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Edital de 29 de Julho de 2021

ATUALIZADO E

TJ-SP
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO
REVISADO
2021

Escrevente Técnico
Judiciário
4 Língua Portuguesa
4 Direito Penal
4 Direito Processual Penal CONTEÚDO
4 Direito Processual Civil
4 Direito Constitucional
ON-LINE
4 Direito Administrativo
4 Normas da Corregedoria Geral da 10 horas de
4
Justiça (On-Line)
Atualidades (On-Line) Videoaulas
4 Matemática
4 Informática
4 Raciocínio Lógico
Tribunal de Justiça de São Paulo

TJ-SP
Escrevente Técnico Judiciário

NV-002JL-21
Cód.: 7908428800857
Obra

TJ-SP – Tribunal de Justiça de São Paulo


Escrevente Técnico Judiciário

Autores

LÍNGUA PORTUGUESA • Monalisa Costa, Ana Cátia Collares, Giselli Neves e Isabella Ramiro
DIREITO PENAL • Rodrigo Gonçalves e Renato Philippini
DIREITO PROCESSUAL PENAL • Eduardo Gigante, Nara Fernandes, Rodrigo Varela e Rafael de Oliveira
DIREITO PROCESSUAL CIVIL • Nairo Lopes, Kamila de Souza Gomes, José Pascoal Junior, Juliana
Ataides, Tiele Espanhol Braun e Olívia Gomes
DIREITO CONSTITUCIONAL • Ana Philippini e Samara Kich
DIREITO ADMINISTRATIVO • Fernando Paternostro Zantedeschi e Renato Philippini
NORMAS DA CORREGEDORIA GERAL DE JUSTIÇA (ON-LINE)• Eduardo Gigante
ATUALIDADES (ON-LINE) • Carla Kurz, Ana Philippini e Shynaide Mafra
MATEMÁTICA • Kairton Batista (Prof. Kaká) e Sérgio Mendes
INFORMÁTICA • Fernando Nishimura
RACIOCÍNIO LÓGICO • Kairton Batista (Prof. Kaká)

ISBN 978-65-87525-21-1

Edição:

Julho/2021

Todos os direitos autorais desta obra são reservados e protegidos


pela Lei nº 9.610/1998. É proibida a reprodução parcial ou total,
por qualquer meio, sem autorização prévia expressa por escrito da
editora Nova Concursos.

Essa obra é vendida sem a garantia de atualização futura. No caso Dúvidas


de atualizações voluntárias e erratas, serão disponibilizadas no site
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Retificações”, no rodapé da página, e siga as orientações. sac@novaconcursos.com.br
APRESENTAÇÃO
Um bom planejamento é determinante para a sua preparação
de sucesso na busca pela tão almejada aprovação. Por isso, pen-
sando no máximo aproveitamento de seus estudos, esse livro
foi organizado de acordo com os itens exigidos no Edital de 29
de Julho de 2021 do TJ-SP, para o cargo de Escrevente Técnico
Judiciário.

O conteúdo programático foi sistematizado em um sumário,


facilitando a busca pelos temas do edital, no entanto, nem sem-
pre a banca organizadora do concurso dispõe os assuntos em
uma sequência lógica. Por isso, elaboramos este livro abordan-
do todos os itens do edital e reorganizando-os quando necessá-
rio, de uma maneira didática para que você realmente consiga
aprender e otimizar os seus estudos.

Ao longo da teoria, você encontrará boxes – Importante e Dica


– com orientações, macetes e conceitos fundamentais cobra-
dos nas provas e a seção Hora de Praticar, trazendo exercícios
comentados da banca VUNESP, organizadora do certame.

A obra que você tem em suas mãos é resultado da competência


de nosso time editorial e da vasta experiência de nossos profes-
sores e autores parceiros – muitos também responsáveis pelas
aulas que você encontra em nossos Cursos Online – o que será
um diferencial na sua preparação. Nosso time faz tudo pensando
no seu sonho de ser aprovado em um concurso público. Agora é
com você!

Intensifique ainda mais a sua preparação acessando os con-


teúdos complementares disponíveis on-line para este livro em
nossa plataforma: Atualidades e Normas da Corregedoria Geral
de Justiça além do Bônus de um Curso com 10 horas de videoau-
las, conforme os assuntos exigidos no edital. Para acessar, basta
seguir as orientações na próxima página.
CONTEÚDO ON-LINE

Para intensificar a sua preparação para concursos, oferecemos em nossa plataforma on-line
materiais especiais e exclusivos, selecionados e planejados de acordo com a proposta deste
livro. São conteúdos que tornam a sua preparação muito mais eficiente.

BÔNUS:
• Curso online.

à Língua Portuguesa - Colocação Pronominal



à Direito Penal - Dos Crimes contra a Administração Pública: Conceitos Iniciais

à Direito Processual Penal - Sujeitos Processuais

à Direito Processual Civil - Da Tutela Provisória

à Direito Constitucional - Remédios Constitucionais: Habeas Corpus, Habeas Data,

Mandado de Segurança Individual e Coletivo, Mandado de Injunção e Ação Popular
à Normas da Corregedoria Geral da Justiça - Da Tramitação dos Processos Eletrônicos

à Direito Administrativo - Lei n° 8.429/1992 - Lei da Improbidade Administrativa

à Matemática - Porcentagem

à Informática - Word 2016 - Fonte, Parágrafo e Estilo

à Raciocínio Lógico - Sequências e Sucessões

CONTEÚDO COMPLEMENTAR:

• Atualidades: Questões relacionadas a fatos ocorridos a partir do 1° semestre de 2021, di-


vulgados na mídia local e/ou nacional (Videoaulas).
• Normas da Corregedoria Geral de Justiça.
• Estatuto da Pessoa com Deficiência: Artigos 1º ao 13; 34 ao 38 da Lei nº 13.146/2015.

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VERSO DA APOSTILA
SUMÁRIO

LÍNGUA PORTUGUESA....................................................................................................13
ANÁLISE, COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE DIVERSOS TIPOS DE TEXTOS VERBAIS,
NÃO VERBAIS, LITERÁRIOS E NÃO LITERÁRIOS............................................................................. 13

INFORMAÇÕES LITERAIS E INFERÊNCIAS POSSÍVEIS.................................................................. 17

PONTO DE VISTA DO AUTOR............................................................................................................. 19

ESTRUTURAÇÃO DO TEXTO: RELAÇÕES ENTRE IDEIAS; RECURSOS DE COESÃO..................... 21

SIGNIFICAÇÃO CONTEXTUAL DE PALAVRAS E EXPRESSÕES...................................................... 25

SINÔNIMOS E ANTÔNIMOS..............................................................................................................................25

SENTIDO PRÓPRIO E FIGURADO DAS PALAVRAS..........................................................................................26

CLASSES DE PALAVRAS: EMPREGO E SENTIDO QUE IMPRIMEM ÀS RELAÇÕES QUE


ESTABELECEM.................................................................................................................................... 26

SUBSTANTIVO...................................................................................................................................................26

ADJETIVO...........................................................................................................................................................28

ARTIGO...............................................................................................................................................................30

NUMERAL...........................................................................................................................................................30

PRONOME..........................................................................................................................................................31

VERBO................................................................................................................................................................34

ADVÉRBIO..........................................................................................................................................................38

PREPOSIÇÃO .....................................................................................................................................................40

CONJUNÇÃO......................................................................................................................................................41

CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL............................................................................................ 42

REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL........................................................................................................ 47


COLOCAÇÃO PRONOMINAL.............................................................................................................. 48
CRASE.................................................................................................................................................. 49
PONTUAÇÃO....................................................................................................................................... 50

DIREITO PENAL...................................................................................................................61
DIREITO PENAL - CÓDIGO PENAL .................................................................................................... 61

ARTIGOS 293 A 305..........................................................................................................................................61


ARTIGOS 307 E 308............................................................................................................................ 67

ARTIGO 311-A..................................................................................................................................... 68

ARTIGOS 312 A 317............................................................................................................................ 69

ARTIGOS 319 A 333............................................................................................................................ 76

ARTIGOS 336 E 337............................................................................................................................ 81

ARTIGOS 339 A 347............................................................................................................................ 83

ARTIGOS 357 E 359............................................................................................................................ 86

DIREITO PROCESSUAL PENAL.....................................................................................93


O JUIZ, DO MINISTÉRIO PÚBLICO, DO ACUSADO E DEFENSOR, DOS ASSISTENTES E
AUXILIARES DA JUSTIÇA.................................................................................................................. 93

DO JUIZ...............................................................................................................................................................93

DO MINISTÉRIO PÚBLICO.................................................................................................................................94

DO ACUSADO E SEU DEFENSOR.......................................................................................................................94

DOS FUNCIONÁRIOS DA JUSTIÇA...................................................................................................................94

DAS CITAÇÕES E INTIMAÇÕES ........................................................................................................ 95

DAS CITAÇÕES ..................................................................................................................................................95

DAS INTIMAÇÕES..............................................................................................................................................98

DO PROCESSO COMUM..................................................................................................................... 99

DA INSTRUÇÃO CRIMINAL...............................................................................................................................99

DO PROCEDIMENTO RELATIVO AOS PROCESSOS DA COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL DO JÚRI..............103

DOS PROCESSOS ESPECIAIS..........................................................................................................118

DO PROCESSO SUMÁRIO................................................................................................................................118

DO PROCESSO DE RESTAURAÇÃO DE AUTOS EXTRAVIADOS OU DESTRUÍDOS .....................................120

DOS RECURSOS EM GERAL.............................................................................................................122

DISPOSIÇÕES GERAIS.....................................................................................................................................122

DO RECURSO EM SENTIDO ESTRITO.............................................................................................................123

DA APELAÇÃO.................................................................................................................................................126

DO PROCESSO E DO JULGAMENTO DOS RECURSOS EM SENTIDO ESTRITO E DAS APELAÇÕES,


NOS TRIBUNAIS DE APELAÇÃO.....................................................................................................................128
DOS EMBARGOS..............................................................................................................................................129

DA REVISÃO.....................................................................................................................................................130

DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO...................................................................................................................132

DA CARTA TESTEMUNHÁVEL........................................................................................................................132

DO HABEAS CORPUS E SEU PROCESSO.......................................................................................................134

LEI Nº 9.099, DE 26 DE SETEMBRO DE 1995..................................................................................137

DIREITO PROCESSUAL CIVIL..................................................................................... 149


DO JUIZ E DOS AUXILIARES DA JUSTIÇA......................................................................................149

DOS IMPEDIMENTOS E DA SUSPEIÇÃO........................................................................................................149

DOS AUXILIARES DA JUSTIÇA.......................................................................................................................150

Do Escrivão, do Chefe de Secretaria e do Oficial de Justiça....................................................................... 151

DA FORMA, DO TEMPO E DO LUGAR DOS ATOS PROCESSUAIS.................................................152

DA FORMA DOS ATOS PROCESSUAIS ..........................................................................................................152

DO TEMPO E DO LUGAR DOS ATOS PROCESSUAIS.....................................................................................156

DOS PRAZOS....................................................................................................................................................157

DA COMUNICAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS.............................................................................161

DISPOSIÇÕES GERAIS E DA CITAÇÃO ..........................................................................................................161

DAS CARTAS....................................................................................................................................................166

DAS INTIMAÇÕES............................................................................................................................................167

DA TUTELA PROVISÓRIA.................................................................................................................168

DISPOSIÇÕES GERAIS.....................................................................................................................................168

DA TUTELA DE URGÊNCIA...............................................................................................................170

DISPOSIÇÕES GERAIS.....................................................................................................................................170

DO PROCEDIMENTO DA TUTELA ANTECIPADA REQUERIDA EM CARÁTER ANTECEDENTE....................170

DO PROCEDIMENTO DA TUTELA CAUTELAR REQUERIDA EM CARÁTER ANTECEDENTE........................171

DA TUTELA DA EVIDÊNCIA..............................................................................................................174

DO PROCEDIMENTO COMUM..........................................................................................................174

DISPOSIÇÕES GERAIS DA PETIÇÃO INICIAL................................................................................................174

DA IMPROCEDÊNCIA LIMINAR DO PEDIDO...................................................................................................180


DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO OU DE MEDIAÇÃO...................................................................................180

DA CONTESTAÇÃO..........................................................................................................................................181

DA RECONVENÇÃO.........................................................................................................................................183

DA REVELIA......................................................................................................................................................183

DO JULGAMENTO CONFORME O ESTADO DO PROCESSO..........................................................................184

DA AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO.........................................................................................185

DAS PROVAS....................................................................................................................................................186

DA SENTENÇA E DA COISA JULGADA...........................................................................................................209

DO CUMPRIMENTO DA SENTENÇA................................................................................................214

DISPOSIÇÕES GERAIS.....................................................................................................................................214

DO CUMPRIMENTO PROVISÓRIO DA SENTENÇA QUE RECONHECE A EXIGIBILIDADE DE OBRIGAÇÃO


DE PAGAR QUANTIA CERTA...........................................................................................................................216

DO CUMPRIMENTO DEFINITIVO DA SENTENÇA QUE RECONHECE A EXIGIBILIDADE DE OBRIGAÇÃO


DE PAGAR QUANTIA CERTA...........................................................................................................................217

DO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA QUE RECONHEÇA A EXIGIBILIDADE DE OBRIGAÇÃO DE PRESTAR


ALIMENTOS.....................................................................................................................................................220

DO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA QUE RECONHEÇA A EXIGIBILIDADE DE OBRIGAÇÃO DE PAGAR


QUANTIA CERTA PELA FAZENDA PÚBLICA..................................................................................................222

DO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA QUE RECONHEÇA A EXIGIBILIDADE DE OBRIGAÇÃO DE FAZER,


DE NÃO FAZER OU DE ENTREGAR COISA......................................................................................................223

DOS RECURSOS.................................................................................................................................224

DISPOSIÇÕES GERAIS.....................................................................................................................................224

DA APELAÇÃO .................................................................................................................................................228

DO AGRAVO DE INSTRUMENTO.....................................................................................................................229

DO AGRAVO INTERNO.....................................................................................................................................231

DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO...............................................................................................................232

LEI Nº 9.099, DE 26 DE SETEMBRO DE 1995..................................................................................233

LEI Nº 12.153, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2009...............................................................................237

DIREITO CONSTITUCIONAL....................................................................................... 247


DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS............................................................................247

DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS.......................................................................................247

DIREITOS SOCIAIS...........................................................................................................................................260
NACIONALIDADE.............................................................................................................................................266

DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO......................................................................................................268

DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA......................................................................................................................268

Disposições Gerais......................................................................................................................................... 268


Dos Servidores Públicos................................................................................................................................. 276

DA ORGANIZAÇÃO DOS PODERES..................................................................................................280

DO PODER JUDICIÁRIO...................................................................................................................................280

Disposições Gerais......................................................................................................................................... 280

DIREITO ADMINISTRATIVO ........................................................................................ 287


ESTATUTO DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS CIVIS DO ESTADO DE SÃO PAULO (LEI Nº
10.261/1968) ....................................................................................................................................287

LEI FEDERAL Nº 8.429/1992 (LEI DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA)...................................298

MATEMÁTICA.................................................................................................................... 313
OPERAÇÕES COM NÚMEROS REAIS..............................................................................................313

MÍNIMO MÚLTIPLO COMUM E MÁXIMO DIVISOR COMUM.........................................................317

RAZÃO E PROPORÇÃO.....................................................................................................................318

PORCENTAGEM.................................................................................................................................319

REGRA DE TRÊS SIMPLES E COMPOSTA.......................................................................................320

MÉDIA ARITMÉTICA SIMPLES E PONDERADA..............................................................................322

JUROS SIMPLES...............................................................................................................................323

EQUAÇÃO DO 1º E 2º GRAUS...........................................................................................................324

SISTEMA DE EQUAÇÕES DO 1º GRAU............................................................................................325

RELAÇÃO ENTRE GRANDEZAS: TABELAS E GRÁFICOS...............................................................326

SISTEMAS DE MEDIDAS USUAIS....................................................................................................327

NOÇÕES DE GEOMETRIA: FORMA, PERÍMETRO, ÁREA, VOLUME, ÂNGULO E TEOREMA DE


PITÁGORAS.......................................................................................................................................329

RESOLUÇÃO DE SITUAÇÕES-PROBLEMA......................................................................................338
INFORMÁTICA.................................................................................................................. 349
MS-WINDOWS 10..............................................................................................................................349

CONCEITO DE PASTAS, DIRETÓRIOS, ARQUIVOS E ATALHOS....................................................................350

ÁREA DE TRABALHO.......................................................................................................................................352

ÁREA DE TRANSFERÊNCIA.............................................................................................................................354

MANIPULAÇÃO DE ARQUIVOS E PASTAS.....................................................................................................354

USO DOS MENUS.............................................................................................................................................358

PROGRAMAS E APLICATIVOS........................................................................................................................359

INTERAÇÃO COM O CONJUNTO DE APLICATIVOS MS-OFFICE 2016 OU SUPERIOR................................362

MS-WORD 2016 OU SUPERIOR.......................................................................................................363

ESTRUTURA BÁSICA DOS DOCUMENTOS....................................................................................................363

EDIÇÃO E FORMATAÇÃO DE TEXTOS............................................................................................................365

CABEÇALHOS..................................................................................................................................................366

PARÁGRAFOS..................................................................................................................................................367

FONTES............................................................................................................................................................368

COLUNAS.........................................................................................................................................................369

MARCADORES SIMBÓLICOS E NUMÉRICOS.................................................................................................369

TABELAS..........................................................................................................................................................370

IMPRESSÃO.....................................................................................................................................................371

CONTROLE DE QUEBRAS E NUMERAÇÃO DE PÁGINAS...............................................................................372

LEGENDAS........................................................................................................................................................374

ÍNDICES............................................................................................................................................................374

INSERÇÃO DE OBJETOS.................................................................................................................................375

CAMPOS PREDEFINIDOS................................................................................................................................375

CAIXAS DE TEXTO...........................................................................................................................................376

MS-EXCEL 2016 OU SUPERIOR.......................................................................................................377

ESTRUTURA BÁSICA DAS PLANILHAS.........................................................................................................378

CONCEITOS DE CÉLULAS, LINHAS, COLUNAS, PASTAS E GRÁFICOS........................................................379

ELABORAÇÃO DE TABELAS E GRÁFICOS......................................................................................................379

USO DE FÓRMULAS, FUNÇÕES E MACROS...................................................................................................384


IMPRESSÃO.....................................................................................................................................................387

INSERÇÃO DE OBJETOS.................................................................................................................................388

CAMPOS PREDEFINIDOS................................................................................................................................390

CONTROLE DE QUEBRAS E NUMERAÇÃO DE PÁGINAS...............................................................................391

OBTENÇÃO DE DADOS EXTERNOS................................................................................................................391

CLASSIFICAÇÃO DE DADOS...........................................................................................................................393

CORREIO ELETRÔNICO....................................................................................................................394

USO DO CORREIO ELETRÔNICO.....................................................................................................................394

PREPARO E ENVIO DE MENSAGENS..............................................................................................................395

ANEXAÇÃO DE ARQUIVOS..............................................................................................................................396

INTERNET..........................................................................................................................................396

NAVEGAÇÃO, CONCEITOS DE URL, LINKS E SITES......................................................................................396

BUSCA..............................................................................................................................................................398

IMPRESSÃO DE PÁGINAS...............................................................................................................................400

MS TEAMS.........................................................................................................................................400

CHATS, CHAMADAS DE ÁUDIO E VÍDEO, CRIAÇÃO DE GRUPOS.................................................................400

TRABALHO EM EQUIPE: WORD, EXCEL, POWERPOINT, SHAREPOINT E ONENOTE...................................400

AGENDAMENTO DE REUNIÕES E GRAVAÇÃO...............................................................................................409

RACIOCÍNIO LÓGICO...................................................................................................... 425


ESTRUTURAS LÓGICAS...................................................................................................................425

LÓGICAS DA ARGUMENTAÇÃO.......................................................................................................425

DIAGRAMAS LÓGICOS.....................................................................................................................428

SEQUÊNCIAS.....................................................................................................................................429
em outros predomina a argumentação – redação do
concurso, teses, dissertações, artigo de opinião etc.
No intuito de conceituar melhor os tipos textuais,
inspiramo-nos em Cavalcante (2013) e apresentamos
essa figura que demonstra como podemos identificar os
LÍNGUA PORTUGUESA tipos textuais e suas principais características, tendo em
vista que cada sequência textual apresenta característi-
cas próprias as quais, conforme mencionamos, pouco
ou nada sofrem em alterações, mantendo uma estrutu-
ra linguística quase rígida que nos permite classificar os
ANÁLISE, COMPREENSÃO E tipos textuais em 5 categorias (Narrativo; Descritivo;
INTERPRETAÇÃO DE DIVERSOS TIPOS Expositivo; Instrucional; Argumentativo).
DE TEXTOS VERBAIS, NÃO VERBAIS,
LITERÁRIOS E NÃO LITERÁRIOS GÊNERO TEXTUAL

INTRODUÇÃO
FRASES TIPO TEXTUAL TEXTO
A interpretação e a compreensão textual são aspec-
tos essenciais a serem dominados por aqueles candida-
tos que buscam a aprovação em seleções e concursos
públicos. Trata-se de um assunto que abrange questões A partir desse esquema, podemos identificar que a
específicas e de conteúdo geral nas provas; conhecer orientação gramatical mantida pelas frases apresen-
e dominar estratégias que facilitem a apreensão desse tam marcas linguísticas, assinalando o tipo textual
assunto pode ser o grande diferencial entre o quase e predominante que o texto deve manter, organizado
a aprovação. pelas marcas do gênero textual a qual o texto pertence.
Além disso, seja a compreensão textual, seja a
interpretação textual, ambas guardam uma relação de TIPO TEXTUAL
proximidade com um assunto pouco explorado pelos
Classifica-se conforme as marcas linguísticas apre-
cursos de português: a semântica, que incide suas rela-
sentadas no texto. Também é chamado de sequência
ções de estudo sobre as relações de sentido que a forma
textual
linguística pode assumir.
Portanto, neste material você encontrará recursos GÊNERO TEXTUAL
para solidificar seus conhecimentos em interpreta- Classifica-se conforme a função do texto, atribuída
ção e compreensão textual, associando a essas temá- socialmente
ticas as relações semânticas que permeiam o sentido
de todo amontoado de palavras, tendo em vista que,
qualquer aglomeração textual é, atualmente, consi- Uma última informação muito importante sobre
derada texto e, dessa forma, deve ter um sentido que tipos textuais que devemos considerar é que nem todos
precisa ser reconhecido por quem o lê. texto é composto apenas por um tipo textual, o que ocor-
Assim, vamos começar nosso estudo fazendo uma re é a existência de predominância de algumas sequên-
breve diferença entre os termos compreensão e cias em detrimento de outras, de acordo com o texto.
interpretação textual. Dito isso, vamos seguir nossos estudos aprendendo a
Para muitos, essas palavras expressam o mesmo diferenciar cada classe de tipos textuais, reconhecendo
sentido, mas, como pretendemos deixar claro neste suas principais características e marcas linguísticas.
material, ainda que existam relações de sinonímia
entre palavras do nosso vocabulário, a opção do autor CLASSIFICAÇÃO DOS TIPOS TEXTUAIS E SUAS
por um termo ao invés de outro reflete um sentido PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
que deve ser interpretado no texto, uma vez que a
interpretação realiza ligações com o texto a partir Narrativo
das ideias que o leitor pode concluir com a leitura.
Já a compreensão busca a análise de algo exposto no Os textos compostos predominantemente por se-
texto, e, geralmente, é marcada por uma palavra ou uma quências narrativas cumprem o objetivo de contar
expressão, e apresenta mais relações semânticas e sintáti- uma história, narrar um fato, por isso precisam man-
cas. A compreensão textual estipula aspectos linguísticos ter a atenção do leitor/ouvinte. Para tal, lançam mão
essencialmente relacionados à significação das palavras de algumas estratégias, como a organização dos fatos
e, por isso, envolve uma forte ligação com a semântica.
LÍNGUA PORTUGUESA

a partir de marcadores temporais, espaciais, inclusão


de um momento de tensão, chamado de clímax, e um
CONHECENDO OS TIPOS TEXTUAIS desfecho que poderá ou não apresentar uma moral.
Conforme Cavalcante (2013), o tipo textual narrati-
Tipos ou sequências textuais são unidades que vo pode ser caracterizado por sete aspectos:
estruturam o texto. Para Bronckart (1999 apud CAVAL-
CANTE, 2013), “são unidades estruturais, relativamente z Situação inicial: envolve a “quebra” de um equi-
autônomas, organizadas em frases”. Os tipos textuais líbrio, o qual demanda uma situação conflituosa;
marcam uma forma de organização da estrutura do z Complicação: desenvolvimento da tensão apre-
texto que se molda a depender do gênero discursivo e sentada inicialmente;
da necessidade comunicativa. Por exemplo, há gêneros z Ações (para o clímax) – Acontecimentos que
que apresentam a predominância de narrações – con- ampliam a tensão;
tos, fábulas, romances, história em quadrinhos etc –, z Resolução: Momento de solução da tensão; 13
z Situação final: Retorno da situação equilibrada; narrativos, esses elementos são essenciais para mar-
z Avaliação: Apresentação de uma “opinião” sobre car o equilíbrio e a tensão da história, além de garan-
a resolução; tirem a coesão do texto. Exemplos de marcadores
z Moral: Apresentação de valores morais que a histó- temporais e espaciais: Atualmente, naquele dia, nesse
ria possa ter apresentado. momento, aqui, ali, então...
Um outro indicador do texto narrativo é a pre-
Esses sete passos podem ser encontrados no seguin- sença do narrador da história. Por isso, é importante
te exemplo, a canção Era um garoto que como eu... aprendermos a identificar os principais tipos de nar-
Vamos ler e identificar essas características, bem rador de um texto:
como aprender a identificar outros pontos do tipo tex-
tual narrativo. Narrador: também conhecido como foco narrativo é o
responsável por contar os fatos que compõem o texto
Era um garoto que como eu
1. Situação inicial: Narrador personagem: Verbos flexionados em 1ª pes-
Amava os Beatles e os Rolling Stones
predomínio de soa. O narrador participa dos fatos
Girava o mundo sempre a cantar
equilíbrio
As coisas lindas da América
Narrador observador: Verbos flexionados em 3ª pes-
Não era belo, mas mesmo assim
Havia uma garota afim soa. O narrador tem propriedade dos fatos contados,
Cantava Help and Ticket to Ride porém não participa das ações
Oh Lady Jane, Yesterday
Cantava viva à liberdade
2. Complicação: Narrador onisciente: Os fatos podem ser contados em
início da tensão 3ª ou 1ª pessoa verbal. O narrador conhece os fatos e
Mas uma carta sem esperar
Da sua guitarra, o separou não participa das ações, porém o fluxo de consciência
Fora chamado na América do narrador pode ser exposto, levando o texto para a
Stop! Com Rolling Stones 1ª pessoa
Stop! Com Beatles songs
Mandado foi ao Vietnã 3. Clímax
Lutar com vietcongs Alguns gêneros são conhecidos por suas marcas
Era um garoto que como eu predominantemente narrativas, sendo eles: notícia,
Amava os Beatles e os Rolling Stones 4. Resolução diário, conto, fábula, entre outros. É importante rea-
Girava o mundo, mas acabou firmar que o fato de esses gêneros serem essencial-
Fazendo a guerra no Vietnã mente narrativos não significa que não possam apre-
Cabelos longos não usa mais sentar outras sequências em sua composição.
Não toca a sua guitarra e sim
Para diferenciar os tipos textuais e proceder na
Um instrumento que sempre dá
A mesma nota,
5. Situação final classificação correta, é sempre essencial prestar aten-
6. Avaliação ção nas marcas que predominam no texto.
ra-tá-tá-tá
Não tem amigos, não vê garotas Após demarcarmos as principais características do
Só gente morta caindo ao chão tipo textual narrativo, vamos agora conhecer as mar-
Ao seu país não voltará cas mais importantes da sequência textual classifica-
Pois está morto no Vietnã da como descritiva.
Stop! Com Rolling Stones
Stop! Com Beatles songs
7. Moral Descritivo
Stop! Com Beatles songs
No peito, um coração não há
Mas duas medalhas sim O tipo textual descritivo é marcado pelas formas
nominais que dominam o texto. Os gêneros que utili-
Essas sete marcas que definem o tipo textual narra-
zam esse tipo textual, geralmente, utilizam a sequên-
tivo podem ser resumidas em marcas de organização
cia descritiva como suporte para um propósito maior.
linguística caracterizadas por: presença de marcado-
São exemplos de textos cujo tipo textual predominan-
res temporais e espaciais; verbos, predominante-
te é a descrição: relato de viagem, currículo, anúncio,
mente, utilizados no passado; presença de narrador
classificados, lista de compras etc. Veja um trecho da
e personagens.
Carta de Pero Vaz de Caminha que relata suas impres-
sões a respeito de alguns aspectos do território que
viria a ser chamado de Brasil no ano de 1500.
Importante!
Os gêneros textuais que são, predominantemen- Ali veríeis galantes, pintados de preto e vermelho, e
te, narrativos, apresentam outras tipologias tex- quartejados, assim pelos corpos como pelas pernas,
tuais em sua composição, tendo em vista que que, certo, assim pareciam bem. Também andavam
entre eles quatro ou cinco mulheres, novas, que
nenhum texto é composto exclusivamente por
assim nuas, não pareciam mal. Entre elas andava
uma sequência textual. Por isso, devemos sem-
uma, com uma coxa, do joelho até o quadril e a náde-
pre identificar as marcas linguísticas que são pre- ga, toda tingida daquela tintura preta; e todo o resto
dominantes em um texto, a fim de classificá-lo. da sua cor natural. Outra trazia ambos os joelhos
com as curvas assim tintas, e também os colos dos
pés; e suas vergonhas tão nuas, e com tanta inocên-
Para sua compreensão, também é preciso saber o cia assim descobertas, que não havia nisso desver-
que são marcadores temporais e espaciais. gonha nenhuma.
São formas linguísticas como advérbios, prono-
mes, locuções etc. utilizados para demarcar um espa- Fonte: https://www.todamateria.com.br/carta-de-pero-vaz-de-
14 ço físico ou temporal em textos. Nos tipos textuais caminha
Note que apesar da presença pontual da sequência narrativa, há predominância da descrição do cenário e dos
personagens, evidenciada pela presença de adjetivos (galantes, preto, vermelho, nuas, tingida, descobertas etc). A
carta de Pero Vaz constitui uma espécie de relato descritivo para manter a comunicação entre a Corte Portuguesa
e os navegadores. Todavia, considerando as emergências comunicativas do mundo moderno, a carta tornou-se
um gênero menos usual e, aos poucos, substituído por outros gêneros como, por exemplo, o e-mail.
A sequência descritiva também pode se apresentar de forma esquemática em alguns gêneros, como podemos
ver no cardápio abaixo:

LÍNGUA PORTUGUESA

Fonte: https://g1.globo.com/sp/sorocaba-jundiai/noticia/2020/07/12/filha-de-dono-de-cantina-faz-desenhos-para-divulgar-cardapio-e-ajudar-o-
pai-a-vender-na-web.ghtml 15
Note que há presença de muitos adjetivos, locu- O infográfico anterior apresenta as informações
ções e substantivos que buscam levar o leitor a ima- pertinentes sobre o panorama mundial da situação
ginar o objeto descrito. O gênero acima apresenta a da água no ano de 2016. O gênero foi construído com
descrição das refeições (pão, croissant, feijão, carne o objetivo de deixar o leitor informado a respeito do
etc) com uso de adjetivos ou locuções adjetivas (de tema tratado, e para isso, o autor dispõe, além da lin-
queijo, doce, salgado, com calabresa, moída etc). Ele guagem clara e objetiva, de recursos visuais para atin-
está organizado de forma esquematizada em seções gir esse objetivo.
(salgados, lanches, caldos e panquecas) de maneira Assim como os tipos textuais os textos expositi-
que facilita a leitura (o pedido, no caso) do cliente. vos também apresentam uma estrutura que mistura
Organização do texto descritivo: elementos tipológicos de outras sequências textuais,
tendo em vista que, para apresentar fatos e ideias, uti-
lizamos aspectos descritivos, narrativos e, por vezes,
injuntivos.
É importante destacar que os textos expositivos
podem, muitas vezes, confundidos com textos argu-
mentativos, uma vez que existem textos argumen-
tativos que são classificados como expositivos, pois
utilizam exemplos e fatos para fundamentar uma
argumentação.
Outra importante diferença entre a sequência
expositiva e a argumentativa é que esta apresenta uma
opinião pessoal, enquanto aquela não abre margem
para a argumentação, uma vez que o fato exposto
é apresentado como dado, ou seja, o conhecimento
sobre uma questão não é posto em debate.
Apresenta-se um conceito e expõem-se as caracte-
rísticas desse conceito sem espaço para opiniões.
Marcas linguísticas do texto expositivo:
Expositivo
z Apresenta informações sobre algo ou alguém, pre-
O texto expositivo visa apresentar fatos e ideias a sença de verbos de estado;
fim de deixar claro o tema principal do texto. Nesse tipo z Presença de adjetivos, locuções e substantivos que
textual, é muito comum a presença de dados, informa- organizam a informação;
ções científicas, citações diretas e indiretas, que servem z Desenvolve-se mediante uso de recursos enumerativos;
para embasar o assunto do qual o texto trata. Para ilus- z Presença de figuras de linguagem como metáfora
trar essa explicação, veja o exemplo a seguir: e comparação;
z Pode apresentar um pensamento contrastivo ao
final do texto.

Os textos expositivos são comuns em gêneros cien-


tíficos ou que desencadeiam algum aspecto de curiosi-
dade nos leitores, como o exemplo a seguir:

VEJA 10 MULHERES INVENTORAS QUE REVOLUCIO-


NARAM O MUNDO
08/03/2015 07h43 - Atualizado em 08/03/2015 07h43

Hedy Lamarr - conexão wireless

Além de atriz de Hollywood, famosa pelo longa “Ecstasy”


(1933), a austríaca naturalizada norte-americana Hedy
Lamarr foi a inventora de uma tecnologia que permitia
controlar torpedos à distância, durante a Segunda Guer-
ra Mundial, alterando rapidamente os canais de frequên-
cia de rádio para que não fossem interceptados pelo ini-
migo. Esse conceito de transmissão acabou, mais tarde,
permitindo o desenvolvimento de tecnologias como o
Wi-Fi e o Bluetooth.
Fonte: https://glo.bo/2Jgh4Cj Acessado em: 07/09/2020. Adaptado.

Instrucional ou Injuntivo

O tipo textual instrucional, ou injuntivo, é caracteri-


zado por estabelecer um “propósito autônomo” (CAVAL-
Fonte: https://www.boavontade.com/pt/ecologia/infografico-dados- CANTE, 2013, p. 73) que busca convencer o leitor a
16 mostram-panorama-mundial-da-situacao-da-agua realizar alguma tarefa. Esse tipo textual é predominante
em gêneros como: bula de remédio, tutoriais na internet, Outro aspecto importante dos textos argumentati-
horóscopos e também nos manuais de instrução. vos é que eles são compostos por estruturas linguísti-
A principal marca linguística dessa tipologia é a cas conhecidas como operadores argumentativos, que
presença de verbos conjugados no modo imperati- organizam as orações subordinadas, estruturas mais
vo e também em sua forma infinitiva. Isso se deve comuns nesse tipo textual.
ao fato de essa tipologia buscar persuadir o leitor e A seguir, apresentamos um quadro sintético com
levá-lo a realizar as ações mencionadas pelo gênero. algumas estruturas linguísticas que funcionam como
Para que possamos identificar corretamente essa operadores argumentativos e que facilitam a escrita e
tipologia textual, faz-se necessário observar um gêne- a leitura de textos argumentativos:
ro textual que apresente esse tipo de texto, como o
exemplo a seguir: OPERADORES ARGUMENTATIVOS
É incontestável que...
Como faço para criar uma conta do Instagram? Tal atitude é louvável, repudiável, notável...
Para criar uma conta do Instagram pelo aplicativo: É mister, é fundamental, é essencial...
1. Baixe o aplicativo do Instagram na App Store (iPhone)
ou Google Play Store (Android).
2. Depois de instalar o aplicativo, toque no ícone Essas estruturas, se utilizadas adequadamente no
para abri-lo. texto argumentativo, expõem a opinião do autor, aju-
3. Toque em Cadastrar-se com e-mail ou número de dando na defesa de seu ponto de vista e construindo a
telefone (Android) ou Criar nova conta (iPhone) e insira estrutura argumentativa desse tipo textual.
seu endereço de e-mail ou número de telefone (que exigi-
rá um código de confirmação), toque em Avançar. Tam-
bém é possível tocar em Entrar com o Facebook para se Importante!
cadastrar com sua conta do Facebook. O tipo textual argumentativo não pode ser
4. Se você se cadastrar com o e-mail ou número de te-
confundido com o gênero textual dissertativo-
lefone, crie um nome de usuário e uma senha, preencha
-argumentativo. Esse gênero é composto por
as informações do perfil e toque em Avançar. Se você
se cadastrar com o Facebook, será necessário entrar na
sequências argumentativas, mas também há
conta do Facebook, caso tenha saído dela. a apresentação, dissertação de ideias, a fim de
alcançar a persuasão do ouvinte/leitor.
Fonte: https://www.facebook.com/help/instagram/. Acessado em:
07/09/2020.

No exemplo acima, podemos destacar a presença


de verbos conjugados no modo imperativo, como: bai-
xe, toque, crie, além de muitos verbos no infinitivo, INFORMAÇÕES LITERAIS E
como: instalar, cadastrar, avançar. Outra caracte- INFERÊNCIAS POSSÍVEIS
rística dos textos injuntivos é a enumeração de passos
a serem cumpridos para a realização correta da tare- INFERÊNCIA – ESTRATÉGIAS DE INTERPRETAÇÃO
fa ensinada e também a fim de tornar a leitura mais
didática. A inferência é uma relação de sentido conhecida
É importante lembrar que a principal marca desde a Grécia Antiga e que embasa as teorias sobre
linguística dessa tipologia é a presença de verbos interpretação de texto.
conjugados no modo imperativo e em sua forma infi-
nitiva. Isso se deve ao fato de essa tipologia buscar Dica
persuadir o leitor e levá-lo a realizar as ações mencio-
nadas pelo gênero. Interpretar é buscar ideias, pistas do autor do tex-
to, nas linhas apresentadas.
Argumentativo
Porém, apesar de, aparentemente, parecer algo
O tipo textual argumentativo é sem dúvidas o mais subjetivo, existem “regras” para se buscar essas pistas.
complexo e, por vezes, pode apresentar um maior A primeira e mais importante delas é identificar a
grau de dificuldade na identificação, bem como em orientação do pensamento do autor do texto, que fica
sua análise. O texto argumentativo tem por objetivo perceptível quando identificamos como o raciocínio
a defesa de um ponto de vista, portanto, envolve a dele foi exposto, se de maneira mais racional, a partir
defesa de uma tese e a apresentação de argumen- da análise de dados, informações com fontes confiáveis
LÍNGUA PORTUGUESA

tos que visam sustentar essa tese. ou se de maneira mais empirista, partindo dos efeitos,
Um exemplo típico desse tipo de texto argumenta- das consequências, a fim de se identificar as causas.
tivo são as redações de concursos. Nesse tipo de texto, Por isso, é preciso compreender como podemos
a introdução apresenta o ponto de vista (tese) a ser interpretar um texto mediante estratégias de leitura.
defendido pelo autor de maneira contextualizada. No Muitos pesquisadores já se debruçaram sobre o tema,
segundo e terceiro parágrafos, o autor pode utilizar que é intrigante e de grande profundidade acadêmica;
estratégias argumentativas para sustentar o seu ponto neste material, selecionamos as estratégias mais efica-
de vista, como dados estatísticos, definições, exempli- zes que podem contribuir para sua aprovação em sele-
ficações, alusões históricas e filosóficas, referências ções que avaliam a competência leitora dos candidatos.
a outras áreas do conhecimento etc. Na conclusão, o A partir disso, apresentamos estratégias de leitura
autor conclui, ratificando seu ponto de vista, e apre- que focam nas formas de inferência sobre um texto.
senta possíveis soluções para o problema em questão. Dessa forma, é fundamental identificar como ocorre 17
o processo de inferência, que se dá por dedução ou adstritos a um infantil fetichismo do estilo e guia-
por indução. Para entender melhor, veja esse exemplo: dos por conceitos obsoletos e um pueril e errôneo
critério de beleza.
O marido da minha chefe parou de beber. (BARRETO, 2010, p. 21)

Observe que é possível inferir várias informações O trecho em destaque na citação do escritor Lima
a partir dessa frase. A primeira é que a chefe do enun- Barreto, em sua obra “Recordações do escrivão Isaías
ciador é casada (informação comprovada pela expres- Caminha” (1917), identifica bem como o pensamento
são “marido”), a segunda é que o enunciador está indutivo compõe a interpretação e decodificação de
trabalhando (informação comprovada pela expressão um texto. Para deixar ainda mais evidente as estraté-
“minha chefe”) e a terceira é que o marido da chefe do gias usadas para identificar essa forma de interpretar,
enunciador bebia (expressão comprovada pela expres- deixamos a seguir dicas de como buscar a organiza-
são “parou de beber”). Note que há pistas contextuais ção cronológica de um texto.
do próprio texto que induzem o leitor a interpretar
essas informações.
A propriedade vocabular leva
Tratando-se de interpretação textual, os processos
PROCURE o cérebro a aproximar as pala-
de inferência, sejam por dedução ou por indução, par-
SINÔNIMOS vras que têm maior associação
tem de uma certeza prévia para a concepção de uma
com o tema do texto
interpretação, construída pelas pistas oferecidas no
texto junto da articulação com as informações acessa- Os conectivos (conjunções,
das pelo leitor do texto. preposições, pronomes) são
ATENÇÃO AOS
A seguir, apresentamos um fluxograma que repre- marcadores claros de opi-
CONECTIVOS
senta como ocorre a relação desses processos: niões, espaços físicos e loca-
lizadores textuais
DEDUÇÃO → CERTEZA → INTERPRETAR
A DEDUÇÃO
INFERÊNCIA

INDUÇÃO → INTERPRETAR → CERTEZA A leitura de um texto envolve a análise de diversos


aspectos que o autor pode colocar explicitamente ou de
maneira implícita no enunciado.
A partir desse esquema, conseguimos visualizar Em questões de concurso, as bancas costumam
melhor como o processo de interpretação ocorre. Agora, procurar nos enunciados implícitos do texto aspectos
iremos detalhar esse processo, reconhecendo as estra- para abordar em suas provas.
tégias que compõem cada maneira de inferir informa- No momento de ler um texto, o leitor articula seus
ções de um texto. Por isso, vamos apresentar nos tópicos conhecimentos prévios a partir de uma informação
seguintes como usar estratégias de cunho dedutivo, indu- que julga certa, buscando uma interpretação; assim,
tivo e, ainda, como articular a isso o nosso conhecimento ocorre o processo de interpretação por dedução. Con-
de mundo na interpretação de textos. forme Kleiman (2016, p. 47):
A INDUÇÃO Ao formular hipóteses o leitor estará predizendo
temas, e ao testá-las ele estará depreendendo o
As estratégias de interpretação que observam tema; ele estará também postulando uma possí-
métodos indutivos analisam as “pistas” que o texto vel estrutura textual; na predição ele estará ati-
oferece e, posteriormente, reconhecem alguma certe- vando seu conhecimento prévio, e na testagem
za na interpretação. Dessa forma, é fundamental bus- ele estará enriquecendo, refinando, checando esse
car uma ordem de eventos ou processos ocorridos no conhecimento.
texto e que variam conforme o tipo textual.
Sendo assim, no tipo textual narrativo, podemos Fique atento a essa informação, pois é uma das
identificar uma organização cronológica e espacial no primeiras estratégias de leitura para uma boa inter-
desenvolvimento das ações marcadas, por exemplo, pretação textual: formular hipóteses, a partir da
pelo uso do pretérito imperfeito; na descrição, pode- macroestrutura textual; ou seja, antes da leitura ini-
mos organizar as ideias do texto a partir da marcação cial, o leitor deve buscar identificar o gênero textual
de adjetivos e demais sintagmas nominais; na argu- ao qual o texto pertence, a fonte da leitura, o ano,
mentação, esse encadeamento de ideias fica marcado entre outras informações que podem vir como “aces-
pelo uso de conjunções e elementos que expõem uma sórios” do texto e, então, formular hipóteses sobre a
ideia/ponto de vista. leitura que deverá se seguir. Uma outra dica impor-
No processo interpretativo indutivo, as ideias são tante é ler as questões da prova antes de ler o texto,
organizadas a partir de uma especificação para uma pois, assim, suas hipóteses já estarão agindo conforme
generalização. Vejamos um exemplo: um objetivo mais definido.
O processo de interpretação por estratégias de dedu-
Eu não sou literato, detesto com toda a paixão essa
ção envolve a articulação de três tipos de conhecimento:
espécie de animal. O que observei neles, no tempo
em que estive na redação do O Globo, foi o bastan-
te para não os amar, nem os imitar. São em geral z Conhecimento Linguístico;
de uma lastimável limitação de ideias, cheios de z Conhecimento Textual;
fórmulas, de receitas, só capazes de colher fatos z Conhecimento de Mundo.
detalhados e impotentes para generalizar, cur-
18 vados aos fortes e às ideias vencedoras, e antigas,
Conhecimento Linguístico Em outras palavras, esse conhecimento relaciona-
-se com a habilidade de reconhecer diferentes tipos de
Esse é o conhecimento basilar para compreensão discursos, estruturas, tipos e gêneros textuais.
e decodificação do texto, envolve o reconhecimento
das formas linguísticas estabelecidas socialmente por Conhecimento de Mundo
uma comunidade linguística, ou seja, envolve o reco-
nhecimento das regras de uma língua. O uso dos conhecimentos prévios é fundamental
É importante salientar que as regras de reconhe- para a boa interpretação textual, por isso, é sempre
cimento sobre o funcionamento da língua não são, importante que o candidato a cargos públicos reserve
necessariamente, as regras gramaticais, mas as regras um tempo para ampliar sua biblioteca e buscar fontes
que estabelecem, por exemplo, no caso da língua por- de informações fidedignas, para, dessa forma, aumen-
tuguesa, que o feminino é marcado pela desinência -a, tar seu conhecimento de mundo.
que a ordem de escrita respeita o sistema sujeito-ver- Conforme Kleiman (2016), durante a leitura, nosso
bo-objeto (SVO) etc. conhecimento de mundo que é relevante para a com-
Ângela Kleiman (2016) afirma que o conhecimento preensão textual é ativado; por isso, é natural ao nosso
linguístico é aquele que “abrange desde o conhecimento cérebro associar informações, a fim de compreender
sobre como pronunciar português, passando pelo conhe- o novo texto que está em processo de interpretação.
cimento de vocabulário e regras da língua, chegando até A esse respeito, a autora propõe o seguinte exer-
o conhecimento sobre o uso da língua” (2016, p. 15). cício para atestarmos a importância da ativação do
Um exemplo em que a interpretação textual é preju- conhecimento de mundo em um processo de interpre-
dicada pelo conhecimento linguístico é o texto a seguir: tação. Leia o texto a seguir e faça o que se pede:

Como gemas para financiá-lo, nosso herói desa-


fiou valentemente todos os risos desdenhosos que
tentaram dissuadi-lo de seu plano. “Os olhos enga-
nam” disse ele, “um ovo e não uma mesa tipificam
corretamente esse planeta inexplorado.” Então as
três irmãs fortes e resolutas saíram à procura de
provas, abrindo caminho, às vezes através de imen-
sidões tranquilas, mas amiúde através de picos e
vales turbulentos (KLEIMAN, 2016, p. 24).

Agora tente responder as seguintes perguntas


sobre o texto:

Quem é o herói de que trata o texto?


Quem são as três irmãs?
Qual é o planeta inexplorado?

Certamente, você não conseguiu responder nenhu-


ma dessas questões, porém, ao descobrir o título des-
se texto, sua compreensão sobre essas perguntas será
afetada. O texto se chama “A descoberta da América
por Colombo”. Agora, volte ao texto, releia-o e busque
responder às questões; certamente você não terá mais
Fonte: https://bit.ly/3kCyWoI. Acesso em: 22/09/2020. as mesmas dificuldades.
Ainda que o texto não tenha sido alterado, ao voltar
Como é possível notar, o texto é uma peça publici- seus olhos por uma segunda vez a ele, já sabendo do
tária escrita em inglês, portanto, somente os leitores que se trata, seu cérebro ativou um conhecimento pré-
proficientes nessa língua serão capazes de decodificar vio que é essencial para a interpretação de questões.
e entender o que está escrito; assim, o conhecimento
linguístico torna-se crucial para a interpretação. Essas
são algumas estratégias de interpretação em que
podemos usar métodos dedutivos. PONTO DE VISTA DO AUTOR
LÍNGUA PORTUGUESA

Conhecimento Textual Para compreender um texto, é preciso identificar


as ideias relevantes propostas pelo autor, quando se
Esse tipo de conhecimento atrela-se ao conheci- trata de textos argumentativos, como artigos científi-
mento linguístico e se desenvolve pela experiência cos ou escritos presentes em jornais. Além disso, para
leitora. Quanto maior exposição a diferentes tipos de responder questões de interpretação em concursos,
textos, melhor se dá a sua compreensão. Nesse conhe- deve-se observar, além do título e do nome do autor,
cimento, o leitor desenvolve sua habilidade porque a fonte da qual o texto foi retirado (livro, blog, site,
prepara sua leitura de acordo com o tipo de texto que jornal ou outro).
está lendo. Não se lê uma bula de remédio como se lê A primeira coisa que deve ser observada para uma
uma receita de bolo ou um romance. Não se lê uma melhor interpretação do texto é a questão que está
reportagem como se lê um poema. sendo discutida. A partir daí, outros pontos devem 19
ser considerados, como, por exemplo, o que o autor observando a ocorrência da ação. Os diálogos são dife-
defende, o que ele rejeita, e os argumentos utilizados rentes dos que aparecem da narrativa em primeira
para sustentar ambos os lados. pessoa, pois, neste caso, o autor relata a história como
Alguns aspectos que também devem ser identifi- alguém que está apenas expondo o que cada persona-
cados ao ler um texto são as relações entre as ideias gem disse. Leia o seguinte trecho:
mais relevantes do texto e a conclusão do autor após
apresentar todos os argumentos prós e contras. O sol estava começando a abaixar e a luz da tarde
A forma como o autor conta a narrativa muda nos- estava sobre a paisagem quando desceram a coli-
sa perspectiva ao ler a obra. Quando lemos um texto, na. Até agora não tinham encontrado vivalma na
seja um livro, um artigo científico ou uma matéria estrada. [...]. Já estavam andando havia uma hora
de jornal, sempre nos deparamos com diferentes for- ou mais quando Sam parou por um momento, como
se escutasse algo. Estavam agora em terreno plano,
mas de contar histórias, que mudam nossa visão dos
e a estrada, depois de muitas curvas, estendia-se
personagens principais ou do tema que está sendo em linha reta através de um capinzal salpicado de
abordado. árvores altas, [...].
Existem três formas básicas de narração, chama- Trecho da obra O senhor dos anéis, de J. R. R. Tolkien, tradução de
das de ponto de vista literário em primeira pessoa, em Lenita Maria Rímoli Esteves.
segunda e em terceira.
A narração em primeira pessoa é fácil de identifi- PONTO DE VISTA DO AUTOR NA LITERATURA
car, pois o personagem conta a história de sua própria
perspectiva, do seu ponto de vista. Nesse caso, a leitu- O elemento básico da narrativa (que geralmente é o
ra do livro ou do texto é feita com a visão do persona- elemento menos considerado na análise ou construção)
gem, e também poderemos conhecer seu pensamento, é o ponto de vista do autor. Quando o autor cria uma
o que torna a leitura mais intimista. Nessa primeira obra, ele insere em suas palavras muito de si. Sua visão
forma de narrativa, há certas coisas que descobrimos de mundo, seus valores, sua construção psicológica e
apenas no decorrer da história, como por exemplo: seu ideal de personagens e cenas, seu desejo de expor,
revelar ou ocultar a verdade, dentre outras coisas.
Uma noite destas, vindo da cidade para o Engenho O ponto de vista do autor pode mudar muito o enre-
Novo, encontrei no trem da Central um rapaz aqui do a ser elaborado: pode dar dicas ou camuflar even-
do bairro, que eu conheço de vista e de chapéu. tos, pode atribuir ritmo, ajustar pensamentos, nortear
Cumprimentou-me, sentou-se ao pé de mim, falou interpretações, explicar detalhes e até mesmo produzir
da Lua e dos ministros, e acabou recitando-me ver- narrativas fora do texto. Por isso, é necessário investir
sos. A viagem era curta, e os versos pode ser que algum tempo à análise desse elemento narrativo para
não fossem inteiramente maus. Sucedeu, porém,
tornar a produção o mais adequada possível, expondo
que, como eu estava cansado, fechei os olhos três
não apenas o enredo que está sendo narrado, mas tam-
ou quatro vezes; tanto bastou para que ele inter-
bém o autor que está por trás da narrativa.
rompesse a leitura e metesse os versos no bolso.
O ponto de vista na literatura é a ótica da narrativa
Trecho do romance Dom Casmurro, de Machado de Assis.
do autor. Esse elemento aparece sorrateiramente na
trama por meio dos seis sentidos do protagonista que
Na segunda pessoa, o autor costuma dialogar são, normalmente, os cinco sentidos, potencializando
diretamente com o leitor como se ele também fizes- sua intuição. O autor tem total liberdade para criar
se parte da narrativa. Essa é uma situação rara, que novos significados para a sua narrativa e também
faz o leitor se sentir como um personagem da história. pode definir se ela será apresentada ao leitor por meio
Observe no trecho a seguir um exemplo: de um ou mais personagens.
Quando a história é contada por mais de um perso-
Você veste a camisa, passa um papel nas pontas dos nagem fictício, a transição do ponto de vista do autor
seus sapatos e escuta, desta vez, o aviso do sino que deve ser bem definida e os detalhes devem estar bem
parece vaguear pelos corredores da casa e fecha a
claros, para que isso não confunda o leitor. A menos
porta. Você olha para o corredor; Aura anda com o
que o enredo exija, a trama não precisa ser narrada
sino na mão, inclina a cabeça para vê-lo, lhe diz que
por todos os personagens, então, o autor deve deter-
o café da manhã está pronto.
minar qual deles deterá o “ponto de vista”. Isso não
Trecho do conto Aura, de Carlos Fuentes.
significa que, quando for essencial para o desenvolvi-
mento da história, um ou mais capítulos não possam
A narração em segunda pessoa também é muito
conter o ponto de vista de outros personagens. Após
utilizada em letras musicais, como podemos ver no
definir esse ponto, o autor passa a dar um contexto
trecho a seguir:
ao seu protagonista, traçando uma linha geográfica e
temporal.
Na bruma leve das paixões que vêm de dentro
O autor também deve se atentar em estabelecer
Tu vens chegando pra brincar no meu quintal
No teu cavalo intimidade com o leitor, para que ele se conecte à tra-
Peito nu, cabelo ao vento ma e ao protagonista e seja capaz de imaginar todos os
E o Sol quarando nossas roupas no varal detalhes, as sensações e os sentidos que o personagem
Tu vens, tu vens está vivenciando naquele momento. Por exemplo,
Eu já escuto os teus sinais quando o autor descreve o trecho na perspectiva do
Tu vens, tu vens personagem principal, ele não deve citar seu choro, a
Eu já escuto os teus sinais menos que o protagonista esteja olhando seu reflexo
Trecho da canção Anunciação, de Alceu Valença. em um espelho. Mas o autor pode descrever a sensa-
ção dos olhos enchendo-se de lágrimas, uma ou outra
Já a narração em terceira pessoa coloca o leitor escapando pelo canto dos olhos, e o toque da lágrima
20 em uma posição externa, como se ele estivesse apenas fria escorrendo pelo rosto.
Assim, o ponto de vista é muito importante para „ Exemplificação: Por meio de exemplos, ca-
a construção das ideias da narrativa e identificá-lo é sos reais ou dados estatísticos, o leitor pode
essencial para interpretar o texto e responder corre- compreender melhor do que se trata a ideia
tamente às questões. principal.

COERÊNCIA E COESÃO

Ao elaborarmos um texto, devemos buscar organi-


ESTRUTURAÇÃO DO TEXTO: zar as ideias apresentadas de modo a torná-lo coeso e
RELAÇÕES ENTRE IDEIAS; RECURSOS coerente. Porém, como fazer para que essa organiza-
DE COESÃO ção mantenha esse padrão? Para descobrir, primeiro
é preciso esclarecer o que é coesão e o que é coerência
ORGANIZAÇÃO E HIERARQUIA DAS IDEIAS e por que buscar esse padrão é importante.
Os textos não são somente um aglomerado de pala-
vras e frases escritas. Suas partes devem ser articula-
Ideia Principal e Ideias Secundárias
das e organizadas harmoniosamente de maneira que
o texto faça sentido como um todo. A ligação, a rela-
Em se tratando da organização das ideias em um ção, os nexos entre essas partes estabelecem o que se
texto, podemos seguir por duas linhas de pensamento chama de coesão textual. Os articuladores responsá-
e estudo: a primeira refere-se ao produtor de um tex- veis por essa “costura” do tecido (tessitura) do texto
to, a como o emissor deve organizar suas ideias, esta- são conhecidos como recursos coesivos que devem ser
belecer uma hierarquia e uma conexão entre o que articulados de forma que garanta uma relação lógica
deseja emitir. A segunda diz respeito ao intérprete entre as ideias, fazendo com que o texto seja inteli-
do texto, como interpretar, compreender e responder gível e faça sentido em determinado contexto. A res-
corretamente às questões de interpretação textual. peito disso, temos a coerência textual, que está ligada
Para compreender bem um texto, é necessário diretamente à significação do texto, aos sentidos que
conseguir interpretar a articulação entre as ideias ele produz para o leitor.
dele. Uma leitura eficiente compreende a ideia geral
que o texto deseja transmitir, e não somente decodifi-
COESÃO COERÊNCIA
ca os signos (letras) a fim de formar palavras e frases.
Cada texto apresenta uma intenção e, por trás Utiliza-se de elementos su- Subjacente ao texto, enfa-
dela, uma ideia principal – que pode estar implícita perficiais, dando-se ênfase tiza-se o conteúdo e a pro-
ou explícita – e algumas ideias secundárias, que dão na forma e na articulação dução de sentido/relação
suporte à ideia principal. Além disso, é necessário entre as ideias lógica
identificar a progressão das ideias ao longo do texto e
como elas se conectam.
Fonte: Elaborado pela autora.
z Ideias Principais: Apresentam o núcleo do texto,
a mensagem primordial que o remetente/emissor Podemos usar uma metáfora muito interessante
deseja transmitir. Não há nenhum texto sem uma quando se trata de compreender os processos de coe-
ideia principal, ou seja, um núcleo que norteia são e coerência.
todo o restante da mensagem. Sem uma ideia prin- Essa metáfora nos leva a comparar um texto com um
cipal, o texto não terá sentido e será incoerente. A prédio, tal qual uma boa construção precisa de um bom
ideia principal não precisa estar explícita no texto, alicerce para manter-se em pé; um texto bem construí-
e necessariamente não é a primeira a ser exposta, do depende da organização das nossas ideias, da forma
mas ela é compreendida ao longo da leitura atra- como elas estão dispostas no texto. Isso significa que pre-
vés de recursos linguísticos e dos sinais que o emis- cisamos utilizar adequadamente os processos coesivos,
sor coloca no texto. Ela dá lógica ao texto e permite a fim de defendermos nossas ideias adequadamente.
a construção deste; Por isso, neste capítulo, iremos apresentar as prin-
z Ideias Secundárias: Ao longo do discurso, o emis- cipais formas de marcação, em um texto, de processos
sor utiliza recursos e argumentos para apresentar que buscam organizar as ideias em um texto, princi-
a ideia principal; esses recursos são as ideias se- palmente, os processos de coesão que, como dissemos,
cundárias. Elas são ligadas por conectores, como apresentam um apelo mais forte às formas linguísti-
advérbios e conjunções, e seguem uma ideia ló- cas que os processos envolvendo a coerência.
gica e sequencial ao longo do texto. Quanto mais Antes, porém, faz-se mister indicar mais algumas
ideias secundárias são apresentadas, mais fácil características da coerência em um texto e como esse
torna-se compreender a ideia principal e a inten- processo liga-se não apenas às formas gramaticais,
LÍNGUA PORTUGUESA

cionalidade do discurso, pois as ideias secundárias mas, sobretudo, ao forte teor cognitivo. Tendo em
levam o leitor à ideia principal. vista que a coerência é construída, tal qual o sentido,
coletivamente, não por acaso, o grande linguista e
As ideias secundárias podem ser apresentadas por estudioso da língua portuguesa, Luis Antonio Marcus-
alguns meios. Entre eles, temos: chi (2007) afirmou que a coerência é “algo dinâmico
que se encontra mais na mente que no texto”.
„ Apresentação de sinônimos ou ideias sinôni- Dito isso, usamos as palavras de Cavalcante (2013)
mas: Por meio de ideias ou palavras correlacio- para esclarecer ainda mais o conceito de coerência e
nadas, é possível reforçar a ideia principal; passarmos ao estudo detalhado dos processos de coe-
„ Antônimos: A apresentação de antônimos ou são. A autora afirma que a coerência:
ideias contrárias reforça no entendimento do
leitor o que não é a ideia principal e no que ela [...] Não está no texto em si; não nos é possível
consiste; apontá-la, destacá-la ou sublinha-la. Ela se constrói 21
[...] numa dada situação comunicativa, na qual o USO DE PRONOMES OU PRONOMINALIZAÇÃO
leitor, com base em seus conhecimentos sociocogni-
tivos e interacionais e na materialidade linguística, Utilizar pronomes para manter a coesão de um
confere sentido ao que lê (2013, p.31). texto é essencial, evitando-se repetições desnecessá-
rias que tornam o texto cansativo para o leitor. Como
A seguir iremos nos deter aos processos de coesão a classe de pronomes é vasta, vamos enfatizar neste
importantes para uma boa compreensão e elaboração estudo os principais pronomes utilizados em recursos
textual. É importante destacar que esses processos textuais para manter a coesão.
de coesão não podem ser dissociados da construção A pronominalização é a base de recursos anafóri-
de sentidos implícita no processo de organização da cos e recuperam porções textuais ou ainda um nome
coerência. No entanto, como nossa finalidade é tornar específico a que o autor faz referência no texto. Veja-
seu aprendizado mais fácil, separamos esses conceitos mos dois exemplos:
com fins estritamente didáticos.

COESÃO REFERENCIAL O primeiro debate entre Donald Trump e Joe


Biden foi quente, com diversas interrupções e acu-
A coesão é marcada por processos referenciais sações pesadas. […] O primeiro ponto discutido foi
que relaciona termos e ideias a partir de mecanismos a indicação de Trump da juíza conservadora Amy
que inserem ou retomam uma porção textual. Os pro- Barrett para a Suprema Corte, depois da morte de
cessos marcados pela referenciação caracterizam-se Ruth Bader Ginsburg. O presidente defendeu que
pela construção de referentes em um texto, os quais tem esse direito, pois os republicanos têm maioria
no Senado [Casa que ratifica essa escolha] e criticou
se relacionam com as ideias defendidas no texto. Esse
os democratas, dizendo “que eles ainda não aceita-
processo é marcado por vocábulos gramaticais e pode
ram que perderam a eleição”. […].
ser reconhecido pelo uso de algumas classes de pala-
O segundo ponto discutido foi a covid-19. Os
vras, das quais falaremos a seguir.
EUA são o país mais atingido pela pandemia - são
Antes, porém, faz-se mister reconhecer os proces- 7 milhões de casos e mais de 200 mil mortos. O
sos referenciais que envolvem o uso de expressões âncora Chris Wallace perguntou aos dois o que eles
anafóricas e catafóricas. Conforme Cavalcante (2013), fariam até que uma vacina aparecesse. Biden ata-
“as expressões que retomam referentes já apresenta- cou o republicano dizendo que Trump “não tem um
dos no texto por outras expressões são chamadas de plano para essa tragédia”. Já Trump começou sua
anáforas”. Vejamos o exemplo a seguir: resposta atacando a China - “deveriam ter fechado
suas fronteiras no começo” -, colocou em dúvida as
estatísticas da Rússia e da própria China e, com pou-
O Rocky Balboa era um humilde lutador de bair- ca modéstia, disse que fez um “excelente trabalho”
ro, que vivia de suas discretas lutas, no início de nesse momento dos EUA.
sua carreira. Segundo seu treinador Mickey, Rocky
era um jovem promissor, mas nunca se interessou Fonte: https://br.noticias.yahoo.com/eleicoes-eua-
realmente em evoluir, preferiu trabalhar para um debate-025314998.html. Acessado em: 30/09/2020. Adaptado.
agiota italiano chamado Tony Gazzo, com quem
manteve uma certa amizade. Gazzo gostava de Após a leitura do texto, é possível notar que a recu-
Rocky por ele ser descendente de italiano e o aju- peração da informação apresentada é feita a partir de
dou dando US$ 500,00 para o seu treinamento, na muitos processos de coesão, porém, o uso dos prono-
primeira luta que fez com Apollo Creed. mes destacados recupera o assunto informado e ajuda
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Rocky_Balboa. Acessado em:
o leitor a construir seu posicionamento. É importante
30/09/2020. Adaptado. buscar sempre o elemento a que o pronome faz refe-
rência; por exemplo, o primeiro pronome pessoal
A partir da leitura, podemos perceber que todos os destacado no texto refere-se ao termo “republicanos”,
termos destacados fazem referência a um mesmo refe- já o segundo, faz referência aos presidenciáveis que
rente: Rocky Balboa. O processo de referenciação utiliza- participavam do debate. Nota-se, com isso, que esses
do foi o uso de anáforas que assumem variadas formas pronomes apontam para uma parcela objetiva do tex-
gramaticais e buscam conectar as ideias do texto. to, diferente do pronome “essa”, associado ao subs-
Já os processos referenciais catafóricos apontam tantivo “tragédia”, que recupera uma parcela textual
para porções textuais que ainda não foram mencio- maior, fazendo referência ao momento de pandemia
nadas anteriormente no texto, conforme o exemplo a pelo qual o mundo passa.
seguir: “Os documentos requeridos para os candidatos O uso de pronomes pode ser um aliado na construção
são estes: Identidade, CPF, Título de eleitor e reservista” da coesão, porém, o uso inadequado pode gerar ambi-
guidades, ocasionando o efeito oposto e prejudicando a
Dica coesão. Ex.: Encontrei Matheus, Pedro e sua mulher.
Não é possível saber qual dos homens estava
Em provas de concursos e seleções, ainda se acompanhado.
encontra a terminologia “expressões referenciais Por fim, destacamos que as classes de palavras
catafóricas”, remetendo ao uso já indicado no relacionadas neste capítulo com os processos de coe-
material. No entanto, é importante salientar que, são não podem ser vistas apenas sob a ótica descriti-
para linguistas e estudiosos, as anáforas são os va-normativa, amplamente estudada nas gramáticas
processos referenciais que recuperam e/ou apon- escolares.
22 tam para porções textuais.
O interesse das principais bancas de concursos Todas as marcações em negrito fazem referência
públicos é avaliar a capacidade interpretativa e racio- ao nome inicial Antônio Carlos Belchior; os termos
nal dos candidatos, dessa feita, a análise de processos que se referem a esse nome inicial são expressões
coesivos visa analisar a capacidade do candidato de nominalizadoras que servem para ligar ideias e cons-
reconhecer a que e qual elemento está construindo as truir o texto.
referências textuais.
USO DE ADJETIVOS
USO DE NUMERAIS
Os adjetivos também são considerados expres-
O uso de categorias gramaticais concorre para a sões nominalizadoras que fazem referência a uma
progressão textual; uma das classes gramaticais que porção textual ou a uma ideia referida no texto. No
auxilia esse processo é o uso de numerais. exemplo acima, a oração “Belchior foi um cantor,
Neste subtópico, iremos focar no valor coesivo que compositor, músico, produtor, artista plástico
essa classe promove, auxiliando na ligação de ideias e professor” apresenta seis nomes que funcionam
em um texto. Dessa forma, as expressões quantitati- como adjetivos de Belchior e, ao mesmo tempo, acres-
vas, em algumas circunstâncias, retomam dados ante- centam informações sobre essa personalidade, referi-
riores numa relação de coesão. da anteriormente.
Ex.: Foram deixados dois avisos sobre a mesa: o É importante recordar que não podemos identifi-
primeiro era para os professores, o segundo para os car uma classe de palavra sem avaliar o contexto em
alunos. que ela está inserida. No exemplo mencionado, as
As formas destacadas são numerais ordinais que palavras cantor, compositor, músico, produtor, artis-
recuperam informação no texto, evitando a repetição ta, professor são substantivos que funcionam como
de termos e auxiliando no desenvolvimento textual. adjetivos e colaboram na construção textual.

USO DE ADVÉRBIOS USO DE VERBOS VICÁRIOS


Muitos advérbios auxiliam no processo de recupe- O vocábulo vicário é oriundo do latim vicarius e
ração e instauração de ideias no texto, auxiliando o
significa “fazer as vezes”; assim, os verbos vicários
processo de coesão. As formas adverbias que marcam
são verbos usados em substituição de outros que já
tempo e espaço podem também ser denominadas de
foram muito utilizados no texto.
marcadores dêiticos, caso dos seguintes elementos:
Ex.: A disputa aconteceu, mas não foi como nós
Hoje, aqui, acolá, amanhã, ontem...
esperávamos.
Percebam que esses advérbios só podem ser asso-
O verbo “acontecer” foi substituído na segunda
ciados a um referente se forem instaurados no discur-
oração pelo verbo “foi”.
so, isto é, se mantiverem associação com as pessoas
que produzem as falas. Assim, uma pessoa que lê
“hoje não haverá aula” em um cartaz na porta de uma ALGUNS VERBOS VICÁRIOS IMPORTANTES
sala compreenderá que a marcação temporal refere-
-se ao momento em que a leitura foi realizada. Por
isso, esses elementos são conhecidos como dêiticos. Ser: “Ele trabalha, porém não é tanto assim”
Independentemente de como são chamados, esses Fazer: “Poderíamos concordar plenamente, mas não o
elementos colaboram para a ligação de ideias no tex- fizemos”
to, auxiliando também a construção da coesão textual. Aceitar: “Se ele não acatar a promoção não aceita por
falta de interesse”
USO DE NOMINALIZAÇÃO Foi: “Se desistiu da vaga, foi por motivos pessoais”

As expressões que retomam ideias e nomes, já


apresentados no texto, mediante outras formas de USO DE ELIPSE
expressão, podem ser analisadas como processos
nominalizadores, incluindo substantivos, adjetivos e A elipse é uma forma de omissão de uma informa-
outras classes nominais. ção já mencionada no texto. Geralmente, estudamos
Essas expressões recuperam informações median- a elipse mais detalhadamente na seção de figuras de
te novos nomes inseridos no texto, ou ainda, com o linguagem de uma gramática; neste material, iremos
uso de pronomes. Vejamos um exemplo: nos deter a maiores aspectos da elipse também nes-
sa seção. Aqui é importante salientar as propriedades
LÍNGUA PORTUGUESA

Antônio Carlos Belchior, mais conhecido como Bel- recategorizadoras e referenciais da elipse, com o pro-
chior foi um cantor, compositor, músico, produtor, pósito de manter a coesão textual.
artista plástico e professor brasileiro. Um dos mem- Conforme Antunes (2005, p. 118), a elipse como
bros do chamado Pessoal do Ceará, que inclui Fagner, recurso coesivo “corresponde à estratégia de se omitir
Ednardo, Amelinha e outros. Bel foi um dos primeiros um termo, uma expressão ou até mesmo uma sequên-
cantores de MPB do nordeste brasileiro a fazer sucesso cia maior (uma frase inteira, por exemplo) já introdu-
internacional, em meados da década de 1970. zidos anteriormente em outro segmento do texto, mas
recuperável por marcas do próprio contexto verbal”.

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Belchior. Acessado em:


30/09/2020. Adaptado.

23
Vejamos como ocorre, a partir do segmento abaixo: Uso de Paráfrase

A paráfrase é um recurso de reiteração que propor-


“O Brasil evoluiu bastante desde o
início do século XXI. O país propor- ciona maior esclarecimento sobre o assunto tratado no
cionou a inclusão social de muitas texto. A paráfrase é utilizada para voltar a falar sobre
pessoas. A nação obteve notorieda- SEM ELIPSE algo utilizando-se de outras palavras.
de internacional por causa disso. A Conforme Antunes (2005, p. 63), “alguma coisa é
pátria, porém, ainda enfrenta certas dita outra vez, em outro ponto do texto, embora com
adversidades...” palavras diferentes”.
Vejamos o seguinte exemplo:
“O Brasil evoluiu bastante desde o
início do século XXI e proporcionou a
inclusão social de muitas pessoas, por Ceará goleia Fortaleza no Fortaleza é goleado pelo
COM ELIPSE Castelão. Ceará no Castelão.
causa disso obteve notoriedade inter-
nacional, porém ainda enfrenta certas
adversidades...” Os textos acima poderiam ser manchetes de jornais
da capital cearense. A forma como o texto se apresen-
COESÃO SEQUENCIAL ta indica que a ênfase dada ao nome dos times, em
posições diferentes, cumpre um papel importante na
A coesão sequencial é responsável por organi- progressão temática do texto.
zar a progressão temática do texto, isto é, garantir a Além dessa função, a paráfrase pode ser marcada pelo
manutenção do tema tratado pelo texto de maneira a uso de expressões textuais bem características, como: em
promover a evolução do debate assumido pelo autor. outras palavras, em outros termos, isto é, quer dizer, em
Essa coesão pode ser garantida, em um texto, a partir resumo, em suma, em síntese etc. Essas expressões indi-
de locuções que marcam tempo, conjunções, desinên- cam que algo foi dito e passará a ser ressignificado no tex-
cias e modos verbais. Neste material, mais especifica- to, garantindo a informatividade do texto.
mente em “Conjunção” de Classe de Palavras, iremos
nos deter, sobretudo, aos processos de conjunções que Uso de Paralelismo
são utilizadas para garantir a progressão textual.
As ideias similares devem fazer a correspondência
COESÃO RECORRENCIAL entre si; a essa organização de ideias no texto, dá-se o
nome de paralelismo. Quando as construções de frases
Uso de Repetições e orações são semelhantes, ocorre o paralelismo sin-
tático. Quando há sequência de expressões simétricas
As recorrências de repetições em textos são comu- no plano das ideias e coerência entre as informações,
mente recusadas pelos mestres da língua portuguesa. ocorre o paralelismo semântico ou paralelismo de
Sobretudo, quando o assunto é redação, muitos pro- sentido.
fessores recomendam em uníssono: evite repetir pala-
vras e expressões!
ESTRUTURAS QUE SEMPRE DEVEM SER USADAS
No entanto, a repetição é um recurso coesivo
JUNTAS
essencial para manter a progressão temática do texto,
isto é, para que o tema debatido no texto não seja per- Não só..., mas também; não apenas..., mas ainda; não
dido, levando o escritor a fugir da temática. tanto...quanto; ora...ora; seja...seja, etc.
Embora também não recomendemos as repetições
exageradas no texto, sabemos valorizar seu uso ade- Além disso, é preciso respeitar a estrutura sintáti-
quado em um texto; por isso, apresentamos, a seguir, ca a qual a frase está inserida; vejamos um exemplo
alguns usos comuns dessa estratégia coesiva. em que houve quebra de paralelismo:
“É necessário estudar e que vocês se ajudem”
– Errado.
CONTEXTOS DE USO ADEQUADO DE REPETIÇÕES “É necessário que vocês se ajudem e que estudem”
O candidato foi encontra- – Correto.
do com duzentos milhões Devemos manter a organização das orações, pois
Marcar ênfase não podemos coordenar orações reduzidas com ora-
de reais na mala, duzen-
tos milhões! ções desenvolvidas, é preciso manter o paralelismo
e deixá-las ou somente desenvolvida ou somente
Marcar contraste Existem Políticos e políticos. reduzidas.
No tocante ao paralelismo semântico, a ideia é
“Agora que sentei na minha a mesma, porém deixamos de analisar os pares no
cadeira de madeira, junto à âmbito sintático e passamos ao plano das ideias. Veja-
minha mesa de madeira,
mos o seguinte exemplo:
colocada em cima deste
“Por um lado, os manifestantes agiram corre-
assoalho de madeira, olho
Marcar a continuidade tamente, por outro podem não ter agido errado”
minhas estantes de ma-
temática – Incorreto.
deira e procuro um livro
“Por um lado, os manifestantes agiram correta-
feito de polpa de madeira
mente, por outro podem ter causado prejuízo à popu-
para escrever um artigo
lação” – Correto.
contra o desmatamento
“Encontrei duas pessoas conhecidas na rua: uma
florestal” Millôr Fernandes.
24 foi sua irmã e a outra estava bem” – Incorreto.
“Encontrei duas pessoas conhecidas na rua: uma Isso significa que essas palavras podem ser usadas
foi sua irmã e a outra foi minha prima” – Correto. dentro de determinado contexto como sinônimos.
Conhecimentos com algumas questões de concurso.

Importante!
SIGNIFICAÇÃO CONTEXTUAL DE É relevante destacar que o campo semântico está
PALAVRAS E EXPRESSÕES sempre “aberto”, ou seja, novas palavras podem
ser incorporadas a qualquer momento a um cam-
Estudar os campos semânticos quer dizer enten- po semântico, desde que faça sentido a este.
der o que cada palavra significa, tanto individual-
mente quanto em um determinado contexto. Aqui,
trataremos de contexto porque há situações nas quais A seguir, veremos exemplos de campos semânticos
uma palavra pode ter mudança de significado pela de algumas palavras da língua portuguesa:
influência de outras. A semântica classifica as pala-
vras em relação ao contexto e em relação ao sentido z Brincadeira: Divertimento, distração, piada, goza-
da palavra isolada. ção, palhaçada, zoação;
Podemos relacionar campos semânticos ao con- z Breve: Rápido, curto, ligeiro, resumido, conciso,
ceito de polissemia. No entanto, não se trata da mes- abreviado, pouca duração;
ma coisa. Polissemia é quando uma mesma palavra z Cansaço: Canseira, fadiga, esgotado, pregado, lom-
é capaz de assumir diversos significados, a depender beira, prostrado, exausto;
do contexto de uso. Podemos citar como exemplo de
z Conta: Fatura, cálculo, consideração, nota, estima-
palavras polissêmicas:
tiva, avaliação, estima;
z Fabricar: Construir, montar, criar, projetar, edifi-
z Banco:
car, confeccionar, fazer, elaborar;
z Natureza: Espécie, meio ambiente, natural, tipo,
„ Local que administra recursos financeiros: On-
tem, os bancos entraram em greve; temperamento, caráter, gênio;
„ Objeto para sentar: Os bancos da praça vão ser z Nota: Bilhete, dinheiro, grana, som, anotação,
trocados por modelos mais novos; cédula, comentário;
„ Verbo bancar no presente: Eu banco as contas z Partir: Sair, ir embora, dar o fora, sumir, morrer,
da minha família. quebrar, espatifar;
z Expressões relacionadas à morte: Bater as botas,
z Boca: passou dessa para melhor, não está mais entre nós,
falecer, apagar, bater as botas, passar para um pla-
„ Parte do corpo: Um beijo é um segredo que se no superior, apagar, foi para o céu etc.
diz na boca e não no ouvido. (Jean Rostand);
„ Abertura da garrafa: Quero saber onde está a Podemos concluir, portanto, que o campo semânti-
tampa pra essa boca; co de determinada palavra ou expressão é um conjun-
„ Metonímia para indicar quantidade de pessoas to de palavras que podem ser utilizadas para alcançar
que vão comer: Na minha casa comem seis o objetivo comunicativo. Essas palavras, por vezes,
bocas. estão no nosso conhecimento prévio da língua. Utili-
zando esses conjuntos, torna-se mais simples a comu-
z Folha: nicação cotidiana.

„ Papel: Preciso comprar uma resma de folhas; SINÔNIMOS E ANTÔNIMOS


„ Partes das árvores na natureza: No outono, a
cidade fica cheia de folhas nas ruas. Sinonímia

z Letra: São palavras ou expressões que, empregadas em


um determinado contexto, têm significados seme-
„ Caligrafia: A letra dessa menina é muito bonita!;
lhantes. É importante entender que a identidade dos
„ Símbolo do alfabeto: O alfabeto brasileiro so-
sinônimos é ocasional, ou seja, em alguns contextos
freu alterações no número de letras;
uma palavra pode ser empregada no lugar de outra,
„ Sequência de frases (letra de música): A letra
LÍNGUA PORTUGUESA

dessa canção é muito profunda. o que pode não acontecer em outras situações. O
uso das palavras “chamar”, “clamar” e “bradar”, por
z Manga: exemplo, pode ocorrer de maneira equivocada se uti-
lizadas como sinônimos, uma vez que a intensidade
„ Fruta: Preciso comprar manga para a salada de de suas significações é diferente.
frutas do lanche; O emprego dos sinônimos é um importante recurso
„ Parte de uma roupa: Prefiro camisas de manga para a coesão textual, uma vez que essa estratégia reve-
curta. la, além do domínio do vocabulário do falante, a capa-
cidade que ele tem de realizar retomadas coesivas, o
Assim, é possível estabelecer conjuntos de pala- que contribuiu para melhor fluidez na leitura do texto.
vras que juntas significam a mesma coisa, ou seja,
pertencem ao mesmo campo semântico. 25
Antonímia
CLASSES DE PALAVRAS: EMPREGO
São palavras ou expressões que, empregadas em E SENTIDO QUE IMPRIMEM ÀS
um determinado contexto, têm significados opostos.
As relações de antonímia podem ser estabelecidas em
RELAÇÕES QUE ESTABELECEM
gradações (grande/pequeno; velho/jovem); reciproci-
SUBSTANTIVO
dade (comprar/vender) ou complementaridade (ele é
casado/ele é solteiro). Vejamos o exemplo a seguir: Os substantivos classificam os seres em geral. Uma
característica básica dessa classe é admitir um deter-
minante, artigo, pronome etc. Os substantivos flexio-
nam-se em gênero, número e grau.

Tipos de Substantivos

A classificação dos substantivos admite nove tipos


diferentes de substantivos. São eles:

z Simples: Formados a partir de um único radical.


Ex.: vento, escola;
z Composto: Formados pelo processo de justaposi-
ção. Ex.: couve-flor, aguardente;
z Primitivo: Possibilitam a formação de um novo
substantivo. Ex.: pedra, dente;

Fonte: https://bit.ly/3kETkpl. Acesso em: 16/10/2020. z Derivado: Formados a partir dos primitivos. Ex.:
pedreiro, dentista;
A relação de sentido estabelecida na tirinha é cons- z Concreto: Designam seres com independência
truída a partir dos sentidos opostos das palavras “prende” ontológica, ou seja, um ser que existe por si, inde-
e “solta”, marcando o uso de antônimos, nesse contexto. pendente da sua conotação espiritual ou real. Ex.:
Deus, fada, carro;
SENTIDO PRÓPRIO E FIGURADO DAS PALAVRAS
z Abstrato: Indica estado, sentimento, ação, quali-
Denotação dade. Ex.: coragem, Liberalismo;
z Comum: Designam determinados seres e lugares.
O sentido denotativo da linguagem compreende Ex.: homem, cidade;
o significado literal da palavra independente do seu
contexto de uso. Preocupa-se com o significado mais z Próprio: Designam uma determinada espécie. Ex.:
Maria, Fortaleza;
objetivo e literal associado ao significado que aparece
nos dicionários. A denotação tem como finalidade dar z Coletivo: Usados no singular, designam um con-
ênfase à informação que se quer passar para o recep- junto de uma mesma espécie. Ex: pinacoteca,
tor de forma mais objetiva, imparcial e prática. Por manada.
isso, é muito utilizada em textos informativos, como
notícias, reportagens, jornais, artigos, manuais didá- É importante destacar que a classificação de um
ticos, entre outros. substantivo depende do contexto em que ele está inse-
Ex.: O fogo se alastrou por todo o prédio. (fogo: rido. Vejamos:
chamas) Judas foi um apóstolo (Judas = Próprio).
O amigo se mostrou um judas (judas = traidor/
O coração é um músculo que bombeia sangue para
comum).
o corpo. (coração: parte do corpo)
Flexão de Gênero
Conotação
Os gêneros do substantivo são masculinos e femi-
O sentido conotativo compreende o significado ninos. Porém, alguns admitem apenas uma forma
figurado e depende do contexto em que está inserido. para os dois gêneros, são, por isso, chamados de uni-
A conotação põe em evidência os recursos estilísticos formes. Os substantivos uniformes podem ser:
dos quais a língua dispõe para expressar diferen-
tes sentidos ao texto de maneira subjetiva, afetiva e z Comuns-de-dois-gêneros: designam seres huma-
poética. A conotação tem como finalidade dar ênfase nos e sua diferença é marcada pelo artigo. Ex.: o
à expressividade da mensagem de maneira que ela pianista / a pianista; o gerente / a gerente; o cliente
possa provocar sentimentos ou diferentes sensações / a cliente; o líder / a líder.
no leitor. Por esse motivo, é muito utilizada em poe- z Epicenos: designam animais ou plantas que apre-
sias, conversas cotidianas, letras de músicas, anúncios sentam distinção entre masculino e feminino; a
publicitários e outros. diferença é marcada pelo uso do adjetivo macho
Ex.: “Amor é fogo que arde sem se ver”. ou fêmea. Ex.: cobra macho / cobra fêmea; onça
Você mora no meu coração. macho / onça fêmea; gambá macho / gambá fêmea;
26 girafa macho / girafa fêmea.
z Sobrecomuns: designam seres de forma geral que z Ermitão: ermitãos, ermitões, ermitães.
não são distinguidos por artigo ou adjetivo, o gêne-
z Ancião: anciãos, anciões, anciães.
ro pode ser reconhecido apenas pelo contexto. Ex.:
A criança; O monstro; A testemunha; O indivíduo. z Vilão: vilãos, vilões, vilães.

Os substantivos biformes, como o nome indi- Podemos, ainda, associar às palavras paroxítonas
ca, designam os substantivos que apresentam duas que terminam em -ão o acréscimo do -s. Ex.: órgão /
formas para os gêneros masculino ou feminino. Ex.: órgãos; órfão / órfãos.
professor/professora.
Destacamos que alguns substantivos apresentam Plural dos Substantivos Compostos
formas diferentes nas terminações para designar for-
mas diferentes no masculino e no feminino: Os substantivos compostos são aqueles formados
por justaposição; o plural dessas formas obedece às
Ex.: Ator/atriz; Ateu/ ateia; Réu/ré. seguintes regras:

Outros substantivos modificam o radical para z Variam os dois elementos:


designar formas diferentes no masculino e no femini-
no, estes são chamados de substantivos heteroformes: substantivo + substantivo:
Ex.: mestre-sala / mestres-salas;
Ex.: Pai/mãe; Boi/vaca; Genro/nora.
Substantivo + adjetivo:
Gênero e Significação Ex.: guarda-noturno / guardas - noturnos;

É importante salientar que alguns substantivos Adjetivo + substantivo:


uniformes podem aparecer com marcação de gênero Ex.: boas-vindas;
diferente, ocasionando uma modificação no sentido.
Veja, por exemplo: Numeral + substantivo:
Ex.: terça-feira / terças - feiras.
z A testemunha: pessoa que presenciou um crime;
z O testemunho: relato de experiência, associado a z Varia apenas um elemento:
religiões.
Substantivo + preposição + substantivo.
Algumas formas substantivas mantêm o radical, Ex.: canas-de-açúcar;
mas a alteração do gênero interfere no significado:
Substantivo + substantivo (com função adjetiva).
z O cabeça: chefe / a cabeça: membro o corpo; Ex.: navios-escola.
z O moral: ânimo / a moral: costumes sociais;
z O rádio: aparelho / a rádio: estação de transmissão. Palavra invariável + palavra invariável.
Ex.: abaixo-assinados.
Além disso, algumas palavras na língua causam
dificuldade na identificação do gênero, pois são usa- Verbo + substantivo.
das em contextos informais com gêneros diferentes, é Ex.: guarda-roupas.
o caso de: a alface; a cal; a derme; a libido; a gênese;
a omoplata / o guaraná; o catolicismo; o formicida; o Redução + substantivo.
telefonema; o trema. Ex.: bel-prazeres.
Algumas formas que não apresentam, necessaria-
mente, relação com o gênero, são admitidas tanto no Destacamos, ainda, que os substantivos compostos
masculino quanto no feminino: O personagem / a per- formados por verbo + advérbio e verbo + substan-
sonagem; O laringe / a laringe; O xerox / a xerox. tivo plural ficam invariáveis. Ex.: Os bota-fora; os
saca-rolha.
Flexão de Número
Variação de Grau
Os substantivos flexionam-se em número, de manei-
ra geral, pelo acréscimo do morfema -s: Casa / casas. A flexão de grau dos adjetivos exprime a variação
Porém, podem apresentar outras terminações: de tamanho dos seres, indicando um aumento ou uma
LÍNGUA PORTUGUESA

males, reais, animais, projéteis etc. Geralmente, deve- diminuição.


mos acrescentar -es ao singular das formas termina-
das em R ou Z, como: flor / flores; paz / pazes. Porém, z Grau aumentativo: quando o acréscimo de sufi-
há exceções, como mal/males. xos aos substantivos indicar um grau aumentativo.
Já os substantivos terminados em AL, EL, OL, UL Ex.: bocarra, homenzarrão, gatalhão, cabeçorra,
fazem plural trocando-se o L final por -is. Ex.: coral fogaréu, boqueirão, poetastro.
/ corais; papel / papéis; anzol / anzóis. Mas também
há exceções. Ex.: a forma mel apresenta duas formas z Grau diminutivo: quando o acréscimo de sufi-
aceitas meles e méis. xos aos substantivos indicar um grau diminutivo.
Geralmente, as palavras terminadas em -ão fazem Ex.: fontinha, lobacho, casebre, vilarejo, saleta,
plural com o acréscimo do -s ou pelo acréscimo de -es. pequenina, papelucho.
Ex.: capelães, capitães, escrivães. Contudo, há subs-
tantivos que admitem até três formas de plural: 27
Dica É importante destacar que mais do que “decorar”
formas adjetivas e suas respectivas locuções, é fun-
O emprego do grau aumentativo ou diminutivo damental reconhecer as principais características de
dos substantivos pode alterar o sentido das pala- uma locução adjetiva: caracterizar o substantivo e
vras, podendo assumir um valor: apresentar valor de posse. Ex.: Viu o crime pela aber-
Afetivo: filhinha; tura da porta; A abertura de conta pode ser realiza-
Pejorativo: mulherzinha / porcalhão. da on-line.
Quando a locução adjetiva é composta pela pre-
O Novo Acordo Ortográfico e o Uso de Maiúsculas posição “de”, ela pode ser confundida com a locução
adverbial. Nesse caso, para diferenciá-las, é importan-
O novo acordo ortográfico estabelece novas regras te perceber que a locução adjetiva apresenta valor de
para o uso de substantivos próprios, exigindo o uso posse, pois, nesse caso, o meio usado pelo sujeito para
da inicial maiúscula. Dessa forma, devemos usar com ver “o crime”, indicado na frase, foi pela abertura da
letra maiúscula as iniciais das palavras que designam: porta. Além disso, a locução destacada está caracteri-
zando o substantivo “abertura”.
z Nomes de instituições. Ex.: Embaixada do Brasil; Já na segunda frase, a locução destacada é adver-
Ministério das Relações Exteriores; Gabinete da bial, pois quem sofre a “ação” de ser aberta é a “con-
Vice-presidência. ta”, o que indica o valor de passividade da locução,
z Títulos de obras. Ex.: Memórias póstumas de Brás demonstrando seu caráter adverbial.
Cubas. Caso a obra apresente em seu título um As locuções adjetivas também desempenham fun-
nome próprio, este também deverá ser escrito com ção de adjetivo e modificam substantivos, pronomes,
inicial maiúscula. numerais, oração substantiva. Ex.: amor de mãe, café
z Nomenclatura legislativa especificada deve ser com açúcar.
escrita com inicial maiúscula. Ex.: Lei de Diretri- Já as locuções adverbiais desempenham função
zes e Bases da Educação (LDB). de advérbio. Modificam advérbios, verbos, adjetivos,
orações adjetivas com esses valores. Ex.: morreu de
z Períodos e eventos históricos. Ex.: Revolta da
fome; agiu com rapidez.
Vacina; Guerra Fria.
Adjetivo de Relação
Em palavras com hífen, podemos optar pelo uso
de maiúsculas ou minúsculas, portanto, são aceitas as
formas: Vice-Presidente; Vice-presidente e vice-pre- No estudo dos adjetivos, é fundamental estudar
sidente, porém é preciso manter a mesma forma em o aspecto morfológico designado como “adjetivo de
todo o texto. Já nomes próprios compostos por hífen relação”, muito cobrado por bancas de concursos.
devem ser escritos com as iniciais maiúsculas: Grã- Para identificar um adjetivo de relação, observe as
-Bretanha, Timor-Leste. seguintes características:

ADJETIVO z Seu valor é objetivo, não podendo, portanto, apre-


sentar meios de subjetividade. Ex.: Em “Menino
Os adjetivos associam-se aos substantivos garan- bonito”, o adjetivo não é de relação, já que é sub-
tindo a estes um significado mais preciso. Os adjetivos jetivo, pois a beleza do menino depende dos olhos
podem indicar: de quem o descreve.
z Posição posterior ao substantivo: os adjetivos de
z Qualidade: professor chato. relação sempre são posicionados após o substanti-
z Estado: aluno triste. vo. Ex.: casa paterna.
z Aspecto, aparência: estrada esburacada.
z Derivado do substantivo: derivam-se do substan-
Locuções Adjetivas tivo por derivação prefixal ou sufixal.
z Não admitem variação de grau: os graus compa-
As locuções adjetivas apresentam o mesmo valor rativo e superlativo não são admitidos.
dos adjetivos, indicando as mesmas características
deles. Alguns exemplos de adjetivos relativos: Presiden-
Elas são formadas por preposição + substantivo, te americano (não é subjetivo; posicionado após o
referindo-se a outro substantivo ou expressão subs- substantivo; derivado de substantivo; não existe a
tantivada, atribuindo-lhe o mesmo valor adjetivo. forma variada em grau “americaníssimo”); platafor-
A seguir, colocamos algumas locuções adjetivas ma petrolífera; economia mundial; vinho francês;
com valores diferentes ao lado da forma adjetiva, roteiro carnavalesco.
importantes para seu estudo:
Variação de Grau
z Voo de águia / aquilino;
z Poder de aluno / discente; O adjetivo pode variar em dois graus: Compara-
z Cor de chumbo / plúmbeo; tivo ou superlativo. Cada um deles apresenta suas
z Bodas de cobre / cúprico; respectivas categorias.
z Sangue de baço / esplênico;
z Grau comparativo: exprime a característica de
z Nervo do intestino / celíaco ou entérico; um ser, comparando-o com outro da mesma classe
28 z Noite de inverno / hibernal ou invernal. nos seguintes sentidos:
„ Igualdade: igual a, como, tanto quanto, tão quanto;
„ Superioridade: mais do que;
„ Inferioridade: menos do que.
Ex.: Somos tão complexos quanto simplórios (comparativo de igualdade);
O amor é mais suficiente do que o dinheiro (comparativo de superioridade);
Homens são menos engajados do que mulheres (comparativo de inferioridade).

z Grau superlativo: em relação ao grau superlativo, é importante considerar que o valor semântico desse grau
apresenta variações, podendo indicar:

„ Característica de um ser elevada ao último grau: Superlativo absoluto, que pode ser analítico (associado
ao advérbio) ou sintético (associação de prefixo ou sufixo ao adjetivo);
„ Característica de um ser relacionada com outros indivíduos da mesma classe: Superlativo relativo,
que pode ser de superioridade (O mais) ou de inferioridade (O menos)
Ex.: O candidato é muito humilde (Superlativo absoluto analítico).
O candidato é humílimo (Superlativo absoluto sintético).
O candidato é o mais humilde dos concorrentes? (Superlativo relativo de superioridade).
O candidato é o menos preparado entre os concorrentes à prefeitura (Superlativo relativo de inferioridade).

Ao compararmos duas qualidades de um mesmo ser, devemos empregar a forma analítica (mais alta, mais
magra, mais bonito etc.).

Ex.: A modelo é mais alta que magra.


Porém, se uma mesma característica se referir a seres diferentes, empregamos a forma sintética (melhor,
pior, menor etc.).
Ex.: Nossa sala é menor que a sala da diretoria.

Formação dos Adjetivos

Os adjetivos podem ser primitivos, derivados, simples ou compostos.

z Primitivos: são os Adjetivos que não derivam de outras palavras e, a partir deles, é possível formar novos
termos. Ex.: útil, forte, bom, triste, mau etc.
z Derivados: são formados a partir dos adjetivos primitivos. Ex.: bondade, lealdade, mulherengo etc.
z Simples: Os adjetivos simples apresentam um único radical. Ex.: português, escuro, honesto etc.
z Compostos: são formados a partir da união de dois ou mais radicais. Ex.: verde-escuro, luso-brasileiro, ama-
relo-ouro etc.

Dica
O plural dos adjetivos simples é realizado da mesma forma que o plural dos substantivos.

Plural dos Adjetivos Compostos

O plural dos adjetivos compostos segue as seguintes regras:

z Invariável: adjetivos compostos como azul-marinho, azul-celeste, azul-ferrete; locuções formadas de cor +
de + substantivo, como em cor-de-rosa, cor-de-cáqui; adjetivo + substantivo, como tapetes azul-turquesa,
camisas amarelo-ouro.
z Varia o último elemento: 1º elemento é palavra invariável, como em mal-educados, recém-formados; adjeti-
vo + adjetivo, como em lençóis verde-claros, cabelos castanho-escuros.
LÍNGUA PORTUGUESA

Adjetivos Pátrios

Os adjetivos pátrios também são conhecidos como gentílicos e designam a naturalidade ou nacionalidade dos
seres.
O sufixo -ense, geralmente, designa a origem de um ser relacionada a um estado brasileiro. Ex.: amazonense,
fluminense, cearense.
Uma outra curiosidade sobre os adjetivos pátrios diz respeito ao adjetivo brasileiro, formado com o sufixo
-eiro, costumeiramente usado para designar profissões.
O gentílico que designa nossa nacionalidade teve origem com as pessoas que comercializavam o pau-brasil,
esse ofício dava-lhes a alcunha de “brasileiros”, termo que passou a indicar os nascidos em nosso país.
29
Veja abaixo alguns deles:

ARTIGO

Os artigos devem concordar em gênero e número com os substantivos. São, por isso, considerados determi-
nantes dos substantivos.
Essa classe está dividida em artigos definidos e artigos indefinidos: os primeiros funcionam como determinan-
tes objetivos, individualizando a palavra, já os segundos funcionam como determinantes imprecisos.

z Artigos definidos: o, os; a, as.


z Artigos indefinidos: um, uns; uma, umas.

Os artigos podem ser combinados às preposições: são as chamadas contrações. Algumas contrações comuns na
língua são: em + a = na; a + o = ao; a + a = à; de + a = da.
Toda palavra determinada por um artigo torna-se um substantivo! Ex.: o não, o porquê, o cuidar etc.

NUMERAL

Palavra que se relaciona diretamente ao substantivo, inferindo ideia de quantidade ou posição.


Os numerais podem ser:

z Cardinais: indicam quantidade em si. Ex.: dois potes de sorvete; zero coisas a comprar; ambos os meninos
eram bons em português.

30
z Ordinais: indicam a ordem de sucessão de uma Pronomes Pessoais
série. Ex.: foi o segundo colocado do concurso; che-
gou em último/penúltimo/antepenúltimo lugar. Os pronomes pessoais designam as pessoas do dis-
curso; algumas informações relevantes sobre eles são:
z Multiplicativos: indicam o aumento proporcio-
nal de uma quantidade. Ex.: Ele ganha o triplo no
novo emprego. PRONOMES PRONOMES
PESSOAS DO CASO DO CASO
z Fracionários: indicam a diminuição proporcio-
RETO OBLÍQUO
nal de uma quantidade. Ex.: Tomou um terço
de vinho; o copo estava meio cheio; ele recebeu 1º pessoa do Me, mim,
metade do pagamento. eu
singular comigo

Um numeral ou um artigo? 2º pessoa do


tu Te, ti, contigo
singular
A forma um pode assumir na língua a função de
3º pessoa do Se, si, consigo,
artigo indefinido ou de numeral cardinal; então, como ele/ela
singular o, a, lhe
podemos reconhecer cada função? É preciso observar
o contexto em uso. 1ª pessoa do
nós Nos, conosco.
Durante a votação, houve um deputado que se plural
posicionou contra o projeto.
2º pessoa do
vós Vos, convosco
z Durante a votação, apenas um deputado se posi- plural
cionou contra o projeto. 3º pessoa do Se, si, consigo,
eles/elas
plural os, as, lhes
Na primeira frase, podemos substituir o termo um
por uma, realizando as devidas alterações sintáticas, e
Os pronomes pessoais do caso reto costumam
o sentido será mantido, pois o que se pretende defen-
substituir o sujeito. Ex.: Pedro é bonito / Ele é bonito.
der é que a espécie do indivíduo que se posicionou
Já os pronomes pessoais oblíquos costumam funcio-
contra o projeto é um deputado e não uma deputada,
nar como complemento verbal ou adjunto. Ex.: Eu a vi
por exemplo.
com o namorado; Maura saiu comigo.
Já na segunda oração, a alteração do gênero não
implicaria em mudanças no sentido, pois o que se
z Os pronomes que estarão relacionados ao objeto
pretende indicar é que o projeto foi rejeitado por UM
direto são: O, a, os, as, me, te, se, nos, vos. Ex.: Infor-
deputado, marcando a quantidade.
mei-o sobre todas as questões.
Outra forma de notarmos a diferença é ficarmos
atentos com a aparição das expressões adverbiais, o z Já os que se relacionam com o objeto indireto são:
que sempre fará com que a palavra “um” seja numeral. Lhe, lhes, (me, te, se, nos, vos – complementados
Sobre o numeral milhão/milhares, importa desta- por preposição). Ex.: Já lhe disse tudo (disse tudo
car que sua forma é masculina, logo, o artigo que pre- a ele).
cede será sempre no masculino
Devemos lembrar que todos os pronomes pessoais
z Errado: As milhares de vacinas chegaram hoje. são pronomes substantivos; além disso, é importan-
te saber que eu e tu não podem ser regidos por pre-
z Correto: Os milhares de vacina chegaram hoje.
posição e que os pronomes ele(s), ela (s), nós e vós
podem ser retos ou oblíquos, dependendo da função
Dica que exercem.
A forma 14 por extenso apresenta duas for- Os pronomes oblíquos tônicos são pronunciados
com força e precedidos de preposição. Costumam ter
mas aceitas pela norma gramatical: catorze e
função de complemento:
quatorze.
z 1ª pessoa: Mim, comigo (singular); nós, conosco
PRONOME (plural).

Pronomes são palavras que representam ou acom- z 2ª pessoa: Ti, contigo (singular); vós, convosco
panham um termo substantivo. Dessa forma, a função (plural).
dos pronomes é substituir ou determinar uma pala-
LÍNGUA PORTUGUESA

z 3ª pessoa: Si, consigo (singular ou plural); ele (s), ela (s)


vra. Os pronomes indicam: pessoas, relações de pos-
se, indefinição, quantidade, localização no tempo, no Importante lembrar que não devemos usar prono-
espaço e no meio textual, entre tantas outras funções. mes do caso reto como objeto ou complemento ver-
Destacamos, ainda, que os pronomes exercem bal, como em: “mate ele”. Contudo, o gramático Celso
papel importante na análise sintática e também na Cunha destaca que é possível usar os pronomes do
interpretação textual, pois colaboram para a comple- caso reto como complemento verbal, desde que ante-
mentação de sentido de termos essenciais da oração, cedidos pelos vocábulos “todos”, “só”, “apenas” ou
além de estruturar a organização textual, contribuin- “numeral”. Ex.: Encontrei todos eles na festa; Encon-
do para a coesão e também para a coerência de um trei apenas ela na festa.
texto. Após a preposição “entre”, em estrutura de reci-
procidade, devemos usar os pronomes oblíquos tôni-
cos. Ex.: Entre mim e ele não há segredos. 31
Pronomes de Tratamento z Variáveis: Algum, Alguma / Alguns, Algumas;
Nenhum, Nenhuma / Nenhuns, Nenhumas; Todo,
Os pronomes de tratamento são formas que expres- Toda/ Todos, Todas; Outro, Outra / Outros, Outras;
sam uma hierarquia social institucionalizada linguis- Muito, Muita / Muitos, Muitas; Tanto, Tanta / Tan-
ticamente. As formas de pronomes de tratamento tos, Tantas; Quanto, Quanta / Quantos, Quantas;
apresentam algumas peculiaridades importantes: Pouco, Pouca / Poucos, Poucas etc.
z Invariáveis: Alguém; Ninguém; Tudo; Outrem;
z Vossa: designa a pessoa a quem se fala (relativo a Nada; Cada; Quem; Menos; Mais; Que.
2ª pessoa), apesar disso, os verbos relacionados a
esse pronome devem ser flexionados na 3ª pessoa
As palavras certo e bastante serão pronomes
do singular. Ex: Vossa excelência deve conhecer a indefinidos quando vierem antes do substantivo, e
Constituição. serão adjetivos quando vierem depois. Ex.: Busco cer-
z Sua: designa a pessoa de quem se fala (relativo to modelo de carro (Pronome indefinido) / Busco o
a 3ª pessoa). Ex.: Sua excelência, o presidente do modelo de carro certo (adjetivo).
Supremo Tribunal, fará um pronunciamento hoje A palavra bastante frequentemente gera dúvida
à noite. quanto a ser advérbio, adjetivo ou pronome indefini-
do, por isso, fique atento:
Os pronomes de tratamento estabelecem uma hie-
rarquia social na linguagem, ou seja, a partir das for- z Bastante (advérbio): será invariável e equivalen-
mas usadas, podemos reconhecer o nível de discurso te ao termo “muito”. Ex.: Elas são bastante famosas.
e o tipo de poder instituídos pelos falantes.
Por isso, é eficaz reconhecer que alguns pronomes z Bastante (adjetivo): será variável e equivalente
de tratamento só devem ser utilizados em contextos ao termo “suficiente”. Ex.: A comida e a bebida não
cujos interlocutores sejam reconhecidos socialmen- foram bastantes para a festa.
te por suas funções, como juízes, reis, clérigos, entre z Bastante (Pronome indefinido): “Bastantes ban-
outras. Dessa forma, apresentamos alguns pronomes cos aumentaram os juros”
de tratamento com as funções sociais que designam:
Pronomes Demonstrativos
z Vossa Alteza (V. A.): Príncipes, duques, arquidu-
ques e seus respectivos femininos; Os pronomes demonstrativos indicam a posição e
z Vossa Eminência (V. Ema.): Cardeais; apontam elementos a que se referem as pessoas do dis-
z Vossa Excelência (V. Exa.): Autoridades do governo curso (1ª, 2ª e 3ª). Essa posição pode ser designada por
e das Forças Armadas membros do alto escalão; eles no tempo, no espaço físico ou no espaço textual.
z Vossa Majestade (V. M.): Reis, imperadores e seus
z 1ª pessoa: Este, Estes / Esta, Estas.
respectivos femininos;
z 2ª pessoa: Esse, Esses / Essa, Essas.
z Vossa Reverendíssima (V. Rev. Ma.): Sacerdotes; z 3ª pessoa: Aquele, Aqueles / Aquela, Aquelas.
z Vossa Senhoria (V. Sa.): Funcionários públicos gra- z Invariáveis: isto, isso, aquilo.
duados, oficiais até o posto de coronel, tratamento
cerimonioso a comerciantes importantes; Usamos este, esta, isto para indicar:
z Vossa Santidade (V. S.): Papa;
z Vossa Excelência Reverendíssima (V. Exa. Revma.): z Referência ao espaço físico, indicando a proximi-
Bispos. dade de algo ao falante. Ex.: Esta caneta aqui é
minha; Entreguei-lhe isto como prova.
Os exemplos anteriores fazem referência a pro- z Referência ao tempo presente. Ex.: Esta semana
nomes de tratamento e suas respectivas designações começarei a dieta; Neste mês, pagarei a última
sociais conforme indica o Manual de Redação Oficial prestação da casa.
da Presidência da República; portanto, essas designa- z Referência ao espaço textual. Ex.: Encontrei Joana
ções devem ser seguidas com atenção quando o gêne- e Carla no shopping, esta procurava um presente
ro textual abordado for um gênero oficial. para o marido (o pronome refere-se ao último ter-
Sobre o uso das abreviaturas das formas de trata- mo mencionado).
mento, é importante destacar:
O plural de algumas abreviaturas é feito com letras
Usamos esse, essa, isso para indicar:
dobradas, como: V. M. / VV. MM.; V. A. / VV. AA.
Porém, na maioria das abreviaturas terminadas
com a letra a, por exemplo, o plural é feito com o z Referência ao espaço físico, indicando o afasta-
acréscimo do s: V. Exa. / V. Exas.; V. Ema. / V.Emas. mento de algo de quem fala. Ex.: Essa sua gravata
combinou muito com você.
O tratamento adequado a Juízes de Direito é Meri-
tíssimo Juiz. O tratamento dispensado ao Presidente z Pode indicar distância que se deseja manter. Ex.:
da República nunca deve ser abreviado. Não me fale mais nisso; A população não confia
nesses políticos.
Pronomes Indefinidos z Referência ao tempo passado. Ex.: Nessa semana,
eu estava doente; Esses dias estive em São Paulo.
Os pronomes indefinidos indicam quantidade de z Referência a algo já mencionado no texto/ na fala.
maneira vaga e sempre devem ser utilizados na 3ª Ex.: Continuo sem entender o porquê de você ter
pessoa do discurso. Os pronomes indefinidos podem falado sobre isso; Sinto uma energia negativa nes-
32 variar e podem ser invariáveis, vejamos: sa sua expressão.
Usamos aquele, aquela, aquilo para indicar: termos que devem ser um possuidor e uma coisa
possuída. Ex.: A matéria cuja aula faltei foi Língua
z Referência ao espaço físico, indicando afastamen- portuguesa (o relativo cuja está ligando aula (pos-
to de quem fala e de quem ouve. Ex.: Margarete, suidor) a matéria (coisa possuída).
quem é aquele ali perto da porta?
O relativo cujo deve concordar em gênero e núme-
z Referência a um tempo muito remoto, um passado
ro com a coisa possuída.
muito distante. Ex.: Naquele tempo, podíamos dor-
Jamais devemos inserir um artigo após o pronome
mir com as portas abertas; Bons tempos aqueles!
cujo: Cujo o, cuja a
z Referência a um afastamento afetivo. Ex.: Não Não podemos substituir cujo por outro pronome
conheço aquela mulher. relativo;
O pronome relativo cujo pode ser preposiciona-
z Referência ao espaço textual, indicando o primeiro do. Ex.: Esse é o vilarejo por cujos caminhos percorri.
termo de uma relação expositiva. Ex.: Saí para lan- Para encontrar o possuidor faça-se a seguinte per-
char com Ana e Beatriz, esta preferiu beber chá, gunta: “de quem/do que?” Ex.: Vi o filme cujo dire-
aquela, refrigerante. tor ganhou o Óscar (diretor do que? Do filme.); Vi o
rapaz cujas pernas você se referiu (pernas de quem?
Dica Do rapaz.)
O pronome “mesmo” não pode ser usado em
z Emprego do pronome relativo onde: empregado
função demonstrativa referencial, veja:
para indicar locais físicos. Ex.: Conheci a cidade
O candidato fez a prova, porém o mesmo esque-
onde meu pai nasceu.
ceu de preencher o gabarito. errado. Em alguns casos, pode ser preposicionado, assumin-
O candidato fez a prova, porém esqueceu de do as formas aonde e donde. Ex.: Irei aonde você for.
preencher o gabarito. correto. O relativo onde pode ser empregado sem antece-
dente. Ex.: O carro atolou onde não havia ninguém.
Pronomes Relativos
z Emprego de o qual: o pronome relativo o qual e
Uma das classes de pronomes mais complexas, os suas variações (os quais, a qual, as quais) é usa-
pronomes relativos têm função muito importante na do em substituição a outros pronomes relativos,
língua, refletida em assuntos de grande relevância sobretudo o que, a fim de evitar fenômenos lin-
em concursos, como a análise sintática. Dessa forma, guísticos, como queísmo. Ex.: O Brasil tem um pas-
é essencial conhecer adequadamente a função desses sado do qual (que) ninguém se lembra.
elementos a fim de saber utilizá-los corretamente. O pronome o qual pode auxiliar na compreensão
Os pronomes relativos referem-se a um substantivo textual, desfazendo estruturas ambíguas.
ou a um pronome substantivo, mencionado anterior-
mente. A esse nome (substantivo ou pronome mencio- Pronomes Interrogativos
nado anteriormente) chamamos de antecedente.
São pronomes relativos: São utilizados para introduzir uma pergunta ao tex-
to e se apresentam de formas variáveis (Que? Quais?
z Variáveis: O qual, os quais, cujo, cujos, quanto, Quanto? Quantos?) e invariáveis (Que? Quem?). Ex.:
quantos / A qual, as quais, cuja, cujas, quanta, O que é aquilo? Quem é ela? Qual sua idade? Quantos
quantas. anos tem seu pai?
z Invariáveis: Que, quem, onde, como. O ponto de interrogação só é usado nas interroga-
tivas diretas. Nas indiretas, aparece apenas a intenção
z Emprego do pronome relativo que: pode ser asso- interrogativa, indicada por um verbo como: pergun-
ciado a pessoas, coisas ou objetos. Ex.: Encontrei tar, indagar etc. Ex.: Indaguei quem era ela.
o homem que desapareceu; O cachorro que esta- Os pronomes interrogativos que e quem são pro-
va doente morreu; A caneta que emprestei nunca nomes substantivos.
recebi de volta.
Pronomes Possessivos
Em alguns casos, há a omissão do antecedente do
relativo que. Ex.: Não teve que dizer (não teve nada Os pronomes possessivos referem-se às pessoas do
que dizer). discurso e indicam posse:

z Emprego do relativo quem: seu antecedente deve


LÍNGUA PORTUGUESA

ser uma pessoa ou objeto personificado. Ex.: Fomos 1ª pessoa Meu, minha, meus, minhas
nós quem fizemos o bolo. SINGULAR 2ª pessoa Teu, tua, teus, tuas
O pronome relativo quem pode fazer referência a algo 3ª pessoa Seu, sua, seus, suas
subentendido: Quem cala consente (aquele que cala). 1ª pessoa Nosso, nossa, nossos, nossas
PLURAL 2ª pessoa Vosso, vossa, vossos, vossas
z Emprego do relativo quanto: seu antecedente
3ª pessoa Seu, sua, seus, suas
deve ser um pronome indefinido ou demonstra-
tivo, pode sofrer flexões. Ex.: Esqueci-me de tudo
Os pronomes pessoais oblíquos (me, te, se, lhe, o,
quanto foi me ensinado; Perdi tudo quanto pou-
a, nos, vos) também podem atribuir valor possessivo
pei a vida inteira.
a uma coisa. Ex.: Apertou-lhe a mão (a sua mão). Ain-
z Emprego do relativo cujo: deve ser empregado da que o pronome esteja ligado ao verbo pelo hífen, a
para indicar posse e aparecer relacionando dois relação do pronome é com o objeto da posse. 33
Outras funções dos pronomes possessivos: z Futuro do presente: indica um fato que deve ser
realizado em um momento vindouro. Ex.: Estuda-
z Delimitam o substantivo a que se referem; rei bastante ano que vem.
z Concordam com o substantivo que vem depois dele; z Futuro do pretérito: expressa um fato posterior
z Não concordam com o referente; em relação a outro fato já passado. Ex.: Estudaria
muito, se tivesse me planejado.
z O pronome possessivo que acompanha o substan-
tivo exerce função sintática de adjunto adnominal. A partir dessas informações, podemos também iden-
tificar os verbos conjugados nos tempos simples e nos
VERBO tempos compostos. Os tempos verbais simples são for-
mados por uma única palavra, ou verbo, conjugado no
Certamente, a classe de palavras mais complexa e presente, passado ou futuro; já os tempos compostos são
importante dentre as palavras da língua portuguesa é formados por dois verbos, um auxiliar e um principal,
o verbo. A partir dos verbos, são estruturados as ações nesse caso, o verbo auxiliar é o único a sofrer flexões.
e os agentes desses atos, além de ser uma importante Agora, vamos conhecer as desinências modo-temporais
classe sempre abordada nos editais de concursos; por dos tempos simples e compostos, respectivamente:
isso; fique atento às nossas dicas.
Os verbos são palavras variáveis que se flexionam Flexões modo-temporais – tempos simples
em número, pessoa, modo e tempo, além da designa-
ção da voz que exprime uma ação, um estado ou um
MODO MODO
fato. TEMPO
INDICATIVO SUBJUNTIVO
As flexões verbais são marcadas por desinências
que podem ser: número-pessoal, indicando se o -e (1ªconjugação)
verbo está no singular ou plural, bem como em qual Presente * e -a ( 2ª e 3ª
pessoa verbal foi flexionado (1ª, 2ª ou 3ª); modo-tem- conjugações)
poral, que indica em qual modo e tempo verbais a Pretérito -ra (3ª pessoa do
*
ação foi realizada; iremos apresentar estas desinên- perfeito plural)
cias a seguir. Antes, porém, de abordarmos as desi- -va (1ª conjuga-
nências modo-temporais, precisamos explicar o que Pretérito
ção) -ia (2ª e 3ª -sse
são o modo e o tempo verbais: imperfeito
conjugações)
Pretérito
Modos
mais-que-per- -ra *
feito
Indica a atitude da ação/sujeito frente a uma rela-
ção enunciada pelo verbo. Futuro -rá e -re -r
Futuro do
-ria *
z Indicativo: exprime atitude de certeza. Ex.: Estu- pretérito
dei muito para ser aprovado.
* Nem todas as formas verbais apresentam desi-
z Subjuntivo: exprime atitude de dúvida, desejo ou
nências modo-temporais.
possibilidade. Ex.: Se eu estudasse, seria aprovado.
z Imperativo: designa ordem, convite, conselho, súpli- Flexões Modo-Temporais – Tempos Compostos
ca ou pedido. Ex.: Estuda! Assim, serás aprovado. (Indicativo)

Tempos z Pretérito perfeito composto: Verbo auxiliar: TER


(presente do indicativo) + verbo principal particí-
O tempo designa o recorte temporal em que a ação pio. Ex.: Tenho estudado.
verbal foi realizada. Basicamente, podemos indicar z Pretérito mais-que-perfeito composto: Verbo auxi-
o tempo dessa ação no Passado, Presente ou Futuro. liar: TER (pretérito imperfeito do indicativo) + ver-
Porém, existem ramificações específicas. bo principal no particípio. Ex.: Tinha passado.

z Presente: pode expressar não apenas um fato z Futuro composto: Verbo auxiliar: TER (futuro do
atual, como também uma ação habitual. Ex.: indicativo) + verbo principal no particípio. Ex.:
Estudo todos os dias no mesmo horário. Terei saído.
Uma ação passada. z Futuro do pretérito composto: Verbo auxiliar: TER
Ex.: Vargas assume o cargo e instala uma ditadura. (futuro do pretérito simples) + verbo principal no
Uma ação futura. particípio. Ex.: Teria estudado.
Ex.: Amanhã, estudo mais! (equivalente a estudarei)
z Pretérito perfeito: ação realizada plenamente no Flexões Modo-Temporais – Tempos Compostos
passado. Ex.: Estudei até ser aprovado. (Subjuntivo)
Pretérito imperfeito: ação inacabada, que pode
indicar uma ação frequentativa, vaga ou durativa. z Pretérito perfeito composto: Verbo auxiliar: TER
(presente o subjuntivo) + Verbo principal particí-
Ex.: Estudava todos os dias.
pio. Ex.: (que eu) Tenha estudado.
Pretérito mais-que-perfeito: ação anterior à ou-
tra mais antiga. Ex.: Quando notei, a água já trans- z Pretérito mais-que-perfeito composto: Verbo auxi-
34 bordara da banheira. liar: TER (pretérito imperfeito do subjuntivo) +
verbo principal no particípio. Ex.: (se eu) Tivesse
PRETÉRITO PERFEITO
estudado PRESENTE INDICATIVO
INDICATIVO
z Futuro composto: Verbo auxiliar: TER (futuro sim- Eu canto Cantei
ples do subjuntivo) + verbo principal no particípio.
Tu cantas Cantaste
Ex.: (quando eu) tiver estudado.
Ele/ você canta Cantou
Formas Nominais do Verbo e Locuções Verbais Nós cantamos Cantamos
Vós cantais Cantastes
As formas nominais do verbo são as formas infi-
nitiva, particípio e gerúndio que eles assumem em Eles/ vocês cantam Cantaram
determinados contextos. São chamadas nominais pois
funcionam como substantivos, adjetivo ou advérbios. z Irregulares: os verbos irregulares apresentam
alteração no radical e nas desinências verbais, por
z Gerúndio: é marcado pela terminação -NDO, seu isso recebem esse nome, pois sua conjugação ocor-
valor indica duração de uma ação e, por vezes, re irregularmente, seguindo um paradigma pró-
pode funcionar como um advérbio ou um adjetivo. prio para cada grupo verbal. Perceba como ocorre
Ex.: Olhando para seu povo, o presidente se uma sutil diferença na conjugação do verbo estar
compadeceu. que utilizamos como exemplo, isso é importante
para não confundir os verbos irregulares com os
z Particípio: é marcado pelas terminações -ado, verbos anômalos. Ex.: Verbo estar.
-ido, -do, -to, -go, -so, corresponde nominalmente
ao adjetivo, pode flexionar-se, em alguns casos, em
número e gênero. PRETÉRITO PERFEITO
PRESENTE INDICATIVO
Ex.: A Índia foi colonizada pelos ingleses. INDICATIVO

z Infinitivo: forma verbal que indica a própria ação Eu estou Estive


do verbo, ou o estado, ou, ainda, o fenômeno desig-
nado. Pode ser pessoal ou impessoal. Tu estás Estiveste

Ele/ você está Esteve


„ Pessoal: o infinitivo pessoal é passível de con-
jugação, pois está ligado às pessoas do discurso. Nós estamos Estivemos
É usado na formação de orações reduzidas. Ex.:
Comer eu; Comermos nós; É para aprenderem Vós estais Estivestes
que ele ensina. Eles/ vocês estão Estiveram
„ Impessoal: não é passível de flexão. É o nome
do verbo, servindo para indicar apenas a con-
z Anômalos: esses verbos apresentam profundas
jugação. Ex.: Estudar - 1ª conjugação; Comer - 2ª
alterações no radical e nas desinências verbais,
conjugação; Partir - 3ª conjugação.
consideradas anomalias morfológicas, por isso,
recebem essa classificação. Um exemplo bem
O infinitivo impessoal forma locuções verbais ou
usual de verbos dessa categoria é o verbo ser. Na
orações reduzidas.
língua portuguesa, apenas dois verbos são classi-
ficados dessa forma, os verbos ser e ir. Vejamos a
„ Locuções verbais: sequência de dois ou mais ver-
conjugação do verbo ser:
bos que funcionam como um verbo. Ex.: Ter de
+ verbo principal no infinitivo: Ter de trabalhar
para pagar as contas; Haver de + verbo principal PRETÉRITO PERFEITO
PRESENTE INDICATIVO
no infinitivo: Havemos de encontrar uma solução. INDICATIVO

Não confunda locuções verbais com tempos com- Eu sou Fui


postos. O particípio formador de tempo composto na Tu és Foste
voz ativa não se flexiona. Ex.: O homem teria realiza-
do sua missão. Ele/ você é Foi

Nós somos Fomos


Classificação dos Verbos
Vós sois Fostes
LÍNGUA PORTUGUESA

Os verbos são classificados quanto a sua forma de


conjugação e podem ser divididos em: regulares, irre- Eles/ vocês são Foram
gulares, anômalos, abundantes, defectivos, pronomi-
nais, reflexivos, impessoais e os auxiliares, além das Os verbos ser e ir são irregulares, porém, apresen-
formas nominais. Vamos conhecer as particularida- tam uma forma específica de irregularidade, que oca-
des de cada um a seguir: siona uma anomalia em sua conjugação, por isso, são
classificados como anômalos.
z Regulares: os verbos regulares são os mais fáceis
de compreender, pois apresentam regularidade no z Abundantes: são formas verbais abundantes
uso das desinências, ou seja, as terminações ver- os verbos que apresentam mais de uma forma
bais. Da mesma forma, os verbos regulares man- de particípio aceitas pela norma culta grama-
têm o paradigma morfológico com o radical, que tical. Geralmente, apresentam uma forma de
permanece inalterado. Ex.: Verbo cantar. particípio regular e outra irregular; falaremos 35
disso posteriormente, quando trataremos das for- O verbo fazer também poderá ser impessoal,
mas nominais do verbo. Vejamos alguns verbos quando indicar tempo decorrido ou tempo climáti-
abundantes: co. Ex.: Faz anos que estudo para concursos; Aqui faz
muito calor.
Os verbos impessoais não apresentam sujeito; sin-
PARTICÍPIO PARTICÍPIO taticamente, classificamos como sujeito inexistente.
INFINITIVO
REGULAR IRREGULAR

Acender Acendido Aceso Dica


Afligir Afligido Aflito O verbo ser será impessoal quando o espaço
sintático ocupado pelo sujeito não estiver preen-
Corrigir Corrigido Correto chido: “Já é natal”. Segue o mesmo paradigma
Encher Enchido Cheio do verbo fazer, podendo ser impessoal, tam-
bém, o verbo IR: “vai uns bons anos que não vejo
Fixar Fixado Fixo Mariana”

� Defectivos: são verbos que não apresentam algu- z Verbos Auxiliares: os verbos auxiliares são
mas pessoas conjugadas em suas formas, gerando empregados nas formas compostas dos verbos e
um defeito na conjugação, por isso o nome. São também nas locuções verbais. Os principais verbos
defectivos os verbos colorir, precaver, reaver. auxiliares dos tempos compostos são ter e haver.
Esses verbos não são conjugados na primeira pessoa
do singular do presente do indicativo. Bem como: Nas locuções, os verbos auxiliares determinam a
Aturdir, exaurir, explodir, esculpir, extorquir, feder, concordância verbal, porém, o verbo principal deter-
fulgir, delinquir, demolir, puir, ruir, computar, colo- mina a regência estabelecida na oração.
rir, carpir, banir, brandir, bramir, soer. Apresentam forte carga semântica que indica
Verbos que expressam onomatopeias ou fenôme- modo e aspecto da oração; tratamos mais desse assun-
nos temporais também apresentam essa caracte- to no tópico verbos auxiliares no final da gramática.
rística, como latir, bramir, chover. São importantes na formação da voz passiva
analítica.
� Pronominais: esses verbos apresentam um pro-
nome oblíquo átono integrando sua forma verbal;
z Formas Nominais: na língua portuguesa, usamos
é importante lembrar que esses pronomes não
três formas nominais dos verbos:
apresentam função sintática. Predominantemen-
te, os verbos pronominas apresentam transitivida-
de indireta, ou seja, são VTI. Ex.: Sentar-se „ Gerúndio: terminação -NDO. Apresenta valor
durativo da ação e equivale a um advérbio ou
adjetivo. Ex.: Minha mãe está rezando.
PRETÉRITO PERFEITO
PRESENTE INDICATIVO „ Particípio: terminações: -ADO, -IDO, -DO, -TO,
INDICATIVO
-GO, -SO. Apresenta valor adjetivo e pode ser
Eu me sento Sentei-me classificado em particípio regular e irregular,
sendo as formas regulares finalizadas em -ADO
Tu te sentas Sentaste-te e -IDO.
Ele/ você se senta Sentou-se
A norma culta gramatical recomenda o uso do par-
Nós nos sentamos Sentamo-nos ticípio regular com os verbos ter e haver, já com os
verbos ser e estar, recomenda-se o uso do particípio
Vós vos sentais Sentastes-vos irregular. Ex.: Os policiais haviam expulsado os ban-
Eles/ vocês se sentam Sentaram-se didos / Os traficantes foram expulsos pelos policiais.

„ Infinitivo: marca as conjugações verbais.


z Reflexivos: são os verbos que apresentam pro-
AR: verbos que compõem a 1ª conjugação (AmAR,
nome oblíquo átono reflexivo, funcionando sinta-
PasseAR);
ticamente como objeto direto ou indireto. Nesses
ER: verbos que compõem a 2ª conjugação (ComER,
verbos, o sujeito sofre e pratica a ação verbal ao
pÔR);
mesmo tempo. Ex.: Ela se veste mal; Nós nos cum-
IR: verbos que compõem a 3ª conjugação (Par-
primentamos friamente.
tIR, SaIR)
z Impessoais: são verbos que designam fenômenos O verbo pôr corresponde à segunda conjuga-
da natureza, como chover, trovejar, nevar etc. ção, pois origina-se do verbo poer, o mesmo
acontece com verbos que deste derivam.
O verbo haver com sentido de existir ou marcando
tempo decorrido também será impessoal. Ex.: Havia Vozes Verbais
muitos candidatos e poucas vagas; Há dois anos, fui
aprovado em concurso público. As vozes verbais definem o papel do sujeito na
Os verbos ser e estar também são verbos impes- oração, demonstrando se o sujeito é o agente da ação
soais, quando designam fenômeno climático ou tempo. verbal ou se ele recebe a ação verbal.
Ex.: Está muito quente!; Era tarde quando chegamos.
O verbo ser para indicar hora, distância ou data z Ativa: O sujeito é o agente, praticando a ação ver-
36 concorda com esses elementos. bal. Ex.: O policial deteve os bandidos.
z Passiva: O sujeito é paciente, sofre a ação verbal. Outra importante característica do SE como índi-
Ex.: Os bandidos foram detidos pelo policial – pas- ce de indeterminação do sujeito ocorre em verbos
siva analítica; Detiveram-se os criminosos – pas- transitivos indiretos, verbos intransitivos ou verbos
siva sintética. de ligação. Além disso, o verbo sempre deverá estar
z Reflexiva: O sujeito é agente e paciente ao mesmo na 3ª pessoa do singular. Ex.: Acredita-se em Deus.
tempo, pois o sujeito pratica e recebe a ação ver-
z Pronome reflexivo: na função de pronome refle-
bal. Ex.: Os bandidos se entregaram à polícia.
xivo, a partícula SE indicará reflexão ou recipro-
z Recíproca: O sujeito é agente e paciente ao mesmo cidade, auxiliando a construção dessas vozes
tempo, porém percebemos que há uma ação com- verbais, respectivamente. Nessa função, suas prin-
partilhada entre dois indivíduos. Ex.: Os bandidos cipais características são:
se olharam antes do julgamento.
„ Sujeito recebe e pratica a ação;
A voz passiva é realizada a partir da troca de „ funcionará, sintaticamente, como objeto direto
funções entre sujeito e objeto da voz ativa; falamos ou indireto;
melhor desse processo no capítulo funções do SE em „ o sujeito da frase poderá estar explícito ou
verbos transitivos direto. implícito. Ex.: Ele se via no espelho / Deu-se um
Só podemos transformar uma frase da voz ativa presente de aniversário.
para a voz passiva se o verbo for transitivo direto ou
transitivo direto e indireto, logo, só há voz passiva z Parte integrante do verbo: nesses casos, o SE será
com a presença do objeto direto. parte integrante dos verbos pronominais, acompa-
A voz reflexiva indica uma ação praticada e rece- nhando-o em todas as suas flexões. Quando o SE
bida pelo sujeito ao mesmo tempo; essa relação pode exerce essa função, jamais terá uma função sin-
ser alcançada com apenas um indivíduo que pratica e tática. Além disso, o sujeito da frase poderá estar
sofre a ação. Ex.: O menino se agrediu. explícito ou implícito. Ex.: (Ele/a) Lembrou-se da
Ou a ação pode ser compartilhada entre dois ou mais mãe, quando olhou a filha.
indivíduos que praticam e sofrem a ação. Ex.: Apesar
z Partícula de realce: será partícula de realce o SE
do ódio mútuo, os candidatos se cumprimentaram.
que puder ser retirado do contexto sem prejuízo no
No último caso, a voz reflexiva é também chamada
sentido e na compreensão global do texto. A partícu-
de recíproca, por isso, fique atento.
Não confunda os verbos pronominais com as la de realce não exerce função sintática, pois é desne-
vozes verbais. Os verbos pronominais que indicam cessária. Ex.: Vão-se os anéis, ficam-se os dedos.
sentimentos, como arrepender-se, queixar-se, dignar- z Conjunção: o SE será conjunção condicional,
-se, entre outros acompanham um pronome que faz quando sugerir a ideia de condição. A conjunção
parte integrante do seu significado, diferentemente SE exerce função de conjunção integrante, ape-
das vozes verbais que acompanham o pronome SE nas ligando as orações e poderá ser substituída
com função sintática própria. pela conjunção caso. Ex.: Se ele estudar, irá ser
aprovado.
Outras Funções do “SE”
Conjugação de Verbos Derivados
O SE pode funcionar como item essencial na voz
passiva; além dessa função, esse elemento também Vamos conhecer agora alguns verbos cuja conjuga-
acumula outras atribuições. Vejamos: ção apresenta paradigma derivado, auxiliando a com-
preensão dessas conjugações verbais.
z Partícula apassivadora: a voz passiva sintética é O verbo criar é conjugado da mesma forma que os
feita com verbos transitivos direto (TD) ou transiti- verbos “variar”, “copiar”, “expiar” e todos os demais
vos direto indireto (TDI). Nessa voz, incluímos o SE que terminam em -iar. Os verbos com essa termina-
junto ao verbo, por isso o elemento SE é designado ção são, predominantemente, regulares.
partícula apassivadora, nesse contexto. Ex.: Busca-
-se a felicidade (voz passiva sintética) – SE (partícu-
la apassivadora) PRESENTE - INDICATIVO
O SE exercerá essa função apenas:
Eu Crio
„ Com verbos cuja transitividade seja TD ou TDI; Tu Crias
„ Verbos concordam com o sujeito;
LÍNGUA PORTUGUESA

„ Com a voz passiva sintética. Ele/Você Cria

Nós Criamos
Lembramos que na voz passiva nunca haverá objeto
direto (OD), pois ele se transforma em sujeito paciente. Vós Criais

z Índice de indeterminação do sujeito: o SE fun- Eles/Vocês Criam


cionará nessa condição quando não for possível
identificar o sujeito explícito ou subentendido. Os verbos terminados em -ear, por sua vez, geral-
Além disso, não podemos confundir essa função mente, são irregulares e apresentam alguma modi-
do SE com a de apassivador, já que para ser índi- ficação no radical ou nas desinências. Assim como o
ce de indeterminação do sujeito a oração precisa verbo passear, são derivados dessa terminação os
estar na voz ativa. verbos: 37
Ainda assim, julgamos pertinente apresentar algu-
PRESENTE - INDICATIVO
mas funções basilares exercidas pelo advérbio:
Eu Passeio
z Dúvida: Talvez, caso, porventura, quiçá etc.
Tu Passeias
z Intensidade: Bastante, bem, mais, pouco etc.
Ele/Você Passeia
z Lugar: Ali, aqui, atrás, lá etc.
Nós Passeamos
z Tempo: Jamais, nunca, agora etc.
Vós Passeais z Modo: Assim, depressa, devagar etc.
Eles/Vocês Passeiam
Novamente, chamamos sua atenção para a função
que o advérbio deve exercer na oração. Como disse-
Conjugação de Alguns Verbos
mos, essas palavras modificam um verbo, um adjetivo
ou um outro advérbio; por isso, para identificar com
Vamos agora conhecer algumas conjugações de
mais propriedade a função denotada pelos advérbios,
verbos irregulares importantes, que sempre são obje- é preciso perguntar: Como? Onde? Como? Por quê?
to de questões em concursos. As respostas sempre irão indicar circunstâncias
Fazem paradigma com o verbo aderir, mantendo adverbiais expressas por advérbios, locuções adver-
as mesmas desinências desse verbo, as formas biais ou orações adverbiais.
Vejamos como podemos identificar a classificação/
PRESENTE - INDICATIVO função adequada dos advérbios:

Eu Adiro z O homem morreu... de fome (causa); com sua


família (companhia); em casa (lugar); envergo-
Tu Aderes nhado (modo).
Ele/Você Adere z A criança comeu... demais (intensidade); ontem
Nós Aderimos (tempo); com garfo e faca (instrumento); às cla-
ras (modo).
Vós Aderis
Locuções Adverbiais
Eles/Vocês Aderem
As locuções adverbiais, como já mostramos ante-
riormente, são bem semelhantes às locuções adjeti-
PRESENTE - INDICATIVO vas. É importante saber que as locuções adverbiais
Eu Ponho apresentam um valor passivo.
Ex.: Ameaça de colapso.
Tu Pões
Nesse exemplo, o termo em negrito é uma locução
Ele/Você Põe adverbial, pois o valor é de passividade, ou seja, se
Nós Pomos invertermos a ordem e inserirmos um verbo na voz
passiva, a frase manterá seu sentido. Vejamos:
Vós Pondes
Colapso foi ameaçado: essa frase faz sentido e
Eles/Vocês Põem apresenta valor passivo, logo, sem o verbo, a locução
destacada anteriormente é adverbial.
São conjugados da mesma forma os verbos: dispor, Ainda sobre esse assunto, perceba que em locu-
interpor, sobrepor, compor, opor, repor, transpor, en- ções como esta: “Característica da nação”, o termo
trepor, supor. destacado não terá o mesmo valor passivo, pois não
aceitará a inserção de um verbo com essa função:
ADVÉRBIO Nação foi característica*: essa frase quebra a
estrutura gramatical da língua portuguesa, que não
Advérbios são palavras invariáveis que modificam admite voz passiva em termos com função de posse,
um verbo, um adjetivo ou um outro advérbio. Em caso das locuções adjetivas. Isso torna tal estrutura
alguns casos, os advérbios também podem modificar agramatical, por isso, inserimos um asterisco (*) para
uma frase inteira, indicando circunstância. indicar essa característica.
Os grandes cientistas da gramática da língua por-
tuguesa apresentam uma lista exaustiva com as fun- Dica
ções dos advérbios, porém; decorar as funções dos Locuções adverbiais apresentam valor passivo.
advérbios, além de desgastante, pode não ter o resul- Locuções adjetivas apresentam valor de posse.
tado esperado na resolução de questões de concurso.
Dessa forma, sugerimos que você fique atento às Com essa dica, esperamos que você seja capaz
principais funções designadas por um advérbio e, a de diferenciar essas locuções em questões; ademais,
partir delas, consiga interpretar a função exercida nos buscamos desenvolver seu aprendizado para que não
enunciados das questões que tratem dessa classe de seja preciso gastar seu valioso tempo decorando listas
palavras. de locuções adverbiais. Lembre-se: o sentido está no
38 texto.
Advérbios Interrogativos

Os advérbios interrogativos são, muitas vezes, confundidos com pronomes interrogativos. Para evitar essa
confusão, devemos saber que os advérbios interrogativos introduzem uma pergunta, exprimindo ideia de tempo,
modo ou causa.

Exs.:
Como foi a prova?
Quando será a prova?
Onde será realizada a prova?
Por que a prova não foi realizada?

De maneira geral, as palavras como, onde, quando e por que são advérbios interrogativos, pois não substi-
tuem nenhum nome de ser (vivo), exprimindo ideia de modo, lugar, tempo e causa.

Grau do Advérbio

Assim como os adjetivos, os advérbios podem ser flexionados nos graus comparativo e superlativo.
Vejamos as principais mudanças sofridas pelos advérbios quando flexionados em grau:

GRAU COMPARATIVO
NORMAL SUPERIORIDADE INFERIORIDADE IGUALDADE
Bem Melhor (mais bem*) - Tão bem
Mal Pior (mais mal*) - Tão mal
Muito Mais - -
Pouco Menos - -

Obs.: As formas “mais bem” e “mais mal” são aceitas quando acompanham o particípio verbal.

GRAU SUPERLATIVO

NORMAL ABSOLUTO SINTÉTICO ABSOLUTO ANALÍTICO RELATIVO


Bem Otimamente Muito bem Inferioridade
Mal Pessimamente Muito mal Superioridade
Muito Muitíssimo - Superioridade: o mais
Pouco Pouquíssimo - Superioridade: o menos

Advérbios e Adjetivos

O adjetivo é, uma classe de palavras variável, porém, quando se refere a um verbo, ele fica invariável, confun-
dindo-se com o advérbio.
Nesses casos, para ter certeza de qual é classe da palavra, basta tentar colocá-la no feminino ou no plural; caso
a palavra aceite uma dessas flexões, será adjetivo.
Ex.: A cerveja que desce redondo/ As cervejas que descem redondo.
Nesse caso, trata-se de um advérbio.

Palavras Denotativas

São termos que apresentam semelhança aos advérbios, em alguns casos são até classificados como tal, mas
LÍNGUA PORTUGUESA

não exercem função modificadora de verbo, adjetivo ou advérbio.


Sobre as palavras denotativas, é fundamental que você saiba identificar o sentido a elas atribuído, pois, geral-
mente, é isso que as bancas de concurso cobram.

z Eis: sentido de designação;


z Isto é, por exemplo, ou seja: sentido de explicação;
z Ou melhor, aliás, ou antes: sentido de ratificação;
z Somente, só, salvo, exceto: sentido de exclusão;
z Além disso, inclusive: sentido de inclusão.

Além dessas expressões, há, ainda, as partículas expletivas ou de realce, geralmente formadas pela forma ser
+ que (é que). A principal característica dessas palavras é que podem ser retiradas sem causar prejuízo sintático
ou semântico na frase. Ex.: Eu é que faço as regras / Eu faço as regras. 39
Outras palavras denotativas expletivas são: lá, cá, Combinações e Contrações
não, é porque etc.
As preposições podem ser contraídas com outras
Algumas Observações Interessantes classes de palavras, veja:

z O adjunto adverbial deve sempre vir posicionado z Preposição + artigo:


após o verbo ou complemento verbal, caso venha A + a, as, o, os: à, às, ao, aos.
deslocado, em geral, separamos por vírgulas. De + a, as, o, os, um, uns, uma, umas: da, das, do,
z Em uma sequência de advérbios terminados com o dos, dum, duns, duma, dumas.
sufixo -mente, apenas o último elemento recebe a Por + a, as, o, os: pela, pelas, pelo, pelos.
terminação destacada. Em + a, as, o, os, um, uns, uma, umas: na, nas, no,
nos, num, nuns, numa, numas.
PREPOSIÇÃO z Preposição + pronome demonstrativo:
A + aquele, aquela, aqueles, aquelas, aquilo: àque-
Conceito le, àqueles, àquela, àquelas, àquilo.
Em + este, esta, estes, estas, isto, esse, essa, esses,
São palavras invariáveis que ligam orações ou essas, isso, aquele, aquela, aqueles, aquelas, aqui-
outras palavras. As preposições apresentam funções lo: neste, nesta, nestes, nestas, nisto, nesse, nes-
importantes tanto no aspecto semântico quanto no sa, nesses, nessas, nisso, naquele, naquela, na-
aspecto sintático, pois complementam o sentido de queles, naquelas, naquilo.
verbos e/ou palavras cujo sentido pode ser alterado De + este, esta, estes, estas, isto, esse, essa, esses, es-
sem a presença da preposição, modificando a transiti- sas, isso, aquele, aquela, aqueles, aquelas, aquilo:
vidade verbal e colaborando para o preenchimento de deste, desta, destes, destas, disto, desse, dessa,
sentido de palavras deverbais1. desses, dessas, disso, daquele, daquela, daque-
As preposições essenciais são: a, ante, até, após, les, daquelas, daquilo.
com, contra, de, desde, em, entre, para, per, peran-
te, por, sem, sob, trás. z Preposição + advérbio:
Existem, ainda, as preposições acidentais, assim De + aqui, ali, além: daqui, dali, dalém.
chamadas pois pertencem a outras classes gramaticais, z Preposição + pronomes pessoais:
mas, ocasionalmente, funcionam como preposições. Em + ele, ela, eles, elas: nele, nela, neles, nelas.
Eis algumas: afora, conforme (quando equivaler a De + ele, ela, eles, elas: dele, dela, deles, delas.
“de acordo com”), consoante, durante, exceto, salvo,
segundo, senão, mediante, que, visto (quando equi- z Preposição + pronome relativo:
valer a “por causa de”). A + onde: aonde.
z Preposição + pronomes indefinidos:
Locuções Prepositivas De + outro, outras: doutro, doutros, doutra, doutras.

São grupos de palavras que equivalem a uma pre- Algumas Relações Semânticas Estabelecidas por
posição. Ex.: Falei sobre o tema da prova; Falei acerca Preposições
do tema da prova.
A locução prepositiva na segunda frase substitui É importante ressaltar que as preposições podem
perfeitamente a preposição sobre. As locuções pre- apresentar valor relacional ou podem atribuir um
positivas sempre terminam em uma preposição, e há valor nocional. As preposições que apresentam um
apenas uma exceção: a locução prepositiva com sen- valor relacional cumprem uma relação sintática
tido concessivo “não obstante”. A seguir, elencamos com verbos ou substantivos, que, em alguns casos, são
alguns exemplos de locuções prepositivas: chamados deverbais, conforme já mencionamos ante-
Abaixo de; acerca de; acima de; devido a; a despeito riormente. Essa mesma relação sintática pode ocorrer
de; adiante de; defronte de; embaixo de; em frente de; com adjetivos e advérbios, os quais também apresen-
graças a; junto de; perto de; por entre; por trás de; quan- tarão função deverbal.
to a; a fim de; a respeito de; por meio de; em virtude de. Ex.: Concordo com o advogado (preposição exigida
Algumas locuções prepositivas apresentam seme- pela regência do verbo concordar).
lhanças morfológicas, mas significados completamen- Tenho medo da queda (preposição exigida pelo
te diferentes, como: complemento nominal).
A opinião dos diretores vai ao encontro do pla- Estou desconfiado do funcionário (preposição exi-
nejamento inicial = Concordância. / As decisões do gida pelo adjetivo).
público foram de encontro à proposta do programa Fui favorável à eleição (preposição exigida pelo
= Discordância. advérbio).
Em vez de comer lanches gordurosos, coma frutas Em todos esses casos, a preposição mantém uma
= substituição. / Ao invés de chegar molhado, chegou relação sintática com a classe de palavras a qual se liga,
cedo = oposição. sendo, portanto, obrigatória sua presença na sentença.
De modo oposto, as preposições cujo valor nocio-
Fonte: instagram.com/academiadotexto. Acessado em: 19/11/2020. nal é preponderante apresentam uma modificação no
sentido da palavra a qual se liga. Elas não são com-
ponentes obrigatórios na construção da sentença,
1  Palavras deverbais são substantivos que expressam, de forma nominal e abstrata, o sentido de um verbo com o qual mantêm relação.
Exemplo: A filmagem, O pagamento, A falência etc. Geralmente, os nomes deverbais são acompanhados por preposições e, sintaticamente, o
40 termo que completa o sentido desses nomes é conhecido como complemento nominal.
divergindo das preposições de valor relacional. As „ Importante: Pois com sentido explicativo ini-
preposições de valor nocional estabelecem uma noção cia uma oração e justifica outra. Ex.: Volte, pois
de posse, causa, instrumento, matéria, modo etc. Veja- sinto saudades.
mos algumas:
Pois conclusivo fica após o verbo, deslocado entre
vírgulas: Nessa instabilidade, o dólar voltará, pois, a
VALOR NOCIONAL DAS subir.
SENTIDO
PREPOSIÇÕES

Posse Carro de Marcelo z Conclusiva: Logo, portanto, então, por isso, assim,
por conseguinte, destarte, pois (deslocado na fra-
O cachorro está sob a se). Ex.: Estava despreparado, por isso, não fui
Lugar
mesa aprovado.

Votar em branco, chegar As conjunções e, nem não devem ser empregadas


Modo
aos gritos juntas (e nem), tendo em vista que ambas indicam a
Causa Preso por estupro mesma relação aditiva o uso concomitante acarreta
em redundância.
Assunto Falar sobre política
Conjunções Subordinativas
Descende de família
Origem
simples
Tal qual as conjunções coordenativas, as subor-
Olhe para frente! Iremos dinativas estabelecem uma ligação entre as ideias
Destino apresentadas em um texto; porém, diferentemente
a Paris
daquelas, estas ligam ideias apresentadas em orações
subordinadas, ou seja, orações que precisam de outra
CONJUNÇÃO
para terem o sentido apreendido.
Assim como as preposições, as conjunções também
z Causal: Haja vista, que, porque, pois, porquanto,
são invariáveis e também auxiliam na organização visto que, uma vez que, como (equivale a porque)
das orações, ligando termos e, em alguns casos, ora- etc. Ex.: Como não era vaidosa, nunca se arrumava.
ções. Por manterem relação direta com a organização
das orações nas sentenças, as conjunções podem ser: z Consecutiva: Que (depois de tal, tanto, tão), de
coordenativas ou subordinativas. modo que, de forma que, de sorte que etc. Ex.:
Estudei tanto que fiquei com dor de cabeça.
Conjunções Coordenativas z Comparativa: Como, que nem, que (depois de
mais, menos, melhor, pior, maior) etc. Ex.: Corria
As conjunções coordenativas são aquelas que como um touro.
ligam orações coordenadas, ou seja, orações que não
z Conformativa: Conforme, como, segundo, de
fazem parte de uma outra ou, em alguns casos, essas
acordo com, consoante etc. Ex.: Tudo ocorreu con-
conjunções ligam núcleos de um mesmo termo da ora-
forme o planejado.
ção. As conjunções coordenadas podem ser:
z Concessiva: Embora, conquanto, ainda que, mes-
z Aditivas: E, nem, bem como, não só, mas também, mo que, em que pese, posto que etc. Ex.: Teve que
não apenas, como ainda, senão (após não só). Ex.: aceitar a crítica, conquanto não tivesse gostado.
Não fiz os exercícios nem revisei. O gato era o pre- z Condicional: Se, caso, desde que, contanto que,
ferido, não só da filha, senão de toda família. a menos que, somente se etc. Ex.: Se eu quisesse
z Adversativa: Mas, porém, contudo, todavia, entre- falar com você, teria respondido sua mensagem.
tanto, não obstante, senão (equivalente a mas). Ex.:
Não tenho um filho, mas dois. A culpa não foi a popu- z Proporcional: À proporção que, à medida que,
lação, senão dos vereadores (equivale a “mas sim”). quanto mais...mais, quanto menos...menos etc. Ex.:
Quanto mais estudo, mais chances tenho de ser
aprovado.
„ Importante: a conjunção E pode apresentar
valor adversativo, principalmente quando é z Final: Final, para que, a fim de que etc. Ex.: A pro-
antecedido por vírgula: Estava querendo dor- fessora dá exemplos para que você aprenda!
mir, e o barulho não deixava.
LÍNGUA PORTUGUESA

z Temporal: Quando, enquanto, assim que, até que,


mal, logo que, desde que etc. Ex.: Quando viajei
z Alternativas: Ou, ou...ou, quer...quer, seja...seja, para Fortaleza, estive na Praia do Futuro. Mal che-
ora...ora, já...já. Ex.: Estude ou vá para a festa. Seja guei à cidade, fui assaltado.
por bem, seja por mal, vou convencê-la.
Os valores semânticos das conjunções não se
„ Importante: a palavra senão pode funcionar prendem às formas morfológicas desses elementos.
como conjunção alternativa: Saia agora, senão O valor das conjunções é construído contextualmen-
chamarei os guardas! (podemos trocá-la por ou). te, por isso, é fundamental estar atento aos sentidos
estabelecidos no texto. Ex.: Se Mariana gosta de você,
z Explicativas: Que, porque, pois, (se vier no início por que você não a procura? (SE = causal = já que);
da oração), porquanto. Estude, porque a caneta é Por que ficar preso na cidade, quando existe tanto ar
mais leve que a enxada! puro no campo. (quando = causal = já que). 41
Conjunções Integrantes Concordância Verbal com o Sujeito Simples

As conjunções integrantes fazem parte das orações Em regra geral, o verbo concorda com o núcleo do
subordinadas e, na realidade, elas apenas integram sujeito.
uma oração principal à outra, subordinada. Existem Ex.: Os jogadores de futebol ganham um salário
apenas dois tipos de conjunções integrantes: que e se. exorbitante.

z Quando é possível substituir o que pelo pronome Diferentes situações:


isso, estamos diante de uma conjunção integrante.
Ex.: Quero que a prova esteja fácil. Quero. O quê? z Quando o núcleo do sujeito for uma palavra de
Isso. sentido coletivo, o verbo fica no singular. Ex.: A
multidão gritou entusiasmada.
z Sempre haverá conjunção integrante em orações
substantivas e, consequentemente, em períodos z Quando o sujeito é o pronome relativo que, o ver-
compostos. Ex.: Perguntei se ele estava em casa. bo posterior ao pronome relativo concorda com o
Perguntei. O quê? Isso. antecedente do relativo. Ex.: Quais os limites do
Brasil que se situam mais próximos do Meridiano?
z Nunca devemos inserir uma vírgula entre um ver-
bo e uma conjunção integrante. Ex.: Sabe-se, que z Quando o sujeito é o pronome indefinido quem, o
o Brasil é um país desigual (errado). Sabe-se que o verbo fica na 3ª pessoa do singular. Ex.: Fomos nós
Brasil é um país desigual (certo). quem resolveu a questão.

Por questão de ênfase, o verbo pode também con-


cordar com o pronome reto antecedente. Ex.: Fomos
nós quem resolvemos a questão.
CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL
z Quando o sujeito é um pronome interrogativo,
Na elaboração da frase, as palavras relacionam-se
demonstrativo ou indefinido no plural + de nós /
umas com as outras. Ao se relacionarem, elas obede-
de vós, o verbo pode concordar com o pronome no
cem a alguns princípios: um deles é a concordância. plural ou com nós / vós. Ex.: Alguns de nós resol-
Observe o exemplo: viam essa questão. / Alguns de nós resolvíamos
essa questão.
A pequena garota andava sozinha pela cidade.
A: Artigo, feminino, singular; z Quando o sujeito é formado por palavras plurali-
Pequena: Adjetivo, feminino, singular; zadas, normalmente topônimos (Amazonas, férias,
Garota: Substantivo, feminino, singular. Minas Gerais, Estados Unidos, óculos etc.), se hou-
ver artigo definido antes de uma palavra plura-
Tanto o artigo quanto o adjetivo (ambos adjuntos lizada, o verbo fica no plural. Caso não haja esse
adnominais) concordam com o gênero (feminino) e o artigo, o verbo fica no singular. Ex.: Os Estados
número (singular) do substantivo. Unidos continuam uma potência.
Na língua portuguesa, há dois tipos de concordân- Estados Unidos continua uma potência.
cia: verbal e nominal. Santos fica em São Paulo. (Corresponde a: “A cida-
de de Santos fica em São Paulo.”)
CONCORDÂNCIA VERBAL

É a adaptação em número – singular ou plural – Importante!


e pessoa que ocorre entre o verbo e seu respectivo Quando se aplica a nomes de obras artísticas, o
sujeito. verbo fica no singular ou no plural.
“De todos os povos mais plurais culturalmente, o Os Lusíadas imortalizou / imortalizaram Camões.
Brasil, mesmo diante de opiniões contrárias, as quais
insistem em desmentir que nosso país é cheio de ‘bra-
sis’ – digamos assim –, ganha disparando dos outros, z Quando o sujeito é formado pelas expressões mais
pois houve influências de todos os povos aqui: euro- de um, cerca de, perto de, menos de, coisa de,
peus, asiáticos e africanos.” obra de etc., o verbo concorda com o numeral. Ex.:
Esse período, apesar de extenso, constitui-se de Mais de um aluno compareceu à aula.
um sujeito simples “o Brasil”, portanto o verbo cor- Mais de cinco alunos compareceram à aula.
respondente a esse sujeito, “ganha”, necessita ficar no
singular. A expressão mais de um tem particularidades:
Destrinchando o período, temos que os termos se a frase indica reciprocidade (pronome reflexivo
essenciais da oração (sujeito e predicado) são apenas recíproco se), se houver coletivo especificado ou se
“[...] o Brasil [...]” – sujeito – e “[...] ganha [...]” – predi- a expressão vier repetida, o verbo fica no plural. Ex.:
cado verbal. Mais de um irmão se abraçaram.
Veja um caso de uso de verbo bitransitivo:
Ex.: Prefiro natação a futebol. Mais de um grupo de crianças veio/vieram à festa.
Verbo bitransitivo: Prefiro Mais de um aluno, mais de um professor esta-
Objeto direto: natação vam presentes.
Objeto indireto: a futebol
z Quando o sujeito é formado po um número per-
42 centual ou fracionário, o verbo concorda com o
numerado ou com o número inteiro, mas pode � Entre os núcleos do sujeito, aparecem as palavras
concordar com o especificador dele. Se o numeral como, menos, inclusive, exceto ou as expressões
vier precedido de um determinante, o verbo con- bem como, assim como, tanto quanto
cordará apenas com o numeral. Ex.: Apenas 1/3 Ex.: O Vasco ou o Corinthians ganhará o jogo na
das pessoas do mundo sabe o que é viver bem. final.
z Núcleos do sujeito ligados pelas séries correlativas
Apenas 1/3 das pessoas do mundo sabem o que é
aditivas enfáticas (tanto... quanto / como / assim
viver bem.
como; não só... mas também etc.)
Apenas 30% do povo sabe o que é viver bem.
Ex.: Tanto ela quanto ele mantém/mantêm sua
Apenas 30% do povo sabem o que é viver bem.
popularidade em alta.
Os 30% da população não sabem o que é viver mal.
z Quando dois ou mais adjuntos modificam um úni-
� Os verbos bater, dar e soar concordam com o
co núcleo, o verbo fica no singular concordando
número de horas ou vezes, exceto se o sujeito for a
com o núcleo único. Mas, se houver determinante
palavra relógio. Ex.: Deram duas horas, e ela não
após a conjunção, o verbo fica no plural, pois aí o
chegou. (Duas horas deram...)
sujeito passa a ser composto.
Bateu o sino duas vezes. (O sino bateu)
Ex.: O preço dos alimentos e dos combustíveis
Soaram dez badaladas no relógio da sala. (Dez
aumentou. Ou: O preço dos alimentos e o dos
badaladas soaram)
combustíveis aumentaram.
Soou dez badaladas o relógio da escola. (O relógio
da escola soou dez badaladas) Concordância Verbal do Verbo Ser
z Quando o sujeito está em voz passiva sintética, o � Concorda com o sujeito
verbo concorda com o sujeito paciente. Ex.: Ven- Ex.: Nós somos unha e carne.
dem-se casas de veraneio aqui.
� Concorda com o sujeito (pessoa)
Nunca se viu, em parte alguma, pessoa tão
Ex.: Os meninos foram ao supermercado.
interessada.
� Em predicados nominais, quando o sujeito for
z Quando o sujeito é um pronome de tratamento, o
representado por um dos pronomes tudo, nada,
verbo fica sempre na 3ª pessoa. Ex.: Por que Vossa
isto, isso, aquilo ou “coisas”, o verbo ser concor-
Majestade está preocupada?
dará com o predicativo (preferencialmente) ou
Suas Excelências precisam de algo?
com o sujeito
z Sujeito do verbo viver em orações optativas ou Ex.: No início, tudo é/são flores.
exclamativas. Ex.: Vivam os campeões!
� Concorda com o predicativo quando o sujeito for
que ou quem
Concordância Verbal com o Sujeito Composto
Ex.: Quem foram os classificados?
� Núcleos do sujeito constituídos de pessoas grama- � Em indicações de horas, datas, tempo, distância
ticais diferentes (predicativo), o verbo concorda com o predicativo
Ex.: Eu e ele nos tornamos bons amigos. Ex.: São nove horas.
É frio aqui.
� Núcleos do sujeito ligados pela preposição com
Seria meio-dia e meia ou seriam doze horas?
Ex.: O ministro, com seus assessores, chegou/che-
garam ontem. � O verbo fica no singular quando precede termos
como muito, pouco, nada, tudo, bastante, mais,
� Núcleos do sujeito acompanhados da palavra cada
menos etc. junto a especificações de preço, peso,
ou nenhum
quantidade, distância, e também quando seguido
Ex.: Cada jogador, cada time, cada um deve man-
do pronome o
ter o espírito esportivo.
Ex.: Cem metros é muito para uma criança.
� Núcleos do sujeito sendo sinônimos e estando no Divertimentos é o que não lhe falta.
singular Dez reais é nada diante do que foi gasto.
Ex.: A angústia e a ansiedade não o ajudava/aju-
� Na expressão expletiva “é que”, se o sujeito da ora-
davam. (preferencialmente no singular)
ção não aparecer entre o verbo ser e o que, o ser
� Gradação entre os núcleos do sujeito ficará invariável. Se o ser vier separado do que, o
Ex.: Seu cheiro, seu toque bastou/bastaram para verbo concordará com o termo não preposiciona-
me acalmar. (preferencialmente no singular) do entre eles.
Ex.: Eles é que sempre chegam cedo.
LÍNGUA PORTUGUESA

� Núcleos do sujeito no infinitivo


São eles que sempre chegam cedo.
Ex.: Andar e nadar faz bem à saúde.
É nessas horas que a gente precisa de ajuda. (cons-
� Núcleos do sujeito resumidos por um aposto resu- trução adequada)
mitivo (nada, tudo, ninguém) São nessas horas que a gente precisa de ajuda.
Ex.: Os pedidos, as súplicas, nada disso o comoveu. (construção inadequada)
� Sujeito constituído pelas expressões um e outro,
Concordância do Infinitivo
nem um nem outro
Ex.: Um e outro já veio/vieram aqui.
z Exemplos com verbos no infinitivo pessoal:
� Núcleos do sujeito ligados por nem... nem
Ex.: Nem a televisão nem a internet desviarão meu ós lutaremos até vós serdes bem tratados.
„ N
foco nos estudos. (sujeito esclarecido) 43
„ E stá na hora de começarmos o trabalho. (sujei- � Verbos impessoais (haver e fazer)
to implícito “nós”) Ex.: Faz dois meses que não pratico esporte.
„ Falei sobre o desejo de aprontarmos logo o Havia problemas no setor.
site. (dois pronomes implícitos: eu, nós) Obs.: Existiam problemas no setor. (verbo existir
„ Até me encontrarem, vocês terão de procurar vai ter sujeito “problemas”, e vai ser variável)
muito. (preposição no início da oração)
„ Para nós nos precavermos, precisaremos de � Verbo na voz passiva sintética
luz. (verbos pronominais) Ex.: Criaram-se muitas expectativas para a luta.
„ Visto serem dez horas, deixei o local. (verbo ser � Verbo concordando com o antecedente correto
indicando tempo) do pronome relativo ao qual se liga
„ Estudo para me considerarem capaz de apro- Ex.: Contratei duas pessoas para a empresa, que
vação. (pretensão de indeterminar o sujeito) tinham experiência.
„ Para vocês terem adquirido esse conhecimen-
to, foi muito tempo de estudo. (infinitivo pes- � Sujeito coletivo com especificador plural
soal composto: locução verbal de verbo auxiliar Ex.: A multidão de torcedores vibrou/vibraram.
+ verbo no particípio) � Sujeito oracional
z Exemplos com verbos no infinitivo impessoal: Ex.: Convém a eles alterar a voz. (verbo no
singular)
„ D evo continuar trabalhando nesse projeto. � Núcleo do sujeito no singular seguido de adjun-
(locução verbal) to ou complemento no plural
„ Deixei-os brincar aqui. (pronome oblíquo áto- Ex.: Conversa breve nos corredores pode gerar
no sendo sujeito do infinitivo) atrito. (verbo no singular)

Quando o sujeito do infinitivo for um substantivo Casos Facultativos


no plural, usa-se tanto o infinitivo pessoal quanto o
impessoal. “Mandei os garotos sair/saírem”. z A multidão de pessoas invadiu/invadiram o
estádio.
Navegar é preciso, viver não é preciso. (infinitivo
com valor genérico) z Aquele comediante foi um dos que mais me fez/
São casos difíceis de solucionar. (infinitivo prece- fizeram rir.
dido de preposição de ou para)
z Fui eu quem faltou/faltei à aula.
Soldados, recuar! (infinitivo com valor de imperativo)
z Quais de vós me ajudarão/ajudareis?
� Concordância do verbo parecer
Flexiona-se ou não o infinitivo. z “Os Sertões” marcou/marcaram a literatura
Pareceu-me estarem os candidatos confiantes. (o brasileira.
equivalente a “Pareceu-me que os candidatos esta-
z Somente 1,5% das pessoas domina/dominam a
vam confiantes”, portanto o infinitivo é flexionado
ciência. (1,5% corresponde ao singular)
de acordo com o sujeito, no plural)
Eles parecem estudar bastante. (locução verbal, z Chegaram/Chegou João e Maria.
logo o infinitivo será impessoal)
z Um e outro / Nem um nem outro já veio/vieram
� Concordância dos verbos impessoais aqui.
São os casos de oração sem sujeito. O verbo fica
sempre na 3ª pessoa do singular. z Eu, assim como você, odeio/odiamos a política
Ex.: Havia sérios problemas na cidade. brasileira.
Fazia quinze anos que ele havia se formado. z O problema do sistema é/são os impostos.
Deve haver sérios problemas na cidade. (verbo
auxiliar fica no singular) z Hoje é/são 22 de agosto.
Trata-se de problemas psicológicos. z Devemos estudar muito para atingir/atingirmos
Geou muitas horas no sul. a aprovação.
� Concordância com sujeito oracional z Deixei os rapazes falar/falarem tudo.
Quando o sujeito é uma oração subordinada, o ver-
bo da oração principal fica na 3ª pessoa do singular. Silepse de Número e de Pessoa
Ex.: Ainda vale a pena investir nos estudos.
Sabe-se que dois alunos nossos foram aprovados.
Conhecida também como “concordância irregular,
Ficou combinado que sairíamos à tarde.
ideológica ou figurada”. Vejamos os casos:
Urge que você estude.
Era preciso encontrar a verdade
z Silepse de número: usa-se um termo discordando
do número da palavra referente, para concordar
Casos Mais Frequentes em Provas
com o sentido semântico que ela tem. Ex.: Flor tem
vida muito curta, logo murcham. (ideia de plurali-
Veja agora uma lista com os casos mais abordados
dade: todas as flores)
em concursos:
z Silepse de pessoa: o autor da frase participa do
� Sujeito posposto distanciado processo verbal. O verbo fica na 1ª pessoa do plu-
Ex.: Viviam o meio de uma grande floresta tropical ral. Ex.: Os brasileiros, enquanto advindos de
44 brasileira seres estranhos. diversas etnias, somos multiculturais.
CONCORDÂNCIA NOMINAL Tenho como irresponsáveis o chefe do setor e
seus subordinados.
Define-se como a adaptação em gênero e número
que ocorre entre o substantivo (ou equivalente, como Algumas Convenções
o adjetivo) e seus modificadores (artigos, pronomes,
adjetivos, numerais). � Obrigado / próprio / mesmo
O adjetivo e as palavras adjetivas concordam em Ex.: A mulher disse: “Muito obrigada”.
gênero e número com o nome a que se referem. A própria enfermeira virá para o debate.
Ex.: Parede alta. / Paredes altas. Elas mesmas conversaram conosco.
Muro alto. / Muros altos.
Dica
Casos com Adjetivos
O termo mesmo no sentido de “realmente” será
z Com função de adjunto adnominal: quando o invariável.
adjetivo funcionar como adjunto adnominal e esti- Ex.: Os alunos resolveram mesmo a situação.
ver após os substantivos, poderá concordar com
as somas desses ou com o elemento mais próximo. z Só / sós
Ex.: Encontrei colégios e faculdades ótimas. / Variáveis quando significarem “sozinho” /
Encontrei colégios e faculdades ótimos. “sozinhos”.
Invariáveis quando significarem “apenas,
Há casos em que o adjetivo concordará apenas somente”.
com o nome mais próximo, quando a qualidade per- Ex.: As garotas só queriam ficar sós. (As garotas
tencer somente a este. apenas queriam ficar sozinhas.)
Ex.: Saudaram todo o povo e a gente brasileira. A locução “a sós” é invariável.
Foi um olhar, uma piscadela, um gesto estranho Ex.: Ela gostava de ficar a sós. / Eles gostavam de
ficar a sós.
Quando o adjetivo funcionar como adjunto adno- � Quite / anexo / incluso
minal e estiver antes dos substantivos, poderá con- Concordam com os elementos a que se referem.
cordar apenas com o elemento mais próximo. Ex.: Ex.: Estamos quites com o banco.
Existem complicadas regras e conceitos. Seguem anexas as certidões negativas.
Quando houver apenas um substantivo qualifica- Inclusos, enviamos os documentos solicitados.
do por dois ou mais adjetivos pode-se:
� Meio
Colocar o substantivo no plural e enumerar o ad-
Quando significar “metade”: concordará com o
jetivo no singular. Ex.: Ele estuda as línguas inglesa,
elemento referente.
francesa e alemã.
Ex.: Ela estava meio (um pouco) nervosa.
Colocar o substantivo no singular e, ao enumerar
Quando significar “um pouco”: será invariável.
os adjetivos (também no singular), antepor um artigo
Ex.: Já era meio-dia e meia (metade da hora).
a cada um, menos no primeiro deles. Ex.: Ele estuda a
língua inglesa, a francesa e a alemã. � Grama
Quando significar “vegetação”, é feminino; quan-
z Com função de predicativo do sujeito do significar unidade de medida, é masculino.
Ex.: Comprei duzentos gramas de farinha.
Com o verbo após o sujeito, o adjetivo concordará “A grama do vizinho sempre é mais verde.”
com a soma dos elementos. � É proibido entrada / É proibida a entrada
Ex.: A casa e o quintal estavam abandonados. Se o sujeito vier determinado, a concordância do
Com o verbo antes do sujeito o predicativo do su- verbo e do predicativo do sujeito será regular, ou
jeito acompanhará a concordância do verbo, que por seja, tanto o verbo quanto o predicativo concorda-
sua vez concordará tanto com a soma dos elementos rão com o determinante.
quanto com o nome mais próximo. Ex.: Caminhada é bom para a saúde. / Esta cami-
Ex.: Estava abandonada a casa e o quintal. / Esta- nhada está boa.
vam abandonados a casa e o quintal. É proibido entrada de crianças. / É proibida a
Como saber quando o adjetivo tem valor de adjun- entrada de crianças.
to adnominal ou predicativo do sujeito? Substitua os Pimenta é bom? / A pimenta é boa?
substantivos por um pronome:
Ex.: Existem conceitos e regras complicados. � Menos / pseudo
LÍNGUA PORTUGUESA

(substitui-se por “eles”) São invariáveis.


Fazendo a troca, fica “Eles existem”, e não “Eles Ex.: Havia menos violência antigamente.
existem complicados”. Aquelas garotas são pseudoatletas. / Seu argumen-
Como o adjetivo desapareceu com a substituição, to é pseudo-objetivo.
então é um adjunto adnominal. � Muito / bastante
Quando modificam o substantivo: concordam com
z Com função de predicativo do objeto ele.
Quando modificam o verbo: invariáveis.
Recomenda-se concordar com a soma dos substan- Ex.: Muitos deles vieram. / Eles ficaram muito
tivos, embora alguns estudiosos admitam a concor- irritados.
dância com o termo mais próximo. Bastantes alunos vieram. / Os alunos ficaram bas-
Ex.: Considero os conceitos e as regras complicados. tante irritados. 45
Se ambos os termos puderem ser substituídos por Lista de Flexão dos Dois Elementos
“vários”, ficarão no plural. Se puderem ser substi-
tuídos por “bem”, ficarão invariáveis. � Nos substantivos compostos formados por pala-
vras variáveis, especialmente substantivos e
� Tal qual
adjetivos:
Tal concorda com o substantivo anterior; qual,
segunda-feira – segundas-feiras;
com o substantivo posterior.
matéria-prima – matérias-primas;
Ex.: O filho é tal qual o pai. / O filho é tal quais os
couve-flor – couves-flores;
pais.
guarda-noturno – guardas-noturnos;
Os filhos são tais qual o pai. / Os filhos são tais
primeira-dama – primeiras-damas.
quais os pais.
Silepse (também chamada concordância � Nos substantivos compostos formados por
figurada) temas verbais repetidos:
É a que se opera não com o termo expresso, mas o corre-corre – corres-corres;
que está subentendido. pisca-pisca – piscas-piscas;
Ex.: São Paulo é linda! (A cidade de São Paulo é pula-pula – pulas-pulas.
linda!) Nestes substantivos também é possível a flexão
Estaremos aberto no final de semana. (Estaremos apenas do segundo elemento: corre-corres, pisca-
com o estabelecimento aberto no final de semana.) -piscas, pula-pulas.
Os brasileiros estamos esperançosos. (Nós, brasi-
leiros, estamos esperançosos.) Flexão Apenas do Primeiro Elemento
� Possível
z Nos substantivos compostos formados por subs-
Concordará com o artigo, em gênero e número, em tantivo + substantivo em que o segundo termo
frases enfáticas com o “mais”, o “menos”, o “pior”. limita o sentido do primeiro termo:
Ex.: Conheci crianças o mais belas possíveis. / decreto-lei – decretos-lei;
Conheci crianças as mais belas possíveis. cidade-satélite – cidades-satélite;
público-alvo – públicos-alvo;
Plural de Compostos elemento-chave – elementos-chave.
Nestes substantivos também é possível a flexão
z Substantivos dos dois elementos: decretos-leis, cidades-satélites,
públicos-alvos, elementos-chaves.
O adjetivo concorda com o substantivo referen-
te em gênero e número. Se o termo que funciona z Nos substantivos compostos preposicionados:
como adjetivo for originalmente um substantivo fica cana-de-açúcar – canas-de-açúcar;
invariável. pôr do sol – pores do sol;
Ex.: Rosas vermelhas e jasmins pérola. (pérola fim de semana – fins de semana;
também é um substantivo; mantém-se no singular) pé de moleque – pés de moleque.
Ternos cinza e camisas amarelas. (cinza também é
um substantivo; mantém-se no singular) Flexão Apenas do Segundo Elemento

z Adjetivos � Nos substantivos compostos formados por tema


verbal ou palavra invariável + substantivo ou
Quando houver adjetivo composto, apenas o últi- adjetivo:
mo elemento concordará com o substantivo referente. bate-papo – bate-papos;
Os demais ficarão na forma masculina singular. quebra-cabeça – quebra-cabeças;
Se um dos elementos for originalmente um subs- arranha-céu – arranha-céus;
tantivo, todo o adjetivo composto ficará invariável. ex-namorado – ex-namorados;
Ex.: Violetas azul-claras com folhas verde-musgo. vice-presidente – vice-presidentes.
No termo “azul-claras”, apenas “claras” segue o � Nos substantivos compostos em que há repeti-
plural, pois ambos são adjetivos. ção do primeiro elemento:
No termo “verde-musgo”, “musgo” permanece no zum-zum – zum-zuns;
singular, assim como “verde”, por ser substantivo. tico-tico – tico-ticos;
Nesse caso, o termo composto não concorda com o lufa-lufa – lufa-lufas;
plural do substantivo referente, “folhas”. reco-reco – reco-recos.
Ex.: Calças rosa-claro e camisas verde-mar.
O termo “claro” fica invariável porque “rosa” tam- � Nos substantivos compostos grafados ligada-
bém pode ser um substantivo. mente, sem hífen:
O termo “mar” fica invariável por seguir a mesma girassol – girassóis;
pontapé – pontapés;
lógica de “musgo” do exemplo anterior.
mandachuva – mandachuvas;
fidalgo – fidalgos.
Dica
� Nos substantivos compostos formados com
Azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qual- grão, grã e bel:
quer adjetivo composto iniciado por “cor-de” são grão-duque – grão-duques;
sempre invariáveis. grã-fino – grã-finos;
O adjetivo composto pele-vermelha tem os dois ele- bel-prazer – bel-prazeres.
46 mentos flexionados no plural (peles-vermelhas). Não flexão dos elementos
� Em alguns casos, não ocorre a flexão dos elementos Ex.: A menina agradava o gatinho. (transitivo dire-
formadores, que se mantêm invariáveis. Isso ocor- to com sentido de “acariciar”)
re em frases substantivadas e em substantivos A notícia agradou aos alunos. (transitivo indireto
compostos por um tema verbal e uma palavra no sentido de “ser agradável a”)
invariável ou outro tema verbal oposto:
� Agradecer: transitivo direto; transitivo indireto;
o disse me disse – os disse me disse;
transitivo direto e indireto
o leva e traz – os leva e traz;
Ex.: Agradeceu a joia. (transitivo direto: objeto não
o cola-tudo – os cola-tudo. personificado)
Agradeceu ao noivo. (transitivo indireto: objeto
personificado)
REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL Agradeceu a joia ao noivo. (transitivo direto e indi-
reto: refere-se a coisas e pessoas)
Regência é a maneira como o nome ou o verbo se
� Ajudar: transitivo direto; transitivo indireto
relacionam com seus complementos, com ou sem pre- Ex.: Seguido de infinitivo intransitivo precedido da
posição. Quando um nome (substantivo, adjetivo ou preposição a, rege indiferentemente objeto direto
advérbio) exige complemento preposicionado, esse e objeto indireto.
nome é um termo regente, e seu complemento é um Ajudou o filho a fazer as atividades. (transitivo direto)
termo regido, pois há uma relação de dependência Ajudou ao filho a fazer as atividades. (transitivo
entre o nome e seu complemento. indireto)
O nome exige um complemento nominal sempre ini- Se o infinitivo preposicionado for intransitivo,
ciado por preposição, exceto se o complemento vier em rege apenas objeto direto:
forma de pronome oblíquo átono. Ajudaram o ladrão a fugir.
Ex.: Os discípulos daquele mestre sempre lhe Não seguido de infinitivo, geralmente rege objeto
foram leais. direto:
Observação: Complemento de “lhe”: predicativo Ajudei-o muito à noite.
do sujeito (desprovido de preposição)
Pronome oblíquo átono: lhe � Ansiar: transitivo direto; transitivo indireto
Foram leais: complemento de “lhe”, predicativo do Ex.: A falta de espaço ansiava o prisioneiro. (tran-
sujeito (desprovido de preposição). sitivo direto com sentido de “angustiar”)
Ansiamos por sua volta. (transitivo indireto com
REGÊNCIA VERBAL sentido de “desejar muito” – não admite “lhe”
como complemento)
Relação de dependência entre um verbo e seu
� Aspirar: transitivo direto; transitivo indireto
complemento. As relações podem ser diretas ou indi-
Ex.: Aspiramos o ar puro das montanhas. (transiti-
retas, isto é, com ou sem preposição.
vo direto com sentido de “respirar”)
Sempre aspiraremos a dias melhores. (transitivo
Há verbos que admitem mais de uma regência
indireto no sentido de “desejar”)
sem que o sentido seja alterado.
� Assistir: transitivo direto; transitivo indireto
Ex.: Aquela moça não esquecia os favores recebidos. Ex.: - Transitivo direto ou indireto no sentido de
V. T. D: esquecia “prestar assistência”
Objeto direto: os favores recebidos. O médico assistia os acidentados.
Aquela moça não se esquecia dos favores recebidos. O médico assistia aos acidentados.
V. T. I.: se esquecia - Transitivo direto no sentido de “ver, presenciar”
Objeto indireto: dos favores recebidos. Não assisti ao final da série.

No entanto, na Língua Portuguesa, há verbos O verbo assistir não pode ser empregado no particípio.
que, mudando-se a regência, mudam de sentido, É incorreta a forma “O jogo foi assistido por milha-
alterando seu significado. res de pessoas.”

Ex.: Neste país aspiramos ar poluídos. � Casar: intransitivo; transitivo indireto; transitivo
(aspiramos = sorvemos) direto e indireto
V. T. D.: aspiramos Ex.: Eles casaram na Itália há anos. (intransitivo)
Objeto direto: ar poluídos. A jovem não queria casar com ninguém. (transiti-
LÍNGUA PORTUGUESA

Os funcionários aspiram a um mês de férias. vo indireto)


(aspiram = almejam) O pai casou a filha com o vizinho. (transitivo dire-
V. T. I.: aspiram to e indireto)
Objeto indireto: a um mês de férias � Chamar: transitivo direto; transitivo seguido de
predicativo do objeto
A seguir, uma lista dos principais verbos que Ex.: Chamou o filho para o almoço. (transitivo dire-
geram dúvidas quanto à regência: to com sentido de “convocar”)
Chamei-lhe inteligente. (transitivo seguido de pre-
� Abraçar: transitivo direto dicativo do objeto com sentido de “denominar,
Ex.: Abraçou a namorada com ternura. qualificar”)
O colar abraçava-lhe elegantemente o pescoço
� Custar: transitivo indireto; transitivo direto e indi-
� Agradar: transitivo direto; transitivo indireto reto; intransitivo 47
Ex.: Custa-lhe crer na sua honestidade. (transitivo REGÊNCIA NOMINAL
indireto com sentido de “ser difícil”)
A imprudência custou lágrimas ao rapaz. (transiti- Alguns nomes (substantivos, adjetivos e advér-
vo direto e indireto: sentido de “acarretar”) bios) exigem complementos preposicionados, exceto
Este vinho custou trinta reais. (intransitivo) quando vêm em forma de pronome oblíquo átono.
� Esquecer: admite três possibilidades
Advérbios Terminados em “mente”
Ex.: Esqueci os acontecimentos.
Esqueci-me dos acontecimentos.
Os advérbios derivados de adjetivos seguem a
Esqueceram-me os acontecimentos.
regência dos adjetivos:
� Implicar: transitivo direto; transitivo indireto;
transitivo direto e indireto análoga / analogicamente a
Ex.: A resolução do exercício implica nova teoria. contrária / contrariamente a
(transitivo direto com sentido de “acarretar”) compatível / compativelmente com
Mamãe sempre implicou com meus hábitos. diferente / diferentemente de
(transitivo indireto com sentido de “mostrar má favorável / favoravelmente a
disposição”) paralela / paralelamente a
Ele implicou-se em negócios ilícitos. (transitivo próxima / proximamente a/de
direto e indireto com sentido de envolver-se”) relativa / relativamente a

� Informar: transitivo direto e indireto Preposições Prefixos Verbais


Ex.: Referente à pessoa: objeto direto; referente à
coisa: objeto indireto, com as preposições de ou Alguns nomes regem preposições semelhantes a
sobre seus “prefixos”:
Informaram o réu de sua condenação.
Informaram o réu sobre sua condenação. dependente, dependência de
Referente à pessoa: objeto direto; referente à coi- inclusão, inserção em
sa: objeto indireto, com a preposição a inerente em/a
Informaram a condenação ao réu. descrente de/em
� Interessar-se: verbo pronominal transitivo indi- desiludido de/com
reto, com as preposições em e por desesperançado de
Ex.: Ela interessou-se por minha companhia. desapego de/a
convívio com
� Namorar: intransitivo; transitivo indireto; transi- convivência com
tivo direto e indireto demissão, demitido de
Ex.: Eles começaram a namorar faz tempo. (intran- encerrado em
sitivo com sentido de “cortejar”) enfiado em
Ele vivia namorando a vitrine de doces. (transitivo imersão, imergido, imerso em
indireto com sentido de “desejar muito”) instalação, instalado em
“Namorou-se dela extremamente.” (A. Gar- interessado, interesse em
ret) (transitivo direto e indireto com sentido de intercalação, intercalado entre
“encantar-se”) supremacia sobre.
� Obedecer/desobedecer: transitivos indiretos
Ex.: Obedeçam à sinalização de trânsito.
Não desobedeçam à sinalização de trânsito.
COLOCAÇÃO PRONOMINAL
� Pagar: transitivo direto; transitivo indireto; transi-
tivo direto e indireto Estudo da posição dos pronomes na oração.
Ex.: Você já pagou a conta de luz? (transitivo direto)
Você pagou ao dono do armazém? (transitivo z Próclise: pronome posicionado antes do verbo.
indireto)
Vou pagar o aluguel ao dono da pensão. (transitivo Casos que atraem o pronome para próclise:
direto e indireto)
� Perdoar: transitivo direto; transitivo indireto; „ Palavras negativas: nunca, jamais, não. Ex.:
transitivo direto e indireto Não me submeto a essas condições.
Ex.: Perdoarei as suas ofensas. (transitivo direto) „ Pronomes indefinidos, demonstrativos, rela-
A mãe perdoou à filha. (transitivo indireto) tivos. Ex: Foi ela que me colocou nesse papel.
Ela perdoou os erros ao filho. (transitivo direto e „ Conjunções subordinativas. Ex.: Embora se
indireto) apresente como um rico investidor, ele nada tem.
„ Gerúndio precedido da preposição em. Ex: Em
� Suceder: intransitivo; transitivo direto se tratando de futebol, Maradona foi um ídolo.
Ex.: O caso sucedeu rapidamente. (intransitivo no „ Infinitivo pessoal preposicionado. Ex.:
sentido de “ocorrer”) Na esperança de sermos ouvidos, muito lhe
A noite sucede ao dia. (transitivo direto no sentido agradecemos.
de “vir depois”) „ Orações interrogativas, exclamativas, opta-
48 tivas (exprimem desejo). Ex.: Como te iludes!
z Mesóclise: pronome posicionado no meio do verbo. � Quando indicar marcação de horário, no plural
Ex.: Pegaremos o ônibus às oito horas.
Casos que atraem o pronome para mesóclise: Fique atento ao seguinte: entre números teremos
Os pronomes devem ficar no meio dos verbos que que de = a / da = à, portanto:
estejam conjugados no futuro, caso não haja nenhum Ex.: De 7 as 16 h. De quinta a sexta. (sem crase)
motivo para uso da próclise. Ex.: “Dar-te-ei meus bei- Das 7 às 16 h. Da quinta à sexta. (com crase)
jos agora...”
� Com os pronomes relativos aquele, aquela ou
z Ênclise: pronome posicionado após o verbo. aquilo:
Ex.: A lembrança de boas-vindas foi reservada
Casos que atraem o pronome para ênclise: àquele outono.
Por favor, entregue as flores àquela moça que está
„ Início de frase ou período. Ex.: Sinto-me mui- sentada.
to honrada com esse título. Dedique-se àquilo que lhe faz bem.
„ Imperativo afirmativo. Ex.: Sente-se, por favor. � Com o pronome demonstrativo a antes de que ou
„ Advérbio virgulado. Ex.: Talvez, diga-me o de:
quanto sou importante. Ex.: Referimo-nos à que está de preto.
Referimo-nos à de preto.
Casos proibidos: Início de frase: Me dá esse cader-
no! (errado) / Dá-me esse caderno! (certo). � Com o pronome relativo a qual, as quais:
Depois de ponto e vírgula: Falou pouco; se lembrou Ex.: A secretária à qual entreguei o ofício acabou
de nada (errado) / Falou pouco; lembrou-se de nada de sair.
(correto). As alunas às quais atribuí tais atividades estão de
Depois de particípio: Tinha lembrado-se do fato férias.
(errado) / Tinha se lembrado do fato (correto).
Casos Proibitivos

CRASE Em resumo, seguem-se as dicas abaixo para melhor


orientação de quando não usar a crase.
Um assunto que causa grande dúvida é o uso da
crase, fenômeno gramatical que corresponde à junção � Antes de nomes masculinos
da preposição a + artigo feminino definido a, ou da Ex.: “O mundo intelectual deleita a poucos, o mate-
junção da preposição a + os pronomes relativos aque- rial agrada a todos.” (MM)
le, aquela ou aquilo. Representa-se graficamente pela O carro é movido a álcool.
marcação (`) + (a) = (à). Venda a prazo.
� Antes de palavras femininas que não aceitam
Ex.: Entregue o relatório à diretoria. artigos
Refiro-me àquele vestido que está na vitrine. Ex.: Iremos a Portugal.

Regra geral: haverá crase sempre que o termo Macete de crase:


antecedente exija a preposição a e o termo conse- Se vou a; Volto da = Crase há!
quente aceite o artigo a.
Se vou a; Volto de = Crase pra quê?
Ex.: Fui à cidade (a + a = preposição + artigo)
Ex.: Vou à escola / Volto da escola.
Conheço a cidade (verbo transitivo direto: não exi-
Vou a Fortaleza / Volto de Fortaleza.
ge preposição).
Vou a Brasília (verbo que exige preposição a +
� Antes de forma verbal infinitiva
palavra que não aceita artigo).
Essas dicas são facilitadoras quanto à orientação Ex.: Os produtos começaram a chegar.
no uso da crase, mas existem especificidades que aju- “Os homens, dizendo em certos casos que vão falar
dam no momento de identificação: com franqueza, parecem dar a entender que o
fazem por exceção de regra.” (MM)
Casos Convencionados � Antes de expressão de tratamento
Ex.: O requerimento foi direcionado a Vossa
z Locuções adverbiais formadas por palavras Excelência.
femininas:
LÍNGUA PORTUGUESA

Ex.: Ela foi às pressas para o camarim. � No a (singular) antes de palavra no plural, quando
Entregou o dinheiro às ocultas para o ministro. a regência do verbo exigir preposição
Espero vocês à noite na estação de metrô. Ex.: Durante o filme assistimos a cenas chocantes.
Estou à beira-mar desde cedo. � Antes dos pronomes relativos quem e cuja
Ex.: Por favor, chame a pessoa a quem entregamos
z Locuções prepositivas formadas por palavras o pacote.
femininas: Falo de alguém a cuja filha foi entregue o prêmio.
Ex.: Ficaram à frente do projeto.
z Locuções conjuntivas formadas por palavras � Antes de pronomes indefinidos alguma, nenhu-
femininas: ma, tanta, certa, qualquer, toda, tamanha
Ex.: À medida que o prédio é erguido, os gastos vão Ex.: Direcione o assunto a alguma cláusula do
aumentando. contrato. 49
Não disponibilizaremos verbas a nenhuma ação � Regidos por preposições da, na, pela: usa-se crase
suspeita de fraude. Ex.: Fui à Bahia. (Venho da Bahia, moro na Bahia,
Eles estavam conservando a certa altura. passo pela Bahia)
Faremos a obra a qualquer custo.
A campanha será disponibilizada a toda a comunidade. Macetes
� Antes de demonstrativos
z Haverá crase quando o “à” puder ser substituído
Ex.: Não te dirijas a essa pessoa
por ao, da na, pela, para a, sob a, sobre a, contra
� Antes de nomes próprios, mesmo femininos, de a, com a, à moda de, durante a;
personalidades históricas
z Quando o de ocorre paralelo ao a, não há crase.
Ex.: O documentário referia-se a Janis Joplin.
Quando o da ocorre paralelo ao à, há crase;
� Antes dos pronomes pessoais retos e oblíquos
z Na indicação de horas, quando o “à uma” puder
Ex.: Por favor, entregue as frutas a ela.
ser substituído por às duas, há crase. Quando o a
O pacote foi entregue a ti ontem.
uma equivaler a a duas, não ocorre crase;
� Nas expressões tautológicas (face a face, lado a
z Usa-se a crase no “a” de àquele(s), àquela(s) e àqui-
lado)
lo quando tais pronomes puderem ser substituídos
Ex.: Pai e filho ficaram frente a frente no tribunal
por a este, a esta e a isto;
de justiça.
z Usa-se crase antes de casa, distância, terra e
� Antes das palavras casa, Terra ou terra, distância
nomes de cidades quando esses termos estiverem
sem determinante acompanhados de determinantes. Ex.: Estou à dis-
Ex.: Precisa chegar a casa antes das 22h. tância de 200 metros do pico da montanha.
Astronauta volta a Terra em dois meses.
Os pesquisadores chegaram a terra depois da
A compreensão da crase vai muito além da estética
expedição marinha.
gramatical, pois serve também para evitar ambigui-
Vocês o observaram a distância. dades comuns, como o caso seguinte: Lavando a mão.
Nessa ocasião, usa-se a forma “Lavando a mão”,
Crase Facultativa pois “a mão” é o objeto direto, e, portanto, não exi-
ge preposição. Usa-se a forma “à mão” em situações
Nestes casos, podemos escrever as palavras das como “Pintura feita à mão”, já que “à mão” seria o
duas formas: utilizando ou não a crase. Para entender advérbio de instrumento da ação de pintar.
detalhadamente, observe as seguintes dicas:

� Antes de nomes de mulheres comuns ou com quem


se tem proximidade
Ex.: Ele fez homenagem a/à Bárbara. PONTUAÇÃO
� Antes de pronomes possessivos no singular USO DE VÍRGULA
Ex.: Iremos a/à sua residência.
� Após preposição até, com ideia de limite A vírgula é um sinal de pontuação que exerce três
Ex.: Dirija-se até a/à portaria. funções básicas: marcar as pausas e as inflexões da
“Ouvindo isto, o desembargador comoveu-se até voz na leitura; enfatizar e/ou separar expressões e
às (ou “as”) lágrimas, e disse com mui estranho orações; e esclarecer o significado da frase, afastando
afeto.” (CBr. 1, 67) qualquer ambiguidade.
Quando se trata de separar termos de uma mesma
Casos Especiais oração, deve-se usar a vírgula nos seguintes casos:

Veremos a seguir alguns casos que fogem à regra. � Para separar os termos de mesma função
Quando se relacionar a instrumentos cujos nomes Ex.: Comprei livro, caderno, lápis, caneta.
forem femininos, normalmente a crase não será utili-
zada. Porém, em alguns casos, utiliza-se a crase para z Usa-se a vírgula para separar os elementos de
evitar ambiguidades. enumeração.
Ex.: Matar a fome. (Quando “fome” for objeto direto) Ex.: Pontes, edifícios, caminhões, árvores... tudo foi
Matar à fome. (Quando “fome” for advérbio de arrastado pelo tsunami.
instrumento)
Fechar a chave. (Quando “chave” for objeto direto) � Para indicar a elipse (omissão de uma palavra que
Fechar à chave. (Quando “chave” for advérbio de já apareceu na frase) do verbo
instrumento) Ex.: Comprei melancia na feira; ele, abacate.
Ela prefere filmes de ficção científica; o namorado,
filmes de terror.
Quando Usar ou Não a Crase em Sentenças com
Nomes de Lugares � Para separar palavras ou locuções explicativas,
retificativas
z Regidos por preposições de, em, por: não se usa crase Ex.: Ela completou quinze primaveras, ou seja, 15
Ex.: Fui a Copacabana. (Venho de Copacabana, anos.
moro em Copacabana, passo por Copacabana)
� Para separar datas e nomes de lugar
50 Ex.: Belo Horizonte, 15 de abril de 1985.
� Para separar as conjunções coordenativas, exceto o Colégio de Procuradores da República;
e, nem, ou. o Conselho Superior do Ministério Público Federal.
Ex.: Treinou muito, portanto se saiu bem.
Dois-pontos
A vírgula também é facultativa quando a expres-
são de tempo, modo e lugar não for uma expressão, Marcam uma supressão de voz em frase que ainda
mas uma palavra só. Exemplos: não foi concluída.
Antes vamos conversar. / Antes, vamos conversar. Servem para:
Geralmente almoço em casa. / Geralmente, almoço
em casa. � Introduzir uma citação (discurso direto):
Ontem choveu o esperado para o mês todo. / Ex.: Assim disse Voltaire: “Devemos julgar um
Ontem, choveu o esperado para o mês todo. homem mais pelas suas perguntas que pelas suas
Ela acordou muito cedo. Por isso ficou com sono respostas”.
durante a aula. / Ela acordou muito cedo. Por isso,
� Introduzir um aposto explicativo, enumerativo,
ficou com sono durante a aula.
distributivo ou uma oração subordinada substan-
Irei à praia amanhã se não chover. / Irei à praia
tiva apositiva
amanhã, se não chover.
Ex.: Em nosso meio, há bons profissionais: profes-
sores, jornalistas, médicos.
Não se Usa Vírgula nas Seguintes Situações
� Introduzir uma explicação ou enumeração após
� Entre o sujeito e o verbo expressões como por exemplo, isto é, ou seja, a
Ex.: Todos os alunos daquele professor, entende- saber, como.
ram a explicação. (errado) Ex.: Adquirimos vários saberes, como: Linguagens,
Muitas coisas que quebraram meu coração, con- Filosofia, Ciências...
sertaram minha visão. (errado) z Marcar uma pausa entre orações coordenadas
(relação semântica de oposição, explicação/causa
� Entre o verbo e seu complemento, ou mesmo pre-
ou consequência)
dicativo do sujeito:
Ex.: Já leu muitos livros: pode-se dizer que é um
Ex.: Os alunos ficaram, satisfeitos com a explica-
homem culto.
ção. (errado)
Precisamos ousar na vida: devemos fazê-lo com
Os alunos precisam de, que os professores os aju-
cautela.
dem. (errado)
Os alunos entenderam, toda aquela explicação. � Marcar invocação em correspondências
(errado) Ex.: Prezados senhores:
Comunico, por meio deste, que...
� Entre um substantivo e seu complemento nominal
ou adjunto adnominal.
Travessão
Ex.: A manutenção, daquele professor foi exigida
pelos alunos. (errado)
� Usado em discursos diretos, indica a mudança de
� Entre locução verbal de voz passiva e agente da discurso de interlocutor: Ex.:
passiva: – Bom dia, Maria!
Ex.: Todos os alunos foram convidados, por aquele – Bom dia, Pedro!
professor para a feira. (errado)
� Serve também para colocar em relevo certas
� Entre o objeto e o predicativo do objeto:
expressões, orações ou termos. Pode ser subs-
Ex.: Considero suas aulas, interessantes. (errado)
tituído por vírgula, dois-pontos, parênteses ou
Considero interessantes, as suas aulas. (errado)
colchetes:
Ex.: Os professores ― amigos meus do curso cario-
Uso de Ponto e Vírgula
ca ― vão fazer videoaulas. (aposto explicativo)
Meninos ― pediu ela ―, vão lavar as mãos, que
É empregado nos seguintes casos o sinal de ponto
vamos jantar. (oração intercalada)
e vírgula (;):
Como disse o poeta: “Só não se inventou a máqui-
� Nos contrastes, nas oposições, nas ressalvas
na de fazer versos ― já havia o poeta parnasiano”.
Ex.: Ela, quando viu, ficou feliz; ele, quando a viu,
ficou triste.
Parênteses
LÍNGUA PORTUGUESA

� No lugar das conjunções coordenativas deslocadas


Ex.: O maratonista correu bastante; ficou, portan- Têm função semelhante à dos travessões e das
to, exausto. vírgulas no sentido que colocam em relevo certos ter-
mos, expressões ou orações.
� No lugar do e seguido de elipse do verbo (= zeugma)
Ex.: Os professores (amigos meus do curso carioca)
Ex.: Na linguagem escrita é o leitor; na fala, o
vão fazer videoaulas. (aposto explicativo)
ouvinte.
Meninos (pediu ela), vão lavar as mãos, que vamos
Prefiro brigadeiros; minha mãe, pudim; meu pai,
jantar. (oração intercalada)
sorvete.
� Em enumerações, portarias, sequências Ponto-final
Ex.: São órgãos do Ministério Público Federal:
o Procurador-Geral da República; É o sinal que denota maior pausa. 51
Usa-se: � Para sugerir prolongamento da fala:
Ex.: ―O que vocês vão fazer nas férias?
� Para indicar o fim de oração absoluta ou de ― Ah, muitas coisas: dormir, nadar, pedalar...
período.
� Para indicar hesitação:
Ex.: “Itabira é apenas uma fotografia na parede.”
Ex.: ― Eu não a beijava porque... porque... tinha
Carlos Drummond de Andrade
vergonha.
� Nas abreviaturas
� Para realçar uma palavra ou expressão, normal-
Ex.: apart. ou apto. = apartamento
mente com outras intenções:
sec. = secretário
Ex.: ― Ela é linda...! Você nem sabe como...!
a.C. = antes de Cristo
Uso das Aspas
Dica
Símbolos do sistema métrico decimal e elemen- São usadas em citações ou em algum termo que
precisa ser destacado no texto. Pode ser substituído
tos químicos não vêm com ponto final:
por itálico ou negrito, que têm a mesma função de
Exemplos: km, m, cm, He, K, C
destaque.
Usam-se nos seguintes casos:
Ponto de Interrogação
� Antes e depois de citações:
Marca uma entonação ascendente (elevação da
Ex.: “A vírgula é um calo no pé de todo mundo”,
voz) em tom questionador.
afirma Dad Squarisi, 64.
Usa-se:
� Para marcar estrangeirismos, neologismos, arcaís-
� Em frase interrogativa direta: mos, gírias e expressões populares ou vulgares,
Ex.: O que você faria se só lhe restasse um dia? conotativas:
Ex.: O homem, “ledo” de paixão, não teve a fortuna
� Entre parênteses para indicar incerteza: que desejava.
Ex.: Eu disse a palavra peremptório (?), mas acho Não gosto de “pavonismos”.
que havia palavra melhor no contexto. Dê um “up” no seu visual.
� Junto com o ponto de exclamação, para denotar � Para realçar uma palavra ou expressão imprópria,
surpresa: às vezes com ironia ou malícia
Ex.: Não conseguiu chegar ao local de prova?! (ou !?) Ex.: Veja como ele é “educado”: cuspiu no chão.
� E interrogações retóricas: Ele reagiu impulsivamente e lhe deu um “não”
Ex.: Jogaremos comida fora à toa? (Ou seja: “Claro sonoro.
que não jogaremos comida fora à toa”). � Para citar nomes de mídias, livros etc.
Ex.: Ouvi a notícia do “Jornal Nacional”.
Ponto de Exclamação
Colchetes
� É empregado para marcar o fim de uma frase com
entonação exclamativa: Representam uma variante dos parênteses, porém
Ex.: Que linda mulher! tem uso mais restrito.
Coitada dessa criança! Usam-se nos seguintes casos:
� Aparece após uma interjeição:
Ex.: Nossa! Isso é fantástico. � Para incluir num texto uma observação de nature-
za elucidativa:
� Usado para substituir vírgulas em vocativos enfáticos: Ex.: É de Stanislaw Ponte Preta [pseudônimo de
Ex.: “Fernando José! onde estava até esta hora?” Sérgio Porto] a obra “Rosamundo e os outros”.

� É repetido duas ou mais vezes quando se quer � Para isolar o termo latino sic (que significa “assim”),
marcar uma ênfase: a fim de indicar que, por mais estranho ou errado
Ex.: Inacreditável!!! Atravessou a piscina de 50 que pareça, o texto original é assim mesmo:
metros em 20 segundos!!! Ex.: “Era peior [sic] do que fazer-me esbirro aluga-
do.” (Machado de Assis)
Reticências � Para indicar os sons da fala, quando se estuda
Fonologia:
São usadas para: Ex.: mel: [mɛw]; nem: [bẽy]
� Para suprimir parte de um texto (assim como
� Assinalar interrupção do pensamento:
parênteses)
Ex.: ― Estou ciente de que...
Ex.: Na hora em que entrou no quarto [...] e depois
― Pode dizer...
desceu as escadas apressadamente. ou
� Indicar partes suprimidas de um texto: Na hora em que entrou no quarto (...) e depois des-
Ex.: Na hora em que entrou no quarto ... e depois ceu as escadas apressadamente. (caso não preferí-
desceu as escadas apressadamente. (Também pode vel segundo as normas da ABNT)
ser usado: Na hora em que entrou no quarto [...] e
52 depois desceu as escadas apressadamente.)
Asterisco � Na indicação de dois anos consecutivos:
Ex.: O evento de 2012/2013 foi um sucesso.
� É colocado à direita e no canto superior de uma
� Para indicar fonemas, ou seja, os sons da língua:
palavra do trecho para se fazer uma citação ou
Ex.: /s/
comentário qualquer sobre o termo em uma nota
de rodapé:
Embora não existam regras muito definidas sobre
Ex.: A palavra tristeza é formada pelo adjetivo
a existência de espaços antes e depois da barra oblí-
triste acrescido do sufixo -eza*.
*-eza é um sufixo nominal justaposto a um adjeti- qua, privilegia-se o seu uso sem espaços: plural/singu-
vo, o que origina um novo substantivo. lar, masculino/feminino, sinônimo/antônimo.

� Quando repetido três vezes, indica uma omissão


ou lacuna em um texto, principalmente em substi-
tuição a um substantivo próprio:
HORA DE PRATICAR!
Ex.: O menor *** foi apreendido e depois encami-
nhado aos responsáveis. Leia o texto para responder às questões 1 a 3.

� Quando colocado antes e no alto da palavra, repre- Quem assiste a “Tempo de Amar” já reparou no portu-
senta o vocábulo como uma forma hipotética, isto guês extremamente culto e correto que é falado pelos
é, cuja existência é provável, mas não comprovada: personagens da novela. Com frases que parecem reti-
Ex.: Parecer, do latim *parescere. radas de um romance antigo, mesmo nos momentos
� Antes de uma frase para indicar que ela é agrama- mais banais, os personagens se expressam de manei-
tical, ou seja, uma frase que não respeita as regras ra correta e erudita.
da gramática.
Ao UOL, o autor da novela, Alcides Nogueira, diz que o
* Edifício elaborou projeto o engenheiro.
linguajar de seus personagens é um ponto que leva a
novela a se destacar. “Não tenho nada contra a lingua-
Uso da Barra
gem coloquial, ao contrário. Acho que a língua deve
ser viva e usada em sintonia com o nosso tempo. Mas
A barra oblíqua [ / ] é um sinal gráfico usado:
colocar um português bastante culto torna a narrativa
mais coerente com a época da trama. Fora isso, é uma
� Para indicar disjunção e exclusão, podendo ser
oportunidade de o público conhecer um pouco mais
substituída pela conjunção “ou”:
dessa sintaxe poucas vezes usada atualmente”.
Ex.: Poderemos optar por: carne/peixe/dieta.
Poderemos optar por: carne, peixe ou dieta. O escritor, que assina o texto da novela das 18h ao lado
de Bia Corrêa do Lago, conta que a decisão de impri-
� Para indicar inclusão, quando utilizada na separa-
mir um português erudito à trama foi tomada por ele
ção das conjunções e/ou.
e apoiada pelo diretor artístico, Jayme Monjardim. Ele
Ex.: Os alunos poderão apresentar trabalhos orais
revela que toma diversos cuidados na hora de escre-
e/ou escritos.
ver o texto, utilizando, inclusive, o dicionário. “Muitas
� Para indicar itens que possuem algum tipo de rela- vezes é preciso recorrer às gramáticas. No início, o
ção entre si. uso do coloquial era tentador. Aos poucos, a escrita
Ex.: A palavra será classificada quanto ao número foi ficando mais fácil”, afirma Nogueira, que também
(plural/singular). diz se inspirar em grandes escritores da literatura bra-
O carro atingiu os 220 km/h. sileira e portuguesa, como Machado de Assis e Eça de
� Para separar os versos de poesias, quando escritos Queiroz.
seguidamente na mesma linha. São utilizadas duas Para o autor, escutar os personagens falando dessa
barras para indicar a separação das estrofes. forma ajuda o público a mergulhar na época da tra-
Ex.: “[…] De tanto olhar para longe,/não vejo o que ma de modo profundo e agradável. Compartilhou-lhe
passa perto,/meu peito é puro deserto./Subo mon- o sentimento Jayme Monjardim, que também explica
te, desço monte.//Eu ando sozinha/ao longo da noi- que a estética delicada da novela foi pensada para
te./Mas a estrela é minha.” Cecília Meireles casar com o texto. “É uma novela que se passa no
� Na escrita abreviada, para indicar que a palavra fim dos anos 1920, então tudo foi pensado para que
não foi escrita na sua totalidade: o público entrasse junto com a gente nesse túnel do
Ex.: a/c = aos cuidados de; tempo. Acho que isso é importante para que o teles-
s/ = sem
LÍNGUA PORTUGUESA

pectador consiga se sentir em outra época”, diz.


� Para separar o numerador do denominador nos
números fracionários, substituindo a barra da (Guilherme Machado. UOL. https://tvefamosos.uol.com.br.
15.11.2017. Adaptado)
fração:
Ex.: 1/3 = um terço
1. (TJ-SP – VUNESP – 2018) No texto, há exemplo de
� Nas datas: uso coloquial da linguagem na passagem:
Ex.: 31/03/1983
� Nos números de telefone:
a) ... o autor da novela [...] diz que o linguajar de seus per-
Ex.: 225 03 50/51/52
sonagens é um ponto que leva a novela a se destacar.
� Nos endereços: b) Ele revela que toma diversos cuidados na hora de
Ex.: Rua do Limoeiro, 165/232 escrever o texto, utilizando, inclusive, o dicionário. 53
c) ... então tudo foi pensado para que o público entrasse O texto relata que
junto com a gente nesse túnel do tempo.
d) Quem assiste a “Tempo de Amar” já reparou no portu- a) o adolescente considera penosa a tarefa de ler um
guês extremamente culto e correto... livro de 446 páginas.
e) Com frases que parecem retiradas de um romance b) a história do livro desanima o adolescente, que pula
antigo, [...] os personagens se expressam de maneira páginas em busca de um diálogo.
correta e erudita. c) o livro cativa o adolescente, ansioso por terminar logo
a leitura das quase 500 páginas.
2. (TJ-SP – VUNESP – 2018) De acordo com o texto, d) o xingamento do adolescente é inevitável, mas ele se
entende-se que as formas linguísticas empregadas na arrepende e volta a ler o livro.
novela e) a recordação do conteúdo do livro ameniza o sofri-
mento do adolescente com a leitura.
a) constituem usos comuns na linguagem moderna,
porém a maior parte das pessoas não os entende. 5. (TJ-SP – VUNESP – 2018) Leia o texto para responder
b) estão associadas ao coloquial, o que dá mais vivacida- à questão.
de à linguagem e desperta o interesse do público.
c) harmonizam-se com a linguagem dos dias atuais por- Se determinado efeito, lógico ou artístico, mais for-
que deixam de lado os usos corretos e formais. temente se obtém do emprego de um substantivo
d) divergem dos usos linguísticos atuais, caracterizados masculino apenso a substantivo feminino, não deve o
pela adoção de formas mais coloquiais. autor hesitar em fazê-lo. Quis eu uma vez dar, em uma
e) correspondem a um linguajar que, apesar de ser anti- só frase, a ideia – pouco importa se vera ou falsa – de
que Deus é simultaneamente o Criador e a Alma do
go, continua em amplo uso na linguagem atual.
mundo. Não encontrei melhor maneira de o fazer do
que tornando transitivo o verbo “ser”; e assim dei à voz
3. (TJ-SP – VUNESP – 2018) As informações textuais de Deus a frase:
permitem afirmar corretamente que
– Ó universo, eu sou-te, em que o transitivo de criação
a) a harmonização entre a linguagem e a estética da se consubstancia com o intransitivo de identificação.
novela contribui para que a caracterização de uma Outra vez, porém em conversa, querendo dar incisiva,
época seja mais bem entendida pelo público. e portanto concentradamente, a noção verbal de que
b) a opção por escrever uma novela de época implica a certa senhora tinha um tipo de rapaz, empreguei a fra-
transposição de elementos visuais e linguísticos para se “aquela rapaz”, violando deliberadamente e justissi-
o tempo presente, modernizando-os. mamente a lei fundamental da concordância.
c) a linguagem coloquial atrai sobremaneira os autores A prosódia, já alguém o disse, não é mais que função
de novelas, como é o caso de Alcides Nogueira, que do estilo.
desconhecia o emprego de formas eruditas.
d) a linguagem erudita deixa de ser empregada na novela A linguagem fez-se para que nos sirvamos dela, não
quando há necessidade de retratar os momentos mais para que a sirvamos a ela.
banais vividos pelas personagens.
(Fernando Pessoa. A língua portuguesa, 1999. Adaptado)
e) a proximidade entre a literatura e as novelas exige que
haja um senso estético aguçado em relação à lingua-
gem, por isso essas artes primam pelo erudito. No texto, o autor defende que

a) a forma como muitas pessoas se comunicam cotidia-


4. (TJ-SP – VUNESP – 2018) Leia o texto para responder
namente tem deturpado a essência da língua, compro-
à questão.
metendo-lhe a clareza.
b) os discursos lógicos e artísticos, para serem mais
Ei-lo agora, adolescente recluso em seu quarto, diante coerentes, têm evitado as violações linguísticas a que
de um livro que não lê. Todos os seus desejos de estar poderiam recorrer.
longe erguem, entre ele e as páginas abertas, uma tela c) a transformação das formas de comunicação está
esverdeada que perturba_____linhas. Ele está sentado restrita à linguagem oral, normalmente menos formal
diante da janela, a porta fechada_____costas. WPágina que a escrita.
48. Ele não tem coragem de contar as horas passa- d) o estilo dos escritores rompe com a tradição da lin-
das para chegar_____essa quadragésima oitava pági- guagem, o que implica que eles, cada vez mais, estão
na. O livro tem exatamente quatrocentas e quarenta e submissos a ela.
seis. Pode-se dizer 500 páginas! Se ao menos tivesse e) a linguagem deve atender às necessidades comuni-
uns diálogos, vai. Mas não! Páginas completamente cativas das pessoas, nem que para isso suas regras
cheias de linhas apertadas entre margens minúsculas, tenham de ser violadas.
negros parágrafos comprimidos uns sobre os outros
e, aqui e acolá, a caridade de um diálogo – um traves- Leia o texto para responder as questões de 6 à 12..
são, como um oásis, que indica que um personagem
fala_____outro personagem. Mas o outro não respon- Ai, Gramática. Ai, vida.
de. E segue-se um bloco de doze páginas! Doze pági-
nas de tinta preta! Falta de ar! Ufa, que falta de ar! Ele O que a gente deve aos professores!
xinga. Muitas desculpas, mas ele xinga. Página qua- Este pouco de gramática que eu sei, por exemplo,
renta e oito... Se ao menos conseguisse lembrar do foram Dona Maria de Lourdes e Dona Nair Freitas que
conteúdo dessas primeiras quarenta e oito páginas! me ensinaram. E vocês querem coisa mais importante
do que gramática? La grammaire qui sait régenter jus-
(Daniel Pennac. Como um romance, 1993. Adaptado)
qu’aux rois – dizia Molière: a gramática que sabe reger
54 até os reis, e Montaigne: La plus part des ocasions des
troubles du monde sont grammairiens – a maior parte d) somente; bem além; limitada.
de confusão no mundo vem da gramática. e) apenas; bem aquém; restrita.
Há quem discorde. Oscar Wilde, por exemplo, dizia de
George Moore: escreveu excelente inglês, até que des- 8. (TJ-SP – VUNESP – 2018) Nas passagens “Porque,
cobriu a gramática. (A propósito, de onde é que eu tirei como dizia o Irmão Lourenço, no schola sed vita – é
tantas citações? Simples: tenho em minha biblioteca preciso aprender não para a escola, mas para a vida.”
três livros contendo exclusivamente citações. Para (4º parágrafo) e “Ama com fé e orgulho a terra em
enfeitar uma crônica, não tem coisa melhor. Pena que que nasceste! Criança – não verás nenhum país como
os livros são em inglês. Aliás, inglês eu não aprendi na este!” (penúltimo parágrafo), as conjunções destaca-
escola. Foi lendo as revistas MAD e outras que vocês das estabelecem, correta e respectivamente, relações
podem imaginar). de sentido de

Discordâncias à parte, gramática é um negócio impor- a) conformidade e comparação.


tante e gramática se ensina na escola – mas quem, b) comparação e comparação.
professoras, nos ensina a viver? Porque, como dizia o c) conformidade e causa.
Irmão Lourenço, no schola sed vita – é preciso apren- d) conformidade e conformidade.
der não para a escola, mas para a vida. e) comparação e causa.
Ora, dirão os professores, vida é gramática. De acordo.
Vou até mais longe: vida é pontuação. A vida de uma 9. W(TJ-SP – VUNESP – 2018) No texto, o autor recorre
pessoa é balizada por sinais ortográficos. Podemos a várias citações, com a finalidade de
acompanhar a vida de uma criatura, do nascimento ao
túmulo, marcando as diferentes etapas por sinais de a) enfatizar as discrepâncias quanto à necessidade da
pontuação. gramática para a vida, concluindo que ela é inútil e só
tem servido como atividade escolar.
Infância: a permanente exclamação:
b) discutir a falta de necessidade do ensino de gramáti-
Nasceu! É um menino! Que grande! E como chora! Cla- ca, uma vez que seu domínio não implica necessaria-
ro, quem não chora não mama! Me dá! É meu! mente saber usar a língua de forma adequada.
c) questionar a fascinação que grandes personalidades
Ovo! Uva! Ivo viu o ovo! Ivo viu a uva! O ovo viu a uva! têm em relação à gramática, a qual, na maioria das
Olha como o vovô está quietinho, mamãe! vezes, ultrapassa os limites do contexto escolar.
Ele não se mexe, mamãe! Ele nem fala, mamãe! d) mostrar diferentes perspectivas em relação à gramá-
tica, concluindo que ela é relevante e que algumas de
Ama com fé e orgulho a terra em que nasceste! Crian- suas partes assemelham-se a fases da vida.
ça – não verás nenhum país como este! Dá agora! Dá e) propor a obrigatoriedade do ensino da gramática den-
agora, se tu és homem! Dá agora, quero ver! tro e fora da escola, possibilitando que as pessoas
usem melhor a língua materna.
(Moacyr Scliar. Minha mãe não dorme enquanto eu não chegar,
1996. Adaptado)
10. (TJ-SP – VUNESP – 2018) Observe as passagens do
6. (TJ-SP – VUNESP – 2018) Assinale a alternativa em texto:
que há expressão (ões) empregada(s) em sentido O que a gente deve aos professores! (1º parágrafo)
figurado. ...mas quem, professoras, nos ensina a viver? (4º
parágrafo)
a) Simples: tenho em minha biblioteca três livros conten- Observando-se o contexto em que ocorrem e a pon-
do exclusivamente citações. tuação nelas presentes, conclui-se que as frases apon-
b) Ora, dirão os professores, vida é gramática. De acordo. tam, correta e respectivamente, para os seguintes
Vou até mais longe: vida é pontuação. sentidos:
c) Aliás, inglês eu não aprendi na escola. Foi lendo as
revistas MAD e outras que vocês podem imaginar. a) o narrador ironiza a educação e os ensinamentos de
d) Oscar Wilde, por exemplo, dizia de George Moo- seus professores; o narrador sugere que a gramática
re: escreveu excelente inglês, até que descobriu a não tem importância nenhuma na vida das pessoas.
gramática. b) o narrador sente que está em dívida com os professo-
e) Este pouco de gramática que eu sei, por exemplo, res, por tudo o que aprendeu; o narrador acredita que o
foram Dona Maria de Lourdes e Dona Nair Freitas que papel da gramática no cotidiano é incompreendido.
me ensinaram. c) o narrador questiona os ensinamentos gramaticais
que recebeu dos professores; o narrador discorda
LÍNGUA PORTUGUESA

7. (TJ-SP – VUNESP – 2018) Nas frases “Simples: tenho da ideia de que a gramática seja a disciplina mais
em minha biblioteca três livros contendo exclusiva- importante.
mente citações.” (3º parágrafo), “Vou até mais longe: d) o narrador demonstra reconhecimento pelo que lhe foi
vida é pontuação.” (5º parágrafo) e “A vida de uma ensinado pelos professores; o narrador questiona qual
pessoa é balizada por sinais ortográficos.” (5º pará- é o papel da gramática na vida cotidiana das pessoas.
grafo), as expressões em destaque podem ser subs- e) o narrador expressa certo descontentamento com o
tituídas, sem prejuízo de sentido ao texto, correta e que os professores lhe ensinaram; o narrador tem ple-
respectivamente, por: na certeza de que a gramática transforma a vida das
pessoas.
a) inclusive; bem adiante; orientada.
b) unicamente; bem afora; orientada.
c) também; bem além; distinguida.
55
11. (TJ-SP – VUNESP – 2018) Quando o autor diz que a d) O verdadeiro sentido da solidariedade está em como-
vida é pontuação e associa a infância à exclamação, ver- se com o semelhante desamparado.
seu objetivo é mostrar que e) Hoje, a tecnologia leva a uma compreensão mais ética
da realidade circundante.
a) as crianças normalmente descobrem o mundo sem
reagir aos acontecimentos que marcam essa etapa de 14. (TJ-SP – VUNESP – 2017) Assinale a alternativa con-
seu desenvolvimento. tendo uma ideia implícita a partir dos fatos retratados
b) o pleno encantamento marca esse período da vida, e na charge.
as emoções tendem a mostrar-se com mais intensida-
de e espontaneidade. a) A violência está banalizada.
c) os adultos têm dificuldade para atender o encanta- b) As pessoas sorriem para a câmera.
mento das crianças pelas suas descobertas com o c) O corpo está estendido no chão.
mundo que as circunda. d) O grupo familiar posa unido.
d) os adultos tendem a ficar incomodados com a forma e) O pau de selfie permite fotografar várias pessoas.
como as crianças vão descobrindo os segredos do
mundo. 15. (TJ-SP – VUNESP – 2014) Considerando as falas da
e) a percepção exagerada das crianças não tem como personagem no primeiro e no terceiro quadrinhos, con-
se justificar na relação que elas estabelecem com os clui-se que para ela
adultos e o mundo.

12. (TJ-SP – VUNESP – 2018) O que Oscar Wilde afirma


acerca de George Moore – escreveu excelente inglês,
até que descobriu a gramática – significa que

a) o contato com a gramática ocasionou, na obra de


George Moore, o comprometimento da qualidade de
sua escrita. a) a impossibilidade de ser feliz impede a alienação.
b) o fato de escrever com excelência em inglês não b) a busca pela verdade necessita de proteção.
impediu George Moore de buscar linguagem mais c) a verdade é a forma real de se chegar à felicidade.
contemporânea. d) a verdade é o caminho mais fácil para a felicidade.
c) a gramática agiu, na obra de George Moore, para acen-
e) a felicidade é o caminho para a verdade.
tuar sua tendência a uma escrita de alta qualidade
técnica. 16. (TJSP – VUNESP – 2018) Assinale a alternativa cor-
d) George Moore passou a escrever em inglês popular reta quanto à concordância verbal, de acordo com a
somente depois que descobriu a riqueza da gramática. norma-padrão.
e) a descoberta da gramática por George Moore sur-
preendeu a todos, pelo padrão de excelência de sua a) O bloco de doze páginas provoca os xingamentos do
obra. adolescente, e logo são proferidas as desculpas.
b) Ao encontrar um diálogo, o adolescente espera que
13. (TJ-SP – VUNESP – 2017) Para responder às ques- hajam longas conversas entre as personagens.
tões, observe a charge que retrata uma cena em que c) O adolescente está no quarto, sentado diante da
uma família faz selfie ao lado de um corpo caído no janela. Passou as horas, e ele não tem coragem de
chão. contá-las.
d) A página do livro cheia de linhas apertadas e negros
parágrafos deixam o adolescente com falta de ar.
e) O livro tem exatamente 486 páginas. É quase 500
páginas de leitura, e praticamente não existe diálogos.

17. (TJSP – VUNESP – 2017) Observe o quadrinho, para


responder à questão.

(João Montanaro. Disponível em:<https://www.facebook.com>.


Acesso em 21.04.2017)

Assinale a alternativa que expressa ideia compatível


com a situação representada na charge.

a) Não se pode condenar a postura ética das pessoas


que se deixam encantar com os modismos.
b) Um fato violento corriqueiro não justifica a preocupa-
ção com a desgraça alheia.
c) A novidade tecnológica reforça a individualidade,
levando as pessoas a ficar alheias à realidade que as
cerca.
(Charles M. Schulz. Snoopy- Feliz dia dos namorados!)
56
Assinale a alternativa em que a frase baseada nas d) É o que vemos nas avenidas abertas aos pedestres,
falas dos quadrinhos apresenta emprego e colocação nos fins de semana...
de pronomes de acordo com a norma-padrão. e) ... parque noturno com bastante gente, quase nenhum
carro e propício a todo tipo de atividades...
a) A menina afirmou ao garoto que poderá processar ele,
caso este não ajudar-lhe com a lição de casa. 19. (TJSP – VUNESP – 2017) Assinale a alternativa em
b) Em resposta à menina, o garoto resolveu perguntá-la que a substituição dos trechos destacados na passa-
onde estava o advogado dela. gem – O paulistano, contudo, não é de jogar a toalha
c) O garoto respondeu à menina, perguntando-a onde – prefere estendê-la e se deitar em cima, caso lhe
estava o advogado dela. concedam dois metros quadrados de chão. – está de
d) A menina ameaçou processar-lhe, caso o garoto não acordo com a norma-padrão de crase, regência e con-
ajudasse-a com a lição de casa. jugação verbal.
e) A menina afirmou ao garoto que poderia processá-lo,
se este não a ajudasse com a lição de casa. a) prefere estendê-la a desistir – ponham à disposição.
b) prefere estendê-la do que desistir – põem a disposição.
18. (TJ-SP – VUNESP – 2017) Leia o texto para responder c) prefere mais estendê-la do que desistir – põe à
às questões. disposição.
d) prefere estendê-la à desistir – ponham a disposição.
O problema de São Paulo, dizia o Vinicius, “é que e) prefere estendê-la a desistir – põe a disposição.
você anda, anda, anda e nunca chega a Ipanema”. Se
tomarmos “Ipanema” ao pé da letra, a frase é absurda 20. (TJSP – VUNESP – 2017) Assinale a alternativa que
e cômica. Tomando “Ipanema” como um símbolo, no dá nova redação à passagem – O paulistano, con-
entanto, como um exemplo de alívio, promessa de ale- tudo, não é de jogar a toalha – prefere estendê-la e
gria em meio à vida dura da cidade, a frase passa a ser se deitar em cima, caso lhe concedam dois metros
de um triste realismo: o problema de São Paulo é que quadrados de chão. – atendendo à norma-padrão de
você anda, anda, anda e nunca chega a alívio algum. concordância.
O Ibirapuera, o parque do Estado, o Jardim da Luz são
uns raros respiros perdidos entre o mar de asfalto, a a) Os paulistanos não jogam a toalha – acham preferí-
floresta de lajes batidas e os Corcovados de concreto veis estendê-la e se deitar em cima, caso lhes deem
armado. dois metros quadrados de chão.
O paulistano, contudo, não é de jogar a toalha – prefe- b) Para os paulistanos, não se joga a toalha – é preferível
re estendê-la e se deitar em cima, caso lhe concedam que seja estendida, para que possam deitar-se sobre ela,
dois metros quadrados de chão. É o que vemos nas caso lhes sejam dados dois metros quadrados de chão.
avenidas abertas aos pedestres, nos fins de sema- c) A maior parte dos paulistanos, contudo, não são de
na: basta liberarem um pedacinho do cinza e surgem jogarem a toalha – acha preferível elas serem esten-
revoadas de patinadores, maracatus, big bands, corre- didas e deitar-se em cima, caso lhe seja dado dois
dores evangélicos, góticos satanistas, praticantes de metros de chão.
ioga, dançarinos de tango, barraquinhas de yakissoba d) Mais de um paulistano não são de jogar a toalha –
e barris de cerveja artesanal. acham preferíveis estendê-la e se deitarem em cima,
caso se dê a eles dois metros de chão.
Tenho estado atento às agruras e oportunidades da e) Cem por cento dos paulistanos não joga a toalha –
cidade porque, depois de cinco anos vivendo na Granja acha preferível estendê-la para que se deite sobre elas,
Viana, vim morar em Higienópolis. Lá em Cotia, no fim caso seja dado a eles dois metros quadrados de chão.
da tarde, eu corria em volta de um lago, desviando de
patos e assustando jacus. Agora, aos domingos, corro
pela Paulista ou Minhocão e, durante a semana, venho
testando diferentes percursos. Corri em volta do par- GABARITO COMENTADO
que Buenos Aires e do cemitério da Consolação, zigue-
zagueei por Santa Cecília e pelas encostas do Sumaré, 1.
até que, na última terça, sem querer, descobri um
insuspeito parque noturno com bastante gente, quase A linguagem coloquial é aquela empregada no dia
nenhum carro e propício a todo tipo de atividades: o a dia e que admite alguns erros do ponto de vista
estacionamento do estádio do Pacaembu. gramatical, uso de gírias e de vícios de linguagem,
além disso, é marcada pela informalidade.
(Antonio Prata. “O paulistano não é de jogar a toalha. Prefere Em “a”: Errado – Não há expressões coloquiais no
estendê-la e deitar em cima.” Disponível em:<http://www1.folha.uol.
trecho.
LÍNGUA PORTUGUESA

com.br/colunas>. Acesso em: 13.04.2017. Adaptado)


Em “b”: Errado – Não há expressões coloquiais nes-
te trecho.
Assinale a alternativa cuja frase contém palavras
Em “c”: Certo – A expressão redundante “entras-
empregadas em sentido figurado, no contexto em que
se junto com a gente” é um exemplo da linguagem
se encontram.
coloquial.
Em “d”: Errado – Não há expressões coloquiais no
a) O Ibirapuera, o parque do Estado, o Jardim da Luz são
trecho.
uns raros respiros perdidos entre o mar de asfalto...
Em “e”: Errado – Não há expressões coloquiais no
b) Corri em volta do parque Buenos Aires e do cemitério
trecho.
da Consolação...
Resposta: Letra C.
c) Lá em Cotia, no fim da tarde, eu corria em volta de um
lago, desviando de patos...
57
2. 5.

Em “a”: Errado – A linguagem é erudita, como Em “a”: Errado – Não há afirmação sobre isso no texto.
afirma o trecho “os personagens se expressam de Em “b”: Errado – Ao contrário, o autor cita exem-
maneira correta e erudita.” plos nos quais ele precisou violar as regras por con-
Em “b”: Errado – Na verdade, a linguagem é antiga ta da necessidade comunicativa.
e não está em uso, o que transporta o público para Em “c”: Errado – O autor não deixa claro se essa
outro tempo. transformação está restrita à linguagem oral ou
Em “c”: Errado – Ao contrário, o texto afirma que o pode ser aplicada na linguagem escrita.
autor da novela preza pelo uso correto da língua e Em “d”: Errado – O autor cita exemplos nos quais
toma cuidado com isso, como afirma o trecho: “Mas ele precisou violar as regras por conta da necessi-
colocar um português bastante culto torna a narra- dade comunicativa.
tiva mais coerente com a época da trama.” Em “e”: Certo – O autor cita exemplos nos quais ele
Em “d”: Certo – Essa assertiva pode ser confirmada precisou violar as regras por conta da necessidade
pelo trecho: “Não tenho nada contra a linguagem comunicativa.
coloquial, ao contrário. Acho que a língua deve ser
Resposta: Letra E.
viva e usada em sintonia com o nosso tempo. Mas
colocar um português bastante culto torna a narra-
6.
tiva mais coerente com a época da trama.”
Em “e”: Errado – Segundo o próprio autor da nove-
la, “Acho que isso é importante para que o telespec- Em “a”: Errado – Não há palavra ou expressão em
tador consiga se sentir em outra época.”, ou seja, é sentido figurado.
uma linguagem atualmente em desuso. Em “b”: Certo – Há uma comparação implícita entre
Resposta: Letra D. a vida e a gramática da língua portuguesa, portan-
to, há linguagem figurada.
3. Em “c”: Errado – Não há palavra ou expressão em
sentido figurado.
Em “a”: Certo – Como o autor afirma no trecho: Em “d”: Errado – Não há palavra ou expressão em
“É uma novela que se passa no fim dos anos 1920, sentido figurado.
então tudo foi pensado para que o público entrasse Em “e”: Errado – Não há palavra ou expressão em
junto com a gente nesse túnel do tempo. Acho que sentido figurado.
isso é importante para que o telespectador consiga Resposta: Letra B.
se sentir em outra época”.
Em “b”: Errado – O autor não fala sobre modernizar 7.
esses elementos, mas sim em manter igual para a
identificação do leitor. Em “a”: Errado – Nenhuma das expressões se encai-
Em “c”: Errado – Ao contrário, a linguagem usada é xaria no texto sem mudança de significado.
mais formal e erudita, não coloquial. Em “b”: Errado – Nenhuma das expressões se encai-
Em “d”: Errado – O trecho “Com frases que pare- xaria no texto.
cem retiradas de um romance antigo, mesmo nos Em “c”: Errado – A expressão “bem além” se encaixa
momentos mais banais, os personagens se expres- bem, mas as demais, não.
sam de maneira correta e erudita.” contradiz essa Em “d”: Certo – Substituindo as expressões destaca-
afirmativa. das, o sentido do enunciado permaneceria o mesmo.
Em “e”: Errado – Nem todas as novelas e literaturas Em “e”: Errado – Nenhuma das expressões se encai-
primam pelo erudito, mas há uma preocupação em xaria bem no texto.
adaptar a linguagem a depender do contexto. Resposta: Letra D.
Resposta: Letra A.
8.
4.
A conjunção “como” pode estabelecer diferentes
Em “a”: Certo – Várias passagens no texto mostram relações de sentido: conformidade, comparação,
que o adolescente considera um sacrifício ler o livro. explicação, por exemplo. Basicamente, é possível
Podemos citar por exemplo: “Se ao menos tivesse perceber isso através do contexto.
uns diálogos, vai. Mas não!” e “Doze páginas de tin- Em “a”: Certo – A primeira conjunção pode ser subs-
ta preta! Falta de ar! Ufa, que falta de ar! Ele xinga.” tituída por “conforme” mantendo o mesmo sentido,
Em “b”: Errado – O adolescente não busca os diálo- e a segunda, poderia ser substituída por “igual a”
gos, mas sim lamenta por ser um livro sem diálogos sem prejuízo de sentido. Por isso, podemos entender
e sem passagens interessantes. que essa é a alternativa correta.
Em “c”: Errado – Ao contrário, o jovem xinga e se Em “b”: Errado – Apenas a segunda está correta.
lamenta por precisar fazer a leitura. Em “c”: Errado – Apenas a primeira está correta.
Em “d”: Errado – Ele não se arrepende, apenas volta Em “d”: Errado – Apenas a primeira está correta.
a ler porque precisa fazê-lo. Em “e”: Errado – Nenhuma das alternativas está correta.
Em “e”: Errado – Ao contrário, o adolescente não Resposta: Letra A.
lembra o que leu até o momento, como afirma o
trecho: “Página quarenta e oito... Se ao menos con- 9.
seguisse lembrar do conteúdo dessas primeiras qua-
Em “a”: Errado – Pelo contrário, o autor enaltece a
renta e oito páginas!”
gramática, mas destaca que em algumas situações,
Resposta: Letra A.
ela não precisa ser utilizada corretamente.
58
Em “b”: Errado – Pelo contrário, o autor enaltece a quando houver e as feições dos personagens envol-
gramática e os professores que a ensinam. vidos, bem como formatos de balões e tamanhos das
Em “c”: Errado – O autor não trata desse tema. letras. Tudo isso é linguagem e, portanto, faz parte
Em “d”: Certo – Vários momentos do texto confir- da intenção comunicativa.
mam essa assertiva, mas podemos destacar o tre- Em “a”: Errado – Ao contrário, há uma crítica a essa
cho: “Podemos acompanhar a vida de uma criatura, situação.
do nascimento ao túmulo, marcando as diferentes Em “b”: Errado – Um fato como esse deveria desper-
etapas por sinais de pontuação.” tar a preocupação e empatia das pessoas.
Em “e”: Errado – O autor não trata da obrigatorie- Em “c”: Certo – A novidade tecnológica, neste caso
dade da gramática. um celular ou uma câmera, faz a família focar ape-
Resposta: Letra D. nas em si e esquecer a realidade dura de outras
pessoas.
10. Em “d”: Errado – A afirmativa é verdadeira, mas
não é isso que está sendo retratado na charge.
Em “a”: Errado – Não há ironia, mas sim, valoriza- Em “e”: Errado – Ao contrário, a tecnologia afasta
ção do professor. as pessoas da realidade.
Em “b”: Errado – A primeira afirmativa está correta, Resposta: Letra C.
o autor sente que deve muito aos professores, mas a
segunda assertiva não está de acordo com o texto. 14.
Em “c”: Errado – Errada, o autor enaltece os profes-
sores que o ensinaram gramática. Em questões de interpretação de charges, tirinhas
Em “d”: Certo – Não apenas nessas orações desta- ou anúncios publicitários é importante observar
cadas, mas ao longo do texto, essa afirmativa se não só o texto, mas também as imagens, as cores,
confirma. quando houver e as feições dos personagens envol-
Em “e”: Errado – Não há descontentamento, mas vidos, bem como formatos de balões e tamanhos das
sim reconhecimento e honra ao papel do professor. letras. Tudo isso é linguagem e, portanto, faz parte
Resposta: Letra D. da intenção comunicativa.
Em “a”: Certo – O foco está no fato de que a violên-
11. cia está em vários lugares, cercando as pessoas e
muitas delas parecem não se importar e tratam isso
Em “a”: Errado – Ao contrário, as crianças reagem com banalidade, não com a seriedade que a situa-
com encantamento e expressividade às situações ção exige.
novas da vida. Em “b”: Errado – Esse não é o foco da charge.
Em “b”: Certo – A exclamação, enquanto sinal de Em “c”: Errado – Esse não é o foco da charge.
pontuação, expressa surpresa, contentamento ou Em “d”: Errado – Esse não é o foco da charge.
encantamento, o que o autor observa que acontece Em “e”: Errado – Esse não é o foco da charge.
na infância, que é o momento da vida no qual esta- Resposta: Letra A.
mos descobrindo o mundo e há esse encantamento
natural com as descobertas. 15.
Em “c”: Errado – O foco não são os adultos, mas sim
a infância. Em questões de interpretação de charges, tirinhas
Em “d”: Errado – O foco não são os adultos, mas sim ou anúncios publicitários é importante observar
a infância. não só o texto, mas também as imagens, as cores,
Em “e”: Errado – O foco é a infância, não a relação quando houver e as feições dos personagens envol-
com os adultos. vidos, bem como formatos de balões e tamanhos das
Resposta: Letra B. letras. Tudo isso é linguagem e, portanto, faz parte
da intenção comunicativa.
Em “a”: Errado – Ao contrário, para ser feliz, às
12. vezes, é necessário um pouco de alienação.
Em “b”: Certo – Para buscar a verdade, é importante
Em “a”: Errado – Ao contrário, ele conhecia a língua estar preparado para encontrar situações ruins.
antes mesmo de conhecer suas normas e não houve Em “c”: Errado – O quadrinho não afirma isso.
comprometimento da qualidade. Em “d”: Errado – O quadrinho não afirma isso.
Em “b”: Certo – O trecho a seguir confirma essa Em “e”: Errado – O quadrinho não afirma isso.
alternativa: “Oscar Wilde, por exemplo, dizia de Resposta: Letra B.
George Moore: escreveu excelente inglês, até que
descobriu a gramática.” 16.
LÍNGUA PORTUGUESA

Em “c”: Errado – Ao contrário, ele conhecia a língua


antes mesmo de conhecer suas normas. Em “a”: Certo – Toda a concordância está correta.
Em “d”: Errado – Ao contrário, ele conhecia a língua Em “b”: Errado – O correto seria: Ao encontrar um
popular antes mesmo de conhecer suas normas. diálogo, o adolescente espera que haja longas con-
Em “e”: Errado – Tal explicação não consta no texto. versas entre as personagens.
Resposta: Letra B. Em “c”: Errado – O correto seria: O adolescente está
no quarto, sentado diante da janela. Passaram as
horas, e ele não tem coragem de contá-las.
13.
Em “d”: Errado – O correto seria: A página do livro
cheia de linhas apertadas e negros parágrafos deixa
Em questões de interpretação de charges, tirinhas o adolescente com falta de ar.
ou anúncios publicitários é importante observar
não só o texto, mas também as imagens, as cores, 59
Em “e”: Errado – O correto seria: O livro tem exata- Em “d”: Errado – A escrita correta seria: Mais de
mente 486 páginas. São quase 500 páginas de leitu- um paulistano não é de jogar a toalha – acha prefe-
ra, e praticamente não existe diálogos. rível estendê-la e se deitar em cima, caso se deem a
Resposta: Letra A. eles dois metros de chão.
Em “e”: Errado – A escrita correta seria: “Cem
17. por cento dos paulistanos não  jogam a toalha
–  acham  preferível estendê-la para que se  dei-
Em “a”: Errado – O correto seria: A menina afirmou tem sobre elas, caso sejam dados a eles dois metros
ao garoto que poderá processar ele, caso este não quadrados de chão.”
lhe ajudar com a lição de casa. Resposta: Letra B.
Em “b”: Errado – O correto seria: Em resposta à
menina, o garoto resolveu pergunta-lhe onde estava
o advogado dela.
Em “c”: Errado – O correto seria: O garoto respon-
deu à menina, perguntando-lhe onde estava o advo- ANOTAÇÕES
gado dela.
Em “d”: Errado – O correto seria: A menina amea-
çou processar-lhe, caso o garoto não a ajudasse
com a lição de casa.
Em “e”: Certo.
Resposta: Letra E.

18.

Em “a”: Certo – A palavra “respiro” está sendo usa-


da em sentido figurado significando sensação de
liberdade e contato com a natureza em um ambiente
tão urbano e com poucas paisagens naturais.
Em “b”: Errado – Não há termos em sentido figura-
do, o autor correu em volta dos lugares.
Em “c”: Errado – Não há termos em sentido figura-
do, o autor corria nos lugares mencionados.
Em “d”: Errado – Não há termos em sentido figura-
do, “avenidas abertas” significa que estavam aber-
tas para os pedestres, visando atividades de lazer, o
que é comum em grandes centros.
Em “e”: Errado – Não há termos em sentido figurado.
Resposta: Letra A.

19.

Em “a”: Certo – A substituição está correta quan-


to à norma-padrão de crase, regência e conjugação
verbal.
Em “b”: Errado – O verbo preferir é transitivo direto
e indireto e rege a preposição “a” e o verbo correto
é “ponham”, tal verbo não exige a preposição “a”.
Em “c”: Errado – O verbo preferir é transitivo direto
e indireto e rege a preposição “a” e o verbo correto
é “ponham”, tal verbo não exige a preposição “a”.
Em “d”: Errado – O verbo preferir é transitivo
direto e indireto e rege a preposição “a” e o verbo
“ponham” não exige a preposição “a”.
Em “e”: Errado – O verbo preferir é transitivo direto
e indireto e rege a preposição “a” e o verbo correto
é “ponham”, tal verbo não exige a preposição “a”.
Resposta: Letra A.

20.

Em “a”: Errado – A escrita correta seria: “Os pau-


listanos não jogam a toalha – acham preferível
estendê-la e se deitar em cima, caso lhes deem dois
metros quadrados de chão.
Em “b”: Certo – A reescrita mantém o sentido e aten-
de à norma-padrão.
Em “c”: Errado – A escrita correta seria: “A maior
parte dos paulistanos, contudo, não é de jogar a
toalha – acha preferível elas serem estendidas e dei-
tar-se em cima, caso lhe seja dado dois metros de
chão.”
60
em vias, praças ou outros logradouros públicos e
em residências.

