 12.737, de 2012)
o
§ 3º - Se o agente comete o crime, com abuso de § 3 Se da invasão resultar a obtenção de
função em serviço postal, telegráfico, radioelétrico ou conteúdo de comunicações eletrônicas privadas,
telefônico: segredos comerciais ou industriais, informações
Pena - detenção, de um a três anos. sigilosas, assim definidas em lei, ou o controle remoto
§ 4º - Somente se procede mediante não autorizado do dispositivo invadido:
representação, salvo nos casos do § 1º, IV, e do § 3º. Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos,
Correspondência comercial e multa, se a conduta não constitui crime mais
Art. 152 - Abusar da condição de sócio ou grave.
o o
empregado de estabelecimento comercial ou industrial § 4 Na hipótese do § 3 , aumenta-se a pena de
para, no todo ou em parte, desviar, sonegar, subtrair um a dois terços se houver divulgação,
ou suprimir correspondência, ou revelar a estranho comercialização ou transmissão a terceiro, a qualquer
seu conteúdo: título, dos dados ou informações obtidos.

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- DIREITO PENAL -
§ 5o Aumenta-se a pena de um terço à metade se Furto de coisa comum
o crime for praticado contra:(Incluído pela Lei nº Art. 156 - Subtrair o condômino, co-herdeiro ou
12.737, de 2012) sócio, para si ou para outrem, a quem legitimamente a
I - Presidente da República, governadores e detém, a coisa comum:
prefeitos;(Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou
II - Presidente do Supremo Tribunal multa.
Federal;(Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) § 1º - Somente se procede mediante
III - Presidente da Câmara dos Deputados, do representação.
Senado Federal, de Assembleia Legislativa de § 2º - Não é punível a subtração de coisa comum
Estado, da Câmara Legislativa do Distrito Federal ou fungível, cujo valor não excede a quota a que tem
de Câmara Municipal; ou direito o agente.
IV - dirigente máximo da administração direta e
indireta federal, estadual, municipal ou do Distrito CAPÍTULO II
Federal. (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) DO ROUBO E DA EXTORSÃO
Ação penal Roubo
Art. 154-B. Nos crimes definidos no art. 154-A, Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou
somente se procede mediante representação, salvo para outrem, mediante grave ameaça ou violência a
se o crime é cometido contra a administração pública pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio,
direta ou indireta de qualquer dos Poderes da União, reduzido à impossibilidade de resistência:
Estados, Distrito Federal ou Municípios ou contra Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
empresas concessionárias de serviços § 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois
públicos. (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) de subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa
ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do
TÍTULO II crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO § 2º - A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até
metade: (Redação dada pela Lei nº 13.654, de 2018)
CAPÍTULO I - DO FURTO I – (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.654,
Furto de 2018)
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;
alheia móvel: III - se a vítima está em serviço de transporte de
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. valores e o agente conhece tal circunstância.
§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime IV - se a subtração for de veículo automotor que
é praticado durante o repouso noturno. venha a ser transportado para outro Estado ou para o
§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno exterior;
valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de V - se o agente mantém a vítima em seu poder,
reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois restringindo sua liberdade.
terços, ou aplicar somente a pena de multa. VI – se a subtração for de substâncias explosivas
§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente,
ou qualquer outra que tenha valor econômico. possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego.
Furto qualificado (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)
§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e VII - se a violência ou grave ameaça é exercida
multa, se o crime é cometido: com emprego de arma branca; (Incluído pela Lei nº
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à 13.964, de 2019)
subtração da coisa; § 2º-A - A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços):
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)
escalada ou destreza; I – se a violência ou ameaça é exercida com
III - com emprego de chave falsa; emprego de arma de fogo; (Incluído pela Lei nº
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas. 13.654, de 2018)
§ 4º-A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 II – se há destruição ou rompimento de obstáculo
(dez) anos e multa, se houver emprego de explosivo mediante o emprego de explosivo ou de artefato
ou de artefato análogo que cause perigo
análogo que cause perigo comum. (Incluído pela Lei
comum. (Incluído pela Lei nº 13.654, de
nº 13.654, de 2018)
2018)
§ 2º-B. Se a violência ou grave ameaça é
§ 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se
exercida com emprego de arma de fogo de uso
a subtração for de veículo automotor que venha a ser
restrito ou proibido, aplica-se em dobro a pena
transportado para outro Estado ou para o
prevista no caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº
exterior. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)
o 13.964, de 2019)
§ 6 A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco)
§ 3º Se da violência resulta: (Redação dada pela
anos se a subtração for de semovente domesticável
Lei nº 13.654, de 2018)
de produção, ainda que abatido ou dividido em partes
no local da subtração. (Incluído pela Lei nº 13.330) I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7
§ 7º A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) (sete) a 18 (dezoito) anos, e multa; (Incluído pela Lei
anos e multa, se a subtração for de substâncias nº 13.654, de 2018)
explosivas ou de acessórios que, conjunta ou II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30
isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem (trinta) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 13.654, de
ou emprego. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018) 2018)

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- DIREITO PENAL -
Extorsão § 2º - Se o agente usa de violência, incorre
Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência também na pena a esta cominada.
ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou § 3º - Se a propriedade é particular, e não há
para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, emprego de violência, somente se procede mediante
tolerar que se faça ou deixar fazer alguma coisa: queixa.
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. Supressão ou alteração de marca em animais
§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais Art. 162 - Suprimir ou alterar, indevidamente, em
pessoas, ou com emprego de arma, aumenta-se a gado ou rebanho alheio, marca ou sinal indicativo de
pena de um terço até metade. propriedade:
§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante Pena - detenção, de seis meses a três anos, e
violência o disposto no § 3º do artigo anterior. multa.
§ 3o Se o crime é cometido mediante a restrição CAPÍTULO IV - DO DANO
da liberdade da vítima, e essa condição é necessária Dano
para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa
reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; alheia:
se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
as penas previstas no art. 159, §§ 2o e 3o, Dano qualificado
respectivamente. Parágrafo único - Se o crime é cometido:
Extorsão mediante sequestro I - com violência à pessoa ou grave ameaça;
Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter, II - com emprego de substância inflamável ou
para si ou para outrem, qualquer vantagem, como explosiva, se o fato não constitui crime mais grave;
condição ou preço do resgate: III - contra o patrimônio da União, de Estado, do
Pena - reclusão, de oito a quinze anos. Distrito Federal, de Município ou de autarquia,
o
§ 1 Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e fundação pública, empresa pública, sociedade de
quatro) horas, se o sequestrado é menor de 18 economia mista ou empresa concessionária de
(dezoito) ou maior de 60 (sessenta) anos, ou se o serviços públicos;
crime é cometido por bando ou quadrilha. Vide Lei nº IV - por motivo egoístico ou com prejuízo
8.072, de 25.7. considerável para a vítima:
Pena - reclusão, de doze a vinte anos. (Redação Pena - detenção, de seis meses a três anos, e
dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990) multa, além da pena correspondente à violência.
§ 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza Introdução ou abandono de animais em
grave: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90 propriedade alheia
Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro Art. 164 - Introduzir ou deixar animais em
anos. (Redação dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990) propriedade alheia, sem consentimento de quem de
§ 3º - Se resulta a morte: Vide Lei nº 8.072, de direito, desde que o fato resulte prejuízo:
25.7.90 Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, ou
Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta multa.
anos. (Redação dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990) Dano em coisa de valor artístico, arqueológico
§ 4º - Se o crime é cometido em concurso, o ou histórico
concorrente que o denunciar à autoridade, facilitando Art. 165 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa
a libertação do sequestrado, terá sua pena reduzida tombada pela autoridade competente em virtude de
de um a dois terços. (Redação dada pela Lei nº 9.269, valor artístico, arqueológico ou histórico:
de 1996) Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e
Extorsão indireta multa.
Art. 160 - Exigir ou receber, como garantia de Alteração de local especialmente protegido
dívida, abusando da situação de alguém, documento Art. 166 - Alterar, sem licença da autoridade
que pode dar causa a procedimento criminal contra a competente, o aspecto de local especialmente
vítima ou contra terceiro: protegido por lei:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
Ação penal
CAPÍTULO III - DA USURPAÇÃO Art. 167 - Nos casos do art. 163, do inciso IV do
Alteração de limites seu parágrafo e do art. 164, somente se procede
Art. 161 - Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou mediante queixa.
qualquer outro sinal indicativo de linha divisória, para
apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa imóvel CAPÍTULO V - DA APROPRIAÇÃO INDÉBITA
alheia: Apropriação indébita
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de
§ 1º - Na mesma pena incorre quem: que tem a posse ou a detenção:
Usurpação de águas Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
I - desvia ou represa, em proveito próprio ou de Aumento de pena
outrem, águas alheias; § 1º - A pena é aumentada de um terço, quando o
Esbulho possessório agente recebeu a coisa:
II - invade, com violência a pessoa ou grave I - em depósito necessário;
ameaça, ou mediante concurso de mais de duas II - na qualidade de tutor, curador, síndico,
pessoas, terreno ou edifício alheio, para o fim de liquidatário, inventariante, testamenteiro ou
esbulho possessório. depositário judicial;
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- DIREITO PENAL -
III - em razão de ofício, emprego ou profissão. alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer
Apropriação indébita previdenciária outro meio fraudulento:
Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de
as contribuições recolhidas dos contribuintes, no quinhentos mil réis a dez contos de réis.
prazo e forma legal ou convencional: § 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno
Pena –reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. valor o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o
o
§ 1 Nas mesmas penas incorre quem deixar de: disposto no art. 155, § 2º.
I – recolher, no prazo legal, contribuição ou outra § 2º - Nas mesmas penas incorre quem:
importância destinada à previdência social que tenha Disposição de coisa alheia como própria
sido descontada de pagamento efetuado a segurados, I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação
a terceiros ou arrecadada do público; ou em garantia coisa alheia como própria;
II – recolher contribuições devidas à previdência Alienação ou oneração fraudulenta de coisa
social que tenham integrado despesas contábeis ou própria
custos relativos à venda de produtos ou à prestação II - vende, permuta, dá em pagamento ou em
de serviços; garantia coisa própria inalienável, gravada de ônus ou
III - pagar benefício devido a segurado, quando as litigiosa, ou imóvel que prometeu vender a terceiro,
respectivas cotas ou valores já tiverem sido mediante pagamento em prestações, silenciando
reembolsados à empresa pela previdência social. sobre qualquer dessas circunstâncias;
o
§ 2 É extinta a punibilidade se o agente, Defraudação de penhor
espontaneamente, declara, confessa e efetua o III - defrauda, mediante alienação não consentida
pagamento das contribuições, importâncias ou valores pelo credor ou por outro modo, a garantia pignoratícia,
e presta as informações devidas à previdência social, quando tem a posse do objeto empenhado;
na forma definida em lei ou regulamento, antes do Fraude na entrega de coisa
início da ação fiscal. IV - defrauda substância, qualidade ou quantidade
§ 3o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou de coisa que deve entregar a alguém;
aplicar somente a de multa se o agente for primário e Fraude para recebimento de indenização ou
de bons antecedentes, desde que: valor de seguro
I – tenha promovido, após o início da ação fiscal e V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa
antes de oferecida a denúncia, o pagamento da própria, ou lesa o próprio corpo ou a saúde, ou agrava
contribuição social previdenciária, inclusive acessórios; as consequências da lesão ou doença, com o intuito
ou de haver indenização ou valor de seguro;
II – o valor das contribuições devidas, inclusive Fraude no pagamento por meio de cheque
acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido VI - emite cheque, sem suficiente provisão de
pela previdência social, administrativamente, como fundos em poder do sacado, ou lhe frustra o
sendo o mínimo para o ajuizamento de suas pagamento.
execuções fiscais. § 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime
o o
§ 4 A faculdade prevista no § 3 deste artigo não é cometido em detrimento de entidade de direito
se aplica aos casos de parcelamento de contribuições público ou de instituto de economia popular,
cujo valor, inclusive dos acessórios, seja superior assistência social ou beneficência.
àquele estabelecido, administrativamente, como § 4o Aplica-se a pena em dobro se o crime for
sendo o mínimo para o ajuizamento de suas cometido contra idoso. (Incluído pela Lei nº 13.228)
execuções fiscais. § 5º Somente se procede mediante representação,
Apropriação de coisa havida por erro, caso salvo se a vítima for: (Redação dada pela Lei 13.964,
fortuito ou força da natureza de 24 de dezembro de 2019).
Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia I - a Administração Pública, direta ou indireta;
II - criança ou adolescente;
vinda ao seu poder por erro, caso fortuito ou força da
III - pessoa com deficiência mental; ou
natureza: IV - maior de 70 (setenta) anos de idade ou
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. incapaz.
