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As Três Economias do Welfare State – Fichamento

ESPING-ANDERSEN, Gosta. “As Três Economias Políticas do Welfare


State”. In: The three worlds of welfare state. Princeton, Princeton
University Press, 1990. Tradução de Dinah de Abreu Azevedo.

O presente trabalho, do sociólogo sueco Gosta Esping-Andersen, veio a


público e se tornou conhecido entre nós por seu livro “The three worlds of
welfare state”, destacando-se como um clássico nos estudos sobre os
“welfares” e as políticas sociais com a tradução para o português “As três
economias políticas do Welfare State”, publicado na revista Lua Nova,
número 24, 1991, em referência supra.

De acordo com o autor o debate sobre o welfare state procura verificar se a


extensão da cidadania social diminui a distinção de classe; ou seja, se “o
welfare state pode transformar fundamentalmente a sociedade capitalista”; e,
quais as forças motivadoras do desenvolvimento do welfare state. Destacando
essa questão, o autor inicia sua discussão sobre o tema apresentando um
resumo ideológico da economia clássica. (p. 85 – 90).
Analisando as mudanças, que na visão do autor, afetam diretamente o sistema
de proteção social e têm se constituído em desafios e têm obrigado os Estados
a redimensionar suas intervenções sociais por meio das políticas sociais.

Ele nos coloca diante do seu questionamento sobre os desafios que deverão
enfrentar o Estado Providência no início de século XXI, considerando as
inúmeras mutações que vem se confrontando. Esta análise, apresentada pelo
autor, vai além das fronteiras dos países ocidentais mais desenvolvidos e
reflete direto nos inúmeros países emergentes, nos quais, pode-se dizer, onde
se começa a assistir evoluções comparáveis.

Ele observa que os economistas clássicos preocupavam-se com o


relacionamento capitalismo versus bem-estar social, explicando que “[...] suas
análises convergiram para o relacionamento entre mercado (propriedade) e
Estado (democracia)”. O mercado, para os economistas liberais, com base em
Adam Smith, “[...] era o meio superior para a abolição das classes, da
desigualdade e do privilégio”. (p. 85 – 86).
Por essa razão, os economistas liberais defendiam o mínimo de intervenção do
Estado. Uns buscavam apoiar esse posicionamento, dando ênfase no elemento
“laissez-fare”; deixar as coisas acontecerem espontaneamente, portanto, a
rejeição a “qualquer forma de proteção social (pelo Estado) além dos vínculos
monetários”. Todavia, outros defendiam pequenas doses de regulamentação
política. Todos, porém, concordavam no “máximo de mercados livres e o
mínimo de interferência estatal”. Essa postura radical se origina de um contexto
em que o “Estado preservava privilégios absolutistas, protecionismo
mercantilista e corrupção por toda parte [...] reprimia tanto seus ideais de
liberdade quanto de iniciativa”. (p. 86).
Os liberais temiam a democracia por acreditarem que ela “Usurparia ou
destruiria o mercado”, bem como ameaçaria o direito de propriedade.
Outros estudiosos, tais como os da escola alemã, defendiam a “Perpetuação
do patriarcado e do absolutismo como a melhor garantia possível, em termos
legais, políticos e sociais de um capitalismo sem luta de classes”. Eles
acreditavam que “Um Estado autoritário seria muito superior ao caos dos
mercados no sentido de harmonizar o bem do estado, da comunidade e do
indivíduo.” Ainda nessa linha, dentro dessa concepção, havia os que
propunham um “welfare state monárquico [...] Que garantiria o bem-estar
social, harmonia entre as classes, lealdade e produtividade”. (tudo na p. 87).

Por conta dessas posturas e das convicções teóricas, a economia política


conservadora “Foi abertamente nacionalista e antirrevolucionária, e procurou
reprimir o impulso democrático [...] e era a favor de uma sociedade que
preservasse tanto a hierarquia quanto as classes... (por serem) naturais e
dadas”. (p. 87). Por fim, argumentavam que a diluição da autoridade e dos
limites de classe resultaria “em colapso da ordem social”. (p. 88).

Diante desses dilemas Gosta Esping-Andersen propõe, no seu texto,


abandonar a perspectiva estática das políticas sociais que se limita a aliviar as
dificuldades atuais dos indivíduos, para adotar-se uma perspectiva dinâmica
que pensa e deverá fazer frente às manifestações da questão social nas
sociedades pós-industriais, em termos de trajetórias de vida, ou seja, por meio
dos investimentos sociais necessários para o tempo presente, de modo que se
possa evitar a futura indenização de amanhã.
Eis que nos apresenta-se então uma razão para questionar: como passar das
políticas sociais compensatórias para uma estratégia preventiva fundada sobre
a lógica de investimento social?