É um tipo penal bastante extenso, que irá se configu-


rar quando o agente falsificar, fabricando ou alterando:
DIREITO PENAL z Selo destinado a controle tributário, papel selado
ou qualquer papel de emissão legal destinado à
arrecadação de tributo;
z Papel de crédito público, ou seja, apólices e títulos
DIREITO PENAL - CÓDIGO PENAL da dívida pública;
z Vale postal;
Serão objeto do nosso estudo de Direito Penal os
z Cautela de penhor, ou seja, o título com o qual o
artigos solicitados e relacionados no edital da TJ-SP
sujeito pode retirar o bem empenhado das mãos
Escrevente.
do credor;
z Talão, recibo, guia, alvará ou qualquer outro docu-
ARTIGOS 293 A 305
mento relativo à arrecadação de rendas públicas
ou a depósito ou caução pelo qual o poder público
Falsidade de Títulos e Outros Papéis Públicos
seja responsável;
z Bilhete, passe ou conhecimento de empresa de
Art. 293 Falsificar, fabricando-os ou alterando-os:
transporte de mercadorias administrada pela
I – selo destinado a controle tributário, papel sela-
do ou qualquer papel de emissão legal destinado à União, por Estado ou Município.
arrecadação de tributo;
II - papel de crédito público que não seja moeda de Este tipo penal poderá ser praticado com a falsifi-
curso legal; cação de qualquer um dos documentos vistos acima,
III - vale postal; de duas formas: fabricando-os (neste caso, o agente
IV - cautela de penhor, caderneta de depósito de cai- cria um documento) ou alterando-os (o agente altera
xa econômica ou de outro estabelecimento mantido documento já existente).
por entidade de direito público; Existem formas equiparadas ao crime de falsifica-
V - talão, recibo, guia, alvará ou qualquer outro ção de papéis públicos, incorrendo o agente nas mes-
documento relativo a arrecadação de rendas públi- mas penas deste.
cas ou a depósito ou caução por que o poder públi-
co seja responsável;
VI - bilhete, passe ou conhecimento de empresa de Qualquer forma de
transporte administrada pela União, por Estado ou comércio irregular ou
por Município: Equipara-se a clandestino, inclusive
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. o exercido em vias,
atividade
§ 1o Incorre na mesma pena quem:
comercial praças ou outros
I – usa, guarda, possui ou detém qualquer dos
logradouros públicos e
papéis falsificados a que se refere este artigo;
em residências
II – importa, exporta, adquire, vende, troca, cede,
empresta, guarda, fornece ou restitui à circulação
selo falsificado destinado a controle tributário;
III – importa, exporta, adquire, vende, expõe à Sobre o crime de falsificação de papéis públicos,
venda, mantém em depósito, guarda, troca, cede, é importante levar em consideração o seguinte:
empresta, fornece, porta ou, de qualquer forma,
utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício z É crime comum, que pode ser praticado por qual-
de atividade comercial ou industrial, produto ou quer pessoa;
mercadoria: z Só admite a modalidade dolosa – não pode ser pra-
a) em que tenha sido aplicado selo que se destine a ticado culposamente;
controle tributário, falsificado; z Caso a falsificação seja grosseira, haverá a atipici-
b) sem selo oficial, nos casos em que a legislação dade deste crime;
tributária determina a obrigatoriedade de sua z Admite a tentativa;
aplicação. z Se o papel for de emissão da União, será processa-
§ 2º - Suprimir, em qualquer desses papéis, quando
do e julgado pela Justiça Federal.
legítimos, com o fim de torná-los novamente utilizá-
z Será de competência do Juizado Especial Criminal
veis, carimbo ou sinal indicativo de sua inutilização:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Federal na hipóteses de crime privilegiado, defini-
§ 3º - Incorre na mesma pena quem usa, depois do no § 4º do art. 293 do CP.
de alterado, qualquer dos papéis a que se refere o
DIREITO PENAL

parágrafo anterior. Petrechos de Falsificação


§ 4º - Quem usa ou restitui à circulação, embora
recibo de boa-fé, qualquer dos papéis falsificados Art. 294 Fabricar, adquirir, fornecer, possuir ou
ou alterados, a que se referem este artigo e o seu guardar objeto especialmente destinado à falsifi-
§ 2º, depois de conhecer a falsidade ou alteração, cação de qualquer dos papéis referidos no artigo
incorre na pena de detenção, de seis meses a dois anterior:
anos, ou multa. Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
§ 5º Equipara-se a atividade comercial, para os Art. 295 Se o agente é funcionário público, e come-
fins do inciso III do § 1o, qualquer forma de comér- te o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a
cio irregular ou clandestino, inclusive o exercido pena de sexta parte. 61
Sobre o crime de petrechos de falsificação, São condutas equiparadas ao crime de falsifica-
é importante que você leve para a sua prova as ção de selo ou sinal público, incorrendo nas mesmas
seguintes informações: penas o agente que:

z É crime de ação múltipla, que poderá ser praticado z Faz o uso de selo ou de sinal falsificado, isto é, não
mediante à execução de quaisquer um dos verbos seja verdadeiro e que o uso seja indevido, resultando,
previstos no tipo penal: fabricar, adquirir, forne- por exemplo, na obtenção de vantagem econômica;
cer, possuir ou guardar;
z Utiliza indevidamente o selo ou o sinal verdadeiro
z É crime comum, que poderá ser praticado por
em prejuízo de outrem ou em proveito próprio ou
qualquer agente.
alheio;
z Entretanto, caso o crime seja praticado por fun-
z Só incorre no uso do selo ou do sinal quem não foi
cionário público, prevalecendo-se este do cargo, a
a responsável pela falsificação;
pena será aumentada da sexta parte (1/6).
z Altera, falsifica ou faz uso indevido de marcas,
A pena do crime de petrechos de falsificação será logotipos, siglas ou quaisquer outros símbolos uti-
aumentada de 1/6 (um sexto) se o agente é funcionário lizados ou identificadores de órgãos ou entidades
público e comete o crime prevalecendo-se do cargo. da Administração Pública.

z Assim como o crime de petrecho para falsificação Sobre este crime, é importante que você leve
de moeda, o objeto deve ser destinado especialmen- em consideração as seguintes disposições:
te para falsificar os papéis previstos no art. 293.
Caso o objeto tenha outras finalidades (tem outras z É crime comum, que pode ser praticado por qual-
utilidades e também serve para falsificar papéis), quer pessoa;
não há que se falar na prática deste tipo penal; z Caso o crime seja praticado por funcionário públi-
z Só poderá ser praticado dolosamente; co, prevalecendo-se do cargo, a pena será aumen-
z Admite a modalidade tentada; tada da sexta parte (aumento de 1/6);
z No verbo guardar, trata-se de crime permanente, z Só pode ser praticado dolosamente;
protraindo-se a conduta no tempo. z Admite a modalidade tentada, já que se trata de crime
plurissubsistente, quando o delito, para ser praticado,
FALSIDADE DOCUMENTAL
necessita de vários atos para atingir o resultado;
De acordo com o art. 232, do CPP, documentos são z A falsificação pode se dar de duas formas com a
quaisquer escritos, instrumentos ou papéis públicos fabricação (o agente cria o selo ou sinal) ou com a
ou particulares. alteração (o agente modifica o selo ou sinal).
O CPP estabelece requisitos para que um papel seja
considerado documento: forma escrita, autor certo, pos- Trata-se de crime de forma livre, que pode ser pra-
suir conteúdo de relevância jurídica e valor probatório. ticado de qualquer modo pelo agente.

Falsificação do Selo ou Sinal Público Falsificação de Documento Público


Art. 296 Falsificar, fabricando-os ou alterando-os:
Art. 297 Falsificar, no todo ou em parte, documento
I - selo público destinado a autenticar atos oficiais
da União, de Estado ou de Município; público, ou alterar documento público verdadeiro:
II - selo ou sinal atribuído por lei a entidade de direito Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
público, ou a autoridade, ou sinal público de tabelião: § 1º - Se o agente é funcionário público, e comete o
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena
§ 1º - Incorre nas mesmas penas: de sexta parte.
I - quem faz uso do selo ou sinal falsificado; § 2º - Para os efeitos penais, equiparam-se a docu-
II - quem utiliza indevidamente o selo ou sinal ver- mento público o emanado de entidade paraestatal,
dadeiro em prejuízo de outrem ou em proveito pró- o título ao portador ou transmissível por endosso,
prio ou alheio. as ações de sociedade comercial, os livros mercan-
III - quem altera, falsifica ou faz uso indevido de tis e o testamento particular.
marcas, logotipos, siglas ou quaisquer outros sím- § 3° Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz
bolos utilizados ou identificadores de órgãos ou inserir:
entidades da Administração Pública. I – na folha de pagamento ou em documento de
§ 2º - Se o agente é funcionário público, e comete o informações que seja destinado a fazer prova
crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena perante a previdência social, pessoa que não pos-
de sexta parte. sua a qualidade de segurado obrigatório;
II – na Carteira de Trabalho e Previdência Social
Falsificação de selo ou sinal público do empregado ou em documento que deva produzir
efeito perante a previdência social, declaração falsa
ou diversa da que deveria ter sido escrita;
Falsificar, fabricando ou alterando III – em documento contábil ou em qualquer outro
documento relacionado com as obrigações da
empresa perante a previdência social, declaração
Selo ou sinal atribuído
Selo público destinado a falsa ou diversa da que deveria ter constado.
por lei à entidade de
autenticar atos oficiais § 4° Nas mesmas penas incorre quem omite, nos
direito público, ou à
da Uniâo, do Estado ou documentos mencionados no § 3o, nome do segura-
autoridade ou sinal
do Município do e seus dados pessoais, a remuneração, a vigência
público de tabelião
62 do contrato de trabalho ou de prestação de serviços.
A sua conduta típica é: falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento público
verdadeiro.
O crime pode ser praticado das seguintes formas:

Falsificar, total
Alterar documento
ou parcialmente,
público verdadeiro
documento público

Aqui, o agente cria um Aqui, o agente modifica


documento público que o documento público
não existia que já existia

Trata-se de falsidade material, na qual o agente cria um documento público falso ou modifica o documento
público verdadeiro, tornando-se falsos em seu aspecto material, podendo o conteúdo ser verdadeiro ou não.
São condutas equiparadas ao crime de falsificação de documento público, incorrendo nas mesmas penas o
agente que insere ou faz inserir, estão descritas nos incisos do § 3º, do art. 297, do CP, como citado acima.

Importante!
Cleber Masson (2018) destaca que se a falsidade lançada na Carteira de Trabalho e Previdência Social relacionar-se
com os direitos trabalhistas do empregado, incidirá o crime definido no art. 49 do Decreto-lei 5.452/1943. Por seu
turno, se a falsidade atingir a Previdência Social, estará caracterizado o crime tipificado no inciso II do § 3º do art.
297 do CP.

É de suma importância você saber que não se pode confundir a falsidade material com a falsidade ideológica.

Falsidade Material
z O agente cria um documento falso ou
modifica um documento verdadeiro;
z O documento é materialmente falso;
z Altera-se o aspecto formal do documento,
podendo o conteúdo ser verdadeiro ou
não;
z Crimes: falsificação de documento públi-
co ou particular;
z Por exemplo, criar uma certidão de
nascimento.

Falsidade Ideológica

z O agente falsifica a declaração que deve-


ria constar no documento público ou pri-
vado, que são verdadeiros;
z O documento é materialmente verdadei-
ro, com o conteúdo falso;
z Altera-se o conteúdo do documento, mas
o aspecto formal continua intacto;
z Crime: falsidade ideológica;
z Por exemplo, alterar data de nascimento
em certidão de nascimento.
DIREITO PENAL

Sobre o crime de falsificação de documento público, é importante que você leve em consideração as
seguintes informações:

z O crime é comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa;


z Na hipótese de o agente ser funcionário público e, ainda, se prevaleça do cargo para praticar o delito, a pena
será aumentada em um sexto;
z O delito é doloso, não exige fim especial;
z Não admite a modalidade culposa;
z Admite a tentativa; 63
z O objeto material do crime é o documento público. O crime de falsificação de documento particular
é praticado quando o agente age de acordo com o
É muito importante que você saiba o que é docu- núcleo do tipo, ou seja, falsifica, no todo ou em parte,
mento público, para fins de configuração deste crime, documento particular ou altera (segundo núcleo do
já que existe, também, o crime de falsificação de docu- tipo) documento particular verdadeiro.
mento particular, sendo os dois apenados de formas A conduta é muito semelhante ao crime de falsifi-
diferentes, sendo aquele mais grave do que este. cação de documento público, sendo diferente no que
Para fins de concurso público, pode-se conceituar se refere ao objeto material do crime. Estes crimes
documento público como aquele emitido por funcio- também se diferenciam em relação à pena cominada.
nário público, no exercício de suas funções, a serviço
da União, estados-membros, Distrito Federal ou muni- FALSIFICAÇÃO OBJETO
PENA
cípios (emitido por órgãos ou entidades públicas). DE DOCUMENTO MATERIAL
Porém, o Código Penal equipara alguns outros
Documento Reclusão, de dois a
documentos, embora emitidos por particulares, a Público
público seis ano e multa
documento público.
Documento Reclusão, de um a
z F alsificação total: criação de todo o material Particular
Particular cinco anos e multa
escrito que representa o documento.
z Falsificação parcial: há uma criação de uma par-
te falsa do documento público verdadeiro, a qual Já estudamos o documento público e agora esta-
pode dele ser individualizada. mos compreendendo o documento particular. Mas, o
z Alteração de documento público: inserir ou supri- que é documento particular?
mir falsamente informações escritas no próprio cor- Documento particular é aquele que não é docu-
po do documento verdadeiro, após a sua criação. mento público, nem equiparado a documento público,
como por exemplo, cartão de identificação de veículo
de moradores de condomínio residencial.
FALSIFICAÇÃO Neste delito, a falsidade também pode ser mate-
ALTERAÇÃO
PARCIAL rial, alterando-se a forma estrutural do documento,
A falsidade diz respeito podendo o conteúdo ser verdadeiro ou não.
às informações Parte do documento, É importante destacar sobre o crime de falsifi-
falsamente inseridas ou que dele pode ser cação de documento particular o seguinte:
retiradas do papel, o que individualizada, é criada
ocorre posteriormente à falsamente z É crime comum;
criação do documento z Admite a tentativa;
z É delito doloso, sem a necessidade de exigir especial
fim;
O título ao portador é documento de crédito que z Aplica-se a Súmula 17 do STJ: quando o falso se
não informa o seu beneficiário, a exemplo do cheque exaure no estelionato, sem mais potencialidade
no valor de até R$ 100,00 (cem reais). O endosso é uma lesiva, é por este absorvido;
forma de transferir a propriedade de um título (do z Na hipótese de a falsificação ser grosseira, não irá
endossante para o endossatário), como os cheques em se configurar este crime, mas poderá se configurar
geral e as notas promissórias, que constituem exem- outro tipo penal.
plos de títulos transmissíveis por endosso.
Para fins de aplicação deste crime, equipara-se a
Súmula 17 Quando o falso se exaure no estelio- documento particular o cartão de crédito ou de débito.
nato, sem mais potencialidade lesiva, é por este
absorvido. Falsificação de Cartão

Esta súmula se refere à aplicação do princípio da Art. 298 [...]


Parágrafo único.   Para fins do disposto no caput,
consunção ou absorção. Quando o crime de falsifica-
equipara-se a documento particular o cartão de
ção de documento público for meio para praticar o crédito ou débito.
crime de estelionato, será por este absorvido.
Por exemplo, agente que, para obter ilícita van- Falsidade Ideológica
tagem em prejuízo de terceiro, altera sua carteira de
identidade verdadeira, responderá apenas pelo crime Art. 299 Omitir, em documento público ou parti-
de estelionato caso a potencialidade lesiva da falsifica- cular, declaração que dele devia constar, ou nele
ção fique exaurida com a prática do estelionato. inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa
Caso a falsificação ou alteração sejam grosseiras, da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar
haverá atipicidade deste crime, podendo configurar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre
fato juridicamente relevante:
outra infração penal.
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o
documento é público, e reclusão de um a três anos,
Falsificação de Documento Particular    e multa, de quinhentos mil réis a cinco contos de
réis, se o documento é particular.
Art. 298 Falsificar, no todo ou em parte, documento Parágrafo único - Se o agente é funcionário públi-
particular ou alterar documento particular verdadeiro: co, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, ou
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. se a falsificação ou alteração é de assentamento de
64 [...] registro civil, aumenta-se a pena de sexta parte.
Configura-se com a prática da seguinte conduta A pena do crime será distinta conforme a natureza
típica: omitir, em documento público ou particular, do documento:
declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou
fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia SE DOCUMENTO SE DOCUMENTO
ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obri- PÚBLICO PRIVADO
gação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente
relevante. Reclusão de um a cinco Reclusão de um a três
A falsidade ideológica pode ser praticada tanto em anos e multa anos e multa
documento público quanto em documento particular,
tendo como distinção, tão somente a pena, vejamos: Sobre o crime de falso reconhecimento de firma ou
letra, você deve ficar atento ao seguinte:
z Documento público: reclusão, de um a cinco
anos, e multa; z É crime próprio, que só poderá ser praticado pelo
z Documento particular: reclusão, de um a três funcionário público que pode reconhecer firma ou
anos, e multa. letra;
z Admite a participação de particular, desde que
O tipo penal deste crime apresenta causa de conheça a condição de funcionário público do
agente.
aumento de pena, um sexto.
z Só poderá ser praticado dolosamente;
z Não exige fim especial de agir (dolo específico);
z Se o agente é funcionário público, e comete o cri- z Segundo posicionamento que prevalece, trata-se
me prevalecendo-se do cargo. de crime plurissubsistente, que admite, portanto,
z Se a falsificação ou alteração é de assentamento de a tentativa;
registo civil. z A ação penal será pública incondicionada.

Em relação ao crime de falsidade ideológica, é Certidão ou Atestado Ideologicamente Falso


importante que você leve em consideração as
seguintes informações: Art. 301 Atestar ou certificar falsamente, em razão
de função pública, fato ou circunstância que habi-
z Não admite a modalidade culposa – só pode ser lite alguém a obter cargo público, isenção de ônus
praticado dolosamente; ou de serviço de caráter público, ou qualquer outra
z Exige-se dolo específico (especial fim de agir): fim vantagem:
de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a Pena - detenção, de dois meses a um ano.
verdade sobre fato juridicamente relevante;
z É crime comum. Sobre este crime, é importante levar em consi-
deração o seguinte:
Atenção: se praticado por funcionário público, que z Trata-se de crime próprio, que só pode ser prati-
se prevalece do cargo, haverá aumento de pena de 1/6 cado por funcionário público, em razão da função
(um sexto). pública;
Não basta que seja praticado por funcionário z Admite o concurso de pessoas com particulares,
público, para se aplicar a causa de aumento da pena, desde que estes conheçam sobre a situação de fun-
mas, também, que ele se prevaleça do cargo para pra- cionário público;
ticar o crime. z Não admite a modalidade culposa;
Caso a conduta seja praticada sem uma das finali- z Admite a forma tentada;
dades específicas vistas o crime não irá se configurar. z É crime de ação múltipla, que pode se configurar
com a prática de quaisquer um dos verbos previs-
z Admite a modalidade tentada nas condutas comis- tos no tipo penal: atestar ou certificar;
sivas, mas não admite, segundo posicionamen- z Para a configuração deste crime, exige-se que a
to doutrinário majoritário, na conduta omissiva certificação ou atestado se deem para as finali-
(omitir); dades previstas no tipo penal: habilitar alguém a
z Neste crime, a forma do documento segue intac- obter cargo público; isentar de ônus ou de serviço
ta; o que se falsifica é o conteúdo das informações de caráter público ou qualquer outra vantagem;
contidas no documento público ou particular (com z Caso o crime tenha como finalidade a obtenção de
a omissão de declaração ou com a declaração falsa) lucro (finalidade específica), será aplicada, além
da pena privativa de liberdade, a pena de multa.
Falso Reconhecimento de Firma ou Letra
Falsidade Material de Atestado ou Certidão
DIREITO PENAL

Art. 300 Reconhecer, como verdadeira, no exercício


Art. 301 [...]
de função pública, firma ou letra que o não seja:
§ 1º - Falsificar, no todo ou em parte, atestado ou
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o
certidão, ou alterar o teor de certidão ou de atesta-
documento é público; e de um a três anos, e multa,
do verdadeiro, para prova de fato ou circunstância
se o documento é particular. que habilite alguém a obter cargo público, isenção
de ônus ou de serviço de caráter público, ou qual-
Entenda da seguinte forma: quer outra vantagem:
Pena - detenção, de três meses a dois anos.
z Firma = assinatura; § 2º - Se o crime é praticado com o fim de lucro, apli-
z Letra = manuscrito daquele que assina. ca-se, além da pena privativa de liberdade, a de multa. 65
Ainda no art. 301, do CP, em seu § 1º, temos um outro O crime tipificado neste artigo foi tacitamente
tipo penal: Falsidade material de atestado ou certidão. revogado pelo art. 39 da Lei nº 6.538/1978.
O crime de Falsidade material de atestado ou cer- Trata-se de lei relacionada ao serviço postal e sua
tidão irá se configurar quando o agente falsificar, no redação é a seguinte:
todo ou em parte, atestado ou certidão, ou alterar o
Art. 39 Reproduzir ou alterar selo ou peça filatélica
teor de certidão ou de atestado verdadeiro, para pro-
de valor para coleção, salvo quando a reprodução
va de fato ou circunstância que habilite alguém a
ou a alteração estiver visivelmente anotada na face
obter cargo público, isenção de ônus ou de serviço de ou no verso do selo ou peça:
caráter público, ou qualquer outra vantagem. Pena: detenção, até dois anos, e pagamento de três
Sobre este crime, é importante levar em conside- a dez dias-multa.
ração o seguinte: Forma assimilada
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas, quem,
z É crime comum, que poderá ser praticado por para fins de comércio, faz uso de selo ou peça fila-
qualquer pessoa; télica de valor para coleção, ilegalmente reproduzi-
z Só pode ser praticado dolosamente – não admite a dos ou alterados.
forma culposa;
z Admite a modalidade tentada; Uso de Documento Falso
z É crime de ação múltipla, que pode ser pratica-
Art. 304 Fazer uso de qualquer dos papéis falsifi-
do mediante a execuçxão de quaisquer uma das
cados ou alterados, a que se referem os arts. 297 a
seguintes condutas: 302:
Pena - a cominada à falsificação ou à alteração.
„ Falsificar, no todo ou em parte, atestado ou
certidão; O crime de uso de documento falso tem como figu-
„ Alterar o teor de certidão ou atestado verdadeiro. ra típica a seguinte conduta: fazer uso de qualquer
dos papéis falsificados ou alterados, a que se referem
os arts. 297 a 302 do Código Penal.
Importante! Vamos recordar quais são os tipos penais previstos
Caso o crime tenha como finalidade a obtenção entre os arts. 297 e 302 do Código Penal:
de lucro (finalidade específica), será aplicada,
z Falsificação de documento público;
também, a pena de multa.
z Falsificação de documento particular;
z Falsidade ideológica;
Falsidade de Atestado Médico z Falso reconhecimento de firma ou letra;
z Certidão ou atestado ideologicamente falso;
Art. 302 Dar o médico, no exercício da sua profis- z Falsidade material de atestado ou certidão;
são, atestado falso: z Falsidade de atestado médico.
Pena - detenção, de um mês a um ano.
Parágrafo único - Se o crime é cometido com o fim O uso de qualquer um dos documentos previstos
de lucro, aplica-se também multa. mencionados configura o crime de uso de documento
falso, respondendo o agente com a mesma pena cor-
Este crime tem como figura típica a seguinte con- respondente à falsificação ou alteração.
duta: dar o médico, no exercício da sua profissão, ates- Por exemplo, caso um agente seja surpreendido
tado falso. utilizando um documento público falso, será respon-
sabilizado com a pena de reclusão de dois a seis anos,
Sobre este crime, é importante levar em consideração:
e multa, mesma pena aplicada ao crime de falsificação
z É crime próprio, que só poderá ser praticado por de documento público.
médico; Se o agente que fez uso do documento falso foi o
z Não admite a forma culposa – deve ser praticado mesmo que o falsificou, ele será responsabilizado de
dolosamente; que forma?
z Não exige fim especial de agir (dolo específico), sal- Segundo entendimento que predomina no STJ,
vo no caso de obtenção de lucro; neste caso, deverá o agente responder apenas por fal-
z Admite a tentativa; sificação de documento público.
z Caso o médico pratique a conduta com finalidade de Assim, caso o agente falsifique e use o documento
obter lucro (dolo específico), será aplicada a ele, além falso, deverá responder apenas por aquele. A Súmula
da pena privativa de liberdade, a pena de multa; 546 do STJ:
z Exige-se que a conduta praticada pelo médico se
dê no exercício da função A competência para processar e julgar o crime de
uso de documento falso é firmada em razão da enti-
Reprodução ou Adulteração de Selo ou Peça dade ou órgão ao qual foi apresentado o documen-
Filatélica to público, não importando a qualificação do órgão
expedidor.
Art. 303 Reproduzir ou alterar selo ou peça filaté-
lica que tenha valor para coleção, salvo quando a Assim, caso o agente utilize uma carteira de iden-
reprodução ou a alteração está visivelmente anota- tidade falsa, não será relevante para fins de análise
da na face ou no verso do selo ou peça: de competência para processo e julgamento o órgão
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. expedidor do documento (unidade da federação que
Parágrafo único - Na mesma pena incorre quem, para o expediu), mas sim o órgão ou entidade ao qual foi
66 fins de comércio, faz uso do selo ou peça filatélica. apresentado o documento.
Caso o agente apresente o documento falso a um Em relação aos tipos penais que apresentam penas
órgão ou entidade federais, a exemplo da Polícia Rodo- como visto acima, você deve ter um cuidado redobra-
viária Federal e do INSS, a competência para processo do ao analisar o tipo penal e possíveis questões de pro-
e julgamento será da Justiça Federal. Se o documento va sobre o tema.
falso for apresentado a órgão ou entidades estaduais, Sobre este crime, faz-se necessário ficar atento
a exemplo das polícias civis ou da SANEAGO, o pro- às seguintes informações:
cesso e julgamento será de competência da Justiça
Estadual. z É crime comum, que pode ser praticado por qual-
quer agente;
Sobre este crime é importante saber: z Não admite a modalidade culposa;
z É necessário que o agente pratique as condutas des-
z Para caracterização deste crime, não basta o mero critas no tipo penal em benefício próprio ou alheio
porte do documento falso, exigindo-se que o agen- ou em prejuízo alheio (finalidade específica);
te o use efetivamente, apresentando-o a alguém; z Exige-se, para configuração deste tipo penal, que o
z É crime comum, que pode ser praticado por qual- agente não possa dispor do documento público ou
quer pessoa; particular;
z É crime formal; z Admite a tentativa.
z Não admite a modalidade culposa – só pode ser
praticado dolosamente;
z Não exige fim especial de agir (dolo específico);
z Caso o agente desconheça sobre a falsidade do ARTIGOS 307 E 308
documento e o utilize, não há que se falar na confi-
guração deste tipo penal, já que, como visto acima, OUTRAS FALSIDADES
o elemento subjetivo é somente o dolo;
z Prevalece o entendimento de que não admite a Falsa Identidade
modalidade tentada, já que se trata de crime unis-
subsistente, perfazendo-se mediante a execução Art. 307 Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa
de um único ato (ou o agente usa o documento e identidade para obter vantagem, em proveito pró-
pratica o crime; ou o agente não usa o documento prio ou alheio, ou para causar dano a outrem:
e o fato será atípico); Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa,
z Segundo o STJ, se o documento usado for grosseira- se o fato não constitui elemento de crime mais grave.
Art. 308 Usar, como próprio, passaporte, título de
mente falsificado, perceptível aos olhos do homem
eleitor, caderneta de reservista ou qualquer docu-
comum, não irá se configurar o crime de uso de
mento de identidade alheia ou ceder a outrem, para
documento falso. que dele se utilize, documento dessa natureza, pró-
prio ou de terceiro:
Supressão de Documento
Pena - detenção, de quatro meses a dois anos, e
Art. 305 Destruir, suprimir ou ocultar, em benefício multa, se o fato não constitui elemento de crime
mais grave.
próprio ou de outrem, ou em prejuízo alheio, docu-
mento público ou particular verdadeiro, de que não
podia dispor: O crime pode ser praticado das seguintes formas:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa, se o
documento é público, e reclusão, de um a cinco Falsa identidade
anos, e multa, se o documento é particular.

Trata-se de crime de ação múltipla, que poderá ser Atribuir-se Atribuir a terceiro
praticado com a execução das seguintes condutas:

Documento público ou O agente atribuiu falsa


O agente atribui a falsa
particular verdadeiro, de identidade a uma outra
identidade a si próprio
DESTRUIR que não podia dispor pessoa
SUPRIMIR
OCULTAR Em benefício próprio ou
de outrem, ou em prejuízo Neste crime, o agente se passa por uma outra pessoa.
alheio Por exemplo, um indivíduo, chamado Carlos Eduar-
do Diogo, sabendo que se encontra, em seu desfavor,
um mandado de prisão em aberto, com a finalidade
A pena do crime será diferente, a depender da natu-
DIREITO PENAL

de não ser preso e de que não se descubra a sua con-


reza do documento destruído, suprimido ou ocultado. dição de procurado, ao ser abordado por uma equipe
policial, atribui a si próprio o nome de Antônio Carlos
Documento Público Documento Particular dos Céus, contra quem não existe nenhuma medida
judicial.
Reclusão, de dois a Reclusão, de um a Vejamos que, no exemplo acima, configurou-se o
seis anos, e multa cinco anos, e multa crime de falsa identidade, já que o agente, com a fina-
lidade de obter proveito próprio, atribuiu a si mesmo
falsa identidade.
67
Mas, o fato de Carlos Eduardo Diogo atribuir a si Os crimes a seguir apresentam condutas bastante
falsa identidade para evitar prisão não está de acordo parecidas. Cuidado para não as confundir:
com o princípio do Direito Processual Penal que per-
mite que o indivíduo não seja compelido a produzir
provas contra si mesmo, podendo, inclusive, mentir?
Falsificação de Uso de documento
Caso ele seja responsabilizado penalmente, não have-
documento Público falso
ria violação ao princípio da não autoincriminação?
ou Particular
Por muito tempo, este assunto foi divergente. Conduta: fazer uso
O entendimento que predomina atualmente é o de Conduta: falsificar, de qualquer dos
que a responsabilização penal por falsa identidade, no todo ou em parte, papéis falsificados
ainda que diante de situação de alegada autodefesa, documento público ou alterados, a que
não viola o princípio da não autoincriminação, sen- ou particular ou se referem os arts.
do, portanto, fato típico. alterar documento 297 a 302 (incluindo
público ou particular documento público
STJ - Súmula 522 A conduta de atribuir-se falsa verdadeiro ou particular)
identidade perante autoridade policial é típica, ain-
da que em situação de alegada autodefesa.

Sobre o crime de falsa identidade, é importante


que você leve em consideração:
Falsa identidade
z É crime comum, que pode ser praticado por qual-
quer pessoa; Conduta: atribuir-se ou atribuir a terceiro
z Não admite a modalidade culposa – o elemento falsa identidade para obter vantagem, em
subjetivo exigido é sempre o dolo; proveito próprio ou alheio, ou para causar
z Exige dolo específico: o agente deve praticar a con- dano a outrem
duta com o fim de obter vantagem, em proveito
próprio ou alheio, ou para causar dano;
z Não admite tentativa. Parte da doutrina a admite,
ainda que de difícil configuração, caso o crime seja
Uso de documento de identidade alheio
praticado de forma escrita;
z Trata-se de crime subsidiário, respondendo o Conduta: usar, como próprio, passaporte,
agente por ele apenas se o fato não constituir ele- título de eleitor, caderneta de reservista ou
mento de crime mais grave; qualquer documento de identidade alheia
z Não se exige que o agente atribua a si ou a tercei- ou ceder a outrem, para que dele se utilize,
ro nome de pessoa real, podendo ocorrer caso o documento dessa natureza, próprio ou de
nome seja inexistente; terceiro
z É crime formal, que se consuma independente-
mente de o agente conseguir obter a vantagem ou
efetivamente causar dano.

Já o crime previsto no art. 308, poderá ser praticado ARTIGO 311-A


das seguintes formas:
DAS FRAUDES EM CERTAMES DE INTERESSE
z Quando o agente faz uso de documento de identi-
PÚBLICO
ficação alheio;
z Quando o agente cede, para que outro utilize, Fraudes em Certames de Interesse Público
documento de identificação próprio ou alheio.
Art. 311-A Utilizar ou divulgar, indevidamente, com o
O tipo penal apresenta hipótese de interpretação fim de beneficiar a si ou a outrem, ou de comprometer
analógica, já que exemplifica quais são os documentos a credibilidade do certame, conteúdo sigiloso de:
de identidade, a exemplo do passaporte, título de elei- I - concurso público;
tor e caderneta de reservista (fórmulas casuísticas), e
II - avaliação ou exame públicos;
por fim, amplia as possibilidades ao utilizar a expres-
III - processo seletivo para ingresso no ensino supe-
são “qualquer documento de identidade (fórmula
rior; ou
genérica)”.
IV - exame ou processo seletivo previstos em lei:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Sobre este crime, é importante que você leve
§ 1° Nas mesmas penas incorre quem permite ou
para a sua prova o seguinte:
facilita, por qualquer meio, o acesso de pessoas não
z É crime comum, que pode ser praticado por qual- autorizadas às informações mencionadas no caput.
quer indivíduo; § 2° Se da ação ou omissão resulta dano à adminis-
z Não admite a modalidade culposa – só pode ser tração pública:
praticado dolosamente; Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
z Admite-se a modalidade tentada; § 3° Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o fato é
z É crime subsidiário, não respondendo o agente por cometido por funcionário público.
ele se o fato constituir elemento de crime mais grave.
Este tipo penal foi editado para proteger a lisura
68 dos certames de interesse público.
Este crime tem como figura típica a prática da z Trata-se de crime formal, que se consuma com a
seguinte conduta: utilizar ou divulgar, indevidamente, mera divulgação ou utilização das informações
com o fim de beneficiar a si ou a outrem, ou de compro- sigilosas, ainda que o agente não consiga benefi-
meter a credibilidade do certame, conteúdo sigiloso de: ciar a si ou a terceiro ou não consiga comprometer
a credibilidade do certame público;
z Concurso público (segundo Sanches, instrumento z Admite a forma tentada;
de acesso a cargos e empregos públicos); z Caso o agente promova a utilização ou divulgação
z Avaliação ou exame públicos (segundo Sanches, das informações sigilosas devidamente (com justa
abrange, por exemplo, os exames psicotécnicos); causa), não há que se falar na prática deste crime.
z Processo seletivo para ingresso no ensino superior
(conforme Sanches, engloba vestibulares e outras
formas de avaliação para ingresso no ensino supe-
rior, a exemplo do ENEM);
z Exame ou processo seletivo previstos em lei (con- ARTIGOS 312 A 317
forme ensina Rogério Sanches, a exemplo do exa-
me da OAB). CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Fraudes em certames de interesse público Crimes Praticados por Funcionários Públicos Contra
a Administração em Geral

Tratam-se de crimes próprios, que exigem uma


Conduta: utilizar ou divulgar, indevidamente, com o fim
condição especial do sujeito ativo: ser funcionário
de beneficiar a se ou a outrem, ou de comprometer a
público.
credibilidade do certame, conteúdo sigiloso de
Nos crimes contra a Administração Pública, o bem
jurídico genericamente tutelado é a moralidade ou
probidade administrativa.
Processo Os crimes praticados por funcionário público con-
Exame ou
seletivo tra a administração em geral são chamados de crimes
Avaliação processo
Concurso
ou exame
para
seletivo
funcionais. Os crimes funcionais são aqueles prati-
público ingresso cados contra a administração pública por indivíduo
públicos previstos em
no ensino que se encontra investido em uma função pública. São
lei
superior divididos em funcionais próprios ou puros e funcio-
nais impróprios ou impuros.
Os crimes funcionais próprios são aqueles que
O crime de fraude em certames de interesse público serão atípicos caso não sejam praticados por funcio-
apresenta uma forma equiparada, uma forma qualifi- nários públicos. Segundo a doutrina, neste caso, ocor-
cada e uma forma majorada (com aumento de pena):
rerá uma hipótese de atipicidade absoluta.
z Forma equiparada: incorre nas mesmas penas o Vejamos que a conduta que define o crime de pre-
agente que permite ou facilita, por qualquer meio, varicação será atípica caso não seja praticada por um
o acesso de pessoas não autorizadas às informa- funcionário público.
ções sigilosas relacionadas a concurso público; Os crimes funcionais impróprios são aqueles que
avaliação ou exame públicos; processo seletivo serão desclassificados para outras infrações penais
para ingresso no ensino superior; ou exame ou caso não sejam praticados por funcionários públicos.
processo seletivo previstos em lei; Segundo a doutrina, neste caso, ocorrerá uma
z Forma qualificada: se da ação ou omissão resul- hipótese de atipicidade relativa.
tar dano à administração pública; Já a conduta que define o crime de peculato-furto,
z Forma majorada: a pena será aumentada de 1/3 (um praticada por meio do verbo subtrair, será desclassi-
terço) se o fato é cometido por funcionário público. ficada para o crime de furto, caso não seja praticada
por um funcionário público.
Sobre este crime, é importante ficar atento às Quem pode ser considerado funcionário público?
seguintes informações: O Código Penal responde a esta pergunta em seu
art. 327:
z Este crime se aplica a certames de interesse públi-
co de maneira geral, e não apenas a concursos Funcionário público
públicos em sentido estrito; Art. 327 Considera-se funcionário público, para os
z É crime comum, que pode ser praticado por qual- efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou
quer pessoa. sem remuneração, exerce cargo, emprego ou fun-
ção pública.
É comum acharem que se trata de crime próprio, § 1º - Equipara-se a funcionário público quem exer-
que só pode ser praticado por funcionário público. ce cargo, emprego ou função em entidade paraes-
Não é crime próprio. Na verdade, para este crime, tatal, e quem trabalha para empresa prestadora
DIREITO PENAL

a condição de funcionário público não é elementar, de serviço contratada ou conveniada para a execu-
constituindo, contudo, causa de aumento de pena de ção de atividade típica da Administração Pública.
1/3 (um terço). (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Vejamos os pontos importantes deste crime: § 2º - A pena será aumentada da terça parte quan-
do os autores dos crimes previstos neste Capítu-
z Não admite a modalidade culposa – só pode ser lo forem ocupantes de cargos em comissão ou de
praticado dolosamente; função de direção ou assessoramento de órgão da
z Exige fim especial de agir (dolo específico): fim de administração direta, sociedade de economia mis-
beneficiar a si ou a outrem, ou de comprometer a ta, empresa pública ou fundação instituída pelo
credibilidade do certame; poder público. (Incluído pela Lei nº 6.799, de 1980) 69
No exemplo apresentado, tanto José quanto Jonas
Importante! responderão pelo crime de peculato (vamos estudar suas
Considera-se funcionário público, para os efeitos características a seguir), já que praticaram a conduta em
penais, quem, embora transitoriamente ou sem concurso de pessoas e a condição de caráter pessoal (ser
funcionário público) se comunica aos demais agentes (é
remuneração, exerce cargo, emprego ou função
necessário que eles conheçam a condição).
pública.
Não podemos deixar de tratar do concurso de pes-
soas nos crimes funcionais. Os crimes funcionais são
É importante diferenciar o conceito de funcioná- crimes próprios, à medida que o autor deve ser fun-
rio público do direito administrativo e o de funcioná- cionário público.
rio público do direito penal. Em regra, não podem serem praticados por qual-
No direito administrativo, considera-se funcio- quer pessoa, entretanto, admitem a participação e a
nário público apenas quem exerce cargo público na coautoria, bem como a autoria mediata.
administração direta, isto é, junto à União, Estados, Observe que o particular sozinho não pratica cri-
Distrito Federal ou Municípios. me funcional, mas, se unido com outro funcionário
No direito penal, o conceito de funcionário públi- público, também responderá pelo delito.
co é mais amplo, pois abrange quem exerce cargo, Isso é decorrente da teoria monista ou unitária da
emprego ou função pública, ainda que transitoria- ação, prevista nos arts. 29 e 30 do CP, na qual “todo
mente ou sem remuneração. aquele que concorre para o crime responde para o
O mesário de eleição, por exemplo, é funcionário mesmo crime”.
público para efeitos penais, à medida que exerce uma Nesse sentido, vamos exemplificar, pois responde
função pública. por peculato o particular que, a mando do funcioná-
O art. 327, do CP, faz menção a cargo público, rio público subtrai bens da repartição pública. Igual-
emprego público e função pública, vamos distinguir: mente, enquadra-se na corrupção passiva a mulher
z Cargo público é o criado por lei, com nomenclatu- do funcionário público que instiga o marido a aceitar
ra e número certo, junto à administração direta; a propina.
z Emprego público, por sua vez, é a função pública
exercida em caráter temporário ou extraordinário, Peculato
por exemplo, diarista que presta serviço de faxina
numa repartição pública. Assim, obtém-se por exclu- Art. 312 Apropriar-se o funcionário público de
são o conceito de emprego público como sendo todo dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, públi-
aquele que não se classifica como cargo público. co ou particular, de que tem a posse em razão do
z Função pública é toda e qualquer atividade que cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:
realiza os fins próprios do Estado, como por, exem- Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
plo, perito judicial, estagiário do Ministério Públi- § 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário públi-
co ou da Defensoria Pública ou de qualquer outro co, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou
órgão público, juiz de direito, Presidente da Repú- bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído,
blica, Governador de Estado, escreventes, Prefei- em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilida-
tos, vereadores, faxineira do fórum etc. de que lhe proporciona a qualidade de funcionário.
Peculato culposo
No § 2º do art. 327, o Código Penal apresenta uma § 2º - Se o funcionário concorre culposamente para
causa de aumento de pena aplicável a todos os crimes o crime de outrem:
praticados por funcionário público contra a adminis- Pena - detenção, de três meses a um ano.
tração em geral. Observe: § 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do
A pena será aumentada de 1/3 (terça parte) quan- dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a
do os autores dos crimes praticados por funcionário punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a
público contra a administração em geral forem ocu- pena imposta.
pantes de cargos em comissão ou de função de dire-
ção ou assessoramento de órgão da administração O crime de peculato, previsto no art. 312, do CP, é
direta, sociedade de economia mista, empresa pública dividido da seguinte forma:
ou fundação instituída pelo poder público.
z Peculato-apropriação;
É importante saber que a pena não será aumen-
tada caso o funcionário público ocupe cargo em z Peculato-desvio;
comissão ou função de direção ou assessoramento em z Peculato-furto;
autarquias, por falta de previsão legal. Lembre-se que z Peculato culposo;
o nosso ordenamento jurídico não admite a analogia z Peculato mediante erro de outrem.
para prejudicar o agente.
Parte da doutrina apresenta, ainda, a seguinte divisão
Os crimes funcionais admitem a coautoria de par-
para o crime de peculato:
ticular, sendo possível que este venha a ser responsa-
bilizado por delito funcional contra a administração z Próprio: peculato-apropriação e peculato-desvio;
pública, desde que pratique a infração penal em concur-
so com funcionário público e conheça esta qualidade. z Impróprio: peculato-furto.
Vamos exemplificar: José, funcionário público, con- O peculato-apropriação irá se configurar quando
vida seu amigo de infância, Jonas, para juntos, subtraí-
o funcionário público se apropriar de dinheiro, valor
rem um computador na repartição pública que aquele
ou qualquer outro bem móvel, público ou particu-
trabalha. O funcionário público obteria facilidades para
lar, de que tem a posse em razão do cargo, como por
praticar o crime, já que havia ficado com a chave da
exemplo, vereador que se apropria de bens (aparelho
repartição naquele período. No dia determinado, os
de celular, notebook) do qual tem posse em razão do
agentes vão ao local e subtraem o computador.
70 cargo (eletivo) que ocupa.
É muito importante que você fique atento, em rela- É importante mencionar que:
ção ao peculato-apropriação, ao seguinte:
z Para que se configure este crime, é necessário que
z Para que se configure, é necessário que o agente o funcionário público não tenha a posse da coisa;
tenha a posse do bem em razão do seu cargo; z O primeiro é o verbo subtrair, que é o fato de o bem
z O bem pode ser público ou particular (imagine um ser arrebatado pelo próprio funcionário público;
objeto particular apreendido numa delegacia de z O segundo é o verbo concorrer, que significa indu-
polícia); zir, instigar ou auxiliar uma outra pessoa a reali-
z O sujeito passivo é a administração pública, con- zar a subtração, como por, exemplo, o funcionário
tudo, no caso de bem particular, o dono do bem público que distrai os demais para que o seu ami-
também será sujeito passivo do delito. go, que é ladrão, ingresse na repartição com o obje-
tivo de surrupiar os bens.
O peculato-desvio irá se configurar quando o z Para que se configure o peculato-furto é necessário
funcionário público desviar, em proveito próprio ou que o ato seja doloso;
alheio, dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, z A qualidade de funcionário público deve acarre-
público ou particular. tar alguma facilidade para a subtração da coisa.
Segundo posicionamento majoritário, apesar de Caso não haja facilidade, o agente responderá por
algumas posições jurisprudenciais em sentido con- furto normalmente.
trário, para que se configure o peculato-desvio, é
necessário que o bem seja desviado para integrar o Vamos trazer dois exemplos:
patrimônio do próprio funcionário público ou de ter-
Exemplo 1: Carlos é funcionário Público. Certo dia,
ceiros, não se configurando o tipo penal caso ocorra
na hora de sair, valendo-se do fato de estar sozinho na
mero desvio de finalidade.
repartição, ele subtrai um notebook do órgão público.
É importante que você saiba que parte da doutri-
Está certamente configurado o crime de peculato-furto,
na, minoritária, defende que, para que se configure o
já que a condição de funcionário público do servidor
peculato-desvio, não é necessário a intenção de asse-
foi uma facilidade para que ele subtraísse o bem.
nhoramento (apoderar-se) por parte do funcionário
público, podendo se configurar com o mero uso irre- Exemplo 2: Michele é funcionária pública de Tri-
gular da coisa pública, em proveito próprio ou alheio. bunal Federal. Certo dia, ao passar em frente a uma
Com base no que foi exposto, é importante men- escola que se encontra próxima à sua casa, Michele
cionar que o peculato de uso, em regra, é considerado percebe que o vigilante esqueceu a porta dos fundos
figura atípica. aberta, estando próximo um aparelho celular da esco-
Segundo Cleber Masson, la. Michele entra pela porta e subtrai o aparelho. Não
há que se falar em peculato-furto, já que a qualidade
o uso momentâneo de coisa infungível, sem a inten-
de funcionária pública de Michele em nada contri-
ção de incorporá-lo ao patrimônio pessoal ou de
buiu para a prática da subtração, podendo qualquer
terceiro, seguido da sua integral restituição a quem
pessoa, na mesma situação, praticar essa conduta
de direito é atípico.
delituosa. Dessa forma, Michele responderá pelo cri-
É necessário sabermos o que se trata de infungível. me de furto.
O art. 85, do CC, dispõe que são fungíveis os móveis Observe que:
que podem substituir-se por outros da mesma espécie,
z Admite a modalidade tentada, já que se trata de
qualidade e quantidade.
crime plurissubsistente (atos múltiplos, ou seja, o
O Código Civil não define os bens infungíveis,
autor entra no local subtrai a coisa);
mas podemos compreender que são os bens que não
z O bem subtraído pode ser público ou particular;
podem ser substituídos por outros da mesma espécie,
z O sujeito passivo é a administração pública. Caso
quantidade e qualidade.
o bem seja particular, também será sujeito passivo
É importante mencionar que é necessário, para
da infração penal o dono do bem;
que não seja típica a conduta do peculato de uso, que
z É crime material.
o bem seja infungível e não consumível, a exemplo
de um carro oficial ou de um computador. O peculato culposo, previsto no § 2º do art. 312,
Caso o bem seja fungível e consumível, a exemplo configura-se quando o funcionário público concorre
do dinheiro, a conduta será típica. culposamente para o crime de outrem.
Se a conduta relacionada ao Peculato de Uso for Dos crimes praticados por funcionário público
praticada por Prefeito, o fato será típico, independen- contra a administração em geral, o peculato é o
temente da natureza do bem, por expressa previsão único que prevê expressamente a possibilidade de
legal do inciso II do art. 1º do Decreto-Lei nº 201/1967. ser cometido na modalidade culposa.
O Peculato-furto irá se configurar quando o fun- No peculato culposo, o funcionário público não
cionário público, embora não tendo a posse do dinhei- tem intenção em praticar o crime, contudo, por culpa,
DIREITO PENAL

ro, valor ou bem, o subtrai ou concorre para que seja acaba concorrendo para a subtração da coisa.
subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se Neste sentido, Damásio ensina que no peculato
de facilidade que lhe proporciona a qualidade de culposo podem ocorrer as seguintes situações:
funcionário.
O peculato-furto pode ser praticado de duas z Um funcionário, por culpa, concorre para que
formas: outro funcionário cometa peculato (caput ou §1º);
z Um funcionário, por culpa, concorre para que outro
z Subtraindo o dinheiro, valor ou bem; funcionário ou um particular cometam o fato; e
z Concorrendo para que seja subtraído o dinheiro, z Um funcionário, por culpa, concorre para que um
valor ou bem. particular cometa o fato (furto etc.). 71
Vejamos agora outro exemplo prático: José, agen- Inserção de Dados Falsos em Sistemas de Informação
te de polícia legislativa, esquece, por omissão, já que
queria assistir a um jogo de futebol, de trancar uma O crime de inserção de dados falsos em sistemas
de informação está previsto no art. 313-A, do CP.
porta da Câmara Legislativa do Distrito Federal, a
qual somente ele tem acesso. No ambiente em que a
Art. 313-A Inserir ou facilitar, o funcionário autori-
porta se encontra, há vários objetos de valor conside- zado, a inserção de dados falsos, alterar ou excluir
rável para o Poder Legislativo distrital. João, também indevidamente dados corretos nos sistemas infor-
policial legislativo, aproveitando-se do fato de a porta matizados ou bancos de dados da Administração
estar aberta, ingressa no local e subtrai uma câmera Pública com o fim de obter vantagem indevida para
fotográfica. si ou para outrem ou para causar dano:
Neste exemplo, José poderá ser responsabiliza- Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e
do criminalmente pelo crime de peculato culposo, já multa.
que concorreu culposamente para o crime de outrem
(peculato-furto de João). O agente foi omisso ao deixar Importante!
de trancar a porta, fator que contribuiu para a prática
da subtração. Inserção de dados falsos em sistemas de infor-
Sobre o peculato culposo, é importante saber que mação é chamado de peculato eletrônico.
no § 3º do art. 312, do CP, dispõe que:
Sujeito ativo é apenas o funcionário público auto-
z Se a reparação do dano resultante do peculato cul- rizado a inserir ou excluir dados do sistema. Outros
poso ocorrer antes da sentença transitar em julga- funcionários, que não dispõem desta competência,
do, extingue a punibilidade; respondem pelo crime do art. 313-B, do CP.
z Se a reparação do dano resultante do peculato cul- A fraude no sistema informatizado ou em bancos
poso ocorrer após a sentença transitar em julgado, de dados pelo funcionário competente, para obter
a pena será reduzida da metade. vantagem para si ou para outrem, caracteriza o delito
em análise, sendo que o estelionato, por ser um crime
O peculato mediante erro de outrem está previsto menos grave, é absorvido.
no art. 313, do CP, configurando-se quando o funcionário Para que este crime se configure, é necessário que
público se apropriar de dinheiro ou qualquer utilidade as condutas descritas no tipo penal sejam praticadas
que, no exercício do cargo, recebeu por erro de outrem. por funcionário público autorizado a operar os siste-
Parte da doutrina chama esta modalidade de mas informatizados ou bancos de dados da adminis-
peculato-estelionato. tração pública.
Sujeito ativo é o funcionário público que, por erro Trata-se de crime plurinuclear, já que o tipo penal
de outrem toma posse de um bem móvel, em razão descreve vários verbos que podem ser praticados
da função, apropriando-se do mesmo. O terceiro que para a sua configuração.
induz o funcionário a apropriar-se do bem que rece- Condutas:
beu por erro será partícipe deste delito de peculato z Inserir dados falsos;
mediante erro. z Facilitar a inserção de dados falsos;
O elemento subjetivo do tipo é o dolo subsequente, z Alterar dados corretos;
isto é, posterior ao recebimento da coisa. z Excluir indevidamente dados corretos.
Num primeiro momento, o funcionário público
toma posse do bem de boa-fé, sem constatar o erro É necessário, para a tipificação do delito, que as
alheio, mas posteriormente, após detectar o erro, condutas acima sejam realizadas em sistema informa-
apropria-se da coisa. tizado (computador) ou bancos de dados (fichários,
É importante levar em consideração as seguin- livros ou outro meio físico) da Administração Pública.
tes características do crime de peculato mediante Objeto Material: Sistemas informatizados ou ban-
cos de dados da Administração Pública.
erro de outrem:
z Finalidade (dolo específico):
z É crime material, que se consuma quando o agen-
te inverte a propriedade do dinheiro ou outra uti- „ Obter vantagem indevida para si ou para
lidade, sabendo que eles chegaram ao seu poder outrem;
por erro de outra pessoa, passando a agir como se „ Causar dano.
dono fosse;
z Segundo a doutrina majoritária, admite a modali- O elemento subjetivo do tipo é o dolo específico,
dade tentada; que consiste no fim de obter vantagem indevida para
si ou para outrem ou causar dano à Administração
z O funcionário público deve receber a coisa em
Pública ou a uma terceira pessoa.
razão do cargo que exerce;
Sem esta finalidade de obter vantagem ou causar
z O sujeito passivo é a administração pública. Caso o
dano, haverá o crime do art. 313-B do CP.
bem seja particular, também será sujeito passivo o O crime se consuma com a conduta, independente-
dono do bem; mente do resultado. Trata-se de crime formal, que se
z Parte da doutrina entende que se a pessoa for caracteriza ainda que a vantagem ou o dano almejado
induzida ao erro, irá se configurar o crime de este- não se verifique.
lionato, previsto no art. 171, do CP, sendo neces- Admite-se a tentativa na hipótese de o agente ser
sário, portanto, para caracterização do crime de surpreendido antes de ultimar a conduta, por exem-
peculato mediante erro de outrem, que a vítima plo, agente é flagrado quando iniciava a supressão dos
72 entregue a coisa por erro próprio. dados corretos.
Modificação ou Alteração não Autorizada de z Não admite a modalidade culposa;
Sistemas de Informação z Admite tentativa;
z O extravio, a sonegação e inutilização podem ser
O crime de modificação ou alteração não autori- parciais ou totais.
zada de sistemas de informação está previsto no art.
313-B, do Código Penal. Sujeito ativo é apenas o funcionário público res-
ponsável pela guarda do livro oficial ou documen-
Art. 313-B Modificar ou alterar, o funcionário, sis- to. Se a conduta for praticada por outro funcionário
tema de informações ou programa de informáti- público o crime será o previsto no art. 337 do CP. Caso
ca sem autorização ou solicitação de autoridade seja praticado por advogado ou procurador, que inu-
competente: tiliza documento ou objeto do processo, o enquadra-
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, mento será no art. 356 do CP.
e multa. O delito em estudo é subsidiário, pois só será apli-
Parágrafo único. As penas são aumentadas de um cado se não houver outro crime mais grave.
terço até a metade se da modificação ou alteração Assim, o funcionário público que recebe dinheiro
resulta dano para a Administração Pública ou para para destruir livro ou documento responderá apenas
o administrado. pelo crime de corrupção passiva, que é mais grave.
Por fim, quando se tratar de livros ou documentos
Este tipo penal irá se configurar quando o agente relativos a tributos, o funcionário que tinha a guarda
modificar ou alterar sistema de informações ou pro- e praticou uma das condutas acima responderá pelo
grama de informática sem autorização ou solicitação crime do inciso I do art. 3º da Lei nº 8.137/1990, quan-
de autoridade competente. do o fato acarretar pagamento indevido ou inexato de
Caso o funcionário público seja autorizado ou pra- tributo.
tique a conduta por solicitação da autoridade compe-
Emprego Irregular de Verbas ou Rendas Públicas
tente, o fato será atípico.
A pena deste crime será aumentada de 1/3 (um Previsto no art. 315, do CP, o crime de emprego irre-
terço) até metade: caso da modificação ou alteração gular de verbas ou rendas públicas irá se configurar com
resulte dano para a Administração Pública ou para o a prática da seguinte conduta: dar às verbas ou rendas
administrado. públicas aplicação diversa da estabelecida em lei:
Fique atento às diferenças entre os tipos penais
do crime de inserção de dados falsos em sistemas de Art. 315 Dar às verbas ou rendas públicas aplica-
informação e do crime de modificação ou alteração ção diversa da estabelecida em lei:
não autorizada de sistemas de informação. Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.

z Inserção de Dados Falsos em Sistemas de Este crime não se aplica ao Prefeito Municipal, res-
Informação: pondendo este pelo crime previsto em lei específica, o
Decreto nº 201/1967.
„ Verbos: Inserir, facilitar a inserção, alterar, Exige que o emprego irregular se dê em benefí-
excluir indevidamente; cio da própria administração pública, contrariando a
„ Deve ser praticado por funcionário autorizado; legislação, não podendo o agente desviar as verbas ou
„ Exige dolo específico de obter vantagem indevi- rendas em benefício próprio, sob pena de responder
da ou de causar dano. por outro crime.
Vamos exemplificar: a Câmara Legislativa do
z Modificação ou Alteração não Autorizada de Município XYZ aprova a utilização de um milhão de
Sistemas de Informação: reais para construção de uma passarela. A autoridade
pública competente utiliza a verba mencionada para
„ Verbos: modificar ou alterar; a construção de uma escola.
„ Se praticado por funcionário autorizado, será Pronto, configurou-se o crime de emprego irregular
fato atípico;
de verbas ou rendas públicas. O agente deu às verbas
„ Não exige dolo específico.
públicas destinação diversa daquela estabelecida em lei.
Extravio, Sonegação ou Inutilização de Livro ou Observe que a destinação da verba se deu no inte-
Documento resse da administração, já que, caso se dê em benefí-
cio próprio, o agente responderá por outro crime.
Está previsto no art. 314 do Código Penal. É importante mencionar a aplicação da excludente
de ilicitude do estado de necessidade: caso o emprego
Art. 314 Extraviar livro oficial ou qualquer docu- se dê devido a uma situação de perigo iminente (uti-
mento, de que tem a guarda em razão do cargo;
lizou-se verba pública destinada ao esporte, para se
sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou parcialmente:
construir um abrigo durante perigo de chuvas que
Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não
desabrigaram grande parte da população), o fato será
constitui crime mais grave.
DIREITO PENAL

típico, mas não será antijurídico.


Os núcleos do tipo são os verbos extraviar (fazer Sobre o emprego irregular de verbas ou rendas
desaparecer), sonegar (não apresentar) e inutilizar públicas, é importante mencionar:
(tornar imprestável).
Sobre este crime, é importante que você saiba: z Este crime será praticado pelo funcionário público
que tem poder de decisão sobre as verbas ou ren-
z Trata-se de crime subsidiário (o crime fica absorvi- das públicas, podendo delas dispor;
do quando o fato constitui crime mais grave), res- z Não exige nenhum fim específico;
pondendo por ele, o funcionário público, apenas se z Não admite a modalidade culposa;
não se configurar crime mais grave; z Admite a tentativa; 73
z Não exige a ocorrência de dano pela administra- Tem os verbos “solicitar
ção pública para a sua configuração. ou receber, ou aceitar”
Concussão Solicitar é pedir, o que,
portanto, não pressupõe
Art. 316 Exigir, para si ou para outrem, direta ou
intimidação
indiretamente, ainda que fora da função ou antes de
CORRUPÇÃO PASSIVA
assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida:
Receber e aceitar pressu-
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
põem uma conduta ativa
do particular, ou seja,
No crime de concussão, o funcionário público, além de não ocorrer inti-
valendo-se de sua autoridade, exige (conduta mais midação, há uma conduta
forte do que apenas pedir) o pagamento de vantagem, inicial do terceiro
não devida pela pessoa. O particular, por temer qual-
quer represália por parte do funcionário público pode
Excesso de Exação
ou não pagar a vantagem indevida.
Vamos exemplificar: funcionário público, agen-
O excesso de exação, previsto no § 1º do art. 316 do
te de trânsito, exige de particular a quantia de R$
CP, é uma forma de concussão. Configura-se quando
2.000,00 para que libere o seu veículo, sob pena de
o funcionário público exige tributo ou contribuição
levá-lo indevidamente ao pátio do Detran.
social, que sabe ou deveria saber indevido, ou, quan-
A vantagem indevida, segundo posicionamento
do devido, emprega na cobrança meio vexatório ou
majoritário, não necessita ser patrimonial, podendo
gravoso, que a lei não autoriza.
ser qualquer outra vantagem.
É importante mencionar que a concussão se dará Art. 316 [...]
em razão da função do agente público, não se exigindo § 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição
que o fato seja praticado no efetivo desempenho das social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quan-
atribuições do cargo. Sendo assim, este crime pode ser do devido, emprega na cobrança meio vexatório ou
cometido por funcionário público de férias e, segundo gravoso, que a lei não autoriza:
a doutrina dominante, nomeado, mas não empossado Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
(antes de assumi-la).
A violência ou grave ameaça (morte, prisão) não Exação significa correção, exatidão.
são elementos integrantes do crime de concussão. São dois os delitos que recebem o nome de excesso
Se o funcionário público exigir o pagamento de de exação:
vantagem indevida, mediante violência ou grave
ameaça, estará cometendo o crime de extorsão, pre- z Exigência indevida de tributo ou contribuição
visto no art. 158 do Código Penal. social;
Sobre a concussão, é importante que você z Cobrança devida de tributo ou contribuição social,
conheça as seguintes informações, frequentemen- mas de forma vexatória ou gravosa.
te cobradas em prova:
§ 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio
z Não pode ser praticada na modalidade culposa; ou de outrem, o que recebeu indevidamente para
z Trata-se de crime formal, que se consuma com a recolher aos cofres públicos:
prática da exigência, sendo o recebimento da van- Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
tagem mero exaurimento do crime;
z O particular, de quem se exigiu a vantagem inde- O núcleo do tipo é o verbo exigir que, diferen-
vida, é sujeito passivo secundário deste crime. A temente do crime de concussão, não significa uma
administração pública é o sujeito passivo primário. ameaça, mas sim a simples cobrança indevida.
z Em regra, não admite a tentativa, salvo quando A cobrança é indevida quando o tributo ou con-
for possível fracionar o iter criminis, a exemplo da tribuição social não existe ou então já foi pago, bem
concussão praticada mediante carta endereçada à como na hipótese em que a cobrança é excessiva, em
vítima; valor maior que o devido.
z É possível se praticar a concussão indiretamente, O elemento subjetivo do tipo é o dolo, que consiste
no fato de o agente ter consciência ou dúvida, que se
quando, por exemplo, o funcionário público exi-
trata de uma cobrança indevida.
ge a vantagem indevida por intermédio de outra
Na segunda modalidade criminosa, cobrança
pessoa. vexatória ou gravosa, o tributo ou contribuição social
é devido. O problema reside no modus operandi da
É importante diferenciar concussão e corrupção cobrança, que é feita de forma vexatória, humilhante,
passiva: ou gravosa, vale dizer, com a imposição de medidas
totalmente desnecessárias.
Tem no núcleo do tipo O crime se consuma com a simples cobrança vexa-
o verbo “exigir”, há um tória ou gravosa, independentemente do recebimento.
caráter intimidativo na Admite-se a tentativa quando a cobrança vexató-
CONCUSSÃO conduta ria ou gravosa é realizada por escrito, mas, por cir-
cunstâncias alheias à vontade do agente, é descoberta
O ato de exigir é algo
antes que a vítima tomasse conhecimento.
impositivo
74
Vejamos: ou omissão, por exemplo, juiz recebe vantagem
José, funcionário público da prefeitura do Municí- indevida para prolatar sentença absolutória;
pio de Simplicidade, sabendo que seu vizinho, Márcio, z Subsequente: Quando a vantagem indevida é
deve dez mil reais em tributo, para cobrá-lo, coloca entregue ao funcionário público depois de sua
uma faixa enorme na entrada da rua, com a seguinte ação ou omissão, por exemplo, após retardar o
escrita: Márcio, deixe de ser irresponsável e pague os processo até levá-lo à prescrição, o juiz solicita
dez mil reais que você deve de tributo à prefeitura. vantagem indevida ao réu.
No exemplo, José cobrou imposto devido, fazendo
uso de meio vexatório, não autorizado por lei, confi- Observe que a corrupção passiva pode ser direta
gurando-se, assim, o excesso de exação. ou indireta:
Sobre o excesso de exação, é importante
mencionar: z Direta: quando é o próprio funcionário público
que solicita, recebe ou aceita promessa de vanta-
z Não admite a modalidade culposa, pois a expres- gem indevida;
são “que sabe” é dolo direto, e a expressão “devia z Indireta: quando uma interposta pessoa, em con-
saber” é dolo eventual; luio com o funcionário público, solicita, recebe
z Admite a tentativa quando for possível fracionar o ou aceita promessa de vantagem indevida. Nesse
iter criminis, a exemplo do excesso de exação prati- caso, tanto o “testa de ferro” quanto o funcionário
cado mediante carta endereçada à vítima; público responderão por corrupção passiva.
z Se o funcionário desviar, em proveito próprio ou
de outrem, o que recebeu indevidamente para Entende a doutrina majoritária que o mero pre-
sente recebido pelo funcionário público, por grati-
recolher aos cofres públicos, responderá por
dão ou amizade, por exemplo, uma lembrancinha de
excesso de exação na modalidade qualificada.
natal, não configura o crime de corrupção passiva.
A vantagem indevida, segundo posicionamento
Quando observamos a forma qualificada do exces-
majoritário, não necessita ser patrimonial, podendo
so de exação, é possível compreender que o tipo penal
ser qualquer outra vantagem.
não exige que o funcionário público tenha a intenção Sobre a corrupção passiva, leve em consideração
de ficar para si ou para outro aquilo que recebeu. Caso que:
o faça, responderá pelo crime na forma qualificada.
Na concussão propriamente dita, exige-se que o z Não pode ser praticada na modalidade culposa;
funcionário público pratique a conduta visando obter z Trata-se de crime formal, quando praticada por
a vantagem indevida para si ou para outrem, consti- meio dos verbos solicitar e aceitar promessa, que
tuindo-se, assim, elemento de distinção entre os tipos se consuma com a conduta, sendo o efetivo recebi-
penais. mento da vantagem mero exaurimento do crime;
z Quando praticada por meio do verbo receber, é
Corrupção Passiva crime material, que exige o efetivo recebimento
para se consumar (§ 2º do art. 317 do CP);
Art. 317 Solicitar ou receber, para si ou para z Em regra, não admite a tentativa, salvo quando
outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da for possível fracionar o iter criminis, a exemplo da
função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, corrupção passiva praticada mediante emprego de
vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal carta;
vantagem: z É possível se praticar a corrupção passiva indireta-
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e mente, quando, por exemplo, o funcionário públi-
multa. co exige a vantagem indevida por meio de outra
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em con- pessoa.
sequência da vantagem ou promessa, o funcionário
retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício O particular que paga a vantagem indevida soli-
ou o pratica infringindo dever funcional. citada pelo funcionário público não pratica crime
§ 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou algum, por falta de tipicidade penal.
retarda ato de ofício, com infração de dever funcio- A corrupção passiva possui uma forma privilegiada.
nal, cedendo a pedido ou influência de outrem: Observe que na corrupção passiva privilegiada
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. o agente pratica a conduta não com a finalidade de
conseguir alguma vantagem indevida, mas sim com
A doutrina classifica a corrupção passiva em pró- a finalidade de ceder a pedido ou influência de outro.
pria ou imprópria, antecedente ou subsequente. A pena da corrupção passiva será aumentada de
Corrupção passiva: 1/3 (um terço) se, em consequência da vantagem ou
promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar
DIREITO PENAL

z Própria: Quando o funcionário público pratica os qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever
verbos do tipo penal para praticar ato ilícito, por funcional.
exemplo, oficial de justiça recebe dinheiro para
retardar o cumprimento do mandado de citação; Dica
z Imprópria: Quando o funcionário público pratica
os verbos do tipo penal para praticar ato lícito, por Não seja surpreendido por pegadinhas em pro-
exemplo, escrevente solicita dinheiro para que a va, a corrupção passiva e a concussão se dife-
certidão seja expedida dentro do prazo; renciam nos verbos que configuram o tipo penal
z Antecedente: Quando a vantagem indevida é incriminador. Corrupção passiva: solicitar, rece-
entregue ao funcionário público antes de sua ação ber ou aceitar promessa. Concussão: exigir. 75
A prevaricação imprópria só poderá ser pratica-
ARTIGOS 319 A 333 da pelo diretor de penitenciária ou pelo funcionário
público que tem o dever funcional de impedir que o
PREVARICAÇÃO preso tenha acesso a aparelho de comunicação com
outros presos ou com o ambiente externo.
Art. 319 Retardar ou deixar de praticar, indevida- Sobre a prevaricação imprópria, é importante
mente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição ressaltar:
expressa de lei, para satisfazer interesse ou senti-
mento pessoal: z Não admite a forma culposa;
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. z Não admite tentativa.
Art. 319-A Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou
agente público, de cumprir seu dever de vedar ao
Condescendência Criminosa
preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou A condescendência criminosa está prevista no art.
similar, que permita a comunicação com outros 320 do Código Penal.
presos ou com o ambiente externo:
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. Art. 320 Deixar o funcionário, por indulgência, de
responsabilizar subordinado que cometeu infração
O crime de prevaricação é dividido em: no exercício do cargo ou, quando lhe falte compe-
tência, não levar o fato ao conhecimento da autori-
z Própria : prevista no art. 319 do Código Penal; dade competente:
z Imprópria : prevista no art. 319-A do Código Penal. Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.

A prevaricação própria, prevista no art. 319, irá Este crime pode ser praticado de duas formas:
se configurar quando o funcionário público retardar
z Quando o funcionário público, por indulgência,
ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício,
ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para deixa de responsabilizar o subordinado que come-
satisfazer interesse ou sentimento pessoal. teu infração no exercício do cargo;
O crime em estudo não se confunde com a corrup- z Quando o funcionário público, que não é compe-
ção passiva privilegiada, em que o agente age ou deixa tente para responsabilizar aquele que cometeu
de agir cedendo a pedido ou influência de outrem. infração no exercício do cargo, por indulgência,
Na prevaricação não existe este pedido ou influên- não levar o fato ao conhecimento da autoridade
cia. O agente toma a iniciativa de agir ou se omitir para competente.
satisfazer interesse ou sentimento pessoal. Assim, se
um fiscal flagra um desconhecido cometendo irregu- A doutrina majoritária entende que o crime de
laridade e deixa de autuá-lo em razão de insistentes condescendência criminosa só pode ser praticado por
pedidos deste, há corrupção passiva privilegiada, mas, superior hierárquico.
se o fiscal deixa de autuar porque percebe que a pes- Você pode entender indulgência como compaixão,
soa é um antigo amigo, configura-se a prevaricação. pena, piedade.
A prevaricação poderá ser praticada de 3 (três) for- Há um requisito que deve ser cumprido para a
mas diferentes: prática da condescendência criminosa: uma infração
funcional (que pode ser uma violação administrativa
z Retardar indevidamente a prática de ato de ofício;
ou penal) praticada por subordinado no exercício das
z Deixar de praticar indevidamente ato de ofício;
atribuições do seu cargo.
z Praticar ato de ofício contra disposição expressa de lei.
Sobre a condescendência criminosa, fique atento:
O crime de prevaricação exige um fim específico
de agir: satisfazer interesse ou sentimento pessoal. z Não admite a forma culposa;
Você pode entender interesse ou sentimento pes- z É crime omissivo;
soal de diversas formas: vingança, compaixão, ódio, z Não admite tentativa.
amizade, preguiça, entre outros.
Como é possível observar, os crimes de corrupção
SOBRE A PREVARICAÇÃO, LEVE PARA A SUA PROVA: passiva privilegiada, prevaricação e condescendência
criminosa possuem características similares.
� Não admite a forma culposa; Vejamos as diferenças:
� Pode ser praticado de forma omissiva (retardar ou
z Corrupção Passiva Privilegiada: O agente dei-
deixar de praticar) ou comissiva (praticar);
xa de praticar ato de ofício cedendo a pedido ou
� Admite tentativa apenas quando praticado de forma
influência de outrem;
comissiva.
z Prevaricação: O agente deixa de praticar ato de ofí-
� Tentativa na prevaricação:
cio para satisfazer sentimento ou interesse pessoal;
� Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, z Condescendência Criminosa: O agente deixa de
ato de ofício: não admite tentativa; praticar ato de ofício (responsabilizar o subalter-
� Praticar ato de ofício contra disposição expressa no) por indulgência.
de lei: admite tentativa.
Advocacia Administrativa
A prevaricação imprópria, prevista no art. 319-A, irá O crime de advocacia administrativa, previsto no
se configurar quando o diretor de penitenciária e/ou art. 321 do Código Penal, pode ser praticado na moda-
agente público deixar de cumprir seu dever de vedar ao lidade simples ou qualificada.
preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar,
que permita a comunicação com outros presos ou com o
76 ambiente externo.
Art. 321 Patrocinar, direta ou indiretamente, inte- Abandono de Função
resse privado perante a administração pública,
valendo-se da qualidade de funcionário
O crime de abandono de função está tipificado no
art. 323, do CP.
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa
Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo: Art. 323 Abandonar cargo público, fora dos casos
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da permitidos em lei:
multa. Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
§ 1º - Se do fato resulta prejuízo público:
É necessário que a condição de funcionário públi-
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
co proporcione alguma facilidade ao sujeito ativo, que
§ 2º - Se o fato ocorre em lugar compreendido na
patrocina interesse de terceiro, pessoa privada, caso
faixa de fronteira:
não haja facilidade alguma proporcionada pelo cargo,
Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
o fato será atípico.
O agente pode praticar este crime de diversas
A conduta típica é a de abandonar cargo público,
maneiras, como, por exemplo, fazendo uma petição
fora dos casos permitidos em Lei.
solicitando um benefício;
O nome do crime é abandono de função, porém,
o tipo penal fala em abandono de cargo público. É
z Modalidade qualificada: o crime de advocacia importante que você saiba que o conceito de função
administrativa será qualificado caso o interesse pública é mais amplo que o de cargo público (não há
privado seja ilegítimo. cargo sem função, mas há função sem cargo).
z Forma simples: interesse privado legítimo; Sendo assim, não haverá crime se ocorrer mero
z Forma qualificada: interesse privado ilegítimo. abandono de função pública (apesar do nome) ou de
emprego público, mas tão somente no caso de aban-
SOBRE A ADVOCACIA ADMINISTRATIVA, LEVE dono de cargo público (não se admite a analogia in
ISSO PARA SUA PROVA: malam partem).
De acordo com posicionamento doutrinário majoritá-
� Não admite a modalidade culposa; rio, as hipóteses de greve não configuram este tipo penal.
� É crime formal, que se consuma com a conduta, não As hipóteses em que o agente abandona o cargo
se exigindo que se atinja o interesse privado pleiteado; público, admitidas em Lei, não configuram o crime de
� Segundo doutrina majoritária, admite tentativa quan- abandono de função.
do for possível se fracionar o iter criminis. O crime de abandono de função tem circunstân-
cias que o qualificam:

Violência Arbitrária z Se o fato resulta prejuízo público;


z Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa
Este crime, previsto no art. 322, do CP, irá se confi- de fronteira.
gurar quando o funcionário público praticar violência
no exercício de função ou a pretexto de exercê-la. Cabe destacar a faixa de fronteira. Essa qualificado-
ra é uma norma penal em branco, visto que a definição
Art. 322 Praticar violência, no exercício de função
da faixa de fronteira é fornecida pela Lei nº 6.634/1979,
ou a pretexto de exercê-la.
compreendendo um raio de 150 (cento e cinquenta)
Pena - detenção, de seis meses a três anos, além da
quilômetros ao longo das fronteiras nacionais.
pena correspondente à violência. O fundamento desta qualificadora é a proteção à
Na vigência da antiga Lei de abuso de autoridade, soberania nacional que, nas fronteiras, torna-se mais
vulnerável.
encontrávamos alguns posicionamentos jurispruden-
Exige-se que o abandono se dê por um prazo rele-
ciais, tanto do STF quanto do STJ, entendendo que este
vante, apesar de o Código Penal não fixar prazo determi-
crime continua em vigência.
nado. Entende a doutrina que o prazo será fixado pelo
Agora, a nova Lei de Abuso de Autoridade admite a
estatuto a que estiver submetido o funcionário público.
possibilidade de aplicação subsidiária do art. 322, do CP.
Em regra: o prazo será de 30 (trinta) dias – pra-
A prática da violência deve se dar em razão da fun-
zo previsto na maioria dos estatutos de servidores
ção pública, não havendo a exigência de que seja pra-
públicos.
ticado no efetivo desempenho das funções do cargo,
podendo, portanto, ser praticada, por exemplo, por
um funcionário público que se encontre de folga. SOBRE O CRIME DE ABANDONO DE FUNÇÃO, LEVE
O agente que fizer uso de violência arbitrária res- PARA A SUA PROVA:
ponderá por este crime e pelo crime correspondente à
violência praticada. � É crime omissivo;
Apesar da divergência existente sobre a revogação � Não admite tentativa;
ou não deste tipo penal, leve em consideração que: � Só pode ser praticado dolosamente – não admite a
culpa.
DIREITO PENAL

z A violência arbitrária não admite a forma culposa,


devendo ser praticado dolosamente;
z Admite tentativa; Exercício Funcional Ilegalmente Antecipado ou
z Segundo Rogério Greco, o objeto material será o Prolongado
administrado contra o qual é praticada a violência
arbitrária; Este crime está previsto no art. 324, do CP.
z A violência tem que ser praticada arbitrariamente,
não se enquadrando neste tipo penal as hipóteses Art. 324 Entrar no exercício de função pública
de uso necessário e progressivo da força, admiti- antes de satisfeitas as exigências legais, ou conti-
dos em lei. nuar a exercê-la, sem autorização, depois de saber 77
oficialmente que foi exonerado, removido, substi- É importante mencionar que o agente toma conhe-
tuído ou suspenso: cimento do fato que deve permanecer em segredo em
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. razão do cargo que ocupa, não se exigindo que tenha
sido no efetivo desempenho das atribuições do cargo.
Tutela-se a Administração Pública, no tocante ao Logo, o crime pode ser praticado no caso de o
seu normal funcionamento, pois o exercício ilegal de agente tomar conhecimento do fato durante período
função pública afeta a prestação de serviços públicos. de licença, mas em razão do cargo.
O Código Penal apresenta duas formas equipara-
Este crime pode ser praticado de duas formas: das do crime de violação de sigilo funcional.
Observe:
Incorrerá nas mesmas penas o funcionário público
z Entrar no exercício de função pública antes de
que:
satisfeitas as exigências legais;
z Continuar a exercer a função pública, sem autori-
z Permite ou facilita, mediante atribuição, forneci-
zação, depois de saber oficialmente que foi exone-
mento e empréstimo de senha ou qualquer outra
rado, removido, substituído ou suspenso. É exigido forma, o acesso de pessoas não autorizadas a siste-
que o funcionário público tenha sido oficialmente mas de informações ou banco de dados da Admi-
comunicado sobre sua exoneração, remoção, subs- nistração Pública;
tituição ou suspensão. z Utiliza-se, indevidamente, do acesso restrito.

Observe que no exercício funcional ilegalmente Forma qualificada: se da ação ou omissão resulta
antecipado ou prolongado somente pode ser praticado dano à Administração Pública ou a outrem.
por funcionário público já nomeado, mas ainda sem ter Sobre este crime, fique atento:
cumprido todas as exigências legais (1ª parte), ou então
pelo indivíduo que era funcionário público, porém dei- z Só será praticado dolosamente – não admite forma
xou de ser em razão de ter sido oficialmente exonerado, culposa;
removido, substituído ou suspenso (parte final). z Em regra, não admite tentativa, salvo casos excep-
Em ambas as hipóteses, o crime é de mão própria, cionais, a exemplo de ser praticado na forma escrita.
de atuação pessoal ou de conduta infungível, pois
somente pode ser cometido pela pessoa expressamen- Violação de Sigilo de Proposta de Concorrência
te indicada no tipo penal.
Se um particular entrar no exercício da função Este tipo penal está previsto no art. 326 do Código
pública, a ele deverá ser imputado o crime de usurpa- Penal.
ção de função pública (art. 328 do CP).
Sobre o tipo penal em comento, é importante Art. 326 Devassar o sigilo de proposta de concor-
saber: rência pública, ou proporcionar a terceiro o ensejo
de devassá-lo:
Pena - Detenção, de três meses a um ano, e multa.
z Não admite a forma culposa;
z Admite tentativa.
É um crime relacionado ao procedimento licitatório.
A doutrina dominante entende que o crime de vio-
Violação de Sigilo Funcional
lação de sigilo de proposta de concorrência foi revoga-
do tacitamente pela Lei 8.666/1993 (Lei de Licitações).
O crime de violação de sigilo funcional se encontra
previsto no art. 325 do Código Penal. CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA
A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL
Art. 325 Revelar fato de que tem ciência em razão
do cargo e que deva permanecer em segredo, ou
Os crimes praticados por particular contra a admi-
facilitar-lhe a revelação:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou mul-
nistração pública estão previstos entre os arts. 328 e
ta, se o fato não constitui crime mais grave. 337-A do Código Penal.
§ 1o Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: Trata-se de crimes comuns, que não exigem
I – permite ou facilita, mediante atribuição, forne- nenhuma condição ou qualidade especial do sujeito
cimento e empréstimo de senha ou qualquer outra ativo, podendo ser praticados por qualquer pessoa.
forma, o acesso de pessoas não autorizadas a siste-
mas de informações ou banco de dados da Adminis- Usurpação de Função Pública
tração Pública;
II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. O crime de usurpação de função pública irá se con-
§ 2o Se da ação ou omissão resulta dano à Adminis- figurar quando o agente usurpar o exercício de fun-
tração Pública ou a outrem: ção pública.
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Art. 328 Usurpar o exercício de função pública:
Este crime pode ser praticado de duas formas: Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.
Parágrafo único - Se do fato o agente aufere vantagem:
z Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
e que deva permanecer em segredo;
z Facilitar a revelação de fato de que tem ciência em Usurpar = apoderar-se.
razão do cargo e que deva permanecer em segredo. Inicialmente, é importante que você não confunda
o usurpador de função com o funcionário ou agente
78 público de fato. (Assunto bastante cobrado, tanto na
disciplina Direito Penal, quanto na disciplina Direito z É crime formal, não se exigindo para a sua confi-
Administrativo). guração prejuízo ou dano à administração pública;
z Ação penal pública incondicionada.
z Usurpação de função pública: o agente exerce a
função sem nenhum tipo de investidura, apode- Resistência
rando-se dela. É crime.
z Funcionário ou agente de fato: o Agente exerce a O crime de resistência está previsto no art. 329 do
função pública, por ter ocorrido alguma irregula- Código Penal.
ridade. Não é crime.
Art. 329 Opor-se à execução de ato legal,
Segundo posicionamento doutrinário majoritário, mediante violência ou ameaça a funcionário
é necessário, para fins de consumação, que o agente competente para executá-lo ou a quem lhe esteja
execute algum ato inerente ao exercício da função, prestando auxílio:
não configurando o crime a mera apresentação a ter- Pena - detenção, de dois meses a dois anos.
ceiros como funcionário público. § 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se
executa:
Vamos exemplificar: Pena - reclusão, de um a três anos.
§ 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem pre-
Exemplo 1: Antônio se apresenta como policial juízo das correspondentes à violência.
militar para seus conhecidos como forma de se
Sobre a conduta típica, algumas informações são
autovalorizar. Não há que se falar em configura-
muito importantes:
ção do crime de usurpação de função pública, já
que o agente não praticou nenhum ato inerente ao z Exige-se que o ato praticado pelo funcionário
exercício da função policial militar, podendo, con- público seja legal;
forme o caso, configurar outra infração penal. z Se o ato praticado por funcionário público for ile-
Exemplo 2: Antônio adquire, fraudulentamente, gal, não há que se falar em resistência;
uma farda da polícia militar. Em determinado dia,
z Exige-se que o funcionário público seja competen-
ele promove uma falsa barreira e passa a abordar
te para executar o ato;
as pessoas que nela passam. Há a prática do crime
z Não se exige que a violência ou ameaça seja empre-
de usurpação de função pública, já que o agente
gada diretamente contra o funcionário competen-
praticou ato inerente ao exercício da função poli-
te, podendo ser empregada contra o terceiro que
cial militar.
esteja auxiliando o funcionário.
Você não pode confundir o crime de usurpação de Sobre a resistência, é importante que você leve em
função pública com o crime exercício funcional ilegal- consideração:
mente antecipado ou prolongado.
z Deve ser praticado dolosamente;
z Usurpação de Função Pública: z A oposição constitui um ato positivo, devendo o
agente empregar violência ou grave ameaça.
„ O agente não possui vínculo algum com a
administração pública (em relação à função O direito brasileiro não pune a resistência passiva,
usurpada); que é aquela em que o agente resiste ao ato sem o uso
„ É crime praticado por particular contra a admi- de violência ou ameaça, a exemplo daquele que, ao
nistração pública. ser preso, deita-se no chão para impedir o ato.

z Exercício Funcional Ilegalmente Antecipado ou z A violência ou ameaça deve ser empregada con-
Prolongado: tra pessoa, não constituindo o crime se empregada
contra coisa (posição dominante);
„ O agente possui algum tipo de vínculo com a z É crime formal, que se consuma com a prática
administração pública; da violência ou ameaça;
„ É crime praticado por funcionário público con- z Admite tentativa nas hipóteses de fracionamento
tra a administração pública. do iter criminis.

Há uma forma qualificada do crime de usurpação Resistência Qualificada


de função pública:
z Se, em razão da resistência, o ato não se executa.
z Usurpação de função pública qualificada: Se de Leve para a sua prova o seguinte: o agente respon-
fato, o agente auferir vantagem (qualquer tipo de derá pela resistência e pela violência empregada.
vantagem e não necessariamente financeira). Vejamos: Se, para se opor à execução de ato legal
DIREITO PENAL

praticado por funcionário competente, o particular


Sobre o crime de usurpação de função pública, usa de violência, causando lesão corporal de nature-
é importante que você leve em consideração: za grave, responderá pelos dois crimes: resistência e
lesão grave.
z Não admite a modalidade culposa;
z Admite tentativa; Desobediência
z Pode ser praticado por funcionário público, segun-
do posicionamento que prevalece, mas a função Este crime está previsto no art. 330 do Código
usurpada deve ser totalmente alheia à função dele Penal. Irá se configurar quando o agente desobedecer
(sendo ele considerado particular); a ordem legal de funcionário público. 79
Art. 330 Desobedecer a ordem legal de funcionário No exemplo 3, não há que se falar em desacato. Embo-
público: ra Cássio seja funcionário público, a ofensa proferida pelo
Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e agente em nada tem a ver com a função pública.
multa. Sobre o desacato, é importante que você fique
atento às seguintes considerações:
Vitor Eduardo Rios Gonçalves destaca que:
z O desacato pode se dar por qualquer meio: insul-
z Deve haver uma ordem: significa determinação, tos, vias de fato, gestos, entre outros;
mandamento. O não atendimento de mero pedido z O desacato deve ser praticado contra funcionário
ou solicitação não caracteriza o crime; público, não caracterizando este tipo penal a críti-
z A ordem deve ser legal: material e formalmente. ca ou ofensa à repartição pública;
Pode até ser injusta, só não pode ser ilegal; z É crime formal, que se consuma com a prática da con-
z Deve ser emanada de funcionário público com- duta descrita no tipo penal, independentemente de o
petente para proferi-la. Ex.: delegado de polícia funcionário público se considerar ofendido ou não;
requisita informação bancária e o gerente do ban- z Só pode ser praticado dolosamente;
co não atende. Não há crime, pois o gerente só está z Deve ser praticado na presença do funcionário
obrigado a fornecer a informação se houver deter-
público – doutrina dominante.
minação judicial;
z É necessário que o destinatário tenha o dever jurídico Em dezembro de 2016, a 5ª turma do STJ decidiu
de cumprir a ordem. Além disso, não haverá crime se pela descriminalização do crime de desacato, por
a recusa se der por motivo de força maior ou por ser entender que este crime viola a liberdade de expres-
impossível por algum motivo o seu cumprimento. são do indivíduo, em julgamento de Habeas Corpus.
Contudo, a 3ª seção do STJ pacificou o posicio-
A ordem deve ser legal. Caso de trate de ordem ilegal, namento do tribunal no sentido de que o desacato
não há que se falar na configuração deste tipo penal.
continua sendo crime, que não viola a liberdade de
Sobre a desobediência, é importante que você
expressão.
leve em consideração:
Tráfico de Influência
z Não admite a culpa;
z Pode ser praticada tanto na forma omissiva quan- O crime de tráfico de influência está previsto no
to na forma comissiva; art. 332 do Código Penal.
z Na forma omissiva, não admite tentativa, na forma
comissiva, admite; Art. 332 Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou
z Deve haver ordem emanada por funcionário para outrem, vantagem ou promessa de vantagem,
público, não caracterizando este crime a mera a pretexto de influir em ato praticado por fun-
solicitação. cionário público no exercício da função:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
Desacato Parágrafo único - A pena é aumentada da metade,
se o agente alega ou insinua que a vantagem é tam-
O crime de desacato, previsto no art. 331 do Código bém destinada ao funcionário.
Penal, tem como conduta típica desacatar funcionário
público no exercício da função ou em razão dela. Trata-se de crime plurinuclear, que pode ser prati-
cado com o exercício de qualquer um dos verbos pre-
Art. 331 Desacatar funcionário público no exercí- vistos no tipo penal:
cio da função ou em razão dela:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. z Solicitar;
z Exigir;
Desacatar = ofender, faltar com respeito. z Cobrar;
Não se exige que o funcionário público esteja no z Obter.
efetivo desempenho das atribuições do seu cargo para
caracterização do crime de desacato, mas sim que a O agente não tem influência sobre o funcionário
ofensa se dê em razão da função pública. público, mas passa a impressão de que a tem, com a fina-
lidade de obter vantagem ou promessa de vantagem.
Exemplo 1: Diego Souza xinga Cássio, policial civil, Caso o agente realmente tenha poder de influência
que estava no exercício de sua função, de “poli- sobre o funcionário público que praticará o ato, não
cialzinho de merda”, quando este estava prestes a há que se falar em tráfico de influência, podendo, no
prender aquele. entanto, configurar-se outro crime.
Exemplo 2: Diego Souza xinga Cássio, policial Sobre o tráfico de influência, é importante que
civil, num restaurante em Porto Seguro, durante você tome cuidado com as seguintes informações:
as férias deles, de “policialzinho de merda”, pelo
fato de Cássio tê-lo prendido no passado. z A pessoa que paga a vantagem pratica indiferente
Exemplo 3: Diego Souza xinga Cássio, policial civil, penal, por falta de previsão legal desta conduta;
de “babaca sem noção”, numa partida de futebol, z Em regra, é crime formal, consumando-se com a
pelo fato deste ter pegado um pênalti daquele. solicitação, exigência ou cobrança;
z No caso do verbo obter, o crime é material;
Nos exemplos 1 e 2, configura-se o crime de desa- z Só pode ser praticado dolosamente;
cato, já que a ofensa proferida pelo agente se deu em z Exige um especial fim de agir: obter vantagem ou
80 razão da função exercida pelo funcionário público. promessa de vantagem para si ou para outrem.
A pena do crime de tráfico de influência será CORRUPÇÃO PASSIVA
aumentada de metade:
z verbos: solicitar, receber e aceitar promessa;
z Se o agente alega ou insinua que a vantagem é z quando se tratar de corrupção passiva privilegia-
também destinada ao funcionário. da, quando o funcionário público “dá o jeitinho” e
não pratica o ato que deveria, o particular figura
Corrupção Ativa como partícipe por ter praticado o induzimento.

O crime de corrupção ativa, previsto no art. 333 do


Código Penal, é um dos tipos penais mais cobrados em CONCUSSÃO
relação aos crimes contra a administração pública.
z verbo: exigir;
Art. 333 Oferecer ou prometer vantagem indevida z crime praticado por funcionário público contra
a funcionário público, para determiná-lo a praticar, a administração pública;
omitir ou retardar ato de ofício z o agente exige, para si ou para outrem, vanta-
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. gem indevida, direta ou indireta, ainda que fora
Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, da sua função pública, ou antes de assumi-la,
se, em razão da vantagem ou promessa, o funcio- mas em razão dela.
nário retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica
infringindo dever funcional.

Fique atento às informações a seguir, muito impor-


tantes em relação à corrupção ativa: ARTIGOS 336 E 337
z Trata-se de crime plurinuclear, já que o tipo penal INUTILIZAÇÃO DE EDITAL OU DE SINAL
prevê mais de um verbo para sua prática: ofere-
cer e prometer, por exemplo, João oferece uma Art. 336 Rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar
quantia em dinheiro ao policial rodoviário federal ou conspurcar edital afixado por ordem de fun-
para não ser multado pela prática de infração de cionário público; violar ou inutilizar selo ou sinal
trânsito. Pedro promete entregar uma quantia em empregado, por determinação legal ou por ordem
dinheiro ao guarda municipal quando retornar ao de funcionário público, para identificar ou cerrar
seu veículo que está estacionado em local proibido; qualquer objeto:
z É crime formal, que se consuma com a prática da Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
conduta delituosa, não se exigindo que o funcio-
nário público aceite a vantagem ou promessa de O crime de inutilização de edital ou de sinal, pre-
vantagem; visto no art. 336 do Código Penal, é de ação múltipla,
z Não admite a forma culposa; podendo ser praticado da seguinte forma:
z Exige-se dolo específico a intenção de determinar
o funcionário público a praticar, omitir ou retar- z Rasgar ou, de qualquer forma inutilizar ou cons-
dar ato de ofício; purcar (manchar ou tornar sujo, de forma que não
z O verbo pagar não faz parte do tipo penal. Portan- possa ser utilizado) edital afixado por ordem de
to, caso o particular pague vantagem solicitada ou funcionário público;
exigida por funcionário público, não praticará cri- z Violar ou inutilizar selo ou sinal empregado, por
me algum; determinação legal ou por ordem de funcionário
z A pena da corrupção ativa será aumentada de 1/3 público, para identificar ou cerrar (encobrir) qual-
(um terço): se, em razão da vantagem ou promes- quer objeto.
sa, o funcionário público retarda ou omite ato de
ofício, ou o pratica infringindo dever funcional. Sobre o crime de inutilização de edital ou de
sinal, leve em consideração:
Você não pode confundir os crimes de corrupção
ativa, corrupção passiva e concussão: z É crime comum;
z Admite tentativa;
z Segundo posicionamento doutrinário dominante,
CORRUPÇÃO ATIVA caso a conduta seja praticada quando não mais pro-
duz efeito o edital (fora do seu prazo de validade,
z verbos: oferecer e prometer;
por exemplo), não irá se configurar este tipo penal;
z praticado por particular contra a administração
pública;
Subtração ou Inutilização de Livro ou Documento
z é crime quando o agente, com oferta ou promes-
DIREITO PENAL

sa de vantagem, quer que o funcionário público


O crime de subtração ou inutilização de livro ou
retarde ato de ofício, omita ato de ofício ou pra-
documento está previsto no art. 337, do CP.
tique ato de ofício;
z quando a corrupção ativa é para obter voto,
Art. 337 Subtrair, ou inutilizar, total ou parcial-
o crime será o tipificado no art. 299 do Código
mente, livro oficial, processo ou documento confia-
Eleitoral;
do à custódia de funcionário, em razão de ofício, ou
z se o agente se limitar a pedidos como “dar um jei-
de particular em serviço público:
tinho” ou “quebrar o galho”, não se configura cri-
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, se o fato não
me de corrupção ativa por falta de elementares.
constitui crime mais grave. 81
Tutela-se a Administração Pública, relativamente Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
ao normal funcionamento da atividade administrativa. § 1o É extinta a punibilidade se o agente, espontanea-
Cabe destacar que o livro oficial, processo ou docu- mente, declara e confessa as contribuições, impor-
mento (público ou particular) é confiado à custódia de tâncias ou valores e presta as informações devidas à
funcionário, em razão de ofício, ou de particular em previdência social, na forma definida em lei ou regu-
serviço público. lamento, antes do início da ação fiscal.
Por isso é dever confiar a custódia de funcioná- § 2o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou
rio, em razão de ofício, não se verificando este crime aplicar somente a de multa se o agente for primário
quando alguém subtrai ou inutiliza, total ou parcial- e de bons antecedentes, desde que:
mente, um livro oficial, processo ou documento de I – (vetado)
quem não o guarda por conta da sua função. II – o valor das contribuições devidas, inclusive
É importante analisar que na parte final do precei- acessórios, seja igual ou inferior àquele estabele-
to primário do dispositivo em estudo tem a expressão cido pela previdência social, administrativamente,
“ou de particular em serviço público”, pois existem, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas
em certas hipóteses excepcionais, particulares que execuções fiscais.
desempenham funções públicas, por exemplo, mesá- § 3o Se o empregador não é pessoa jurídica e sua
rio nas eleições. Observe que se alguém subtrair ou folha de pagamento mensal não ultrapassa R$
inutilizar, total ou parcialmente, algum documento 1.510,00 (um mil, quinhentos e dez reais), o juiz
confiado a estas pessoas, a ele será imputado o crime poderá reduzir a pena de um terço até a metade ou
de subtração ou inutilização de livro ou documento. aplicar apenas a de multa.
Sobre o núcleo do tipo: § 4° O valor a que se refere o parágrafo anterior será
reajustado nas mesmas datas e nos mesmos índices
z Subtrair: retirar o livro oficial, processo ou docu- do reajuste dos benefícios da previdência social.
mento do local em que se encontra, dele se apode-
rando o agente; Trata-se de crime de ação vinculada e, neste senti-
z Inutilizar: tornar imprestável o livro oficial, pro- do, a conduta típica é a de suprimir ou reduzir contri-
cesso ou documento, total ou parcialmente. Não se buição social previdenciária e qualquer acessório, por
reclama sua efetiva destruição. meio das condutas descritas nos incisos I a III.
Extinção da punibilidade: caso o agente, de for-
Consuma-se o crime em estudo no instante em que ma espontânea, declare ou confesse as contribuições,
o livro oficial, processo ou documento é subtraído, importâncias ou valores e preste as informações devi-
mediante seu apoderamento pelo agente, seguido da das à previdência social, na forma definida em lei ou
inversão da sua posse e sua consequente retirada da
regulamento, antes do início da ação fiscal (não se exi-
esfera de vigilância da vítima, ou então inutilizado,
ge o pagamento do tributo sonegado).
total ou parcialmente.
Observe que se o documento se destina a fazer prova A declaração ou confissão e a prestação das infor-
de relação jurídica, e o agente visa beneficiar a si pró- mações deverão ocorrer antes do início da ação fiscal.
prio ou a terceiro, o fato constituirá crime mais grave. Sobre o crime de sonegação de contribuição pre-
Sobre este tipo penal, é importante que você fique videnciária, é importante ficar atento ao seguinte:
atento ao seguinte:
z Não admite a modalidade culposa;
z É crime comum; z De acordo com o art. 34 da Lei nº 9.249/1995, con-
z Admite tentativa; firmado pela doutrina majoritária, o pagamento
z É crime subsidiário, respondendo o agente por ele integral do tributo ou contribuição social, após a
apenas caso não se configure um crime mais grave; ação fiscal, mas antes do recebimento da denún-
z Na hipótese de o documento se destinar a fazer pro- cia, também acarretará a extinção da punibilida-
va de relação jurídica, e o agente visar se beneficiar a de. Veremos esse artigo a seguir:
si próprio ou a terceiro, o fato constituirá mais grave;
z Somente será praticado na modalidade dolosa. Art. 34 Extingue-se a punibilidade dos crimes defi-
nidos na Lei 8.137, de 27 de dezembro de 1990, e na
Sonegação de Contribuição Previdenciária Lei 4.729, de 14 de julho de 1965, quando o agente
promover o pagamento do tributo ou contribuição
O crime de sonegação de contribuição previden- social, inclusive acessórios, antes do recebimento
ciária está previsto no art. 337-A, do Código Penal. da denúncia.

Art. 337-A Suprimir ou reduzir contribuição social Será extinta a punibilidade se o agente, espon-
previdenciária e qualquer acessório, mediante as taneamente, declarar e confessar as contribuições,
seguintes condutas: importâncias ou valores e prestar as informações
I – omitir de folha de pagamento da empresa ou de devidas à previdência social, na forma definida em lei
documento de informações previsto pela legislação ou regulamento, antes do início da ação fiscal.
previdenciária segurados empregado, empresário,
O termo final para o pagamento é o início da ação
trabalhador avulso ou trabalhador autônomo ou a
fiscal.
este equiparado que lhe prestem serviços;
II – deixar de lançar mensalmente nos títulos pró-
Se o agente for beneficiado pela concessão do par-
prios da contabilidade da empresa as quantias celamento dos valores devidos a título de contribui-
descontadas dos segurados ou as devidas pelo ção social previdenciária, ou qualquer acessório, o
empregador ou pelo tomador de serviços; pagamento integral do débito importará na extinção
III – omitir, total ou parcialmente, receitas ou da punibilidade (§ 4º do art. 83 da Lei nº 9.430/1996).
lucros auferidos, remunerações pagas ou credi- O Supremo Tribunal Federal entende, com ampa-
tadas e demais fatos geradores de contribuições ro no art. 69 da Lei nº 11.941/2009, que o pagamen-
82 sociais previdenciárias: to integral do débito fiscal acarreta na extinção da
punibilidade do agente, ainda que efetuado após o z A pessoa contra quem se imputa o crime deve
julgamento da ação penal, desde que antes do trânsito ser determinada, sendo ela, assim como o Estado,
em julgado da condenação. sujeito passivo da prática delituosa;
Destaca-se: z Em regra, a denunciação caluniosa absorve o cri-
me de calúnia.
z A competência para julgar o crime de sonegação
A pena será aumentada de 1/6 (sexta parte), caso
de contribuição previdenciária é da justiça federal;
o agente se sirva de anonimato ou de nome suposto.
z Admite a forma tentada;
No caso de denunciação caluniosa privilegiada, a
z É crime material;
pena será diminuída de metade, caso a imputação seja
z Este tipo penal admite a aplicação do princípio da de prática de contravenção penal.
insignificância, excluindo-se, assim, a tipicidade Observe as principais diferenças entre a denuncia-
material do crime; ção caluniosa e o crime de calúnia.
z Se o empregador não é pessoa jurídica e sua folha
de pagamento mensal não ultrapassa R$ 1.510,00 z Denunciação Caluniosa:
(um mil, quinhentos e dez reais), o juiz poderá
reduzir a pena de um terço até a metade ou aplicar „ É crime contra a administração da justiça;
apenas a de multa. „ A ação penal é pública incondicionada, se dis-
cute na doutrina e jurisprudência se o processo
por denunciação caluniosa pode ser iniciado
antes do desfecho do procedimento ou ação
originários;
ARTIGOS 339 A 347 „ Punida pelo fato de o agente movimentar falsa-
DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA mente o aparato estatal, tentando prejudicar a
vítima perante o Estado;
A denunciação caluniosa está prevista no art. 339 „ É admitida a imputação falsa de crime ou con-
do Código Penal. travenção penal.
Art. 339 Dar causa à instauração de investigação z Calúnia:
policial, de processo judicial, instauração de inves-
tigação administrativa, inquérito civil ou ação de „ É crime contra a honra;
improbidade administrativa contra alguém, impu- „ A ação penal é privada;
tando-lhe crime de que o sabe inocente: „ Punida pelo fato de o agente ofender a honra
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. objetiva da vítima;
§ 1º - A pena é aumentada de sexta parte, se o agen-
„ É admitida a imputação falsa apenas de crime.
te se serve de anonimato ou de nome suposto.
§ 2º - A pena é diminuída de metade, se a imputação Comunicação Falsa de Crime ou Contravenção
é de prática de contravenção.
Art. 340 Provocar a ação de autoridade, comuni-
O crime pode ser praticado mesmo que o agente dê cando-lhe a ocorrência de crime ou de contraven-
causa a outro procedimento, ainda que não seja pro- ção que sabe não se ter verificado:
cesso judicial, a exemplo de investigação policial ou Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
administrativa. É importante compreender isso. Mui-
tas questões abordam esta situação.
Sobre o crime de denunciação caluniosa, é Importante!
importante ficar atento ao seguinte:
Ao contrário do que ocorre no crime de denuncia-
z Só pode ser praticado dolosamente: Parte da dou- ção caluniosa, no crime de falsa comunicação de
trina não admite o dolo eventual neste crime, já crime ou contravenção, o agente não individualiza
que o tipo penal exige que o agente saiba que o
fato é imputado contra pessoa inocente.
o autor, imputando a alguém o fato que não existiu,
mas apenas comunica à autoridade crime ou con-
A denunciação caluniosa poderá se configurar travenção penal que sabe não ter ocorrido.
quando o agente imputa crime que realmente acon-
teceu contra pessoa que sabe ser inocente ou quando
imputa a alguém a prática de crime que não existiu Sobre este crime, é importante mencionar que:
(neste caso não há dúvidas sobre a inocência da pes-
soa, já que o fato sequer aconteceu); z Não admite a forma culposa. Assim, se o agente
comunica à autoridade, sem intenção, crime ou
z É necessário que o fato imputado seja crime ou contravenção penal, provocando a ação desta, este
contravenção penal (no caso de contravenção tipo penal não estará configurado;
penal, a pena será reduzida de metade), não se
DIREITO PENAL

z É crime comum;
configurando este tipo penal caso o agente impute z Admite tentativa;
infração administrativa ou civil;
z É crime comum;
„ Se o fato imputado for infração administrativa
z Admite a forma tentada, por exemplo, o agente
narra ao delegado de polícia que o autor de deter- ou civil, não irá se configurar o crime;
minado crime foi a pessoa A, mas o delegado não „ Para a maioria da doutrina, não se configura o
inicia qualquer investigação porque o verdadeiro crime quando o agente se limita a comunicar
autor do crime é B, que se apresenta e confessa ter ilícito penal diverso do que realmente ocorreu,
cometido o delito antes mesmo de a autoridade ter desde que o fato comunicado e o que realmente
iniciado qualquer investigação; ocorreu sejam crimes da mesma natureza; 83
„ Se o agente faz a comunicação falsa para tentar § 2° O fato deixa de ser punível se, antes da senten-
ocultar outro crime por ele praticado responde ça no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se
também pela comunicação falsa de crime. retrata ou declara a verdade.
Art. 343 Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou
z Comunicação Falsa de Crime ou Contravenção: qualquer outra vantagem a testemunha, perito,
z O agente não aponta pessoa certa e determinada contador, tradutor ou intérprete, para fazer afirma-
como autora da infração penal, mas apenas comu- ção falsa, negar ou calar a verdade em depoimento,
nica fato inexistente. perícia, cálculos, tradução ou interpretação:
Pena - reclusão, de três a quatro anos, e multa.
z Denunciação Caluniosa:
Parágrafo único. As penas aumentam-se de um sex-
„ O agente aponta pessoa certa e determinada to a um terço, se o crime é cometido com o fim de
obter prova destinada a produzir efeito em proces-
como autora da infração penal.
so penal ou em processo civil em que for parte enti-
Exemplo: José Carlos viu uma publicação no Face- dade da administração pública direta ou indireta.
book relacionada a um aborto. De imediato, ligou em
uma delegacia de polícia e comunicou o crime ao dele- O crime previsto no art. 341 tem a seguinte con-
gado de polícia, que iniciou as investigações sobre o duta típica: fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a
verdade, como testemunha, perito, contador, tradutor
fato. Entretanto, não sabia José Carlos que o aborto
ou intérprete em processo judicial, ou administrativo,
não existiu, já que a publicação se tratava de uma
inquérito policial, ou em juízo arbitral.
brincadeira por parte daquele que a realizou.
Trata-se de crime plurinuclear, que poderá ser
Não há que se falar em figura típica da comunica-
praticado mediante execução de quaisquer um dos
ção falsa de crime, já que o agente não teve dolo de
verbos previstos no tipo penal.
comunicar falsamente o fato que não existiu.
O tipo penal apresenta hipóteses que aumentarão
Autoacusação Falsa a pena do agente. As penas aumentam-se de 1/6 (um
sexto) a um terço, se o crime é:
Art. 341 Acusar-se, perante a autoridade, de crime
inexistente ou praticado por outrem: z Praticado mediante suborno.
Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa. z Cometido com o fim de obter prova destinada a
produzir efeito em processo penal;
É possível a configuração deste tipo penal quando z Cometido com o fim de obter prova destinada a
o agente se acusar de: produzir efeito em processo civil em que for par-
te entidade da administração pública direta ou
z Crime não existente (a conduta criminosa sequer indireta.
foi praticada, sequer existiu);
z Crime existente, mas praticado por outra pessoa Sobre o crime de falso testemunha ou falsa
(a conduta criminosa foi realmente realizada, mas perícia, é importante levar para a sua prova:
foi outro indivíduo que a praticou).
z Não admite a forma culposa;
Sobre a autoacusação falsa, é importante levar
z É crime de mão própria, que só poderá ser prati-
em consideração:
cado por uma das pessoas previstas no tipo penal;
z Só pode ser praticado dolosamente;
z Admite a modalidade tentada na forma escrita, Segundo posicionamento doutrinário dominante:
quando a confissão falsa remetida se extravia;
z Não se exige que seja praticado apenas perante z O falso testemunho não admite coautoria, mas é
autoridade policial, mas na presença de qualquer possível a participação;
autoridade competente (delegado de polícia, mem- z A falsa perícia admite coautoria e participação.
bro do Ministério Público, autoridade judicial etc.); z O ofendido (vítima) que praticar quaisquer dos
z Não se exige a prática de qualquer ato por parte da verbos previstos no tipo penal não pratica o crime
autoridade para a consumação do crime, bastando de falso testemunho, já que ele não é testemunha;
z Se o agente se retratar ou falar a verdade poderá
a autoacusação falsa.
ter extinta a punibilidade do crime, desde que:
Falso Testemunho ou Falsa Perícia.
„ Seja realizada no processo em que ocorreu o ilí-
O crime de falso testemunho ou falsa perícia está cito (no processo em que se deu o falso e não no
previsto no art. 342 do Código Penal. processo referente ao falso);
„ Se realizada antes da sentença (ainda prevale-
Art. 342 Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar ce o entendimento de que se trata da sentença
a verdade como testemunha, perito, contador, tra- recorrível).
dutor ou intérprete em processo judicial, ou admi-
nistrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral: Não irá responder pelo crime de falso testemu-
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e nho a pessoa que praticar as condutas descritas no
multa. tipo penal incriminador com a finalidade de não se
§ 1° As penas aumentam-se de um sexto a um ter- autoincriminar.
ço, se o crime é praticado mediante suborno ou se Lembre-se que ninguém será prejudicado por não
cometido com o fim de obter prova destinada a pro- produzir provas contra si mesmo.
duzir efeito em processo penal, ou em processo civil Quando a testemunha mente por estar sendo
em que for parte entidade da administração pública ameaçada de morte ou algum outro mal grave, não
84 direta ou indireta. responde pelo crime de falso testemunho.
O art. 343 do Código Penal apresenta um outro tipo z Aproveitando a mesma hipótese acima, porém, ago-
penal, chamado por parte da doutrina de corrupção ra André, sabendo sobre o que Thaís disse na inquiri-
ativa de testemunha contador, perito, intérprete ou ção, vai à casa de Thaís e, utilizando-se de uma arma
tradutor. de fogo para ameaçá-la, dizendo que irá matá-la por
A figura típica é a de dar, oferecer ou prometer não dizer que foi outra pessoa que praticou o crime,
dinheiro ou qualquer outra vantagem à testemunha, mas que o incriminou. André, nesta hipótese, prati-
perito, contador, tradutor ou intérprete, para fazer
cou o crime de ameaça, uma vez que empregou de
afirmação falsa, negar ou calar a verdade em depoi-
grave ameaça contra a pessoa após o depoimento,
mento, perícia, cálculos, tradução ou interpretação.
exaurindo-se a participação daquela na ação.
z Verbos: dar, oferecer ou prometer;
z Destinatário: testemunha, perito, contador, tra- Caso o agente utilize de violência para praticar o
dutor ou intérprete; crime de coação no curso do processo, responderá por
z Finalidade: fazer com que as pessoas façam este, além da pena correspondente à violência.
afirmação falsa, neguem ou calem a verdade Sobre a coação no curso do processo, fique
em depoimento, perícia, cálculos, tradução ou atento às seguintes informações:
interpretação.
z Pode ser praticado contra as autoridades respon-
As penas irão aumentar de 1/6 a 1/3 (um sexto a sáveis pela condução do processo, como: juízes,
um terço), se o crime é:
promotores, delegados de polícia, entre outros;
z Cometido com o fim de obter prova destinada a z Só pode ser praticado dolosamente;
produzir efeito em processo penal; z Exige-se o dolo específico por parte do agente de
z Cometido com o fim de obter prova destinada a favorecer interesse próprio ou alheio;
produzir efeito em processo civil em que for par- z É crime formal, que se consuma com o uso de vio-
te entidade da administração pública direta ou lência ou grave ameaça, independentemente de o
indireta. coagido ceder;
z Admite a forma tentada na hipótese de o crime ser
Sobre o crime de corrupção ativa de testemu- praticou por escrito e há extravio.
nha contador, perito, intérprete ou tradutor, é
importante ficar atento ao seguinte: Exercício Arbitrário das Próprias Razões
z Não pode ser praticado culposamente; Art. 345 Fazer justiça pelas próprias mãos, para
z Nos verbos oferecer ou prometer, é crime formal; satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quan-
z No verbo dar, é crime material; do a lei o permite:
z Admite tentativa, quando for possível fracionar o Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa,
iter criminis; além da pena correspondente à violência.
z O fato deixa de ser punível se, antes da sentença Parágrafo único - Se não há emprego de violência,
no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se somente se procede mediante queixa.
retrata ou declara a verdade. Art. 346 Tirar, suprimir, destruir ou danificar coi-
Coação no Curso do Processo sa própria, que se acha em poder de terceiro por
determinação judicial ou convenção:
Art. 344 Usar de violência ou grave ameaça, com Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
o fim de favorecer interesse próprio ou alheio, con-
tra autoridade, parte, ou qualquer outra pessoa Observe a parte final da figura típica: salvo quan-
que funciona ou é chamada a intervir em proces- do a lei o permite.
so judicial, policial ou administrativo, ou em juízo Pode-se concluir que, quando houver permissão
arbitral: legal, o agente que fizer justiça com as próprias mãos
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, além não será responsabilizado criminalmente. Assim, caso
da pena correspondente à violência. o agente mate alguém em legítima defesa, não será ele
responsabilizado criminalmente.
O crime de coação no curso do processo é aquele Vejamos mais um exemplo: Kelmon é proprietário
em que, para beneficiar a si ou a terceiro, o agente de uma casa, que se encontra alugada para Diogo. O
emprega de violência ou grave ameaça contra pessoas inquilino está devendo 6 (seis) meses de aluguel. Kel-
que participam do processo ou juízo arbitral. mon, indignado com a situação, vai até o local, troca
todas as fechaduras e coloca os objetos pessoais de
Observe as duas hipóteses: Diogo do lado de fora.
Kelmon praticou o crime de exercício arbitrário
z Suponha que André tenha praticado um crime de das próprias razões, já que fez justiça com as próprias
roubo a um supermercado, estando ele sendo pro- mãos, para satisfazer pretensão legítima (ele tinha o
cessado por isso. Thaís, funcionária do supermer- direito de receber os valores correspondentes ao alu-
DIREITO PENAL

cado, é testemunha, tendo sido marcado um dia guel de seu imóvel).


para que ela comparecesse em juízo para dar seu A pretensão do agente deveria ter sido soluciona-
depoimento. André, com a finalidade de favorecer da pelos meios legais pertinentes.
seus próprios interesses, vai à casa de Thaís e, uti- Sobre o exercício arbitrário das próprias
lizando-se de uma arma de fogo para ameaçá-la, razões, deve-se ficar atento ao seguinte:
exige que ela diga que não foi ele quem praticou o
fato, mas outra pessoa. André praticou o crime de z É crime comum, que pode ser praticado por qual-
coação no curso do processo, já que empregou de quer pessoa;
grave ameaça contra a pessoa chamada a intervir z Só poderá ser praticado dolosamente;
em processo judicial. z Admite tentativa; 85
z Caso o agente pratique o crime com emprego de
violência, responderá também por ela. ARTIGOS 357 E 359
No art. 346 do Código Penal, há uma outra figura EXPLORAÇÃO DE PRESTÍGIO
típica, bastante parecida com o crime de exercício
arbitrário das próprias razões. Está previsto no art. 357, do CP.
Observe: Tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa
própria, que se acha em poder de terceiro por determi- Art. 357 Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer
nação judicial ou convenção. outra utilidade, a pretexto de influir em juiz, jurado,
órgão do Ministério Público, funcionário de justiça,
Sobre este tipo penal, é importante salientar: perito, tradutor, intérprete ou testemunha:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
z Só pode ser praticado dolosamente; Parágrafo único - As penas aumentam-se de um
z É crime de ação múltipla, que irá se configurar com terço, se o agente alega ou insinua que o dinheiro
ou utilidade também se destina a qualquer das pes-
a prática de quaisquer um dos verbos previstos no
soas referidas neste artigo.
tipo penal: tirar, suprimir, destruiu ou danificar;
z Exige-se que a coisa seja própria do agente que
Não confunda este tipo penal com o crime de tráfi-
praticou a conduta delituosa; co de influência, previsto no art. 332 do CP.
z O objeto deve estar em poder de terceiro por deter- A pena do crime de exploração de prestígio será
minação judicial ou convenção. Se for por outro aumentada de 1/3 (um terço):
motivo, não se configurará este crime;
z Admite tentativa. z Se o agente alega ou insinua que o dinheiro ou
utilidade também se destina ao juiz, ao jurado,
Para consumação deste crime, existem duas correntes: ao órgão do ministério público, ao funcionário de
justiça, ao perito, ao tradutor, ao intérprete ou à
z O crime é formal e se consuma quando o agente
testemunha.
emprega o meio executório;
z O crime é material e só se consuma com a satisfa- Sobre o crime de exploração de prestígio, leve
ção da pretensão visada. para a sua prova:

Fraude Processual z É crime comum, que poderá ser praticado por


qualquer pessoa;
Art. 347 Inovar artificiosamente, na pendência de
z Só poderá ser praticado dolosamente;
processo civil ou administrativo, o estado de lugar,
z No verbo solicitar é crime formal;
de coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o
z No verbo receber é crime material;
juiz ou o perito:
z Admite tentativa.
Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.
Parágrafo único - Se a inovação se destina a produ-
Desobediência à Decisão Judicial Sobre Perda ou
zir efeito em processo penal, ainda que não inicia-
Suspensão de Direito
do, as penas aplicam-se em dobro.
Art. 359 Exercer função, atividade, direito, autori-
Um ponto de grande relevância nesse crime, diz
dade ou múnus, de que foi suspenso ou privado por
respeito a pena em dobro prevista no parágrafo único.
decisão judicial:
Esta será aplicada caso a inovação artificiosa se desti- Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa.
na a produzir efeito em processo penal, mesmo que o
agente não tenha sido indiciado. O crime de desobediência à decisão judicial sobre per-
Carlos praticou o crime de homicídio, ao matar da ou suspensão de direito, inserido no Código Penal entre
Cláudio, que lhe devia uma quantia em dinheiro. Com os crimes contra a Administração da Justiça, representa
a finalidade de simular uma hipótese de legítima defe- uma modalidade especial do delito de desobediência, capi-
sa, para induzir o perito a erro, Carlos coloca, fraudu- tulado no art. 329 do CP entre os crimes praticados por par-
lentamente, nas mãos da vítima, uma arma de fogo, ticular contra a Administração em Geral.
modificando o estado de pessoa. Há, nos dois delitos, o descumprimento de ordem
Carlos praticou o crime de fraude processual, res- legal emanada de funcionário público. No entanto, o
pondendo pelo crime com a pena dobrada, já que ino- crime definido no art. 359, do CP, possui elementos
vou artificiosamente, na pendência de processo penal. especializantes, pois o agente não desobedece a uma
Sobre o crime de fraude processual, fique aten- simples ordem legal emitida por qualquer funcioná-
rio público.
to ao seguinte:
Neste crime vai além, exercendo função, atividade,
direito, autoridade ou múnus de que estava suspenso
z É crime comum;
ou privado por decisão judicial.
z Não admite a modalidade culposa; Tutela-se a Administração da justiça.
z Exige dolo específico: fim de induzir a erro juiz ou Quanto ao sujeito ativo, verifica-se que se trata
perito; de crime próprio ou especial, pois somente pode ser
z É crime formal, que se consuma com a prática da praticado pela pessoa que, por decisão judicial, foi
conduta prevista no tipo penal, ainda que não seja suspensa ou privada relativamente ao exercício de
efetivamente induzido a erro o juiz ou o perito; determinada função, atividade, direito, autoridade ou
86 z Admite a modalidade tentada. múnus.
O sujeito passivo é o Estado. c) o agente aufere lucro.
Consuma-se com o simples exercício da função, d) o agente é funcionário público e comete o crime preva-
atividade, direito, autoridade ou múnus do qual o lecendo-se do cargo.
agente foi suspenso ou privado por decisão judicial, e) cometido com o fim de produzir prova em processo
ainda que desta conduta não seja produzido nenhum penal.
resultado naturalístico.
Basta a prática de um único ato capaz de afrontar a 5. (TJ-SP – VUNESP – 2018) A respeito dos crimes pre-
determinação emanada do Poder Judiciário. vistos nos artigos 293 a 305 do Código Penal, assinale
a alternativa correta.
Sobre este crime, é importante que você leve
em consideração as seguintes informações:
a) O crime de falsificação de documento público (art.
297 do CP) é próprio de funcionário público.
z Só poderá ser praticado dolosamente;
b) No crime de falsidade de atestado médico (art. 302
z Admite a modalidade tentada;
do CP), independentemente da finalidade de lucro do
z Exige-se que a suspensão ou privação se dê por
agente, além da pena privativa de liberdade, aplica-se
decisão judicial. Caso se trate de decisão adminis- multa.
trativa, não irá se configurar este tipo penal. c) A falsificação de livros mercantis caracteriza o crime
de falsificação de documento particular (art. 298 do
CP).
d) O crime de falsidade ideológica (art. 299 do CP), em
HORA DE PRATICAR! documento público, é próprio de funcionário público.
e) O crime de supressão de documento (art. 305 do
1. (TJ-SP – VUNESP – 2015) O caput do art. 293 do CP CP), para se caracterizar, exige que o documento seja
tipifica a falsificação de papéis públicos, especial e verdadeiro.
expressamente no que concerne às seguintes ações:
6. (TJ-SP – VUNESP – 2018) No tocante às infrações pre-
a) produção e confecção. vistas nos artigos 307, 308 e 311-A, do Código Penal,
b) contrafação e conspurcação. assinale a alternativa correta.
c) fabricação e alteração.
d) adulteração e corrupção. a) O crime de fraude em certames de interesse público é
e) corrupção e produção. próprio de funcionário público.
b) A conduta de ceder o documento de identidade a ter-
2. (TJ-SP – VUNESP – 2017) O crime denominado ceiro, para que dele se utilize, é penalmente atípica,
“petrechos de falsificação” (CP, art. 294) tem a pena sendo crime apenas o uso, como próprio, de documen-
aumentada, de acordo com o art. 295 do CP, se to alheio.
c) O crime de fraude em certames de interesse público
a) cometido em detrimento de órgão público ou da admi- configura-se pela divulgação de conteúdo de certame,
nistração indireta. ainda que não sigiloso.
b) o agente for funcionário público e cometer o crime pre- d) O crime de fraude em certames de interesse público
valecendo-se do cargo. prevê a figura qualificada, se dele resulta dano à admi-
nistração pública.
c) causar expressivo prejuízo à fé pública.
e) A conduta de atribuir a terceiro falsa identidade é
d) a vítima for menor de idade, idosa ou incapaz.
penalmente atípica, sendo crime apenas atribuir a si
e) praticado com intuito de lucro.
próprio identidade falsa.
3. (TJ-SP – VUNESP – 2015) O crime de falsificação de
7. (TJ-SP – VUNESP – 2017) Funcionário público muni-
documento público, do art. 297 do CP,
cipal, imprudentemente, deixa a porta da repartição
aberta ao final do expediente. Assim agindo, mesmo
I. configura-se apenas se a falsificação é total, ou seja, a sem intenção, concorre para que outro funcionário
mera alteração de documento público verdadeiro não público, que trabalha no mesmo local, subtraia os
constitui crime; computadores que guarneciam o órgão público. O
II. também se configura se o documento trata-se de testa- Município sofre considerável prejuízo. A conduta do
mento particular; funcionário que deixou a porta aberta traduz-se em:
III. também se configura se o documento trata-se de livro
mercantil. a) fato atípico.
b) prevaricação.
É correto, apenas, o que se afirma em c) peculato-subtração.
d) mero ilícito funcional, sem repercussão na esfera penal.
a) III. e) peculato culposo.
b) II e III.
DIREITO PENAL

c) II. 8. (TJ-SP – VUNESP – 2015) O peculato culposo


d) I e II.
e) I. a) é fato atípico, pois não está expressamente previsto
no CP.
4. (TJ-SP – VUNESP – 2015) O crime de falsidade ideológi- b) tem a ilicitude excluída se o agente repara o dano a
ca (CP, art. 299) tem pena aumentada de sexta parte se qualquer tempo.
c) tem a punibilidade extinta se o agente repara o dano
a) cometido por motivo egoístico. antes da sentença irrecorrível.
b) a vítima sofre vultoso prejuízo. d) é punido com detenção, de dois a doze anos, e multa.
e) é punido com a mesma pena do peculato doloso. 87
9. (TJ-SP – VUNESP – 2018) A respeito dos crimes pra- 12. (TJ-SP – VUNESP – 2018) A respeito do crime de
ticados por funcionários públicos contra a administra- exploração de prestígio (art. 357 do CP), é correto afir-
ção pública, é correto afirmar que: mar que

a) Tício, funcionário público, ao se apropriar do dinhei- a) para se configurar, exige o efetivo recebimento de
ro arrecadado pelos funcionários da repartição para dinheiro pelo agente.
comprar o bolo de comemoração dos aniversariantes b) se trata de crime comum, não se exigindo qualquer
do mês, em tese, pratica o crime de peculato (art. 312 qualidade especial do autor.
do CP). c) prevê causa de aumento se o agente alega ou insi-
b) Mévia, funcionária pública, não sendo advogada, não nua que o dinheiro é também destinado a funcionário
pode incorrer no crime de advocacia administrativa público estrangeiro.
(art. 321 do CP), já que referido tipo penal exige a qua- d) se caracteriza pela conduta de receber dinheiro a pre-
lidade de advogado do sujeito ativo. texto de influir em ato praticado por qualquer funcio-
c) Tícia, funcionária pública, ao exigir, em razão de sua nário público.
função, que determinada empresa contrate o filho, em e) prevê modalidade culposa.
tese, incorre no crime de corrupção passiva (art. 317
do CP). 13. (TJ-SP – VUNESP – 2017) Imagine que um perito
d) Caio, funcionário público, ao empregar verba própria nomeado pelo juiz, em processo judicial, mediante
da educação, destinada por lei, na saúde, em tese, suborno, produza um laudo falso para favorecer uma
incorre no crime de emprego irregular de verba pública determinada parte, praticando a conduta que configu-
(art. 315 do CP). ra crime do art. 342 do CP (falsa perícia). Ocorre que,
e) Mévio, funcionário público, em razão de sua função, arrependido e antes de proferida a sentença no mes-
ao aceitar promessa de recebimento de passagens mo processo, o perito retrata-se, corrigindo a falsida-
aéreas, para férias da família, não incorre no crime de. De acordo com o texto literal do art. 342, § 2º do
CP, como consequência jurídica da retratação,
de corrupção passiva (art. 317 do CP), já que referido
tipo penal exige o efetivo recebimento de vantagem
a) o fato deixa de ser punível.
indevida.
b) o perito fica isento de pena criminal, mas deverá inde-
nizar o prejudicado pela falsidade que cometeu.
10. (TJ-SP – VUNESP – 2014) Com relação aos crimes c) o perito, se condenado pelo crime de falsa perícia, terá
contra a Administração Pública, assinale a alternativa a pena reduzida de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços).
correta. d) o perito fica impedido, por 5 (cinco) anos, de prestar
tal serviço.
a) Pratica concussão o funcionário público que se apro- e) o perito fica isento de pena criminal, mas deverá devol-
pria de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, ver os honorários recebidos em dobro.
público ou particular, de que tem a posse em razão do
cargo. 14. (TJ-SP – VUNESP – 2015) Marcos, advogado, solici-
b) Configura-se excesso de exação a exigência de verbas ta certa quantia em dinheiro a Pedro, seu cliente, pois
pelo funcionário público que sabe ou deveria saber esclarece que mediante o pagamento dessa quantia
indevidas. em dinheiro pode “acelerar” o andamento de um pro-
c) Pratica corrupção passiva o funcionário público que cesso. Informa que seria amigo do escrevente do car-
solicita ou recebe vantagem indevida, para si ou para tório judicial – o qual também seria remunerado pela
outrem, ainda que fora da função ou antes de assumi- celeridade, segundo Marcos. Pedro, inicialmente, tem
-la, mas em razão dela. intenção de aceitar a oferta, mas verifica que Mar-
cos mentiu, pois não é amigo do funcionário público.
d) No peculato culposo, a reparação do dano, em qual-
Pedro nega-se a entregar a Marcos qualquer quantia e
quer momento do processo e até a sentença recorrí-
não aceita a oferta.
vel, reduz em um terço a pena imposta.
É correto afirmar que Marcos
e) Pratica concussão o funcionário público que exigir,
para si ou para outrem, vantagem devida, ainda que
a) praticou corrupção passiva (CP, art. 317) e Pedro não
fora da função ou antes de assumi-la. cometeu crime algum.
b) praticou exploração de prestígio (CP, art. 357) e Pedro
11. (TJ-SP – VUNESP – 2018) A respeito dos crimes con- não cometeu crime algum.
tra a administração da justiça (arts. 339 a 347 do CP), c) praticou corrupção passiva (CP, art. 317) e Pedro cor-
assinale a alternativa correta. rupção ativa (CP, art. 333).
d) Pedro praticaram corrupção passiva (CP, art. 317).
a) O crime de exercício arbitrário das próprias razões pro- e) Pedro não praticaram crime algum, pois os fatos não
cede-se mediante queixa, ainda que haja emprego de evoluíram.
violência.
b) A autoacusação para acobertar ascendente ou des- 15. (TJ-SP – VUNESP – 2014) Assinale a alternativa que
cendente é atípica. contém apenas crimes contra a administração da
c) Dar causa a inquérito civil contra alguém, imputando- justiça.
-lhe falsamente a prática de crime, em tese, caracteri-
za o crime de denunciação caluniosa. a) Falsificação de papéis públicos, prevaricação e con-
d) Provocar a ação de autoridade, comunicando a ocor- descendência criminosa.
rência de crime que sabe não ter se verificado, em b) Coação no curso do processo, comunicação falsa de
tese, caracteriza o crime de denunciação caluniosa. crime e falsa perícia.
c) Advocacia administrativa, violência arbitrária e
e) O crime de falso testemunho exige, para configuração,
desobediência.
que o agente receba vantagem econômica ou outra de
88 qualquer natureza.
d) Falsificação de papéis públicos, falsificação de selo e 5.
falsificação de sinal público.
e) Advocacia administrativa, advocacia profissional no Em “a”: Errado – O crime do art. 297, do CP, é crime
terceiro setor e posse antecipada de cargo público. comum, ou seja, o sujeito ativo é qualquer pessoa,
não exigindo a lei qualquer característica especial
por parte do agente.
GABARITO COMENTADO Em “b”: Errado – Nos termos do parágrafo único do
art. 299, do CP, a pena cumulativa de multa apenas
1. será imposta se o crime for cometido com o intuído
de obter lucro; caso contrário, aplica-se somente a
A falsificação de papéis públicos, prevista no caput pena privativa de liberdade.
do art. 293, do CP, pode ser praticada por meio de Em “c”: Errado – Por força do § 2º do art. 297, do CP,
duas formas: fabricar (que significa manufaturar; os livros mercantis são equiparados a documentos
construir) e alterar (no sentido de modificar; alte- públicos e, portanto, sua falsificação configura cri-
rar). A banca trabalhou a questão somente sobre me de falsificação de documento público.
a letra da lei: Art. 293 - Falsificar, fabricando-os ou Em “d”: Errado – O crime de falsidade ideológica é
alterando-os: crime comum. Admite, no entanto, a majoração da
Em “a”: Errado – Conforme comentários anteriores. pena, caso seja praticado por funcionário público,
Em “b”: Errado – Conforme comentários anteriores. conforme o parágrafo único do art. 299.
Em “c”: Certo – Ambas ações constam no caput do Em “e”: Certo – para que se caracterize o crime do
art. 293, do CP. art. 305, do CP, é necessário que o documento seja
Em “d”: Errado – Conforme comentários anteriores. verdadeiro: Art. 305 - Destruir, suprimir ou ocultar,
em benefício próprio ou de outrem, ou em prejuízo
Em “e”: Errado – Conforme comentários anteriores.
alheio, documento público ou particular verdadeiro,
Resposta: Letra C.
de que não podia dispor.
Resposta: Letra E.
2.
6.
Em “a”: Errado – Não existe tal causa de aumento
para o tipo do art. 294. Em “a”: Errado – O crime de fraude em certames de
Em “b”: Certo – Nos termos do art. 295, a pena do interesse público, tipificado no art. 311-A, do CP, é cri-
crime previsto no art. 294 aumenta-se da sexta par- me comum (não exige condição especial do agente);
te, se o delito é praticado por funcionário público e no entanto, se for cometido por funcionário público,
comete o crime prevalecendo-se do cargo. a pena aumenta-se em um terço (§ 3º do art. 311-A).
Em “c”: Errado – Conforme comentário para a letra “a” Em “b”: Errado – A conduta configura o tipo pre-
Em “d”: Errado – Conforme comentário para a letra “a” vista no art. 308: Usar, como próprio, passaporte,
Em “e”: Errado – Conforme comentário para a letra “a”. título de eleitor, caderneta de reservista ou qualquer
Resposta: Letra B. documento de identidade alheia ou ceder a outrem,
para que dele se utilize, documento dessa natureza,
3. próprio ou de terceiro.
Em “c”: Errado – O crime de fraude em certames de
Em “I” - Errado – O crime do art. 297, do CP, se interesse público (art. 311-A) somente se configura
configura com a falsificação no todo ou em parte se o conteúdo do certame for sigiloso.
ou, ainda, com a alteração de documento público Em “d”: Certo – O crime de fraudes em certames de
verdadeiro. interesse público, nos termos do § 2º do art. 311-A,
Em “II” – Certo – De acordo com o § 2º do art. 297. qualifica-se se da conduta (ação ou omissão) resulta
Para os efeitos penais, equiparam-se a documento dano à administração pública.
público o emanado de entidade paraestatal, o título Em “e”: Errado – Conforme o art. 307, configura
ao portador ou transmissível por endosso, as ações crime atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa identi-
de sociedade comercial, os livros mercantis e o tes- dade para obter vantagem, em proveito próprio ou
tamento particular. alheio, ou para causar dano a outrem.
Em “III” – Certo – Conforme o comentário feito em “II”. Resposta: Letra D.
Logo, a alternativa correta é B.
Resposta: Letra B. 7.

4. Em “a”: Errado – A conduta configura o delito de


peculato culposo (§ 2º do art. 312, do CP).
Em “a”: Errado – Tal hipótese não se encontra entre Em “b”: Errado – O crime de prevaricação (art. 319,
as causas de aumento de pena previstas no parágra- CP), consiste em retardar ou deixar de praticar,
fo único do art. 299. indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra
DIREITO PENAL

Em “b”: Errado – Conforme comentário para a letra “a” disposição expressa de lei, para satisfazer interesse
Em “c”: Errado – Conforme comentário para a letra “a”. ou sentimento pessoal.
Em “d”: Certo – As causas de aumento de pena para o Em “c”: Errado – Peculato-subtração ou peculato-
crime de falsidade ideológica encontram-se no pará- -furto ou, ainda, peculato impróprio é aquele pre-
grafo único do art. 299: Se o agente é funcionário visto no § 1º, do art. 312, do CP, que consiste no
público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, funcionário púbico, valendo-se de facilidade que
ou se a falsificação ou alteração é de assentamento lhe proporciona tal qualidade, subtrair ou con-
de registro civil, aumenta-se a pena de sexta parte. correr (dolosamente) para que seja subtraído
Em “e”: Errado – Conforme comentário para a letra “a”. dinheiro, valor ou bem que não está em sua posse.
Veja que a questão afirma que o funcionário agiu
Resposta: Letra D 89
imprudentemente, ou seja, com culpa, o que afasta em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar pro-
a incidência deste dispositivo. messa de tal vantagem.
Em “d”: Errado – A conduta configura o delito de Em “d”: Errado – No peculato culposo, nos termos
peculato culposo (§ 2º, do art. 312, do CP). do § 3º, do art. 312, a reparação do dano extingue a
Em “e”: Certo – Conforme comentários anteriores. punibilidade, se feita antes da sentença irrecorrível
Resposta: Letra E. ou reduz de metade a pena imposta, caso seja super-
veniente a sentença.
8.
Em “e”: Errado – A concussão se configura com a
Em “a”: Errado – Peculato culposo encontra-se tipi- exigência de vantagem indevida (e não devida, como
ficado no § 2º do art. 312, do CP. colocado pela banca).
Em “b”: Errado – Nos termos do § 3º, do art. 312, a Resposta: Letra C.
reparação do dano extingue a punibilidade (e não a
ilicitude) se feita antes da sentença irrecorrível ou 11.
reduz de metade a pena imposta, caso seja superve-
niente a sentença. Em “a”: Errado – Conforme o parágrafo único do
Em “c”: Certo – Conforme comentário acima, nos art. 345, do CP, somente se procede mediante queixa,
termos do § 3º, do art. 312: No caso do parágrafo se não há emprego de violência.
anterior, a reparação do dano, se precede à senten- Em “b”: Errado – Conforme dispõe o art. 341, do CP,
ça irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é pos- não há previsão da exclusão da tipicidade pelo fato
terior, reduz de metade a pena imposta. de ser o agente ascendente ou descendente.
Em “d”: Errado – A pena cominada ao peculato cul- Em “c”: Certo – Conforme disposto no art. 339, do
poso é de detenção, de três meses a um ano. CP: Dar causa à instauração de inquérito policial, de
Em “e”: Errado – A pena do peculato doloso é de procedimento investigatório criminal, de processo
reclusão de dois a doze anos, e multa; a pena do judicial, de processo administrativo disciplinar, de
peculato culposo é de detenção, de três meses a um inquérito civil ou de ação de improbidade administra-
ano. tiva contra alguém, imputando-lhe crime, infração éti-
Resposta: Letra C. co-disciplinar ou ato ímprobo de que o sabe inocente.
Em “d”: Errado – O fato narrado configura, na ver-
9. dade, o tipo de falsa comunicação de crime, previsto
no art. 340, do CP: Provocar a ação de autoridade,
Em “a”: Errado – Tício não tem a posse do dinheiro comunicando-lhe a ocorrência de crime ou de con-
em razão do cargo (em tese, configura o delito de travenção que sabe não se ter verificado.
apropriação indébita). Em “e”: Errado – A consumação do crime do art. 342
Em “b”: Errado – O tipo penal de advocacia adminis- não exige o recebimento de qualquer espécie vanta-
trativa não exige a condição de advogado por parte gem.; caso haja suborno ou se o crime é praticado
do agente, configurando-se, na verdade, na conduta com o fim de obter prova em processo penal ou em
do funcionário público patrocinar interesse privado processo civil da qual for parte a administração
valendo-se de seu cargo. pública direta ou indireta, as penas são aumenta-
Em “c”: Errado – O crime cometido por Tícia é de das, conforme prevê o § 1º do art. 342.
concussão (art. 316, do CP), uma vez que houve exi- Resposta: Letra C.
gência (e não solicitação ou recebimento) de vanta-
gem indevida. 12.
Em “d”: Certo – Caio praticou a conduta prevista no
art. 315, do CP, que consiste em dar às verbas públi- O crime de exploração de prestígio encontra-se pre-
cas aplicação diversa da estabelecida em lei. visto no art. 357, do CP, com a seguinte redação:
Em “e”: Errado – A corrupção passiva é crime for- Art. 357 - Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer
mal, ou seja, consuma-se independentemente do outra utilidade, a pretexto de influir em juiz, jurado,
recebimento da vantagem. órgão do Ministério Público, funcionário de justiça,
Resposta: Letra D. perito, tradutor, intérprete ou testemunha: Pena
- reclusão, de um a cinco anos, e multa. Parágrafo
10. único - As penas aumentam-se de um terço, se o
agente alega ou insinua que o dinheiro ou utilidade
Em “a”: Errado – A conduta narrada configura o cri- também se destina a qualquer das pessoas referidas
me de peculato, na modalidade peculato-apropria- neste artigo.
ção: Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de Em “a”: Errado - O delito do art. 357, em relação ao
dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, públi- verbo solicitar, é crime formal, consumando-se com
co ou particular, de que tem a posse em razão do a solicitação, independentemente do recebimento.
cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio Em “b”: Certo – Conforme se observa no tipo do art.
Em “b”: Errado – O excesso de exação, previsto no 357, não se exige qualquer característica especial do
§ 1º, do art. 316, se configura com a exigência de agente.
tributo ou contribuição social que o agente sabe Em “c”: Errado – A causa de aumento prevista no
ou deveria saber indevidas, e não de verbas, como parágrafo único do art. 357 incide se a alegação é
aponta a alternativa. dirigida apenas às pessoas que constam no caput.
Em “c”: Certo – Conforme o art. 317, do CP, que prevê Em “d”: Errado – O delito é composto de dois verbos-
o crime de corrupção passiva: Solicitar ou receber, -núcleo: solicitar e receber.
para si ou para outrem, direta ou indiretamente, Em “e”: Errado – Não há, no art. 357, previsão de
ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas modalidade culposa.
90 Resposta: Letra B.
13.

Em “a”: Certo - Nos termos do § 2º, do art. 342. O


fato deixa de ser punível se, antes da sentença no
processo em que ocorreu o ilícito, o agente se retra-
ta ou declara a verdade.
Em “b”: Errado – Conforme comentário anterior.
Em “c”: Errado – Conforme comentário anterior
Em “d”: Errado – Conforme comentário anterior.
Em “e”: Errado – Conforme comentário anterior
Resposta: Letra A.

14.

No caso narrado na questão, Marcos praticou o cri-


me de exploração de prestígio consumado, uma vez
que se trata de crime formal, consumando-se com
a solicitação. A pena de Marcos seria aumentada,
ainda, nos termos do parágrafo único do art. 357,
uma vez que ele insinuou que o escrevente do car-
tório judicial (portanto, funcionário de justiça) tam-
bém receberia a vantagem. Pedro, por sua vez, não
cometeu crime algum, uma vez que não aceitou a
oferta.
Em “a”: Errado – Conforme comentários anteriores.
Em “b”: Certo – Conforme comentários anteriores.
Em “c”: Errado – Conforme comentários anteriores.
Em “d”: Errado – Conforme comentários anteriores.
Em “e”: Errado – Conforme comentários anteriores.
Resposta: Letra B.

15.

Os crimes contra a administração da justiça encon-


tram-se entre os art. 338 e 359, do CP.
Em “a”: Errado - Falsificação de papéis públicos é
crime contra fé pública; prevaricação e condescen-
dência criminosa são crimes praticados por funcio-
nário público contra a administração em geral.
Em “b”: Certo – Os três crimes são crimes contra a
administração da justiça.
Em “c”: Errado – Advocacia administrativa e vio-
lência arbitrária são crimes praticados por fun-
cionário público contra a administração em geral.
Desobediência é crime praticado por particular con-
tra a administração em geral.
Em “d”: Errado – Falsificação de papéis públicos, fal-
sificação de selo e falsificação de sinal público são
crimes contra a fé pública.
Em “e”: Errado – Advocacia administrativa e vio-
lência arbitrária é crime praticado por funcionário
público contra a administração em geral. As demais
condutas não configuram crime.
Resposta: Letra B.

ANOTAÇÕES
DIREITO PENAL

91
ANOTAÇÕES

92
Vejamos as hipóteses dos incisos do artigo 252:

I - Tiver funcionado seu cônjuge ou parente, con-


sanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral até
o terceiro grau, inclusive, como defensor ou advo-
DIREITO PROCESSUAL gado, órgão do Ministério Público, autoridade poli-
cial, auxiliar da justiça ou perito;

PENAL II - Ele próprio houver desempenhado qualquer des-


sas funções ou servido como testemunha;
III - Tiver funcionado como juiz de outra instân-
cia, pronunciando-se, de fato ou de direito, sobre a
questão;
O JUIZ, DO MINISTÉRIO PÚBLICO, IV - Ele próprio ou seu cônjuge ou parente, con-
sanguíneo ou afim em linha reta ou colateral até
DO ACUSADO E DEFENSOR, DOS o terceiro grau, inclusive, for parte ou diretamente
ASSISTENTES E AUXILIARES DA interessado no feito.
JUSTIÇA z Suspeições: Consistem em circunstâncias subjeti-
vas que são relacionadas a fatos externos ao pro-
DO JUIZ
cesso, capazes de prejudicar a imparcialidade do
Ao juiz é incumbido o dever de zelar pela ordem magistrado.
durante a execução dos atos processuais, valendo-se,
Segue abaixo as situações em que haverá a suspei-
se necessário, do uso força pública (poder de polícia).
ção, citadas nos incisos do artigo 254:
Art. 251
Ao juiz incumbirá prover à regularidade do proces- I - Se for amigo íntimo ou inimigo capital de qual-
so e manter a ordem no curso dos respectivos atos, quer deles;
podendo, para tal fim, requisitar a força pública. II - Se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente,
estiver respondendo a processo por fato análogo,
Em suma, o juiz é quem aplica o direito ao caso sobre cujo caráter criminoso haja controvérsia;
concreto, de maneira substitutiva (substitui a vontade III - Se ele, seu cônjuge, ou parente, consanguíneo,
das partes) e imparcial. Sem o Estado-Juiz, não teria ou afim, até o terceiro grau, inclusive, sustentar
demanda ou responder a processo que tenha de ser
fim o conflito entre a pretensão punitiva do Estado e o
julgado por qualquer das partes;
interesse do acusado na manutenção de sua liberdade.
IV - Se tiver aconselhado qualquer das partes;
Além disso, o juiz possui a garantia da vitalicie- V - Se for credor ou devedor, tutor ou curador, de
dade (enquanto estiver vivo o cargo lhe pertence), qualquer das partes;
inamovibilidade (garantia de não ser removido do VI - Se for sócio, acionista ou administrador de
seu local de trabalho) e irredutibilidade de subsídio sociedade interessada no processo.
(garantia de não ver a sua remuneração ser diminuí-
da). Tais garantias permitem que o juiz haja de forma As causas de impedimento ou suspeição citadas
imparcial e sem medo de retaliações. acima que tiverem como causa o parentesco por afi-
Entretanto, essa imparcialidade pode ser con- nidade (casamento) acaba com o fim do casamento
taminada quando se tratar das hipóteses trazidas ou união estável, salvo se da união nascerem filhos.
pelos artigos 252, 253 e 254, que apresentam respec- Contudo, ainda que o casamento acabe sem filhos não
tivamente situações de impedimento, suspeição e poderá o juiz julgar processo de seu sogro ou sogra,
incompatibilidade. enteado ou cunhado, genro ou nora.

Art. 255 O impedimento ou suspeição decorrente


Impedimento de parentesco por afinidade cessará pela dissolu-
ção do casamento que Ihe tiver dado causa, salvo
sobrevindo descendentes; mas, ainda que dissolvi-
do o casamento sem descendentes, não funcionará
como juiz o sogro, o padrasto, o cunhado, o genro
Juiz não atuará em ou enteado de quem for parte no processo.
DIREITO PROCESSUAL PENAL

Suspeição
situações de:
A suspeição não poderá ser declarada pela parte
que, propositalmente, lhe deu causa, consoante dispo-
sição do art. 246:
Incompatibilidade
Art. 256 A suspeição não poderá ser declarada nem
reconhecida, quando a parte injuriar o juiz ou de
As hipóteses de suspeição e impedimento podem propósito der motivo para criá-la.
ser comparadas levando em consideração a relação
Já a incompatibilidade se demonstra presente em
subjetiva/objetiva do julgador com a causa.
somente uma hipótese.
z Impedimentos: Consistem em circunstâncias Art. 253 Nos juízos coletivos, não poderão servir
objetivas que são relacionadas a fatos internos ao no mesmo processo os juízes que forem entre si
processo, capazes de prejudicar a imparcialidade parentes, consangüíneos ou afins, em linha reta ou
do magistrado. colateral até o terceiro grau, inclusive 93
Nos juízos coletivos, ou seja, quando o julgamento Art. 263 Se o acusado não o tiver, ser-lhe-á nomea-
acontecer por mais de um juiz como ocorre nos Tribu- do defensor pelo juiz, ressalvado o seu direito de, a
nais em segunda instância, não poderão julgar o mes- todo tempo, nomear outro de sua confiança, ou a si
mo processo juízes que forem parentes, por sangue ou mesmo defender-se, caso tenha habilitação.
afinidade até o terceiro grau. Parágrafo único. O acusado, que não for pobre,
será obrigado a pagar os honorários do defensor
DO MINISTÉRIO PÚBLICO dativo, arbitrados pelo juiz.

Ao Ministério Público caberá ser o titular da ação Não possuindo o acusado um advogado, o juiz lhe
penal pública, ou seja, processar criminalmente aque- nomeará defensor dativo. A qualquer tempo o acu-
les que transgredirem a lei, entretanto essa função sado poderá substituir o defensor nomeado por um
será exercida de forma imparcial, pois deverá apenas
advogado por ele contratado, ou defender-se caso ele
garantir que a lei seja aplicada ao caso, e não que o
réu seja condenado. seja advogado.
Além dessa função, caberá ao membro do MP Cabe destacar que o réu arcará com os gastos rela-
atuar como verdadeiro defensor da sociedade, fiscal cionados aos honorários advocatícios, ressalvada a
da lei, o que chamamos de “custos legis”. hipótese de hipossuficiência.

Art. 257 Ao Ministério Público cabe: Art. 264 Salvo motivo relevante, os advogados e
I - promover, privativamente, a ação penal pública, solicitadores serão obrigados, sob pena de multa de
na forma estabelecida neste Código; e cem a quinhentos mil-réis, a prestar seu patrocínio
II - fiscalizar a execução da lei. aos acusados, quando nomeados pelo Juiz.

Ao Ministério Público aplica-se as mesmas regras Caso o advogado ou defensor seja nomeado pelo
de suspeição e impedimento dos juízes que estudamos juiz, aqueles deverão defender o acusado, sob pena de
nos artigos anteriores, portanto, não poderá então ser multa. A multa não se aplicará se o defensor nomeado
titular da ação penal contra seus parentes, esposa ou apresentar motivo relevante.
marido, inclusive parentes adquiridos pelo casamen-
to, até o terceiro grau. Art. 265 O defensor não poderá abandonar o pro-
cesso senão por motivo imperioso, comunicado
Art. 258 Os órgãos do Ministério Público não fun- previamente o juiz, sob pena de multa de 10 (dez)
cionarão nos processos em que o juiz ou qualquer a 100 (cem) salários mínimos, sem prejuízo das
das partes for seu cônjuge, ou parente, consangüí- demais sanções cabíveis.
neo ou afim, em linha reta ou colateral, até o tercei- § 1° A audiência poderá ser adiada se, por motivo
ro grau, inclusive, e a eles se estendem, no que Ihes justificado, o defensor não puder comparecer.
for aplicável, as prescrições relativas à suspeição e
§ 2° Incumbe ao defensor provar o impedimento até
aos impedimentos dos juízes.
a abertura da audiência. Não o fazendo, o juiz não
determinará o adiamento de ato algum do proces-
so, devendo nomear defensor substituto, ainda que
Importante! provisoriamente ou só para o efeito do ato.
Súmula 234-STJ: A participação de membro do
Ministério Público na fase investigatória criminal O defensor não poderá abandonar a causa, sob
não acarreta o seu impedimento ou suspeição pena de multa e das demais sanções. Além disso, o
para o oferecimento da denúncia. defensor poderá requerer o adiamento da audiên-
cia caso apresente, previamente, motivo justificante,
sendo que se sua ausência se der sem justificativa, o
DO ACUSADO E SEU DEFENSOR magistrado nomeará defensor dativo para o ato.

No processo penal, a defesa técnica é obrigatória, Art. 266 A constituição de defensor independerá
pois a liberdade está em jogo, um dos bens jurídicos de instrumento de mandato, se o acusado o indicar
mais importante. Quando o acusado não tiver advoga- por ocasião do interrogatório.
do, o juiz nomeará a ele um profissional com capaci-
dade postulatória, para a sua defesa. Caso o acusado constitua procurador no ato do
interrogatório, será prescindível (dispensável) a apre-
Art. 261 Nenhum acusado, ainda que ausente ou sentação de instrumento de representação.
foragido, será processado ou julgado sem defensor.
Parágrafo único. A defesa técnica, quando reali-
Art. 267 Nos termos do art. 252, não funcionarão
zada por defensor público ou dativo, será sempre
exercida através de manifestação fundamentada. como defensores os parentes do juiz.

A garantia a defesa técnica, ou seja, aquela reali- DOS FUNCIONÁRIOS DA JUSTIÇA


zada por um advogado ou defensor público, decorre
do princípio constitucional da ampla defesa. O pará- Os auxiliares da justiça são pessoas que, embora
grafo único veda que o defensor público realize a não façam parte da relação processual, intervêm no
defesa por meio de negativa geral dos fatos, de forma curso do processo, mediante a prática de atos que per-
fundamentada. mitem o desenvolvimento regular do feito. Ex.: auxi-
liam o juiz.
94 Art. 262. Ao acusado menor dar-se-á curador. De acordo com o Código de Processo Penal:
Art. 274 As prescrições sobre suspeição dos juízes Isso porque, nas ações privadas, quem move a
estendem-se aos serventuários e funcionários da ação é a vítima com seu advogado. Neste contexto, o
justiça, no que lhes for aplicável. MP não atua como parte acusatória, agindo apenas
como fiscal da lei.
Serventuários e funcionários da Justiça: o escri-
vão, escreventes, analistas judiciários, oficial de justi- III - o nome do réu, ou, se for desconhecido, os seus
ça, contador, partidor, e todos os que possuem vínculo sinais característicos;
com o Estado. A suspeição ditada neste artigo deve ser
entendida de forma ampla, alcançando também as O réu pode ser identificado, inicialmente, por ape-
hipóteses de impedimento. lidos ou por descrição dos seus sinais característicos.
Isso não é um empecilho ou motivo de atraso para o
início da ação penal. Deste modo, assim que for obtida
a qualificação correta do réu, a parte acusatória fará a
DAS CITAÇÕES E INTIMAÇÕES retificação da denúncia ou da queixa-crime.

IV - a residência do réu, se for conhecida;


Citações e intimações são formas de comunicação
de atos processuais que a justiça utiliza para notificar
as partes interessadas, tais como réus, testemunhas, Conhecer o endereço do réu é essencial para que o
advogados, promotores, peritos, intérpretes, entre oficial de justiça possa localizá-lo e dar cumprimento
outras. ao mandado.
Cabe salientar que a citação é usada exclusiva-
mente para os réus. Ela é realizada uma única vez – V - o fim para que é feita a citação;
apenas no início do processo – e tem como objetivo
dar ciência ao acusado de que está sendo iniciada O mandado de citação deve trazer todas as infor-
uma ação penal em seu desfavor. Já as demais comu- mações que o réu precisa para responder à acusação
nicações processuais ao réu são realizadas por meio e realizar a sua defesa. Junto com esse mandado, é
das intimações. entregue ao réu uma cópia da denúncia ou da queixa-
-crime, com todos os detalhes da acusação.

CITAÇÃO INTIMAÇÃO NOTIFICAÇÃO VI - o juízo e o lugar, o dia e a hora em que o réu


Meio de ciência Consiste em Ciência dada quan- deverá comparecer;
do acusado, para comunicação to à determinação
que tenha a opor- sobre um ato judicial que impõe o Atualmente, esse requisito da citação não é mais
tunidade de se já realizado, cumprimento de de- necessário, uma vez que o réu não precisa compare-
defender. Ou seja, ex.: as partes terminada providên- cer imediatamente à sede do juízo. No entanto, deve-
a citação funciona são intimadas cia, ex.: notificação -se apresentar a Resposta do Réu no prazo de 10 (dez)
como um chama- da sentença de testemunha para dias. Somente após isso, o juiz vai decidir se absolverá
mento a juízo. prolatada. que se compareça à sumariamente o réu ou agendará a Audiência de Ins-
audiência. trução e Julgamento, para dar continuidade ao pro-
cesso. Nesse segundo caso, o juiz comunicará a data
DAS CITAÇÕES da Audiência a todos os envolvidos.
Ao receber a citação, o réu deverá procurar um
Art. 351 A citação inicial far-se-á por mandado, advogado, para realizar a sua defesa e apresentar a
quando o réu estiver no território sujeito à jurisdi- Resposta do Réu junto ao juízo processante.
ção do juiz que a houver ordenado.
VII - a subscrição do escrivão e a rubrica do juiz.
A citação pode ser realizada das seguintes formas:
O escrivão é quem redige o mandado em nome do
z Por Mandado; juiz. Portanto, ambos devem assinar o documento.
z Pessoal;
z Por Edital; Art. 353 Quando o réu estiver fora do território da
z Com Hora Certa; jurisdição do juiz processante, será citado median-
z Por Carta Precatória; te precatória.
DIREITO PROCESSUAL PENAL

z Por Carta Rogatória.


A Carta Precatória é utilizada para citar o réu que
A Citação por Mandado constitui a regra geral. não reside na comarca em que o processo será reali-
Essa é a primeira forma utilizada para tentar localizar zado. Trata-se de uma espécie de pedido de um juiz
o réu e informá-lo sobre o processo que irá responder. para outro, na qual o juiz do processo (juiz deprecan-
te) pede ao juiz da cidade onde está morando o réu
Art. 352 O mandado de citação indicará: (juiz deprecado) que realize a citação.
I - o nome do juiz; Por se tratar de localizações distintas, não faria
sentido o juiz mandar o seu oficial de justiça fazer
É indispensável a identificação da autoridade judi- uma viagem, para realizar a citação. Com a Carta Pre-
ciária que está emitindo o mandado de citação. Lem- catória, o juiz deprecado determina que um oficial de
bre-se: a palavra mandado significa “a mando de”. justiça daquela comarca cumpra a citação constante
do documento.
II - o nome do querelante nas ações iniciadas por
queixa; Art. 354 A precatória indicará: 95
I - o juiz deprecado e o juiz deprecante; A situação do militar foi tratada de modo específi-
II - a sede da jurisdição de um e de outro; co e prevê que ele deva ser citado no seu local de tra-
III - o fim para que é feita a citação, com todas as balho e, não, em sua residência, como os demais réus.
especificações; O objetivo disso é que seja dada ciência ao comandan-
IV - o juízo do lugar, o dia e a hora em que o réu te do militar do processo que está sendo iniciado con-
deverá comparecer. tra o seu subordinado.

Conforme se pode observar, são os mesmos requi- Art. 359 O dia designado para funcionário público
sitos já vistos para o mandado de citação, com o acrés- comparecer em juízo, como acusado, será notifica-
cimo dos dados dos dois juízes envolvidos. do assim a ele como ao chefe de sua repartição.

Art. 355 A precatória será devolvida ao juiz depre-


cante, independentemente de traslado, depois de Importante!
lançado o “cumpra-se” e de feita a citação por man-
dado do juiz deprecado. Aqui, a situação não é a mesma do militar. O fun-
cionário público não é citado através do chefe. A
A Carta Precatória será devolvida ao juiz depre- lei estabelece apenas que devem ser informados
cante após cumprida a citação pelo juiz deprecado. ao chefe o dia e a hora que o funcionário precisa-
rá comparecer em juízo.
§ 1º Verificado que o réu se encontra em território
sujeito à jurisdição de outro juiz, a este remeterá o
juiz deprecado os autos para efetivação da diligên- O motivo dessa exigência é fazer cumprir o prin-
cia, desde que haja tempo para fazer-se a citação.
cípio administrativo da continuidade do serviço
Se o juiz deprecado, ao receber a Carta Precatória, público. Isso porque o funcionário precisará faltar ao
verificar que o réu está morando em outra cidade, em trabalho no dia que for comparecer em juízo e o che-
vez de devolver ao juiz deprecante sem cumprimento, fe precisa organizar a repartição, para que não haja
enviará ao juiz da comarca onde está, de fato, morando prejuízo ao serviço público prestado à sociedade. Sem
o réu, a fim de que esse juízo dê cumprimento à citação. falar na possibilidade de o réu ser preso, ficando afas-
tado da repartição por prazo indeterminado.
§ 2º Certificado pelo oficial de justiça que o réu se
oculta para não ser citado, a precatória será ime- Art. 360 Se o réu estiver preso, será pessoalmente
diatamente devolvida, para o fim previsto no art. citado.
362.
Neste caso, o oficial de justiça vai até o estabeleci-
Neste caso, será realizada a Citação por Hora Cer- mento penal e entrega a citação pessoalmente ao réu.
ta, que estudaremos mais à frente. A citação pode ser real (pessoal) ou ficta. A regra
é a citação real, por mandado judicial entregue por
Art. 356 Se houver urgência, a precatória, que con-
oficial de justiça. Já citação por edital e a citação por
terá em resumo os requisitos enumerados no art.
hora certa são consideradas fictas, pois presumem a
354, poderá ser expedida por via telegráfica, depois
de reconhecida a firma do juiz, o que a estação
ciência do acusado.
expedidora mencionará.
Art. 361 Se o réu não for encontrado, será citado
Obviamente, a justiça não utiliza mais telégrafo. por edital, com o prazo de 15 (quinze) dias.
Hoje em dia, existem certificados digitais que são utili-
zados para fazer a autenticação da assinatura do juiz, Essa é a citação mais precária e frágil existente,
possibilitando que a Carta Precatória siga, via digital, pois, para que ela tivesse efetividade, seria necessário
até o juiz deprecado. que o réu tomasse conhecimento do edital que é publi-
cado na imprensa oficial. Aqui, cabe-nos uma pergun-
Art. 357 São requisitos da citação por mandado: ta muito simples: quem lê diário oficial?
I - leitura do mandado ao citando pelo oficial e Levando-se em conta que o juiz não tem como
entrega da contrafé, na qual se mencionarão dia e saber se o réu leu ou não o edital, caso ele não com-
hora da citação; pareça nem nomeie defensor, não há como afirmar
que soube do processo e não quis comparecer ou que,
Quando o oficial de justiça lograr êxito em locali-
realmente, não tomou conhecimento da causa.
zar o réu, este deve lhe entregar uma via do Mandado
de Citação junto com a cópia da denúncia e pedir que Art. 362 Verificando que o réu se oculta para não
ele assine a via que voltará para o juízo, além de inse- ser citado, o oficial de justiça certificará a ocorrên-
rir as informações de data e hora do cumprimento da cia e procederá à citação com hora certa, na forma
citação. estabelecida nos arts. 227 a 229 da Lei no 5.869, de
11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil.
II - declaração do oficial, na certidão, da entrega da
contrafé, e sua aceitação ou recusa.
Essa modalidade de citação foi “importada” do direi-
Caso o réu se recuse a receber ou a assinar a via to processual civil. Foi, sem dúvida, um grande ganho
que voltará ao juízo, o oficial de justiça, que tem fé para o processo penal, pois é muito comum que o réu
pública, certificará tudo na sua via, dando por cum- fique brincando de “gato e rato” com o oficial de justiça.
prida a citação. Ao perceber a chegada do oficial de justiça, o réu escon-
de-se, pois ele sabe que, se não for encontrado, a citação
Art. 358 A citação do militar far-se-á por intermé- não se completa e, portanto, o seu processo não avança.
96 dio do chefe do respectivo serviço. Com a Citação por Hora Certa acabou esse problema.
Vamos, agora, analisar o texto dos dispositivos 252 A falta de citação ou uma citação ilegal são consi-
a 254 do Código de Processo Civil: deradas vícios graves, as quais geram nulidade abso-
luta do processo.
Art. 252 Quando, por 2 (duas) vezes, o oficial de
justiça houver procurado o citando em seu domicí- § 1º Não sendo encontrado o acusado, será procedi-
lio ou residência sem o encontrar, deverá, havendo da a citação por edital.
suspeita de ocultação, intimar qualquer pessoa da § 4º Comparecendo o acusado citado por edital, em
família ou, em sua falta, qualquer vizinho de que, qualquer tempo, o processo observará o disposto
no dia útil imediato, voltará a fim de efetuar a cita- nos arts. 394 e seguintes deste Código.
ção, na hora que designar.
O processo seguirá seu curso normal, dando pros-
Após duas tentativas frustradas de localizar o réu, seguimento ao rito comum ordinário ou sumário, con-
mas percebendo que o mesmo está fugindo da cita- forme o caso.
ção, o oficial de justiça avisa a qualquer parente ou
vizinho que voltará no dia seguinte, marcando a hora Art. 364 No caso do artigo anterior, nº I, o prazo
e solicitando ao parente ou vizinho que transmita o será fixado pelo juiz entre 15 (quinze) e 90 (noven-
recado ao réu. ta) dias, de acordo com as circunstâncias, e, no
caso de nº II, o prazo será de trinta dias.
Art. 253 No dia e na hora designados, o oficial de
justiça, independentemente de novo despacho, com- No entanto, vale frisar que os inciso I e II, do art.
parecerá ao domicílio ou à residência do citando a 363, está revogado.
fim de realizar a diligência.
§ 1º Se o citando não estiver presente, o oficial de Art. 365 O edital de citação indicará:
justiça procurará informar-se das razões da ausên- I - o nome do juiz que a determinar;
cia, dando por feita a citação, ainda que o citando II - o nome do réu, ou, se não for conhecido, os seus
se tenha ocultado em outra comarca, seção ou sub- sinais característicos, bem como sua residência e
seção judiciárias. profissão, se constarem do processo;
§ 2º A citação com hora certa será efetivada mes- III - o fim para que é feita a citação;
mo que a pessoa da família ou o vizinho que houver IV - o juízo e o dia, a hora e o lugar em que o réu
sido intimado esteja ausente, ou se, embora presen- deverá comparecer;
V - o prazo, que será contado do dia da publicação
te, a pessoa da família ou o vizinho se recusar a
do edital na imprensa, se houver, ou da sua afixação.
receber o mandado.
§ 3º Da certidão da ocorrência, o oficial de justiça
deixará contrafé com qualquer pessoa da família ou Basicamente, esses são os mesmos requisitos do
vizinho, conforme o caso, declarando-lhe o nome. Mandado de Citação sobre os quais já comentamos.
§ 4º O oficial de justiça fará constar do mandado a Merece destaque o fato de a contagem do prazo de 15
advertência de que será nomeado curador especial (quinze) dias ter início na data da publicação do edi-
se houver revelia. tal, ou na data de sua afixação na entrada do fórum.
Art. 254 Feita a citação com hora certa, o escrivão
ou chefe de secretaria enviará ao réu, executado ou Parágrafo único. O edital será afixado à porta do
interessado, no prazo de 10 (dez) dias, contado da edifício onde funcionar o juízo e será publicado
data da juntada do mandado aos autos, carta, tele- pela imprensa, onde houver, devendo a afixação ser
grama ou correspondência eletrônica, dando-lhe de certificada pelo oficial que a tiver feito e a publica-
tudo ciência. ção provada por exemplar do jornal ou certidão do
escrivão, da qual conste a página do jornal com a
Todo esse procedimento é baseado na fé pública data da publicação.
do oficial de justiça, que deverá certificar todas essas
decisões na sua via do mandado de citação que será Esses procedimentos causam certa discussão dou-
juntada aos autos do processo. trinária tendo em vista a relativização quanto à eficá-
cia da comunicação do ato processual.
Parágrafo único. Completada a citação com hora
certa, se o acusado não comparecer, ser-lhe-á Art. 366 Se o acusado, citado por edital, não compa-
recer, nem constituir advogado, ficarão suspensos o
nomeado defensor dativo.
processo e o curso do prazo prescricional, podendo
o juiz determinar a produção antecipada das provas
Caso o réu não compareça aos atos processuais
DIREITO PROCESSUAL PENAL

consideradas urgentes e, se for o caso, decretar pri-


subsequentes, o processo seguirá à revelia, ou seja, são preventiva, nos termos do disposto no art. 312.
sem a sua presença. É importante ressaltar que, nes-
ses casos, deverá ser nomeado um defensor, a fim de Conforme dissemos, diante da incerteza da ciência
garantir o direito constitucional de defesa. Em hipó- ou não do réu sobre o processo que irá enfrentar, ou
tese alguma será possível seguir com o processo sem melhor seria, da quase certeza de que ele não tomou
defesa para o réu. tal ciência, o processo não pode seguir o seu curso.
Em relação à produção antecipada de provas, ela
Art. 363 O processo terá completada a sua forma- pode ser feita sempre que o juiz perceber que o tem-
ção quando realizada a citação do acusado. po de espera, que pode ser bem longo, possa destruir
ou prejudicar alguma prova. Por exemplo, imagine
A citação válida completa a formação do proces- uma testemunha muito idosa ou com uma doença
so, pois todas as partes envolvidas (acusação, defesa e terminal. Essa testemunha pode morrer a qualquer
juiz) estão cientes do processo e aptas a desempenhar momento. Neste sentido, a prova pode ser perdida
seus papéis. Caso contrário, o processo não poderá caso se deixe para ouvi-la somente quando o processo
seguir o seu curso. retomasse o seu curso. 97
Cabe ressaltar que, nesses casos, a prova deve ser atos processuais a todos os interessados (promotor,
colhida dentro das regras processuais, ou seja, garan- advogados, testemunhas, peritos, intérpretes, entre
tindo a ampla defesa e o contraditório. É necessária outros), inclusive ao próprio réu que, como vimos, só
a realização de uma mini audiência, para colher esse é citado uma única vez. As demais comunicações são
testemunho, podendo, inclusive, ser realizada em hos- feitas por intimações.
pital, com as presenças do juiz, promotor e defesa. Todas as formas de citações já analisadas podem
Outro ponto que merece destaque é a possibilida- ser usadas para as intimações.
de de decretação da prisão preventiva do réu. Ela está
fundamentada no risco de não aplicação da lei penal, § 1º A intimação do defensor constituído, do advo-
conforme prevê o art. 312. Vejamos: gado do querelante e do assistente far-se-á por
publicação no órgão incumbido da publicidade dos
Art. 312 A prisão preventiva poderá ser decretada atos judiciais da comarca, incluindo, sob pena de
como garantia da ordem pública, da ordem econô- nulidade, o nome do acusado.
mica, por conveniência da instrução criminal ou
para assegurar a aplicação da lei penal, quando As intimações dos advogados constituídos pelos
houver prova da existência do crime e indício sufi- réus, ou seja, contratados por eles, são feitas através
ciente de autoria e de perigo gerado pelo estado de de publicação no diário oficial. Para evitar que o advo-
liberdade do imputado. gado perca prazos e tenha que ficar lendo o diário ofi-
cial todos os dias, já existem programas e empresas
Essa medida, na prática, tem grande efetividade.
que fazem essa checagem e comunicam ao advogado
Ao se decretar a prisão do réu, o seu nome é inserido
quando seu nome ou os dos seus clientes aparecerem
em um banco de dados de pessoas procuradas e impe-
no diário oficial. A própria OAB, atualmente, disponi-
didas, pois ele pode ser encontrado por acaso. Se o réu
biliza esse serviço aos seus associados.
for parado numa blitz policial ou for renovar um pas-
saporte ou a CNH, por exemplo, o policial, ao checar
§ 2º Caso não haja órgão de publicação dos atos
o seu nome, encontrará o mandado de prisão e o réu judiciais na comarca, a intimação far-se-á direta-
será preso, sendo comunicada a sua prisão ao juiz que mente pelo escrivão, por mandado, ou via postal
expediu o mandado. A autoridade judiciária, por sua com comprovante de recebimento, ou por qualquer
vez, expedirá o Mandado de Citação e o processo reto- outro meio idôneo.
mará o seu curso.
Não havendo diário oficial, a intimação será feita
Art. 367 O processo seguirá sem a presença do acu-
por mandado ou via postal.
sado que, citado ou intimado pessoalmente para
Cabe dizer que, hoje em dia, existem maneiras
qualquer ato, deixar de comparecer sem motivo
justificado, ou, no caso de mudança de residência, muito mais eficientes e rápidas de realizar essas inti-
não comunicar o novo endereço ao juízo. mações, como, por exemplo, por e-mails ou por apli-
cativos de mensagens que já estão sendo usados pela
Ocorre a chamada revelia. Conforme já menciona- justiça.
do, o réu não está obrigado a comparecer ao proces-
so, mas jamais poderá ser julgado sem defesa. O juiz § 3º A intimação pessoal, feita pelo escrivão, dis-
deverá sempre nomear um defensor para o réu revel. pensará a aplicação a que alude o § 1o.
§ 4º A intimação do Ministério Público e do defen-
Art. 368 Estando o acusado no estrangeiro, em sor nomeado será pessoal.
lugar sabido, será citado mediante carta rogatória,
suspendendo-se o curso do prazo de prescrição Importa dizer que se o advogado foi nomeado pelo
até o seu cumprimento. juiz e, não, contratado pelo próprio réu, sua intimação
Art. 369 As citações que houverem de ser feitas em deve ser pessoal.
legações estrangeiras serão efetuadas mediante Assim como o MP, os defensores públicos e os
carta rogatória. advogados dativos (nomeados pelo juiz) devem ser
intimados pessoalmente.
Essa citação segue trâmites parecidos com os da
Carta Precatória, porém, sem dúvidas, é muito mais
Art. 371 Será admissível a intimação por despacho
difícil e demorada. O juiz deve mandar essa Carta ao na petição em que for requerida, observado o dis-
ministério das relações exteriores, que a enviará a posto no art. 357.
nossa embaixada ou ao consulado no país de residên-
cia do réu, para que seja enviada ao poder judiciário Isso ocorre quando a defesa ou a acusação fazem
local e seja cumprida a citação. petições ao juiz pessoalmente. Quando deferidas, o
Diante da grande demora dessa citação, sabiamen- juiz despacha, na própria petição, a sua decisão e a
te a lei suspendeu a contagem do prazo prescricional parte já é considerada intimada da decisão.
durante essa tramitação.
Art. 372 Adiada, por qualquer motivo, a instrução
DAS INTIMAÇÕES
criminal, o juiz marcará desde logo, na presença
Art. 370 Nas intimações dos acusados, das teste- das partes e testemunhas, dia e hora para seu pros-
munhas e demais pessoas que devam tomar conhe- seguimento, do que se lavrará termo nos autos.
cimento de qualquer ato, será observado, no que for
aplicável, o disposto no Capítulo anterior. Quando houver decisões de adiamento com datas
e prazos definidos em audiência, todos os envolvidos
Conforme já comentamos, as intimações e as cita- já tomam ciência da data e estão considerados intima-
ções são utilizadas para as comunicações dos atos dos. A consequência do desatendimento da citação fic-
98 processuais. A intimação é usada para comunicar os ta possui duas situações diferentes no CPP:
CITAÇÃO POR EDITAL CITAÇÃO POR HORA O prazo que terminar em domingo ou dia feriado
(ART. 361) CERTA (ART. 362) considerar-se-á prorrogado até o dia útil imediato.
Não correrão os prazos, se houver impedimento do
Se o réu não for encontra- Verificando que o réu se
juiz, força maior, ou obstáculo judicial oposto pela
do, será citado por edital, oculta para não ser ci-
parte contrária.
com o prazo de 15 (quinze) tado, o oficial de justiça
Salvo os casos expressos, os prazos correrão:
dias. Se o acusado, citado certificará a ocorrência e
por edital, não comparecer, procederá à citação com z da intimação;
nem constituir advogado, hora certa. Ao réu citado z da audiência ou sessão em que for proferida a
ficarão suspensos o pro- por hora certa que não se decisão, se a ela estiver presente à parte;
cesso e o curso do prazo apresentar será nomeado z do dia em que a parte manifestar nos autos ciência
prescricional, podendo o defensor dativo. inequívoca da sentença ou despacho.
juiz determinar a produ-
ção antecipada das provas
consideradas urgentes e,
se for o caso, decretar pri- DO PROCESSO COMUM
são preventiva.
DA INSTRUÇÃO CRIMINAL
Dica
Vamos iniciar nossos estudos sobre os processo
Quando o réu estiver fora do território da juris- em espécies, podendo ser eles comum ou especial. O
dição do juiz processante, será citado mediante procedimento comum é a regra do Código de Proces-
precatória (art. 353). so Penal, sendo o procedimento especial residual, por
exemplo o Tribunal do Júri e crimes de responsabili-
De acordo com a súmula nº 710 STF, o prazo no dade dos funcionários públicos etc. O Procedimento
Código de Processo Penal (CPP) é contado da data da especial possui regras específicas dispostas no CPP ou
intimação. Ou seja, diferente do Código de Processo na lei especial. O procedimento comum é usado quan-
Civil (CPC), não se considera o prazo iniciado a partir do no rito processual não exigir nenhuma especifici-
da juntada do mandado. A intimação pode ocorrer: dade para o crime sob análise. A seguir, veja como é
feita a divisão procedimental no processo penal:
z Por publicação: quando direcionada a defensor Dentro do procedimento comum, existe a tríplice
constituído, advogado e assistente de acusação. divisão: ordinário, sumário e sumaríssimo. Um cri-
z Por mandado, escrivão, via postal: quando não me é enquadrado dentro do procedimento ordinário,
há órgão de publicação na comarca. quando a pena máxima for igual ou superior a 4 anos,
ou seja, trata-se de procedimento adequado para os
Vale lembrar que a intimação pessoal feita pelo
escrivão dispensa a intimação por publicação. crimes mais graves do ordenamento jurídico. O pro-
A intimação do Ministério Público e da Defenso- cedimento sumário é um meio termo dentro do siste-
ria Pública sempre é pessoal (entrega dos autos), sob ma comum, uma vez que se aplica aos crimes de pena
pena de nulidade. máxima inferior a 4 anos. Por fim, é previsto o proce-
A única ressalva feita é nos processos eletrônicos, dimento sumaríssimo, considerado mais simplificado
pois a comunicação eletrônica é inerente ao processo pela doutrina e pela jurisprudência. O procedimento
digital. sumaríssimo destina-se às infrações penais de menor
potencial ofensivo – ou seja, contravenções penais e
Embora o Ministério Público, na esfera ação crimi- crimes com pena igual ou inferior a 2 anos.
nal, não possua o benefício do prazo em dobro, a
sua intimação, entretanto,  é sempre pessoal, na Dica
pessoa do agente do parquet com atribuições
para recebê-la. (STJ, REsp. no 192.049/DF Quinta As disposições do procedimento ordinário apli-
Turma; Rel. Felix Fischer, m. v., RJSTJ no 115/461). cam-se subsidiariamente aos procedimentos
A intimação deve preponderar, inclusive, em rela- especiais, sumário e sumaríssimo (§ 5°, art. 394).
ção a que é realizada mediante entrega do proces-
so em setor administrativo do Ministério Público, No procedimento ordinário e sumário, o juiz rece-
formalizada a carga pelo servidor. (Precedente: HC
be a denúncia ou queixa e cita o acusado para res-
no 83.255/SP e HC no 83.391-SP, vide também infor-
DIREITO PROCESSUAL PENAL

ponder à acusação no prazo de dez dias. Se a citação


mativo nº 284)
ocorrer por edital, o prazo de dez dias começa a cor-
Diferente do CPC, todos os prazos correrão em rer a partir do comparecimento do acusado ou seu
cartório e serão contínuos e peremptórios, não se advogado.
interrompendo por férias, domingo ou dia feriado. Não apresentada a resposta no prazo legal, ou se o
Todavia, igual o CPC, não se computará no prazo acusado, citado, não constituir defensor, o juiz nomea-
o dia do começo, incluindo-se, porém, o do ven- rá defensor para oferecê-la, concedendo-lhe vista dos
cimento. Isso se justifica, uma vez que tanto o CPC autos por dez dias (art. 396). Assim, é indispensável
quanto o CPP são diplomas processuais (disciplinam a que a resposta à acusação seja apresentada por advo-
marcha processual), não se tratando de direito mate- gado, sob pena de nulidade absoluta.
rial, como é o código penal e o código civil. A denúncia ou queixa será rejeitada quando a peça
A terminação dos prazos será certificada nos autos acusatória for manifestamente inepta, faltar pressu-
pelo escrivão; será, porém, considerado findo o prazo, posto processual ou condição para o exercício da ação
ainda que omitida aquela formalidade, se feita a pro- penal, ou faltar justa causa para o exercício da ação
va do dia em que começou a contagem. penal (art. 395). 99
REJEIÇÃO DA DENÚNCIA OU QUEIXA Portanto, de forma esquematizada, temos que:
Por inépcia;
Falta de pressuposto processual ou condição da ação; APÓS A RESPOSTA À ACUSAÇÃO, O JUIZ ABSOLVE
SUMARIAMENTE NAS SEGUINTES HIPÓTESES:
Falta de justa causa.
Manifesta causa excludente da ilicitude – Ex.: o agente
atuou em legítima defesa
Por exemplo, a denúncia ou queixa são considera-
das ineptas quando não for devidamente individuali- Manifesta causa excludente de culpabilidade, salvo
zada a conduta do acusado, bem como quando o fato inimputabilidade – Ex.: o agente agiu sob coação moral
não for concretamente exposto. irresistível
Inclusive, o Supremo Tribunal Federal, no Habeas Evidentemente, o fato não é crime – Ex.: crime impossível
Corpus nº 84.580, relatado pelo Ministro Celso de Melo,
A punibilidade do agente já está extinta – Ex.: o crime
julgado em 25/08/2009, atualizou a sua jurisprudência prescreveu
para deixar assentado em nosso ordenamento jurídi-
co, no referente à denúncia, os princípios sintetizados
Art. 398 (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
na ementa a seguir:
Art. 399 Recebida a denúncia ou queixa, o juiz
designará dia e hora para a audiência, ordenan-
“HABEAS CORPUS’” - CRIME CONTRA O SISTEMA do a intimação do acusado, de seu defensor,
FINANCEIRO NACIONAL - RESPONSABILIDADE do Ministério Público e, se for o caso, do que-
PENAL DOS CONTROLADORES E ADMINISTRADORES relante e do assistente.
DE INSTITUIÇÃO FINANCEIRA - LEI Nº 7.492/86 (ART. § 1º O acusado preso será requisitado para
17) - DENÚNCIA QUE NÃO ATRIBUI COMPORTAMENTO comparecer ao interrogatório, devendo o poder
ESPECÍFICO E INDIVIDUALIZADO AOS DIRETORES DA público providenciar sua apresentação.
INSTITUIÇÃO FINANCEIRA - INEXISTÊNCIA, OUTROS-
§ 2º O juiz que presidiu a instrução deverá pro-
SIM, DE DADOS PROBATÓRIOS MÍNIMOS QUE VINCU-
LEM OS PACIENTES AO EVENTO DELITUOSO - INÉPCIA ferir a sentença.
DA DENÚNCIA - PEDIDO DEFERIDO. PROCESSO PENAL
ACUSATÓRIO - OBRIGAÇÃO DE O MINISTÉRIO PÚBLI- Recebendo a denúncia, o juiz marcará a data para
CO FORMULAR DENÚNCIA JURIDICAMENTE APTA. - audiência, intimando o acusado, o seu advogado ou
O sistema jurídico vigente no Brasil - tendo presente a defensor, o promotor de justiça, se for o caso de quei-
natureza dialógica do processo penal acusatório, hoje xa crime o querelante e caso haja, o assistente de
impregnado, em sua estrutura formal, de caráter essen- acusação.
cialmente democrático - impõe, ao Ministério Público,
notadamente no denominado «reato societario”, a obri-
gação de expor, na denúncia, de maneira precisa, obje- z Nulidade do processo por falta de interrogató-
tiva e individualizada, a participação de cada acusado rio: O artigo 564, III, letra “e”, fulmina com nuli-
na suposta prática delituosa. - O ordenamento positivo dade o processo ao qual faltou o interrogatório do
brasileiro - cujos fundamentos repousam, dentre outros réu, quando presente. Se o réu estiver solto, deve-
expressivos vetores condicionantes da atividade de per- rá ser intimado para a audiência de interrogató-
secução estatal, no postulado essencial do direito penal rio. Se não comparecer, não haverá nulidade, pois
da culpa e no princípio constitucional do «due process o interrogatório foi oportunizado. Se comparecer
of law” (com todos os consectários que dele resultam) -
e se negar a falar, também não há de se falar em
repudia as imputações criminais genéricas e não tolera,
porque ineptas, as acusações que não individualizam nulidade, pois possui o direito de se manter cala-
nem especificam, de maneira concreta, a conduta penal do. Já se estiver preso, deverá ser requisitada sua
atribuída ao denunciado. Precedentes. presença na audiência, a qual é obrigatória, sob
pena de nulidade.
A falta de pressuposto processual e condição da z Requisição do réu preso: O réu preso deve ser
ação pode ser exemplificada pela falta de possibilida- requisitado. Sua presença em audiência é funda-
de jurídica do pedido (fato atípico), falta de legitimida- mental para o exercício da ampla defesa, pois que
de para agir (MP ajuizando queixa-crime ou ofendido ao lado da defesa técnica promovida pelo advoga-
ajuizando denúncia), ausência de interesse proces- do há a autodefesa. O acusado precisa presenciar
sual (utilidade, necessidade, adequação da ação) ou o que é dito pelas testemunhas para que possa, em
falta de justa causa (indícios suficientes de autoria ou seu interrogatório, se defender.
materialidade do crime). z O preso sujeito ao regime disciplinar diferen-
Vejamos a literalidade da lei: ciado: O preso sujeito ao regime disciplinar dife-
renciado descrito no artigo 52 da Lei n. 7.210/1984
Art. 397 Após o cumprimento do disposto no art. (Lei de Execução) participa, segundo o inciso VII
396-A, e parágrafos, deste Código, o juiz deve- do dispositivo acima, de audiências judiciais pre-
rá absolver sumariamente o acusado quando ferencialmente por videoconferência.
verificar:
I - a existência manifesta de causa excludente da
ilicitude do fato; Importante!
II - a existência manifesta de causa excludente da
culpabilidade do agente, salvo inimputabilidade; Caso o acusado esteja preso será providencia-

III - que o fato narrado evidentemente não constitui da sua presença, mediante escolta e transpor-
crime; te penitenciário.
100 IV - extinta a punibilidade do agente.
Art. 402 Produzidas as provas, ao final da audiên-
O juiz que instruir o processo, ou seja, que

cia, o Ministério Público, o querelante e o assis-
proceder ao ato de instrução e oitiva de teste- tente e, a seguir, o acusado poderão requerer
munhas, ficará responsável por proferir a sen- diligências cuja necessidade se origine de cir-
tença no caso. cunstâncias ou fatos apurados na instrução.

O artigo 402 determina que caso as testemunhas se


Art. 400. Na audiência de instrução e julgamento, refiram, por exemplo, a um local ou a uma prova não
a ser realizada no prazo máximo de 60 (sessen- constante dos autos, as partes poderão requerer dili-
ta) dias, proceder-se-á à tomada de declarações do gências necessárias ao esclarecimento de tais fatos ou
ofendido, à inquirição das testemunhas arroladas circunstâncias. Tal requerimento deverá ser formulado
pela acusação e pela defesa, nesta ordem, ressalva- antes do juiz determinar o fim da instrução processual.
do o disposto no art. 222 deste Código, bem como
Aprofundando um pouco mais:
aos esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao
reconhecimento de pessoas e coisas, interrogando-
-se, em seguida, o acusado. z Momento de anexar prova produzida no inqué-
§ 1º As provas serão produzidas numa só rito: Este é o momento que as partes dispõem para
audiência, podendo o juiz indeferir as con- anexar prova produzida no inquérito. Mas não
sideradas irrelevantes, impertinentes ou qualquer prova. Somente aquelas cuja necessida-
protelatórias. de de juntar se origine de circunstâncias ou fatos
§ 2º Os esclarecimentos dos peritos dependerão apurados na instrução. O pedido de juntada deve
de prévio requerimento das partes. ser fundamentado;
z Decisão do juiz e recursos: O juiz deverá decidir
O artigo 400 estabelece o prazo que o juiz tem para fundamentadamente sobre a realização ou não da
marcar a data da audiência de instrução e julgamento, diligência. Se entender que a diligência requerida
estabelece ainda a ordem de oitiva das testemunhas, é irrelevante, impertinente ou protelatória, poderá,
sendo ouvidas primeiramente as testemunhas de acu- com fundamento no parágrafo 1º, do art. 400, inde-
sação, por respeito ao princípio da ampla defesa. feri-la. Contra essa decisão, a defesa pode interpor
Pela celeridade processual o artigo determina que habeas corpus e a acusação pode impetrar manda-
as oitivas devem ser feitas no mesmo dia, em um só do de segurança. Poderá, ainda, ser arguida a nuli-
ato, e caso quaisquer das partes deseje esclarecimen- dade em audiência ao fundamento de cerceamento
tos dos peritos deverão requerer com antecedência. de defesa, ou mesmo, do direito de acusar;
Prazo de 60 dias para a audiência: A contar da z Notificação das partes do resultado da diligên-
decisão que rejeita os argumentos e razões da defe- cia: Por óbvio, não basta determinar a realização
sa prévia, a audiência deve ser designada em um das diligências requeridas. Uma vez efetivadas, é
prazo máximo de 60 dias. O não cumprimento des- preciso, com fundamento no princípio do contra-
te prazo caso o réu esteja preso, se desprovido de ditório, que seja dada vista às partes do resultado.
motivos, representa excesso de prazo na formação da Art. 403 Não havendo requerimento de diligências,
culpa, o que constitui causa de ilegalidade de prisão ou sendo indeferido, serão oferecidas alegações
preventiva. finais orais por 20 (vinte) minutos, respectiva-
mente, pela acusação e pela defesa, prorrogá-
Art. 401 Na instrução poderão ser inquiridas até veis por mais 10 (dez), proferindo o juiz, a seguir,
8 (oito) testemunhas arroladas pela acusação e 8 sentença.
(oito) pela defesa. § 1º Havendo mais de um acusado, o tempo previs-
§ 1º Nesse número não se compreendem as que to para a defesa de cada um será individual.
não prestem compromisso e as referidas. § 2º Ao assistente do Ministério Público, após a
§ 2º A parte poderá desistir da inquirição de qual- manifestação desse, serão concedidos 10 (dez)
quer das testemunhas arroladas, ressalvado o dis- minutos, prorrogando-se por igual período o tempo
posto no art. 209 deste Código. de manifestação da defesa.
§ 3º O juiz poderá, considerada a complexidade do
O artigo 401 estabelece a quantidade de testemu- caso ou o número de acusados, conceder às partes
nhas a serem ouvidas, contudo, nesta conta não estão o prazo de 5 (cinco) dias sucessivamente para a
as testemunhas que não prestem compromisso, como apresentação de memoriais. Nesse caso, terá o pra-
por exemplo os parentes do acusado e as referidas, ou zo de 10 (dez) dias para proferir a sentença.
DIREITO PROCESSUAL PENAL

seja, aquelas que alguém se referiu em seu depoimen-


to e o juiz achou por bem ouvi-las. Ao fim da audiência o juiz concede as partes o pra-
A parte pode, ainda, dispensar o depoimento de zo de 20 minutos para alegações finais orais, sempre
suas testemunhas arroladas, tanto a defesa como a falando primeiro a acusação. Havendo mais de um
acusação, ainda que tenham sido intimadas. réu será concedido o prazo de 20 minutos para cada
Número de testemunhas, mais de um fato e um. Ao assistente de acusação terá 10 minutos após
mais de um acusado: Serão oito testemunhas para a manifestação da acusação, acrescendo-se mais 10
cada fato. Se acusação imputar ao acusado mais de minutos para manifestação da defesa.
um delito, poderá arrolar oito testemunhas para cada Havendo multiplicidade de réus, ou sendo o caso
um. Vale o mesmo para a defesa, oito testemunhas complexo as alegações finais serão apresentadas por
para cada delito imputado. Se for mais de um acusa- escrito, sempre primeiramente a acusação e depois a
do, cada um deles possui esse direito. Por exemplo: defesa.
duas pessoas sendo acusadas por dois crimes; neste
caso, cada um dos acusados pode requerer a oitiva de Art. 404 Ordenado diligência considerada impres-
cindível, de ofício ou a requerimento da parte, a
até 16 testemunhas, 8 para cada acusação.
audiência será concluída sem as alegações finais. 101
Parágrafo único. Realizada, em seguida, a diligên- A audiência deve ser realizada
cia determinada, as partes apresentarão, no prazo PRAZO DA em 60 dias, no procedimento
sucessivo de 5 (cinco) dias, suas alegações finais, AUDIÊNCIA ordinário, e em 30 dias, no pro-
por memorial, e, no prazo de 10 (dez) dias, o juiz cedimento sumário
proferirá a sentença.
Utilize do recurso OTTARIO –
Caso haja diligência a ser cumprida as alegações ofendido, testemunha de acu-
ORDEM DE
finais serão apresentadas após a conclusão dessa, sen- sação e testemunha de defesa,
PRODUÇÃO
do em seguida intimadas as partes para apresenta-las, antes do assistente técnico o
DE PROVA EM
devendo o juiz julgar o caso em 10 dias. No mais, pode perito, acareações, reconheci-
AUDIÊNCIA
mento de pessoas e coisas, in-
o magistrado determinar, de ofício, qualquer outra
terrogatório, outras diligências
diligência que reputar necessária para formar o seu
convencimento, sem infringir qualquer princípio ou PROVAS QUE
regra processual penal. PODEM SER Irrelevantes, impertinentes e
INDEFERIDAS protelatórias
Art. 405 Do ocorrido em audiência será lavrado PELO JUIZ
termo em livro próprio, assinado pelo juiz e pelas
partes, contendo breve resumo dos fatos relevantes EVENTUAL
nela ocorridos. ESCLARECIMENTO
Mediante requerimento da parte
DO PERITO NA
§ 1º Sempre que possível, o registro dos depoimen-
AUDIÊNCIA
tos do investigado, indiciado, ofendido e testemu-
nhas será feito pelos meios ou recursos de gravação 8 testemunhas – não contam
magnética, estenotipia, digital ou técnica similar, testemunhas que não prestam
inclusive audiovisual, destinada a obter maior fide- o compromisso de dizer a ver-
lidade das informações. dade e testemunhas referidas.
§ 2º No caso de registro por meio audiovisual, será Nº DE Obs.: no procedimento sumá-
encaminhado às partes cópia do registro original, TESTEMUNHAS rio, o nº de testemunhas cai
sem necessidade de transcrição. para 5 (cinco)
Obs.: a parte pode desistir da
Todos os atos colhidos em audiência deverão cons- sua testemunha, salvo se o juiz
insistir em ouvi-la
tar em ata e sempre que possível o registro será fei-
to por meio audiovisual, para maior fidelidade das Produzidas as provas, ao fi-
informações. nal da audiência, o Ministério
Na jurisprudência, TJPE, (HC 0002099- 65.2018.8.17.0000 Público, o querelante e o as-
– PE, 3.ª Câmara Criminal, rel. Daisy Maria de Andrade Cos- FINAL DA sistente e, a seguir, o acusado
ta Pereira, 01.08.2018, v.u.).: AUDIÊNCIA poderão requerer diligências
cuja necessidade se origine de
“O artigo 405, § 1.º, do Código de Processo Penal, circunstâncias ou fatos apura-
incluído pela Lei n.º 11.719/2008, em observância
dos na instrução
aos princípios da razoável duração do processo, 20 minutos para acusação e
celeridade processual, contraditório, ampla defesa 20 minutos para a defesa (para
e oralidade e com a finalidade de dar maior fideli- cada acusado), prorrogável por
dade aos depoimentos colhidos na instrução crimi- mais 10 minutos. Sentença a
nal, dispôs que ‘Sempre que possível, o registro dos seguir
depoimentos do investigado, indiciado, ofendido e Obs.: o assistente de acusação
testemunhas será feito pelos meios ou recursos de recebe 10 minutos, e nesse
gravação magnética, estenotipia, digital ou técnica ALEGAÇÕES caso a defesa também recebe-
similar, inclusive audiovisual, destinada a obter FINAIS rá 10 minutos
maior fidelidade das informações’. II – A obser- Substituição de alegações fi-
vância pelo togado monocrático do que preceitua nais por memoriais, em caso
o artigo 405, § 1.º, do Código de Processo Penal, é complexo ou elevado, nº de
obrigatória quando disponível no juízo tal recurso, acusados (prazo de cinco dias
o que, in casu, não se verifica. Precedentes. III – sucessivos)
Conforme entendimento consolidado dos Tribunais Prazo de 10 (dez) dias para
proferir a sentença
Superiores, no processo penal não deve ser declara-
da a nulidade de ato processual, ainda que se trate
de nulidade absoluta, se não demonstrado efetivo O procedimento sumaríssimo obedece ao que está
prejuízo, à luz do artigo 563 do Código de Processo
estabelecido no Juizado Especial Criminal (JECRIM),
Penal. IV – Ordem denegada. Decisão unânime” (HC
0002099- 65.2018.8.17.0000 – PE, 3.ª Câmara Cri- assim, a denúncia pode ser oral (reduzida a termo).
minal, rel. Daisy Maria de Andrade Costa Pereira, O rol de testemunhas não pode ultrapassar 3 (três),
01.08.2018, v.u.).
busca-se a conciliação e a transação penal, caso o juiz
Para facilitar o entendimento, esquematizamos o rejeite a denúncia, cabe apelação e a sentença dispen-
102 disposto nos artigos anteriores na tabela que segue: sa o relatório.
O fendido; esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao
T estemunha de acusação; reconhecimento de pessoas e coisas, interrogando-
T estemunha de defesa; -se, em seguida, o acusado e procedendo-se o debate.
A ntes do assistente técnico o perito + acareação; § 1º Os esclarecimentos dos peritos dependerão de
R econhecimento de pessoas e coisas; prévio requerimento e de deferimento pelo juiz.
I nterrogatório; § 2º As provas serão produzidas em uma só audiên-
cia, podendo o juiz indeferir as consideradas irrele-
O utras diligências.
vantes, impertinentes ou protelatórias.
DO PROCEDIMENTO RELATIVO AOS PROCESSOS § 3º Encerrada a instrução probatória, observar-se-
DA COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL DO JÚRI  -á, se for o caso, o disposto no art. 384 deste Código.
§ 4º As alegações serão orais, concedendo-se a
Da Acusação e da Instrução Preliminar palavra, respectivamente, à acusação e à defesa,
pelo prazo de 20 (vinte) minutos, prorrogáveis por
Art. 406 O juiz, ao receber a denúncia ou a queixa, mais 10 (dez).
ordenará a citação do acusado para responder § 5º Havendo mais de 1 (um) acusado, o tempo pre-
a acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) visto para a acusação e a defesa de cada um deles
dias. será individual.
§ 1º O prazo previsto no caput deste artigo será § 6º Ao assistente do Ministério Público, após a
contado a partir do efetivo cumprimento do manifestação deste, serão concedidos 10 (dez)
mandado ou do comparecimento, em juízo, do minutos, prorrogando-se por igual período o tempo
acusado ou de defensor constituído, no caso de manifestação da defesa.
de citação inválida ou por edital. (Redação § 7º Nenhum ato será adiado, salvo quando impres-
dada pela Lei nº 11.689, de 2008) cindível à prova faltante, determinando o juiz a
§ 2º A acusação deverá arrolar testemunhas, até o condução coercitiva de quem deva comparecer.
máximo de 8 (oito), na denúncia ou na queixa. § 8º A testemunha que comparecer será inquirida,
§ 3º Na resposta, o acusado poderá argüir preli- independentemente da suspensão da audiência,
minares e alegar tudo que interesse a sua defesa, observada em qualquer caso a ordem estabelecida
oferecer documentos e justificações, especificar as no caput deste artigo.
provas pretendidas e arrolar testemunhas, até o § 9º Encerrados os debates, o juiz proferirá a sua
máximo de 8 (oito), qualificando-as e requerendo decisão, ou o fará em 10 (dez) dias, ordenando que
sua intimação, quando necessário. os autos para isso lhe sejam conclusos.

O artigo determina o prazo de defesa do acusado O artigo estabelece a ordem dos trabalhos na
em casos de crimes dolosos contra a vida, de compe- audiência de instrução realizada no procedimento
tência do júri, informando a quantidade de testemu- dos crimes dolosos contra a vida, dessa forma, serão
nhas que poderão ser arroladas. sempre ouvidas primeiramente as testemunhas de
acusação, e somente após a defesa, assim como no
Art. 407 As exceções serão processadas em aparta- procedimento ordinário.
do, nos termos dos arts. 95 a 112 deste Código.
ORDEM
As exceções referidas no artigo, são as de suspei-
ção do juízo ou incompetência que deverão ser apre- Declarações dos ofendidos
sentadas e processadas, separadamente.
Inquirição das testemunhas de acusação e defesa
Art. 408 Não apresentada a resposta no prazo (nesta sequência)
legal, o juiz nomeará defensor para oferecê-la em
até 10 (dez) dias, concedendo-lhe vista dos autos. Esclarecimentos dos peritos

Caso o acusado não possua defensor, ser-lhe Acareações


nomeado um defensor pelo juízo para que não fique Reconhecimento de pessoas e coisas
sem a defesa técnica que tem direito.
Interrogatório do acusado
Art. 409 Apresentada a defesa, o juiz ouvirá o
Ministério Público ou o querelante sobre prelimina-
res e documentos, em 5 (cinco) dias. Os debates ao fim do ato serão orais, devendo o
juiz proferir a decisão em 10 (dez) dias em obediência
DIREITO PROCESSUAL PENAL

O juiz mandará o Ministério Público se manifes- ao princípio da celeridade processual.


tar sobre os documentos apresentados e eventuais
preliminares apontadas na defesa apresentada pelo
De acordo com a jurisprudência do STJ: A ausência
Acusado.
do oferecimento das alegações finais em processos
Art. 410 O juiz determinará a inquirição das teste- de competência do Tribunal do Júri não acarre-
munhas e a realização das diligências requeridas ta nulidade, uma vez que a decisão de pronúncia
pelas partes, no prazo máximo de 10 (dez) dias. encerra juízo provisório acerca da culpa. Fonte:
jurisprudência em teses (STJ).
O artigo determina o prazo que o juiz tem para
ouvir testemunhas e realizar diligências. Art. 412 O procedimento será concluído no prazo
máximo de 90 (noventa) dias.
Art. 411. Na audiência de instrução, proceder-se-á
à tomada de declarações do ofendido, se possível, Novamente, observando a celeridade, diz o Código
à inquirição das testemunhas arroladas pela acu- que o procedimento de instrução será concluído no
sação e pela defesa, nesta ordem, bem como aos prazo máximo de 90 dias. 103
Resumindo os artigos aqui mencionados, teremos Caso o juiz não se convença da prova da materia-
os seguintes pontos de destaque: lidade dos fatos ou da autoria do acusado proferirá
sentença de impronúncia. Enquanto não passar o pra-
z No procedimento especial do Tribunal do Júri, o zo da extinção da punibilidade o acusado poderá ser
juiz recebe a denúncia ou queixa e cita o acusado novamente denunciado pelo mesmo fato, desde que
para responder à acusação em 10 (dez) dias; haja prova nova.
z O prazo de 10 (dez) dias para responder à acusação
se inicia a partir do cumprimento do mandado ou
do comparecimento em juízo; Importante!
z Na primeira fase do tribunal do júri a acusação
pode arrolar até 8 (oito) testemunhas na denúncia Ocorre a impronúncia, se o juiz não se conven-
ou queixa. O mesmo vale para o acusado na res- ceu da materialidade do fato nem dos indícios
posta à acusação; de autoria. A decisão da impronúncia não é defi-
z Vale lembrar que diante da ausência de advogado, nitiva, podendo ser formulada nova denúncia ou
o próprio juiz nomeia um defensor para o réu; queixa assim que aparecer nova prova (desde
z Após apresentada a defesa, o juiz ouve a acusação que ainda não extinta a punibilidade).
em 5 (cinco) dias. Então, o juiz tem 10 (dez) dias
para ouvir as testemunhas e cumprir as diligên-
Art. 415 O juiz, fundamentadamente, absolverá
cias que foram requeridas pelas partes;
desde logo o acusado, quando:
z Na audiência, o prazo de alegações orais é de 20
I – provada a inexistência do fato;
minutos para a acusação e 20 minutos para a defe- II – provado não ser ele autor ou partícipe do fato;
sa. O assistente de acusação recebe mais 10 minu- III – o fato não constituir infração penal;
tos, e consequentemente a defesa também. IV – demonstrada causa de isenção de pena ou de
exclusão do crime.
Da Pronúncia, da Impronúncia e da Absolvição Parágrafo único. Não se aplica o disposto no inciso
Sumária IV do caput deste artigo ao caso de inimputabilida-
de prevista no caput do art. 26 do Decreto-Lei no
Art. 413 O juiz, fundamentadamente, pronunciará 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal, sal-
o acusado, se convencido da materialidade do fato vo quando esta for a única tese defensiva.
e da existência de indícios suficientes de autoria ou
de participação.
O artigo cita as causas de absolvição sumária do
§ 1º A fundamentação da pronúncia limitar-se-á à
acusado, tendo a decisão do juiz força de sentença de
indicação da materialidade do fato e da existência
de indícios suficientes de autoria ou de participa-
mérito, assim convencido que não houve o fato, não ser
ção, devendo o juiz declarar o dispositivo legal em o autor ou participe, o fato narrado não se tratar de cri-
que julgar incurso o acusado e especificar as cir- me, ou ainda se o fato está acobertada por excludente
cunstâncias qualificadoras e as causas de aumento de ilicitude, desde logo, o juiz absolverá o acusado.
de pena.
§ 2º Se o crime for afiançável, o juiz arbitrará o ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA NO FIM DA 1ª FASE DO
valor da fiança para a concessão ou manutenção TRIBUNAL DO JÚRI
da liberdade provisória. Se ficar provado que o fato não existiu
§ 3º O juiz decidirá, motivadamente, no caso de
manutenção, revogação ou substituição da prisão Se ficar provado que ele não é autor/partícipe
ou medida restritiva de liberdade anteriormente Se o fato não for uma infração penal
decretada e, tratando-se de acusado solto, sobre a
Causa de isenção de pena ou exclusão do crime. Obs.
necessidade da decretação da prisão ou imposição
de quaisquer das medidas previstas no Título IX do
A inimputabilidade só é usada caso seja vista como a
Livro I deste Código. única tese de defesa

A pronúncia do acusado determina o seu julga- Após efetivada a absolvição sumária do réu, caso
mento perante o Tribunal do Júri, desde que o juiz provenha fato novo a respeito daquele mesmo fato,
seja convencido da materialidade do fato criminoso e poderá, enquanto não estiver extinta a punibilidade
que haja indícios de sua autoria. do suposto delito, ser oferecida Denúncia (ação penal
Na decisão de pronúncia o juiz deve limitar-se à pública) ou queixa-crime (ação penal privada).
fundamentação da materialidade e dos indícios e indi- Isso ocorre porque em caso de dúvida do magistra-
car os dispositivos legais que o acusado estiver incur- do, deverá o mesmo pronunciar o acusado, aplicando
so, não adentrando no mérito do crime. o princípio do in dubio pro societate.
Se o crime for afiançável o juiz pode arbitrá-la na
decisão de pronúncia e deverá fundamentar, ainda, Art. 416 Contra a sentença de impronúncia ou de
absolvição sumária caberá apelação.
sua decisão de manutenção ou revogação da prisão
preventiva. A sentença de impronúncia ou absolvição sumária
desafiam o recurso de apelação.
Art. 414 Não se convencendo da materialidade
do fato ou da existência de indícios suficientes Art. 417 Se houver indícios de autoria ou de par-
de autoria ou de participação, o juiz, fundamen- ticipação de outras pessoas não incluídas na
tadamente, impronunciará o acusado. acusação, o juiz, ao pronunciar ou impronunciar o
Parágrafo único. Enquanto não ocorrer a extinção acusado, determinará o retorno dos autos ao Minis-
da punibilidade, poderá ser formulada nova denún- tério Público, por 15 (quinze) dias, aplicável, no que
104 cia ou queixa se houver prova nova. couber, o art. 80 deste Código.
Confirmando participação de outras pessoas, o juiz No momento em que o presidente do tribunal do
determinará que o processo retorne ao Ministério Público. júri recebe os autos, ele determina a intimação da
Aditamento da denúncia ou queixa para inclu- acusação e da defesa para que em 5 (cinco) dias apre-
são de corréus: havendo prova, colhida durante a sentem o rol de até 5 (cinco) testemunhas, apresentem
instrução, de que outras pessoas estão envolvidas na documentos, requeiram diligências. Depois, o juiz pre-
infração penal pela qual está o juiz pronunciando o sidente ordena as diligências, sana nulidades, escla-
acusado, é preciso determinar a remessa dos autos ao rece fatos, faz relatório do processo e o incluem em
Ministério Público para o necessário aditamento. pauta. Vejamos os dispositivos da lei:

Art. 418 O juiz poderá dar ao fato definição jurídica Art. 422 Ao receber os autos, o presidente do Tri-
diversa da constante da acusação, embora o acusa- bunal do Júri determinará a intimação do órgão
do fique sujeito a pena mais grave. do Ministério Público ou do querelante, no caso
de queixa, e do defensor, para, no prazo de 5 (cin-
O acusado se defende dos fatos e não da definição co) dias, apresentarem rol de testemunhas que
jurídica, dessa maneira, poderá o juiz dar definição irão depor em plenário, até o máximo de 5 (cinco),
jurídica diversa daquela apontada pela Acusação. oportunidade em que poderão juntar documentos e
requerer diligência.
Art. 419 Quando o juiz se convencer, em discordân-
Recebendo, então, o processo o juiz presidente do
cia com a acusação, da existência de crime diver-
Júri intimará as partes para apresentação de no máxi-
so dos referidos no § 1º do art. 74 deste Código e
mo 5 (cinco) testemunhas, podendo no mesmo prazo
não for competente para o julgamento, remeterá os juntar documentos e requerer diligências.
autos ao juiz que o seja.
Parágrafo único. Remetidos os autos do processo a Art. 423 Deliberando sobre os requerimentos de pro-
outro juiz, à disposição deste ficará o acusado preso. vas a serem produzidas ou exibidas no plenário do júri,
e adotadas as providências devidas, o juiz presidente:
Quando o juiz constatar que o crime ali narrado I – ordenará as diligências necessárias para sanar
não é de competência do Tribunal do Júri, ou seja, não qualquer nulidade ou esclarecer fato que interesse
é um crime doloso contra a vida, remeterá o processo ao julgamento da causa;
ao juiz competente. II – fará relatório sucinto do processo, determinan-
do sua inclusão em pauta da reunião do Tribunal
Art. 420 A intimação da decisão de pronúncia será do Júri.
feita:
I – pessoalmente ao acusado, ao defensor nomeado O juiz presidente do júri deverá deixar o processo
e ao Ministério Público; em ordem para seu julgamento em plenário, portanto
II – ao defensor constituído, ao querelante e ao sanará qualquer nulidade, fará um resumo do proces-
so e determinará sua inclusão em pauta.
assistente do Ministério Público, na forma do dis-
posto no § 1º do art. 370 deste Código. Art. 424 Quando a lei local de organização judiciária
Parágrafo único. Será intimado por edital o acusa- não atribuir ao presidente do Tribunal do Júri o prepa-
do solto que não for encontrado. ro para julgamento, o juiz competente remeter-lhe-á os
autos do processo preparado até 5 (cinco) dias antes
A intimação da decisão de pronúncia ao Acusa- do sorteio a que se refere o art. 433 deste Código.
do será pessoal, ao defensor nomeado pelo Juiz e Parágrafo único. Deverão ser remetidos, também,
ao Ministério Público. Ao defensor contratado pelo os processos preparados até o encerramento da
Acusado, ao assistente de Acusação a intimação será reunião, para a realização de julgamento.
realizada via Diário Oficial. O acusado que não for
Caso naquela localidade o juiz presidente do Tribu-
localizado, será intimado por edital. nal do Júri seja diverso daquele que instruiu os autos
deverão ser encaminhados ao Juiz presidente em até 5
Art. 421 Preclusa a decisão de pronúncia, os autos dias antes do sorteio do conselho de sentença.
serão encaminhados ao juiz presidente do Tribunal
do Júri. JURISPRUDÊNCIA SOBRE O TRIBUNAL DO JÚRI
§ 1º Ainda que preclusa a decisão de pronúncia,
havendo circunstância superveniente que altere a � Princípios do Tribunal do Júri: Plenitude de defesa,
classificação do crime, o juiz ordenará a remessa sigilo das votações, soberania dos vereditos, compe-
dos autos ao Ministério Público. tência para o julgamento dos crimes dolosos contra
§ 2º Em seguida, os autos serão conclusos ao juiz a vida (competência mínima) – art. 5º, XXXVIII da CF.
DIREITO PROCESSUAL PENAL

para decisão. Júri x prerrogativa de função na CF: prevalece prerro-


gativa de função na CF
Não havendo apresentação de Recurso contra a Júri x prerrogativa de função na CE: prevalece o Júri
decisão de pronúncia, o processo seguirá para a pre- � Nulidades absolutas: falta de quesito obrigatório; se
sidência do Tribunal do Júri. Caso a classificação do os quesitos da defesa não vierem antes das agra-
crime seja alterada, deverá seguir para o Ministério vantes; decisão de desaforamento sem audiência da
Público. defesa.
Eventual julgamento é nulo se antes o mesmo ju-
Da Preparação do Processo para Julgamento em rado participou de julgamento anterior do mesmo
Plenário processo.
Latrocínio é julgado por juiz singular (crime contra o
O procedimento especial do Tribunal do Júri é patrimônio).
repartido em duas fases, na primeira fase só há o juiz. O efeito devolutivo da apelação contra decisões do
Já na segunda fase, o juiz togado estará acompanhado Júri é adstrito aos fundamentos da interposição, por-
do conselho de sentença, quem de fato julga o fato. que é um recurso de fundamentação vinculada 105
Do Alistamento dos Jurados competentes, permanecerão guardados em urna
fechada a chave, sob a responsabilidade do juiz
Os jurados são alistados anualmente pelo presiden- presidente.
te do Tribunal do Júri, de acordo com a quantidade de § 4º O jurado que tiver integrado o Conselho de Sen-
habitantes da comarca. Se for necessário na comarca, tença nos 12 (doze) meses que antecederem à publi-
pode ser aumentado o nº de jurados, organizada lista cação da lista geral fica dela excluído.
de suplentes, depositadas cédulas em urna especial. § 5º Anualmente, a lista geral de jurados será, obri-
O juiz presidente pode requisitar a diversos núcleos gatoriamente, completada.
comunitários a indicação de pessoas que reúnam as
condições para exercerem a função de jurado. A lista geral dos jurados ficará fixada na porta do
Tribunal do Júri, juntamente com a transcrição dos
Art. 425 Anualmente, serão alistados pelo presiden- artigos que determinam que o trabalho dos jurados é
te do Tribunal do Júri de 800 (oitocentos) a 1.500 (um obrigatório e demais indicações legais.
mil e quinhentos) jurados nas comarcas de mais de Os nomes serão verificados pelos órgãos respon-
1.000.000 (um milhão) de habitantes, de 300 (tre- sáveis, conforme determina o artigo e o juiz presiden-
zentos) a 700 (setecentos) nas comarcas de mais de te terá a atribuição de guarda-los em urna fechada à
100.000 (cem mil) habitantes e de 80 (oitenta) a 400 chave.
(quatrocentos) nas comarcas de menor população.
A lista dos jurados será publicada até 10 de outu-
§ 1º Nas comarcas onde for necessário, poderá ser
bro na imprensa e editais serão afixados na porta do
aumentado o número de jurados e, ainda, organi-
zada lista de suplentes, depositadas as cédulas em
tribunal do júri. A lista poderá ser alterada, de ofí-
urna especial, com as cautelas mencionadas na cio ou mediante reclamação de qualquer do povo ao
parte final do § 3o do art. 426 deste Código. juiz presidente até o dia 10 de novembro, data de sua
§ 2º O juiz presidente requisitará às autoridades publicação definitiva (art. 426).
locais, associações de classe e de bairro, entidades
associativas e culturais, instituições de ensino em Do Desaforamento
geral, universidades, sindicatos, repartições públi-
cas e outros núcleos comunitários a indicação de Art. 427 Se o interesse da ordem pública o recla-
pessoas que reúnam as condições para exercer a mar ou houver dúvida sobre a imparcialidade do
função de jurado. júri ou a segurança pessoal do acusado, o Tribunal,
a requerimento do Ministério Público, do assisten-
O artigo cita como será realizada a lista de jurados te, do querelante ou do acusado ou mediante repre-
e de quais entidades poderão ser retirados os nomes sentação do juiz competente, poderá determinar o
que a irão compor. De acordo com a quantidade de desaforamento do julgamento para outra comarca
habitantes as listas serão formadas e posteriormente da mesma região, onde não existam aqueles moti-
vos, preferindo-se as mais próximas.
essas pessoas serão designadas para julgar seus pares
§ 1º O pedido de desaforamento será distribuído
perante o Conselho de Sentença.
imediatamente e terá preferência de julgamento na
A coleta, escolha dos nomes de jurados para com-
Câmara ou Turma competente.
por as listas do Tribunal do Júri se faz, na maioria das
§ 2º Sendo relevantes os motivos alegados, o relator
Comarcas brasileiras, de modo aleatório, sem conhe- poderá determinar, fundamentadamente, a suspen-
cimento direto e pessoal do magistrado em relação são do julgamento pelo júri.
a cada um dos indicados. Utiliza-se, há anos, como § 3º Será ouvido o juiz presidente, quando a medida
regra, a listagem dos cartórios eleitorais, que coletam não tiver sido por ele solicitada.
vários nomes, enviando ao juiz presidente. Dificil- § 4º Na pendência de recurso contra a decisão de
mente cumpre-se o disposto no § 2º deste artigo, pers- pronúncia ou quando efetivado o julgamento, não
crutando interessados em associações de classe e de se admitirá o pedido de desaforamento, salvo, nesta
bairro, entidades associativas e culturais, instituições última hipótese, quanto a fato ocorrido durante ou
de ensino, universidades etc. Em pequenas cidades, após a realização de julgamento anulado.
torna-se possível essa coleta de nomes. Nos grandes
centros urbanos, entretanto, é praticamente impossí- O desaforamento é o deslocamento do foro para
vel. O máximo que se faz, após o recebimento das lis- outra comarca, diversa daquela onde ocorreu o cri-
tas formadas aleatoriamente nos cartórios eleitorais, me, pode ser requerido pelas partes ou determinado
é uma pesquisa de antecedentes criminais pelo próprio juiz. O pedido de desaforamento terá
preferência e não será admitido caso haja recurso
Art. 426 A lista geral dos jurados, com indicação pendente.
das respectivas profissões, será publicada pela
imprensa até o dia 10 de outubro de cada ano e Art. 428 O desaforamento também poderá ser deter-
divulgada em editais afixados à porta do Tribunal minado, em razão do comprovado excesso de serviço,
do Júri. ouvidos o juiz presidente e a parte contrária, se o jul-
§ 1º A lista poderá ser alterada, de ofício ou gamento não puder ser realizado no prazo de 6 (seis)
mediante reclamação de qualquer do povo ao juiz meses, contado do trânsito em julgado da decisão de
presidente até o dia 10 de novembro, data de sua pronúncia
publicação definitiva. § 1º Para a contagem do prazo referido neste arti-
§ 2º Juntamente com a lista, serão transcritos os go, não se computará o tempo de adiamentos, dili-
arts. 436 a 446 deste Código. gências ou incidentes de interesse da defesa.
§ 3º Os nomes e endereços dos alistados, em car- § 2º Não havendo excesso de serviço ou existência
tões iguais, após serem verificados na presença de processos aguardando julgamento em quanti-
do Ministério Público, de advogado indicado pela dade que ultrapasse a possibilidade de apreciação
Seção local da Ordem dos Advogados do Brasil e pelo Tribunal do Júri, nas reuniões periódicas pre-
106 de defensor indicado pelas Defensorias Públicas vistas para o exercício, o acusado poderá requerer
ao Tribunal que determine a imediata realização do z Preferência na ordem de julgamentos: como
julgamento. regra, impõe a lei sejam primeiramente julgados
os réus presos, em detrimento dos soltos, o que se
O desaforamento também poderá ser determina- afigura razoável, pois o direito à liberdade está sen-
do, caso haja excesso de serviço na comarca que acar-
do cerceado antes da decisão condenatória defini-
retará demasiado atraso, o julgamento do Acusado,
tiva. Dentre os presos, devem ser julgados os mais
desde que o atraso não tenha sido causado pela pró-
antigos no cárcere, levando-se em consideração,
pria defesa.
obviamente, a prisão decretada no processo. Assim,
Sintetizando as informações mencionadas, temos:
se alguém está há muito tempo detido, embora seja
por outro processo, isso não faz com que sua situa-
Interesse da ordem pública

Dúvida sobre a imparciali-
� ção tenha preferência sobre outro preso. Finalmen-
dade do Júri te, quando houver igualdade de condições, ou seja,
Em razão da segurança pes-
� todos soltos ou todos presos pelo processo do júri,
soal do acusado serão primeiramente agendados os julgamentos
Comprovado excesso de
� daqueles que tiverem sido pronunciados há mais
serviço, se o julgamento não tempo.
RAZÕES PARA O
puder ser realizado no prazo
DESAFORAMENTO Art. 430 O assistente somente será admitido se
de 6 (seis) meses, contado
tiver requerido sua habilitação até 5 (cinco) dias
do trânsito em julgado da
antes da data da sessão na qual pretenda atuar.
decisão de pronúncia. Obs.
não se computará o tempo
O assistente de acusação deverá requerer sua
de adiamentos, diligências
habilitação para atuar no Plenário do Júri, no prazo
ou incidentes de interesse
de cinco dias.
da defesa

QUEM PODE Art. 431 Estando o processo em ordem, o juiz pre-


MP, assistente de acusação, sidente mandará intimar as partes, o ofendido, se
REQUERER O
querelante, acusado, juiz for possível, as testemunhas e os peritos, quando
DESAFORAMENTO
houver requerimento, para a sessão de instrução e
Desaforamento do julgamento julgamento, observando, no que couber, o disposto
para outra comarca da mesma no art. 420 deste Código.
região, onde não existam os
motivos elencados. Obs. prefe- Em devida ordem, o juiz presidente intimará as
re-se a comarca mais próxima partes para a data do Plenário do Júri, observando
O pedido de desaforamento
� as intimações pessoais determinadas pelo art. 420 do
é distribuído imediatamente, Código de Processo Penal.
com preferência de julga-
mento na Câmara ou Turma Do Sorteio e da Convocação dos Jurados
competente. O relator pode
O QUE ACONTECE Art. 432 Em seguida à organização da pauta, o juiz
entender pela suspensão do
julgamento do júri. O juiz pre- presidente determinará a intimação do Ministério
sidente é ouvido se a medida Público, da Ordem dos Advogados do Brasil e da
não foi por ele solicitada Defensoria Pública para acompanharem, em dia e
hora designados, o sorteio dos jurados que atuarão
Não é admitido o pedido
� na reunião periódica.
de desaforamento em caso
de recurso pendente sobre O sorteio dos jurados deverá ser realizada com a
pronúncia ou caso já tenha maior idoneidade possível e para tanto serão intima-
ocorrido o julgamento (exce- dos os representantes da OAB, do Ministério Público e
ção: julgamento anulado) da Defensoria para acompanhar o ato.

Da Organização da Pauta Art. 433 O sorteio, presidido pelo juiz, far-se-á a


DIREITO PROCESSUAL PENAL

portas abertas, cabendo-lhe retirar as cédulas até


Art. 429 Salvo motivo relevante que autorize alte- completar o número de 25 (vinte e cinco) jurados,
ração na ordem dos julgamentos, terão preferência: para a reunião periódica ou extraordinária.
I – os acusados presos; § 1º O sorteio será realizado entre o 15º (décimo
II – dentre os acusados presos, aqueles que estive- quinto) e o 10º (décimo) dia útil antecedente à ins-
rem há mais tempo na prisão; talação da reunião.
III – em igualdade de condições, os precedentemen- § 2º A audiência de sorteio não será adiada pelo
te pronunciados. não comparecimento das partes.
§ 1º Antes do dia designado para o primeiro julga-
§ 3º O jurado não sorteado poderá ter o seu nome
mento da reunião periódica, será afixada na porta
novamente incluído para as reuniões futuras.
do edifício do Tribunal do Júri a lista dos processos
a serem julgados, obedecida a ordem prevista no
caput deste artigo. O art. 433 também tem o objetivo de garantir a ido-
§ 2º O juiz presidente reservará datas na mesma neidade do sorteio dos jurados, devendo ser realizada
reunião periódica para a inclusão de processo que de portas abertas, devendo ser sorteadas até o núme-
tiver o julgamento adiado. ro de 25, que comporão , futuramente o conselho de
sentença. 107
Art. 434 Os jurados sorteados serão convocados VI – os servidores do Poder Judiciário, do Ministé-
pelo correio ou por qualquer outro meio hábil para rio Público e da Defensoria Pública;
comparecer no dia e hora designados para a reu- VII – as autoridades e os servidores da polícia e da
nião, sob as penas da lei. segurança pública;
Parágrafo único. No mesmo expediente de convo- VIII – os militares em serviço ativo;
cação serão transcritos os arts. 436 a 446 deste IX – os cidadãos maiores de 70 (setenta) anos que
Código. requeiram sua dispensa;
X – aqueles que o requererem, demonstrando justo
A convocação dos jurados será realizada pelos cor- impedimento.
reios ou ainda qualquer meio que torne inequívoca
sua convocação, sendo-lhe advertido sobre a obrigato- Não serão obrigados a prestar o serviço de jura-
riedade de seu trabalho como jurado sob as penas da do: governadores, seus secretários, os deputados, os
lei, conforme os arts. 436 a 446 do Código de Processo vereadores e deputados distritais; os prefeitos, os juí-
Penal. zes, os promotores, os defensores públicos, os demais
servidores do poder judiciário, policiais e delegados,
policiais militares e militares da ativa, maiores de 70
Art. 435 Serão afixados na porta do edifício do Tri-
anos e o convocado poderá requerer sua dispensa
bunal do Júri a relação dos jurados convocados, os
demonstrando justo impedimento.
nomes do acusado e dos procuradores das partes,
Atente-se quanto à idade que desobriga o convo-
além do dia, hora e local das sessões de instrução
cado a trabalhar no júri: 70 anos, ou seja, dez anos a
e julgamento.
mais do que a lei entende como idoso.
Os jurados sorteados serão convocados (por meio Art. 438 A recusa ao serviço do júri fundada em
hábil) para comparecerem no dia e hora designados convicção religiosa, filosófica ou política importará
para a reunião. no dever de prestar serviço alternativo, sob pena
de suspensão dos direitos políticos, enquanto não
Da Função do Jurado prestar o serviço imposto.
§ 1º Entende-se por serviço alternativo o exercício
Art. 436 O serviço do júri é obrigatório. O alista- de atividades de caráter administrativo, assisten-
mento compreenderá os cidadãos maiores de 18 cial, filantrópico ou mesmo produtivo, no Poder
(dezoito) anos de notória idoneidade. Judiciário, na Defensoria Pública, no Ministério
§ 1º Nenhum cidadão poderá ser excluído dos tra- Público ou em entidade conveniada para esses fins.
balhos do júri ou deixar de ser alistado em razão § 2º O juiz fixará o serviço alternativo atendendo aos
de cor ou etnia, raça, credo, sexo, profissão, classe princípios da proporcionalidade e da razoabilidade.
social ou econômica, origem ou grau de instrução.
§ 2º A recusa injustificada ao serviço do júri acar- Caso o convocado se recuse a prestar o serviço do
retará multa no valor de 1 (um) a 10 (dez) salários júri por razões filosóficas, religiosas ou políticas deve-
mínimos, a critério do juiz, de acordo com a condi- rá prestar serviço alternativo que o juiz fixará de for-
ção econômica do jurado. ma razoável e proporcional. Enquanto o serviço não
for prestado ficarão suspensos os direitos políticos
O serviço do júri é obrigatório e não comporta (direito de votar e ser votado).
qualquer discriminação em razão de cor, etnia, raça
ou credo, e caso a recusa a compor o corpo de jurados Art. 439 O exercício efetivo da função de jurado
seja injustificada o juiz poderá fixar multa de 1 à 10 constituirá serviço público relevante e estabelecerá
salários mínimos. presunção de idoneidade moral.

z Obrigatoriedade do serviço: sendo considera- O jurado adquire o status de idoneidade moral


do serviço público relevante (art. 439, CPP), além pelo relevante serviço público prestado.
de essencial para a formação do devido processo
legal daqueles que são acusados da prática de cri- z Exercício efetivo: significa já ter servido, ao
mes dolosos contra a vida (art. 5.º, XXXVIII, d , CF), menos uma vez, como jurado componente do Con-
é natural que seja obrigatório, imposto a todos os selho de Sentença;
brasileiros; z Presunção de idoneidade moral: se um dos
z Alistamento de maiores de 18 anos: a reforma requisitos para ser jurado é justamente a notó-
trazida pela Lei 11.689/2008 reduziu a idade, para ria idoneidade (art. 436, caput), torna-se evidente
o cidadão atuar como jurado, de 21 para 18 anos. A que, tendo servido, presume-se seja pessoa capaz
pretexto de incentivar a participação do jovem nos e competente.
julgamentos do Poder Judiciário, bem como em
harmonia com a redução provocada pela maiori- Art. 440 Constitui também direito do jurado, na
dade civil, hoje, também, fixada em 18 anos, proce- condição do art. 439 deste Código, preferência, em
deu-se à referida alteração. igualdade de condições, nas licitações públicas e
no provimento, mediante concurso, de cargo ou
Art. 437 Estão isentos do serviço do júri: função pública, bem como nos casos de promoção
I – o Presidente da República e os Ministros de funcional ou remoção voluntária.
Estado;
II – os Governadores e seus respectivos Secretários; z Direito de preferência em licitações e concursos:
III – os membros do Congresso Nacional, das Assem- embora a participação em licitações, por particula-
bleias Legislativas e das Câmaras Distrital e Municipais; res, seja rara, é viável. Logo, o jurado, disputando
IV – os Prefeitos Municipais; em igualdade de condições com outras pessoas, terá
V – os Magistrados e membros do Ministério Públi- preferência para a contratação. No campo dos con-
108 co e da Defensoria Pública; cursos públicos, entretanto, a possibilidade é maior
e esta é uma inovação inserida pela Lei 11.689/2008. Art. 444 O jurado somente será dispensado por
Aquele que servir como jurado, participando de decisão motivada do juiz presidente, consignada na
concursos públicos e até no cenário das promoções ata dos trabalhos.
ou remoções na carreira, poderá usufruir a prefe-
rência, desde que em igualdade de condições Vinculação da dispensa: evitando-se qualquer
tipo de proteção ou falta de justificativa razoável,
Dica impõe-se ao juiz que dispense o jurado, quando for o
caso, declinando os motivos na ata. Qualquer parte,
Funcionando com jurado o cidadão adquire pre- pois, saberá a razão pela qual não poderá contar com
ferência em licitações e concursos e sendo já determinada pessoa.
funcionário concursado a preferência recai sob
a promoção e eventual remoção. Art. 445 O jurado, no exercício da função ou a pre-
texto de exercê-la, será responsável criminalmente
Art. 441 Nenhum desconto será feito nos vencimen- nos mesmos termos em que o são os juízes togados.
tos ou salário do jurado sorteado que comparecer
à sessão do júri. A responsabilidade dos jurados convocados será
a mesma dos juízes concursados e nomeados pelo
As faltas ao trabalho pela função de jurado deve- Poder Judiciário.
rão ser abonadas pelo empregador, porém não há,
também, o pagamento pelo exercício da função. Art. 446 Aos suplentes, quando convocados, serão
aplicáveis os dispositivos referentes às dispensas,
Art. 442 Ao jurado que, sem causa legítima, deixar faltas e escusas e à equiparação de responsabilida-
de comparecer no dia marcado para a sessão ou de penal prevista no art. 445 deste Código.
retirar-se antes de ser dispensado pelo presidente
será aplicada multa de 1 (um) a 10 (dez) salários Aos jurados e aos suplentes de jurados, quando
mínimos, a critério do juiz, de acordo com a sua convocados, serão aplicados os mesmos dispositivos e
condição econômica.
multas já citados nos artigos anteriores.
O jurado não poderá deixar de comparecer à ses-
Da Composição do Tribunal do Júri e da Formação
são do júri, bem como aquele que se retirar da sessão
do Conselho de Sentença
antes da autorização pelo juiz presidente receberá.
Art. 447 O Tribunal do Júri é composto por 1 (um)
z Multa atualizada ao jurado faltoso: era impe- juiz togado, seu presidente e por 25 (vinte e cinco)
rioso que houvesse a atualização, por força de lei, jurados que serão sorteados dentre os alistados, 7
dos valores da multa a ser aplicada ao jurado que, (sete) dos quais constituirão o Conselho de Senten-
sem motivo justificado, deixasse de atender à con- ça em cada sessão de julgamento.
vocação judicial. Ou, ainda que tivesse compareci-
do, abandonasse o recinto antes de ser autorizado Dos 25 jurados sorteados entre os alistados, 7 consti-
pelo juiz. Atualmente, com os valores fixados em tuirão o Conselho de Sentença que será responsável pelo
salários-mínimos, não há mais condições de se julgamento dos crimes dolosos contra a vida, participan-
atingir valor irrisório. Deve, pois, o magistrado do ainda o juiz presidente da sessão de julgamento.
fixar, conforme a capacidade econômica do jura-
do, a ser verificada, no mínimo, pela profissão Art. 448 São impedidos de servir no mesmo Conselho:
declinada em sua ficha, valor compatível, que lhe I – marido e mulher
sirva de efetiva sanção. A dívida, se não for paga, II – ascendente e descendente;
será inscrita e cobrada pela Fazenda Pública. III – sogro e genro ou nora;
IV – irmãos e cunhados, durante o cunhadio;
Art. 443 Somente será aceita escusa fundada em V – tio e sobrinho;
motivo relevante devidamente comprovado e VI – padrasto, madrasta ou enteado.
apresentada, ressalvadas as hipóteses de força § 1º O mesmo impedimento ocorrerá em relação às
maior, até o momento da chamada dos jurados. pessoas que mantenham união estável reconhecida
como entidade familiar.
z Motivo relevante para a ausência: a imposição de § 2º Aplicar-se-á aos jurados o disposto sobre os
impedimentos, a suspeição e as incompatibilidades
DIREITO PROCESSUAL PENAL

multa mencionada no artigo anterior não é auto-


mática, ficando condicionada à análise dos moti- dos juízes togados.
vos apresentados pelo jurado para demonstrar a
sua ausência. Entretanto, deve fazer chegar a justi- O Conselho de Sentença é composto pelos sete
ficativa ao magistrado até o momento de chamada jurados escolhidos para o julgamento do crime dolo-
dos jurados, pois é nesse instante que se poderá so contra a vida, portanto, não poderão estar entre
analisar se razoável ou não a falta constatada. Por estes sete no mesmo julgamento, pai e mãe, marido
isso, por qualquer meio válido (fax, e-mail, petição e mulher, cunhados entre si, sogros e noras ou gen-
etc.), o jurado pode encaminhar ao juiz presidente ros etc. Impedidas ainda, estão as pessoas que man-
o fundamento da sua futura ausência. tenham união estável entre si. Ao fim o artigo ainda
diz que quanto à suspeição, aplica-se aos jurados os
O jurado somente poderá apresentar pedido de mesmos dispositivos dos juízes;
dispensa fundado em motivo relevante e comprova-
do, até o momento da chamada dos jurados. z Momento para impugnação: cabe à parte interes-
sada (acusação ou defesa) apresentar a impugna-
ção, por impedimento ou suspeição, no momento 109
do sorteio do nome do jurado indicado para com- Art. 454 Até o momento de abertura dos trabalhos
por o Conselho de Sentença, nos termos do art. 468 da sessão, o juiz presidente decidirá os casos de
deste Código. Na jurisprudência do STF: isenção e dispensa de jurados e o pedido de adia-
mento de julgamento, mandando consignar em ata
“Realizado o sorteio dos jurados na forma e com as deliberações.
a antecedência exigidas pela legislação, eventual
arguição de suspeição ou impedimento deve ser fei- Cabe ao juiz presidente do Júri decidir sobre todos
ta em Plenário, sob pena de preclusão. Precedentes. os pedidos de dispensa dos jurados, eventual pedido
As nulidades do julgamento devem ser arguidas em de adiamento do plenário, até o início da sessão de
Plenário, logo depois que ocorrerem, sob pena de julgamento e tudo aquilo que for requerido, ainda que
preclusão. Ordem denegada” (HC 120.746, 1.ª T., rel. negado, deverá constar na ata dos trabalhos.
Roberto Barroso, 19.08.2014, v.u.).
z Isenção e dispensa dos jurados: os casos de isen-
O Art. 449 dispõe sobre quem não poderá servir ção estão enumerados no art. 437, implicando
como jurado. Vejamos: afastamento definitivo do serviço do júri. Portan-
to, é possível que alguém seja convocado, mas faça
Art. 449 Não poderá servir o jurado que chegar ao magistrado o seu pedido de desligamen-
I – tiver funcionado em julgamento anterior do to, por isenção (ex.: maior de setenta anos, que não
mesmo processo, independentemente da causa deseja permanecer no júri). A dispensa é fruto de
determinante do julgamento posterior; pedido momentâneo, válido para determinado
II – no caso do concurso de pessoas, houver inte- dia, não provocando o afastamento definitivo.
grado o Conselho de Sentença que julgou o outro
acusado; Art. 455 Se o Ministério Público não comparecer, o
III – tiver manifestado prévia disposição para con- juiz presidente adiará o julgamento para o primei-
denar ou absolver o acusado. ro dia desimpedido da mesma reunião, cientifica-
das as partes e as testemunhas.
O jurado estará impedido de servir se tiver participa- Parágrafo único. Se a ausência não for justificada,
do do conselho de sentença de júri anterior do mesmo o fato será imediatamente comunicado ao Procura-
processo, ou de processo distinto quando se tratar de dor-Geral de Justiça com a data designada para a
réus em concurso de pessoas (crime cometido por mais nova sessão.
de uma pessoa), ou se já tiver manifestado, por qualquer
O Ministério Público, que representa a acusação,
meio, sua opinião em condenar ou absolver o acusado.
não poderá deixar de comparecer a sessão do júri,
caso isso ocorra o plenário será remarcado para a pró-
Art. 450 Dos impedidos entre si por parentesco ou
xima data disponível e a falta caso injustificada, será
relação de convivência, servirá o que houver sido
comunicada ao superior hierárquico do Promotor, o
sorteado em primeiro lugar.
Procurador Geral de Justiça.
Caso duas pessoas sejam sorteadas para o mesmo Art. 456 Se a falta, sem escusa legítima, for do advo-
conselho de sentença e houver relação de convivência gado do acusado, e se outro não for por este cons-
ou parentesco entre si, permanecerá aquele sorteado tituído, o fato será imediatamente comunicado ao
primeiro. presidente da seccional da Ordem dos Advogados do
Brasil, com a data designada para a nova sessão.
Art. 451 Os jurados excluídos por impedimento, § 1º Não havendo escusa legítima, o julgamento
suspeição ou incompatibilidade serão considerados será adiado somente uma vez, devendo o acusado
para a constituição do número legal exigível para a ser julgado quando chamado novamente.
realização da sessão. § 2º Na hipótese do § 1º deste artigo, o juiz intima-
rá a Defensoria Pública para o novo julgamento,
Ainda que excluídos pelos motivos de impedimen- que será adiado para o primeiro dia desimpedido,
to, suspeição e incompatibilidade os jurados serão observado o prazo mínimo de 10 (dez) dias.
considerados para a constituição do número legal
para compor o conselho de sentença. z Ausência do defensor: em primeiro lugar, deve-
-se frisar que, havendo escusa legítima, adia-se a
Art. 452. O mesmo Conselho de Sentença poderá sessão de julgamento, sem qualquer outra provi-
conhecer de mais de um processo, no mesmo dia, dência. É preciso que a justificativa seja oferecida
se as partes o aceitarem, hipótese em que seus inte-
ao magistrado até a abertura da sessão em plená-
grantes deverão prestar novo compromisso.
rio. Se não houver motivo razoável, há de se pon-
Os mesmos sete jurados poderão julgar mais de derar quem é o defensor:
um processo, se assim, o aceitarem, contudo deverão
„ constituído (contratado pelo acusado): o juiz
prestar novo compromisso de bem e fielmente desem-
comunica à OAB, seção local, marcando nova
penhar seu serviço público.
data para o julgamento. Nesta, o réu deverá
Da Reunião e das Sessões do Tribunal do Júri ser, necessariamente, julgado (§ 1º). Para tanto,
pode o réu apresentar outro defensor consti-
Art. 453 O Tribunal do Júri reunir-se-á para as sessões tuído, logo após a determinação de adiamento.
de instrução e julgamento nos períodos e na forma Não o fazendo, o magistrado intima a Defen-
estabelecida pela lei local de organização judiciária. soria Pública para que assuma o patrocínio da
defesa, observado o prazo mínimo de dez dias;
A lei local de organização judiciária definirá as „ dativo (advogado nomeado pelo juiz): comu-
datas para as sessões de julgamento do Júri. nica-se a OAB, seção local, designando-se outra
110 data para o julgamento.
Art. 457 O julgamento não será adiado pelo não conhecimento do que outra falou durante a fase de
comparecimento do acusado solto, do assistente ou formação da culpa, antes da pronúncia, e, com isso,
do advogado do querelante, que tiver sido regular- alterar a sua versão dos fatos.
mente intimado.
§ 1º Os pedidos de adiamento e as justificações de
não comparecimento deverão ser, salvo comprova-
do motivo de força maior, previamente submetidos Importante!
à apreciação do juiz presidente do Tribunal do Júri.
As testemunhas ficarão em salas separadas,
§ 2º Se o acusado preso não for conduzido, o julga-
mento será adiado para o primeiro dia desimpedi-
havendo sempre uma sala para as testemu-
do da mesma reunião, salvo se houver pedido de nhas de defesa e outra para as testemunhas
dispensa de comparecimento subscrito por ele e seu da acusação, garantindo a idoneidade dos seus
defensor. depoimentos.