Parágrafo único - Na mesma pena incorre: Duplicata simulada
Apropriação de tesouro Art. 172 - Emitir fatura, duplicata ou nota de venda
I - quem acha tesouro em prédio alheio e se que não corresponda à mercadoria vendida, em
apropria, no todo ou em parte, da quota a que tem quantidade ou qualidade, ou ao serviço prestado.
direito o proprietário do prédio; Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e
Apropriação de coisa achada multa. (Redação dada pela Lei nº 8.137, de
II - quem acha coisa alheia perdida e dela se 27.12.1990)
apropria, total ou parcialmente, deixando de restituí-la ao Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrerá
dono ou legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade aquele que falsificar ou adulterar a escrituração do
competente, dentro no prazo de quinze dias. Livro de Registro de Duplicatas.
Art. 170 - Nos crimes previstos neste Capítulo, Abuso de incapazes
aplica-se o disposto no art. 155, § 2º. Art. 173 - Abusar, em proveito próprio ou alheio,
de necessidade, paixão ou inexperiência de menor, ou
CAPÍTULO VI - DO ESTELIONATO da alienação ou debilidade mental de outrem,
E OUTRAS FRAUDES induzindo qualquer deles à prática de ato suscetível
Estelionato de produzir efeito jurídico, em prejuízo próprio ou de
Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem terceiro:
ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
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- DIREITO PENAL -
Induzimento à especulação interposta pessoa, ou conluiado com acionista,
Art. 174 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, consegue a aprovação de conta ou parecer;
da inexperiência ou da simplicidade ou inferioridade VIII - o liquidante, nos casos dos ns. I, II, III, IV, V e
mental de outrem, induzindo-o à prática de jogo ou VII;
aposta, ou à especulação com títulos ou mercadorias, IX - o representante da sociedade anônima
sabendo ou devendo saber que a operação é ruinosa: estrangeira, autorizada a funcionar no País, que
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. pratica os atos mencionados nos ns. I e II, ou dá falsa
Fraude no comércio informação ao Governo.
Art. 175 - Enganar, no exercício de atividade § 2º - Incorre na pena de detenção, de seis meses
comercial, o adquirente ou consumidor: a dois anos, e multa, o acionista que, a fim de obter
I - vendendo, como verdadeira ou perfeita, vantagem para si ou para outrem, negocia o voto nas
mercadoria falsificada ou deteriorada; deliberações de assembléia geral.
II - entregando uma mercadoria por outra: Emissão irregular de conhecimento de
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou depósito ou "warrant"
multa. Art. 178 - Emitir conhecimento de depósito ou
§ 1º - Alterar em obra que lhe é encomendada a warrant, em desacordo com disposição legal:
qualidade ou o peso de metal ou substituir, no mesmo Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
caso, pedra verdadeira por falsa ou por outra de Fraude à execução
menor valor; vender pedra falsa por verdadeira; Art. 179 - Fraudar execução, alienando,
vender, como precioso, metal de ou outra qualidade: desviando, destruindo ou danificando bens, ou
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. simulando dívidas:
§ 2º - É aplicável o disposto no art. 155, § 2º. Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou
Outras fraudes multa.
Art. 176 - Tomar refeição em restaurante, alojar-se Parágrafo único - Somente se procede mediante
em hotel ou utilizar-se de meio de transporte sem queixa.
dispor de recursos para efetuar o pagamento:
Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou CAPÍTULO VII - DA RECEPTAÇÃO
multa. Receptação
Parágrafo único - Somente se procede mediante Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir
representação, e o juiz pode, conforme as ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que
circunstâncias, deixar de aplicar a pena. sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro,
Fraudes e abusos na fundação ou de boa-fé, a adquira, receba ou oculte: (Redação
administração de sociedade por ações dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
Art. 177 - Promover a fundação de sociedade por Pena - reclusão, de um a quatro anos, e
ações, fazendo, em prospecto ou em comunicação ao multa. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
público ou à assembléia, afirmação falsa sobre a Receptação qualificada (Redação dada pela Lei
constituição da sociedade, ou ocultando nº 9.426, de 1996)
fraudulentamente fato a ela relativo: § 1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir,
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, se ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar,
o fato não constitui crime contra a economia popular. vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar,
§ 1º - Incorrem na mesma pena, se o fato não em proveito próprio ou alheio, no exercício de
constitui crime contra a economia popular: (Vide Lei nº atividade comercial ou industrial, coisa que deve
1.521, de 1951) saber ser produto de crime: (Redação dada pela Lei
I - o diretor, o gerente ou o fiscal de sociedade por nº 9.426, de 1996)
ações, que, em prospecto, relatório, parecer, balanço Pena - reclusão, de três a oito anos, e
ou comunicação ao público ou à assembléia, faz multa. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
afirmação falsa sobre as condições econômicas da § 2º - Equipara-se à atividade comercial, para
sociedade, ou oculta fraudulentamente, no todo ou em efeito do parágrafo anterior, qualquer forma de
parte, fato a elas relativo; comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercício
II - o diretor, o gerente ou o fiscal que promove, em residência. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de
por qualquer artifício, falsa cotação das ações ou de 1996)
outros títulos da sociedade; § 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua
III - o diretor ou o gerente que toma empréstimo à natureza ou pela desproporção entre o valor e o
sociedade ou usa, em proveito próprio ou de terceiro, preço, ou pela condição de quem a oferece, deve
dos bens ou haveres sociais, sem prévia autorização presumir-se obtida por meio criminoso: (Redação
da assembléia geral; dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
IV - o diretor ou o gerente que compra ou vende, Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa,
por conta da sociedade, ações por ela emitidas, salvo ou ambas as penas.
quando a lei o permite; § 4º - A receptação é punível, ainda que
V - o diretor ou o gerente que, como garantia de desconhecido ou isento de pena o autor do crime de
crédito social, aceita em penhor ou em caução ações que proveio a coisa.
da própria sociedade; § 5º - Na hipótese do § 3º, se o criminoso é
VI - o diretor ou o gerente que, na falta de balanço, primário, pode o juiz, tendo em consideração as
em desacordo com este, ou mediante balanço falso, circunstâncias, deixar de aplicar a pena. Na
distribui lucros ou dividendos fictícios; receptação dolosa aplica-se o disposto no § 2º do art.
VII - o diretor, o gerente ou o fiscal que, por 155.
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- DIREITO PENAL -
§ 6o Tratando-se de bens do patrimônio da União, direito de autor, do direito de artista intérprete ou
de Estado, do Distrito Federal, de Município ou de executante ou do direito do produtor de fonograma,
autarquia, fundação pública, empresa pública, ou, ainda, aluga original ou cópia de obra intelectual
sociedade de economia mista ou empresa ou fonograma, sem a expressa autorização dos
concessionária de serviços públicos, aplica-se em titulares dos direitos ou de quem os
dobro a pena prevista no caput deste artigo. represente. (Redação dada pela Lei nº 10.695, de
(Redação dada pela Lei nº 13.531, de 2017) 1º.7.2003)
Art. 180-A. Adquirir, receber, transportar, conduzir, § 3o Se a violação consistir no oferecimento ao
ocultar, ter em depósito ou vender, com a finalidade público, mediante cabo, fibra ótica, satélite, ondas ou
de produção ou de comercialização, semovente qualquer outro sistema que permita ao usuário realizar
domesticável de produção, ainda que abatido ou a seleção da obra ou produção para recebê-la em um
dividido em partes, que deve saber ser produto de tempo e lugar previamente determinados por quem
crime: (Incluído pela Lei nº 13.330) formula a demanda, com intuito de lucro, direto ou
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e indireto, sem autorização expressa, conforme o caso,
multa. (Incluído pela Lei nº 13.330) do autor, do artista intérprete ou executante, do
produtor de fonograma, ou de quem os
CAPÍTULO VIII - DISPOSIÇÕES GERAIS represente: (Redação dada pela Lei nº 10.695, de
Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer 1º.7.2003)
dos crimes previstos neste título, em prejuízo: (Vide Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e
Lei nº 10.741, de 2003) multa. (Incluído pela Lei nº 10.695, de 1º.7.2003)
I - do cônjuge, na constância da sociedade § 4o O disposto nos §§ 1o, 2o e 3o não se aplica
conjugal; quando se tratar de exceção ou limitação ao direito de
II - de ascendente ou descendente, seja o autor ou os que lhe são conexos, em conformidade
parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural. com o previsto na Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de
Art. 182 - Somente se procede mediante 1998, nem a cópia de obra intelectual ou fonograma,
representação, se o crime previsto neste título é em um só exemplar, para uso privado do copista, sem
cometido em prejuízo: (Vide Lei nº 10.741, de 2003) intuito de lucro direto ou indireto. (Incluído pela Lei nº
I - do cônjuge desquitado ou judicialmente 10.695, de 1º.7.2003)
separado; Usurpação de nome ou pseudônimo alheio
II - de irmão, legítimo ou ilegítimo; Art. 185 - (Revogado pela Lei nº 10.695, de
III - de tio ou sobrinho, com quem o agente 1º.7.2003)
coabita. Art. 186. Procede-se mediante: (Redação dada
Art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois artigos pela Lei nº 10.695, de 1º.7.2003)
anteriores: I – queixa, nos crimes previstos no caput do art.
I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em 184; (Incluído pela Lei nº 10.695, de 1º.7.2003)
geral, quando haja emprego de grave ameaça ou II – ação penal pública incondicionada, nos crimes
violência à pessoa; previstos nos §§ 1o e 2o do art. 184; (Incluído pela Lei
II - ao estranho que participa do crime. nº 10.695, de 1º.7.2003)
III – se o crime é praticado contra pessoa com III – ação penal pública incondicionada, nos crimes
idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos. (Incluído cometidos em desfavor de entidades de direito
pela Lei nº 10.741, de 2003) público, autarquia, empresa pública, sociedade de
economia mista ou fundação instituída pelo Poder
TÍTULO III - DOS CRIMES CONTRA Público; (Incluído pela Lei nº 10.695, de 1º.7.2003)
A PROPRIEDADE IMATERIAL IV – ação penal pública condicionada à
o
CAPÍTULO I - DOS CRIMES CONTRA A representação, nos crimes previstos no § 3 do art.
PROPRIEDADE INTELECTUAL 184. (Incluído pela Lei nº 10.695, de 1º.7.2003)
Violação de direito autoral
Art. 184. Violar direitos de autor e os que lhe são CAPÍTULO II - DOS CRIMES
conexos: CONTRA O PRIVILÉGIO DE INVENÇÃO
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, Violação de privilégio de invenção
ou multa. Art. 187. (Revogado pela Lei nº 9.279, de
o
§ 1 Se a violação consistir em reprodução total ou 14.5.1996)
parcial, com intuito de lucro direto ou indireto, por Falsa atribuição de privilégio
qualquer meio ou processo, de obra intelectual, Art. 188. (Revogado pela Lei nº 9.279, de
interpretação, execução ou fonograma, sem 14.5.1996)
autorização expressa do autor, do artista intérprete ou Usurpação ou indevida exploração de modelo
executante, do produtor, conforme o caso, ou de ou desenho privilegiado
quem os represente: Art. 189. (Revogado pela Lei nº 9.279, de
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e 14.5.1996)
multa. (Redação dada pela Lei nº 10.695, de Falsa declaração de depósito em modelo ou
1º.7.2003) desenho
§ 2o Na mesma pena do § 1o incorre quem, com o Art. 190. (Revogado pela Lei nº 9.279, de
intuito de lucro direto ou indireto, distribui, vende, 14.5.1996)
expõe à venda, aluga, introduz no País, adquire, Art. 191. (Revogado pela Lei nº 9.279, de
oculta, tem em depósito, original ou cópia de obra 14.5.1996)
intelectual ou fonograma reproduzido com violação do
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- DIREITO PENAL -
CAPÍTULO III - DOS CRIMES CONTRA Invasão de estabelecimento industrial,
AS MARCAS DE INDÚSTRIA E COMÉRCIO comercial ou agrícola. Sabotagem
Violação do direito de marca Art. 202 - Invadir ou ocupar estabelecimento
Art. 192. (Revogado pela Lei nº 9.279, de industrial, comercial ou agrícola, com o intuito de
14.5.1996) impedir ou embaraçar o curso normal do trabalho, ou
Uso indevido de armas, brasões e distintivos com o mesmo fim danificar o estabelecimento ou as
públicos coisas nele existentes ou delas dispor:
Art. 193. (Revogado pela Lei nº 9.279, de Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
14.5.1996) Frustração de direito assegurado por lei
Marca com falsa indicação de procedência trabalhista
Art. 194. (Revogado pela Lei nº 9.279, de Art. 203 - Frustrar, mediante fraude ou violência,
14.5.1996) direito assegurado pela legislação do trabalho:
Art. 195. (Revogado pela Lei nº 9.279, de Pena - detenção de um ano a dois anos, e multa,
14.5.1996) além da pena correspondente à violência. (Redação
dada pela Lei nº 9.777, de 29.12.1998)
CAPÍTULO IV - DOS CRIMES § 1º Na mesma pena incorre quem: (Incluído pela
DE CONCORRÊNCIA DESLEAL Lei nº 9.777, de 29.12.1998)
Concorrência desleal I - obriga ou coage alguém a usar mercadorias de
Art. 196. (Revogado pela Lei nº 9.279, de determinado estabelecimento, para impossibilitar o
14.5.1996) desligamento do serviço em virtude de
dívida; (Incluído pela Lei nº 9.777, de 29.12.1998)
TÍTULO IV - DOS CRIMES II - impede alguém de se desligar de serviços de
CONTRA A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO qualquer natureza, mediante coação ou por meio da
Atentado contra a liberdade de trabalho retenção de seus documentos pessoais ou
Art. 197 - Constranger alguém, mediante violência contratuais. (Incluído pela Lei nº 9.777, de
ou grave ameaça: 29.12.1998)
I - a exercer ou não exercer arte, ofício, profissão § 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço
ou indústria, ou a trabalhar ou não trabalhar durante se a vítima é menor de dezoito anos, idosa, gestante,
certo período ou em determinados dias: indígena ou portadora de deficiência física ou
Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa, mental. (Incluído pela Lei nº 9.777, de 29.12.1998)
além da pena correspondente à violência; Frustração de lei sobre a nacionalização do
II - a abrir ou fechar o seu estabelecimento de trabalho
trabalho, ou a participar de parede ou paralisação de Art. 204 - Frustrar, mediante fraude ou violência,
atividade econômica: obrigação legal relativa à nacionalização do trabalho:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa,
multa, além da pena correspondente à violência. além da pena correspondente à violência.
