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Revista NPI – Núcleo de Pesquisa Interdisciplinar Volume XII Número 12 2017

A PROTEÇÃO AOS ANIMAIS NA VISÃO ISLÂMICA EM RELAÇÃO À PRODUÇÃO


DE ALIMENTOS
James Eduard Campos e Sant Anna
(Yunus Mustafa)

INTRODUÇÃO
A proteção aos animais é hoje uma preocupação recorrente nas
sociedades, entretanto, textos antigos, religiosos ou não, mostram que esse tema
tem sido abordado em vários estágios da caminhada evolutiva humana. O
antropocentrismo, que muito influenciou a cultura ocidental na Idade Média,
incutindo nas mentes da época a ideia de que o ser humano é o centro de tudo,
também contribuiu para posicionar os animais como seres serventes ao humano,
negando-lhes, em muitos casos, um tratamento digno e humanitário. A mistura
dessas, ainda enraizadas ideias antropocentristas com falta de informação e
conhecimento de certos conceitos, religiosos ou não, sobre a proteção aos animais
tem acarretado obscuridade jurídica e social sobre qual caminho seguir. Em
particular, o abate dos animais tem provocado discussões, dúvidas e
discriminações. É evidente que a humanidade passa hoje por um processo de
transformações culturais, sociais e políticas. E com a globalização, o acesso à
informação tornou-se extremamente facilitado, assim como as oportunidades para
discussões diversas como a aqui apresentada.
Mas mesmo dentro de toda essa modernidade atual, muitas soluções
para nossos problemas podem ser encontradas voltando nossos olhares ao
passado, cientificamente, buscando, por exemplo, nos textos antigos, soluções,
parâmetros ou caminhos que possam beneficiar a humanidade, e neste caso
especificamente, respostas para melhor proteger os animais e tratá-los mais digna
e humanamente, mesmo quando se faz necessário o abate dos mesmos para
atender às demandas de produção e consumo.

OBJETIVO
Buscando contribuir com a expansão do conhecimento sobre a
proteção aos animais na produção de alimentos, independentemente de religiões,

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credos ou correntes filosóficas, esta pesquisa objetiva realizar um estudo


mostrando como isso ocorre na visão islâmica, inclusive em relação ao abate.

DESENVOLVIMENTO

Segundo Assakawa et al. (2009), o Islam, religião praticada por mais de


dois bilhões e cem milhões de pessoas espalhadas por todos os países do mundo,
tem como um dos aspectos de sua doutrina, um grande cuidado para com a
alimentação de seus praticantes, alguns alimentos s~o denominados “Haram”,
palavra que significa proibido ou ilícito pela “Shari’a”, que em |rabe quer dizer
legislação islâmica, sendo assim, não podem ser consumidos por qualquer
muçulmano. Já os alimentos que não se enquadram nessa categoria, e por
consequência s~o denominados “Halal”, palavra que significa lícito ou permitido, e
somente esses podem ser consumidos pelos muçulmanos nas mais diversas partes
do mundo. O Brasil é um grande exportador de carne para a comunidade islâmica
mundial, 25% da carne de frango abatida no Brasil é feita pelo método “Halal”. No
abate “Halal” a insensibilizaç~o por eletrochoque n~o é usada, pois além de
submeter o animal a um estresse por eletrochoque, e isso ser algo islamicamente
proibido, o eletrochoque provoca um enrijecimento da carne por descarga de
toxinas e adrenalina e com isso, um decréscimo na perda de sangue pela carcaça, e
o sangue é considerado pelo Islam um produto “Haram” para o consumo. Um dado
importante é que para que a carne abatida seja considerada “Halal” é necess|rio
que anteriormente o animal tenha recebido o manejo adequado e humanizado
desde sua criação até a chegada no frigorífico-abatedouro e que o abate seja feito
por um muçulmano que tem conhecimento e habilidade com as técnicas de abate
“Halal”, também é necess|rio que o animal n~o tenha passado por estresse
excessivo durante o transporte e confinamento antes do abate, que o mesmo não
esteja com fome ou sede, que seja acalmado pelo abatedor, que a faca para
degola/sangria esteja bem afiada e que essa afiação não seja feita na frente do
animal, que o animal a ser abatido não veja nem a carcaça nem o sangue de outro
animal já abatido previamente e que o abate seja feito em corte único em que se
corte a jugular, a carótida, a traqueia, o esôfago e os dois nervos laterais do pescoço
do animal, minimizando o sofrimento do mesmo, permitindo morte rápida e
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escoamento de todo o sangue sem a descarga de toxinas na carne.


