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ATUALIZADO E
TJ-SP
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO
REVISADO
2021
Escrevente Técnico
Judiciário
4 Língua Portuguesa
4 Direito Penal
4 Direito Processual Penal CONTEÚDO
4 Direito Processual Civil
4 Direito Constitucional
ON-LINE
4 Direito Administrativo
4 Normas da Corregedoria Geral da 10 horas de
4
Justiça (On-Line)
Atualidades (On-Line) Videoaulas
4 Matemática
4 Informática
4 Raciocínio Lógico
Tribunal de Justiça de São Paulo
TJ-SP
Escrevente Técnico Judiciário
NV-002JL-21
Cód.: 7908428800857
Obra
Autores
LÍNGUA PORTUGUESA • Monalisa Costa, Ana Cátia Collares, Giselli Neves e Isabella Ramiro
DIREITO PENAL • Rodrigo Gonçalves e Renato Philippini
DIREITO PROCESSUAL PENAL • Eduardo Gigante, Nara Fernandes, Rodrigo Varela e Rafael de Oliveira
DIREITO PROCESSUAL CIVIL • Nairo Lopes, Kamila de Souza Gomes, José Pascoal Junior, Juliana
Ataides, Tiele Espanhol Braun e Olívia Gomes
DIREITO CONSTITUCIONAL • Ana Philippini e Samara Kich
DIREITO ADMINISTRATIVO • Fernando Paternostro Zantedeschi e Renato Philippini
NORMAS DA CORREGEDORIA GERAL DE JUSTIÇA (ON-LINE)• Eduardo Gigante
ATUALIDADES (ON-LINE) • Carla Kurz, Ana Philippini e Shynaide Mafra
MATEMÁTICA • Kairton Batista (Prof. Kaká) e Sérgio Mendes
INFORMÁTICA • Fernando Nishimura
RACIOCÍNIO LÓGICO • Kairton Batista (Prof. Kaká)
ISBN 978-65-87525-21-1
Edição:
Julho/2021
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LÍNGUA PORTUGUESA....................................................................................................13
ANÁLISE, COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE DIVERSOS TIPOS DE TEXTOS VERBAIS,
NÃO VERBAIS, LITERÁRIOS E NÃO LITERÁRIOS............................................................................. 13
SINÔNIMOS E ANTÔNIMOS..............................................................................................................................25
SUBSTANTIVO...................................................................................................................................................26
ADJETIVO...........................................................................................................................................................28
ARTIGO...............................................................................................................................................................30
NUMERAL...........................................................................................................................................................30
PRONOME..........................................................................................................................................................31
VERBO................................................................................................................................................................34
ADVÉRBIO..........................................................................................................................................................38
PREPOSIÇÃO .....................................................................................................................................................40
CONJUNÇÃO......................................................................................................................................................41
DIREITO PENAL...................................................................................................................61
DIREITO PENAL - CÓDIGO PENAL .................................................................................................... 61
ARTIGO 311-A..................................................................................................................................... 68
DO JUIZ...............................................................................................................................................................93
DO MINISTÉRIO PÚBLICO.................................................................................................................................94
DAS INTIMAÇÕES..............................................................................................................................................98
DO PROCESSO COMUM..................................................................................................................... 99
DA INSTRUÇÃO CRIMINAL...............................................................................................................................99
DO PROCESSO SUMÁRIO................................................................................................................................118
DISPOSIÇÕES GERAIS.....................................................................................................................................122
DA APELAÇÃO.................................................................................................................................................126
DA REVISÃO.....................................................................................................................................................130
DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO...................................................................................................................132
DA CARTA TESTEMUNHÁVEL........................................................................................................................132
DOS PRAZOS....................................................................................................................................................157
DAS CARTAS....................................................................................................................................................166
DAS INTIMAÇÕES............................................................................................................................................167
DA TUTELA PROVISÓRIA.................................................................................................................168
DISPOSIÇÕES GERAIS.....................................................................................................................................168
DA TUTELA DE URGÊNCIA...............................................................................................................170
DISPOSIÇÕES GERAIS.....................................................................................................................................170
DA TUTELA DA EVIDÊNCIA..............................................................................................................174
DO PROCEDIMENTO COMUM..........................................................................................................174
DA CONTESTAÇÃO..........................................................................................................................................181
DA RECONVENÇÃO.........................................................................................................................................183
DA REVELIA......................................................................................................................................................183
DAS PROVAS....................................................................................................................................................186
DO CUMPRIMENTO DA SENTENÇA................................................................................................214
DISPOSIÇÕES GERAIS.....................................................................................................................................214
DOS RECURSOS.................................................................................................................................224
DISPOSIÇÕES GERAIS.....................................................................................................................................224
DA APELAÇÃO .................................................................................................................................................228
DO AGRAVO DE INSTRUMENTO.....................................................................................................................229
DO AGRAVO INTERNO.....................................................................................................................................231
DIREITOS SOCIAIS...........................................................................................................................................260
NACIONALIDADE.............................................................................................................................................266
DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO......................................................................................................268
DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA......................................................................................................................268
DO PODER JUDICIÁRIO...................................................................................................................................280
MATEMÁTICA.................................................................................................................... 313
OPERAÇÕES COM NÚMEROS REAIS..............................................................................................313
RAZÃO E PROPORÇÃO.....................................................................................................................318
PORCENTAGEM.................................................................................................................................319
JUROS SIMPLES...............................................................................................................................323
EQUAÇÃO DO 1º E 2º GRAUS...........................................................................................................324
RESOLUÇÃO DE SITUAÇÕES-PROBLEMA......................................................................................338
INFORMÁTICA.................................................................................................................. 349
MS-WINDOWS 10..............................................................................................................................349
ÁREA DE TRABALHO.......................................................................................................................................352
ÁREA DE TRANSFERÊNCIA.............................................................................................................................354
PROGRAMAS E APLICATIVOS........................................................................................................................359
CABEÇALHOS..................................................................................................................................................366
PARÁGRAFOS..................................................................................................................................................367
FONTES............................................................................................................................................................368
COLUNAS.........................................................................................................................................................369
TABELAS..........................................................................................................................................................370
IMPRESSÃO.....................................................................................................................................................371
LEGENDAS........................................................................................................................................................374
ÍNDICES............................................................................................................................................................374
INSERÇÃO DE OBJETOS.................................................................................................................................375
CAMPOS PREDEFINIDOS................................................................................................................................375
CAIXAS DE TEXTO...........................................................................................................................................376
INSERÇÃO DE OBJETOS.................................................................................................................................388
CAMPOS PREDEFINIDOS................................................................................................................................390
CLASSIFICAÇÃO DE DADOS...........................................................................................................................393
CORREIO ELETRÔNICO....................................................................................................................394
ANEXAÇÃO DE ARQUIVOS..............................................................................................................................396
INTERNET..........................................................................................................................................396
BUSCA..............................................................................................................................................................398
IMPRESSÃO DE PÁGINAS...............................................................................................................................400
MS TEAMS.........................................................................................................................................400
LÓGICAS DA ARGUMENTAÇÃO.......................................................................................................425
DIAGRAMAS LÓGICOS.....................................................................................................................428
SEQUÊNCIAS.....................................................................................................................................429
em outros predomina a argumentação – redação do
concurso, teses, dissertações, artigo de opinião etc.
No intuito de conceituar melhor os tipos textuais,
inspiramo-nos em Cavalcante (2013) e apresentamos
essa figura que demonstra como podemos identificar os
LÍNGUA PORTUGUESA tipos textuais e suas principais características, tendo em
vista que cada sequência textual apresenta característi-
cas próprias as quais, conforme mencionamos, pouco
ou nada sofrem em alterações, mantendo uma estrutu-
ra linguística quase rígida que nos permite classificar os
ANÁLISE, COMPREENSÃO E tipos textuais em 5 categorias (Narrativo; Descritivo;
INTERPRETAÇÃO DE DIVERSOS TIPOS Expositivo; Instrucional; Argumentativo).
DE TEXTOS VERBAIS, NÃO VERBAIS,
LITERÁRIOS E NÃO LITERÁRIOS GÊNERO TEXTUAL
INTRODUÇÃO
FRASES TIPO TEXTUAL TEXTO
A interpretação e a compreensão textual são aspec-
tos essenciais a serem dominados por aqueles candida-
tos que buscam a aprovação em seleções e concursos
públicos. Trata-se de um assunto que abrange questões A partir desse esquema, podemos identificar que a
específicas e de conteúdo geral nas provas; conhecer orientação gramatical mantida pelas frases apresen-
e dominar estratégias que facilitem a apreensão desse tam marcas linguísticas, assinalando o tipo textual
assunto pode ser o grande diferencial entre o quase e predominante que o texto deve manter, organizado
a aprovação. pelas marcas do gênero textual a qual o texto pertence.
Além disso, seja a compreensão textual, seja a
interpretação textual, ambas guardam uma relação de TIPO TEXTUAL
proximidade com um assunto pouco explorado pelos
Classifica-se conforme as marcas linguísticas apre-
cursos de português: a semântica, que incide suas rela-
sentadas no texto. Também é chamado de sequência
ções de estudo sobre as relações de sentido que a forma
textual
linguística pode assumir.
Portanto, neste material você encontrará recursos GÊNERO TEXTUAL
para solidificar seus conhecimentos em interpreta- Classifica-se conforme a função do texto, atribuída
ção e compreensão textual, associando a essas temá- socialmente
ticas as relações semânticas que permeiam o sentido
de todo amontoado de palavras, tendo em vista que,
qualquer aglomeração textual é, atualmente, consi- Uma última informação muito importante sobre
derada texto e, dessa forma, deve ter um sentido que tipos textuais que devemos considerar é que nem todos
precisa ser reconhecido por quem o lê. texto é composto apenas por um tipo textual, o que ocor-
Assim, vamos começar nosso estudo fazendo uma re é a existência de predominância de algumas sequên-
breve diferença entre os termos compreensão e cias em detrimento de outras, de acordo com o texto.
interpretação textual. Dito isso, vamos seguir nossos estudos aprendendo a
Para muitos, essas palavras expressam o mesmo diferenciar cada classe de tipos textuais, reconhecendo
sentido, mas, como pretendemos deixar claro neste suas principais características e marcas linguísticas.
material, ainda que existam relações de sinonímia
entre palavras do nosso vocabulário, a opção do autor CLASSIFICAÇÃO DOS TIPOS TEXTUAIS E SUAS
por um termo ao invés de outro reflete um sentido PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
que deve ser interpretado no texto, uma vez que a
interpretação realiza ligações com o texto a partir Narrativo
das ideias que o leitor pode concluir com a leitura.
Já a compreensão busca a análise de algo exposto no Os textos compostos predominantemente por se-
texto, e, geralmente, é marcada por uma palavra ou uma quências narrativas cumprem o objetivo de contar
expressão, e apresenta mais relações semânticas e sintáti- uma história, narrar um fato, por isso precisam man-
cas. A compreensão textual estipula aspectos linguísticos ter a atenção do leitor/ouvinte. Para tal, lançam mão
essencialmente relacionados à significação das palavras de algumas estratégias, como a organização dos fatos
e, por isso, envolve uma forte ligação com a semântica.
LÍNGUA PORTUGUESA
LÍNGUA PORTUGUESA
Fonte: https://g1.globo.com/sp/sorocaba-jundiai/noticia/2020/07/12/filha-de-dono-de-cantina-faz-desenhos-para-divulgar-cardapio-e-ajudar-o-
pai-a-vender-na-web.ghtml 15
Note que há presença de muitos adjetivos, locu- O infográfico anterior apresenta as informações
ções e substantivos que buscam levar o leitor a ima- pertinentes sobre o panorama mundial da situação
ginar o objeto descrito. O gênero acima apresenta a da água no ano de 2016. O gênero foi construído com
descrição das refeições (pão, croissant, feijão, carne o objetivo de deixar o leitor informado a respeito do
etc) com uso de adjetivos ou locuções adjetivas (de tema tratado, e para isso, o autor dispõe, além da lin-
queijo, doce, salgado, com calabresa, moída etc). Ele guagem clara e objetiva, de recursos visuais para atin-
está organizado de forma esquematizada em seções gir esse objetivo.
(salgados, lanches, caldos e panquecas) de maneira Assim como os tipos textuais os textos expositi-
que facilita a leitura (o pedido, no caso) do cliente. vos também apresentam uma estrutura que mistura
Organização do texto descritivo: elementos tipológicos de outras sequências textuais,
tendo em vista que, para apresentar fatos e ideias, uti-
lizamos aspectos descritivos, narrativos e, por vezes,
injuntivos.
É importante destacar que os textos expositivos
podem, muitas vezes, confundidos com textos argu-
mentativos, uma vez que existem textos argumen-
tativos que são classificados como expositivos, pois
utilizam exemplos e fatos para fundamentar uma
argumentação.
Outra importante diferença entre a sequência
expositiva e a argumentativa é que esta apresenta uma
opinião pessoal, enquanto aquela não abre margem
para a argumentação, uma vez que o fato exposto
é apresentado como dado, ou seja, o conhecimento
sobre uma questão não é posto em debate.
Apresenta-se um conceito e expõem-se as caracte-
rísticas desse conceito sem espaço para opiniões.
Marcas linguísticas do texto expositivo:
Expositivo
z Apresenta informações sobre algo ou alguém, pre-
O texto expositivo visa apresentar fatos e ideias a sença de verbos de estado;
fim de deixar claro o tema principal do texto. Nesse tipo z Presença de adjetivos, locuções e substantivos que
textual, é muito comum a presença de dados, informa- organizam a informação;
ções científicas, citações diretas e indiretas, que servem z Desenvolve-se mediante uso de recursos enumerativos;
para embasar o assunto do qual o texto trata. Para ilus- z Presença de figuras de linguagem como metáfora
trar essa explicação, veja o exemplo a seguir: e comparação;
z Pode apresentar um pensamento contrastivo ao
final do texto.
Instrucional ou Injuntivo
tos que visam sustentar essa tese. ou se de maneira mais empirista, partindo dos efeitos,
Um exemplo típico desse tipo de texto argumenta- das consequências, a fim de se identificar as causas.
tivo são as redações de concursos. Nesse tipo de texto, Por isso, é preciso compreender como podemos
a introdução apresenta o ponto de vista (tese) a ser interpretar um texto mediante estratégias de leitura.
defendido pelo autor de maneira contextualizada. No Muitos pesquisadores já se debruçaram sobre o tema,
segundo e terceiro parágrafos, o autor pode utilizar que é intrigante e de grande profundidade acadêmica;
estratégias argumentativas para sustentar o seu ponto neste material, selecionamos as estratégias mais efica-
de vista, como dados estatísticos, definições, exempli- zes que podem contribuir para sua aprovação em sele-
ficações, alusões históricas e filosóficas, referências ções que avaliam a competência leitora dos candidatos.
a outras áreas do conhecimento etc. Na conclusão, o A partir disso, apresentamos estratégias de leitura
autor conclui, ratificando seu ponto de vista, e apre- que focam nas formas de inferência sobre um texto.
senta possíveis soluções para o problema em questão. Dessa forma, é fundamental identificar como ocorre 17
o processo de inferência, que se dá por dedução ou adstritos a um infantil fetichismo do estilo e guia-
por indução. Para entender melhor, veja esse exemplo: dos por conceitos obsoletos e um pueril e errôneo
critério de beleza.
O marido da minha chefe parou de beber. (BARRETO, 2010, p. 21)
Observe que é possível inferir várias informações O trecho em destaque na citação do escritor Lima
a partir dessa frase. A primeira é que a chefe do enun- Barreto, em sua obra “Recordações do escrivão Isaías
ciador é casada (informação comprovada pela expres- Caminha” (1917), identifica bem como o pensamento
são “marido”), a segunda é que o enunciador está indutivo compõe a interpretação e decodificação de
trabalhando (informação comprovada pela expressão um texto. Para deixar ainda mais evidente as estraté-
“minha chefe”) e a terceira é que o marido da chefe do gias usadas para identificar essa forma de interpretar,
enunciador bebia (expressão comprovada pela expres- deixamos a seguir dicas de como buscar a organiza-
são “parou de beber”). Note que há pistas contextuais ção cronológica de um texto.
do próprio texto que induzem o leitor a interpretar
essas informações.
A propriedade vocabular leva
Tratando-se de interpretação textual, os processos
PROCURE o cérebro a aproximar as pala-
de inferência, sejam por dedução ou por indução, par-
SINÔNIMOS vras que têm maior associação
tem de uma certeza prévia para a concepção de uma
com o tema do texto
interpretação, construída pelas pistas oferecidas no
texto junto da articulação com as informações acessa- Os conectivos (conjunções,
das pelo leitor do texto. preposições, pronomes) são
ATENÇÃO AOS
A seguir, apresentamos um fluxograma que repre- marcadores claros de opi-
CONECTIVOS
senta como ocorre a relação desses processos: niões, espaços físicos e loca-
lizadores textuais
DEDUÇÃO → CERTEZA → INTERPRETAR
A DEDUÇÃO
INFERÊNCIA
COERÊNCIA E COESÃO
cionalidade do discurso, pois as ideias secundárias mas, sobretudo, ao forte teor cognitivo. Tendo em
levam o leitor à ideia principal. vista que a coerência é construída, tal qual o sentido,
coletivamente, não por acaso, o grande linguista e
As ideias secundárias podem ser apresentadas por estudioso da língua portuguesa, Luis Antonio Marcus-
alguns meios. Entre eles, temos: chi (2007) afirmou que a coerência é “algo dinâmico
que se encontra mais na mente que no texto”.
Apresentação de sinônimos ou ideias sinôni- Dito isso, usamos as palavras de Cavalcante (2013)
mas: Por meio de ideias ou palavras correlacio- para esclarecer ainda mais o conceito de coerência e
nadas, é possível reforçar a ideia principal; passarmos ao estudo detalhado dos processos de coe-
Antônimos: A apresentação de antônimos ou são. A autora afirma que a coerência:
ideias contrárias reforça no entendimento do
leitor o que não é a ideia principal e no que ela [...] Não está no texto em si; não nos é possível
consiste; apontá-la, destacá-la ou sublinha-la. Ela se constrói 21
[...] numa dada situação comunicativa, na qual o USO DE PRONOMES OU PRONOMINALIZAÇÃO
leitor, com base em seus conhecimentos sociocogni-
tivos e interacionais e na materialidade linguística, Utilizar pronomes para manter a coesão de um
confere sentido ao que lê (2013, p.31). texto é essencial, evitando-se repetições desnecessá-
rias que tornam o texto cansativo para o leitor. Como
A seguir iremos nos deter aos processos de coesão a classe de pronomes é vasta, vamos enfatizar neste
importantes para uma boa compreensão e elaboração estudo os principais pronomes utilizados em recursos
textual. É importante destacar que esses processos textuais para manter a coesão.
de coesão não podem ser dissociados da construção A pronominalização é a base de recursos anafóri-
de sentidos implícita no processo de organização da cos e recuperam porções textuais ou ainda um nome
coerência. No entanto, como nossa finalidade é tornar específico a que o autor faz referência no texto. Veja-
seu aprendizado mais fácil, separamos esses conceitos mos dois exemplos:
com fins estritamente didáticos.
Antônio Carlos Belchior, mais conhecido como Bel- recategorizadoras e referenciais da elipse, com o pro-
chior foi um cantor, compositor, músico, produtor, pósito de manter a coesão textual.
artista plástico e professor brasileiro. Um dos mem- Conforme Antunes (2005, p. 118), a elipse como
bros do chamado Pessoal do Ceará, que inclui Fagner, recurso coesivo “corresponde à estratégia de se omitir
Ednardo, Amelinha e outros. Bel foi um dos primeiros um termo, uma expressão ou até mesmo uma sequên-
cantores de MPB do nordeste brasileiro a fazer sucesso cia maior (uma frase inteira, por exemplo) já introdu-
internacional, em meados da década de 1970. zidos anteriormente em outro segmento do texto, mas
recuperável por marcas do próprio contexto verbal”.
23
Vejamos como ocorre, a partir do segmento abaixo: Uso de Paráfrase
Importante!
SIGNIFICAÇÃO CONTEXTUAL DE É relevante destacar que o campo semântico está
PALAVRAS E EXPRESSÕES sempre “aberto”, ou seja, novas palavras podem
ser incorporadas a qualquer momento a um cam-
Estudar os campos semânticos quer dizer enten- po semântico, desde que faça sentido a este.
der o que cada palavra significa, tanto individual-
mente quanto em um determinado contexto. Aqui,
trataremos de contexto porque há situações nas quais A seguir, veremos exemplos de campos semânticos
uma palavra pode ter mudança de significado pela de algumas palavras da língua portuguesa:
influência de outras. A semântica classifica as pala-
vras em relação ao contexto e em relação ao sentido z Brincadeira: Divertimento, distração, piada, goza-
da palavra isolada. ção, palhaçada, zoação;
Podemos relacionar campos semânticos ao con- z Breve: Rápido, curto, ligeiro, resumido, conciso,
ceito de polissemia. No entanto, não se trata da mes- abreviado, pouca duração;
ma coisa. Polissemia é quando uma mesma palavra z Cansaço: Canseira, fadiga, esgotado, pregado, lom-
é capaz de assumir diversos significados, a depender beira, prostrado, exausto;
do contexto de uso. Podemos citar como exemplo de
z Conta: Fatura, cálculo, consideração, nota, estima-
palavras polissêmicas:
tiva, avaliação, estima;
z Fabricar: Construir, montar, criar, projetar, edifi-
z Banco:
car, confeccionar, fazer, elaborar;
z Natureza: Espécie, meio ambiente, natural, tipo,
Local que administra recursos financeiros: On-
tem, os bancos entraram em greve; temperamento, caráter, gênio;
Objeto para sentar: Os bancos da praça vão ser z Nota: Bilhete, dinheiro, grana, som, anotação,
trocados por modelos mais novos; cédula, comentário;
Verbo bancar no presente: Eu banco as contas z Partir: Sair, ir embora, dar o fora, sumir, morrer,
da minha família. quebrar, espatifar;
z Expressões relacionadas à morte: Bater as botas,
z Boca: passou dessa para melhor, não está mais entre nós,
falecer, apagar, bater as botas, passar para um pla-
Parte do corpo: Um beijo é um segredo que se no superior, apagar, foi para o céu etc.
diz na boca e não no ouvido. (Jean Rostand);
Abertura da garrafa: Quero saber onde está a Podemos concluir, portanto, que o campo semânti-
tampa pra essa boca; co de determinada palavra ou expressão é um conjun-
Metonímia para indicar quantidade de pessoas to de palavras que podem ser utilizadas para alcançar
que vão comer: Na minha casa comem seis o objetivo comunicativo. Essas palavras, por vezes,
bocas. estão no nosso conhecimento prévio da língua. Utili-
zando esses conjuntos, torna-se mais simples a comu-
z Folha: nicação cotidiana.
dessa canção é muito profunda. o que pode não acontecer em outras situações. O
uso das palavras “chamar”, “clamar” e “bradar”, por
z Manga: exemplo, pode ocorrer de maneira equivocada se uti-
lizadas como sinônimos, uma vez que a intensidade
Fruta: Preciso comprar manga para a salada de de suas significações é diferente.
frutas do lanche; O emprego dos sinônimos é um importante recurso
Parte de uma roupa: Prefiro camisas de manga para a coesão textual, uma vez que essa estratégia reve-
curta. la, além do domínio do vocabulário do falante, a capa-
cidade que ele tem de realizar retomadas coesivas, o
Assim, é possível estabelecer conjuntos de pala- que contribuiu para melhor fluidez na leitura do texto.
vras que juntas significam a mesma coisa, ou seja,
pertencem ao mesmo campo semântico. 25
Antonímia
CLASSES DE PALAVRAS: EMPREGO
São palavras ou expressões que, empregadas em E SENTIDO QUE IMPRIMEM ÀS
um determinado contexto, têm significados opostos.
As relações de antonímia podem ser estabelecidas em
RELAÇÕES QUE ESTABELECEM
gradações (grande/pequeno; velho/jovem); reciproci-
SUBSTANTIVO
dade (comprar/vender) ou complementaridade (ele é
casado/ele é solteiro). Vejamos o exemplo a seguir: Os substantivos classificam os seres em geral. Uma
característica básica dessa classe é admitir um deter-
minante, artigo, pronome etc. Os substantivos flexio-
nam-se em gênero, número e grau.
Tipos de Substantivos
Fonte: https://bit.ly/3kETkpl. Acesso em: 16/10/2020. z Derivado: Formados a partir dos primitivos. Ex.:
pedreiro, dentista;
A relação de sentido estabelecida na tirinha é cons- z Concreto: Designam seres com independência
truída a partir dos sentidos opostos das palavras “prende” ontológica, ou seja, um ser que existe por si, inde-
e “solta”, marcando o uso de antônimos, nesse contexto. pendente da sua conotação espiritual ou real. Ex.:
Deus, fada, carro;
SENTIDO PRÓPRIO E FIGURADO DAS PALAVRAS
z Abstrato: Indica estado, sentimento, ação, quali-
Denotação dade. Ex.: coragem, Liberalismo;
z Comum: Designam determinados seres e lugares.
O sentido denotativo da linguagem compreende Ex.: homem, cidade;
o significado literal da palavra independente do seu
contexto de uso. Preocupa-se com o significado mais z Próprio: Designam uma determinada espécie. Ex.:
Maria, Fortaleza;
objetivo e literal associado ao significado que aparece
nos dicionários. A denotação tem como finalidade dar z Coletivo: Usados no singular, designam um con-
ênfase à informação que se quer passar para o recep- junto de uma mesma espécie. Ex: pinacoteca,
tor de forma mais objetiva, imparcial e prática. Por manada.
isso, é muito utilizada em textos informativos, como
notícias, reportagens, jornais, artigos, manuais didá- É importante destacar que a classificação de um
ticos, entre outros. substantivo depende do contexto em que ele está inse-
Ex.: O fogo se alastrou por todo o prédio. (fogo: rido. Vejamos:
chamas) Judas foi um apóstolo (Judas = Próprio).
O amigo se mostrou um judas (judas = traidor/
O coração é um músculo que bombeia sangue para
comum).
o corpo. (coração: parte do corpo)
Flexão de Gênero
Conotação
Os gêneros do substantivo são masculinos e femi-
O sentido conotativo compreende o significado ninos. Porém, alguns admitem apenas uma forma
figurado e depende do contexto em que está inserido. para os dois gêneros, são, por isso, chamados de uni-
A conotação põe em evidência os recursos estilísticos formes. Os substantivos uniformes podem ser:
dos quais a língua dispõe para expressar diferen-
tes sentidos ao texto de maneira subjetiva, afetiva e z Comuns-de-dois-gêneros: designam seres huma-
poética. A conotação tem como finalidade dar ênfase nos e sua diferença é marcada pelo artigo. Ex.: o
à expressividade da mensagem de maneira que ela pianista / a pianista; o gerente / a gerente; o cliente
possa provocar sentimentos ou diferentes sensações / a cliente; o líder / a líder.
no leitor. Por esse motivo, é muito utilizada em poe- z Epicenos: designam animais ou plantas que apre-
sias, conversas cotidianas, letras de músicas, anúncios sentam distinção entre masculino e feminino; a
publicitários e outros. diferença é marcada pelo uso do adjetivo macho
Ex.: “Amor é fogo que arde sem se ver”. ou fêmea. Ex.: cobra macho / cobra fêmea; onça
Você mora no meu coração. macho / onça fêmea; gambá macho / gambá fêmea;
26 girafa macho / girafa fêmea.
z Sobrecomuns: designam seres de forma geral que z Ermitão: ermitãos, ermitões, ermitães.
não são distinguidos por artigo ou adjetivo, o gêne-
z Ancião: anciãos, anciões, anciães.
ro pode ser reconhecido apenas pelo contexto. Ex.:
A criança; O monstro; A testemunha; O indivíduo. z Vilão: vilãos, vilões, vilães.
Os substantivos biformes, como o nome indi- Podemos, ainda, associar às palavras paroxítonas
ca, designam os substantivos que apresentam duas que terminam em -ão o acréscimo do -s. Ex.: órgão /
formas para os gêneros masculino ou feminino. Ex.: órgãos; órfão / órfãos.
professor/professora.
Destacamos que alguns substantivos apresentam Plural dos Substantivos Compostos
formas diferentes nas terminações para designar for-
mas diferentes no masculino e no feminino: Os substantivos compostos são aqueles formados
por justaposição; o plural dessas formas obedece às
Ex.: Ator/atriz; Ateu/ ateia; Réu/ré. seguintes regras:
z Grau superlativo: em relação ao grau superlativo, é importante considerar que o valor semântico desse grau
apresenta variações, podendo indicar:
Característica de um ser elevada ao último grau: Superlativo absoluto, que pode ser analítico (associado
ao advérbio) ou sintético (associação de prefixo ou sufixo ao adjetivo);
Característica de um ser relacionada com outros indivíduos da mesma classe: Superlativo relativo,
que pode ser de superioridade (O mais) ou de inferioridade (O menos)
Ex.: O candidato é muito humilde (Superlativo absoluto analítico).
O candidato é humílimo (Superlativo absoluto sintético).
O candidato é o mais humilde dos concorrentes? (Superlativo relativo de superioridade).
O candidato é o menos preparado entre os concorrentes à prefeitura (Superlativo relativo de inferioridade).
Ao compararmos duas qualidades de um mesmo ser, devemos empregar a forma analítica (mais alta, mais
magra, mais bonito etc.).
z Primitivos: são os Adjetivos que não derivam de outras palavras e, a partir deles, é possível formar novos
termos. Ex.: útil, forte, bom, triste, mau etc.
z Derivados: são formados a partir dos adjetivos primitivos. Ex.: bondade, lealdade, mulherengo etc.
z Simples: Os adjetivos simples apresentam um único radical. Ex.: português, escuro, honesto etc.
z Compostos: são formados a partir da união de dois ou mais radicais. Ex.: verde-escuro, luso-brasileiro, ama-
relo-ouro etc.
Dica
O plural dos adjetivos simples é realizado da mesma forma que o plural dos substantivos.
z Invariável: adjetivos compostos como azul-marinho, azul-celeste, azul-ferrete; locuções formadas de cor +
de + substantivo, como em cor-de-rosa, cor-de-cáqui; adjetivo + substantivo, como tapetes azul-turquesa,
camisas amarelo-ouro.
z Varia o último elemento: 1º elemento é palavra invariável, como em mal-educados, recém-formados; adjeti-
vo + adjetivo, como em lençóis verde-claros, cabelos castanho-escuros.
LÍNGUA PORTUGUESA
Adjetivos Pátrios
Os adjetivos pátrios também são conhecidos como gentílicos e designam a naturalidade ou nacionalidade dos
seres.
O sufixo -ense, geralmente, designa a origem de um ser relacionada a um estado brasileiro. Ex.: amazonense,
fluminense, cearense.
Uma outra curiosidade sobre os adjetivos pátrios diz respeito ao adjetivo brasileiro, formado com o sufixo
-eiro, costumeiramente usado para designar profissões.
O gentílico que designa nossa nacionalidade teve origem com as pessoas que comercializavam o pau-brasil,
esse ofício dava-lhes a alcunha de “brasileiros”, termo que passou a indicar os nascidos em nosso país.
29
Veja abaixo alguns deles:
ARTIGO
Os artigos devem concordar em gênero e número com os substantivos. São, por isso, considerados determi-
nantes dos substantivos.
Essa classe está dividida em artigos definidos e artigos indefinidos: os primeiros funcionam como determinan-
tes objetivos, individualizando a palavra, já os segundos funcionam como determinantes imprecisos.
Os artigos podem ser combinados às preposições: são as chamadas contrações. Algumas contrações comuns na
língua são: em + a = na; a + o = ao; a + a = à; de + a = da.
Toda palavra determinada por um artigo torna-se um substantivo! Ex.: o não, o porquê, o cuidar etc.
NUMERAL
z Cardinais: indicam quantidade em si. Ex.: dois potes de sorvete; zero coisas a comprar; ambos os meninos
eram bons em português.
30
z Ordinais: indicam a ordem de sucessão de uma Pronomes Pessoais
série. Ex.: foi o segundo colocado do concurso; che-
gou em último/penúltimo/antepenúltimo lugar. Os pronomes pessoais designam as pessoas do dis-
curso; algumas informações relevantes sobre eles são:
z Multiplicativos: indicam o aumento proporcio-
nal de uma quantidade. Ex.: Ele ganha o triplo no
novo emprego. PRONOMES PRONOMES
PESSOAS DO CASO DO CASO
z Fracionários: indicam a diminuição proporcio-
RETO OBLÍQUO
nal de uma quantidade. Ex.: Tomou um terço
de vinho; o copo estava meio cheio; ele recebeu 1º pessoa do Me, mim,
metade do pagamento. eu
singular comigo
Pronomes são palavras que representam ou acom- z 2ª pessoa: Ti, contigo (singular); vós, convosco
panham um termo substantivo. Dessa forma, a função (plural).
dos pronomes é substituir ou determinar uma pala-
LÍNGUA PORTUGUESA
ser uma pessoa ou objeto personificado. Ex.: Fomos 1ª pessoa Meu, minha, meus, minhas
nós quem fizemos o bolo. SINGULAR 2ª pessoa Teu, tua, teus, tuas
O pronome relativo quem pode fazer referência a algo 3ª pessoa Seu, sua, seus, suas
subentendido: Quem cala consente (aquele que cala). 1ª pessoa Nosso, nossa, nossos, nossas
PLURAL 2ª pessoa Vosso, vossa, vossos, vossas
z Emprego do relativo quanto: seu antecedente
3ª pessoa Seu, sua, seus, suas
deve ser um pronome indefinido ou demonstra-
tivo, pode sofrer flexões. Ex.: Esqueci-me de tudo
Os pronomes pessoais oblíquos (me, te, se, lhe, o,
quanto foi me ensinado; Perdi tudo quanto pou-
a, nos, vos) também podem atribuir valor possessivo
pei a vida inteira.
a uma coisa. Ex.: Apertou-lhe a mão (a sua mão). Ain-
z Emprego do relativo cujo: deve ser empregado da que o pronome esteja ligado ao verbo pelo hífen, a
para indicar posse e aparecer relacionando dois relação do pronome é com o objeto da posse. 33
Outras funções dos pronomes possessivos: z Futuro do presente: indica um fato que deve ser
realizado em um momento vindouro. Ex.: Estuda-
z Delimitam o substantivo a que se referem; rei bastante ano que vem.
z Concordam com o substantivo que vem depois dele; z Futuro do pretérito: expressa um fato posterior
z Não concordam com o referente; em relação a outro fato já passado. Ex.: Estudaria
muito, se tivesse me planejado.
z O pronome possessivo que acompanha o substan-
tivo exerce função sintática de adjunto adnominal. A partir dessas informações, podemos também iden-
tificar os verbos conjugados nos tempos simples e nos
VERBO tempos compostos. Os tempos verbais simples são for-
mados por uma única palavra, ou verbo, conjugado no
Certamente, a classe de palavras mais complexa e presente, passado ou futuro; já os tempos compostos são
importante dentre as palavras da língua portuguesa é formados por dois verbos, um auxiliar e um principal,
o verbo. A partir dos verbos, são estruturados as ações nesse caso, o verbo auxiliar é o único a sofrer flexões.
e os agentes desses atos, além de ser uma importante Agora, vamos conhecer as desinências modo-temporais
classe sempre abordada nos editais de concursos; por dos tempos simples e compostos, respectivamente:
isso; fique atento às nossas dicas.
Os verbos são palavras variáveis que se flexionam Flexões modo-temporais – tempos simples
em número, pessoa, modo e tempo, além da designa-
ção da voz que exprime uma ação, um estado ou um
MODO MODO
fato. TEMPO
INDICATIVO SUBJUNTIVO
As flexões verbais são marcadas por desinências
que podem ser: número-pessoal, indicando se o -e (1ªconjugação)
verbo está no singular ou plural, bem como em qual Presente * e -a ( 2ª e 3ª
pessoa verbal foi flexionado (1ª, 2ª ou 3ª); modo-tem- conjugações)
poral, que indica em qual modo e tempo verbais a Pretérito -ra (3ª pessoa do
*
ação foi realizada; iremos apresentar estas desinên- perfeito plural)
cias a seguir. Antes, porém, de abordarmos as desi- -va (1ª conjuga-
nências modo-temporais, precisamos explicar o que Pretérito
ção) -ia (2ª e 3ª -sse
são o modo e o tempo verbais: imperfeito
conjugações)
Pretérito
Modos
mais-que-per- -ra *
feito
Indica a atitude da ação/sujeito frente a uma rela-
ção enunciada pelo verbo. Futuro -rá e -re -r
Futuro do
-ria *
z Indicativo: exprime atitude de certeza. Ex.: Estu- pretérito
dei muito para ser aprovado.
* Nem todas as formas verbais apresentam desi-
z Subjuntivo: exprime atitude de dúvida, desejo ou
nências modo-temporais.
possibilidade. Ex.: Se eu estudasse, seria aprovado.
z Imperativo: designa ordem, convite, conselho, súpli- Flexões Modo-Temporais – Tempos Compostos
ca ou pedido. Ex.: Estuda! Assim, serás aprovado. (Indicativo)
z Presente: pode expressar não apenas um fato z Futuro composto: Verbo auxiliar: TER (futuro do
atual, como também uma ação habitual. Ex.: indicativo) + verbo principal no particípio. Ex.:
Estudo todos os dias no mesmo horário. Terei saído.
Uma ação passada. z Futuro do pretérito composto: Verbo auxiliar: TER
Ex.: Vargas assume o cargo e instala uma ditadura. (futuro do pretérito simples) + verbo principal no
Uma ação futura. particípio. Ex.: Teria estudado.
Ex.: Amanhã, estudo mais! (equivalente a estudarei)
z Pretérito perfeito: ação realizada plenamente no Flexões Modo-Temporais – Tempos Compostos
passado. Ex.: Estudei até ser aprovado. (Subjuntivo)
Pretérito imperfeito: ação inacabada, que pode
indicar uma ação frequentativa, vaga ou durativa. z Pretérito perfeito composto: Verbo auxiliar: TER
(presente o subjuntivo) + Verbo principal particí-
Ex.: Estudava todos os dias.
pio. Ex.: (que eu) Tenha estudado.
Pretérito mais-que-perfeito: ação anterior à ou-
tra mais antiga. Ex.: Quando notei, a água já trans- z Pretérito mais-que-perfeito composto: Verbo auxi-
34 bordara da banheira. liar: TER (pretérito imperfeito do subjuntivo) +
verbo principal no particípio. Ex.: (se eu) Tivesse
PRETÉRITO PERFEITO
estudado PRESENTE INDICATIVO
INDICATIVO
z Futuro composto: Verbo auxiliar: TER (futuro sim- Eu canto Cantei
ples do subjuntivo) + verbo principal no particípio.
Tu cantas Cantaste
Ex.: (quando eu) tiver estudado.
Ele/ você canta Cantou
Formas Nominais do Verbo e Locuções Verbais Nós cantamos Cantamos
Vós cantais Cantastes
As formas nominais do verbo são as formas infi-
nitiva, particípio e gerúndio que eles assumem em Eles/ vocês cantam Cantaram
determinados contextos. São chamadas nominais pois
funcionam como substantivos, adjetivo ou advérbios. z Irregulares: os verbos irregulares apresentam
alteração no radical e nas desinências verbais, por
z Gerúndio: é marcado pela terminação -NDO, seu isso recebem esse nome, pois sua conjugação ocor-
valor indica duração de uma ação e, por vezes, re irregularmente, seguindo um paradigma pró-
pode funcionar como um advérbio ou um adjetivo. prio para cada grupo verbal. Perceba como ocorre
Ex.: Olhando para seu povo, o presidente se uma sutil diferença na conjugação do verbo estar
compadeceu. que utilizamos como exemplo, isso é importante
para não confundir os verbos irregulares com os
z Particípio: é marcado pelas terminações -ado, verbos anômalos. Ex.: Verbo estar.
-ido, -do, -to, -go, -so, corresponde nominalmente
ao adjetivo, pode flexionar-se, em alguns casos, em
número e gênero. PRETÉRITO PERFEITO
PRESENTE INDICATIVO
Ex.: A Índia foi colonizada pelos ingleses. INDICATIVO
� Defectivos: são verbos que não apresentam algu- z Verbos Auxiliares: os verbos auxiliares são
mas pessoas conjugadas em suas formas, gerando empregados nas formas compostas dos verbos e
um defeito na conjugação, por isso o nome. São também nas locuções verbais. Os principais verbos
defectivos os verbos colorir, precaver, reaver. auxiliares dos tempos compostos são ter e haver.
Esses verbos não são conjugados na primeira pessoa
do singular do presente do indicativo. Bem como: Nas locuções, os verbos auxiliares determinam a
Aturdir, exaurir, explodir, esculpir, extorquir, feder, concordância verbal, porém, o verbo principal deter-
fulgir, delinquir, demolir, puir, ruir, computar, colo- mina a regência estabelecida na oração.
rir, carpir, banir, brandir, bramir, soer. Apresentam forte carga semântica que indica
Verbos que expressam onomatopeias ou fenôme- modo e aspecto da oração; tratamos mais desse assun-
nos temporais também apresentam essa caracte- to no tópico verbos auxiliares no final da gramática.
rística, como latir, bramir, chover. São importantes na formação da voz passiva
analítica.
� Pronominais: esses verbos apresentam um pro-
nome oblíquo átono integrando sua forma verbal;
z Formas Nominais: na língua portuguesa, usamos
é importante lembrar que esses pronomes não
três formas nominais dos verbos:
apresentam função sintática. Predominantemen-
te, os verbos pronominas apresentam transitivida-
de indireta, ou seja, são VTI. Ex.: Sentar-se Gerúndio: terminação -NDO. Apresenta valor
durativo da ação e equivale a um advérbio ou
adjetivo. Ex.: Minha mãe está rezando.
PRETÉRITO PERFEITO
PRESENTE INDICATIVO Particípio: terminações: -ADO, -IDO, -DO, -TO,
INDICATIVO
-GO, -SO. Apresenta valor adjetivo e pode ser
Eu me sento Sentei-me classificado em particípio regular e irregular,
sendo as formas regulares finalizadas em -ADO
Tu te sentas Sentaste-te e -IDO.
Ele/ você se senta Sentou-se
A norma culta gramatical recomenda o uso do par-
Nós nos sentamos Sentamo-nos ticípio regular com os verbos ter e haver, já com os
verbos ser e estar, recomenda-se o uso do particípio
Vós vos sentais Sentastes-vos irregular. Ex.: Os policiais haviam expulsado os ban-
Eles/ vocês se sentam Sentaram-se didos / Os traficantes foram expulsos pelos policiais.
Nós Criamos
Lembramos que na voz passiva nunca haverá objeto
direto (OD), pois ele se transforma em sujeito paciente. Vós Criais
Os advérbios interrogativos são, muitas vezes, confundidos com pronomes interrogativos. Para evitar essa
confusão, devemos saber que os advérbios interrogativos introduzem uma pergunta, exprimindo ideia de tempo,
modo ou causa.
Exs.:
Como foi a prova?
Quando será a prova?
Onde será realizada a prova?
Por que a prova não foi realizada?
De maneira geral, as palavras como, onde, quando e por que são advérbios interrogativos, pois não substi-
tuem nenhum nome de ser (vivo), exprimindo ideia de modo, lugar, tempo e causa.
Grau do Advérbio
Assim como os adjetivos, os advérbios podem ser flexionados nos graus comparativo e superlativo.
Vejamos as principais mudanças sofridas pelos advérbios quando flexionados em grau:
GRAU COMPARATIVO
NORMAL SUPERIORIDADE INFERIORIDADE IGUALDADE
Bem Melhor (mais bem*) - Tão bem
Mal Pior (mais mal*) - Tão mal
Muito Mais - -
Pouco Menos - -
Obs.: As formas “mais bem” e “mais mal” são aceitas quando acompanham o particípio verbal.
GRAU SUPERLATIVO
Advérbios e Adjetivos
O adjetivo é, uma classe de palavras variável, porém, quando se refere a um verbo, ele fica invariável, confun-
dindo-se com o advérbio.
Nesses casos, para ter certeza de qual é classe da palavra, basta tentar colocá-la no feminino ou no plural; caso
a palavra aceite uma dessas flexões, será adjetivo.
Ex.: A cerveja que desce redondo/ As cervejas que descem redondo.
Nesse caso, trata-se de um advérbio.
Palavras Denotativas
São termos que apresentam semelhança aos advérbios, em alguns casos são até classificados como tal, mas
LÍNGUA PORTUGUESA
Além dessas expressões, há, ainda, as partículas expletivas ou de realce, geralmente formadas pela forma ser
+ que (é que). A principal característica dessas palavras é que podem ser retiradas sem causar prejuízo sintático
ou semântico na frase. Ex.: Eu é que faço as regras / Eu faço as regras. 39
Outras palavras denotativas expletivas são: lá, cá, Combinações e Contrações
não, é porque etc.
As preposições podem ser contraídas com outras
Algumas Observações Interessantes classes de palavras, veja:
São grupos de palavras que equivalem a uma pre- Algumas Relações Semânticas Estabelecidas por
posição. Ex.: Falei sobre o tema da prova; Falei acerca Preposições
do tema da prova.
A locução prepositiva na segunda frase substitui É importante ressaltar que as preposições podem
perfeitamente a preposição sobre. As locuções pre- apresentar valor relacional ou podem atribuir um
positivas sempre terminam em uma preposição, e há valor nocional. As preposições que apresentam um
apenas uma exceção: a locução prepositiva com sen- valor relacional cumprem uma relação sintática
tido concessivo “não obstante”. A seguir, elencamos com verbos ou substantivos, que, em alguns casos, são
alguns exemplos de locuções prepositivas: chamados deverbais, conforme já mencionamos ante-
Abaixo de; acerca de; acima de; devido a; a despeito riormente. Essa mesma relação sintática pode ocorrer
de; adiante de; defronte de; embaixo de; em frente de; com adjetivos e advérbios, os quais também apresen-
graças a; junto de; perto de; por entre; por trás de; quan- tarão função deverbal.
to a; a fim de; a respeito de; por meio de; em virtude de. Ex.: Concordo com o advogado (preposição exigida
Algumas locuções prepositivas apresentam seme- pela regência do verbo concordar).
lhanças morfológicas, mas significados completamen- Tenho medo da queda (preposição exigida pelo
te diferentes, como: complemento nominal).
A opinião dos diretores vai ao encontro do pla- Estou desconfiado do funcionário (preposição exi-
nejamento inicial = Concordância. / As decisões do gida pelo adjetivo).
público foram de encontro à proposta do programa Fui favorável à eleição (preposição exigida pelo
= Discordância. advérbio).
Em vez de comer lanches gordurosos, coma frutas Em todos esses casos, a preposição mantém uma
= substituição. / Ao invés de chegar molhado, chegou relação sintática com a classe de palavras a qual se liga,
cedo = oposição. sendo, portanto, obrigatória sua presença na sentença.
De modo oposto, as preposições cujo valor nocio-
Fonte: instagram.com/academiadotexto. Acessado em: 19/11/2020. nal é preponderante apresentam uma modificação no
sentido da palavra a qual se liga. Elas não são com-
ponentes obrigatórios na construção da sentença,
1 Palavras deverbais são substantivos que expressam, de forma nominal e abstrata, o sentido de um verbo com o qual mantêm relação.
Exemplo: A filmagem, O pagamento, A falência etc. Geralmente, os nomes deverbais são acompanhados por preposições e, sintaticamente, o
40 termo que completa o sentido desses nomes é conhecido como complemento nominal.
divergindo das preposições de valor relacional. As Importante: Pois com sentido explicativo ini-
preposições de valor nocional estabelecem uma noção cia uma oração e justifica outra. Ex.: Volte, pois
de posse, causa, instrumento, matéria, modo etc. Veja- sinto saudades.
mos algumas:
Pois conclusivo fica após o verbo, deslocado entre
vírgulas: Nessa instabilidade, o dólar voltará, pois, a
VALOR NOCIONAL DAS subir.
SENTIDO
PREPOSIÇÕES
Posse Carro de Marcelo z Conclusiva: Logo, portanto, então, por isso, assim,
por conseguinte, destarte, pois (deslocado na fra-
O cachorro está sob a se). Ex.: Estava despreparado, por isso, não fui
Lugar
mesa aprovado.
As conjunções integrantes fazem parte das orações Em regra geral, o verbo concorda com o núcleo do
subordinadas e, na realidade, elas apenas integram sujeito.
uma oração principal à outra, subordinada. Existem Ex.: Os jogadores de futebol ganham um salário
apenas dois tipos de conjunções integrantes: que e se. exorbitante.
No entanto, na Língua Portuguesa, há verbos O verbo assistir não pode ser empregado no particípio.
que, mudando-se a regência, mudam de sentido, É incorreta a forma “O jogo foi assistido por milha-
alterando seu significado. res de pessoas.”
Ex.: Neste país aspiramos ar poluídos. � Casar: intransitivo; transitivo indireto; transitivo
(aspiramos = sorvemos) direto e indireto
V. T. D.: aspiramos Ex.: Eles casaram na Itália há anos. (intransitivo)
Objeto direto: ar poluídos. A jovem não queria casar com ninguém. (transiti-
LÍNGUA PORTUGUESA
Ex.: Ela foi às pressas para o camarim. � No a (singular) antes de palavra no plural, quando
Entregou o dinheiro às ocultas para o ministro. a regência do verbo exigir preposição
Espero vocês à noite na estação de metrô. Ex.: Durante o filme assistimos a cenas chocantes.
Estou à beira-mar desde cedo. � Antes dos pronomes relativos quem e cuja
Ex.: Por favor, chame a pessoa a quem entregamos
z Locuções prepositivas formadas por palavras o pacote.
femininas: Falo de alguém a cuja filha foi entregue o prêmio.
Ex.: Ficaram à frente do projeto.
z Locuções conjuntivas formadas por palavras � Antes de pronomes indefinidos alguma, nenhu-
femininas: ma, tanta, certa, qualquer, toda, tamanha
Ex.: À medida que o prédio é erguido, os gastos vão Ex.: Direcione o assunto a alguma cláusula do
aumentando. contrato. 49
Não disponibilizaremos verbas a nenhuma ação � Regidos por preposições da, na, pela: usa-se crase
suspeita de fraude. Ex.: Fui à Bahia. (Venho da Bahia, moro na Bahia,
Eles estavam conservando a certa altura. passo pela Bahia)
Faremos a obra a qualquer custo.
A campanha será disponibilizada a toda a comunidade. Macetes
� Antes de demonstrativos
z Haverá crase quando o “à” puder ser substituído
Ex.: Não te dirijas a essa pessoa
por ao, da na, pela, para a, sob a, sobre a, contra
� Antes de nomes próprios, mesmo femininos, de a, com a, à moda de, durante a;
personalidades históricas
z Quando o de ocorre paralelo ao a, não há crase.
Ex.: O documentário referia-se a Janis Joplin.
Quando o da ocorre paralelo ao à, há crase;
� Antes dos pronomes pessoais retos e oblíquos
z Na indicação de horas, quando o “à uma” puder
Ex.: Por favor, entregue as frutas a ela.
ser substituído por às duas, há crase. Quando o a
O pacote foi entregue a ti ontem.
uma equivaler a a duas, não ocorre crase;
� Nas expressões tautológicas (face a face, lado a
z Usa-se a crase no “a” de àquele(s), àquela(s) e àqui-
lado)
lo quando tais pronomes puderem ser substituídos
Ex.: Pai e filho ficaram frente a frente no tribunal
por a este, a esta e a isto;
de justiça.
z Usa-se crase antes de casa, distância, terra e
� Antes das palavras casa, Terra ou terra, distância
nomes de cidades quando esses termos estiverem
sem determinante acompanhados de determinantes. Ex.: Estou à dis-
Ex.: Precisa chegar a casa antes das 22h. tância de 200 metros do pico da montanha.
Astronauta volta a Terra em dois meses.
Os pesquisadores chegaram a terra depois da
A compreensão da crase vai muito além da estética
expedição marinha.
gramatical, pois serve também para evitar ambigui-
Vocês o observaram a distância. dades comuns, como o caso seguinte: Lavando a mão.
Nessa ocasião, usa-se a forma “Lavando a mão”,
Crase Facultativa pois “a mão” é o objeto direto, e, portanto, não exi-
ge preposição. Usa-se a forma “à mão” em situações
Nestes casos, podemos escrever as palavras das como “Pintura feita à mão”, já que “à mão” seria o
duas formas: utilizando ou não a crase. Para entender advérbio de instrumento da ação de pintar.
detalhadamente, observe as seguintes dicas:
Veremos a seguir alguns casos que fogem à regra. � Para separar os termos de mesma função
Quando se relacionar a instrumentos cujos nomes Ex.: Comprei livro, caderno, lápis, caneta.
forem femininos, normalmente a crase não será utili-
zada. Porém, em alguns casos, utiliza-se a crase para z Usa-se a vírgula para separar os elementos de
evitar ambiguidades. enumeração.
Ex.: Matar a fome. (Quando “fome” for objeto direto) Ex.: Pontes, edifícios, caminhões, árvores... tudo foi
Matar à fome. (Quando “fome” for advérbio de arrastado pelo tsunami.
instrumento)
Fechar a chave. (Quando “chave” for objeto direto) � Para indicar a elipse (omissão de uma palavra que
Fechar à chave. (Quando “chave” for advérbio de já apareceu na frase) do verbo
instrumento) Ex.: Comprei melancia na feira; ele, abacate.
Ela prefere filmes de ficção científica; o namorado,
filmes de terror.
Quando Usar ou Não a Crase em Sentenças com
Nomes de Lugares � Para separar palavras ou locuções explicativas,
retificativas
z Regidos por preposições de, em, por: não se usa crase Ex.: Ela completou quinze primaveras, ou seja, 15
Ex.: Fui a Copacabana. (Venho de Copacabana, anos.
moro em Copacabana, passo por Copacabana)
� Para separar datas e nomes de lugar
50 Ex.: Belo Horizonte, 15 de abril de 1985.
� Para separar as conjunções coordenativas, exceto o Colégio de Procuradores da República;
e, nem, ou. o Conselho Superior do Ministério Público Federal.
Ex.: Treinou muito, portanto se saiu bem.
Dois-pontos
A vírgula também é facultativa quando a expres-
são de tempo, modo e lugar não for uma expressão, Marcam uma supressão de voz em frase que ainda
mas uma palavra só. Exemplos: não foi concluída.
Antes vamos conversar. / Antes, vamos conversar. Servem para:
Geralmente almoço em casa. / Geralmente, almoço
em casa. � Introduzir uma citação (discurso direto):
Ontem choveu o esperado para o mês todo. / Ex.: Assim disse Voltaire: “Devemos julgar um
Ontem, choveu o esperado para o mês todo. homem mais pelas suas perguntas que pelas suas
Ela acordou muito cedo. Por isso ficou com sono respostas”.
durante a aula. / Ela acordou muito cedo. Por isso,
� Introduzir um aposto explicativo, enumerativo,
ficou com sono durante a aula.
distributivo ou uma oração subordinada substan-
Irei à praia amanhã se não chover. / Irei à praia
tiva apositiva
amanhã, se não chover.
Ex.: Em nosso meio, há bons profissionais: profes-
sores, jornalistas, médicos.
Não se Usa Vírgula nas Seguintes Situações
� Introduzir uma explicação ou enumeração após
� Entre o sujeito e o verbo expressões como por exemplo, isto é, ou seja, a
Ex.: Todos os alunos daquele professor, entende- saber, como.
ram a explicação. (errado) Ex.: Adquirimos vários saberes, como: Linguagens,
Muitas coisas que quebraram meu coração, con- Filosofia, Ciências...
sertaram minha visão. (errado) z Marcar uma pausa entre orações coordenadas
(relação semântica de oposição, explicação/causa
� Entre o verbo e seu complemento, ou mesmo pre-
ou consequência)
dicativo do sujeito:
Ex.: Já leu muitos livros: pode-se dizer que é um
Ex.: Os alunos ficaram, satisfeitos com a explica-
homem culto.
ção. (errado)
Precisamos ousar na vida: devemos fazê-lo com
Os alunos precisam de, que os professores os aju-
cautela.
dem. (errado)
Os alunos entenderam, toda aquela explicação. � Marcar invocação em correspondências
(errado) Ex.: Prezados senhores:
Comunico, por meio deste, que...
� Entre um substantivo e seu complemento nominal
ou adjunto adnominal.
Travessão
Ex.: A manutenção, daquele professor foi exigida
pelos alunos. (errado)
� Usado em discursos diretos, indica a mudança de
� Entre locução verbal de voz passiva e agente da discurso de interlocutor: Ex.:
passiva: – Bom dia, Maria!
Ex.: Todos os alunos foram convidados, por aquele – Bom dia, Pedro!
professor para a feira. (errado)
� Serve também para colocar em relevo certas
� Entre o objeto e o predicativo do objeto:
expressões, orações ou termos. Pode ser subs-
Ex.: Considero suas aulas, interessantes. (errado)
tituído por vírgula, dois-pontos, parênteses ou
Considero interessantes, as suas aulas. (errado)
colchetes:
Ex.: Os professores ― amigos meus do curso cario-
Uso de Ponto e Vírgula
ca ― vão fazer videoaulas. (aposto explicativo)
Meninos ― pediu ela ―, vão lavar as mãos, que
É empregado nos seguintes casos o sinal de ponto
vamos jantar. (oração intercalada)
e vírgula (;):
Como disse o poeta: “Só não se inventou a máqui-
� Nos contrastes, nas oposições, nas ressalvas
na de fazer versos ― já havia o poeta parnasiano”.
Ex.: Ela, quando viu, ficou feliz; ele, quando a viu,
ficou triste.
Parênteses
LÍNGUA PORTUGUESA
� É repetido duas ou mais vezes quando se quer � Para isolar o termo latino sic (que significa “assim”),
marcar uma ênfase: a fim de indicar que, por mais estranho ou errado
Ex.: Inacreditável!!! Atravessou a piscina de 50 que pareça, o texto original é assim mesmo:
metros em 20 segundos!!! Ex.: “Era peior [sic] do que fazer-me esbirro aluga-
do.” (Machado de Assis)
Reticências � Para indicar os sons da fala, quando se estuda
Fonologia:
São usadas para: Ex.: mel: [mɛw]; nem: [bẽy]
� Para suprimir parte de um texto (assim como
� Assinalar interrupção do pensamento:
parênteses)
Ex.: ― Estou ciente de que...
Ex.: Na hora em que entrou no quarto [...] e depois
― Pode dizer...
desceu as escadas apressadamente. ou
� Indicar partes suprimidas de um texto: Na hora em que entrou no quarto (...) e depois des-
Ex.: Na hora em que entrou no quarto ... e depois ceu as escadas apressadamente. (caso não preferí-
desceu as escadas apressadamente. (Também pode vel segundo as normas da ABNT)
ser usado: Na hora em que entrou no quarto [...] e
52 depois desceu as escadas apressadamente.)
Asterisco � Na indicação de dois anos consecutivos:
Ex.: O evento de 2012/2013 foi um sucesso.
� É colocado à direita e no canto superior de uma
� Para indicar fonemas, ou seja, os sons da língua:
palavra do trecho para se fazer uma citação ou
Ex.: /s/
comentário qualquer sobre o termo em uma nota
de rodapé:
Embora não existam regras muito definidas sobre
Ex.: A palavra tristeza é formada pelo adjetivo
a existência de espaços antes e depois da barra oblí-
triste acrescido do sufixo -eza*.
*-eza é um sufixo nominal justaposto a um adjeti- qua, privilegia-se o seu uso sem espaços: plural/singu-
vo, o que origina um novo substantivo. lar, masculino/feminino, sinônimo/antônimo.
� Quando colocado antes e no alto da palavra, repre- Quem assiste a “Tempo de Amar” já reparou no portu-
senta o vocábulo como uma forma hipotética, isto guês extremamente culto e correto que é falado pelos
é, cuja existência é provável, mas não comprovada: personagens da novela. Com frases que parecem reti-
Ex.: Parecer, do latim *parescere. radas de um romance antigo, mesmo nos momentos
� Antes de uma frase para indicar que ela é agrama- mais banais, os personagens se expressam de manei-
tical, ou seja, uma frase que não respeita as regras ra correta e erudita.
da gramática.
Ao UOL, o autor da novela, Alcides Nogueira, diz que o
* Edifício elaborou projeto o engenheiro.
linguajar de seus personagens é um ponto que leva a
novela a se destacar. “Não tenho nada contra a lingua-
Uso da Barra
gem coloquial, ao contrário. Acho que a língua deve
ser viva e usada em sintonia com o nosso tempo. Mas
A barra oblíqua [ / ] é um sinal gráfico usado:
colocar um português bastante culto torna a narrativa
mais coerente com a época da trama. Fora isso, é uma
� Para indicar disjunção e exclusão, podendo ser
oportunidade de o público conhecer um pouco mais
substituída pela conjunção “ou”:
dessa sintaxe poucas vezes usada atualmente”.
Ex.: Poderemos optar por: carne/peixe/dieta.
Poderemos optar por: carne, peixe ou dieta. O escritor, que assina o texto da novela das 18h ao lado
de Bia Corrêa do Lago, conta que a decisão de impri-
� Para indicar inclusão, quando utilizada na separa-
mir um português erudito à trama foi tomada por ele
ção das conjunções e/ou.
e apoiada pelo diretor artístico, Jayme Monjardim. Ele
Ex.: Os alunos poderão apresentar trabalhos orais
revela que toma diversos cuidados na hora de escre-
e/ou escritos.
ver o texto, utilizando, inclusive, o dicionário. “Muitas
� Para indicar itens que possuem algum tipo de rela- vezes é preciso recorrer às gramáticas. No início, o
ção entre si. uso do coloquial era tentador. Aos poucos, a escrita
Ex.: A palavra será classificada quanto ao número foi ficando mais fácil”, afirma Nogueira, que também
(plural/singular). diz se inspirar em grandes escritores da literatura bra-
O carro atingiu os 220 km/h. sileira e portuguesa, como Machado de Assis e Eça de
� Para separar os versos de poesias, quando escritos Queiroz.
seguidamente na mesma linha. São utilizadas duas Para o autor, escutar os personagens falando dessa
barras para indicar a separação das estrofes. forma ajuda o público a mergulhar na época da tra-
Ex.: “[…] De tanto olhar para longe,/não vejo o que ma de modo profundo e agradável. Compartilhou-lhe
passa perto,/meu peito é puro deserto./Subo mon- o sentimento Jayme Monjardim, que também explica
te, desço monte.//Eu ando sozinha/ao longo da noi- que a estética delicada da novela foi pensada para
te./Mas a estrela é minha.” Cecília Meireles casar com o texto. “É uma novela que se passa no
� Na escrita abreviada, para indicar que a palavra fim dos anos 1920, então tudo foi pensado para que
não foi escrita na sua totalidade: o público entrasse junto com a gente nesse túnel do
Ex.: a/c = aos cuidados de; tempo. Acho que isso é importante para que o teles-
s/ = sem
LÍNGUA PORTUGUESA
7. (TJ-SP – VUNESP – 2018) Nas frases “Simples: tenho da ideia de que a gramática seja a disciplina mais
em minha biblioteca três livros contendo exclusiva- importante.
mente citações.” (3º parágrafo), “Vou até mais longe: d) o narrador demonstra reconhecimento pelo que lhe foi
vida é pontuação.” (5º parágrafo) e “A vida de uma ensinado pelos professores; o narrador questiona qual
pessoa é balizada por sinais ortográficos.” (5º pará- é o papel da gramática na vida cotidiana das pessoas.
grafo), as expressões em destaque podem ser subs- e) o narrador expressa certo descontentamento com o
tituídas, sem prejuízo de sentido ao texto, correta e que os professores lhe ensinaram; o narrador tem ple-
respectivamente, por: na certeza de que a gramática transforma a vida das
pessoas.
a) inclusive; bem adiante; orientada.
b) unicamente; bem afora; orientada.
c) também; bem além; distinguida.
55
11. (TJ-SP – VUNESP – 2018) Quando o autor diz que a d) O verdadeiro sentido da solidariedade está em como-
vida é pontuação e associa a infância à exclamação, ver- se com o semelhante desamparado.
seu objetivo é mostrar que e) Hoje, a tecnologia leva a uma compreensão mais ética
da realidade circundante.
a) as crianças normalmente descobrem o mundo sem
reagir aos acontecimentos que marcam essa etapa de 14. (TJ-SP – VUNESP – 2017) Assinale a alternativa con-
seu desenvolvimento. tendo uma ideia implícita a partir dos fatos retratados
b) o pleno encantamento marca esse período da vida, e na charge.
as emoções tendem a mostrar-se com mais intensida-
de e espontaneidade. a) A violência está banalizada.
c) os adultos têm dificuldade para atender o encanta- b) As pessoas sorriem para a câmera.
mento das crianças pelas suas descobertas com o c) O corpo está estendido no chão.
mundo que as circunda. d) O grupo familiar posa unido.
d) os adultos tendem a ficar incomodados com a forma e) O pau de selfie permite fotografar várias pessoas.
como as crianças vão descobrindo os segredos do
mundo. 15. (TJ-SP – VUNESP – 2014) Considerando as falas da
e) a percepção exagerada das crianças não tem como personagem no primeiro e no terceiro quadrinhos, con-
se justificar na relação que elas estabelecem com os clui-se que para ela
adultos e o mundo.
Em “a”: Errado – A linguagem é erudita, como Em “a”: Errado – Não há afirmação sobre isso no texto.
afirma o trecho “os personagens se expressam de Em “b”: Errado – Ao contrário, o autor cita exem-
maneira correta e erudita.” plos nos quais ele precisou violar as regras por con-
Em “b”: Errado – Na verdade, a linguagem é antiga ta da necessidade comunicativa.
e não está em uso, o que transporta o público para Em “c”: Errado – O autor não deixa claro se essa
outro tempo. transformação está restrita à linguagem oral ou
Em “c”: Errado – Ao contrário, o texto afirma que o pode ser aplicada na linguagem escrita.
autor da novela preza pelo uso correto da língua e Em “d”: Errado – O autor cita exemplos nos quais
toma cuidado com isso, como afirma o trecho: “Mas ele precisou violar as regras por conta da necessi-
colocar um português bastante culto torna a narra- dade comunicativa.
tiva mais coerente com a época da trama.” Em “e”: Certo – O autor cita exemplos nos quais ele
Em “d”: Certo – Essa assertiva pode ser confirmada precisou violar as regras por conta da necessidade
pelo trecho: “Não tenho nada contra a linguagem comunicativa.
coloquial, ao contrário. Acho que a língua deve ser
Resposta: Letra E.
viva e usada em sintonia com o nosso tempo. Mas
colocar um português bastante culto torna a narra-
6.
tiva mais coerente com a época da trama.”
Em “e”: Errado – Segundo o próprio autor da nove-
la, “Acho que isso é importante para que o telespec- Em “a”: Errado – Não há palavra ou expressão em
tador consiga se sentir em outra época.”, ou seja, é sentido figurado.
uma linguagem atualmente em desuso. Em “b”: Certo – Há uma comparação implícita entre
Resposta: Letra D. a vida e a gramática da língua portuguesa, portan-
to, há linguagem figurada.
3. Em “c”: Errado – Não há palavra ou expressão em
sentido figurado.
Em “a”: Certo – Como o autor afirma no trecho: Em “d”: Errado – Não há palavra ou expressão em
“É uma novela que se passa no fim dos anos 1920, sentido figurado.
então tudo foi pensado para que o público entrasse Em “e”: Errado – Não há palavra ou expressão em
junto com a gente nesse túnel do tempo. Acho que sentido figurado.
isso é importante para que o telespectador consiga Resposta: Letra B.
se sentir em outra época”.
Em “b”: Errado – O autor não fala sobre modernizar 7.
esses elementos, mas sim em manter igual para a
identificação do leitor. Em “a”: Errado – Nenhuma das expressões se encai-
Em “c”: Errado – Ao contrário, a linguagem usada é xaria no texto sem mudança de significado.
mais formal e erudita, não coloquial. Em “b”: Errado – Nenhuma das expressões se encai-
Em “d”: Errado – O trecho “Com frases que pare- xaria no texto.
cem retiradas de um romance antigo, mesmo nos Em “c”: Errado – A expressão “bem além” se encaixa
momentos mais banais, os personagens se expres- bem, mas as demais, não.
sam de maneira correta e erudita.” contradiz essa Em “d”: Certo – Substituindo as expressões destaca-
afirmativa. das, o sentido do enunciado permaneceria o mesmo.
Em “e”: Errado – Nem todas as novelas e literaturas Em “e”: Errado – Nenhuma das expressões se encai-
primam pelo erudito, mas há uma preocupação em xaria bem no texto.
adaptar a linguagem a depender do contexto. Resposta: Letra D.
Resposta: Letra A.
8.
4.
A conjunção “como” pode estabelecer diferentes
Em “a”: Certo – Várias passagens no texto mostram relações de sentido: conformidade, comparação,
que o adolescente considera um sacrifício ler o livro. explicação, por exemplo. Basicamente, é possível
Podemos citar por exemplo: “Se ao menos tivesse perceber isso através do contexto.
uns diálogos, vai. Mas não!” e “Doze páginas de tin- Em “a”: Certo – A primeira conjunção pode ser subs-
ta preta! Falta de ar! Ufa, que falta de ar! Ele xinga.” tituída por “conforme” mantendo o mesmo sentido,
Em “b”: Errado – O adolescente não busca os diálo- e a segunda, poderia ser substituída por “igual a”
gos, mas sim lamenta por ser um livro sem diálogos sem prejuízo de sentido. Por isso, podemos entender
e sem passagens interessantes. que essa é a alternativa correta.
Em “c”: Errado – Ao contrário, o jovem xinga e se Em “b”: Errado – Apenas a segunda está correta.
lamenta por precisar fazer a leitura. Em “c”: Errado – Apenas a primeira está correta.
Em “d”: Errado – Ele não se arrepende, apenas volta Em “d”: Errado – Apenas a primeira está correta.
a ler porque precisa fazê-lo. Em “e”: Errado – Nenhuma das alternativas está correta.
Em “e”: Errado – Ao contrário, o adolescente não Resposta: Letra A.
lembra o que leu até o momento, como afirma o
trecho: “Página quarenta e oito... Se ao menos con- 9.
seguisse lembrar do conteúdo dessas primeiras qua-
Em “a”: Errado – Pelo contrário, o autor enaltece a
renta e oito páginas!”
gramática, mas destaca que em algumas situações,
Resposta: Letra A.
ela não precisa ser utilizada corretamente.
58
Em “b”: Errado – Pelo contrário, o autor enaltece a quando houver e as feições dos personagens envol-
gramática e os professores que a ensinam. vidos, bem como formatos de balões e tamanhos das
Em “c”: Errado – O autor não trata desse tema. letras. Tudo isso é linguagem e, portanto, faz parte
Em “d”: Certo – Vários momentos do texto confir- da intenção comunicativa.
mam essa assertiva, mas podemos destacar o tre- Em “a”: Errado – Ao contrário, há uma crítica a essa
cho: “Podemos acompanhar a vida de uma criatura, situação.
do nascimento ao túmulo, marcando as diferentes Em “b”: Errado – Um fato como esse deveria desper-
etapas por sinais de pontuação.” tar a preocupação e empatia das pessoas.
Em “e”: Errado – O autor não trata da obrigatorie- Em “c”: Certo – A novidade tecnológica, neste caso
dade da gramática. um celular ou uma câmera, faz a família focar ape-
Resposta: Letra D. nas em si e esquecer a realidade dura de outras
pessoas.
10. Em “d”: Errado – A afirmativa é verdadeira, mas
não é isso que está sendo retratado na charge.
Em “a”: Errado – Não há ironia, mas sim, valoriza- Em “e”: Errado – Ao contrário, a tecnologia afasta
ção do professor. as pessoas da realidade.
Em “b”: Errado – A primeira afirmativa está correta, Resposta: Letra C.
o autor sente que deve muito aos professores, mas a
segunda assertiva não está de acordo com o texto. 14.
Em “c”: Errado – Errada, o autor enaltece os profes-
sores que o ensinaram gramática. Em questões de interpretação de charges, tirinhas
Em “d”: Certo – Não apenas nessas orações desta- ou anúncios publicitários é importante observar
cadas, mas ao longo do texto, essa afirmativa se não só o texto, mas também as imagens, as cores,
confirma. quando houver e as feições dos personagens envol-
Em “e”: Errado – Não há descontentamento, mas vidos, bem como formatos de balões e tamanhos das
sim reconhecimento e honra ao papel do professor. letras. Tudo isso é linguagem e, portanto, faz parte
Resposta: Letra D. da intenção comunicativa.
Em “a”: Certo – O foco está no fato de que a violên-
11. cia está em vários lugares, cercando as pessoas e
muitas delas parecem não se importar e tratam isso
Em “a”: Errado – Ao contrário, as crianças reagem com banalidade, não com a seriedade que a situa-
com encantamento e expressividade às situações ção exige.
novas da vida. Em “b”: Errado – Esse não é o foco da charge.
Em “b”: Certo – A exclamação, enquanto sinal de Em “c”: Errado – Esse não é o foco da charge.
pontuação, expressa surpresa, contentamento ou Em “d”: Errado – Esse não é o foco da charge.
encantamento, o que o autor observa que acontece Em “e”: Errado – Esse não é o foco da charge.
na infância, que é o momento da vida no qual esta- Resposta: Letra A.
mos descobrindo o mundo e há esse encantamento
natural com as descobertas. 15.
Em “c”: Errado – O foco não são os adultos, mas sim
a infância. Em questões de interpretação de charges, tirinhas
Em “d”: Errado – O foco não são os adultos, mas sim ou anúncios publicitários é importante observar
a infância. não só o texto, mas também as imagens, as cores,
Em “e”: Errado – O foco é a infância, não a relação quando houver e as feições dos personagens envol-
com os adultos. vidos, bem como formatos de balões e tamanhos das
Resposta: Letra B. letras. Tudo isso é linguagem e, portanto, faz parte
da intenção comunicativa.
Em “a”: Errado – Ao contrário, para ser feliz, às
12. vezes, é necessário um pouco de alienação.
Em “b”: Certo – Para buscar a verdade, é importante
Em “a”: Errado – Ao contrário, ele conhecia a língua estar preparado para encontrar situações ruins.
antes mesmo de conhecer suas normas e não houve Em “c”: Errado – O quadrinho não afirma isso.
comprometimento da qualidade. Em “d”: Errado – O quadrinho não afirma isso.
Em “b”: Certo – O trecho a seguir confirma essa Em “e”: Errado – O quadrinho não afirma isso.
alternativa: “Oscar Wilde, por exemplo, dizia de Resposta: Letra B.
George Moore: escreveu excelente inglês, até que
descobriu a gramática.” 16.
LÍNGUA PORTUGUESA
18.
19.
20.
z É crime de ação múltipla, que poderá ser praticado z Faz o uso de selo ou de sinal falsificado, isto é, não
mediante à execução de quaisquer um dos verbos seja verdadeiro e que o uso seja indevido, resultando,
previstos no tipo penal: fabricar, adquirir, forne- por exemplo, na obtenção de vantagem econômica;
cer, possuir ou guardar;
z Utiliza indevidamente o selo ou o sinal verdadeiro
z É crime comum, que poderá ser praticado por
em prejuízo de outrem ou em proveito próprio ou
qualquer agente.
alheio;
z Entretanto, caso o crime seja praticado por fun-
z Só incorre no uso do selo ou do sinal quem não foi
cionário público, prevalecendo-se este do cargo, a
a responsável pela falsificação;
pena será aumentada da sexta parte (1/6).
z Altera, falsifica ou faz uso indevido de marcas,
A pena do crime de petrechos de falsificação será logotipos, siglas ou quaisquer outros símbolos uti-
aumentada de 1/6 (um sexto) se o agente é funcionário lizados ou identificadores de órgãos ou entidades
público e comete o crime prevalecendo-se do cargo. da Administração Pública.
z Assim como o crime de petrecho para falsificação Sobre este crime, é importante que você leve
de moeda, o objeto deve ser destinado especialmen- em consideração as seguintes disposições:
te para falsificar os papéis previstos no art. 293.
Caso o objeto tenha outras finalidades (tem outras z É crime comum, que pode ser praticado por qual-
utilidades e também serve para falsificar papéis), quer pessoa;
não há que se falar na prática deste tipo penal; z Caso o crime seja praticado por funcionário públi-
z Só poderá ser praticado dolosamente; co, prevalecendo-se do cargo, a pena será aumen-
z Admite a modalidade tentada; tada da sexta parte (aumento de 1/6);
z No verbo guardar, trata-se de crime permanente, z Só pode ser praticado dolosamente;
protraindo-se a conduta no tempo. z Admite a modalidade tentada, já que se trata de crime
plurissubsistente, quando o delito, para ser praticado,
FALSIDADE DOCUMENTAL
necessita de vários atos para atingir o resultado;
De acordo com o art. 232, do CPP, documentos são z A falsificação pode se dar de duas formas com a
quaisquer escritos, instrumentos ou papéis públicos fabricação (o agente cria o selo ou sinal) ou com a
ou particulares. alteração (o agente modifica o selo ou sinal).
O CPP estabelece requisitos para que um papel seja
considerado documento: forma escrita, autor certo, pos- Trata-se de crime de forma livre, que pode ser pra-
suir conteúdo de relevância jurídica e valor probatório. ticado de qualquer modo pelo agente.
Falsificar, total
Alterar documento
ou parcialmente,
público verdadeiro
documento público
Trata-se de falsidade material, na qual o agente cria um documento público falso ou modifica o documento
público verdadeiro, tornando-se falsos em seu aspecto material, podendo o conteúdo ser verdadeiro ou não.
São condutas equiparadas ao crime de falsificação de documento público, incorrendo nas mesmas penas o
agente que insere ou faz inserir, estão descritas nos incisos do § 3º, do art. 297, do CP, como citado acima.
Importante!
Cleber Masson (2018) destaca que se a falsidade lançada na Carteira de Trabalho e Previdência Social relacionar-se
com os direitos trabalhistas do empregado, incidirá o crime definido no art. 49 do Decreto-lei 5.452/1943. Por seu
turno, se a falsidade atingir a Previdência Social, estará caracterizado o crime tipificado no inciso II do § 3º do art.
297 do CP.
É de suma importância você saber que não se pode confundir a falsidade material com a falsidade ideológica.
Falsidade Material
z O agente cria um documento falso ou
modifica um documento verdadeiro;
z O documento é materialmente falso;
z Altera-se o aspecto formal do documento,
podendo o conteúdo ser verdadeiro ou
não;
z Crimes: falsificação de documento públi-
co ou particular;
z Por exemplo, criar uma certidão de
nascimento.
Falsidade Ideológica
Sobre o crime de falsificação de documento público, é importante que você leve em consideração as
seguintes informações:
Trata-se de crime de ação múltipla, que poderá ser Atribuir-se Atribuir a terceiro
praticado com a execução das seguintes condutas:
Fraudes em certames de interesse público Crimes Praticados por Funcionários Públicos Contra
a Administração em Geral
a condição de funcionário público não é elementar, de serviço contratada ou conveniada para a execu-
constituindo, contudo, causa de aumento de pena de ção de atividade típica da Administração Pública.
1/3 (um terço). (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Vejamos os pontos importantes deste crime: § 2º - A pena será aumentada da terça parte quan-
do os autores dos crimes previstos neste Capítu-
z Não admite a modalidade culposa – só pode ser lo forem ocupantes de cargos em comissão ou de
praticado dolosamente; função de direção ou assessoramento de órgão da
z Exige fim especial de agir (dolo específico): fim de administração direta, sociedade de economia mis-
beneficiar a si ou a outrem, ou de comprometer a ta, empresa pública ou fundação instituída pelo
credibilidade do certame; poder público. (Incluído pela Lei nº 6.799, de 1980) 69
No exemplo apresentado, tanto José quanto Jonas
Importante! responderão pelo crime de peculato (vamos estudar suas
Considera-se funcionário público, para os efeitos características a seguir), já que praticaram a conduta em
penais, quem, embora transitoriamente ou sem concurso de pessoas e a condição de caráter pessoal (ser
funcionário público) se comunica aos demais agentes (é
remuneração, exerce cargo, emprego ou função
necessário que eles conheçam a condição).
pública.
Não podemos deixar de tratar do concurso de pes-
soas nos crimes funcionais. Os crimes funcionais são
É importante diferenciar o conceito de funcioná- crimes próprios, à medida que o autor deve ser fun-
rio público do direito administrativo e o de funcioná- cionário público.
rio público do direito penal. Em regra, não podem serem praticados por qual-
No direito administrativo, considera-se funcio- quer pessoa, entretanto, admitem a participação e a
nário público apenas quem exerce cargo público na coautoria, bem como a autoria mediata.
administração direta, isto é, junto à União, Estados, Observe que o particular sozinho não pratica cri-
Distrito Federal ou Municípios. me funcional, mas, se unido com outro funcionário
No direito penal, o conceito de funcionário públi- público, também responderá pelo delito.
co é mais amplo, pois abrange quem exerce cargo, Isso é decorrente da teoria monista ou unitária da
emprego ou função pública, ainda que transitoria- ação, prevista nos arts. 29 e 30 do CP, na qual “todo
mente ou sem remuneração. aquele que concorre para o crime responde para o
O mesário de eleição, por exemplo, é funcionário mesmo crime”.
público para efeitos penais, à medida que exerce uma Nesse sentido, vamos exemplificar, pois responde
função pública. por peculato o particular que, a mando do funcioná-
O art. 327, do CP, faz menção a cargo público, rio público subtrai bens da repartição pública. Igual-
emprego público e função pública, vamos distinguir: mente, enquadra-se na corrupção passiva a mulher
z Cargo público é o criado por lei, com nomenclatu- do funcionário público que instiga o marido a aceitar
ra e número certo, junto à administração direta; a propina.
z Emprego público, por sua vez, é a função pública
exercida em caráter temporário ou extraordinário, Peculato
por exemplo, diarista que presta serviço de faxina
numa repartição pública. Assim, obtém-se por exclu- Art. 312 Apropriar-se o funcionário público de
são o conceito de emprego público como sendo todo dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, públi-
aquele que não se classifica como cargo público. co ou particular, de que tem a posse em razão do
z Função pública é toda e qualquer atividade que cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:
realiza os fins próprios do Estado, como por, exem- Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
plo, perito judicial, estagiário do Ministério Públi- § 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário públi-
co ou da Defensoria Pública ou de qualquer outro co, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou
órgão público, juiz de direito, Presidente da Repú- bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído,
blica, Governador de Estado, escreventes, Prefei- em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilida-
tos, vereadores, faxineira do fórum etc. de que lhe proporciona a qualidade de funcionário.