Atentado contra a liberdade de contrato de Exercício de atividade com infração de decisão
trabalho e boicotagem violenta administrativa
Art. 198 - Constranger alguém, mediante violência Art. 205 - Exercer atividade, de que está impedido
ou grave ameaça, a celebrar contrato de trabalho, ou por decisão administrativa:
a não fornecer a outrem ou não adquirir de outrem Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou
matéria-prima ou produto industrial ou agrícola: multa.
Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa, Aliciamento para o fim de emigração
além da pena correspondente à violência. Art. 206 - Recrutar trabalhadores, mediante fraude,
Atentado contra a liberdade de associação com o fim de levá-los para território
Art. 199 - Constranger alguém, mediante violência estrangeiro. (Redação dada pela Lei nº 8.683, de
ou grave ameaça, a participar ou deixar de participar 1993)
de determinado sindicato ou associação profissional: Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos e
Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa, multa. (Redação dada pela Lei nº 8.683, de 1993)
além da pena correspondente à violência. Aliciamento de trabalhadores de um local para
Paralisação de trabalho, seguida de violência outro do território nacional
ou perturbação da ordem Art. 207 - Aliciar trabalhadores, com o fim de levá-
Art. 200 - Participar de suspensão ou abandono los de uma para outra localidade do território nacional:
coletivo de trabalho, praticando violência contra Pena - detenção de um a três anos, e
pessoa ou contra coisa: multa. (Redação dada pela Lei nº 9.777, de
Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa, 29.12.1998)
além da pena correspondente à violência. § 1º Incorre na mesma pena quem recrutar
Parágrafo único - Para que se considere coletivo o trabalhadores fora da localidade de execução do
abandono de trabalho é indispensável o concurso de, trabalho, dentro do território nacional, mediante fraude
pelo menos, três empregados. ou cobrança de qualquer quantia do trabalhador, ou,
Paralisação de trabalho de interesse coletivo ainda, não assegurar condições do seu retorno ao
Art. 201 - Participar de suspensão ou abandono local de origem.
coletivo de trabalho, provocando a interrupção de obra § 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço
pública ou serviço de interesse coletivo: se a vítima é menor de dezoito anos, idosa, gestante,
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e indígena ou portadora de deficiência física ou
multa. mental. (Incluído pela Lei nº 9.777, de 29.12.1998)
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- DIREITO PENAL -
TÍTULO V - DOS CRIMES CONTRA O Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o
SENTIMENTO RELIGIOSO E CONTRA ato não constitui crime mais grave.
O RESPEITO AOS MORTOS Assédio sexual
CAPÍTULO I - DOS CRIMES CONTRA Art. 216-A. Constranger alguém com o intuito de
O SENTIMENTO RELIGIOSO obter vantagem ou favorecimento sexual,
Ultraje a culto e impedimento ou perturbação prevalecendo-se o agente da sua condição de
de ato a ele relativo superior hierárquico ou ascendência inerentes ao
Art. 208 - Escarnecer de alguém publicamente, por exercício de emprego, cargo ou função.
motivo de crença ou função religiosa; impedir ou Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos.
perturbar cerimônia ou prática de culto religioso; Parágrafo único. (VETADO)
vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso: § 2o A pena é aumentada em até um terço se a
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. vítima é menor de 18 (dezoito) anos.
Parágrafo único - Se há emprego de violência, a
pena é aumentada de um terço, sem prejuízo da CAPÍTULO I-A
correspondente à violência. (Incluído pela Lei nº 13.772, de 2018)
DA EXPOSIÇÃO DA INTIMIDADE SEXUAL
CAPÍTULO II - DOS CRIMES Registro não autorizado da intimidade sexual
CONTRA O RESPEITO AOS MORTOS Art. 216-B. Produzir, fotografar, filmar ou registrar,
por qualquer meio, conteúdo com cena de nudez ou
Impedimento ou perturbação de cerimônia
ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo e privado
funerária sem autorização dos participantes:
Art. 209 - Impedir ou perturbar enterro ou Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e
cerimônia funerária: multa.
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem
Parágrafo único - Se há emprego de violência, a realiza montagem em fotografia, vídeo, áudio ou
pena é aumentada de um terço, sem prejuízo da qualquer outro registro com o fim de incluir pessoa em
correspondente à violência. cena de nudez ou ato sexual ou libidinoso de caráter
Violação de sepultura íntimo.
Art. 210 - Violar ou profanar sepultura ou urna
funerária: CAPÍTULO II - DOS CRIMES
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. SEXUAIS CONTRA VULNERÁVEL
Destruição, subtração ou ocultação de cadáver Sedução
Art. 211 - Destruir, subtrair ou ocultar cadáver ou Art. 217 - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)
parte dele: Estupro de vulnerável (Incluído pela Lei nº
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. 12.015, de 2009)
Vilipêndio a cadáver Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro
Art. 212 - Vilipendiar cadáver ou suas cinzas: ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos:
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.
§ 1o Incorre na mesma pena quem pratica as
TÍTULO VI - DOS CRIMES ações descritas no caput com alguém que, por
CONTRAA DIGNIDADE SEXUAL enfermidade ou deficiência mental, não tem o
CAPÍTULO I - DOS CRIMES necessário discernimento para a prática do ato, ou
CONTRA A LIBERDADE SEXUAL que, por qualquer outra causa, não pode oferecer
Estupro resistência.
Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou § 2o (VETADO)
o
grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou § 3 Se da conduta resulta lesão corporal de
permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso: natureza grave: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos. Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos.
o
§ 1 Se da conduta resulta lesão corporal de § 4o Se da conduta resulta morte:
natureza grave ou se a vítima é menor de 18 (dezoito) Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.
ou maior de 14 (catorze) anos: § 5º As penas previstas no caput e nos §§ 1º, 3º e
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos. 4º deste artigo aplicam-se independentemente do
o
§ 2 Se da conduta resulta morte: consentimento da vítima ou do fato de ela ter mantido
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos relações sexuais anteriormente ao crime. (Incluído
Art. 214 - (Revogado pela Lei nº 12.015, de 2009) pela Lei nº 13.718, de 2018)
Violação sexual mediante fraude Corrupção de menores
Art. 215. Ter conjunção carnal ou praticar outro Art. 218. Induzir alguém menor de 14 (catorze)
ato libidinoso com alguém, mediante fraude ou outro anos a satisfazer a lascívia de outrem:
meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.
vontade da vítima: Parágrafo único. (VETADO).
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. Satisfação de lascívia mediante presença de
Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim de criança ou adolescente
obter vantagem econômica, aplica-se também multa. Art. 218-A. Praticar, na presença de alguém
Art. 216. (Revogado pela Lei nº 12.015, de 2009) menor de 14 (catorze) anos, ou induzi-lo a presenciar,
Art. 215-A. Praticar contra alguém e sem a sua conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a fim de
anuência ato libidinoso com o objetivo de satisfazer a satisfazer lascívia própria ou de outrem:
própria lascívia ou a de terceiro: (Lei nº 13.718, de 2018) Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.

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- DIREITO PENAL -
Favorecimento da prostituição ou de outra II - de metade, se o agente é ascendente, padrasto
forma de exploração sexual de criança ou ou madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor,
adolescente ou de vulnerável. curador, preceptor ou empregador da vítima ou por
Art. 218-B. Submeter, induzir ou atrair à qualquer outro título tiver autoridade sobre ela; (Lei nº
prostituição ou outra forma de exploração sexual 13.718, de 2018)
alguém menor de 18 (dezoito) anos ou que, por III - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)
enfermidade ou deficiência mental, não tem o IV - de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é
necessário discernimento para a prática do ato, praticado: (Lei nº 13.718, de 2018)
facilitá-la, impedir ou dificultar que a abandone: Estupro coletivo
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos. a) mediante concurso de 2 (dois) ou mais agentes;
§ 1o Se o crime é praticado com o fim de obter Estupro corretivo
vantagem econômica, aplica-se também multa. b) para controlar o comportamento social ou sexual
o
§ 2 Incorre nas mesmas penas: da vítima.
I - quem pratica conjunção carnal ou outro ato CAPÍTULO V
libidinoso com alguém menor de 18 (dezoito) e maior DO LENOCÍNIO E DO TRÁFICO DE
de 14 (catorze) anos na situação descrita PESSOA PARA FIM DE PROSTITUIÇÃO OU
no caput deste artigo; OUTRA FORMA DE EXPLORAÇÃO SEXUAL
II - o proprietário, o gerente ou o responsável pelo Mediação para servir a lascívia de outrem
Art. 227 - Induzir alguém a satisfazer a lascívia de
local em que se verifiquem as práticas referidas
outrem:
no caput deste artigo.
Pena - reclusão, de um a três anos.
§ 3o Na hipótese do inciso II do § 2o, constitui
§ 1o Se a vítima é maior de 14 (catorze) e menor de
efeito obrigatório da condenação a cassação da
18 (dezoito) anos, ou se o agente é seu ascendente,
licença de localização e de funcionamento do descendente, cônjuge ou companheiro, irmão, tutor ou
estabelecimento. curador ou pessoa a quem esteja confiada para fins de
Divulgação de cena de estupro ou de cena de educação, de tratamento ou de guarda:
estupro de vulnerável, de cena de sexo ou de Pena - reclusão, de dois a cinco anos.
pornografia (Lei nº 13.718, de 2018) § 2º - Se o crime é cometido com emprego de
Art. 218-C. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, violência, grave ameaça ou fraude:
vender ou expor à venda, distribuir, publicar ou divulgar, Pena - reclusão, de dois a oito anos, além da pena
por qualquer meio - inclusive por meio de comunicação correspondente à violência.
de massa ou sistema de informática ou telemática -, § 3º - Se o crime é cometido com o fim de lucro,
fotografia, vídeo ou outro registro audiovisual que aplica-se também multa.
contenha cena de estupro ou de estupro de vulnerável Favorecimento da prostituição ou outra forma
ou que faça apologia ou induza a sua prática, ou, sem o de exploração sexual
consentimento da vítima, cena de sexo, nudez ou Art. 228. Induzir ou atrair alguém à prostituição ou
pornografia: outra forma de exploração sexual, facilitá-la, impedir
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o fato ou dificultar que alguém a abandone:
não constitui crime mais grave. Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e
Aumento de pena multa. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
§ 1º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 § 1o Se o agente é ascendente, padrasto, madrasta,
(dois terços) se o crime é praticado por agente que irmão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador,
mantém ou tenha mantido relação íntima de afeto com a preceptor ou empregador da vítima, ou se assumiu, por
vítima ou com o fim de vingança ou humilhação. lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou
Exclusão de ilicitude vigilância:
§ 2º Não há crime quando o agente pratica as Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito)
condutas descritas no caput deste artigo em publicação anos. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
de natureza jornalística, científica, cultural ou acadêmica § 2º - Se o crime, é cometido com emprego de
com a adoção de recurso que impossibilite a violência, grave ameaça ou fraude:
identificação da vítima, ressalvada sua prévia Pena - reclusão, de quatro a dez anos, além da
autorização, caso seja maior de 18 (dezoito) anos. pena correspondente à violência.