O Abate Humanitário, conjunto de procedimentos técnico–científicos,
garantem o bem-estar do animal desde a propriedade rural, onde este embarca em
direção ao matadouro/frigorífico, até a operação de abate/sangria. É de suma
importância o bem-estar do animal e o abate humanitário, já que esses influem
diretamente na lucratividade, uma carne de qualidade é bem aceita pelos
consumidores, já quando não respeitados esses requisitos a carne não é
considerada de qualidade, gerando além da rejeição do produto, um marketing
negativo que acarreta ainda maiores perdas. A não adoção do abate humanitário
provoca sérias consequências econômicas como a perda da competitividade do
produto e queda nas exportações. Além dessas, vale ressaltar que a queda da
qualidade também faz com que o consumidor final rejeite o produto. Há ainda o
marketing negativo principalmente quanto à cadeia da bovinocultura, muito pela
crueldade no manejo, transporte e abate dos animais, noticiados inclusive dentro
dos meios de comunicação e redes sociais, processo silencioso, mas devastador,
que por anos, mesmo de forma quase que velada, vem contribuindo para a rejeição
do produto, algo difícil de se detectar e por vezes ainda mais de intervir
positivamente. O processo de abate humanitário envolve vários indivíduos que
devem ser treinados adequadamente e monitorados, desde os colaboradores que
realizam o manejo na fazenda, o motorista do caminhão e os colaboradores que
realizam o abate-sangria, isso porque o fator humano é fundamental e tem grande
peso e relação para o sucesso em todo o processo produtivo. É importante
observar que com a adoção das medidas de abate humanitário com menos
violência e agressividade, ocorreram paulatinas mudanças nessa mentalidade e
também no modo de agir das pessoas, que, aos poucos, passam a ter mais respeito
para com animais. Essa mudança de pensamento e comportamento claramente
demonstra uma evolução da sociedade para um modo de vida menos agressivo e
violento. (DE SOUZA & GONÇALVES, 2017).
Segundo Dias (2009), dentre as três grandes religiões monoteístas, a
saber, Judaísmo, Cristianismo e Islam, esta última, baseada no Alcorão, Livro
Sagrado revelado em 610 d.C., ao Profeta Muhammad Ibn Abdullah, ou “Maomé”
como é popularmente conhecido em português, desde o século V, tratava dos
direitos e da proteção aos animais. Segundo a tradição Islâmica, o Arcanjo Gabriel
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apareceu para Muhammad e lhe comunicou que ele era um enviado de Allah
(Deus) e iniciou a revelação do Alcorão a ele. Muhammad, desde então, passou a
viver em meditação, oração e a serviço da comunidade, cumprindo sua missão de
unir, educar, orientar, legislar, governar e trazer justiça aos homens, até seu
falecimento em 632 d.C. As revelações recebidas pelo Profeta Muhammad eram em
forma de versos que eram recitados. O conjunto deles foi chamado “Al Quran”, em
árabe A Recitação e daí o nome como conhecemos em língua portuguesa, Alcorão
ou Corão. O Alcor~o compreende um total de 114 “Suratas”, em árabe, capítulos, e
cada capítulo é dividido em “Ayats” ou traduzindo, versículos. O Alcorão é ponto de
referência comum do pensamento isl}mico e a base da religi~o e da “Shari’a”. Para
o mundo islâmico, nunca se colocou o problema das fontes do Alcorão, na medida
em que é unanimemente aceita a teoria da revelação direta da parte do Arcanjo
Gabriel ao Profeta Muhammad. Segue-se que a ideia de inspiração divina do
Alcorão é decisivamente diversa daquela usualmente considerada no judaísmo e
na tradição cristã. No Alcorão, cada palavra é inspirada por Allah e sagrada na
medida em que é a traduç~o exata do “Livro Sagrado que est| no céu com Allah,
Deus”. Nesse sentido, o Alcor~o é literalmente “A Palavra de Deus”, entendida mais
como “Verbum Mentis Dei” do que como express~o fonética. Se na Bíblia a ideia
fundamental é inspirada por Deus e o autor sacro exprime-a depois com suas
próprias palavras por ele adequadas segundo sua preparação cultural e sua
tradição social quando lhe foi inspirado, no Alcorão isso não pode absolutamente
acontecer. Os redatores do Velho e do Novo Testamento são assim considerados
“autores” dos seus textos, enquanto o mesmo não se pode dizer do Profeta
Muhammad, pois para o Islam ele foi o receptor e transmissor da mensagem de
Allah aos homens. Para a doutrina islâmica, é uma grave blasfêmia sustentar o
contrário, porque o único autor do Alcorão é Allah. (OLIVERO, 2017).
Nesta pesquisa foi possível adentrar nos sistemas de produção de
alimentos de origem animal trazendo a realidade que ali acontece, observando
desde o início da cadeia produtiva até finalmente o abate e manipulação, para ser
analisada frente posições doutrinárias e legais, e isso foi materializado através de
conhecimentos zootécnicos. Observou-se a existência de profunda e arraigada
relação envolvendo direitos dos animais e a produção de alimentos de origem
animal. Essa relação efetivou-se através da discussão contextualizada presente na
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atual pesquisa. O entrelaçamento dos argumentos aqui apresentados podem