Peculato culposo
No § 2º do art. 327, o Código Penal apresenta uma § 2º - Se o funcionário concorre culposamente para
causa de aumento de pena aplicável a todos os crimes o crime de outrem:
praticados por funcionário público contra a adminis- Pena - detenção, de três meses a um ano.
tração em geral. Observe: § 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do
A pena será aumentada de 1/3 (terça parte) quan- dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a
do os autores dos crimes praticados por funcionário punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a
público contra a administração em geral forem ocu- pena imposta.
pantes de cargos em comissão ou de função de dire-
ção ou assessoramento de órgão da administração O crime de peculato, previsto no art. 312, do CP, é
direta, sociedade de economia mista, empresa pública dividido da seguinte forma:
ou fundação instituída pelo poder público.
z Peculato-apropriação;
É importante saber que a pena não será aumen-
tada caso o funcionário público ocupe cargo em z Peculato-desvio;
comissão ou função de direção ou assessoramento em z Peculato-furto;
autarquias, por falta de previsão legal. Lembre-se que z Peculato culposo;
o nosso ordenamento jurídico não admite a analogia z Peculato mediante erro de outrem.
para prejudicar o agente.
Parte da doutrina apresenta, ainda, a seguinte divisão
Os crimes funcionais admitem a coautoria de par-
para o crime de peculato:
ticular, sendo possível que este venha a ser responsa-
bilizado por delito funcional contra a administração z Próprio: peculato-apropriação e peculato-desvio;
pública, desde que pratique a infração penal em concur-
so com funcionário público e conheça esta qualidade. z Impróprio: peculato-furto.
Vamos exemplificar: José, funcionário público, con- O peculato-apropriação irá se configurar quando
vida seu amigo de infância, Jonas, para juntos, subtraí-
o funcionário público se apropriar de dinheiro, valor
rem um computador na repartição pública que aquele
ou qualquer outro bem móvel, público ou particu-
trabalha. O funcionário público obteria facilidades para
lar, de que tem a posse em razão do cargo, como por
praticar o crime, já que havia ficado com a chave da
exemplo, vereador que se apropria de bens (aparelho
repartição naquele período. No dia determinado, os
de celular, notebook) do qual tem posse em razão do
agentes vão ao local e subtraem o computador.
70 cargo (eletivo) que ocupa.
É muito importante que você fique atento, em rela- É importante mencionar que:
ção ao peculato-apropriação, ao seguinte:
z Para que se configure este crime, é necessário que
z Para que se configure, é necessário que o agente o funcionário público não tenha a posse da coisa;
tenha a posse do bem em razão do seu cargo; z O primeiro é o verbo subtrair, que é o fato de o bem
z O bem pode ser público ou particular (imagine um ser arrebatado pelo próprio funcionário público;
objeto particular apreendido numa delegacia de z O segundo é o verbo concorrer, que significa indu-
polícia); zir, instigar ou auxiliar uma outra pessoa a reali-
z O sujeito passivo é a administração pública, con- zar a subtração, como por, exemplo, o funcionário
tudo, no caso de bem particular, o dono do bem público que distrai os demais para que o seu ami-
também será sujeito passivo do delito. go, que é ladrão, ingresse na repartição com o obje-
tivo de surrupiar os bens.
O peculato-desvio irá se configurar quando o z Para que se configure o peculato-furto é necessário
funcionário público desviar, em proveito próprio ou que o ato seja doloso;
alheio, dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, z A qualidade de funcionário público deve acarre-
público ou particular. tar alguma facilidade para a subtração da coisa.
Segundo posicionamento majoritário, apesar de Caso não haja facilidade, o agente responderá por
algumas posições jurisprudenciais em sentido con- furto normalmente.
trário, para que se configure o peculato-desvio, é
necessário que o bem seja desviado para integrar o Vamos trazer dois exemplos:
patrimônio do próprio funcionário público ou de ter-
Exemplo 1: Carlos é funcionário Público. Certo dia,
ceiros, não se configurando o tipo penal caso ocorra
na hora de sair, valendo-se do fato de estar sozinho na
mero desvio de finalidade.
repartição, ele subtrai um notebook do órgão público.
É importante que você saiba que parte da doutri-
Está certamente configurado o crime de peculato-furto,
na, minoritária, defende que, para que se configure o
já que a condição de funcionário público do servidor
peculato-desvio, não é necessário a intenção de asse-
foi uma facilidade para que ele subtraísse o bem.
nhoramento (apoderar-se) por parte do funcionário
público, podendo se configurar com o mero uso irre- Exemplo 2: Michele é funcionária pública de Tri-
gular da coisa pública, em proveito próprio ou alheio. bunal Federal. Certo dia, ao passar em frente a uma
Com base no que foi exposto, é importante men- escola que se encontra próxima à sua casa, Michele
cionar que o peculato de uso, em regra, é considerado percebe que o vigilante esqueceu a porta dos fundos
figura atípica. aberta, estando próximo um aparelho celular da esco-
Segundo Cleber Masson, la. Michele entra pela porta e subtrai o aparelho. Não
há que se falar em peculato-furto, já que a qualidade
o uso momentâneo de coisa infungível, sem a inten-
de funcionária pública de Michele em nada contri-
ção de incorporá-lo ao patrimônio pessoal ou de
buiu para a prática da subtração, podendo qualquer
terceiro, seguido da sua integral restituição a quem
pessoa, na mesma situação, praticar essa conduta
de direito é atípico.
delituosa. Dessa forma, Michele responderá pelo cri-
É necessário sabermos o que se trata de infungível. me de furto.
O art. 85, do CC, dispõe que são fungíveis os móveis Observe que:
que podem substituir-se por outros da mesma espécie,
z Admite a modalidade tentada, já que se trata de
qualidade e quantidade.
crime plurissubsistente (atos múltiplos, ou seja, o
O Código Civil não define os bens infungíveis,
autor entra no local subtrai a coisa);
mas podemos compreender que são os bens que não
z O bem subtraído pode ser público ou particular;
podem ser substituídos por outros da mesma espécie,
z O sujeito passivo é a administração pública. Caso
quantidade e qualidade.
o bem seja particular, também será sujeito passivo
É importante mencionar que é necessário, para
da infração penal o dono do bem;
que não seja típica a conduta do peculato de uso, que
z É crime material.
o bem seja infungível e não consumível, a exemplo
de um carro oficial ou de um computador. O peculato culposo, previsto no § 2º do art. 312,
Caso o bem seja fungível e consumível, a exemplo configura-se quando o funcionário público concorre
do dinheiro, a conduta será típica. culposamente para o crime de outrem.
Se a conduta relacionada ao Peculato de Uso for Dos crimes praticados por funcionário público
praticada por Prefeito, o fato será típico, independen- contra a administração em geral, o peculato é o
temente da natureza do bem, por expressa previsão único que prevê expressamente a possibilidade de
legal do inciso II do art. 1º do Decreto-Lei nº 201/1967. ser cometido na modalidade culposa.
O Peculato-furto irá se configurar quando o fun- No peculato culposo, o funcionário público não
cionário público, embora não tendo a posse do dinhei- tem intenção em praticar o crime, contudo, por culpa,
DIREITO PENAL
ro, valor ou bem, o subtrai ou concorre para que seja acaba concorrendo para a subtração da coisa.
subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se Neste sentido, Damásio ensina que no peculato
de facilidade que lhe proporciona a qualidade de culposo podem ocorrer as seguintes situações:
funcionário.
O peculato-furto pode ser praticado de duas z Um funcionário, por culpa, concorre para que
formas: outro funcionário cometa peculato (caput ou §1º);
z Um funcionário, por culpa, concorre para que outro
z Subtraindo o dinheiro, valor ou bem; funcionário ou um particular cometam o fato; e
z Concorrendo para que seja subtraído o dinheiro, z Um funcionário, por culpa, concorre para que um
valor ou bem. particular cometa o fato (furto etc.). 71
Vejamos agora outro exemplo prático: José, agen- Inserção de Dados Falsos em Sistemas de Informação
te de polícia legislativa, esquece, por omissão, já que
queria assistir a um jogo de futebol, de trancar uma O crime de inserção de dados falsos em sistemas
de informação está previsto no art. 313-A, do CP.
porta da Câmara Legislativa do Distrito Federal, a
qual somente ele tem acesso. No ambiente em que a
Art. 313-A Inserir ou facilitar, o funcionário autori-
porta se encontra, há vários objetos de valor conside- zado, a inserção de dados falsos, alterar ou excluir
rável para o Poder Legislativo distrital. João, também indevidamente dados corretos nos sistemas infor-
policial legislativo, aproveitando-se do fato de a porta matizados ou bancos de dados da Administração
estar aberta, ingressa no local e subtrai uma câmera Pública com o fim de obter vantagem indevida para
fotográfica. si ou para outrem ou para causar dano:
Neste exemplo, José poderá ser responsabiliza- Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e
do criminalmente pelo crime de peculato culposo, já multa.
que concorreu culposamente para o crime de outrem
(peculato-furto de João). O agente foi omisso ao deixar Importante!
de trancar a porta, fator que contribuiu para a prática
da subtração. Inserção de dados falsos em sistemas de infor-
Sobre o peculato culposo, é importante saber que mação é chamado de peculato eletrônico.
no § 3º do art. 312, do CP, dispõe que:
Sujeito ativo é apenas o funcionário público auto-
z Se a reparação do dano resultante do peculato cul- rizado a inserir ou excluir dados do sistema. Outros
poso ocorrer antes da sentença transitar em julga- funcionários, que não dispõem desta competência,
do, extingue a punibilidade; respondem pelo crime do art. 313-B, do CP.
z Se a reparação do dano resultante do peculato cul- A fraude no sistema informatizado ou em bancos
poso ocorrer após a sentença transitar em julgado, de dados pelo funcionário competente, para obter
a pena será reduzida da metade. vantagem para si ou para outrem, caracteriza o delito
em análise, sendo que o estelionato, por ser um crime
O peculato mediante erro de outrem está previsto menos grave, é absorvido.
no art. 313, do CP, configurando-se quando o funcionário Para que este crime se configure, é necessário que
público se apropriar de dinheiro ou qualquer utilidade as condutas descritas no tipo penal sejam praticadas
que, no exercício do cargo, recebeu por erro de outrem. por funcionário público autorizado a operar os siste-
Parte da doutrina chama esta modalidade de mas informatizados ou bancos de dados da adminis-
peculato-estelionato. tração pública.
Sujeito ativo é o funcionário público que, por erro Trata-se de crime plurinuclear, já que o tipo penal
de outrem toma posse de um bem móvel, em razão descreve vários verbos que podem ser praticados
da função, apropriando-se do mesmo. O terceiro que para a sua configuração.
induz o funcionário a apropriar-se do bem que rece- Condutas:
beu por erro será partícipe deste delito de peculato z Inserir dados falsos;
mediante erro. z Facilitar a inserção de dados falsos;
O elemento subjetivo do tipo é o dolo subsequente, z Alterar dados corretos;
isto é, posterior ao recebimento da coisa. z Excluir indevidamente dados corretos.
Num primeiro momento, o funcionário público
toma posse do bem de boa-fé, sem constatar o erro É necessário, para a tipificação do delito, que as
alheio, mas posteriormente, após detectar o erro, condutas acima sejam realizadas em sistema informa-
apropria-se da coisa. tizado (computador) ou bancos de dados (fichários,
É importante levar em consideração as seguin- livros ou outro meio físico) da Administração Pública.
tes características do crime de peculato mediante Objeto Material: Sistemas informatizados ou ban-
cos de dados da Administração Pública.
erro de outrem:
z Finalidade (dolo específico):
z É crime material, que se consuma quando o agen-
te inverte a propriedade do dinheiro ou outra uti- Obter vantagem indevida para si ou para
lidade, sabendo que eles chegaram ao seu poder outrem;
por erro de outra pessoa, passando a agir como se Causar dano.
dono fosse;
z Segundo a doutrina majoritária, admite a modali- O elemento subjetivo do tipo é o dolo específico,
dade tentada; que consiste no fim de obter vantagem indevida para
si ou para outrem ou causar dano à Administração
z O funcionário público deve receber a coisa em
Pública ou a uma terceira pessoa.
razão do cargo que exerce;
Sem esta finalidade de obter vantagem ou causar
z O sujeito passivo é a administração pública. Caso o
dano, haverá o crime do art. 313-B do CP.
bem seja particular, também será sujeito passivo o O crime se consuma com a conduta, independente-
dono do bem; mente do resultado. Trata-se de crime formal, que se
z Parte da doutrina entende que se a pessoa for caracteriza ainda que a vantagem ou o dano almejado
induzida ao erro, irá se configurar o crime de este- não se verifique.
lionato, previsto no art. 171, do CP, sendo neces- Admite-se a tentativa na hipótese de o agente ser
sário, portanto, para caracterização do crime de surpreendido antes de ultimar a conduta, por exem-
peculato mediante erro de outrem, que a vítima plo, agente é flagrado quando iniciava a supressão dos
72 entregue a coisa por erro próprio. dados corretos.
Modificação ou Alteração não Autorizada de z Não admite a modalidade culposa;
Sistemas de Informação z Admite tentativa;
z O extravio, a sonegação e inutilização podem ser
O crime de modificação ou alteração não autori- parciais ou totais.
zada de sistemas de informação está previsto no art.
313-B, do Código Penal. Sujeito ativo é apenas o funcionário público res-
ponsável pela guarda do livro oficial ou documen-
Art. 313-B Modificar ou alterar, o funcionário, sis- to. Se a conduta for praticada por outro funcionário
tema de informações ou programa de informáti- público o crime será o previsto no art. 337 do CP. Caso
ca sem autorização ou solicitação de autoridade seja praticado por advogado ou procurador, que inu-
competente: tiliza documento ou objeto do processo, o enquadra-
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, mento será no art. 356 do CP.
e multa. O delito em estudo é subsidiário, pois só será apli-
Parágrafo único. As penas são aumentadas de um cado se não houver outro crime mais grave.
terço até a metade se da modificação ou alteração Assim, o funcionário público que recebe dinheiro
resulta dano para a Administração Pública ou para para destruir livro ou documento responderá apenas
o administrado. pelo crime de corrupção passiva, que é mais grave.
Por fim, quando se tratar de livros ou documentos
Este tipo penal irá se configurar quando o agente relativos a tributos, o funcionário que tinha a guarda
modificar ou alterar sistema de informações ou pro- e praticou uma das condutas acima responderá pelo
grama de informática sem autorização ou solicitação crime do inciso I do art. 3º da Lei nº 8.137/1990, quan-
de autoridade competente. do o fato acarretar pagamento indevido ou inexato de
Caso o funcionário público seja autorizado ou pra- tributo.
tique a conduta por solicitação da autoridade compe-
Emprego Irregular de Verbas ou Rendas Públicas
tente, o fato será atípico.
A pena deste crime será aumentada de 1/3 (um Previsto no art. 315, do CP, o crime de emprego irre-
terço) até metade: caso da modificação ou alteração gular de verbas ou rendas públicas irá se configurar com
resulte dano para a Administração Pública ou para o a prática da seguinte conduta: dar às verbas ou rendas
administrado. públicas aplicação diversa da estabelecida em lei:
Fique atento às diferenças entre os tipos penais
do crime de inserção de dados falsos em sistemas de Art. 315 Dar às verbas ou rendas públicas aplica-
informação e do crime de modificação ou alteração ção diversa da estabelecida em lei:
não autorizada de sistemas de informação. Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
z Inserção de Dados Falsos em Sistemas de Este crime não se aplica ao Prefeito Municipal, res-
Informação: pondendo este pelo crime previsto em lei específica, o
Decreto nº 201/1967.
Verbos: Inserir, facilitar a inserção, alterar, Exige que o emprego irregular se dê em benefí-
excluir indevidamente; cio da própria administração pública, contrariando a
Deve ser praticado por funcionário autorizado; legislação, não podendo o agente desviar as verbas ou
Exige dolo específico de obter vantagem indevi- rendas em benefício próprio, sob pena de responder
da ou de causar dano. por outro crime.
Vamos exemplificar: a Câmara Legislativa do
z Modificação ou Alteração não Autorizada de Município XYZ aprova a utilização de um milhão de
Sistemas de Informação: reais para construção de uma passarela. A autoridade
pública competente utiliza a verba mencionada para
Verbos: modificar ou alterar; a construção de uma escola.
Se praticado por funcionário autorizado, será Pronto, configurou-se o crime de emprego irregular
fato atípico;
de verbas ou rendas públicas. O agente deu às verbas
Não exige dolo específico.
públicas destinação diversa daquela estabelecida em lei.
Extravio, Sonegação ou Inutilização de Livro ou Observe que a destinação da verba se deu no inte-
Documento resse da administração, já que, caso se dê em benefí-
cio próprio, o agente responderá por outro crime.
Está previsto no art. 314 do Código Penal. É importante mencionar a aplicação da excludente
de ilicitude do estado de necessidade: caso o emprego
Art. 314 Extraviar livro oficial ou qualquer docu- se dê devido a uma situação de perigo iminente (uti-
mento, de que tem a guarda em razão do cargo;
lizou-se verba pública destinada ao esporte, para se
sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou parcialmente:
construir um abrigo durante perigo de chuvas que
Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não
desabrigaram grande parte da população), o fato será
constitui crime mais grave.
DIREITO PENAL
z Própria: Quando o funcionário público pratica os qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever
verbos do tipo penal para praticar ato ilícito, por funcional.
exemplo, oficial de justiça recebe dinheiro para
retardar o cumprimento do mandado de citação; Dica
z Imprópria: Quando o funcionário público pratica
os verbos do tipo penal para praticar ato lícito, por Não seja surpreendido por pegadinhas em pro-
exemplo, escrevente solicita dinheiro para que a va, a corrupção passiva e a concussão se dife-
certidão seja expedida dentro do prazo; renciam nos verbos que configuram o tipo penal
z Antecedente: Quando a vantagem indevida é incriminador. Corrupção passiva: solicitar, rece-
entregue ao funcionário público antes de sua ação ber ou aceitar promessa. Concussão: exigir. 75
A prevaricação imprópria só poderá ser pratica-
ARTIGOS 319 A 333 da pelo diretor de penitenciária ou pelo funcionário
público que tem o dever funcional de impedir que o
PREVARICAÇÃO preso tenha acesso a aparelho de comunicação com
outros presos ou com o ambiente externo.
Art. 319 Retardar ou deixar de praticar, indevida- Sobre a prevaricação imprópria, é importante
mente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição ressaltar:
expressa de lei, para satisfazer interesse ou senti-
mento pessoal: z Não admite a forma culposa;
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. z Não admite tentativa.
Art. 319-A Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou
agente público, de cumprir seu dever de vedar ao
Condescendência Criminosa
preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou A condescendência criminosa está prevista no art.
similar, que permita a comunicação com outros 320 do Código Penal.
presos ou com o ambiente externo:
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. Art. 320 Deixar o funcionário, por indulgência, de
responsabilizar subordinado que cometeu infração
O crime de prevaricação é dividido em: no exercício do cargo ou, quando lhe falte compe-
tência, não levar o fato ao conhecimento da autori-
z Própria : prevista no art. 319 do Código Penal; dade competente:
z Imprópria : prevista no art. 319-A do Código Penal. Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
A prevaricação própria, prevista no art. 319, irá Este crime pode ser praticado de duas formas:
se configurar quando o funcionário público retardar
z Quando o funcionário público, por indulgência,
ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício,
ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para deixa de responsabilizar o subordinado que come-
satisfazer interesse ou sentimento pessoal. teu infração no exercício do cargo;
O crime em estudo não se confunde com a corrup- z Quando o funcionário público, que não é compe-
ção passiva privilegiada, em que o agente age ou deixa tente para responsabilizar aquele que cometeu
de agir cedendo a pedido ou influência de outrem. infração no exercício do cargo, por indulgência,
Na prevaricação não existe este pedido ou influên- não levar o fato ao conhecimento da autoridade
cia. O agente toma a iniciativa de agir ou se omitir para competente.
satisfazer interesse ou sentimento pessoal. Assim, se
um fiscal flagra um desconhecido cometendo irregu- A doutrina majoritária entende que o crime de
laridade e deixa de autuá-lo em razão de insistentes condescendência criminosa só pode ser praticado por
pedidos deste, há corrupção passiva privilegiada, mas, superior hierárquico.
se o fiscal deixa de autuar porque percebe que a pes- Você pode entender indulgência como compaixão,
soa é um antigo amigo, configura-se a prevaricação. pena, piedade.
A prevaricação poderá ser praticada de 3 (três) for- Há um requisito que deve ser cumprido para a
mas diferentes: prática da condescendência criminosa: uma infração
funcional (que pode ser uma violação administrativa
z Retardar indevidamente a prática de ato de ofício;
ou penal) praticada por subordinado no exercício das
z Deixar de praticar indevidamente ato de ofício;
atribuições do seu cargo.
z Praticar ato de ofício contra disposição expressa de lei.
Sobre a condescendência criminosa, fique atento:
O crime de prevaricação exige um fim específico
de agir: satisfazer interesse ou sentimento pessoal. z Não admite a forma culposa;
Você pode entender interesse ou sentimento pes- z É crime omissivo;
soal de diversas formas: vingança, compaixão, ódio, z Não admite tentativa.
amizade, preguiça, entre outros.
Como é possível observar, os crimes de corrupção
SOBRE A PREVARICAÇÃO, LEVE PARA A SUA PROVA: passiva privilegiada, prevaricação e condescendência
criminosa possuem características similares.
� Não admite a forma culposa; Vejamos as diferenças:
� Pode ser praticado de forma omissiva (retardar ou
z Corrupção Passiva Privilegiada: O agente dei-
deixar de praticar) ou comissiva (praticar);
xa de praticar ato de ofício cedendo a pedido ou
� Admite tentativa apenas quando praticado de forma
influência de outrem;
comissiva.
z Prevaricação: O agente deixa de praticar ato de ofí-
� Tentativa na prevaricação:
cio para satisfazer sentimento ou interesse pessoal;
� Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, z Condescendência Criminosa: O agente deixa de
ato de ofício: não admite tentativa; praticar ato de ofício (responsabilizar o subalter-
� Praticar ato de ofício contra disposição expressa no) por indulgência.
de lei: admite tentativa.
Advocacia Administrativa
A prevaricação imprópria, prevista no art. 319-A, irá O crime de advocacia administrativa, previsto no
se configurar quando o diretor de penitenciária e/ou art. 321 do Código Penal, pode ser praticado na moda-
agente público deixar de cumprir seu dever de vedar ao lidade simples ou qualificada.
preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar,
que permita a comunicação com outros presos ou com o
76 ambiente externo.
Art. 321 Patrocinar, direta ou indiretamente, inte- Abandono de Função
resse privado perante a administração pública,
valendo-se da qualidade de funcionário
O crime de abandono de função está tipificado no
art. 323, do CP.
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa
Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo: Art. 323 Abandonar cargo público, fora dos casos
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da permitidos em lei:
multa. Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
§ 1º - Se do fato resulta prejuízo público:
É necessário que a condição de funcionário públi-
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
co proporcione alguma facilidade ao sujeito ativo, que
§ 2º - Se o fato ocorre em lugar compreendido na
patrocina interesse de terceiro, pessoa privada, caso
faixa de fronteira:
não haja facilidade alguma proporcionada pelo cargo,
Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
o fato será atípico.
O agente pode praticar este crime de diversas
A conduta típica é a de abandonar cargo público,
maneiras, como, por exemplo, fazendo uma petição
fora dos casos permitidos em Lei.
solicitando um benefício;
O nome do crime é abandono de função, porém,
o tipo penal fala em abandono de cargo público. É
z Modalidade qualificada: o crime de advocacia importante que você saiba que o conceito de função
administrativa será qualificado caso o interesse pública é mais amplo que o de cargo público (não há
privado seja ilegítimo. cargo sem função, mas há função sem cargo).
z Forma simples: interesse privado legítimo; Sendo assim, não haverá crime se ocorrer mero
z Forma qualificada: interesse privado ilegítimo. abandono de função pública (apesar do nome) ou de
emprego público, mas tão somente no caso de aban-
SOBRE A ADVOCACIA ADMINISTRATIVA, LEVE dono de cargo público (não se admite a analogia in
ISSO PARA SUA PROVA: malam partem).
De acordo com posicionamento doutrinário majoritá-
� Não admite a modalidade culposa; rio, as hipóteses de greve não configuram este tipo penal.
� É crime formal, que se consuma com a conduta, não As hipóteses em que o agente abandona o cargo
se exigindo que se atinja o interesse privado pleiteado; público, admitidas em Lei, não configuram o crime de
� Segundo doutrina majoritária, admite tentativa quan- abandono de função.
do for possível se fracionar o iter criminis. O crime de abandono de função tem circunstân-
cias que o qualificam:
Observe que no exercício funcional ilegalmente Forma qualificada: se da ação ou omissão resulta
antecipado ou prolongado somente pode ser praticado dano à Administração Pública ou a outrem.
por funcionário público já nomeado, mas ainda sem ter Sobre este crime, fique atento:
cumprido todas as exigências legais (1ª parte), ou então
pelo indivíduo que era funcionário público, porém dei- z Só será praticado dolosamente – não admite forma
xou de ser em razão de ter sido oficialmente exonerado, culposa;
removido, substituído ou suspenso (parte final). z Em regra, não admite tentativa, salvo casos excep-
Em ambas as hipóteses, o crime é de mão própria, cionais, a exemplo de ser praticado na forma escrita.
de atuação pessoal ou de conduta infungível, pois
somente pode ser cometido pela pessoa expressamen- Violação de Sigilo de Proposta de Concorrência
te indicada no tipo penal.
Se um particular entrar no exercício da função Este tipo penal está previsto no art. 326 do Código
pública, a ele deverá ser imputado o crime de usurpa- Penal.
ção de função pública (art. 328 do CP).
Sobre o tipo penal em comento, é importante Art. 326 Devassar o sigilo de proposta de concor-
saber: rência pública, ou proporcionar a terceiro o ensejo
de devassá-lo:
Pena - Detenção, de três meses a um ano, e multa.
z Não admite a forma culposa;
z Admite tentativa.
É um crime relacionado ao procedimento licitatório.
A doutrina dominante entende que o crime de vio-
Violação de Sigilo Funcional
lação de sigilo de proposta de concorrência foi revoga-
do tacitamente pela Lei 8.666/1993 (Lei de Licitações).
O crime de violação de sigilo funcional se encontra
previsto no art. 325 do Código Penal. CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA
A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL
Art. 325 Revelar fato de que tem ciência em razão
do cargo e que deva permanecer em segredo, ou
Os crimes praticados por particular contra a admi-
facilitar-lhe a revelação:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou mul-
nistração pública estão previstos entre os arts. 328 e
ta, se o fato não constitui crime mais grave. 337-A do Código Penal.
§ 1o Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: Trata-se de crimes comuns, que não exigem
I – permite ou facilita, mediante atribuição, forne- nenhuma condição ou qualidade especial do sujeito
cimento e empréstimo de senha ou qualquer outra ativo, podendo ser praticados por qualquer pessoa.
forma, o acesso de pessoas não autorizadas a siste-
mas de informações ou banco de dados da Adminis- Usurpação de Função Pública
tração Pública;
II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. O crime de usurpação de função pública irá se con-
§ 2o Se da ação ou omissão resulta dano à Adminis- figurar quando o agente usurpar o exercício de fun-
tração Pública ou a outrem: ção pública.
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Art. 328 Usurpar o exercício de função pública:
Este crime pode ser praticado de duas formas: Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.
Parágrafo único - Se do fato o agente aufere vantagem:
z Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
e que deva permanecer em segredo;
z Facilitar a revelação de fato de que tem ciência em Usurpar = apoderar-se.
razão do cargo e que deva permanecer em segredo. Inicialmente, é importante que você não confunda
o usurpador de função com o funcionário ou agente
78 público de fato. (Assunto bastante cobrado, tanto na
disciplina Direito Penal, quanto na disciplina Direito z É crime formal, não se exigindo para a sua confi-
Administrativo). guração prejuízo ou dano à administração pública;
z Ação penal pública incondicionada.
z Usurpação de função pública: o agente exerce a
função sem nenhum tipo de investidura, apode- Resistência
rando-se dela. É crime.
z Funcionário ou agente de fato: o Agente exerce a O crime de resistência está previsto no art. 329 do
função pública, por ter ocorrido alguma irregula- Código Penal.
ridade. Não é crime.
Art. 329 Opor-se à execução de ato legal,
Segundo posicionamento doutrinário majoritário, mediante violência ou ameaça a funcionário
é necessário, para fins de consumação, que o agente competente para executá-lo ou a quem lhe esteja
execute algum ato inerente ao exercício da função, prestando auxílio:
não configurando o crime a mera apresentação a ter- Pena - detenção, de dois meses a dois anos.
ceiros como funcionário público. § 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se
executa:
Vamos exemplificar: Pena - reclusão, de um a três anos.
§ 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem pre-
Exemplo 1: Antônio se apresenta como policial juízo das correspondentes à violência.
militar para seus conhecidos como forma de se
Sobre a conduta típica, algumas informações são
autovalorizar. Não há que se falar em configura-
muito importantes:
ção do crime de usurpação de função pública, já
que o agente não praticou nenhum ato inerente ao z Exige-se que o ato praticado pelo funcionário
exercício da função policial militar, podendo, con- público seja legal;
forme o caso, configurar outra infração penal. z Se o ato praticado por funcionário público for ile-
Exemplo 2: Antônio adquire, fraudulentamente, gal, não há que se falar em resistência;
uma farda da polícia militar. Em determinado dia,
z Exige-se que o funcionário público seja competen-
ele promove uma falsa barreira e passa a abordar
te para executar o ato;
as pessoas que nela passam. Há a prática do crime
z Não se exige que a violência ou ameaça seja empre-
de usurpação de função pública, já que o agente
gada diretamente contra o funcionário competen-
praticou ato inerente ao exercício da função poli-
te, podendo ser empregada contra o terceiro que
cial militar.
esteja auxiliando o funcionário.
Você não pode confundir o crime de usurpação de Sobre a resistência, é importante que você leve em
função pública com o crime exercício funcional ilegal- consideração:
mente antecipado ou prolongado.
z Deve ser praticado dolosamente;
z Usurpação de Função Pública: z A oposição constitui um ato positivo, devendo o
agente empregar violência ou grave ameaça.
O agente não possui vínculo algum com a
administração pública (em relação à função O direito brasileiro não pune a resistência passiva,
usurpada); que é aquela em que o agente resiste ao ato sem o uso
É crime praticado por particular contra a admi- de violência ou ameaça, a exemplo daquele que, ao
nistração pública. ser preso, deita-se no chão para impedir o ato.
z Exercício Funcional Ilegalmente Antecipado ou z A violência ou ameaça deve ser empregada con-
Prolongado: tra pessoa, não constituindo o crime se empregada
contra coisa (posição dominante);
O agente possui algum tipo de vínculo com a z É crime formal, que se consuma com a prática
administração pública; da violência ou ameaça;
É crime praticado por funcionário público con- z Admite tentativa nas hipóteses de fracionamento
tra a administração pública. do iter criminis.
Art. 337-A Suprimir ou reduzir contribuição social Será extinta a punibilidade se o agente, espon-
previdenciária e qualquer acessório, mediante as taneamente, declarar e confessar as contribuições,
seguintes condutas: importâncias ou valores e prestar as informações
I – omitir de folha de pagamento da empresa ou de devidas à previdência social, na forma definida em lei
documento de informações previsto pela legislação ou regulamento, antes do início da ação fiscal.
previdenciária segurados empregado, empresário,
O termo final para o pagamento é o início da ação
trabalhador avulso ou trabalhador autônomo ou a
fiscal.
este equiparado que lhe prestem serviços;
II – deixar de lançar mensalmente nos títulos pró-
Se o agente for beneficiado pela concessão do par-
prios da contabilidade da empresa as quantias celamento dos valores devidos a título de contribui-
descontadas dos segurados ou as devidas pelo ção social previdenciária, ou qualquer acessório, o
empregador ou pelo tomador de serviços; pagamento integral do débito importará na extinção
III – omitir, total ou parcialmente, receitas ou da punibilidade (§ 4º do art. 83 da Lei nº 9.430/1996).
lucros auferidos, remunerações pagas ou credi- O Supremo Tribunal Federal entende, com ampa-
tadas e demais fatos geradores de contribuições ro no art. 69 da Lei nº 11.941/2009, que o pagamen-
82 sociais previdenciárias: to integral do débito fiscal acarreta na extinção da
punibilidade do agente, ainda que efetuado após o z A pessoa contra quem se imputa o crime deve
julgamento da ação penal, desde que antes do trânsito ser determinada, sendo ela, assim como o Estado,
em julgado da condenação. sujeito passivo da prática delituosa;
Destaca-se: z Em regra, a denunciação caluniosa absorve o cri-
me de calúnia.
z A competência para julgar o crime de sonegação
A pena será aumentada de 1/6 (sexta parte), caso
de contribuição previdenciária é da justiça federal;
o agente se sirva de anonimato ou de nome suposto.
z Admite a forma tentada;
No caso de denunciação caluniosa privilegiada, a
z É crime material;
pena será diminuída de metade, caso a imputação seja
z Este tipo penal admite a aplicação do princípio da de prática de contravenção penal.
insignificância, excluindo-se, assim, a tipicidade Observe as principais diferenças entre a denuncia-
material do crime; ção caluniosa e o crime de calúnia.
z Se o empregador não é pessoa jurídica e sua folha
de pagamento mensal não ultrapassa R$ 1.510,00 z Denunciação Caluniosa:
(um mil, quinhentos e dez reais), o juiz poderá
reduzir a pena de um terço até a metade ou aplicar É crime contra a administração da justiça;
apenas a de multa. A ação penal é pública incondicionada, se dis-
cute na doutrina e jurisprudência se o processo
por denunciação caluniosa pode ser iniciado
antes do desfecho do procedimento ou ação
originários;
ARTIGOS 339 A 347 Punida pelo fato de o agente movimentar falsa-
DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA mente o aparato estatal, tentando prejudicar a
vítima perante o Estado;
A denunciação caluniosa está prevista no art. 339 É admitida a imputação falsa de crime ou con-
do Código Penal. travenção penal.
Art. 339 Dar causa à instauração de investigação z Calúnia:
policial, de processo judicial, instauração de inves-
tigação administrativa, inquérito civil ou ação de É crime contra a honra;
improbidade administrativa contra alguém, impu- A ação penal é privada;
tando-lhe crime de que o sabe inocente: Punida pelo fato de o agente ofender a honra
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. objetiva da vítima;
§ 1º - A pena é aumentada de sexta parte, se o agen-
É admitida a imputação falsa apenas de crime.
te se serve de anonimato ou de nome suposto.
§ 2º - A pena é diminuída de metade, se a imputação Comunicação Falsa de Crime ou Contravenção
é de prática de contravenção.
Art. 340 Provocar a ação de autoridade, comuni-
O crime pode ser praticado mesmo que o agente dê cando-lhe a ocorrência de crime ou de contraven-
causa a outro procedimento, ainda que não seja pro- ção que sabe não se ter verificado:
cesso judicial, a exemplo de investigação policial ou Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
administrativa. É importante compreender isso. Mui-
tas questões abordam esta situação.
Sobre o crime de denunciação caluniosa, é Importante!
importante ficar atento ao seguinte:
Ao contrário do que ocorre no crime de denuncia-
z Só pode ser praticado dolosamente: Parte da dou- ção caluniosa, no crime de falsa comunicação de
trina não admite o dolo eventual neste crime, já crime ou contravenção, o agente não individualiza
que o tipo penal exige que o agente saiba que o
fato é imputado contra pessoa inocente.
o autor, imputando a alguém o fato que não existiu,
mas apenas comunica à autoridade crime ou con-
A denunciação caluniosa poderá se configurar travenção penal que sabe não ter ocorrido.
quando o agente imputa crime que realmente acon-
teceu contra pessoa que sabe ser inocente ou quando
imputa a alguém a prática de crime que não existiu Sobre este crime, é importante mencionar que:
(neste caso não há dúvidas sobre a inocência da pes-
soa, já que o fato sequer aconteceu); z Não admite a forma culposa. Assim, se o agente
comunica à autoridade, sem intenção, crime ou
z É necessário que o fato imputado seja crime ou contravenção penal, provocando a ação desta, este
contravenção penal (no caso de contravenção tipo penal não estará configurado;
penal, a pena será reduzida de metade), não se
DIREITO PENAL
z É crime comum;
configurando este tipo penal caso o agente impute z Admite tentativa;
infração administrativa ou civil;
z É crime comum;
Se o fato imputado for infração administrativa
z Admite a forma tentada, por exemplo, o agente
narra ao delegado de polícia que o autor de deter- ou civil, não irá se configurar o crime;
minado crime foi a pessoa A, mas o delegado não Para a maioria da doutrina, não se configura o
inicia qualquer investigação porque o verdadeiro crime quando o agente se limita a comunicar
autor do crime é B, que se apresenta e confessa ter ilícito penal diverso do que realmente ocorreu,
cometido o delito antes mesmo de a autoridade ter desde que o fato comunicado e o que realmente
iniciado qualquer investigação; ocorreu sejam crimes da mesma natureza; 83
Se o agente faz a comunicação falsa para tentar § 2° O fato deixa de ser punível se, antes da senten-
ocultar outro crime por ele praticado responde ça no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se
também pela comunicação falsa de crime. retrata ou declara a verdade.
Art. 343 Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou
z Comunicação Falsa de Crime ou Contravenção: qualquer outra vantagem a testemunha, perito,
z O agente não aponta pessoa certa e determinada contador, tradutor ou intérprete, para fazer afirma-
como autora da infração penal, mas apenas comu- ção falsa, negar ou calar a verdade em depoimento,
nica fato inexistente. perícia, cálculos, tradução ou interpretação:
Pena - reclusão, de três a quatro anos, e multa.
z Denunciação Caluniosa:
Parágrafo único. As penas aumentam-se de um sex-
O agente aponta pessoa certa e determinada to a um terço, se o crime é cometido com o fim de
obter prova destinada a produzir efeito em proces-
como autora da infração penal.
so penal ou em processo civil em que for parte enti-
Exemplo: José Carlos viu uma publicação no Face- dade da administração pública direta ou indireta.
book relacionada a um aborto. De imediato, ligou em
uma delegacia de polícia e comunicou o crime ao dele- O crime previsto no art. 341 tem a seguinte con-
gado de polícia, que iniciou as investigações sobre o duta típica: fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a
verdade, como testemunha, perito, contador, tradutor
fato. Entretanto, não sabia José Carlos que o aborto
ou intérprete em processo judicial, ou administrativo,
não existiu, já que a publicação se tratava de uma
inquérito policial, ou em juízo arbitral.
brincadeira por parte daquele que a realizou.
Trata-se de crime plurinuclear, que poderá ser
Não há que se falar em figura típica da comunica-
praticado mediante execução de quaisquer um dos
ção falsa de crime, já que o agente não teve dolo de
verbos previstos no tipo penal.
comunicar falsamente o fato que não existiu.
O tipo penal apresenta hipóteses que aumentarão
Autoacusação Falsa a pena do agente. As penas aumentam-se de 1/6 (um
sexto) a um terço, se o crime é:
Art. 341 Acusar-se, perante a autoridade, de crime
inexistente ou praticado por outrem: z Praticado mediante suborno.
Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa. z Cometido com o fim de obter prova destinada a
produzir efeito em processo penal;
É possível a configuração deste tipo penal quando z Cometido com o fim de obter prova destinada a
o agente se acusar de: produzir efeito em processo civil em que for par-
te entidade da administração pública direta ou
z Crime não existente (a conduta criminosa sequer indireta.
foi praticada, sequer existiu);
z Crime existente, mas praticado por outra pessoa Sobre o crime de falso testemunha ou falsa
(a conduta criminosa foi realmente realizada, mas perícia, é importante levar para a sua prova:
foi outro indivíduo que a praticou).
z Não admite a forma culposa;
Sobre a autoacusação falsa, é importante levar
z É crime de mão própria, que só poderá ser prati-
em consideração:
cado por uma das pessoas previstas no tipo penal;
z Só pode ser praticado dolosamente;
z Admite a modalidade tentada na forma escrita, Segundo posicionamento doutrinário dominante:
quando a confissão falsa remetida se extravia;
z Não se exige que seja praticado apenas perante z O falso testemunho não admite coautoria, mas é
autoridade policial, mas na presença de qualquer possível a participação;
autoridade competente (delegado de polícia, mem- z A falsa perícia admite coautoria e participação.
bro do Ministério Público, autoridade judicial etc.); z O ofendido (vítima) que praticar quaisquer dos
z Não se exige a prática de qualquer ato por parte da verbos previstos no tipo penal não pratica o crime
autoridade para a consumação do crime, bastando de falso testemunho, já que ele não é testemunha;
z Se o agente se retratar ou falar a verdade poderá
a autoacusação falsa.
ter extinta a punibilidade do crime, desde que:
Falso Testemunho ou Falsa Perícia.
Seja realizada no processo em que ocorreu o ilí-
O crime de falso testemunho ou falsa perícia está cito (no processo em que se deu o falso e não no
previsto no art. 342 do Código Penal. processo referente ao falso);
Se realizada antes da sentença (ainda prevale-
Art. 342 Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar ce o entendimento de que se trata da sentença
a verdade como testemunha, perito, contador, tra- recorrível).
dutor ou intérprete em processo judicial, ou admi-
nistrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral: Não irá responder pelo crime de falso testemu-
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e nho a pessoa que praticar as condutas descritas no
multa. tipo penal incriminador com a finalidade de não se
§ 1° As penas aumentam-se de um sexto a um ter- autoincriminar.
ço, se o crime é praticado mediante suborno ou se Lembre-se que ninguém será prejudicado por não
cometido com o fim de obter prova destinada a pro- produzir provas contra si mesmo.
duzir efeito em processo penal, ou em processo civil Quando a testemunha mente por estar sendo
em que for parte entidade da administração pública ameaçada de morte ou algum outro mal grave, não
84 direta ou indireta. responde pelo crime de falso testemunho.
O art. 343 do Código Penal apresenta um outro tipo z Aproveitando a mesma hipótese acima, porém, ago-
penal, chamado por parte da doutrina de corrupção ra André, sabendo sobre o que Thaís disse na inquiri-
ativa de testemunha contador, perito, intérprete ou ção, vai à casa de Thaís e, utilizando-se de uma arma
tradutor. de fogo para ameaçá-la, dizendo que irá matá-la por
A figura típica é a de dar, oferecer ou prometer não dizer que foi outra pessoa que praticou o crime,
dinheiro ou qualquer outra vantagem à testemunha, mas que o incriminou. André, nesta hipótese, prati-
perito, contador, tradutor ou intérprete, para fazer
cou o crime de ameaça, uma vez que empregou de
afirmação falsa, negar ou calar a verdade em depoi-
grave ameaça contra a pessoa após o depoimento,
mento, perícia, cálculos, tradução ou interpretação.
exaurindo-se a participação daquela na ação.
z Verbos: dar, oferecer ou prometer;
z Destinatário: testemunha, perito, contador, tra- Caso o agente utilize de violência para praticar o
dutor ou intérprete; crime de coação no curso do processo, responderá por
z Finalidade: fazer com que as pessoas façam este, além da pena correspondente à violência.
afirmação falsa, neguem ou calem a verdade Sobre a coação no curso do processo, fique
em depoimento, perícia, cálculos, tradução ou atento às seguintes informações:
interpretação.
z Pode ser praticado contra as autoridades respon-
As penas irão aumentar de 1/6 a 1/3 (um sexto a sáveis pela condução do processo, como: juízes,
um terço), se o crime é:
promotores, delegados de polícia, entre outros;
z Cometido com o fim de obter prova destinada a z Só pode ser praticado dolosamente;
produzir efeito em processo penal; z Exige-se o dolo específico por parte do agente de
z Cometido com o fim de obter prova destinada a favorecer interesse próprio ou alheio;
produzir efeito em processo civil em que for par- z É crime formal, que se consuma com o uso de vio-
te entidade da administração pública direta ou lência ou grave ameaça, independentemente de o
indireta. coagido ceder;
z Admite a forma tentada na hipótese de o crime ser
Sobre o crime de corrupção ativa de testemu- praticou por escrito e há extravio.
nha contador, perito, intérprete ou tradutor, é
importante ficar atento ao seguinte: Exercício Arbitrário das Próprias Razões
z Não pode ser praticado culposamente; Art. 345 Fazer justiça pelas próprias mãos, para
z Nos verbos oferecer ou prometer, é crime formal; satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quan-
z No verbo dar, é crime material; do a lei o permite:
z Admite tentativa, quando for possível fracionar o Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa,
iter criminis; além da pena correspondente à violência.
z O fato deixa de ser punível se, antes da sentença Parágrafo único - Se não há emprego de violência,
no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se somente se procede mediante queixa.
retrata ou declara a verdade. Art. 346 Tirar, suprimir, destruir ou danificar coi-
Coação no Curso do Processo sa própria, que se acha em poder de terceiro por
determinação judicial ou convenção:
Art. 344 Usar de violência ou grave ameaça, com Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
o fim de favorecer interesse próprio ou alheio, con-
tra autoridade, parte, ou qualquer outra pessoa Observe a parte final da figura típica: salvo quan-
que funciona ou é chamada a intervir em proces- do a lei o permite.
so judicial, policial ou administrativo, ou em juízo Pode-se concluir que, quando houver permissão
arbitral: legal, o agente que fizer justiça com as próprias mãos
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, além não será responsabilizado criminalmente. Assim, caso
da pena correspondente à violência. o agente mate alguém em legítima defesa, não será ele
responsabilizado criminalmente.
O crime de coação no curso do processo é aquele Vejamos mais um exemplo: Kelmon é proprietário
em que, para beneficiar a si ou a terceiro, o agente de uma casa, que se encontra alugada para Diogo. O
emprega de violência ou grave ameaça contra pessoas inquilino está devendo 6 (seis) meses de aluguel. Kel-
que participam do processo ou juízo arbitral. mon, indignado com a situação, vai até o local, troca
todas as fechaduras e coloca os objetos pessoais de
Observe as duas hipóteses: Diogo do lado de fora.
Kelmon praticou o crime de exercício arbitrário
z Suponha que André tenha praticado um crime de das próprias razões, já que fez justiça com as próprias
roubo a um supermercado, estando ele sendo pro- mãos, para satisfazer pretensão legítima (ele tinha o
cessado por isso. Thaís, funcionária do supermer- direito de receber os valores correspondentes ao alu-
DIREITO PENAL
a) Tício, funcionário público, ao se apropriar do dinhei- a) para se configurar, exige o efetivo recebimento de
ro arrecadado pelos funcionários da repartição para dinheiro pelo agente.
comprar o bolo de comemoração dos aniversariantes b) se trata de crime comum, não se exigindo qualquer
do mês, em tese, pratica o crime de peculato (art. 312 qualidade especial do autor.
do CP). c) prevê causa de aumento se o agente alega ou insi-
b) Mévia, funcionária pública, não sendo advogada, não nua que o dinheiro é também destinado a funcionário
pode incorrer no crime de advocacia administrativa público estrangeiro.
(art. 321 do CP), já que referido tipo penal exige a qua- d) se caracteriza pela conduta de receber dinheiro a pre-
lidade de advogado do sujeito ativo. texto de influir em ato praticado por qualquer funcio-
c) Tícia, funcionária pública, ao exigir, em razão de sua nário público.
função, que determinada empresa contrate o filho, em e) prevê modalidade culposa.
tese, incorre no crime de corrupção passiva (art. 317
do CP). 13. (TJ-SP – VUNESP – 2017) Imagine que um perito
d) Caio, funcionário público, ao empregar verba própria nomeado pelo juiz, em processo judicial, mediante
da educação, destinada por lei, na saúde, em tese, suborno, produza um laudo falso para favorecer uma
incorre no crime de emprego irregular de verba pública determinada parte, praticando a conduta que configu-
(art. 315 do CP). ra crime do art. 342 do CP (falsa perícia). Ocorre que,
e) Mévio, funcionário público, em razão de sua função, arrependido e antes de proferida a sentença no mes-
ao aceitar promessa de recebimento de passagens mo processo, o perito retrata-se, corrigindo a falsida-
aéreas, para férias da família, não incorre no crime de. De acordo com o texto literal do art. 342, § 2º do
CP, como consequência jurídica da retratação,
de corrupção passiva (art. 317 do CP), já que referido
tipo penal exige o efetivo recebimento de vantagem
a) o fato deixa de ser punível.
indevida.
b) o perito fica isento de pena criminal, mas deverá inde-
nizar o prejudicado pela falsidade que cometeu.
10. (TJ-SP – VUNESP – 2014) Com relação aos crimes c) o perito, se condenado pelo crime de falsa perícia, terá
contra a Administração Pública, assinale a alternativa a pena reduzida de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços).
correta. d) o perito fica impedido, por 5 (cinco) anos, de prestar
tal serviço.
a) Pratica concussão o funcionário público que se apro- e) o perito fica isento de pena criminal, mas deverá devol-
pria de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, ver os honorários recebidos em dobro.
público ou particular, de que tem a posse em razão do
cargo. 14. (TJ-SP – VUNESP – 2015) Marcos, advogado, solici-
b) Configura-se excesso de exação a exigência de verbas ta certa quantia em dinheiro a Pedro, seu cliente, pois
pelo funcionário público que sabe ou deveria saber esclarece que mediante o pagamento dessa quantia
indevidas. em dinheiro pode “acelerar” o andamento de um pro-
c) Pratica corrupção passiva o funcionário público que cesso. Informa que seria amigo do escrevente do car-
solicita ou recebe vantagem indevida, para si ou para tório judicial – o qual também seria remunerado pela
outrem, ainda que fora da função ou antes de assumi- celeridade, segundo Marcos. Pedro, inicialmente, tem
-la, mas em razão dela. intenção de aceitar a oferta, mas verifica que Mar-
cos mentiu, pois não é amigo do funcionário público.
d) No peculato culposo, a reparação do dano, em qual-
Pedro nega-se a entregar a Marcos qualquer quantia e
quer momento do processo e até a sentença recorrí-
não aceita a oferta.
vel, reduz em um terço a pena imposta.
É correto afirmar que Marcos
e) Pratica concussão o funcionário público que exigir,
para si ou para outrem, vantagem devida, ainda que
a) praticou corrupção passiva (CP, art. 317) e Pedro não
fora da função ou antes de assumi-la. cometeu crime algum.
b) praticou exploração de prestígio (CP, art. 357) e Pedro
11. (TJ-SP – VUNESP – 2018) A respeito dos crimes con- não cometeu crime algum.
tra a administração da justiça (arts. 339 a 347 do CP), c) praticou corrupção passiva (CP, art. 317) e Pedro cor-
assinale a alternativa correta. rupção ativa (CP, art. 333).
d) Pedro praticaram corrupção passiva (CP, art. 317).
a) O crime de exercício arbitrário das próprias razões pro- e) Pedro não praticaram crime algum, pois os fatos não
cede-se mediante queixa, ainda que haja emprego de evoluíram.
violência.
b) A autoacusação para acobertar ascendente ou des- 15. (TJ-SP – VUNESP – 2014) Assinale a alternativa que
cendente é atípica. contém apenas crimes contra a administração da
c) Dar causa a inquérito civil contra alguém, imputando- justiça.
-lhe falsamente a prática de crime, em tese, caracteri-
za o crime de denunciação caluniosa. a) Falsificação de papéis públicos, prevaricação e con-
d) Provocar a ação de autoridade, comunicando a ocor- descendência criminosa.
rência de crime que sabe não ter se verificado, em b) Coação no curso do processo, comunicação falsa de
tese, caracteriza o crime de denunciação caluniosa. crime e falsa perícia.
c) Advocacia administrativa, violência arbitrária e
e) O crime de falso testemunho exige, para configuração,
desobediência.
que o agente receba vantagem econômica ou outra de
88 qualquer natureza.
d) Falsificação de papéis públicos, falsificação de selo e 5.
falsificação de sinal público.
e) Advocacia administrativa, advocacia profissional no Em “a”: Errado – O crime do art. 297, do CP, é crime
terceiro setor e posse antecipada de cargo público. comum, ou seja, o sujeito ativo é qualquer pessoa,
não exigindo a lei qualquer característica especial
por parte do agente.
GABARITO COMENTADO Em “b”: Errado – Nos termos do parágrafo único do
art. 299, do CP, a pena cumulativa de multa apenas
1. será imposta se o crime for cometido com o intuído
de obter lucro; caso contrário, aplica-se somente a
A falsificação de papéis públicos, prevista no caput pena privativa de liberdade.
do art. 293, do CP, pode ser praticada por meio de Em “c”: Errado – Por força do § 2º do art. 297, do CP,
duas formas: fabricar (que significa manufaturar; os livros mercantis são equiparados a documentos
construir) e alterar (no sentido de modificar; alte- públicos e, portanto, sua falsificação configura cri-
rar). A banca trabalhou a questão somente sobre me de falsificação de documento público.
a letra da lei: Art. 293 - Falsificar, fabricando-os ou Em “d”: Errado – O crime de falsidade ideológica é
alterando-os: crime comum. Admite, no entanto, a majoração da
Em “a”: Errado – Conforme comentários anteriores. pena, caso seja praticado por funcionário público,
Em “b”: Errado – Conforme comentários anteriores. conforme o parágrafo único do art. 299.
Em “c”: Certo – Ambas ações constam no caput do Em “e”: Certo – para que se caracterize o crime do
art. 293, do CP. art. 305, do CP, é necessário que o documento seja
Em “d”: Errado – Conforme comentários anteriores. verdadeiro: Art. 305 - Destruir, suprimir ou ocultar,
em benefício próprio ou de outrem, ou em prejuízo
Em “e”: Errado – Conforme comentários anteriores.
alheio, documento público ou particular verdadeiro,
Resposta: Letra C.
de que não podia dispor.
Resposta: Letra E.
2.
6.
Em “a”: Errado – Não existe tal causa de aumento
para o tipo do art. 294. Em “a”: Errado – O crime de fraude em certames de
Em “b”: Certo – Nos termos do art. 295, a pena do interesse público, tipificado no art. 311-A, do CP, é cri-
crime previsto no art. 294 aumenta-se da sexta par- me comum (não exige condição especial do agente);
te, se o delito é praticado por funcionário público e no entanto, se for cometido por funcionário público,
comete o crime prevalecendo-se do cargo. a pena aumenta-se em um terço (§ 3º do art. 311-A).
Em “c”: Errado – Conforme comentário para a letra “a” Em “b”: Errado – A conduta configura o tipo pre-
Em “d”: Errado – Conforme comentário para a letra “a” vista no art. 308: Usar, como próprio, passaporte,
Em “e”: Errado – Conforme comentário para a letra “a”. título de eleitor, caderneta de reservista ou qualquer
Resposta: Letra B. documento de identidade alheia ou ceder a outrem,
para que dele se utilize, documento dessa natureza,
3. próprio ou de terceiro.
Em “c”: Errado – O crime de fraude em certames de
Em “I” - Errado – O crime do art. 297, do CP, se interesse público (art. 311-A) somente se configura
configura com a falsificação no todo ou em parte se o conteúdo do certame for sigiloso.
ou, ainda, com a alteração de documento público Em “d”: Certo – O crime de fraudes em certames de
verdadeiro. interesse público, nos termos do § 2º do art. 311-A,
Em “II” – Certo – De acordo com o § 2º do art. 297. qualifica-se se da conduta (ação ou omissão) resulta
Para os efeitos penais, equiparam-se a documento dano à administração pública.
público o emanado de entidade paraestatal, o título Em “e”: Errado – Conforme o art. 307, configura
ao portador ou transmissível por endosso, as ações crime atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa identi-
de sociedade comercial, os livros mercantis e o tes- dade para obter vantagem, em proveito próprio ou
tamento particular. alheio, ou para causar dano a outrem.
Em “III” – Certo – Conforme o comentário feito em “II”. Resposta: Letra D.
Logo, a alternativa correta é B.
Resposta: Letra B. 7.
Em “b”: Errado – Conforme comentário para a letra “a” disposição expressa de lei, para satisfazer interesse
Em “c”: Errado – Conforme comentário para a letra “a”. ou sentimento pessoal.
Em “d”: Certo – As causas de aumento de pena para o Em “c”: Errado – Peculato-subtração ou peculato-
crime de falsidade ideológica encontram-se no pará- -furto ou, ainda, peculato impróprio é aquele pre-
grafo único do art. 299: Se o agente é funcionário visto no § 1º, do art. 312, do CP, que consiste no
público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, funcionário púbico, valendo-se de facilidade que
ou se a falsificação ou alteração é de assentamento lhe proporciona tal qualidade, subtrair ou con-
de registro civil, aumenta-se a pena de sexta parte. correr (dolosamente) para que seja subtraído
Em “e”: Errado – Conforme comentário para a letra “a”. dinheiro, valor ou bem que não está em sua posse.
Veja que a questão afirma que o funcionário agiu
Resposta: Letra D 89
imprudentemente, ou seja, com culpa, o que afasta em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar pro-
a incidência deste dispositivo. messa de tal vantagem.
Em “d”: Errado – A conduta configura o delito de Em “d”: Errado – No peculato culposo, nos termos
peculato culposo (§ 2º, do art. 312, do CP). do § 3º, do art. 312, a reparação do dano extingue a
Em “e”: Certo – Conforme comentários anteriores. punibilidade, se feita antes da sentença irrecorrível
Resposta: Letra E. ou reduz de metade a pena imposta, caso seja super-
veniente a sentença.
8.
Em “e”: Errado – A concussão se configura com a
Em “a”: Errado – Peculato culposo encontra-se tipi- exigência de vantagem indevida (e não devida, como
ficado no § 2º do art. 312, do CP. colocado pela banca).
Em “b”: Errado – Nos termos do § 3º, do art. 312, a Resposta: Letra C.
reparação do dano extingue a punibilidade (e não a
ilicitude) se feita antes da sentença irrecorrível ou 11.
reduz de metade a pena imposta, caso seja superve-
niente a sentença. Em “a”: Errado – Conforme o parágrafo único do
Em “c”: Certo – Conforme comentário acima, nos art. 345, do CP, somente se procede mediante queixa,
termos do § 3º, do art. 312: No caso do parágrafo se não há emprego de violência.
anterior, a reparação do dano, se precede à senten- Em “b”: Errado – Conforme dispõe o art. 341, do CP,
ça irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é pos- não há previsão da exclusão da tipicidade pelo fato
terior, reduz de metade a pena imposta. de ser o agente ascendente ou descendente.
Em “d”: Errado – A pena cominada ao peculato cul- Em “c”: Certo – Conforme disposto no art. 339, do
poso é de detenção, de três meses a um ano. CP: Dar causa à instauração de inquérito policial, de
Em “e”: Errado – A pena do peculato doloso é de procedimento investigatório criminal, de processo
reclusão de dois a doze anos, e multa; a pena do judicial, de processo administrativo disciplinar, de
peculato culposo é de detenção, de três meses a um inquérito civil ou de ação de improbidade administra-
ano. tiva contra alguém, imputando-lhe crime, infração éti-
Resposta: Letra C. co-disciplinar ou ato ímprobo de que o sabe inocente.
Em “d”: Errado – O fato narrado configura, na ver-
9. dade, o tipo de falsa comunicação de crime, previsto
no art. 340, do CP: Provocar a ação de autoridade,
Em “a”: Errado – Tício não tem a posse do dinheiro comunicando-lhe a ocorrência de crime ou de con-
em razão do cargo (em tese, configura o delito de travenção que sabe não se ter verificado.
apropriação indébita). Em “e”: Errado – A consumação do crime do art. 342
Em “b”: Errado – O tipo penal de advocacia adminis- não exige o recebimento de qualquer espécie vanta-
trativa não exige a condição de advogado por parte gem.; caso haja suborno ou se o crime é praticado
do agente, configurando-se, na verdade, na conduta com o fim de obter prova em processo penal ou em
do funcionário público patrocinar interesse privado processo civil da qual for parte a administração
valendo-se de seu cargo. pública direta ou indireta, as penas são aumenta-
Em “c”: Errado – O crime cometido por Tícia é de das, conforme prevê o § 1º do art. 342.
concussão (art. 316, do CP), uma vez que houve exi- Resposta: Letra C.
gência (e não solicitação ou recebimento) de vanta-
gem indevida. 12.
Em “d”: Certo – Caio praticou a conduta prevista no
art. 315, do CP, que consiste em dar às verbas públi- O crime de exploração de prestígio encontra-se pre-
cas aplicação diversa da estabelecida em lei. visto no art. 357, do CP, com a seguinte redação:
Em “e”: Errado – A corrupção passiva é crime for- Art. 357 - Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer
mal, ou seja, consuma-se independentemente do outra utilidade, a pretexto de influir em juiz, jurado,
recebimento da vantagem. órgão do Ministério Público, funcionário de justiça,
Resposta: Letra D. perito, tradutor, intérprete ou testemunha: Pena
- reclusão, de um a cinco anos, e multa. Parágrafo
10. único - As penas aumentam-se de um terço, se o
agente alega ou insinua que o dinheiro ou utilidade
Em “a”: Errado – A conduta narrada configura o cri- também se destina a qualquer das pessoas referidas
me de peculato, na modalidade peculato-apropria- neste artigo.
ção: Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de Em “a”: Errado - O delito do art. 357, em relação ao
dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, públi- verbo solicitar, é crime formal, consumando-se com
co ou particular, de que tem a posse em razão do a solicitação, independentemente do recebimento.
cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio Em “b”: Certo – Conforme se observa no tipo do art.
Em “b”: Errado – O excesso de exação, previsto no 357, não se exige qualquer característica especial do
§ 1º, do art. 316, se configura com a exigência de agente.
tributo ou contribuição social que o agente sabe Em “c”: Errado – A causa de aumento prevista no
ou deveria saber indevidas, e não de verbas, como parágrafo único do art. 357 incide se a alegação é
aponta a alternativa. dirigida apenas às pessoas que constam no caput.
Em “c”: Certo – Conforme o art. 317, do CP, que prevê Em “d”: Errado – O delito é composto de dois verbos-
o crime de corrupção passiva: Solicitar ou receber, -núcleo: solicitar e receber.
para si ou para outrem, direta ou indiretamente, Em “e”: Errado – Não há, no art. 357, previsão de
ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas modalidade culposa.
90 Resposta: Letra B.
13.
14.
15.
ANOTAÇÕES
DIREITO PENAL
91
ANOTAÇÕES
92
Vejamos as hipóteses dos incisos do artigo 252:
Suspeição
situações de:
A suspeição não poderá ser declarada pela parte
que, propositalmente, lhe deu causa, consoante dispo-
sição do art. 246:
Incompatibilidade
Art. 256 A suspeição não poderá ser declarada nem
reconhecida, quando a parte injuriar o juiz ou de
As hipóteses de suspeição e impedimento podem propósito der motivo para criá-la.
ser comparadas levando em consideração a relação
Já a incompatibilidade se demonstra presente em
subjetiva/objetiva do julgador com a causa.
somente uma hipótese.
z Impedimentos: Consistem em circunstâncias Art. 253 Nos juízos coletivos, não poderão servir
objetivas que são relacionadas a fatos internos ao no mesmo processo os juízes que forem entre si
processo, capazes de prejudicar a imparcialidade parentes, consangüíneos ou afins, em linha reta ou
do magistrado. colateral até o terceiro grau, inclusive 93
Nos juízos coletivos, ou seja, quando o julgamento Art. 263 Se o acusado não o tiver, ser-lhe-á nomea-
acontecer por mais de um juiz como ocorre nos Tribu- do defensor pelo juiz, ressalvado o seu direito de, a
nais em segunda instância, não poderão julgar o mes- todo tempo, nomear outro de sua confiança, ou a si
mo processo juízes que forem parentes, por sangue ou mesmo defender-se, caso tenha habilitação.
afinidade até o terceiro grau. Parágrafo único. O acusado, que não for pobre,
será obrigado a pagar os honorários do defensor
DO MINISTÉRIO PÚBLICO dativo, arbitrados pelo juiz.
Ao Ministério Público caberá ser o titular da ação Não possuindo o acusado um advogado, o juiz lhe
penal pública, ou seja, processar criminalmente aque- nomeará defensor dativo. A qualquer tempo o acu-
les que transgredirem a lei, entretanto essa função sado poderá substituir o defensor nomeado por um
será exercida de forma imparcial, pois deverá apenas
advogado por ele contratado, ou defender-se caso ele
garantir que a lei seja aplicada ao caso, e não que o
réu seja condenado. seja advogado.
Além dessa função, caberá ao membro do MP Cabe destacar que o réu arcará com os gastos rela-
atuar como verdadeiro defensor da sociedade, fiscal cionados aos honorários advocatícios, ressalvada a
da lei, o que chamamos de “custos legis”. hipótese de hipossuficiência.
Art. 257 Ao Ministério Público cabe: Art. 264 Salvo motivo relevante, os advogados e
I - promover, privativamente, a ação penal pública, solicitadores serão obrigados, sob pena de multa de
na forma estabelecida neste Código; e cem a quinhentos mil-réis, a prestar seu patrocínio
II - fiscalizar a execução da lei. aos acusados, quando nomeados pelo Juiz.
Ao Ministério Público aplica-se as mesmas regras Caso o advogado ou defensor seja nomeado pelo
de suspeição e impedimento dos juízes que estudamos juiz, aqueles deverão defender o acusado, sob pena de
nos artigos anteriores, portanto, não poderá então ser multa. A multa não se aplicará se o defensor nomeado
titular da ação penal contra seus parentes, esposa ou apresentar motivo relevante.
marido, inclusive parentes adquiridos pelo casamen-
to, até o terceiro grau. Art. 265 O defensor não poderá abandonar o pro-
cesso senão por motivo imperioso, comunicado
Art. 258 Os órgãos do Ministério Público não fun- previamente o juiz, sob pena de multa de 10 (dez)
cionarão nos processos em que o juiz ou qualquer a 100 (cem) salários mínimos, sem prejuízo das
das partes for seu cônjuge, ou parente, consangüí- demais sanções cabíveis.
neo ou afim, em linha reta ou colateral, até o tercei- § 1° A audiência poderá ser adiada se, por motivo
ro grau, inclusive, e a eles se estendem, no que Ihes justificado, o defensor não puder comparecer.
for aplicável, as prescrições relativas à suspeição e
§ 2° Incumbe ao defensor provar o impedimento até
aos impedimentos dos juízes.
a abertura da audiência. Não o fazendo, o juiz não
determinará o adiamento de ato algum do proces-
so, devendo nomear defensor substituto, ainda que
Importante! provisoriamente ou só para o efeito do ato.
Súmula 234-STJ: A participação de membro do
Ministério Público na fase investigatória criminal O defensor não poderá abandonar a causa, sob
não acarreta o seu impedimento ou suspeição pena de multa e das demais sanções. Além disso, o
para o oferecimento da denúncia. defensor poderá requerer o adiamento da audiên-
cia caso apresente, previamente, motivo justificante,
sendo que se sua ausência se der sem justificativa, o
DO ACUSADO E SEU DEFENSOR magistrado nomeará defensor dativo para o ato.
No processo penal, a defesa técnica é obrigatória, Art. 266 A constituição de defensor independerá
pois a liberdade está em jogo, um dos bens jurídicos de instrumento de mandato, se o acusado o indicar
mais importante. Quando o acusado não tiver advoga- por ocasião do interrogatório.
do, o juiz nomeará a ele um profissional com capaci-
dade postulatória, para a sua defesa. Caso o acusado constitua procurador no ato do
interrogatório, será prescindível (dispensável) a apre-
Art. 261 Nenhum acusado, ainda que ausente ou sentação de instrumento de representação.
foragido, será processado ou julgado sem defensor.
Parágrafo único. A defesa técnica, quando reali-
Art. 267 Nos termos do art. 252, não funcionarão
zada por defensor público ou dativo, será sempre
exercida através de manifestação fundamentada. como defensores os parentes do juiz.
Conforme se pode observar, são os mesmos requi- Art. 359 O dia designado para funcionário público
sitos já vistos para o mandado de citação, com o acrés- comparecer em juízo, como acusado, será notifica-
cimo dos dados dos dois juízes envolvidos. do assim a ele como ao chefe de sua repartição.
O artigo determina o prazo de defesa do acusado O artigo estabelece a ordem dos trabalhos na
em casos de crimes dolosos contra a vida, de compe- audiência de instrução realizada no procedimento
tência do júri, informando a quantidade de testemu- dos crimes dolosos contra a vida, dessa forma, serão
nhas que poderão ser arroladas. sempre ouvidas primeiramente as testemunhas de
acusação, e somente após a defesa, assim como no
Art. 407 As exceções serão processadas em aparta- procedimento ordinário.
do, nos termos dos arts. 95 a 112 deste Código.
ORDEM
As exceções referidas no artigo, são as de suspei-
ção do juízo ou incompetência que deverão ser apre- Declarações dos ofendidos
sentadas e processadas, separadamente.
Inquirição das testemunhas de acusação e defesa
Art. 408 Não apresentada a resposta no prazo (nesta sequência)
legal, o juiz nomeará defensor para oferecê-la em
até 10 (dez) dias, concedendo-lhe vista dos autos. Esclarecimentos dos peritos
A pronúncia do acusado determina o seu julga- Após efetivada a absolvição sumária do réu, caso
mento perante o Tribunal do Júri, desde que o juiz provenha fato novo a respeito daquele mesmo fato,
seja convencido da materialidade do fato criminoso e poderá, enquanto não estiver extinta a punibilidade
que haja indícios de sua autoria. do suposto delito, ser oferecida Denúncia (ação penal
Na decisão de pronúncia o juiz deve limitar-se à pública) ou queixa-crime (ação penal privada).
fundamentação da materialidade e dos indícios e indi- Isso ocorre porque em caso de dúvida do magistra-
car os dispositivos legais que o acusado estiver incur- do, deverá o mesmo pronunciar o acusado, aplicando
so, não adentrando no mérito do crime. o princípio do in dubio pro societate.
Se o crime for afiançável o juiz pode arbitrá-la na
decisão de pronúncia e deverá fundamentar, ainda, Art. 416 Contra a sentença de impronúncia ou de
absolvição sumária caberá apelação.
sua decisão de manutenção ou revogação da prisão
preventiva. A sentença de impronúncia ou absolvição sumária
desafiam o recurso de apelação.
Art. 414 Não se convencendo da materialidade
do fato ou da existência de indícios suficientes Art. 417 Se houver indícios de autoria ou de par-
de autoria ou de participação, o juiz, fundamen- ticipação de outras pessoas não incluídas na
tadamente, impronunciará o acusado. acusação, o juiz, ao pronunciar ou impronunciar o
Parágrafo único. Enquanto não ocorrer a extinção acusado, determinará o retorno dos autos ao Minis-
da punibilidade, poderá ser formulada nova denún- tério Público, por 15 (quinze) dias, aplicável, no que
104 cia ou queixa se houver prova nova. couber, o art. 80 deste Código.
Confirmando participação de outras pessoas, o juiz No momento em que o presidente do tribunal do
determinará que o processo retorne ao Ministério Público. júri recebe os autos, ele determina a intimação da
Aditamento da denúncia ou queixa para inclu- acusação e da defesa para que em 5 (cinco) dias apre-
são de corréus: havendo prova, colhida durante a sentem o rol de até 5 (cinco) testemunhas, apresentem
instrução, de que outras pessoas estão envolvidas na documentos, requeiram diligências. Depois, o juiz pre-
infração penal pela qual está o juiz pronunciando o sidente ordena as diligências, sana nulidades, escla-
acusado, é preciso determinar a remessa dos autos ao rece fatos, faz relatório do processo e o incluem em
Ministério Público para o necessário aditamento. pauta. Vejamos os dispositivos da lei:
Art. 418 O juiz poderá dar ao fato definição jurídica Art. 422 Ao receber os autos, o presidente do Tri-
diversa da constante da acusação, embora o acusa- bunal do Júri determinará a intimação do órgão
do fique sujeito a pena mais grave. do Ministério Público ou do querelante, no caso
de queixa, e do defensor, para, no prazo de 5 (cin-
O acusado se defende dos fatos e não da definição co) dias, apresentarem rol de testemunhas que
jurídica, dessa maneira, poderá o juiz dar definição irão depor em plenário, até o máximo de 5 (cinco),
jurídica diversa daquela apontada pela Acusação. oportunidade em que poderão juntar documentos e
requerer diligência.
Art. 419 Quando o juiz se convencer, em discordân-
Recebendo, então, o processo o juiz presidente do
cia com a acusação, da existência de crime diver-
Júri intimará as partes para apresentação de no máxi-
so dos referidos no § 1º do art. 74 deste Código e
mo 5 (cinco) testemunhas, podendo no mesmo prazo
não for competente para o julgamento, remeterá os juntar documentos e requerer diligências.
autos ao juiz que o seja.
Parágrafo único. Remetidos os autos do processo a Art. 423 Deliberando sobre os requerimentos de pro-
outro juiz, à disposição deste ficará o acusado preso. vas a serem produzidas ou exibidas no plenário do júri,
e adotadas as providências devidas, o juiz presidente:
Quando o juiz constatar que o crime ali narrado I – ordenará as diligências necessárias para sanar
não é de competência do Tribunal do Júri, ou seja, não qualquer nulidade ou esclarecer fato que interesse
é um crime doloso contra a vida, remeterá o processo ao julgamento da causa;
ao juiz competente. II – fará relatório sucinto do processo, determinan-
do sua inclusão em pauta da reunião do Tribunal
Art. 420 A intimação da decisão de pronúncia será do Júri.
feita:
I – pessoalmente ao acusado, ao defensor nomeado O juiz presidente do júri deverá deixar o processo
e ao Ministério Público; em ordem para seu julgamento em plenário, portanto
II – ao defensor constituído, ao querelante e ao sanará qualquer nulidade, fará um resumo do proces-
so e determinará sua inclusão em pauta.
assistente do Ministério Público, na forma do dis-
posto no § 1º do art. 370 deste Código. Art. 424 Quando a lei local de organização judiciária
Parágrafo único. Será intimado por edital o acusa- não atribuir ao presidente do Tribunal do Júri o prepa-
do solto que não for encontrado. ro para julgamento, o juiz competente remeter-lhe-á os
autos do processo preparado até 5 (cinco) dias antes
A intimação da decisão de pronúncia ao Acusa- do sorteio a que se refere o art. 433 deste Código.
do será pessoal, ao defensor nomeado pelo Juiz e Parágrafo único. Deverão ser remetidos, também,
ao Ministério Público. Ao defensor contratado pelo os processos preparados até o encerramento da
Acusado, ao assistente de Acusação a intimação será reunião, para a realização de julgamento.
realizada via Diário Oficial. O acusado que não for
Caso naquela localidade o juiz presidente do Tribu-
localizado, será intimado por edital. nal do Júri seja diverso daquele que instruiu os autos
deverão ser encaminhados ao Juiz presidente em até 5
Art. 421 Preclusa a decisão de pronúncia, os autos dias antes do sorteio do conselho de sentença.
serão encaminhados ao juiz presidente do Tribunal
do Júri. JURISPRUDÊNCIA SOBRE O TRIBUNAL DO JÚRI
§ 1º Ainda que preclusa a decisão de pronúncia,
havendo circunstância superveniente que altere a � Princípios do Tribunal do Júri: Plenitude de defesa,
classificação do crime, o juiz ordenará a remessa sigilo das votações, soberania dos vereditos, compe-
dos autos ao Ministério Público. tência para o julgamento dos crimes dolosos contra
§ 2º Em seguida, os autos serão conclusos ao juiz a vida (competência mínima) – art. 5º, XXXVIII da CF.
DIREITO PROCESSUAL PENAL
z Ausência da testemunha: pressupondo-se tenha Caso uma das testemunhas, devidamente intima-
sido intimada pessoalmente (por carta ou por man- da, falte ao julgamento, o juiz mandará suspender a
dado), com a advertência de que pode responder sessão e determinará que o oficial de justiça a encon-
pelo delito de desobediência caso falte sem justi- tre no endereço indicado e a conduza ao Tribunal
ficativa plausível, a sua ausência pode acarretar a naquele mesmo dia, ou no próximo dia desimpedido
imposição da multa de um a dez salários mínimos, para o ato. Se o oficial não a localizar, o julgamento
conforme a sua condição econômica. Além disso, será realizado sem a sua presença.
está sujeita a processo por crime de desobediência, Em recente julgado, a Quinta Turma do Superior
que será apurado à parte. Outra providência pode Tribunal de Justiça foi instada a responder se existe
ser a condução coercitiva, como previsto no art. a obrigação de adiar o julgamento caso testemunha
461, § 1.º, CPP. Todas as medidas podem ser toma- não indicada como imprescindível deixar de com-
das cumulativamente. parecer ao Plenário do Júri pelo fato do mandado de
intimação ter sido direcionado a local diverso do
A testemunha não poderá deixar de compare- indicado pela defesa, impossibilitando a sua locali-
cer para prestar seu depoimento. Em caso de zação pelo oficial de justiça.
ausência o juiz aplicará multa e remeterá as Ao decidir o HC 243.591/PB, a Quinta Turma enten-
peças ao Ministério Público para promover a deu que, no caso da testemunha não ter sido intimada
ação penal pelo crime de desobediência. no local indicado pela defesa, o adiamento seria devi-
do mesmo que a testemunha não fosse indicada como
Art. 459 Aplicar-se-á às testemunhas a serviço do imprescindível. Segundo o voto do Min. Jorge Mussi:
Tribunal do Júri o disposto no art. 441 deste Código.
Ora, ainda que a testemunha não tenha sido indi-
A testemunha não poderá sofrer nenhum descon- cada como imprescindível, não se pode admitir que
to salarial por se ausentar do trabalho para prestar a defesa seja prejudicada por um equívoco do Esta-
depoimento em plenário, assim como os jurados. do-Juiz, que expediu mandado de intimação para
DIREITO PROCESSUAL PENAL
Caso não haja ao menos 15 jurados presentes serão RECUSA MOTIVADA RECUSA IMOTIVADA
sorteados os suplentes, marcando nova data para o
julgamento do processo. Circunstâncias legais de
Recusa Peremptória
impedimento ou suspeição
Art. 465 Os nomes dos suplentes serão consignados
em ata, remetendo-se o expediente de convocação, Sentimento de ordem
com observância do disposto nos arts. 434 e 435 pessoal
deste Código.
Art. 469 Se forem 2 (dois) ou mais os acusados,
Os suplentes serão convocados pelo correio ou as recusas poderão ser feitas por um só defensor.
qualquer meio idôneo, para a próxima data designada § 1º A separação dos julgamentos somente ocor-
para o plenário do Júri. rerá se, em razão das recusas, não for obtido o
número mínimo de 7 (sete) jurados para compor
Art. 466 Antes do sorteio dos membros do Conse-
o Conselho de Sentença.
lho de Sentença, o juiz presidente esclarecerá sobre
§ 2º Determinada a separação dos julgamen-
os impedimentos, a suspeição e as incompatibilida-
des constantes dos arts. 448 e 449 deste Código. tos, será julgado em primeiro lugar o acusado a
§ 1º O juiz presidente também advertirá os jurados quem foi atribuída a autoria do fato ou, em caso
de que, uma vez sorteados, não poderão comuni- de co-autoria, aplicar-se-á o critério de preferên-
car-se entre si e com outrem, nem manifestar sua cia disposto no art. 429 deste Código.
opinião sobre o processo, sob pena de exclusão do
Conselho e multa, na forma do § 2º do art. 436 deste Recusado um jurado por um dos defensores, ele
Código. não será admitido pelo outro defensor, caso haja. Con-
§ 2º A incomunicabilidade será certificada nos autos tudo, se as recusas por diferentes defensores levarem
pelo oficial de justiça. a não se alcançar o número mínimo de jurados, será
determinada a separação dos julgamentos.
Deverá o juiz presidente advertir os jurados quanto No caso de separação dos julgamentos, primei-
à sua incomunicabilidade, seus impedimentos legais, a ro se julga o suposto autor do fato criminoso e caso
suspeição , bem como as eventuais multas que poderão sejam co-autores, julga-se primeiro o que estiver
ser aplicadas caso os jurados não observem o deter- preso há mais tempo ou que tenha sido pronunciado
minado pela Lei. O oficial de justiça se encarregará de primeiramente.
certificar a incomunicabilidade dos jurados durante os
trabalhos. z Mais de um réu, com um só defensor: não podem
ser prejudicados os corréus somente porque cons-
Art. 467 Verificando que se encontram na urna as tituíram, para patrocinar seus interesses, um só
cédulas relativas aos jurados presentes, o juiz pre- defensor. É direito de cada acusado aceitar ou
sidente sorteará 7 (sete) dentre eles para a forma- recusar, por si só, o jurado sorteado, ou, se preferir,
ção do Conselho de Sentença. incumbir que as recusas sejam feitas em conjunto
com outro. Assim, caso a defesa deseje manter o
z Formação do Conselho de Sentença: a turma julgamento unido, sendo um só advogado, dirá ao
julgadora no Tribunal do Júri é composta por sete juiz que fará as aceitações e recusas dos jurados
112 jurados, escolhidos aleatoriamente, por sorteio, por todos os réus de uma só vez.
Art. 470 Desacolhida a argüição de impedimento, possibilidade dos jurados também formularem per-
de suspeição ou de incompatibilidade contra o juiz guntas, contudo, por intermédio do juiz presidente.
presidente do Tribunal do Júri, órgão do Ministé-
rio Público, jurado ou qualquer funcionário, o jul- Art. 474 A seguir será o acusado interrogado, se
gamento não será suspenso, devendo, entretanto, estiver presente, na forma estabelecida no Capítulo
constar da ata o seu fundamento e a decisão. III do Título VII do Livro I deste Código, com as alte-
rações introduzidas nesta Seção.
