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Presidente
Ministro João Otávio de Noronha
2. Lavagem de dinheiro. Corrupção. Crimes contra o sistema financeiro nacional. Crimes contra a ordem tributária.
Organizações criminosas. Roubo. Crimes hediondos. Legítima defesa. Varas Criminais Colegiadas.
Presidente: Ministro Ribeiro Dantas, Superior Tribunal de Justiça
Coordenador científico: Alexandre Wunderlich
3. Técnicas especiais de investigação. Colaboração premiada. Ação controlada. Infiltração de agentes. Quebras
de sigilo. Interceptações. Captação ambiental. Cooperação jurídica internacional. Perfis genéticos, biométricos e
balísticos. Cadeia de custódia. Acordo de não persecução penal.
Presidente: Ministro Nefi Cordeiro, Superior Tribunal de Justiça
Coordenador científico: Ricardo Rachid de Oliveira
4. Prisão processual. Medidas cautelares diversas da prisão. Medidas cautelares reais. Perda e confisco de bens e
sua destinação, avaliação, alienação e utilização. Juiz das garantias. Audiência de custódia. Contaminação do
magistrado (art. 3º-D e art. 157, § 5º, do CPP).
Presidente: Ministro Reynaldo Soares da Fonseca, Superior Tribunal de Justiça
Coordenador científico: Vinícius Gomes de Vasconcellos
5. Recursos. Execução da pena na pendência de recursos. Habeas corpus. Reclamação. Progressão de regime.
Livramento condicional. Estabelecimentos penitenciários federais de segurança máxima. Regime disciplinar
diferenciado.
Presidente: Ministro Sebastião Alves dos Reis Júnior, Superior Tribunal de Justiça
Coordenador científico: Diogo Malan
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SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO _______________________________________________________________ 3
PROGRAMAÇÃO _______________________________________________________________ 6
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APRESENTAÇÃO
Inicialmente planejada para ocorrer de forma presencial, a Jornada foi colhida pela
pandemia da Covid-19, forçando o uso de meios de comunicação a distância em todas as suas fases.
Concebida em dezembro de 2019 para culminar em agosto do ano seguinte, a preparação e execução
do evento coincidiu com o recrudescimento das medidas sanitárias de distanciamento social. Com a
suspensão das aulas nas universidades e do expediente forense, a divulgação moveu-se para plataformas
digitais. Três lives, transmitidas no canal do CJF no YouTube (www.youtube.com/cjf), provocaram a
comunidade a contribuir com propostas de enunciados. A primeira, que teve por tema a prisão
preventiva, reuniu a Ministra Maria Thereza de Assis Moura, a Professora Marta Saad e o Juiz Federal
Daniel Marchionatti 1. A segunda, sobre o acordo de não persecução penal, foi protagonizada pelo
Ministro Nefi Cordeiro, pelo Juiz Federal Ricardo Rachid e pelo Professor Alexandre Wunderlich 2. A
última, com a participação do Ministro Rogério Schietti e do Juiz Federal Marcelo Cavali, discutiu os
crimes do colarinho branco 3.
O início dos debates foi antecedido por duas noites de painéis e conferências internacionais.
Em 10 de agosto, o Prof. Máximo Langer, da UCLA, abriu os trabalhos com a conferência “O processo
penal acusatório na América Latina e no Brasil”, seguido por um painel com a participação do Juiz
Federal Frederico Valdez, do Professor Pierpaolo Bottini e do Procurador da República Vladimir Aras,
tendo por tema a colaboração premiada 4. Em 12 de agosto, a Professora Marta Saad e a
Desembargadora Federal Salise Sanchotene debateram o confisco alargado. O Professor Leonel
González (CEJA) fechou a fase preliminar, com a conferência “Juiz de Garantias e processo
adversarial” 5.
1
Acesso disponível em: https://youtu.be/DFv1jtnlMlE .
2
Acesso disponível em: https://youtu.be/buRe6hUJY6c .
3
Acesso disponível em: https://youtu.be/Vido_ldIbRw .
4
Acesso disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=RLqPF7idhTU .
5
Acesso disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=0iR3fj7q-qw .
3
Os debates entre os 215 participantes (magistrados, professores, membros do Ministério
Público, delegados de polícia, advogados e demais profissionais e estudiosos do Direito) ocorreram nos
dias 13 e 14 de agosto. Esses encontros, que ocorreriam originalmente na sede do Conselho da Justiça
Federal, em Brasília, foram alterados para realização na modalidade telepresencial.
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Sob a Presidência da Ministra Maria Thereza de Assis Moura, foi realizada, no dia 14 de
agosto, a plenária, momento em que as propostas foram novamente discutidas, tendo cada inscrito na
Jornada direito a voz e voto. Mais uma vez, foram aprovadas apenas as propostas que obtiveram 2/3
de votos favoráveis, o que resultou na aprovação final de 32 enunciados.