§ 3º - Se o crime é cometido com o fim de lucro,
CAPÍTULO III - DO RAPTO aplica-se também multa.
Art. 219 ao Art. 222 - (Revogado) Casa de prostituição
Art. 229. Manter, por conta própria ou de terceiro,
CAPÍTULO IV - DISPOSIÇÕES GERAIS estabelecimento em que ocorra exploração sexual,
Art. 223 e Art. 224 - (Revogado) haja, ou não, intuito de lucro ou mediação direta do
Ação penal proprietário ou gerente:
Art. 225. Nos crimes definidos nos Capítulos I e II Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
deste Título, procede-se mediante ação penal pública Rufianismo
incondicionada. (Redação dada pela Lei nº 13.718, de Art. 230 - Tirar proveito da prostituição alheia,
2018) participando diretamente de seus lucros ou fazendo-
Parágrafo único. (Revogado). se sustentar, no todo ou em parte, por quem a exerça:
Aumento de pena Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
o
Art. 226. A pena é aumentada: § 1 Se a vítima é menor de 18 (dezoito) e maior
I – de quarta parte, se o crime é cometido com o de 14 (catorze) anos ou se o crime é cometido por
concurso de 2 (duas) ou mais pessoas; ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado,

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- DIREITO PENAL -
cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor ou IV - de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o
empregador da vítima, ou por quem assumiu, por lei agente transmite à vítima doença sexualmente
ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou transmissível de que sabe ou deveria saber ser
vigilância: portador, ou se a vítima é idosa ou pessoa com
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e deficiência. (Lei nº 13.718, de 2018)
multa. Art. 234-B. Os processos em que se apuram
o
§ 2 Se o crime é cometido mediante violência, crimes definidos neste Título correrão em segredo de
grave ameaça, fraude ou outro meio que impeça ou justiça.(Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
dificulte a livre manifestação da vontade da vítima: Art. 234-C. (VETADO).
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, sem
prejuízo da pena correspondente à violência. TÍTULO VII - DOS CRIMES
Art. 231. (Revogado pela Lei nº 13.344) CONTRA A FAMÍLIA
Art. 231-A. (Revogado pela Lei nº 13.344) CAPÍTULO I - DOS CRIMES
Art. 232-A. Promover, por qualquer meio, com o CONTRA O CASAMENTO
fim de obter vantagem econômica, a entrada ilegal de Bigamia
estrangeiro em território nacional ou de brasileiro em Art. 235 - Contrair alguém, sendo casado, novo
país estrangeiro: casamento:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e Pena - reclusão, de dois a seis anos.
multa. § 1º - Aquele que, não sendo casado, contrai
§ 1º Na mesma pena incorre quem promover, por casamento com pessoa casada, conhecendo essa
qualquer meio, com o fim de obter vantagem circunstância, é punido com reclusão ou detenção, de
econômica, a saída de estrangeiro do território um a três anos.
nacional para ingressar ilegalmente em país § 2º - Anulado por qualquer motivo o primeiro
estrangeiro. casamento, ou o outro por motivo que não a bigamia,
§ 2º A pena é aumentada de 1/6 (um sexto) a 1/3 considera-se inexistente o crime.
(um terço) se: Induzimento a erro essencial e ocultação de
I - o crime é cometido com violência; ou impedimento
II - a vítima é submetida a condição desumana ou Art. 236 - Contrair casamento, induzindo em erro
degradante. essencial o outro contraente, ou ocultando-lhe
§ 3º A pena prevista para o crime será aplicada impedimento que não seja casamento anterior:
sem prejuízo das correspondentes às infrações Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
conexas. Parágrafo único - A ação penal depende de queixa
do contraente enganado e não pode ser intentada
CAPÍTULO VI - DO ULTRAJE senão depois de transitar em julgado a sentença que,
PÚBLICO AO PUDOR por motivo de erro ou impedimento, anule o casamento.
Ato obsceno Conhecimento prévio de impedimento
Art. 233 - Praticar ato obsceno em lugar público, Art. 237 - Contrair casamento, conhecendo a
ou aberto ou exposto ao público: existência de impedimento que lhe cause a nulidade
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou absoluta:
multa. Pena - detenção, de três meses a um ano.
Escrito ou objeto obsceno Simulação de autoridade para celebração de
Art. 234 - Fazer, importar, exportar, adquirir ou ter casamento
sob sua guarda, para fim de comércio, de distribuição Art. 238 - Atribuir-se falsamente autoridade para
ou de exposição pública, escrito, desenho, pintura, celebração de casamento:
estampa ou qualquer objeto obsceno: Pena - detenção, de um a três anos, se o fato não
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou constitui crime mais grave.
multa. Simulação de casamento
Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem: Art. 239 - Simular casamento mediante engano de
I - vende, distribui ou expõe à venda ou ao público outra pessoa:
qualquer dos objetos referidos neste artigo; Pena - detenção, de um a três anos, se o fato não
II - realiza, em lugar público ou acessível ao constitui elemento de crime mais grave.
público, representação teatral, ou exibição Adultério
cinematográfica de caráter obsceno, ou qualquer Art. 240 - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)
outro espetáculo, que tenha o mesmo caráter;
III - realiza, em lugar público ou acessível ao CAPÍTULO II - DOS CRIMES
público, ou pelo rádio, audição ou recitação de caráter CONTRA O ESTADO DE FILIAÇÃO
obsceno. Registro de nascimento inexistente
CAPÍTULO VII Art. 241 - Promover no registro civil a inscrição de
DISPOSIÇÕES GERAIS nascimento inexistente:
Aumento de pena Pena - reclusão, de dois a seis anos.
Art. 234-A. Nos crimes previstos neste Título a Parto suposto. Supressão ou alteração de
pena é aumentada: direito inerente ao estado civil de recém-nascido
I – (VETADO); Art. 242 - Dar parto alheio como próprio; registrar
II – (VETADO); como seu o filho de outrem; ocultar recém-nascido ou
III - de metade a 2/3 (dois terços), se do crime resulta substituí-lo, suprimindo ou alterando direito inerente
gravidez; (Lei nº 13.718, de 2018) ao estado civil:
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- DIREITO PENAL -
Pena - reclusão, de dois a seis anos. (Redação III - resida ou trabalhe em casa de prostituição;
dada pela Lei nº 6.898, de 1981) IV - mendigue ou sirva a mendigo para excitar a
Parágrafo único - Se o crime é praticado por comiseração pública:
motivo de reconhecida nobreza: (Redação dada pela Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
Lei nº 6.898, de 1981)
Pena - detenção, de um a dois anos, podendo o CAPÍTULO IV - DOS CRIMES CONTRA
juiz deixar de aplicar a pena. (Redação dada pela Lei O PÁTRIO PODER, TUTELA CURATELA
nº 6.898, de 1981) Induzimento a fuga, entrega arbitrária ou
Sonegação de estado de filiação sonegação de incapazes
Art. 243 - Deixar em asilo de expostos ou outra Art. 248 - Induzir menor de dezoito anos, ou
instituição de assistência filho próprio ou alheio, interdito, a fugir do lugar em que se acha por
ocultando-lhe a filiação ou atribuindo-lhe outra, com o determinação de quem sobre ele exerce autoridade,
fim de prejudicar direito inerente ao estado civil: em virtude de lei ou de ordem judicial; confiar a
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. outrem sem ordem do pai, do tutor ou do curador
algum menor de dezoito anos ou interdito, ou deixar,
CAPÍTULO III - DOS CRIMES sem justa causa, de entregá-lo a quem legitimamente
CONTRA A ASSISTÊNCIA FAMILIAR o reclame:
Abandono material Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
Art. 244. Deixar, sem justa causa, de prover a Subtração de incapazes
subsistência do cônjuge, ou de filho menor de 18 Art. 249 - Subtrair menor de dezoito anos ou
(dezoito) anos ou inapto para o trabalho, ou de interdito ao poder de quem o tem sob sua guarda em
ascendente inválido ou maior de 60 (sessenta) anos, virtude de lei ou de ordem judicial:
não lhes proporcionando os recursos necessários ou Pena - detenção, de dois meses a dois anos, se o
faltando ao pagamento de pensão alimentícia fato não constitui elemento de outro crime.
judicialmente acordada, fixada ou majorada; deixar, § 1º - O fato de ser o agente pai ou tutor do menor
sem justa causa, de socorrer descendente ou ou curador do interdito não o exime de pena, se
ascendente, gravemente enfermo: (Redação dada destituído ou temporariamente privado do pátrio
pela Lei nº 10.741, de 2003) poder, tutela, curatela ou guarda.
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos e § 2º - No caso de restituição do menor ou do
multa, de uma a dez vezes o maior salário mínimo interdito, se este não sofreu maus-tratos ou privações,
vigente no País. (Redação dada pela Lei nº 5.478, de o juiz pode deixar de aplicar pena.
1968)
Parágrafo único - Nas mesmas penas incide TÍTULO VIII - DOS CRIMES CONTRA
quem, sendo solvente, frustra ou ilide, de qualquer A INCOLUMIDADE PÚBLICA
modo, inclusive por abandono injustificado de
emprego ou função, o pagamento de pensão CAPÍTULO I - DOS CRIMES
alimentícia judicialmente acordada, fixada ou DE PERIGO COMUM
majorada. (Incluído pela Lei nº 5.478, de 1968) Incêndio
Entrega de filho menor a pessoa inidônea Art. 250 - Causar incêndio, expondo a perigo a
Art. 245 - Entregar filho menor de 18 (dezoito) vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem:
anos a pessoa em cuja companhia saiba ou deva Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa.
saber que o menor fica moral ou materialmente em Aumento de pena
perigo: (Redação dada pela Lei nº 7.251, de 1984) § 1º - As penas aumentam-se de um terço:
Pena - detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos. I - se o crime é cometido com intuito de obter
§ 1º - A pena é de 1 (um) a 4 (quatro) anos de vantagem pecuniária em proveito próprio ou alheio;
reclusão, se o agente pratica delito para obter lucro, II - se o incêndio é:
ou se o menor é enviado para o exterior. (Incluído a) em casa habitada ou destinada a habitação;
pela Lei nº 7.251, de 1984) b) em edifício público ou destinado a uso público
§ 2º - Incorre, também, na pena do parágrafo ou a obra de assistência social ou de cultura;
anterior quem, embora excluído o perigo moral ou c) em embarcação, aeronave, comboio ou veículo
material, auxilia a efetivação de ato destinado ao de transporte coletivo;
envio de menor para o exterior, com o fito de obter d) em estação ferroviária ou aeródromo;
lucro. (Incluído pela Lei nº 7.251, de 1984) e) em estaleiro, fábrica ou oficina;
Abandono intelectual f) em depósito de explosivo, combustível ou
Art. 246 - Deixar, sem justa causa, de prover à inflamável;
instrução primária de filho em idade escolar: g) em poço petrolífico ou galeria de mineração;
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou h) em lavoura, pastagem, mata ou floresta.
multa. Incêndio culposo
Art. 247 - Permitir alguém que menor de dezoito § 2º - Se culposo o incêndio, é pena de detenção,
anos, sujeito a seu poder ou confiado à sua guarda ou de seis meses a dois anos.
vigilância: Explosão
I - frequente casa de jogo ou mal-afamada, ou Art. 251 - Expor a perigo a vida, a integridade
conviva com pessoa viciosa ou de má vida; física ou o patrimônio de outrem, mediante explosão,
II - frequente espetáculo capaz de pervertê-lo ou arremesso ou simples colocação de engenho de
de ofender-lhe o pudor, ou participe de representação dinamite ou de substância de efeitos análogos:
de igual natureza; Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa.
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- DIREITO PENAL -
§ 1º - Se a substância utilizada não é dinamite ou se do fato resulta lesão corporal, a pena aumenta-se
explosivo de efeitos análogos: de metade; se resulta morte, aplica-se a pena
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. cominada ao homicídio culposo, aumentada de um
Aumento de pena terço.
§ 2º - As penas aumentam-se de um terço, se Difusão de doença ou praga
ocorre qualquer das hipóteses previstas no § 1º, I, do Art. 259 - Difundir doença ou praga que possa
artigo anterior, ou é visada ou atingida qualquer das causar dano a floresta, plantação ou animais de
coisas enumeradas no nº II do mesmo parágrafo. utilidade econômica:
Modalidade culposa Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
§ 3º - No caso de culpa, se a explosão é de Modalidade culposa
dinamite ou substância de efeitos análogos, a pena é Parágrafo único - No caso de culpa, a pena é de
de detenção, de seis meses a dois anos; nos demais detenção, de um a seis meses, ou multa.
casos, é de detenção, de três meses a um ano.