O julgamento não se suspenderá em casos de não § 1º O Ministério Público, o assistente, o querelante
acolhimento do impedimento, da suspeição, porém e o defensor, nessa ordem, poderão formular, dire-
a decisão que a desacolheu sempre constará em ata, tamente, perguntas ao acusado.
devidamente fundamentada. § 2º Os jurados formularão perguntas por intermé-
dio do juiz presidente.
Art. 471 Se, em conseqüência do impedimento, sus- § 3º Não se permitirá o uso de algemas no acu-
peição, incompatibilidade, dispensa ou recusa, não sado durante o período em que permanecer no
houver número para a formação do Conselho, o jul- plenário do júri, salvo se absolutamente neces-
gamento será adiado para o primeiro dia desimpe-
sário à ordem dos trabalhos, à segurança das
dido, após sorteados os suplentes, com observância
testemunhas ou à garantia da integridade físi-
do disposto no art. 464 deste Código.
ca dos presentes.
Não havendo o número necessário de jurados,
Como nos demais procedimentos o interrogatório
passarão ao sorteio dos suplentes até se formarem
o número necessário para tanto, marcando-se nova do Réu será o último ato da instrução, ficando claro
data para o primeiro dia disponível naquela comarca. no artigo que as perguntas serão formuladas sempre
ao acusado, diretamente, salvo as perguntas formula-
Art. 472 Formado o Conselho de Sentença, o presi- das pelos jurados que serão intermediadas pelo juiz
dente, levantando-se, e, com ele, todos os presentes, presidente.
fará aos jurados a seguinte exortação: O uso de algemas fica vedado, salvo se impres-
Em nome da lei, concito-vos a examinar esta cau- cindível à segurança do ato e dos presentes.
sa com imparcialidade e a proferir a vossa decisão
de acordo com a vossa consciência e os ditames da Art. 475 O registro dos depoimentos e do interro-
justiça. gatório será feito pelos meios ou recursos de gra-
Os jurados, nominalmente chamados pelo presi- vação magnética, eletrônica, estenotipia ou técnica
dente, responderão: similar, destinada a obter maior fidelidade e celeri-
Assim o prometo. dade na colheita da prova.
Parágrafo único. O jurado, em seguida, receberá
Parágrafo único. A transcrição do registro, após
cópias da pronúncia ou, se for o caso, das decisões
feita a degravação, constará dos autos.
posteriores que julgaram admissível a acusação e
do relatório do processo.
Como todos os demais atos processuais, aqueles
Formado o conselho de sentença, ou seja os sete realizados no âmbito do Tribunal do Júri também
que condenarão ou absolverão o acusado, o juiz profe- serão gravados com a técnica mais precisa para se
rirá a exortação e chamará cada um deles que deverão obter maior fidelidade.
proferir exatamente as palavras contidas no artigo
Dos Debates
Da Instrução em Plenário
Art. 476. Encerrada a instrução, será concedida a
Art. 473 Prestado o compromisso pelos jurados, será palavra ao Ministério Público, que fará a acusação,
iniciada a instrução plenária quando o juiz presiden- nos limites da pronúncia ou das decisões posterio-
te, o Ministério Público, o assistente, o querelante e res que julgaram admissível a acusação, susten-
o defensor do acusado tomarão, sucessiva e dire- tando, se for o caso, a existência de circunstância
tamente, as declarações do ofendido, se possível, e agravante.
inquirirão as testemunhas arroladas pela acusação. § 1º O assistente falará depois do Ministério Público.
§ 1º Para a inquirição das testemunhas arroladas § 2º Tratando-se de ação penal de iniciativa pri-
pela defesa, o defensor do acusado formulará as vada, falará em primeiro lugar o querelante e, em
DIREITO PROCESSUAL PENAL
perguntas antes do Ministério Público e do assis- seguida, o Ministério Público, salvo se este houver
tente, mantidos no mais a ordem e os critérios esta- retomado a titularidade da ação, na forma do art.
belecidos neste artigo. 29 deste Código.
§ 2º Os jurados poderão formular perguntas ao ofendi- § 3º Finda a acusação, terá a palavra a defesa.
do e às testemunhas, por intermédio do juiz presidente. § 4º A acusação poderá replicar e a defesa trepli-
§ 3º As partes e os jurados poderão requerer aca-
car, sendo admitida a reinquirição de testemunha
reações, reconhecimento de pessoas e coisas e
já ouvida em plenário.
esclarecimento dos peritos, bem como a leitura de
peças que se refiram, exclusivamente, às provas
colhidas por carta precatória e às provas cautela- O artigo trata da ordem dos debates em plenário
res, antecipadas ou não repetíveis. do Júri, sendo concedida a palavra primeiramente ao
Ministério Público, após ao assistente de acusação, ao
O procedimento de oitiva e colheita de depoimen- fim da acusação a defesa terá a palavra.
tos em sede de Plenário do Júri ocorre, basicamente, A acusação poderá replicar, ou seja, falar nova-
com a mesma dinâmica da audiência de instrução mente quanto ao discurso da defesa e nesse caso a
e julgamento, acrescentando-se ao procedimento a defesa também treplicará. 113
Art. 477 O tempo destinado à acusação e à defesa § 1º Concluídos os debates, o presidente indaga-
será de uma hora e meia para cada, e de uma hora rá dos jurados se estão habilitados a julgar ou se
para a réplica e outro tanto para a tréplica. necessitam de outros esclarecimentos.
§ 1º Havendo mais de um acusador ou mais de um § 2º Se houver dúvida sobre questão de fato, o pre-
defensor, combinarão entre si a distribuição do sidente prestará esclarecimentos à vista dos autos.
tempo, que, na falta de acordo, será dividido pelo § 3º Os jurados, nesta fase do procedimento, terão
juiz presidente, de forma a não exceder o determi- acesso aos autos e aos instrumentos do crime se
nado neste artigo. solicitarem ao juiz presidente.
§ 2º Havendo mais de 1 (um) acusado, o tempo para
a acusação e a defesa será acrescido de 1 (uma) z Solicitação de esclarecimento feita pela parte
hora e elevado ao dobro o da réplica e da tréplica, ou por qualquer jurado ao orador: trata-se de
observado o disposto no § 1º deste artigo. providência perfeitamente viável, sem que impli-
que em quebra da incomunicabilidade, tampouco
O art. 477 trata do tempo destinado à cada fala
antecipação de julgamento. O jurado tem o direito
da acusação e da defesa, em se tratando de múltiplos
de se informar da melhor maneira possível, pois
defensores e acusadores deverão combinar entre si o
somente isso pode garantir a efetiva soberania da
tempo a ser distribuído, eventual discordância entre
instituição do júri. Desse modo, quando alguma
eles será dirimida pelo juiz presidente.
das partes narrar fato ou indicar prova que gere
Em se tratando de múltiplos réus o tempo da pri- dúvida no espírito do jurado – mormente aquele
meira fala (debate) será acrescido de 01 (uma) hora e que recebeu cópias do processo e está acompa-
eventual réplica e tréplica mais uma hora, passando nhando as manifestações por meio delas –, é natu-
assim o debate inicial à 2 horas e meia e réplica e tré- ral pedir esclarecimento, a fim de verificar se a
plica 2 horas cada. narrativa feita corresponde ao que está, realmen-
Art. 478 Durante os debates as partes não poderão, te, constando dos autos.
sob pena de nulidade, fazer referências:
I – à decisão de pronúncia, às decisões posteriores Quando a defesa ou acusação, durante os deba-
que julgaram admissível a acusação ou à determi- tes, fizer referência à quaisquer provas dos autos, os
nação do uso de algemas como argumento de auto- demais poderão pedir àquele que está falando que
ridade que beneficiem ou prejudiquem o acusado; indique em quais páginas dos autos estão as provas
II – ao silêncio do acusado ou à ausência de interro- referenciadas na fala.
gatório por falta de requerimento, em seu prejuízo. Ao fim dos debates o juiz presidente perguntará
aos jurados se estão aptos a julgar ou se necessitam de
Durante o tempo designado de fala da defesa e da maiores esclarecimentos acerca dos fatos ali narrados
acusação, os defensores e acusadores não poderão e expostos, podendo acessar os instrumentos do crime
mencionar a decisão que pronunciou o Acusado, a se assim o pedirem.
decisão que recebeu a denúncia ou queixa o fato do
acusado utilizar algemas ou o seu silêncio, tais alega- Art. 481 Se a verificação de qualquer fato, reco-
ções ou menções poderiam contaminar o entendimen- nhecida como essencial para o julgamento da cau-
to dos jurados, portanto não poderão ser realizadas sa, não puder ser realizada imediatamente, o juiz
sob pena de nulidade. presidente dissolverá o Conselho, ordenan-
do a realização das diligências entendidas
Art. 479 Durante o julgamento não será permitida necessárias.
a leitura de documento ou a exibição de objeto que Parágrafo único. Se a diligência consistir na produ-
não tiver sido juntado aos autos com a antecedên- ção de prova pericial, o juiz presidente, desde logo,
cia mínima de 3 (três) dias úteis, dando-se ciência nomeará perito e formulará quesitos, facultando
à outra parte. às partes também formulá-los e indicar assistentes
Parágrafo único. Compreende-se na proibição deste técnicos, no prazo de 5 (cinco) dias.
artigo a leitura de jornais ou qualquer outro escri-
to, bem como a exibição de vídeos, gravações, foto- z Fato relevante para o julgamento: pode ser qual-
grafias, laudos, quadros, croqui ou qualquer outro quer fato pertinente ao julgamento de mérito, não
meio assemelhado, cujo conteúdo versar sobre a se incluindo nesse contexto questão de direito.
matéria de fato submetida à apreciação e julga- Quanto a esta espécie de dúvida, cabe ao juiz pre-
mento dos jurados. sidente decidir (ex.: sobre a legalidade e admissibi-
lidade de alguma prova, é problema do magistrado
O artigo veda a exibição de prova “surpresa”, ou e não do Conselho de Sentença). Entretanto, se for
seja, aquela que não tiver sido juntada aos autos com alegada a inimputabilidade do réu, necessitando-
tempo hábil para dar ciência à parte contrária, visa -se fazer exame de insanidade, o que é impossível
preservar a ampla defesa e o devido processo legal. de ser realizado no momento, cabe a dissolução
Usamos o termo prova de forma genérica, mas qual- do Conselho, com determinação de realização da
quer meio que verse sobre o fato criminoso a ser diligência. Somente após, designará o juiz outro
apreciado pelos jurados, deverá ser juntado com a julgamento. Pode ocorrer, ainda, que, durante os
antecedência mínima de 3 (três) dias. debates, alguém mencione a existência de uma tes-
Art. 480 A acusação, a defesa e os jurados pode- temunha referida, não ouvida. Entendendo algum
rão, a qualquer momento e por intermédio do juiz jurado ser essencial inquiri-la, não podendo a dili-
presidente, pedir ao orador que indique a folha dos gência ser empreendida de imediato, deve-se adiar
autos onde se encontra a peça por ele lida ou cita- a sessão, dissolvendo-se o Conselho
da, facultando-se, ainda, aos jurados solicitar-lhe,
pelo mesmo meio, o esclarecimento de fato por ele O artigo assinala que se durante o julgamento for
114 alegado verificada alguma prova essencial ainda não colhida
ou produzida e esta não puder ser realizada imediata- O artigo determina a ordem que deve ser formu-
mente, então determinará a dissolução do julgamento lado os quesitos, sempre com perguntas simples que
para a produção da prova referenciada. possam ser respondidas com sim ou não. Primeira-
Em se tratando de prova pericial, procede-se à mente os quesitos deverão versar sobre a materialida-
apresentação dos quesitos (perguntas da acusação de do fato, ou seja, se o crime ocorreu, após se houve
e defesa) que deverão ser respondidas pelo expert autoria ou participação do acusado e após se os jura-
dos absolvem o acusado.
nomeado.
Os demais quesitos versam sobre circunstâncias qua-
lificadoras e atenuantes alegadas pela defesa e acusação.
Do Questionário e sua Votação Os jurados deverão, ainda, responder se desclassi-
ficam o crime – de doloso contra a vida – para outra
Art. 482 O Conselho de Sentença será questiona- natureza criminosa, como por exemplo, a lesão corpo-
do sobre matéria de fato e se o acusado deve ser ral, onde há o objetivo de lesionar, mas não de matar.
absolvido.
Parágrafo único. Os quesitos serão redigidos em Art. 484 A seguir, o presidente lerá os quesitos e
proposições afirmativas, simples e distintas, de indagará das partes se têm requerimento ou recla-
modo que cada um deles possa ser respondido com mação a fazer, devendo qualquer deles, bem como a
suficiente clareza e necessária precisão. Na sua ela- decisão, constar da ata.
boração, o presidente levará em conta os termos da Parágrafo único. Ainda em plenário, o juiz presi-
pronúncia ou das decisões posteriores que julga- dente explicará aos jurados o significado de cada
ram admissível a acusação, do interrogatório e das quesito.
alegações das partes.
Os quesitos serão lidos e os acusadores e defenso-
Os quesitos são as perguntas que são formuladas res poderão realizar requerimentos ou reclamações,
aos jurados após o fim da exposição das provas em explicando ainda aos jurados o que significa cada um
plenário, decidindo então sobre a condenação, absol- dos quesitos, para que não paire dúvidas sobre o que
vição e eventuais qualificadoras ou atenuantes do responderão.
caso. Os quesitos serão formulados pelo juiz presiden-
te de forma simples e objetiva. z Leitura e explicação dos quesitos: segundo a lei,
deve ser feita em plenário, na presença do público.
Art. 483 Os quesitos serão formulados na seguinte Não gera nulidade, no entanto, o juiz presidente
ordem, indagando sobre: convidar os jurados e as partes para o recolhimen-
I – a materialidade do fato; to à sala secreta, onde serão os quesitos explicados.
II – a autoria ou participação; Inexiste qualquer tipo de prejuízo nesse procedi-
III – se o acusado deve ser absolvido; mento. Cremos, no entanto, que o magistrado deve
IV – se existe causa de diminuição de pena alegada fazer a leitura dos quesitos em plenário, à vista do
pela defesa; público, que ficará esclarecido sobre o método de
V – se existe circunstância qualificadora ou causa julgamento, bem como porque alguma das partes
de aumento de pena reconhecidas na pronúncia ou pode ter reclamações a fazer, resolvidas, então, de
em decisões posteriores que julgaram admissível a plano, de modo que tudo seria acompanhado pelos
acusação. presentes, prestigiando-se o princípio da publici-
§ 1º A resposta negativa, de mais de 3 (três) jura- dade. A explicação, quanto à significação jurídi-
dos, a qualquer dos quesitos referidos nos incisos I ca de cada um, pode ser feita na sala secreta, em
e II do caput deste artigo encerra a votação e impli-
virtude da maior liberdade dos jurados para fazer
ca a absolvição do acusado
indagações
§ 2º Respondidos afirmativamente por mais de 3
(três) jurados os quesitos relativos aos incisos I e II
Art. 485 Não havendo dúvida a ser esclarecida, o
do caput deste artigo será formulado quesito com a
juiz presidente, os jurados, o Ministério Público, o
seguinte redação:
assistente, o querelante, o defensor do acusado, o
O jurado absolve o acusado? escrivão e o oficial de justiça dirigir-se-ão à sala
especial a fim de ser procedida a votação.
§ 3º Decidindo os jurados pela condenação, o julgamen- § 1º Na falta de sala especial, o juiz presidente deter-
to prossegue, devendo ser formulados quesitos sobre: minará que o público se retire, permanecendo somen-
DIREITO PROCESSUAL PENAL
I – causa de diminuição de pena alegada pela defesa; te as pessoas mencionadas no caput deste artigo.
II – Circunstância qualificadora ou causa de aumento § 2º O juiz presidente advertirá as partes de que
de pena, reconhecidas na pronúncia ou em decisões não será permitida qualquer intervenção que possa
posteriores que julgaram admissível a acusação. perturbar a livre manifestação do Conselho e fará
§ 4º Sustentada a desclassificação da infração para retirar da sala quem se portar inconvenientemente.
outra de competência do juiz singular, será formula-
do quesito a respeito, para ser respondido após o 2º O artigo trata do momento da votação dos quesitos
(segundo) ou 3º (terceiro) quesito, conforme o caso. pelos jurados, deve-se, então, dirigir-se à sala especial
§ 5º Sustentada a tese de ocorrência do crime na o acusador, o defensor, o escrivão e o oficial de justi-
sua forma tentada ou havendo divergência sobre ça. Perceba-se que o acusado não permanecerá nessa
a tipificação do delito, sendo este da competência sala. Ninguém poderá interferir na votação pelo Con-
do Tribunal do Júri, o juiz formulará quesito acerca selho de Sentença.
destas questões, para ser respondido após o segun-
do quesito. Art. 486 Antes de proceder-se à votação de cada
§ 6º Havendo mais de um crime ou mais de um acusa- quesito, o juiz presidente mandará distribuir aos
do, os quesitos serão formulados em séries distintas. jurados pequenas cédulas, feitas de papel opaco 115
e facilmente dobráveis, contendo 7 (sete) delas a presidente deverá explicar aos jurados quanto a con-
palavra sim, 7 (sete) a palavra não. tradição e reperguntar o quesito.
O quesito prejudicial seria, por exemplo, aquele
A votação será realizada por meio de papéis con- que absolve o acusado, neste caso estariam prejudica-
tendo as palavras SIM e NÃO, confeccionadas em
dos os demais quesitos.
papel opaco para que os presentes não tenham acesso
visual ao conteúdo de cada voto.
Art. 491 Encerrada a votação, será o termo a que
Art. 487 Para assegurar o sigilo do voto, o oficial se refere o art. 488 deste Código assinado pelo pre-
de justiça recolherá em urnas separadas as cédulas sidente, pelos jurados e pelas partes.
correspondentes aos votos e as não utilizadas.
Todas as partes deverão assinar o termo, garantin-
Todos os votos serão recolhidos de forma a garan- do a lisura do procedimento.
tir o sigilo da votação.
A sentença do Tribunal do Júri fixará a pena, assim como a sentença proferida nos demais procedimentos
penais, contudo, pela inovação trazida pela lei 13964/2019 (pacote anticrime) determina-se o recolhimento à pri-
são em caso de condenação superior à 15 anos.
A absolvição importará na imediata liberdade do acusado, salvo se houver mandado de prisão em seu desfa-
vor por outro crime.
Caso o crime seja desclassificado para outro que não seja de competência do Júri, como por exemplo a lesão
corporal, deverá então o juiz presidente proceder ao julgamento imediato.
Em caso de apelação de sentença condenatória superior a 15 anos, não terá efeito suspensivo, ou seja, mesmo
apelando deverá iniciar o cumprimento de sua pena.
Contudo, caso o recurso não seja procrastinatório (aquele que somente tem intenção de ganhar tempo em
julgamento) ou tenha levantado algo substancial quanto ao delito, pode o Tribunal de Justiça atribuir o efeito
suspensivo, ainda que a condenação seja superior a 15 anos.
O pedido desse efeito poderá ser realizado no próprio Recurso de Apelação ou em petição dirigida ao relator
do Recurso, separadamente.
Art. 493 A sentença será lida em plenário pelo presidente antes de encerrada a sessão de instrução e julgamento.
Ao fim dos trabalhos o juiz presidente procederá à leitura da sentença, na presença dos jurados, do defensor
e do Ministério Público.
Art. 494 De cada sessão de julgamento o escrivão lavrará ata, assinada pelo presidente e pelas partes.
Importante!
A ata do julgamento de cada sessão será lavrada pelo escrivão.
117
O artigo determina a fidelidade da ata quanto aos
trabalhos realizados na sessão de Julgamento, não DOS PROCESSOS ESPECIAIS
havendo qualquer ato, ainda que indeferido pelo Juiz,
ou considerado irrelevante que não tenha que constar DO PROCESSO SUMÁRIO
em ata.
Em primeiro lugar é necessário lembrar da divisão
Art. 496 A falta da ata sujeitará o responsável a feita pelo CPP:
sanções administrativa e penal.
Art. 394 O procedimento será comum ou especial.§
1o O procedimento comum será ordinário, sumário
Nada poderá ser realizado perante à sessão do Tri-
ou sumaríssimo:
bunal do Júri sem que tenha constado em ata. O art. I - ordinário, quando tiver por objeto crime cuja
496 ainda determina que a falta do documento seja sanção máxima cominada for igual ou superior a 4
objeto de responsabilização administrativa e penal. (quatro) anos de pena privativa de liberdade;
II - sumário, quando tiver por objeto crime cuja
Das Atribuições do Presidente do Tribunal do Júri sanção máxima cominada seja inferior a 4 (quatro)
anos de pena privativa de liberdade;
Art. 497. São atribuições do juiz presidente do Tri- III - sumaríssimo, para as infrações penais de
bunal do Júri, além de outras expressamente referi- menor potencial ofensivo, na forma da lei.
das neste Código: (Redação dada pela Lei nº 11.689,
de 2008) Após esse refresco de memória, vale apontar as
I – regular a polícia das sessões e prender os deso- principais características do rito sumário:
bedientes; (Redação dada pela Lei nº 11.689, de
2008) z Prazo para a realização da AIDJ = 30 dias;
II – requisitar o auxílio da força pública, que ficará z Nº de testemunhas = até 5 (cinco);
sob sua exclusiva autoridade; (Redação dada pela z Alegações finais em 20 minutos, prorrogáveis por
Lei nº 11.689, de 2008) mais 10 minutos (para cada acusado). O assistente
III – dirigir os debates, intervindo em caso de abu- de acusação tem 10 minutos e a defesa receberá o
so, excesso de linguagem ou mediante requerimen- mesmo tempo para se defender;
to de uma das partes; (Redação dada pela Lei nº z Prazo de contestação = 10 dias;
11.689, de 2008) z Nas infrações penais de menor potencial ofensivo,
IV – resolver as questões incidentes que não depen- quando o juizado especial criminal encaminhar ao
dam de pronunciamento do júri; (Redação dada juízo comum as peças existentes para a adoção de
pela Lei nº 11.689, de 2008) outro procedimento, em razão da complexidade
V – nomear defensor ao acusado, quando conside- da causa, será utilizado o procedimento sumário.
rá-lo indefeso, podendo, neste caso, dissolver o Con-
selho e designar novo dia para o julgamento, com Antes de comentar o procedimento sumário, fare-
a nomeação ou a constituição de novo defensor; mos uma distinção dos diversos tipos de procedimen-
(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) tos existentes.
VI – mandar retirar da sala o acusado que dificultar Conforme veremos no quadro a seguir, o rito
a realização do julgamento, o qual prosseguirá sem sumário é utilizado para os crimes menos graves do
a sua presença; (Redação dada pela Lei nº 11.689, que o rito ordinário, e por isso, ele é um pouco mais
de 2008) rápido do que o ordinário.
VII – suspender a sessão pelo tempo indispensável No entanto, são poucas as diferenças entre esses
à realização das diligências requeridas ou entendi- dois procedimentos. Vejamos a tabela a seguir:
das necessárias, mantida a incomunicabilidade dos
jurados; (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) PROCEDIMENTOS PROCEDIMENTOS
VIII – interromper a sessão por tempo razoável, COMUNS ESPECIAIS
para proferir sentença e para repouso ou refeição
dos jurados; (Redação dada pela Lei nº 11.689, de Ordinário: (pena máxima
� Júri
�
2008) igual ou superior a 4 anos) Crimes Funcionais: (fun-
�
IX – decidir, de ofício, ouvidos o Ministério Público Sumário: (pena máxima
� cionários públicos)
e a defesa, ou a requerimento de qualquer destes, superior a 2 e inferior a Crimes Contra Honra
�
a argüição de extinção de punibilidade; (Redação 4 anos) Crimes Contra Proprie-
�
dada pela Lei nº 11.689, de 2008) Sumaríssimo: (pena má-
� dade Imaterial
X – resolver as questões de direito suscitadas no xima de até 2 anos – Cri-
curso do julgamento; (Redação dada pela Lei nº mes de menor potencial
11.689, de 2008) ofensivo)
XI – determinar, de ofício ou a requerimento das
partes ou de qualquer jurado, as diligências desti-
Art. 531 Na audiência de instrução e julgamento, a
nadas a sanar nulidade ou a suprir falta que preju-
ser realizada no prazo máximo de 30 (trinta) dias,
dique o esclarecimento da verdade; (Redação dada
proceder-se-á à tomada de declarações do ofendido,
pela Lei nº 11.689, de 2008)
se possível, à inquirição das testemunhas arroladas
XII – regulamentar, durante os debates, a interven- pela acusação e pela defesa, nesta ordem, ressalva-
ção de uma das partes, quando a outra estiver com do o disposto no art. 222 deste Código, bem como
a palavra, podendo conceder até 3 (três) minutos aos esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao
para cada aparte requerido, que serão acrescidos reconhecimento de pessoas e coisas, interrogando-
ao tempo desta última.(Incluído pela Lei nº 11.689, -se, em seguida, o acusado e procedendo-se, final-
118 de 2008) mente, ao debate.
A primeira diferença entre os dois ritos é o prazo no art. 531 deste Código. (Redação dada pela Lei nº
para o agendamento da audiência de instrução e jul- 11.719, de 2008).
gamento. Enquanto no rito ordinário o prazo é de 60
(sessenta) dias, aqui no sumário é de 30 (trinta) dias. Não se perderá a oportunidade de ouvir as teste-
munhas que compareceram, ainda que alguma tenha
Art. 532 Na instrução, poderão ser inquiridas até faltado e seja ouvida em outra data.
5 (cinco) testemunhas arroladas pela acusação e 5
(cinco) pela defesa. Art. 537 (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
Art. 538 Nas infrações penais de menor potencial
A segunda diferença entre os ritos é a quantidade
ofensivo, quando o juizado especial criminal enca-
de testemunhas as quais, no processo ordinário, são, minhar ao juízo comum as peças existentes para
ao todo, 8 (oito) e, no sumário, são apenas 5 (cinco). a adoção de outro procedimento, observar-se-á
o procedimento sumário previsto neste Capítulo.
Art. 533 Aplica-se ao procedimento sumário o
(Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
disposto nos parágrafos do art. 400 deste Código.
§ 1º (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
(Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 2º (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 1º (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 3º (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 2º (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 4º (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 3º (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
Art. 539 (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 4º (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
Art. 540 (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
Os demais procedimentos são idênticos tanto no
rito ordinário como no sumário. A Lei nº 9.099/1999, que instituiu o Juizado Espe-
cial Criminal, criou o Rito Sumaríssimo para julga-
Art. 534 As alegações finais serão orais, conceden- mento dos crimes considerados de Menor Potencial
do-se a palavra, respectivamente, à acusação e à Ofensivo, com penas máximas de até 2 anos. O pro-
defesa, pelo prazo de 20 (vinte) minutos, prorrogá- cesso perante o Juizado Especial deve atender aos
veis por mais 10 (dez), proferindo o juiz, a seguir, princípios da oralidade, simplicidade, informalidade,
sentença. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de economia processual e celeridade.
2008). É fato que não são compatíveis com a rapidez neces-
sária desse rito as Cartas Precatória e Rogatória e Edital.
O tempo para as alegações finais também é o mes-
Assim, quando for necessário citar o réu por alguma
mo no rito ordinário e no sumário, com uma única res-
dessas formas, o processo sairá do Juizado Especial Cri-
salva: no ordinário, o juiz pode substituir os debates
orais por memoriais escritos. Nesse caso, cada parte minal, conforme prevê o art. 66 da referida lei.
terá 5 (cinco) dias para fazer suas alegações. Cabe fri-
Art. 66 A citação será pessoal e far-se-á no próprio
sar, porém, que isso não é admissível no rito sumário.
Juizado, sempre que possível, ou por mandado.
Também, no rito ordinário, a sentença pode ser
Parágrafo único. Não encontrado o acusado para
dada no prazo de 10 dias, diferente do rito sumário,
ser citado, o Juiz encaminhará as peças existentes
que deve ser feita, obrigatoriamente, ao término da ao Juízo comum para adoção do procedimento pre-
audiência de instrução e julgamento. visto em lei.
§ 1º Havendo mais de um acusado, o tempo previs- Após essa remessa do processo do Juizado Especial
to para a defesa de cada um será individual. (Incluí-
Criminal para o juízo comum, o rito adotado deverá
do pela Lei nº 11.719, de 2008).
ser o Rito Sumário. Como já mencionado, os demais
§ 2º Ao assistente do Ministério Público, após a
manifestação deste, serão concedidos 10 (dez) atos processuais são idênticos no Rito Sumário e no
minutos, prorrogando-se por igual período o tem- Rito Ordinário, a saber:
po de manifestação da defesa. (Incluído pela Lei nº
11.719, de 2008). z Oferecimento da Denúncia: Deve conter todas as
provas colhidas até então, assim como o rol de tes-
Esse tempo extra de 10 minutos para cada parte temunhas e deve ainda requerer todos os demais
chamamos de Réplica e Tréplica. meios de prova necessários (Ex.: perícias e requisi-
ção de documentos);
Art. 535 Nenhum ato será adiado, salvo quando z Rejeição ou Recebimento da Denúncia: Se ocor-
rer qualquer das hipóteses do art. 395 do CPP (for
DIREITO PROCESSUAL PENAL
Esse interrogatório ao final da audiência é um pro- b) sejam requisitadas cópias do que constar a res-
cedimento recente. Antigamente, o interrogatório do peito no Instituto Médico-Legal, no Instituto de
réu era o primeiro ato da audiência. A mudança aju- Identificação e Estatística ou em estabelecimentos
dou muito a defesa, pois o réu fala após saber o que congêneres, repartições públicas, penitenciárias ou
120 disseram a vítima, testemunha e peritos. cadeias;
Todos os órgãos que emitiram documentos para Todos que atuaram no processo poderão ser cha-
a instrução do processo extraviado deverão reenviar mados a contribuir para esclarecer os fatos e dirimir
cópias de tais documentos. as dúvidas.
Hoje em dia, isso também é bastante facilitado, pois
praticamente todas as petições, ofícios ou intimações V - o Ministério Público e as partes poderão ofere-
são feitas em computadores. Além disso, geralmente, cer testemunhas e produzir documentos, para pro-
os arquivos estão salvos, bastando fazer um trabalho var o teor do processo extraviado ou destruído.
de procura junto aos autores dos documentos.
É normal que haja controvérsia sobre situações
que constavam ou não no processo extraviado. Por
c) as partes sejam citadas pessoalmente, ou, se não
isso, as partes podem produzir prova para demons-
forem encontradas, por edital, com o prazo de dez
trar o teor do processo extraviado ou destruído.
dias, para o processo de restauração dos autos.
Art. 544 Realizadas as diligências que, salvo motivo
Citação das partes para participarem do processo de força maior, deverão concluir-se dentro de vinte
de restauração. dias, serão os autos conclusos para julgamento.
O processo de restauração se dará sempre na pri- Parágrafo único. No curso do processo, e depois de
meira instância. subirem os autos conclusos para sentença, o juiz
poderá, dentro em cinco dias, requisitar de autori-
dades ou de repartições todos os esclarecimentos
Art. 542 No dia designado, as partes serão ouvi-
para a restauração.
das, mencionando-se em termo circunstanciado os
pontos em que estiverem acordes e a exibição e a
O juiz, no prazo de 5 dias, poderá requerer as últi-
conferência das certidões e mais reproduções do
mas diligências junto a repartições ou autoridade
processo apresentadas e conferidas.
antes de proferir a sentença
É muito comum que os advogados e o Ministério Art. 545 Os selos e as taxas judiciárias, já pagos nos
Público possuam cópias integrais dos autos dos pro- autos originais, não serão novamente cobrados.
cessos em que atuam. Isso, por si só, já costuma ser Art. 546 Os causadores de extravio de autos res-
suficiente para a restauração dos autos. ponderão pelas custas, em dobro, sem prejuízo da
responsabilidade criminal.
Art. 543 O juiz determinará as diligências necessá-
rias para a restauração, observando-se o seguinte: As custas judiciais não poderão ser cobradas nova-
I - caso ainda não tenha sido proferida a sentença, mente. Porém, a quem deu causa ao extravio serão
reinquirir-se-ão as testemunhas podendo ser subs- cobradas em dobro.
tituídas as que tiverem falecido ou se encontrarem
em lugar não sabido; Art. 547 Julgada a restauração, os autos respecti-
vos valerão pelos originais.
É possível a reinquirição das testemunhas, mas, Parágrafo único. Se no curso da restauração apare-
dependendo do tempo já transcorrido em relação cerem os autos originais, nestes continuará o pro-
à data dos fatos, os detalhes, muitas vezes, ficam cesso, apensos a eles os autos da restauração.
esquecidos.
Aparecendo os autos originais, esses é que serão
II - os exames periciais, quando possível, serão
válidos para a continuidade do processo, ficando os
repetidos, e de preferência pelos mesmos peritos;
autos de restauração apensados. Isso não poderia ser
Cabe destacar que alguns exames periciais não diferente, pois, pela lógica, o original deve prevalecer.
podem ser repetidos, como, por exemplo, o Exame de
Corpo de Delito, por terem desaparecido os vestígios. Art. 548 Até à decisão que julgue restaurados os
No entanto, quando for possível refazer, o ideal seria autos, a sentença condenatória em execução conti-
que fossem feitos pelos mesmos peritos, não sendo nuará a produzir efeito, desde que conste da respec-
tiva guia arquivada na cadeia ou na penitenciária,
DIREITO PROCESSUAL PENAL
O Código de Processo Penal, a partir de seu art. Art. 576 O Ministério Público não poderá desis-
574, passa a tratar dos recursos. tir de recurso que haja interposto.
De modo simples, pode-se definir recurso como o
meio que a parte possui para requerer a revisão de
uma decisão judicial que lhe foi desfavorável. Com o Importante!
recurso se busca uma de três situações: A regra geral do processo penal é que se pode
desistir do recurso interposto (é o chamado
z A reforma, que consiste na modificação total ou
princípio da disponibilidade). No entanto, em
parcial da decisão judicial buscando um pronun-
relação ao Ministério Público, vale o princípio da
ciamento mais favorável ao recorrente;
z A invalidação, que consiste na anulação ou cassa- indisponibilidade, o que significa que, uma vez
ção da decisão visando que outra seja proferida; e interposto o recurso, o MP não pode dele desistir
z A integração ou o esclarecimento da decisão judi- (o princípio da indisponibilidade decorre do prin-
cial, hipótese quem se busca o afastar alguma cípio da obrigatoriedade, que determina que o
imprecisão ou falta de clareza da decisão atacada Promotor de Justiça não pode desistir da ação
ou, ainda, suprir alguma omissão. penal).
DISPOSIÇÕES GERAIS
Legitimidade
Entre os arts. 574 e 580, do CPP, constam dispo-
Art. 577 O recurso poderá ser interposto pelo
sições gerais que se aplicam a todos os recursos. A
Ministério Público, ou pelo querelante, ou pelo
partir do art. 581, o CPP passa a disciplinar os cha- réu, seu procurador ou seu defensor.
mados recursos em espécie, ou seja, os tipos par- Parágrafo único. Não se admitirá, entretanto,
ticulares de recurso para cada situação dentro do recurso da parte que não tiver interesse na reforma
processo penal. ou modificação da decisão.
Art. 579 Salvo a hipótese de má-fé, a parte não final da primeira fase do processo, entende não ser
será prejudicada pela interposição de um recurso caso de crime doloso contra a vida e remete os autos
por outro. para o juiz competente); nesta hipótese a parte que
Parágrafo único. Se o juiz, desde logo, reconhecer se achar prejudicada (no caso do nosso exemplo, o
a impropriedade do recurso interposto pela par-
Ministério Público) vai se utilizar do RESE para atacar
te, mandará processá-lo de acordo com o rito do
recurso cabível. a decisão do juiz, buscando que o processo permaneça
naquele juízo.
Cada recurso previsto no CPP, conforme veremos,
tem um cabimento específico. O art. 579 apresenta o III - que julgar procedentes as exceções, salvo a
princípio da fungibilidade recursal (fungibilidade é de suspeição;
a possibilidade de substituir uma coisa por outra da
mesma espécie). Se a parte interpuser, por equívoco, São impugnáveis as decisões que julgam proceden-
um recurso ao invés de outro, desde que não haja tes as exceções de incompetência, litispendência, ile-
má-fé, não haverá prejuízo ao recorrente, devendo o gitimidade de parte e de coisa julgada. Atenção que o
juiz mandar processar o recurso pelo rito do recurso RESE é aplicável nas decisões de procedência (as deci-
correto. sões de improcedência são irrecorríveis). 123
Dica O RESE é o recurso cabível caso o juiz impeça que
a apelação vá até o Tribunal.
Exceção é uma forma de defesa indireta do acu-
sado, por meio da qual o réu quer demonstrar a XVI - que ordenar a suspensão do processo, em vir-
falta de uma das condições da ação penal ou de tude de questão prejudicial;
um de seus pressupostos; dessa forma, tem por XVII - que decidir sobre a unificação de penas;
finalidade levar a ação penal ao seu fim (chama-
da de exceção peremptória) ou prorrogar seu O inciso XVII é outra hipótese que não se aplica,
exercício (exceção dilatória). uma vez que a decisão sobre unificação de penas é
tomada pelo juiz da execução, sendo o recurso cabível
IV – que pronunciar o réu; o agravo em execução.
A decisão de pronúncia do réu, conforme consta XVIII - que decidir o incidente de falsidade;
no art. 413, do CPP, é uma decisão interlocutória que
encerra a primeira fase do júri e por meio da qual o Observe que o inciso XVIII menciona “decidir”, ou
seja, tanto da decisão que julga procedente o inciden-
juiz verifica a materialidade do fato e a existência de
te de falsidade quando da que julgar improcedente
indícios suficientes de autoria e de participação.
cabe recurso em sentido estrito.
V - que conceder, negar, arbitrar, cassar ou julgar
XIX - que decretar medida de segurança, depois de
inidônea a fiança, indeferir requerimento de prisão transitar a sentença em julgado;
preventiva ou revogá-la, conceder liberdade provi- XX - que impuser medida de segurança por trans-
sória ou relaxar a prisão em flagrante; gressão de outra;
XXI - que mantiver ou substituir a medida de segu-
Uma das hipóteses mais comuns de interposição de rança, nos casos do art. 774;
RESE é a decisão do juiz que revoga prisão preventiva. XXII - que revogar a medida de segurança;
Neste caso, o Ministério Público se utiliza do recurso XXIII - que deixar de revogar a medida de seguran-
em sentido estrito pra que a prisão seja mantida. ça, nos casos em que a lei admita a revogação;
VI - (Revogado pela Lei nº 11.689, de 2008) As hipóteses previstas nos incisos XIX a XXIII ocor-
VII - que julgar quebrada a fiança ou perdido o seu
rem durante a execução da pena, sendo o recurso
cabível o de agravo em execução.
valor;
XXIV - que converter a multa em detenção ou em
A quebra de fiança ocorre quando o acusado, após prisão simples.
ser intimado para ato processual, deixa de compare-
cer sem que haja justificativa. Antes de julgar que- O inciso XXIV também não tem aplicação, uma vez
brada a fiança, o juiz ouve o acusado para que ele se que não existe mais no Código Penal a possibilidade
justifique; caso o juiz não se convença, a fiança é julga- da conversão da multa em prisão simples.
da quebrada e metade do valor depositado é perdido.
XXV - que recusar homologação à proposta de acor-
VIII - que decretar a prescrição ou julgar, por outro do de não persecução penal, previsto no art. 28-A
modo, extinta a punibilidade; desta Lei.
IX - que indeferir o pedido de reconhecimen-
to da prescrição ou de outra causa extintiva da O inciso XXV foi incluído pela Lei nº 13.964/19,
punibilidade; denominada Lei Anticrime. Cabe RESE da decisão do
X - que conceder ou negar a ordem de habeas juiz que não homologa o Acordo de Não Persecução
corpus; Penal (ANPP).
XI - que conceder, negar ou revogar a suspensão O ANPP é um acordo feito entre o Ministério Públi-
condicional da pena;
co e o investigado, por meio do qual este último, em
certas hipóteses previstas no art. 28-A do CPP, confes-
sa a prática do crime e se sujeita a uma série de con-
O inciso XI não tem aplicação, uma vez que a con- dições impostas (como, por exemplo, a reparação do
cessão ou negativa do livramento condicional se dá dano ou restituição da coisa à vítima) em troca de não
na sentença, sendo o recurso cabível a apelação. Já ser processado.
a revogação do livramento condicional se dá na fase
de execução, sendo o recurso cabível o agravo em A quem se Dirige o RESE?
execução.
Art. 582 Os recursos serão sempre para o Tri-
XII - que conceder, negar ou revogar livramento bunal de Apelação, salvo nos casos dos ns. V, X e
condicional; XIV.
Parágrafo único. O recurso, no caso do no XIV, será
para o presidente do Tribunal de Apelação.
O inciso XII também não se aplica, uma vez que
quem toma essas decisões é o juiz da execução, sendo O recurso em sentido estrito é dirigido sempre
o recurso cabível o agravo em execução. ao Tribunal; na Justiça Estadual, é dirigido ao Tribu-
nal de Justiça do Estado; na Justiça Federal é dirigido
XIII - que anular o processo da instrução criminal, ao Tribunal Regional Federal.
no todo ou em parte; Não se aplica a exceção que consta no caput do art.
XIV - que incluir jurado na lista geral ou desta o 582 (salvo nos casos dos incisos V, X e XIV) que impli-
excluir; caria em recurso para um juiz de 1º grau, uma vez que
124 XV - que denegar a apelação ou a julgar deserta; não há hierarquia entre eles.
Recurso nos Próprios Autos e Recurso em Traslado ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária
competente, em decorrência de prisão cautelar ou em
Art. 583 Subirão nos próprios autos os recursos: virtude de condenação criminal transitada em julgado.
I - quando interpostos de oficio;
Prazos do Recurso em Sentido Estrito
A fim de garantir especial proteção a determina-
dos bens jurídicos, a Lei determina que, em certos Art. 586 O recurso voluntário poderá ser interpos-
casos, o recurso se faça de ofício, ou seja, é interposto to no prazo de cinco dias.
pelo próprio juiz, sem iniciativa das partes. Parágrafo único. No caso do art. 581, XIV, o prazo
será de vinte dias, contado da data da publicação
II - nos casos do art. 581, I, III, IV, VI, VIII e X; definitiva da lista de jurados.
III - quando o recurso não prejudicar o anda-
mento do processo. O prazo de interposição do RESE é de 5 dias,
Parágrafo único. O recurso da pronúncia subi- exceto no caso de recurso contra lista geral de jurados,
rá em traslado, quando, havendo dois ou mais cujo prazo é de 20 dias.
réus, qualquer deles se conformar com a decisão
ou todos não tiverem sido ainda intimados da Art. 587 Quando o recurso houver de subir por
pronúncia. instrumento, a parte indicará, no respectivo
termo, ou em requerimento avulso, as peças dos
autos de que pretenda traslado.
Algumas decisões paralisam o processo até que
Parágrafo único. O traslado será extraído, conferi-
se obtenha a decisão do recurso; nestas hipóteses, o
do e concertado no prazo de cinco dias, e dele
recurso é enviado (subir) ao Tribunal junto com o pro- constarão sempre a decisão recorrida, a certi-
cesso original (já que está parado, não há porque se dão de sua intimação, se por outra forma não for
tirar cópia; o original pode ser enviado). É o caso da possível verificar-se a oportunidade do recurso, e o
denúncia que não é recebida pelo juiz (inciso I do art. termo de interposição.
581); o processo não vai ter andamento enquanto não
for decidido o recurso.
O traslado, conforme já visto anteriormente, é a
O parágrafo único do art. 583 determina que o
hipótese em que o recurso sobe (é remetido) ao Tri-
recurso da pronúncia subirá em traslado, ou seja,
bunal acompanhado de cópias do processo (lembre-
com cópia dos autos, quando, havendo dois ou mais
réus, qualquer deles se conformar com a decisão ou -se do art. 583). O recorrente pode indicar as partes
todos não tiverem sido ainda intimados da pronún- do processo que deseja que sejam extraídas cópias; o
cia (o processo original não pode ser enviado uma vez parágrafo único do art. 587 aponta as peças obrigató-
que ainda vai ser utilizado pelos demais réus). rias, que sempre vão acompanhar o recurso, caso não
suba junto com os autos do processo.
Efeitos do RESE O escrivão tem 5 dias para extrair as cópias e for-
mar o que se chama de instrumento.
Art. 584 Os recursos terão efeito suspensivo nos
casos de perda da fiança, de concessão de livra-
Art. 588 Dentro de dois dias, contados da inter-
mento condicional e dos ns. XV, XVII e XXIV do
art. 581 posição do recurso, ou do dia em que o escrivão,
§ 1º Ao recurso interposto de sentença de impro- extraído o traslado, o fizer com vista ao recor-
núncia ou no caso do no VIII do art. 581, aplicar-se- rente, este oferecerá as razões e, em seguida,
-á o disposto nos arts. 596 e 598. será aberta vista ao recorrido por igual prazo.
§ 2ºO recurso da pronúncia suspenderá tão-somen- Parágrafo único. Se o recorrido for o réu, será inti-
te o julgamento. mado do prazo na pessoa do defensor.
§ 3º O recurso do despacho que julgar quebrada a
fiança suspenderá unicamente o efeito de perda da O art. 588 trata dos prazos das razões e das con-
metade do seu valor. trarrazões. Conforme já visto, o prazo para interposi-
ção do RESE é de 5 dias; neste momento, o recorrente
Todos os recursos possuem efeito devolutivo, isto
é, devolvem ao Tribunal o conhecimento da matéria apenas informa seu desejo de recorrer. Feito isso, é
impugnada. o momento de apresentar os motivos e fundamentos
No entanto, em apenas algumas hipóteses os pelos quais recorre, ou seja, de apresentar suas razões
recursos têm efeito suspensivo, isto é, o efeito de para- (o que deve se dar no prazo de 2 dias, como indica o
lisar provisoriamente as decisões anteriores. O RESE, art. 588). A parte recorrida, por sua vez, deve apre-
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via de regra, não possui efeito suspensivo, exceto nas sentar os motivos e fundamentos pelos quais a deci-
seguintes situações, previstas no art. 584: são atacada deve ser mantida; é o que se denomina
de contrarrazões (que devem ser apresentadas em 2
z Perda da fiança; dias após o escrivão abrir vista do processo). Ou seja,
z Decisão que denegar a apelação ou a julgar deserta; o prazo para apresentação de razões e contrarrazões
z Recurso contra a pronúncia; e é de 2 dias.
z Decisão que julgar quebrada a fiança.
Art. 585 O réu não poderá recorrer da pronúncia Art. 589 Com a resposta do recorrido ou sem
senão depois de preso, salvo se prestar fiança, nos ela, será o recurso concluso ao juiz, que, dentro
casos em que a lei a admitir. de dois dias, reformará ou sustentará o seu despa-
cho, mandando instruir o recurso com os traslados
O art. 585 foi revogado, uma vez que não é possível que lhe parecerem necessários.
a prisão decorrente de pronúncia. Parágrafo único. Se o juiz reformar o despacho
Em relação às hipóteses de cabimento de prisão, recorrido, a parte contrária, por simples peti-
vale lembrar o que dispõe o art. 283, do CPP: Nin- ção, poderá recorrer da nova decisão, se couber
guém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por recurso, não sendo mais lícito ao juiz modificá-la. 125
Neste caso, independentemente de novos arrazoa- § 3º Se a apelação se fundar no no III, d, deste arti-
dos, subirá o recurso nos próprios autos ou em go, e o tribunal ad quem se convencer de que a
traslado. decisão dos jurados é manifestamente contrária à
prova dos autos, dar-lhe-á provimento para sujei-
Interposto o recurso, o juiz pode se retratar, vol- tar o réu a novo julgamento; não se admite, porém,
tando atrás na decisão que havia proferido. pelo mesmo motivo, segunda apelação.
§ 4º Quando cabível a apelação, não poderá
Art. 590 Quando for impossível ao escrivão ser usado o recurso em sentido estrito, ainda
extrair o traslado no prazo da lei, poderá o juiz que somente de parte da decisão se recorra.
prorrogá-lo até o dobro.
O primeiro ponto de destaque em relação ao art.
593 diz respeito ao prazo de interposição da apelação,
O prazo que o escrivão tem para extrair o traslado que é de 5 dias, a contar da intimação.
é prorrogável. O segundo ponto que merece destaque são as hipó-
teses de cabimento do recurso de apelação, que cons-
Remessa do Recurso tam nos três incisos do art. 593. Sentenças são decisões
proferidas pelo juiz que põem fim ao processo, conde-
Art. 591 Os recursos serão apresentados ao juiz ou nando, absolvendo ou absolvendo de forma imprópria
tribunal ad quem, dentro de cinco dias da publica- (absolvem o réu, mas aplicam medida de segurança).
ção da resposta do juiz a quo, ou entregues ao Cor- Decisões definitivas são aquelas que colocam fim ao
reio dentro do mesmo prazo. processo, julgando o mérito, mas sem se manifestar
sobre a acusação (por exemplo, o reconhecimento de
prescrição, leva ao fim do processo, mas sem conde-
Dica nar nem absolver o réu); decisões com força de defi-
Juízo ad quem é o Tribunal de instância superior nitivas são aquelas que se relacionam a uma questão
para onde se encaminha o recurso. processual dão fim ao processo, sem julgamento do
Juízo a quo é o juiz ou tribunal de instância infe- mérito, ou finalizam uma fase do processo ou de um
processo incidental (como o de busca e apreensão, por
rior de onde provém a decisão recorrida.
exemplo). Em relação às decisões do júri, veja que são
quatro hipóteses bem específicas.
Devolução do Recurso O terceiro e último ponto que merece destaque
Art. 592 Publicada a decisão do juiz ou do tri- no art. 593 encontra-se em seu § 4º: quando cabível
bunal ad quem, deverão os autos ser devolvidos, a apelação, não poderá ser usado o recurso em senti-
dentro de cinco dias, ao juiz a quo. do estrito, ainda que somente de parte da decisão se
recorra (adota-se, portanto, o princípio da unirre-
Decidido o recurso pelo tribunal ad quem e, uma corribilidade – nos casos em que cabe apelação não é
vez publicada a decisão, os autos do processo devem cabível nenhum outro recurso).
ser devolvidos dentro de 5 dias.
Art. 594 (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
DA APELAÇÃO Art. 595 (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011).
Art. 599 As apelações poderão ser interpostas O apelante pode optar por oferecer suas razões
quer em relação a todo o julgado, quer em rela- quando os autos já estiverem no Tribunal; para tanto,
ção a parte dele. deve informar que assim quer agir, quando da inter-
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O protesto por novo júri consistia em um recurso Art. 610 Nos recursos em sentido estrito, com
contra decisões condenatórias tomadas pelo Tribunal exceção do de habeas corpus, e nas apelações
do Júri, em que se buscava um novo julgamento, ten- interpostas das sentenças em processo de con-
travenção ou de crime a que a lei comine pena
do em vista a imposição de penas muito elevadas. Este
de detenção, os autos irão imediatamente com vis-
recurso foi extinto pela Lei nº 11.689/08. ta ao procurador-geral pelo prazo de cinco dias, e,
em seguida, passarão, por igual prazo, ao relator,
DO PROCESSO E DO JULGAMENTO DOS RECURSOS que pedirá designação de dia para o julgamento.
EM SENTIDO ESTRITO E DAS APELAÇÕES, NOS Parágrafo único. Anunciado o julgamento pelo pre-
TRIBUNAIS DE APELAÇÃO sidente, e apregoadas as partes, com a presença
destas ou à sua revelia, o relator fará a exposição
Os arts. 609 ao 618 trazem disposições relativas ao do feito e, em seguida, o presidente concederá, pelo
julgamento dos RESE, apelações e embargos. Os dois prazo de 10 (dez) minutos, a palavra aos advoga-
primeiros já foram vistos; os embargos vamos estudá- dos ou às partes que a solicitarem e ao procurador-
-los logo na sequência. -geral, quando o requerer, por igual prazo.
Art. 609 Os recursos, apelações e embargos serão O art. 610 disciplina um procedimento especial de
julgados pelos Tribunais de Justiça, câmaras ou julgamento dos crimes apenados com detenção e das
turmas criminais, de acordo com a competência contravenções (denominado de apelação especial ou
estabelecida nas leis de organização judiciária. apelação sumária). O procedimento dos crimes ape-
nados com reclusão (mais graves) está previsto no art.
Os recursos em sentido estrito, apelações e embargos 613.
são julgados pelos Tribunais dentro das competências O procedimento previsto no art. 610 é mais curto,
estabelecidas pela Constituição Federal, Constituição tendo em vista que os crimes apenados com detenção
Estadual, lei de organização judiciária estadual e final- e as contravenções também adotam um procedimen-
128 mente, pelos regimentos internos das cortes. to mais célere no julgamento em primeiro grau.
Esquematicamente, o procedimento do art. 610 é § 1º Havendo empate de votos no julgamento de
o seguinte: recursos, se o presidente do tribunal, câmara ou
turma, não tiver tomado parte na votação, profe-
Dia do julgamento rirá o voto de desempate; no caso contrário,
Relator (5 dias)
Procurador-Geral
Pede dia para julgar
Relator faz prevalecerá a decisão mais favorável ao réu.
exposição
§ 2º O acórdão será apresentado à conferência
na primeira sessão seguinte à do julgamento, ou
no prazo de duas sessões, pelo juiz incumbido de
lavrá-lo.
Sustentação oral
Procurador-Geral
advogados/partes
(10 min)
(10 min) O procedimento previsto no art. 615 aplica-se, tam-
bém, aos demais recursos. Os julgamentos são decidi-
dos pela maioria dos magistrados; em caso de empate,
Art. 611 (Revogado pelo Decreto-Lei nº 552/69).
este é entendido em favor do réu.
Art. 612 Os recursos de habeas corpus, designa-
do o relator, serão julgados na primeira sessão.
Execução de Atos Diretamente pelo Tribunal
O habeas corpus, por sua natureza, deve ser jul-
gado com celeridade. Nesse sentido, o art. 612 dispõe Art. 616 No julgamento das apelações poderá o tri-
bunal, câmara ou turma proceder a novo interro-
que o habeas corpus deve ser julgado logo na primeira
gatório do acusado, reinquirir testemunhas ou
sessão em que se reunir a turma julgadora, logo após
determinar outras diligências.
ter sido designado o relator.
O art. 616 dispõe sobre a possibilidade do tribunal,
Procedimento no Tribunal – Apelação Comum
quando do julgamento da apelação, realizar diligên-
(Delitos Apenados com Reclusão)
cias supletivas com a finalidade de colher elementos
de prova.
Art. 613 As apelações interpostas das sentenças
proferidas em processos por crime a que a lei comi-
ne pena de reclusão, deverão ser processadas e Art. 617 O tribunal, câmara ou turma atenderá nas
julgadas pela forma estabelecida no Art. 610, suas decisões ao disposto nos arts. 383, 386 e 387,
com as seguintes modificações: no que for aplicável, não podendo, porém, ser agra-
vada a pena, quando somente o réu houver apelado
da sentença.
IMPORTANTE!
O órgão de segundo grau pode dar nova definição
Após as modificações trazidas ao CPP pela Lei jurídica ao fato (art. 383) ou absolver (nos moldes do
nº 11.719/08, a apelação comum é adotada art. 386) ou condenar o réu (de acordo os parâmetros
não nos delitos cuja pena prevista é a reclusão, do art. 387); no entanto, é proibido o que se chama de
mas nos crimes cuja sanção máxima prevista reformatio in pejus (reforma para pior), isto é, a hipó-
seja igual ou superior a 4 anos de pena privativa tese de o réu recorrer contra uma decisão e, ao invés
de liberdade, seja de detenção ou de reclusão. de conseguir uma decisão favorável, acaba por obter
No entanto, para fins de sua prova, lembre-se uma modificação mais prejudicial.
somente que o procedimento do art. 610 (mais
lento) é reservado aos crimes apenados com Art. 618 Os regimentos dos Tribunais de Apelação
reclusão. estabelecerão as normas complementares para
o processo e julgamento dos recursos e apelações.
I - exarado o relatório nos autos, passarão estes ao O art. 618 dispõe que os regimentos internos do
revisor, que terá igual prazo para o exame do pro- Tribunais devem estabelecer normas complementa-
cesso e pedirá designação de dia para o julgamento; res para o processo e o julgamento dos recursos.
II - os prazos serão ampliados ao dobro;
III - o tempo para os debates será de um quarto DOS EMBARGOS
de hora.
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Art. 641 O escrivão, ou o secretário do tribunal, z Não conhecer a carta testemunhável (caso o recurso
dará recibo da petição à parte e, no prazo máxi- não seja cabível, caso tenha sido interposto fora do
mo de cinco dias, no caso de recurso no sentido prazo ou tenha sido interposto por parte ilegítima);
estrito, ou de sessenta dias, no caso de recurso z Conhecer a carta e dar provimento (determinando
extraordinário, fará entrega da carta, devidamente que o recurso obstado tenha prosseguimento);
conferida e concertada.
z Conhecer a carta e, ao invés de mandar subir o
O recibo é a garantia de que o recurso foi interpos- recurso obstado, julgar o mérito de tal recurso; ou
to tempestivamente (dentro do prazo). z Conhecer a carta e negar seu provimento (caso
entenda que o juiz tenha corretamente negado
Responsabilidade Funcional do Escrivão ou seguimento ao recurso).
Secretário
Procedimento da Carta Testemunhável No Tribunal
Art. 642 O escrivão, ou o secretário do tribunal, que
se negar a dar o recibo, ou deixar de entregar, Art. 645 O processo da carta testemunhável na ins-
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sob qualquer pretexto, o instrumento, será sus- tância superior seguirá o processo do recurso
penso por trinta dias. O juiz, ou o presidente do denegado.
Tribunal de Apelação, em face de representação do
testemunhante, imporá a pena e mandará que seja
O procedimento a ser seguido pela carta teste-
extraído o instrumento, sob a mesma sanção, pelo
munhável no tribunal ad quem é o mesmo que teria
substituto do escrivão ou do secretário do tribunal.
o recurso obstado (na verdade, o procedimento do
Se o testemunhante não for atendido, poderá
reclamar ao presidente do tribunal ad quem, recurso em sentido estrito).
que avocará os autos, para o efeito do julgamento
do recurso e imposição da pena. Efeito
Conforme foi apontado em comentário anterior, Art. 646 A carta testemunhável não terá efeito
o escrivão ou secretário tem o dever de encaminhar suspensivo.
a carta testemunhável ao tribunal; caso não o faça,
responde na esfera administrativa por sua omissão. A carta testemunhável é recebida somente no
Vale lembrar que a punição prevista somente pode ser efeito devolutivo (somente devolve ao tribunal o 133
conhecimento da decisão que denegou o seguimento art. 5º, é mais ampla e genérica, abrangendo inúmeras
ao recurso). hipóteses que possam configurar ilegalidade ou abuso
de poder que ameace o direito de locomoção e dê cau-
DO HABEAS CORPUS E SEU PROCESSO sa à concessão da ordem de habeas corpus.
Os arts. 647 ao 667, do CPP, disciplinam o habeas I - quando não houver justa causa;
corpus.
A expressão habeas corpus significa “que tomes o A ausência de justa causa consiste na inexistência
corpo e o apresentes” e é um fragmento da ordem que de provas ou de requisitos legais para que alguém seja
era concedida pelos tribunais ingleses que dizia “tomai preso, submetido a algum constrangimento ou mes-
o corpo desse detido e vinde submeter ao tribunal o mo para que se instaure ou se mantenha investigação
homem e o caso” (habeas corpus ad subjiciendum). policial ou processo criminal.
Art. 647 Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém II - quando alguém estiver preso por mais tempo
sofrer ou se achar na iminência de sofrer vio- do que determina a lei;
lência ou coação ilegal na sua liberdade de ir e
vir, salvo nos casos de punição disciplinar. Diz respeito não somente ao cumprimento de
pena, mas, também, às prisões provisórias (flagrante,
O habeas corpus não é um recurso, mas sim uma temporária e preventiva).
ação de natureza constitucional (prevista no inciso
LXVIII, do art. 5º, da CF) que tem como finalidade evi- III - quando quem ordenar a coação não tiver
competência para fazê-lo;
tar ou fazer cessar violência ou coação à liberdade
IV - quando houver cessado o motivo que autori-
de locomoção causada por ilegalidade ou abuso de
zou a coação;
poder. V - quando não for alguém admitido a prestar
Veja que o habeas corpus é cabível tanto nas hipó- fiança, nos casos em que a lei a autoriza;
teses em que o constrangimento está prestes a ocorrer
quanto nas quais ele já está ocorrendo. Se a lei autoriza a fiança, não pode a autorida-
No primeiro caso (em que o constrangimento está de deixar de fixar seu valor e as condições para sua
prestes a acontecer), o habeas corpus é denominado obtenção.
preventivo, sendo expedido um salvo-conduto que
impede o constrangimento (§ 4º do art. 660) como, por VI - quando o processo for manifestamente
exemplo, no caso da garantia de não autoincrimina- nulo;
ção (direito de permanecer em silêncio). VII - quando extinta a punibilidade.
Na segunda hipótese (em que o constrangimento já
está ocorrendo), o habeas corpus é chamado de libe- Se o Estado perdeu o direito de punir ou de executar
ratório, sendo expedido um alvará de soltura (caso o a penal, não pode, logicamente, manter alguém preso.
indivíduo esteja ilegalmente preso) ou outra ordem
com a finalidade de fazer cessar a ilegalidade, como, Concessão de Liminar em Habeas Corpus
por exemplo, ordem para concessão de fiança; ordem
determinando a produção de prova; a decretação de Art. 649 O juiz ou o tribunal, dentro dos limites da
nulidade processual etc. sua jurisdição, fará passar imediatamente a ordem
A parte final do art. 647 veda expressamente a impetrada, nos casos em que tenha cabimento, seja
concessão de habeas corpus que tenha por objeto qual for a autoridade coatora.
a prisão disciplinar de militar. Tal disposição refle-
te a previsão contida no § 2º, do art. 142, da CF, que O art. 649, em conjunto com o que dispõe o § 2º do
afirma que “Não caberá habeas corpus em relação a art. 660, autoriza o juiz ou tribunal a conceder liminar
punições disciplinares militares”. a fim de que imediatamente se faça cessar o constran-
gimento. Nesse sentido, será expedida ordem de soltu-
Dica ra, liberando-se o paciente (o beneficiado pela ordem
de habeas corpus) que encontrar-se preso (desde que
Muito embora haja vedação expressa no § 2º, do não esteja detido por outro motivo).
art. 142, da CF, tem-se admitido, na jurisprudên- Todo magistrado tem a possibilidade de conceder a
cia, a concessão de ordem de habeas corpus no ordem de habeas corpus, desde que dentro dos limites
caso de prisão disciplinar arbitrária ilegal pratica- de sua competência, estabelecida por regras previstas
da com abuso. O que continua não sendo admi- na Constituição e em leis.
tido é o uso do habeas corpus como meio de
examinar o mérito e a conveniência da punição Competência dos Tribunais
disciplinar militar. O meio correto de se levar o
Art. 650 Competirá conhecer, originariamente, do
exame do mérito e da conveniência ao Judiciário
pedido de habeas corpus:
é por meio de uma ação junto à Justiça Federal.
Exceto por seu § 1º, que continua em vigor, todo
Caracterização da Coação Ilegal os demais dispositivos do art. 650 foram revogados ou
não foram recepcionados pela Constituição de 1988.
Art. 648 A coação considerar-se-á ilegal:
I - ao Supremo Tribunal Federal, nos casos previs-
O art. 648 apresenta uma lista exemplificativa tos no Art. 101, I, g, da Constituição;
das hipóteses em que se considera a coação ilegal. II - aos Tribunais de Apelação, sempre que os
Isso ocorre uma vez que a previsão constitucional do atos de violência ou coação forem atribuídos aos
134 habeas corpus, conforme consta no inciso LXVIII do governadores ou interventores dos Estados ou
Territórios e ao prefeito do Distrito Federal, ou a Legitimidade Ativa para Impetrar Habeas Corpus
seus secretários, ou aos chefes de Polícia.
§ 1º A competência do juiz cessará sempre que a Art. 654 O habeas corpus poderá ser impetrado por
violência ou coação provier de autoridade judiciá- qualquer pessoa, em seu favor ou de outrem,
ria de igual ou superior jurisdição. bem como pelo Ministério Público.
Custas
Identificando do impetrante (assinatura +
Art. 653 Ordenada a soltura do paciente em virtu- residência)
de de habeas corpus, será condenada nas custas a
autoridade que, por má-fé ou evidente abuso de
DIREITO PROCESSUAL PENAL
O art. 653 não tem aplicação, uma vez que, confor- O § 2º dispõe sobre a admissibilidade de se conce-
me determina o inciso LXXVII, do art. 5º, da CF, a ação der habeas corpus de ofício (ou seja, de que o magis-
de habeas corpus é gratuita, não havendo custas a trado tome conhecimento da irregularidade e, sem
pagar (não há, portanto, como condenar a autoridade provocação, conceda a ordem).
ao pagamento).
No caso de má-fé ou evidente abuso de poder Art. 655 O carcereiro ou o diretor da prisão, o escri-
por parte da autoridade coatora, devem ser tomadas vão, o oficial de justiça ou a autoridade judiciária ou
somente as medidas que constam no parágrafo único policial que embaraçar ou procrastinar a expedição
do art. 653. de ordem de habeas corpus, as informações sobre 135
a causa da prisão, a condução e apresentação do o tribunal ordenará que cesse imediatamente o
paciente, ou a sua soltura, será multado na quantia constrangimento.
de duzentos mil-réis a um conto de réis, sem prejuízo § 3º Se a ilegalidade decorrer do fato de não ter sido
das penas em que incorrer. As multas serão impos- o paciente admitido a prestar fiança, o juiz arbitra-
tas pelo juiz do tribunal que julgar o habeas corpus, rá o valor desta, que poderá ser prestada perante
salvo quando se tratar de autoridade judiciária, ele, remetendo, neste caso, à autoridade os respec-
caso em que caberá ao Supremo Tribunal Federal ou tivos autos, para serem anexados aos do inquérito
ao Tribunal de Apelação impor as multas. policial ou aos do processo judicial.
§ 4º Se a ordem de habeas corpus for concedida para
São aplicáveis sanções penais e administrativas evitar ameaça de violência ou coação ilegal, dar-se-á
aos agentes que procrastinam o curso de habeas cor- ao paciente salvo-conduto assinado pelo juiz.
pus. Podem responder, por exemplo, por prevaricação § 5º Será incontinenti enviada cópia da decisão à
ou mesmo por desobediência, dependendo da situa- autoridade que tiver ordenado a prisão ou tiver o
paciente à sua disposição, a fim de juntar-se aos
ção (veja o caso do parágrafo único do art. 656).
autos do processo.
§ 6º Quando o paciente estiver preso em lugar que
Art. 656 Recebida a petição de habeas corpus, o
não seja o da sede do juízo ou do tribunal que con-
juiz, se julgar necessário, e estiver preso o paciente,
ceder a ordem, o alvará de soltura será expedido
mandará que este lhe seja imediatamente apresen-
pelo telégrafo, se houver, observadas as formalida-
tado em dia e hora que designar.
des estabelecidas no art. 289, parágrafo único, in
Parágrafo único. Em caso de desobediência, será
fine, ou por via postal.
expedido mandado de prisão contra o detentor, que
será processado na forma da lei, e o juiz providen- O habeas corpus demanda rápida solução. O trâ-
ciará para que o paciente seja tirado da prisão e mite da ação é célere e a decisão deve ser proferida
apresentado em juízo.
em 24 horas após o recebimento das informações por
parte da autoridade coatora.
Apesar de prevista em Lei, a apresentação do O interrogatório mencionado no caput, na prática,
paciente não é usual. No entanto, se houver ordem não mais ocorre.
para tal, seu descumprimento implica na prática de Caso a coação ainda não tenha se consumado, é o
crime de desobediência. caso da concessão de habeas corpus preventivo, hipó-
tese na qual o juiz emite uma ordem denominada sal-
Art. 657 Se o paciente estiver preso, nenhum moti- vo-conduto (§ 4º) que é o documento que garante que
vo escusará a sua apresentação, salvo: o paciente não sofra a violência iminente.
I - grave enfermidade do paciente;
Il - não estar ele sob a guarda da pessoa a quem se Art. 661 Em caso de competência originária do Tri-
atribui a detenção; bunal de Apelação, a petição de habeas corpus será
III - se o comparecimento não tiver sido determina- apresentada ao secretário, que a enviará imedia-
do pelo juiz ou pelo tribunal. tamente ao presidente do tribunal, ou da câmara
Parágrafo único. O juiz poderá ir ao local em que o criminal, ou da turma, que estiver reunida, ou pri-
paciente se encontrar, se este não puder ser apre- meiro tiver de reunir-se.
sentado por motivo de doença.
Os arts. 661 e seguintes dispõem sobre o procedi-
O art. 657 apresenta hipóteses nas quais a apresen- mento do habeas corpus nos tribunais, inclusive com
tação não é obrigatória. possibilidade da concessão de liminar.
Art. 658 O detentor declarará à ordem de quem o Art. 662 Se a petição contiver os requisitos do art.
paciente estiver preso. 654, § 1º, o presidente, se necessário, requisitará
da autoridade indicada como coatora informações
Detentor é o indivíduo que mantém o pacien- por escrito. Faltando, porém, qualquer daqueles
te preso sob sua custódia (por exemplo: o diretor do requisitos, o presidente mandará preenchê-lo, logo
presídio onde o paciente está recolhido por ordem da que lhe for apresentada a petição.
autoridade coatora). Pode ocorrer do coator ser tam- Art. 663 As diligências do artigo anterior não serão
bém o detentor, como no caso do delegado que man- ordenadas, se o presidente entender que o habeas
corpus deva ser indeferido in limine. Nesse caso,
tém o paciente preso para averiguação.
levará a petição ao tribunal, câmara ou turma,
Art. 659 Se o juiz ou o tribunal verificar que já ces- para que delibere a respeito.
Art. 664 Recebidas as informações, ou dispensadas,
sou a violência ou coação ilegal, julgará prejudica-
o habeas corpus será julgado na primeira sessão,
do o pedido.
podendo, entretanto, adiar-se o julgamento para a
sessão seguinte.
Se a violência ou a coação ilegal já tiverem cessa-
Parágrafo único. A decisão será tomada por maio-
do, a ação perde uma de suas condições, que é o inte- ria de votos. Havendo empate, se o presidente não
resse de agir (nessa hipótese, o habeas corpus não será tiver tomado parte na votação, proferirá voto de
conhecido e, consequentemente, não será julgado). desempate; no caso contrário, prevalecerá a deci-
são mais favorável ao paciente.
Art. 660 Efetuadas as diligências, e interrogado Art. 665 O secretário do tribunal lavrará a ordem
o paciente, o juiz decidirá, fundamentadamente, que, assinada pelo presidente do tribunal, câmara
dentro de 24 (vinte e quatro) horas. ou turma, será dirigida, por ofício ou telegrama, ao
§ 1º Se a decisão for favorável ao paciente, será detentor, ao carcereiro ou autoridade que exercer
logo posto em liberdade, salvo se por outro motivo ou ameaçar exercer o constrangimento.
dever ser mantido na prisão. Parágrafo único. A ordem transmitida por telegra-
§ 2º Se os documentos que instruírem a petição ma obedecerá ao disposto no art. 289, parágrafo
136 evidenciarem a ilegalidade da coação, o juiz ou único, in fine.
Art. 666 Os regimentos dos Tribunais de Apelação Composição dos Juizados Especiais Criminais
estabelecerão as normas complementares para o
processo e julgamento do pedido de habeas corpus O art. 60 da Lei nº 9.099/95 dispõe que os juizados
de sua competência originária. especiais criminais são compostos por juízes togados,
Art. 667 No processo e julgamento do habeas cor- somente, ou por juízes togados e leigos.
pus de competência originária do Supremo Tribu-
Juiz togado é o Juiz de Direito de carreira, que
nal Federal, bem como nos de recurso das decisões
de última ou única instância, denegatórias de goza de todas as prerrogativas inerentes ao cargo de
habeas corpus, observar-se-á, no que lhes for apli- magistrado (art. 95, da CF).
cável, o disposto nos artigos anteriores, devendo o Por sua vez, juiz leigo é um auxiliar da Justiça,
regimento interno do tribunal estabelecer as regras escolhido pelo Tribunal de Justiça entre advogados
complementares. com mais de 5 anos de experiência. Os juízes leigos
são restritos à conciliação entre autor e vítima, e as
Nos termos dos arts. 666 e 667, cada tribunal deve decisões deverão ser homologadas pelos juízes
providenciar, em seus respectivos regimentos inter-
togados.
nos, as normas complementares para o processo e jul-
gamento do habeas corpus de sua competência.
Competência Material dos Juizados Especiais
Criminais
z No caso de conexão e continência entre uma CRITÉRIOS (OU PRINCÍPIOS) APLICÁVEIS AOS
infração de menor potencial ofensivo e um cri- JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS
me de maior gravidade (veja o parágrafo único
do art. 60); Os juizados especiais criminais são regidos pelos
seguintes critérios (princípios):
Conexão é um mecanismo de unificação de
processos que têm, entre si, alguma espécie Art. 62 O processo perante o Juizado Especial
de ligação. Continência é a relação que impõe orientar-se-á pelos critérios da oralidade, simpli-
cidade, informalidade, economia processual
a reunião de processos para julgamento em
e celeridade, objetivando, sempre que possível, a
conjunto.
reparação dos danos sofridos pela vítima e a apli-
cação de pena não privativa de liberdade.
O principal efeito da conexão e da continência é
a reunião de processos para julgamento simultâneo z Oralidade: A regra, nos procedimentos criminais,
pelo juízo que tem a chamada “força atrativa” (com- é a da forma escrita; nos procedimentos dos juiza-
petente para julgar o crime mais grave: Juízo comum dos especiais criminais, no entanto, a regra é que
ou o Tribunal do Júri); os atos são praticados, preferencialmente, na for-
ma oral (apenas os atos essenciais são reduzidos a
z Quando o acusado não puder ser citado pessoal- termo, ou seja, escritos);
mente (art. 66, da Lei nº 9.099/95): no âmbito dos z Informalidade: Os atos no processo nos juizados
juizados especiais criminais, a citação é pessoal, especiais criminais são praticados sem rigidez (por
sempre que possível, ou por mandado (por meio exemplo: não existe o auto de prisão em flagrante);
de oficial de justiça). Se o acusado não for encon- z Simplicidade: Foi incluída depois da redação ori-
trado, não é possível a citação por edital; nesse ginal e guarda relação com a informalidade – os
caso, os autos são encaminhados ao Juízo Comum, atos devem ser praticados com simplicidade,
seguindo o rito sumário, nos termos do art. 538 do tendo em vista os resultados desejados (o auto de
Código de Processo Penal; prisão em flagrante é substituído por um ato mais
z Quando a causa for complexa (§ 2º, do art. 77, simples: o termo circunstanciado);
da Lei nº 9.099/95): uma causa é complexa quando z Economia processual: Os atos dos juizados bus-
houver pluralidade de acusados (grande número cam alcançar o máximo de resultado com o
de acusados, como, por exemplo, uma briga que mínimo de emprego da atividade jurisdicional;
resultou em lesão corporal leve, que foi cometi- z Celeridade: O processo nos juizados não deve
da por dez sujeitos) ou quando exigir perícias de demorar.
maior complexidade (por exemplo, necessidade de
perícias em sistemas de informática). Esquematizando o disposto no art. 62 da Lei nº
9.099/95:
Assim, temos 4 hipóteses de modificação da com-
petência em relação à matéria. Nas 4 hipóteses acima,
Simplicidade Informalidade Economia
quem vai julgar é o Juízo Comum ou o Tribunal do Processual
Júri. No entanto, guarde isto: mesmo havendo modi-
ficação de competência, aplicam-se os institutos
benéficos (despenalizadores) da Lei nº 9.099/95: a
Atos dos Juizados
transação penal e a composição dos danos civis, Oralidade Celeridade
Especiais Criminais
que serão vistos mais adiante.
Agora que já sabemos qual é a competência dos jui- Vamos, agora, destacar os principais pontos rela-
zados em relação à matéria, veremos o que diz a Lei tivos aos atos processuais nos juizados especiais
138 sobre a fixação da competência territorial (também criminais.
Art. 64 Os atos processuais serão públicos e pode- z As intimações (ciência de um ato já praticado) e as
rão realizar-se em horário noturno e em qual- notificações (chamamento para participar de ato
quer dia da semana, conforme dispuserem as processual) são permitidas por qualquer meio
normas de organização judiciária.
válido, como telefone ou e-mail (lembre-se dos
Art. 65 Os atos processuais serão válidos sempre
que preencherem as finalidades para as quais
princípios da informalidade e da simplicidade);
foram realizados, atendidos os critérios indica- z Dos atos praticados em audiência, as partes são
dos no art. 62 desta Lei. consideradas cientes, sem necessidade de outra
§ 1º Não se pronunciará qualquer nulidade sem comunicação.
que tenha havido prejuízo.
§ 2º A prática de atos processuais em outras FASE PRELIMINAR
comarcas poderá ser solicitada por qualquer
meio hábil de comunicação. As disposições encontram-se nos arts. 69 ao 76, da
§ 3º Serão objeto de registro escrito exclusiva- Lei. A fase preliminar desdobra-se em duas: fase pre-
mente os atos havidos por essenciais. Os atos liminar policial e fase preliminar judicial.
realizados em audiência de instrução e julgamen-
to poderão ser gravados em fita magnética ou
equivalente. Fase Preliminar
cia considerar-se-ão desde logo cientes as par- seu afastamento do lar, domicílio ou local de convi-
tes, os interessados e defensores. vência com a vítima.
Art. 68 Do ato de intimação do autor do fato e do Art. 70 Comparecendo o autor do fato e a vítima,
mandado de citação do acusado, constará a neces- e não sendo possível a realização imediata da
sidade de seu comparecimento acompanhado de audiência preliminar, será designada data
advogado, com a advertência de que, na sua falta, próxima, da qual ambos sairão cientes.
ser-lhe-á designado defensor público. Art. 71 Na falta do comparecimento de qualquer
Ainda em relação aos atos, destaca-se: dos envolvidos, a Secretaria providenciará sua inti-
mação e, se for o caso, a do responsável civil, na
z A citação (ato de chamamento do réu em juízo forma dos arts. 67 e 68 desta Lei.
para tomar ciência da ação penal e exercer sua
defesa) é sempre pessoal, preferencialmente, no Uma vez concluído o termo circunstanciado, os
próprio juízo. Pode ser feita via oficial de justiça; autos são remetidos ao Juizado Especial Criminal
z Não existe citação por edital; (JECRIM), sendo designada audiência preliminar: é
o início da fase preliminar judicial. 139
Audiência Preliminar Não havendo composição civil ou sendo o caso de
ação penal pública incondicionada, passa-se para a
Art. 72 Na audiência preliminar, presente o segunda fase da audiência.
representante do Ministério Público, o autor
do fato e a vítima e, se possível, o responsável
civil, acompanhados por seus advogados, o
Juiz esclarecerá sobre a possibilidade da com-
Transação Penal
posição dos danos e da aceitação da proposta
de aplicação imediata de pena não privativa Art. 75 Não obtida a composição dos danos
de liberdade. civis, será dada imediatamente ao ofendido a opor-
Art. 73 A conciliação será conduzida pelo Juiz ou tunidade de exercer o direito de representação
por conciliador sob sua orientação. verbal, que será reduzida a termo.
Parágrafo único. Os conciliadores são auxiliares da Parágrafo único. O não oferecimento da represen-
Justiça, recrutados, na forma da lei local, preferen- tação na audiência preliminar não implica deca-
temente entre bacharéis em Direito, excluídos os dência do direito, que poderá ser exercido no prazo
que exerçam funções na administração da Justiça previsto em lei.
Criminal. Art. 76 Havendo representação ou tratando-
Art. 74 A composição dos danos civis será reduzida -se de crime de ação penal pública incondi-
a escrito e, homologada pelo Juiz mediante senten- cionada, não sendo caso de arquivamento, o
ça irrecorrível, terá eficácia de título a ser executa- Ministério Público poderá propor a aplicação
do no juízo civil competente. imediata de pena restritiva de direitos ou mul-
Parágrafo único. Tratando-se de ação penal de ini- tas, a ser especificada na proposta.
ciativa privada ou de ação penal pública condiciona- § 1º Nas hipóteses de ser a pena de multa a única
da à representação, o acordo homologado acarreta aplicável, o Juiz poderá reduzi-la até a metade.
a renúncia ao direito de queixa ou representação. § 2º Não se admitirá a proposta se ficar comprovado:
I - ter sido o autor da infração condenado, pela
Trata-se de audiência que exige o comparecimen- prática de crime, à pena privativa de liberdade, por
to do(a): sentença definitiva;
II - ter sido o agente beneficiado anteriormente, no
z Autor do fato; prazo de cinco anos, pela aplicação de pena restri-
z Vítima (caso haja, pois pode ser crime cuja vítima tiva ou multa, nos termos deste artigo;
é o Estado) e seus advogados; III - não indicarem os antecedentes, a conduta
social e a personalidade do agente, bem como os
z Membro do Ministério Público;
motivos e as circunstâncias, ser necessária e sufi-
z Juiz.
ciente a adoção da medida.