São ausências que não adiam o Plenário do Júri: o


acusado solto, assistente da acusação ou advogado do Art. 461 O julgamento não será adiado se a tes-
temunha deixar de comparecer, salvo se uma das
querelante. Salvo se não puderem comparecer antes,
partes tiver requerido a sua intimação por manda-
as justificativas de ausência devem ser entregues com
do, na oportunidade de que trata o art. 422 deste
antecedência para apreciação pelo juiz presidente.
Código, declarando não prescindir do depoimento e
O advogado preso deve ser conduzido pelo Estado indicando a sua localização.
ao seu júri, caso não o seja, seu júri será realizado na § 1º Se, intimada, a testemunha não comparecer, o
primeira data disponível. juiz presidente suspenderá os trabalhos e mandará
conduzi-la ou adiará o julgamento para o primeiro
Art. 458 Se a testemunha, sem justa causa, deixar dia desimpedido, ordenando a sua condução.
de comparecer, o juiz presidente, sem prejuízo da § 2º O julgamento será realizado mesmo na hipótese
ação penal pela desobediência, aplicar-lhe-á a mul- de a testemunha não ser encontrada no local indi-
ta prevista no § 2º do art. 436 deste Código. cado, se assim for certificado por oficial de justiça.

z Ausência da testemunha: pressupondo-se tenha Caso uma das testemunhas, devidamente intima-
sido intimada pessoalmente (por carta ou por man- da, falte ao julgamento, o juiz mandará suspender a
dado), com a advertência de que pode responder sessão e determinará que o oficial de justiça a encon-
pelo delito de desobediência caso falte sem justi- tre no endereço indicado e a conduza ao Tribunal
ficativa plausível, a sua ausência pode acarretar a naquele mesmo dia, ou no próximo dia desimpedido
imposição da multa de um a dez salários mínimos, para o ato. Se o oficial não a localizar, o julgamento
conforme a sua condição econômica. Além disso, será realizado sem a sua presença.
está sujeita a processo por crime de desobediência, Em recente julgado, a Quinta Turma do Superior
que será apurado à parte. Outra providência pode Tribunal de Justiça foi instada a responder se existe
ser a condução coercitiva, como previsto no art. a obrigação de adiar o julgamento caso testemunha
461, § 1.º, CPP. Todas as medidas podem ser toma- não indicada como imprescindível deixar de com-
das cumulativamente. parecer ao Plenário do Júri pelo fato do mandado de
intimação ter sido direcionado a local diverso do
„ A testemunha não poderá deixar de compare- indicado pela defesa, impossibilitando a sua locali-
cer para prestar seu depoimento. Em caso de zação pelo oficial de justiça.
ausência o juiz aplicará multa e remeterá as Ao decidir o HC 243.591/PB, a Quinta Turma enten-
peças ao Ministério Público para promover a deu que, no caso da testemunha não ter sido intimada
ação penal pelo crime de desobediência. no local indicado pela defesa, o adiamento seria devi-
do mesmo que a testemunha não fosse indicada como
Art. 459 Aplicar-se-á às testemunhas a serviço do imprescindível. Segundo o voto do Min. Jorge Mussi:
Tribunal do Júri o disposto no art. 441 deste Código.
Ora, ainda que a testemunha não tenha sido indi-
A testemunha não poderá sofrer nenhum descon- cada como imprescindível, não se pode admitir que
to salarial por se ausentar do trabalho para prestar a defesa seja prejudicada por um equívoco do Esta-
depoimento em plenário, assim como os jurados. do-Juiz, que expediu mandado de intimação para
DIREITO PROCESSUAL PENAL

endereço distinto daquele indicado pelos advoga-


Art. 460 Antes de constituído o Conselho de Senten- dos do acusado. (HC 243.591/PB)
ça, as testemunhas serão recolhidas a lugar onde
umas não possam ouvir os depoimentos das outras. O art. 462, por sua vez, tratará do preparo para a
composição do Conselho de Sentença. Vejamos:
z Incomunicabilidade das testemunhas: assim que
a sessão tem início, determina o juiz que sejam as Art. 462 Realizadas as diligências referidas nos
testemunhas colocadas em salas especiais, uma arts. 454 a 461 deste Código, o juiz presidente veri-
para as de acusação e outra para as de defesa – par- ficará se a urna contém as cédulas dos 25 (vinte e
tindo-se do pressuposto que, estando em polos anta- cinco) jurados sorteados, mandando que o escrivão
gônicos, não devem permanecer juntas, com o fito proceda à chamada deles.
de evitar que ouçam os debates e a colheita da prova
em plenário. A garantia de isenção do depoimento é z Preparo para a composição do Conselho de
fundamental para a busca da verdade real. É lógico Sentença: para que tal se dê, o juiz presidente
que a testemunha pode ser preparada por alguém a deve checar se as partes estão presentes, assim
mentir, antes da sessão, como pode também tomar como todas as testemunhas indispensáveis, 111
convenientemente separadas e incomunicáveis. dentre os que compareceram (mínimo de quinze e
A essa altura, já deliberou acerca dos pedidos de máximo de vinte e cinco).
dispensa dos jurados e sobre eventuais pleitos de
adiamento da sessão. Ultrapassada essa fase, pode- Art. 468 À medida que as cédulas forem sendo reti-
rá voltar-se à formação radas da urna, o juiz presidente as lerá, e a defesa
e, depois dela, o Ministério Público poderão recusar
Art. 463 Comparecendo, pelo menos, 15 (quinze) os jurados sorteados, até 3 (três) cada parte, sem
jurados, o juiz presidente declarará instalados os motivar a recusa.
trabalhos, anunciando o processo que será subme- Parágrafo único. O jurado recusado imotivadamen-
tido a julgamento. te por qualquer das partes será excluído daquela
§ 1º O oficial de justiça fará o pregão, certificando a sessão de instrução e julgamento, prosseguindo-se
diligência nos autos. o sorteio para a composição do Conselho de Senten-
§ 2º Os jurados excluídos por impedimento ou sus- ça com os jurados remanescentes.
peição serão computados para a constituição do
número legal. z Recusas motivadas e imotivadas: para a forma-
ção do Conselho de Sentença, essas são as duas
Havendo ao menos 15 jurados presentes, inicia-se possibilidades de recusa do jurado, formuladas por
os trabalhos com o anúncio (pregão) do processo que qualquer das partes. A recusa motivada baseia-se
será submetido ao julgamento, tal diligência será cer- em circunstâncias legais de impedimento ou sus-
tificada pelo oficial de justiça do plenário. peição (arts. 448 e 449, CPP). Logo, não pode ser
jurado, por exemplo, aquele que for filho do réu,
Art. 464 Não havendo o número referido no art. tampouco o seu inimigo capital. A recusa imotiva-
463 deste Código, proceder-se-á ao sorteio de tan- da – também chamada peremptória – fundamen-
tos suplentes quantos necessários, e designar-se-á ta-se em sentimentos de ordem pessoal do réu, de
nova data para a sessão do júri. seu defensor ou do órgão da acusação.

Caso não haja ao menos 15 jurados presentes serão RECUSA MOTIVADA RECUSA IMOTIVADA
sorteados os suplentes, marcando nova data para o
julgamento do processo. Circunstâncias legais de
Recusa Peremptória
impedimento ou suspeição
Art. 465 Os nomes dos suplentes serão consignados
em ata, remetendo-se o expediente de convocação, Sentimento de ordem
com observância do disposto nos arts. 434 e 435 pessoal
deste Código.
Art. 469 Se forem 2 (dois) ou mais os acusados,
Os suplentes serão convocados pelo correio ou as recusas poderão ser feitas por um só defensor.
qualquer meio idôneo, para a próxima data designada § 1º A separação dos julgamentos somente ocor-
para o plenário do Júri. rerá se, em razão das recusas, não for obtido o
número mínimo de 7 (sete) jurados para compor
Art. 466 Antes do sorteio dos membros do Conse-
o Conselho de Sentença.
lho de Sentença, o juiz presidente esclarecerá sobre
§ 2º Determinada a separação dos julgamen-
os impedimentos, a suspeição e as incompatibilida-
des constantes dos arts. 448 e 449 deste Código. tos, será julgado em primeiro lugar o acusado a
§ 1º O juiz presidente também advertirá os jurados quem foi atribuída a autoria do fato ou, em caso
de que, uma vez sorteados, não poderão comuni- de co-autoria, aplicar-se-á o critério de preferên-
car-se entre si e com outrem, nem manifestar sua cia disposto no art. 429 deste Código.
opinião sobre o processo, sob pena de exclusão do
Conselho e multa, na forma do § 2º do art. 436 deste Recusado um jurado por um dos defensores, ele
Código. não será admitido pelo outro defensor, caso haja. Con-
§ 2º A incomunicabilidade será certificada nos autos tudo, se as recusas por diferentes defensores levarem
pelo oficial de justiça. a não se alcançar o número mínimo de jurados, será
determinada a separação dos julgamentos.
Deverá o juiz presidente advertir os jurados quanto No caso de separação dos julgamentos, primei-
à sua incomunicabilidade, seus impedimentos legais, a ro se julga o suposto autor do fato criminoso e caso
suspeição , bem como as eventuais multas que poderão sejam co-autores, julga-se primeiro o que estiver
ser aplicadas caso os jurados não observem o deter- preso há mais tempo ou que tenha sido pronunciado
minado pela Lei. O oficial de justiça se encarregará de primeiramente.
certificar a incomunicabilidade dos jurados durante os
trabalhos. z Mais de um réu, com um só defensor: não podem
ser prejudicados os corréus somente porque cons-
Art. 467 Verificando que se encontram na urna as tituíram, para patrocinar seus interesses, um só
cédulas relativas aos jurados presentes, o juiz pre- defensor. É direito de cada acusado aceitar ou
sidente sorteará 7 (sete) dentre eles para a forma- recusar, por si só, o jurado sorteado, ou, se preferir,
ção do Conselho de Sentença. incumbir que as recusas sejam feitas em conjunto
com outro. Assim, caso a defesa deseje manter o
z Formação do Conselho de Sentença: a turma julgamento unido, sendo um só advogado, dirá ao
julgadora no Tribunal do Júri é composta por sete juiz que fará as aceitações e recusas dos jurados
112 jurados, escolhidos aleatoriamente, por sorteio, por todos os réus de uma só vez.
Art. 470 Desacolhida a argüição de impedimento, possibilidade dos jurados também formularem per-
de suspeição ou de incompatibilidade contra o juiz guntas, contudo, por intermédio do juiz presidente.
presidente do Tribunal do Júri, órgão do Ministé-
rio Público, jurado ou qualquer funcionário, o jul- Art. 474 A seguir será o acusado interrogado, se
gamento não será suspenso, devendo, entretanto, estiver presente, na forma estabelecida no Capítulo
constar da ata o seu fundamento e a decisão. III do Título VII do Livro I deste Código, com as alte-
rações introduzidas nesta Seção.
O julgamento não se suspenderá em casos de não § 1º O Ministério Público, o assistente, o querelante
acolhimento do impedimento, da suspeição, porém e o defensor, nessa ordem, poderão formular, dire-
a decisão que a desacolheu sempre constará em ata, tamente, perguntas ao acusado.
devidamente fundamentada. § 2º Os jurados formularão perguntas por intermé-
dio do juiz presidente.
Art. 471 Se, em conseqüência do impedimento, sus- § 3º Não se permitirá o uso de algemas no acu-
peição, incompatibilidade, dispensa ou recusa, não sado durante o período em que permanecer no
houver número para a formação do Conselho, o jul- plenário do júri, salvo se absolutamente neces-
gamento será adiado para o primeiro dia desimpe-
sário à ordem dos trabalhos, à segurança das
dido, após sorteados os suplentes, com observância
testemunhas ou à garantia da integridade físi-
do disposto no art. 464 deste Código.
ca dos presentes.
Não havendo o número necessário de jurados,
Como nos demais procedimentos o interrogatório
passarão ao sorteio dos suplentes até se formarem
o número necessário para tanto, marcando-se nova do Réu será o último ato da instrução, ficando claro
data para o primeiro dia disponível naquela comarca. no artigo que as perguntas serão formuladas sempre
ao acusado, diretamente, salvo as perguntas formula-
Art. 472 Formado o Conselho de Sentença, o presi- das pelos jurados que serão intermediadas pelo juiz
dente, levantando-se, e, com ele, todos os presentes, presidente.
fará aos jurados a seguinte exortação: O uso de algemas fica vedado, salvo se impres-
Em nome da lei, concito-vos a examinar esta cau- cindível à segurança do ato e dos presentes.
sa com imparcialidade e a proferir a vossa decisão
de acordo com a vossa consciência e os ditames da Art. 475 O registro dos depoimentos e do interro-
justiça. gatório será feito pelos meios ou recursos de gra-
Os jurados, nominalmente chamados pelo presi- vação magnética, eletrônica, estenotipia ou técnica
dente, responderão: similar, destinada a obter maior fidelidade e celeri-
Assim o prometo. dade na colheita da prova.
Parágrafo único. O jurado, em seguida, receberá
Parágrafo único. A transcrição do registro, após
cópias da pronúncia ou, se for o caso, das decisões
feita a degravação, constará dos autos.
posteriores que julgaram admissível a acusação e
do relatório do processo.
Como todos os demais atos processuais, aqueles
Formado o conselho de sentença, ou seja os sete realizados no âmbito do Tribunal do Júri também
que condenarão ou absolverão o acusado, o juiz profe- serão gravados com a técnica mais precisa para se
rirá a exortação e chamará cada um deles que deverão obter maior fidelidade.
proferir exatamente as palavras contidas no artigo
Dos Debates
Da Instrução em Plenário
Art. 476. Encerrada a instrução, será concedida a
Art. 473 Prestado o compromisso pelos jurados, será palavra ao Ministério Público, que fará a acusação,
iniciada a instrução plenária quando o juiz presiden- nos limites da pronúncia ou das decisões posterio-
te, o Ministério Público, o assistente, o querelante e res que julgaram admissível a acusação, susten-
o defensor do acusado tomarão, sucessiva e dire- tando, se for o caso, a existência de circunstância
tamente, as declarações do ofendido, se possível, e agravante.
inquirirão as testemunhas arroladas pela acusação. § 1º O assistente falará depois do Ministério Público.
§ 1º Para a inquirição das testemunhas arroladas § 2º Tratando-se de ação penal de iniciativa pri-
pela defesa, o defensor do acusado formulará as vada, falará em primeiro lugar o querelante e, em
DIREITO PROCESSUAL PENAL

perguntas antes do Ministério Público e do assis- seguida, o Ministério Público, salvo se este houver
tente, mantidos no mais a ordem e os critérios esta- retomado a titularidade da ação, na forma do art.
belecidos neste artigo. 29 deste Código.
§ 2º Os jurados poderão formular perguntas ao ofendi- § 3º Finda a acusação, terá a palavra a defesa.
do e às testemunhas, por intermédio do juiz presidente. § 4º A acusação poderá replicar e a defesa trepli-
§ 3º As partes e os jurados poderão requerer aca-
car, sendo admitida a reinquirição de testemunha
reações, reconhecimento de pessoas e coisas e
já ouvida em plenário.
esclarecimento dos peritos, bem como a leitura de
peças que se refiram, exclusivamente, às provas
colhidas por carta precatória e às provas cautela- O artigo trata da ordem dos debates em plenário
res, antecipadas ou não repetíveis. do Júri, sendo concedida a palavra primeiramente ao
Ministério Público, após ao assistente de acusação, ao
O procedimento de oitiva e colheita de depoimen- fim da acusação a defesa terá a palavra.
tos em sede de Plenário do Júri ocorre, basicamente, A acusação poderá replicar, ou seja, falar nova-
com a mesma dinâmica da audiência de instrução mente quanto ao discurso da defesa e nesse caso a
e julgamento, acrescentando-se ao procedimento a defesa também treplicará. 113
Art. 477 O tempo destinado à acusação e à defesa § 1º Concluídos os debates, o presidente indaga-
será de uma hora e meia para cada, e de uma hora rá dos jurados se estão habilitados a julgar ou se
para a réplica e outro tanto para a tréplica. necessitam de outros esclarecimentos.
§ 1º Havendo mais de um acusador ou mais de um § 2º Se houver dúvida sobre questão de fato, o pre-
defensor, combinarão entre si a distribuição do sidente prestará esclarecimentos à vista dos autos.
tempo, que, na falta de acordo, será dividido pelo § 3º Os jurados, nesta fase do procedimento, terão
juiz presidente, de forma a não exceder o determi- acesso aos autos e aos instrumentos do crime se
nado neste artigo. solicitarem ao juiz presidente.
§ 2º Havendo mais de 1 (um) acusado, o tempo para
a acusação e a defesa será acrescido de 1 (uma) z Solicitação de esclarecimento feita pela parte
hora e elevado ao dobro o da réplica e da tréplica, ou por qualquer jurado ao orador: trata-se de
observado o disposto no § 1º deste artigo. providência perfeitamente viável, sem que impli-
que em quebra da incomunicabilidade, tampouco
O art. 477 trata do tempo destinado à cada fala
antecipação de julgamento. O jurado tem o direito
da acusação e da defesa, em se tratando de múltiplos
de se informar da melhor maneira possível, pois
defensores e acusadores deverão combinar entre si o
somente isso pode garantir a efetiva soberania da
tempo a ser distribuído, eventual discordância entre
instituição do júri. Desse modo, quando alguma
eles será dirimida pelo juiz presidente.
das partes narrar fato ou indicar prova que gere
Em se tratando de múltiplos réus o tempo da pri- dúvida no espírito do jurado – mormente aquele
meira fala (debate) será acrescido de 01 (uma) hora e que recebeu cópias do processo e está acompa-
eventual réplica e tréplica mais uma hora, passando nhando as manifestações por meio delas –, é natu-
assim o debate inicial à 2 horas e meia e réplica e tré- ral pedir esclarecimento, a fim de verificar se a
plica 2 horas cada. narrativa feita corresponde ao que está, realmen-
Art. 478 Durante os debates as partes não poderão, te, constando dos autos.
sob pena de nulidade, fazer referências:
I – à decisão de pronúncia, às decisões posteriores Quando a defesa ou acusação, durante os deba-
que julgaram admissível a acusação ou à determi- tes, fizer referência à quaisquer provas dos autos, os
nação do uso de algemas como argumento de auto- demais poderão pedir àquele que está falando que
ridade que beneficiem ou prejudiquem o acusado; indique em quais páginas dos autos estão as provas
II – ao silêncio do acusado ou à ausência de interro- referenciadas na fala.
gatório por falta de requerimento, em seu prejuízo. Ao fim dos debates o juiz presidente perguntará
aos jurados se estão aptos a julgar ou se necessitam de
Durante o tempo designado de fala da defesa e da maiores esclarecimentos acerca dos fatos ali narrados
acusação, os defensores e acusadores não poderão e expostos, podendo acessar os instrumentos do crime
mencionar a decisão que pronunciou o Acusado, a se assim o pedirem.
decisão que recebeu a denúncia ou queixa o fato do
acusado utilizar algemas ou o seu silêncio, tais alega- Art. 481 Se a verificação de qualquer fato, reco-
ções ou menções poderiam contaminar o entendimen- nhecida como essencial para o julgamento da cau-
to dos jurados, portanto não poderão ser realizadas sa, não puder ser realizada imediatamente, o juiz
sob pena de nulidade. presidente dissolverá o Conselho, ordenan-
do a realização das diligências entendidas
Art. 479 Durante o julgamento não será permitida necessárias.
a leitura de documento ou a exibição de objeto que Parágrafo único. Se a diligência consistir na produ-
não tiver sido juntado aos autos com a antecedên- ção de prova pericial, o juiz presidente, desde logo,
cia mínima de 3 (três) dias úteis, dando-se ciência nomeará perito e formulará quesitos, facultando
à outra parte. às partes também formulá-los e indicar assistentes
Parágrafo único. Compreende-se na proibição deste técnicos, no prazo de 5 (cinco) dias.
artigo a leitura de jornais ou qualquer outro escri-
to, bem como a exibição de vídeos, gravações, foto- z Fato relevante para o julgamento: pode ser qual-
grafias, laudos, quadros, croqui ou qualquer outro quer fato pertinente ao julgamento de mérito, não
meio assemelhado, cujo conteúdo versar sobre a se incluindo nesse contexto questão de direito.
matéria de fato submetida à apreciação e julga- Quanto a esta espécie de dúvida, cabe ao juiz pre-
mento dos jurados. sidente decidir (ex.: sobre a legalidade e admissibi-
lidade de alguma prova, é problema do magistrado
O artigo veda a exibição de prova “surpresa”, ou e não do Conselho de Sentença). Entretanto, se for
seja, aquela que não tiver sido juntada aos autos com alegada a inimputabilidade do réu, necessitando-
tempo hábil para dar ciência à parte contrária, visa -se fazer exame de insanidade, o que é impossível
preservar a ampla defesa e o devido processo legal. de ser realizado no momento, cabe a dissolução
Usamos o termo prova de forma genérica, mas qual- do Conselho, com determinação de realização da
quer meio que verse sobre o fato criminoso a ser diligência. Somente após, designará o juiz outro
apreciado pelos jurados, deverá ser juntado com a julgamento. Pode ocorrer, ainda, que, durante os
antecedência mínima de 3 (três) dias. debates, alguém mencione a existência de uma tes-
Art. 480 A acusação, a defesa e os jurados pode- temunha referida, não ouvida. Entendendo algum
rão, a qualquer momento e por intermédio do juiz jurado ser essencial inquiri-la, não podendo a dili-
presidente, pedir ao orador que indique a folha dos gência ser empreendida de imediato, deve-se adiar
autos onde se encontra a peça por ele lida ou cita- a sessão, dissolvendo-se o Conselho
da, facultando-se, ainda, aos jurados solicitar-lhe,
pelo mesmo meio, o esclarecimento de fato por ele O artigo assinala que se durante o julgamento for
114 alegado verificada alguma prova essencial ainda não colhida
ou produzida e esta não puder ser realizada imediata- O artigo determina a ordem que deve ser formu-
mente, então determinará a dissolução do julgamento lado os quesitos, sempre com perguntas simples que
para a produção da prova referenciada. possam ser respondidas com sim ou não. Primeira-
Em se tratando de prova pericial, procede-se à mente os quesitos deverão versar sobre a materialida-
apresentação dos quesitos (perguntas da acusação de do fato, ou seja, se o crime ocorreu, após se houve
e defesa) que deverão ser respondidas pelo expert autoria ou participação do acusado e após se os jura-
dos absolvem o acusado.
nomeado.
Os demais quesitos versam sobre circunstâncias qua-
lificadoras e atenuantes alegadas pela defesa e acusação.
Do Questionário e sua Votação Os jurados deverão, ainda, responder se desclassi-
ficam o crime – de doloso contra a vida – para outra
Art. 482 O Conselho de Sentença será questiona- natureza criminosa, como por exemplo, a lesão corpo-
do sobre matéria de fato e se o acusado deve ser ral, onde há o objetivo de lesionar, mas não de matar.
absolvido.
Parágrafo único. Os quesitos serão redigidos em Art. 484 A seguir, o presidente lerá os quesitos e
proposições afirmativas, simples e distintas, de indagará das partes se têm requerimento ou recla-
modo que cada um deles possa ser respondido com mação a fazer, devendo qualquer deles, bem como a
suficiente clareza e necessária precisão. Na sua ela- decisão, constar da ata.
boração, o presidente levará em conta os termos da Parágrafo único. Ainda em plenário, o juiz presi-
pronúncia ou das decisões posteriores que julga- dente explicará aos jurados o significado de cada
ram admissível a acusação, do interrogatório e das quesito.
alegações das partes.
Os quesitos serão lidos e os acusadores e defenso-
Os quesitos são as perguntas que são formuladas res poderão realizar requerimentos ou reclamações,
aos jurados após o fim da exposição das provas em explicando ainda aos jurados o que significa cada um
plenário, decidindo então sobre a condenação, absol- dos quesitos, para que não paire dúvidas sobre o que
vição e eventuais qualificadoras ou atenuantes do responderão.
caso. Os quesitos serão formulados pelo juiz presiden-
te de forma simples e objetiva. z Leitura e explicação dos quesitos: segundo a lei,
deve ser feita em plenário, na presença do público.
Art. 483 Os quesitos serão formulados na seguinte Não gera nulidade, no entanto, o juiz presidente
ordem, indagando sobre: convidar os jurados e as partes para o recolhimen-
I – a materialidade do fato; to à sala secreta, onde serão os quesitos explicados.
II – a autoria ou participação; Inexiste qualquer tipo de prejuízo nesse procedi-
III – se o acusado deve ser absolvido; mento. Cremos, no entanto, que o magistrado deve
IV – se existe causa de diminuição de pena alegada fazer a leitura dos quesitos em plenário, à vista do
pela defesa; público, que ficará esclarecido sobre o método de
V – se existe circunstância qualificadora ou causa julgamento, bem como porque alguma das partes
de aumento de pena reconhecidas na pronúncia ou pode ter reclamações a fazer, resolvidas, então, de
em decisões posteriores que julgaram admissível a plano, de modo que tudo seria acompanhado pelos
acusação. presentes, prestigiando-se o princípio da publici-
§ 1º A resposta negativa, de mais de 3 (três) jura- dade. A explicação, quanto à significação jurídi-
dos, a qualquer dos quesitos referidos nos incisos I ca de cada um, pode ser feita na sala secreta, em
e II do caput deste artigo encerra a votação e impli-
virtude da maior liberdade dos jurados para fazer
ca a absolvição do acusado
indagações
§ 2º Respondidos afirmativamente por mais de 3
(três) jurados os quesitos relativos aos incisos I e II
Art. 485 Não havendo dúvida a ser esclarecida, o
do caput deste artigo será formulado quesito com a
juiz presidente, os jurados, o Ministério Público, o
seguinte redação:
assistente, o querelante, o defensor do acusado, o
O jurado absolve o acusado? escrivão e o oficial de justiça dirigir-se-ão à sala
especial a fim de ser procedida a votação.
§ 3º Decidindo os jurados pela condenação, o julgamen- § 1º Na falta de sala especial, o juiz presidente deter-
to prossegue, devendo ser formulados quesitos sobre: minará que o público se retire, permanecendo somen-
DIREITO PROCESSUAL PENAL

I – causa de diminuição de pena alegada pela defesa; te as pessoas mencionadas no caput deste artigo.
II – Circunstância qualificadora ou causa de aumento § 2º O juiz presidente advertirá as partes de que
de pena, reconhecidas na pronúncia ou em decisões não será permitida qualquer intervenção que possa
posteriores que julgaram admissível a acusação. perturbar a livre manifestação do Conselho e fará
§ 4º Sustentada a desclassificação da infração para retirar da sala quem se portar inconvenientemente.
outra de competência do juiz singular, será formula-
do quesito a respeito, para ser respondido após o 2º O artigo trata do momento da votação dos quesitos
(segundo) ou 3º (terceiro) quesito, conforme o caso. pelos jurados, deve-se, então, dirigir-se à sala especial
§ 5º Sustentada a tese de ocorrência do crime na o acusador, o defensor, o escrivão e o oficial de justi-
sua forma tentada ou havendo divergência sobre ça. Perceba-se que o acusado não permanecerá nessa
a tipificação do delito, sendo este da competência sala. Ninguém poderá interferir na votação pelo Con-
do Tribunal do Júri, o juiz formulará quesito acerca selho de Sentença.
destas questões, para ser respondido após o segun-
do quesito. Art. 486 Antes de proceder-se à votação de cada
§ 6º Havendo mais de um crime ou mais de um acusa- quesito, o juiz presidente mandará distribuir aos
do, os quesitos serão formulados em séries distintas. jurados pequenas cédulas, feitas de papel opaco 115
e facilmente dobráveis, contendo 7 (sete) delas a presidente deverá explicar aos jurados quanto a con-
palavra sim, 7 (sete) a palavra não. tradição e reperguntar o quesito.
O quesito prejudicial seria, por exemplo, aquele
A votação será realizada por meio de papéis con- que absolve o acusado, neste caso estariam prejudica-
tendo as palavras SIM e NÃO, confeccionadas em
dos os demais quesitos.
papel opaco para que os presentes não tenham acesso
visual ao conteúdo de cada voto.
Art. 491 Encerrada a votação, será o termo a que
Art. 487 Para assegurar o sigilo do voto, o oficial se refere o art. 488 deste Código assinado pelo pre-
de justiça recolherá em urnas separadas as cédulas sidente, pelos jurados e pelas partes.
correspondentes aos votos e as não utilizadas.
Todas as partes deverão assinar o termo, garantin-
Todos os votos serão recolhidos de forma a garan- do a lisura do procedimento.
tir o sigilo da votação.

Art. 488 Após a resposta, verificados os votos e as


QUESTIONÁRIO E VOTAÇÃO
cédulas não utilizadas, o presidente determinará O Conselho de Sentença é questionado sobre os fatos
que o escrivão registre no termo a votação de cada e se o acusado deve ser absolvido. Os quesitos são
quesito, bem como o resultado do julgamento.
feitos de forma afirmativa. O juiz leva em consideração
Parágrafo único. Do termo também constará a con-
para a formulação dos quesitos o que foi decidido na
ferência das cédulas não utilizadas.
pronúncia e nas decisões posteriores que julgaram ad-
Para garantir a lisura de todos os procedimentos missíveis a acusação + o interrogatório + as alegações
e votação dos jurados, procederá à conferência das das partes
cédulas não utilizadas, constando em ata com o fim de Ordem dos Quesitos: 1ª materialidade, 2ª autoria, 3º
se afastar qualquer tipo de nulidade. se deve ser absolvido, 4º Se há causa de Diminuição
Art. 489 As decisões do Tribunal do Júri serão de Pena, 5º Se há qualificadora ou causa de aumento.
tomadas por maioria de votos. Atenção: se mais de 3 jurados diz não para o 1º ou 2º
acaba a votação e o réu é absolvido
z Maioria de votos: esse é o quorum vencedor no
Tribunal do Júri. Não se exige unanimidade, logo, Da Sentença
com razão, inexiste fundamento para divulgar o
resultado da apuração quando, verificada a maio- Art. 492. Em seguida, o presidente proferirá senten-
ria (quatro votos), chegou-se ao veredicto. Na juris- ça que:
prudência do TJPA: I – no caso de condenação:
a) fixará a pena-base;
“Com relação à votação não ter sido unânime por b) considerará as circunstâncias agravantes ou ate-
ocasião da quesitação dos jurados, não se configura nuantes alegadas nos debates;
motivo suficiente para anular o julgamento. Observe- c) imporá os aumentos ou diminuições da pena, em
-se que o artigo 489 do Código de Processo Penal pre- atenção às causas admitidas pelo júri;
ceitua que tais decisões serão tomadas ‘por maioria d) observará as demais disposições do art. 387 des-
de votos’, logo não há como anular um julgamento te Código;
pelo simples fato da decisão do Conselho de Sentença e) mandará o acusado recolher-se ou recomendá-
não ter sido unânime, já que venceu a tese acolhida -lo-á à prisão em que se encontra, se presentes os
pela maioria” (Ap. 0000404-98.2003.8.14.0125 – PA, requisitos da prisão preventiva;
2.ª Turma de Direito Penal, rel. Rômulo José Ferreira e) mandará o acusado recolher-se ou recomendá-
Nunes, 01.11.2016, v.u.). Ver, ainda, as notas 272 ao -lo-á à prisão em que se encontra, se presentes os
art. 483 e 292 ao art. 488. requisitos da prisão preventiva, ou, no caso de con-
denação a uma pena igual ou superior a 15 (quinze)
Dica anos de reclusão, determinará a execução provisó-
ria das penas, com expedição do mandado de pri-
Como o Conselho de Sentença é composto por são, se for o caso, sem prejuízo do conhecimento de
7 (sete) jurados, assim que o quesito perguntado recursos que vierem a ser interpostos;
completar 4 votos SIM ou 4 votos NÃO, a votação f) estabelecerá os efeitos genéricos e específicos da
é encerrada, dando-se como decisão tomada por condenação;
maioria de votos, não se fazendo necessário, II – no caso de absolvição:
nestes casos, a abertura de todos os 7 votos. a) mandará colocar em liberdade o acusado se por
outro motivo não estiver preso
Art. 490 Se a resposta a qualquer dos quesitos esti- b) revogará as medidas restritivas provisoriamente
ver em contradição com outra ou outras já dadas, o decretadas;
presidente, explicando aos jurados em que consiste c) imporá, se for o caso, a medida de segurança
a contradição, submeterá novamente à votação os cabível.
quesitos a que se referirem tais respostas. § 1º Se houver desclassificação da infração para
Parágrafo único. Se, pela resposta dada a um dos outra, de competência do juiz singular, ao presiden-
quesitos, o presidente verificar que ficam prejudi- te do Tribunal do Júri caberá proferir sentença em
cados os seguintes, assim o declarará, dando por seguida, aplicando-se, quando o delito resultante
finda a votação. da nova tipificação for considerado pela lei como
infração penal de menor potencial ofensivo, o dis-
O artigo diz que a resposta de um quesito não posto nos arts. 69 e seguintes da Lei no 9.099, de 26
116 pode contrariar o já respondido, dessa maneira, o juiz de setembro de 1995.
§ 2º Em caso de desclassificação, o crime conexo que não seja doloso contra a vida será julgado pelo juiz presidente
do Tribunal do Júri, aplicando-se, no que couber, o disposto no § 1º deste artigo.
§ 3º O presidente poderá, excepcionalmente, deixar de autorizar a execução provisória das penas de que trata a alí-
nea e do inciso I do caput deste artigo, se houver questão substancial cuja resolução pelo tribunal ao qual competir
o julgamento possa plausivelmente levar à revisão da condenação. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)

NOVIDADES DO PACOTE ANTICRIME – ART. 492

Art. 492 [...]


§ 4º A apelação interposta contra decisão condenatória do Tribunal do Júri a uma pena igual ou superior a 15 (quin-
ze) anos de reclusão não terá efeito suspensivo. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 5º Excepcionalmente, poderá o tribunal atribuir efeito suspensivo à apelação de que trata o § 4º deste artigo, quan-
do verificado cumulativamente que o recurso: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
I - não tem propósito meramente protelatório; e (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
II - levanta questão substancial e que pode resultar em absolvição, anulação da sentença, novo julgamento ou redu-
ção da pena para patamar inferior a 15 (quinze) anos de reclusão.
§ 6º O pedido de concessão de efeito suspensivo poderá ser feito incidentemente na apelação ou por meio de
petição em separado dirigida diretamente ao relator, instruída com cópias da sentença condenatória, das razões
da apelação e de prova da tempestividade, das contrarrazões e das demais peças necessárias à compreensão da
controvérsia

A sentença do Tribunal do Júri fixará a pena, assim como a sentença proferida nos demais procedimentos
penais, contudo, pela inovação trazida pela lei 13964/2019 (pacote anticrime) determina-se o recolhimento à pri-
são em caso de condenação superior à 15 anos.
A absolvição importará na imediata liberdade do acusado, salvo se houver mandado de prisão em seu desfa-
vor por outro crime.
Caso o crime seja desclassificado para outro que não seja de competência do Júri, como por exemplo a lesão
corporal, deverá então o juiz presidente proceder ao julgamento imediato.
Em caso de apelação de sentença condenatória superior a 15 anos, não terá efeito suspensivo, ou seja, mesmo
apelando deverá iniciar o cumprimento de sua pena.
Contudo, caso o recurso não seja procrastinatório (aquele que somente tem intenção de ganhar tempo em
julgamento) ou tenha levantado algo substancial quanto ao delito, pode o Tribunal de Justiça atribuir o efeito
suspensivo, ainda que a condenação seja superior a 15 anos.
O pedido desse efeito poderá ser realizado no próprio Recurso de Apelação ou em petição dirigida ao relator
do Recurso, separadamente.

Art. 493 A sentença será lida em plenário pelo presidente antes de encerrada a sessão de instrução e julgamento.

Ao fim dos trabalhos o juiz presidente procederá à leitura da sentença, na presença dos jurados, do defensor
e do Ministério Público.

Art. 494 De cada sessão de julgamento o escrivão lavrará ata, assinada pelo presidente e pelas partes.

Importante!
A ata do julgamento de cada sessão será lavrada pelo escrivão.

Art. 495 A ata descreverá fielmente todas as ocorrências, mencionando obrigatoriamente:


I – a data e a hora da instalação dos trabalhos;)
II – o magistrado que presidiu a sessão e os jurados presentes;
III – os jurados que deixaram de comparecer, com escusa ou sem ela, e as sanções aplicadas;
IV – o ofício ou requerimento de isenção ou dispensa ;
DIREITO PROCESSUAL PENAL

V – o sorteio dos jurados suplentes;


VI – o adiamento da sessão, se houver ocorrido, com a indicação do motivo;
VII – a abertura da sessão e a presença do Ministério Público, do querelante e do assistente, se houver, e a do defen-
sor do acusado;
VIII – o pregão e a sanção imposta, no caso de não comparecimento;
IX – as testemunhas dispensadas de depor;
X – o recolhimento das testemunhas a lugar de onde umas não pudessem ouvir o depoimento das outras;
XI – a verificação das cédulas pelo juiz presidente;
XII – a formação do Conselho de Sentença, com o registro dos nomes dos jurados sorteados e recusas;
XIII – o compromisso e o interrogatório, com simples referência ao termo;
XIV – os debates e as alegações das partes com os respectivos fundamentos;
XV – os incidentes;
XVI – o julgamento da causa;
XVII – a publicidade dos atos da instrução plenária, das diligências e da sentença.

117
O artigo determina a fidelidade da ata quanto aos
trabalhos realizados na sessão de Julgamento, não DOS PROCESSOS ESPECIAIS
havendo qualquer ato, ainda que indeferido pelo Juiz,
ou considerado irrelevante que não tenha que constar DO PROCESSO SUMÁRIO
em ata.
Em primeiro lugar é necessário lembrar da divisão
Art. 496 A falta da ata sujeitará o responsável a feita pelo CPP:
sanções administrativa e penal.
Art. 394 O procedimento será comum ou especial.§
1o O procedimento comum será ordinário, sumário
Nada poderá ser realizado perante à sessão do Tri-
ou sumaríssimo:
bunal do Júri sem que tenha constado em ata. O art. I - ordinário, quando tiver por objeto crime cuja
496 ainda determina que a falta do documento seja sanção máxima cominada for igual ou superior a 4
objeto de responsabilização administrativa e penal. (quatro) anos de pena privativa de liberdade;
II - sumário, quando tiver por objeto crime cuja
Das Atribuições do Presidente do Tribunal do Júri sanção máxima cominada seja inferior a 4 (quatro)
anos de pena privativa de liberdade;
Art. 497. São atribuições do juiz presidente do Tri- III - sumaríssimo, para as infrações penais de
bunal do Júri, além de outras expressamente referi- menor potencial ofensivo, na forma da lei. 
das neste Código: (Redação dada pela Lei nº 11.689,
de 2008) Após esse refresco de memória, vale apontar as
I – regular a polícia das sessões e prender os deso- principais características do rito sumário:
bedientes; (Redação dada pela Lei nº 11.689, de
2008) z Prazo para a realização da AIDJ = 30 dias;
II – requisitar o auxílio da força pública, que ficará z Nº de testemunhas = até 5 (cinco);
sob sua exclusiva autoridade; (Redação dada pela z Alegações finais em 20 minutos, prorrogáveis por
Lei nº 11.689, de 2008) mais 10 minutos (para cada acusado). O assistente
III – dirigir os debates, intervindo em caso de abu- de acusação tem 10 minutos e a defesa receberá o
so, excesso de linguagem ou mediante requerimen- mesmo tempo para se defender;
to de uma das partes; (Redação dada pela Lei nº z Prazo de contestação = 10 dias;
11.689, de 2008) z Nas infrações penais de menor potencial ofensivo,
IV – resolver as questões incidentes que não depen- quando o juizado especial criminal encaminhar ao
dam de pronunciamento do júri; (Redação dada juízo comum as peças existentes para a adoção de
pela Lei nº 11.689, de 2008) outro procedimento, em razão da complexidade
V – nomear defensor ao acusado, quando conside- da causa, será utilizado o procedimento sumário.
rá-lo indefeso, podendo, neste caso, dissolver o Con-
selho e designar novo dia para o julgamento, com Antes de comentar o procedimento sumário, fare-
a nomeação ou a constituição de novo defensor; mos uma distinção dos diversos tipos de procedimen-
(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) tos existentes.
VI – mandar retirar da sala o acusado que dificultar Conforme veremos no quadro a seguir, o rito
a realização do julgamento, o qual prosseguirá sem sumário é utilizado para os crimes menos graves do
a sua presença; (Redação dada pela Lei nº 11.689, que o rito ordinário, e por isso, ele é um pouco mais
de 2008) rápido do que o ordinário.
VII – suspender a sessão pelo tempo indispensável No entanto, são poucas as diferenças entre esses
à realização das diligências requeridas ou entendi- dois procedimentos. Vejamos a tabela a seguir:
das necessárias, mantida a incomunicabilidade dos
jurados; (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) PROCEDIMENTOS PROCEDIMENTOS
VIII – interromper a sessão por tempo razoável, COMUNS ESPECIAIS
para proferir sentença e para repouso ou refeição
dos jurados; (Redação dada pela Lei nº 11.689, de Ordinário: (pena máxima
� Júri

2008) igual ou superior a 4 anos) Crimes Funcionais: (fun-

IX – decidir, de ofício, ouvidos o Ministério Público Sumário: (pena máxima
� cionários públicos)
e a defesa, ou a requerimento de qualquer destes, superior a 2 e inferior a Crimes Contra Honra

a argüição de extinção de punibilidade; (Redação 4 anos) Crimes Contra Proprie-

dada pela Lei nº 11.689, de 2008) Sumaríssimo: (pena má-
� dade Imaterial
X – resolver as questões de direito suscitadas no xima de até 2 anos – Cri-
curso do julgamento; (Redação dada pela Lei nº mes de menor potencial
11.689, de 2008) ofensivo)
XI – determinar, de ofício ou a requerimento das
partes ou de qualquer jurado, as diligências desti-
Art. 531 Na audiência de instrução e julgamento, a
nadas a sanar nulidade ou a suprir falta que preju-
ser realizada no prazo máximo de 30 (trinta) dias,
dique o esclarecimento da verdade; (Redação dada
proceder-se-á à tomada de declarações do ofendido,
pela Lei nº 11.689, de 2008)
se possível, à inquirição das testemunhas arroladas
XII – regulamentar, durante os debates, a interven- pela acusação e pela defesa, nesta ordem, ressalva-
ção de uma das partes, quando a outra estiver com do o disposto no art. 222 deste Código, bem como
a palavra, podendo conceder até 3 (três) minutos aos esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao
para cada aparte requerido, que serão acrescidos reconhecimento de pessoas e coisas, interrogando-
ao tempo desta última.(Incluído pela Lei nº 11.689, -se, em seguida, o acusado e procedendo-se, final-
118 de 2008) mente, ao debate.
A primeira diferença entre os dois ritos é o prazo no art. 531 deste Código. (Redação dada pela Lei nº
para o agendamento da audiência de instrução e jul- 11.719, de 2008).
gamento. Enquanto no rito ordinário o prazo é de 60
(sessenta) dias, aqui no sumário é de 30 (trinta) dias. Não se perderá a oportunidade de ouvir as teste-
munhas que compareceram, ainda que alguma tenha
Art. 532 Na instrução, poderão ser inquiridas até faltado e seja ouvida em outra data.
5 (cinco) testemunhas arroladas pela acusação e 5
(cinco) pela defesa. Art. 537 (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
Art. 538 Nas infrações penais de menor potencial
A segunda diferença entre os ritos é a quantidade
ofensivo, quando o juizado especial criminal enca-
de testemunhas as quais, no processo ordinário, são, minhar ao juízo comum as peças existentes para
ao todo, 8 (oito) e, no sumário, são apenas 5 (cinco). a adoção de outro procedimento, observar-se-á
o procedimento sumário previsto neste Capítulo.
Art. 533 Aplica-se ao procedimento sumário o
(Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
disposto nos parágrafos do art. 400 deste Código.
§ 1º (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
(Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 2º (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 1º (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 3º (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 2º (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 4º (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 3º (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
Art. 539 (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 4º (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
Art. 540 (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
Os demais procedimentos são idênticos tanto no
rito ordinário como no sumário. A Lei nº 9.099/1999, que instituiu o Juizado Espe-
cial Criminal, criou o Rito Sumaríssimo para julga-
Art. 534 As alegações finais serão orais, conceden- mento dos crimes considerados de Menor Potencial
do-se a palavra, respectivamente, à acusação e à Ofensivo, com penas máximas de até 2 anos. O pro-
defesa, pelo prazo de 20 (vinte) minutos, prorrogá- cesso perante o Juizado Especial deve atender aos
veis por mais 10 (dez), proferindo o juiz, a seguir, princípios da oralidade, simplicidade, informalidade,
sentença. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de economia processual e celeridade.
2008). É fato que não são compatíveis com a rapidez neces-
sária desse rito as Cartas Precatória e Rogatória e Edital.
O tempo para as alegações finais também é o mes-
Assim, quando for necessário citar o réu por alguma
mo no rito ordinário e no sumário, com uma única res-
dessas formas, o processo sairá do Juizado Especial Cri-
salva: no ordinário, o juiz pode substituir os debates
orais por memoriais escritos. Nesse caso, cada parte minal, conforme prevê o art. 66 da referida lei.
terá 5 (cinco) dias para fazer suas alegações. Cabe fri-
Art. 66 A citação será pessoal e far-se-á no próprio
sar, porém, que isso não é admissível no rito sumário.
Juizado, sempre que possível, ou por mandado.
Também, no rito ordinário, a sentença pode ser
Parágrafo único. Não encontrado o acusado para
dada no prazo de 10 dias, diferente do rito sumário,
ser citado, o Juiz encaminhará as peças existentes
que deve ser feita, obrigatoriamente, ao término da ao Juízo comum para adoção do procedimento pre-
audiência de instrução e julgamento. visto em lei.

§ 1º Havendo mais de um acusado, o tempo previs- Após essa remessa do processo do Juizado Especial
to para a defesa de cada um será individual. (Incluí-
Criminal para o juízo comum, o rito adotado deverá
do pela Lei nº 11.719, de 2008).
ser o Rito Sumário. Como já mencionado, os demais
§ 2º Ao assistente do Ministério Público, após a
manifestação deste, serão concedidos 10 (dez) atos processuais são idênticos no Rito Sumário e no
minutos, prorrogando-se por igual período o tem- Rito Ordinário, a saber:
po de manifestação da defesa. (Incluído pela Lei nº
11.719, de 2008). z Oferecimento da Denúncia: Deve conter todas as
provas colhidas até então, assim como o rol de tes-
Esse tempo extra de 10 minutos para cada parte temunhas e deve ainda requerer todos os demais
chamamos de Réplica e Tréplica. meios de prova necessários (Ex.: perícias e requisi-
ção de documentos);
Art. 535 Nenhum ato será adiado, salvo quando z Rejeição ou Recebimento da Denúncia: Se ocor-
rer qualquer das hipóteses do art. 395 do CPP (for
DIREITO PROCESSUAL PENAL

imprescindível a prova faltante, determinando o


juiz a condução coercitiva de quem deva compare- manifestamente inepta; faltar pressuposto proces-
cer. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008). sual ou condição para o exercício da ação penal; ou
§ 1º (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008). faltar justa causa para o exercício da ação penal) o
§ 2º (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008). juiz deve rejeitar a denúncia. Caso contrário, deve
recebê-la e mandar citar o acusado para apresen-
No caso de falta de uma testemunha, considerada tar resposta no prazo de 10 dias;
imprescindível para alguma das partes, o juiz marca- z Resposta do Réu (Art. 396-A): Na resposta, o acusa-
rá nova data para sua oitiva, podendo mandar con- do poderá arguir preliminares e alegar tudo o que
duzir coercitivamente a testemunha faltante na nova interesse à sua defesa, oferecer documentos e justi-
data marcada, sem prejuízo de eventual multa aplica- ficações, especificar as provas pretendidas e arrolar
da, no caso de falta injustificável. testemunhas. Trata-se de defesa técnica (advogado),
realizada no prazo de 10 (dez) dias. Não apresenta-
Art. 536 A testemunha que comparecer será inquiri- da a resposta no prazo legal, ou se o acusado, citado,
da, independentemente da suspensão da audiência, não constituir defensor, o juiz nomeará defensor
observada em qualquer caso a ordem estabelecida para oferecê-la, concedendo-lhe vista dos autos por 119
10 (dez) dias. Vale destacar que, a resposta do réu Concluindo a fase probatória da audiência, o juiz
foi criada recentemente, em substituição a antiga verifica se ainda existem Diligências Necessárias,
Defesa Prévia que era feita em 3 dias; que possam ser requeridas pelas partes. Em seguida,
z Decisão do Juiz diante da Resposta do Réu (Art. ele dá início à última fase da audiência, com as Alega-
397): O juiz pode Absolver Sumariamente o Acusa- ções Finais Orais. Cada parte terá 20 (vinte) minutos,
do se reconhecer: a existência manifesta de causa respectivamente, a acusação e defesa, para expor seus
excludente da ilicitude do fato; a existência mani- argumentos. Esse prazo pode ser prorrogado por mais
festa de causa excludente da culpabilidade do 10 (dez) minutos para Réplica e Tréplica.
agente, salvo inimputabilidade; que o fato narrado No procedimento ordinário, o juiz poderá, ainda,
evidentemente não constitui crime; ou extinta a considerada a complexidade do caso, ou o número de
punibilidade do agente; acusados, conceder às partes o prazo de 5 (cinco) dias,
z Agendamento da Audiência de Instrução e Jul- sucessivamente, para a apresentação de memoriais
gamento (AIJ): Não sendo o caso de absolvição escritos. Nesse caso, o juiz terá o prazo de 10 (dez) dias
sumária, o juiz deve fazer tal agendamento. Essa para proferir a sentença (§ 3º, do art. 403, do CPP).
fase constitui uma das diferenças entre os ritos Encerrados os debates, o juiz profere a sentença
sumário e ordinário. O prazo para o agendamen-
em audiência. Vale ressaltar que, no procedimento
to no procedimento ordinário é de 60 dias, já no
sumário, a lei não autoriza a apresentação de memo-
procedimento sumário é de 30 dias, ambos conta-
riais, nem prazo de 10 dias para sentença.
dos da decisão do juiz diante da resposta do réu. O
descumprimento do prazo não gera nulidade, mas
pode gerar Habeas Corpus se o réu estiver preso; DO PROCESSO DE RESTAURAÇÃO DE AUTOS
z Audiência de Instrução e Julgamento (Art. 400): EXTRAVIADOS OU DESTRUÍDOS
Começa com a Declaração do Ofendido, momen-
to em que deve dar a sua versão dos fatos, sendo Trata-se de refazer os autos do processo penal
ouvido em declarações, havendo uma tolerância quando por algum motivo forem extraviados ou des-
com pequenos exageros na sua versão do crime, truídos. Isso pode ocorrer por causas naturais, por
natural na sua condição de vítima, mas poderá ser exemplo, em casos de incêndio ou inundações, ou ain-
responsabilizado por denunciação caluniosa (dar da por ações humanas, como, por exemplo, furtos ou
causa a processo criminal que sabe ser o autor negligência no cuidado dos autos, seja por parte dos
inocente); servidores da justiça, seja pelos advogados, promoto-
z Oitiva das Testemunhas de Acusação e de Defe- res ou juízes.
sa: É importante lembrar que a quantidade de tes- Este procedimento tem se tornado cada vez menos
temunhas ouvidas é a segunda diferença entre os utilizado, uma vez que os autos, atualmente, em sua
ritos – até 8 (oito) testemunhas no ordinário e até 5 maioria, são eletrônicos.
(cinco) testemunhas no sumário. Ainda, as partes
podem desistir das inquirições; Art. 541 Os autos originais de processo penal
z Oitiva das Testemunhas do Juízo (Art. 209): extraviados ou destruídos, em primeira ou segunda
Quando julgar necessário para a elucidação dos instância, serão restaurados.
fatos, o juiz poderá ouvir outras testemunhas, § 1º Se existir e for exibida cópia autêntica ou cer-
além das indicadas pelas partes. Isso é permitido tidão do processo, será uma ou outra considerada
em respeito ao Princípio da Verdade Real, que como original.
determina ser o juiz responsável pela elucidação
do crime, não se contentando apenas com a verda- Havendo cópia dos autos, a restauração é desne-
de formal trazida pelas partes; cessária, considerando a cópia como original.
z Esclarecimentos dos Peritos: Obviamente, tal
fase ocorrerá caso tenha havido perícia. As partes § 2º Na falta de cópia autêntica ou certidão do pro-
poderão questionar sobre os laudos apresentados, cesso, o juiz mandará, de ofício, ou a requerimento
bem como suas conclusões; de qualquer das partes, que:
z Acareações: Ocorrerá caso tenha havido depoimen-
tos conflitantes entre testemunhas, vítimas ou réus; O juiz determina o início do procedimento de ofi-
z Reconhecimento de Pessoas e Coisas: Ocorrerá cio ou mediante provocação das partes envolvidas
caso alguma testemunha ou vítima afirme ter vis-
to algo ou alguém que tenha envolvimento com o a) o escrivão certifique o estado do processo, segun-
crime e que possa ser reconhecido em audiência. do a sua lembrança, e reproduza o que houver a
z Interrogatório do Réu: Caminhando para o fim da respeito em seus protocolos e registros;
audiência, dá-se a oportunidade para o réu apre-
sentar a sua versão dos fatos. Vale destacar que O escrivão iniciará pesquisas para tentar encon-
ele pode ficar em silêncio sobre os fatos que lhe trar documentos ou informações que ajudem a refor-
foram imputados, ou até mesmo mentir. No entan- mulação dos autos, inclusive da própria lembrança. É
to, numa primeira fase, sobre sua qualificação e a chamada “certidão de lembrança”, na qual registra-
demais dados pessoais, está obrigado a responder. rá tudo o que lembrar a respeito do processo.

Esse interrogatório ao final da audiência é um pro- b) sejam requisitadas cópias do que constar a res-
cedimento recente. Antigamente, o interrogatório do peito no Instituto Médico-Legal, no Instituto de
réu era o primeiro ato da audiência. A mudança aju- Identificação e Estatística ou em estabelecimentos
dou muito a defesa, pois o réu fala após saber o que congêneres, repartições públicas, penitenciárias ou
120 disseram a vítima, testemunha e peritos. cadeias;
Todos os órgãos que emitiram documentos para Todos que atuaram no processo poderão ser cha-
a instrução do processo extraviado deverão reenviar mados a contribuir para esclarecer os fatos e dirimir
cópias de tais documentos. as dúvidas.
Hoje em dia, isso também é bastante facilitado, pois
praticamente todas as petições, ofícios ou intimações V - o Ministério Público e as partes poderão ofere-
são feitas em computadores. Além disso, geralmente, cer testemunhas e produzir documentos, para pro-
os arquivos estão salvos, bastando fazer um trabalho var o teor do processo extraviado ou destruído.
de procura junto aos autores dos documentos.
É normal que haja controvérsia sobre situações
que constavam ou não no processo extraviado. Por
c) as partes sejam citadas pessoalmente, ou, se não
isso, as partes podem produzir prova para demons-
forem encontradas, por edital, com o prazo de dez
trar o teor do processo extraviado ou destruído.
dias, para o processo de restauração dos autos.
Art. 544 Realizadas as diligências que, salvo motivo
Citação das partes para participarem do processo de força maior, deverão concluir-se dentro de vinte
de restauração. dias, serão os autos conclusos para julgamento.

§ 3º Proceder-se-á à restauração na primeira ins- O prazo para realização das diligências é de 20


tância, ainda que os autos se tenham extraviado na dias, salvo motivo relevante, que poderão ser realiza-
segunda. das mesmo esgotado o prazo.

O processo de restauração se dará sempre na pri- Parágrafo único. No curso do processo, e depois de
meira instância. subirem os autos conclusos para sentença, o juiz
poderá, dentro em cinco dias, requisitar de autori-
dades ou de repartições todos os esclarecimentos
Art. 542 No dia designado, as partes serão ouvi-
para a restauração.
das, mencionando-se em termo circunstanciado os
pontos em que estiverem acordes e a exibição e a
O juiz, no prazo de 5 dias, poderá requerer as últi-
conferência das certidões e mais reproduções do
mas diligências junto a repartições ou autoridade
processo apresentadas e conferidas.
antes de proferir a sentença
É muito comum que os advogados e o Ministério Art. 545 Os selos e as taxas judiciárias, já pagos nos
Público possuam cópias integrais dos autos dos pro- autos originais, não serão novamente cobrados.
cessos em que atuam. Isso, por si só, já costuma ser Art. 546 Os causadores de extravio de autos res-
suficiente para a restauração dos autos. ponderão pelas custas, em dobro, sem prejuízo da
responsabilidade criminal.
Art. 543 O juiz determinará as diligências necessá-
rias para a restauração, observando-se o seguinte: As custas judiciais não poderão ser cobradas nova-
I - caso ainda não tenha sido proferida a sentença, mente. Porém, a quem deu causa ao extravio serão
reinquirir-se-ão as testemunhas podendo ser subs- cobradas em dobro.
tituídas as que tiverem falecido ou se encontrarem
em lugar não sabido; Art. 547 Julgada a restauração, os autos respecti-
vos valerão pelos originais.
É possível a reinquirição das testemunhas, mas, Parágrafo único. Se no curso da restauração apare-
dependendo do tempo já transcorrido em relação cerem os autos originais, nestes continuará o pro-
à data dos fatos, os detalhes, muitas vezes, ficam cesso, apensos a eles os autos da restauração.
esquecidos.
Aparecendo os autos originais, esses é que serão
II - os exames periciais, quando possível, serão
válidos para a continuidade do processo, ficando os
repetidos, e de preferência pelos mesmos peritos;
autos de restauração apensados. Isso não poderia ser
Cabe destacar que alguns exames periciais não diferente, pois, pela lógica, o original deve prevalecer.
podem ser repetidos, como, por exemplo, o Exame de
Corpo de Delito, por terem desaparecido os vestígios. Art. 548 Até à decisão que julgue restaurados os
No entanto, quando for possível refazer, o ideal seria autos, a sentença condenatória em execução conti-
que fossem feitos pelos mesmos peritos, não sendo nuará a produzir efeito, desde que conste da respec-
tiva guia arquivada na cadeia ou na penitenciária,
DIREITO PROCESSUAL PENAL

essa uma condição obrigatória.


onde o réu estiver cumprindo a pena, ou de registro
III - a prova documental será reproduzida por meio que torne a sua existência inequívoca.
de cópia autêntica ou, quando impossível, por meio
de testemunhas; Caso os autos extraviados já estivessem com
sentença condenatória em execução, essa não será
Essas são as provas mais fáceis de serem restaura- interrompida.
das, pois os documentos geralmente estão arquivados Tal situação, atualmente, seria rara, pois, segundo
ou armazenados física ou digitalmente. o STF, o réu só deve iniciar o cumprimento da pena
Na falta do documento, a prova testemunhal pode após o trânsito em julgado. No entanto, cabe mencio-
suprir-lhe a falta. nar a exceção relativa às condenações feitas pelo tri-
bunal do júri à pena superior a 15 anos (Art. 492, I,
IV - poderão também ser inquiridas sobre os atos
“e”, do CPP). Nesse caso, pela recente mudança intro-
do processo, que deverá ser restaurado, as autori-
duzida pelo Pacote Anticrime, o réu já inicia o cumpri-
dades, os serventuários, os peritos e mais pessoas
que tenham nele funcionado; mento imediato da pena, sem prejuízo do recurso de
apelação a que tem direito. 121
Princípio da Disponibilidade e da Obrigatoriedade da
DOS RECURSOS EM GERAL Ação Penal

O Código de Processo Penal, a partir de seu art. Art. 576 O Ministério Público não poderá desis-
574, passa a tratar dos recursos. tir de recurso que haja interposto.
De modo simples, pode-se definir recurso como o
meio que a parte possui para requerer a revisão de
uma decisão judicial que lhe foi desfavorável. Com o Importante!
recurso se busca uma de três situações: A regra geral do processo penal é que se pode
desistir do recurso interposto (é o chamado
z A reforma, que consiste na modificação total ou
princípio da disponibilidade). No entanto, em
parcial da decisão judicial buscando um pronun-
relação ao Ministério Público, vale o princípio da
ciamento mais favorável ao recorrente;
z A invalidação, que consiste na anulação ou cassa- indisponibilidade, o que significa que, uma vez
ção da decisão visando que outra seja proferida; e interposto o recurso, o MP não pode dele desistir
z A integração ou o esclarecimento da decisão judi- (o princípio da indisponibilidade decorre do prin-
cial, hipótese quem se busca o afastar alguma cípio da obrigatoriedade, que determina que o
imprecisão ou falta de clareza da decisão atacada Promotor de Justiça não pode desistir da ação
ou, ainda, suprir alguma omissão. penal).

DISPOSIÇÕES GERAIS
Legitimidade
Entre os arts. 574 e 580, do CPP, constam dispo-
Art. 577 O recurso poderá ser interposto pelo
sições gerais que se aplicam a todos os recursos. A
Ministério Público, ou pelo querelante, ou pelo
partir do art. 581, o CPP passa a disciplinar os cha- réu, seu procurador ou seu defensor.
mados recursos em espécie, ou seja, os tipos par- Parágrafo único. Não se admitirá, entretanto,
ticulares de recurso para cada situação dentro do recurso da parte que não tiver interesse na reforma
processo penal. ou modificação da decisão.

Princípio da Voluntariedade O art. 577 trata da questão da legitimidade, isto é,


quem pode recorrer. Podem interpor o recurso:
Art. 574 Os recursos serão voluntários, exce-
tuando-se os seguintes casos, em que deverão ser
interpostos, de ofício, pelo juiz:
Réu
I - da sentença que conceder habeas corpus;
II - da que absolver desde logo o réu com fundamen-
Querelante Procurador
to na existência de circunstância que exclua o cri-
me ou isente o réu de pena, nos termos do art. 411.

O art. 574 apresenta uma das principais caracte-


rísticas dos recursos, que é a voluntariedade, o que Ministério Podem
Defensor
significa dizer que as partes são livres para decidir se Público recorrer
recorrem ou não, isto é, a parte só recorre se desejar.
Os incisos I e II do art. 574 apresentam duas exce-
ções ao princípio da voluntariedade, ou seja, hipóte-
Querelante é o autor da queixa-crime, ou seja, da
ses nas quais o recurso é obrigatório e é realizado de
ação penal privada ou da ação penal privada subsidiá-
ofício (sem provocação) por parte do juiz. ria da pública.
Lembrando que a ação penal privada é a ação
Art. 575 Não serão prejudicados os recursos
movida por iniciativa da vítima (ofendido) e na falta
que, por erro, falta ou omissão dos funcioná-
de capacidade da vítima – o seu representante legal.
rios, não tiverem seguimento ou não forem apre-
Já a ação penal privada subsidiária da pública são
sentados dentro do prazo.
aqueles casos em que a lei não prevê como ação priva-
da, porém quando o Ministério Público se torna inerte
Um recurso prejudicado é aquele que perde seu (não se manifesta) abre a possibilidade de que a víti-
objeto, o que leva à perda de interesse recursal e con- ma, seu representante legal ou seus sucessores ingres-
sequentemente ao não conhecimento do recurso (em sem com a ação penal privada subsidiária da pública.
outras palavras, um recurso que, por exemplo, foi Veja que o réu pode recorrer por meio de procura-
interposto fora do prazo, não será aceito pelo órgão dor, que não necessariamente é advogado.
a quem se recorre). De acordo com o art. 575, do CPP, De acordo com o parágrafo único do art. 577, deve
recursos que não tiverem seguimento ou forem apre- haver interesse jurídico para que seja autorizado o
sentados fora do prazo por responsabilidade (erro, recurso, isto é, o recorrente deve demonstrar que a
falta ou omissão) dos funcionários do Judiciário não decisão, de qualquer forma, o prejudicou; caso não
122 causarão prejuízo aos recorrentes. haja prejuízo, o recurso não será admitido.
Procedimento Um exemplo de má-fé, que consequentemente fará
com que o recurso não será aproveitado, se dá quando
Art. 578 O recurso será interposto por petição ou o recorrente já perdeu o prazo do recurso correto e
por termo nos autos, assinado pelo recorrente resolve interpor maliciosamente outro recurso.
ou por seu representante.
§ 1º Não sabendo ou não podendo o réu assinar Efeito Extensivo do Recurso
o nome, o termo será assinado por alguém, a seu
rogo, na presença de duas testemunhas. Art. 580 No caso de concurso de agentes (Código
§ 2º A petição de interposição de recurso, com o Penal, art. 25), a decisão do recurso interposto por
despacho do juiz, será, até o dia seguinte ao último um dos réus, se fundado em motivos que não sejam
do prazo, entregue ao escrivão, que certificará no de caráter exclusivamente pessoal, aproveitará aos
termo da juntada a data da entrega. outros.
§ 3º Interposto por termo o recurso, o escrivão, sob
pena de suspensão por dez a trinta dias, fará con- O art. 580 indica que, havendo mais de um acusa-
clusos os autos ao juiz, até o dia seguinte ao último do e caso não haja recurso por parte de todos e a deci-
do prazo. são seja favorável ao réu que recorreu, a decisão vai
beneficiar a todos os réus, mesmo os que não tenham
O art. 578 cuida de procedimentos relativos à recorrido. É o que se chama de efeito extensivo e só
interposição do recurso. não vai se aplicar aos demais réus se a decisão tiver
No caput do art. 578 estão previstas as formas de por fundamento motivos de caráter exclusivamente
manifestação válidas para recorrer: pessoal, como por exemplo, os bons antecedentes (ima-
gine um recurso buscando aplicar redução de pena ao
z Petição (ou seja, por escrito, mediante um docu- réu que tenha bons antecedentes; apenas o acusado
mento na qual se comunica à vontade em recorrer);
que tenha bons antecedentes vai ser beneficiado).
z Termo Lançado nos Autos (quando a manifesta-
ção é feita oralmente, deve ser transcrita nos autos DO RECURSO EM SENTIDO ESTRITO
do processo).
O primeiro dos recursos apresentados pelo CPP é
Uma simples expressão “recorro” basta para que o recurso em sentido estrito (RESE), que se trata de
se dê seguimento. um meio para buscar o reexame de uma decisão, nas
O § 1º cuida da interposição de recurso “a rogo” matérias elencadas no art. 581, do CPP, que permite ao
(a pedido), que consiste na situação em que o recor- juiz recorrido apreciar novamente a questão e rever
rente não sabe (por ser analfabeto) ou não pode assi- sua decisão antes da remessa ao Tribunal.
nar (por motivo de doença, idade etc.) e uma terceira
pessoa assina em seu nome, na presença de duas Hipóteses de Cabimento
testemunhas.
Já o § 2º estabelece que basta que o recorrente pro- Art. 581 Caberá recurso, no sentido estrito, da
tocole sua petição de recurso no cartório para que ele decisão, despacho ou sentença:
seja considerado tempestivo (ou seja interposto den-
tro do prazo previsto em lei), competindo ao escrivão Os incisos do art. 581 apresentam um rol taxativo
o encaminhamento ao juiz. (uma lista fechada, não exemplificativa) de decisões que
No caso de recurso interposto por um termo nos são recorríveis por meio de recurso em sentido estrito.
autos, o escrivão, sob pena de suspensão, deve fazer o
encaminhamento dos autos ao juiz (fazer conclusos) até
I - que não receber a denúncia ou a queixa;
o dia seguinte após o último dia de prazo para recorrer.
O Ministério Público denuncia o réu e o juiz não
Dica recebe (rejeita) a denúncia; neste caso o MP deve uti-
Fazer os autos conclusos quer dizer que o escri- lizar o RESE
vão entregou os autos ao juiz para que este dê
alguma providência (emitir um despacho, uma II - que concluir pela incompetência do juízo;
decisão ou uma sentença).
Seja de ofício ou por provocação de uma das par-
Fungibilidade dos Recursos tes, o juiz pode se declarar incompetente para anali-
sar o caso (por exemplo, o juiz do Tribunal do Júri, ao
DIREITO PROCESSUAL PENAL

Art. 579 Salvo a hipótese de má-fé, a parte não final da primeira fase do processo, entende não ser
será prejudicada pela interposição de um recurso caso de crime doloso contra a vida e remete os autos
por outro. para o juiz competente); nesta hipótese a parte que
Parágrafo único. Se o juiz, desde logo, reconhecer se achar prejudicada (no caso do nosso exemplo, o
a impropriedade do recurso interposto pela par-
Ministério Público) vai se utilizar do RESE para atacar
te, mandará processá-lo de acordo com o rito do
recurso cabível. a decisão do juiz, buscando que o processo permaneça
naquele juízo.
Cada recurso previsto no CPP, conforme veremos,
tem um cabimento específico. O art. 579 apresenta o III - que julgar procedentes as exceções, salvo a
princípio da fungibilidade recursal (fungibilidade é de suspeição;
a possibilidade de substituir uma coisa por outra da
mesma espécie). Se a parte interpuser, por equívoco, São impugnáveis as decisões que julgam proceden-
um recurso ao invés de outro, desde que não haja tes as exceções de incompetência, litispendência, ile-
má-fé, não haverá prejuízo ao recorrente, devendo o gitimidade de parte e de coisa julgada. Atenção que o
juiz mandar processar o recurso pelo rito do recurso RESE é aplicável nas decisões de procedência (as deci-
correto. sões de improcedência são irrecorríveis). 123
Dica O RESE é o recurso cabível caso o juiz impeça que
a apelação vá até o Tribunal.
Exceção é uma forma de defesa indireta do acu-
sado, por meio da qual o réu quer demonstrar a XVI - que ordenar a suspensão do processo, em vir-
falta de uma das condições da ação penal ou de tude de questão prejudicial;
um de seus pressupostos; dessa forma, tem por XVII - que decidir sobre a unificação de penas;
finalidade levar a ação penal ao seu fim (chama-
da de exceção peremptória) ou prorrogar seu O inciso XVII é outra hipótese que não se aplica,
exercício (exceção dilatória). uma vez que a decisão sobre unificação de penas é
tomada pelo juiz da execução, sendo o recurso cabível
IV – que pronunciar o réu; o agravo em execução.

A decisão de pronúncia do réu, conforme consta XVIII - que decidir o incidente de falsidade;
no art. 413, do CPP, é uma decisão interlocutória que
encerra a primeira fase do júri e por meio da qual o Observe que o inciso XVIII menciona “decidir”, ou
seja, tanto da decisão que julga procedente o inciden-
juiz verifica a materialidade do fato e a existência de
te de falsidade quando da que julgar improcedente
indícios suficientes de autoria e de participação.
cabe recurso em sentido estrito.
V - que conceder, negar, arbitrar, cassar ou julgar
XIX - que decretar medida de segurança, depois de
inidônea a fiança, indeferir requerimento de prisão transitar a sentença em julgado;
preventiva ou revogá-la, conceder liberdade provi- XX - que impuser medida de segurança por trans-
sória ou relaxar a prisão em flagrante; gressão de outra;
XXI - que mantiver ou substituir a medida de segu-
Uma das hipóteses mais comuns de interposição de rança, nos casos do art. 774;
RESE é a decisão do juiz que revoga prisão preventiva. XXII - que revogar a medida de segurança;
Neste caso, o Ministério Público se utiliza do recurso XXIII - que deixar de revogar a medida de seguran-
em sentido estrito pra que a prisão seja mantida. ça, nos casos em que a lei admita a revogação;

VI - (Revogado pela Lei nº 11.689, de 2008) As hipóteses previstas nos incisos XIX a XXIII ocor-
VII - que julgar quebrada a fiança ou perdido o seu
rem durante a execução da pena, sendo o recurso
cabível o de agravo em execução.
valor;
XXIV - que converter a multa em detenção ou em
A quebra de fiança ocorre quando o acusado, após prisão simples.
ser intimado para ato processual, deixa de compare-
cer sem que haja justificativa. Antes de julgar que- O inciso XXIV também não tem aplicação, uma vez
brada a fiança, o juiz ouve o acusado para que ele se que não existe mais no Código Penal a possibilidade
justifique; caso o juiz não se convença, a fiança é julga- da conversão da multa em prisão simples.
da quebrada e metade do valor depositado é perdido.
XXV - que recusar homologação à proposta de acor-
VIII - que decretar a prescrição ou julgar, por outro do de não persecução penal, previsto no art. 28-A
modo, extinta a punibilidade; desta Lei.
IX - que indeferir o pedido de reconhecimen-
to da prescrição ou de outra causa extintiva da O inciso XXV foi incluído pela Lei nº 13.964/19,
punibilidade; denominada Lei Anticrime. Cabe RESE da decisão do
X - que conceder ou negar a ordem de habeas juiz que não homologa o Acordo de Não Persecução
corpus; Penal (ANPP).
XI - que conceder, negar ou revogar a suspensão O ANPP é um acordo feito entre o Ministério Públi-
condicional da pena;
co e o investigado, por meio do qual este último, em
certas hipóteses previstas no art. 28-A do CPP, confes-
sa a prática do crime e se sujeita a uma série de con-
O inciso XI não tem aplicação, uma vez que a con- dições impostas (como, por exemplo, a reparação do
cessão ou negativa do livramento condicional se dá dano ou restituição da coisa à vítima) em troca de não
na sentença, sendo o recurso cabível a apelação. Já ser processado.
a revogação do livramento condicional se dá na fase
de execução, sendo o recurso cabível o agravo em A quem se Dirige o RESE?
execução.
Art. 582 Os recursos serão sempre para o Tri-
XII - que conceder, negar ou revogar livramento bunal de Apelação, salvo nos casos dos ns. V, X e
condicional; XIV.
Parágrafo único. O recurso, no caso do no XIV, será
para o presidente do Tribunal de Apelação.
O inciso XII também não se aplica, uma vez que
quem toma essas decisões é o juiz da execução, sendo O recurso em sentido estrito é dirigido sempre
o recurso cabível o agravo em execução. ao Tribunal; na Justiça Estadual, é dirigido ao Tribu-
nal de Justiça do Estado; na Justiça Federal é dirigido
XIII - que anular o processo da instrução criminal, ao Tribunal Regional Federal.
no todo ou em parte; Não se aplica a exceção que consta no caput do art.
XIV - que incluir jurado na lista geral ou desta o 582 (salvo nos casos dos incisos V, X e XIV) que impli-
excluir; caria em recurso para um juiz de 1º grau, uma vez que
124 XV - que denegar a apelação ou a julgar deserta; não há hierarquia entre eles.
Recurso nos Próprios Autos e Recurso em Traslado ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária
competente, em decorrência de prisão cautelar ou em
Art. 583 Subirão nos próprios autos os recursos: virtude de condenação criminal transitada em julgado.
I - quando interpostos de oficio;
Prazos do Recurso em Sentido Estrito
A fim de garantir especial proteção a determina-
dos bens jurídicos, a Lei determina que, em certos Art. 586 O recurso voluntário poderá ser interpos-
casos, o recurso se faça de ofício, ou seja, é interposto to no prazo de cinco dias.
pelo próprio juiz, sem iniciativa das partes. Parágrafo único. No caso do art. 581, XIV, o prazo
será de vinte dias, contado da data da publicação
II - nos casos do art. 581, I, III, IV, VI, VIII e X; definitiva da lista de jurados.
III - quando o recurso não prejudicar o anda-
mento do processo. O prazo de interposição do RESE é de 5 dias,
Parágrafo único. O recurso da pronúncia subi- exceto no caso de recurso contra lista geral de jurados,
rá em traslado, quando, havendo dois ou mais cujo prazo é de 20 dias.
réus, qualquer deles se conformar com a decisão
ou todos não tiverem sido ainda intimados da Art. 587 Quando o recurso houver de subir por
pronúncia. instrumento, a parte indicará, no respectivo
termo, ou em requerimento avulso, as peças dos
autos de que pretenda traslado.
Algumas decisões paralisam o processo até que
Parágrafo único. O traslado será extraído, conferi-
se obtenha a decisão do recurso; nestas hipóteses, o
do e concertado no prazo de cinco dias, e dele
recurso é enviado (subir) ao Tribunal junto com o pro- constarão sempre a decisão recorrida, a certi-
cesso original (já que está parado, não há porque se dão de sua intimação, se por outra forma não for
tirar cópia; o original pode ser enviado). É o caso da possível verificar-se a oportunidade do recurso, e o
denúncia que não é recebida pelo juiz (inciso I do art. termo de interposição.
581); o processo não vai ter andamento enquanto não
for decidido o recurso.
O traslado, conforme já visto anteriormente, é a
O parágrafo único do art. 583 determina que o
hipótese em que o recurso sobe (é remetido) ao Tri-
recurso da pronúncia subirá em traslado, ou seja,
bunal acompanhado de cópias do processo (lembre-
com cópia dos autos, quando, havendo dois ou mais
réus, qualquer deles se conformar com a decisão ou -se do art. 583). O recorrente pode indicar as partes
todos não tiverem sido ainda intimados da pronún- do processo que deseja que sejam extraídas cópias; o
cia (o processo original não pode ser enviado uma vez parágrafo único do art. 587 aponta as peças obrigató-
que ainda vai ser utilizado pelos demais réus). rias, que sempre vão acompanhar o recurso, caso não
suba junto com os autos do processo.
Efeitos do RESE O escrivão tem 5 dias para extrair as cópias e for-
mar o que se chama de instrumento.
Art. 584 Os recursos terão efeito suspensivo nos
casos de perda da fiança, de concessão de livra-
Art. 588 Dentro de dois dias, contados da inter-
mento condicional e dos ns. XV, XVII e XXIV do
art. 581 posição do recurso, ou do dia em que o escrivão,
§ 1º Ao recurso interposto de sentença de impro- extraído o traslado, o fizer com vista ao recor-
núncia ou no caso do no VIII do art. 581, aplicar-se- rente, este oferecerá as razões e, em seguida,
-á o disposto nos arts. 596 e 598. será aberta vista ao recorrido por igual prazo.
§ 2ºO recurso da pronúncia suspenderá tão-somen- Parágrafo único. Se o recorrido for o réu, será inti-
te o julgamento. mado do prazo na pessoa do defensor.
§ 3º O recurso do despacho que julgar quebrada a
fiança suspenderá unicamente o efeito de perda da O art. 588 trata dos prazos das razões e das con-
metade do seu valor. trarrazões. Conforme já visto, o prazo para interposi-
ção do RESE é de 5 dias; neste momento, o recorrente
Todos os recursos possuem efeito devolutivo, isto
é, devolvem ao Tribunal o conhecimento da matéria apenas informa seu desejo de recorrer. Feito isso, é
impugnada. o momento de apresentar os motivos e fundamentos
No entanto, em apenas algumas hipóteses os pelos quais recorre, ou seja, de apresentar suas razões
recursos têm efeito suspensivo, isto é, o efeito de para- (o que deve se dar no prazo de 2 dias, como indica o
lisar provisoriamente as decisões anteriores. O RESE, art. 588). A parte recorrida, por sua vez, deve apre-
DIREITO PROCESSUAL PENAL

via de regra, não possui efeito suspensivo, exceto nas sentar os motivos e fundamentos pelos quais a deci-
seguintes situações, previstas no art. 584: são atacada deve ser mantida; é o que se denomina
de contrarrazões (que devem ser apresentadas em 2
z Perda da fiança; dias após o escrivão abrir vista do processo). Ou seja,
z Decisão que denegar a apelação ou a julgar deserta; o prazo para apresentação de razões e contrarrazões
z Recurso contra a pronúncia; e é de 2 dias.
z Decisão que julgar quebrada a fiança.

Art. 585 O réu não poderá recorrer da pronúncia Art. 589 Com a resposta do recorrido ou sem
senão depois de preso, salvo se prestar fiança, nos ela, será o recurso concluso ao juiz, que, dentro
casos em que a lei a admitir. de dois dias, reformará ou sustentará o seu despa-
cho, mandando instruir o recurso com os traslados
O art. 585 foi revogado, uma vez que não é possível que lhe parecerem necessários.
a prisão decorrente de pronúncia. Parágrafo único. Se o juiz reformar o despacho
Em relação às hipóteses de cabimento de prisão, recorrido, a parte contrária, por simples peti-
vale lembrar o que dispõe o art. 283, do CPP: Nin- ção, poderá recorrer da nova decisão, se couber
guém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por recurso, não sendo mais lícito ao juiz modificá-la. 125
Neste caso, independentemente de novos arrazoa- § 3º Se a apelação se fundar no no III, d, deste arti-
dos, subirá o recurso nos próprios autos ou em go, e o tribunal ad quem se convencer de que a
traslado. decisão dos jurados é manifestamente contrária à
prova dos autos, dar-lhe-á provimento para sujei-
Interposto o recurso, o juiz pode se retratar, vol- tar o réu a novo julgamento; não se admite, porém,
tando atrás na decisão que havia proferido. pelo mesmo motivo, segunda apelação.
§ 4º Quando cabível a apelação, não poderá
Art. 590 Quando for impossível ao escrivão ser usado o recurso em sentido estrito, ainda
extrair o traslado no prazo da lei, poderá o juiz que somente de parte da decisão se recorra.
prorrogá-lo até o dobro.
O primeiro ponto de destaque em relação ao art.
593 diz respeito ao prazo de interposição da apelação,
O prazo que o escrivão tem para extrair o traslado que é de 5 dias, a contar da intimação.
é prorrogável. O segundo ponto que merece destaque são as hipó-
teses de cabimento do recurso de apelação, que cons-
Remessa do Recurso tam nos três incisos do art. 593. Sentenças são decisões
proferidas pelo juiz que põem fim ao processo, conde-
Art. 591 Os recursos serão apresentados ao juiz ou nando, absolvendo ou absolvendo de forma imprópria
tribunal ad quem, dentro de cinco dias da publica- (absolvem o réu, mas aplicam medida de segurança).
ção da resposta do juiz a quo, ou entregues ao Cor- Decisões definitivas são aquelas que colocam fim ao
reio dentro do mesmo prazo. processo, julgando o mérito, mas sem se manifestar
sobre a acusação (por exemplo, o reconhecimento de
prescrição, leva ao fim do processo, mas sem conde-
Dica nar nem absolver o réu); decisões com força de defi-
Juízo ad quem é o Tribunal de instância superior nitivas são aquelas que se relacionam a uma questão
para onde se encaminha o recurso. processual dão fim ao processo, sem julgamento do
Juízo a quo é o juiz ou tribunal de instância infe- mérito, ou finalizam uma fase do processo ou de um
processo incidental (como o de busca e apreensão, por
rior de onde provém a decisão recorrida.
exemplo). Em relação às decisões do júri, veja que são
quatro hipóteses bem específicas.
Devolução do Recurso O terceiro e último ponto que merece destaque
Art. 592 Publicada a decisão do juiz ou do tri- no art. 593 encontra-se em seu § 4º: quando cabível
bunal ad quem, deverão os autos ser devolvidos, a apelação, não poderá ser usado o recurso em senti-
dentro de cinco dias, ao juiz a quo. do estrito, ainda que somente de parte da decisão se
recorra (adota-se, portanto, o princípio da unirre-
Decidido o recurso pelo tribunal ad quem e, uma corribilidade – nos casos em que cabe apelação não é
vez publicada a decisão, os autos do processo devem cabível nenhum outro recurso).
ser devolvidos dentro de 5 dias.
Art. 594 (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
DA APELAÇÃO Art. 595 (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011).

A apelação consiste no recurso interposto ao Tri- Apelação da Sentença Absolutória


bunal superior visando a reforma da sentença defi-
nitiva ou com força de definitiva. É um recurso amplo, Art. 596 A apelação da sentença absolutória não
pois, como regra, devolve toda a matéria impugnada impedirá que o réu seja posto imediatamente em
para o juízo ad quem. liberdade.
Parágrafo único. A apelação não suspenderá a execu-
Prazo e Cabimento ção da medida de segurança aplicada provisoriamente.
Art. 593 Caberá apelação no prazo de 5 (cinco)
A apelação de sentença absolutória não tem efeito
dias
I - das sentenças definitivas de condenação ou
suspensivo: se o réu estiver preso preventivamente
absolvição proferidas por juiz singular; quando da sentença e por ela for absolvido, deve ser
II - das decisões definitivas, ou com força de colocado imediatamente em liberdade. O que o caput
definitivas, proferidas por juiz singular nos do art. 596 quer dizer é que, ainda que haja recurso
casos não previstos no Capítulo anterior; por parte da acusação, o réu deve permanecer em
III - das decisões do Tribunal do Júri, quando: liberdade.
a) ocorrer nulidade posterior à pronúncia; O parágrafo único do art. 596 foi revogado em
b) for a sentença do juiz-presidente contrária à lei 1984, quando se deixou de aplicar provisoriamente
expressa ou à decisão dos jurados; medida de segurança.
c) houver erro ou injustiça no tocante à aplicação
da pena ou da medida de segurança; Apelação Contra Condenação – Efeito Suspensivo
d) for a decisão dos jurados manifestamente con-
trária à prova dos autos. Art. 597 A apelação de sentença condenatória
§ 1º Se a sentença do juiz-presidente for contrária terá efeito suspensivo, salvo o disposto no art.
à lei expressa ou divergir das respostas dos jura- 393, a aplicação provisória de interdições de direi-
dos aos quesitos, o tribunal ad quem fará a devida tos e de medidas de segurança (arts. 374 e 378), e o
retificação. caso de suspensão condicional de pena.
§ 2º Interposta a apelação com fundamento no no
III, c, deste artigo, o tribunal ad quem, se Ihe der
Ao contrário da sentença absolutória, cujo efeito
provimento, retificará a aplicação da pena ou da
é apenas devolutivo, o recurso em face da sentença
126 medida de segurança.
condenatória tem efeito suspensivo, ou seja, a senten- de intimação, por certificação do oficial de justiça de
ça não é executada até que haja o trânsito em julgado que o réu manifesta seu desejo de recorrer ou, ainda,
(esgotamento das vias recursais), como forma de se por meio da simples manifestação manuscrita de ter-
garantir o princípio da presunção de inocência. mo como “recorro”.
Assim, se o réu for condenado e a defesa apelar, o O prazo para apelar, como também já visto, é de
recurso é recebido somente no efeito suspensivo, ou 5 dias. Recebida a apelação, abre-se o prazo de 8 dias
seja, não ocorre o recolhimento à prisão como conse- para o oferecimento das razões recursais (apresenta-
quência da condenação. ção dos fatos e fundamentos nos quais o recorrente
O art. 597 apresenta, em seu texto, três exceções, baseia seu pedido de revisão); juntadas as razões aos
isto é, situações nas quais a sentença condenatória autos, abre-se novo prazo, de 8 dias, para que a parte
surtiria efeitos mesmo que houvesse apelação; no contrária apresente suas contrarrazões.
entanto, nenhuma delas se aplica: o mencionado art. Observe que, caso se trate de processo relativo à
393 foi revogado pela Lei nº 12.403/11; a aplicação contravenção, o prazo é menor (3 dias).
provisória de interdição de direito e de medida de
segurança não existem mais desde 1984; e, finalmen- § 1º Se houver assistente, este arrazoará, no pra-
te, o que diz respeito à suspensão condicional da pena zo de três dias, após o Ministério Público.
também foi revogado pela Lei nº 7.210/84.
Dessa forma, em relação a este artigo, pode ser Assistente de acusação é o terceiro (vítima, seu
objeto de prova somente os efeitos da apelação em representante legal ou seu sucessor, no caso de ausên-
relação à sentença condenatória que, como visto, são cia ou morte) que é legitimado a ingressar no polo
os devolutivos e os suspensivos. ativo (acusação) das ações penais públicas. Caso haja
assistente de acusação, este se manifesta apresentan-
Apelação do Ofendido do suas razões, após a manifestação do MP, no prazo
de 3 dias.
Art. 598 Nos crimes de competência do Tribunal
do Júri, ou do juiz singular, se da sentença não for § 2º Se a ação penal for movida pela parte ofen-
interposta apelação pelo Ministério Público no pra- dida, o Ministério Público terá vista dos autos, no
zo legal, o ofendido ou qualquer das pessoas prazo do parágrafo anterior.
enumeradas no art. 31, ainda que não se tenha
habilitado como assistente, poderá interpor apela- Da mesma forma que no parágrafo anterior, caso
ção, que não terá, porém, efeito suspensivo. a ação seja movida pelo ofendido (ação penal priva-
Parágrafo único. O prazo para interposição desse da), o Ministério Público manifesta-se em 3 dias após a
recurso será de quinze dias e correrá do dia em
apresentação das razões pelo querelante (quem apre-
que terminar o do Ministério Público.
sentou a queixa-crime).
A maioria dos crimes previstos na lei penal se pro-
§ 3º Quando forem dois ou mais os apelantes ou
cede mediante ação pública, tendo o Ministério Públi- apelados, os prazos serão comuns.
co como parte acusatória principal; dessa forma, caso
a acusação não tenha sucesso, tanto nos crimes de
Havendo dois ou mais apelantes ou apelados, os
competência do júri quanto nos de juiz singular, o MP
prazos serão comuns, isto é, todos devem apresentar
tem a preferência para apelar.
suas razões ou contrarrazões dentro do mesmo prazo.
No entanto, quando o MP não recorre, conforme
dispõe o art. 598, a lei permite que a vítima ou seus
§ 4º Se o apelante declarar, na petição ou no ter-
sucessores possam apelar. O prazo de interposição é mo, ao interpor a apelação, que deseja arrazoar
especial, passando a ser de 15 dias após o dia em na superior instância serão os autos remetidos ao
que terminar o prazo do Ministério Público. tribunal ad quem onde será aberta vista às partes,
observados os prazos legais, notificadas as partes
Conteúdo da Apelação pela publicação oficial.

Art. 599 As apelações poderão ser interpostas O apelante pode optar por oferecer suas razões
quer em relação a todo o julgado, quer em rela- quando os autos já estiverem no Tribunal; para tanto,
ção a parte dele. deve informar que assim quer agir, quando da inter-
DIREITO PROCESSUAL PENAL

posição do recurso. O entendimento é de que somente


O apelante pode recorrer da decisão como um todo a defesa pode exercer tal faculdade, nunca o MP.
ou somente em relação a parte dela (somente em rela-
ção à pena ou ao regime aplicado, por exemplo). Remessa dos Autos

Razões e Contrarrazões Art. 601 Findos os prazos para razões, os autos


serão remetidos à instância superior, com as
Art. 600 Assinado o termo de apelação, o ape- razões ou sem elas, no prazo de 5 (cinco) dias,
lante e, depois dele, o apelado terão o prazo de salvo no caso do art. 603, segunda parte, em que o
oito dias cada um para oferecer razões, salvo nos prazo será de trinta dias.
processos de contravenção, em que o prazo será § 1º Se houver mais de um réu, e não houverem
de três dias. todos sido julgados, ou não tiverem todos apelado,
caberá ao apelante promover extração do traslado
Conforme visto nos comentários ao art. 578, a ape- dos autos, o qual deverá ser remetido à instância
lação pode ser apresentada por termo, por petição ou superior no prazo de trinta dias, contado da data
por outros meios como cota nos autos ou no mandado da entrega das últimas razões de apelação, ou do 127
vencimento do prazo para a apresentação das do Embargos Infringentes e de Nulidade
apelado.
Parágrafo único. Quando não for unânime a deci-
§ 2º As despesas do traslado correrão por conta de
são de segunda instância, desfavorável ao réu,
quem o solicitar, salvo se o pedido for de réu pobre admitem-se embargos infringentes e de nuli-
ou do Ministério Público. dade, que poderão ser opostos dentro de 10 (dez)
dias, a contar da publicação de acórdão, na forma
Encerrados os prazos para a apresentação das do art. 613. Se o desacordo for parcial, os embargos
razões e contrarrazões, os autos são encaminha- serão restritos à matéria objeto de divergência.
dos, em 5 dias, ao Tribunal (ainda que as razões não
Os Julgamentos nos Tribunais são realizados
tenham sido apresentadas). O prazo passa para 30
por órgãos colegiados; dessa forma, tanto podem ser
dias caso seja necessário extrair cópias de parte dos
unânimes, no sentido de absolver ou condenar, como
autos para arquivo (art. 603). pode haver divergência (por exemplo, dois votos pela
Quando um réu apela, mas ainda existem outros condenação e um pela absolvição, sendo este último
que ainda não recorreram, deve ser providenciado chamado de voto vencido).
o traslado das cópias, cujo custo fica por conta do Os Embargos Infringentes e de Nulidade são
apelante. um recurso exclusivo da defesa e tem como objetivo
Vale apenas comentar que, com a implementação garantir uma segunda análise da matéria (por exem-
do processo eletrônico este é mais um dispositivo do plo, no Tribunal de Justiça, a câmara é composta por
CPP que perde sua utilidade, uma vez que não existe 5 desembargadores, mas apenas 3 deles participam
mais o trâmite físico dos autos. da turma julgadora; caso a decisão seja proferida pela
maioria, isto é 2 dos 3 votos, os embargos vão servir
Art. 602 Os autos serão, dentro dos prazos do arti- para chamar os outros 2 desembargadores para que
go anterior, apresentados ao tribunal ad quem ou participem do julgamento). É um tipo único de recur-
entregues ao Correio, sob registro. so, mas é denominado infringente se os embargos
Art. 603 A apelação subirá nos autos originais e, tratarem de questão de direito penal (material); por
a não ser no Distrito Federal e nas comarcas que outro lado, são chamados de embargos de nulidade
forem sede de Tribunal de Apelação, ficará em car- se tiverem por objeto questão de direito processual
tório traslado dos termos essenciais do processo (se tiverem por objeto tanto questões de direito mate-
referidos no art. 564, n. III.
rial quanto de direito processual, são chamados de
embargos infringentes e de nulidade).
Os embargos infringentes e de nulidade são aplicá-
Os arts. 602 e 603 são dois outros dispositivos que
veis aos julgamentos de apelação, recurso em sentido
dificilmente terão aplicação tendo em vista a adoção estrito e de agravo em execução (este último pois foi
do processo eletrônico. um recurso previsto pela Lei de Execução Penal insti-
tuído para substituir o recurso em sentido estrito em
Art. 604 (Revogado pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
certas situações).
Art. 605 (Revogado pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
O recurso segue o procedimento previsto no art.
Art. 606 (Revogado pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
613, do CPP.
PROTESTO POR NOVO JÚRI
Procedimento no Tribunal – Apelação Especial
Art. 607 (Revogado pela Lei nº 11.689, de 2008). ou Sumária (Delitos Apenados com Detenção ou
Art. 608 (Revogado pela Lei nº 11.689, de 2008). Contravenções)

O protesto por novo júri consistia em um recurso Art. 610 Nos recursos em sentido estrito, com
contra decisões condenatórias tomadas pelo Tribunal exceção do de habeas corpus, e nas apelações
do Júri, em que se buscava um novo julgamento, ten- interpostas das sentenças em processo de con-
travenção ou de crime a que a lei comine pena
do em vista a imposição de penas muito elevadas. Este
de detenção, os autos irão imediatamente com vis-
recurso foi extinto pela Lei nº 11.689/08. ta ao procurador-geral pelo prazo de cinco dias, e,
em seguida, passarão, por igual prazo, ao relator,
DO PROCESSO E DO JULGAMENTO DOS RECURSOS que pedirá designação de dia para o julgamento.
EM SENTIDO ESTRITO E DAS APELAÇÕES, NOS Parágrafo único. Anunciado o julgamento pelo pre-
TRIBUNAIS DE APELAÇÃO sidente, e apregoadas as partes, com a presença
destas ou à sua revelia, o relator fará a exposição
Os arts. 609 ao 618 trazem disposições relativas ao do feito e, em seguida, o presidente concederá, pelo
julgamento dos RESE, apelações e embargos. Os dois prazo de 10 (dez) minutos, a palavra aos advoga-
primeiros já foram vistos; os embargos vamos estudá- dos ou às partes que a solicitarem e ao procurador-
-los logo na sequência. -geral, quando o requerer, por igual prazo.

Art. 609 Os recursos, apelações e embargos serão O art. 610 disciplina um procedimento especial de
julgados pelos Tribunais de Justiça, câmaras ou julgamento dos crimes apenados com detenção e das
turmas criminais, de acordo com a competência contravenções (denominado de apelação especial ou
estabelecida nas leis de organização judiciária. apelação sumária). O procedimento dos crimes ape-
nados com reclusão (mais graves) está previsto no art.
Os recursos em sentido estrito, apelações e embargos 613.
são julgados pelos Tribunais dentro das competências O procedimento previsto no art. 610 é mais curto,
estabelecidas pela Constituição Federal, Constituição tendo em vista que os crimes apenados com detenção
Estadual, lei de organização judiciária estadual e final- e as contravenções também adotam um procedimen-
128 mente, pelos regimentos internos das cortes. to mais célere no julgamento em primeiro grau.
Esquematicamente, o procedimento do art. 610 é § 1º Havendo empate de votos no julgamento de
o seguinte: recursos, se o presidente do tribunal, câmara ou
turma, não tiver tomado parte na votação, profe-
Dia do julgamento rirá o voto de desempate; no caso contrário,
Relator (5 dias)
Procurador-Geral
Pede dia para julgar
Relator faz prevalecerá a decisão mais favorável ao réu.
exposição
§ 2º O acórdão será apresentado à conferência
na primeira sessão seguinte à do julgamento, ou
no prazo de duas sessões, pelo juiz incumbido de
lavrá-lo.
Sustentação oral
Procurador-Geral
advogados/partes
(10 min)
(10 min) O procedimento previsto no art. 615 aplica-se, tam-
bém, aos demais recursos. Os julgamentos são decidi-
dos pela maioria dos magistrados; em caso de empate,
Art. 611 (Revogado pelo Decreto-Lei nº 552/69).
este é entendido em favor do réu.
Art. 612 Os recursos de habeas corpus, designa-
do o relator, serão julgados na primeira sessão.
Execução de Atos Diretamente pelo Tribunal
O habeas corpus, por sua natureza, deve ser jul-
gado com celeridade. Nesse sentido, o art. 612 dispõe Art. 616 No julgamento das apelações poderá o tri-
bunal, câmara ou turma proceder a novo interro-
que o habeas corpus deve ser julgado logo na primeira
gatório do acusado, reinquirir testemunhas ou
sessão em que se reunir a turma julgadora, logo após
determinar outras diligências.
ter sido designado o relator.
O art. 616 dispõe sobre a possibilidade do tribunal,
Procedimento no Tribunal – Apelação Comum
quando do julgamento da apelação, realizar diligên-
(Delitos Apenados com Reclusão)
cias supletivas com a finalidade de colher elementos
de prova.
Art. 613 As apelações interpostas das sentenças
proferidas em processos por crime a que a lei comi-
ne pena de reclusão, deverão ser processadas e Art. 617 O tribunal, câmara ou turma atenderá nas
julgadas pela forma estabelecida no Art. 610, suas decisões ao disposto nos arts. 383, 386 e 387,
com as seguintes modificações: no que for aplicável, não podendo, porém, ser agra-
vada a pena, quando somente o réu houver apelado
da sentença.
IMPORTANTE!
O órgão de segundo grau pode dar nova definição
Após as modificações trazidas ao CPP pela Lei jurídica ao fato (art. 383) ou absolver (nos moldes do
nº 11.719/08, a apelação comum é adotada art. 386) ou condenar o réu (de acordo os parâmetros
não nos delitos cuja pena prevista é a reclusão, do art. 387); no entanto, é proibido o que se chama de
mas nos crimes cuja sanção máxima prevista reformatio in pejus (reforma para pior), isto é, a hipó-
seja igual ou superior a 4 anos de pena privativa tese de o réu recorrer contra uma decisão e, ao invés
de liberdade, seja de detenção ou de reclusão. de conseguir uma decisão favorável, acaba por obter
No entanto, para fins de sua prova, lembre-se uma modificação mais prejudicial.
somente que o procedimento do art. 610 (mais
lento) é reservado aos crimes apenados com Art. 618 Os regimentos dos Tribunais de Apelação
reclusão. estabelecerão as normas complementares para
o processo e julgamento dos recursos e apelações.

I - exarado o relatório nos autos, passarão estes ao O art. 618 dispõe que os regimentos internos do
revisor, que terá igual prazo para o exame do pro- Tribunais devem estabelecer normas complementa-
cesso e pedirá designação de dia para o julgamento; res para o processo e o julgamento dos recursos.
II - os prazos serão ampliados ao dobro;
III - o tempo para os debates será de um quarto DOS EMBARGOS
de hora.
DIREITO PROCESSUAL PENAL

Os arts: 619 e 620 disciplinam os chamados embar-


Veja que o procedimento é o mesmo previsto no gos de declaração.
art. 610, com as modificações trazidas nos incisos do
art. 613. A única modificação realmente significativa é Art. 619 Aos acórdãos proferidos pelos Tribunais
a inclusão do revisor; as demais modificações cuidam de Apelação, câmaras ou turmas, poderão ser opos-
somente de prazos. tos embargos de declaração, no prazo de dois dias
contados da sua publicação, quando houver na sen-
Art. 614 No caso de impossibilidade de observân- tença ambiguidade, obscuridade, contradição
cia de qualquer dos prazos marcados nos arts. 610 ou omissão.
e 613, os motivos da demora serão declarados nos Art. 620 Os embargos de declaração serão deduzi-
autos. dos em requerimento de que constem os pontos
em que o acórdão é ambíguo, obscuro, contraditó-
O art. 614 prevê que o não cumprimento dos prazos rio ou omisso.
estabelecidos nos arts. 610 e 613 devem ser justificados. § 1º O requerimento será apresentado pelo relator e
julgado, independentemente de revisão, na primei-
Art. 615 O tribunal decidirá por maioria de votos. ra sessão. 129
§ 2º Se não preenchidas as condições enumera- z Surgimento de novas provas da inocência do
das neste artigo, o relator indeferirá desde logo o condenado: Trata-se do surgimento de provas
requerimento. inéditas, que apareceram depois da sentença con-
denatória e que tenham valor para alterar o resul-
Os embargos de declaração ou embargos declara- tado da decisão (inciso III);
tórios são recursos interpostos para o mesmo órgão z Surgimento de novas provas que permitam a
que prolatou a decisão, dentro do prazo de 2 dias. Bus- diminuição da pena: Aqui, não se trata de pro-
cam sanar: vas de inocência, mas, sim, de provas inéditas que
possam levar à diminuição da pena, como, por
z Ambiguidade; exemplo, o reconhecimento de arrependimento
z Obscuridade; posterior (art. 16 do CP).
z Contradição; ou
z Omissão do acórdão (sentença proferida pelo ór- Prazo da Revisão
gão de segunda instância). Art. 622 A revisão poderá ser requerida em qual-
quer tempo, antes da extinção da pena ou após.
Obrigatoriamente deve constar dos embargos de Parágrafo único. Não será admissível a reiteração
declaração os pontos ambíguos, obscuros, contraditó- do pedido, salvo se fundado em novas provas.
rios ou omissos, sob pena de indeferimento do recur-
so (art. 620). A revisão pode ser proposta a qualquer tem-
po, inclusive após a morte do condenado, conforme
DA REVISÃO determina o art. 623.

Legitimidade para Pedir a Revisão


Os arts. 621 ao 631, do CPP, são dedicados à revisão
criminal. Art. 623 A revisão poderá ser pedida pelo próprio
A revisão criminal, muito embora possa funcionar réu ou por procurador legalmente habilitado ou,
como recurso, na verdade é uma ação de rescisão, no caso de morte do réu, pelo cônjuge, ascendente,
isto é, uma ação que se ingressa direito no tribunal descendente ou irmão.
competente, nos casos previstos em lei, buscando o
reexame de uma decisão em um processo já encerra- Como já havia sido mencionado, a revisão é uma
do, com a finalidade de obter a alteração da classifica- ação privativa do condenado, que pode nomear pro-
ção, da infração, a absolvição do réu, a modificação da curador legalmente habilitado (ou seja, profissional
pena ou a anulação do processo. com registro na OAB). Em caso de morte, ele pode ser
As hipóteses que autorizam o réu condenado a substituído pelas pessoas que constam no rol taxativo
ingressar com a revisão estão no art. 621, do CPP: do art. 623: cônjuge (ou companheiro, tendo em vista
o reconhecimento, pela Constituição, da união estável
Art. 621 A revisão dos processos findos será como entidade familiar), ascendente (pais, avós etc.),
admitida: descendente (filhos, netos etc.) ou irmão.
I - quando a sentença condenatória for contrária O Ministério Público não tem legitimidade para
ao texto expresso da lei penal ou à evidência pedir a revisão criminal.
dos autos;
II - quando a sentença condenatória se fundar em Da Competência para a Revisão
depoimentos, exames ou documentos comprovada-
mente falsos;
Art. 624 As revisões criminais serão processadas
III - quando, após a sentença, se descobrirem novas
e julgadas:
provas de inocência do condenado ou de circuns-
I - pelo Supremo Tribunal Federal, quanto às conde-
tância que determine ou autorize diminuição
nações por ele proferidas;
especial da pena.
II - pelo Tribunal Federal de Recursos, Tribunais de
A revisão criminal somente pode ser ajuizada con- Justiça ou de Alçada, nos demais casos.
tra decisão em processo findo, ou seja, já transitado § 1º No Supremo Tribunal Federal e no Tribunal
em julgado. Caso ainda haja algum recurso pendente Federal de Recursos o processo e julgamento obe-
em relação ao processo, não cabe a revisão. decerão ao que for estabelecido no respectivo regi-
O art. 621 apresenta um rol taxativo (lista fecha- mento interno.
da) de hipóteses de cabimento de revisão: § 2º Nos Tribunais de Justiça ou de Alçada, o jul-
gamento será efetuado pelas câmaras ou turmas
z Sentença condenatória que contraria texto criminais, reunidas em sessão conjunta, quando
expresso de lei penal: Ocorre quando o juiz, em houver mais de uma, e, no caso contrário, pelo tri-
sua decisão, utilizou argumentos opostos aos que bunal pleno.
constam na lei penal ou processual penal (inciso I); § 3º Nos tribunais onde houver quatro ou mais
z Sentença condenatória que contraria a evidên- câmaras ou turmas criminais, poderão ser consti-
cia dos autos: Dá-se quando o juiz condena o réu tuídos dois ou mais grupos de câmaras ou turmas
decidindo frontalmente contra as provas que cons- para o julgamento de revisão, obedecido o que for
tam nos autos (inciso I); estabelecido no respectivo regimento interno.
z Sentença condenatória fundamentada em de-
poimentos, exames ou documentos falsos: Não Trata-se de um artigo desatualizado em vários
se trata de suspeita de fraude, mas, sim, de com- pontos. Os Tribunais de Alçada, por exemplo, foram
provação de que o depoimento, exame ou docu- extintos pela Emenda Constitucional nº 45/2004; já o
mento, além de ser falso, tenha sido usado para Tribunal Federal de Recursos foi extinto pela Consti-
formar o convencimento do juiz que proferiu a tuição de 1988 e, em seu lugar, foram criados os Tri-
130 sentença condenatória (inciso II); bunais Regionais Federais.
O importante é lembrar que a revisão criminal é Consequências da Absolvição
processada pelos tribunais, nunca por um juiz de pri-
meira instância. Assim, pode ser julgada pelos Tribu- Art. 626 Julgando procedente a revisão, o tribu-
nais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, pelos nal poderá alterar a classificação da infração,
Tribunais Regionais Federais, pelos Tribunais da Jus- absolver o réu, modificar a pena ou anular o
tiça Militar e da Justiça Eleitoral, pelas Turmas Recur- processo.
sais dos Juizados Especiais, pelo Superior Tribunal de
Justiça e pelo Supremo Tribunal Federal. Sendo julgado procedente o pedido, o tribunal pode:

Do Procedimento Revisão Jugalda


Procedente
Art. 625 O requerimento será distribuído a um rela-
tor e a um revisor, devendo funcionar como relator
um desembargador que não tenha pronunciado Alterar a
Anular o
classificação da Absolver o réu Modificar a pena
decisão em qualquer fase do processo. infração
processo

Apenas o relator não pode ter participado do pro-


cesso anterior; em relação aos demais magistrados, Parágrafo único. De qualquer maneira, não pode-
não há impedimento. rá ser agravada a pena imposta pela decisão
revista.
§ 1º O requerimento será instruído com a certidão
de haver passado em julgado a sentença condena-
tória e com as peças necessárias à comprovação Importante!
dos fatos argüidos.
Na revisão criminal, é proibida a chamada refor-
matio in pejus, ou seja, não pode o tribunal, ao
Na revisão criminal, o ônus da prova é do réu con-
denado; é ele quem deve trazer aos autos as provas de julgar a revisão, agravar, de qualquer modo, a
sua alegação. situação do condenado. Caso o tribunal agrave a
situação, de qualquer modo, cabe a interposição
§ 2º O relator poderá determinar que se apensem de habeas corpus.
os autos originais, se daí não advier dificuldade à
execução normal da sentença.
§ 3º Se o relator julgar insuficientemente ins- Art. 627 A absolvição implicará o restabeleci-
truído o pedido e inconveniente ao interesse da mento de todos os direitos perdidos em virtu-
justiça que se apensem os autos originais, indefe- de da condenação, devendo o tribunal, se for caso,
ri-lo-á in limine, dando recurso para as câmaras impor a medida de segurança cabível.
reunidas ou para o tribunal, conforme o caso (art.
624, parágrafo único). A absolvição implica na restituição de todos os
§ 4º Interposto o recurso por petição e independen- direitos perdidos na condenação, não só os relativos à
temente de termo, o relator apresentará o processo
aplicação da pena: deixa de constar registro de maus
em mesa para o julgamento e o relatará, sem tomar
parte na discussão.
antecedentes; não conta para fins de reincidência;
deixa de constar no rol dos culpados; deixa de ter
obrigação de indenizar o dano etc.
Caso o pedido de revisão não venha suficiente-
mente instruído (acompanhado dos documentos ne- A parte final do art. 627 faz referência à medida
cessários) ou fundamentado, o relator pode indeferir de segurança: trata-se da hipótese de o juiz de primei-
o pedido logo no início (§ 3º); desta decisão, cabe re- ra instância ter condenado, à época dos fatos, pessoa
curso para os demais magistrados (§ 4º). inimputável, ao invés de ter aplicado a ela medida de
Caso seja decidido pelo indeferimento da inicial, o segurança. Ao corrigir tal falha, o Tribunal pode apli-
processo é extinto sem julgamento de mérito. Nesta car a referida medida.
hipótese, não há impedimento de que o condenado
requeira novamente a revisão. Art. 628 Os regimentos internos dos Tribunais de
Apelação estabelecerão as normas complemen-
§ 5º Se o requerimento não for indeferido in limine, tares para o processo e julgamento das revisões
criminais.
DIREITO PROCESSUAL PENAL

abrir-se-á vista dos autos ao procurador-geral, que


dará parecer no prazo de dez dias. Em seguida, exa-
minados os autos, sucessivamente, em igual prazo, De acordo com o art. 618, os regimentos internos
pelo relator e revisor, julgar-se-á o pedido na sessão do Tribunais devem estabelecer normas complemen-
que o presidente designar. tares para o processo e o julgamento das revisões
criminais.
Não sendo o caso de indeferimento liminar (no
início), ou seja, estando regularmente instruído e fun- Execução da Sentença Absolutória
damentado o pedido de revisão, os autos são enca-
minhados ao procurador-geral, que tem 10 dias para Art. 629 À vista da certidão do acórdão que cassar
manifestar-se; na sequência, manifestam-se o relator a sentença condenatória, o juiz mandará juntá-la
e o revisor (sucessivamente em 10 dias, cada) e, final- imediatamente aos autos, para inteiro cumpri-
mente, o processo é julgado. mento da decisão.

Ao tomar ciência do acórdão proferido pelo Tribu-


nal que manda cassar a sentença, o juiz de primeira 131
instância deve mandar que se junte imediatamente a z Decisão que contraria dispositivo constitucional;
decisão aos autos para seu integral cumprimento; se z Decisão que declara a inconstitucionalidade de tra-
for o caso de absolvição e estando o réu preso, deve tado ou lei federal;
mandar soltá-lo imediatamente, além de determinar z Decisão que julga válida lei ou ato de governo local
o restabelecimento de todos os direitos perdidos pelo contestado em face da Constituição;
condenado. z Decisão que julga válida lei local contestada em
face de lei federal.
Da Indenização
Art. 632 (Revogado pela Lei nº 3.396, de 2.6.1958):
Art. 630 O tribunal, se o interessado o requerer, Art. 633 (Revogado pela Lei nº 3.396, de 2.6.1958):
poderá reconhecer o direito a uma justa indeniza- Art. 634 (Revogado pela Lei nº 3.396, de 2.6.1958):
ção pelos prejuízos sofridos. Art. 635 (Revogado pela Lei nº 3.396, de 2.6.1958):
§ 1º Por essa indenização, que será liquidada no juí- Art. 636 (Revogado pela Lei nº 3.396, de 2.6.1958):
zo cível, responderá a União, se a condenação tiver
sido proferida pela justiça do Distrito Federal ou de O recurso extraordinário segue a sistemática pre-
Território, ou o Estado, se o tiver sido pela respec- vista no Código de Processo Civil, estando, desta for-
tiva justiça. ma, revogados os arts. 632 ao 636, do CPP.
§ 2º A indenização não será devida:
a) se o erro ou a injustiça da condenação proceder Efeito Meramente Devolutivo
de ato ou falta imputável ao próprio impetrante,
como a confissão ou a ocultação de prova em seu Art. 637 O recurso extraordinário não tem efeito
poder; suspensivo, e uma vez arrazoados pelo recorrido
b) se a acusação houver sido meramente privada. os autos do traslado, os originais baixarão à pri-
meira instância, para a execução da sentença.
Ao ingressar com a ação de revisão, o condena-
do pode requerer que seja reconhecido o direito à A questão dos efeitos do recurso extraordinário é
uma indenização em face de erro judiciário. Veja que marcada por idas e vindas na jurisprudência do STF
somente será possível tal indenização se ela for reque- (possibilidade ou não da execução da pena após o jul-
rida pelo impetrante. gamento em segunda instância).
O § 2º apresenta duas hipóteses em que não será Entre 1988 e 2008, o entendimento do STF foi de
devida a indenização; a primeira ocorre quando o que o recurso extraordinário não teria efeito suspen-
erro ou a injustiça da condenação são causados pelo sivo, o que permitia a antecipação do momento da
próprio condenado; já a segunda veda a indenização execução da condenação, para que tivesse início antes
no caso de ação privada. Em relação a esta última, o do trânsito em julgado.
entendimento é por sua inconstitucionalidade, uma Entre 2009 e 2016, a posição mudou, e a exigência
vez que o inciso LXXV, do art. 5º, da CF, determina que de trânsito em julgado foi a que prevaleceu.
o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, Após 2016, a corte retornou ao entendimento ante-
assim como o que ficar preso além do tempo na senten- rior a 2009 (veja, por exemplo: RE 1158593, Relator
ça, independentemente de ser a ação pública ou pri- Min. CELSO DE MELLO, julgado em 24/10/2018 e RE
1172224, Relatora Min. CÁRMEN LÚCIA, julgado em
vada (em ambas, o erro é praticado pelo juiz, devendo
18/12/2018).
o Estado responder por tais falhas). Então, para nós interessa saber que o recurso
extraordinário não tem efeito suspensivo, isto é,
Do Curador somente possui o efeito devolutivo (aquele que devol-
ve a análise da causa à instância superior).
Art. 631 Quando, no curso da revisão, falecer
a pessoa, cuja condenação tiver de ser revista, o Art. 638 O recurso extraordinário e o recurso
presidente do tribunal nomeará curador para a especial serão processados e julgados no Supre-
defesa. mo Tribunal Federal e no Superior Tribunal de
Justiça na forma estabelecida por leis especiais,
O curador, preferencialmente um advogado, con- pela lei processual civil e pelos respectivos regi-
siste na pessoa nomeada para acompanhar a revi- mentos internos.
são criminal no caso do falecimento do revisionando
O procedimento de ambos os recursos menciona-
(aquele que pede a revisão), uma vez que o processo
dos no art. 638 encontram-se disciplinados nos arts.
não é extinto com a morte do condenado. No caso de
1.029 e seguintes do Código de Processo Civil.
substituição por cônjuge ou algum dos parentes pre-
vistos em Lei, não é necessária a figura do curador. DA CARTA TESTEMUNHÁVEL

DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO A carta testemunhável está prevista entre os arts.


639 e 646, do CPP.
Os arts. 632 ao 638, do CPP, dispõem sobre o recur-
Art. 639 Dar-se-á carta testemunhável:
so extraordinário. Ele consiste em um recurso excep-
I - da decisão que denegar o recurso;
cional que visa a garantia da aplicação harmônica
II - da que, admitindo embora o recurso, obstar
da legislação infraconstitucional face ao que prevê a à sua expedição e seguimento para o juízo ad
Constituição Federal. quem.
Trata-se de um recurso previsto na própria CF e
que só é cabível nas hipóteses previstas no inciso III Trata-se de um recurso que tem como finali-
132 do art. 102: dade provocar o reexame de uma decisão que
indevidamente negou ou impediu o prosseguimen- aplicada após a realização do competente processo
to de outro recurso. Sua utilidade dá-se quando não administrativo, no qual são garantidos o contraditório
há outro recurso cabível para combater a decisão e a ampla defesa.
judicial que impediu o trâmite de algum recurso. Da A parte final do art. 642 cuida da avocação: caso a
denegação do recurso em sentido estrito, do agravo carta testemunhável não seja encaminhada ao tribu-
em execução e da correção parcial cabe a interposição nal, o recorrente (chamado de testemunhante) pode
de carta testemunhável. dirigir-se diretamente ao presidente do tribunal ad
quem (ao qual se recorre), e este vai avocar (chamar
Recurso Dirigido ao Escrivão ou Secretário do para si) os autos, bem como vai mandar apurar as res-
Tribunal ponsabilidades funcionais daqueles que obstaram o
seguimento do recurso.
Art. 640 A carta testemunhável será requerida ao
escrivão, ou ao secretário do tribunal, confor- Procedimento
me o caso, nas quarenta e oito horas seguintes
ao despacho que denegar o recurso, indicando o Art. 643 Extraído e autuado o instrumento, obser-
requerente as peças do processo que deverão ser var-se-á o disposto nos arts. 588 a 592, no caso de
trasladadas. recurso em sentido estrito, ou o processo estabeleci-
do para o recurso extraordinário, se deste se tratar.
O comum no processo penal é que, ainda que o juiz
seja o autor da decisão a ser impugnada, é a ele que Após a formação do instrumento de recurso, o
se dirige a petição de interposição de recurso (pois procedimento a ser seguido é o do recurso em sentido
ele tem o dever de encaminhar o pedido ao órgão estrito.
superior).
Já em relação à carta testemunhável, é que se trata Dica
de um recurso encaminhado ao escrivão ou secre-
tário do tribunal, para que este envie o recurso ao Não se usa mais carta testemunhável no caso de
tribunal competente, uma vez que não faria sentido obstáculo ao seguimento de recurso extraordiná-
encaminhar o pedido ao juiz que já negou a interpo- rio, uma vez que, neste caso, é cabível o recurso
sição do primeiro recurso. O escrivão ou secretário, de agravo dirigido ao Tribunal Superior.
conforme consta no art. 642, tem o dever de fazer
seguir a carta testemunhável, sob pena de respon- Decisões Possíveis por Parte do Tribunal
der por sua omissão.
O prazo para interposição da carta testemunhável Art. 644 O tribunal, câmara ou turma a que compe-
é de 48 horas, a contar da intimação da decisão do tir o julgamento da carta, se desta tomar conheci-
juiz que denegou o seguimento do recurso ou que obs- mento, mandará processar o recurso, ou, se estiver
tou seu prosseguimento. suficientemente instruída, decidirá logo, de meritis.
Cabe ao recorrente indicar as peças que devem
ser trasladas (copiadas) para formar o instrumento Recebida a carta testemunhável, o tribunal ad
recursal. quem tem quatro alternativas:

Art. 641 O escrivão, ou o secretário do tribunal, z Não conhecer a carta testemunhável (caso o recurso
dará recibo da petição à parte e, no prazo máxi- não seja cabível, caso tenha sido interposto fora do
mo de cinco dias, no caso de recurso no sentido prazo ou tenha sido interposto por parte ilegítima);
estrito, ou de sessenta dias, no caso de recurso z Conhecer a carta e dar provimento (determinando
extraordinário, fará entrega da carta, devidamente que o recurso obstado tenha prosseguimento);
conferida e concertada.
z Conhecer a carta e, ao invés de mandar subir o
O recibo é a garantia de que o recurso foi interpos- recurso obstado, julgar o mérito de tal recurso; ou
to tempestivamente (dentro do prazo). z Conhecer a carta e negar seu provimento (caso
entenda que o juiz tenha corretamente negado
Responsabilidade Funcional do Escrivão ou seguimento ao recurso).
Secretário
Procedimento da Carta Testemunhável No Tribunal
Art. 642 O escrivão, ou o secretário do tribunal, que
se negar a dar o recibo, ou deixar de entregar, Art. 645 O processo da carta testemunhável na ins-
DIREITO PROCESSUAL PENAL

sob qualquer pretexto, o instrumento, será sus- tância superior seguirá o processo do recurso
penso por trinta dias. O juiz, ou o presidente do denegado.
Tribunal de Apelação, em face de representação do
testemunhante, imporá a pena e mandará que seja
O procedimento a ser seguido pela carta teste-
extraído o instrumento, sob a mesma sanção, pelo
munhável no tribunal ad quem é o mesmo que teria
substituto do escrivão ou do secretário do tribunal.
o recurso obstado (na verdade, o procedimento do
Se o testemunhante não for atendido, poderá
reclamar ao presidente do tribunal ad quem, recurso em sentido estrito).
que avocará os autos, para o efeito do julgamento
do recurso e imposição da pena. Efeito

Conforme foi apontado em comentário anterior, Art. 646 A carta testemunhável não terá efeito
o escrivão ou secretário tem o dever de encaminhar suspensivo.
a carta testemunhável ao tribunal; caso não o faça,
responde na esfera administrativa por sua omissão. A carta testemunhável é recebida somente no
Vale lembrar que a punição prevista somente pode ser efeito devolutivo (somente devolve ao tribunal o 133
conhecimento da decisão que denegou o seguimento art. 5º, é mais ampla e genérica, abrangendo inúmeras
ao recurso). hipóteses que possam configurar ilegalidade ou abuso
de poder que ameace o direito de locomoção e dê cau-
DO HABEAS CORPUS E SEU PROCESSO sa à concessão da ordem de habeas corpus.

Os arts. 647 ao 667, do CPP, disciplinam o habeas I - quando não houver justa causa;
corpus.
A expressão habeas corpus significa “que tomes o A ausência de justa causa consiste na inexistência
corpo e o apresentes” e é um fragmento da ordem que de provas ou de requisitos legais para que alguém seja
era concedida pelos tribunais ingleses que dizia “tomai preso, submetido a algum constrangimento ou mes-
o corpo desse detido e vinde submeter ao tribunal o mo para que se instaure ou se mantenha investigação
homem e o caso” (habeas corpus ad subjiciendum). policial ou processo criminal.

Art. 647 Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém II - quando alguém estiver preso por mais tempo
sofrer ou se achar na iminência de sofrer vio- do que determina a lei;
lência ou coação ilegal na sua liberdade de ir e
vir, salvo nos casos de punição disciplinar. Diz respeito não somente ao cumprimento de
pena, mas, também, às prisões provisórias (flagrante,
O habeas corpus não é um recurso, mas sim uma temporária e preventiva).
ação de natureza constitucional (prevista no inciso
LXVIII, do art. 5º, da CF) que tem como finalidade evi- III - quando quem ordenar a coação não tiver
competência para fazê-lo;
tar ou fazer cessar violência ou coação à liberdade
IV - quando houver cessado o motivo que autori-
de locomoção causada por ilegalidade ou abuso de
zou a coação;
poder. V - quando não for alguém admitido a prestar
Veja que o habeas corpus é cabível tanto nas hipó- fiança, nos casos em que a lei a autoriza;
teses em que o constrangimento está prestes a ocorrer
quanto nas quais ele já está ocorrendo. Se a lei autoriza a fiança, não pode a autorida-
No primeiro caso (em que o constrangimento está de deixar de fixar seu valor e as condições para sua
prestes a acontecer), o habeas corpus é denominado obtenção.
preventivo, sendo expedido um salvo-conduto que
impede o constrangimento (§ 4º do art. 660) como, por VI - quando o processo for manifestamente
exemplo, no caso da garantia de não autoincrimina- nulo;
ção (direito de permanecer em silêncio). VII - quando extinta a punibilidade.
Na segunda hipótese (em que o constrangimento já
está ocorrendo), o habeas corpus é chamado de libe- Se o Estado perdeu o direito de punir ou de executar
ratório, sendo expedido um alvará de soltura (caso o a penal, não pode, logicamente, manter alguém preso.
indivíduo esteja ilegalmente preso) ou outra ordem
com a finalidade de fazer cessar a ilegalidade, como, Concessão de Liminar em Habeas Corpus
por exemplo, ordem para concessão de fiança; ordem
determinando a produção de prova; a decretação de Art. 649 O juiz ou o tribunal, dentro dos limites da
nulidade processual etc. sua jurisdição, fará passar imediatamente a ordem
A parte final do art. 647 veda expressamente a impetrada, nos casos em que tenha cabimento, seja
concessão de habeas corpus que tenha por objeto qual for a autoridade coatora.
a prisão disciplinar de militar. Tal disposição refle-
te a previsão contida no § 2º, do art. 142, da CF, que O art. 649, em conjunto com o que dispõe o § 2º do
afirma que “Não caberá habeas corpus em relação a art. 660, autoriza o juiz ou tribunal a conceder liminar
punições disciplinares militares”. a fim de que imediatamente se faça cessar o constran-
gimento. Nesse sentido, será expedida ordem de soltu-
Dica ra, liberando-se o paciente (o beneficiado pela ordem
de habeas corpus) que encontrar-se preso (desde que
Muito embora haja vedação expressa no § 2º, do não esteja detido por outro motivo).
art. 142, da CF, tem-se admitido, na jurisprudên- Todo magistrado tem a possibilidade de conceder a
cia, a concessão de ordem de habeas corpus no ordem de habeas corpus, desde que dentro dos limites
caso de prisão disciplinar arbitrária ilegal pratica- de sua competência, estabelecida por regras previstas
da com abuso. O que continua não sendo admi- na Constituição e em leis.
tido é o uso do habeas corpus como meio de
examinar o mérito e a conveniência da punição Competência dos Tribunais
disciplinar militar. O meio correto de se levar o
Art. 650 Competirá conhecer, originariamente, do
exame do mérito e da conveniência ao Judiciário
pedido de habeas corpus:
é por meio de uma ação junto à Justiça Federal.
Exceto por seu § 1º, que continua em vigor, todo
Caracterização da Coação Ilegal os demais dispositivos do art. 650 foram revogados ou
não foram recepcionados pela Constituição de 1988.
Art. 648 A coação considerar-se-á ilegal:
I - ao Supremo Tribunal Federal, nos casos previs-
O art. 648 apresenta uma lista exemplificativa tos no Art. 101, I, g, da Constituição;
das hipóteses em que se considera a coação ilegal. II - aos Tribunais de Apelação, sempre que os
Isso ocorre uma vez que a previsão constitucional do atos de violência ou coação forem atribuídos aos
134 habeas corpus, conforme consta no inciso LXVIII do governadores ou interventores dos Estados ou
Territórios e ao prefeito do Distrito Federal, ou a Legitimidade Ativa para Impetrar Habeas Corpus
seus secretários, ou aos chefes de Polícia.
§ 1º A competência do juiz cessará sempre que a Art. 654 O habeas corpus poderá ser impetrado por
violência ou coação provier de autoridade judiciá- qualquer pessoa, em seu favor ou de outrem,
ria de igual ou superior jurisdição. bem como pelo Ministério Público.

O § 1º cuida da impossibilidade de haver supres- Qualquer pessoa, física ou jurídica, nacional ou


são de instância no habeas corpus. De acordo com o estrangeira, ainda que analfabeta ou menor de idade,
referido parágrafo, por exemplo, sendo a autoridade pode impetrar habeas corpus, sem que haja necessida-
coatora um delegado de polícia, o juiz de 1ª instância de de advogado.
é competente para apreciar o pedido de habeas cor-
pus; caso o habeas corpus contra o ato do delegado de Dica
polícia seja interposto diretamente perante o tribunal
(órgão de 2ª instância), ocorre a supressão de instân- Quem ajuíza a ação de habeas corpus é deno-
cia, o que torna o tribunal incompetente para julgar minado impetrante; a pessoa em favor de quem
o pedido. solicita a ordem é chamada de paciente (podem
ser a mesma pessoa, inclusive). Já quem realiza
§ 2º Não cabe o habeas corpus contra a prisão a ameaça ou coação é denominado autoridade
administrativa, atual ou iminente, dos responsá- coatora.
veis por dinheiro ou valor pertencente à Fazenda
Pública, alcançados ou omissos em fazer o seu Vale destacar a legitimidade do Ministério Público
recolhimento nos prazos legais, salvo se o pedido
para impetrar o habeas corpus.
for acompanhado de prova de quitação ou de depó-
sito do alcance verificado, ou se a prisão exceder o
Requisitos da Petição
prazo legal.

Efeitos da Concessão § 1º A petição de habeas corpus conterá:


a) o nome da pessoa que sofre ou está ameaçada
Art. 651 A concessão do habeas corpus não obs- de sofrer violência ou coação e o de quem exercer
tará, nem porá termo ao processo, desde que a violência, coação ou ameaça;
este não esteja em conflito com os fundamentos b) a declaração da espécie de constrangimen-
daquela. to ou, em caso de simples ameaça de coação, as
Art. 652 Se o habeas corpus for concedido em virtu- razões em que funda o seu temor;
de de nulidade do processo, este será renovado. c) a assinatura do impetrante, ou de alguém a
seu rogo, quando não souber ou não puder escre-
Nos termos do art. 651, concedida a ordem de ver, e a designação das respectivas residências.
habeas corpus, o processo pode ou não prosseguir:
caso a ordem concedida seja apenas para, por exem- A petição de habeas corpus deve observar os requisi-
plo, liberar o paciente ou anular indiciamento, o tos estabelecidos no § 1º do art. 654. Conforme nota-se, é
bem simples e requer apenas as informações essenciais.
prosseguimento não é prejudicado. Por outro lado, se
for reconhecida, por exemplo, a extinção da punibi-
lidade ou a ausência de tipicidade do fato imputado
ao paciente, o processo ou inquérito fica proibido de
Nome do paciente e da autoridade
prosseguir. coatora
Já o art. 652 indica que, caso haja nulidade do
Requisitos da Petição

processo, este deve ser renovado (salvo se, conforme


comentado acima, se já estiver prescrito ou houver Fundamento (espécie de abuso ou
outra causa de extinção de punibilidade). ameaça)

Custas
Identificando do impetrante (assinatura +
Art. 653 Ordenada a soltura do paciente em virtu- residência)
de de habeas corpus, será condenada nas custas a
autoridade que, por má-fé ou evidente abuso de
DIREITO PROCESSUAL PENAL

poder, tiver determinado a coação.


Parágrafo único. Neste caso, será remetida ao
§ 2º Os juízes e os tribunais têm competência para
Ministério Público cópia das peças necessá-
expedir de ofício ordem de habeas corpus, quan-
rias para ser promovida a responsabilidade da do no curso de processo verificarem que alguém
autoridade. sofre ou está na iminência de sofrer coação ilegal.

O art. 653 não tem aplicação, uma vez que, confor- O § 2º dispõe sobre a admissibilidade de se conce-
me determina o inciso LXXVII, do art. 5º, da CF, a ação der habeas corpus de ofício (ou seja, de que o magis-
de habeas corpus é gratuita, não havendo custas a trado tome conhecimento da irregularidade e, sem
pagar (não há, portanto, como condenar a autoridade provocação, conceda a ordem).
ao pagamento).
No caso de má-fé ou evidente abuso de poder Art. 655 O carcereiro ou o diretor da prisão, o escri-
por parte da autoridade coatora, devem ser tomadas vão, o oficial de justiça ou a autoridade judiciária ou
somente as medidas que constam no parágrafo único policial que embaraçar ou procrastinar a expedição
do art. 653. de ordem de habeas corpus, as informações sobre 135
a causa da prisão, a condução e apresentação do o tribunal ordenará que cesse imediatamente o
paciente, ou a sua soltura, será multado na quantia constrangimento.
de duzentos mil-réis a um conto de réis, sem prejuízo § 3º Se a ilegalidade decorrer do fato de não ter sido
das penas em que incorrer. As multas serão impos- o paciente admitido a prestar fiança, o juiz arbitra-
tas pelo juiz do tribunal que julgar o habeas corpus, rá o valor desta, que poderá ser prestada perante
salvo quando se tratar de autoridade judiciária, ele, remetendo, neste caso, à autoridade os respec-
caso em que caberá ao Supremo Tribunal Federal ou tivos autos, para serem anexados aos do inquérito
ao Tribunal de Apelação impor as multas. policial ou aos do processo judicial.
§ 4º Se a ordem de habeas corpus for concedida para
São aplicáveis sanções penais e administrativas evitar ameaça de violência ou coação ilegal, dar-se-á
aos agentes que procrastinam o curso de habeas cor- ao paciente salvo-conduto assinado pelo juiz.
pus. Podem responder, por exemplo, por prevaricação § 5º Será incontinenti enviada cópia da decisão à
ou mesmo por desobediência, dependendo da situa- autoridade que tiver ordenado a prisão ou tiver o
paciente à sua disposição, a fim de juntar-se aos
ção (veja o caso do parágrafo único do art. 656).
autos do processo.
§ 6º Quando o paciente estiver preso em lugar que
Art. 656 Recebida a petição de habeas corpus, o
não seja o da sede do juízo ou do tribunal que con-
juiz, se julgar necessário, e estiver preso o paciente,
ceder a ordem, o alvará de soltura será expedido
mandará que este lhe seja imediatamente apresen-
pelo telégrafo, se houver, observadas as formalida-
tado em dia e hora que designar.
des estabelecidas no art. 289, parágrafo único, in
Parágrafo único. Em caso de desobediência, será
fine, ou por via postal.
expedido mandado de prisão contra o detentor, que
será processado na forma da lei, e o juiz providen- O habeas corpus demanda rápida solução. O trâ-
ciará para que o paciente seja tirado da prisão e mite da ação é célere e a decisão deve ser proferida
apresentado em juízo.
em 24 horas após o recebimento das informações por
parte da autoridade coatora.
Apesar de prevista em Lei, a apresentação do O interrogatório mencionado no caput, na prática,
paciente não é usual. No entanto, se houver ordem não mais ocorre.
para tal, seu descumprimento implica na prática de Caso a coação ainda não tenha se consumado, é o
crime de desobediência. caso da concessão de habeas corpus preventivo, hipó-
tese na qual o juiz emite uma ordem denominada sal-
Art. 657 Se o paciente estiver preso, nenhum moti- vo-conduto (§ 4º) que é o documento que garante que
vo escusará a sua apresentação, salvo: o paciente não sofra a violência iminente.
I - grave enfermidade do paciente;
Il - não estar ele sob a guarda da pessoa a quem se Art. 661 Em caso de competência originária do Tri-
atribui a detenção; bunal de Apelação, a petição de habeas corpus será
III - se o comparecimento não tiver sido determina- apresentada ao secretário, que a enviará imedia-
do pelo juiz ou pelo tribunal. tamente ao presidente do tribunal, ou da câmara
Parágrafo único. O juiz poderá ir ao local em que o criminal, ou da turma, que estiver reunida, ou pri-
paciente se encontrar, se este não puder ser apre- meiro tiver de reunir-se.
sentado por motivo de doença.
Os arts. 661 e seguintes dispõem sobre o procedi-
O art. 657 apresenta hipóteses nas quais a apresen- mento do habeas corpus nos tribunais, inclusive com
tação não é obrigatória. possibilidade da concessão de liminar.

Art. 658 O detentor declarará à ordem de quem o Art. 662 Se a petição contiver os requisitos do art.
paciente estiver preso. 654, § 1º, o presidente, se necessário, requisitará
da autoridade indicada como coatora informações
Detentor é o indivíduo que mantém o pacien- por escrito. Faltando, porém, qualquer daqueles
te preso sob sua custódia (por exemplo: o diretor do requisitos, o presidente mandará preenchê-lo, logo
presídio onde o paciente está recolhido por ordem da que lhe for apresentada a petição.
autoridade coatora). Pode ocorrer do coator ser tam- Art. 663 As diligências do artigo anterior não serão
bém o detentor, como no caso do delegado que man- ordenadas, se o presidente entender que o habeas
corpus deva ser indeferido in limine. Nesse caso,
tém o paciente preso para averiguação.
levará a petição ao tribunal, câmara ou turma,
Art. 659 Se o juiz ou o tribunal verificar que já ces- para que delibere a respeito.
Art. 664 Recebidas as informações, ou dispensadas,
sou a violência ou coação ilegal, julgará prejudica-
o habeas corpus será julgado na primeira sessão,
do o pedido.
podendo, entretanto, adiar-se o julgamento para a
sessão seguinte.
Se a violência ou a coação ilegal já tiverem cessa-
Parágrafo único. A decisão será tomada por maio-
do, a ação perde uma de suas condições, que é o inte- ria de votos. Havendo empate, se o presidente não
resse de agir (nessa hipótese, o habeas corpus não será tiver tomado parte na votação, proferirá voto de
conhecido e, consequentemente, não será julgado). desempate; no caso contrário, prevalecerá a deci-
são mais favorável ao paciente.
Art. 660 Efetuadas as diligências, e interrogado Art. 665 O secretário do tribunal lavrará a ordem
o paciente, o juiz decidirá, fundamentadamente, que, assinada pelo presidente do tribunal, câmara
dentro de 24 (vinte e quatro) horas. ou turma, será dirigida, por ofício ou telegrama, ao
§ 1º Se a decisão for favorável ao paciente, será detentor, ao carcereiro ou autoridade que exercer
logo posto em liberdade, salvo se por outro motivo ou ameaçar exercer o constrangimento.
dever ser mantido na prisão. Parágrafo único. A ordem transmitida por telegra-
§ 2º Se os documentos que instruírem a petição ma obedecerá ao disposto no art. 289, parágrafo
136 evidenciarem a ilegalidade da coação, o juiz ou único, in fine.
Art. 666 Os regimentos dos Tribunais de Apelação Composição dos Juizados Especiais Criminais
estabelecerão as normas complementares para o
processo e julgamento do pedido de habeas corpus O art. 60 da Lei nº 9.099/95 dispõe que os juizados
de sua competência originária. especiais criminais são compostos por juízes togados,
Art. 667 No processo e julgamento do habeas cor- somente, ou por juízes togados e leigos.
pus de competência originária do Supremo Tribu-
Juiz togado é o Juiz de Direito de carreira, que
nal Federal, bem como nos de recurso das decisões
de última ou única instância, denegatórias de goza de todas as prerrogativas inerentes ao cargo de
habeas corpus, observar-se-á, no que lhes for apli- magistrado (art. 95, da CF).
cável, o disposto nos artigos anteriores, devendo o Por sua vez, juiz leigo é um auxiliar da Justiça,
regimento interno do tribunal estabelecer as regras escolhido pelo Tribunal de Justiça entre advogados
complementares. com mais de 5 anos de experiência. Os juízes leigos
são restritos à conciliação entre autor e vítima, e as
Nos termos dos arts. 666 e 667, cada tribunal deve decisões deverão ser homologadas pelos juízes
providenciar, em seus respectivos regimentos inter-
togados.
nos, as normas complementares para o processo e jul-
gamento do habeas corpus de sua competência.
Competência Material dos Juizados Especiais
Criminais

A Lei nº 9.099/95, em seu art. 60, estabelece que


LEI Nº 9.099, DE 26 DE SETEMBRO DE compete aos juizados especiais criminais conciliar,
1995 julgar e executar as infrações de menor potencial
ofensivo.
A Lei nº 9.099/95 é uma das leis que trouxe mais
impactos para o ordenamento jurídico brasileiro,
tanto na esfera cível quanto na área criminal. A cha- Conciliar
mada Lei dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais
veio regulamentar o inciso I, do art. 98, da Constituição Infrações de
Federal, que previu, pela União, Estados e Distrito Fede- menor potencial Julgar
ral (e Territórios, se houverem), a criação de: ofensivo

z Juizados especiais cíveis: Competentes para o jul- Executar


gamento e a execução de causas cíveis de menor
complexidade;
z Juizados especiais criminais: Competentes para O que são, então, “infrações de menor potencial
conciliar julgamento e execução das infrações ofensivo”? O art. 61 informa que:
penais de menor potencial ofensivo.
Art. 61 Consideram-se infrações penais de
Trata-se de Lei importantíssima e muito cobrada menor potencial ofensivo, para os efeitos desta
em concursos, uma vez que representou uma verda- Lei, as contravenções penais e os crimes a que
deira mudança de cultura e de paradigmas na esfera a lei comine pena máxima não superior a 2
penal. (dois) anos, cumulada ou não com multa.
A Lei nº 9.099/95 pode ser dividida didaticamente
em duas partes: as disposições aplicáveis aos juizados Assim, de acordo com a redação do art. 61, da
especiais cíveis e as disposições relativas aos juizados Lei nº 9.099/95 (após as alterações feitas pela Lei nº
especiais criminais. 11.313/06), infrações de menor potencial ofensivo são:

Importante! Infrações de Menor


Potencial Ofensivo
A Lei 9.099/95 regula os juizados especiais
cíveis e criminais no âmbito dos Estados. O fun-
cionamento dos juizados especiais federais está
previsto na Lei nº 10.259/2001.
Crimes a que a lei comi-
DIREITO PROCESSUAL PENAL

Contravenções ne pena máxima não


A partir do art. 60, a Lei nº 9.099/95 passa a discipli- Penais superior a 2 anos, cumu-
nar os Juizados Especiais Criminais. lada ou não com multa

Art. 60 O Juizado Especial Criminal, provido por


juízes togados ou togados e leigos, tem compe- Quando a lei estabelece “cumulada ou não com mul-
tência para a conciliação, o julgamento e a exe- ta”, quer dizer que basta olhar para a pena máxima,
cução das infrações penais de menor potencial que não pode ser superior a 2 anos, independentemen-
ofensivo, respeitadas as regras de conexão e te de haver previsão da aplicação da pena de multa.
continência. São exemplos de infrações de menor potencial
Parágrafo único. Na reunião de processos, peran- ofensivo: lesão corporal leve (caput do art. 129, do CP);
te o juízo comum ou o tribunal do júri, decorrentes lesão corporal culposa (§ 6º, do art. 129, do CP); omis-
da aplicação das regras de conexão e continên- são de socorro (art. 135, do CP); injúria (art. 140, do
cia, observar-se-ão os institutos da transação
CP); ameaça (art. 147, do CP); desobediência (art. 330,
penal e da composição dos danos civis.
do CP), entre outros (a lista é grande). 137
De acordo com o art. 41 da Lei nº 11.340/06, Lei chamada de competência do lugar, do foro, ou ratione
Maria da Penha, aos crimes cometidos com violên- loci), isto é, em qual comarca vai tramitar o processo
cia doméstica ou familiar contra a mulher, inde- (qual o juízo competente).
pendentemente da pena prevista, não se aplica a Para fins de prova, basta atentar-se à redação do
Lei nº 9.099/95. art. 63 da Lei nº 9.099/95:
Não se aplica também a Lei nº 9.099/95 aos crimes
militares (art. 90-A, da Lei nº 9.099/95). Art. 63 A competência do Juizado será determina-
Veja que, nessas situações, não se trata de mudan- da pelo lugar em que foi praticada a infração
ça de competência, mas sim da não aplicação dos dis- penal.
positivos da Lei nº 9.099/95, que é mais benéfica ao
agente. Dica
Hipóteses de Modificação da Competência em A orientação doutrinária que prevalece é a que
Relação à Matéria aplica a teoria da ubiquidade (ou teoria mista),
sendo o foro competente tanto o do lugar da
Existem três hipóteses em que ocorre a modifica- ação/omissão quanto o do lugar onde ocorreu
ção da competência Juizado Especial Criminal: ou deveria ocorrer o resultado (art. 6º, do CP).

z No caso de conexão e continência entre uma CRITÉRIOS (OU PRINCÍPIOS) APLICÁVEIS AOS
infração de menor potencial ofensivo e um cri- JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS
me de maior gravidade (veja o parágrafo único
do art. 60); Os juizados especiais criminais são regidos pelos
seguintes critérios (princípios):
„ Conexão é um mecanismo de unificação de
processos que têm, entre si, alguma espécie Art. 62 O processo perante o Juizado Especial
de ligação. Continência é a relação que impõe orientar-se-á pelos critérios da oralidade, simpli-
cidade, informalidade, economia processual
a reunião de processos para julgamento em
e celeridade, objetivando, sempre que possível, a
conjunto.
reparação dos danos sofridos pela vítima e a apli-
cação de pena não privativa de liberdade.
O principal efeito da conexão e da continência é
a reunião de processos para julgamento simultâneo z Oralidade: A regra, nos procedimentos criminais,
pelo juízo que tem a chamada “força atrativa” (com- é a da forma escrita; nos procedimentos dos juiza-
petente para julgar o crime mais grave: Juízo comum dos especiais criminais, no entanto, a regra é que
ou o Tribunal do Júri); os atos são praticados, preferencialmente, na for-
ma oral (apenas os atos essenciais são reduzidos a
z Quando o acusado não puder ser citado pessoal- termo, ou seja, escritos);
mente (art. 66, da Lei nº 9.099/95): no âmbito dos z Informalidade: Os atos no processo nos juizados
juizados especiais criminais, a citação é pessoal, especiais criminais são praticados sem rigidez (por
sempre que possível, ou por mandado (por meio exemplo: não existe o auto de prisão em flagrante);
de oficial de justiça). Se o acusado não for encon- z Simplicidade: Foi incluída depois da redação ori-
trado, não é possível a citação por edital; nesse ginal e guarda relação com a informalidade – os
caso, os autos são encaminhados ao Juízo Comum, atos devem ser praticados com simplicidade,
seguindo o rito sumário, nos termos do art. 538 do tendo em vista os resultados desejados (o auto de
Código de Processo Penal; prisão em flagrante é substituído por um ato mais
z Quando a causa for complexa (§ 2º, do art. 77, simples: o termo circunstanciado);
da Lei nº 9.099/95): uma causa é complexa quando z Economia processual: Os atos dos juizados bus-
houver pluralidade de acusados (grande número cam alcançar o máximo de resultado com o
de acusados, como, por exemplo, uma briga que mínimo de emprego da atividade jurisdicional;
resultou em lesão corporal leve, que foi cometi- z Celeridade: O processo nos juizados não deve
da por dez sujeitos) ou quando exigir perícias de demorar.
maior complexidade (por exemplo, necessidade de
perícias em sistemas de informática). Esquematizando o disposto no art. 62 da Lei nº
9.099/95:
Assim, temos 4 hipóteses de modificação da com-
petência em relação à matéria. Nas 4 hipóteses acima,
Simplicidade Informalidade Economia
quem vai julgar é o Juízo Comum ou o Tribunal do Processual
Júri. No entanto, guarde isto: mesmo havendo modi-
ficação de competência, aplicam-se os institutos
benéficos (despenalizadores) da Lei nº 9.099/95: a
Atos dos Juizados
transação penal e a composição dos danos civis, Oralidade Celeridade
Especiais Criminais
que serão vistos mais adiante.

Competência Territorial DOS ATOS PROCESSUAIS

Agora que já sabemos qual é a competência dos jui- Vamos, agora, destacar os principais pontos rela-
zados em relação à matéria, veremos o que diz a Lei tivos aos atos processuais nos juizados especiais
138 sobre a fixação da competência territorial (também criminais.
Art. 64 Os atos processuais serão públicos e pode- z As intimações (ciência de um ato já praticado) e as
rão realizar-se em horário noturno e em qual- notificações (chamamento para participar de ato
quer dia da semana, conforme dispuserem as processual) são permitidas por qualquer meio
normas de organização judiciária.
válido, como telefone ou e-mail (lembre-se dos
Art. 65 Os atos processuais serão válidos sempre
que preencherem as finalidades para as quais
princípios da informalidade e da simplicidade);
foram realizados, atendidos os critérios indica- z Dos atos praticados em audiência, as partes são
dos no art. 62 desta Lei. consideradas cientes, sem necessidade de outra
§ 1º Não se pronunciará qualquer nulidade sem comunicação.
que tenha havido prejuízo.
§ 2º A prática de atos processuais em outras FASE PRELIMINAR
comarcas poderá ser solicitada por qualquer
meio hábil de comunicação. As disposições encontram-se nos arts. 69 ao 76, da
§ 3º Serão objeto de registro escrito exclusiva- Lei. A fase preliminar desdobra-se em duas: fase pre-
mente os atos havidos por essenciais. Os atos liminar policial e fase preliminar judicial.
realizados em audiência de instrução e julgamen-
to poderão ser gravados em fita magnética ou
equivalente. Fase Preliminar

Portanto, atente-se aos seguintes pontos relativos


aos atos:
Policial Judicial
z São públicos, via de regra, salvo as restrições pre-
vistas na Constituição (inciso LX, do art. 5º, e inciso
IX, do art. 92) e na lei processual penal (§ 1º, do art. A fase preliminar policial é a realizada pela
792, do Código de Processo Penal); autoridade policial: o Delegado de Polícia lavra o
z Podem ser realizados à noite e em qualquer dia Termo Circunstanciado (ou Termo Circunstanciado
da semana, conforme as normas de organização de Ocorrência), que é um procedimento mais simples
judiciária; e célere do que o inquérito policial. Trata-se do resu-
z Para que um ato seja invalidado, deve ser pro- mo das declarações dos envolvidos e testemunhas,
vado o prejuízo. Se atingiu seu objetivo, é consi- acompanhados, eventualmente, de exames de corpo
derado válido; de delito, nas infrações que deixam vestígios.
z Não é necessária a expedição de carta precató- O objetivo do termo é colher, de forma resumi-
ria para realização de atos em outras comarcas. da, elementos de autoria e materialidade. Nesse caso
Eles podem ser realizados por meio telefônico e poderíamos fazer o que, você tem ideia? Ao se con-
via e-mail, por exemplo; feccionar o termo circunstanciado, o envolvido pode
z Somente serão reduzidos a termo (transcritos)
prestar o compromisso de se apresentar ao juizado
os atos essenciais.
especial, sendo, então, dispensado da apresentação
Art. 66 A citação será pessoal e far-se-á no imediata. Isso é o que consta do art. 69, da Lei nº
próprio Juizado, sempre que possível, ou por 9.099/95:
mandado.
Parágrafo único. Não encontrado o acusado Art. 69 A autoridade policial que tomar conhe-
para ser citado, o Juiz encaminhará as peças cimento da ocorrência lavrará termo cir-
existentes ao Juízo comum para adoção do pro- cunstanciado e o encaminhará imediatamente
cedimento previsto em lei. ao Juizado, com o autor do fato e a vítima, provi-
Art. 67 A intimação far-se-á por correspon-
denciando-se as requisições dos exames periciais
dência, com aviso de recebimento pessoal ou,
necessários.
tratando-se de pessoa jurídica ou firma indi-
Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavra-
vidual, mediante entrega ao encarregado da
recepção, que será obrigatoriamente identificado, tura do termo, for imediatamente encaminhado ao
ou, sendo necessário, por oficial de justiça, indepen- juizado ou assumir o compromisso de a ele com-
dentemente de mandado ou carta precatória, ou parecer, não se imporá prisão em flagrante, nem
ainda por qualquer meio idôneo de comunicação. se exigirá fiança. Em caso de violência doméstica,
Parágrafo único. Dos atos praticados em audiên- o juiz poderá determinar, como medida de cautela,
DIREITO PROCESSUAL PENAL

cia considerar-se-ão desde logo cientes as par- seu afastamento do lar, domicílio ou local de convi-
tes, os interessados e defensores. vência com a vítima.
Art. 68 Do ato de intimação do autor do fato e do Art. 70 Comparecendo o autor do fato e a vítima,
mandado de citação do acusado, constará a neces- e não sendo possível a realização imediata da
sidade de seu comparecimento acompanhado de audiência preliminar, será designada data
advogado, com a advertência de que, na sua falta, próxima, da qual ambos sairão cientes.
ser-lhe-á designado defensor público. Art. 71 Na falta do comparecimento de qualquer
Ainda em relação aos atos, destaca-se: dos envolvidos, a Secretaria providenciará sua inti-
mação e, se for o caso, a do responsável civil, na
z A citação (ato de chamamento do réu em juízo forma dos arts. 67 e 68 desta Lei.
para tomar ciência da ação penal e exercer sua
defesa) é sempre pessoal, preferencialmente, no Uma vez concluído o termo circunstanciado, os
próprio juízo. Pode ser feita via oficial de justiça; autos são remetidos ao Juizado Especial Criminal
z Não existe citação por edital; (JECRIM), sendo designada audiência preliminar: é
o início da fase preliminar judicial. 139
Audiência Preliminar Não havendo composição civil ou sendo o caso de
ação penal pública incondicionada, passa-se para a
Art. 72 Na audiência preliminar, presente o segunda fase da audiência.
representante do Ministério Público, o autor
do fato e a vítima e, se possível, o responsável
civil, acompanhados por seus advogados, o
Juiz esclarecerá sobre a possibilidade da com-
Transação Penal
posição dos danos e da aceitação da proposta
de aplicação imediata de pena não privativa Art. 75 Não obtida a composição dos danos
de liberdade. civis, será dada imediatamente ao ofendido a opor-
Art. 73 A conciliação será conduzida pelo Juiz ou tunidade de exercer o direito de representação
por conciliador sob sua orientação. verbal, que será reduzida a termo.
Parágrafo único. Os conciliadores são auxiliares da Parágrafo único. O não oferecimento da represen-
Justiça, recrutados, na forma da lei local, preferen- tação na audiência preliminar não implica deca-
temente entre bacharéis em Direito, excluídos os dência do direito, que poderá ser exercido no prazo
que exerçam funções na administração da Justiça previsto em lei.
Criminal. Art. 76 Havendo representação ou tratando-
Art. 74 A composição dos danos civis será reduzida -se de crime de ação penal pública incondi-
a escrito e, homologada pelo Juiz mediante senten- cionada, não sendo caso de arquivamento, o
ça irrecorrível, terá eficácia de título a ser executa- Ministério Público poderá propor a aplicação
do no juízo civil competente. imediata de pena restritiva de direitos ou mul-
Parágrafo único. Tratando-se de ação penal de ini- tas, a ser especificada na proposta.
ciativa privada ou de ação penal pública condiciona- § 1º Nas hipóteses de ser a pena de multa a única
da à representação, o acordo homologado acarreta aplicável, o Juiz poderá reduzi-la até a metade.
a renúncia ao direito de queixa ou representação. § 2º Não se admitirá a proposta se ficar comprovado:
I - ter sido o autor da infração condenado, pela
Trata-se de audiência que exige o comparecimen- prática de crime, à pena privativa de liberdade, por
to do(a): sentença definitiva;
II - ter sido o agente beneficiado anteriormente, no
z Autor do fato; prazo de cinco anos, pela aplicação de pena restri-
z Vítima (caso haja, pois pode ser crime cuja vítima tiva ou multa, nos termos deste artigo;
é o Estado) e seus advogados; III - não indicarem os antecedentes, a conduta
social e a personalidade do agente, bem como os
z Membro do Ministério Público;
motivos e as circunstâncias, ser necessária e sufi-
z Juiz.
ciente a adoção da medida.
§ 3º Aceita a proposta pelo autor da infração e seu
A audiência divide-se em dois momentos: a com- defensor, será submetida à apreciação do Juiz.
posição civil dos danos e a transação penal. § 4º Acolhendo a proposta do Ministério Públi-
co aceita pelo autor da infração, o Juiz aplica-
Composição Civil dos Danos rá a pena restritiva de direitos ou multa, que
não importará em reincidência, sendo registra-
Nessa primeira fase, o membro do MP não participa da apenas para impedir novamente o mesmo bene-
(exceto se a vítima for incapaz). A fase nada mais é do fício no prazo de cinco anos.
que uma tentativa de conciliação, realizada pelo Juiz § 5º Da sentença prevista no parágrafo anterior
ou por colaborador, que visa obter um acordo entre caberá a apelação referida no art. 82 desta Lei.
autor e vítima para a composição dos danos civis. Caso § 6º A imposição da sanção de que trata o § 4º
haja acordo, nesse caso, sim, acompanhado pelo MP, é deste artigo não constará de certidão de antece-
lavrado termo, que será homologado pelo juiz. dentes criminais, salvo para os fins previstos
A homologação do acordo de composição gera no mesmo dispositivo, e não terá efeitos civis,
os seguintes efeitos, dependendo do tipo de ação pre- cabendo aos interessados propor ação cabível no
vista (art. 74, da Lei nº 9.099/95): juízo cível.

z Ação penal de inciativa privada: Provoca a A transação penal é um acordo feito entre o
renúncia ao direito de queixa (extingue a punibili- Ministério Público (titular da ação penal) e o autor
dade do agente); do fato. Por meio desse acordo, o autor do fato (que
z Ação penal pública condicionada à represen- está acompanhado de advogado), compromete-se
tação: Gera a renúncia ao direito de representar a cumprir imediatamente uma pena de multa ou
(também extingue a punibilidade); restritiva de direitos; por outro lado, o MP não dá
z Ação penal pública incondicionada: Não impede prosseguimento, deixando de deflagar a ação penal.
a continuidade; passa-se para a segunda fase (pode Para que seja possível a transação, o agente não
servir para diminuir a pena, se configurar arre- pode ter sido condenado anteriormente, pela prática
pendimento posterior, previsto no art. 16, do CP). de crime, à pena privativa de liberdade e nem pode
ter sido beneficiado, nos últimos 5 anos, pela transa-
Dica ção penal.
Além disso, seus antecedentes, sua conduta social
A composição civil é o primeiro instituto despe- e personalidade, assim como os motivos e a circuns-
nalizador da Lei nº 9.099/95. Note que o espírito tância da infração, devem ser favoráveis ao agente
da Lei nº 9.099/95 é despenalizar e desencarce- (inciso III, do § 2º, do art. 76). Por fim, o autor da infra-
rar: afastar a pena e evitar a restrição da liberda- ção deve aceitar a transação, que deve ser assinada,
140 de do agente. também, por seu advogado.
Atente-se para o fato de que a condenação anterior § 3º Na ação penal de iniciativa do ofendido pode-
deve ser pela prática de crime, à pena privativa de rá ser oferecida queixa oral, cabendo ao Juiz
liberdade, por sentença definitiva. Desse modo, caso verificar se a complexidade e as circunstâncias
o agente for condenado anteriormente por contraven- do caso determinam a adoção das providências
ção penal, mesmo que por pena restritiva de direitos previstas no parágrafo único do art. 66 desta Lei.
ou multa, não poderá esta impedir a concessão da Art. 78 Oferecida a denúncia ou queixa, será redu-
transação penal. zida a termo, entregando-se cópia ao acusado,
que com ela ficará citado e imediatamente
No caso de transação referente a crime ambien-
cientificado da designação de dia e hora para
tal (de menor potencial ofensivo), deve, ainda, haver
a audiência de instrução e julgamento, da qual
a prévia composição do dano ambiental (exceto caso também tomarão ciência o Ministério Público, o
haja impossibilidade comprovada de realizá-la). É o ofendido, o responsável civil e seus advogados.
que prevê o art. 27, da Lei nº 9.605/98, Lei de Crimes
Ambientais: Se for, portanto, o caso de dar prosseguimento
(caso a proposta não seja aceita ou o autor do fato
Art. 27 Nos crimes ambientais de menor potencial
não preencha os requisitos legais), o oferecimento de
ofensivo, a proposta de aplicação imediata de pena
denúncia se dará de forma oral (que será reduzida a
restritiva de direitos ou multa, prevista no art. 76
escrito). O denunciado já sai citado e ciente da data
da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, somen-
te poderá ser formulada desde que tenha havido a da audiência de instrução e julgamento.
prévia composição do dano ambiental, de que trata A partir daí, o procedimento sumaríssimo concen-
o art. 74 da mesma lei, salvo em caso de comprova- tra-se na audiência de instrução e julgamento, cujos
da impossibilidade. pontos principais vamos ver logo a seguir.

A transação deve ser homologada por sentença AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO


do juiz (sentença condenatória imprópria).
Da sentença, cabe o recurso de apelação. A sentença: Os arts. 79 ao 83, da Lei nº 9.099/95, disciplinam a
Audiência de Instrução e Julgamento (AIJ).
z Impõe o cumprimento da pena imposta (multa
ou restritiva de direitos); Art. 79 No dia e hora designados para a audiên-
z Impede nova transação no prazo de 5 anos; cia de instrução e julgamento, se na fase prelimi-
z Não gera efeito civil: Se a vítima pretender indeni- nar não tiver havido possibilidade de tentativa de
zação, deve ingressar com ação de conhecimento. conciliação e de oferecimento de proposta pelo
Ministério Público, proceder-se-á nos termos dos
arts. 72, 73, 74 e 75 desta Lei.
Em casos de descumprimento da transação penal
pelo agente, o Ministério Público poderá dar continui-
Nos termos do art. 79, se na fase preliminar não
dade à persecução penal, oferecendo a denúncia ou
foi tentada a composição ou a transação, vai se bus-
realizando a requisição de inquérito policial. É o que
car, dentro da AIJ, a aplicação desses dois institutos.
rege a Súmula Vinculante nº 35:
Antes de se iniciar a audiência propriamente dita, é
feita essa verificação.
Súmula Vinculante nº 35 STF A homologação
da transação penal prevista no artigo 76 da Lei
9.099/1995 não faz coisa julgada material e, des- Art. 80 Nenhum ato será adiado, determinando
cumpridas suas cláusulas, retoma-se a situação o Juiz, quando imprescindível, a condução coerci-
anterior, possibilitando-se ao Ministério Público tiva de quem deva comparecer.
a continuidade da persecução penal mediante ofe-
recimento de denúncia ou requisição de inquérito A AIJ é una, ou seja, não se desdobra em outra
policial. audiência; caso alguém não se encontre presente na
hora prevista para sua realização, sendo imprescin-
PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO dível sua presença, o Juiz determina sua condução
coercitiva, isto é, à força e com apoio policial, caso seja
Art. 77 Na ação penal de iniciativa pública, quan- necessário.
do não houver aplicação de pena, pela ausência do
autor do fato, ou pela não ocorrência da hipótese Art. 81 Aberta a audiência, será dada a palavra ao
prevista no art. 76 desta Lei, o Ministério Públi- defensor para responder à acusação, após o que o
DIREITO PROCESSUAL PENAL

co oferecerá ao Juiz, de imediato, denúncia Juiz receberá, ou não, a denúncia ou queixa; haven-
oral, se não houver necessidade de diligências do recebimento, serão ouvidas a vítima e as teste-
imprescindíveis. munhas de acusação e defesa, interrogando-se a
§ 1º Para o oferecimento da denúncia, que será seguir o acusado, se presente, passando-se imedia-
elaborada com base no termo de ocorrência refe- tamente aos debates orais e à prolação da sentença.
rido no art. 69 desta Lei, com dispensa do inquérito § 1º Todas as provas serão produzidas na
policial, prescindir-se-á do exame do corpo de deli- audiência de instrução e julgamento, podendo o
to quando a materialidade do crime estiver aferida Juiz limitar ou excluir as que considerar excessivas,
por boletim médico ou prova equivalente. impertinentes ou protelatórias.
§ 2º Se a complexidade ou circunstâncias do
caso não permitirem a formulação da denúncia, A AIJ obedece ao princípio da oralidade e segue o
o Ministério Público poderá requerer ao Juiz o seguinte roteiro:
encaminhamento das peças existentes, na for-
ma do parágrafo único do art. 66 desta Lei.

141
Defensor (resposta à acusação) EMBARGOS DE
APELAÇÃO
DECLARAÇÃO

Juiz (recebe ou não a denúncia ou queixa) Cabimento: Cabimento:


� Em face da decisão que � obscuridade;
Recebida a denúncia ou queixa: Oitiva da rejeita a inicial (denúncia ou � contradição ou omissão
vítima e das testemunhas (a/d) queixa); em sentença ou acórdão.
� Em face da sentença.
Petição escrita ou
Petição escrita: oralmente:
Interrogatório do acusado
Prazo para interposição: 10 dias Prazo 5 dias
Contrarrazões em 10 dias Interrompem o prazo para
Debates orais (acusação e defesa) a interposição de outros
recursos

Sentença Nos termos do § 3º, do art. 83, erros materiais, tais


como erro na grafia do nome das partes, não necessi-
§ 2º De todo o ocorrido na audiência será lavrado tam de recurso, podendo ser corrigidos de ofício.
termo, assinado pelo Juiz e pelas partes, con- Outro ponto importante diz respeito ao art. 88.
tendo breve resumo dos fatos relevantes ocorridos Vejamos:
em audiência e a sentença.
Art. 88 Além das hipóteses do Código Penal e da
A audiência é toda oral, mas, ao fim, é confeccio- legislação especial, dependerá de representação a
nado termo resumido, que é assinado pelo Juiz e pelas ação penal relativa aos crimes de lesões corpo-
partes. rais leves e lesões culposas.

§ 3º A sentença, dispensado o relatório, mencio- O art. 88 dispõe acerca da necessidade de repre-


nará os elementos de convicção do Juiz. sentação do ofendido frente a ação penal nos crimes
de lesão corporal leve e lesão culposa.
A sentença proferida no Juizado Especial Criminal Importante destacar que o art. 88 põe em ressal-
é mais simples do que a prolatada em um processo va as hipóteses previstas no Código Penal e em legis-
comum, e dispensa a produção de uma parte da deci- lação especial. Sendo assim, de acordo com a Lei
são chamada de relatório. 11.340/2006 (Lei Maria da Penha), a qualquer espécie
de violência doméstica e familiar contra a mulher,
Art. 82 Da decisão de rejeição da denúncia ou independentemente da gravidade, não se aplica o dis-
queixa e da sentença caberá apelação, que pode- posto da Lei 9.099/95 (JEC); ou seja: as lesões corporais
rá ser julgada por turma composta de três Juízes leves e culposas serão de ação pública incondicionada
em exercício no primeiro grau de jurisdição, reuni- à representação.
dos na sede do Juizado.
§ 1º A apelação será interposta no prazo de dez Lei nº 11.340/1006
dias, contados da ciência da sentença pelo Minis-
tério Público, pelo réu e seu defensor, por petição Art. 41 Aos crimes praticados com violência domés-
escrita, da qual constarão as razões e o pedido do tica e familiar contra a mulher, independentemente
recorrente. da pena prevista, não se aplica a Lei nº 9.099, de 26
§ 2º O recorrido será intimado para oferecer de setembro de 1995
resposta escrita no prazo de dez dias.
§ 3º As partes poderão requerer a transcrição da Nesse mesmo sentido, vejamos a Súmula 542 do STJ:
gravação da fita magnética a que alude o § 3º do
art. 65 desta Lei. A ação penal relativa ao crime de lesão corpo-
§ 4º As partes serão intimadas da data da sessão de ral resultante de violência doméstica contra
julgamento pela imprensa. a mulher é pública incondicionada. (Súmula
§ 5º Se a sentença for confirmada pelos próprios 542, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 26/08/2015,
fundamentos, a súmula do julgamento servirá de DJe 31/08/2015).
acórdão.
Art. 83 Cabem embargos de declaração quando, SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO
em sentença ou acórdão, houver obscuridade,
contradição ou omissão. Por último, cabe tratar do art. 89 da Lei, que, con-
§ 1º Os embargos de declaração serão opostos forme visto nos tópicos acima, trata da suspensão
por escrito ou oralmente, no prazo de cinco condicional do processo, também chamada de sur-
dias, contados da ciência da decisão. sis processual.
§ 2º Os embargos de declaração interrompem o
prazo para a interposição de recurso. Art. 89 Nos crimes em que a pena mínima comi-
§ 3º Os erros materiais podem ser corrigidos de nada for igual ou inferior a um ano, abrangi-
ofício. das ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao
oferecer a denúncia, poderá propor a suspen-
Os arts. 82 e 83 tratam dos recursos previsos nos são do processo, por dois a quatro anos, desde
Juizados Especiais Criminais. Acompanhe a tabela a que o acusado não esteja sendo processado
142 seguir, que dispõe o conteúdo esquematicamente: ou não tenha sido condenado por outro crime,
presentes os demais requisitos que autoriza- o beneficiário deve cumprir as condições previstas
riam a suspensão condicional da pena (art. 77 no § 1º, do art. 89 (reparar o dano, salvo impossibili-
do Código Penal). dade de fazê-lo; proibição de frequentar determina-
§ 1º Aceita a proposta pelo acusado e seu dos lugares; proibição de ausentar-se da comarca sem
defensor, na presença do Juiz, este, recebendo autorização e comparecimento mensal em juízo para
a denúncia, poderá suspender o processo, sub- justificar as atividades), sem prejuízo de outras condi-
metendo o acusado a período de prova, sob as ções fixadas pelo juiz.
seguintes condições:
Qual a vantagem de se aceitar o sursis processual?
I - reparação do dano, salvo impossibilidade de
Se cumpridas as condições, ao final do período
fazê-lo;
II - proibição de freqüentar determinados lugares;
de prova, é declarada extinta a punibilidade do
III - proibição de ausentar-se da comarca onde resi- beneficiário.
de, sem autorização do Juiz; Se o beneficiário descumpre alguma condição, a
IV - comparecimento pessoal e obrigatório a juí- suspensão:
zo, mensalmente, para informar e justificar suas
atividades. Art. 89 [...]
§ 2º O Juiz poderá especificar outras condições § 3º A suspensão será revogada se, no curso do
a que fica subordinada a suspensão, desde prazo, o beneficiário vier a ser processado por
que adequadas ao fato e à situação pessoal do outro crime ou não efetuar, sem motivo justifi-
acusado. cado, a reparação do dano.
§ 3º A suspensão será revogada se, no curso do pra- § 4º A suspensão poderá ser revogada se o acu-
zo, o beneficiário vier a ser processado por outro sado vier a ser processado, no curso do prazo,
crime ou não efetuar, sem motivo justificado, a por contravenção, ou descumprir qualquer
reparação do dano. outra condição imposta.
§ 4º A suspensão poderá ser revogada se o acu-
sado vier a ser processado, no curso do prazo,
por contravenção, ou descumprir qualquer
outra condição imposta. HORA DE PRATICAR!
§ 5º Expirado o prazo sem revogação, o Juiz
declarará extinta a punibilidade. 1. (TJ-SP – VUNESP — 2018) A respeito das causas de
§ 6º Não correrá a prescrição durante o prazo de impedimento e suspeição do juiz, de acordo com o Códi-
suspensão do processo. go de Processo Penal, assinale a alternativa correta.
§ 7º Se o acusado não aceitar a proposta prevista
neste artigo, o processo prosseguirá em seus ulte- a) Ainda que dissolvido o casamento, sem descenden-
riores termos. tes, que ensejava impedimento ou suspeição, não fun-
cionará como juiz o sogro, o padrasto, o cunhado, o
A suspensão condicional do processo consiste em genro ou enteado de quem for parte no processo.
mais uma medida despenalizadora prevista na Lei nº b) O juiz será impedido se for credor ou devedor de qual-
9.099/95. quer das partes.
Essa possibilidade, prevista no art. 89, é cabível c) A suspeição poderá ser reconhecida ou declarada ain-
no caso de crimes abrangidos ou não pela Lei nº da que a parte injurie, de propósito, o juiz.
9.099/95, cuja pena mínima cominada seja igual ou d) O juiz será suspeito, podendo ser recusado por qual-
inferior a um ano. quer das partes, se já tiver funcionado como juiz de
outra instância, pronunciando-se de fato ou de direito
O art. 89 da Lei nº 9.099/95 é de grande importância,
sobre a questão.
uma vez que se aplica não só aos crimes sujeitos ao rito
e) Nos juízos coletivos, não poderão servir no mesmo
dos juizados especiais criminais, mas a qualquer crime processo os juízes que forem entre si parentes, con-
que se encaixe nos requisitos previstos no artigo. sanguíneos ou afins, em linha reta ou colateral, até o
Para que se aplique o benefício, devem estar pre- quarto grau.
sentes os seguintes requisitos:
2. (TJ-SP – VUNESP — 2017) Nos exatos termos do art.
� Pena mínima igual ou inferior a um ano (levan- 253 do CPP, nos juízos coletivos, não poderão servir no
do-se em conta as causas de aumento e diminuição mesmo processo os juízes que forem entre si parentes,
de pena);
a) consanguíneos ou afins, em linha reta ou colateral até
� O acusado não ter sido condenado anteriormente;
o terceiro grau, inclusive, bem como amigos íntimos.
� O acusado não estar respondendo a outro pro-
DIREITO PROCESSUAL PENAL

b) consanguíneos, excluídos os parentes afins.


cesso criminal; c) consanguíneos ou afins, em linha reta ou colateral até
� As circunstâncias judiciais serem favoráveis. o quarto grau, inclusive.
d) consanguíneos ou afins, em linha reta ou colateral até
Dica o terceiro grau, inclusive.
e) consanguíneos ou afins, em linha reta ou colateral até
As circunstâncias judiciais (ou inominadas) estão o terceiro grau, inclusive, bem como amigos íntimos
previstas no art. 59 do Código Penal. São elas: ou inimigos capitais.
culpabilidade, antecedentes; conduta social; per-
sonalidade; motivos do crime; circunstâncias do 3. (TJ-SP – VUNESP — 2015) Ao Ministério Público
crime; consequências do crime e comportamento compete, de acordo com o art. 257 do CPP, fiscali-
zar a execução da lei e promover, privativamente, a
da vítima.
ação penal
Aceitando a proposta de suspensão, o acusado fica a) pública.
sujeito a um período de prova, ficando o processo
suspenso por um prazo de 2 a 4 anos, durante o qual 143
b) pública incondicionada, e manifestar-se como custos a) se ele, seu cônjuge, ou parente, consanguíneo, ou afim,
legis, nas ações penais públicas condicionadas. até o quinto grau, inclusive, sustentar demanda ou res-
c) privada, quando houver representação da vítima. ponder a processo que tenha de ser julgado por qual-
d) pública condicionada, e manifestar-se como custos quer das partes.
legis, nas ações penais públicas incondicionadas. b) se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente, esti-
e) pública e, quando houver representação da vítima, pro- ver respondendo a processo por fato análogo, sobre
mover em seu nome a ação penal privada. cujo caráter criminoso haja controvérsia.
4. (TJ-SP – VUNESP — 2018) A respeito do acusado e do c) se ele, seu cônjuge, ou parente, consanguíneo, ou afim,
defensor, é correto afirmar que até o quarto grau, inclusive, sustentar demanda ou res-
ponder a processo que tenha de ser julgado por qual-
a) se o defensor constituído pelo acusado não puder quer das partes.
comparecer à audiência, por motivo justificado, prova- d) se não for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer
do até a abertura da audiência, nomear-se-á defensor deles.
dativo, para a realização do ato, que não será adiado. e) se ele, seu cônjuge, ou parente, consanguíneo, ou afim,
b) o acusado, ainda que tenha habilitação, não poderá a até o terceiro grau, inclusive, estiver respondendo a
si mesmo defender, sendo-lhe nomeado defensor, pelo processo por fato análogo, sobre cujo caráter crimi-
juiz, caso não o tenha. noso haja controvérsia.
c) o acusado, ainda que possua defensor nomeado pelo
Juiz, poderá, a todo tempo, nomear outro, de sua 8. (TJ-SP – VUNESP — 2018) Com relação à citação do
confiança. acusado, assinale a alternativa correta.
d) o acusado ausente não poderá ser processado sem
defensor. Já o foragido, existindo sentença condena- a) Completada a citação por hora certa, não compare-
tória, ainda que não transitada em julgado, sim.
cendo o réu, ser-lhe-á nomeado defensor dativo.
e) a constituição de defensor dependerá de instrumento
b) A citação inicial do acusado far-se-á pessoalmente,
de mandato, ainda que a nomeação se der por ocasião
do interrogatório. por intermédio de mandado judicial, carta precatória
ou hora certa.
c) A citação do réu preso far-se-á na pessoa do Diretor do
5. (TJ-SP – VUNESP — 2018) Determina o art. 261 do
estabelecimento prisional.
CPP que d) Estando o acusado no estrangeiro, suspende-se o pro-
cesso e o prazo prescricional até que retorne ao País.
a) salvo nos processos contravencionais e nos de rito e) Ao acusado, citado por edital, que não comparecer ou
sumaríssimo, nenhum acusado será processado ou constituir advogado, será nomeado defensor, prosse-
julgado sem defensor. guindo o processo.
b) salvo nos casos de força maior, nenhum acusado, ain-
da que ausente ou foragido, será processado ou julga- 9. (TJ-SP – VUNESP — 2018) Estabelece o CPP em seu
do sem defensor. art. 353 que, quando o réu estiver fora do território da
c) nenhum acusado, com exceção do foragido, será pro- jurisdição do juiz processante, será citado mediante
cessado ou julgado sem defensor.
d) nenhum acusado, com exceção do revel, será proces- a) qualquer meio que o juiz entenda idôneo.
sado ou julgado sem defensor. b) edital.
e) nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, será c) precatória.
processado ou julgado sem defensor. d) carta com aviso de recebimento, “de mão própria”.
e) videoconferência.
6. (TJ-SP – VUNESP — 2015) No que concerne à estru-
turação da defesa de acusados em juízo criminal, é 10. (TJ-SP – VUNESP — 2015) Em que momento a lei pro-
correto afirmar (CPP, art. 263): cessual penal (CPP, art. 363) considera que o proces-
so completa sua formação?
a) o acusado que é Advogado pode apresentar defesa
a) Constituição de defensor após a citação.
“em nome próprio”, sem necessidade de constituição
b) Citação do acusado.
de outro profissional.
c) Recebimento da denúncia.
b) o acusado que não constituir Advogado será obriga- d) Apresentação de resposta escrita.
toriamente defendido por Procurador Municipal ou e) Juntada do mandado de citação aos autos.
Estadual.
c) o Juiz não pode indicar Advogado de forma compulsó- 11. (TJ-SP – VUNESP — 2018) Segundo o Código de Pro-
ria a um acusado, que sempre tem o direito inalienável cesso Penal, a respeito do processo comum, é correto
de articular a própria defesa, ainda que não seja habili- dizer que
tado para tanto.
d) se for indicado um Defensor Público ao acusado, este a) no procedimento ordinário, poderão ser ouvidas
não pode desconstituí-lo para nomear um profissional até 08 (oito) testemunhas, de acusação e defesa,
de sua confiança. compreendidas, nesse número, as que não prestam
e) apenas nos crimes mais graves o acusado deve obri- compromisso.
gatoriamente ser assistido por Advogado, podendo b) aceita a denúncia ou a queixa, o Juiz não poderá
articular a própria defesa, mesmo sem habilitação, absolver sumariamente o réu, após a apresentação da
nos casos em que não está em risco sua liberdade. resposta à acusação.
c) a parte, no procedimento ordinário, não poderá desistir
7. (TJ-SP – VUNESP — 2013) O serventuário ou funcio- de testemunha, anteriormente arrolada.
nário da justiça dar-se-á por suspeito e, se não o fizer, d) o procedimento será ordinário, sumário ou sumarís-
poderá ser recusado por qualquer das partes, simo; o procedimento sumaríssimo será o aplicado
144
quando se tem por objeto crime sancionado com pena d) Em seu julgamento, admite-se o agravamento da pena
privativa de liberdade de até 04 (quatro) anos. imposta na decisão revista.
e) são causas de rejeição da denúncia ou queixa a inépcia, e) Quando, no curso da revisão, falecer a pessoa cuja
a falta de pressuposto processual ou condição para o condenação tiver de ser revista, o processo será
exercício da ação penal e a falta de justa causa. extinto.

12. (TJ-SP – VUNESP — 2017) De acordo com o texto


expresso do art. 397 do CPP, o juiz deverá absolver
sumariamente o acusado no processo penal quando GABARITO COMENTADO
verificar
1.
a) que a denúncia é manifestamente inepta.
b) extinta a punibilidade do agente.
Estudando alternativa por alternativa, de acordo
c) falta de condição para o exercício da ação penal.
com o conceito de impedimento e suspeição, temos:
d) falta de pressuposto processual.
e) falta de justa causa para o exercício da ação penal. Em “a”: Certo – Basicamente repete o comando con-
tido no artigo 255 do CPP: “Art. 255. O impedimento
13. (TJ-SP – VUNESP — 2018) Com relação ao procedi- ou suspeição decorrente de parentesco por afinida-
mento relativo aos processos de competência do tri- de cessará pela dissolução do casamento que Ihe
bunal do júri, assinale a alternativa correta. tiver dado causa, salvo sobrevindo descendentes;
mas, ainda que dissolvido o casamento sem descen-
a) O risco à segurança pessoal do acusado não enseja dentes, não funcionará como juiz o sogro, o padras-
desaforamento do julgamento para outra comarca, to, o cunhado, o genro ou enteado de quem for parte
sendo motivo justificante a dúvida razoável sobre a no processo.”
imparcialidade do júri. Observe que a banca não altera sequer a ordem dos
b) Contra a sentença de impronúncia do acusado caberá parentes por afinidade contidos no comando men-
recurso em sentido estrito. cionado, exigindo do candidato o conhecimento lite-
c) Constituirão o Conselho de Sentença, em cada sessão ral do artigo.
de julgamento, 07 (sete) jurados, sorteados dentre
Em “b”: Errado – Diz a alternativa que o juiz será
os alistados, aplicando-se a eles o disposto sobre os
impedido, quando na verdade, no caso de credor
impedimentos, a suspeição e as incompatibilidades e devedor, o juiz “dar-se-á por suspeito, e, se não o
dos juízes togados. fizer, poderá ser recusado por qualquer das partes”.
d) Pronunciado o acusado, remetidos os autos ao tribu- É o que determina o caput do artigo 254 do CPP.
nal do júri, será a defesa intimada para apresentar o
rol de testemunhas que irão depor, em plenário, até o Em “c”: Errado – A alternativa diz ser verdade o
máximo de 08 (oito). comando negativo do artigo 256: “Art. 256. A sus-
e) Encerrada a instrução preliminar, o juiz, fundamenta- peição não poderá ser declarada nem reconhecida,
quando a parte injuriar o juiz ou de propósito der
damente, pronunciará ou impronunciará o acusado,
motivo para criá-la.” Seria muito fácil injuriar pro-
não cabendo, nessa fase, a absolvição sumária.
positadamente um julgador e torná-lo meu inimigo
com a finalidade de não ser julgado por ele, portan-
14. (TJ-SP – VUNESP — 2018) Com relação aos recursos to, obviamente e com fundamento legal, a alternati-
e revisão, de acordo com o Código de Processo Penal, va está incorreta.
é correto dizer que
Em “d”: Errado – A hipótese é causa de impedimento
a) na apelação e no recurso em sentido estrito, há previ- e não de suspeição, inteligência do art, 252 CPP
são de juízo de retratação. Em “e”: Errado – A afirmativa apenas por um deta-
b) interposta a Apelação somente pelo acusado, não lhe não traduz com exatidão o artigo 253 do CPP.
pode o Tribunal reinquirir testemunhas ou determinar O impedimento atinge apenas o terceiro grau de
diligências. parentesco e não o quarto, tal como afirmado, por-
c) no caso de concurso de agentes, a decisão do recur- tanto, incorreta.
so interposto por um dos réus, ainda que fundado em Resposta: Letra A.
motivos pessoais, aproveitará aos outros.
d) a revisão criminal só poderá ser requerida no prazo de 2.
até 02 (dois) anos da sentença condenatória, transita-
DIREITO PROCESSUAL PENAL

da em julgado. Art. 253. Nos juízos coletivos, não poderão servir no


e) nos processos de contravenção, interposta a apela- mesmo processo os juízes que forem entre si paren-
ção, o prazo para arrazoar será de 03 (três) dias. tes, consangüíneos ou afins, em linha reta ou colate-
ral até o terceiro grau, inclusive.
Vejamos, alternativa por alternativa:
15. (TJ-SP – VUNESP — 2017) Assinale a alternativa cor-
Em “a”: Errado – Erra ao incluir amigos íntimos,
reta no que concerne à revisão criminal, tratada nos que é causa de suspeição, não de impedimento.
artigos 621 a 630 do CPP. Em “b”: Errado – Exclui os parentes por afinidade,
que consta no artigo mencionado;
a) É pedido que pode ser articulado a qualquer tempo, Em “c”: Errado – Alternativa inclui o quarto grau de
antes da extinção da pena ou após. parentesco, contrariando o texto legal;
b) É possível a revisão de decisões que ainda não transi- Em “d”: Certo.
taram em julgado, ou seja, ainda não findos. Em “e”: Errado – Amizade íntima ou inimizade capi-
c) É vedado arbitrar indenização em favor do beneficiado tal é causa de suspeição e não impedimento, cons-
por decisão que julgue procedente a revisão. tante no artigo 254 do CPP.
Resposta: Letra D.
145
3. Em “c”: Errado – O direito à própria defesa fica res-
trito aos que possuem habilitação legal;
O artigo mencionado determina que o Ministério Em “d”: Errado – A todo momento o acusado poderá
Público promova a ação penal pública na forma nomear advogado de sua confiança, ainda que o juí-
estabelecida no Código de Processo Penal e atue zo tenha nomeado defensor;
como fiscal da execução da lei, nada mais. Em “e”: Errado – Pois independente da gravidade
Em “a”: Certo – Pois, unida ao enunciado, corres- do delito, o acusado sempre deverá ser assistido
ponde à literalidade do artigo 257. por defensor devidamente habilitado, ainda que não
Em “b”: Errado – Pois o artigo não traz essa esteja em risco sua liberdade.
determinação; Resposta: Letra A.
Em “c”: Errado – A ação penal privada é aquela ini-
ciada por queixa crime e não representação.
Em “d”: Errado – A ação penal pública condicionada 7.
é uma espécie de ação penal pública e ambas serão
promovidas pelo Ministério Público, não se restrin- Em “a”: Errado – Não há nenhum impedimen-
gindo à atuação como fiscal da lei; to ou suspeição que alcance até o quinto grau de
Em “e”: Errado – O Ministério Público não é titular parentesco.
da promoção de ação penal privada. Em “b”: Certo – Conforme determinação do arti-
Resposta: Letra A. go 274, aplica-se aos serventuários as prescrições
sobre suspeições dos juízes, portanto, a hipótese
4. corresponde ao inciso II do artigo 254.
Em “c”: Errado – Os impedimentos e suspeições não
Cumpre observar primeiramente que em nenhum alcançam o quarto grau de parentalidade.
momento processual será permitido que o acusado Em “d”: Errado – A alternativa traz negativa quan-
permaneça sem a defesa técnica de um advogado, do o artigo diz que é suspeito aquele que for amigo
ainda que revel. Partindo dessa premissa, vamos íntimo ou inimigo capital, portanto, requer a leitura
julgar as alternativas propostas: atenta do candidato;
Em “a”: Errado – Alternativa contraria o disposto Em “e”: Errado – Trata-se da hipótese de suspeição
no § 1º, do art. 265, que autoriza o adiamento da prevista no inciso II, do art. 254, e atinge o próprio
audiência, caso o defensor não possa comparecer servidor, seus cônjuges, ascendente e descendente e
por motivo justificado; a alternativa inclui também “parentes”.
Em “b”: Errado – Caso tenha habilitação, o acusado Resposta: Letra B.
pode se autodefender, nos termos do artigo 263;
Em “c”: Certo – Corresponde ao disposto no artigo 8.
263 do Código de Processo Penal;
Em “d”: Errado – A condição de foragido não retira Em “a”: Certo – Corresponde ao parágrafo único do
do acusado o direito à defesa técnica; artigo 362 do Código de Processo Penal: “completa-
Em “e”: Errado – Se a nomeação do advogado for da a citação com hora certa, se o acusado não com-
declarada em interrogatório, será dispensada a parecer, ser-lhe–á nomeado defensor dativo”.
procuração, nos termos do artigo 266 do Código de Em “b”: Errado – A citação inicial do acusado será
Processo Penal. feita por mandado, sendo a modalidade hora certa
Resposta: Letra C. espécie de citação ficta ou presumida.
Em “c”: Errado – A citação do réu preso será reali-
zada pessoalmente.
5. Em “d”: Errado – Estando o acusado no estrangeiro,
será citado mediante carta rogatória. O processo
Nenhum acusado será julgado sem defensor. não pode simplesmente esperar seu retorno.
Em “a”: Errado – A defesa técnica não depende do Em “e”: Errado – Pela inteligência do artigo 366,
rito processual. caso o acusado que citado por edital não compa-
Em “b”: Errado – Ainda que haja força maior, o acu- reça nem constitua advogado, o processo será sus-
sado terá direito ao defensor; penso, bem como o prazo prescricional, podendo o
Em “c”: Errado – Ainda que foragido, o acusado terá juiz determinar a produção de provas consideradas
direito à defesa técnica; urgentes. Inteligência do artigo 366.
Em “d”: Errado – Ainda que revel, não se exclui a Resposta: Letra A.
defesa técnica;
Em “e”: Certo – Corresponde ao contido no artigo 9.
261 do Código de Processo Penal.
Resposta: Letra E. O citado artigo determina a citação por carta preca-
tória quando o acusado se encontrar fora do territó-
6. rio do juiz processante.
Art 353. Quando o réu estiver fora do território da
jurisdição do juiz processante, será citado mediante
Em “a”: Certo – O acusado que tiver habilitação pro-
precatória.
fissional, ou seja, que for advogado regularmente Em “a”: Errado – A citação não pode ser realiza-
inscrito nos Quadros da Ordem dos Advogados do da por qualquer meio escolhido pelo juiz, pois se
Brasil, poderá se autodefender, nos termos do artigo trata de um ato vinculado e cercado de garantias
263, parte final. processuais.
Em “b”: Errado – Pois os procuradores municipais Em “b”: Errado – A citação editalícia somente é
e estaduais são os advogados que tem por mister admitida quando esgotados os demais meios para
defender os interesses daqueles entes; Município ou localização do Réu, por se tratar de citação ficta.
Estado; Em “c”: Certo
146
Em “d”: Errado – Hipótese inexistente no ordena- Em “d”: Errado – A alternativa traz mais uma causa
mento jurídico processual penal. de rejeição da inicial acusatória.
Em “e”: Errado – Não é possível a realização de cita- Em “e”: Errado – Finalmente, mais uma causa de
ção processual penal por videoconferência, apenas rejeição da peça acusatória nos termos do artigo
audiências, de modo fundamentado pelo juiz. 395 do Código de Processo Penal.
Resposta: Letra C. Resposta: Letra B.

10. 13.

Art. 363. O processo terá completada a sua forma- Em “a”: Errado – Nos termos do artigo 427, do Códi-
ção quando realizada a citação do acusado. go de Processo Penal, a dúvida sobre a imparciali-
Em “a”: Errado – O acusado não é obrigado a cons- dade do júri, bem como o risco à segurança pessoal
tituir defensor, sendo obrigatória a assistência por do acusado são motivos que poderão ensejar o desa-
advogado, ainda que defensor público. foramento do julgamento.
Em “b”: Certo – De acordo com o artigo mencionado. Em “b”: Errado – A sentença de impronúncia desafia
Em “c”: Errado – O recebimento da denúncia se dá a o Recurso de Apelação, nos termos do artigo 416 do
após a citação, nomeação ou constituição de defen- Código de Processo Penal.
sor e despacho fundamentado do juiz, portanto, a Em “c”: Certo – Inteligência dos artigos 447 caput.
marcha processual já estaria bem avançada. Vejamos: Art. 447. O Tribunal do Júri é compos-
Em “d”: Errado – A resposta escrita é apresentada to por 1 (um) juiz togado, seu presidente e por 25
após a constituição do defensor, portanto, incorreta (vinte e cinco) jurados que serão sorteados dentre
a alternativa. os alistados, 7 (sete) dos quais constituirão o Con-
Em “e”: Errado – A juntada do mandado de citação selho de Sentença em cada sessão de julgamento.
aos autos é irrelevante na justiça criminal, con- Veja também o § 2º do art. 448 in verbis: Art. 448.
tando-se os prazos de defesa da efetiva citação do São impedidos de servir no mesmo Conselho (...) § 2º
Acusado. Aplicar-se-á aos jurados o disposto sobre os impe-
Resposta: Letra B. dimentos, a suspeição e as incompatibilidades dos
juízes togados.
11. Em “d”: Errado – Pronunciado o acusado, o defensor
e o Ministério Público serão intimados para apre-
Em “a”: Errado – Nos exatos termos do artigo 401, sentar o rol de testemunhas a serem ouvidas em ple-
não se compreendem, no número de testemunhas, nário até o número de 5 (cinco), conforme disposto
as que não prestarem compromisso e as referidas. no artigo 422 do Código de Processo Penal.
Em “b”: Errado – Nos termos do artigo 396-A, após Em “e”: Errado – Encerrada a instrução processual,
a apresentação da resposta do Acusado, o juiz pode- poderá o Juiz absolver sumariamente o Acusado,
rá o absolver sumariamente se: a) verificar como quando: a) provada a inexistência do fato; b) pro-
manifesta a existência de causa excludente de ilici- vado não ser ele o Autor ou partícipe do fato; c) o
tude; b) verificar manifesta causa de excludente de fato não constituir infração penal; d) demonstrada
culpabilidade, salvo inimputabilidade; c) quando causa de isenção de pena ou de exclusão do crime.
verificar que o fato narrado não constitui crime; d)
Resposta: Letra C.
estiver extinta a punibilidade do agente.
Em “c”: Errado – Ainda que arroladas, a parte pode-
rá desistir da oitiva das testemunhas, nos termos do 14.
artigo 401.
Em “d”: Errado – O procedimento sumaríssimo apli- Em “a”: Errado – Apenas no Recurso em Sentido
ca-se às contravenções penais e aos crimes cujas Estrito, Carta Testemunhável e Agravo em Execu-
penas máximas cominadas não forem superiores a ção há previsão de juízo de retratação.
2 anos, nos termos da lei 9099/95. Em “b”: Errado – Independente de quem interpôs a
Em “e”: Certo – A alternativa lista as causas de rejei- apelação, o Órgão Julgador pode reinquirir teste-
ção da denúncia ou queixa do artigo 395 do Código munhas, determinar novas diligencias e interrogar
de Processo Penal. Art. 395. A denúncia ou queixa o Réu.
será rejeitada quando: (Redação dada pela Lei nº Em “c”: Errado – Trata-se do efeito extensivo dos
11.719, de 2008). Recursos no Processo Penal. Desde que NÃO funda-
I - for manifestamente inepta; mentada em motivos pessoais, a decisão aproveita-
II - faltar pressuposto processual ou condição para rá os demais réus.
o exercício da ação penal; ou
DIREITO PROCESSUAL PENAL

Em “d”: Errado – A revisão criminal não tem prazo,


III - faltar justa causa para o exercício da ação
podendo ser ajuizada até mesmo após o trânsito em
penal.
Resposta: Letra E. julgado da sentença ou após a extinção da pena.
Em “e”: Certo – De acordo com o caput do artigo 600
12. do Código de Processo Penal.
Art. 600. Assinado o termo de apelação, o apelante e,
Em “a”: Errado – Sendo manifestamente inepta a depois dele, o apelado terão o prazo de oito dias cada
denúncia, o juiz deverá rejeitá-la, nos termos do um para oferecer razões, salvo nos processos de
artigo 395 do Código de Processo Penal. contravenção, em que o prazo será de três dias.
Em “b”: Certo – A extinção da punibilidade do agen- Resposta: Letra E.
te é causa de absolvição sumária, nos termos do
artigo 397 do Código de Processo Penal.
Em “c”: Errado – A falta de condição para o exercí-
cio da ação penal é causa de rejeição da denúncia
ou queixa.
147
15.

Em “a”: Certo – Art. 622 Do Código de Processo


Penal - “a revisão poderá ser requerida a qualquer
tempo, antes da extinção da pena ou após”.
Em “b”: Errado – A revisão criminal destina-se a
processos findos, de acordo com o artigo 621 do
Código de Processo Penal.
Art. 621. A revisão dos processos findos será
admitida:
I - quando a sentença condenatória for contrária ao
texto expresso da lei penal ou à evidência dos autos;
II - quando a sentença condenatória se fundar em
depoimentos, exames ou documentos comprovada-
mente falsos;
III - quando, após a sentença, se descobrirem novas
provas de inocência do condenado ou de circunstân-
cia que determine ou autorize diminuição especial
da pena.
Em “c”: Errado – Nos termos do artigo 630 do Códi-
go de Processo Penal, poderá reconhecer o direito
à uma justa indenização, se assim o interessado
requerer.
Em “d”: Errado – A revisão criminal jamais poderá
agravar a pena imposta pela decisão revista. Inteli-
gência do parágrafo único do artigo 626 do Código
de Processo Penal. Art. 626. Julgando procedente a
revisão, o tribunal poderá alterar a classificação da
infração, absolver o réu, modificar a pena ou anular
o processo.
Parágrafo único. De qualquer maneira, não poderá
ser agravada a pena imposta pela decisão revista.
Em “e”: Errado – A morte do interessado não extin-
gue a revisão criminal, que inclusive poderá ser
ajuizada por seu cônjuge, ascendente, descendente
ou irmãos, após a morte do condenado.
Resposta: Letra A.

ANOTAÇÕES

148
IMPEDIMENTO SUSPEIÇÃO

São hipóteses objetivas São hipóteses subjetivas

Presunção absoluta de Presunção relativa de


DIREITO PROCESSUAL imparcialidade imparcialidade

CIVIL Gera nulidade absoluta

Enseja ação rescisória


Gera nulidade relativa

Sofre preclusão

Alegação na 1ª oportuni- Alegação na 1ª oportuni-


dade ou no prazo de 15 dade ou no prazo de 15
DO JUIZ E DOS AUXILIARES DA dias se posterior dias se posterior
JUSTIÇA
Com relação à extensão da sua redação, o art. 146
DOS IMPEDIMENTOS E DA SUSPEIÇÃO revela o procedimento para se alegar impedimento ou
suspeição, ou seja, a maneira como serão ponderados
Impedimento e suspeição são institutos que tra- no processo e seu respectivo processamento (caminho
tam das hipóteses em que a imparcialidade pode estar processual).
violada. A parte interessada deve, no prazo de 15 (quinze)
As causas de impedimento estão tipificadas no dias, alegar o impedimento ou suspeição em petição
art. 144, enquanto as de suspeição estão no art. 145, específica dirigida ao juiz do processo, mesmo que
ambos do CPC/2015. Vejamos: esse magistrado seja o sujeito ao qual se alega o impe-
dimento ou suspeição. A contagem do prazo deve ini-
Art. 144 Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado ciar-se a partir do conhecimento do fato que originou
exercer suas funções no processo: o impedimento ou suspeição, que pode ser a data de
I - em que interveio como mandatário da parte,
citação do réu ou da intimação do terceiro interessado
oficiou como perito, funcionou como membro do
(que é o ato pelo qual a parte tem ciência do proces-
Ministério Público ou prestou depoimento como
so judicial), ou data da ocorrência do fato gerador do
testemunha;
II - de que conheceu em outro grau de jurisdição, impedimento ou da suspeição – hipóteses previstas
tendo proferido decisão; nos arts. 144 e 145, do CPC/2015.
III - quando nele estiver postulando, como defen- Além disso, a parte que alega a presença de tais
sor público, advogado ou membro do Ministério institutos processuais deve comprovar suas alegações
Público, seu cônjuge ou companheiro, ou qualquer com documentos, indicação de rol de testemunhas ou
parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou outro(s) meio(s) de provar sua(s) alegação(ões).
colateral, até o terceiro grau, inclusive; Ao receber a petição específica, o magistrado pos-
IV - quando for parte no processo ele próprio, seu sui duas opções:
cônjuge ou companheiro, ou parente, consanguíneo
ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro z Aceitar a alegação e enviar os autos para o seu
grau, inclusive; substituto legal – outro juiz que, na forma do regi-
V - quando for sócio ou membro de direção ou de mento interno do respectivo Tribunal, o substitua;
administração de pessoa jurídica parte no processo;
z Não aceitar a alegação e, consequentemente, deter-
VI - quando for herdeiro presuntivo, donatário ou
minar que a petição específica seja distribuída em
empregador de qualquer das partes;
apartado (anexa ao processo principal) e, em 15
VII - em que figure como parte instituição de ensino
com a qual tenha relação de emprego ou decorrente (quinze) dias, apresentar suas razões para o não
de contrato de prestação de serviços; acolhimento da pretensão, com documentos e rol
VIII - em que figure como parte cliente do escritó- de testemunhas se necessários e, por fim, encami-
rio de advocacia de seu cônjuge, companheiro ou nhar o incidente (aquele anexo), para o Tribunal
parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou julgar o pedido de impedimento ou suspeição.
colateral, até o terceiro grau, inclusive, mesmo que
patrocinado por advogado de outro escritório; Vejamos o que diz o citado artigo em seu caput e
IX - quando promover ação contra a parte ou seu § 1º:
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

advogado.
Art. 145 Há suspeição do juiz: Art. 146 No prazo de 15 (quinze) dias, a contar do
I - amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes conhecimento do fato, a parte alegará o impedimen-
ou de seus advogados; to ou a suspeição, em petição específica dirigida ao
II - que receber presentes de pessoas que tiverem juiz do processo, na qual indicará o fundamento da
interesse na causa antes ou depois de iniciado o recusa, podendo instruí-la com documentos em que
processo, que aconselhar alguma das partes acerca se fundar a alegação e com rol de testemunhas.
do objeto da causa ou que subministrar meios para § 1º Se reconhecer o impedimento ou a suspeição
atender às despesas do litígio; ao receber a petição, o juiz ordenará imediatamen-
III - quando qualquer das partes for sua credora te a remessa dos autos a seu substituto legal, caso
ou devedora, de seu cônjuge ou companheiro ou de contrário, determinará a autuação em apartado da
parentes destes, em linha reta até o terceiro grau, petição e, no prazo de 15 (quinze) dias, apresentará
inclusive; suas razões, acompanhadas de documentos e de rol
IV - interessado no julgamento do processo em de testemunhas, se houver, ordenando a remessa
favor de qualquer das partes. do incidente ao tribunal. 149
Art. 147 Quando 2 (dois) ou mais juízes forem I - ao membro do Ministério Público;
parentes, consanguíneos ou afins, em linha reta ou II - aos auxiliares da justiça;
colateral, até o terceiro grau, inclusive, o primeiro III - aos demais sujeitos imparciais do processo.
que conhecer do processo impede que o outro nele § 1º A parte interessada deverá arguir o impedi-
atue, caso em que o segundo se escusará, remeten- mento ou a suspeição, em petição fundamentada e
do os autos ao seu substituto legal. devidamente instruída, na primeira oportunidade
em que lhe couber falar nos autos.
O impedimento relaciona-se a circunstâncias de § 2º O juiz mandará processar o incidente em
índole objetiva, muitas vezes relacionadas à existência separado e sem suspensão do processo, ouvindo o
de relações jurídicas entre o juiz e outros sujeitos do arguido no prazo de 15 (quinze) dias e facultando a
processo. Os incisos I, II e III, do art. 144, referem-se à produção de prova, quando necessária.
atuação do magistrado no processo, em qualquer posi- § 3º Nos tribunais, a arguição a que se refere o § 1º
ção. As demais hipóteses são específicas, mas traduzem será disciplinada pelo regimento interno.
relações contratuais, de sucessão e trabalhistas, como § 4º O disposto nos §§ 1º e 2º não se aplica à argui-
as dos incisos V, VI e VII. Os incisos IV e VIII tratam das ção de impedimento ou de suspeição de testemunha.
relações de parentesco (sobre os graus de parentes-
co, ver tópico relacionado às causas de Impedimento Impedimento e suspeição são institutos proces-
legal para a citação). E o inciso IX trata de litígio entre o suais que também podem ser aplicados aos membros
magistrado contra a parte ou seu advogado. do Ministério Público, aos Auxiliares da Justiça e aos
Já as causas de suspeição referem-se a circunstân- demais sujeitos no processo, como, por exemplo, aos
cias marcadamente subjetivas, que revelam a proxi- conciliadores e mediadores.
midade ou o interesse do juiz na causa capaz de ferir Atenção! Não confunda as atuações do Ministério
sua imparcialidade. O impedimento induz presunção Público. Somente haverá possibilidade de arguir sus-
absoluta de parcialidade, enquanto a suspeição apenas peição ou impedimento a membro do MP que atuar
presunção relativa, admitindo-se prova em contrário. como fiscal da ordem jurídica. Caso este atue como
Questão interessante diz respeito se a causa da sus- parte legítima, a sua parcialidade é notória, o que afas-
peição é superveniente à atuação do magistrado. Ima- ta possível alegação de impedimento ou suspeição.
gine a hipótese de que o juiz tenha concedido tutela de Quanto aos demais sujeitos eventualmente obje-
urgência nos autos, mas antes da sentença, passa a ter tos de arguição de impedimento ou suspeição, cabe
relações de amizade com uma das partes, ou ocorra destacar que a arguição deve ser julgada pelo Juiz de
qualquer causa de suspeição, vindo a declarar-se sus- primeiro grau, com concessão de prazo de 15 (quinze)
peito por motivo de foro íntimo. Indaga-se: as decisões dias para resposta do arguido, sem que haja neces-
por ele proferidas anteriormente serão afetadas pela sidade de suspensão do processo (§ 2º, art. 148, do
suspeição superveniente? O Superior Tribunal de Jus-
CPC/2015). Ainda, caso a arguição ocorra com o pro-
tiça disse que não, passando a incidir apenas depois
cesso já tramitando em segunda instância (no Tribu-
de efetivamente declarada pelo magistrado (STJ, 1ª
nal), deverá ser observado o procedimento previsto
Seção, PET no Resp 1.339.313-RJ, Rel. Min. Sérgio Kuki-
no regimento interno do respectivo Tribunal (§ 2º, art.
na, Rel. para acórdão Min. Assusete Magalhães, julga-
148, do CPC/2015), que substituirá ou complementa-
do em 13/04/2016 – Informativo nº 587).
rá o procedimento geral previsto no § 1º, art. 148, do
Outro caso decidido, também, pelo STJ diz respei-
CPC/2015.
to ao eventual impedimento de desembargador que
participa, como revisor, no julgamento de apelação, Na forma do § 4º, art. 148, para o caso de testemu-
quando seu cônjuge, também desembargadora, pro- nhas de ambas as partes, tem-se, no CPC/2015, pro-
feriu decisão em agravo de instrumento oriundo da cedimento próprio para discussão desses temas que
mesma causa originária. Essa é a regra atual do art. lhe impedem a oitiva nesta qualidade (Art. 457, do
147, anteriormente citado, que visa evitar possível CPC/2015).
influência entre os magistrados em virtude de víncu- Por fim, vale acrescentar que para eventuais casos
los afetivos e familiares. Entretanto, o STJ entendeu de suspeição dos auxiliares da justiça, as regras devem
que não se aplica o impedimento quando a decisão ser extraídas dos regimentos internos do respectivo
anterior não aprecia o mérito, já que extinta por per- tribunal . Além disso, de acordo com o § 1º, art. 466,
da de objeto. do CPC/2015, os assistentes técnicos são de confiança
Imagine que o cônjuge tenha atuado no julgamen- da parte e, portanto, não se sujeitam a arguições de
to de agravo de instrumento, o qual não teve seu méri- impedimento ou suspeição devido a sua presunção de
to analisado, sendo extinto por questões processuais parcialidade.
(perda do objeto por superveniência de sentença no O inciso I, § 1º, art. 465, do CPC/2015, trata do pro-
processo de origem). Esse seria o caso, mas sem inci- cedimento específico para alegação de impedimento
dir no impedimento, já que não apreciado o mérito ou suspeição do perito nomeado no caso concreto.
da causa.
DOS AUXILIARES DA JUSTIÇA

Importante! Os auxiliares da justiça compreendem todas as


O juiz pode declarar-se suspeito por motivo de funções, cargos ou profissionais que auxiliam direta
ou indiretamente o juiz em seu mister. Dividem-se
foro íntimo, sem necessidade de expor suas
em auxiliares permanentes (servidores do Poder Judi-
razões (§ 1º, art. 145, do CPC).
ciário) e eventuais (terceiros que, no cumprimento
de determinado encargo, exercem função específica
Art. 148 Aplicam-se os motivos de impedimento e e pontual no processo). O CPC/2015 arrola diversos
150 de suspeição: auxiliares, totalizando 14 funções/profissionais:
Art. 149 São auxiliares da Justiça, além de outros O art. 153, do CPC, após sofrer alteração pela Lei nº
cujas atribuições sejam determinadas pelas nor- 13.256/2016, prevê que Art. 153. O escrivão ou o chefe
mas de organização judiciária, o escrivão, o chefe de secretaria atenderá, preferencialmente, à ordem
de secretaria, o oficial de justiça, o perito, o depo- cronológica de recebimento para publicação e efetiva-
sitário, o administrador, o intérprete, o tradutor, o ção dos pronunciamentos judiciais. A redação anterior
mediador, o conciliador judicial, o partidor, o dis- dispunha que a ordem cronológica seria obrigatoria-
tribuidor, o contabilista e o regulador de avarias. mente observada, mas a alteração legislativa a tornou
opcional.
São auxiliares permanentes: escrivão ou chefe de
Já o oficial de justiça é o executor das ordens judi-
secretaria; oficial de justiça; contador judicial; distri-
ciais e diligências externas à sede do juízo, possuindo
buidor. Os auxiliares permanentes são servidores do
atribuições essenciais para assegurar a efetividade da
Poder Judiciário à disposição do juízo para atuar, quan-
tutela jurisdicional. Seus atos são dotados de fé pública,
do necessário, em qualquer processo. Sua remunera-
consistente na presunção de legalidade e veracidade de
ção é a do próprio cargo que exercem no Judiciário.
sua atuação. Assim, uma certidão lavrada pelo oficial de
São auxiliares eventuais: perito; intérprete; deposi-
justiça somente pode ser desconstituída por prova em
tário particular de bens; inventariante; administrador
sentido contrário, motivo pelo qual a presunção é rela-
judicial; tradutor. Esses auxiliares não são servidores
tiva (presunção iuris tantum). Veja um exemplo a esse
do Poder Judiciário, atuam mediante nomeação do
respeito conforme extraído da jurisprudência do TJMG:
juiz e são remunerados por honorários a serem arbi-
trados pelo próprio juiz.
EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO. PRELIMI-
Do Escrivão, do Chefe de Secretaria e do Oficial de NAR SUSCITADA NAS RAZÕES RECURSAIS - ALE-
Justiça GAÇÃO DE AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO
- NÃO CONSTATAÇÃO - REJEIÇÃO. AÇÃO DE EXE-
A previsão das funções e atos praticados pelo CUÇÃO. AVALIAÇÃO DO IMÓVEL REALIZADA
escrivão ou chefe de secretaria, bem como pelo ofi- PELO OFICIAL DE JUSTIÇA - PROVA DE ERRO - NÃO
cial de justiça está entre os arts. 150 e 155, além dos APRESENTAÇÃO DE ELEMENTOS CONVICENTES
- DESCONSTITUIÇÃO - IMPOSSIBILIDADE.
arts. 206 a 211, todos do CPC. Além dessas normas, as
- Verificando-se que a decisão vergastada está fun-
leis de organização judiciárias podem dispor sobre as
damentada, não há razão para anulá-la.
funções desses profissionais.
- Para a desconstituição da avaliação efetivada por
Art. 150 Em cada juízo haverá um ou mais ofícios um Oficial de Justiça, que é dotado de fé pública,
de justiça, cujas atribuições serão determinadas necessária a apresentação de elementos convincen-
pelas normas de organização judiciária. tes de que este tenha, quando da avaliação, incor-
Art. 151 Em cada comarca, seção ou subseção judi- rido em erro; sem esta comprovação, não há como
ciária haverá, no mínimo, tantos oficiais de justiça acolher a pretensão. (TJMG - Agravo de Instrumen-
quantos sejam os juízos. to-Cv 1.0024.14.248122-5/002, Relator(a): Des.(a)
Pedro Bernardes de Oliveira, 9ª CÂMARA CÍVEL,
julgamento em 16/06/2020, publicação da súmula
Incumbe ao escrivão ou chefe de secretaria, nos
em 25/06/2020)
termos do art. 152, do CPC:
São exemplos de atos praticados pelo oficial: citação,
I - redigir, na forma legal, os ofícios, os mandados, intimação, penhora, avaliação, arresto de bens, certificar
as cartas precatórias e os demais atos que perten- proposta de acordos quando do cumprimento de diligên-
çam ao seu ofício; cias etc. Suas atribuições estão elencadas no art. 154:
II - efetivar as ordens judiciais, realizar citações
e intimações, bem como praticar todos os demais Art. 154 Incumbe ao oficial de justiça:
atos que lhe forem atribuídos pelas normas de I - fazer pessoalmente citações, prisões, penhoras,
organização judiciária; arrestos e demais diligências próprias do seu ofício,
III - comparecer às audiências ou, não podendo sempre que possível na presença de 2 (duas) teste-
fazê-lo, designar servidor para substituí-lo; munhas, certificando no mandado o ocorrido, com
IV - manter sob sua guarda e responsabilidade menção ao lugar, ao dia e à hora;
os autos, não permitindo que saiam do cartório, II - executar as ordens do juiz a que estiver
exceto: subordinado;
a) quando tenham de seguir à conclusão do juiz; III - entregar o mandado em cartório após seu
b) com vista a procurador, à Defensoria Pública, ao cumprimento;
IV - auxiliar o juiz na manutenção da ordem;
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Ministério Público ou à Fazenda Pública;


c) quando devam ser remetidos ao contabilista ou V - efetuar avaliações, quando for o caso;
ao partidor; VI - certificar, em mandado, proposta de autocom-
d) quando forem remetidos a outro juízo em razão posição apresentada por qualquer das partes, na
da modificação da competência; ocasião de realização de ato de comunicação que
lhe couber.
V - fornecer certidão de qualquer ato ou termo do
processo, independentemente de despacho, obser-
vadas as disposições referentes ao segredo de z Responsabilidade do Escrivão ou Chefe de Secreta-
justiça; ria e do Oficial de Justiça:
VI - praticar, de ofício, os atos meramente ordinatórios.
Art. 155 O escrivão, o chefe de secretaria e o oficial
de justiça são responsáveis, civil e regressivamente,
O escrivão administra internamente o serviço den-
quando:
tro de sua serventia judicial, possuindo, como subor- I - sem justo motivo, se recusarem a cumprir no
dinados, outros servidores, também auxiliares, como prazo os atos impostos pela lei ou pelo juiz a que
oficiais de apoio, escreventes, estagiários do Poder estão subordinados;
Judiciário etc. II - praticarem ato nulo com dolo ou culpa. 151
Da mesma forma que estabelece a responsabi- III - em que constem dados protegidos pelo direito
lidade do juiz, o CPC/2015 também trata da respon- constitucional à intimidade;
sabilidade desses auxiliares. Os atos passíveis de IV - que versem sobre arbitragem, inclusive sobre
responsabilização decorrem de atuações dolosas ou cumprimento de carta arbitral, desde que a confi-
culposas, ativas ou omissivas. O inciso I refere-se à dencialidade estipulada na arbitragem seja com-
atuação omissiva, enquanto o outro inciso refere-se provada perante o juízo.
às condutas ativas, pressupondo um agir contrário à
lei, dolosa ou culposamente. Nesses casos, o acesso aos autos dar-se-á somente
pelas partes e seus procuradores, além dos membros
do Poder Judiciário (juiz e auxiliares).
Uma questão interessante diz respeito aos negó-
DA FORMA, DO TEMPO E DO LUGAR cios jurídicos processuais, espécie de ato processual
pela qual as partes dispõem sobre mudanças no pro-
DOS ATOS PROCESSUAIS
cedimento para ajustá-lo às particularidades de seu
caso.
O procedimento – rito seguido pelo processo –
estrutura-se em atos processuais. Isso quer dizer que Imagine que as partes queiram estipular a mudan-
a forma pela qual o processo aparece (realidade apa- ça dos prazos, que todos que se derem no curso da
rente do processo) é por meio dos atos processuais. fase de conhecimento – etapa destinada a certificar
Assim, tanto as partes como o juiz e seus auxiliares o direito controvertido – sejam de cinco dias, ou que
(escrivão, oficial de justiça, distribuidor etc.) praticam não haverá recurso contra decisões interlocutórias
atos processuais (exemplos: petição inicial, contesta- (como o agravo de instrumento), reservando o duplo
ção, certidões, termos, sentença, decisões interlocutó- grau de jurisdição apenas para o recurso contra a sen-
rias, despachos etc.). Posto isso, podemos conceituar tença (apelação).
ato processual como todo comportamento humano Veja a expressa disposição do art. 190 do CPC, que
voluntário capaz de produzir efeitos jurídicos no trata dos negócios jurídicos processuais:
processo.
O estudo dos atos processuais leva em conta a for- Art. 190 Versando o processo sobre direitos que
ma (as formalidades) pelas quais eles são praticados, admitam autocomposição, é lícito às partes ple-
namente capazes estipular mudanças no procedi-
assim como o tempo e o lugar.
mento para ajustá-lo às especificidades da causa
e convencionar sobre os seus ônus, poderes, facul-
DA FORMA DOS ATOS PROCESSUAIS dades e deveres processuais, antes ou durante o
processo.
Dos Atos em Geral Parágrafo único. De ofício ou a requerimento, o juiz
controlará a validade das convenções previstas
Como se sabe, o processo obedece a alguns requisi- neste artigo, recusando-lhes aplicação somente nos
tos, que são as formalidades. Para que o ato seja váli- casos de nulidade ou de inserção abusiva em con-
do, às vezes a lei estabelece quais requisitos devem trato de adesão ou em que alguma parte se encon-
ser seguidos, por exemplo, quando fala dos requisitos tre em manifesta situação de vulnerabilidade.
da petição inicial (Art. 319) ou da sentença (Art. 489).
Assim, se tais requisitos são descumpridos, deve-se Veja que o Código dá ao juiz o poder de controlar a
verificar se o ato deve ser anulado. validade do negócio jurídico processual, que declara-
Por ora, deve-se salientar que, como regra, preva- rá eventuais nulidades ou abusividades, além da desi-
lece a liberdade das formas, isto é: os atos não têm gualdade caso uma das partes esteja em situação de
forma específica, a não ser quando exigida por lei, manifesta vulnerabilidade.
segundo o art. 188 do CPC: O CPC/2015 ainda trata da calendarização proces-
sual como mais uma oportunidade de as partes defi-
Art. 188 Os atos e os termos processuais indepen- nirem o tempo para a prática de atos processuais.
dem de forma determinada, salvo quando a lei As partes podem definir data para a prática de atos
expressamente a exigir, considerando-se válidos processuais, como uma audiência, a produção de uma
os que, realizados de outro modo, lhe preencham a prova etc. Claramente, pode haver um ganho na efi-
finalidade essencial. ciência do processo, contribuindo decisivamente para
a garantia da razoável duração do processo, que é
Caso a lei estabeleça a formalidade, o critério será princípio constitucional garantido no inciso LXXVIII,
o da legalidade das formas. art. 5º, da Constituição Federal de 1988.
Eles podem ser praticados em autos físicos ou na Essa possibilidade de instituir calendário para a
forma eletrônica, como regulamentado a partir do art. prática de atos processuais está definida no art. 191
193. Como regra, os atos serão públicos, permitindo do CPC:
que qualquer pessoa a eles tenha acesso. No entan-
to, há processos que tramitam em segredo de justiça, Art. 191 De comum acordo, o juiz e as partes
como aqueles estabelecidos pelo Art. 189 do CPC: podem fixar calendário para a prática dos atos pro-
cessuais, quando for o caso.
Art. 189 Os atos processuais são públicos, todavia § 1º O calendário vincula as partes e o juiz, e os
tramitam em segredo de justiça os processos: prazos nele previstos somente serão modificados
I - em que o exija o interesse público ou social; em casos excepcionais, devidamente justificados.
II - que versem sobre casamento, separação de cor- § 2º Dispensa-se a intimação das partes para a prá-
pos, divórcio, separação, união estável, filiação, ali- tica de ato processual ou a realização de audiência
152 mentos e guarda de crianças e adolescentes; cujas datas tiverem sido designadas no calendário.
Veja que o calendário vincula as partes e o juiz, tra- Art. 194 Os sistemas de automação processual
tando-se de ato que produz efeitos em relação a todos respeitarão a publicidade dos atos, o acesso e a
os sujeitos do processo. participação das partes e de seus procuradores,
inclusive nas audiências e sessões de julgamento,
Art. 192 Em todos os atos e termos do processo é observadas as garantias da disponibilidade, inde-
obrigatório o uso da língua portuguesa. pendência da plataforma computacional, acessibi-
lidade e interoperabilidade dos sistemas, serviços,
Parágrafo único. O documento redigido em lín-
dados e informações que o Poder Judiciário admi-
gua estrangeira somente poderá ser juntado aos
nistre no exercício de suas funções.
autos quando acompanhado de versão para a lín-
gua portuguesa tramitada por via diplomática ou
Ao passo que o art. 195 versa sobre os requisitos
pela autoridade central, ou firmada por tradutor
de registro do ato processual eletrônico, devendo ser
juramentado.
feito em padrão aberto e com observância dos seguin-
tes requisitos:
O art. 192 determina que nos atos e termos do pro-
cesso se observe a língua portuguesa ou, caso assim não
z Autenticidade: autenticar quem está enviando a
seja, deverão vir acompanhados da respectiva tradução.
informação para o sistema;
z Integralidade: não alteração do conteúdo lançado;
Da Prática Eletrônica dos Atos Processuais z Temporalidade: é fiel ao tempo/momento do lan-
çamento;
Os atos processuais podem ser praticados em z Não repúdio: vincula quem assinou o documento
autos físicos ou eletrônicos. Autos dizem respeito à lançado;
documentação dos atos processuais, cabendo aqui z Conservação: preservar a duração contínua do
diferenciar alguns termos já citados: documento lançado;
z Confidencialidade: conseguir restringir o acesso a
z Processo: Instrumento pelo qual o Estado atua pessoas não autorizadas.
para aplicar o ordenamento jurídico;
z Procedimento: Algo mais formal, sendo visto Art. 195 O registro de ato processual eletrônico
como a sequência de atos processuais que permi- deverá ser feito em padrões abertos, que atenderão
tirão ao Estado aplicar o Direito. É a forma como o aos requisitos de autenticidade, integridade, tempo-
processo se exterioriza; ralidade, não repúdio, conservação e, nos casos que
z Autos: Documentação dos atos processuais. Os tramitem em segredo de justiça, confidencialidade,
observada a infraestrutura de chaves públicas uni-
autos é que são consultados pelos sujeitos do
ficada nacionalmente, nos termos da lei.
processo.

A prática dos atos processuais, como a intimação Dica


do advogado, assinatura dos juízes em seus pronun- Mesmo sendo eletrônico, o sistema dos pro-
ciamentos, publicação das decisões, entre outros, cessos judiciais deve observar as hipóteses
pode ocorrer total ou parcialmente em meio digital, de segredo de justiça, na forma do Art. 189, do
desde que haja a garantia de que sejam produzidos, CPC/2015.
comunicados, armazenados e validados por meio
eletrônico, na forma da lei própria (Lei 11.419/2006). Avançando no estudo, tem-se uma mudança feita
Essa prática se aplica também, no que for possível, à pelo Novo CPC: a atribuição da competência primária
prática de atos notariais e atos de registro, conforme ao Conselho Nacional de Justiça e, supletivamente, aos
versa o art. 193, do CPC/2015. Tribunais, para regulamentar a prática e a comunica-
ção dos atos processuais por meio eletrônico (Art. 196).
Art. 193 Os atos processuais podem ser total ou O art. 18, da Lei 11.419/2006, previa que essa compe-
parcialmente digitais, de forma a permitir que tência pertencia a todos os órgãos do Poder Judiciário.
sejam produzidos, comunicados, armazenados e
validados por meio eletrônico, na forma da lei. Art. 196 Compete ao Conselho Nacional de Justiça
Parágrafo único. O disposto nesta Seção aplica-se, e, supletivamente, aos tribunais, regulamentar a
no que for cabível, à prática de atos notariais e de prática e a comunicação oficial de atos processuais
por meio eletrônico e velar pela compatibilidade
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

registro.
dos sistemas, disciplinando a incorporação pro-
Já o art. 194 trata do princípio da publicidade dos gressiva de novos avanços tecnológicos e editando,
atos e das garantias do PJe para esse fim, os atos que forem necessários, respei-
tadas as normas fundamentais deste Código.
PJe (Processo Judicial Eletrônico), que são:
O caput do art. 197 trata da divulgação de informa-
z Disponibilidade: uso da informação;
ções constantes nos sistemas eletrônicos pelos Tribu-
z Independência da plataforma computacional: não
nais. Merece destaque o parágrafo único. Veja o teor
dependência do uso de um único equipamento
da sua redação:
tecnológico;
z Acessibilidade: possibilitar o acesso das informa- Art. 197 Os tribunais divulgarão as informações
ções aos demais usuários; constantes de seu sistema de automação em pági-
z Interoperabilidade dos sistemas, serviços, dados e na própria na rede mundial de computadores,
informações: possibilitar a comunicação adequa- gozando a divulgação de presunção de veracidade
da entre os sistemas. e confiabilidade. 153
Parágrafo único. Nos casos de problema técnico do discutido no processo) é um ato bilateral, pois pressu-
sistema e de erro ou omissão do auxiliar da justiça põe manifestação de vontade de ambos os envolvidos.
responsável pelo registro dos andamentos, poderá Do mesmo modo, lembre-se do negócio jurídico pro-
ser configurada a justa causa prevista no art. 223, cessual, que vimos há pouco.
caput e § 1º. Como regra, os atos iniciam a produção de efeitos
logo que praticados:
Essa “justa causa” considera o evento alheio à von-
tade da parte que a impediu de praticar o ato, por si Art. 200 Os atos das partes consistentes em decla-
ou por mandatário. Portanto, decorrido o prazo, a rações unilaterais ou bilaterais de vontade produ-
parte pode provar que não realizou o ato por “justa zem imediatamente a constituição, modificação ou
causa”, o que ensejará a fixação de novo prazo, se aco- extinção de direitos processuais.
lhida a pretensão. Parágrafo único. A desistência da ação só produzi-
Exemplificando, a “justa causa” pode se revelar na rá efeitos após homologação judicial.
indisponibilidade de acesso ao sistema informatizado
do respectivo Tribunal, ou por erro/omissão do auxi- O pedido de desistência da ação produz efeitos
liar da justiça responsável pela prática de determina- somente depois de homologação judicial. Se o autor,
do ato processual eletrônico, como publicação de uma por exemplo, pretende desistir da ação, deverá formu-
decisão ou sentença, por exemplo. lar o respectivo requerimento nos autos, mas a desis-
tência deve passar pela homologação judicial, a partir
da qual produzirá efeitos. Se já ocorrida a contestação
Importante! (defesa do réu), o autor somente poderá desistir com a
anuência (concordância) da parte contrária.
O STJ entende que o equívoco nas informações Os atos das partes podem ser assim classificados:
processuais prestadas na página eletrônica dos
tribunais configura justa causa, nos termos do § z Atos postulatórios: Atos nos quais as partes
2º, art. 183, do CPC/2015, a autorizar a prática pedem ou requerem algo ao Juízo a fim de buscar a
posterior do ato, sem prejuízo da parte. (STJ REsp sua pretensão ou defender seu direito. Dividem-se,
960.280 – RS; REsp 1.438.529; REsp 1.491.029). então, em pedidos e requerimentos. São exemplos:
petição inicial, contestação, requerimento para
produção de provas, dentre outros;
Deve o Poder Judiciário manter gratuitamente z Atos dispositivos: Aqueles pelos quais as partes
equipamentos necessários à prática de atos proces- dispõem de um direito que possuem. Exemplos:
suais eletrônicos e suas respectivas consultas, sob renúncia ao prazo recursal, renúncia a um meio
pena de se admitir a prática desses atos processuais probatório;
por meio não eletrônico, se no local não dispuser de z Atos instrutórios: Destinados a comprovar suas
equipamentos, na forma do caput do art. 198. alegações, a instruir o processo com a compro-
vação dos fatos. Exemplos: oitiva de testemunha,
Art. 198 As unidades do Poder Judiciário deverão requisição de documentos.
manter gratuitamente, à disposição dos interessa-
dos, equipamentos necessários à prática de atos É direito das partes exigir recibo dos atos que pra-
processuais e à consulta e ao acesso ao sistema e ticam em juízo quando entregam petições ou quais-
aos documentos dele constantes. quer outros documentos.
Parágrafo único. Será admitida a prática de atos
por meio não eletrônico no local onde não estive- Art. 201 As partes poderão exigir recibo de peti-
rem disponibilizados os equipamentos previstos no ções, arrazoados, papéis e documentos que entre-
caput. garem em cartório.
Art. 199 As unidades do Poder Judiciário assegu- Art. 202 É vedado lançar nos autos cotas marginais
rarão às pessoas com deficiência acessibilidade ou interlineares, as quais o juiz mandará riscar,
aos seus sítios na rede mundial de computadores, impondo a quem as escrever multa correspondente
ao meio eletrônico de prática de atos judiciais, à à metade do salário-mínimo.
comunicação eletrônica dos atos processuais e à
assinatura eletrônica.
Dos Pronunciamentos do Juiz
Dos Atos das Partes Os pronunciamentos judiciais são atos processuais
praticados pelo juiz que consistem na apreciação de
As partes praticam diversos atos processuais, alguma questão (de fato ou de direito), além de terem
necessários para defender seus direitos. As postu- como objetivo também o mero andamento do proces-
lações das partes são o meio pelo qual elas “conver- so. Por meio de tais atos, o juiz exerce sua jurisdição,
sam” com o juiz. Tendo elas uma demanda ou não dispondo sobre algo que foi requerido pelas partes ou
pretendendo que sua esfera jurídica seja afetada, evi- determinando os atos subsequentes do procedimento.
dentemente devem buscar convencer o juiz de seus Vejamos o que diz o CPC com relação aos pronun-
argumentos. Isso se dá pelos atos processuais. ciamentos judiciais:
Os atos das partes podem ser unilaterais ou bila-
terais, sendo aqueles os mais comuns. Como atos Art. 203 Os pronunciamentos do juiz consistirão
unilaterais, podemos lembrar dos atos de postulação em sentenças, decisões interlocutórias e despachos.
das partes, como petição inicial, contestação, réplica, § 1º Ressalvadas as disposições expressas dos pro-
requerimento para produção de provas e interpo- cedimentos especiais, sentença é o pronunciamento
sição de recursos. São atos que, para sua formação, por meio do qual o juiz, com fundamento nos arts.
basta a vontade da parte que os pratica. Já a transação 485 e 487, põe fim à fase cognitiva do procedimento
154 (quando as partes fazem um acordo sobre o direito comum, bem como extingue a execução.
§ 2º Decisão interlocutória é todo pronunciamento Dica
judicial de natureza decisória que não se enquadre
no § 1º. Juntada é o ato de anexar algum documento ao
§ 3º São despachos todos os demais pronunciamen- processo, daí utilizar-se o “termo de juntada”; já
tos do juiz praticados no processo, de ofício ou a a “vista” diz respeito a levar ao conhecimento de
requerimento da parte. algum ato.
§ 4º Os atos meramente ordinatórios, como a junta- O ato de pedir vista implica na disposição do pro-
da e a vista obrigatória, independem de despacho,
devendo ser praticados de ofício pelo servidor e cesso a alguém para análise. Se a vista for às
revistos pelo juiz quando necessário. partes, caberá a elas, por seus advogados, mani-
Art. 204 Acórdão é o julgamento colegiado proferi- festarem-se dentro do prazo concedido.
do pelos tribunais.
Dos Atos do Escrivão ou do Chefe de Secretaria
Sobre a diferença entre os tipos de pronunciamen-
to dos juízes citados nesse artigo, podemos resumi-los Os arts. 206 ao 209 do CPC/2015 preveem como
da seguinte forma: obrigação do escrivão ou chefe de secretaria o recebi-
mento da petição inicial do processo e sua consequen-
te autuação, bem como numeração e rubrica de todas
Põe fim à fase de as folhas dos autos, inclusive termos de juntada, vista,
Sentença / Acórdão conhecimento ou extingue a
execução
conclusão e outros semelhantes.
O escrivão ou chefe de secretaria deve, ainda, cer-
tificar eventual omissão ou impossibilidade de assi-
natura pelas pessoas que intervenham no processo
Pronunciamentos judiciais
(como os advogados por exemplo).
no curso do processo e
Decisões Interlocutórias que resolvem questões Art. 206 Ao receber a petição inicial de processo, o
incidentes, sem pôr fim ao escrivão ou o chefe de secretaria a autuará, men-
processo cionando o juízo, a natureza do processo, o número
de seu registro, os nomes das partes e a data de seu
início, e procederá do mesmo modo em relação aos
São decisões que
volumes em formação.
Despacho meramente impulsionam o Art. 207 O escrivão ou o chefe de secretaria nume-
andamento do processo rará e rubricará todas as folhas dos autos.
Parágrafo único. À parte, ao procurador, ao mem-
bro do Ministério Público, ao defensor público e aos
auxiliares da justiça é facultado rubricar as folhas
Caso algum desses atos seja praticado oralmente, o
correspondentes aos atos em que intervierem.
servidor deverá reduzi-los a termo, submetendo-o ao
Art. 208 Os termos de juntada, vista, conclusão e
juiz para revisão e assinatura.
outros semelhantes constarão de notas datadas e
Os atos meramente ordinatórios, como a juntada e rubricadas pelo escrivão ou pelo chefe de secretaria.
a vista obrigatória, independem de despacho, deven- Art. 209 Os atos e os termos do processo serão assi-
do ser praticados de ofício pelo servidor e revistos nados pelas pessoas que neles intervierem, todavia,
pelo juiz quando necessário. quando essas não puderem ou não quiserem firmá-
O caput do art. 205 deve ser interpretado de forma -los, o escrivão ou o chefe de secretaria certificará
literal, pois cabe ao Magistrado redigir, datar e assinar a ocorrência.
seus pronunciamentos (despachos, decisões, senten- § 1º Quando se tratar de processo total ou parcial-
ças e, no âmbito do tribunal, os acórdãos). mente documentado em autos eletrônicos, os atos
processuais praticados na presença do juiz poderão
Art. 205 Os despachos, as decisões, as sentenças e ser produzidos e armazenados de modo integral-
os acórdãos serão redigidos, datados e assinados mente digital em arquivo eletrônico inviolável, na
pelos juízes. forma da lei, mediante registro em termo, que será
§ 1º Quando os pronunciamentos previstos no assinado digitalmente pelo juiz e pelo escrivão ou
caput forem proferidos oralmente, o servidor os chefe de secretaria, bem como pelos advogados das
documentará, submetendo-os aos juízes para revi- partes.
são e assinatura. § 2º Na hipótese do § 1º, eventuais contradições
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

§ 2º A assinatura dos juízes, em todos os graus de juris- na transcrição deverão ser suscitadas oralmente
dição, pode ser feita eletronicamente, na forma da lei. no momento de realização do ato, sob pena de pre-
§ 3º Os despachos, as decisões interlocutórias, o clusão, devendo o juiz decidir de plano e ordenar o
dispositivo das sentenças e a ementa dos acórdãos registro, no termo, da alegação e da decisão.
serão publicados no Diário de Justiça Eletrônico.
Em se tratando de processo total ou parcialmente
Acrescenta-se que, mesmo quando os pronuncia- eletrônico, os atos processuais praticados na presença
mentos ocorrem de maneira oral, caberá ao servidor do juiz (como, por exemplo, uma audiência), poderão
da justiça reduzir a termo e submeter à revisão, data e ser produzidos e armazenados de modo integralmen-
assinatura do Magistrado (§ 1º, Art. 205). te digital em arquivo eletrônico inviolável, na forma
A prática dessas atividades pode ser realizada ele- da lei.
tronicamente, independente de os autos do processo Assim, tomando o exemplo da audiência, esta deve-
serem eletrônicos ou não (§ 2º, Art. 205). E, por fim, rá ser registrada em termo, que será assinado digital-
todos os pronunciamentos deverão ser publicados em mente pelo juiz e pelo escrivão ou chefe de secretaria,
Diário de Justiça Eletrônico (§ 3º, Art. 205). bem como pelos advogados das partes. 155
Já o § 2º do art. 209 possibilita às partes contradi- Art. 213 A prática eletrônica de ato processual
tarem essa transcrição oralmente e no momento da pode ocorrer em qualquer horário até as 24 (vinte e
realização do ato, sob pena de preclusão. Cabe ao Juiz quatro) horas do último dia do prazo.
decidir imediatamente e proceder o registro no termo Parágrafo único. O horário vigente no juízo perante
eletrônico todo o ocorrido, desde a alegação até sua o qual o ato deve ser praticado será considerado
decisão. para fins de atendimento do prazo.
Art. 214 Durante as férias forenses e nos feriados,
Art. 210 É lícito o uso da taquigrafia, da estenotipia não se praticarão atos processuais, excetuando-se:
ou de outro método idôneo em qualquer juízo ou I - os atos previstos no art. 212, § 2º;
tribunal. II - a tutela de urgência.

