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Belo Horizonte
Setembro 2020
O capítulo do livro de Biderman e Arvate procurar apresentar de maneira
introdutória a análise do custo-benefício de projetos, centrada na perspectiva do setor
público. Pensando no conceito do primeiro teorema do Bem Estar, que nos diz que o
equilíbrio das utilidades dos agentes será eficiente de Pareto, é possível levar a conclusão
equívoca de que o custo-benefício eficiente seria, para o setor público, equivalente ao que
ele representa no setor privado. Os autores citam duas justificativas que podem explicar
esse equívoco: o fato de que a eficiência nem sempre é o melhor critério para decisão de
alternativas sociais e as condições para a eficiência no teorema do Bem Estar são irreais.
Apesar de intuitivamente o critério de eficiência parecer adequado para a definição por
uma decisão de impacto social, na prática sabemos que ele não pode nortear essa escolha
por si só. É necessário ainda que o setor público preze pelo alcance da equidade e da
justiça na sociedade, mesmo que uma escolha equitária numa sociedade implique em
perda de eficiência no sentido de Pareto, como, por exemplo, em políticas de distribuição
de renda. Há de se considerar, ainda, a presença de externalidades e distorções de mercado
que impedem a verificação da eficiência.
Quanto à análise das preferências de bem-estar individuais, ela pode se dar pela a
variação compensatória ou equivalente. A primeira indica se um projeto é desejável –
caso seja positiva – ou não pelo indivíduo. Já o método da variação equivalente determina
o quanto a renda do indivíduo deve ser aumentada para que ele tenha o mesmo ganho de
bem estar que teria se o projeto fosse executado. Nota-se que ambos podem ser
mensurados pela valoração contingente (analisa a propensão a pagar ou receber dos
indivíduos) ou por métodos hedônicos (verifica como ele afeta o valor de mercado de
outro bem correlacionado) e, no caso do método contingente, deve-se sempre fazer a
pergunta concentrando na propensão a pagar do indivíduo, pois ele será mais verdadeiro
sobre suas preferências do que se a pergunta contrária for feita, por causa da existência
do problema do carona. Quanto à valoração hedônica, ainda que pareça mais adequada
ao evitar o problema enfrentado ao perguntar as preferências individuais, é falha ao não
analisar o lado da oferta na mensuração, de modo que, caso as condições de oferta não
sejam levadas em consideração, pode ser que a mensuração hedônica retorne somente a
disposição marginal de pagar do indivíduo. Há ainda outras formas procuradas para
mensurar a preferência de bem-estar na pesquisa acerca do custo-benefício dos projetos,
como o método da produtividade marginal, que determina o valor que um bem público
irá agregar na produção industrial correlacionada a ele, método mais adequado para a
análise de projetos do tipo de Custos Fixos Sociais.