§ 3º Aceita a proposta pelo autor da infração e seu
A audiência divide-se em dois momentos: a com- defensor, será submetida à apreciação do Juiz.
posição civil dos danos e a transação penal. § 4º Acolhendo a proposta do Ministério Públi-
co aceita pelo autor da infração, o Juiz aplica-
Composição Civil dos Danos rá a pena restritiva de direitos ou multa, que
não importará em reincidência, sendo registra-
Nessa primeira fase, o membro do MP não participa da apenas para impedir novamente o mesmo bene-
(exceto se a vítima for incapaz). A fase nada mais é do fício no prazo de cinco anos.
que uma tentativa de conciliação, realizada pelo Juiz § 5º Da sentença prevista no parágrafo anterior
ou por colaborador, que visa obter um acordo entre caberá a apelação referida no art. 82 desta Lei.
autor e vítima para a composição dos danos civis. Caso § 6º A imposição da sanção de que trata o § 4º
haja acordo, nesse caso, sim, acompanhado pelo MP, é deste artigo não constará de certidão de antece-
lavrado termo, que será homologado pelo juiz. dentes criminais, salvo para os fins previstos
A homologação do acordo de composição gera no mesmo dispositivo, e não terá efeitos civis,
os seguintes efeitos, dependendo do tipo de ação pre- cabendo aos interessados propor ação cabível no
vista (art. 74, da Lei nº 9.099/95): juízo cível.
z Ação penal de inciativa privada: Provoca a A transação penal é um acordo feito entre o
renúncia ao direito de queixa (extingue a punibili- Ministério Público (titular da ação penal) e o autor
dade do agente); do fato. Por meio desse acordo, o autor do fato (que
z Ação penal pública condicionada à represen- está acompanhado de advogado), compromete-se
tação: Gera a renúncia ao direito de representar a cumprir imediatamente uma pena de multa ou
(também extingue a punibilidade); restritiva de direitos; por outro lado, o MP não dá
z Ação penal pública incondicionada: Não impede prosseguimento, deixando de deflagar a ação penal.
a continuidade; passa-se para a segunda fase (pode Para que seja possível a transação, o agente não
servir para diminuir a pena, se configurar arre- pode ter sido condenado anteriormente, pela prática
pendimento posterior, previsto no art. 16, do CP). de crime, à pena privativa de liberdade e nem pode
ter sido beneficiado, nos últimos 5 anos, pela transa-
Dica ção penal.
Além disso, seus antecedentes, sua conduta social
A composição civil é o primeiro instituto despe- e personalidade, assim como os motivos e a circuns-
nalizador da Lei nº 9.099/95. Note que o espírito tância da infração, devem ser favoráveis ao agente
da Lei nº 9.099/95 é despenalizar e desencarce- (inciso III, do § 2º, do art. 76). Por fim, o autor da infra-
rar: afastar a pena e evitar a restrição da liberda- ção deve aceitar a transação, que deve ser assinada,
140 de do agente. também, por seu advogado.
Atente-se para o fato de que a condenação anterior § 3º Na ação penal de iniciativa do ofendido pode-
deve ser pela prática de crime, à pena privativa de rá ser oferecida queixa oral, cabendo ao Juiz
liberdade, por sentença definitiva. Desse modo, caso verificar se a complexidade e as circunstâncias
o agente for condenado anteriormente por contraven- do caso determinam a adoção das providências
ção penal, mesmo que por pena restritiva de direitos previstas no parágrafo único do art. 66 desta Lei.
ou multa, não poderá esta impedir a concessão da Art. 78 Oferecida a denúncia ou queixa, será redu-
transação penal. zida a termo, entregando-se cópia ao acusado,
que com ela ficará citado e imediatamente
No caso de transação referente a crime ambien-
cientificado da designação de dia e hora para
tal (de menor potencial ofensivo), deve, ainda, haver
a audiência de instrução e julgamento, da qual
a prévia composição do dano ambiental (exceto caso também tomarão ciência o Ministério Público, o
haja impossibilidade comprovada de realizá-la). É o ofendido, o responsável civil e seus advogados.
que prevê o art. 27, da Lei nº 9.605/98, Lei de Crimes
Ambientais: Se for, portanto, o caso de dar prosseguimento
(caso a proposta não seja aceita ou o autor do fato
Art. 27 Nos crimes ambientais de menor potencial
não preencha os requisitos legais), o oferecimento de
ofensivo, a proposta de aplicação imediata de pena
denúncia se dará de forma oral (que será reduzida a
restritiva de direitos ou multa, prevista no art. 76
escrito). O denunciado já sai citado e ciente da data
da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, somen-
te poderá ser formulada desde que tenha havido a da audiência de instrução e julgamento.
prévia composição do dano ambiental, de que trata A partir daí, o procedimento sumaríssimo concen-
o art. 74 da mesma lei, salvo em caso de comprova- tra-se na audiência de instrução e julgamento, cujos
da impossibilidade. pontos principais vamos ver logo a seguir.
co oferecerá ao Juiz, de imediato, denúncia Juiz receberá, ou não, a denúncia ou queixa; haven-
oral, se não houver necessidade de diligências do recebimento, serão ouvidas a vítima e as teste-
imprescindíveis. munhas de acusação e defesa, interrogando-se a
§ 1º Para o oferecimento da denúncia, que será seguir o acusado, se presente, passando-se imedia-
elaborada com base no termo de ocorrência refe- tamente aos debates orais e à prolação da sentença.
rido no art. 69 desta Lei, com dispensa do inquérito § 1º Todas as provas serão produzidas na
policial, prescindir-se-á do exame do corpo de deli- audiência de instrução e julgamento, podendo o
to quando a materialidade do crime estiver aferida Juiz limitar ou excluir as que considerar excessivas,
por boletim médico ou prova equivalente. impertinentes ou protelatórias.
§ 2º Se a complexidade ou circunstâncias do
caso não permitirem a formulação da denúncia, A AIJ obedece ao princípio da oralidade e segue o
o Ministério Público poderá requerer ao Juiz o seguinte roteiro:
encaminhamento das peças existentes, na for-
ma do parágrafo único do art. 66 desta Lei.
141
Defensor (resposta à acusação) EMBARGOS DE
APELAÇÃO
DECLARAÇÃO
10. 13.
Art. 363. O processo terá completada a sua forma- Em “a”: Errado – Nos termos do artigo 427, do Códi-
ção quando realizada a citação do acusado. go de Processo Penal, a dúvida sobre a imparciali-
Em “a”: Errado – O acusado não é obrigado a cons- dade do júri, bem como o risco à segurança pessoal
tituir defensor, sendo obrigatória a assistência por do acusado são motivos que poderão ensejar o desa-
advogado, ainda que defensor público. foramento do julgamento.
Em “b”: Certo – De acordo com o artigo mencionado. Em “b”: Errado – A sentença de impronúncia desafia
Em “c”: Errado – O recebimento da denúncia se dá a o Recurso de Apelação, nos termos do artigo 416 do
após a citação, nomeação ou constituição de defen- Código de Processo Penal.
sor e despacho fundamentado do juiz, portanto, a Em “c”: Certo – Inteligência dos artigos 447 caput.
marcha processual já estaria bem avançada. Vejamos: Art. 447. O Tribunal do Júri é compos-
Em “d”: Errado – A resposta escrita é apresentada to por 1 (um) juiz togado, seu presidente e por 25
após a constituição do defensor, portanto, incorreta (vinte e cinco) jurados que serão sorteados dentre
a alternativa. os alistados, 7 (sete) dos quais constituirão o Con-
Em “e”: Errado – A juntada do mandado de citação selho de Sentença em cada sessão de julgamento.
aos autos é irrelevante na justiça criminal, con- Veja também o § 2º do art. 448 in verbis: Art. 448.
tando-se os prazos de defesa da efetiva citação do São impedidos de servir no mesmo Conselho (...) § 2º
Acusado. Aplicar-se-á aos jurados o disposto sobre os impe-
Resposta: Letra B. dimentos, a suspeição e as incompatibilidades dos
juízes togados.
11. Em “d”: Errado – Pronunciado o acusado, o defensor
e o Ministério Público serão intimados para apre-
Em “a”: Errado – Nos exatos termos do artigo 401, sentar o rol de testemunhas a serem ouvidas em ple-
não se compreendem, no número de testemunhas, nário até o número de 5 (cinco), conforme disposto
as que não prestarem compromisso e as referidas. no artigo 422 do Código de Processo Penal.
Em “b”: Errado – Nos termos do artigo 396-A, após Em “e”: Errado – Encerrada a instrução processual,
a apresentação da resposta do Acusado, o juiz pode- poderá o Juiz absolver sumariamente o Acusado,
rá o absolver sumariamente se: a) verificar como quando: a) provada a inexistência do fato; b) pro-
manifesta a existência de causa excludente de ilici- vado não ser ele o Autor ou partícipe do fato; c) o
tude; b) verificar manifesta causa de excludente de fato não constituir infração penal; d) demonstrada
culpabilidade, salvo inimputabilidade; c) quando causa de isenção de pena ou de exclusão do crime.
verificar que o fato narrado não constitui crime; d)
Resposta: Letra C.
estiver extinta a punibilidade do agente.
Em “c”: Errado – Ainda que arroladas, a parte pode-
rá desistir da oitiva das testemunhas, nos termos do 14.
artigo 401.
Em “d”: Errado – O procedimento sumaríssimo apli- Em “a”: Errado – Apenas no Recurso em Sentido
ca-se às contravenções penais e aos crimes cujas Estrito, Carta Testemunhável e Agravo em Execu-
penas máximas cominadas não forem superiores a ção há previsão de juízo de retratação.
2 anos, nos termos da lei 9099/95. Em “b”: Errado – Independente de quem interpôs a
Em “e”: Certo – A alternativa lista as causas de rejei- apelação, o Órgão Julgador pode reinquirir teste-
ção da denúncia ou queixa do artigo 395 do Código munhas, determinar novas diligencias e interrogar
de Processo Penal. Art. 395. A denúncia ou queixa o Réu.
será rejeitada quando: (Redação dada pela Lei nº Em “c”: Errado – Trata-se do efeito extensivo dos
11.719, de 2008). Recursos no Processo Penal. Desde que NÃO funda-
I - for manifestamente inepta; mentada em motivos pessoais, a decisão aproveita-
II - faltar pressuposto processual ou condição para rá os demais réus.
o exercício da ação penal; ou
DIREITO PROCESSUAL PENAL
ANOTAÇÕES
148
IMPEDIMENTO SUSPEIÇÃO
Sofre preclusão
advogado.
Art. 145 Há suspeição do juiz: Art. 146 No prazo de 15 (quinze) dias, a contar do
I - amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes conhecimento do fato, a parte alegará o impedimen-
ou de seus advogados; to ou a suspeição, em petição específica dirigida ao
II - que receber presentes de pessoas que tiverem juiz do processo, na qual indicará o fundamento da
interesse na causa antes ou depois de iniciado o recusa, podendo instruí-la com documentos em que
processo, que aconselhar alguma das partes acerca se fundar a alegação e com rol de testemunhas.
do objeto da causa ou que subministrar meios para § 1º Se reconhecer o impedimento ou a suspeição
atender às despesas do litígio; ao receber a petição, o juiz ordenará imediatamen-
III - quando qualquer das partes for sua credora te a remessa dos autos a seu substituto legal, caso
ou devedora, de seu cônjuge ou companheiro ou de contrário, determinará a autuação em apartado da
parentes destes, em linha reta até o terceiro grau, petição e, no prazo de 15 (quinze) dias, apresentará
inclusive; suas razões, acompanhadas de documentos e de rol
IV - interessado no julgamento do processo em de testemunhas, se houver, ordenando a remessa
favor de qualquer das partes. do incidente ao tribunal. 149
Art. 147 Quando 2 (dois) ou mais juízes forem I - ao membro do Ministério Público;
parentes, consanguíneos ou afins, em linha reta ou II - aos auxiliares da justiça;
colateral, até o terceiro grau, inclusive, o primeiro III - aos demais sujeitos imparciais do processo.
que conhecer do processo impede que o outro nele § 1º A parte interessada deverá arguir o impedi-
atue, caso em que o segundo se escusará, remeten- mento ou a suspeição, em petição fundamentada e
do os autos ao seu substituto legal. devidamente instruída, na primeira oportunidade
em que lhe couber falar nos autos.
O impedimento relaciona-se a circunstâncias de § 2º O juiz mandará processar o incidente em
índole objetiva, muitas vezes relacionadas à existência separado e sem suspensão do processo, ouvindo o
de relações jurídicas entre o juiz e outros sujeitos do arguido no prazo de 15 (quinze) dias e facultando a
processo. Os incisos I, II e III, do art. 144, referem-se à produção de prova, quando necessária.
atuação do magistrado no processo, em qualquer posi- § 3º Nos tribunais, a arguição a que se refere o § 1º
ção. As demais hipóteses são específicas, mas traduzem será disciplinada pelo regimento interno.
relações contratuais, de sucessão e trabalhistas, como § 4º O disposto nos §§ 1º e 2º não se aplica à argui-
as dos incisos V, VI e VII. Os incisos IV e VIII tratam das ção de impedimento ou de suspeição de testemunha.
relações de parentesco (sobre os graus de parentes-
co, ver tópico relacionado às causas de Impedimento Impedimento e suspeição são institutos proces-
legal para a citação). E o inciso IX trata de litígio entre o suais que também podem ser aplicados aos membros
magistrado contra a parte ou seu advogado. do Ministério Público, aos Auxiliares da Justiça e aos
Já as causas de suspeição referem-se a circunstân- demais sujeitos no processo, como, por exemplo, aos
cias marcadamente subjetivas, que revelam a proxi- conciliadores e mediadores.
midade ou o interesse do juiz na causa capaz de ferir Atenção! Não confunda as atuações do Ministério
sua imparcialidade. O impedimento induz presunção Público. Somente haverá possibilidade de arguir sus-
absoluta de parcialidade, enquanto a suspeição apenas peição ou impedimento a membro do MP que atuar
presunção relativa, admitindo-se prova em contrário. como fiscal da ordem jurídica. Caso este atue como
Questão interessante diz respeito se a causa da sus- parte legítima, a sua parcialidade é notória, o que afas-
peição é superveniente à atuação do magistrado. Ima- ta possível alegação de impedimento ou suspeição.
gine a hipótese de que o juiz tenha concedido tutela de Quanto aos demais sujeitos eventualmente obje-
urgência nos autos, mas antes da sentença, passa a ter tos de arguição de impedimento ou suspeição, cabe
relações de amizade com uma das partes, ou ocorra destacar que a arguição deve ser julgada pelo Juiz de
qualquer causa de suspeição, vindo a declarar-se sus- primeiro grau, com concessão de prazo de 15 (quinze)
peito por motivo de foro íntimo. Indaga-se: as decisões dias para resposta do arguido, sem que haja neces-
por ele proferidas anteriormente serão afetadas pela sidade de suspensão do processo (§ 2º, art. 148, do
suspeição superveniente? O Superior Tribunal de Jus-
CPC/2015). Ainda, caso a arguição ocorra com o pro-
tiça disse que não, passando a incidir apenas depois
cesso já tramitando em segunda instância (no Tribu-
de efetivamente declarada pelo magistrado (STJ, 1ª
nal), deverá ser observado o procedimento previsto
Seção, PET no Resp 1.339.313-RJ, Rel. Min. Sérgio Kuki-
no regimento interno do respectivo Tribunal (§ 2º, art.
na, Rel. para acórdão Min. Assusete Magalhães, julga-
148, do CPC/2015), que substituirá ou complementa-
do em 13/04/2016 – Informativo nº 587).
rá o procedimento geral previsto no § 1º, art. 148, do
Outro caso decidido, também, pelo STJ diz respei-
CPC/2015.
to ao eventual impedimento de desembargador que
participa, como revisor, no julgamento de apelação, Na forma do § 4º, art. 148, para o caso de testemu-
quando seu cônjuge, também desembargadora, pro- nhas de ambas as partes, tem-se, no CPC/2015, pro-
feriu decisão em agravo de instrumento oriundo da cedimento próprio para discussão desses temas que
mesma causa originária. Essa é a regra atual do art. lhe impedem a oitiva nesta qualidade (Art. 457, do
147, anteriormente citado, que visa evitar possível CPC/2015).
influência entre os magistrados em virtude de víncu- Por fim, vale acrescentar que para eventuais casos
los afetivos e familiares. Entretanto, o STJ entendeu de suspeição dos auxiliares da justiça, as regras devem
que não se aplica o impedimento quando a decisão ser extraídas dos regimentos internos do respectivo
anterior não aprecia o mérito, já que extinta por per- tribunal . Além disso, de acordo com o § 1º, art. 466,
da de objeto. do CPC/2015, os assistentes técnicos são de confiança
Imagine que o cônjuge tenha atuado no julgamen- da parte e, portanto, não se sujeitam a arguições de
to de agravo de instrumento, o qual não teve seu méri- impedimento ou suspeição devido a sua presunção de
to analisado, sendo extinto por questões processuais parcialidade.
(perda do objeto por superveniência de sentença no O inciso I, § 1º, art. 465, do CPC/2015, trata do pro-
processo de origem). Esse seria o caso, mas sem inci- cedimento específico para alegação de impedimento
dir no impedimento, já que não apreciado o mérito ou suspeição do perito nomeado no caso concreto.
da causa.
DOS AUXILIARES DA JUSTIÇA
registro.
dos sistemas, disciplinando a incorporação pro-
Já o art. 194 trata do princípio da publicidade dos gressiva de novos avanços tecnológicos e editando,
atos e das garantias do PJe para esse fim, os atos que forem necessários, respei-
tadas as normas fundamentais deste Código.
PJe (Processo Judicial Eletrônico), que são:
O caput do art. 197 trata da divulgação de informa-
z Disponibilidade: uso da informação;
ções constantes nos sistemas eletrônicos pelos Tribu-
z Independência da plataforma computacional: não
nais. Merece destaque o parágrafo único. Veja o teor
dependência do uso de um único equipamento
da sua redação:
tecnológico;
z Acessibilidade: possibilitar o acesso das informa- Art. 197 Os tribunais divulgarão as informações
ções aos demais usuários; constantes de seu sistema de automação em pági-
z Interoperabilidade dos sistemas, serviços, dados e na própria na rede mundial de computadores,
informações: possibilitar a comunicação adequa- gozando a divulgação de presunção de veracidade
da entre os sistemas. e confiabilidade. 153
Parágrafo único. Nos casos de problema técnico do discutido no processo) é um ato bilateral, pois pressu-
sistema e de erro ou omissão do auxiliar da justiça põe manifestação de vontade de ambos os envolvidos.
responsável pelo registro dos andamentos, poderá Do mesmo modo, lembre-se do negócio jurídico pro-
ser configurada a justa causa prevista no art. 223, cessual, que vimos há pouco.
caput e § 1º. Como regra, os atos iniciam a produção de efeitos
logo que praticados:
Essa “justa causa” considera o evento alheio à von-
tade da parte que a impediu de praticar o ato, por si Art. 200 Os atos das partes consistentes em decla-
ou por mandatário. Portanto, decorrido o prazo, a rações unilaterais ou bilaterais de vontade produ-
parte pode provar que não realizou o ato por “justa zem imediatamente a constituição, modificação ou
causa”, o que ensejará a fixação de novo prazo, se aco- extinção de direitos processuais.
lhida a pretensão. Parágrafo único. A desistência da ação só produzi-
Exemplificando, a “justa causa” pode se revelar na rá efeitos após homologação judicial.
indisponibilidade de acesso ao sistema informatizado
do respectivo Tribunal, ou por erro/omissão do auxi- O pedido de desistência da ação produz efeitos
liar da justiça responsável pela prática de determina- somente depois de homologação judicial. Se o autor,
do ato processual eletrônico, como publicação de uma por exemplo, pretende desistir da ação, deverá formu-
decisão ou sentença, por exemplo. lar o respectivo requerimento nos autos, mas a desis-
tência deve passar pela homologação judicial, a partir
da qual produzirá efeitos. Se já ocorrida a contestação
Importante! (defesa do réu), o autor somente poderá desistir com a
anuência (concordância) da parte contrária.
O STJ entende que o equívoco nas informações Os atos das partes podem ser assim classificados:
processuais prestadas na página eletrônica dos
tribunais configura justa causa, nos termos do § z Atos postulatórios: Atos nos quais as partes
2º, art. 183, do CPC/2015, a autorizar a prática pedem ou requerem algo ao Juízo a fim de buscar a
posterior do ato, sem prejuízo da parte. (STJ REsp sua pretensão ou defender seu direito. Dividem-se,
960.280 – RS; REsp 1.438.529; REsp 1.491.029). então, em pedidos e requerimentos. São exemplos:
petição inicial, contestação, requerimento para
produção de provas, dentre outros;
Deve o Poder Judiciário manter gratuitamente z Atos dispositivos: Aqueles pelos quais as partes
equipamentos necessários à prática de atos proces- dispõem de um direito que possuem. Exemplos:
suais eletrônicos e suas respectivas consultas, sob renúncia ao prazo recursal, renúncia a um meio
pena de se admitir a prática desses atos processuais probatório;
por meio não eletrônico, se no local não dispuser de z Atos instrutórios: Destinados a comprovar suas
equipamentos, na forma do caput do art. 198. alegações, a instruir o processo com a compro-
vação dos fatos. Exemplos: oitiva de testemunha,
Art. 198 As unidades do Poder Judiciário deverão requisição de documentos.
manter gratuitamente, à disposição dos interessa-
dos, equipamentos necessários à prática de atos É direito das partes exigir recibo dos atos que pra-
processuais e à consulta e ao acesso ao sistema e ticam em juízo quando entregam petições ou quais-
aos documentos dele constantes. quer outros documentos.
Parágrafo único. Será admitida a prática de atos
por meio não eletrônico no local onde não estive- Art. 201 As partes poderão exigir recibo de peti-
rem disponibilizados os equipamentos previstos no ções, arrazoados, papéis e documentos que entre-
caput. garem em cartório.
Art. 199 As unidades do Poder Judiciário assegu- Art. 202 É vedado lançar nos autos cotas marginais
rarão às pessoas com deficiência acessibilidade ou interlineares, as quais o juiz mandará riscar,
aos seus sítios na rede mundial de computadores, impondo a quem as escrever multa correspondente
ao meio eletrônico de prática de atos judiciais, à à metade do salário-mínimo.
comunicação eletrônica dos atos processuais e à
assinatura eletrônica.
Dos Pronunciamentos do Juiz
Dos Atos das Partes Os pronunciamentos judiciais são atos processuais
praticados pelo juiz que consistem na apreciação de
As partes praticam diversos atos processuais, alguma questão (de fato ou de direito), além de terem
necessários para defender seus direitos. As postu- como objetivo também o mero andamento do proces-
lações das partes são o meio pelo qual elas “conver- so. Por meio de tais atos, o juiz exerce sua jurisdição,
sam” com o juiz. Tendo elas uma demanda ou não dispondo sobre algo que foi requerido pelas partes ou
pretendendo que sua esfera jurídica seja afetada, evi- determinando os atos subsequentes do procedimento.
dentemente devem buscar convencer o juiz de seus Vejamos o que diz o CPC com relação aos pronun-
argumentos. Isso se dá pelos atos processuais. ciamentos judiciais:
Os atos das partes podem ser unilaterais ou bila-
terais, sendo aqueles os mais comuns. Como atos Art. 203 Os pronunciamentos do juiz consistirão
unilaterais, podemos lembrar dos atos de postulação em sentenças, decisões interlocutórias e despachos.
das partes, como petição inicial, contestação, réplica, § 1º Ressalvadas as disposições expressas dos pro-
requerimento para produção de provas e interpo- cedimentos especiais, sentença é o pronunciamento
sição de recursos. São atos que, para sua formação, por meio do qual o juiz, com fundamento nos arts.
basta a vontade da parte que os pratica. Já a transação 485 e 487, põe fim à fase cognitiva do procedimento
154 (quando as partes fazem um acordo sobre o direito comum, bem como extingue a execução.
§ 2º Decisão interlocutória é todo pronunciamento Dica
judicial de natureza decisória que não se enquadre
no § 1º. Juntada é o ato de anexar algum documento ao
§ 3º São despachos todos os demais pronunciamen- processo, daí utilizar-se o “termo de juntada”; já
tos do juiz praticados no processo, de ofício ou a a “vista” diz respeito a levar ao conhecimento de
requerimento da parte. algum ato.
§ 4º Os atos meramente ordinatórios, como a junta- O ato de pedir vista implica na disposição do pro-
da e a vista obrigatória, independem de despacho,
devendo ser praticados de ofício pelo servidor e cesso a alguém para análise. Se a vista for às
revistos pelo juiz quando necessário. partes, caberá a elas, por seus advogados, mani-
Art. 204 Acórdão é o julgamento colegiado proferi- festarem-se dentro do prazo concedido.
do pelos tribunais.
Dos Atos do Escrivão ou do Chefe de Secretaria
Sobre a diferença entre os tipos de pronunciamen-
to dos juízes citados nesse artigo, podemos resumi-los Os arts. 206 ao 209 do CPC/2015 preveem como
da seguinte forma: obrigação do escrivão ou chefe de secretaria o recebi-
mento da petição inicial do processo e sua consequen-
te autuação, bem como numeração e rubrica de todas
Põe fim à fase de as folhas dos autos, inclusive termos de juntada, vista,
Sentença / Acórdão conhecimento ou extingue a
execução
conclusão e outros semelhantes.
O escrivão ou chefe de secretaria deve, ainda, cer-
tificar eventual omissão ou impossibilidade de assi-
natura pelas pessoas que intervenham no processo
Pronunciamentos judiciais
(como os advogados por exemplo).
no curso do processo e
Decisões Interlocutórias que resolvem questões Art. 206 Ao receber a petição inicial de processo, o
incidentes, sem pôr fim ao escrivão ou o chefe de secretaria a autuará, men-
processo cionando o juízo, a natureza do processo, o número
de seu registro, os nomes das partes e a data de seu
início, e procederá do mesmo modo em relação aos
São decisões que
volumes em formação.
Despacho meramente impulsionam o Art. 207 O escrivão ou o chefe de secretaria nume-
andamento do processo rará e rubricará todas as folhas dos autos.
Parágrafo único. À parte, ao procurador, ao mem-
bro do Ministério Público, ao defensor público e aos
auxiliares da justiça é facultado rubricar as folhas
Caso algum desses atos seja praticado oralmente, o
correspondentes aos atos em que intervierem.
servidor deverá reduzi-los a termo, submetendo-o ao
Art. 208 Os termos de juntada, vista, conclusão e
juiz para revisão e assinatura.
outros semelhantes constarão de notas datadas e
Os atos meramente ordinatórios, como a juntada e rubricadas pelo escrivão ou pelo chefe de secretaria.
a vista obrigatória, independem de despacho, deven- Art. 209 Os atos e os termos do processo serão assi-
do ser praticados de ofício pelo servidor e revistos nados pelas pessoas que neles intervierem, todavia,
pelo juiz quando necessário. quando essas não puderem ou não quiserem firmá-
O caput do art. 205 deve ser interpretado de forma -los, o escrivão ou o chefe de secretaria certificará
literal, pois cabe ao Magistrado redigir, datar e assinar a ocorrência.
seus pronunciamentos (despachos, decisões, senten- § 1º Quando se tratar de processo total ou parcial-
ças e, no âmbito do tribunal, os acórdãos). mente documentado em autos eletrônicos, os atos
processuais praticados na presença do juiz poderão
Art. 205 Os despachos, as decisões, as sentenças e ser produzidos e armazenados de modo integral-
os acórdãos serão redigidos, datados e assinados mente digital em arquivo eletrônico inviolável, na
pelos juízes. forma da lei, mediante registro em termo, que será
§ 1º Quando os pronunciamentos previstos no assinado digitalmente pelo juiz e pelo escrivão ou
caput forem proferidos oralmente, o servidor os chefe de secretaria, bem como pelos advogados das
documentará, submetendo-os aos juízes para revi- partes.
são e assinatura. § 2º Na hipótese do § 1º, eventuais contradições
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
§ 2º A assinatura dos juízes, em todos os graus de juris- na transcrição deverão ser suscitadas oralmente
dição, pode ser feita eletronicamente, na forma da lei. no momento de realização do ato, sob pena de pre-
§ 3º Os despachos, as decisões interlocutórias, o clusão, devendo o juiz decidir de plano e ordenar o
dispositivo das sentenças e a ementa dos acórdãos registro, no termo, da alegação e da decisão.
serão publicados no Diário de Justiça Eletrônico.
Em se tratando de processo total ou parcialmente
Acrescenta-se que, mesmo quando os pronuncia- eletrônico, os atos processuais praticados na presença
mentos ocorrem de maneira oral, caberá ao servidor do juiz (como, por exemplo, uma audiência), poderão
da justiça reduzir a termo e submeter à revisão, data e ser produzidos e armazenados de modo integralmen-
assinatura do Magistrado (§ 1º, Art. 205). te digital em arquivo eletrônico inviolável, na forma
A prática dessas atividades pode ser realizada ele- da lei.
tronicamente, independente de os autos do processo Assim, tomando o exemplo da audiência, esta deve-
serem eletrônicos ou não (§ 2º, Art. 205). E, por fim, rá ser registrada em termo, que será assinado digital-
todos os pronunciamentos deverão ser publicados em mente pelo juiz e pelo escrivão ou chefe de secretaria,
Diário de Justiça Eletrônico (§ 3º, Art. 205). bem como pelos advogados das partes. 155
Já o § 2º do art. 209 possibilita às partes contradi- Art. 213 A prática eletrônica de ato processual
tarem essa transcrição oralmente e no momento da pode ocorrer em qualquer horário até as 24 (vinte e
realização do ato, sob pena de preclusão. Cabe ao Juiz quatro) horas do último dia do prazo.
decidir imediatamente e proceder o registro no termo Parágrafo único. O horário vigente no juízo perante
eletrônico todo o ocorrido, desde a alegação até sua o qual o ato deve ser praticado será considerado
decisão. para fins de atendimento do prazo.
Art. 214 Durante as férias forenses e nos feriados,
Art. 210 É lícito o uso da taquigrafia, da estenotipia não se praticarão atos processuais, excetuando-se:
ou de outro método idôneo em qualquer juízo ou I - os atos previstos no art. 212, § 2º;
tribunal. II - a tutela de urgência.
Na forma do art. 210, do CPC/2015, é possível, em Entende-se como férias forenses o período com-
qualquer juízo ou tribunal, o uso de métodos de abre- preendido entre 20 de dezembro e 20 de janeiro, na
viação ou simbólicos de escrita, com o objetivo de forma do art. 220, do CPC/2015. O art. 215, do CPC/2015,
melhorar a velocidade da escrita), seja pela taquigra- prevê os atos processuais que serão praticados mes-
fia (escrita à mão), pela estenotipia (escrita por máqui- mo durante esse período:
na/computador) ou por qualquer outro meio idôneo.
z Procedimentos de jurisdição voluntária (disposi-
Art. 211 Não se admitem nos atos e termos pro-
cessuais espaços em branco, salvo os que forem
ções gerais - arts. 719 ao 72 do CPC/2015);
inutilizados, assim como entrelinhas, emendas ou z Necessários à conservação de direitos, quando
rasuras, exceto quando expressamente ressalvadas. prejuízo pelo adiamento (intimação para cumpri-
mento de uma tutela de saúde, por exemplo);
Por fim, o art. 211 veda a existência de espaços em z A ação de alimentos (Lei 5.478/68); execução de ali-
branco nos atos e termos processuais, salvo os que mentos (arts. 911 ao 913 do CPC/2015) e alimentos
forem inutilizados (entrelinhas, emendas ou rasuras, gravídicos (Lei 11.804/2008);
exceto quando expressamente justificadas). z Processos de nomeação (inciso I, Art. 759, Arts.
1.729 a 1.732 e Art. 1.775-A, do Código Civil; inciso
DO TEMPO E DO LUGAR DOS ATOS PROCESSUAIS III, Art. 201, do ECA) ou remoção (art. 761 do Códi-
go Civil, Art. 164 e inciso III, Art. 201, do ECA) de
A prática dos atos processuais deve ocorrer dentro tutor e curador.
da época e dos prazos fixados em lei. Então, a lei esta-
belece os dias em que podem ser praticados atos pro- Art. 215 Processam-se durante as férias forenses,
cessuais, além dos prazos para cada ato processual, a onde as houver, e não se suspendem pela superve-
fim de assegurar seu adequado andamento. niência delas:
Os atos processuais serão realizados em dias úteis, I - os procedimentos de jurisdição voluntária e
das 6 às 20 horas, podendo ser concluídos após esse os necessários à conservação de direitos, quando
horário desde que iniciados antes, quando o adiamen- puderem ser prejudicados pelo adiamento;
to prejudicar a diligência ou causar grave dano (Art. II - a ação de alimentos e os processos de nomeação
212, do CPC). ou remoção de tutor e curador;
Os atos praticados na forma eletrônica poderão III - os processos que a lei determinar.
ser realizados em qualquer horário até as 24 horas
do último dia do prazo. Falando-se em autos físicos, a Por fim, o art. 216 trata dos feriados para fins judi-
petição deverá ser protocolada dentro do horário de ciários, haja vista que, além dos previstos em lei (1ª
funcionamento do Judiciário local. de janeiro – Lei 662/1949; 21 de abril – Lei 10.601/02;
Na contagem por dias úteis, excluem-se sábados, entre outros), também serão considerados feriados os
domingos e feriados. Dias úteis são aqueles em que há sábados, domingos e os dias em que não houver expe-
expediente forense. Essa contagem se difere da conta- diente forense.
gem por dias corridos, que englobaria dias não úteis.
Assim, um prazo de cinco dias, por exemplo, iniciado Art. 216 Além dos declarados em lei, são feriados,
na quinta-feira, teria seu curso normal durante o fim para efeito forense, os sábados, os domingos e os
de semana. O CPC/2015 previu a contagem em dias dias em que não haja expediente forense.
úteis.
Do Lugar
Art. 212 Os atos processuais serão realizados em
dias úteis, das 6 (seis) às 20 (vinte) horas. Quanto ao lugar da prática dos atos processuais,
§ 1º Serão concluídos após as 20 (vinte) horas os veja a redação do art. 217, do CPC/2015:
atos iniciados antes, quando o adiamento prejudi-
car a diligência ou causar grave dano. Art. 217 Os atos processuais realizar-se-ão ordina-
§ 2º Independentemente de autorização judicial, as riamente na sede do juízo, ou, excepcionalmente,
citações, intimações e penhoras poderão realizar- em outro lugar em razão de deferência, de interes-
-se no período de férias forenses, onde as houver, e se da justiça, da natureza do ato ou de obstáculo
nos feriados ou dias úteis fora do horário estabele- arguido pelo interessado e acolhido pelo juiz.
cido neste artigo, observado o disposto no art. 5º,
inciso XI, da Constituição Federal.
Portanto, tem-se como regra que os atos proces-
§ 3º Quando o ato tiver de ser praticado por meio
de petição em autos não eletrônicos, essa deverá suais serão praticados no local onde se situa o juízo,
ser protocolada no horário de funcionamento do considerando o ambiente virtual do processo judi-
fórum ou tribunal, conforme o disposto na lei de cial eletrônico também como sede do juízo. Deve-se,
156 organização judiciária local. porém, observar as seguintes exceções:
z Deferência: inquiridos em sua residência ou onde Portanto, membros do Ministério Público, da Advocacia
exercem sua função (Art. 454, do CPC/2015); Pública, da Defensoria Pública, Juízes e Auxiliares da Jus-
z Natureza do ato / Interesse da justiça: inspe- tiça não deixarão de exercer suas funções.
ção judicial realizada no local indicado, como por Veja a redação do art. 220, do CPC/2015.
exemplo uma perícia advinda de dano ambiental
(Art. 481, do CPC/2015); Art. 220 Suspende-se o curso do prazo processual
z Natureza do ato / Obstáculo arguido pelo inte- nos dias compreendidos entre 20 de dezembro e 20
resse e acolhido pelo juiz: parte ou testemunha de janeiro, inclusive.
arrolada que se encontra enferma ou que por outro § 1º Ressalvadas as férias individuais e os feriados
motivo relevante esteja impossibilitada de compa- instituídos por lei, os juízes, os membros do Minis-
recer à sede do juízo, mas não impossibilitada de
tério Público, da Defensoria Pública e da Advocacia
depor (parágrafo único, Art. 449, do CPC/2015).
Pública e os auxiliares da Justiça exercerão suas
atribuições durante o período previsto no caput.
DOS PRAZOS § 2º Durante a suspensão do prazo, não se realiza-
rão audiências nem sessões de julgamento.
O processo se movimenta por impulso oficial, isto
é, o órgão judiciário tem o dever de dar andamento ao
O ato processual praticado durante o recesso
processo, uma vez iniciado. Para possibilitar isso, a lei
estabelece prazos para a prática dos atos processuais. forense considera-se realizado no primeiro dia útil,
Prazo é o lapso temporal (compreendido entre o que não será incluso na contagem do prazo, conforme
termo inicial e o termo final) para a prática dos atos STJ, AgRg no AREsp 23.139/MA.
processuais. Os prazos legais são estabelecidos pela
lei. Caso nem a lei nem o juiz estipulem o prazo, ele Art. 221 Suspende-se o curso do prazo por obstá-
será de 5 dias para a prática do ato processual. culo criado em detrimento da parte ou ocorrendo
qualquer das hipóteses do art. 313, devendo o prazo
Art. 218 Os atos processuais serão realizados nos ser restituído por tempo igual ao que faltava para
prazos prescritos em lei. sua complementação.
§ 1º Quando a lei for omissa, o juiz determinará os Parágrafo único. Suspendem-se os prazos durante
prazos em consideração à complexidade do ato. a execução de programa instituído pelo Poder Judi-
§ 2º Quando a lei ou o juiz não determinar prazo, as ciário para promover a autocomposição, incum-
intimações somente obrigarão a comparecimento bindo aos tribunais especificar, com antecedência,
após decorridas 48 (quarenta e oito) horas.
a duração dos trabalhos.
§ 3º Inexistindo preceito legal ou prazo determina-
do pelo juiz, será de 5 (cinco) dias o prazo para a
prática de ato processual a cargo da parte. Avançando, o art. 221, do CPC/2015, também trata
§ 4º Será considerado tempestivo o ato praticado da suspensão de prazos, autorizando a suspensão da
antes do termo inicial do prazo. contagem nas seguintes hipóteses:
preendido entre 20 de dezembro e 20 de janeiro, dor, suspensão por convenção entre as partes, entre
incluindo-se essas datas citadas como marco inicial e outras.
marco final de contagem do período de recesso. No tocante aos “obstáculos” previstos no caput
do art. 221 do CPC/2015, podem ocorrer de diversas
Dica formas, desde um ato administrativo do respectivo
Enunciado 269 do Fórum Permanente de Pro- tribunal prevendo suspensão de prazo em um deter-
cessualistas: “A suspensão de prazos de 20 de minado dia, até mesmo nos casos de encerramento do
dezembro a 20 de janeiro é aplicável aos Juiza- expediente forense antes do horário legal (em razão
dos Especiais”. de chuva, ausência energia elétrica, algum evento na
comarca, entre outros fatos geradores).
Apesar do significativo período de recesso forense, o § Nesses casos, o prazo deve ser restituído não na
1º, do art. 220, deixa claro que mesmo neste período todos sua integralidade, mas na proporção do que faltava
os sujeitos do processo poderão exercer suas funções nor- para seu encerramento. É o que dispõe o caput do art.
malmente, ressalvadas as hipóteses de férias individuais. 221 do CPC/2015. 157
Art. 222 Na comarca, seção ou subseção judiciária Portanto, decorrido o prazo, a parte pode provar
onde for difícil o transporte, o juiz poderá prorro- que não realizou o ato por “justa causa”, o que ense-
gar os prazos por até 2 (dois) meses. jará a fixação de novo prazo para cumprimento do
§ 1º Ao juiz é vedado reduzir prazos peremptórios encargo, se acolhida a pretensão pelo Magistrado.
sem anuência das partes. A contagem dos prazos deve ser orientada pelo art.
§ 2º Havendo calamidade pública, o limite previsto
224 do CPC, segundo o qual, em regra, os prazos serão
no caput para prorrogação de prazos poderá ser
contados excluindo-se o dia do começo e incluindo-se
excedido.
o dia do vencimento. O § 3º do mencionado dispositivo
O Novo Código de Processo Civil também inovou estabelece que a contagem do prazo terá início no pri-
ao incluir as “sessões ou subseções judiciárias” ao lado meiro dia útil que seguir ao da publicação. Vejamos:
das “comarcas”, denominações utilizadas respectiva-
mente na Justiça Federal e na Justiça Estadual. Tem-se, Art. 224 Salvo disposição em contrário, os prazos
portanto, a exclusão de qualquer dúvida em relação serão contados excluindo o dia do começo e incluin-
à aplicabilidade da norma do art. 222 do CPC/2015 no do o dia do vencimento.
âmbito da Justiça Federal, pois há previsão expressa. § 1º Os dias do começo e do vencimento do prazo
A literalidade do caput do art. 222 é bem clara ao serão protraídos para o primeiro dia útil seguinte,
versar que nos locais de difícil transporte, o juiz pode- se coincidirem com dia em que o expediente forense
rá prorrogar por até 2 (dois) meses os prazos, podendo for encerrado antes ou iniciado depois da hora nor-
exceder este limite, em caso de calamidade pública (§ mal ou houver indisponibilidade da comunicação
eletrônica.
2º do Art. 222).
§ 2º Considera-se como data de publicação o pri-
Todavia, não poderá o magistrado reduzir os pra-
meiro dia útil seguinte ao da disponibilização da
zos peremptórios sem anuência das partes (§ 1º do
informação no Diário da Justiça eletrônico.
Art. 222). Este dispositivo prestigia o negócio jurídico
§ 3º A contagem do prazo terá início no primeiro
processual (Art. 190 do CPC/2015) com possibilida- dia útil que seguir ao da publicação.
de de fixação de calendário processual (Art. 191 do
CPC/2015), que conferem maior independência às par-
A parte poderá, ainda, renunciar ao prazo estabe-
tes na definição das regras procedimentais de ações
lecido em seu favor desde que faça de forma expres-
que versem sobre direitos disponíveis.
sa. Por exemplo, manifestar nos autos do processo
O caput do Art. 223, do CPC/2015, revela a hipóte-
renunciando o prazo recursal.
se de preclusão temporal, ou seja, aquela que ocorreu
devido ao transcurso do prazo anteriormente previs- Neste sentido, veja o que dispõe o art. 225, do CPC:
to, sem que houvesse manifestação da parte ou com
sua manifestação posterior (intempestiva). Art. 225 A parte poderá renunciar ao prazo esta-
belecido exclusivamente em seu favor, desde que o
Art. 223 Decorrido o prazo, extingue-se o direito de faça de maneira expressa.
praticar ou de emendar o ato processual, indepen-
dentemente de declaração judicial, ficando assegu- Os prazos podem ser classificados da seguinte
rado, porém, à parte provar que não o realizou por forma:
justa causa.
§ 1º Considera-se justa causa o evento alheio à von- z Peremptórios: São imperativos e não admitem
tade da parte e que a impediu de praticar o ato por prorrogação. Exemplos: contestar, recorrer;
si ou por mandatário.
z Dilatórios: Admitem prorrogação;
§ 2º Verificada a justa causa, o juiz permitirá à par-
z Próprios: Das partes, sujeitos à preclusão;
te a prática do ato no prazo que lhe assinar.
z Impróprios: Do juiz e seus auxiliares.
Conceituando brevemente, preclusão é a perda do
direito de manifestação no processo, ou seja, é a perda Nessa última hipótese, veja-se o disposto no art.
da capacidade para praticar atos processuais, que pode 226, do CPC:
ser gerada: pela realização do ato; pela não realização
do ato no prazo; ou pela realização de forma indevida. Art. 226 O juiz proferirá:
O instituto processual da preclusão guarda direta I - os despachos no prazo de 5 (cinco) dias;
relação com princípios norteadores do processo civil, II - as decisões interlocutórias no prazo de 10 (dez)
como a razoável duração do processo e a boa-fé objetiva. dias;
A preclusão pode ser temporal, lógica, consumati- III - as sentenças no prazo de 30 (trinta) dias.
va e sanção. Veja: Art. 227 Em qualquer grau de jurisdição, havendo
motivo justificado, pode o juiz exceder, por igual
z Temporal: em razão do transcurso do prazo, sem tempo, os prazos a que está submetido.
manifestação ou com manifestação posterior
(intempestiva); Os prazos não se aplicam somente aos juízes, mas
z Lógica: em razão de prática processual, anterior e também aos serventuários da justiça e advogados.
incompatível com o ato atual; Assim, vejamos:
z Consumativa: em razão do já exercício do direito
previsto naquele ato atual a ser praticado; Art. 228 Incumbirá ao serventuário remeter os
z Sanção: em razão da prática de ato ilícito. autos conclusos no prazo de 1 (um) dia e executar
os atos processuais no prazo de 5 (cinco) dias, con-
Os §§ 1º e 2º do art. 223, do CPC/2015, tratam de hipó- tado da data em que:
tese já estudada, a “justa causa” para não cumprimento I - houver concluído o ato processual anterior, se
tempestivo do ato processual. Essa “justa causa” consi- lhe foi imposto pela lei;
dera o evento alheio à vontade da parte e que lhe impe- II - tiver ciência da ordem, quando determinada
158 diu de praticar o ato, por si ou por seu mandatário. pelo juiz.
§ 1º Ao receber os autos, o serventuário certificará § 1º Quando houver mais de um réu, o dia do come-
o dia e a hora em que teve ciência da ordem referida ço do prazo para contestar corresponderá à última
no inciso II. das datas a que se referem os incisos I a VI do caput.
§ 2º Nos processos em autos eletrônicos, a juntada
de petições ou de manifestações em geral ocorrerá A forma de computar o prazo está estabelecida
de forma automática, independentemente de ato de no art. 224 do CPC, dispondo que, em regra, os prazos
serventuário da justiça. serão contados excluindo o dia do começo e incluindo
o dia do vencimento, não se iniciando ou encerrando
Vamos conhecer um pouco acerca dos prazos apli- em dia não útil.
cáveis às partes, mais precisamente aos advogados. Suponha o seguinte exemplo: o dia do começo do
Os prazos para os litisconsortes (diz-se litisconsór- prazo, contemplando alguma das hipóteses do art. 231,
cio quando temos a reunião de duas ou mais pessoas como a juntada do mandado, deu-se em 08/03/2021.
em algum ou ambos os polos da demanda) que tive- Considerando um prazo de 15 dias, o termo inicial do
rem diferentes procuradores, de escritórios de advo- prazo se dará no próximo dia útil seguinte, 09/03/2021,
cacia distintos, serão contados em dobro para todas e seu termo final, em 29/03/2021.
as suas manifestações, em qualquer juízo ou tribunal,
independentemente de requerimento. Porém, essa ◄ ABRIL
MARÇO
regra não se aplica se o processo for eletrônico, uma FEVEREIRO ►
vez que ambos conseguem acessar o processo de for- Dom Seg Ter Qua Qui Sex Sáb
ma simultânea. 1 2 3 4 5 6
Art. 229 Os litisconsortes que tiverem diferentes 7 8 9 10 11 12 13
procuradores, de escritórios de advocacia distin- 14 15 16 17 18 19 20
tos, terão prazos contados em dobro para todas as
suas manifestações, em qualquer juízo ou tribunal, 21 22 23 24 25 26 27
independentemente de requerimento.
§ 1º Cessa a contagem do prazo em dobro se, haven- 28 29 30 31
do apenas 2 (dois) réus, é oferecida defesa por ape-
nas um deles. Art. 232 Nos atos de comunicação por carta pre-
§ 2º Não se aplica o disposto no caput aos proces- catória, rogatória ou de ordem, a realização da
sos em autos eletrônicos. citação ou da intimação será imediatamente infor-
mada, por meio eletrônico, pelo juiz deprecado ao
O início do prazo será contado a partir da citação, juiz deprecante.
da intimação, ou ainda, da notificação.
Trata o art. 232 do CPC/2015 de ato de cooperação
Art. 230 O prazo para a parte, o procurador, a na jurisdição que permeia o CPC/2015, onde juízos de
Advocacia Pública, a Defensoria Pública e o Minis- diferentes localidades (Juiz do Rio de Janeiro x Juiz
tério Público será contado da citação, da intimação de São Paulo, por exemplo) e de diferentes esferas
ou da notificação. do Poder Judiciário (Justiça Federal x Justiça Esta-
dual, por exemplo) cooperam entre si, através de atos
A contagem do prazo respeita o art. 231 do CPC,
de comunicação, como carta precatória ou carta de
que assim estabelece:
ordem, no âmbito da cooperação jurídica nacional.
Art. 231 Salvo disposição em sentido diverso, con-
sidera-se dia do começo do prazo: Da Verificação dos Prazos e das Penalidades
I - a data de juntada aos autos do aviso de recebi-
Os seguintes artigos tratam da verificação dos
mento, quando a citação ou a intimação for pelo
excessos de prazos e das suas penalidades, dos ser-
correio;
ventuários e daqueles que possuem capacidade pos-
II - a data de juntada aos autos do mandado cum-
tulatória. Essas verificações são necessárias para o fiel
prido, quando a citação ou a intimação for por ofi-
cial de justiça;
cumprimento de normas fundamentais do processo
III - a data de ocorrência da citação ou da intima- civil, como a garantia da razoável duração do proces-
ção, quando ela se der por ato do escrivão ou do so (art. 4º do CPC/2015) e a observância do modelo de
chefe de secretaria; processo civil cooperativo (art. 6º do CPC/2015).
IV - o dia útil seguinte ao fim da dilação assinada O art. 6º do CPC/2015 versa claramente que “todos
os sujeitos do processo devem cooperar entre si para
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
A Constituição Federal, no inciso II do art. 93, II prevê A citação é o ato pelo qual são convocados o réu,
que o juiz que, injustificadamente, retiver os autos do pro- o executado ou o interessado para integrar a relação
cesso (físico ou eletrônico) não será promovido, e somen- processual. A relação jurídica processual será, então,
te poderá devolvê-los com o devido pronunciamento. formada pelos sujeitos parciais (autor e réu) e pelo
Estado-juiz (sujeito imparcial). Com a citação, forma-
COMUNICAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS -se a relação jurídica processual:
Todavia, poderá também ser necessária a expedi- liminar do pedido (art. 332).
ção das seguintes cartas (art. 237): O indeferimento da petição inicial ocorre quando
a postulação do autor não satisfizer requisitos míni-
a) carta de ordem, pelo tribunal, na hipótese do § 2º mos, como estudaremos no tópico relativo à petição
do art. 236. É a carta expedida por órgãos judiciário inicial. A rejeição liminar do pedido ocorrerá quando
superior para ser cumprida por órgãos inferior a ele a pretensão do autor contrariar entendimentos vincu-
vinculado. Exemplo: o Ministro do STF expede carta lantes dos tribunais. Também trataremos dessas hipó-
de ordem para que o juízo da Comarca de São Paulo teses no item relativo ao procedimento comum.
ouça uma testemunha localizada nessa cidade; O comparecimento espontâneo do réu ou executa-
b) carta rogatória, para que órgão jurisdicional
do supre a falta ou nulidade de citação, bem como dá
estrangeiro pratique ato de cooperação jurídica
internacional, relativo a processo em curso perante início à fluência do prazo de defesa (§ 1º do art. 239).
órgão jurisdicional brasileiro. Exemplo: juízo da Entende-se por comparecimento espontâneo quando
Comarca de São Paulo expede uma carta rogatória o réu apresenta defesa ou constitui procurador nos
para que seja ouvida uma testemunha residente autos, presumindo-se que tomou conhecimento da
na Alemanha, pela autoridade judiciária alemã; pretensão do autor. 161
Efeitos da Citação II - por protesto, nas condições do inciso antecedente;
III - por protesto cambial;
A citação válida, ainda quando ordenada por juízo IV - pela apresentação do título de crédito em juízo
incompetente, induz litispendência, torna litigiosa a de inventário ou em concurso de credores;
coisa e constitui em mora o devedor, ressalvado o dis- V - por qualquer ato judicial que constitua em mora
posto nos arts. 397 e 398 do Código Civil. Outro impor- o devedor;
tante efeito decorre do despacho judicial que ordena VI - por qualquer ato inequívoco, ainda que extraju-
a citação, capaz de interromper o curso do prazo pres- dicial, que importe reconhecimento do direito pelo
cricional, sendo a interrupção retroativa à data da devedor.
Parágrafo único. A prescrição interrompida reco-
propositura da ação (art. 240 do CPC).
meça a correr da data do ato que a interrompeu, ou
do último ato do processo para a interromper.
Art. 241 Transitada em julgado a sentença de
mérito proferida em favor do réu antes da cita-
O efeito, como se vê, é o recomeço da contagem
ção, incumbe ao escrivão ou ao chefe de secretaria
comunicar-lhe o resultado do julgamento.
do prazo, desde seu início. Imagine um prazo de cin-
co anos para exercício da cobrança de uma dívida. No
quarto ano desse prazo, ocorre uma das causas inter-
A citação válida é aquela realizada com conformi-
ruptivas, motivo pelo qual o prazo quinquenal mencio-
dade aos requisitos legais. A seguir, serão abordadas
nado volta a correr do início. E uma das hipóteses de
as diversas espécies de citação; em cada uma delas,
interrupção é justamente pelo despacho que ordena a
há alguns requisitos a serem observados. Para que a
citação, desde que esta se materialize no prazo assina-
citação se aperfeiçoe, devem ser observadas as forma-
lado e de forma válida. É evidente que eventuais atra-
lidades inerentes a cada modalidade citatória.
sos decorrentes do próprio judiciário não prejudicarão
O Código ainda trata da citação ordenada por juízo
a parte autora pela consumação da prescrição.
incompetente. As regras de competência definem qual
Assim, proferido o despacho ordenando a citação e
órgão judiciário é subjetivamente capaz a analisar o
sendo esta realizada, seu efeito interruptivo retroagi-
litígio, conforme regras estabelecidas na Constituição
rá à data da propositura da ação. Vejamos: se a consu-
Federal e na lei. Se for incompetente, haverá descum-
mação do prazo prescricional de uma pretensão esteja
primento de um pressuposto processual de validade.
prevista para 16/04/2021 e a parte propõe a ação em
Entretanto, mesmo o juízo incompetente poderá orde-
15/04/2021, mas o despacho e a citação somente ocor-
nar a citação do réu, até porque, em alguns casos, a
rem, respectivamente em 23 e 30/04/2021, podemos
incompetência poderá ser arguida (alegada) pelo réu
falar em interrupção da prescrição? É certo que sim,
quando comparecer ao processo.
pois o efeito interruptivo retroage (retorna a momen-
Com a citação, forma-se a relação jurídica processual,
to passado) à data da propositura da ação.
consolidando-se os elementos da ação: parte, causa de
pedir e pedido. Com isso, é possível verificar se existem
Art. 242 A citação será pessoal, podendo, no entan-
ações idênticas em andamento, envolvendo os mesmos
to, ser feita na pessoa do representante legal ou do
elementos. Se houver, estaremos diante da litispendên-
procurador do réu, do executado ou do interessado.
cia, devendo a ação posterior ser extinta em virtude da
§ 1º Na ausência do citando, a citação será feita na
identidade com ação anteriormente proposta.
pessoa de seu mandatário, administrador, preposto
O bem eventual objeto do litígio é a mencionada “coi-
ou gerente, quando a ação se originar de atos por
sa litigiosa”, a qual estará sujeita aos rumos que forem
eles praticados.
tomados no processo, como, por exemplo, a partilha, a § 2º O locador que se ausentar do Brasil sem cienti-
reintegração de posse e a busca e apreensão, que são ficar o locatário de que deixou, na localidade onde
atos que atingem o bem. Assim, eventual mudança na estiver situado o imóvel, procurador com poderes
titularidade da coisa litigiosa não tem o condão de afetar para receber citação será citado na pessoa do admi-
o processo e os direitos das partes sobre esse bem. nistrador do imóvel encarregado do recebimento
A constituição em mora é efeito decorrente do dos aluguéis, que será considerado habilitado para
atraso no cumprimento de uma obrigação. Sendo ela representar o locador em juízo.
dependente da provocação do autor, eventuais juros § 3º A citação da União, dos Estados, do Distrito
moratórios (encargo decorrente da mora no importe Federal, dos Municípios e de suas respectivas autar-
de 1% sobre o valor da obrigação, por exemplo) somen- quias e fundações de direito público será realizada
te incidirão a partir da citação, momento em que, caso perante o órgão de Advocacia Pública responsável
confirmada a pretensão do autor ao final, poderá mar- por sua representação judicial.
car o momento em que o réu está em atraso. Art. 243 A citação poderá ser feita em qualquer
Do mesmo modo, a citação dá causa para a inter- lugar em que se encontre o réu, o executado ou o
rupção do prazo prescricional. A prescrição é o prazo interessado.
dado pela lei (normalmente, normas de direito mate- Parágrafo único. O militar em serviço ativo será
rial, como o Código Civil, Código de Defesa do Consu- citado na unidade em que estiver servindo, se
midor etc.) para o exercício de uma pretensão, a qual não for conhecida sua residência ou nela não for
será extinta pela prescrição (art. 189 do Código Civil). encontrado.
A interrupção da prescrição ocorrerá antes de con-
sumado seu prazo, nas hipóteses estabelecidas pelo Impedimento Legal para a Citação (Art. 244)
Código Civil, a saber:
Apesar de ser um dos atos mais importantes do
Art. 202 A interrupção da prescrição, que somente
processo, a citação não poderá ser realizada em qual-
poderá ocorrer uma vez, dar-se-á:
I - por despacho do juiz, mesmo incompetente, que quer ocasião. O CPC/2015 dispõe de alguns casos em
ordenar a citação, se o interessado a promover no que não poderá ser realizada a citação, exceto para
162 prazo e na forma da lei processual; evitar o perecimento do direito.
O perecimento é a perda do direito que leva à Modalidades de Citação
inutilidade do processo, pois já não é mais capaz de
A citação poderá se realizar de diferentes modos,
tutelá-lo. O perecimento de um bem pode ser enten-
os quais podem ser classificados da seguinte forma:
dido como sua deterioração ou inutilidade depois de
decorrido certo tempo. Em relação ao direito, pode-
Pelo Correio
mos lembrar da prescrição e da decadência, que são
causas extintivas de uma pretensão e do próprio direi-
Por Oficial de
to, respectivamente. Então, salvo para evitar o pereci- Real
Justiça
mento do direito, não se fará a citação:
Por Meio Eletrônico
I - de quem estiver participando de ato de culto Modalidades de
religioso; Citação
II - de cônjuge, de companheiro ou de qualquer Por Edital
parente do morto, consanguíneo ou afim, em linha
reta ou na linha colateral em segundo grau, no dia
do falecimento e nos 7 (sete) dias seguintes; Ficta Por Hora Certa
III - de noivos, nos 3 (três) primeiros dias seguintes
ao casamento; Por Escrivão ou
IV - de doente, enquanto grave o seu estado; Chefe de Secretária
Somente para fins de fundamentação dessas hipó- E complementa o Código de Processo Civil:
teses, veja o que estabelece o Código Civil:
Art. 248 Deferida a citação pelo correio, o escrivão
Art. 1.591 São parentes em linha reta as pessoas ou o chefe de secretaria remeterá ao citando cópias
que estão umas para com as outras na relação de da petição inicial e do despacho do juiz e comuni-
ascendentes e descendentes. cará o prazo para resposta, o endereço do juízo e o
respectivo cartório.
Art. 1.592 São parentes em linha colateral ou trans-
§ 1º A carta será registrada para entrega ao citan-
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
Carta Precatória
Realização de atos entre países
Carta rogatória distintos
Comunicação dos
atos processuais
(cartas)
Carta de ordem
Realização de atos entre graus de
jurisdição distintos
Carta arbitral
DAS INTIMAÇÕES
Conceito
A intimação é o ato pelo qual se dá ciência a alguém dos atos e dos termos do processo (art. 269 do CPC).
Veja-se que a intimação pode se dirigir a qualquer pessoa, seja às partes e seus procuradores, seja terceiros
alheios ao processo, como a testemunha, o perito etc. Assim, a intimação diferencia-se da citação, a qual é dirigida
ao réu (polo passivo). A intimação é ato de comunicação de qualquer ato processual, como designação de audiên-
cia, publicação de sentença ou acórdão, ordens judiciais dirigidas às partes, intimação de testemunhas para com-
parecimento em audiência ou de perito para atuar no processo etc.
O advogado pode promover a intimação do advogado da outra parte por meio do correio, juntando aos autos,
a seguir, cópia do ofício de intimação e do aviso de recebimento.
A intimação da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e de suas respectivas autarquias e fun-
dações de direito público será realizada perante o órgão de Advocacia Pública responsável por sua representação
judicial. Os órgãos de advocacia pública podem ser a própria Advocacia Geral da União ou dos Estados, e as Procu-
radorias dos respectivos órgãos.
Por exemplo, nos processos em que o Município for parte, será representado pela respetiva procuradoria jurí-
dica, enquanto nos estados tem-se a advocacia geral do respectivo estado como órgão de representação.
Como ato garantidor do contraditório e da ampla defesa, as intimações também possuem requisitos a serem
observados, sobretudo com relação ao meio de comunicação do ato aos interessados.
Conforme o art. 270 do CPC, as intimações realizam-se, sempre que possível, por meio eletrônico, na forma da
lei, sendo exigido do Ministério Público, da Defensoria Pública e da Advocacia Pública que mantenham cadastro
atualizado junto aos sistemas de processos eletrônicos para recebimento de suas intimações.
Não sendo possível a intimação por meio eletrônico, poderá ser realizada por uma das formas de citação estu-
dadas, especificamente por carta, oficial de justiça ou pelo próprio escrivão ou chefe de secretaria. Assim dispõe
o CPC/2015:
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
Art. 270 As intimações realizam-se, sempre que possível, por meio eletrônico, na forma da lei.
Parágrafo único. Aplica-se ao Ministério Público, à Defensoria Pública e à Advocacia Pública o disposto no § 1º do
art. 246 .
Art. 271 O juiz determinará de ofício as intimações em processos pendentes, salvo disposição em contrário.
Art. 272 Quando não realizadas por meio eletrônico, consideram-se feitas as intimações pela publicação dos atos
no órgão oficial.
§ 1º Os advogados poderão requerer que, na intimação a eles dirigida, figure apenas o nome da sociedade a que
pertençam, desde que devidamente registrada na Ordem dos Advogados do Brasil.
§ 2º Sob pena de nulidade, é indispensável que da publicação constem os nomes das partes e de seus advogados,
com o respectivo número de inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil, ou, se assim requerido, da sociedade de
advogados.
§ 3º A grafia dos nomes das partes não deve conter abreviaturas.
§ 4º A grafia dos nomes dos advogados deve corresponder ao nome completo e ser a mesma que constar da procu-
ração ou que estiver registrada na Ordem dos Advogados do Brasil. 167
§ 5º Constando dos autos pedido expresso para que Uma inovação trazida pelo CPC/2015, anteriormen-
as comunicações dos atos processuais sejam feitas te já contemplada na jurisprudência, é a que se refe-
em nome dos advogados indicados, o seu desaten- re ao pedido expresso das partes e dos procuradores
dimento implicará nulidade. para que as comunicações dos atos processuais sejam
§ 6º A retirada dos autos do cartório ou da secre- feitas em nome dos advogados indicados, ocasião em
taria em carga pelo advogado, por pessoa creden- que seu desatendimento implicará nulidade.
ciada a pedido do advogado ou da sociedade de No caso dos autos físicos, a retirada dos autos do
advogados, pela Advocacia Pública, pela Defenso-
cartório ou da secretaria em carga (o ato de retirar
ria Pública ou pelo Ministério Público implicará
o processo da secretaria do juízo) pelo advogado,
intimação de qualquer decisão contida no processo
por pessoa credenciada a pedido do advogado ou da
retirado, ainda que pendente de publicação.
§ 7º O advogado e a sociedade de advogados deve- sociedade de advogados, pela Advocacia Pública, pela
rão requerer o respectivo credenciamento para a Defensoria Pública ou pelo Ministério Público implica-
retirada de autos por preposto. rá intimação de qualquer decisão contida no processo
§ 8º A parte arguirá a nulidade da intimação em retirado, ainda que pendente de publicação. Trata-se
capítulo preliminar do próprio ato que lhe caiba de hipótese de presunção da intimação, pois a retira-
praticar, o qual será tido por tempestivo se o vício da dos autos induz conhecimento inequívoco dos atos
for reconhecido. e termos do processo, dando-se por intimada a parte.
§ 9º Não sendo possível a prática imediata do ato O CPC/2015 estabelece a forma de arguir (alegar)
diante da necessidade de acesso prévio aos autos, a a nulidade de intimação, devendo esta ser feita em
parte limitar-se-á a arguir a nulidade da intimação, capítulo preliminar do próprio ato que lhe caiba pra-
caso em que o prazo será contado da intimação da ticar, o qual será tido por tempestivo se o vício for
decisão que a reconheça. reconhecido. Não sendo possível a prática imediata do
Art. 273 Se inviável a intimação por meio eletrôni- ato diante da necessidade de acesso prévio aos autos,
co e não houver na localidade publicação em órgão
a parte limitar-se-á a arguir a nulidade da intimação,
oficial, incumbirá ao escrivão ou chefe de secreta-
caso em que o prazo será contado da intimação da
ria intimar de todos os atos do processo os advoga-
dos das partes: decisão que a reconheça.
I - pessoalmente, se tiverem domicílio na sede do Aqui, deve-se ficar atento, pois a decisão que
juízo; eventualmente reconhecer a nulidade dará início à
II - por carta registrada, com aviso de recebimento, contagem do prazo para a prática do ato que ficará
quando forem domiciliados fora do juízo. impossibilitado diante do vício. A alegação ocorre em
Art. 274 Não dispondo a lei de outro modo, as inti- preliminar, isto é, como tópico inaugural da mani-
mações serão feitas às partes, aos seus representan- festação da parte, antes que sejam discutidas outras
tes legais, aos advogados e aos demais sujeitos do questões pertinentes.
processo pelo correio ou, se presentes em cartório, Não dispondo a lei de outro modo, as intimações
diretamente pelo escrivão ou chefe de secretaria.
serão feitas às partes, aos seus representantes legais,
Parágrafo único. Presumem-se válidas as intima-
ções dirigidas ao endereço constante dos autos, aos advogados e aos demais sujeitos do processo pelo
ainda que não recebidas pessoalmente pelo inte- correio ou, se presentes em cartório, diretamente pelo
ressado, se a modificação temporária ou definitiva escrivão ou chefe de secretaria (Art. 274). Estando a
não tiver sido devidamente comunicada ao juízo, parte representada por advogado, a intimação será,
fluindo os prazos a partir da juntada aos autos do por regra, dirigida ao seu procurador. É interessan-
comprovante de entrega da correspondência no te notar nesse ponto uma cláusula que remete à boa-
primitivo endereço. -fé da parte, que deverá comunicar ao juízo eventual
Art. 275 A intimação será feita por oficial de justiça mudança de endereço, sob pena de serem considera-
quando frustrada a realização por meio eletrônico das válidas as intimações dirigidas ao endereço cons-
ou pelo correio.
tante dos autos, citados no artigo 274.
§ 1º A certidão de intimação deve conter:
I - a indicação do lugar e a descrição da pessoa
intimada, mencionando, quando possível, o núme- Dica
ro de seu documento de identidade e o órgão que
o expediu; Tanto a citação quanto a intimação são atos
II - a declaração de entrega da contrafé; garantidores do contraditório, de modo que, se
III - a nota de ciente ou a certidão de que o interes- houver nulidade nesses atos de comunicação,
sado não a apôs no mandado. pode-se dizer que há violação também do prin-
§ 2º Caso necessário, a intimação poderá ser efe- cípio constitucional em questão, o que prejudica
tuada com hora certa ou por edital.
também o exercício da ampla defesa.
A contrafé é uma cópia autêntica e fiel da intima-
ção que reproduz exatamente os termos da via que
será devolvida ou juntada aos autos do processo.
Dispõe ainda o art. 272 que se consideram realiza- DA TUTELA PROVISÓRIA
das as intimações pela publicação dos atos no órgão
DISPOSIÇÕES GERAIS
oficial, quando não realizadas por meio eletrônico.
Para assegurar a validade do ato de intimação, sob Toda ação busca a tutela de um direito material, isto
pena de nulidade, é indispensável que da publicação é, um direito subjetivo ou fundamental, útil aos sujeitos
constem os nomes das partes e de seus advogados, do processo. Sabe-se que algumas questões podem cau-
com o respectivo número de inscrição na Ordem dos sar grave risco à parte, caso se aguarde o provimento
Advogados do Brasil, ou, se assim requerido, da socie- jurisdicional. Neste sentido, a tutela provisória consti-
168 dade de advogados. tui um mecanismo processual bastante eficiente.
Imagine um autor que necessite da concessão de Quando a tutela for requerida em caráter antece-
um medicamento ou tratamento cuja falta o levará, dente, a parte deve recolhê-la no início do procedi-
rapidamente, à morte ou ao agravamento da saúde. mento, enquanto que, se for em caráter incidental,
Imagine, ainda, um consumidor que teve seu nome dispensam-se as custas processuais (Art. 295).
inscrito nos órgãos de proteção ao crédito, mesmo a
dívida estando paga ou, pior, quando sequer existiu Art. 295 A tutela provisória requerida em caráter
contrato entre as partes. Essas duas hipóteses são incidental independe do pagamento de custas.
comuns no Poder Judiciário, assim como o são os pedi-
dos de tutela de urgência relativos a elas, seja para a
O recolhimento das custas processuais constitui
concessão liminar de um medicamento, seja para
requisito processual objetivo de validade, pois, sem o
autorizar a retirada liminar do nome de um consumi-
dor dos órgãos restritivos. devido preparo da ação, não podem as partes deman-
A tutela provisória é o “provimento jurisdicional darem. Assim, a regra é a onerosidade do processo,
que visa adiantar os efeitos da decisão final no proces- sendo a gratuidade admitida excepcionalmente.
so para assegurar o seu resultado prático.”1 Fala-se em
provisória, porque, evidentemente, poderá ser modifi- Art. 296 A tutela provisória conserva sua eficácia
cada ao longo da tramitação do processo, caso deixem na pendência do processo, mas pode, a qualquer
de existir os requisitos que a fundamentaram, o que tempo, ser revogada ou modificada.
pode ocorrer após a instrução probatória, por exem- Parágrafo único. Salvo decisão judicial em contrá-
plo, ou na sentença, ocasião em que o juiz tornará sem rio, a tutela provisória conservará a eficácia duran-
efeito a tutela concedida, revogando-a. Aqui, nota-se o te o período de suspensão do processo.
efeito do tempo no processo, que poderá ser danoso à
utilidade dos bens jurídicos e dos direitos perseguidos O poder geral de cautela está presente nas tutelas
pelas partes. A tutela provisória é o gênero, do qual provisórias, sendo que o juiz poderá determinar as
decorrem duas espécies: medidas que considerar adequadas para sua efetiva-
ção (Art. 297).
z Tutela de urgência;
z Tutela de evidência.
Art. 297 O juiz poderá determinar as medidas que
considerar adequadas para efetivação da tutela
Sobre isso, dispõe o CPC:
provisória.
Art. 294 A tutela provisória pode fundamentar-se Parágrafo único. A efetivação da tutela provisória
em urgência ou evidência. observará as normas referentes ao cumprimento
Parágrafo único. A tutela provisória de urgência, provisório da sentença, no que couber.
cautelar ou antecipada, pode ser concedida em
caráter antecedente ou incidental. Como de praxe, qualificando-se como elemento
para a validade do pronunciamento judicial, na deci-
Adiante, serão aprofundadas essas espécies, inclusive são que conceder, negar, modificar ou revogar a tute-
contextualizando e explicando o significado de expres- la provisória, o juiz motivará seu convencimento de
sões importantes, como as tutelas cautelares e anteci- modo claro e preciso (Art. 298).
padas, antecedentes e incidentais. Por ora, observe, em
aspecto geral, como se dividem as tutelas provisórias: Art. 298 Na decisão que conceder, negar, modificar
ou revogar a tutela provisória, o juiz motivará seu
Antecedente convencimento de modo claro e preciso.
Cautelar
Incidental A competência para o requerimento de tutela pro-
Urgência
Tutela visória se estrutura da seguinte forma:
Provisória Antecedente
Evidência Antecipada
Incidental z Quando antecedente, deve ser dirigida do juízo ou
tribunal competente para a causa/pedido principal;
Quanto ao momento das tutelas de urgência, z Quando incidental, deve ser dirigida do juízo ou
podem ser anteriores à propositura da ação princi- tribunal em que tramita a causa principal.
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
1 DONIZETTI, Elpídio. Curso didático de direito processual civil. 14. ed. São Paulo: Atlas, 2017, p. 418. 169
Art. 301 A tutela de urgência de natureza caute-
DA TUTELA DE URGÊNCIA lar pode ser efetivada mediante arresto, sequestro,
arrolamento de bens, registro de protesto contra
DISPOSIÇÕES GERAIS alienação de bem e qualquer outra medida idônea
para asseguração do direito.
Requisitos
Conforme o art. 300 do CPC, a tutela de urgência Isso significa que a tutela de urgência será concedi-
será concedida quando houver elementos que eviden- da se for possível o retorno ao status quo ante em caso
ciem a probabilidade do direito (fumus boni iuris) e o de revogação ou reforma da decisão que a concedeu.
perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo Reversível é aquela tutela que pode ser desfeita, caso
(periculum in mora). revogada ou modificada. Assim, a ação que pede a bai-
A probabilidade do direito é o primeiro requisito, xa de restrição nos órgãos de proteção ao crédito em
segundo o qual se deve concluir pela plausibilidade nome do consumidor é reversível, pois, uma vez não
do direito invocado pela parte, de modo que, ainda em constatada a sua alegação ao longo do processo, é pos-
análise inicial e perfunctória, o juiz se permita con- sível novamente inserir o gravame. No entanto, não
vencer de que é provável que a parte, ao final, ven- seria reversível a decisão que concede tratamento ou
cerá a ação. Essa probabilidade traz a robusta ideia procedimento médico cirúrgico. Por isso, atente-se ao
de um direito suficientemente comprovado e seguro, fato de que o requisito da irreversibilidade não pode
ao contrário de uma alegação frágil, duvidosa e por ser visto como absoluto, sob pena de ferir o acesso à
demais controvertida. justiça e à tutela adequada dos direitos.
O segundo requisito relaciona-se aos efeitos preju- De qualquer modo, o CPC (2015) é claro ao regular
diciais que a demora do provimento final pode causar a recomposição de eventuais danos causados à arte
à parte e seu direito. O perigo de dano remete à ideia adversa em virtude de prejuízo decorrente da conces-
de que a demora no desenrolar do processo poderá são da tutela de urgência:
agravar ou ceifar por completo o direito da parte, cor-
rendo-se o risco de o direito invocado não mais poder Art. 302 Independentemente da reparação por
ser protegido ao final. A questão assemelha-se ao ris- dano processual, a parte responde pelo prejuízo
co ao resultado útil do processo. Nesse caso, “a tutela que a efetivação da tutela de urgência causar à par-
do direito corre o perigo de não poder ser realizada te adversa, se:
– daí a necessidade de satisfazer ou acautelar imedia- I - a sentença lhe for desfavorável;
tamente o direito.”2 II - obtida liminarmente a tutela em caráter ante-
A tutela de urgência pode ser concedida liminar- cedente, não fornecer os meios necessários para a
mente (sem oitiva da parte contrária) ou após justi- citação do requerido no prazo de 5 (cinco) dias;
ficação prévia, ocasião em que poderá ser designada III - ocorrer a cessação da eficácia da medida em
audiência para esse fim. É importante destacar que a qualquer hipótese legal;
decisão liminar, embora tomada sem a oitiva da par- IV - o juiz acolher a alegação de decadência ou pres-
te adversa, estará sujeita ao contraditório diferido no crição da pretensão do autor.
tempo ou postergado. Nesse caso, a intimação ocor- Parágrafo único. A indenização será liquidada nos
rerá após a decisão tomada, ocasião em que a parte autos em que a medida tiver sido concedida, sem-
poderá se manifestar e interpor recurso. pre que possível.
A exigência de prévia garantia do juízo está disci-
plina pelo § 1º, do art. 300, do CPC, que assim dispõe: DO PROCEDIMENTO DA TUTELA ANTECIPADA
REQUERIDA EM CARÁTER ANTECEDENTE
Art. 300 [...]
§ 1º Para a concessão da tutela de urgência, o juiz Definição da Tutela Antecipada
pode, conforme o caso, exigir caução real ou fide-
jussória idônea para ressarcir os danos que a outra A tutela antecipada refere-se à proteção do direito
parte possa vir a sofrer, podendo a caução ser dis- material em caráter antecipado ao provimento final.
pensada se a parte economicamente hipossuficien- Trata-se da proteção de um direito feito de forma
te não puder oferecê-la. adiantada à sentença, ou seja, a tutela vem antes do
§ 2º A tutela de urgência pode ser concedida limi- provimento jurisdicional definitivo, desde que preen-
narmente ou após justificação prévia.
chidos os requisitos anteriormente estudados. O que
§ 3º A tutela de urgência de natureza antecipada
se antecipa é a própria tutela jurisdicional, no todo ou
não será concedida quando houver perigo de irre-
versibilidade dos efeitos da decisão.
em parte.
Embora assim seja, não significa que a tutela será
definitiva, pois, como vimos, trata-se de uma medida
Dica caracterizada pela provisoriedade. Tutela definitiva
Evidentemente, se a parte é hipossuficiente, a somente ocorrerá quando a cognição por exauriente,
exigência de caução (garantia de valor econômi- o que ocorre na sentença. Por cognição exauriente
co) pode ser um obstáculo à tutela de seu direito, entenda-se a possibilidade de o juiz aprofundar-se no
a qual, durante o nosso estudo, temos verificado caso, conhecer do direito discutido e todas as contro-
que se trata de uma tutela urgente. vérsias a ele relacionadas e, somente ao final, estar
apto a julgar plenamente o caso.
A tutela de urgência de natureza antecipada não Na tutela provisória, a cognição é perfunctória,
será concedida quando houver perigo de irreversibili- superficial, baseada em elementos indicativos de que
dade dos efeitos da decisão. o direito do autor prevalecerá sobre o do réu.
170 2 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO, Daniel. O novo processo civil. 2. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016, p. 231.
z Procedimento No exemplo dado anteriormente, a tutela anteci-
pada para suspender os efeitos do protesto indevido
A petição inicial da tutela antecipada requerida em se tornará consolidada em caso de inexistência de
caráter antecedente indicará a lide e seu fundamento, a recurso da parte adversa. A estabilidade reproduz um
exposição sumária do direito que se objetiva assegurar e aspecto imodificável à tutela concedida.
o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo. Importante observar que a tutela antecipada con-
O autor também terá de indicar o valor da causa, que servará seus efeitos enquanto não revista, reforma-
deve levar em consideração o pedido de tutela final. da ou invalidada por decisão de mérito proferida na
Nos casos em que a urgência for contemporânea à ação própria e autônoma. Sobre isso, complementa o
propositura da ação, a petição inicial pode limitar-se CPC (2015) ao dispor que o direito de rever, reformar
ao requerimento da tutela antecipada e à indicação ou invalidar a tutela antecipada por ação autônoma
do pedido de tutela final, com a exposição da lide, do extingue-se após 2 (dois) anos, contados da ciência
direito que se busca realizar e do perigo de dano ou do da decisão que extinguiu o processo. Não ocorrendo
risco ao resultado útil do processo. Nesse caso, o autor qualquer impugnação, a tutela se torna irreversível.
limita-se a formular o pedido de tutela de urgência, A possibilidade de discutir a tutela encontra-se no art.
relatando as circunstâncias que tornam seu direito 304, em alguns de seus parágrafos:
provável e o motivo pelo qual a demora do processo
pode lhe causar grave prejuízo. Aqui, ele não elabora Art. 304 A tutela antecipada, concedida nos termos
a petição inicial por completo, devendo informar ao do art. 303 , torna-se estável se da decisão que a
juiz, o qual trará a totalidade das questões fáticas e conceder não for interposto o respectivo recurso.
jurídicas em momento posterior. Assim, a tutela é for- § 1º No caso previsto no caput , o processo será
mulada antes de se propor a ação principal. extinto.
Imagine que houve o protesto indevido de um § 2º Qualquer das partes poderá demandar a outra
título em nome do autor. Imediatamente, ele propõe com o intuito de rever, reformar ou invalidar a tute-
a tutela antecipada para sustar (suspender) os efeitos la antecipada estabilizada nos termos do caput .
do protesto, informando, na petição de tutela, que for- § 3º A tutela antecipada conservará seus efeitos
mulará, posteriormente, o pedido principal de anula- enquanto não revista, reformada ou invalidada por
ção do título e eventual indenização por danos morais. decisão de mérito proferida na ação de que trata
o § 2º.
Pode, ainda, ser formulada essa tutela para submeter
§ 4º Qualquer das partes poderá requerer o desar-
uma pessoa à cirurgia de urgência, garantindo, desde
quivamento dos autos em que foi concedida a medi-
logo, o seu direito. Desse caso hipotético, surgem duas
da, para instruir a petição inicial da ação a que se
possibilidades:
refere o § 2º, prevento o juízo em que a tutela ante-
cipada foi concedida.
Se concedida a tutela antecipada;
§ 5º O direito de rever, reformar ou invalidar a tutela
antecipada, previsto no § 2º deste artigo, extingue-se
O autor deverá aditar a petição inicial, com a com- após 2 (dois) anos, contados da ciência da decisão que
plementação de sua argumentação, a juntada de novos extinguiu o processo, nos termos do § 1º.
documentos e a confirmação do pedido de tutela final, § 6º A decisão que concede a tutela não fará coisa
em 15 (quinze) dias ou em outro prazo maior que o julgada, mas a estabilidade dos respectivos efeitos
juiz fixar, o que deverá ocorrer nos mesmos autos, só será afastada por decisão que a revir, reformar
não sendo necessário instaurar nova relação proces- ou invalidar, proferida em ação ajuizada por uma
sual. Se não realizado o aditamento (complemento), o das partes, nos termos do § 2º deste artigo.
processo será extinto, sem resolução do mérito (sem
julgamento do direito material e dos fatos discutidos Veja que o Código somente tratará, como definiti-
na ação); o réu será citado e intimado para a audiên- va, a tutela depois de decorridos dois anos da extin-
cia de conciliação ou de mediação, na forma do art. ção do processo em que foi concedida, já que, dentro
334; não havendo autocomposição, o prazo para con-
desse prazo, a parte poderá promover ação própria,
testação será contado na forma do art. 335.
buscando rever, reformar ou invalidar a tutela con-
cedida. Nesse caso, deverá a parte interessada fazer
Se não concedida a tutela antecipada;
prova dos fatos e fundamentos capazes de rechaçar
a tutela.