Uso de gás tóxico ou asfixiante CAPÍTULO II - DOS CRIMES CONTRA A
Art. 252 - Expor a perigo a vida, a integridade SEGURANÇA DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO E
física ou o patrimônio de outrem, usando de gás TRANSPORTE E OUTROS SERVIÇOS PÚBLICOS
tóxico ou asfixiante: Perigo de desastre ferroviário
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Art. 260 - Impedir ou perturbar serviço de estrada
Modalidade Culposa de ferro:
Parágrafo único - Se o crime é culposo: I - destruindo, danificando ou desarranjando, total
Pena - detenção, de três meses a um ano. ou parcialmente, linha férrea, material rodante ou de
Fabrico, fornecimento, aquisição posse ou tração, obra-de-arte ou instalação;
transporte de explosivos ou gás tóxico, ou II - colocando obstáculo na linha;
asfixiante III - transmitindo falso aviso acerca do movimento
Art. 253 - Fabricar, fornecer, adquirir, possuir ou dos veículos ou interrompendo ou embaraçando o
transportar, sem licença da autoridade, substância ou funcionamento de telégrafo, telefone ou
engenho explosivo, gás tóxico ou asfixiante, ou radiotelegrafia;
material destinado à sua fabricação: IV - praticando outro ato de que possa resultar
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e desastre:
multa. Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
Inundação Desastre ferroviário
Art. 254 - Causar inundação, expondo a perigo a § 1º - Se do fato resulta desastre:
vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem: Pena - reclusão, de quatro a doze anos e multa.
Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa, no § 2º - No caso de culpa, ocorrendo desastre:
caso de dolo, ou detenção, de seis meses a dois Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
anos, no caso de culpa. § 3º - Para os efeitos deste artigo, entende-se por
Perigo de inundação estrada de ferro qualquer via de comunicação em que
Art. 255 - Remover, destruir ou inutilizar, em prédio circulem veículos de tração mecânica, em trilhos ou
próprio ou alheio, expondo a perigo a vida, a por meio de cabo aéreo.
integridade física ou o patrimônio de outrem, Atentado contra a segurança de transporte
obstáculo natural ou obra destinada a impedir marítimo, fluvial ou aéreo
inundação: Art. 261 - Expor a perigo embarcação ou
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. aeronave, própria ou alheia, ou praticar qualquer ato
Desabamento ou desmoronamento tendente a impedir ou dificultar navegação marítima,
Art. 256 - Causar desabamento ou fluvial ou aérea:
desmoronamento, expondo a perigo a vida, a Pena - reclusão, de dois a cinco anos.
integridade física ou o patrimônio de outrem: Sinistro em transporte marítimo, fluvial ou
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. aéreo
§ 1º - Se do fato resulta naufrágio, submersão ou
Modalidade culposa encalhe de embarcação ou a queda ou destruição de
Parágrafo único - Se o crime é culposo: aeronave:
Pena - detenção, de seis meses a um ano. Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
Subtração, ocultação ou inutilização de Prática do crime com o fim de lucro
material de salvamento § 2º - Aplica-se, também, a pena de multa, se o
Art. 257 - Subtrair, ocultar ou inutilizar, por ocasião agente pratica o crime com intuito de obter vantagem
de incêndio, inundação, naufrágio, ou outro desastre econômica, para si ou para outrem.
ou calamidade, aparelho, material ou qualquer meio Modalidade culposa
destinado a serviço de combate ao perigo, de socorro § 3º - No caso de culpa, se ocorre o sinistro:
ou salvamento; ou impedir ou dificultar serviço de tal Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
natureza: Atentado contra a segurança de outro meio de
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa. transporte
Formas qualificadas de crime de perigo comum Art. 262 - Expor a perigo outro meio de transporte
Art. 258 - Se do crime doloso de perigo comum público, impedir-lhe ou dificultar-lhe o funcionamento:
resulta lesão corporal de natureza grave, a pena Pena - detenção, de um a dois anos.
privativa de liberdade é aumentada de metade; se § 1º - Se do fato resulta desastre, a pena é de
resulta morte, é aplicada em dobro. No caso de culpa, reclusão, de dois a cinco anos.
50
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- DIREITO PENAL -
§ 2º - No caso de culpa, se ocorre desastre: autoridade pública doença cuja notificação é
Pena - detenção, de três meses a um ano. compulsória:
Forma qualificada Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e
Art. 263 - Se de qualquer dos crimes previstos nos multa.
arts. 260 a 262, no caso de desastre ou sinistro, Envenenamento de água potável ou de
resulta lesão corporal ou morte, aplica-se o disposto substância alimentícia ou medicinal
no art. 258. Art. 270 - Envenenar água potável, de uso comum
Arremesso de projétil ou particular, ou substância alimentícia ou medicinal
Art. 264 - Arremessar projétil contra veículo, em destinada a consumo:
movimento, destinado ao transporte público por terra, Pena - reclusão, de dez a quinze anos. (Redação
por água ou pelo ar: dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)
Pena - detenção, de um a seis meses. § 1º - Está sujeito à mesma pena quem entrega a
Parágrafo único - Se do fato resulta lesão corporal, consumo ou tem em depósito, para o fim de ser
a pena é de detenção, de seis meses a dois anos; se distribuída, a água ou a substância envenenada.
resulta morte, a pena é a do art. 121, § 3º, aumentada Modalidade culposa
de um terço. § 2º - Se o crime é culposo:
Atentado contra a segurança de serviço de Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
utilidade pública Corrupção ou poluição de água potável
Art. 265 - Atentar contra a segurança ou o Art. 271 - Corromper ou poluir água potável, de
funcionamento de serviço de água, luz, força ou calor, uso comum ou particular, tornando-a imprópria para
ou qualquer outro de utilidade pública: consumo ou nociva à saúde:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. Pena - reclusão, de dois a cinco anos.
Parágrafo único - Aumentar-se-á a pena de 1/3 Modalidade culposa
(um terço) até a metade, se o dano ocorrer em virtude Parágrafo único - Se o crime é culposo:
de subtração de material essencial ao funcionamento Pena - detenção, de dois meses a um ano.
dos serviços. (Incluído pela Lei nº 5.346, de Falsificação, corrupção, adulteração ou
3.11.1967) alteração de substância ou produtos
Interrupção ou perturbação de serviço alimentícios (Redação dada pela Lei nº 9.677, de
telegráfico, telefônico, informático, telemático ou 2.7.1998)
de informação de utilidade pública (Redação Art. 272 - Corromper, adulterar, falsificar ou alterar
dada pela Lei nº 12.737, de 2012) substância ou produto alimentício destinado a
Art. 266 - Interromper ou perturbar serviço consumo, tornando-o nociva à saúde ou reduzindo-lhe
telegráfico, radiotelegráfico ou telefônico, impedir ou o valor nutritivo: (Redação dada pela Lei nº 9.677, de
dificultar-lhe o restabelecimento: 2.7.1998)
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e
o
§ 1 Incorre na mesma pena quem interrompe multa. (Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)
serviço telemático ou de informação de utilidade § 1º-A - Incorre nas penas deste artigo quem
pública, ou impede ou dificulta-lhe o restabelecimento. fabrica, vende, expõe à venda, importa, tem em
(Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) depósito para vender ou, de qualquer forma, distribui
o
§ 2 Aplicam-se as penas em dobro se o crime é ou entrega a consumo a substância alimentícia ou o
cometido por ocasião de calamidade pública. produto falsificado, corrompido ou
(Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) adulterado. (Incluído pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)
§ 1º - Está sujeito às mesmas penas quem pratica
CAPÍTULO III - DOS CRIMES as ações previstas neste artigo em relação a bebidas,
CONTRA A SAÚDE PÚBLICA com ou sem teor alcoólico. (Redação dada pela Lei
Epidemia nº 9.677, de 2.7.1998)
Art. 267 - Causar epidemia, mediante a Modalidade culposa
propagação de germes patogênicos: § 2º - Se o crime é culposo: (Redação dada pela
Pena - reclusão, de dez a quinze anos. (Redação Lei nº 9.677, de 2.7.1998)
dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990) Pena - detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e
§ 1º - Se do fato resulta morte, a pena é aplicada multa. (Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)
em dobro. Falsificação, corrupção, adulteração ou
§ 2º - No caso de culpa, a pena é de detenção, de alteração de produto destinado a fins terapêuticos
um a dois anos, ou, se resulta morte, de dois a quatro ou medicinais (Redação dada pela Lei nº 9.677, de
anos. 2.7.1998)
Infração de medida sanitária preventiva Art. 273 - Falsificar, corromper, adulterar ou alterar
Art. 268 - Infringir determinação do poder público, produto destinado a fins terapêuticos ou
destinada a impedir introdução ou propagação de medicinais: (Redação dada pela Lei nº 9.677, de
doença contagiosa: 2.7.1998)
Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa. Pena - reclusão, de 10 (dez) a 15 (quinze) anos, e
Parágrafo único - A pena é aumentada de um multa. (Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)
terço, se o agente é funcionário da saúde pública ou § 1º - Nas mesmas penas incorre quem importa,
exerce a profissão de médico, farmacêutico, dentista vende, expõe à venda, tem em depósito para vender
ou enfermeiro. ou, de qualquer forma, distribui ou entrega a consumo
Omissão de notificação de doença o produto falsificado, corrompido, adulterado ou
Art. 269 - Deixar o médico de denunciar à alterado.
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- DIREITO PENAL -
§ 1º-A - Incluem-se entre os produtos a que se depósito para vender ou, de qualquer forma, entregar
refere este artigo os medicamentos, as matérias- a consumo coisa ou substância nociva à saúde, ainda
primas, os insumos farmacêuticos, os cosméticos, os que não destinada à alimentação ou a fim medicinal:
saneantes e os de uso em diagnóstico. (Incluído pela Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
Lei nº 9.677, de 2.7.1998) Modalidade culposa
§ 1º-B - Está sujeito às penas deste artigo quem Parágrafo único - Se o crime é culposo:
pratica as ações previstas no § 1º em relação a Pena - detenção, de dois meses a um ano.
produtos em qualquer das seguintes Substância avariada
condições: (Incluído pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998) Art. 279 - (Revogado pela Lei nº 8.137, de
I - sem registro, quando exigível, no órgão de 27.12.1990)
vigilância sanitária competente; (Incluído pela Lei nº Medicamento em desacordo com receita
9.677, de 2.7.1998) médica
II - em desacordo com a fórmula constante do Art. 280 - Fornecer substância medicinal em
registro previsto no inciso anterior; (Incluído pela Lei desacordo com receita médica:
nº 9.677, de 2.7.1998) Pena - detenção, de um a três anos, ou multa.
III - sem as características de identidade e Modalidade culposa
qualidade admitidas para a sua Parágrafo único - Se o crime é culposo:
comercialização; (Incluído pela Lei nº 9.677, de Pena - detenção, de dois meses a um ano.
2.7.1998) Comércio clandestino ou facilitação de uso de
IV - com redução de seu valor terapêutico ou de entorpecentes (Revogado pela Lei nº 6.368, 1976)
sua atividade; ((Incluído pela Lei nº 9.677, de Art. 281. (Revogado pela Lei nº 6.368, 1976)
2.7.1998) Exercício ilegal da medicina, arte dentária ou
V - de procedência ignorada; (Incluído pela Lei nº farmacêutica
9.677, de 2.7.1998) Art. 282 - Exercer, ainda que a título gratuito, a
VI - adquiridos de estabelecimento sem licença da profissão de médico, dentista ou farmacêutico, sem
autoridade sanitária competente. (Incluído pela Lei nº autorização legal ou excedendo-lhe os limites:
9.677, de 2.7.1998) Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Modalidade culposa Parágrafo único - Se o crime é praticado com o fim
§ 2º - Se o crime é culposo: de lucro, aplica-se também multa.
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e Charlatanismo
multa. (Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998) Art. 283 - Inculcar ou anunciar cura por meio
Emprego de processo proibido ou de secreto ou infalível: Pena - detenção, de três meses a
substância não permitida um ano, e multa.