Na forma do art. 210, do CPC/2015, é possível, em Entende-se como férias forenses o período com-
qualquer juízo ou tribunal, o uso de métodos de abre- preendido entre 20 de dezembro e 20 de janeiro, na
viação ou simbólicos de escrita, com o objetivo de forma do art. 220, do CPC/2015. O art. 215, do CPC/2015,
melhorar a velocidade da escrita), seja pela taquigra- prevê os atos processuais que serão praticados mes-
fia (escrita à mão), pela estenotipia (escrita por máqui- mo durante esse período:
na/computador) ou por qualquer outro meio idôneo.
z Procedimentos de jurisdição voluntária (disposi-
Art. 211 Não se admitem nos atos e termos pro-
cessuais espaços em branco, salvo os que forem
ções gerais - arts. 719 ao 72 do CPC/2015);
inutilizados, assim como entrelinhas, emendas ou z Necessários à conservação de direitos, quando
rasuras, exceto quando expressamente ressalvadas. prejuízo pelo adiamento (intimação para cumpri-
mento de uma tutela de saúde, por exemplo);
Por fim, o art. 211 veda a existência de espaços em z A ação de alimentos (Lei 5.478/68); execução de ali-
branco nos atos e termos processuais, salvo os que mentos (arts. 911 ao 913 do CPC/2015) e alimentos
forem inutilizados (entrelinhas, emendas ou rasuras, gravídicos (Lei 11.804/2008);
exceto quando expressamente justificadas). z Processos de nomeação (inciso I, Art. 759, Arts.
1.729 a 1.732 e Art. 1.775-A, do Código Civil; inciso
DO TEMPO E DO LUGAR DOS ATOS PROCESSUAIS III, Art. 201, do ECA) ou remoção (art. 761 do Códi-
go Civil, Art. 164 e inciso III, Art. 201, do ECA) de
A prática dos atos processuais deve ocorrer dentro tutor e curador.
da época e dos prazos fixados em lei. Então, a lei esta-
belece os dias em que podem ser praticados atos pro- Art. 215 Processam-se durante as férias forenses,
cessuais, além dos prazos para cada ato processual, a onde as houver, e não se suspendem pela superve-
fim de assegurar seu adequado andamento. niência delas:
Os atos processuais serão realizados em dias úteis, I - os procedimentos de jurisdição voluntária e
das 6 às 20 horas, podendo ser concluídos após esse os necessários à conservação de direitos, quando
horário desde que iniciados antes, quando o adiamen- puderem ser prejudicados pelo adiamento;
to prejudicar a diligência ou causar grave dano (Art. II - a ação de alimentos e os processos de nomeação
212, do CPC). ou remoção de tutor e curador;
Os atos praticados na forma eletrônica poderão III - os processos que a lei determinar.
ser realizados em qualquer horário até as 24 horas
do último dia do prazo. Falando-se em autos físicos, a Por fim, o art. 216 trata dos feriados para fins judi-
petição deverá ser protocolada dentro do horário de ciários, haja vista que, além dos previstos em lei (1ª
funcionamento do Judiciário local. de janeiro – Lei 662/1949; 21 de abril – Lei 10.601/02;
Na contagem por dias úteis, excluem-se sábados, entre outros), também serão considerados feriados os
domingos e feriados. Dias úteis são aqueles em que há sábados, domingos e os dias em que não houver expe-
expediente forense. Essa contagem se difere da conta- diente forense.
gem por dias corridos, que englobaria dias não úteis.
Assim, um prazo de cinco dias, por exemplo, iniciado Art. 216 Além dos declarados em lei, são feriados,
na quinta-feira, teria seu curso normal durante o fim para efeito forense, os sábados, os domingos e os
de semana. O CPC/2015 previu a contagem em dias dias em que não haja expediente forense.
úteis.
Do Lugar
Art. 212 Os atos processuais serão realizados em
dias úteis, das 6 (seis) às 20 (vinte) horas. Quanto ao lugar da prática dos atos processuais,
§ 1º Serão concluídos após as 20 (vinte) horas os veja a redação do art. 217, do CPC/2015:
atos iniciados antes, quando o adiamento prejudi-
car a diligência ou causar grave dano. Art. 217 Os atos processuais realizar-se-ão ordina-
§ 2º Independentemente de autorização judicial, as riamente na sede do juízo, ou, excepcionalmente,
citações, intimações e penhoras poderão realizar- em outro lugar em razão de deferência, de interes-
-se no período de férias forenses, onde as houver, e se da justiça, da natureza do ato ou de obstáculo
nos feriados ou dias úteis fora do horário estabele- arguido pelo interessado e acolhido pelo juiz.
cido neste artigo, observado o disposto no art. 5º,
inciso XI, da Constituição Federal.
Portanto, tem-se como regra que os atos proces-
§ 3º Quando o ato tiver de ser praticado por meio
de petição em autos não eletrônicos, essa deverá suais serão praticados no local onde se situa o juízo,
ser protocolada no horário de funcionamento do considerando o ambiente virtual do processo judi-
fórum ou tribunal, conforme o disposto na lei de cial eletrônico também como sede do juízo. Deve-se,
156 organização judiciária local. porém, observar as seguintes exceções:
z Deferência: inquiridos em sua residência ou onde Portanto, membros do Ministério Público, da Advocacia
exercem sua função (Art. 454, do CPC/2015); Pública, da Defensoria Pública, Juízes e Auxiliares da Jus-
z Natureza do ato / Interesse da justiça: inspe- tiça não deixarão de exercer suas funções.
ção judicial realizada no local indicado, como por Veja a redação do art. 220, do CPC/2015.
exemplo uma perícia advinda de dano ambiental
(Art. 481, do CPC/2015); Art. 220 Suspende-se o curso do prazo processual
z Natureza do ato / Obstáculo arguido pelo inte- nos dias compreendidos entre 20 de dezembro e 20
resse e acolhido pelo juiz: parte ou testemunha de janeiro, inclusive.
arrolada que se encontra enferma ou que por outro § 1º Ressalvadas as férias individuais e os feriados
motivo relevante esteja impossibilitada de compa- instituídos por lei, os juízes, os membros do Minis-
recer à sede do juízo, mas não impossibilitada de
tério Público, da Defensoria Pública e da Advocacia
depor (parágrafo único, Art. 449, do CPC/2015).
Pública e os auxiliares da Justiça exercerão suas
atribuições durante o período previsto no caput.
DOS PRAZOS § 2º Durante a suspensão do prazo, não se realiza-
rão audiências nem sessões de julgamento.
O processo se movimenta por impulso oficial, isto
é, o órgão judiciário tem o dever de dar andamento ao
O ato processual praticado durante o recesso
processo, uma vez iniciado. Para possibilitar isso, a lei
estabelece prazos para a prática dos atos processuais. forense considera-se realizado no primeiro dia útil,
Prazo é o lapso temporal (compreendido entre o que não será incluso na contagem do prazo, conforme
termo inicial e o termo final) para a prática dos atos STJ, AgRg no AREsp 23.139/MA.
processuais. Os prazos legais são estabelecidos pela
lei. Caso nem a lei nem o juiz estipulem o prazo, ele Art. 221 Suspende-se o curso do prazo por obstá-
será de 5 dias para a prática do ato processual. culo criado em detrimento da parte ou ocorrendo
qualquer das hipóteses do art. 313, devendo o prazo
Art. 218 Os atos processuais serão realizados nos ser restituído por tempo igual ao que faltava para
prazos prescritos em lei. sua complementação.
§ 1º Quando a lei for omissa, o juiz determinará os Parágrafo único. Suspendem-se os prazos durante
prazos em consideração à complexidade do ato. a execução de programa instituído pelo Poder Judi-
§ 2º Quando a lei ou o juiz não determinar prazo, as ciário para promover a autocomposição, incum-
intimações somente obrigarão a comparecimento bindo aos tribunais especificar, com antecedência,
após decorridas 48 (quarenta e oito) horas.
a duração dos trabalhos.
§ 3º Inexistindo preceito legal ou prazo determina-
do pelo juiz, será de 5 (cinco) dias o prazo para a
prática de ato processual a cargo da parte. Avançando, o art. 221, do CPC/2015, também trata
§ 4º Será considerado tempestivo o ato praticado da suspensão de prazos, autorizando a suspensão da
antes do termo inicial do prazo. contagem nas seguintes hipóteses:

Em relação ao último parágrafo, temos o seguin- I - em caso de obstáculo criado em detrimento da


te exemplo: Se a parte apresenta o recurso depois de parte;
pro­latada a sentença, mas antes de sua publicação ofi- II - caso ocorra alguma das hipóteses do art. 313
cial, o recurso será considerado tempestivo. do CPC/2015;
Uma inovação trazida pelo CPC/2015 diz respeito à III - durante a execução de programa instituído pelo
contagem de prazo somente em dias úteis (Art. 219), Poder Judiciário para promover a autocomposição
o que se aplica somente a prazos de natureza proces- (mutirões de conciliação, por exemplo), desde que o
sual, não aos de natureza material. respectivo tribunal especifique, com antecedência,
a duração dos trabalhos.
Art. 219 Na contagem de prazo em dias, estabeleci-
do por lei ou pelo juiz, computar-se-ão somente os
Por não se tratar de objeto do estudo, no presen-
dias úteis.
Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se te momento, não haverá profundidade nas diversas
somente aos prazos processuais. hipóteses legais de suspensão do processo, previstas
no art. 313 do CPC/2015. Porém, pode-se citar como
Como já mencionado, o Novo Código de Processo exemplo, a suspensão do processo pela morte de uma
Civil estabeleceu o recesso forense no período com- das partes, do seu representante ou do seu procura-
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

preendido entre 20 de dezembro e 20 de janeiro, dor, suspensão por convenção entre as partes, entre
incluindo-se essas datas citadas como marco inicial e outras.
marco final de contagem do período de recesso. No tocante aos “obstáculos” previstos no caput
do art. 221 do CPC/2015, podem ocorrer de diversas
Dica formas, desde um ato administrativo do respectivo
Enunciado 269 do Fórum Permanente de Pro- tribunal prevendo suspensão de prazo em um deter-
cessualistas: “A suspensão de prazos de 20 de minado dia, até mesmo nos casos de encerramento do
dezembro a 20 de janeiro é aplicável aos Juiza- expediente forense antes do horário legal (em razão
dos Especiais”. de chuva, ausência energia elétrica, algum evento na
comarca, entre outros fatos geradores).
Apesar do significativo período de recesso forense, o § Nesses casos, o prazo deve ser restituído não na
1º, do art. 220, deixa claro que mesmo neste período todos sua integralidade, mas na proporção do que faltava
os sujeitos do processo poderão exercer suas funções nor- para seu encerramento. É o que dispõe o caput do art.
malmente, ressalvadas as hipóteses de férias individuais. 221 do CPC/2015. 157
Art. 222 Na comarca, seção ou subseção judiciária Portanto, decorrido o prazo, a parte pode provar
onde for difícil o transporte, o juiz poderá prorro- que não realizou o ato por “justa causa”, o que ense-
gar os prazos por até 2 (dois) meses. jará a fixação de novo prazo para cumprimento do
§ 1º Ao juiz é vedado reduzir prazos peremptórios encargo, se acolhida a pretensão pelo Magistrado.
sem anuência das partes. A contagem dos prazos deve ser orientada pelo art.
§ 2º Havendo calamidade pública, o limite previsto
224 do CPC, segundo o qual, em regra, os prazos serão
no caput para prorrogação de prazos poderá ser
contados excluindo-se o dia do começo e incluindo-se
excedido.
o dia do vencimento. O § 3º do mencionado dispositivo
O Novo Código de Processo Civil também inovou estabelece que a contagem do prazo terá início no pri-
ao incluir as “sessões ou subseções judiciárias” ao lado meiro dia útil que seguir ao da publicação. Vejamos:
das “comarcas”, denominações utilizadas respectiva-
mente na Justiça Federal e na Justiça Estadual. Tem-se, Art. 224 Salvo disposição em contrário, os prazos
portanto, a exclusão de qualquer dúvida em relação serão contados excluindo o dia do começo e incluin-
à aplicabilidade da norma do art. 222 do CPC/2015 no do o dia do vencimento.
âmbito da Justiça Federal, pois há previsão expressa. § 1º Os dias do começo e do vencimento do prazo
A literalidade do caput do art. 222 é bem clara ao serão protraídos para o primeiro dia útil seguinte,
versar que nos locais de difícil transporte, o juiz pode- se coincidirem com dia em que o expediente forense
rá prorrogar por até 2 (dois) meses os prazos, podendo for encerrado antes ou iniciado depois da hora nor-
exceder este limite, em caso de calamidade pública (§ mal ou houver indisponibilidade da comunicação
eletrônica.
2º do Art. 222).
§ 2º Considera-se como data de publicação o pri-
Todavia, não poderá o magistrado reduzir os pra-
meiro dia útil seguinte ao da disponibilização da
zos peremptórios sem anuência das partes (§ 1º do
informação no Diário da Justiça eletrônico.
Art. 222). Este dispositivo prestigia o negócio jurídico
§ 3º A contagem do prazo terá início no primeiro
processual (Art. 190 do CPC/2015) com possibilida- dia útil que seguir ao da publicação.
de de fixação de calendário processual (Art. 191 do
CPC/2015), que conferem maior independência às par-
A parte poderá, ainda, renunciar ao prazo estabe-
tes na definição das regras procedimentais de ações
lecido em seu favor desde que faça de forma expres-
que versem sobre direitos disponíveis.
sa. Por exemplo, manifestar nos autos do processo
O caput do Art. 223, do CPC/2015, revela a hipóte-
renunciando o prazo recursal.
se de preclusão temporal, ou seja, aquela que ocorreu
devido ao transcurso do prazo anteriormente previs- Neste sentido, veja o que dispõe o art. 225, do CPC:
to, sem que houvesse manifestação da parte ou com
sua manifestação posterior (intempestiva). Art. 225 A parte poderá renunciar ao prazo esta-
belecido exclusivamente em seu favor, desde que o
Art. 223 Decorrido o prazo, extingue-se o direito de faça de maneira expressa.
praticar ou de emendar o ato processual, indepen-
dentemente de declaração judicial, ficando assegu- Os prazos podem ser classificados da seguinte
rado, porém, à parte provar que não o realizou por forma:
justa causa.
§ 1º Considera-se justa causa o evento alheio à von- z Peremptórios: São imperativos e não admitem
tade da parte e que a impediu de praticar o ato por prorrogação. Exemplos: contestar, recorrer;
si ou por mandatário.
z Dilatórios: Admitem prorrogação;
§ 2º Verificada a justa causa, o juiz permitirá à par-
z Próprios: Das partes, sujeitos à preclusão;
te a prática do ato no prazo que lhe assinar.
z Impróprios: Do juiz e seus auxiliares.
Conceituando brevemente, preclusão é a perda do
direito de manifestação no processo, ou seja, é a perda Nessa última hipótese, veja-se o disposto no art.
da capacidade para praticar atos processuais, que pode 226, do CPC:
ser gerada: pela realização do ato; pela não realização
do ato no prazo; ou pela realização de forma indevida. Art. 226 O juiz proferirá:
O instituto processual da preclusão guarda direta I - os despachos no prazo de 5 (cinco) dias;
relação com princípios norteadores do processo civil, II - as decisões interlocutórias no prazo de 10 (dez)
como a razoável duração do processo e a boa-fé objetiva. dias;
A preclusão pode ser temporal, lógica, consumati- III - as sentenças no prazo de 30 (trinta) dias.
va e sanção. Veja: Art. 227 Em qualquer grau de jurisdição, havendo
motivo justificado, pode o juiz exceder, por igual
z Temporal: em razão do transcurso do prazo, sem tempo, os prazos a que está submetido.
manifestação ou com manifestação posterior
(intempestiva); Os prazos não se aplicam somente aos juízes, mas
z Lógica: em razão de prática processual, anterior e também aos serventuários da justiça e advogados.
incompatível com o ato atual; Assim, vejamos:
z Consumativa: em razão do já exercício do direito
previsto naquele ato atual a ser praticado; Art. 228 Incumbirá ao serventuário remeter os
z Sanção: em razão da prática de ato ilícito. autos conclusos no prazo de 1 (um) dia e executar
os atos processuais no prazo de 5 (cinco) dias, con-
Os §§ 1º e 2º do art. 223, do CPC/2015, tratam de hipó- tado da data em que:
tese já estudada, a “justa causa” para não cumprimento I - houver concluído o ato processual anterior, se
tempestivo do ato processual. Essa “justa causa” consi- lhe foi imposto pela lei;
dera o evento alheio à vontade da parte e que lhe impe- II - tiver ciência da ordem, quando determinada
158 diu de praticar o ato, por si ou por seu mandatário. pelo juiz.
§ 1º Ao receber os autos, o serventuário certificará § 1º Quando houver mais de um réu, o dia do come-
o dia e a hora em que teve ciência da ordem referida ço do prazo para contestar corresponderá à última
no inciso II. das datas a que se referem os incisos I a VI do caput.
§ 2º Nos processos em autos eletrônicos, a juntada
de petições ou de manifestações em geral ocorrerá A forma de computar o prazo está estabelecida
de forma automática, independentemente de ato de no art. 224 do CPC, dispondo que, em regra, os prazos
serventuário da justiça. serão contados excluindo o dia do começo e incluindo
o dia do vencimento, não se iniciando ou encerrando
Vamos conhecer um pouco acerca dos prazos apli- em dia não útil.
cáveis às partes, mais precisamente aos advogados. Suponha o seguinte exemplo: o dia do começo do
Os prazos para os litisconsortes (diz-se litisconsór- prazo, contemplando alguma das hipóteses do art. 231,
cio quando temos a reunião de duas ou mais pessoas como a juntada do mandado, deu-se em 08/03/2021.
em algum ou ambos os polos da demanda) que tive- Considerando um prazo de 15 dias, o termo inicial do
rem diferentes procuradores, de escritórios de advo- prazo se dará no próximo dia útil seguinte, 09/03/2021,
cacia distintos, serão contados em dobro para todas e seu termo final, em 29/03/2021.
as suas manifestações, em qualquer juízo ou tribunal,
independentemente de requerimento. Porém, essa ◄ ABRIL
MARÇO
regra não se aplica se o processo for eletrônico, uma FEVEREIRO ►
vez que ambos conseguem acessar o processo de for- Dom Seg Ter Qua Qui Sex Sáb
ma simultânea. 1 2 3 4 5 6
Art. 229 Os litisconsortes que tiverem diferentes 7 8 9 10 11 12 13
procuradores, de escritórios de advocacia distin- 14 15 16 17 18 19 20
tos, terão prazos contados em dobro para todas as
suas manifestações, em qualquer juízo ou tribunal, 21 22 23 24 25 26 27
independentemente de requerimento.
§ 1º Cessa a contagem do prazo em dobro se, haven- 28 29 30 31
do apenas 2 (dois) réus, é oferecida defesa por ape-
nas um deles. Art. 232 Nos atos de comunicação por carta pre-
§ 2º Não se aplica o disposto no caput aos proces- catória, rogatória ou de ordem, a realização da
sos em autos eletrônicos. citação ou da intimação será imediatamente infor-
mada, por meio eletrônico, pelo juiz deprecado ao
O início do prazo será contado a partir da citação, juiz deprecante.
da intimação, ou ainda, da notificação.
Trata o art. 232 do CPC/2015 de ato de cooperação
Art. 230 O prazo para a parte, o procurador, a na jurisdição que permeia o CPC/2015, onde juízos de
Advocacia Pública, a Defensoria Pública e o Minis- diferentes localidades (Juiz do Rio de Janeiro x Juiz
tério Público será contado da citação, da intimação de São Paulo, por exemplo) e de diferentes esferas
ou da notificação. do Poder Judiciário (Justiça Federal x Justiça Esta-
dual, por exemplo) cooperam entre si, através de atos
A contagem do prazo respeita o art. 231 do CPC,
de comunicação, como carta precatória ou carta de
que assim estabelece:
ordem, no âmbito da cooperação jurídica nacional.
Art. 231 Salvo disposição em sentido diverso, con-
sidera-se dia do começo do prazo: Da Verificação dos Prazos e das Penalidades
I - a data de juntada aos autos do aviso de recebi-
Os seguintes artigos tratam da verificação dos
mento, quando a citação ou a intimação for pelo
excessos de prazos e das suas penalidades, dos ser-
correio;
ventuários e daqueles que possuem capacidade pos-
II - a data de juntada aos autos do mandado cum-
tulatória. Essas verificações são necessárias para o fiel
prido, quando a citação ou a intimação for por ofi-
cial de justiça;
cumprimento de normas fundamentais do processo
III - a data de ocorrência da citação ou da intima- civil, como a garantia da razoável duração do proces-
ção, quando ela se der por ato do escrivão ou do so (art. 4º do CPC/2015) e a observância do modelo de
chefe de secretaria; processo civil cooperativo (art. 6º do CPC/2015).
IV - o dia útil seguinte ao fim da dilação assinada O art. 6º do CPC/2015 versa claramente que “todos
os sujeitos do processo devem cooperar entre si para
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

pelo juiz, quando a citação ou a intimação for por


edital; que se obtenha, em tempo razoável, decisão de méri-
V - o dia útil seguinte à consulta ao teor da citação to justa e efetiva”. Portanto, não somente advogados,
ou da intimação ou ao término do prazo para que defensores públicos e membros do Ministério Público,
a consulta se dê, quando a citação ou a intimação devem cumprir seus respectivos prazos, mas o Juiz e
for eletrônica; os auxiliares da justiça também.
VI - a data de juntada do comunicado de que trata
o art. 232 ou, não havendo esse, a data de juntada Art. 233 Incumbe ao juiz verificar se o serventuário
da carta aos autos de origem devidamente cumpri- excedeu, sem motivo legítimo, os prazos estabeleci-
da, quando a citação ou a intimação se realizar em dos em lei.
cumprimento de carta; § 1º Constatada a falta, o juiz ordenará a instau-
VII - a data de publicação, quando a intimação se ração de processo administrativo, na forma da lei.
der pelo Diário da Justiça impresso ou eletrônico; § 2º Qualquer das partes, o Ministério Público ou a
VIII - o dia da carga, quando a intimação se der por Defensoria Pública poderá representar ao juiz con-
meio da retirada dos autos, em carga, do cartório tra o serventuário que injustificadamente exceder
ou da secretaria. os prazos previstos em lei. 159
O art. 233 do CPC/2015 atribui a incumbência origi- § 3º Verificada a falta, o juiz comunicará o fato à
nária de verificar os prazos ao Juiz (caput do art. 233), seção local da Ordem dos Advogados do Brasil para
o que revela ser um dos seus deveres como Magistra- procedimento disciplinar e imposição de multa.
do, na forma do inciso II, do art. 139, do CPC/2015 e na § 4º Se a situação envolver membro do Ministério
Lei Orgânica da Magistratura Nacional, no inciso II, Público, da Defensoria Pública ou da Advocacia
do art. 35, da Lei Complementar 35/1979. No entanto, Pública, a multa, se for o caso, será aplicada ao
essa atribuição também pode ser exercida pelas par- agente público responsável pelo ato.
§ 5º Verificada a falta, o juiz comunicará o fato ao
tes, pelo Ministério Público ou pela Defensoria Públi-
órgão competente responsável pela instauração
ca (§ 2º do art. 233).
de procedimento disciplinar contra o membro que
Em caso de constatação de falta do servidor, o Juiz
atuou no feito.
determinará a instauração de processo administrati-
vo, em face do servidor responsável, conforme precei-
tua o § 1º do art. 233 do CPC/2015. Especificamente no caso dos advogados privados,
A título de exemplificação, pode-se destacar alguns também será possível a aplicação de pena de suspen-
prazos do escrivão ou do chefe da serventia: 1 dia são do exercício da advocacia, a ser aplicada pela OAB,
para remeter o processo à conclusão e 05 dias, como na forma do inciso XII, do art. 34, e do art. 37, ambos
regra geral, para executar atos processuais (Art. 228 dos Estatuto da Advocacia e da OAB (Lei 8.906/1994).
do CPC/2015); 10 dias para responder ao juízo reque- A não devolução do processo no tempo devido
rente as cartas de ordem, precatória e rogatória (Art. implica intempestividade da petição?
268 do CPC/2015); no Tribunal, 05 dias para certificar Não. A entrega/devolução dos autos do processo,
o trânsito em julgado e baixar os autos ao juízo de ori- após o prazo previsto no caput do art. 234 do CPC/2015,
gem (art. 1.006 do CPC/2015). não implica em intempestividade do ato processual
Avançando no estudo, tem-se a literalidade do que deveria ter sido praticado, pois as sanções aqui
caput do Art. 234 do CPC/2015 que revela advertência previstas possuem caráter personalíssimo e, portanto,
a todos aqueles que possuem capacidade postulató- não podem exceder a pessoa do infrator, ou seja, gerar
ria, ou seja, advogados públicos ou privados, defensor prejuízo à parte ou ao Estado – Precedentes do STJ.
público e o membro do Ministério Público, que pos- Exemplo hipotético: Prazo fatal para protocolar
suem direto à vista pessoal (ou carga) dos autos do recurso de apelação em 14/10/2020  Recurso protoco-
processo. lado em 14/10/2020  Autos do processo devolvido ao
Devem devolver o processo no prazo do ato a ser cartório em 20/10/2020  O recurso será tempestivo.
praticado. Portanto, pensem em concessão de prazo
de 5 (cinco) dias, para que a parte autora se manifeste Art. 235 Qualquer parte, o Ministério Público ou a
sobre o conteúdo de um ofício. Defensoria Pública poderá representar ao correge-
Aquele que retirou os autos em carga deve, além dor do tribunal ou ao Conselho Nacional de Justiça
de cumprir o prazo processual, efetuar a devolução do contra juiz ou relator que injustificadamente exce-
processo, até a data final do prazo processual (aquele der os prazos previstos em lei, regulamento ou regi-
de 5 dias), independente se a retirada do processo do mento interno.
cartório se deu com cinco, quatro, três, dois dias antes [..]
ou no mesmo dia do prazo final.
A literalidade do caput do art. 235 do CPC/2015
Art. 234 Os advogados públicos ou privados, o possibilita que qualquer parte, Ministério Público ou
defensor público e o membro do Ministério Públi- Defensoria Pública, possa representar Juiz ou Relator
co devem restituir os autos no prazo do ato a ser que, injustificadamente, exceder os prazos previstos
praticado. em lei (Art. 226 do CPC/2015, por exemplo) ou os pra-
zos previstos em regulamento ou regimento interno
Ocorrida a infração de não devolução, pode qual- do respectivo tribunal.
quer interessado (Juiz, servidores, a parte adversa,
terceiros interessados) exigir a restituição dos autos
do processo - § 1º do art. 234 do CPC/2015. Após, o Juiz Importante!
determinará a intimação do infrator para restituir os
autos em até 3 (três) dias, sob pena de perder o direito No caso do Magistrado, há prazos que devem
de vista fora do cartório e incorrer em multa. ser observados na sua atuação, conforme esta-
belecido pelo art. 226 do CPC/2015, como por
§ 1º É lícito a qualquer interessado exigir os autos exemplo: despachos no prazo de 5 (cinco) dias;
do advogado que exceder prazo legal. decisões interlocutórias no prazo de 10 (dez)
§ 2º Se, intimado, o advogado não devolver os autos dias; sentenças no prazo de 30 (trinta) dias.
no prazo de 3 (três) dias, perderá o direito à vista
fora de cartório e incorrerá em multa correspon-
dente à metade do salário-mínimo. Nesses casos, se o magistrado ultrapassar esses
prazos, não haverá a incidência da preclusão (já expli-
Dica cada), pois trata-se de prazos de natureza imprópria.
Porém, poderá sofrer as consequências do art. 235 do
Se o advogado que, devidamente intimado, não CPC/2015, a seguir analisado.
devolver o processo no prazo de 3 (três) dias, A representação prevista no citado artigo se dará
não perderá o direito de vista do processo, mas na pessoa do corregedor do respectivo tribunal ou ao
sim o direito de vista fora do cartório, ou seja, Conselho Nacional de Justiça. No procedimento, deve-
o direito de fazer carga dos autos do processo. -se garantir contraditório prévio ao Magistrado e se
Caso contrário, haveria clara e manifesta viola- não for o caso de arquivamento liminar, garantia do
ção ao exercício do contraditório, da ampla defe- contraditório pleno por 15 (quinze) dias - § 1º do art.
160 sa e do devido processo legal. 235 do CPC/2015.
Processualmente, caso ultrapassado a possibilida- c) carta precatória, para que órgão jurisdicional
de de arquivamento liminar, cabe ao corregedor do brasileiro pratique ou determine o cumprimento,
respectivo tribunal ou o relator no Conselho Nacional na área de sua competência territorial, de ato rela-
de Justiça determinar a intimação do representado, tivo a pedido de cooperação judiciária formulado
por órgão jurisdicional de competência territorial
por meio eletrônico, para que, em 10 (dez) dias, prati- diversa. Exemplo: juízo da Comarca de São Paulo
que o ato - § 2º do art. 235 do CPC/2015. expede carta precatória para oitiva de testemu-
Se mantida a inércia do representado, os autos nha na Comarca de Ribeirão Preto;
serão remetidos ao substituto legal do juiz ou do rela- d) carta arbitral, para que órgão do Poder Judi-
tor, de acordo com as normas internas do respectivo ciário pratique ou determine o cumprimento, na
tribunal e, no prazo de 10 (dez) dias, praticará o ato - § área de sua competência territorial, de ato objeto
3º do art. 235 do CPC/2015. de pedido de cooperação judiciária formulado por
juízo arbitral, inclusive os que importem efetivação
de tutela provisória. Exemplo: juízo arbitral solici-
Art. 235 [..]
ta cooperação do Judiciário a fim de oficiar órgão
§ 1º Distribuída a representação ao órgão compe- público para obtenção de valores em instituição
tente e ouvido previamente o juiz, não sendo caso
financeira para integrar inventário ou negociação.
de arquivamento liminar, será instaurado proce-
dimento para apuração da responsabilidade, com
intimação do representado por meio eletrônico
para, querendo, apresentar justificativa no prazo
de 15 (quinze) dias. DA COMUNICAÇÃO DOS ATOS
§ 2º Sem prejuízo das sanções administrativas cabí-
veis, em até 48 (quarenta e oito) horas após a apre-
PROCESSUAIS
sentação ou não da justificativa de que trata o § 1º,
se for o caso, o corregedor do tribunal ou o relator DISPOSIÇÕES GERAIS E DA CITAÇÃO
no Conselho Nacional de Justiça determinará a inti-
mação do representado por meio eletrônico para Conceito
que, em 10 (dez) dias, pratique o ato.
§ 3º Mantida a inércia, os autos serão remetidos ao Art. 238 Citação é o ato pelo qual são convocados
substituto legal do juiz ou do relator contra o qual o réu, o executado ou o interessado para integrar a
se representou para decisão em 10 (dez) dias. relação processual.

A Constituição Federal, no inciso II do art. 93, II prevê A citação é o ato pelo qual são convocados o réu,
que o juiz que, injustificadamente, retiver os autos do pro- o executado ou o interessado para integrar a relação
cesso (físico ou eletrônico) não será promovido, e somen- processual. A relação jurídica processual será, então,
te poderá devolvê-los com o devido pronunciamento. formada pelos sujeitos parciais (autor e réu) e pelo
Estado-juiz (sujeito imparcial). Com a citação, forma-
COMUNICAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS -se a relação jurídica processual:

Como decorrência do princípio do devido processo Juiz


legal, o processo se dá em contraditório, necessitando
comunicar às partes para que possam se manifestar.
Além disso, poderá ser necessária a intimação de ter-
ceiros para que compareçam ou atuem no processo,
como as testemunhas e os peritos. Para que se efetive Autor Réu
esses princípios, é necessária a comunicação dos atos
processuais. Indispensabilidade da Citação
Como regra, os atos processuais serão cumpridos
por ordem judicial. Por vezes, é necessária a prática A citação é ato de comunicação diretamente rela-
de ato fora dos limites territoriais da unidade onde cionado ao contraditório e à ampla defesa, pois, por
o juiz atua. Se possível, poderão ser praticados por meio dela, dá-se a oportunidade à parte demandada
videoconferência ou recurso tecnológico equivalente de integrar a relação processual. Por isso, o CPC/2015
de transmissão de áudio e imagem em tempo real (§ 3º considera-a indispensável, exceto se for o caso de
do art. 236 do CPC). indeferimento da petição inicial (art. 331) ou rejeição
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Todavia, poderá também ser necessária a expedi- liminar do pedido (art. 332).
ção das seguintes cartas (art. 237): O indeferimento da petição inicial ocorre quando
a postulação do autor não satisfizer requisitos míni-
a) carta de ordem, pelo tribunal, na hipótese do § 2º mos, como estudaremos no tópico relativo à petição
do art. 236. É a carta expedida por órgãos judiciário inicial. A rejeição liminar do pedido ocorrerá quando
superior para ser cumprida por órgãos inferior a ele a pretensão do autor contrariar entendimentos vincu-
vinculado. Exemplo: o Ministro do STF expede carta lantes dos tribunais. Também trataremos dessas hipó-
de ordem para que o juízo da Comarca de São Paulo teses no item relativo ao procedimento comum.
ouça uma testemunha localizada nessa cidade; O comparecimento espontâneo do réu ou executa-
b) carta rogatória, para que órgão jurisdicional
do supre a falta ou nulidade de citação, bem como dá
estrangeiro pratique ato de cooperação jurídica
internacional, relativo a processo em curso perante início à fluência do prazo de defesa (§ 1º do art. 239).
órgão jurisdicional brasileiro. Exemplo: juízo da Entende-se por comparecimento espontâneo quando
Comarca de São Paulo expede uma carta rogatória o réu apresenta defesa ou constitui procurador nos
para que seja ouvida uma testemunha residente autos, presumindo-se que tomou conhecimento da
na Alemanha, pela autoridade judiciária alemã; pretensão do autor. 161
Efeitos da Citação II - por protesto, nas condições do inciso antecedente;
III - por protesto cambial;
A citação válida, ainda quando ordenada por juízo IV - pela apresentação do título de crédito em juízo
incompetente, induz litispendência, torna litigiosa a de inventário ou em concurso de credores;
coisa e constitui em mora o devedor, ressalvado o dis- V - por qualquer ato judicial que constitua em mora
posto nos arts. 397 e 398 do Código Civil. Outro impor- o devedor;
tante efeito decorre do despacho judicial que ordena VI - por qualquer ato inequívoco, ainda que extraju-
a citação, capaz de interromper o curso do prazo pres- dicial, que importe reconhecimento do direito pelo
cricional, sendo a interrupção retroativa à data da devedor.
Parágrafo único. A prescrição interrompida reco-
propositura da ação (art. 240 do CPC).
meça a correr da data do ato que a interrompeu, ou
do último ato do processo para a interromper.
Art. 241 Transitada em julgado a sentença de
mérito proferida em favor do réu antes da cita-
O efeito, como se vê, é o recomeço da contagem
ção, incumbe ao escrivão ou ao chefe de secretaria
comunicar-lhe o resultado do julgamento.
do prazo, desde seu início. Imagine um prazo de cin-
co anos para exercício da cobrança de uma dívida. No
quarto ano desse prazo, ocorre uma das causas inter-
A citação válida é aquela realizada com conformi-
ruptivas, motivo pelo qual o prazo quinquenal mencio-
dade aos requisitos legais. A seguir, serão abordadas
nado volta a correr do início. E uma das hipóteses de
as diversas espécies de citação; em cada uma delas,
interrupção é justamente pelo despacho que ordena a
há alguns requisitos a serem observados. Para que a
citação, desde que esta se materialize no prazo assina-
citação se aperfeiçoe, devem ser observadas as forma-
lado e de forma válida. É evidente que eventuais atra-
lidades inerentes a cada modalidade citatória.
sos decorrentes do próprio judiciário não prejudicarão
O Código ainda trata da citação ordenada por juízo
a parte autora pela consumação da prescrição.
incompetente. As regras de competência definem qual
Assim, proferido o despacho ordenando a citação e
órgão judiciário é subjetivamente capaz a analisar o
sendo esta realizada, seu efeito interruptivo retroagi-
litígio, conforme regras estabelecidas na Constituição
rá à data da propositura da ação. Vejamos: se a consu-
Federal e na lei. Se for incompetente, haverá descum-
mação do prazo prescricional de uma pretensão esteja
primento de um pressuposto processual de validade.
prevista para 16/04/2021 e a parte propõe a ação em
Entretanto, mesmo o juízo incompetente poderá orde-
15/04/2021, mas o despacho e a citação somente ocor-
nar a citação do réu, até porque, em alguns casos, a
rem, respectivamente em 23 e 30/04/2021, podemos
incompetência poderá ser arguida (alegada) pelo réu
falar em interrupção da prescrição? É certo que sim,
quando comparecer ao processo.
pois o efeito interruptivo retroage (retorna a momen-
Com a citação, forma-se a relação jurídica processual,
to passado) à data da propositura da ação.
consolidando-se os elementos da ação: parte, causa de
pedir e pedido. Com isso, é possível verificar se existem
Art. 242 A citação será pessoal, podendo, no entan-
ações idênticas em andamento, envolvendo os mesmos
to, ser feita na pessoa do representante legal ou do
elementos. Se houver, estaremos diante da litispendên-
procurador do réu, do executado ou do interessado.
cia, devendo a ação posterior ser extinta em virtude da
§ 1º Na ausência do citando, a citação será feita na
identidade com ação anteriormente proposta.
pessoa de seu mandatário, administrador, preposto
O bem eventual objeto do litígio é a mencionada “coi-
ou gerente, quando a ação se originar de atos por
sa litigiosa”, a qual estará sujeita aos rumos que forem
eles praticados.
tomados no processo, como, por exemplo, a partilha, a § 2º O locador que se ausentar do Brasil sem cienti-
reintegração de posse e a busca e apreensão, que são ficar o locatário de que deixou, na localidade onde
atos que atingem o bem. Assim, eventual mudança na estiver situado o imóvel, procurador com poderes
titularidade da coisa litigiosa não tem o condão de afetar para receber citação será citado na pessoa do admi-
o processo e os direitos das partes sobre esse bem. nistrador do imóvel encarregado do recebimento
A constituição em mora é efeito decorrente do dos aluguéis, que será considerado habilitado para
atraso no cumprimento de uma obrigação. Sendo ela representar o locador em juízo.
dependente da provocação do autor, eventuais juros § 3º A citação da União, dos Estados, do Distrito
moratórios (encargo decorrente da mora no importe Federal, dos Municípios e de suas respectivas autar-
de 1% sobre o valor da obrigação, por exemplo) somen- quias e fundações de direito público será realizada
te incidirão a partir da citação, momento em que, caso perante o órgão de Advocacia Pública responsável
confirmada a pretensão do autor ao final, poderá mar- por sua representação judicial.
car o momento em que o réu está em atraso. Art. 243 A citação poderá ser feita em qualquer
Do mesmo modo, a citação dá causa para a inter- lugar em que se encontre o réu, o executado ou o
rupção do prazo prescricional. A prescrição é o prazo interessado.
dado pela lei (normalmente, normas de direito mate- Parágrafo único. O militar em serviço ativo será
rial, como o Código Civil, Código de Defesa do Consu- citado na unidade em que estiver servindo, se
midor etc.) para o exercício de uma pretensão, a qual não for conhecida sua residência ou nela não for
será extinta pela prescrição (art. 189 do Código Civil). encontrado.
A interrupção da prescrição ocorrerá antes de con-
sumado seu prazo, nas hipóteses estabelecidas pelo Impedimento Legal para a Citação (Art. 244)
Código Civil, a saber:
Apesar de ser um dos atos mais importantes do
Art. 202 A interrupção da prescrição, que somente
processo, a citação não poderá ser realizada em qual-
poderá ocorrer uma vez, dar-se-á:
I - por despacho do juiz, mesmo incompetente, que quer ocasião. O CPC/2015 dispõe de alguns casos em
ordenar a citação, se o interessado a promover no que não poderá ser realizada a citação, exceto para
162 prazo e na forma da lei processual; evitar o perecimento do direito.
O perecimento é a perda do direito que leva à Modalidades de Citação
inutilidade do processo, pois já não é mais capaz de
A citação poderá se realizar de diferentes modos,
tutelá-lo. O perecimento de um bem pode ser enten-
os quais podem ser classificados da seguinte forma:
dido como sua deterioração ou inutilidade depois de
decorrido certo tempo. Em relação ao direito, pode-
Pelo Correio
mos lembrar da prescrição e da decadência, que são
causas extintivas de uma pretensão e do próprio direi-
Por Oficial de
to, respectivamente. Então, salvo para evitar o pereci- Real
Justiça
mento do direito, não se fará a citação:
Por Meio Eletrônico
I - de quem estiver participando de ato de culto Modalidades de
religioso; Citação
II - de cônjuge, de companheiro ou de qualquer Por Edital
parente do morto, consanguíneo ou afim, em linha
reta ou na linha colateral em segundo grau, no dia
do falecimento e nos 7 (sete) dias seguintes; Ficta Por Hora Certa
III - de noivos, nos 3 (três) primeiros dias seguintes
ao casamento; Por Escrivão ou
IV - de doente, enquanto grave o seu estado; Chefe de Secretária

Art. 245 Não se fará citação quando se verificar que


o citando é mentalmente incapaz ou está impossibi- z Citação por Correio
litado de recebê-la.
Trata-se de citação real pois sua validade está con-
Por parentes consanguíneos, deve-se entender dicionada à entrega de correspondência à pessoa a
aqueles que têm vínculo biológico e natural, pois liga ser citada. Pode se realizar para qualquer comarca do
as pessoas de mesmo sangue. A seguir, exemplifica- país, exceto (art. 247):
mos os diversos graus de parentesco, salientando que Art. 247 A citação será feita pelo correio para qual­
o CPC/2015 faz referência apenas até o segundo grau: quer comarca do país, exceto:
I - Nas ações de estado, observado o disposto no §
LINHA RETA LINHA RETA 3º do art. 695;
LINHA COLATERAL
(ASCENDENTES) (DESCENDENTES)
II - Quando o citando for incapaz;
4º grau: trisavós 1º grau: filhos
1º grau: não existe parente III - Quando o citando for pessoa de direito público;
de primeiro grau IV - Quando o citando residir em local não atendido
3º grau: bisavós 2º grau: netos 2º grau: irmãos pela entrega domiciliar de correspondência;
2º grau: avós 3º grau: bisnetos 3º grau: tios e sobrinhos
V - Quando o autor, justificadamente, a requerer de
outra forma.
4º grau: tios avós, primos,
1º grau: pais 4º grau: trinetos
sobrinhos netos
A citação por correio deve observar alguns requi-
sitos (caput do art. 248): cópias da petição inicial e do
Já o parentesco por afinidade é constituído com o despacho do juiz e comunicar o prazo para resposta, o
casamento ou união estável, e se limita aos ascenden- endereço do juízo e o respectivo cartório.
tes, descendentes e irmãos do cônjuge. Como já previsto pelo CPC/2015, cabe ressaltar a apli-
cação da Súmula nº 429 do Superior Tribunal de Justiça:
z Em linha reta: Sogros, genro e nora; Súmula nº 429 STJ: A citação postal, quando auto-
z Em linha colateral: Cunhados. rizada por lei, exige o aviso de recebimento.

Somente para fins de fundamentação dessas hipó- E complementa o Código de Processo Civil:
teses, veja o que estabelece o Código Civil:
Art. 248 Deferida a citação pelo correio, o escrivão
Art. 1.591 São parentes em linha reta as pessoas ou o chefe de secretaria remeterá ao citando cópias
que estão umas para com as outras na relação de da petição inicial e do despacho do juiz e comuni-
ascendentes e descendentes. cará o prazo para resposta, o endereço do juízo e o
respectivo cartório.
Art. 1.592 São parentes em linha colateral ou trans-
§ 1º A carta será registrada para entrega ao citan-
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

versal, até o quarto grau, as pessoas provenientes


do, exigindo-lhe o carteiro, ao fazer a entrega, que
de um só tronco, sem descenderem uma da outra.
assine o recibo;
Art. 1.593 O parentesco é natural ou civil, confor-
§ 2º Sendo o citando pessoa jurídica, será váli-
me resulte de consanguinidade ou outra origem.
da a entrega do mandado a pessoa com poderes
Art. 1.594 Contam-se, na linha reta, os graus de de gerência geral ou de administração ou, ainda,
parentesco pelo número de gerações, e, na colate- a funcionário responsável pelo recebimento de
ral, também pelo número delas, subindo de um dos correspondências;
parentes até ao ascendente comum, e descendo até § 3º Da carta de citação no processo de conheci-
encontrar o outro parente. mento constarão os requisitos do art. 250;
Art. 1.595 Cada cônjuge ou companheiro é aliado § 4º Nos condomínios edilícios ou nos loteamentos
aos parentes do outro pelo vínculo da afinidade. com controle de acesso, será válida a entrega do
§ 1º O parentesco por afinidade limita-se aos ascen- mandado a funcionário da portaria responsável
dentes, aos descendentes e aos irmãos do cônjuge pelo recebimento de correspondência, que, entre-
ou companheiro. tanto, poderá recusar o recebimento, se declarar,
§ 2º Na linha reta, a afinidade não se extingue com por escrito, sob as penas da lei, que o destinatário
a dissolução do casamento ou da união estável. da correspondência está ausente. 163
Condomínio edilício diz respeito aos condomínios Ações de estado, referidas no inciso primeiro supra,
verticais e aos horizontais, ou seja, coexistem partes dizem respeito aos direitos da personalidade, como
comuns (de uso de todos, como ruas, recepções, ele- alteração de nome, sexo, nacionalidade etc., cabendo
vadores, áreas de lazer) e áreas exclusivas (unidades referenciar o § 3º do art. 695, (A citação será feita na
autônomas pertencentes a cada proprietário). Já em pessoa do réu), que trata das ações de família. A citação
relação aos loteamentos com controle de acesso, a lei do incapaz, assim considerado pela lei civil (arts. 3º e 4º
contempla qualquer tipo de habitação cujo ingresso do Código Civil), também será realizada pessoalmente.
dependa de autorização, como ocorre em portarias ou A citação das pessoas jurídicas de direito público
qualquer outro mecanismo de limitação de acesso. (União, Estados, Distrito Federal e Municípios, além
das autarquias e fundações públicas de direito públi-
z Citação por Oficial de Justiça (por Mandado) co) não poderá ser realizada pelos correios. O inciso
IV diz respeito à impossibilidade fática ou material
O oficial de justiça é um auxiliar do juízo, cujas da citação postal, em locais não atendidos pelo servi-
atribuições estão arroladas no art. 154 do CPC: ço de correio. E o último inciso trata da manifestação
do autor pela citação de outro modo, ainda que a lei
Art. 154 Incumbe ao oficial de justiça: admita a citação postal.
I - fazer pessoalmente citações, prisões, penhoras, A lei ainda estabelece a forma de cumprimento do
arrestos e demais diligências próprias do seu ofício, mandado de citação:
sempre que possível na presença de 2 (duas) teste-
munhas, certificando no mandado o ocorrido, com Art. 251 Incumbe ao oficial de justiça procurar o
menção ao lugar, ao dia e à hora; citando e, onde o encontrar, citá-lo:
II - executar as ordens do juiz a que estiver subordinado; I - lendo-lhe o mandado e entregando-lhe a contrafé;
III - entregar o mandado em cartório após seu II - portando por fé se recebeu ou recusou a contrafé;
cumprimento; III - obtendo a nota de ciente ou certificando que o
IV - auxiliar o juiz na manutenção da ordem; citando não a apôs no mandado.
V - efetuar avaliações, quando for o caso;
VI - certificar, em mandado, proposta de autocom- Ainda se permite a citação por oficial de justiça em
posição apresentada por qualquer das partes, na comarcas contíguas de fácil comunicação e nas que se
ocasião de realização de ato de comunicação que situem na mesma região metropolitana. Contíguas são as
lhe couber. comarcas que fazem fronteira, tanto as vizinhas quanto
Art. 249 A citação será feita por meio de oficial de as que compõem uma mesma região metropolitana.
justiça nas hipóteses previstas neste Código ou em O oficial de justiça possui fé-pública, pelo que se
lei, ou quando frustrada a citação pelo correio. presume a legalidade e a veracidade de seus atos.
Assim, eventual questionamento sobre o certificado
Veja que dentre as funções está a de realizar pes- pelo Oficial de Justiça deve ser provado pela parte que
soalmente as citações. Desse fato, conclui-se que a alega, já que o mencionado auxiliar possui a presun-
citação realizada pelo oficial de justiça é uma das ção em seu favor.
modalidades de citação pessoal, já que vai ao encontro
do citando, deixando-o ciente da pretensão do autor. z Citação por Hora Certa
Para que o oficial de justiça cumpra essa citação, é
necessária a expedição de um mandado de citação, A citação por hora certa também é realizada por
ato de comunicação que será objeto de cumprimento oficial de justiça, mas baseia-se em pressupostos
pelo referido auxiliar. diversos da citação pessoal. Decorre, na verdade, da
Os requisitos do mandado estão no art. 250 do CPC: frustração da citação pessoal por suspeita de oculta-
Art. 250 O mandado que o oficial de justiça tiver de ção do citando. A questão está bem regulamentada no
cumprir conterá: art. 252 do CPC:
I - os nomes do autor e do citando e seus respectivos
domicílios ou residências; Art. 252 Quando, por 2 (duas) vezes, o oficial de
II - a finalidade da citação, com todas as especifi- justiça houver procurado o citando em seu domicí-
cações constantes da petição inicial, bem como a lio ou residência sem o encontrar, deverá, havendo
menção do prazo para contestar, sob pena de reve- suspeita de ocultação, intimar qualquer pessoa da
lia, ou para embargar a execução; família ou, em sua falta, qualquer vizinho de que,
III - a aplicação de sanção para o caso de descum- no dia útil imediato, voltará a fim de efetuar a cita-
primento da ordem, se houver; ção, na hora que designar.
IV - se for o caso, a intimação do citando para com- Parágrafo único. Nos condomínios edilícios ou nos
parecer, acompanhado de advogado ou de defensor loteamentos com controle de acesso, será válida a
público, à audiência de conciliação ou de media- intimação a que se refere o caput feita a funcioná-
ção, com a menção do dia, da hora e do lugar do rio da portaria responsável pelo recebimento de
comparecimento; correspondência.
V - a cópia da petição inicial, do despacho ou da
decisão que deferir tutela provisória; Para entender o conceito de domicílio, deve-se
VI - a assinatura do escrivão ou do chefe de secre- observar o que diz o Código Civil a partir do art. 70,
taria e a declaração de que o subscreve por ordem cabendo mencionar que domicílio é onde a pessoa
do juiz.
estabelece sua residência (elemento objetivo) com
A citação será por mandado quando não puder ser ânimo definitivo (elemento subjetivo).
realizada por correio (exceções do art. 247) ou quando Na hora designada, o oficial retornará ao local a
frustrada a citação por correio (art. 249), assim enten- fim de efetuar a citação e, se o citando não estiver pre-
dida aquela que não é recebida pelo citando ou, por sente, o oficial de justiça procurará informar-se sobre
qualquer outro motivo, não se faz exitosa devido à as razões da ausência, dando por feita a citação, ainda
164 mudança de endereço, como visto anteriormente. que o citando se tenha ocultado em outra comarca,
seção ou subseção judiciárias. Comarca é a unidade ou propósito capaz de produzir efeitos jurídicos, como
judiciária da justiça estadual, enquanto seções ou sub- o previsto no art. 726 do CPC. Fala-se em notificação,
seções são unidades judiciárias da justiça federal. ainda, no mandado de segurança (inciso I do art. 7º da
Lei nº 12.016/2009), à qual a jurisprudência dá o mes-
Art. 253 No dia e na hora designados, o oficial de mo efeito da citação. A remessa diz respeito ao envio
justiça, independentemente de novo despacho, com- de documentos (remessa dos autos).
parecerá ao domicílio ou à residência do citando a Já o Código de Processo Civil adota a citação prefe-
fim de realizar a diligência. rencialmente por esse meio para as empresas públi-
§ 1º Se o citando não estiver presente, o oficial de cas e privadas, bem como aos entes e entidades da
justiça procurará informar-se das razões da ausên- Administração Pública Direta – União, Estados, Dis-
cia, dando por feita a citação, ainda que o citando trito Federal e Municípios – e Indireta – autarquias,
se tenha ocultado em outra comarca, seção ou sub- fundações públicas, empresas públicas e sociedades
seção judiciárias. de economia mista.
§ 2º A citação com hora certa será efetivada mes-
mo que a pessoa da família ou o vizinho que houver
sido intimado esteja ausente, ou se, embora presen- Importante!
te, a pessoa da família ou o vizinho se recusar a
receber o mandado. A citação preferencial por meio eletrônico não se
§ 3º Da certidão da ocorrência, o oficial de justiça aplica às microempresas e empresas de peque-
deixará contrafé com qualquer pessoa da família ou no porte (§ 1º art. 246 do CPC), assim definidas
vizinho, conforme o caso, declarando-lhe o nome. pela Lei Complementar 123/2006. Essa lei define
§ 4º O oficial de justiça fará constar do mandado a que a microempresa (ME) deve ter o faturamento
advertência de que será nomeado curador especial de até R$ 360 mil por ano, enquanto a empresa
se houver revelia. de pequeno porte (EPP) deve possuir como limi-
Art. 254 Feita a citação com hora certa, o escrivão
ou chefe de secretaria enviará ao réu, executado ou te de faturamento até R$ 4,8 milhões por ano.
interessado, no prazo de 10 (dez) dias, contado da
data da juntada do mandado aos autos, carta, tele-
grama ou correspondência eletrônica, dando-lhe de z Citação por Edital
tudo ciência.
Art. 255 Nas comarcas contíguas de fácil comuni- Há casos em que a citação pessoal ou por carta não
cação e nas que se situem na mesma região metro- se consuma, mas o processo não pode tramitar sem a
politana, o oficial de justiça poderá efetuar, em citação, que é requisito de validade da relação proces-
qualquer delas, citações, intimações, notificações, sual. Por isso, a lei traz modalidade de citação ficta,
penhoras e quaisquer outros atos executivos. pela qual se publica edital de citação, nas hipóteses do
art. 256 do CPC:
z Citação pelo Escrivão ou Chefe de Secretaria
Art. 256 A citação por edital será feita:
Além de todas as hipóteses citadas, a citação pode- I - quando desconhecido ou incerto o citando;
rá ser realizada pelo escrivão ou chefe de secretaria II - quando ignorado, incerto ou inacessível o lugar
sempre que o citando comparecer em cartório (inciso em que se encontrar o citando;
III do art. 246 do CPC). III - nos casos expressos em lei.

z Citação por Meio Eletrônico A citação é ficta porque não se dá pessoalmente ao


citando, baseando-se em uma presunção de conheci-
A citação por meio eletrônico pretende ser mais efi- mento por ele.
ciente, já que a comunicação ao citando torna-se faci- Desconhecido será o réu quando não se souber
litada, dispensando a expedição de carta ou mandado, quem deverá ser citado. Incerto, quando não se sabe
por exemplo. O processo em autos eletrônicos foi regula- sequer se haverá réu, como ocorre em usucapião
mentado pela Lei nº 11.419/2006, a qual previu a comu- (DIDIER JR., 2016).
nicação dos atos por meio eletrônico, assim dispondo: Local ignorado baseia-se no desconhecimento de
onde se encontra o réu. Incerto, quando não se sabe
Art. 9º No processo eletrônico, todas as citações, o endereço, apesar do conhecimento de que ele possa
intimações e notificações, inclusive da Fazenda estar em determinado território ou localidade. Ina-
Pública, serão feitas por meio eletrônico, na forma
cessível será quando, por fatores alheios, não se possa
desta Lei.
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

chegar onde o réu se encontra. No caso de ser inaces-


§ 1º As citações, intimações, notificações e remes-
sível o lugar em que se encontrar o réu, a notícia de
sas que viabilizem o acesso à íntegra do processo
correspondente serão consideradas vista pessoal sua citação será divulgada também pelo rádio, se na
do interessado para todos os efeitos legais. comarca houver emissora de radiodifusão.
§ 2º Quando, por motivo técnico, for inviável o uso Os requisitos da citação por edital são:
do meio eletrônico para a realização de citação,
intimação ou notificação, esses atos processuais Art. 257 São requisitos da citação por edital:
poderão ser praticados segundo as regras ordiná- I - a afirmação do autor ou a certidão do ofi-
rias, digitalizando-se o documento físico, que deve- cial informando a presença das circunstâncias
rá ser posteriormente destruído. autorizadoras;
Art. 258 A parte que requerer a citação por edital,
Citação é o ato pelo qual são convocados o réu, o alegando dolosamente a ocorrência das circuns-
executado ou o interessado para integrar a relação tâncias autorizadoras para sua realização, incor-
processual. A intimação é o ato pelo qual se dá ciência rerá em multa de 5 (cinco) vezes o salário-mínimo.
a alguém dos atos e dos termos do processo. Notifica- Parágrafo único. A multa reverterá em benefício do
ção é o ato que dá ciência a alguém de uma intenção citando. 165
O réu será considerado em local ignorado ou incer- Art. 261 Em todas as cartas o juiz fixará o prazo
to se infrutíferas as tentativas de sua localização, inclu- para cumprimento, atendendo à facilidade das
sive mediante requisição pelo juízo de informações comunicações e à natureza da diligência.
sobre seu endereço nos cadastros de órgãos públi- § 1º As partes deverão ser intimadas pelo juiz do
cos ou de concessionárias de serviços públicos. Aqui, ato de expedição da carta.
poderá haver requisição de informações a instituições
§ 2º Expedida a carta, as partes acompanharão
financeiras, prestadores de serviços de energia elétri-
ca, de fornecimento de água, empresas de telefonia etc. o cumprimento da diligência perante o juízo des-
Além das hipóteses citadas, a lei exige a publicação tinatário, ao qual compete a prática dos atos de
de edital nos casos do art. 259 do CPC: comunicação.
§ 3º A parte a quem interessar o cumprimento da
Art. 259 Serão publicados editais: diligência cooperará para que o prazo a que se refe-
I - na ação de usucapião de imóvel;
re o caput seja cumprido.
II - na ação de recuperação ou substituição de título
ao portador; Art. 262 A carta tem caráter itinerante, podendo,
III - em qualquer ação em que seja necessária, antes ou depois de lhe ser ordenado o cumprimen-
por determinação legal, a provocação, para par- to, ser encaminhada a juízo diverso do que dela
ticipação no processo, de interessados incertos ou consta, a fim de se praticar o ato.
desconhecidos. Parágrafo único. O encaminhamento da carta a
Usucapião é a ação destinada a promover a aquisi- outro juízo será imediatamente comunicado ao
ção de propriedade móvel ou imóvel em virtude da pos- órgão expedidor, que intimará as partes.
se prolongada e sem interrupção, durante determinado Art. 263 As cartas deverão, preferencialmente, ser
prazo fixado em lei. A ação de recuperação ou substitui- expedidas por meio eletrônico, caso em que a assi-
ção de título ao portador destina-se a resguardar o direi- natura do juiz deverá ser eletrônica, na forma da
to daquele que, sendo portador de um título de crédito, lei.
o tenha perdido ou teve a posse dele retirada. Art. 264 A carta de ordem e a carta precatória por
Há a presunção de que o réu tomou conhecimento
meio eletrônico, por telefone ou por telegrama con-
pela publicação de edital, daí falar em citação ficta. O pra-
terão, em resumo substancial, os requisitos mencio-
zo para defesa inicia-se, assim, no dia útil seguinte ao fim
da dilação assinada pelo juiz (inciso IV do art. 231 do CPC). nados no art. 250 , especialmente no que se refere à
Veja que, no inciso III, estabelece-se o prazo do edi- aferição da autenticidade.
tal, cujo término dará início ao prazo para a defesa, na Art. 265 O secretário do tribunal, o escrivão ou o
forma do citado inciso IV do art. 231 do CPC. chefe de secretaria do juízo deprecante transmiti-
rá, por telefone, a carta de ordem ou a carta preca-
Dica tória ao juízo em que houver de se cumprir o ato,
por intermédio do escrivão do primeiro ofício da
O juiz nomeará curador especial ao réu revel
primeira vara, se houver na comarca mais de um
citado por edital ou com hora certa, enquanto
ofício ou de uma vara, observando-se, quanto aos
não for constituído advogado. Revelia é o fato
requisitos, o disposto no art. 264 .
processual decorrente da não apresentação de
§ 1º O escrivão ou o chefe de secretaria, no mesmo
defesa pelo réu. Logo, se ele for citado por edital
dia ou no dia útil imediato, telefonará ou enviará
e não apresentar defesa, deve-se nomear cura-
mensagem eletrônica ao secretário do tribunal, ao
dor especial, que consiste na nomeação de um
escrivão ou ao chefe de secretaria do juízo depre-
defensor para que o defenda no processo.
cante, lendo-lhe os termos da carta e solicitando-
DAS CARTAS -lhe que os confirme.
§ 2º Sendo confirmada, o escrivão ou o chefe de
Sobre a comunicação dos atos processuais, inicia- secretaria submeterá a carta a despacho.
remos estudando os quatro tipos de cartas: Art. 266 Serão praticados de ofício os atos requisi-
Art. 260 São requisitos das cartas de ordem, preca- tados por meio eletrônico e de telegrama, devendo
tória e rogatória: a parte depositar, contudo, na secretaria do tribu-
I - a indicação dos juízes de origem e de cumpri- nal ou no cartório do juízo deprecante, a importân-
mento do ato; cia correspondente às despesas que serão feitas no
II - o inteiro teor da petição, do despacho judicial e juízo em que houver de praticar-se o ato.
do instrumento do mandato conferido ao advogado; Art. 267 O juiz recusará cumprimento a carta
III - a menção do ato processual que lhe constitui
precatória ou arbitral, devolvendo-a com decisão
o objeto;
motivada quando:
IV - o encerramento com a assinatura do juiz.
§ 1º O juiz mandará trasladar para a carta quais- I - a carta não estiver revestida dos requisitos legais;
quer outras peças, bem como instruí-la com mapa, II - faltar ao juiz competência em razão da matéria
desenho ou gráfico, sempre que esses documentos ou da hierarquia;
devam ser examinados, na diligência, pelas partes, III - o juiz tiver dúvida acerca de sua autenticidade.
pelos peritos ou pelas testemunhas. Parágrafo único. No caso de incompetência em
§ 2º Quando o objeto da carta for exame pericial razão da matéria ou da hierarquia, o juiz depreca-
sobre documento, este será remetido em original,
do, conforme o ato a ser praticado, poderá remeter
ficando nos autos reprodução fotográfica.
§ 3º A carta arbitral atenderá, no que couber, aos a carta ao juiz ou ao tribunal competente.
requisitos a que se refere o caput e será instruída Art. 268 Cumprida a carta, será devolvida ao juízo
com a convenção de arbitragem e com as provas da de origem no prazo de 10 (dez) dias, independente-
166 nomeação do árbitro e de sua aceitação da função. mente de traslado, pagas as custas pela parte.
Realização de atos entre comarcas
distintas

Carta Precatória
Realização de atos entre países
Carta rogatória distintos
Comunicação dos
atos processuais
(cartas)
Carta de ordem
Realização de atos entre graus de
jurisdição distintos
Carta arbitral

Realização de atos entre órgão do


Poder Judiciário e Juízo Arbitral

DAS INTIMAÇÕES

Conceito

A intimação é o ato pelo qual se dá ciência a alguém dos atos e dos termos do processo (art. 269 do CPC).
Veja-se que a intimação pode se dirigir a qualquer pessoa, seja às partes e seus procuradores, seja terceiros
alheios ao processo, como a testemunha, o perito etc. Assim, a intimação diferencia-se da citação, a qual é dirigida
ao réu (polo passivo). A intimação é ato de comunicação de qualquer ato processual, como designação de audiên-
cia, publicação de sentença ou acórdão, ordens judiciais dirigidas às partes, intimação de testemunhas para com-
parecimento em audiência ou de perito para atuar no processo etc.
O advogado pode promover a intimação do advogado da outra parte por meio do correio, juntando aos autos,
a seguir, cópia do ofício de intimação e do aviso de recebimento.

Intimação da Fazenda Pública

A intimação da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e de suas respectivas autarquias e fun-
dações de direito público será realizada perante o órgão de Advocacia Pública responsável por sua representação
judicial. Os órgãos de advocacia pública podem ser a própria Advocacia Geral da União ou dos Estados, e as Procu-
radorias dos respectivos órgãos.
Por exemplo, nos processos em que o Município for parte, será representado pela respetiva procuradoria jurí-
dica, enquanto nos estados tem-se a advocacia geral do respectivo estado como órgão de representação.

Forma das Intimações

Como ato garantidor do contraditório e da ampla defesa, as intimações também possuem requisitos a serem
observados, sobretudo com relação ao meio de comunicação do ato aos interessados.
Conforme o art. 270 do CPC, as intimações realizam-se, sempre que possível, por meio eletrônico, na forma da
lei, sendo exigido do Ministério Público, da Defensoria Pública e da Advocacia Pública que mantenham cadastro
atualizado junto aos sistemas de processos eletrônicos para recebimento de suas intimações.
Não sendo possível a intimação por meio eletrônico, poderá ser realizada por uma das formas de citação estu-
dadas, especificamente por carta, oficial de justiça ou pelo próprio escrivão ou chefe de secretaria. Assim dispõe
o CPC/2015:
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Art. 270 As intimações realizam-se, sempre que possível, por meio eletrônico, na forma da lei.
Parágrafo único. Aplica-se ao Ministério Público, à Defensoria Pública e à Advocacia Pública o disposto no § 1º do
art. 246 .
Art. 271 O juiz determinará de ofício as intimações em processos pendentes, salvo disposição em contrário.
Art. 272 Quando não realizadas por meio eletrônico, consideram-se feitas as intimações pela publicação dos atos
no órgão oficial.
§ 1º Os advogados poderão requerer que, na intimação a eles dirigida, figure apenas o nome da sociedade a que
pertençam, desde que devidamente registrada na Ordem dos Advogados do Brasil.
§ 2º Sob pena de nulidade, é indispensável que da publicação constem os nomes das partes e de seus advogados,
com o respectivo número de inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil, ou, se assim requerido, da sociedade de
advogados.
§ 3º A grafia dos nomes das partes não deve conter abreviaturas.
§ 4º A grafia dos nomes dos advogados deve corresponder ao nome completo e ser a mesma que constar da procu-
ração ou que estiver registrada na Ordem dos Advogados do Brasil. 167
§ 5º Constando dos autos pedido expresso para que Uma inovação trazida pelo CPC/2015, anteriormen-
as comunicações dos atos processuais sejam feitas te já contemplada na jurisprudência, é a que se refe-
em nome dos advogados indicados, o seu desaten- re ao pedido expresso das partes e dos procuradores
dimento implicará nulidade. para que as comunicações dos atos processuais sejam
§ 6º A retirada dos autos do cartório ou da secre- feitas em nome dos advogados indicados, ocasião em
taria em carga pelo advogado, por pessoa creden- que seu desatendimento implicará nulidade.
ciada a pedido do advogado ou da sociedade de No caso dos autos físicos, a retirada dos autos do
advogados, pela Advocacia Pública, pela Defenso-
cartório ou da secretaria em carga (o ato de retirar
ria Pública ou pelo Ministério Público implicará
o processo da secretaria do juízo) pelo advogado,
intimação de qualquer decisão contida no processo
por pessoa credenciada a pedido do advogado ou da
retirado, ainda que pendente de publicação.
§ 7º O advogado e a sociedade de advogados deve- sociedade de advogados, pela Advocacia Pública, pela
rão requerer o respectivo credenciamento para a Defensoria Pública ou pelo Ministério Público implica-
retirada de autos por preposto. rá intimação de qualquer decisão contida no processo
§ 8º A parte arguirá a nulidade da intimação em retirado, ainda que pendente de publicação. Trata-se
capítulo preliminar do próprio ato que lhe caiba de hipótese de presunção da intimação, pois a retira-
praticar, o qual será tido por tempestivo se o vício da dos autos induz conhecimento inequívoco dos atos
for reconhecido. e termos do processo, dando-se por intimada a parte.
§ 9º Não sendo possível a prática imediata do ato O CPC/2015 estabelece a forma de arguir (alegar)
diante da necessidade de acesso prévio aos autos, a a nulidade de intimação, devendo esta ser feita em
parte limitar-se-á a arguir a nulidade da intimação, capítulo preliminar do próprio ato que lhe caiba pra-
caso em que o prazo será contado da intimação da ticar, o qual será tido por tempestivo se o vício for
decisão que a reconheça. reconhecido. Não sendo possível a prática imediata do
Art. 273 Se inviável a intimação por meio eletrôni- ato diante da necessidade de acesso prévio aos autos,
co e não houver na localidade publicação em órgão
a parte limitar-se-á a arguir a nulidade da intimação,
oficial, incumbirá ao escrivão ou chefe de secreta-
caso em que o prazo será contado da intimação da
ria intimar de todos os atos do processo os advoga-
dos das partes: decisão que a reconheça.
I - pessoalmente, se tiverem domicílio na sede do Aqui, deve-se ficar atento, pois a decisão que
juízo; eventualmente reconhecer a nulidade dará início à
II - por carta registrada, com aviso de recebimento, contagem do prazo para a prática do ato que ficará
quando forem domiciliados fora do juízo. impossibilitado diante do vício. A alegação ocorre em
Art. 274 Não dispondo a lei de outro modo, as inti- preliminar, isto é, como tópico inaugural da mani-
mações serão feitas às partes, aos seus representan- festação da parte, antes que sejam discutidas outras
tes legais, aos advogados e aos demais sujeitos do questões pertinentes.
processo pelo correio ou, se presentes em cartório, Não dispondo a lei de outro modo, as intimações
diretamente pelo escrivão ou chefe de secretaria.
serão feitas às partes, aos seus representantes legais,
Parágrafo único. Presumem-se válidas as intima-
ções dirigidas ao endereço constante dos autos, aos advogados e aos demais sujeitos do processo pelo
ainda que não recebidas pessoalmente pelo inte- correio ou, se presentes em cartório, diretamente pelo
ressado, se a modificação temporária ou definitiva escrivão ou chefe de secretaria (Art. 274). Estando a
não tiver sido devidamente comunicada ao juízo, parte representada por advogado, a intimação será,
fluindo os prazos a partir da juntada aos autos do por regra, dirigida ao seu procurador. É interessan-
comprovante de entrega da correspondência no te notar nesse ponto uma cláusula que remete à boa-
primitivo endereço. -fé da parte, que deverá comunicar ao juízo eventual
Art. 275 A intimação será feita por oficial de justiça mudança de endereço, sob pena de serem considera-
quando frustrada a realização por meio eletrônico das válidas as intimações dirigidas ao endereço cons-
ou pelo correio.
tante dos autos, citados no artigo 274.
§ 1º A certidão de intimação deve conter:
I - a indicação do lugar e a descrição da pessoa
intimada, mencionando, quando possível, o núme- Dica
ro de seu documento de identidade e o órgão que
o expediu; Tanto a citação quanto a intimação são atos
II - a declaração de entrega da contrafé; garantidores do contraditório, de modo que, se
III - a nota de ciente ou a certidão de que o interes- houver nulidade nesses atos de comunicação,
sado não a apôs no mandado. pode-se dizer que há violação também do prin-
§ 2º Caso necessário, a intimação poderá ser efe- cípio constitucional em questão, o que prejudica
tuada com hora certa ou por edital.
também o exercício da ampla defesa.
A contrafé é uma cópia autêntica e fiel da intima-
ção que reproduz exatamente os termos da via que
será devolvida ou juntada aos autos do processo.
Dispõe ainda o art. 272 que se consideram realiza- DA TUTELA PROVISÓRIA
das as intimações pela publicação dos atos no órgão
DISPOSIÇÕES GERAIS
oficial, quando não realizadas por meio eletrônico.
Para assegurar a validade do ato de intimação, sob Toda ação busca a tutela de um direito material, isto
pena de nulidade, é indispensável que da publicação é, um direito subjetivo ou fundamental, útil aos sujeitos
constem os nomes das partes e de seus advogados, do processo. Sabe-se que algumas questões podem cau-
com o respectivo número de inscrição na Ordem dos sar grave risco à parte, caso se aguarde o provimento
Advogados do Brasil, ou, se assim requerido, da socie- jurisdicional. Neste sentido, a tutela provisória consti-
168 dade de advogados. tui um mecanismo processual bastante eficiente.
Imagine um autor que necessite da concessão de Quando a tutela for requerida em caráter antece-
um medicamento ou tratamento cuja falta o levará, dente, a parte deve recolhê-la no início do procedi-
rapidamente, à morte ou ao agravamento da saúde. mento, enquanto que, se for em caráter incidental,
Imagine, ainda, um consumidor que teve seu nome dispensam-se as custas processuais (Art. 295).
inscrito nos órgãos de proteção ao crédito, mesmo a
dívida estando paga ou, pior, quando sequer existiu Art. 295 A tutela provisória requerida em caráter
contrato entre as partes. Essas duas hipóteses são incidental independe do pagamento de custas.
comuns no Poder Judiciário, assim como o são os pedi-
dos de tutela de urgência relativos a elas, seja para a
O recolhimento das custas processuais constitui
concessão liminar de um medicamento, seja para
requisito processual objetivo de validade, pois, sem o
autorizar a retirada liminar do nome de um consumi-
dor dos órgãos restritivos. devido preparo da ação, não podem as partes deman-
A tutela provisória é o “provimento jurisdicional darem. Assim, a regra é a onerosidade do processo,
que visa adiantar os efeitos da decisão final no proces- sendo a gratuidade admitida excepcionalmente.
so para assegurar o seu resultado prático.”1 Fala-se em
provisória, porque, evidentemente, poderá ser modifi- Art. 296 A tutela provisória conserva sua eficácia
cada ao longo da tramitação do processo, caso deixem na pendência do processo, mas pode, a qualquer
de existir os requisitos que a fundamentaram, o que tempo, ser revogada ou modificada.
pode ocorrer após a instrução probatória, por exem- Parágrafo único. Salvo decisão judicial em contrá-
plo, ou na sentença, ocasião em que o juiz tornará sem rio, a tutela provisória conservará a eficácia duran-
efeito a tutela concedida, revogando-a. Aqui, nota-se o te o período de suspensão do processo.
efeito do tempo no processo, que poderá ser danoso à
utilidade dos bens jurídicos e dos direitos perseguidos O poder geral de cautela está presente nas tutelas
pelas partes. A tutela provisória é o gênero, do qual provisórias, sendo que o juiz poderá determinar as
decorrem duas espécies: medidas que considerar adequadas para sua efetiva-
ção (Art. 297).
z Tutela de urgência;
z Tutela de evidência.
Art. 297 O juiz poderá determinar as medidas que
considerar adequadas para efetivação da tutela
Sobre isso, dispõe o CPC:
provisória.
Art. 294 A tutela provisória pode fundamentar-se Parágrafo único. A efetivação da tutela provisória
em urgência ou evidência. observará as normas referentes ao cumprimento
Parágrafo único. A tutela provisória de urgência, provisório da sentença, no que couber.
cautelar ou antecipada, pode ser concedida em
caráter antecedente ou incidental. Como de praxe, qualificando-se como elemento
para a validade do pronunciamento judicial, na deci-
Adiante, serão aprofundadas essas espécies, inclusive são que conceder, negar, modificar ou revogar a tute-
contextualizando e explicando o significado de expres- la provisória, o juiz motivará seu convencimento de
sões importantes, como as tutelas cautelares e anteci- modo claro e preciso (Art. 298).
padas, antecedentes e incidentais. Por ora, observe, em
aspecto geral, como se dividem as tutelas provisórias: Art. 298 Na decisão que conceder, negar, modificar
ou revogar a tutela provisória, o juiz motivará seu
Antecedente convencimento de modo claro e preciso.
Cautelar
Incidental A competência para o requerimento de tutela pro-
Urgência
Tutela visória se estrutura da seguinte forma:
Provisória Antecedente
Evidência Antecipada
Incidental z Quando antecedente, deve ser dirigida do juízo ou
tribunal competente para a causa/pedido principal;
Quanto ao momento das tutelas de urgência, z Quando incidental, deve ser dirigida do juízo ou
podem ser anteriores à propositura da ação princi- tribunal em que tramita a causa principal.
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

pal ou serem formuladas juntamente com a petição


inicial ou durante o curso da ação. No primeiro caso, Em matéria de recursos, são cabíveis:
fala-se em tutela antecedente.
Nos demais, em tutela incidental, a qual ocorre z Agravo de instrumento, se concedida no curso da
quando já está em curso a ação. Mas, se for formula- ação como decisão interlocutória;
da concomitantemente à propositura da ação, deve a z Apelação, se concedida na sentença.
tutela de urgência vir formulada em tópico próprio da
petição inicial. Art. 299 A tutela provisória será requerida ao juízo
da causa e, quando antecedente, ao juízo competen-
te para conhecer do pedido principal.
Dica
Parágrafo único. Ressalvada disposição especial, na
Admite-se a tutela de urgência antecipada recur- ação de competência originária de tribunal e nos
sal quando se busca antecipar o provimento recursos a tutela provisória será requerida ao órgão
jurisdicional a ser concedido no recurso. jurisdicional competente para apreciar o mérito.

1  DONIZETTI, Elpídio. Curso didático de direito processual civil. 14. ed. São Paulo: Atlas, 2017, p. 418. 169
Art. 301 A tutela de urgência de natureza caute-
DA TUTELA DE URGÊNCIA lar pode ser efetivada mediante arresto, sequestro,
arrolamento de bens, registro de protesto contra
DISPOSIÇÕES GERAIS alienação de bem e qualquer outra medida idônea
para asseguração do direito.
Requisitos

Conforme o art. 300 do CPC, a tutela de urgência Isso significa que a tutela de urgência será concedi-
será concedida quando houver elementos que eviden- da se for possível o retorno ao status quo ante em caso
ciem a probabilidade do direito (fumus boni iuris) e o de revogação ou reforma da decisão que a concedeu.
perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo Reversível é aquela tutela que pode ser desfeita, caso
(periculum in mora). revogada ou modificada. Assim, a ação que pede a bai-
A probabilidade do direito é o primeiro requisito, xa de restrição nos órgãos de proteção ao crédito em
segundo o qual se deve concluir pela plausibilidade nome do consumidor é reversível, pois, uma vez não
do direito invocado pela parte, de modo que, ainda em constatada a sua alegação ao longo do processo, é pos-
análise inicial e perfunctória, o juiz se permita con- sível novamente inserir o gravame. No entanto, não
vencer de que é provável que a parte, ao final, ven- seria reversível a decisão que concede tratamento ou
cerá a ação. Essa probabilidade traz a robusta ideia procedimento médico cirúrgico. Por isso, atente-se ao
de um direito suficientemente comprovado e seguro, fato de que o requisito da irreversibilidade não pode
ao contrário de uma alegação frágil, duvidosa e por ser visto como absoluto, sob pena de ferir o acesso à
demais controvertida. justiça e à tutela adequada dos direitos.
O segundo requisito relaciona-se aos efeitos preju- De qualquer modo, o CPC (2015) é claro ao regular
diciais que a demora do provimento final pode causar a recomposição de eventuais danos causados à arte
à parte e seu direito. O perigo de dano remete à ideia adversa em virtude de prejuízo decorrente da conces-
de que a demora no desenrolar do processo poderá são da tutela de urgência:
agravar ou ceifar por completo o direito da parte, cor-
rendo-se o risco de o direito invocado não mais poder Art. 302 Independentemente da reparação por
ser protegido ao final. A questão assemelha-se ao ris- dano processual, a parte responde pelo prejuízo
co ao resultado útil do processo. Nesse caso, “a tutela que a efetivação da tutela de urgência causar à par-
do direito corre o perigo de não poder ser realizada te adversa, se:
– daí a necessidade de satisfazer ou acautelar imedia- I - a sentença lhe for desfavorável;
tamente o direito.”2 II - obtida liminarmente a tutela em caráter ante-
A tutela de urgência pode ser concedida liminar- cedente, não fornecer os meios necessários para a
mente (sem oitiva da parte contrária) ou após justi- citação do requerido no prazo de 5 (cinco) dias;
ficação prévia, ocasião em que poderá ser designada III - ocorrer a cessação da eficácia da medida em
audiência para esse fim. É importante destacar que a qualquer hipótese legal;
decisão liminar, embora tomada sem a oitiva da par- IV - o juiz acolher a alegação de decadência ou pres-
te adversa, estará sujeita ao contraditório diferido no crição da pretensão do autor.
tempo ou postergado. Nesse caso, a intimação ocor- Parágrafo único. A indenização será liquidada nos
rerá após a decisão tomada, ocasião em que a parte autos em que a medida tiver sido concedida, sem-
poderá se manifestar e interpor recurso. pre que possível.
A exigência de prévia garantia do juízo está disci-
plina pelo § 1º, do art. 300, do CPC, que assim dispõe: DO PROCEDIMENTO DA TUTELA ANTECIPADA
REQUERIDA EM CARÁTER ANTECEDENTE
Art. 300 [...]
§ 1º Para a concessão da tutela de urgência, o juiz Definição da Tutela Antecipada
pode, conforme o caso, exigir caução real ou fide-
jussória idônea para ressarcir os danos que a outra A tutela antecipada refere-se à proteção do direito
parte possa vir a sofrer, podendo a caução ser dis- material em caráter antecipado ao provimento final.
pensada se a parte economicamente hipossuficien- Trata-se da proteção de um direito feito de forma
te não puder oferecê-la. adiantada à sentença, ou seja, a tutela vem antes do
§ 2º A tutela de urgência pode ser concedida limi- provimento jurisdicional definitivo, desde que preen-
narmente ou após justificação prévia.
chidos os requisitos anteriormente estudados. O que
§ 3º A tutela de urgência de natureza antecipada
se antecipa é a própria tutela jurisdicional, no todo ou
não será concedida quando houver perigo de irre-
versibilidade dos efeitos da decisão.
em parte.
Embora assim seja, não significa que a tutela será
definitiva, pois, como vimos, trata-se de uma medida
Dica caracterizada pela provisoriedade. Tutela definitiva
Evidentemente, se a parte é hipossuficiente, a somente ocorrerá quando a cognição por exauriente,
exigência de caução (garantia de valor econômi- o que ocorre na sentença. Por cognição exauriente
co) pode ser um obstáculo à tutela de seu direito, entenda-se a possibilidade de o juiz aprofundar-se no
a qual, durante o nosso estudo, temos verificado caso, conhecer do direito discutido e todas as contro-
que se trata de uma tutela urgente. vérsias a ele relacionadas e, somente ao final, estar
apto a julgar plenamente o caso.
A tutela de urgência de natureza antecipada não Na tutela provisória, a cognição é perfunctória,
será concedida quando houver perigo de irreversibili- superficial, baseada em elementos indicativos de que
dade dos efeitos da decisão. o direito do autor prevalecerá sobre o do réu.
170 2 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO, Daniel. O novo processo civil. 2. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016, p. 231.
z Procedimento No exemplo dado anteriormente, a tutela anteci-
pada para suspender os efeitos do protesto indevido
A petição inicial da tutela antecipada requerida em se tornará consolidada em caso de inexistência de
caráter antecedente indicará a lide e seu fundamento, a recurso da parte adversa. A estabilidade reproduz um
exposição sumária do direito que se objetiva assegurar e aspecto imodificável à tutela concedida.
o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo. Importante observar que a tutela antecipada con-
O autor também terá de indicar o valor da causa, que servará seus efeitos enquanto não revista, reforma-
deve levar em consideração o pedido de tutela final. da ou invalidada por decisão de mérito proferida na
Nos casos em que a urgência for contemporânea à ação própria e autônoma. Sobre isso, complementa o
propositura da ação, a petição inicial pode limitar-se CPC (2015) ao dispor que o direito de rever, reformar
ao requerimento da tutela antecipada e à indicação ou invalidar a tutela antecipada por ação autônoma
do pedido de tutela final, com a exposição da lide, do extingue-se após 2 (dois) anos, contados da ciência
direito que se busca realizar e do perigo de dano ou do da decisão que extinguiu o processo. Não ocorrendo
risco ao resultado útil do processo. Nesse caso, o autor qualquer impugnação, a tutela se torna irreversível.
limita-se a formular o pedido de tutela de urgência, A possibilidade de discutir a tutela encontra-se no art.
relatando as circunstâncias que tornam seu direito 304, em alguns de seus parágrafos:
provável e o motivo pelo qual a demora do processo
pode lhe causar grave prejuízo. Aqui, ele não elabora Art. 304 A tutela antecipada, concedida nos termos
a petição inicial por completo, devendo informar ao do art. 303 , torna-se estável se da decisão que a
juiz, o qual trará a totalidade das questões fáticas e conceder não for interposto o respectivo recurso.
jurídicas em momento posterior. Assim, a tutela é for- § 1º No caso previsto no caput , o processo será
mulada antes de se propor a ação principal. extinto.
Imagine que houve o protesto indevido de um § 2º Qualquer das partes poderá demandar a outra
título em nome do autor. Imediatamente, ele propõe com o intuito de rever, reformar ou invalidar a tute-
a tutela antecipada para sustar (suspender) os efeitos la antecipada estabilizada nos termos do caput .
do protesto, informando, na petição de tutela, que for- § 3º A tutela antecipada conservará seus efeitos
mulará, posteriormente, o pedido principal de anula- enquanto não revista, reformada ou invalidada por
ção do título e eventual indenização por danos morais. decisão de mérito proferida na ação de que trata
o § 2º.
Pode, ainda, ser formulada essa tutela para submeter
§ 4º Qualquer das partes poderá requerer o desar-
uma pessoa à cirurgia de urgência, garantindo, desde
quivamento dos autos em que foi concedida a medi-
logo, o seu direito. Desse caso hipotético, surgem duas
da, para instruir a petição inicial da ação a que se
possibilidades:
refere o § 2º, prevento o juízo em que a tutela ante-
cipada foi concedida.
„ Se concedida a tutela antecipada;
§ 5º O direito de rever, reformar ou invalidar a tutela
antecipada, previsto no § 2º deste artigo, extingue-se
O autor deverá aditar a petição inicial, com a com- após 2 (dois) anos, contados da ciência da decisão que
plementação de sua argumentação, a juntada de novos extinguiu o processo, nos termos do § 1º.
documentos e a confirmação do pedido de tutela final, § 6º A decisão que concede a tutela não fará coisa
em 15 (quinze) dias ou em outro prazo maior que o julgada, mas a estabilidade dos respectivos efeitos
juiz fixar, o que deverá ocorrer nos mesmos autos, só será afastada por decisão que a revir, reformar
não sendo necessário instaurar nova relação proces- ou invalidar, proferida em ação ajuizada por uma
sual. Se não realizado o aditamento (complemento), o das partes, nos termos do § 2º deste artigo.
processo será extinto, sem resolução do mérito (sem
julgamento do direito material e dos fatos discutidos Veja que o Código somente tratará, como definiti-
na ação); o réu será citado e intimado para a audiên- va, a tutela depois de decorridos dois anos da extin-
cia de conciliação ou de mediação, na forma do art. ção do processo em que foi concedida, já que, dentro
334; não havendo autocomposição, o prazo para con-
desse prazo, a parte poderá promover ação própria,
testação será contado na forma do art. 335.
buscando rever, reformar ou invalidar a tutela con-
cedida. Nesse caso, deverá a parte interessada fazer
„ Se não concedida a tutela antecipada;
prova dos fatos e fundamentos capazes de rechaçar
a tutela.
O órgão jurisdicional determinará a emenda da
No entanto, se a parte interpor o recurso cabível
petição inicial em até 5 (cinco) dias, sob pena de ser
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

contra a decisão que concede a tutela antecipada, não


indeferida e de o processo ser extinto sem resolução
se falará em estabilização. Do mesmo modo, dentro do
de mérito.
prazo de dois anos, poderá a parte propor ação, visan-
do rever, reformar ou invalidar a tutela.
z Estabilização da tutela antecipada
DO PROCEDIMENTO DA TUTELA CAUTELAR
Um dos objetivos do CPC (2015) é a solução do
REQUERIDA EM CARÁTER ANTECEDENTE
mérito em tempo razoável, motivo pelo qual introdu-
ziu a possibilidade de estabilização da tutela antecipa-
da, caso não haja recurso da decisão que a concedeu. Definição
Vejamos o que diz o Código:
A estabilização somente se aperfeiçoa se, nesse A tutela cautelar vem substituir as antigas ações
ínterim, o autor promover o aditamento do pedido, cautelares autônomas, existentes no CPC de 1973.
como vimos. Além disso, a estabilização ocorre na Assim, as ações autônomas, antes tipificadas, podem
hipótese de tutela de natureza antecipada em caráter ser objeto dessa tutela cautelar, caso inexista proibi-
antecedente. ção legal. 171
Art. 303. Nos casos em que a urgência for contem- Art. 301 A tutela de urgência de natureza caute-
porânea à propositura da ação, a petição inicial lar pode ser efetivada mediante arresto, sequestro,
pode limitar-se ao requerimento da tutela anteci- arrolamento de bens, registro de protesto contra
pada e à indicação do pedido de tutela final, com a alienação de bem e qualquer outra medida idônea
exposição da lide, do direito que se busca realizar e para asseguração do direito.
do perigo de dano ou do risco ao resultado útil do
processo. O sentido da expressão cautelar é o de resguardar,
§ 1º Concedida a tutela antecipada a que se refere o proteger, conservar. Entretanto, o que se busca con-
caput deste artigo: servar efetivamente? Quer-se conservar ou resguar-
I - o autor deverá aditar a petição inicial, com a
dar o futuro pedido principal, ou seja, destina-se à
complementação de sua argumentação, a juntada
proteção do direito. É como se a tutela cautelar tivesse
de novos documentos e a confirmação do pedido de
tutela final, em 15 (quinze) dias ou em outro prazo a função de sustentar a efetividade do futuro pedido
maior que o juiz fixar; principal, servindo-lhe de acessório.
II - o réu será citado e intimado para a audiência de Sobre as medidas citadas no art. 301 do CPC, ensi-
conciliação ou de mediação na forma do art. 334 ; na Elpídio Donizetti (2017, passim):
III - não havendo autocomposição, o prazo para
contestação será contado na forma do art. 335 . “Arresto é a medida de apreensão de bens que tem
§ 2º Não realizado o aditamento a que se refere o por fim garantir futura execução por quantia cer-
inciso I do § 1º deste artigo, o processo será extinto ta. [...] Por outro lado, sequestro é medida que visa
sem resolução do mérito. garantir execução para a entrega de coisa, ou seja,
§ 3º O aditamento a que se refere o inciso I do § 1º sua incidência é sobre bens determinados. [...] O
deste artigo dar-se-á nos mesmos autos, sem inci- arrolamento de bens, por sua vez, tem a finalidade
dência de novas custas processuais. de conservar bens sobre os quais incide o interesse
§ 4º Na petição inicial a que se refere o caput deste do requerente da medida, como, por exemplo, do
artigo, o autor terá de indicar o valor da causa, que cônjuge para resguardar sua meação na partilha; do
deve levar em consideração o pedido de tutela final. herdeiro em relação aos bens da herança; do sócio
§ 5º O autor indicará na petição inicial, ainda, que em relação aos bens sociais etc. [...] A medida [pro-
pretende valer-se do benefício previsto no caput testo contra alienação de bens] consiste na averba-
deste artigo. ção, pelo oficial do registro de imóveis, na matrícula
§ 6º Caso entenda que não há elementos para a con- do imóvel, do protesto contra a alienação de bens,
cessão de tutela antecipada, o órgão jurisdicional com a finalidade de tornar pública a discordância do
determinará a emenda da petição inicial em até 5 credor quanto á alienação de bem do devedor.”
(cinco) dias, sob pena de ser indeferida e de o pro-
cesso ser extinto sem resolução de mérito. Além dela, podemos citar, como exemplo, a produ-
ção antecipada de provas:
Enquanto a tutela antecipada se dirige, precipua-
mente, à proteção tempestiva e razoável do direito Art. 381 A produção antecipada da prova será
material, a tutela cautelar tem relação, primeiramen- admitida nos casos em que:
te, com assegurar a efetividade da tutela jurisdicional. I - haja fundado receio de que venha a tornar-se
Em outras palavras, a tutela cautelar se presta a asse- impossível ou muito difícil a verificação de certos
gurar o processo. fatos na pendência da ação;
Nesse ponto, torna-se necessário diferenciar a II - a prova a ser produzida seja suscetível de viabi-
tutela antecipada antecedente da tutela cautelar, já lizar a autocomposição ou outro meio adequado de
que ambas são espécies de tutela de urgência, basea- solução de conflito;
das nos mesmos requisitos do art. 300 do CPC. A tutela III - o prévio conhecimento dos fatos possa justifi-
antecipada antecedente possui caráter satisfativo, na car ou evitar o ajuizamento de ação.
medida em que assegura o próprio direito de forma
antecipada. Já a tutela cautelar, como veremos melhor DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL - AGRAVO
adiante, assegura o resultado útil do processo, espe- DE INSTRUMENTO - AÇÃO REIVINDICATÓRIA
cificamente do pedido principal que será formulado PARCIAL - TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA
posteriormente no prazo previsto em lei. CAUTELAR INCIDENTAL - PLEITO DE IMPOSI-
As tutelas cautelares não estão sujeitas à estabili- ÇÃO, AOS RÉUS, DE SE ABSTEREM DE REALI-
zação, o que somente ocorre com a tutela antecipada ZAR MODIFICAÇÕES OU CONSTRUÇÕES NO
antecedente. Do mesmo modo, os prazos dos procedi- CURRAL CONSTANTE NO IMÓVEL RURAL OBJE-
mentos são diferenciados. Na tutela antecipada ante- TO DO LITÍGIO - DEFERIMENTO PELO JUIZ
cedente, o autor deve aditar (complementar) a petição - REQUISITOS DO ARTIGO 300 DO CÓDIGO DE
inicial no prazo de 15 dias, além do que a resposta do PROCESSO CIVIL - FUMUS BONI IURIS E PERI-
réu observará o prazo de 15 dias; na tutela cautelar, o CULUM IN MORA - PRESENÇA - DEMONSTRA-
pedido principal deve ser formulado no prazo de 30 ÇÃO DE RISCO CONCRETO AO RESULTADO ÚTIL
dias, sendo que a resposta do réu deverá ser apresen- DO PROCESSO - OCORRÊNCIA - RECURSO NÃO
tada no prazo de 5 dias. PROVIDO - DECISÃO AGRAVADA MANTIDA.

Cabimento - Nos termos do disposto no artigo 300 do vigente


Código de Processo Civil, a concessão de tutela pro-
A tutela cautelar respeita os requisitos inerentes visória de urgência - de natureza cautelar ou satis-
às tutelas de urgência. Lembre-se de que ela também fativa - requer a presença, de forma cumulativa,
é uma espécie de tutela de urgência, ao lado das tute- dos requisitos da probabilidade do direito invocado
las antecipadas, embora tenha, como objeto, algumas pela parte requerente e da existência de perigo de
medidas cautelares, previstas no art. 301 do CPC. dano, caso o provimento jurisdicional reclamado
172 Vejamos: somente seja concedido em decisão final.
- Presentes os indispensáveis requisitos relativos ao Art. 306 O réu será citado para, no prazo de 5 (cin-
fumus boni juris e ao periculum in mora, traduzi- co) dias, contestar o pedido e indicar as provas que
dos na probabilidade do direito invocado pela par- pretende produzir.
te requerente e demonstração de perigo de dano ou Art. 307 Não sendo contestado o pedido, os fatos
comprometimento da utilidade do resultado final do alegados pelo autor presumir-se-ão aceitos pelo réu
processo, a decisão pela qual concedida tutela provi- como ocorridos, caso em que o juiz decidirá dentro
sória de urgência cautelar incidental, consistente na de 5 (cinco) dias.
imposição, aos Réus, de se absterem de realizar modi- Parágrafo único. Contestado o pedido no prazo
ficações ou construções no curral constante no imóvel legal, observar-se-á o procedimento comum.
rural objeto do litígio, até solução final da demanda,
ou ulterior decisão judicial, deve ser mantida. (TJMG - Pedido principal
Agravo de Instrumento-Cv 1.0396.18.005374-8/002,
Relator(a): Des.(a) Márcio Idalmo Santos Miranda
Ponto importante a se destacar diz respeito à
, 9ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 03/03/2020,
formulação do pedido principal. Pela sistemática do
publicação da súmula em 10/03/2020)
Código revogado, havia necessidade de instaurar
Além disso, pode ser utilizada para a exibição de nova relação processual, ou seja, propor a ação prin-
documentos: cipal autônoma. Já com o CPC (2015) aboliu-se essa
exigência, determinando que:
EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO - EXIBI-
ÇÃO INCIDENTAL DE DOCUMENTOS - ART. 397 Art. 308 Efetivada a tutela cautelar, o pedido prin-
DO CPC - DOCUMENTOS PESSOAIS - TUTELA cipal terá de ser formulado pelo autor no prazo de
DE URGÊNCIA - PROBABILIDADE DO DIREITO 30 (trinta) dias, caso em que será apresentado nos
- PERIGO DE DANO - ART. 300 DO CPC - REQUI- mesmos autos em que deduzido o pedido de tute-
SITOS - PRESENÇA. la cautelar, não dependendo do adiantamento de
- O juiz pode ordenar que a parte exiba documento novas custas processuais.
ou coisa que se encontre em poder dela, preenchi- § 1º O pedido principal pode ser formulado conjun-
dos os requisitos dos arts. 396 e ss do CPC. tamente com o pedido de tutela cautelar.
- A concessão da tutela jurisdicional provisória, § 2º A causa de pedir poderá ser aditada no momen-
de urgência, com natureza satisfativa ou cautelar to de formulação do pedido principal.
pressupõe a presença cumulativa de dois requisi- § 3º Apresentado o pedido principal, as partes
tos: probabilidade do direito (“fumus boni iuris”) serão intimadas para a audiência de conciliação ou
e perigo da demora (“periculum in mora”). (TJMG de mediação, na forma do art. 334, por seus advo-
- Agravo de Instrumento-Cv 1.0003.17.002798- gados ou pessoalmente, sem necessidade de nova
5/001, Relator(a): Des.(a) Alice Birchal , 7ª CÂMA- citação do réu.
RA CÍVEL, julgamento em 16/10/2018, publicação § 4º Não havendo autocomposição, o prazo para
da súmula em 23/10/2018) contestação será contado na forma do art. 335.
Procedimento
A tutela cautelar pode ser formulada conjunta-
O procedimento da tutela cautelar está previsto mente ao próprio pedido principal. Além do que
desde o art. 305 ao art. 310 do CPC. Diz o art. 305, sobre poderá o autor, quando do pedido principal, comple-
a petição inicial: mentar sua narrativa, trazendo fatos, fundamentos
jurídicos, circunstâncias e relatos pertinentes à defesa
Art. 305 A petição inicial da ação que visa à presta- do seu direito.
ção de tutela cautelar em caráter antecedente indi- De acordo com o art. 308 do CPC, apresentado o
cará a lide e seu fundamento, a exposição sumária pedido principal, as partes serão intimadas para
do direito que se objetiva assegurar e o perigo de a audiência de conciliação ou de mediação e, não
dano ou o risco ao resultado útil do processo.
havendo autocomposição, se for o caso, o prazo para
Parágrafo único. Caso entenda que o pedido a que
contestação será contado na forma do art. 335 do CPC.
se refere o caput tem natureza antecipada, o juiz
observará o disposto no art. 303. O indeferimento da tutela cautelar não obsta a que
a parte formule o pedido principal, nem influi no jul-
Imagine que o autor pretenda propor ação demar- gamento desse, salvo se o motivo do indeferimento for
catória dos limites de uma propriedade rural, mas os o reconhecimento de decadência ou de prescrição. Por
marcos naturais dessa propriedade estão se perden- lógica, o pedido principal poderá ser formulado nos
do rapidamente pela ação de invasores ou do próprio próprios autos, por medida de economia e celeridade.
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

vizinho. Claramente, a prova que seria produzida na Se não formulado o pedido principal no prazo
ação principal será inútil, caso se aguarde o desenro- legal, o processo será extinto e estará cessada a eficá-
lar do processo. Surge a possibilidade de uma tutela cia da tutela eventualmente concedida.
cautelar demonstrar essa urgência e necessidade de
antecipar a produção de uma prova relevante ao futu-
Art. 310 O indeferimento da tutela cautelar não
ro processo. Daí que o CPC determina que o autor indi-
obsta a que a parte formule o pedido principal, nem
que a lide e seu fundamento, expondo resumidamente
influi no julgamento desse, salvo se o motivo do
(sumariamente) seu direito.
indeferimento for o reconhecimento de decadência
A citação do réu será para contestar a tutela caute-
ou de prescrição.
lar no prazo de cinco dias, concedida ou não eventual
liminar. O réu deverá indicar as provas que preten-
de produzir e, caso não constem, incidem os efeitos Causas que fazem cessar a eficácia da tutela
da revelia, podendo ser considerados verdadeiros os cautelar
fatos alegados pelo autor. Se contestado o pedido no
prazo legal, observar-se-á o procedimento comum. O CPC (2015) trata das hipóteses que extinguem a
tutela cautelar concedida: 173
Art. 309 Cessa a eficácia da tutela concedida em Art. 311 A tutela da evidência será concedida, inde-
caráter antecedente, se: pendentemente da demonstração de perigo de dano
I - o autor não deduzir o pedido principal no prazo ou de risco ao resultado útil do processo, quando:
legal; I - ficar caracterizado o abuso do direito de defesa
II - não for efetivada dentro de 30 (trinta) dias; ou o manifesto propósito protelatório da parte;
III - o juiz julgar improcedente o pedido principal II - as alegações de fato puderem ser comprovadas
formulado pelo autor ou extinguir o processo sem apenas documentalmente e houver tese firmada
resolução de mérito. em julgamento de casos repetitivos ou em súmula
Parágrafo único. Se por qualquer motivo cessar a vinculante;
eficácia da tutela cautelar, é vedado à parte reno- III - se tratar de pedido reipersecutório fundado em
var o pedido, salvo sob novo fundamento. prova documental adequada do contrato de depósi-
to, caso em que será decretada a ordem de entrega
O CPC prevê que, se por qualquer motivo, cessar a do objeto custodiado, sob cominação de multa;
eficácia da tutela cautelar, é vedado à parte renovar IV - a petição inicial for instruída com prova docu-
o pedido, salvo sob novo fundamento (parágrafo úni- mental suficiente dos fatos constitutivos do direito
co do art. 309). Veja que impede que a parte, a qual do autor, a que o réu não oponha prova capaz de
teve sua tutela sem efeito, repita o pedido, tratando-se gerar dúvida razoável.
de efetiva punição àquele que deu causa ou teve seu Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o
direito negado. Entretanto, não impede que, sob novo juiz poderá decidir liminarmente.
fundamento (fato ou alegação nova), seja formulada
nova tutela cautelar. A tutela de evidência é uma espécie de tutela
Como vimos, essas tutelas podem se dar em cará- provisória, cabível quando o direito for ou se tor-
ter antecedente ou incidental. Nesses casos, a causa nar evidente pelos elementos do caso, nas hipóteses
para a formulação do pedido nasce durante a trami- já delineadas. Seguindo o que diz Elpídio Donizetti,
tação do processo. As tutelas de urgência podem ser inverte-se o ônus do tempo do processo, que passa a
anteriores à propositura da ação principal ou serem ser suportado pela parte demandada, já que garantido
formuladas juntamente com a petição inicial ou o direito de forma antecipada (ob. cit., p. 461).
durante o curso da ação. No primeiro caso, fala-se em
tutela antecedente e, nos demais, em tutela incidental, Dica
que ocorre quando já está em curso a ação. Mas, se for
formulada concomitantemente à propositura da ação, A tutela de evidência prescinde (dispensa) de
deve a tutela de urgência vir formulada em tópico demonstração de perigo de dano ou de risco ao
próprio da petição inicial. resultado útil do processo.

Da Tutela da Evidência
Art. 311 A tutela da evidência será concedida, inde-
pendentemente da demonstração de perigo de dano
ou de risco ao resultado útil do processo, quando: DO PROCEDIMENTO COMUM
I - ficar caracterizado o abuso do direito de defesa
ou o manifesto propósito protelatório da parte; DISPOSIÇÕES GERAIS DA PETIÇÃO INICIAL
II - as alegações de fato puderem ser comprovadas
apenas documentalmente e houver tese firmada O processo se desenvolve mediante um proce-
em julgamento de casos repetitivos ou em súmula dimento, um rito, um caminho que a lei traça para
vinculante; a prática dos atos processuais. Trata-se da “espinha
III - se tratar de pedido reipersecutório fundado em dorsal” do processo, como lembra Daniel Mitidiero3
prova documental adequada do contrato de depósi- (p. 123), fazendo referência a Carlos Alberto Alvaro de
to, caso em que será decretada a ordem de entrega
Oliveira.
do objeto custodiado, sob cominação de multa;
O procedimento denominado “comum” é a base
IV - a petição inicial for instruída com prova docu-
mental suficiente dos fatos constitutivos do direito
pela qual se desenrola a maioria das ações, podendo a
do autor, a que o réu não oponha prova capaz de parte alegar qualquer direito, desde que baseada em
gerar dúvida razoável. alegação e prova de violação ou ameaça (inciso XXXV,
Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o do art. 5º, da CRFB/1988).
juiz poderá decidir liminarmente.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção
de qualquer natureza, garantindo-se aos brasilei-
ros e aos estrangeiros residentes no País a inviola-
bilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade,
DA TUTELA DE EVIDÊNCIA à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
[...]
As tutelas de evidência constituem medidas que XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder
têm por objetivo dar maior efetividade aos direitos e Judiciário lesão ou ameaça a direito;
à própria tutela jurisdicional, garantindo maior cele-
ridade se levarmos em conta seus requisitos. Para a O processo (ou a fase do processo) pode ser de
concessão da tutela de evidência, dispensa-se a prova conhecimento ou de execução.
do periculum in mora, consistente no perigo de dano Processo de conhecimento é aquele que visa o
ou de risco ao resultado útil do processo. Essa é sua reconhecimento de um direito ainda controvertido,
principal característica. Entretanto, a lei estabelece as isto é, sobre o qual paira dúvida acerca de sua exis-
condições em que isso será possível, a saber: tência, titularidade e efeitos. Veja, por exemplo, a ação
174 3  MATIDIERO, Daniel. Processo Civil. São Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2021.
de indenização. O processo de conhecimento busca à própria análise do mérito da ação (entende-se por
reconhecer a existência de um ato ilícito, cuja prática inexistente o ato ilícito, o direito à reintegração de
obriga alguém a indenizar a vítima. Somente depois posse e o direito aos alimentos por exemplo).
de certificado, será possível exigir a satisfação dessa O procedimento comum está regulado nos arts.
obrigação de indenizar. Eis o processo de conheci- 318 a 512 do CPC. Vejamos o art. 318:
mento, aquele que se destina a reconhecer um direito.
O processo de execução baseia-se em um direito Art. 318 Aplica-se a todas as causas o procedimen-
já reconhecido em título executivo (judicial ou extra- to comum, salvo disposição em contrário deste
judicial). O processo de conhecimento se desenvolve Código ou de lei.
pelo procedimento comum, que comporta em si diver- Parágrafo único. O procedimento comum aplica-se
sas ações. subsidiariamente aos demais procedimentos espe-
Procedimento (ou rito) é a forma pela qual se ciais e ao processo de execução.
desenvolve o processo, a sequência de atos previa-
mente estabelecida por lei. Já o processo é o instru- O procedimento comum está incluído no Livro I do
mento de tutela de direitos, os quais são tutelados pelo CPC (do processo de conhecimento e do cumprimen-
Estado. Assim, o procedimento comum é o padrão a to de sentença), especificado no Título I. A partir do
ser utilizado nas lides civis, aplicando-se, subsidiaria- art. 513, o Código cuida do Cumprimento de Sentença
mente, aos demais procedimentos especiais e ao pró- (Título II). As fases podem assim ser resumidas:
prio processo de execução.
Probatória/
O procedimento percorre determinadas fases, Postulatória Instrutória
etapas nas quais se praticarão um conjunto de atos.
Cada fase possui um foco. A fase postulatória desti-
na-se a estabelecer a pretensão do autor e as razões
pelas quais o réu não quer ser afetado por aquela pre- Organizatória/ Decisória
tensão. É o momento no qual as partes apresentam Saneadora
seus pedidos. Nela, compreendem-se a petição inicial,
o despacho inicial do juiz, a audiência de conciliação/ DA PETIÇÃO INICIAL
mediação, a contestação do réu e a réplica do autor,
também denominada de impugnação à contestação. A petição inicial é a peça que dá início ao processo.
Consolidada a postulação das partes, o juiz precisa Por meio dela, o autor exercerá seu direito de ação,
organizar o processo e sanar eventuais vícios ou nuli- rompendo com a inércia da jurisdição. É o ato proces-
dades até então constatadas. Sendo sanadas as nuli- sual pelo qual a parte propõe sua demanda, a fim de
dades, o juiz verificará os pontos divergentes entre as buscar a tutela de seu direito. Está compreendida na
partes, denominados de objeto litigioso ou questões fase postulatória.
controvertidas.
Basta identificar sobre quais pontos as partes ATITUDES DO JUIZ
divergem, se confrontam, não concordam. Feito isso,
� Deferimento do
ainda na fase organizatória/saneadora, o juiz iden- processamento da ação
AÇÃO
tificará quais questões necessitam (carecem) de prova � Emenda da inicial
� Petição inicial
oral ou outro meio probatório (por exemplo, perícia) (determinar)
e dará sequência, adentrando na fase instrutória/ � Indeferimento da inicial
� Improcedência liminar
probatória.
Nessa fase, o objetivo é colher provas além da-
quelas já apresentadas pelas partes. Via de regra, ou-
vem-se testemunhas, realiza-se a prova pericial, se
necessária, além de outras provas que veremos em tó- ATITUDES DO RÉU
pico próprio. Encerrada a instrução, caminha-se para Audiência de Contestação

a fase decisória. Conciliação ou Reconvenção

Reconhecimento do

A fase decisória destina-se à solução do litígio Mediação
pedido
por meio de sentença. Busca-se, predominantemente, Revelia

proferir sentença de mérito, aquela que efetivamen-
te resolve o direito material, o cerne da questão. Por
outro lado, a sentença pode não julgar o mérito, vindo Dos Requisitos da Petição inicial
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

a extinguir o processo por defeito processual grave


e insanável. A sentença encerra a prestação jurisdi- O CPC (2015) estabelece os requisitos da petição
cional do juízo de primeira instância, de modo que, inicial, cujo descumprimento poderá levar ao seu
uma vez decorridos os prazos de recurso, passa a sua indeferimento, caso não emendada. Os requisitos
decisão a ser a disposição que rege o caso concreto. estão dispostos no art. 319 do CPC, os quais passare-
As fases do procedimento comum vão, então, desde mos a tratar de forma detalhada:
a postulação até a sentença. Entretanto, a parte que
perdeu a ação poderá recorrer. Art. 319 A petição inicial indicará:
A fase recursal trata da apreciação dos recursos I - o juízo a que é dirigida;
interpostos em relação às decisões proferidas em ins-
tância inferior, tendo por foco examinar eventuais Esse inciso trata do endereçamento da petição
erros cometidos pelo juiz, que podem ser de nature- inicial, a qual se obtém pela conclusão de qual será
za processual (como cercear o direito de defesa das o juízo competente para processar e julgar a ação. A
partes por indeferir inadequadamente a produção de competência sempre é estabelecida em lei, ao atribuir
uma prova) ou de natureza material, dizendo respeito que determinado órgão do Poder Judiciário seja o 175
responsável por processar e julgar determinada ação. O pedido é, efetivamente, o provimento jurisdi-
Veja que o CPC (2015) inova ao tratar o órgão judiciá- cional de que necessita a delimitação da providência
rio como “juízo”, de maneira impessoal, diferente do esperada do Judiciário para tutelar adequadamente o
que fazia o CPC de 1973 (juiz ou tribunal). direito lesado ou ameaçado. O pedido se subdivide em:

Art. 319 [...] z Pedido imediato: o tipo de provimento jurisdicio-


II- os nomes, os prenomes, o estado civil, a existên- nal (sentença que resolva a lide);
cia de união estável, a profissão, o número de inscri-
z Pedido mediato: o bem da vida (direito material)
ção no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro
que se quer ver tutelado.
Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico,
o domicílio e a residência do autor e do réu;
Os requisitos do pedido estão entre os arts. 322 a
A adequada identificação das partes é necessária, 327 do CPC, os quais serão estudados mais à frente, de
para a individualização, refletindo na própria legiti- modo aprofundado.
midade dos sujeitos da ação. Interessante observar
que o CPC (2015) relativiza o excessivo formalismo, Art. 319 [...]
possibilitando que o autor requeira ao juiz diligências V- o valor da causa
para descobrir dados necessários da qualificação do
réu, caso não disponha de todas as informações: Nos termos do art. 291 do CPC, a toda causa será
atribuído valor certo, ainda que não tenha conteúdo
Art. 319 [...] econômico imediatamente aferível. Trata-se de um
§ 1º Caso não disponha das informações previstas requisito da petição inicial que deve reproduzir o con-
no inciso II, poderá o autor, na petição inicial, reque- teúdo ou proveito econômico buscado pela parte no
rer ao juiz diligências necessárias a sua obtenção). processo. Se não houve conteúdo econômico direta-
mente vinculado ou mensurável, ainda assim deve-se
Ainda, privilegia o acesso à justiça, já que, mesmo atribui-lo um valor.
que as informações não estejam completas, poderá O Código trata dos parâmetros para se definir o
deferir o processamento da ação, desde que possível a valor da causa:
identificação da parte:
Art. 292 O valor da causa constará da petição ini-
Art. 319 [...]
cial ou da reconvenção e será:
§ 2º A petição inicial não será indeferida se, a des-
I - na ação de cobrança de dívida, a soma moneta-
peito da falta de informações a que se refere o inci-
riamente corrigida do principal, dos juros de mora
so II, for possível a citação do réu.
vencidos e de outras penalidades, se houver, até a
§ 3º A petição inicial não será indeferida pelo não
data de propositura da ação;
atendimento ao disposto no inciso II deste artigo se
II - na ação que tiver por objeto a existência, a vali-
a obtenção de tais informações tornar impossível
dade, o cumprimento, a modificação, a resolução,
ou excessivamente oneroso o acesso à justiça.
a resilição ou a rescisão de ato jurídico, o valor do
Prossigamos com a análise dos demais requisitos ato ou o de sua parte controvertida;
III - na ação de alimentos, a soma de 12 (doze) pres-
da petição inicial:
tações mensais pedidas pelo autor;
Art. 319 [...] IV - na ação de divisão, de demarcação e de reivin-
III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido; dicação, o valor de avaliação da área ou do bem
objeto do pedido;
Trata-se de especificar a causa de pedir, elemen- V - na ação indenizatória, inclusive a fundada em
to da ação que diz respeito aos fatos e fundamentos dano moral, o valor pretendido;
jurídicos que sustentam a demanda. A causa de pedir VI - na ação em que há cumulação de pedidos, a
assim se subdivide: quantia correspondente à soma dos valores de
todos eles;
z Causa de pedir remota: são os fatos que deram ori- VII - na ação em que os pedidos são alternativos, o
gem àquela relação jurídica; de maior valor;
z Causa de pedir próxima: são os fundamentos jurí- VIII - na ação em que houver pedido subsidiário, o
dicos que deram origem ao conflito. valor do pedido principal.
§ 1º Quando se pedirem prestações vencidas e vin-
A causa de pedir compõe os “elementos da ação”, ao cendas, considerar-se-á o valor de umas e outras.
lado das partes e do pedido. Veja o esquema a seguir: § 2º O valor das prestações vincendas será igual a
uma prestação anual, se a obrigação for por tem-
po indeterminado ou por tempo superior a 1 (um)
Partes ano, e, se por tempo inferior, será igual à soma das
prestações.

Elementos da ação Causa de Pedir Dica


O juiz corrigirá, de ofício e por arbitramento, o
Pedido
valor da causa quando verificar que ele não cor-
responde ao conteúdo patrimonial em discussão
ou ao proveito econômico perseguido pelo autor,
Art. 319 [...] caso em que se procederá ao recolhimento das
176 IV - o pedido com as suas especificações; custas correspondentes.
Art. 319 [...] Art. 321 O juiz, ao verificar que a petição inicial
VI - as provas com que o autor pretende demons- não preenche os requisitos dos arts. 319 e 320 ou
trar a verdade dos fatos alegado. que apresenta defeitos e irregularidades capazes de
dificultar o julgamento de mérito, determinará que
Na petição inicial, o autor deve apresentar as o autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a emende ou
provas então existentes quando de sua postulação, a complete, indicando com precisão o que deve ser
além de formular o protesto genérico pela utilização corrigido ou completado.
de eventuais meios de prova necessários que poderão Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligên-
ser utilizados na fase instrutória/probatória oportu- cia, o juiz indeferirá a petição inicial.
namente. O protesto genérico é uma espécie de reque-
rimento que se faz sobre a possibilidade de outras Do Pedido
provas serem necessárias, normalmente assim redigi-
do: “Protesta provas o alegado por todos os meios de O pedido é elemento da ação no qual a parte espe-
provas em direito admitidos, caso necessário.” Ainda, cifica sua demanda, dizendo o que espera do Poder
dispõe o art. 320: Judiciário, bem como o que pretende em relação à
outra parte.
Art. 320 A petição inicial será instruída com os O pedido deve ser certo e determinado. Vejamos os
documentos indispensáveis à propositura da ação. arts. 322 e 324:

Veja que é um requisito o fato de a petição ser ins- Art. 322 O pedido deve ser certo.
truída com os documentos necessários e indispensáveis § 1º Compreendem-se no principal os juros legais,
à prova dos fatos alegados. Claro que os documentos a correção monetária e as verbas de sucumbência,
são os existentes quando da distribuição da ação, sendo inclusive os honorários advocatícios.
possível a juntada de documentos novos, cuja existên- § 2º A interpretação do pedido considerará o con-
cia se deu posteriormente à petição inicial. Então, se junto da postulação e observará o princípio da
estou cobrando um crédito constituído em um contra- boa-fé.
to, devo apresentar desde logo o contrato; se pretendo Art. 324 O pedido deve ser determinado.
reivindicar a propriedade de um imóvel, devo apresen- § 1º É lícito, porém, formular pedido genérico:
tar desde logo a certidão de propriedade etc. I - nas ações universais, se o autor não puder indi-
viduar os bens demandados;
Art. 319 [...] II - quando não for possível determinar, desde logo,
VII - a opção do autor pela realização ou não de as consequências do ato ou do fato;
audiência de conciliação ou de mediação. III - quando a determinação do objeto ou do valor
da condenação depender de ato que deva ser prati-
O incentivo aos meios autocompositivos (consen- cado pelo réu.
suais) de resolução de conflitos fica evidente desde a § 2º O disposto neste artigo aplica-se à reconvenção.
postulação inicial, devendo a parte informar se dese-
ja realizar a audiência de tentativa de conciliação ou Assim, deve-se especificar exatamente o que se pre-
mediação. Tais meios são os amigáveis, baseados no tende com a propositura da ação, como, por exemplo,
acordo entre as partes.
a anulação de determinado contrato, a indenização
A Autocomposição trata da solução criada pelas
próprias partes de modo consensual. São três as espé- em determinada quantia, a revisão de determinada
cies de autocomposição, as quais repercutem ainda cláusula etc.
nos dias atuais: a desistência, pela qual há renúncia a É lícito, porém, à parte formular pedido genérico:
uma pretensão pelo seu titular; a submissão, median-
te a qual o sujeito afetado pela pretensão a reconhe- z Nas ações universais, se o autor não puder indivi-
ce ou, ainda, deixa de a ela oferecer resistência; e a duar os bens demandados, sendo impossível deter-
transação, que se baseia em uma decisão consensual minar quais ou quantos são os bens demandados
mediante a qual os sujeitos manifestam concessões (um rebanho, uma biblioteca);
recíprocas, reproduzindo verdadeira transação. z Quando não for possível determinar, desde logo, as
As ações que tenham, por objeto, a revisão de obri- consequências do ato ou do fato, como a extensão
gação decorrente de empréstimo, de financiamento de um dano, o qual deverá ser especificado durante
ou de alienação de bens merecem atenção. Imagine
a instrução ou em fase de liquidação de sentença;
a discussão de um contrato bancário com a institui-
ção financeira, sendo necessário ao autor, sob pena z Quando a determinação do objeto ou do valor da
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de inépcia da petição inicial, discriminar quais obri- condenação depender de ato que deva ser pratica-
gações pretende controverter, além de quantificar o do pelo réu.
valor incontroverso do débito. Deverá o autor dizer
quais cláusulas, especificamente, são as discutidas e,
se houver, por exemplo, pretensão para redução de Importante!
juros, deve realizar o pagamento do valor por ele pre-
tendido para a prestação. Essa regra está no § 2º, do
O Código admite a formulação de pedido alter-
art. 330, do CPC. nativo. O pedido será alternativo quando, pela
natureza da obrigação, o devedor puder cumprir
z Emenda da petição inicial a prestação de mais de um modo. Exemplo: ao
comprar um produto que se verifica, posterior-
Caso algum dos requisitos da petição inicial seja mente, avariado, poderá o autor exigir a devolu-
descumprido, o juiz deve dar a oportunidade para ção do dinheiro ou a troca do produto por outro
emendá-la, indicando qual vício constatou. É o que equivalente, com abatimento do preço.
dispõe o art. 321 do CPC: 177
Vejamos os arts. 323 e 325: Art. 328 Na obrigação indivisível com pluralidade
de credores, aquele que não participou do processo
Art. 323 Na ação que tiver por objeto cumprimento receberá sua parte, deduzidas as despesas na pro-
de obrigação em prestações sucessivas, essas serão porção de seu crédito.
consideradas incluídas no pedido, independente-
mente de declaração expressa do autor, e serão
incluídas na condenação, enquanto durar a obriga- Simples
ção, se o devedor, no curso do processo, deixar de
pagá-las ou de consigná-las.
Art. 325 O pedido será alternativo quando, pela
Alternativa
natureza da obrigação, o devedor puder cumprir a
prestação de mais de um modo. Espécies de Cumulação
Parágrafo único. Quando, pela lei ou pelo contrato,
a escolha couber ao devedor, o juiz lhe assegurará Sucessiva
o direito de cumprir a prestação de um ou de outro
modo, ainda que o autor não tenha formulado pedi-
do alternativo.
Subsidiária
z Cumulação de Pedidos

É possível que exista a formulação de pedidos z Aditamento do Pedido


cumulativos, desde que, entre eles, exista compatibi-
lidade, o rito utilizado seja adequado e o juízo compe-
É possível a modificação do pedido após a proposi-
tente para todos.
Classifica-se a cumulação em: tura da ação, alterando o objeto litigioso. O CPC (2015)
especifica as hipóteses:
„ Cumulação simples: o autor formula diversos
pedidos e pretende que todos sejam acolhidos Art. 329 O autor poderá:
(ex.: dano moral cumulado com dano material); I - até a citação, aditar ou alterar o pedido ou a cau-
„ Cumulação alternativa: formulação de dois sa de pedir, independentemente de consentimento
pedidos, mas sem indicação de qual prefere o do réu;
autor, podendo ser um ou outro (ex.: devolução II - até o saneamento do processo, aditar ou alterar
do produto ou o valor em dinheiro). o pedido e a causa de pedir, com consentimento do
réu, assegurado o contraditório mediante a possi-
Para um melhor entendimento, vejamos o texto
legal: bilidade de manifestação deste no prazo mínimo de
15 (quinze) dias, facultado o requerimento de prova
Art. 326 É lícito formular mais de um pedido em suplementar.
ordem subsidiária, a fim de que o juiz conheça do Parágrafo único. Aplica-se o disposto neste artigo à
posterior, quando não acolher o anterior. reconvenção e à respectiva causa de pedir.
Parágrafo único. É lícito formular mais de um pedido,
alternativamente, para que o juiz acolha um deles.
O aditamento é possível até o saneamento, sendo
„ Cumulação sucessiva: o segundo pedido ou outro que, se o réu tiver sido citado, poderá ocorrer apenas
posterior depende da procedência do primeiro com seu consentimento. Antes da citação, trata-se de
(ex.: investigação de paternidade e alimentos); ato unilateral, pois não depende do consentimento
„ Cumulação subsidiária: trata-se de utilização do réu. Por dedução, entende-se que, depois da fase
do princípio da eventualidade, na hipótese de o saneadora, não é possível o aditamento, pois já
juízo não acolher o pedido principal, pede-se o foram fixadas as questões controvertidas e encami-
acolhimento do(s) subsidiário(s) (ex.: anulação
nhado o processo para a fase probatória, se necessária.
de cláusula contratual ou, na impossibilidade, a
redução dos juros).
Do Indeferimento da Petição Inicial
Art. 327 É lícita a cumulação, em um único proces-
so, contra o mesmo réu, de vários pedidos, ainda O juízo de admissibilidade da petição inicial pode
que entre eles não haja conexão. ser positivo ou negativo. Se positivo, determina-se o
§ 1º São requisitos de admissibilidade da cumula-
processamento da ação com a citação do réu e even-
ção que:
I - os pedidos sejam compatíveis entre si; tual intimação para audiência de conciliação/media-
II - seja competente para conhecer deles o mesmo juízo; ção. Se verificado o descumprimento dos requisitos,
III - seja adequado para todos os pedidos o tipo de determina-se sua emenda (Art. 321).
procedimento. Não sendo possível o deferimento, aplica-se o art.
§ 2º Quando, para cada pedido, corresponder tipo 330 do CPC:
diverso de procedimento, será admitida a cumula-
ção se o autor empregar o procedimento comum,
Art. 330 A petição inicial será indeferida quando:
sem prejuízo do emprego das técnicas proces-
I - for inepta;
suais diferenciadas previstas nos procedimentos
especiais a que se sujeitam um ou mais pedidos II - a parte for manifestamente ilegítima;
cumulados, que não forem incompatíveis com as III - o autor carecer de interesse processual;
disposições sobre o procedimento comum. IV - não atendidas as prescrições dos arts. 106 e
§ 3º O inciso I do § 1º não se aplica às cumulações 321.
178 de pedidos de que trata o art. 326 . [...]
I - Inépcia da petição inicial: z O autor carecer de interesse processual: do
mesmo modo, trata-se de ausência de pressuposto
As hipóteses de inépcia estão elencadas no § 1º do processual ou, para alguns, causa de carência de
art. 330: ação, já que o interesse processual é tratado por
determinada parte da doutrina jurídica como con-
Art. 330 [...] dição da ação;
§ 1º Considera-se inepta a petição inicial quando:
I - lhe faltar pedido ou causa de pedir; Condição da ação compreende alguns requisitos
II - o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipó- necessários para que o autor possa exercer valida-
teses legais em que se permite o pedido genérico; mente a ação. Esses requisitos seriam, pela dicção do
III - da narração dos fatos não decorrer logicamen- antigo CPC (1973), a possibilidade jurídica do pedido,
te a conclusão; o interesse de agir e a legitimidade. O interesse e a
IV - contiver pedidos incompatíveis entre si. legitimidade, ainda hoje, são necessários à postula-
ção. Já se o pedido for juridicamente impossível (ex.:
Exemplos: cobrar dívida de jogo), deve ser a ação julgada impro-
cedente, com análise do mérito.
z Ausência de pedido: discorrer sobre o inadimple-
mento de parcela de um contrato e deixar de for- z Não atendidas as prescrições dos arts. 106 e 321:
mular o pedido para seu pagamento; o art. 106 trata das hipóteses em que o advogado
z Ausência de causa de pedir: formula-se pedido postula em causa própria (o advogado pode ser
de pagamento de parcela, mas não discorre sobre parte se postular em causa própria). Nesses casos,
a existência de contrato ou de inadimplemento; deverá:
z Pedido indeterminado: formula-se pedido de
condenação em danos materiais sem especificar o I - declarar, na petição inicial ou na contestação,
valor pretendido; o endereço, seu número de inscrição na Ordem
z Incongruência entre causa de pedir e pedido: dos Advogados do Brasil e o nome da sociedade de
alega-se inexistência de relação jurídica por ausên- advogados da qual participa, para o recebimento
cia de qualquer contratação, mas se pede revisão de intimações;
de multa ou juros; II - comunicar ao juízo qualquer mudança de
z Pedidos incompatíveis: pedir a rescisão de um endereço.
contrato de locação e, ao mesmo tempo, a revisão
dos aluguéis vencidos; O art. 321 trata da determinação de emenda da
z A parte for manifestamente ilegítima: trata-se petição inicial. Vejamos:
de ausência de pressuposto processual subjetivo
ou, para alguns, causa de carência de ação, já que Art. 321 O juiz, ao verificar que a petição inicial
a legitimidade é tratada por determinada parte da não preenche os requisitos dos  arts. 319 e 320  ou
doutrina jurídica como condição da ação. O pro- que apresenta defeitos e irregularidades capazes de
cesso baseia-se em uma relação jurídica própria dificultar o julgamento de mérito, determinará que
cujos pressupostos são distintos daqueles que o autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a emende ou
regem a relação jurídica material. Por isso, se fala a complete, indicando com precisão o que deve ser
da existência dos pressupostos de constituição e corrigido ou completado.
desenvolvimento válido do processo. Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligên-
cia, o juiz indeferirá a petição inicial.
Conforme Fredie Didier Jr. (2016), os pressupostos
processuais podem ser classificados em: Vejamos, agora, o art. 331:
z Subjetivos
Art. 331 Indeferida a petição inicial, o autor poderá
„ Juiz: órgão investido de jurisdição; apelar, facultado ao juiz, no prazo de 5 (cinco) dias,
„ Parte: capacidade de ser parte. retratar-se.
§ 1º Se não houver retratação, o juiz mandará citar
z Objetivos o réu para responder ao recurso.
§ 2º Sendo a sentença reformada pelo tribunal, o
„ Existência de demanda. prazo para a contestação começará a correr da
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intimação do retorno dos autos, observado o dis-


Quanto aos requisitos de validade: posto no art. 334.
§ 3º Não interposta a apelação, o réu será intimado
z Subjetivos
do trânsito em julgado da sentença.
„ Competência e imparcialidade do Juízo;
„ Partes: capacidade processual, capacidade pos-
tulatória, legitimidade. Importante!
Em caso de indeferimento da petição inicial, o
z Objetivos
recurso de apelação contra a sentença extinti-
„ Intrínsecos: respeito ao formalismo processual; va possui efeito regressivo. Isso quer dizer que
„ Extrínsecos: negativos e positivos; poderá o juiz que indeferiu a inicial se retratar,
„ Negativos: inexistência de perempção, litispen- reconsiderando seu entendimento e acatando o
dência, coisa julgada ou convenção de arbitragem; processamento da inicial (Art. 331 do CPC).
„ Positivos: interesse de agir. 179
DA IMPROCEDÊNCIA LIMINAR DO PEDIDO PROCESSO CIVIL – AÇÃO CIVIL PÚBLICA POR
DANO AMBIENTAL – AJUSTAMENTO DE CON-
Essa análise da petição inicial diz respeito à DUTA – TRANSAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO
apreciação de seus elementos formais, isto é, seus – POSSIBILIDADE.
requisitos aparentes, consistentes nos requisitos esta- 1. A regra geral é de não serem passíveis de transa-
ção os direitos difusos.
belecidos pela lei para a formatação da postulação 2. Quando se tratar de direitos difusos que impor-
inicial. Contudo, se no aspecto substancial (quanto ao tem obrigação de fazer ou não fazer deve-se dar
próprio direito material, aquilo que se pretende com a tratamento distinto, possibilitando dar à contro-
ação) a postulação for flagrantemente improcedente, vérsia a melhor solução na composição do dano,
o juiz poderá rejeitar liminarmente o pedido. É o caso quando impossível o retorno ao status quo ante.
de aplicação do art. 332, que cuida da improcedência 3. A admissibilidade de transação de direitos difu-
sos é exceção à regra. BRASIL. Superior Tribunal de Jus-
liminar do pedido: tiça. Recurso Especial nº 299.400 – RJ. Segunda Turma.
Recorrente: Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro.
Art. 332 Nas causas que dispensem a fase instru- Recorridos: Município de Volta Redonda, Banco Bamerindus
do Brasil S/A., Companhia Siderúrgica Nacional. Relator:
tória, o juiz, independentemente da citação do réu, Ministro Francisco Peçanha Martins. Relatora para acórdão:
julgará liminarmente improcedente o pedido que Ministra Eliana Calmon. Brasília, 01 de junho de 2006)
contrariar:
I - enunciado de súmula do Supremo Tribunal Fede- O que precisa ser destacado é que, muitas vezes,
ral ou do Superior Tribunal de Justiça; não ocorre a mera transação sobre a essência desses
II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Fede- direitos indisponíveis, mas, sim, sobre as vantagens
ral ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julga- ou questões a eles conexas. Observemos, por exemplo,
mento de recursos repetitivos; os direitos da personalidade, que são irrenunciáveis,
III - entendimento firmado em incidente de reso- entretanto a cessão da imagem ou da voz, para fins
lução de demandas repetitivas ou de assunção de determinados, é completamente possível.
competência; O art. 334 do CPC estabelece a necessidade de
IV - enunciado de súmula de tribunal de justiça designar audiência de conciliação/mediação:
sobre direito local.
§ 1º O juiz também poderá julgar liminarmente Art. 334 Se a petição inicial preencher os requisitos
improcedente o pedido se verificar, desde logo, a essenciais e não for o caso de improcedência limi-
ocorrência de decadência ou de prescrição. nar do pedido, o juiz designará audiência de con-
ciliação ou de mediação com antecedência mínima
Art. 333 (VETADO)
de 30 (trinta) dias, devendo ser citado o réu com
pelo menos 20 (vinte) dias de antecedência.
Nesses casos, o autor poderá recorrer, sendo que a
apelação interposta possuirá efeito regressivo, sendo A audiência está incluída na fase postulatória.
possível ao juiz retratar-se no prazo de 5 (cinco) dias. Se Caso não realizado o acordo, caminha-se para a con-
houver retratação, o juiz determinará o prosseguimen- testação do réu, ainda na fase postulatória. Poderá
to do processo, com a citação do réu, e, se não houver haver mais de uma sessão destinada à conciliação e à
retratação, determinará a citação do réu para apresen- mediação, não podendo exceder a dois meses da data
tar contrarrazões, no prazo de 15 (quinze) dias. de realização da primeira sessão, desde que necessá-
rias à composição das partes.
DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO OU DE MEDIAÇÃO Há casos em que não se realizará essa audiência
quais sejam:
Conciliação e Mediação são meios autocompositi- z Se ambas as partes manifestarem, expressamente,
vos de solução de conflitos, baseados no consenso das desinteresse na composição consensual;
partes. Tratam-se de meios incentivados pelo atual z Quando não se admitir a autocomposição.
CPC (Art. 3º), os quais ocorrem somente nos casos em
que o direito ou interesse discutido for disponível,
como a propriedade, posse, direito de crédito, obriga- Importante!
ções etc. Já em matéria de direito indisponível é dis-
Para que a audiência não seja realizada por
pensável a audiência, como nos casos envolvendo a
capacidade das pessoas naturais. desinteresse das partes, é necessário que
Os conflitos de interesses/direitos também podem ambas se manifestem nesse sentido. O autor na
ser classificados segundo o grau de disponibilidade. inicial e, o réu, nos autos. Se houver mais de um
Quando disponíveis, referem-se aos de natureza não sujeito como autor ou réu, o desinteresse deve
penal, principalmente os de natureza estritamente ser manifestado por todos.
patrimonial. Nesses se admite qualquer tipo de tran-
sação e acordo, haja vista sua ampla disponibilidade.
Já os interesses/direitos indisponíveis referem-se, O CPC (2015) entende que o não comparecimento
injustificado do autor ou do réu à audiência de con-
como regra, aos casos em que não se admite a transação.
ciliação é considerado ato atentatório à dignidade da
São direitos irrenunciáveis, portanto, indisponíveis,
justiça, prevendo multa de até 2% da vantagem eco-
como os relacionados à personalidade do sujeito. Tam- nômica pretendida ou do valor da causa, revertida
bém se referem aos relacionados ao estado e à capaci- em favor da União (se justiça federal) ou do Estado (se
dade das pessoas, sendo, portanto, irrenunciáveis. justiça estadual).
Há, contudo, casos recentes que fogem à regra Nessa audiência de conciliação/mediação, a parte
exposta. Um deles diz respeito à Lei nº 13.140/2015, poderá constituir representante, por meio de procura-
que trata da autocomposição com órgão da Adminis- ção específica, com poderes para negociar e transigir.
tração Pública. O Superior Tribunal de Justiça admitiu, Se realizado o acordo, a autocomposição obtida será
em 2006, a transação em matéria de direitos difusos reduzida a termo (transcrito em ata) e homologada
180 que seriam, a princípio, indisponíveis: por sentença.
Atividades do Conciliador e do Mediador z A data da audiência de conciliação ou de media-
ção, ou da última sessão de conciliação, quando
Esses auxiliares da justiça possuem funções impor- qualquer parte não comparecer ou, comparecen-
tantes e bem definidas em lei, a saber: do, não houver autocomposição;
z A data do protocolo do pedido de cancelamento da
Art. 165 [...] audiência de conciliação ou de mediação, apresen-
§ 2º O conciliador, que atuará preferencialmen- tado pelo réu quando ocorrer a hipótese do inciso
te nos casos em que não houver vínculo anterior I, § 4º, do art. 334;
entre as partes, poderá sugerir soluções para o lití- z A data prevista no art. 231, de acordo com o modo
gio, sendo vedada a utilização de qualquer tipo de como foi feita a citação nos demais casos.
constrangimento ou intimidação para que as par-
tes conciliem. O Ministério Público e a Advocacia Pública terão
§ 3º O mediador, que atuará preferencialmente nos prazo em dobro, conforme o art. 180 e o art. 183 do CPC.
casos em que houver vínculo anterior entre as par-
tes, auxiliará aos interessados a compreender as
Concentração da Defesa e Ônus da Impugnação
Específica dos Fatos
questões e os interesses em conflito, de modo que
eles possam, pelo restabelecimento da comunica- Toda a defesa possível ao réu deve ser alegada na
ção, identificar, por si próprios, soluções consen- contestação, sob pena de preclusão. A preclusão pode
suais que gerem benefícios mútuos. ser definida como “a perda de uma situação jurídica
ativa processual, seja a perda de poder processual das
DA CONTESTAÇÃO partes, seja a perda de um poder do juiz” (DIDIER JR.,
2016, p. 425). Considerando que o processo se desen-
A resposta do réu representa a garantia e o poder volve progressivamente, isto é, para frente, visando
de se opor à ação e seus pedidos. É exercida para que um fim, que é o provimento jurisdicional, a preclusão
a tutela ao direito do autor seja negada e para que a funciona como um meio de manter essa marcha.
esfera jurídica do demandado não seja indevidamente Assim é que o CPC (2015) estabelece que incum-
atingida. O processo acontece mediante contraditório, be ao réu alegar, na contestação, toda a matéria de
pelo que deve se oportunizar à parte requerida a apre- defesa, expondo as razões de fato e de direito com que
sentação de resposta, efetiva resistência à pretensão do impugna o pedido do autor e especificando as provas
autor, evitando que sua esfera jurídica seja atingida. que pretende produzir, conforme o art. 336.
A principal defesa do réu é a contestação, regula- Art. 336 Incumbe ao réu alegar, na contestação,
mentada a partir do art. 335 do CPC. Vejamos: toda a matéria de defesa, expondo as razões de fato
e de direito com que impugna o pedido do autor e
Art. 335 O réu poderá oferecer contestação, por especificando as provas que pretende produzir.
petição, no prazo de 15 (quinze) dias, cujo termo
inicial será a data: Se o réu não se atentar a essa regra, a consequên-
I - da audiência de conciliação ou de mediação, ou cia será a preclusão e a presunção de veracidade das
da última sessão de conciliação, quando qualquer questões de fato não impugnadas. Se o autor discor-
parte não comparecer ou, comparecendo, não hou- re sobre um fato (culpa no acidente de trânsito por
ver autocomposição; exemplo) e o réu não o questiona, não apresenta dis-
II - do protocolo do pedido de cancelamento da cordância, presume-se verdadeira a alegação. Entre-
audiência de conciliação ou de mediação apresen- tanto, ainda pode haver uma saída quanto a questões:
tado pelo réu, quando ocorrer a hipótese do art.
334, § 4º, inciso I; z Relativas a direito ou ao fato superveniente, isto é,
III - prevista no art. 231, de acordo com o modo surgidos após a contestação;
como foi feita a citação, nos demais casos. z Que o juiz puder conhecer de ofício, sempre asse-
§ 1º No caso de litisconsórcio passivo, ocorrendo a gurado o contraditório;
hipótese do  art. 334, § 6º, o termo inicial previsto z Que, por expressa autorização legal, puderem ser
no inciso II será, para cada um dos réus, a data de formuladas em qualquer tempo e grau de jurisdição.
apresentação de seu respectivo pedido de cancela-
mento da audiência. Justamente por isso é que o réu deve se atentar às
§ 2º Quando ocorrer a hipótese do art. 334, § 4º, alegações de fato formuladas pelo autor, pois o Código
inciso II, havendo litisconsórcio passivo e o autor estabelece grave prejuízo para as questões não impug-
desistir da ação em relação a réu ainda não citado, nadas especificamente pelo demandado, a saber, a
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

o prazo para resposta correrá da data de intimação presunção de veracidade das alegações não impugna-
da decisão que homologar a desistência. das. Essa consequência não ocorre se:

z Não for admissível, a seu respeito, a confissão (por


Existem, ainda, outras atitudes que o réu pode
exemplo, referentes a direito indisponível, como a
tomar na ação, como a reconvenção, o reconhecimen-
capacidade da pessoa, à personalidade);
to jurídico do pedido formulado pelo autor. Caso não
z A petição inicial não estiver acompanhada de ins,-
adote quaisquer das atitudes e, principalmente, não trumento que a lei considerar da substância do ato
apresente defesa, incorrerá na revelia. Esses institu- (como um contrato que perfaz o fato constitutivo
tos serão tratados adiante. do direito do autor);
z Estiverem em contradição com a defesa, conside-
Prazo rada em seu conjunto (se, ainda que indiretamen-
te, o réu se manifestar contrário à pretensão do
A principal defesa do réu é a contestação, a qual autor, trazendo fatos e alegações que tornam pos-
deverá ser oferecida por petição no prazo de 15 (quin- sível concluir pela discordância de um fato especí-
ze) dias, cujo termo inicial será: fico não impugnado). 181
A arbitragem consiste em meio heterocompositivo
Importante! não estatal, regulada pela Lei nº 9.307/1996, recente-
O ônus da impugnação especificada dos fatos mente alterada pela Lei nº 13.129/2015. Na arbitragem,
não se aplica ao defensor público, ao advogado as partes manifestam interesse mútuo de participar e
dativo e ao curador especial, sendo-lhes possível deverão acatar a decisão do juízo arbitral, a qual, para
oferecer contestação por negativa geral. ter efeitos jurídicos, não necessita de homologação
judicial. Somente pode versar sobre conflitos relativos
a direitos patrimoniais disponíveis.
Espécies de Defesa Conforme o art. 3º, da Lei nº 9.307/96:

As defesas possíveis ao réu podem ser proces- Art. 3º As partes interessadas podem submeter a
suais ou de mérito. Processuais quando houver solução de seus litígios ao juízo arbitral mediante
convenção de arbitragem, assim entendida a cláu-
questões preliminares a serem arguidas, as quais, em
sula compromissória e o compromisso arbitral.
regra, impedirão a análise de mérito. As defesas de
mérito dizem respeito ao próprio direito material A arbitragem desenvolve-se, portanto, em ambien-
controvertido. te diverso do Poder Judiciário, existindo somente
São defesas processuais as arroladas no art. 337 do com a anuência das partes envolvidas no conflito,
CPC. Vejamos:
incluindo a própria escolha do árbitro ou órgão arbi-
tral. Outra característica marcante se refere à decisão
Art. 337 Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito,
arbitral, que se reveste de definitividade em relação
alegar:
I - inexistência ou nulidade da citação;
às partes, podendo ser revista pelo Judiciário somente
II - incompetência absoluta e relativa; em caso de nulidade. Contudo, na arbitragem, não é
III - incorreção do valor da causa; permitida a utilização de técnicas expropriatórias de
IV - inépcia da petição inicial; bens do devedor, razão pela qual, caso não cumprida
V - perempção; voluntariamente a obrigação fixada na sentença arbi-
VI - litispendência; tral, poderá o interessado executá-la judicialmente,
VII - coisa julgada; valendo-se, nesse caso, de todos os meios adequados
VIII - conexão; à satisfação de seu crédito.
IX - incapacidade da parte, defeito de representação
ou falta de autorização; z Impróprias ou Dilatórias: não extinguem a ação,
X - convenção de arbitragem; apenas retardam a tramitação do processo para
XI - ausência de legitimidade ou de interesse regularização do vício processual sanável, como
processual; é o caso das alegações de incompetência (quan-
XII - falta de caução ou de outra prestação que a lei do se propõe a ação perante juízo incompetente),
exige como preliminar; da incorreção do valor da causa (quando o valor
XIII - indevida concessão do benefício de gratuidade
atribuído à causa destoa do proveito econômico
de justiça.
pretendido na ação), da nulidade de citação (vício
no ato citatório, por inobservância dos requisitos
As defesas processuais podem ser de duas
legais) por exemplo.
espécies:
Interessa notar que, na segunda hipótese, admi-
z Próprias ou Peremptórias: essas dão causa à te-se a correção do vício, mas, em alguns casos, se o
extinção da ação sem resolução do mérito, como, vício não for sanado, poderá a ação ser extinta.
por exemplo, a inépcia da petição inicial (hipóte- Já as defesas de mérito podem ser:
ses do § 1º, do art. 330, tratadas anteriormente),
a existência de litispendência, a coisa julgada e a z Diretas: quando atacam a própria pretensão do
convenção de arbitragem. autor, o fundamento central de seu pedido, negan-
do a existência dos fatos narrados na inicial. Ex.:
O CPC (2015) conceitua os termos aqui citados nos inexistência de ato ilícito; inexistência de nulidade
parágrafos do art. 337: contratual;
z Indiretas: quando o réu opõe fatos impeditivos,
§ 1º Verifica-se a litispendência ou a coisa julgada modificativos ou extintivos do direito do Autor.
quando se reproduz ação anteriormente ajuizada. Exemplos:
§ 2º Uma ação é idêntica a outra quando possui as
mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo „ Impeditivo: vício do consentimento (induzi-
pedido. mento do contratante em erro, dando causa à
§ 3º Há litispendência quando se repete ação que anulação do contrato);
está em curso. „ Modificativo: cessão de crédito (transferência
§ 4º Há coisa julgada quando se repete ação que já
do crédito a terceiros, modificando a parte legí-
foi decidida por decisão transitada em julgado.
tima da ação), novação (repactuação de uma
§ 5º Excetuadas a convenção de arbitragem e a
incompetência relativa, o juiz conhecerá de ofício dívida);
das matérias enumeradas neste artigo. „ Extintivo: pagamento, prescrição, remissão
§ 6º A ausência de alegação da existência de con- (perdão da dívida), compensação (quando
venção de arbitragem, na forma prevista neste ambas as partes são, reciprocamente, credoras
Capítulo, implica aceitação da jurisdição estatal e de devedoras de créditos da mesma natureza e
182 renúncia ao juízo arbitral. valor, podendo ser compensados).
Própria ou DA RECONVENÇÃO
peremptória
Processual Outra defesa possível ao réu é a reconvenção, a
Imprópria ou
dilatória
qual constitui, também, um meio de formular preten-
Espécies de são própria.
Defesa
Imagine que o réu é demandado por inadimple-
Direta
mento de obrigação relacionada a um contrato, porém
De Mérito ele possui pretensão contra o autor relacionada a esse
Indireta contrato, como perdas e danos, ou uma cobrança abu-
siva que lhe causou dano à honra.
Neste sentido, prevê o CPC:
Art. 338 Alegando o réu, na contestação, ser parte
ilegítima ou não ser o responsável pelo prejuízo invo-
Art. 343 Na contestação, é lícito ao réu propor
cado, o juiz facultará ao autor, em 15 (quinze) dias, a reconvenção para manifestar pretensão própria,
alteração da petição inicial para substituição do réu. conexa com a ação principal ou com o fundamento
Parágrafo único. Realizada a substituição, o autor da defesa.
reembolsará as despesas e pagará os honorários ao § 1º Proposta a reconvenção, o autor será intima-
procurador do réu excluído, que serão fixados entre do, na pessoa de seu advogado, para apresentar
três e cinco por cento do valor da causa ou, sendo resposta no prazo de 15 (quinze) dias.
este irrisório, nos termos do art. 85, § 8º. § 2º A desistência da ação ou a ocorrência de cau-
Art. 339 Quando alegar sua ilegitimidade, incumbe sa extintiva que impeça o exame de seu mérito não
ao réu indicar o sujeito passivo da relação jurídica obsta ao prosseguimento do processo quanto à
discutida sempre que tiver conhecimento, sob pena reconvenção.
de arcar com as despesas processuais e de indeni- § 3º A reconvenção pode ser proposta contra o
zar o autor pelos prejuízos decorrentes da falta de autor e terceiro.
indicação. § 4º A reconvenção pode ser proposta pelo réu em
§ 1º O autor, ao aceitar a indicação, procederá, no litisconsórcio com terceiro.
prazo de 15 (quinze) dias, à alteração da petição § 5º Se o autor for substituto processual, o recon-
inicial para a substituição do réu, observando-se, vinte deverá afirmar ser titular de direito em face
ainda, o parágrafo único do art. 338. do substituído, e a reconvenção deverá ser propos-
§ 2º No prazo de 15 (quinze) dias, o autor pode optar ta em face do autor, também na qualidade de subs-
por alterar a petição inicial para incluir, como litis- tituto processual.
consorte passivo, o sujeito indicado pelo réu. § 6º O réu pode propor reconvenção independente-
Art. 340 Havendo alegação de incompetência rela- mente de oferecer contestação.
tiva ou absoluta, a contestação poderá ser proto-
colada no foro de domicílio do réu, fato que será Atualmente, a reconvenção é deduzida na própria
imediatamente comunicado ao juiz da causa, prefe- contestação e não em peça apartada. Da reconvenção,
rencialmente por meio eletrônico. será intimado o autor, na pessoa de seu advogado,
§ 1º A contestação será submetida a livre distribui- para apresentar resposta no prazo de 15 (quinze) dias.
ção ou, se o réu houver sido citado por meio de carta A reconvenção é vista como defesa autônoma de
precatória, juntada aos autos dessa carta, seguindo- modo que a desistência da ação ou a ocorrência de
-se a sua imediata remessa para o juízo da causa. causa extintiva que impeça o exame de seu mérito
§ 2º Reconhecida a competência do foro indicado não obsta ao prosseguimento do processo quanto à
pelo réu, o juízo para o qual for distribuída a con- reconvenção. Ainda, o réu pode propor reconvenção
testação ou a carta precatória será considerado independentemente de oferecer contestação.
prevento.
§ 3º Alegada a incompetência nos termos do caput ,
DA REVELIA (ARTS. 344 A 346 DO CPC)
será suspensa a realização da audiência de concilia-
ção ou de mediação, se tiver sido designada.
Conceito
§ 4º Definida a competência, o juízo competente
designará nova data para a audiência de concilia-
ção ou de mediação. Revelia é um ato-fato processual, que decorre da
Art. 341 Incumbe também ao réu manifestar-se não apresentação de defesa ou apresentação intem-
precisamente sobre as alegações de fato constan- pestiva da contestação. Diz-se ato-fato porque seus
tes da petição inicial, presumindo-se verdadeiras as efeitos decorrem da inação do sujeito no processo,
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

não impugnadas, salvo se: mas repercute na ordem jurídico-processual.


I - não for admissível, a seu respeito, a confissão;
II - a petição inicial não estiver acompanhada de Art. 344 Se o réu não contestar a ação, será consi-
instrumento que a lei considerar da substância do derado revel e presumir-se-ão verdadeiras as alega-
ato; ções de fato formuladas pelo autor.
III - estiverem em contradição com a defesa, consi-
derada em seu conjunto. Se o autor propõe ação de indenização, alegando a
Parágrafo único. O ônus da impugnação especifica- ocorrência de ato ilícito, a ausência de defesa conduz
da dos fatos não se aplica ao defensor público, ao à presunção de veracidade desse fato.
advogado dativo e ao curador especial.
Art. 342 Depois da contestação, só é lícito ao réu Efeitos da Revelia
deduzir novas alegações quando:
I - relativas a direito ou a fato superveniente; A revelia produz algumas consequências proces-
II - competir ao juiz conhecer delas de ofício; suais consistentes em certos efeitos jurídicos danosos
III - por expressa autorização legal, puderem ser ao réu, como a presunção de veracidade das alegações
formuladas em qualquer tempo e grau de jurisdição. de fato formuladas pelo autor (efeito material). Além 183
dessas, há, ainda, efeitos processuais, como a fluência Para que ocorra revelia, o réu deve ser citado.
dos prazos contra o revel que não tenha patrono nos Então, somente é possível falar em todos esses efeitos
autos a partir da data de publicação do ato decisório se o réu for validamente citado.
no órgão oficial, conforme art. 346, CPC. Vejamos:
Art. 347 Findo o prazo para a contestação, o juiz
Art. 346 Os prazos contra o revel que não tenha tomará, conforme o caso, as providências prelimi-
patrono nos autos fluirão da data de publicação do nares constantes das seções deste Capítulo.
ato decisório no órgão oficial.
Parágrafo único. O revel poderá intervir no proces- Seção I
so em qualquer fase, recebendo-o no estado em que
se encontrar. Da Não Incidência dos Efeitos da Revelia

Art. 348 Se o réu não contestar a ação, o juiz, verifi-


Quer dizer que fica dispensada a intimação do réu cando a inocorrência do efeito da revelia previsto no
de cada ato processual para que se inicie a fluência art. 344, ordenará que o autor especifique as provas
do prazo, o que ocorrerá, automaticamente, depois da que pretenda produzir, se ainda não as tiver indicado.
publicação do ato no diário oficial, ou seja, indepen- Art. 349 Ao réu revel será lícita a produção de pro-
dentemente da intimação pessoal do réu. vas, contrapostas às alegações do autor, desde que
No entanto, há exceções em que os efeitos não inci- se faça representar nos autos a tempo de praticar
dirão, as quais estão dispostas nos incisos do art. 345. os atos processuais indispensáveis a essa produção.

Art. 345 A revelia não produz o efeito mencionado Esse dispositivo permite que o réu produza provas
no art. 344 se: desde que participe do processo tempestivamente,
I - havendo pluralidade de réus, algum deles con- isto é, antes ou durante a fase probatória.
testar a ação; De todo modo, o revel poderá intervir no processo
II - o litígio versar sobre direitos indisponíveis; em qualquer fase, recebendo-o no estado em que se
III - a petição inicial não estiver acompanhada de encontrar.
instrumento que a lei considere indispensável à
prova do ato; DA RÉPLICA
IV - as alegações de fato formuladas pelo autor
forem inverossímeis ou estiverem em contradição Diante dos fatos e fundamentos trazidos pelo réu na
com prova constante dos autos. contestação, o autor poderá ser intimado para manifestar-
-se, oferecendo a réplica ou a impugnação à contestação.
O simples fato de o réu ser revel não significa que O CPC (2015) admite essa providência nos seguin-
será sucumbente ou que o autor terá sua pretensão aco- tes dispositivos:
lhida. Inicialmente, a presunção de veracidade ocorre
somente sobre as questões de fato, não as de Direito. Art. 350 Se o réu alegar fato impeditivo, modificati-
Então, se o autor formula pretensão não respaldada vo ou extintivo do direito do autor, este será ouvido
pelo ordenamento jurídico, ainda que seja o réu revel, no prazo de 15 (quinze) dias, permitindo-lhe o juiz
não terá seu pedido acolhido. Já com relação às ques- a produção de prova.
tões de fato, importa observar as hipóteses do art. 345. Art. 351 Se o réu alegar qualquer das matérias enu-
Além disso, a presunção é relativa, conforme firmado meradas no art. 337, o juiz determinará a oitiva do
em entendimento do Superior Tribunal de Justiça: autor no prazo de 15 (quinze) dias, permitindo-lhe
a produção de prova.
PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARA- Art. 352 Verificando a existência de irregularidades
ÇÃO NO AGRAVO INTERNO NOS EMBARGOS DE ou de vícios sanáveis, o juiz determinará sua corre-
DECLARAÇÃO NO AGRAVO EM RECURSO ESPE- ção em prazo nunca superior a 30 (trinta) dias.
CIAL. RECURSO MANEJADO SOB A ÉGIDE DO Art. 353 Cumpridas as providências preliminares
NCPC. AGRAVO DE INSTRUMENTO. DESCON- ou não havendo necessidade delas, o juiz proferirá
SIDERAÇÃO INVERSA DA PERSONALIDADE julgamento conforme o estado do processo, obser-
JURÍDICA. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDI- vando o que dispõe o Capítulo X.
CIONAL NÃO CONFIGURADA. TRIBUNAL ESTA-
DUAL QUE NÃO RECONHECEU OS REQUISITOS Os dispositivos tratam do teor das defesas de méri-
PARA A DESCONSIDERAÇÃO INVERSA DA PER- to e processuais. Pela leitura do art. 350, o réu pode
SONALIDADE JURÍDICA. PRETENSÃO RECUR- alegar o objetivo litigioso, trazendo fatos novos para
SAL QUE É OBSTADA PELA SÚMULA Nº 7 DO o debate. Já na hipótese do art. 351, a referência é
STJ. VIOLAÇÃO DO ART. 1.022 DO NCPC. ERRO sobre as defesas processuais, as quais podem impedir
MATERIAL E OMISSÃO. NÃO CONFIGURADOS.
ou retardar a análise do mérito. Nessa fase, poderá
PRESUNÇÃO RELATIVA DA VERACIDADE DOS
o juiz identificar eventuais nulidades e providenciar
FATOS NÃO CONTESTADOS. PRECEDENTES.
MULTA DO ART. 1.021, § 4º, DO NCPC. AFASTA- sua correção desde logo. Na forma do art. 352, do CPC,
DA. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO PARCIAL- verificando a existência de irregularidades ou de vícios
MENTE ACOLHIDOS. sanáveis, o juiz determinará sua correção em prazo
[...] nunca superior a 30 (trinta) dias.
3. A revelia enseja a presunção relativa da veraci-
dade dos fatos narrados pelo autor da ação, poden- DO JULGAMENTO CONFORME O ESTADO DO
do ser infirmada pelas provas dos autos, motivo PROCESSO
pelo qual não determina a imediata procedência do
pedido. Precedentes. Ultrapassada a fase postulatória, chega-se ao
4. Embargos de declaração parcialmente acolhidos. momento no qual o juiz deve observar se há causas
(STJ, EDcl no AgInt nos EDcl no AREsp 1562715/SP, que justificam o julgamento antecipado da ação, na
Rel. Ministro MOURA RIBEIRO, TERCEIRA TURMA, forma na forma do art. 485 e dos incisos II e III, art.
184 julgado em 01/03/2021, DJe 04/03/2021) 487, do CPC, do CPC.
Conforme dispõe o art. 354, ocorrendo qualquer das Se não for o caso das hipóteses anteriores, sendo
hipóteses previstas nos arts. 485 e 487, incisos II e III, o impossível ou inaplicável o julgamento antecipado do
juiz proferirá sentença. Na hipótese desse artigo, pode feito, deverá, então, o juiz cumprir com a providência
ocorrer que apenas uma parcela do pedido possa estar do art. 357 do CPC, que trata do saneamento e da orga-
em condições de imediato julgamento e a outra par- nização do processo.
cela ainda demande dilação probatória (produção de Trata-se de medida essencial para a adequada ins-
outras provas necessárias). Nesse caso, poderá ocorrer trução processual, efetivando-se o devido processo
o julgamento parcial (inclusive do mérito). Cabe frisar legal. Ressalta-se a importância dessa etapa, porque,
que os incisos II e III do art. 487 referem-se, respectiva- além de resolver questões processuais pendentes
mente, ao reconhecimento de decadência e prescrição, (como as expostas no art. 337), o juiz pode planejar
bem como às hipóteses de autocomposição. como seguirá a instrução. Vejamos:
Somente esclarecendo, prescrição é a extinção da
pretensão à prestação devida em função da violação Art. 357 Não ocorrendo nenhuma das hipóteses
de um direito ou interesse. Pela prescrição, esvai-se deste Capítulo, deverá o juiz, em decisão de sanea-
mento e de organização do processo:
o direito de exigir um posicionamento da parte con-
I - resolver as questões processuais pendentes, se
trária (como, por exemplo, o pagamento da dívida, o
houver;
cumprimento de obrigação de fazer, de entregar coisa II - delimitar as questões de fato sobre as quais
etc). Já a decadência é a perda efetiva de um direito recairá a atividade probatória, especificando os
que não foi requerido no prazo legal, esvaindo-se o meios de prova admitidos;
próprio direito, como o de requerer a anulação de um III - definir a distribuição do ônus da prova, obser-
contrato em virtude de vício, como o prazo estabele- vado o art. 373;
cido no art. 178 do Código Civil (Art. 178 É de quatro IV - delimitar as questões de direito relevantes para
anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação a decisão do mérito;
do negócio jurídico [...]). V - designar, se necessário, audiência de instrução
e julgamento.
Dica O saneamento pode ser feito por ato do juiz ou
Contra a decisão de julgar antecipadamente par- mediante designação de audiência para que o sanea-
mento seja feito em cooperação com as partes, caso
cela do processo, caberá a interposição do recur-
seja de grande complexidade. A decisão de saneamen-
so de agravo de instrumento.
to tornar-se-á estável, sujeita à preclusão se, no prazo
comum de cinco dias, as partes não pedirem esclare-
Art. 354 Ocorrendo qualquer das hipóteses previs-
cimentos ou a impugnarem.
tas nos arts. 485 e 487, incisos II e III , o juiz profe-
rirá sentença. z Prova Testemunhal: caso tenha sido determina-
Parágrafo único. A decisão a que se refere o caput da a produção de prova testemunhal, o juiz fixa-
pode dizer respeito a apenas parcela do proces- rá prazo comum não superior a 15 (quinze) dias
so, caso em que será impugnável por agravo de
para que as partes apresentem rol de testemunhas,
instrumento.
as quais não poderão ultrapassar o número de 10
(dez), sendo 3 (três) testemunhas, no máximo, para
Também o art. 356 trata do julgamento parcial do a prova de cada fato;
mérito, hipótese de efetivação dos princípios da cele- z Prova Pericial: caso tenha sido determinada a
ridade e da duração razoável do processo, com a tute- produção de prova pericial, o juiz deve observar o
la adequada do direito. disposto no art. 465 e, se possível, estabelecer, des-
de logo, o calendário para a sua realização.
Art. 356 O juiz decidirá parcialmente o mérito
quando um ou mais dos pedidos formulados ou Encerrada a fase organizatória e de saneamen-
parcela deles: to, inicia-se a fase instrutória ou probatória, tratada
I - mostrar-se incontroverso; pelo CPC (2015), do art. 358 ao art. 488. O Código ini-
II - estiver em condições de imediato julgamento, cia tratando da audiência de instrução e julgamento,
nos termos do art. 355. passando, posteriormente, a regulamentar cada meio
probatório especificamente.
Não sendo o caso de julgamento parcial, poderá
proferir sentença pela plena apreciação do litígio, DA AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

decidindo todas as questões de direito material per-


Este é o início da fase probatória ou instrutória,
tinentes, efetivamente solucionando a controvérsia,
momento em que serão produzidas, sobretudo, as
ocasião na qual se fala em julgamento antecipado do
provas orais. A audiência de instrução, que será públi-
mérito.
ca, deverá ser previamente designada e, nela, o juiz
O julgamento é antecipado, pois contornará a fase poderá, mais uma vez, buscar a autocomposição entre
instrutória/probatória, ante sua dispensabilidade. O as partes.
art. 355 prevê essa hipótese:
Art. 358 No dia e na hora designados, o juiz decla-
Art. 355 O juiz julgará antecipadamente o pedi- rará aberta a audiência de instrução e julgamento e
do, proferindo sentença com resolução de mérito, mandará apregoar as partes e os respectivos advo-
quando: gados, bem como outras pessoas que dela devam
I - não houver necessidade de produção de outras participar.
provas; Art. 359 Instalada a audiência, o juiz tentará con-
II - o réu for revel, ocorrer o efeito previsto no art. ciliar as partes, independentemente do emprego
344 e não houver requerimento de prova, na forma anterior de outros métodos de solução consensual
do art. 349 . de conflitos, como a mediação e a arbitragem. 185
Na audiência, o juiz exerce poder de polícia, con- O julgamento, por sua vez, pode ocorrer na
forme previsto no art. 360: audiência. Entretanto, se não ocorrer, os autos serão
conclusos ao juiz, que proferirá sentença no prazo de
Art. 360 O juiz exerce o poder de polícia, incumbindo-lhe: 30 (trinta) dias, sendo esse prazo impróprio.
I - manter a ordem e o decoro na audiência; A audiência poderá ser integralmente gravada em
II - ordenar que se retirem da sala de audiência os
imagem e em áudio, em meio digital ou analógico,
que se comportarem inconvenientemente;
III - requisitar, quando necessário, força policial; desde que assegure o rápido acesso das partes e dos
IV - tratar com urbanidade as partes, os advogados, órgãos julgadores, observada a legislação específica.
os membros do do processo; A gravação a que se refere o § 5º também pode ser
V - registrar em ata, com exatidão, todos os reque- realizada diretamente por qualquer das partes, inde-
rimentos apresentados em audiência. pendentemente de autorização judicial.
A audiência destina-se à produção da prova oral, Art. 365 A audiência é una e contínua, podendo ser
cuja ordem de colheita será a prevista no art. 361 do CPC: excepcional e justificadamente cindida na ausência
de perito ou de testemunha, desde que haja concor-
Art. 361 As provas orais serão produzidas em audiên- dância das partes.
cia, ouvindo-se nesta ordem, preferencialmente: Parágrafo único. Diante da impossibilidade de rea-
I - o perito e os assistentes técnicos, que responde- lização da instrução, do debate e do julgamento
rão aos quesitos de esclarecimentos requeridos no
no mesmo dia, o juiz marcará seu prosseguimen-
prazo e na forma do art. 477 , caso não respondidos
to para a data mais próxima possível, em pauta
anteriormente por escrito;
II - o autor e, em seguida, o réu, que prestarão preferencial.
depoimentos pessoais; Art. 366 Encerrado o debate ou oferecidas as razões
III - as testemunhas arroladas pelo autor e pelo réu, finais, o juiz proferirá sentença em audiência ou no
que serão inquiridas. prazo de 30 (trinta) dias.
Parágrafo único. Enquanto depuserem o perito, os Art. 367 O servidor lavrará, sob ditado do juiz,
assistentes técnicos, as partes e as testemunhas, termo que conterá, em resumo, o ocorrido na
não poderão os advogados e o Ministério Público audiência, bem como, por extenso, os despachos, as
intervir ou apartear, sem licença do juiz. decisões e a sentença, se proferida no ato.
Art. 362 A audiência poderá ser adiada: § 1º Quando o termo não for registrado em meio
I - por convenção das partes; eletrônico, o juiz rubricar-lhe-á as folhas, que serão
II - se não puder comparecer, por motivo justifica- encadernadas em volume próprio.
do, qualquer pessoa que dela deva necessariamente § 2º Subscreverão o termo o juiz, os advogados, o
participar;
membro do Ministério Público e o escrivão ou chefe
III - por atraso injustificado de seu início em tempo
superior a 30 (trinta) minutos do horário marcado. de secretaria, dispensadas as partes, exceto quando
§ 1º O impedimento deverá ser comprovado até a houver ato de disposição para cuja prática os advo-
abertura da audiência, e, não o sendo, o juiz proce- gados não tenham poderes.
derá à instrução. § 3º O escrivão ou chefe de secretaria traslada-
§ 2º O juiz poderá dispensar a produção das provas rá para os autos cópia autêntica do termo de
requeridas pela parte cujo advogado ou defensor audiência.
público não tenha comparecido à audiência, apli- § 4º Tratando-se de autos eletrônicos, observar-se-á
cando-se a mesma regra ao Ministério Público. o disposto neste Código, em legislação específica e
§ 3º Quem der causa ao adiamento responderá nas normas internas dos tribunais.
pelas despesas acrescidas. § 5º A audiência poderá ser integralmente ravada
Art. 363 Havendo antecipação ou adiamento da em imagem e em áudio, em meio digital ou analó-
audiência, o juiz, de ofício ou a requerimento da gico, desde que assegure o rápido acesso das par-
parte, determinará a intimação dos advogados ou
tes e dos órgãos julgadores, observada a legislação
da sociedade de advogados para ciência da nova
designação. específica.
§ 6º A gravação a que se refere o § 5º também pode
Como a denominação sugere, a audiência não é ser realizada diretamente por qualquer das partes,
apenas de instrução, mas também de julgamento. independentemente de autorização judicial.
Para que o julgamento ocorra, ainda cabe às partes Art. 368 A audiência será pública, ressalvadas as
uma última oportunidade de manifestação antes da exceções legais.
sentença: os chamados memoriais. Quando apresen-
tados oralmente, seguem o disposto no art. 364: DAS PROVAS

Art. 364 Finda a instrução, o juiz dará a palavra ao O estudo das provas é feito em dois blocos que
advogado do autor e do réu, bem como ao membro devem ser estudados e compreendidos em conjunto:
do Ministério Público, se for o caso de sua inter-
venção, sucessivamente, pelo prazo de 20 (vinte) z Provas – Teoria Geral: arts. 369 a 383;
minutos para cada um, prorrogável por 10 (dez) z Provas – Provas em Espécie: arts. 384 a 484.
minutos, a critério do juiz.
§ 1º Havendo litisconsorte ou terceiro intervenien- O termo prova pode ser definido de diversas for-
te, o prazo, que formará com o da prorrogação um mas. Pode-se falar em prova como instrumento, que
só todo, dividir-se-á entre os do mesmo grupo, se se destina a comprovar algo, como atividade desem-
não convencionarem de modo diverso.
penhada pelos servidores do judiciário ou ainda como
Os memoriais raramente são apresentados em o resultado da interpretação jurisdicional acerca de
audiência, sendo que o juiz remete ao § 2º, do art 364, o eventual controvérsia jurídica.
qual admite a apresentação de memoriais (as alegações Pode-se compreender como prova todo e qualquer
finais) por escrito, quando a causa apresentar questões meio argumentativo previsto ou não em lei que obje-
complexas de fato ou de direito, prazos sucessivos de tiva convencer o Estado-Juiz de algum fato. Veja o que
186 15 (quinze) dias, assegurada vista dos autos. diz o CPC:
Art. 369 As partes têm o direito de empregar todos Há previsão expressa de necessidade de funda-
os meios legais, bem como os moralmente legíti- mentação da decisão que indefere a produção de
mos, ainda que não especificados neste Código, provas pretendida pelas partes. Na medida em que se
para provar a verdade dos fatos em que se funda o reconhece um direito fundamental à prova, refle-
pedido ou a defesa e influir eficazmente na convic- xo do direito fundamental ao devido processo legal,
ção do juiz. é corolário lógico o reconhecimento de que o afasta-
mento de tal direito somente se pode dar em decisão
Para comprovar o seu direito, cada parte poderá devidamente fundamentada, na qual se contraponha
produzir as provas cabíveis para cada situação fática àquele direito a inadmissibilidade da prova. Con-
na tentativa de alcançar a tutela jurisdicional pleitea- jugam-se, assim, o direito fundamental à prova e o
da. A prova constitui direito das partes e de qualquer dever de motivação das decisões judiciais5.
outro sujeito que participa do processo. Embora o art.
369, do CPC, refira-se apenas às partes, é evidente que Diligências Inúteis ou Meramente Protelatórias.
todos os que participam do processo têm o direito à
produção da prova – como decorrência natural do Diligências inúteis são aquelas que nada podem
direito ao devido processo legal (inciso LIV, art. 5º, da adiantar a quem as requereu. Meramente prote-
CF) – a fim de influir no convencimento do juiz. latórias são as diligências que têm por único fito
Todos os meios de prova lícitos são hábeis para atrasar o desenvolvimento do processo. Umas e
provar a verdade das alegações de fato em que se fun- outras podem ser indeferidas pelo juiz. Observe-se,
da a ação ou a defesa. Os meios de prova podem estar todavia, que não pode o órgão jurisdicional indefe-
previstos ou não topicamente pelo legislador. No pri- rir determinada prova por já se encontrar conven-
meiro caso, fala-se em prova típica; no segundo, atípi- cido a respeito da alegação de fato a provar. Vale
ca. Uma e outra são suscetíveis de utilização em juízo dizer: por já ter valorado de maneira antecipada a
(Art. 369, do CPC). prova. Admissibilidade e valoração da prova não
se confundem. A prova é inadmissível tão somen-
As provas ilícitas não têm eficácia no processo
te se impertinente, irrelevante ou incontroversa a
(inciso LVI, art. 5º, da CF). Como regra, a prova obtida
alegação de fato a provar. Havendo pertinência,
a partir de prova ilícita igualmente o é por contamina-
relevância e controvérsia da alegação, há direito
ção (teoria dos frutos da árvore envenenada – the fruit fundamental à produção da prova.
of the poisonous tree: STF, 1ª Turma, HC 80.949/rj, rel.
Min. Sepúlveda Pertence, j. 30.10.2001, DJ 14.12.2001, Veja que o juiz possui o poder para indeferir a
p. 26)4. produção da prova inútil ou que servirá apenas para
A Teoria dos frutos da árvore envenenada (the retardar o processo. Evidentemente, caberá recurso
fruit of the poisonous tree) diz respeito à ideia de dessa decisão, caso incorra em cerceamento de defesa.
que todos os frutos oriundos da árvore envenena-
da são também envenenados por contaminação; em Dica
outras palavras, significa dizer que todas as provas
obtidas por meio ilícitos serão também ilícitas por O juiz pode, até mesmo de ofício, determinar a
contaminação. produção de uma prova que aproveite ao proces-
O processo lida com questões de direito e questões so, para que solucione adequadamente o mérito.
de fato, as quais demandam comprovação. Fato ale- Para que não incorra em práticas violadoras da
gado e não provado é o mesmo que fato não alegado, imparcialidade e da igualdade, é preciso que o
como diz uma conhecida máxima do Direito. Sobre juiz não assuma o protagonismo exagerado6.
isso, ensina Daniel Mitidiero (p. 197):
O juiz poderá, também, admitir a utilização de
As partes têm o direito de provar todas as alegações prova produzida em outro processo, atribuindo-lhe o
pertinentes, controversas e relevantes. Pertinentes, valor que considerar adequado, observado o contradi-
aquelas que dizem respeito ao mérito da causa. tório. Nesse caso, fala-se em prova emprestada.
Controversas, aquelas sobre as quais existem mais Após a admissão da prova, haverá a sua produção.
de uma versão nos autos. Relevantes cuja natureza A produção varia conforme a espécie da prova. Se tes-
permite demonstração pela prova postulada. temunhal, designa-se audiência para produzi-la; se
pericial, nomeia-se o perito, que designará dia, hora
Com a prova, busca-se apontar ao juiz a veracida-
e local para a execução dos trabalhos; se documental,
de de um fato, o qual dará subsídio para o julgador
autoriza-se sua juntada aos autos etc.
formar seu convencimento. A prova destina-se ao pro-
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

cesso como um todo, às partes e, também, ao juiz, pois Art. 372 O juiz poderá admitir a utilização de pro-
ele é o sujeito (imparcial) que deve ser convencido va produzida em outro processo, atribuindo-lhe
pela veracidade das alegações. o valor que considerar adequado, observado o
contraditório.
Art. 370 Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento
da parte, determinar as provas necessárias ao jul- Por último, ocorre a valoração da prova pelo juiz.
gamento do mérito. Em nosso ordenamento, as provas não possuem valo-
Parágrafo único. O juiz indeferirá, em decisão fun- res predefinidos por lei. Cabe ao juiz, fundamentada-
damentada, as diligências inúteis ou meramente mente, apreciar cada prova produzida e relacioná-la
protelatórias. aos fatos. Assim diz o CPC (2015):
4 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO, Daniel. Novo Código de Processo Civil comentado. 2 ed. rev., atual. e ampl. –
São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016, p. 464.
5 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO, Daniel. Novo Código de Processo Civil comentado. 2 ed. rev., atual. e ampl. –
São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016, p. 464.
6 BONIZZI, Marcelo José Magalhães. Fundamentos da prova civil. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2017, p. 41. 187
Art. 371 O juiz apreciará a prova constante dos Imagine que o autor ajuíze ação, visando a declara-
autos, independentemente do sujeito que a tiver ção de inexistência de um fato (negócio jurídico por
promovido, e indicará na decisão as razões da for- exemplo) que lhe gerou restrição de crédito. Como ele
mação de seu convencimento. provaria a inexistência de um contrato? Impossível.
Produção Por isso, justifica-se a inversão do ônus da prova, atri-
Requerimento
buindo à parte adversa a incumbência de provar a
existência da relação jurídica.
A distribuição diversa do ônus da prova também
Valoração pode ocorrer por convenção das partes, salvo quando:
Admissão
z Recair sobre direito indisponível da parte;
Ônus da Prova z Tornar excessivamente difícil a uma parte o exer-
cício do direito.
A prova incumbe a quem? Quando indagamos isso,
devemos identificar quem deve provar o quê. Segun- Art. 373 [...]
do Bonizzi, ônus é “um ‘imperativo do próprio inte- § 3º A distribuição diversa do ônus da prova tam-
resse’, ou seja, uma ‘carga processual’, intimamente bém pode ocorrer por convenção das partes, salvo
relacionadas com as ‘possibilidades’ que as partes quando:
possuem no processo” (2017, p. 48). I - recair sobre direito indisponível da parte;
Do descumprimento de um ônus, não há uma pena II - tornar excessivamente difícil a uma parte o
ou sanção, mas poderão haver prejuízos à parte que exercício do direito.
não comprovar o fato que lhe beneficia. § 4º A convenção de que trata o § 3º pode ser cele-
brada antes ou durante o processo.
Art. 373 O ônus da prova incumbe:
I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; Há fatos que não necessitam de provas para serem
II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, demonstrados. Vejamos o que diz o art. 374, do CPC:
modificativo ou extintivo do direito do autor.
Art. 374 Não dependem de prova os fatos:
Trata-se da distribuição estática do ônus da prova I - notórios;
(distribuição legal do ônus da prova), sendo a regra II - afirmados por uma parte e confessados pela
na lei processual. No entanto, admite-se a distribuição parte contrária;
dinâmica nos casos previstos em lei ou diante de pecu- III - admitidos no processo como incontroversos;
liaridades da causa relacionadas à impossibilidade ou IV - em cujo favor milita presunção legal de existên-
à excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos ter- cia ou de veracidade.
mos do caput ou à maior facilidade de obtenção da
Atente-se a alguns conceitos de grande relevância
prova do fato contrário. Nesses casos, pode o juiz atri-
para a prova:
buir o ônus da prova de modo diverso, desde que o
faça por decisão fundamentada, caso em que deverá z Fato Notório
dar à parte a oportunidade de se desincumbir do ônus
que lhe foi atribuído. O fato notório dispensa a produção de prova para
Um típico exemplo é o de relação de consumo, em ser considerado verdadeiro no processo. Observe-se
que o consumidor, parte vulnerável (hipossuficiente) da que o fato notório não precisa ser do conhecimento de
relação, muitas vezes, não tem meios de provar o defeito todos aqueles que vivem no país em que o juiz exerce
de um produto ou serviço, razão pela qual o ônus será jurisdição, bastando que seja conhecido por aqueles
invertido para que o fornecedor/prestador prove a cor- que estão na região em que o fato teria ocorrido.
reção de sua conduta ou segurança de seu produto. Dessa forma, ainda que o mérito venha a ser apre-
A eventual inversão do ônus da prova deve ser rea- ciado por julgador que não vive na região em que o
lizada na fase instrutória, conforme posicionamento fato notório teria ocorrido, é suficiente que ele seja de
do STJ (EREsp 422.778/SP). “conhecimento geral” em determinado lugar e espaço
de tempo7.
Art. 373 [...] O fato, para ser considerado notório, deve ser do
§ 1º Nos casos previstos em lei ou diante de peculia-
conhecimento comum na época em que teria ocorri-
ridades da causa relacionadas à impossibilidade ou
do, não importando o momento em que é proferida a
à excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos
decisão. Deve fazer parte da cultura do homem médio
termos do caput ou à maior facilidade de obtenção
da prova do fato contrário, poderá o juiz atribuir da época em que ocorreu. Fala-se então em notorie-
o ônus da prova de modo diverso, desde que o faça dade absoluta. Se o fato constituir um acontecimento
por decisão fundamentada, caso em que deverá dar histórico e, nesse sentido, passar a ser lembrado por
à parte a oportunidade de se desincumbir do ônus aqueles que vivem no tempo em que o conflito deve
que lhe foi atribuído. ser solucionado, o fato também pode ser invocado
§ 2º A decisão prevista no § 1º deste artigo não pode como de conhecimento notório.
gerar situação em que a desincumbência do encargo Ademais, há fatos notórios em determinados
pela parte seja impossível ou excessivamente difícil. lugares ou em determinadas atividades. Assim, por
exemplo, um fato pode ser do conhecimento de todos
Interessante notar, ainda, a questão da prova dia- aqueles que trabalham em uma empresa ou mesmo
bólica, isto é, não é dado à parte fazer prova de fato do conhecimento de todos os que exercem uma deter-
negativo, como a inexistência de uma relação jurídica. minada atividade. Há aí notoriedade relativa8.
7 STJ, 4.ª Turma, AgRg no Ag 24.836/MG, rel. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, j. 13.04.1993, DJ 31.05.1993, p. 10.670.
188 8 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO, Daniel. Novo Código de Processo Civil comentado. op. cit., p.474.
z Prova da Notoriedade Art. 375 O juiz aplicará as regras de experiência
comum subministradas pela observação do que
Podem existir situações em que será necessária ordinariamente acontece e, ainda, as regras de
a prova da notoriedade do fato. Nesse caso, não há experiência técnica, ressalvado, quanto a estas, o
como confundir o fato que é alegado como notório exame pericial.
com a sua notoriedade. A prova deve destinar-se tão
somente a demonstrar a notoriedade do fato. Provada O art. 375, do CPC, diz que as experiências do
a sua notoriedade, dispensada está a prova do fato9. magistrado (conhecimentos gerais acerca de regras
corriqueiras) são elementos que podem direcionar o
z Fato Confessado juiz em suas decisões, contudo essas não poderão se
sobrepor ao conhecimento técnico, que é manifesta-
A confissão deve ser vista como uma circunstân- do, por exemplo, em prova pericial, que sendo assi-
cia determinante da dispensa da prova sobre o fato nada por profissional técnico competente, apresenta
confessado. A confissão gera duas consequências: a grande força probante.
dispensa de prova e a presunção de veracidade da
alegação de fato confessada. Art. 376 A parte que alegar direito municipal, esta-
dual, estrangeiro ou consuetudinário provar-lhe-á
Observe-se, contudo, que o fato confessado não
o teor e a vigência, se assim o juiz determinar.
gera necessariamente julgamento favorável à parte a
que a confissão aproveita: do fato confessado, é sem-
A redação do artigo supracitado é bastante sim-
pre bom lembrar, pode não advir a consequência jurí-
ples e não demanda muita interpretação. Apesar
dica pretendida pela parte10.
disso, deve-se ficar atento, pois a redação do disposi-
tivo não impõe à parte um dever, vez que, como bem
z Fatos Incontroversos
salienta, isso ocorre tão somente se assim o juiz o
determinar.
As alegações de fato incontroversas no processo
Tal disposição existe com o findo de auxiliar o juiz,
independem de prova. A incontrovérsia pode advir
sobretudo porque nem sempre a legislação é de fácil
tanto do não desempenho do ônus de impugnação
acesso. Além disso, é importante frisar que tal artigo
especificada das alegações fáticas (Art. 341, do CPC)
não se aplica no caso de ser a legislação local ou do
como de qualquer cessação de controvérsia a respeito
mesmo Estado em que o juiz exerce a jurisdição, pois
de determinada questão ocorrida ao longo do proces-
subtende-se que este possua conhecimento.
so (por exemplo, em audiência)11.
Art. 377 A carta precatória, a carta rogatória e o
z Presunção Legal auxílio direto suspenderão o julgamento da cau-
sa no caso previsto no art. 313, inciso V, alínea
O legislador, quando tem ciência de que um fato é “b”, quando, tendo sido requeridos antes da deci-
muito difícil ou até mesmo impossível de ser prova- são de saneamento, a prova neles solicitada for
do em juízo, presume a sua ocorrência ou veracidade imprescindível.
na lei, dispensando a parte, portanto, da produção de Parágrafo único. A carta precatória e a carta roga-
prova a seu respeito. tória não devolvidas no prazo ou concedidas sem
A consequência de um fato ser legalmente presu- efeito suspensivo poderão ser juntadas aos autos a
mido verdadeiro é a de dispensar aquele que tem inte- qualquer momento.
resse no seu atendimento da produção da respectiva
prova. As presunções legais podem ser juris et de jure Acerca do citado dispositivo, Marinoni et. al. tecem
ou juris tantum. algumas considerações:
A diferença entre elas é que a primeira faz presu-
mir o fato verdadeiro e não aceita prova em contrário, 1. Carta Probatória. A carta precatória, a carta
enquanto a segunda admite que aquele que pode ser rogatória e o auxílio direto suspenderão o processo
prejudicado pela imposição do fato presumido verda- quando a sentença de mérito “tiver de ser proferi-
deiro produza prova em contrário. da somente após a verificação de determinado fato
Além das presunções legais existem ainda as pre- ou a produção de certa prova, requisitada a outro
sunções judiciais, também chamadas de presunções juízo” (art. 313, IV, b, CPC). A carta probatória e o
auxílio direto, contudo, só suspendem o processo
simples ou praesumptiones hominis. Essas decorrem
se requeridos antes da decisão de saneamento (art.
da dedução da ocorrência de um fato pela verifica-
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

357, CPC) e a prova nela solicitada apresentar-se


ção da prova de outro, mediante raciocínio realizado imprescindível para o deslinde da controvérsia pos-
exclusivamente pelo juiz, sem qualquer interferência ta em juízo.
a priori do legislador. É imprescindível que a presun- 2. Suspensão do Processo. Nada obsta, todavia,
ção judicial decorra de alegação de fato provada e, que o juiz suspenda o processo fora da hipótese do
portanto, fato certo e determinado para os fins proces- art. 377, CPC, em caso de expedição de carta pro-
suais. Não se admite no processo civil, pois, a chama- batória ou auxílio direto. Caso as provas tenham
da presumptum de presumpto (isto é, a presunção da sido requeridas dentro do prazo legal, mas a neces-
presunção) como prova. A presumptum de presumpto sidade da expedição da carta ou do pedido de auxí-
pode funcionar apenas como argumento de prova12. lio direto somente surjam depois que as provas
tenham sido deferidas, é de se admitir a suspensão

9 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO, Daniel. Novo Código de Processo Civil comentado. op. cit., p. 475.
10 Idem
11 Idem
12 Idem 189
do processo. Nesse caso, justamente em razão de Art. 378 Ninguém se exime do dever de colaborar
o motivo para a o pedido de colaboração judicial com o Poder Judiciário para o descobrimento da
ter aparecido após a prova ter sido deferida, não verdade.
tem cabimento afirmar-se que o processo não pode
ser suspenso por não ter sido requerida oportu- O art. 379, do CPC, é bastante claro e relaciona-
namente a expedição da carta ou o auxílio direto. -se ao princípio da colaboração processual, impondo
Se o juiz pode determinar prova de ofício, quando expressamente o dever de colaborar processualmen-
verifica que as provas requeridas e produzidas não te para o deslinde da demanda, garantindo, ainda, o
foram suficientes para o esclarecimento da matéria princípio da celeridade processual.
de mérito, parece ser corolário óbvio dessa possi-
bilidade a de determinar de ofício a suspensão do
Art. 379 Preservado o direito de não produzir pro-
processo para que seja aguardado o resultado da
va contra si própria, incumbe à parte:
prova e para que o mérito seja adequadamente
I - comparecer em juízo, respondendo ao que lhe for
julgado. Com efeito, a suspensão do processo nes-
interrogado;
se caso é consequência da possibilidade de o juiz
II - colaborar com o juízo na realização de inspeção
determinar prova de ofício, pois não é lógico admi-
judicial que for considerada necessária;
tir que a prova possa ser produzida de ofício, mas
III - praticar o ato que lhe for determinado.
não considerada no momento da decisão da causa.
3. Julgamento Final. O art. 377, parágrafo úni-
co, CPC, afirma que a carta precatória ou a carta Por fim, encerrando as disposições gerais da pro-
rogatória podem ser juntadas aos autos a qual- va, é importante salientar que a colaboração recai
quer momento. Como a norma processual deve ser também sob terceiros.
compreendida à luz dos valores constitucionais, e a
Constituição da República outorga a todos direito Art. 380 Incumbe ao terceiro, em relação a qual-
fundamental à prova, entendido como a possibili- quer causa:
dade de a parte participar adequada e efetivamen- I - informar ao juiz os fatos e as circunstâncias de
te do processo que visa à formação da decisão, que tenha conhecimento;
não parece adequado admitir que a formação da II - exibir coisa ou documento que esteja em seu
coisa julgada material possa ocorrer quando o poder.
mérito deve ser esclarecido mais adequadamente Parágrafo único. Poderá o juiz, em caso de descum-
por meio da prova produzida em virtude da expe- primento, determinar, além da imposição de multa,
dição de carta probatória. Portanto, a expressão outras medidas indutivas, coercitivas, mandamen-
“a qualquer momento” deve ser entendida como o tais ou sub-rogatórias.
julgamento da última instância ordinária (isto é,
normalmente, o julgamento que se faz em razão da DA PRODUÇÃO ANTECIPADA DA PROVA
interposição de apelação). Se o teor da carta proba-
tória é capaz de interferir na resolução do mérito, A produção antecipada da prova é uma ação autô-
de duas, uma: o tribunal deve julgar desde logo a noma com o objetivo de produzir a(s) prova(s) espe-
causa considerando a nova prova, possibilitando cificada(s) na petição inicial, decorrente do fato, que
às partes que falem previamente a respeito de seu
deve nela também vir narrado. A produção anteci-
retorno aos autos (art. 1.014, CPC), ou deve anular
pada de provas poderá ser utilizada como tutela de
a sentença e determinar a prolação de nova decisão
em primeiro grau, considerando a prova produzida
urgência, a fim de resguardar a instrução em futuro
na carta precatória ou rogatória. Obviamente, não processo. As hipóteses de cabimento estão dispostas
se deve admitir a juntada da carta se o processo já no art. 381, do CPC. Vejamos:
se encontra em instâncias que não têm a atribuição
de reapreciar questões de fato (v.g., na pendência Art. 381 A produção antecipada da prova será
de recurso especial ou extraordinário) porque aí já admitida nos casos em que:
não haveria qualquer utilidade nessa juntada. Em I - haja fundado receio de que venha a tornar-se
tais casos, a prova não examinada no processo ori- impossível ou muito difícil a verificação de certos
ginal deve autorizar ação rescisória, se for o caso fatos na pendência da ação;
(art. 966, VII, CPC) 13. II - a prova a ser produzida seja suscetível de viabi-
lizar a autocomposição ou outro meio adequado de
A questão da verdade é importante quando se pensa solução de conflito;
em provas, já que a prova busca demonstrar a verdade III - o prévio conhecimento dos fatos possa justifi-
de um fato alegado. Tradicionalmente, parte da litera- car ou evitar o ajuizamento de ação.
tura jurídica diferencia a verdade em real e formal. § 1º O arrolamento de bens observará o disposto
A verdade real pode ser entendida como aquela nesta Seção quando tiver por finalidade apenas a
que demonstra os fatos tais como ocorreram na reali- realização de documentação e não a prática de atos
de apreensão.
dade, o que pode ser trazido por depoimentos de teste-
§ 2º A produção antecipada da prova é da compe-
munhas, perícias, documentos, filmagens etc.
tência do juízo do foro onde esta deva ser produzi-
Já a verdade formal é a denominada verdade
da ou do foro de domicílio do réu.
constante dos autos, de modo que não será real aquilo § 3º A produção antecipada da prova não previne a
que não estiver efetivamente comprovado, por isso a competência do juízo para a ação que venha a ser
máxima “o que não está nos autos, não está no mun- proposta.
do”. Essa expressão diz respeito ao ônus da prova. § 4º O juízo estadual tem competência para pro-
Assim, imagine que o réu alegue ter adimplido uma dução antecipada de prova requerida em face
dívida, deixando de trazer aos autos o comprovante da União, de entidade autárquica ou de empresa
de pagamento. Por mais que seja verdadeira a sua afir- pública federal se, na localidade, não houver vara
mação, somente será assim considerada se provada. federal.

190 13 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO, Daniel. Novo Código de Processo Civil comentado. op. cit., p. 478.
§ 5º Aplica-se o disposto nesta Seção àquele que
pretender justificar a existência de algum fato ou Importante!
relação jurídica para simples documento e sem Trata-se de uma ação que tem o objetivo exclu-
caráter contencioso, que exporá, em petição cir-
sivo de produção de prova, ou seja, não ocorrerá
cunstanciada, a sua intenção.
nenhum juízo de valor a respeito dos fatos e das
Por se tratar de petição inicial, estamos diante de consequências jurídicas pelo juiz.
requisitos cumulativos, ou seja, aqueles indicados no
caput do art. 382, e dos requisitos do art. 319, do CPC.
Na petição, o requerente apresentará as razões que Por se tratar de um procedimento que tem o intuito
justificam a necessidade de antecipação da prova e apenas de produzir a prova, não cabe a apresentação de
mencionará, com precisão, os fatos sobre os quais a defesa pela parte interessada chamada a compor a ação;
prova há de recair. a única possibilidade de recurso é quando a produção
O juiz determinará, de ofício ou a requerimento da de prova for indeferida em sua totalidade pelo juiz.
parte, a citação de interessados na produção da prova
ou no fato a ser provado, salvo se inexistente caráter Art. 383 Os autos permanecerão em cartório duran-
te 1 (um) mês para extração de cópias e certidões
contencioso. Nesse procedimento, não se admitirá
pelos interessados.
defesa ou recurso, salvo contra decisão que indeferir
Parágrafo único. Findo o prazo, os autos serão
totalmente a produção da prova pleiteada pelo reque- entregues ao promovente da medida.
rente originário.

Art. 382 Na petição, o requerente apresentará as O processo ficará disponível para os interessados,
razões que justificam a necessidade de antecipação que poderão fazer cópias e solicitar certidões, pelo
da prova e mencionará com precisão os fatos sobre prazo de um mês. Decorrido esse período, os autos
os quais a prova há de recair. serão entregues ao promovente/autor.
§ 1º O juiz determinará, de ofício ou a requerimento
da parte, a citação de interessados na produção da DA ATA NOTARIAL
prova ou no fato a ser provado, salvo se inexistente
caráter contencioso. A ata notarial foi introduzida no CPC (2015) como
§ 2º O juiz não se pronunciará sobre a ocorrência meio de prova autônomo. É instrumento elabora-
ou a inocorrência do fato, nem sobre as respectivas do por tabelião, com o intuito de documentar fatos
consequências jurídicas. jurídicos. É ato privativo do tabelião (art. 7º, da Lei
§ 3º Os interessados poderão requerer a produção
8.935/1994). Pela fé pública que esses agentes pos-
de qualquer prova no mesmo procedimento, desde
suem, presume-se verdadeiro o fato por eles atestado
que relacionada ao mesmo fato, salvo se a sua pro-
dução conjunta acarretar excessiva demora.
na ata notarial.
§ 4º Neste procedimento, não se admitirá defesa ou Porque o valor da ata notarial está relacionado à
recurso, salvo contra decisão que indeferir total- fé pública do notário, é imprescindível que o fato des-
mente a produção da prova pleiteada pelo reque- crito tenha sido presenciado pelo notário, para que se
rente originário. dê algum valor à declaração contida no documento.
Art. 319 A petição inicial indicará: Preenchido o requisito, a ata notarial tem o mesmo
I - o juízo a que é dirigida; valor de qualquer outro documento público.
II - os nomes, os prenomes, o estado civil, a exis- O art. 384, do CPC, assim tipifica:
tência de união estável, a profissão, o número de
inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Art. 384 A existência e o modo de existir de algum
Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço fato podem ser atestados ou documentados, a
eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do requerimento do interessado, mediante ata lavrada
réu; por tabelião.
III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido; Parágrafo único. Dados representados por imagem
IV - o pedido com as suas especificações; ou som gravados em arquivos eletrônicos poderão
V - o valor da causa; constar da ata notarial.
VI - as provas com que o autor pretende demons-
trar a verdade dos fatos alegados; Veja que ela pode ser utilizada para a prova de
VII - a opção do autor pela realização ou não de qualquer fato, desde que seja possível atestá-lo ou
audiência de conciliação ou de mediação. documentá-lo. Atualmente, tem sido muito utilizada
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

§ 1º Caso não disponha das informações previstas


para a degravação de áudio e vídeo, qualificando-se
no inciso II, poderá o autor, na petição inicial, reque-
como um meio idôneo para esse fim.
rer ao juiz diligências necessárias a sua obtenção.
§ 2º A petição inicial não será indeferida se, a des-
peito da falta de informações a que se refere o inci- DO DEPOIMENTO PESSOAL
so II, for possível a citação do réu.
§ 3º A petição inicial não será indeferida pelo não A norma do art. 385, do CPC, trata do impropriamen-
atendimento ao disposto no inciso II deste artigo se te denominado depoimento pessoal. Impropriamente
a obtenção de tais informações tornar impossível em razão de que todo depoimento é pessoal; o que deve
ou excessivamente oneroso o acesso à justiça. diferenciar o depoimento, em termos processuais, é a
pessoa que ele presta: a parte ou a testemunha.
A integração dos interessados se dará por meio de De qualquer forma, o art. 385, do CPC, consagra o
citação, e não intimação, ou seja, eles serão integra- costume de falar-se em “depoimento pessoal” quando
dos à ação, e podem requerer a realização de outras se deseja aludir ao “depoimento da parte”. O depoi-
provas, conforme indicam os §§ 1º e 3º, do art. 382, mento da parte, ao contrário do que parece sugerir o
desde que relacionada ao fato que é objeto da ação. art. 385, do CPC, não pode ser determinado de ofício: o 191
que pode ser determinado de ofício, em qualquer fase O art. 386 vem complementar a previsão disposta
do processo, é o chamado interrogatório livre da parte no § 1º art. 385, do CPC, que trata a respeito da ausên-
(inciso VIII, art. 139, do CPC). cia de depoimento da parte, seja ela pelo emprego de
O depoimento pessoal deve ser requerido no evasivas ou simplesmente por deixar de responder.
momento oportuno, sob pena de indeferimento. O objeto do dispositivo legal é a confissão, que ao ser
Deve ser requerido pela parte adversária daquele analisada pelo juiz, este fará juízo de valor com as
que deve prestar depoimento, exatamente porque, demais circunstâncias, para ao final fazer constar em
mediante o depoimento, se deseja, obter a confissão sentença.
do depoente. É por essa razão que ele deve ser intima-
do pessoalmente, devendo constar do mandado que Art. 386 Quando a parte, sem motivo justificado,
se presumirão confessados os fatos contra ele alega- deixar de responder ao que lhe for perguntado ou
dos caso não compareça ou, comparecendo, se recuse empregar evasivas, o juiz, apreciando as demais
a depor (§ 1º, art. 385, do CPC). Não constando do man- circunstâncias e os elementos de prova, declarará,
dado a advertência, não se pode operar a presunção na sentença, se houve recusa de depor.
oriunda da confissão ficta.
Em outras palavras, caso a parte, devidamente inti- Apesar do direito de não produzir prova contra si
mada, não compareça, ou, comparecendo, recuse-se a mesmo, o juiz pode entender que houve recusa em
depor, será ela sancionada com a confissão ficta. Se a depor quando a parte, sem motivo justificado, deixar
parte não comparece, ou recusa-se a depor, mas para de responder ao que lhe for perguntado ou empregar
o seu ato há motivo justo, não lhe pode ser imposta a evasivas ao juiz.
pena de confissão ficta. Entretanto, cabe ressaltar que a parte não está
Lembre-se de que, segundo o parágrafo único, obrigada a depor em todo e qualquer caso. Nesse sen-
art. 449, do CPC, quando a parte, “por enfermidade, tido, veja que o art. 388 do CPC estabelece ressalvas:
ou por outro motivo relevante”, estiver impossibili-
tada de comparecer à audiência de instrução e julga- Art. 388 A parte não é obrigada a depor sobre fatos:
mento, mas não de prestar depoimento, o juiz deverá I - criminosos ou torpes que lhe forem imputados;
designar dia, hora e lugar para inquiri-la. Além disso, II - a cujo respeito, por estado ou profissão, deva
dispõe o inciso II, art. 362, do CPC, que a audiência guardar sigilo;
poderá ser adiada, se a parte não puder comparecer III - acerca dos quais não possa responder sem
desonra própria, de seu cônjuge, de seu companhei-
por “motivo justificado”.
ro ou de parente em grau sucessível;
Como está claro, havendo motivo justificado, à par-
IV - que coloquem em perigo a vida do depoente ou
te não pode ser imposta a sanção da confissão ficta.
das pessoas referidas no inciso III.
A parte pode justificar a sua ausência ou a sua recu- Parágrafo único. Esta disposição não se aplica às
sa em depor não apenas nos casos enumerados nos ações de estado e de família.
incisos do art. 388, do CPC, mas em qualquer “motivo
relevante” que possa justificar a sua ausência ou a sua A enumeração das situações que conferem à parte
recusa em depor. o direito de se recusar a depor é exemplificativa e, por
Se a parte não comparecer ou recusar-se a depor isso, as hipóteses podem ir além dos casos previstos
sem qualquer motivo justo, e puder o juiz vislumbrar no dispositivo. Quando, por exemplo, existir qualquer
a inexistência de motivo justo desde logo, sem que pre- outro motivo justo para que a parte possa recusar-se
cise ser analisada qualquer outra circunstância, a san- a depor, poderá ela invocá-lo, sem que se lhe possa
ção de confissão ficta deve ser imposta de imediato. A aplicar a sanção de confissão ficta.
confissão ficta, de qualquer forma, pode ser atenuada Cabe ainda ressaltar que a parte, em seu depoi-
quando provas e circunstâncias do processo aponta- mento pessoal, não poderá usar anotações e/ou outras
rem para um sentido contrário, já que não tem cabi- consultas. A exceção da qual o artigo trata é para, se
mento que uma ficção possa sobrepor-se à realidade. o caso necessitar, ser realizado algum apontamen-
A presunção oriunda da confissão ficta é relativa (STJ, to com consulta a algum documento, ou do próprio
4ª Turma, REsp 2.340/SP, rel. Min. Athos Gusmão Car-
processo.
neiro, j. 29.06.1990, DJ 10.09.1990, p. 9.130).
Art. 387 A parte responderá pessoalmente sobre os
Art. 385 Cabe à parte requerer o depoimento pes- fatos articulados, não podendo servir-se de escritos
soal da outra parte, a fim de que esta seja interro- anteriormente preparados, permitindo-lhe o juiz,
gada na audiência de instrução e julgamento, sem todavia, a consulta a notas breves, desde que objeti-
prejuízo do poder do juiz de ordená-lo de ofício. vem completar esclarecimentos.
§ 1º Se a parte, pessoalmente intimada para prestar
depoimento pessoal e advertida da pena de confes-
DA CONFISSÃO
so, não comparecer ou, comparecendo, se recusar a
depor, o juiz aplicar-lhe-á a pena.
§ 2º É vedado a quem ainda não depôs assistir ao A confissão é um meio de prova que poderá ser
interrogatório da outra parte. judicial (se obtida em juízo, como em uma audiência)
§ 3º O depoimento pessoal da parte que residir ou extrajudicial (se obtida fora do processo, como, por
em comarca, seção ou subseção judiciária diversa exemplo, em um documento no qual o devedor con-
daquela onde tramita o processo poderá ser colhido fesse a dívida).
por meio de videoconferência ou outro recurso tec-
nológico de transmissão de sons e imagens em tem- Art. 389 Há confissão, judicial ou extrajudicial,
po real, o que poderá ocorrer, inclusive, durante a quando a parte admite a verdade de fato contrário
192 realização da audiência de instrução e julgamento. ao seu interesse e favorável ao do adversário.
Configura-se quando a parte admite a verdade de
fato contrário ao seu interesse e favorável ao do adver- Erro de fato
sário. Como a confissão induz à renúncia, ela não atin-
ge fatos relativos a direitos indisponíveis, bem como
Anulabilidade
será ineficaz se feita por quem não for capaz de dispor
da Confissão
do direito a que se referem os fatos confessados.

Art. 390 A confissão judicial pode ser espontânea Coação


ou provocada.
§ 1º A confissão espontânea pode ser feita pela pró-
pria parte ou por representante com poder especial. Art. 394 A confissão extrajudicial, quando feita
§ 2º A confissão provocada constará do termo de oralmente, só terá eficácia nos casos em que a lei
depoimento pessoal. não exija prova literal.
Art. 391 A confissão judicial faz prova contra o con-
fitente, não prejudicando, todavia, os litisconsortes. A confissão tratada no artigo versa sobre aquela
Parágrafo único. Nas ações que versarem sobre que é realizada fora do processo judicial e sua eficácia
bens imóveis ou direitos reais sobre imóveis está diretamente ligada a não exigibilidade de prova
alheios, a confissão de um cônjuge ou companhei- literal por lei.
ro não valerá sem a do outro, salvo se o regime de
casamento for o de separação absoluta de bens. Art. 395 A confissão é, em regra, indivisível, não
podendo a parte que a quiser invocar como prova
O art. 391 dispõe que a confissão somente vincula- aceitá-la no tópico que a beneficiar e rejeitá-la no
rá a parte que confessou, não podendo prejudicar os que lhe for desfavorável, porém cindir-se-á quando
litisconsortes, deixando subentendido, portanto, que o confitente a ela aduzir fatos novos, capazes de
ela poderá beneficiá-lo. constituir fundamento de defesa de direito material
O parágrafo único trata sobre a confissão judicial ou de reconvenção.
em ações que versarem sobre bens imóveis ou direitos
reais, oportunidade em que a confissão de um cônjuge O artigo traz de forma expressa a previsão de indi-
ou companheiro, sozinha, não surtirá efeito, a não ser visibilidade da confissão, ou seja, não cabe ao con-
que o regime de casamento seja o de separação total fitente rejeitar o que lhe for desfavorável e querer
aproveitar o que lhe beneficia.
de bens.
A exceção à indivisibilidade ocorre quando, a
exemplo de uma ação promovida por “A” contra “B”,
Art. 392 Não vale como confissão a admissão, em
juízo, de fatos relativos a direitos indisponíveis.
este confessa o fato constitutivo, porém, alega o adim-
§ 1º A confissão será ineficaz se feita por quem não
plemento/cumprimento da obrigação. Estamos diante
for capaz de dispor do direito a que se referem os de uma situação em que houve a confissão do ato cons-
fatos confessados. titutivo do direito de “A”, porém “B” (confitente), ale-
§ 2º A confissão feita por um representante somen- gando o adimplemento, trouxe fato novo para a causa,
te é eficaz nos limites em que este pode vincular o constituindo fundamento de defesa de direito material.
representado.
DA EXIBIÇÃO DE DOCUMENTO OU COISA
Esse artigo vem delimitar os efeitos da confissão;
no caput do art. 392, encontramos a previsão da não Antes de falarmos da prova documental em si,
importa observar o que diz o CPC (2015) sobre a exi-
admissão da confissão de fatos que sobre direitos
bição de documento ou coisa. Os documentos, como
indisponíveis. Na sequência, diz-se que a confissão é
regra, devem ser apresentados pela própria parte na
ineficaz se feita por pessoa que não é capaz de dispor
sua postulação. Entretanto, pode ocorrer da parte não
do direito a que se refere os fatos. Por fim, a confissão,
os possuir, o que justificará a determinação para que
se feita por um representante, tem a sua eficácia limi-
a outra o exiba.
tada ao vínculo do representante com o representado. O juiz pode ordenar que a parte exiba documento
ou coisa que se encontre em seu poder. Trata-se da
Art. 393 A confissão é irrevogável, mas pode ser
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

determinação judicial para que a parte apresente o


anulada se decorreu de erro de fato ou de coação. objeto da prova que será útil ao processo, como um
Parágrafo único. A legitimidade para a ação pre-
contrato por exemplo. Mas, para que a determinação
vista no caput é exclusiva do confitente e pode ser
seja viável, deve conter o que dispõe o art. 39. Vejamos:
transferida a seus herdeiros se ele falecer após a
propositura.
Art. 396 O juiz pode ordenar que a parte exiba
documento ou coisa que se encontre em seu poder.
A anulabilidade da confissão é habilitada somente
por erro de fato ou de coação, sendo essas causas obje- A exibição de documentos disposta no artigo em
to em ação anulatória, a qual a legitimidade ativa é análise trata de uma obrigação que poderá qualquer
do confitente, ou seja, quem pode pleitear a anulação das partes do processo ser impelida a cumprir, caben-
da confissão é somente o a pessoa que foi confessa. A do aqui destacar o conceito amplo de partes, que
possibilidade de ser transferida aos herdeiros ocorre podem ser autor, réu, terceiros que intervém no pro-
em casos que a confissão tenha sido proposta antes do cesso, bem como o Ministério Público, nas hipóteses
falecimento do confitente. em que atua como fiscal da ordem jurídica. 193
Art. 397 O pedido formulado pela parte conterá:
I - a individuação, tão completa quanto possível, do documento ou da coisa;
II - a finalidade da prova, indicando os fatos que se relacionam com o documento ou com a coisa;
III - as circunstâncias em que se funda o requerente para afirmar que o documento ou a coisa existe e se acha em
poder da parte contrária.

São três os requisitos formais da petição inicial apresentada pelo autor no pedido de exibição de documento
ou coisa, sem prejuízo dos requisitos da petição inicial (art. 319 do CPC). O primeiro: a individualização do docu-
mento ou da coisa (especificação); o segundo: a obrigatoriedade de o autor apresentar a que fim se justifica a
apresentação do documento ou da coisa; e, por fim, a fundamentação da razão pela qual o documento ou a coisa
está em poder da parte demandada.

Art. 398 O requerido dará sua resposta nos 5 (cinco) dias subsequentes à sua intimação.
Parágrafo único. Se o requerido afirmar que não possui o documento ou a coisa, o juiz permitirá que o requerente
prove, por qualquer meio, que a declaração não corresponde à verdade.

O requerido será intimado a apresentar resposta no prazo de 5 (cinco) dias, podendo apresentar o documento
ou a coisa, ou ainda afirmar que não possui o documento ou a coisa, oportunidade em que terá o autor a oportu-
nidade de provar que a afirmativa do requerido não é verdadeira.

Apresentar o documento ou objeto


solicitado, ocasião em que o incidente
será encerrado

Não tem o documento ou


objeto consigo
Após intimação, o Oferecer sua resposta no prazo
de cinco dias. Nesta resposta,
requerido poderá: ele poderá alegar que:
Não está obrigado a apre-
sentá-lo, podendo escusar-
-se

Não apresentar a resposta no


prazo, permanecendo em silêncio

Art. 399 O juiz não admitirá a recusa se:


I - o requerido tiver obrigação legal de exibir;
II - o requerido tiver aludido ao documento ou à coisa, no processo, com o intuito de constituir prova;
III - o documento, por seu conteúdo, for comum às partes.

O art. 399 do CPC trata das três hipóteses em que o juiz não irá admitir a recusa por parte do requerido em
apresentar o documento ou a coisa: a primeira se dá quando houver o dever legal de exibição; a segunda hipótese
trata do princípio da aquisição da prova, ou seja o dever da parte que por ventura tenha aludido ao documento
ou à coisa, com intuito de constituir prova, ter a obrigação de apresentá-la no processo; e, por fim, no caso de se
tratar de documento ou coisa comum às partes.

Art. 400 Ao decidir o pedido, o juiz admitirá como verdadeiros os fatos que, por meio do documento ou da coisa, a
parte pretendia provar se:
I - o requerido não efetuar a exibição nem fizer nenhuma declaração no prazo do art. 398;
II - a recusa for havida por ilegítima.
Parágrafo único. Sendo necessário, o juiz pode adotar medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogató-
rias para que o documento seja exibido.

No caso de o juiz determinar a exibição de documento ou coisa e o requerido não o apresentar, a consequência
será o juiz admitir como verdadeiros os fatos que se pretendiam comprovar por meio de documento ou coisa não
apresentados. Observe que a imposição do juiz para que se exiba o documento ou a coisa não ocorre sob pena de
desobediência ou meios coercitivos, e sim sob a presunção de veracidade decorrente da omissão. Tal presunção, no
194 entanto, é relativa, devendo ser analisado todo o conjunto probatório.
EXIBIÇÃO REQUERIDA EM FACE DE TERCEIRO
EXIBIÇÃO DE
EXIBIÇÃO DE
DOCUMENTO OU
A partir dos arts. 401 e seguintes, trata-se da exibi- DOCUMENTO OU COISA
COISA EM RELAÇÃO À
ção de documento ou coisa que se encontra em poder EM FACE DE TERCEIRO
PARTE
de terceiro. Neste caso, o juiz pode determinar a sua
apresentação de ofício ou a requerimento de qual- Presunção de veracidade O juiz expedirá
quer das partes. decorrente da omissão mandado de apreensão,
(Art. 400 do CPC) requisitando, se
Art. 401 Quando o documento ou a coisa estiver em necessário, força
policial, sem prejuízo da
poder de terceiro, o juiz ordenará sua citação para
responsabilidade por
responder no prazo de 15 (quinze) dias.
crime de desobediência,
pagamento de multa
Tendo em vista que terceiro não é parte no pro- e outras medidas
cesso, a exibição do documento ou coisa não constitui indutivas, coercitivas,
incidente processual, mas terá natureza de nova ação mandamentais ou sub-
incidente, razão pela qual o terceiro deve ser citado rogatórias necessárias
para oferecer resposta no prazo de quinze dias. (Art. 403 do CPC)

Art. 402 Se o terceiro negar a obrigação de exibir


Art. 404 A parte e o terceiro se escusam de exibir,
ou a posse do documento ou da coisa, o juiz desig-
em juízo, o documento ou a coisa se:
nará audiência especial, tomando-lhe o depoimen- I - concernente a negócios da própria vida da
to, bem como o das partes e, se necessário, o de família;
testemunhas, e em seguida proferirá decisão. II - sua apresentação puder violar dever de honra;
III - sua publicidade redundar em desonra à parte
O juiz, diante da não exibição do documento ou ou ao terceiro, bem como a seus parentes consan-
coisa por parte do terceiro, designará audiência para guíneos ou afins até o terceiro grau, ou lhes repre-
ouvir testemunhas, as partes e tomar o depoimento sentar perigo de ação penal;
IV - sua exibição acarretar a divulgação de fatos a
pessoal do terceiro. Após a realização dessa audiência,
cujo respeito, por estado ou profissão, devam guar-
o juiz proferirá decisão, contra a qual caberá agravo dar segredo;
de instrumento, conforme prevê o inciso VI, art. 1.015 V - subsistirem outros motivos graves que, segundo
do Código de Processo Civil. o prudente arbítrio do juiz, justifiquem a recusa da
exibição;
Art. 403 Se o terceiro, sem justo motivo, se recu- VI - houver disposição legal que justifique a recusa
sar a efetuar a exibição, o juiz ordenar-lhe-á que da exibição.
proceda ao respectivo depósito em cartório ou em Parágrafo único. Se os motivos de que tratam os
outro lugar designado, no prazo de 5 (cinco) dias, incisos I a VI do caput disserem respeito a apenas
impondo ao requerente que o ressarça pelas despe- uma parcela do documento, a parte ou o terceiro
exibirá a outra em cartório, para dela ser extraí-
sas que tiver.
da cópia reprográfica, de tudo sendo lavrado auto
Parágrafo único. Se o terceiro descumprir a ordem,
circunstanciado.
o juiz expedirá mandado de apreensão, requisitan-
do, se necessário, força policial, sem prejuízo da
O art. 404 traz, de forma exemplificativa, as hipó-
responsabilidade por crime de desobediência, paga-
teses em que a parte e o terceiro poderão negar a exi-
mento de multa e outras medidas indutivas, coerci-
bição do documento ou da coisa em juízo. Vejamos:
tivas, mandamentais ou sub-rogatórias necessárias
O inciso I tem como principal objetivo proteger a
para assegurar a efetivação da decisão. intimidade e a vida privada, pois a parte ou o terceiro
podem recusar-se a exibir documento ou coisa con-
A imposição do juiz para exibição de documen- cernentes a negócios da própria vida da família.
to ou coisa em face de terceiro ocorre sob pena de No inciso II temos que, se a exibição violar dever
desobediência e meios coercitivos para sua exibição. de honra (dever moral assumido entre a parte ou ter-
Portanto, o juiz concederá prazo de cinco dias para ceiro de manter o documento ou coisa em segredo), a
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

que o terceiro apresente o documento ou a coisa em parte também poderá recusar-se de exibi-lo.
cartório ou em outro lugar designado. No caso dessa Já no inciso III, a parte ou o terceiro também
ordem ser descumprida, será emitido mandado de poderá recusar a exibição se o documento ou a coisa
apreensão, com requisição de força policial se neces- resultar em sua desonra ou a de seus parentes consan-
sário, sem prejuízo de responsabilidade por crime de guíneos ou afins até o terceiro grau, ou representar-
desobediência. Além disso, será imposto ao terceiro -lhes perigo de ação penal.
O inciso IV traz hipótese de dever de sigilo pela
o pagamento de multa, bem como a possibilidade de
parte ou pelo terceiro, ocasião em que a exibição do
aplicação de outras medidas indutivas, coercitivas,
documento ou coisa, a cujo respeito, por estado ou
mandamentais ou sub-rogatórias com a finalidade de profissão, devam guardar segredo, também poderá
assegurar a efetivação da sua decisão. ser recusada.
Desta forma, é possível observar que existem dife- No inciso V temos que o juiz, verificando que há
renças quanto às consequências da não exibição de outros motivos graves, devidamente fundamentados
documento ou coisa em relação à parte e em face de pela parte ou pelo terceiro, poderá justificar a recusa
terceiro, conforme demonstrado na tabela a seguir: da exibição. 195
Por fim, o inciso VI traz a hipótese legal de recusa de tem a presunção de veracidade relativa quanto às
exibição de documento ou coisa pela parte ou terceiro, afirmações que nele constem em relação ao seu sig-
ou seja, quando a lei justificar a recusa da exibição. natário, não podendo se estender a veracidade aos
Lembramos ainda que o ônus de provar as recusas demais fatos.
é do requerido e do terceiro contra quem se pede a Além disso, quando o documento particular conti-
exibição. Ademais, o parágrafo único do art. 404 prevê ver declaração de ciência, ele estará provando apenas
hipótese de exibição parcial sempre que os motivos a ciência do fato, e não o fato em si.
de recusa recaírem apenas sobre parte do documento. Por fim, o ônus da prova será do interessado em
sua veracidade.
PROVA DOCUMENTAL No art. 409, vemos a preocupação do Código de
Processo Civil com a data e a formação do documento
Da Força Probante dos Documentos particular:

O Código de Processo Civil traz, nos arts. 405 a 429, Art. 409 A data do documento particular, quando a
a força probante dos documentos. seu respeito surgir dúvida ou impugnação entre os
litigantes, provar-se-á por todos os meios de direito.
Art. 405 O documento público faz prova não só da Parágrafo único. Em relação a terceiros, conside-
sua formação, mas também dos fatos que o escri- rar-se-á datado o documento particular:
vão, o chefe de secretaria, o tabelião ou o servidor I - no dia em que foi registrado;
declarar que ocorreram em sua presença. II - desde a morte de algum dos signatários;
III - a partir da impossibilidade física que sobreveio
a qualquer dos signatários;
Documento público é todo documento expedido
IV - da sua apresentação em repartição pública ou
por órgãos públicos. O art. 405 prevê que o documen- em juízo;
to público faz prova não apenas da sua formação, ou V - do ato ou do fato que estabeleça, de modo certo,
seja, a maneira como ele foi constituído. Ele também a anterioridade da formação do documento.
considera para fins de prova os fatos incluídos nes-
ses documentos, ou seja, os fatos declarados no docu- Ocorrendo a dúvida quanto à data do documen-
mento público, desde que ocorridos na presença dos to particular, ela poderá ser provada por qualquer
seguintes sujeitos: escrivão, chefe de secretaria, tabe- outro meio probante em direito capaz de lhe conferir
lião ou servidor. autenticidade.
Já no art. 406, não se trata de prova e sim de requi- Já em relação a terceiro que não faça parte da lide,
sito de validade de ato ou negócio jurídico: serão consideradas como data do documento particu-
lar as hipóteses previstas nos incisos I a V do art. 409.
Art. 406 Quando a lei exigir instrumento público A presunção com relação à data do documento
como da substância do ato, nenhuma outra prova, particular é relativa, já que se admite outras provas
por mais especial que seja, pode suprir-lhe a falta.
em contrário.
Observe que o art. 406 ressalta a importância do Art. 410 Considera-se autor do documento
instrumento público como solenidade especial para a particular:
validade do negócio jurídico, tendo em vista que, se a I - aquele que o fez e o assinou;
lei o exigir, nenhuma outra prova poderá suprir-lhe II - aquele por conta de quem ele foi feito, estando
a falta. assinado;
III - aquele que, mandando compô-lo, não o firmou
Art. 407 O documento feito por oficial público porque, conforme a experiência comum, não se cos-
incompetente ou sem a observância das formalida- tuma assinar, como livros empresariais e assentos
des legais, sendo subscrito pelas partes, tem a mes- domésticos.
ma eficácia probatória do documento particular.
O art. 410 elege a autoria do documento particular
O documento público irregular, conforme men- e a sua principal finalidade é a de que o autor do docu-
cionado no art. 407, possui a mesma forma proban- mento particular não seja ignorado ou confundido.
te que documento particular. Portanto, o documento Ainda sobre o documento particular, o art. 411 fala
não perde o seu valor probatório total para atestar a sobre a sua autenticidade:
existência dos fatos. O que ocorre neste caso é a per-
da da fé pública que o documento gozaria se estivesse Art. 411 Considera-se autêntico o documento
regular. quando:
I - o tabelião reconhecer a firma do signatário;
Art. 408 As declarações constantes do documento II - a autoria estiver identificada por qualquer outro
particular escrito e assinado ou somente assinado meio legal de certificação, inclusive eletrônico, nos
presumem-se verdadeiras em relação ao signatário. termos da lei;
Parágrafo único. Quando, todavia, contiver decla- III - não houver impugnação da parte contra quem
ração de ciência de determinado fato, o documento foi produzido o documento.
particular prova a ciência, mas não o fato em si,
incumbindo o ônus de prová-lo ao interessado em A autenticidade é a assinatura do documento par-
sua veracidade. ticular. Assim, considera-se autêntico o documento,
podendo constituir prova documental, quando das
O documento particular é aquele que não foi ela- hipóteses previstas nos incisos I a III, do art. 411. As
borado por oficial público, ou que foi e está irregular presunções, nestes casos, são relativas, pois admite-se
196 nos termos do art. 407. Assim, o documento particular prova em contrário.
Art. 412 O documento particular de cuja autenti- Art. 416 A nota escrita pelo credor em qualquer
cidade não se duvida prova que o seu autor fez a parte de documento representativo de obrigação,
declaração que lhe é atribuída. ainda que não assinada, faz prova em benefício do
Parágrafo único. O documento particular admitido devedor.
expressa ou tacitamente é indivisível, sendo vedado à Parágrafo único. Aplica-se essa regra tanto para o
parte que pretende utilizar-se dele aceitar os fatos que documento que o credor conservar em seu poder
lhe são favoráveis e recusar os que são contrários ao quanto para aquele que se achar em poder do deve-
seu interesse, salvo se provar que estes não ocorreram. dor ou de terceiro.

Quando não há qualquer dúvida quanto à autenti- Qualquer anotação realizada pelo credor em qual-
cidade do documento particular, a autenticidade por quer parte no documento representativo de obriga-
si só possui força suficiente para provar que a declara- ção (que pode ser um contrato ou um título de crédito,
ção contida nesse documento é verdadeira em relação por exemplo), ainda que não assinada, faz prova em
ao autor. Portanto, o que se prova e considera-se ver- benefício do devedor. A regra descrita no caput do art.
dadeiro é a declaração, e não o fato em si. 416 é válida para documentos em posse do credor, do
Já o parágrafo único do art. 412 traz a indivisibili- devedor ou de terceiros.
dade do documento particular, ou seja, o documento Já o art. 417 trata da força probante dos livros
particular somente pode ser admitido no todo, não em empresariais:
partes. Assim, a parte que pretende utilizar como pro-
va o documento particular não poderá aproveitar ape- Art. 417 Os livros empresariais provam contra seu
nas o que lhe beneficia, e recusar o que lhe prejudica. autor, sendo lícito ao empresário, todavia, demons-
O art. 413, por sua vez, trata da matéria de prova trar, por todos os meios permitidos em direito, que
em relação ao telegrama e radiograma, além de outros os lançamentos não correspondem à verdade dos
meios de transmissão: fatos.

Art. 413 O telegrama, o radiograma ou qualquer Observe que os livros empresariais constituem
outro meio de transmissão tem a mesma força
prova documental contra o seu autor. Diante da res-
probatória do documento particular se o original
ponsabilidade pelas consequências dos livros, ao
constante da estação expedidora tiver sido assina-
do pelo remetente.
empresário é permitido demonstrar, por todos os
Parágrafo único. A firma do remetente poderá meios de prova, que os lançamentos registrados nos
ser reconhecida pelo tabelião, declarando-se essa livros empresariais não correspondem à verdade dos
circunstância no original depositado na estação fatos.
expedidora.
Art. 418 Os livros empresariais que preencham os
Acerca dos meios de comunicação, o Código de requisitos exigidos por lei provam a favor de seu
Processo Civil diz que o telegrama, o radiograma autor no litígio entre empresários.
ou qualquer outro meio de transmissão possuem a
mesma força probatória do documento particular. A Os livros empresariais que estiverem anotados de
grande crítica a esse artigo é quanto à tecnologia em acordo com as formalidades legais em litígios envol-
relação ao radiograma e ao telegrama, que estão total- vendo empresários poderão ser utilizados como pro-
mente em desuso. va em favor do autor. Neste caso, o ônus de provar a
irregularidade é da parte contrária.
Art. 414 O telegrama ou o radiograma presume-se Já a escrituração contábil encontra-se disposta no
conforme com o original, provando as datas de sua art. 419:
expedição e de seu recebimento pelo destinatário.
Art. 419 A escrituração contábil é indivisível, e, se
Ainda em relação ao telegrama e ao radiograma, o
dos fatos que resultam dos lançamentos, uns são
art. 414 estabelece que se presumem verdadeiros, de
favoráveis ao interesse de seu autor e outros lhe
acordo com o seu original, se a parte que o apresentar
são contrários, ambos serão considerados em con-
provar as datas de expedição e recebimento. junto, como unidade.
Art. 415 As cartas e os registros domésticos pro-
vam contra quem os escreveu quando: A regra é quanto à indivisibilidade que se aplica
I - enunciam o recebimento de um crédito; à escrituração contábil: ela é indivisível assim como
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

II - contêm anotação que visa a suprir a falta de os documentos particulares. Ou seja, os documentos
título em favor de quem é apontado como credor; contábeis serão considerados em conjunto, com lan-
III - expressam conhecimento de fatos para os quais çamentos favoráveis e contrários ao seu autor.
não se exija determinada prova.
Art. 420 O juiz pode ordenar, a requerimento da
O art. 415 trata das cartas e dos registros domésti- parte, a exibição integral dos livros empresariais e
cos como meios de prova. Considera-se como registros dos documentos do arquivo:
domésticos: livros, diários, recibos, entre outros docu- I - na liquidação de sociedade;
mentos. Assim, as cartas e os registros domésticos for- II - na sucessão por morte de sócio;
mam prova quando registram o recebimento de um III - quando e como determinar a lei.
crédito, quando possuem anotação que visa a suprir a
falta de título em favor de quem é apontado como cre- Temos nesse artigo uma exceção à inviolabilidade
dor ou quando expressam conhecimento de fatos para do sigilo empresarial prevista no art. 1.190, do Código
os quais não se exija prova determinada, de acordo Civil. Assim, o sigilo do livro empresarial poderá ser
com o previsto no art. 406 do Código de Processo Civil. relativizado, conforme demonstrado a seguir: 197
Nesta hipótese,
Na liquidação a finalidade é a
de sociedade averiguação dos
ativos e passivos

Nesta hipótese, a
Exibição integral dos finalidade é realizar
Na sucessão por
livros empresariais e dos a distinção da quota
morte de sócio
documentos do arquivo empresarial para
fins de sucessão

Quando e como
determinar a lei

Observe que a ordenação da exibição se dá mediante requerimento da parte e será de forma integral.

Art. 421 O juiz pode, de ofício, ordenar à parte a exibição parcial dos livros e dos documentos, extraindo-se deles a
suma que interessar ao litígio, bem como reproduções autenticadas.

Ainda com relação aos livros e documentos empresariais, temos no art. 421 a ordenação de exibição de ofício
pelo juiz. Neste caso, está autorizada a exibição parcial dos livros e dos documentos. As distinções quanto à exibi-
ção dos livros empresariais e documentos do arquivo estão demonstradas a seguir:

EXIBIÇÃO DOS LIVROS EMPRESARIAIS E DOS DOCUMENTOS DO ARQUIVO

Mediante requerimento da parte (Art. 420 do CPC) De ofício pelo juiz (Art. 421 do CPC)

Exibição integral nas hipóteses previstas nos incisos I, II Exibição parcial, extraindo-se o que interessar ao litígio
e III do art. 420

Art. 422 Qualquer reprodução mecânica, como a fotográfica, a cinematográfica, a fonográfica ou de outra espécie,
tem aptidão para fazer prova dos fatos ou das coisas representadas, se a sua conformidade com o documento origi-
nal não for impugnada por aquele contra quem foi produzida.
§ 1º As fotografias digitais e as extraídas da rede mundial de computadores fazem prova das imagens que reprodu-
zem, devendo, se impugnadas, ser apresentada a respectiva autenticação eletrônica ou, não sendo possível, realiza-
da perícia.
§ 2º Se se tratar de fotografia publicada em jornal ou revista, será exigido um exemplar original do periódico, caso
impugnada a veracidade pela outra parte.
§ 3º Aplica-se o disposto neste artigo à forma impressa de mensagem eletrônica.

Nesse artigo temos a possibilidade de admissão de qualquer reprodução mecânica como prova dos fatos ou
coisas representadas. Enquadra-se como reprodução mecânica a fotografia, a cinematografia, a fonografia ou
outras espécies. Tais reproduções, juntadas aos autos e não impugnadas, serão presumidas verdadeiras.
No § 1º do art. 422, temos que se as fotografias digitais e as extraídas da rede mundial de computadores forem
impugnadas pela parte contrária, deverá ser apresentada a autenticação eletrônica ou, não sendo possível, será
realizada perícia.
Já o § 2º trata da fotografia publicada em jornal ou revista, ocasião que, se impugnada pela parte contrária,
será exigido um exemplar original do periódico.
Por fim, o § 3º determina a possibilidade de aplicação do art. 422 para a mensagem eletrônica.

Art. 423 As reproduções dos documentos particulares, fotográficas ou obtidas por outros processos de repetição,
valem como certidões sempre que o escrivão ou o chefe de secretaria certificar sua conformidade com o original.

O texto do art. 423 diz respeito à reprodução de documentos particulares, por meio de fotografia ou outro
processo de repetição. Essas reproduções valem como certidão sempre que o escrivão ou o chefe de secretaria
certificar sua conformidade com o original, tendo em vista que esses sujeitos oficiais gozam de fé pública, poden-
do conferir autenticidade às cópias.

Art. 424 A cópia de documento particular tem o mesmo valor probante que o original, cabendo ao escrivão, intima-
das as partes, proceder à conferência e certificar a conformidade entre a cópia e o original.

Observe que esse artigo trata do valor da cópia do documento particular. O documento particular terá o mes-
mo valor que o documento original, cabendo ao escrivão, intimadas as partes, proceder a sua conferência e certi-
198 ficar a conformidade entre cópia e original.
Art. 425 Fazem a mesma prova que os originais: Art. 426 O juiz apreciará fundamentadamente a fé
I - as certidões textuais de qualquer peça dos autos, que deva merecer o documento, quando em pon-
do protocolo das audiências ou de outro livro a car- to substancial e sem ressalva contiver entrelinha,
go do escrivão ou do chefe de secretaria, se extraídas emenda, borrão ou cancelamento.
por ele ou sob sua vigilância e por ele subscritas;
II - os traslados e as certidões extraídas por oficial O art. 426 trata das rasuras presentes nos docu-
público de instrumentos ou documentos lançados mentos apresentados pelas partes, ocasião em que o
em suas notas; juiz realizará a análise e apreciação fundamentada-
III - as reproduções dos documentos públicos, desde mente da fé, ou seja, da autenticidade ou confiança
que autenticadas por oficial público ou conferidas daquele documento. Além disso, o juiz decidirá sobre
em cartório com os respectivos originais;
a força do elemento na prova documental.
IV - as cópias reprográficas de peças do próprio
A cessação da boa-fé, tanto de documento público
processo judicial declaradas autênticas pelo advo-
como particular, vem prevista no art. 427:
gado, sob sua responsabilidade pessoal, se não lhes
for impugnada a autenticidade;
V - os extratos digitais de bancos de dados públicos Art. 427 Cessa a fé do documento público ou parti-
e privados, desde que atestado pelo seu emitente, cular sendo-lhe declarada judicialmente a falsidade.
sob as penas da lei, que as informações conferem Parágrafo único. A falsidade consiste em:
com o que consta na origem; I - formar documento não verdadeiro;
VI - as reproduções digitalizadas de qualquer docu- II - alterar documento verdadeiro.
mento público ou particular, quando juntadas aos
autos pelos órgãos da justiça e seus auxiliares, pelo Quando documento público ou particular for
Ministério Público e seus auxiliares, pela Defenso- declarado judicialmente falso, será cessada a sua fé.
ria Pública e seus auxiliares, pelas procuradorias, O juiz declarará a falsidade em decisão devidamente
pelas repartições públicas em geral e por advoga- motivada.
dos, ressalvada a alegação motivada e fundamen- As hipóteses de falsidade são:
tada de adulteração.
§ 1º Os originais dos documentos digitalizados z Formar documento não verdadeiro: nesta hipó-
mencionados no inciso VI deverão ser preservados tese, o documento é falso desde o princípio;
pelo seu detentor até o final do prazo para proposi- z Alterar documento verdadeiro: aqui, o docu-
tura de ação rescisória. mento era verdadeiro no início e depois passa a
§ 2º Tratando-se de cópia digital de título executivo ser falso.
extrajudicial ou de documento relevante à instru-
ção do processo, o juiz poderá determinar seu depó-
A falsidade relativa a documentos particulares
sito em cartório ou secretaria.
encontra-se prevista logo em seguida, no art. 428:
Ainda sobre a força probatória das cópias, o art.
425 estabelece documentos que têm mesmo valor que Art. 428 Cessa a fé do documento particular
os originais. quando:
No inciso I, temos as certidões de qualquer peça I - for impugnada sua autenticidade e enquanto não
dos autos, do protocolo das audiências ou de outro se comprovar sua veracidade;
livro, se extraídas pelo escrivão ou chefe de secretaria II - assinado em branco, for impugnado seu conteú-
ou sob sua vigilância e por ele subscritas. do, por preenchimento abusivo.
No inciso II, por sua vez, considera-se mesma pro- Parágrafo único. Dar-se-á abuso quando aquele que
va que os originais os traslados e as certidões extraídas recebeu documento assinado com texto não escrito
por oficial público de instrumentos ou documentos no todo ou em parte formá-lo ou completá-lo por si
lançados em suas notas. ou por meio de outrem, violando o pacto feito com
Já o inciso III trata das cópias de documentos o signatário.
públicos que, se autenticadas por oficial público ou
conferidas em cartório, com os respectivos originais, Nesse artigo, a preocupação é exclusivamente com
fazem a mesma prova que os originais. os documentos particulares, estabelecendo que a sua
O inciso IV fala sobre as cópias de peças do pro- fé será cessada quando:
cesso declaradas autênticas pelo próprio advogado
sob sua responsabilidade pessoal, que fazem a mesma z For impugnada sua autenticidade e enquanto
prova que os originais, se não lhes for impugnada a não se comprovar sua veracidade: nesta hipóte-
autenticidade. se, será cessada a fé pública do documento parti-
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

No inciso V, os extratos digitais de bancos de dados


cular quando a sua autenticidade foi impugnada e
públicos e privados, desde que atestados pelo seu emi-
não se demonstrar a sua veracidade;
tente, também fazem prova como os originais.
Por fim, o inciso VI atribui o mesmo valor que ao z Assinado em branco, for impugnado seu con-
original às reproduções digitalizadas de qualquer teúdo, por preenchimento abusivo: aqui, a fé
documento, público ou particular, juntadas nos autos pública será cessada quando ocorrer abuso no
por órgãos de Justiça e seus auxiliares, pelo Ministé- preenchimento de documento assinado, mas
rio Público e seus auxiliares, pela Defensoria Pública com seu conteúdo em branco ou escrito em par-
e seus auxiliares, pelas procuradorias, pelas reparti- te, ocasião em que é violado o pacto feito com o
ções públicas em geral e por advogados, ressalvada a signatário.
alegação motivada e fundamentada de adulteração.
Observação importante é que quando se tratar de Art. 429 Incumbe o ônus da prova quando:
cópia digital de título executivo extrajudicial ou de I - se tratar de falsidade de documento ou de preen-
documento relevante à instrução do processo, o juiz chimento abusivo, à parte que a arguir;
poderá determinar seu depósito em cartório ou secre- II - se tratar de impugnação da autenticidade, à
taria, com a finalidade de que ele seja protegido. parte que produziu o documento. 199
O art. 429 trata do ônus da prova documental, especificando duas hipóteses: a primeira se trata de quando o
ônus da prova será de incumbência da parte que arguir a falsidade de documento ou de preenchimento abusivo;
já na segunda, o ônus da prova será de incumbência da parte que produziu o documento que teve impugnada sua
autenticidade.

DA ARGUIÇÃO DE FALSIDADE

Disciplinada nos arts. 430 a 433 do Código de Processo Civil, a arguição de falsidade atribui às partes a possibi-
lidade de suscitar a falsidade de documento contra elas produzido.

Art. 430 A falsidade deve ser suscitada na contestação, na réplica ou no prazo de 15 (quinze) dias, contado a partir
da intimação da juntada do documento aos autos.
Parágrafo único. Uma vez arguida, a falsidade será resolvida como questão incidental, salvo se a parte requerer que
o juiz a decida como questão principal, nos termos do inciso II do art. 19.

A falsidade deverá ser suscitada em três ocasiões:

z Na contestação;
z Na réplica;
z No prazo de 15 (quinze) dias, a partir da intimação da juntada do documento aos autos.

Uma vez arguida a falsidade do documento, ela será resolvida como questão incidente, mas o parágrafo único
prevê a possibilidade de a parte interessada requerer que a falsidade seja decidida como questão principal.

Art. 431 A parte arguirá a falsidade expondo os motivos em que funda a sua pretensão e os meios com que provará
o alegado.

Sempre que a parte suscitar arguição de falsidade, ela deverá expor todas as razões de fato e de direito que
fundamentam sua pretensão, apresentando a prova que considera capaz de demonstrar a falsidade ou indicando
o meio probatório para tanto.

Art. 432 Depois de ouvida a outra parte no prazo de 15 (quinze) dias, será realizado o exame pericial.
Parágrafo único. Não se procederá ao exame pericial se a parte que produziu o documento concordar em retirá-lo.

Apresentada a arguição de falsidade, a parte contrária será chamada a se manifestar no prazo de 15 (quinze)
dias. Após esse prazo, será realizado exame pericial com a finalidade de provar as alegações de falsidade.
No entanto, se, na manifestação, a parte contrária concordar em retirar o documento no qual foi alegado a
falsidade, não se procederá o exame pericial.

Art. 433 A declaração sobre a falsidade do documento, quando suscitada como questão principal, constará da parte
dispositiva da sentença e sobre ela incidirá também a autoridade da coisa julgada.

Quando a falsidade for suscitada como questão principal, ela constará na parte dispositiva da sentença e inte-
grará a coisa julgada.
O principal objetivo desse dispositivo é que, ao suscitar a falsidade do documento em questão principal e inte-
grando a coisa julgada, o interessado não quer apenas a sua declaração para aquele caso, e sim que aquela prova
não seja mais utilizada em qualquer outro processo, pois, quanto a sua veracidade, já haverá decisão consolidada
pelo Poder Judiciário.
Fluxograma da arguição de falsidade:

� Contestação No prazo de
Momento � Réplica 15 dias
� No prazo de 15 dias, a partir Parte contrária se
Arguição de falsidade
manifestar
da intimação da juntada do
documento aos autos

Retirar o Manter o
documento documento
dos autos nos autos
Deverá conter a
exposição dos
motivos de fato e de
direito Sentença Perícia

DA PRODUÇÃO DA PROVA DOCUMENTAL

O tema referente à produção da prova documental está tratado entre os arts. 434 a 438 do Código de Processo
200 Civil.
Art. 434 Incumbe à parte instruir a petição inicial ou a contestação com os documentos destinados a provar suas
alegações.
Parágrafo único. Quando o documento consistir em reprodução cinematográfica ou fonográfica, a parte deverá
trazê-lo nos termos do caput, mas sua exposição será realizada em audiência, intimando-se previamente as partes.

Nesse primeiro dispositivo, temos que é determinado às partes, tanto na petição inicial como na contestação,
apresentarem todos os documentos necessários para provar suas alegações. Ou seja, a regra é de que aquele que
alega o fato deve prová-lo.
Além disso, o parágrafo único do art. 434 diz que se o documento consistir em reprodução cinematográfica
ou fonográfica, a parte deverá trazê-lo a termo na petição inicial ou contestação, sob pena de não serem juntados
posteriormente. No entanto, a exposição desses documentos será realizada em audiência, ocasião que as partes
serão intimadas previamente.

Art. 435 É lícito às partes, em qualquer tempo, juntar aos autos documentos novos, quando destinados a fazer pro-
va de fatos ocorridos depois dos articulados ou para contrapô-los aos que foram produzidos nos autos.
Parágrafo único. Admite-se também a juntada posterior de documentos formados após a petição inicial ou a con-
testação, bem como dos que se tornaram conhecidos, acessíveis ou disponíveis após esses atos, cabendo à parte que
os produzir comprovar o motivo que a impediu de juntá-los anteriormente e incumbindo ao juiz, em qualquer caso,
avaliar a conduta da parte de acordo com o art. 5º.

O art. 435 trata do momento da produção prova documental, devendo ser interpretado juntamente com o
art. 434. A regra é que as partes produzam a prova documental na petição inicial, em se tratando do autor, ou na
contestação, quando for o réu.
No entanto, é possível que as partes, a qualquer tempo, realizem a juntada de novos documentos, desde que
eles sejam destinados a provar fatos ocorridos após terem sido articulados na petição inicial ou contestação, ou
para contrapô-los aos que foram produzidos nos autos.
Além disso, também é admitida a juntada pospositiva de documento posterior ao ajuizamento da ação ou
apresentação da contestação ou quando o documento se tornou conhecido, acessível ou disponível após esses
marcos temporais, cabendo à parte que os produziu comprovar fundamentalmente o motivo que lhe impediu de
juntá-los anteriormente.
Em qualquer dessas situações, caberá ao juiz apreciar o comportamento processual da parte ao admitir a pro-
va nos autos, de acordo com a regra da boa-fé prevista no art. 5°, do Código de Processo Civil.

Art. 436 A parte, intimada a falar sobre documento constante dos autos, poderá:
I - impugnar a admissibilidade da prova documental;
II - impugnar sua autenticidade;
III - suscitar sua falsidade, com ou sem deflagração do incidente de arguição de falsidade;
IV - manifestar-se sobre seu conteúdo.
Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, a impugnação deverá basear-se em argumentação específica, não
se admitindo alegação genérica de falsidade.

Em momento subsequente à juntada do documento no processo, a parte contrária deverá manifestar-se sobre
a prova, devendo atacar de forma fundamentada e pontual o documento, não se admitindo alegações genéricas.

PARTE CONTRÁRIA SERÁ INTIMADA PARA MANIFESTAR-SE SOBRE DOCUMENTO JUNTADOS NOS AUTOS,
OPORTUNIDADE DIANTE DA QUAL PODERÁ:

Suscitar sua falsidade, com ou


Impugnar a admissibilidade Manifestar-se sobre
Impugnar sua autenticidade. sem deflagração do incidente
da prova documental. seu conteúdo.
de arguição de falsidade.

� Por estar preclusa; Quando não tiver certeza da De acordo com o art. 430 do Apresentando outros
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

� Pela circunstância de autoria do documento. CPC, a falsidade deverá ser documentos que pro-
fato exigir apresentação suscitada em três momentos: duzam prova contrária.
de instrumento público; � Na contestação;
� Porque a justificativa � Na réplica;
trazida não demonstra � No prazo de 15 (quinze)
impedimento à posterior dias, a partir da intimação
exibição do documento. da juntada do documento
aos autos.

Art. 437 O réu manifestar-se-á na contestação sobre os documentos anexados à inicial, e o autor manifestar-se-á na
réplica sobre os documentos anexados à contestação.
§ 1º Sempre que uma das partes requerer a juntada de documento aos autos, o juiz ouvirá, a seu respeito, a outra
parte, que disporá do prazo de 15 (quinze) dias para adotar qualquer das posturas indicadas no art. 436.
§ 2º Poderá o juiz, a requerimento da parte, dilatar o prazo para manifestação sobre a prova documental produzida,
levando em consideração a quantidade e a complexidade da documentação. 201
O art. 437 demonstra que a parte terá direito de se analisará o documento em versão digital, além de que
manifestar sobre o documento junto nos autos na pri- os documentos serão aceitos se tiverem sido produzi-
meira oportunidade que tiver. O réu deverá manifes- dos de acordo com a lei. Acompanhe:
tar-se na contestação sobre os documentos anexados
na inicial. Já o autor deverá manifestar-se na réplica Art. 439 A utilização de documentos eletrônicos no
sobre os documentos anexados na contestação. processo convencional dependerá de sua conversão
Caso o documento seja juntado em momento pos- à forma impressa e da verificação de sua autentici-
terior, o juiz ouvirá a outra parte, que terá o prazo de dade, na forma da lei.
15 (quinze) dias para adotar qualquer das posturas Art. 440 O juiz apreciará o valor probante do docu-
previstas no artigo anterior (art. 436 do CPC). mento eletrônico não convertido, assegurado às
O prazo de 15 (quinze) dias para manifestação partes o acesso ao seu teor.
sobre a prova documental juntada nos autos poderá Art. 441 Serão admitidos documentos eletrônicos
ser dilatado pelo juiz, a requerimento da parte, levan- produzidos e conservados com a observância da
do em consideração a quantidade e a complexidade legislação específica.
da documentação juntada.
Por fim, o art. 438 traz as hipóteses de requisição Prova testemunhal
judicial:
A prova testemunhal será obtida pela inquirição
Art. 438 O juiz requisitará às repartições públicas, do juiz às testemunhas, ou seja, pessoas diversas das
em qualquer tempo ou grau de jurisdição: partes no processo.
I - as certidões necessárias à prova das alegações Dispensa-se a prova testemunhal sobre fatos já
das partes; provados por documento ou confissão da parte, bem
II - os procedimentos administrativos nas causas como os que só por documento ou por exame pericial
em que forem interessados a União, os Estados,
puderem ser provados.
o Distrito Federal, os Municípios ou entidades da
administração indireta.
§ 1º Recebidos os autos, o juiz mandará extrair, no Art. 442 A prova testemunhal é sempre admissível,
prazo máximo e improrrogável de 1 (um) mês, cer- não dispondo a lei de modo diverso.
tidões ou reproduções fotográficas das peças que Art. 443 O juiz indeferirá a inquirição de testemu-
indicar e das que forem indicadas pelas partes, e, em nhas sobre fatos:
seguida, devolverá os autos à repartição de origem. I - já provados por documento ou confissão da
§ 2º As repartições públicas poderão fornecer todos parte;
os documentos em meio eletrônico, conforme dis- II - que só por documento ou por exame pericial
posto em lei, certificando, pelo mesmo meio, que se puderem ser provados.
trata de extrato fiel do que consta em seu banco de Art. 444 Nos casos em que a lei exigir prova escri-
dados ou no documento digitalizado. ta da obrigação, é admissível a prova testemunhal
quando houver começo de prova por escrito, ema-
Será realizada a requisição judicial, de ofício ou nado da parte contra a qual se pretende produzir
a requerimento da parte interessada no documento, a prova.
sempre que o documento for relevante para a apura- Art. 445 Também se admite a prova testemunhal
ção dos fatos alegados nos autos e não houver outra quando o credor não pode ou não podia, moral ou
maneira de ser obtido sem a intervenção judicial. materialmente, obter a prova escrita da obriga-
O juiz poderá requisitar: ção, em casos como o de parentesco, de depósito
necessário ou de hospedagem em hotel ou em razão
das práticas comerciais do local onde contraída a
z As certidões necessárias à prova das alegações das
obrigação.
partes;
Art. 446 É lícito à parte provar com testemunhas:
z Os procedimentos administrativos nas causas em
I - nos contratos simulados, a divergência entre a
que forem interessados a União, os Estados, o Dis-
vontade real e a vontade declarada;
trito Federal, os Municípios ou entidades da admi-
II - nos contratos em geral, os vícios de
nistração indireta.
consentimento.