O órgão jurisdicional determinará a emenda da
No entanto, se a parte interpor o recurso cabível
petição inicial em até 5 (cinco) dias, sob pena de ser
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
vizinho. Claramente, a prova que seria produzida na Se não formulado o pedido principal no prazo
ação principal será inútil, caso se aguarde o desenro- legal, o processo será extinto e estará cessada a eficá-
lar do processo. Surge a possibilidade de uma tutela cia da tutela eventualmente concedida.
cautelar demonstrar essa urgência e necessidade de
antecipar a produção de uma prova relevante ao futu-
Art. 310 O indeferimento da tutela cautelar não
ro processo. Daí que o CPC determina que o autor indi-
obsta a que a parte formule o pedido principal, nem
que a lide e seu fundamento, expondo resumidamente
influi no julgamento desse, salvo se o motivo do
(sumariamente) seu direito.
indeferimento for o reconhecimento de decadência
A citação do réu será para contestar a tutela caute-
ou de prescrição.
lar no prazo de cinco dias, concedida ou não eventual
liminar. O réu deverá indicar as provas que preten-
de produzir e, caso não constem, incidem os efeitos Causas que fazem cessar a eficácia da tutela
da revelia, podendo ser considerados verdadeiros os cautelar
fatos alegados pelo autor. Se contestado o pedido no
prazo legal, observar-se-á o procedimento comum. O CPC (2015) trata das hipóteses que extinguem a
tutela cautelar concedida: 173
Art. 309 Cessa a eficácia da tutela concedida em Art. 311 A tutela da evidência será concedida, inde-
caráter antecedente, se: pendentemente da demonstração de perigo de dano
I - o autor não deduzir o pedido principal no prazo ou de risco ao resultado útil do processo, quando:
legal; I - ficar caracterizado o abuso do direito de defesa
II - não for efetivada dentro de 30 (trinta) dias; ou o manifesto propósito protelatório da parte;
III - o juiz julgar improcedente o pedido principal II - as alegações de fato puderem ser comprovadas
formulado pelo autor ou extinguir o processo sem apenas documentalmente e houver tese firmada
resolução de mérito. em julgamento de casos repetitivos ou em súmula
Parágrafo único. Se por qualquer motivo cessar a vinculante;
eficácia da tutela cautelar, é vedado à parte reno- III - se tratar de pedido reipersecutório fundado em
var o pedido, salvo sob novo fundamento. prova documental adequada do contrato de depósi-
to, caso em que será decretada a ordem de entrega
O CPC prevê que, se por qualquer motivo, cessar a do objeto custodiado, sob cominação de multa;
eficácia da tutela cautelar, é vedado à parte renovar IV - a petição inicial for instruída com prova docu-
o pedido, salvo sob novo fundamento (parágrafo úni- mental suficiente dos fatos constitutivos do direito
co do art. 309). Veja que impede que a parte, a qual do autor, a que o réu não oponha prova capaz de
teve sua tutela sem efeito, repita o pedido, tratando-se gerar dúvida razoável.
de efetiva punição àquele que deu causa ou teve seu Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o
direito negado. Entretanto, não impede que, sob novo juiz poderá decidir liminarmente.
fundamento (fato ou alegação nova), seja formulada
nova tutela cautelar. A tutela de evidência é uma espécie de tutela
Como vimos, essas tutelas podem se dar em cará- provisória, cabível quando o direito for ou se tor-
ter antecedente ou incidental. Nesses casos, a causa nar evidente pelos elementos do caso, nas hipóteses
para a formulação do pedido nasce durante a trami- já delineadas. Seguindo o que diz Elpídio Donizetti,
tação do processo. As tutelas de urgência podem ser inverte-se o ônus do tempo do processo, que passa a
anteriores à propositura da ação principal ou serem ser suportado pela parte demandada, já que garantido
formuladas juntamente com a petição inicial ou o direito de forma antecipada (ob. cit., p. 461).
durante o curso da ação. No primeiro caso, fala-se em
tutela antecedente e, nos demais, em tutela incidental, Dica
que ocorre quando já está em curso a ação. Mas, se for
formulada concomitantemente à propositura da ação, A tutela de evidência prescinde (dispensa) de
deve a tutela de urgência vir formulada em tópico demonstração de perigo de dano ou de risco ao
próprio da petição inicial. resultado útil do processo.
Da Tutela da Evidência
Art. 311 A tutela da evidência será concedida, inde-
pendentemente da demonstração de perigo de dano
ou de risco ao resultado útil do processo, quando: DO PROCEDIMENTO COMUM
I - ficar caracterizado o abuso do direito de defesa
ou o manifesto propósito protelatório da parte; DISPOSIÇÕES GERAIS DA PETIÇÃO INICIAL
II - as alegações de fato puderem ser comprovadas
apenas documentalmente e houver tese firmada O processo se desenvolve mediante um proce-
em julgamento de casos repetitivos ou em súmula dimento, um rito, um caminho que a lei traça para
vinculante; a prática dos atos processuais. Trata-se da “espinha
III - se tratar de pedido reipersecutório fundado em dorsal” do processo, como lembra Daniel Mitidiero3
prova documental adequada do contrato de depósi- (p. 123), fazendo referência a Carlos Alberto Alvaro de
to, caso em que será decretada a ordem de entrega
Oliveira.
do objeto custodiado, sob cominação de multa;
O procedimento denominado “comum” é a base
IV - a petição inicial for instruída com prova docu-
mental suficiente dos fatos constitutivos do direito
pela qual se desenrola a maioria das ações, podendo a
do autor, a que o réu não oponha prova capaz de parte alegar qualquer direito, desde que baseada em
gerar dúvida razoável. alegação e prova de violação ou ameaça (inciso XXXV,
Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o do art. 5º, da CRFB/1988).
juiz poderá decidir liminarmente.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção
de qualquer natureza, garantindo-se aos brasilei-
ros e aos estrangeiros residentes no País a inviola-
bilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade,
DA TUTELA DE EVIDÊNCIA à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
[...]
As tutelas de evidência constituem medidas que XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder
têm por objetivo dar maior efetividade aos direitos e Judiciário lesão ou ameaça a direito;
à própria tutela jurisdicional, garantindo maior cele-
ridade se levarmos em conta seus requisitos. Para a O processo (ou a fase do processo) pode ser de
concessão da tutela de evidência, dispensa-se a prova conhecimento ou de execução.
do periculum in mora, consistente no perigo de dano Processo de conhecimento é aquele que visa o
ou de risco ao resultado útil do processo. Essa é sua reconhecimento de um direito ainda controvertido,
principal característica. Entretanto, a lei estabelece as isto é, sobre o qual paira dúvida acerca de sua exis-
condições em que isso será possível, a saber: tência, titularidade e efeitos. Veja, por exemplo, a ação
174 3 MATIDIERO, Daniel. Processo Civil. São Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2021.
de indenização. O processo de conhecimento busca à própria análise do mérito da ação (entende-se por
reconhecer a existência de um ato ilícito, cuja prática inexistente o ato ilícito, o direito à reintegração de
obriga alguém a indenizar a vítima. Somente depois posse e o direito aos alimentos por exemplo).
de certificado, será possível exigir a satisfação dessa O procedimento comum está regulado nos arts.
obrigação de indenizar. Eis o processo de conheci- 318 a 512 do CPC. Vejamos o art. 318:
mento, aquele que se destina a reconhecer um direito.
O processo de execução baseia-se em um direito Art. 318 Aplica-se a todas as causas o procedimen-
já reconhecido em título executivo (judicial ou extra- to comum, salvo disposição em contrário deste
judicial). O processo de conhecimento se desenvolve Código ou de lei.
pelo procedimento comum, que comporta em si diver- Parágrafo único. O procedimento comum aplica-se
sas ações. subsidiariamente aos demais procedimentos espe-
Procedimento (ou rito) é a forma pela qual se ciais e ao processo de execução.
desenvolve o processo, a sequência de atos previa-
mente estabelecida por lei. Já o processo é o instru- O procedimento comum está incluído no Livro I do
mento de tutela de direitos, os quais são tutelados pelo CPC (do processo de conhecimento e do cumprimen-
Estado. Assim, o procedimento comum é o padrão a to de sentença), especificado no Título I. A partir do
ser utilizado nas lides civis, aplicando-se, subsidiaria- art. 513, o Código cuida do Cumprimento de Sentença
mente, aos demais procedimentos especiais e ao pró- (Título II). As fases podem assim ser resumidas:
prio processo de execução.
Probatória/
O procedimento percorre determinadas fases, Postulatória Instrutória
etapas nas quais se praticarão um conjunto de atos.
Cada fase possui um foco. A fase postulatória desti-
na-se a estabelecer a pretensão do autor e as razões
pelas quais o réu não quer ser afetado por aquela pre- Organizatória/ Decisória
tensão. É o momento no qual as partes apresentam Saneadora
seus pedidos. Nela, compreendem-se a petição inicial,
o despacho inicial do juiz, a audiência de conciliação/ DA PETIÇÃO INICIAL
mediação, a contestação do réu e a réplica do autor,
também denominada de impugnação à contestação. A petição inicial é a peça que dá início ao processo.
Consolidada a postulação das partes, o juiz precisa Por meio dela, o autor exercerá seu direito de ação,
organizar o processo e sanar eventuais vícios ou nuli- rompendo com a inércia da jurisdição. É o ato proces-
dades até então constatadas. Sendo sanadas as nuli- sual pelo qual a parte propõe sua demanda, a fim de
dades, o juiz verificará os pontos divergentes entre as buscar a tutela de seu direito. Está compreendida na
partes, denominados de objeto litigioso ou questões fase postulatória.
controvertidas.
Basta identificar sobre quais pontos as partes ATITUDES DO JUIZ
divergem, se confrontam, não concordam. Feito isso,
� Deferimento do
ainda na fase organizatória/saneadora, o juiz iden- processamento da ação
AÇÃO
tificará quais questões necessitam (carecem) de prova � Emenda da inicial
� Petição inicial
oral ou outro meio probatório (por exemplo, perícia) (determinar)
e dará sequência, adentrando na fase instrutória/ � Indeferimento da inicial
� Improcedência liminar
probatória.
Nessa fase, o objetivo é colher provas além da-
quelas já apresentadas pelas partes. Via de regra, ou-
vem-se testemunhas, realiza-se a prova pericial, se
necessária, além de outras provas que veremos em tó- ATITUDES DO RÉU
pico próprio. Encerrada a instrução, caminha-se para Audiência de Contestação
�
a fase decisória. Conciliação ou Reconvenção
�
Reconhecimento do
�
A fase decisória destina-se à solução do litígio Mediação
pedido
por meio de sentença. Busca-se, predominantemente, Revelia
�
proferir sentença de mérito, aquela que efetivamen-
te resolve o direito material, o cerne da questão. Por
outro lado, a sentença pode não julgar o mérito, vindo Dos Requisitos da Petição inicial
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
Veja que é um requisito o fato de a petição ser ins- Art. 322 O pedido deve ser certo.
truída com os documentos necessários e indispensáveis § 1º Compreendem-se no principal os juros legais,
à prova dos fatos alegados. Claro que os documentos a correção monetária e as verbas de sucumbência,
são os existentes quando da distribuição da ação, sendo inclusive os honorários advocatícios.
possível a juntada de documentos novos, cuja existên- § 2º A interpretação do pedido considerará o con-
cia se deu posteriormente à petição inicial. Então, se junto da postulação e observará o princípio da
estou cobrando um crédito constituído em um contra- boa-fé.
to, devo apresentar desde logo o contrato; se pretendo Art. 324 O pedido deve ser determinado.
reivindicar a propriedade de um imóvel, devo apresen- § 1º É lícito, porém, formular pedido genérico:
tar desde logo a certidão de propriedade etc. I - nas ações universais, se o autor não puder indi-
viduar os bens demandados;
Art. 319 [...] II - quando não for possível determinar, desde logo,
VII - a opção do autor pela realização ou não de as consequências do ato ou do fato;
audiência de conciliação ou de mediação. III - quando a determinação do objeto ou do valor
da condenação depender de ato que deva ser prati-
O incentivo aos meios autocompositivos (consen- cado pelo réu.
suais) de resolução de conflitos fica evidente desde a § 2º O disposto neste artigo aplica-se à reconvenção.
postulação inicial, devendo a parte informar se dese-
ja realizar a audiência de tentativa de conciliação ou Assim, deve-se especificar exatamente o que se pre-
mediação. Tais meios são os amigáveis, baseados no tende com a propositura da ação, como, por exemplo,
acordo entre as partes.
a anulação de determinado contrato, a indenização
A Autocomposição trata da solução criada pelas
próprias partes de modo consensual. São três as espé- em determinada quantia, a revisão de determinada
cies de autocomposição, as quais repercutem ainda cláusula etc.
nos dias atuais: a desistência, pela qual há renúncia a É lícito, porém, à parte formular pedido genérico:
uma pretensão pelo seu titular; a submissão, median-
te a qual o sujeito afetado pela pretensão a reconhe- z Nas ações universais, se o autor não puder indivi-
ce ou, ainda, deixa de a ela oferecer resistência; e a duar os bens demandados, sendo impossível deter-
transação, que se baseia em uma decisão consensual minar quais ou quantos são os bens demandados
mediante a qual os sujeitos manifestam concessões (um rebanho, uma biblioteca);
recíprocas, reproduzindo verdadeira transação. z Quando não for possível determinar, desde logo, as
As ações que tenham, por objeto, a revisão de obri- consequências do ato ou do fato, como a extensão
gação decorrente de empréstimo, de financiamento de um dano, o qual deverá ser especificado durante
ou de alienação de bens merecem atenção. Imagine
a instrução ou em fase de liquidação de sentença;
a discussão de um contrato bancário com a institui-
ção financeira, sendo necessário ao autor, sob pena z Quando a determinação do objeto ou do valor da
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
de inépcia da petição inicial, discriminar quais obri- condenação depender de ato que deva ser pratica-
gações pretende controverter, além de quantificar o do pelo réu.
valor incontroverso do débito. Deverá o autor dizer
quais cláusulas, especificamente, são as discutidas e,
se houver, por exemplo, pretensão para redução de Importante!
juros, deve realizar o pagamento do valor por ele pre-
tendido para a prestação. Essa regra está no § 2º, do
O Código admite a formulação de pedido alter-
art. 330, do CPC. nativo. O pedido será alternativo quando, pela
natureza da obrigação, o devedor puder cumprir
z Emenda da petição inicial a prestação de mais de um modo. Exemplo: ao
comprar um produto que se verifica, posterior-
Caso algum dos requisitos da petição inicial seja mente, avariado, poderá o autor exigir a devolu-
descumprido, o juiz deve dar a oportunidade para ção do dinheiro ou a troca do produto por outro
emendá-la, indicando qual vício constatou. É o que equivalente, com abatimento do preço.
dispõe o art. 321 do CPC: 177
Vejamos os arts. 323 e 325: Art. 328 Na obrigação indivisível com pluralidade
de credores, aquele que não participou do processo
Art. 323 Na ação que tiver por objeto cumprimento receberá sua parte, deduzidas as despesas na pro-
de obrigação em prestações sucessivas, essas serão porção de seu crédito.
consideradas incluídas no pedido, independente-
mente de declaração expressa do autor, e serão
incluídas na condenação, enquanto durar a obriga- Simples
ção, se o devedor, no curso do processo, deixar de
pagá-las ou de consigná-las.
Art. 325 O pedido será alternativo quando, pela
Alternativa
natureza da obrigação, o devedor puder cumprir a
prestação de mais de um modo. Espécies de Cumulação
Parágrafo único. Quando, pela lei ou pelo contrato,
a escolha couber ao devedor, o juiz lhe assegurará Sucessiva
o direito de cumprir a prestação de um ou de outro
modo, ainda que o autor não tenha formulado pedi-
do alternativo.
Subsidiária
z Cumulação de Pedidos
o prazo para resposta correrá da data de intimação presunção de veracidade das alegações não impugna-
da decisão que homologar a desistência. das. Essa consequência não ocorre se:
As defesas possíveis ao réu podem ser proces- Art. 3º As partes interessadas podem submeter a
suais ou de mérito. Processuais quando houver solução de seus litígios ao juízo arbitral mediante
convenção de arbitragem, assim entendida a cláu-
questões preliminares a serem arguidas, as quais, em
sula compromissória e o compromisso arbitral.
regra, impedirão a análise de mérito. As defesas de
mérito dizem respeito ao próprio direito material A arbitragem desenvolve-se, portanto, em ambien-
controvertido. te diverso do Poder Judiciário, existindo somente
São defesas processuais as arroladas no art. 337 do com a anuência das partes envolvidas no conflito,
CPC. Vejamos:
incluindo a própria escolha do árbitro ou órgão arbi-
tral. Outra característica marcante se refere à decisão
Art. 337 Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito,
arbitral, que se reveste de definitividade em relação
alegar:
I - inexistência ou nulidade da citação;
às partes, podendo ser revista pelo Judiciário somente
II - incompetência absoluta e relativa; em caso de nulidade. Contudo, na arbitragem, não é
III - incorreção do valor da causa; permitida a utilização de técnicas expropriatórias de
IV - inépcia da petição inicial; bens do devedor, razão pela qual, caso não cumprida
V - perempção; voluntariamente a obrigação fixada na sentença arbi-
VI - litispendência; tral, poderá o interessado executá-la judicialmente,
VII - coisa julgada; valendo-se, nesse caso, de todos os meios adequados
VIII - conexão; à satisfação de seu crédito.
IX - incapacidade da parte, defeito de representação
ou falta de autorização; z Impróprias ou Dilatórias: não extinguem a ação,
X - convenção de arbitragem; apenas retardam a tramitação do processo para
XI - ausência de legitimidade ou de interesse regularização do vício processual sanável, como
processual; é o caso das alegações de incompetência (quan-
XII - falta de caução ou de outra prestação que a lei do se propõe a ação perante juízo incompetente),
exige como preliminar; da incorreção do valor da causa (quando o valor
XIII - indevida concessão do benefício de gratuidade
atribuído à causa destoa do proveito econômico
de justiça.
pretendido na ação), da nulidade de citação (vício
no ato citatório, por inobservância dos requisitos
As defesas processuais podem ser de duas
legais) por exemplo.
espécies:
Interessa notar que, na segunda hipótese, admi-
z Próprias ou Peremptórias: essas dão causa à te-se a correção do vício, mas, em alguns casos, se o
extinção da ação sem resolução do mérito, como, vício não for sanado, poderá a ação ser extinta.
por exemplo, a inépcia da petição inicial (hipóte- Já as defesas de mérito podem ser:
ses do § 1º, do art. 330, tratadas anteriormente),
a existência de litispendência, a coisa julgada e a z Diretas: quando atacam a própria pretensão do
convenção de arbitragem. autor, o fundamento central de seu pedido, negan-
do a existência dos fatos narrados na inicial. Ex.:
O CPC (2015) conceitua os termos aqui citados nos inexistência de ato ilícito; inexistência de nulidade
parágrafos do art. 337: contratual;
z Indiretas: quando o réu opõe fatos impeditivos,
§ 1º Verifica-se a litispendência ou a coisa julgada modificativos ou extintivos do direito do Autor.
quando se reproduz ação anteriormente ajuizada. Exemplos:
§ 2º Uma ação é idêntica a outra quando possui as
mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo Impeditivo: vício do consentimento (induzi-
pedido. mento do contratante em erro, dando causa à
§ 3º Há litispendência quando se repete ação que anulação do contrato);
está em curso. Modificativo: cessão de crédito (transferência
§ 4º Há coisa julgada quando se repete ação que já
do crédito a terceiros, modificando a parte legí-
foi decidida por decisão transitada em julgado.
tima da ação), novação (repactuação de uma
§ 5º Excetuadas a convenção de arbitragem e a
incompetência relativa, o juiz conhecerá de ofício dívida);
das matérias enumeradas neste artigo. Extintivo: pagamento, prescrição, remissão
§ 6º A ausência de alegação da existência de con- (perdão da dívida), compensação (quando
venção de arbitragem, na forma prevista neste ambas as partes são, reciprocamente, credoras
Capítulo, implica aceitação da jurisdição estatal e de devedoras de créditos da mesma natureza e
182 renúncia ao juízo arbitral. valor, podendo ser compensados).
Própria ou DA RECONVENÇÃO
peremptória
Processual Outra defesa possível ao réu é a reconvenção, a
Imprópria ou
dilatória
qual constitui, também, um meio de formular preten-
Espécies de são própria.
Defesa
Imagine que o réu é demandado por inadimple-
Direta
mento de obrigação relacionada a um contrato, porém
De Mérito ele possui pretensão contra o autor relacionada a esse
Indireta contrato, como perdas e danos, ou uma cobrança abu-
siva que lhe causou dano à honra.
Neste sentido, prevê o CPC:
Art. 338 Alegando o réu, na contestação, ser parte
ilegítima ou não ser o responsável pelo prejuízo invo-
Art. 343 Na contestação, é lícito ao réu propor
cado, o juiz facultará ao autor, em 15 (quinze) dias, a reconvenção para manifestar pretensão própria,
alteração da petição inicial para substituição do réu. conexa com a ação principal ou com o fundamento
Parágrafo único. Realizada a substituição, o autor da defesa.
reembolsará as despesas e pagará os honorários ao § 1º Proposta a reconvenção, o autor será intima-
procurador do réu excluído, que serão fixados entre do, na pessoa de seu advogado, para apresentar
três e cinco por cento do valor da causa ou, sendo resposta no prazo de 15 (quinze) dias.
este irrisório, nos termos do art. 85, § 8º. § 2º A desistência da ação ou a ocorrência de cau-
Art. 339 Quando alegar sua ilegitimidade, incumbe sa extintiva que impeça o exame de seu mérito não
ao réu indicar o sujeito passivo da relação jurídica obsta ao prosseguimento do processo quanto à
discutida sempre que tiver conhecimento, sob pena reconvenção.
de arcar com as despesas processuais e de indeni- § 3º A reconvenção pode ser proposta contra o
zar o autor pelos prejuízos decorrentes da falta de autor e terceiro.
indicação. § 4º A reconvenção pode ser proposta pelo réu em
§ 1º O autor, ao aceitar a indicação, procederá, no litisconsórcio com terceiro.
prazo de 15 (quinze) dias, à alteração da petição § 5º Se o autor for substituto processual, o recon-
inicial para a substituição do réu, observando-se, vinte deverá afirmar ser titular de direito em face
ainda, o parágrafo único do art. 338. do substituído, e a reconvenção deverá ser propos-
§ 2º No prazo de 15 (quinze) dias, o autor pode optar ta em face do autor, também na qualidade de subs-
por alterar a petição inicial para incluir, como litis- tituto processual.
consorte passivo, o sujeito indicado pelo réu. § 6º O réu pode propor reconvenção independente-
Art. 340 Havendo alegação de incompetência rela- mente de oferecer contestação.
tiva ou absoluta, a contestação poderá ser proto-
colada no foro de domicílio do réu, fato que será Atualmente, a reconvenção é deduzida na própria
imediatamente comunicado ao juiz da causa, prefe- contestação e não em peça apartada. Da reconvenção,
rencialmente por meio eletrônico. será intimado o autor, na pessoa de seu advogado,
§ 1º A contestação será submetida a livre distribui- para apresentar resposta no prazo de 15 (quinze) dias.
ção ou, se o réu houver sido citado por meio de carta A reconvenção é vista como defesa autônoma de
precatória, juntada aos autos dessa carta, seguindo- modo que a desistência da ação ou a ocorrência de
-se a sua imediata remessa para o juízo da causa. causa extintiva que impeça o exame de seu mérito
§ 2º Reconhecida a competência do foro indicado não obsta ao prosseguimento do processo quanto à
pelo réu, o juízo para o qual for distribuída a con- reconvenção. Ainda, o réu pode propor reconvenção
testação ou a carta precatória será considerado independentemente de oferecer contestação.
prevento.
§ 3º Alegada a incompetência nos termos do caput ,
DA REVELIA (ARTS. 344 A 346 DO CPC)
será suspensa a realização da audiência de concilia-
ção ou de mediação, se tiver sido designada.
Conceito
§ 4º Definida a competência, o juízo competente
designará nova data para a audiência de concilia-
ção ou de mediação. Revelia é um ato-fato processual, que decorre da
Art. 341 Incumbe também ao réu manifestar-se não apresentação de defesa ou apresentação intem-
precisamente sobre as alegações de fato constan- pestiva da contestação. Diz-se ato-fato porque seus
tes da petição inicial, presumindo-se verdadeiras as efeitos decorrem da inação do sujeito no processo,
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
Art. 345 A revelia não produz o efeito mencionado Esse dispositivo permite que o réu produza provas
no art. 344 se: desde que participe do processo tempestivamente,
I - havendo pluralidade de réus, algum deles con- isto é, antes ou durante a fase probatória.
testar a ação; De todo modo, o revel poderá intervir no processo
II - o litígio versar sobre direitos indisponíveis; em qualquer fase, recebendo-o no estado em que se
III - a petição inicial não estiver acompanhada de encontrar.
instrumento que a lei considere indispensável à
prova do ato; DA RÉPLICA
IV - as alegações de fato formuladas pelo autor
forem inverossímeis ou estiverem em contradição Diante dos fatos e fundamentos trazidos pelo réu na
com prova constante dos autos. contestação, o autor poderá ser intimado para manifestar-
-se, oferecendo a réplica ou a impugnação à contestação.
O simples fato de o réu ser revel não significa que O CPC (2015) admite essa providência nos seguin-
será sucumbente ou que o autor terá sua pretensão aco- tes dispositivos:
lhida. Inicialmente, a presunção de veracidade ocorre
somente sobre as questões de fato, não as de Direito. Art. 350 Se o réu alegar fato impeditivo, modificati-
Então, se o autor formula pretensão não respaldada vo ou extintivo do direito do autor, este será ouvido
pelo ordenamento jurídico, ainda que seja o réu revel, no prazo de 15 (quinze) dias, permitindo-lhe o juiz
não terá seu pedido acolhido. Já com relação às ques- a produção de prova.
tões de fato, importa observar as hipóteses do art. 345. Art. 351 Se o réu alegar qualquer das matérias enu-
Além disso, a presunção é relativa, conforme firmado meradas no art. 337, o juiz determinará a oitiva do
em entendimento do Superior Tribunal de Justiça: autor no prazo de 15 (quinze) dias, permitindo-lhe
a produção de prova.
PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARA- Art. 352 Verificando a existência de irregularidades
ÇÃO NO AGRAVO INTERNO NOS EMBARGOS DE ou de vícios sanáveis, o juiz determinará sua corre-
DECLARAÇÃO NO AGRAVO EM RECURSO ESPE- ção em prazo nunca superior a 30 (trinta) dias.
CIAL. RECURSO MANEJADO SOB A ÉGIDE DO Art. 353 Cumpridas as providências preliminares
NCPC. AGRAVO DE INSTRUMENTO. DESCON- ou não havendo necessidade delas, o juiz proferirá
SIDERAÇÃO INVERSA DA PERSONALIDADE julgamento conforme o estado do processo, obser-
JURÍDICA. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDI- vando o que dispõe o Capítulo X.
CIONAL NÃO CONFIGURADA. TRIBUNAL ESTA-
DUAL QUE NÃO RECONHECEU OS REQUISITOS Os dispositivos tratam do teor das defesas de méri-
PARA A DESCONSIDERAÇÃO INVERSA DA PER- to e processuais. Pela leitura do art. 350, o réu pode
SONALIDADE JURÍDICA. PRETENSÃO RECUR- alegar o objetivo litigioso, trazendo fatos novos para
SAL QUE É OBSTADA PELA SÚMULA Nº 7 DO o debate. Já na hipótese do art. 351, a referência é
STJ. VIOLAÇÃO DO ART. 1.022 DO NCPC. ERRO sobre as defesas processuais, as quais podem impedir
MATERIAL E OMISSÃO. NÃO CONFIGURADOS.
ou retardar a análise do mérito. Nessa fase, poderá
PRESUNÇÃO RELATIVA DA VERACIDADE DOS
o juiz identificar eventuais nulidades e providenciar
FATOS NÃO CONTESTADOS. PRECEDENTES.
MULTA DO ART. 1.021, § 4º, DO NCPC. AFASTA- sua correção desde logo. Na forma do art. 352, do CPC,
DA. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO PARCIAL- verificando a existência de irregularidades ou de vícios
MENTE ACOLHIDOS. sanáveis, o juiz determinará sua correção em prazo
[...] nunca superior a 30 (trinta) dias.
3. A revelia enseja a presunção relativa da veraci-
dade dos fatos narrados pelo autor da ação, poden- DO JULGAMENTO CONFORME O ESTADO DO
do ser infirmada pelas provas dos autos, motivo PROCESSO
pelo qual não determina a imediata procedência do
pedido. Precedentes. Ultrapassada a fase postulatória, chega-se ao
4. Embargos de declaração parcialmente acolhidos. momento no qual o juiz deve observar se há causas
(STJ, EDcl no AgInt nos EDcl no AREsp 1562715/SP, que justificam o julgamento antecipado da ação, na
Rel. Ministro MOURA RIBEIRO, TERCEIRA TURMA, forma na forma do art. 485 e dos incisos II e III, art.
184 julgado em 01/03/2021, DJe 04/03/2021) 487, do CPC, do CPC.
Conforme dispõe o art. 354, ocorrendo qualquer das Se não for o caso das hipóteses anteriores, sendo
hipóteses previstas nos arts. 485 e 487, incisos II e III, o impossível ou inaplicável o julgamento antecipado do
juiz proferirá sentença. Na hipótese desse artigo, pode feito, deverá, então, o juiz cumprir com a providência
ocorrer que apenas uma parcela do pedido possa estar do art. 357 do CPC, que trata do saneamento e da orga-
em condições de imediato julgamento e a outra par- nização do processo.
cela ainda demande dilação probatória (produção de Trata-se de medida essencial para a adequada ins-
outras provas necessárias). Nesse caso, poderá ocorrer trução processual, efetivando-se o devido processo
o julgamento parcial (inclusive do mérito). Cabe frisar legal. Ressalta-se a importância dessa etapa, porque,
que os incisos II e III do art. 487 referem-se, respectiva- além de resolver questões processuais pendentes
mente, ao reconhecimento de decadência e prescrição, (como as expostas no art. 337), o juiz pode planejar
bem como às hipóteses de autocomposição. como seguirá a instrução. Vejamos:
Somente esclarecendo, prescrição é a extinção da
pretensão à prestação devida em função da violação Art. 357 Não ocorrendo nenhuma das hipóteses
de um direito ou interesse. Pela prescrição, esvai-se deste Capítulo, deverá o juiz, em decisão de sanea-
mento e de organização do processo:
o direito de exigir um posicionamento da parte con-
I - resolver as questões processuais pendentes, se
trária (como, por exemplo, o pagamento da dívida, o
houver;
cumprimento de obrigação de fazer, de entregar coisa II - delimitar as questões de fato sobre as quais
etc). Já a decadência é a perda efetiva de um direito recairá a atividade probatória, especificando os
que não foi requerido no prazo legal, esvaindo-se o meios de prova admitidos;
próprio direito, como o de requerer a anulação de um III - definir a distribuição do ônus da prova, obser-
contrato em virtude de vício, como o prazo estabele- vado o art. 373;
cido no art. 178 do Código Civil (Art. 178 É de quatro IV - delimitar as questões de direito relevantes para
anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação a decisão do mérito;
do negócio jurídico [...]). V - designar, se necessário, audiência de instrução
e julgamento.
Dica O saneamento pode ser feito por ato do juiz ou
Contra a decisão de julgar antecipadamente par- mediante designação de audiência para que o sanea-
mento seja feito em cooperação com as partes, caso
cela do processo, caberá a interposição do recur-
seja de grande complexidade. A decisão de saneamen-
so de agravo de instrumento.
to tornar-se-á estável, sujeita à preclusão se, no prazo
comum de cinco dias, as partes não pedirem esclare-
Art. 354 Ocorrendo qualquer das hipóteses previs-
cimentos ou a impugnarem.
tas nos arts. 485 e 487, incisos II e III , o juiz profe-
rirá sentença. z Prova Testemunhal: caso tenha sido determina-
Parágrafo único. A decisão a que se refere o caput da a produção de prova testemunhal, o juiz fixa-
pode dizer respeito a apenas parcela do proces- rá prazo comum não superior a 15 (quinze) dias
so, caso em que será impugnável por agravo de
para que as partes apresentem rol de testemunhas,
instrumento.
as quais não poderão ultrapassar o número de 10
(dez), sendo 3 (três) testemunhas, no máximo, para
Também o art. 356 trata do julgamento parcial do a prova de cada fato;
mérito, hipótese de efetivação dos princípios da cele- z Prova Pericial: caso tenha sido determinada a
ridade e da duração razoável do processo, com a tute- produção de prova pericial, o juiz deve observar o
la adequada do direito. disposto no art. 465 e, se possível, estabelecer, des-
de logo, o calendário para a sua realização.
Art. 356 O juiz decidirá parcialmente o mérito
quando um ou mais dos pedidos formulados ou Encerrada a fase organizatória e de saneamen-
parcela deles: to, inicia-se a fase instrutória ou probatória, tratada
I - mostrar-se incontroverso; pelo CPC (2015), do art. 358 ao art. 488. O Código ini-
II - estiver em condições de imediato julgamento, cia tratando da audiência de instrução e julgamento,
nos termos do art. 355. passando, posteriormente, a regulamentar cada meio
probatório especificamente.
Não sendo o caso de julgamento parcial, poderá
proferir sentença pela plena apreciação do litígio, DA AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
Art. 364 Finda a instrução, o juiz dará a palavra ao O estudo das provas é feito em dois blocos que
advogado do autor e do réu, bem como ao membro devem ser estudados e compreendidos em conjunto:
do Ministério Público, se for o caso de sua inter-
venção, sucessivamente, pelo prazo de 20 (vinte) z Provas – Teoria Geral: arts. 369 a 383;
minutos para cada um, prorrogável por 10 (dez) z Provas – Provas em Espécie: arts. 384 a 484.
minutos, a critério do juiz.
§ 1º Havendo litisconsorte ou terceiro intervenien- O termo prova pode ser definido de diversas for-
te, o prazo, que formará com o da prorrogação um mas. Pode-se falar em prova como instrumento, que
só todo, dividir-se-á entre os do mesmo grupo, se se destina a comprovar algo, como atividade desem-
não convencionarem de modo diverso.
penhada pelos servidores do judiciário ou ainda como
Os memoriais raramente são apresentados em o resultado da interpretação jurisdicional acerca de
audiência, sendo que o juiz remete ao § 2º, do art 364, o eventual controvérsia jurídica.
qual admite a apresentação de memoriais (as alegações Pode-se compreender como prova todo e qualquer
finais) por escrito, quando a causa apresentar questões meio argumentativo previsto ou não em lei que obje-
complexas de fato ou de direito, prazos sucessivos de tiva convencer o Estado-Juiz de algum fato. Veja o que
186 15 (quinze) dias, assegurada vista dos autos. diz o CPC:
Art. 369 As partes têm o direito de empregar todos Há previsão expressa de necessidade de funda-
os meios legais, bem como os moralmente legíti- mentação da decisão que indefere a produção de
mos, ainda que não especificados neste Código, provas pretendida pelas partes. Na medida em que se
para provar a verdade dos fatos em que se funda o reconhece um direito fundamental à prova, refle-
pedido ou a defesa e influir eficazmente na convic- xo do direito fundamental ao devido processo legal,
ção do juiz. é corolário lógico o reconhecimento de que o afasta-
mento de tal direito somente se pode dar em decisão
Para comprovar o seu direito, cada parte poderá devidamente fundamentada, na qual se contraponha
produzir as provas cabíveis para cada situação fática àquele direito a inadmissibilidade da prova. Con-
na tentativa de alcançar a tutela jurisdicional pleitea- jugam-se, assim, o direito fundamental à prova e o
da. A prova constitui direito das partes e de qualquer dever de motivação das decisões judiciais5.
outro sujeito que participa do processo. Embora o art.
369, do CPC, refira-se apenas às partes, é evidente que Diligências Inúteis ou Meramente Protelatórias.
todos os que participam do processo têm o direito à
produção da prova – como decorrência natural do Diligências inúteis são aquelas que nada podem
direito ao devido processo legal (inciso LIV, art. 5º, da adiantar a quem as requereu. Meramente prote-
CF) – a fim de influir no convencimento do juiz. latórias são as diligências que têm por único fito
Todos os meios de prova lícitos são hábeis para atrasar o desenvolvimento do processo. Umas e
provar a verdade das alegações de fato em que se fun- outras podem ser indeferidas pelo juiz. Observe-se,
da a ação ou a defesa. Os meios de prova podem estar todavia, que não pode o órgão jurisdicional indefe-
previstos ou não topicamente pelo legislador. No pri- rir determinada prova por já se encontrar conven-
meiro caso, fala-se em prova típica; no segundo, atípi- cido a respeito da alegação de fato a provar. Vale
ca. Uma e outra são suscetíveis de utilização em juízo dizer: por já ter valorado de maneira antecipada a
(Art. 369, do CPC). prova. Admissibilidade e valoração da prova não
se confundem. A prova é inadmissível tão somen-
As provas ilícitas não têm eficácia no processo
te se impertinente, irrelevante ou incontroversa a
(inciso LVI, art. 5º, da CF). Como regra, a prova obtida
alegação de fato a provar. Havendo pertinência,
a partir de prova ilícita igualmente o é por contamina-
relevância e controvérsia da alegação, há direito
ção (teoria dos frutos da árvore envenenada – the fruit fundamental à produção da prova.
of the poisonous tree: STF, 1ª Turma, HC 80.949/rj, rel.
Min. Sepúlveda Pertence, j. 30.10.2001, DJ 14.12.2001, Veja que o juiz possui o poder para indeferir a
p. 26)4. produção da prova inútil ou que servirá apenas para
A Teoria dos frutos da árvore envenenada (the retardar o processo. Evidentemente, caberá recurso
fruit of the poisonous tree) diz respeito à ideia de dessa decisão, caso incorra em cerceamento de defesa.
que todos os frutos oriundos da árvore envenena-
da são também envenenados por contaminação; em Dica
outras palavras, significa dizer que todas as provas
obtidas por meio ilícitos serão também ilícitas por O juiz pode, até mesmo de ofício, determinar a
contaminação. produção de uma prova que aproveite ao proces-
O processo lida com questões de direito e questões so, para que solucione adequadamente o mérito.
de fato, as quais demandam comprovação. Fato ale- Para que não incorra em práticas violadoras da
gado e não provado é o mesmo que fato não alegado, imparcialidade e da igualdade, é preciso que o
como diz uma conhecida máxima do Direito. Sobre juiz não assuma o protagonismo exagerado6.
isso, ensina Daniel Mitidiero (p. 197):
O juiz poderá, também, admitir a utilização de
As partes têm o direito de provar todas as alegações prova produzida em outro processo, atribuindo-lhe o
pertinentes, controversas e relevantes. Pertinentes, valor que considerar adequado, observado o contradi-
aquelas que dizem respeito ao mérito da causa. tório. Nesse caso, fala-se em prova emprestada.
Controversas, aquelas sobre as quais existem mais Após a admissão da prova, haverá a sua produção.
de uma versão nos autos. Relevantes cuja natureza A produção varia conforme a espécie da prova. Se tes-
permite demonstração pela prova postulada. temunhal, designa-se audiência para produzi-la; se
pericial, nomeia-se o perito, que designará dia, hora
Com a prova, busca-se apontar ao juiz a veracida-
e local para a execução dos trabalhos; se documental,
de de um fato, o qual dará subsídio para o julgador
autoriza-se sua juntada aos autos etc.
formar seu convencimento. A prova destina-se ao pro-
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
cesso como um todo, às partes e, também, ao juiz, pois Art. 372 O juiz poderá admitir a utilização de pro-
ele é o sujeito (imparcial) que deve ser convencido va produzida em outro processo, atribuindo-lhe
pela veracidade das alegações. o valor que considerar adequado, observado o
contraditório.
Art. 370 Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento
da parte, determinar as provas necessárias ao jul- Por último, ocorre a valoração da prova pelo juiz.
gamento do mérito. Em nosso ordenamento, as provas não possuem valo-
Parágrafo único. O juiz indeferirá, em decisão fun- res predefinidos por lei. Cabe ao juiz, fundamentada-
damentada, as diligências inúteis ou meramente mente, apreciar cada prova produzida e relacioná-la
protelatórias. aos fatos. Assim diz o CPC (2015):
4 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO, Daniel. Novo Código de Processo Civil comentado. 2 ed. rev., atual. e ampl. –
São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016, p. 464.
5 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO, Daniel. Novo Código de Processo Civil comentado. 2 ed. rev., atual. e ampl. –
São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016, p. 464.
6 BONIZZI, Marcelo José Magalhães. Fundamentos da prova civil. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2017, p. 41. 187
Art. 371 O juiz apreciará a prova constante dos Imagine que o autor ajuíze ação, visando a declara-
autos, independentemente do sujeito que a tiver ção de inexistência de um fato (negócio jurídico por
promovido, e indicará na decisão as razões da for- exemplo) que lhe gerou restrição de crédito. Como ele
mação de seu convencimento. provaria a inexistência de um contrato? Impossível.
Produção Por isso, justifica-se a inversão do ônus da prova, atri-
Requerimento
buindo à parte adversa a incumbência de provar a
existência da relação jurídica.
A distribuição diversa do ônus da prova também
Valoração pode ocorrer por convenção das partes, salvo quando:
Admissão
z Recair sobre direito indisponível da parte;
Ônus da Prova z Tornar excessivamente difícil a uma parte o exer-
cício do direito.
A prova incumbe a quem? Quando indagamos isso,
devemos identificar quem deve provar o quê. Segun- Art. 373 [...]
do Bonizzi, ônus é “um ‘imperativo do próprio inte- § 3º A distribuição diversa do ônus da prova tam-
resse’, ou seja, uma ‘carga processual’, intimamente bém pode ocorrer por convenção das partes, salvo
relacionadas com as ‘possibilidades’ que as partes quando:
possuem no processo” (2017, p. 48). I - recair sobre direito indisponível da parte;
Do descumprimento de um ônus, não há uma pena II - tornar excessivamente difícil a uma parte o
ou sanção, mas poderão haver prejuízos à parte que exercício do direito.
não comprovar o fato que lhe beneficia. § 4º A convenção de que trata o § 3º pode ser cele-
brada antes ou durante o processo.
Art. 373 O ônus da prova incumbe:
I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; Há fatos que não necessitam de provas para serem
II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, demonstrados. Vejamos o que diz o art. 374, do CPC:
modificativo ou extintivo do direito do autor.
Art. 374 Não dependem de prova os fatos:
Trata-se da distribuição estática do ônus da prova I - notórios;
(distribuição legal do ônus da prova), sendo a regra II - afirmados por uma parte e confessados pela
na lei processual. No entanto, admite-se a distribuição parte contrária;
dinâmica nos casos previstos em lei ou diante de pecu- III - admitidos no processo como incontroversos;
liaridades da causa relacionadas à impossibilidade ou IV - em cujo favor milita presunção legal de existên-
à excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos ter- cia ou de veracidade.
mos do caput ou à maior facilidade de obtenção da
Atente-se a alguns conceitos de grande relevância
prova do fato contrário. Nesses casos, pode o juiz atri-
para a prova:
buir o ônus da prova de modo diverso, desde que o
faça por decisão fundamentada, caso em que deverá z Fato Notório
dar à parte a oportunidade de se desincumbir do ônus
que lhe foi atribuído. O fato notório dispensa a produção de prova para
Um típico exemplo é o de relação de consumo, em ser considerado verdadeiro no processo. Observe-se
que o consumidor, parte vulnerável (hipossuficiente) da que o fato notório não precisa ser do conhecimento de
relação, muitas vezes, não tem meios de provar o defeito todos aqueles que vivem no país em que o juiz exerce
de um produto ou serviço, razão pela qual o ônus será jurisdição, bastando que seja conhecido por aqueles
invertido para que o fornecedor/prestador prove a cor- que estão na região em que o fato teria ocorrido.
reção de sua conduta ou segurança de seu produto. Dessa forma, ainda que o mérito venha a ser apre-
A eventual inversão do ônus da prova deve ser rea- ciado por julgador que não vive na região em que o
lizada na fase instrutória, conforme posicionamento fato notório teria ocorrido, é suficiente que ele seja de
do STJ (EREsp 422.778/SP). “conhecimento geral” em determinado lugar e espaço
de tempo7.
Art. 373 [...] O fato, para ser considerado notório, deve ser do
§ 1º Nos casos previstos em lei ou diante de peculia-
conhecimento comum na época em que teria ocorri-
ridades da causa relacionadas à impossibilidade ou
do, não importando o momento em que é proferida a
à excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos
decisão. Deve fazer parte da cultura do homem médio
termos do caput ou à maior facilidade de obtenção
da prova do fato contrário, poderá o juiz atribuir da época em que ocorreu. Fala-se então em notorie-
o ônus da prova de modo diverso, desde que o faça dade absoluta. Se o fato constituir um acontecimento
por decisão fundamentada, caso em que deverá dar histórico e, nesse sentido, passar a ser lembrado por
à parte a oportunidade de se desincumbir do ônus aqueles que vivem no tempo em que o conflito deve
que lhe foi atribuído. ser solucionado, o fato também pode ser invocado
§ 2º A decisão prevista no § 1º deste artigo não pode como de conhecimento notório.
gerar situação em que a desincumbência do encargo Ademais, há fatos notórios em determinados
pela parte seja impossível ou excessivamente difícil. lugares ou em determinadas atividades. Assim, por
exemplo, um fato pode ser do conhecimento de todos
Interessante notar, ainda, a questão da prova dia- aqueles que trabalham em uma empresa ou mesmo
bólica, isto é, não é dado à parte fazer prova de fato do conhecimento de todos os que exercem uma deter-
negativo, como a inexistência de uma relação jurídica. minada atividade. Há aí notoriedade relativa8.
7 STJ, 4.ª Turma, AgRg no Ag 24.836/MG, rel. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, j. 13.04.1993, DJ 31.05.1993, p. 10.670.
188 8 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO, Daniel. Novo Código de Processo Civil comentado. op. cit., p.474.
z Prova da Notoriedade Art. 375 O juiz aplicará as regras de experiência
comum subministradas pela observação do que
Podem existir situações em que será necessária ordinariamente acontece e, ainda, as regras de
a prova da notoriedade do fato. Nesse caso, não há experiência técnica, ressalvado, quanto a estas, o
como confundir o fato que é alegado como notório exame pericial.
com a sua notoriedade. A prova deve destinar-se tão
somente a demonstrar a notoriedade do fato. Provada O art. 375, do CPC, diz que as experiências do
a sua notoriedade, dispensada está a prova do fato9. magistrado (conhecimentos gerais acerca de regras
corriqueiras) são elementos que podem direcionar o
z Fato Confessado juiz em suas decisões, contudo essas não poderão se
sobrepor ao conhecimento técnico, que é manifesta-
A confissão deve ser vista como uma circunstân- do, por exemplo, em prova pericial, que sendo assi-
cia determinante da dispensa da prova sobre o fato nada por profissional técnico competente, apresenta
confessado. A confissão gera duas consequências: a grande força probante.
dispensa de prova e a presunção de veracidade da
alegação de fato confessada. Art. 376 A parte que alegar direito municipal, esta-
dual, estrangeiro ou consuetudinário provar-lhe-á
Observe-se, contudo, que o fato confessado não
o teor e a vigência, se assim o juiz determinar.
gera necessariamente julgamento favorável à parte a
que a confissão aproveita: do fato confessado, é sem-
A redação do artigo supracitado é bastante sim-
pre bom lembrar, pode não advir a consequência jurí-
ples e não demanda muita interpretação. Apesar
dica pretendida pela parte10.
disso, deve-se ficar atento, pois a redação do disposi-
tivo não impõe à parte um dever, vez que, como bem
z Fatos Incontroversos
salienta, isso ocorre tão somente se assim o juiz o
determinar.
As alegações de fato incontroversas no processo
Tal disposição existe com o findo de auxiliar o juiz,
independem de prova. A incontrovérsia pode advir
sobretudo porque nem sempre a legislação é de fácil
tanto do não desempenho do ônus de impugnação
acesso. Além disso, é importante frisar que tal artigo
especificada das alegações fáticas (Art. 341, do CPC)
não se aplica no caso de ser a legislação local ou do
como de qualquer cessação de controvérsia a respeito
mesmo Estado em que o juiz exerce a jurisdição, pois
de determinada questão ocorrida ao longo do proces-
subtende-se que este possua conhecimento.
so (por exemplo, em audiência)11.
Art. 377 A carta precatória, a carta rogatória e o
z Presunção Legal auxílio direto suspenderão o julgamento da cau-
sa no caso previsto no art. 313, inciso V, alínea
O legislador, quando tem ciência de que um fato é “b”, quando, tendo sido requeridos antes da deci-
muito difícil ou até mesmo impossível de ser prova- são de saneamento, a prova neles solicitada for
do em juízo, presume a sua ocorrência ou veracidade imprescindível.
na lei, dispensando a parte, portanto, da produção de Parágrafo único. A carta precatória e a carta roga-
prova a seu respeito. tória não devolvidas no prazo ou concedidas sem
A consequência de um fato ser legalmente presu- efeito suspensivo poderão ser juntadas aos autos a
mido verdadeiro é a de dispensar aquele que tem inte- qualquer momento.
resse no seu atendimento da produção da respectiva
prova. As presunções legais podem ser juris et de jure Acerca do citado dispositivo, Marinoni et. al. tecem
ou juris tantum. algumas considerações:
A diferença entre elas é que a primeira faz presu-
mir o fato verdadeiro e não aceita prova em contrário, 1. Carta Probatória. A carta precatória, a carta
enquanto a segunda admite que aquele que pode ser rogatória e o auxílio direto suspenderão o processo
prejudicado pela imposição do fato presumido verda- quando a sentença de mérito “tiver de ser proferi-
deiro produza prova em contrário. da somente após a verificação de determinado fato
Além das presunções legais existem ainda as pre- ou a produção de certa prova, requisitada a outro
sunções judiciais, também chamadas de presunções juízo” (art. 313, IV, b, CPC). A carta probatória e o
auxílio direto, contudo, só suspendem o processo
simples ou praesumptiones hominis. Essas decorrem
se requeridos antes da decisão de saneamento (art.
da dedução da ocorrência de um fato pela verifica-
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
9 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO, Daniel. Novo Código de Processo Civil comentado. op. cit., p. 475.
10 Idem
11 Idem
12 Idem 189
do processo. Nesse caso, justamente em razão de Art. 378 Ninguém se exime do dever de colaborar
o motivo para a o pedido de colaboração judicial com o Poder Judiciário para o descobrimento da
ter aparecido após a prova ter sido deferida, não verdade.
tem cabimento afirmar-se que o processo não pode
ser suspenso por não ter sido requerida oportu- O art. 379, do CPC, é bastante claro e relaciona-
namente a expedição da carta ou o auxílio direto. -se ao princípio da colaboração processual, impondo
Se o juiz pode determinar prova de ofício, quando expressamente o dever de colaborar processualmen-
verifica que as provas requeridas e produzidas não te para o deslinde da demanda, garantindo, ainda, o
foram suficientes para o esclarecimento da matéria princípio da celeridade processual.
de mérito, parece ser corolário óbvio dessa possi-
bilidade a de determinar de ofício a suspensão do
Art. 379 Preservado o direito de não produzir pro-
processo para que seja aguardado o resultado da
va contra si própria, incumbe à parte:
prova e para que o mérito seja adequadamente
I - comparecer em juízo, respondendo ao que lhe for
julgado. Com efeito, a suspensão do processo nes-
interrogado;
se caso é consequência da possibilidade de o juiz
II - colaborar com o juízo na realização de inspeção
determinar prova de ofício, pois não é lógico admi-
judicial que for considerada necessária;
tir que a prova possa ser produzida de ofício, mas
III - praticar o ato que lhe for determinado.
não considerada no momento da decisão da causa.
3. Julgamento Final. O art. 377, parágrafo úni-
co, CPC, afirma que a carta precatória ou a carta Por fim, encerrando as disposições gerais da pro-
rogatória podem ser juntadas aos autos a qual- va, é importante salientar que a colaboração recai
quer momento. Como a norma processual deve ser também sob terceiros.
compreendida à luz dos valores constitucionais, e a
Constituição da República outorga a todos direito Art. 380 Incumbe ao terceiro, em relação a qual-
fundamental à prova, entendido como a possibili- quer causa:
dade de a parte participar adequada e efetivamen- I - informar ao juiz os fatos e as circunstâncias de
te do processo que visa à formação da decisão, que tenha conhecimento;
não parece adequado admitir que a formação da II - exibir coisa ou documento que esteja em seu
coisa julgada material possa ocorrer quando o poder.
mérito deve ser esclarecido mais adequadamente Parágrafo único. Poderá o juiz, em caso de descum-
por meio da prova produzida em virtude da expe- primento, determinar, além da imposição de multa,
dição de carta probatória. Portanto, a expressão outras medidas indutivas, coercitivas, mandamen-
“a qualquer momento” deve ser entendida como o tais ou sub-rogatórias.
julgamento da última instância ordinária (isto é,
normalmente, o julgamento que se faz em razão da DA PRODUÇÃO ANTECIPADA DA PROVA
interposição de apelação). Se o teor da carta proba-
tória é capaz de interferir na resolução do mérito, A produção antecipada da prova é uma ação autô-
de duas, uma: o tribunal deve julgar desde logo a noma com o objetivo de produzir a(s) prova(s) espe-
causa considerando a nova prova, possibilitando cificada(s) na petição inicial, decorrente do fato, que
às partes que falem previamente a respeito de seu
deve nela também vir narrado. A produção anteci-
retorno aos autos (art. 1.014, CPC), ou deve anular
pada de provas poderá ser utilizada como tutela de
a sentença e determinar a prolação de nova decisão
em primeiro grau, considerando a prova produzida
urgência, a fim de resguardar a instrução em futuro
na carta precatória ou rogatória. Obviamente, não processo. As hipóteses de cabimento estão dispostas
se deve admitir a juntada da carta se o processo já no art. 381, do CPC. Vejamos:
se encontra em instâncias que não têm a atribuição
de reapreciar questões de fato (v.g., na pendência Art. 381 A produção antecipada da prova será
de recurso especial ou extraordinário) porque aí já admitida nos casos em que:
não haveria qualquer utilidade nessa juntada. Em I - haja fundado receio de que venha a tornar-se
tais casos, a prova não examinada no processo ori- impossível ou muito difícil a verificação de certos
ginal deve autorizar ação rescisória, se for o caso fatos na pendência da ação;
(art. 966, VII, CPC) 13. II - a prova a ser produzida seja suscetível de viabi-
lizar a autocomposição ou outro meio adequado de
A questão da verdade é importante quando se pensa solução de conflito;
em provas, já que a prova busca demonstrar a verdade III - o prévio conhecimento dos fatos possa justifi-
de um fato alegado. Tradicionalmente, parte da litera- car ou evitar o ajuizamento de ação.
tura jurídica diferencia a verdade em real e formal. § 1º O arrolamento de bens observará o disposto
A verdade real pode ser entendida como aquela nesta Seção quando tiver por finalidade apenas a
que demonstra os fatos tais como ocorreram na reali- realização de documentação e não a prática de atos
de apreensão.
dade, o que pode ser trazido por depoimentos de teste-
§ 2º A produção antecipada da prova é da compe-
munhas, perícias, documentos, filmagens etc.
tência do juízo do foro onde esta deva ser produzi-
Já a verdade formal é a denominada verdade
da ou do foro de domicílio do réu.
constante dos autos, de modo que não será real aquilo § 3º A produção antecipada da prova não previne a
que não estiver efetivamente comprovado, por isso a competência do juízo para a ação que venha a ser
máxima “o que não está nos autos, não está no mun- proposta.
do”. Essa expressão diz respeito ao ônus da prova. § 4º O juízo estadual tem competência para pro-
Assim, imagine que o réu alegue ter adimplido uma dução antecipada de prova requerida em face
dívida, deixando de trazer aos autos o comprovante da União, de entidade autárquica ou de empresa
de pagamento. Por mais que seja verdadeira a sua afir- pública federal se, na localidade, não houver vara
mação, somente será assim considerada se provada. federal.
190 13 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO, Daniel. Novo Código de Processo Civil comentado. op. cit., p. 478.
§ 5º Aplica-se o disposto nesta Seção àquele que
pretender justificar a existência de algum fato ou Importante!
relação jurídica para simples documento e sem Trata-se de uma ação que tem o objetivo exclu-
caráter contencioso, que exporá, em petição cir-
sivo de produção de prova, ou seja, não ocorrerá
cunstanciada, a sua intenção.
nenhum juízo de valor a respeito dos fatos e das
Por se tratar de petição inicial, estamos diante de consequências jurídicas pelo juiz.
requisitos cumulativos, ou seja, aqueles indicados no
caput do art. 382, e dos requisitos do art. 319, do CPC.
Na petição, o requerente apresentará as razões que Por se tratar de um procedimento que tem o intuito
justificam a necessidade de antecipação da prova e apenas de produzir a prova, não cabe a apresentação de
mencionará, com precisão, os fatos sobre os quais a defesa pela parte interessada chamada a compor a ação;
prova há de recair. a única possibilidade de recurso é quando a produção
O juiz determinará, de ofício ou a requerimento da de prova for indeferida em sua totalidade pelo juiz.
parte, a citação de interessados na produção da prova
ou no fato a ser provado, salvo se inexistente caráter Art. 383 Os autos permanecerão em cartório duran-
te 1 (um) mês para extração de cópias e certidões
contencioso. Nesse procedimento, não se admitirá
pelos interessados.
defesa ou recurso, salvo contra decisão que indeferir
Parágrafo único. Findo o prazo, os autos serão
totalmente a produção da prova pleiteada pelo reque- entregues ao promovente da medida.
rente originário.
Art. 382 Na petição, o requerente apresentará as O processo ficará disponível para os interessados,
razões que justificam a necessidade de antecipação que poderão fazer cópias e solicitar certidões, pelo
da prova e mencionará com precisão os fatos sobre prazo de um mês. Decorrido esse período, os autos
os quais a prova há de recair. serão entregues ao promovente/autor.
§ 1º O juiz determinará, de ofício ou a requerimento
da parte, a citação de interessados na produção da DA ATA NOTARIAL
prova ou no fato a ser provado, salvo se inexistente
caráter contencioso. A ata notarial foi introduzida no CPC (2015) como
§ 2º O juiz não se pronunciará sobre a ocorrência meio de prova autônomo. É instrumento elabora-
ou a inocorrência do fato, nem sobre as respectivas do por tabelião, com o intuito de documentar fatos
consequências jurídicas. jurídicos. É ato privativo do tabelião (art. 7º, da Lei
§ 3º Os interessados poderão requerer a produção
8.935/1994). Pela fé pública que esses agentes pos-
de qualquer prova no mesmo procedimento, desde
suem, presume-se verdadeiro o fato por eles atestado
que relacionada ao mesmo fato, salvo se a sua pro-
dução conjunta acarretar excessiva demora.
na ata notarial.
§ 4º Neste procedimento, não se admitirá defesa ou Porque o valor da ata notarial está relacionado à
recurso, salvo contra decisão que indeferir total- fé pública do notário, é imprescindível que o fato des-
mente a produção da prova pleiteada pelo reque- crito tenha sido presenciado pelo notário, para que se
rente originário. dê algum valor à declaração contida no documento.
Art. 319 A petição inicial indicará: Preenchido o requisito, a ata notarial tem o mesmo
I - o juízo a que é dirigida; valor de qualquer outro documento público.
II - os nomes, os prenomes, o estado civil, a exis- O art. 384, do CPC, assim tipifica:
tência de união estável, a profissão, o número de
inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Art. 384 A existência e o modo de existir de algum
Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço fato podem ser atestados ou documentados, a
eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do requerimento do interessado, mediante ata lavrada
réu; por tabelião.
III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido; Parágrafo único. Dados representados por imagem
IV - o pedido com as suas especificações; ou som gravados em arquivos eletrônicos poderão
V - o valor da causa; constar da ata notarial.
VI - as provas com que o autor pretende demons-
trar a verdade dos fatos alegados; Veja que ela pode ser utilizada para a prova de
VII - a opção do autor pela realização ou não de qualquer fato, desde que seja possível atestá-lo ou
audiência de conciliação ou de mediação. documentá-lo. Atualmente, tem sido muito utilizada
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
São três os requisitos formais da petição inicial apresentada pelo autor no pedido de exibição de documento
ou coisa, sem prejuízo dos requisitos da petição inicial (art. 319 do CPC). O primeiro: a individualização do docu-
mento ou da coisa (especificação); o segundo: a obrigatoriedade de o autor apresentar a que fim se justifica a
apresentação do documento ou da coisa; e, por fim, a fundamentação da razão pela qual o documento ou a coisa
está em poder da parte demandada.
Art. 398 O requerido dará sua resposta nos 5 (cinco) dias subsequentes à sua intimação.
Parágrafo único. Se o requerido afirmar que não possui o documento ou a coisa, o juiz permitirá que o requerente
prove, por qualquer meio, que a declaração não corresponde à verdade.
O requerido será intimado a apresentar resposta no prazo de 5 (cinco) dias, podendo apresentar o documento
ou a coisa, ou ainda afirmar que não possui o documento ou a coisa, oportunidade em que terá o autor a oportu-
nidade de provar que a afirmativa do requerido não é verdadeira.
O art. 399 do CPC trata das três hipóteses em que o juiz não irá admitir a recusa por parte do requerido em
apresentar o documento ou a coisa: a primeira se dá quando houver o dever legal de exibição; a segunda hipótese
trata do princípio da aquisição da prova, ou seja o dever da parte que por ventura tenha aludido ao documento
ou à coisa, com intuito de constituir prova, ter a obrigação de apresentá-la no processo; e, por fim, no caso de se
tratar de documento ou coisa comum às partes.
Art. 400 Ao decidir o pedido, o juiz admitirá como verdadeiros os fatos que, por meio do documento ou da coisa, a
parte pretendia provar se:
I - o requerido não efetuar a exibição nem fizer nenhuma declaração no prazo do art. 398;
II - a recusa for havida por ilegítima.
Parágrafo único. Sendo necessário, o juiz pode adotar medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogató-
rias para que o documento seja exibido.
No caso de o juiz determinar a exibição de documento ou coisa e o requerido não o apresentar, a consequência
será o juiz admitir como verdadeiros os fatos que se pretendiam comprovar por meio de documento ou coisa não
apresentados. Observe que a imposição do juiz para que se exiba o documento ou a coisa não ocorre sob pena de
desobediência ou meios coercitivos, e sim sob a presunção de veracidade decorrente da omissão. Tal presunção, no
194 entanto, é relativa, devendo ser analisado todo o conjunto probatório.
EXIBIÇÃO REQUERIDA EM FACE DE TERCEIRO
EXIBIÇÃO DE
EXIBIÇÃO DE
DOCUMENTO OU
A partir dos arts. 401 e seguintes, trata-se da exibi- DOCUMENTO OU COISA
COISA EM RELAÇÃO À
ção de documento ou coisa que se encontra em poder EM FACE DE TERCEIRO
PARTE
de terceiro. Neste caso, o juiz pode determinar a sua
apresentação de ofício ou a requerimento de qual- Presunção de veracidade O juiz expedirá
quer das partes. decorrente da omissão mandado de apreensão,
(Art. 400 do CPC) requisitando, se
Art. 401 Quando o documento ou a coisa estiver em necessário, força
policial, sem prejuízo da
poder de terceiro, o juiz ordenará sua citação para
responsabilidade por
responder no prazo de 15 (quinze) dias.
crime de desobediência,
pagamento de multa
Tendo em vista que terceiro não é parte no pro- e outras medidas
cesso, a exibição do documento ou coisa não constitui indutivas, coercitivas,
incidente processual, mas terá natureza de nova ação mandamentais ou sub-
incidente, razão pela qual o terceiro deve ser citado rogatórias necessárias
para oferecer resposta no prazo de quinze dias. (Art. 403 do CPC)
que o terceiro apresente o documento ou a coisa em parte também poderá recusar-se de exibi-lo.
cartório ou em outro lugar designado. No caso dessa Já no inciso III, a parte ou o terceiro também
ordem ser descumprida, será emitido mandado de poderá recusar a exibição se o documento ou a coisa
apreensão, com requisição de força policial se neces- resultar em sua desonra ou a de seus parentes consan-
sário, sem prejuízo de responsabilidade por crime de guíneos ou afins até o terceiro grau, ou representar-
desobediência. Além disso, será imposto ao terceiro -lhes perigo de ação penal.
O inciso IV traz hipótese de dever de sigilo pela
o pagamento de multa, bem como a possibilidade de
parte ou pelo terceiro, ocasião em que a exibição do
aplicação de outras medidas indutivas, coercitivas,
documento ou coisa, a cujo respeito, por estado ou
mandamentais ou sub-rogatórias com a finalidade de profissão, devam guardar segredo, também poderá
assegurar a efetivação da sua decisão. ser recusada.
Desta forma, é possível observar que existem dife- No inciso V temos que o juiz, verificando que há
renças quanto às consequências da não exibição de outros motivos graves, devidamente fundamentados
documento ou coisa em relação à parte e em face de pela parte ou pelo terceiro, poderá justificar a recusa
terceiro, conforme demonstrado na tabela a seguir: da exibição. 195
Por fim, o inciso VI traz a hipótese legal de recusa de tem a presunção de veracidade relativa quanto às
exibição de documento ou coisa pela parte ou terceiro, afirmações que nele constem em relação ao seu sig-
ou seja, quando a lei justificar a recusa da exibição. natário, não podendo se estender a veracidade aos
Lembramos ainda que o ônus de provar as recusas demais fatos.
é do requerido e do terceiro contra quem se pede a Além disso, quando o documento particular conti-
exibição. Ademais, o parágrafo único do art. 404 prevê ver declaração de ciência, ele estará provando apenas
hipótese de exibição parcial sempre que os motivos a ciência do fato, e não o fato em si.
de recusa recaírem apenas sobre parte do documento. Por fim, o ônus da prova será do interessado em
sua veracidade.
PROVA DOCUMENTAL No art. 409, vemos a preocupação do Código de
Processo Civil com a data e a formação do documento
Da Força Probante dos Documentos particular:
O Código de Processo Civil traz, nos arts. 405 a 429, Art. 409 A data do documento particular, quando a
a força probante dos documentos. seu respeito surgir dúvida ou impugnação entre os
litigantes, provar-se-á por todos os meios de direito.
Art. 405 O documento público faz prova não só da Parágrafo único. Em relação a terceiros, conside-
sua formação, mas também dos fatos que o escri- rar-se-á datado o documento particular:
vão, o chefe de secretaria, o tabelião ou o servidor I - no dia em que foi registrado;
declarar que ocorreram em sua presença. II - desde a morte de algum dos signatários;
III - a partir da impossibilidade física que sobreveio
a qualquer dos signatários;
Documento público é todo documento expedido
IV - da sua apresentação em repartição pública ou
por órgãos públicos. O art. 405 prevê que o documen- em juízo;
to público faz prova não apenas da sua formação, ou V - do ato ou do fato que estabeleça, de modo certo,
seja, a maneira como ele foi constituído. Ele também a anterioridade da formação do documento.
considera para fins de prova os fatos incluídos nes-
ses documentos, ou seja, os fatos declarados no docu- Ocorrendo a dúvida quanto à data do documen-
mento público, desde que ocorridos na presença dos to particular, ela poderá ser provada por qualquer
seguintes sujeitos: escrivão, chefe de secretaria, tabe- outro meio probante em direito capaz de lhe conferir
lião ou servidor. autenticidade.
Já no art. 406, não se trata de prova e sim de requi- Já em relação a terceiro que não faça parte da lide,
sito de validade de ato ou negócio jurídico: serão consideradas como data do documento particu-
lar as hipóteses previstas nos incisos I a V do art. 409.
Art. 406 Quando a lei exigir instrumento público A presunção com relação à data do documento
como da substância do ato, nenhuma outra prova, particular é relativa, já que se admite outras provas
por mais especial que seja, pode suprir-lhe a falta.
em contrário.
Observe que o art. 406 ressalta a importância do Art. 410 Considera-se autor do documento
instrumento público como solenidade especial para a particular:
validade do negócio jurídico, tendo em vista que, se a I - aquele que o fez e o assinou;
lei o exigir, nenhuma outra prova poderá suprir-lhe II - aquele por conta de quem ele foi feito, estando
a falta. assinado;
III - aquele que, mandando compô-lo, não o firmou
Art. 407 O documento feito por oficial público porque, conforme a experiência comum, não se cos-
incompetente ou sem a observância das formalida- tuma assinar, como livros empresariais e assentos
des legais, sendo subscrito pelas partes, tem a mes- domésticos.
ma eficácia probatória do documento particular.
O art. 410 elege a autoria do documento particular
O documento público irregular, conforme men- e a sua principal finalidade é a de que o autor do docu-
cionado no art. 407, possui a mesma forma proban- mento particular não seja ignorado ou confundido.
te que documento particular. Portanto, o documento Ainda sobre o documento particular, o art. 411 fala
não perde o seu valor probatório total para atestar a sobre a sua autenticidade:
existência dos fatos. O que ocorre neste caso é a per-
da da fé pública que o documento gozaria se estivesse Art. 411 Considera-se autêntico o documento
regular. quando:
I - o tabelião reconhecer a firma do signatário;
Art. 408 As declarações constantes do documento II - a autoria estiver identificada por qualquer outro
particular escrito e assinado ou somente assinado meio legal de certificação, inclusive eletrônico, nos
presumem-se verdadeiras em relação ao signatário. termos da lei;
Parágrafo único. Quando, todavia, contiver decla- III - não houver impugnação da parte contra quem
ração de ciência de determinado fato, o documento foi produzido o documento.
particular prova a ciência, mas não o fato em si,
incumbindo o ônus de prová-lo ao interessado em A autenticidade é a assinatura do documento par-
sua veracidade. ticular. Assim, considera-se autêntico o documento,
podendo constituir prova documental, quando das
O documento particular é aquele que não foi ela- hipóteses previstas nos incisos I a III, do art. 411. As
borado por oficial público, ou que foi e está irregular presunções, nestes casos, são relativas, pois admite-se
196 nos termos do art. 407. Assim, o documento particular prova em contrário.
Art. 412 O documento particular de cuja autenti- Art. 416 A nota escrita pelo credor em qualquer
cidade não se duvida prova que o seu autor fez a parte de documento representativo de obrigação,
declaração que lhe é atribuída. ainda que não assinada, faz prova em benefício do
Parágrafo único. O documento particular admitido devedor.
expressa ou tacitamente é indivisível, sendo vedado à Parágrafo único. Aplica-se essa regra tanto para o
parte que pretende utilizar-se dele aceitar os fatos que documento que o credor conservar em seu poder
lhe são favoráveis e recusar os que são contrários ao quanto para aquele que se achar em poder do deve-
seu interesse, salvo se provar que estes não ocorreram. dor ou de terceiro.
Quando não há qualquer dúvida quanto à autenti- Qualquer anotação realizada pelo credor em qual-
cidade do documento particular, a autenticidade por quer parte no documento representativo de obriga-
si só possui força suficiente para provar que a declara- ção (que pode ser um contrato ou um título de crédito,
ção contida nesse documento é verdadeira em relação por exemplo), ainda que não assinada, faz prova em
ao autor. Portanto, o que se prova e considera-se ver- benefício do devedor. A regra descrita no caput do art.
dadeiro é a declaração, e não o fato em si. 416 é válida para documentos em posse do credor, do
Já o parágrafo único do art. 412 traz a indivisibili- devedor ou de terceiros.
dade do documento particular, ou seja, o documento Já o art. 417 trata da força probante dos livros
particular somente pode ser admitido no todo, não em empresariais:
partes. Assim, a parte que pretende utilizar como pro-
va o documento particular não poderá aproveitar ape- Art. 417 Os livros empresariais provam contra seu
nas o que lhe beneficia, e recusar o que lhe prejudica. autor, sendo lícito ao empresário, todavia, demons-
O art. 413, por sua vez, trata da matéria de prova trar, por todos os meios permitidos em direito, que
em relação ao telegrama e radiograma, além de outros os lançamentos não correspondem à verdade dos
meios de transmissão: fatos.
Art. 413 O telegrama, o radiograma ou qualquer Observe que os livros empresariais constituem
outro meio de transmissão tem a mesma força
prova documental contra o seu autor. Diante da res-
probatória do documento particular se o original
ponsabilidade pelas consequências dos livros, ao
constante da estação expedidora tiver sido assina-
do pelo remetente.
empresário é permitido demonstrar, por todos os
Parágrafo único. A firma do remetente poderá meios de prova, que os lançamentos registrados nos
ser reconhecida pelo tabelião, declarando-se essa livros empresariais não correspondem à verdade dos
circunstância no original depositado na estação fatos.
expedidora.
Art. 418 Os livros empresariais que preencham os
Acerca dos meios de comunicação, o Código de requisitos exigidos por lei provam a favor de seu
Processo Civil diz que o telegrama, o radiograma autor no litígio entre empresários.
ou qualquer outro meio de transmissão possuem a
mesma força probatória do documento particular. A Os livros empresariais que estiverem anotados de
grande crítica a esse artigo é quanto à tecnologia em acordo com as formalidades legais em litígios envol-
relação ao radiograma e ao telegrama, que estão total- vendo empresários poderão ser utilizados como pro-
mente em desuso. va em favor do autor. Neste caso, o ônus de provar a
irregularidade é da parte contrária.
Art. 414 O telegrama ou o radiograma presume-se Já a escrituração contábil encontra-se disposta no
conforme com o original, provando as datas de sua art. 419:
expedição e de seu recebimento pelo destinatário.
Art. 419 A escrituração contábil é indivisível, e, se
Ainda em relação ao telegrama e ao radiograma, o
dos fatos que resultam dos lançamentos, uns são
art. 414 estabelece que se presumem verdadeiros, de
favoráveis ao interesse de seu autor e outros lhe
acordo com o seu original, se a parte que o apresentar
são contrários, ambos serão considerados em con-
provar as datas de expedição e recebimento. junto, como unidade.
Art. 415 As cartas e os registros domésticos pro-
vam contra quem os escreveu quando: A regra é quanto à indivisibilidade que se aplica
I - enunciam o recebimento de um crédito; à escrituração contábil: ela é indivisível assim como
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
II - contêm anotação que visa a suprir a falta de os documentos particulares. Ou seja, os documentos
título em favor de quem é apontado como credor; contábeis serão considerados em conjunto, com lan-
III - expressam conhecimento de fatos para os quais çamentos favoráveis e contrários ao seu autor.
não se exija determinada prova.
Art. 420 O juiz pode ordenar, a requerimento da
O art. 415 trata das cartas e dos registros domésti- parte, a exibição integral dos livros empresariais e
cos como meios de prova. Considera-se como registros dos documentos do arquivo:
domésticos: livros, diários, recibos, entre outros docu- I - na liquidação de sociedade;
mentos. Assim, as cartas e os registros domésticos for- II - na sucessão por morte de sócio;
mam prova quando registram o recebimento de um III - quando e como determinar a lei.
crédito, quando possuem anotação que visa a suprir a
falta de título em favor de quem é apontado como cre- Temos nesse artigo uma exceção à inviolabilidade
dor ou quando expressam conhecimento de fatos para do sigilo empresarial prevista no art. 1.190, do Código
os quais não se exija prova determinada, de acordo Civil. Assim, o sigilo do livro empresarial poderá ser
com o previsto no art. 406 do Código de Processo Civil. relativizado, conforme demonstrado a seguir: 197
Nesta hipótese,
Na liquidação a finalidade é a
de sociedade averiguação dos
ativos e passivos
Nesta hipótese, a
Exibição integral dos finalidade é realizar
Na sucessão por
livros empresariais e dos a distinção da quota
morte de sócio
documentos do arquivo empresarial para
fins de sucessão
Quando e como
determinar a lei
Observe que a ordenação da exibição se dá mediante requerimento da parte e será de forma integral.
Art. 421 O juiz pode, de ofício, ordenar à parte a exibição parcial dos livros e dos documentos, extraindo-se deles a
suma que interessar ao litígio, bem como reproduções autenticadas.
Ainda com relação aos livros e documentos empresariais, temos no art. 421 a ordenação de exibição de ofício
pelo juiz. Neste caso, está autorizada a exibição parcial dos livros e dos documentos. As distinções quanto à exibi-
ção dos livros empresariais e documentos do arquivo estão demonstradas a seguir:
Mediante requerimento da parte (Art. 420 do CPC) De ofício pelo juiz (Art. 421 do CPC)
Exibição integral nas hipóteses previstas nos incisos I, II Exibição parcial, extraindo-se o que interessar ao litígio
e III do art. 420
Art. 422 Qualquer reprodução mecânica, como a fotográfica, a cinematográfica, a fonográfica ou de outra espécie,
tem aptidão para fazer prova dos fatos ou das coisas representadas, se a sua conformidade com o documento origi-
nal não for impugnada por aquele contra quem foi produzida.
§ 1º As fotografias digitais e as extraídas da rede mundial de computadores fazem prova das imagens que reprodu-
zem, devendo, se impugnadas, ser apresentada a respectiva autenticação eletrônica ou, não sendo possível, realiza-
da perícia.
§ 2º Se se tratar de fotografia publicada em jornal ou revista, será exigido um exemplar original do periódico, caso
impugnada a veracidade pela outra parte.
§ 3º Aplica-se o disposto neste artigo à forma impressa de mensagem eletrônica.
Nesse artigo temos a possibilidade de admissão de qualquer reprodução mecânica como prova dos fatos ou
coisas representadas. Enquadra-se como reprodução mecânica a fotografia, a cinematografia, a fonografia ou
outras espécies. Tais reproduções, juntadas aos autos e não impugnadas, serão presumidas verdadeiras.
No § 1º do art. 422, temos que se as fotografias digitais e as extraídas da rede mundial de computadores forem
impugnadas pela parte contrária, deverá ser apresentada a autenticação eletrônica ou, não sendo possível, será
realizada perícia.
Já o § 2º trata da fotografia publicada em jornal ou revista, ocasião que, se impugnada pela parte contrária,
será exigido um exemplar original do periódico.
Por fim, o § 3º determina a possibilidade de aplicação do art. 422 para a mensagem eletrônica.
Art. 423 As reproduções dos documentos particulares, fotográficas ou obtidas por outros processos de repetição,
valem como certidões sempre que o escrivão ou o chefe de secretaria certificar sua conformidade com o original.
O texto do art. 423 diz respeito à reprodução de documentos particulares, por meio de fotografia ou outro
processo de repetição. Essas reproduções valem como certidão sempre que o escrivão ou o chefe de secretaria
certificar sua conformidade com o original, tendo em vista que esses sujeitos oficiais gozam de fé pública, poden-
do conferir autenticidade às cópias.
Art. 424 A cópia de documento particular tem o mesmo valor probante que o original, cabendo ao escrivão, intima-
das as partes, proceder à conferência e certificar a conformidade entre a cópia e o original.
Observe que esse artigo trata do valor da cópia do documento particular. O documento particular terá o mes-
mo valor que o documento original, cabendo ao escrivão, intimadas as partes, proceder a sua conferência e certi-
198 ficar a conformidade entre cópia e original.
Art. 425 Fazem a mesma prova que os originais: Art. 426 O juiz apreciará fundamentadamente a fé
I - as certidões textuais de qualquer peça dos autos, que deva merecer o documento, quando em pon-
do protocolo das audiências ou de outro livro a car- to substancial e sem ressalva contiver entrelinha,
go do escrivão ou do chefe de secretaria, se extraídas emenda, borrão ou cancelamento.
por ele ou sob sua vigilância e por ele subscritas;
II - os traslados e as certidões extraídas por oficial O art. 426 trata das rasuras presentes nos docu-
público de instrumentos ou documentos lançados mentos apresentados pelas partes, ocasião em que o
em suas notas; juiz realizará a análise e apreciação fundamentada-
III - as reproduções dos documentos públicos, desde mente da fé, ou seja, da autenticidade ou confiança
que autenticadas por oficial público ou conferidas daquele documento. Além disso, o juiz decidirá sobre
em cartório com os respectivos originais;
a força do elemento na prova documental.
IV - as cópias reprográficas de peças do próprio
A cessação da boa-fé, tanto de documento público
processo judicial declaradas autênticas pelo advo-
como particular, vem prevista no art. 427:
gado, sob sua responsabilidade pessoal, se não lhes
for impugnada a autenticidade;
V - os extratos digitais de bancos de dados públicos Art. 427 Cessa a fé do documento público ou parti-
e privados, desde que atestado pelo seu emitente, cular sendo-lhe declarada judicialmente a falsidade.
sob as penas da lei, que as informações conferem Parágrafo único. A falsidade consiste em:
com o que consta na origem; I - formar documento não verdadeiro;
VI - as reproduções digitalizadas de qualquer docu- II - alterar documento verdadeiro.
mento público ou particular, quando juntadas aos
autos pelos órgãos da justiça e seus auxiliares, pelo Quando documento público ou particular for
Ministério Público e seus auxiliares, pela Defenso- declarado judicialmente falso, será cessada a sua fé.
ria Pública e seus auxiliares, pelas procuradorias, O juiz declarará a falsidade em decisão devidamente
pelas repartições públicas em geral e por advoga- motivada.
dos, ressalvada a alegação motivada e fundamen- As hipóteses de falsidade são:
tada de adulteração.