Consideramos esses enunciados como obra coletiva de todos aqueles que participaram da
Jornada. Por isso, não atribuímos autoria individual às propostas, mas fazemos questão de nomeá-los
neste caderno. A Coordenação Geral agradece a todos aqueles que ofereceram suas propostas e se
inscreveram no evento; e agradece, de forma muito especial, aos Ministros do Superior Tribunal de
Justiça, magistrados e professores, que atuaram na presidência e na coordenação científica das
comissões de trabalho, e aos especialistas por eles indicados. Ao Presidente do STJ e do CJF, Ministro
João Otávio de Noronha, grande incentivador e apoiador do evento, rendemos nossas homenagens.
Rogamos que esses enunciados possam servir para ampliar futuras reflexões sobre os temas
apresentados. Mas, acima de tudo, saímos com a certeza de que a oportunidade de falar, de ouvir e de
compreender diversas posições, contribui para a construção do conhecimento e para o aperfeiçoamento
da ciência jurídica.
Vida longa às Jornadas, com expansão e aprofundamento dos estudos sobre a aplicação
do Direito Penal e Processual Penal.
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PROGRAMAÇÃO
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ENUNCIADOS APROVADOS
Enunciado 1
Nos casos de Estelionato (art. 171, CP) cometido por meio virtual, a competência para processo e
julgamento da ação será do local da agência bancária da conta depositária, se a vítima realizou depósito
bancário em dinheiro, ou o local da agência bancária da vítima, se ela realizou transferência bancária
(TED).
Enunciado 2
O requisito previsto no art. 83, III, b, do Código Penal, consistente em o agente não ter cometido falta
grave nos últimos 12 (doze) meses, poderá ser valorado, com base no caso concreto, para fins de
concessão de livramento condicional quanto a fatos ocorridos antes da entrada em vigor da Lei n.
13.964/2019, sendo interpretado como comportamento insatisfatório durante a execução da pena.
Enunciado 3
São imprescritíveis e insuscetíveis de anistia, graça ou indulto crimes que caracterizem graves violações
de direitos humanos, praticados por agentes públicos ou particulares, diante da Convenção Americana
de Direitos Humanos e da pacífica jurisprudência da Corte Interamericana de Direitos Humanos, de
observância obrigatória por todos os órgãos e poderes do Estado brasileiro.
Enunciado 4
Não fica caracterizado o crime do inc. IV do § 1º do art. 33 da Lei n. 11.343/2006, incluído pela Lei
Anticrime, quando o policial disfarçado provoca, induz, estimula ou incita alguém a vender ou a entregar
drogas ou matéria-prima, insumo ou produto químico destinado à sua preparação (flagrante preparado),
sob pena de violação do art. 17 do Código Penal e da Súmula 145 do Supremo Tribunal Federal.
Enunciado 5
Para a aplicação do art. 40, inc. VI, da Lei n. 11.343/2006, é necessária a prova de que a criança ou
adolescente atua ou é utilizada, de qualquer forma, para a prática do crime, ou figura como vítima, não
sendo a mera presença da criança ou adolescente no contexto delitivo causa suficiente para a incidência
da majorante.
Enunciado 6
Na observância dos pressupostos e requisitos à segregação cautelar, é incabível a decretação da prisão
preventiva pelo crime de receptação exclusivamente em razão da suposta conduta ter ocorrido em área
de fronteira.
Enunciado 7
A responsabilidade a título de omissão imprópria deve observar a assunção fática e real de competências
que fundamentam a posição de garantidor.
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Enunciado 8
O crime de gestão temerária de instituição financeira exige a demonstração da violação das regras e
parâmetros objetivos de gerenciamento de riscos e limites operacionais na administração, intermediação
e aplicação de recursos de terceiros, instituídos pelas autoridades de regulação do sistema financeiro
nacional.
Enunciado 9
A escusa absolutória do art. 181, inc. II, do Código Penal, abrange também a paternidade e filiação
socioafetivas.
Enunciado 10
Recomenda-se a realização de práticas restaurativas nos acordos de não persecução penal, observada
a principiologia das Resoluções n. 225 do CNJ e 118/2014 do CNMP.
Enunciado 11
Nos crimes submetidos à jurisdição brasileira, os provedores de conexão e de aplicações de internet que
prestam serviços no Brasil devem fornecer o conteúdo de comunicações armazenadas em seu poder, não
lhe sendo lícito, sob pena de sanções processuais, invocar legislação estrangeira para eximir-se do dever
de cumprir a decisão judicial.
Enunciado 12
A proposta de acordo de não persecução penal representa um poder-dever do Ministério Público, com
exclusividade, desde que cumpridos os requisitos do art. 28-A do CPP, cuja recusa deve ser
fundamentada, para propiciar o controle previsto no §14 do mesmo artigo.
Enunciado 13
A inexistência de confissão do investigado antes da formação da opinio delicti do Ministério Público não
pode ser interpretada como desinteresse em entabular eventual acordo de não persecução penal.
Enunciado 14
As restrições previstas no § 16 do art. 4º da Lei n. 12.850/2013, com a redação dada pela Lei n.
13.964/2019, aplicam-se também aos processos penais para os quais a colaboração premiada foi
trasladada como prova emprestada.
Enunciado 15
Para a decretação da Prisão Temporária (Lei n. 7.960/1989) é necessária a aplicação cumulativa do
inc. III com o inc. I do art. 1º da Lei n. 7.960/1989.