Requisitando-se autos de repartição pública, o


Quem pode depor como testemunha? O art. 447
juiz mandará extrair deles certidões e reproduções
esclarece que:
fotográficas das peças que indicar e das que forem
indicadas pelas partes, no prazo máximo e improrro-
Art. 447 Podem depor como testemunhas todas
gável de 1 (um) mês. Após, os autos serão devolvidos à
as pessoas, exceto as incapazes, impedidas ou
repartição de origem.
suspeitas.
Além disso, as repartições públicas poderão forne-
§ 1º São incapazes:
cer os documentos por meio eletrônico, certificando I - o interdito por enfermidade ou deficiência
pelo mesmo meio que se trata de extrato fiel do que mental;
consta em seu banco de dados ou no documento digi- II - o que, acometido por enfermidade ou retar-
talizado. Essa medida facilita a comunicação e a ins- damento mental, ao tempo em que ocorreram os
trução dos processos. fatos, não podia discerni-los, ou, ao tempo em que
deve depor, não está habilitado a transmitir as
Documentos Eletrônicos percepções;
III - o que tiver menos de 16 (dezesseis) anos;
Acerca de documentos eletrônicos, os arts. 439, IV - o cego e o surdo, quando a ciência do fato
440 e 441 dispõem que eles deverão ser impressos e depender dos sentidos que lhes faltam.
202 verificados quanto à sua autenticidade e que o juiz § 2º São impedidos:
I - o cônjuge, o companheiro, o ascendente e o des-
cendente em qualquer grau e o colateral, até o tercei- Nome
ro grau, de alguma das partes, por consanguinidade
ou afinidade, salvo se o exigir o interesse público ou,
tratando-se de causa relativa ao estado da pessoa,
não se puder obter de outro modo a prova que o juiz Profissão
repute necessária ao julgamento do mérito;
II - o que é parte na causa;
III - o que intervém em nome de uma parte, como
o tutor, o representante legal da pessoa jurídica, o Estado Civil
juiz, o advogado e outros que assistam ou tenham
assistido as partes.
§ 3º São suspeitos:
I - o inimigo da parte ou o seu amigo íntimo; O Rol de
II - o que tiver interesse no litígio. Testemunhas Idade
§ 4º Sendo necessário, pode o juiz admitir o depoi- Deverá Conter:
mento das testemunhas menores, impedidas ou
suspeitas.
Número de Inscrição
§ 5º Os depoimentos referidos no § 4º serão pres-
no CPF
tados independentemente de compromisso, e o juiz
lhes atribuirá o valor que possam merecer.

A testemunha pode se escusar de depor? Em casos Número do RG


específicos, sim. Veja o que dispõe acerca disso o art. 448:

Art. 448 A testemunha não é obrigada a depor


Endereço da
sobre fatos:
Residência
I - que lhe acarretem grave dano, bem como ao seu
cônjuge ou companheiro e aos seus parentes con-
sanguíneos ou afins, em linha reta ou colateral, até
o terceiro grau; Endereço do
II - a cujo respeito, por estado ou profissão, deva Trabalho
guardar sigilo.
Art. 451 Depois de apresentado o rol de que tratam
O art. 449 fala sobre o lugar no qual as testemu-
os §§ 4º e 5º do art. 357, a parte só pode substituir
nhas devem ser ouvidas, salvo em caráter especial de
a testemunha:
doença ou outro motivo importante: I - que falecer;
II - que, por enfermidade, não estiver em condições
Art. 449 Salvo disposição especial em contrário, as de depor;
testemunhas devem ser ouvidas na sede do juízo.
III - que, tendo mudado de residência ou de local de
Parágrafo único. Quando a parte ou a testemunha,
trabalho, não for encontrada.
por enfermidade ou por outro motivo relevante,
Art. 357 [...]
estiver impossibilitada de comparecer, mas não de
prestar depoimento, o juiz designará, conforme as § 4º Caso tenha sido determinada a produção de
circunstâncias, dia, hora e lugar para inquiri-la. prova testemunhal, o juiz fixará prazo comum não
superior a 15 (quinze) dias para que as partes apre-
sentem rol de testemunhas.
Em qual ato processual serão ouvidas as testemu-
§ 5º Na hipótese do § 3º, as partes devem levar, para
nhas? As testemunhas depõem, na audiência de ins-
a audiência prevista, o respectivo rol de testemunhas.
trução e julgamento, perante o juiz da causa, exceto
as que prestam depoimento antecipadamente e as que A indicação prévia do rol de testemunhas no prazo
são inquiridas por carta.
não superior a 15 dias, conforme disposto no § 4º do
art. 357, segue o princípio do contraditório e da coo-
Da Produção da Prova Testemunhal
peração (todos os sujeitos do processo devem coope-
rar entre si para que se obtenha, em tempo razoável,
Quando o juiz defere a produção de prova teste-
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

decisão de mérito justa e efetiva), sendo que a inércia,


munhal, a mesma é realizada durante a audiência de
gera preclusão.
instrução de julgamento. Diante disso, iremos estudar
nos arts. 450 a 463 do Código de Processo Civil: O § 5º do art. 357 afirma que, na hipótese de com-
plexidade em matéria de fato ou de direito, após
Art. 450 O rol de testemunhas conterá, sempre que saneamento do feito, as partes devem levar para a
possível, o nome, a profissão, o estado civil, a idade, audiência o rol de testemunhas.
o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físi- Assim sendo, de forma excepcional, além dos
cas, o número de registro de identidade e o endere- esclarecimentos feitos, o Código de Processo Civil per-
ço completo da residência e do local de trabalho. mite a substituição da testemunha arrolada diante de
algumas situações, tais como: falecimento, impossibi-
Quando o juiz defere a produção da prova teste- lidade de depor por conta de enfermidade ou mudan-
munhal, o mesmo fornecerá um prazo não superior a ça de endereço.
15 (quinze) dias úteis para as partes apresentarem o
rol de testemunhas que deverá apresentar as seguin- Art. 452 Quando for arrolado como testemunha, o
tes informações: juiz da causa: 203
I - declarar-se-á impedido, se tiver conhecimento de V - o advogado-geral da União, o procurador-ge-
fatos que possam influir na decisão, caso em que ral do Estado, o procurador-geral do Município, o
será vedado à parte que o incluiu no rol, desistir de defensor público-geral federal e o defensor público-
seu depoimento; -geral do Estado;
II - se nada souber, mandará excluir o seu nome. VI - os senadores e os deputados federais;
VII - os governadores dos Estados e do Distrito
Na improvável hipótese, mas possível, do juiz ser Federal;
arrolado como testemunha, ele deverá se declarar VIII - o prefeito;
impedido, caso tenha conhecimento dos fatos, porém, IX - os deputados estaduais e distritais;
se nada sabe a respeito dos fatos, mandará excluir seu X - os desembargadores dos Tribunais de Justiça,
nome do rol de testemunhas. dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais
Regionais do Trabalho e dos Tribunais Regionais
Art. 453 As testemunhas depõem, na audiência de Eleitorais e os conselheiros dos Tribunais de Contas
instrução e julgamento, perante o juiz da causa, dos Estados e do Distrito Federal;
exceto: XI - o procurador-geral de justiça;
I - as que prestam depoimento antecipadamente; XII - o embaixador de país que, por lei ou tratado,
II - as que são inquiridas por carta. concede idêntica prerrogativa a agente diplomático
§ 1º A oitiva de testemunha que residir em comarca, do Brasil.
seção ou subseção judiciária diversa daquela onde § 1º O juiz solicitará à autoridade que indique dia,
tramita o processo poderá ser realizada por meio hora e local a fim de ser inquirida, remetendo-lhe
de videoconferência ou outro recurso tecnológico cópia da petição inicial ou da defesa oferecida pela
de transmissão e recepção de sons e imagens em parte que a arrolou como testemunha.
tempo real, o que poderá ocorrer, inclusive, durante § 2º Passado 1 (um) mês sem manifestação da auto-
a audiência de instrução e julgamento. ridade, o juiz designará dia, hora e local para o
§ 2º Os juízos deverão manter equipamento para a depoimento, preferencialmente na sede do juízo.
transmissão e recepção de sons e imagens a que se § 3º O juiz também designará dia, hora e local para
refere o § 1º. o depoimento, quando a autoridade não compare-
cer, injustificadamente, à sessão agendada para a
Normalmente, as testemunhas depõem na audiên- colheita de seu testemunho no dia, hora e local por
cia de instrução e julgamento na sede do juízo, porém, ela mesma indicados.
há exceções quanto ao local da oitiva, podendo ser
antecipada, por carta ou por videoconferência, con- Como explicado anteriormente, resguardadas as
forme será esclarecido a seguir. exceções, a prova testemunhal será produzida em
Será em momento diverso a oitiva da testemunha audiência de instrução, na sede do juízo. Porém, o art.
que depõe antecipadamente, bem como, no caso de 453 apresenta a possibilidade da produção da prova
testemunha ouvida antecipadamente, em ação pro- testemunhal por videoconferência ou por outro recur-
batória autônoma, a oitiva se dá naquela demanda, so tecnológico para as autoridades citadas em decor-
conforme prevê o art. 381 do Código de Processo Civil. rência do seu cargo ou função que exercem, tendo a
Ademais, não depõe em audiência de instrução e jul-
prerrogativa de serem inquiridas em suas residências
gamento a testemunha ouvida por carta precatória
ou nos locais que exercem suas funções.
em juízo diverso.
Uma inovação trazida pelo CPC/2015 foi a de que
A importante alteração trazida pelo CPC/2015 é a
o advogado da parte deve intimar a testemunha da
expressa previsão da oitiva de testemunha median-
audiência. Observe:
te videoconferência, que consta no § 1º, art. 453, do
CPC/2015, podendo ser, geralmente, realizado na
Art. 455 Cabe ao advogado da parte informar ou
audiência de instrução e julgamento. Importante res-
intimar a testemunha por ele arrolada do dia, da
saltar que, embora testemunha e juízo estejam em
hora e do local da audiência designada, dispensan-
lugares diferentes, a tecnologia os aproxima e opor-
do-se a intimação do juízo.
tuniza a comunicação em tempo real, possibilitando
§ 1º A intimação deverá ser realizada por carta
que o depoimento ou acareação (§ 2° do art. 461 do
com aviso de recebimento, cumprindo ao advo-
CPC/2015) se realizem sem maior prejuízo à dinâmica gado juntar aos autos, com antecedência de pelo
do ato e às possíveis vantagens da oralidade. menos 3 (três) dias da data da audiência, cópia da
Ademais, segundo o § 2° do art. 453, os juízos deve- correspondência de intimação e do comprovante de
rão manter equipamento para transmissão e recepção recebimento.
de sons e imagens, aptos, inclusive ao registro do ato Art. 456 O juiz inquirirá as testemunhas separada
para armazenamento eletrônico. e sucessivamente, primeiro as do autor e depois as
do réu, e providenciará para que uma não ouça o
Art. 454 São inquiridos em sua residência ou onde depoimento das outras.
exercem sua função: Parágrafo único. O juiz poderá alterar a ordem
I - o presidente e o vice-presidente da República; estabelecida no caput se as partes concordarem.
II - os ministros de Estado;
III - os ministros do Supremo Tribunal Federal, os
A regra geral para a inquirição das testemunhas
conselheiros do Conselho Nacional de Justiça e os
consiste em serem ouvidas, separadas e sucessiva-
ministros do Superior Tribunal de Justiça, do Supe-
rior Tribunal Militar, do Tribunal Superior Eleito- mente, primeiro as do autor, depois as do réu, em
ral, do Tribunal Superior do Trabalho e do Tribunal seguida as arroladas pelo Ministério Público e, por
de Contas da União; último, aquelas cuja oitiva for determinada de ofí-
IV - o procurador-geral da República e os conselhei- cio pelo juiz, zelando-se para que umas não ouçam o
204 ros do Conselho Nacional do Ministério Público; depoimento das outras.
Todavia, o parágrafo único estabelece a possibili- Aqui temos uma importante novidade trazida pelo
dade de, havendo concordância das partes, alterar-se novo CPC/2015, em substituição ao CPC/1972, a qual
a ordem das oitivas. exigia permanente intermediação do juiz, que ficava
encarregado de retransmitir à testemunha as pergun-
Art. 457 Antes de depor, a testemunha será qualifi- tas formuladas pelos advogados das partes, podendo
cada, declarará ou confirmará seus dados e infor- os mesmos fazerem diretamente.
mará se tem relações de parentesco com a parte ou Porém, o juiz deverá zelar para que a testemunha
interesse no objeto do processo. seja tratada com urbanidade, isto é, evitando que seja
§ 1º É lícito à parte contraditar a testemunha, posta em situações desnecessariamente vexatórias e
arguindo-lhe a incapacidade, o impedimento ou a indeferindo perguntas sem relação com o objeto da
suspeição, bem como, caso a testemunha negue os prova, reiterações de perguntas já respondidas ou
fatos que lhe são imputados, provar a contradita formuladas com propósito de induzir a resposta, com
com documentos ou com testemunhas, até 3 (três), respeito e discrição.
apresentadas no ato e inquiridas em separado.
§ 2º Sendo provados ou confessados os fatos a que Art. 460 O depoimento poderá ser documentado
se refere o § 1º, o juiz dispensará a testemunha ou por meio de gravação.
lhe tomará o depoimento como informante. § 1º Quando digitado ou registrado por taquigrafia,
§ 3º A testemunha pode requerer ao juiz que a escuse estenotipia ou outro método idôneo de documen-
de depor, alegando os motivos previstos neste Códi- tação, o depoimento será assinado pelo juiz, pelo
go, decidindo o juiz de plano após ouvidas as partes. depoente e pelos procuradores.
§ 2º Se houver recurso em processo em autos não
O art. 457 aborda sobre a qualificação da testemu- eletrônicos, o depoimento somente será digitado
nha. Sendo que o objetivo dessa qualificação é verifi- quando for impossível o envio de sua documenta-
car se a pessoa poderá ser admitida como testemunha. ção eletrônica.
Sendo que poderá ocorrer: § 3º Tratando-se de autos eletrônicos, observar-se-á
o disposto neste Código e na legislação específica
z A testemunha é admitida e ouvida conforme a sobre a prática eletrônica de atos processuais.
ordem do art. 457;
A documentação para a produção da prova teste-
z O juiz constata alguns impedimentos da testemu-
munhal será preferencialmente por gravação, mas
nha (incapacidade suspeição ou impedimento).
também poderá ser digitada ou por taquigrafia, este-
Nesses casos, o juiz poderá:
notipia ou outro método idôneo de documentação.
„ Dispensar a testemunha; ou
Art. 461 O juiz pode ordenar, de ofício ou a reque-
„ Ouvir a testemunha como informante.
rimento da parte:
I - a inquirição de testemunhas referidas nas decla-
z A testemunha poderá recusar a depor quando
rações da parte ou das testemunhas;
tiver o dever de sigilo em face do estado ou profis-
II - a acareação de 2 (duas) ou mais testemunhas
são ou causar grave dano a si próprio ou cônjuge/ ou de alguma delas com a parte, quando, sobre fato
companheiro ou parentes até 3º grau. Nesse caso, determinado que possa influir na decisão da causa,
se motivada, o juiz a dispensará. divergirem as suas declarações.
§ 1º Os acareados serão reperguntados para que
Art. 458 Ao início da inquirição, a testemunha pres-
expliquem os pontos de divergência, reduzindo-se a
tará o compromisso de dizer a verdade do que sou-
termo o ato de acareação.
ber e lhe for perguntado.
§ 2º A acareação pode ser realizada por videocon-
Parágrafo único. O juiz advertirá à testemunha que
ferência ou por outro recurso tecnológico de trans-
incorre em sanção penal quem faz afirmação falsa,
missão de sons e imagens em tempo real.
cala ou oculta a verdade.
Via de regra, as testemunhas são ouvidas sepa-
Entre a qualificação e a inquirição, a parte pode-
radamente, porém, havendo divergências em suas
rá oferecer contradita, isto é, impugnação ou objeção
declarações ou nas das partes, o juízo poderá deter-
apresentada pela parte alegando que a testemunha é
minar a acareação das mesmas, sendo possível ainda
incapaz ou suspeita.
que isso ocorra por videoconferência ou por outro
Após a inquirição da testemunha, o juiz a adver-
meio tecnológico adequado.
tirá acerca da sanção penal caso haja falso testemu-
nho, pois caso seja cometido, dará ensejo à rescisão do Art. 462 A testemunha pode requerer ao juiz o
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

julgado fundamentado nesta prova, além da sanção pagamento da despesa que efetuou para compare-
penal já citada. cimento à audiência, devendo a parte pagá-la logo
que arbitrada ou depositá-la em cartório dentro de
Art. 459 As perguntas serão formuladas pelas par- 3 (três) dias.
tes diretamente à testemunha, começando pela que
a arrolou, não admitindo o juiz aquelas que pude- Embora a testemunha deva colaborar com o juízo
rem induzir a resposta, não tiverem relação com as e com a Justiça, o processo não deve causar prejuízo
questões de fato objeto da atividade probatória ou para ela, portanto, é cabível requerer ao juiz o paga-
importarem repetição de outra já respondida. mento da despesa que efetuou.
§ 1º O juiz poderá inquirir a testemunha tanto antes
quanto depois da inquirição feita pelas partes. Art. 463 O depoimento prestado em juízo é conside-
§ 2º As testemunhas devem ser tratadas com urba- rado serviço público.
nidade, não se lhes fazendo perguntas ou considera- Parágrafo único. A testemunha, quando sujeita ao
ções impertinentes, capciosas ou vexatórias. regime da legislação trabalhista, não sofre, por
§ 3º As perguntas que o juiz indeferir serão trans- comparecer à audiência, perda de salário nem des-
critas no termo, se a parte o requerer. conto no tempo de serviço. 205
A testemunha auxilia a prestação jurisdicional. z Linguagem simples e com coerência lógica, indi-
Assim, o depoimento dela é considerado um servi- cando como alcançou suas conclusões;
ço público. Por ser considerado serviço público, não z Respeitar os limites de sua designação, sendo veda-
poderá sofrer qualquer desconto salarial quando for do emitir opiniões pessoais que excedam o exame
preciso o comparecimento na audiência para depor. técnico ou científico do objeto da perícia.
Quando não for necessário o dia inteiro para o depoi-
A valoração da prova pericial ocorrerá na senten-
mento, nada impede a retomada normal das ativida-
ça, momento em que o juiz apreciará a prova de acor-
des laborais.
do com o disposto no art. 371, indicando os motivos
que o levaram a considerar ou a deixar de considerar
Da Prova Pericial as conclusões do laudo, levando em conta o método
utilizado pelo perito. Se a perícia não esclarecer sufi-
A seção Da Prova Pericial é estudada do art. 464 ao cientemente os fatos, poderá ser designada nova perí-
art. 480. A prova pericial consiste em uma prova pro- cia, que não substituirá a primeira, cabendo ao juiz
duzida por perito, ou seja, profissional nomeado pelo apreciar o valor de uma e de outra.
juízo e capacitado realizar o referido para exame, ou Depois do estudo, vamos a leitura dos artigos:
seja, a prova pericial destina-se a provar fato que exi-
Art. 464 A prova pericial consiste em exame, vis-
ja conhecimento técnico, como de engenheiros, conta-
toria ou avaliação.
dores, médicos etc. A perícia pode ser: § 1º O juiz indeferirá a perícia quando:
I - a prova do fato não depender de conhecimento
z Exame: Pode recair sobre bens móveis, semoven- especial de técnico;
tes, livros comerciais, documentos e pessoas, como II - for desnecessária em vista de outras provas
o exame de DNA; produzidas;
z Vistoria: Recai sobre imóveis; III - a verificação for impraticável.
z Avaliação: Destina-se a mensurar o valor de um § 2º De ofício ou a requerimento das partes, o juiz
bem, direito ou obrigação. poderá, em substituição à perícia, determinar a
produção de prova técnica simplificada, quando o
ponto controvertido for de menor complexidade.
A produção da prova pericial será indeferida
§ 3º A prova técnica simplificada consistirá apenas
quando:
na inquirição de especialista, pelo juiz, sobre pon-
to controvertido da causa que demande especial
z A prova do fato não depender de conhecimento conhecimento científico ou técnico.
especial de técnico; § 4 o Durante a arguição, o especialista, que deverá
z For desnecessária em vista de outras provas ter formação acadêmica específica na área objeto
produzidas; de seu depoimento, poderá valer-se de qualquer
z A verificação for impraticável. recurso tecnológico de transmissão de sons e ima-
gens com o fim de esclarecer os pontos controver-
Se deferida, o juiz nomeará perito especializado no tidos da causa.
objeto da perícia e fixará de imediato o prazo para a Art. 465 O juiz nomeará perito especializado no
objeto da perícia e fixará de imediato o prazo para
entrega do laudo. As partes serão intimadas do des-
a entrega do laudo.
pacho de nomeação, momento em que, dentro de 15 § 1º Incumbe às partes, dentro de 15 (quinze) dias conta-
dias, poderão: dos da intimação do despacho de nomeação do perito:
I - arguir o impedimento ou a suspeição do perito,
z Arguir o impedimento ou a suspeição do perito, se se for o caso;
for o caso; II - indicar assistente técnico;
z Indicar assistente técnico; III - apresentar quesitos.
z Apresentar quesitos. § 2º Ciente da nomeação, o perito apresentará em
5 (cinco) dias:
Os assistentes técnicos são de confiança da parte I - proposta de honorários;
e não estão sujeitos a impedimento ou suspeição. Os II - currículo, com comprovação de especialização;
III - contatos profissionais, em especial o endereço
quesitos são das indagações feitas ao perito, no senti-
eletrônico, para onde serão dirigidas as intimações
do de esclarecer as questões técnicas objeto da prova pessoais.
pericial. § 3º As partes serão intimadas da proposta de hono-
Poderão ser formulados quesitos complementares, rários para, querendo, manifestar-se no prazo comum
se necessário. Sobre os quesitos, o juiz poderá indefe- de 5 (cinco) dias, após o que o juiz arbitrará o valor,
rir os impertinentes ou mesmo formular os quesitos intimando-se as partes para os fins do art. 95 .
que entender necessários ao esclarecimento da causa. § 4º O juiz poderá autorizar o pagamento de até
São requisitos do laudo pericial: cinquenta por cento dos honorários arbitrados a
favor do perito no início dos trabalhos, devendo o
z Exposição do objeto da perícia; remanescente ser pago apenas ao final, depois de
z Análise técnica ou científica realizada pelo perito; entregue o laudo e prestados todos os esclareci-
mentos necessários.
z Indicação do método utilizado, esclarecendo-o
§ 5º Quando a perícia for inconclusiva ou deficiente,
e demonstrando ser predominantemente aceito
o juiz poderá reduzir a remuneração inicialmente
pelos especialistas da área do conhecimento da arbitrada para o trabalho.
qual se originou; § 6º Quando tiver de realizar-se por carta, poder-se-
z Resposta conclusiva a todos os quesitos apresenta- -á proceder à nomeação de perito e à indicação de
dos pelo juiz, pelas partes e pelo órgão do Ministé- assistentes técnicos no juízo ao qual se requisitar
206 rio Público; a perícia.
Art. 466 O perito cumprirá escrupulosamente o O art. 471 prevê uma hipótese de negócio jurídico
encargo que lhe foi cometido, independentemente processual típico, a nomeação consensual de perito.
de termo de compromisso. Portanto, dois requisitos são exigidos para a composi-
§ 1º Os assistentes técnicos são de confiança da par- ção deste negócio jurídico:
te e não estão sujeitos a impedimento ou suspeição.
§ 2º O perito deve assegurar aos assistentes das z A capacidade das partes;
partes o acesso e o acompanhamento das diligên- z A possibilidade de resolução do litigio por auto-
cias e dos exames que realizar, com prévia comu- composição, isto solucionar o conflito pelo con-
nicação, comprovada nos autos, com antecedência sentimento espontâneo de um dos conflitantes em
mínima de 5 (cinco) dias. sacrificar o interesse próprio, no todo ou em parte,
Art. 467 O perito pode escusar-se ou ser recusado em favor do interesse alheio.
por impedimento ou suspeição.
Parágrafo único. O juiz, ao aceitar a escusa ou ao julgar
Contrariamente do perito nomeado pelo juízo, o
procedente a impugnação, nomeará novo perito.
perito nomeado pelas partes não precisa ser escolhido
entre os profissionais inscritos no cadastro do tribunal.
O perito é um auxiliar do juízo, devendo ser impar-
cial e, por este motivo, as hipóteses de impedimento Art. 472 O juiz poderá dispensar prova pericial
e de suspeição previstas para o juiz são aplicáveis ao quando as partes, na inicial e na contestação, apre-
perito. sentarem, sobre as questões de fato, pareceres téc-
Ademais, é cabível comentar que o perito tem o nicos ou documentos elucidativos que considerar
direito se escusar-se da perícia, alegando motivo legí- suficientes.
timo no prazo de 15 dias a contar da intimação, da
suspeição ou do impedimento, conforme o artigo 157, O art. 472 trata da viabilização da dispensa de
do CPC. perícia, caso informações técnicas sejam associadas
pelas partes, consideráveis de convencimento pelo
Art. 468 O perito pode ser substituído quando: magistrado.
I - faltar-lhe conhecimento técnico ou científico;
II - sem motivo legítimo, deixar de cumprir o encar- Art. 473 O laudo pericial deverá conter:
go no prazo que lhe foi assinado. I - a exposição do objeto da perícia;
§ 1º No caso previsto no inciso II, o juiz comunicará II - a análise técnica ou científica realizada pelo
a ocorrência à corporação profissional respectiva, perito;
podendo, ainda, impor multa ao perito, fixada ten- III - a indicação do método utilizado, esclarecendo-
do em vista o valor da causa e o possível prejuízo -o e demonstrando ser predominantemente aceito
decorrente do atraso no processo. pelos especialistas da área do conhecimento da
§ 2º O perito substituído restituirá, no prazo de 15 qual se originou;
(quinze) dias, os valores recebidos pelo trabalho IV - resposta conclusiva a todos os quesitos apre-
não realizado, sob pena de ficar impedido de atuar sentados pelo juiz, pelas partes e pelo órgão do
como perito judicial pelo prazo de 5 (cinco) anos. Ministério Público.
§ 3º Não ocorrendo a restituição voluntária de que § 1º No laudo, o perito deve apresentar sua funda-
trata o § 2º, a parte que tiver realizado o adianta- mentação em linguagem simples e com coerência
mento dos honorários poderá promover execução lógica, indicando como alcançou suas conclusões.
contra o perito, na forma dos arts. 513 e seguin- § 2º É vedado ao perito ultrapassar os limites de
tes deste Código , com fundamento na decisão que sua designação, bem como emitir opiniões pessoais
determinar a devolução do numerário. que excedam o exame técnico ou científico do obje-
Art. 469 As partes poderão apresentar quesitos to da perícia.
suplementares durante a diligência, que poderão § 3º Para o desempenho de sua função, o perito e
ser respondidos pelo perito previamente ou na os assistentes técnicos podem valer-se de todos os
meios necessários, ouvindo testemunhas, obtendo
audiência de instrução e julgamento.
informações, solicitando documentos que estejam
Parágrafo único. O escrivão dará à parte contrária
em poder da parte, de terceiros ou em repartições
ciência da juntada dos quesitos aos autos.
públicas, bem como instruir o laudo com planilhas,
Art. 470 Incumbe ao juiz:
mapas, plantas, desenhos, fotografias ou outros
I - indeferir quesitos impertinentes;
elementos necessários ao esclarecimento do objeto
II - formular os quesitos que entender necessários
da perícia.
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

ao esclarecimento da causa.
Art. 471 As partes podem, de comum acordo, esco-
Sintetizando o art. 473 sobre os elementos que o
lher o perito, indicando-o mediante requerimento,
laudo pericial deve constar:
desde que:
I - sejam plenamente capazes;
II - a causa possa ser resolvida por autocomposição. z Exposição da pessoa/coisa objeto da perícia;
§ 1º As partes, ao escolher o perito, já devem indi- z Análise técnica/científica;
car os respectivos assistentes técnicos para acom- z Método de trabalho;
panhar a realização da perícia, que se realizará em z Resposta conclusiva dos quesitos.
data e local previamente anunciados.
§ 2º O perito e os assistentes técnicos devem entre- Prevê o art. 474 que as partes serão comunicadas
gar, respectivamente, laudo e pareceres em prazo da data e do local que será realizada a prova pericial,
fixado pelo juiz. para que estas possam acompanhar os trabalhos téc-
§ 3º A perícia consensual substitui, para todos os nicos. É importante ressaltar que uma perícia even-
efeitos, a que seria realizada por perito nomeado tual realizada sem a ciência das partes é considerada
pelo juiz. ineficaz.  207
Art. 474 As partes terão ciência da data e do § 1º Nas hipóteses de gratuidade de justiça, os
local designados pelo juiz ou indicados pelo perito órgãos e as repartições oficiais deverão cumprir
para ter início a produção da prova. a determinação judicial com preferência, no prazo
Art. 475 Tratando-se de perícia complexa que estabelecido.
abranja mais de uma área de conhecimento espe- § 2º A prorrogação do prazo referido no § 1º pode
cializado, o juiz poderá nomear mais de um perito, ser requerida motivadamente.
e a parte, indicar mais de um assistente técnico. § 3º Quando o exame tiver por objeto a autentici-
dade da letra e da firma, o perito poderá requisitar,
Diante da complexidade, o juiz poderá nomear para efeito de comparação, documentos existentes
mais de um perito, bem como, as partes poderão esco- em repartições públicas e, na falta destes, poderá
lher mais de um assistente técnico quando a perícia requerer ao juiz que a pessoa a quem se atribuir a
abranger mais de uma área de conhecimento. Vale autoria do documento lance em folha de papel, por
ressaltar que em consonância com o princípio do con- cópia ou sob ditado, dizeres diferentes, para fins de
traditório, as partes e os assistentes técnicos deverão comparação.
ter ciência da data designada da perícia, sendo que a
falta de intimação poderá implicar em nulidade. O art. 479 diz respeito da regra da valoração da
prova pericial, ou seja, o juiz possui liberdade para
Art. 476 Se o perito, por motivo justificado, não valorar as provas produzidas nos autos, desde que as
puder apresentar o laudo dentro do prazo, o juiz motive do seu convencimento.
poderá conceder-lhe, por uma vez, prorrogação
pela metade do prazo originalmente fixado. Art. 479 O juiz apreciará a prova pericial de acordo
com o disposto no art. 371 , indicando na sentença
Caso o perito não possa cumprir o seu encargo, os motivos que o levaram a considerar ou a deixar
o juiz poderá prorrogar o prazo de entrega do laudo de considerar as conclusões do laudo, levando em
pela metade do prazo original. Porém, o descumpri- conta o método utilizado pelo perito.
mento do encargo sem motivo legitimo é causa de
substituição do perito, ou seja, a não apresentação do Para encerrar o estudo das provas, vejamos o que
laudo no prazo determinado sem motivação legítima. dispõe o art. 480 sobre a possibilidade de determina-
ção de nova perícia:
Art. 477 O perito protocolará o laudo em juízo, no
prazo fixado pelo juiz, pelo menos 20 (vinte) dias Art. 480 O juiz determinará, de ofício ou a reque-
antes da audiência de instrução e julgamento. rimento da parte, a realização de nova perícia
§ 1º As partes serão intimadas para, querendo, quando a matéria não estiver suficientemente
manifestar-se sobre o laudo do perito do juízo no esclarecida.
prazo comum de 15 (quinze) dias, podendo o assis- § 1º A segunda perícia tem por objeto os mesmos
tente técnico de cada uma das partes, em igual pra- fatos sobre os quais recaiu a primeira e destina-se a
zo, apresentar seu respectivo parecer. corrigir eventual omissão ou inexatidão dos resul-
§ 2º O perito do juízo tem o dever de, no prazo de 15 tados a que esta conduziu.
(quinze) dias, esclarecer ponto: § 2º A segunda perícia rege-se pelas disposições
I - sobre o qual exista divergência ou dúvida de estabelecidas para a primeira.
qualquer das partes, do juiz ou do órgão do Minis- § 3º A segunda perícia não substitui a primeira,
tério Público; cabendo ao juiz apreciar o valor de uma e de outra.
II - divergente apresentado no parecer do assistente
técnico da parte.
Inspeção Judicial
§ 3º Se ainda houver necessidade de esclarecimen-
tos, a parte requererá ao juiz que mande intimar
o perito ou o assistente técnico a comparecer à A inspeção judicial é o exame realizado diretamen-
audiência de instrução e julgamento, formulando, te pelo juiz em pessoas ou coisas, a fim de esclarecer
desde logo, as perguntas, sob forma de quesitos. os fatos, podendo, se necessário, servir-se do auxílio
§ 4º O perito ou o assistente técnico será intimado de peritos. Segundo o CPC/2015:
por meio eletrônico, com pelo menos 10 (dez) dias
de antecedência da audiência. Art. 481 O juiz, de ofício ou a requerimento da par-
te, pode, em qualquer fase do processo, inspecionar
O prazo para apresentação do laudo nos autos pessoas ou coisas, a fim de se esclarecer sobre fato
deverá ser fixado pelo juiz, sendo respeitado pra- que interesse à decisão da causa.
zo mínimo de 20 dias antes da audiência. Após pro-
tocolado o laudo, as partes serão intimadas para as O art. 482 aborda sobre a possibilidade de o ato ser
manifestações e para apresentar os quesitos de seus acompanhado por peritos:
assistentes técnicos, no prazo de 15 dias.
Por fim, conforme o princípio da cooperação, o Art. 482 Ao realizar a inspeção, o juiz poderá ser
perito deverá responder e esclarecer os pontos que assistido por um ou mais peritos.
tenham dúvidas e divergências no laudo pericial.
Já o art. 483 prevê hipóteses em que o juiz se deslo-
Art. 478 Quando o exame tiver por objeto a auten- cará ao local onde se encontre a pessoa ou coisa para
ticidade ou a falsidade de documento ou for de realizar a inspeção. Vejamos:
natureza médico-legal, o perito será escolhido, de
preferência, entre os técnicos dos estabelecimentos Art. 483 O juiz irá ao local onde se encontre a pes-
oficiais especializados, a cujos diretores o juiz auto- soa ou a coisa quando:
rizará a remessa dos autos, bem como do material I - julgar necessário para a melhor verificação ou
208 sujeito a exame. interpretação dos fatos que deva observar;
II - a coisa não puder ser apresentada em juízo sem A sentença é o ato que caracteriza a fase decisória,
consideráveis despesas ou graves dificuldades; na qual se resolve o litígio.
III - determinar a reconstituição dos fatos.
Parágrafo único. As partes têm sempre direito a Conceito
assistir à inspeção, prestando esclarecimentos e
fazendo observações que considerem de interesse Sentença é o pronunciamento por meio do qual o
para a causa
juiz, com fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à
Nos casos em que o objeto da perícia versar sobre a fase cognitiva do procedimento comum, bem como
autenticidade ou a falsidade de documentos, ou tiver extingue a execução. A sentença é o provimento juris-
natureza médico-legal, o perito será nomeado prefe- dicional pelo qual o juiz promove a solução do conflito
rencialmente entre os técnicos dos estabelecimentos e a tutela do direito material, objeto da ação.
oficiais especializados.
Espécies de sentença
Art. 484 Concluída a diligência, o juiz mandará
lavrar auto circunstanciado, mencionando nele As sentenças podem ser terminativas (quando não
tudo quanto for útil ao julgamento da causa. resolvem o mérito) ou definitivas (quando resolvem
Parágrafo único. O auto poderá ser instruído com o mérito).
desenho, gráfico ou fotografia.

Finalizada a inspeção, o juiz determinará a lavra- Terminativa


tura do auto circunstanciado, ou seja, com riqueza de
Sentença
detalhes, constando tudo o que o juiz e as partes pro-
duziram, mediante observações entenderem úteis ao Definitiva
julgamento da lide, podendo conter desenhos, gráfi-
cos ou fotografias.
São terminativas as sentenças cujo fundamento
DA SENTENÇA E DA COISA JULGADA
está enumerado no art. 485 do CPC:
Os pronunciamentos judiciais são atos processuais
praticados pelo juiz, os quais consistem na apreciação Art. 485 O juiz não resolverá o mérito quando:
de alguma questão (de fato ou de direito), além de I - indeferir a petição inicial;
terem, como objetivo, o mero andamento do proces- II - o processo ficar parado durante mais de 1 (um)
so. Por meio de tais atos, o juiz exerce sua jurisdição, ano por negligência das partes;
dispondo sobre algo que foi requerido pelas partes ou III - por não promover os atos e as diligências que
determinando os atos subsequentes do procedimento. lhe incumbir, o autor abandonar a causa por mais
Vejamos o que diz o CPC com relação aos pronun- de 30 (trinta) dias;
IV - verificar a ausência de pressupostos de cons-
ciamentos judiciais:
tituição e de desenvolvimento válido e regular do
Art. 203 Os pronunciamentos do juiz consistirão processo;
em sentenças, decisões interlocutórias e despachos. V - reconhecer a existência de perempção, de litis-
§ 1º Ressalvadas as disposições expressas dos pro- pendência ou de coisa julgada;
cedimentos especiais, sentença é o pronunciamento VI - verificar ausência de legitimidade ou de interes-
por meio do qual o juiz, com fundamento nos arts. se processual;
485 e 487, põe fim à fase cognitiva do procedimento VII - acolher a alegação de existência de convenção
comum, bem como extingue a execução. de arbitragem ou quando o juízo arbitral reconhe-
§ 2º Decisão interlocutória é todo pronunciamento cer sua competência;
judicial de natureza decisória que não se enquadre VIII - homologar a desistência da ação;
no § 1º. IX - em caso de morte da parte, a ação for conside-
§ 3º São despachos todos os demais pronunciamen- rada intransmissível por disposição legal; e
tos do juiz praticados no processo, de ofício ou a X - nos demais casos prescritos neste Código.
requerimento da parte. § 1º Nas hipóteses descritas nos incisos II e III, a
§ 4º Os atos meramente ordinatórios, como a junta- parte será intimada pessoalmente para suprir a fal-
da e a vista obrigatória, independem de despacho, ta no prazo de 5 (cinco) dias.
devendo ser praticados de ofício pelo servidor e § 2º No caso do § 1º, quanto ao inciso II, as partes
revistos pelo juiz quando necessário. pagarão proporcionalmente as custas, e, quanto ao
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Art. 204 Acórdão é o julgamento colegiado proferi- inciso III, o autor será condenado ao pagamento
do pelos tribunais. das despesas e dos honorários de advogado.
§ 3º O juiz conhecerá de ofício da matéria constante
A sentença é o provimento jurisdicional que resol- dos incisos IV, V, VI e IX, em qualquer tempo e grau
ve a lide, tanto na fase de conhecimento quanto na de de jurisdição, enquanto não ocorrer o trânsito em
execução. As ações de conhecimento buscam consti- julgado.
§ 4º Oferecida a contestação, o autor não poderá,
tuir um direito em favor do autor, afastando a contro-
sem o consentimento do réu, desistir da ação.
vérsia que paira sobre a relação das partes. Imagine
§ 5º A desistência da ação pode ser apresentada até
uma ação de indenização em que o autor busca com- a sentença.
provar a ocorrência de ato ilícito e, sobre a condena- § 6º Oferecida a contestação, a extinção do proces-
ção do réu, a obrigação de indenizar. Trata-se de uma so por abandono da causa pelo autor depende de
ação de conhecimento, a qual será resolvida median- requerimento do réu.
te sentença. Já na execução, a sentença coloca fim ao § 7º Interposta a apelação em qualquer dos casos
processo em virtude de alguma causa extintiva da de que tratam os incisos deste artigo, o juiz terá 5
obrigação, como as arroladas no art. 924 do CPC. (cinco) dias para retratar-se. 209
Veja que, em tais casos, o juiz não promove a tutela II - decidir, de ofício ou a requerimento, sobre a
do direito material, por isso se fala que a sentença tem ocorrência de decadência ou prescrição;
natureza meramente processual, pois encontra óbice III - homologar:
na admissibilidade da ação. Normalmente, as causas a) o reconhecimento da procedência do pedido for-
relacionam-se aos pressupostos processuais. mulado na ação ou na reconvenção;
Nos casos dos incisos II e III, a parte será intimada b) a transação;
pessoalmente para suprir a falta no prazo de 5 (cinco) c) a renúncia à pretensão formulada na ação ou na
reconvenção.
dias.
Parágrafo único. Ressalvada a hipótese do § 1º do
O juiz conhecerá de ofício (independentemente de
art. 332, a prescrição e a decadência não serão
provocação ou alegação das partes) da matéria cons-
reconhecidas sem que antes seja dada às partes
tante dos incisos IV, V, VI e IX, em qualquer tempo e oportunidade de manifestar-se.
grau de jurisdição, enquanto não ocorrer o trânsito
em julgado, sendo garantido o prévio contraditório às
Perceba que as sentenças de mérito vão muito
partes para tomar sua decisão, sob pena de incorrer
além da procedência ou improcedência da pretensão
na decisão surpresa, vedada pelo CPC (2015).
do autor. O inciso segundo, ao falar da decadência ou
A extinção, com base na desistência da ação, pos-
da prescrição, é taxativo ao relacionar tais institutos à
sui alguns detalhes. Se oferecida a contestação, o
questão do mérito. Na defesa, normalmente, a argui-
autor não poderá, sem o consentimento do réu, desis-
ção de prescrição ou decadência aparece como preju-
tir da ação. A desistência pode ser apresentada até a
dicial de mérito. Mas o legislador, levando em conta
sentença.
a natureza desses institutos, entendeu corretamente
A extinção por abandono de causa pelo autor, se
por inclui-los na sentença definitiva (de mérito).
já oferecida a contestação, depende de requerimento
Além disso, a sentença é de mérito quando resol-
do réu.
ve a controvérsia de direito material. Por isso que faz
referência aos diversos casos de autocomposição no
inciso III, a saber: a submissão, a transação e a renún-
Importante! cia à pretensão.
Efeito regressivo do recurso de apelação que
ataca sentenças terminativas: z Primazia do mérito
§ 7° art. 485 Interposta a apelação em qualquer
dos casos de que tratam os incisos deste artigo, Art. 488 Desde que possível, o juiz resolverá o
o juiz terá 5 (cinco) dias para retratar-se. mérito sempre que a decisão for favorável à parte
a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos
termos do art. 485.
Art. 486 O pronunciamento judicial que não resol-
ve o mérito não obsta a que a parte proponha de Elementos e Efeitos da Sentença
novo a ação.
§ 1º No caso de extinção em razão de litispendência A sentença possui seus elementos ou partes, os
e nos casos dos incisos I, IV, VI e VII do art. 485 , a quais estão dispostos no art. 489. Vejamos:
propositura da nova ação depende da correção do
vício que levou à sentença sem resolução do mérito. Art. 489 São elementos essenciais da sentença:
§ 2º A petição inicial, todavia, não será despachada I - o relatório, que conterá os nomes das partes, a
sem a prova do pagamento ou do depósito das cus- identificação do caso, com a suma do pedido e da
tas e dos honorários de advogado. contestação, e o registro das principais ocorrências
§ 3º Se o autor der causa, por 3 (três) vezes, a sen- havidas no andamento do processo;
tença fundada em abandono da causa, não poderá II - os fundamentos, em que o juiz analisará as
propor nova ação contra o réu com o mesmo obje- questões de fato e de direito;
to, ficando-lhe ressalvada, entretanto, a possibilida- III - o dispositivo, em que o juiz resolverá as ques-
de de alegar em defesa o seu direito. tões principais que as partes lhe submeterem.

As sentenças terminativas não produzem coisa jul- A fundamentação é de extrema relevância, pois, a
gada material, sendo possível que a parte proponha partir dela, o juiz apresentará os fatos e fundamentos
nova ação (Art. 486). Entretanto, no caso de extinção que formaram seu convencimento, permitindo às par-
em razão de litispendência e nos casos dos incisos I, tes impugná-los em eventual recurso. Devido à impor-
IV, VI e VII do art. 485, a propositura da nova ação tância dada à fundamentação, o legislador inovou ao
depende da correção do vício que levou à sentença incluir o § 1º, arrolando hipóteses de nulidade das
sem resolução do mérito. decisões judiciais por vício de fundamentação.
A perempção ocorrerá quando o autor der causa,
por 3 (três) vezes, a sentença fundada em abandono § 1º Não se considera fundamentada qualquer deci-
da causa, não podendo propor nova ação contra o réu são judicial, seja ela interlocutória, sentença ou
com o mesmo objeto, ficando-lhe ressalvada, entre- acórdão, que:
tanto, a possibilidade de alegar em defesa o seu direi- I - se limitar à indicação, à reprodução ou à pará-
to (Art. 486, § 3º). frase de ato normativo, sem explicar sua relação
Já as sentenças definitivas ou de mérito estão arro- com a causa ou a questão decidida;
ladas no art. 487 do CPC. Vejamos: II - empregar conceitos jurídicos indeterminados,
sem explicar o motivo concreto de sua incidência
Art. 487 Haverá resolução de mérito quando o juiz: no caso;
I - acolher ou rejeitar o pedido formulado na ação III - invocar motivos que se prestariam a justificar
210 ou na reconvenção; qualquer outra decisão;
IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos Parágrafo único. Se constatar de ofício o fato novo,
no processo capazes de, em tese, infirmar a conclu- o juiz ouvirá as partes sobre ele antes de decidir.
são adotada pelo julgador; Art. 494 Publicada a sentença, o juiz só poderá
V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de alterá-la:
súmula, sem identificar seus fundamentos determi- I - para corrigir-lhe, de ofício ou a requerimento da
nantes nem demonstrar que o caso sob julgamento parte, inexatidões materiais ou erros de cálculo;
se ajusta àqueles fundamentos; II - por meio de embargos de declaração.
VI - deixar de seguir enunciado de súmula, juris- Art. 495 A decisão que condenar o réu ao paga-
prudência ou precedente invocado pela parte, sem mento de prestação consistente em dinheiro e a que
demonstrar a existência de distinção no caso em determinar a conversão de prestação de fazer, de
julgamento ou a superação do entendimento. não fazer ou de dar coisa em prestação pecuniá-
Art. 490 O juiz resolverá o mérito acolhendo ou ria valerão como título constitutivo de hipoteca
rejeitando, no todo ou em parte, os pedidos formu- judiciária.
lados pelas partes. § 1º A decisão produz a hipoteca judiciária:
Art. 491 Na ação relativa à obrigação de pagar I - embora a condenação seja genérica;
quantia, ainda que formulado pedido genérico, II - ainda que o credor possa promover o cumpri-
a decisão definirá desde logo a extensão da obri- mento provisório da sentença ou esteja pendente
gação, o índice de correção monetária, a taxa de arresto sobre bem do devedor;
juros, o termo inicial de ambos e a periodicidade da III - mesmo que impugnada por recurso dotado de
capitalização dos juros, se for o caso, salvo quando: efeito suspensivo.
I - não for possível determinar, de modo definitivo, § 2º A hipoteca judiciária poderá ser realizada
o montante devido; mediante apresentação de cópia da sentença peran-
II - a apuração do valor devido depender da produ- te o cartório de registro imobiliário, independente-
ção de prova de realização demorada ou excessiva- mente de ordem judicial, de declaração expressa do
mente dispendiosa, assim reconhecida na sentença. juiz ou de demonstração de urgência.
§ 1º Nos casos previstos neste artigo, seguir-se-á a § 3º No prazo de até 15 (quinze) dias da data de
apuração do valor devido por liquidação. realização da hipoteca, a parte informá-la-á ao juí-
§ 2º O disposto no caput também se aplica quando zo da causa, que determinará a intimação da outra
o acórdão alterar a sentença. parte para que tome ciência do ato.
§ 4º A hipoteca judiciária, uma vez constituída,
z Princípio da Congruência, Adstrição ou Correlação implicará, para o credor hipotecário, o direito de
preferência, quanto ao pagamento, em relação a
Tais princípios mencionados são sinônimos e utili- outros credores, observada a prioridade no registro.
zados para falar do mesmo objeto. O juiz deve ater sua § 5º Sobrevindo a reforma ou a invalidação da deci-
decisão ao objetivo litigioso, sobre as questões efetiva- são que impôs o pagamento de quantia, a parte res-
mente levadas pelas partes e colocas em debate, sob ponderá, independentemente de culpa, pelos danos
que a outra parte tiver sofrido em razão da consti-
pena de ofender o princípio da congruência, confor-
tuição da garantia, devendo o valor da indenização
me dispõe o art. 492.
ser liquidado e executado nos próprios autos.
Art. 492 É vedado ao juiz proferir decisão de natu-
reza diversa da pedida, bem como condenar a parte Para estudo dos tipos de ação, remetemos à classi-
em quantidade superior ou em objeto diverso do ficação das ações, que corresponderá à classificação
que lhe foi demandado. das sentenças (meramente declaratória, constitutiva,
Parágrafo único. A decisão deve ser certa, ainda condenatória, mandamental, executiva lato sensu).
que resolva relação jurídica condicional. Os principais efeitos da sentença são:

Podem, ainda, surgir alguns vícios: z Ex tunc: ocorre nas sentenças de natureza decla-
ratória, pois seus efeitos são retroativos ao fato
z Sentença “ultra petita”: quando o juiz dá algo ou situação que se pretende declará-la existente
além do pedido pelo autor. Ex.: pede-se indeniza- ou inexistente (Ex.: investigação de paternidade;
ção por danos morais de R$10.000,00 e o juiz con- declaração de nulidade absoluta de um contrato);
dena em R$15.000,00;
z Sentença “extra petita”: o juiz dá algo diverso do Nas ações condenatórias, poderá haver efeitos
que foi pedido. Ex.: pede a devolução do dinheiro, retroativos desde a propositura da ação, como a con-
mas o juiz condena ao conserto do produto; denação aos juros moratórios desde a citação;
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

z Sentença “citra petita”: quando há omissão do


juiz em relação a algum dos pedidos. Ex.: pede-se z Ex nunc: ocorre nas sentenças constitutivas, sendo
indenização por danos morais e materiais, mas, na seus efeitos dali em diante (Ex.: ação de divórcio).
sentença, o juiz aprecia apenas os danos morais e
se omite sobre os materiais.
Dica
A alteração da sentença pelo próprio juiz somente Ex tunc: bate na testa (a cabeça vai para trás.
ocorrerá para corrigir, de ofício ou a requerimento da
Logo, retroage);
parte, inexatidões materiais ou erros de cálculo, bem
Ex nunc: bate na nuca (a cabeça vai para frente.
como por meio de embargos de declaração.
Logo, não retroage).
Art. 493 Se, depois da propositura da ação, algum
fato constitutivo, modificativo ou extintivo do direi- Existem sentenças cujos efeitos somente se pro-
to influir no julgamento do mérito, caberá ao juiz duzirão depois de confirmadas pelo tribunal. São as
tomá-lo em consideração, de ofício ou a requeri- hipóteses do art. 496 do CPC, que se referem à remessa
mento da parte, no momento de proferir a decisão. necessária: 211
Art. 496 Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, Do Julgamento das Ações Relativas às Prestações
não produzindo efeito senão depois de confirmada de Fazer, de Não Fazer e de Entregar Coisa
pelo tribunal, a sentença:
I - proferida contra a União, os Estados, o Distrito A obrigação de fazer impõe uma conduta ativa ao
Federal, os Municípios e suas respectivas autar- devedor, como a construção de um muro, de uma cer-
quias e fundações de direito público; ca. A obrigação de não fazer impõe uma abstenção,
II - que julgar procedentes, no todo ou em parte, os como não ofender, cessar agressão, cessar a difama-
embargos à execução fiscal. ção, não oferecer obstáculo ao exercício de um direito.
§ 1º Nos casos previstos neste artigo, não inter- Já a obrigação de entregar coisa impõe a transferência
posta a apelação no prazo legal, o juiz ordenará a da posse ou da propriedade de um bem. Nesse tipo
remessa dos autos ao tribunal, e, se não o fizer, o de obrigação (fazer, não fazer ou de entregar coisa), a
presidente do respectivo tribunal avocá-los-á.
decisão do juiz deve se preocupar em conceder tutela
§ 2º Em qualquer dos casos referidos no § 1º, o tri-
específica ou determinar providências que assegurem
bunal julgará a remessa necessária.
§ 3º Não se aplica o disposto neste artigo quando
a obtenção de tutela pelo resultado prático equivalen-
a condenação ou o proveito econômico obtido na te. Sendo o caso, deverá fixar o prazo para o cumpri-
causa for de valor certo e líquido inferior a: mento da obrigação.
I - 1.000 (mil) salários-mínimos para a União e Se for impossível a tutela específica ou o resul-
as respectivas autarquias e fundações de direito tado prático equivalente, a obrigação se converterá
público; em perdas e danos, o que pode ocorrer, também, por
II - 500 (quinhentos) salários-mínimos para os Esta- requerimento do próprio credor.
dos, o Distrito Federal, as respectivas autarquias e
fundações de direito público e os Municípios que Art. 497 Na ação que tenha por objeto a prestação
constituam capitais dos Estados; de fazer ou de não fazer, o juiz, se procedente o
III - 100 (cem) salários-mínimos para todos os pedido, concederá a tutela específica ou determina-
demais Municípios e respectivas autarquias e fun- rá providências que assegurem a obtenção de tutela
dações de direito público. pelo resultado prático equivalente.
§ 4º Também não se aplica o disposto neste artigo Parágrafo único. Para a concessão da tutela espe-
quando a sentença estiver fundada em: cífica destinada a inibir a prática, a reiteração ou
I - súmula de tribunal superior; a continuação de um ilícito, ou a sua remoção, é
II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Fede- irrelevante a demonstração da ocorrência de dano
ral ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julga-
ou da existência de culpa ou dolo.
mento de recursos repetitivos;
Art. 498 Na ação que tenha por objeto a entrega de
III - entendimento firmado em incidente de reso-
coisa, o juiz, ao conceder a tutela específica, fixará
lução de demandas repetitivas ou de assunção de
o prazo para o cumprimento da obrigação.
competência;
IV - entendimento coincidente com orientação vin- Parágrafo único. Tratando-se de entrega de coisa
culante firmada no âmbito administrativo do pró- determinada pelo gênero e pela quantidade, o autor
prio ente público, consolidada em manifestação, individualizá-la-á na petição inicial, se lhe couber a
parecer ou súmula administrativa. escolha, ou, se a escolha couber ao réu, este a entre-
gará individualizada, no prazo fixado pelo juiz.
Conforme entendimento do STJ, é proibido ao tri- Art. 499 A obrigação somente será convertida em
bunal agravar a decisão quando do julgamento da perdas e danos se o autor o requerer ou se impossí-
remessa necessária, logo sua decisão poderá manter a vel a tutela específica ou a obtenção de tutela pelo
de instância inferior ou melhorar a situação da Fazen- resultado prático equivalente.
da Pública. Mas, nunca agravar. Art. 500 A indenização por perdas e danos dar-se-
-á sem prejuízo da multa fixada periodicamente
PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO POR INCAPACIDA- para compelir o réu ao cumprimento específico da
DE CONCEDIDO JUDICIALMENTE. PAGAMENTO obrigação.
DE PARCELAS PRETÉRITAS DO BENEFÍCIO COIN- Art. 501 Na ação que tenha por objeto a emissão de
CIDENTES COM PERÍODO EM QUE HOUVE EXER- declaração de vontade, a sentença que julgar proce-
CÍCIO DE ATIVIDADE REMUNERADA. CABIMENTO. dente o pedido, uma vez transitada em julgado, pro-
PRECEDENTES. REEXAME NECESSÁRIO. AGRAVA- duzirá todos os efeitos da declaração não emitida.
MENTO DA SITUAÇÃO DA FAZENDA NACIONAL.
IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA N. 45/STJ.
Da Coisa Julgada
[...]
III - De acordo com o Enunciado n. 45 da Súmula do
STJ, “no reexame necessário, é defeso, ao Tribunal, A coisa julgada é um instituto garantidor de segu-
agravar a condenação imposta a Fazenda Pública”. rança jurídica, com guarida constitucional.
Nesse sentido são os julgados: REsp n. 1.600.115/
GO, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Tur- Art. 5º [...]
ma, julgado em 18/8/2016, DJe 12/9/2016; AgRg no XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o
AREsp n. 762.129/SP, Rel. Ministro Mauro Campbell ato jurídico perfeito e a coisa julgada.
Marques, Segunda Turma, julgado em 17/11/2015,
DJe 24/11/2015; e AgRg no AREsp n. 522.357/SP, Rel.
Segundo Rennan Thamay14, “a coisa julgada se
Ministro Sérgio Kukina, Primeira Turma, julgado
em 16/9/2014, DJe 24/9/2014. traduz na imutabilidade do comando decisório da
IV - Recurso especial parcialmente provido.(stj, decisão de mérito, sendo efetivamente a res iudicata
REsp 1745633/PR, Rel. Ministro FRANCISCO FAL- substancial, ou seja, a coisa julgada material.”
CÃO, SEGUNDA TURMA, julgado em 12/03/2019, Veja que o conceito é semelhante ao adotado pelo
DJe 18/03/2019) CPC (2015):
212 14 THAMAY, R. Coisa julgada. 2. ed. São Paulo. Thomson Reuters Brasil, 2020, p. 89.
Art. 502 Denomina-se coisa julgada material a Art. 502 Denomina-se coisa julgada material a
autoridade que torna imutável e indiscutível a deci- autoridade que torna imutável e indiscutível a deci-
são de mérito não mais sujeita a recurso. são de mérito não mais sujeita a recurso.
Art. 503 A decisão que julgar total ou parcialmen-
Tal conceito trata, efetivamente, da coisa julgada te o mérito tem força de lei nos limites da questão
material, ou seja, da efetiva coisa julgada. principal expressamente decidida.
§ 1º O disposto no  caput  aplica-se à resolução de
Coisa Julgada Material e Formal questão prejudicial, decidida expressa e incidente-
mente no processo, se:
I - dessa resolução depender o julgamento do mérito;
Material II - a seu respeito tiver havido contraditório prévio
e efetivo, não se aplicando no caso de revelia;
Coisa julgada
III - o juízo tiver competência em razão da matéria
Formal e da pessoa para resolvê-la como questão principal.
§ 2º A hipótese do § 1º não se aplica se no processo
houver restrições probatórias ou limitações à cog-
A coisa julgada material é a que decorre da senten- nição que impeçam o aprofundamento da análise
ça de mérito, impedindo a rediscussão do comando da questão prejudicial.
decisório. Implica dizer que não poderá a parte propor
ação sobre questão já abrangida pela coisa julgada, por Assim, a coisa julgada ocorre sobre o dispositivo da
isso se fala em garantia de segurança jurídica. É o que sentença, mas poderá abranger a fundamentação para
se depreende, também, do art. 508 do CPC, o qual faz contemplar questão prejudicial na hipótese do § 1º
referência à eficácia preclusiva da coisa julgada. mencionado. Nesse caso, fala-se em limites objetivos
da coisa julgada.
Art. 508 Transitada em julgado a decisão de méri- Tais efeitos não se projetam sobre:
to, considerar-se-ão deduzidas e repelidas todas
Art. 504 Não fazem coisa julgada:
as alegações e as defesas que a parte poderia opor
I - os motivos, ainda que importantes para deter-
tanto ao acolhimento quanto à rejeição do pedido.
minar o alcance da parte dispositiva da sentença;
II - a verdade dos fatos, estabelecida como funda-
Já a coisa julgada formal decorre das sentenças mento da sentença.
que não resolvem o mérito (sentenças terminativas). Art. 505 Nenhum juiz decidirá novamente as ques-
Nesse caso, não se impede a propositura de nova ação, tões já decididas relativas à mesma lide, salvo:
até mesmo porque o mérito não se resolverá. O que I - se, tratando-se de relação jurídica de trato conti-
se impede é a reabertura da ação extinta, por isso é nuado, sobreveio modificação no estado de fato ou
que podemos falar que a coisa julgada formal produz de direito, caso em que poderá a parte pedir a revi-
efeitos apenas em relação à ação em que foi proferida são do que foi estatuído na sentença;
a decisão. II - nos demais casos prescritos em lei.

Já os limites subjetivos da coisa julgada atingem as


Importante! partes da relação jurídica processual, não prejudican-
do terceiros (Art. 506).
Há casos em que, mesmo sendo proferida sen-
tença de mérito, ainda haverá possibilidade de Art. 506 A sentença faz coisa julgada às partes
propositura de nova ação. É o caso da improce- entre as quais é dada, não prejudicando terceiros.
dência por falta de provas. Vejamos as legisla- Art. 507 É vedado à parte discutir no curso do pro-
cesso as questões já decididas a cujo respeito se
ções seguintes:
operou a preclusão.
� Lei nº 7.347/1985 (Lei da Ação Civil Pública):
Art. 16 A sentença civil fará coisa julgada erga Da Liquidação de Sentença
omnes, nos limites da competência territorial
do órgão prolator, exceto se o pedido for julgado Como regra, a sentença condenatória deve contem-
improcedente por insuficiência de provas, hipó- plar uma obrigação líquida (cujo valor encontra-se
tese em que qualquer legitimado poderá intentar definido), passível de pronta satisfação. Entretanto,
outra ação com idêntico fundamento, valendo- pode ocorrer da obrigação ser ilíquida, caso em que
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

-se de nova prova. será necessária sua liquidação. Imagine a hipótese na


� Lei nº 4.717/1965 (Lei da Ação Popular): qual o juiz constata que o dano causado a um imóvel
Art. 18 A sentença terá eficácia de coisa julgada deve ser atribuído ao proprietário vizinho, condenan-
oponível “erga omnes”, exceto no caso de haver do-o à reparação em valor a ser obtido em liquidação.
Nesse caso, será necessário avançar para a fase de
sido a ação julgada improcedente por defi-
liquidação, destinada a definir o quantum debeatur (o
ciência de prova; neste caso, qualquer cidadão
valor devido). A liquidação pode ser:
poderá intentar outra ação com idêntico funda-
mento, valendo-se de nova prova. Art. 509 Quando a sentença condenar ao pagamen-
to de quantia ilíquida, proceder-se-á à sua liquida-
ção, a requerimento do credor ou do devedor:
Limites da Coisa Julgada I - por arbitramento, quando determinado pela sen-
tença, convencionado pelas partes ou exigido pela
A coisa julgada material dá à sentença a mesma natureza do objeto da liquidação;
força da lei, tornando-se imperativa nos seus limites. II - pelo procedimento comum, quando houver ne-
Vejamos: cessidade de alegar e provar fato novo. 213
Observe que a iliquidez não se supre por meros Observa-se que a fase de cumprimento de sentença
cálculos aritméticos, hipótese em que o credor pode- não se dá de oficio, mas sim a requerimento da parte.
ria promover, desde logo, o cumprimento da sentença Ou seja, é necessário que o credor ou devedor peticio-
Na liquidação por arbitramento, o juiz intimará as ne, por meio de uma simples petição, que seja dado
partes para a apresentação de pareceres ou documen- início à fase de cumprimento. Não é possível que seja
tos elucidativos, no prazo que fixar, e, caso não possa dado início de ofício ao cumprimento de sentença.
decidir de plano, nomeará perito, observando-se, no
que couber, o procedimento da prova pericial. Seria Art. 513 [...]
o caso de avaliar um imóvel ou mensurar eventuais § 2º O devedor será intimado para cumprir a
danos ocorridos por ato ilícito. sentença:
Já na liquidação pelo procedimento comum, o juiz I - pelo Diário da Justiça, na pessoa de seu advoga-
determinará a intimação do requerido, na pessoa de do constituído nos autos;
seu advogado ou da sociedade de advogados a que II - por carta com aviso de recebimento, quando
estiver vinculado, para, querendo, apresentar contes- representado pela Defensoria Pública ou quando
tação no prazo de 15 (quinze) dias, observando-se, no não tiver procurador constituído nos autos, ressal-
vada a hipótese do inciso IV;
que couber, o disposto no Livro I da Parte Especial do
III - por meio eletrônico, quando, no caso do § 1º do
CPC (2015). Aqui, seria um caso de comprovação de
art. 246, não tiver procurador constituído nos autos
fato relacionado ao quantum debeatur.
IV - por edital, quando, citado na forma do art. 256,
A liquidação poderá ser realizada na pendência de
tiver sido revel na fase de conhecimento.
recurso, processando-se em autos apartados no juízo
Art. 246 A citação será feita:
de origem, cumprindo ao liquidante instruir o pedido I - pelo correio;
com cópias das peças processuais pertinentes. II - por oficial de justiça;
III - pelo escrivão ou chefe de secretaria, se o citan-
Art. 510 Na liquidação por arbitramento, o juiz do comparecer em cartório;
intimará as partes para a apresentação de parece- IV - por edital;
res ou documentos elucidativos, no prazo que fixar, V - por meio eletrônico, conforme regulado em lei.
e, caso não possa decidir de plano, nomeará perito, § 1º Com exceção das microempresas e das empre-
observando-se, no que couber, o procedimento da
sas de pequeno porte, as empresas públicas e priva-
prova pericial.
das são obrigadas a manter cadastro nos sistemas
Art. 511 Na liquidação pelo procedimento comum,
de processo em autos eletrônicos, para efeito de
o juiz determinará a intimação do requerido, na
recebimento de citações e intimações, as quais
pessoa de seu advogado ou da sociedade de advoga-
serão efetuadas preferencialmente por esse meio.
dos a que estiver vinculado, para, querendo, apre-
§ 2º O disposto no § 1º aplica-se à União, aos Esta-
sentar contestação no prazo de 15 (quinze) dias,
dos, ao Distrito Federal, aos Municípios e às entida-
observando-se, a seguir, no que couber, o disposto
des da administração indireta.
no Livro I da Parte Especial deste Código .
Art. 512 A liquidação poderá ser realizada na pen- § 3º Na ação de usucapião de imóvel, os confinan-
dência de recurso, processando-se em autos apar- tes serão citados pessoalmente, exceto quando tiver
tados no juízo de origem, cumprindo ao liquidante por objeto unidade autônoma de prédio em condo-
instruir o pedido com cópias das peças processuais mínio, caso em que tal citação é dispensada.
pertinentes. Art. 256 A citação por edital será feita:
I - quando desconhecido ou incerto o citando;
II - quando ignorado, incerto ou inacessível o lugar
em que se encontrar o citando;
III - nos casos expressos em lei.
DO CUMPRIMENTO DA SENTENÇA § 1º Considera-se inacessível, para efeito de citação
por edital, o país que recusar o cumprimento de
DISPOSIÇÕES GERAIS carta rogatória.
§ 2º No caso de ser inacessível o lugar em que se
O cumprimento de sentença inaugura uma nova encontrar o réu, a notícia de sua citação será divul-
gada também pelo rádio, se na comarca houver
fase processual, em que existe uma obrigação a ser
emissora de radiodifusão.
cumprida pela parte devedora à parte credora. Não § 3º O réu será considerado em local ignorado ou
se trata aqui de um novo processo, de uma inicial que incerto se infrutíferas as tentativas de sua locali-
será distribuída de forma autônoma ou por depen- zação, inclusive mediante requisição pelo juízo de
dência, mas sim de uma nova fase. informações sobre seu endereço nos cadastros de
Isso é chamado de sincretismo processual, que é órgãos públicos ou de concessionárias de serviços
a combinação de procedimentos para efetivação das públicos.
tutelas jurisdicionais, no bojo de um mesmo processo,
evitando-se assim um acúmulo de vários outros pro- Dessa forma, é plenamente possível que seja con-
cessos. Tem-se, portanto, a somatória do processo de siderada válida a intimação via aviso de recebimen-
conhecimento, mais a efetivação da decisão expedida, to (A.R.), ainda que o devedor não esteja residindo
nos mesmos autos. no mesmo local e não tenha comunicado o juízo da
mudança.
Art. 513 O cumprimento da sentença será feito
segundo as regras deste Título, observando-se, no Art. 513 [...]
que couber e conforme a natureza da obrigação, o § 3º Na hipótese do § 2º, incisos II e III, considera-
disposto no Livro II da Parte Especial deste Código. -se realizada a intimação quando o devedor houver
§ 1º O cumprimento da sentença que reconhece o mudado de endereço sem prévia comunicação ao
dever de pagar quantia, provisório ou definitivo, juízo, observado o disposto no parágrafo único do
214 far-se-á a requerimento do exequente. art. 274.
§ 4º Se o requerimento a que alude o § 1º for formu- IX - a decisão interlocutória estrangeira, após a
lado após 1 (um) ano do trânsito em julgado da sen- concessão do  exequatur  à carta rogatória pelo
tença, a intimação será feita na pessoa do devedor, Superior Tribunal de Justiça;
por meio de carta com aviso de recebimento enca- X - (VETADO).
minhada ao endereço constante dos autos, observa-
do o disposto no parágrafo único do art. 274 e no § Nas hipóteses dos incisos VI, VII, VIII e IX, o cum-
3º deste artigo. primento da sentença não se dará nos mesmos autos,
ou seja, será uma ação autônoma de cumprimento de
Em regra, a intimação será feita por aviso de rece- sentença.
bimento, ou seja, por correio. Mas, caso o pedido
de cumprimento de sentença tenha ocorrido após 1 § 1º Nos casos dos incisos VI a IX, o devedor será
ano do trânsito em julgado da decisão, mesmo que citado no juízo cível para o cumprimento da sen-
o devedor tenha advogado constituído, a intima- tença ou para a liquidação no prazo de 15 (quinze)
ção será realizada pessoalmente mediante aviso de dias.
recebimento (A.R) ou via oficial de justiça.
No § 1º, o devedor será citado, visto tratar-se de
Art. 513 [...] uma ação autônoma de cumprimento de sentença,
§ 5º O cumprimento da sentença não poderá ser pois, se o cumprimento fosse nos mesmos autos, o
promovido em face do fiador, do coobrigado ou do devedor seria intimado para cumprir espontanea-
corresponsável que não tiver participado da fase de mente a obrigação.
conhecimento.
§ 2º A autocomposição judicial pode envolver sujei-
Não se poderá requerer o cumprimento de sen- to estranho ao processo e versar sobre relação jurí-
tença em face dos mencionados no § 5º do art. 513, dica que não tenha sido deduzida em juízo.
porque estes não fizeram parte do processo de conhe-
cimento, e, por conta disso, não existe contra eles obri- O § 2º versa sobre a ampliação subjetiva, quando
gação definida, seja de forma provisória ou definitiva. diz: “a autocomposição judicial pode envolver sujeito
estranho ao processo”. Ao mencionar “relação jurídi-
Art. 514 Quando o juiz decidir relação jurídica ca que não tenha sido deduzida em juízo”, trata-se de
sujeita a condição ou termo, o cumprimento da sen- uma ampliação objetiva, ou seja, amplia-se o objeto
tença dependerá de demonstração de que se reali-
da demanda.
zou a condição ou de que ocorreu o termo.
Art. 516 O cumprimento da sentença efetuar-se-á
É vedado ao juiz proferir decisão condicional, mas perante:
isso não significa que não possa resolver uma relação I - os tribunais, nas causas de sua competência
jurídica sujeita a condição ou termo. originária;
Resolvendo a sentença uma relação jurídica sujei- II - o juízo que decidiu a causa no primeiro grau de
ta a termo ou condição, quando a parte requerer o jurisdição;
cumprimento da sentença, ela, além de demonstrar o III - o juízo cível competente, quando se tratar de
débito e custas/despesas processuais, indicar bens do sentença penal condenatória, de sentença arbitral,
devedor etc., deverá demonstrar a ocorrência do ter- de sentença estrangeira ou de acórdão proferido
mo ou da condição. Isso porque o termo ou a condição pelo Tribunal Marítimo.
são elementos que indicarão a exigibilidade do crédi-
to, que é essencial para que haja o pedido de cumpri- Quando o inciso III menciona “sentença estran-
mento de sentença. geira”, trata-se na verdade de decisão interlocutória
estrangeira homologada pelo STJ. A competência a
Art. 515 São títulos executivos judiciais, cujo cum- que este inciso se refere será aferida no momento da
primento dar-se-á de acordo com os artigos pre- distribuição.
vistos neste Título: Ressalta-se que a competência de que trata o art.
I - as decisões proferidas no processo civil que 516 do CPC é a competência funcional e, como regra,
reconheçam a exigibilidade de obrigação de pagar
absoluta. É funcional porque diz respeito à função
quantia, de fazer, de não fazer ou de entregar coisa;
exercida pelo juiz no processo.
II - a decisão homologatória de autocomposição
judicial; Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o
III - a decisão homologatória de autocomposição exequente poderá optar pelo juízo do atual domicí-
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

extrajudicial de qualquer natureza; lio do executado, pelo juízo do local onde se encon-
trem os bens sujeitos à execução ou pelo juízo do
Quando o juiz homologar a transação, qualquer local onde deva ser executada a obrigação de fazer
das partes pode requerer o cumprimento de sentença. ou de não fazer, casos em que a remessa dos autos
do processo será solicitada ao juízo de origem.
IV - o formal e a certidão de partilha, exclusivamen-
te em relação ao inventariante, aos herdeiros e aos A regra prevista no parágrafo anterior é uma exce-
sucessores a título singular ou universal; ção ao princípio da perpetuatio jurisdictionis. Ade-
V - o crédito de auxiliar da justiça, quando as cus- mais, tem-se o chamado “Forum shopping” ou “Foros
tas, emolumentos ou honorários tiverem sido apro- concorrentes”, ou seja, a possibilidade de escolher o
vados por decisão judicial; juízo mais favorável ao demandante.
VI - a sentença penal condenatória transitada em
julgado; Art. 517 A decisão judicial transitada em julga-
VII - a sentença arbitral; do poderá ser levada a protesto, nos termos da
VIII - a sentença estrangeira homologada pelo lei, depois de transcorrido o prazo para paga-
Superior Tribunal de Justiça; mento voluntário previsto no art. 523. 215
Nada impede que haja o protesto do valor devi- DO CUMPRIMENTO PROVISÓRIO DA SENTENÇA
do que foi definido através de decisão judicial. No QUE RECONHECE A EXIGIBILIDADE DE OBRIGAÇÃO
entanto, existe um prazo de 15 dias para o pagamen- DE PAGAR QUANTIA CERTA
to voluntário, e o protesto só poderá ocorrer após
Art. 520 O cumprimento provisório da sentença
transcorrido esse prazo.
impugnada por recurso desprovido de efeito suspen-
§ 1º Para efetivar o protesto, incumbe ao exequente sivo será realizado da mesma forma que o cumpri-
apresentar certidão de teor da decisão. mento definitivo, sujeitando-se ao seguinte regime:
§ 2º A certidão de teor da decisão deverá ser forne- I - corre por iniciativa e responsabilidade do exe-
cida no prazo de 3 (três) dias e indicará o nome e a quente, que se obriga, se a sentença for reformada,
qualificação do exequente e do executado, o núme- a reparar os danos que o executado haja sofrido;
ro do processo, o valor da dívida e a data de decur- II - fica sem efeito, sobrevindo decisão que modifique
so do prazo para pagamento voluntário. ou anule a sentença objeto da execução, restituin-
do-se as partes ao estado anterior e liquidando-se
Para que o protesto seja efetivo, o exequente – eventuais prejuízos nos mesmos autos;
aquele que quer a obrigação cumprida – deverá levar III - se a sentença objeto de cumprimento provisó-
certidão constando o teor da decisão, que será forne- rio for modificada ou anulada apenas em parte,
cida no prazo de 3 dias, indicando nome e qualifica- somente nesta ficará sem efeito a execução;
ção das partes, número do processo, valor devido e a IV - o levantamento de depósito em dinheiro e a prá-
tica de atos que importem transferência de posse ou
data do decurso do prazo de 15 dias para o pagamento
alienação de propriedade ou de outro direito real, ou
voluntário.
dos quais possa resultar grave dano ao executado,
§ 3º O executado que tiver proposto ação rescisória dependem de caução suficiente e idônea, arbitrada
para impugnar a decisão exequenda pode requerer, de plano pelo juiz e prestada nos próprios autos.
a suas expensas e sob sua responsabilidade, a ano-
tação da propositura da ação à margem do título É possível que haja o pedido de cumprimento de
protestado. sentença mesmo que ainda não tenha havido o trân-
sito em julgado da decisão, ou seja, mesmo que ain-
Supondo que o executado – aquele que deve pagar/ da seja possível rever os termos daquela decisão por
cumprir a obrigação – tenha ajuizado uma ação resci- meio de recurso.
sória para rever o processo que o condenou naquela No entanto, por justamente não se tratar de uma
obrigação, e queira que essa informação conste à mar- decisão com teor definitivo, ela sujeita-se a algumas
gem do título protestado, poderá fazê-lo, desde que regras, que são descritas nos incisos do art. 520 do
arque com suas expensas e responsabilidade. CPC.
É possível que haja o protesto do título após o trân-
§ 4º A requerimento do executado, o protesto será sito em julgado. No entanto, tal protesto não é possível
cancelado por determinação do juiz, mediante ofí- caso esteja diante de um cumprimento provisório de
cio a ser expedido ao cartório, no prazo de 3 (três) sentença.
dias, contado da data de protocolo do requerimen-
to, desde que comprovada a satisfação integral da § 1º No cumprimento provisório da sentença, o exe-
obrigação. cutado poderá apresentar impugnação, se quiser,
nos termos do art. 525.
Quando o executado cumprir a obrigação por com- § 2º A multa e os honorários a que se refere o § 1º
pleto, de forma a satisfazê-la integralmente, poderá do art. 523 são devidos no cumprimento provisório
requerer o cancelamento do protesto ao juiz, que ofi- de sentença condenatória ao pagamento de quantia
ciará o cartório para que, no prazo de 3 dias, proceda certa.
dessa forma.
Aplica-se ao pedido de cumprimento provisório as
Art. 518 Todas as questões relativas à validade do mesmas regras que ao cumprimento definitivo.
procedimento de cumprimento da sentença e dos
atos executivos subsequentes poderão ser arguidas § 3º Se o executado comparecer tempestivamente
pelo executado nos próprios autos e nestes serão e depositar o valor, com a finalidade de isentar-se
decididas pelo juiz. da multa, o ato não será havido como incompatível
com o recurso por ele interposto.
O executado poderá apresentar defesa técnica ao § 4º A restituição ao estado anterior a que se refere
pedido de cumprimento de sentença da parte exe- o inciso II não implica o desfazimento da transfe-
quente, por meio de impugnação específica, que será rência de posse ou da alienação de propriedade ou
analisada adiante. Dessa forma, poderá questionar os de outro direito real eventualmente já realizada,
pontos que tratarem da validade do procedimento de ressalvado, sempre, o direito à reparação dos pre-
cumprimento de sentença, bem como os atos que se juízos causados ao executado.
seguirem. § 5º Ao cumprimento provisório de sentença que reco-
nheça obrigação de fazer, de não fazer ou de dar coisa
Art. 519 Aplicam-se as disposições relativas ao aplica-se, no que couber, o disposto neste Capítulo.
cumprimento da sentença, provisório ou definitivo,
e à liquidação, no que couber, às decisões que con- O § 3º diz mais respeito à questão de que não se
cederem tutela provisória. trata de comportamento contraditório o ato de pagar
o valor devido em relação à interposição do recurso.
Para as decisões que concedem tutelas provisórias, Isso porque o comportamento contraditório é uma
também é possível que haja o pedido de cumprimento das formas de extinção do direito de recorrer. Dessa
de sentença, como é o caso, por exemplo, do pedido forma, a parte executada pode realizar o pagamento
de cumprimento de sentença que deferiu alimentos do valor executado sem que isso implique em compor-
216 provisórios por meio de tutela provisória de urgência. tamento contraditório.
Art. 521 A caução prevista no inciso IV do art. 520 Para litisconsortes distintos com advogados de
poderá ser dispensada nos casos em que: escritório de advocacia distintos (que não sejam ele-
I - o crédito for de natureza alimentar, independen- trônicos os autos), o prazo para o cumprimento espon-
temente de sua origem; tâneo da obrigação será em dobro, nos termos do art.
II - o credor demonstrar situação de necessidade; 229 do CPC.
III – pender o agravo do art. 1.042;
IV - a sentença a ser provisoriamente cumprida § 1º Não ocorrendo pagamento voluntário no prazo
estiver em consonância com súmula da jurispru- do caput, o débito será acrescido de multa de dez
dência do Supremo Tribunal Federal ou do Superior por cento e, também, de honorários de advogado
Tribunal de Justiça ou em conformidade com acór- de dez por cento.
dão proferido no julgamento de casos repetitivos.
Caso o executado não realize o pagamento volun-
Além da dispensa de caução prevista no inciso IV tário no prazo de 15 dias, sobre o valor devido incidi-
do art. 520 do CPC, ela também não é exigida quando rão multa de 10% e honorários advocatícios de 10%.
as partes compactuam entre si a dispensa, através de
§ 2º Efetuado o pagamento parcial no prazo previs-
negócio jurídico processual. to no caput, a multa e os honorários previstos no §
1º incidirão sobre o restante.
Parágrafo único. A exigência de caução será man-
tida quando da dispensa possa resultar manifesto Caso ocorra o pagamento de parte do valor devi-
risco de grave dano de difícil ou incerta reparação. do, a multa e os honorários incidirão sobre o saldo
devedor remanescente. Ou seja, supondo que a dívi-
No entanto, caso o juiz entenda que a caução pode- da total seja de R$ 15.000,00 e o executado realizou o
rá acarretar risco de grave dano de difícil ou incerta pagamento de somente R$ 5.000,00, a multa e os hono-
reparação, a exigência será mantida. rários incidirão em cima de R$ 10.000,00, que corres-
pondem ao saldo remanescente.
Art. 522 O cumprimento provisório da senten-
ça será requerido por petição dirigida ao juízo § 3º Não efetuado tempestivamente o pagamento volun-
competente. tário, será expedido, desde logo, mandado de penhora
Parágrafo único. Não sendo eletrônicos os autos, a e avaliação, seguindo-se os atos de expropriação.
petição será acompanhada de cópias das seguintes
peças do processo, cuja autenticidade poderá ser Caso não haja o pagamento voluntário no prazo,
certificada pelo próprio advogado, sob sua respon- ou este seja feito de forma parcial, o juiz determinará,
sabilidade pessoal: desde logo, que se proceda com os atos de expropria-
I - decisão exequenda; ção, momento em que pode ocorrer bloqueio de con-
II - certidão de interposição do recurso não dotado tas bancárias e bens, móveis ou imóveis.
de efeito suspensivo;
III - procurações outorgadas pelas partes; Art. 524 O requerimento previsto no art. 523 será
IV - decisão de habilitação, se for o caso; instruído com demonstrativo discriminado e atua-
V - facultativamente, outras peças processuais con- lizado do crédito, devendo a petição conter:
sideradas necessárias para demonstrar a existên- I - o nome completo, o número de inscrição no
cia do crédito. Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacio-
nal da Pessoa Jurídica do exequente e do executado,
Caso o processo de conhecimento seja físico e o observado o disposto no art. 319, §§ 1º a 3º;
II - o índice de correção monetária adotado;
cumprimento de sentença seja provisório, é necessá-
III - os juros aplicados e as respectivas taxas;
rio que a petição seja acompanhada pelas peças elen-
IV - o termo inicial e o termo final dos juros e da
cadas no parágrafo único do art. 522 do CPC. correção monetária utilizados;
V - a periodicidade da capitalização dos juros, se
DO CUMPRIMENTO DEFINITIVO DA SENTENÇA QUE for o caso;
RECONHECE A EXIGIBILIDADE DE OBRIGAÇÃO DE VI - especificação dos eventuais descontos obriga-
PAGAR QUANTIA CERTA tórios realizados;
VII - indicação dos bens passíveis de penhora, sem-
Art. 523 No caso de condenação em quantia cer- pre que possível.
ta, ou já fixada em liquidação, e no caso de deci-
são sobre parcela incontroversa, o cumprimento Como já mencionado, o cumprimento de sentença
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

definitivo da sentença far-se-á a requerimento do não é uma petição inicial, mas sim uma petição que dá
exequente, sendo o executado intimado para pagar início à fase de execução nos mesmos autos.
o débito, no prazo de 15 (quinze) dias, acrescido de O art. 524 traz os requisitos que devem constar na
custas, se houver. petição:

O prazo de 15 dias disposto no artigo anterior diz § 1º Quando o valor apontado no demonstrativo
respeito ao prazo para se proceder com o pagamento aparentemente exceder os limites da condenação, a
voluntário, ou seja, cumprimento espontâneo da obri- execução será iniciada pelo valor pretendido, mas
a penhora terá por base a importância que o juiz
gação após a intimação do executado.
entender adequada.
Somente após o transcurso desse prazo é que se
abrirá novo prazo, também de 15 dias, para que o exe- Se o valor apresentado pelo credor aparentemen-
cutado, caso queira, apresente impugnação. te exceder os limites da condenação, o juiz recebe o
Caso a parte devedora esteja sendo representada pedido de cumprimento de sentença pelo valor indi-
pela Defensoria Pública, o prazo para o cumprimento cado, mas no momento da penhora, irá se valer do
espontâneo da obrigação será em dobro. valor que ele entende correto. 217
§ 2º Para a verificação dos cálculos, o juiz poderá O cumprimento da sentença não poderá ser pro-
valer-se de contabilista do juízo, que terá o prazo movido em face do fiador, do coobrigado ou do cor-
máximo de 30 (trinta) dias para efetuá-la, exceto se responsável que não tiver participado da fase de
outro lhe for determinado. conhecimento (§ 5º do art. 513).
§ 3º Quando a elaboração do demonstrativo depen-
der de dados em poder de terceiros ou do executa- III - inexequibilidade do título ou inexigibilidade da
do, o juiz poderá requisitá-los, sob cominação do obrigação;
crime de desobediência.
§ 4º Quando a complementação do demonstrativo É possível ter uma obrigação exigível (certifi-
depender de dados adicionais em poder do execu- cou-se o direito e a obrigação = existência do crédito),
tado, o juiz poderá, a requerimento do exequente, mas não exequível, pois, para que seja exequível, o
requisitá-los, fixando prazo de até 30 (trinta) dias título deve ser certo e líquido.
para o cumprimento da diligência. Portanto, se for possível aferir a existência do cré-
§ 5º Se os dados adicionais a que se refere o § 4º não dito e buscar recuperação desse crédito, tem-se uma
forem apresentados pelo executado, sem justificati- exigibilidade, ainda que não pela via executiva. Logo,
va, no prazo designado, reputar-se-ão corretos os se os requisitos para a execução estão presentes, o
cálculos apresentados pelo exequente apenas com título será exigível e, portanto, exequível.
base nos dados de que dispõe.
A exequibilidade pressupõe exigibilidade, mas, a
exigibilidade não pressupõe a exequibilidade do título.
Se for o caso, para melhor verificação de qual seja Isso porque, em uma sentença que resolve uma relação
o valor devido, o juiz pode remeter o processo ao setor jurídica condicional (sujeita a termo ou condição), se o
contábil do próprio tribunal, para que apresente o termo ou condição não ocorrer, não poderá haver o cum-
valor correto. primento de sentença, por ausência de exigibilidade.
Também poderá intimar o executado, caso assim
requeira o exequente, para que este apresente dados Dica
adicionais e, caso estes não forem apresentados no
prazo de 30 dias, sem qualquer justificativa, os cálcu- Falta de liquidez, certeza e exigibilidade: o título
los apresentados pelo exequente serão considerados não será exequível.
corretos. Não ocorrência do termo ou da condição: ausên-
cia de exigibilidade do título.
Art. 525 Transcorrido o prazo previsto no art. 523
sem o pagamento voluntário, inicia-se o prazo de IV - penhora incorreta ou avaliação errônea;
15 (quinze) dias para que o executado, independen-
temente de penhora ou nova intimação, apresente, z Penhora ou avaliação ocorrida antes da impug-
nos próprios autos, sua impugnação. nação: O impugnante/executado pode alegar na
impugnação a penhora incorreta ou avaliação
O prazo para apresentação de impugnação é de 15 errônea. Ex.: penhora que recai sobre um bem de
dias e inicia-se após o término do prazo de 15 dias para família; avaliação inferior ao preço de mercado;
o cumprimento espontâneo da obrigação. Ou seja, são z Penhora ou avaliação ocorrida após a impugnação:
dois prazos de 15 dias: um para o pagamento voluntá- Por simples petição nos autos o devedor poderá ale-
rio e outro para a apresentação da impugnação. gar a penhora incorreta ou o equívoco da avaliação.
Nas hipóteses do art. 229 do CPC, aplica-se prazo em
dobro para Defensoria Pública e litisconsortes que tive- V - excesso de execução ou cumulação indevida de
rem diferentes procuradores com escritórios de advo- execuções;
cacia distintos, se não se tratar de processo eletrônico.
Os incisos I, II e III do parágrafo 2º do art. 927 esta-
§ 1º Na impugnação, o executado poderá alegar: belecem formas de excesso de execução:
I - falta ou nulidade da citação se, na fase de conhe-
cimento, o processo correu à revelia; § 2º Há excesso de execução quando:
I - o exequente pleiteia quantia superior à do título;
II - ela recai sobre coisa diversa daquela declarada
Nulidade de citação invalida a sentença. Se o juiz
no título;
reconhece efetivamente a nulidade de citação na fase III - ela se processa de modo diferente do que foi
de conhecimento, haverá desconstituição da coisa jul- determinado no título;
gada, sendo considerados nulos os atos subsequentes
ao momento em que deveria ter realizado a citação e, Caso o executado alegue excesso de execução na
inclusive, a sentença. sua impugnação, ele deve considerar o disposto nos §§
Se o réu, na fase de conhecimento, compareceu 4º e 5º, que veremos adiante.
espontaneamente, não haverá nulidade a ser declara-
VI - incompetência absoluta ou relativa do juízo da
da, pois, neste caso, tem-se a aplicação do princípio da
execução;
instrumentalidade das formas, de forma que a apresen-
tação espontânea da contestação supre o vício citatório. Essa incompetência absoluta ou relativa diz res-
peito à fase de cumprimento de sentença e não à fase
II - ilegitimidade de parte; de conhecimento, que ocorre antes e possui regras
distintas.
Esse ponto não se confunde com a ilegitimidade O caput do art. 516 do CPC traz as hipóteses de
para a ação de conhecimento. No caso de ilegitimidade competência funcional, bem como em seu parágra-
para o cumprimento de sentença, aplica-se o disposto fo único, as suas mitigações, das quais já tratamos
218 no art. 508 do CPC – eficácia preclusiva da coisa julgada. anteriormente.
VII - qualquer causa modificativa ou extintiva da Como regra, a impugnação ao cumprimento de
obrigação, como pagamento, novação, compensa- sentença não goza de efeito suspensivo. O efeito sus-
ção, transação ou prescrição, desde que superve- pensivo diz respeito ao cumprimento de sentença, ou
nientes à sentença. seja, impede o avanço dos atos constritivos enquanto
pendente a impugnação.
Pagamento, novação, compensação, transação ou Entretanto, o juiz poderá deferir o pedido de efeito
prescrição são algumas formas possíveis que existem suspensivo, desde que haja:
para a extinção ou modificação da obrigação.
Ser “superveniente à sentença” significa dizer que z Requerimento realizado pelo impugnante/executado;
essas causas devem ter ocorrido após a sentença, ou z Prestação de garantia: através de penhora, caução
seja, se houve alguma delas na fase de conhecimen- ou depósito suficiente;
to, esta não poderá ser alegada novamente na fase de z Demonstração de risco: grave dano de difícil ou
cumprimento de sentença. incerta reparação.
§ 2º A alegação de impedimento ou suspeição
observará o disposto nos arts. 146 e 148. Preenchidos os requisitos para concessão do efeito
§ 3º Aplica-se à impugnação o disposto no art. 229. suspensivo, o exequente poderá prestar caução a fim
de afastar o efeito suspensivo da obrigação e o risco
As alegações para se impugnar eventuais causas que eventualmente possa ser alegado pelo executado.
de impedimento ou suspeição do magistrado que está Eventual atribuição de efeito suspensivo à impug-
processando e julgando a causa dar-se-ão da mesma nação não impedirá a necessidade de substituição/
maneira que no processo de conhecimento, observan- reforço/redução de penhora, no caso de já realizada
do o disposto nos artigos que tratam sobre o tema: anteriormente.
arts. 146 e 148 do CPC.
Já no que diz respeito ao prazo, observar-se-á que, § 8º Quando o efeito suspensivo atribuído à impug-
caso as partes estejam sendo patrocinadas por advo- nação disser respeito apenas a parte do objeto da
gados distintos, de escritório de advocacia distinto, e execução, esta prosseguirá quanto à parte restante.
não sendo eletrônicos os autos, o prazo será contado § 9º A concessão de efeito suspensivo à impugnação
deduzida por um dos executados não suspenderá a
em dobro.
execução contra os que não impugnaram, quando
§ 4º Quando o executado alegar que o exequente, o respectivo fundamento disser respeito exclusiva-
em excesso de execução, pleiteia quantia superior mente ao impugnante.
à resultante da sentença, cumprir-lhe-á declarar de § 10 Ainda que atribuído efeito suspensivo à impug-
imediato o valor que entende correto, apresentan- nação, é lícito ao exequente requerer o prossegui-
do demonstrativo discriminado e atualizado de seu mento da execução, oferecendo e prestando, nos
cálculo. próprios autos, caução suficiente e idônea a ser
§ 5º Na hipótese do § 4º, não apontado o valor cor- arbitrada pelo juiz.
reto ou não apresentado o demonstrativo, a impug- § 11 As questões relativas a fato superveniente ao
nação será liminarmente rejeitada, se o excesso de término do prazo para apresentação da impugna-
execução for o seu único fundamento, ou, se houver ção, assim como aquelas relativas à validade e à
outro, a impugnação será processada, mas o juiz adequação da penhora, da avaliação e dos atos exe-
não examinará a alegação de excesso de execução. cutivos subsequentes, podem ser arguidas por sim-
ples petição, tendo o executado, em qualquer dos
Na hipótese de que haja excesso de execução, o casos, o prazo de 15 (quinze) dias para formular
executado deve obrigatoriamente demostrar por cál- esta arguição, contado da comprovada ciência do
culos e apresentar o valor que entende como sendo o fato ou da intimação do ato.
correto. Não basta alegar que há excesso à execução
sem que demonstre qual é o verdadeiro valor devido. Quando a penhora ou avaliação errônea se der
Caso haja tão somente a alegação de excesso, mas após a impugnação, o executado pode apresentar
sem que se demonstre o valor que entende através de sua arguição no prazo de 15 dias através de petição
demonstrativo de cálculo, o juiz poderá: simples.

z Caso seja a única alegação da impugnação o exces- § 12 Para efeito do disposto no inciso III do § 1º deste
so à execução, rejeitará de forma liminar; artigo, considera-se também inexigível a obrigação
z Caso a impugnação contenha outro argumento reconhecida em título executivo judicial fundado em
além do excesso, esta será processada, mas somen- lei ou ato normativo considerado inconstitucional
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

te nesse outro argumento, pois a alegação de pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em apli-
excesso não será examinada. cação ou interpretação da lei ou do ato normativo
tido pelo Supremo Tribunal Federal como incompatí-
§ 6º A apresentação de impugnação não impede a vel com a Constituição Federal, em controle de cons-
prática dos atos executivos, inclusive os de expro- titucionalidade concentrado ou difuso.
priação, podendo o juiz, a requerimento do executa- § 13 No caso do § 12, os efeitos da decisão do Supre-
do e desde que garantido o juízo com penhora, mo Tribunal Federal poderão ser modulados no
caução ou depósito suficientes, atribuir-lhe tempo, em atenção à segurança jurídica.
efeito suspensivo, se seus fundamentos forem rele- § 14 A decisão do Supremo Tribunal Federal referi-
vantes e se o prosseguimento da execução for mani- da no § 12 deve ser anterior ao trânsito em julgado
festamente suscetível de causar ao executado grave da decisão exequenda.
dano de difícil ou incerta reparação. § 15 Se a decisão referida no § 12 for proferida após
§ 7º A concessão de efeito suspensivo a que se refere o trânsito em julgado da decisão exequenda, caberá
o § 6º não impedirá a efetivação dos atos de subs- ação rescisória, cujo prazo será contado do trânsi-
tituição, de reforço ou de redução da penhora e de to em julgado da decisão proferida pelo Supremo
avaliação dos bens Tribunal Federal. 219
Se o fundamento do título se tratar de inconstitu- Se o devedor não paga, não prova que pagou e,
cionalidade reconhecida pelo STF em uma lei ou ato tampouco justifica o não pagamento, o juiz determina
normativo, gera a inexequibilidade ou inexigibilidade o protesto do título e decreta a sua prisão civil.
da obrigação.
Para que a decisão possa ser fundamento na § 2º Somente a comprovação de fato que gere a
impugnação quanto à inexequibilidade ou inexigibi- impossibilidade absoluta de pagar justificará o
lidade do título, ela deve ser anterior ao trânsito em inadimplemento.
julgado e, portanto, antes da formação do título. Se for
A justificativa para não ocorrência do pagamento
posterior, cabe ação rescisória no prazo de 2 anos, a
da pensão deve ser absoluta, ou seja, somente pode
contar do trânsito em julgado da ação que reconheceu
ser uma razão verdadeiramente plausível que justifi-
a inconstitucionalidade.
que o não pagamento dos alimentos entre o alimen-
Os efeitos da decisão do Supremo Tribunal Fede-
tante e o alimentado.
ral poderão ser modulados no tempo, em atenção à
segurança jurídica (§ 13 do art. 525). Por exemplo, se § 3º Se o executado não pagar ou se a justificativa
durante a fase de um processo de conhecimento, mas apresentada não for aceita, o juiz, além de mandar
antes do trânsito em julgado, o STF declara a inconsti- protestar o pronunciamento judicial na forma do §
tucionalidade da lei ou do ato normativo com efeitos 1º, decretar-lhe-á a prisão pelo prazo de 1 (um) a 3
futuros para determinada data (posterior ao trânsito (três) meses.
em julgado dessa ação de conhecimento), o devedor § 4º A prisão será cumprida em regime fechado,
não poderá alegar a inconstitucionalidade, justamen- devendo o preso ficar separado dos presos comuns.
te pelos efeitos da modulação. § 5º O cumprimento da pena não exime o executado
do pagamento das prestações vencidas e vincendas.
Art. 526 É lícito ao réu, antes de ser intimado para § 6º Paga a prestação alimentícia, o juiz suspende-
o cumprimento da sentença, comparecer em juí- rá o cumprimento da ordem de prisão.
zo e oferecer em pagamento o valor que entender § 7º O débito alimentar que autoriza a prisão civil
devido, apresentando memória discriminada do do alimentante é o que compreende até as 3 (três)
cálculo. prestações anteriores ao ajuizamento da execução
§ 1º O autor será ouvido no prazo de 5 (cinco) dias, e as que se vencerem no curso do processo.
podendo impugnar o valor depositado, sem prejuí-
zo do levantamento do depósito a título de parcela A prisão somente será cabível em relação às três
incontroversa. últimas parcelas não adimplidas antes do requeri-
§ 2º Concluindo o juiz pela insuficiência do depósi- mento; as demais prestações pretéritas serão executa-
to, sobre a diferença incidirão multa de dez por cen- das à luz do § 1º do art. 523 do CPC – rito da penhora.
to e honorários advocatícios, também fixados em Ou seja, caso existam cinco prestações vencidas
dez por cento, seguindo-se a execução com penhora e há a necessidade de executar todas, as três últimas
e atos subsequentes. (mais recentes) poderão ser processadas pelo rito da
§ 3º Se o autor não se opuser, o juiz declarará satis- prisão, enquanto as duas mais distantes serão proces-
feita a obrigação e extinguirá o processo. sadas pelo rito da expropriação, ou rito da penhora.
Art. 527 Aplicam-se as disposições deste Capítulo ao Embora a própria lei diga “pena”, não se trata de
cumprimento provisório da sentença, no que couber. uma pena a ser cumprida, mas sim de uma forma de
constrição para o pagamento.
DO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA QUE Não à toa, após a quitação do débito, é expedido
RECONHEÇA A EXIGIBILIDADE DE OBRIGAÇÃO DE alvará de soltura da prisão civil. A ideia da prisão para
PRESTAR ALIMENTOS devedores de alimentos é para que haja o pagamento
do débito, não uma forma de punir o alimentante.
O cumprimento da sentença que diz respeito à ali- Ainda que haja a prisão e o executado cumpra o
mentos poderá ser feito à luz do disposto no § 1º do prazo determinado pelo juiz, a dívida permanece e
art. 523 (rito da penhora) ou pelo art. 528 do CPC (rito poderá sofrer as constrições patrimoniais, como blo-
da prisão civil). queio de valores e bens.
Art. 528 No cumprimento de sentença que conde- § 8º O exequente pode optar por promover o cum-
ne ao pagamento de prestação alimentícia ou
primento da sentença ou decisão desde logo, nos
de decisão interlocutória que fixe alimentos, o
termos do disposto neste Livro, Título II, Capítulo
juiz, a requerimento do exequente, mandará inti-
III, caso em que não será admissível a prisão do
mar o executado pessoalmente para, em 3 (três)
executado, e, recaindo a penhora em dinheiro, a
dias, pagar o débito, provar que o fez ou justificar a
concessão de efeito suspensivo à impugnação não
impossibilidade de efetuá-lo.
obsta a que o exequente levante mensalmente a
importância da prestação.
Após iniciar a fase de cumprimento de sentença, o
§ 9º Além das opções previstas no art. 516, pará-
juiz determinará a intimação pessoal do devedor, que,
grafo único, o exequente pode promover o cum-
devidamente intimado, poderá justificar a impossibi-
primento da sentença ou decisão que condena ao
lidade de efetuá-lo no prazo de 3 dias.
pagamento de prestação alimentícia no juízo de seu
§ 1º Caso o executado, no prazo referido no caput, domicílio.
não efetue o pagamento, não prove que o efetuou
ou não apresente justificativa da impossibilidade O exequente não é obrigado a seguir pelo rito da
de efetuá-lo, o juiz mandará protestar o pronuncia- prisão, ainda que seja possível, pois trata-se de uma
mento judicial, aplicando-se, no que couber, o dis- faculdade do exequente a escolha do melhor rito para
220 posto no art. 517. receber o valor devido.
Além disso, o exequente pode requerer que seja Art. 532 Verificada a conduta procrastinatória do
processado e julgado no foro de seu domicílio. Em executado, o juiz deverá, se for o caso, dar ciência
regra, a competência para cumprimento de sentença ao Ministério Público dos indícios da prática do cri-
é uma competência funcional, ou seja, o juiz prolator me de abandono material.
da decisão será o competente para cumprimento da
Caso o Ministério Público perceba que se trata de
sentença. Porém, tratando-se de cumprimento de sen-
devedor contumaz, que procrastina ou se recusa ao
tença relacionada à prestação de alimentos, têm-se
pagamento dos alimentos, isso poderá ser indício da
foros concorrentes, tanto do juízo prolator da decisão
prática do crime de abandono material, tipificado no
quanto do juízo do foro do domicílio do credor.
Código Penal.
Art. 529 Quando o executado for funcionário públi- Art. 533 Quando a indenização por ato ilícito
co, militar, diretor ou gerente de empresa ou empre- incluir prestação de alimentos, caberá ao executa-
gado sujeito à legislação do trabalho, o exequente do, a requerimento do exequente, constituir capital
poderá requerer o desconto em folha de pagamento cuja renda assegure o pagamento do valor mensal
da importância da prestação alimentícia. da pensão.
§ 1º Ao proferir a decisão, o juiz oficiará à autori-
dade, à empresa ou ao empregador, determinando, O art. 533 trata dos alimentos indenizatórios, ou
sob pena de crime de desobediência, o desconto a seja, aqueles que decorrem de uma ação de responsa-
partir da primeira remuneração posterior do exe- bilidade civil, e que, embora sejam alimentos, proces-
cutado, a contar do protocolo do ofício. sam de forma diversa.
§ 2º O ofício conterá o nome e o número de inscri- O executado, nesse caso específico, poderá consti-
ção no Cadastro de Pessoas Físicas do exequente e tuir capital cuja renda assegure o pagamento do valor
do executado, a importância a ser descontada men-
mensal da pensão. Ou seja, pode adquirir imóveis
salmente, o tempo de sua duração e a conta na qual
para que a renda oriunda desses imóveis seja rever-
deve ser feito o depósito.
tida ao pagamento dos alimentos indenizatórios devi-
§ 3º Sem prejuízo do pagamento dos alimentos
vincendos, o débito objeto de execução pode ser dos ao alimentado. O executado pode constituir este
descontado dos rendimentos ou rendas do executa- capital através de imóvel ou até de direitos reais sobre
do, de forma parcelada, nos termos do  caput  des- bens imóveis alienáveis, e, dessa forma, os frutos des-
te artigo, contanto que, somado à parcela devida, se capital constituído deverão ser o pagamento dos
não ultrapasse cinquenta por cento de seus ganhos alimentos indenizatórios.
líquidos.
§ 1º O capital a que se refere o caput, representado
por imóveis ou por direitos reais sobre imóveis sus-
Quando o devedor de alimentos for pessoa que
cetíveis de alienação, títulos da dívida pública ou
se submeta a alguma das características do caput do aplicações financeiras em banco oficial, será inalie-
art. 529, poderá o exequente requerer que seja feito nável e impenhorável enquanto durar a obrigação
desconto em folha do valor devido, até a sua quitação do executado, além de constituir-se em patrimônio
total. de afetação.
Sem que haja prejuízo daqueles alimentos que § 2º O juiz poderá substituir a constituição do capi-
deverão ainda ser descontados de sua folha, a soma da tal pela inclusão do exequente em folha de paga-
parcela do débito com a pensão atual devida e vincen- mento de pessoa jurídica de notória capacidade
da não poderá ultrapassar 50% dos ganhos líquidos. econômica ou, a requerimento do executado, por
fiança bancária ou garantia real, em valor a ser
Art. 530 Não cumprida a obrigação, observar-se-á arbitrado de imediato pelo juiz.
o disposto nos arts. 831 e seguintes. § 3º Se sobrevier modificação nas condições eco-
nômicas, poderá a parte requerer, conforme as cir-
Não cumprida a obrigação de pagar alimentos, cunstâncias, redução ou aumento da prestação.
quando estes estiverem sendo processados pelo rito § 4º A prestação alimentícia poderá ser fixada
tomando por base o salário-mínimo.
da prisão, seguirão sendo processados (§ 5º do art.
§ 5º Finda a obrigação de prestar alimentos, o juiz
528), mas agora pelo rito da penhora, através de cons-
mandará liberar o capital, cessar o desconto em
trição patrimonial.
folha ou cancelar as garantias prestadas.

Art. 531 O disposto neste Capítulo aplica-se aos ali-


Outra opção para o pagamento dos alimentos inde-
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

mentos definitivos ou provisórios.


nizatórios é que seja incluído o exequente (o credor,
§ 1º A execução dos alimentos provisórios, bem como
a dos alimentos fixados em sentença ainda não tran- quem vai receber os alimentos) em folha de pagamen-
sitada em julgado, se processa em autos apartados. to de pessoa jurídica de notória capacidade econômi-
§ 2º O cumprimento definitivo da obrigação de ca, ou fiança bancária ou garantia real, sendo esses
prestar alimentos será processado nos mesmos valores fixados pelo juiz.
autos em que tenha sido proferida a sentença. Existe também a possibilidade de ser feita a revi-
são do valor dos alimentos, caso haja modificação das
Pode-se requerer a prisão civil do executado que condições econômicas, seja para aumentar ou para
deve alimentos inclusive quando se tratar de alimen- diminuir.
tos provisórios. No entanto, o pedido de cumprimento Não necessariamente a base de cálculo será o salá-
provisório tramitará em autos apartados do processo rio ou remuneração, podendo ser baseada em salários
principal. Já os alimentos definitivos, após o trânsito mínimos.
em julgado da sentença, serão processados nos mes- Por fim, quando cessar a obrigação de pagar ali-
mos autos da ação que condenou ao pagamento dos mentos indenizatórios, cessará também o desconto
alimentos. em folha ou serão canceladas as garantias prestadas. 221
DO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA QUE Até aqui, as alegações da impugnação ao cumpri-
RECONHEÇA A EXIGIBILIDADE DE OBRIGAÇÃO DE mento de sentença seguem as mesmas regras referen-
PAGAR QUANTIA CERTA PELA FAZENDA PÚBLICA tes ao que foi estudado no art. 525 do CPC.

Art. 534 No cumprimento de sentença que impuser § 3º Não impugnada a execução ou rejeitadas as
à Fazenda Pública o dever de pagar quantia certa, arguições da executada:
o exequente apresentará demonstrativo discrimi- I - expedir-se-á, por intermédio do presidente do
nado e atualizado do crédito contendo: tribunal competente, precatório em favor do exe-
quente, observando-se o disposto na  Constituição
Fazenda Pública é pessoa jurídica de direito públi- Federal;
co. É composta pelos seguintes entes: União, Estados, II - por ordem do juiz, dirigida à autoridade na pes-
Distrito Federal, Municípios, Autarquias e Fundações soa de quem o ente público foi citado para o pro-
Públicas. cesso, o pagamento de obrigação de pequeno valor
Transitada em julgado a sentença, o credor reque- será realizado no prazo de 2 (dois) meses contado
da entrega da requisição, mediante depósito na
rerá a intimação da Fazenda Pública no prazo de
agência de banco oficial mais próxima da residên-
30 dias, oportunidade em que poderá apresentar cia do exequente. (Vide ADI 5534)
impugnação. § 4º Tratando-se de impugnação parcial, a parte
A petição de cumprimento de sentença deve obser- não questionada pela executada será, desde logo,
var os seguintes critérios: objeto de cumprimento. (Vide ADI 5534)

I - o nome completo e o número de inscrição no Os bens da Fazenda Pública são impenhoráveis.


Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacio- O cumprimento de sentença se submeterá ao regime
nal da Pessoa Jurídica do exequente; de precatórios ou Requisição de Pequeno Valor – RPV
II - o índice de correção monetária adotado; (art. 100 da CF).
III - os juros aplicados e as respectivas taxas;
IV - o termo inicial e o termo final dos juros e da
z Regime de Precatórios: Se apresentados até 1º de
correção monetária utilizados;
V - a periodicidade da capitalização dos juros, se julho de determinado ano, serão pagos até o térmi-
for o caso; no do exercício financeiro subsequente (dia 31/12);
VI - a especificação dos eventuais descontos obriga- z Requisição de Pequeno Valor: Será cabível quan-
tórios realizados. do o valor for de até 60 salários mínimos para a
§ 1º Havendo pluralidade de exequentes, cada um União; 40 salários mínimos para os Estados e 30
deverá apresentar o seu próprio demonstrativo, salários mínimos para Município. O pagamento é
aplicando-se à hipótese, se for o caso, o disposto realizado em até dois meses após expedição da RPV.
nos §§ 1º e 2º do art. 113.
Vale ressaltar, entretanto, que a lei de cada ente
§ 2º A multa prevista no § 1º do art. 523 não se
aplica à Fazenda Pública.
poderá disciplinar de forma diversa o valor da RPV.

Quando houver, na mesma oportunidade, plurali- Se não houver apresentação de impugnação: A


dade de exequentes, cada um deles deve apresentar o expedição de precatório será realizada por intermé-
seu demonstrativo de forma discriminada. dio do presidente do Tribunal de Justiça. A atuação do
Em caso de não pagamento voluntário, a multa presidente é meramente administrativa, não possuin-
prevista de 10% e 10% de honorários, referente ao do caráter jurisdicional. Na sequência, seguirá o pro-
§ 1º do art. 523 do CPC, não será aplicada à Fazenda cedimento do precatório ordinário ou extraordinário,
Pública. a depender da situação (art. 100 da CF).
A expedição de RPV dar-se-á por ordem do próprio
Art. 535 A Fazenda Pública será intimada na pes- juiz, com pagamento em até 2 meses.
soa de seu representante judicial, por carga, remes- Na hipótese de apresentação de impugnação pela
sa ou meio eletrônico, para, querendo, no prazo de Fazenda Pública, aplicar-se-ão as mesmas matérias
30 (trinta) dias e nos próprios autos, impugnar a previstas para impugnação entre particulares (as
execução, podendo arguir:
hipóteses art. 525 estão elencadas no art. 535 do CPC),
I - falta ou nulidade da citação se, na fase de conhe-
cimento, o processo correu à revelia; exceto quando se tratar de penhora incorreta ou ava-
II - ilegitimidade de parte; liação errônea.
III - inexequibilidade do título ou inexigibilidade da Após apresentação da impugnação, a parte cre-
obrigação; dora também terá a oportunidade de se manifestar,
IV - excesso de execução ou cumulação indevida de podendo o magistrado acolher ou não a impugnação
execuções; (o acolhimento ou a rejeição poderá ser total ou par-
V - incompetência absoluta ou relativa do juízo da cial). Se for o caso, o juiz ordenará a produção de pro-
execução; vas e, após isso, decidirá.
VI - qualquer causa modificativa ou extintiva da
obrigação, como pagamento, novação, compensa-
§ 5º Para efeito do disposto no inciso III do caput des-
ção, transação ou prescrição, desde que superve-
nientes ao trânsito em julgado da sentença. te artigo, considera-se também inexigível a obrigação
§ 1º A alegação de impedimento ou suspeição reconhecida em título executivo judicial fundado em
observará o disposto nos arts. 146 e 148. lei ou ato normativo considerado inconstitucional
§ 2º Quando se alegar que o exequente, em excesso pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em apli-
de execução, pleiteia quantia superior à resultante cação ou interpretação da lei ou do ato normativo
do título, cumprirá à executada declarar de ime- tido pelo Supremo Tribunal Federal como incompatí-
diato o valor que entende correto, sob pena de não vel com a Constituição Federal, em controle de consti-
222 conhecimento da arguição. tucionalidade concentrado ou difuso.
§ 6º No caso do § 5º, os efeitos da decisão do Supre- O art. 525 trata da impugnação ao cumprimento de
mo Tribunal Federal poderão ser modulados no sentença, e aplica-se à exigibilidade de obrigação de
tempo, de modo a favorecer a segurança jurídica. fazer ou não fazer no que couber. Assim, não somente
§ 7º A decisão do Supremo Tribunal Federal referi- é aplicada a exigibilidade de obrigação de pagar quan-
da no § 5º deve ter sido proferida antes do trânsito tia, como também a de reconhecer a exigibilidade da
em julgado da decisão exequenda. obrigação de fazer ou não fazer.
§ 8º Se a decisão referida no § 5º for proferida após
o trânsito em julgado da decisão exequenda, caberá § 5º O disposto neste artigo aplica-se, no que cou-
ação rescisória, cujo prazo será contado do trânsi- ber, ao cumprimento de sentença que reconheça
to em julgado da decisão proferida pelo Supremo deveres de fazer e de não fazer de natureza não
Tribunal Federal. obrigacional.

DO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA QUE O parágrafo citado menciona deveres de fazer ou


RECONHEÇA A EXIGIBILIDADE DE OBRIGAÇÃO DE não fazer que digam respeito à natureza não obri-
FAZER, DE NÃO FAZER OU DE ENTREGAR COISA gacional, como, por exemplo, a obrigação fixada em
ações de guarda, quando trata sobre buscar ou deixar
Art. 536 No cumprimento de sentença que reconhe- a criança.
ça a exigibilidade de obrigação de fazer ou de não
fazer, o juiz poderá, de ofício ou a requerimento,
Art. 537 A multa independe de requerimento da
para a efetivação da tutela específica ou a obten-
parte e poderá ser aplicada na fase de conhecimen-
ção de tutela pelo resultado prático equivalente,
to, em tutela provisória ou na sentença, ou na fase
determinar as medidas necessárias à satisfação do
de execução, desde que seja suficiente e compatível
exequente.
com a obrigação e que se determine prazo razoável
para cumprimento do preceito.
O magistrado deve buscar a efetivação da tutela
específica ou a obtenção do resultado prático equiva- Como mencionado no artigo anterior, o juiz pode
lente, o que significa que se deve buscar aquilo que fixar multa (dentre as demais medidas cabíveis) para
o autor conseguiria se a parte contrária cumprisse obrigar o executado a cumprir com sua obrigação,
espontaneamente a obrigação. incentivando o adimplemento. Ou seja, a multa tam-
Ou seja, não necessariamente o juiz vai se limitar bém poderá ser fixada de ofício pelo juiz, não depen-
ao que foi pedido pelas partes como meios de efetivar dendo do requerimento das partes.
a tutela, podendo o juiz agir de ofício.
§ 1º O juiz poderá, de ofício ou a requerimento,
§ 1º Para atender ao disposto no caput, o juiz pode- modificar o valor ou a periodicidade da multa vin-
rá determinar, entre outras medidas, a imposição de cenda ou excluí-la, caso verifique que:
multa, a busca e apreensão, a remoção de pessoas e I - se tornou insuficiente ou excessiva;
coisas, o desfazimento de obras e o impedimento de II - o obrigado demonstrou cumprimento parcial
atividade nociva, podendo, caso necessário, requi- superveniente da obrigação ou justa causa para o
sitar o auxílio de força policial. descumprimento.

As formas dispostas no § 1º são exemplificativas, De igual maneira, o valor da multa poderá ser
podendo o juiz, a depender do caso concreto, determi- revisto de ofício pelo juiz ou por requerimento das
nar outras medidas para que se efetive a pretensão do partes.
objeto cumprimento de sentença.
§ 2º O valor da multa será devido ao exequente.
§ 2º O mandado de busca e apreensão de pes-
soas e coisas será cumprido por 2 (dois) oficiais O valor da multa é revertido ao exequente, ou
de justiça, observando-se o disposto no art. 846, §§ seja, à parte que está sendo diretamente prejudica-
1º a 4º, se houver necessidade de arrombamento.
da pelo não cumprimento ou adimplemento daquela
obrigação.
No que diz respeito ao pedido de busca e apreen-
são, deve-se observar o que dispõem os §§ 1º a 4º do § 3º A decisão que fixa a multa é passível de cumpri-
art. 846; ele será cumprido por 2 oficiais de justiça e, mento provisório, devendo ser depositada em juízo,
caso haja necessidade, com ordem de arrombamento.
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

permitido o levantamento do valor após o trânsito


em julgado da sentença favorável à parte.
§ 3º O executado incidirá nas penas de litigância § 4º A multa será devida desde o dia em que se configu-
de má-fé quando injustificadamente descumprir a rar o descumprimento da decisão e incidirá enquanto
ordem judicial, sem prejuízo de sua responsabiliza- não for cumprida a decisão que a tiver cominado.
ção por crime de desobediência. § 5º O disposto neste artigo aplica-se, no que cou-
ber, ao cumprimento de sentença que reconheça
Se, de forma injustificada, o executado descumprir deveres de fazer e de não fazer de natureza não
a ordem judicial da sentença que reconheça a obriga- obrigacional.
ção de fazer ou não fazer, incidirá nas penas de liti-
gância de má-fé, sem prejuízo de ainda responder por Se a decisão que fixa a multa é cumprida de forma
crime de desobediência. parcial, deve ser depositada em juízo, para que pos-
sa ser posteriormente levantada e sacada pela parte
§ 4º No cumprimento de sentença que reconheça a exequente. No entanto, o levantamento do valor só
exigibilidade de obrigação de fazer ou de não fazer, será permitido após o trânsito em julgado da sentença
aplica-se o art. 525, no que couber. favorável à parte. 223
A multa também será devida desde o dia da sua Antes de tudo, requisito de admissibilidade, seja
configuração e perdurará até o cumprimento da obri- ele intrínseco ou extrínseco, diz respeito à análise
gação ou até a decisão judicial que a exclua. prévia daquele recurso para que se verifique se ele
preenche os requisitos exigidos para ser considerado
Art. 538 Não cumprida a obrigação de entregar como tal e então ser julgado no seu mérito.
coisa no prazo estabelecido na sentença, será expe- Um desses requisitos de admissibilidade é o cabi-
dido mandado de busca e apreensão ou de imissão mento, a ideia de que para cada tipo de decisão existe
na posse em favor do credor, conforme se tratar de
um recurso cabível para que faça a impugnação.
coisa móvel ou imóvel.
O recurso será cabível quando a decisão for recor-
rível e o recurso for o adequado à decisão que se pre-
A depender do objeto da obrigação, móvel ou imó-
vel, poderá ser caso de busca e apreensão (móvel) ou tende impugnar. Daí, faz-se necessária a análise do
imissão na posse (imóvel), em favor do exequente. princípio da taxatividade, que diz que recurso cabível
é aquele que se encontra previsto na lei; portanto, na
§ 1º A existência de benfeitorias deve ser alegada ausência de algum meio de impugnação, não é possí-
na fase de conhecimento, em contestação, de forma vel que a parte crie novo recurso.
discriminada e com atribuição, sempre que possível Ou seja, só é recurso aquilo que a lei diz que é recur-
e justificadamente, do respectivo valor. so. No Código de Processo Civil, os recursos existentes
§ 2º O direito de retenção por benfeitorias deve ser estão elencados no art. 994, sendo, no total, 9 (nove).
exercido na contestação, na fase de conhecimento.
Art. 995 Os recursos não impedem a eficácia da
As alegações de benfeitorias, sobre sua existên- decisão, salvo disposição legal ou decisão judicial
cia ou retenção, são matérias que dizem respeito ao em sentido diverso.
mérito da demanda, e, portanto, discutidas na fase de
conhecimento, não sendo possível mais a sua discus- O efeito suspensivo significa que a interposição
são na fase de execução em cumprimento de sentença. do recurso suspenderá os efeitos da decisão recorri-
da. Quer dizer que, via de regra, as decisões judiciais
§ 3º Aplicam-se ao procedimento previsto neste desde logo produzirão seus efeitos de forma imediata.
artigo, no que couber, as disposições sobre o cum-
Acontece que, em algumas situações, a interposição
primento de obrigação de fazer ou de não fazer.
de o recurso pode fazer com que essa eficácia imedia-
ta seja suspensa: daí o efeito suspensivo.
Existem duas situações na lei que são exceções
nas quais, ao interpor o recurso, a decisão recorrida
DOS RECURSOS já não produzirá mais efeitos. A isso se dá o nome de
efeito suspensivo automático; está previsto no § 1º,
DISPOSIÇÕES GERAIS do art. 987, do CPC, que o recurso extraordinário e o
recurso especial interpostos contra decisão de mérito
Recurso é o meio previsto em lei para se impugnar no Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas
decisões judiciais. (IRDR) são dotados de efeito suspensivo automático.
Os recursos têm como objetivo reforma, invalida-
ção, esclarecimento ou integração de uma decisão. Art. 987 Do julgamento do mérito do incidente
Quando se diz que o recurso pretende reformar a caberá recurso extraordinário ou especial, confor-
decisão proferida quer dizer que a parte recorrente, me o caso.
não satisfeita com o resultado da decisão, deseja que o § 1º O recurso tem efeito suspensivo, presumin-
tribunal a altere, que julgue de outra forma, buscando do-se a repercussão geral de questão constitucional
outro resultado. É o que se conhece por error in judi- eventualmente discutida.
cando, que diz respeito ao erro de julgamento.
Quando, por sua vez, a parte recorrente deseja ver A outra hipótese é a mais conhecida, como sendo o
a decisão invalidada porque contém algum vício de efeito suspensivo automático da apelação, conforme dis-
caráter processual, se diz error in procedendo, pois põe o caput do art. 1.012, que será tratado mais adiante.
trata-se de algum erro de procedimento, ou seja, que Na hipótese em que não se trate de recurso com
traz alguma nulidade àquela decisão. efeito suspensivo automático, há a possibilidade de
requerimento para que se suspenda a sua eficácia
Art. 994 São cabíveis os seguintes recursos: imediata. Assim está disposto no parágrafo único do
I - apelação; art. 995:
II - agravo de instrumento;
III - agravo interno; Parágrafo único. A eficácia da decisão recorrida pode-
IV - embargos de declaração; rá ser suspensa por decisão do relator, se da imediata
V - recurso ordinário; produção de seus efeitos houver risco de dano grave,
VI - recurso especial; de difícil ou impossível reparação, e ficar demonstra-
VII - recurso extraordinário; da a probabilidade de provimento do recurso.
VIII - agravo em recurso especial ou extraordinário;
IX - embargos de divergência. Ou seja, caso a parte se depare com uma decisão
proferida que, ao produzir seus efeitos, possa trazer
Nesses artigos, estão insculpidos um requisito de riscos de grave ou difícil reparação somado à demons-
admissibilidade intrínseco e um princípio recursal. O tração de probabilidade de provimento do recurso,
requisito de admissibilidade que aqui existe chama-se poderá requerer ao relator que seja deferido efeito
224 “cabimento”, e o princípio é o da “taxatividade”. suspensivo àquela situação específica.
Art. 996 O recurso pode ser interposto pela parte Para que seja possível o cabimento de recurso ade-
vencida, pelo terceiro prejudicado e pelo Ministé- sivo, é necessário que as partes sejam, concomitante-
rio Público, como parte ou como fiscal da ordem mente, vencedor e vencido, ou seja, que as duas partes
jurídica. tenham ganhado e perdido naquele processo.
Parágrafo único. Cumpre ao terceiro demonstrar a Por exemplo: em uma ação indenizatória, foi
possibilidade de a decisão sobre a relação jurídica
requerido por João danos morais e materiais em
submetida à apreciação judicial atingir direito de
face de Maria. Ao julgar a demanda, o juiz condenou
que se afirme titular ou que possa discutir em juízo
como substituto processual. somente em danos materiais e julgou improcedente
os danos morais. Ambas as partes foram vencedo-
O art. 996 diz respeito a mais um requisito de admis- ras e vencidas, pois ganharam e perderam no mes-
sibilidade, também intrínseco: a legitimidade recursal. mo processo. A isso damos o nome de sucumbência
Esse artigo diz quem são os legitimados a recorrer, ou recíproca.
seja, quem pode recorrer daquela decisão. Caso João interponha recurso no prazo legal e
Quando se fala que o terceiro prejudicado pos- Maria não, o prazo para esta terá transitado em julga-
sui legitimidade para recorrer, deve-se observar o do. No entanto, quando for intimada para apresentar
disposto no parágrafo único, ou seja, o terceiro deve as contrarrazões da apelação que foi interposta por
demonstrar interesse no recurso, de forma que o que João, Maria poderá apresentar também a sua apelação,
foi tratado naquela decisão atingirá o direito de sua que se dará na forma adesiva e ficará subordinada ao
titularidade, mesmo que ele não seja parte. recurso independente (aquele interposto por João).
Por ser subordinado ao recurso principal, caso
este não seja admitido no tribunal, ou seja, não seja
Importante! conhecido por faltar algum requisito de admissibili-
Atente-se ao fato de o Ministério Público, como dade, mesmo que o recurso interposto de forma ade-
fiscal da ordem jurídica, ser legítimo à propositu- siva tenha observado todos os requisitos, não será
ra de eventuais recursos; as bancas têm cobrado conhecido também. De igual maneira, caso haja desis-
muito este ponto. tência do recurso principal, o adesivo também não
será conhecido.

Art. 997 Cada parte interporá o recurso indepen- Art. 998 O recorrente poderá, a qualquer tempo,
dentemente, no prazo e com observância das exi- sem a anuência do recorrido ou dos litiscon-
gências legais. sortes, desistir do recurso.
§ 1º Sendo vencidos autor e réu, ao recurso inter- Parágrafo único. A desistência do recurso não
posto por qualquer deles poderá aderir o outro. impede a análise de questão cuja repercussão geral
§ 2º O recurso adesivo fica subordinado ao recur- já tenha sido reconhecida e daquela objeto de jul-
so independente, sendo-lhe aplicáveis as mesmas gamento de recursos extraordinários ou especiais
regras deste quanto aos requisitos de admissibili- repetitivos.
dade e julgamento no tribunal, salvo disposição Art. 999 A renúncia ao direito de recorrer indepen-
legal diversa, observado, ainda, o seguinte: de da aceitação da outra parte.
I - será dirigido ao órgão perante o qual o recur- Art. 1.000 A parte que aceitar expressa ou tacita-
so independente fora interposto, no prazo de que a mente a decisão não poderá recorrer.
parte dispõe para responder; Parágrafo único. Considera-se aceitação tácita a
II - será admissível na apelação, no recurso prática, sem nenhuma reserva, de ato incompatível
extraordinário e no recurso especial; com a vontade de recorrer.
III - não será conhecido, se houver desistência
do recurso principal ou se for ele considerado
Os arts. 998, 999 e 1.000 são, também, requisitos de
inadmissível.
admissibilidade intrínsecos, mas no quesito negativo,
ou seja, tratam de situações que não podem ocorrer
O art. 997, do CPC, traz a possibilidade de recurso
adesivo. Não se trata de um recurso, mas sim de uma sob pena de o recurso não ser conhecido.
forma como alguns recursos poderão ser interpostos. São entendidos como fatos impeditivos ou extinti-
Só é possível recurso adesivo de apelação, recurso vos do direito de recorrer à desistência, à renúncia ou
especial e recurso extraordinário; ou seja, qualquer à aceitação.
outro recurso (como, por exemplo, um agravo de ins- A desistência é quando o recurso já foi interposto,
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

trumento) não é possível de ser interposto na modali- mas a parte desiste. Nesse caso, não se faz necessário
dade adesiva. o consentimento da parte contrária e nem mesmo a
A regra é que cada parte interporá seu próprio homologação judicial, bastando somente peticionar
recurso no prazo que cabe a cada um deles. No entan- que desiste do recurso.
to, pode ocorrer de que uma das partes, por qualquer No entanto, conforme dispõe o parágrafo único do
razão, não tenha interposto recurso dentro do prazo art. 998, caso a repercussão geral (que é um requisito
legal, mas a outra, sim. exclusivo dos Recurso Extraordinários) já tiver sido
Essa outra parte, que é chamada de recorrido, reconhecida ou a questão tenha sido afetada para jul-
será intimada para que apresente a sua resposta, gamento de casos repetitivos, não será impedimento
conhecida como contrarrazões, no prazo de 15 dias. para que o recurso seja julgado, ainda que haja o pedi-
Nessa oportunidade, e, verificado que a parte que não do de desistência.
recorreu também foi vencida no processo, ela, caso Da mesma forma, se o recurso interposto gerou
queira, além de poder apresentar as suas contrarra- algum Incidente de Resolução de Demandas Repeti-
zões, poderá apresentar o seu recurso, na modalidade tivas (IRDR), ainda que a parte peça desistência, isso
adesiva. não irá impedir o julgamento do IRDR. 225
Diferentemente da desistência, que ocorre após a § 2º Aplica-se o disposto no art. 231, incisos I a VI,
interposição do recurso, a renúncia (art. 999) ocorre ao prazo de interposição de recurso pelo réu contra
antes da sua interposição, ou seja, a parte informa que decisão proferida anteriormente à citação.
está renunciando ao seu direito de recorrer. A renún- § 3º No prazo para interposição de recurso, a peti-
cia também é um direito do recorrente, devendo ser ção será protocolada em cartório ou conforme as
sempre expressa e não necessita de anuência da outra normas de organização judiciária, ressalvado o
disposto em regra especial. [...]
parte.
Já o art. 1.000 trata sobre a aceitação da decisão,
ou seja, aquele que aceitar expressa ou tacitamente a O recurso deve ser interposto no prazo previsto na
decisão não pode interpor recurso. lei, sob pena de preclusão temporal (caput do art. 223,
A aceitação tácita se dará quando a parte praticar do CPC).
ato que seja incompatível com o desejo de recorrer. O termo inicial do prazo recursal não é contado do
Por exemplo, caso tenha sido condenado ao paga- dia em que é proferida a decisão, mas do dia em que
mento de determinado valor e efetue o pagamento as partes são intimadas da decisão.
do valor da condenação, será considerado como ato Essa intimação pode acontecer em audiência,
incompatível ao direito de recorrer. situação em que as partes já sairão intimadas, dispen-
sando nova intimação, ou nas hipóteses referentes
Art. 1.001 Dos despachos não cabe recurso.
aos incisos I ao IV, do art. 231, do CPC, que tratam do
início de contagem dos prazos:
Existem três formas como o juiz pode se manifes-
Art. 231 Salvo disposição em sentido diverso, con-
tar no processo: sentença, decisões e despachos.
sidera-se dia do começo do prazo:
O art. 203, do CPC, traz o significado de cada um I - a data de juntada aos autos do aviso de recebi-
deles. mento, quando a citação ou a intimação for pelo
correio;
Art. 203 Os pronunciamentos do juiz consistirão II - a data de juntada aos autos do mandado cum-
em sentenças, decisões interlocutórias e despachos. prido, quando a citação ou a intimação for por ofi-
§ 1º Ressalvadas as disposições expressas dos pro- cial de justiça;
cedimentos especiais, sentença é o pronunciamento III - a data de ocorrência da citação ou da intima-
por meio do qual o juiz, com fundamento nos arts. ção, quando ela se der por ato do escrivão ou do
485 e 487, põe fim à fase cognitiva do procedimento chefe de secretaria;
comum, bem como extingue a execução. IV - o dia útil seguinte ao fim da dilação assinada
§ 2º Decisão interlocutória é todo pronunciamento pelo juiz, quando a citação ou a intimação for por
judicial de natureza decisória que não se enquadre edital;
no § 1º.
§ 3º São despachos todos os demais pronunciamen-
tos do juiz praticados no processo, de ofício ou a Importante!
requerimento da parte.
Terão prazo em dobro o Ministério Público, a
Dessa forma, despachos são somente movimenta- Fazenda Pública, a Defensoria Pública e litiscon-
ções administrativas que não possuem caráter ou teor sortes com advogados distintos de escritórios
decisório, não tendo qualquer intenção de solucionar de advocacia distintos.
o processo. Exemplos de despacho: designação de
audiência, intimação das partes etc.
Assim, por não possuírem conteúdo decisório, não [...] § 4º Para aferição da tempestividade do recurso
é possível que se recorra de despachos. remetido pelo correio, será considerada como data
de interposição a data de postagem.
Art. 1.002 A decisão pode ser impugnada no todo § 5º Excetuados os embargos de declaração, o pra-
ou em parte. zo para interpor os recursos e para responder-lhes
é de 15 (quinze) dias.
§ 6º O recorrente comprovará a ocorrência de feria-
Quando da elaboração de um recurso, não há
do local no ato de interposição do recurso.
necessidade de se impugnar todos os pontos que
foram decididos. Muitas vezes, acontece de haver
Caso o recurso tenha sido enviado pelo correio, a
uma decisão favorável em um aspecto e desfavorável
tempestividade será aferida considerando a data da
noutro. Daí, pode-se somente recorrer da parte que
postagem, e não a data do efetivo protocolo.
não foi favorável.
Há, ainda, a possibilidade do chamado recurso
O recurso total é aquele que abrange toda a deci-
prematuro, ou seja, aquele que pode ser interposto
são, ou seja, o recorrente impugna toda a sentença.
antes mesmo do início da abertura do prazo recursal,
No recurso parcial, o recorrente impugna somente
conforme dispõe o § 4º, do art. 218, do CPC.
parte da decisão, aquela que não foi julgada conforme
Por exemplo, antes mesmo de a sentença ser publi-
se esperava.
cada, a parte toma ciência da prolação da sentença e,
antes de ser citada, apresenta recurso.
Art. 1.003 O prazo para interposição de recurso
Havendo feriado local que dilate o prazo, incumbe
conta-se da data em que os advogados, a sociedade
à parte a comprovação deste no ato de interposição.
de advogados, a Advocacia Pública, a Defensoria
Pública ou o Ministério Público são intimados da
decisão. Art. 1.004 Se, durante o prazo para a interposição
§ 1º Os sujeitos previstos no caput considerar-se-ão do recurso, sobrevier o falecimento da parte ou de
intimados em audiência quando nesta for proferida seu advogado ou ocorrer motivo de força maior
que suspenda o curso do processo, será tal prazo
226 a decisão.
restituído em proveito da parte, do herdeiro ou do Art. 1.007 No ato de interposição do recurso, o
sucessor, contra quem começará a correr nova- recorrente comprovará, quando exigido pela legis-
mente depois da intimação. lação pertinente, o respectivo preparo, inclusive
porte de remessa e de retorno, sob pena de deserção.
Caso, durante o prazo para interposição do recur- § 1º São dispensados de preparo, inclusive porte de
so, a parte ou o seu advogado faleça, esse mesmo pra- remessa e de retorno, os recursos interpostos pelo
zo será restituído em proveito da parte, ao sucessor Ministério Público, pela União, pelo Distrito Fede-
ou herdeiro e começará a correr novamente depois da ral, pelos Estados, pelos Municípios, e respectivas
intimação. autarquias, e pelos que gozam de isenção legal.
Também, na hipótese de força maior que suspen- § 2º A insuficiência no valor do preparo, inclusive
da o curso do processo, haverá a restituição do prazo. porte de remessa e de retorno, implicará deserção
Situações de força maior que suspendam o processo se o recorrente, intimado na pessoa de seu advoga-
serão sempre analisadas conforme o caso concreto do, não vier a supri-lo no prazo de 5 (cinco) dias.
pelo juiz, para analisar se de fato tratou-se de força § 3º É dispensado o recolhimento do porte de remes-
maior. Por exemplo: uma catástrofe natural que tenha sa e de retorno no processo em autos eletrônicos.
atingido a cidade do advogado ou da parte é conside-
rada um caso de força maior. O preparo é o recolhimento/pagamento das custas
referente ao ato de recorrer. Logo, se o processo for
Art. 1.005 O recurso interposto por um dos litis- encaminhado ao Tribunal, será necessário o pagamen-
consortes a todos aproveita, salvo se distintos ou to do porte de remessa e de retorno. Todavia, quando
opostos os seus interesses.
o processo for eletrônico, não será necessário o paga-
Parágrafo único. Havendo solidariedade passiva, o
mento referente ao porte de remessa e de retorno.
recurso interposto por um devedor aproveitará aos
outros quando as defesas opostas ao credor lhes O Ministério Público, a Fazenda Pública e todos
forem comuns. aqueles que gozarem de isenção legal estão dispensa-
dos do recolhimento do preparo.
O disposto no art. 1.005 é conhecido como efeito Quando se verificar que o valor recolhido no pre-
expansivo subjetivo dos recursos. Tal efeito é aquele paro é insuficiente, a parte recorrente será intimada
em que o julgamento do recurso ultrapassa os limites para que complemente o valor no prazo de 5 dias.
objetivos ou subjetivos previamente estabelecidos por O preparo é um requisito de admissibilidade
quem recorre. Em suma, o recurso expande, atingin- recursal intrínseco, e, caso a parte não se encaixe
do quem não fez parte ou, até mesmo, uma questão na hipótese de isenção legal, em caso de não recolhi-
que não foi suscitada no recurso. mento, o recurso será considerado deserto e não será
O disposto no artigo trata do efeito expansivo conhecido.
subjetivo, quando atinge pessoa que não fez parte
do recurso, que não interpôs o recurso. Entretanto, o § 4º O recorrente que não comprovar, no ato de
efeito expansivo também pode ser objetivo, quando interposição do recurso, o recolhimento do prepa-
expande a ponto de atingir objeto que não foi tratado ro, inclusive porte de remessa e de retorno, será
no recurso, em uma questão de prejudicialidade. intimado, na pessoa de seu advogado, para realizar
Exemplo: Em uma ação de reconhecimento de o recolhimento em dobro, sob pena de deserção.
paternidade cumulada com alimentos, o suposto pai § 5º É vedada a complementação se houver insu-
que é réu tem reconhecida a paternidade e, condena- ficiência parcial do preparo, inclusive porte de
do ao pagamento de alimentos, recorre questionando remessa e de retorno, no recolhimento realizado na
somente a paternidade. O tribunal, então, reforma a forma do § 4º.
decisão, dizendo que não há paternidade. Nessa hipó-
tese, os alimentos, mesmo que não tenham sido objeto O pagamento do preparo deve ser comprovado
do recurso, serão afetados, por uma questão de preju- quando da interposição do recurso, ou seja, quando o
dicialidade, pois os alimentos decorrem da paternida- recorrente protocolar o recurso, deve juntar também
de reconhecida.
a guia de recolhimento com o seu respectivo compro-
Dessa forma, entende-se que o recurso, embora
vante de pagamento. Caso não faça dessa forma, será
tenha tido somente como objeto o não reconhecimen-
intimado na pessoa do advogado para que proceda
to da paternidade, pode expandir-se para abranger
com o recolhimento, mas do valor em dobro.
objeto que não foi tratado, que são os alimentos.
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Supondo-se que o valor mesmo em dobro não seja


Art. 1.006 Certificado o trânsito em julgado, com suficiente, diferente da hipótese anterior, aqui não se
menção expressa da data de sua ocorrência, o escri- dará oportunidade para complementar o recolhimen-
vão ou o chefe de secretaria, independentemente de to, sendo, dessa forma, o recurso considerado deserto
despacho, providenciará a baixa dos autos ao juízo e não conhecido.
de origem, no prazo de 5 (cinco) dias.
§ 6º Provando o recorrente justo impedimento, o
Após transitado em julgado o recurso no tribunal, relator relevará a pena de deserção, por decisão
será certificado que houve o trânsito em julgado, indi- irrecorrível, fixando-lhe prazo de 5 (cinco) dias
cando a data, e os autos serão remetidos ao juízo de para efetuar o preparo.
origem no prazo de 5 (cinco) dias. § 7º O equívoco no preenchimento da guia de cus-
É um dever do escrivão ou do secretário proceder tas não implicará a aplicação da pena de deserção,
com a certificação, não sendo lícito ou permitido a cabendo ao relator, na hipótese de dúvida quanto
esses que atrase a baixa ou certifique antes do prazo ao recolhimento, intimar o recorrente para sanar o
do trânsito em julgado. vício no prazo de 5 (cinco) dias. 227
Caso o recorrente não tenha recolhido o prepa- III - as razões do pedido de reforma ou de decreta-
ro por justo impedimento, desde que efetivamente ção de nulidade;
demonstrado e provado, o relator pode relevar e fixar IV - o pedido de nova decisão.
prazo de 5 dias para que proceda com o recolhimento. § 1º O apelado será intimado para apresentar con-
O equívoco no preenchimento da guia de custas trarrazões no prazo de 15 (quinze) dias.
§ 2º Se o apelado interpuser apelação adesiva, o juiz
não implicará em deserção automática.
intimará o apelante para apresentar contrarrazões.
Caso o relator tenha alguma dúvida, ele concederá
§ 3º Após as formalidades previstas nos §§ 1º e 2º,
o prazo de 5 dias para que seja sanado o vício que foi os autos serão remetidos ao tribunal pelo juiz, inde-
constatado pendentemente de juízo de admissibilidade.

Art. 1.008 O julgamento proferido pelo tribunal A petição do recurso de apelação será endere-
substituirá a decisão impugnada no que tiver sido çada ao juízo que proferiu a decisão, com a petição
objeto de recurso. que contém as razões para reforma endereçada ao tri-
bunal que irá julgar a questão.
O art. 1.008 traz o chamado efeito substitutivo, Após a formalidade legal de intimação da parte
que significa dizer que a decisão final substituirá a contrária para que apresente em 15 dias as suas con-
anterior. trarrazões, o processo será remetido ao tribunal, para
Se houver recurso de apelação, por exemplo, e o julgamento.
Tribunal julgar esse recurso, o acórdão proferido subs- O juízo de origem não faz juízo de admissibi-
tituirá a decisão impugnada, mesmo que o teor desse lidade, somente recebe e intima a outra parte para
acórdão seja somente no sentido de manter a sentença. contrarrazões.
O efeito substitutivo ocorrerá ainda que a deci- Ao chegar no tribunal, o recurso será submetido ao
são recorrida seja mantida pelo Tribunal: o que juízo de admissibilidade, para conferir se estão pre-
precisa haver é o julgamento do mérito recursal refor- sentes todos os requisitos de admissibilidade, extrín-
mando ou confirmando a sentença. secos e intrínsecos.

Art. 1.011 Recebido o recurso de apelação no tribu-


DA APELAÇÃO
nal e distribuído imediatamente, o relator:
I - decidi-lo-á monocraticamente apenas nas hipóte-
Art. 1.009 Da sentença cabe apelação.
ses do art. 932, incisos III a V;
II - se não for o caso de decisão monocrática, ela-
A apelação é o recurso cabível contra a sentença. borará seu voto para julgamento do recurso pelo
Sentença, por sua vez, é a decisão que encerra a fase órgão colegiado.
de conhecimento do processo ou que extingue o pro-
cesso de execução. A sentença pode ser com ou sem Assim que receber o recurso, o relator irá analisar
resolução de mérito. se é caso de decidir sobre alguma das hipóteses dos
incisos III a V, do art. 932, do CP, por exemplo, se será
§ 1º As questões resolvidas na fase de conhecimen- caso de conceder efeito suspensivo ao recurso na hipó-
to, se a decisão a seu respeito não comportar agra- tese de exceção ou deferir tutela provisória recursal.
vo de instrumento, não são cobertas pela preclusão Se não for o caso, o relator irá elaborar o seu voto
e devem ser suscitadas em preliminar de apelação, para que se faça o julgamento do recurso pelo órgão
eventualmente interposta contra a decisão final, ou colegiado.
nas contrarrazões.
§ 2º Se as questões referidas no § 1º forem suscita- Art. 1.012 A apelação terá efeito suspensivo.
das em contrarrazões, o recorrente será intimado § 1º Além de outras hipóteses previstas em lei,
para, em 15 (quinze) dias, manifestar-se a respeito começa a produzir efeitos imediatamente após a
delas. sua publicação a sentença que:
§ 3º O disposto no  caput  deste artigo aplica-se I - homologa divisão ou demarcação de terras;
mesmo quando as questões mencionadas no  art. II - condena a pagar alimentos;
1.015 integrarem capítulo da sentença. III - extingue sem resolução do mérito ou julga
improcedentes os embargos do executado;
As decisões interlocutórias proferidas pelo juiz no IV - julga procedente o pedido de instituição de
curso do processo, quando insuscetíveis de agravo de arbitragem;
instrumento, não precluem, ou seja, a parte prejudica- V - confirma, concede ou revoga tutela provisória;
VI - decreta a interdição.
da no momento em que interpuser o recurso de apela-
ção poderá suscitar a questão em preliminar. Via de regra, os recursos geralmente não são dota-
O apelado, ao apresentar seus fundamentos em dos de efeito suspensivo. A apelação, em especial, goza
contrarrazões, poderá também discutir essa situação de efeito suspensivo automático. Entretanto, o pará-
sem que o apelante a suscite. Todavia, nesse caso, o grafo 1º, do art. 1.012, excepciona essa regra, trazen-
apelante deverá ser ouvido no prazo de 15 dias. do algumas situações nas quais o recurso de apelação
Proferindo o juiz alguma decisão interlocutória no não terá efeito suspensivo – ou seja, a interposição do
bojo da sentença, como, por exemplo, tutela antecipa- recurso não suspenderá a eficácia da sentença.
da, a parte prejudicada também poderá discutir essa
decisão em preliminar de apelação. § 2º Nos casos do § 1º, o apelado poderá promo-
ver o pedido de cumprimento provisório depois de
Art. 1.010 A apelação, interposta por petição diri- publicada a sentença.
gida ao juízo de primeiro grau, conterá: § 3º O pedido de concessão de efeito suspensivo nas
I - os nomes e a qualificação das partes; hipóteses do § 1º poderá ser formulado por requeri-
228 II - a exposição do fato e do direito; mento dirigido ao:
I - tribunal, no período compreendido entre a interpo- § 5º O capítulo da sentença que confirma, concede ou
sição da apelação e sua distribuição, ficando o relator revoga a tutela provisória é impugnável na apelação.
designado para seu exame prevento para julgá-la;
II - relator, se já distribuída a apelação. O § 3º do art. 1.013 trata da teoria da causa madura.
§ 4º Nas hipóteses do § 1º, a eficácia da sentença Vamos ao exemplo para melhor visualização:
poderá ser suspensa pelo relator se o apelante sentença que extingue o processo sem resolução de
demonstrar a probabilidade de provimento do mérito com base no art. 485, do CPC, em que o juiz
recurso ou se, sendo relevante a fundamentação, reconheceu que a parte era ilegítima para propor
houver risco de dano grave ou de difícil reparação. aquela demanda, ou seja, ilegitimidade ativa.
O interessado prejudicado interpõe recurso de
Nas hipóteses em que não houver efeito suspensi- apelação, alegando que não houve aplicação da teo-
vo automático, não há qualquer impedimento de que a ria da asserção (que trata das questões relacionadas
parte recorrente faça o requerimento desse efeito desde às condições da ação – como a legitimidade das partes
que obedeça ao disposto no art. 995, do CPC, já estudado. – que são verificadas pelo o que o autor alega e afirma
na petição inicial, e possibilitam, em tese, a existên-
Art. 1.013 A apelação devolverá ao tribunal o cia da relação jurídica-obrigacional havida entre as
conhecimento da matéria impugnada. partes) e requer a cassação da sentença no tribunal,
§ 1º Serão, porém, objeto de apreciação e julgamen- assegurando no recurso que é a parte legítima para a
to pelo tribunal todas as questões suscitadas e propositura da demanda.
discutidas no processo, ainda que não tenham O tribunal, entendendo que houve equívoco na
sido solucionadas, desde que relativas ao decisão, irá julgar o mérito do recurso e dar provi-
capítulo impugnado. mento, cassando a sentença. Nessa situação, caso o
§ 2º Quando o pedido ou a defesa tiver mais de um fun- processo esteja maduro para ser sentenciado, o tribu-
damento e o juiz acolher apenas um deles, a apelação nal julgará o mérito da demanda.
devolverá ao tribunal o conhecimento dos demais. Ressalta-se que o dispositivo diz que, para que haja
o julgamento do mérito pelo tribunal, é necessário
Esse dispositivo trata do efeito devolutivo dos que o processo esteja em condições de julgamento, ou
recursos. Esse efeito dispõe que toda a matéria que foi seja, autor e réu citados e provas produzidas, faltando
impugnada pelo apelante será devolvida ao tribunal somente a decisão de mérito.
para apreciação. Para que seja aplicada a regra do § 3º, é preciso
A extensão dessa devolução é fixada pelo apelante, que o apelante requeira de forma expressa em suas
no momento em que faz a impugnação dos capítulos razões recursais que o tribunal dê provimento à ape-
da sentença, e o tribunal vai atuar dentro desses limi- lação e aprecie o mérito da demanda.
tes. Significa dizer que os capítulos da sentença que O tribunal não apreciará o mérito da demanda se
não foram atacados no recurso de apelação transita- verificar que o processo não se encontra em condições
rão em julgado, enquanto os demais serão devolvidos de imediato julgamento.
ao tribunal para serem apreciados.
A título de exemplo: sentença condenando a parte Dica
ao pagamento de danos morais e materiais. A parte
interessada impugnou somente os danos morais, mas
Resumidamente, verificam-se três pressupos-
nada falou acerca dos danos materiais. tos para a aplicação da teoria da causa madura:
Segundo o disposto no caput do art. 1.013, somente requerimento expresso, provimento da apelação
o dano moral que foi objeto de impugnação do recurso e o processo estar em condições de imediato
será apreciado pelo Tribunal, dentro da dimensão hori- julgamento.
zontal. Tem-se, nesses casos, o chamado efeito devoluti-
vo horizontal ou efeito devolutivo em extensão. Art. 1.014 As questões de fato não propostas no juí-
Em relação ao capítulo impugnado, todas as ques- zo inferior poderão ser suscitadas na apelação, se
tões jurídicas e de fato que digam respeito ao dano a parte provar que deixou de fazê-lo por motivo de
moral mencionadas no processo, mesmo que não sus- força maior.
citadas pela parte no recurso, poderão ser aprecia-
das pelo Tribunal – parágrafo 1º, do art. 1.013. Essas Via de regra, os fatos que não foram alegados
situações são denominadas de efeito devolutivo verti- durante o curso do processo de origem não podem ser
cal ou efeito devolutivo em profundidade. alegados quando da apelação, pois não é permitido
inovar na apelação.
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

§ 3º Se o processo estiver em condições de imedia- No entanto, quando demonstrado o justo impedi-


to julgamento, o tribunal deve decidir desde logo o mento de que alguns fatos não puderem ter sido ale-
mérito quando: gados antes, por motivo de força maior, é permitido
I - reformar sentença fundada no art. 485; ao recorrente trazê-los ao recurso.
II - decretar a nulidade da sentença por não ser ela
congruente com os limites do pedido ou da causa DO AGRAVO DE INSTRUMENTO
de pedir;
III - constatar a omissão no exame de um dos pedi- Art. 1.015 Cabe agravo de instrumento contra as
dos, hipótese em que poderá julgá-lo; decisões interlocutórias que versarem sobre:
IV - decretar a nulidade de sentença por falta de
fundamentação. O recurso de agravo de instrumento é cabível con-
§ 4º Quando reformar sentença que reconheça a tra decisão interlocutória, mas nem todas as decisões
decadência ou a prescrição, o tribunal, se possível, interlocutórias estarão sujeitas a esse recurso, como
julgará o mérito, examinando as demais questões, vimos no que diz respeito ao artigo referente à ape-
sem determinar o retorno do processo ao juízo de lação. O art. 1.015 estabelece um rol de decisões que
primeiro grau. serão cabíveis o recurso de agravo de instrumento. 229
A doutrina classifica o rol do art. 1.015 como taxa- oficial que comprove a tempestividade e das procu-
tivo mitigado, o que significa que, em regra, as hipó- rações outorgadas aos advogados do agravante e
teses de cabimento de agravo de instrumento são do agravado;
exaustivamente elencadas. Entretanto, havendo indí- II - com declaração de inexistência de qualquer dos
cios de que determinada decisão interlocutória não documentos referidos no inciso I, feita pelo advoga-
é passível de recurso, mas a reapreciação é medida do do agravante, sob pena de sua responsabilidade
urgente que se impõe, o interessado poderá utilizar o pessoal;
presente recurso. III - facultativamente, com outras peças que o agra-
vante reputar úteis.
I - tutelas provisórias; § 1º Acompanhará a petição o comprovante do
II - mérito do processo; pagamento das respectivas custas e do porte de
retorno, quando devidos, conforme tabela publica-
Quando houver resolução parcial de mérito – fase da pelos tribunais.
de conhecimento ainda não se encerrou de forma § 2º No prazo do recurso, o agravo será interposto
integral, somente parte do mérito foi julgada. por:
I - protocolo realizado diretamente no tribunal
III - rejeição da alegação de convenção de competente para julgá-lo;
arbitragem; II - protocolo realizado na própria comarca, seção
IV - incidente de desconsideração da personalidade ou subseção judiciárias;
jurídica;
III - postagem, sob registro, com aviso de
V - rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou
recebimento;
acolhimento do pedido de sua revogação;
IV - transmissão de dados tipo fac-símile, nos ter-
VI - exibição ou posse de documento ou coisa;
mos da lei;
VII - exclusão de litisconsorte;
V - outra forma prevista em lei.
VIII - rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio;
IX - admissão ou inadmissão de intervenção de
Justamente por ser um recurso que é remetido
terceiros;
X - concessão, modificação ou revogação do efeito
diretamente ao tribunal sem passar pela instância
suspensivo aos embargos à execução; inferior, há a necessidade de se montar o instrumento
XI - redistribuição do ônus da prova nos termos do com as cópias das peças obrigatórias e facultativas.
art. 373, § 1º; O inciso I traz o rol de quais são os documentos e
XII - (VETADO); as peças de caráter obrigatório. Isso também consti-
XIII - outros casos expressamente referidos em lei. tui mais um requisito de admissibilidade inerente e
Parágrafo único. Também caberá agravo de instru- exclusivo do recurso de agravo de instrumento.
mento contra decisões interlocutórias proferidas O inciso III traz a possibilidade de que o advoga-
na fase de liquidação de sentença ou de cumpri- do, caso queira, junte qualquer outro documento que
mento de sentença, no processo de execução e no achar que pode ser útil para o julgamento do recurso.
processo de inventário.
§ 3º Na falta da cópia de qualquer peça ou no caso
É importante atentar-se à questão disposta no pará- de algum outro vício que comprometa a admissi-
grafo único, que diz que qualquer decisão interlocutó- bilidade do agravo de instrumento, deve o relator
ria na fase de liquidação de sentença, cumprimento aplicar o disposto no art. 932, parágrafo único.
de sentença, processo de execução e inventário, será § 4º Se o recurso for interposto por sistema de
impugnável por agravo de instrumento, independen- transmissão de dados tipo fac-símile ou similar, as
temente de sua natureza. peças devem ser juntadas no momento de protocolo
da petição original.
Art. 1.016 O agravo de instrumento será dirigido
§ 5º Sendo eletrônicos os autos do processo, dispensam-
diretamente ao tribunal competente, por meio de
-se as peças referidas nos incisos I e II do caput, facul-
petição com os seguintes requisitos:
tando-se ao agravante anexar outros documentos que
I - os nomes das partes;
entender úteis para a compreensão da controvérsia.
II - a exposição do fato e do direito;
III - as razões do pedido de reforma ou de invalida-
O disposto nos incisos I e II só é exigido caso o pro-
ção da decisão e o próprio pedido;
IV - o nome e o endereço completo dos advogados
cesso seja em autos físicos. Se o processo for eletrônico,
constantes do processo. não há necessidade de juntar documentos obrigató-
rios, como requisito de admissibilidade recursal.
Diferentemente do recurso de apelação, o agravo
de instrumento não será endereçado ao juízo de ori- Art. 1.018 O agravante poderá requerer a juntada,
gem para que só depois seja remetido ao tribunal. aos autos do processo, de cópia da petição do agra-
No caso do agravo de instrumento, este será vo de instrumento, do comprovante de sua interpo-
sição e da relação dos documentos que instruíram
interposto diretamente no tribunal.
o recurso.
O inciso IV do art. 1.016 traz um requisito de
§ 1º Se o juiz comunicar que reformou inteiramen-
admissibilidade inerente ao agravo: informar o nome
te a decisão, o relator considerará prejudicado o
e o endereço completos dos advogados que constam
agravo de instrumento.
no processo.
No § 1º, tem-se o chamado efeito regressivo do
Art. 1.017 A petição de agravo de instrumento será
instruída: recurso, que é quando o juiz reforma a própria deci-
I - obrigatoriamente, com cópias da petição inicial, são, motivado muitas vezes pela notícia de interposi-
da contestação, da petição que ensejou a decisão ção do agravo de instrumento.
agravada, da própria decisão agravada, da certi- Caso ocorra a reforma da decisão, o relator do
230 dão da respectiva intimação ou outro documento recurso considerará prejudicado o recurso.
§ 2º Não sendo eletrônicos os autos, o agravante Há, entretanto, casos que a lei faculta ao relator do
tomará a providência prevista no caput, no prazo recurso proferir monocraticamente uma decisão. O
de 3 (três) dias a contar da interposição do agravo relator elaborará o relatório da ação levada ao tribu-
de instrumento. nal, resumindo as principais alegações do recorrente
§ 3º O descumprimento da exigência de que tra- e recorrido, além de ocorrências processuais posterio-
ta o § 2º, desde que arguido e provado pelo agra- res ao recurso. Mas o CPC/2015 também deu poderes
vado, importa inadmissibilidade do agravo de ao relator para decidir monocraticamente os recursos
instrumento. em alguns casos. Observe a seguir:
O art. 1.018 traz mais um requisito de admissibi-
Art. 932
lidade recursal do agravo de instrumento, mas que
Incumbe ao relator:
também só se aplica a processos físicos, não valendo I - dirigir e ordenar o processo no tribunal, inclu-
para processos eletrônicos. sive em relação à produção de prova, bem como,
Quando o processo for físico, a parte que interpôs quando for o caso, homologar autocomposição das
o agravo deve, no prazo de 3 dias após a interposição, partes;
informar ao juízo de origem que recorreu da decisão, II - apreciar o pedido de tutela provisória nos recur-
apresentando cópia da petição e comprovante da sua sos e nos processos de competência originária do
interposição, bem como a relação dos documentos tribunal;
que instruíram o recurso. III - não conhecer de recurso inadmissível, prejudi-
Caso não faça isso dentro desse prazo, o recurso cado ou que não tenha impugnado especificamente
não será conhecido pelo tribunal. No entanto, o dever os fundamentos da decisão recorrida;
IV - negar provimento a recurso que for contrário a:
de verificar se esse requisito foi cumprido ou não é
a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Supe-
da outra parte, que alegará descumprimento nas
rior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal;
contrarrazões. b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Fede-
Art. 1.019 Recebido o agravo de instrumento no ral ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julga-
mento de recursos repetitivos;
tribunal e distribuído imediatamente, se não for o
c) entendimento firmado em incidente de resolu-
caso de aplicação do art. 932, incisos III e IV, o rela-
ção de demandas repetitivas ou de assunção de
tor, no prazo de 5 (cinco) dias:
competência;
I - poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso ou
V - depois de facultada a apresentação de contrar-
deferir, em antecipação de tutela, total ou parcial-
razões, dar provimento ao recurso se a decisão
mente, a pretensão recursal, comunicando ao juiz
recorrida for contrária a:
sua decisão;
a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Supe-
II - ordenará a intimação do agravado pessoalmen-
rior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal;
te, por carta com aviso de recebimento, quando não
b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Fede-
tiver procurador constituído, ou pelo Diário da Jus- ral ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julga-
tiça ou por carta com aviso de recebimento dirigida mento de recursos repetitivos;
ao seu advogado, para que responda no prazo de c) entendimento firmado em incidente de resolu-
15 (quinze) dias, facultando-lhe juntar a documen- ção de demandas repetitivas ou de assunção de
tação que entender necessária ao julgamento do competência;
recurso; VI - decidir o incidente de desconsideração da per-
III - determinará a intimação do Ministério Público, sonalidade jurídica, quando este for instaurado ori-
preferencialmente por meio eletrônico, quando for ginariamente perante o tribunal;
o caso de sua intervenção, para que se manifeste no VII - determinar a intimação do Ministério Público,
prazo de 15 (quinze) dias. quando for o caso;
VIII - exercer outras atribuições estabelecidas no
O recurso de agravo de instrumento não possui regimento interno do tribunal.
efeito suspensivo automático. Dessa forma, caso a Parágrafo único. Antes de considerar inadmissível
parte vislumbre que aquela decisão interlocutória o recurso, o relator concederá o prazo de 5 (cinco)
pode trazer prejuízos caso produza efeitos imediatos, dias ao recorrente para que seja sanado vício ou
deverá requerer a concessão do efeito suspensivo, complementada a documentação exigível.
nos termos do art. 995, do CPC, e o relator, ao receber
o recurso, decidirá no prazo de 5 dias. Após, deverá Os incisos citados resumem à apreciação do pedi-
do de tutela de urgência recursal, além de recursos
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

determinar a intimação do agravado para que respon-


da ao recurso no prazo de 15 dias. manifestamente inadmissíveis, bem como aqueles
que estejam contrários aos precedentes judiciais.
Art. 1.020 O relator solicitará dia para julgamento Assim, o agravo interno é um recurso aplicável aos
em prazo não superior a 1 (um) mês da intimação tribunais contra decisão proferida pelo relator, cuja
do agravado. análise será realizada pelo órgão colegiado, observadas,
quanto ao processamento, as regras do regimento inter-
DO AGRAVO INTERNO no do tribunal, conforme dispõe o art. 1.021 do CPC:

Art. 1.021 Contra decisão proferida pelo relator


Além do agravo de instrumento, há outra espécie caberá agravo interno para o respectivo órgão
de agravo cujo cabimento será em relação a decisões colegiado, observadas, quanto ao processamento,
proferidas nos tribunais. Como se sabe, as decisões as regras do regimento interno do tribunal.
proferidas nos tribunais são colegiadas, eis que for- § 1º Na petição de agravo interno, o recorrente
madas por mais de um magistrado (Desembargadores impugnará especificadamente os fundamentos da
ou Ministros). decisão agravada. 231
§ 2º O agravo será dirigido ao relator, que intima- § 2º O juiz intimará o embargado para, querendo,
rá o agravado para manifestar-se sobre o recurso manifestar-se, no prazo de 5 (cinco) dias, sobre os
no prazo de 15 (quinze) dias, ao final do qual, não embargos opostos, caso seu eventual acolhimento
havendo retratação, o relator levá-lo-á a julgamen- implique a modificação da decisão embargada.
to pelo órgão colegiado, com inclusão em pauta.
§ 3º É vedado ao relator limitar-se à reprodução Os embargos de declaração são os únicos recursos
dos fundamentos da decisão agravada para julgar que possuem prazos diferenciados, com 5 dias úteis.
improcedente o agravo interno.
§ 4º Quando o agravo interno for declarado mani- Art. 1.024 O juiz julgará os embargos em 5 (cinco)
festamente inadmissível ou improcedente em dias.
votação unânime, o órgão colegiado, em decisão § 1º Nos tribunais, o relator apresentará os embar-
fundamentada, condenará o agravante a pagar ao gos em mesa na sessão subsequente, proferindo
agravado multa fixada entre um e cinco por cento voto, e, não havendo julgamento nessa sessão, será
do valor atualizado da causa. o recurso incluído em pauta automaticamente.
§ 5º A interposição de qualquer outro recurso está § 2º Quando os embargos de declaração forem opos-
condicionada ao depósito prévio do valor da multa tos contra decisão de relator ou outra decisão uni-
prevista no § 4º, à exceção da Fazenda Pública e do pessoal proferida em tribunal, o órgão prolator da
beneficiário de gratuidade da justiça, que farão o decisão embargada decidi-los-á monocraticamente.
pagamento ao final. § 3º O órgão julgador conhecerá dos embargos de
declaração como agravo interno se entender ser este
Um exemplo a considerar seria o caso do relator
o recurso cabível, desde que determine previamente
que nega seguimento ao recurso interposto, desafiando
a intimação do recorrente para, no prazo de 5 (cin-
o agravo interno para possibilitar a análise do recur-
co) dias, complementar as razões recursais, de modo
so pelo colegiado. No agravo, haverá efeito regressivo,
a ajustá-las às exigências do art. 1.021, § 1º.
podendo o órgão que proferiu a decisão se retratar.
§ 4º Caso o acolhimento dos embargos de declara-
É vedado ao relator limitar-se à reprodução dos ção implique modificação da decisão embargada,
fundamentos da decisão agravada para julgar impro- o embargado que já tiver interposto outro recurso
cedente o agravo interno. Isso quer dizer que, quando contra a decisão originária tem o direito de comple-
o agravo interno for levado ao colegiado, o relator não mentar ou alterar suas razões, nos exatos limites da
poderá simplesmente repetir seu voto, mas deverá modificação, no prazo de 15 (quinze) dias, contado da
abordar a totalidade da pretensão recursal, além de intimação da decisão dos embargos de declaração.
enfrentar as questões levantadas no próprio agravo § 5º Se os embargos de declaração forem rejeitados
interno que pretendem o conhecimento do recurso ou não alterarem a conclusão do julgamento ante-
negado monocraticamente. rior, o recurso interposto pela outra parte antes da
publicação do julgamento dos embargos de decla-
DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO ração será processado e julgado independentemen-
te de ratificação.
Art. 1.022 Cabem embargos de declaração contra
qualquer decisão judicial para:
O juiz tem prazo de 5 dias para julgar os embargos
I - esclarecer obscuridade ou eliminar contradição;
II - suprir omissão de ponto ou questão sobre
opostos contra decisão que ele mesmo proferiu.
o qual devia se pronunciar o juiz de ofício ou a No caso de embargos de declaração opostos contra
requerimento; decisão monocrática no tribunal, o relator colocará imedia-
III - corrigir erro material. tamente o recurso para ser julgado pelo órgão colegiado.
Parágrafo único. Considera-se omissa a decisão que: Se a decisão dos embargos modificar a decisão
I - deixe de se manifestar sobre tese firmada em embargada e o embargado já tiver interposto outro
julgamento de casos repetitivos ou em incidente recurso daquela mesma decisão, ele será intimado
de assunção de competência aplicável ao caso sob para que, no prazo de 15 dias, complemente ou alte-
julgamento; re as suas razões recursais, no limite daquilo que foi
II - incorra em qualquer das condutas descritas no modificado.
art. 489, § 1º.
Art. 1.025 Consideram-se incluídos no acórdão os
Os embargos de declaração têm por finalidade elementos que o embargante suscitou, para fins
aclarar, integrar ou corrigir eventual erro material de de pré-questionamento, ainda que os embargos de
uma decisão, sentença ou acórdão. declaração sejam inadmitidos ou rejeitados, caso o
tribunal superior considere existentes erro, omis-
Dica são, contradição ou obscuridade.
Art. 1.026 Os embargos de declaração não pos-
Obscuridade: Decisão incompreensível; suem efeito suspensivo e interrompem o prazo para
Contradição: Vício de incoerência; a interposição de recurso.
Omissão: Há uma lacuna na decisão, ou seja, juiz § 1º A eficácia da decisão monocrática ou colegiada
deixa de apreciar algo; poderá ser suspensa pelo respectivo juiz ou relator
Erro material: Vício meramente formal. Exemplo: se demonstrada a probabilidade de provimento do
erro de cálculo. recurso ou, sendo relevante a fundamentação, se
houver risco de dano grave ou de difícil reparação.
Art. 1.023 Os embargos serão opostos, no prazo § 2º Quando manifestamente protelatórios os
de 5 (cinco) dias, em petição dirigida ao juiz, com embargos de declaração, o juiz ou o tribunal, em
indicação do erro, obscuridade, contradição ou decisão fundamentada, condenará o embargante
omissão, e não se sujeitam a preparo. a pagar ao embargado multa não excedente a dois
232 § 1º Aplica-se aos embargos de declaração o art. 229. por cento sobre o valor atualizado da causa.
§ 3º Na reiteração de embargos de declaração na vigência da lei anterior, eram da competência dos
manifestamente protelatórios, a multa será eleva- Juizados Especiais Cíveis causas como ressarcimento
da a até dez por cento sobre o valor atualizado da por danos causados em prédio urbano ou rústico e
causa, e a interposição de qualquer recurso ficará revogação de doação.
condicionada ao depósito prévio do valor da multa, São, ainda, causas de menor complexidade a ação de
à exceção da Fazenda Pública e do beneficiário de despejo para uso próprio (inciso III) e ações possessó-
gratuidade da justiça, que a recolherão ao final. rias (reintegração de posse; manutenção de posse; ação
§ 4º Não serão admitidos novos embargos de decla- de interdito proibitório), desde que o valor do imóvel
ração se os 2 (dois) anteriores houverem sido con- não ultrapasse 40 salários mínimos (inciso IV).
siderados protelatórios.
Competência para Execução
Os embargos de declaração interrompem o prazo
para a interposição de outros recursos, e mesmo que Art. 3º [...]
não sejam conhecidos os embargos vão interromper o § 1º Compete ao Juizado Especial promover a
prazo recursal para a interposição dos outros recur- execução:
sos. Ou seja, a contagem do prazo iniciará novamente I - dos seus julgados;
desde o início. II - dos títulos executivos extrajudiciais, no
Os embargos também não possuem efeito suspen- valor de até quarenta vezes o salário mínimo,
sivo automático, mas a parte embargante pode reque- observado o disposto no § 1º do art. 8º desta Lei.
rer a sua concessão, na forma do 995, do CPC.
Os JEC são competentes, ainda, para executar
(fazer cumprir a decisão judicial) seus julgados (inci-
so I, do § 1º, do art. 3º) e títulos executivos extraju-
diciais de até 40 vezes o salário mínimo (inciso II,
LEI Nº 9.099, DE 26 DE SETEMBRO DE do § 1º, do art. 3º). Os títulos executivos extrajudiciais
1995 estão listados no art. 784, do CPC. Dessa forma, o Jui-
zado Especial Cível pode executar um cheque que não
DOS JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS ultrapasse o valor de 40 salários mínimos.

Hipóteses de Exclusão da Competência


Da Competência
Art. 3º [...]
Art. 3º O Juizado Especial Cível tem competência § 2º Ficam excluídas da competência do Juiza-
para conciliação, processo e julgamento das do Especial as causas de natureza alimentar,
causas cíveis de menor complexidade, assim falimentar, fiscal e de interesse da Fazenda
consideradas: Pública, e também as relativas a acidentes de
I - as causas cujo valor não exceda a quarenta trabalho, a resíduos e ao estado e capacidade
vezes o salário mínimo; das pessoas, ainda que de cunho patrimonial.
II - as enumeradas no art. 275, inciso II, do Código
de Processo Civil; Ainda que se encaixem no teto de 40 salários míni-
III - a ação de despejo para uso próprio; mos, por se tratarem de causas de maior complexi-
IV - as ações possessórias sobre bens imóveis dade, ou por versarem sobre bens indisponíveis, ou
de valor não excedente ao fixado no inciso I seja, por se afastarem dos princípios de oralidade,
deste artigo. informalidade, economia processual e celeridade, que
norteiam os Juizados Especiais, certas causas ficam
O art. 3º, da Lei nº 9.099/95, apresenta uma série de afastadas de sua competência.
conceitos importantes para o entendimento do chama- Assim, as ações de alimentos são julgadas pelas
do microssistema dos Juizados Especiais Cíveis (JEC). Varas de Família; as ações que tratam de falência e
O primeiro ponto a ser destacado no art. 3º diz res- recuperação judicial de empresas são de competência
peito à competência do Juizado Especial Cível, que é das Varas de Falência; as ações fiscais são processadas
realizar a conciliação (busca de acordo entre as par- na Varas de Execução Fiscal; as causas de interesse da
tes), o processo e o julgamento das causas de menor Fazenda Pública competem aos Juizados Especiais da
complexidade. Fazenda Pública ou às Varas da Fazenda Pública.
A competência dos juizados cíveis é relativa, isto é, Ficam de fora, ainda, as causas relacionadas aos
o autor da ação pode escolher ingressar no JEC ou em acidentes de trabalho, aos resíduos (sobras de direi-
uma Vara Cível (comum). to sucessório e de herança jacente) e ao estado (por
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Para a compreensão da competência, é necessário, exemplo: divórcio, alteração de nome) e à capacidade


portanto, o conhecimento do que são causas de menor civil (uma ação de interdição, por exemplo).
complexidade. Tal conceito encontra-se nos incisos do
próprio art. 3º. Art. 3º [...]
Causa de menor complexidade é aquela que, § 3º A opção pelo procedimento previsto nesta
em primeiro lugar, não ultrapassa 40 vezes o valor Lei importará em renúncia ao crédito exceden-
salário mínimo (inciso I). Esse é o teto, portanto, para te ao limite estabelecido neste artigo, excetuada a
ingressar com uma causa nos Juizados Especiais Cíveis. hipótese de conciliação.
São, também, causas de menor complexidade, nos
termos do inciso II, do art. 3º, as que tramitavam no Conforme já apontado, a competência do JEC é
antigo procedimento sumário, previsto no inciso II, relativa, ou seja, o autor pode optar por ingressar com
do art. 275, do revogado Código de Processo Civil de a ação em uma vara comum ou na vara do Juizado.
1973, que eram ações relativas a situações mais sim- Caso opte por seguir o procedimento previsto na Lei
ples. Hoje, depois da entrada em vigor do Código de nº 9.099/95, deve ser ater ao teto de 40 salários míni-
Processo Civil de 2015, não mais existe esse tipo de mos; caso seu crédito seja superior, vai automatica-
procedimento sumário na lei processual; no entanto, mente renunciar o valor excedente. 233
Exemplificando: caso o autor resolva executar um Art. 5º O Juiz dirigirá o processo com liberdade
cheque no valor de 50 salários mínimos nos JEC, o para determinar as provas a serem produzidas,
máximo que pode ser executado são 40 salários míni- para apreciá-las e para dar especial valor às regras
mos, devendo o autor abrir mão do valor de 10 salá- de experiência comum ou técnica.
rios que excede o teto previsto. Art. 6º O Juiz adotará em cada caso a decisão que
reputar mais justa e equânime, atendendo aos fins
O § 3º, no entanto, apresenta uma exceção a essa
sociais da lei e às exigências do bem comum.
regra. Se, durante a conciliação, o réu concordar em
Art. 7º Os conciliadores e Juízes leigos são auxi-
pagar valor superior ao do teto (no caso do exemplo, liares da Justiça, recrutados, os primeiros, pre-
se o réu concordar em pagar o cheque no valor de 50 ferentemente, entre os bacharéis em Direito, e
salários), o JEC pode homologar tal acordo, que passa os segundos, entre advogados com mais de cin-
a ter força de título judicial. co anos de experiência.
Parágrafo único. Os Juízes leigos ficarão impedidos
Competência Territorial de exercer a advocacia perante os Juizados Espe-
ciais, enquanto no desempenho de suas funções.
Enquanto o art. 3º disciplina a competência mate-
rial (quais tipos de causas são julgadas pelo Juizado O responsável por dirigir o processo nos Juizados
Especial), o art. 4º cuida da competência territorial Especiais é o Juiz de Direito (concursado), que conta
(qual dos Juizados). com o auxilio de conciliadores e juízes leigos.
Vale mencionar que a competência dos Juizados Para serem conciliadores, são escolhidos prefe-
Especiais vem mencionada, de forma genérica, no rencialmente bacharéis em Direito. Podem ser, por-
inciso I, do art. 98, da Constituição Federal: tanto, escolhidas outras pessoas (é muito comum que
se escolham estudantes de Direito, por exemplo). Já
Art. 98 (CF/88) A União, no Distrito Federal e nos para ser juiz leigo, é obrigatário ser advogado com
Territórios, e os Estados criarão: mais de 5 anos de experiência.
I - juizados especiais, providos por juízes togados,
ou togados e leigos, competentes para a concilia- Das Partes
ção, o julgamento e a execução de causas cíveis de
menor complexidade e infrações penais de menor Os arts 8º ao 11 trazem disposições sobre as partes.
potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral As partes são os sujeitos que figuram na relação jurí-
e sumaríssimo, permitidos, nas hipóteses previstas dica processual e atuam com parcialidade: autor (polo
em lei, a transação e o julgamento de recursos por ativo) e réu (polo passivo).
turmas de juízes de primeiro grau.
Art. 8º Não poderão ser partes, no processo insti-
Art. 4º É competente, para as causas previstas tuído por esta Lei, o incapaz, o preso, as pessoas
nesta Lei, o Juizado do foro: jurídicas de direito público, as empresas públi-
I - do domicílio do réu ou, a critério do autor, do cas da União, a massa falida e o insolvente civil.
local onde aquele exerça atividades profissionais
ou econômicas ou mantenha estabelecimento, filial, As partes elencadas no art. 8º não podem figurar
agência, sucursal ou escritório; nem como autores nem como réus nos processos
II - do lugar onde a obrigação deva ser satisfeita; que tramitam nos JEC. O processo nos Juizados Espe-
III - do domicílio do autor ou do local do ato ou ciais Cíveis é marcado pela possibilidade de acordo
fato, nas ações para reparação de dano de qual-
entre as partes (o que afasta sujeitos que não possam
quer natureza.
transigir, como os incapazes: pessoas interditadas,
Parágrafo único. Em qualquer hipótese, poderá a
menor de 18 anos), e pela oralidade (que impõe a pre-
ação ser proposta no foro previsto no inciso I deste
sença física da parte, obrigação que não pode ser cum-
artigo.
prida pelo preso).
Igualmente, não podem ser partes as pessoas
A regra geral, trazida pelo inciso I, do art. 4º, é
jurídicas de direito público (União, Estados, Dis-
que a competência é do Juizado localizado no foro
trito Federal, Municípios, autarquias, fundações
do domicílio do réu ou, facultativamente, a critério
públicas), as empresas públicas da União (Caixa
do autor, no local onde o réu exerce atividades profis-
Econômica Federal, Correios, BNDES etc.), a massa
sionais ou econômicas ou mantenha estabelecimen- falida e o insolvente civil.
to, filial, agência, sucursal (local subordinado, sem
constituir agência ou filial) ou escritório. Os incisos Art. 8º [...]
seguintes do art. 4º trazem excessões a tal regra. § 1º Somente serão admitidas a propor ação
O parágrafo único, por sua vez, traz um dispositi- perante o Juizado Especial:
vo genérico possibilitando que, em qualquer situação, I - as pessoas físicas capazes, excluídos os cessio-
a regra geral do inciso I possa ser utilizada (isto é, o nários de direito de pessoas jurídicas;
autor pode ingressar com a ação do JEC no domicílio II - as pessoas enquadradas como microempreen-
dedores individuais, microempresas e empresas
do réu ou em local em que este exerça suas atividades
de pequeno porte na forma da Lei Complementar nº
profissionais ou econômicas ou mantenha estabeleci-
123, de 14 de dezembro de 2006;
mento, filial, agência, sucursal ou escritório). III - as pessoas jurídicas qualificadas como Organi-
zação da Sociedade Civil de Interesse Público,
Do Juiz, dos Conciliadores e dos Juízes Leigos nos termos da Lei no 9.790, de 23 de março de 1999;
IV - as sociedades de crédito ao microempreen-
Os arts. 5º ao 7º cuidam dos responsáveis pela con- dedor, nos termos do art. 1º da Lei no 10.194, de 14
234 ciliação e pelo julgamento do âmbito dos JEC. de fevereiro de 2001.
O § 1º indica quem pode ser autor. Não é necessário que o dono ou titular da pessoa
jurídica compareça ao Juizado; ele pode ser represen-
Art. 8º [...]
tado por um indivíduo denominado preposto, que
§ 2º O maior de dezoito anos poderá ser autor,
independentemente de assistência, inclusive
recebe poderes para fazer acordo em seu nome por
para fins de conciliação. meio de um documento chamado carta de preposi-
ção. O preposto não precisa ser empregado da firma.
O § 2º teve aplicação até o ano de 2001, na vigência
do Código Civil de 1916, segundo o qual a maioridade Art. 10 Não se admitirá, no processo, qualquer
civil era alcançada aos 21 anos. A partir de 2002, com forma de intervenção de terceiro nem de assis-
a entrada em vigor do novo Código Civil, a maioridade tência. Admitir-se-á o litisconsórcio.
foi reduzida para 18 anos de idade, o que tornou inó-
cuo o dispositivo da Lei 9.099/95. Intervenção de terceiro ocorre quando uma pessoa
que não faz parte da relação jurídica processual tem
Art. 9º Nas causas de valor até vinte salários
mínimos, as partes comparecerão pessoalmen- a oportunidade de participar no processo para defen-
te, podendo ser assistidas por advogado; nas de der interesse ou direito próprio (como, por exemplo,
valor superior, a assistência é obrigatória. o fiador).
A assistência é uma forma de intervenção de ter-
Teto do JEC ceiros na qual o terceiro entra voluntariamente no
40 Salários processo para ajudar uma das partes. Tais interven-
ções, conforme determina o art. 10, não são admitidas.
A razão de não se admitir tais intervenções é que elas
aumentam a complexidade do processo, o que foge
Até 20 salários: Acima de 20 salários: aos princípios de celeridade, informalidade e simpli-
Advogado é Advogado é cidade que caracterizam os JEC.
facultativo obrigatório Admite-se, no entanto, o litisconsórcio, que consis-
te na pluralidade de partes, autores ou réus no mesmo
§ 1º Sendo facultativa a assistência, se uma das processo.
partes comparecer assistida por advogado, ou
se o réu for pessoa jurídica ou firma indivi- Art. 11 O Ministério Público intervirá nos casos
dual, terá a outra parte, se quiser, assistência previstos em lei.
judiciária prestada por órgão instituído junto ao
Juizado Especial, na forma da lei local. O Ministério Público não é parte no processo que
tramita no JEC; no entanto, deve intervir em situações
Sendo facultativa a assistência de advogado (ou
muito excepcionais como fiscal da lei.
seja, sendo o valor da causa de até 20 salários míni-
mos), podem acontecer duas situações: uma das partes
Dos Atos Processuais
(autor ou réu) aparecer acompanhado por advogado;
ou se o réu for pessoa jurídica ou firma individual.
Nessas hipóteses será facultado à outra parte ser assis- Art. 12 Os atos processuais serão públicos e pode-
tida por advogado gratuito indicado pelo Juizado. rão realizar-se em horário noturno, conforme
dispuserem as normas de organização judiciária.
§ 2º O Juiz alertará as partes da conveniência Art. 12-A Na contagem de prazo em dias, esta-
do patrocínio por advogado, quando a causa o belecido por lei ou pelo juiz, para a prática de qual-
recomendar. quer ato processual, inclusive para a interposição
de recursos, computar-se-ão somente os dias
A presença de advogado, ainda que não obrigató- úteis.
ria nas causas até 20 salários, é recomendável. Nesse
sentido, em certas causas que recomendam o acompa- Os arts. 12 e 12-A trazem três informações impor-
nhamento técnico, deve o juiz deve alertar a parte da tantes: os atos processuais dos JEC são públicos,
conveniência em se fazer assistida. podem ser realizados em horário noturno e seus pra-
zos em dias são computados em dias úteis.
§ 3º O mandato ao advogado poderá ser verbal,
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

salvo quanto aos poderes especiais. Art. 13 Os atos processuais serão válidos sem-
pre que preencherem as finalidades para as quais
Como regra, a parte pode nomear o advogado forem realizados, atendidos os critérios indicados
verbalmente, isto é, basta que a parte diga que está no art. 2º desta Lei.
acompanhada por advogado para que este esteja
regularmente constituído para assisti-la no Juizado. A De acordo com a lei processual (art. 188, do Código
procuração (mandato) escrita só é exigida quando se
de Processo Civil), os atos processuais têm forma livre.
passam poderes especiais ao advogado, tais como o de
De acordo com o art. 13, da Lei nº 9.099/95, mesmo se a
receber valores, dar quitação em dívida, etc.
lei exigir uma forma específica de se realizar determina-
§ 4º O réu, sendo pessoa jurídica ou titular de do ato processual e ela não for respeitada, desde que o
firma individual, poderá ser representado por ato atinja a sua finalidade, ele será considerado válido.
preposto credenciado, munido de carta de prepo-
sição com poderes para transigir, sem haver neces- § 1º Não se pronunciará qualquer nulidade
sidade de vínculo empregatício. sem que tenha havido prejuízo. 235
O § 1º adota o princípio do prejuízo, ou seja, não se Ao contrário do que ocorre no Juízo comum, em
declara a nulidade de um ato processual sem que seja que, após feito o pedido inicial, ele é encaminhado
provado o prejuízo por ele causado. para o Juiz para que este determine a realização de
audiência de tentativa de conciliação, no JEC, é a pró-
§ 2º A prática de atos processuais em outras comar- pria Secretaria do Juizado que faz a designação da
cas poderá ser solicitada por qualquer meio idôneo data da sessão de conciliação.
de comunicação.
§ 3º Apenas os atos considerados essenciais serão Art. 17 Comparecendo inicialmente ambas as
registrados resumidamente, em notas manuscritas, partes, instaurar-se-á, desde logo, a sessão de
datilografadas, taquigrafadas ou estenotipadas. Os conciliação, dispensados o registro prévio de pedi-
demais atos poderão ser gravados em fita magnéti- do e a citação.
ca ou equivalente, que será inutilizada após o trân- Parágrafo único. Havendo pedidos contrapostos,
sito em julgado da decisão. poderá ser dispensada a contestação formal e
§ 4º As normas locais disporão sobre a conserva- ambos serão apreciados na mesma sentença.
ção das peças do processo e demais documentos
que o instruem. Na hipótese de comparecerem ambas as partes ao
Juizado, realiza-se a sessão de conciliação, sem neces-
As normas constantes nos §§ 2º ao 4º dizem respei- sidade de promover o registro e a citação prévios.
to aos processos físicos, em desuso nos JEC, tendo em Caso o réu também tenha pedido a ser formulado em
vista a implementação do processo eletrônico. Vale desfavor do autor, baseado nos mesmos fatos, os pedi-
apenas mencionar a disposição constante no § 2º: os dos de autor e réu (pedidos contrapostos) serão deci-
atos processuais a serem praticados em outras comar- didos na mesma sentença.
cas, no Juízo comum, são solicitados por meio de carta
precatória; no âmbito do JEC, tal formalidade não se Das Citações e Intimações
faz necessária, podendo-se utilizar para tal o telefone,
o e-mail etc. Os arts. 18 e 19 cuidam da comunicação dos atos
processuais no Juizado Especial Civil. A citação é a
Do Pedido comunicação que tem como finalidade convocar o réu
para fazer parte do processo. Por sua vez, a intimação
Art. 14 O processo instaurar-se-á com a apresen- é a comunicação que tem por objetivo dar ciência à
tação do pedido, escrito ou oral, à Secretaria do parte de atos ou termos do processo, bem como con-
Juizado. vocá-la para realizar ou deixar de realizar algum ato.
§ 1º Do pedido constarão, de forma simples e
em linguagem acessível: Art. 18 A citação far-se-á:
I - o nome, a qualificação e o endereço das partes; I - por correspondência, com aviso de recebi-
II - os fatos e os fundamentos, de forma sucinta; mento em mão própria;
III - o objeto e seu valor. II - tratando-se de pessoa jurídica ou firma indi-
§ 2º É lícito formular pedido genérico quan- vidual, mediante entrega ao encarregado da
do não for possível determinar, desde logo, a recepção, que será obrigatoriamente identificado;
extensão da obrigação. III - sendo necessário, por oficial de justiça, inde-
§ 3º O pedido oral será reduzido a escrito pela pendentemente de mandado ou carta precatória.
Secretaria do Juizado, podendo ser utilizado o
sistema de fichas ou formulários impressos. A regra é que a citação, para as pessoas físicas, seja
feita mediante carta com Aviso de Recebimento (AR);
O art. 14 disciplina a forma de apresentação do já para as pessoas jurídicas ou firmas individuais, uti-
pedido inicial que vai instaurar o processo no JEC. liza-se a chamada teoria da aparência, isto é, conside-
Vale destacar a possibilidade da apresentação do ra-se válida a citação recebida por quem se apresenta
pedido de forma escrita ou oral (hipótese em que será como representante legal da empresa, sem importar
transcrito). se tal pessoa pode ou não a representar em juízo.
Em um caso ou em outro, sendo necessário, con-
Art. 15 Os pedidos mencionados no art. 3º desta forme dispõe o inciso III, faz-se a citação por meio
Lei poderão ser alternativos ou cumulados; nes- de oficial de justiça. Tendo em vista o princípio da
ta última hipótese, desde que conexos e a soma não informalidade que se aplica ao JEC, o oficial realiza a
ultrapasse o limite fixado naquele dispositivo. diligência independentemente da emissão de ordem
judicial escrita (mandado ou carta precatória).
Os pedidos, no JEC, podem ser alternativos (pede-
-se uma coisa ou outra) ou cumulativos (pede-se uma § 1º A citação conterá cópia do pedido inicial,
coisa e outra). No caso de pedidos cumulativos, eles dia e hora para comparecimento do citando e
devem ter relação entre si (indenização por danos advertência de que, não comparecendo este, con-
materiais e morais devidos pelo mesmo fato, por siderar-se-ão verdadeiras as alegações iniciais, e
exemplo) e não podem, se somados, ultrapassar o será proferido julgamento, de plano.
valor do teto (40 salários-mínimos). § 2º Não se fará citação por edital.

Art. 16 Registrado o pedido, independentemente de A citação por edital (publicada em diário oficial)
distribuição e autuação, a Secretaria do Juizado não se aplica no âmbito do JEC, uma vez que vai con-
designará a sessão de conciliação, a realizar-se tra os princípios de celeridade, oralidade e simplicida-
236 no prazo de quinze dias. de, que regem os Juizados.
§ 3º O comparecimento espontâneo suprirá a I – as ações de mandado de segurança, de desapro-
falta ou nulidade da citação. priação, de divisão e demarcação, populares, por
Art. 19 As intimações serão feitas na forma pre- improbidade administrativa, execuções fiscais e
vista para citação, ou por qualquer outro meio as demandas sobre direitos ou interesses difusos e
idôneo de comunicação. coletivos;
II – as causas sobre bens imóveis dos Estados, Dis-
As intimações podem seguir a forma das citações trito Federal, Territórios e Municípios, autarquias e
ou serem realizadas por outros meios como, e-mail e fundações públicas a eles vinculadas;
até por meio de aplicativos de mensagem largamen- III – as causas que tenham como objeto a impugnação
te utilizados pela população. da pena de demissão imposta a servidores públicos
civis ou sanções disciplinares aplicadas a militares.
§ 1º Dos atos praticados na audiência, conside- § 2º Quando a pretensão versar sobre obrigações
rar-se-ão desde logo cientes as partes. vincendas, para fins de competência do Juizado
Especial, a soma de 12 (doze) parcelas vincendas e
Os atos realizados em audiência (por exemplo, a de eventuais parcelas vencidas não poderá exceder
determinação de se juntar determinado documento) o valor referido no caput deste artigo.
não precisam ser comunicados às partes. § 3º (VETADO)
§ 4º No foro onde estiver instalado Juizado Especial
§ 2º As partes comunicarão ao juízo as mudan- da Fazenda Pública, a sua competência é absoluta.
ças de endereço ocorridas no curso do proces- Art. 3º O juiz poderá, de ofício ou a requerimento
so, reputando-se eficazes as intimações enviadas das partes, deferir quaisquer providências caute-
ao local anteriormente indicado, na ausência da lares e antecipatórias no curso do processo, para
comunicação. evitar dano de difícil ou de incerta reparação.
Art. 4º Exceto nos casos do art. 3o, somente será
admitido recurso contra a sentença.

LEI Nº 12.153, DE 22 DE DEZEMBRO DE Em caso que se tenha concedido ou se tenha


negado a tutela provisória de urgência (cautelar,
2009 antecipada, preventiva ou de evidência), é que será
possível segundo o artigo 4o., o recurso de agravo de
A finalidade dos Juizados Especiais da Fazenda
instrumento. Sendo permitido apenas contra a sen-
Pública é conciliar, processar, julgar e executar as
tença é que se poderá recorrer, por meio do recurso
causas cíveis de interesse dos Estados, Municípios inominado.
e DF, até o valor de 60 salários mínimos (competên-
cia absoluta). Não está inserida na competência do Art. 5º Podem ser partes no Juizado Especial da
Juizado: Fazenda Pública:
I – como autores, as pessoas físicas e as microem-
z Mandado de Segurança; presas e empresas de pequeno porte, assim defini-
z Desapropriação; das na Lei Complementar no 123, de 14 de dezembro
z Divisão e demarcação de terras; de 2006;
z Ação popular por improbidade administrativa; II – como réus, os Estados, o Distrito Federal, os
z Execuções fiscais; Territórios e os Municípios, bem como autarquias,
z Interesses difusos e coletivos; fundações e empresas públicas a eles vinculadas.
z Causas sobre bens imóveis;
z Impugnação de pena de demissão de servidor; Como sujeito ativo, admite-se apenas pessoas físicas.
z Sanção disciplinar aplicada a militares.
Art. 6º Quanto às citações e intimações, aplicam-
Destacando que Juizados Especiais da Fazenda -se as disposições contidas na Lei no 5.869, de 11 de
Pública, aplicam-se subsidiariamente o Código de Pro- janeiro de 1973 – Código de Processo Civil.
cesso Civil, a Lei nº 9.099/95 e a Lei nº 10.259/01 Art. 7º Não haverá prazo diferenciado para a prá-
tica de qualquer ato processual pelas pessoas jurí-
Art. 1º Os Juizados Especiais da Fazenda Pública, dicas de direito público, inclusive a interposição de
órgãos da justiça comum e integrantes do Sistema recursos, devendo a citação para a audiência de
dos Juizados Especiais, serão criados pela União, conciliação ser efetuada com antecedência mínima
no Distrito Federal e nos Territórios, e pelos Esta- de 30 (trinta) dias.
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

dos, para conciliação, processo, julgamento e exe- Art. 8º Os representantes judiciais dos réus pre-
cução, nas causas de sua competência. sentes à audiência poderão conciliar, transigir ou
Parágrafo único. O sistema dos Juizados Especiais desistir nos processos da competência dos Juizados
dos Estados e do Distrito Federal é formado pelos Especiais, nos termos e nas hipóteses previstas na
Juizados Especiais Cíveis, Juizados Especiais Crimi- lei do respectivo ente da Federação.
nais e Juizados Especiais da Fazenda Pública. Art. 9º A entidade ré deverá fornecer ao Juizado a
documentação de que disponha para o esclareci-
Da Competência mento da causa, apresentando-a até a instalação
da audiência de conciliação.
Art. 2º É de competência dos Juizados Especiais da A revelia não produz contra o ente público seu prin-
Fazenda Pública processar, conciliar e julgar cau- cipal efeito, qual seja, o da presunção de veracidade
sas cíveis de interesse dos Estados, do Distrito Fede- quanto ao aspecto fático discutido na demanda, e,
ral, dos Territórios e dos Municípios, até o valor de assim, o artigo 9o. pode ser utilizado pelo juiz em
60 (sessenta) salários mínimos. caso de revelia, quando este tiver alguma dúvida
§ 1º Não se incluem na competência do Juizado em julgar a demanda apenas por aquilo que o autor
Especial da Fazenda Pública: tiver afirmado ou provado. 237
Art. 10 Para efetuar o exame técnico necessário § 2º Os juízes leigos ficarão impedidos de exercer a
à conciliação ou ao julgamento da causa, o juiz advocacia perante todos os Juizados Especiais da
nomeará pessoa habilitada, que apresentará o lau- Fazenda Pública instalados em território nacional,
do até 5 (cinco) dias antes da audiência. enquanto no desempenho de suas funções.
Art. 11 Nas causas de que trata esta Lei, não have- Art. 16 Cabe ao conciliador, sob a supervisão do
rá reexame necessário. juiz, conduzir a audiência de conciliação.
Art. 12 O cumprimento do acordo ou da sentença, § 1º Poderá o conciliador, para fins de encami-
com trânsito em julgado, que imponham obrigação nhamento da composição amigável, ouvir as par-
de fazer, não fazer ou entrega de coisa certa, será tes e testemunhas sobre os contornos fáticos da
efetuado mediante ofício do juiz à autoridade citada controvérsia.
para a causa, com cópia da sentença ou do acordo. § 2º Não obtida a conciliação, caberá ao juiz presidir
Art. 13 Tratando-se de obrigação de pagar quan- a instrução do processo, podendo dispensar novos
tia certa, após o trânsito em julgado da decisão, o depoimentos, se entender suficientes para o julga-
pagamento será efetuado: mento da causa os esclarecimentos já constantes
I – no prazo máximo de 60 (sessenta) dias, contado dos autos, e não houver impugnação das partes.
da entrega da requisição do juiz à autoridade cita- Art. 17 As Turmas Recursais do Sistema dos Juiza-
da para a causa, independentemente de precatório, dos Especiais são compostas por juízes em exercício
na hipótese do § 3o do art. 100 da Constituição no primeiro grau de jurisdição, na forma da legisla-
Federal; ou ção dos Estados e do Distrito Federal, com manda-
II – mediante precatório, caso o montante da con- to de 2 (dois) anos, e integradas, preferencialmente,
denação exceda o valor definido como obrigação de por juízes do Sistema dos Juizados Especiais.
pequeno valor. § 1º A designação dos juízes das Turmas Recur-
§ 1º Desatendida a requisição judicial, o juiz, ime- sais obedecerá aos critérios de antiguidade e
diatamente, determinará o sequestro do numerário merecimento.
suficiente ao cumprimento da decisão, dispensada § 2º Não será permitida a recondução, salvo quando
a audiência da Fazenda Pública. não houver outro juiz na sede da Turma Recursal.
§ 2º As obrigações definidas como de pequeno valor Art. 18 Caberá pedido de uniformização de inter-
a serem pagas independentemente de precatório pretação de lei quando houver divergência entre
terão como limite o que for estabelecido na lei do decisões proferidas por Turmas Recursais sobre
respectivo ente da Federação. questões de direito material.
§ 3º Até que se dê a publicação das leis de que trata § 1º O pedido fundado em divergência entre Turmas
o § 2º, os valores serão: do mesmo Estado será julgado em reunião conjun-
I – 40 (quarenta) salários mínimos, quanto aos ta das Turmas em conflito, sob a presidência de
Estados e ao Distrito Federal; desembargador indicado pelo Tribunal de Justiça.
II – 30 (trinta) salários mínimos, quanto aos § 2º No caso do § 1o, a reunião de juízes domicilia-
Municípios. dos em cidades diversas poderá ser feita por meio
§ 4º São vedados o fracionamento, a repartição ou eletrônico.
a quebra do valor da execução, de modo que o paga- § 3º Quando as Turmas de diferentes Estados derem
mento se faça, em parte, na forma estabelecida no a lei federal interpretações divergentes, ou quando
inciso I do caput e, em parte, mediante expedição a decisão proferida estiver em contrariedade com
de precatório, bem como a expedição de precatório súmula do Superior Tribunal de Justiça, o pedido
complementar ou suplementar do valor pago. será por este julgado.
§ 5º Se o valor da execução ultrapassar o estabelecido Art. 19 Quando a orientação acolhida pelas Tur-
para pagamento independentemente do precatório, mas de Uniformização de que trata o § 1o do art. 18
o pagamento far-se-á, sempre, por meio do preca- contrariar súmula do Superior Tribunal de Justiça,
tório, sendo facultada à parte exequente a renúncia a parte interessada poderá provocar a manifesta-
ao crédito do valor excedente, para que possa optar ção deste, que dirimirá a divergência.
pelo pagamento do saldo sem o precatório. § 1º Eventuais pedidos de uniformização fundados
§ 6º O saque do valor depositado poderá ser feito pela em questões idênticas e recebidos subsequente-
parte autora, pessoalmente, em qualquer agência do mente em quaisquer das Turmas Recursais ficarão
banco depositário, independentemente de alvará. retidos nos autos, aguardando pronunciamento do
§ 7º O saque por meio de procurador somente pode- Superior Tribunal de Justiça.
rá ser feito na agência destinatária do depósito, § 2º Nos casos do caput deste artigo e do § 3o do
mediante procuração específica, com firma reco- art. 18, presente a plausibilidade do direito invo-
nhecida, da qual constem o valor originalmente cado e havendo fundado receio de dano de difícil
depositado e sua procedência. reparação, poderá o relator conceder, de ofício ou
Art. 14 Os Juizados Especiais da Fazenda Públi- a requerimento do interessado, medida liminar
ca serão instalados pelos Tribunais de Justiça dos determinando a suspensão dos processos nos quais
Estados e do Distrito Federal. a controvérsia esteja estabelecida.
Parágrafo único. Poderão ser instalados Juizados § 3º Se necessário, o relator pedirá informações ao
Especiais Adjuntos, cabendo ao Tribunal designar Presidente da Turma Recursal ou Presidente da Tur-
a Vara onde funcionará. ma de Uniformização e, nos casos previstos em lei,
Art. 15 Serão designados, na forma da legislação ouvirá o Ministério Público, no prazo de 5 (cinco) dias.
dos Estados e do Distrito Federal, conciliadores e juí- § 4º (VETADO)
zes leigos dos Juizados Especiais da Fazenda Públi- § 5º Decorridos os prazos referidos nos §§ 3o e 4o,
ca, observadas as atribuições previstas nos arts. 22, o relator incluirá o pedido em pauta na sessão, com
37 e 40 da Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995. preferência sobre todos os demais feitos, ressalva-
§ 1º Os conciliadores e juízes leigos são auxiliares dos os processos com réus presos, os habeas corpus
da Justiça, recrutados, os primeiros, preferente- e os mandados de segurança.
mente, entre os bacharéis em Direito, e os segun- § 6º Publicado o acórdão respectivo, os pedidos
dos, entre advogados com mais de 2 (dois) anos de retidos referidos no § 1º serão apreciados pelas
238 experiência. Turmas Recursais, que poderão exercer juízo de
retratação ou os declararão prejudicados, se veicu- danos sofridos pela vítima e a aplicação de pena
larem tese não acolhida pelo Superior Tribunal de não privativa de liberdade (conforme consta no
Justiça. art. 62 da Lei nº 9.099/95);
Art. 20 Os Tribunais de Justiça, o Superior Tribunal
z Os atos processuais são públicos, via de regra;
de Justiça e o Supremo Tribunal Federal, no âmbi-
to de suas competências, expedirão normas regu- podendo ser realizados à noite e em qualquer dia
lamentando os procedimentos a serem adotados da semana; para que seja invalidado, deve ser
para o processamento e o julgamento do pedido de provado o prejuízo; não é necessária a expedição
uniformização e do recurso extraordinário. de carta precatória para a realização de atos em
Art. 21 O recurso extraordinário, para os efeitos outras comarcas; e somente serão reduzidos a ter-
desta Lei, será processado e julgado segundo o mo os atos essenciais;
estabelecido no art. 19, além da observância das z Possui uma fase preliminar e uma fase processual
normas do Regimento.
(rito sumaríssimo);
Art. 22 Os Juizados Especiais da Fazenda Pública
serão instalados no prazo de até 2 (dois) anos da z Aplicam-se as medidas despenalizadoras da tran-
vigência desta Lei, podendo haver o aproveitamen- sação penal, suspensão condicional do processo e
to total ou parcial das estruturas das atuais Varas composição cível; nos casos de reunião de proces-
da Fazenda Pública. sos (conexão e continência) aplicam-se os institu-
Art. 23 Os Tribunais de Justiça poderão limitar, tos da transação penal e da composição dos danos
por até 5 (cinco) anos, a partir da entrada em vigor civis (art. 2º, parágrafo único, da Lei nº 10.259/01)
desta Lei, a competência dos Juizados Especiais da
Fazenda Pública, atendendo à necessidade da orga- Agora, veremos as diferenças entre os Juizados
nização dos serviços judiciários e administrativos.
Especiais Federais Criminais e os Juizados Criminais
Art. 24 Não serão remetidas aos Juizados Especiais
da Fazenda Pública as demandas ajuizadas até a data
da Lei nº 9.099/95.
de sua instalação, assim como as ajuizadas fora do Competência em relação à matéria
Juizado Especial por força do disposto no art. 23.
Art. 25 Competirá aos Tribunais de Justiça prestar Art. 2º Compete ao Juizado Especial Federal Cri-
o suporte administrativo necessário ao funciona- minal processar e julgar os feitos de competência
mento dos Juizados Especiais. da Justiça Federal relativos às infrações de menor
Art. 26 O disposto no art. 16 aplica-se aos Juizados potencial ofensivo, respeitadas as regras de cone-
Especiais Federais instituídos pela Lei no 10.259, de xão e continência.
12 de julho de 2001. Parágrafo único. Na reunião de processos, peran-
Art. 27 Aplica-se subsidiariamente o disposto nas te o juízo comum ou o tribunal do júri, decorrente
Leis nos 5.869, de 11 de janeiro de 1973 – Código de da aplicação das regras de conexão e continência,
Processo Civil, 9.099, de 26 de setembro de 1995, e observar-se-ão os institutos da transação penal e
10.259, de 12 de julho de 2001. da composição dos danos civis.
Art. 28 Esta Lei entra em vigor após decorridos 6
(seis) meses de sua publicação oficial.
A Lei nº 10.259/01 estabelece que “compete aos Jui-
A Lei nº 10.259/01 surgiu para instituir e discipli- zados Especiais Criminais Federais processar e julgar
nar os Juizados Especiais Federais, Cíveis e Criminais, e executar as infrações de menor potencial ofensivo
de acordo com o previsto no art. 98, parágrafo único, de competência da Justiça Federal”.
da Constituição Federal. Guarde isso: a Justiça Federal, de acordo com o art.
109 da Constituição Federal não julga contravenções
Art. 1º São instituídos os Juizados Especiais Cíveis
penais como regra.
e Criminais da Justiça Federal, aos quais se aplica,
no que não conflitar com esta Lei, o disposto na Lei
nº 9.099, de 26 de setembro de 1995.
Importante!
Dica Juizados Especiais Criminais Federais, via de
Antes do estudo da Lei 10.259/01, é essencial a regra, não julgam contravenções, que são de
leitura do material referente aos Juizados Espe- competência dos Juizados Especiais Crimini-
ciais Criminais (Lei nº 9.099/95). nais do Estados e do DF.
De acordo com a Súmula 38 do STJ: “Compete à
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

DISPOSIÇÕES EM COMUM COM A LEI Nº 9.099/95 E


Justiça Estadual Comum, na vigência da Cons-
PONTOS DE DISTANCIAMENTO
tituição de 1988, o processo por contravenção
Para os fins do nosso estudo, interessa conhecer as penal, ainda que praticada em detrimento de
disposições relativas aos Juizados Especiais Federais bens, serviços ou interesse da União ou de suas
Criminais, apenas no que elas diferem dos Juizados entidades.”.
Especiais Criminais Estaduais, uma vez que os prin- Há uma exceção, que diz respeito às contraven-
cípios (critérios) e os atos processuais são os previstos
ções praticadas por agente que tenha prerro-
nos arts. 60 e seguintes da Lei nº 9.099/95. Ou seja, aos
Juizados Especiais Federais Criminais aplicam-se as gativa de foro na Justiça Federal. É o caso, por
seguintes disposições da Lei nº 9.099/95 (art. 1º da Lei exemplo, de contravenções praticadas por juízes
nº 10.259/01): federais (art. 108, I, da CF).

z Princípios da oralidade, simplicidade, informa-


lidade, economia processual e celeridade, obje- Compete aos Juizados Especiais Criminais Federais
tivando, sempre que possível, a reparação dos processar e julgar: 239
Juizados Especiais HORA DE PRATICAR!
Federais Criminais
1. (TJ-SP – VUNESP – 2018) Legalmente, incumbe ao
escrivão ou ao chefe de secretaria:

Crime de A que a lei comine a) efetuar avaliações, quando for o caso.


Competência da pena máxima não b) certificar proposta de autocomposição apresentada
Justiça Federal superior a 2 anos, por qualquer das partes, na ocasião de realização de
cumulada ou não ato de comunicação que lhe couber.
com multa c) manter sob sua guarda e responsabilidade os bens
móveis de pequeno valor penhorados.
d) auxiliar o juiz na manutenção da ordem.
Excepcionalmente,
contravenções, no
e) comparecer às audiências ou, não podendo fazê-lo,
caso de prerrogativa designar servidor para substituí-lo.
de foro (praticadas
por juízers federais) 2. (TJ-SP – VUNESP – 2015) Incumbe ao escrivão

a) dar certidão de qualquer ato ou termo do processo,


Agora, resta saber, quais crimes são de competên- desde que determinado por despacho exarado por juiz
cia da Justiça Federal. competente.
Para saber se um crime é de competência da Jus- b) fazer pessoalmente as penhoras e arrestos.
tiça Federal, basta olhar o que dispõem os arts. 108 e c) estar presente às audiências e coadjuvar o juiz na
109 da CF. Resumidamente, são os delitos que envol- manutenção da ordem.
vam bens ou interesses da União. Entre eles, estão os d) efetuar avaliações e executar as ordens do juiz a que
seguintes crimes, quando praticados contra bens/inte- estiver subordinado.
resses da União: e) redigir, em forma legal, os ofícios, mandados, cartas
precatórias e mais atos que pertencem ao seu ofício.
z art. 301 do CP (certidão ou atestado ideologica-
mente falso); 3. (TJ-SP – VUNESP – 2015) Quanto aos atos do juiz,
z § 1°, art. 301 do CP (falsidade material de atestado assinale a alternativa correta.
ou certidão);
z art. 302 do CP (falsidade de atestado médico);
a) São atos meramente ordinatórios, forma pela qual o
z art. 304 do CP (uso de documento falso, no caso
juiz resolve questão incidente, quando praticados em
das falsificações dos documentos que constam nos
decorrência de juntada de documento essencial para
arts. 301 e 302);
o deslinde da causa.
z art. 307 do CP (falsa identidade)
b) Os atos meramente ordinatórios, como a juntada e a
z § 2°, art. 312 do CP (peculato culposo);
vista obrigatória, independem de despacho, devendo
z art. 315 do CP (emprego irregular de verbas ou
ser praticados de ofício pelo servidor e revistos pelo
rendas públicas);
z § 2°, art. 317 (corrupção passiva na modalidade juiz quando necessários.
privilegiada); c) Decisão interlocutória é o ato pelo qual o juiz, no cur-
z art. 319 do CP (prevaricação); so do feito, põe fim ao processo, resolvendo todas as
z art. 321 do CP (advocacia administrativa); questões que deram causa à propositura da ação.
z art. 329 do CP ( resistência); d) Decisão interlocutória compreende todos os demais
z art. 330 do CP (desobediência); atos do juiz praticados no processo, de ofício ou a
z art. 331 do CP (desacato); requerimento da parte, a cujo respeito a lei não esta-
z alguns crimes ambientais, previstos na Lei nº belece outra forma.
9.605/98, como os crimes ambientais praticados em e) Recebe a denominação de acórdão o julgamento pro-
mar territorial, terreno da marinha, dentro ou no ferido pelos tribunais, desde que julguem o mérito da
entorno de unidade de conservação ambiental, de demanda e reformem a sentença.
extração ilegal de recursos minerais, entre outros;
z crimes contra a ordem tributária, previstos no art. 4. (TJ-SP – VUNESP – 2015) Sobre a forma dos atos
2º da Lei nº 8.137/90 etc. processuais, aponte a alternativa correta.

Juízes a) Os atos praticados em processo em que foi decreta-


do o segredo de justiça não podem ser produzidos em
Outra diferença entre os juizados é que, ao con- forma eletrônica.
trário dos Juizados Especiais Estaduais, nos Juizados b) A desistência da ação produz efeito desde que publi-
Federais, não há previsão da atuação de juízes leigos
cada pela imprensa oficial, para conhecimento de
(auxiliares judiciais).
terceiros.
Execução c) Despacho é todo ato pelo qual o juiz, no curso do pro-
cesso, resolve questão incidente.
A última diferença entre os Juizados é que os Juiza- d) A assinatura dos juízes, em todos os graus de jurisdi-
dos Especiais Federais têm competência para execu- ção, pode ser feita eletronicamente, na forma da lei.
tar somente as penas de multa, ficando a execução das e) É vedada a utilização de método eletrônico para gra-
privativas de liberdade e restritivas de direitos fora vação de voz ou imagem durante a realização de
240 de sua competência (competência da Justiça Comum). audiências.
5. (TJ-SP – VUNESP – 2018) Processa(m)-se durante as 9. (TJ-SP – VUNESP – 2017) Determinada lide esbarra
férias forenses, onde as houver, e não se suspendem numa súmula vinculante que favorece o réu na sua
pela superveniência delas: interpretação. Assim, pretende o réu que essa dis-
cussão seja imediatamente solucionada, requerendo
a) a homologação de desistência de ação. tutela provisória nesse sentido, pelas vias processuais
b) os procedimentos de jurisdição voluntária e os neces- adequadas. Nesse caso, é correto afirmar que
sários à conservação de direitos, quando puderem ser
prejudicados pelo adiamento. a) para que seja concedida a tutela pretendida, será
c) os processos que versem sobre arbitragem, inclusive necessária a presença dos requisitos da verossimi-
sobre cumprimento de carta arbitral. lhança, da alegação e do risco de dano.
d) o registro de ato processual eletrônico e a respectiva b) o réu não tem legitimidade para requerer tutela provi-
intimação eletrônica da parte. sória nesse caso, pois esse pedido deve ser formulado
e) a realização de audiência cujas datas tiverem sido exclusivamente pelo autor dessa demanda.
designadas. c) o réu tem interesse em pleitear a provisória de evidên-
6. (TJ-SP – VUNESP – 2017) Luís ingressou com uma cia, independentemente da presença dos requisitos da
ação contra Mirela. Em 09.03 (sexta-feira), na audiên- verossimilhança, da alegação e do risco de dano.
cia de instrução e julgamento, o juiz julgou a ação d) por se tratar de assunto que deve aguardar a cognição
improcedente, saindo as partes intimadas de tal deci- exauriente, o pedido de tutela provisória do réu deverá
são nessa data. A parte sucumbente pretende recorrer ser indeferido.
da decisão do juiz. e) só será concedida a tutela caso o réu a tenha pleitea-
Levando em consideração que, durante o prazo do do na forma de urgência antecipada antecedente.
recurso, não há qualquer feriado, é correto afirmar que
10. (TJ-SP – VUNESP – 2015) Nas ações de procedimen-
a) Luís deverá interpor recurso de agravo de instrumento, to ordinário, é possível a cumulação de pedidos por
e terá, para isso, prazo fatal até 30.03 (sexta-feira). parte do autor em sua inicial. Diante dessa informa-
b) Luís deverá interpor recurso de apelação, e terá, para ção, assinale a alternativa correta.
isso, prazo fatal até 30.03 (sexta-feira).
c) o recurso a ser manejado por Luís é o de agravo de a) É lícito formular mais de um pedido em ordem suces-
instrumento, e ele terá 15 dias úteis para fazer tal peça siva, escolhendo o juiz conhecer pela ordem que julgar
processual, contados a partir de 09.03. mais adequada.
d) Mirela deverá manejar recurso de apelação no pra- b) É permitida a cumulação, num único processo, contra
zo de 15 dias corridos, contados a partir de 12.03 o mesmo réu, de vários pedidos, ainda que entre eles
(segunda-feira). não haja conexão.
e) tanto Luís quanto Mirela têm interesse de agir no c) A admissibilidade da cumulação dos pedidos não
recurso de apelação, e eles terão prazo comum de 15 importa que tenha competência para conhecer deles
dias úteis, contados de 12.03 (segunda-feira), para o mesmo juízo.
apresentar tal peça processual. d) Os pedidos cumulados não necessitam ser compatí-
veis entre si, contudo, devem estar adequados ao mes-
7. (TJ-SP – VUNESP – 2015) Os atos processuais são mo procedimento.
atos das partes, do juiz e dos auxiliares da Justiça, e a e) A cumulação dependerá de anuência do réu, que
eles são assinalados prazos para cumprimento. Nes- pode ser tácita ou explicitamente impugnada na
se caso, assinale a alternativa correta. contestação.

a) A parte não poderá renunciar ao prazo estabelecido 11. (TJ-SP – VUNESP – 2015) Nas causas que dispensem
exclusivamente em seu favor. a fase instrutória, o juiz, independentemente da cita-
b) Não havendo preceito legal nem assinação pelo juiz, ção do réu, poderá julgar liminarmente improcedente
será de cinco dias o prazo para a prática de ato proces- o pedido
sual a cargo da parte.
c) Salvo disposição em contrário, computar-se-ão os pra- a) que não indicar o fundamento legal.
zos, incluindo-se o dia do começo e o do vencimento. b) que contrariar enunciado de súmula de tribunal de jus-
d) Decorrido o prazo, extingue-se, mediante declaração tiça sobre direito local.
judicial, o direito de praticar o ato. c) que tiver petição inicial inepta.
e) Os atos processuais realizar-se-ão nos prazos prescri- d) que tenha parte manifestamente ilegítima.
tos em lei. Quando esta for omissa, o juiz determinará e) cujo autor carecer de interesse processual.
que os prazos se cumpram em cinco dias.
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

12. (TJ-SP – VUNESP – 2014) No que diz respeito ao


8. (TJ-SP – VUNESP – 2018) Se a tutela antecipada for depoimento pessoal da parte, assinale a alternativa
correta.
concedida nos casos em que a urgência for contempo-
rânea à propositura da ação e a petição inicial limitar-
a) Se a parte intimada comparecer, a fim de discorrer
-se ao requerimento da tutela antecipada e à indicação
sobre os fatos da causa, e se recusar a depor, o juiz
do pedido de tutela final, com a exposição da lide, do
lhe aplicará a pena de confissão.
direito que se busca realizar e do perigo de dano ou
b) A parte será intimada pessoalmente, com antecedên-
do risco ao resultado útil do processo, e a decisão se cia mínima de 30 dias da audiência, constando do
tornar estável, o juiz deverá mandado que se presumirão confessados os fatos,
caso não compareça.
a) mandar emendar a inicial. c) A parte responderá pessoalmente ou por meio de seu
b) suspender a ação até seu efetivo cumprimento. advogado sobre os fatos articulados, podendo se ser-
c) julgar extinto o processo. vir de escritos anteriormente preparados, sendo defe-
d) determinar a contestação da ação. so, a quem ainda não depôs, assistir ao interrogatório
e) sanear o feito. da outra parte. 241
d) Quando o juiz não o determinar de ofício, compete a Art. 152. Incumbe ao escrivão ou ao chefe de
cada parte requerer seu depoimento pessoal, a fim de secretaria:
ser interrogada na audiência de instrução e julgamento. I - redigir, na forma legal, os ofícios, os mandados,
e) Quando a parte, sem motivo justificado, deixar de res- as cartas precatórias e os demais atos que perten-
ponder ao que lhe for perguntado, ou empregar evasi- çam ao seu ofício;
vas, o juiz declarará na sentença sua confissão. II - efetivar as ordens judiciais, realizar citações e
intimações, bem como praticar todos os demais
13. (TJ-SP – VUNESP – 2018) Com relação ao direito de atos que lhe forem atribuídos pelas normas de orga-
recorrer, assinale a alternativa correta. nização judiciária;
III - comparecer às audiências ou, não podendo
a) A renúncia ao direito de recorrer depende da aceitação fazê-lo, designar servidor para substituí-lo;
da outra parte. IV - manter sob sua guarda e responsabilidade os
b) A parte que aceitar tacitamente a decisão poderá autos, não permitindo que saiam do cartório, exceto:
recorrer, se ainda no prazo recursal. a) quando tenham de seguir à conclusão do juiz;
c) Dos despachos cabem os recursos de agravo de ins- b) com vista a procurador, à Defensoria Pública, ao
trumento ou embargos de declaração. Ministério Público ou à Fazenda Pública;
d) A desistência do recurso não impede a análise de ques- c) quando devam ser remetidos ao contabilista ou
tão cuja repercussão geral já tenha sido reconhecida. ao partidor;
e) O recorrente, para desistir do recurso, necessitará da d) quando forem remetidos a outro juízo em razão
anuência de seus litisconsortes. da modificação da competência;
V - fornecer certidão de qualquer ato ou termo do
14. (TJ-SP – VUNESP – 2014) Interposto recurso, o recor- processo, independentemente de despacho, observa-
rente poderá dele desistir das as disposições referentes ao segredo de justiça;
VI - praticar, de ofício, os atos meramente ordinatórios.
a) se não houver recurso adesivo ao seu. § 1º O juiz titular editará ato a fim de regulamentar
b) somente até a remessa ao tribunal. a atribuição prevista no inciso VI.
c) sem a anuência do recorrido. § 2º No impedimento do escrivão ou chefe de secre-
d) até que haja a resposta do recorrido. taria, o juiz convocará substituto e, não o havendo,
e) desde que haja a anuência dos litisconsortes. nomeará pessoa idônea para o ato.
Art. 154. Incumbe ao oficial de justiça:
15. (TJ-SP – VUNESP – 2017) Lucas Bastos propôs ação I - fazer pessoalmente citações, prisões, penhoras,
contra a empresa Limiar Ltda., pois teve seu nome arrestos e demais diligências próprias do seu ofício,
negativado indevidamente. Requereu liminar, que foi sempre que possível na presença de 2 (duas) teste-
indeferida pelo juiz de primeiro grau. Fez agravo de ins- munhas, certificando no mandado o ocorrido, com
trumento contra a decisão do juiz singular e requereu a menção ao lugar, ao dia e à hora;
declaração de efeito ativo ao recurso, pois estava pre- II - executar as ordens do juiz a que estiver
tendendo comprar uma casa e precisava de seu nome subordinado;
sem restrições. O relator indeferiu monocraticamente III - entregar o mandado em cartório após seu
esse efeito. cumprimento;
Diante dessa decisão do relator, é correto afirmar que IV - auxiliar o juiz na manutenção da ordem;
Lucas V - efetuar avaliações, quando for o caso;
VI - certificar, em mandado, proposta de autocomposi-
a) poderá manejar outro agravo de instrumento, por se tra- ção apresentada por qualquer das partes, na ocasião
tar de decisão interlocutória que analisa tutela provisória. de realização de ato de comunicação que lhe couber.
b) poderá manejar agravo retido, pois, apenas com o jul- Parágrafo único. Certificada a proposta de auto-
gamento de outro recurso, essa situação poderá ser composição prevista no inciso VI, o juiz ordenará a
rediscutida. intimação da parte contrária para manifestar-se, no
c) por estar diante de uma decisão irrecorrível, não tem prazo de 5 (cinco) dias, sem prejuízo do andamento
meios de rediscutir a decisão do relator. regular do processo, entendendo-se o silêncio como
d) tem como única forma recursal à sua disposição o recusa.
pedido de retratação, claramente prescrito na nova Existe um macete para gravar essas funções.
sistemática processual. Escrivão: RE.COM.PRA E RE.FOR.MA.:
e) poderá manejar agravo interno, que é recurso cabível REdigir os ofícios, os mandados, as cartas
contra as decisões proferidas pelo relator. precatórias.
COMparecer às audiências ou designar outro para
substituí-lo.
PRAticar, de ofício, os atos meramente
GABARITO COMENTADO ordinatórios.

1. Efetivar as ordens judiciais;

A questão cobra a literalidade do art. 152, do CPC, REalizar citações e intimações, bem como praticar
que trata das competências do escrivão ou chefe todos os demais atos que lhe forem atribuídos pela
de secretaria. O candidato precisa tomar cuidado organização judiciária;
para não confundir com as competências do oficial FORnecer certidão de qualquer ato ou termo;
de justiça (art. 154, do CPC). A assertiva correta é a MAnter sob sua guarda a responsabilidade os
única que aparece no art. 152 e todas as demais são autos, não permitindo que saiam do cartório, EXCE-
242 do art. 154. Vejamos: TO: a) conclusão ao juiz; b) vista ao procurador,
Defensor Público, Ministério Público ou Fazenda Em “b”: Errado – Assertiva em desconformidade
Pública; c) remetidos ao contabilista ou partidor; d) com o art. 152.
tiver modificação de competência; Em “c”: Errado – Assertiva em desconformidade
Oficial de Justiça: EXECUTAR e ENTREGAR o C.A.F.É.: com o art. 152.
EXECUTAR as ordens do juiz a que estiver Em “d”: Errado – Assertiva em desconformidade
subordinado; com o art. 152.
e Em “e”: Certo – conforme art. 152.
ENTREGAR o mandado em cartório após o seu Resposta: Letra E.
cumprimento;
o 3.
Certificar, em mandado, proposta de autocomposi-
ção apresentada por qualquer das partes, na oca- A questão cobra conhecimentos do art. 203 do CPC-
sião de realização de ato de comunicação que lhe 15. Note que a forma dos atos processuais caiu na
couber; prova de 2015, mas não caiu na de 2018, sendo, por-
Auxiliar o juiz na manutenção da ordem; tanto, uma forte aposta para a prova que está che-
Fazer pessoalmente citações, prisões, penhoras, gando. Vamos ao texto legal:
arrestos e demais diligências próprias de seu ofício, Art. 203. Os pronunciamentos do juiz consistirão
sempre que possível na presença de 2 pessoas (teste- em sentenças, decisões interlocutórias e despachos.
munhas), certificando no mandado o ocorrido, com § 1º Ressalvadas as disposições expressas dos proce-
menção ao LUGAR, ao DIA e à HORA; dimentos especiais, sentença é o pronunciamento por
Efetuar avaliações, quando for o caso; meio do qual o juiz, com fundamento nos arts. 485 e
Em “a”: Errado – Não aparece no art. 152 do CPC. 487, põe fim à fase cognitiva do procedimento comum,
Em “b”: Errado – Não aparece no art. 152 do CPC. bem como extingue a execução.
Em “c”: Errado – Não aparece no art. 152 do CPC. § 2° Decisão interlocutória é todo pronunciamento
Em “d”: Errado – Não aparece no art. 152 do CPC. judicial de natureza decisória que não se enquadre
Em “e”: Certo – Conforme art. 152 do CPC. no § 1º.
Resposta: Letra E. § 3° São despachos todos os demais pronunciamen-
tos do juiz praticados no processo, de ofício ou a
2. requerimento da parte.
§ 4º Os atos meramente ordinatórios, como a junta-
da e a vista obrigatória, independem de despacho,
Assim como na questão 1, aqui, se cobram as fun-
devendo ser praticados de ofício pelo servidor e
ções do escrivão. Aplica-se, como na questão ante-
revistos pelo juiz quando necessário
rior, o art. 152, do CPC.
Em “a”: Errado – Assertiva em desconformidade
Art. 152. Incumbe ao escrivão ou ao chefe de
com o art. 203.
secretaria: Em “b”: Certo – Conforme o art. 203.
I - redigir, na forma legal, os ofícios, os mandados, Em “c”: Errado – Assertiva em desconformidade
as cartas precatórias e os demais atos que perten- com o art. 203.
çam ao seu ofício; Em “d”: Errado – Assertiva em desconformidade
II - efetivar as ordens judiciais, realizar citações e com o art. 203.
intimações, bem como praticar todos os demais Em “e”: Errado – Assertiva em desconformidade
atos que lhe forem atribuídos pelas normas de orga- com o art. 203.
nização judiciária; Resposta: Letra B.
III - comparecer às audiências ou, não podendo
fazê-lo, designar servidor para substituí-lo; 4.
IV - manter sob sua guarda e responsabilidade os
autos, não permitindo que saiam do cartório, exceto: A questão é complexa e pode ser resolvida com o
a) quando tenham de seguir à conclusão do juiz; estudo de inúmeros dispositivos do CPC-15 (apesar
b) com vista a procurador, à Defensoria Pública, de ter sido elaborada durante a égide do CPC-73).
ao Ministério Público ou à Fazenda Pública; Vamos a eles:
Art. 195. O registro de ato processual eletrônico
c) quando devam ser remetidos ao contabilista
deverá ser feito em padrões abertos, que atenderão
ou ao partidor;
aos requisitos de autenticidade, integridade, tempora-
d) quando forem remetidos a outro juízo em
lidade, não repúdio, conservação e, nos casos que tra-
razão da modificação da competência;
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

mitem em segredo de justiça, confidencialidade,


V - fornecer certidão de qualquer ato ou termo do
observada a infraestrutura de chaves públicas
processo, independentemente de despacho, observa- unificada nacionalmente, nos termos da lei.
das as disposições referentes ao segredo de justiça; Art. 200, Parágrafo único. A desistência da ação só
VI - praticar, de ofício, os atos meramente produzirá efeitos após homologação judicial.​
ordinatórios. Art. 203, § 3o São despachos todos os demais pro-
§ 1º O juiz titular editará ato a fim de regulamentar nunciamentos do juiz praticados no processo, de
a atribuição prevista no inciso VI. ofício ou a requerimento da parte.
§ 2º No impedimento do escrivão ou chefe de secre- Art. 205, § 2º A assinatura dos juízes, em todos os
taria, o juiz convocará substituto e, não o havendo, graus de jurisdição, pode ser feita eletronicamen-
nomeará pessoa idônea para o ato. te, na forma da lei.
OBS: essa prova aconteceu ainda sob a égide do Art. 367, § 5º A audiência poderá ser integral-
CPC-73, mas note que dá para responder segundo a mente gravada em imagem e em áudio, em meio
sistemática do CPC-15 sem maiores problemas. digital ou analógico, desde que assegure o rápido
Em “a”: Errado – Assertiva em desconformidade acesso das partes e dos órgãos julgadores, observa-
com o art. 152. da a legislação específica. 243
Em “a”: Errado – Assertiva em desconformidade Em “b”: Certo – Conforme fundamentação acima.
com o art. 195. Em “c”: Errado – O recurso cabível é a apelação, e o
Em “b”: Errado – Assertiva em desconformidade prazo começou a correr em 12/03.
com o parágrafo único do art. 200. Em “d”: Errado – Mirela não é parte sucumbente, ou
Em “c”: Errado – Assertiva em desconformidade seja, não é ela quem quer recorrer. Ademais, o prazo
com o § 3º do art. 203. da apelação é contado em dias úteis, não corridos.
Em “d”: Certo – Conforme o § 2º do art. 205 segundo. Em “e”: Errado – Se Luís perdeu o processo, só ele
Em “e”: Errado – Assertiva em desconformidade tem interesse recursal.
com o § 5º do art. 367. Resposta: Letra B.
Resposta: Letra D.
7.
5. A questão cobra conhecimentos sobre uma série de
dispositivos do CPC/15. Vejamos:
A questão cobra a literalidade do art. 215, do CPC. art. 218. os atos processuais serão realizados nos
Vejamos: prazos prescritos em lei.
Art. 215. Processam-se durante as férias forenses, § 1º Quando a lei for omissa, o juiz determinará os
onde as houver, e não se suspendem pela superve- prazos em consideração à complexidade do ato.
niência delas: [...]
I - os procedimentos de jurisdição voluntária e § 3º Inexistindo preceito legal ou prazo determinado
os necessários à conservação de direitos, quan- pelo juiz, será de 5 (cinco) dias o prazo para a práti-
do puderem ser prejudicados pelo adiamento; ca de ato processual a cargo da parte.
II - a ação de alimentos e os processos de nomeação art. 223. Decorrido o prazo, extingue-se o direito de
ou remoção de tutor e curador; praticar ou de emendar o ato processual, indepen-
III - os processos que a lei determinar. dentemente de declaração judicial, ficando assegu-
Existe um macete para gravar as situações não sus- rado, porém, à parte provar que não o realizou por
pensas pelas férias forenses. Veja: justa causa.
“No JAPAN não tem férias!”. art. 224. Salvo disposição em contrário, os prazos
Jurisdição voluntária; serão contados excluindo o dia do começo e incluin-
Alimentos do o dia do vencimento.
Processos que a lei determinar; art. 225. A parte poderá renunciar ao prazo esta-
Atos necessários à conservação de direitos, quando belecido exclusivamente em seu favor, desde que o
puderem ser prejudicados pelo adiamento; faça de maneira expressa.
Nomeação ou remoção de tutor e curador. Em “a”: Errado – Assertiva em desconformidade
A única possível resposta é a letra B. com o art. 225.
Em “a”: Errado – Não aparece no art. 215 do CPC. Em “b”: Certo – Conforme o § 3º, do art. 218..
Em “b”: Certo – Inciso I do art. 215, do CPC. Em “c”: Errado – Assertiva em desconformidade
Em “c”: Errado – Não aparece no art. 215 do CPC. com o art. 224.
Em “d”: Errado – Não aparece no art. 215 do CPC. Em “d”: Errado – Assertiva em desconformidade
Em “e”: Errado – Não aparece no art. 215 do CPC. com o art. 223.
Resposta: Letra B. Em “e”: Errado – Assertiva em desconformidade
com o § 1º, do art. 218.
6. Resposta: Letra B.

8.
Trata-se de questão complexa, eis que envolve dois
temas: recursos e contagem de prazos. Primeira- A questão cobra a literalidade do art. 304, caput e
mente, como a decisão recorrida é uma sentença, parágrafo primeiro, do CPC. Vejamos:
temos que ter em mente que o recurso cabível é o de Art. 304. A tutela antecipada, concedida nos termos
apelação, conforme art. 724, do CPC. O prazo para do art. 303, torna-se estável se da decisão que a con-
a interposição da apelação é de 15 (quinze) dias, ceder não for interposto o respectivo recurso.
conforme o § 5º, do art. 1003, do CPC (vale lembrar § 1º No caso previsto no caput, o processo será
que, exceto embargos de declaração, cujo prazo é 5 extinto.
dias, todo recurso tem prazo de 15 dias). Para con- Em “a”: Errado – Não aparece no § 1º do art. 304,
tinuar, precisamos recordar como se contam prazos do CPC.
no CPC: Em “b”: Errado – Não aparece no § 1º do art. 304,
Art. 219. Na contagem de prazo em dias, estabeleci- do CPC.
do por lei ou pelo juiz, computar-se-ão somente os Em “c”: Certo – Conforme no § 1º do art. 304, do CPC.
DIAS ÚTEIS. Em “d”: Errado – Não aparece no § 1º do art. 304,
Art. 224. Salvo disposição em contrário, os pra- do CPC.
zos serão contados excluindo o dia do começo e Em “e”: Errado – Não aparece no § 1º do art. 304,
incluindo o dia do vencimento. do CPC.
O enunciado nos trouxe a informação de que a sen- Resposta: Letra C.
tença foi proferida em audiência no dia 09/03 (sex-
ta), ou seja, começou a correr o prazo apenas na 9.
segunda-feira, dia 12/03. Excluindo-se os sábados
(10/03, 17/03 e 24/03) e os domingos (11/03, 18/03 e A questão cobra conhecimentos sobre as tutelas
25/03), o décimo-quinto dia foi 30/03. provisórias. Quando o pedido é embasado em súmu-
Em “a”: Errado – O recurso cabível é a apelação, não la vinculante, a tutela cabível é a de evidência, con-
244 o agravo de instrumento. forme o inciso II, do art. 311, do CPC. Vejamos:
Art. 311. A tutela da evidência será concedida, inde- I - enunciado de súmula do Supremo Tribunal Fede-
pendentemente da demonstração de perigo de dano ral ou do Superior Tribunal de Justiça;
ou de risco ao resultado útil do processo, quando: II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Fede-
II - as alegações de fato puderem ser comprovadas ral ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julga-
apenas documentalmente e houver tese firmada mento de recursos repetitivos;
em julgamento de casos repetitivos ou em súmula III - entendimento firmado em incidente de reso-
vinculante;
lução de demandas repetitivas ou de assunção de
Em “a”: Errado – Conforme art. 311, esses requisitos
competência;
não aparecem na tutela de evidência.
Em “b”: Errado – Inexiste qualquer dispositivo proi- IV - enunciado de súmula de tribunal de justiça
bindo ao Réu o pedido de tutela de evidência. sobre direito local.
Em “c”: Certo – Conforme art. 311, caput e inciso II Art. 330. A petição inicial será indeferida quando:
citados acima. I - for inepta; → Alternativa “c”.
Em “d”: Errado – Inexiste necessidade de cognição II - a parte for manifestamente ilegítima; →
exauriente quando a tese for firmada em súmula Alternativa “d”.
vinculante, conforme inciso II do art. 311 citado III - o autor carecer de interesse processual; →
acima. Alternativa “e”.
Em “e”: Errado – A tutela provisória pode se basear, IV - não atendidas as prescrições dos arts. 106 e 321.
também, em evidência, sendo que esta afasta os § 1º Considera-se inepta a petição inicial quando:
requisitos da tutela de urgência. I - lhe faltar pedido ou causa de pedir; → Alter-
Resposta: Letra C.
nativa “a”, visto que o fundamento jurídico é a cau-
10. sa de pedir remota. (nesse ponto criticável a escolha
do termo “legal” pelo examinador)
Apesar de a questão ter sido formulada sob a égide II - o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipó-
do CPC-73, pode ser respondida com os dispositivos teses legais em que se permite o pedido genérico;
sobre cumulação de pedidos no CPC-15. III - da narração dos fatos não decorrer logicamente
Art. 326. É lícito formular mais de um pedido em a conclusão;
ordem subsidiária, a fim de que o juiz conheça do IV - contiver pedidos incompatíveis entre si.
posterior, quando não acolher o anterior.
Em “a”: Errado – O exemplo mencionado pela alter-
Parágrafo único. É lícito formular mais de um pedido,
nativa refere-se ao indeferimento da inicial.
alternativamente, para que o juiz acolha um deles.
Art. 327. É lícita a cumulação, em um único pro- Em “b”: Certo – conforme o inciso IV, do art. 332,
cesso, contra o mesmo réu, de vários pedidos, ainda do CPC.
que entre eles não haja conexão. Em “c”: Errado – O exemplo mencionado pela alter-
§ 1º São requisitos de admissibilidade da cumulação nativa refere-se ao indeferimento da inicial.
que: Em “d”: Errado – O exemplo mencionado pela alter-
I - os pedidos sejam compatíveis entre si; nativa refere-se ao indeferimento da inicial.
II - seja competente para conhecer deles o mesmo juízo; Em “e”: Certo – O exemplo mencionado pela alterna-
III - seja adequado para todos os pedidos o tipo de tiva refere-se ao indeferimento da inicial.
procedimento.
Resposta: Letra B.
§ 2º Quando, para cada pedido, corresponder tipo
diverso de procedimento, será admitida a cumula-
ção se o autor empregar o procedimento comum, 12.
sem prejuízo do emprego das técnicas processuais
diferenciadas previstas nos procedimentos especiais A questão foi feita sob a égide do CPC-73, mas pode
a que se sujeitam um ou mais pedidos cumulados, ser respondida pelos arts. 385 a 387 do CPC-15.
que não forem incompatíveis com as disposições Vejamos:
sobre o procedimento comum. Art. 385. Cabe à parte requerer o depoimento pes-
§ 3º O inciso I do § 1º não se aplica às cumulações de soal da outra parte, a fim de que esta seja interro-
pedidos de que trata o art. 326. gada na audiência de instrução e julgamento, sem
Em “a”: Errado – Assertiva em desconformidade prejuízo do poder do juiz de ordená-lo de ofício.
com os arts. 326 e 327. § 1º Se a parte, pessoalmente intimada para prestar
Em “b”: Certo – Conforme os arts. 326 e 327. depoimento pessoal e advertida da pena de confes-
Em “c”: Errado – Assertiva em desconformidade
so, não comparecer ou, comparecendo, se recusar a
com os arts. 326 e 327.
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

depor, o juiz aplicar-lhe-á a pena.


Em “d”: Errado – Assertiva em desconformidade
com os arts. 326 e 327. § 2º É vedado a quem ainda não depôs assistir ao
Em “e”: Errado – Assertiva em desconformidade interrogatório da outra parte.
com os arts. 326 e 327. § 3º O depoimento pessoal da parte que residir
Resposta: Letra B. em comarca, seção ou subseção judiciária diversa
daquela onde tramita o processo poderá ser colhido
11. por meio de videoconferência ou outro recurso tec-
nológico de transmissão de sons e imagens em tem-
A questão explora dois temas muito cobrados pela
po real, o que poderá ocorrer, inclusive, durante a
VUNESP, a saber: improcedência liminar do pedido
(art. 332 do CPC) e indeferimento da petição inicial realização da audiência de instrução e julgamento.
(art. 330 do CPC). Vejamos os dois artigos: Art. 386. Quando a parte, sem motivo justificado,
Art. 332. Nas causas que dispensem a fase ins- deixar de responder ao que lhe for perguntado ou
trutória, o juiz, independentemente da citação empregar evasivas, o juiz, apreciando as demais cir-
do réu, julgará liminarmente improcedente o cunstâncias e os elementos de prova, declarará, na
pedido que contrariar: sentença, se houve recusa de depor. 245
Art. 387. A parte responderá pessoalmente sobre os Em “b”: Errado – O recurso cabível é o agravo inter-
fatos articulados, não podendo servir-se de escritos no, conforme art. 1.021 do CPC.
anteriormente preparados, permitindo-lhe o juiz, Em “c”: Errado – O recurso cabível é o agravo inter-
todavia, a consulta a notas breves, desde que objeti- no, conforme art. 1.021 do CPC.
vem completar esclarecimentos. Em “d”: Errado – O recurso cabível é o agravo inter-
Em “a”: Certo – Conforme o § 1º do art. 385. no, conforme art. 1.021 do CPC.
Em “b”: Errado – Assertiva em desconformidade Em “e”: Certo – Inteligência do art. 1.021 do CPC.
com art. 387. Resposta: Letra E.Anotações
Em “c”: Errado – Inexiste qualquer dispositivo legal,
jurisprudencial ou doutrinário nesse sentido.
Em “d”: Errado – Assertiva em desconformidade
com o art. 386.
Em “e”: Errado – Assertiva em desconformidade
com o art. 386.
Resposta: Letra A.

13.