constituir-se em importantes instrumentos, que, se aplicados, poderão ser úteis no
intuito de ampliar as reais possibilidades de proteção aos animais frente à cadeia
de produção de alimentos de origem animal. Conseguimos concluir que na atuação
de todo o agente social vinculado às normas de Direito Animal, este deveria portar-
se perante os fatos considerando a realidade do sistema de produção, e assim
expressar preocupação e atenção com o sofrimento animal, ou seja, humanizar
também sua atuação, e mais, avaliar a situação a partir de fundamentos legais e
doutrinários. Concluímos também que, a partir de responsabilidades normatizadas
de modo claro, tanto os indivíduos envolvidos nos processos de produção, como as
empresas, poderiam desenvolver suas atividades segundo padrões mínimos de
controle da crueldade e demais violações, daí a necessidade de positivação dessas
normas, mais claramente, em nosso sistema jurídico, normas específicas que
fossem de encontro à realidade a que se destinam. Algo a ser alcançado somente
futuramente, mas que poderia ser feito com a participação dos órgãos públicos
regulamentadores, fiscalizadores, ambientalistas, ONG’s preocupadas com a
proteção e direito dos animais e também pelo Judiciário e Ministério Público em
um esforço conjunto. A legislação ambiental brasileira apresenta aspectos técnicos
que detalham, por exemplo, “est|gios de regeneraç~o de vegetaç~o”, como
acontece na Lei dos Crimes Ambientais, entretanto, a mesma norma não contribui
com detalhes para a proteção dos animais quando da produção de alimentos.
Portanto, pensar em um “ingresso das normas nos sistemas de
produç~o de alimentos de origem animal” n~o parece ser uma atitude desprovida
da devida razão. Analisando-se a referida lei conclui-se que a proteção conferida
aos animais é mais ecológica do que de Direito Animal de fato, pois nela o
cometimento de um crime contra um animal é tratado como um crime contra o
meio ambiente, algo que mostra a precariedade da lei quando de encontro aos
fatos aqui discutidos (vide Capítulo V da lei supracitada). A efetivação de
instrumentos de proteção dos direitos dos animais, em particular frente à
produção de alimentos, entretanto, não é somente normativa, depende em muito
da capacidade institucional fiscalizatória que precisa ser aperfeiçoada, ampliada e
especializada, até mesmo para dar suporte às ações do Ministério Público, que

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também seria um forte “braço” na luta pelo ingresso da legislação nesses sistemas
de produção.
A relação entre produção de alimentos com os direitos dos animais,
guarda valores sociais profundos na medida em que a sociedade pode transformar
a realidade hoje encontrada nos sistemas de produção, assim, espera-se que os
valores jurídicos evoluam, evolução essa com a qual a presente pesquisa pretende
colaborar. Não se tornaria a sociedade mais interessada em defender os direitos
dos animais se tivesse provas de que a qualidade dos alimentos que consome tem
relação direta com a qualidade de vida dos animais nos sistemas de produção? Eis
aqui o ponto, a questão e uma indagação, que de certo modo poderia mudar
paradigmas na relação do homem com os animais, com reflexos sociais e jurídicos
importantes. Por último e não menos importante à luz dessa pesquisa, igualmente
poder-se-ia colocar { reflex~o mais uma indagaç~o : a “gula por carnes” poderia ser
uma contrariedade ao art. 11º da Declaração Universal dos Direitos dos Animais e
a diplomas legais que nela se fundamentam? (SPADOTTO, 2016).
Esta pesquisa foi desenvolvida por um período experimental
correspondente a 15/03/2017 a 16/08/2017, sendo classificada como qualitativa
através de uma fase de sondagem e outra exploratória, sequencialmente. Nessas
fases foram levantados dados em sites científicos e na mídia aberta.
Em síntese e concludentemente, temos que, na religião Islâmica,
seguida pelos Mulçumanos, seus adeptos seguem certas restrições à alimentação;
os alimentos permitidos são denominados de “Halal”, cujo significado é "permitido,
lícito”, como anteriormente predito.
Estudos sobre formas de abate de animais têm sido realizados no
mundo, quer por razões humanitárias ou econômicas. O abate humanitário
consiste em procedimentos técnicos, não religiosos, que podem diminuir o
sofrimento dos animais.
O Alcorão, fonte principal da norma islâmica, em seu conteúdo traz
normas e recomendações referentes à proteção dos animais, manejo e abate
humanitário, positivadas desde 610 d.C., sendo essa uma das mais antigas e
importantes referências sobre o assunto, norteando hoje a conduta de mais de dois
bilhões de pessoas no mundo atual pouco mais de um quarto de toda a população
mundial.
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“N~o existem seres alguns que andem sobre a terra, nem aves que
voem, que n~o constituam nações semelhantes a vós.” (ALCORÃO 6:38).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Existem práticas religiosas que adotam a proteção aos animais desde há