Do outro lado, a economia política marxista entendia que o mercado tinha


efeitos atomizantes, aos quais abominava e, que não garantia a igualdade,
como defendia os liberais. (p. 88). Nesse sentido, Dobb em1946, ensinava que
“A acumulação de capital despoja o povo da propriedade,... o resultado final
(seria) divisões de classe cada vez mais profundas”. (p. 88).
Enquanto os liberais temiam que a democracia produzisse o socialismo, os
socialistas não lhe davam crédito; mais adiante, em tempos recentes,
chegaram a comparar as reformas sociais no contexto de uma ordem
capitalista a “um dique cheio de vazamentos” (p. 88). Ou seja, sendo mais claro
e objetivo, consideravam que as reformas sociais da democracia parlamentar
eram contraproducentes, tendiam a deixar brechas, necessidades não
atendidas, enfim, a esvaziar-se, e não resolver o problema das desigualdades
causadas pelo capitalismo.

O modelo socialdemocrata

A socialdemocracia introduziu a política social (welfare state) nos moldes do


reformismo da democracia parlamentar, com base nos argumentos de que:

1) “Os trabalhadores precisam de recursos sociais, saúde e educação para


participar efetivamente como cidadãos socialistas...”;
2) “A política social não é só emancipadora, é também uma pré-condição da
eficiência econômica” (MYRDAL E MYRDAL, 1936; 1990, p. 89).

Acreditava, ainda, que essa política “[...] resultaria também em mobilização de


poder. Ao erradicar a pobreza, o desemprego e a dependência completa do
salário, o welfare state aumenta as capacidades políticas e reduz as divisões
sociais que são as barreiras para a unidade política dos trabalhadores” (p. 89 -
90). Essa política altera o equilíbrio de poder de classe ao permitir que os
trabalhadores desfrutem direitos sociais, considerando que “O salário social
reduz a dependência do trabalhador em relação ao mercado e aos
empregadores, e assim se transforma numa fonte potencial de poder” (p. 89).
Esse processo reforça a tese de que “[...] em última instância, a igualdade
fundamental requer a socialização econômica” (p. 89).
Com base em Marx, “o valor estratégico das políticas de bem-estar neste
argumento é o de que elas ajudam a promover o progresso das forças
produtivas no capitalismo” (p. 89).
Esping-Andersen concluiu que “O modelo socialdemocrata é, então, o pai de
uma das principais hipóteses do debate contemporâneo sobre o welfare state:
a mobilização de classe no sistema parlamentar é um meio para a realização
dos ideais socialistas de igualdade, justiça, liberdade e solidariedade” (p. 90).

A abordagem de sistemas/ estruturalista

Esping-Andersen ensina que “A teoria de sistemas/estruturalista procura


apreender holisticamente a lógica do desenvolvimento (welfare state)” (p. 91).
Por essa razão, atribui esse desenvolvimento à conjuntura estrutural do
contexto onde se insere. Ao estabelecer comparações entre nações, ele
enfatiza “[...] mais as similaridades que as diferenças” considerando os
aspectos de industrialização ou capitalismo, sem ênfase nos aspectos
referentes a “variações culturais ou diferenças nas relações de poder” (p.91).
Nesse ponto ele vê o desenvolvimento do “welfare state” como resultado do
sistema, e em suas leis de movimento. Em outras palavras, “[...] as forças
ligadas à modernização, como a mobilidade social, a urbanização, o
individualismo e a dependência do mercado”, afetam as instituições que
tradicionalmente supriam esse aspecto social, como a família, a igreja, e a
solidariedade corporativa, resultando na necessidade lógica de uma política
social para suprir a lacuna causada pela desestruturação dessas instituições
(p. 91). Por outro lado, o welfare state também é possível devido ao “[...]
surgimento da burocracia moderna como forma de organização racional,
universalista e eficiente”. Esse raciocínio se constitui na lógica do
industrialismo. Essa lógica consiste em que “o welfare state emerge à medida
que a economia industrial moderna destrói as instituições sociais tradicionais”.
(FLORA e ALBER, 1981; Pryor, 1969 cita ESPING-ANDERSEN, 1990, p. 91).
Porém, essa tese é contestada, visto que “a política social governamental só
emergiu 50 e às vezes 100 anos depois de a comunidade tradicional ter sido
efetivamente destruída”. (p. 91).
Assim, ocorrem em alguns segmentos populacionais, em contradição às ideias
aplicadas, que alguns se beneficiam menos da proteção dos sistemas
tradicionais uma vez que estes se encontram, hoje, concentrados sobre as
aposentadorias e políticas de saúde, que beneficiam, especialmente, os idosos.
A “Lei de Wagner” de 1883 adverte que “É necessário um certo nível de
desenvolvimento econômico e, portanto, de excedente, para se poder desviar
recursos escassos do uso produtivo (investimento) para a previdência social”
(Wilensky e Lebeaux, 1958). Nessa linha de raciocínio, os liberais antigos
entendiam que: “Redistribuição social coloca a eficiência em perigo e só a partir
de um certo nível de desenvolvimento é possível evitar um resultado
econômico negativo” (OKUN, 1975 cita ESPING-ANDERSEN, 1990, p. 92).