Art. 274 - Empregar, no fabrico de produto Curandeirismo
destinado a consumo, revestimento, gaseificação Art. 284 - Exercer o curandeirismo:
artificial, matéria corante, substância aromática, anti- I - prescrevendo, ministrando ou aplicando,
séptica, conservadora ou qualquer outra não habitualmente, qualquer substância;
expressamente permitida pela legislação sanitária: II - usando gestos, palavras ou qualquer outro
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e meio;
multa. (Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998) III - fazendo diagnósticos: Pena - detenção, de
Invólucro ou recipiente com falsa indicação seis meses a dois anos. Parágrafo único - Se o crime
Art. 275 - Inculcar, em invólucro ou recipiente de é praticado mediante remuneração, o agente fica
produtos alimentícios, terapêuticos ou medicinais, a também sujeito à multa.
existência de substância que não se encontra em seu Forma qualificada
conteúdo ou que nele existe em quantidade menor Art. 285 - Aplica-se o disposto no art. 258 aos
que a mencionada: (Redação dada pela Lei nº 9.677, crimes previstos neste Capítulo, salvo quanto ao
de 2.7.1998) definido no art. 267.
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e
multa. (Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998) TÍTULO IX - DOS CRIMES
Produto ou substância nas condições dos dois CONTRA A PAZ PÚBLICA
artigos anteriores Incitação ao crime
Art. 276 - Vender, expor à venda, ter em depósito Art. 286 - Incitar, publicamente, a prática de crime:
para vender ou, de qualquer forma, entregar a Pena - detenção, de três a seis meses, ou multa.
consumo produto nas condições dos arts. 274 e 275. Apologia de crime ou criminoso
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e Art. 287 - Fazer, publicamente, apologia de fato
multa.(Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998) criminoso ou de autor de crime:
Substância destinada à falsificação Pena - detenção, de três a seis meses, ou multa.
Art. 277 - Vender, expor à venda, ter em depósito Quadrilha ou bando
ou ceder substância destinada à falsificação de Art. 288. Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas,
produtos alimentícios, terapêuticos ou para o fim específico de cometer crimes: (Redação
medicinais:(Redação dada pela Lei nº 9.677, de dada pela Lei nº 12.850, de 2013)
2.7.1998) Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e Parágrafo único. A pena aumenta-se até a
multa. (Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998) metade se a associação é armada ou se houver a
Outras substâncias nocivas à saúde pública participação de criança ou adolescente. (Redação
Art. 278 - Fabricar, vender, expor à venda, ter em dada pela Lei nº 12.850, de 2013)
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- DIREITO PENAL -
Constituição de milícia privada (Incluído dada CAPÍTULO II - DA FALSIDADE DE
pela Lei nº 12.720, de 2012) TÍTULOS E OUTROS PAPÉIS PÚBLICOS
Art. 288-A. Constituir, organizar, integrar, manter Falsificação de papéis públicos
ou custear organização paramilitar, milícia particular, Art. 293 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os:
grupo ou esquadrão com a finalidade de praticar I – selo destinado a controle tributário, papel
qualquer dos crimes previstos neste Código: selado ou qualquer papel de emissão legal destinado
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos. à arrecadação de tributo; (Redação dada pela Lei nº
11.035, de 2004)
TÍTULO X - DOS CRIMES II - papel de crédito público que não seja moeda
CONTRA A FÉ PÚBLICA de curso legal;
CAPÍTULO I - DA MOEDA FALSA III - vale postal;
Moeda Falsa IV - cautela de penhor, caderneta de depósito de
Art. 289 - Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, caixa econômica ou de outro estabelecimento mantido
moeda metálica ou papel-moeda de curso legal no por entidade de direito público;
país ou no estrangeiro: V - talão, recibo, guia, alvará ou qualquer outro
Pena - reclusão, de três a doze anos, e multa. documento relativo a arrecadação de rendas públicas
§ 1º - Nas mesmas penas incorre quem, por conta ou a depósito ou caução por que o poder público seja
própria ou alheia, importa ou exporta, adquire, vende, responsável;
troca, cede, empresta, guarda ou introduz na VI - bilhete, passe ou conhecimento de empresa
circulação moeda falsa. de transporte administrada pela União, por Estado ou
§ 2º - Quem, tendo recebido de boa-fé, como por Município:
verdadeira, moeda falsa ou alterada, a restitui à Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
o
circulação, depois de conhecer a falsidade, é punido § 1 Incorre na mesma pena quem: (Redação
com detenção, de seis meses a dois anos, e multa. dada pela Lei nº 11.035, de 2004)
§ 3º - É punido com reclusão, de três a quinze I – usa, guarda, possui ou detém qualquer dos
anos, e multa, o funcionário público ou diretor, papéis falsificados a que se refere este
gerente, ou fiscal de banco de emissão que fabrica, artigo; (Incluído pela Lei nº 11.035, de 2004)
emite ou autoriza a fabricação ou emissão: II – importa, exporta, adquire, vende, troca, cede,
I - de moeda com título ou peso inferior ao empresta, guarda, fornece ou restitui à circulação selo
determinado em lei; falsificado destinado a controle tributário; (Incluído
II - de papel-moeda em quantidade superior à pela Lei nº 11.035, de 2004)
autorizada. III – importa, exporta, adquire, vende, expõe à
§ 4º - Nas mesmas penas incorre quem desvia e venda, mantém em depósito, guarda, troca, cede,
faz circular moeda, cuja circulação não estava ainda empresta, fornece, porta ou, de qualquer forma, utiliza
autorizada. em proveito próprio ou alheio, no exercício de
Crimes assimilados ao de moeda falsa atividade comercial ou industrial, produto ou
Art. 290 - Formar cédula, nota ou bilhete mercadoria: (Incluído pela Lei nº 11.035, de 2004)
representativo de moeda com fragmentos de cédulas, a) em que tenha sido aplicado selo que se destine
notas ou bilhetes verdadeiros; suprimir, em nota, a controle tributário, falsificado;
cédula ou bilhete recolhidos, para o fim de restituí-los b) sem selo oficial, nos casos em que a legislação
à circulação, sinal indicativo de sua inutilização; tributária determina a obrigatoriedade de sua
restituir à circulação cédula, nota ou bilhete em tais aplicação. (Incluído pela Lei nº 11.035, de 2004)
condições, ou já recolhidos para o fim de inutilização: § 2º - Suprimir, em qualquer desses papéis,
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. quando legítimos, com o fim de torná-los novamente
Parágrafo único - O máximo da reclusão é elevado utilizáveis, carimbo ou sinal indicativo de sua
a doze anos e multa, se o crime é cometido por inutilização:
funcionário que trabalha na repartição onde o dinheiro Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
se achava recolhido, ou nela tem fácil ingresso, em § 3º - Incorre na mesma pena quem usa, depois
razão do cargo. de alterado, qualquer dos papéis a que se refere o
Petrechos para falsificação de moeda parágrafo anterior.
Art. 291 - Fabricar, adquirir, fornecer, a título § 4º - Quem usa ou restitui à circulação, embora
oneroso ou gratuito, possuir ou guardar maquinismo, recibo de boa-fé, qualquer dos papéis falsificados ou
aparelho, instrumento ou qualquer objeto alterados, a que se referem este artigo e o seu § 2º,
especialmente destinado à falsificação de moeda: depois de conhecer a falsidade ou alteração, incorre
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. na pena de detenção, de seis meses a dois anos, ou
Emissão de título ao portador sem permissão multa.
o
legal § 5 Equipara-se a atividade comercial, para os
Art. 292 - Emitir, sem permissão legal, nota, fins do inciso III do § 1o, qualquer forma de comércio
bilhete, ficha, vale ou título que contenha promessa de irregular ou clandestino, inclusive o exercido em vias,
pagamento em dinheiro ao portador ou a que falte praças ou outros logradouros públicos e em
indicação do nome da pessoa a quem deva ser pago: residências. (Incluído pela Lei nº 11.035, de 2004)
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Petrechos de falsificação
Parágrafo único - Quem recebe ou utiliza como Art. 294 - Fabricar, adquirir, fornecer, possuir ou
dinheiro qualquer dos documentos referidos neste guardar objeto especialmente destinado à falsificação
artigo incorre na pena de detenção, de quinze dias a de qualquer dos papéis referidos no artigo anterior:
três meses, ou multa. Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
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- DIREITO PENAL -
Art. 295 - Se o agente é funcionário público, e Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta- Falsificação de cartão(Incluído pela Lei nº
se a pena de sexta parte. 12.737, de 2012)
Parágrafo único. Para fins do disposto no caput,
CAPÍTULO III - DA equipara-se a documento particular o cartão de
FALSIDADE DOCUMENTAL crédito ou débito.
Falsificação do selo ou sinal público Falsidade ideológica
Art. 296 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os: Art. 299 - Omitir, em documento público ou
I - selo público destinado a autenticar atos oficiais particular, declaração que dele devia constar, ou nele
da União, de Estado ou de Município; inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da
II - selo ou sinal atribuído por lei a entidade de que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito,
direito público, ou a autoridade, ou sinal público de criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato
tabelião: juridicamente relevante:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o
§ 1º - Incorre nas mesmas penas: documento é público, e reclusão de um a três anos, e
I - quem faz uso do selo ou sinal falsificado; multa, se o documento é particular.
II - quem utiliza indevidamente o selo ou sinal Parágrafo único - Se o agente é funcionário
verdadeiro em prejuízo de outrem ou em proveito público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo,
próprio ou alheio. ou se a falsificação ou alteração é de assentamento
III - quem altera, falsifica ou faz uso indevido de de registro civil, aumenta-se a pena de sexta parte.
marcas, logotipos, siglas ou quaisquer outros Falso reconhecimento de firma ou letra
símbolos utilizados ou identificadores de órgãos ou Art. 300 - Reconhecer, como verdadeira, no
entidades da Administração Pública. exercício de função pública, firma ou letra que o não
§ 2º - Se o agente é funcionário público, e comete seja:
o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o
pena de sexta parte. documento é público; e de um a três anos, e multa, se
Falsificação de documento público o documento é particular.
Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, Certidão ou atestado ideologicamente falso
documento público, ou alterar documento público Art. 301 - Atestar ou certificar falsamente, em
verdadeiro: razão de função pública, fato ou circunstância que
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. habilite alguém a obter cargo público, isenção de ônus
§ 1º - Se o agente é funcionário público, e comete ou de serviço de caráter público, ou qualquer outra
o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a vantagem:
pena de sexta parte. Pena - detenção, de dois meses a um ano.
Falsidade material de atestado ou certidão
§ 2º - Para os efeitos penais, equiparam-se a § 1º - Falsificar, no todo ou em parte, atestado ou
documento público o emanado de entidade certidão, ou alterar o teor de certidão ou de atestado
paraestatal, o título ao portador ou transmissível por verdadeiro, para prova de fato ou circunstância que
endosso, as ações de sociedade comercial, os livros habilite alguém a obter cargo público, isenção de ônus
mercantis e o testamento particular. ou de serviço de caráter público, ou qualquer outra
§ 3o Nas mesmas penas incorre quem insere ou vantagem:
faz inserir: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Pena - detenção, de três meses a dois anos.
I – na folha de pagamento ou em documento de § 2º - Se o crime é praticado com o fim de lucro,
informações que seja destinado a fazer prova perante aplica-se, além da pena privativa de liberdade, a de
a previdência social, pessoa que não possua a multa.
qualidade de segurado obrigatório;(Incluído pela Lei Falsidade de atestado médico
nº 9.983, de 2000) Art. 302 - Dar o médico, no exercício da sua
II – na Carteira de Trabalho e Previdência Social profissão, atestado falso:
do empregado ou em documento que deva produzir Pena - detenção, de um mês a um ano.
efeito perante a previdência social, declaração falsa Parágrafo único - Se o crime é cometido com o fim
ou diversa da que deveria ter sido escrita; (Incluído de lucro, aplica-se também multa.
pela Lei nº 9.983, de 2000) Reprodução ou adulteração de selo ou peça
III – em documento contábil ou em qualquer outro filatélica
documento relacionado com as obrigações da Art. 303 - Reproduzir ou alterar selo ou peça
empresa perante a previdência social, declaração filatélica que tenha valor para coleção, salvo quando a
falsa ou diversa da que deveria ter constado. (Incluído reprodução ou a alteração está visivelmente anotada
pela Lei nº 9.983, de 2000) na face ou no verso do selo ou peça:
§ 4o Nas mesmas penas incorre quem omite, nos Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
o
documentos mencionados no § 3 , nome do segurado Parágrafo único - Na mesma pena incorre quem,
e seus dados pessoais, a remuneração, a do contrato para fins de comércio, faz uso do selo ou peça
de trabalho ou de prestação de serviços.(Incluído pela filatélica.
Lei nº 9.983, de 2000) Uso de documento falso
Falsificação de documento particular Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis
Art. 298 - Falsificar, no todo ou em parte, falsificados ou alterados, a que se referem os arts.
documento particular ou alterar documento particular 297 a 302:
verdadeiro: Pena - a cominada à falsificação ou à alteração.