Trata-se de típica questão que cobra o conhecimen-


to da “lei seca”, no caso, do CPC.
Em “a”: Errado – Art. 999 do CPC. A renúncia ao
direito de recorrer independe da aceitação da
outra parte.
Em “b”: Errado – Art. 1.000 do CPC. A parte que acei-
tar expressa ou tacitamente a decisão não pode-
rá recorrer.
Em “c”: Errado – Art. 1.001 do CPC. Dos despachos
não cabe recurso.
Em “d”: Certo – Parágrafo único do art. 998, do CPC.
A desistência do recurso não impede a análi-
se de questão cuja repercussão geral já tenha
sido reconhecida e daquele objeto de julgamento
de recursos extraordinários ou especiais repetitivos
Em “e”: Errado – Art. 998 do CPC. O recorrente pode-
rá, a qualquer tempo, sem a anuência do recorrido
ou dos litisconsortes, desistir do recurso.
Resposta: Letra D.

14.

A questão está desatualizada, eis que elaborada na


época do CPC-73. Porém, no CPC-15, também encon-
tramos a resposta, em seu art. 998, verbis:
Art.998. O recorrente poderá, a qualquer tempo,
sem a anuência do recorrido ou dos litisconsortes,
desistir do recurso.
Em “a”: Errado – Assertiva em desconformidade
com o art. 998.
Em “b”: Errado – Assertiva em desconformidade
com o art. 998.
Em “c”: Certo – Conforme art. 998.
Em “d”: Errado – Assertiva em desconformidade
com o art. 998.
Em “e”: Errado – Assertiva em desconformidade
com o art. 998.
Resposta: Letra C.

15.

A questão cobra conhecimento sobre o art. 1.021 do


CPC, que trata do recurso cabível contra decisões do
relator. Vejamos: Art. 1.021. Contra decisão profe-
rida pelo relator caberá agravo interno para o
respectivo órgão colegiado, observadas, quanto ao
processamento, as regras do regimento interno do
tribunal.
Em “a”: Errado – O recurso cabível é o agravo inter-
246 no, conforme art. 1.021 do CPC.
O inciso I decorre do direito à igualdade. Trata-se
da igualdade entre homens e mulheres. Inicialmen-
te, há de se esclarecer que os direitos das mulheres
são relativamente recentes, de modo que grande par-
te da legislação anterior à CF/88 estabelecia situações
DIREITO diferenciadas entre homens e mulheres, como, por
exemplo, a necessidade de autorização marital para
CONSTITUCIONAL que a esposa ocupasse cargo público ou exercesse a
profissão fora do lar e o fato de o marido ser tido como
o chefe da sociedade conjugal, competindo a ele, entre
outros deveres, a administração dos bens do casal.
Assim sendo, esse inciso foi direcionado tanto
DOS DIREITOS E GARANTIAS ao legislador, para que corrigisse tais desigualdades
legais, como aos operadores do direito, para que não
FUNDAMENTAIS fossem mais estabelecidos critérios discriminatórios.
Atenção! Existem dois tipos de igualdade: a for-
DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS mal e a material. A igualdade formal consiste em tra-
tar a todos de maneira igual, independentemente de
Os direitos individuais e coletivos estão disciplina- qualquer condição. Já a igualdade material busca a
dos no art. 5º, da CF/88. Muito cobrado em provas de igualdade de fato, para que todos tenham os mesmos
concursos públicos, esse dispositivo é o mais extenso direitos e obrigações. Trata-se, portanto, da igualdade
dessa norma, sendo composto pelo caput (capítulo), efetiva, real, concreta ou situada. Assim, a igualdade
por 78 (setenta e oito) incisos e 4 (quatro) parágrafos. material nada mais é que tratar igualmente os iguais,
com os mesmos direitos e obrigações, e desigualmen-
Vejamos cada uma de suas partes:
te os desiguais, na medida de sua desigualdade.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distin-
Art. 5º [...]
ção de qualquer natureza, garantindo-se aos bra- II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de
sileiros e aos estrangeiros residentes no País fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade,
à igualdade, à segurança e à propriedade, nos O inciso II decorre do direito à segurança. Trata-se,
termos seguintes: portanto, da segurança em matéria pessoal estampa-
da pelo princípio da legalidade. Em síntese, todas as
O caput do art. 5º traz os cinco pilares dos direitos pessoas estão submetidas ao império da lei, de modo
individuais e coletivos, quais sejam: vida, liberdade, que somente a lei pode obrigar alguém a fazer ou
igualdade, segurança e propriedade. Deles decor- deixar de fazer algo. Assim sendo, somente a lei pode
rem todos os demais direitos estruturados nos seus limitar a vontade do indivíduo e obrigá-lo a fazer ou
incisos, como, por exemplo, do direito à vida, decorre não fazer algo, como, por exemplo, o uso obrigatório
o direito à integridade física e moral, a proibição da de máscaras faciais de proteção.
pena de morte e a proibição de venda de órgãos. Art. 5º [...]
Quando a Constituição fala “brasileiros e estran- III - ninguém será submetido a tortura nem a tra-
geiros residentes no país”, não significa que o estran- tamento desumano ou degradante;
geiros não residentes e os em trânsito pelo Brasil não
O inciso III decorre do direito à vida, por decorrer
possuam direitos.
da violação à integridade humana, tanto física como
Além disso, o caput traz o princípio da isonomia psicológica. Torturar1 é causar ao indivíduo sofrimen-
ou da igualdade “todos são iguais perante a lei, sem to físico ou mental como forma de intimidação ou cas-
distinção de qualquer natureza”. Tal princípio tem tigo. É, também, utilizar-se de métodos como forma
como fundamento o fato de que todos nascem e vivem de anular a personalidade ou diminuir a capacidade
com os mesmos direitos e obrigações perante o Estado física ou mental, mesmo que sem dor. Assim, a CF/88
brasileiro. veda tanto a tortura como qualquer tipo de tratamen-
to desumano ou degradante.
z Igualdade na lei: direcionado ao legislador, de modo
Art. 5º [...]
a vedar a elaboração de dispositivos que estabele-
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo
çam desigualdades ou privilégio entre as pessoas;
DIREITO CONSTITUCIONAL

vedado o anonimato;
z Igualdade perante a lei: direcionado aos aplica-
dores da lei, uma vez que não é possível utilizar Todas as pessoas possuem direitos atinentes à
critérios discriminatórios na aplicação da norma, liberdade de foro íntimo, ou seja, de ter convicções
religiosas, filosóficas, políticas, entre outras, possuin-
salvo nos casos em que a própria norma constitu-
do, portanto, o direito de pensar. Além disso, possuem
cional estabelece a aplicação desigual. Como exem-
direito de expressar livremente esses pensamentos.
plo, pode-se citar o caso da exclusão de mulheres Assim, o direito à expressão do pensamento, que decor-
e eclesiásticos do serviço militar obrigatório em re do direito à liberdade, está disciplinado no inciso IV.
tempos de paz. O pensamento em si é absolutamente livre, por ser
uma questão de foro íntimo. O indivíduo pode pen-
Art. 5º [...] sar em que quiser, sem que o Estado possa interferir.
I - homens e mulheres são iguais em direitos e No entanto, quando este pensamento é exteriorizado,
obrigações, nos termos desta Constituição; passa a ser possível a tutela e proteção do Estado.
1 Conceito em conformidade com o art. 2º da Convenção Interamericana, que visa prevenir e punir a tortura. 247
Cumpre mencionar que é da liberdade de expres- O inciso VIII traz a chamada escusa de consciência
são que decorrem a proibição de censura e a vedação ou objeção de consciência. Trata-se do direito de não
do anonimato, por exemplo. Portanto, ao mesmo tem- cumprir um serviço obrigatório por razões relaciona-
po que a Constituição assegura a liberdade de mani- das a sua consciência ou crença, de modo a assegurar
festação de pensamento, ela obriga que as pessoas que não ocorrerá a perda dos direitos civis ou políticos
assumam a responsabilidade do que exteriorizam. em decorrência de tal recusa. Por exemplo: a pessoa
que, por questão religiosa, seja contrária ao serviço
Art. 5º [...] militar poderá alegar tal imperativo de consciência em
V - é assegurado o direito de resposta, proporcio- seu alistamento militar. No entanto, a CF/88 estabelece
nal ao agravo, além da indenização por dano mate- que, mesmo que dispensada da prática dessa atividade,
rial, moral ou à imagem; ela terá que cumprir serviço alternativo.

A expressão do pensamento é livre, porém não Art. 5º [...]


é absoluta. Assim, a pessoa é livre para expor sua IX - é livre a expressão da atividade intelectual,
opinião, porém, atingindo-se a honra de alguém, artística, científica e de comunicação, indepen-
dentemente de censura ou licença;
por exemplo, ela poderá ser responsabilizada civil e
penalmente. Além disso, a CF/88 estabelece o direito
O inciso IX trata da liberdade de expressão das
de resposta, ou seja, o exercício do direito de defesa
atividades intelectual, artística, científica e de comuni-
da pessoa que foi ofendida em razão da manifestação
cação. Assim, a CF/88 veda, expressamente, qualquer
do pensamento de outra, como, por exemplo, no caso
atividade de censura ou licença. Cumpre esclarecer que
de notícia inverídica ou errônea.
censura é a verificação da compatibilidade ou não entre
um pensamento que se pretende expressar com as nor-
mas legais vigentes; licença é a exigência de autorização
Importante! para que o pensamento possa ser exteriorizado.
O inciso V prevê a indenização por dano material,
moral ou à imagem. De acordo com a Súmula nº Art. 5º [...]
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada,
37, do Superior Tribunal de Justiça2, esses danos
a honra e a imagem das pessoas, assegurado o
são acumuláveis. direito a indenização pelo dano material ou moral
decorrente de sua violação;
Art. 5º [...]
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de
O inciso X decorre do direito à vida e traz a prote-
crença, sendo assegurado o livre exercício dos ção dos direitos de personalidade, ou seja, o direito
cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a à privacidade. Tratam-se dos atributos morais que
proteção aos locais de culto e a suas liturgias; devem ser preservados e respeitados por todos, uma
vez que a vida não deve ser protegida apenas em seus
A liberdade de consciência abrange a liberdade aspectos materiais.
Aqui, torna-se necessário explicar alguns termos:
de consciência em sentido estrito, ou seja, a liber-
intimidade é o direito de estar só, ou seja, de não ser
dade de pensamento de foro íntimo em questões não
perturbado em sua vida particular; vida privada refe-
religiosas, tais como convicções de ordem ideológica
re-se ao relacionamento de um indivíduo com seus
ou filosófica. Abrange, ainda, a liberdade de crença,
familiares e amigos, quer em seu lar quer em locais
isto é, a liberdade de pensamento de foro íntimo em
fechados; honra é o atributo pessoal que compreende
questões de natureza religiosa. Com relação à religião, tanto a autoestima (honra subjetiva) quanto a reputa-
o inciso VI assegura tanto a liberdade de crença (foro ção de que goza a pessoa no meio social (honra objeti-
íntimo), ou seja, de ter uma religião, como a liberdade va); imagem é a expressão exterior da pessoa, ou seja,
de expressão, isto é, de culto. Além disso, estabelece seus aspectos físicos (imagem-retrato), bem como a
a liberdade religiosa, isto é, de mudar de crença ou exteriorização de sua personalidade no meio social
religião e de manifestação dela. (imagem-atributo).

Art. 5º [...] Art. 5º [...]


VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém
de assistência religiosa nas entidades civis e nela podendo penetrar sem consentimento do
militares de internação coletiva; morador, salvo em caso de flagrante delito ou
desastre, ou para prestar socorro, ou, durante
O inciso VII é decorrência do direito à liberdade o dia, por determinação judicial;
de crença e culto, de modo a garantir aos internados
em estabelecimentos prisionais e de saúde o acesso à A inviolabilidade do domicílio está prevista no
assistência espiritual e religiosa. inciso XI, do art. 5º e decorre do direito à segurança.
O dispositivo traz a regra de que a casa é inviolável
Art. 5º [...] e o ingresso nela deve ser feito com o consentimento
VIII - ninguém será privado de direitos por moti- do morador. Considera-se casa o lugar, não aberto ao
vo de crença religiosa ou de convicção filosófi- público, em que uma pessoa vive ou trabalha. Trata-
ca ou política, salvo se as invocar para eximir-se -se, portanto, de um conceito amplo, o qual se refere
de obrigação legal a todos imposta e recusar-se ao lugar reservado à intimidade e à vida privada do
a cumprir prestação alternativa, fixada em lei; indivíduo.
248 2 Súmula nº 37 (STJ) São cumuláveis as indenizações por dano material e dano moral oriundos do mesmo fato.
O conceito jurídico de casa está previsto nos §§ 4º e As comunicações telefônicas são invioláveis, toda-
5º, do art. 150, do Código Penal. Vejamos: via, de maneira excepcional e para fins de investiga-
ção criminal ou instrução processual penal, é possível
Art. 150 (Código Penal) [...] a quebra do sigilo delas, desde que precedidas de
§ 4º A expressão «casa» compreende: autorização judicial.
I - qualquer compartimento habitado;
II - aposento ocupado de habitação coletiva; Art. 5º [...]
III - compartimento não aberto ao público, onde XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofí-
alguém exerce profissão ou atividade. cio ou profissão, atendidas as qualificações profis-
§ 5º Não se compreendem na expressão «casa»: sionais que a lei estabelecer;
I - hospedaria, estalagem ou qualquer outra habita-
ção coletiva, enquanto aberta, salvo a restrição do O direito de exercício de qualquer atividade
n.º II do parágrafo anterior; profissional decorre do direito à liberdade. Trata-se
II - taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero. da faculdade de escolher o trabalho que se pretende
exercer. No entanto, é necessário atender às qualifica-
O dispositivo traz três exceções à regra. A primei- ções profissionais exigidas pela lei, como, por exem-
ra exceção é a possibilidade de ingresso no caso de fla- plo, para ser médico, um dos requisitos é ter feito
grante delito ou desastre, ou seja, é possível ingressar faculdade de medicina em território nacional ou ter
no local se um crime estiver ocorrendo ou tiver aca- sido aprovado em exame de revalidação no caso de
bado de ocorrer, por exemplo. A segunda exceção per- faculdade estrangeira.
mite a entrada no local para prestar socorro, como, Essa é uma norma constitucional de eficácia con-
por exemplo, no caso de o imóvel estar pegando fogo e tida, ou seja, uma norma que produz todos os efeitos.
ter alguém no interior dele. Por fim, é possível ingres- No entanto, cabe destacar que uma norma infracons-
sar na casa mediante autorização judicial, como, por titucional (lei) pode conter o seu alcance ao fixar
exemplo, quando o juiz expede um mandado judicial condições ou requisitos para o pleno exercício da pro-
para busca de algum(a) objeto/pessoa no local. fissão, como, por exemplo, a regra de que, para advo-
É importante consignar que, mesmo com autoriza- gar, é necessária a aprovação no exame da Ordem dos
ção judicial, o ingresso deve ocorrer apenas durante Advogados do Brasil.
o dia, ou seja, durante o período noturno, dependerá
do consentimento do morador. Assim sendo, durante Art. 5º [...]
o dia, exibindo-se o mandado judicial, a busca pode XIV - é assegurado a todos o acesso à informação
ser realizada mesmo sem a concordância do morador, e resguardado o sigilo da fonte, quando necessá-
sendo possível, inclusive, o arrombamento de porta se rio ao exercício profissional;
houver necessidade.
Atenção! O inciso III, do art. 22, da Lei nº O inciso XIV disciplina o direito de informação,
13.869/2019, estabelece como dia o período compreen- que é um dos desdobramentos do direito à liberdade.
dido entre as 5h e 21h. O direito à informação possui tríplice alcance, por
englobar o direito de informar, de se informar e de
Art. 5º [...] ser informado.
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e
das comunicações telegráficas, de dados e das
comunicações telefônicas, salvo, no último caso, Importante!
por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que A liberdade de informação jornalística está previs-
a lei estabelecer para fins de investigação criminal
ta no § 1º, do art. 220, da CF/88, e é mais abran-
ou instrução processual penal;
gente que a liberdade de imprensa, que assegura
A inviolabilidade das comunicações pessoais o direito de veiculação de impressos sem qual-
está disciplinada no inciso XII e também decorre do quer tipo de restrição por parte do Estado.
direito à segurança. O dispositivo considera comuni-
cações pessoais:
Ressalta-se, ainda, que o dispositivo resguarda o
z As correspondências: comunicações recebidas sigilo da fonte quando necessário ao exercício profis-
em casa, como, por exemplo, as cartas, as contas, sional. Deste modo, por exemplo, nenhum jornalista
os comunicados e avisos comerciais; poderá ser obrigado a revelar o nome de seu infor-
z A comunicação telegráfica: comunicados mais mante ou a fonte de suas informações. Além disso, seu
rápidos, que podem ser enviados tanto na forma silêncio não poderá sofrer qualquer sanção.
DIREITO CONSTITUCIONAL

escrita como pela internet, tais como o telegrama;


z A comunicação de dados: comunicação feita por Art. 5º [...]
meio de rede de computadores, como, por exem- XV - é livre a locomoção no território nacional
plo, a compra de produtos online ou homebank; em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos
z As comunicações telefônicas: ligações feitas e termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair
recebidas por meio de telefone fixo ou móvel. com seus bens;

Embora não conste do inciso, o sigilo foi estendido A liberdade de ir e vir encontra-se disciplinada no
aos dados telemáticos por meio da Lei nº 9.296/1996. inciso XV, do art. 5º, da CF/88. Trata-se, portanto, do
Assim, estão protegidas as mensagens trocadas por meio direito de locomoção, que é um dos desdobramentos
de Skype, e-mail, WhatsApp, Messenger, entre outros. do direito à liberdade. Observa-se, no entanto, que a
É importante mencionar que as violações de cor- liberdade de locomoção é restrita a tempo de paz, ou
respondência e de comunicação telegráfica são cri- seja, no caso de decretação de guerra, passa a viger a
mes previstos no art. 151, do Código Penal, e na Lei nº lei marcial, de modo que o ir e vir dos indivíduos pode
6.538/78, a qual dispõe sobre os serviços postais. sofrer limitações. 249
A garantia constitucional que objetiva assegurar o z Dissolução das associações: decisão judicial + trân-
direito de locomoção é o habeas corpus, que será tra- sito em julgado;
tado adiante. z Suspensão das associações: decisão judicial.

Art. 5º [...] Art. 5º [...]


XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem XX - ninguém poderá ser compelido a associar-
armas, em locais abertos ao público, indepen- -se ou a permanecer associado;
dentemente de autorização, desde que não
frustrem outra reunião anteriormente convoca-
O inciso XX, que também disciplina o direito de asso-
da para o mesmo local, sendo apenas exigido pré-
vio aviso à autoridade competente; ciação, estabelece que não é possível obrigar qualquer
pessoa a se associar, ou seja, o indivíduo tem liberdade
O inciso XVI traz outro desdobramento do direito de escolha, podendo optar por fazer parte do grupo ou
à liberdade: o direito de reunião. Por reunião, enten- não. Além disso, uma vez associado, ele será livre para
de-se o agrupamento organizado de pessoas de cará- decidir se permanece ou não associado. Portanto, com-
ter transitório e voltado para determinada finalidade. preende o direito de associar-se a outras pessoas para
Portanto, é preciso que o evento seja organizado e formação de uma entidade, como também de deixar de
preencha os seguintes requisitos: reunião pacífica e participar quando for de seu interesse.
sem armas; fins lícitos; aviso prévio à autoridade com-
petente e local aberto ao público. Art. 5º [...]
Atenção! Aviso prévio não se confunde com auto- XXI - as entidades associativas, quando expressa-
rização. Para se reunir, é preciso, apenas, comunicar mente autorizadas, têm legitimidade para repre-
à autoridade local, a fim de evitar, por exemplo, que, sentar seus filiados judicial ou extrajudicialmente;
no mesmo local, dia e hora, coincidam agrupamentos
de pessoas com posicionamentos distintos (Exemplo: O inciso XXI é o último dispositivo que trata do
manifestações pró-aborto e contrária ao aborto). direito de associação. Ele se refere à representação
do filiado pela associação, quer em âmbito judicial
Art. 5º [...] quer em âmbito extrajudicial, isto é, ele se refere à
XVII - é plena a liberdade de associação para fins legitimação da associação para atuar em nome dos
lícitos, vedada a de caráter paramilitar; associados.
Cabe esclarecer que representante é aquele que
A liberdade de associação encontra-se disciplina-
age em nome alheio, defendendo direito alheio. No
da no inciso XVII. Diferentemente da reunião, a asso-
caso das associações, para que estas atuem na condi-
ciação não possui caráter transitório. Portanto, se o
ção de representantes, é preciso autorização expressa
caráter do agrupamento for permanente, tem-se uma
dos filiados, não bastando que exista autorização em
associação. É importante mencionar que tanto a reu-
estatuto. Assim sendo, só poderão atuar se devida-
nião como a associação devem possuir fins pacíficos.
mente autorizadas pelos associados.
No Brasil, é proibida a associação para fins ilícitos,
Além disso, ao contrário da representação, a subs-
como, por exemplo, a associação para fins contrários
à lei penal. tituição judicial ou extrajudicial da associação inde-
Como visto, a CF veda expressamente a associa- pende de autorização, uma vez que na substituição a
ção de caráter paramilitar, — aquela que apresenta associação atua em nome próprio, defendendo direito
estrutura similar às instituições militares e não pos- alheio (dos associados).
sui vínculo com o Estado. Os membros dessa associa-
ção reúnem-se armados, a fim de alcançarem seus Art. 5º [...]
XXII - é garantido o direito de propriedade;
objetivos.

Art. 5º [...] O direito de propriedade encontra-se disciplina-


XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, do no inciso XXII, do art. 5º. Trata-se de direito pessoal
a de cooperativas independem de autorização, de natureza econômica.
sendo vedada a interferência estatal em seu De acordo com o art. 1.228, do Código Civil, o direito
funcionamento; de propriedade consiste na faculdade de usar, gozar e dis-
por da coisa, assim como o direito de reavê-la do poder
O inciso XVIII disciplina o direito de associação. de quem quer que, injustamente, a possua ou a detenha.
Trata-se da possibilidade de criação de mais ou menos
Observa-se, no entanto, que, em termos constitu-
sindicatos sem a interferência do Estado.
cionais, o direito de propriedade é mais amplo que no
Art. 5º [...] direito civil, por abranger qualquer direito de conteú-
XIX - as associações só poderão ser compulso- do patrimonial ou econômico, ou seja, tudo aquilo que
riamente dissolvidas ou ter suas atividades possa ser convertido em dinheiro, alcançando crédi-
suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no tos e direitos pessoais.
primeiro caso, o trânsito em julgado;
Art. 5º [...]
O inciso XIX, que também disciplina o direito de XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;
associação, estabelece que as associações somente
poderão ter suas atividades suspensas ou encerra- O inciso XXIII traz um limite ao direito de pro-
das compulsoriamente (a força) por decisão do Poder priedade. Assim, a utilização de um bem deve ser fei-
Judiciário. Salienta-se, por necessário, que, no caso de ta de acordo com a conveniência social da utilização
dissolução da associação, esta somente poderá ocor- da coisa, ou seja, atendendo a sua função social. Por-
rer após o trânsito em julgado, ou seja, quando não tanto, o direito do dono deve ajustar-se aos interesses
250 couber mais recursos. da sociedade.
Art. 5º [...] Embora o dispositivo não conceitue pequena pro-
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para priedade rural, o entendimento mais amplo é de que
desapropriação por necessidade ou utilidade esta possui área entre 1 (um) e 4 (quatro) módulos fis-
pública, ou por interesse social, mediante justa cais, na qual a família trabalha, consistindo, pois, na
e prévia indenização em dinheiro, ressalvados sua única fonte de sobrevivência.
os casos previstos nesta Constituição;
Art. 5º [...]
A desapropriação é o ato pelo qual o Estado toma XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo
para si ou para outrem (terceira pessoa) bens de par- de utilização, publicação ou reprodução de suas
ticulares por meio do pagamento de justa e prévia obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo
indenização. Portanto, trata-se de uma das hipóteses que a lei fixar;
de aquisição originária da propriedade. É cabível a
O inciso XXVII disciplina o direito de proprieda-
desapropriação nas seguintes hipóteses:
de intelectual, ou seja, a proteção legal e o reconheci-
mento de autoria em produções. Existem três tipos de
z Por necessidade pública: hipótese na qual o bem propriedade intelectual, quais sejam:
a ser desapropriado é imprescindível para a reali-
zação de uma atividade essencial do Estado; z Propriedade industrial: criações que movimen-
z Por utilidade pública: hipótese na qual o bem não tam o mercado e são empregadas para manter a
é imprescindível, mas é conveniente para a reali- competitividade. Seu foco é voltado para a área
zação de uma atividade estatal; empresarial. São exemplos: as patentes, marcas,
z Por interesse social: hipótese na qual a desapro- desenhos, entre outros;
priação é conveniente para o desenvolvimento da z Direitos autorais: criações artísticas, culturais e
sociedade. científicas, como, por exemplo, as obras intelec-
tuais, literárias e artísticas;
Atenção! Não confundir com desapropriação z Proteção sui generis: são as criações híbridas,
sancionatória, hipótese em que o bem não respeita a isto é, aquelas que se encontram em um estado
função social da propriedade. Nela, a indenização não intermediário entre a propriedade industrial e
é prévia, sendo o prazo de resgate (Títulos da Dívida os direitos autorais. Exemplos: a topografia dos
Pública) de 10 (dez) anos para bens urbanos e de 20 circuitos integrados (mask works), a proteção de
(vinte) anos para bens rurais. Ainda, não confunda cultivares (obtenções vegetais ou variedades vege-
desapropriação com expropriação, que consiste na tais) e conhecimentos tradicionais associados aos
perda da propriedade, por exemplo, no caso de culti- recursos genéticos.
vo de substâncias entorpecentes ou de trabalho escra-
vo. Nela, não há pagamento de indenização. Neste sentido, a CF/88 garante aos autores o direito
exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de
Art. 5º [...] suas obras, sendo esse direito transmitido aos herdeiros
XXV - no caso de iminente perigo público, a auto- do autor (direitos sucessórios) pelo tempo que a lei fixar.
ridade competente poderá usar de propriedade
particular, assegurada ao proprietário indeniza- Art. 5º [...]
ção ulterior, se houver dano; XXVIII - são assegurados, nos termos da lei:
a) a proteção às participações individuais em
obras coletivas e à reprodução da imagem e voz
A requisição temporária da propriedade está humanas, inclusive nas atividades desportivas;
disciplinada no inciso XXV. Trata-se da possibilidade b) o direito de fiscalização do aproveitamento
de o Poder Público, em momentos de calamidade (já econômico das obras que criarem ou de que parti-
ocorrida ou prestes a ocorrer), ingressar na posse de ciparem aos criadores, aos intérpretes e às respecti-
bem particular para assegurar a preservação de direi- vas representações sindicais e associativas;
tos mais importantes que a propriedade, tais como a
vida e a integridade das pessoas. Por exemplo, no caso O inciso XXVIII também protege a propriedade
de uma enchente em um determinado local, o Poder intelectual. Deste modo, o dispositivo assegura a
Público fazer de um imóvel privado, próximo ao local, proteção de tais direitos ao indivíduo que participou
um hospital de atendimento às vítimas. de obra coletiva, além de proteger a reprodução da
A requisição temporária é uma exceção ao princí- imagem e voz humanas. Ainda, assegura o direito de
pio da indenização prévia, uma vez que o pagamento fiscalização do aproveitamento econômico tanto nas
está condicionado à existência de danos. obras individuais como nas coletivas.
DIREITO CONSTITUCIONAL

Art. 5º [...] Art. 5º [...]


XXVI - a pequena propriedade rural, assim defi- XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos
nida em lei, desde que trabalhada pela família, industriais privilégio temporário para sua utili-
não será objeto de penhora para pagamento de zação, bem como proteção às criações industriais,
débitos decorrentes de sua atividade produtiva, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas
dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu e a outros signos distintivos, tendo em vista o inte-
desenvolvimento; resse social e o desenvolvimento tecnológico e eco-
nômico do País;
O inciso XXVI disciplina a impenhorabilidade da
pequena propriedade rural, por ser esta considera- O último dispositivo que trata da propriedade inte-
da bem de família e, portanto, insuscetível de penho- lectual é o inciso XXIX, garantindo aos autores de inven-
ra, de modo a ficar a salvo de execuções por dívidas tos industriais os privilégios para sua utilização, ainda
decorrentes da atividade produtiva. Além disso, a que de forma temporária. Além disso, assegura a pro-
CF/88 estabelece que esta poderá receber os recursos teção às criações industriais, à propriedade das marcas,
previstos em lei que financiem o seu desenvolvimento. aos nomes de empresas e a outros signos distintivos. 251
Art. 5º [...] a) o direito de petição aos Poderes Públicos em
XXX - é garantido o direito de herança; defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso
de poder;
O direito de herança, que decorre do direito à pro- b) a obtenção de certidões em repartições públi-
priedade, está disciplinado no inciso XXX. Trata-se da cas, para defesa de direitos e esclarecimento de
modificação da titularidade do bem em decorrência do situações de interesse pessoal;
falecimento (sucessão hereditária). Assim, o patrimônio
do de cujus transmite-se aos seus herdeiros, os quais se O inciso XXXIV disciplina o direito de petição e o
sub-rogam nas relações jurídicas do falecido, tanto no direito de certidão. O dispositivo assegura aos indi-
ativo como no passivo, até os limites da herança. víduos o direito de formular pedidos para a Adminis-
tração Pública em defesa de seus direitos e, quando
cabível, de terceiros, bem como de formular reclama-
ções contra atos ilegais e abusivos cometidos pelos
Importante!
agentes do Estado. O Estado, por possuir fé pública, é
O direito de sucessão está regulado no Código Civil. utilizado para comprovar a existência de um fato. Este
inciso assegura o direito de formular pedido e obter
certidões do Estado que possuam a potencialidade
Art. 5º [...] de atestar isto. Deste modo, assegura ao indivíduo
XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situa- a obtenção de certidão para a defesa de direitos ou
dos no País será regulada pela lei brasileira em esclarecimento de situações de interesse pessoal.
benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sem- O exercício de tais direitos é gratuito, ou seja,
pre que não lhes seja mais favorável a lei pes- independe de qualquer pagamento. Importante men-
soal do de cujus; cionar que, embora o dispositivo empregue o termo
“taxas”, este foi utilizado em sentido amplo, visto que
Ainda com relação ao direito de herança, o inciso proíbe a cobrança de qualquer importância (taxa,
XXXI estabelece a lei que deverá ser aplicada caso a tarifa ou preço público). A função da gratuidade é não
sucessão envolva bens de estrangeiros situados no Bra- obstar ou dificultar o exercício do direito, uma vez
sil. Assim, a regra é que se aplica a lei brasileira sempre que pessoas sem recursos financeiros teriam dificul-
que esta beneficiar cônjuge ou filho brasileiro. No entan- dades de exercer seu direito se este fosse condiciona-
to, caso a lei estrangeira (lei do país do de cujus) seja mais do ao pagamento.
benéfica a estas pessoas, ela é que será aplicada.
Art. 5º [...]
Art. 5º [...] XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a Judiciário lesão ou ameaça a direito;
defesa do consumidor;
O princípio da inafastabilidade de jurisdição
O inciso XXXII traz a proteção ao consumidor ou do controle do Poder Judiciário está disciplina-
como um dos direitos e deveres individuais e coleti- do no inciso XXXV. Tal princípio é um desdobramento
vos. Como consequência, a defesa do consumidor será do direito à segurança (garantias jurisdicionais). Esse
promovida por meio do Estado. Vale lembrar que é princípio garante que todas as pessoas tenham acesso
a Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, conheci- ao Poder Judiciário.
da como Código de Defesa do Consumidor (CDC), que
estabelece as regras de proteção ao consumidor. Art. 5º [...]
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido,
Art. 5º [...] o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públi-
cos informações de seu interesse particular, ou O inciso XXXVI é, também, um desdobramento do
de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas direito à segurança. Trata-se da garantia constitu-
no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressal- cional de que a novas leis não retirem das pessoas os
vadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à direitos que elas adquiriram por meio de lei antiga, de
segurança da sociedade e do Estado; modo que as situações disciplinadas por uma norma
devem continuar protegidas por esta mesmo depois
O inciso XXXIII decorre do direito de informação. de sua revogação ou substituição por outra3:
Trata-se de assegurar aos indivíduos o conhecimento
de informações relativas à sua pessoa, quando cons- z Direito Adquirido: é o direito assegurado à pes-
tantes de banco de dados de entidades governamen- soa quando esta cumpriu todos os requisitos para
tais ou abertas ao público, bem como de informação a sua concessão pela norma anterior antes de
de interesse da coletividade. Aqui, vale mencionar ocorrer a alteração legal. Exemplo: uma pessoa
que é a Lei nº 12.527/2011 que regula o acesso à infor- completou o tempo de contribuição previsto pela
mação previsto nesse inciso. lei para se aposentar, mas optou por permanecer
trabalhando. Se nova lei alterar os requisitos para
Art. 5º [...] aposentadoria, de modo a aumentar o tempo de
XXXIV - são a todos assegurados, independente- contribuição, essa pessoa não será prejudicada,
mente do pagamento de taxas: pois adquiriu o direito pela lei anterior;
3 Em conformidade com o art. 6º, do Decreto-Lei nº 4.657/1942 (Lei de Introdução às Normas de Direito Brasileiro). Veja: “A Lei em vigor
terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada. § 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já
consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou.§ 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém
por ale, possa exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de
252 outrem. § 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba recurso”.
Atenção! Direito adquirido não se confunde com Súmula Vinculante nº 45 A competência consti-
expectativa de direito. Se a pessoa não completou tucional do Tribunal do Júri prevalece sobre o foro
todos os requisitos para a concessão do direito, ela por prerrogativa de função estabelecido exclusiva-
não tem direito adquirido e, sim, expectativa de direi- mente pela Constituição Estadual.
to. Exemplo: falta para o indivíduo um mês para com-
Art. 5º [...]
pletar o tempo de contribuição previsto pela lei para
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defi-
se aposentar. Antes de preencher tal requisito, a lei é
na, nem pena sem prévia cominação legal;
alterada e o tempo majorado. Esta pessoa não poderá
se aposentar, pois tinha apenas expectativa de direito, Os princípios da anterioridade e da reserva
uma vez que todos os requisitos não foram preenchi- da lei penal (nullum crimen, nulla poena, sine lege)
dos para a sua concessão. encontram-se disciplinados no inciso XXXIX. Em sín-
tese, pelo princípio da reserva legal, não há crime sem
z Ato Jurídico Perfeito: trata-se do ato realizado lei que o defina, nem pena sem cominação legal. Já
validamente sob a vigência de uma lei, mesmo que pelo princípio da anterioridade, a lei que estabelece o
esta tenha sido posteriormente revogada ou modi- crime e a pena deve ser anterior a sua prática.
ficada. Exemplo: adolescente que se casou antes
de ter completado a idade núbil nas hipóteses per- Art. 5º [...]
mitidas pelo Código Civil terá seu casamento como XL - a lei penal não retroagirá, salvo para bene-
válido mesmo após a alteração da lei civil, pela ficiar o réu;
Lei nº 13.811/2019, que proibiu, expressamente, o
casamento de menor de 16 (dezesseis) anos, pois O princípio da irretroatividade da lei penal mais
seus efeitos são protegidos pela lei anterior; gravosa está disciplinado no inciso XL. Em termos de
z Coisa Julgada: é a autoridade dada às decisões do direito penal, a regra é a lei do tempo do crime, ou seja,
Poder Judiciário quando a estas não couber mais será aplicada a lei do tempo da ação ou omissão. É pos-
recursos, de modo a impedir a modificação ou dis- sível, no entanto, aplicar lei posterior caso esta seja
cussão da decisão de mérito. Exemplo: uma ação de mais benéfica ao réu. Exemplo: nova lei deixa de consi-
paternidade foi julgada procedente após o supos- derar o fato como crime ou diminui a sua pena.
to pai ter se recusado a realizar o exame de DNA. A retroatividade da lei penal mais benéfica é abso-
Assim, não é possível que, tempos depois, o suposto luta, isto é, ela desconstituirá, inclusive, condenações
pai resolva fazer o exame para se eximir da paterni- já transitadas em julgado. Exemplo: sujeito que cum-
dade, pois a decisão não pode ser mais modificada. pre pena por um crime que lei posterior deixou de
considerar respectivo ato como crime (caso de abolitio
criminis) será colocado em liberdade.
Importante! Art. 5º [...]
A coisa julgada divide-se em coisa julgada mate- XLI - a lei punirá qualquer discriminação atenta-
rial – quando impede a discussão em qualquer tória dos direitos e liberdades fundamentais;
processo – e coisa julgada formal – quando impe-
O inciso XLI decorre do direito à igualdade.
de a discussão no mesmo processo.
Trata-se da necessidade de reconhecer que todos os
indivíduos possuem os mesmos direitos e as mesmas
Art. 5º [...] proteções. Além disso, a lei não só não poderá ser apli-
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção; cada de modo discriminatório, como também deverá
punir tais discriminações com base em qualquer con-
A proibição dos tribunais de exceção, que decor- dição pessoal, como sexo, cor, origem, entre outras.
re do direito à segurança, encontra-se prevista no inci-
Art. 5º [...]
so XXXVII. Busca-se proibir que os tribunais ou juízos
XLII - a prática do racismo constitui crime
sejam criados especialmente para julgar determina-
inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de
dos crimes ou pessoas (nos casos concretos). reclusão, nos termos da lei;
Atenção! Tribunal de exceção não se confunde
com Justiças especializadas e foro privilegiado. O inciso XLII trata da prática de racismo. Embora
a Constituição não tipifique o crime, ela manda crimi-
Art. 5º [...] nalizar a conduta de racismo. Além disso, estabelece
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a a não concessão de fiança ao racismo (inafiançável) e,
DIREITO CONSTITUCIONAL

organização que lhe der a lei, assegurados: ainda, que o ato pode ser julgado a qualquer tempo,
a) a plenitude de defesa; independentemente da data em que foi cometido, pois
b) o sigilo das votações;
não se sujeita ao decurso do tempo (imprescritível).
c) a soberania dos veredictos;
Vale lembrar, aqui, que a Lei nº 7.716/1989 é a Lei do
d) a competência para o julgamento dos crimes
dolosos contra a vida; Racismo e a Lei nº 12.288/2010 é o Estatuto da Igual-
dade Racial.
Outro desdobramento do direito à segurança é a Art. 5º [...]
garantia do julgamento pelo Tribunal do Júri em cri- XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e
mes dolosos contra a vida, ou seja, homicídio (Art. 121 insuscetíveis de graça ou anistia a prática da
do CP), induzimento, instigação ou auxílio a suicídio tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e
ou à automutilação (Art. 122 do CP), infanticídio (Art. drogas afins, o terrorismo e os definidos como
123 do CP) e aborto (Arts. 124 a 128 do CP). Trata-se crimes hediondos, por eles respondendo os man-
do direito de o indivíduo ser julgado por seus pares e, dantes, os executores e os que, podendo evitá-los,
não, por um juízo de critério eminentemente técnico. se omitirem; 253
O inciso XLIII estabelece os crimes em que não Atenção! Multa é uma espécie de pena (Art. 32, CP)
cabe fiança nem perdão, ou seja, graça, indulto e e, portanto, não pode ser imposta aos herdeiros.
anistia. Embora o dispositivo não mencione o indulto,
ele também não é cabível nos crimes elencados. Art. 5º [...]
Para lembrar dos crimes, memorize: T T T H XLVI - a lei regulará a individualização da pena
e adotará, entre outras, as seguintes:
Tortura a) privação ou restrição da liberdade;
Tráfico b) perda de bens;
Terrorismo c) multa;
Hediondos d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos;
A graça e o indulto são modalidades de perdão
concedidos pelo Presidente da República, de modo O inciso XLVI disciplina o princípio da individua-
a extinguir a punibilidade do agente. Enquanto, na lização da pena, uma vez que as penas devem ser
graça, o perdão é concedido de forma individual por previstas, impostas e executadas em conformidade
meio de decreto e mediante provocação do interes- com as condições pessoais de cada réu. Para tanto, a
sado, no indulto, o perdão é coletivo e concedido por individualização deve operar-se em três fases distin-
decreto, o qual não possui destinatário certo e inde- tas: legislativa, no momento em que elabora a norma;
pende de provocação. O indulto pode ser total ou par- judicial, no momento da dosimetria da pena; executi-
cial (comutação).
va, na execução penal.
Já a anistia é o perdão concedido pelo Congresso
Nacional, por meio de lei, aos crimes e atos adminis-
Art. 5º [...]
trativos. Na anistia, exclui-se o crime, rescinde-se a
XLVII - não haverá penas:
condenação e extingue-se totalmente a punibilidade.
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada,
Cabe destacar que a anistia pode ser concedida pelas
nos termos do art. 84, XIX;
Assembleias Legislativas, porém se restringe aos atos
b) de caráter perpétuo;
administrativos, como, por exemplo, às transgres-
c) de trabalhos forçados;
sões disciplinares de servidores estaduais.
d) de banimento;
É importante mencionar que esses crimes são
e) cruéis;
prescritíveis, além de ser cabível a liberdade provi-
sória. Ainda, a Lei nº 9.455/1997 trata dos crimes de
tortura; a Lei nº 11.343/2006, dos crimes de drogas; O inciso XLVII, que decorre tanto do direito à vida
a Lei nº 13.260/2016, do terrorismo; a Lei nº 8.072/90 como do direito à segurança, estabelece a proibição
cuida dos crimes hediondos. de determinadas penas.
Assim, é vedada a pena de morte em tempos de paz.
Art. 5º [...] Isso porque, quando declarada a guerra pelo Presiden-
XLIV - constitui crime inafiançável e imprescri- te da República após a autorização do Congresso Nacio-
tível a ação de grupos armados, civis ou milita- nal, vigora a parte atinente aos tempos de guerra4 do
res, contra a ordem constitucional e o Estado
Código Penal Militar (CPM) e Código de Processo Penal
Democrático;
Militar (CPPM), que estabelece, em determinados casos,
O inciso XLIV também traz hipóteses de não con- a pena de morte. Exemplo: traição (Art. 355 do CPM)5.
cessão de fiança, cuja ação ou omissão pode ser julga-
da a qualquer tempo, independentemente da data em Art. 5º [...]
que foi cometido. Tratam-se dos crimes desenvolvidos XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimen-
pelas organizações criminosas contra a ordem consti- tos distintos, de acordo com a natureza do deli-
tucional e democrática, como, por exemplo, no golpe to, a idade e o sexo do apenado;
de Estado. Cabe lembrar que a Lei nº 12.850/13 é que
trata das organizações criminosas. O inciso XLVIII traz um dos princípios relativos
à execução da pena privativa de liberdade. Trata-
Art. 5º [...] -se da exigência de que o cumprimento da pena seja
XLV - nenhuma pena passará da pessoa do
feito de acordo com a natureza do crime, a idade e
condenado, podendo a obrigação de reparar
o dano e a decretação do perdimento de bens o sexo do apenado. É por essa razão que os adoles-
ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores centes ficam em estabelecimentos distintos dos adul-
e contra eles executadas, até o limite do valor do tos, assim como as mulheres permanecem em local
patrimônio transferido; diverso dos homens. Esse dispositivo decorre tanto do
direito à segurança como do direito à vida.
O princípio da intranscendência ou personali-
zação da pena está disciplinado no inciso XLV. Tra- Art. 5º [...]
ta-se da impossibilidade da pena ser aplicada a outra XLIX - é assegurado aos presos o respeito à inte-
pessoa que não o delinquente, uma vez que somente gridade física e moral;
o autor da infração penal pode ser responsabiliza-
do. Com a morte do condenado, declara-se extinta a 4 Art. 15 (CPM) O tempo de guerra, para os efeitos da aplicação da
punibilidade do crime. Assim, a pena não poderá ser lei penal militar, começa com a declaração ou o reconhecimento do
estado de guerra, ou com o decreto de mobilização se nele estiver
cumprida, por exemplo, pelos familiares ou herdeiros
compreendido aquele reconhecimento; e termina quando ordenada
do autor do crime se este houver falecido. No entanto, a cessação das hostilidades.
refere-se apenas à esfera penal, ou seja, a obrigação
5 Art. 355 (CPM) Tomar o nacional armas contra o Brasil ou Estado
civil de reparar os danos pode ser estendida aos seus aliado, ou prestar serviço nas forças armadas de nação em guerra
sucessores até o limite do valor do patrimônio trans- contra o Brasil: Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos,
254 ferido (herança). grau mínimo.
O inciso XLIX estabelece outro princípio relativo à Art. 5º [...]
execução da pena privativa de liberdade: a proteção LIII - ninguém será processado nem sentencia-
à integridade física e moral do preso. Busca-se, portan- do senão pela autoridade competente;
to, proteger os indivíduos da força do Estado. Trata-se,
também, de um dos desdobramentos do direito à segu- O princípio do juiz natural ou do juiz competen-
rança, por envolver garantias processuais, e do direito te encontra-se disciplinado no inciso LIII. Trata-se da
à vida, por envolver a integridade do indivíduo. garantia de que nenhuma pessoa será processada ou
julgada por uma autoridade especialmente designada
Art. 5º [...] para o caso. Deste modo, as regras de competência
L - às presidiárias serão asseguradas condições devem estar reestabelecidas no ordenamento jurídi-
para que possam permanecer com seus filhos
co, de forma a assegurar que o julgamento seja reali-
durante o período de amamentação;
zado por um juiz independente e imparcial.
O inciso L traz um princípio relativo à execução
Art. 5º [...]
da pena privativa de liberdade. Trata-se do direito
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de
dos filhos de permanecerem com suas mães e serem
seus bens sem o devido processo legal;
amamentados por elas durante a execução da pena.
Vale destacar que o art. 89 da Lei nº 7.210/84 (Lei de
Execução Penal) estabelece que a penitenciária de O princípio do devido processo legal está disci-
mulheres terá uma seção para gestantes e parturien- plinado no inciso LIV. Trata-se do desdobramento do
tes e uma creche para abrigar crianças entre 6 (seis) direito à segurança, de modo a garantir que os indi-
meses e 7 (sete) anos. víduos não sejam presos nem percam seus bens por
atuação arbitrária do poder do Estado. Assim sendo,
Art. 5º [...] deverá existir um processo com todas as etapas pre-
LI - nenhum brasileiro será extraditado, sal- vistas em lei e com todas as garantias constitucionais.
vo o naturalizado, em caso de crime comum,
Se tais regras não forem observadas, o processo é pas-
praticado antes da naturalização, ou de com-
provado envolvimento em tráfico ilícito de sível de nulidade.
entorpecentes e drogas afins, na forma da lei;
Art. 5º [...]
A proibição de extradição de brasileiro encon- LV - aos litigantes, em processo judicial ou admi-
tra-se disciplinada no inciso LI. Extradição é uma nistrativo, e aos acusados em geral são assegu-
medida de cooperação internacional em que um Esta- rados o contraditório e ampla defesa, com os
do entrega a outro Estado, a pedido deste, indivíduo meios e recursos a ela inerentes;
que deva responder a processo penal ou cumprir
O inciso LV traz o princípio do contraditório e da
pena. De acordo com a Norma Constitucional, o Brasil
ampla defesa. Tal princípio objetiva garantir a igual-
não entrega brasileiro nato para responder processo
penal ou cumprir pena em outro país. dade das partes de uma relação processual, bem como
É possível, no entanto, a entrega de brasileiro a segurança processual. Assim sendo, a parte contrá-
naturalizado, isto é, que tenha adquirido a naciona- ria necessita ser ouvida (audiatur et altera pars), pois
lidade brasileira por outro motivo que não vinculado não pode ser atribuída a uma parte vantagens de que
ao nascimento (filiação ou local do nascimento), desde a outra não disponha.
que seja por crime comum e que este tenha sido pra- Como consequência, as partes têm acesso a tudo
ticado antes de sua naturalização. Portanto, quando que consta dos autos, como, por exemplo, todas as
o agente tinha outra nacionalidade. provas produzidas pela outra parte, podendo mani-
Também é possível a extradição de brasileiro natu- festar-se ou não. Além disso, a defesa pode ser exerci-
ralizado por comprovado envolvimento em tráfico ilí- da de forma ampla, como, por exemplo, é possível ao
cito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei. indivíduo optar pela autodefesa (quando permitido)
Nesta hipótese, a extradição pode ocorrer tanto antes ou pela defesa técnica. Assim, a ampla defesa garan-
quanto depois da naturalização, te ao agente a possibilidade de se defender sem qual-
quer impedimento aos seus direitos constitucionais.
Art. 5º [...]
LII - não será concedida extradição de estrangei- Art. 5º [...]
ro por crime político ou de opinião;
LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas
No que se refere à extradição de estrangeiro, o obtidas por meios ilícitos;
inciso LII veda a entrega por crime político ou de
A proibição de prova ilícita encontra-se estabele-
DIREITO CONSTITUCIONAL

opinião. Considera-se um crime como político se ele


cida no inciso LVI. As provas obtidas de forma ilícita
envolver ações ou omissões que prejudicam os inte-
resses do país, do governo ou do sistema político. são absolutamente nulas, não podendo gerar qual-
O crime político pode ser de dois tipos: próprio e quer efeito no convencimento do juiz.
impróprio. Crime político próprio é aquele capaz de
z Prova ilícita é aquela que viola direito material.
ameaçar a ordem institucional ou o sistema vigente.
Exemplos: confissão mediante tortura e intercep-
Já o crime político impróprio é aquele crime comum
quando conexo ao crime político, de modo a ter tação telefônica sem autorização judicial;
natureza comum, mas conotação político-ideológica, z Prova ilegítima é aquela que viola direito proces-
como, por exemplo, a extorsão mediante sequestro sual. Exemplo: confissão do acusado em juízo sem
para obter fundos para determinado grupo político. a presença do advogado.
Por fim, crime de opinião é aquele que se configura
com o abuso da liberdade de expressão ou de pensa- O Supremo Tribunal Federal, adequadamente, ado-
mento, como, por exemplo, nos casos dos crimes con- tou, por maioria de votos, a denominada teoria fruits of
tra a honra. poisonous tree (frutos da árvore envenenada). 255
São nulas tanto as provas produzidas de forma ilíci- LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos
ta como também as derivadas (surgidas em decorrên- atos processuais quando a defesa da intimida-
cia da prova ilícita). De acordo com essa teoria, todos os de ou o interesse social o exigirem;
frutos dela são também venenosos por contaminação.
Assim, tudo que deriva de prova ilícita é também ilícito. Como regra, todo processo é público, ou seja, é
permitido o acesso aos atos. No entanto, em alguns
Art. 5º [...] casos, tais como ações de divórcio, guarda, entre
LVII - ninguém será considerado culpado até o trân- outros, essa publicidade é restrita às partes e a seus
sito em julgado de sentença penal condenatória; procuradores, com o objetivo de resguardar a intimi-
dade dos envolvidos. Também é possível restringir a
O inciso LVII traz o princípio da presunção de ino- publicidade quando o interesse da sociedade exigir a
cência ou da presunção de culpabilidade. Assim, antes restrição dela, como, por exemplo, em determinados
da condenação definitiva em um processo criminal, crimes ou atos envolvendo crianças e adolescentes. É
as pessoas ainda não são consideradas culpadas. Isso importante mencionar, no entanto, que a restrição da
ocorre, porque quem possui o ônus de provar a culpa publicidade dos atos processuais não poderá prejudi-
é o Ministério Público, como órgão titular da ação penal car o interesse público à informação.
pública e da vítima, no caso de ação penal privada. Des-
te modo, não compete ao acusado provar sua inocência,
mas ao Ministério Público ou à vítima comprovar a res- Importante!
ponsabilidade do réu até a última instância. A restrição da publicidade é popularmente
conhecida como segredo de Justiça.
Art. 5º [...]
LVIII - o civilmente identificado não será subme-
tido a identificação criminal, salvo nas hipóteses Art. 5º [...]
previstas em lei; LXI - ninguém será preso senão em flagrante
delito ou por ordem escrita e fundamentada de
A proibição da identificação criminal da pes- autoridade judiciária competente, salvo nos casos
soa já civilmente identificada encontra-se no inciso de transgressão militar ou crime propriamen-
LVIII. Entende-se, por identificação, o processo utili- te militar, definidos em lei;
zado para se estabelecer a identidade de pessoas ou
coisas. Assim, se o indivíduo apresenta documento de Pelo inciso LXI, depreende-se que a liberdade é a
identidade civil válido e sem qualquer suspeita funda- regra e a prisão é a exceção. Por essa razão, o dispo-
da de falsidade, ele não poderá ser identificado crimi-
sitivo fixa as hipóteses em que o indivíduo será preso.
nalmente, ou seja, por meio do processo datiloscópico.
Assim, a CF/88 protege os indivíduos da força do Esta-
O objetivo do dispositivo é evitar o constrangimento
do, uma vez que veda a prisão arbitrária ou abusiva e
pessoal de pessoas já identificadas civilmente.
estabelece que a restrição da liberdade só será legíti-
Cumpre esclarecer que a Lei nº 12.037/2009 discipli-
ma quando respeitados os parâmetros legais. Trata-se
na o inciso e estabelece quais documentos servem para
de um dos desdobramentos do direito à segurança,
a identificação civil. Ainda, a regra da não identificação
por envolver garantias processuais.
criminal não é absoluta e abarca exceções. No entanto,
Em termos de processo penal, existem dois tipos
tais exceções devem estar disciplinadas em lei6.
de prisão. A prisão pena que é aquela decorrente de
Art. 5º [...] sentença penal condenatória transitada em julgado,
LIX - será admitida ação privada nos crimes de ou seja, o processo foi finalizado, a pessoa condena-
ação pública, se esta não for intentada no prazo da e não cabe mais recurso, ingressando na fase de
legal; execução penal. Além disso, há a prisão processual,
que tem função acautelatória e é aquela que ocorre
O inciso LIX traz a possibilidade de ação penal pri-
durante a fase de investigação, instrução e antes do
vada subsidiária à ação penal pública. Assim, nos
julgamento definitivo, como a prisão em flagrante, a
casos em que o representante do Ministério Público
prisão temporária e a prisão preventiva.
não ofereceu a denúncia, não requereu diligências ou
Portanto, durante o curso do processo, o indivíduo
não ordenou o arquivamento do Inquérito Policial no
prazo legal, admite-se o oferecimento da queixa crime. somente será preso se estiver em flagrante delito, ou seja:
A CF/88 não estabeleceu hipótese de restrição
quanto à aplicação da ação penal privada subsidiá- z Se o indivíduo estiver cometendo o delito ou se
ria da pública nos processos relativos aos delitos pre- acabou de cometê-lo;
vistos na legislação especial, como, por exemplo, nas z Se foi encontrado logo após, com algo que faça pre-
ações em que se apuram crimes eleitorais. sumir ser ele o autor da infração7;
z Se for determinado pelo juiz nos demais casos das
Art. 5º [...] prisões cautelares.
6 Art. 3º (Lei nº 12.037/2009) Embora apresentado documento de identificação, poderá ocorrer identificação criminal quando: I – o documento
apresentar rasura ou tiver indício de falsificação; II – o documento apresentado for insuficiente para identificar cabalmente o indiciado; III –
o indiciado portar documentos de identidade distintos, com informações conflitantes entre si; IV – a identificação criminal for essencial às
investigações policiais, segundo despacho da autoridade judiciária competente, que decidirá de ofício ou mediante representação da autoridade
policial, do Ministério Público ou da defesa; V – constar de registros policiais o uso de outros nomes ou diferentes qualificações; VI – o estado
de conservação ou a distância temporal ou da localidade da expedição do documento apresentado impossibilite a completa identificação dos
caracteres essenciais. Parágrafo único. As cópias dos documentos apresentados deverão ser juntadas aos autos do inquérito, ou outra forma
de investigação, ainda que consideradas insuficientes para identificar o indiciado.
7 Art. 302 (CPP) Considera-se em flagrante delito quem: I -está cometendo a infração penal; II - acaba de cometê-la; III - é perseguido, logo
após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração; IV - é encontrado, logo
256 depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração.
Observa-se, ainda, que o inciso traz exceções, O inciso LXV traz mais um dos desdobramentos
quais sejam: transgressão militar ou crime pro- do direito à segurança ao prever o relaxamento da
priamente militar, definido em lei. Quanto às prisão ilegal. Assim, se o magistrado constatar que a
transgressões, estas estão previstas nos regulamentos prisão foi ilegal, ele deverá colocar o preso em liber-
disciplinares, tanto das Forças Armadas como das For- dade de forma imediata e sem condições. Exemplo: o
ças Auxiliares. A elas é aplicado procedimento de apu- indivíduo foi preso em flagrante, porém não se enqua-
ração específico, também garantindo o contraditório drava nas hipóteses de flagrância do art. 302 do CPP.
e a ampla defesa. Já os crimes militares encontram-se Relaxa-se prisão ilegal e revoga-se as demais pri-
previstos no Código Penal Militar. sões cautelares, uma vez que estas necessitam de
requisitos para serem decretadas e não estão estes
Art. 5º [...] presentes. O magistrado deve revogar a prisão ou
LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se substituí-la por medidas cautelares diversas.
encontre serão comunicados imediatamente ao
juiz competente e à família do preso ou à pessoa Art. 5º [...]
por ele indicada; LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela
mantido, quando a lei admitir a liberdade provi-
Como a prisão em flagrante é a única modalida- sória, com ou sem fiança;
de de prisão acautelatória que não conta com ordem
judicial prévia, visto que é imposta no momento em O inciso LXVI reforça que a regra é a liberdade e
que a infração penal é praticada ou em momentos sua supressão é apenas medida excepcional e somente
após, faz-se necessário sua comunicação imediata ao deve ser decretada nos casos em que a norma autorizar.
juiz, para que este possa efetuar o controle de legali-
dade da prisão. Art. 5º [...]
A CF/88 não fixa o prazo da comunicação, porém o LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo
art. 306, do Código de Processo Penal, estabelece que a do responsável pelo inadimplemento voluntário
e inescusável de obrigação alimentícia e a do
a comunicação será imediata e os autos remetidos em
depositário infiel;
até 24 (vinte e quatro) horas após a prisão.
Além da comunicação ao juiz, a CF/88 prevê a comu-
O inciso LXVII trata da prisão civil por dívida.
nicação à família do preso ou pessoa por ele indicada,
Considera-se prisão civil a medida privativa da liber-
com o escopo não só de dar notícia de seu paradeiro,
dade que não possui caráter de pena e que tem como
como também de prestar-lhe a assistência devida.
finalidade compelir o devedor a satisfazer uma obri-
gação. Atualmente, a única hipótese de prisão por
Art. 5º [...]
dívidas é a de caráter alimentar, ou seja, o indivíduo
LXIII - o preso será informado de seus direitos,
deixou de pagar a pensão alimentícia devida.
entre os quais o de permanecer calado, sendo-
Por se tratar de uma norma constitucional de efi-
-lhe assegurada a assistência da família e de
advogado; cácia contida, a prisão do depositário infiel prevista
na CF/88, embora constitucional, tornou-se ilícita em
razão das seguintes Súmulas:
Considerando que a liberdade é a regra e a sua res-
trição só é legítima quando efetuada nos estritos limites
Súmula Vinculante nº 25 (STF) É ilícita a prisão
legais, o inciso LXIII estabelece que o preso em flagran-
civil de depositário infiel, qualquer que seja a moda-
te deve ser comunicado dos seus direitos. Entre esses lidade do depósito.
direitos, encontra-se o de permanecer em silêncio. Súmula nº 419 (STJ) Descabe a prisão civil do depo-
O silêncio do preso não poderá ser utilizado de for- sitário judicial infiel.
ma contrária. O acusado não é obrigado a produzir
provas contra si mesmo. Ao se calar, esse silêncio não Art. 5º [...]
pode ser considerado como prova. LXVIII - conceder-se-á habeas-corpus sempre que
Além disso, o dispositivo também estabelece a alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer
assistência da família e do advogado, garantindo tan- violência ou coação em sua liberdade de loco-
to o apoio pessoal como a assistência técnica que lhe moção, por ilegalidade ou abuso de poder;
é devida.
O inciso LXVIII traz um dos remédios constitucio-
Art. 5º [...] nais: o habeas corpus (HC). Remédios constitucio-
LXIV - o preso tem direito à identificação dos nais são as ações constitucionais previstas na própria
DIREITO CONSTITUCIONAL

responsáveis por sua prisão ou por seu interro- Constituição com a finalidade de reclamar o restabele-
gatório policial; cimento de direitos fundamentais violados.
O HC é uma dessas ações constitucionais, sendo
O inciso LXIV também decorre do direito à segu- utilizado para a tutela da liberdade de locomoção
rança, uma vez que busca prevenir a prisão arbitrária. sempre que alguém estiver sofrendo ou na iminência
Assim, é assegurado ao indivíduo a identificação dos de sofrer constrangimento ilegal em seu direito de ir
responsáveis por sua prisão e interrogatório, uma e vir. Tal ação pode ser utilizada tanto em questões
vez que lhe é garantido questionar a competência ou penais quanto em questões civis, desde que haja cons-
atribuição dessas autoridades em conformidade com trangimento ilegal efetivo ou potencial ao direito de ir
a norma vigente e os princípios constitucionais e de e vir. Exemplo: prisão por débitos alimentares.
direitos humanos. Existem três modalidades de HC, quais sejam:

Art. 5º [...] z Habeas Corpus liberatório ou repressivo, em que


LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxa- a ordem é concedida para fazer cessar o constrangi-
da pela autoridade judiciária; mento à liberdade de locomoção quando já existente; 257
z Habeas Corpus preventivo, também conhecido z Decisão judicial da qual caiba recurso com efeito
por salvo-conduto, em que a ordem é concedida suspensivo;
quando houver ameaça ao direito de ir e vir, de z Decisão judicial transitada em julgado.
modo a impedir que uma pessoa venha a ter res-
tringido seu direito; Por fim, seu prazo de impetração é de 120 (cento e
z Habeas Corpus de ofício, em que a ordem é con- vinte) dias, contados da ciência do interessado do ato
cedida pela autoridade judicial sem pedido, quando impugnado.
esta verificar, no curso de um processo, que alguém
está sofrendo ou na iminência de sofrer constrangi- Art. 5º [...]
mento ilegal em sua liberdade de locomoção. LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser
impetrado por:
Não cabe HC nos seguintes casos: a) partido político com representação no Con-
gresso Nacional;
b) organização sindical, entidade de classe ou
z Perda de patente;
associação legalmente constituída e em funciona-
z Perda de cargo;
mento há pelo menos um ano, em defesa dos inte-
z Pena de multa; resses de seus membros ou associados;
z Bens apreendidos (Obs.: no caso do passaporte, o
STJ diz que caberá o HC. Já o STF diz que não cabe); Do mesmo modo que o MS individual, é possível
z Pena extinta. ingressar com mandado de segurança coletivo nos
casos de direitos coletivos, assim entendidos como
De acordo com o § 2º, do art. 142, não caberá habeas os transindividuais, cuja natureza for indivisível, ou
corpus em relação a punições disciplinares militares. seja, de que sejam titulares grupos ou categorias de
Além dos militares das Forças Armadas, essa disposi- pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por
ção é estendida aos membros das Polícias Militares e uma relação jurídica básica, e direitos individuais
dos Corpos de Bombeiros Militares (Art. 42, CF/88). homogêneos, assim entendidos como aqueles decor-
No entanto, é cabível o HC se a sanção militar tiver rentes de origem comum e de atividade ou situação
sido aplicada de forma ilegal por autoridade incompe- específica da totalidade ou de parte dos associados ou
tente ou em desacordo com as formalidades legais ou membros do impetrante.
além dos limites fixados em lei. Trata-se de inovação da CF/88 para a tutela de direi-
tos coletivos líquidos e certos, também não amparados
Art. 5º [...] por HC ou habeas data, quando o responsável pela ile-
LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para galidade for autoridade pública ou agente de pessoa
proteger direito líquido e certo, não amparado jurídica no exercício de atribuições do Poder Público.
por habeas-corpus ou habeas-data, quando o
O MS coletivo segue as mesmas regras do individual.
responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for
Para partidos políticos, exige-se representação no
autoridade pública ou agente de pessoa jurídi-
Congresso Nacional (pelo menos, um deputado ou
ca no exercício de atribuições do Poder Público;
senador do partido). Para associação, exige-se que ela
tenha sido constituída há, pelo menos, um ano.
O inciso LXIX traz outro remédio constitucio-
nal: o mandado de segurança (MS). Se o HC tutela
Art. 5º [...]
a liberdade de locomoção e o habeas data, o acesso e
LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sem-
a retificação de dados, o MS é cabível para os demais pre que a falta de norma regulamentadora tor-
direitos, sendo que seu objetivo e alcance é feito por ne inviável o exercício dos direitos e liberdades
exclusão. Cabe destacar que a lei que disciplina o MS constitucionais e das prerrogativas inerentes à
é a Lei nº 12.016/2009. nacionalidade, à soberania e à cidadania;
O MS é cabível quando houver direito líquido e
certo, ou seja, direito que pode ser comprovado de O inciso LXXI traz o mandado de injunção (MI),
plano e que se apresenta de forma manifesta. Deste ação constitucional para a tutela dos direitos previs-
modo, a prova deve ser toda pré-constituída, sendo tos na CF/88 inerentes à nacionalidade, à soberania
que os documentos comprobatórios do direito devem e à cidadania, os quais não podem ser exercidos em
acompanhar a própria petição inicial, salvo se estes razão da falta de norma regulamentadora. Portanto,
estiverem em repartição ou em poder de autoridade são pressupostos para o MI:
que se recuse a fornecê-los por certidão. Consequen-
temente, no MS, não há fase instrutória. z Existência de um direito constitucionalmente pre-
O MS pode ser de duas espécies: visto com relação à nacionalidade, soberania e
cidadania;
z Mandado de segurança repressivo, cuja ordem z A não autoaplicabilidade desse direito;
de segurança objetiva cessar constrangimento ile- z Falta de norma infraconstitucional regulamenta-
gal já existente; dora que inviabilize o exercício do direito previsto
z Mandado de segurança preventivo, cuja ordem na CF/88.
de segurança busca pôr fim à iminência de cons-
trangimento ilegal a direito líquido e certo. Cabe lembrar que a lei que disciplina o MI é a Lei
nº 13.300/2016.
Não cabe MS contra: A omissão normativa decorrente da não elabora-
ção de ato legislativo ou administrativo permite ao
z Ato do qual caiba recurso com efeito suspensivo, indivíduo, ao Ministério Público e à Defensoria públi-
258 independentemente de caução; ca ingressarem com o MI.
Atualmente, adota-se a Teoria Concretista, ou Art. 5º [...]
seja, o magistrado resolve o caso concreto (sentença LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica
normativa) e não mais comunica o Poder Legislativo integral e gratuita aos que comprovarem insufi-
para suprir a omissão. ciência de recursos;

Art. 5º [...]
LXXII - conceder-se-á habeas-data:
O inciso LXXIV garante o acesso à Justiça a todas
a) para assegurar o conhecimento de informações as pessoas. Assim sendo, o Estado brasileiro deve-
relativas à pessoa do impetrante, constantes de rá prestar a assistência jurídica de forma integral e
registros ou bancos de dados de entidades governa- gratuita àqueles que comprovarem insuficiência de
mentais ou de caráter público; recursos financeiros. Esse direito instrumentaliza-se
b) para a retificação de dados, quando não se por meio da Defensoria Pública ou por meio do convê-
prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou
administrativo;
nio com a Defensoria Pública/Ordem dos Advogados
do Brasil através da nomeação de advogado dativo.
O habeas data (HD) é o remédio constitucional
para a tutela do direito de informação e de intimida- Art. 5º [...]
de do indivíduo, de modo a garantir ao impetrante LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro
o conhecimento de informações pessoais constantes judiciário, assim como o que ficar preso além do
de banco de dados de entidades governamentais ou tempo fixado na sentença;
abertas ao público, bem como o direito de retificação
dessas informações quando errôneas. O inciso LXXV visa evitar abusos por parte do
Cumpre salientar que a lei que disciplina o HD é Poder Público ao prever a responsabilidade civil do
a Lei nº 9.507/97. Por essa lei, o HD também é cabível
Estado nos casos de erro do Poder Judiciário e prisão
para anotação nos assentamentos do interessado, de
contestação ou explicação sobre dado verdadeiro mas por tempo além do fixado em sentença.
justificável e que esteja sob pendência judicial ou ami- A responsabilidade civil do Estado será estudada
gável, em conformidade com o inciso III, do art. 7º. posteriormente.
Ademais, a informação, a retificação ou a anotação
foram negadas pela Administração Pública (entidades Art. 5º [...]
governamentais da Administração direta ou indireta) LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente
ou particular (pessoas jurídicas de direito privado) pobres, na forma da lei:
que mantenham banco de dados aberto ao público. a) o registro civil de nascimento;
O HD pode ser impetrado por qualquer pessoa, b) a certidão de óbito;
física ou jurídica, brasileira ou estrangeira, desde que
as informações solicitadas digam respeito ao próprio Ao garantir a gratuidade das certidões de nasci-
indivíduo. Além disso, o HD não é instrumento jurídi- mento e óbito, a CF/88 assegura que as pessoas pos-
co adequado para se ter acesso aos autos do processo
sam ser registradas e possam usufruir dos direitos
administrativo disciplinar (PAD).
personalíssimos decorrentes, como, por exemplo, os
Art. 5º [...] direitos de possuir um nome, de poder ser matricula-
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para do em uma escola, entre outros. Assim, a CF/88 garante
propor ação popular que vise a anular ato lesivo que a falta de recursos financeiros não seja considera-
ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado
da um obstáculo para o exercício de tais direitos.
participe, à moralidade administrativa, ao meio
ambiente e ao patrimônio histórico e cultural,
ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento Art. 5º [...]
de custas judiciais e do ônus da sucumbência; LXXVII - são gratuitas as ações de habeas-cor-
pus e habeas-data, e, na forma da lei, os atos
O inciso LXXIII traz outro remédio constitucional: necessários ao exercício da cidadania.
a ação popular. Trata-se da ação constitucional colo-
cada à disposição de qualquer cidadão para fiscalizar O inciso LXXVII trata da gratuidade dos remédios
o Poder Público. Cabe esclarecer que cidadão é aque- constitucionais de habeas corpus e habeas data. A
le que possui capacidade eleitoral ativa, ou seja, que
finalidade do dispositivo é garantir o acesso de todas
pode votar. Portanto, a ação popular é cabível para os
maiores de 16 (dezesseis) anos se eleitores. as pessoas a esses remédios constitucionais.
Atenção! Não há necessidade de os menores de 18
(dezoito) anos serem assistidos, pois consiste em um Art. 5º [...]
DIREITO CONSTITUCIONAL

direito político. Ademais, quanto aos estrangeiros, é LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrati-
possível o ajuizamento da ação popular pelo portu- vo, são assegurados a razoável duração do pro-
guês em situação de equiparação com brasileiro. cesso e os meios que garantam a celeridade de sua
Em regra, a ação popular é gratuita. O motivo da tramitação.
gratuidade é permitir o acesso ao Poder Judiciário de
todos os cidadãos para a defesa dos atos lesivos do O inciso LXXVIII, do art. 5º, trata do princípio da
Poder Público. No entanto, o inciso LXXIII estabelece celeridade processual. Desta forma, a CF/88 assegura a
uma exceção: haverá custas e sucumbência caso o autor todos, quer no âmbito judicial, quer no âmbito adminis-
ingresse com a ação com má-fé e esta seja comprovada. trativo, a duração razoável do processo, bem como dos
meios que garantam a celeridade de sua tramitação.
Importante! Art. 5º [...]
A má-fé deve ser sempre provada, enquanto a § 1º As normas definidoras dos direitos e garantias
boa-fé é sempre presumida. fundamentais têm aplicação imediata. 259
De acordo com o § 1º, os direitos e garantias indi- Atenção! Não confundir o TPI com a Corte Inter-
viduais e coletivos previstos no art. 5º estão prontos nacional de Justiça, também conhecida como Tribu-
para ser aplicados e exigidos, uma vez que não depen- nal de Haia, que é o órgão jurídico da Organização das
dem da existência de qualquer outra norma para pro-
Nações Unidas.
duzir efeitos.
Atenção! Não confundir aplicação imediata com a DIREITOS SOCIAIS
aplicabilidade da norma constitucional (norma cons-
titucional de eficácia plena, contida e limitada). Os direitos sociais estão disciplinados nos arts. 6º
Art. 5º [...]
a 11 da CF/88. Esses direitos se dividem em direitos
§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Consti- sociais propriamente ditos (Art. 6º), direitos trabalhis-
tuição não excluem outros decorrentes do regi- tas (Art. 7º) e direitos sindicais (Art. 8º a 11). Vejamos:
me e dos princípios por ela adotados, ou dos
tratados internacionais em que a República Federa- Art. 6º São direitos sociais a educação, a saú-
tiva do Brasil seja parte. de, a alimentação, o trabalho, a moradia, o
transporte, o lazer, a segurança, a previdência
O § 2º estabelece que o rol de direitos e deveres social, a proteção à maternidade e à infância, a
disposto no art. 5º é exemplificativo e não taxativo. assistência aos desamparados, na forma desta
Portanto, podem existir outros direitos em outros dis- Constituição.
positivos da CF/88, em outros diplomas legais, em tra-
tados internacionais, entre outros. Os direitos sociais encontram-se estabelecidos no
art. 6º da CF. Tratam-se de direitos ligados à concepção
Art. 5º [...] de que é dever do Estado a garantia, através das polí-
§ 3º Os tratados e convenções internacionais ticas públicas, da igualdade de oportunidades a todos.
sobre direitos humanos que forem aprovados, em O dispositivo assegura alguns dos direitos denomina-
cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, dos de segunda geração/dimensão, tais como o direito à
por três quintos dos votos dos respectivos membros, educação, trazendo a ideia de que a instrução é o meio
serão equivalentes às emendas constitucionais. adequado para que o indivíduo possa exercer outros
O § 3º estabelece as regras para a incorporação direitos, tais como a liberdade de expressão, a liberdade
do tratado internacional que verse sobre direi- de associação, os direitos políticos, entre outros.
tos humanos. Via de regra, o tratado internacional, Usa-se tanto o termo “geração” como “dimensão”
após a sua celebração e assinatura pelo Presidente da — alguns doutrinadores consideram o termo “dimen-
República, passa por referendo parlamentar para sua são” mais adequado, uma vez que “geração” exprime
incorporação. Assim, o Poder Legislativo o aprova, a ideia de que uma substitui a outra, ao passo que o
por meio de um Decreto Legislativo, e o remete ao Pre- termo “dimensão” transmite a ideia de ampliação, a
sidente da República para sua ratificação, por meio de qual uma complementa a outra.
Decreto. O Decreto do Executivo é, por sua vez, pro- Trata-se de uma classificação elaborada por Karel
mulgado e publicado em Diário Oficial da União e pas- Vasak para classificar os direitos em categorias con-
sa a ter força de lei. forme o contexto histórico que surgiram. Didatica-
No caso de tratado sobre direitos humanos, a mente, o jurista atrelou as três categorias dos direitos
CF/88 disciplinou a possibilidade de sua incorporação, humanos aos princípios da Revolução Francesa: liber-
seguindo os mesmos procedimentos cabíveis para dade, igualdade e fraternidade. Assim, os direitos de
as Emendas Constitucionais, ou seja, dois turnos em primeira geração/dimensão são os direitos de liberda-
cada Casa do Congresso Nacional e aprovação por 3/5 de; os de segunda, de igualdade; e os de terceira, de
dos votos. Deste modo, o tratado passa a ser incorpo- fraternidade.
rado, no ordenamento jurídico, com força de norma Garante, também, o acesso dos indivíduos a um siste-
constitucional. ma de saúde, além da assistência e proteção econômica
O § 3º, do art. 5º, da CF/88, foi incluído pela Emen- em determinados momentos, tais como na incapacidade
da Constitucional nº 45/2004. Portanto, apenas os tra- temporária ou definitiva, velhice, entre outros. Trata-se,
tados incorporados após essa Emenda e seguindo os pois, de um programa de proteção social para amparar
parâmetros do dispositivo possuem força de norma as pessoas em determinados eventos.
constitucional. Para os incorporados anteriormente, Do art. 6º é que advém a ideia de reserva do pos-
caso se refiram aos direitos humanos, são considerados sível, pois o Estado deve garantir os direitos em con-
supralegais (acima de lei federal e inferior às normas
formidade com seus recursos. Esse dispositivo traz a
constitucionais). Para todos os demais tratados, força
ideia de mínimo existencial, ou seja, de um padrão
legal.
mínimo de condições materiais aceitáveis para uma
vida com dignidade.
Art. 5º [...]
§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Neste sentido, o Estado deve assegurar que a quan-
Penal Internacional a cuja criação tenha mani- tidade de alimento seja suficiente para o indivíduo e
festado adesão. sua família, que ele possa se vestir, ter moradia, acesso
aos serviços médicos, sociais e de segurança em casos
Esse parágrafo também foi incluído pela Emenda de imprevistos. Além disso, devem-se assegurar os cui-
Constitucional nº 45/2004. O Tribunal Penal Interna- dados e assistência devidos à maternidade e à infância.
cional (TPI) encontra-se disciplinado no Estatuto de O referido artigo assegura, ainda, o direito ao tra-
Roma e tem como finalidade julgar os crimes de geno- balho. Para tanto, o art. 7º estipula as condições neces-
cídio, crimes de guerra, crimes contra a humanidade sárias para a realização do trabalho e adota medidas
260 e crimes de agressão. de proteção ao trabalhador nos seguintes termos:
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos O inciso IV estabelece a existência de uma remu-
e rurais, além de outros que visem à melhoria de neração mínima, justa e suficiente para assegurar ao
sua condição social: trabalhador e a sua família uma vida digna. Assim, o
salário mínimo deve ter a capacidade de atender às
Esse dispositivo trata tanto dos trabalhadores urba- necessidades tanto do trabalhador como de sua famí-
nos como dos rurais e funda-se no princípio da igual- lia. Cumpre mencionar que o valor deve ser fixado
dade. Por essa razão, a CF/88 veda, por exemplo, a em lei, ou seja, faz-se necessário a edição de lei para a
diferenciação de salários, o exercício de funções e crité- fixação do valor do salário mínimo.
rios de admissão que tenham como base a idade, o sexo Vale destacar que o STF entende não ser necessá-
ou o estado civil etc. Vejamos as proteções trazidas nele: rio que o percentual de reajuste seja fixado em lei (em
sentido estrito), podendo a definição de tais valores
Art. 7º [...] ser feita por meio de decreto presidencial. Sobre o
I - relação de emprego protegida contra despedida tema, existem quatro Súmulas Vinculantes importan-
arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei tes, as quais é importante conhecer:
complementar, que preverá indenização compen-
satória, dentre outros direitos; Súmula Vinculante nº 4 Salvo nos casos previs-
tos na Constituição, o salário mínimo não pode ser
usado como indexador de base de cálculo de vanta-
A CF/88, do mesmo modo que estipula as condi- gem de servidor público ou de empregado, nem ser
ções necessárias para a realização do trabalho, adota substituído por decisão judicial.
medidas de proteção ao trabalhador contra a despe- Súmula Vinculante nº 6 Não há violação à CF no
dida arbitrária ou sem justa causa, com o objetivo estabelecimento de remuneração inferior ao míni-
de resguardar o trabalhador contra as incertezas do mo em relação ao soldo dos recrutas, prestadores
mercado de trabalho. Assim, o inciso I prevê que uma do serviço militar inicial.
lei complementar estabelecerá indenização compen- Súmula Vinculante nº 15 O cálculo de gratifica-
satória, dentre outros direitos. ções e outras vantagens do servidor público não
incide sobre o abono utilizado para se atingir o
salário mínimo.
Súmula Vinculante nº 16 Os artigos 7º, IV, e 39,
Importante! § 3º (redação da EC n. 19/1998), da Constituição
Ainda não foi elaborada lei complementar disci- referem-se ao total da remuneração percebida pelo
plinando o assunto. Por essa razão, aplica-se o servidor público.
disposto no art. 10, do Ato das Disposições Consti- Art. 7º [...]
tucionais Transitórias, que fixa como indenização V - piso salarial proporcional à extensão e à com-
o valor de 40% do depositado no Fundo de Garan- plexidade do trabalho;
tia do Tempo de Serviço (FGTS) como a quantia
devida a título de indenização compensatória. O inciso V assegura contraprestação mínima aos
trabalhadores pertencentes à mesma categoria pro-
fissional, como, por exemplo, professores, metalúrgi-
Art. 7º [...] cos, farmacêuticos, entre outros. O piso deve levar em
II - seguro-desemprego, em caso de desemprego consideração a extensão e a complexidade do trabalho
involuntário; e não pode ser fixado em múltiplos do salário mínimo.
Diferentemente do salário mínimo, que é nacio-
O inciso II trata do seguro-desemprego, que tem nalmente unificado, é possível que os Estados e o Dis-
como finalidade assegurar assistência financeira, de trito Federal instituam piso salarial estadual diferente
modo temporário, ao trabalhador que foi dispensado do nacional, em conformidade com o parágrafo único,
involuntariamente, ou seja, sem justa causa. do art. 22, da CF/88, e Lei Complementar nº 103/2000.

Art. 7º [...]
Art. 7º [...]
VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto
III - fundo de garantia do tempo de serviço; em convenção ou acordo coletivo;

O FGTS encontra-se estabelecido no inciso III. O inciso VI traz a regra de que o salário do traba-
Seu objetivo é resguardar o trabalhador nos casos lhador não pode ser reduzido. A redução somente é
de desemprego involuntário, aposentadoria, entre admitida por meio de negociação coletiva com a par-
outras situações, de modo que o trabalhador possa ticipação obrigatória do sindicato.
DIREITO CONSTITUCIONAL

sacar esses valores. A Medida Provisória (MP) nº 936/2020, que foi edi-
De acordo com a atual orientação do STF, o prazo tada em razão da pandemia da COVID-19, passou a
prescricional para o trabalhador reclamar valores do permitir a redução salarial por meio de acordo indi-
FGTS é de cinco anos (prescrição quinquenal), tendo, vidual firmado entre o empregador e o empregado,
como base, o princípio da segurança jurídica (ARE nº ou seja, sem a participação do sindicato. Consideran-
709.212, STF). do que o texto constitucional estabelece que o acordo
seja coletivo, a MP foi submetida ao STF, que mante-
Art. 7º [...] ve a eficácia da regra (acordo individual) de redução
IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmen- temporária do salário por, no máximo, 90 (noventa)
te unificado, capaz de atender a suas necessidades dias, sob o fundamento de que se trata de momento
vitais básicas e às de sua família com moradia, ali- excepcional e que o acordo individual seria razoável
mentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higie- por preservar o vínculo de emprego durante o perío-
ne, transporte e previdência social, com reajustes do, bem como a atuação do sindicato demandaria
periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, demora, gerando insegurança jurídica e aumentando
sendo vedada sua vinculação para qualquer fim; o risco de desemprego. 261
Art. 7º [...] Art. 7º [...]
VII - garantia de salário, nunca inferior ao míni- XII - salário-família pago em razão do dependen-
mo, para os que percebem remuneração variável; te do trabalhador de baixa renda nos termos da lei;

O inciso VII é um desdobramento do inciso IV ao O inciso XII estabelece o salário-família. Trata-se


estabelecer que todo trabalhador tem o direito a rece- de um benefício regulamentado pelos arts. 65 a 70, da
ber uma remuneração justa e satisfatória que lhe asse- Lei nº 8.213, de 1991, concedido aos trabalhadores que
gure existência compatível com a dignidade humana. possuem filhos ou equiparados de até 14 anos, ou com
algum tipo de deficiência. Para ter direito ao valor, o
Art. 7º [...] trabalhador deve enquadrar-se no limite máximo de
VIII - décimo terceiro salário com base na remu- renda estipulado pela Administração Pública.
neração integral ou no valor da aposentadoria; Até a Emenda Constitucional nº 20, de 1998, o bene-
fício era pago a todos os trabalhadores. Após sua edição,
O inciso VIII estabelece o décimo terceiro salá- o salário-família ficou restrito ao trabalhador de baixa
rio ou gratificação de Natal aos trabalhadores. Para renda. Para o ano de 2021, a tabela do Governo Federal
os servidores públicos, a gratificação recebe o nome fixou o valor do salário-família em R$ 51,27 e limitou o
de adicional natalino. Tal gratificação foi introduzida benefício aos trabalhadores que recebem até R$ 1.503,25.
pela Lei nº 4.090, de 1962, garantindo ao trabalhador
formal e com carteira assinada o correspondente a Art. 7º [...]
1/12 de sua remuneração ou aposentadoria. XIII - duração do trabalho normal não superior
a oito horas diárias e quarenta e quatro sema-
Art. 7º [...] nais, facultada a compensação de horários e a
IX - remuneração do trabalho noturno superior redução da jornada, mediante acordo ou conven-
ção coletiva de trabalho;
à do diurno;

O inciso XIII fixa a jornada de trabalho diária


O inciso IX trata do trabalho noturno. De acordo
em até 8 horas e a semanal em 44 horas, permitida,
com o dispositivo, a remuneração deve ser superior
porém, a compensação de horários e a redução da jor-
ao trabalho no período diurno.
nada, por meio de acordo ou convenção coletiva de
A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), ao
trabalho. Trata-se dos denominados bancos de horas
regular a matéria, estabelece, no art. 73, como período
e as escalas de revezamento.
noturno, o trabalho desenvolvido entre as 22h de um
No Brasil, são admitidas as jornadas inglesa e espa-
dia e as 5h do dia seguinte. Assim, durante esse perío-
nhola. Na jornada inglesa, existe uma diluição de 4
do, o adicional é de, pelo menos, 20% sobre a hora diur-
horas no intervalo entre segunda e sexta-feira, de
na. Além disso, o cômputo da hora também é realizado
modo a possibilitar que o trabalhador cumpra jornada
de forma diferente, uma vez que cada hora noturna
de 9 ou 8 horas durante esses dias, de modo a totalizar
possui cinquenta e dois minutos e trinta segundos.
44 horas. Na jornada espanhola, há uma alternância na
Com relação ao trabalho rural, na lavoura, consi- prestação de 48 horas em uma semana e 40 horas em
dera-se noturno o trabalho executado entre 21h de outra, como, por exemplo, trabalhando sábados alter-
um dia e 5h do dia seguinte. Já na pecuária, inicia-se nados. Assim, haveria uma média de 44 horas sema-
às 20h de um dia e encerra-se às 4h do dia posterior. nais, o que evitaria o pagamento de hora extra.
Acresce que o adicional é de 25% e que não há previ-
são de cômputo diferenciado para a hora noturna. Art. 7º [...]
XIV - jornada de seis horas para o trabalho reali-
Art. 7º [...] zado em turnos ininterruptos de revezamento,
X - proteção do salário na forma da lei, consti- salvo negociação coletiva;
tuindo crime sua retenção dolosa;
Assim como o inciso anterior, o inciso XIV tam-
O inciso X estabelece a criminalização da conduta bém prevê limite para a jornada de trabalho. Esse
de retenção do salário como uma das formas de prote- dispositivo se aplica aos casos de jornada de trabalho
ção ao trabalhador. Salienta-se que a conduta somente com turnos ininterruptos e de revezamento, ou seja,
será considerada como crime se houver dolo, ou seja, aqueles locais que funcionam 24 horas por dia. Nesses
quando o empregador não paga porque não quer. casos, o empregado não poderá trabalhar mais de 6
Cumpre esclarecer que esse inciso possui eficácia cons- horas. Ressalta-se, por fim, a possibilidade de negocia-
titucional limitada e carece de lei regulamentadora. ção coletiva para aumentar a jornada.

Art. 7º [...] Art. 7º [...]


XI - participação nos lucros, ou resultados, des- XV - repouso semanal remunerado, preferencial-
vinculada da remuneração, e, excepcionalmente, mente aos domingos;
participação na gestão da empresa, conforme
definido em lei; O inciso XV garante o descanso do trabalhador.
Trata-se do repouso semanal remunerado, também
A participação nos lucros ou resultados, em denominado descanso semanal remunerado (DSR),
caráter excepcional, na gestão da empresa encon- que é a possibilidade de o trabalhador ausentar-se
tra-se prevista no inciso XI. Trata-se de um valor des- de seu trabalho por 24 (vinte e quatro) horas, man-
vinculado da remuneração e definido em lei. Esse tendo-se a remuneração respectiva. Para o descanso
inciso também possui eficácia limitada, porém é regu- e recomposição do empregado, a CF/88 estabelece,
262 lamentado pela Lei nº 10.101, de 2000. como preferência, os domingos.
Art. 7º [...] Art. 7º [...]
XVI - remuneração do serviço extraordinário XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de
superior, no mínimo, em cinquenta por cento à do serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos ter-
normal; mos da lei;

O pagamento de horas extras encontra-se previs- O aviso prévio está estabelecido no inciso XXI.
to no inciso XVI. A CF/88, além de fixar a duração da Trata-se do direito que tem o trabalhador de não ser
jornada de trabalho, com o objetivo de evitar abusos surpreendido com o seu desligamento e poder pro-
por parte do empregador, garante ao trabalhador que gramar-se para voltar a enfrentar à concorrência do
os serviços prestados que excedam a jornada normal mercado de trabalho. Por esse motivo, o aviso prévio
de trabalho sejam considerados extraordinários e é proporcional, ou seja, quanto maior o tempo de ser-
pagos com o valor de, no mínimo, 50% a mais que o viço prestado à empresa, maior a sua permanência
valor normal. antes do desligamento. O prazo mínimo previsto na
CF/88 é de 30 (trinta) dias.
Art. 7º [...] De acordo com o STF, o inciso XXI é uma norma
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, constitucional híbrida, uma vez que possui uma parte
pelo menos, um terço a mais do que o salário de eficácia plena (mínimo de 30 dias) e outra limitada
normal; (nos termos da lei). Nos termos da Lei nº 12.506, de
2011, a esses 30 dias serão acrescidos três dias por ano
O inciso XVII estabelece o direito às férias. Tra- de serviço prestado na mesma empresa até o total de
ta-se do descanso anual do trabalhador, que deve ser 60 dias. Portanto, a duração máxima do aviso prévio é
remunerado e acrescido de, pelo menos, 1/3 a mais do de 90 dias (30 dias assegurados pela CF/88 e outros 60
que o salário normal. previstos na lei).

Art. 7º [...] Art. 7º [...]


XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do empre- XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho,
go e do salário, com a duração de cento e vinte por meio de normas de saúde, higiene e segurança;
dias;
O inciso XXII traz a obrigação do empregador de pre-
A licença à gestante encontra-se prevista no inci-
servar a saúde do trabalhador por meio da adoção de
so XVIII. Trata-se do direito dos filhos recém-nascidos
medidas, quer individuais quer coletivas, que o previ-
ou adotados de permanecerem com suas genitoras no
nam e o protejam dos riscos ambientais do trabalho.
momento inicial de sua vida ou na casa da adotante,
da nova vida, com o objetivo de desenvolver vínculos Art. 7º [...]
de afeto e cuidados necessários para o desenvolvimen- XXIII - adicional de remuneração para as ativida-
to saudável da criança. Constitucionalmente, o prazo des penosas, insalubres ou perigosas, na forma
de duração é de 120 dias, porém a Lei nº 11.770, de da lei;
2008 estendeu, para determinados casos, esse período
de licença para 180 dias. O inciso XXIII estabelece os adicionais de ativida-
A Lei nº 12.010, de 2009, (Lei da Adoção) estendeu des penosas, insalubres e perigosas. Atividade peno-
às adotantes o mesmo prazo de licença das gestantes, sa é aquela exercida em zonas de fronteira ou aquela
passando a ser de, no mínimo, 120 dias. Antes, a dura- que exige, para a sua realização, esforços físicos repe-
ção da licença variava conforme a idade do filho. tivos e intensos, de modo a causar esgotamento ou
desgaste excessivo. Nessa atividade, não há um dano
Art. 7º [...] efetivo à saúde do trabalhador, mas exige um maior
XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em
grau de atenção ou sacrifício físico ou mental, como,
lei;
por exemplo, serviços industriais em que o trabalha-
dor é submetido a uma altura superior a três metros.
O inciso XIX trata da licença-paternidade, que,
Por outro lado, na atividade insalubre, há um com-
ao contrário do que ocorre com a licença à gestante,
prometimento à saúde do trabalhador devido a seu
não possui prazo fixado pela CF/88. Refere-se, tam-
ambiente de trabalho, como, por exemplo, o traba-
bém, ao direito do filho de ter o genitor ao seu lado no
lhador que é submetido a calor ou a frio intenso ou
momento inicial de sua vida.
DIREITO CONSTITUCIONAL

a ruído contínuo e intermitente. Por fim, atividade


perigosa é aquela que pode ameaçar a vida do traba-
Art. 7º [...]
lhador, como, por exemplo, a exercida em instalações
XX - proteção do mercado de trabalho da
mulher, mediante incentivos específicos, nos ter- elétricas de grandes voltagens.
mos da lei;

O inciso XX estabelece a criação, por meio de lei, Importante!


de normas de proteção do mercado de trabalho da De acordo com o Tribunal Superior do Trabalho
mulher. O dispositivo tem por objetivo proporcionar (TST), não é possível a percepção cumulativa
a efetiva igualdade entre homens e mulheres. Tais dos adicionais de insalubridade e periculosidade.
regras foram introduzidas pela CLT e tratam de temas
como duração e condições de trabalho, a discrimina-
ção, o trabalho noturno, a proteção à maternidade, Art. 7º [...]
entre outros. XXIV - aposentadoria; 263
A aposentadoria está estabelecida no inciso XXIV, O inciso XXIX trata da prescrição das verbas tra-
de modo a assegurar ao trabalhador o afastamento de balhistas. O prazo para que o trabalhador ingresse
suas atividades após o cumprimento dos requisitos com ação trabalhista é de 2 (dois) anos contados da
previstos em lei, tais como idade e tempo de contri- extinção do contrato de trabalho. Já com relação aos
buição, bem como por motivo de incapacidade. créditos, a prescrição é de 5 (cinco) anos. Exemplo:
trabalhador que exerceu atividade na empresa entre
Art. 7º [...] os períodos de 2010 a 2020. Ele terá até 2022 (dois anos
XXV - assistência gratuita aos filhos e dependen- da extinção do contrato de trabalho) para promover a
tes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de ida- açao e poderá cobrar os créditos dos últimos 5 anos,
de em creches e pré-escolas; ou seja, se ingressou em 2020, poderá pleitear os cré-
ditos de 2015 em diante.
O inciso XXV trata da assistência em creche e pré-
Quanto às nomenclaturas “prescrição relativa” e
-escola devida aos filhos e dependentes dos trabalha-
“prescrição total”, é importante distinguir que pres-
dores desde o nascimento até os 5 anos.
crição relativa é a interna, ou seja, aquela que ocor-
Com a Emenda Constitucional nº 53, de 2006, o pri-
re dentro do contrato de trabalho, tendo como prazo 5
meiro ano do ensino fundamental passou a ser cursa-
anos. Já a prescrição total é aquela que ocorre após o
do a partir dos 6 anos de idade. É por essa razão que
fim do contrato de trabalho, ou seja, de 2 anos. Caso o
o auxílio creche ou auxílio pré-escola é devido até os
empregado não ingresse com a ação em até dos 2 anos
5 anos (cessa ao completar 6 anos quando pode fre-
após a extinção do contrato, ele não terá direito de
quentar a escola).
receber nenhuma verba, pois houve a prescrição total.
Art. 7º [...]
XXVI - reconhecimento das convenções e acordos Art. 7º [...]
coletivos de trabalho; XXX - proibição de diferença de salários, de
exercício de funções e de critério de admissão por
O inciso XXVI ressalta a importância das entida- motivo de sexo, idade, cor ou estado civil;
des sindicais nas negociações coletivas, de modo a
permitir que se incrementem as condições sociais dos O inciso XXX decorre do princípio da igualdade e
trabalhadores. foi tratado anteriormente quando explanado acerca
do salário.
Art. 7º [...]
XXVII - proteção em face da automação, na forma Art. 7º [...]
da lei; XXXI - proibição de qualquer discriminação no
tocante a salário e critérios de admissão do traba-
A proteção em face da automação é assegurada lhador portador de deficiência;
no inciso XXVII. Trata-se de um mecanismo de proteção
do trabalhador que perdeu seu posto de trabalho para Também em decorrência do princípio da igualda-
a automação, ou seja, pela máquina, de modo que a lei de, a CF/88 veda qualquer tipo de discriminação do
possa criar meios, tais como cursos e treinamentos, que trabalhador com deficiência. A proibição estende-se
possibilitem sua recolocação no mercado de trabalho. desde a sua admissão. Assim sendo, o fato de o tra-
Art. 7º [...] balhador possuir uma limitação, quer física, psíquica
XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a ou intelectual, não tem o condão de permitir que o
cargo do empregador, sem excluir a indenização empregador pague uma contraprestação diversa dos
a que este está obrigado, quando incorrer em dolo demais funcionários por exemplo.
ou culpa;
Art. 7º [...]
O seguro contra acidentes de trabalho encon- XXXII - proibição de distinção entre trabalho
tra-se previsto no inciso XXVIII. O seguro é de com- manual, técnico e intelectual ou entre os profis-
petência do empregador e não exclui a indenização sionais respectivos;
a que este está obrigado no caso de incorrer em dolo
ou culpa. Mais um dispositivo que decorre do princípio
da igualdade e veda a distinção entre as atividades
Súmula Vinculante nº 22 A Justiça do Trabalho desempenhadas, ou seja, a atividade manual não
é competente para processar e julgar as ações poderá ser tida como mais ou menos importante que
de indenização por danos morais e patrimoniais a intelectual por exemplo.
decorrentes de acidente de trabalho propostas por
empregado contra empregador, inclusive aquelas
Art. 7º [...]
que ainda não possuíam sentença de mérito em
XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigo-
primeiro grau quando da promulgação da Emenda
so ou insalubre a menores de dezoito e de qual-
Constitucional 45/2004.
quer trabalho a menores de dezesseis anos,
Art. 7º [...] salvo na condição de aprendiz, a partir de qua-
XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das torze anos;
relações de trabalho, com prazo prescricional
de cinco anos para os trabalhadores urbanos e O inciso XXX estabelece os limites etários para o
rurais, até o limite de dois anos após a extinção desempenho do trabalho. Aos menores de 16 anos não
do contrato de trabalho; é possível o desempenho da atividade laboral, exceto
a) (Revogada). no caso de aprendiz, que poderá desenvolver a ativi-
264 b) (Revogada). dade entre 14 e 24 anos.
Atenção! Aprendiz não se confunde com estagiá- Art. 8º É livre a associação profissional ou sin-
rio. Aprendiz é o jovem contratado por entes de coo- dical, observado o seguinte:
peração governamental, como, por exemplo, o SENAC I - a lei não poderá exigir autorização do Estado
e o SENAI, para aprender uma profissão, ou seja, a para a fundação de sindicato, ressalvado o regis-
formação profissional é desenvolvida no ofício. Por tro no órgão competente, vedadas ao Poder Público a
outro lado, estagiário é o estudante que complemen- interferência e a intervenção na organização sindical;
ta, por meio do trabalho, o ensino do curso que está
desenvolvendo. Estagiário não é empregado nem está O inciso I traz o princípio da liberdade sindical.
submetido a limite de idade. Pelo dispositivo, é possível observar duas situações
Além disso, o dispositivo veda o trabalho noturno, distintas. A primeira refere-se à relação entre o Esta-
perigoso ou insalubre aos maiores de 16 e menores do e o sindicato. Já a segunda, entre o sindicato e o
de 18 anos, por se tratarem de pessoas em formação. sindicalizado. Portanto, essa liberdade de associação
Acerca do trabalho insalubre, a Consolidação da sindical possui dupla dimensão, de modo a assegurar
Leis do Trabalho assim dispõe: o direito dos trabalhadores em geral de criarem enti-
dades sindicais, como também a liberdade de aderi-
Art. 405 Ao menor não será permitido o trabalho: rem ou não ao sindicato, assim como se desfiliarem
I - nos locais e serviços perigosos ou insalubres, conforme sua vontade.
constantes de quadro para êsse fim aprovado pelo De acordo com o STF, para que um sindicato possa
Diretor Geral do Departamento de Segurança e defender a categoria, não é preciso estar registrado no
Higiene do Trabalho; órgão competente (Ministério do Trabalho), bastando o
II - em locais ou serviços prejudiciais à sua registro no Cartório de Registro das Pessoas Jurídicas.
moralidade.
Art. 8º [...]
II - é vedada a criação de mais de uma organi-
Importante! zação sindical, em qualquer grau, representativa
de categoria profissional ou econômica, na mesma
Não há previsão expressa do trabalho penoso base territorial, que será definida pelos trabalha-
aos menores de 18 anos. dores ou empregadores interessados, não podendo
ser inferior à área de um Município;

Art. 7º [...] O inciso II traz o princípio da unicidade sindical,


XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalha- ou seja, a regra pela qual é vedada a criação de mais de
dor com vínculo empregatício permanente e o uma organização sindical na mesma base territorial.
trabalhador avulso
Por essa razão, a CF/88 definiu a base territorial mínima,
ou seja, o Município. No entanto, não especificou a base
O inciso XXXIV também decorre do princípio da máxima, de modo que pode haver um sindicato para a
igualdade. Por ele, depreende-se a igualdade de direitos defesa da categoria no âmbito estadual ou nacional.
entre os trabalhadores com vínculo empregatício e os
trabalhadores avulsos. Entende-se por trabalhador avul- Art. 8º [...]
so aquele que, de forma sindicalizada ou não, presta III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e inte-
serviços tanto de natureza urbana como rural, sem pos- resses coletivos ou individuais da categoria,
suir vínculo empregatício e a diversas empresas, com inclusive em questões judiciais ou administrativas;
intermediação obrigatória do sindicato da categoria ou,
quando se tratar de atividade portuária, com interme- A representação e substituição do sindicato na
diação do Órgão Gestor de Mão-de-Obra (OGMO). defesa dos direitos e interesses de seus membros está
disciplinada no inciso III.
Art. 7º [...]
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos Art. 8º [...]
trabalhadores domésticos os direitos previstos IV - a assembleia geral fixará a contribuição
nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, que, em se tratando de categoria profissional, será
XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII descontada em folha, para custeio do sistema
e, atendidas as condições estabelecidas em lei e confederativo da representação sindical respec-
observada a simplificação do cumprimento das obri- tiva, independentemente da contribuição prevista
gações tributárias, principais e acessórias, decor- em lei;
rentes da relação de trabalho e suas peculiaridades,
DIREITO CONSTITUCIONAL

os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, O inciso IV trata da contribuição confederativa
bem como a sua integração à previdência social. sindical. Cumpre esclarecer, no entanto, que nenhu-
ma das contribuições relativas à atividade sindical
Por fim, o parágrafo único trata dos direitos dos é obrigatória, de modo a depender de autorização
trabalhadores domésticos. Considera-se doméstico expressa e prévia do destinatário. Portanto, somente
o trabalhador que presta serviços de natureza contí- quem é filiado ao respectivo sindicato deve pagar a
nua e de finalidade não lucrativa à pessoa ou à famí- contribuição confederativa prevista nesse dispositivo.
lia no âmbito residencial destas, como, por exemplo,
cozinheiro residencial, jardineiro, babá, entre outros. Art. 579 (CLT) O desconto da contribuição sindical
O dispositivo remete a determinados incisos, que já está condicionado à autorização prévia e expressa
foram trabalhados anteriormente, cuja leitura na dos que participem de uma determinada categoria
íntegra é imprescindível para a sua aprovação. econômica ou profissional, ou de uma profissão
Os direitos sindicais encontram-se disciplinados liberal, em favor do sindicato representativo da
nos art. 8º a 11. Vejamos cada um deles: mesma categoria. 265
Súmula Vinculante nº 40 A contribuição con- O direito de greve dos trabalhadores encontra-se
federativa de que trata o art. 8º, IV, da Constitui- assegurado no art. 9º, da CF/88. Inicialmente, há de se
ção Federal, só é exigível dos filiados ao sindicato esclarecer que a expressão “trabalhadores” refere-se
respectivo. aos empregados da iniciativa privada, geralmente
regidos pela CLT. Em síntese, greve é a suspensão tem-
Art. 8º [...] porária das atividades laborais desenvolvidas e tem
V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a man- como causa o interesse dos trabalhadores.
ter-se filiado a sindicato;
Art. 9º [...]
O inciso V é um desdobramento do direito à liber- § 1º A lei definirá os serviços ou atividades essen-
dade de associação, previsto no art. 5º, da CF/88. ciais e disporá sobre o atendimento das necessida-
des inadiáveis da comunidade.
Art. 8º [...] § 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis
VI - é obrigatória a participação dos sindicatos às penas da lei.
nas negociações coletivas de trabalho;
No que se refere aos serviços essenciais, tais como
As entidades sindicais possuem a denominada transporte público, serviços de fornecimento de luz,
função negocial. Assim, com o objetivo de assegurar água, entre outros, o direito de greve é assegurado, mas
melhores condições e direitos aos trabalhadores, o sofre restrições. A lei que disciplina a greve dos traba-
inciso IV estabelece como obrigatória a participação lhadores dos serviços essenciais é a Lei nº 7.783, de 1989.
dos sindicatos nas negociações coletivas.
Art. 10 É assegurada a participação dos traba-
Art. 8º [...] lhadores e empregadores nos colegiados dos
VII - o aposentado filiado tem direito a votar e órgãos públicos em que seus interesses profissio-
ser votado nas organizações sindicais; nais ou previdenciários sejam objeto de discussão
e deliberação.
O inciso VII cuida do direito de votar e ser votado
do aposentado filiado à entidade sindical. O art. 10 decorre do direito a uma gestão
democrática, ou seja, de participação junto aos
Art. 8º [...] colegiados dos órgãos públicos que gerenciam os inte-
VIII - é vedada a dispensa do empregado sin- resses profissionais ou os valores aplicados nos fun-
dicalizado a partir do registro da candidatura dos previdenciários.
a cargo de direção ou representação sindical
e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o Art. 11 Nas empresas de mais de duzentos empre-
final do mandato, salvo se cometer falta grave gados, é assegurada a eleição de um representan-
nos termos da lei. te destes com a finalidade exclusiva de promover-lhes
o entendimento direto com os empregadores.
A estabilidade do dirigente sindical encontra-se
Por fim, o art. 11 estabelece, como mecanismo de
prevista no inciso VIII. Seu objetivo é permitir que seus
promover o entendimento e facilitar o diálogo entre
dirigentes atuem sem medo de represálias, ou seja, de
empregados e empregador em empresas maiores
serem desligados do emprego devido à atuação. Trata-
(com mais de 200 funcionários), a formação de uma
-se, portanto, da regra que proíbe a dispensa do empre-
comissão de representação.
gado sindicalizado a partir do registro da candidatura a
Atenção! Os representantes não se confundem
cargo de direção ou representação sindical. No caso dos
eleitos, mesmo que na condição de suplentes, a estabili- com os dirigentes sindicais.
dade perdura até um ano após o final do mandato.
Observa-se, no entanto, que a estabilidade não é NACIONALIDADE
absoluta, uma vez que é possível a demissão em caso
de cometimento de falta grave. Ainda, cabe destacar O direito à nacionalidade é a garantia de ter um
que, de acordo com a alínea “a”, do inciso II, do art. vínculo político-jurídico com um país, uma vez que
10, do ADCT, os membros da Comissão Interna para todas as pessoas têm direito de vincular-se a um Esta-
Prevenção de Acidentes (CIPA) eleitos pelos trabalha- do Soberano para que este possa assegurar a proteção
dores também possuem estabilidade; já os indicados dos seus direitos fundamentais.
pelo empregador não a possuem. A ausência de vínculo enseja a condição de apátrida
e impede que o indivíduo pleiteie proteção jurídica bási-
Art. 8º [...] ca por não estar vinculado a nenhum estatuto pessoal.
Parágrafo único. As disposições deste artigo apli- Deste modo, ter uma nacionalidade significa ter direito
cam-se à organização de sindicatos rurais e de à proteção jurídica e política por parte de um Estado.
colônias de pescadores, atendidas as condições A nacionalidade pode ser originária ou derivada.
que a lei estabelecer. Vejamos:

Por fim, o parágrafo único estabelece que essas z Nacionalidade originária é aquela que decor-
regras também são aplicadas aos sindicatos rurais e re do nascimento e, a depender do Estado, pode
de pescadores. seguir o critério de vínculo biológico (jus sangui-
nis), ou o critério do local do nascimento (jus solis),
Art. 9º É assegurado o direito de greve, competin- ou os dois. Nesse tipo de nacionalidade, é possível
do aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade a coexistência de mais de uma nacionalidade (ex.:
de exercê-lo e sobre os interesses que devam por filho de italiano nascido no Brasil é italiano por
266 meio dele defender. sangue e brasileiro por solo);
z Nacionalidade derivada é aquela que decorre de b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade,
qualquer outro fator que não o nascimento, como, residentes na República Federativa do Brasil há
por exemplo, passar a residir em um país ou casar- mais de quinze anos ininterruptos e sem con-
-se com um estrangeiro e adquirir a nacionalidade denação penal, desde que requeiram a nacionali-
deste (essa hipótese não existe no direito brasi- dade brasileira.
leiro, pois o casamento com brasileiro, por si só,
não dá o direito à nacionalidade brasileira). Para Conforme vimos, a naturalização é o meio pelo
adquirir a nacionalidade derivada, é necessário qual se adquire a nacionalidade por outro motivo que
um procedimento chamado de naturalização e, em não o nascimento. Trata-se do ato pelo qual um país
regra, ao se adquirir uma nova nacionalidade, por concede a um estrangeiro a qualidade de nacional
ser esta voluntária, perde-se a nacionalidade ante- desse Estado. A naturalização pressupõe pedido da
rior (direito de opção). parte interessada.
O inciso II estabelece, como critério para que se
Os direitos de nacionalidade estão disciplinados adquira a naturalização, o lapso temporal. No caso
nos arts. 12 e 13, da CF/88. Vejamos cada um deles: dos estrangeiros originários de países de língua portu-
guesa, tais como Portugal, Cabo Verde, Moçambique,
Art. 12 São brasileiros: entre outros, a Norma Constitucional prevê residência
I - natos: de apenas um ano ininterrupta e idoneidade moral. Já
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, para os demais estrangeiros, faz-se necessário residir
ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não por mais de 15 (quinze) anos e não possuir condena-
estejam a serviço de seu país; ção penal.
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou Note que, além do prazo de residência, enquan-
mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a to, para um, basta a idoneidade, para os demais, não
serviço da República Federativa do Brasil;
deve existir condenação penal.
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou
de mãe brasileira, desde que sejam registrados em
Art. 12 [...]
repartição brasileira competente ou venham a resi-
§ 1º Aos portugueses com residência permanente
dir na República Federativa do Brasil e optem, em
no País, se houver reciprocidade em favor de brasi-
qualquer tempo, depois de atingida a maioridade,
leiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao bra-
pela nacionalidade brasileira;
sileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição.

No que se refere à nacionalidade originária, a


O § 1º estabelece a possibilidade de reciprocida-
CF/88 adota, no inciso I, do art. 12, um sistema misto de para os portugueses residentes de forma perma-
de definição da nacionalidade, uma vez que os dois nente no Brasil. Trata-se de benefícios decorrentes do
critérios estão inseridos em seu dispositivo para defi- Estatuto da Igualdade no que se refere aos direitos e
nir brasileiro nato. obrigações civis e políticos sem a perda da naciona-
A alínea “a” adota o critério territorial ao con- lidade originária. Esse Estatuto encontra respaldo no
siderar brasileiro o nascido em solo brasileiro, tanto Decreto nº 3.927, de 2001, que promulgou o Tratado
de pais brasileiros como estrangeiros, desde que estes de Amizade, Cooperação e Consulta entre Brasil e
não estejam a serviço de seus países. Portugal.
A alínea “b” adota o critério sanguíneo aliado
ao trabalho, ao considerar brasileiro aquele que nas- Art. 12 [...]
ceu fora do solo brasileiro, porém possuindo pai ou § 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre
mãe brasileiros e um destes esteja a serviço do Bra- brasileiros natos e naturalizados, salvo nos
sil, como, por exemplo, filho de diplomata brasileiro a casos previstos nesta Constituição.
serviço no Japão.
Por fim, a alínea “c” adota o critério sanguí- De acordo com o § 2º, independentemente de a
neo aliado à opção ou registro do nascimento em nacionalidade ter sido adquirida de modo originário
repartição competente, considerando como brasilei- ou derivado, todos os brasileiros são iguais em direi-
ro aquele que nasceu fora do território brasileiro, sen- tos e obrigações. Trata-se, portanto, de um desdobra-
do filho de pai ou mãe brasileiros sem que qualquer mento do direito à igualdade.
um deles estivesse a serviço do Brasil, e foi registrado Como nenhum direito é absoluto, a CF/88 pode
na repartição brasileira competente no exterior (Con- estabelecer tratamento diferente aos natos e natu-
sulado). Também é considerado brasileiro nato por ralizados. A única distinção constitucional existente
DIREITO CONSTITUCIONAL

essa alínea aquele que nasceu fora do território bra- encontra-se no parágrafo seguinte:
sileiro, sendo filho de pai ou mãe brasileiros sem que
qualquer um deles estivesse a serviço do Brasil, e veio Art. 12 [...]
a residir no Brasil, tendo optado pela nacionalidade § 3º São privativos de brasileiro nato os cargos:
brasileira após atingida a maioridade. Exemplo: filha I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
de alemã com brasileiro nascida na Alemanha, mas se II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
mudou para o Brasil e, tendo completado 18 (dezoito) III - de Presidente do Senado Federal;
anos, tenha optado pela nacionalidade brasileira. IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
V - da carreira diplomática;
Art. 12 [...] VI - de oficial das Forças Armadas.
II - naturalizados: VII - de Ministro de Estado da Defesa.
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionali-
dade brasileira, exigidas aos originários de países Observa-se que os brasileiros naturalizados pos-
de língua portuguesa apenas residência por um suem todos os direitos dos brasileiros natos, salvo o
ano ininterrupto e idoneidade moral; acesso a determinadas funções públicas. 267
Os cargos elencados no § 3º não podem ser preen- Trata-se, portanto, da língua que toda a popula-
chidos por brasileiros naturalizados, nem por estran- ção brasileira deve utilizar em suas ações oficiais, ou
geiros. Observa-se que os quatro primeiros incisos se seja, nas suas relações com as instituições do Estado. A
referem ao Chefe de Estado e àqueles que estão em outra regra diz respeito aos símbolos do Brasil.
sua ordem sucessória. O inciso V refere-se àqueles Para memorizar os símbolos, utilize o mnemônico
que irão representar o Estado brasileiro no exterior, BAHIAS:
enquanto os incisos VI e VII têm relação com a segu-
rança nacional. BAndeira
Vale destacar que o brasileiro naturalizado poderá HIno
ser senador ou deputado, só não poderá ser presiden- Armas
te das casas. Selo nacional

Art. 12 [...]
A última regra diz respeito ao fato de os Estados-
§ 4º Será declarada a perda da nacionalidade do
-membros, Distrito Federal e Municípios possuírem
brasileiro que:
I - tiver cancelada sua naturalização, por senten- símbolos próprios. Alguns Estados-membros possuem
ça judicial, em virtude de atividade nociva ao símbolos diferentes, como, por exemplo, o Estado de
interesse nacional; São Paulo, que, de acordo com o art. 7º, de sua Cons-
II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos: tituição Estadual, tem, como símbolos, a bandeira, o
a) de reconhecimento de nacionalidade originária brasão de armas e o hino. Não constam o selo e as
pela lei estrangeira; armas, estando, portanto, de forma diversa da CF/88.
b) de imposição de naturalização, pela norma
estrangeira, ao brasileiro residente em estado
estrangeiro, como condição para permanência em
seu território ou para o exercício de direitos civis;
DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO
Por fim, o § 4º traz as hipóteses de perda da
nacionalidade. A primeira possibilidade é a perda DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
da nacionalidade derivada (aquela adquirida pela
naturalização), que ocorrerá quando houver sentença Disposições Gerais
judicial determinando seu cancelamento, em decor-
rência do envolvimento do naturalizado em atividade A Administração Pública tem suas regras discipli-
nociva ao interesse do Estado. nadas nos arts. 37 a 41, da CF/88.
A segunda possibilidade decorre do denominado Art. 37 A administração pública direta e indi-
princípio da vassalagem, isto é, a aquisição de nacio- reta de qualquer dos Poderes da União, dos Esta-
nalidade derivada implica a perda da nacionalidade dos, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá
de origem. aos princípios de legalidade, impessoalidade,
A perda da nacionalidade originária aplica-se ape- moralidade, publicidade e eficiência e, também,
nas aos naturalizados. Aqueles que possuem mais de ao seguinte:
uma nacionalidade originária podem manter todas as [...]
nacionalidades de forma concomitante. Exemplo: filho
de japonês que nasce em solo brasileiro é brasileiro pelo Conforme se observa do caput, do art. 37, a Admi-
critério territorial e japonês pelo critério sanguíneo. nistração Pública divide-se em Administração
Observa-se que a perda da nacionalidade pelo Pública Direta, que é composta pelos quatro entes
naturalizado também comporta uma exceção: imposi- federativos (União, Estados, Municípios e Distrito
ção de naturalização como condição para permanên- Federal) e Administração Pública Indireta, compos-
cia em território estrangeiro ou para o exercício de ta pelas autarquias, fundações públicas, sociedades de
direitos civis, como, por exemplo, um brasileiro que economia mista e empresas públicas.
vai trabalhar em outro país. Via de regra, a Administração Pública submete-se
O brasileiro que perdeu sua nacionalidade por ter a um regime jurídico de direito público, ou seja, a sua
se naturalizado poderá readquirir a nacionalidade atuação independe da concordância dos administra-
brasileira ou ter revogado o ato que declarou a sua dos, pois se funda na própria soberania estatal.
perda, retornando à condição de brasileiro nato por O regime jurídico de direito público faz com que a
expressa previsão da Lei nº 13.445, de 2017 (Lei de Administração se sujeite a limites, que, por vezes, são
Migração). Exemplo: brasileira que se casa com ale- mais estritos do que aqueles a que estão submetidos
mão e naturaliza-se alemã, porém se divorcia de seu os particulares. Como exemplo, pode-se citar o dever
marido e volta ao Brasil. de observância da finalidade pública.
Esse regime de prerrogativas e sujeições para a
Art. 13 A língua portuguesa é o idioma oficial Administração Pública encontra-se expresso em for-
da República Federativa do Brasil. ma de princípios. De acordo com o dispositivo, são
§ 1º São símbolos da República Federativa do Bra- princípios que regem a Administração Pública direta
sil a bandeira, o hino, as armas e selo nacionais. e indireta: legalidade, impessoalidade, moralidade,
§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios publicidade e eficiência.
poderão ter símbolos próprios. O Princípio da Legalidade estabelece a sujeição
da Administração Pública aos mandamentos da lei.
O art. 13 não é um direito de nacionalidade, mas A legalidade traduz o sentido de que a Administra-
estabelece regras com relação ao Estado brasileiro. A ção Pública somente pode fazer o que a lei manda ou
primeira regra diz respeito ao idioma oficial, que é a permite, bem como somente pode proibir o que a lei
268 língua portuguesa. expressamente proíbe.
O Princípio da Impessoalidade traz a neutrali- A norma infraconstitucional pode conter tais efei-
dade necessária para o exercício da atividade admi- tos, estabelecendo critérios diferenciados. Portan-
nistrativa. Destinado tanto ao administrador como ao to, todos os cargos, empregos e funções desde que a
administrado, esse princípio impõe a objetividade e a norma não restrinja. Já para os estrangeiros, a norma
isonomia da conduta administrativa. constitucional é de eficácia limitada, ou seja, para que
O Princípio da Moralidade diz respeito à moral o estrangeiro tenha acesso, faz-se necessária norma
administrativa. Segundo ele, os atos da administra- infraconstitucional regulando a hipótese. Deste modo,
ção pública devem ser balizados nas matrizes éticas somente os cargos, empregos e funções públicos que
dominantes. A finalidade do princípio é fixar limites a lei autorizar.
à atuação da Administração, evitando, por exemplo, o II - a investidura em cargo ou emprego públi-
excesso de poder ou desvio de finalidade. co depende de aprovação prévia em concurso
O Princípio da Publicidade exige a divulgação público de provas ou de provas e títulos, de
dos atos da Administração Pública com o objetivo acordo com a natureza e a complexidade do cargo
de permitir o conhecimento e o controle por toda a ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas
sociedade, pois ao administrador compete agir com as nomeações para cargo em comissão declarado
transparência. em lei de livre nomeação e exoneração;
Por fim, o Princípio da Eficiência impõe à Admi-
O inciso II estabelece a necessidade de procedi-
nistração a obrigação de realizar suas atribuições com
mento administrativo destinado à seleção das pessoas
rapidez, perfeição e rendimento, pois quem adminis-
que irão ocupar empregos públicos ou cargos públicos
tra gere algo que pertence à sociedade. Assim, cabe de provimento efetivo ou vitalício. Trata-se, portanto,
ao administrador zelar pelos interesses públicos com de uma forma de escolha para atender aos princípios
plena satisfação do administrado e com o menor custo da igualdade e da moralidade administrativa, evitan-
para a sociedade. do-se, com isso, que o ingresso no serviço público se dê
por critérios de favorecimento pessoal ou nepotismo.
Dica Os concursos públicos devem ser abertos a todos
Para memorizar os princípios, utilize o mnemô- os interessados. Portanto, não se admite que a seleção
ocorra de forma interna (concursos internos).
nico LIMPE:
Cabe consignar que os concursos públicos podem
Legalidade; ser de provas ou de provas e títulos. Deste modo,
Impessoalidade; não se admite concurso apenas de títulos nem admis-
Moralidade; são sem concurso público. Observa-se, no entanto,
Publicidade; que existe exceções à regra relativa aos concursos
Eficiência. públicos para os seguintes casos:

[...] z Cargos de mandato eletivo;


I - os cargos, empregos e funções públicas são z Cargo comissionado;
acessíveis aos brasileiros que preencham os z Contratação temporária por excepcional interesse
requisitos estabelecidos em lei, assim como aos público;
estrangeiros, na forma da lei; z Ex-combatente que tenha efetivamente participa-
do de operações bélicas durante a Segunda Guerra
O inciso I estabelece os requisitos e a forma de Mundial (Art. 53, I, ADCT);
preenchimento dos cargos, empregos e funções tanto z Outras hipóteses: Ministros ou Conselheiros dos
por brasileiros como por estrangeiros, quais sejam: Tribunais de Contas; Ministros do STF, do STJ, TSE,
TST e STM; integrantes do quinto Constitucional
z Previsão obrigatória em lei; dos Tribunais Judiciários.
z Observância do princípio da isonomia e razoabilidade;
z Compatibilidade com a natureza das atribuições III - o prazo de validade do concurso público será
do cargo a ser preenchido. de até dois anos, prorrogável uma vez, por
igual período;
No que se refere à forma de acesso, há de se escla-
recer, inicialmente, que se tratam dos cargos não pri- O inciso III traz o prazo de validade do concurso
vativos de brasileiros natos, uma vez que, conforme público, que é de até 2 (dois) anos. Assim sendo, cabe
ao edital definir qual o prazo do concurso, não poden-
já explanado anteriormente, os cargos privativos de
do, no entanto, ser superior a 2 (dois) anos.
brasileiro nato constam expressamente do art. 12, §
DIREITO CONSTITUCIONAL

Além disso, é possível a prorrogação do prazo de


3º, da CF/88. validade por uma única vez e por igual período, ou
Observa-se que os cargos não privativos de bra- seja, se o prazo de validade do edital é de 1 (um) ano,
sileiros natos podem ser preenchidos por brasileiros ele somente poderá ser prorrogado por 1 (um) ano.
(natos ou naturalizados) de forma ampla. Vale frisar Aqui, cabe uma observação importante: a prorroga-
que pode a lei estabelecer requisitos limitadores, ção só é possível ser feita enquanto não expirado o
tais como formação escolar, idade, entre outros. Em prazo inicial.
contrapartida, para que o estrangeiro possa ter aces- O candidato que for aprovado em concurso públi-
co dentro do número de vagas previstas no edital,
so a tais cargos, a lei deve especificar as hipóteses de
estando tal concurso dentro do prazo de validade,
admissibilidade. possui o direito subjetivo de ser nomeado, assim como
Há que se fazer, aqui, duas observações quanto à a prioridade na nomeação.
aplicabilidade da norma. Com relação aos brasileiros, Em contrapartida, o candidato aprovado fora do
a norma constitucional é de eficácia contida, ou seja, número de vagas possui mera expectativa de direito
todos os brasileiros tem acesso aos cargos, empregos à nomeação, devendo submeter-se ao juízo de conve-
e funções públicas. niência e oportunidade da Administração. 269
IV - durante o prazo improrrogável previsto no edi- Por fim, cargo em comissão é aquele preenchido
tal de convocação, aquele aprovado em concurso de acordo com a confiança. Como regra, ele deve ser
público de provas ou de provas e títulos será con- preenchido preferencialmente por servidores de car-
vocado com prioridade sobre novos concursa-
reira. Portanto, para os demais casos (pessoal de fora
dos para assumir cargo ou emprego, na carreira;
da Administração), a nomeação deve ser exceção.
O inciso IV regula a hipótese de novo concurso Além disso, é importante frisar que a nomeação aos
para o mesmo cargo enquanto os candidatos aprova- cargos em comissão somente é possível para os cargos
dos em certame anterior e com prazo de validade não de chefia, direção ou assessoramento. Portanto, para
expirado ainda não foram convocados. Assim, estabe- as atribuições de execução e, não, para as atribuições
lece a prioridade de convocação destes em face dos técnicas e operacionais. Exemplo: cabe a nomeação
novos aprovados. para cargo em comissão de Secretário de Transportes,
Segundo entendimento do STF, para gozar da prio- por demandar conhecimento específico e confiança. Já
ridade na nomeação, não basta ao candidato a mera para o motorista, isto não é cabível, pois, diferentemen-
aprovação, sendo necessário que ele tenha sido classi- te do Secretário, sua atribuição é meramente operacio-
ficado dentro do número de vagas disponibilizadas no
nal e não demanda a relação de confiança.
concurso, ou seja, se o edital previu uma vaga e foram
Como regra, os cargos em comissão são de livre
aprovados dois candidatos, somente o primeiro tem
prioridade de nomeação. nomeação e exoneração (ad nutum). A exceção a essa
regra é o que se intitula de nepotismo (favorecimento
V - as funções de confiança, exercidas exclusiva- de parentes em detrimento de pessoas mais qualifi-
mente por servidores ocupantes de cargo efeti- cadas). Importante salientar que essa prática também
vo, e os cargos em comissão, a serem preenchidos pode ocorrer de forma cruzada. Por exemplo: quando
por servidores de carreira nos casos, condições autoridades, a fim de omitir o nepotismo, nomeiam
e percentuais mínimos previstos em lei, destinam- para determinado cargo parentes um do outro de
-se apenas às atribuições de direção, chefia e maneira recíproca.
assessoramento;
Vejamos, a seguir, o texto da Súmula Vinculante nº
13, do STF, relativa ao tema:
O inciso V trata de duas situações distintas: a fun-
ção de confiança e o cargo de confiança (em comis- Súmula Vinculante nº 13 A nomeação de cônju-
são). Cargo público é a unidade estrutural e funcional ge, companheiro, ou parente, em linha reta, cola-
em que o servidor exerce suas atribuições e responsa- teral ou por afinidade, até o 3º grau, inclusive, da
bilidades, ou seja, é o local dentro da estrutura orga- autoridade nomeante ou de servidor da mesma pes-
nizacional que deve ser atribuído a um servidor. Já soa jurídica, investido em cargo de direção, chefia
função é a própria atribuição e responsabilidade. ou assessoramento, para o exercício de cargo em
Em regra, os cargos públicos somente podem ser comissão ou de confiança, ou, ainda, de função gra-
criados, transformados ou extintos por lei. Assim, tificada na administração pública direta e indireta,
cabe ao Poder Legislativo, com a sanção do chefe do em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Poder Executivo, dispor sobre a criação, transforma- Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o
ção e extinção de cargos, empregos e funções públicas. ajuste mediante designações recíprocas, viola a CF.
A iniciativa da lei que cria, extingue ou transforma
cargos varia conforme o caso. Por exemplo, no caso A Súmula Vinculante nº 13 aplica-se apenas aos
dos cargos do Poder Judiciário, dos Tribunais de Con- cargos de natureza administrativa, estando de fora do
tas e do Ministério Público, a lei será de iniciativa dos seu âmbito as nomeações para cargos políticos. Exem-
respectivos Tribunais ou Procuradores-Gerais.
plo: o STF considerou válida a nomeação para o cargo de
Excepciona a regra quando os cargos ou funções se
Secretário Estadual de Transportes de irmão de Gover-
encontrarem vagos, uma vez que a Emenda Constitu-
cional nº 32/2001 possibilitou a extinção por meio de nador de Estado sob a alegação de que o cargo em ques-
decreto do Presidente da República. Com relação aos tão possuía natureza política (Rcl 6.650-MC-AgR).
Governadores e Prefeitos, a extinção do cargo vago é Por fim, para o exercício da função de confiança,
possível se houver semelhante previsão nas respecti- o pressuposto é que o nomeado já exerça cargo na
vas Constituições Estaduais ou Leis Orgânicas (princí- Administração. Exemplo: um escrevente técnico é
pio da simetria). nomeado para a função de assessor do juiz.
No que se refere às garantias e características
especiais, os cargos podem ser classificados em vitalí-
cios, efetivos e comissionados. Cargo vitalício é aque- Importante!
le com a maior garantia em relação à permanência.
Função de confiança: deve ser agente público;

Trata-se daquele destinado a receber o ocupante em
caráter permanente, como no caso dos magistrados Cargo em confiança: pode ou não ser agente

(Art. 95, I, CF/88), os de membros do Ministério Públi- público.
co (Art.128, § 5º, I, a, CF/88) e os de ministros do Tri-
bunal de Contas (Art.73, § 3º, CF/88). A vitaliciedade é
adquirida após 2 (dois) anos de efetivo exercício no VI - é garantido ao servidor público civil o direito à
cargo e tais servidores só poderão ser demitidos por livre associação sindical;
sentença judicial transitada em julgado.
Já cargo efetivo é aquele provido por concurso O inciso VI decorre do direito à liberdade do arti-
público, cujos integrantes possuem a estabilidade, ou go 5º da CF/88. Lembrem-se: ninguém é obrigado a se
seja, após 3 (três) anos de efetivo exercício, só poderão associar ou a se manter associado.
ser demitidos por decisão judicial transitada em jul-
gado, processo administrativo disciplinar ou processo VII - o direito de greve será exercido nos termos e
270 de avaliação periódica de desempenho. nos limites definidos em lei específica;
O direito de greve dos servidores públicos é dife- O inciso X trata da remuneração dos servidores
rente dos demais trabalhadores da iniciativa privada. públicos. Cumpre esclarecer, no entanto, que remune-
Enquanto estes podem interromper completamente ração é o gênero, do qual salário, vencimentos e subsí-
suas atividades, o servidor público precisa garantir dios são espécies. Salário é a contraprestação pecuniária
que os serviços sejam mantidos e em percentual que paga aos empregados públicos, regidos pela CLT. Venci-
possa atender à população. Trata-se da aplicação do mentos é a modalidade remuneratória da maioria dos
princípio da continuidade, uma vez que não é possí- servidores submetidos a regime jurídico estatutário,
vel a interrupção total das atividades prestadas pela englobando o vencimento-base e as vantagens pecu-
Administração à população por serem estas essen- niárias. Já subsídio é uma parcela única, sem qualquer
ciais e necessárias à coletividade. Para tanto, a Norma acréscimo, obrigatória para as seguintes categorias:
Constitucional prevê que os termos e limites devem
ser estabelecidos em lei.
Ainda não foi elaborada lei para dar aplicabilidade z Membros de Poder (chefes dos Poderes Executivos,
ao inciso VII. Por essa razão, o STF proferiu a seguinte senadores, deputados, vereadores, magistrados),
decisão nos autos do Mandado de Injunção 670-ES: detentores de mandato eletivo, Ministros de Esta-
do e Secretários Estaduais e Municipais;
STF, MI 670-ES: Mandado de injunção. Garantia z Ministros ou Conselheiros dos Tribunais de Contas;
fundamental (CF, Art. 5º, inciso LXXI). Direito de z Membros do Ministério Público;
greve dos servidores públicos civis (CF, Art. 37, z Integrantes das carreiras pertencentes à Advocacia
inciso VII). Evolução do tema na jurisprudência Geral da União, à Procuradoria-Geral da Fazenda
do Supremo Tribunal Federal (STF). Definição dos Nacional, às Procuradorias dos Estados e do Distrito
parâmetros de competência constitucional para Federal e às Defensorias Públicas da União, DF e Terri-
apreciação no âmbito da justiça federal e da jus- tórios e Defensorias Públicas Estaduais (Art. 135, CF);
tiça estadual até a edição da legislação específica z Servidores policiais integrantes da Polícia Fede-
pertinente, nos termos do art. 37, VII, da CF. Em ral, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Ferroviária
observância aos ditames da segurança jurídica e à
evolução jurisprudencial na interpretação da omis- Federal, Polícias Civis, Polícias Militares e Corpos
são legislativa sobre o direito de greve dos servido- de Bombeiros Militares.
res públicos civis, fixação do prazo de 60 (sessenta)
dias para que o Congresso Nacional legisle sobre a Vejamos, a seguir, o texto da Súmula nº 679, do STF:
matéria. Mandado de injunção deferido para deter-
minar a aplicação das Leis 7.701/1988 e 7.783/1989. Súmula 679 (STF) A fixação de vencimentos dos
VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empre- servidores públicos não pode ser objeto de conven-
gos públicos para as pessoas portadoras de defi- ção coletiva.
ciência e definirá os critérios de sua admissão;
No que se refere à revisão, o dispositivo trata apenas
O inciso VIII estabelece a reserva de vagas para
da revisão geral, ou seja, ao reajuste anual genérico, que
pessoas com deficiência. Trata-se de uma norma
tem por objetivo repor as perdas inflacionárias do perío-
constitucional de eficácia limitada, ou seja, que depen-
de da edição de lei infraconstitucional para poder do, sendo aplicável a todos os servidores. Portanto, não a
gerar os efeitos. confunda com reajuste específico, que é aquele aplicado
Com relação à reserva, cumpre salientar que as apenas a alguns cargos ou carreiras funcionais, com a
atribuições do cargo devem ser compatíveis com a finalidade de evitar a defasagem remuneratória.
deficiência. Ainda, a reserva é de até 20% (vinte por
cento) das vagas oferecidas no concurso, isto é, a XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de
CF/88 fixou apenas o limite máximo (teto) do número cargos, funções e empregos públicos da administra-
a ser reservado. ção direta, autárquica e fundacional, dos membros
O § 1º, art. 37, do Decreto nº 3.298/1999, estabelece de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
o percentual mínimo de 5% das vagas e, no caso de Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores
o número obtido ser fracionado, o número de vagas de mandato eletivo e dos demais agentes políticos
será elevado até o primeiro número inteiro subse- e os proventos, pensões ou outra espécie remu-
quente, ou seja, arredondado para cima. neratória, percebidos cumulativamente ou não,
incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer
outra natureza, não poderão exceder o subsídio
IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por
tempo determinado para atender a necessidade mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo
temporária de excepcional interesse público; Tribunal Federal, aplicando-se como limite, nos
Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Esta-
dos e no Distrito Federal, o subsídio mensal do
O servidor temporário encontra-se disciplinado Governador no âmbito do Poder Executivo, o
no inciso IX. Trata-se de uma categoria à parte, uma subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais
vez que não titulariza cargo público nem possui no âmbito do Poder Legislativo e o subsídio
DIREITO CONSTITUCIONAL

qualquer vínculo trabalhista regido pela CLT, sendo dos Desembargadores do Tribunal de Justiça,
regida por regime especial veiculado por meio de lei limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centési-
específica de cada ente da federação. mos por cento do subsídio mensal, em espécie, dos
O servidor público exerce funções públicas sem Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito
ocupar cargos ou empregos públicos e sua contra- do Poder Judiciário, aplicável este limite aos mem-
tação é por tempo determinado e para atender bros do Ministério Público, aos Procuradores e aos
necessidade temporária de excepcional interesse Defensores Públicos;
público. Por exemplo: agente sanitário em caso de
surto de dengue. Com relação ao teto do funcionalismo público,
a CF/88 estabeleceu duas regras. A primeira é a do
X - a remuneração dos servidores públicos e
teto geral, ou seja, o limite máximo de remunera-
o subsídio de que trata o § 4º do art. 39 somente
poderão ser fixados ou alterados por lei especí- ção que é o valor dos subsídios dos Ministros do
fica, observada a iniciativa privativa em cada caso, Supremo Tribunal Federal. Já a segunda regra trata
assegurada revisão geral anual, sempre na mesma do denominado subteto, ou seja, o teto para os Esta-
data e sem distinção de índices; dos, Municípios e Distrito Federal. 271
Vale destacar que o dispositivo previu duas hipóte- XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes
ses de subtetos: o teto único e o teto por Poder. O teto de cargos e empregos públicos são irredutíveis, res-
único tem, como base, a fixação de um valor máximo salvado o disposto nos incisos XI e XIV deste artigo e
estabelecido para fins remuneratórios. Já o teto por nos arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;
Poderes, faz com que cada ente político adote um sub-
teto próprio para a fixação dos subsídios. O Executi- A irredutibilidade dos subsídios e dos venci-
vo tem, como subteto, os subsídios do Governador. O mentos dos ocupantes de cargos, funções e empregos
Legislativo tem, como subteto, os subsídios dos depu- públicos encontra-se estabelecida no inciso XV. Trata-
tados estaduais, que, por sua vez, não poderão exceder -se da impossibilidade de redução do valor nominal,
75% dos subsídios dos deputados federais. Por fim, o ou seja, se a remuneração é de R$ 5.000,00, não pode-
Judiciário adota, como subteto, o valor de 90,25% dos rá reduzi-lo para valor inferior. No entanto, é possível
subsídios do Supremo Tribunal Federal, ressaltando que ocorra a redução real, ou seja, que o poder aquisi-
que esse subteto se aplica tão somente aos seus ser- tivo desse valor seja atingido pela inflação.
vidores e, não, aos membros da Magistratura, pois a
XVI - é vedada a acumulação remunerada de
estes é aplicado o teto do Supremo Tribunal Federal.
cargos públicos, exceto, quando houver compa-
tibilidade de horários, observado em qualquer
XII - os vencimentos dos cargos do Poder Legis-
caso o disposto no inciso XI:
lativo e do Poder Judiciário não poderão ser
a) a de dois cargos de professor;
superiores aos pagos pelo Poder Executivo;
b) a de um cargo de professor com outro técni-
co ou científico;
A isonomia dos vencimentos dos servidores dos c) a de dois cargos ou empregos privativos de pro-
três Poderes está disciplinada no inciso XII. Sua finali- fissionais de saúde, com profissões regulamentadas;
dade é manter a paridade.
É importante o texto da Súmula Vinculante nº 37, O inciso XVI trata da vedação de acumulação de
do STF: cargos. Como regra, é vedada a acumulação remu-
nerada de cargos públicos. No entanto, é possível
Súmula Vinculante nº 37 Não cabe ao Poder Judi- a acumulação se houver compatibilidade de horá-
ciário, que não tem função legislativa, aumentar rios entre os cargos e somente em três hipóteses. A
vencimentos de servidores públicos sob fundamen- primeira refere-se ao magistério e traz a possibilidade
to de isonomia. de acumular dois cargos de professor (ex.: cargo de
XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de professor da rede municipal no período matutino e
quaisquer espécies remuneratórias para o efeito cargo de professor da rede estadual no período notur-
de remuneração de pessoal do serviço público; no). A segunda hipótese é a acumulação de um cargo
de professor com outro técnico ou científico (ex.:
A vedação à vinculação e à equiparação de cargo técnico em enfermagem em hospital estadual
remunerações encontra-se prevista no inciso XIII. com carga horária compatível com cargo de professor
Sobre isso, vejamos o texto da Súmula nº 681: de ensino médio estadual). Por fim, é possível a acu-
mulação de dois cargos privativos de profissionais
Súmula nº 681 (STF) É inconstitucional a vincula- da saúde, com profissões regulamentadas (ex.: car-
ção do reajuste de vencimentos de servidores esta- go de dentista, em um município, durante o período
duais ou municipais a índices federais de correção matutino com outro cargo de dentista, em outro muni-
monetária. cípio, no período vespertino).

Atenção! Há duas exceções à regra de não vincu-


lação, quais sejam: Importante!
Cargos burocráticos não são considerados como
z A equiparação de vencimentos e vantagens entre
técnicos. Para ser enquadrado como cargo téc-
os Ministros do TCU e do STJ (Art. 73, § 3º, CF/88);
z A vinculação entre o subsídio dos Ministros dos nico passível de acumulação, é necessária for-
Tribunais Superiores e o subsídio mensal fixado mação específica na área de atuação. Portanto,
para os Ministros do STF (Art. 93, V, CF). cargo técnico é aquele que requer conhecimento
específico na área de atuação do profissional,
XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por com habilitação específica de grau universitário
servidor público não serão computados nem ou profissionalizante (Ensino Médio).
acumulados para fins de concessão de acréscimos
ulteriores;
Em síntese:
O inciso XIV trata da vedação ao efeito-repicão
z Regra: Não acumulação de cargos públicos remu-
ou efeito cascata, ou seja, veda-se que a mesma van-
nerados;
tagem seja repetidamente computada para o cálculo z Exceção: Acumulação de cargos públicos remune-
das demais vantagens. rados, quando há compatibilidade de horários e
A finalidade do dispositivo é evitar que, na base de nas seguintes hipóteses:
cálculo de uma vantagem remuneratória, seja acres-
cida outra vantagem. Por exemplo: se o servidor faz „ Dois cargos de professor;
jus e recebe um adicional por tempo de serviço, não é „ Um cargo de professor com outro técnico ou
possível inseri-lo na base de cálculo para a concessão científico;
de outra gratificação, como, por exemplo, uma gratifi- „ Dois cargos privativos de profissionais de saú-
272 cação de produtividade. de, com profissões regulamentadas.
XVII - a proibição de acumular estende-se a XXI - ressalvados os casos especificados na legisla-
empregos e funções e abrange autarquias, fun- ção, as obras, serviços, compras e alienações
serão contratados mediante processo de licitação
dações, empresas públicas, sociedades de eco-
pública que assegure igualdade de condições a
nomia mista, suas subsidiárias, e sociedades todos os concorrentes, com cláusulas que esta-
controladas, direta ou indiretamente, pelo poder beleçam obrigações de pagamento, mantidas as
público; condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o
qual somente permitirá as exigências de qualifica-
ção técnica e econômica indispensáveis à garantia
O inciso XVII estende a regra da não acumulação
do cumprimento das obrigações.
para a Administração Indireta. Portanto, a proibição
aplica-se às autarquias, fundações e empresas públi- Outra regra contida na Constituição Estadual é a
cas, sociedades de economia mista, bem como às suas exigência de licitação pública para contratação de
subsidiárias, além das sociedades controladas direta obras, serviços, compras e alienações, ressalvados
os casos de dispensa e inexigibilidade previstos
ou indiretamente pelo poder público.
em lei. Vale frisar, aqui, que é assegurada a todos a
XVIII - a administração fazendária e seus servi-
igualdade de condições, com cláusulas que estabele-
çam obrigações de pagamento, mantidas as condições
dores fiscais terão, dentro de suas áreas de com-
efetivas da proposta, nos termos da lei, a qual somen-
petência e jurisdição, precedência sobre os demais te permitirá as exigências de qualificação técnica e
setores administrativos, na forma da lei; econômica indispensáveis à garantia do cumprimento
das obrigações.
O inciso XVIII trata da precedência da Administra-
ção Fazendária e seus servidores fiscais aos demais XXII - as administrações tributárias da União,
setores administrativos. Isso significa dizer que, den- dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
atividades essenciais ao funcionamento do Estado,
tro da estrutura da Administração Pública, esta deverá exercidas por servidores de carreiras específicas,
dar prioridade para os serviços atinentes à arrecada- terão recursos prioritários para a realização
ção dos tributos, por se tratarem dos recursos essen- de suas atividades e atuarão de forma integrada,
inclusive com o compartilhamento de cadastros e
ciais ao seu funcionamento.
de informações fiscais, na forma da lei ou convênio.
XIX - somente por lei específica poderá ser criada
O inciso XXII traz mais uma regra de prioridade
autarquia e autorizada a instituição de empre-
da parte fiscal e de arrecadação. Assim, a Adminis-
sa pública, de sociedade de economia mista e tração tributária de qualquer dos entes da federação
de fundação, cabendo à lei complementar, neste possui recurso prioritário para a realização de suas
último caso, definir as áreas de sua atuação; atividades.

Para que uma autarquia seja criada, faz-se neces- § 1º A publicidade dos atos, programas, obras,
sária a autorização legislativa (lei específica), de modo serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá
ter caráter educativo, informativo ou de orien-
a adquirir a personalidade jurídica com a própria lei.
tação social, dela não podendo constar nomes,
Em contrapartida, é preciso lei que autorize a criação símbolos ou imagens que caracterizem promoção
das empresas públicas, sociedades de economia mista pessoal de autoridades ou servidores públicos.
e fundações, devendo, posteriormente, ser registra-
das, a fim de adquirirem a personalidade jurídica. O § 1º trata das regras de publicidade dos atos,
programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos
Ressalta-se, por fim, que para as fundações, uma lei
públicos. Esse dispositivo é consequência direta do
complementar deve definir as áreas de sua atuação. princípio da impessoalidade, pois tal publicidade deve
ser de caráter informativo, educativo ou de orienta-
LEI ESPECÍFICA LEI COMPLEMENTAR ção social, ou seja, a propaganda pública não pode ser
meio para promoção pessoal. É por esse motivo que
� Cria as autarquias � Cria as fundações não é permitido ao Governador ou ao Prefeito, por
� Autoriza a criação das públicas exemplo, continuar a utilizar o slogan de campanha
demais entidades – após ser eleito, uma vez que vincularia aquela ativi-
criadas por meio diver-
DIREITO CONSTITUCIONAL

dade pública a sua pessoa.


so do que autorizou
§ 2º A não observância do disposto nos incisos II
e III implicará a nulidade do ato e a punição da
XX - depende de autorização legislativa, em
autoridade responsável, nos termos da lei.
cada caso, a criação de subsidiárias das enti-
dades mencionadas no inciso anterior, assim O § 2º traz a responsabilidade do agente público
como a participação de qualquer delas em empresa pela não observância da regra de que, para contratação
privada; de pessoal, o concurso público é indispensável. Conse-
quentemente, se houver ingresso de pessoal sem o devi-
Assim como no inciso anterior, também depende do processo de seleção, haverá nulidade da nomeação,
devendo a autoridade sofrer as punições em conformi-
de autorização legislativa a criação de subsidiárias da dade com a norma infraconstitucional. Além disso, o
Administração indireta, assim como a participação de prazo de validade do concurso também implica em nuli-
qualquer delas em empresa privada. dade da nomeação e responsabilidade do agente. 273
§ 3º A lei disciplinará as formas de participação Portanto, o Estado é responsável quando um de seus
do usuário na administração pública direta e agentes, no desempenho da função, gera dano a um ter-
indireta, regulando especialmente: ceiro, independentemente da comprovação de dolo
I - as reclamações relativas à prestação dos serviços ou culpa, sendo necessário, apenas, demonstrar o nexo
públicos em geral, asseguradas a manutenção de ser- causal da atividade do agente e o dano de terceiro.
viços de atendimento ao usuário e a avaliação perió- Cumpre mencionar, por necessário, que é possível
dica, externa e interna, da qualidade dos serviços; ao Estado ingressar com ação regressiva para cobrar
II - o acesso dos usuários a registros administrati- do agente o valor que pagou a esse terceiro. No entan-
vos e a informações sobre atos de governo, obser- to, ao contrário do que ocorre com o Estado, a respon-
vado o disposto no art. 5º, X e XXXIII; sabilidade do agente é subjetiva, ou seja, para que ele
III - a disciplina da representação contra o exercí- seja responsabilizado civilmente, é preciso demons-
cio negligente ou abusivo de cargo, emprego ou fun- trar que houve dolo ou culpa.
ção na administração pública. Entende-se por pessoa jurídica de direito privado
prestadora de serviços públicos as empresas públicas,
O § 3º remete a preocupação do legislador para que sociedades de economia mista e as concessionárias e
haja um controle social, de modo a estabelecer meios permissionárias, isto é, aquelas empresas seleciona-
para que qualquer pessoa comunique as irregularida- das por procedimento licitatório para desempenhar
des ou ilegalidades praticadas pelos agentes públicos. serviço público. Por exemplo: serviço de transporte
Trata-se, portanto, da possibilidade de controle para público urbano.
evitar os atos de improbidade administrativa, ou seja,
§ 7º A lei disporá sobre os requisitos e as restri-
de condutas ilegais, desonestas, abusivas e incorretas.
ções ao ocupante de cargo ou emprego da adminis-
tração direta e indireta que possibilite o acesso a
§ 4º Os atos de improbidade administrativa
informações privilegiadas.
importarão a suspensão dos direitos políticos,
a perda da função pública, a indisponibilidade O § 7º pressupõe a existência de regras éticas de
dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma
conduta das autoridades da Administração Pública,
e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação
de modo a tentar minimizar a possibilidade de con-
penal cabível.
flito entre o interesse privado e o dever funcional.
Ainda, objetiva-se a criação de mecanismos, a fim de
De acordo com o § 4º, as penalidades para os atos
regulamentar o acesso às informações.
de improbidade são as seguintes: suspensão dos
direitos políticos; perda de função pública; indispo- § 8º A autonomia gerencial, orçamentária e
nibilidade dos bens e ressarcimento ao erário, sem financeira dos órgãos e entidades da admi-
prejuízo da ação penal cabível, ou seja, aplica-se a nistração direta e indireta poderá ser amplia-
penalidade administrativa cumulativamente com a da mediante contrato, a ser firmado entre seus
sanção penal (se o fato constituir crime). administradores e o poder público, que tenha por
objeto a fixação de metas de desempenho para o
Dica órgão ou entidade, cabendo à lei dispor sobre:
I - o prazo de duração do contrato;
Para memorizar os atos de improbidade admi- II - os controles e critérios de avaliação de desem-
nistrativa, memorize o mnemônico PARIS: penho, direitos, obrigações e responsabilidade dos
Perda de função pública; dirigentes;
Ação penal cabível (sem prejuízo); III - a remuneração do pessoal.
Ressarcimento ao erário; O § 8º busca alcançar melhores resultados na
Indisponibilidade de bens; Administração Pública por meio da criação de novos
Suspensão dos direitos políticos. instrumentos no âmbito do Direito Público, de modo
a conferir maior autonomia ou estabelecer parcerias
§ 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição com entidades privadas sem fins lucrativos. Dessas
para ilícitos praticados por qualquer agente,
medidas, atente-se para o contrato de gestão.
servidor ou não, que causem prejuízos ao erário,
Entende-se por contrato de gestão o contrato admi-
ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento.
nistrativo firmado pelo Poder Público na condição de
contratante e entidade privada ou da Administração
Nos termos do § 5º, os prazos prescricionais e as
Indireta, no qual é instrumentalizada parceria.
ações de ressarcimento serão disciplinadas em lei.
Vale lembrar que a lei que disciplina as regras apli- § 9º O disposto no inciso XI aplica-se às empre-
cáveis aos agentes públicos nos casos de improbidade sas públicas e às sociedades de economia mis-
administrativa é a Lei nº 8.429/1992. ta, e suas subsidiárias, que receberem recursos
da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos
§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e Municípios para pagamento de despesas de pes-
as de direito privado prestadoras de serviços soal ou de custeio em geral.
públicos responderão pelos danos que seus
agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, As regras com relação ao teto e subteto da remu-
assegurado o direito de regresso contra o respon- neração são estendidas aos empregados das empresas
sável nos casos de dolo ou culpa.
públicas e sociedades de economia mista, bem como
O § 6º trata da responsabilidade civil objetiva às suas subsidiárias. No entanto, conforme o dispos-
do Estado, o que significa que o Estado é responsável to no § 9º, incidirá sobre as remunerações de direto-
civilmente pelos atos praticados por seus agentes ou res de empresas estatais que receberem recursos dos
pelos prestadores de serviço público de forma obje- entes da federação para pagamento de despesas de
tiva, isto é, independentemente de culpa. Trata-se da pessoal ou de custeio em geral, como, por exemplo,
274 chamada Teoria do Risco Administrativo. nos casos da EMBRAPA e da Radiobras.
O modo pelo qual a Lei Complementar nº 101/2000 O dispositivo regulamenta a possibilidade de fixa-
(Lei de Responsabilidade Fiscal) denomina as empre- ção do subteto de forma única. Nesse caso, o valor
sas públicas e sociedades de economia mista encai- máximo da remuneração para todo e qualquer servi-
xa-se como “empresa estatal dependente”, expressão dor corresponderá ao subsídio dos desembargadores
disposta no § 9º. do Tribunal de Justiça, ficando de fora desse subteto
apenas o subsídio dos deputados.
§ 10. É vedada a percepção simultânea de pro- Vejamos a decisão do STF no julgamento da ADI
ventos de aposentadoria decorrentes do art. 40 6.221 MC:
ou dos arts. 42 e 142 com a remuneração de car-
go, emprego ou função pública, ressalvados os A faculdade conferida aos Estados para a regulação
cargos acumuláveis na forma desta Constitui- do teto aplicável a seus servidores (art. 37, § 12, da
ção, os cargos eletivos e os cargos em comissão CF) não permite que a regulamentação editada com
declarados em lei de livre nomeação e exoneração. fundamento nesse permissivo inove no tratamento
do teto dos servidores municipais, para quem o art.
O § 10 veda a percepção simultânea de proventos 37, XI, da CF, já estabelece um teto único.
de aposentadoria com remuneração de cargo, empre- § 13. O servidor público titular de cargo efetivo
go ou função pública, ressalvada a hipótese de cargos poderá ser readaptado para exercício de cargo
acumuláveis, na forma da Constituição, cargos eleti- cujas atribuições e responsabilidades sejam com-
vos e cargos em comissão. Esse dispositivo foi acres- patíveis com a limitação que tenha sofrido em sua
centado pela Emenda Constitucional nº 20/1998, que capacidade física ou mental, enquanto permanecer
também resguardou o direito daqueles servidores nesta condição, desde que possua a habilitação e
aposentados que, até a data da promulgação da Emen- o nível de escolaridade exigidos para o cargo de
da, retornaram à atividade antes da proibição. destino, mantida a remuneração do cargo de origem.

O § 13 trata da possibilidade de readaptação do


Importante! servidor público. A readaptação é o provimento deri-
vado que consiste na investidura do servidor em cargo
A proibição aplica-se aos servidores públicos de atribuições e responsabilidades compatíveis com
efetivos e aos militares, tanto das Forças Arma- a limitação que tenha sofrido em sua capacida-
das como das Polícias Militares e Corpos de de física ou mental verificada em inspeção médica.
Bombeiros Militares. Deste modo, o servidor será efetivado em cargo com
atribuições semelhantes, respeitando-se a habilitação
exigida, assim como o nível de escolaridade e a equi-
Vejamos a repercussão geral reconhecida com
valência de vencimentos.
mérito julgado pelo STF:
No caso de inexistir cargo vago, o servidor exer-
cerá suas atribuições como excedente, permanecen-
Há remansosa jurisprudência desta Corte nesse
do nessa situação até a ocorrência de vaga no cargo
sentido, afirmando a impossibilidade da acumula-
ção tríplice de cargos públicos, ainda que os provi- compatível.
mentos nestes tenham ocorrido antes da vigência
da EC 20/1998. [...] o art. 11 da EC 20/1998 possi- § 14. A aposentadoria concedida com a utiliza-
bilita a acumulação, apenas, de um provento de ção de tempo de contribuição decorrente de
aposentadoria com a remuneração de um cargo cargo, emprego ou função pública, inclusive do
na ativa, no qual se tenha ingressado por concurso Regime Geral de Previdência Social, acarretará o
público antes da edição da referida emenda, ainda rompimento do vínculo que gerou o referido
que inacumuláveis os cargos. Em qualquer hipóte- tempo de contribuição.
se, é vedada a acumulação tríplice de remunera-
ções, sejam proventos, sejam vencimentos. (ARE O § 14 disciplina o rompimento do vínculo quan-
848.993 RG) do o agente público solicita aposentadoria e utiliza-se
§ 11. Não serão computadas, para efeito dos do tempo de contribuição decorrente daquele cargo,
limites remuneratórios de que trata o inciso emprego ou função pública. Assim, o servidor será
XI do caput deste artigo, as parcelas de caráter desligado da Administração Pública.
indenizatório previstas em lei.
Neste sentido, o agente público que pretende se apo-
sentar não poderá mais continuar a trabalhar no local em
O § 11 traz uma regra com relação ao teto e subte-
que utilizou o tempo para comprovação de contribuição.
DIREITO CONSTITUCIONAL

to do funcionalismo público. Trata-se do não cômputo


das verbas indenizatórias, tais como diárias, ajuda de
§ 15. É vedada a complementação de aposenta-
custo, entre outras, no limite remuneratório. dorias de servidores públicos e de pensões por
morte a seus dependentes que não seja decorrente
§ 12. Para os fins do disposto no inciso XI do caput do disposto nos §§ 14 a 16 do art. 40 ou que não
deste artigo, fica facultado aos Estados e ao Distri- seja prevista em lei que extinga regime próprio de
to Federal fixar, em seu âmbito, mediante emenda
previdência social.
às respectivas Constituições e Lei Orgânica, como
limite único, o subsídio mensal dos Desembarga-
dores do respectivo Tribunal de Justiça, limitado O § 15 proíbe toda espécie de complementação que
a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por não seja aquela decorrente de Regime de Previdência
cento do subsídio mensal dos Ministros do Supre- Complementar, como, por exemplo, as complementa-
mo Tribunal Federal, não se aplicando o disposto ções com base na Lei Estadual (São Paulo) nº 200/74,
neste parágrafo aos subsídios dos Deputados pagas a ex-empregados e a seus dependentes da Nossa
Estaduais e Distritais e dos Vereadores. Caixa, BANESPA, SABESP, VASP e FEPASA. 275
§ 16. Os órgãos e entidades da administração pública, individual ou conjuntamente, devem realizar avaliação das
políticas públicas, inclusive com divulgação do objeto a ser avaliado e dos resultados alcançados, na forma da lei.

O § 16 foi acrescido pela Emenda Constitucional nº 109/2021 e tem como objetivo aprimorar o mecanismo de
participação da sociedade na Administração Pública.

Art. 38 Ao servidor público da administração direta, autárquica e fundacional, no exercício de mandato eletivo,
aplicam-se as seguintes disposições:
I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou distrital, ficará afastado de seu cargo, emprego ou função;
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo, emprego ou função, sendo-lhe facultado optar pela sua
remuneração;
III - investido no mandato de Vereador, havendo compatibilidade de horários, perceberá as vantagens de seu cargo,
emprego ou função, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo, e, não havendo compatibilidade, será aplicada
a norma do inciso anterior;
IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o exercício de mandato eletivo, seu tempo de serviço será conta-
do para todos os efeitos legais, exceto para promoção por merecimento;
V - na hipótese de ser segurado de regime próprio de previdência social, permanecerá filiado a esse regime, no ente
federativo de origem.

O art. 38 estabelece regras relativas ao servidor público da Administração direta, autárquica e fundacional que
passar a desempenhar cargo eletivo, ou seja, for eleito para o Poder Executivo ou Legislativo.
Ao servidor público estadual, quando eleito para cargo eletivo federal, estadual e distrital, aplica-se a
seguinte regra: afastamento do cargo público estadual para se dedicar exclusivamente ao mandato, rece-
bendo obrigatoriamente a remuneração do cargo para o qual foi eleito. Em contrapartida, quando o servidor
público estadual é eleito para cargo eletivo municipal, podem ocorrer duas situações distintas. Se o cargo é
de prefeito, ele será afastado para dedicação exclusiva do cargo e pode escolher entre a remuneração do
cargo público ou do cargo eletivo. Já se o cargo é de vereador, é necessário saber se há ou não compatibilida-
de de horário. Se houver compatibilidade de horários, ele não precisa se afastar, podendo exercer as duas
atividades ao mesmo tempo, recebendo pelos dois. Se não houver compatibilidade, aplica-se a mesma regra do
prefeito, ou seja, será afastado para dedicação exclusiva do cargo, podendo escolher entre a remuneração
do cargo público ou do cargo eletivo.

SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL

Eleito para cargo federal, estadual ou distrital Eleito para cargo municipal

Prefeito Vereador

Afastamento do cargo público e remuneração Com compatibilidade de horário:



Afastamento do cargo e opção
do cargo eletivo não se afasta do cargo
entre a remuneração eletiva ou
Sem compatibilidade de horário:

do cargo
aplica-se a mesma regra do prefeito

Dos Servidores Públicos

Para que a Administração Pública possa desempenhar suas atividades, ela necessita de pessoas que exerçam
as atribuições dos órgãos públicos, ou seja, de agentes públicos. A expressão agente público é utilizada como
gênero, designando toda e qualquer pessoa que exerça uma função pública, quer de forma remunerada
ou gratuita, quer de natureza política ou administrativa, quer com investidura definitiva ou transitória.
Os agentes públicos dividem-se em quatro categorias, quais sejam:

Agente políticos

Servidores públicos

Agentes Públicos

Particulares em
colaboração

Militares

276
Os agentes políticos são aqueles que exercem as § 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de car-
típicas atividades de governo, ou seja, são responsá- go público o disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX,
veis por fixar as metas e diretrizes políticas do Estado, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX,
tais como os chefes do Poder Executivo (Presidente, podendo a lei estabelecer requisitos diferenciados
de admissão quando a natureza do cargo o exigir.
Governador e Prefeito e seus vices) e seus auxiliares
§ 4º O membro de Poder, o detentor de manda-
diretos (Ministros e Secretários) e os membros do to eletivo, os Ministros de Estado e os Secretá-
Poder Legislativo (Senadores, Deputados federais, rios Estaduais e Municipais serão remunerados
Deputados estaduais e Vereadores). exclusivamente por subsídio fixado em parcela
Os particulares em colaboração com o Poder única, vedado o acréscimo de qualquer gratifica-
Público são aqueles que prestam serviços ao Estado, ção, adicional, abono, prêmio, verba de representa-
porém sem vínculo estatutário ou celetista de tra- ção ou outra espécie remuneratória, obedecido, em
balho, podendo ou não ter remuneração. Exemplo: qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI.
jurados, mesários, notários e registradores (serviços § 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios poderá estabelecer a relação entre
notariais).
a maior e a menor remuneração dos servido-
Os servidores públicos civis dividem-se em: res públicos, obedecido, em qualquer caso, o dis-
posto no art. 37, XI.
z Servidores públicos estatutários: exercem cargo § 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário
público (vitalício, efetivo ou comissionado) e estão publicarão anualmente os valores do subsí-
vinculados a um estatuto; dio e da remuneração dos cargos e empregos
z Empregados públicos: possuem emprego público públicos.
e vinculam-se às regras da Consolidação das Leis § 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Fede-
ral e dos Municípios disciplinará a aplicação
do Trabalho (CLT);
de recursos orçamentários provenientes da
z Servidores temporários: categoria à parte, por-
economia com despesas correntes em cada órgão,
que não titularizam cargo público nem possuem autarquia e fundação, para aplicação no desenvol-
qualquer vínculo trabalhista regido pela CLT, como vimento de programas de qualidade e produtivida-
os empregados públicos. São contratados por tem- de, treinamento e desenvolvimento, modernização,
po determinado para atender à necessidade tem- reaparelhamento e racionalização do serviço públi-
porária de excepcional interesse público por meio co, inclusive sob a forma de adicional ou prêmio de
de um processo de seleção simplificado. Exercem produtividade.
funções públicas sem ocupar cargos ou empregos § 8º A remuneração dos servidores públicos orga-
nizados em carreira poderá ser fixada nos termos
públicos e são regidos por regime especial, veicu-
do § 4º.
lado por meio de lei específica. § 9º É vedada a incorporação de vantagens de
caráter temporário ou vinculadas ao exercício
Os servidores da Administração Pública direta, das de função de confiança ou de cargo em comis-
autarquias e das fundações públicas estão sujeitos ao são à remuneração do cargo efetivo.
regime jurídico de direito público administrativo,
instituído em lei, a qual também instituirá planos
de carreira. O regime adotado é o estatutário. Não Importante!
obstante, a lei assegurará aos servidores isonomia
No que tange ao art. 39, a primeira observação a ser
de vencimentos para cargos de atribuições iguais ou
feita é que o caput foi alterado pela Emenda Consti-
assemelhadas do mesmo Poder ou entre servidores tucional nº 19/1998. No entanto, como sua eficácia
dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, exce- encontra-se suspensa devido à decisão do STF na
tuadas as vantagens de caráter individual e as relati- ADI nº 2.135-4, é a redação original que se encontra
vas à natureza ou ao local de trabalho. em vigor. Vejamos:
Vale destacar que as regras sobre os servidores Art. 39 A União, os Estados, o Distrito Federal e os
públicos estão estabelecidas nos arts. 39 a 41, da CF/88. Municípios instituirão, no âmbito de sua compe-
Vejamos os dispositivos: tência, regime jurídico único e planos de carreira
para os servidores da administração pública direta,
Art. 39 A União, os Estados, o Distrito Federal e os das autarquias e das fundações públicas.
Municípios instituirão conselho de política de admi-
nistração e remuneração de pessoal, integrado por
servidores designados pelos respectivos Poderes. A CF/88 estabelece regras para a fixação dos
DIREITO CONSTITUCIONAL

§ 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos padrões de vencimento e dos demais componentes
demais componentes do sistema remuneratório do sistema remuneratório, que deverá observar: a
observará: natureza, o grau de responsabilidade e a comple-
I - a natureza, o grau de responsabilidade e a xidade dos cargos que compõem cada carreira;
os requisitos para a investidura nos cargos e as
complexidade dos cargos componentes de cada
demais peculiaridades dos cargos. Tais requisitos
carreira;
poderão influenciar na fixação dos vencimentos e
II - os requisitos para a investidura;
dependem de aprovação de lei específica, assim como
III - as peculiaridades dos cargos. para o seu aumento, alteração ou criação de nova
§ 2º A União, os Estados e o Distrito Federal man- vantagem pecuniária. Por lei, também serão estabe-
terão escolas de governo para a formação e lecidos os reajustes diferenciados para corrigir equí-
o aperfeiçoamento dos servidores públicos, vocos, como no caso de servidores que desempenham
constituindo-se a participação nos cursos um atividades semelhantes, mas percebem valores muito
dos requisitos para a promoção na carreira, diferentes. Salienta-se que a revisão geral da remune-
facultada, para isso, a celebração de convênios ou ração dos servidores públicos, sem distinção de índi-
contratos entre os entes federados. ces entre civis e militares, será feita. 277
Com objetivo de garantir o aperfeiçoamento do § 4º-B. Poderão ser estabelecidos por lei complemen-
profissional, o dispositivo estabelece a realização de tar do respectivo ente federativo idade e tempo de
cursos oficiais como requisito obrigatório para promo- contribuição diferenciados para aposentadoria de
ção na carreira, sendo facultada, para tanto, a celebra- ocupantes do cargo de agente penitenciário, de agen-
ção de convênios com os demais entes da federação. te socioeducativo ou de policial dos órgãos de que tra-
Outra regra de extrema importância é a que tam o inciso IV do caput do art. 51, o inciso XIII do
assegura ao servidor público civil da Administração caput do art. 52 e os incisos I a IV do caput do art. 144.
Pública direta, autárquica e fundacional os direitos § 4º-C. Poderão ser estabelecidos por lei comple-
previstos nos incisos IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, mentar do respectivo ente federativo idade e tempo
XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, art. 7º, da de contribuição diferenciados para aposentadoria
CF/88 e aos direitos que, nos termos da lei, visem à de servidores cujas atividades sejam exercidas com
efetiva exposição a agentes químicos, físicos e bio-
melhoria de sua condição social e da produtividade
lógicos prejudiciais à saúde, ou associação desses
e da eficiência no serviço público, em especial o prê-
agentes, vedada a caracterização por categoria
mio por produtividade e o adicional de desempenho.
profissional ou ocupação.
Atente-se aos limites de remuneração de servidores:
§ 5º Os ocupantes do cargo de professor terão idade
mínima reduzida em 5 (cinco) anos em relação às
z Mínimo: salário mínimo;
idades decorrentes da aplicação do disposto no inci-
z Máximo: vide XI, art. 37, da CF (EC 41/2003).
so III do § 1º, desde que comprovem tempo de efeti-
É importante conhecer o texto da Súmula Vincu- vo exercício das funções de magistério na educação
lante nº 6 do STF: infantil e no ensino fundamental e médio fixado em
lei complementar do respectivo ente federativo.
Súmula Vinculante nº 6 Não viola a Constituição § 6º Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos
o estabelecimento de remuneração inferior ao salá- cargos acumuláveis na forma desta Constituição, é
rio mínimo para as praças prestadoras de serviço vedada a percepção de mais de uma aposentadoria
militar inicial. à conta de regime próprio de previdência social, apli-
Art. 40 O regime próprio de previdência social cando-se outras vedações, regras e condições para a
acumulação de benefícios previdenciários estabele-
dos servidores titulares de cargos efetivos terá cará-
cidas no Regime Geral de Previdência Social.
ter contributivo e solidário, mediante contribuição
§ 7º Observado o disposto no § 2º do art. 201, quan-
do respectivo ente federativo, de servidores ativos,
do se tratar da única fonte de renda formal auferida
de aposentados e de pensionistas, observados crité-
pelo dependente, o benefício de pensão por morte
rios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial. será concedido nos termos de lei do respectivo ente
§ 1º O servidor abrangido por regime próprio de federativo, a qual tratará de forma diferenciada a
previdência social será aposentado: hipótese de morte dos servidores de que trata o §
I - por incapacidade permanente para o tra- 4º-B decorrente de agressão sofrida no exercício ou
balho, no cargo em que estiver investido, quando em razão da função.
insuscetível de readaptação, hipótese em que será § 8º É assegurado o reajustamento dos benefí-
obrigatória a realização de avaliações periódicas cios para preservar-lhes, em caráter permanente, o
para verificação da continuidade das condições que valor real, conforme critérios estabelecidos em lei.
ensejaram a concessão da aposentadoria, na forma § 9º O tempo de contribuição federal, estadual,
de lei do respectivo ente federativo; distrital ou municipal será contado para fins
II - compulsoriamente, com proventos propor- de aposentadoria, observado o disposto nos §§ 9º
cionais ao tempo de contribuição, aos 70 (setenta) e 9º-A do art. 201, e o tempo de serviço correspon-
anos de idade, ou aos 75 (setenta e cinco) anos de dente será contado para fins de disponibilidade.
idade, na forma de lei complementar; § 10 - A lei não poderá estabelecer qualquer forma
III - no âmbito da União, aos 62 (sessenta e dois) de contagem de tempo de contribuição fictício.
anos de idade, se mulher, e aos 65 (sessenta e § 11 - Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma
cinco) anos de idade, se homem, e, no âmbito total dos proventos de inatividade, inclusive quando
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, decorrentes da acumulação de cargos ou empregos
na idade mínima estabelecida mediante emenda às públicos, bem como de outras atividades sujeitas
respectivas Constituições e Leis Orgânicas, obser- a contribuição para o regime geral de previdência
vados o tempo de contribuição e os demais social, e ao montante resultante da adição de pro-
requisitos estabelecidos em lei complementar do ventos de inatividade com remuneração de cargo
respectivo ente federativo. acumulável na forma desta Constituição, cargo em
§ 2º Os proventos de aposentadoria não poderão comissão declarado em lei de livre nomeação e exo-
neração, e de cargo eletivo.
ser inferiores ao valor mínimo a que se refere o §
§ 12. Além do disposto neste artigo, serão observa-
2º do art. 201 ou superiores ao limite máximo esta-
dos, em regime próprio de previdência social, no
belecido para o Regime Geral de Previdência Social,
que couber, os requisitos e critérios fixados para o
observado o disposto nos §§ 14 a 16.
Regime Geral de Previdência Social.
§ 3º As regras para cálculo de proventos de § 13. Aplica-se ao agente público ocupante, exclusi-
aposentadoria serão disciplinadas em lei do res- vamente, de cargo em comissão declarado em lei de
pectivo ente federativo. livre nomeação e exoneração, de outro cargo tem-
§ 4º É vedada a adoção de requisitos ou crité- porário, inclusive mandato eletivo, ou de emprego
rios diferenciados para concessão de benefícios público, o Regime Geral de Previdência Social.
em regime próprio de previdência social, ressalva- § 14. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
do o disposto nos §§ 4º-A, 4º-B, 4º-C e 5º. Municípios instituirão, por lei de iniciativa do respec-
§ 4º-A. Poderão ser estabelecidos por lei comple- tivo Poder Executivo, regime de previdência comple-
mentar do respectivo ente federativo idade e tempo mentar para servidores públicos ocupantes de cargo
de contribuição diferenciados para aposentadoria efetivo, observado o limite máximo dos benefícios do
de servidores com deficiência, previamente sub- Regime Geral de Previdência Social para o valor das
metidos a avaliação biopsicossocial realizada por aposentadorias e das pensões em regime próprio de
278 equipe multiprofissional e interdisciplinar. previdência social, ressalvado o disposto no § 16.
§ 15. O regime de previdência complementar de que z Desconstitucionalização das regras de previdência,
trata o § 14 oferecerá plano de benefícios somente de modo que vários regramentos sobre aposenta-
na modalidade contribuição definida, observará o doria e pensão passaram a ser de competência de
disposto no art. 202 e será efetivado por intermédio lei infraconstitucional;
de entidade fechada de previdência complementar z Nova mudança no cálculo da pensão;
ou de entidade aberta de previdência complementar. z Maior aproximação do RGPS e RPPS;
§ 16 - Somente mediante sua prévia e expressa z Modificações no abono de permanência;
opção, o disposto nos §§ 14 e 15 poderá ser aplicado z Previsão de readaptação antes de aposentadoria
ao servidor que tiver ingressado no serviço público por incapacidade permanente;
até a data da publicação do ato de instituição do cor- z Inclusão dos agentes políticos ocupantes de man-
respondente regime de previdência complementar. dato eletivo nas regras do RGPS;
§ 17. Todos os valores de remuneração conside- z Exclusão da aposentadoria apenas por tempo de
rados para o cálculo do benefício previsto no § 3º contribuição;
serão devidamente atualizados, na forma da lei.
z Regras especiais para carreiras policiais previstas
§ 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de
na CF.
aposentadorias e pensões concedidas pelo regime
de que trata este artigo que superem o limite máxi-
mo estabelecido para os benefícios do regime geral No que tange à aposentadoria, suas modalidades
de previdência social de que trata o art. 201, com são:
percentual igual ao estabelecido para os servidores
titulares de cargos efetivos. z Voluntária: quando se dá por livre e espontânea
§ 19. Observados critérios a serem estabelecidos vontade desde que cumpridos os requisitos dispos-
em lei do respectivo ente federativo, o servidor titu- tos a seguir:
lar de cargo efetivo que tenha completado as exi-
gências para a aposentadoria voluntária e que opte HOMEM MULHER
por permanecer em atividade poderá fazer jus a um
abono de permanência equivalente, no máximo, ao IDADE 65 anos 62 anos
valor da sua contribuição previdenciária, até com-
pletar a idade para aposentadoria compulsória. TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO 25 anos 25 anos
§ 20. É vedada a existência de mais de um regime
TEMPO NO SERVIÇO
próprio de previdência social e de mais de um órgão 10 anos 10 anos
ou entidade gestora desse regime em cada ente PÚBLICO
federativo, abrangidos todos os poderes, órgãos e TEMPO NA CARREIRA 5 anos 5 anos
entidades autárquicas e fundacionais, que serão
responsáveis pelo seu financiamento, observados
os critérios, os parâmetros e a natureza jurídica No caso dos professores dos ensinos infantil, fun-
definidos na lei complementar de que trata o § 22. damental e médio, conta-se com a redução de 5 anos
§ 21. (Revogado). do requisito etário, ou seja, 60 anos para os homens e
§ 22. Vedada a instituição de novos regimes pró- 57 anos para as mulheres. Atenção! Essa regra não se
prios de previdência social, lei complementar aplica aos professores do ensino superior.
federal estabelecerá, para os que já existam, nor- Vejamos o texto da Súmula nº 726, do STF:
mas gerais de organização, de funcionamento e de
responsabilidade em sua gestão, dispondo, entre Súmula nº 726 Para efeito de aposentadoria espe-
outros aspectos, sobre: cial de professores, não se computa o tempo de ser-
I - requisitos para sua extinção e consequente migra- viço prestado fora da sala de aula.
ção para o Regime Geral de Previdência Social;
II - modelo de arrecadação, de aplicação e de utili-
z Involuntária: quando se dá independentemente
zação dos recursos;
da vontade do servidor, em virtude de:
III - fiscalização pela União e controle externo e social;
IV - definição de equilíbrio financeiro e atuarial;
V - condições para instituição do fundo com finali- „ Incapacidade permanente, sendo necessário
dade previdenciária de que trata o art. 249 e para que se proceda a readaptação do servidor antes
vinculação a ele dos recursos provenientes de con- do procedimento para a aposentadoria;
tribuições e dos bens, direitos e ativos de qualquer „ Adimplemento de idade limite (aposentadoria
natureza; compulsória aos 70 ou aos 75 anos de idade, na
VI - mecanismos de equacionamento do deficit atuarial; forma da Lei Complementar nº 152/2015).
VII - estruturação do órgão ou entidade gestora do
DIREITO CONSTITUCIONAL

regime, observados os princípios relacionados com A CF/88 estabelece, ainda, o direito de utilizar,
governança, controle interno e transparência; para fins de aposentadoria, o tempo de serviço desem-
VIII - condições e hipóteses para responsabilização penhado em outro ente da Federação ou na iniciativa
daqueles que desempenhem atribuições relacio- privada. Por exemplo: uma pessoa que trabalhou 8
nadas, direta ou indiretamente, com a gestão do (oito) anos em uma empresa antes de ser aprovada
regime; em concurso público estadual pode considerar esse
IX - condições para adesão a consórcio público; tempo no cálculo final do tempo de serviço.
X - parâmetros para apuração da base de cálculo e
definição de alíquota de contribuições ordinárias e
extraordinárias. Importante!
Regra: Veda-se a aposentadoria especial;

O art. 40, da CF/88, regulamenta o Regime Previ-
Exceção: vide §§ 4º-A, 4º-B, 4º-C e 5º, art. 40.

denciário Próprio de Previdência Social. Em sínte-
Em síntese:
se, o sistema previdenciário do servidor público foi
alterado com a EC nº 103/19 da seguinte forma: Servidores com deficiência;
� 279
Agente penitenciário;
� Salienta-se que ele fará jus ao recebimento de
Agente socioeducativo;
� todas as vantagens que teria auferido no período em
Policial das carreiras do art. 144 (Segurança
� que ficou desligado, inclusive das promoções por anti-
Pública) e policiais da Câmara e do Senado guidade que teria conquistado.
Federal; É possível, também, que decisão administrativa
Atividades que prejudiquem à saúde (aque-
� invalide a demissão.
las exercidas com efetiva exposição a agen- No caso de o cargo anteriormente ocupado pelo
tes químicos, físicos e biológicos prejudiciais servidor ter sido extinto, ele será reintegrado ao ser-
viço público, porém ficará em disponibilidade remu-
à saúde, ou associação desses agentes).
nerada até seu adequado aproveitamento em outro
cargo. Já no caso de o cargo provido ter sido ocupado
Art. 41 São estáveis após três anos de efetivo por outro servidor, o ocupante será reconduzido ao
exercício os servidores nomeados para cargo de cargo de origem, sem direito à indenização, ou apro-
provimento efetivo em virtude de concurso público. veitado em outro cargo, ou, ainda, posto em disponi-
§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo: bilidade enquanto o servidor reintegrado voltará a
I - em virtude de sentença judicial transitada exercer o seu cargo.
em julgado;
II - mediante processo administrativo em que lhe
seja assegurada ampla defesa;
III - mediante procedimento de avaliação perió-
dica de desempenho, na forma de lei complemen-
DA ORGANIZAÇÃO DOS PODERES
tar, assegurada ampla defesa.
§ 2º Invalidada por sentença judicial a demis- DO PODER JUDICIÁRIO
são do servidor estável, será ele reintegrado, e o
eventual ocupante da vaga, se estável, reconduzi- Disposições Gerais
do ao cargo de origem, sem direito a indenização,
aproveitado em outro cargo ou posto em disponi- Mais do que o Poder incumbido da função e pres-
bilidade com remuneração proporcional ao tempo tação jurisdicional, é o Poder Judiciário o guardião
de serviço. da Constituição e garantidor dos direitos fundamen-
§ 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desne- tais. A função jurisdicional só pode ser desempenhada
cessidade, o servidor estável ficará em disponi- pelo Poder Judiciário, único poder capaz de produzir
bilidade, com remuneração proporcional ao decisões que venham se revestir da força de coisa
tempo de serviço, até seu adequado aproveita-
julgada.
mento em outro cargo.
§ 4º Como condição para a aquisição da esta-
bilidade, é obrigatória a avaliação especial de Órgãos Do Poder Judiciário e Competências
desempenho por comissão instituída para essa
finalidade. O Judiciário não é subordinado ao governo e suas
principais características são a independência, auto-
Por fim, o art. 41, da CF/88, trata da estabilidade, nomia e a imparcialidade, fundamentais para que a
que prevê a regra de que a estabilidade é adquirida lei possa ser aplicada ao caso concreto até mesmo em
após três anos de efetivo exercício. Trata-se de uma desfavor do governo e da administração.
garantia constitucional de permanência no serviço A função típica do Poder Judiciário é a prestação
público outorgada ao servidor aprovado em concurso jurisdicional, mas este também exerce funções atípi-
público e nomeado a cargo de provimento efetivo, que cas, legislativas, como a edição de normas regimentais
tenha transposto o período de estágio probatório e de seus órgãos, e administrativas, como a concessão de
aprovado na avaliação especial de desempenho. Uma férias aos seus membros e serventuários e o provimento
vez efetivo, o servidor só perderá o cargo em três dos cargos de juiz de carreira na respectiva jurisdição.
hipóteses: sentença judicial transitada em julgado; Para garantir a independência do exercício da
processo administrativo e procedimento de avaliação jurisdição, os membros do Poder judiciário gozam de
periódica de desempenho. algumas garantias, tais como: vitaliciedade, inamo-
Explicando melhor, para a contratação de pessoal vibilidade e irredutibilidade de vencimentos.
na Administração Pública, é realizado concurso públi- Importante também mencionar que a Constituição
co para preenchimento de cargos públicos. Com isso, Federal reconhece implicitamente apenas 2 graus de
a pessoa que foi aprovada dentro do número de vagas jurisdição – pelo princípio do duplo grau de jurisdição.
previstas no certame tem o direito de ser nomeada Isso porque, a competência do STJ e STF não consiste
para o cargo público. Com a nomeação, essa pessoa em uma terceira e/ou quarta análise meritória ou do
assina o termo de posse e pode, a partir de então, exer- caso concreto, por meio dos Recursos Especiais ou
cer efetivamente o cargo público. Nos primeiros três Extraordinários, respectivamente, mas sim, de lesão ou
anos de exercício, esse servidor passa por um período ameaça a preceitos infralegais ou constitucionais, pelo
de avaliação. Trata-se do estágio probatório, ou seja, que não caracterizam necessariamente, instâncias do
um período que será analisado seu desempenho fun- judiciário. Ademais, o STF salienta que o cumprimento
cional. Completados três anos de serviço público e da pena deve começar após esgotamento de recursos
aprovado no estágio probatório, o servidor adquire a em todas as instâncias e não após decisão de 2ª instân-
denominada estabilidade. cia transitada em julgado.
O dispositivo estabelece, ainda, a possibilidade de Os arts. 92 a 126, da CF/88, disciplinam o Poder
reintegração, ou seja, o retorno, por meio de decisão Judiciário. Vejamos, a seguir, o texto do art.92:
judicial, do servidor público ilegalmente desligado
ao cargo de origem ou ao cargo resultante de sua Art. 92 São órgãos do Poder Judiciário:
280 transformação. I - o Supremo Tribunal Federal;
I-A o Conselho Nacional de Justiça; „ CNJ: não há condição de idades mínima e
II - o Superior Tribunal de Justiça; máxima;
II-A - o Tribunal Superior do Trabalho; „ TSE: mínima de 35 anos e não há idade máxima.
III - os Tribunais Regionais Federais e Juízes
Federais;
Obs.: Para os membros do TSE, não há idade com-
IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho;
pulsória. Dos 7 membros, 3 vêm do STF, 2 do STJ e 2
V - os Tribunais e Juízes Eleitorais;
VI - os Tribunais e Juízes Militares; são advogados;
VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito STM – idade para os ministros civis: mais de 35
Federal e Territórios. anos, não fixando a idade máxima. Não há limite etá-
§ 1º O Supremo Tribunal Federal, o Conselho Nacio- rio para os ministros militares.
nal de Justiça e os Tribunais Superiores têm sede na
Capital Federal.
§ 2º O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais
Superiores têm jurisdição em todo o território HORA DE PRATICAR!
nacional.
1. (TJ-SP – VUNESP – 2018) De acordo com texto
A denominada 1ª instância é composta pelos Juí- expresso na Constituição da República Federativa do
zes Federais e Juizados Especiais Federais (JEF), Jui- Brasil (CRFB/88), é correto afirmar que a lei
zes Estaduais e Juizado Especial Cível e Criminal (JEC/
JECRIM), Auditorias militares, Juízes Militares e Juntas a) poderá excluir da apreciação do Poder Judiciário lesão
eleitorias e Juízes do Trabalho.
ou ameaça a direito.
Já em 2ª instância, têm-se os Tribunais Regionais
b) deverá punir ato atentatório a liberdades com penas
Federais, os Tribunais de Justiça, os Tribunais Regio-
restritivas de direito.
nais Eleitorais e os Tribunais Regionais do Trabalho e,
c) assegurará aos autores de inventos industriais privilé-
em caso de guerra, o Tribunal Militar.
gio permanente para sua utilização.
O Tribunal Militar tem previsão apenas para os
tempos de guerra. Em tempos de paz, a reaprecia- d) regulará a individualização da pena e adotará, entre
ção das decisões das auditorias militares compete ao outras, a perda de bens.
Superior Tribunal Militar. e) penal sempre retroagirá, seja para beneficiar ou não o
Além disso, Estados-membros cujo efetivo da Polí- réu.
cia Militar e dos Bombeiros for superior a 20 mil inte-
grantes poderão constituir Tribunal de Justiça Militar. 2. (TJ-SP – VUNESP – 2018) Salvo em caso de guerra
Importante esclarecer que o princípio do duplo declarada, nos termos expressos da Constituição da
grau de jurisdição não se encontra previsto expressa- República Federativa do Brasil (CRFB/88), não haverá
mente nem implicitamente. Ele existe nas leis proces- penas
suais, nos Códigos de Processo Penal e Processo Civil.
Não são todos os casos que estão sujeitos ao duplo a) de trabalhos forçados.
grau de jurisdição. Por exemplo, no julgamento com b) de caráter perpétuo.
prerrogativa de foro que ocorre diretamente perante o c) de expulsão.
STF não há possibilidade de reanálise da decisão. d) de banimento.
Como Tribunais Superiores, têm-se o Supremo e) de morte.
Tribunal Federal (STF), o Superior Tribunal de Justi-
ça (STJ), o Superior Tribunal Militar (STM), o Tribu- 3. (TJ-SP – VUNESP – 2015) João é ex-jogador de fute-
nal Superior Eleitoral (TSE) e o Tribunal Superior do bol e, embora não graduado em Educação Física, é
Trabalho (TST). Cabe destacar que estes não são con- treinador e monitor de uma escola de futebol. João
siderados órgãos de 3ª instância, mas tribunais com não tem registro no Conselho Regional de Educação
competências específicas, tanto originárias quanto Física – CREF e está sendo compelido, pelo Conselho
recursais, fixadas pela própria CF.
Regional de sua cidade, a ter registro em seus qua-
O Supremo Tribunal Federal, o Conselho Nacional
dros. O advogado de João explicou-lhe corretamente
de Justiça e os Tribunais Superiores têm sede na Capital
que, nos termos da Constituição Federal,
Federal, Brasília e jurisdição em todo o território nacional.
DIREITO CONSTITUCIONAL

a) seu registro nos quadros do CREF não será obrigatório,


z Composição dos Tribunais Superiores:
ainda que haja lei estabelecendo sua obrigatoriedade,
uma vez que a Constituição assegura a liberdade de
„ STF: 11 ministros;
„ STM: 15 ministros; exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão.
„ TSE: 7 ministros; b) o CREF pode obrigá-lo a ter registro, independente-
„ TST: 27 ministros; mente de qualquer disposição legal, já que possui
„ STJ: 33 ministros; poder de polícia.
„ CNJ: 15 membros. c) não poderá exercer a profissão de treinador e monitor
de futebol caso não haja lei que regulamente essa pro-
z Idades mínima e máxima de ingresso: fissão, sendo, nessa hipótese, descabida a exigência
de registro nos quadros do CREF.
„ STF: mínima de 35 e máxima de 65 anos; d) seu registro nos quadros do CREF será obrigatório
„ STJ: mínima de 35 e máxima de 65 anos; caso haja lei que imponha essa obrigatoriedade, não
„ TST: mínima de 35 e máxima de 65 anos; sendo suficiente norma interna do CREF a respeito. 281
e) o CREF só pode obrigá-lo a ter registro se houver nor- b) participação nos lucros, ou resultados, desvinculada
ma interna desse Conselho que imponha a treinado- da remuneração, conforme definido em lei.
res e monitores de futebol terem registro em seus c) piso salarial proporcional à extensão e à complexida-
quadros. de do trabalho.
d) jornada de seis horas para trabalho realizado em tur-
4. (TJ-SP – VUNESP – 2015) Segundo a Constituição nos ininterruptos de revezamento.
Federal, é correto afirmar que e) proteção em face da automação, na forma da lei.

a) não pode haver prisão civil por dívida, exceto nos ter- 9. (TJ-SP – VUNESP – 2017) É direito constitucional dos
mos estabelecidos pela própria Constituição. trabalhadores urbanos e rurais:
b) não é possível a concessão de habeas corpus quan-
do alguém se ache ameaçado de sofrer violência ou a) seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do
coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalida- empregador, sem excluir a indenização a que este está
de ou abuso de poder, devendo a violência ou coação obrigado quando incorrer em dolo ou culpa.
estarem concretizadas. b) aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, no
c) pode ser concedido mandado de injunção caso a nor- máximo de trinta dias, nos termos da lei.
c) remuneração do serviço extraordinário superior em,
ma regulamentadora viole o exercício dos direitos e
no mínimo, trinta por cento à do serviço normal.
liberdades constitucionais.
d) assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o
d) conceder-se-á mandado de segurança para proteger
nascimento até os 06 (seis) anos de idade em creches
direito líquido e certo, ainda que amparado por habeas
e pré-escolas.
corpus ou habeas data, quando o responsável pela ile-
e) licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salá-
galidade ou abuso de poder for autoridade pública ou
rio, com a duração de cento e oitenta dias.
agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições
do Poder Público. 10. (TJ-SP – VUNESP – 2017) Maria, brasileira, estava
e) qualquer cidadão é parte legítima para impetrar man- grávida quando viajou para a Alemanha. Em virtude
dado de segurança coletivo. de complicações de saúde, seu bebê nasceu antes
do tempo, quando Maria ainda estava na Alemanha.
5. (TJ-SP – VUNESP – 2017) Sempre que a falta de nor- Considerando apenas os dados apresentados, pode-
ma regulamentadora torne inviável o exercício dos -se afirmar que, nos termos da Constituição Federal, o
direitos e liberdades constitucionais, conceder-se-á filho de Maria será considerado

a) mandado de segurança. a) brasileiro nato, bastando que o pai do bebê também


b) ação de descumprimento de preceito fundamental. seja brasileiro, nato ou naturalizado.
c) habeas data. b) brasileiro naturalizado desde que opte, em qualquer
d) mandado de injunção. tempo, depois de atingida a maioridade, pela naciona-
e) mandado de segurança coletivo. lidade brasileira.
c) brasileiro nato se Maria estiver, na Alemanha, a serviço
6. (TJ-SP – VUNESP – 2018) Em relação à Ação Popular, da República Federativa do Brasil.
é correto afirmar que d) brasileiro nato, pois Maria é brasileira.
e) brasileiro nato, bastando que venha a residir na Repú-
a) serão devidas as custas judiciais e ônus de blica Federativa do Brasil.
sucumbência.
11. (TJ-SP – VUNESP – 2015) Ricardo, cuja mãe é brasi-
b) a improcedência torna devidos os honorários de
leira e cujo pai é chileno, nasceu no México, durante
sucumbência.
uma viagem de sua mãe a esse país, a serviço do Bra-
c) serão devidas as custas, desde que comprovada a
sil. Nos termos da Constituição Federal, Ricardo
má-fé do autor.
d) haverá pagamento de custas pelo autor no caso de a) é brasileiro nato.
nova ação. b) poderá naturalizar-se brasileiro caso venha a residir
e) a improcedência por carência de provas evidencia a por pelo menos 1 ano ininterrupto no Brasil.
má-fé do autor da ação popular.
c) poderá naturalizar-se brasileiro caso opte, a qualquer
tempo, pela nacionalidade brasileira, ainda que resida
7. (TJ-SP – VUNESP – 2018) Conforme dispõe expressa-
no estrangeiro.
mente o texto constitucional, são gratuitas as ações de
d) será considerado brasileiro nato, desde que sua mãe
a) mandado de segurança e habeas corpus. retorne ao Brasil imediatamente após o término do
b) habeas corpus e habeas data. serviço.
c) habeas corpus e mandado de injunção. e) não poderá naturalizar-se brasileiro, uma vez que seu
d) mandado de segurança e mandado de segurança pai é chileno.
coletivo.
e) mandado de segurança e habeas data. 12. (TJ-SP – VUNESP – 2017) Luiz ocupa cargo em
comissão como assessor em um órgão público fede-
8. (TJ-SP – VUNESP – 2018) São assegurados, nos ter- ral para o qual foi nomeado sem se submeter à apro-
mos da Constituição da República Federativa do Brasil, vação prévia em concurso público de provas ou de
(CRFB/88) à categoria dos trabalhadores domésticos provas e títulos. Descontente em relação ao seu venci-
os seguintes direitos: mento, Luiz entrou em greve, seguindo orientação do
sindicato ao qual é associado. Sobre essa situação, e
a) reconhecimento das convenções e acordos coletivos levando-se em conta o que estabelece a Constituição
282 de trabalho. Federal, é correto afirmar que
a) a investidura de Luiz ao cargo não obedece aos precei- d) os detentores de mandato eletivo não poderão ser
tos constitucionais. remunerados exclusivamente por subsídio fixado em
b) Luiz, por ocupar cargo em comissão, não goza do parcela única.
direito à livre associação sindical. e) a União, os Estados e o Distrito Federal manterão esco-
c) Luiz, por ser servidor público, não goza do direito à las de governo para a formação e o aperfeiçoamento
livre associação sindical. dos servidores públicos, constituindo-se a participa-
d) Luiz, por ser servidor público, goza do direito à greve ção nos cursos um dos requisitos para a manutenção
nos termos e nos limites definidos em lei específica. do servidor na carreira.
e) Luiz, por ocupar cargo em comissão, não goza do
direito à greve.

13. (TJ-SP – VUNESP – 2012) Tércio Romano é emprega- GABARITO COMENTADO


do na área administrativa de uma sociedade de eco-
nomia mista e foi convidado para ser assessor de um 1.
Vereador do Município onde é domiciliado. Tércio tem
dúvida se pode, legalmente, aceitar a indicação para Em “a”: Errado – XXXV - a lei não excluirá da
este cargo em comissão remunerado. apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a
Nessa situação, com base no que dispõe a Constitui- direito;
ção Federal sobre a acumulação de cargos públicos, é Em “b”: Errado – XLI - a lei punirá qualquer dis-
correto afirmar que Tércio
criminação atentatória dos direitos e liberdades
fundamentais;
a) está autorizado a acumular o cargo público com o
Em “c”: Errado – XXIX - a lei assegurará aos auto-
emprego, uma vez que, em ambos, Tércio exercerá
res de inventos industriais privilégio temporário
funções técnicas, que admitem a acumulação.
para sua utilização, bem como proteção às criações
b) poderá acumular o cargo público com o seu empre-
industriais, à propriedade das marcas, aos nomes
go, uma vez que este é vinculado a uma sociedade de
de empresas e a outros signos distintivos, tendo em
economia mista, o que não impede a acumulação de
cargos no serviço público. vista o interesse social e o desenvolvimento tecnoló-
c) não poderá acumular o cargo de assessor de Vereador gico e econômico do País.
com o seu emprego, por vedação Constitucional, exce- Em “d”: Certo – XLVI - a lei regulará a individuali-
to se for exercer função técnica ou na área da saúde. zação da pena e adotará, entre outras, as seguintes:
d) não poderá aceitar o cargo de assessor do Vereador, a. privação ou restrição da liberdade;
sob pena de violar a Constituição, que não permite tal b. perda de bens;
acumulação. c. multa;
e) poderá acumular o cargo público com o seu emprego, d. prestação social alternativa;
apenas se houver compatibilidade de horários. e. suspensão ou interdição de direitos;
Em “e”: Errado – XL - a lei penal não retroagirá, sal-
14. (TJ-SP – VUNESP – 2017) Nos termos da Constitui- vo para beneficiar o réu;
ção Federal, extinto o cargo, o servidor público estável Resposta: Letra D.
ficará em disponibilidade
2.
a) com remuneração integral, até seu adequado aprovei-
tamento em outro cargo. A pena de morte é uma exceção no caso de guerra
b) com remuneração proporcional ao tempo de serviço, declarada.
até seu adequado aproveitamento em outro cargo. CONSTITUIÇÃO FEDERAL
c) sem remuneração, até seu adequado aproveitamento ARTIGO 5º
em outro cargo. XLVII - não haverá penas:
d) com remuneração integral, até serem preenchidas as a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos
condições necessárias para sua aposentadoria. termos do art. 84, XIX;
e) com remuneração proporcional ao tempo de serviço, b) de caráter perpétuo;
até serem preenchidas as condições necessárias para c) de trabalhos forçados;
sua aposentadoria. d) de banimento;
e) cruéis;
15. (TJ-SP – VUNESP – 2017) Sobre os servidores públicos, Resposta: Letra E.
DIREITO CONSTITUCIONAL

a Constituição Federal estabelece expressamente que


3.
a) os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário publica-
rão semestralmente os valores do subsídio e da remu- Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção
neração dos cargos e empregos públicos. de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros
b) ato do chefe do Poder Executivo da União, dos Esta- e aos estrangeiros residentes no País a inviolabili-
dos, do Distrito Federal e dos Municípios poderá esta- dade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
belecer a relação entre a maior e a menor remuneração segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
dos servidores públicos. II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer
c) lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos alguma coisa senão em virtude de lei;
Municípios disciplinará a aplicação de recursos orça- XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício
mentários provenientes da economia com despesas ou profissão, atendidas as qualificações profissio-
correntes em cada órgão, autarquia e fundação, para nais que a lei estabelecer;
aplicação no desenvolvimento de programas de quali- Em “a”: Errado – Nesse caso será obrigatório, se a
dade e produtividade. lei estabelecer; 283
Em “b”: Errado – Independentemente de qualquer 6.
legislação, não.
Em “c”: Errado – Não é descabida tal exigência. CF/88 artº 5 LXXIII - qualquer cidadão é parte legí-
Em “e”: Errado – É preciso lei. tima para propor ação popular que vise a anular
Resposta: Letra D. ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de
que o Estado participe, à moralidade administra-
4. tiva, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico
e cultural, ficando o autor, salvo comprovada
Em “a”: Certo – A própria CF veda e ela mesma má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da
impõe exceções, vejamos: sucumbência;
Art. 5 LXVII - não haverá prisão civil por dívida, Remédios Constitucionais (ações, garantias,
salvo a do responsável pelo inadimplemento volun- writs - não são direitos)
tário e inescusável de obrigação alimentícia e a do - Habeas Corpus: direito de locomoção.
depositário infiel. - Habeas Data: direito de informação pessoal.
Em “b”: Errado – Art. 5 LXVIII - conceder-se-á habeas
- Mandado de segurança: direito líquido e certo.
corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaça-
- Mandado de injunção: omissão legislativa.
do de sofrer violência ou coação em sua liberdade de
locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder. - Ação Popular: ato lesivo.
Em “c”: Errado – Art. 5 LXXI - conceder-se-á mandado de Resposta: Letra C.
injunção sempre que a falta de norma regulamenta-
dora torne inviável o exercício dos direitos e liberda- 7.
des constitucionais e das prerrogativas inerentes
à nacionalidade, à soberania e à cidadania. Em “b”: Certo – habeas corpus e habeas data.
Em “d”: Errado – Art. 5 LXIX - conceder-se-á man- LXXVII - são gratuitas as ações de habeas corpus e
dado de segurança para proteger direito líquido e habeas data, e, na forma da lei, os atos necessários
certo, não amparado por habeas corpus ou habeas ao exercício da cidadania.
data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso - Habeas Corpus: direito de locomoção. (gratuito)
de poder for autoridade pública ou agente de pessoa - Habeas Data: direito de informação pessoal. (gratuito)
jurídica no exercício de atribuições do Poder Público. - Mandado de segurança: direito líquido e certo. (pago)
Em “e”: Errado – Art. 5 LXXIII - qualquer cida-
- Mandado de injunção: omissão legislativa. (pago)
dão é parte legítima para propor ação popular que
- Ação Popular: ato lesivo. (gratuito, salvo má fé)
vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de
entidade de que o Estado participe, à moralidade admi- Resposta: Letra B.
nistrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico
e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, 8.
isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência.
Resposta: Letra A. Em “a”: Certo – Art. 7º São direitos dos trabalha-
dores urbanos e rurais, além de outros que visem à
5. melhoria de sua condição social: XXVI - reconhe-
cimento das convenções e acordos coletivos de
Em “a”: Errado – Art.5 LXIX - conceder-se-á man- trabalho;
dado de segurança para proteger direito líquido e Em “b”, “c”, “d” e “e”: Errado – Não foram assegura-
certo, não amparado por habeas corpus ou habeas dos aos domésticos.
data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso Não foram assegurados aos domésticos:
de poder for autoridade pública ou agente de pessoa - piso salarial;
jurídica no exercício de atribuições do Poder Público. - Participação nos lucros e resultados;
Em “b”: Errado – Art.103 e 102 § 1º A argüição - Jornada de 6 horas;
de descumprimento de preceito fundamental, - Proteção do mercado de trabalho da mulher;
decorrente desta Constituição, será apreciada pelo - Prazo prescricional de cinco anos para os traba-
Supremo Tribunal Federal, na forma da lei.
lhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos
Em “c”: Errado – Art.5 LXXII - conceder-se-á habeas
após a extinção do contrato de trabalho (embora
data: para assegurar o conhecimento de informa-
a CF não tenha assegurado tal direito de forma
ções relativas à pessoa do impetrante, constantes de
expressa, a lei nº150 tratou do assunto e assegurou
registros ou bancos de dados de entidades governa-
a prescrição quinquenal e bienal ao doméstico);
mentais ou de caráter público; para a retificação de
- Adicionais de remuneração (atividades penosas,
dados, quando não se prefira fazê-lo por processo
sigiloso, judicial ou administrativo. insalubres e perigosas);
Em “d”: Certo – Art.5 LXXI - conceder-se-á manda- - Proteção em face da automação;
do de injunção sempre que a falta de norma regu- - Igualdade de direitos entre o trabalhador avulso e
lamentadora torne inviável o exercício dos direitos o trabalho com vínculo empregatício
e liberdades constitucionais e das prerrogativas ine- - Proibição de distinção entre o trabalho manual,
rentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania. técnico e intelectual.
Em “e”: Errado – Art.5 LXX - o mandado de segu- Resposta: Letra A.
rança coletivo pode ser impetrado por: partido
político com representação no Congresso Nacional; 9.
organização sindical, entidade de classe ou asso-
ciação legalmente constituída e em funcionamento Em “a”: Certo – Art.7º XXVIII - seguro contra aci-
há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de dentes de trabalho, a cargo do empregador, sem
seus membros ou associados. excluir a indenização a que este está obrigado,
284 Resposta: Letra D. quando incorrer em dolo ou culpa;
Em “b”: Errado – Art.7º XXI - aviso prévio proporcio- II - naturalizados:
nal ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trin- a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalida-
ta dias, nos termos da lei; de brasileira, exigidas aos originários de países de
Em “c”: Errado – Art.7º XVI - remuneração do ser- língua portuguesa apenas residência por um ano
viço extraordinário superior, no mínimo, em cin- ininterrupto e idoneidade moral;
quenta por cento à do normal; b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, resi-
Em “d”: Errado – Art.7º XXV - assistência gratuita dentes na República Federativa do Brasil há mais de
aos filhos e dependentes desde o nascimento até 5 quinze anos ininterruptos e sem condenação penal,
(cinco) anos de idade em creches e pré-escolas;
desde que requeiram a nacionalidade brasileira.
Em “e”: Errado – Art.7º XVIII - licença à gestante,
§ 1º Aos portugueses com residência permanente no
sem prejuízo do emprego e do salário, com a dura-
ção de cento e vinte dias; País, se houver reciprocidade em favor de brasilei-
Resposta: Letra A. ros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasi-
leiro, salvo os casos previstos nesta Constituição.
10. § 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre
brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos
Em “a”: Errado – O fato de ambos os pais serem previstos nesta Constituição.
brasileiros não é suficiente para que seu filho seja Resposta: Letra A.
brasileiro nato, uma vez que ele nasceu no exterior.
Em “b”: Errado – A naturalização ocorre nas hipó- 12.
teses previstas no art. 12, II, CF/88:
Em “a”: Errado – Uma vez sendo servidor público
Art. 12. São brasileiros:
(…) (independente de comissionado ou efetivo), Luiz
II – naturalizados: gozará do direito à livre associação sindical, con-
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalida- forme previsão constante no artigo 37, inciso VI da
de brasileira, exigidas aos originários de países de CB/88.
língua portuguesa apenas residência por um ano Em “b”: Errado – Há de se entender que uma das for-
ininterrupto e idoneidade moral; mas para se ingressar no serviço público é através
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, resi- de nomeação para cargos em comissão, onde tais
dentes na República Federativa do Brasil há mais de cargos são de livre nomeação e exoneração, con-
quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, forme previsão constante no artigo 37, inciso II (2ª
desde que requeiram a nacionalidade brasileira. parte) da CB/88.
Em “c”: Certo – Segundo o art. 12, I, alínea “c”, são Em “c”: Errado – Mesmo Luiz sendo funcionário
brasileiros natos “os nascidos no estrangeiro de pai comissionado, tem direito à greve, pelo fato de que
brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam todos os servidores podem participar da greve, des-
registrados em repartição brasileira competente ou de que ela seja aprovada em assembleia do Sindi-
venham a residir na República Federativa do Brasil cato que representa a categoria (independente de
e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a
funcionário/servidor efetivo ou comissionado), mes-
maioridade, pela nacionalidade brasileira”.
mo não sendo sindicalizado. E tal fator não contra-
Em “d”: Errado – O simples fato de Maria ser brasi-
leira não é suficiente para que seu filho seja brasi- ria a previsão constante no artigo 37, inciso VII da
leiro nato, uma vez que ele nasceu no exterior. CB/88.
Em “e”: Errado – Segundo o art. 12, I, alínea “c”, Em “d”: Certo – Mesmo Luiz sendo funcionário
são brasileiros natos “os nascidos no estrangeiro de comissionado, tem direito a greve, vez que o sindi-
pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam cato da categoria representa todos os funcionários,
registrados em repartição brasileira competente ou que assinam o ‘ponto de greve’ e Luiz se inclui entre
venham a residir na República Federativa do Brasil os funcionários públicos (independente de funcioná-
e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a rio/servidor efetivo ou comissionado) mesmo não
maioridade, pela nacionalidade brasileira”. sendo sindicalizado. E tal fator não contraria a pre-
Resposta: Letra C. visão constante no artigo 37, inciso VI da CB/88.
Em “e”: Errado – Luiz, por ser servidor público, goza
11. do direito à greve nos termos e nos limites definidos
em lei específica.
DIREITO CONSTITUCIONAL

Em “a”: Certo – É brasileiro nato. Resposta: Letra D.


Art. 12. São brasileiros:
I - natos: 13.
a) os nascidos na República Federativa do Brasil,
ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não
Em “a”: Errado – Não poderá acumular, pois inci-
estejam a serviço de seu país;
de o dispositivo constitucional (art. 37, XVI, CF) que
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou
mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a impossibilita a acumulação de dois cargos técnicos,
serviço da República Federativa do Brasil; lembre-se que o dispositivo em questão é aplicável
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou tanto na administração direta como na indireta.
de mãe brasileira, desde que sejam registrados em Em “b”: Errado – A norma de vedação à acumu-
repartição brasileira competente ou venham a resi- lação aplica-se também a administração indireta
dir na República Federativa do Brasil e optem, em (Empresa Pública, Sociedade de Economia Mista,
qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, Fundações Públicas e Autarquias), conforme artigo
pela nacionalidade brasileira; 37 caput. 285
Em “c”: Errado – É vedado a acumulação neste caso. ANOTAÇÕES
A impossibilidade ainda persistirá se ele exercer o
cargo em comissão + função técnica ou na área da
saúde.
Em “d”: Certo – A acumulação de cargo técnico +
cargo em comissão (que também é técnico) é vedado
pela CF.
Em “e”: Errado – Mesmo que haja compatibilida-
de de horário, a proibição de acumulação de car-
go técnico + cargo em comissão (= cargo técnico) é
aplicável ao caso. Assim, para aceitar o cargo em
comissão ele deveria pedir exoneração do cargo
técnico.
Resposta: Letra D.

14.

(Art. 41, §§ 2º e 3º)


→ Servidor reintegrado - o ocupante do cargo, se
estável, será aproveitado em outro cargo ou pos-
to em disponibilidade → remuneração proporcio-
nal ao tempo de serviço.
→ Cargo extinto/desnecessário - o ocupante do
cargo, se estável, ficará em disponibilidade →
remuneração proporcional ao tempo de serviço.
Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade,
o servidor estável ficará em disponibilidade, com
remuneração proporcional ao tempo de serviço, até
seu adequado aproveitamento em outro cargo.
Resposta: Letra B.

15.

Em “a”: Errado – Os Poderes Executivo, Legislativo


e Judiciário publicarão anualmente os valores do
subsídio e da remuneração dos cargos e empregos
públicos (art. 39, § 7º, CF/88).
Em “b”: Errado – Segundo o art. 39, § 5º, CF/88,
“lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios poderá estabelecer a relação entre
a maior e a menor remuneração dos servidores
públicos”.
Em “c”: Certo – Segundo o art. 39, § 7º, CF/88, “lei da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni-
cípios disciplinará a aplicação de recursos orça-
mentários provenientes da economia com despesas
correntes em cada órgão, autarquia e fundação,
para aplicação no desenvolvimento de programas
de qualidade e produtividade, treinamento e desen-
volvimento, modernização, reaparelhamento e
racionalização do serviço público, inclusive sob a
forma de adicional ou prêmio de produtividade”.
Em “d”: Errado – Os detentores de mandato eletivo
serão remunerados exclusivamente por subsí-
dio fixado em parcela única.
Em “e”: Errado – Segundo o art. 39, § 2º, CF/88, “a
União, os Estados e o Distrito Federal manterão
escolas de governo para a formação e o aperfei-
çoamento dos servidores públicos, constituindo-se
a participação nos cursos um dos requisitos para
a promoção na carreira, facultada, para isso, a
celebração de convênios ou contratos entre os entes
federados.
Resposta: Letra C.

286
z Carreira: Conjunto de classes da mesma natureza
de trabalho, escalonadas segundo o nível de com-
plexidade e o grau de responsabilidade;
z Quadro: Conjunto de carreiras e de cargos isolados.

DIREITO ADMINISTRATIVO Após essa breve introdução, cabe voltarmos o nos-


so estudo aos aspectos solicitados pelo edital, o qual
se limitou à cobrança dos arts. 239 a 323 do referido
Estatuto. Esses dispositivos foram inseridos e comen-
tados em seguida.
ESTATUTO DOS FUNCIONÁRIOS
Título V - Dos Direitos e Vantagens em Geral e
PÚBLICOS CIVIS DO ESTADO DE SÃO CapítulO VII - Do Direito de Petição
PAULO (LEI Nº 10.261/1968)
O art. 239 trata da garantia constitucional do direi-
A Lei nº 10.261, de 28 de outubro de 1968, é a Lei to de petição. Vejamos:
Estadual que dispõe sobre o Regime Jurídico dos Ser-
vidores Públicos Civis do referido Estado. Os dispositi- Art. 239 É assegurado a qualquer pessoa, física
vos trazidos neste material dizem respeito aos cargos ou jurídica, independentemente de pagamento, o
públicos, forma de provimento e vacância, os direitos direito de petição contra ilegalidade ou abuso
e garantias gerais, os deveres, responsabilidades e o de poder e para defesa de direitos.
direito de petição conferido a todos esses servidores § 1º Qualquer pessoa poderá reclamar sobre abuso,
estaduais. erro, omissão ou conduta incompatível no serviço
É verdade que os servidores são uma espécie de público.
funcionário público, mas eles também apresentam § 2º Em nenhuma hipótese, a Administração poderá
uma Lei Orgânica especial, que disciplina em maiores recusar-se a protocolar, encaminhar ou apreciar a
petição, sob pena de responsabilidade do agente.
detalhes sobre o seu regime jurídico. Veremos, agora,
as regras que se aplicam a todos os servidores esta- O direito de petição é uma garantia constitucional
duais, de modo amplo e geral. aplicável tanto no processo administrativo como no
Dada a multiplicidade de leis, em âmbitos diferen- processo judicial. Esse direito se traduz na possibili-
tes da Federação, é comum ao candidato questionar dade de qualquer indivíduo “entrar com um processo
qual lei deve utilizar para responder questões de pro- e exigir uma resposta” (o termo jurídico correto para
vas. Primeiramente, é importante ressaltar que lei o trecho demarcado entre aspas é pleitear) do Poder
federal não se sobrepõe a lei estadual e vice-versa. Público. No caso do regime dos servidores públicos, o
direito de petição desdobra-se tanto na possibilidade
Dica de o servidor público pleitear em processo adminis-
trativo, como também na possibilidade de qualquer
Durante a prova, o candidato deve se ater ao que indivíduo relatar a prática de algum ato ilegal ou abu-
a pergunta diz. A grande maioria das questões sivo cometido por servidor público.
de provas delineia a legislação que deve ser uti-
lizada para responder à questão. Procure por Art. 240 Ao servidor é assegurado o direito de
expressões como “nos termos da Constituição requerer ou representar, bem como, nos termos
desta lei complementar, pedir reconsideração e
Federal” e “com base no Estatuto dos Servidores
recorrer de decisões, no prazo de 30 (trinta) dias,
estaduais [...]”, entre outras. salvo previsão legal específica.

Preliminarmente, o art. 1º do referido Estatuto dis- Outro ponto característico do direito de petição
põe que a referida lei institui o regime jurídico dos diz respeito à vedação de exigir uma contraprestação
funcionários públicos civis do Estado (de São Paulo). quando um cidadão resolve peticionar contra a Admi-
Regime Jurídico é o conjunto de normas, regras e nistração Pública. É proibido exigir que um indivíduo
princípios estabelecidos por Estatuto e por legislação pague para peticionar contra o Estado.
complementar, que regulam a relação jurídica exis- As regras específicas sobre como funciona o proces-
tente entre o Estado e os ocupantes de cargos públicos.
so administrativo disciplinar serão vistas mais adiante.
Sobre a quem se aplica os dispositivos desse Estatu-
to, o parágrafo único do mesmo art. 1º prescreve que DO REGIME DISCIPLINAR: DEVERES, VEDAÇÕES,
as suas disposições, exceto no que colidirem com a legis-
DIREITO ADMINISTRATIVO

RESPONSABILIDADES E SANÇÕES APLICÁVEIS


lação especial, aplicam-se aos funcionários dos 3 Pode-
res do Estado e aos do Tribunal de Contas do Estado. De Título VI - Dos Deveres, Das Proibições e Das
modo geral, esse Estatuto somente se aplica a aqueles Responsabilidades
que são regidos por um regime estatutário, e não por
regime celetista (típico dos empregados públicos). A matéria referente ao regime disciplinar é de
Os arts 3º a 10 apresentam algumas definições grande importância em sua prova, é provável que
básicas que ajudam a melhor compreender a matéria: você encontre alguma questão sobre este tema. Por
isso, vamos analisar mais atentamente os dispositi-
z Funcionário público: Pessoa legalmente investi- vos sobre o regime disciplinar, bem como o processo
da em cargo público; administrativo disciplinar.
z Cargo público: Conjunto de atribuições e respon- Os servidores públicos, dada a sua grande importân-
sabilidades cometidas a um funcionário, podendo cia para as funções estatais, possuem uma grande gama
se apresentar de forma isolada, ou em carreira; de deveres e de vedações, isso é, de condutas que deve
z Classe: Conjunto de cargos da mesma denominação; fazer, e de condutas que está proibido de fazer. 287
O art. 241 trata do rol de deveres dos funcionários III - requerer ou promover a concessão de privilé-
públicos. A melhor forma de ver e memorizar os refe- gios, garantias de juros ou outros favores seme-
ridos deveres é pela leitura da Lei seca, in verbis: lhantes, federais, estaduais ou municipais, exceto
privilégio de invenção própria;
Art. 241 São deveres do funcionário: IV - exercer, mesmo fora das horas de trabalho,
I - ser assíduo e pontual; emprego ou função em empresas, estabelecimentos
II - cumprir as ordens superiores, representando ou instituições que tenham relações com o Gover-
quando forem manifestamente ilegais; no, em matéria que se relacione com a finalidade da
III - desempenhar com zelo e presteza os trabalhos repartição ou serviço em que esteja lotado;
de que for incumbido; V - aceitar representação de Estado estrangeiro,
IV - guardar sigilo sobre os assuntos da reparti- sem autorização do Presidente da República;
ção e, especialmente, sobre despachos, decisões ou VI - comerciar ou ter parte em sociedades comer-
providências; ciais nas condições mencionadas no item II deste
V - representar aos superiores sobre todas as irre- artigo, podendo, em qualquer caso, ser acionista,
gularidades de que tiver conhecimento no exercício quotista ou comanditário;
de suas funções; VII - incitar greves ou a elas aderir, ou praticar atos
VI - tratar com urbanidade as pessoas; de sabotagem contra o serviço público;
VII - residir no local onde exerce o cargo ou, onde VIII - praticar a usura;
autorizado; IX - constituir-se procurador de partes ou servir de
VIII - providenciar para que esteja sempre em intermediário perante qualquer repartição pública,
ordem, no assentamento individual, a sua declara- exceto quando se tratar de interesse de cônjuge ou
ção de família; parente até segundo grau;
IX - zelar pela economia do material do Estado e X - receber estipêndios de firmas fornecedoras ou
pela conservação do que for confiado à sua guarda de entidades fiscalizadas, no País, ou no estran-
ou utilização; geiro, mesmo quando estiver em missão referente
X - apresentar -se convenientemente trajado em servi- à compra de material ou fiscalização de qualquer
ço ou com uniforme determinado, quando for o caso; natureza;
XI - atender prontamente, com preferência sobre XI - valer-se de sua qualidade de funcionário para
qualquer outro serviço, às requisições de papéis, desempenhar atividade estranha às funções ou
documentos, informações ou providências que lhe para lograr, direta ou indiretamente, qualquer pro-
forem feitas pelas autoridades judiciárias ou admi- veito; e
nistrativas, para defesa do Estado, em Juízo; XII - fundar sindicato de funcionários ou deles fazer
XII - cooperar e manter espírito de solidariedade parte.
com os companheiros de trabalho; Art. 244 É vedado ao funcionário trabalhar sob as
XIII - estar em dia com as leis, regulamentos, regi- ordens imediatas de parentes, até segundo grau,
mentos, instruções e ordens de serviço que digam salvo quando se tratar de função de confiança
respeito às suas funções; e e livre escolha, não podendo exceder a 2 (dois) o
XIV - proceder na vida pública e privada na forma número de auxiliares nessas condições.
que dignifique a função pública.
Das Responsabilidade
As proibições ou vedações, por sua vez, estão dis-
postas nos arts. 242, 243 e 244, in verbis: Sobre a sessão “das Responsabilidades”, o Estatuto
apresenta o que a doutrina gosta de denominar de trí-
Art. 242 Ao funcionário é proibido: plice responsabilidade dos servidores públicos. Ela é
I – (Revogado).
tríplice porque o servidor responde civil, penal e adminis-
II - retirar, sem prévia permissão da autoridade
trativamente pelo exercício irregular de suas atribuições.
competente, qualquer documento ou objeto existen-
te na repartição;
O art. 245 trata da responsabilidade civil.
III - entreter-se, durante as horas de trabalho, em
palestras, leituras ou outras atividades estranhas Art. 245 O funcionário é responsável por todos os
ao serviço; prejuízos que, nessa qualidade, causar à Fazenda
IV - deixar de comparecer ao serviço sem causa Estadual, por dolo ou culpa, devidamente apurados.
justificada;
V - tratar de interesses particulares na repartição; A responsabilidade civil é caracterizada especial-
VI - promover manifestações de apreço ou desapreço mente no parágrafo único do art. 245:
dentro da repartição, ou tornar-se solidário com elas;
VII - exercer comércio entre os companheiros de Art. 245 [...]
serviço, promover ou subscrever listas de donati- Parágrafo único - Caracteriza-se especialmente a
vos dentro da repartição; e responsabilidade:
VIII - empregar material do serviço público em ser- I - pela sonegação de valores e objetos confiados à
viço particular. sua guarda ou responsabilidade, ou por não prestar
Art. 243 - É proibido ainda, ao funcionário: contas, ou por não as tomar, na forma e no prazo
I - fazer contratos de natureza comercial e indus- estabelecidos nas leis, regulamentos, regimentos,
trial com o Governo, por si, ou como representante instruções e ordens de serviço;
de outrem; II - pelas faltas, danos, avarias e quaisquer outros
II - participar da gerência ou administração de prejuízos que sofrerem os bens e os materiais sob
empresas bancárias ou industriais, ou de socieda- sua guarda, ou sujeitos a seu exame ou fiscalização;
des comerciais, que mantenham relações comer- III - pela falta ou inexatidão das necessárias aver-
ciais ou administrativas com o Governo do Estado, bações nas notas de despacho, guias e outros docu-
sejam por este subvencionadas ou estejam direta- mentos da receita, ou que tenham com eles relação; e
mente relacionadas com a finalidade da repartição IV - por qualquer erro de cálculo ou redução contra
288 ou serviço em que esteja lotado; a Fazenda Estadual
Complementando a noção de responsabilidade civil do servidor público, o art. 246 trata de uma situação que
ocorre com bastante frequência, sobretudo envolvendo servidores encarregados pela aquisição de bens e materiais
para a prestação de serviços públicos.
O servidor, agindo de má-fé, acaba realizando gastos maiores do que o essencial, quer pela compra de mate-
riais por um valor muito acima do preço de mercado, quer pela aquisição de materiais da empresa de um parente
próximo. Vejamos o disposto no art. 246:

Art. 246 O funcionário que adquirir materiais em desacordo com disposições legais e regulamentares, será res-
ponsabilizado pelo respectivo custo, sem prejuízo das penalidades disciplinares cabíveis, podendo-se proceder ao
desconto no seu vencimento ou remuneração.

É importante, também, destacar também a respeito da indenização o que prevê os artigos 247 e 248:

Art. 247 Nos casos de indenização à Fazenda Estadual, o funcionário será obrigado a repor, de uma só vez, a
importância do prejuízo causado em virtude de alcance, desfalque, remissão ou omissão em efetuar recolhimento
ou entrada nos prazos legais.
Art. 248 Fora dos casos incluídos no artigo anterior, a importância da indenização poderá ser descontada do venci-
mento ou remuneração não excedendo o desconto à 10ª (décima) parte do valor destes.
Parágrafo único. No caso do item IV do parágrafo único do art. 245, não tendo havido má-fé, será aplicada a pena
de repreensão e, na reincidência, a de suspensão.

Disciplina o referido texto legal que, uma vez comprovado que o funcionário público, efetivamente, realizou gastos
extraordinários para a aquisição de materiais, em desacordo com a legislação, deverá ressarcir os cofres públicos com
o próprio patrimônio. Trata-se, pois, de responsabilidade na esfera civil, pois a natureza da condenação é puramente
indenizatória. Vale ressaltar que a apuração de condutas transgressoras é feita por meio de processo administrativo
disciplinar.
Outra hipótese tratada pelo referido Estatuto diz respeito ao servidor que delega suas funções e competências
a terceiros, isto é, pessoas estranhas, que não integram os Quadros da Administração Pública. Essa hipótese está
prevista no art. 249:

Art. 249 Será igualmente responsabilizado o funcionário que, fora dos casos expressamente previstos nas leis, regu-
lamentos ou regimentos, cometer a pessoas estranhas às repartições, o desempenho de encargos que lhe competirem
ou aos seus subordinados.

Quanto à responsabilidade dos agentes públicos do Estado de São Paulo, o Estatuto dispõe:
Na forma dos art. 247 e 248, nem do exame da pena disciplinar em que incorrer. Vejamos a íntegra do art. 250:

Art. 250 A responsabilidade administrativa não exime o funcionário da responsabilidade civil ou criminal que no
caso couber, nem o pagamento da indenização a que ficar obrigado, na forma dos arts. 247 e 248, o exame da pena
disciplinar em que incorrer.
§ 1º A responsabilidade administrativa é independente da civil e da criminal.
§ 2º Será reintegrado ao serviço público, no cargo que ocupava e com todos os direitos e vantagens devidas, o servi-
dor absolvido pela Justiça, mediante simples comprovação do trânsito em julgado de decisão que negue a existência
de sua autoria ou do fato que deu origem à sua demissão.
§ 3º O processo administrativo só poderá ser sobrestado para aguardar decisão judicial por despacho motivado da
autoridade competente para aplicar a pena.

Um ponto importante que é cobrado com muita frequência em provas diz respeito ao fato de a responsabilida-
de administrativa ser independente da civil e da criminal. As três esferas de responsabilidade são independentes
e não se comunicam entre si.
Há, contudo, uma importante exceção a essa regra: o servidor não pode se responsabilizar na esfera adminis-
trativa ou civil quando restar comprovado que não praticou um crime, ou que tenha sido negada a sua autoria
em matéria penal.
Esquematicamente, podemos dividir as três esferas de responsabilidade, destacando-se sua natureza, os tipos
de sanções que são impostas e a possibilidade delas se comunicarem entre si:
DIREITO ADMINISTRATIVO

RESPONSABILIDADE
RESPONSABILIDADE CIVIL RESPONSABILIDADE CRIMINAL
ADMINISTRATIVA

Natureza indenizatória Natureza disciplinar Natureza penal


(reparação de danos) (apurar transgressões disciplinares) (apurar crimes e contravenções)

Sanção: advertência, repreensão,


Sanção: restituição de valores ao Sanção: decretação de prisão, restri-
suspensão, demissão, cassação de
erário ção de direitos
aposentadoria

Não se comunica exceto quando


Não se comunica Não se comunica não se configura crime, ou seja,
negada autoria do agente.
289
Título VII - Das Penalidades, Da Extinção Da II - procedimento irregular, de natureza grave;
Punibilidade e Das Providências Preliminares e III - ineficiência no serviço;
Capítulo I - Das Penalidades e De Sua Aplicação IV - aplicação indevida de dinheiros públicos, e
V - ausência ao serviço, sem causa justificável, por
Por fim, o art. 251 apresenta o rol de sanções apli- mais de 45 (quarenta e cinco) dias, interpoladamen-
cáveis aos funcionários que ou deixam de cumprir um te, durante 1 (um) ano.
de seus deveres, ou cometem uma das proibições tam-
bém dispostas no Estatuto. São penas disciplinares: Dica
Art. 251 São penas disciplinares: Um pequeno macete para decorar as hipóteses
I - repreensão; de demissão simples: ao pegar a primeira letra
II - suspensão; de cada inciso, forma-se a expressão “A PIA A”
III - multa; Abandono de cargo
IV - demissão; Procedimento irregular
V - demissão a bem do serviço público; e Ineficiência intencional e reiterada no serviço
VI - cassação de aposentadoria ou disponibilidade. Aplicação indevida de dinheiros públicos
Antes de estudarmos cada uma dessas penalida- Ausência ao serviço.
des, é importante ressaltar que a sua aplicação deve
Já a demissão a bem do serviço público apresen-
seguir alguns critérios bastante subjetivos. É isso o
ta alguns aspectos distintos da demissão simples. Ela
que dispõe o texto do art. 252:
acontece em decorrência de casos gravíssimos em que
Art. 252 Na aplicação das penas disciplinares o servidor público pratica um ato considerado não
serão consideradas a natureza e a gravidade da apenas como uma transgressão disciplinar, mas como
infração e os danos que dela provierem para o ser- um crime contra a Administração.
viço público. Conforme dispõe o texto do art. 257, será aplicada
a pena de demissão a bem do serviço público ao fun-
A ideia é que as infrações mais graves, que enseja- cionário que:
rem maiores prejuízos para a Administração, devem
ser punidas com sanções mais rigorosas. Dentre Art. 247 I - for convencido de incontinência pública
as sanções aplicáveis, vale lembrar que a pena de e escandalosa e de vício de jogos proibidos;
repreensão será aplicada por escrito. Vejamos a lite- II - praticar ato definido como crime contra a admi-
ralidade da lei: nistração pública, a fé pública e a Fazenda Esta-
dual, ou previsto nas leis relativas à segurança e à
Art. 253 A pena de repreensão será aplicada por defesa nacional;
escrito, nos casos de indisciplina ou falta de cum- III - revelar segredos de que tenha conhecimento
primento dos deveres. em razão do cargo, desde que o faça dolosamente e
com prejuízo para o Estado ou particulares;
A pena de suspensão, a qual não pode exceder a 90 IV - praticar insubordinação grave;
dias, será aplicada em caso de falta grave ou de rein- V - praticar, em serviço, ofensas físicas contra funcio-
cidência. Vejamos: nários ou particulares, salvo se em legítima defesa;
VI - lesar o patrimônio ou os cofres públicos;
Art. 254 A pena de suspensão, que não excederá de
VII - receber ou solicitar propinas, comissões, pre-
90 (noventa) dias, será aplicada em caso de falta
sentes ou vantagens de qualquer espécie, direta-
grave ou de reincidência.
mente ou por intermédio de outrem, ainda que fora
§ 1º O funcionário suspenso perderá todas as van-
de suas funções mas em razão delas;
tagens e direitos decorrentes do exercício do cargo.
VIII - pedir, por empréstimo, dinheiro ou quaisquer
§ 2º A autoridade que aplicar a pena de suspensão
valores a pessoas que tratem de interesses ou o tenham
poderá converter essa penalidade em multa, na
na repartição, ou estejam sujeitos à sua fiscalização;
base de 50% (cinqüenta por cento) por dia de venci-
IX - exercer advocacia administrativa; e
mento ou remuneração, sendo o funcionário, nesse
X - apresentar com dolo declaração falsa em maté-
caso, obrigado a permanecer em serviço.
ria de salário-família, sem prejuízo da responsabili-
A pena de multa está prevista no art. 255, porém dade civil e de procedimento criminal, que no caso
tal dispositivo apenas menciona que a multa será apli- couber.
cada na forma e nos casos expressamente previstos XI - praticar ato definido como crime hediondo, tor-
em lei ou regulamento. Um desses casos é a hipótese tura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins
e terrorismo;
de conversão da pena de suspensão.
XII - praticar ato definido como crime contra o Sis-
Art. 255 A pena de multa será aplicada na forma tema Financeiro, ou de lavagem ou ocultação de
e nos casos expressamente previstos em lei ou bens, direitos ou valores;
regulamento. XIII - praticar ato definido em lei como de improbidade.

A pena de demissão, prevista no art. 256, é uma Como pode se depreender da leitura do disposi-
das sanções mais graves, porque enseja o desligamen- tivo, a demissão a bem do serviço público apresenta
to forçado do servidor. Não se confunde com a exone- hipóteses que, muitas vezes, não se relacionam com o
ração, pois esta não tem caráter de sanção, podendo exercício do cargo público. Mesmo assim, é do interes-
até mesmo ser requerida a pedido do próprio servidor. se público que esse agente seja desligado de seu cargo,
pois claramente se mostra incompatível com o mesmo.
Art. 256 Será aplicada a pena de demissão nos
casos de: Art. 258 O ato que demitir o funcionário menciona-
290 I - abandono de cargo; rá sempre a disposição legal em que se fundamenta.
O ato que demitir o funcionário mencionará sem- Por fim, o texto do art. 262 faz referência à hipóte-
pre a disposição legal em que se fundamenta, con- se na qual o funcionário público, quando obrigado a
forme o texto do art. 258. Essa obrigatoriedade de cumprir uma exigência, se recusa ou deixa de fazê-la
fundamentar o ato de demissão deriva de um impor- no prazo determinado. A sanção, nesses casos, será de
tante princípio da Administração Pública: o Princípio suspensão do pagamento do vencimento do funcioná-
da Motivação dos Atos Administrativos. rio até que ele cumpra com a referida exigência. Essa
Caberá a pena de cassação de aposentadoria é uma sanção aplicável também ao servidor aposen-
ou disponibilidade nos casos previstos no art. 259. tado, sendo suspensa a percepção de seus proventos.
Vejamos:
Art. 262 O funcionário que, sem justa causa,
Art. 259 Será aplicada a pena de cassação de apo- deixar de atender a qualquer exigência para
sentadoria ou disponibilidade, se ficar provado que cujo cumprimento seja marcado prazo certo, terá
o inativo: suspenso o pagamento de seu vencimento ou
I - praticou, quando em atividade, falta grave para remuneração até que satisfaça essa exigência.
a qual é cominada nesta lei a pena de demissão ou Parágrafo único. Aplica-se aos aposentados ou
de demissão a bem do serviço público; em disponibilidade o disposto neste artigo.
II - aceitou ilegalmente cargo ou função pública; Art. 263 Deverão constar do assentamento indivi-
III - aceitou representação de Estado estrangeiro dual do funcionário todas as penas que lhe forem
sem prévia autorização do Presidente da República; impostas.
IV - praticou a usura em qualquer de suas formas.
PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR:
O art. 260 trata das pessoas competentes para a apli-
cação das penalidades previstas anteriormente. SINDICÂNCIA E PROCEDIMENTO ORDINÁRIO
São eles:
O PAD é o meio perante o qual a autoridade com-
I - o Governador; petente apura as transgressões cometidas pelos agen-
II - os Secretários de Estado, o Procurador Geral do tes públicos, aplicando a eles as respectivas sanções.
Estado e os Superintendentes de Autarquia; O PAD é também garantido para os servidores civis do
III - os Chefes de Gabinete, até a de suspensão; Estado de São Paulo.
IV - os Coordenadores, até a de suspensão limitada A autoridade que tiver ciência de irregularidade
a 60 (sessenta) dias; e no serviço público é obrigada a promover sua apura-
V - os Diretores de Departamento e Divisão, até a de ção imediata, mediante sindicância ou processo admi-
suspensão limitada a 30 (trinta) dias. nistrativo disciplinar, assegurada ao acusado ampla
defesa. É sob esse fundamento que corre o processo
O art. 261 trata de algo também bastante importan- administrativo disciplinar.
te, que é a prescrição da punibilidade, ou prescrição O processo administrativo é o instrumento desti-
do direito de exercer o poder disciplinar. Extingue-se nado a apurar as responsabilidades do servidor por
a punibilidade pela prescrição: infração praticada no exercício de suas atribuições ou
relacionada com o cargo que ocupa. O processo pode
Art. 261 - Extingue-se a punibilidade pela prescrição:
I - da falta sujeita à pena de repreensão, suspensão
ocorrer em procedimento ordinário ou em sindicância.
ou multa, em 2 (dois) anos;
II - da falta sujeita à pena de demissão, de demissão Da Investigação Preliminar
a bem do serviço público e de cassação da aposen-
tadoria ou disponibilidade, em 5 (cinco) anos; Antes mesmo da instauração do Processo Disci-
III - da falta prevista em lei como infração penal, no plinar, é possível que a autoridade competente possa
prazo de prescrição em abstrato da pena criminal, instaurar uma investigação preliminar. Não se trata,
se for superior a 5 (cinco) anos. pois, de mera faculdade e, sim, de um dever, conforme
§ 1º - A prescrição começa a correr: se pode observar pela leitura dos artigos citados no
1 - do dia em que a falta for cometida; capítulo II Das Providências Preliminares.
2 - do dia em que tenha cessado a continuação ou a
permanência, nas faltas continuadas ou permanentes. Art. 264 A autoridade que, por qualquer meio, tiver
§ 2º - Interrompem a prescrição a portaria que instaura conhecimento de irregularidade praticada por ser-
sindicância e a que instaura processo administrativo. vidor é obrigada a adotar providências visan-
§ 3º - O lapso prescricional corresponde: do à sua imediata apuração, sem prejuízo das
1 - na hipótese de desclassificação da infração, ao medidas urgentes que o caso exigir.
da pena efetivamente aplicada;
DIREITO ADMINISTRATIVO

2 - na hipótese de mitigação ou atenuação, ao da


A apuração da conduta ainda não tem natureza
pena em tese cabível.
§ 4º - A prescrição não corre:
condenatória, mas pura e simplesmente investigativa.
1 - enquanto sobrestado o processo administrativo Isso porque não está totalmente comprovado o cará-
para aguardar decisão judicial, na forma do § 3º do ter de transgressão da conduta praticada pelo funcio-
artigo 250; nário público.
2 - enquanto insubsistente o vínculo funcional que As regras mais específicas da investigação prelimi-
venha a ser restabelecido. nar estão previstas no art. 265. Observe o texto legal:
§ 5º - Extinta a punibilidade pela prescrição, a auto-
ridade julgadora determinará o registro do fato nos Art. 265 A autoridade realizará apuração preli-
assentamentos individuais do servidor. minar, de natureza simplesmente investigativa,
§ 6º - A decisão que reconhecer a existência de pres- quando a infração não estiver suficientemente
crição deverá desde logo determinar, quando for o caracterizada ou definida autoria.
caso, as providências necessárias à apuração da § 1º A apuração preliminar deverá ser concluída no
responsabilidade pela sua ocorrência. prazo de 30 (trinta) dias. 291
§ 2º Não concluída no prazo a apuração, a auto- Art. 268 A apuração das infrações será feita
ridade deverá imediatamente encaminhar ao Che- mediante sindicância ou processo administrativo,
fe de Gabinete relatório das diligências realizadas assegurados o contraditório e a ampla defesa.
e definir o tempo necessário para o término dos
trabalhos. A seguir, apresentamos um fluxograma mostrando
§ 3º Ao concluir a apuração preliminar, a autorida- como corre o Processo Administrativo Disciplinar:
de deverá opinar fundamentadamente pelo arqui-
vamento ou pela instauração de sindicância ou de
Procedimento
processo administrativo. Sindicância Administrativo Recursos
Ordinário
Pela leitura dos parágrafos do referido dispositivo,
pode-se perceber que o Chefe de Gabinete exerce um
Da Sindicância
papel importante desde o início do ciclo do PAD. Além
disso, vê-se que, uma vez iniciada, a autoridade compe-
A sindicância é o procedimento sumário através
tente poderá decretar algumas medidas que protegem do qual o Estado ou suas autarquias reúnem elemen-
a incolumidade da investigação da conduta transgres- tos informativos para determinar a verdade em torno
sora. Essas medidas estão previstas no art. 266. de possíveis irregularidades que possam configurar,
Cabe destacar que podem ensejar no afastamento ou não, ilícitos administrativos.
preventivo do funcionário, para que ele não atrapa-
lhe as investigações ou, até mesmo, na proibição do Art. 269 Será instaurada sindicância quando a fal-
mesmo de utilizar arma de fogo. Observe o texto legal: ta disciplinar, por sua natureza, possa determinar
as penas de repreensão, suspensão ou multa.
Art. 266 Determinada a instauração de sindicân-
cia ou processo administrativo, ou no seu curso, Comparando com o processo penal, pode-se afir-
havendo conveniência para a instrução ou para o mar que a sindicância seria a “fase investigativa”, pois
serviço, poderá o Chefe de Gabinete, por despacho seu fim não resulta em uma sentença ou decisão: ela
fundamentado, ordenar as seguintes providências: serve primordialmente para apurar o que ocorreu, e
I - afastamento preventivo do servidor, quando o se é necessário instaurar o processo posteriormente.
recomendar a moralidade administrativa ou a apu- Apesar disso, é possível que a sindicância resulte na
ração do fato, sem prejuízo de vencimentos ou van- aplicação de pena de repreensão ou de suspensão
tagens, até 180 (cento e oitenta) dias, prorrogáveis (mas nunca de demissão).
uma única vez por igual período; Têm competência para instaurar a sindicância
II - designação do servidor acusado para o exercí-
as mesmas autoridades previstas no art. 260, quais
sejam: Governador; Secretários de Estado, o Procura-
cio de atividades exclusivamente burocráticas até
dor Geral do Estado e os Superintendentes de Autar-
decisão final do procedimento;
quia; Chefes de Gabinete; Coordenadores; Diretores
III - recolhimento de carteira funcional, distintivo,
de Departamento e Divisão. É isso o que dispõe o art.
armas e algemas;
272. Vejamos:
IV - proibição do porte de armas;
V - comparecimento obrigatório, em periodicidade Art. 272 São competentes para determinar a ins-
a ser estabelecida, para tomar ciência dos atos do tauração de sindicância as autoridades enumera-
procedimento. das no artigo 260.
§ 1º A autoridade que determinar a instauração Parágrafo único. Instaurada a sindicância, o Pro-
ou presidir sindicância ou processo administrativo curador do Estado que a presidir comunicará o fato
poderá representar ao Chefe de Gabinete para pro- ao órgão setorial de pessoal.
por a aplicação das medidas previstas neste artigo,
bem como sua cessação ou alteração. As regras mais específicas da sindicância estão dis-
§ 2º O Chefe de Gabinete poderá, a qualquer momen- postas no art. 273. Excluídas tais ressalvas, a sindicân-
to, por despacho fundamentado, fazer cessar ou cia corre da mesma forma que o processo ordinário.
alterar as medidas previstas neste artigo. Observe o texto legal:

Art. 273 Aplicam-se à sindicância as regras previs-


Sobre a medida de afastamento preventivo do ser- tas nesta lei complementar para o processo admi-
vidor, dispõe o art. 267 que o período de afastamento nistrativo, com as seguintes modificações:
preventivo computa-se como de efetivo exercício, não I - a autoridade sindicante e cada acusado poderão
podendo ser descontado da pena de suspensão even- arrolar até 3 (três) testemunhas;
tualmente aplicada. II - a sindicância deverá estar concluída no prazo
de 60 (sessenta) dias;
Art. 267. O período de afastamento preventivo III - com o relatório, a sindicância será enviada à
computa-se como de efetivo exercício, não sendo autoridade competente para a decisão.
descontado da pena de suspensão eventualmente
aplicada. Atenção: a sindicância é uma etapa que pode ocor-
rer antes do curso do procedimento ordinário, mas
não é, necessariamente, uma etapa obrigatória do
Neste sentido, pode-se afirmar que o processo
processo ordinário. A sindicância não é essencial para
administrativo disciplinar é o instrumento destinado a o curso do procedimento ordinário se a transgressão
apurar as responsabilidades do servidor por infração for considerada gravíssima, sujeita a uma pena que é
praticada no exercício de suas atribuições ou relacio- incompatível com a sindicância, ou se a transgressão
nada com o cargo que ocupa. Tal processo pode ocorrer configura-se automaticamente, não havendo necessi-
292 em procedimento ordinário ou em sindicância. dade de sua investigação.
Da sindicância poderá resultar um de três cami- e concluído no de 90 (noventa) dias da citação do
nhos: o arquivamento do processo; a aplicação de acusado.
penalidade de repreensão ou suspensão; ou ainda a § 1° Da portaria deverão constar algumas informa-
instauração de processo disciplinar. ções imprescindíveis, tais como o nome e a identi-
ficação do acusado, a infração que lhe é atribuída,
Do Processo Administrativo Disciplinar Ordinário com descrição sucinta dos fatos, a indicação das
normas infringidas e a penalidade mais elevada em
O processo disciplinar ordinário (pode aparecer tese cabível.
também como procedimento administrativo discipli-
nar) é o instrumento destinado a apurar responsabi- De acordo com o art. 278, uma vez autuada a por-
lidade do servidor público pela infração praticada no taria e demais peças preexistentes, designará o pre-
exercício de suas atribuições ou que tenha relação com sidente dia e hora para audiência de interrogatório,
as atribuições do cargo em que se encontre investido. determinando a citação do acusado e a notificação do
A instauração do processo administrativo é obri- denunciante, se houver.
gatória, nos termos do art. 270, quando a falta dis-
ciplinar possa determinar a aplicação das penas de Art. 278 Autuada a portaria e demais peças pree-
demissão, de demissão a bem do serviço público e de xistentes, designará o presidente dia e hora para
cassação de aposentadoria ou disponibilidade. São as audiência de interrogatório, determinando a cita-
sanções disciplinares mais rigorosas a grosso modo. ção do acusado e a notificação do denunciante, se
houver. (NR)
Art. 270 Será obrigatório o processo administra- § 1º O mandado de citação deverá conter: (NR)
tivo quando a falta disciplinar, por sua natureza, 1 - cópia da portaria; (NR)
possa determinar as penas de demissão, de demis- 2 - data, hora e local do interrogatório, que poderá
são a bem do serviço público e de cassação de apo- ser acompanhado pelo advogado do acusado; (NR)
sentadoria ou disponibilidade 3 - data, hora e local da oitiva do denunciante, se
Art. 271 Os procedimentos disciplinares punitivos houver, que deverá ser acompanhada pelo advoga-
serão realizados pela Procuradoria Geral do Esta- do do acusado; (NR)
do e presididos por Procurador do Estado confir- 4 - esclarecimento de que o acusado será defendido
mado na carreira. por advogado dativo, caso não constitua advogado
próprio; (NR)
5 - informação de que o acusado poderá arrolar tes-
Cabe ressaltar que todo o conteúdo apurado na temunhas e requerer provas, no prazo de 3 (três)
sindicância (quando houver) será posto em apenso ao dias após a data designada para seu interrogató-
processo. rio; (NR)
São competentes para determinar a instauração de 6 - advertência de que o processo será extinto se
processo administrativo as autoridades enumeradas o acusado pedir exoneração até o interrogatório,
no art. 260, até o inciso IV. Essas são as mesmas pes- quando se tratar exclusivamente de abandono de
soas que aplicam as sanções disciplinares (Art. 274). cargo ou função, bem como inassiduidade. (NR)
§ 2º A citação do acusado será feita pessoal-
Art. 274. São competentes para determinar a ins- mente, no mínimo 2 (dois) dias antes do
tauração de processo administrativo as autori- interrogatório, por intermédio do respectivo
dades enumeradas no artigo 260, até o inciso IV, superior hierárquico, ou diretamente, onde
inclusive. possa ser encontrado.
§ 3º Não sendo encontrado em seu local de traba-
lho ou no endereço constante de seu assentamento
Dica individual, furtando-se o acusado à citação ou igno-
O processo disciplinar é dividido em três fases: rando-se seu paradeiro, a citação far-se-á por edi-
tal, publicado uma vez no Diário Oficial do Estado,
I - instauração, com a publicação do ato que
no mínimo 10 (dez) dias antes do interrogatório.
constituir a comissão;
II - instrução, em que se tem o inquérito adminis- Um ponto importante diz respeito à citação do
trativo, a defesa do acusado, e relatório; e acusado, que deverá ser realizada pessoalmente, no
III - julgamento, que envolve a peça decisória e mínimo, 2 (dois) dias antes do interrogatório, por
os eventuais recursos. intermédio do respectivo superior hierárquico, ou dire-
tamente no local onde o mesmo possa ser encontrado.
O art. 275 dispõe algumas regras sobre impedi- Cabe mencionar, ainda, a figura do denunciante
DIREITO ADMINISTRATIVO

mento durante o procedimento administrativo: da conduta transgressora. Nos termos do art. 279, o
denunciante deverá prestar as declarações neces-
Art. 275 Não poderá ser encarregado da apuração, sárias para corroborar com a apuração da conduta
nem atuar como secretário, amigo íntimo ou ini- transgressora. Observe o texto legal, na íntegra:
migo, parente consanguíneo ou afim, em linha reta
ou colateral, até o terceiro grau inclusive, cônjuge, Art. 279 Havendo denunciante, este deverá prestar
companheiro ou qualquer integrante do núcleo declarações, no interregno entre a data da citação
familiar do denunciante ou do acusado, bem assim e a fixada para o interrogatório do acusado, sendo
o subordinado deste. notificado para tal fim.
Art. 276 A autoridade ou o funcionário designado § 1º A oitiva do denunciante deverá ser acompanha-
deverão comunicar, desde logo, à autoridade com- da pelo advogado do acusado, próprio ou dativo.
petente, o impedimento que houver. § 2º O acusado não assistirá à inquirição do denun-
Art. 277 O processo administrativo deverá ser ciante; antes porém de ser interrogado, poderá
instaurado por portaria, no prazo improrrogável ter ciência das declarações que aquele houver
de 8 (oito) dias do recebimento da determinação, prestado. 293
Observe que a atuação do denunciante, no PAD, é § 2º A prova de antecedentes do acusado será feita
feita antes da apresentação de defesa pelo servidor exclusivamente por documentos, até as alegações
acusado, por razões lógicas. finais.
§ 3º Até a data do interrogatório, será designada a
Art. 280 Não comparecendo o acusado, será, por audiência de instrução.
despacho, decretada sua revelia, prosseguindo-se
nos demais atos e termos do processo. O presidente e cada acusado poderão arrolar até
5 testemunhas. É um número superior do que na sin-
O art. 280 faz referência ao evento da revelia. Tra- dicância, uma vez que estamos diante de uma condu-
ta-se da situação em que o acusado deixa de apresen- ta que pode ser punida com uma sanção mais grave,
tar sua defesa, deixando de comparecer à audiência. como a demissão.
O servidor em revelia não pode apresentar mais a sua As testemunhas serão arroladas pelo presidente
defesa. Contudo, a autoridade julgadora deverá encar- da Comissão do PAD ou pelo acusado. As primeiras
regar defensor dativo para o revel. têm preferência em serem ouvidas em relação às últi-
mas. É isso o que dispõe o art. 284:
Art. 281 Ao acusado revel será nomeado advogado
Art. 284 Na audiência de instrução, serão ouvidas,
dativo
pela ordem, as testemunhas arroladas pelo presi-
dente e pelo acusado.
Sobre a pessoa do advogado do servidor acusado, é Parágrafo único. Tratando-se de servidor público,
o art. 282 o dispositivo que apresenta as suas funções seu comparecimento poderá ser solicitado ao respec-
dentro do processo disciplinar. Observe o texto legal: tivo superior imediato com as indicações necessárias.