Enunciado 16
Excepcionalmente e de forma fundamentada, nos casos em que se faça inviável a realização presencial
do ato, é possível a realização de audiência de custódia por sistema de videoconferência.
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Enunciado 17
É possível aditar a denúncia para requerer a perda de bens cujo conhecimento se der após iniciada a
ação penal, caso em que, recebido o aditamento, deverão ser ouvidos os interessados e propiciada a
dilação probatória.
Enunciado 18
A decretação ou a manutenção da prisão preventiva, para a garantia da ordem pública, pode ser
fundamentada com base no risco de reiteração delitiva do agente em crimes com gravidade concreta,
justificada por meio da existência de processos criminais em andamento.
Enunciado 19
A decisão de revisão periódica da prisão preventiva deve analisar de modo motivado, ainda que
objetivo, se os motivos que a fundamentaram se mantêm e se não há excesso de prazo, sendo vedada a
mera alusão genérica à não alteração do quadro fático.
Enunciado 20
Em caso de hipossuficiência, o não pagamento da fiança não pode ser motivo legítimo a impedir a
concessão da liberdade provisória.
Enunciado 21
Cabe ao Tribunal no qual se encontra tramitando o feito em grau de recurso a reavaliação periódica da
situação prisional do acusado, em atenção ao parágrafo único do art. 316 do CPP, mesmo que a ordem
de prisão tenha sido decretada pelo magistrado de primeiro grau.
Enunciado 22
Para fins de aplicação do art. 91-A do Código Penal, cabe ao Ministério Público, e não à Defesa, a
comprovação de incompatibilidade entre o patrimônio e os rendimentos lícitos do réu.
Enunciado 23
O pronunciamento jurisdicional do art. 396 do CPP, que recebe a denúncia, tem natureza jurídica de
decisão interlocutória, portanto necessita de fundamentação, conforme art. 93, IX, da CF.
Enunciado 24
A ausência de falta grave nos últimos 12 (doze) meses como requisito à obtenção do livramento
condicional (art. 83, III, "b", do CP) aplica-se apenas às infrações penais praticadas a partir de
23/01/2020, quando entrou em vigor a Lei n. 13.964/2019.
Enunciado 25
O princípio da legalidade impõe que se observe, quando da soma das penas, o cálculo diferenciado
para fins de progressão de regime.
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Enunciado 26
É possível, em situações excepcionais, a aplicação da prisão domiciliar humanitária, prevista no art. 117
da Lei n. 7.210/1984, também aos condenados em cumprimento de regime fechado e semiaberto.
Enunciado 27
As obrigações pecuniárias (pena de multa, custas processuais e obrigação de reparar os danos) advindas
da sentença penal condenatória recorrível, não podem ser executadas antes do trânsito em julgado.
Enunciado 28
O rol trazido pelo art. 50 da Lei de Execução Penal é taxativo, não comportando interpretação extensiva
ou equiparação analógica.
Enunciado 29
A norma puramente processual tem eficácia a partir da data de sua vigência, conservando-se os efeitos
dos atos já praticados. Entende-se por norma puramente processual aquela que regulamente
procedimento sem interferir na pretensão punitiva do Estado. A norma procedimental que modifica a
pretensão punitiva do Estado deve ser considerada norma de direito material, que pode retroagir se for
mais benéfica ao acusado.
Enunciado 30
A decisão do Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD) que avalia a falta disciplinar sujeita-se a
posterior análise e decisão judicial, podendo ser novamente examinadas as questões de fato e de direito,
bem como o magistrado proferir nova decisão, para reconhecimento ou não da referida falta.
Enunciado 31
Na execução penal, o não pagamento da multa pecuniária ou a ausência do seu parcelamento não
impedem a progressão de regime, desde que os demais requisitos a tanto estejam preenchidos e que se
demonstre a impossibilidade econômica do apenado em arcá-la.
Enunciado 32
É prescindível a decisão final sobre a prática de falta grave para obstar o livramento condicional com
base no art. 83, III, "b", do CP.
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LISTA DE PARTICIPANTES
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ÉLIO WANDERLEY DE SIQUEIRA FILHO INES MARIA DE ALBUQUERQUE ALVES
FERNANDO CALDAS BIVAR NETO KAREN LUISE VILANOVA BATISTA DE SOUZA PINHEIRO
12
MARCO AURÉLIO FLORÊNCIO FILHO RENATA DO NASCIMENTO E SILVA
MARCOS ANTONIO MENDES DE ARAUJO FILHO RICARDO JOSÉ BRITO BASTOS AGUIAR DE ARRUDA
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REALIZAÇÃO
EDITORAÇÃO E DIVULGAÇÃO
Evento realizado pelo Centro de Estudos Judiciários (CEJ) em meio virtual, em Brasília/DF de 10 a 14 de agosto
de 2020.
1. Direito penal, estudo e ensino. 2. Direito processual, estudo e ensino. 3. Processo penal. 3. Enunciado. I. Conselho
da Justiça Federal (Brasil). Centro de Estudos Judiciários. II. Título.
CDU 343
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