Para O’Connor (1973) “O novo estruturalismo marxista é similar, visto que


considera “o welfare state [...] um produto inevitável do modo de produção
capitalista. A acumulação de capital cria contradições que forçam a reforma
social” (p. 92).

A abordagem institucional

O autor nos ensina que “A abordagem institucional insiste que todo esforço
para isolar a economia das instituições sociais e políticas destruirá a sociedade
humana. Para sobreviver, a economia tem de incrustar-se nas comunidades
sociais. Desse modo, Polanyi vê a política social como pré-condição necessária
para a reintegração da economia social.” Essa abordagem é considerada
institucional porque “A discussão coloca-se tipicamente sem referência a
qualquer classe ou agente social em particular.” (p. 93).
Apoia-se na tese de que, “[...] quanto mais se ampliem direitos democráticos,
maior a probabilidade de se desenvolverem os welfare states [...]”. (p. 94). No
entanto, essa tese é questionada pelo fato de que, “as primeiras iniciativas
importantes no sentido de um welfare state ocorreram antes da democracia e
foram poderosamente motivadas pelo desejo de impedir sua realização.” (p.
94) E, ainda, que “o desenvolvimento do welfare state retardou-se mais onde a
democracia começou cedo, como nos Estados Unidos, Austrália e Suíça.” (p.
94). “Em sua formulação clássica, a tese afirmava simplesmente que as
maiorias favoreceriam a distribuição social para compensar a fraqueza ou os
riscos do mercado.” (p. 93).

A classe enquanto agente político

Neste texto o autor resgata o que foi afirmado anteriormente, lembrando que
“[...] o argumento em favor da tese da mobilização de classe deriva da
economia política socialdemocrata. Distingue-se da análise estruturalista e da
abordagem institucional por sua ênfase nas classes sociais como os principais
agentes de mudança e por sua afirmação de que o equilíbrio do poder das
classes determina a distribuição de renda.” E ainda: “A teoria da mobilização de
classe supõe que os ‘welfare states’ fazem mais do que simplesmente aliviar os
males correntes do sistema: um welfare state ‘socialdemocrata’ vai estabelecer
por si mesmo as fontes de poder cruciais para os assalariados e assim
fortalecer os movimentos de trabalhadores.” (p. 95). Sendo assim, “Os direitos
sociais podem fazer as fronteiras do poder capitalista retrocederem.” (idem p.
95).
No entanto, “Saber se o welfare state é em si uma fonte de poder é vital para a
aplicabilidade da teoria.” Nesse sentido, ele argumenta que: “Os direitos
sociais, seguro-desemprego, igualdade e erradicação da pobreza que um
welfare state universalista busca são pré-requisitos necessários para a força e
unidade exigidas para a mobilização coletiva de poder.” (1990, idem p. 95).

Objeções à tese da mobilização de classe:

1) “O lócus onde se situa o poder e onde se toma decisões pode mudar do


parlamento para instituições neocorporativistas de mediação dos interesses.”
(SCHONFIELD, 1965; 1990, p. 95);

2) “A capacidade dos partidos trabalhistas influenciarem o desenvolvimento do


welfare state é limitada pela estrutura do poder partidário da direita.”;

3) Baseia-se em uma "visão linear do poder”, ou seja: “[...] aumento quantitativo


de votos, sindicalização ou cadeiras parlamentares [...]”. Pois “Foram muito
poucos os casos em que a classe trabalhadora tradicional constituiu-se
numericamente em maioria; e seu papel está-se tornando marginal com grande
velocidade.” (p. 96).