Art. 282 O acusado poderá constituir advogado Os arts. 285 e seguintes tratam, de modo específi-
que o representará em todos os atos e termos do co, sobre a pessoa da testemunha no PAD. Por ser um
processo. texto mais simples e didático, a sua leitura na íntegra
§ 1º É faculdade do acusado tomar ciência ou assis- é a melhor forma de conhecer essas regras. Vejamos:
tir aos atos e termos do processo, não sendo obriga-
tória qualquer notificação. Art. 285 A testemunha não poderá eximir-se de
§ 2º O advogado será intimado por publicação no depor, salvo se for ascendente, descendente, cônju-
Diário Oficial do Estado, de que conste seu nome e ge, ainda que legalmente separado, companheiro,
número de inscrição na Ordem dos Advogados do irmão, sogro e cunhado, pai, mãe ou filho adotivo
Brasil, bem como os dados necessários à identifica- do acusado, exceto quando não for possível, por
ção do procedimento. outro modo, obter-se ou integrar-se a prova do fato
§ 3º Não tendo o acusado recursos financeiros ou e de suas circunstâncias.
negando-se a constituir advogado, o presidente § 1º Se o parentesco das pessoas referidas for com
nomeará advogado dativo. o denunciante, ficam elas proibidas de depor, obser-
§ 4º O acusado poderá, a qualquer tempo, consti- vada a exceção deste artigo.
tuir advogado para prosseguir na sua defesa. § 2º Ao servidor que se recusar a depor, sem justa
causa, será pela autoridade competente adotada a
A atuação do defensor do indiciado é diferente providência a que se refere o artigo 262, mediante
no PAD quando comparada à do processo judicial. comunicação do presidente.
Isso porque a presença do advogado, no PAD, não é § 3º O servidor que tiver de depor como testemunha
obrigatória, conforme se depreende do trecho “pode- fora da sede de seu exercício, terá direito a trans-
rá constituir advogado”. Não é um dever do servidor porte e diárias na forma da legislação em vigor,
podendo ainda expedir-se precatória para esse efei-
indiciado constituir advogado para representá-lo,
to à autoridade do domicílio do depoente.
podendo ele mesmo atuar em causa própria.
§ 4º São proibidas de depor as pessoas que, em razão
de função, ministério, ofício ou profissão, devam
guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela parte
Importante! interessada, quiserem dar o seu testemunho.
Art. 286 A testemunha que morar em comarca diver-
O texto do Estatuto está de acordo com o enun-
sa poderá ser inquirida pela autoridade do lugar de
ciado da Súmula Vinculante nº 5, do STF: “A sua residência, expedindo-se, para esse fim, carta
falta de defesa técnica por advogado no pro- precatória, com prazo razoável, intimada a defesa.
cesso administrativo disciplinar não ofende a § 1º Deverá constar da precatória a síntese da
Constituição”. imputação e os esclarecimentos pretendidos, bem
como a advertência sobre a necessidade da presen-
ça de advogado.
A fase instrutória tem por início com a produção
§ 2º A expedição da precatória não suspenderá a
de um inquérito. Comparecendo ou não o acusado ao
instrução do procedimento
interrogatório, inicia-se o prazo de 3 dias para reque- § 3º Findo o prazo marcado, o procedimento pode-
rer a produção de provas, ou apresentá-las, nos ter- rá prosseguir até final decisão; a todo tempo, a pre-
mos do artigo 283. Vejamos: catória, uma vez devolvida, será juntada aos autos.
Art. 287 As testemunhas arroladas pelo acusado
Art. 283 Comparecendo ou não o acusado ao inter- comparecerão à audiência designada independente
rogatório, inicia-se o prazo de 3 (três) dias para de notificação.
requerer a produção de provas, ou apresentá-las. § 1º Deverá ser notificada a testemunha cujo
§ 1º O presidente e cada acusado poderão arrolar depoimento for relevante e que não comparecer
294 até 5 (cinco) testemunhas. espontaneamente.
§ 2º Se a testemunha não for localizada, a defesa O art. 291 aponta para a possibilidade de surgirem
poderá substituí-la, se quiser, levando na mesma fatos novos no curso da fase instrutória do PAD. Esses
data designada para a audiência outra testemunha, fatos novos devem ser apresentados no processo, dan-
independente de notificação. do oportunidade ao servidor acusado de apresentar
sua defesa diante deles também.
Vale frisar que a inquirição de testemunhas não é Encerrada a fase probatória, dar-se-á vista dos
a única prova admitida em processo administrativo. autos à defesa, que poderá apresentar alegações finais
O Presidente pode requerer qualquer outra diligência no prazo de 7 (sete) dias. Não sendo apresentadas, no
que entenda ser conveniente para a instrução do PAD, prazo, tais alegações, o presidente designará advoga-
como a apresentação de documentos, a oitiva de peri- do dativo, assinando-lhe novo prazo.
tos e técnicos, entre outras. É isso o que dispõe o texto
É importante que haja o respeito ao contraditório
do art. 288:
e à ampla defesa, pois, para todos os fatos alegados,
deve o acusado apresentar uma defesa, mesmo que
Art. 288 Em qualquer fase do processo, poderá o
seja uma defesa ampla e geral (ex.: apenas dizer que
presidente, de ofício ou a requerimento da defesa,
ordenar diligências que entenda convenientes. “não cometeu nenhuma transgressão”). Essa é a últi-
§ 1º As informações necessárias à instrução do pro- ma oportunidade que o servidor indiciado tem de
cesso serão solicitadas diretamente, sem observân- defender-se, o que demonstra a grande importância
cia de vinculação hierárquica, mediante ofício, do das alegações finais. É isso o que dispõe o artigo 292:
qual cópia será juntada aos autos.
§ 2º Sendo necessário o concurso de técnicos ou Art. 292 Encerrada a fase probatória, dar-se-á vis-
peritos oficiais, o presidente os requisitará, obser- ta dos autos à defesa, que poderá apresentar ale-
vados os impedimentos do artigo 275. gações finais, no prazo de 7 (sete) dias.
Art. 289 Durante a instrução, os autos do procedi- Parágrafo único. Não apresentadas no prazo as
mento administrativo permanecerão na repartição alegações finais, o presidente designará advogado
competente. dativo, assinando-lhe novo prazo.
§ 1º Será concedida vista dos autos ao acusado,
mediante simples solicitação, sempre que não pre- Uma vez colhidas todas as provas, a Comissão deve
judicar o curso do procedimento. emitir um relatório. Esse documento, como o próprio
§ 2º A concessão de vista será obrigatória, no prazo nome aduz, relata todas as provas colhidas na fase
para manifestação do acusado ou para apresen- instrutória, recomendando pela condenação ou ino-
tação de recursos, mediante publicação no Diário cência do servidor. As regras mais específicas do rela-
Oficial do Estado.
tório estão dispostas no art. 293:
§ 3º Não corre o prazo senão depois da publicação
a que se refere o parágrafo anterior e desde que os Art. 293 O relatório deverá ser apresentado no pra-
autos estejam efetivamente disponíveis para vista. zo de 10 (dez) dias, contados da apresentação das
§ 4º Ao advogado é assegurado o direito de retirar alegações finais.
os autos da repartição, mediante recibo, durante o § 1º O relatório deverá descrever, em relação a cada
prazo para manifestação de seu representado, salvo
acusado, separadamente, as irregularidades impu-
na hipótese de prazo comum, de processo sob regi-
tadas, as provas colhidas e as razões de defesa, pro-
me de segredo de justiça ou quando existirem nos
pondo a absolvição ou punição e indicando, nesse
autos documentos originais de difícil restauração
caso, a pena que entender cabível.
ou ocorrer circunstância relevante que justifique a
§ 2º O relatório deverá conter, também, a sugestão
permanência dos autos na repartição, reconhecida
de quaisquer outras providências de interesse do
pela autoridade em despacho motivado.
serviço público.
Dar vista aos autos, tal qual prevê o art. 289, é a for- Atenção! O relatório não é a decisão final. Quem
ma que o servidor acusado tem de tomar conhecimen- decide pela condenação ou inocência do servidor
to não somente da acusação movida contra si mesmo, indiciado é a autoridade julgadora e, não, a Comissão.
como também de tudo o que já aconteceu no PAD. Esse relatório funciona como um “parecer”, servindo
apenas para orientar a autoridade competente.
Art. 290 Somente poderão ser indeferidos pelo
Nesse mesmo sentido, prevê o texto do art. 294:
presidente, mediante decisão fundamentada, os
requerimentos de nenhum interesse para o escla- Art. 294 Relatado, o processo será encaminhado à
recimento do fato, bem como as provas ilícitas, autoridade que determinou sua instauração.
DIREITO ADMINISTRATIVO

impertinentes, desnecessárias ou protelatórias.


O art. 295 trata do início da fase de julgamento.
O texto do art. 290 traz uma noção muito impor- Essa é a fase final do PAD, pois nela ocorre a efetiva
tante que é, também, correlata do processo judicial: condenação do servidor ou o arquivamento do pro-
não podem ser admitidos meios de provas obtidas por cesso, sem condenação. Observe o texto do dispositivo:
meios ilícitos, ou simplesmente protelatórias. É o caso,
por exemplo, da prova de confissão obtida mediante Art. 295 Recebendo o processo relatado, a auto-
tortura, algo que é absolutamente vedado em Direito. ridade que houver determinado sua instauração
deverá, no prazo de 20 (vinte) dias, proferir o jul-
Art. 291 Quando, no curso do procedimento, surgi- gamento ou determinar a realização de diligência,
rem fatos novos imputáveis ao acusado, poderá sempre que necessária ao esclarecimento de fatos.
ser promovida a instauração de novo procedi-
mento para sua apuração, ou, caso conveniente, A diligência referida no dispositivo deverá ser
aditada a portaria, reabrindo-se oportunidade de cumprida em até 15 (quinze) dias, abrindo prazo para
defesa. o acusado se defender em até 5 (cinco) dias. 295
Art. 296 Determinada a diligência, a autoridade Art. 306 É defeso fornecer à imprensa ou a outros
encarregada do processo administrativo terá prazo meios de divulgação notas sobre os atos processuais,
de 15 (quinze) dias para seu cumprimento, abrindo salvo no interesse da Administração, a juízo do Secre-
vista à defesa para manifestar-se em 5 (cinco) dias. tário de Estado ou do Procurador Geral do Estado.
Parágrafo único. A demissão e a demissão a bem
Quando escaparem a sua alçada as penalidades e do serviço público acarretam a incompatibilidade
as providências que lhe parecerem cabíveis, a autori- para nova investidura em cargo, função ou empre-
dade que determinou a instauração do processo admi- go público, pelo prazo de 5 (cinco) e 10 (dez) anos,
nistrativo deverá propô-las, justificadamente, dentro respectivamente.
do prazo para julgamento, à autoridade competente.
O art. 307 trata do prazo prescricional após a decre-
Art. 297 Quando escaparem à sua alçada as pena- tação da sanção disciplinar para fins de computação
lidades e providências que lhe parecerem cabíveis, de reincidência. Não pode ser decretada reincidência
a autoridade que determinou a instauração do quando, entre uma transgressão e outra, decorreram
processo administrativo deverá propô-las, justifica- 5 (cinco) anos de efetivo exercício, contados da data da
damente, dentro do prazo para julgamento, à auto- publicação da sanção disciplinar. A reincidência somen-
ridade competente. te será computada quando a primeira infração for puní-
vel ou com a pena de repreensão ou com a de suspensão.
Os arts. 298 e seguintes dispõem sobre regras mais De acordo com o Parágrafo Único, do art. 307, a
específicas a respeito do julgamento. Por se tratar de demissão e a demissão a bem do serviço público cau-
um texto curto e simples, a melhor forma de conhecê- sam a incompatibilidade para nova investidura em
-lo é pela sua leitura na íntegra: cargo, função ou emprego público pelo prazo de 5
Art. 298 A autoridade que proferir decisão deter-
(cinco) e 10 (dez) anos respectivamente.
minará os atos dela decorrentes e as providências Art. 307 Decorridos 5 (cinco) anos de efetivo exer-
necessárias a sua execução. cício, contados do cumprimento da sanção discipli-
Art. 299 As decisões serão sempre publicadas no nar, sem cometimento de nova infração, não mais
Diário Oficial do Estado, dentro do prazo de 8 (oito) poderá aquela ser considerada em prejuízo do
dias, bem como averbadas no registro funcional do infrator, inclusive para efeito de reincidência.
servidor.
Art. 300 Terão forma processual resumida, quando Se, por exemplo, um funcionário do Estado de São
possível, todos os termos lavrados pelo secretário, Paulo for condenado à pena de demissão (por qualquer
quais sejam: autuação, juntada, conclusão, intima- motivo) no ano de 2021, ele somente poderá voltar a ter
ção, data de recebimento, bem como certidões e alguma chance de ingressar em outro cargo público em
compromissos.
2026 se a pena for de demissão simples, ou, em 2031, se
§ 1º Toda e qualquer juntada aos autos se fará na
a pena for de demissão a bem do serviço público.
ordem cronológica da apresentação, rubricando o
Além disso, ele não poderá tentar ingressar em
presidente as folhas acrescidas.
§ 2º Todos os atos ou decisões, cujo original não
um cargo público fora do Estado de São Paulo, pois
conste do processo, nele deverão figurar por cópia. a incompatibilidade abrange a Administração Pública
Art. 301 Constará sempre dos autos da sindicância como um todo.
ou do processo a folha de serviço do indiciado.
Do Processamento por Abandono do Cargo ou
Os casos previstos nos arts. 302 e 304 remetem à Função e por Inassiduidade
hipótese na qual o servidor pratica um ato criminoso,
sendo imputado a ele a responsabilização na esfera Quis o Estatuto regularizar o processo adminis-
penal. No entanto, como o PAD não tem competência trativo disciplinar para hipóteses mais simples em
para lhe imputar as sanções características de direi- que são absolutamente desnecessárias a produção
to penal, deverá ser instaurado também o inquérito de diversas provas e a realização de diversas diligên-
policial, para que a autoridade judiciária competente cias. Quando o servidor público se ausenta do servi-
possa julgá-lo e condená-lo. ço, estando configurado o abandono de cargo, ou, até
mesmo, quando demonstra inassiduidade, é pouco
Art. 302 Quando ao funcionário se imputar crime, provável que ele tenha interesse em se defender.
praticado na esfera administrativa, a autoridade Nessas situações, o procedimento do PAD é um
que determinou a instauração do processo admi- pouco mais célere e simples. É isso o que dispõem os
nistrativo providenciará para que se instaure, arts. 308 a 311. Observe o texto legal:
simultaneamente, o inquérito policial.
Parágrafo único. Quando se tratar de crime pratica- Art. 308 Verificada a ocorrência de faltas ao ser-
do fora da esfera administrativa, a autoridade poli- viço que caracterizem abandono de cargo ou fun-
cial dará ciência dele à autoridade administrativa. ção, bem como inassiduidade, o superior imediato
Art. 303 As autoridades responsáveis pela condu- comunicará o fato à autoridade competente para
ção do processo administrativo e do inquérito poli- determinar a instauração de processo disciplinar,
cial se auxiliarão para que os mesmos se concluam instruindo a representação com cópia da ficha fun-
dentro dos prazos respectivos. cional do servidor e atestados de frequência.
Art. 304 Quando o ato atribuído ao funcionário for Art. 309 Não será instaurado processo para apurar
considerado criminoso, serão remetidas à autori- abandono de cargo ou função, bem como inassidui-
dade competente cópias autenticadas das peças dade, se o servidor tiver pedido exoneração.
essenciais do processo. Art. 310 Extingue-se o processo instaurado exclu-
Art. 305 Não será declarada a nulidade de nenhum sivamente para apurar abandono de cargo ou fun-
ato processual que não houver influído na apura- ção, bem como inassiduidade, se o indiciado pedir
ção da verdade substancial ou diretamente na deci- exoneração até a data designada para o interroga-
296 são do processo ou sindicância. tório, ou por ocasião deste.
Art. 311 A defesa só poderá versar sobre força maior, O art. 313, por sua vez, trata do pedido de recon-
coação ilegal ou motivo legalmente justificável. sideração. É a peça a ser utilizada contra a decisão
tomada pelo Governador do Estado, em única instân-
cia, no prazo de 30 (trinta) dias. A principal diferença
Importante! do pedido de reconsideração do recurso hierárquico
é a ausência de um reexame da decisão pelo supe-
O conteúdo do art. 309 pode aparecer em sua rior hierárquico, pois não existe uma figura superior
prova como uma pegadinha. Lembre-se de que ao Governador do Estado. É por isso que tal pessoa é
a exoneração pode ser feita tanto de ofício, denominada, muitas vezes, de Chefe do Poder Execu-
como a pedido do próprio servidor. Se ele “pediu tivo Estadual.
para sair”, a sua comunicação não configura
em abandono de cargo. O abandono de cargo Art. 313 Caberá pedido de reconsideração, que
não poderá ser renovado, de decisão tomada pelo
só se configura quando o servidor não com-
Governador do Estado em única instância, no pra-
parece ao serviço sem um motivo justificável zo de 30 (trinta) dias.
(desaparecimento).
O art. 314 prescreve que os recursos não têm efeito
suspensivo. Segundo a doutrina, isso não é totalmen-
Talvez o dispositivo mais importante seja o art. te verdadeiro: pode o recorrente, desde que esteja
311. Observe que ele limita bastante a defesa do ser- expresso e o recurso seja interposto dentro do prazo
vidor que abandona o cargo ou pratica inassiduida- correto (o termo correto é tempestivo), requerer a sus-
de em serviço. A única argumentação que ele pode pensão da decisão que corre contra ele.
utilizar, em sua defesa, é a alegação de força maior
(um evento da natureza), por motivo de coação ilegal Art. 314 Os recursos de que trata esta lei comple-
(ordem de superior hierárquico) ou, ainda, por moti- mentar não têm efeito suspensivo; os que forem
vo legalmente justificável (estado de necessidade). providos darão lugar às retificações necessárias,
retroagindo seus efeitos à data do ato punitivo.
Dos Recursos e da Revisão do Processo O que o texto do dispositivo expõe é que os recur-
Administrativo sos não têm efeito suspensivo de ofício. O efeito sus-
pensivo deve ser concedido quando houver justo
Levando-se em conta que o PAD é um ato admi- receio de prejuízo, de reparação difícil ou incerta.
nistrativo (ou uma sequência de atos), é passível de Apenas o pedido de reconsideração é que não pode,
recurso por parte do servidor inconformado com a em hipótese nenhuma, suspender a decisão.
sua condenação. Neste sentido, o art. 312 trata dos Por fim, a Lei Complementar faz menção à revisão.
recursos dentro do procedimento administrativo, os É um instituto distinto do recurso ante o fato dela poder
quais caberão, por uma única vez, contra a decisão ser requerida, a qualquer tempo, quando surgirem fatos
que aplicar penalidade. ou circunstâncias ainda não apreciados, ou vícios que
O prazo para recorrer é de 30 (trinta) dias, conta- ensejam na redução ou anulação da pena aplicada.
dos da publicação da decisão impugnada no Diário Algumas regras mais específicas da revisão estão
Oficial do Estado ou da intimação pessoal do servidor previstas no art. 315. Vejamos:
quando for o caso.
Pela leitura do art. 312, percebe-se que ele trata do Art. 315 Admitir-se-á, a qualquer tempo, a revisão
de punição disciplinar de que não caiba mais recur-
recurso hierárquico, que constitui a peça recursal capaz
so, se surgirem fatos ou circunstâncias ainda não
de gerar o reexame do processo não somente pela auto-
apreciados, ou vícios insanáveis de procedimento,
ridade que proferiu a decisão, mas também pelo seu que possam justificar redução ou anulação da pena
superior hierárquico. Cabe destacar que a garantia de aplicada.
haver um reexame pelo superior hierárquico é funda- § 1º A simples alegação da injustiça da decisão não
mentada pelo princípio do duplo grau de jurisdição, constitui fundamento do pedido.
um instituto bastante comum no processo judicial. § 2º Não será admitida reiteração de pedido pelo
mesmo fundamento.
Art. 312 Caberá recurso, por uma única vez, da § 3º Os pedidos formulados em desacordo com este
decisão que aplicar penalidade. artigo serão indeferidos.
§ 1º O prazo para recorrer é de 30 (trinta) dias, § 4º O ônus da prova cabe ao requerente.
contados da publicação da decisão impugnada no
DIREITO ADMINISTRATIVO

Diário Oficial do Estado ou da intimação pessoal do Essas regras previstas nos parágrafos do art. 315 são
servidor, quando for o caso. muito importantes. A revisão não será constada se hou-
§ 2º Do recurso deverá constar, além do nome e ver apenas alegação de mera injustiça da decisão. Deve
qualificação do recorrente, a exposição das razões haver, efetivamente, um fato novo que corrobore com
de inconformismo. a necessidade de revisão do processo. Por isso, quem
§ 3º O recurso será apresentado à autoridade que deve comprovar a necessidade de revisão é a pessoa
aplicou a pena, que terá o prazo de 10 (dez) dias que a alega, isto é, o próprio servidor investigado.
para, motivadamente, manter sua decisão ou
reformá-la. Art. 316 A pena imposta não poderá ser agrava-
§ 4º Mantida a decisão, ou reformada parcialmen- da pela revisão.
te, será imediatamente encaminhada a reexame
pelo superior hierárquico. Mostra-se relevante, também, o conteúdo disposto
§ 5º O recurso será apreciado pela autoridade com- no art. 316. O resultado da revisão não pode ensejar em
petente ainda que incorretamente denominado ou um agravamento da condenação. Isso é o que se costu-
endereçado. ma chamar de proibição da reformatio in pejus, pois, 297
se a revisão foi solicitada pelo próprio servidor trans- Essa é uma hipótese muito comum de reintegração
gressor, seria injusto que da revisão resultasse em do servidor público: a sua pena de demissão proferi-
uma piora da sua situação. da em PAD é anulada por decisão administrativa ou
por decisão judicial transitada em julgado. Lembre-se
Art. 317 A instauração de processo revisional pode- de que os poderes da decisão revisional são utilizados
rá ser requerida fundamentadamente pelo interes- apenas para inocentar o servidor ou tornar a sua pena
sado ou, se falecido ou incapaz, por seu curador, mais branda, mas nunca para piorar a sua condenação.
cônjuge, companheiro, ascendente, descendente ou
irmão, sempre por intermédio de advogado. DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
Parágrafo único. O pedido será instruído com as
provas que o requerente possuir ou com indicação
A parte referente às disposições finais apresenta
daquelas que pretenda produzir.
um conteúdo importante e bastante simples, não sen-
A revisão não precisa ser requerida pessoalmente do necessárias maiores explicações. Destacamos o tex-
pelo funcionário. Segundo o art. 317, a instauração de to dos arts. 322 e 323 respectivamente:
processo revisional poderá ser requerida, se falecido o
funcionário ou quando se tornar incapaz, pelo seu côn- Art. 322 O dia 28 de outubro será consagrado ao
juge, companheiro, ascendente, descendente e irmão “Funcionário Público Estadual”.
ou o seu curador, respectivamente. A revisão sempre Art. 323 Os prazos previstos neste Estatuto serão
será arguida por intermédio de advogado. todos contados por dias corridos.
Quem julga a revisão é a mesma autoridade que Parágrafo único. Não se computará no prazo o dia
aplicou a penalidade ou a tiver confirmado em recurso inicial, prorrogando-se o vencimento, que incidir em
hierárquico. Vejamos o texto dos arts. 318 e 319: sábado, domingo, feriado ou facultativo, para o pri-
meiro dia útil seguinte.
Art. 318 A autoridade que aplicou a penalidade,
ou que a tiver confirmado em grau de recurso, será Conclui-se que a contagem de prazo para as situa-
competente para o exame da admissibilidade do ções presentes no Estatuto é feita por dias corridos, não
pedido de revisão, bem como, caso deferido o proces- podendo iniciar e nem terminar em dias, como sábado,
samento, para a sua decisão final. domingo, feriados ou pontos facultativos. Quando isso
Art. 319 Deferido o processamento da revisão, será ocorrer, o prazo (inicial ou final) deve ser adiado para
este realizado por Procurador de Estado que não o primeiro dia útil subsequente.
tenha funcionado no procedimento disciplinar de
que resultou a punição do requerente.

A ideia da revisão é, justamente, haver um novo LEI FEDERAL Nº 8.429/1992 (LEI DE


julgamento do referido PAD. Por isso, exige-se grande IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA)
cuidado para que as autoridades encarregadas des-
sa nova decisão não tenham conhecimento prévio da DISPOSIÇÕES INICIAIS
condenação feita no processo anterior, promovendo,
assim, maior imparcialidade. A lei de improbidade administrativa dispõe sobre
Uma vez recebido o pedido de revisão, percorre- as sanções aplicáveis aos agentes públicos nos casos
-se um caminho bastante similar com a produção de de enriquecimento ilícito no exercício de mandato,
provas, principalmente com relação à oitiva de teste- cargo, emprego ou função na administração pública
munhas. No entanto, o prazo é de apenas 8 (oito) dias, direta, indireta ou fundacional e dá outras providên-
conforme o art. 320: cias. Sendo assim, o grande foco desta atividade legis-
lativa é seguir os valores empregados de forma ilícita.
Art. 320 Recebido o pedido, o presidente providen- O administrador emprega esforços no controle das
ciará o apensamento dos autos originais e notificará verbas e no seu uso. É uma lei que visa, objetivamen-
o requerente para, no prazo de 8 (oito) dias, oferecer te, “moralizar” o serviço público.
rol de testemunhas, ou requerer outras provas que A improbidade administrativa possui base consti-
pretenda produzir. tucional, na forma do § 4º do art. 37:
Parágrafo único. No processamento da revisão
serão observadas as normas previstas nesta lei com- Art. 37 A administração pública direta e indireta
plementar para o processo administrativo. de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos
Supondo que a revisão seja devidamente arguida princípios de legalidade, impessoalidade, moralida-
com uma decisão favorável, o que essa decisão pode de, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
alterar? O texto do art. 321 traz-nos a resposta: [...]
§ 4º Os atos de improbidade administrativa impor-
Art. 321 A decisão que julgar procedente a revisão
tarão a suspensão dos direitos políticos, a perda
poderá alterar a classificação da infração, absolver
da função pública, a indisponibilidade dos bens e o
o punido, modificar a pena ou anular o processo,
ressarcimento ao erário, na forma e gradação pre-
restabelecendo os direitos atingidos pela decisão
vistas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
reformada.

Pela leitura do dispositivo, percebe-se que a decisão O estudo de leis esparsas precisa passar pela leitu-
revisional, na verdade, possui poderes tal qual uma ra do texto da lei, desta forma, vamos conciliar a lei-
peça recursal, podendo alterar a natureza da infração tura da lei com os esquemas para melhorar o seu
para uma mais branda, modificar a pena (diminuir a entendimento sobre o conteúdo da lei 8429/92.
parte quantitativa) ou, ainda, anular o processo por O art. 1º da Lei estabelece quem são os agentes que
inteiro, garantindo o retorno do servidor ao serviço poderão incorrer nas sanções decorrentes de impro-
298 ativo. bidade administrativa.
Art. 1° Os atos de improbidade praticados por
qualquer agente público, servidor ou não, contra Agentes públicos que exerçam
a administração direta, indireta ou fundacional de função pública, ainda que transi-
toriamente e sem remuneração
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal, dos Municípios, de Território, de
Sujeitos Ativos
empresa incorporada ao patrimônio público ou de Terceiro que mesmo não sendo
entidade para cuja criação ou custeio o erário haja agente público, induza ou con-
concorrido ou concorra com mais de cinquenta por corra para a prática do ato de
cento do patrimônio ou da receita anual, serão puni- improbidade ou dele se benefi-
cie sob qualquer forma direta
dos na forma desta lei. ou indireta
Parágrafo único. Estão também sujeitos às penalida-
des desta lei os atos de improbidade praticados con- Após algumas mudanças de posicionamento, em
tra o patrimônio de entidade que receba subvenção, 2018, o STF pacificou o assunto ao concluir que os agen-
benefício ou incentivo, fiscal ou creditício, de órgão tes políticos, com exceção do Presidente da República,
público bem como daquelas para cuja criação ou encontram-se sujeitos a duplo regime sancionatório,
custeio o erário haja concorrido ou concorra com podendo responder, ao mesmo tempo por improbida-
menos de cinqüenta por cento do patrimônio ou da de administrativa e crime de responsabilidade.
receita anual, limitando-se, nestes casos, a sanção O art. 6º estabelece que no caso de enriqueci-
mento ilícito, perderá o agente público ou tercei-
patrimonial à repercussão do ilícito sobre a contri-
ro beneficiário os bens ou valores acrescidos ao
buição dos cofres públicos. seu patrimônio, nesse caso, haverá no mínimo uma
“devolução” dos valores ilicitamente acrescidos.
Agente público, servidor ou não De acordo com o art. 7°, quando o ato de impro-
bidade causa lesão ao patrimônio público ou enseja
enriquecimento ilícito, cabe à autoridade adminis-
Adm. Direta, Ind. e Fund. trativa responsável pelo inquérito representar ao
Ministério Público, para a indisponibilidade dos bens
do indiciado. Essa indisponibilidade recairá sobre
De qualquer dos poderes da bens que assegurem o integral ressarcimento do
União, dos Estados, do DF e dos dano, ou sobre o acréscimo patrimonial resultante
Municípios do enriquecimento ilícito.
O art. 8° aponta para os casos de sucessão em que o
valor ilícito se torna parte de uma herança “o sucessor
Erário concorrido com + de 50% daquele que causar lesão ao patrimônio público ou se
enriquecer ilicitamente está sujeito às cominações des-
ta lei até o limite do valor da herança”.
O parágrafo único do art. 1° da Lei estende o alcan- A responsabilidade do agente, portanto, limita-
ce os atos de improbidade administrativa quando pra- -se ao valor da herança, isto para que se respeite a
intranscendência da pena, a qual não pode passar da
ticados contra o patrimônio de entidade que receba
pessoa do condenado de acordo com o que estabelece
subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou creditício, a Constituição Federal, art. 5º, inciso XLV.
de órgão público bem como daquelas para cuja cria-
ção ou custeio o erário haja concorrido ou concorra ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
com menos de cinquenta por cento do patrimônio Constituem atos de improbidade administrativa:
ou da receita anual, limitando-se, nestes casos, a os que importam em enriquecimento ilícito, os que
sanção patrimonial à repercussão do ilícito sobre causam lesão ao erário, os decorrentes de conces-
a contribuição dos cofres públicos. são ou aplicação indevida de benefício financeiro ou
Agentes públicos, segundo o art. 2º da Lei n° tributário e os que atentam contra os princípios da
administração pública.
8.429/92 é todo aquele que exerce, ainda que tran-
sitoriamente ou sem remuneração, por eleição, Enriquecimento ilícito
nomeação, designação, contratação ou qualquer
outra forma de investidura ou vínculo, mandato, car- Atos de Que causem prejuízo ao erário
go, emprego ou função nas entidades no art. 1º. improbidade
DIREITO ADMINISTRATIVO

administrativa Concessão ou aplicação indevida de


De acordo com o art. 3°, é possível a aplicação des- benefício financeiro ou tributário
sa lei àquele que, mesmo não sendo agente público,
induza ou concorra para a prática do ato de improbi- Contra os princípios da
dade ou dele se beneficie sob qualquer forma direta administração pública
ou indireta. Estamos falando do particular. Estamos
falando da pessoa que não sendo funcionária pública Atos de Improbidade Administrativa que Importam
induza ou concorra para a improbidade. Enriquecimento Ilícito

De acordo com o art. 9°, constituem ato de impro-


Art. 4° Os agentes públicos de qualquer nível ou bidade administrativa importando enriquecimento
hierarquia são obrigados a velar pela estrita obser- ilícito obter qualquer tipo de vantagem patrimonial
vância dos princípios de legalidade, impessoalida- indevida em razão do exercício de cargo, mandato,
de, moralidade e publicidade no trato dos assuntos função, emprego ou atividade nas entidades men-
que lhe são afetos. cionadas no art. 1° da lei de improbidade. 299
Quando a lei fala sobre enriquecimento ilícito, a qualquer outro serviço, ou sobre quantidade, peso,
referência que deve fazer parte do raciocínio do aluno medida, qualidade ou característica de mercado-
é a seguinte: enriquecer importa, sempre, em aumen- rias ou bens fornecidos a qualquer das entidades
to de patrimônio e, dessa forma deve acontecer de for- mencionadas no art. 1º desta lei;
ma dolosa, ou seja, precisa de vontade e consciência o VII - adquirir, para si ou para outrem, no exer-
enriquecimento ilícito. cício de mandato, cargo, emprego ou função
Nesse ponto parece muito importante esclarecer o pública, bens de qualquer natureza cujo valor
significado de alguns termos. Para compreendermos seja desproporcional à evolução do patrimô-
nio ou à renda do agente público;
melhor a lei de improbidade é necessário saber com
VIII - aceitar emprego, comissão ou exercer
alguma profundidade alguns pontos:
atividade de consultoria ou assessoramento
z Dolo: o dolo é a ação realizada com vontade e para pessoa física ou jurídica que tenha inte-
resse suscetível de ser atingido ou amparado
consciência, voltada a um fim;
por ação ou omissão decorrente das atribui-
z Culpa: sem maiores aprofundamentos quando
ções do agente público, durante a atividade;
realizamos alguma conduta de forma culposa não
IX - perceber vantagem econômica para interme-
temos a presença da vontade e da consciência, diar a liberação ou aplicação de verba pública de
ou seja, os atos de enriquecimento ilícito, não qualquer natureza;
poderão ser culposos. Entendeu? Esse é um deta- X – receber vantagem econômica de qualquer
lhe absolutamente relevante e pode rapidamente natureza, direta ou indiretamente, para omitir ato
decidir uma questão. E uma questão pode decidir de ofício, providência ou declaração a que esteja
uma prova inteira; obrigado;
z Trânsito em julgado: As decisões transitam em jul- XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu patri-
gado e ocorrido esse evento são definitivas e não mônio bens, rendas, verbas ou valores integrantes
se sujeitam a novas mudanças ou recursos. O trân- do acervo patrimonial das entidades mencionadas
sito em julgado poderá ocorrer após o esgotamento no art. 1° desta lei;
de todas as instâncias judiciais ou quando publicada a XII - usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas
decisão as partes não impuserem recurso; ou valores integrantes do acervo patrimonial das
z Rol exemplificativo: sempre que tivermos situa- entidades mencionadas no art. 1° desta lei.
ções que não puderem ser limitadas e citadas
integralmente, criaremos um rol exemplifica- Dica
tivo de situações. Essa técnica de redação traz
assertividade para a lei, evitando que o legislador Atente-se para o fato de que na maioria dos inci-
diga menos do que pretendia. Ou seja, sempre que sos é citada a expressão “receber vantagem
encontrar um rol exemplificativo em alguma reda- econômica”. Preste atenção nas condutas que
ção use-o como vetor de interpretação. não expressam claramente que consistem em
enriquecimento ilícito. Elas estão em negrito
Os incisos do art. 9º estabelece o rol de condutas para facilitar o seu estudo e memorização.
que são consideradas como enriquecimento ilícito.
As sanções para o enriquecimento ilícito são as
I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem mais graves.
móvel ou imóvel, ou qualquer outra vantagem eco-
nômica, direta ou indireta, a título de comissão, Atos de Improbidade Administrativa que Causam
porcentagem, gratificação ou presente de quem Prejuízo ao Erário
tenha interesse, direto ou indireto, que possa ser
atingido ou amparado por ação ou omissão decor- Os atos de improbidade que causam prejuízo ao
rente das atribuições do agente público; erário são longamente listados no art. 10 da lei 8429/92
II - perceber vantagem econômica, direta ou indire- - constituindo ato de improbidade administrativa que
ta, para facilitar a aquisição, permuta ou locação causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão (cui-
de bem móvel ou imóvel, ou a contratação de ser- dado com as omissões – “não fazer”), dolosa ou culpo-
viços pelas entidades referidas no art. 1° por preço sa (lembre-se que as condutas culposas são divididas
superior ao valor de mercado; em imperícia, imprudência e negligência), que enseje
III - perceber vantagem econômica, direta ou indi- perda patrimonial, desvio, apropriação, malbarata-
reta, para facilitar a alienação, permuta ou locação
mento ou dilapidação dos bens ou haveres das enti-
de bem público ou o fornecimento de serviço por
dades referidas no art. 1º desta lei. Fique atento aos
ente estatal por preço inferior ao valor de mercado;
termos que a lei apresenta:
IV - utilizar, em obra ou serviço particular, veí-
culos, máquinas, equipamentos ou material
z Perda patrimonial;
de qualquer natureza, de propriedade ou à
z Desvio;
disposição de qualquer das entidades mencio-
nadas no art. 1° desta lei, bem como o trabalho
z Apropriação;
de servidores públicos, empregados ou tercei- z Malbaratamento;
ros contratados por essas entidades; z Dilapidação dos bens ou haveres.
V - receber vantagem econômica de qualquer nature-
za, direta ou indireta, para tolerar a exploração ou a Quando tratamos de atos que causam prejuízo ao
prática de jogos de azar, de lenocínio, de narcotráfico, erário temos que ficar bastante atentos, pois, neste
de contrabando, de usura ou de qualquer outra ati- caso a lei se apresenta com outra formatação. A pri-
vidade ilícita, ou aceitar promessa de tal vantagem; meira situação que deve ser anotada é que diferen-
VI - receber vantagem econômica de qualquer natu- temente dos atos que geram enriquecimento ilícito,
reza, direta ou indireta, para fazer declaração falsa aqui podemos responder por uma ação praticada
300 sobre medição ou avaliação em obras públicas ou de forma culposa.
Ou seja, em alguma das modalidades de culpa incor- XV – celebrar contrato de rateio de consórcio públi-
remos e criamos um prejuízo para o erário. Por exemplo, co sem suficiente e prévia dotação orçamentária,
quando um policial bate uma viatura ele age de forma ou sem observar as formalidades previstas na lei.
culposa, ocorre um acidente de trânsito, porém esse aci- XVI - facilitar ou concorrer, por qualquer forma,
dente trouxe prejuízo ao erário e deverá ser indenizado. para a incorporação, ao patrimônio particular de
Dessa forma, fica claro que um ato que gera prejuízo ao pessoa física ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou
erário poderá ocorrer também de forma culposa. valores públicos transferidos pela administração
É importante saber que o prejuízo ao erário é a pública a entidades privadas mediante celebração
única espécie de conduta que admite ação na moda- de parcerias, sem a observância das formalidades
lidade culposa. legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;
Novamente a lei nos apresenta uma listagem de XVII - permitir ou concorrer para que pessoa física
atos (art. 10, incisos I ao XXI) que, se praticados, ou jurídica privada utilize bens, rendas, verbas ou
serão considerados como atos de improbidade capa- valores públicos transferidos pela administração
zes de causar prejuízo ao erário. O termo erário, ou pública a entidade privada mediante celebração
erário público é o conjunto do patrimônio do Estado, de parcerias, sem a observância das formalidades
sejam valores, sejam bens. legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;
XVIII - celebrar parcerias da administração pública
I - facilitar ou concorrer por qualquer forma para a com entidades privadas sem a observância das forma-
incorporação ao patrimônio particular, de pessoa lidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;
física ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou valo- XIX - agir negligentemente na celebração, fiscaliza-
res integrantes do acervo patrimonial das entida- ção e análise das prestações de contas de parcerias
des mencionadas no art. 1º desta lei; firmadas pela administração pública com entida-
II - permitir ou concorrer para que pessoa física des privadas;
ou jurídica privada utilize bens, rendas, verbas ou XX - liberar recursos de parcerias firmadas pela
valores integrantes do acervo patrimonial das enti- administração pública com entidades privadas sem a
dades mencionadas no art. 1º desta lei, sem a obser- estrita observância das normas pertinentes ou influir
vância das formalidades legais ou regulamentares de qualquer forma para a sua aplicação irregular.
aplicáveis à espécie; XXI - liberar recursos de parcerias firmadas pela
III - doar à pessoa física ou jurídica bem como ao administração pública com entidades privadas sem a
ente despersonalizado, ainda que de fins educativos estrita observância das normas pertinentes ou influir
ou assistências, bens, rendas, verbas ou valores do de qualquer forma para a sua aplicação irregular.
patrimônio de qualquer das entidades mencionadas
no art. 1º desta lei, sem observância das formalida-
A leitura do texto da lei é inevitável e a verdade é
des legais e regulamentares aplicáveis à espécie;
que tendo conhecimento da “letra da lei” o candidato
IV - permitir ou facilitar a alienação, permuta ou
locação de bem integrante do patrimônio de qual- já estaria apto a responder diversas questões. Sendo
quer das entidades referidas no art. 1º desta lei, ou assim, deve existir um equilíbrio entre doutrina e
ainda a prestação de serviço por parte delas, por posições de tribunais ou questões e o estudo da lei.
preço inferior ao de mercado; Lembre-se que a prova cobrará em muito maior grau
V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação o conhecimento da lei.
de bem ou serviço por preço superior ao de mercado;
VI - realizar operação financeira sem observância Atos de Improbidade Administrativa Decorrentes
das normas legais e regulamentares ou aceitar de Concessão ou Aplicação Indevida de Benefício
garantia insuficiente ou inidônea; Financeiro ou Tributário - (art. 10-A da lei 8429/92)
VII - conceder benefício administrativo ou fiscal
sem a observância das formalidades legais ou regu- Finalmente alcançamos o art. 10-A. Este é o mais
lamentares aplicáveis à espécie;
novo dos artigos da lei e acaba sendo menos cobrado
VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou
nas provas, porém devemos lembrar que uma das for-
de processo seletivo para celebração de parcerias
mas de cobrança desse ponto é a concessão de vanta-
com entidades sem fins lucrativos, ou dispensá-los
indevidamente; gens tributárias para a implementação de empresas.
IX - ordenar ou permitir a realização de despesas Exemplo: dois municípios desejam atrair um polo
não autorizadas em lei ou regulamento; de tecnologia, para isso começam uma guerra fiscal
X - agir negligentemente na arrecadação de tributo e acabam oferecendo vantagens indevidas para as
ou renda, bem como no que diz respeito à conserva- empresas que comporiam esse conglomerado.
ção do patrimônio público; Muito bem, dito isso, passamos a tratar dos atos de
XI - liberar verba pública sem a estrita observância improbidade administrativa decorrentes de conces-
DIREITO ADMINISTRATIVO

das normas pertinentes ou influir de qualquer for- são ou aplicação indevida de benefício financeiro
ma para a sua aplicação irregular; ou tributário;
XII - permitir, facilitar ou concorrer para que tercei-
ro se enriqueça ilicitamente; z Benefício financeiro: desembolsos efetivos.
XIII - permitir que se utilize, em obra ou serviço Exemplo – subvenções sociais (uma ajuda para a
particular, veículos, máquinas, equipamentos ou
manutenção de instituições públicas ou privadas,
material de qualquer natureza, de propriedade ou à
normalmente ligadas à arte, cultura ou assistência
disposição de qualquer das entidades mencionadas
no art. 1° desta lei, bem como o trabalho de servi-
– sem fins lucrativos);
dor público, empregados ou terceiros contratados z Benefício tributário: são vantagens tributárias.
por essas entidades. Por exemplo, diminuição das alíquotas de ISSQN.
XIV – celebrar contrato ou outro instrumento que
tenha por objeto a prestação de serviços públicos Os atos de improbidade administrativa, de acor-
por meio da gestão associada sem observar as for- do com o art. 10-A, consistem em qualquer ação ou
malidades previstas na lei; omissão para conceder, aplicar ou manter benefício 301
financeiro ou tributário contrário ao que dispõem VII - revelar ou permitir que chegue ao conheci-
o  caput  e o  parágrafo 1º do art. 8º-A da Lei Comple- mento de terceiro, antes da respectiva divulgação
mentar nº 116, de 31 de julho de 2003.   oficial, teor de medida política ou econômica capaz
É necessário saber que em se tratando de ato dolo- de afetar o preço de mercadoria, bem ou serviço.
so de improbidade administrativa, o STF estabelece VIII - descumprir as normas relativas à celebração,
que o ressarcimento ao erário é imprescritível. fiscalização e aprovação de contas de parcerias fir-
madas pela administração pública com entidades
Atos de Improbidade Administrativa que Atentam privadas.
Contra os Princípios da Administração Pública (art. IX - deixar de cumprir a exigência de requisitos de
11 da lei 8429/92) acessibilidade previstos na legislação.
X - transferir recurso a entidade privada, em razão
da prestação de serviços na área de saúde sem a pré-
A administração pública precisa defender seus
via celebração de contrato, convênio ou instrumento
princípios e valores, por este motivo estabeleceu san-
congênere, nos termos do parágrafo único do art. 24
ções para aqueles que realizem atos que atentem con-
da Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990.
tra estes princípios.
Qualquer ação ou omissão que viole os deveres de
Atualmente o STJ tem aceitado a imposição de
honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealda-
cautelares de indisponibilidade de bens, não só para
de às instituições consiste em violação aos princípios
os atos de enriquecimento ilícito ou de prejuízo ao
da administração pública.
erário, mas também para os atos que atentem contra
os princípios da administração pública.
Art. 11 Constitui ato de improbidade administrati-
va que atenta contra os princípios da administra- Importante ressaltar ainda a diferença entre frus-
ção pública qualquer ação ou omissão que viole os trar a licitude de procedimento licitatório ou de
deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, processo seletivo para celebração de parcerias com
e lealdade às instituições, e notadamente: [...] entidades sem fins lucrativos, ou dispensá-los indevi-
damente e frustrar a licitude de concurso público.
O art. 37, caput, da Constituição Federal prevê: Aquela conduta causa lesão ao erário, enquanto esta
é um ato que atenta contra os princípios da Adminis-
Art. 37 A administração pública direta e indireta de tração Pública.
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Dis-
trito Federal e dos Municípios obedecerá aos prin-
Frustrar a licitude
cípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, de procedimento
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: [...] licitatório ou de
processo seletivo ou
Lesão ao erário
dispensá-los indevida
Portanto, o texto constitucional prevê como prin-
cípios da administração pública o famoso LIMPE: Condutas
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade Atenta contra os
e eficiência. Frustrar a licitude de
princípios da admi-
concurso público
Entretanto, você deve estar sempre atento ao que a nistração pública
literalidade da questão cobra, uma vez que em caso de
esta exigir os princípios expressos da Lei de Impro-
DAS PENAS
bidade Administrativa, o aluno deve ter em mente
que são os seguintes: honestidade, imparcialidade,
O art. 12 estabelece as sanções aplicadas no caso de
legalidade, e lealdade às instituições.
cometimento de ato de improbidade administrativa.
Honestidade As espécies de sanções são a mesmas, mas serão gra-
duadas de acordo com a modalidade de ato praticado.
Princípios Imparcialidade A constituição prevê em seu art. 37, § 4º:
da LIA
Legalidade
Os atos de improbidade administrativa importarão
Legalidade às Instituições a suspensão dos direitos políticos, a perda da
função pública, a indisponibilidade dos bens e o
Nos incisos do art. 11 estão previstas as condutas ressarcimento ao erário, na forma e gradação pre-
vistas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
que atentam contra os princípios da administração
pública.
Dica
I - praticar ato visando fim proibido em lei ou regu-
lamento ou diverso daquele previsto, na regra de Sanções – Constituição Federal
competência; “Improbidade Administrativa – vai a PARIS”
II - retardar ou deixar de praticar, indevidamente, Perda da função pública
ato de ofício; Ação penal (sem prejuízo da ação penal cabível)
III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência Ressarcimento ao erário
em razão das atribuições e que deva permanecer
Indisponibilidade de bens
em segredo;
IV - negar publicidade aos atos oficiais;
Suspensão dos direitos políticos
V - frustrar a licitude de concurso público; Muita atenção! Algumas bancas gostam de con-
VI - deixar de prestar contas quando esteja obriga- fundir o aluno trocando a palavra suspensão por
302 do a fazê-lo; cassação dos direitos políticos.
A LIA acrescentou ainda dois tipos sanções: a) pagamento de multa civil; e (b) proibição de contratar com o
Poder Público ou de receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda
que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário.

Art. 12 Independentemente das sanções penais, civis e administrativas previstas na legislação específica, está o
responsável pelo ato de improbidade sujeito às seguintes cominações, que podem ser aplicadas isolada ou cumulati-
vamente, de acordo com a gravidade do fato: (Redação dada pela Lei nº 12.120, de 2009).
I - na hipótese do art. 9°, perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, ressarcimento integral
do dano, quando houver, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de oito a dez anos, pagamento
de multa civil de até três vezes o valor do acréscimo patrimonial e proibição de contratar com o Poder Público ou
receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa
jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de dez anos;
II - na hipótese do art. 10, ressarcimento integral do dano, perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao
patrimônio, se concorrer esta circunstância, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de cinco a oito
anos, pagamento de multa civil de até duas vezes o valor do dano e proibição de contratar com o Poder Público ou
receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa
jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de cinco anos;
III - na hipótese do art. 11, ressarcimento integral do dano, se houver, perda da função pública, suspensão dos direi-
tos políticos de três a cinco anos, pagamento de multa civil de até cem vezes o valor da remuneração percebida pelo
agente e proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta
ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de três anos.
IV - na hipótese prevista no art. 10-A, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de 5 (cinco) a 8 (oito)
anos e multa civil de até 3 (três) vezes o valor do benefício financeiro ou tributário concedido. (Incluído pela Lei
Complementar nº 157, de 2016)
Parágrafo único. Na fixação das penas previstas nesta lei o juiz levará em conta a extensão do dano causado, assim
como o proveito patrimonial obtido pelo agente.

Em primeiro lugar, importa atentar para o fato de que há independência entre as sanções penais, civis e
administrativas.
Enriquecimento ilícito serão aplicadas as seguintes sanções:

z Perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio;


z Ressarcimento integral do dano, quando houver;
z Perda da função pública;
z Suspensão dos direitos políticos de 8 (oito) a 10 (dez) anos;
z Pagamento de multa civil de até 3 (três) vezes o valor do acréscimo patrimonial;
z Proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta
ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de
dez anos.

Prejuízo ao erário, o agente estará sujeito a:

z Ressarcimento integral do dano;


z Perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio;
z Perda da função pública;
z Suspensão dos direitos políticos de 5 (cinco) a 8 (oito) anos;
z Pagamento de multa civil de até 2 (duas) vezes o valor do dano;
z Proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta
ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de 5
(cinco) anos.

Na hipótese de o agente atentar contra os princípios da administração pública, estará sujeito ao:

z Ressarcimento integral do dano se houver;


z Perda da função pública;
DIREITO ADMINISTRATIVO

z Suspensão dos direitos políticos de 3 (três) a 5 (cinco) anos;


z Pagamento de multa civil de até 100 (cem) vezes o valor da remuneração percebida pelo agente;
z Proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta
ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de 3
(três) anos.

E, finalmente, na hipótese prevista no art. 10-A (ação ou omissão para conceder, aplicar ou manter benefício
financeiro ou tributário), o agente estará sujeito à:

z Perda da função pública;


z Suspensão dos direitos políticos de 5 (cinco) a 8 (oito) anos;
z Multa civil de até 3 (três) vezes o valor do benefício financeiro ou tributário concedido.

303
Vamos resumir estas informações com o seguinte quadro:

SUSPENSÃO DOS DIREITOS PROIBIÇÃO DE


MODALIDADES MULTA
POLÍTICOS CONTRATAR

Enriquecimento ilícito 8 a 10 anos Até 3x o valor do dano 10 anos

Prejuízo ao erário 5 a 8 anos Até 2x o valor do dano 5 anos

Atentar contra os princípios da


3a5 Até 100x a remuneração 3 anos
Adm. Pública.

Concessão de benefício indevido 5a8 Até 3x o valor do dano

Importante!
Na fixação das penas previstas na Lei de Improbidade Administrativa o juiz levará em conta a extensão do
dano causado, assim como o proveito patrimonial obtido pelo agente.

DECLARAÇÃO DE BENS

Atenção, sempre a posse e o exercício de agente público, de acordo com o art. 13, ficam condicionados à apre-
sentação de declaração dos bens e valores que compõem o seu patrimônio privado, a fim de ser arquivada no
serviço de pessoal competente.  Isso servirá para analisar a evolução patrimonial do agente público. Essa decla-
ração compreenderá imóveis, móveis, semoventes (animais como bovinos ou equinos), dinheiro, títulos, ações, e
qualquer outra espécie de bens e valores patrimoniais, localizado no País ou no exterior, e, quando for o caso,
abrangerá os bens e valores patrimoniais do cônjuge ou companheiro, dos filhos e de outras pessoas que vivam
sob a dependência econômica do declarante, excluídos apenas os objetos e utensílios de uso doméstico.
Muitas instituições, sobretudo federais, aceitam que seja utilizada cópia do imposto de renda do servidor.
Dessa maneira se alcança o acompanhamento do desenvolvimento patrimonial do servidor de forma simples.
De acordo com o §1° do art. 13, a declaração de bens será anualmente atualizada (e analisada) na data em que
o agente público deixar o exercício do mandato, cargo, emprego ou função.

Art. 13 [...]
§3° Será punido com a pena de demissão, a bem do serviço público, sem prejuízo de outras sanções cabíveis,
o agente público que se recusar a prestar declaração dos bens, dentro do prazo determinado, ou que a
prestar falsa.
§4° O declarante, a seu critério, poderá entregar cópia da declaração anual de bens apresentada à Delegacia da
Receita Federal na conformidade da legislação do Imposto sobre a Renda e proventos de qualquer natureza, com as
necessárias atualizações, para suprir a exigência contida no caput e no § 2° deste artigo.

PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO E DO PROCESSO JUDICIAL

O art. 14 estabelece que qualquer pessoa pode representar à autoridade administrativa competente para que
seja instaurada investigação destinada a apurar a prática de ato de improbidade.
A representação, escrita ou reduzida a termo e assinada, conterá os dados de qualificação do representante,
as informações sobre o fato e sua autoria e a apontará as provas de que tenha conhecimento, de acordo com
o §1° do art. 14.
Tendo em vista o disposto no §2°, a autoridade administrativa poderá rejeitar a representação, em despacho
fundamentado, se a representação não apresentar os requisitos mínimos elencados pela lei.
A rejeição da representação não impede que esta seja realizada pelo Ministério Público (§ 2°).
Realizada a representação e atendidos os seus requisitos, a autoridade determinará a imediata apuração dos
fatos, vide § 3° do art. 14.
No caso de servidores federais será processada na forma da lei 8.112/90 e tratando-se de servidor militar, de
acordo com os respectivos regulamentos disciplinares, consoante dispõe o § 3° do art. 14.
Por conseguinte, uma vez estabelecida a comissão processante, essa dará conhecimento ao Ministério Público
e ao Tribunal ou Conselho de Contas da existência de procedimento administrativo para apurar a prática de ato
de improbidade, vejamos:

Art. 15 A comissão processante dará conhecimento ao Ministério Público e ao Tribunal ou Conselho de Contas da
existência de procedimento administrativo para apurar a prática de ato de improbidade.
Parágrafo único. O Ministério Público ou Tribunal ou Conselho de Contas poderá, a requerimento, designar
representante para acompanhar o procedimento administrativo.

De acordo com o art. 16, havendo fundados indícios de responsabilidade, a comissão representará ao MP ou à
procuradoria do órgão para que requeira ao juízo competente a decretação do sequestro dos bens do agente ou
304 de terceiro que tenha enriquecido ilicitamente ou causado danos ao patrimônio público.
Indícios fundados Caso a inicial esteja em devida forma, o juiz man-
de dará autuá-la e ordenará a notificação do requerido,
responsabilidade para, por rescrito, oferecer manifestação. A manifes-
tação poderá ser instruída com documentos e justifi-
cações, tudo no prazo de 15 dias (§7°).
O Ministério Público, se não Após o recebimento da manifestação, o juiz, em 30
Representação intervir no processo como dias, em decisão fundamentada, rejeitará a ação, se
MP ou parte, atuará obrigatoriamente, convencido da inexistência do ato de improbidade,
Procuradoria como fiscal da lei, sob pena de da improcedência da ação ou da inadequação da
nulidade (§ 4° do art. 17). via eleita (§8°).

Art. 17 [...]
Pedido de
§9° Recebida a petição inicial, o réu será citado
sequestro dos
para apresentar a contestação.
bens - tudo de §10° Da decisão que receber a petição inicial, cabe
forma cautelar. agravo de instrumento.
§11° Havendo a possibilidade de solução consen-
sual, poderão as partes pedir ao juiz a interrupção
Em 30 dias deve do prazo para a contestação. Essa interrupção será
ser proposta a por prazo não superior a 90 dias.
ação. §11° Em qualquer fase do processo, reconhecida a
inadequação da ação de improbidade, o juiz extin-
guirá o processo sem julgamento do mérito.
É possível, quando necessário, que o pedido inclua a [...]
investigação, o exame e o bloqueio de bens, contas ban- Art. 18 A sentença que julga procedente a ação civil
cárias e aplicações financeiras do indiciado no exterior, de reparação do dano ou decreta a perda dos bens
nos termos da lei e dos tratados internacionais (§2°). havidos ilicitamente determinará o pagamento ou
De acordo com o art. 17, a ação principal, que terá a reversão dos bens, conforme o caso, em favor da
o rito ordinário, será proposta pelo Ministério Públi- pessoa jurídica prejudicada pelo ilícito.
co ou pela pessoa jurídica interessada, dentro de 30
(trinta) dias da efetivação da medida cautelar. DISPOSIÇÕES PENAIS
As ações de improbidade administrativa admitem a
celebração de acordo de não persecução cível, nos termos No que se refere às disposições penais, constitui
da Lei de Improbidade Administrativa (§ 1° do art. 17).     crime a representação por ato de improbidade con-
Fique atento ao uso das medidas cautelares! Elas são tra agente público ou terceiro beneficiário, quando o
adotadas para evitar um prejuízo irrecuperável ou de autor da denúncia o sabe inocente (Art. 19).
difícil recuperação, por isso, sempre será necessário que
estejam presentes para sua decretação dois elementos: Art. 19 Constitui crime a representação por ato de
improbidade contra agente público ou terceiro bene-
z Fumus Boni Iuris – indícios de ocorrência – Com- ficiário, quando o autor da denúncia o sabe inocente.
provado; Pena: detenção de seis a dez meses e multa.
z Periculum In Mora – risco da demora – Presumido. Parágrafo único. Além da sanção penal, o denuncian-
te está sujeito a indenizar o denunciado pelos danos
A Fazenda Pública, em determinados casos promo- materiais, morais ou à imagem que houver provocado.
verá as ações necessárias à complementação do ressar-
cimento ao erário (§ 2°). A propositura da ação enseja a
prevenção da jurisdição do juízo para as ações poste- Importante!
riormente promovidas, desde que, possuam a mesma
A perda da função pública e a suspensão dos
causa de pedir ou o mesmo objeto (§ 5°). 
direitos políticos só se efetivarão com o com a
§ 6° A ação deve ser instruída com documentos ou decisão final irrecorrível – trânsito em julgado –
justificações que contenham indícios suficientes da da sentença condenatória.
existência do ato de improbidade ou com razões Não esqueça que jamais os direitos políticos serão
fundamentadas da impossibilidade de apresenta- perdidos, podendo, somente, ser suspensos.
ção de qualquer dessas provas, observada a legis-
lação vigente [...].
Art. 20 A perda da função pública e a suspensão
DIREITO ADMINISTRATIVO

dos direitos políticos só se efetivam com o trânsito


em julgado da sentença condenatória.
PROPOSITURA DA AÇÃO

Parágrafo único. A autoridade judicial ou admi-


nistrativa competente poderá determinar o afas-
tamento do agente público do exercício do cargo,
Documento ou Ou, com razões
PROPOSITURA DA AÇÃO

justificação que emprego ou função, sem prejuízo da remuneração,


fundamentadas da
contenham indícios impossibilidade de quando a medida se fizer necessária à instrução
suficientes da exis- apresentação de processual.
tência do ato de qualquer dessas Art. 21 A aplicação das sanções previstas nesta lei
improbidade. provas independe:
I - Da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio
público, salvo quanto à pena de ressarcimento;
II - Da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão
de controle interno ou pelo Tribunal ou Conselho
de Contas. 305
De acordo com o art. 22, para apurar qualquer ilí- se qualificam tecnicamente como agentes públicos,
cito previsto na lei de improbidade administrativa, o mas como empregados privados, então, portanto, não
MP, de ofício, ou a requerimento de autoridade admi- poderá ser-lhes atribuída a autoria de condutas de
nistrativa, ou ainda, mediante representação, poderá improbidade.
requisitar a instauração de inquérito policial ou b) os atos praticados contra entidades para cuja criação
procedimento administrativo. ou custeio o erário haja contribuído ou contribua com
mais de 50% (cinquenta por cento) do patrimônio ou
PRESCRIÇÃO da receita anual, como os serviços sociais autôno-
mos, podem ser considerados atos de improbidade
O Art. 23, que dispõe sobre a prescrição, estabelece administrativa.
que as ações destinadas a levar a efeitos as sanções c) se sujeitam à Lei de Improbidade os Chefes do Execu-
previstas na LIA podem ser propostas de acordo com tivo, Ministros e Secretários; os integrantes das Casas
o estabelecido no fluxograma seguinte: Legislativas; os magistrados e membros do Ministério
Público; excluindo-se, portanto, da incidência da Lei de
05 anos – Término do mandato, cargo em comis-
Improbidade Administrativa, os servidores públicos de
são ou função de confiança qualquer regime (estatutário, trabalhista e especial).
d) os atos praticados contra entidades para cuja criação
Prescrição

ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com


05 anos – Da data da apresentação de contas menos de 50% (cinquenta por cento) do patrimônio ou
da receita anual não poderão ser considerados atos de
improbidade administrativa.
No prazo da prescrição da demissão a bem do
e) se sujeitam à Lei de Improbidade os empregados e
serviço público nos cargos efetivos ou emprego
dirigentes de concessionários e permissionários de
serviços públicos, pois prestam serviço público por
Para complementar seus estudos não deixe de delegação e auferem dos usuários o preço pelo uso
fazer a leitura da legislação na íntegra. do serviço.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 3. (TJ-SP – VUNESP – 2018) Constitui ato de improbi-


dade administrativa importando enriquecimento ilícito
PLANALTO. Lei nº 8.429, de 02 de junho de 1992. auferir qualquer tipo de vantagem patrimonial indevi-
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/> da em razão do exercício de cargo, mandato, função,
Acesso em: 10 de nov. 2020. emprego ou atividade nas entidades mencionadas no
artigo 1º da Lei de Improbidade a seguinte hipótese:

a) ordenar ou permitir a realização de despesas não


HORA DE PRATICAR! autorizadas em lei ou regulamento.
b) aceitar emprego, comissão ou exercer atividade de
1. (TJ-SP – VUNESP – 2018) Nos termos da Lei nº consultoria ou assessoramento para pessoa física ou
8.429/1992, é correta a seguinte afirmação: jurídica que tenha interesse suscetível de ser atingido
ou amparado por ação ou omissão decorrente das
a) Se a lesão ao patrimônio decorrer de ação ou omissão atribuições do agente público, durante a atividade.
culposa do agente ou do terceiro, não se fará necessá- c) realizar operação financeira sem observância das nor-
rio o integral ressarcimento do dano. mas legais e regulamentares ou aceitar garantia insu-
b) Esta Lei se aplica apenas aos funcionários públicos ficiente ou inidônea.
que pratiquem ato lesivo ao erário da administração d) permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação
direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Pode- de bem ou serviço por preço superior ao de mercado.
res da União, dos Estados ou do Distrito Federal. e) permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídi-
c) As disposições desta Lei poderão ser aplicadas àque- ca privada utilize bens, rendas, verbas ou valores inte-
le que, mesmo não sendo agente público, induza ou grantes do acervo patrimonial das entidades públicas
concorra para a prática do ato de improbidade ou dele protegidas por esta Lei, sem observância das formali-
se beneficie sob qualquer forma direta ou indireta. dades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie.
d) Para os fins desta Lei, não se reputa agente público
aquele que, por designação, exerça função de confian- 4. (TJ-SP – VUNESP – 2018) Constitui ato de improbida-
ça junto a órgão da administração direta ou indireta, de administrativa que atenta contra os princípios da
sem recebimento de remuneração. administração pública qualquer ação ou omissão que
e) O sucessor daquele que causar lesão ao patrimônio viole os deveres de honestidade, imparcialidade, lega-
público ou enriquecer ilicitamente em razão do serviço lidade, e lealdade às instituições, e notadamente,
público não se sujeita às cominações desta Lei, ainda
que o falecido tenha deixado herança. a) liberar verba pública sem a estrita observância às nor-
mas pertinentes ou influir, de qualquer forma, para a
2. (TJ-SP – VUNESP – 2014) A Lei de Improbidade Admi- sua aplicação irregular.
nistrativa (Lei Federal nº 8.429/92) prevê, acerca dos b) agir negligentemente na arrecadação de tributo ou
sujeitos ativo e passivo do ato de improbidade, que: renda, bem como no que diz respeito à conservação
do patrimônio público.
a) os empregados de empresas públicas e socieda- c) revelar fato ou circunstância de que tem ciência em
des de economia mista, bem como das entidades razão das atribuições e que deva permanecer em
306 beneficiadas por auxílio ou subvenção estatal, não segredo.
d) permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se enri- d) a conduta de improbidade na espécie enriquecimen-
queça ilicitamente. to ilícito pressupõe a percepção da vantagem patri-
e) perceber vantagem econômica para intermediar a monial ilícita obtida pelo exercício da função pública
liberação ou aplicação de verba pública de qualquer em geral, podendo haver ou não, concomitantemente,
natureza. dano ao erário.
e) a fim de que uma conduta seja considera ímproba, é
5. (TJ-SP – VUNESP – 2017) Suponha que Secretário da necessário que seja praticada por agente público em
Fazenda de um estado qualquer da Federação aceite sentido estrito, e que importe em violação a princípio
exercer, nas horas vagas, concomitantemente ao exer- da Administração Pública, dano ao erário e enriqueci-
cício do cargo público, atividades de consultoria a mento ilícito.
empresas sujeitas ao recolhimento do ICMS, tributo
estadual. Nesse caso, à luz do previsto na Lei Federal 8. (TJ-SP – VUNESP – 2017) Assinale a alternativa que
nº 8.429/92, a conduta descrita pode ser considerada corretamente discorre sobre as penas previstas na Lei
de Improbidade Administrativa.
a) ato de improbidade administrativa que causa prejuízo
ao Erário.
a) Na fixação das penas previstas na Lei de Improbida-
b) ato de improbidade administrativa que atenta contra
de Administrativa, o juiz levará em conta a extensão
os princípios da Administração Pública.
do dano causado, assim como o proveito patrimonial
c) ato de improbidade administrativa decorrente de con-
obtido pelo agente.
cessão ou aplicação indevida de benefício financeiro
b) A pena de proibição de contratar com o Poder Público
ou tributário.
d) indiferente, pois não caracteriza nenhuma das hipóte- ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou credití-
ses de ato de improbidade administrativa previstas. cios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio
e) ato de improbidade administrativa que importa enri- de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, terá
quecimento ilícito. o prazo máximo de 2 (dois) anos.
c) A aplicação das penas previstas na Lei de Improbi-
6. (TJ-SP – VUNESP – 2015) Em apuração preliminar, dade Administrativa impede a aplicação das demais
verifica-se que servidor do Tribunal de Justiça do Esta- sanções penais, civis e administrativas previstas em
do de São Paulo, responsável por supervisionar as legislação específica.
obras do Fórum da Comarca X, utilizou: d) As penas previstas na Lei de Improbidade Administra-
– em obra particular de construção de sua residência de tiva deverão ser aplicadas cumulativamente, exceto
veraneio – máquinas, equipamentos e materiais que se quando se tratar de ato de improbidade administrati-
encontravam à disposição para a construção do Fórum. va que atente contra os princípios da Administração
Nos termos da Lei Federal no 8.429/92, o servidor Pública.
praticou e) No caso de condenação por ato de improbidade admi-
nistrativa decorrente de concessão ou aplicação inde-
a) ato de improbidade administrativa previsto expressa- vida de benefício financeiro ou tributário, não cabe a
mente na lei como ato que importa enriquecimento aplicação da pena de perda da função pública.
ilícito.
b) ato de improbidade administrativa previsto expressa- 9. (TJ-SP – VUNESP – 2014) As sanções previstas pela
mente na lei como ato que atenta contra os princípios Lei de Improbidade Administrativa são:
da Administração Pública.
c) ato ilegal, mas que não pode ser qualificado como ato a) perda de bens e valores acrescidos ilicitamente ao
de improbidade administrativa. patrimônio; reclusão de 2 (dois) a 8 (oito) anos; perda
d) ato de improbidade administrativa previsto expressa- dos direitos políticos; ressarcimento integral do dano;
mente na lei como ato que causa prejuízo ao erário. proibição de contratar com o Poder Público.
e) ato de improbidade administrativa que não se encon- b) pagamento de multa civil e multa penal, nos casos
tra previsto expressamente na lei.
de culpa; proibição de contratar com o Poder Público;
proibição de receber benefícios ou incentivos fiscais
7. (TJ-SP – VUNESP – 2014) Com relação aos atos de
ou creditícios; perda dos direitos políticos.
improbidade previstos na Lei Federal no 8.429/92, é
c) ressarcimento integral do dano; perda da função públi-
correto afirmar que
ca; perda dos direitos políticos; pagamento de multa
DIREITO ADMINISTRATIVO

civil; proibição de contratar com o Poder Público; proi-


a) o pressuposto exigível para os atos de improbidade
bição de receber benefícios ou incentivos fiscais ou
por violação a princípios é a vulneração em si dos
princípios administrativos, cumulada com o enriqueci- creditícios; pena de reclusão de 1 (um) a 6 (seis) anos.
mento ilícito ou com o dano ao erário. d) perda dos direitos políticos; perda de bens e valores
b) os atos de improbidade que causam dano ao erário acrescidos ilicitamente ao patrimônio; pagamento
são caracterizados pela ocorrência de dano ao patri- de multas civil e penal; proibição de contratar com
mônio de pessoas como a União, Estados e Municí- o Poder Público; proibição de receber benefícios ou
pios, e, concomitantemente, enriquecimento ilícito de incentivos fiscais ou creditícios.
agente público, já que não há dano ao erário sem que e) perda de bens e valores acrescidos ilicitamente ao
alguém se locuplete indevidamente. patrimônio; ressarcimento integral do dano; perda
c) a conduta ímproba somente será considerada carac- da função pública; suspensão dos direitos políticos;
terizada se comprovados o enriquecimento ilícito do pagamento de multa civil; proibição de contratar com
agente público, o dano ao erário e a prática de ato o Poder Público; proibição de receber benefícios ou
atentatório aos princípios da Administração Pública. incentivos fiscais ou creditícios. 307
10. (TJ-SP – VUNESP – 2015) O agente público que se e) Havendo fundados indícios de responsabilidade, a
recusar a prestar declaração dos bens exigida pela Lei comissão processante poderá requerer em juízo a
Federal no 8.429/92, dentro do prazo determinado, decretação do sequestro dos bens do agente ou ter-
ceiro que tenha enriquecido ilicitamente ou causado
a) estará sujeito à penalidade de multa de até 25% (vinte dano ao patrimônio público.
e cinco por cento) de seus vencimentos anuais. 13. (TJ-SP – VUNESP – 2017) O procedimento adminis-
b) será punido com a pena de demissão a bem do servi- trativo previsto na Lei Federal nº 8.429/92, destinado a
ço público, sem prejuízo de outras sanções cabíveis. apurar a prática de ato de improbidade,
c) estará sujeito à suspensão dos vencimentos até que
apresente a declaração devida. a) poderá compreender o decreto de sequestro dos bens
d) poderá ser punido com a pena de repreensão. do agente ou terceiro que tenha enriquecido ilicita-
e) pagará multa por dia de atraso equivalente a 10% (dez mente ou causado dano ao patrimônio público.
por cento) do correspondente ao valor da remunera- b) deverá ser levado ao conhecimento do Ministério
Público e do Tribunal ou Conselho de Contas, pela
ção que percebe por dia de trabalho.
Comissão Processante.
c) poderá acarretar o exame e o bloqueio de bens, contas
11. (TJ-SP – VUNESP – 2014) João é escrevente técnico bancárias e aplicações financeiras mantidas pelo indi-
judiciário do Tribunal de Justiça do Estado de São Pau- ciado no exterior, se for o caso.
lo e, estando sujeito à apresentação da declaração de d) será iniciado por representação, que será escrita ou
bens prevista na Lei Federal no 8.429/92, apresentou a reduzida a termo, podendo o representante permane-
declaração devida em maio de 2014. No entanto, pos- cer anônimo, se assim o desejar.
teriormente, verifica- se que João afirmou na declara- e) impedirá a apuração dos fatos pelo Ministério Público,
ção não possuir bens imóveis, o que, no entanto, não caso se conclua pela improcedência das acusações.
é verdade, já que João é proprietário de apartamento
14. (TJ-SP – VUNESP – 2018) Arceus Cipriano foi proces-
na cidade de São Paulo, onde reside e trabalha, desde sado criminalmente sob a acusação de cometimento
2010. É constatado também que o imóvel é de valor de crime contra a administração pública e pelos mes-
modesto, de aquisição compatível com os rendimen- mos fatos também foi demitido do cargo público que
tos de João e sua esposa. Neste caso, em relação à ocupava. Contudo, na seara criminal, logrou êxito em
conduta de João, é correto afirmar que a Lei de Impro- comprovar que não foi o autor dos fatos, tendo sido
bidade Administrativa absolvido por esse fundamento, na instância criminal.
Diante disso, assinale a alternativa correta, nos termos
a) considera João sujeito à pena de demissão a bem do do Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do Estado
serviço público, sem prejuízo de outras sanções cabí- de São Paulo.
veis, por haver prestado declaração de bens falsa a) Arceus terá direito à reintegração ao serviço público,
b) não impõe qualquer sanção pela conduta de João, já no cargo que ocupava e com todos os direitos e van-
que seu patrimônio, em si, é lícito, o que é o cerne da tagens devidas, mediante simples comprovação do
Lei de Improbidade Administrativa. trânsito em julgado da decisão absolutória no juízo
c) comina a sanção de suspensão para a conduta de criminal.
João, que embora não tenha enriquecido ilicitamente, b) Como a responsabilidade administrativa é indepen-
deixou de apresentar os dados corretos na declaração. dente da civil e da criminal, a absolvição de Arceus
d) prevê sanção de multa a João, por não haver prestado Cipriano na justiça criminal em nada altera decisão
a declaração de bens de forma correta ao Tribunal de proferida na esfera administrativa.
Justiça. c) A demissão é nula porque a Administração Pública não
e) considera que João está sujeito a penas disciplinares deveria ter processado administrativamente Arceus e
nas quais serão consideradas a natureza e a gravidade proferido decisão demissória antes do trânsito em jul-
da infração e os danos que dela provierem para o ser- gado da sentença no processo criminal.
viço público. d) Arceus poderá pedir o desarquivamento e a revisão da
decisão administrativa que o demitiu, utilizando como
12. (TJ-SP – VUNESP – 2018) Em consonância com a Lei documento novo a sentença absolutória proferida no
de Improbidade, assinale a alternativa correta. processo criminal.
e) Se a absolvição criminal ocorreu depois do prazo de
a) O Ministério Público ou qualquer cidadão no gozo de interposição do recurso da decisão demissória pro-
seus direitos políticos pode ingressar com ação de ferida no processo administrativo, não será possível
improbidade administrativa. Arceus valer-se da sentença criminal para buscar a
b) A perda da função pública e a suspensão dos direitos anulação da demissão.
políticos do condenado por ato de improbidade efeti-
vam-se com a publicação da condenação por ato de 15. (TJ-SP – VUNESP – 2018) Consoante o Estatuto dos
improbidade em segunda instância. Funcionários Públicos Civis do Estado de São Paulo,
c) O cidadão, no gozo de seus direitos políticos, tem será aplicada a pena de demissão nos casos de
exclusividade para representar à autoridade admi-
nistrativa competente a fim de que seja instaurada a) pedir, por empréstimo, dinheiro ou quaisquer valores
investigação destinada a apurar a prática de ato de a pessoas que tratem de interesses ou o tenham na
improbidade. repartição, ou estejam sujeitos à sua fiscalização.
d) Estando a petição inicial em devida forma, o juiz man- b) aplicação indevida de dinheiros públicos.
dará autuá-la e ordenará a notificação do requerido, c) prática, em serviço, de ofensas físicas contra funcio-
para oferecer manifestação por escrito, que poderá nários ou particulares.
ser instruída com documentos e justificações, dentro d) exercício de advocacia administrativa.
do prazo de quinze dias. e) prática de insubordinação grave.
308
GABARITO COMENTADO por cento do patrimônio ou da receita anual, serão
punidos na forma desta lei.
1. Letra “c”: Errado – Pois traz sujeitos englobados
pela definição constante do artigo 2º.
Letra “a”: Errado – Pois traz o oposto do que consta Art. 2° Reputa-se agente público, para os efeitos des-
do artigo 5º. ta lei, todo aquele que exerce, ainda que transitoria-
Art. 5° Ocorrendo lesão ao patrimônio público por mente ou sem remuneração, por eleição, nomeação,
ação ou omissão, dolosa ou culposa, do agente ou de designação, contratação ou qualquer outra forma
terceiro, dar-se-á o integral ressarcimento do dano. de investidura ou vínculo, mandato, cargo, empre-
Letra “b”: Errado – Pois pode ser aplicada a até a go ou função nas entidades mencionadas no artigo
particulares. anterior.
Letra “c”: Certo – Conforme consta do artigo 3º da Letra “d”: Errado – Pois a lei traz o percentual de 50
lei. % como condição.
Art. 3° As disposições desta lei são aplicáveis, no Letra “e”: Errado – Pois tais entidades não são
que couber, àquele que, mesmo não sendo agente englobadas no conceito constante do artigo 1º (não
público, induza ou concorra para a prática do ato há verbas públicas na sua criação).
de improbidade ou dele se beneficie sob qualquer Resposta: Letra B.
forma direta ou indireta.
Letra “d”: Errado – Pois ofende o conceito constante 3.
do artigo 2º.
Art. 2° Reputa-se agente público, para os efeitos des- Letra “a”: Errado – É hipótese de ato que causa pre-
ta lei, todo aquele que exerce, ainda que transitoria- juízo ao Erário (artigo 10, IX).
mente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, Art. 10. Constitui ato de improbidade administra-
designação, contratação ou qualquer outra forma tiva que causa lesão ao erário qualquer ação ou
de investidura ou vínculo, mandato, cargo, empre- omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patri-
go ou função nas entidades mencionadas no artigo monial, desvio, apropriação, malbaratamento ou
anterior. dilapidação dos bens ou haveres das entidades refe-
Letra “e”: Errado – Pois traz o oposto do que consta ridas no art. 1º desta lei, e notadamente:
do artigo 8º. IX - ordenar ou permitir a realização de despesas
Art. 8° O sucessor daquele que causar lesão ao não autorizadas em lei ou regulamento;
patrimônio público ou se enriquecer ilicitamente Letra “b”: Certo – Conforme artigo 9º, VIII.
está sujeito às cominações desta lei até o limite do Art. 9° Constitui ato de improbidade administrativa
valor da herança.
importando enriquecimento ilícito auferir qualquer
Resposta: Letra C.
tipo de vantagem patrimonial indevida em razão do
exercício de cargo, mandato, função, emprego ou
2.
atividade nas entidades mencionadas no art. 1° des-
ta lei, e notadamente:
Letra “a”: Errado – Pois é o oposto do que consta do
VIII - aceitar emprego, comissão ou exercer ativi-
artigo 1º, parágrafo único.
dade de consultoria ou assessoramento para pes-
Art. 1° Os atos de improbidade praticados por
soa física ou jurídica que tenha interesse suscetível
qualquer agente público, servidor ou não, contra
de ser atingido ou amparado por ação ou omis-
a administração direta, indireta ou fundacional de
são decorrente das atribuições do agente público,
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
durante a atividade;
Distrito Federal, dos Municípios, de Território, de
Letra “c”: Errado – É hipótese de ato que causa pre-
empresa incorporada ao patrimônio público ou de
juízo ao Erário (artigo 10, VI).
entidade para cuja criação ou custeio o erário haja
concorrido ou concorra com mais de cinqüenta Art. 10. Constitui ato de improbidade administra-
por cento do patrimônio ou da receita anual, serão tiva que causa lesão ao erário qualquer ação ou
punidos na forma desta lei. omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patri-
Parágrafo único. Estão também sujeitos às penali- monial, desvio, apropriação, malbaratamento ou
dades desta lei os atos de improbidade praticados dilapidação dos bens ou haveres das entidades refe-
contra o patrimônio de entidade que receba subven- ridas no art. 1º desta lei, e notadamente:
ção, benefício ou incentivo, fiscal ou creditício, de VI - realizar operação financeira sem observância
órgão público bem como daquelas para cuja cria- das normas legais e regulamentares ou aceitar
DIREITO ADMINISTRATIVO

ção ou custeio o erário haja concorrido ou concorra garantia insuficiente ou inidônea;


com menos de cinqüenta por cento do patrimônio Letra “d”: Errado – É hipótese de ato que causa pre-
ou da receita anual, limitando-se, nestes casos, a juízo ao Erário (artigo 10, V).
sanção patrimonial à repercussão do ilícito sobre a Art. 10. Constitui ato de improbidade administra-
contribuição dos cofres públicos. tiva que causa lesão ao erário qualquer ação ou
Letra “b”: Certo – Conforme consta do artigo 1º. omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patri-
Art. 1° Os atos de improbidade praticados por monial, desvio, apropriação, malbaratamento ou
qualquer agente público, servidor ou não, contra dilapidação dos bens ou haveres das entidades refe-
a administração direta, indireta ou fundacional de ridas no art. 1º desta lei, e notadamente:
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou
Distrito Federal, dos Municípios, de Território, de locação de bem ou serviço por preço superior ao de
empresa incorporada ao patrimônio público ou de mercado;
entidade para cuja criação ou custeio o erário haja Letra “e”: Errado – É hipótese de ato que causa pre-
concorrido ou concorra com mais de cinqüenta juízo ao Erário (artigo 10, II). 309
Art. 10. Constitui ato de improbidade administra- IX - ordenar ou permitir a realização de despesas
tiva que causa lesão ao erário qualquer ação ou não autorizadas em lei ou regulamento;
omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patri- Resposta: Letra C.
monial, desvio, apropriação, malbaratamento ou
dilapidação dos bens ou haveres das entidades refe- 5.
ridas no art. 1º desta lei, e notadamente:
II - permitir ou concorrer para que pessoa física ou Em “a” “b” e “c”: Errado – Porque apontam espécie
jurídica privada utilize bens, rendas, verbas ou valo- de ato de improbidade diferente da cometida pelo
res integrantes do acervo patrimonial das entidades agente público.
mencionadas no art. 1º desta lei, sem a observância Em “d”: Errado – Pois vimos que ficou caracterizado
das formalidades legais ou regulamentares aplicá- ato de improbidade administrativa.
veis à espécie; Em “e”: Certo – Conforme artigo 9º, VIII.
Resposta: Letra E.
Resposta: Letra B.
6.
4.
Em “a”: Certo – Conforme previsão do artigo 9º, IV.
Em “a”: Errado – Pois trata-se de ato que causa pre- Em “b”: Errado – Pois aponta espécie incorreta de
juízo ao Erário (artigo 10, XI). ato de improbidade administrativa.
Art. 10. Constitui ato de improbidade administra- Em “c”: Errado – Pois o ato é definido como de
tiva que causa lesão ao erário qualquer ação ou improbidade administrativa.
omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patri- Em “d”: Errado – Pois aponta espécie incorreta de
monial, desvio, apropriação, malbaratamento ou ato de improbidade administrativa.
dilapidação dos bens ou haveres das entidades refe- Em “e”: Errado – Pois há definição do ato em lei.
ridas no art. 1º desta lei, e notadamente: Resposta: Letra A.
XI - liberar verba pública sem a estrita observância
7.
das normas pertinentes ou influir de qualquer for-
ma para a sua aplicação irregular; Em “a”: Errado – Pois o ato que tenha como resul-
Em “b”: Errado – Pois trata-se de ato que causa pre- tado apenas a violação de princípios adminis-
juízo ao Erário (artigo 10, X). trativos também configura ato de improbidade
Art. 10. Constitui ato de improbidade administra- administrativa.
tiva que causa lesão ao erário qualquer ação ou Em “b”: Errado – Pois a ocorrência de dano ao Erá-
omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patri- rio não pressupõe a ocorrência de enriquecimento
monial, desvio, apropriação, malbaratamento ou ilícito.
dilapidação dos bens ou haveres das entidades refe- Em “c”: Errado – Pois há também os atos de impro-
ridas no art. 1º desta lei, e notadamente: bidade administrativa decorrentes de concessão
X - agir negligentemente na arrecadação de tributo ou aplicação indevida de benefício financeiro ou
ou renda, bem como no que diz respeito à conserva- tributário.
ção do patrimônio público; Em “d”: Certo – Define corretamente a ato de impro-
Em “c”: Certo – Conforme artigo 11, III. bidade administrativa que importa em enriqueci-
Art. 11. Constitui ato de improbidade administrati- mento ilícito.
va que atenta contra os princípios da administra- Em “e”: Errado – Pois, conforme previsto no artigo
ção pública qualquer ação ou omissão que viole os 3º, é possível a responsabilização daqueles que não
deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, são agentes públicos.
e lealdade às instituições, e notadamente: Resposta: Letra D.
III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência
em razão das atribuições e que deva permanecer em 8.
segredo;
Em “d”: Errado – Pois trata-se de ato que causa pre- Em “a”: Certo – Conforme artigo 12, parágrafo
juízo ao Erário (artigo 10, XII). único.
Art. 10. Constitui ato de improbidade administra- Em “b”: Errado – Pois, para esta punição, o prazo
tiva que causa lesão ao erário qualquer ação ou máximo é de 10 anos (artigo 12, I).
omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patri- Em “c”: Errado – Pois traz o oposto do que consta do
monial, desvio, apropriação, malbaratamento ou artigo 12, caput.
dilapidação dos bens ou haveres das entidades refe- Art. 12. Independentemente das sanções penais,
ridas no art. 1º desta lei, e notadamente: civis e administrativas previstas na legislação espe-
III - doar à pessoa física ou jurídica bem como ao cífica, está o responsável pelo ato de improbidade
ente despersonalizado, ainda que de fins educativos sujeito às seguintes cominações, que podem ser apli-
ou assistências, bens, rendas, verbas ou valores do cadas isolada ou cumulativamente, de acordo com a
patrimônio de qualquer das entidades mencionadas gravidade do fato:
no art. 1º desta lei, sem observância das formalida-
Em “d”: Errado – Pois traz exceção inexistente no
des legais e regulamentares aplicáveis à espécie;
artigo 12.
Em “e”: Errado – Pois trata-se de ato que importa
em enriquecimento ilícito (artigo 10, IX). Em “e”: Errado – Pois há tal previsão no artigo 12, IV.
Art. 10. Constitui ato de improbidade administra- Art. 12. Independentemente das sanções penais,
tiva que causa lesão ao erário qualquer ação ou civis e administrativas previstas na legislação espe-
omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patri- cífica, está o responsável pelo ato de improbidade
monial, desvio, apropriação, malbaratamento ou sujeito às seguintes cominações, que podem ser apli-
dilapidação dos bens ou haveres das entidades refe- cadas isolada ou cumulativamente, de acordo com a
ridas no art. 1º desta lei, e notadamente: gravidade do fato:
310
IV - na hipótese prevista no art. 10-A, perda da fun- 13.
ção pública, suspensão dos direitos políticos de 5
(cinco) a 8 (oito) anos e multa civil de até 3 (três) Em “a”: Errado – Pois deverá ser feito em âmbito
vezes o valor do benefício financeiro ou tributário judicial, pelo Ministério Público (artigo 16).
concedido. Em “b”: Certo – Conforme previsto no artigo 15 da lei.
Resposta: Letra A. Em “c”: Errado – Pois, como vimos acima, as medi-
das de sequestro, exame e bloqueio de bens serão
9. feitas via Ministério Público.
Em “d”: Errado – Pois o artig0 14 prevê a identifica-
Em “a”: Errado – Pois traz pena de reclusão e perda ção de quem realizar a representação.
dos direitos políticos. Em “e”: Errado – Pois traz informação oposta ao
Em “b”: Errado – Pois traz multa penal e perda dos que consta no artigo 14, §2º.
direitos políticos. Resposta: Letra B.
Em “c”: Errado – Pois traz perda dos direitos políti-
cos e pena de reclusão. 14.
Em “d”: Errado – Pois traz perda dos direitos políti-
cos e multa penal. Em “a”: Certo – Pois está conforme o comando do
Em “e”: Certo – Traz as penalidades constantes do artigo 250, §2º.
artigo 12. Em “b”: Errado – Em que pese serem independentes
Resposta: Letra E. as esferas de responsabilidade, o expresso coman-
do do dispositivo citado acima torna incorreta a
10.
questão.
Em “c”: Errado – Pois a apuração em âmbito admi-
A alternativa correta é a letra “b”, conforme artigo
nistrativo pode acontecer independentemente da
13, §3º.
apuração penal ou cível (artigo 250, §1º).
Art. 13. A posse e o exercício de agente público ficam
condicionados à apresentação de declaração dos Em “d” e “e”: Errado - diante do artigo 250, §2º, cita-
bens e valores que compõem o seu patrimônio pri- do acima.
vado, a fim de ser arquivada no serviço de pessoal Resposta: Letra A.
competente.
§ 3º Será punido com a pena de demissão, a bem do serviço 15.
público, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, o agente
público que se recusar a prestar declaração dos bens, den- Em “a”: Errado – Pois traz hipótese de demissão a
tro do prazo determinado, ou que a prestar falsa. bem do serviço público (artigo 257, VIII).
Resposta: Letra B. Em “b”: Certo – conforme consta do artigo 256, IV.
Em “c”: Errado – Pois traz hipótese de demissão a
11. bem do serviço público (artigo 257, V).
Em “d”: Errado – Pois traz hipótese de demissão a
A alternativa correta é a “a”, conforme previsto no bem do serviço público (artigo 257, IX).
artigo 13, §3º. Em “e”: Errado – Pois traz hipótese de demissão a
As demais alternativas estão em desconformidade
bem do serviço público (artigo 257, IV).
com a pena prevista para a conduta constante do
Resposta: Letra B.
enunciado, por isso são incorretas. O dispositivo
traz uma única possiblidade de aplicação de pena
para o caso exposto no enunciado.
Art. 13. A posse e o exercício de agente público ficam
condicionados à apresentação de declaração dos ANOTAÇÕES
bens e valores que compõem o seu patrimônio pri-
vado, a fim de ser arquivada no serviço de pessoal
competente.
§ 3º Será punido com a pena de demissão, a bem do serviço
público, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, o agente
público que se recusar a prestar declaração dos bens, den-
tro do prazo determinado, ou que a prestar falsa.
Resposta: Letra A.
DIREITO ADMINISTRATIVO

12.

Em “a”: Errado – Pois a ação será proposta


pelo Ministério Público ou pela pessoa jurídica
interessada.
Em “b”: Errado – Pois se efetivarão com o trânsito
em julgado.
Em “c”: Errado – Pois a lei cita o termo “qualquer
pessoa”.
Em “d”: Certo – Traz o conteúdo do artigo 17, §7º.
Em “e”: Errado – Pois a comissão representará ao
Ministério Público ou à procuradoria do órgão.
Resposta: Letra D.

311
ANOTAÇÕES

312
15 × 51 = 765

NÚMEROS NATURAIS

MATEMÁTICA
Operações e Propriedades

Os números construídos com os algarismos de 0 a


9 são chamados de naturais. O símbolo desse conjun-
to é a letra N, e podemos escrever os seus elementos
OPERAÇÕES COM NÚMEROS REAIS entre chaves:
N = {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16,
NÚMEROS REAIS 17, …}
Os três pontos, “as reticências”, indicam que este
O conjunto dos números Reais (R) engloba 4 con- conjunto tem infinitos números naturais.
juntos de números: Naturais (N), Inteiros (Z), Racio- O zero não é um número natural propriamente
nais (Q) e Irracionais (I) dito, pois não é um número de “contagem natural”.
Dentro dos números reais podemos envolver todos Por isso, utiliza-se o símbolo N* para designar os
os outros números dentro das operações matemáti- números naturais positivos, isto é, excluindo o zero.
cas, sejam elas de adição, subtração, multiplicação ou Vejam: N* = {1, 2, 3, 4, 5, 6, 7…}
divisão.
Vejamos a respresentação de diagramas em rela- Dica
ção aos conjuntos:
O símbolo do conjunto dos números naturais é a
letra N e podemos ter, ainda, o símbolo N*, que
representa os números naturais positivos, isto é,
excluindo o zero.
Q
I Conceitos Básicos Relacionados aos Números
Naturais

Z N
z Sucessor: é o próximo número natural.

Exemplo: o sucessor de 4 é 5, e o sucessor de 51 é


52. E o sucessor do número “n” é o número “n+1”.
R
z Antecessor: é o número natural anterior.

Exemplo: o antecessor de 8 é 7, e o antecessor de 77


é 76. E o antecessor do número “n” é o número “n-1”.
Operações e propriedades dos números reais
z Números consecutivos: são números em sequência.
z Adição de números reais: segue a mesma lógica da
adição comum.
Exemplo: 5, 6, 7 são números consecutivos, porém
10, 9, 11 não são. Assim, (n-1, n e n+1) são números
Ex.: 15,25 + 5,15 = 20,4
consecutivos.
5 + 37,8 + 120 = 162,8
55 + 83 + 205 = 343
z Números naturais pares: é aquele que, ao ser divi-
dido por 2, não deixa resto. Por isso o zero também
z Subtração de números reais: segue a mesma lógica
é par. Logo, todos os números que terminam em 0,
da subtração comum.
2, 4, 6 ou 8 são pares.
Ex.: 57,3 – 0,12 = 57,18 z Números naturais ímpares: ao serem divididos por
25 – 63 = -38 2, deixam resto 1. Todos os números que terminam
41 – 0,75 – 4,8 = 35,45 em 1, 3, 5, 7 ou 9 são ímpares.

z Multiplicação de números reais: aplicamos o mes- z A soma ou subtração de dois números pares tem
mo procedimento da multiplicação comum. resultado par.
MATEMÁTICA

Ex.: 4,6 × 1,75 = 8,05 Ex.: 12 + 8 = 20; 12 – 8 = 4.


3 × 55 = 165
7 × 2,85 = 19,95 z A soma ou subtração de dois números ímpares tem
resultado par.
z Divisão de números reais: aplicamos o mesmo pro-
cedimento da divisão comum. Ex.: 13 + 7 = 20; 13 – 7 = 6.

Ex.: 5,7 ÷ 1,3 = 4,38 z A soma ou subtração de um número par com outro
2,8 × 100 = 280 ímpar tem resultado ímpar. 313
Ex.: 14 + 5 = 19; 14 – 5 = 9. Adição de 55 e 30: 55 + 30 = 85

z A multiplicação de números pares tem resultado par. Principais propriedades da operação de adição:

Ex.: 8 x 6 = 48. z Propriedade comutativa: a ordem dos números


não altera a soma.
z A multiplicação de números ímpares tem resulta-
Ex.: 115 + 35 é igual a 35 + 115.
do ímpar:
z Propriedade associativa: quando é feita a adição
Ex.: 3 x 7 = 21. de 3 ou mais números, podemos somar 2 deles, pri-
meiramente, e depois somar o outro, em qualquer
z A multiplicação de um número par por um núme- ordem que vamos obter o mesmo resultado.
ro ímpar tem resultado par:
Ex.: 2 + 3 + 5 = (2 + 3) + 5 = 2 + (3 + 5) = 10
Ex.: 4 x 5 = 20.
z Elemento neutro: o zero é o elemento neutro da
NÚMEROS INTEIROS adição, pois qualquer número somado a zero é
igual a ele mesmo.
Os números inteiros são os números naturais e
seus respectivos opostos (negativos). Veja: Ex.: 27 + 0 = 27; 55 + 0 = 55.

Z = {..., -7, -6, -5, -4, -3, -2, -1, 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, ...} z Propriedade do fechamento: a soma de dois núme-
ros inteiros sempre gera outro número inteiro.
O símbolo desse conjunto é a letra Z. Uma coisa
importante é saber que todos os números naturais Ex.: a soma dos números inteiros 8 e 2 gera o
são inteiros, mas nem todos os números inteiros são número inteiro 10 (8 + 2 = 10).
naturais. Logo, podemos representar através de dia-
gramas e afirmar que o conjunto de números naturais � Subtração: subtrair dois números é o mesmo que
está contido no conjunto de números inteiros ou ain- diminuir, de um deles, o valor do outro. Ou seja,
da que N é um subconjunto de Z. Observe: subtrair 7 de 20 significa retirar 7 de 20, restando
13: 20 – 7 = 13.

Veja mais alguns exemplos:


Subtrair 5 de 16: 16 -5 = 11
30 subtraído de 10: 30 – 10 = 20

As principais propriedades da operação de


Z N
subtração:

z Propriedade comutativa: como a ordem dos núme-


ros altera o resultado, a subtração de números não
possui a propriedade comutativa.

Podemos destacar alguns subconjuntos de núme- Ex.: 250 – 120 = 130 e 120 – 250 = -130.
ros. Veja:
z Propriedade associativa: não há essa propriedade
z Números Inteiros não negativos = {4,5,6...}. Veja na subtração.
que são os números naturais.
Números Inteiros não positivos = {… -3, -2, -1, 0}. z Elemento neutro: o zero é o elemento neutro da
subtração, pois, ao subtrair zero de qualquer
Veja que o zero também faz parte deste conjunto, número, este número permanecerá inalterado.
pois ele não é positivo nem negativo. Ex.: 13 – 0 = 13.

z Números inteiros negativos = {… -3, -2, -1}. O zero z Propriedade do fechamento: a subtração de dois
não faz parte. números inteiros sempre gera outro número inteiro.
z Números inteiros positivos = {5, 6, 7...}. Novamen-
te, o zero não faz parte. Ex.: 33 – 10 = 23.

Operações com números inteiros Multiplicação


Há quatro operações básicas que podemos efetuar A multiplicação funciona como se fosse uma repe-
com estes números são: adição, subtração, multiplica- tição de adições. Veja:
ção e divisão. A multiplicação 20 x 3 é igual à soma do número 20
z Adição: é dada pela soma de dois números. Ou três vezes (20 + 20 + 20), ou à soma do número 3 vinte
seja, a adição de 20 e 5 é: 20 + 5 = 25 vezes (3 + 3 + 3 + ... + 3).
Algo que é muito importante e você deve lembrar
Veja mais alguns exemplos: sempre são as regras de sinais na multiplicação de
314 Adição de 15 e 3: 15 + 3 = 18 números.
SINAIS NA MULTIPLICAÇÃO SINAIS NA DIVISÃO

Operações Resultados Operações Resultados

+ + + + + +

- - + - - +

+ - - + - -

- + - - + -

Dica Dica
� A multiplicação de números de mesmo sinal � A divisão de números de mesmo sinal tem
tem resultado positivo. resultado positivo.
Ex.: 51 × 2 = 102; (-33) × (-3) = 99 Ex.: 60 ÷ 3 = 20; (-45) ÷ (-15) = 3
� A multiplicação de números de sinais diferen- � A divisão de números de sinais diferentes tem
tes tem resultado negativo. resultado negativo.
Ex.: 25 × (-4) = -100; (-15) × 5 = -75 Ex.: 25 ÷ (-5) = -5; (-120) ÷ 5 = -24

As principais propriedades da operação de Esquematizando:


multiplicação:
Dividendo
Divisor
z Propriedade comutativa: A x B é igual a B x A, ou
seja, a ordem não altera o resultado. 30 5
0 6
Ex.: 8 x 5 = 5 x 8 = 40.
Resto Quociente
z Propriedade associativa: (A x B) x C é igual a (C x B)
x A, que é igual a (A x C) x B. Dividendo = Divisor × Quociente + Resto
30 = 5 · 6 + 0
Ex.: (3 x 4) x 2 = 3 x (4 x 2) = (3 x 2) x 4 = 24.
As principais propriedades da operação de divisão.
z Elemento neutro: a unidade (1) é o elemento neu-
tro da multiplicação, pois ao multiplicar 1 por Propriedade comutativa: a divisão não possui essa
propriedade:
qualquer número, este número permanecerá
inalterado.
z Propriedade associativa: a divisão não possui essa
propriedade.
Ex.: 15 x 1 = 15.
z Elemento neutro: a unidade (1) é o elemento neu-
tro da divisão, pois ao dividir qualquer número
z Propriedade do fechamento: a multiplicação de
por 1, o resultado será o próprio número.
números inteiros sempre gera um número inteiro.
Ex.: 15 / 1 = 15.
Ex.: 9 x 5 = 45
z Propriedade do fechamento: aqui chegamos em
z Propriedade distributiva: essa propriedade é
uma diferença enorme dentro das operações de
exclusiva da multiplicação. Veja como fica: Ax(B+C)
números inteiros, pois a divisão não possui essa
= (AxB) + (AxC) propriedade. Uma vez que ao dividir números
inteiros podemos obter resultados fracionários ou
Ex.: 3x(5+7) = 3x(12) = 36 decimais.
Usando a propriedade:
3x(5+7) = 3x5 + 3x7 = 15+21 = 36 Ex.: 2 / 10 = 0,2 (não pertence ao conjunto dos
números inteiros).
z Divisão: quando dividimos A por B, queremos
repartir a quantidade A em partes de mesmo NÚMEROS RACIONAIS
MATEMÁTICA

valor, sendo um total de B partes.


São aqueles que podem ser escritos na forma da
Ex.: Ao dividirmos 50 por 10, queremos dividir 50 divisão (fração) de dois números inteiros. Ou seja,
em 10 partes de mesmo valor. Ou seja, nesse caso tere- escritos na forma A/B (A dividido por B), onde A e B
mos 10 partes de 5 unidades, pois se multiplicarmos 10 são números inteiros.
x 5 = 50. Ou ainda podemos somar 5 unidades 10 vezes Exemplos: 7/4 e -15/9 são racionais. Veja, também,
consecutivas, ou seja, 5+5+5+5+5+5+5+5+5+5=50. que os números 87, 321 e 1221 são racionais, pois são
Algo que é muito importante e você deve lembrar divididos pelo número 1.
sempre, são as regras de sinais na divisão de números. 315
Qualquer número natural é também inteiro e todo 1
+
3
=
4 ×1
+
3×3
=
4+9
=
13
número inteiro é também racional. 3 4 12 ÷ 3 12 ÷ 4 12 12
O símbolo desse conjunto é a letra Q e podemos
representar por meio de diagramas a relação entre os 2 (aqui, dividi-se sempre pelo menor número primo
3–4
conjuntos naturais, inteiros e racionais, veja: possível).
3–2 2

Q 3–1 3
1 – 1 MMC = 2×2×3 = 12.

z Todo número que é dividido apenas por ele mesmo


e pelo número 1 é um número primo. Exemplos:
Z N
3 (pode ser dividido apenas por 1 e 3);
13 (pode ser dividido apenas por 1 e 13).

Multiplicação de Fração

Fazer a multiplicação entre frações é muito sim-


ples: basta multiplicar os numeradores entre eles e,
Números Fracionários
em seguida, os denominadores entre eles. Veja:
Conjuntos numéricos fracionários são aqueles que 2 5 2×5 10
podem ser escritos na forma da divisão (fração) de dois 3
×
4
=
3×4
=
12
números inteiros. Ou seja, escritos na forma A/B (lê-se
A dividido por B), onde A e B são números inteiros. Perceba que não chegamos ao resultado final da
Exemplos: operação, pois é necessário, ainda, simplificar a fração
7/4 e –15/9 são racionais. o máximo possível. Para realizar esse procedimento,
Veja, também, que os números 87, 321 e 1.221 são deve-se achar um número que divide, ao mesmo tem-
racionais, pois são divisíveis pelo número 1. po, o denominador e o numerador. No exemplo dado,
Qualquer número natural é, também, inteiro e sabemos que é o número 2. Vejamos:
todo número inteiro é, também, racional.
10 ÷ 2 5
=
Operações com Frações 12 ÷ 2 6

Frações nada mais são do que operações de divi- Assim, chegamos no resultado final, pois não há
4
são. Podemos, por exemplo, escrever 4 ÷ 8, como 8 . mais como simplificar.
Neste tópico, veremos todas as operações que
envolvem as frações, quais sejam: a adição, a subtra- Divisão de Fração
ção, a multiplicação e a divisão.
Para dividir frações, basta repetir a primeira fra-
ção e multiplicá-la pelo inverso da segunda fração.
Adição ou Subtração de Fração
Depois, realiza-se a multiplicação normalmente, da
mesma forma que aprendemos. Veja:
Para somar ou subtrair frações, é necessário ater-
-se, principalmente, aos denominadores, ou seja, à 3 5 3 2 3×2 6 6÷2 3
“base” das frações. Vejamos duas situações possíveis: 4
÷
2
=
4
×
5
=
4×5
=
20
=
20 ÷ 2
=
10

z Denominadores iguais (nessa situação, basta repe- Pode-se simplificar frações, dividindo o numera-
tir as bases e operar os numeradores): dor e o denominador pelo mesmo número.

1 3 1+3 4 Operações e propriedades dos números racionais


+ = =
5 5 5 5
4 2 4–2 2 z Adição de números decimais: segue a mesma lógi-
– = = ca da adição comum.
3 3 3 3

z Denominadores diferentes (nessa situação, é pre- Ex.: 15,25 + 5,15 = 20,4


ciso achar o denominador comum, a fim de reali-
zar a operação das frações): z Subtração de números decimais: segue a mesma
lógica da subtração comum.
1 3
+
3 4 Ex.: 57,3 – 0,12 = 57,18

Note que o número 12 é o primeiro múltiplo, ao z Multiplicação de números decimais: aplicamos o


mesmo tempo, de 3 e 4. Cada um desses denominado- mesmo procedimento da multiplicação comum.
res deverá ser dividido por 12 e, depois, deve-se multi-
316 plicar o resultado pelos numeradores. Ex.: 4,6 × 1,75 = 8,05
z Divisão de números decimais: devemos multipli- Cálculo do MMC por fatoração simultânea
car ambos os números (divisor e dividendo) por
uma potência de 10 (10, 100, 1000, 10000 etc.) de Podemos calcular o MMC entre 2 ou mais números,
modo a retirar todas as casas decimais presentes. de maneira mais rápida, fazendo a fatoração simultâ-
Após isso, é só efetuar a operação normalmente. nea dos dois números. Veja:
Ex.: Calcule o MMC entre 6 e 8.
Ex.: 5,7 ÷ 1,3
5,7 × 100 = 570 6 – 8 2 (aqui devemos colocar o menor número primo)
1,3 × 100 = 130
3 – 4 2 (nesse caso repetimos o nº 3, pois ele não é dividido pelo 2)
570 ÷ 130 = 4,38
3–2 2
NÚMEROS IRRACIONAIS 3–1 3
1 – 1 MMC = 2×2×2×3 = 24.
Os números decimais, infinitos e não-periódicos,
ou seja, aqueles que não podem ser representados por
meio de frações irredutíveis são os chamados núme- Logo, o MMC (6 e 8) = 24.
ros irracionais. Com esse método é possível calcular o MMC entre
Exemplos clássicos de números irracionais: vários números. Vamos exercitar, dessa vez com mais
números. Ex.: Calcule o MMC entre os números 10, 12, 20.
√2 = 1,414213562373....
√3 = 1,732050807568....
10 – 12 – 20 2 (aqui devemos colocar o menor número primo)
Temos ainda, o número pi (π = 3,1415926535897932 5 – 6 – 10 2 (nesse caso repetimos o nº 3, pois ele não é dividido por 2)
3846…) que é bastante usado na geometria e muito
5–3–5 3
conhecido na matemática.
O número de Neper, representado por e, sendo 5–1–5 5
aproximadamente igual a e = 2,7182... é um outro 1–1–1 MMC = 2×2×3×5 = 60.
exemplo de irracional. Podemos citar, ainda, o núme-
ro de ouro, que é definido a partir da razão áurea ou
Logo, o MMC (10, 12 e 20) = 60.
divina proporção, sendo encontrada em muitos ele-
mentos da natureza, sendo representado por Phi (ϕ).
Seu valor é ϕ = 1,618033... Passos para calcular o MMC (fatoração simultânea):
Representação na reta numérica
1 – Montar uma coluna para os fatores primos e
1, 4142 colunas para cada um dos números;
... –2 –1 0 1 2 3 ...
2 – Começar a divisão dos números pelo menor
fator primo (2) e só ir aumentando quando nenhum
–3/2 –0,5 1/2 1,5 5/2
Pi = 3,14159... dos números puder ser dividido;
Reta dos números reais
z Se algum dos números não puder ser dividido, bas-
Dica ta copiá-lo para a próxima linha;
z O objetivo é fazer com que todos os números che-
O conjunto dos números irracionais é composto
guem ao valor 1;
por todos os números que não podem ser escri-
z O MMC será a multiplicação dos fatores primos
tos na forma de uma fração.
utilizados.

Pensando um pouco além e olhando para os tipos


de questões que aparecem nas provas, devemos ter
MÍNIMO MÚLTIPLO COMUM E MÁXIMO em mente que o enunciado relacionado a MMC sem-
DIVISOR COMUM pre trará uma ideia de periodicidade, repetição, ciclo
de acontecimentos.
MÍNIMO MÚLTIPLO COMUM Veja um exemplo:
Na linha de montagem de uma fábrica, há duas
Os múltiplos de um número X são aqueles núme- luzes de sinalização, sendo que uma delas pisca a cada
ros que podem ser obtidos multiplicando X por outro 20 minutos e a outra pisca a cada 35 minutos. Se às
número natural. Agora observe o seguinte os múlti-
8 horas da manhã as duas luzes piscaram ao mesmo
plos dos números 4 e 6:
tempo, isso irá ocorrer novamente às?
M(4) = 4,8,12,16,20,24,28,32,36,...
MATEMÁTICA

Resolução:
M(6) = 6,12,18,24,30,36,42,...
Quais são os múltiplos iguais (comuns) entre os Observe “a cada 20 minutos” e “a cada 35 minu-
números? São eles: 12,24,36. E qual o menor deles? É tos”. Aqui temos uma ideia de repetição, pois se por
o número 12. exemplo se a luz que pisca a cada 20 minutos picar às
Sendo assim, o número 12 é o menor múltiplo 15h, ela irá piscar novamente depois de 20 minutos,
comum entre 4 e 6, ou seja, o MMC entre 4 e 6 é igual ou seja, 15h20. Depois às 15h40, 16h, etc.
a 12. Logo, esse é um tipo clássico de questão sobre
MMC.
317
Dica 2
=
x
ou 2 ÷ 3 = x ÷ 6
3 6
Atente-se para as palavras “a cada”, “em”, “ou”
nos enunciados que elas indicam uma ideia de
Para resolvermos esse tipo de problema devemos
repetição, ciclo e periodicidade.
usar a Propriedade Fundamental da razão e propor-
ção: produto dos meios pelos extremos.
MÁXIMO DIVISOR COMUM (MDC)
Meio: 3 e x
Extremos: 2 e 6
O máximo divisor comum (MDC ou M.D.C.) corres-
Logo, devemos fazer a multiplicação entre eles
ponde ao maior número divisível entre dois ou mais
números inteiros. numa igualdade. Observe:
Os divisores comuns de 12 e 18 são 1, 2, 3 e 6. Den-
tre estes, o número maior é o 6. Sendo assim, o núme- 3·X=2.6
ro 6 é o máximo divisor comum entre 12 e 18, ou seja, 3X = 12
o MDC entre 12 e 18 é igual a 6. X = 12/3
X=4
Cálculo do MDC por Fatoração Simultânea
Lembre-se de que a maioria dos problemas envol-
Podemos calcular o MDC entre 2 ou mais núme- vendo esse tema são resolvidos utilizando essa pro-
ros fazendo a fatoração simultânea dos dois números priedade fundamental. Porém, algumas questões
(aqui, é importante ressaltar que a faremos a fatora- acabam sendo um pouco mais complexas e pode ser
ção até o momento em que o número 1 for quem divi- útil conhecer algumas propriedades para facilitar.
de todos os números envolvidos ao mesmo tempo). Vamos a elas.
Veja:
Ex.: Calcule o MDC entre 60 e 45. Propriedade das Proporções

60 – 45 3 (note que 3 é o número que divide o 60 e o 45 ao mesmo tempo) z Somas Externas


20 – 15 5 (note que 5 é o número que divide o 20 e o 15 ao mesmo tempo)

1 (aqui, paramos a fatoração, pois o número 1 é quem divide tudo ao a c a+c


4–3
mesmo tempo
= =
b d b+d
MDC = 3×5×1 = 15.

Vamos entender um pouco melhor resolvendo um


Logo, o MDC (60 e 45) = 15. questão-exemplo:
Passos para calcular o MDC (fatoração simultânea): Suponha que uma fábrica vai distribuir um prê-
mio de R$10.000 para seus dois empregados (Carlos
z Montar uma coluna para os fatores primos e colu- e Diego). Esse prêmio vai ser dividido de forma pro-
nas para cada um dos números; porcional ao tempo de serviço deles na fábrica. Carlos
z Começar a divisão dos números pelo número que está há 3 anos na fábrica e Diego está há 2 anos na
divide todos os números ao mesmo tempo; fábrica. Quanto cada um vai receber?
z Parar a fatoração quando o número 1 for quem Primeiro, devemos montar a proporção. Sejam C
divide todo os números ao mesmo tempo; a quantia que Carlos vai receber e D a quantia que
z O MDC será a multiplicação dos fatores primos Diego vai receber, temos:
utilizados.
C D
=
3 2

RAZÃO E PROPORÇÃO Utilizando a propriedade das somas externas:

A razão entre duas grandezas é igual a divisão C D C+D


=
entre elas, veja: 3 2 = 3+2

2 Perceba que C + D = 10.000 (as partes somadas),


5 então podemos substituir na proporção:

Ou podemos representar por 2 ÷ 5 (Lê-se 2 está C D C+D 10.000


para 5).
= = = = 2.000
3 2 3+2 5
Já a proporção é a igualdade entre razões, veja:
Aqui cabe uma observação importante:
2 4
= Esse valor 2.000, que chamamos de “Constante de
3 6
Proporcionalidade”, é que nos mostra o valor real das
partes dentro da proporção. Veja:
Ou podemos representar por 2 ÷ 3 = 4 ÷ 6 (Lê-se 2
está para 3 assim como 4 está para 6). C
Os problemas mais comuns que envolvem razão e = 2.000
3
proporção é quando se aplica uma variável qualquer
dentro da proporcionalidade e se deseja saber o valor C = 2000 x 3
318 dela. Veja o exemplo: C = 6.000 (esse é o valor de Carlos)
D
= 2.000 2A + 3B = 13.000
2

D = 2.000 x 2 Agora multiplicando em cima e embaixo de um


D = 4.000 (esse é o valor de Diego) lado por 2 e do outro lado por 3, temos:

2A 3B
Assim, Carlos vai receber R$6.000 e Diego vai rece- =
4 9
ber R$4.000.

z Somas Internas Aplicando a propriedade das somas externas,


podemos escrever o seguinte:
a c a+b c+d
= = = 2A 3B 2A + 3B
b d b d = =
4 9 4+9
É possível, ainda, trocar o numerador pelo deno-
minador ao efetuar essa soma interna, desde que Substituindo o valor da equação 2A + 3B na pro-
o mesmo procedimento seja feito do outro lado da porção, temos:
proporção.
2A 3B 2A + 3B 13.000
= = = = 1.000
a c a+b c+d 4 9 4+9 13
= = =
b d a c
Logo,
Vejamos um exemplo:
2A
= 1.000
x 2 4
=
14 - x 5 2A = 4 x 1.000
2A = 4.000
x + 14 - x 2+5 A = 2.000
=
x 2
Fazendo a mesma resolução em B:
14 7 3B
x
=
2 = 1.000
9

7 . x = 2 · 14 3B = 9 x 1.000
3B = 9.000
14 · 2 B = 3.000
x= =4
7 Sendo assim, os funcionários com 2 anos de casa
receberão R$2.000 de bônus. Já os funcionários com 3
Portanto, encontramos que x = 4. anos de casa receberão R$3.000 de bônus.
O total pago pela empresa será:
Total = 2.2000 + 3.3000 = 4000 + 9000 = 13000.
Importante!
Vale lembrar que essa propriedade também ser-
ve para subtrações internas.
PORCENTAGEM
z Soma com Produto por Escalar: A porcentagem é uma medida de razão com base
100. Ou seja, corresponde a uma fração cujo denomi-
a c a + 2b c + 2d nador é 100. Vamos observar alguns exemplos e notar
= = =
b d b d como podemos representar um número porcentual.

Vejamos um exemplo para melhor entendimento: 30% =


30
(forma de fração)
Uma empresa vai dividir o prêmio de R$13.000 100
proporcionalmente ao número de anos trabalhados.
São dois funcionários que trabalham há 2 anos na 30% =
30
= 0,3 (forma decimal)
empresa e três funcionários que trabalham há 3 anos. 100
MATEMÁTICA

Seja A o prêmio dos funcionários com 2 anos e B


o prêmio dos funcionários com 3 anos de empresa, 30% =
30
=
3
(forma de fração simplificada)
temos: 100 10
A B
=
2 3 Sendo assim, a razão 30% pode ser escrita de
várias maneiras:
Porém, como são 2 funcionários na categoria A e 3
funcionários na categoria B, podemos escrever que a 30% =
30
= 0,3 =
3
soma total dos prêmios é igual a R$13.000. 100 10 319
Também é possível fazer a conversão inversa, isto Dica
é, transformar um número qualquer em porcentual. A avaliação do crescimento ou da redução per-
Para isso, basta multiplicar por 100. Veja: centual deve ser feita sempre em relação ao
valor inicial da grandeza.
25 x 100 = 2500% Final - Inicial
0,35 x 100 = 35%
Variação percentual =
Inicial
0,586 x 100 = 58,6%
Veja mais um exemplo para podermos fixar melhor.
Exemplo 2:
Número Relativo Juliano percebeu que ele ainda não assistiu a 200
aulas do seu curso. Ele deseja reduzir o número de
A porcentagem traz uma relação entre uma parte e aulas não assistidas a 180. É correto afirmar que, se
um todo. Quando dizemos 10% de 1000, o 1000 corres- Juliano chegar às 180 aulas almejadas, o número terá
ponde ao todo. Já o 10% corresponde à fração do todo caído 20%?
que estamos especificando. Para descobrir a quanto A variação percentual de uma grandeza corres-
isso corresponde, basta multiplicar 10% por 1000. ponde ao índice:

Final - Inicial 180 - 200


10% de 1000 =
10 x 1000 = 100 Variação percentual = = =
100 Inicial 200

20
Dessa maneira, 1000 é todo, enquanto que 100 é a – = - 0,10
200
parte que corresponde a 10% de 1000.
Quando o todo varia, a porcentagem também Como o resultado foi negativo, podemos afirmar
varia! que houve uma redução percentual de 10% nas aulas
Veja um exemplo: ainda não assistidas por Juliano. O enunciado está
Roberto assistiu 2 aulas de Matemática Financeira. errado ao afirmar que essa redução foi de 20%.
Sabendo que o curso que ele comprou possui um total
de 8 aulas, qual é o percentual de aulas já assistidas
por Roberto?
O todo de aulas é 8. Para descobrir o percentual, REGRA DE TRÊS SIMPLES E
devemos dividir a parte pelo todo e obter uma fração. COMPOSTA
2
=
1 REGRA DE TRÊS SIMPLES
8 4
A Regra de Três Simples envolve apenas duas
Precisamos transformar em porcentagem, ou seja, grandezas. São elas:
vamos multiplicar a fração por 100:
z Grandeza Dependente: é aquela cujo valor se
1 x 100 = 25% deseja calcular a partir da grandeza explicativa;
4 z Grandeza Explicativa ou Independentes: é aque-
la utilizada para calcular a variação da grandeza
Soma e Subtração de Porcentagem dependente.

As operações de soma e subtração de porcentagem Existem dois tipos principais de proporcionalida-


são as mais comuns. É o que acontece quando se diz des que aparecem frequentemente em provas de con-
cursos públicos. Veja abaixo:
que um número excede, reduziu, é inferior ou é supe-
rior ao outro em tantos por cento. A grandeza inicial
z Grandezas Diretamente Proporcionais: o aumen-
corresponderá sempre a 100%. Então, basta somar ou to de uma grandeza implica o aumento da outra;
subtrair o percentual fornecido dos 100% e multipli- z Grandezas Inversamente Proporcionais: o aumen-
car pelo valor da grandeza. to de uma grandeza implica a redução da outra;
Exemplo 1:
Paulinho comprou um curso de 200 horas-aula. Vamos esquematizar para sabermos quando será
Porém, com a publicação do edital, a escola precisou direta ou inversamente proporcionais:
aumentar a carga horária em 15%. Qual o total de
horas-aula do curso ao final? Diretamente + / + OU - / -
Inicialmente, o curso de Paulinho tinha um total Proporcional

de 200 horas-aula que correspondiam a 100%. Com o


aumento porcentual, o novo curso passou a ter 100% + Aqui as grandezas aumentam ou diminuem juntas
15% das aulas inicialmente previstas. Portanto, o total (sinais iguais)
de horas-aula do curso será:
(1 + 0,15) x 200 = 1,15 x 200 = 230 horas-aula. Proporcional + / - OU - / +
320
Aqui uma grandeza aumenta e a outra diminui A equipe de 30 professores levará apenas 2 dias
(sinais diferentes) para corrigir as provas.
Agora vamos esquematizar a maneira que iremos
resolver os diversos problemas: REGRA DE TRÊS COMPOSTA

Diretamente A Regra de Três Composta envolve mais de duas


Multiplica Cruzado
Proporcional variáveis. As análises sobre se as grandezas são direta-
mente e inversamente proporcionais devem ser feitas
Inversamente cautelosamente levando em conta alguns princípios:
Proporcional Multiplica na Horizontal
z As análises devem sempre partir da variável
dependente em relação às outras variáveis;
Vejamos alguns exemplos para fixarmos um pouco
z As análises devem ser feitas individualmente. Ou
mais como isso tudo funciona:
seja, deve-se comparar as grandezas duas a duas,
mantendo as demais constantes.
z Um muro de 12 metros foi construído utilizando
z A variável dependente fica isolada em um dos
2.160 tijolos. Caso queira construir um muro de 30
lados da proporção.
metros nas mesmas condições do anterior, quan-
tos tijolos serão necessários?
Vamos analisar alguns exemplos e ver na prática
como isso tudo funciona:
Primeiro vamos montar a relação entre as gran-
dezas e depois identificar se é direta ou inversamente
z Se 6 impressoras iguais produzem 1000 panfletos
proporcional.
em 40 minutos, em quanto tempo 3 dessas impres-
soras produziriam 2000 desses panfletos?
12 m -------- 2160 (tijolos)
30 m -------- X (tijolos)
Da mesma forma que na regra de três simples,
vamos montar a relação entre as grandezas e analisar
Veja que de 12m para 30m tivemos um aumento (+)
cada uma delas isoladamente duas a duas.
e que para fazermos um muro maior vamos precisar
de mais tijolos, ou seja, também deverá ser aumentado
6 (imp.) -------- 1000 (panf.) -------- 40 (min)
(+). Logo, as grandezas são diretamente proporcionais
3 (imp.) -------- 2000 (panf.) -------- X (min)
e vamos resolver multiplicando cruzado. Observe:
Vamos escrever a proporcionalidade isolando a
12 m -------- 2 160 (tijolos) parte dependente de um lado e igualando às razões da
seguinte forma – se for direta vamos manter a razão,
30 m -------- X (tijolos)
agora se for inversa vamos inverter a razão. Observe:
12 · X = 30 . 2160
12X = 64800 40 ? ?
= #
X = 5400 tijolos X ? ?

Assim, comprovamos que realmente são necessá- Analisando isoladamente duas a duas:
rios mais tijolos.
6 (imp.) -------- 40 (min)
z Uma equipe de 5 professores gastou 12 dias para 3 (imp.) ---- ---- X (min)
corrigir as provas de um vestibular. Considerando Perceba que de 6 impressoras para 3 impressoras
a mesma proporção, quantos dias levarão 30 pro- o valor diminui ( - ) e que o tempo irá aumentar ( + ),
fessores para corrigir as provas? pois agora teremos menos impressoras para realizar
a tarefa. Logo, as grandezas são inversas e devemos
Do mesmo jeito que no exemplo anterior, vamos inverter a razão.
montar a relação e analisar:
40 3 ?
= #
5 (prof.) --------- 12 (dias) X 6 ?
30 (prof.) -------- X (dias)
Analisando isoladamente duas a duas:
Veja que de 5 (prof.) para 30 (prof.) tivemos um
1000 (panf.) -------- 40 (min)
aumento (+), mas como agora estamos com uma equi-
2000 (panf.) ------ -- X (min)
pe maior o trabalho será realizado mais rapidamente.
Logo, a quantidade de dias deverá diminuir (-). Des- Perceba que de 1000 panfletos para 1200 panfle-
MATEMÁTICA

sa forma, as grandezas são inversamente proporcio- tos o valor aumenta ( + ) e que o tempo também irá
nais e vamos resolver multiplicando na horizontal. aumentar ( + ). Logo, as grandezas são diretas e deve-
Observe: mos manter a razão.

5 (prof.) 12 (dias) 40
=
3
#
1000
30 (prof.) X (dias) X 6 2000
30 . X = 5 . 12
30X = 60 Agora basta resolver a proporção para acharmos
X=2 o valor de X. 321
40 3000 bem como pela relativa simplicidade do seu cálculo,
X
= 12000 além de prestar-se bem ao tratamento algébrico.
3X = 40 x 12 A média aritmética ou simplesmente média de um
3X = 480 conjunto de n observações, é definida como:
X = 160
n
As três impressoras produziriam 2000 panfletos em Ʃxi
i=1
160 minutos, que correspondem á 2 horas e 40 minutos. x=
Para fixarmos mais ainda nosso conhecimento, n
vamos analisar mais um exemplo.
Exemplo 2:Um texto ocupa 6 páginas de 45 linhas Onde n é o número de valores observados ou tama-
cada uma, com 80 letras (ou espaços) em cada linha. nho amostral e:
Para torná-lo mais legível, diminui-se para 30 o núme-
ro de linhas por página e para 40 o número de letras n
(ou espaços) por linha. Considerando as novas condi-
ções, determine o número de páginas ocupadas.
Ʃxi = x + x + ⋯ + x (soma dos valores observados).
i=1
1 2 n

Já aprendemos o passo a passo no exemplo ante-


rior. Aqui vamos resolver de maneira mais rápida. Usa-se para denotar uma medida de média amos-
tral o x, que também é conhecido como um estimador
6 (pág.) -------- 45 (linhas) -------- 80 (letras) da média. Já a notação para média populacional é a
X (pág.) -------- 30 (linhas) -------- 40 (letras) letra grega, que representa o parâmetro média popu-
6 ? ? lacional. Então, percebam que falando de amostras
= #
X ? ? dizemos estimativas e para população são parâme-
tros. Para a população teríamos:
Analisando isoladamente duas a duas:
n
6 (pág.) -------- 45 (linhas)
X (pág.) -- ----- 30 (linhas) Ʃxi
µ= i=1 =
x1 + x2 + ... + xN

Perceba que de 45 linhas para 30 linhas o valor N N


diminui ( - ) e que o número de páginas irá aumentar
( + ). Logo, as grandezas são inversas e devemos inver-
ter a razão. Em que µ é a média populacional, Ʃxi é a soma de
6 30 ? todos os elementos da população e N é o número de
= # elementos na população.
X 45 ?

Para os dados da Tabela 1 e 2 podemos calcular a


Analisando isoladamente duas a duas:
média das variáveis altura e número de irmãos:
6 (pág.) -------- 80 (letras)
X (pág.) ------- 40 (letras) Tabela 1. Rol das alturas dos alunos da disciplina
de Estatística e Probabilidade do curso de Matemática
da Universidade Federal de Uberlândia no semestre
Veja que de 80 letras para 40 letras o valor diminui
01 do ano de 2002.
( - ) e que o número de páginas irá aumentar ( + ). Logo,
as grandezas são inversas e devemos inverter a razão.
1,51 1,53 1,56 1,62 1,63 1,64 1,65
6 30 40
= # 1,67 1,67 1,67 1,68 1,70 1,70 1,72
X 45 80
6
=
2
#
1 1,72 1,73 1,73 1,75 1,75 1,75 1,76
X 3 2
1,78 1,78 1,78 1,80 1,83 1,87 1,87
6 2
=
X 6 1,88 1,88
2X = 36
X = 18 Tabela 2. Rol do número de irmãos dos alunos da
disciplina de Estatística e Probabilidade do curso de
O número de páginas a serem ocupadas pelo texto Matemática da Universidade Federal de Uberlândia
respeitando as novas condições é igual a 18. no semestre 01 do ano de 2002.

0 0 0 1 1 1 1

MÉDIA ARITMÉTICA SIMPLES E 1 1 1 1 1 1 1


PONDERADA
1 2 2 2 2 2 2
MÉDIA ARITMÉTICA
3 3 3 4 5 5 6
A mais usada das três medidas de posição mencio-
6 6
322 nadas, por ser a mais comum e compreensível delas,
n 30 JUROS SIMPLES
Ʃxi
i=1
Ʃxi
i=1
1,87 + ... + 1,78
x= = = = 1,720m ; JUROS SIMPLES
n 30 30
A premissa que é a base da matemática financeira
é a seguinte: as pessoas e as instituições do mercado
n 30 preferem adiantar os seus recebimentos e retardar
Ʃxi
i=1
Ʃxi
i=1
5 + ... + 2 os seus pagamentos. Do ponto de vista estritamente
x= = = = 2, 2 irmãos . racional, é melhor pagar o mais tarde possível caso
não haja incidência de juros (ou caso esses juros
n 30 30
sejam inferiores ao que você pode ganhar aplicando
o dinheiro).
O valor encontrado (x = 2,2 irmãos) não é um resul- “Juros” é o termo utilizado para designar o “preço
tado possível (nesse caso poderiam ser 2 irmãos, 3 do dinheiro no tempo”. Quando você pega certa quan-
irmãos, mas não 2,2 irmãos). No entanto, esse valor tia emprestada no banco, o banco te cobrará uma
representa a média geral ou o todo, e permite inter- remuneração em cima do valor que ele te emprestou,
pretar que a tendência geral foi de pouco mais de dois pelo fato de deixar você ficar na posse desse dinhei-
irmãos por aluno. ro por um certo tempo. Esta remuneração é expressa
pela taxa de juros.
MÉDIA PONDERADA Nos juros simples a incidência recorre sempre sobre
o valor original. Veja um exemplo para melhor entender.
Para o cálculo da média aritmética ponderada (em Exemplo 1:
que levamos em consideração os pesos de cada parte), Digamos que você emprestou 1000,00 reais, em um
devemos multiplicar cada parte pelo seu respectivo regime de juros simples de 5% ao mês, para um amigo
peso, somar tudo e dividir pela soma dos pesos. Veja: e que o mesmo ficou de quitar o empréstimo após 5
meses. Então temos o seguinte:

CAPITAL
EMPRESTADO VALOR REAJUSTADO
Interpretando a fórmula, temos uma lista de (1000,00)
números (x1, x2, x3, ..., xn) com pesos respectivos (p1, p2, 1° mês = 1000,00 1000,00 + (5% de 1000,00) = 1050,00
p3, ..., pn), então, a média aritmética ponderada é dada 2° mês = 1050,00 1050,00 + (5% de 1000,00) = 1100,00
pela fórmula apresentada acima.
3° mês = 1100,00 1100,00 + (5% de 1000,00) = 1150,00
Veja um exemplo: Um aluno prestou vestibular
para Engenharia e realizou provas de matemática, 4° mês = 1150,00 1150,00 + (5% de 1000,00) = 1200,00
Física, Química, História e Biologia. Suponha que o 5° mês = 1200,00 1200,00 + (5% de 1000,00) = 1250,00
peso de Matemática seja 4, de Física seja 4, de Química
seja 2, de História seja 1 e de Biologia seja 1. Suponha Ao final do 5° mês você terá recebido 250,00 reais
ainda que o estudante obteve as seguintes notas: de juros.
Fórmulas utilizadas em juros simples
MATÉRIAS NOTAS (XI) PESO (PI)

Matemática 9,7 4 J=C·i·t


Física 8,8 4
M=C+J
Química 7,3 2

História 6,0 1 M = C · (1 + i ·J)


Onde,
Biologia 5,7 1
J = juros
C = capital
Vamos calcular a média ponderada das notas des- i = taxa em percentual (%)
se aluno: t = tempo
M = montante

9,7 × 4 + 8,8 × 4 + 7,3×1 + 6,0×2 + 5,7×1 TAXAS PROPORCIONAIS E EQUIVALENTES


X=
MATEMÁTICA

4+4+2+1+1
Para aplicar corretamente uma taxa de juros, é im-
portante saber a unidade de tempo sobre a qual a taxa
38,8 + 35,2 + 14,6 + 6 +5,7
de juros é definida. Isto é, não adianta saber apenas
X=
12 que a taxa de juros é de “5%”. É preciso saber se essa
taxa é mensal, bimestral, anual etc. Dizemos que duas
taxas de juros são proporcionais quando guardam a
100,3
mesma proporção em relação ao prazo. Por exemplo,
X= = 8,35
12 12% ao ano é proporcional a 6% ao semestre, e tam-
bém é proporcional a 1% ao mês. 323
Basta efetuar uma regra de três simples. Para
obtermos a taxa de juros bimestral, por exemplo, que 5x = 20
é proporcional à taxa de 12% ao ano:
x = 20 / 5 (isolamos o “x” transferindo o seu coe-
12% ao ano ----------------------- 1 ano ficiente “5” dividindo)
Taxa bimestral ------------------ 2 meses
x = 4.
Podemos substituir 1 ano por 12 meses, para dei-
xar os valores da coluna da direita na mesma unidade O valor de x que torna a igualdade correta é cha-
temporal, temos: mado de “raiz da equação”. Uma equação de primeiro
grau sempre tem apenas 1 raiz. Veja que se substituir-
12% ao ano ---------------------- 12 meses mos o valor encontrado de “x” na equação ela ficará
Taxa bimestral ------------------ 2 meses
igual a zero em ambos os lados. Observe:
Efetuando a multiplicação cruzada, temos:
Para x = 4
12% x 2 = Taxa bimestral x 12 10x = 5x + 20
10 . 4 = 5 . 4 + 20
Taxa bimestral = 2% ao bimestre 40 = 40
40 – 40 = 0
Duas taxas de juros são equivalentes quando são
capazes de levar o mesmo capital inicial C ao montan- z Equação do Segundo Grau
te final M, após o mesmo intervalo de tempo.
Uma outra informação muito importante e que Equações do segundo grau são equações nas quais
você deve memorizar é que o cálculo de taxas equi- o maior expoente de x é igual a 2.
valentes quando estamos no regime de juros simples Sua forma geral é expressa por: ax2 + bx + c = 0.
pode ser entendido assim: 1% ao mês equivale a 6% Onde a, b e c são os coeficientes da equação.
ao semestre ou 12% ao ano, e levarão o mesmo capital
inicial C ao mesmo montante M após o mesmo perío- „ a é sempre o coeficiente do termo em x².
do de tempo. „ b é sempre o coeficiente do termo em x.
„ c é sempre o coeficiente ou termo independente.

Importante! As equações de segundo grau têm 2 raízes, isto


No regime de juros simples, taxas de juros propor- é, existem 2 valores de x que tornam a igualdade
cionais são também taxas de juros equivalentes. verdadeira.

Cálculo das raízes da equação

EQUAÇÃO DO 1º E 2º GRAUS Vamos achar as raízes por meio da fórmula de


Bhaskara. Basta identificar os coeficientes a, b e c e
CONCEITO colocá-los na seguinte expressão:

Uma equação é uma igualdade na qual uma ou -b ! 2


b - 4ac
mais variáveis – geralmente são as letras do nosso x=
2a
alfabeto – denominadas por incógnitas são desconhe-
cidas. O nosso principal objetivo é encontrar o valor Veja o sinal ± presente na expressão acima. É ele
dessa incógnita. que permitirá obtermos dois valores para as raízes,
um valor utilizando o sinal positivo (+) e outro valor
Resolução e discussão utilizando o sinal negativo (-).
Vamos aplicar isso em um exemplo:
z Equação do Primeiro Grau Calcular as raízes da equação x2 - 3x + 2 = 0.
Identificando os valores de a, b e c.
A forma geral de uma equação do primeiro grau
é: ax + b = 0. a=1
O termo “a” é o coeficiente de “x” e o termo “b” é b = -3
chamado de termo independente. c=2
Para resolver uma equação do 1°, devemos isolar
todas as partes que possuem incógnitas de um lado
Substituindo na fórmula:
igual e do outro os termos independentes. Veja um
exemplo:
-b ! 2
b - 4ac
x=
10x = 5x + 20 2a
(vamos achar o valor de “x”)
-(-3) ± √(-3)2 - 4 × 1 × 2
10x – 5x = 20
x=
(passamos o “5x” para o outro lado da igual 2×1
324 com o sinal trocado)
*
3! 9-8 x + y = 10
x=
2
4x - y = 5
x= 3!1 A principal forma de resolver esse sistema é usan-
2
do o método da substituição. Este método é muito sim-
3+1 ples, e consiste basicamente em duas etapas:
x1 = =2
2
3-1 „ Isolar uma das variáveis em uma das equações;
x2 = =1 „ Substituir esta variável na outra equação pela
2
expressão achada no item anterior.
Na fórmula de Bhaskara, podemos usar um discri-
minante que é representado por “Δ”. Seu valor é igual a: Vamos aplicar no nosso exemplo:
Isolando “x” na primeira equação:
Δ = b2 - 4ac
x = 10 – y
Assim, podemos escrever a fórmula de Bhaskara:
Substituindo “x” na segunda equação por “10-y”:
-b ! D
x= 4(10-y) – y = 5 (faz uma distributiva)
2a 40 – 4y – y = 5
O discriminante fornece importantes informações -5y = 5 – 40
de uma equação do 2ª grau: -5y = -35 (multiplica por -1)
5y = 35
Se Δ > 0 → A equação possui duas raízes reais e y=7
distintas Logo, voltando na primeira equação, acharemos o
Se Δ = 0 → A equação possui duas raízes reais e valor de “x”:
idênticas x = 10 – y
Se Δ < 0 → A equação não possui raízes reais x = 10 – 7
x=3
Soma e produto das raízes Assim, x = 3 e y = 7.

Em uma equação ax2 + bx + c = 0, temos:


Dica
z a soma das raízes é dada por –𝑏/a Método da substituição
z o produto das raízes é dado por 𝑐 / a 1 - Isolar uma das variáveis em uma das equações;
2 - Substituir esta variável na outra equação pela
Calcular as raízes da equação x2 - 3x + 2 = 0. expressão achada no item anterior.
Soma: –𝑏/a = -(-3) / 1 = 3
Produto: 𝑐/a = 2 / 1 = 2 Há um outro método para resolver um sistema
Quais são os dois números que somados resultam de equação do 1° grau, que é o método da adição (ou
“3” e multiplicados, “2”? soma) de equações. Veja:
Soma: 3 = (2 + 1)
Produto 2 = (2 ×1) „ Multiplicar uma das equações por um número
Logo, 2 e 1 são as raízes dessa equação. Exatamen- que seja mais conveniente para eliminar uma
te igual achamos usando a fórmula de Bhaskara. variável.
„ Somar as duas equações, de forma a ficar ape-
nas com uma variável.

SISTEMA DE EQUAÇÕES DO 1º GRAU Veja o exemplo a seguir:

CONCEITO, RESOLUÇÃO, DISCUSSÃO E


*
x + y = 10
REPRESENTAÇÃO GEOMÉTRICA E SITUAÇÕES-
PROBLEMA ENVOLVENDO SISTEMAS DE EQUAÇÕES 4x - y = 5

Sistemas de Equações de Primeiro Grau (sistemas Nesse exemplo, não vamos precisar fazer uma
lineares) multiplicação, pois já temos a condição necessária
para eliminarmos o “y” da equação. Então, devemos
MATEMÁTICA

Em alguns casos, pode ser que tenhamos mais de fazer apenas a soma das equações. Veja:
uma incógnita. Imagine que um exercício diga que: x

*
+ y = 10. x + y = 10
Perceba que há infinitas possibilidades de x e y
que tornam essa igualdade verdadeira: 2 e 8, 5 e 5, 4x - y = 5
15 e -10, etc. Por esse motivo, faz-se necessário obter 5x = 15
mais uma equação envolvendo as duas incógnitas x=3
para poder chegar nos seus valores exatos. Veja o
exemplo a seguir: 325
Substituindo o valor de “x” na primeira equação
VALOR DA VARIÁVEL FREQUÊNCIAS
achamos o valor de “y”: RELATIVAS (Fri)

x + y = 10 Masculino 56,67%
3 + y = 10 Feminino 43,33%
y = 10 – 3
y=7 Note que a frequência relativa é dada por Fi / n,
onde Fi é o número de frequências de determinado
valor da variável, e n é o número total de observações.
Veja um outro exemplo que vamos precisar
Agora, vamos analisar uma tabela onde a variável
multiplicar: pode assumir um grande número de valores distintos.
Vamos representar na tabela a variável “Altura dos

*
x + y = 10 moradores de Campinas”:

x - 2y = 4
VALOR DA VARIÁVEL FREQUÊNCIAS (Fi)
Multiplicando por -1 a primeira equação, temos: 1,51m 12
1,54m 17

(
- x - y = - 10 1,57m 4
x - 2y = 4 1,60m 2
1,63m 10
Fazendo a soma: 1,67m 5
1,75m 13

(
- x - y = - 10 1,81m 15
x - 2y = 4 1,89m 2
-3y = -6
Quando isto acontece, é importante resumir os
y = -6 / -3 dados de maneira que fique mais fácil para uma leitu-
y= 2 ra e interpretação da tabela. Na ocasião, vamos criar
intervalos que chamaremos de “Classes”.
Substituindo o valor de “y” na primeira equação
achamos o valor de “x”:
CLASSE FREQUÊNCIAS (FI)
x + y = 10 1,50 | - 1,60 33
x + 2 = 10 1,60 | - 1,70 17
x = 10 – 2 1,70 | - 1,80 13
x = 8.
1,80 | - 1,90 17

O símbolo “|” significa que o valor que se encontra


ao seu lado está incluído na classe. Por exemplo, 1,50
RELAÇÃO ENTRE GRANDEZAS: | - 1,60 nos indica que as pessoas com altura igual a
TABELAS E GRÁFICOS 1,50 são contadas entre as que fazem parte dessa clas-
se, porém as pessoas com exatamente 1,60 não são
TABELAS contabilizadas. Veja novamente a última tabela, agora
com a coluna de frequências absolutas acumuladas à
Para descrever um conjunto de dados, um recurso direita:
muito utilizado são tabelas, como essa a seguir, refe-
rente à observação da variável “Sexo dos moradores CLASSE FREQUÊNCIAS FREQUÊNCIAS AB-
de São Paulo”: (FI) SOLUTAS ACUMU-
LADAS (FCA)
VALOR DA VARIÁVEL FREQUÊNCIAS (Fi) 1,50 | - 1,60 33 33
Masculino 34 1,60 | - 1,70 17 50
Feminino 26 1,70 | - 1,80 13 63

Observe que na coluna da esquerda colocamos as 1,80 | - 1,90 17 80


categorias de valores que a variável pode assumir, ou
seja, masculino e feminino, e na coluna da direita colo- A coluna da direita exprime o número de indiví-
duos que se encontram naquela classe ou abaixo dela.
camos o número de Frequências, isto é, o número de
Ou seja, o número acumulado de frequências do valor
observações (ou repetições) relativas a cada um dos
mais baixo da amostra (1,50m) até o valor superior
valores. Veja, ainda, que foi analisada uma amostra de daquela classe. Perceba que, para obter o número 50,
60 pessoas, das quais 34 eram homens e 26 mulheres. bastou somar 17 (da classe 1,60| - 1,70) com 33 (da
Estes são os valores de frequências absolutas. Pode- classe 1,50| - 1,60). Isto é, podemos dizer que 50 pes-
mos ainda representar as frequências relativas (per- soas possuem altura inferior a 1,70m (limite superior
centuais): sabemos que 34 em 60 são 56,67%, e 26 em da última classe). Analogamente, 63 pessoas possuem
326 60 são 43,33%. Portanto, teríamos: altura inferior a 1,80m.
Gráficos Estatísticos z Gráfico de Linha

Uma outra maneira muito utilizada a são os gráfi- São mais utilizados nas representações de séries
cos. Vejamos abaixo alguns tipos. temporais. Vamos analisar a evolução de um ano para
o outro, se houve um crescimento ou um decréscimo
z Colunas ou barras justapostas no número de alunos dentre as séries que estão em
evidência para estudo dentro da escola. Observe:
Utilizamos o gráfico de colunas ou barras justapos-
tas para dados agrupados por valor ou por atributo.
Vamos supor que estamos interessados nas idades de
alguns alunos. O gráfico relaciona as idades com as
respectivas frequências.

IDADE X FREQUÊNCIA

z Histograma

É muito utilizado na representação gráfica de dados


agrupados em classes (distribuição de frequências).
Imagine que realizamos uma pesquisa sobre os salá-
rios dos funcionários de uma empresa de cosméticos e
Agora suponha, por exemplo, que queremos saber obtivemos a seguinte distribuição de frequências.
a cidade natal de alguns alunos. Como algumas cida-
des possuem nomes muito grandes, poderíamos optar
em usar um gráfico de barras justapostas. Veja: SALÁRIOS EM FREQUÊNCIA
MILHARES DE REAIS
CIDADE NATAL X FREQUÊNCIA 10 – 15 15
15 – 20 17
20 – 25 13
25 - 30 7

Esses dados podem ser resumidos com um histo-


grama, como mostra o gráfico a se’guir.

Salário dos funcionários da empresa de cosméticos X


em milhares de reais

z Gráfico de Setores (ou de pizza)

Esse gráfico tem a vantagem de mostrar rapidamen-


te a relação com o total de observações. Vamos supor
que analisamos as notas trimestrais de alguns alunos.
Veja como fica a disposição usando o gráfico de pizza.

Por fim, é importante destacar que a área de cada


retângulo é proporcional à frequência.

SISTEMAS DE MEDIDAS USUAIS


MATEMÁTICA

MÉTRICA, ÁREAS, VOLUMES, ESTIMATIVAS E


APLICAÇÕES

Quando estudamos o sistema de medidas, nos


atentamos ao fato de que ele serve quantificar dimen-
sões que podem ter uma variação gigantesca. Porém,
existem as conversões entre as unidades para uma
melhor interpretação e leitura. 327
Medidas de Comprimento Exemplo: Converter 5,3 m3 para cm3.
Para sair do metro cúbico e chegar no centímetro
A unidade principal tomada como referência é o cúbico devemos multiplicar por 1000000 (1000x1000),
metro. Além dele, temos outras seis unidades dife- pois “andamos” duas casas até chegar em centímetro
rentes que servem para medir dimensões maiores ou cúbico. Logo, 5,3m3 = 5,3 x 1000000 = 5300000 cm3.
menores. A conversão de unidades de comprimento Veja agora algumas relações interessantes e que
segue potências de 10. Veja o esquema abaixo: você precisa ter em mente para resolver diversas
questões.
Km hm dam m dm cm mm
(quilômetro) (hectômetro) (decâmetro) (metro) (decímetro) (centímetro) (mlímetro)
UNIDADE RELAÇÃO DE UNIDADE

×10 ×10 ×10 ×10 ×10 ×10 1 quilograma (kg) 1000 gramas (g)

1 tonelada (t) 1000 quilogramas (kg)


Km hm dam m dm cm mm 1 litro (l) 1 decímetro cúbico (dm3)

:10 :10 :10 :10 :10 :10 1 mililitro (ml) 1centímetro cúbico (cm3)

1 hectare (ha) 1 hectômetro quadrado (hm2)


Exemplo: Converter 5,3 metros para centímetros.
Para sair do metro e chegar no centímetro devemos 1 hectare (ha) 10000 metros quadrados (m2)
multiplicar por 100 (10x10), pois “andamos” duas casas
até chegar em centímetro. Logo, 5,3m = 5,3 x 100 = 530 cm. Medidas de Tempo

Medidas de Área (Superfície) Medindo intervalos de tempos temos (hora – minu-


to – segundo) que são os mais conhecidos. Veja como
A unidade principal tomada como referência é o se faz a relação nessa unidade:
metro quadrado. Além dele, temos outras seis unidades Para transformar de uma unidade maior para a
diferentes que servem para medir dimensões maiores unidade menor, multiplica-se por 60. Veja:
ou menores. A conversão de unidades de superfície
segue potências de 100. Veja o esquema abaixo: 1 hora = 60 minutos
4 h = 4 x 60 = 240 minutos
Km2 hm2 dam2 m2 dm2 cm2 mm2
(quilômetro (hectômetro (decâmetro (metro (decímetro (centímetro (mlímetro Para transformar de uma unidade menor para a
quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado)
unidade maior, divide-se por 60. Veja:

×100 ×100 ×100 ×100 ×100 ×100 20 minutos = 20 / 60 = 2/6 = 1/3 da hora ou 1/3h.
Para medir ângulos, a unidade básica é o grau.
Km2 hm2 dam2 m2 dm2 cm2 mm2
Temos as seguintes relações:

:100 :100 :100 :100 :100 :100 1 grau equivale a 60 minutos (1º = 60’)
1 minuto equivale a 60 segundos (1’ = 60”)
Exemplo: Converter 5,3 m2 para cm2.
Para sair do metro quadrado e chegar no cen- Aqui vale fazer uma observação: os minutos e os
tímetro quadrado devemos multiplicar por 10000 segundos dos ângulos não são os mesmos do sistema
(100x100), pois “andamos” duas casas até chegar em (hora – minuto – segundo). Os nomes são semelhantes,
centímetro quadrado. Logo, mas os símbolos que os indicam são diferentes, veja:
5,3m2 = 5,3 x 10000 = 53000 cm2.
1h32min24s é um intervalo de tempo ou um ins-
Medidas de Volume (Capacidade) tante do dia.
1º 32’ 24” é a medida de um ângulo.
A unidade principal tomada como referência é o
metro cúbico. Além dele, temos outras seis unidades Medidas de Massa
diferentes que servem para medir dimensões maiores
ou menores. A conversão de unidades de superfície As unidades abaixo são as mais utilizadas quando
segue potências de 1000. Veja o esquema abaixo: estamos trabalhando a massa de uma matéria. Veja
quais são:
Km3 hm3 dam3 m3 dm3 cm3 mm3
(quilômetro
cúbico)
(hectômetro
cúbico)
(decâmetro
cúbico)
(metro
cúbico)
(decímetro (centímetro
cúbico) cúbico)
(mlímetro
cúbico)
Tonelada (t), Quilograma (kg), Grama (g) e
Miligrama (mg).

×1.000 ×1.000 ×1.000 ×1.000 ×1.000 ×1.000 Vamos tomar como base as relações abaixo para
converter uma unidade em outra. Observe:
Km3 hm3 dam3 m3 dm3 cm3 mm3
1 t = 1000 kg (uma tonelada tem mil quilogramas);
1 kg = 1000 g (um quilograma tem mil gramas);
328 :1.000 :1.000 :1.000 :1.000 :1.000 :1.000 1 g = 1000 mg (uma grama tem mil miligramas).
Observe o exemplo a seguir de uma conversão:
NOÇÕES DE GEOMETRIA: FORMA,
Vamos transformar 3,5 kg em gramas. PERÍMETRO, ÁREA, VOLUME, ÂNGULO
Sabemos que 1 kg equivale a 1000 gramas, logo:
E TEOREMA DE PITÁGORAS
1 kg — 1000 g
3,5 Kg — x GEOMETRIA PLANA
x = 3,5 × 1000
x = 3500 g Polígonos

Então, podemos dizer que 3,5 kg equivalem a 3500 g. Vamos considerar n · (n ≥ 3) pontos ordenados A1,
A2, ..., An. Consideremos também os n segmentos con-
Medidas de Temperatura secutivos determinados por estes pontos (A1A2, A2A3,
..., AnA1), de modo que não existam dois segmentos
O instrumento para a medição de temperatura é o consecutivos colineares. Definimos Polígono como a
termômetro, que é um tubo graduado com um líquido reunião dos pontos dos n segmentos considerados.
em seu interior (mercúrio ou álcool). As escalas mais Vejamos alguns exemplos:
comuns para medir temperatura são:
A
z Celsius. Medida em graus centígrados; D
z Kelvin. Medido em Kelvin;
z Fahrenheit. Medida em graus Fahrenheit.

As conversões entre essas escalas termométricas


são dadas pelas fórmulas a seguir: C
B
De graus Celsius para Kelvin: TK = ToC + 273 K
De graus Celsius para Fahrenheit: ToC / 5 = (ToF-32) / 9 I

Veja os exemplos abaixo:


J
Exemplo 1: Transformar 250 K para oC: E

TK = ToC + 273 G
250 = T + 273
o
C F
ToC = 273 – 250 H

T = –23°
o L M
C
Q O
Exemplo 2: Transformar 85 oC para oF:

ToC / 5 = (ToF-32) / 9
85/5 = (ToF-32) / 9 R P N
17 = (ToF-32) / 9
Figura 49. Polígonos
17 × 9 = ToF-32
Região Poligonal
153 + 32 = ToF
ToF = 185° A região poligonal é a reunião do polígono com o
seu interior.
Veja agora algumas relações que você precisar ter G
em mente para resolver diversas questões:

A
UNIDADE RELAÇÃO DE UNIDADE F

1 quilograma (kg) 1000 gramas (g)


1 tonelada (t) 1000 quilogramas (kg) H
MATEMÁTICA

1 litro (l) 1 decímetro cúbico (dm )3

1 mililitro (ml) 1centímetro cúbico (cm3) D E B


1 hectare (ha) 1 hectômetro quadrado (hm ) 2

1 hectare (ha) 10000 metros quadrados (m2)

Figura 50. Região Poligonal


329
Polígono Côncavo e Polígono Convexo z 2º caso: n é múltiplo de 10
n = 10 – Decágono
Um polígono é convexo se, e somente se, qualquer n = 20 – Icoságono
reta suporte, de um lado do polígono, deixar todos os n = 30 – Tricágono
outros lados em um mesmo semi-plano dos dois que n = 40 – Quadricágono
ela determina. n = 50 – Pentacágono
n = 60 – Hexacágono;

z 3° caso: n > 10 e n não é múltiplo de 10


B n = 11 – Unodecágono
n = 17 – Heptdecágono
n = 26 – Hexaicoságono
A n = 35 – Pentatricágono.

C Número de Diagonais de um Polígono Convexo

O Número de Diagonais em um Polígono Convexo


é dado pela expressão:

E
n (n – 3)
D
d=
2

Ângulos Internos de um Polígono Convexo


Figura 51. Polígono Convexo
A soma dos ângulos internos de um polígono con-
vexo é dada pela expressão:
Observação: em um polígono convexo, a região
poligonal é convexa.
Si = (n – 2) · 180º
Por definição, um polígono que não é convexo é
côncavo
Ângulos Externos de um Polígono Convexo

A soma dos ângulos externos de um polígono con-


G vexo é dada pela expressão:
I
Se = 360º
H
F Perímetro de Polígonos

Quando nos referimos ao Perímetro de um Polí-


gono, estamos na prática indicando que nosso interes-
se diz respeito à soma dos lados deste. Portanto, para
calcular o Perímetro de um Polígono qualquer, basta
somar os lados.
J
POLÍGONOS REGULARES
Figura 52. Polígono Côncavo
Um Polígono é denominado de regular quando pos-
sui todos os seus lados e ângulos internos congruentes.
Observação 2: em um polígono côncavo, a região
Seguem alguns exemplos de Polígonos Regulares:
poligonal é côncava.
A B
Nomenclatura dos polígonos

Nomeamos os Polígonos de acordo com o número


n de lados:

z 1° caso: 3� n � 9
n = 3 – Triângulo C
n = 4 – Quadrilátero
n = 5 – Pentágono
n = 6 – Hexágono
n = 7 – Heptágono
n = 8 – Octógono
n = 9 – Eneágono;

330
L Quando trabalhamos o conceito de cálculo de
K
áreas das figuras geométricas, usamos a unidade ao
quadrado. No nosso exemplo, tínhamos centímetros e
passamos para centímetros quadrados, que neste caso
é a unidade de área.
H
J Quadrado

É um retângulo no qual a base e a altura têm o


I mesmo comprimento, ou seja, todos os lados do qua-
drado têm o mesmo comprimento, que chamaremos
Q de L. Veja:
P
L
R

O L L

M
N
L
A1
B1 A área também será dada pela multiplicação da
z
base pela altura (b x h). Como ambas medem L, tere-
C1 mos L x L, ou seja:
W
A = L2
D1
V Trapézio

S Temos um polígono com 4 lados, sendo 2 deles


T U
paralelos entre si e chamados de base maior (B) e base
menor (b). Temos, também, a sua altura (h) que é a
Figura 53. Polígonos Regulares distância entre a base menor e a base maior. Veja na
figura a seguir:
Retângulo
b
Chamamos de retângulo um paralelogramo (polí-
gono que tem 4 lados opostos paralelos) com todos os
ângulos internos iguais a 90°.

h h Conhecendo b, B e h, podemos calcular a área do


trapézio através da fórmula a seguir:

(B + b) # h
A=
2
b Losango

z Área do Retângulo: Chamamos o lado “b” maior É um polígono com 4 lados de mesmo comprimen-
de base, e o lado menor “h” de altura. to. Veja a seguir:

Para calcularmos a área, vamos fazer a multipli-


L L
cação de sua base (b) pela sua altura (h), conforme a
MATEMÁTICA

fórmula:

A=b×h
L L
Exemplo: Em um retângulo com 10 centímetros de
lado e 5 centímetros de altura, a área será:
Para calcular a área de um losango, vamos preci-
A = 10cm × 5cm = 50cm2 sar das suas duas diagonais: maior (D) e menor (d) de
acordo com a figura a seguir: 331
b#h
L L A=
2
d Vamos conhecer os tipos de triângulos existentes:
D
„ Triângulo isósceles: é o triângulo que tem dois
L L
lados iguais. Consequentemente, os 2 ângulos
internos da base são iguais (simbolizados na
Assim, a área do losango é dada pela fórmula a figura pela letra A):
seguir:

D#d
A=
2
Paralelogramo a a
c
É um quadrilátero (4 lados) com os lados opostos
paralelos entre si. Esses lados opostos possuem o mes-
mo tamanho.

b
A A

h C
„ Triângulo escaleno: é o triângulo que possui os
três lados com medidas diferentes, tendo tam-
b bém os três ângulos internos distintos entre si:

A área do paralelogramo também é dada pela mul-


tiplicação da base pela altura:

a B
A=b×h c

Triângulo
C A
Trata-se de uma figura geométrica com 3 lados.
Veja-a a seguir: b

„ Triângulo equilátero: é o triângulo que tem


todos os lados iguais. Consequentemente, ele
terá todos os ângulos internos iguais:

a c

A
a a

b
A A
Para calcular a área do triângulo, é preciso conhe- a
cer a sua altura (h):
Podemos calcular a altura usando a seguinte
fórmula:

a 3
c h=
a 2

h Para calcular a área do triângulo equilátero usan-


do apenas o valor da medida dos lados (a), usamos a
fórmula a seguir:
2
a 3
b A=
4

O lado “b”, em relação ao qual a altura foi dada, é „ Triângulo retângulo: possui um ângulo de 90°.
chamado de base. Assim, calcula-se a área do triângu-
332 lo utilizando a seguinte fórmula:
h2 = m×n
b2 = m×a
B c2 = n×a
c b×c = a×h
a
Essas fórmulas são chamadas de relações métricas
do triângulo retângulo.
A
Círculo
b
Todos os pontos estão a uma mesma distância em
Temos as seguintes nomenclaturas para cada lado relação ao centro do círculo ou circunferência, cha-
do triângulo. Veja: mada de raio e geralmente representada por “r”. Veja
O ângulo marcado com um ponto é o ângulo reto na figura a seguir:
(90º). Oposto a ele temos o lado “c” do triângulo, que
chamaremos de hipotenusa. Já os lados “a” e “b”,
que são adjacentes ao ângulo reto, são chamados de
catetos.

z Teorema de pitágoras r

O Teorema de Pitágoras diz que em todo triângu-


lo retângulo, o quadrado da medida da hipotenusa é
igual a soma dos quadrados das medidas dos catetos.

A área de um círculo é dada pela fórmula: A = π ×


r2. Na fórmula, a letra π (“pi”) representa um número
irracional que é, aproximadamente, igual a 3,14.
Vejamos um exemplo para calcular a área de um
a círculo com 10 centímetros de raio:
c
A = π × r2
A = π × (10)2
A = π × 100

Substituindo π por 3,14, temos:


A C
b A = 3,14×100 = 314cm2

Figura 41. Triângulo Retângulo ABC O perímetro de uma circunferência, que é o mesmo
que o comprimento da circunferência, é dado por:
Observação 1: a medida dos lados BC, AC e AB são
dados respectivamente por a, b e c. C=2×π×r
Observação 2: o lado a é chamado de hipotenusa
e os lados b e c de catetos. Para exemplificar, agora vamos calcular o períme-
Observação 3: pelo teorema de Pitágoras temos tro daquela circunferência com 10cm de raio:
a seguinte relação entre os lados do triângulo retân-
gulo: a2 = b2 + c2 C = 2 × 3,14 × 10
Agora vamos falar sobre algumas métricas interes- C = 6,28 × 10 = 62,8 cm
santes que estão presentes no triângulo retângulo.
O diâmetro (D) de uma circunferência é um seg-
mento de reta que liga um lado ao outro da circun-
ferência, passando pelo centro. Veja que o diâmetro
mede o dobro do raio, ou seja, 2r.
b h c
MATEMÁTICA

n m
C H B

a D = 2r

Devemos nos atentar a algumas fórmulas que são


extraídas do triângulo acima que poderão nos ajudar com
a resolução de algumas questões. Veja quais são:
333
Repare na figura a seguir. Observação 2: Na figura anterior o ângulo é indi-
cado por AOB ou BOA.
A
z Ponto Interior de um Ângulo

α Seja um ângulo e um ponto P qualquer, dizemos


B que P será um Ponto Interior ao Ângulo, quando
C
uma reta qualquer que passa por P intercepta os lados
do ângulo em dois pontos distintos A e B, de modo que
o ponto P seja obrigatoriamente um ponto entre A e B.

Note que formamos uma região delimitada dentro


A
do círculo. Essa região é chamada de setor circular.
Temos ainda um ângulo central desse setor circular
simbolizado por α. Com base neste ângulo, consegui- P
mos determinar a área do setor circular e o compri- O
mento do segmento de círculo compreendido entre os
pontos A e B. B
Sabemos que o ângulo central de uma volta com-
pleta no círculo é 360º. E também sabemos a área des-
ta volta completa, que é a própria área do círculo ( π × Figura 2. Representação de um Ponto no Interior de um Ângulo
r2). Vejamos como calcular a área do setor circular, em
função do ângulo central “α”:
Observação: Na figura acima, o ponto P é um pon-
to interior ao AOB
360° ---------------------- π × r2
α ------------------------- Área do setor circular
z Setor Angular
2
a # rr Denominamos Setor Angular a reunião dos pontos
Logo, Área do setor circular =
360c pertencentes ao ângulo e dos seus pontos interiores.

Usando a mesma ideia, podemos calcular o com-


primento do segmento circular entre os pontos A e B,
cujo ângulo central é “α” e que o comprimento da cir- A
cunferência inteira é 2 πr. Confira abaixo:

360° --------------------- 2 πr
α -------------------------- Comprimento do setor circular O

Logo,
B
a # 2rr
Comprimento do setor circular =
360c
Figura 3. Setor Angular
ÂNGULOS

Definições, Elementos e Propriedades Observação: A figura acima mostra o Setor Angu-


lar do AOB
z Definição de Ângulo z Classificação dos Ângulos

Definimos ângulo como a união de duas semirre- Vejamos de que maneira os ângulos podem ser
tas de mesma origem e não colineares (que não per- classificados.
tencem a uma mesma reta). Veja a figura adiante:
„ Ângulos Consecutivos: dois ângulos serão
A chamados de Consecutivos quando tiverem o
mesmo vértice e um lado em comum.

A
O

B B

Figura 1. Definição de Ângulo

Observação 1: O é chamado de Vértice do ângulo e C


OA e OB são chamados de lados.

334 Figura 4. Dois Ângulos Consecutivos


Observação: os pares de ângulos AÔB e BÔC; AÔC Observação: AÔB é um ângulo reto.
e AÔB; AÔC e BÔC são consecutivos.
„ Ângulo Agudo: um ângulo será chamado de
„ Ângulos adjacentes: dois ângulos serão cha- Agudo quando sua medida for menor que 90º.
mados de Adjacentes quando forem consecu-
tivos e não tiverem pontos internos em comum.

O
B B
O
Figura 8. Ângulo Agudo

Observação: AÔB é um ângulo agudo.


C
„ Ângulo Obtuso: um ângulo será chamado de
Obtuso quando sua medida for maior que 90º
Figura 5. Ângulos Adjacentes e, ao mesmo tempo, menor que 180°.

Observação: os ângulos AÔB e BÔC são adjacentes.

„ Ângulos Opostos pelo Vértice: dois ângu-


los serão chamados de Opostos pelo Vértice A
quando os lados de um deles forem semirretas
opostas aos lados do outro.

F O B

H Figura 9. Ângulo Obtuso

Observação: AÔB é um ângulo obtuso.

O „ Ângulos Complementares: dois ângulos serão


complementares quando a soma de suas
I G medidas for igual a 90°. Dizemos que um ângu-
lo é o complemento do outro.

Figura 6. Ângulos Opostos pelo Vértice


I M
Observação: o par de ângulos FÔG e HÔI são opos-
tos pelo vértice.

„ Ângulo Reto: um ângulo será chamado de Reto


quando sua medida for igual a 90º.

O H

A
MATEMÁTICA

Figura 10. Ângulos Complementares

Observação: os ângulos IÔM e MÔH são


complementares.

„ Ângulos Suplementares: dois ângulos serão


O B suplementares quando a soma de suas medi-
das for igual a 180°. Dizemos que um ângulo é o
Figura 7. Ângulo Reto suplemento do outro.
335
A V=a×b×c

No caso do cubo, o volume fica:


V = a × a × = a3

Dica
As faces do paralelepípedo são retangulares,
enquanto as faces do cubo são todas quadra-
C O B das. A área total do cubo é a soma das 6 faces
quadradas. Ou seja,
Figura 11. Ângulos Suplementares
AT = 6a2
Observação: os ângulos AÔC e AÔB são
suplementares. Agora no paralelepípedo reto-retângulo temos 2
retângulos de lados (a, b), dois retângulos de lados (b,
Bissetriz de um Ângulo c) e dois retângulos de lados (b, c). Portanto, a área
total de um paralelepípedo é:
Sejam os ângulos AÔB e BÔC, de vértice comum e
lado OB, também comum, conforme a figura abaixo. AT = 2ab + 2ac + 2bc
A semirreta OC divide o ângulo AÔB em duas partes
congruentes, ou seja, iguais. Essa semirreta é denomi- Prismas
nada bissetriz do ângulo AÔB.
Portanto, a Bissetriz de um Ângulo é uma semir- Vamos estudar os prismas retos, ou seja, aqueles
reta que tem origem no vértice e divide o ângulo em que tem as arestas laterais perpendiculares às bases.
duas partes iguais. Os prismas são figuras espaciais bem parecidas com
os cilindros. O que os difere é que a base de um prisma
A não é uma circunferência.
O prisma será classificado de acordo com a sua
base. Por exemplo, se a base for um pentágono, o pris-
ma será pentagonal.

C
Bissetriz
O

Prisma Prisma Prisma Prisma


B triangular pentagonal hexagonal quadrangular

Figura 12. Bissetriz de um Ângulo


O volume para qualquer tipo de prisma será sem-
pre o produto da área da base pela altura. Veja:
GEOMETRIA ESPACIAL
V = Ab × h
Poliedros
A área total de um prisma será a soma da área late-
São figuras espaciais formadas por diversas faces,
ral com duas bases.
cada uma delas sendo um polígono regular. Vamos
conhecer os principais poliedros, destacando alguns
pontos importantes, como área e volumes: AT = Al + 2Ab

Paralelepípedo reto-retângulo e Cubo Cilindro

Vamos estudar o cilindro reto cujas geratrizes são


perpendiculares às bases. Observe a figura a seguir:
c a

b
a a

O cubo é um caso particular do paralelepípedo re- base (círculo)


to-retângulo, ou seja, basta que igualemos os valores
de a = b = c.
Para calcular o volume de um paralelepípedo reto-
Geratriz
-retângulo, devemos multiplicar suas três dimensões.
Veja:
336
A distância entre as duas bases é chamada de altu- Vamos extrair algumas informações da imagem.
ra (h). Quando a altura do cilindro é igual ao diâmetro A base de um cone é um círculo, então a área da
da base, o cilindro é chamado de equilátero. base é πr2. Quando “abrimos” um cone, temos a figura
a seguir:
Cilindro equilátero: ℎ = 2r

A base do cilindro é um círculo. Portanto, a área da


base do cilindro é igual a πr2. G
Perceba que se “desenrolarmos” a área lateral e
“abrimos” todo o cilindro, temos o seguinte:

H
R
H

R C A área lateral é dada pela fórmula πrg , onde “G” é


o comprimento da geratriz do cone.
R
Para calcularmos o volume de um cone, basta
sabermos que equivale a 1/3 do produto entre a área
A área da superfície lateral do cilindro é igual a da base pela altura. Veja:
2πℎ.
E o volume do cilindro é o produto da área da base 2
rr h
pela altura: V = πr2 × ℎ. V= 3

Esfera Em um cone equilátero a sua geratriz será igual ao


diâmetro, ou seja, 2r.
Quando estamos estudando a esfera, precisamos
lembrar que tudo depende e gira em torno do seu raio, Pirâmides
ou seja, é o sólido geométrico mais fácil de trabalhar.
A base de uma pirâmide poderá ser qualquer polí-
gono regular; no caso, estamos falando apenas de
pirâmides regulares.

O raio é simplesmente a distância do centro da es- pirâmide pirâmide pirâmide


fera até qualquer ponto da sua superfície. triangular quadrangular pentagonal
O volume da esfera é calculado usando a seguinte
fórmula:
4 3
V = 3 # rr

E a área da superfície é calculada pela fórmula a


seguir:

A = 4 × πr2

Cone
pirâmide pirâmide
Observe a figura a seguir: hexagonal heptagonal

Altura O segmento de reta que liga o centro da base a um


MATEMÁTICA

ponto médio da aresta da base é denominado “apóte-


ma da base”. Indicaremos por “m” o apótema da base.
Geratriz
E o segmento que liga o vértice da pirâmide ao ponto
médio de uma aresta da base é denominado “apóte-
ma da pirâmide”. Indicaremos por m′ o apótema da
pirâmide.

Base
337
Veja: 2. (VUNESP – 2020) Em um grupo com somente pessoas
com idades de 20 e 21 anos, a razão entre o número
de pessoas com 20 anos e o número de pessoas com
21 anos, atualmente, é 4/5. No próximo mês, duas pes-
soas com 20 anos farão aniversário, assim como uma
pessoa com 21 anos, e a razão em questão passará a
ser de 5/8. O número total de pessoas nesse grupo é
m1

a) 30.
b) 29.
c) 28.
m d) 27.
e) 26.

A área lateral da pirâmide é dada por: A razão entre o número de pessoas com 20 anos e o
número de pessoas com 21 anos, atualmente, é 4/5.
Aℓ = pm′ 120
=
4x
total de 9x
121 5x
No próximo mês, duas pessoas com 20 anos farão
A área total da pirâmide é dada por:
aniversário, assim como uma pessoa com 21 anos, e
a razão em questão passará a ser de 5/8.
AT = Ab + Aℓ 120 4x - 2 5
= =
121 5x + 2 - 1 8
O volume da pirâmide é calculado da mesma for- 4x - 2 5
ma que o volume do cone: 1/3 do produto da área da 5x + 1
=
8
base pela altura. Veja: 8 (4x - 2) = 5 (5x + 1)
Ab # h 32x – 16 = 25x + 5
V= 3 7x = 21
x=3
Para sabermos o total de pessoas, basta substituir o
RESOLUÇÃO DE SITUAÇÕES-PROBLEMA valor de X na primeira equação:
9x = 9 x 3 = 27 é o número total de pessoas nesse
Dentro de toda a teoria que já foi estudada sobre grupo. Resposta: letra D.
os diversos conceitos de Raciocínio Lógico, vamos
agora resolver algumas questões de diversas bancas 3. (IBADE – 2018) Três agentes penitenciários de um
que envolvem problemas com lógica e raciocínio para país qualquer, Darlan, Arley e Wanderson, recebem
que você possa praticar. juntos, por dia, R$ 721,00. Arley recebe R$ 36,00 mais
Vamos lá! que o Darlan, Wanderson recebe R$ 44,00 menos que
o Arley. Assinale a alternativa que representa a diária
1. (FAEPESUL – 2016) Em uma turma de graduação em de cada um, em ordem crescente de valores.
Matemática Licenciatura, de forma fictícia, temos
que a razão entre o número de mulheres e o número a) R$ 249,00, R$ 213,00 e R$ 169,00.
total de alunos é de 5/8. Determine a quantidade de b) R$ 169,00, R$ 213,00 e R$ 249,00.
homens desta sala, sabendo que esta turma tem 120 c) R$ 145,00, R$ 228,00 e R$ 348,00.
alunos. d) R$ 223,00, R$ 231,00 e R$ 267,00
e) R$ 267,00, R$ 231,00 e R$ 223,00.
a) 43 homens
b) 45 homens D + A + W = 721
c) 44 homens A = D + 36
d) 46 homens W = A - 44
e) 47 homens Substituímos Arley em Wanderson:
W= A - 44
A razão entre o número de mulheres e o número W= 36+D-44
total de alunos é de 5/8: W= D-8
M 5 Substituímos na fórmula principal:
= D + A + W = 721
T 8
A turma tem 120 alunos, então: T = 120 D + 36 + D + D – 8 = 721
Fazendo os cálculos: 3D + 28 = 721
M 5 3D = 721 - 28
=
T 8 D = 693/3
M 5 D = 231
=
120 8 Substituímos o valor de D nas outras:
8 x M = 5 x 120 A = D + 36
8M = 600 A= 231+36= 267
600
M= W = A - 44
8
W= 267-44
M = 75 W= 223
A quantidade de homens da sala:
338 120 - 75 = 45 homens. Resposta: Letra B.
Logo, os valores em ordem crescente que Wander- 6 Pessoas ------- x Dias
son, Darlan, Arley recebem são, respectivamente, Temos grandezas inversas, então é só multiplicar
R$ 223,00, R$ 231,00 e R$ 267,00. Resposta: Letra D. na horizontal:
6x = 4 . 24
4. (CESPE-CEBRASPE – 2018) A respeito de razões, pro- 6x = 96
porções e inequações, julgue o item seguinte. x = 96/6
Situação hipotética: Vanda, Sandra e Maura receberam x = 16
R$ 7.900 do gerente do departamento onde trabalham, Como já haviam comido por 6 dias é só somar:
para ser divido entre elas, de forma inversamente propor- 6 dias (consumidos por 4) + 16 dias (consumidos por
cional a 1/6, 2/9 e 3/8, respectivamente. Assertiva: Nes- 6) = 22 dias (a comida acabará no dia 22 de abril).
sa situação, Sandra deverá receber menos de R$ 2.500. Resposta: Errado.

( ) CERTO  ( ) ERRADO 7. (CESPE/CEBRASPE – 2018) O motorista de uma


empresa transportadora de produtos hospitalares
6x 9x 8x deve viajar de São Paulo a Brasília para uma entrega
1
+ 2
+ 3
= 7.900
de mercadorias. Sabendo que irá percorrer aproxima-
Tirando o MMC entre 1, 2 e 3 vamos achar 6. Temos: damente 1.100 km, ele estimou, para controlar as des-
36x 27x 16x
6
+ 6 + 6 = 7.900 pesas com a viagem, o consumo de gasolina do seu
79x veículo em 10 km/L. Para efeito de cálculos, conside-
= 7.900 rou que esse consumo é constante.
6
x = 600 Considerando essas informações, julgue o item que
Sendo assim, Sandra está inversamente propor- segue.
9x Nessa viagem, o veículo consumirá 110.000 dm3 de
cional a . Basta substituirmos o valor de X na
2 gasolina.
proporção.
9x 9 x 600
= = 2.700 ( ) CERTO  ( ) ERRADO
2 2
(valor que Sandra irá receber é MAIOR que 2.500).
Com 1 litro ele faz 10 km
Resposta: Errado.
Sabendo que 1 L é igual a 1dm³, então podemos
dizer que com 1dm³ ele faz 10km
5. (IESES – 2019) Uma escola possui 396 alunos matri-
Portanto,
culados. Se a razão entre meninos e meninas foi de
10 km -------- 1dc³
5/7, determine o número de meninos matriculados.
1.100 km --------- x
10x = 1.000
a) 183
x = 110dm³ (a gasolina que será consumida).
b) 225
Resposta: Errado.
c) 165
d) 154
8. (VUNESP – 2020) Uma pessoa comprou determinada
quantidade de guardanapos de papel. Se ela utilizar 2
Total de alunos = 396
guardanapos por dia, a quantidade comprada irá durar
Meninos = H
15 dias a mais do que duraria se ela utilizasse 3 guarda-
Meninas = M
H 5x napos por dia. O número de guardanapos comprados foi
Razão: +
M 7x
a) 60.
Agora vamos somar 5x com 7x = 12x
b) 70.
12x é igual ao total que é 396
c) 80.
12x = 396
d) 90.
x = 33
e) 100.
Portanto o número de meninos será:
Meninos = 5X = 5 x 33 = 165. Resposta: Letra C.
x = dias
3 guardanapos por dia -------- x
6. (CESPE-CEBRASPE – 2019) No item seguinte apre-
2 guardanapos por dia -------- x+15
senta uma situação hipotética, seguida de uma asser-
São valores inversamente proporcionais, quanto
tiva a ser julgada, a respeito de proporcionalidade,
mais guardanapos por dia, menos dias durarão.
porcentagens e descontos.
Assim, multiplicamos na horizontal:
No primeiro dia de abril, o casal Marcos e Paula com-
3x = 2 . (x+15)
prou alimentos em quantidades suficientes para que
3x = 30+2x
eles e seus dois filhos consumissem durante os 30
3x-2x = 30
dias do mês. No dia 7 desse mês, um casal de amigos
x = 30
MATEMÁTICA

chegou de surpresa para passar o restante do mês


Podemos substituir em qualquer uma das duas
com a família. Nessa situação, se cada uma dessas
situações:
seis pessoas consumir diariamente a mesma quan-
3 guardanapos x 30 dias= 90
tidade de alimentos, os alimentos comprados pelo
2 guardanapos x 45(30+15) dias = 90 . Resposta:
casal acabarão antes do dia 20 do mesmo mês.
Letra D.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
9. (FUNDATEC – 2017) Cinco mecânicos levaram 27
minutos para consertar um caminhão. Supondo que
4 Pessoas ------- 24 Dias
fossem três mecânicos, com a mesma capacidade e 339
ritmo de trabalho para realizar o mesmo serviço, quan- 12. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Na assembleia legislati-
tos minutos levariam para concluir o conserto desse va de um estado da Federação, há 50 parlamentares,
mesmo caminhão? entre homens e mulheres. Em determinada sessão
plenária estavam presentes somente 20% das deputa-
a) 20 minutos. das e 10% dos deputados, perfazendo-se um total de 7
b) 35 minutos. parlamentares presentes à sessão.
c) 45 minutos. Infere-se da situação apresentada que, nessa assem-
d) 50 minutos. bleia legislativa, havia
e) 55 minutos.
a) 10 deputadas.
Mecânicos ------ Minutos b) 14 deputadas.
5 ---------------- 27 c) 15 deputadas.
3 ---------------- x d) 20 deputadas.
Quanto menos mecânicos, mais minutos eles gas- e) 25 deputadas.
tarão para finalizar o trabalho, logo a grande-
za é inversamente proporcional. Multiplica na 50 parlamentares
horizontal: Deputadas = X
3x = 27.5 Deputados = 50-X
3x = 135 Compareceram 20% x e 10% (50-x), totalizando 7
x = 135/3 parlamentares. Não sabemos a quantidade exata de
x = 45 minutos. Resposta: Letra C. cada sexo. Vamos montar uma equação e achar o
valor de X.
10. (IESES – 2019) Cinco pedreiros construíram uma casa 20% x + 10% (50-x) = 7
em 28 dias. Se o número de pedreiros fosse aumen- 20/100 . x + 10/100 . (50-x) = 7
tado para sete, em quantos dias essa mesma casa 2/10 . x + 1/10 . (50-x) = 7
ficaria pronta? 2x/10 + 50 - x/10 = 7 (faz o MMC)
2x + 50 - x = 70
a) 18 dias. 2x - x = 70 - 50
b) 16 dias. x = 20 deputadas fazem parte da Assembleia Legis-
c) 20 dias. lativa. Resposta: Letra D.
d) 22 dias.
13. (VUNESP – 2016) Um concurso recebeu 1500 ins-
5 (pedreiros) ---------- 28 (dias) crições, porém 12% dos inscritos faltaram no dia da
7 (pedreiros) ------------- X (dias) prova. Dos candidatos que fizeram a prova, 45% eram
Perceba que as grandezas são inversamente propor- mulheres. Em relação ao número total de inscritos, o
cionais, então basta multiplicar na horizontal. número de homens que fizeram a prova corresponde a
5 . 28=7 . X uma porcentagem de
7X = 140
X = 140/7 a) 45,2%.
X = 20 dias . Resposta: Letra C. b) 46,5%.
c) 47,8%.
11. (CESPE-CEBRASPE – 2020) Em determinada loja, d) 48,4%.
uma bicicleta é vendida por R$ 1.720 à vista ou em e) 49,3%.
duas vezes, com uma entrada de R$ 920 e uma par-
cela de R$ 920 com vencimento para o mês seguinte. Veja que se 12% faltaram, então 88% fizeram a
Caso queira antecipar o crédito correspondente ao prova.
valor da parcela, a lojista paga para a financeira uma Pessoas presentes (88%) e dessas 45% eram mulhe-
taxa de antecipação correspondente a 5% do valor da res e 55% eram homens. Portanto, basta multiplicar
parcela. o percentual dos homens pelo total:
Com base nessas informações, julgue o item a seguir. 55% de 88% das pessoas que fizeram a prova; ou
Na compra a prazo, o custo efetivo da operação de finan- 0,55 x 0,88 = 0,484.
ciamento pago pelo cliente será inferior a 14% ao mês. Transformando em porcentagem
0,484 x 100 = 48,4%. Resposta: Letra D.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
14. (FCC – 2018) Em uma pesquisa 60% dos entrevista-
Valor da bicicleta =1720,00 dos preferem suco de graviola e 50% suco de açaí.
Parcelado = 920,00 (entrada) + 920,00 (parcela) Se 15% dos entrevistados gostam dos dois sabores,
Na compra a prazo, o agente vai pagar 920,00 então, a porcentagem de entrevistados que não gos-
(entrada), logo vai sobrar (1720-920 = 800,00) tam de nenhum dos dois é de
No próximo mês é preciso pagar 920,00 ou seja
800,00 + 120,00 de juros. Agora é pegar 120,00 a) 80%.
(juros) e dividir por 800,00 resultado: b) 61%.
120,00/800,00 = 0,15% ao mês. c) 20%.
A questão diz que seria inferior a 0,14%, ou seja, d) 10%.
está errada. Resposta: Errado. e) 5%.

Vamos dispor as informações em forma de conjun-


340 tos para facilitar nossa resolução:
Graviola Açaí Foi dado o perímetro dessa praça, que corresponde
à soma de todos os lados. Logo:
2x + 2(x + 20) = 160
2x + 2x + 40 = 160
60% - 15% = 15% 50% - 15% =
4x = 120
45% 35% x = 30 m
A área, portanto, será:
Nenhum = x Área = 30 x (30 + 20)
Área = 30 x 50 = 1500 m²
Vamos somar todos os valores e igualar ao total que Como 70% está recoberta por grama, 100 – 70 = 30%
é 100%: 45% + 15% + 35% + X = 100% não é recoberta. Logo:
95% + X = 100% Área não recoberta = 0,3 x 1500 = 450 m². Resposta:
X = 5%. Resposta: Letra E. Letra A.
15. (FUNCAB - 2015) Adriana e Leonardo investiram R$ 17. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Os lados de um terreno
20.000,00, sendo o 3/5 desse valor em uma aplicação quadrado medem 100 m. Houve erro na escrituração,
que gerou lucro mensal de 4% ao mês durante dez e ele foi registrado como se o comprimento do lado
meses. O restante foi investido em uma aplicação, medisse 10% a menos que a medida correta. Nessa
que gerou um prejuízo mensal de 5% ao mês, durante situação, deixou-se de registrar uma área do terreno
o mesmo período. Ambas as aplicações foram feitas igual a
no sistema de juros simples.
Pode-se concluir que, no final desses dez meses, eles
a) 20 m²
tiveram:
b) 100 m²
c) 1.000 m²
a) prejuízo de R$2.800,00. d) 1.900 m²
b) lucro de R$3.200,00. e) 2.000 m²
c) lucro de R$2.800,00.
d) prejuízo de R$6.000,00
A área de um quadrado é L². Inicialmente os lados
e) lucro de R$5.000,00.
do quadrado deveriam medir L = 100 m, portanto a
área seria A = 100² = 10000 m². Porém, L foi regis-
3/5 de 20.000,00 = 12.000,00 trado com 10% a menos, ou seja, 100 – 10% x 100 =
12.000,00 · 4% = 480,00 90 m. Logo, a área passou a ser 90² = 8100 m².
480 · 10 (meses) = 4.800 (juros) Então, a área que deixou de ser registrada foi de:
O que sobrou 20.000,00 - 12.000,00 = 8.000,00. Apli- 10000 – 8100 = 1900 m². Resposta: Letra D.
cação que foi investida e gerou prejuízo de 5% ao
mês, durante 10 meses:
18. (IDECAN – 2018) A figura a seguir é composta por
8.000,00 · 5% = 400,00
losangos cujas diagonais medem 6 cm e 4 cm. A área
400 · 10 meses= 4.000
da figura mede
Portanto 20.000,00 + 4.800(juros) = 24,800,00 -
4.000= 20.800,00 /10 meses= 2.080,00 lucros.
Resposta: Letra C.

16. (VUNESP – 2018) Uma praça retangular, cujas medi-


das em metros, estão indicadas na figura, tem 160m
de perímetro.

a) 48 cm2.
× b) 50 cm2.
c) 52 cm2.
d) 60 cm2.
e) 64 cm2.

× + 20 Sendo D e d as diagonais de um losango, sua área é


dada por:
Figura fora de escala Área = D x d / 2 = 6 x 4 / 2 = 12cm2
Como ao todo temos 5 losangos, a área total é:
Sabendo que 70% da área dessa praça estão recober- 5 x 12 = 60cm2. Resposta: Letra D.
MATEMÁTICA

tos de grama, então, a área não recoberta com grama


tem 19. (IBFC – 2017) A alternativa que apresenta o número
total de faces, vértices e arestas de um tetraedro é:
a) 450 m2.
b) 500 m2. a) 4 faces triangulares, 5 vértices e 6 arestas
c) 400 m2. b) 5 faces triangulares, 4 vértices e 6 arestas
d) 350 m2. c) 4 faces triangulares, 4 vértices e 7 arestas
e) 550 m2. d) 4 faces triangulares, 4 vértices e 6 arestas
e) 4 faces triangulares, 4 vértices e 5 arestas 341
Um tetraedro é uma figura formada por 4 faces ape-
nas, veja:
HORA DE PRATICAR!
1. (TJSP – VUNESP – 2015) Levantamento feito pelo
V CRA-SP questionou qual reforma deve ser priorizada
pelo governo. Entre as opções estavam os setores pre-
a videnciário, trabalhista, político, tributário e judiciário,
a sendo que apenas um deles deveria ser apontado. O
gráfico mostra a distribuição porcentual arredondada
C dos votos por setor.
A QUAL REFORMA DEVE SER PRIORIZADA PELO GOVERNO?
a
a
27% 37%
B Política Tributária
7%
Trabalhista
Temos 4 vértices A, B, C e V. Também sabemos que
temos 4 faces. O número de arestas pode ser conta- 15%
14% Judiciária
do ou, então, obtido pela relação:
Previdência
V+F=A+2
4+4=A+2 RAP-CRA/SP-Dezembro/2014
A = 6 arestas .
Resposta: Letra D. Sabendo que o setor político recebeu 87 votos a mais
do que o setor judiciário, é correto afirmar
20. (VUNESP – 2018) Em um reservatório com a forma que a média aritmética do número de apontamentos
de paralelepípedo reto retângulo, com 2,5 m de com- por setor foi igual a
primento e 2 m de largura, inicialmente vazio, foram
despejados 4 m³ de água, e o nível da água nesse a) 128.
reservatório atingiu uma altura de x metros, conforme b) 130.
mostra a figura. c) 137.
d) 140.
e) 145.

2. (TJSP – VUNESP – 2014) A Câmara dos Deputados


aprovou ontem a Medida Provisória no 647, que permi-
te ao governo elevar para até 27,5% o limite de etanol
anidro misturado à gasolina vendida nos postos de
× combustível. Hoje, esse teto é de 25%.

(O Estado de S.Paulo, 07.08.2014)


h

2
Suponha que dois tanques, A e B, contenham quanti-
2,5 dades iguais, em litros, de um combustível formado
pela mistura de gasolina e de álcool anidro, sendo 25%
Sabe-se que para enchê-lo completamente, sem trans- o teor de álcool na mistura do tanque A e 27,5%, o teor
bordar, é necessário adicionar mais 3,5 m³ de água. de álcool na mistura do tanque B. Nessas condições, é
Nessas condições, é correto afirmar que a medida da correto afirmar que a quantidade de álcool no tanque
altura desse reservatório, indicada por h na figura, é, B supera a quantidade de álcool no tanque A em
em metros, igual a
a) 10%.
a) 1,25. b) 5%.
c) 7,5%.
b) 1,5.
d) 2,5%.
c) 1,75.
e) 8%.
d) 2,0.
e) 2,5.
3. (TJSP – VUNESP – 2013) Acessando o site de deter-
minada loja, Lucas constatou que, na compra pela
O volume total do reservatório é de 4 + 3,5 = 7,5m3. internet, com prazo de entrega de 7 dias úteis, o note-
Usando a fórmula para calcular o volume, ou seja, book pretendido custava R$ 110,00 a menos do que
Volume = comprimento x largura x altura na loja física que, por outro lado, oferecia a entrega
7,5 = 2,5 x 2 x h imediata do aparelho. Como ele tinha urgência, foi até
3=2xh a loja física e negociou com o gerente, obtendo um
h = 1,5m desconto de 5% e, dessa forma, comprou o aparelho,
342 Resposta: Letra B. pagando o mesmo preço que pagaria pela internet.
Desse modo, é correto afirmar que o preço que Lucas 8. (TJSP – VUNESP – 2010) As 360 páginas de um pro-
pagou pelo notebook, na loja física, foi de cesso estão acondicionadas nas pastas A e B, na
razão de 2 para 3, nessa ordem. O número de páginas
a) R$ 2.110,00. que devem ser retiradas da pasta B e colocadas na
b) R$ 2.200,00. pasta A, para que ambas fiquem com o mesmo núme-
c) R$ 2.000,00. ro de páginas, representa, do total de páginas desse
d) R$ 2.310,00. processo,
e) R$ 2.090,00.
a) 1/4.
4. (TJSP – VUNESP – 2012) Do valor total recebido pela b) 1/5.
venda de um terreno, Ricardo separou 20% para cus- c) 1/6.
tear uma pequena reforma em sua casa e reservou o d) 1/8.
restante para a compra de um carro novo. Sabe-se e) 1/10.
que 60% do valor separado para a reforma foi usado
na compra de material de construção, e o restante, no 9. (TJSP – VUNESP – 2018) Um estabelecimento comer-
pagamento da mão de obra. Sabendo-se que Ricardo cial possui quatro reservatórios de água, sendo três
gastou R$ 6.000,00 com a mão de obra empregada na deles de formato cúbico, cujas respectivas arestas
reforma, pode-se afirmar que, para a compra do carro têm medidas distintas, em metros, e um com a
novo, Ricardo reservou forma de um paralelepípedo reto retângulo, conforme
ilustrado a seguir.
a) R$ 50.000,00.
b) R$ 65.000,00.
c) R$ 60.000,00.
d) R$ 75.000,00.
e) R$ 70.000,00.

5. (TJSP – VUNESP – 2011) Uma pessoa pagou 30% do


valor total de uma dívida e o restante dela irá pagar
em 30 dias, sem acréscimo. Se R$ 3.500,00 corres-
pondem a 20% do valor restante a ser pago, então é
correto afirmar que, ao pagar 30% do valor da dívida, a Sabe-se que, quando totalmente cheios, a média arit-
pessoa desembolsou mética dos volumes de água dos quatro reservatórios
é igual a 1,53 m³, e que a média aritmética dos volu-
a) R$ 5.200,00. mes de água dos reservatórios cúbicos, somente, é
b) R$ 6.800,00. igual a 1,08 m³. Desse modo, é correto afirmar que a
c) R$ 7.500,00. medida da altura do reservatório com a forma de bloco
d) R$ 7.850,00. retangular, indicada por h na figura, é igual a
e) R$ 8.200,00.
a) 1,55 m.
6. (TJSP – VUNESP – 2010) Em um concurso para escre- b) 1,45 m.
vente, 40% dos candidatos inscritos foram eliminados c) 1,40 m.
na prova de Língua Portuguesa, e a prova de Conhe- d) 1,50 m.
cimentos em Direito eliminou 40% dos candidatos e) 1,35 m.
restantes. Essas duas provas eliminaram, do total de
candidatos inscritos, 10. (TJSP – VUNESP – 2017) As figuras seguintes mos-
tram os blocos de madeira A, B e C, sendo A e B de
a) 84%. formato cúbico e C com formato de paralelepípedo
b) 80%. reto retângulo, cujos respectivos volumes, em cm³,
c) 64%. são representados por V A, V B e V C.
d) 46%. Se VA + VB = 1/2 VC, então a medida da altura do bloco
e) 36%. C, indicada por h na figura, é, em centímetros, igual a

7. (TJSP – VUNESP – 2011) Uma empresa comprou 30


panetones iguais da marca K e 40 panetones iguais da
marca Y, pagando um total de R$ 1.800,00. Sabendo-
-se que a razão entre os preços unitários dos paneto-
MATEMÁTICA

nes K e Y é de 2 para 3, nessa ordem, pode-se afirmar


que se essa empresa tivesse comprado todos os 70
panetones somente da marca Y, ela teria gasto, a mais,

a) R$ 600,00. a) 12,5.
b) R$ 500,00. b) 15,5.
c) R$ 400,00. c) 14.
d) R$ 300,00. d) 16.
e) R$ 200,00. e) 11. 343
11. (TJSP – VUNESP – 2015) Dois recipientes (sem tam- a) 240.
pa), colocados lado a lado, são usados para captar b) 210.
água da chuva. O recipiente A tem o formato de um c) 200.
bloco retangular, com 2 m de comprimento e 80 cm d) 230.
de largura, e o recipiente B tem a forma de um cubo de e) 260.
1 m de aresta. Após uma chuva, cuja precipitação foi
uniforme e constante, constatou-se que a altura do 14. (TJSP – VUNESP – 2012) Observe a sequência de
quadrados, em que a medida
nível da água no recipiente B tinha aumentado 25 cm,
sem transbordar. Desse modo, pode-se concluir que a
água captada pelo recipiente A nessa chuva teve volu-
me aproximado, em m³, de

a) 0,40.
b) 0,36.
c) 0,32.
d) 0,30.
e) 0,28.

12. (TJSP – VUNESP – 2017) Para segmentar informa-


ções, de modo a facilitar consultas, um painel de for- do lado de cada quadrado, a partir do segundo, é igual
mato retangular foi dividido em 3 regiões quadradas, à metade da medida do lado do quadrado imediata-
Q1, Q2 e Q3, e uma região retangular R, conforme mos- mente anterior.
tra a figura, com dimensões indicadas em metros. Nessas condições, é correto afirmar que a razão entre
a área do 3.º quadrado e a área do 2.º quadrado, nessa
ordem, é

a) 1/4
b) 1/12
c) 1/10
d) 1/8
e) 1/2

15. (TJSP – VUNESP – 2017) Os preços de venda de


um mesmo produto nas lojas X, Y e Z são números
inteiros representados, respectivamente, por x, y e z.
A área, em m², da região retangular R é corretamente Sabendo-se que x + y = 200, x + z = 150 e y + z = 190,
representada por: então a razão x/y é:

1 a) 3/5
a) x².
8 b) 4/9
1 c) 2/3
b) x². d) 3/8
4
1 e) 1/3
c) x².
3
1 16. (TJSP – VUNESP – 2014) Observe a sequência de
d) x². figuras feitas em uma malha quadriculada, sendo cada
12
figura composta por quadradinhos brancos e pretos.
1
e) x².
4
13. (TJSP – VUNESP – 2013) A figura mostra um terre-
no retangular cujas dimensões indicadas estão em
metros.
Figura 1 Figura 2 Figura 3

De acordo com a lei de formação dessa sequência,


o número de quadradinhos brancos na figura 18 será
igual a

a) 98.
b) 93.
c) 103.
d) 108.
e) 113.
O proprietário cedeu a um vizinho a região quadrada
indicada por Q na figura, com área de 225 m². O perí- 17. (TJSP – VUNESP – 2018) No posto Alfa, o custo, para
metro (soma das medidas dos lados), em metros, do o consumidor, de um litro de gasolina é R$ 3,90, e o
344 terreno remanescente, após a cessão, é igual a de um litro de etanol é R$ 2,70. Se o custo de um litro
de uma mistura de quantidades determinadas desses Nessas condições, é correto afirmar que o perímetro
dois combustíveis é igual a R$ 3,06, então o número da folha ABCD, em centímetros, é igual a
de litros de gasolina necessários para compor 40 litros
dessa mistura é igual a a) 68.
b) 60.
a) 28. c) 64.
b) 20. d) 56.
c) 16. e) 72.
d) 24.
e) 12.
GABARITO COMENTADO
18. (TJSP – VUNESP – 2018) Um investidor adquiriu um
terreno por R$ 74.000,00. Algum tempo depois, o terre- 1.
no foi vendido, e o lucro obtido pelo investidor foi igual
a 20% do valor da venda. Se esse investidor concei- Organizando os dados:
tua lucro como sendo a diferença entre os valores de X = votos totais
venda e de compra, então o lucro obtido por ele nessa Setor político = 27% de X
negociação foi de Setor jurídico = 15% de X
Como o setor político recebeu 87 votos a mais do
a) R$ 14.400,00. que Setor jurídico, logo:
b) R$ 15.870,00. 0,27X = 0,15X + 87
c) R$ 18.500,00. X = 87/0,12
d) R$ 16.600,00. X = 725 (votos totais)
e) R$ 17.760,00 Média = 725 / (5 setores)
Média = 145
19. (TJSP – VUNESP – 2014) Para efeito decorativo, um Resposta: Letra E.
arquiteto dividiu o piso de um salão quadrado em 8
regiões com o formato de trapézios retângulos con- 2.
gruentes (T), e 4 regiões quadradas congruentes (Q),
conforme mostra a figura: Total em cada tanque = 100 (supondo para facilit ar
os cálculos)
A = 25 litros (25% de 100)
B = 27,5 litros (27,5% de 100)
O tanque B tem 2,5 litros a mais do tanque A.
25L-----100%
2,5L------- x%
25x = 2,5 . 100
X = 250/ 25 = 10%
Resposta: Letra A.

3.

Sabemos que os 5% é igual a diferença de R$ 110,00,


logo
Se a área de cada região com a forma de trapézio 5%------R$110,00
retângulo é igual a 24 m², então a área total desse piso 95------- x
é, em m², igual a 5x = 95 . 110
5x = 10450
a) 196. X = 10450/5
b) 324. x = 2090
c) 256. O notebook custou R$ 2090,00.
d) 225. Resposta: Letra E.
e) 400.
4.
20. (TJSP – VUNESP – 2014) Em uma folha quadrada
ABCD, foi desenhado um quadrado Z, de área igual a Terreno - 100%
169 cm², conforme mostra a figura: Reforma - 20%
60% - x
40% - 6000 (mão de obra)
40x = 60.6000
MATEMÁTICA

x = 9000 (material de construção)


Logo, o valor total da reforma é de 9.000 + 6.000 =
15.000
Ricardo ficou com 80% do total, pois havia empe-
nhado os 20%, então:
80 - x
20 - 15.000
20x = 80.15000
x = 60.000 (reservado para compra do carro novo)
Resposta: Letra C. 345
5. 10.

Organizando as informações: Va + Vb = 1/2Vc


100% - 30% = 70% 5³ + 10³ = 1/2 (18 . 10 . h)
20% do restante que é 70% = 14% 125 + 1000 = 180h/2
Ao pagar 30% do valor da dívida, a pessoa 90h = 1125
desembolsou? h = 12,5 cm
3500 -------14% Resposta: Letra A.
x -----------30%
14x = 3.500 . 30 11.
14x = 105000
x = 105000 / 14 Sabe-se que 80 cm é igual 0,8 metros.
x = 7.500 Volume de B = 1 . 1. 0,25 = 0,25
Resposta: Letra C. Área de A = 2m . 0,8m = 1,6m
Área de B = 1 . 1 = 1m
Fazendo regra de três:
6.
1m ------- 0,25
1,6m -------x
Português: 40% de 100 = 40
x = 1,6 . 0,25
Restaram: 60
x = 0,4
Direito: 40% de 60
Resposta: Letra A.
40/100 x 60 = 24
40 + 24 = 64
12.
Resposta: Letra C.
Se um lado do quadrado Q1 mede 2/3 de X, então o
7. outro mede 2/3 de X
Sobra 1/3 de X para a base de R
Extraindo as informações do enunciado: 1/6 vale o lado dos quadrados Q2 e Q3
30K + 40Y = 1800 Para calcular a altura de R → 2/3 - 1/6 = 3/6
K/Y = 2/3 → K = 2Y/3 Área de R:
Substituindo: AR= b . a
30 (2Y/3) + 40Y = 1800 AR=1/3 . 3/6 = 3/18 = 1/6 de x2
60Y + 120Y = 5400
Y = 30 (Valor de 1 Panetone)
70 . 30 = 2100 (Valor de 70 Panetones)
Assim: 2100 - 1800 = 300
Resposta: Letra D.

8.

O problema diz: “na razão de 2 para 3”, ou seja, quer


dizer que a cada 5 páginas, 2 estão numa pasta e 3
na outra.
Do total de 360 páginas, temos:
216 na pasta B (3/5 do total);
Resposta: Letra E.
144 na pasta A (2/5 do total);
Para ter a mesma quantidade, é preciso ter 180 em
13.
cada pasta, ou seja, é preciso tirar 36 das 216 da
pasta B e passar para pasta A;
Á área de 225 m2 corresponde ao quadrado retirado.
36 representa 1/10 do total 360
x2 = 225 m2
Resposta: Letra E.
Logo x =15 m
Assim, o perímetro é a soma dos lados.
9. 5x15 + 40 + (5x15 - 15) + (40 - 15) + 15 + 15 =
75 + 40 +( 75 - 15) +25 + 30 = 230 m.
Três cubos com volumes distintos. Média aritmética: Resposta: Letra D.
(C1 + C2 + C3)/3 = 1,08m³
Soma do volume dos três cubos: 14.
1,08 x 3 = 3,24m³
Média aritmética dos três cubos e o paralelepípedo Vejamos:
reto retângulo: Lado do 1º quadrado: x → Área do 1º quadrado: x²
[3,24 + (1,6 x 1,2 x h)]/4 = 1,53m³ Lado do 2º quadrado: x/2 → Área do 2º quadrado: x/2
3,24 + (1,92 x h) = 6,12 . x/2 = x²/4
1,92 x h = 2,88 Lado do 3º quadrado: x/4 → Área do 3º quadrado: x/4
h = 2,88/1,92 . x/4 = x²/16
h = 1,5 m Lado do 4º quadrado: x/8 → Área do 4º quadrado: x/8
346 Resposta: Letra D. . x/8 = x²/64
Então, a razão entre a área do 3º quadrado e a área 19.
do 2º quadrado é:
(x²/16) / (x²/4) Área do quadrado: (4x)²
(x²/16) . (4/x²) Sabemos que parte da área total do quadrado é for-
4x²/16x² → ¼. mado pela área dos 8 trapézios. Então temos: 24.8 =
Resposta: Letra A. área ocupada pelos trapézios.
E para a área dos quadrados que ficam nas arestas,
temos: 4x².
15.
Com estas informações, temos a seguinte fórmula:
(4x)² = (24.8) + (4x²)
Extraindo os dados, temos: 16x² = 192 + 4x²
x + y = 200 → x = 200 - y 16x² – 4x² = 192
x + z = 150 → 200 - y + z = 150 → Z = 150 + y - 200 12x² = 192
Agora, basta substituir nas expressões x² = 192 / 12
y + z = 190 (nós já sabemos z) x² = √16
y + 150 + y - 200 = 190 x=4
2y + 150 - 200 = 190 Agora só substituir o valor de X na fórmula: (192)
2y = 190 - 150 + 200 + (4x²)
2y = 240 (24.8) + (4x²)
192 + (4.42)
y = 120
192 + 64 = 256
Se x + y =200, então x + 120 = 200 → portanto x = 80
Resposta: Letra C.
80 / 120 = 2/3
Resposta: Letra C. 20.

16. Primeiro vamos achar o valor de x:


13²=12²+x²
Veja: 169=144+x²
O primeiro quadrado tem: 8 quadrados brancos. x²=144-169
O segundo quadrado tem: 13 quadrados brancos. x²=25
O erceiro quadrado tem: 18 quadrados brancos. x=5
Os números estão pulando de 5 em 5. Agora, encontrado o valor de x, basta somar os
Então fica: 8, 13, 18, 23, 28, 33, 38, 43, 48, 53, 58, 63, lados para achar o perímetro:
17x4=68
68, 73, 78, 83, 88, 93
Resposta: Letra A.
O 93 é o número de quadrados brancos na figura 18.
Resposta: Letra B.

17.
ANOTAÇÕES
Temos que:
3,9G + 2,7E = 3,06
G + E = 1 (Litro)
G=1-E
Substituindo na primeira equação:
3,9. (1 - E) + 2,7E = 3,06
3,9 - 3,9E + 2,7E = 3,06
-1,2E = -0,84
E = 0,84 / 1,2
E = 0,7
ETANOL = 0,7
GASOLINA = 0,3
Logo, 40 litros: 40 x 0,3 = 12,0
Resposta: Letra E.

18.
MATEMÁTICA

Podemos dizer que 74mil + o valor do lucro = 100%.


Logo, se o lucro foi 20%, então os 80% equivale aos
74mil, sendo assim, é só aplicar uma regra de três:
74000 --------- 80%
x --------- 20%
74000.20 = 80x
x = 1480000 / 80
x = 18500,00
Resposta: Letra C. 347
ANOTAÇÕES

348
INFORMÁTICA

MS-WINDOWS 10
NOÇÕES DE SISTEMA OPERACIONAL WINDOWS: WINDOWS 10

O sistema operacional Windows foi desenvolvido pela Microsoft para computadores pessoais (PC) em meados
dos anos 80, oferecendo uma interface gráfica baseada em janelas, com suporte para apontadores como mouses,
touch pad (área de toque nos portáteis), canetas e mesas digitalizadoras.
Atualmente, o Windows é oferecido na versão 10, que possui suporte para os dispositivos apontadores tradi-
cionais, além de tela touch screen e câmera (para acompanhar o movimento do usuário, como no sistema Kinect
do videogame XBox).
Em concursos públicos, as novas tecnologias e suportes avançados são raramente questionados. As questões
aplicadas nas provas envolvem os conceitos básicos e o modo de operação do sistema operacional em um dispo-
sitivo computacional padrão (ou tradicional).
O sistema operacional Windows é um software proprietário, ou seja, não tem o núcleo (kernel) disponível e o
usuário precisa adquirir uma licença de uso da Microsoft.
O Windows 10 apresenta novidades em relação às versões anteriores, como assistente virtual, navegador de
Internet, locais que centralizam informações etc. Vejamos algumas delas:

z Botão Iniciar: permite acesso aos aplicativos instalados no computador, com os itens recentes no início da
lista e os demais itens classificados em ordem alfabética. Combina os blocos dinâmicos e estáticos do Windows
8 com a lista de programas do Windows 7;
z Pesquisar: com novo atalho de teclado, a opção pesquisar permite localizar, a partir da digitação de termos,
itens no dispositivo, na rede local e na Internet. Para facilitar a ação, tem-se o seguinte atalho de teclado: Win-
dows+S (Search);
z Cortana: assistente virtual. Auxilia em pesquisas de informações no dispositivo, na rede local e na Internet;

Importante!
A assistente virtual Cortana é uma novidade do Windows 10 que está aparecendo em provas de concursos
com regularidade. Semelhante ao Google Assistente (Android), Siri (Apple) e Alexa (Amazon), ela integra
recursos de acessibilidade por voz para os usuários do sistema operacional.

z Visão de Tarefas: permite alternar entre os programas em execução e abre novas áreas de trabalho. Seu ata-
lho de teclado é: Windows+TAB;
z Microsoft Edge: navegador de Internet padrão do Windows 10. Ele está configurado com o buscador padrão
Microsoft Bing, mas pode ser alterado;
z Microsoft Loja: loja de app’s para o usuário baixar novos aplicativos para Windows;
z Windows Mail: aplicativo para correio eletrônico, que carrega as mensagens da conta Microsoft e pode se
tornar um hub de e-mails com adição de outras contas;
z Barra de Acesso Rápido: ícones fixados de programas para acessar rapidamente;
z Fixar itens: em cada ícone, ao clicar com o botão direito (secundário) do mouse, será mostrado o menu rápido,
que permite fixar arquivos abertos recentemente e fixar o ícone do programa na barra de acesso rápido;
z Central de Ações: centraliza as mensagens de segurança e manutenção do Windows, como as atualizações do
sistema operacional. Atalho de teclado: Windows+A (Action). A Central de Ações não precisa ser carregada pelo
usuário, ela é carregada automaticamente quando o Windows é inicializado;
z Mostrar área de trabalho: visualizar rapidamente a área de trabalho, ocultando as janelas que estejam em
primeiro plano. Atalho de teclado: Windows+D (Desktop);
INFORMÁTICA

z Bloquear o computador: com o atalho de teclado Windows+L (Lock), o usuário pode bloquear o computador.
Poderá bloquear pelo menu de controle de sessão, acionado pelo atalho de teclado Ctrl+Alt+Del;
z Gerenciador de Tarefas: para controlar os aplicativos, processos e serviços em execução. Atalho de teclado:
Ctrl+Shift+Esc;
z Minimizar todas as janelas: com o atalho de teclado Windows+M (Minimize), o usuário pode minimizar todas
as janelas abertas, visualizando a área de trabalho;
z Criptografia com BitLocker: o Windows oferece o sistema de proteção BitLocker, que criptografa os dados de
uma unidade de disco, protegendo contra acessos indevidos. Para uso no computador, uma chave será grava-
da em um pendrive, e para acessar o Windows, ele deverá estar conectado; 349
z Windows Hello: sistema de reconhecimento facial ou biometria, para acesso ao computador sem a necessida-
de de uso de senha;
z Windows Defender: aplicação que integra recursos de segurança digital, como o firewall, antivírus e antispyware;

Dica
O botão direito do mouse aciona o menu de contexto sempre.

CONCEITO DE PASTAS, DIRETÓRIOS, ARQUIVOS E ATALHOS

No Windows 10, os diretórios são chamados de pastas e algumas pastas são especiais, contendo coleções de
arquivos que são chamadas de Bibliotecas. Ao todo, são quatro Bibliotecas: Documentos, Imagens, Músicas e Vídeos.
O usuário poderá criar Bibliotecas para sua organização pessoal, uma vez que elas otimizam a organização dos
arquivos e pastas, inserindo apenas ligações para os itens em seus locais originais.

Pasta com Pasta sem Pasta vazia


subpasta subpasta

O sistema de arquivos NTFS (New Technology File System) armazena os dados dos arquivos em localizações
dos discos de armazenamento. Por sua vez, os arquivos possuem nome e podem ter extensões. Vale dizer que esse
sistema suporta unidades de armazenamento de até 256 TB (terabytes, trilhões de bytes).
Já o FAT32 suporta unidades de até 2 TB.
Agora, antes de prosseguir, vamos conhecer esses conceitos:

TERMO SIGNIFICADO OU APLICAÇÃO

Unidade de disco de armazenamento permanente, que possui um sistema de arquivos e


Disco de armazenamento
mantém os dados gravados

Estruturas lógicas que endereçam as partes físicas do disco de armazenamento. NTFS,


Sistema de Arquivos
FAT32, FAT são alguns exemplos de sistemas de arquivos do Windows.

Trilhas Circunferência do disco físico (como um hard disk HD ou unidades removíveis ópticas)

Setores São ‘fatias’ do disco, que dividem as trilhas

Clusters Unidades de armazenamento no disco, identificado pela trilha e setor onde se encontra.

Pastas ou diretórios Estrutura lógica do sistema de arquivos para organização dos dados na unidade de disco

Arquivos Dados. Podem ter extensões

Pode identificar o tipo de arquivo, associando com um software que permita visualização
Extensão
e/ou edição. As pastas podem ter extensões como parte do nome

Arquivos especiais, que apontam para outros itens computacionais, como unidades, pas-
Atalhos tas, arquivos, dispositivos, sites na Internet, locais na rede etc. Os ícones possuem uma
seta, para diferenciar dos itens originais

O disco de armazenamento de dados tem o seu tamanho identificado em Bytes. São milhões, bilhões e até tri-
lhões de bytes de capacidade. Os nomes usados são do Sistema Internacional de Medidas (SI) e estão listados na
escala a seguir.

Exabyte
(EB)
Petabyte
(PB)
Terabyte
(TB)
Gigabyte trilhão
Megabyte (GB)
(MB) bilhão
Kilobyte
milhão
(KB) mil
Byte
(B)
350
Ainda não existem discos com capacidade na Documentos), Imagens (Minhas Imagens),
ordem de Petabytes (PB – quatrilhão de bytes) vendi- Vídeos (Meus Vídeos), Músicas (Minhas Músi-
dos comercialmente. Hoje, essas medidas muito altas cas) – bibliotecas;
são usadas para identificar grandes volumes de dados „ Estruturas do Usuário: Documentos (Meus
na nuvem, em servidores de redes, em empresas de Documentos), Imagens (Minhas Imagens),
dados etc. Vídeos (Meus Vídeos), Músicas (Minhas Músi-
Com relação ao Byte, entenda: 1 Byte representa cas) – bibliotecas;
uma letra, ou número, ou símbolo. Ele é formado por
„ Área de Trabalho: Desktop, que permite aces-
8 bits, que são sinais elétricos (que vale zero ou um).
so à Lixeira, Barra de Tarefas, pastas, arquivos,
Os dispositivos eletrônicos utilizam o sistema binário
programas e atalhos;
para representação de informações.
A palavra “Nova”, quando armazenada no dispo- „ Lixeira: Armazena os arquivos de discos rígi-
sitivo, ocupará 4 bytes. São 32 bits de informação gra- dos que foram excluídos, permitindo a recupe-
vada na memória. A palavra “Concursos”, ocupará 9 ração dos dados.
bytes, que são 72 bits de informação. z Atalhos
Os bits e bytes estão presentes em diversos momen-
„ Arquivos que indicam outro local: Extensão
tos do cotidiano. Um plano de dados de celular ofere-
LNK, podem ser criados arrastando o item com
ce um pacote de 5 GB, ou seja, poderá transferir até
ALT ou CTRL+SHIFT pressionado.
5 bilhões de bytes no período contratado. A conexão
wi-fi de sua residência está operando em 150 Mbps,
z Drivers
ou 150 megabits por segundo, que são 18,75 MB por
segundo, então um arquivo com 75 MB de tamanho „ Arquivos de configuração: Extensão DLL e
levará 4 segundos para ser transferido do seu disposi- outras, que são usadas para comunicação do
tivo para o roteador wireless. software com o hardware.

O Windows 10 usa o Explorador de Arquivos (que


Importante! antes era Windows Explorer) para o gerenciamento
O tamanho dos arquivos no Windows 10 é exi- de pastas e arquivos. Ele é usado para as operações
bido em modo de visualização de Detalhes, nas de manipulação de informações no computador,
Propriedades (botão direito do mouse, menu de desde o básico (formatar discos de armazenamento)
contexto) e na barra de status do Explorador de até o avançado (organizar coleções de arquivos em
Bibliotecas).
Arquivos. Poderão ter as unidades KB, MB, GB,
O atalho de teclado Windows+E pode ser acionado
TB, indicando quanto espaço ocupam no disco
para executar o Explorador de Arquivos.
de armazenamento. Como o Windows 10 está associado a uma con-
ta Microsoft (e-mail Live, ou Hotmail, ou MSN, ou
Quando os computadores pessoais foram apresen- Outlook), o usuário tem disponível um espaço de
tados para o público, a árvore foi usada como analo- armazenamento de dados na nuvem Microsoft One-
gia para explicar o armazenamento de dados, criando Drive. No Explorador de Arquivos, no painel do lado
o termo “árvore de diretórios”. direito, o ícone OneDrive sincroniza os itens com a
nuvem. Ao inserir arquivos ou pastas no OneDrive,
Documentos eles serão enviados para a nuvem e sincronizados
Imagens Folhas com outros dispositivos que estejam conectados na
Músicas Flores mesma conta de usuário.
Vídeos Frutos Os atalhos são representados por ícones com uma
seta no canto inferior esquerdo, e podem apontar para
um arquivo, pasta ou unidade de disco. Os atalhos são
independentes dos objetos que os referenciam, por-
Pastas e subpastas Tronco e galhos
tanto, se forem excluídos, não afetam o arquivo, pasta
ou unidade de disco que estão apontando.
Podemos criar um atalho de várias formas
diferentes:

Diretório raiz Raiz z Arrastar um item segurando a tecla Alt no teclado,


e ao soltar, o atalho é criado;
z No menu de contexto (botão direito) escolha
“Enviar para... Área de Trabalho (criar atalho);
Árvore de diretórios
z Um atalho para uma pasta cujo conteúdo está sen-
do exibido no Explorador de Arquivos pode ser
INFORMÁTICA

No Windows 10, a organização segue a seguinte criado na área de trabalho arrastando o ícone da
definição: pasta, mostrado na barra de endereços e soltando-
-o na área de trabalho.
z Pastas
Arquivos ocultos, arquivos de sistema ou arqui-
„ Estruturas do sistema operacional: Arquivos vos somente leitura esses atributos podem ser defini-
de Programas (Program Files), Usuários (Users), dos pelo item Propriedades no menu de contexto. O
Windows. A primeira pasta da undiade é cha- Explorador de Arquivos pode exibir itens que tenham
mada raiz (da árvore de diretórios), represen- o atributo oculto desde que ajuste a configuração
tada pela barra invertida: Documentos (Meus correspondente. 351
ÁREA DE TRABALHO

A interface gráfica do Windows é caracterizada pela Área de Trabalho, ou Desktop. A tela inicial do Windows
exibe ícones de pastas, arquivos, programas, atalhos, barra de tarefas (com programas que podem ser executados
e programas que estão sendo executados) e outros componentes do Windows.
A Área de Trabalho do Windows 10, também conhecida como Desktop, é reconhecida pela presença do papel
de parede ilustrando o fundo da tela. É uma imagem, que pode ser um bitmap (extensão BMP), uma foto (extensão
JPG), além de outros formatos gráficos. Ao ver o papel de parede em exibição, sabemos que o computador está
pronto para executar tarefas.

Lixeira Microsoft Google Mozilla Kaspersky Firefox


Edge Chrome Thunderbird Secure Co..

Provas Dawnloads caragua.docx Lista de Extra - dicas


Anteriores e-mails par.. Ebook-Curs. concursos.txt

Imagem da área de trabalho do Windows 10.

Na área de trabalho podemos encontrar Ícones e estes podem ser ocultados se o usuário escolher ‘Ocultar
ícones da área de trabalho’ no menu de contexto (botão direito do mouse, Exibir). Os ícones representam atalhos,
arquivos, pastas, unidades de discos e componentes do Windows (como Lixeira e Computador).
No canto inferior esquerdo encontraremos o botão Iniciar, que pode ser acionado pela tecla Windows ou pela
combinação de teclas Ctrl+Esc. Ao ser acionado, o menu Iniciar será apresentado na interface de blocos que sur-
giu com o Windows 8, interface Metro.
A ideia do menu Iniciar é organizar todas as opções instaladas no Windows 10, como acessar Configurações
(antigo Painel de Controle), programas instalados no computador, apps instalados no computador a partir da
Windows Store (loja de aplicativos da Microsoft) etc.
Ao lado do botão Iniciar encontramos a caixa de pesquisas (Cortana). Com ela, poderemos digitar ou ditar o
nome do recurso que estamos querendo executar e o Windows 10 apresentará a lista de opções semelhantes na
área de trabalho e a possibilidade de buscar na Internet. Além da digitação, podemos falar o que estamos queren-
do procurar, clicando no microfone no canto direito da caixa de pesquisa.
A seguir, temos o item Visão de Tarefas sendo uma novidade do Windows 10, que permite visualizar os dife-
rentes aplicativos abertos (como o atalho de teclado Alt+Tab clássico) e alternar para outra Área de Trabalho. O
atalho de teclado para Visão de Tarefas é Windows+Tab.
Enquanto no Windows 7 só temos uma Área de Trabalho, o Windows 10 permite trabalhar com várias áreas de
trabalho independentes, onde os programas abertos em uma não interfere com os programas abertos em outra.
A seguir, a tradicional Barra de Acesso Rápido, que organiza os aplicativos mais utilizados pelo usuário, per-
mitindo o acesso rápido, tanto por clique no mouse, como por atalhos (Windows+1 para o primeiro, Windows+2
para o segundo programa etc.) e também pelas funcionalidades do Aero (como o Aero Peek, que mostrará minia-
turas do que está em execução, e consequente transparência das janelas).
A Área de Notificação mostrará a data, hora, mensagens da Central de Ações (de segurança e manutenção),
processos em execução (aplicativos de segundo plano) etc. Atalho de teclado: Windows+B.
Por sua vez, em “Mostrar Área de Trabalho”, o atalho de teclado Windows+D mostrará a área de trabalho ao
primeiro clique e mostrará o programa que estava em execução ao segundo clique. Se a opção “Usar Espiar para
visualizar a área de trabalho ao posicionar o ponteiro do mouse no botão Mostrar Área de Trabalho na extremida-
de da barra de tarefas” estiver ativada nas Configurações da Barra de Tarefas, não será necessário clicar. Bastará
apontar para visualizar a Área de Trabalho.
Uma novidade do Windows 10 foi a incorporação dos Blocos Dinâmicos (que antes estavam na interface Metro
do Windows 8 e 8.1) no menu Iniciar. Os blocos são os aplicativos fixados no menu Iniciar. Se quiser ativar ou
desativar, pressione e segure o aplicativo (ou clique com o botão direito do mouse) que mostra o bloco dinâmico
352 e selecione Ativar bloco dinâmico ou Desativar bloco dinâmico.
Navegador padrão
do Windows 10 Atalhos

Itens Excluídos

Lixeira Microsoft Google Mozilla Kaspersky


Pastas de Firefox Arquivos
Edge Chrome Thunderbird Secure Co..
Arquivos

Provas Dawnloads caragua.docx Lista de Extra - dicas


Anteriores e-mails par.. Ebook-Curs. concursos.txt
Central de
Botão Iniciar Barra de Área de
Visão de Tarefas Ações
Cortana Acesso rápido Notificação

Barra de Tarefas

Elementos da área de trabalho do Windows 10.

Mostrar Área de Trabalho agora está no canto inferior direito, ao lado do relógio, na área de notificação da
Barra de Tarefas. O atalho continua o mesmo: Win+D (Desktop).

z Aplicativos fixados na Barra de Tarefas são ícones que permanecem em exibição todo o tempo.

z Aplicativo que está em execução 1 vez possui um pequeno traço azul abaixo do ícone.

z Aplicativo que está em execução mais de 1 vez possui um pequeno traço segmentado azul no ícone.
INFORMÁTICA

1 +1 não está em
execução execução execução
353
ÁREA DE TRANSFERÊNCIA

Um dos itens mais importantes do Windows não é visível como um ícone ou programa. A Área de Transfe-
rência é um espaço da memória RAM, que armazena uma informação de cada vez. A informação armazenada
poderá ser inserida em outro local, e ela acaba trabalhando em praticamente todas as operações de manipulação
de pastas e arquivos.
No Windows 10, se quiser visualizar o conteúdo da Área de Transferência, acione o atalho de teclado Windows+V
(View).
Ao acionar o atalho de teclado Ctrl+C (Copiar), estamos copiando o item para a memória RAM, para ser inse-
rido em outro local, mantendo o original e criando uma cópia.
Ao acionar o atalho de teclado PrintScreen, estamos copiando uma “foto da tela inteira” para a Área de Trans-
ferência, para ser inserida em outro local, como em um documento do Microsoft Word ou edição pelo acessório
Microsoft Paint.
Ao acionar o atalho de teclado Alt+PrintScreen, estamos copiando uma ‘foto da janela atual’ para a Área de
Transferência, desconsiderando outros elementos da tela do Windows.
Ao acionar o atalho de teclado Ctrl+V (Colar), o conteúdo que está armazenado na Área de Transferência será
inserido no local atual.

Dica
As três teclas de atalhos mais questionadas em questões do Windows são Ctrl+X, Ctrl+C e Ctrl+V, que acio-
nam os recursos da Área de Transferência.

As ações realizadas no Windows, em sua quase totalidade, podem ser desfeitas ao acionar o atalho de tecla-
do Ctrl+Z imediatamente após a sua realização. Por exemplo, ao excluir um item por engano e pressionar Del
ou Delete, o usuário pode acionar Ctrl+Z (Desfazer) para restaurá-lo novamente, sem necessidade de acessar a
Lixeira do Windows. Ainda, cabe mencionar que outras ações podem ser repetidas, acionando o atalho de teclado
Ctrl+Y (Refazer), quando possível.
Para obter uma imagem de alguma janela em exibição, além dos atalhos de teclado PrintScreen e Alt+PrintS-
creen, o usuário pode usar o recurso Instantâneo, disponível nos aplicativos do Microsoft Office. Outra forma de
realizar esta atividade é usar a Ferramenta de Captura (Captura e Esboço), disponível no Windows.
No entanto, se o usuário quer apenas gravar a imagem capturada, poderá fazer com o atalho de teclado Win-
dows+PrintScreen, que salva a imagem em um arquivo na pasta “Capturas de Tela”, na Biblioteca de Imagens.
Conforme se vê, a Área de Transferência é um dos principais recursos do Windows, que permite o uso de
comandos, realização de ações e controle das ações que serão desfeitas.

MANIPULAÇÃO DE ARQUIVOS E PASTAS

Ao nomear arquivos e pastas, algumas regras precisam ser conhecidas, para que a operação seja realizada
com sucesso:

z O Windows não é case sensitive. Ele não faz distinção entre letras minúsculas ou letras maiúsculas. Um arqui-
vo chamado documento.docx será considerado igual ao nome Documento.DOCX;
z O Windows não permite que dois itens tenham o mesmo nome e a mesma extensão quando estiverem arma-
zenados no mesmo local;
z O Windows não aceita determinados caracteres nos nomes e extensões. São caracteres reservados, para outras
operações, que são proibidos na hora de nomear arquivos e pastas. Os nomes de arquivos e pastas podem ser
compostos por qualquer caractere disponível no teclado, exceto os caracteres * (asterisco, usado em buscas),
? (interrogação, usado em buscas), / (barra normal, significa opção), | (barra vertical, significa concatenador
de comandos), \ (barra invertida, indica um caminho), “ (aspas, abrange textos literais), : (dois-pontos, significa
unidade de disco), < (sinal de menor, significa direcionador de entrada) e > (sinal de maior, significa direcio-
nador de saída);
z Existem termos que não podem ser usados, como CON (console, significa teclado), PRN (printer, significa
impressora) e AUX (indica um auxiliar), por referenciar itens de hardware nos comandos digitados no Prompt
de Comandos. (por exemplo, para enviar para a impressora um texto através da linha de comandos, usamos
TYPE TEXTO.TXT > PRN).

Entre os caracteres proibidos, o asterisco é o mais conhecido. Ele pode ser usado para substituir de zero à N
caracteres em uma pesquisa, tanto no Windows como nos sites de busca na Internet.
Com relação às ações realizadas pelos usuários quanto à manipulação de arquivos e pastas, elas estão condi-
cionadas ao
local em que serão efetuadas, ou seja, ao local de origem e destino dessas ações. Tais operações podem ser
realizadas com atalhos de teclado, com o mouse, ou com a combinação de ambos.
É importante saber disso, pois as
bancas organizadoras costumam questionar ações práticas nas provas. Na maioria das vezes, utilizam-se ima-
gens nas questões, algo que facilita a resolução das mesmas. Portanto, atente-se àquilo que o enunciado pede,
354 buscando identificar esses detalhes, pois são determinantes para o resultado da operação.
OPERAÇÕES COM TECLADO
Atalhos de teclado Resultado da operação
Ctrl+X e Ctrl+V
Não é possível recortar e colar na mesma pasta. Será exibida uma mensagem de erro
na mesma pasta
Ctrl+X e Ctrl+V
Recortar (da origem) e colar (no destino). O item será movido
em locais diferentes
Ctrl+C e Ctrl+V Copiar e colar. O item será duplicado. A cópia receberá um sufixo (Copia) para diferen-
na mesma pasta ciar do original
Ctrl+C e Ctrl+V Copiar (da origem) e colar (no destino). O item será duplicado, mantendo o nome e
em locais diferentes extensão
Tecla Delete em um item do Deletar, apagar, enviar para a Lixeira do Windows, podendo recuperar depois, se o item
disco rígido estiver em um disco rígido local interno ou externo conectado na CPU
Tecla Delete em um item do Será excluído definitivamente. A Lixeira do Windows não armazena itens de unidades
disco removível removíveis (pendrive), ópticas ou unidades remotas
Shift+Delete Independentemente do local onde estiver o item, ele será excluído definitivamente
Renomear. Trocar o nome e a extensão do item. Se houver outro item com o mesmo
F2 nome no mesmo local, um sufixo numérico será adicionado para diferenciar os itens.
Não é permitido renomear um item que esteja aberto na memória do computador

Lixeira

Um dos itens mais questionados em concursos públicos é a Lixeira do Windows. Ela armazena os itens que
foram excluídos de discos rígidos locais, internos ou externos conectados na CPU.
Ao pressionar o atalho de teclado Ctrl+D, ou a tecla Delete (DEL), o item é removido do local original e arma-
zenado na Lixeira.
Quando o item está na Lixeira, o usuário pode escolher a opção Restaurar, para retornar ele para o local
original. Se o local original não existe mais, pois suas pastas e subpastas foram removidas, a Lixeira recupera o
caminho e restaura o item.
Os itens armazenados na Lixeira poderão ser excluídos definitivamente, escolhendo a opção “Esvaziar Lixeira” no
menu de contexto ou faixa de opções da Lixeira.
Quando acionamos o atalho de teclado Shift+Delete, o item será excluído definitivamente. Pelo Windows,
itens excluídos definitivamente ou apagados após esvaziar a Lixeira não poderão ser recuperados. É possível
recuperar com programas de terceiros, porém isso não deve ser levado em conta durante a resolução de sua pro-
va, pois as bancas questionam a configuração padrão.
Os itens que estão na Lixeira podem ser arrastados com o mouse para fora dela, restaurando o item para o
local onde o usuário liberar o botão do mouse.
A Lixeira do Windows tem o seu tamanho definido em 10% do disco rígido ou 50 GB. O usuário poderá alterar o
tamanho máximo reservado para a Lixeira, poderá desativar ela excluindo os itens diretamente e configurar Lixeiras
individuais para cada disco conectado.

OPERAÇÕES COM MOUSE


AÇÃO DO USUÁRIO RESULTADO DA OPERAÇÃO
Clique simples no botão principal Selecionar o item
Clique simples no botão secundário Exibir o menu de contexto do item
Executar o item, se for executável. Abrir o item, se for editável,
com o programa padrão que está associado. Nos progra-
Duplo clique
mas do computador, poderá abrir um item através da opção
correspondente.
Renomear o item. Se o nome já existe em outro item, será suge-
Duplo clique pausado
rido numerar o item renomeado com um sufixo.
Arrastar com botão principal pressionado e soltar na
O item será movido
mesma unidade de disco
Arrastar com botão principal pressionado e soltar
O item será copiado
INFORMÁTICA

em outra unidade de disco


Arrastar com botão secundário do mouse pressio- Exibe o menu de contexto, podendo “Copiar aqui” (no local onde
nado e soltar na mesma unidade soltar)
Arrastar com botão secundário do mouse pressio- Exibe o menu de contexto, podendo “Copiar aqui” (no local onde
nado e soltar em outra unidade de disco soltar) ou “Mover aqui”

Sobre as ações explicitadas na tabela, lembre-se: o item será arrastar na mesma unidade, o item será movido;
arrastar entre unidades diferentes, será copiado.
355
OPERAÇÕES COM TECLADO E MOUSE

AÇÃO DO USUÁRIO RESULTADO DA OPERAÇÃO

Arrastar com o botão principal pressionado um item com O item será copiado, quando a tecla CTRL for liberada,
a tecla CTRL pressionada independente da origem ou do destino da ação

Arrastar com o botão principal pressionado um item com O item será movido, quando a tecla SHIFT for liberada,
a tecla SHIFT pressionada independente da origem ou do destino da ação

Arrastar com o botão principal pressionado um item com Será criado um atalho para o item, independente da ori-
a tecla ALT pressionada (ou CTRL+SHIFT) gem ou do destino da ação

Clique em itens com o botão principal, enquanto mantém


Seleção individual de itens
a tecla CTRL pressionada

Seleção de vários itens. O primeiro item clicado será o


Clique em itens com o botão principal, enquanto mantém
início, e o último item será o final, de uma região contínua
a tecla SHIFT pressionada
de seleção

Extensões de Arquivos

O Windows 10 apresenta ícones que representam arquivos, de acordo com a sua extensão. A extensão carac-
teriza o tipo de informação que o arquivo armazena. Quando um arquivo é salvo, uma extensão é atribuída para
ele, de acordo com o programa que o criou. É possível alterar esta extensão, porém corremos o risco de perder
o acesso ao arquivo, que não será mais reconhecido diretamente pelas configurações definidas em Programas
Padrão do Windows.

Importante!
Existem arquivos sem extensão, como itens do sistema operacional. Ela é opcional e procura associar o
arquivo com um programa para visualização ou edição. Se o arquivo não possui extensão, o usuário não
conseguirá executá-lo, por se tratar de conteúdo de uso interno do sistema operacional (que não deve ser
manipulado).