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- DIREITO PENAL -
Supressão de documento público que contribui para o licenciamento ou registro
Art. 305 - Destruir, suprimir ou ocultar, em do veículo remarcado ou adulterado, fornecendo
benefício próprio ou de outrem, ou em prejuízo alheio, indevidamente material ou informação oficial.
documento público ou particular verdadeiro, de que
não podia dispor: CAPÍTULO V - DAS FRAUDES
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa, se o EM CERTAMES DE INTERESSE PÚBLICO
documento é público, e reclusão, de um a cinco anos, Fraudes em certames de interesse público
e multa, se o documento é particular. Art. 311-A. Utilizar ou divulgar, indevidamente,
com o fim de beneficiar a si ou a outrem, ou de
CAPÍTULO IV - DE OUTRAS FALSIDADES comprometer a credibilidade do certame, conteúdo
Falsificação do sinal empregado no contraste sigiloso de:
de metal precioso ou na fiscalização alfandegária, I - concurso público;
ou para outros fins II - avaliação ou exame públicos;
Art. 306 - Falsificar, fabricando-o ou alterando-o, III - processo seletivo para ingresso no ensino
marca ou sinal empregado pelo poder público no superior; ou
contraste de metal precioso ou na fiscalização IV - exame ou processo seletivo previstos em lei:
alfandegária, ou usar marca ou sinal dessa natureza, Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
falsificado por outrem: multa.
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. § 1o Nas mesmas penas incorre quem permite ou
Parágrafo único - Se a marca ou sinal falsificado é facilita, por qualquer meio, o acesso de pessoas não
o que usa a autoridade pública para o fim de autorizadas às informações mencionadas no caput.
o
fiscalização sanitária, ou para autenticar ou encerrar § 2 Se da ação ou omissão resulta dano à
determinados objetos, ou comprovar o cumprimento administração pública:
de formalidade legal: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e
Pena - reclusão ou detenção, de um a três anos, e multa.
multa. § 3o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o
Falsa identidade fato é cometido por funcionário público.
Art. 307 - Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa
identidade para obter vantagem, em proveito próprio TÍTULO XI - DOS CRIMES CONTRA
ou alheio, ou para causar dano a outrem: A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou CAPÍTULO I - DOS CRIMES PRATICADOS
multa, se o fato não constitui elemento de crime mais POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO CONTRA
grave. A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL
Art. 308 - Usar, como próprio, passaporte, título de Peculato
eleitor, caderneta de reservista ou qualquer Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de
documento de identidade alheia ou ceder a outrem, dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público
para que dele se utilize, documento dessa natureza, ou particular, de que tem a posse em razão do cargo,
próprio ou de terceiro: ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:
Pena - detenção, de quatro meses a dois anos, e Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
multa, se o fato não constitui elemento de crime mais § 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário
grave. público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor
Fraude de lei sobre estrangeiro ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja
Art. 309 - Usar o estrangeiro, para entrar ou subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se
permanecer no território nacional, nome que não é o de facilidade que lhe proporciona a qualidade de
seu: funcionário.
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. Peculato culposo
Parágrafo único - Atribuir a estrangeiro falsa § 2º - Se o funcionário concorre culposamente
qualidade para promover-lhe a entrada em território para o crime de outrem:
nacional: Pena - detenção, de três meses a um ano.
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. § 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação
Art. 310 - Prestar-se a figurar como proprietário ou do dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue
possuidor de ação, título ou valor pertencente a a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a
estrangeiro, nos casos em que a este é vedada por lei pena imposta.
a propriedade ou a posse de tais bens: Peculato mediante erro de outrem
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer
multa. utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro
Adulteração de sinal identificador de veículo de outrem:
automotor Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Art. 311 - Adulterar ou remarcar número de chassi Inserção de dados falsos em sistema de
ou qualquer sinal identificador de veículo automotor, informações
de seu componente ou equipamento: Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário
Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa. autorizado, a inserção de dados falsos, alterar ou
§ 1º - Se o agente comete o crime no exercício da excluir indevidamente dados corretos nos sistemas
função pública ou em razão dela, a pena é aumentada informatizados ou bancos de dados da Administração
de um terço. Pública com o fim de obter vantagem indevida para si
§ 2º - Incorre nas mesmas penas o funcionário ou para outrem ou para causar dano:
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- DIREITO PENAL -
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e Prevaricação
multa. Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar,
Modificação ou alteração não autorizada de indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra
sistema de informações disposição expressa de lei, para satisfazer interesse
Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema ou sentimento pessoal:
de informações ou programa de informática sem Pena - detenção, de três meses a um ano, e
autorização ou solicitação de autoridade competente: multa.
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou
anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) agente público, de cumprir seu dever de vedar ao
Parágrafo único. As penas são aumentadas de um preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou
terço até a metade se da modificação ou alteração similar, que permita a comunicação com outros presos
resulta dano para a Administração Pública ou para o ou com o ambiente externo: (Incluído pela Lei nº
administrado. 11.466, de 2007).
Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
documento Condescendência criminosa
Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de
documento, de que tem a guarda em razão do cargo; responsabilizar subordinado que cometeu infração no
sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou parcialmente: exercício do cargo ou, quando lhe falte competência,
Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não levar o fato ao conhecimento da autoridade
não constitui crime mais grave. competente:
Emprego irregular de verbas ou rendas Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou
públicas multa.
Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas Advocacia administrativa
aplicação diversa da estabelecida em lei: Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente,
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. interesse privado perante a administração pública,
Concussão valendo-se da qualidade de funcionário:
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
indiretamente, ainda que fora da função ou antes de Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo:
assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida: Pena - detenção, de três meses a um ano, além
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e da multa.
multa. (Redação dada pela Lei 13.964, de 24 de Violência arbitrária
dezembro de 2019). Art. 322 - Praticar violência, no exercício de função
Excesso de exação ou a pretexto de exercê-la:
§ 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição Pena - detenção, de seis meses a três anos, além
social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando da pena correspondente à violência.
devido, emprega na cobrança meio vexatório ou Abandono de função
gravoso, que a lei não autoriza: Art. 323 - Abandonar cargo público, fora dos casos
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e permitidos em lei:
multa. Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
§ 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio § 1º - Se do fato resulta prejuízo público:
ou de outrem, o que recebeu indevidamente para Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
recolher aos cofres públicos: § 2º - Se o fato ocorre em lugar compreendido na
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. faixa de fronteira:
Corrupção passiva Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para Exercício funcional ilegalmente antecipado ou
outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da prolongado
função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, Art. 324 - Entrar no exercício de função pública
vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal antes de satisfeitas as exigências legais, ou continuar
vantagem: a exercê-la, sem autorização, depois de saber
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e oficialmente que foi exonerado, removido, substituído
multa. ou suspenso:
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou
consequência da vantagem ou promessa, o multa.
funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato Violação de sigilo funcional
de ofício ou o pratica infringindo dever funcional. Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em
§ 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou razão do cargo e que deva permanecer em segredo,
retarda ato de ofício, com infração de dever funcional, ou facilitar-lhe a revelação:
cedendo a pedido ou influência de outrem: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, se o fato não constitui crime mais grave.
multa. § 1o Nas mesmas penas deste artigo incorre
Facilitação de contrabando ou descaminho quem: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Art. 318 - Facilitar, com infração de dever I – permite ou facilita, mediante atribuição,
funcional, a prática de contrabando ou descaminho fornecimento e empréstimo de senha ou qualquer
(art. 334): outra forma, o acesso de pessoas não autorizadas a
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e sistemas de informações ou banco de dados da
multa. Administração Pública;
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- DIREITO PENAL -
II – se utiliza, indevidamente, do acesso público no exercício da função:
restrito. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e
o
§ 2 Se da ação ou omissão resulta dano à multa.
Administração Pública ou a outrem: Parágrafo único - A pena é aumentada da metade,
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e se o agente alega ou insinua que a vantagem é
multa. também destinada ao funcionário.
Violação do sigilo de proposta de concorrência Corrupção ativa
Art. 326 - Devassar o sigilo de proposta de Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida
concorrência pública, ou proporcionar a terceiro o a funcionário público, para determiná-lo a praticar,
ensejo de devassá-lo: omitir ou retardar ato de ofício:
Pena - Detenção, de três meses a um ano, e Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e
multa. multa.
Funcionário público Parágrafo único - A pena é aumentada de um
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para terço, se, em razão da vantagem ou promessa, o
os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou funcionário retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica
sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função infringindo dever funcional.
pública. Descaminho
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem Art. 334. Iludir, no todo ou em parte, o pagamento
exerce cargo, emprego ou função em entidade de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída
paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora ou pelo consumo de mercadoria.
de serviço contratada ou conveniada para a execução Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
o
de atividade típica da Administração Pública. § 1 Incorre na mesma pena quem:
(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) I - pratica navegação de cabotagem, fora dos
§ 2º - A pena será aumentada da terça parte casos permitidos em lei;
quando os autores dos crimes previstos neste II - pratica fato assimilado, em lei especial, a
Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou descaminho;
de função de direção ou assessoramento de órgão da III - vende, expõe à venda, mantém em depósito
administração direta, sociedade de economia mista, ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou
empresa pública ou fundação instituída pelo poder alheio, no exercício de atividade comercial ou
público. (Incluído pela Lei nº 6.799, de 1980) industrial, mercadoria de procedência estrangeira que
introduziu clandestinamente no País ou importou
CAPÍTULO II - DOS CRIMES fraudulentamente ou que sabe ser produto de
PRATICADOS POR PARTICULAR introdução clandestina no território nacional ou de
CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL importação fraudulenta por parte de outrem;
Usurpação de função pública IV - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio
Art. 328 - Usurpar o exercício de função pública: ou alheio, no exercício de atividade comercial ou
Pena - detenção, de três meses a dois anos, e industrial, mercadoria de procedência estrangeira,
multa. desacompanhada de documentação legal ou
Parágrafo único - Se do fato o agente aufere acompanhada de documentos que sabe serem
vantagem: falsos.
o
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa. § 2 Equipara-se às atividades comerciais, para os
Resistência efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio
Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, irregular ou clandestino de mercadorias estrangeiras,
mediante violência ou ameaça a funcionário inclusive o exercido em residências.
competente para executá-lo ou a quem lhe esteja § 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de
prestando auxílio: descaminho é praticado em transporte aéreo,
Pena - detenção, de dois meses a dois anos. marítimo ou fluvial.
§ 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se Contrabando
executa: Art. 334-A. Importar ou exportar mercadoria
Pena - reclusão, de um a três anos. proibida:
§ 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 ( cinco) anos.
prejuízo das correspondentes à violência. § 1o Incorre na mesma pena quem:
Desobediência I - pratica fato assimilado, em lei especial, a
Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de contrabando;
funcionário público: II - importa ou exporta clandestinamente
Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e mercadoria que dependa de registro, análise ou
multa. autorização de órgão público competente;
Desacato III - reinsere no território nacional mercadoria
Art. 331 - Desacatar funcionário público no brasileira destinada à exportação;
exercício da função ou em razão dela: IV - vende, expõe à venda, mantém em depósito
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou
multa. alheio, no exercício de atividade comercial ou
Tráfico de Influência industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira;
Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si V - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio
ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem, ou alheio, no exercício de atividade comercial ou
a pretexto de influir em ato praticado por funcionário industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira.
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- DIREITO PENAL -

§ 2º - Equipara-se às atividades comerciais, para II – o valor das contribuições devidas, inclusive


os efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido
irregular ou clandestino de mercadorias estrangeiras, pela previdência social, administrativamente, como
inclusive o exercido em residências. sendo o mínimo para o ajuizamento de suas
o
§ 3 A pena aplica-se em dobro se o crime de execuções fiscais.
contrabando é praticado em transporte aéreo, § 3o Se o empregador não é pessoa jurídica e sua
marítimo ou fluvial. folha de pagamento mensal não ultrapassa R$
Impedimento, perturbação ou fraude de 1.510,00 (um mil, quinhentos e dez reais), o juiz
concorrência poderá reduzir a pena de um terço até a metade ou
Art. 335 - Impedir, perturbar ou fraudar aplicar apenas a de multa.
o
concorrência pública ou venda em hasta pública, § 4 O valor a que se refere o parágrafo anterior
promovida pela administração federal, estadual ou será reajustado nas mesmas datas e nos mesmos
municipal, ou por entidade paraestatal; afastar ou índices do reajuste dos benefícios da previdência
procurar afastar concorrente ou licitante, por meio de social.
violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento de
vantagem: CAPÍTULO II-A - DOS CRIMES
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou PRATICADOS POR PARTICULAR
multa, além da pena correspondente à violência. CONTRA A ADMINISTRAÇÃO
Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem se PÚBLICA ESTRANGEIRA
abstém de concorrer ou licitar, em razão da vantagem Corrupção ativa em transação comercial
oferecida. internacional
Inutilização de edital ou de sinal Art. 337-B. Prometer, oferecer ou dar, direta ou
Art. 336 - Rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar indiretamente, vantagem indevida a funcionário
ou conspurcar edital afixado por ordem de funcionário público estrangeiro, ou a terceira pessoa, para
público; violar ou inutilizar selo ou sinal empregado, determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício
por determinação legal ou por ordem de funcionário relacionado à transação comercial internacional:
público, para identificar ou cerrar qualquer objeto: Pena – reclusão, de 1 (um) a 8 (oito) anos, e
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. multa.