§ 1º Os originais dos documentos digitalizados z Formar documento não verdadeiro: nesta hipó-
mencionados no inciso VI deverão ser preservados tese, o documento é falso desde o princípio;
pelo seu detentor até o final do prazo para proposi- z Alterar documento verdadeiro: aqui, o docu-
tura de ação rescisória. mento era verdadeiro no início e depois passa a
§ 2º Tratando-se de cópia digital de título executivo ser falso.
extrajudicial ou de documento relevante à instru-
ção do processo, o juiz poderá determinar seu depó-
A falsidade relativa a documentos particulares
sito em cartório ou secretaria.
encontra-se prevista logo em seguida, no art. 428:
Ainda sobre a força probatória das cópias, o art.
425 estabelece documentos que têm mesmo valor que Art. 428 Cessa a fé do documento particular
os originais. quando:
No inciso I, temos as certidões de qualquer peça I - for impugnada sua autenticidade e enquanto não
dos autos, do protocolo das audiências ou de outro se comprovar sua veracidade;
livro, se extraídas pelo escrivão ou chefe de secretaria II - assinado em branco, for impugnado seu conteú-
ou sob sua vigilância e por ele subscritas. do, por preenchimento abusivo.
No inciso II, por sua vez, considera-se mesma pro- Parágrafo único. Dar-se-á abuso quando aquele que
va que os originais os traslados e as certidões extraídas recebeu documento assinado com texto não escrito
por oficial público de instrumentos ou documentos no todo ou em parte formá-lo ou completá-lo por si
lançados em suas notas. ou por meio de outrem, violando o pacto feito com
Já o inciso III trata das cópias de documentos o signatário.
públicos que, se autenticadas por oficial público ou
conferidas em cartório, com os respectivos originais, Nesse artigo, a preocupação é exclusivamente com
fazem a mesma prova que os originais. os documentos particulares, estabelecendo que a sua
O inciso IV fala sobre as cópias de peças do pro- fé será cessada quando:
cesso declaradas autênticas pelo próprio advogado
sob sua responsabilidade pessoal, que fazem a mesma z For impugnada sua autenticidade e enquanto
prova que os originais, se não lhes for impugnada a não se comprovar sua veracidade: nesta hipóte-
autenticidade. se, será cessada a fé pública do documento parti-
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
DA ARGUIÇÃO DE FALSIDADE
Disciplinada nos arts. 430 a 433 do Código de Processo Civil, a arguição de falsidade atribui às partes a possibi-
lidade de suscitar a falsidade de documento contra elas produzido.
Art. 430 A falsidade deve ser suscitada na contestação, na réplica ou no prazo de 15 (quinze) dias, contado a partir
da intimação da juntada do documento aos autos.
Parágrafo único. Uma vez arguida, a falsidade será resolvida como questão incidental, salvo se a parte requerer que
o juiz a decida como questão principal, nos termos do inciso II do art. 19.
z Na contestação;
z Na réplica;
z No prazo de 15 (quinze) dias, a partir da intimação da juntada do documento aos autos.
Uma vez arguida a falsidade do documento, ela será resolvida como questão incidente, mas o parágrafo único
prevê a possibilidade de a parte interessada requerer que a falsidade seja decidida como questão principal.
Art. 431 A parte arguirá a falsidade expondo os motivos em que funda a sua pretensão e os meios com que provará
o alegado.
Sempre que a parte suscitar arguição de falsidade, ela deverá expor todas as razões de fato e de direito que
fundamentam sua pretensão, apresentando a prova que considera capaz de demonstrar a falsidade ou indicando
o meio probatório para tanto.
Art. 432 Depois de ouvida a outra parte no prazo de 15 (quinze) dias, será realizado o exame pericial.
Parágrafo único. Não se procederá ao exame pericial se a parte que produziu o documento concordar em retirá-lo.
Apresentada a arguição de falsidade, a parte contrária será chamada a se manifestar no prazo de 15 (quinze)
dias. Após esse prazo, será realizado exame pericial com a finalidade de provar as alegações de falsidade.
No entanto, se, na manifestação, a parte contrária concordar em retirar o documento no qual foi alegado a
falsidade, não se procederá o exame pericial.
Art. 433 A declaração sobre a falsidade do documento, quando suscitada como questão principal, constará da parte
dispositiva da sentença e sobre ela incidirá também a autoridade da coisa julgada.
Quando a falsidade for suscitada como questão principal, ela constará na parte dispositiva da sentença e inte-
grará a coisa julgada.
O principal objetivo desse dispositivo é que, ao suscitar a falsidade do documento em questão principal e inte-
grando a coisa julgada, o interessado não quer apenas a sua declaração para aquele caso, e sim que aquela prova
não seja mais utilizada em qualquer outro processo, pois, quanto a sua veracidade, já haverá decisão consolidada
pelo Poder Judiciário.
Fluxograma da arguição de falsidade:
� Contestação No prazo de
Momento � Réplica 15 dias
� No prazo de 15 dias, a partir Parte contrária se
Arguição de falsidade
manifestar
da intimação da juntada do
documento aos autos
Retirar o Manter o
documento documento
dos autos nos autos
Deverá conter a
exposição dos
motivos de fato e de
direito Sentença Perícia
O tema referente à produção da prova documental está tratado entre os arts. 434 a 438 do Código de Processo
200 Civil.
Art. 434 Incumbe à parte instruir a petição inicial ou a contestação com os documentos destinados a provar suas
alegações.
Parágrafo único. Quando o documento consistir em reprodução cinematográfica ou fonográfica, a parte deverá
trazê-lo nos termos do caput, mas sua exposição será realizada em audiência, intimando-se previamente as partes.
Nesse primeiro dispositivo, temos que é determinado às partes, tanto na petição inicial como na contestação,
apresentarem todos os documentos necessários para provar suas alegações. Ou seja, a regra é de que aquele que
alega o fato deve prová-lo.
Além disso, o parágrafo único do art. 434 diz que se o documento consistir em reprodução cinematográfica
ou fonográfica, a parte deverá trazê-lo a termo na petição inicial ou contestação, sob pena de não serem juntados
posteriormente. No entanto, a exposição desses documentos será realizada em audiência, ocasião que as partes
serão intimadas previamente.
Art. 435 É lícito às partes, em qualquer tempo, juntar aos autos documentos novos, quando destinados a fazer pro-
va de fatos ocorridos depois dos articulados ou para contrapô-los aos que foram produzidos nos autos.
Parágrafo único. Admite-se também a juntada posterior de documentos formados após a petição inicial ou a con-
testação, bem como dos que se tornaram conhecidos, acessíveis ou disponíveis após esses atos, cabendo à parte que
os produzir comprovar o motivo que a impediu de juntá-los anteriormente e incumbindo ao juiz, em qualquer caso,
avaliar a conduta da parte de acordo com o art. 5º.
O art. 435 trata do momento da produção prova documental, devendo ser interpretado juntamente com o
art. 434. A regra é que as partes produzam a prova documental na petição inicial, em se tratando do autor, ou na
contestação, quando for o réu.
No entanto, é possível que as partes, a qualquer tempo, realizem a juntada de novos documentos, desde que
eles sejam destinados a provar fatos ocorridos após terem sido articulados na petição inicial ou contestação, ou
para contrapô-los aos que foram produzidos nos autos.
Além disso, também é admitida a juntada pospositiva de documento posterior ao ajuizamento da ação ou
apresentação da contestação ou quando o documento se tornou conhecido, acessível ou disponível após esses
marcos temporais, cabendo à parte que os produziu comprovar fundamentalmente o motivo que lhe impediu de
juntá-los anteriormente.
Em qualquer dessas situações, caberá ao juiz apreciar o comportamento processual da parte ao admitir a pro-
va nos autos, de acordo com a regra da boa-fé prevista no art. 5°, do Código de Processo Civil.
Art. 436 A parte, intimada a falar sobre documento constante dos autos, poderá:
I - impugnar a admissibilidade da prova documental;
II - impugnar sua autenticidade;
III - suscitar sua falsidade, com ou sem deflagração do incidente de arguição de falsidade;
IV - manifestar-se sobre seu conteúdo.
Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, a impugnação deverá basear-se em argumentação específica, não
se admitindo alegação genérica de falsidade.
Em momento subsequente à juntada do documento no processo, a parte contrária deverá manifestar-se sobre
a prova, devendo atacar de forma fundamentada e pontual o documento, não se admitindo alegações genéricas.
PARTE CONTRÁRIA SERÁ INTIMADA PARA MANIFESTAR-SE SOBRE DOCUMENTO JUNTADOS NOS AUTOS,
OPORTUNIDADE DIANTE DA QUAL PODERÁ:
� Por estar preclusa; Quando não tiver certeza da De acordo com o art. 430 do Apresentando outros
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
� Pela circunstância de autoria do documento. CPC, a falsidade deverá ser documentos que pro-
fato exigir apresentação suscitada em três momentos: duzam prova contrária.
de instrumento público; � Na contestação;
� Porque a justificativa � Na réplica;
trazida não demonstra � No prazo de 15 (quinze)
impedimento à posterior dias, a partir da intimação
exibição do documento. da juntada do documento
aos autos.
Art. 437 O réu manifestar-se-á na contestação sobre os documentos anexados à inicial, e o autor manifestar-se-á na
réplica sobre os documentos anexados à contestação.
§ 1º Sempre que uma das partes requerer a juntada de documento aos autos, o juiz ouvirá, a seu respeito, a outra
parte, que disporá do prazo de 15 (quinze) dias para adotar qualquer das posturas indicadas no art. 436.
§ 2º Poderá o juiz, a requerimento da parte, dilatar o prazo para manifestação sobre a prova documental produzida,
levando em consideração a quantidade e a complexidade da documentação. 201
O art. 437 demonstra que a parte terá direito de se analisará o documento em versão digital, além de que
manifestar sobre o documento junto nos autos na pri- os documentos serão aceitos se tiverem sido produzi-
meira oportunidade que tiver. O réu deverá manifes- dos de acordo com a lei. Acompanhe:
tar-se na contestação sobre os documentos anexados
na inicial. Já o autor deverá manifestar-se na réplica Art. 439 A utilização de documentos eletrônicos no
sobre os documentos anexados na contestação. processo convencional dependerá de sua conversão
Caso o documento seja juntado em momento pos- à forma impressa e da verificação de sua autentici-
terior, o juiz ouvirá a outra parte, que terá o prazo de dade, na forma da lei.
15 (quinze) dias para adotar qualquer das posturas Art. 440 O juiz apreciará o valor probante do docu-
previstas no artigo anterior (art. 436 do CPC). mento eletrônico não convertido, assegurado às
O prazo de 15 (quinze) dias para manifestação partes o acesso ao seu teor.
sobre a prova documental juntada nos autos poderá Art. 441 Serão admitidos documentos eletrônicos
ser dilatado pelo juiz, a requerimento da parte, levan- produzidos e conservados com a observância da
do em consideração a quantidade e a complexidade legislação específica.
da documentação juntada.
Por fim, o art. 438 traz as hipóteses de requisição Prova testemunhal
judicial:
A prova testemunhal será obtida pela inquirição
Art. 438 O juiz requisitará às repartições públicas, do juiz às testemunhas, ou seja, pessoas diversas das
em qualquer tempo ou grau de jurisdição: partes no processo.
I - as certidões necessárias à prova das alegações Dispensa-se a prova testemunhal sobre fatos já
das partes; provados por documento ou confissão da parte, bem
II - os procedimentos administrativos nas causas como os que só por documento ou por exame pericial
em que forem interessados a União, os Estados,
puderem ser provados.
o Distrito Federal, os Municípios ou entidades da
administração indireta.
§ 1º Recebidos os autos, o juiz mandará extrair, no Art. 442 A prova testemunhal é sempre admissível,
prazo máximo e improrrogável de 1 (um) mês, cer- não dispondo a lei de modo diverso.
tidões ou reproduções fotográficas das peças que Art. 443 O juiz indeferirá a inquirição de testemu-
indicar e das que forem indicadas pelas partes, e, em nhas sobre fatos:
seguida, devolverá os autos à repartição de origem. I - já provados por documento ou confissão da
§ 2º As repartições públicas poderão fornecer todos parte;
os documentos em meio eletrônico, conforme dis- II - que só por documento ou por exame pericial
posto em lei, certificando, pelo mesmo meio, que se puderem ser provados.
trata de extrato fiel do que consta em seu banco de Art. 444 Nos casos em que a lei exigir prova escri-
dados ou no documento digitalizado. ta da obrigação, é admissível a prova testemunhal
quando houver começo de prova por escrito, ema-
Será realizada a requisição judicial, de ofício ou nado da parte contra a qual se pretende produzir
a requerimento da parte interessada no documento, a prova.
sempre que o documento for relevante para a apura- Art. 445 Também se admite a prova testemunhal
ção dos fatos alegados nos autos e não houver outra quando o credor não pode ou não podia, moral ou
maneira de ser obtido sem a intervenção judicial. materialmente, obter a prova escrita da obriga-
O juiz poderá requisitar: ção, em casos como o de parentesco, de depósito
necessário ou de hospedagem em hotel ou em razão
das práticas comerciais do local onde contraída a
z As certidões necessárias à prova das alegações das
obrigação.
partes;
Art. 446 É lícito à parte provar com testemunhas:
z Os procedimentos administrativos nas causas em
I - nos contratos simulados, a divergência entre a
que forem interessados a União, os Estados, o Dis-
vontade real e a vontade declarada;
trito Federal, os Municípios ou entidades da admi-
II - nos contratos em geral, os vícios de
nistração indireta.
consentimento.
julgado fundamentado nesta prova, além da sanção pagamento da despesa que efetuou para compare-
penal já citada. cimento à audiência, devendo a parte pagá-la logo
que arbitrada ou depositá-la em cartório dentro de
Art. 459 As perguntas serão formuladas pelas par- 3 (três) dias.
tes diretamente à testemunha, começando pela que
a arrolou, não admitindo o juiz aquelas que pude- Embora a testemunha deva colaborar com o juízo
rem induzir a resposta, não tiverem relação com as e com a Justiça, o processo não deve causar prejuízo
questões de fato objeto da atividade probatória ou para ela, portanto, é cabível requerer ao juiz o paga-
importarem repetição de outra já respondida. mento da despesa que efetuou.
§ 1º O juiz poderá inquirir a testemunha tanto antes
quanto depois da inquirição feita pelas partes. Art. 463 O depoimento prestado em juízo é conside-
§ 2º As testemunhas devem ser tratadas com urba- rado serviço público.
nidade, não se lhes fazendo perguntas ou considera- Parágrafo único. A testemunha, quando sujeita ao
ções impertinentes, capciosas ou vexatórias. regime da legislação trabalhista, não sofre, por
§ 3º As perguntas que o juiz indeferir serão trans- comparecer à audiência, perda de salário nem des-
critas no termo, se a parte o requerer. conto no tempo de serviço. 205
A testemunha auxilia a prestação jurisdicional. z Linguagem simples e com coerência lógica, indi-
Assim, o depoimento dela é considerado um servi- cando como alcançou suas conclusões;
ço público. Por ser considerado serviço público, não z Respeitar os limites de sua designação, sendo veda-
poderá sofrer qualquer desconto salarial quando for do emitir opiniões pessoais que excedam o exame
preciso o comparecimento na audiência para depor. técnico ou científico do objeto da perícia.
Quando não for necessário o dia inteiro para o depoi-
A valoração da prova pericial ocorrerá na senten-
mento, nada impede a retomada normal das ativida-
ça, momento em que o juiz apreciará a prova de acor-
des laborais.
do com o disposto no art. 371, indicando os motivos
que o levaram a considerar ou a deixar de considerar
Da Prova Pericial as conclusões do laudo, levando em conta o método
utilizado pelo perito. Se a perícia não esclarecer sufi-
A seção Da Prova Pericial é estudada do art. 464 ao cientemente os fatos, poderá ser designada nova perí-
art. 480. A prova pericial consiste em uma prova pro- cia, que não substituirá a primeira, cabendo ao juiz
duzida por perito, ou seja, profissional nomeado pelo apreciar o valor de uma e de outra.
juízo e capacitado realizar o referido para exame, ou Depois do estudo, vamos a leitura dos artigos:
seja, a prova pericial destina-se a provar fato que exi-
Art. 464 A prova pericial consiste em exame, vis-
ja conhecimento técnico, como de engenheiros, conta-
toria ou avaliação.
dores, médicos etc. A perícia pode ser: § 1º O juiz indeferirá a perícia quando:
I - a prova do fato não depender de conhecimento
z Exame: Pode recair sobre bens móveis, semoven- especial de técnico;
tes, livros comerciais, documentos e pessoas, como II - for desnecessária em vista de outras provas
o exame de DNA; produzidas;
z Vistoria: Recai sobre imóveis; III - a verificação for impraticável.
z Avaliação: Destina-se a mensurar o valor de um § 2º De ofício ou a requerimento das partes, o juiz
bem, direito ou obrigação. poderá, em substituição à perícia, determinar a
produção de prova técnica simplificada, quando o
ponto controvertido for de menor complexidade.
A produção da prova pericial será indeferida
§ 3º A prova técnica simplificada consistirá apenas
quando:
na inquirição de especialista, pelo juiz, sobre pon-
to controvertido da causa que demande especial
z A prova do fato não depender de conhecimento conhecimento científico ou técnico.
especial de técnico; § 4 o Durante a arguição, o especialista, que deverá
z For desnecessária em vista de outras provas ter formação acadêmica específica na área objeto
produzidas; de seu depoimento, poderá valer-se de qualquer
z A verificação for impraticável. recurso tecnológico de transmissão de sons e ima-
gens com o fim de esclarecer os pontos controver-
Se deferida, o juiz nomeará perito especializado no tidos da causa.
objeto da perícia e fixará de imediato o prazo para a Art. 465 O juiz nomeará perito especializado no
objeto da perícia e fixará de imediato o prazo para
entrega do laudo. As partes serão intimadas do des-
a entrega do laudo.
pacho de nomeação, momento em que, dentro de 15 § 1º Incumbe às partes, dentro de 15 (quinze) dias conta-
dias, poderão: dos da intimação do despacho de nomeação do perito:
I - arguir o impedimento ou a suspeição do perito,
z Arguir o impedimento ou a suspeição do perito, se se for o caso;
for o caso; II - indicar assistente técnico;
z Indicar assistente técnico; III - apresentar quesitos.
z Apresentar quesitos. § 2º Ciente da nomeação, o perito apresentará em
5 (cinco) dias:
Os assistentes técnicos são de confiança da parte I - proposta de honorários;
e não estão sujeitos a impedimento ou suspeição. Os II - currículo, com comprovação de especialização;
III - contatos profissionais, em especial o endereço
quesitos são das indagações feitas ao perito, no senti-
eletrônico, para onde serão dirigidas as intimações
do de esclarecer as questões técnicas objeto da prova pessoais.
pericial. § 3º As partes serão intimadas da proposta de hono-
Poderão ser formulados quesitos complementares, rários para, querendo, manifestar-se no prazo comum
se necessário. Sobre os quesitos, o juiz poderá indefe- de 5 (cinco) dias, após o que o juiz arbitrará o valor,
rir os impertinentes ou mesmo formular os quesitos intimando-se as partes para os fins do art. 95 .
que entender necessários ao esclarecimento da causa. § 4º O juiz poderá autorizar o pagamento de até
São requisitos do laudo pericial: cinquenta por cento dos honorários arbitrados a
favor do perito no início dos trabalhos, devendo o
z Exposição do objeto da perícia; remanescente ser pago apenas ao final, depois de
z Análise técnica ou científica realizada pelo perito; entregue o laudo e prestados todos os esclareci-
mentos necessários.
z Indicação do método utilizado, esclarecendo-o
§ 5º Quando a perícia for inconclusiva ou deficiente,
e demonstrando ser predominantemente aceito
o juiz poderá reduzir a remuneração inicialmente
pelos especialistas da área do conhecimento da arbitrada para o trabalho.
qual se originou; § 6º Quando tiver de realizar-se por carta, poder-se-
z Resposta conclusiva a todos os quesitos apresenta- -á proceder à nomeação de perito e à indicação de
dos pelo juiz, pelas partes e pelo órgão do Ministé- assistentes técnicos no juízo ao qual se requisitar
206 rio Público; a perícia.
Art. 466 O perito cumprirá escrupulosamente o O art. 471 prevê uma hipótese de negócio jurídico
encargo que lhe foi cometido, independentemente processual típico, a nomeação consensual de perito.
de termo de compromisso. Portanto, dois requisitos são exigidos para a composi-
§ 1º Os assistentes técnicos são de confiança da par- ção deste negócio jurídico:
te e não estão sujeitos a impedimento ou suspeição.
§ 2º O perito deve assegurar aos assistentes das z A capacidade das partes;
partes o acesso e o acompanhamento das diligên- z A possibilidade de resolução do litigio por auto-
cias e dos exames que realizar, com prévia comu- composição, isto solucionar o conflito pelo con-
nicação, comprovada nos autos, com antecedência sentimento espontâneo de um dos conflitantes em
mínima de 5 (cinco) dias. sacrificar o interesse próprio, no todo ou em parte,
Art. 467 O perito pode escusar-se ou ser recusado em favor do interesse alheio.
por impedimento ou suspeição.
Parágrafo único. O juiz, ao aceitar a escusa ou ao julgar
Contrariamente do perito nomeado pelo juízo, o
procedente a impugnação, nomeará novo perito.
perito nomeado pelas partes não precisa ser escolhido
entre os profissionais inscritos no cadastro do tribunal.
O perito é um auxiliar do juízo, devendo ser impar-
cial e, por este motivo, as hipóteses de impedimento Art. 472 O juiz poderá dispensar prova pericial
e de suspeição previstas para o juiz são aplicáveis ao quando as partes, na inicial e na contestação, apre-
perito. sentarem, sobre as questões de fato, pareceres téc-
Ademais, é cabível comentar que o perito tem o nicos ou documentos elucidativos que considerar
direito se escusar-se da perícia, alegando motivo legí- suficientes.
timo no prazo de 15 dias a contar da intimação, da
suspeição ou do impedimento, conforme o artigo 157, O art. 472 trata da viabilização da dispensa de
do CPC. perícia, caso informações técnicas sejam associadas
pelas partes, consideráveis de convencimento pelo
Art. 468 O perito pode ser substituído quando: magistrado.
I - faltar-lhe conhecimento técnico ou científico;
II - sem motivo legítimo, deixar de cumprir o encar- Art. 473 O laudo pericial deverá conter:
go no prazo que lhe foi assinado. I - a exposição do objeto da perícia;
§ 1º No caso previsto no inciso II, o juiz comunicará II - a análise técnica ou científica realizada pelo
a ocorrência à corporação profissional respectiva, perito;
podendo, ainda, impor multa ao perito, fixada ten- III - a indicação do método utilizado, esclarecendo-
do em vista o valor da causa e o possível prejuízo -o e demonstrando ser predominantemente aceito
decorrente do atraso no processo. pelos especialistas da área do conhecimento da
§ 2º O perito substituído restituirá, no prazo de 15 qual se originou;
(quinze) dias, os valores recebidos pelo trabalho IV - resposta conclusiva a todos os quesitos apre-
não realizado, sob pena de ficar impedido de atuar sentados pelo juiz, pelas partes e pelo órgão do
como perito judicial pelo prazo de 5 (cinco) anos. Ministério Público.
§ 3º Não ocorrendo a restituição voluntária de que § 1º No laudo, o perito deve apresentar sua funda-
trata o § 2º, a parte que tiver realizado o adianta- mentação em linguagem simples e com coerência
mento dos honorários poderá promover execução lógica, indicando como alcançou suas conclusões.
contra o perito, na forma dos arts. 513 e seguin- § 2º É vedado ao perito ultrapassar os limites de
tes deste Código , com fundamento na decisão que sua designação, bem como emitir opiniões pessoais
determinar a devolução do numerário. que excedam o exame técnico ou científico do obje-
Art. 469 As partes poderão apresentar quesitos to da perícia.
suplementares durante a diligência, que poderão § 3º Para o desempenho de sua função, o perito e
ser respondidos pelo perito previamente ou na os assistentes técnicos podem valer-se de todos os
meios necessários, ouvindo testemunhas, obtendo
audiência de instrução e julgamento.
informações, solicitando documentos que estejam
Parágrafo único. O escrivão dará à parte contrária
em poder da parte, de terceiros ou em repartições
ciência da juntada dos quesitos aos autos.
públicas, bem como instruir o laudo com planilhas,
Art. 470 Incumbe ao juiz:
mapas, plantas, desenhos, fotografias ou outros
I - indeferir quesitos impertinentes;
elementos necessários ao esclarecimento do objeto
II - formular os quesitos que entender necessários
da perícia.
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
ao esclarecimento da causa.
Art. 471 As partes podem, de comum acordo, esco-
Sintetizando o art. 473 sobre os elementos que o
lher o perito, indicando-o mediante requerimento,
laudo pericial deve constar:
desde que:
I - sejam plenamente capazes;
II - a causa possa ser resolvida por autocomposição. z Exposição da pessoa/coisa objeto da perícia;
§ 1º As partes, ao escolher o perito, já devem indi- z Análise técnica/científica;
car os respectivos assistentes técnicos para acom- z Método de trabalho;
panhar a realização da perícia, que se realizará em z Resposta conclusiva dos quesitos.
data e local previamente anunciados.
§ 2º O perito e os assistentes técnicos devem entre- Prevê o art. 474 que as partes serão comunicadas
gar, respectivamente, laudo e pareceres em prazo da data e do local que será realizada a prova pericial,
fixado pelo juiz. para que estas possam acompanhar os trabalhos téc-
§ 3º A perícia consensual substitui, para todos os nicos. É importante ressaltar que uma perícia even-
efeitos, a que seria realizada por perito nomeado tual realizada sem a ciência das partes é considerada
pelo juiz. ineficaz. 207
Art. 474 As partes terão ciência da data e do § 1º Nas hipóteses de gratuidade de justiça, os
local designados pelo juiz ou indicados pelo perito órgãos e as repartições oficiais deverão cumprir
para ter início a produção da prova. a determinação judicial com preferência, no prazo
Art. 475 Tratando-se de perícia complexa que estabelecido.
abranja mais de uma área de conhecimento espe- § 2º A prorrogação do prazo referido no § 1º pode
cializado, o juiz poderá nomear mais de um perito, ser requerida motivadamente.
e a parte, indicar mais de um assistente técnico. § 3º Quando o exame tiver por objeto a autentici-
dade da letra e da firma, o perito poderá requisitar,
Diante da complexidade, o juiz poderá nomear para efeito de comparação, documentos existentes
mais de um perito, bem como, as partes poderão esco- em repartições públicas e, na falta destes, poderá
lher mais de um assistente técnico quando a perícia requerer ao juiz que a pessoa a quem se atribuir a
abranger mais de uma área de conhecimento. Vale autoria do documento lance em folha de papel, por
ressaltar que em consonância com o princípio do con- cópia ou sob ditado, dizeres diferentes, para fins de
traditório, as partes e os assistentes técnicos deverão comparação.
ter ciência da data designada da perícia, sendo que a
falta de intimação poderá implicar em nulidade. O art. 479 diz respeito da regra da valoração da
prova pericial, ou seja, o juiz possui liberdade para
Art. 476 Se o perito, por motivo justificado, não valorar as provas produzidas nos autos, desde que as
puder apresentar o laudo dentro do prazo, o juiz motive do seu convencimento.
poderá conceder-lhe, por uma vez, prorrogação
pela metade do prazo originalmente fixado. Art. 479 O juiz apreciará a prova pericial de acordo
com o disposto no art. 371 , indicando na sentença
Caso o perito não possa cumprir o seu encargo, os motivos que o levaram a considerar ou a deixar
o juiz poderá prorrogar o prazo de entrega do laudo de considerar as conclusões do laudo, levando em
pela metade do prazo original. Porém, o descumpri- conta o método utilizado pelo perito.
mento do encargo sem motivo legitimo é causa de
substituição do perito, ou seja, a não apresentação do Para encerrar o estudo das provas, vejamos o que
laudo no prazo determinado sem motivação legítima. dispõe o art. 480 sobre a possibilidade de determina-
ção de nova perícia:
Art. 477 O perito protocolará o laudo em juízo, no
prazo fixado pelo juiz, pelo menos 20 (vinte) dias Art. 480 O juiz determinará, de ofício ou a reque-
antes da audiência de instrução e julgamento. rimento da parte, a realização de nova perícia
§ 1º As partes serão intimadas para, querendo, quando a matéria não estiver suficientemente
manifestar-se sobre o laudo do perito do juízo no esclarecida.
prazo comum de 15 (quinze) dias, podendo o assis- § 1º A segunda perícia tem por objeto os mesmos
tente técnico de cada uma das partes, em igual pra- fatos sobre os quais recaiu a primeira e destina-se a
zo, apresentar seu respectivo parecer. corrigir eventual omissão ou inexatidão dos resul-
§ 2º O perito do juízo tem o dever de, no prazo de 15 tados a que esta conduziu.
(quinze) dias, esclarecer ponto: § 2º A segunda perícia rege-se pelas disposições
I - sobre o qual exista divergência ou dúvida de estabelecidas para a primeira.
qualquer das partes, do juiz ou do órgão do Minis- § 3º A segunda perícia não substitui a primeira,
tério Público; cabendo ao juiz apreciar o valor de uma e de outra.
II - divergente apresentado no parecer do assistente
técnico da parte.
Inspeção Judicial
§ 3º Se ainda houver necessidade de esclarecimen-
tos, a parte requererá ao juiz que mande intimar
o perito ou o assistente técnico a comparecer à A inspeção judicial é o exame realizado diretamen-
audiência de instrução e julgamento, formulando, te pelo juiz em pessoas ou coisas, a fim de esclarecer
desde logo, as perguntas, sob forma de quesitos. os fatos, podendo, se necessário, servir-se do auxílio
§ 4º O perito ou o assistente técnico será intimado de peritos. Segundo o CPC/2015:
por meio eletrônico, com pelo menos 10 (dez) dias
de antecedência da audiência. Art. 481 O juiz, de ofício ou a requerimento da par-
te, pode, em qualquer fase do processo, inspecionar
O prazo para apresentação do laudo nos autos pessoas ou coisas, a fim de se esclarecer sobre fato
deverá ser fixado pelo juiz, sendo respeitado pra- que interesse à decisão da causa.
zo mínimo de 20 dias antes da audiência. Após pro-
tocolado o laudo, as partes serão intimadas para as O art. 482 aborda sobre a possibilidade de o ato ser
manifestações e para apresentar os quesitos de seus acompanhado por peritos:
assistentes técnicos, no prazo de 15 dias.
Por fim, conforme o princípio da cooperação, o Art. 482 Ao realizar a inspeção, o juiz poderá ser
perito deverá responder e esclarecer os pontos que assistido por um ou mais peritos.
tenham dúvidas e divergências no laudo pericial.
Já o art. 483 prevê hipóteses em que o juiz se deslo-
Art. 478 Quando o exame tiver por objeto a auten- cará ao local onde se encontre a pessoa ou coisa para
ticidade ou a falsidade de documento ou for de realizar a inspeção. Vejamos:
natureza médico-legal, o perito será escolhido, de
preferência, entre os técnicos dos estabelecimentos Art. 483 O juiz irá ao local onde se encontre a pes-
oficiais especializados, a cujos diretores o juiz auto- soa ou a coisa quando:
rizará a remessa dos autos, bem como do material I - julgar necessário para a melhor verificação ou
208 sujeito a exame. interpretação dos fatos que deva observar;
II - a coisa não puder ser apresentada em juízo sem A sentença é o ato que caracteriza a fase decisória,
consideráveis despesas ou graves dificuldades; na qual se resolve o litígio.
III - determinar a reconstituição dos fatos.
Parágrafo único. As partes têm sempre direito a Conceito
assistir à inspeção, prestando esclarecimentos e
fazendo observações que considerem de interesse Sentença é o pronunciamento por meio do qual o
para a causa
juiz, com fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à
Nos casos em que o objeto da perícia versar sobre a fase cognitiva do procedimento comum, bem como
autenticidade ou a falsidade de documentos, ou tiver extingue a execução. A sentença é o provimento juris-
natureza médico-legal, o perito será nomeado prefe- dicional pelo qual o juiz promove a solução do conflito
rencialmente entre os técnicos dos estabelecimentos e a tutela do direito material, objeto da ação.
oficiais especializados.
Espécies de sentença
Art. 484 Concluída a diligência, o juiz mandará
lavrar auto circunstanciado, mencionando nele As sentenças podem ser terminativas (quando não
tudo quanto for útil ao julgamento da causa. resolvem o mérito) ou definitivas (quando resolvem
Parágrafo único. O auto poderá ser instruído com o mérito).
desenho, gráfico ou fotografia.
Art. 204 Acórdão é o julgamento colegiado proferi- inciso III, o autor será condenado ao pagamento
do pelos tribunais. das despesas e dos honorários de advogado.
§ 3º O juiz conhecerá de ofício da matéria constante
A sentença é o provimento jurisdicional que resol- dos incisos IV, V, VI e IX, em qualquer tempo e grau
ve a lide, tanto na fase de conhecimento quanto na de de jurisdição, enquanto não ocorrer o trânsito em
execução. As ações de conhecimento buscam consti- julgado.
§ 4º Oferecida a contestação, o autor não poderá,
tuir um direito em favor do autor, afastando a contro-
sem o consentimento do réu, desistir da ação.
vérsia que paira sobre a relação das partes. Imagine
§ 5º A desistência da ação pode ser apresentada até
uma ação de indenização em que o autor busca com- a sentença.
provar a ocorrência de ato ilícito e, sobre a condena- § 6º Oferecida a contestação, a extinção do proces-
ção do réu, a obrigação de indenizar. Trata-se de uma so por abandono da causa pelo autor depende de
ação de conhecimento, a qual será resolvida median- requerimento do réu.
te sentença. Já na execução, a sentença coloca fim ao § 7º Interposta a apelação em qualquer dos casos
processo em virtude de alguma causa extintiva da de que tratam os incisos deste artigo, o juiz terá 5
obrigação, como as arroladas no art. 924 do CPC. (cinco) dias para retratar-se. 209
Veja que, em tais casos, o juiz não promove a tutela II - decidir, de ofício ou a requerimento, sobre a
do direito material, por isso se fala que a sentença tem ocorrência de decadência ou prescrição;
natureza meramente processual, pois encontra óbice III - homologar:
na admissibilidade da ação. Normalmente, as causas a) o reconhecimento da procedência do pedido for-
relacionam-se aos pressupostos processuais. mulado na ação ou na reconvenção;
Nos casos dos incisos II e III, a parte será intimada b) a transação;
pessoalmente para suprir a falta no prazo de 5 (cinco) c) a renúncia à pretensão formulada na ação ou na
reconvenção.
dias.
Parágrafo único. Ressalvada a hipótese do § 1º do
O juiz conhecerá de ofício (independentemente de
art. 332, a prescrição e a decadência não serão
provocação ou alegação das partes) da matéria cons-
reconhecidas sem que antes seja dada às partes
tante dos incisos IV, V, VI e IX, em qualquer tempo e oportunidade de manifestar-se.
grau de jurisdição, enquanto não ocorrer o trânsito
em julgado, sendo garantido o prévio contraditório às
Perceba que as sentenças de mérito vão muito
partes para tomar sua decisão, sob pena de incorrer
além da procedência ou improcedência da pretensão
na decisão surpresa, vedada pelo CPC (2015).
do autor. O inciso segundo, ao falar da decadência ou
A extinção, com base na desistência da ação, pos-
da prescrição, é taxativo ao relacionar tais institutos à
sui alguns detalhes. Se oferecida a contestação, o
questão do mérito. Na defesa, normalmente, a argui-
autor não poderá, sem o consentimento do réu, desis-
ção de prescrição ou decadência aparece como preju-
tir da ação. A desistência pode ser apresentada até a
dicial de mérito. Mas o legislador, levando em conta
sentença.
a natureza desses institutos, entendeu corretamente
A extinção por abandono de causa pelo autor, se
por inclui-los na sentença definitiva (de mérito).
já oferecida a contestação, depende de requerimento
Além disso, a sentença é de mérito quando resol-
do réu.
ve a controvérsia de direito material. Por isso que faz
referência aos diversos casos de autocomposição no
inciso III, a saber: a submissão, a transação e a renún-
Importante! cia à pretensão.
Efeito regressivo do recurso de apelação que
ataca sentenças terminativas: z Primazia do mérito
§ 7° art. 485 Interposta a apelação em qualquer
dos casos de que tratam os incisos deste artigo, Art. 488 Desde que possível, o juiz resolverá o
o juiz terá 5 (cinco) dias para retratar-se. mérito sempre que a decisão for favorável à parte
a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos
termos do art. 485.
Art. 486 O pronunciamento judicial que não resol-
ve o mérito não obsta a que a parte proponha de Elementos e Efeitos da Sentença
novo a ação.
§ 1º No caso de extinção em razão de litispendência A sentença possui seus elementos ou partes, os
e nos casos dos incisos I, IV, VI e VII do art. 485 , a quais estão dispostos no art. 489. Vejamos:
propositura da nova ação depende da correção do
vício que levou à sentença sem resolução do mérito. Art. 489 São elementos essenciais da sentença:
§ 2º A petição inicial, todavia, não será despachada I - o relatório, que conterá os nomes das partes, a
sem a prova do pagamento ou do depósito das cus- identificação do caso, com a suma do pedido e da
tas e dos honorários de advogado. contestação, e o registro das principais ocorrências
§ 3º Se o autor der causa, por 3 (três) vezes, a sen- havidas no andamento do processo;
tença fundada em abandono da causa, não poderá II - os fundamentos, em que o juiz analisará as
propor nova ação contra o réu com o mesmo obje- questões de fato e de direito;
to, ficando-lhe ressalvada, entretanto, a possibilida- III - o dispositivo, em que o juiz resolverá as ques-
de de alegar em defesa o seu direito. tões principais que as partes lhe submeterem.
As sentenças terminativas não produzem coisa jul- A fundamentação é de extrema relevância, pois, a
gada material, sendo possível que a parte proponha partir dela, o juiz apresentará os fatos e fundamentos
nova ação (Art. 486). Entretanto, no caso de extinção que formaram seu convencimento, permitindo às par-
em razão de litispendência e nos casos dos incisos I, tes impugná-los em eventual recurso. Devido à impor-
IV, VI e VII do art. 485, a propositura da nova ação tância dada à fundamentação, o legislador inovou ao
depende da correção do vício que levou à sentença incluir o § 1º, arrolando hipóteses de nulidade das
sem resolução do mérito. decisões judiciais por vício de fundamentação.
A perempção ocorrerá quando o autor der causa,
por 3 (três) vezes, a sentença fundada em abandono § 1º Não se considera fundamentada qualquer deci-
da causa, não podendo propor nova ação contra o réu são judicial, seja ela interlocutória, sentença ou
com o mesmo objeto, ficando-lhe ressalvada, entre- acórdão, que:
tanto, a possibilidade de alegar em defesa o seu direi- I - se limitar à indicação, à reprodução ou à pará-
to (Art. 486, § 3º). frase de ato normativo, sem explicar sua relação
Já as sentenças definitivas ou de mérito estão arro- com a causa ou a questão decidida;
ladas no art. 487 do CPC. Vejamos: II - empregar conceitos jurídicos indeterminados,
sem explicar o motivo concreto de sua incidência
Art. 487 Haverá resolução de mérito quando o juiz: no caso;
I - acolher ou rejeitar o pedido formulado na ação III - invocar motivos que se prestariam a justificar
210 ou na reconvenção; qualquer outra decisão;
IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos Parágrafo único. Se constatar de ofício o fato novo,
no processo capazes de, em tese, infirmar a conclu- o juiz ouvirá as partes sobre ele antes de decidir.
são adotada pelo julgador; Art. 494 Publicada a sentença, o juiz só poderá
V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de alterá-la:
súmula, sem identificar seus fundamentos determi- I - para corrigir-lhe, de ofício ou a requerimento da
nantes nem demonstrar que o caso sob julgamento parte, inexatidões materiais ou erros de cálculo;
se ajusta àqueles fundamentos; II - por meio de embargos de declaração.
VI - deixar de seguir enunciado de súmula, juris- Art. 495 A decisão que condenar o réu ao paga-
prudência ou precedente invocado pela parte, sem mento de prestação consistente em dinheiro e a que
demonstrar a existência de distinção no caso em determinar a conversão de prestação de fazer, de
julgamento ou a superação do entendimento. não fazer ou de dar coisa em prestação pecuniá-
Art. 490 O juiz resolverá o mérito acolhendo ou ria valerão como título constitutivo de hipoteca
rejeitando, no todo ou em parte, os pedidos formu- judiciária.
lados pelas partes. § 1º A decisão produz a hipoteca judiciária:
Art. 491 Na ação relativa à obrigação de pagar I - embora a condenação seja genérica;
quantia, ainda que formulado pedido genérico, II - ainda que o credor possa promover o cumpri-
a decisão definirá desde logo a extensão da obri- mento provisório da sentença ou esteja pendente
gação, o índice de correção monetária, a taxa de arresto sobre bem do devedor;
juros, o termo inicial de ambos e a periodicidade da III - mesmo que impugnada por recurso dotado de
capitalização dos juros, se for o caso, salvo quando: efeito suspensivo.
I - não for possível determinar, de modo definitivo, § 2º A hipoteca judiciária poderá ser realizada
o montante devido; mediante apresentação de cópia da sentença peran-
II - a apuração do valor devido depender da produ- te o cartório de registro imobiliário, independente-
ção de prova de realização demorada ou excessiva- mente de ordem judicial, de declaração expressa do
mente dispendiosa, assim reconhecida na sentença. juiz ou de demonstração de urgência.
§ 1º Nos casos previstos neste artigo, seguir-se-á a § 3º No prazo de até 15 (quinze) dias da data de
apuração do valor devido por liquidação. realização da hipoteca, a parte informá-la-á ao juí-
§ 2º O disposto no caput também se aplica quando zo da causa, que determinará a intimação da outra
o acórdão alterar a sentença. parte para que tome ciência do ato.
§ 4º A hipoteca judiciária, uma vez constituída,
z Princípio da Congruência, Adstrição ou Correlação implicará, para o credor hipotecário, o direito de
preferência, quanto ao pagamento, em relação a
Tais princípios mencionados são sinônimos e utili- outros credores, observada a prioridade no registro.
zados para falar do mesmo objeto. O juiz deve ater sua § 5º Sobrevindo a reforma ou a invalidação da deci-
decisão ao objetivo litigioso, sobre as questões efetiva- são que impôs o pagamento de quantia, a parte res-
mente levadas pelas partes e colocas em debate, sob ponderá, independentemente de culpa, pelos danos
que a outra parte tiver sofrido em razão da consti-
pena de ofender o princípio da congruência, confor-
tuição da garantia, devendo o valor da indenização
me dispõe o art. 492.
ser liquidado e executado nos próprios autos.
Art. 492 É vedado ao juiz proferir decisão de natu-
reza diversa da pedida, bem como condenar a parte Para estudo dos tipos de ação, remetemos à classi-
em quantidade superior ou em objeto diverso do ficação das ações, que corresponderá à classificação
que lhe foi demandado. das sentenças (meramente declaratória, constitutiva,
Parágrafo único. A decisão deve ser certa, ainda condenatória, mandamental, executiva lato sensu).
que resolva relação jurídica condicional. Os principais efeitos da sentença são:
Podem, ainda, surgir alguns vícios: z Ex tunc: ocorre nas sentenças de natureza decla-
ratória, pois seus efeitos são retroativos ao fato
z Sentença “ultra petita”: quando o juiz dá algo ou situação que se pretende declará-la existente
além do pedido pelo autor. Ex.: pede-se indeniza- ou inexistente (Ex.: investigação de paternidade;
ção por danos morais de R$10.000,00 e o juiz con- declaração de nulidade absoluta de um contrato);
dena em R$15.000,00;
z Sentença “extra petita”: o juiz dá algo diverso do Nas ações condenatórias, poderá haver efeitos
que foi pedido. Ex.: pede a devolução do dinheiro, retroativos desde a propositura da ação, como a con-
mas o juiz condena ao conserto do produto; denação aos juros moratórios desde a citação;
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
extrajudicial de qualquer natureza; lio do executado, pelo juízo do local onde se encon-
trem os bens sujeitos à execução ou pelo juízo do
Quando o juiz homologar a transação, qualquer local onde deva ser executada a obrigação de fazer
das partes pode requerer o cumprimento de sentença. ou de não fazer, casos em que a remessa dos autos
do processo será solicitada ao juízo de origem.
IV - o formal e a certidão de partilha, exclusivamen-
te em relação ao inventariante, aos herdeiros e aos A regra prevista no parágrafo anterior é uma exce-
sucessores a título singular ou universal; ção ao princípio da perpetuatio jurisdictionis. Ade-
V - o crédito de auxiliar da justiça, quando as cus- mais, tem-se o chamado “Forum shopping” ou “Foros
tas, emolumentos ou honorários tiverem sido apro- concorrentes”, ou seja, a possibilidade de escolher o
vados por decisão judicial; juízo mais favorável ao demandante.
VI - a sentença penal condenatória transitada em
julgado; Art. 517 A decisão judicial transitada em julga-
VII - a sentença arbitral; do poderá ser levada a protesto, nos termos da
VIII - a sentença estrangeira homologada pelo lei, depois de transcorrido o prazo para paga-
Superior Tribunal de Justiça; mento voluntário previsto no art. 523. 215
Nada impede que haja o protesto do valor devi- DO CUMPRIMENTO PROVISÓRIO DA SENTENÇA
do que foi definido através de decisão judicial. No QUE RECONHECE A EXIGIBILIDADE DE OBRIGAÇÃO
entanto, existe um prazo de 15 dias para o pagamen- DE PAGAR QUANTIA CERTA
to voluntário, e o protesto só poderá ocorrer após
Art. 520 O cumprimento provisório da sentença
transcorrido esse prazo.
impugnada por recurso desprovido de efeito suspen-
§ 1º Para efetivar o protesto, incumbe ao exequente sivo será realizado da mesma forma que o cumpri-
apresentar certidão de teor da decisão. mento definitivo, sujeitando-se ao seguinte regime:
§ 2º A certidão de teor da decisão deverá ser forne- I - corre por iniciativa e responsabilidade do exe-
cida no prazo de 3 (três) dias e indicará o nome e a quente, que se obriga, se a sentença for reformada,
qualificação do exequente e do executado, o núme- a reparar os danos que o executado haja sofrido;
ro do processo, o valor da dívida e a data de decur- II - fica sem efeito, sobrevindo decisão que modifique
so do prazo para pagamento voluntário. ou anule a sentença objeto da execução, restituin-
do-se as partes ao estado anterior e liquidando-se
Para que o protesto seja efetivo, o exequente – eventuais prejuízos nos mesmos autos;
aquele que quer a obrigação cumprida – deverá levar III - se a sentença objeto de cumprimento provisó-
certidão constando o teor da decisão, que será forne- rio for modificada ou anulada apenas em parte,
cida no prazo de 3 dias, indicando nome e qualifica- somente nesta ficará sem efeito a execução;
ção das partes, número do processo, valor devido e a IV - o levantamento de depósito em dinheiro e a prá-
tica de atos que importem transferência de posse ou
data do decurso do prazo de 15 dias para o pagamento
alienação de propriedade ou de outro direito real, ou
voluntário.
dos quais possa resultar grave dano ao executado,
§ 3º O executado que tiver proposto ação rescisória dependem de caução suficiente e idônea, arbitrada
para impugnar a decisão exequenda pode requerer, de plano pelo juiz e prestada nos próprios autos.
a suas expensas e sob sua responsabilidade, a ano-
tação da propositura da ação à margem do título É possível que haja o pedido de cumprimento de
protestado. sentença mesmo que ainda não tenha havido o trân-
sito em julgado da decisão, ou seja, mesmo que ain-
Supondo que o executado – aquele que deve pagar/ da seja possível rever os termos daquela decisão por
cumprir a obrigação – tenha ajuizado uma ação resci- meio de recurso.
sória para rever o processo que o condenou naquela No entanto, por justamente não se tratar de uma
obrigação, e queira que essa informação conste à mar- decisão com teor definitivo, ela sujeita-se a algumas
gem do título protestado, poderá fazê-lo, desde que regras, que são descritas nos incisos do art. 520 do
arque com suas expensas e responsabilidade. CPC.
É possível que haja o protesto do título após o trân-
§ 4º A requerimento do executado, o protesto será sito em julgado. No entanto, tal protesto não é possível
cancelado por determinação do juiz, mediante ofí- caso esteja diante de um cumprimento provisório de
cio a ser expedido ao cartório, no prazo de 3 (três) sentença.
dias, contado da data de protocolo do requerimen-
to, desde que comprovada a satisfação integral da § 1º No cumprimento provisório da sentença, o exe-
obrigação. cutado poderá apresentar impugnação, se quiser,
nos termos do art. 525.
Quando o executado cumprir a obrigação por com- § 2º A multa e os honorários a que se refere o § 1º
pleto, de forma a satisfazê-la integralmente, poderá do art. 523 são devidos no cumprimento provisório
requerer o cancelamento do protesto ao juiz, que ofi- de sentença condenatória ao pagamento de quantia
ciará o cartório para que, no prazo de 3 dias, proceda certa.
dessa forma.
Aplica-se ao pedido de cumprimento provisório as
Art. 518 Todas as questões relativas à validade do mesmas regras que ao cumprimento definitivo.
procedimento de cumprimento da sentença e dos
atos executivos subsequentes poderão ser arguidas § 3º Se o executado comparecer tempestivamente
pelo executado nos próprios autos e nestes serão e depositar o valor, com a finalidade de isentar-se
decididas pelo juiz. da multa, o ato não será havido como incompatível
com o recurso por ele interposto.
O executado poderá apresentar defesa técnica ao § 4º A restituição ao estado anterior a que se refere
pedido de cumprimento de sentença da parte exe- o inciso II não implica o desfazimento da transfe-
quente, por meio de impugnação específica, que será rência de posse ou da alienação de propriedade ou
analisada adiante. Dessa forma, poderá questionar os de outro direito real eventualmente já realizada,
pontos que tratarem da validade do procedimento de ressalvado, sempre, o direito à reparação dos pre-
cumprimento de sentença, bem como os atos que se juízos causados ao executado.
seguirem. § 5º Ao cumprimento provisório de sentença que reco-
nheça obrigação de fazer, de não fazer ou de dar coisa
Art. 519 Aplicam-se as disposições relativas ao aplica-se, no que couber, o disposto neste Capítulo.
cumprimento da sentença, provisório ou definitivo,
e à liquidação, no que couber, às decisões que con- O § 3º diz mais respeito à questão de que não se
cederem tutela provisória. trata de comportamento contraditório o ato de pagar
o valor devido em relação à interposição do recurso.
Para as decisões que concedem tutelas provisórias, Isso porque o comportamento contraditório é uma
também é possível que haja o pedido de cumprimento das formas de extinção do direito de recorrer. Dessa
de sentença, como é o caso, por exemplo, do pedido forma, a parte executada pode realizar o pagamento
de cumprimento de sentença que deferiu alimentos do valor executado sem que isso implique em compor-
216 provisórios por meio de tutela provisória de urgência. tamento contraditório.
Art. 521 A caução prevista no inciso IV do art. 520 Para litisconsortes distintos com advogados de
poderá ser dispensada nos casos em que: escritório de advocacia distintos (que não sejam ele-
I - o crédito for de natureza alimentar, independen- trônicos os autos), o prazo para o cumprimento espon-
temente de sua origem; tâneo da obrigação será em dobro, nos termos do art.
II - o credor demonstrar situação de necessidade; 229 do CPC.
III – pender o agravo do art. 1.042;
IV - a sentença a ser provisoriamente cumprida § 1º Não ocorrendo pagamento voluntário no prazo
estiver em consonância com súmula da jurispru- do caput, o débito será acrescido de multa de dez
dência do Supremo Tribunal Federal ou do Superior por cento e, também, de honorários de advogado
Tribunal de Justiça ou em conformidade com acór- de dez por cento.
dão proferido no julgamento de casos repetitivos.
Caso o executado não realize o pagamento volun-
Além da dispensa de caução prevista no inciso IV tário no prazo de 15 dias, sobre o valor devido incidi-
do art. 520 do CPC, ela também não é exigida quando rão multa de 10% e honorários advocatícios de 10%.
as partes compactuam entre si a dispensa, através de
§ 2º Efetuado o pagamento parcial no prazo previs-
negócio jurídico processual. to no caput, a multa e os honorários previstos no §
1º incidirão sobre o restante.
Parágrafo único. A exigência de caução será man-
tida quando da dispensa possa resultar manifesto Caso ocorra o pagamento de parte do valor devi-
risco de grave dano de difícil ou incerta reparação. do, a multa e os honorários incidirão sobre o saldo
devedor remanescente. Ou seja, supondo que a dívi-
No entanto, caso o juiz entenda que a caução pode- da total seja de R$ 15.000,00 e o executado realizou o
rá acarretar risco de grave dano de difícil ou incerta pagamento de somente R$ 5.000,00, a multa e os hono-
reparação, a exigência será mantida. rários incidirão em cima de R$ 10.000,00, que corres-
pondem ao saldo remanescente.
Art. 522 O cumprimento provisório da senten-
ça será requerido por petição dirigida ao juízo § 3º Não efetuado tempestivamente o pagamento volun-
competente. tário, será expedido, desde logo, mandado de penhora
Parágrafo único. Não sendo eletrônicos os autos, a e avaliação, seguindo-se os atos de expropriação.
petição será acompanhada de cópias das seguintes
peças do processo, cuja autenticidade poderá ser Caso não haja o pagamento voluntário no prazo,
certificada pelo próprio advogado, sob sua respon- ou este seja feito de forma parcial, o juiz determinará,
sabilidade pessoal: desde logo, que se proceda com os atos de expropria-
I - decisão exequenda; ção, momento em que pode ocorrer bloqueio de con-
II - certidão de interposição do recurso não dotado tas bancárias e bens, móveis ou imóveis.
de efeito suspensivo;
III - procurações outorgadas pelas partes; Art. 524 O requerimento previsto no art. 523 será
IV - decisão de habilitação, se for o caso; instruído com demonstrativo discriminado e atua-
V - facultativamente, outras peças processuais con- lizado do crédito, devendo a petição conter:
sideradas necessárias para demonstrar a existên- I - o nome completo, o número de inscrição no
cia do crédito. Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacio-
nal da Pessoa Jurídica do exequente e do executado,
Caso o processo de conhecimento seja físico e o observado o disposto no art. 319, §§ 1º a 3º;
II - o índice de correção monetária adotado;
cumprimento de sentença seja provisório, é necessá-
III - os juros aplicados e as respectivas taxas;
rio que a petição seja acompanhada pelas peças elen-
IV - o termo inicial e o termo final dos juros e da
cadas no parágrafo único do art. 522 do CPC. correção monetária utilizados;
V - a periodicidade da capitalização dos juros, se
DO CUMPRIMENTO DEFINITIVO DA SENTENÇA QUE for o caso;
RECONHECE A EXIGIBILIDADE DE OBRIGAÇÃO DE VI - especificação dos eventuais descontos obriga-
PAGAR QUANTIA CERTA tórios realizados;
VII - indicação dos bens passíveis de penhora, sem-
Art. 523 No caso de condenação em quantia cer- pre que possível.
ta, ou já fixada em liquidação, e no caso de deci-
são sobre parcela incontroversa, o cumprimento Como já mencionado, o cumprimento de sentença
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
definitivo da sentença far-se-á a requerimento do não é uma petição inicial, mas sim uma petição que dá
exequente, sendo o executado intimado para pagar início à fase de execução nos mesmos autos.
o débito, no prazo de 15 (quinze) dias, acrescido de O art. 524 traz os requisitos que devem constar na
custas, se houver. petição:
O prazo de 15 dias disposto no artigo anterior diz § 1º Quando o valor apontado no demonstrativo
respeito ao prazo para se proceder com o pagamento aparentemente exceder os limites da condenação, a
voluntário, ou seja, cumprimento espontâneo da obri- execução será iniciada pelo valor pretendido, mas
a penhora terá por base a importância que o juiz
gação após a intimação do executado.
entender adequada.
Somente após o transcurso desse prazo é que se
abrirá novo prazo, também de 15 dias, para que o exe- Se o valor apresentado pelo credor aparentemen-
cutado, caso queira, apresente impugnação. te exceder os limites da condenação, o juiz recebe o
Caso a parte devedora esteja sendo representada pedido de cumprimento de sentença pelo valor indi-
pela Defensoria Pública, o prazo para o cumprimento cado, mas no momento da penhora, irá se valer do
espontâneo da obrigação será em dobro. valor que ele entende correto. 217
§ 2º Para a verificação dos cálculos, o juiz poderá O cumprimento da sentença não poderá ser pro-
valer-se de contabilista do juízo, que terá o prazo movido em face do fiador, do coobrigado ou do cor-
máximo de 30 (trinta) dias para efetuá-la, exceto se responsável que não tiver participado da fase de
outro lhe for determinado. conhecimento (§ 5º do art. 513).
§ 3º Quando a elaboração do demonstrativo depen-
der de dados em poder de terceiros ou do executa- III - inexequibilidade do título ou inexigibilidade da
do, o juiz poderá requisitá-los, sob cominação do obrigação;
crime de desobediência.
§ 4º Quando a complementação do demonstrativo É possível ter uma obrigação exigível (certifi-
depender de dados adicionais em poder do execu- cou-se o direito e a obrigação = existência do crédito),
tado, o juiz poderá, a requerimento do exequente, mas não exequível, pois, para que seja exequível, o
requisitá-los, fixando prazo de até 30 (trinta) dias título deve ser certo e líquido.
para o cumprimento da diligência. Portanto, se for possível aferir a existência do cré-
§ 5º Se os dados adicionais a que se refere o § 4º não dito e buscar recuperação desse crédito, tem-se uma
forem apresentados pelo executado, sem justificati- exigibilidade, ainda que não pela via executiva. Logo,
va, no prazo designado, reputar-se-ão corretos os se os requisitos para a execução estão presentes, o
cálculos apresentados pelo exequente apenas com título será exigível e, portanto, exequível.
base nos dados de que dispõe.
A exequibilidade pressupõe exigibilidade, mas, a
exigibilidade não pressupõe a exequibilidade do título.
Se for o caso, para melhor verificação de qual seja Isso porque, em uma sentença que resolve uma relação
o valor devido, o juiz pode remeter o processo ao setor jurídica condicional (sujeita a termo ou condição), se o
contábil do próprio tribunal, para que apresente o termo ou condição não ocorrer, não poderá haver o cum-
valor correto. primento de sentença, por ausência de exigibilidade.
Também poderá intimar o executado, caso assim
requeira o exequente, para que este apresente dados Dica
adicionais e, caso estes não forem apresentados no
prazo de 30 dias, sem qualquer justificativa, os cálcu- Falta de liquidez, certeza e exigibilidade: o título
los apresentados pelo exequente serão considerados não será exequível.
corretos. Não ocorrência do termo ou da condição: ausên-
cia de exigibilidade do título.
Art. 525 Transcorrido o prazo previsto no art. 523
sem o pagamento voluntário, inicia-se o prazo de IV - penhora incorreta ou avaliação errônea;
15 (quinze) dias para que o executado, independen-
temente de penhora ou nova intimação, apresente, z Penhora ou avaliação ocorrida antes da impug-
nos próprios autos, sua impugnação. nação: O impugnante/executado pode alegar na
impugnação a penhora incorreta ou avaliação
O prazo para apresentação de impugnação é de 15 errônea. Ex.: penhora que recai sobre um bem de
dias e inicia-se após o término do prazo de 15 dias para família; avaliação inferior ao preço de mercado;
o cumprimento espontâneo da obrigação. Ou seja, são z Penhora ou avaliação ocorrida após a impugnação:
dois prazos de 15 dias: um para o pagamento voluntá- Por simples petição nos autos o devedor poderá ale-
rio e outro para a apresentação da impugnação. gar a penhora incorreta ou o equívoco da avaliação.
Nas hipóteses do art. 229 do CPC, aplica-se prazo em
dobro para Defensoria Pública e litisconsortes que tive- V - excesso de execução ou cumulação indevida de
rem diferentes procuradores com escritórios de advo- execuções;
cacia distintos, se não se tratar de processo eletrônico.
Os incisos I, II e III do parágrafo 2º do art. 927 esta-
§ 1º Na impugnação, o executado poderá alegar: belecem formas de excesso de execução:
I - falta ou nulidade da citação se, na fase de conhe-
cimento, o processo correu à revelia; § 2º Há excesso de execução quando:
I - o exequente pleiteia quantia superior à do título;
II - ela recai sobre coisa diversa daquela declarada
Nulidade de citação invalida a sentença. Se o juiz
no título;
reconhece efetivamente a nulidade de citação na fase III - ela se processa de modo diferente do que foi
de conhecimento, haverá desconstituição da coisa jul- determinado no título;
gada, sendo considerados nulos os atos subsequentes
ao momento em que deveria ter realizado a citação e, Caso o executado alegue excesso de execução na
inclusive, a sentença. sua impugnação, ele deve considerar o disposto nos §§
Se o réu, na fase de conhecimento, compareceu 4º e 5º, que veremos adiante.
espontaneamente, não haverá nulidade a ser declara-
VI - incompetência absoluta ou relativa do juízo da
da, pois, neste caso, tem-se a aplicação do princípio da
execução;
instrumentalidade das formas, de forma que a apresen-
tação espontânea da contestação supre o vício citatório. Essa incompetência absoluta ou relativa diz res-
peito à fase de cumprimento de sentença e não à fase
II - ilegitimidade de parte; de conhecimento, que ocorre antes e possui regras
distintas.
Esse ponto não se confunde com a ilegitimidade O caput do art. 516 do CPC traz as hipóteses de
para a ação de conhecimento. No caso de ilegitimidade competência funcional, bem como em seu parágra-
para o cumprimento de sentença, aplica-se o disposto fo único, as suas mitigações, das quais já tratamos
218 no art. 508 do CPC – eficácia preclusiva da coisa julgada. anteriormente.
VII - qualquer causa modificativa ou extintiva da Como regra, a impugnação ao cumprimento de
obrigação, como pagamento, novação, compensa- sentença não goza de efeito suspensivo. O efeito sus-
ção, transação ou prescrição, desde que superve- pensivo diz respeito ao cumprimento de sentença, ou
nientes à sentença. seja, impede o avanço dos atos constritivos enquanto
pendente a impugnação.
Pagamento, novação, compensação, transação ou Entretanto, o juiz poderá deferir o pedido de efeito
prescrição são algumas formas possíveis que existem suspensivo, desde que haja:
para a extinção ou modificação da obrigação.
Ser “superveniente à sentença” significa dizer que z Requerimento realizado pelo impugnante/executado;
essas causas devem ter ocorrido após a sentença, ou z Prestação de garantia: através de penhora, caução
seja, se houve alguma delas na fase de conhecimen- ou depósito suficiente;
to, esta não poderá ser alegada novamente na fase de z Demonstração de risco: grave dano de difícil ou
cumprimento de sentença. incerta reparação.
§ 2º A alegação de impedimento ou suspeição
observará o disposto nos arts. 146 e 148. Preenchidos os requisitos para concessão do efeito
§ 3º Aplica-se à impugnação o disposto no art. 229. suspensivo, o exequente poderá prestar caução a fim
de afastar o efeito suspensivo da obrigação e o risco
As alegações para se impugnar eventuais causas que eventualmente possa ser alegado pelo executado.
de impedimento ou suspeição do magistrado que está Eventual atribuição de efeito suspensivo à impug-
processando e julgando a causa dar-se-ão da mesma nação não impedirá a necessidade de substituição/
maneira que no processo de conhecimento, observan- reforço/redução de penhora, no caso de já realizada
do o disposto nos artigos que tratam sobre o tema: anteriormente.
arts. 146 e 148 do CPC.
Já no que diz respeito ao prazo, observar-se-á que, § 8º Quando o efeito suspensivo atribuído à impug-
caso as partes estejam sendo patrocinadas por advo- nação disser respeito apenas a parte do objeto da
gados distintos, de escritório de advocacia distinto, e execução, esta prosseguirá quanto à parte restante.
não sendo eletrônicos os autos, o prazo será contado § 9º A concessão de efeito suspensivo à impugnação
deduzida por um dos executados não suspenderá a
em dobro.
execução contra os que não impugnaram, quando
§ 4º Quando o executado alegar que o exequente, o respectivo fundamento disser respeito exclusiva-
em excesso de execução, pleiteia quantia superior mente ao impugnante.
à resultante da sentença, cumprir-lhe-á declarar de § 10 Ainda que atribuído efeito suspensivo à impug-
imediato o valor que entende correto, apresentan- nação, é lícito ao exequente requerer o prossegui-
do demonstrativo discriminado e atualizado de seu mento da execução, oferecendo e prestando, nos
cálculo. próprios autos, caução suficiente e idônea a ser
§ 5º Na hipótese do § 4º, não apontado o valor cor- arbitrada pelo juiz.
reto ou não apresentado o demonstrativo, a impug- § 11 As questões relativas a fato superveniente ao
nação será liminarmente rejeitada, se o excesso de término do prazo para apresentação da impugna-
execução for o seu único fundamento, ou, se houver ção, assim como aquelas relativas à validade e à
outro, a impugnação será processada, mas o juiz adequação da penhora, da avaliação e dos atos exe-
não examinará a alegação de excesso de execução. cutivos subsequentes, podem ser arguidas por sim-
ples petição, tendo o executado, em qualquer dos
Na hipótese de que haja excesso de execução, o casos, o prazo de 15 (quinze) dias para formular
executado deve obrigatoriamente demostrar por cál- esta arguição, contado da comprovada ciência do
culos e apresentar o valor que entende como sendo o fato ou da intimação do ato.
correto. Não basta alegar que há excesso à execução
sem que demonstre qual é o verdadeiro valor devido. Quando a penhora ou avaliação errônea se der
Caso haja tão somente a alegação de excesso, mas após a impugnação, o executado pode apresentar
sem que se demonstre o valor que entende através de sua arguição no prazo de 15 dias através de petição
demonstrativo de cálculo, o juiz poderá: simples.
z Caso seja a única alegação da impugnação o exces- § 12 Para efeito do disposto no inciso III do § 1º deste
so à execução, rejeitará de forma liminar; artigo, considera-se também inexigível a obrigação
z Caso a impugnação contenha outro argumento reconhecida em título executivo judicial fundado em
além do excesso, esta será processada, mas somen- lei ou ato normativo considerado inconstitucional
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
te nesse outro argumento, pois a alegação de pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em apli-
excesso não será examinada. cação ou interpretação da lei ou do ato normativo
tido pelo Supremo Tribunal Federal como incompatí-
§ 6º A apresentação de impugnação não impede a vel com a Constituição Federal, em controle de cons-
prática dos atos executivos, inclusive os de expro- titucionalidade concentrado ou difuso.
priação, podendo o juiz, a requerimento do executa- § 13 No caso do § 12, os efeitos da decisão do Supre-
do e desde que garantido o juízo com penhora, mo Tribunal Federal poderão ser modulados no
caução ou depósito suficientes, atribuir-lhe tempo, em atenção à segurança jurídica.
efeito suspensivo, se seus fundamentos forem rele- § 14 A decisão do Supremo Tribunal Federal referi-
vantes e se o prosseguimento da execução for mani- da no § 12 deve ser anterior ao trânsito em julgado
festamente suscetível de causar ao executado grave da decisão exequenda.
dano de difícil ou incerta reparação. § 15 Se a decisão referida no § 12 for proferida após
§ 7º A concessão de efeito suspensivo a que se refere o trânsito em julgado da decisão exequenda, caberá
o § 6º não impedirá a efetivação dos atos de subs- ação rescisória, cujo prazo será contado do trânsi-
tituição, de reforço ou de redução da penhora e de to em julgado da decisão proferida pelo Supremo
avaliação dos bens Tribunal Federal. 219
Se o fundamento do título se tratar de inconstitu- Se o devedor não paga, não prova que pagou e,
cionalidade reconhecida pelo STF em uma lei ou ato tampouco justifica o não pagamento, o juiz determina
normativo, gera a inexequibilidade ou inexigibilidade o protesto do título e decreta a sua prisão civil.
da obrigação.
Para que a decisão possa ser fundamento na § 2º Somente a comprovação de fato que gere a
impugnação quanto à inexequibilidade ou inexigibi- impossibilidade absoluta de pagar justificará o
lidade do título, ela deve ser anterior ao trânsito em inadimplemento.
julgado e, portanto, antes da formação do título. Se for
A justificativa para não ocorrência do pagamento
posterior, cabe ação rescisória no prazo de 2 anos, a
da pensão deve ser absoluta, ou seja, somente pode
contar do trânsito em julgado da ação que reconheceu
ser uma razão verdadeiramente plausível que justifi-
a inconstitucionalidade.
que o não pagamento dos alimentos entre o alimen-
Os efeitos da decisão do Supremo Tribunal Fede-
tante e o alimentado.
ral poderão ser modulados no tempo, em atenção à
segurança jurídica (§ 13 do art. 525). Por exemplo, se § 3º Se o executado não pagar ou se a justificativa
durante a fase de um processo de conhecimento, mas apresentada não for aceita, o juiz, além de mandar
antes do trânsito em julgado, o STF declara a inconsti- protestar o pronunciamento judicial na forma do §
tucionalidade da lei ou do ato normativo com efeitos 1º, decretar-lhe-á a prisão pelo prazo de 1 (um) a 3
futuros para determinada data (posterior ao trânsito (três) meses.
em julgado dessa ação de conhecimento), o devedor § 4º A prisão será cumprida em regime fechado,
não poderá alegar a inconstitucionalidade, justamen- devendo o preso ficar separado dos presos comuns.
te pelos efeitos da modulação. § 5º O cumprimento da pena não exime o executado
do pagamento das prestações vencidas e vincendas.
Art. 526 É lícito ao réu, antes de ser intimado para § 6º Paga a prestação alimentícia, o juiz suspende-
o cumprimento da sentença, comparecer em juí- rá o cumprimento da ordem de prisão.
zo e oferecer em pagamento o valor que entender § 7º O débito alimentar que autoriza a prisão civil
devido, apresentando memória discriminada do do alimentante é o que compreende até as 3 (três)
cálculo. prestações anteriores ao ajuizamento da execução
§ 1º O autor será ouvido no prazo de 5 (cinco) dias, e as que se vencerem no curso do processo.
podendo impugnar o valor depositado, sem prejuí-
zo do levantamento do depósito a título de parcela A prisão somente será cabível em relação às três
incontroversa. últimas parcelas não adimplidas antes do requeri-
§ 2º Concluindo o juiz pela insuficiência do depósi- mento; as demais prestações pretéritas serão executa-
to, sobre a diferença incidirão multa de dez por cen- das à luz do § 1º do art. 523 do CPC – rito da penhora.
to e honorários advocatícios, também fixados em Ou seja, caso existam cinco prestações vencidas
dez por cento, seguindo-se a execução com penhora e há a necessidade de executar todas, as três últimas
e atos subsequentes. (mais recentes) poderão ser processadas pelo rito da
§ 3º Se o autor não se opuser, o juiz declarará satis- prisão, enquanto as duas mais distantes serão proces-
feita a obrigação e extinguirá o processo. sadas pelo rito da expropriação, ou rito da penhora.
Art. 527 Aplicam-se as disposições deste Capítulo ao Embora a própria lei diga “pena”, não se trata de
cumprimento provisório da sentença, no que couber. uma pena a ser cumprida, mas sim de uma forma de
constrição para o pagamento.
DO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA QUE Não à toa, após a quitação do débito, é expedido
RECONHEÇA A EXIGIBILIDADE DE OBRIGAÇÃO DE alvará de soltura da prisão civil. A ideia da prisão para
PRESTAR ALIMENTOS devedores de alimentos é para que haja o pagamento
do débito, não uma forma de punir o alimentante.
O cumprimento da sentença que diz respeito à ali- Ainda que haja a prisão e o executado cumpra o
mentos poderá ser feito à luz do disposto no § 1º do prazo determinado pelo juiz, a dívida permanece e
art. 523 (rito da penhora) ou pelo art. 528 do CPC (rito poderá sofrer as constrições patrimoniais, como blo-
da prisão civil). queio de valores e bens.
Art. 528 No cumprimento de sentença que conde- § 8º O exequente pode optar por promover o cum-
ne ao pagamento de prestação alimentícia ou
primento da sentença ou decisão desde logo, nos
de decisão interlocutória que fixe alimentos, o
termos do disposto neste Livro, Título II, Capítulo
juiz, a requerimento do exequente, mandará inti-
III, caso em que não será admissível a prisão do
mar o executado pessoalmente para, em 3 (três)
executado, e, recaindo a penhora em dinheiro, a
dias, pagar o débito, provar que o fez ou justificar a
concessão de efeito suspensivo à impugnação não
impossibilidade de efetuá-lo.
obsta a que o exequente levante mensalmente a
importância da prestação.
Após iniciar a fase de cumprimento de sentença, o
§ 9º Além das opções previstas no art. 516, pará-
juiz determinará a intimação pessoal do devedor, que,
grafo único, o exequente pode promover o cum-
devidamente intimado, poderá justificar a impossibi-
primento da sentença ou decisão que condena ao
lidade de efetuá-lo no prazo de 3 dias.
pagamento de prestação alimentícia no juízo de seu
§ 1º Caso o executado, no prazo referido no caput, domicílio.
não efetue o pagamento, não prove que o efetuou
ou não apresente justificativa da impossibilidade O exequente não é obrigado a seguir pelo rito da
de efetuá-lo, o juiz mandará protestar o pronuncia- prisão, ainda que seja possível, pois trata-se de uma
mento judicial, aplicando-se, no que couber, o dis- faculdade do exequente a escolha do melhor rito para
220 posto no art. 517. receber o valor devido.
Além disso, o exequente pode requerer que seja Art. 532 Verificada a conduta procrastinatória do
processado e julgado no foro de seu domicílio. Em executado, o juiz deverá, se for o caso, dar ciência
regra, a competência para cumprimento de sentença ao Ministério Público dos indícios da prática do cri-
é uma competência funcional, ou seja, o juiz prolator me de abandono material.
da decisão será o competente para cumprimento da
Caso o Ministério Público perceba que se trata de
sentença. Porém, tratando-se de cumprimento de sen-
devedor contumaz, que procrastina ou se recusa ao
tença relacionada à prestação de alimentos, têm-se
pagamento dos alimentos, isso poderá ser indício da
foros concorrentes, tanto do juízo prolator da decisão
prática do crime de abandono material, tipificado no
quanto do juízo do foro do domicílio do credor.
Código Penal.
Art. 529 Quando o executado for funcionário públi- Art. 533 Quando a indenização por ato ilícito
co, militar, diretor ou gerente de empresa ou empre- incluir prestação de alimentos, caberá ao executa-
gado sujeito à legislação do trabalho, o exequente do, a requerimento do exequente, constituir capital
poderá requerer o desconto em folha de pagamento cuja renda assegure o pagamento do valor mensal
da importância da prestação alimentícia. da pensão.
§ 1º Ao proferir a decisão, o juiz oficiará à autori-
dade, à empresa ou ao empregador, determinando, O art. 533 trata dos alimentos indenizatórios, ou
sob pena de crime de desobediência, o desconto a seja, aqueles que decorrem de uma ação de responsa-
partir da primeira remuneração posterior do exe- bilidade civil, e que, embora sejam alimentos, proces-
cutado, a contar do protocolo do ofício. sam de forma diversa.
§ 2º O ofício conterá o nome e o número de inscri- O executado, nesse caso específico, poderá consti-
ção no Cadastro de Pessoas Físicas do exequente e tuir capital cuja renda assegure o pagamento do valor
do executado, a importância a ser descontada men-
mensal da pensão. Ou seja, pode adquirir imóveis
salmente, o tempo de sua duração e a conta na qual
para que a renda oriunda desses imóveis seja rever-
deve ser feito o depósito.
tida ao pagamento dos alimentos indenizatórios devi-
§ 3º Sem prejuízo do pagamento dos alimentos
vincendos, o débito objeto de execução pode ser dos ao alimentado. O executado pode constituir este
descontado dos rendimentos ou rendas do executa- capital através de imóvel ou até de direitos reais sobre
do, de forma parcelada, nos termos do caput des- bens imóveis alienáveis, e, dessa forma, os frutos des-
te artigo, contanto que, somado à parcela devida, se capital constituído deverão ser o pagamento dos
não ultrapasse cinquenta por cento de seus ganhos alimentos indenizatórios.
líquidos.
§ 1º O capital a que se refere o caput, representado
por imóveis ou por direitos reais sobre imóveis sus-
Quando o devedor de alimentos for pessoa que
cetíveis de alienação, títulos da dívida pública ou
se submeta a alguma das características do caput do aplicações financeiras em banco oficial, será inalie-
art. 529, poderá o exequente requerer que seja feito nável e impenhorável enquanto durar a obrigação
desconto em folha do valor devido, até a sua quitação do executado, além de constituir-se em patrimônio
total. de afetação.
Sem que haja prejuízo daqueles alimentos que § 2º O juiz poderá substituir a constituição do capi-
deverão ainda ser descontados de sua folha, a soma da tal pela inclusão do exequente em folha de paga-
parcela do débito com a pensão atual devida e vincen- mento de pessoa jurídica de notória capacidade
da não poderá ultrapassar 50% dos ganhos líquidos. econômica ou, a requerimento do executado, por
fiança bancária ou garantia real, em valor a ser
Art. 530 Não cumprida a obrigação, observar-se-á arbitrado de imediato pelo juiz.
o disposto nos arts. 831 e seguintes. § 3º Se sobrevier modificação nas condições eco-
nômicas, poderá a parte requerer, conforme as cir-
Não cumprida a obrigação de pagar alimentos, cunstâncias, redução ou aumento da prestação.
quando estes estiverem sendo processados pelo rito § 4º A prestação alimentícia poderá ser fixada
tomando por base o salário-mínimo.
da prisão, seguirão sendo processados (§ 5º do art.
§ 5º Finda a obrigação de prestar alimentos, o juiz
528), mas agora pelo rito da penhora, através de cons-
mandará liberar o capital, cessar o desconto em
trição patrimonial.
folha ou cancelar as garantias prestadas.
Art. 534 No cumprimento de sentença que impuser § 3º Não impugnada a execução ou rejeitadas as
à Fazenda Pública o dever de pagar quantia certa, arguições da executada:
o exequente apresentará demonstrativo discrimi- I - expedir-se-á, por intermédio do presidente do
nado e atualizado do crédito contendo: tribunal competente, precatório em favor do exe-
quente, observando-se o disposto na Constituição
Fazenda Pública é pessoa jurídica de direito públi- Federal;
co. É composta pelos seguintes entes: União, Estados, II - por ordem do juiz, dirigida à autoridade na pes-
Distrito Federal, Municípios, Autarquias e Fundações soa de quem o ente público foi citado para o pro-
Públicas. cesso, o pagamento de obrigação de pequeno valor
Transitada em julgado a sentença, o credor reque- será realizado no prazo de 2 (dois) meses contado
da entrega da requisição, mediante depósito na
rerá a intimação da Fazenda Pública no prazo de
agência de banco oficial mais próxima da residên-
30 dias, oportunidade em que poderá apresentar cia do exequente. (Vide ADI 5534)
impugnação. § 4º Tratando-se de impugnação parcial, a parte
A petição de cumprimento de sentença deve obser- não questionada pela executada será, desde logo,
var os seguintes critérios: objeto de cumprimento. (Vide ADI 5534)
As formas dispostas no § 1º são exemplificativas, De igual maneira, o valor da multa poderá ser
podendo o juiz, a depender do caso concreto, determi- revisto de ofício pelo juiz ou por requerimento das
nar outras medidas para que se efetive a pretensão do partes.
objeto cumprimento de sentença.
§ 2º O valor da multa será devido ao exequente.
§ 2º O mandado de busca e apreensão de pes-
soas e coisas será cumprido por 2 (dois) oficiais O valor da multa é revertido ao exequente, ou
de justiça, observando-se o disposto no art. 846, §§ seja, à parte que está sendo diretamente prejudica-
1º a 4º, se houver necessidade de arrombamento.
da pelo não cumprimento ou adimplemento daquela
obrigação.
No que diz respeito ao pedido de busca e apreen-
são, deve-se observar o que dispõem os §§ 1º a 4º do § 3º A decisão que fixa a multa é passível de cumpri-
art. 846; ele será cumprido por 2 oficiais de justiça e, mento provisório, devendo ser depositada em juízo,
caso haja necessidade, com ordem de arrombamento.
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
Art. 997 Cada parte interporá o recurso indepen- Art. 998 O recorrente poderá, a qualquer tempo,
dentemente, no prazo e com observância das exi- sem a anuência do recorrido ou dos litiscon-
gências legais. sortes, desistir do recurso.
§ 1º Sendo vencidos autor e réu, ao recurso inter- Parágrafo único. A desistência do recurso não
posto por qualquer deles poderá aderir o outro. impede a análise de questão cuja repercussão geral
§ 2º O recurso adesivo fica subordinado ao recur- já tenha sido reconhecida e daquela objeto de jul-
so independente, sendo-lhe aplicáveis as mesmas gamento de recursos extraordinários ou especiais
regras deste quanto aos requisitos de admissibili- repetitivos.
dade e julgamento no tribunal, salvo disposição Art. 999 A renúncia ao direito de recorrer indepen-
legal diversa, observado, ainda, o seguinte: de da aceitação da outra parte.
I - será dirigido ao órgão perante o qual o recur- Art. 1.000 A parte que aceitar expressa ou tacita-
so independente fora interposto, no prazo de que a mente a decisão não poderá recorrer.
parte dispõe para responder; Parágrafo único. Considera-se aceitação tácita a
II - será admissível na apelação, no recurso prática, sem nenhuma reserva, de ato incompatível
extraordinário e no recurso especial; com a vontade de recorrer.