Por essa razão, ele conclui que se deve “pensar em termos de relações
sociais, e não apenas em categorias sociais.” (p. 97).
Daí então o autor argumenta: “[...] supor que o socialismo seja a base natural
para a mobilização dos assalariados” se constitui uma falácia básica da teoria
quanto à formação da classe, pois, “Historicamente, as bases organizativas
naturais da mobilização dos trabalhadores foram as comunidades pré-
capitalistas, as corporações em particular; mas também a Igreja, a etnia ou a
língua contam.” (1990, p. 96).

O que é o welfare state?

Esping-Andersen não se satisfaz com uma definição comum de welfare state


apresentada nos manuais, que circunscreve a responsabilidade estatal à
garantia do "bem-estar básico dos cidadãos.” Apesar de ser verdadeiro, esse
conceito simplifica sua complexidade. Por essa razão, ele levanta alguns
questionamentos sobre o welfare state (p. 98), a saber:

1) As políticas sociais são emancipadoras ou não?

2) Ajudam a legitimação do sistema ou não?

3) Contradizem ou ajudam o mercado?

4) O que significa básico?

Ele entende que se deve exigir mais de um welfare state do que apenas a
satisfação de nossas necessidades básicas. Estudos tendem a explicar o
welfare state a partir do critério dos gastos. Esse critério, no entanto, é
enganoso, por, pelo menos, três razões:
1) há países cujos gastos são altos, porém grande parte dos benefícios é
destinada a funcionários públicos privilegiados;

2) há nações que "gastam desproporcionalmente com assistência social aos


pobres”;

3) Existem ainda nações que “[...] gastam somas enormes em benefícios fiscais
sob a forma de privilégios tributários a planos privados de previdência que favorecem
principalmente as classes médias.” (p. 99).

Por outro lado, de forma surpreendente, ele observa que “Gastos baixos em certos
programas podem indicar um welfare state comprometido mais seriamente com o
pleno emprego.” (p.99). Daí então levanta o seguinte questionamento:
“Que critérios usar para sabermos se, e quando, um Estado é um welfare state?” (p.
100).
Ele apresenta três critérios sugeridos por alguns teóricos, a saber:

1) Em um welfare state “[...] a maioria de suas atividades rotineiras diárias devem estar
voltadas para as necessidades de bem-estar de famílias” (THERBORN, 1983;1990, p.
100). Esse critério é falho, pois países que podem ser classificados como welfare state
têm suas atividades rotineiras voltadas para a defesa, a lei, a ordem, a administração
e coisas do gênero. (THERBORN, 1983; 1990, p. 100).

2) No welfare state residual, “O Estado assume a responsabilidade quando a família


ou o mercado são insuficientes; procura limitar sua prática a grupos sociais marginais
e merecedores; No welfare state institucional, o alvo é “[...] toda a população, é
universalista, e personifica um compromisso institucionalizado com o bem-estar social.
Em princípio, procura estender os benefícios sociais a todas as áreas de distribuição
vital para o bem-estar societário.” (RICHARD TITIMUSS, 1958; 1990, p. 100);

3) Criação de um modelo abstrato para servir como padrão de comparação. Porém, o


autor observa que esse critério não daria conta do aspecto histórico do
desenvolvimento do welfare state. Proposta de reconceituação do welfare state (p.
101).
Um conceito de welfare state deve envolver três princípios:

1) Cidadania social como ideia fundamental;

2) Garantia legal de direitos sociais e de sua inviolabilidade;

3) As formas de entrelaçamento das atividades estatais “com o papel do mercado e da


família em termos de provisão social”

Direito e desmercadorização

Outro critério também usado para verificar a (in)eficácia do welfare state é a


(des)mercadorização. A mercadorização das pessoas acontece quando elas têm que
vender sua força de trabalho. A desmercadorização acontece quando elas se tornam
cada vez mais independentes do empregador e detêm poder de barganha. Uma das
formas de se chegar a esse estágio é através de uma política social que ofereça
previdência e assistência sociais capazes de emanciparem os indivíduos do mercado.
Em outras palavras, que esse serviço seja prestado “como uma questão de direito a
pessoa pode manter-se sem depender do mercado”. Nesse sentido, a “introdução dos
direitos sociais modernos [...] implica um afrouxamento do status de pura mercadoria
[da força de trabalho]”. (p. 101).
Do contrário, “[...] quando os benefícios são poucos e associados a estigma social, o
sistema de ajuda força a todos, a não ser, os mais desesperados, a participarem do
mercado.” (OGUS, 1979; 1990, p. 102).