Confira, na tabela a seguir, algumas das extensões e ícones mais comuns em provas de concursos.

EXTENSÃO ÍCONE FORMATO

Adobe Acrobat. Pode ser criado e editado pelos aplicativos Office. Formato de documento
PDF
portável (Portable Document Format) que poderá ser visualizado em várias plataformas

Documento de textos do Microsoft Word. Textos com formatação que podem ser editados
DOCX
pelo LibreOffice Writer

Pasta de trabalho do Microsoft Excel. Planilhas de cálculos que podem ser editadas pelo Li-
XLSX
breOffice calc

Apresentação de slides do Microsoft PowerPoint, que poderá ser editada pelo LibreOffice
PPTX
Impress.

Texto sem formatação. Formato padrão do acessório Bloco de Notas. Poderá ser aberto por
TXT
vários programas do computador

Rich Text Format – formato de texto rico. Padrão do acessório WordPad, este documento de
RTF
texto possui alguma formatação, como estilos de fontes

MP4, AVI, Formato de vídeo. Quando o Windows efetua a leitura do conteúdo, exibe no ícone a miniatura
MPG do primeiro quadro. No Windows 10, Filmes e TV reproduzem os arquivos de vídeo

356
EXTENSÃO ÍCONE FORMATO

Formato de áudio. O Gravador de Som pode gravar o áudio. O Windows Media Player e o Groo-
MP3
ve Music, podem reproduzir o som

BMP, GIF,
Formato de imagem. Quando o Windows efetua a leitura do conteúdo, exibe no ícone a miniatura
JPG, PCX,
da imagem. No Windows 10, o acessório Paint visualiza e edita os arquivos de imagens
PNG, TIF

Formato ZIP, padrão do Windows para arquivos compactados. Não necessita de programas
ZIP
adicionais, como o formato RAR que exige o WinRAR

Biblioteca de ligação dinâmica do Windows. Arquivo que contém informações que podem ser
DLL
usadas por vários programas, como uma caixa de diálogo

EXE, COM,
Arquivos executáveis, que não necessitam de outros programas para serem executados
BAT

Uma das extensões menos conhecidas e mais questionadas pelas bancas examinadoras é a extensão RTF. Rich
Text Format, uma tentativa da Microsoft em criar um padrão de documento de texto com alguma formatação para
múltiplas plataformas. A extensão RTF pode ser aberta pelos programas editores de textos, como o Microsoft Word
e LibreOffice Writer, e é padrão do acessório do Windows WordPad.
Se o usuário quiser, pode acessar Configurações (atalho de teclado Windows+I) e modificar o programa padrão.
Alterando esta configuração, o arquivo será visualizado e editado por outro programa de escolha do usuário.
As Configurações do Windows e dos programas instalados estão armazenados no Registro do Windows. O
arquivo do registro do Windows pode ser editado pelo comando regedit.exe, acionado na caixa de diálogo “Exe-
cutar”. Entretanto, não devemos alterar suas hives (chaves de registro) sem o devido conhecimento, pois poderá
inutilizar o sistema operacional.
No Windows 10, Configurações é o Painel de Controle. A troca do nome alterou a organização dos itens de ajus-
tes do Windows, tornando-se mais simples e intuitivo. Através desse item o usuário poderá instalar e desinstalar
programas e dispositivos, configurar o Windows, além de outros recursos administrativos.
Por meio do ícone Rede e Internet do Windows 10, acessado pela opção Configurações, localizada na lista exibi-
da a partir do botão Iniciar, é possível configurar VPN, Wi‐Fi, modo avião, entre outros. Modo Avião por exemplo,
é uma configuração comum em smartphones e tablets que permite desativar, de maneira rápida, a comunicação
sem fio do aparelho – que inclui Wi‑Fi, Bluetooth, banda larga móvel, GPS, GNSS, NFC e todos os demais tipos de
uso da rede sem fio.
No Explorador de Arquivos do Windows 10, ao exibir os detalhes dos arquivos, é possível visualizar informa-
ções, como, a data de modificação e o tamanho de cada arquivo.

Modos de Exibição do Windows 10

INFORMÁTICA

z Ícones extras grandes: ícones extra grandes com nome (e extensão);


z Ícones grandes: ícones grandes com nome (e extensão);
z Ícones médios: ícones médios com nome (e extensão) organizados da esquerda para a direita;
z Ícones pequenos: ícones pequenos com nome (e extensão) organizados da esquerda para a direita;
z Listas: ícones pequenos com nome (e extensão) organizados de cima para baixo;

357
z Detalhes: ícones pequenos com nome, data de modificação, tipo e tamanho;
z Blocos: ícones médios com nome, tipo e tamanho, organizados da esquerda para a direita;
z Conteúdo: ícones médios com nome, autores, data de modificação, marcas e tamanho.

Um dos temas mais questionado em provas são os modos de exibição do Windows. Se tem um computador
com Windows 10, procure visualizar os modos de exibição no seu Explorador de Arquivos. Praticar a disciplina
no computador, ajuda na memorização dos recursos.

2. Barra ou linha de título


3. Minimizar 4. Maximizar 5. fechar

1. Barra de menus

Área de trabalho do aplicativo

6. Barra de Rolagem

Elementos de uma janela do Windows 10.

1. Barra de menus: são apresentados os menus com os respectivos serviços que podem ser executados no
aplicativo.
2. Barra ou linha de título: mostra o nome do arquivo e o nome do aplicativo que está sendo executado na jane-
la. Através dessa barra, conseguimos mover a janela quando a mesma não está maximizada. Para isso, clique
na barra de título, mantenha o clique e arraste e solte o mouse. Assim, você estará movendo a janela para a
posição desejada. Depois é só soltar o clique.
3. Botão minimizar: reduz uma janela de documento ou aplicativo para um ícone. Para restaurar a janela para
seu tamanho e posição anteriores, clique neste botão ou clique duas vezes na barra de títulos.
4. Botão maximizar: aumenta uma janela de documento ou aplicativo para preencher a tela. Para restaurar a
janela para seu tamanho e posição anteriores, clique neste botão ou clique duas vezes na barra de títulos.
5. Botão fechar: fecha o aplicativo ou o documento. Solicita que você salve quaisquer alterações não salvas antes
de fechar. Alguns aplicativos, como os navegadores de Internet, trabalham com guias ou abas, que possui o seu
próprio controle para fechar a guia ou aba. Atalho de teclado Alt+F4.
6. Barras de rolagem: as barras sombreadas ao longo do lado direito (e inferior de uma janela de documento).
Para deslocar-se para outra parte do documento, arraste a caixa ou clique nas setas da barra de rolagem.

USO DOS MENUS

No Windows 10, tanto pelo Explorador de Arquivos como pelo menu Iniciar, encontramos as opções para
gerenciamento de arquivos, pastas e configurações.
O Windows 10 disponibiliza listas de atalho como recurso que permite o acesso direto a sítios, músicas, documen-
tos ou fotos. O conteúdo dessas listas está diretamente relacionado com o programa ao qual elas estão associadas. O
recurso de Lista de Atalhos, novidade do Windows 7 que foi mantida nas versões seguintes, possibilita organizar os
arquivos abertos por um aplicativo ao ícone do aplicativo, com a possibilidade ainda de fixar o item na lista.
No Explorador de Arquivos do Windows 10, os menus foram trocados por guias, semelhante ao Microsoft Offi-
ce. Ao pressionar ALT, nenhum menu escondido será mostrado (como no Windows 7), mas os atalhos de teclado
para as guias Arquivo, Início, Compartilhar e Exibir.

O botão direito do mouse exibe a janela pop-up chamada “Menu de Contexto”. Em cada local que for clicado,
uma janela diferente será mostrada. As opções exibidas no menu de contexto contém as ações permitidas para o
item clicado naquele local.
Através do menu de contexto da área de trabalho, podemos criar nova pasta (Ctrl+Shift+N), novo Atalho, ou
novos arquivos (Imagem de bitmap [BMP Paint], Documento do Microsoft Word [DOCX Microsoft Word], Formato
Rich Text [RTF WordPad], Documento de Texto [TXT Bloco de Notas], Planilha do Microsoft Excel [XLSX Microsoft
358 Excel], Pasta Compactada [extensão ZIP], entre outros).
Arquivos de imagens são editados pelo acessório do Windows Microsoft Paint, que no Windows 10 oferece a
versão Paint 3D.
Cada item (pasta ou arquivo) armazena uma série de informações relacionadas a si próprio. Estas informa-
ções podem ser consultadas em Propriedades, acessado no menu de contexto, exibido quando clicar com o botão
direito do mouse sobre o item.
Ao clicar com o botão direito sobre o ícone da Lixeira, será mostrado o menu de contexto, e escolhendo ‘Esva-
ziar Lixeira’, os itens serão removidos definitivamente, utilizando o Windows, não haverá meio de recuperá-los.

PROGRAMAS E APLICATIVOS

Os programas associados ao Windows 10 podem ser classificados em:

z Componentes do sistema operacional;


z Aplicativos e Acessórios;
z Ferramentas de Manutenção e Segurança;
z App’s – aplicativos disponíveis na Loja (Windows Store) para instalação no computador do usuário.

Dica
Os acessórios do Windows são aplicativos nativos do sistema operacional, que estão disponíveis para utiliza-
ção mesmo que não existam outros programas instalados no computador. Os acessórios oferecem recursos
básicos para anotações, edição de imagens e edição de textos.

Na primeira categoria encontramos o Configurações (antigo Painel de Controle). Usado para realizar as confi-
gurações de software (programas) e hardware (dispositivos), permite alterar o comportamento do sistema opera-
cional, personalizando a experiência no Windows 7. No Windows 10, o Painel de Controle chama-se Configurações
e pode ser acessado pelo atalho de teclado Windows+X no menu de contexto, ou diretamente pelo atalho de tecla-
do Windows+I.
Na segunda categoria, temos programas que realizam atividades e outros que produzem mais arquivos. Por
exemplo, a calculadora. É um acessório do Windows 10 que inclui novas funcionalidades em relação às versões
anteriores, como o cálculo de datas e conversão de medidas. Temos também o Notas Autoadesivas (como peque-
nos post its na tela do computador).
Outros acessórios são o WordPad (para edição de documentos com alguma formatação), Bloco de Notas (para
edição de arquivos de textos), MSPaint (para edição de imagens) e Visualizador de Imagens (que permite ver uma
imagem e chamar o editor correspondente).
Por fim, temos, as ferramentas do sistema. Desfragmentar e Otimizar Unidades1 (antigo Desfragmentador de
Discos, para organizar clusters2), Verificação de Erros (para procurar por erros de alocação), Backup do Windows
(para cópia de segurança dos dados do usuário) e Limpeza de Disco (para liberar espaço livre no disco).

Desfragmentar e Otimizar Unidades


Aplicativo da área de trabalho

Otimizar e desfragmentar unidade


A otimização das unidades do computador pode
ajudá-lo a funcionar com mais eficiência.

Otimizar

No menu Iniciar, em Ferramentas Administrativas do Windows, encontraremos os outros programas, como


por exemplo: Agendador de Tarefas, Gerenciamento do Computador, Limpeza de Disco etc. Na parte de segurança
encontramos o Firewall do Windows, um filtro das portas TCP do computador, que autoriza ou bloqueia o acesso
para a rede de computadores, e de acesso externo ao computador.
INFORMÁTICA

Firewall do Windows
Painel de controle

1  Em cada local do Windows, o item poderá ter um nome diferente. “Desfragmentar e Otimizar Unidades” é o nome do recurso. “Otimizar e
desfragmentar unidade” é o nome da opção.
2  Unidades de alocação. Quando uma informação é gravada no disco, ela é armazenada em um espaço chamado cluster. 359
A tabela a seguir procura resumir os recursos e novidades do Windows 10. Confira:

WINDOWS 10 O QUE

Explorador de Arquivos Gerenciamento de arquivos e pastas do computador.

Referência ao local no gerenciador de arquivos e pastas para unidades de discos


Este Computador
e pastas Favoritas.

Ferramenta de sistema para organizar os arquivos e pastas do computador, me-


Desfragmentar e Otimizar Unidades
lhorando o tempo de leitura dos dados.

Win+S Pesquisar

Envia imediatamente Pressionar DEL em um item selecionado.

Configurações Permite configurar software e hardware do computador.

Home, Pro, Enterprise, Education. Edições do Windows

Integração com xBox, modo multiplayer gratuito, streaming de jogos do xBox


xBox (Games, músicas = Groove)
One.

Com blocos dinâmicos (live tiles) Menu Iniciar

Hyperboot & InstantGo Inicialização rápida

Menu Iniciar, Barra de Tarefas e Blo-


Fixar aplicativos
cos Dinâmicos

Windows Hello Autenticação biométrica permite logar no sistema sem precisar de senhas.

Acessar os documentos do OneDrive diretamente do Windows Explorer e Explo-


OneDrive integrado
rador de Arquivos

Permite alternar de maneira fácil entre os modos de desktop e tablet, sendo ideal
Continuum
para dispositivos conversíveis.

Microsoft Edge O novo navegador da Microsoft está disponível somente no Windows 10.

Com funcionamento análogo à Google Play Store e à Apple Store, o ambiente


Windows Store
permite comprar jogos, apps, filmes, músicas e programas de TV.

Desktops virtuais O recurso permite visualizar dados de vários computadores em uma única tela.

Windows Update, Windows Update


Fornecimento do Windows como um serviço, para manter o Windows atualizado
for Business, Current Branch for Busi-
Windows as a Service – WaaS
ness e Long Term Servicing Branch

Intregração com Windows Phone Aplicativos Fotos aprimorado

O modo tablet deixa o Windows mais fácil e intuitivo de usar com touch em dis-
Modo tablet
positivos tipo conversíveis.

Email, Calendário, Notícias, entre


Executar aplicativos Metro (Windows 8 e 8.1) em janelas
outros – também foram melhorados.

Compartilhar Wi-Fi Compartilhar sua rede Wi-Fi com os amigos sem revelar a senha

Complemento para Telefone Sincronizar dados entre seu PC e smartphone ou tablete, seja iOs ou Android.

Configurações > Sistema >


Analisar o espaço de armazenamento em seu PC
Armazenamento

Prompt de Comandos Usar o comando Ctrl + V no prompt de comando

Assistente pessoal semelhante a Siri da Apple, que já está disponível em


Cortana
português.

Na área de notificações do Windows 10, a Central de Notificações reúne as men-


Central de Notificações
sagens do e-mail, do computador, de segurança e manutenção, entre outras.

Quando você clica duas vezes em um arquivo, como por exemplo, uma imagem ou documento, o arquivo
é aberto no programa que está definido como o “programa padrão” para esse tipo de arquivo no Windows 10.
Porém, se você gosta de usar outro programa para abrir o arquivo, você pode defini-lo como padrão, ação dispo-
nível em Configurações, Sistema, Aplicativos Padrão.
360
O Bloco de Notas (notepad.exe): é um acessório do Windows para edição de arquivos de texto sem formatação,
com extensão TXT.

O WordPad (wordpad.exe) é um acessório do Windows para edição de arquivos de texto com alguma formata-
ção, com extensão RTF e DOCX.
O WordPad se assemelha ao Microsoft Word, com recursos simplificados.

O Paint (mspaint.exe) é o acessório do Windows para edição de imagens BMP, GIF, JPG, PNG e TIF.
INFORMÁTICA

A Ferramenta de Captura é um aplicativo da área de trabalho do Windows 10, que permite copiar parte de
alguma tela em exibição.

361
z O arquivo com extensão CSV (Comma Separated
Values) contém textos separados por vírgula, que
podem ser importados pelo Excel, podem ser usa-
dos em mala direta do Word, incorporados a um
banco de dados etc.;
z Um arquivo com a extensão. contact é um contato,
que pode ser usado no Outlook 2016;
z Arquivos compactados com extensão ZIP podem
armazenar outros arquivos e pastas;
Notas Autoadesivas (que agora se chama Stick
z Os arquivos compactados podem ser criados
Notes) é um aplicativo do Windows 10, que permite a
pelo menu de contexto, opção Enviar para, Pasta
inserção de pequenas notas de texto na área de traba-
Compactada;
lho do Windows, como recados do tipo Post-It.
z Os arquivos de Internet, como páginas salvas, rece-
As Anotações podem ser vinculadas ao Microsoft
bem a extensão HTML e uma pasta será criada
Bing e assistente virtual Cortana. Assim, ao anotar um
para os arquivos auxiliares (imagens, vídeos etc.);
endereço, o mapa é exibido. Ao anotar um número de
z O conteúdo de arquivos do Office pode ser transfe-
voo, as informações serão mostradas sobre a partida.
rido para outros arquivos do próprio Office através
O aplicativo “Filmes e TV” pode ser usado para
da Área de Transferência do Windows;
visualização de vídeos, assim como o “Windows Media z O conteúdo formatado do Office poderá ser trans-
Player”. ferido para outros arquivos do Windows, mas a
O Prompt de Comandos (cmd.exe) é usado para formatação poderá ser perdida;
digitar comandos em um terminal de comandos.
O Microsoft Edge é o navegador de Internet padrão
Atalhos de teclado – Windows 10
do Windows 10 . Podemos usar outros navegadores,
como o Internet Explorer 11 , Mozilla Firefox , Google
Chrome , Apple Safari, Opera Browser, etc. Dica
O Windows Update (verificar se há atualizações) é Os atalhos de teclado do Windows são de ter-
o recurso do Windows para manter ele sempre atua- mos originais em inglês. Por serem atalhos de
lizado. Está em Configurações (atalho de teclado Win-
teclado do sistema operacional, são válidos para
dows+I), Atualização e segurança.
os programas que estiverem sendo executados
Configurações
no Windows.
Configurações do Windows
ATALHO AÇÃO
Alterna para o próximo aplicativo
Alt+Esc
em execução
Facilidade de Acesso Privacidade Atualização e Segurança
Narrador, lupa, alto Localização, câmera Windows Update,
Exibe a lista dos aplicativos em
constrate recuperação, backup
Alt+Tab
execução
Volta para a pasta anterior, que
INTERAÇÃO COM O CONJUNTO DE APLICATIVOS Backspace estava sendo exibida no Explorador
MS-OFFICE 2016 OU SUPERIOR de Arquivos
Ctrl+A Selecionar tudo
z Os documentos de texto produzidos pelo Microsoft
Word 2016 ou superior possuem a extensão DOCX; Copia o item (os itens) para a Área
Ctrl+C
z Os documentos de texto habilitados para macros3, de Transferência
possuem a extensão DOCM; Ctrl+Esc Botão Início
z Um modelo4 de documento é um arquivo que pode Ctrl+E / Ctrl+F Pesquisar
ser usado para criar novos arquivos a partir de uma
formatação pré-estabelecida. A extensão é DOTX; Ctrl+Shift+Esc Gerenciador de Tarefas
z Um modelo de documento habilitado para macros Cola o item (os itens) da Área de
Ctrl+V
contém além da formatação básica para criação de Transferência no local do cursor
outros documentos, comandos programados para
Move o item (os itens) para a Área
automatização de tarefas. A extensão é DOTM; Ctrl+X
de Transferência
z As pastas de trabalho produzidas pelo Microsoft
Excel 2016 ou superior possuem a extensão XLSX; Ctrl+Y Refazer
z As pastas de trabalho habilitadas para macros pos- Desfaz a última ação. Se acabou
suem a extensão XLSM; de renomear um arquivo, ele volta
z As pastas de trabalho do tipo modelo, possuem a ao nome original. Se acabou de
extensão XLTX; Ctrl+Z
apagar um arquivo, ele restaura
z As pastas de trabalho do tipo modelo habilitadas para o local onde estava antes de
para macros possuem a extensão XLTM; ser deletado
z O arquivo do Excel que contém os dados de uma
Move o item para a Lixeira do
planilha que não foi salva, que pode ser recupera- Del
da pelo usuário, possui a extensão XLSB. (binário) Windows

3  Macros são pequenos programas desenvolvidos dentro de arquivos do Office, para automatização de tarefas. Os códigos dos programas são
escritos em linguagem VBA – Visual Basic for Applications. Arquivos com macros podem conter vírus, e no momento da abertura, o programa
perguntará se o usuário deseja ativar ou não as macros.
362 4  Template = modelo de documento, planilha ou apresentação, com a formatação básica a ser usada no novo arquivo.
z Os Modelos (Template), com extensão DOTX con-
ATALHO AÇÃO
tém formatações que serão aplicadas aos novos
F1 Exibe a ajuda documentos criados a partir dele. O modelo é usa-
F11 Tela Inteira do para a padronização de documentos;
z O modelo padrão do Word é NORMAL.DOTM
Renomear, trocar o nome: dois
(Document Template Macros – modelo de docu-
arquivos com mesmo nome e
mesma extensão não podem estar mento com macros). Os macros são códigos desen-
na mesma pasta, se já existir ou- volvidos em Visual Basic for Applications (VBA)
F2 para a automatização de tarefas;
tro arquivo com o mesmo nome,
o Windows espera confirmação, z Páginas: unidades de organização do texto, segun-
símbolos especiais não podem ser do a orientação, o tamanho do papel e margens.
usados, como / | \ ? * “ < > : As principais definições estão na guia layout, mas
é possível encontrar algumas definições na guia
Pesquisar, quando acionado no design;
F3 Explorador de Arquivos. Win+S fora
z Seção: divisão de formatação do documento, on-
dele.
de cada parte tem a sua configuração. Sempre que
F5 Atualizar forem usadas configurações diferentes, como mar-
Exclui definitivamente, sem arma- gens, colunas, tamanho da página, orientação, ca-
Shift+Del beçalhos, numeração de páginas, entre outras, as
zenar na Lixeira
seções serão usadas;
Win Abre o menu Início
z Parágrafos: formado por palavras e marcas de
Acessa o primeiro programa da formatação. Finalizado com a tecla Enter, conten-
Win+1
barra de tarefas do formatação independente do parágrafo ante-
Acessa o segundo programa da rior e do parágrafo seguinte;
Win+2 z Linhas: sequência de palavras que pode ser um
barra de tarefas
parágrafo, ocupando uma linha de texto. Se for
Win+B Acessa a Área de Notificação
finalizado com quebra de linha, a configuração
Mostra o desktop (área de atual permanece na próxima linha;
Win+D
trabalho) z Palavras: formado por letras, números, símbolos,
Win+E Abre o Explorador de Arquivos. caracteres de formatação etc.
Feedback – hub para comentários
Win+F Os arquivos produzidos nas versões anteriores do
sobre o Windows.
Word são abertos e editados nas versões atuais. Arqui-
Win+I Configurações (Painel de Controle) vos de formato DOC são abertos em Modo de Compati-
Bloquear o Windows (Lock, bilidade, todavia alguns recursos são suspensos. Para
Win+L
bloquear) usar todos os recursos da versão atual, é necessário
Minimiza todas as janelas e mos- “Salvar como” (tecla de atalho F12) no formato DOCX.
Win+M tra a área de trabalho, retornando Os arquivos produzidos no formato DOCX poderão
como estavam antes. ser editados pelas versões antigas do Office, desde que
instale um pacote de compatibilidade, disponível para
Selecionar o monitor/projetor que download no site da Microsoft.
será usado para exibir a imagem, Os arquivos produzidos pelo Microsoft Office
Win+P
podendo repetir, estender ou podem ser gravados no formato PDF. O Microsoft
escolher Word, desde a versão 2013, apresenta a possibilidade
Search, para pesquisas (substitui o de edição de arquivos em PDF como se fosse um docu-
Win+S
Win+F) mento do Word.
Exibe a lista dos aplicativos em Durante a edição de um documento, o Microsoft
Win+Tab Word:
execução em 3D (Visão de Tarefas)
Menu de acesso rápido, exibido ao
Win+X z Faz a gravação automática dos dados editados
lado do botão Iniciar
enquanto o arquivo não tem um nome ou local
de armazenamento definidos. Depois, se necessá-
rio, o usuário poderá “Recuperar documentos não
salvos”;
MS-WORD 2016 OU SUPERIOR z Faz a gravação automática de auto recuperação
dos arquivos em edição que tenham nome e local
ESTRUTURA BÁSICA DOS DOCUMENTOS definidos, permitindo recuperar as alterações que
não tenham sido salvas;
INFORMÁTICA

Os documentos produzidos com o editor de textos z As versões do Office 365 oferecem o recurso de “Sal-
vamento automático”, associado à conta Microsoft,
Microsoft Word possuem a seguinte estrutura básica:
para armazenamento na nuvem Microsoft OneDri-
ve. Como na versão on-line, a cada alteração, o sal-
z Documentos: arquivos DOCX criados pelo Micro-
vamento será realizado;
soft Word 2007 e superiores. Os documentos são z O formato de documento RTF (Rich Text Format)
arquivos editáveis pelo usuário, que podem ser é padrão do acessório do Windows chamado Wor-
compartilhados com outros usuários para edição dPad, e por ser portável, também poderá ser edita-
colaborativa; do pelo Microsoft Word. 363
Dica
Em questões de informática, as extensões dos arquivos produzidos pelo usuário costumam ser questionadas
com regularidade.

z Ao iniciar a edição de um documento, o modo de exibição selecionado na guia Exibir é “Layout de Impressão”.
O documento será mostrado na tela da mesma forma que será impresso no papel;
z O Modo de Leitura permite visualizar o documento sem outras distrações, como, por exemplo, a Faixa de
Opções com os ícones. Neste modo, parecido com Tela Inteira, a barra de título continua sendo exibida;
z O modo de exibição “Layout da Web” é usado para visualizar o documento como ele seria exibido se estivesse
publicado na Internet como página web;
z Em “Estrutura de Tópicos” apenas os estilos de Títulos serão mostrados, auxiliando na organização dos blocos
de conteúdo;
z O modo “Rascunho”, que antes era modo “Normal”, exibe o conteúdo de texto do documento sem os elementos
gráficos (imagens, cabeçalho, rodapé) existentes nele;
z Os modos de exibição estão na guia “Exibir”, que faz parte da Faixa de Opções. Ela é o principal elemento da
interface do Microsoft Office;

Guia atual
Acesso rápido
Item com listagem

Guias ou abas

Caixa de diálogo do grupo Grupo Ícone com opções

z Para mostrar ou ocultar a Faixa de Opções, o atalho de teclado Ctrl+F1 poderá ser acionado;
z A Faixa de Opções contém guias, que organizam os ícones em grupos, como será mostrado na tabela a seguir:

GUIA GRUPO ITEM ÍCONE

Recortar

Copiar
Área de Transferência
Colar

Pincel de Formatação
Página Inicial

Nome da fonte

Tamanho da fonte
Fonte
Aumentar fonte

Diminuir fonte

364
GUIA GRUPO ITEM ÍCONE

Folha de Rosto

Páginas Página em Branco

Quebra de Página

Inserir Tabelas Tabela

Imagem

Ilustrações Imagens Online

Formas

Importante!
As bancas costumam priorizar o conhecimento do candidato acerca do uso dos recursos para a produção de
arquivos (parte prática dos programas). Nas questões sabe editores de textos, a produção de documentos
formatados com imagens ilustrativas no formato antes/depois é um assunto muito cobrado.

z As guias possuem uma organização lógica sequencial das tarefas que serão realizadas no documento, desde o
início até a visualização do resultado final, como veremos na tabela a seguir:

BOTÃO/GUIA DICA

Arquivo Comandos para o documento atual: Salvar, salvar como, imprimir, salvar e enviar

Tarefas iniciais: O início do documento, acesso à área de transferência, formatação de fontes,


Página Inicial
parágrafos e formatação do conteúdo da página

Tarefas secundárias: Adicionar um objeto que ainda não existe no documento, tabela, ilustra-
Inserir
ções e instantâneos

Layout da Página Configuração da página: Formatação global do documento e formatação da página

Design Reúne formatação da página e plano de fundo

Referências Índices e acessórios: Notas de rodapé, notas de fim, índices, sumários etc.

Correspondências Mala direta: Cartas, envelopes, etiquetas, e-mails e diretório de contatos

Correção do documento: Ortografia e gramática, idioma, controle de alterações, comentários,


Revisão
comparar, proteger etc.

Exibir Visualização geral do documento

EDIÇÃO E FORMATAÇÃO DE TEXTOS

A edição e formatação de textos consiste em aplicar estilos, efeitos e temas, tanto nas fontes, como nos pará-
grafos e nas páginas.
INFORMÁTICA

Os estilos fornecem configurações padronizadas para serem aplicadas aos parágrafos. Estas formatações
envolvem as definições de fontes e parágrafos, sendo úteis para a criação dos índices ao final da edição do docu-
mento. Os índices são gerenciados por meio das opções da guia referências, que estão disponíveis, na Microsoft
Word, na guia Página Inicial.
Com a ferramenta Pincel de Formatação, o usuário poderá copiar a formatação de um local e aplicar em outro
local no mesmo documento, ou em outro arquivo aberto. Para usar a ferramenta, selecione o “modelo de forma-
tação no texto”, clique no ícone da guia Página Inicial e clique no local onde deseja aplicar a formatação.
365
O conteúdo não será copiado, somente a formatação. Se efetuar duplo clique no ícone, poderá aplicar a forma-
tação em vários locais até pressionar a tecla Esc ou iniciar uma digitação.

Seleção

Utilizando-se do teclado e do mouse, como no sistema operacional, podemos selecionar palavras, linhas, pará-
grafos e até o documento inteiro.
Assim como no Windows, as operações com mouse e teclado também são questionadas nos programas do
Microsoft Office. Entretanto, por terem conteúdos distintos (textos, planilhas e apresentações de slides), a seleção
poderá ser diferente para algumas ações.

MOUSE TECLADO AÇÃO SELEÇÃO

- Ctrl+T Selecionar tudo Seleciona o documento

Botão principal - 1 clique na palavra Posiciona o cursor

Botão principal - 2 cliques na palavra Seleciona a palavra

Botão principal - 3 cliques na palavra Seleciona o parágrafo

Botão principal - 1 clique na margem Selecionar a linha

Botão principal - 2 cliques na margem Seleciona o parágrafo

Botão principal - 3 cliques na margem Seleciona o documento

- Shift+Home Selecionar até o início Seleciona até o início da linha

- Shift+End Selecionar até o final Seleciona até o final da linha

- Ctrl+Shift+Home Selecionar até o início Seleciona até o início do documento

- Ctrl+Shift+End Selecionar até o final Seleciona até o final do documento

Botão principal Ctrl Seleção individual Palavra por palavra

Botão principal Shift Seleção bloco Seleção de um ponto até outro local

Botão principal
Ctrl+Alt Seleção bloco Seleção vertical
pressionado

Botão principal Seleção vertical, iniciando no local do


Alt Seleção bloco
pressionado cursor

Dica
Teclas de atalhos e seleção com mouse são importantes tanto nos concursos como no dia a dia. Experimente
praticar no computador. No Microsoft Word, se você digitar =rand(10,30) no início de um documento em branco,
ele criará um texto “aleatório” com 10 parágrafos de 30 frases em cada um. Agora você pode praticar à vontade.

CABEÇALHOS

Localizado na margem superior da página, poderá ser configurado em Inserir, grupo Cabeçalho e Rodapé5.
Poderá ser igual em toda a extensão do documento, diferente nas páginas pares e ímpares (para frente e verso),
mesmo que a seção anterior, diferente para cada seção do documento, não aparecer na primeira página, entre
várias opções de personalização.
Os cabeçalhos aceitam elementos gráficos, como tabelas e ilustrações.
A formatação de cabeçalho e rodapé, é diferente entre os programas do Microsoft Office. No Microsoft Word o
cabeçalho tem 1 coluna. No Excel, são 3 colunas. No Microsoft Power Point, pode-se ter 2 ou 3 colunas.
A numeração de páginas poderá ser inserida no cabeçalho e/ou rodapé.

5  O grupo Cabeçalho e Rodapé permite a inserção de um Cabeçalho (na margem superior), Rodapé (na margem inferior) e Número de Página
366 (no local do cursor, na margem superior, na margem inferior, na margem direita/esquerda)
(Digite aqui)

(Digite aqui) (Digite aqui) (Digite aqui)

PARÁGRAFOS

Edição e Formatação de Parágrafos

Os parágrafos são estruturas do texto que são finalizadas com Enter. Um parágrafo poderá ter diferentes for-
matações. Confira:

z Marcadores: símbolos no início dos parágrafos;


z Numeração: números ou algarismos romanos ou letras, no início dos parágrafos;
z Aumentar recuo: aumentar a distância do texto em relação à margem;
z Diminuir recuo: diminuir a distância do texto em relação à margem;
z Alinhamento: posicionamento em relação às margens esquerda e direita. São 4 alinhamentos disponíveis:
Esquerda, Centralizado, Direita e Justificado;
z Espaçamento entre linhas: distância entre as linhas dentro do parágrafo;
z Espaçamento antes: distância do parágrafo em relação ao anterior;
z Espaçamento depois: distância do parágrafo em relação ao seguinte;
z Sombreamento: preenchimento atrás do parágrafo;
z Bordas: linhas ao redor do parágrafo.

Recuo especial de primeira linha –


apenas a primeira linha será deslocada
em relação à margem
Margem esquerda Margem direita

Recuo deslocamento – as linhas serão


Recuo esquerdo – todas as linhas deslocadas em relação à margem
serão deslocadas em relação esquerda, exceto a primeira linha Recuo direito – todas as linhas
à margem esquerda serão deslocadas em relação
à margem direita

Os editores de textos, recursos que conhecemos no dia a dia possuem nomes específicos. Confira alguns
exemplos:

z Recuo: distância do texto em relação à margem;


z Realce: marca-texto, preenchimento do fundo das palavras;
INFORMÁTICA

z Sombreamento: preenchimento do fundo dos parágrafos;


z Folha de Rosto: primeira página do documento, capa;
z SmartArt: diagramas, representação visual de dados textuais;
z Orientação: posição da página, que poderá ser Retrato ou Paisagem;
z Quebras: são divisões, de linha, parágrafo, colunas ou páginas;
z Sumário: índice principal do documento.

Muitos recursos de formatação não são impressos no papel, mas estão no documento. Para visualizar os carac-
teres não imprimíveis e controlar melhor o documento, você pode acionar o atalho de teclado Ctrl+* (Mostrar tudo). 367
CARACTERES NÃO IMPRIMÍVEIS NO EDITOR MICROSOFT WORD
Tecla(s) Ícone Ação Visualização

Quebra de Parágrafo: muda de parágrafo e pode mudar a


Enter -
formatação

Quebra de Linha: muda de linha e mantém a formatação


Shift+Enter -
atual

Quebra de página: muda de página, no local atual do cur-


Ctrl+Enter ou sor. Disponível na guia Inserir, grupo Páginas, ícone Que-
Ctrl+Return bra de Página, e na guia Layout, grupo Configurar Página,
ícone Quebras
Quebra de coluna: indica que o texto continua na próxima
Ctrl+Shift+Enter coluna. Disponível na guia Layout, grupo Configurar Pági-
na, ícone Quebras

Separador de Estilo – usado para modificar o estilo no


Ctrl+Alt+ Enter -
documento

Insere uma marca de tabulação (1,25cm). Se estiver no


TAB
início de um texto, aumenta o recuo

- - Fim de célula, linha ou tabela

Espaço Espaço em branco

Ctrl+Shift+
Espaço em branco não separável
Espaço

- - Texto oculto (definido na caixa Fonte, Ctrl+D)

- - Hifens opcionais

- - Âncoras de objetos

- - Selecionar toda a tabela

- - Campos atualizáveis pelo Word

FONTES

Edição e Formatação de Fontes

As fontes são arquivos True Type Font (.TTF) gravadas na pasta Fontes do Windows e aparecem para todos os
programas do computador.
As formatações de fontes estão disponíveis no grupo Fonte, da guia Página Inicial.

368
Nomes de fontes como Calibri (fonte padrão do Word), Arial, Times New Roman, Courier New, Verdana, são os
mais comuns. Para facilitar o acesso a essas fontes, o atalho de teclado é: Ctrl+Shift+F.
A caixa de diálogo Formatar Fonte poderá ser acionada com o atalho Ctrl+D.
Ao lado, um número indica o tamanho da fonte: 8, 9, 10, 11, 12, 14 e assim sucessivamente. Se quiser, digite o
valor específico para o tamanho da letra.
Vejamos, agora, alguns atalhos de teclado:

z Pressione Ctrl+Shift+P para mudar o tamanho da fonte pelo atalho. E diretamente pelo teclado com Ctrl+Shift+<
para diminuir fonte e Ctrl+Shift+> para aumentar o tamanho da fonte;
z Estilos são formatos que modificam a aparência do texto, como negrito (atalho Ctrl+N), itálico (atalho Ctrl+I) e
sublinhado (atalho Ctrl+S). Já os efeitos modificam a fonte em si, como texto tachado (riscado simples sobre as
palavras), subscrito (como na fórmula H2O – atalho Ctrl + igual), e sobrescrito (como em km2 – atalho Ctrl+Shift+mais).

A diferença entre estilos e efeitos é que, os estilos podem ser combinados, como negrito-itálico, itálico-subli-
nhado, negrito-sublinhado, negrito-itálico-sublinhado, enquanto os efeitos são concorrentes entre si.
Concorrentes entre si, significa que você escolhe o efeito tachado ou tachado duplo, nunca os dois simultanea-
mente. O mesmo para o efeito TODAS MAIÚSCULAS e Versalete. Sobrescrito e subscrito.
Por sua vez, Sombra é um efeito independente, que pode ser combinado com outros. Já as opções de efeitos
Contorno, Relevo e Baixo Relevo não, devendo ser individuais.
Para finalizar esse assunto, temos o sublinhado. Ele é um estilo simples, mas comporta-se como efeito dentro
de si mesmo. Temos, então, Sublinhado simples, Sublinhado duplo, Tracejado, Pontilhado, Somente palavras (sem
considerar os espaços entre as palavras) etc. São os estilos de sublinhados, que se comportam como efeitos.

Dica
As questões sobre Fontes são práticas. Portanto, se puder praticar no seu computador, será melhor para a
memorização do tema. Lembre-se de que as questões são independentes da versão, podendo a banca exa-
minadora usar o Word 2007 ou o Word 365, para abordar aspectos do Word 2016.

COLUNAS

O documento inicia com uma única coluna. Em Layout da Página, podemos escolher outra configuração, além
de definir opções de personalização.
As colunas poderão ser definidas para a seção atual (divisão de formatação dentro do documento) ou para o
documento inteiro. Assim como os cadernos de provas de concursos, que possuem duas colunas, é possível inserir
uma “Linha entre colunas”, separando-as ao longo da página.

INFORMÁTICA

MARCADORES SIMBÓLICOS E NUMÉRICOS

• Usados por parágrafos, apresentam símbolos no início de cada um do lado esquerdo;


o Podem ser círculos preenchidos (linha acima), ou círculos vazios, como esse;
 Outra forma de apresentação são os quadrados;
Ou o desenho do Office;
 Um símbolo neutro;
 Setas; 369
 Check ou qualquer símbolo que o usuário deseja personalizar.

Biblioteca de Marcadores

Nenhum

Marcadores de Documento

Alterar Nível de Lista

Definir Novo Marcador...

Ao pressionar duas vezes “Enter”, sairá da formatação dos marcadores simbólicos, retornando ao Normal.
Os marcadores numéricos são semelhantes aos marcadores simbólicos, mas com números, letras ou algaris-
mos romanos. Podem ser combinados com os Recuos de parágrafos, surgindo o formato Múltiplos Níveis.

NÚMEROS LETRAS ROMANOS MÚLTIPLOS NÍVEIS


1. Exemplo a. Exemplo i. Exemplo 1) Exemplo
2. Exemplo b. Exemplo ii. Exemplo a) Exemplo
3. Exemplo c. Exemplo iii. Exemplo 2) Exemplo
4. Exemplo d. Exemplo iv. Exemplo a) Exemplo

Para trabalhar com a formatação de marcadores múltiplos níveis, o digitador poderá usar a tecla “TAB” para
aumentar o recuo, passando os itens do primeiro nível para o segundo nível. E também pelo ícone “Aumentar
recuo”, presente na guia Página Inicial, grupo Parágrafo. Usando a régua, pode-se aumentar o recuo também.

Dica
Ao teclar “Enter” em uma linha com marcador ou numeração, mas sem conteúdo, você sai do recurso, voltan-
do à configuração normal do parágrafo. Se forem listas numeradas, itens excluídos dela provocam a renume-
ração dos demais itens.

TABELAS

As tabelas são estruturas de organização muito utilizadas para um layout adequado do texto, semelhante a
colunas, com a vantagem que estas não criam seções exclusivas de formatação.
As tabelas seguem as mesmas definições de uma planilha de Excel, ou seja, tem linhas, colunas, é formada por
células, podendo conter, também, fórmulas simples.
Ao inserir uma tabela, seja ela vazia, a partir de um desenho livre, ou convertendo a partir de um texto, uma pla-
nilha de Excel, ou um dos modelos disponíveis, será apresentada a barra de ferramentas adicional na Faixa de Opções.
Um texto poderá ser convertido em Tabela, e voltar a ser um texto, se possuir os seguintes marcadores de for-
matação: ponto e vírgula, tabulação, enter (parágrafo) ou outro específico.
Algumas operações são exclusivas das Tabelas, como Mesclar Células (para unir células adjacentes em uma
única), Dividir células (para dividir uma ou mais células em várias outras), alinhamento do texto combinando
elementos horizontais tradicionais (esquerda, centro e direita) com verticais (topo, meio e base).
O editor de textos Microsoft Word oferece ferramentas para manipulação dos textos organizados em tabelas.
O usuário poderá organizar as células nas linhas e colunas da tabela, mesclar (juntar), dividir (separar), visua-
lizar as linhas de grade, ocultar as linhas de grade, entre outras opções.
E caso a tabela avance em várias páginas, temos a opção Repetir Linhas de Cabeçalho, atribuindo no início da
tabela da próxima página, a mesma linha de cabeçalho que foi usada na tabela da página anterior.
As tabelas do Word possuem algumas características que são diferentes das tabelas do Excel. Geralmente esses
370 itens são aqueles questionados em provas de concursos.
Por exemplo, no Word, quando o usuário está digitando em uma célula, ocorrerá mudança automática de
linha, posicionando o cursor embaixo. No Excel, o conteúdo “extrapola” os limites da célula, e precisará alterar as
configurações na planilha ou a largura da coluna manualmente.

Confira, na tabela a seguir, algumas das diferenças do Word para o Excel.

WORD EXCEL
Tabela, Mesclar Todos os conteúdos são mantidos Somente o conteúdo da primeira célula será mantido
Em inglês, com referências direcionais
Tabela, Fórmulas Em português, com referências posicionais =SOMA(A1:A5)
=SUM(ABOVE)
Tabelas, Fórmulas Não recalcula automaticamente Recalcula automaticamente e manualmente (F9)
Tachado Texto Não tem atalho de teclado Atalho: Ctrl+5
Quebra de linha
Shift+Enter Alt+Enter
manual
Pincel de Copia apenas a primeira formatação da
Copia várias formatações diferentes
Formatação origem
Ctrl+D Caixa de diálogo Fonte Duplica a informação da célula acima
Ctrl+E Centralizar Preenchimento Relâmpago
Ctrl+G Alinhar à Direita (parágrafo) Ir para...
Ctrl+R Repetir o último comando Duplica a informação da célula à esquerda
F9 Atualizar os campos de uma mala direta Atualizar o resultado das fórmulas
F11 - Inserir gráfico
Finaliza a entrada na célula e mantém o cursor na célula
Ctrl+Enter Quebra de página manual
atual
Alt+Enter Repetir digitação Quebra de linha manual
Finaliza a entrada na célula e posiciona o cursor na célula
INFORMÁTICA

Shift+Enter Quebra de linha manual


acima da atual, se houver
Shift+F3 Alternar entre maiúsculas e minúsculas Inserir função

IMPRESSÃO

Disponível no menu Arquivo e pelo atalho Ctrl+P (e também pelo Ctrl+Alt+I, Visualizar Impressão), a impres-
são permite o envio do arquivo em edição para a impressora. A impressora listada vem do Windows, do Painel
de Controle. 371
Podemos escolher a impressora, definir como será a impressão (Imprimir Todas as Páginas, ou Imprimir Sele-
ção, Imprimir Página Atual, imprimir as Propriedades), quais serão as páginas (números separados com ponto e
vírgula/vírgula indicam páginas individuais, separadas por traço uma sequência de páginas, com a letra s uma
seção específica, e com a letra p uma página específica).
Havendo a possibilidade, serão impressas de um lado da página, ou frente e verso automático, ou manual.
O agrupamento das páginas permite que várias cópias sejam impressas uma a uma, enquanto Desagrupado, as
páginas são impressas em blocos.
As configurações de Orientação (Retrato ou Paisagem), Tamanho do Papel e Margens, podem ser escolhidas no
momento da impressão, ou antes, na guia Layout da Página. A última opção em Imprimir possibilita a impressão
de miniaturas de páginas (várias páginas por folha) em uma única folha de papel.

CONTROLE DE QUEBRAS E NUMERAÇÃO DE PÁGINAS

As quebras são divisões e podem ser do tipo Página ou de Seção.


Além disso, elas podem ser automáticas, como quando formatamos um texto em colunas, todavia, elas tam-
bém podem ser manuais, como Ctrl+Enter para quebra de página, Shift+Enter para quebra de linha, Ctrl+Shift+En-
ter para quebra de coluna, e outras.
372
Dica
Se envolvem configurações diferentes, temos Quebras.
Cabeçalhos diferentes.... quebras inseridas. Colunas diferentes... quebras inseridas. Tamanho de página dife-
rente... quebra inserida.

Numeração de Páginas
INFORMÁTICA

Disponível na guia Inserir, permite que um número seja apresentado na página, informando a sua numeração
em relação ao documento.
Combinado com o uso das seções, a numeração de página pode ser diferente em formatação a cada seção do
documento, como no caso de um TCC.

373
Conforme observado na imagem acima, o número de página poderá ser inserido no Início da Página (cabeça-
lho), ou no Fim da página (rodapé), ou nas margens da página, e na posição atual do cursor.

LEGENDAS

Uma legenda é uma linha de texto exibida abaixo de um objeto para descrevê-lo. Podem ser usadas em Figuras
(que inclui Ilustrações) ou Tabelas.
Disponível na guia Referências (índices), as legendas podem ser inseridas na configuração padrão ou persona-
lizadas. Depois, podemos criar um índice específico para elas, que será o Índice de Ilustrações.
No final do grupo Legendas, da guia Referências, no Word, encontramos o ícone “Referência Cruzada”. Em
alguns textos, é preciso citar o conteúdo de outro local do documento. Assim, ao criar uma referência cruzada, o
usuário poderá ir para o local desejado pelo autor e a seguir retornar ao ponto em que estava antes.

ÍNDICES

Basicamente, é todo o conjunto disponível na guia Referências.


Os índices podem ser construídos a partir dos Estilos usados na formatação do texto, ou posteriormente por
meio da adição de itens manualmente.

z Sumário: principal índice do documento;


z Notas de Rodapé: inseridas no final de cada página, não formam um índice, mas ajudam na identificação de
citações e expressões;
z Notas de Fim: inseridas no final do documento, semelhante a Notas de Rodapé;
z Citações e Bibliografia: permite a criação de índices com as citações encontradas no texto, além das Referên-
cias Bibliográficas segundo os estilos padronizados;
z Legendas: inseridas após os objetos gráficos (ilustrações e tabelas), podem ser usadas para criação de um
Índice de Ilustrações;
z Índice: para marcação manual das entradas do índice;
374 z Índice de Autoridades: formato próprio de citação, disponível na guia Referências.
Os índices serão criados a partir dos Estilos utilizados durante o texto, como Título 1, Título 2, e assim por dian-
te. Se não forem usados, posteriormente o usuário poderá ‘Adicionar Texto’ no índice principal (Sumário), Marcar
Entrada (para inserir um índice) e até remover depois de inserido.
Os índices suportam Referências Cruzadas, que permitem o usuário navegar entre os links do documento de
forma semelhante ao documento na web. Ao clicar em um link, o usuário vai para o local escolhido. Ao clicar no
local, retorna para o local de origem.

Dica
A guia Referências é uma das opções mais questionadas em concursos públicos por dois motivos: envolvem
conceitos de formatação do documento exclusivos do Microsoft Word e é utilizado pelos estudantes na for-
matação de um TCC (Trabalho de Conclusão de Curso).

INSERÇÃO DE OBJETOS

Disponíveis na guia Inserir, os objetos que poderiam ser inseridos no documento estão organizados em
categorias:

z Páginas: objetos em forma de página, como a capa (Folha de Rosto), uma Página em Branco ou uma Quebra de
Página (divisão forçada, quebra de página manual, atalho Ctrl+Enter);
z Tabela: conforme comentado anteriormente, organizam os textos em células, linhas e colunas;
z Ilustrações: Imagem (arquivos do computador), ClipArt (imagens simples do Office), Formas (geométricas),
SmartArt (diagramas), Gráfico e Instantâneo (cópia de tela ou parte da janela).

Na sequência dos objetos para serem inseridos em um documento, encontramos:

z Links: indicado para acessar a Internet via navegador ou acionar o programa de e-mail ou criação de referên-
cia cruzada;
z Cabeçalho e Rodapé;
z Texto: elementos gráficos como Caixa de Texto, Partes Rápidas (com organizador de elementos do documen-
to), WordArt (que são palavras com efeitos), Letra Capitular (a primeira letra de um parágrafo com destaque),
Linha de Assinatura (que não é uma assinatura digital válida, dependendo de compra via Office Marketplace),
Data e Hora, ou qualquer outro Objeto, desde que instalado no computador;
z Símbolos: inserção de Equações ou Símbolos especiais.

INFORMÁTICA

CAMPOS PREDEFINIDOS

Estes campos são objetos disponíveis na guia Inserir que são predefinidos. Após a configuração inicial, são
inseridos no documento.
Além da configuração da Linha de Assinatura, existem outras opções, como Data e Hora, Objeto e dentro do
item Partes Rápidas, no grupo Texto, da guia Inserir, a opção Campo.
Entre as categorias disponíveis, encontramos campos para automação de documento, data e hora, equações e
fórmulas, índices, informação sobre o documento, informações sobre o usuário, mala direta, numeração, vínculos
e referências. 375
CAIXAS DE TEXTO

Possibilita a inserção de caixas de textos pré-formatadas, ou desenhar no documento, aceitando configurações


de direção de texto (semelhante a uma tabela) e também configurações de bordas e sombreamento, semelhante
a uma Forma.
Qualquer forma geométrica composta poderá ser caixa de texto.
Uma nova guia de opções será apresentada após a última, denominada Ferramentas de Caixa de Texto, permi-
tindo Formatar os elementos de Texto e do conteúdo da Caixa de Texto.
Nas opções disponibilizadas, será possível controlar o texto (direção do texto), definir estilos de caixa de texto
(preenchimento da forma, contorno da forma, alterar forma, estilos predefinidos), efeitos de sombra e efeitos 3D.

Nova Concursos

Atalhos de Teclado – Word 2016 ou Superior

ATALHO AÇÃO
Ctrl+A Abrir: carrega um arquivo da memória permanente para a memória RAM
Salvar: grava o documento com o nome atual, substituindo o anterior. Caso não tenha nome, será
Ctrl+B
mostrado “Salvar como”
Ctrl+C Copiar: o texto selecionado será copiado para a Área de Transferência
Ctrl+D Formatar Fonte
Ctrl+E Centralizar: alinhamento de texto entre as margens
Ctrl+F Limpar formatação do parágrafo.
Ctrl+G Alinhar à direita: alinhamento de texto na margem direita
Ctrl+I Estilo Itálico
Ctrl+J Justificar: alinhamento do texto distribuído uniformemente entre as margens esquerda e direita.
Ctrl+L Localizar: procurar uma ocorrência no documento
Ctrl+M Aumentar recuo
Ctrl+N Estilo Negrito
Ctrl+O Novo documento
376
ATALHO AÇÃO
Ctrl+P Impressão rápida (imprimir na impressora padrão)
Ctrl+Q Alinhar à esquerda: alinhamento de texto na margem esquerda
Ctrl+R Refazer
Ctrl+S Estilo Sublinhado simples
Ctrl+Shift+ > Aumentar o tamanho da fonte
Ctrl+Shift+ < Reduzir o tamanho da fonte
Pincel de Formatação: para copiar a formatação de um local e aplicá-la a outro, seja no mesmo
Ctrl+Shift+C
documento ou outro aberto. Para colar a formatação copiada, use Ctrl+Shift+V.
Ctrl + = Formatação de Fonte = Subscrito
Ctrl e Shift e + Formatação de Fonte = Sobrescrito
Ctrl+T Selecionar tudo: seleciona todos os itens
Ctrl+U Substituir: procurar uma ocorrência e trocar por outra
Ctrl+V Colar: o conteúdo da Área de Transferência é inserido no local do cursor
Ctrl+X Recortar: o selecionado será movido para a Área de Transferência
Ctrl+Z Desfazer
F1 Ajuda
F5 Ir para (navegador de páginas, seção etc)
F7 Verificar ortografia e gramática: procurar por erros ou excesso de digitação no texto
Shift+F1 Revelar formatação
Shift+F3 Alternar entre maiúsculas e minúsculas

MS-EXCEL 2016 OU SUPERIOR


As planilhas de cálculos são amplamente utilizadas nas empresas para as mais diferentes tarefas. Desde a cria-
ção de uma agenda de compromissos, passando pelo controle de ponto dos funcionários e folha de pagamento, ao
controle de estoque de produtos e base de clientes. Diversas funções internas oferecem os recursos necessários
para a operação.
O Microsoft Excel apresenta grande semelhança de ícones com o Microsoft Word. O Excel “antigo” usava os
formatos XLS e XLT em seus arquivos, atualizado para XLSX e XLTX, além do novo XLSM contendo macros. A
atualização das extensões dos arquivos ocorreu com o Office 2007, e permanece até hoje.
O Microsoft 365 é o pacote de aplicações para escritório que possui a versão online acessada pelo navegador de
Internet e a versão de instalação no dispositivo. O Microsoft 365, ou Office 365 como era nomeado até pouco tempo
atrás, é uma modalidade de aquisição da licença de uso mediante pagamentos recorrentes. O usuário assina o ser-
viço, disponibilizado na nuvem da Microsoft, e enquanto perdurarem os pagamentos, poderá utilizar o software.

Importante!
As planilhas de cálculos não são bancos de dados. Muitos usuários armazenam informações (dados) em
uma planilha de cálculos como se fosse um banco de dados, porém o Microsoft Access é o software do
pacote Microsoft Office desenvolvido para esta tarefa. Um banco de dados tem informações armazenadas
em registros, separados em tabelas, conectados por relacionamentos, para a realização de consultas.

Guias – Excel
INFORMÁTICA

BOTÃO/GUIA LEMBRETE

Arquivo Comandos para o documento atual: Salvar, salvar como, imprimir, Salvar e enviar

Página Inicial Tarefas iniciais: O início do trabalho, acesso à Área de Transferência (Colar Especial),
formatação de fontes, células, estilos etc

Inserir Tarefas secundárias: Adicionar um objeto que ainda não existe. Tabela, Ilustrações, Instantâ-
neos, Gráficos, Minigráficos, Símbolos etc
377
BOTÃO/GUIA LEMBRETE

Layout da Página Configuração da página: Formatação global da planilha, formatação da página

Fórmulas Funções: Permite acesso a biblioteca de funções, gerenciamento de nomes, auditoria de


fórmulas e controle dos cálculos

Dados Informações na planilha: Possibilitam obter dados externos, classificar e filtrar, além de ou-
tras ferramentas de dados

Revisão Correção do documento: Ortografia e gramática, idioma, controle de alterações, comentá-


rios, proteger etc

Exibição Visualização geral do documento

Atalhos de teclado – Excel

Os atalhos de formatação (Ctrl+N para negrito, Ctrl+I para itálico, entre outros) são os mesmos do Word.

ATALHO AÇÃO ÍCONE

Ctrl+1 Formatar células


CTRL+PgDn Alterna entre guias da planilha, da direita para a esquerda
CTRL+PgUp Alterna entre guias da planilha, da esquerda para a direita
Ctrl+R Repetir o conteúdo da célula que está à esquerda
Ctrl+G Ir Para (o mesmo que F5) tanto no Word como Excel

Ctrl+J Mostrar fórmulas (guia Fórmulas, grupo Auditoria)

F2 Edita o conteúdo da célula atual

F4 Refazer

F9 Calcular planilha manualmente

ESTRUTURA BÁSICA DAS PLANILHAS

A planilha em Excel, ou folha de dados, poderá ser impressa em sua totalidade, ou apenas áreas definidas pela Área
de Impressão, ou a seleção de uma área de dados, ou uma seleção de planilhas do arquivo, ou toda a pasta de trabalho.
Ao contrário do Microsoft Word, o Excel trabalha com duas informações em cada célula: dados reais e dados formatados.
Por exemplo, se uma célula mostra o valor 5, poderá ser o número 5 ou uma função/fórmula que calculou e
resultou em 5 (como =10/2).
378
CONCEITOS DE CÉLULAS, LINHAS, COLUNAS, PASTAS E GRÁFICOS

z Célula: unidade da planilha de cálculos, o encontro entre uma linha e uma coluna. A seleção individual é com
a tecla CTRL e a seleção de áreas é com a tecla SHIFT (assim como no sistema operacional);
z Coluna: células alinhadas verticalmente, nomeadas com uma letra;
z Linha: células alinhadas horizontalmente, numeradas com números;

Barra de Acesso Rápido Coluna


Barra de Fórmulas
Faixa de
Opções

Célula

Linha

z Planilha: o conjunto de células organizado em uma folha de dados. Na versão atual são 65546 colunas (nomea-
das de A até XFD) e 1048576 linhas (numeradas);
z Pasta de Trabalho: arquivo do Excel (extensão XLSX) contendo as planilhas, de 1 a N (de acordo com quanti-
dade de memória RAM disponível, nomeadas como Planilha1, Planilha2, Planilha3);
z Alça de preenchimento: no canto inferior direito da célula, permite que um valor seja copiado na direção
em que for arrastado. No Excel, se houver 1 número, ele é copiado. Se houver 2 números, uma sequência será
criada. Se for um texto, é copiado, mas texto com números é incrementado. Dias da semana, nome de mês e
datas são sempre criadas as continuações (sequências);
z Mesclar: significa simplesmente “Juntar”. Havendo diversos valores para serem mesclados, o Excel manterá
somente o primeiro destes valores, e centralizará horizontalmente na célula resultante.

E após a inserção dos dados, caso o usuário deseje, poderá juntar as informações das células.
Existem quatro opções no ícone Mesclar e Centralizar, disponíveis na guia Página Inicial:

z Mesclar e Centralizar: Une as células selecionadas a uma célula maior e centraliza o conteúdo da nova célula;
Este recurso é usado para criar rótulos (títulos) que ocupam várias colunas;
z Mesclar através: Mesclar cada linha das células selecionadas em uma célula maior;
INFORMÁTICA

z Mesclar células: Mesclar (unir) as células selecionadas em uma única célula, sem centralizar;
z Desfazer Mesclagem de Células: desfaz o procedimento realizado para a união de células.

ELABORAÇÃO DE TABELAS E GRÁFICOS

A tabela de dados, ou folha de dados, ou planilha de dados, é o conjunto de valores armazenados nas células.
Estes dados poderão ser organizados (classificação), separados (filtro), manipulados (fórmulas e funções), além de
apresentar em forma de gráfico (uma imagem que representa os valores informados).
379
Para a elaboração, poderemos:

z Digitar o conteúdo diretamente na célula. Basta iniciar a digitação, e o que for digitado é inserido na célula;
z Digitar o conteúdo na barra de fórmulas. Disponível na área superior do aplicativo, a linha de fórmulas é o
conteúdo da célula. Se a célula possui um valor constante, além de mostrar na célula, este aparecerá na barra
de fórmulas. Se a célula possui um cálculo, seja fórmula ou função, esta será mostrada na barra de fórmulas;
z O preenchimento dos dados poderá ser agilizado através da Alça de Preenchimento ou pelas opções automá-
ticas do Excel;
z Os dados inseridos nas células poderão ser formatados, ou seja, continuam com o valor original (na linha de
fórmulas) mas são apresentados com uma formatação específica;
z Todas as formatações estão disponíveis no atalho de teclado Ctrl+1 (Formatar Células);
z Também na caixa de diálogo Formatar Células, encontraremos o item Personalizado, para criação de máscaras
de entrada de valores na célula.

Formatos de Números, Disponível na Guia Página Inicial

123 Geral: Sem formato específico


12 Número: Ex.: 4,00

Moeda: Ex.: R$4,00

Contábil: Ex.: R$4,00

Data Abreviada: Ex.: 04/01/1900

Data Completa: Ex.: Quarta-feira, 4 de janeiro de 1900

Hora: Ex.: 00:00:00

Porcentagem: Ex.: 400,00 %

1 Fração: Ex.: 4/2


2
102 Cientifico. Ex.: 4,00E + 00

ab Texto: Ex.: 4

Dica
As informações existentes nas células poderão ser exibidas com formatos diferentes. “Por exemplo, uma
data, na verdade, é um número formatado como data. Por isto conseguimos calcular a diferença entre datas.

Os formatos Moeda e Contábil são parecidos entre si, mas possuem exibição diferenciada. No formato de Moe-
da, o alinhamento da célula é respeitado e o símbolo R$ acompanha o valor. No formato Contábil, o alinhamento
é ‘justificado’ e o símbolo de R$ fica posicionado na esquerda, alinhando os valores pela vírgula decimal.

Moeda Contábil
R$4,00 R$4,00

O ícone é para mostrar um valor com o formato de porcentagem. Ou seja, o número é multiplicado por 100.
380 Exibe o valor da célula como percentual (Ctrl+Shift+%).
VALOR FORMATO PORCENTAGEM % PORCENTAGEM E 2 CASAS % ,0 0
ß,0

1 100% 100,00%

0,5 50% 50,00%

2 200% 200,00%

100 10000% 10000,00%

0,004 0% 0,40%

O ícone 000 é o Separador de Milhares. Exibe o valor da célula com um separador de milhar. Esse comando
alterará o formato da célula para Contábil sem um símbolo de moeda.

VALOR FORMATO CONTÁBIL SEPARADOR DE MILHARES 000

1500 R$1.500,00 1.500,00

16777418 R$16.777.418,00 16.777.418,00

1 R$1,00 1,00

400 R$400,00 400,00

27568 R$27.568,00 27.568,00

,00
Os ícones ß,0
,00 à,0 são usados para Aumentar casas decimais (Mostrar valores mais precisos exibindo mais
casas decimais) ou Diminuir casas decimais (Mostrar valores menos precisos exibindo menos casas decimais).
Quando um número na casa decimal possui valor absoluto diferente de zero, ele é mostrado ao aumentar
casas decimais. Se não possuir, então será acrescentado zero.
Quando um número na casa decimal possui valor absoluto diferente de zero, ele poderá ser arredondado para
cima ou para baixo ao diminuir as casas decimais. É o mesmo que aconteceria com o uso da função ARRED, para
arredondar.

Simbologia Específica

Cada símbolo tem um significado, e nas tabelas a seguir, além de conhecer o símbolo, conheça o significado e
alguns exemplos de aplicação.

OPERADORES ARITMÉTICOS OU MATEMÁTICOS

Símbolo Significado Exemplo Comentários

+ (mais) Adição = 18 + 2 Faz a soma de 18 e 2

- (menos) Subtração = 20 – 5 Subtrai 5 do valor 20

* (asterisco) Multiplicação =5*4 Multiplica 5 (multiplicando) por 4 (multiplicador)

/ (barra) Divisão = 25 / 10 Divide 25 por 10, resultando em 2,5

% (percentual) Percentual = 20% Faz 20 por cento, ou seja, 20 dividido por 100

Exponenciação Cálculo Faz 3 elevado a 2, 3 ao quadrado = 9


^(circunflexo) =3^2=8^(1/3)
de raízes Faz 8 elevado a 1/3, ou seja, raiz cúbica de 8

Ordem das Operações Matemáticas


INFORMÁTICA

z ( ) – parênteses;
z ^ – exponenciação (potência, um número elevado a outro número);
z * ou / – multiplicação (função MULT) ou divisão;
z + ou - – adição (função SOMA) ou subtração.

381
Importante!
Como resolver as questões de planilhas de cálculos?
Leitura atenta do enunciado (português e interpretação de textos);

Identificar a simbologia básica do Excel (informática);

Respeitar as regras matemáticas básicas (matemática);

Realizar o teste, e fazer o verdadeiro ou falso (raciocínio lógico).

OPERADORES RELACIONAIS USADOS EM TESTES

Símbolo Significado Exemplo Comentários

Se o valor de A1 for maior que 5, então mostre 15,


> (maior) Maior que = SE (A1 > 5 ; 15 ; 17 )
senão mostre 17

Se o valor de A1 for menor que 3, então mostre 20,


< (menor) Menor que = SE (A1 < 3 ; 20 ; 40 )
senão mostre 40

Se o valor de A1 for maior ou igual a 7, então


Maior ou
>= (maior ou igual) = SE (A1 >= 7 ; 5 ; 1 ) mostre 5, senão
igual a
mostre 1

Se o valor de A1 for menor ou igual a 5, então


Menor ou
<= (menor ou igual) = SE (A1 <= 5 ; 11 ; 23 ) mostre 11, senão
igual a
mostre 23

Se o valor de A1 for diferente de 1, então mostre


<> (menor e maior) Diferente = SE (A1 <> 1 ; 100 ; 8 )
100, senão mostre 8

Se o valor de A1 for igual a 2, então mostre 10,


= (igual) Igual a = SE (A1 = 2 ; 10 ; 50 )
senão mostre 50

Princípios dos Operadores Relacionais

z Um valor jamais poderá ser menor e maior que outro valor ao mesmo tempo;
z Uma célula vazia é um conjunto vazio, ou seja, não é igual a zero, é vazio;
z O símbolo matemático ≠ não poderá ser escrito diretamente na fórmula, use <>
z O símbolo matemático ≥ não poderá ser escrito diretamente na fórmula, use >=
z O símbolo matemático ≤ não poderá ser escrito diretamente na fórmula, use <=

OPERADORES DE REFERÊNCIA

Símbolo Significado Exemplo Comentários

=$A1 Trava a célula na coluna A


$ (cifrão) Travar uma célula =A$1 Trava a célula na linha 1
=$A$1 Trava a célula A1, ela não mudará

Obtém o valor de A3 que está na planilha


! (exclamação) Planilha = Planilha2!A3
Planilha2

Informa o nome de outro arquivo do Excel,


[ ] (colchetes) Pasta de Trabalho =[Pasta2]Planilha1!$A$2
onde deverá buscar o valor

Informa o caminho de outro arquivo do


=’C:\FernandoNishimura\
‘ (apóstrofe) Caminho Excel, onde deverá encontrar o arquivo para
[pasta2.xlsx]Planilha1’!$A$2
buscar o valor

; (ponto e vírgula) Significa E = SOMA (15 ; 4 ; 6 ) Soma 15 e 4 e 6, resultando em 25

Soma de A1 até B4, ou seja, A1, A2, A3, A4,


: (dois pontos) Significa ATÉ = SOMA (A1:B4)
B1, B2, B3, B4

Executa uma operação sobre as células em


Espaço Intersecção ($) =SOMA(F4:H8 H6:K10)
comum nos intervalos

Princípios dos Operadores de Referência

z O símbolo de cifrão transforma uma referência relativa ( A1 ) em uma referência mista ( A$1 ou $A1 ) ou em
382 referência absoluta ( $A$1 );
� O símbolo de exclamação busca o valor em outra planilha, na mesma pasta de trabalho ou em outro arquivo.
Ex.: =[Pasta2]Planilha1!$A$2.

Importante!
O símbolo de cifrão é um dos mais importantes na manipulação de fórmulas de planilhas de cálculos. Nas
provas de concurso público, costumam ser abordadas fórmulas com e sem ele nas referências das células.

SÍMBOLOS USADOS NAS FÓRMULAS E FUNÇÕES

Símbolo Significado Exemplo Comentários

Início de fórmu- = 15 + 3 Faz a soma de 15 e 3


= (igual) la, função ou = SOMA ( 15 ; 3 ) Compara o valor de A1 com 5, e caso seja verda-
comparação =SE ( A1 = 5 ; 10 ; 11 ) deiro, mostra 10, caso seja falso, mostra 11

Identifica uma
= HOJE ( ) Retorna a data atual do computador
função ou os valo-
( ) parênteses = SOMA (A1;B1) Faz a soma de A1 e B1
res de uma opera-
= (3+5) / 2 Faz a soma de 3 e 5 antes de dividir por 2
ção prioritária

; (ponto e Separador de A função SE tem 3 partes, e estas estão separa-


=SE ( A1 = 5 ; 10 ; 11 )
vírgula) argumentos das por ponto e vírgula

Executa uma operação sobre as células em co-


Espaço Intersecção =SOMA(F4:H8 H6:K10)
mum nos intervalos

As fórmulas e funções começam com o sinal de igual. Outros símbolos podem ser usados, mas o Excel substi-
tuirá pelo sinal de igual.

SÍMBOLOS PARA TEXTOS

Símbolo Significado Exemplo Comentários

Apresenta o texto Nova


“ (aspas duplas) Texto exato = “Nova”
Se usado em testes, é “igual a”

Exibe os zeros não significativos, 0001 como


‘ (apóstrofe) Número como texto ‘0001
texto (ex: placa de carro)

= “Nova”&” Exibe “Nova Concursos” (sem as aspas), o resul-


& (“E” comercial) Concatenar
Concursos” tado da junção dos textos individuais

O símbolo & é usado para concatenar dois conteúdos, como por exemplo: =”15”&”A45” resulta em 15A45. Pode-
remos usar a função CONCATENAR, ou a função CONCAT, para obter o mesmo resultado do símbolo &.

CORRESPONDÊNCIA DE SÍMBOLOS E FUNÇÕES NO EXCEL

Símbolo Função Operação Exemplos

+ (sinal de mais) SOMA Adição =15+7 é o mesmo que =SOMA(15;7)

* (asterisco) MULT Multiplicação =12*3 é o mesmo que =MULT(12;3)

^ (circunflexo) POTÊNCIA Exponenciação =2^3 é o mesmo que =POTÊNCIA(2;3)

RAIZ Raiz quadrada =4^(1/2) é o mesmo que =RAIZ(4)

& (E comercial) CONCATENAR Juntar textos =A1&A2&A3 é igual a


=CONCATENAR(A1;A2;A3)
INFORMÁTICA

“ (aspas) TEXTO Converte em texto =”150144” é o mesmo que =TEXTO(150144)

Erros

Quando trabalhamos com planilhas de cálculos, especialmente no início dos estudos, é comum aparecerem
mensagens de erros nas células, decorrente da falta de argumentos nas fórmulas, referências incorretas, erros de
digitação, entre outros. Vamos ver algumas das mensagens de erro mais comuns que ocorrem nas planilhas de
cálculos. 383
As planilhas de cálculos oferecem o recurso “Rastrear precedentes”, dentro do conceito de Auditoria de Fór-
mulas. Com esse recurso, muito questionado em concursos, o usuário poderá ver setas na planilha indicando a
relação entre as células, e identificar a origem das mensagens de erros.
A seguir, os erros mais comuns que podem ocorrer em uma planilha de cálculos no Microsoft Excel:

z #DIV/0! indica que a fórmula está tentando dividir um valor por 0;


z #NOME? indica que a fórmula possui um texto que o Excel 2007 não reconhece;
z #NULO! a fórmula contém uma interseção de duas áreas que não se interceptam;
z #NUM! a fórmula apresenta um valor numérico inválido;
z #REF! indica que na fórmula existe a referência para uma célula que não existe;
z #VALOR! indica que a fórmula possui um tipo errado de argumento;
z ##### indica que o tamanho da coluna não é suficiente para exibir seu valor.

USO DE FÓRMULAS, FUNÇÕES E MACROS

Funções Básicas

z SOMA(valores): realiza a operação de soma nas células selecionadas.

No Microsoft Excel, a função SOMA efetua a adição dos valores numéricos informados em seus argumentos. Se
existirem células com textos, elas serão ignoradas. Células vazias não são somadas.

„ =SOMA(A1;A2;A3) Efetua a soma dos valores existentes nas células A1, A2 e A3;
„ =SOMA(A1:A5) Efetua a soma dos 5 valores existentes nas células A1 até A5;
„ =SOMA(A1;34;B3) Efetua a soma dos valores da célula A1, com 34 (valor literal) e B3;
„ =SOMA(A1:B4) Efetua a soma dos 8 valores existentes, de A1 até B4. O Excel não faz ‘triangulação’, operan-
do apenas áreas quadrangulares;
„ =SOMA(A1;B1;C1:C3) Efetua a soma dos valores A1 com B1 e C1 até C3;
„ =SOMA(1;2;3;A1;A1) Efetua a soma de 1 com 2 com 3 e o valor A1 duas vezes.

z SOMASE(valores;condição): realiza a operação de soma nas células selecionadas, se uma condição for
atendida.

A sintaxe é =SOMASE(onde;qual o critério para que seja somado):


„ =SOMASE(A1:A5;”>15”) Efetuará a soma dos valores de A1 até A5 que sejam maiores que 15;
„ =SOMASE(A1:A10;”10”) Efetuará a soma dos valores de A1 até A10 que forem iguais a 10.

z MÉDIA(valores): realiza a operação de média nas células selecionadas e exibe o valor médio encontrado.

„ =MEDIA(A1:A5) Efetua a média aritmética simples dos valores existentes entre A1 e A5. Se forem 5 valores,
serão somados e divididos por 5. Se existir uma célula vazia, serão somados e divididos por 4. Células vazias
não entram no cálculo da média.

z MED(valores): informa a mediana de uma série de valores.

Mediana é o ‘valor no meio’. Se temos uma sequência de valores com quantidade ímpar, eles serão ordenados
e o valor no meio é a sua mediana. Por exemplo, para os valores (5,6,9,3,4), ordenados são (3,4,5,6,9) e a mediana
é 5.
Se temos uma sequência de valores com quantidade par, a mediana será a média dos valores que estão no
meio. Por exemplo, para os valores (2,13,4,10,8,1), ordenados são (1,2,4,8,10,13), e no meio temos 4 e 8. A média de
4 e 8 é 6 ((4+8)/2).

z MÁXIMO(valores): exibe o maior valor das células selecionadas.

=MAXIMO(A1:D6) Exibe qual é o maior valor na área de A1 até D6. Se houver dois valores iguais, apenas um
será mostrado.

z MAIOR(valores;posição): exibe o maior valor de uma série, segundo o argumento apresentado.

Valores iguais ocupam posições diferentes.


„ =MAIOR(A1:D6;3) Exibe o 3º maior valor nas células A1 até D6.

z MÍNIMO(valores): exibe o menor valor das células selecionadas.

384 „ =MINIMO(A1:D6) Exibe qual é o menor valor na área de A1 até D6.


z MENOR(valores;posição): exibe o menor valor de „ =CONT.NÚM(A1:A8) Informa quantas célu-
uma série, segundo o argumento apresentado. las no intervalo A1 até A8 possuem valores
numéricos.
Valores iguais ocupam posições diferentes.
z CONT.SE(células;condição): Esta função con-
„ =MENOR(A1:D6;3) Exibe o 3º menor valor nas ta quantas vezes aparece um determinado valor
células A1 até D6. (número ou texto) em um intervalo de células (o
z SE(teste;verdadeiro;falso): avalia um teste e usuário tem que indicar qual é o critério a ser
retorna um valor caso o teste seja verdadeiro ou contado)
outro caso seja falso.
„ =CONT.SE(A1:A10;“5”) Efetua a contagem de
Vale destacar que essa função é muito solicitada quantas células existem no intervalo de A1 até
pelas bancas. A sua estrutura não muda, sendo sem- A10 contendo o valor 5.
pre o teste na primeira parte, o que fazer caso seja
verdadeiro na segunda parte, e o que fazer caso seja z CONT.SES(células1;condição1;células2;condi-
falso na última parte. Verdadeiro ou falso. Uma ou ção2): Esta função conta quantas vezes aparece
outra. Jamais serão realizadas as duas operações, so- um determinado valor (número ou texto) em um
mente uma delas, segundo o resultado do teste. intervalo de células (o usuário tem que indicar
A função SE usa operadores relacionais (maior, qual é o critério a ser contado), atendendo a todas
menor, maior ou igual, menor ou igual, igual, diferen- as condições especificadas.
te) para construção do teste. As aspas são usadas para
textos literais. „ =CONT.SES(A1:A10;”5”;B1:B10;”7”) Efetua a
contagem de quantas células existem no inter-
„ =SE(A1=10;“O valor da célula A1 é 10”;“O valor valo de A1 até A10 contendo o valor 5 e ao mes-
da célula A1 não é 10”) mo tempo, quantas células existem no intervalo
„ =SE(A1<0;“O valor da célula A1 é negativo”;“O de B1 até B10 contendo o valor 7.
valor não é negativo”)
„ =SE(A1>0;“O valor da célula A1 é positivo”;“O z CONTAR.VAZIO (células): conta as células vazias
valor não é positivo”) de um intervalo.

É possível encadear funções, ampliando as áreas de „ =CONTAR.VAZIO(A1:A8) Informa quantas célu-


atuação. Por exemplo, um número pode ser negativo, las vazias existem no intervalo A1 até A8.
positivo ou igual a zero. São três resultados possíveis.
z SOMASE(células para testar;teste;células para
„ =SE(A1=0;“Valor é igual a zero”;SE(A1<0;“Valor somar)
é negativo”;“Valor é positivo”)).
Efetua um teste nas células especificadas, e soma
Neste exemplo, se for igual a zero (primeiro teste), as correspondentes nas células para somar.
exibe a mensagem e finaliza a função, mas se não for Os intervalos de teste e de soma podem ser os
igual a zero, poderá ser menor do que zero (segundo mesmos.
teste) e exibe a mensagem “Valor é negativo”, encer-
rando a função. Por fim, se não é igual a zero, e não „ =SOMASE(A1:A10;“>6”;A1:A10) somará os valo-
é menor que zero, só poderia ser maior do que zero, res de A1 até A10 que sejam maiores que 6.
e a mensagem final “Valor é positivo” será mostrada. „ =SOMASE(A1:A10;“<3”;B1:B10) somará os valo-
Obs.: o sinal de igual, para iniciar uma função, é res de B1 até B10 quando os valores de A1 até
usado somente no início da digitação da célula. A10 forem menores que 3.
As funções CONT são usadas para informar a quanti-
dade de células, que atendem às condições especificadas. z SOMASES (células para somar; células1;
teste1;células2;teste2)
CONT.NÚM: para contar quantas células possuem
números; Verifica as células que atendem aos testes e soma
CONT.VALORES: quantidade de células que estão as células correspondentes.
preenchidas; Os intervalos de teste e de soma podem ser os
CONTAR.VAZIO: quantidade de células que não mesmos.
estão preenchidas;
CONT.SE: quantidade de células que atendem à z MÉDIASE(células para testar; teste; células
uma condição específica; para calcular a média)
CONT.SES: quantidade de células que atendem a
Efetua um teste nas células especificadas, e calcula
várias condições simultaneamente.
a média das células correspondentes.
Os intervalos de teste e de média podem ser os
z CONT.VALORES(células): esta função conta todas
mesmos.
as células em um intervalo, exceto as células
INFORMÁTICA

vazias. z PROCV(valor_procurado; matriz_tabela; núm_


índice_coluna; [intervalo_pesquisa])
„ =CONT.VALORES(A1:A10) Informa o resultado
da contagem, informando quantas células estão A função PROCV é utilizada para localizar o va-
preenchidas com valores, quaisquer valores. lor_procurado dentro da matriz_tabela, e quando
encontrar, retornar a enésima coluna informada em
z CONT.NÚM (células): conta todas as células em núm_índice_coluna. A última opção, que será VERDA-
um intervalo, exceto células vazias e células com DEIRO ou FALSO, é usada para identificar se precisa ser
texto. o valor exato (F) ou pode ser valor aproximado (V). 385
Por exemplo: =PROCV(105;A2:C7;2;VERDADEIRO) e =PROCV(“Monte”;B2:E7;2;FALSO)
A função PROCV é um membro das funções de pesquisa e Referência, que incluem a função PROCH.
Use a função TIRAR ou a função ARRUMAR para remover os espaços à esquerda nos valores da tabela.

z ESQUERDA(texto;quantidade)

Extrai de uma sequência de texto, uma quantidade de caracteres especificados, a partir do início (esquerda).

„ =ESQUERDA(“Nova Concursos”;8) exibe “Nova”

z DIREITA(texto;quantidade)

Extrai de uma sequência de texto, uma quantidade de caracteres especificados, a partir do final.

„ =DIREITA(“Nova Concursos”;7) exibe “Concursos”.

z CONCATENAR(texto1;texto2; ... )

Junta os textos especificados em uma nova sequência.


Esta função foi mantida por compatibilidade com as versões anteriores. Ela concatena apenas células indivi-
duais.

„ =CONCATENAR(“Apostila “;”Nova “;”Concursos”) exibe “Apostila Nova Concursos”.

z CONCAT(intervalo)

Junta os textos especificados em um intervalo de células para uma nova sequência.

„ =CONCAT(A1:A5) junta o conteúdo das células A1 até A5 em uma nova célula. Esta função não funciona nas
versões antigas do Office.

z NÚM.CARACT(célula)

Informa a quantidade de caracteres existentes em uma célula.


Datas contém 5 caracteres, pois o Microsoft Excel armazena datas como números.

„ =NÚM.CARACT(“Nova Concursos”) resultado 14


„ =NÚM.CARACT(HOJE()) resultado 5 (a função HOJE retorna a data de hoje registrada no computador)
„ =NÚM.CARACT(AGORA()) resultado 15 (a função AGORA retorna a data de hoje registrada no computador
e a hora atual, como 01/08/2021 09:51)

z INT(valor)

Extrai a parte inteira de um número.

„ =INT(PI()) parte inteira do valor de PI – valor 3,14159 exibe 3.

z TRUNCAR(valor;casas decimais)

Exibe um número com a quantidade de casas decimais, sem arredondar.

„ =TRUNCAR(PI();3) exibir o valor de PI com 3 casas decimais – valor 3,14159 exibe 3,141.

z ARRED(valor;casas decimais)

Exibe um número com a quantidade de casas decimais, arredondando para cima ou para baixo.

„ =ARRED(PI();3) exibir o valor de PI com 3 casas decimais – valor 3,14159 exibe 3,142.

z HOJE() Exibe a data atual do computador;


z AGORA() Exibe a data e hora atuais do computador;
z DIA(data)Extrai o número do dia de uma data;
z MÊS(data) Extrai o número do mês de uma data;
z ANO(data) Extrai o número do ano de uma data;
z DIAS(data1;data2) Informa a diferença em dias entre duas datas;
386 z DIAS360(data1;data2) Informa a diferença em dias entre duas datas (ano contábil, de 360 dias);
z POTÊNCIA(base;expoente).

Eleva um número (base) ao expoente informado.

„ =POTÊNCIA(2;4) 2 elevado a 4, 24, 2x2x2x2 = 16

z MULT(número;número;número; ... ) Multiplica os números informados nos argumentos.

FUNÇÕES LÓGICAS

Retorna VERDADEIRO se todos os seus argumentos forem


E (Função E)
VERDADEIROS

OU (Função OU) Retorna VERDADEIRO se um dos argumentos for VERDADEIRO

NÃO (Função NÃO) Inverte o valor lógico do argumento

FALSO (Função FALSO) Retorna o valor lógico FALSO

VERDADEIRO (Função VERDADEIRO) Retorna o valor lógico VERDADEIRO

Retornará um valor que você especifica se uma fórmula for avaliada para
SEERRO (Função SEERRO)
um erro; do contrário, retornará o resultado da fórmula

Importante!
Existem milhares de funções no Microsoft Excel. Em concursos públicos, essas são as mais questionadas.

IMPRESSÃO

A impressão no Excel é semelhante ao Word. Difere ao oferecer o item Área de Impressão, que permite ao
usuário escolher uma área de uma planilha para ser impressa. Outro item que o Excel oferece que é exclusiva, é a
possibilidade de imprimir os títulos das colunas e linhas, fazendo com que a impressão seja muito parecida com
a tela que está sendo visualizada. Ambos estão na guia Layout da Página.
Na caixa de diálogo de impressão (Ctrl+P) temos o ajuste da impressão (zoom), permitindo ajustar para caber em
uma página, ajustar apenas as linhas, apenas as colunas, e mudar as quebras de páginas arrastando a divisão na tela.

INFORMÁTICA

387
INSERÇÃO DE OBJETOS

A inserção de objetos contém os mesmos itens do Microsoft Word, mas o destaque são os Gráficos.

A tabela e o gráfico dinâmico possibilitam resumir os dados rapidamente, a partir de critérios padronizados
no Excel.

Os gráficos são representações visuais de dados da planilha. De acordo com a opção escolhida, teremos uma
forma de apresentação. Alguns gráficos são indicados para situações específicas. Outros gráficos são generalistas.

Gráficos

Além da produção de planilhas de cálculos, o Microsoft Excel produz gráficos com os dados existentes nas
células.
Gráficos são a representação visual de dados numéricos, e poderão ser inseridos na planilha como gráficos
“comuns” ou gráficos dinâmicos.
Os gráficos dinâmicos, assim como as tabelas dinâmicas, são construídos com dados existentes em uma ou
várias pastas de trabalho, associando e agrupando informações para a produção de relatórios completos.

z Os gráficos de Colunas representam valores em colunas 2D ou 3D. São opções do gráfico de Colunas: Agrupada,
Empilhada, 100% Empilhada, 3D Agrupada, 3D Empilhada, 3D 100% Empilhada, e 3D.

388
z Os gráficos de Linhas representam valores com z Os gráficos de Ações necessitam que os dados este-
linhas, pontos ou ambos. São opções do gráfico de jam organizados em preço na alta, preço na baixa
Linhas: Linha, Linha Empilhada, 100% Empilha- e preço no fechamento. Datas ou nomes das ações
da, com Marcadores, Empilhada com Marcadores, serão usados como rótulos. São exemplos de gráficos
100% Empilhada com Marcadores, e 3D. de Ações: Alta-Baixa-Fechamento, Abertura-Alta-
-Baixa-Fechamento, Volume-Alta-Baixa-Fechamen-
to, e Volume-Abertura-Alta-Baixa-Fechamento.

z Os gráficos de Pizza representam valores propor-


cionalmente. São opções do gráfico de Pizza: Pizza,
Pizza 3D, Pizza de Pizza, Barra de Pizza, e Rosca.

z Os gráficos de Barras representam dados de forma


semelhante ao gráfico de Colunas, mas na horizon-
tal. São opções dos gráficos de Barras: Agrupadas, z Os gráficos de Superfície parecem com os gráficos
Empilhadas, 100% Empilhadas, 3D Agrupadas, 3D de Linhas, e preenchem a superfície com cores.
Empilhadas, e 3D 100% Empilhadas. São exemplos de gráficos de Superfície: 3D, 3D
Delineada, Contorno e Contorno Delineado.

z Os gráficos de Área representam dados de forma


semelhante ao gráfico de Linhas, mas com preen- z Os gráficos de Radar são usados para mostrar a evo-
chimento até a base (eixo X). São opções dos grá- lução de itens. São exemplos de gráficos de Radar:
ficos de Área: Área, Área Empilhada, Área 100% Radar, Radar com Marcadores, e Radar Preenchido.
Empilhada, Área 3D, Área 3D Empilhada, e Área
3D 100% Empilhada.

z O gráfico do tipo Mapa de Árvore é usado para mos-


trar proporcionalmente a hierarquia dos valores.
z Os gráficos de Dispersão representam duas séries
de valores em seus eixos. São opções dos gráficos
de Dispersão: Dispersão, com Linhas Suaves e Mar-
cadores, com Linhas Suaves, com Linhas Retas e
Marcadores, com Linhas Retas, Bolhas e Bolhas 3D.

z O gráfico do tipo Explosão Solar se assemelha ao


gráfico de Rosca, mas o maior valor será o primei-
ro da série de dados.
INFORMÁTICA

z Os gráficos do tipo Histograma são usados para


z O gráfico do tipo Mapa, exibe a informação de séries de valores com evolução, como idades da
acordo com cada região. Sua única opção é o Mapa população. São exemplos de gráficos do tipo Histo-
Coroplético. grama: Histograma e Pareto. 389
z O gráfico do tipo Caixa Estreita é usado para projeção de valores.

z O gráfico do tipo Cascata, exibe e destaca as variações dos valores ao longo do tempo.

z O gráfico do tipo Funil alinha os valores em ordem decrescente.

z Os gráficos do tipo Combinação permitem combinar dois tipos de gráficos para a exibição de séries de dados.
São exemplos de gráficos do tipo Combinação: Coluna Clusterizada-Linha, Coluna Clusterizada-Linha no
Eixo Secundário, Área Empilhada-Coluna Clusterizada, e a possibilidade de criação de uma Combinação
Personalizada.

CAMPOS PREDEFINIDOS

Semelhante ao Word, o Excel poderá operar com os mesmos campos. Campos são variáveis inseridas na plani-
lha de dados, que serão atualizadas segundo a necessidade.
Data e Hora, Linha de Assinatura, Cabeçalho e Rodapé, entre muitos.
Uma das principais diferenças entre o editor de textos e o editor de planilhas, é o Cabeçalho e Rodapé. Enquan-
to no editor de textos eles são únicos, no Excel estão dividido em 3 partes.

390
CONTROLE DE QUEBRAS E NUMERAÇÃO DE PÁGINAS

O Excel é mais simples em relação ao Word, quando o assunto são as Quebras.

E para habilitar esta visualização, basta ativar o item na guia Exibição.

A numeração de páginas está associada ao Cabeçalho e Rodapé.

OBTENÇÃO DE DADOS EXTERNOS

O Excel poderá trabalhar com as informações inseridas pelo usuário na planilha, e com dados provenientes
de outros locais. Disponível na guia Dados, o grupo ‘Obter Dados Externos’, apesar de figurar no edital de alguns
concursos, nunca foi questionado em provas de Noções de Informática, tanto nível médio como nível superior.
INFORMÁTICA

391
De Arquivo

De banco de dados

Do Azure

392
De serviços online

De outras fontes

CLASSIFICAÇÃO DE DADOS

A classificação de dados é uma parte importante da análise de dados.


Você pode classificar dados por texto (A a Z ou Z a A), números (dos menores para os maiores ou dos maiores
para os menores) e datas e horas (da mais antiga para a mais nova e da mais nova para a mais antiga) em uma ou
mais colunas. Você também poderá classificar por uma lista de clientes (como Grande, Médio e Pequeno) ou por
formato, incluindo a cor da célula, a cor da fonte ou o conjunto de ícones. A maioria das operações de classificação
é identificada por coluna, mas você também poderá identificar por linhas.
Disponível na guia Dados, e na guia Página Inicial, a classificação poderá ser de texto, números, datas ou horas,
INFORMÁTICA

por cor da célula, cor da fonte ou ícones, por uma lista personalizada, linhas, por mais de uma coluna ou linha, ou
por uma coluna sem afetar as demais.

393
CLASSIFICAÇÃO COMENTÁRIOS

A classificação de dados alfanuméricos poderá se ‘Classificar de A a Z’ em


Classificar texto ordem crescente, ou ‘Classificar de Z a A’ em ordem decrescente. É possível
diferenciar letras maiúsculas e minúsculas.

Quando a coluna possui números, podemos ‘Classificar do menor para o maior’


Classificar números
ou ‘Classificar do maior para o menor’

Se houver datas ou horas, podemos ‘Classificar da mais antiga para a mais nova’
Classificar datas ou horas
ou ‘Classificar da mais nova para a mais antiga’, resumindo, cronologicamente

Se você tiver formatado manual ou condicionalmente um intervalo de células ou


Classificar por cor de célula, cor de uma coluna de tabela, por cor de célula ou cor de fonte, poderá classificar por es-
fonte ou ícones sas cores. Também será possível classificar por um conjunto de ícones criados
ao aplicar uma formatação condicional

Você pode usar uma lista personalizada para classificar em uma ordem definida
Classificar por uma lista
pelo usuário. Por exemplo, uma coluna pode conter valores pelos quais você
personalizada
deseja classificar, como Alta, Média e Baixa

Na caixa de diálogo Opções de Classificação, em Orientação, clique em Classifi-


Classificar linhas
car da esquerda para a direita e, em seguida, clique em OK

Classificar por mais de uma


Na caixa de diálogo Classificar, adicione mais de um critério para ordenação
coluna ou linha

Classificar uma coluna em um


Basta selecionar a coluna desejada, e na janela de diálogo, manter o item “Con-
intervalo de células sem afetar as
tinuar com a seleção atual”
demais

CORREIO ELETRÔNICO

USO DO CORREIO ELETRÔNICO

Para utilizar o serviço de correio eletrônico, o usuário deve ter uma conta cadastrada em um serviço de e-mail.
O formato do endereço foi definido inicialmente pela RFC822, redefinida pela RFC2822, e atualizada na RFC5322.

Dica
RFC é Request for Comments, um documento de texto colaborativo que descreve os padrões de cada proto-
394 colo, linguagem e serviço para ser usado nas redes de computadores.
De forma semelhante ao endereço URL para recur- Conheça estes elementos na criação de uma nova
sos armazenados em servidores, o correio eletrônico mensagem de e-mail.
também possui o seu formato.
Vale mencionar que algumas bancas organizado-
ras apresentam o formato reduzido usuário@prove- CAMPOS DE UMA MENSAGEM DE E-MAIL
dor no enunciado das questões em vez do formato CAMPO CARACTERÍSTICAS
detalhado usuário@provedor.domínio.país. Ambos
Identifica o usuário que está en-
estão corretos.
viando a mensagem eletrônica, o
FROM (De)
remetente. É preenchido automatica-
CAMPOS DE UM ENDEREÇO DE E-MAIL – mente pelo sistema.
USUÁRIO@PROVEDOR.DOMÍNIO.PAÍS
Identifica o (primeiro) destinatário da
COMPONENTE CARACTERÍSTICAS mensagem. Poderão ser especifica-
Antes do símbolo de @, identifi- dos vários endereços de destinatá-
usuário ca um único usuário no serviço de rios neste campo, e serão separados
e-mail. TO (Para) por vírgula ou ponto-e-vírgula (segun-
do o serviço). Todos que receberem
Significa AT (lê-se ‘em’ ou ‘no’), e se- a mensagem, conhecerão os ou-
para a parte esquerda que identifica tros destinatários informados neste
@ o usuário, da parte à sua direita, que campo.
identifica o provedor do serviço de
mensagens eletrônicas. Identifica os destinatários da men-
sagem que receberão uma cópia do
Imediatamente após o símbolo de CC e-mail. CC é o acrônimo de Carbon
@, identifica a empresa ou provedor (com cópia ou Copy (cópia carbono).
Nome do que armazena o serviço de e-mail cópia carbono) Todos que receberem a mensagem,
domínio (o servidor de e-mail executa soft- conhecerão os outros destinatários
wares como o Microsoft Exchange informados neste campo.
Server, por exemplo).
Identifica os destinatários da men-
Identifica o tipo de provedor, por BCC sagem que receberão uma cópia do
exemplo, COM (comercial), .EDU (CCO – com e-mail. BCC é o acrônimo de Blind
(educacional), REC (entretenimen- cópia oculta ou Carbon Copy (cópia carbono oculta).
Categoria do to), GOV (governo), ORG (organiza- cópia carbono Todos que receberem a mensagem
domínio ção não-governamental), etc., de oculta) não conhecerão os destinatários in-
acordo com as definições de Do- formados neste campo.
mínios de Primeiro Nível (DPN) na
Internet. SUBJECT Identifica o conteúdo ou título da
(assunto) mensagem. É um campo opcional.
Informação que poderá ser omitida,
quando o serviço está registrado Anexar Arquivo: Identifica o(s) ar-
nos Estados Unidos. O país é infor- quivo(s) que estão sendo enviados
país junto com a mensagem. Existem res-
mado por duas letras, como: BR, ATTACH
Brasil, AR, Argentina, JP, Japão, CN, trições quanto ao tamanho do anexo
(anexo)
China, CO, Colômbia etc. e tipo (executáveis são bloqueados
pelos webmails). Não são enviadas
Quando o símbolo @ é usado no início, antes do pastas.
nome do usuário, identifica uma conta em rede social. O conteúdo da mensagem de e-mail,
Para o endereço URL do Instagram https://www.ins- Mensagem poderá ter uma assinatura associada
tagram.com/novaconcursos/, o nome do usuário é @ inserida no final.
novaconcursos.
As mensagens enviadas, recebidas, apagadas ou
PREPARO E ENVIO DE MENSAGENS salvas, estarão em pastas do servidor de correio ele-
trônico, nominadas como ‘caixas de mensagens’.
Ao redigir um novo e-mail, o usuário poderá preen- A pasta Caixa de Entrada contém as mensagens
cher os campos disponíveis para destinatário(s), título recebidas, lidas e não lidas.
da mensagem, entre outros. A pasta Itens Enviados contém as mensagens efe-
Para enviar a mensagem, é preciso que exista tivamente enviadas.
um destinatário informado em um dos campos de A pasta Itens Excluídos contém as mensagens
destinatários.
apagadas.
Se um destinatário informado não existir no servi-
INFORMÁTICA

A pasta Rascunho contém as mensagens salvas e


dor de e-mails do destino, a mensagem será devolvida.
não enviadas.
Se a caixa de entrada do destinatário não puder rece-
ber mais mensagens, a mensagem será devolvida. Se A pasta Caixa de Saída contém as mensagens que
o servidor de e-mails do destinatário estiver ocupado, o usuário enviou, mas que ainda não foram transfe-
a mensagem tentará ser entregue depois. ridas para o servidor de e-mails. Semelhante ao que
O e-mail pode ser enviado para vários destinatá- ocorre quando enviamos uma mensagem no app
rios, porém o remetente é somente um endereço, o WhatsApp, mas estamos sem conexão com a Internet.
endereço do usuário que enviou a mensagem de cor- A mensagem permanece com um ícone de relógio,
reio eletrônico. enquanto não for enviada. 395
Dica No e-mail enviado como texto sem formatação,
não é possível inserir imagens ou elementos gráficos
Quando estamos conectados em uma conexão no corpo da mensagem. Para enviar imagens em uma
de Internet do tipo banda larga, a velocidade de mensagem que está como texto sem formatação, ape-
acesso é tão rápida que nem vemos a mensa- nas se anexar o arquivo da imagem no e-mail.
gem passar pela Caixa de Saída. Porém, ao clicar Quando o e-mail é enviado como texto formatado
em Enviar, a mensagem vai primeiro para a Caixa (HTML), uma imagem poderá ser enviada como anexo
de Saída, e depois de enviada, é armazenada na ou inserida dentro do corpo do e-mail.
pasta de Itens Enviados.

Lixo Eletrônico ou SPAM é um local para onde são


direcionadas as mensagens sinalizadas como lixo.
Spam é o termo usado para referir-se aos e-mails INTERNET
não solicitados, que geralmente são enviados para
um grande número de pessoas. Quando o conteúdo NAVEGAÇÃO, CONCEITOS DE URL, LINKS E SITES
é exclusivamente comercial, esse tipo de mensagem
é chamado de UCE (do inglês Unsolicited Commercial Ferramentas e Aplicativos Comerciais de Navegação
E-mail – e-mail comercial não solicitado). Estas men-
sagens são marcadas pelo filtro AntiSpam, que pro- As informações armazenadas em servidores web
curam identificar mensagens enviadas para muitos são arquivos (recursos) identificados por um endere-
destinatários ou com conteúdo publicitário irrelevan- ço padronizado e único (endereço URL), exibidas em
te para o usuário. um browser ou navegador de Internet.
Eles são usados nas redes internas, pois a Intranet
ANEXAÇÃO DE ARQUIVOS utiliza os mesmos protocolos, linguagens e serviços da
Internet.
Os anexos são arquivos enviados com as mensa- Confira, a seguir, os principais navegadores de
gens de correio eletrônico. Vale lembrar que não é Internet disponíveis no mercado.
possível enviar uma pasta de arquivos.
Cada serviço de e-mail possui um limite para o NAVEGADOR DESENVOLVEDOR CARACTERÍSTICAS
tamanho máximo dos anexos. Quando o usuário pre- Edge
cisar transferir arquivos muito grandes, pode utili- Navegador padrão do
zar algum serviço de armazenamento de dados na Windows 10, que substi-
Microsoft
nuvem, como o Google Drive, o Microsoft OneDrive, ou tuiu o Microsoft Internet
Explorer
o WeTransfer (site para envio de arquivos com tama-
nho de até 2 GB).
Internet Navegador padrão do
Para enviar muitos arquivos como anexo, é possí-
Explorer Windows 7, um dos
vel compactar os arquivos em uma pasta compactada. mais questionados em
A pasta compactada é um recurso do sistema ope- Microsoft
concursos públicos, por
racional Windows, para criação de um arquivo com ser integrante do siste-
extensão ZIP, que pode conter arquivos e pastas. Ao ma operacional
compactar arquivos, o tamanho de cada item costu- Firefox
ma reduzir, e o arquivo ZIP, compatível com o sistema Software livre e multi-
operacional Windows, poderá ser anexado de uma plataforma que é leve,
Mozilla
intuitivo e altamente
vez, sem precisar repetir o procedimento arquivo por
expansível
arquivo.
Além da opção Anexar Arquivo, o cliente de e-mail Chrome
oferece o recurso Anexar Item. Com o Anexar Item, o Um dos mais populares
usuário poderá adicionar outra mensagem de e-mail navegadores do merca-
Google
que recebeu, cartões de visita, anexar contatos, com- do, multiplataforma e
de fácil utilização
promissos do calendário de reuniões etc.

Safari Desenvolvido original-


mente para aparelhos
da Apple, atualmente
Apple
está disponível para
Anexar Anexar Assinatura Atribuir outros sistemas
Arquivo Item ▾ Política operacionais
Cartão de visita Opera
Navegador leve com
Calendário... proteções extras contra
Opera
rastreamento e minera-
Item do Outlook ção de moedas virtuais

Anexar Item permite a inserção de elementos do correio eletrônico.


Na Internet, as informações (dados) são arma-
Anexar arquivos significa que o arquivo será zenadas em arquivos nos servidores de Internet. Os
enviado junto com a mensagem de e-mail. O correio servidores são computadores, que utilizam pastas
eletrônico pode ter o conteúdo da mensagem formata- ou diretórios para o armazenamento de arquivos.
396 do (padrão HTML) ou texto sem formatação. Ao acessarmos uma informação na Internet, estamos
acessando um arquivo. Aqui, cabe-nos alguns ques- “Domínio” é o nome da máquina, o nome do site.
tionamentos: como é a identificação desse arquivo? “:” e “porta”, indica qual, entre as 65536 portas TCP
Como acessamos essas informações? Isso ocorre atra- será usada na transferência.
vés de um endereço URL. O endereço URL (Uniform “Caminho” indica as pastas no servidor, que é um
Resource Locator) que define o endereço de um recur- computador com muitos arquivos em pastas.
so na rede. Na sua tradução literal, é Localizador Uni- “Recurso” é o nome do arquivo que está sendo
forme de Recursos, e possui a seguinte sintaxe: acessado.
“?” é para transferir um parâmetro de pesquisa,
protocolo://máquina/caminho/recurso usado especialmente em sites seguros.
“#” é para especificar qual é a localização da infor-
“Protocolo” é a especificação do padrão de comuni- mação dentro do recurso acessado (marcas)
cação que será usado na transferência de dados. Pode- Exemplo: https://outlook.live.com:5012/owa/hotm
rá ser http (Hyper Text Transfer Protocol – protocolo ail?path=/mail/inbox#open
de transferência de hipertexto), ou https (Hyper Text esquema: https://
Transfer Protocol Secure – protocolo seguro de transfe- domínio: outlook.live.com
rência de hipertexto), ou ftp (File Transfer Protocolo – porta: 5012
protocolo de transferência de arquivos), entre outros. caminho: /owa/
“://” faz parte do endereço URL, para identificar recurso: hotmail
que é um endereço na rede, e não um endereço local querystring: path=/mail/inbox
como “/” no Linux ou ‘:\’ no Windows. fragmento: open
“Máquina” é o nome do servidor que armazena a
informação que desejamos acessar. Quando o usuário digita um endereço URL no seu
“Caminho” são as pastas e diretórios onde o arqui- navegador, um servidor DNS (Domain Name Server –
vo está armazenado. servidor de nomes de domínios) será contactado para
“Recurso” é o nome do arquivo que desejamos traduzir o endereço URL em número de IP. A infor-
acessar. mação será localizada e transferida para o navegador
que solicitou o recurso.
Vamos conferir os endereços URL a seguir e suas
características.

ENDEREÇO
CARACTERÍSTICAS Servidor DNS
URL FICTÍCIO
Usando o protocolo http, acessare-
mos o servidor abc, que é comercial Internet
Endereço URL
(.com), no Brasil (.br). Acessaremos a Usuário
divisão multimídia (www) com arqui- Os endereços URL’s são reconhecíveis pelos usuários, mas os dados
http://www. são armazenados em servidores web com números de IP. O servidor
vos textuais, vídeos, áudios e imagens.
abc.com.br/ DNS traduz um URL em número de IP, permitindo a navegação na
O recurso acessado é o index.html,
Internet.
entendido automaticamente pelo na-
vegador, por não ter nenhuma especi-
Conceitos e Funções Válidas para Todos os
ficação de recurso no fim.
Navegadores
Usando o protocolo https, acessare-
mos o servidor abc, que é comercial z Modo normal de navegação: as informações serão
https://mail.
(.com) e pode estar registrado nos registradas e mantidas pelo navegador. Histórico
abc.com/caixa
Estados Unidos. Acessaremos o dire- de Navegação, Cookies, Arquivos Temporários,
s/inbox/
tório caixas, subdiretório inbox. Aces- Formulários, Favoritos e Downloads;
saremos o serviço mail no servidor.
Usando o protocolo de transferência
de arquivos ftp, acessaremos o servi-
ftp://ftp.abc.g
dor ftp da instituição governamental
ov.br/edital.pdf
(gov) brasileira (br) chamada abc, que
disponibiliza o recurso edital.pdf.
z Modo de navegação anônima: as informações de
Outra forma de analisar um endereço URL é na navegação serão apagadas quando a janela for
sua sintaxe expandida. Quando navegamos em sites fechada. Apenas os Favoritos e Downloads serão
na Internet, nos deparamos com aquelas combinações mantidos;
de símbolos que não parecem legíveis. No entanto,
INFORMÁTICA

como tudo na Internet está padronizado, vamos ver as


partes de um endereço URL “completão”.
Confira:

esquema://domínio:porta/caminho/recurso?
querystring#fragmento
z Dados de formulários: informações preenchidas
Onde “esquema” é o protocolo que será usado na em campos de formulários nos sites de Internet;
transferência.
397
z Favoritos: endereços URL salvos pelo usuário para acesso posterior. Os sites preferidos do usuário poderão ser
exportados do navegador atual e importados em outro navegador de Internet;
z Downloads: arquivos transferidos de um servidor remoto para o computador local. Os gerenciadores de down-
loads permitem pausar uma transferência ou buscar outras fontes caso o arquivo não esteja mais disponível;
z Uploads: arquivos enviados do computador local para um servidor remoto;
z Histórico de navegação: são os endereços URL acessados pelo navegador em modo normal de navegação;
z Cache ou arquivos temporários: cópia local dos arquivos acessados durante a navegação;
z Pop-up: janela exibida durante a navegação para funcionalidades adicionais ou propaganda;
z Atualizar página – acessar as informações armazenadas na cópia local (cache);
z Recarregar página: acessar novamente as informações no servidor, ignorando as informações armazenadas
nos arquivos temporários;
z Formato PDF: os arquivos disponíveis na Internet no formato PDF podem ser visualizados diretamente no
navegador de Internet, sem a necessidade de programas adicionais.

Links e Sites

Link e elemento de hipermídia formado por um trecho de texto em destaque ou por um elemento gráfico que,
ao ser acionado ( geralmente mediante um clique de mouse), provoca a exibição de novo hiperdocumento.
Já o site corresponde ao local na Internet identificado por um nome de domínio, constituído por uma ou mais
páginas de hipertexto, que podem conter textos, gráficos e informações em multimídia.

Recursos de Sites, Combinados com os Navegadores de Internet

z Cookies: arquivos de texto transferidos do servidor para o navegador com informações sobre as preferências
do usuário. Eles não são vírus de computador, pois códigos maliciosos não podem infectar arquivos de texto
sem formatação;
z Feeds RSS: quando o site oferece o recurso RSS, o navegador receberá atualizações para a página assinada pelo
usuário. O RSS é muito usado entre sites para troca de conteúdo;
z Certificado digital: os navegadores podem utilizar chaves de criptografia com mais de 1024 bits, ou seja, aceitam
certificados digitais para validação de conexões e transferências com criptografia e segurança;
z Corretor ortográfico: permite a correção dos textos digitados em campos de formulários a partir de dicionários
on-line disponibilizados pelos desenvolvedores dos navegadores.

Atalhos de Teclado

z Para acessar a barra de endereços do navegador: F4 ou Ctrl+E. No Google Chrome: é F6;


z Para abrir uma nova janela: Ctrl+N;
z Para abrir uma nova janela anônima: Ctrl+Shift+N. No Mozilla Firefox é Ctrl+Shift+P;
z Para fechar uma janela: Alt+F4;
z Para abrir uma nova guia: Ctrl+T;
z Para fechar uma guia: Ctrl+F4 ou Ctrl+W;
z Para reabrir uma guia fechada: Ctrl+ Shift+T;
z Para aumentar o zoom: Ctrl + = (igual);
z Para reduzir o zoom: Ctrl + - (menos);
z Definir zoom em 100%: Ctrl+0 (zero);
z Para acessar a página inicial do navegador: Alt+ Home;
z Para visualizar os downloads em andamento ou concluídos: Ctrl+J;
z Localizar um texto no conteúdo textual da página: Ctrl+F;
z Atualizar a página: F5;
z Recarregar a página: Ctrl+F5.

Nos navegadores de Internet, os links poderão ser abertos de 4 (quatro) formas diferentes.

z Clique: abre o link na guia atual;


z Clique + CTRL: abre o link em uma nova guia;
z Clique + SHIFT: abre o link em uma nova janela;
z Clique + ALT: faz download do arquivo indicado pelo link.

BUSCA

Na Internet, os sites (sítios) de busca e pesquisa têm, como finalidade, apresentar os resultados de endereços
URLs com as informações solicitadas pelo usuário.
Google Buscas, da empresa Google, e Microsoft Bing, da Microsoft, são os dois principais sites de pesquisa da
atualidade. No passado, sites como Cadê, Aonde, Altavista e Yahoo também contribuíram para a acessibilidade das
informações existentes na Internet, indexando em diretórios os conteúdos disponíveis.
Os sites de pesquisas foram incorporados aos navegadores de Internet e, na configuração dos browsers, temos
a opção “Mecanismo de pesquisa”, que permite a busca dos termos digitados diretamente na barra de endereços
do cliente web. Essa funcionalidade transforma a nossa barra de endereços em uma omnibox (caixa de pesquisa
inteligente), que preenche com os termos pesquisados anteriormente e oferece sugestões de termos para comple-
398 tar a pesquisa.
O Microsoft Edge tem o Microsoft Bing como buscador padrão. O Mozilla Firefox e o Google Chrome têm o
Google Buscas como buscador padrão. As configurações podem ser personalizadas pelo usuário.
Os sites de pesquisas incorporam recursos para operações cotidianas, como pesquisa por textos, imagens,
notícias, mapas, produtos para comprar em lojas on-line, efetua cálculos matemáticos, traduz textos de um idioma
para outro, entre inúmeras funcionalidades, ignoram pontuação, acentuação e não diferenciam letras maiúsculas
de letras minúsculas, mesmo que sejam digitadas entre aspas.
Além de todas essas características, os sites de pesquisa permitem o uso de caracteres especiais (símbolos)
para refinar os resultados e comandos para selecionar o tipo de resultado da pesquisa. Nos concursos públicos,
esses são os itens mais questionados.
Ao contrário de muitos outros tópicos dos editais de concursos públicos, essa parte você consegue praticar até
no seu smartphone. Comece a usar os símbolos e comandos nas suas pesquisas na Internet e visualize os resulta-
dos obtidos.

SÍMBOLO USO EXEMPLO


Pesquisa exata, na mesma ordem que forem digitados os
Aspas duplas “Nova Concursos”
termos
Menos ou traço Excluir termo da pesquisa concursos –militares
Til (acento) Pesquisar sinônimos concursos ~públicos
Substituir termos na pesquisa, para pesquisar “inscrições en-
Asterisco inscrições *
cerradas”, e “inscrições abertas”, e “inscrições suspensas” etc
Cifrão Pesquisar por preço celulares $1000
Dois pontos Intervalo de datas ou preço campeão 1980..1990
Arroba Pesquisar em redes sociais @Instagram novaconcursos
Hashtags Pesquisar nas marcações de postagens #informática

COMANDO USO EXEMPLO


site: Resultados de apenas um site livro site:www.uol.com.br
filetype: Somente um tipo de arquivo apostila filetype:pdf
define: Definição de um termo define:smtp
intitle: No título da página intitle:concursos
inurl: No endereço URL da página inurl:nova
time: Pesquisa o horário em determinado local time:japan
related: Sites relacionados related:uol.com.br
cache: Versão anterior do site cache:uol.com.br
link: Páginas que contenham link para outras link: novaconcursos
location: Informações de um determinado local location:méxico terremoto

Os comandos são seguidos de dois pontos e não possuem espaço com a informação digitada na pesquisa.
O site de pesquisas Google também oferece respostas para pedidos de buscas. O site Microsoft Bing oferece
mecanismos similares.
As possibilidades são quase infinitas, pois os assistentes digitais (Alexa, Google Assistent, Siri, Cortana) permi-
tem a pesquisa por voz. Veja alguns exemplos de pedidos de buscas nos sites de pesquisas.

PEDIDO USO EXEMPLO


traduzir ... para ... Google Tradutor traduzir maçã para japonês
lista telefônica:número Páginas com o telefone Lista telefônica:99999-9999
código da ação Cotação da bolsa de valores GOOG
clima localidade Previsão do tempo clima são paulo
código do voo Status de um voo (viagens) ba247
INFORMÁTICA

Os resultados apresentados pelas pesquisas do site são filtrados pelo SafeSearch. O recurso procura filtrar os
resultados com conteúdo adulto, evitando a sua exibição. Quando desativado, os resultados de conteúdo adulto
serão exibidos normalmente.
No Microsoft Bing, na página do buscador www.bing.com, acesse o menu no canto superior direito e escolha
o item Pesquisa Segura.
No Google, na página do site do buscador www.google.com, acesse o menu Configurações no canto inferior
direito e escolha o item Configurações de Pesquisa.
399
IMPRESSÃO DE PÁGINAS Voltado para o mercado corporativo e educacional,
assim como o Google Meet, teve suas funcionalidades
Além da funcionalidade apresentada pelo Win- liberadas por um período para todos os usuários,
dows a partir do atalho Ctrl + P para imprimir, os devido à pandemia de COVID-19 no ano de 2020.
navegadores mais comuns também apresentam suas Atualmente (agosto/2021) existem duas versões
próprias opções quanto a essa função. Vejamos: disponíveis. O Microsoft Teams para uso pessoal, dis-
ponível para qualquer pessoa que tenha uma conta
z Google Chrome: acesse o ícone de reticências para Microsoft (Hotmail, Live, xBox), e a versão corporativa
mais opções. Em seguida, toque em “Imprimir”; integrante do pacote Office 365 “empresarial”.
z Mozilla Firefox: toque no ícone de menu para Na versão pessoal, o OneDrive é usado para arma-
acessar opções adicionais. Feito isso, toque em zenar arquivos compartilhados. Na versão empresa-
“Imprimir” rial o SharePoint é usado para compartilhar arquivos
z Microsoft Edge: clique no ícone de reticências com a equipe (dentro do domínio da empresa) e o
OneDrive para compartilhar com usuários de fora da
para visualizar mais funções. Então, clique em
equipe, na Internet. A versão gratuita não possui o
“Imprimir”;
recurso Microsoft SharePoint, mas o usuário poderá
z Opera: pressione o comando “Crtl + P” para visua- compartilhar arquivos pelo Microsoft OneDrive.
lizar o layout de impressão ou pressione o coman- Com o Teams, você pode conversar por meio de
do “Ctrl + Shift + P” para imprimir sem visualizar texto, realizar videoconferências (com webcam) e
o layout; trocar arquivos. Você pode utilizá-lo via navegador
z Safari: na barra de menu superior do Safari, toque de Internet ou instalar o app no smartphone e ter os
em “Arquivo”. Depois basta clicar em “Imprimir” mesmos recursos de conversação e troca de arquivos.
para visualizar o layout de impressão. Outras funcionalidades incluem:

z Editar arquivos com segurança ao mesmo tempo;


z Ver curtidas, @menções e respostas com apenas
MS TEAMS um toque;
z Personalizá-lo adicionando anotações, sites e
CHATS, CHAMADAS DE ÁUDIO E VÍDEO, CRIAÇÃO aplicativos.
DE GRUPOS
Se o colaborador não tem o Office 365 em seu com-
Os comunicadores instantâneos dos anos 90 e 2000 putador, poderá instalar a partir do e-mail corporati-
evoluíram. Certamente alguns usaram o ICQ nos anos vo/educacional. Acesse o seu webmail (da instituição)
90 e outros usaram o MSN Messenger nos anos 2000. com o e-mail corporativo e senha. No canto superior
Substituindo o MSN Messenger, a Microsoft lan- esquerdo, acesse Office 365. Faça o download e instala-
çou o Skype (na verdade, comprou de outra empresa ção do Office 365. No primeiro acesso, informe o login
desenvolvedora). Com ele, o usuário poderia realizar e senha do e-mail corporativo.
conversas por chat e até ligações de áudio/videocon-
ferências entre os usuários do programa. Se com- TRABALHO EM EQUIPE: WORD, EXCEL,
prassem créditos de telefonia, poderia ligar para um POWERPOINT, SHAREPOINT E ONENOTE
telefone fixo convencional.
Para o mercado corporativo, a Microsoft desen- Com um grupo no Teams, a mensagem será envia-
volveu o software de comunicação Lync. O Lync, inte- da para todos os participantes e todos poderão intera-
grante das versões corporativas do Office se tornou o gir com todos (semelhante a um grupo de WhatsApp).
Lync for Business. E o Skype virou Skype for Business, Você poderá realizar o chat com apenas um outro
para pequenos negócios. colaborador ou criar um grupo com vários contatos
Nos últimos anos, com a redução do portifólio de para realizar uma reunião por texto via Teams.
produtos, ela reuniu as funcionalidades do Skype for Para montar um grupo de conversa no Teams, siga
Desktop, do Skype for Business e do Microsoft Lync for os passos descritos a seguir.
Business em uma nova ferramenta de colaboração. Em chat, clique em novo chat:
Com o Microsoft Teams, é possível realizar conver-
sas por chat, por áudio, por vídeo, compartilhar arqui-
vos e recursos, entre várias funcionalidades.

Adicione os participantes do grupo no campo


disponível:
Componente do Microsoft 365 (Office 365) edições
corporativas, o Microsoft Teams possui recursos para
conversação por texto (Chat), chamadas de áudio,
chamadas de vídeo, videoconferências, organização
em equipes, armazenamento das gravações no Micro-
soft Stream/SharePoint e arquivos no OneDrive, entre
400 outros recursos.
Clique na seta no canto direito, e defina um nome para o seu grupo:

Depois que o grupo estiver montado, você poderá adicionar participantes. Clique no canto superior direito e
adicione os novos participantes da conversa:

Quando um novo participante é adicionado ao grupo, você poderá:

z Não incluir o histórico de chats (igual ao WhatsApp, a pessoa não saberá o que foi conversado antes de seu
ingresso no grupo);
z Incluir histórico do número de dias anteriores: define a quantidade de dias das conversas do grupo, que o
novo participante terá acesso;
z Incluir todo o histórico de chats (igual ao Telegram, quem for adicionado no grupo saberá tudo que foi conver-
sado desde o início).

Para excluir participantes do grupo, abra a lista e clique no “X” à frente do nome:

INFORMÁTICA

401
Conversas e grupos importantes poderão ser fixados, mantidos no topo da listagem. Clique em Opções e mar-
que fixar:

Para Enviar Arquivos para outros Colaboradores da Equipe (usando Microsoft Teams)

z Inicie a conversa com o destinatário no Microsoft Teams;


z Caso não tenha realizado contato prévio, pesquise na parte superior pelo nome da pessoa no diretório de con-
tatos. Digite parte do nome e procure na lista suspensa;
z Clique no “clipe” de arquivo anexo e envie;
z Apenas arquivos poderão ser enviados;
z Os arquivos serão armazenados no espaço de armazenamento SharePoint/OneDrive.

Para Enviar Arquivos para Outras Pessoas (Usando Microsoft OneDrive)

z Localize o arquivo ou pasta que deseja enviar;


z Clique com o botão direito e escolha Compartilhar (Share);
z Define se o item será somente leitura (apenas exibição) ou se o destinatário poderá alterar o arquivo (permitir
edição);
402 z Defina o destinatário (endereço de e-mail da instituição ou externo) e compartilhe.
Compartilhar

Novo Chat Recebido

Chamada de vídeo Perfil Chamada de áudio

Compartilhamento de tela
Adicionar participantes ao chat

Abrir em nova janela popup

Ao receber um chat ou chamada de alguém que não tenha conversado anteriormente, será apresentada a tela
de boas-vindas em que você poderá visualizar a mensagem, e então aceitar ou bloquear.
Na conversa, é possível realizar chamada de áudio, chamada de vídeo, compartilhar a tela de algum programa
aberto ou de todo o dispositivo, adicionar novos participantes ao chat ou exibir a conversa em nova janela.

Chat Coletivo (Reunião no Teams)

Quando o anfitrião cria uma reunião e adiciona os participantes, o chat se torna uma reunião. Assim como em
outros locais, é possível trocar mensagens de texto, compartilhar arquivos, imagens, adicionar novos participan-
tes e compartilhar o link para acesso externo.
Ao iniciarmos a nossa participação no chat, é possível definir como ela será (somente texto, com áudio, com
vídeo). Ao clicar no botão Entrar, a janela de acesso ao chat/reunião será exibida.
INFORMÁTICA

403
Arquivos da conversa
Mensagens de texto e avisos
Imagens da conversa

Participantes

Link do chat

Quando o anfitrião cria uma reunião e adiciona os participantes, o chat se torna uma reunião. Assim como em
outros locais, é possível trocar mensagens de texto, compartilhar arquivos, imagens, adicionar novos participan-
tes e compartilhar o link para acesso externo.
Ao iniciarmos a nossa participação no chat, é possível definir como ela será (somente texto, com áudio, com
vídeo). Ao clicar no botão Entrar, a janela de acesso ao chat/reunião será exibida.

Vídeo ativado

Áudio ativado

Desfoque do plano de fundo

Ajustes do dispositivo

Estas configurações poderão ser ajustadas durante a reunião, acessando o item “Mais opções” ou “Mais ações”
(reticências na barra de ferramentas da reunião) e “Configurações do dispositivo”.

Chamadas de Áudio

Durante uma chamada de áudio, após as definições das configurações na tela inicial, serão apresentados novos
controles, para deixar mudo o seu microfone e encerrar a chamada (Sair).
A chamada de áudio é realizada utilizando a tecnologia VoIP (Voice over Internet Protocol), sem qualquer cus-
to adicional para quem realiza a ligação. As ligações de áudio são realizadas entre os usuários da organização, ou
para externos se eles possuem o Microsoft Teams.
Para iniciar um chat, clique no ícone “Chamada de áudio” (atalho de teclado Ctrl+Shift+C) e aguarde o usuário
atender sua ligação.

404
Importante!
É possível realizar chamadas telefônicas para números externos por meio do Microsoft Teams. Para tanto, o
usuário precisará ter um pacote de minutos de telefonia contratado junto à Microsoft. O recurso de discagem
está disponível em “Configurações e mais ações”, ao lado do seu nome de usuário.

As chamadas de vídeo apresentam outros recursos, como compartilhamento de tela por exemplo, em que o
usuário pode compartilhar com outro aquilo que está sendo visualizado na tela escolhida por ele.

Ativar vídeo (e fazer uma chamada de


áudio se tornar uma videoconferência)
Ativar mudo (Ctrl+Shift+m)

Mostrar conversa Mais ações

Chamadas de Vídeo

Durante uma chamada de vídeo, feitas as definições das configurações na tela inicial, serão apresentados
novos controles na janela, que permitem:

Mostrar participantes Vídeo ativo

Mostrar conversa Ativar mudo (Ctrl_Shift+m)

Tempo decorrido

Compartilhar conteúdo (Ctrl+Shift+E


Levantar a mão (Ctrl+Shift+k)
E outros emoticons
Mais opções
INFORMÁTICA

Em “Mais opções” ou “Mais ações” iremos encontrar:

z Configurações de dispositivo: para ajustes de áudio e vídeo em seu hardware;


z Opções de reunião: operação do lobby e quem pode apresentar (aquelas definições realizadas na criação do
evento no Calendário – confira em detalhes no subitem Agendamento de reuniões e gravação);
z Informações sobre a reunião: link de ingresso;
z Galeria: para exibição da imagem no painel de visualização;
z Galeria grande: para exibição de muitas miniaturas de participantes;
405
z Modo conferência: para exibição do apresentador em tela;
z Foco: ocultar as “distrações” que seriam os controles e elementos da janela de reunião;
z Tela Inteira: exibição em tela inteira;
z Aplicar efeitos de tela de fundo: permite desfocar ou simular uma imagem no fundo da tela de transmissão.
Ideal para não distrair os demais participantes com elementos existentes em seu ambiente de transmissão.
Simula o uso de “chroma key” ou fundo verde;
z Desativar vídeo de entrada: a sua imagem não será mostrada na reunião, apenas o seu avatar de usuário (foto
ou ícone);
z Ativar legendas: quando habilitado, a inteligência artificial procura transcrever as falas dos participantes em
legendas. Disponível para alguns idiomas (julho/2021);
z Iniciar gravação: para gravar a transmissão e disponibilizar posteriormente no OneDrive ou SharePoint (veja
detalhes no item Agendamento de reuniões e gravação);
z Transcrição inicial: disponível para idioma em inglês (julho/2021);
z Não exibir balões do chat: quando alguém envia uma mensagem durante a transmissão, é exibido um balão do
chat caso não esteja com a conversa (de texto) aberta. Nesta opção, você desativa estas notificações;
z Teclado de discagem: quando disponível, é possível realizar chamadas telefônicas para números de telefones
fixos ou móveis.

Utilizando-se do botão Sair, quando for o anfitrião, o usuário poderá sair da reunião (e ela seguirá com os
outros participantes e anfitriões) ou Encerrar a reunião, desconectando todos.

Os aplicativos do Microsoft Office 365 estão disponíveis no Microsoft Teams, para compartilhamento de con-
teúdo e funções adicionais.
Na conversa, seja chat ou reunião, acesse a guia Arquivos. Ao clicar no botão Novo (New), é possível criar
arquivos do Word (documento de texto), Excel (planilha de cálculos) ou PowerPoint (Apresentação de slides).
A edição será pelo Microsoft 365 (versão online) ou então pelo aplicativo Office correspondente da área de tra-
balho se o mesmo se encontrar instalado no dispositivo.
O carregamento do arquivo, se este se encontrar no PC, poderá ser feito por meio da opção Enviar (Upload).
Você pode arrastar e soltar os arquivos que estiverem sendo exibidos em uma janela do Explorador de Arquivos.
Arquivos vazios (tamanho 0 KB) não podem ser compartilhados.
“Obter link” pode ser utilizado para compartilhar o item com outros usuários: será criado um link de acesso ao
arquivo que será armazenado no OneDrive ou SharePoint.

Coeditando um Arquivo

Os arquivos que foram carregados no Microsoft Teams e compartilhados com a equipe, podem ser acessados
e editados simultaneamente.

406
Para fazer isso, basta abrir o arquivo e iniciar a edição, que as alterações serão mescladas. Cada usuário faz a
sua parte e o Microsoft Teams/Office se encarrega de manter todos atualizados.
Apenas pessoas da organização com o link de acesso, podem exibir e editar. Usuários externos podem apenas
visualizar. Ao compartilhar um documento, planilha ou apresentação, informe o endereço do e-mail do usuário,
uma mensagem (opcional) e envie. É possível apenas copiar o link do compartilhamento e enviar por outros
canais, como o chat do Teams ou conversa no WhatsApp.
Se o arquivo não ultrapassar 25MB de tamanho, poderá ser enviado como anexo por e-mail. Se for maior,
permanecerá no OneDrive e um link é enviado para o convidado. O convidado precisará usar a versão desktop do
Office instalada no seu computador para acessar o arquivo.

Digite uma nova mensagem

Novo(a) Documento do Microsoft Word.d...


Qualquer pessoa com o link pode editar

A coautoria só é suportada em formatos de arquivo modernos, incluindo: .docx (Word ), .pptx (PowerPoint ) e
.xlsx (Excel ).
Os aplicativos que aceitam a coautoria são o Word e PowerPoint em suas versões mais recentes (Office 2010 ou
superior). O Microsoft Excel app móvel e a versão mais recente do Excel do Microsoft 365 também aceitam coautoria.

O Microsoft PowerPoint, dentro do Microsoft Teams, compartilhado para coautoria com outros editores, apre-
senta controle de versões “avançado” em relação aos outros programas.
INFORMÁTICA

A apresentação é aberta pelo Microsoft Teams no navegador de Internet, podendo ser editada localmente 407
Após ter sido compartilhada com outros editores,
via OneDrive ou SharePoint, eles poderão editar o con-
Organização
teúdo da apresentação de slides. Pública
Híbrida
Durante a edição, será mostrada na parte superior
da Faixa de Opções do PowerPoint os avatares dos Privada
usuários que estão editando a apresentação simulta-
Organização X
neamente. Um balão colorido com o nome do usuário
poderá acompanhar o que cada um está fazendo nos
slides da apresentação. Ative esta funcionalidade em Organização Y
Comunitária
Arquivo > Opções > Avançado > Exibir > Mostrar sina-
lizadores de presença para itens selecionados.
Organização Z

Recursos gerais disponíveis no SharePoint:

Enquanto você estava ausente z Notícias: agrupamento de fontes de notícias em


um painel (dashboard) resumido. O administrador
Diogo fez alterações. da empresa pode escolher as fontes de notícias;
z Sites frequentes: sites visitados frequentemente;
z Sites sugeridos: sites semelhantes aos sites que já
visitou;
Como proprietário da apresentação comparti- z Sites seguidos: sites que o usuário acompanha
lhada, você será notificado das alterações realizadas atualizações (semelhante ao recurso RSS de sites
quando você não estava online. na Internet);
Se o controle de alterações estiver ativado, cada z Sites salvos para posterior: sites guardados para
modificação será sinalizada para ser aprovada ou leitura posterior;
rejeitada pelo dono do arquivo. Esse recurso funcio- z Links em destaque: sites que a empresa quer des-
na em documentos compartilhados armazenados no tacar e avisar os colaboradores.
OneDrive e no SharePoint.
O Histórico de Versões estará disponível para os A Biblioteca de Documentos é o local de armaze-
itens, bastando clicar no nome do arquivo na barra namento de arquivos do SharePoint, que poderá ser
de título do aplicativo. E caso existam alterações con- acessada por outros usuários da instituição.
flitantes, que alteram a apresentação, ao Salvar, será Compartilhar um documento é gerar um link para
oferecida a comparação entre elas. acesso de outros usuários aos recursos armazenados.
O SharePoint compartilha apenas com usuários da
mesma instituição.
Sincronizar arquivos com o computador é possí-
vel. Os dados armazenados no SharePoint estão em
servidores da Microsoft, em nuvens híbridas distri-
buídas em toda a Internet. O usuário poderá manter
uma cópia de todos os seus arquivos em seu disco rígi-
do local. Ele deverá instalar o OneDrive e configurar
com o login e senha que usa na instituição.
Enquanto a versão doméstica do Office 365 oferece
o Microsoft Sway para a criação de sites, nas versões
corporativas a criação de sites é realizada pelo Sha-
rePoint. O site poderá ser compartilhado com outros
Microsoft SharePoint usuários da instituição e com usuários externos, des-
de que as permissões de acesso da assinatura Office da
O armazenamento de arquivos na nuvem por empresa permitam.
usuários “comuns” é realizado pelo Microsoft OneDri- As páginas web desenvolvidas com o SharePoint
ve. Nas edições corporativas e estudantis, é pelo Sha- utilizam o conceito de Web Parts, para que sejam
rePoint (além do OneDrive). sites responsivos. Um site responsivo é aquele que
Nas edições corporativas e estudantis, o OneDrive se adapta às diferentes telas. As Web Parts modernas
é usado para arquivos em geral que serão comparti- são projetadas para serem mais fáceis de usar, serem
lhados com outros usuários externos, e o SharePoint é mais rápidas e ter uma ótima aparência. Com web
usado para arquivos compartilhados com os membros parts modernas, não é necessário empregar nenhum
da equipe (que devem pertencer à mesma instituição). código. É importante observar que, por motivos de
Ele não está disponível na edição Office 365 doméstica. segurança, as Web Parts modernas não permitem a
OneDrive é voltado para o compartilhamento de inserção de código como JScript.
arquivos via Internet, enquanto o SharePoint é vol- Todas as informações armazenadas no SharePoint
tado para o compartilhamento de arquivos via Intra- poderão ser editadas, compartilhadas e acompanhadas.
net (e Internet). O SharePoint utiliza de tecnologia de Acompanhar significa que as alterações ou atuali-
nuvem híbrida, para permitir este compartilhamento zações do arquivo serão notificadas para quem pediu
408 em todas as redes. o acompanhamento. E também é possível definir
Alertas, que são notificações sobre alterações e exclusões específicas em um item. Você pode especificar se preten-
de receber os alertas por e-mail ou por mensagem de texto, e com que frequência.

Microsoft OneNote

Bloco de anotações de Fernando Nishimura


Atualizações Teams
Anotações Rápidas Atualizações domingo, 1 de agosto de 2021 14:38

Financeira TJSP pós-edital


Atualizar material TJSP
Manutenção Banco do Brasil

Infraestrutura Aula Teams QUI 19h

Adicionar seção Adicionar página

O Microsoft OneNote é um sistema de compartilhamento de mensagens (páginas) do usuário, que são anota-
ções com textos formatados. São lembretes, que via Microsoft Teams poderão ser compartilhados com a equipe
para a realização de tarefas sincronizadas.
Nos lembretes podemos adicionar:

z Marcas: sinalizadores que definem o tipo de anotação realizada, como Tarefa, Contato, Crítico, Ideia, Senha
etc.;
z Feed: histórico de anotações realizadas no OneNote;
z Nova página: nova anotação;
z Nova seção: nova seção, ou divisão, ou grupo, para separação das anotações;
z Inserir Impressão do Arquivo: adicionar na nota um arquivo PDF ou documento de impressora;
z Áudio: adicionar áudio na anotação;
z Matemática: desenho de fórmulas matemáticas na tela, que poderão ser convertidas em fórmulas como se
tivessem sido digitadas;
z Cor da página: cor da anotação;
z Mostrar autores: visualizar os autores das anotações que aparecem em seu Bloco de Anotações.

O arquivo do OneNote é um “Bloco de Anotações”, as divisões do arquivo são as “Seções” e o conteúdo ou ano-
tações são as “Páginas”.
As páginas com anotações são gravadas na conta Microsoft (OneDrive) e compartilhada com os dispositivos
que estão com o aplicativo OneNote e a mesma conta de acesso.
Os demais recursos são semelhantes aos encontrados no Word, Excel e PowerPoint.

AGENDAMENTO DE REUNIÕES E GRAVAÇÃO

A reunião pode ser definida como uma comunicação entre duas ou mais pessoas (participantes), com textos,
vídeo, áudio, arquivos e compartilhamentos de tela.
Uma reunião poderá ser realizada imediatamente ou agendada no Calendário. Ao acessar o item Calendário,
no lado esquerdo da tela do Teams, clique no botão correspondente na barra de ferramentas.
INFORMÁTICA

Reunir agora Nova reunião

Calendário

Para realizar o agendamento, basta localizar a data e horário no Calendário e seguir o passo a passo para adi-
cionar um evento. Ou clicar no botão “Nova reunião” e preencher as informações essenciais. 409
Calendário

Preencha os campos solicitados e, ao clicar em “Salvar”, você terá o link de acesso para ser compartilhado com
os participantes.

Título da reunião

Quando será a reunião

Repetição do evento

Localização

Mensagem para os
participantes da reunião

A repetição do evento poderá ser “Não se repete” (evento único), “Todos os dias de semana (Segundo a Sexta)”,
Diariamente, Semanalmente, Mensalmente, Anualmente ou Personalizada. Em “Personalizada” é possível definir
o início, a frequência (por exemplo, a cada 10 dias) e a data de encerramento da repetição.
A mensagem para os participantes da reunião é uma composição semelhante ao e-mail do Microsoft Outlook,
com formatação, links, tabelas, imagens etc. Reunião criada, link disponível.
Agora o usuário poderá copiar o link e enviar por e-mail ou chat (até no WhatsApp, Facebook Messenger etc.)
para os participantes, ou ainda adicionar no Google Agenda. Quem tem smartphone Android ou usa o Google Agen-
da no iOS, poderá adicionar o evento em seu calendário por meio das opções personalizáveis do Google Agenda.

410
Nas opções da reunião, é possível definir as suas configurações.

“Quem pode ignorar o lobby? Somente eu / Todos.” O que isto significa? O lobby é a sala de espera para a reu-
nião. As configurações do lobby poderão ser ajustadas durante a transmissão, acessando “Mais ações” > “Opções
de reunião”.
A reunião via Microsoft Teams, assim como nos demais aplicativos de videoconferência, estão suscetíveis à
ataques do tipo zoombombing, situação que envolve a invasão de pessoas alheias à organização com a intenção
INFORMÁTICA

de atrapalhar, distrair ou até mesmo coisas mais graves durante a reunião.


Quando definido como “Somente eu”, apenas o criador da reunião ingressa diretamente na reunião. Os demais
participantes aguardam o ingresso na reunião, que precisará ser autorizado pelo criador do evento. O nome de
identificação do ingressante (e sua foto) será exibido para o anfitrião, que poderá permitir ou negar a participação
na reunião. Esta opção permite o controle total de todos os ingressantes na reunião, evitando o chamado zoom-
bombing, que foi o termo definido para nomear as invasões às transmissões do aplicativo Zoom. Em meados de
2020, os aplicativos de videoconferências começaram a implementar controles como o “lobby”, para minimizar
os ataques virtuais às transmissões online. Quando definido como “Todos”, significa que qualquer usuário com o
link de acesso terá ingresso imediato na reunião. 411
“Quem pode apresentar?” é outra opção de controle da configuração da reunião. Quando definido como “Todos”,
qualquer um dos participantes poderá interagir e até assumir a apresentação da reunião, compartilhando arquivos,
fotos e telas dos seus programas. Se definido como “Somente eu”, apenas o anfitrião terá este controle.
As configurações da reunião poderão ser editadas depois que foram criadas. Localize ela no Calendário, clique
no link e escolha Editar. O link da reunião será mostrado após o clique, permitindo copiar para a Área de Trans-
ferência e enviar para usuários por e-mail ou redes sociais.

Ingressando em uma Reunião (pelo Teams)

Ao acessar o Teams e localizar o chat da reunião, o participante poderá ingressar pelo botão “Ingressar agora”.
Na tela inicial, os ajustes preliminares serão apresentados.
É possível ingressar na reunião com a imagem da câmera, ou câmera desligada. É possível também ingressar
na reunião com o áudio do microfone, ou mutado (sem áudio). Em ambos, as Configurações permitem ajustes dos
dispositivos conectados.
O link da reunião será enviado por e-mail para o endereço de correio eletrônico do participante. O participante
pode ingressar na reunião por meio do aplicativo (na área de chat, do lado esquerdo), ou pela tela do navegador
de Internet, ou ainda pelo link de acesso contido na mensagem de e-mail do convite.
Na mensagem também são adicionados links de acesso por e-mail e ID da conferência de VTC (Virtual Teams
Conference). São usados em conexões por telefone convencional, especialmente entre operadoras de telefonia nos
Estados Unidos.

Gravação da Reunião

O organizador (anfitrião) da reunião pode iniciar e parar uma gravação. Outros usuários que pertencem à
mesma organização do anfitrião também poderão iniciar a gravação, que continua mesmo que a pessoa que ini-
ciou a gravação tenha saído da reunião. Os participantes serão informados que a gravação está sendo realizada e
ela para automaticamente quando todos saem da reunião.
Pessoas de fora da organização, convidados e anônimos não podem iniciar ou parar uma gravação de reunião.
Para iniciar a gravação, acesse “Mais ações” ou “Mais opções” e clique em “Iniciar gravação e transcrição” e para
finalizar acesse “Mais ações” ou “Mais opções” e clique em “Parar gravação e transcrição”.
Se uma pessoa começar a gravar uma reunião, essa gravação será armazenada na nuvem e estará disponível
para todos os participantes no OneDrive. A gravação não expira, ou seja, não é apagada automaticamente após
um período de tempo, por exemplo.
No começo, eram armazenadas no Microsoft Stream. O motivo da mudança para o OneDrive ou SharePoint
se deu foi por conta do processamento lento do Stream, tornando a gravação disponível apenas depois de certo
tempo, o que não ocorre nos dois aplicativos mais modernos. Vale notar que apenas o proprietário da gravação
412 pode deletá-la.
No OneDrive, a gravação poderá ser compartilhada com qualquer usuário, mediante link de acesso e permis-
sões. No SharePoint, a gravação poderá ser acessada diretamente por qualquer usuário da organização que tenha
o link de acesso ou participou da reunião.
O que determina o local da gravação da reunião? Se a reunião foi realizada por um canal (entre membros da
instituição), ela estará salva no SharePoint. Se for uma simples reunião, ela será armazenada no OneDrive.
A gravação da reunião poderá ser acessada nas guias da reunião, exibidas na parte superior da janela, que
contém o chat de conversas, Arquivos, Detalhes, Anotações, Quadros de Avisos, e Gravações.

Teclas de Atalhos

No aplicativo Desktop instalado no computador e no acesso por meio do navegador de Internet, alguns atalhos
de teclado poderão ser usados durante a operação do Microsoft Teams.
Confira as principais (todas as teclas de atalhos estão disponíveis na página da Microsoft):

AÇÃO DESEJADA APLICATIVO DESKTOP ACESSO VIA NAVEGADOR


Iniciar uma nova conversa (quando no Calendário) Ctrl+N Alt + N
Ajuda F1 Ctrl+F1
Abrir histórico Ctrl+Shift+H -
Anexar arquivo Ctrl+O Ctrl+Shift+O
Aceitar chamada de vídeo Ctrl+Shift+A Ctrl+Shift+A
Aceitar chamada de áudio Ctrl+Shift+S Ctrl+Shift+S
Recusar uma chamada Ctrl+Shift+D Ctrl+Shift+D
Iniciar chamada de áudio Ctrl+Shift+C Ctrl+Shift+C
Iniciar videochamada Ctrl+Shift+U Ctrl+Shift+U
Terminar chamada de áudio Ctrl+Shift+B Ctrl+Shift+B
Terminar chamada de vídeo Ctrl+Shift+B Ctrl+Shift+B
Alternar mudo Ctrl+Shift+M Ctrl+Shift+M
Compartilhar conteúdo (tela) Ctrl+Shift+E -
Anunciar mão levantada (pedir atenção) Ctrl+Shift+L Ctrl+Shift+L
Levantar ou baixar a mão Ctrl+Shift+K Ctrl+Shift+K
Aceitar compartilhar a sua tela Ctrl+Shift+A (dentro da chamada de vídeo) -
Recusar compartilhar sua tela Ctrl+Shift+D (dentro da chamada de vídeo) -
Acessar o lobby Ctrl+Shift+Y -
Desfoque de fundo Ctrl+Shift+P -
Agendar reunião Alt+Shift+N (no Calendário) Alt+Shift+N (no Calendário)

No item “Configurações e muito mais”, localizado no canto superior da barra de títulos do Microsoft Teams,
você poderá ver os atalhos de teclado na tela do aplicativo, para consulta rápida.

Configurações

Zoom (100%)

Atalhos do teclado
Sobre
INFORMÁTICA

Verificar atualizações
Baixar o aplicativo móvel

413
Esse usuário deseja criar um atalho para um arquivo
Importante! na Área de Trabalho, e, para isso, ele deve clicar em

O Microsoft Teams é um tema novo em concur- a) “Exibir”, em seguida, selecionar “Atalho” na lista de
sos públicos e também é um recurso extrema- opções que surge na tela, e seguir as orientações na
mente prático semelhante ao WhatsApp, em que janela “Criar Atalho”.
muitas pessoas aprendem usando. Portanto, b) “Novo”, em seguida, digitar o nome do atalho na janela
que surge na tela.
fica a sugestão: instale e use um pouco o Micro-
c) “Novo”, em seguida, selecionar “Atalho” na lista de
soft Teams para se familiarizar com o aplicativo. opções que surge na tela, e seguir as orientações na
janela “Criar Atalho”.
d) “Atualizar”, em seguida, selecionar “Atalho” na lista de
opções que surge na tela, e seguir as orientações na
janela “Criar Atalho”.
HORA DE PRATICAR! e) “Exibir”, em seguida, digitar o nome do atalho na janela
que surge na tela.
1. (TJ-SP – VUNESP – 2017) No ambiente do MS-Win-
dows 10, em sua configuração padrão, no aplicativo 4. (TJ-SP – VUNESP – 2018) A seguir, é apresentada
acessório WordPad (e em grande parte dos aplicativos uma parte do Explorador de Arquivos do Windows 10.
em ambiente Windows), quando se deseja selecionar
um parágrafo todo, pode-se

a) dar um triplo clique, com o botão principal do mouse,


no parágrafo desejado.
b) dar um duplo clique, com o botão principal do mouse,
no parágrafo desejado.
c) clicar com o botão secundário no parágrafo desejado
e escolher “marcar o parágrafo todo”. A seta para cima presente antes da Barra de Endereço
d) dar um duplo clique, com o botão secundário do mou- se destina a
se, no parágrafo desejado. a) levar à tela seguinte.
e) marcar uma palavra do parágrafo desejado e clicar b) levar ao nível acima do atual, ou seja, Este Computador.
uma vez com cada botão do mouse. c) desfazer a última ação realizada.
d) levar à tela anterior.
2. (TJ-SP – VUNESP – 2017) Para navegar na internet e) levar ao nível abaixo do atual Downloads, se existir.
por meio do MS-Windows 10, em sua configuração
5. (TJ-SP – VUNESP – 2019) Assinale a alternativa cor-
padrão, o aplicativo padrão é o
reta sobre o Bloco de Notas do Microsoft Windows 10,
em sua configuração padrão.
a) Microsoft Edge.
b) Microsoft Internet Explorer 10. a) Existe um recurso de criação de tabelas, igual ao
c) Microsoft Safari. Microsoft Word 2016.
d) Microsoft Internet Explorer 11. b) É possível trocar a fonte de letra de um texto digitado.
e) Microsoft Chrome. c) Imagens podem ser incluídas em um texto criado no
Bloco de Notas, porém apenas copiando a partir da
Área de Transferência.
3. (TJ-SP – VUNESP – 2017) No sistema operacional
d) É possível alterar a cor das letras de um texto digitado.
Windows 10, em sua configuração padrão, um usuário
e) O Bloco de Notas tem um recurso de corretor ortográ-
clicou com o botão direito do mouse em um espaço fico, mas não corretor gramatical.
livre da Área de Trabalho, e a seguinte lista de opções
surgiu na tela. 6. (TJ-SP – VUNESP – 2017) Observe a imagem a
seguir, retirada do MS-Word 2016, em sua configura-
ção padrão, que mostra 3 palavras em 3 parágrafos
diferentes. Apenas as palavras foram digitadas, sem
espaços nem tabulações adicionais.

Assinale a alternativa que correlaciona corretamente


cada palavra/parágrafo do texto com formatação de
fonte e/ou de parágrafo aplicada.

a) Justiça – alinhamento à esquerda; De – itálico.


414 b) Tribunal – negrito; De – itálico.
c) De – alinhamento à esquerda; Tribunal – sublinhado.
d) De – itálico; Justiça – negrito.
e) Tribunal – alinhamento centralizado; Justiça – sobrescrito.

7. (TJ-SP – VUNESP – 2017) A Área de Transferência do MS-Office 2016 permite que dados sejam transferidos entre os
diversos aplicativos. Suponha que um usuário tenha aberto um arquivo do MS-Excel 2016 e outro do MS-Word 2016 e
que, no Excel, algumas células tenham sido copiadas com o comando Ctrl + C. Observe a figura do MS-Word 2016.

Caso a seta ao lado do texto “Área de Transferência” na figura seja clicada,

a) todo o conteúdo da Área de Transferência será copiado para a posição após o cursor no texto.
b) uma janela lateral será aberta, exibindo todos os elementos colocados na Área de Transferência, além de botões
diversos.
c) o último elemento copiado para a Área de Transferência será copiado para a posição após o cursor no texto, na forma
“Manter Formatação Original”.
d) o último elemento copiado para a Área de Transferência será copiado para a posição após o cursor no texto, na forma
“Colar Especial”.
e) a Área de Transferência será limpa.

8. (TJ-SP – VUNESP – 2019) Tem-se o seguinte documento criado no Microsoft Word 2016, em sua configuração
original.

Assinale a alternativa com o resultado, ao selecionar a palavra “torturantes” e clicar no ícone negrito duas vezes.

a) E o sertão é um vale fértil. É um pomar vastíssimo, sem dono. Depois tudo isto se acaba. Voltam os dias TORTURAN-
INFORMÁTICA

TES; a atmosfera asfixiadora; o empedramento do solo; a nudez da flora.


b) E o sertão é um vale fértil. É um pomar vastíssimo, sem dono. Depois tudo isto se acaba. Voltam os dias torturantes;
a atmosfera asfixiadora; o empedramento do solo; a nudez da flora.
c) E o sertão é um vale fértil. É um pomar vastíssimo, sem dono. Depois tudo isto se acaba. Voltam os dias torturantes;
a atmosfera asfixiadora; o empedramento do solo; a nudez da flora.
d) E o sertão é um vale fértil. É um pomar vastíssimo, sem dono. Depois tudo isto se acaba. Voltam os dias torturantes;
a atmosfera asfixiadora; o empedramento do solo; a nudez da flora.
e) E o sertão é um vale fértil. É um pomar vastíssimo, sem dono. Depois tudo isto se acaba. Voltam os dias torturantes;
a atmosfera asfixiadora; o empedramento do solo; a nudez da flora. 415
9. (TJ-SP – VUNESP – 2015) Considere os seguintes
botões, presentes na guia Página Inicial, grupo Pará-
grafo do MS-Word. Cada botão recebeu um número
para ser referenciado.

O botão que permite alterar o espaçamento entre


linhas de texto é o de número Supondo-se que os valores das células D3 a D8, B8 e
C8 foram calculados utilizando-se funções do MS-Ex-
cel, é correto afirmar que
a) 5.
b) 1. a) B8=SOMAT(B3:B7)
c) 2. b) C8=SOMA(C3-C7)
d) 3. c) D8=SOMA(D3:D7)
d) D8=SOMAT(B3...C7)
e) 4.
e) D6=SUM(B6:C6)

10. (TJ-SP – VUNESP – 2014) Um documento com apa- 13. (TJ-SP – VUNESP – 2015) O enunciado a seguir será
rência profissional nunca termina uma página somen- utilizado para responder à questão.
te com uma linha de um novo parágrafo ou inicia uma
página somente com a última linha da página anterior.
A última linha de um parágrafo, sozinha no topo de numero de processos

uma página, é conhecida como ________. A primeira


linha de um parágrafo, sozinha na parte inferior de
uma página, é conhecida como_______.
Assinale a alternativa que preenche, correta e respecti-
vamente, as lacunas do texto do enunciado, relativo ao
Microsoft Word, em sua configuração original.

a) recuada ... espaçada


b) retrato ... paisagem A planilha a seguir foi elaborada no MS-Excel (ver-
c) rodapé ... cabeçalho são para a língua portuguesa), em sua configuração
d) espelhada ... isolada padrão.
e) viúva ... órfã Elaborou-se o seguinte gráfico a partir da planilha
apresentada, após a seleção de algumas células:
11. (TJ-SP – VUNESP – 2015) Considere a seguinte pala-
vra, editada em um documento no MS-Word:

engenheiro

Um usuário selecionou a letra “o” dessa palavra e, em


seguida, clicou sobre o botão 

Esse tipo de gráfico é denominado Gráfico de

a) Radar.
Localizado no grupo Fonte da guia Página Inicial. Essa b) Dispersão.
palavra ficará escrita na forma: c) Ações.
d) Área.
e) Colunas.
a) engenheira
b) engenheiro 14. (TJ-SP – VUNESP – 2015) Um usuário do MS-Excel
c) engenheiro (versão para a língua portuguesa), em sua configuração
d) engenheirO padrão, elaborou uma planilha e protegeu todas suas
e) engenheirA células para que outros usuários não as alterem. Caso
algum usuário deseje remover essa proteção, ele deve
12. (TJ-SP – VUNESP – 2015) O enunciado a seguir será
a) selecionar a aba Proteção do Menu, clicar no ícone
utilizado para responder à questão. Desbloquear Planilha do grupo Proteção.
A planilha a seguir foi elaborada no MS-Excel (ver- b) selecionar a aba Proteção do Menu, clicar no ícone
são para a língua portuguesa), em sua configuração Senha de Desproteção do grupo Proteção e digitar a
416 padrão. senha solicitada.
c) selecionar a aba Revisão do Menu, clicar no ícone Des-
travar Planilha do grupo Proteger.
d) selecionar a aba Revisão do Menu, clicar no ícone Des-
proteger Planilha do grupo Proteger e digitar a senha
solicitada.
e) ter privilégios de Administrador quando da abertura do
arquivo.
Suponha que a seguinte fórmula tenha sido colocada
15. (TJ-SP – VUNESP – 2018) Considere a seguinte tabe- na célula D4 da planilha:
la, editada no MS-Excel 2016 (versão em português e =MÁXIMO(A1;A1:B2;A1:C3)
em sua configuração padrão). O resultado produzido nessa célula é:

a) 7
b) 9
c) 3
d) 6
e) 8

18. (TJ-SP – VUNESP – 2017) Alguns navegadores utili-


zados na internet, como o Microsoft Edge e o Chrome,
Suponha, ainda, que a fórmula a seguir tenha sido digi- permitem um tipo de navegação conhecida como pri-
tada na célula D6. vada ou anônima. Sobre esse recurso, é correto afir-
mar que ele foi concebido para, normalmente,
=SE(MENOR(A1:C4;5)<>MAIOR(A1:C4;6);
MENOR(A2:B3;2);MAIOR(A1:B4;3)) a) não permitir que sejam realizados downloads de
O resultado produzido em D6 é: quaisquer tipos de arquivos.
b) substituir os dados do usuário por outros fictícios,
a) 1 definidos pelo próprio usuário, e evitar que propagan-
b) 2 da comercial e e-mails do tipo spam sejam posterior-
c) 11 mente encaminhados ao usuário.
d) 3 c) impedir que o provedor de internet e os sites visitados
e) 12 tenham acesso aos dados relativos à navegação do
usuário.
16. (TJ-SP – VUNESP – 2018) Um usuário do MS-Excel d) não permitir o armazenamento de “favoritos” durante
2016 (versão em português e em sua configuração uma navegação.
padrão) possui uma planilha com o seguinte conteúdo: e) permitir que sites sejam acessados sem que sejam
guardados quaisquer dados ou informações que pos-
sam ser usados para rastrear, a partir do navegador, as
visitas efetuadas pelo usuário.

19. (TJ-SP – VUNESP – 2018) Quando se recebe uma


mensagem por meio do correio eletrônico, há diversas
opções de resposta, sendo que na opção encaminhar,
Em um dado momento, esse usuário selecionou as
células do intervalo A1 até C3, conforme apresentado a) se houver anexos na mensagem original recebida,
a seguir: apenas um deles pode ser incorporado à mensagem
de encaminhamento.
b) na mensagem de encaminhamento, não pode ser edi-
tado ou alterado o campo Assunto da mensagem ori-
ginal recebida.
c) se houver anexos na mensagem original recebida,
esta só pode ser enviada para um destinatário.
d) não pode haver destinatários em cópia, se houver
Caso, a partir do botão (disponível a partir da guia mais de um anexo na mensagem original recebida.
Página Inicial do aplicativo), seja selecionada a opção e) tanto o texto da mensagem original recebida quanto
Soma, o resultado produzido nas células A3, B3, C1, C2 eventuais anexos são incorporados à mensagem de
e C3 será: encaminhamento.
Dado: O símbolo “–” representa “célula não alterada”.
20. (TJ-SP – VUNESP – 2018) Utilizando o site de busca
Google, deseja-se pesquisar apenas as páginas que
INFORMÁTICA

a) A3: 4; B3: –; C1: –; C2: –; C3: – contenham exatamente a frase: feriados no Brasil.
b) A3: 4; B3: 6; C1: 3; C2: 7; C3: 10 Para isso, deve-se digitar, na Barra de Pesquisa do site,
c) A3: –; B3: –; C1: 3; C2: –; C3: – o seguinte:
d) A3: 4; B3: 6; C1: –; C2: –; C3: –
e) A3: –; B3: –; C1: 3; C2: 7; C3: – a) feriados&no&Brasil
b) (feriados no Brasil)
17. (TJ-SP – VUNESP – 2017) Observe a planilha a seguir, c) feriadosANDnoANDBrasil
elaborada no MS-Excel 2016, em sua configuração d) “feriados no Brasil”
padrão, para responder à questão. e) feriados-no-Brasil 417
GABARITO COMENTADO
1.

No sistema operacional Microsoft Windows, tanto no acessório de edição de textos WordPad como no aplicativo
Microsoft Word integrante do pacote Microsoft Office, os cliques do mouse podem ser usados para posicionamen-
to do cursor ou seleção.
‘Em “a”: Certo – Três cliques no botão principal do mouse em uma palavra do parágrafo, irá selecionar todo o
parágrafo.
Em “b”: Errado – Duplo clique no botão principal do mouse em uma palavra do texto, seleciona apenas a palavra.
Em “c”: Errado – Ao acionar o botão secundário do mouse, será exibido o menu de contexto com as opções dispo-
níveis para o local (Recortar, Copiar, Colar, Parágrafo e Listas).
Em “d”: Errado – Ao acionar duplo clique no botão secundário do mouse, será exibido o menu de contexto com as
opções disponíveis para o local.
Em “e”: Errado – Ao selecionar uma palavra do parágrafo e clicar uma vez em cada botão do mouse, ao clicar
no botão principal, sairá da seleção e, ao clicar no botão secundário do mouse, será exibido o menu de contexto.
Resposta: Letra A.

2.

O Windows 10 é a versão do sistema operacional Windows que trouxe uma combinação de funcionalidades do
Windows 7 com Windows 8, além de novidades. Entre as novidades do Windows 10, o navegador de Internet
padrão é o Microsoft Edge.
Em “a”: Certo – O navegador Microsoft Edge é o navegador padrão do Windows 10.
Em “b”: Errado – O navegador Microsoft Internet Explorer 10 foi a penúltima versão do navegador, e estava
disponível no Windows 7, sendo substituído pelo Microsoft Internet Explorer 11 como navegador padrão do
Windows 7.
Em “c”: Errado – Safari é um navegador web da Apple, que poderá ser instalado no sistema operacional Windows.
Em “d”: Errado – O navegador Microsoft Internet Explorer 11 é o navegador web padrão do Windows 7.
Em “e”: Errado – Chrome é um navegador web da Google, que poderá ser instalado no sistema operacional
Windows.
Resposta: Letra A.

3.

Quando uma informação é acessada frequentemente, o usuário pode criar um atalho para ela e deixar disponí-
vel na Área de Trabalho, na Barra de Tarefas, em uma pasta do dispositivo ou no menu Iniciar. O atalho poderá
apontar para uma unidade de disco, uma pasta, um arquivo, um recurso local (como a impressora), um recurso
remoto (na rede local) ou um recurso na Internet (site).
O atalho é independente do destino que aponta, e poderá ser criado de várias formas:
1. arrastando o item com o botão principal do mouse pressionado enquanto mantém pressionado a tecla Alt ou
Ctrl+Shift;
2. arrastando o ícone com o botão principal do mouse pressionado da barra de endereços no Explorador de
Arquivos para o local desejado;
3. arrastando o ícone com o botão principal do mouse pressionado para a barra de acesso rápido, na Barra de
Tarefas do Windows;
4. através do menu de contexto, acionado pelo botão secundário do mouse, escolhendo a opção “Novo”, item
“Atalho” e seguir as orientações na janela “Criar Atalho”.
Em “a”: Errado – O item “Exibir” no menu de contexto é usado para controlar a exibição dos itens no local, como
o tamanho dos ícones e a organização automática deles na tela.
Em “b”: Errado – O item “Novo” permite a criação de uma nova Pasta, novo Atalho, e novos arquivos relaciona-
dos aos programas instalados no dispositivo do usuário. A escolha do item, sem especificar que deseja criar um
“Atalho”, não apresentará a janela para digitação do nome dele.
Em “c”: Certo – Ao acionar a opção “Novo” no menu de contexto e escolher o item “Novo”, será exibida uma caixa
de diálogo de duas etapas. Na primeira, o usuário escolhe o objeto ou local que deseja associar ao atalho e, na
segunda etapa, informa o nome do atalho.
Em “d”: Errado – O item “Atualizar” no menu de contexto é usado para atualizar a exibição dos itens no local
atual. Ele é um comando e não possui tela adicional. O atalho de teclado para Atualizar é F5.
Em “e”: Errado – O item “Exibir” no menu de contexto é usado para controlar a exibição dos itens no local, como
o tamanho dos ícones e a organização automática deles na tela.
Resposta: Letra C.

4.

O Explorador de Arquivos do Windows 10 é o gerenciador de arquivos e pastas, que substituiu o Windows Explo-
rer do Windows 7.
418 A barra de endereços, localizada na parte superior, exibe informações e controles para a navegação.
Em “a”: Errado – Para navegar para a tela seguinte, deverá acessar o ícone Avançar, que será ativado quando o
usuário já tiver navegador pela pasta seguinte.
Em “b”: Certo – A pasta atual é Downloads, que está em “Este Computador”, portanto, ao clicar no ícone de seta
para cima presente antes da Barra de Endereços, o usuário será levado para o nível acima do atual, ou seja, “Este
Computador”. O atalho de teclado é Alt+seta para cima.
Em “c”: Errado – Na imagem não está sendo exibido o ícone Desfazer (atalho de teclado Ctrl+Z) para desfazer a
última ação realizada.
Em “d”: Errado – Para navegar para a tela anterior, deverá acessar o ícone Voltar. O atalho de teclado é Alt+seta
para esquerda ou Backspace.
Em “e”: Errado – Não há na imagem da questão nem no Explorador de Arquivos um ícone que acesse o nível
abaixo do atual quando existir. O nível abaixo do atual é uma subpasta, que será exibida na listagem de arquivos
e pastas. O usuário deve selecionar e teclar Enter (ou duplo clique no botão principal do mouse) para acessar o
nível abaixo do atual, se existir.
Resposta: Letra B.

5.

O Bloco de Notas é o acessório do Windows para a edição de notas, que são pequenos textos sem formatação. Os
arquivos do Bloco de Notas serão gravados com a extensão TXT e não poderemos ter elementos gráficos em seu
conteúdo.
Em “a”: Errado – A criação de Tabelas para organizar o texto em células por colunas e linhas não está disponível
no Bloco de Notas. Este recurso está disponível no acessório WordPad e no editor de textos Microsoft Word.
Em “b”: Certo – Através do menu Formatar, Fonte, é possível escolher uma fonte de letra para exibição do con-
teúdo do arquivo.
Em “c”: Errado – As imagens não podem ser inseridas em um texto sem formatação que não aceita elementos
gráficos em seu conteúdo.
Em “d”: Errado – No Bloco de Notas, é possível alterar apenas a exibição da fonte, não sendo possível alterar a
cor. Este recurso está disponível no acessório WordPad e no editor de textos Microsoft Word.
Em “e”: Errado – O Bloco de Notas não possui corretor ortográfico nem corretor gramatical. Com o corretor orto-
gráfico, os erros de digitação serão sinalizados e poderão ser corrigidos. Com o corretor gramatical, os erros de
concordância e excesso de digitação serão sinalizados e poderão ser corrigidos. Estes recursos estão disponíveis
INFORMÁTICA

no editor de textos Microsoft Word.


Resposta: Letra B.

6.

No Microsoft Word, os textos podem receber formatação de fonte, e os parágrafos, formatação de parágrafos.
Ambas as opções estão na guia Página Inicial.
A imagem apresenta um documento com 3 linhas e 3 palavras, sendo cada uma inserida em uma linha ou
parágrafo. 419
Em “a”: Errado – Ao acionar o atalho de teclado Ctr-
l+C, todo o conteúdo selecionado será copiado para
a Área de Transferência. Para inserir o conteúdo da
Área de Transferência no local atual do cursor, deve
acionar o atalho de teclado Ctrl+V.
Em “b”: Certo – O clique na seta existente no canto
inferior de um grupo em algum programa do Micro-
soft Office, exibirá uma caixa de diálogo ou janela
lateral com opções adicionais referentes ao grupo.
Em relação ao alinhamento, a palavra Tribunal está Em “c”: Errado – Ao acionar o atalho de teclado Ctr-
entre as margens (Centralizado), a palavra De está l+V, o último elemento que foi recortado ou copia-
alinhada na margem esquerda, e a palavra Justiça do para a Área de Transferência será inserido no
está alinhada na margem direita. local atual com a formatação original. O recurso
não é acessado pela seta indicada no enunciado da
questão.
Em “d”: Errado – Ao acionar o atalho de teclado Ctr-
l+Alt+V, será exibida a caixa de diálogo “Colar Espe-
cial” para o usuário escolher o formato do conteúdo
que será inserido no local atual.
Em “e”: Errado – A Área de Transferência será esva-
ziada se o usuário escolher o botão “Limpar Tudo”,
que é exibido ao clicar na seta ao lado do texto
“Área de Transferência”. É uma ação extra, um pas-
Em relação à formatação de fontes, elas possuem so a mais, que deve ser realizado depois de clicar na
estilos de formatação (Negrito, Itálico e Sublinha- seta indicada.
do). Negrito é a formatação que exibe o texto com Resposta: Letra B.
mais destaque e pode ser aplicado com o atalho de
teclado Ctrl+N. Itálico é a formatação que exibe o 8.
texto inclinado e pode ser aplicado com o atalho de
teclado Ctrl+I. Sublinhado é a formatação que exibe Nos textos, a formatação aplicada através de ícones
o texto com uma linha embaixo das palavras e pode poderá ser ativada ou desativada. Ao clicar uma vez,
ser aplicado com o atalho de teclado Ctrl+S. é aplicado o estilo negrito na palavra selecionada.
Em “a”: Errado – A palavra Justiça está com alinha- Ao clicar novamente, o estilo que está aplicado será
mento à esquerda e a palavra De está com estilo de removido (e o ícone aparecerá como desabilitado).
fonte Itálico. Em “a”: Errado – A palavra recebeu a formatação de
Em “b”: Certo – A palavra Tribunal está com estilo todas as letras em maiúsculas.
de fonte Negrito e a palavra De está com estilo de Em “b”: Errado – O segundo parágrafo recebeu a
fonte Itálico. formatação de negrito, que seria obtido se um tri-
Em “c”: Errado – A palavra De está com alinhamen- plo clique tivesse sido efetuado (para selecionar o
to à esquerda ou justificado, e a palavra Tribunal parágrafo) e apenas um clique acionado no ícone
está com estilo de fonte Negrito. Negrito.
Em “d”: Errado – A palavra De está com estilo de Em “c”: Errado – Todo o texto foi formatado como
fonte Itálico e a palavra Justiça está com estilo de negrito. Para obter este resultado, precisará sele-
fonte Sublinhado. cionar tudo (atalho de teclado Ctrl+T) e aplicar um
Em “e”: Errado – A palavra Tribunal está com ali- clique no ícone Negrito.
nhamento centralizado e a palavra Justiça está com Em “d”: Errado – Apenas a palavra foi formatada,
estilo de fonte Sublinhado. O efeito de texto Sobres- e este resultado é obtido quando efetua apenas um
crito (atalho de teclado Ctrl+Shift+mais) posiciona o clique no ícone negrito.
texto acima da linha, com o número 2 em km2. Em “e”: Certo – O estilo Negrito foi aplicado (primei-
Resposta: Letra B. ro clique) e removido (segundo clique).
Resposta: Letra E.
7.
9.
No Windows, um espaço da memória RAM é reser-
vado para armazenar temporariamente um item A guia Página Inicial do Microsoft Word contém
copiado (Ctrl+C) ou recortado (Ctrl+X), até que o os grupos Área de Transferência, Fonte, Parágrafo,
próximo item substitua o atual. Esta limitação é Estilos e Editar. No grupo Parágrafo, encontramos
incômoda, e o pacote de aplicativos Microsoft Offi- os controles para formatação dos parágrafos do
ce oferece a possibilidade de acesso a todos os itens documento. Os ícones apresentados no enunciado
que foram copiados ou recortados. da questão são para escolha do alinhamento dos
No grupo Área de Transferência, da guia Página parágrafos em relação às margens esquerda e direi-
Inicial, em qualquer um dos aplicativos do Office, o ta, e ícone de Espaçamento entre Linhas.
usuário pode clicar na seta existente no canto infe- Em “a”: Certo – O ícone permite escolher o espaça-
rior direito, e uma janela lateral (painel de visua- mento entre linhas, espaçamento antes e espaça-
lização) será aberta, exibindo todos os elementos mento depois do parágrafo.
colocados na Área de Transferência, além de botões Em “b”: Errado – O ícone 1 é para alinhamento do
420 de opções. parágrafo na margem esquerda.
Em “c”: Errado – O ícone 2 é para alinhamento do Em “c”: Errado – Atribui o símbolo o no lugar da
parágrafo centralizado, entre as margens esquerda letra o, que poderia ser obtido aplicando o estilo
e direita. Sobrescrito na letra.
Em “d”: Errado – O ícone 3 é para alinhamento do Em “d”: Certo – Aumentou o tamanho da fonte da
parágrafo na margem direita. letra o.
Em “e”: Errado – O ícone 4 é para alinhamento do Em “e”: Errado – Além da alteração de gênero, alte-
parágrafo justificado, que distribui o texto entre as rou a caixa (de minúsculas para maiúsculas).
margens esquerda e direita do documento. Resposta: Letra D.
Resposta: Letra A.
12.
10.
Na questão, desejamos verificar qual alternativa
contém uma fórmula correta para a exibição de
Os parágrafos digitados em uma página do docu-
resultados nas células D3 a D8, B8 e C8. As alterna-
mento poderão ser formados por várias linhas. tivas oferecem opções para o resultado em B8, ou
Quando uma linha é exibida sozinha no final de C8, ou D6 ou D8.
uma página, e as demais linhas são movidas para
a próxima página, ou quando apenas uma linha é
mostrada no início de uma página, sendo que as
outras linhas do mesmo parágrafo estão na página
anterior, temos uma nomenclatura especial para
estas linhas.
A linha que está sozinha no topo de uma página,
sendo que as demais estão na página anterior, é
denominada linha viúva. Dica: todos ficaram no
passado, e ela ficou sozinha no final (viúva).
A linha que está sozinha no final de uma página,
sendo que as demais estão na página seguinte, é
denominada linha órfã. Dica: ela ficou sozinha no
começo, e todos se foram (órfã).
Em “a”: Errado – Linha recuada é uma linha con- As células informadas possuem a totalização de
figurada com recuo, que é a distância do texto em células existentes na mesma linha (como D6 que é a
relação às margens esquerda e direita. Linha espa- soma de B6 e C6, ou D8 que é a soma de B8 e C8) ou
çada é uma linha do parágrafo que possui espa- na mesma coluna (como B8 que é a soma de B3 até
çamento entre linhas, ou espaçamento antes, ou B7, ou C8 que é a soma de C3 até C7).
espaçamento depois. Em “a”: Errado – Para totalização de valores em B8,
Em “b”: Errado – Retrato e paisagem são Orienta- devemos usar a fórmula =SOMA(B3:B7). Não existe
ções da página, e estão disponíveis no ícone Orien- a função SOMAT.
tação da guia Layout. Em “b”: Errado – Para totalização de valores em C8,
devemos usar a fórmula =SOMA(C3:C7). A fórmula
Em “c”: Errado – Rodapé e cabeçalho são elemen-
=SOMA(C3-C7) será a diferença entre 380 (célula C3)
tos das páginas para as margens inferior e superior,
e 700 (célula C7)
respectivamente. Estão disponíveis para inserção Em “c”: Certo – 5250 exibido na célula D8 é a soma
na guia Inserir, grupo Cabeçalho e Rodapé. dos valores de D3 até D7, ou dos valores de B8 e
Em “d”: Errado – Espelhada é uma opção de mar- C8. O valor existente em D8 poderá ser calculado
gens, quando o documento está configurado com com a fórmula =SOMA(D3:D7), ou com a fórmula
frente e verso. Isolada não temos. =SOMA(B8:C8), ou ainda =SOMA(B3:C7).
Em “e”: Certo – A última linha de um parágrafo, Em “d”: Errado – Para totalização dos valores em
sozinha no topo de uma página, é conhecida como D8, não poderíamos usar a função SOMAT, pois ela
viúva. A primeira linha de um parágrafo, sozinha não existe. A fórmula =SOMA(B3:C7) poderá produ-
na parte inferior de uma página, é conhecida como zir o valor correto para a célula D8.
órfã. Em “e”: Errado – A função SUM é para somar os
Resposta: Letra E. valores no Excel versão em inglês, ou em uma tabe-
la do Microsoft Word. No MS-Excel (versão para a
11. língua portuguesa), conforme informado no enun-
ciado da questão, a função SUM não irá funcionar,
Através do botão: devendo usar a função SOMA.
Resposta: Letra C.

13.
INFORMÁTICA

Os gráficos apresentam dados para o usuário de for-


Disponível no grupo Fonte, da guia Página Inicial, ma visual, organizando em elementos visuais como
o usuário poderá aumentar o tamanho da fonte. linhas, barras e símbolos o conteúdo da planilha de
Atalho de teclado: Ctrl+Shift+ponto final (ou Ctrl+> dados.
sinal de maior). Olhando rapidamente para o gráfico, você poderá
Em “a”: Errado – Alterou o gênero da palavra. achar que se trata de um gráfico de linhas, porém
Em “b”: Errado – Atribuiu o símbolo o no lugar da tem um detalhe que diferencia um gráfico de linha
letra o. de um gráfico de dispersão: os eixos de valores. 421
Os eixos de valores X e Y de um gráfico de linha apresentam dados textuais e valores numéricos. Os eixos de valores
X e Y de um gráfico de dispersão apresentam dados numéricos. E no gráfico da questão, os eixos X e Y são numéricos.
Em “a”: Errado - Os gráficos de Radar são usados para mostrar a evolução de itens. São exemplos de gráficos de
Radar: Radar, Radar com Marcadores e Radar Preenchido.

Em “b”: Certo – Os gráficos de dispersão distribuem dois conjuntos de valores (valor de X em função do valor de
Y), como nas equações matemáticas de primeiro grau (reta), de segundo grau (parábola) etc. A diferença entre o
gráfico de dispersão e o gráfico de linhas é que este tem valores nos eixos X e Y.

Em “c”: Errado – Os gráficos de Ações necessitam que os dados estejam organizados em preço na alta, pre-
ço na baixa e preço no fechamento. Datas ou nomes das ações serão usados como rótulos. São exemplos de
gráficos de Ações: Alta-Baixa-Fechamento, Abertura-Alta-Baixa-Fechamento, Volume-Alta-Baixa-Fechamento, e
Volume-Abertura-Alta-Baixa-Fechamento.

Em “d”: Errado – Os gráficos de Área representam dados de forma semelhante ao gráfico de Linhas, mas com
preenchimento até a base (eixo X). São opções dos gráficos de Área: Área, Área Empilhada, Área 100% Empilhada,
Área 3D, Área 3D Empilhada, e Área 3D 100% Empilhada.

Em “e”: Errado – Os gráficos de Colunas representam valores em colunas 2D ou 3D. São opções do gráfico de Colu-
nas: Agrupada, Empilhada, 100% Empilhada, 3D Agrupada, 3D Empilhada, 3D 100% Empilhada, e 3D.

Resposta: Letra B.

14.

Nas planilhas de cálculos, as células poderão ser bloqueadas ou protegidas. O bloqueio é realizado através da
caixa de diálogo Formatar Células, aberta ao acionar o atalho de teclado Ctrl+1. A proteção é aplicada ao acionar
a opção Proteger Planilhas, na guia Revisão. Enquanto o bloqueio é restrito às células escolhidas e poderá ser
liberado por qualquer usuário, a proteção da planilha é realizada mediante uma senha, que deve ser informada
para desproteger ela.
Para desproteger a planilha o usuário deve acessar a guia Revisão, escolher o ícone Desproteger planilha no gru-
po Alterações (atualmente é o grupo Proteger) e informar a senha para liberar a proteção.

422
Em “a”: Errado – Não existe a aba Proteção. Em “a”: Errado – O valor 1 é o menor valor de A2
Em “b”: Errado – Não existe a aba Proteção. até B3.
Em “c”: Errado – Não existe o ícone Destravar Em “b”: Certo – O segundo menor valor de A2 até
Planilha. B3 é 2.
Em “d”: Certo – Acionar o ícone Desproteger plani- Em “c”: Errado – O valor 11 é o segundo menor
lha, do grupo Proteger, da guia Revisão, e informar valor de A4 até C4.
a senha que foi usada para proteger a planilha. Em “d”: Errado – O valor 3 é o segundo menor valor
Em “e”: Errado – O administrador é o usuário do de A1 até C1.
ambiente Windows que possui privilégios e per- Em “e”: Errado – O valor 12 é o maior valor do inter-
missões para manipular comandos avançados dos valo de A1 até C4.
arquivos, mas não interfere na configuração interna Resposta: Letra B.
de uma planilha de cálculos.
Resposta: Letra D. 16.

15. Nas planilhas de cálculos, o usuário pode inserir


fórmulas e funções para realização de operações
Nas planilhas de cálculos, a função SE permite efe- matemáticas, estatísticas, lógicas, com datas etc.
tuar um teste e executar comando, se o teste for ver- Uma das funções mais simples, e ao mesmo tempo
dadeiro, ou outros comandos, se o teste for falso. mais usada, é a função SOMA.
Sua sintaxe é =SE(teste;verdadeiro;falso) A função SOMA é para somar os valores numéricos
Na questão, temos: das células.
=SE(MENOR(A1:C4;5)<>MAIOR(A1:C4;6); Por ser uma função muito usada, assim como
MENOR(A2:B3;2);MAIOR(A1:B4;3)) teste MÉDIA, o Excel disponibiliza o ícone AutoSoma
=SE(MENOR(A1:C4;5)<>MAIOR(A1:C4;6); na guia Página Inicial.
MENOR(A2:B3;2);MAIOR(A1:B4;3)) verdadeiro Com ela, será efetuada a soma dos valores
=SE(MENOR(A1:C4;5)<>MAIOR(A1:C4;6); adjacentes.
MENOR(A2:B3;2);MAIOR(A1:B4;3)) falso Portanto, na célula A3 será exibido 4, que é a soma
O teste compara o resultado da função MENOR com de 1 (A1) com 3 (A2).
o resultado da função MAIOR, para verificar se são Na célula B3 será exibido o valor 6, que é a soma de
diferentes. 2 (B1) com 4 (B2).
A função MENOR retorna o menor valor em Na célula C1 será exibido o valor 3, que é a soma de
determinada posição. Sua sintaxe é =MENOR(va- 1 (A1) com o 2 (B1).
lores;posição). A função MAIOR opera de forma Na célula C2 será exibido o valor 7, que é a soma de
semelhante, para retornar o maior valor em deter- 3 (A2) com 4 (B2).
minada posição. Na célula C3 será exibido o valor 10, que é a soma de
MENOR(A1:C4;5)<>MAIOR(A1:C4;6) qual é o quin- A3 (4) com B3 (6).
to menor valor de A1 até C4? Em “a”: Errado – As células B3, C1, C2 e C3 apresen-
MENOR(A1:C4;5)<>MAIOR(A1:C4;6) qual é o sexto tarão resultados após acionar o ícone de AutoSoma:
maior valor de A1 até C4?
MENOR(A1:C4;5) o menor valor é 1 (célula A2), o Em “b”: Certo – Os valores apresentados nas células
segundo menor valor é 2 (célula A1), o terceiro estão corretos.
menor valor é 2 (célula B2), o quarto menor valor Em “c”: Errado – As células A3, B3, C2 e C3 apresen-
é 3 (célula B1) e o quinto menor valor é 4 (célula tarão resultados após acionar o ícone AutoSoma.
C1). Nas funções MAIOR e MENOR, valores iguais Em “d”: Errado – As células C1, C2 e C3 apresenta-
ocupam posições diferentes. rão resultados após acionar o ícone AutoSoma.
MAIOR(A1:C4;6) o maior valor é 12 (célula C4), o Em “e”: Errado – As células A3, B3 e C3 apresenta-
segundo maior valor é 11 (célula B4), o terceiro rão resultados após acionar o ícone AutoSoma.
maior valor é 10 (célula A4), o quarto maior valor é Resposta: Letra B.
8 (célula C2), o quinto maior valor é 6 (célula C3) e o
sexto maior valor é 5 (célula A3). 17.
Comparando os resultados, 4 é diferente de 5? Sim,
é verdadeiro. A função MÁXIMO é para retornar o maior valor de
Então faça a parte do verdadeiro, na função SE. todos. Foram informados 3 intervalos (figura), e o
MENOR(A2:B3;2) segundo menor valor de A2 até maior valor é 9.
B3. =MÁXIMO(A1;A1:B2;A1:C3) apenas a célula A1
O intervalo diminuiu. Apenas quatro células serão =MÁXIMO(A1;A1:B2;A1:C3) intervalo de A1 até B2
usadas na função MENOR. Somente as células do =MÁXIMO(A1;A1:B2;A1:C3) intervalo de A1 até C3
intervalo A2 até B3. O menor valor de A2 até B3 é 1 =MÁXIMO(3;6;9) o maior valor de todos é 9.
INFORMÁTICA

e o segundo menor valor é 2.

Em “a”: Errado – O valor 7 é o maior valor do inter-


valo B2 até C3. 423
Em “b”: Certo – O valor 9 é o maior valor de todos Em “e”: Certo – Ao encaminhar uma mensagem, o
os intervalos. texto, assunto e anexos são incorporados na nova
Em “c”: Errado – O valor 3 é o maior valor na célula mensagem.
A1 (primeiro intervalo). Resposta: Letra E.
Em “d”: Errado – O valor 6 é o maior valor no inter-
valo A1 até B2. 20.
Em “e”: Errado – O valor 8 é o maior valor no inter-
valo B2 até C3. Na Internet, as informações são indexadas por
Resposta: Letra B. mecanismos de buscas como o Google Buscas e
Microsoft Bing. Nestes sites, o usuário poderá infor-
18.
mar termos para serem pesquisados, comandos e
Os navegadores de Internet oferecem dois modos símbolos para refinar os resultados apresentados.
de navegação: normal ou anônima. No Internet Termos com letras maiúsculas e minúsculas não
Explorer, o modo de navegação anônima se chama serão diferenciados na pesquisa, assim como acen-
“InPrivate”. No Microsoft Edge e Google Chrome, tuação e pontuação. Os sites de pesquisas ignoram
se chama “Janela Anônima”. No Mozilla Firefox, se estas características, mesmo que sejam informadas
chama “Janela Privativa”. entre aspas, que é a busca exata.
Após fechar a janela de navegação anônima, os Em “a”: Errado – O símbolo & não afeta o resultado
dados que foram acessados serão apagados. Histó- da busca pela frase “feriados no Brasil”.
rico da navegação, arquivos temporários e cookies Em “b”: Errado – O símbolo ( e ) não afetam o resul-
serão apagados. Arquivos baixados dos sites (down- tado da busca pela frase “feriados no Brasil”.
loads) e links adicionados aos Favoritos, serão Em “c”: Errado – O operador AND não produz o
mantidos. resultado de busca pela frase “feriados no Brasil”.
Em “a”: Errado – Durante a navegação anônima, os Em “d”: Certo – As aspas são usadas para delimitar
downloads podem ser realizados e serão mantidos os termos que serão pesquisados, na mesma ordem
quando a janela for finalizada. em que forem digitados pelo usuário.
Em “b”: Errado – Na navegação anônima, os dados Em “e”: Errado – O sinal de menos ou traço remove
são enviados conforme informados pelo usuário e o item da pesquisa. Caso seja informado, como na
não há substituição por informações fictícias. alternativa E, serão exibidas apenas páginas com a
Em “c”: Errado – As informações de uma navega- palavra feriados, sem ‘no’ e sem ‘Brasil’.
ção anônima são excluídas apenas do dispositivo do Resposta: Letra D.
usuário e o provedor de Internet, empresa ou escola,
saberão o que foi acessado.
Em “d”: Errado – Após a navegação anônima, sites
que tenham sido marcados como Favoritos (preferi-
dos), serão mantidos. ANOTAÇÕES
Em “e”: Certo – As informações serão removidas
do dispositivo do usuário ao término da navegação
anônima.
Resposta: Letra E.

19.

O correio eletrônico permite enviar e receber men-


sagens através de servidores de e-mail, onde cada
usuário possui uma conta identificada por usuá-
rio@provedor.
Ele poderá redigir mensagens (novo e-mail), respon-
der para o remetente (Responder), responder para o
remetente e os destinatários visíveis da mensagem
original (Responder a todos) ou Encaminhar para
novos destinatários.
Em “a”: Errado – A mensagem encaminhada é
enviada para novos destinatários diferentes da
mensagem original, e todos os anexos da mensagem
original serão incorporados na nova mensagem.
Em “b”: Errado – O campo Assunto identifica o títu-
lo da mensagem. Uma mensagem encaminhada tem
o prefixo ENC: adicionada ao Assunto da mensa-
gem original. O usuário poderá alterar o título da
mensagem.
Em “c”: Errado - A mensagem encaminhada é envia-
da para novos destinatários diferentes da men-
sagem original, e todos os anexos da mensagem
original serão incorporados na nova mensagem.
Em “d”: Errado – A nova mensagem que está sendo
redigida, encaminhada a partir da mensagem ori-
ginal, poderá ter endereços informados nos cam-
pos de destinatários PARA, CC e CCO sem qualquer
424 restrição.
z Na linguagem natural:
„ Ou o elefante corre rápido ou a raposa é lenta.

z Na linguagem simbólica:

RACIOCÍNIO LÓGICO „ p ⊻ q

Condicional (Conectivo “Se então”)


O raciocínio lógico visa avaliar a habilidade do
candidato em entender a estrutura lógica das relações
arbitrárias entre pessoas, lugares, coisas, eventos fic- Representação simbólica: →
tícios; deduzir novas informações das relações forne- Exemplo:
cidas e avaliar as condições usadas para estabelecer a
estrutura daquelas relações. Visa também avaliar se o z Na linguagem natural:
candidato identifica as regularidades de uma sequên- „ Se estudar, então vai passar.
cia numérica ou figural, de modo a indicar qual é o
elemento de uma dada posição. As questões desta dis- z Na linguagem simbólica:
ciplina poderão tratar das seguintes áreas: estruturas
„ p → q
lógicas, lógicas de argumentação, diagramas lógicos,
sequências.
Bicondicional (Conectivo “Se e somente se”)

Representação simbólica: ↔
Exemplo:
ESTRUTURAS LÓGICAS
A NEGAÇÃO COM O CONECTIVO “NÃO” z Na linguagem natural:
„ Bino vai ao cinema se e somente se ele receber
Representação simbólica: (~p) ou (¬p) dinheiro.
Sabemos que o valor lógico de “p” e “~p” são opos-
tos, isto é, se p é uma proposição verdadeira, ~p será z Na linguagem simbólica:
falsa, e vice-versa. Exemplo: „ p ⟷ q
p: Matemática é difícil.
(~p) ou (¬p): Matemática não é difícil.

Outras maneiras que também podemos usar para


negar uma proposição, e que vêm aparecendo muito LÓGICAS DA ARGUMENTAÇÃO
em provas de concursos, são:
Em nosso estudo sobre argumentos lógicos, esta-
Não é verdade que matemática é difícil. remos interessados em verificar se eles são válidos
É falso que matemática é difícil. ou inválidos. Então, passemos a seguir a entender o
que significa um argumento válido e um argumento
Conjunção (Conectivo “E”)
inválido.
Representação simbólica: ^
Exemplo: ARGUMENTOS VÁLIDOS

z Na linguagem natural: Também podem ser chamados de argumentos


„ O macaco bebe leite e o gato come banana. bem-construído ou legítimo.
Para que o argumento seja válido, não basta que
z Na linguagem simbólica: a conclusão seja verdadeira, é preciso que as premis-
„ p ^ q sas e a conclusão estejam relacionadas corretamente,
ou seja, quando a conclusão é uma consequência
Disjunção Inclusiva (Conectivo “ou”)
necessária das premissas, dizemos que o argumento
Representação simbólica: v é válido.
Vamos analisar o exemplo:
RACIOCÍNIO LÓGICO

Exemplo:

z Na linguagem natural: p1: Todo padre é homem.


„ Maria é bailarina ou Juliano é atleta. p2: José é padre.
c: José é homem.
z Na linguagem simbólica:
„ p v q
Quando temos argumentos utilizando os quanti-
ficadores lógicos, representamos através dos diagra-
Disjunção Exclusiva (Conectivo “Ou...ou”)
mas lógicos para saber a validade de um argumento.
Representação simbólica: ⊻ Veja que temos uma proposição do tipo “Todo A é B”,
Exemplo: logo: 425
ARGUMENTOS INVÁLIDOS
Homem
Também podem ser chamados de argumentos mal
Padre construídos, ilegítimos, sofismas ou falaciosos.
Dizemos que um argumento é inválido quando a
verdade das premissas não é suficiente para garantir
a verdade da conclusão. Vejamos um exemplo para
José clarear um pouco mais sobre o assunto:

p1: Todas as crianças gostam de chocolate;


p2: Patrícia não é criança;
c: Portanto, Patrícia não gosta de chocolate.
Perceba que a premissa 2 afirma que José é
padre, ou seja, José tem que estar dentro do con- Vamos representar por meio dos diagramas lógi-
junto dos padres. Sendo assim, como não há pos- cos para saber a validade de um argumento. Veja que
sibilidade de um padre não ser homem, podemos temos uma proposição do tipo “Todo A é B”, logo:
afirmar que José também é homem, como afirma
nossa conclusão. Logo, o argumento é válido. Gostam de chocolate

Vamos analisar agora um argumento usando


Crianças
conectivos lógicos. Quando temos essa estrutura,
devemos usar o seguinte lembrete:

1°. Vamos afirmar que a conclusão é falsa e que as Patrícia


premissas são verdadeiras;
2°. Vamos valorar de acordo com a tabela-verdade do
conectivo envolvido no argumento;
3°. Se der erro (não ficar de acordo com o padrão de
valoração que afirmamos) dizemos que o argu- Gostam de chocolate
mento é válido.

Veja na prática:
Crianças
Se fizer sol, então vou à praia. (V)
Fez sol. (V)
Logo, vou à praia. (F) Patrícia

Já fizemos o 1° passo, colocamos na frente de cada Não gostam de chocolate


proposição os valores lógicos de acordo com o nosso
lembrete. Agora, vamos valorar! Veja que ir à praia é
falso e fez sol é verdadeiro. Colocamos os mesmos
valores lógicos para proposição composta pelo conec- Quando a premissa 2 afirma que Patrícia não é
criança, temos duas interpretações:
tivo “se...,então” na primeira premissa. Assim,
1°. Patrícia pode não ser criança e gostar de cho-
(V) (F) colate ou;
Se fizer sol, então vou à praia. (V) 2°. Ela pode não ser criança e não gostar de cho-
Fez sol. (V) colate. Sendo assim, não há possibilidade de
Logo, vou à praia. (F) afirmar com 100% de certeza que Patrícia não
gosta de chocolate, como consta na conclusão.
Quando temos a combinação lógica verdade no Logo, o argumento é inválido.
antecedente e falso no consequente (V  F) para o
conectivo “se...,então”, o nosso resultado só poderá
Para um argumento usando conectivos lógicos,
ser falso.
devemos usar o mesmo que já vimos para argumentos
válidos, só muda um detalhe. Veja:
(V) (F)
Se fizer sol, então vou à praia. (V) (F) 1°. Vamos afirmar que a conclusão é falsa e que as
Fez sol. (V) premissas são verdadeiras;
Logo, vou à praia. (F) 2°. Vamos valorar de acordo com a tabela-verdade do
conectivo envolvido no argumento;
Percebe-se, então, que não está de acordo com a 3°. Se não der erro (ficar de acordo com o padrão de
nossa valoração inicial, ou seja, deu erro. Logo, nosso valoração que afirmamos) dizemos que o argu-
426 argumento é válido. mento é inválido.
Veja na prática: Veja os exemplos a seguir:

Se o tempo ficar nublado, então não vou ao cine- Exemplo 1:


ma. (V)
O tempo ficou nublado. (V) z Todos os mamíferos são animais.
Logo, vou ao cinema. (F) z Os cães são mamíferos.
z Logo, os cães são animais.
Já fizemos o 1° passo, colocamos na frente de cada
proposição os valores lógicos de acordo com o nosso „ Termo maior: animais;
lembrete. Agora, vamos valorar! Veja que ir ao cine- „ Termo menor: cães;
ma é falso e o tempos ficar nublado é verdadeiro. „ Termo médio: mamíferos.
Distribuímos os valores lógicos para proposição com-
posta pelo conectivo “se...então” na primeira pre- Exemplo 2:
missa, de acordo com cada proposição. Perceba que
a proposição “não vou ao cinema” está negando o z Todos os homens são mortais.
que está sendo dito na conclusão, ou seja, mudamos o z Sócrates é homem.
valor lógico dela. Assim, z Logo, Sócrates é mortal.

(V) (V) „ Termo maior: mortais;


Se o tempo ficar nublado, então vou ao cinema. (V) „ Termo menor: Sócrates;
O tempo ficou nublado. (V) „ Termo médio: homem.
Logo, vou ao cinema. (F)
REGRAS DO SILOGISMO CATEGÓRICO
Tudo que não estiver no padrão de combinação
lógica – verdade no antecedente e falso no conse- Regras Relativas aos Termos:
quente (V  F) para o conectivo “se...,então” – será
verdadeiro. z 1ª Regra: O silogismo tem três termos: o maior, o
menor e o médio. Exemplo:
(V) (V)
Se o tempo ficar nublado, então vou ao cinema. (V) „ As margaridas são flores.
O tempo ficou nublado. (V) „ Algumas mulheres são Margaridas.
Logo, vou ao cinema. (F)
„ Logo, algumas mulheres são flores.
Percebe-se que o argumento está de acordo com a
Veja que “margaridas” e “Margaridas” são termos
nossa valoração inicial, ou seja, não deu erro. Logo,
equívocos. Não respeitamos esta regra, porque este
nosso argumento é inválido.
silogismo tem 4 termos. O termo “margaridas” está
Sabendo disso, guarde o esquema a seguir.
empregue em 2 sentidos, valendo por 2 termos.
Ou seja, “Margaridas” com inicial maiúscula é um
Deu erro Argumento válido termo que faz referência às mulheres de nome Marga-
rida, já “margaridas” com inicial minúscula faz refe-
Não deu Argumento rência à espécie de flor.
erro inválido
z 2ª Regra: Se um termo está distribuído na con-
clusão, tem de estar distribuído nas premissas.
SILOGISMOS Exemplo:

O silogismo vem da Teoria Aristotélica dentro do „ Os espanhóis são inteligentes. (Predicado não
raciocínio dedutivo e geralmente é formado por três distribuído)
proposições, em que de duas delas, que funcionam „ Os portugueses não são espanhóis.
como premissas ou antecedente, extrai-se outra propo- „ Logo, os portugueses não são inteligentes.
sição que é a sua conclusão ou consequente. Além disso,
podemos dizer que é um tipo especial de argumento. Menor extensão na conclusão do que nas premissas.

Estrutura do Silogismo Categórico z 3ª Regra: O termo médio nunca pode estar na con-
clusão. Exemplo:
RACIOCÍNIO LÓGICO

z Premissa maior (geralmente é a primeira): Con-


tém o termo maior (T), que é sempre o predicado
„ Toda planta é ser vivo.
da conclusão e diz-nos qual é a premissa maior, da
„ Todo animal é ser vivo.
qual faz parte;
z Premissa menor (geralmente é a segunda): Con- „ Todo ser vivo é animal ou planta.
tém o termo menor (t), que é sempre o sujeito da
conclusão e indica-nos qual é a premissa menor; z 4ª Regra: O termo médio tem de estar distribuído
z Conclusão: Identificamos por não conter o termo pelo menos uma vez. Exemplo:
médio (M);
z Termo médio: Estabelece a ligação entre o termo „ Alguns (não distribuído) homens são ricos.
maior e termo menor. Aparece nas duas premis- „ Alguns (não distribuído) homens são artistas.
sas, mas nunca aparece na conclusão. „ Alguns artistas são ricos. 427
Regras Relativas às Proposições: individuais. Ou seja, são palavras ou expressões que
indicam que houve quantificação. São exemplos de
z 5ª Regra: De duas premissas negativas nada se quantificadores as expressões: existe, algum, todo,
pode concluir. Exemplo: pelo menos um, nenhum.
Esses quantificadores podem ser classificados em
„ Nenhum palhaço é chinês. dois tipos:
„ Nenhum chinês é holandês.
„ Logo, (não se pode concluir).
z Quantificador Universal;
z Quantificador Existencial (particulares).
Não se pode concluir se existe ou não alguma rela-
ção entre os termos “holandês” e “palhaço”, uma vez
que não existe nenhuma relação entre eles e o termo Universais temos todo e nenhum, já os particula-
médio (que é o único que nos permite relacioná-los). res temos pelo menos um, existe um e o algum.
Agora, vamos estudar a representação de cada um
z 6ª Regra: De duas premissas afirmativas não se dos quantificadores por meio dos diagramas lógicos.
pode tirar uma conclusão negativa. Exemplo:
Quantificador Universal “Todo” (Afirmativo)
„ Todos os mortais são desconfiados.
„ Alguns seres são mortais. Exemplo:
„ Alguns seres não são desconfiados.
Todo A é B.
z 7ª Regra: A conclusão segue sempre a parte mais Todo homem joga bola.
fraca (particular e/ou negativa). Se uma premissa
for negativa, a conclusão tem de ser negativa, se Perceba que temos dois conjuntos envolvidos no
uma premissa for particular, a conclusão tem de exemplo, o do homem e o de joga bola. Vale lembrar
ser particular. Exemplo: que Todo A é B significa que todo elemento de A tam-
bém é elemento de B. Logo, podemos representar com
„ Todos os homens são felizes. o diagrama:
„ Alguns homens são espertos.
„ Todos os espertos são felizes. (A conclusão nunca
B
pode ser geral)
A
z 8ª Regra: De duas premissas particulares, nada se
pode concluir. Exemplo:

„ Alguns italianos não são vencedores.


„ Alguns italianos são pobres.
O conjunto A dentro do conjunto B
„ Logo, (nada se pode concluir).

Ao menos uma premissa tem de ser universal, Quando “Todo A é B” é verdadeira, os valores lógi-
para que possa existir ligação entre o termo médio e cos das outras proposições categóricas, interpretando
os outros termos e ser possível extrair uma conclusão. os diagramas, serão os seguintes:
Esquematizando: Nenhum A é B – É falsa.
Algum A é B – É verdadeira.
Algum A não é B – é falsa.
REGRAS

PREMISSAS TERMOS Quantificador Universal “Nenhum” (Negativo)

z De duas premissas nega- z Todo silogismo contém Exemplo:


tivas, nada se conclui somente três termos: Nenhum A é B.
z De duas premissas afir- maior, médio e menor
mativas não pode haver z Os termos da conclusão
Nenhum homem joga bola.
conclusão negativa não podem ter extensão Perceba que temos dois conjuntos envolvidos no
z A conclusão segue sem- maior que os termos
exemplo, o do homem e o de jogar bola. Vale lembrar
pre a premissa mais fraca das premissas
z De duas premissas parti- z O termo médio não pode que “Nenhum A é B” significa que A e B não têm ele-
culares, nada se conclui entrar na conclusão mentos em comum, logo, temos apenas uma represen-
z O termo médio deve tação com diagrama:
ser universal ao menos
uma vez

A B

DIAGRAMAS LÓGICOS
Não há intersecção entre o conjunto A e o conjunto B
Esse tema é diretamente ligado ao estudo dos Quan-
tificadores Lógicos ou Proposições Categóricas, que Quando “Nenhum A é B” é verdadeira, os valores
são elementos que especificam a extensão da valida- lógicos das outras proposições categóricas, interpre-
428 de de um predicado sobre um conjunto de constantes tando o diagrama, serão os seguintes:
Todo A é B – É falsa.
Algum A é B – É falsa. SEQUÊNCIAS
Algum A não é B – é verdadeira.
SEQUÊNCIAS NUMÉRICAS
Quantificador Particular (Afirmativo): “Algum” / “Pelo
Menos um” / “Existe” Esse tema pode ser mais difícil do que parece.
Descobrir a lei de formação ou padrão da sequência
Exemplo: é o seu principal objetivo, pois em questões sobre
Algum A é B. sequências/raciocínio sequencial, você será apresen-
Algum homem joga bola. tado a um conjunto de dados dispostos de acordo com
alguma “regra” implícita, alguma lógica de formação.
Perceba que temos dois conjuntos envolvidos no O desafio é exatamente descobrir essa “regra” para,
exemplo, o do homem e o de jogar bola. Vale lembrar com isso, encontrar outros termos daquela mesma
que “Algum A é B” significa que o conjunto A tem pelo sequência.
menos um elemento em comum com o conjunto B, ou Veja o exemplo a seguir:
seja, há intersecção entre os círculos A e B. Logo, pode-
mos fazer quatro representações com diagramas: 2, 4, 6, 8,...

A B A primeira pergunta que podemos fazer para


achar a lei de formação é: os números estão aumen-
tando ou diminuindo?
Caso eles estejam aumentando, devemos tentar as
operações de soma ou multiplicação entre os termos.
Veja o nosso exemplo: 2, 4, 6, 8,... Do primeiro termo
para o segundo, somamos o número dois e depois
Os dois conjuntos possuem uma parte em comum repetimos isso.

Veja que todas as representações de A e B possuem 2+2=4


intersecção. Então, quando “Algum A é B” é verdadei- 4+2=6
ra, os valores lógicos das outras proposições categóri- 6+2=8
cas, interpretando o diagrama, serão os seguintes:
Todo A é B – É indeterminado Logo, o nosso próximo termo será o número 10,
Nenhum A é B – É falsa. pois 8+2 = 10.
Algum A não é B – É indeterminado. Caso os números estejam diminuindo, você pode
buscar uma lógica envolvendo subtrações ou divisões
entre os termos.
Quantificador Particular (negativo): “Algum” / “Pelo
Agora, observe esta outra sequência:
Menos um” / “Existe” + a partícula “Não”
2, 3, 5, 7, 11, 13, ...
Exemplo:
Algum A não é B.
Qual é o seu próximo termo? Vários alunos ten-
Algum homem não joga bola.
dem a dizer que o próximo termo é o 15, mesmo ten-
do percebido que o 9 não está na sequência. A nossa
Perceba que temos dois conjuntos envolvidos no
tendência é relevar esse “probleminha” e marcar logo
exemplo, o do homem e o de jogar bola. Vale lembrar
o valor 15. Muito cuidado! O padrão encontrado deve
que “Algum A não é B” significa que o conjunto A tem
ser capaz de explicar TODA a sequência! Neste caso,
pelo menos um elemento que não pertence ao con-
estamos diante dos números primos! Sim, aqueles
junto B. Logo, podemos fazer três representações com
números que só podem ser divididos por eles mesmos
diagramas:
ou então pelo número 1. No caso, o próximo seria o 17,
e não o 15. A propósito, os próximos números primos
são: 17, 19, 23, 29, 31, 37...

SEQUÊNCIAS NUMÉRICAS ALTERNADAS

É bem comum aparecer questões que envolvem


RACIOCÍNIO LÓGICO

Os dois conjuntos possuem uma parte em comum, mas não há uma sequência que tem mais de uma lei de formação.
contato de alguns elementos de A com B Podemos ter 2 sequências que se alternam, como nes-
te exemplo:
Veja que em todas as representações o conjunto
A tem pelo menos um elemento que não pertence ao 2, 5, 4, 10, 6, 15, 8, 20, ...
conjunto B. Então, quando “Algum A não é B” é verda-
deira, os valores lógicos das outras proposições cate- Se analisarmos mais minuciosamente, podemos
góricas, interpretando o diagrama, serão os seguintes: dizer que temos uma sequência a qual, de um núme-
ro para outro, devemos somar 2 unidades. Também
Todo A é B – É falsa. podemos notar que temos a sequência a qual, de um
Nenhum A é B – É indeterminada. número para o outro, basta somar 5 unidades, elas
Algum A não é B – É indeterminado. estão em sequências numéricas alternadas. Veja: 429
1° Sequencia: 2, 4, 6, 8,... Soma do Primeiro ao N-ésimo Termo da PA
2° Sequencia: 5, 10, 15, 20, ...
A fórmula a seguir nos permite calcular a soma dos
PROGRESSÃO ARITMÉTICA “n” primeiros termos de uma progressão aritmética:

n # (a1 + an)
Uma progressão aritmética é aquela em que os Sn =
2
termos crescem, sendo adicionados a uma razão cons-
tante, normalmente representada pela letra r. Para entendermos um pouco melhor, vamos calcu-
lar a soma dos 7 primeiros termos do nosso exemplo
z Termo inicial: valor do primeiro número que que já foi apresentado: {1,3,5,7,9,11, 13, ...}.
compõe a sequência; Já sabemos que a1 = 1, e n = 7. O termo an será, nes-
z Razão: regra que permite, a partir de um termo, te caso, o termo a7, que observando na sequência é o
obter o seguinte. número 13, ou seja, a7 = 13. Substituindo na fórmula,
temos:
Observe o exemplo a seguir:
n # (a1 + an)
Sn =
2
{1,3,5,7,9,11,13, ...}
7 # (1 + 13)
S7 =
Veja que 1+2=3, 3+2=5, 5+2=7, 7+2=9, e assim sucessi- 2
vamente. Temos um exemplo nítido de uma Progressão 7 # 14
Aritmética (PA) com uma razão 2, ou seja, r = 2 e termo S7 =
2
inicial igual a 1. Em questões envolvendo progressões
aritméticas, é importante você obter o termo geral e a 98
S7 = = 49
soma dos termos, conforme veremos a seguir. 2
Dependendo do sinal da razão r, a PA pode ser:
Termo Geral da PA
z PA crescente: se r > 0, a PA terá termos em ordem
Trata-se de uma fórmula que, a partir do primei- crescente.
ro termo e da razão da PA, permite calcular qualquer Ex.: {1, 4, 7, 10, 13, 16...} → r = 3
outro termo. Temos a seguinte fórmula:
z PA decrescente: se r < 0, a PA terá termos em
ordem decrescente.
an = a1 + (n-1)r
Ex.: {20, 19, 18, 17 ...} → r = -1
Nesta fórmula, an é o termo de posição n na PA (o z PA constante: se r = 0, todos os termos da PA serão
“n-ésimo” termo); a1 é o termo inicial, r é a razão e n é iguais.
a posição do termo na PA. Ex.: {7, 7, 7, 7, 7, 7, 7...} → r = 0.
Usando o nosso exemplo anterior, vamos desco-
brir o termo de posição 10. Já temos as informações Dica
que precisamos: {1,3,5,7,9,11, 13, ...}
PA crescente: se r > 0;
z o termo que buscamos é o da décima posição, isto PA decrescente: se r < 0;
é, a10; PA constante: se r = 0.
z a razão da PA é 2, portanto r = 2;
z o termo inicial é 1, logo a1 = 1; Em uma progressão aritmética de 3 termos, o
z n, ou seja, a posição que queremos, é a de número segundo termo, ou o termo do meio, é a média aritmé-
10: n = 10 tica entre o primeiro e terceiro termo. Veja:

Logo, PA (a1, a2, a3)  a2 = (a1 + a3)/2


PA (2, 4, 6)  4 = (2+6)/2  4 = 4.
an = a1 + (n-1)r
a10 = 1 + (10-1)2
PROGRESSÃO GEOMÉTRICA
a10 = 1 + 2x9
a10 = 1 + 18 Observe a sequência a seguir:
a10 = 19
{2, 4, 8, 16, 32...}
Isto é, o termo da posição 10 é o 19. Volte na
sequência e confira. Perceba que, com essa fórmula, Cada termo é igual ao anterior multiplicado por 2.
podemos calcular qualquer termo da PA. O termo da Este é um exemplo típico de Progressão Geométrica,
posição 200 é: ou, simplesmente, PG. Em uma PG, cada termo é obti-
do a partir da multiplicação do anterior por um mes-
an = a1 + (n-1)r mo número, o que chamamos de razão da progressão
a200 = 1 + (200-1)2 geométrica. A razão é simbolizada pela letra q.
a200 = 1 + 2x199 No exemplo acima, temos q = 2 e o termo inicial é
a200 = 1 + 198 a1 = 1. Assim como o caso de PA, normalmente, pre-
430 a200 = 199 cisamos calcular o termo geral e a soma dos termos.
Termo Geral da PG SEQUÊNCIAS COM FIGURAS E DE PALAVRAS

A fórmula a seguir nos permite obter qualquer Não há uma teoria específica para este assun-
termo (an) da progressão geométrica, partindo-se do to, mas comentaremos, a seguir, algumas questões
primeiro termo (a1) e da razão (q): para “pegarmos o jeito” dos exercícios que envolvem
sequências com figuras e de palavras. Esse é o modo
an = a1 × qn-1 como se aprende esta matéria. Mãos à obra!
Para aperfeiçoar seus estudos, veja na prática um
No exemplo, o quinto termo, a5 (n = 5), pode ser pouco dos conceitos estudados durante a leitura do
encontrado assim: material

1. (FURB – 2019) Em um restaurante, usam-se mesas


{2, 4, 8, 16, 32...}
que comportam 4 cadeiras. Se juntarem duas dessas
a5 = 2 × 25-1
mesas, consegue-se espaço para 6 cadeiras. Se jun-
a5 = 2 × 24
tarem três dessas mesas, o espaço fica restrito a 8
a5 = 2 × 16 cadeiras. A imagem a seguir ilustra essa situação:
a5 = 32

Soma do Primeiro ao N-ésimo Termo da PG

A fórmula a seguir permite calcular a soma dos “n”


primeiros termos da progressão geométrica:

n Seguindo esse padrão, pode-se afirmar que a quanti-


a1 # (q - 1)
Sn = dade de mesas que se deve juntar para que a quanti-
q-1 dade de lugares disponíveis (cadeiras) seja igual a 22
Usando novamente o nosso exemplo e fazendo a é:
soma dos 4 primeiros termos (n = 4), temos: {2, 4, 8,
16, 32...} a) 6.
4 b) 15.
2 # (2 - 1) c) 10.
S4 =
2-1 d) 12.
#
2 (16 - 1) e) 8.
S4 = 1
2 # 15 1 mesa = 4 cadeiras
S4 = 1 2 mesas = 6 cadeiras
S4 = 30 3 mesas = 8 cadeiras
4 mesas = 10 cadeiras
5 mesas = 12 cadeiras
Soma dos Infinitos Termos de uma Progressão
6 mesas = 14 cadeiras
Geométrica
7 mesas = 16 cadeiras
8 mesas = 18 cadeiras
Suponha que você corra 1000 metros, depois, 9 mesas = 20 cadeiras
você corra 500 metros, depois, você corra 250 metros 10 mesas = 22 cadeiras
e, depois, 125 metros – sempre metade do que você Resposta: Letra C.
correu anteriormente. Quanto você correrá no total?
Observe que o que temos é exatamente uma progres- 2. (CONTEMAX – 2020) Considere o seguinte padrão de
são geométrica infinita, porém, essa PG é decrescente. números
Quando temos uma PG infinita com razão 0 < q <
1, teremos que qn = 0. Entendemos, então, que quanto
maior for o expoente, mais próximo de zero será. Por-
tanto, substituindo, teremos:

a1 # (0 - 1)
S∞ =
q-1
a1
S∞ =
RACIOCÍNIO LÓGICO

q-1
O número que substitui o símbolo “?” é:
Dica
a) 25.
Em uma progressão geométrica, o quadrado do b) 23.
termo do meio é igual ao produto dos extremos. c) 32.
{a1, a2, a3}  (a2)2 = a1 × a3 d) 20.
Veja: {2, 4, 8, 16, 32...} e) 28.
82 = 4 × 16
64 = 64. Note o seguinte padrão:
1 + 2 = 3 (primeiro número da segunda coluna)
431
3 + 5 = 8 (primeiro número da terceira coluna) Na palavra MALOTE, foi invertida a ordem das
8 + 12 = 20 (primeiro número da quarta coluna) duas primeiras sílabas (LOMA) e invertida a ordem
20 + 28 = 48 (primeiro número da quinta coluna) das duas últimas letras (ET). Basta seguir o mes-
Resposta: Letra E. mo raciocínio para a palavra CAMILO, que fica:
MICAOL. Resposta: Letra B.
3. (ACCESS – 2020) Observe a sequência infinita a
seguir:

LOGICALOGICALOGICALOGICA... HORA DE PRATICAR!


A 2020ª letra dessa sequência é: 1. (TJ-SP – VUNESP – 2017) Considerando falsa a afir-
mação “Se Ana é gerente, então Carlos é diretor”, a
a) C. afirmação necessariamente verdadeira é:
b) A.
c) L. a) Carlos é diretor.
d) O. b) Ana não é gerente, ou Carlos é diretor.
e) I. c) Ana é gerente, e Carlos é diretor.
d) Ana não é gerente, e Carlos não é diretor.
Temos o ciclo “L O G I C A”, com 6 elementos. Agora, e) Ana é gerente.
basta dividir a posição 2020 pela quantidade de ele-
mentos do ciclo. Veja: 2. (TJ-SP – VUNESP – 2015) Marta confeccionou três
2020 / 6 = 336 + resto 4 cartões em papel cartolina e carimbou figuras em
Ou seja, temos 336 ciclos completos mais 4 somente uma das faces de cada cartão. Ao encon-
elementos: trar um de seus amigos, Marta informou-lhe que todo
Resto 1 = L cartão de cor amarela tinha carimbada, em uma das
Resto 2 = O faces, uma figura em tinta na cor azul. Após dizer isso,
Resto 3 = G ela mostrou a esse amigo três cartões: o primeiro car-
Resto 4 = I (Gabarito) tão, de cor amarela, continha uma figura carimbada
Resposta: Letra E. em tinta na cor azul; o segundo cartão, de cor verme-
lha, continha uma figura carimbada em tinta na cor
4. (INSTITUTO CONSULPLAN – 2019) Observe a sequên- preta; o terceiro cartão, na cor branca, continha uma
cia de palavras: figura carimbada em tinta na cor azul.
OSSOS – NEVOEIRO – DESENHO – JANTARES – Com base no que foi apresentado, pode-se afirmar
FIBRILADOR – MILÍCIA – ABRIDOR – ? –. A palavra corretamente que
que substitui corretamente o ponto de interrogação é:
a) apenas o terceiro cartão mostrado contradiz a afirma-
a) GARAPA. ção de Marta.
b) MAMÃO. b) apenas o segundo cartão mostrado contradiz a afir-
c) JONATAS. mação de Marta.
d) AGROPECUÁRIO. c) todos os cartões mostrados contradizem a afirmação
de Marta.
A sequência apresentada segue um padrão em rela- d) nenhum dos cartões mostrados contradiz a afirmação
ção aos meses do ano. A primeira palavra, OSSOS, de Marta.
começa com letra “O”, mês de outubro; a segunda e) apenas o segundo e o terceiro cartões mostrados con-
palavra, NEVOEIRO, começa com a letra “N”, mês tradizem a afirmação de Marta.
de novembro...
OSSOS → Outubro 3. (TJ-SP – VUNESP – 2018) Considere falsa a afirma-
NEVOEIRO → Novembro ção “Se hoje estudo, então amanhã não trabalho.” Nes-
DESENHO → Dezembro se caso, é necessariamente verdade que
JANTARES → Janeiro
FIBRILADOR → Fevereiro a) Hoje não estudo ou amanhã não trabalho.
MILÍCIA → Março b) Hoje não estudo e amanhã trabalho.
ABRIDOR → Abril c) Hoje estudo e amanhã trabalho.
? → Maio d) Amanhã não trabalho.
O ponto de interrogação está associado ao mês de e) Se amanhã trabalho, então hoje não estudo.
Maio, devendo ser substituído por uma palavra que
comece com a letra “M” = MAMÃO, apresentada nas 4. (TJ-SP – VUNESP – 2018) Uma negação lógica para a
opções. Resposta: Letra B. afirmação “Se Patrícia não é engenheira, então Maurí-
cio é empresário” está contida na alternativa:
5. (IBADE – 2019) A palavra MALOTE está para LOMAET,
assim como CAMILO está para: a) Se Patrícia é engenheira, então Maurício não é
empresário.
a) MIOLCA. b) Patrícia não é engenheira e Maurício não é empresário.
b) MICAOL. c) Se Maurício não é empresário, então Patrícia é
c) CAOLMI. engenheira.
d) MILOCA. d) Patrícia é engenheira ou Maurício não é empresário.
432 e) LOCAMI. e) Patrícia é engenheira e Maurício não é empresário.
5. (TJ-SP – VUNESP – 2018) Considere a afirmação 11.(TJ-SP – VUNESP – 2017) “Existe um lugar em que
“Marta não atende ao público interno ou Jéssica cuida não há poluição” é uma negação lógica da afirmação:
de processos administrativos”. Uma afirmação equi-
valente à afirmação apresentada é: a) Em alguns lugares, há poluição.
a) se Jéssica não cuida de processos administrativos, b) Em todo lugar, há poluição.
então Marta atende ao público interno. c) Em alguns lugares, não há poluição.
b) se Marta atende ao público interno, então Jéssica não d) Em todo lugar, não há poluição.
cuida de processos administrativos. e) Em alguns lugares, pode não haver poluição.
c) se Marta não atende ao público interno, então Jéssica
cuida de processos administrativos. 12. (TJ-SP – VUNESP – 2014) Considere verdadeiras as
d) se Marta não atende ao público interno, então Jéssica afirmações:
não cuida de processos administrativos.
e) se Marta atende ao público interno, então Jéssica cui-
z Todos os cães latem.
da de processos administrativos.
z Todos os cães possuem quatro patas.
6. (TJ-SP – VUNESP – 2017) Uma negação lógica para a z Os gatos também possuem quatro patas.
afirmação “João é rico, ou Maria é pobre” é: z Alguns seres humanos imitam os latidos dos cães.
z Nem todos os cães mordem e alguns gatos arranham.
a) João não é rico, ou Maria não é pobre.
b) Se João é rico, então Maria é pobre.
A partir dessas afirmações, pode-se concluir, correta-
c) João não é rico, e Maria não é pobre.
d) João é rico, e Maria não é pobre. mente, que
e) Se João não é rico, então Maria não é pobre.
a) alguns cães não possuem quatro patas e não latem.
7. (TJ-SP – VUNESP – 2018) Se Maria é bonita, então b) os cães que latem possuem quatro patas.
Carlos é rico. Se Ana é feliz, então José é um herói. c) ou os gatos arranham ou os gatos miam.
Sabe-se que Maria é bonita e Ana não é feliz. Logo, d) alguns seres humanos imitam os miados dos gatos.
pode-se afirmar corretamente que
e) os gatos que arranham assustam os cães que não
a) José não é um herói. mordem.
b) José é um herói.
c) José não é um herói e Carlos é rico. 13. (TJ-SP – VUNESP – 2018) Quatro amigos, Paulo,
d) Carlos não é rico. João, Fábio e Caio, nasceram em anos distintos, a
e) Carlos é rico ou José é um herói. saber 1970, 1977, 1981 ou 1990, não necessariamen-
te nessa ordem. Cada um exerce, também não neces-
8. (TJ-SP – VUNESP – 2018) Considere falsa a afirma-
ção “Hélio é bombeiro e Cláudia é comissária de bor- sariamente nessa ordem, uma das profissões entre
do” e verdadeira a afirmação “Se Hélio é bombeiro, arquiteto, fotógrafo, engenheiro e advogado. Sabe-
então Cláudia é comissária de bordo”. Nessas condi- -se que Paulo não nasceu em 1970, que o arquiteto
ções, é necessariamente verdade que nasceu antes de Caio e antes do fotógrafo João, que
Fábio nasceu antes do advogado, que o advogado não
a) Hélio é bombeiro ou Cláudia não é comissária de nasceu em 1977 e que o engenheiro, que não é Caio,
bordo. nasceu em 1981. Sendo assim, é correto afirmar que
b) Hélio é bombeiro.
c) Cláudia é comissária de bordo.
d) Hélio não é bombeiro. a) Paulo nasceu antes de Caio.
e) Cláudia não é comissária de bordo. b) Caio é arquiteto.
c) Fábio é advogado.
9. (TJ-SP – VUNESP – 2017) Se Débora é mãe de Hugo, d) o engenheiro nasceu antes do fotógrafo.
então Marcelo é baixo. Se Carlos não é filho de Débora, e) João nasceu antes de Fábio.
então Neusa não é avó dele. Sabendo-se que Marcelo
é alto ou que Neusa é avó de Carlos, conclui-se corre-
14. (TJ-SP – VUNESP – 2017) Em um edifício com apar-
tamente que
tamentos somente nos andares de 1º ao 4º, moram
a) Débora não é mãe de Hugo, e Carlos é filho de Débora. 4 meninas, em andares distintos: Joana, Yara, Kelly e
b) Hugo e Carlos não são irmãos. Bete, não necessariamente nessa ordem. Cada uma
c) Hugo e Carlos são irmãos. delas tem um animal de estimação diferente: gato,
d) Neusa é mãe de Débora. cachorro, passarinho e tartaruga, não necessariamen-
e) Débora não é mãe de Hugo, ou Carlos é filho de Débora. te nessa ordem. Bete vive reclamando do barulho feito
pelo cachorro, no andar imediatamente acima do seu.
RACIOCÍNIO LÓGICO

10. (TJ-SP – VUNESP – 2018) “Carlos tem apenas 3 irmãs,


e essas 3 irmãs cursam o ensino superior.” Supondo Joana, que não mora no 4o, mora um andar acima do
verdadeira a afirmação apresentada, é correto afirmar de Kelly, que tem o passarinho e não mora no 2º andar.
que Quem mora no 3º andar tem uma tartaruga.
Sendo assim, é correto afirmar que
a) se Ana cursa o ensino superior, então ela é irmã de
Carlos.
a) Yara mora no 4º andar e tem um cachorro.
b) se Rute não cursa o ensino superior, então ela não é
b) Joana mora no 3º andar e tem um gato.
irmã de Carlos.
c) Carlos não cursa o ensino superior. c) Kelly não mora no 1º andar.
d) se Bia não é irmã de Carlos, então ela não cursa o ensi- d) Bete tem um gato.
no superior. e) o gato é o animal de estimação da menina que mora
e) Carlos cursa o ensino superior no 1º andar. 433
15. (TJ-SP – VUNESP – 2018) Considere os primeiros 8 17. (TJ-SP – VUNESP – 2017) Observe as 4 primeiras
elementos da sequência de figuras: figuras de uma sequência, em que cada figura contém
5 símbolos:
figura 1 figura 2 figura 3

Figura 1 Figura 2 Figura 3 Figura 4

Nessa sequência, as figuras 5, 6, 7 e 8 correspondem,


respectivamente, às figuras 1, 2, 3 e 4, assim como as
figura 4 figura 5 figura 6 figuras 9, 10, 11 e 12, e assim por diante, mantendo-se
essa correspondência. Com relação à ordem dos sím-
bolos, o 1º dessa sequência é , o 8º é , o 15º é , e
assim por diante. Nestas condições, o 189º símbolo é

a) .
b) ♠.
c) ♦.
figura 7 figura 8
d) ♣.
e) ♥.

18. (TJ-SP – VUNESP – 2015) Observe a sequência de


espaços identificados por letras

Nesta sequência, as figuras 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15 e 6 5


16 correspondem, respectivamente, às figuras 1, 2, 3, a b c d e f g h i j
4, 5, 6, 7, 8, assim como as figuras 17, 18, 19, 20, 21,
22, 23 e 24, e assim segue, mantendo-se esta corres- Cada espaço vazio deverá ser preenchido por um
pondência. Sobrepondo-se as figuras 109, 131 e 152, número inteiro e positivo, de modo que a soma dos
obtém-se a figura números de três espaços consecutivos seja sempre
igual a 15.
Nessas condições, no espaço identificado pela letra g
deverá ser escrito o número
a)
a) 5.
b) 6.
c) 4.
b) d) 7.
e) 3.

19. (TJ-SP – VUNESP – 2015) Mantendo-se a regulari-


dade da sequência numérica – 3, 1, – 5, 3, – 7, 5, …,
c)
os dois próximos elementos dessa sequência serão,
respectivamente,

a) – 10 e 6.
d) b) – 9 e 7.
c) – 11 e 5.
d) – 12 e 4.
e) – 13 e 3.

e) 20. (TJ-SP – VUNESP – 2014) Observe as regularidades


da sequência a seguir:

16. (TJ-SP – VUNESP – 2018) Na sequência numérica 1, (10; 11; 20; 21; 22; 30; 31; 32; 33; 40; . . . ; 98; 99).
2, 3, 6, 7, 8, 21, 22, 23, 66, 67, 68, ..., os termos se suce-
dem segundo um padrão. Mantido o padrão, o décimo Pode-se afirmar corretamente que a soma dos algaris-
quarto termo é o número mos que compõem o 38º elemento é

a) 229. a) 8.
b) 308. b) 10.
c) 282. c) 7.
d) 255. d) 9.
434 e) 202. e) 6.
GABARITO COMENTADO Nega a 1° proposição, troca o “OU” pelo “se então”,
repete a 2° proposição.
Assim,
1.
“Marta não atende ao público interno ou Jéssica cui-
da de processos administrativos”.
Na questão, temos uma condicional sendo falsa, ou
Fica:
seja, V→F = F. Assim,
Se Marta atende ao público interno, então Jéssica
“Se Ana é gerente, então Carlos é diretor” cuida de processos administrativos.
Ana é gerente = verdade Resposta: Letra E.
Carlos é diretor = falso
Dessa forma, podemos afirmar que o gabarito da 6.
alternativa E, pois Ana ser gerente tem valoração
verdadeira. Resposta: Letra E. Para negar o conectivo “ou” devemos trocar
pelo conectivo “E” e negar todas as proposições
2. envolvidas.
Logo,
Analisando o enunciado. “João é rico, ou Maria é pobre”
Se todo cartão de cor amarela tinha carimbada uma Negando:
figura em tinta azul, temos que: João não é rico, e Maria não é pobre.
Cartão de cor amarela → Figura com tinta azul Resposta: Letra C.
Após isso, ela mostrou 3 cartões:
1) Cartão de cor amarela com figura com tinta azul 7.
2) Cartão de cor vermelha com figura com tinta
preta Para esse tipo de questão, é importante achar o pon-
3) Cartão de cor branca com figura com tinta azul to de partida, ou seja, por onde começar a valorar as
Logo, nenhum dos cartões mostrados contradiz a proposições. Aqui temos o conectivo “E” como ponto
afirmação de Marta, pois todo cartão amarelo tem de partida, uma vez que todas as proposições são
carimbo azul, mas nem todo cartão com carimbo verdadeiras para o resultado ser verdade. Assim,
azul, é amarelo. Se Maria é bonita (V), então Carlos é rico (V).
Resposta: Letra D. Verdade
Se Ana é feliz (F), então José é um herói (V/F).
3. Verdade
Maria é bonita (V) e Ana não é feliz (V). Verdade
Na questão, temos uma condicional sendo falsa, ou Analisando as alternativas:
seja, V→F = F. Carlos é rico (V) ou José é um herói (V/F). Verdade.
Assim: Resposta: Letra E.
“Se hoje estudo, então amanhã não trabalho”
Hoje estudo = verdade 8.
Amanhã eu não trabalho = falso
Valorando as alternativas de acordo com os valores Precisamos levar em consideração as condições que
das proposições simples: o enunciado colocou e achar o que podemos afirmar
a) Hoje não estudo (F) ou amanhã não trabalho (F). com 100% de certeza. Logo,
Falso Possibilidades:
b) Hoje não estudo (F) e amanhã trabalho (V). Falso (Hélio Bombeiro: HB)
c) Hoje estudo (V) e amanhã trabalho (V). Verdade (Cláudia Comissária: CC)
HB ^ CC=Falso
d) Amanhã não trabalho (F). Falso
V       F
e) Se amanhã trabalho (V), então hoje não estudo
F       V
(F). Falso
F       F
Resposta: Letra C.
HB → CC=Verdade
V       V
4. F       V
F       F
Para negar a condicional, devemos: Note que cada afirmação exclui uma das possibili-
Repetir a 1° proposição, trocar o “se então” pelo dades da outra e que a única coisa que podemos afir-
conectivo “E” e negar a 2° proposição. mar com certeza é que Hélio não é bombeiro. Não
RACIOCÍNIO LÓGICO

Logo, podemos ter certeza se Cláudia é ou não comissária,


“Se Patrícia não é engenheira, então Maurício é já que os valores podem variar.
empresário” Resposta: Letra D.
Negando:
Patrícia não é engenheira e Maurício não é 9.
empresário.
Resposta: Letra B. Temos um dilema destrutivo na questão. Veja a
estrutura dele:
5. duas condicionais, ou seja, duas proposições que
utilizam o “se então”.
Para fazer a equivalência lógica do conectivo “ou” uma disjunção inclusiva (conectivo ou), que nega
usando a condicional, fica: as duas consequentes. 435
A conclusão será com o conectivo ou negando os antecedentes.
Exemplo:
P→Q
X→Y
~Q v ~Y
Conclusão: ~P v ~X
Vamos analisar com os dados da questão:
Se Débora é mãe de Hugo, então Marcelo é baixo. (p → q)
Se Carlos não é filho de Débora, então Neusa não é avó dele. (x → y)
Marcelo é alto ou Neusa é avó de Carlos. (~q v ~y)
Note que há a negação das duas consequentes – dilema destrutivo configurado.
Agora negando os dois antecedentes na questão:
Débora não é mãe de Hugo ou Carlos é filho de Débora.
Resposta: Letra E.

10.

Vejamos cada opção de resposta:


Em “a”: Errado – Se Ana cursa o ensino superior, então ela é irmã de Carlos. Está errado, pois nem todas as
mulheres que cursam ensino superior são irmãs de Carlos.
Em “b”: Certo – Se Rute não cursa o ensino superior, então ela não é irmã de Carlos. Está certo, pois todas as
irmãs de Carlos fazem curso superior. Se Rute não cursa, não tem como ela ser irmã dele.
Em “c”: Errado – Carlos não cursa o ensino superior. Está errado, pelo mesmo motivo do item anterior.
Em “d”: Errado – se Bia não é irmã de Carlos, então ela não cursa o ensino superior. Está errado, pois pode haver
outras mulheres que cursam ensino superior, além das irmãs de Carlos.
Em “e”: Errado – Carlos cursa o ensino superior. Está errado, não temos qualquer elemento a respeito de Carlos,
somente sobre suas irmãs.
Resposta: Letra B.

11.

Negações para “Todo A é B”:


Algum A não é B
Existe A que não é B
Pelo menos um A não é B
Nem todo A é B
Logo,
“Existe um lugar em que não há poluição.”
Negando: Em todo lugar há poluição.
Resposta: Letra B.

12.

Analisando cada alternativa:


Em “a”, alguns cães não possuem quatro patas e não latem.
Em “b” os cães que latem possuem quatro patas. Certo, pois se todos os cães latem e todos os cães possuem quatro
patas, então os cães que latem possuem quatro patas.
Em “c”, ou os gatos arranham ou os gatos miam. Errado, pois a questão não traz informações sobre gatos
miarem.
Em “d”, alguns seres humanos imitam os miados dos gatos. Errado, pois como na alternativa C, não há como
afirmar nada sobre os gatos miarem.
Em “e”, os gatos que arranham assustam os cães que não mordem. Errado, pois a questão não deixa clara as
informações sobre a relação dos gatos com os cães.
Resposta: Letra B.

13.

Para resolvermos a questão, primeiro devemos montar uma tabela relacionando todos os amigos com todos os
anos de nascimento, assim como com todas as profissões. Então temos:

AMIGOS NASCIMENTO PROFISSÃO

Paulo 1970, 1977, 1981, 1990 Arquiteto, fotógrafo, engenheiro, advogado

João 1970, 1977, 1981, 1990 Arquiteto, fotógrafo, engenheiro, advogado

Fábio 1970, 1977, 1981, 1990 Arquiteto, fotógrafo, engenheiro, advogado

Caio 1970, 1977, 1981, 1990 Arquiteto, fotógrafo, engenheiro, advogado

Sabe-se que Paulo não nasceu em 1970 (cortamos esse ano para Paulo);
Que o arquiteto nasceu antes de Caio e antes do fotógrafo João (Caio não pode ser o arquiteto e João é o
436 fotógrafo, bem como eles não podem ter nascido em 1970);
Que Fábio nasceu antes do advogado (Fábio não pode ser o advogado);
Que o advogado não nasceu em 1977 e que o engenheiro, que não é Caio, nasceu em 1981 (Caio não é
engenheiro e não nasceu em 1981).

AMIGOS NASCIMENTO PROFISSÃO

Paulo 1970, 1977, 1981, 1990 Arquiteto, fotógrafo, engenheiro, advogado

João 1970, 1977, 1981, 1990 Arquiteto, fotógrafo, engenheiro, advogado

Fábio 1970, 1977, 1981, 1990 Arquiteto, fotógrafo, engenheiro, advogado

Caio 1970, 1977, 1981, 1990 Arquiteto, fotógrafo, engenheiro, advogado

Agora, perceba que a tabela nos mostra claramente qual a profissão de Caio (advogado) e o ano em que ele
nasceu, pois há uma afirmação dizendo que isso - que o advogado não nasceu em 1977, então ele só pode ter
nascido em 1990 (o restou para ele).

AMIGOS NASCIMENTO PROFISSÃO

Paulo 1970, 1977, 1981, 1990 Arquiteto, fotógrafo, engenheiro, advogado

João 1970, 1977, 1981, 1990 Arquiteto, fotógrafo, engenheiro, advogado

Fábio 1970, 1977, 1981, 1990 Arquiteto, fotógrafo, engenheiro, advogado

Caio 1970, 1977, 1981, 1990 Arquiteto, fotógrafo, engenheiro, advogado

Veja que o engenheiro só pode ser Paulo, pois Fábio nasceu em 1970 conforme mostra a tabela e, de acordo com
a afirmação - que o engenheiro, que não é Caio, nasceu em 1981, o engenheiro nasceu em 1981. E assim, as
outras informações da tabela irão se completar automaticamente, veja:

AMIGOS NASCIMENTO PROFISSÃO

Paulo 1970, 1977, 1981, 1990 Arquiteto, fotógrafo, engenheiro, advogado

João 1970, 1977, 1981, 1990 Arquiteto, fotógrafo, engenheiro, advogado

Fábio 1970, 1977, 1981, 1990 Arquiteto, fotógrafo, engenheiro, advogado

Caio 1970, 1977, 1981, 1990 Arquiteto, fotógrafo, engenheiro, advogado

Analisando as alternativas, chegamos à conclusão de que a correta é a letra A.Resposta: Letra A.

14.

Primeiro vamos montar a tabela para analisarmos as afirmações:

MENINAS ANIMAIS ANDARES

Joana Gato, cachorro, passarinho, tartaruga 1°, 2°, 3°, 4°

Yara Gato, cachorro, passarinho, tartaruga 1°, 2°, 3°, 4°

Kelly Gato, cachorro, passarinho, tartaruga 1°, 2°, 3°, 4°

Bete Gato, cachorro, passarinho, tartaruga 1°, 2°, 3°, 4°

Analisando as afirmações do enunciado:


RACIOCÍNIO LÓGICO

“Bete vive reclamando do barulho feito pelo cachorro, no andar imediatamente acima do seu”. Logo, Bete não
pode estar no 4º andar e o cachorro não estará no 1º andar. Apaga da tabela.

MENINAS ANIMAIS ANDARES

Joana Gato, cachorro, passarinho, tartaruga 1°, 2°, 3°, 4°

Yara Gato, cachorro, passarinho, tartaruga 1°, 2°, 3°, 4°

Kelly Gato, cachorro, passarinho, tartaruga 1°, 2°, 3°, 4°

Bete Gato, cachorro, passarinho, tartaruga 1°, 2°, 3°, 4


437
“Joana, que não mora no 4°, mora um andar acima do de Kelly, que tem o passarinho e não mora no 2° andar”.
Logo, Joana não mora no 4º andar e também não mora no 1º, visto que mora acima de Kelly, que por sua vez não
mora no 2º andar ou no 4º, pois Joana ocupa o lugar acima.

Apaga os correspondentes na tabela. E como Kelly possui o passarinho, apaga onde não aparece a Kelly na tabe-
la. Perceba que a Yara mora no 4°, pois sobrou apenas isso para ela como opção.

MENINAS ANIMAIS ANDARES

Joana Gato, cachorro, passarinho, tartaruga 1°, 2°, 3°, 4°

Yara Gato, cachorro, passarinho, tartaruga 1°, 2°, 3°, 4°

Kelly Gato, cachorro, passarinho, tartaruga 1°, 2°, 3°, 4°

Bete Gato, cachorro, passarinho, tartaruga 1°, 2°, 3°, 4°

“Quem mora no 3° andar tem uma tartaruga”. Veja que aqui podemos afirmar que Kelly mora no 1° andar, pois
ela tem um passarinho e, cortando na tabela o 3° andar, sobra apenas o 1° andar para ela. E automaticamente
Joana mora no 2° andar e Bete no 3° andar e tem a tartaruga.

MENINAS ANIMAIS ANDARES

Joana Gato, cachorro, passarinho, tartaruga 1°, 2°, 3°, 4°

Yara Gato, cachorro, passarinho, tartaruga 1°, 2°, 3°, 4°

Kelly Gato, cachorro, passarinho, tartaruga 1°, 2°, 3°, 4°

Bete Gato, cachorro, passarinho, tartaruga 1°, 2°, 3°, 4°

Olhando novamente as afirmações, temos:

“Bete vive reclamando do barulho feito pelo cachorro, no andar imediatamente acima do seu; Joana, que não
mora no 4°, mora um andar acima do de Kelly, que tem o passarinho e não mora no 2° andar”.

Então, comece por Kelly que tem o passarinho e a única possibilidade é o 1º andar, portanto, Joana mora no 2º
andar; Bete vive reclamando do barulho feito pelo cachorro, no andar imediatamente acima do seu, logo mora
no 3º andar e Yara tem um cachorro. Restando apenas o gato para Joana.

MENINAS ANIMAIS ANDARES

Joana Gato, cachorro, passarinho, tartaruga 1°, 2°, 3°, 4°

Yara Gato, cachorro, passarinho, tartaruga 1°, 2°, 3°, 4°

Kelly Gato, cachorro, passarinho, tartaruga 1°, 2°, 3°, 4°

Bete Gato, cachorro, passarinho, tartaruga 1°, 2°, 3°, 4°

Analisando as alternativas, vemos que Yara mora no 4° andar e tem um cachorro.


Resposta: Letra A.

15.

Para esse tipo de questão, basta dividir as posições pelo número de elementos que há no ciclo, ou seja, 109, 131, e
152 por 8 (que é a quantidade de figuras no ciclo).
O resto é a parte mais importante aqui, pois ele nos mostrará qual o elemento de dentro do ciclo em cada posição.
109 / 8 = 13, sobra 5. (Figura 5)
131 / 8 = 16, sobra 3. (Figura 3)
152 / 8 = 72, sobra 0. (Figura 8)
Obs.: quando o resto for 0, a resposta sempre será o último elemento do ciclo.
Sobrepondo-se as figuras 109, 131 e 152, obtém-se a figura da letra C.
Resposta: Letra C.

16.

Observe o padrão da sequência:


438 1, 2, 3, 6, 7, 8, 21, 22, 23, 66, 67, 68,
1+2+3= 6 60 61 62 63 64 65 66 = 27 elementos (20+7)
6+ 7+ 8= 21 70 71 72 73 74 75 76 77 = 35 elementos (27+8)
21+22+23= 66 80 81 82 = 38 elementos, ou seja, o elemento 38 é
66+67+68=201 (13º) igual a 82.
Observe que o 4º termo da sequência (6) é a soma A soma dos seus algarismos:
dos três anteriores. 8+2 = 10
O 7º termo da sequência (21) também é a soma dos Resposta: Letra B.
três anteriores.
O 10º termo (66) também é a soma dos três
anteriores.
Assim, o 13º termo deve ser a soma dos três
anteriores.
ANOTAÇÕES
Ou seja, 13º termo = 66 + 67 + 68 = 201.
O 14º termo é o próximo número, ou seja, 202.
Resposta: Letra E.

17.

Veja que a questão pede o 189º “Símbolo” e toda a


sequência (figura 1 + figura 2 + figura 3 + figura 4)
possui o total de 20 símbolos.
Logo, dividimos:
189/20 = 9 e sobra (9).
Esses 9 que sobraram (o mais importante de tudo
aqui) é que vão nos dar a posição exata. Então,
vamos começar a contagem do início (a partir do 1º
símbolo da figura 1) e verificar qual símbolo ocupa a
9ª posição, que será o símbolo de espadas.
Resposta: Letra B.

18.

Temos que a = 6, i = 5 e que a cada 3 espaços a soma


será 15, logo:
a + b + c = 15 → 6 + b + c = 15; b + c = 9
b + c + d = 15 → d = 15 - (b + c); d = 6
c + d + e = 15 → c + e = 15 - d; c + e = 9
d + e + f = 15 → 6 + e + f = 15; e + f = 9
e + f + g = 15 → 9 + g = 15;
g=6
Resposta: Letra B.

19.

A sequência tem o seguinte padrão:


Posições ímpares: temos números negativos com
razão igual a -2.
Posições pares: temos números positivos com razão
igual a 2.
-3, -5, -7, -9... (-2)
1, 3, 5, 7... (+2)
A questão pede os próximos números da sequência
(posição 7 e 8), agora é só pegar o último e somar
com sua respectiva razão
-7 + (-2) = -9
5+2=7
RACIOCÍNIO LÓGICO

Resposta: Letra B.

20.

Repare no padrão de formação da sequência e veja


que a questão pede a soma dos algarismos do 38°
elementos. Veja:
10 11 = 2 elementos
20 21 22 = 5 elementos (2+3)
30 31 32 33 = 9 elementos (5+4)
40 41 42 43 44 = 14 elementos (9+5)
50 51 52 53 54 55 = 20 elementos (14+6) 439
ANOTAÇÕES

440

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