III - não será conhecido, se houver desistência
do recurso principal ou se for ele considerado
Os arts. 998, 999 e 1.000 são, também, requisitos de
inadmissível.
admissibilidade intrínsecos, mas no quesito negativo,
ou seja, tratam de situações que não podem ocorrer
O art. 997, do CPC, traz a possibilidade de recurso
adesivo. Não se trata de um recurso, mas sim de uma sob pena de o recurso não ser conhecido.
forma como alguns recursos poderão ser interpostos. São entendidos como fatos impeditivos ou extinti-
Só é possível recurso adesivo de apelação, recurso vos do direito de recorrer à desistência, à renúncia ou
especial e recurso extraordinário; ou seja, qualquer à aceitação.
outro recurso (como, por exemplo, um agravo de ins- A desistência é quando o recurso já foi interposto,
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
trumento) não é possível de ser interposto na modali- mas a parte desiste. Nesse caso, não se faz necessário
dade adesiva. o consentimento da parte contrária e nem mesmo a
A regra é que cada parte interporá seu próprio homologação judicial, bastando somente peticionar
recurso no prazo que cabe a cada um deles. No entan- que desiste do recurso.
to, pode ocorrer de que uma das partes, por qualquer No entanto, conforme dispõe o parágrafo único do
razão, não tenha interposto recurso dentro do prazo art. 998, caso a repercussão geral (que é um requisito
legal, mas a outra, sim. exclusivo dos Recurso Extraordinários) já tiver sido
Essa outra parte, que é chamada de recorrido, reconhecida ou a questão tenha sido afetada para jul-
será intimada para que apresente a sua resposta, gamento de casos repetitivos, não será impedimento
conhecida como contrarrazões, no prazo de 15 dias. para que o recurso seja julgado, ainda que haja o pedi-
Nessa oportunidade, e, verificado que a parte que não do de desistência.
recorreu também foi vencida no processo, ela, caso Da mesma forma, se o recurso interposto gerou
queira, além de poder apresentar as suas contrarra- algum Incidente de Resolução de Demandas Repeti-
zões, poderá apresentar o seu recurso, na modalidade tivas (IRDR), ainda que a parte peça desistência, isso
adesiva. não irá impedir o julgamento do IRDR. 225
Diferentemente da desistência, que ocorre após a § 2º Aplica-se o disposto no art. 231, incisos I a VI,
interposição do recurso, a renúncia (art. 999) ocorre ao prazo de interposição de recurso pelo réu contra
antes da sua interposição, ou seja, a parte informa que decisão proferida anteriormente à citação.
está renunciando ao seu direito de recorrer. A renún- § 3º No prazo para interposição de recurso, a peti-
cia também é um direito do recorrente, devendo ser ção será protocolada em cartório ou conforme as
sempre expressa e não necessita de anuência da outra normas de organização judiciária, ressalvado o
disposto em regra especial. [...]
parte.
Já o art. 1.000 trata sobre a aceitação da decisão,
ou seja, aquele que aceitar expressa ou tacitamente a O recurso deve ser interposto no prazo previsto na
decisão não pode interpor recurso. lei, sob pena de preclusão temporal (caput do art. 223,
A aceitação tácita se dará quando a parte praticar do CPC).
ato que seja incompatível com o desejo de recorrer. O termo inicial do prazo recursal não é contado do
Por exemplo, caso tenha sido condenado ao paga- dia em que é proferida a decisão, mas do dia em que
mento de determinado valor e efetue o pagamento as partes são intimadas da decisão.
do valor da condenação, será considerado como ato Essa intimação pode acontecer em audiência,
incompatível ao direito de recorrer. situação em que as partes já sairão intimadas, dispen-
sando nova intimação, ou nas hipóteses referentes
Art. 1.001 Dos despachos não cabe recurso.
aos incisos I ao IV, do art. 231, do CPC, que tratam do
início de contagem dos prazos:
Existem três formas como o juiz pode se manifes-
Art. 231 Salvo disposição em sentido diverso, con-
tar no processo: sentença, decisões e despachos.
sidera-se dia do começo do prazo:
O art. 203, do CPC, traz o significado de cada um I - a data de juntada aos autos do aviso de recebi-
deles. mento, quando a citação ou a intimação for pelo
correio;
Art. 203 Os pronunciamentos do juiz consistirão II - a data de juntada aos autos do mandado cum-
em sentenças, decisões interlocutórias e despachos. prido, quando a citação ou a intimação for por ofi-
§ 1º Ressalvadas as disposições expressas dos pro- cial de justiça;
cedimentos especiais, sentença é o pronunciamento III - a data de ocorrência da citação ou da intima-
por meio do qual o juiz, com fundamento nos arts. ção, quando ela se der por ato do escrivão ou do
485 e 487, põe fim à fase cognitiva do procedimento chefe de secretaria;
comum, bem como extingue a execução. IV - o dia útil seguinte ao fim da dilação assinada
§ 2º Decisão interlocutória é todo pronunciamento pelo juiz, quando a citação ou a intimação for por
judicial de natureza decisória que não se enquadre edital;
no § 1º.
§ 3º São despachos todos os demais pronunciamen-
tos do juiz praticados no processo, de ofício ou a Importante!
requerimento da parte.
Terão prazo em dobro o Ministério Público, a
Dessa forma, despachos são somente movimenta- Fazenda Pública, a Defensoria Pública e litiscon-
ções administrativas que não possuem caráter ou teor sortes com advogados distintos de escritórios
decisório, não tendo qualquer intenção de solucionar de advocacia distintos.
o processo. Exemplos de despacho: designação de
audiência, intimação das partes etc.
Assim, por não possuírem conteúdo decisório, não [...] § 4º Para aferição da tempestividade do recurso
é possível que se recorra de despachos. remetido pelo correio, será considerada como data
de interposição a data de postagem.
Art. 1.002 A decisão pode ser impugnada no todo § 5º Excetuados os embargos de declaração, o pra-
ou em parte. zo para interpor os recursos e para responder-lhes
é de 15 (quinze) dias.
§ 6º O recorrente comprovará a ocorrência de feria-
Quando da elaboração de um recurso, não há
do local no ato de interposição do recurso.
necessidade de se impugnar todos os pontos que
foram decididos. Muitas vezes, acontece de haver
Caso o recurso tenha sido enviado pelo correio, a
uma decisão favorável em um aspecto e desfavorável
tempestividade será aferida considerando a data da
noutro. Daí, pode-se somente recorrer da parte que
postagem, e não a data do efetivo protocolo.
não foi favorável.
Há, ainda, a possibilidade do chamado recurso
O recurso total é aquele que abrange toda a deci-
prematuro, ou seja, aquele que pode ser interposto
são, ou seja, o recorrente impugna toda a sentença.
antes mesmo do início da abertura do prazo recursal,
No recurso parcial, o recorrente impugna somente
conforme dispõe o § 4º, do art. 218, do CPC.
parte da decisão, aquela que não foi julgada conforme
Por exemplo, antes mesmo de a sentença ser publi-
se esperava.
cada, a parte toma ciência da prolação da sentença e,
antes de ser citada, apresenta recurso.
Art. 1.003 O prazo para interposição de recurso
Havendo feriado local que dilate o prazo, incumbe
conta-se da data em que os advogados, a sociedade
à parte a comprovação deste no ato de interposição.
de advogados, a Advocacia Pública, a Defensoria
Pública ou o Ministério Público são intimados da
decisão. Art. 1.004 Se, durante o prazo para a interposição
§ 1º Os sujeitos previstos no caput considerar-se-ão do recurso, sobrevier o falecimento da parte ou de
intimados em audiência quando nesta for proferida seu advogado ou ocorrer motivo de força maior
que suspenda o curso do processo, será tal prazo
226 a decisão.
restituído em proveito da parte, do herdeiro ou do Art. 1.007 No ato de interposição do recurso, o
sucessor, contra quem começará a correr nova- recorrente comprovará, quando exigido pela legis-
mente depois da intimação. lação pertinente, o respectivo preparo, inclusive
porte de remessa e de retorno, sob pena de deserção.
Caso, durante o prazo para interposição do recur- § 1º São dispensados de preparo, inclusive porte de
so, a parte ou o seu advogado faleça, esse mesmo pra- remessa e de retorno, os recursos interpostos pelo
zo será restituído em proveito da parte, ao sucessor Ministério Público, pela União, pelo Distrito Fede-
ou herdeiro e começará a correr novamente depois da ral, pelos Estados, pelos Municípios, e respectivas
intimação. autarquias, e pelos que gozam de isenção legal.
Também, na hipótese de força maior que suspen- § 2º A insuficiência no valor do preparo, inclusive
da o curso do processo, haverá a restituição do prazo. porte de remessa e de retorno, implicará deserção
Situações de força maior que suspendam o processo se o recorrente, intimado na pessoa de seu advoga-
serão sempre analisadas conforme o caso concreto do, não vier a supri-lo no prazo de 5 (cinco) dias.
pelo juiz, para analisar se de fato tratou-se de força § 3º É dispensado o recolhimento do porte de remes-
maior. Por exemplo: uma catástrofe natural que tenha sa e de retorno no processo em autos eletrônicos.
atingido a cidade do advogado ou da parte é conside-
rada um caso de força maior. O preparo é o recolhimento/pagamento das custas
referente ao ato de recorrer. Logo, se o processo for
Art. 1.005 O recurso interposto por um dos litis- encaminhado ao Tribunal, será necessário o pagamen-
consortes a todos aproveita, salvo se distintos ou to do porte de remessa e de retorno. Todavia, quando
opostos os seus interesses.
o processo for eletrônico, não será necessário o paga-
Parágrafo único. Havendo solidariedade passiva, o
mento referente ao porte de remessa e de retorno.
recurso interposto por um devedor aproveitará aos
outros quando as defesas opostas ao credor lhes O Ministério Público, a Fazenda Pública e todos
forem comuns. aqueles que gozarem de isenção legal estão dispensa-
dos do recolhimento do preparo.
O disposto no art. 1.005 é conhecido como efeito Quando se verificar que o valor recolhido no pre-
expansivo subjetivo dos recursos. Tal efeito é aquele paro é insuficiente, a parte recorrente será intimada
em que o julgamento do recurso ultrapassa os limites para que complemente o valor no prazo de 5 dias.
objetivos ou subjetivos previamente estabelecidos por O preparo é um requisito de admissibilidade
quem recorre. Em suma, o recurso expande, atingin- recursal intrínseco, e, caso a parte não se encaixe
do quem não fez parte ou, até mesmo, uma questão na hipótese de isenção legal, em caso de não recolhi-
que não foi suscitada no recurso. mento, o recurso será considerado deserto e não será
O disposto no artigo trata do efeito expansivo conhecido.
subjetivo, quando atinge pessoa que não fez parte
do recurso, que não interpôs o recurso. Entretanto, o § 4º O recorrente que não comprovar, no ato de
efeito expansivo também pode ser objetivo, quando interposição do recurso, o recolhimento do prepa-
expande a ponto de atingir objeto que não foi tratado ro, inclusive porte de remessa e de retorno, será
no recurso, em uma questão de prejudicialidade. intimado, na pessoa de seu advogado, para realizar
Exemplo: Em uma ação de reconhecimento de o recolhimento em dobro, sob pena de deserção.
paternidade cumulada com alimentos, o suposto pai § 5º É vedada a complementação se houver insu-
que é réu tem reconhecida a paternidade e, condena- ficiência parcial do preparo, inclusive porte de
do ao pagamento de alimentos, recorre questionando remessa e de retorno, no recolhimento realizado na
somente a paternidade. O tribunal, então, reforma a forma do § 4º.
decisão, dizendo que não há paternidade. Nessa hipó-
tese, os alimentos, mesmo que não tenham sido objeto O pagamento do preparo deve ser comprovado
do recurso, serão afetados, por uma questão de preju- quando da interposição do recurso, ou seja, quando o
dicialidade, pois os alimentos decorrem da paternida- recorrente protocolar o recurso, deve juntar também
de reconhecida.
a guia de recolhimento com o seu respectivo compro-
Dessa forma, entende-se que o recurso, embora
vante de pagamento. Caso não faça dessa forma, será
tenha tido somente como objeto o não reconhecimen-
intimado na pessoa do advogado para que proceda
to da paternidade, pode expandir-se para abranger
com o recolhimento, mas do valor em dobro.
objeto que não foi tratado, que são os alimentos.
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
Art. 1.008 O julgamento proferido pelo tribunal A petição do recurso de apelação será endere-
substituirá a decisão impugnada no que tiver sido çada ao juízo que proferiu a decisão, com a petição
objeto de recurso. que contém as razões para reforma endereçada ao tri-
bunal que irá julgar a questão.
O art. 1.008 traz o chamado efeito substitutivo, Após a formalidade legal de intimação da parte
que significa dizer que a decisão final substituirá a contrária para que apresente em 15 dias as suas con-
anterior. trarrazões, o processo será remetido ao tribunal, para
Se houver recurso de apelação, por exemplo, e o julgamento.
Tribunal julgar esse recurso, o acórdão proferido subs- O juízo de origem não faz juízo de admissibi-
tituirá a decisão impugnada, mesmo que o teor desse lidade, somente recebe e intima a outra parte para
acórdão seja somente no sentido de manter a sentença. contrarrazões.
O efeito substitutivo ocorrerá ainda que a deci- Ao chegar no tribunal, o recurso será submetido ao
são recorrida seja mantida pelo Tribunal: o que juízo de admissibilidade, para conferir se estão pre-
precisa haver é o julgamento do mérito recursal refor- sentes todos os requisitos de admissibilidade, extrín-
mando ou confirmando a sentença. secos e intrínsecos.
salvo quanto aos poderes especiais. Art. 13 Os atos processuais serão válidos sem-
pre que preencherem as finalidades para as quais
Como regra, a parte pode nomear o advogado forem realizados, atendidos os critérios indicados
verbalmente, isto é, basta que a parte diga que está no art. 2º desta Lei.
acompanhada por advogado para que este esteja
regularmente constituído para assisti-la no Juizado. A De acordo com a lei processual (art. 188, do Código
procuração (mandato) escrita só é exigida quando se
de Processo Civil), os atos processuais têm forma livre.
passam poderes especiais ao advogado, tais como o de
De acordo com o art. 13, da Lei nº 9.099/95, mesmo se a
receber valores, dar quitação em dívida, etc.
lei exigir uma forma específica de se realizar determina-
§ 4º O réu, sendo pessoa jurídica ou titular de do ato processual e ela não for respeitada, desde que o
firma individual, poderá ser representado por ato atinja a sua finalidade, ele será considerado válido.
preposto credenciado, munido de carta de prepo-
sição com poderes para transigir, sem haver neces- § 1º Não se pronunciará qualquer nulidade
sidade de vínculo empregatício. sem que tenha havido prejuízo. 235
O § 1º adota o princípio do prejuízo, ou seja, não se Ao contrário do que ocorre no Juízo comum, em
declara a nulidade de um ato processual sem que seja que, após feito o pedido inicial, ele é encaminhado
provado o prejuízo por ele causado. para o Juiz para que este determine a realização de
audiência de tentativa de conciliação, no JEC, é a pró-
§ 2º A prática de atos processuais em outras comar- pria Secretaria do Juizado que faz a designação da
cas poderá ser solicitada por qualquer meio idôneo data da sessão de conciliação.
de comunicação.
§ 3º Apenas os atos considerados essenciais serão Art. 17 Comparecendo inicialmente ambas as
registrados resumidamente, em notas manuscritas, partes, instaurar-se-á, desde logo, a sessão de
datilografadas, taquigrafadas ou estenotipadas. Os conciliação, dispensados o registro prévio de pedi-
demais atos poderão ser gravados em fita magnéti- do e a citação.
ca ou equivalente, que será inutilizada após o trân- Parágrafo único. Havendo pedidos contrapostos,
sito em julgado da decisão. poderá ser dispensada a contestação formal e
§ 4º As normas locais disporão sobre a conserva- ambos serão apreciados na mesma sentença.
ção das peças do processo e demais documentos
que o instruem. Na hipótese de comparecerem ambas as partes ao
Juizado, realiza-se a sessão de conciliação, sem neces-
As normas constantes nos §§ 2º ao 4º dizem respei- sidade de promover o registro e a citação prévios.
to aos processos físicos, em desuso nos JEC, tendo em Caso o réu também tenha pedido a ser formulado em
vista a implementação do processo eletrônico. Vale desfavor do autor, baseado nos mesmos fatos, os pedi-
apenas mencionar a disposição constante no § 2º: os dos de autor e réu (pedidos contrapostos) serão deci-
atos processuais a serem praticados em outras comar- didos na mesma sentença.
cas, no Juízo comum, são solicitados por meio de carta
precatória; no âmbito do JEC, tal formalidade não se Das Citações e Intimações
faz necessária, podendo-se utilizar para tal o telefone,
o e-mail etc. Os arts. 18 e 19 cuidam da comunicação dos atos
processuais no Juizado Especial Civil. A citação é a
Do Pedido comunicação que tem como finalidade convocar o réu
para fazer parte do processo. Por sua vez, a intimação
Art. 14 O processo instaurar-se-á com a apresen- é a comunicação que tem por objetivo dar ciência à
tação do pedido, escrito ou oral, à Secretaria do parte de atos ou termos do processo, bem como con-
Juizado. vocá-la para realizar ou deixar de realizar algum ato.
§ 1º Do pedido constarão, de forma simples e
em linguagem acessível: Art. 18 A citação far-se-á:
I - o nome, a qualificação e o endereço das partes; I - por correspondência, com aviso de recebi-
II - os fatos e os fundamentos, de forma sucinta; mento em mão própria;
III - o objeto e seu valor. II - tratando-se de pessoa jurídica ou firma indi-
§ 2º É lícito formular pedido genérico quan- vidual, mediante entrega ao encarregado da
do não for possível determinar, desde logo, a recepção, que será obrigatoriamente identificado;
extensão da obrigação. III - sendo necessário, por oficial de justiça, inde-
§ 3º O pedido oral será reduzido a escrito pela pendentemente de mandado ou carta precatória.
Secretaria do Juizado, podendo ser utilizado o
sistema de fichas ou formulários impressos. A regra é que a citação, para as pessoas físicas, seja
feita mediante carta com Aviso de Recebimento (AR);
O art. 14 disciplina a forma de apresentação do já para as pessoas jurídicas ou firmas individuais, uti-
pedido inicial que vai instaurar o processo no JEC. liza-se a chamada teoria da aparência, isto é, conside-
Vale destacar a possibilidade da apresentação do ra-se válida a citação recebida por quem se apresenta
pedido de forma escrita ou oral (hipótese em que será como representante legal da empresa, sem importar
transcrito). se tal pessoa pode ou não a representar em juízo.
Em um caso ou em outro, sendo necessário, con-
Art. 15 Os pedidos mencionados no art. 3º desta forme dispõe o inciso III, faz-se a citação por meio
Lei poderão ser alternativos ou cumulados; nes- de oficial de justiça. Tendo em vista o princípio da
ta última hipótese, desde que conexos e a soma não informalidade que se aplica ao JEC, o oficial realiza a
ultrapasse o limite fixado naquele dispositivo. diligência independentemente da emissão de ordem
judicial escrita (mandado ou carta precatória).
Os pedidos, no JEC, podem ser alternativos (pede-
-se uma coisa ou outra) ou cumulativos (pede-se uma § 1º A citação conterá cópia do pedido inicial,
coisa e outra). No caso de pedidos cumulativos, eles dia e hora para comparecimento do citando e
devem ter relação entre si (indenização por danos advertência de que, não comparecendo este, con-
materiais e morais devidos pelo mesmo fato, por siderar-se-ão verdadeiras as alegações iniciais, e
exemplo) e não podem, se somados, ultrapassar o será proferido julgamento, de plano.
valor do teto (40 salários-mínimos). § 2º Não se fará citação por edital.
Art. 16 Registrado o pedido, independentemente de A citação por edital (publicada em diário oficial)
distribuição e autuação, a Secretaria do Juizado não se aplica no âmbito do JEC, uma vez que vai con-
designará a sessão de conciliação, a realizar-se tra os princípios de celeridade, oralidade e simplicida-
236 no prazo de quinze dias. de, que regem os Juizados.
§ 3º O comparecimento espontâneo suprirá a I – as ações de mandado de segurança, de desapro-
falta ou nulidade da citação. priação, de divisão e demarcação, populares, por
Art. 19 As intimações serão feitas na forma pre- improbidade administrativa, execuções fiscais e
vista para citação, ou por qualquer outro meio as demandas sobre direitos ou interesses difusos e
idôneo de comunicação. coletivos;
II – as causas sobre bens imóveis dos Estados, Dis-
As intimações podem seguir a forma das citações trito Federal, Territórios e Municípios, autarquias e
ou serem realizadas por outros meios como, e-mail e fundações públicas a eles vinculadas;
até por meio de aplicativos de mensagem largamen- III – as causas que tenham como objeto a impugnação
te utilizados pela população. da pena de demissão imposta a servidores públicos
civis ou sanções disciplinares aplicadas a militares.
§ 1º Dos atos praticados na audiência, conside- § 2º Quando a pretensão versar sobre obrigações
rar-se-ão desde logo cientes as partes. vincendas, para fins de competência do Juizado
Especial, a soma de 12 (doze) parcelas vincendas e
Os atos realizados em audiência (por exemplo, a de eventuais parcelas vencidas não poderá exceder
determinação de se juntar determinado documento) o valor referido no caput deste artigo.
não precisam ser comunicados às partes. § 3º (VETADO)
§ 4º No foro onde estiver instalado Juizado Especial
§ 2º As partes comunicarão ao juízo as mudan- da Fazenda Pública, a sua competência é absoluta.
ças de endereço ocorridas no curso do proces- Art. 3º O juiz poderá, de ofício ou a requerimento
so, reputando-se eficazes as intimações enviadas das partes, deferir quaisquer providências caute-
ao local anteriormente indicado, na ausência da lares e antecipatórias no curso do processo, para
comunicação. evitar dano de difícil ou de incerta reparação.
Art. 4º Exceto nos casos do art. 3o, somente será
admitido recurso contra a sentença.
dos, para conciliação, processo, julgamento e exe- Art. 8º Os representantes judiciais dos réus pre-
cução, nas causas de sua competência. sentes à audiência poderão conciliar, transigir ou
Parágrafo único. O sistema dos Juizados Especiais desistir nos processos da competência dos Juizados
dos Estados e do Distrito Federal é formado pelos Especiais, nos termos e nas hipóteses previstas na
Juizados Especiais Cíveis, Juizados Especiais Crimi- lei do respectivo ente da Federação.
nais e Juizados Especiais da Fazenda Pública. Art. 9º A entidade ré deverá fornecer ao Juizado a
documentação de que disponha para o esclareci-
Da Competência mento da causa, apresentando-a até a instalação
da audiência de conciliação.
Art. 2º É de competência dos Juizados Especiais da A revelia não produz contra o ente público seu prin-
Fazenda Pública processar, conciliar e julgar cau- cipal efeito, qual seja, o da presunção de veracidade
sas cíveis de interesse dos Estados, do Distrito Fede- quanto ao aspecto fático discutido na demanda, e,
ral, dos Territórios e dos Municípios, até o valor de assim, o artigo 9o. pode ser utilizado pelo juiz em
60 (sessenta) salários mínimos. caso de revelia, quando este tiver alguma dúvida
§ 1º Não se incluem na competência do Juizado em julgar a demanda apenas por aquilo que o autor
Especial da Fazenda Pública: tiver afirmado ou provado. 237
Art. 10 Para efetuar o exame técnico necessário § 2º Os juízes leigos ficarão impedidos de exercer a
à conciliação ou ao julgamento da causa, o juiz advocacia perante todos os Juizados Especiais da
nomeará pessoa habilitada, que apresentará o lau- Fazenda Pública instalados em território nacional,
do até 5 (cinco) dias antes da audiência. enquanto no desempenho de suas funções.
Art. 11 Nas causas de que trata esta Lei, não have- Art. 16 Cabe ao conciliador, sob a supervisão do
rá reexame necessário. juiz, conduzir a audiência de conciliação.
Art. 12 O cumprimento do acordo ou da sentença, § 1º Poderá o conciliador, para fins de encami-
com trânsito em julgado, que imponham obrigação nhamento da composição amigável, ouvir as par-
de fazer, não fazer ou entrega de coisa certa, será tes e testemunhas sobre os contornos fáticos da
efetuado mediante ofício do juiz à autoridade citada controvérsia.
para a causa, com cópia da sentença ou do acordo. § 2º Não obtida a conciliação, caberá ao juiz presidir
Art. 13 Tratando-se de obrigação de pagar quan- a instrução do processo, podendo dispensar novos
tia certa, após o trânsito em julgado da decisão, o depoimentos, se entender suficientes para o julga-
pagamento será efetuado: mento da causa os esclarecimentos já constantes
I – no prazo máximo de 60 (sessenta) dias, contado dos autos, e não houver impugnação das partes.
da entrega da requisição do juiz à autoridade cita- Art. 17 As Turmas Recursais do Sistema dos Juiza-
da para a causa, independentemente de precatório, dos Especiais são compostas por juízes em exercício
na hipótese do § 3o do art. 100 da Constituição no primeiro grau de jurisdição, na forma da legisla-
Federal; ou ção dos Estados e do Distrito Federal, com manda-
II – mediante precatório, caso o montante da con- to de 2 (dois) anos, e integradas, preferencialmente,
denação exceda o valor definido como obrigação de por juízes do Sistema dos Juizados Especiais.
pequeno valor. § 1º A designação dos juízes das Turmas Recur-
§ 1º Desatendida a requisição judicial, o juiz, ime- sais obedecerá aos critérios de antiguidade e
diatamente, determinará o sequestro do numerário merecimento.
suficiente ao cumprimento da decisão, dispensada § 2º Não será permitida a recondução, salvo quando
a audiência da Fazenda Pública. não houver outro juiz na sede da Turma Recursal.
§ 2º As obrigações definidas como de pequeno valor Art. 18 Caberá pedido de uniformização de inter-
a serem pagas independentemente de precatório pretação de lei quando houver divergência entre
terão como limite o que for estabelecido na lei do decisões proferidas por Turmas Recursais sobre
respectivo ente da Federação. questões de direito material.
§ 3º Até que se dê a publicação das leis de que trata § 1º O pedido fundado em divergência entre Turmas
o § 2º, os valores serão: do mesmo Estado será julgado em reunião conjun-
I – 40 (quarenta) salários mínimos, quanto aos ta das Turmas em conflito, sob a presidência de
Estados e ao Distrito Federal; desembargador indicado pelo Tribunal de Justiça.
II – 30 (trinta) salários mínimos, quanto aos § 2º No caso do § 1o, a reunião de juízes domicilia-
Municípios. dos em cidades diversas poderá ser feita por meio
§ 4º São vedados o fracionamento, a repartição ou eletrônico.
a quebra do valor da execução, de modo que o paga- § 3º Quando as Turmas de diferentes Estados derem
mento se faça, em parte, na forma estabelecida no a lei federal interpretações divergentes, ou quando
inciso I do caput e, em parte, mediante expedição a decisão proferida estiver em contrariedade com
de precatório, bem como a expedição de precatório súmula do Superior Tribunal de Justiça, o pedido
complementar ou suplementar do valor pago. será por este julgado.
§ 5º Se o valor da execução ultrapassar o estabelecido Art. 19 Quando a orientação acolhida pelas Tur-
para pagamento independentemente do precatório, mas de Uniformização de que trata o § 1o do art. 18
o pagamento far-se-á, sempre, por meio do preca- contrariar súmula do Superior Tribunal de Justiça,
tório, sendo facultada à parte exequente a renúncia a parte interessada poderá provocar a manifesta-
ao crédito do valor excedente, para que possa optar ção deste, que dirimirá a divergência.
pelo pagamento do saldo sem o precatório. § 1º Eventuais pedidos de uniformização fundados
§ 6º O saque do valor depositado poderá ser feito pela em questões idênticas e recebidos subsequente-
parte autora, pessoalmente, em qualquer agência do mente em quaisquer das Turmas Recursais ficarão
banco depositário, independentemente de alvará. retidos nos autos, aguardando pronunciamento do
§ 7º O saque por meio de procurador somente pode- Superior Tribunal de Justiça.
rá ser feito na agência destinatária do depósito, § 2º Nos casos do caput deste artigo e do § 3o do
mediante procuração específica, com firma reco- art. 18, presente a plausibilidade do direito invo-
nhecida, da qual constem o valor originalmente cado e havendo fundado receio de dano de difícil
depositado e sua procedência. reparação, poderá o relator conceder, de ofício ou
Art. 14 Os Juizados Especiais da Fazenda Públi- a requerimento do interessado, medida liminar
ca serão instalados pelos Tribunais de Justiça dos determinando a suspensão dos processos nos quais
Estados e do Distrito Federal. a controvérsia esteja estabelecida.
Parágrafo único. Poderão ser instalados Juizados § 3º Se necessário, o relator pedirá informações ao
Especiais Adjuntos, cabendo ao Tribunal designar Presidente da Turma Recursal ou Presidente da Tur-
a Vara onde funcionará. ma de Uniformização e, nos casos previstos em lei,
Art. 15 Serão designados, na forma da legislação ouvirá o Ministério Público, no prazo de 5 (cinco) dias.
dos Estados e do Distrito Federal, conciliadores e juí- § 4º (VETADO)
zes leigos dos Juizados Especiais da Fazenda Públi- § 5º Decorridos os prazos referidos nos §§ 3o e 4o,
ca, observadas as atribuições previstas nos arts. 22, o relator incluirá o pedido em pauta na sessão, com
37 e 40 da Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995. preferência sobre todos os demais feitos, ressalva-
§ 1º Os conciliadores e juízes leigos são auxiliares dos os processos com réus presos, os habeas corpus
da Justiça, recrutados, os primeiros, preferente- e os mandados de segurança.
mente, entre os bacharéis em Direito, e os segun- § 6º Publicado o acórdão respectivo, os pedidos
dos, entre advogados com mais de 2 (dois) anos de retidos referidos no § 1º serão apreciados pelas
238 experiência. Turmas Recursais, que poderão exercer juízo de
retratação ou os declararão prejudicados, se veicu- danos sofridos pela vítima e a aplicação de pena
larem tese não acolhida pelo Superior Tribunal de não privativa de liberdade (conforme consta no
Justiça. art. 62 da Lei nº 9.099/95);
Art. 20 Os Tribunais de Justiça, o Superior Tribunal
z Os atos processuais são públicos, via de regra;
de Justiça e o Supremo Tribunal Federal, no âmbi-
to de suas competências, expedirão normas regu- podendo ser realizados à noite e em qualquer dia
lamentando os procedimentos a serem adotados da semana; para que seja invalidado, deve ser
para o processamento e o julgamento do pedido de provado o prejuízo; não é necessária a expedição
uniformização e do recurso extraordinário. de carta precatória para a realização de atos em
Art. 21 O recurso extraordinário, para os efeitos outras comarcas; e somente serão reduzidos a ter-
desta Lei, será processado e julgado segundo o mo os atos essenciais;
estabelecido no art. 19, além da observância das z Possui uma fase preliminar e uma fase processual
normas do Regimento.
(rito sumaríssimo);
Art. 22 Os Juizados Especiais da Fazenda Pública
serão instalados no prazo de até 2 (dois) anos da z Aplicam-se as medidas despenalizadoras da tran-
vigência desta Lei, podendo haver o aproveitamen- sação penal, suspensão condicional do processo e
to total ou parcial das estruturas das atuais Varas composição cível; nos casos de reunião de proces-
da Fazenda Pública. sos (conexão e continência) aplicam-se os institu-
Art. 23 Os Tribunais de Justiça poderão limitar, tos da transação penal e da composição dos danos
por até 5 (cinco) anos, a partir da entrada em vigor civis (art. 2º, parágrafo único, da Lei nº 10.259/01)
desta Lei, a competência dos Juizados Especiais da
Fazenda Pública, atendendo à necessidade da orga- Agora, veremos as diferenças entre os Juizados
nização dos serviços judiciários e administrativos.
Especiais Federais Criminais e os Juizados Criminais
Art. 24 Não serão remetidas aos Juizados Especiais
da Fazenda Pública as demandas ajuizadas até a data
da Lei nº 9.099/95.
de sua instalação, assim como as ajuizadas fora do Competência em relação à matéria
Juizado Especial por força do disposto no art. 23.
Art. 25 Competirá aos Tribunais de Justiça prestar Art. 2º Compete ao Juizado Especial Federal Cri-
o suporte administrativo necessário ao funciona- minal processar e julgar os feitos de competência
mento dos Juizados Especiais. da Justiça Federal relativos às infrações de menor
Art. 26 O disposto no art. 16 aplica-se aos Juizados potencial ofensivo, respeitadas as regras de cone-
Especiais Federais instituídos pela Lei no 10.259, de xão e continência.
12 de julho de 2001. Parágrafo único. Na reunião de processos, peran-
Art. 27 Aplica-se subsidiariamente o disposto nas te o juízo comum ou o tribunal do júri, decorrente
Leis nos 5.869, de 11 de janeiro de 1973 – Código de da aplicação das regras de conexão e continência,
Processo Civil, 9.099, de 26 de setembro de 1995, e observar-se-ão os institutos da transação penal e
10.259, de 12 de julho de 2001. da composição dos danos civis.
Art. 28 Esta Lei entra em vigor após decorridos 6
(seis) meses de sua publicação oficial.
A Lei nº 10.259/01 estabelece que “compete aos Jui-
A Lei nº 10.259/01 surgiu para instituir e discipli- zados Especiais Criminais Federais processar e julgar
nar os Juizados Especiais Federais, Cíveis e Criminais, e executar as infrações de menor potencial ofensivo
de acordo com o previsto no art. 98, parágrafo único, de competência da Justiça Federal”.
da Constituição Federal. Guarde isso: a Justiça Federal, de acordo com o art.
109 da Constituição Federal não julga contravenções
Art. 1º São instituídos os Juizados Especiais Cíveis
penais como regra.
e Criminais da Justiça Federal, aos quais se aplica,
no que não conflitar com esta Lei, o disposto na Lei
nº 9.099, de 26 de setembro de 1995.
Importante!
Dica Juizados Especiais Criminais Federais, via de
Antes do estudo da Lei 10.259/01, é essencial a regra, não julgam contravenções, que são de
leitura do material referente aos Juizados Espe- competência dos Juizados Especiais Crimini-
ciais Criminais (Lei nº 9.099/95). nais do Estados e do DF.
De acordo com a Súmula 38 do STJ: “Compete à
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
a) A parte não poderá renunciar ao prazo estabelecido 11. (TJ-SP – VUNESP – 2015) Nas causas que dispensem
exclusivamente em seu favor. a fase instrutória, o juiz, independentemente da cita-
b) Não havendo preceito legal nem assinação pelo juiz, ção do réu, poderá julgar liminarmente improcedente
será de cinco dias o prazo para a prática de ato proces- o pedido
sual a cargo da parte.
c) Salvo disposição em contrário, computar-se-ão os pra- a) que não indicar o fundamento legal.
zos, incluindo-se o dia do começo e o do vencimento. b) que contrariar enunciado de súmula de tribunal de jus-
d) Decorrido o prazo, extingue-se, mediante declaração tiça sobre direito local.
judicial, o direito de praticar o ato. c) que tiver petição inicial inepta.
e) Os atos processuais realizar-se-ão nos prazos prescri- d) que tenha parte manifestamente ilegítima.
tos em lei. Quando esta for omissa, o juiz determinará e) cujo autor carecer de interesse processual.
que os prazos se cumpram em cinco dias.
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
A questão cobra a literalidade do art. 152, do CPC, REalizar citações e intimações, bem como praticar
que trata das competências do escrivão ou chefe todos os demais atos que lhe forem atribuídos pela
de secretaria. O candidato precisa tomar cuidado organização judiciária;
para não confundir com as competências do oficial FORnecer certidão de qualquer ato ou termo;
de justiça (art. 154, do CPC). A assertiva correta é a MAnter sob sua guarda a responsabilidade os
única que aparece no art. 152 e todas as demais são autos, não permitindo que saiam do cartório, EXCE-
242 do art. 154. Vejamos: TO: a) conclusão ao juiz; b) vista ao procurador,
Defensor Público, Ministério Público ou Fazenda Em “b”: Errado – Assertiva em desconformidade
Pública; c) remetidos ao contabilista ou partidor; d) com o art. 152.
tiver modificação de competência; Em “c”: Errado – Assertiva em desconformidade
Oficial de Justiça: EXECUTAR e ENTREGAR o C.A.F.É.: com o art. 152.
EXECUTAR as ordens do juiz a que estiver Em “d”: Errado – Assertiva em desconformidade
subordinado; com o art. 152.
e Em “e”: Certo – conforme art. 152.
ENTREGAR o mandado em cartório após o seu Resposta: Letra E.
cumprimento;
o 3.
Certificar, em mandado, proposta de autocomposi-
ção apresentada por qualquer das partes, na oca- A questão cobra conhecimentos do art. 203 do CPC-
sião de realização de ato de comunicação que lhe 15. Note que a forma dos atos processuais caiu na
couber; prova de 2015, mas não caiu na de 2018, sendo, por-
Auxiliar o juiz na manutenção da ordem; tanto, uma forte aposta para a prova que está che-
Fazer pessoalmente citações, prisões, penhoras, gando. Vamos ao texto legal:
arrestos e demais diligências próprias de seu ofício, Art. 203. Os pronunciamentos do juiz consistirão
sempre que possível na presença de 2 pessoas (teste- em sentenças, decisões interlocutórias e despachos.
munhas), certificando no mandado o ocorrido, com § 1º Ressalvadas as disposições expressas dos proce-
menção ao LUGAR, ao DIA e à HORA; dimentos especiais, sentença é o pronunciamento por
Efetuar avaliações, quando for o caso; meio do qual o juiz, com fundamento nos arts. 485 e
Em “a”: Errado – Não aparece no art. 152 do CPC. 487, põe fim à fase cognitiva do procedimento comum,
Em “b”: Errado – Não aparece no art. 152 do CPC. bem como extingue a execução.
Em “c”: Errado – Não aparece no art. 152 do CPC. § 2° Decisão interlocutória é todo pronunciamento
Em “d”: Errado – Não aparece no art. 152 do CPC. judicial de natureza decisória que não se enquadre
Em “e”: Certo – Conforme art. 152 do CPC. no § 1º.
Resposta: Letra E. § 3° São despachos todos os demais pronunciamen-
tos do juiz praticados no processo, de ofício ou a
2. requerimento da parte.
§ 4º Os atos meramente ordinatórios, como a junta-
da e a vista obrigatória, independem de despacho,
Assim como na questão 1, aqui, se cobram as fun-
devendo ser praticados de ofício pelo servidor e
ções do escrivão. Aplica-se, como na questão ante-
revistos pelo juiz quando necessário
rior, o art. 152, do CPC.
Em “a”: Errado – Assertiva em desconformidade
Art. 152. Incumbe ao escrivão ou ao chefe de
com o art. 203.
secretaria: Em “b”: Certo – Conforme o art. 203.
I - redigir, na forma legal, os ofícios, os mandados, Em “c”: Errado – Assertiva em desconformidade
as cartas precatórias e os demais atos que perten- com o art. 203.
çam ao seu ofício; Em “d”: Errado – Assertiva em desconformidade
II - efetivar as ordens judiciais, realizar citações e com o art. 203.
intimações, bem como praticar todos os demais Em “e”: Errado – Assertiva em desconformidade
atos que lhe forem atribuídos pelas normas de orga- com o art. 203.
nização judiciária; Resposta: Letra B.
III - comparecer às audiências ou, não podendo
fazê-lo, designar servidor para substituí-lo; 4.
IV - manter sob sua guarda e responsabilidade os
autos, não permitindo que saiam do cartório, exceto: A questão é complexa e pode ser resolvida com o
a) quando tenham de seguir à conclusão do juiz; estudo de inúmeros dispositivos do CPC-15 (apesar
b) com vista a procurador, à Defensoria Pública, de ter sido elaborada durante a égide do CPC-73).
ao Ministério Público ou à Fazenda Pública; Vamos a eles:
Art. 195. O registro de ato processual eletrônico
c) quando devam ser remetidos ao contabilista
deverá ser feito em padrões abertos, que atenderão
ou ao partidor;
aos requisitos de autenticidade, integridade, tempora-
d) quando forem remetidos a outro juízo em
lidade, não repúdio, conservação e, nos casos que tra-
razão da modificação da competência;
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
8.
Trata-se de questão complexa, eis que envolve dois
temas: recursos e contagem de prazos. Primeira- A questão cobra a literalidade do art. 304, caput e
mente, como a decisão recorrida é uma sentença, parágrafo primeiro, do CPC. Vejamos:
temos que ter em mente que o recurso cabível é o de Art. 304. A tutela antecipada, concedida nos termos
apelação, conforme art. 724, do CPC. O prazo para do art. 303, torna-se estável se da decisão que a con-
a interposição da apelação é de 15 (quinze) dias, ceder não for interposto o respectivo recurso.
conforme o § 5º, do art. 1003, do CPC (vale lembrar § 1º No caso previsto no caput, o processo será
que, exceto embargos de declaração, cujo prazo é 5 extinto.
dias, todo recurso tem prazo de 15 dias). Para con- Em “a”: Errado – Não aparece no § 1º do art. 304,
tinuar, precisamos recordar como se contam prazos do CPC.
no CPC: Em “b”: Errado – Não aparece no § 1º do art. 304,
Art. 219. Na contagem de prazo em dias, estabeleci- do CPC.
do por lei ou pelo juiz, computar-se-ão somente os Em “c”: Certo – Conforme no § 1º do art. 304, do CPC.
DIAS ÚTEIS. Em “d”: Errado – Não aparece no § 1º do art. 304,
Art. 224. Salvo disposição em contrário, os pra- do CPC.
zos serão contados excluindo o dia do começo e Em “e”: Errado – Não aparece no § 1º do art. 304,
incluindo o dia do vencimento. do CPC.
O enunciado nos trouxe a informação de que a sen- Resposta: Letra C.
tença foi proferida em audiência no dia 09/03 (sex-
ta), ou seja, começou a correr o prazo apenas na 9.
segunda-feira, dia 12/03. Excluindo-se os sábados
(10/03, 17/03 e 24/03) e os domingos (11/03, 18/03 e A questão cobra conhecimentos sobre as tutelas
25/03), o décimo-quinto dia foi 30/03. provisórias. Quando o pedido é embasado em súmu-
Em “a”: Errado – O recurso cabível é a apelação, não la vinculante, a tutela cabível é a de evidência, con-
244 o agravo de instrumento. forme o inciso II, do art. 311, do CPC. Vejamos:
Art. 311. A tutela da evidência será concedida, inde- I - enunciado de súmula do Supremo Tribunal Fede-
pendentemente da demonstração de perigo de dano ral ou do Superior Tribunal de Justiça;
ou de risco ao resultado útil do processo, quando: II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Fede-
II - as alegações de fato puderem ser comprovadas ral ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julga-
apenas documentalmente e houver tese firmada mento de recursos repetitivos;
em julgamento de casos repetitivos ou em súmula III - entendimento firmado em incidente de reso-
vinculante;
lução de demandas repetitivas ou de assunção de
Em “a”: Errado – Conforme art. 311, esses requisitos
competência;
não aparecem na tutela de evidência.
Em “b”: Errado – Inexiste qualquer dispositivo proi- IV - enunciado de súmula de tribunal de justiça
bindo ao Réu o pedido de tutela de evidência. sobre direito local.
Em “c”: Certo – Conforme art. 311, caput e inciso II Art. 330. A petição inicial será indeferida quando:
citados acima. I - for inepta; → Alternativa “c”.
Em “d”: Errado – Inexiste necessidade de cognição II - a parte for manifestamente ilegítima; →
exauriente quando a tese for firmada em súmula Alternativa “d”.
vinculante, conforme inciso II do art. 311 citado III - o autor carecer de interesse processual; →
acima. Alternativa “e”.
Em “e”: Errado – A tutela provisória pode se basear, IV - não atendidas as prescrições dos arts. 106 e 321.
também, em evidência, sendo que esta afasta os § 1º Considera-se inepta a petição inicial quando:
requisitos da tutela de urgência. I - lhe faltar pedido ou causa de pedir; → Alter-
Resposta: Letra C.
nativa “a”, visto que o fundamento jurídico é a cau-
10. sa de pedir remota. (nesse ponto criticável a escolha
do termo “legal” pelo examinador)
Apesar de a questão ter sido formulada sob a égide II - o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipó-
do CPC-73, pode ser respondida com os dispositivos teses legais em que se permite o pedido genérico;
sobre cumulação de pedidos no CPC-15. III - da narração dos fatos não decorrer logicamente
Art. 326. É lícito formular mais de um pedido em a conclusão;
ordem subsidiária, a fim de que o juiz conheça do IV - contiver pedidos incompatíveis entre si.
posterior, quando não acolher o anterior.
Em “a”: Errado – O exemplo mencionado pela alter-
Parágrafo único. É lícito formular mais de um pedido,
nativa refere-se ao indeferimento da inicial.
alternativamente, para que o juiz acolha um deles.
Art. 327. É lícita a cumulação, em um único pro- Em “b”: Certo – conforme o inciso IV, do art. 332,
cesso, contra o mesmo réu, de vários pedidos, ainda do CPC.
que entre eles não haja conexão. Em “c”: Errado – O exemplo mencionado pela alter-
§ 1º São requisitos de admissibilidade da cumulação nativa refere-se ao indeferimento da inicial.
que: Em “d”: Errado – O exemplo mencionado pela alter-
I - os pedidos sejam compatíveis entre si; nativa refere-se ao indeferimento da inicial.
II - seja competente para conhecer deles o mesmo juízo; Em “e”: Certo – O exemplo mencionado pela alterna-
III - seja adequado para todos os pedidos o tipo de tiva refere-se ao indeferimento da inicial.
procedimento.
Resposta: Letra B.
§ 2º Quando, para cada pedido, corresponder tipo
diverso de procedimento, será admitida a cumula-
ção se o autor empregar o procedimento comum, 12.
sem prejuízo do emprego das técnicas processuais
diferenciadas previstas nos procedimentos especiais A questão foi feita sob a égide do CPC-73, mas pode
a que se sujeitam um ou mais pedidos cumulados, ser respondida pelos arts. 385 a 387 do CPC-15.
que não forem incompatíveis com as disposições Vejamos:
sobre o procedimento comum. Art. 385. Cabe à parte requerer o depoimento pes-
§ 3º O inciso I do § 1º não se aplica às cumulações de soal da outra parte, a fim de que esta seja interro-
pedidos de que trata o art. 326. gada na audiência de instrução e julgamento, sem
Em “a”: Errado – Assertiva em desconformidade prejuízo do poder do juiz de ordená-lo de ofício.
com os arts. 326 e 327. § 1º Se a parte, pessoalmente intimada para prestar
Em “b”: Certo – Conforme os arts. 326 e 327. depoimento pessoal e advertida da pena de confes-
Em “c”: Errado – Assertiva em desconformidade
so, não comparecer ou, comparecendo, se recusar a
com os arts. 326 e 327.
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
13.
14.
15.
vedado o anonimato;
z Igualdade perante a lei: direcionado aos aplica-
dores da lei, uma vez que não é possível utilizar Todas as pessoas possuem direitos atinentes à
critérios discriminatórios na aplicação da norma, liberdade de foro íntimo, ou seja, de ter convicções
religiosas, filosóficas, políticas, entre outras, possuin-
salvo nos casos em que a própria norma constitu-
do, portanto, o direito de pensar. Além disso, possuem
cional estabelece a aplicação desigual. Como exem-
direito de expressar livremente esses pensamentos.
plo, pode-se citar o caso da exclusão de mulheres Assim, o direito à expressão do pensamento, que decor-
e eclesiásticos do serviço militar obrigatório em re do direito à liberdade, está disciplinado no inciso IV.
tempos de paz. O pensamento em si é absolutamente livre, por ser
uma questão de foro íntimo. O indivíduo pode pen-
Art. 5º [...] sar em que quiser, sem que o Estado possa interferir.
I - homens e mulheres são iguais em direitos e No entanto, quando este pensamento é exteriorizado,
obrigações, nos termos desta Constituição; passa a ser possível a tutela e proteção do Estado.
1 Conceito em conformidade com o art. 2º da Convenção Interamericana, que visa prevenir e punir a tortura. 247
Cumpre mencionar que é da liberdade de expres- O inciso VIII traz a chamada escusa de consciência
são que decorrem a proibição de censura e a vedação ou objeção de consciência. Trata-se do direito de não
do anonimato, por exemplo. Portanto, ao mesmo tem- cumprir um serviço obrigatório por razões relaciona-
po que a Constituição assegura a liberdade de mani- das a sua consciência ou crença, de modo a assegurar
festação de pensamento, ela obriga que as pessoas que não ocorrerá a perda dos direitos civis ou políticos
assumam a responsabilidade do que exteriorizam. em decorrência de tal recusa. Por exemplo: a pessoa
que, por questão religiosa, seja contrária ao serviço
Art. 5º [...] militar poderá alegar tal imperativo de consciência em
V - é assegurado o direito de resposta, proporcio- seu alistamento militar. No entanto, a CF/88 estabelece
nal ao agravo, além da indenização por dano mate- que, mesmo que dispensada da prática dessa atividade,
rial, moral ou à imagem; ela terá que cumprir serviço alternativo.
Embora não conste do inciso, o sigilo foi estendido A liberdade de ir e vir encontra-se disciplinada no
aos dados telemáticos por meio da Lei nº 9.296/1996. inciso XV, do art. 5º, da CF/88. Trata-se, portanto, do
Assim, estão protegidas as mensagens trocadas por meio direito de locomoção, que é um dos desdobramentos
de Skype, e-mail, WhatsApp, Messenger, entre outros. do direito à liberdade. Observa-se, no entanto, que a
É importante mencionar que as violações de cor- liberdade de locomoção é restrita a tempo de paz, ou
respondência e de comunicação telegráfica são cri- seja, no caso de decretação de guerra, passa a viger a
mes previstos no art. 151, do Código Penal, e na Lei nº lei marcial, de modo que o ir e vir dos indivíduos pode
6.538/78, a qual dispõe sobre os serviços postais. sofrer limitações. 249
A garantia constitucional que objetiva assegurar o z Dissolução das associações: decisão judicial + trân-
direito de locomoção é o habeas corpus, que será tra- sito em julgado;
tado adiante. z Suspensão das associações: decisão judicial.
organização que lhe der a lei, assegurados: ainda, que o ato pode ser julgado a qualquer tempo,
a) a plenitude de defesa; independentemente da data em que foi cometido, pois
b) o sigilo das votações;
não se sujeita ao decurso do tempo (imprescritível).
c) a soberania dos veredictos;
Vale lembrar, aqui, que a Lei nº 7.716/1989 é a Lei do
d) a competência para o julgamento dos crimes
dolosos contra a vida; Racismo e a Lei nº 12.288/2010 é o Estatuto da Igual-
dade Racial.
Outro desdobramento do direito à segurança é a Art. 5º [...]
garantia do julgamento pelo Tribunal do Júri em cri- XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e
mes dolosos contra a vida, ou seja, homicídio (Art. 121 insuscetíveis de graça ou anistia a prática da
do CP), induzimento, instigação ou auxílio a suicídio tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e
ou à automutilação (Art. 122 do CP), infanticídio (Art. drogas afins, o terrorismo e os definidos como
123 do CP) e aborto (Arts. 124 a 128 do CP). Trata-se crimes hediondos, por eles respondendo os man-
do direito de o indivíduo ser julgado por seus pares e, dantes, os executores e os que, podendo evitá-los,
não, por um juízo de critério eminentemente técnico. se omitirem; 253
O inciso XLIII estabelece os crimes em que não Atenção! Multa é uma espécie de pena (Art. 32, CP)
cabe fiança nem perdão, ou seja, graça, indulto e e, portanto, não pode ser imposta aos herdeiros.
anistia. Embora o dispositivo não mencione o indulto,
ele também não é cabível nos crimes elencados. Art. 5º [...]
Para lembrar dos crimes, memorize: T T T H XLVI - a lei regulará a individualização da pena
e adotará, entre outras, as seguintes:
Tortura a) privação ou restrição da liberdade;
Tráfico b) perda de bens;
Terrorismo c) multa;
Hediondos d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos;
A graça e o indulto são modalidades de perdão
concedidos pelo Presidente da República, de modo O inciso XLVI disciplina o princípio da individua-
a extinguir a punibilidade do agente. Enquanto, na lização da pena, uma vez que as penas devem ser
graça, o perdão é concedido de forma individual por previstas, impostas e executadas em conformidade
meio de decreto e mediante provocação do interes- com as condições pessoais de cada réu. Para tanto, a
sado, no indulto, o perdão é coletivo e concedido por individualização deve operar-se em três fases distin-
decreto, o qual não possui destinatário certo e inde- tas: legislativa, no momento em que elabora a norma;
pende de provocação. O indulto pode ser total ou par- judicial, no momento da dosimetria da pena; executi-
cial (comutação).
va, na execução penal.
Já a anistia é o perdão concedido pelo Congresso
Nacional, por meio de lei, aos crimes e atos adminis-
Art. 5º [...]
trativos. Na anistia, exclui-se o crime, rescinde-se a
XLVII - não haverá penas:
condenação e extingue-se totalmente a punibilidade.
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada,
Cabe destacar que a anistia pode ser concedida pelas
nos termos do art. 84, XIX;
Assembleias Legislativas, porém se restringe aos atos
b) de caráter perpétuo;
administrativos, como, por exemplo, às transgres-
c) de trabalhos forçados;
sões disciplinares de servidores estaduais.
d) de banimento;
É importante mencionar que esses crimes são
e) cruéis;
prescritíveis, além de ser cabível a liberdade provi-
sória. Ainda, a Lei nº 9.455/1997 trata dos crimes de
tortura; a Lei nº 11.343/2006, dos crimes de drogas; O inciso XLVII, que decorre tanto do direito à vida
a Lei nº 13.260/2016, do terrorismo; a Lei nº 8.072/90 como do direito à segurança, estabelece a proibição
cuida dos crimes hediondos. de determinadas penas.
Assim, é vedada a pena de morte em tempos de paz.
Art. 5º [...] Isso porque, quando declarada a guerra pelo Presiden-
XLIV - constitui crime inafiançável e imprescri- te da República após a autorização do Congresso Nacio-
tível a ação de grupos armados, civis ou milita- nal, vigora a parte atinente aos tempos de guerra4 do
res, contra a ordem constitucional e o Estado
Código Penal Militar (CPM) e Código de Processo Penal
Democrático;
Militar (CPPM), que estabelece, em determinados casos,
O inciso XLIV também traz hipóteses de não con- a pena de morte. Exemplo: traição (Art. 355 do CPM)5.
cessão de fiança, cuja ação ou omissão pode ser julga-
da a qualquer tempo, independentemente da data em Art. 5º [...]
que foi cometido. Tratam-se dos crimes desenvolvidos XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimen-
pelas organizações criminosas contra a ordem consti- tos distintos, de acordo com a natureza do deli-
tucional e democrática, como, por exemplo, no golpe to, a idade e o sexo do apenado;
de Estado. Cabe lembrar que a Lei nº 12.850/13 é que
trata das organizações criminosas. O inciso XLVIII traz um dos princípios relativos
à execução da pena privativa de liberdade. Trata-
Art. 5º [...] -se da exigência de que o cumprimento da pena seja
XLV - nenhuma pena passará da pessoa do
feito de acordo com a natureza do crime, a idade e
condenado, podendo a obrigação de reparar
o dano e a decretação do perdimento de bens o sexo do apenado. É por essa razão que os adoles-
ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores centes ficam em estabelecimentos distintos dos adul-
e contra eles executadas, até o limite do valor do tos, assim como as mulheres permanecem em local
patrimônio transferido; diverso dos homens. Esse dispositivo decorre tanto do
direito à segurança como do direito à vida.
O princípio da intranscendência ou personali-
zação da pena está disciplinado no inciso XLV. Tra- Art. 5º [...]
ta-se da impossibilidade da pena ser aplicada a outra XLIX - é assegurado aos presos o respeito à inte-
pessoa que não o delinquente, uma vez que somente gridade física e moral;
o autor da infração penal pode ser responsabiliza-
do. Com a morte do condenado, declara-se extinta a 4 Art. 15 (CPM) O tempo de guerra, para os efeitos da aplicação da
punibilidade do crime. Assim, a pena não poderá ser lei penal militar, começa com a declaração ou o reconhecimento do
estado de guerra, ou com o decreto de mobilização se nele estiver
cumprida, por exemplo, pelos familiares ou herdeiros
compreendido aquele reconhecimento; e termina quando ordenada
do autor do crime se este houver falecido. No entanto, a cessação das hostilidades.
refere-se apenas à esfera penal, ou seja, a obrigação
5 Art. 355 (CPM) Tomar o nacional armas contra o Brasil ou Estado
civil de reparar os danos pode ser estendida aos seus aliado, ou prestar serviço nas forças armadas de nação em guerra
sucessores até o limite do valor do patrimônio trans- contra o Brasil: Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos,
254 ferido (herança). grau mínimo.
O inciso XLIX estabelece outro princípio relativo à Art. 5º [...]
execução da pena privativa de liberdade: a proteção LIII - ninguém será processado nem sentencia-
à integridade física e moral do preso. Busca-se, portan- do senão pela autoridade competente;
to, proteger os indivíduos da força do Estado. Trata-se,
também, de um dos desdobramentos do direito à segu- O princípio do juiz natural ou do juiz competen-
rança, por envolver garantias processuais, e do direito te encontra-se disciplinado no inciso LIII. Trata-se da
à vida, por envolver a integridade do indivíduo. garantia de que nenhuma pessoa será processada ou
julgada por uma autoridade especialmente designada
Art. 5º [...] para o caso. Deste modo, as regras de competência
L - às presidiárias serão asseguradas condições devem estar reestabelecidas no ordenamento jurídi-
para que possam permanecer com seus filhos
co, de forma a assegurar que o julgamento seja reali-
durante o período de amamentação;
zado por um juiz independente e imparcial.
O inciso L traz um princípio relativo à execução
Art. 5º [...]
da pena privativa de liberdade. Trata-se do direito
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de
dos filhos de permanecerem com suas mães e serem
seus bens sem o devido processo legal;
amamentados por elas durante a execução da pena.
Vale destacar que o art. 89 da Lei nº 7.210/84 (Lei de
Execução Penal) estabelece que a penitenciária de O princípio do devido processo legal está disci-
mulheres terá uma seção para gestantes e parturien- plinado no inciso LIV. Trata-se do desdobramento do
tes e uma creche para abrigar crianças entre 6 (seis) direito à segurança, de modo a garantir que os indi-
meses e 7 (sete) anos. víduos não sejam presos nem percam seus bens por
atuação arbitrária do poder do Estado. Assim sendo,
Art. 5º [...] deverá existir um processo com todas as etapas pre-
LI - nenhum brasileiro será extraditado, sal- vistas em lei e com todas as garantias constitucionais.
vo o naturalizado, em caso de crime comum,
Se tais regras não forem observadas, o processo é pas-
praticado antes da naturalização, ou de com-
provado envolvimento em tráfico ilícito de sível de nulidade.
entorpecentes e drogas afins, na forma da lei;
Art. 5º [...]
A proibição de extradição de brasileiro encon- LV - aos litigantes, em processo judicial ou admi-
tra-se disciplinada no inciso LI. Extradição é uma nistrativo, e aos acusados em geral são assegu-
medida de cooperação internacional em que um Esta- rados o contraditório e ampla defesa, com os
do entrega a outro Estado, a pedido deste, indivíduo meios e recursos a ela inerentes;
que deva responder a processo penal ou cumprir
O inciso LV traz o princípio do contraditório e da
pena. De acordo com a Norma Constitucional, o Brasil
ampla defesa. Tal princípio objetiva garantir a igual-
não entrega brasileiro nato para responder processo
penal ou cumprir pena em outro país. dade das partes de uma relação processual, bem como
É possível, no entanto, a entrega de brasileiro a segurança processual. Assim sendo, a parte contrá-
naturalizado, isto é, que tenha adquirido a naciona- ria necessita ser ouvida (audiatur et altera pars), pois
lidade brasileira por outro motivo que não vinculado não pode ser atribuída a uma parte vantagens de que
ao nascimento (filiação ou local do nascimento), desde a outra não disponha.
que seja por crime comum e que este tenha sido pra- Como consequência, as partes têm acesso a tudo
ticado antes de sua naturalização. Portanto, quando que consta dos autos, como, por exemplo, todas as
o agente tinha outra nacionalidade. provas produzidas pela outra parte, podendo mani-
Também é possível a extradição de brasileiro natu- festar-se ou não. Além disso, a defesa pode ser exerci-
ralizado por comprovado envolvimento em tráfico ilí- da de forma ampla, como, por exemplo, é possível ao
cito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei. indivíduo optar pela autodefesa (quando permitido)
Nesta hipótese, a extradição pode ocorrer tanto antes ou pela defesa técnica. Assim, a ampla defesa garan-
quanto depois da naturalização, te ao agente a possibilidade de se defender sem qual-
quer impedimento aos seus direitos constitucionais.
Art. 5º [...]
LII - não será concedida extradição de estrangei- Art. 5º [...]
ro por crime político ou de opinião;
LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas
No que se refere à extradição de estrangeiro, o obtidas por meios ilícitos;
inciso LII veda a entrega por crime político ou de
A proibição de prova ilícita encontra-se estabele-
DIREITO CONSTITUCIONAL
responsáveis por sua prisão ou por seu interro- Constituição com a finalidade de reclamar o restabele-
gatório policial; cimento de direitos fundamentais violados.
O HC é uma dessas ações constitucionais, sendo
O inciso LXIV também decorre do direito à segu- utilizado para a tutela da liberdade de locomoção
rança, uma vez que busca prevenir a prisão arbitrária. sempre que alguém estiver sofrendo ou na iminência
Assim, é assegurado ao indivíduo a identificação dos de sofrer constrangimento ilegal em seu direito de ir
responsáveis por sua prisão e interrogatório, uma e vir. Tal ação pode ser utilizada tanto em questões
vez que lhe é garantido questionar a competência ou penais quanto em questões civis, desde que haja cons-
atribuição dessas autoridades em conformidade com trangimento ilegal efetivo ou potencial ao direito de ir
a norma vigente e os princípios constitucionais e de e vir. Exemplo: prisão por débitos alimentares.
direitos humanos. Existem três modalidades de HC, quais sejam:
Art. 5º [...]
LXXII - conceder-se-á habeas-data:
O inciso LXXIV garante o acesso à Justiça a todas
a) para assegurar o conhecimento de informações as pessoas. Assim sendo, o Estado brasileiro deve-
relativas à pessoa do impetrante, constantes de rá prestar a assistência jurídica de forma integral e
registros ou bancos de dados de entidades governa- gratuita àqueles que comprovarem insuficiência de
mentais ou de caráter público; recursos financeiros. Esse direito instrumentaliza-se
b) para a retificação de dados, quando não se por meio da Defensoria Pública ou por meio do convê-
prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou
administrativo;
nio com a Defensoria Pública/Ordem dos Advogados
do Brasil através da nomeação de advogado dativo.
O habeas data (HD) é o remédio constitucional
para a tutela do direito de informação e de intimida- Art. 5º [...]
de do indivíduo, de modo a garantir ao impetrante LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro
o conhecimento de informações pessoais constantes judiciário, assim como o que ficar preso além do
de banco de dados de entidades governamentais ou tempo fixado na sentença;
abertas ao público, bem como o direito de retificação
dessas informações quando errôneas. O inciso LXXV visa evitar abusos por parte do
Cumpre salientar que a lei que disciplina o HD é Poder Público ao prever a responsabilidade civil do
a Lei nº 9.507/97. Por essa lei, o HD também é cabível
Estado nos casos de erro do Poder Judiciário e prisão
para anotação nos assentamentos do interessado, de
contestação ou explicação sobre dado verdadeiro mas por tempo além do fixado em sentença.
justificável e que esteja sob pendência judicial ou ami- A responsabilidade civil do Estado será estudada
gável, em conformidade com o inciso III, do art. 7º. posteriormente.
Ademais, a informação, a retificação ou a anotação
foram negadas pela Administração Pública (entidades Art. 5º [...]
governamentais da Administração direta ou indireta) LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente
ou particular (pessoas jurídicas de direito privado) pobres, na forma da lei:
que mantenham banco de dados aberto ao público. a) o registro civil de nascimento;
O HD pode ser impetrado por qualquer pessoa, b) a certidão de óbito;
física ou jurídica, brasileira ou estrangeira, desde que
as informações solicitadas digam respeito ao próprio Ao garantir a gratuidade das certidões de nasci-
indivíduo. Além disso, o HD não é instrumento jurídi- mento e óbito, a CF/88 assegura que as pessoas pos-
co adequado para se ter acesso aos autos do processo
sam ser registradas e possam usufruir dos direitos
administrativo disciplinar (PAD).
personalíssimos decorrentes, como, por exemplo, os
Art. 5º [...] direitos de possuir um nome, de poder ser matricula-
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para do em uma escola, entre outros. Assim, a CF/88 garante
propor ação popular que vise a anular ato lesivo que a falta de recursos financeiros não seja considera-
ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado
da um obstáculo para o exercício de tais direitos.
participe, à moralidade administrativa, ao meio
ambiente e ao patrimônio histórico e cultural,
ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento Art. 5º [...]
de custas judiciais e do ônus da sucumbência; LXXVII - são gratuitas as ações de habeas-cor-
pus e habeas-data, e, na forma da lei, os atos
O inciso LXXIII traz outro remédio constitucional: necessários ao exercício da cidadania.
a ação popular. Trata-se da ação constitucional colo-
cada à disposição de qualquer cidadão para fiscalizar O inciso LXXVII trata da gratuidade dos remédios
o Poder Público. Cabe esclarecer que cidadão é aque- constitucionais de habeas corpus e habeas data. A
le que possui capacidade eleitoral ativa, ou seja, que
finalidade do dispositivo é garantir o acesso de todas
pode votar. Portanto, a ação popular é cabível para os
maiores de 16 (dezesseis) anos se eleitores. as pessoas a esses remédios constitucionais.
Atenção! Não há necessidade de os menores de 18
(dezoito) anos serem assistidos, pois consiste em um Art. 5º [...]
DIREITO CONSTITUCIONAL
direito político. Ademais, quanto aos estrangeiros, é LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrati-
possível o ajuizamento da ação popular pelo portu- vo, são assegurados a razoável duração do pro-
guês em situação de equiparação com brasileiro. cesso e os meios que garantam a celeridade de sua
Em regra, a ação popular é gratuita. O motivo da tramitação.
gratuidade é permitir o acesso ao Poder Judiciário de
todos os cidadãos para a defesa dos atos lesivos do O inciso LXXVIII, do art. 5º, trata do princípio da
Poder Público. No entanto, o inciso LXXIII estabelece celeridade processual. Desta forma, a CF/88 assegura a
uma exceção: haverá custas e sucumbência caso o autor todos, quer no âmbito judicial, quer no âmbito adminis-
ingresse com a ação com má-fé e esta seja comprovada. trativo, a duração razoável do processo, bem como dos
meios que garantam a celeridade de sua tramitação.
Importante! Art. 5º [...]
A má-fé deve ser sempre provada, enquanto a § 1º As normas definidoras dos direitos e garantias
boa-fé é sempre presumida. fundamentais têm aplicação imediata. 259
De acordo com o § 1º, os direitos e garantias indi- Atenção! Não confundir o TPI com a Corte Inter-
viduais e coletivos previstos no art. 5º estão prontos nacional de Justiça, também conhecida como Tribu-
para ser aplicados e exigidos, uma vez que não depen- nal de Haia, que é o órgão jurídico da Organização das
dem da existência de qualquer outra norma para pro-
Nações Unidas.
duzir efeitos.
Atenção! Não confundir aplicação imediata com a DIREITOS SOCIAIS
aplicabilidade da norma constitucional (norma cons-
titucional de eficácia plena, contida e limitada). Os direitos sociais estão disciplinados nos arts. 6º
Art. 5º [...]
a 11 da CF/88. Esses direitos se dividem em direitos
§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Consti- sociais propriamente ditos (Art. 6º), direitos trabalhis-
tuição não excluem outros decorrentes do regi- tas (Art. 7º) e direitos sindicais (Art. 8º a 11). Vejamos:
me e dos princípios por ela adotados, ou dos
tratados internacionais em que a República Federa- Art. 6º São direitos sociais a educação, a saú-
tiva do Brasil seja parte. de, a alimentação, o trabalho, a moradia, o
transporte, o lazer, a segurança, a previdência
O § 2º estabelece que o rol de direitos e deveres social, a proteção à maternidade e à infância, a
disposto no art. 5º é exemplificativo e não taxativo. assistência aos desamparados, na forma desta
Portanto, podem existir outros direitos em outros dis- Constituição.
positivos da CF/88, em outros diplomas legais, em tra-
tados internacionais, entre outros. Os direitos sociais encontram-se estabelecidos no
art. 6º da CF. Tratam-se de direitos ligados à concepção
Art. 5º [...] de que é dever do Estado a garantia, através das polí-
§ 3º Os tratados e convenções internacionais ticas públicas, da igualdade de oportunidades a todos.
sobre direitos humanos que forem aprovados, em O dispositivo assegura alguns dos direitos denomina-
cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, dos de segunda geração/dimensão, tais como o direito à
por três quintos dos votos dos respectivos membros, educação, trazendo a ideia de que a instrução é o meio
serão equivalentes às emendas constitucionais. adequado para que o indivíduo possa exercer outros
O § 3º estabelece as regras para a incorporação direitos, tais como a liberdade de expressão, a liberdade
do tratado internacional que verse sobre direi- de associação, os direitos políticos, entre outros.
tos humanos. Via de regra, o tratado internacional, Usa-se tanto o termo “geração” como “dimensão”
após a sua celebração e assinatura pelo Presidente da — alguns doutrinadores consideram o termo “dimen-
República, passa por referendo parlamentar para sua são” mais adequado, uma vez que “geração” exprime
incorporação. Assim, o Poder Legislativo o aprova, a ideia de que uma substitui a outra, ao passo que o
por meio de um Decreto Legislativo, e o remete ao Pre- termo “dimensão” transmite a ideia de ampliação, a
sidente da República para sua ratificação, por meio de qual uma complementa a outra.
Decreto. O Decreto do Executivo é, por sua vez, pro- Trata-se de uma classificação elaborada por Karel
mulgado e publicado em Diário Oficial da União e pas- Vasak para classificar os direitos em categorias con-
sa a ter força de lei. forme o contexto histórico que surgiram. Didatica-
No caso de tratado sobre direitos humanos, a mente, o jurista atrelou as três categorias dos direitos
CF/88 disciplinou a possibilidade de sua incorporação, humanos aos princípios da Revolução Francesa: liber-
seguindo os mesmos procedimentos cabíveis para dade, igualdade e fraternidade. Assim, os direitos de
as Emendas Constitucionais, ou seja, dois turnos em primeira geração/dimensão são os direitos de liberda-
cada Casa do Congresso Nacional e aprovação por 3/5 de; os de segunda, de igualdade; e os de terceira, de
dos votos. Deste modo, o tratado passa a ser incorpo- fraternidade.
rado, no ordenamento jurídico, com força de norma Garante, também, o acesso dos indivíduos a um siste-
constitucional. ma de saúde, além da assistência e proteção econômica
O § 3º, do art. 5º, da CF/88, foi incluído pela Emen- em determinados momentos, tais como na incapacidade
da Constitucional nº 45/2004. Portanto, apenas os tra- temporária ou definitiva, velhice, entre outros. Trata-se,
tados incorporados após essa Emenda e seguindo os pois, de um programa de proteção social para amparar
parâmetros do dispositivo possuem força de norma as pessoas em determinados eventos.
constitucional. Para os incorporados anteriormente, Do art. 6º é que advém a ideia de reserva do pos-
caso se refiram aos direitos humanos, são considerados sível, pois o Estado deve garantir os direitos em con-
supralegais (acima de lei federal e inferior às normas
formidade com seus recursos. Esse dispositivo traz a
constitucionais). Para todos os demais tratados, força
ideia de mínimo existencial, ou seja, de um padrão
legal.
mínimo de condições materiais aceitáveis para uma
vida com dignidade.
Art. 5º [...]
§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Neste sentido, o Estado deve assegurar que a quan-
Penal Internacional a cuja criação tenha mani- tidade de alimento seja suficiente para o indivíduo e
festado adesão. sua família, que ele possa se vestir, ter moradia, acesso
aos serviços médicos, sociais e de segurança em casos
Esse parágrafo também foi incluído pela Emenda de imprevistos. Além disso, devem-se assegurar os cui-
Constitucional nº 45/2004. O Tribunal Penal Interna- dados e assistência devidos à maternidade e à infância.
cional (TPI) encontra-se disciplinado no Estatuto de O referido artigo assegura, ainda, o direito ao tra-
Roma e tem como finalidade julgar os crimes de geno- balho. Para tanto, o art. 7º estipula as condições neces-
cídio, crimes de guerra, crimes contra a humanidade sárias para a realização do trabalho e adota medidas
260 e crimes de agressão. de proteção ao trabalhador nos seguintes termos:
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos O inciso IV estabelece a existência de uma remu-
e rurais, além de outros que visem à melhoria de neração mínima, justa e suficiente para assegurar ao
sua condição social: trabalhador e a sua família uma vida digna. Assim, o
salário mínimo deve ter a capacidade de atender às
Esse dispositivo trata tanto dos trabalhadores urba- necessidades tanto do trabalhador como de sua famí-
nos como dos rurais e funda-se no princípio da igual- lia. Cumpre mencionar que o valor deve ser fixado
dade. Por essa razão, a CF/88 veda, por exemplo, a em lei, ou seja, faz-se necessário a edição de lei para a
diferenciação de salários, o exercício de funções e crité- fixação do valor do salário mínimo.
rios de admissão que tenham como base a idade, o sexo Vale destacar que o STF entende não ser necessá-
ou o estado civil etc. Vejamos as proteções trazidas nele: rio que o percentual de reajuste seja fixado em lei (em
sentido estrito), podendo a definição de tais valores
Art. 7º [...] ser feita por meio de decreto presidencial. Sobre o
I - relação de emprego protegida contra despedida tema, existem quatro Súmulas Vinculantes importan-
arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei tes, as quais é importante conhecer:
complementar, que preverá indenização compen-
satória, dentre outros direitos; Súmula Vinculante nº 4 Salvo nos casos previs-
tos na Constituição, o salário mínimo não pode ser
usado como indexador de base de cálculo de vanta-
A CF/88, do mesmo modo que estipula as condi- gem de servidor público ou de empregado, nem ser
ções necessárias para a realização do trabalho, adota substituído por decisão judicial.
medidas de proteção ao trabalhador contra a despe- Súmula Vinculante nº 6 Não há violação à CF no
dida arbitrária ou sem justa causa, com o objetivo estabelecimento de remuneração inferior ao míni-
de resguardar o trabalhador contra as incertezas do mo em relação ao soldo dos recrutas, prestadores
mercado de trabalho. Assim, o inciso I prevê que uma do serviço militar inicial.
lei complementar estabelecerá indenização compen- Súmula Vinculante nº 15 O cálculo de gratifica-
satória, dentre outros direitos. ções e outras vantagens do servidor público não
incide sobre o abono utilizado para se atingir o
salário mínimo.
Súmula Vinculante nº 16 Os artigos 7º, IV, e 39,
Importante! § 3º (redação da EC n. 19/1998), da Constituição
Ainda não foi elaborada lei complementar disci- referem-se ao total da remuneração percebida pelo
plinando o assunto. Por essa razão, aplica-se o servidor público.
disposto no art. 10, do Ato das Disposições Consti- Art. 7º [...]
tucionais Transitórias, que fixa como indenização V - piso salarial proporcional à extensão e à com-
o valor de 40% do depositado no Fundo de Garan- plexidade do trabalho;
tia do Tempo de Serviço (FGTS) como a quantia
devida a título de indenização compensatória. O inciso V assegura contraprestação mínima aos
trabalhadores pertencentes à mesma categoria pro-
fissional, como, por exemplo, professores, metalúrgi-
Art. 7º [...] cos, farmacêuticos, entre outros. O piso deve levar em
II - seguro-desemprego, em caso de desemprego consideração a extensão e a complexidade do trabalho
involuntário; e não pode ser fixado em múltiplos do salário mínimo.
Diferentemente do salário mínimo, que é nacio-
O inciso II trata do seguro-desemprego, que tem nalmente unificado, é possível que os Estados e o Dis-
como finalidade assegurar assistência financeira, de trito Federal instituam piso salarial estadual diferente
modo temporário, ao trabalhador que foi dispensado do nacional, em conformidade com o parágrafo único,
involuntariamente, ou seja, sem justa causa. do art. 22, da CF/88, e Lei Complementar nº 103/2000.
Art. 7º [...]
Art. 7º [...]
VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto
III - fundo de garantia do tempo de serviço; em convenção ou acordo coletivo;
O FGTS encontra-se estabelecido no inciso III. O inciso VI traz a regra de que o salário do traba-
Seu objetivo é resguardar o trabalhador nos casos lhador não pode ser reduzido. A redução somente é
de desemprego involuntário, aposentadoria, entre admitida por meio de negociação coletiva com a par-
outras situações, de modo que o trabalhador possa ticipação obrigatória do sindicato.
DIREITO CONSTITUCIONAL
sacar esses valores. A Medida Provisória (MP) nº 936/2020, que foi edi-
De acordo com a atual orientação do STF, o prazo tada em razão da pandemia da COVID-19, passou a
prescricional para o trabalhador reclamar valores do permitir a redução salarial por meio de acordo indi-
FGTS é de cinco anos (prescrição quinquenal), tendo, vidual firmado entre o empregador e o empregado,
como base, o princípio da segurança jurídica (ARE nº ou seja, sem a participação do sindicato. Consideran-
709.212, STF). do que o texto constitucional estabelece que o acordo
seja coletivo, a MP foi submetida ao STF, que mante-
Art. 7º [...] ve a eficácia da regra (acordo individual) de redução
IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmen- temporária do salário por, no máximo, 90 (noventa)
te unificado, capaz de atender a suas necessidades dias, sob o fundamento de que se trata de momento
vitais básicas e às de sua família com moradia, ali- excepcional e que o acordo individual seria razoável
mentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higie- por preservar o vínculo de emprego durante o perío-
ne, transporte e previdência social, com reajustes do, bem como a atuação do sindicato demandaria
periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, demora, gerando insegurança jurídica e aumentando
sendo vedada sua vinculação para qualquer fim; o risco de desemprego. 261
Art. 7º [...] Art. 7º [...]
VII - garantia de salário, nunca inferior ao míni- XII - salário-família pago em razão do dependen-
mo, para os que percebem remuneração variável; te do trabalhador de baixa renda nos termos da lei;
O pagamento de horas extras encontra-se previs- O aviso prévio está estabelecido no inciso XXI.
to no inciso XVI. A CF/88, além de fixar a duração da Trata-se do direito que tem o trabalhador de não ser
jornada de trabalho, com o objetivo de evitar abusos surpreendido com o seu desligamento e poder pro-
por parte do empregador, garante ao trabalhador que gramar-se para voltar a enfrentar à concorrência do
os serviços prestados que excedam a jornada normal mercado de trabalho. Por esse motivo, o aviso prévio
de trabalho sejam considerados extraordinários e é proporcional, ou seja, quanto maior o tempo de ser-
pagos com o valor de, no mínimo, 50% a mais que o viço prestado à empresa, maior a sua permanência
valor normal. antes do desligamento. O prazo mínimo previsto na
CF/88 é de 30 (trinta) dias.
Art. 7º [...] De acordo com o STF, o inciso XXI é uma norma
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, constitucional híbrida, uma vez que possui uma parte
pelo menos, um terço a mais do que o salário de eficácia plena (mínimo de 30 dias) e outra limitada
normal; (nos termos da lei). Nos termos da Lei nº 12.506, de
2011, a esses 30 dias serão acrescidos três dias por ano
O inciso XVII estabelece o direito às férias. Tra- de serviço prestado na mesma empresa até o total de
ta-se do descanso anual do trabalhador, que deve ser 60 dias. Portanto, a duração máxima do aviso prévio é
remunerado e acrescido de, pelo menos, 1/3 a mais do de 90 dias (30 dias assegurados pela CF/88 e outros 60
que o salário normal. previstos na lei).
os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, O inciso IV trata da contribuição confederativa
bem como a sua integração à previdência social. sindical. Cumpre esclarecer, no entanto, que nenhu-
ma das contribuições relativas à atividade sindical
Por fim, o parágrafo único trata dos direitos dos é obrigatória, de modo a depender de autorização
trabalhadores domésticos. Considera-se doméstico expressa e prévia do destinatário. Portanto, somente
o trabalhador que presta serviços de natureza contí- quem é filiado ao respectivo sindicato deve pagar a
nua e de finalidade não lucrativa à pessoa ou à famí- contribuição confederativa prevista nesse dispositivo.
lia no âmbito residencial destas, como, por exemplo,
cozinheiro residencial, jardineiro, babá, entre outros. Art. 579 (CLT) O desconto da contribuição sindical
O dispositivo remete a determinados incisos, que já está condicionado à autorização prévia e expressa
foram trabalhados anteriormente, cuja leitura na dos que participem de uma determinada categoria
íntegra é imprescindível para a sua aprovação. econômica ou profissional, ou de uma profissão
Os direitos sindicais encontram-se disciplinados liberal, em favor do sindicato representativo da
nos art. 8º a 11. Vejamos cada um deles: mesma categoria. 265
Súmula Vinculante nº 40 A contribuição con- O direito de greve dos trabalhadores encontra-se
federativa de que trata o art. 8º, IV, da Constitui- assegurado no art. 9º, da CF/88. Inicialmente, há de se
ção Federal, só é exigível dos filiados ao sindicato esclarecer que a expressão “trabalhadores” refere-se
respectivo. aos empregados da iniciativa privada, geralmente
regidos pela CLT. Em síntese, greve é a suspensão tem-
Art. 8º [...] porária das atividades laborais desenvolvidas e tem
V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a man- como causa o interesse dos trabalhadores.
ter-se filiado a sindicato;
Art. 9º [...]
O inciso V é um desdobramento do direito à liber- § 1º A lei definirá os serviços ou atividades essen-
dade de associação, previsto no art. 5º, da CF/88. ciais e disporá sobre o atendimento das necessida-
des inadiáveis da comunidade.