muito tempo, e em diversas partes do planeta. No Islamismo também se encontram
referências no sentido de proteger os animais de sofrimentos e de dar a eles
direitos.
Muitas diretrizes de proteção aos animais e os consequentes direitos
destes seres, já positivados em textos antigos como no Alcorão, tem funcionado
satisfatoriamente por séculos em diversas sociedades espalhadas pelo mundo,
considerando isso, vemos que essas diretrizes religiosas, e especial as positivadas
na Shari'a, poderiam e deveriam ser aproveitadas para compor um novo sistema
normativo que garantisse a proteção animal nas cadeias de produção de alimentos
de origem animal.
Avançar, muitas vezes, significa volver os olhos para o passado para
assim buscar conhecimentos que possam impactar positivamente, ou trazer
soluções no presente, que venham a colaborar para construir no futuro uma
sociedade mais humana e justa nos sentidos reais dessas palavras.
Animal, do latim “animalis”, significa “ser vivo” ou “ser que respira”,
porém, ainda hoje, no século da possível colonização de Marte, o sistema jurídico
brasileiro insiste em tratá-los como “res” que em latim significa “coisa”, o que, sem
dúvida nos mostra, que em matéria de direitos dos animais e proteção dos destes,
em relação à produção de alimentos de origem animal, ainda há muito por fazer.
Lado outro, há fundadas razões para se considerar que o futuro nos
reserva dias melhores quanto ao relevante tema aqui tratado, esperando que esse
compêndio tenha minimamente auxiliado no sentido da reflexão e discussão do
mesmo.

REFERÊNCIAS
ASSAKAWA, Emerson; SILVA, Roberta Abrami Monteiro; CONSTANTINO, Camila;
TARSITANO, Marina Avena; ZANCANELA, Vittor; CARDOSO, Thales de Almeida
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Bitencourt; FONSECA, Nilva Aparecida Nicolao. Avaliação da carne de frangos


abatidos pelo método halal. In: XVIII EAIC, 28, 2009, Londrina. Anais... Londrina:
UEL, 2009, v. 30. Disponível em: <http://www.uel.br/grupo-
pesquisa/gpac/pages/arqfundduivos/EAIC%202009/EAIC%202009%20Avaliacao%20d
a%20Carne%20de%20Frangos%20Abatidos%20pelo%20Metodo%20Halal.pdf>. Acesso
em: 16 ago. 2017.
DE SOUZA, Bruna Maria Salotti; GONÇALVES, Guilherme Arruda. A importância do
abate humanitário e bem estar animal na cadeia de produção da carne bovina.
Revista Científica de Medicina Veterinária-UNORP, v. 1, n. 1, p. 40-55, 2017.
Disponível em:
<http://public.unorp.br:8083/ojs/index.php/revmedvetunorp/article/view/8>.
Acesso em: 15 ago. 2017.
DIAS, Edna Cardozo. Códigos Morais e os animais. Revista Brasileira de Direito
Animal, v. 4, n.5, 2009, p. 183-202. Disponível em:
<https://portalseer.ufba.br/index.php/RBDA/article/viewFile/10631/7676>. Acesso
em: 13 ago. 2017.
OLIVIERO, Maurizio. Os países do mundo islâmico. Novos Estudos Jurídicos, v. 22,
n. 1, p. 162-200, 2017. Disponível em:
<https://siaiap32.univali.br/seer/index.php/nej/article/view/10636/5973>. Acesso
em: 11 ago. 2017.
SPADOTTO, Anselmo José. Instrumentos para o direito dos animais frente à
produção de alimentos. Revista Brasileira de Direito Animal, v. 11, p. 123-150,
2016. Disponível em:
<https://portalseer.ufba.br/index.php/RBDA/article/view/17672>. Acesso em: 12 ago.
2017.

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