Subtração ou inutilização de livro ou Parágrafo único. A pena é aumentada de 1/3 (um
documento terço), se, em razão da vantagem ou promessa, o
Art. 337 - Subtrair, ou inutilizar, total ou funcionário público estrangeiro retarda ou omite o ato
parcialmente, livro oficial, processo ou documento de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional.
confiado à custódia de funcionário, em razão de ofício, Tráfico de influência em transação comercial
ou de particular em serviço público: internacional
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, se o fato Art. 337-C. Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si
não constitui crime mais grave. ou para outrem, direta ou indiretamente, vantagem ou
Sonegação de contribuição previdenciária promessa de vantagem a pretexto de influir em ato
Art. 337-A. Suprimir ou reduzir contribuição social praticado por funcionário público estrangeiro no
previdenciária e qualquer acessório, mediante as exercício de suas funções, relacionado a transação
seguintes condutas: comercial internacional:
I – omitir de folha de pagamento da empresa ou de Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e
documento de informações previsto pela legislação multa.
previdenciária segurados empregado, empresário, Parágrafo único. A pena é aumentada da metade,
trabalhador avulso ou trabalhador autônomo ou a este se o agente alega ou insinua que a vantagem é
equiparado que lhe prestem serviços; também destinada a funcionário estrangeiro.
II – deixar de lançar mensalmente nos títulos Funcionário público estrangeiro
próprios da contabilidade da empresa as quantias Art. 337-D. Considera-se funcionário público
descontadas dos segurados ou as devidas pelo estrangeiro, para os efeitos penais, quem, ainda que
empregador ou pelo tomador de serviços; transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo,
III – omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros emprego ou função pública em entidades estatais ou
auferidos, remunerações pagas ou creditadas e em representações diplomáticas de país estrangeiro.
demais fatos geradores de contribuições sociais Parágrafo único. Equipara-se a funcionário público
previdenciárias: estrangeiro quem exerce cargo, emprego ou função
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e em empresas controladas, diretamente ou
multa. indiretamente, pelo Poder Público de país estrangeiro
o
§ 1 É extinta a punibilidade se o agente, ou em organizações públicas internacionais.
espontaneamente, declara e confessa as
contribuições, importâncias ou valores e presta as CAPÍTULO III - DOS CRIMES CONTRA
informações devidas à previdência social, na forma A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA
definida em lei ou regulamento, antes do início da Reingresso de estrangeiro expulso
ação fiscal. Art. 338 - Reingressar no território nacional o
§ 2o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou estrangeiro que dele foi expulso:
aplicar somente a de multa se o agente for primário e Pena - reclusão, de um a quatro anos, sem
de bons antecedentes, desde que: prejuízo de nova expulsão após o cumprimento da
I – (VETADO) (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) pena.
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- DIREITO PENAL -
Denunciação caluniosa Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou
Art. 339. Dar causa à instauração de multa, além da pena correspondente à violência.
investigação policial, de processo judicial, Parágrafo único - Se não há emprego de
instauração de investigação administrativa, violência, somente se procede mediante queixa.
inquérito civil ou ação de improbidade Art. 346 - Tirar, suprimir, destruir ou danificar
administrativa contra alguém, imputando-lhe crime coisa própria, que se acha em poder de terceiro por
de que o sabe inocente: determinação judicial ou convenção:
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e
§ 1º - A pena é aumentada de sexta parte, se o multa.
agente se serve de anonimato ou de nome suposto. Fraude processual
§ 2º - A pena é diminuída de metade, se a Art. 347 - Inovar artificiosamente, na pendência
imputação é de prática de contravenção. de processo civil ou administrativo, o estado de
Comunicação falsa de crime ou de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de induzir
contravenção a erro o juiz ou o perito:
Art. 340 - Provocar a ação de autoridade, Pena - detenção, de três meses a dois anos, e
comunicando-lhe a ocorrência de crime ou de multa.
contravenção que sabe não se ter verificado: Parágrafo único - Se a inovação se destina a
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. produzir efeito em processo penal, ainda que não
Autoacusação falsa iniciado, as penas aplicam-se em dobro.
Art. 341 - Acusar-se, perante a autoridade, de Favorecimento pessoal
crime inexistente ou praticado por outrem: Art. 348 - Auxiliar a subtrair-se à ação de
Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou autoridade pública autor de crime a que é cominada
multa. pena de reclusão:
Falso testemunho ou falsa perícia Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.
Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou § 1º - Se ao crime não é cominada pena de
calar a verdade como testemunha, perito, contador, reclusão:
tradutor ou intérprete em processo judicial, ou Pena - detenção, de quinze dias a três meses, e
administrativo, inquérito policial, ou em juízo multa.
arbitral: § 2º - Se quem presta o auxílio é ascendente,
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e descendente, cônjuge ou irmão do criminoso, fica
multa. isento de pena.
o
§ 1 As penas aumentam-se de um sexto a um Favorecimento real
terço, se o crime é praticado mediante suborno ou Art. 349 - Prestar a criminoso, fora dos casos de
se cometido com o fim de obter prova destinada a coautoria ou de receptação, auxílio destinado a
produzir efeito em processo penal, ou em processo tornar seguro o proveito do crime:
civil em que for parte entidade da administração Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.
pública direta ou indireta. Art. 349-A. Ingressar, promover, intermediar,
o
§ 2 O fato deixa de ser punível se, antes da auxiliar ou facilitar a entrada de aparelho telefônico
sentença no processo em que ocorreu o ilícito, o de comunicação móvel, de rádio ou similar, sem
agente se retrata ou declara a verdade. autorização legal, em estabelecimento prisional.
Art. 343. Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um)
qualquer outra vantagem a testemunha, perito, ano.
contador, tradutor ou intérprete, para fazer
afirmação falsa, negar ou calar a verdade em Exercício arbitrário ou abuso de poder
depoimento, perícia, cálculos, tradução ou Art. 350 - (Revogado pela Lei nº 13.869, de
interpretação: 2019)
Pena - reclusão, de três a quatro anos, e multa.
Parágrafo único. As penas aumentam-se de um Fuga de pessoa presa ou submetida a
sexto a um terço, se o crime é cometido com o fim medida de segurança
de obter prova destinada a produzir efeito em Art. 351 - Promover ou facilitar a fuga de pessoa
processo penal ou em processo civil em que for legalmente presa ou submetida a medida de
parte entidade da administração pública direta ou segurança detentiva:
indireta. Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Coação no curso do processo § 1º - Se o crime é praticado a mão armada, ou
Art. 344 - Usar de violência ou grave ameaça, por mais de uma pessoa, ou mediante
com o fim de favorecer interesse próprio ou alheio, arrombamento, a pena é de reclusão, de dois a seis
contra autoridade, parte, ou qualquer outra pessoa anos.
que funciona ou é chamada a intervir em processo § 2º - Se há emprego de violência contra
judicial, policial ou administrativo, ou em juízo pessoa, aplica-se também a pena correspondente à
arbitral: violência.
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, § 3º - A pena é de reclusão, de um a quatro
além da pena correspondente à violência. anos, se o crime é praticado por pessoa sob cuja
Exercício arbitrário das próprias razões custódia ou guarda está o preso ou o internado.
Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, § 4º - No caso de culpa do funcionário
para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo incumbido da custódia ou guarda, aplica-se a pena
quando a lei o permite: de detenção, de três meses a um ano, ou multa.
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- DIREITO PENAL -
Evasão mediante violência contra a pessoa Pena – reclusão, de 1 (um) a 2 (dois) anos.
Art. 352 - Evadir-se ou tentar evadir-se o preso Parágrafo único. Incide na mesma pena quem
ou o indivíduo submetido a medida de segurança ordena, autoriza ou realiza operação de crédito,
detentiva, usando de violência contra a pessoa: interno ou externo:
Pena - detenção, de três meses a um ano, além I – com inobservância de limite, condição ou
da pena correspondente à violência. montante estabelecido em lei ou em resolução do
Arrebatamento de preso Senado Federal;
Art. 353 - Arrebatar preso, a fim de maltratá-lo, II – quando o montante da dívida consolidada
do poder de quem o tenha sob custódia ou guarda: ultrapassa o limite máximo autorizado por lei.
Pena - reclusão, de um a quatro anos, além da Inscrição de despesas não empenhadas em
pena correspondente à violência. restos a pagar
Motim de presos Art. 359-B. Ordenar ou autorizar a inscrição em
Art. 354 - Amotinarem-se presos, perturbando a restos a pagar, de despesa que não tenha sido
ordem ou disciplina da prisão: previamente empenhada ou que exceda limite
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, estabelecido em lei:
além da pena correspondente à violência. Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois)
Patrocínio infiel anos.
Art. 355 - Trair, na qualidade de advogado ou Assunção de obrigação no último ano do
procurador, o dever profissional, prejudicando mandato ou legislatura
interesse, cujo patrocínio, em juízo, lhe é confiado: Art. 359-C. Ordenar ou autorizar a assunção de
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e obrigação, nos dois últimos quadrimestres do último
multa. ano do mandato ou legislatura, cuja despesa não
Patrocínio simultâneo ou tergiversação possa ser paga no mesmo exercício financeiro ou,
Parágrafo único - Incorre na pena deste artigo o caso reste parcela a ser paga no exercício
advogado ou procurador judicial que defende na seguinte, que não tenha contrapartida suficiente de
mesma causa, simultânea ou sucessivamente, disponibilidade de caixa:
partes contrárias. Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
Sonegação de papel ou objeto de valor Ordenação de despesa não autorizada
probatório Art. 359-D. Ordenar despesa não autorizada por
Art. 356 - Inutilizar, total ou parcialmente, ou lei:
deixar de restituir autos, documento ou objeto de Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro)
valor probatório, que recebeu na qualidade de anos. (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
advogado ou procurador: Prestação de garantia graciosa
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e Art. 359-E. Prestar garantia em operação de
multa. crédito sem que tenha sido constituída
Exploração de prestígio contragarantia em valor igual ou superior ao valor
Art. 357 - Solicitar ou receber dinheiro ou da garantia prestada, na forma da lei: Pena –
qualquer outra utilidade, a pretexto de influir em juiz, detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
jurado, órgão do Ministério Público, funcionário de Não cancelamento de restos a pagar
justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha: Art. 359-F. Deixar de ordenar, de autorizar ou
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. de promover o cancelamento do montante de restos
Parágrafo único - As penas aumentam-se de um a pagar inscrito em valor superior ao permitido em
terço, se o agente alega ou insinua que o dinheiro lei
ou utilidade também se destina a qualquer das Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois)
pessoas referidas neste artigo. anos.
Violência ou fraude em arrematação judicial Aumento de despesa total com pessoal no
Art. 358 - Impedir, perturbar ou fraudar último ano do mandato ou legislatura
arrematação judicial; afastar ou procurar afastar Art. 359-G. Ordenar, autorizar ou executar ato
concorrente ou licitante, por meio de violência, grave que acarrete aumento de despesa total com
ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem: pessoal, nos cento e oitenta dias anteriores ao final
Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou do mandato ou da legislatura:
multa, além da pena correspondente à violência. Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
Desobediência a decisão judicial sobre perda Oferta pública ou colocação de títulos no
ou suspensão de direito mercado
Art. 359 - Exercer função, atividade, direito, Art. 359-H. Ordenar, autorizar ou promover a
autoridade ou múnus, de que foi suspenso ou oferta pública ou a colocação no mercado
privado por decisão judicial: financeiro de títulos da dívida pública sem que
Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou tenham sido criados por lei ou sem que estejam
multa. registrados em sistema centralizado de liquidação e
de custódia:
CAPÍTULO IV - DOS CRIMES Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
CONTRA AS FINANÇAS PÚBLICAS
Contratação de operação de crédito Rio de Janeiro, 7 de dezembro de 1940;
119º da Independência e 52º da República.
Art. 359-A. Ordenar, autorizar ou realizar
GETÚLIO VARGAS
operação de crédito, interno ou externo, sem prévia
Francisco Campos
autorização legislativa:
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