Modelos de “Welfare State”

Modelo “Liberal” ou “Residual”

Estados Unidos; Inglaterra; Austrália.


- Auxílio apenas aos que não podem se sustentar no mercado de trabalho;
- Poucos benefícios e de menor qualidade;
- Exemplo no Brasil: Bolsa Família.

Modelo “Conservador” ou “Corporativo”

Alemanha; Itália; França; Espanha.


- Crença que a família tradicional deve garantir o bem estar;
- Poucos benefícios para a mulher trabalhadora;
- Benefícios aos trabalhadores empregados;
- Benefícios diferenciados de acordo com a categoria profissional;
- Exemplo no Brasil: Previdência Social.

Modelo “Social Democrata”


Suécia; Finlândia; Noruega; Dinamarca.
- Benefícios que visam “substituir” a família e o mercado. “Desmercadorização”;
- Benefícios universalistas, financiados por impostos.;
- Exemplo no Brasil: SUS

Crises do Estado de Bem Estar Social

1970: A globalização e neoliberalismo;


Monetarismo: crise do “modelo keynesiano”;
No mundo subdesenvolvido: crise da “industrialização promovida pelo Estado”;
Competitividade internacional e diminuição da autonomia nacional;
Os serviços públicos como forma de ampliar a competitividade do país;
Readaptação do sistema de gerência do Estado.

Conclusão

O “Estado de Bem Estar Social” ou essa concepção criada de “welfare state”


continua sendo nos dias atuais, segundo os discursos dominantes, um sistema
de proteção social de alto custo para os cofres públicos ou mesmo um pesado
ônus e um entrave ao crescimento econômico. E, apesar de ter sofrido
inúmeras modificações estruturais e ser constantemente reformado e, ainda
que muitos apostem no seu total desmantelamento, no contexto em que as
condições econômicas e sociais passam por profundas mudanças e acertos, os
sistemas de bem-estar social dos países ocidentais, em especial da Europa, os
mais enraizados no industrialismo, enfrentam maiores dificuldades, podemos
observar, a partir de estudos como este que ora se apresenta, que as políticas
sociais construídas nos meados do século XX, após uma sucessão de
conflitos, alguns até superados, estão cada vez mais desajustadas econômica
e socialmente, com dificuldades crescentes em atingir as metas pretendidas,
ou pelo menos sonhadas.
Então, numa visão geral do que foi até aqui abordado e traçando um
comparativo a cerca dos três regimes de “Estado de Bem Estar Social”
discutidos é possível perceber que o welfare state, cuja idealização, sobretudo
no regime socialdemocrata, visava à diminuição do distanciamento entre
classes, acaba por criar estratificações.
Do exposto é possível dizer, em resposta às perguntas que iniciam essa
discussão de Esping-Andersen, que a extensão da cidadania social através do
welfare state não diminui a distinção de classe. Ou seja, o welfare state, apesar
dos ganhos evidentes para a sociedade, sobretudo em termos de direitos
sociais, não consegue transformar fundamentalmente a sociedade capitalista.

Paulo César Machado – GV, 23 Fev 2017

Referências:

www.youtube.com/watch?v=2bW8MlXRgWQ;
www.youtube.com/watch?v=Fvb_KaPE6tI;
www.youtube.com/watch?v=BYukeZocPa0;
Revista Políticas Púbicas. São Luís, Vol. 13, nº 1, p. 77-80, jan./jun. 2009;
prezi.com/rlwzonkxo4aw/as-tres-economias-politicas-do-welfare-state-gosta-esping-a/;
CARDOSO, José C. "Fundamentos sociais das economias pós-industriais: uma resenha crítica
de Esping-Andersen." BIB-Revista Brasileira de Informação Bibliográfica em Ciências Sociais
(2003): 71-92;
Zimmermann, Clóvis Roberto, and Marina da Cruz Silva. "O princípio da desmercantilização
nas políticas sociais." Caderno CRH 22.56 (2009): 345-358;
BRESSER-PEREIRA, Luiz Carlos. "Da macroeconomia clássica à keynesiana. 1968." (2015);
Esping-Andersen, Gosta. "The Three Worlds of Welfare Capitalism." (2011).

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