Art. 8º [...] § 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis
VI - é obrigatória a participação dos sindicatos às penas da lei.
nas negociações coletivas de trabalho;
No que se refere aos serviços essenciais, tais como
As entidades sindicais possuem a denominada transporte público, serviços de fornecimento de luz,
função negocial. Assim, com o objetivo de assegurar água, entre outros, o direito de greve é assegurado, mas
melhores condições e direitos aos trabalhadores, o sofre restrições. A lei que disciplina a greve dos traba-
inciso IV estabelece como obrigatória a participação lhadores dos serviços essenciais é a Lei nº 7.783, de 1989.
dos sindicatos nas negociações coletivas.
Art. 10 É assegurada a participação dos traba-
Art. 8º [...] lhadores e empregadores nos colegiados dos
VII - o aposentado filiado tem direito a votar e órgãos públicos em que seus interesses profissio-
ser votado nas organizações sindicais; nais ou previdenciários sejam objeto de discussão
e deliberação.
O inciso VII cuida do direito de votar e ser votado
do aposentado filiado à entidade sindical. O art. 10 decorre do direito a uma gestão
democrática, ou seja, de participação junto aos
Art. 8º [...] colegiados dos órgãos públicos que gerenciam os inte-
VIII - é vedada a dispensa do empregado sin- resses profissionais ou os valores aplicados nos fun-
dicalizado a partir do registro da candidatura dos previdenciários.
a cargo de direção ou representação sindical
e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o Art. 11 Nas empresas de mais de duzentos empre-
final do mandato, salvo se cometer falta grave gados, é assegurada a eleição de um representan-
nos termos da lei. te destes com a finalidade exclusiva de promover-lhes
o entendimento direto com os empregadores.
A estabilidade do dirigente sindical encontra-se
Por fim, o art. 11 estabelece, como mecanismo de
prevista no inciso VIII. Seu objetivo é permitir que seus
promover o entendimento e facilitar o diálogo entre
dirigentes atuem sem medo de represálias, ou seja, de
empregados e empregador em empresas maiores
serem desligados do emprego devido à atuação. Trata-
(com mais de 200 funcionários), a formação de uma
-se, portanto, da regra que proíbe a dispensa do empre-
comissão de representação.
gado sindicalizado a partir do registro da candidatura a
Atenção! Os representantes não se confundem
cargo de direção ou representação sindical. No caso dos
eleitos, mesmo que na condição de suplentes, a estabili- com os dirigentes sindicais.
dade perdura até um ano após o final do mandato.
Observa-se, no entanto, que a estabilidade não é NACIONALIDADE
absoluta, uma vez que é possível a demissão em caso
de cometimento de falta grave. Ainda, cabe destacar O direito à nacionalidade é a garantia de ter um
que, de acordo com a alínea “a”, do inciso II, do art. vínculo político-jurídico com um país, uma vez que
10, do ADCT, os membros da Comissão Interna para todas as pessoas têm direito de vincular-se a um Esta-
Prevenção de Acidentes (CIPA) eleitos pelos trabalha- do Soberano para que este possa assegurar a proteção
dores também possuem estabilidade; já os indicados dos seus direitos fundamentais.
pelo empregador não a possuem. A ausência de vínculo enseja a condição de apátrida
e impede que o indivíduo pleiteie proteção jurídica bási-
Art. 8º [...] ca por não estar vinculado a nenhum estatuto pessoal.
Parágrafo único. As disposições deste artigo apli- Deste modo, ter uma nacionalidade significa ter direito
cam-se à organização de sindicatos rurais e de à proteção jurídica e política por parte de um Estado.
colônias de pescadores, atendidas as condições A nacionalidade pode ser originária ou derivada.
que a lei estabelecer. Vejamos:
Por fim, o parágrafo único estabelece que essas z Nacionalidade originária é aquela que decor-
regras também são aplicadas aos sindicatos rurais e re do nascimento e, a depender do Estado, pode
de pescadores. seguir o critério de vínculo biológico (jus sangui-
nis), ou o critério do local do nascimento (jus solis),
Art. 9º É assegurado o direito de greve, competin- ou os dois. Nesse tipo de nacionalidade, é possível
do aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade a coexistência de mais de uma nacionalidade (ex.:
de exercê-lo e sobre os interesses que devam por filho de italiano nascido no Brasil é italiano por
266 meio dele defender. sangue e brasileiro por solo);
z Nacionalidade derivada é aquela que decorre de b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade,
qualquer outro fator que não o nascimento, como, residentes na República Federativa do Brasil há
por exemplo, passar a residir em um país ou casar- mais de quinze anos ininterruptos e sem con-
-se com um estrangeiro e adquirir a nacionalidade denação penal, desde que requeiram a nacionali-
deste (essa hipótese não existe no direito brasi- dade brasileira.
leiro, pois o casamento com brasileiro, por si só,
não dá o direito à nacionalidade brasileira). Para Conforme vimos, a naturalização é o meio pelo
adquirir a nacionalidade derivada, é necessário qual se adquire a nacionalidade por outro motivo que
um procedimento chamado de naturalização e, em não o nascimento. Trata-se do ato pelo qual um país
regra, ao se adquirir uma nova nacionalidade, por concede a um estrangeiro a qualidade de nacional
ser esta voluntária, perde-se a nacionalidade ante- desse Estado. A naturalização pressupõe pedido da
rior (direito de opção). parte interessada.
O inciso II estabelece, como critério para que se
Os direitos de nacionalidade estão disciplinados adquira a naturalização, o lapso temporal. No caso
nos arts. 12 e 13, da CF/88. Vejamos cada um deles: dos estrangeiros originários de países de língua portu-
guesa, tais como Portugal, Cabo Verde, Moçambique,
Art. 12 São brasileiros: entre outros, a Norma Constitucional prevê residência
I - natos: de apenas um ano ininterrupta e idoneidade moral. Já
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, para os demais estrangeiros, faz-se necessário residir
ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não por mais de 15 (quinze) anos e não possuir condena-
estejam a serviço de seu país; ção penal.
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou Note que, além do prazo de residência, enquan-
mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a to, para um, basta a idoneidade, para os demais, não
serviço da República Federativa do Brasil;
deve existir condenação penal.
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou
de mãe brasileira, desde que sejam registrados em
Art. 12 [...]
repartição brasileira competente ou venham a resi-
§ 1º Aos portugueses com residência permanente
dir na República Federativa do Brasil e optem, em
no País, se houver reciprocidade em favor de brasi-
qualquer tempo, depois de atingida a maioridade,
leiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao bra-
pela nacionalidade brasileira;
sileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição.
essa alínea aquele que nasceu fora do território bra- encontra-se no parágrafo seguinte:
sileiro, sendo filho de pai ou mãe brasileiros sem que
qualquer um deles estivesse a serviço do Brasil, e veio Art. 12 [...]
a residir no Brasil, tendo optado pela nacionalidade § 3º São privativos de brasileiro nato os cargos:
brasileira após atingida a maioridade. Exemplo: filha I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
de alemã com brasileiro nascida na Alemanha, mas se II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
mudou para o Brasil e, tendo completado 18 (dezoito) III - de Presidente do Senado Federal;
anos, tenha optado pela nacionalidade brasileira. IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
V - da carreira diplomática;
Art. 12 [...] VI - de oficial das Forças Armadas.
II - naturalizados: VII - de Ministro de Estado da Defesa.
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionali-
dade brasileira, exigidas aos originários de países Observa-se que os brasileiros naturalizados pos-
de língua portuguesa apenas residência por um suem todos os direitos dos brasileiros natos, salvo o
ano ininterrupto e idoneidade moral; acesso a determinadas funções públicas. 267
Os cargos elencados no § 3º não podem ser preen- Trata-se, portanto, da língua que toda a popula-
chidos por brasileiros naturalizados, nem por estran- ção brasileira deve utilizar em suas ações oficiais, ou
geiros. Observa-se que os quatro primeiros incisos se seja, nas suas relações com as instituições do Estado. A
referem ao Chefe de Estado e àqueles que estão em outra regra diz respeito aos símbolos do Brasil.
sua ordem sucessória. O inciso V refere-se àqueles Para memorizar os símbolos, utilize o mnemônico
que irão representar o Estado brasileiro no exterior, BAHIAS:
enquanto os incisos VI e VII têm relação com a segu-
rança nacional. BAndeira
Vale destacar que o brasileiro naturalizado poderá HIno
ser senador ou deputado, só não poderá ser presiden- Armas
te das casas. Selo nacional
Art. 12 [...]
A última regra diz respeito ao fato de os Estados-
§ 4º Será declarada a perda da nacionalidade do
-membros, Distrito Federal e Municípios possuírem
brasileiro que:
I - tiver cancelada sua naturalização, por senten- símbolos próprios. Alguns Estados-membros possuem
ça judicial, em virtude de atividade nociva ao símbolos diferentes, como, por exemplo, o Estado de
interesse nacional; São Paulo, que, de acordo com o art. 7º, de sua Cons-
II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos: tituição Estadual, tem, como símbolos, a bandeira, o
a) de reconhecimento de nacionalidade originária brasão de armas e o hino. Não constam o selo e as
pela lei estrangeira; armas, estando, portanto, de forma diversa da CF/88.
b) de imposição de naturalização, pela norma
estrangeira, ao brasileiro residente em estado
estrangeiro, como condição para permanência em
seu território ou para o exercício de direitos civis;
DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO
Por fim, o § 4º traz as hipóteses de perda da
nacionalidade. A primeira possibilidade é a perda DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
da nacionalidade derivada (aquela adquirida pela
naturalização), que ocorrerá quando houver sentença Disposições Gerais
judicial determinando seu cancelamento, em decor-
rência do envolvimento do naturalizado em atividade A Administração Pública tem suas regras discipli-
nociva ao interesse do Estado. nadas nos arts. 37 a 41, da CF/88.
A segunda possibilidade decorre do denominado Art. 37 A administração pública direta e indi-
princípio da vassalagem, isto é, a aquisição de nacio- reta de qualquer dos Poderes da União, dos Esta-
nalidade derivada implica a perda da nacionalidade dos, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá
de origem. aos princípios de legalidade, impessoalidade,
A perda da nacionalidade originária aplica-se ape- moralidade, publicidade e eficiência e, também,
nas aos naturalizados. Aqueles que possuem mais de ao seguinte:
uma nacionalidade originária podem manter todas as [...]
nacionalidades de forma concomitante. Exemplo: filho
de japonês que nasce em solo brasileiro é brasileiro pelo Conforme se observa do caput, do art. 37, a Admi-
critério territorial e japonês pelo critério sanguíneo. nistração Pública divide-se em Administração
Observa-se que a perda da nacionalidade pelo Pública Direta, que é composta pelos quatro entes
naturalizado também comporta uma exceção: imposi- federativos (União, Estados, Municípios e Distrito
ção de naturalização como condição para permanên- Federal) e Administração Pública Indireta, compos-
cia em território estrangeiro ou para o exercício de ta pelas autarquias, fundações públicas, sociedades de
direitos civis, como, por exemplo, um brasileiro que economia mista e empresas públicas.
vai trabalhar em outro país. Via de regra, a Administração Pública submete-se
O brasileiro que perdeu sua nacionalidade por ter a um regime jurídico de direito público, ou seja, a sua
se naturalizado poderá readquirir a nacionalidade atuação independe da concordância dos administra-
brasileira ou ter revogado o ato que declarou a sua dos, pois se funda na própria soberania estatal.
perda, retornando à condição de brasileiro nato por O regime jurídico de direito público faz com que a
expressa previsão da Lei nº 13.445, de 2017 (Lei de Administração se sujeite a limites, que, por vezes, são
Migração). Exemplo: brasileira que se casa com ale- mais estritos do que aqueles a que estão submetidos
mão e naturaliza-se alemã, porém se divorcia de seu os particulares. Como exemplo, pode-se citar o dever
marido e volta ao Brasil. de observância da finalidade pública.
Esse regime de prerrogativas e sujeições para a
Art. 13 A língua portuguesa é o idioma oficial Administração Pública encontra-se expresso em for-
da República Federativa do Brasil. ma de princípios. De acordo com o dispositivo, são
§ 1º São símbolos da República Federativa do Bra- princípios que regem a Administração Pública direta
sil a bandeira, o hino, as armas e selo nacionais. e indireta: legalidade, impessoalidade, moralidade,
§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios publicidade e eficiência.
poderão ter símbolos próprios. O Princípio da Legalidade estabelece a sujeição
da Administração Pública aos mandamentos da lei.
O art. 13 não é um direito de nacionalidade, mas A legalidade traduz o sentido de que a Administra-
estabelece regras com relação ao Estado brasileiro. A ção Pública somente pode fazer o que a lei manda ou
primeira regra diz respeito ao idioma oficial, que é a permite, bem como somente pode proibir o que a lei
268 língua portuguesa. expressamente proíbe.
O Princípio da Impessoalidade traz a neutrali- A norma infraconstitucional pode conter tais efei-
dade necessária para o exercício da atividade admi- tos, estabelecendo critérios diferenciados. Portan-
nistrativa. Destinado tanto ao administrador como ao to, todos os cargos, empregos e funções desde que a
administrado, esse princípio impõe a objetividade e a norma não restrinja. Já para os estrangeiros, a norma
isonomia da conduta administrativa. constitucional é de eficácia limitada, ou seja, para que
O Princípio da Moralidade diz respeito à moral o estrangeiro tenha acesso, faz-se necessária norma
administrativa. Segundo ele, os atos da administra- infraconstitucional regulando a hipótese. Deste modo,
ção pública devem ser balizados nas matrizes éticas somente os cargos, empregos e funções públicos que
dominantes. A finalidade do princípio é fixar limites a lei autorizar.
à atuação da Administração, evitando, por exemplo, o II - a investidura em cargo ou emprego públi-
excesso de poder ou desvio de finalidade. co depende de aprovação prévia em concurso
O Princípio da Publicidade exige a divulgação público de provas ou de provas e títulos, de
dos atos da Administração Pública com o objetivo acordo com a natureza e a complexidade do cargo
de permitir o conhecimento e o controle por toda a ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas
sociedade, pois ao administrador compete agir com as nomeações para cargo em comissão declarado
transparência. em lei de livre nomeação e exoneração;
Por fim, o Princípio da Eficiência impõe à Admi-
O inciso II estabelece a necessidade de procedi-
nistração a obrigação de realizar suas atribuições com
mento administrativo destinado à seleção das pessoas
rapidez, perfeição e rendimento, pois quem adminis-
que irão ocupar empregos públicos ou cargos públicos
tra gere algo que pertence à sociedade. Assim, cabe de provimento efetivo ou vitalício. Trata-se, portanto,
ao administrador zelar pelos interesses públicos com de uma forma de escolha para atender aos princípios
plena satisfação do administrado e com o menor custo da igualdade e da moralidade administrativa, evitan-
para a sociedade. do-se, com isso, que o ingresso no serviço público se dê
por critérios de favorecimento pessoal ou nepotismo.
Dica Os concursos públicos devem ser abertos a todos
Para memorizar os princípios, utilize o mnemô- os interessados. Portanto, não se admite que a seleção
ocorra de forma interna (concursos internos).
nico LIMPE:
Cabe consignar que os concursos públicos podem
Legalidade; ser de provas ou de provas e títulos. Deste modo,
Impessoalidade; não se admite concurso apenas de títulos nem admis-
Moralidade; são sem concurso público. Observa-se, no entanto,
Publicidade; que existe exceções à regra relativa aos concursos
Eficiência. públicos para os seguintes casos:
qualquer vínculo trabalhista regido pela CLT, sendo dos Desembargadores do Tribunal de Justiça,
regida por regime especial veiculado por meio de lei limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centési-
específica de cada ente da federação. mos por cento do subsídio mensal, em espécie, dos
O servidor público exerce funções públicas sem Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito
ocupar cargos ou empregos públicos e sua contra- do Poder Judiciário, aplicável este limite aos mem-
tação é por tempo determinado e para atender bros do Ministério Público, aos Procuradores e aos
necessidade temporária de excepcional interesse Defensores Públicos;
público. Por exemplo: agente sanitário em caso de
surto de dengue. Com relação ao teto do funcionalismo público,
a CF/88 estabeleceu duas regras. A primeira é a do
X - a remuneração dos servidores públicos e
teto geral, ou seja, o limite máximo de remunera-
o subsídio de que trata o § 4º do art. 39 somente
poderão ser fixados ou alterados por lei especí- ção que é o valor dos subsídios dos Ministros do
fica, observada a iniciativa privativa em cada caso, Supremo Tribunal Federal. Já a segunda regra trata
assegurada revisão geral anual, sempre na mesma do denominado subteto, ou seja, o teto para os Esta-
data e sem distinção de índices; dos, Municípios e Distrito Federal. 271
Vale destacar que o dispositivo previu duas hipóte- XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes
ses de subtetos: o teto único e o teto por Poder. O teto de cargos e empregos públicos são irredutíveis, res-
único tem, como base, a fixação de um valor máximo salvado o disposto nos incisos XI e XIV deste artigo e
estabelecido para fins remuneratórios. Já o teto por nos arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;
Poderes, faz com que cada ente político adote um sub-
teto próprio para a fixação dos subsídios. O Executi- A irredutibilidade dos subsídios e dos venci-
vo tem, como subteto, os subsídios do Governador. O mentos dos ocupantes de cargos, funções e empregos
Legislativo tem, como subteto, os subsídios dos depu- públicos encontra-se estabelecida no inciso XV. Trata-
tados estaduais, que, por sua vez, não poderão exceder -se da impossibilidade de redução do valor nominal,
75% dos subsídios dos deputados federais. Por fim, o ou seja, se a remuneração é de R$ 5.000,00, não pode-
Judiciário adota, como subteto, o valor de 90,25% dos rá reduzi-lo para valor inferior. No entanto, é possível
subsídios do Supremo Tribunal Federal, ressaltando que ocorra a redução real, ou seja, que o poder aquisi-
que esse subteto se aplica tão somente aos seus ser- tivo desse valor seja atingido pela inflação.
vidores e, não, aos membros da Magistratura, pois a
XVI - é vedada a acumulação remunerada de
estes é aplicado o teto do Supremo Tribunal Federal.
cargos públicos, exceto, quando houver compa-
tibilidade de horários, observado em qualquer
XII - os vencimentos dos cargos do Poder Legis-
caso o disposto no inciso XI:
lativo e do Poder Judiciário não poderão ser
a) a de dois cargos de professor;
superiores aos pagos pelo Poder Executivo;
b) a de um cargo de professor com outro técni-
co ou científico;
A isonomia dos vencimentos dos servidores dos c) a de dois cargos ou empregos privativos de pro-
três Poderes está disciplinada no inciso XII. Sua finali- fissionais de saúde, com profissões regulamentadas;
dade é manter a paridade.
É importante o texto da Súmula Vinculante nº 37, O inciso XVI trata da vedação de acumulação de
do STF: cargos. Como regra, é vedada a acumulação remu-
nerada de cargos públicos. No entanto, é possível
Súmula Vinculante nº 37 Não cabe ao Poder Judi- a acumulação se houver compatibilidade de horá-
ciário, que não tem função legislativa, aumentar rios entre os cargos e somente em três hipóteses. A
vencimentos de servidores públicos sob fundamen- primeira refere-se ao magistério e traz a possibilidade
to de isonomia. de acumular dois cargos de professor (ex.: cargo de
XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de professor da rede municipal no período matutino e
quaisquer espécies remuneratórias para o efeito cargo de professor da rede estadual no período notur-
de remuneração de pessoal do serviço público; no). A segunda hipótese é a acumulação de um cargo
de professor com outro técnico ou científico (ex.:
A vedação à vinculação e à equiparação de cargo técnico em enfermagem em hospital estadual
remunerações encontra-se prevista no inciso XIII. com carga horária compatível com cargo de professor
Sobre isso, vejamos o texto da Súmula nº 681: de ensino médio estadual). Por fim, é possível a acu-
mulação de dois cargos privativos de profissionais
Súmula nº 681 (STF) É inconstitucional a vincula- da saúde, com profissões regulamentadas (ex.: car-
ção do reajuste de vencimentos de servidores esta- go de dentista, em um município, durante o período
duais ou municipais a índices federais de correção matutino com outro cargo de dentista, em outro muni-
monetária. cípio, no período vespertino).
Para que uma autarquia seja criada, faz-se neces- § 1º A publicidade dos atos, programas, obras,
sária a autorização legislativa (lei específica), de modo serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá
ter caráter educativo, informativo ou de orien-
a adquirir a personalidade jurídica com a própria lei.
tação social, dela não podendo constar nomes,
Em contrapartida, é preciso lei que autorize a criação símbolos ou imagens que caracterizem promoção
das empresas públicas, sociedades de economia mista pessoal de autoridades ou servidores públicos.
e fundações, devendo, posteriormente, ser registra-
das, a fim de adquirirem a personalidade jurídica. O § 1º trata das regras de publicidade dos atos,
programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos
Ressalta-se, por fim, que para as fundações, uma lei
públicos. Esse dispositivo é consequência direta do
complementar deve definir as áreas de sua atuação. princípio da impessoalidade, pois tal publicidade deve
ser de caráter informativo, educativo ou de orienta-
LEI ESPECÍFICA LEI COMPLEMENTAR ção social, ou seja, a propaganda pública não pode ser
meio para promoção pessoal. É por esse motivo que
� Cria as autarquias � Cria as fundações não é permitido ao Governador ou ao Prefeito, por
� Autoriza a criação das públicas exemplo, continuar a utilizar o slogan de campanha
demais entidades – após ser eleito, uma vez que vincularia aquela ativi-
criadas por meio diver-
DIREITO CONSTITUCIONAL
O § 16 foi acrescido pela Emenda Constitucional nº 109/2021 e tem como objetivo aprimorar o mecanismo de
participação da sociedade na Administração Pública.
Art. 38 Ao servidor público da administração direta, autárquica e fundacional, no exercício de mandato eletivo,
aplicam-se as seguintes disposições:
I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou distrital, ficará afastado de seu cargo, emprego ou função;
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo, emprego ou função, sendo-lhe facultado optar pela sua
remuneração;
III - investido no mandato de Vereador, havendo compatibilidade de horários, perceberá as vantagens de seu cargo,
emprego ou função, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo, e, não havendo compatibilidade, será aplicada
a norma do inciso anterior;
IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o exercício de mandato eletivo, seu tempo de serviço será conta-
do para todos os efeitos legais, exceto para promoção por merecimento;
V - na hipótese de ser segurado de regime próprio de previdência social, permanecerá filiado a esse regime, no ente
federativo de origem.
O art. 38 estabelece regras relativas ao servidor público da Administração direta, autárquica e fundacional que
passar a desempenhar cargo eletivo, ou seja, for eleito para o Poder Executivo ou Legislativo.
Ao servidor público estadual, quando eleito para cargo eletivo federal, estadual e distrital, aplica-se a
seguinte regra: afastamento do cargo público estadual para se dedicar exclusivamente ao mandato, rece-
bendo obrigatoriamente a remuneração do cargo para o qual foi eleito. Em contrapartida, quando o servidor
público estadual é eleito para cargo eletivo municipal, podem ocorrer duas situações distintas. Se o cargo é
de prefeito, ele será afastado para dedicação exclusiva do cargo e pode escolher entre a remuneração do
cargo público ou do cargo eletivo. Já se o cargo é de vereador, é necessário saber se há ou não compatibilida-
de de horário. Se houver compatibilidade de horários, ele não precisa se afastar, podendo exercer as duas
atividades ao mesmo tempo, recebendo pelos dois. Se não houver compatibilidade, aplica-se a mesma regra do
prefeito, ou seja, será afastado para dedicação exclusiva do cargo, podendo escolher entre a remuneração
do cargo público ou do cargo eletivo.
Eleito para cargo federal, estadual ou distrital Eleito para cargo municipal
Prefeito Vereador
Para que a Administração Pública possa desempenhar suas atividades, ela necessita de pessoas que exerçam
as atribuições dos órgãos públicos, ou seja, de agentes públicos. A expressão agente público é utilizada como
gênero, designando toda e qualquer pessoa que exerça uma função pública, quer de forma remunerada
ou gratuita, quer de natureza política ou administrativa, quer com investidura definitiva ou transitória.
Os agentes públicos dividem-se em quatro categorias, quais sejam:
Agente políticos
Servidores públicos
Agentes Públicos
Particulares em
colaboração
Militares
276
Os agentes políticos são aqueles que exercem as § 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de car-
típicas atividades de governo, ou seja, são responsá- go público o disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX,
veis por fixar as metas e diretrizes políticas do Estado, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX,
tais como os chefes do Poder Executivo (Presidente, podendo a lei estabelecer requisitos diferenciados
de admissão quando a natureza do cargo o exigir.
Governador e Prefeito e seus vices) e seus auxiliares
§ 4º O membro de Poder, o detentor de manda-
diretos (Ministros e Secretários) e os membros do to eletivo, os Ministros de Estado e os Secretá-
Poder Legislativo (Senadores, Deputados federais, rios Estaduais e Municipais serão remunerados
Deputados estaduais e Vereadores). exclusivamente por subsídio fixado em parcela
Os particulares em colaboração com o Poder única, vedado o acréscimo de qualquer gratifica-
Público são aqueles que prestam serviços ao Estado, ção, adicional, abono, prêmio, verba de representa-
porém sem vínculo estatutário ou celetista de tra- ção ou outra espécie remuneratória, obedecido, em
balho, podendo ou não ter remuneração. Exemplo: qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI.
jurados, mesários, notários e registradores (serviços § 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios poderá estabelecer a relação entre
notariais).
a maior e a menor remuneração dos servido-
Os servidores públicos civis dividem-se em: res públicos, obedecido, em qualquer caso, o dis-
posto no art. 37, XI.
z Servidores públicos estatutários: exercem cargo § 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário
público (vitalício, efetivo ou comissionado) e estão publicarão anualmente os valores do subsí-
vinculados a um estatuto; dio e da remuneração dos cargos e empregos
z Empregados públicos: possuem emprego público públicos.
e vinculam-se às regras da Consolidação das Leis § 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Fede-
ral e dos Municípios disciplinará a aplicação
do Trabalho (CLT);
de recursos orçamentários provenientes da
z Servidores temporários: categoria à parte, por-
economia com despesas correntes em cada órgão,
que não titularizam cargo público nem possuem autarquia e fundação, para aplicação no desenvol-
qualquer vínculo trabalhista regido pela CLT, como vimento de programas de qualidade e produtivida-
os empregados públicos. São contratados por tem- de, treinamento e desenvolvimento, modernização,
po determinado para atender à necessidade tem- reaparelhamento e racionalização do serviço públi-
porária de excepcional interesse público por meio co, inclusive sob a forma de adicional ou prêmio de
de um processo de seleção simplificado. Exercem produtividade.
funções públicas sem ocupar cargos ou empregos § 8º A remuneração dos servidores públicos orga-
nizados em carreira poderá ser fixada nos termos
públicos e são regidos por regime especial, veicu-
do § 4º.
lado por meio de lei específica. § 9º É vedada a incorporação de vantagens de
caráter temporário ou vinculadas ao exercício
Os servidores da Administração Pública direta, das de função de confiança ou de cargo em comis-
autarquias e das fundações públicas estão sujeitos ao são à remuneração do cargo efetivo.
regime jurídico de direito público administrativo,
instituído em lei, a qual também instituirá planos
de carreira. O regime adotado é o estatutário. Não Importante!
obstante, a lei assegurará aos servidores isonomia
No que tange ao art. 39, a primeira observação a ser
de vencimentos para cargos de atribuições iguais ou
feita é que o caput foi alterado pela Emenda Consti-
assemelhadas do mesmo Poder ou entre servidores tucional nº 19/1998. No entanto, como sua eficácia
dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, exce- encontra-se suspensa devido à decisão do STF na
tuadas as vantagens de caráter individual e as relati- ADI nº 2.135-4, é a redação original que se encontra
vas à natureza ou ao local de trabalho. em vigor. Vejamos:
Vale destacar que as regras sobre os servidores Art. 39 A União, os Estados, o Distrito Federal e os
públicos estão estabelecidas nos arts. 39 a 41, da CF/88. Municípios instituirão, no âmbito de sua compe-
Vejamos os dispositivos: tência, regime jurídico único e planos de carreira
para os servidores da administração pública direta,
Art. 39 A União, os Estados, o Distrito Federal e os das autarquias e das fundações públicas.
Municípios instituirão conselho de política de admi-
nistração e remuneração de pessoal, integrado por
servidores designados pelos respectivos Poderes. A CF/88 estabelece regras para a fixação dos
DIREITO CONSTITUCIONAL
§ 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos padrões de vencimento e dos demais componentes
demais componentes do sistema remuneratório do sistema remuneratório, que deverá observar: a
observará: natureza, o grau de responsabilidade e a comple-
I - a natureza, o grau de responsabilidade e a xidade dos cargos que compõem cada carreira;
os requisitos para a investidura nos cargos e as
complexidade dos cargos componentes de cada
demais peculiaridades dos cargos. Tais requisitos
carreira;
poderão influenciar na fixação dos vencimentos e
II - os requisitos para a investidura;
dependem de aprovação de lei específica, assim como
III - as peculiaridades dos cargos. para o seu aumento, alteração ou criação de nova
§ 2º A União, os Estados e o Distrito Federal man- vantagem pecuniária. Por lei, também serão estabe-
terão escolas de governo para a formação e lecidos os reajustes diferenciados para corrigir equí-
o aperfeiçoamento dos servidores públicos, vocos, como no caso de servidores que desempenham
constituindo-se a participação nos cursos um atividades semelhantes, mas percebem valores muito
dos requisitos para a promoção na carreira, diferentes. Salienta-se que a revisão geral da remune-
facultada, para isso, a celebração de convênios ou ração dos servidores públicos, sem distinção de índi-
contratos entre os entes federados. ces entre civis e militares, será feita. 277
Com objetivo de garantir o aperfeiçoamento do § 4º-B. Poderão ser estabelecidos por lei complemen-
profissional, o dispositivo estabelece a realização de tar do respectivo ente federativo idade e tempo de
cursos oficiais como requisito obrigatório para promo- contribuição diferenciados para aposentadoria de
ção na carreira, sendo facultada, para tanto, a celebra- ocupantes do cargo de agente penitenciário, de agen-
ção de convênios com os demais entes da federação. te socioeducativo ou de policial dos órgãos de que tra-
Outra regra de extrema importância é a que tam o inciso IV do caput do art. 51, o inciso XIII do
assegura ao servidor público civil da Administração caput do art. 52 e os incisos I a IV do caput do art. 144.
Pública direta, autárquica e fundacional os direitos § 4º-C. Poderão ser estabelecidos por lei comple-
previstos nos incisos IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, mentar do respectivo ente federativo idade e tempo
XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, art. 7º, da de contribuição diferenciados para aposentadoria
CF/88 e aos direitos que, nos termos da lei, visem à de servidores cujas atividades sejam exercidas com
efetiva exposição a agentes químicos, físicos e bio-
melhoria de sua condição social e da produtividade
lógicos prejudiciais à saúde, ou associação desses
e da eficiência no serviço público, em especial o prê-
agentes, vedada a caracterização por categoria
mio por produtividade e o adicional de desempenho.
profissional ou ocupação.
Atente-se aos limites de remuneração de servidores:
§ 5º Os ocupantes do cargo de professor terão idade
mínima reduzida em 5 (cinco) anos em relação às
z Mínimo: salário mínimo;
idades decorrentes da aplicação do disposto no inci-
z Máximo: vide XI, art. 37, da CF (EC 41/2003).
so III do § 1º, desde que comprovem tempo de efeti-
É importante conhecer o texto da Súmula Vincu- vo exercício das funções de magistério na educação
lante nº 6 do STF: infantil e no ensino fundamental e médio fixado em
lei complementar do respectivo ente federativo.
Súmula Vinculante nº 6 Não viola a Constituição § 6º Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos
o estabelecimento de remuneração inferior ao salá- cargos acumuláveis na forma desta Constituição, é
rio mínimo para as praças prestadoras de serviço vedada a percepção de mais de uma aposentadoria
militar inicial. à conta de regime próprio de previdência social, apli-
Art. 40 O regime próprio de previdência social cando-se outras vedações, regras e condições para a
acumulação de benefícios previdenciários estabele-
dos servidores titulares de cargos efetivos terá cará-
cidas no Regime Geral de Previdência Social.
ter contributivo e solidário, mediante contribuição
§ 7º Observado o disposto no § 2º do art. 201, quan-
do respectivo ente federativo, de servidores ativos,
do se tratar da única fonte de renda formal auferida
de aposentados e de pensionistas, observados crité-
pelo dependente, o benefício de pensão por morte
rios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial. será concedido nos termos de lei do respectivo ente
§ 1º O servidor abrangido por regime próprio de federativo, a qual tratará de forma diferenciada a
previdência social será aposentado: hipótese de morte dos servidores de que trata o §
I - por incapacidade permanente para o tra- 4º-B decorrente de agressão sofrida no exercício ou
balho, no cargo em que estiver investido, quando em razão da função.
insuscetível de readaptação, hipótese em que será § 8º É assegurado o reajustamento dos benefí-
obrigatória a realização de avaliações periódicas cios para preservar-lhes, em caráter permanente, o
para verificação da continuidade das condições que valor real, conforme critérios estabelecidos em lei.
ensejaram a concessão da aposentadoria, na forma § 9º O tempo de contribuição federal, estadual,
de lei do respectivo ente federativo; distrital ou municipal será contado para fins
II - compulsoriamente, com proventos propor- de aposentadoria, observado o disposto nos §§ 9º
cionais ao tempo de contribuição, aos 70 (setenta) e 9º-A do art. 201, e o tempo de serviço correspon-
anos de idade, ou aos 75 (setenta e cinco) anos de dente será contado para fins de disponibilidade.
idade, na forma de lei complementar; § 10 - A lei não poderá estabelecer qualquer forma
III - no âmbito da União, aos 62 (sessenta e dois) de contagem de tempo de contribuição fictício.
anos de idade, se mulher, e aos 65 (sessenta e § 11 - Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma
cinco) anos de idade, se homem, e, no âmbito total dos proventos de inatividade, inclusive quando
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, decorrentes da acumulação de cargos ou empregos
na idade mínima estabelecida mediante emenda às públicos, bem como de outras atividades sujeitas
respectivas Constituições e Leis Orgânicas, obser- a contribuição para o regime geral de previdência
vados o tempo de contribuição e os demais social, e ao montante resultante da adição de pro-
requisitos estabelecidos em lei complementar do ventos de inatividade com remuneração de cargo
respectivo ente federativo. acumulável na forma desta Constituição, cargo em
§ 2º Os proventos de aposentadoria não poderão comissão declarado em lei de livre nomeação e exo-
neração, e de cargo eletivo.
ser inferiores ao valor mínimo a que se refere o §
§ 12. Além do disposto neste artigo, serão observa-
2º do art. 201 ou superiores ao limite máximo esta-
dos, em regime próprio de previdência social, no
belecido para o Regime Geral de Previdência Social,
que couber, os requisitos e critérios fixados para o
observado o disposto nos §§ 14 a 16.
Regime Geral de Previdência Social.
§ 3º As regras para cálculo de proventos de § 13. Aplica-se ao agente público ocupante, exclusi-
aposentadoria serão disciplinadas em lei do res- vamente, de cargo em comissão declarado em lei de
pectivo ente federativo. livre nomeação e exoneração, de outro cargo tem-
§ 4º É vedada a adoção de requisitos ou crité- porário, inclusive mandato eletivo, ou de emprego
rios diferenciados para concessão de benefícios público, o Regime Geral de Previdência Social.
em regime próprio de previdência social, ressalva- § 14. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
do o disposto nos §§ 4º-A, 4º-B, 4º-C e 5º. Municípios instituirão, por lei de iniciativa do respec-
§ 4º-A. Poderão ser estabelecidos por lei comple- tivo Poder Executivo, regime de previdência comple-
mentar do respectivo ente federativo idade e tempo mentar para servidores públicos ocupantes de cargo
de contribuição diferenciados para aposentadoria efetivo, observado o limite máximo dos benefícios do
de servidores com deficiência, previamente sub- Regime Geral de Previdência Social para o valor das
metidos a avaliação biopsicossocial realizada por aposentadorias e das pensões em regime próprio de
278 equipe multiprofissional e interdisciplinar. previdência social, ressalvado o disposto no § 16.
§ 15. O regime de previdência complementar de que z Desconstitucionalização das regras de previdência,
trata o § 14 oferecerá plano de benefícios somente de modo que vários regramentos sobre aposenta-
na modalidade contribuição definida, observará o doria e pensão passaram a ser de competência de
disposto no art. 202 e será efetivado por intermédio lei infraconstitucional;
de entidade fechada de previdência complementar z Nova mudança no cálculo da pensão;
ou de entidade aberta de previdência complementar. z Maior aproximação do RGPS e RPPS;
§ 16 - Somente mediante sua prévia e expressa z Modificações no abono de permanência;
opção, o disposto nos §§ 14 e 15 poderá ser aplicado z Previsão de readaptação antes de aposentadoria
ao servidor que tiver ingressado no serviço público por incapacidade permanente;
até a data da publicação do ato de instituição do cor- z Inclusão dos agentes políticos ocupantes de man-
respondente regime de previdência complementar. dato eletivo nas regras do RGPS;
§ 17. Todos os valores de remuneração conside- z Exclusão da aposentadoria apenas por tempo de
rados para o cálculo do benefício previsto no § 3º contribuição;
serão devidamente atualizados, na forma da lei.
z Regras especiais para carreiras policiais previstas
§ 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de
na CF.
aposentadorias e pensões concedidas pelo regime
de que trata este artigo que superem o limite máxi-
mo estabelecido para os benefícios do regime geral No que tange à aposentadoria, suas modalidades
de previdência social de que trata o art. 201, com são:
percentual igual ao estabelecido para os servidores
titulares de cargos efetivos. z Voluntária: quando se dá por livre e espontânea
§ 19. Observados critérios a serem estabelecidos vontade desde que cumpridos os requisitos dispos-
em lei do respectivo ente federativo, o servidor titu- tos a seguir:
lar de cargo efetivo que tenha completado as exi-
gências para a aposentadoria voluntária e que opte HOMEM MULHER
por permanecer em atividade poderá fazer jus a um
abono de permanência equivalente, no máximo, ao IDADE 65 anos 62 anos
valor da sua contribuição previdenciária, até com-
pletar a idade para aposentadoria compulsória. TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO 25 anos 25 anos
§ 20. É vedada a existência de mais de um regime
TEMPO NO SERVIÇO
próprio de previdência social e de mais de um órgão 10 anos 10 anos
ou entidade gestora desse regime em cada ente PÚBLICO
federativo, abrangidos todos os poderes, órgãos e TEMPO NA CARREIRA 5 anos 5 anos
entidades autárquicas e fundacionais, que serão
responsáveis pelo seu financiamento, observados
os critérios, os parâmetros e a natureza jurídica No caso dos professores dos ensinos infantil, fun-
definidos na lei complementar de que trata o § 22. damental e médio, conta-se com a redução de 5 anos
§ 21. (Revogado). do requisito etário, ou seja, 60 anos para os homens e
§ 22. Vedada a instituição de novos regimes pró- 57 anos para as mulheres. Atenção! Essa regra não se
prios de previdência social, lei complementar aplica aos professores do ensino superior.
federal estabelecerá, para os que já existam, nor- Vejamos o texto da Súmula nº 726, do STF:
mas gerais de organização, de funcionamento e de
responsabilidade em sua gestão, dispondo, entre Súmula nº 726 Para efeito de aposentadoria espe-
outros aspectos, sobre: cial de professores, não se computa o tempo de ser-
I - requisitos para sua extinção e consequente migra- viço prestado fora da sala de aula.
ção para o Regime Geral de Previdência Social;
II - modelo de arrecadação, de aplicação e de utili-
z Involuntária: quando se dá independentemente
zação dos recursos;
da vontade do servidor, em virtude de:
III - fiscalização pela União e controle externo e social;
IV - definição de equilíbrio financeiro e atuarial;
V - condições para instituição do fundo com finali- Incapacidade permanente, sendo necessário
dade previdenciária de que trata o art. 249 e para que se proceda a readaptação do servidor antes
vinculação a ele dos recursos provenientes de con- do procedimento para a aposentadoria;
tribuições e dos bens, direitos e ativos de qualquer Adimplemento de idade limite (aposentadoria
natureza; compulsória aos 70 ou aos 75 anos de idade, na
VI - mecanismos de equacionamento do deficit atuarial; forma da Lei Complementar nº 152/2015).
VII - estruturação do órgão ou entidade gestora do
DIREITO CONSTITUCIONAL
regime, observados os princípios relacionados com A CF/88 estabelece, ainda, o direito de utilizar,
governança, controle interno e transparência; para fins de aposentadoria, o tempo de serviço desem-
VIII - condições e hipóteses para responsabilização penhado em outro ente da Federação ou na iniciativa
daqueles que desempenhem atribuições relacio- privada. Por exemplo: uma pessoa que trabalhou 8
nadas, direta ou indiretamente, com a gestão do (oito) anos em uma empresa antes de ser aprovada
regime; em concurso público estadual pode considerar esse
IX - condições para adesão a consórcio público; tempo no cálculo final do tempo de serviço.
X - parâmetros para apuração da base de cálculo e
definição de alíquota de contribuições ordinárias e
extraordinárias. Importante!
Regra: Veda-se a aposentadoria especial;
�
O art. 40, da CF/88, regulamenta o Regime Previ-
Exceção: vide §§ 4º-A, 4º-B, 4º-C e 5º, art. 40.
�
denciário Próprio de Previdência Social. Em sínte-
Em síntese:
se, o sistema previdenciário do servidor público foi
alterado com a EC nº 103/19 da seguinte forma: Servidores com deficiência;
� 279
Agente penitenciário;
� Salienta-se que ele fará jus ao recebimento de
Agente socioeducativo;
� todas as vantagens que teria auferido no período em
Policial das carreiras do art. 144 (Segurança
� que ficou desligado, inclusive das promoções por anti-
Pública) e policiais da Câmara e do Senado guidade que teria conquistado.
Federal; É possível, também, que decisão administrativa
Atividades que prejudiquem à saúde (aque-
� invalide a demissão.
las exercidas com efetiva exposição a agen- No caso de o cargo anteriormente ocupado pelo
tes químicos, físicos e biológicos prejudiciais servidor ter sido extinto, ele será reintegrado ao ser-
viço público, porém ficará em disponibilidade remu-
à saúde, ou associação desses agentes).
nerada até seu adequado aproveitamento em outro
cargo. Já no caso de o cargo provido ter sido ocupado
Art. 41 São estáveis após três anos de efetivo por outro servidor, o ocupante será reconduzido ao
exercício os servidores nomeados para cargo de cargo de origem, sem direito à indenização, ou apro-
provimento efetivo em virtude de concurso público. veitado em outro cargo, ou, ainda, posto em disponi-
§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo: bilidade enquanto o servidor reintegrado voltará a
I - em virtude de sentença judicial transitada exercer o seu cargo.
em julgado;
II - mediante processo administrativo em que lhe
seja assegurada ampla defesa;
III - mediante procedimento de avaliação perió-
dica de desempenho, na forma de lei complemen-
DA ORGANIZAÇÃO DOS PODERES
tar, assegurada ampla defesa.
§ 2º Invalidada por sentença judicial a demis- DO PODER JUDICIÁRIO
são do servidor estável, será ele reintegrado, e o
eventual ocupante da vaga, se estável, reconduzi- Disposições Gerais
do ao cargo de origem, sem direito a indenização,
aproveitado em outro cargo ou posto em disponi- Mais do que o Poder incumbido da função e pres-
bilidade com remuneração proporcional ao tempo tação jurisdicional, é o Poder Judiciário o guardião
de serviço. da Constituição e garantidor dos direitos fundamen-
§ 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desne- tais. A função jurisdicional só pode ser desempenhada
cessidade, o servidor estável ficará em disponi- pelo Poder Judiciário, único poder capaz de produzir
bilidade, com remuneração proporcional ao decisões que venham se revestir da força de coisa
tempo de serviço, até seu adequado aproveita-
julgada.
mento em outro cargo.
§ 4º Como condição para a aquisição da esta-
bilidade, é obrigatória a avaliação especial de Órgãos Do Poder Judiciário e Competências
desempenho por comissão instituída para essa
finalidade. O Judiciário não é subordinado ao governo e suas
principais características são a independência, auto-
Por fim, o art. 41, da CF/88, trata da estabilidade, nomia e a imparcialidade, fundamentais para que a
que prevê a regra de que a estabilidade é adquirida lei possa ser aplicada ao caso concreto até mesmo em
após três anos de efetivo exercício. Trata-se de uma desfavor do governo e da administração.
garantia constitucional de permanência no serviço A função típica do Poder Judiciário é a prestação
público outorgada ao servidor aprovado em concurso jurisdicional, mas este também exerce funções atípi-
público e nomeado a cargo de provimento efetivo, que cas, legislativas, como a edição de normas regimentais
tenha transposto o período de estágio probatório e de seus órgãos, e administrativas, como a concessão de
aprovado na avaliação especial de desempenho. Uma férias aos seus membros e serventuários e o provimento
vez efetivo, o servidor só perderá o cargo em três dos cargos de juiz de carreira na respectiva jurisdição.
hipóteses: sentença judicial transitada em julgado; Para garantir a independência do exercício da
processo administrativo e procedimento de avaliação jurisdição, os membros do Poder judiciário gozam de
periódica de desempenho. algumas garantias, tais como: vitaliciedade, inamo-
Explicando melhor, para a contratação de pessoal vibilidade e irredutibilidade de vencimentos.
na Administração Pública, é realizado concurso públi- Importante também mencionar que a Constituição
co para preenchimento de cargos públicos. Com isso, Federal reconhece implicitamente apenas 2 graus de
a pessoa que foi aprovada dentro do número de vagas jurisdição – pelo princípio do duplo grau de jurisdição.
previstas no certame tem o direito de ser nomeada Isso porque, a competência do STJ e STF não consiste
para o cargo público. Com a nomeação, essa pessoa em uma terceira e/ou quarta análise meritória ou do
assina o termo de posse e pode, a partir de então, exer- caso concreto, por meio dos Recursos Especiais ou
cer efetivamente o cargo público. Nos primeiros três Extraordinários, respectivamente, mas sim, de lesão ou
anos de exercício, esse servidor passa por um período ameaça a preceitos infralegais ou constitucionais, pelo
de avaliação. Trata-se do estágio probatório, ou seja, que não caracterizam necessariamente, instâncias do
um período que será analisado seu desempenho fun- judiciário. Ademais, o STF salienta que o cumprimento
cional. Completados três anos de serviço público e da pena deve começar após esgotamento de recursos
aprovado no estágio probatório, o servidor adquire a em todas as instâncias e não após decisão de 2ª instân-
denominada estabilidade. cia transitada em julgado.
O dispositivo estabelece, ainda, a possibilidade de Os arts. 92 a 126, da CF/88, disciplinam o Poder
reintegração, ou seja, o retorno, por meio de decisão Judiciário. Vejamos, a seguir, o texto do art.92:
judicial, do servidor público ilegalmente desligado
ao cargo de origem ou ao cargo resultante de sua Art. 92 São órgãos do Poder Judiciário:
280 transformação. I - o Supremo Tribunal Federal;
I-A o Conselho Nacional de Justiça; CNJ: não há condição de idades mínima e
II - o Superior Tribunal de Justiça; máxima;
II-A - o Tribunal Superior do Trabalho; TSE: mínima de 35 anos e não há idade máxima.
III - os Tribunais Regionais Federais e Juízes
Federais;
Obs.: Para os membros do TSE, não há idade com-
IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho;
pulsória. Dos 7 membros, 3 vêm do STF, 2 do STJ e 2
V - os Tribunais e Juízes Eleitorais;
VI - os Tribunais e Juízes Militares; são advogados;
VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito STM – idade para os ministros civis: mais de 35
Federal e Territórios. anos, não fixando a idade máxima. Não há limite etá-
§ 1º O Supremo Tribunal Federal, o Conselho Nacio- rio para os ministros militares.
nal de Justiça e os Tribunais Superiores têm sede na
Capital Federal.
§ 2º O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais
Superiores têm jurisdição em todo o território HORA DE PRATICAR!
nacional.
1. (TJ-SP – VUNESP – 2018) De acordo com texto
A denominada 1ª instância é composta pelos Juí- expresso na Constituição da República Federativa do
zes Federais e Juizados Especiais Federais (JEF), Jui- Brasil (CRFB/88), é correto afirmar que a lei
zes Estaduais e Juizado Especial Cível e Criminal (JEC/
JECRIM), Auditorias militares, Juízes Militares e Juntas a) poderá excluir da apreciação do Poder Judiciário lesão
eleitorias e Juízes do Trabalho.
ou ameaça a direito.
Já em 2ª instância, têm-se os Tribunais Regionais
b) deverá punir ato atentatório a liberdades com penas
Federais, os Tribunais de Justiça, os Tribunais Regio-
restritivas de direito.
nais Eleitorais e os Tribunais Regionais do Trabalho e,
c) assegurará aos autores de inventos industriais privilé-
em caso de guerra, o Tribunal Militar.
gio permanente para sua utilização.
O Tribunal Militar tem previsão apenas para os
tempos de guerra. Em tempos de paz, a reaprecia- d) regulará a individualização da pena e adotará, entre
ção das decisões das auditorias militares compete ao outras, a perda de bens.
Superior Tribunal Militar. e) penal sempre retroagirá, seja para beneficiar ou não o
Além disso, Estados-membros cujo efetivo da Polí- réu.
cia Militar e dos Bombeiros for superior a 20 mil inte-
grantes poderão constituir Tribunal de Justiça Militar. 2. (TJ-SP – VUNESP – 2018) Salvo em caso de guerra
Importante esclarecer que o princípio do duplo declarada, nos termos expressos da Constituição da
grau de jurisdição não se encontra previsto expressa- República Federativa do Brasil (CRFB/88), não haverá
mente nem implicitamente. Ele existe nas leis proces- penas
suais, nos Códigos de Processo Penal e Processo Civil.
Não são todos os casos que estão sujeitos ao duplo a) de trabalhos forçados.
grau de jurisdição. Por exemplo, no julgamento com b) de caráter perpétuo.
prerrogativa de foro que ocorre diretamente perante o c) de expulsão.
STF não há possibilidade de reanálise da decisão. d) de banimento.
Como Tribunais Superiores, têm-se o Supremo e) de morte.
Tribunal Federal (STF), o Superior Tribunal de Justi-
ça (STJ), o Superior Tribunal Militar (STM), o Tribu- 3. (TJ-SP – VUNESP – 2015) João é ex-jogador de fute-
nal Superior Eleitoral (TSE) e o Tribunal Superior do bol e, embora não graduado em Educação Física, é
Trabalho (TST). Cabe destacar que estes não são con- treinador e monitor de uma escola de futebol. João
siderados órgãos de 3ª instância, mas tribunais com não tem registro no Conselho Regional de Educação
competências específicas, tanto originárias quanto Física – CREF e está sendo compelido, pelo Conselho
recursais, fixadas pela própria CF.
Regional de sua cidade, a ter registro em seus qua-
O Supremo Tribunal Federal, o Conselho Nacional
dros. O advogado de João explicou-lhe corretamente
de Justiça e os Tribunais Superiores têm sede na Capital
que, nos termos da Constituição Federal,
Federal, Brasília e jurisdição em todo o território nacional.
DIREITO CONSTITUCIONAL
a) não pode haver prisão civil por dívida, exceto nos ter- 9. (TJ-SP – VUNESP – 2017) É direito constitucional dos
mos estabelecidos pela própria Constituição. trabalhadores urbanos e rurais:
b) não é possível a concessão de habeas corpus quan-
do alguém se ache ameaçado de sofrer violência ou a) seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do
coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalida- empregador, sem excluir a indenização a que este está
de ou abuso de poder, devendo a violência ou coação obrigado quando incorrer em dolo ou culpa.
estarem concretizadas. b) aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, no
c) pode ser concedido mandado de injunção caso a nor- máximo de trinta dias, nos termos da lei.
c) remuneração do serviço extraordinário superior em,
ma regulamentadora viole o exercício dos direitos e
no mínimo, trinta por cento à do serviço normal.
liberdades constitucionais.
d) assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o
d) conceder-se-á mandado de segurança para proteger
nascimento até os 06 (seis) anos de idade em creches
direito líquido e certo, ainda que amparado por habeas
e pré-escolas.
corpus ou habeas data, quando o responsável pela ile-
e) licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salá-
galidade ou abuso de poder for autoridade pública ou
rio, com a duração de cento e oitenta dias.
agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições
do Poder Público. 10. (TJ-SP – VUNESP – 2017) Maria, brasileira, estava
e) qualquer cidadão é parte legítima para impetrar man- grávida quando viajou para a Alemanha. Em virtude
dado de segurança coletivo. de complicações de saúde, seu bebê nasceu antes
do tempo, quando Maria ainda estava na Alemanha.
5. (TJ-SP – VUNESP – 2017) Sempre que a falta de nor- Considerando apenas os dados apresentados, pode-
ma regulamentadora torne inviável o exercício dos -se afirmar que, nos termos da Constituição Federal, o
direitos e liberdades constitucionais, conceder-se-á filho de Maria será considerado
14.
15.
286
z Carreira: Conjunto de classes da mesma natureza
de trabalho, escalonadas segundo o nível de com-
plexidade e o grau de responsabilidade;
z Quadro: Conjunto de carreiras e de cargos isolados.
Preliminarmente, o art. 1º do referido Estatuto dis- Outro ponto característico do direito de petição
põe que a referida lei institui o regime jurídico dos diz respeito à vedação de exigir uma contraprestação
funcionários públicos civis do Estado (de São Paulo). quando um cidadão resolve peticionar contra a Admi-
Regime Jurídico é o conjunto de normas, regras e nistração Pública. É proibido exigir que um indivíduo
princípios estabelecidos por Estatuto e por legislação pague para peticionar contra o Estado.
complementar, que regulam a relação jurídica exis- As regras específicas sobre como funciona o proces-
tente entre o Estado e os ocupantes de cargos públicos.
so administrativo disciplinar serão vistas mais adiante.
Sobre a quem se aplica os dispositivos desse Estatu-
to, o parágrafo único do mesmo art. 1º prescreve que DO REGIME DISCIPLINAR: DEVERES, VEDAÇÕES,
as suas disposições, exceto no que colidirem com a legis-
DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 246 O funcionário que adquirir materiais em desacordo com disposições legais e regulamentares, será res-
ponsabilizado pelo respectivo custo, sem prejuízo das penalidades disciplinares cabíveis, podendo-se proceder ao
desconto no seu vencimento ou remuneração.
É importante, também, destacar também a respeito da indenização o que prevê os artigos 247 e 248:
Art. 247 Nos casos de indenização à Fazenda Estadual, o funcionário será obrigado a repor, de uma só vez, a
importância do prejuízo causado em virtude de alcance, desfalque, remissão ou omissão em efetuar recolhimento
ou entrada nos prazos legais.
Art. 248 Fora dos casos incluídos no artigo anterior, a importância da indenização poderá ser descontada do venci-
mento ou remuneração não excedendo o desconto à 10ª (décima) parte do valor destes.
Parágrafo único. No caso do item IV do parágrafo único do art. 245, não tendo havido má-fé, será aplicada a pena
de repreensão e, na reincidência, a de suspensão.
Disciplina o referido texto legal que, uma vez comprovado que o funcionário público, efetivamente, realizou gastos
extraordinários para a aquisição de materiais, em desacordo com a legislação, deverá ressarcir os cofres públicos com
o próprio patrimônio. Trata-se, pois, de responsabilidade na esfera civil, pois a natureza da condenação é puramente
indenizatória. Vale ressaltar que a apuração de condutas transgressoras é feita por meio de processo administrativo
disciplinar.
Outra hipótese tratada pelo referido Estatuto diz respeito ao servidor que delega suas funções e competências
a terceiros, isto é, pessoas estranhas, que não integram os Quadros da Administração Pública. Essa hipótese está
prevista no art. 249:
Art. 249 Será igualmente responsabilizado o funcionário que, fora dos casos expressamente previstos nas leis, regu-
lamentos ou regimentos, cometer a pessoas estranhas às repartições, o desempenho de encargos que lhe competirem
ou aos seus subordinados.
Quanto à responsabilidade dos agentes públicos do Estado de São Paulo, o Estatuto dispõe:
Na forma dos art. 247 e 248, nem do exame da pena disciplinar em que incorrer. Vejamos a íntegra do art. 250:
Art. 250 A responsabilidade administrativa não exime o funcionário da responsabilidade civil ou criminal que no
caso couber, nem o pagamento da indenização a que ficar obrigado, na forma dos arts. 247 e 248, o exame da pena
disciplinar em que incorrer.
§ 1º A responsabilidade administrativa é independente da civil e da criminal.
§ 2º Será reintegrado ao serviço público, no cargo que ocupava e com todos os direitos e vantagens devidas, o servi-
dor absolvido pela Justiça, mediante simples comprovação do trânsito em julgado de decisão que negue a existência
de sua autoria ou do fato que deu origem à sua demissão.
§ 3º O processo administrativo só poderá ser sobrestado para aguardar decisão judicial por despacho motivado da
autoridade competente para aplicar a pena.
Um ponto importante que é cobrado com muita frequência em provas diz respeito ao fato de a responsabilida-
de administrativa ser independente da civil e da criminal. As três esferas de responsabilidade são independentes
e não se comunicam entre si.
Há, contudo, uma importante exceção a essa regra: o servidor não pode se responsabilizar na esfera adminis-
trativa ou civil quando restar comprovado que não praticou um crime, ou que tenha sido negada a sua autoria
em matéria penal.
Esquematicamente, podemos dividir as três esferas de responsabilidade, destacando-se sua natureza, os tipos
de sanções que são impostas e a possibilidade delas se comunicarem entre si:
DIREITO ADMINISTRATIVO
RESPONSABILIDADE
RESPONSABILIDADE CIVIL RESPONSABILIDADE CRIMINAL
ADMINISTRATIVA
A pena de demissão, prevista no art. 256, é uma Como pode se depreender da leitura do disposi-
das sanções mais graves, porque enseja o desligamen- tivo, a demissão a bem do serviço público apresenta
to forçado do servidor. Não se confunde com a exone- hipóteses que, muitas vezes, não se relacionam com o
ração, pois esta não tem caráter de sanção, podendo exercício do cargo público. Mesmo assim, é do interes-
até mesmo ser requerida a pedido do próprio servidor. se público que esse agente seja desligado de seu cargo,
pois claramente se mostra incompatível com o mesmo.
Art. 256 Será aplicada a pena de demissão nos
casos de: Art. 258 O ato que demitir o funcionário menciona-
290 I - abandono de cargo; rá sempre a disposição legal em que se fundamenta.
O ato que demitir o funcionário mencionará sem- Por fim, o texto do art. 262 faz referência à hipóte-
pre a disposição legal em que se fundamenta, con- se na qual o funcionário público, quando obrigado a
forme o texto do art. 258. Essa obrigatoriedade de cumprir uma exigência, se recusa ou deixa de fazê-la
fundamentar o ato de demissão deriva de um impor- no prazo determinado. A sanção, nesses casos, será de
tante princípio da Administração Pública: o Princípio suspensão do pagamento do vencimento do funcioná-
da Motivação dos Atos Administrativos. rio até que ele cumpra com a referida exigência. Essa
Caberá a pena de cassação de aposentadoria é uma sanção aplicável também ao servidor aposen-
ou disponibilidade nos casos previstos no art. 259. tado, sendo suspensa a percepção de seus proventos.
Vejamos:
Art. 262 O funcionário que, sem justa causa,
Art. 259 Será aplicada a pena de cassação de apo- deixar de atender a qualquer exigência para
sentadoria ou disponibilidade, se ficar provado que cujo cumprimento seja marcado prazo certo, terá
o inativo: suspenso o pagamento de seu vencimento ou
I - praticou, quando em atividade, falta grave para remuneração até que satisfaça essa exigência.
a qual é cominada nesta lei a pena de demissão ou Parágrafo único. Aplica-se aos aposentados ou
de demissão a bem do serviço público; em disponibilidade o disposto neste artigo.
II - aceitou ilegalmente cargo ou função pública; Art. 263 Deverão constar do assentamento indivi-
III - aceitou representação de Estado estrangeiro dual do funcionário todas as penas que lhe forem
sem prévia autorização do Presidente da República; impostas.
IV - praticou a usura em qualquer de suas formas.
PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR:
O art. 260 trata das pessoas competentes para a apli-
cação das penalidades previstas anteriormente. SINDICÂNCIA E PROCEDIMENTO ORDINÁRIO
São eles:
O PAD é o meio perante o qual a autoridade com-
I - o Governador; petente apura as transgressões cometidas pelos agen-
II - os Secretários de Estado, o Procurador Geral do tes públicos, aplicando a eles as respectivas sanções.
Estado e os Superintendentes de Autarquia; O PAD é também garantido para os servidores civis do
III - os Chefes de Gabinete, até a de suspensão; Estado de São Paulo.
IV - os Coordenadores, até a de suspensão limitada A autoridade que tiver ciência de irregularidade
a 60 (sessenta) dias; e no serviço público é obrigada a promover sua apura-
V - os Diretores de Departamento e Divisão, até a de ção imediata, mediante sindicância ou processo admi-
suspensão limitada a 30 (trinta) dias. nistrativo disciplinar, assegurada ao acusado ampla
defesa. É sob esse fundamento que corre o processo
O art. 261 trata de algo também bastante importan- administrativo disciplinar.
te, que é a prescrição da punibilidade, ou prescrição O processo administrativo é o instrumento desti-
do direito de exercer o poder disciplinar. Extingue-se nado a apurar as responsabilidades do servidor por
a punibilidade pela prescrição: infração praticada no exercício de suas atribuições ou
relacionada com o cargo que ocupa. O processo pode
Art. 261 - Extingue-se a punibilidade pela prescrição:
I - da falta sujeita à pena de repreensão, suspensão
ocorrer em procedimento ordinário ou em sindicância.
ou multa, em 2 (dois) anos;
II - da falta sujeita à pena de demissão, de demissão Da Investigação Preliminar
a bem do serviço público e de cassação da aposen-
tadoria ou disponibilidade, em 5 (cinco) anos; Antes mesmo da instauração do Processo Disci-
III - da falta prevista em lei como infração penal, no plinar, é possível que a autoridade competente possa
prazo de prescrição em abstrato da pena criminal, instaurar uma investigação preliminar. Não se trata,
se for superior a 5 (cinco) anos. pois, de mera faculdade e, sim, de um dever, conforme
§ 1º - A prescrição começa a correr: se pode observar pela leitura dos artigos citados no
1 - do dia em que a falta for cometida; capítulo II Das Providências Preliminares.
2 - do dia em que tenha cessado a continuação ou a
permanência, nas faltas continuadas ou permanentes. Art. 264 A autoridade que, por qualquer meio, tiver
§ 2º - Interrompem a prescrição a portaria que instaura conhecimento de irregularidade praticada por ser-
sindicância e a que instaura processo administrativo. vidor é obrigada a adotar providências visan-
§ 3º - O lapso prescricional corresponde: do à sua imediata apuração, sem prejuízo das
1 - na hipótese de desclassificação da infração, ao medidas urgentes que o caso exigir.
da pena efetivamente aplicada;
DIREITO ADMINISTRATIVO
mento durante o procedimento administrativo: da conduta transgressora. Nos termos do art. 279, o
denunciante deverá prestar as declarações neces-
Art. 275 Não poderá ser encarregado da apuração, sárias para corroborar com a apuração da conduta
nem atuar como secretário, amigo íntimo ou ini- transgressora. Observe o texto legal, na íntegra:
migo, parente consanguíneo ou afim, em linha reta
ou colateral, até o terceiro grau inclusive, cônjuge, Art. 279 Havendo denunciante, este deverá prestar
companheiro ou qualquer integrante do núcleo declarações, no interregno entre a data da citação
familiar do denunciante ou do acusado, bem assim e a fixada para o interrogatório do acusado, sendo
o subordinado deste. notificado para tal fim.
Art. 276 A autoridade ou o funcionário designado § 1º A oitiva do denunciante deverá ser acompanha-
deverão comunicar, desde logo, à autoridade com- da pelo advogado do acusado, próprio ou dativo.
petente, o impedimento que houver. § 2º O acusado não assistirá à inquirição do denun-
Art. 277 O processo administrativo deverá ser ciante; antes porém de ser interrogado, poderá
instaurado por portaria, no prazo improrrogável ter ciência das declarações que aquele houver
de 8 (oito) dias do recebimento da determinação, prestado. 293
Observe que a atuação do denunciante, no PAD, é § 2º A prova de antecedentes do acusado será feita
feita antes da apresentação de defesa pelo servidor exclusivamente por documentos, até as alegações
acusado, por razões lógicas. finais.
§ 3º Até a data do interrogatório, será designada a
Art. 280 Não comparecendo o acusado, será, por audiência de instrução.
despacho, decretada sua revelia, prosseguindo-se
nos demais atos e termos do processo. O presidente e cada acusado poderão arrolar até
5 testemunhas. É um número superior do que na sin-
O art. 280 faz referência ao evento da revelia. Tra- dicância, uma vez que estamos diante de uma condu-
ta-se da situação em que o acusado deixa de apresen- ta que pode ser punida com uma sanção mais grave,
tar sua defesa, deixando de comparecer à audiência. como a demissão.
O servidor em revelia não pode apresentar mais a sua As testemunhas serão arroladas pelo presidente
defesa. Contudo, a autoridade julgadora deverá encar- da Comissão do PAD ou pelo acusado. As primeiras
regar defensor dativo para o revel. têm preferência em serem ouvidas em relação às últi-
mas. É isso o que dispõe o art. 284:
Art. 281 Ao acusado revel será nomeado advogado
Art. 284 Na audiência de instrução, serão ouvidas,
dativo
pela ordem, as testemunhas arroladas pelo presi-
dente e pelo acusado.
Sobre a pessoa do advogado do servidor acusado, é Parágrafo único. Tratando-se de servidor público,
o art. 282 o dispositivo que apresenta as suas funções seu comparecimento poderá ser solicitado ao respec-
dentro do processo disciplinar. Observe o texto legal: tivo superior imediato com as indicações necessárias.
Art. 282 O acusado poderá constituir advogado Os arts. 285 e seguintes tratam, de modo específi-
que o representará em todos os atos e termos do co, sobre a pessoa da testemunha no PAD. Por ser um
processo. texto mais simples e didático, a sua leitura na íntegra
§ 1º É faculdade do acusado tomar ciência ou assis- é a melhor forma de conhecer essas regras. Vejamos:
tir aos atos e termos do processo, não sendo obriga-
tória qualquer notificação. Art. 285 A testemunha não poderá eximir-se de
§ 2º O advogado será intimado por publicação no depor, salvo se for ascendente, descendente, cônju-
Diário Oficial do Estado, de que conste seu nome e ge, ainda que legalmente separado, companheiro,
número de inscrição na Ordem dos Advogados do irmão, sogro e cunhado, pai, mãe ou filho adotivo
Brasil, bem como os dados necessários à identifica- do acusado, exceto quando não for possível, por
ção do procedimento. outro modo, obter-se ou integrar-se a prova do fato
§ 3º Não tendo o acusado recursos financeiros ou e de suas circunstâncias.
negando-se a constituir advogado, o presidente § 1º Se o parentesco das pessoas referidas for com
nomeará advogado dativo. o denunciante, ficam elas proibidas de depor, obser-
§ 4º O acusado poderá, a qualquer tempo, consti- vada a exceção deste artigo.
tuir advogado para prosseguir na sua defesa. § 2º Ao servidor que se recusar a depor, sem justa
causa, será pela autoridade competente adotada a
A atuação do defensor do indiciado é diferente providência a que se refere o artigo 262, mediante
no PAD quando comparada à do processo judicial. comunicação do presidente.
Isso porque a presença do advogado, no PAD, não é § 3º O servidor que tiver de depor como testemunha
obrigatória, conforme se depreende do trecho “pode- fora da sede de seu exercício, terá direito a trans-
rá constituir advogado”. Não é um dever do servidor porte e diárias na forma da legislação em vigor,
podendo ainda expedir-se precatória para esse efei-
indiciado constituir advogado para representá-lo,
to à autoridade do domicílio do depoente.
podendo ele mesmo atuar em causa própria.
§ 4º São proibidas de depor as pessoas que, em razão
de função, ministério, ofício ou profissão, devam
guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela parte
Importante! interessada, quiserem dar o seu testemunho.
Art. 286 A testemunha que morar em comarca diver-
O texto do Estatuto está de acordo com o enun-
sa poderá ser inquirida pela autoridade do lugar de
ciado da Súmula Vinculante nº 5, do STF: “A sua residência, expedindo-se, para esse fim, carta
falta de defesa técnica por advogado no pro- precatória, com prazo razoável, intimada a defesa.
cesso administrativo disciplinar não ofende a § 1º Deverá constar da precatória a síntese da
Constituição”. imputação e os esclarecimentos pretendidos, bem
como a advertência sobre a necessidade da presen-
ça de advogado.
A fase instrutória tem por início com a produção
§ 2º A expedição da precatória não suspenderá a
de um inquérito. Comparecendo ou não o acusado ao
instrução do procedimento
interrogatório, inicia-se o prazo de 3 dias para reque- § 3º Findo o prazo marcado, o procedimento pode-
rer a produção de provas, ou apresentá-las, nos ter- rá prosseguir até final decisão; a todo tempo, a pre-
mos do artigo 283. Vejamos: catória, uma vez devolvida, será juntada aos autos.
Art. 287 As testemunhas arroladas pelo acusado
Art. 283 Comparecendo ou não o acusado ao inter- comparecerão à audiência designada independente
rogatório, inicia-se o prazo de 3 (três) dias para de notificação.
requerer a produção de provas, ou apresentá-las. § 1º Deverá ser notificada a testemunha cujo
§ 1º O presidente e cada acusado poderão arrolar depoimento for relevante e que não comparecer
294 até 5 (cinco) testemunhas. espontaneamente.
§ 2º Se a testemunha não for localizada, a defesa O art. 291 aponta para a possibilidade de surgirem
poderá substituí-la, se quiser, levando na mesma fatos novos no curso da fase instrutória do PAD. Esses
data designada para a audiência outra testemunha, fatos novos devem ser apresentados no processo, dan-
independente de notificação. do oportunidade ao servidor acusado de apresentar
sua defesa diante deles também.
Vale frisar que a inquirição de testemunhas não é Encerrada a fase probatória, dar-se-á vista dos
a única prova admitida em processo administrativo. autos à defesa, que poderá apresentar alegações finais
O Presidente pode requerer qualquer outra diligência no prazo de 7 (sete) dias. Não sendo apresentadas, no
que entenda ser conveniente para a instrução do PAD, prazo, tais alegações, o presidente designará advoga-
como a apresentação de documentos, a oitiva de peri- do dativo, assinando-lhe novo prazo.
tos e técnicos, entre outras. É isso o que dispõe o texto
É importante que haja o respeito ao contraditório
do art. 288:
e à ampla defesa, pois, para todos os fatos alegados,
deve o acusado apresentar uma defesa, mesmo que
Art. 288 Em qualquer fase do processo, poderá o
seja uma defesa ampla e geral (ex.: apenas dizer que
presidente, de ofício ou a requerimento da defesa,
ordenar diligências que entenda convenientes. “não cometeu nenhuma transgressão”). Essa é a últi-
§ 1º As informações necessárias à instrução do pro- ma oportunidade que o servidor indiciado tem de
cesso serão solicitadas diretamente, sem observân- defender-se, o que demonstra a grande importância
cia de vinculação hierárquica, mediante ofício, do das alegações finais. É isso o que dispõe o artigo 292:
qual cópia será juntada aos autos.
§ 2º Sendo necessário o concurso de técnicos ou Art. 292 Encerrada a fase probatória, dar-se-á vis-
peritos oficiais, o presidente os requisitará, obser- ta dos autos à defesa, que poderá apresentar ale-
vados os impedimentos do artigo 275. gações finais, no prazo de 7 (sete) dias.
Art. 289 Durante a instrução, os autos do procedi- Parágrafo único. Não apresentadas no prazo as
mento administrativo permanecerão na repartição alegações finais, o presidente designará advogado
competente. dativo, assinando-lhe novo prazo.
§ 1º Será concedida vista dos autos ao acusado,
mediante simples solicitação, sempre que não pre- Uma vez colhidas todas as provas, a Comissão deve
judicar o curso do procedimento. emitir um relatório. Esse documento, como o próprio
§ 2º A concessão de vista será obrigatória, no prazo nome aduz, relata todas as provas colhidas na fase
para manifestação do acusado ou para apresen- instrutória, recomendando pela condenação ou ino-
tação de recursos, mediante publicação no Diário cência do servidor. As regras mais específicas do rela-
Oficial do Estado.
tório estão dispostas no art. 293:
§ 3º Não corre o prazo senão depois da publicação
a que se refere o parágrafo anterior e desde que os Art. 293 O relatório deverá ser apresentado no pra-
autos estejam efetivamente disponíveis para vista. zo de 10 (dez) dias, contados da apresentação das
§ 4º Ao advogado é assegurado o direito de retirar alegações finais.
os autos da repartição, mediante recibo, durante o § 1º O relatório deverá descrever, em relação a cada
prazo para manifestação de seu representado, salvo
acusado, separadamente, as irregularidades impu-
na hipótese de prazo comum, de processo sob regi-
tadas, as provas colhidas e as razões de defesa, pro-
me de segredo de justiça ou quando existirem nos
pondo a absolvição ou punição e indicando, nesse
autos documentos originais de difícil restauração
caso, a pena que entender cabível.
ou ocorrer circunstância relevante que justifique a
§ 2º O relatório deverá conter, também, a sugestão
permanência dos autos na repartição, reconhecida
de quaisquer outras providências de interesse do
pela autoridade em despacho motivado.
serviço público.
Dar vista aos autos, tal qual prevê o art. 289, é a for- Atenção! O relatório não é a decisão final. Quem
ma que o servidor acusado tem de tomar conhecimen- decide pela condenação ou inocência do servidor
to não somente da acusação movida contra si mesmo, indiciado é a autoridade julgadora e, não, a Comissão.
como também de tudo o que já aconteceu no PAD. Esse relatório funciona como um “parecer”, servindo
apenas para orientar a autoridade competente.
Art. 290 Somente poderão ser indeferidos pelo
Nesse mesmo sentido, prevê o texto do art. 294:
presidente, mediante decisão fundamentada, os
requerimentos de nenhum interesse para o escla- Art. 294 Relatado, o processo será encaminhado à
recimento do fato, bem como as provas ilícitas, autoridade que determinou sua instauração.
DIREITO ADMINISTRATIVO
Diário Oficial do Estado ou da intimação pessoal do Essas regras previstas nos parágrafos do art. 315 são
servidor, quando for o caso. muito importantes. A revisão não será constada se hou-
§ 2º Do recurso deverá constar, além do nome e ver apenas alegação de mera injustiça da decisão. Deve
qualificação do recorrente, a exposição das razões haver, efetivamente, um fato novo que corrobore com
de inconformismo. a necessidade de revisão do processo. Por isso, quem
§ 3º O recurso será apresentado à autoridade que deve comprovar a necessidade de revisão é a pessoa
aplicou a pena, que terá o prazo de 10 (dez) dias que a alega, isto é, o próprio servidor investigado.
para, motivadamente, manter sua decisão ou
reformá-la. Art. 316 A pena imposta não poderá ser agrava-
§ 4º Mantida a decisão, ou reformada parcialmen- da pela revisão.
te, será imediatamente encaminhada a reexame
pelo superior hierárquico. Mostra-se relevante, também, o conteúdo disposto
§ 5º O recurso será apreciado pela autoridade com- no art. 316. O resultado da revisão não pode ensejar em
petente ainda que incorretamente denominado ou um agravamento da condenação. Isso é o que se costu-
endereçado. ma chamar de proibição da reformatio in pejus, pois, 297
se a revisão foi solicitada pelo próprio servidor trans- Essa é uma hipótese muito comum de reintegração
gressor, seria injusto que da revisão resultasse em do servidor público: a sua pena de demissão proferi-
uma piora da sua situação. da em PAD é anulada por decisão administrativa ou
por decisão judicial transitada em julgado. Lembre-se
Art. 317 A instauração de processo revisional pode- de que os poderes da decisão revisional são utilizados
rá ser requerida fundamentadamente pelo interes- apenas para inocentar o servidor ou tornar a sua pena
sado ou, se falecido ou incapaz, por seu curador, mais branda, mas nunca para piorar a sua condenação.
cônjuge, companheiro, ascendente, descendente ou
irmão, sempre por intermédio de advogado. DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
Parágrafo único. O pedido será instruído com as
provas que o requerente possuir ou com indicação
A parte referente às disposições finais apresenta
daquelas que pretenda produzir.
um conteúdo importante e bastante simples, não sen-
A revisão não precisa ser requerida pessoalmente do necessárias maiores explicações. Destacamos o tex-
pelo funcionário. Segundo o art. 317, a instauração de to dos arts. 322 e 323 respectivamente:
processo revisional poderá ser requerida, se falecido o
funcionário ou quando se tornar incapaz, pelo seu côn- Art. 322 O dia 28 de outubro será consagrado ao
juge, companheiro, ascendente, descendente e irmão “Funcionário Público Estadual”.
ou o seu curador, respectivamente. A revisão sempre Art. 323 Os prazos previstos neste Estatuto serão
será arguida por intermédio de advogado. todos contados por dias corridos.
Quem julga a revisão é a mesma autoridade que Parágrafo único. Não se computará no prazo o dia
aplicou a penalidade ou a tiver confirmado em recurso inicial, prorrogando-se o vencimento, que incidir em
hierárquico. Vejamos o texto dos arts. 318 e 319: sábado, domingo, feriado ou facultativo, para o pri-
meiro dia útil seguinte.
Art. 318 A autoridade que aplicou a penalidade,
ou que a tiver confirmado em grau de recurso, será Conclui-se que a contagem de prazo para as situa-
competente para o exame da admissibilidade do ções presentes no Estatuto é feita por dias corridos, não
pedido de revisão, bem como, caso deferido o proces- podendo iniciar e nem terminar em dias, como sábado,
samento, para a sua decisão final. domingo, feriados ou pontos facultativos. Quando isso
Art. 319 Deferido o processamento da revisão, será ocorrer, o prazo (inicial ou final) deve ser adiado para
este realizado por Procurador de Estado que não o primeiro dia útil subsequente.
tenha funcionado no procedimento disciplinar de
que resultou a punição do requerente.
Pela leitura do dispositivo, percebe-se que a decisão O estudo de leis esparsas precisa passar pela leitu-
revisional, na verdade, possui poderes tal qual uma ra do texto da lei, desta forma, vamos conciliar a lei-
peça recursal, podendo alterar a natureza da infração tura da lei com os esquemas para melhorar o seu
para uma mais branda, modificar a pena (diminuir a entendimento sobre o conteúdo da lei 8429/92.
parte quantitativa) ou, ainda, anular o processo por O art. 1º da Lei estabelece quem são os agentes que
inteiro, garantindo o retorno do servidor ao serviço poderão incorrer nas sanções decorrentes de impro-
298 ativo. bidade administrativa.
Art. 1° Os atos de improbidade praticados por
qualquer agente público, servidor ou não, contra Agentes públicos que exerçam
a administração direta, indireta ou fundacional de função pública, ainda que transi-
toriamente e sem remuneração
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal, dos Municípios, de Território, de
Sujeitos Ativos
empresa incorporada ao patrimônio público ou de Terceiro que mesmo não sendo
entidade para cuja criação ou custeio o erário haja agente público, induza ou con-
concorrido ou concorra com mais de cinquenta por corra para a prática do ato de
cento do patrimônio ou da receita anual, serão puni- improbidade ou dele se benefi-
cie sob qualquer forma direta
dos na forma desta lei. ou indireta
Parágrafo único. Estão também sujeitos às penalida-
des desta lei os atos de improbidade praticados con- Após algumas mudanças de posicionamento, em
tra o patrimônio de entidade que receba subvenção, 2018, o STF pacificou o assunto ao concluir que os agen-
benefício ou incentivo, fiscal ou creditício, de órgão tes políticos, com exceção do Presidente da República,
público bem como daquelas para cuja criação ou encontram-se sujeitos a duplo regime sancionatório,
custeio o erário haja concorrido ou concorra com podendo responder, ao mesmo tempo por improbida-
menos de cinqüenta por cento do patrimônio ou da de administrativa e crime de responsabilidade.
receita anual, limitando-se, nestes casos, a sanção O art. 6º estabelece que no caso de enriqueci-
mento ilícito, perderá o agente público ou tercei-
patrimonial à repercussão do ilícito sobre a contri-
ro beneficiário os bens ou valores acrescidos ao
buição dos cofres públicos. seu patrimônio, nesse caso, haverá no mínimo uma
“devolução” dos valores ilicitamente acrescidos.
Agente público, servidor ou não De acordo com o art. 7°, quando o ato de impro-
bidade causa lesão ao patrimônio público ou enseja
enriquecimento ilícito, cabe à autoridade adminis-
Adm. Direta, Ind. e Fund. trativa responsável pelo inquérito representar ao
Ministério Público, para a indisponibilidade dos bens
do indiciado. Essa indisponibilidade recairá sobre
De qualquer dos poderes da bens que assegurem o integral ressarcimento do
União, dos Estados, do DF e dos dano, ou sobre o acréscimo patrimonial resultante
Municípios do enriquecimento ilícito.
O art. 8° aponta para os casos de sucessão em que o
valor ilícito se torna parte de uma herança “o sucessor
Erário concorrido com + de 50% daquele que causar lesão ao patrimônio público ou se
enriquecer ilicitamente está sujeito às cominações des-
ta lei até o limite do valor da herança”.
O parágrafo único do art. 1° da Lei estende o alcan- A responsabilidade do agente, portanto, limita-
ce os atos de improbidade administrativa quando pra- -se ao valor da herança, isto para que se respeite a
intranscendência da pena, a qual não pode passar da
ticados contra o patrimônio de entidade que receba
pessoa do condenado de acordo com o que estabelece
subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou creditício, a Constituição Federal, art. 5º, inciso XLV.
de órgão público bem como daquelas para cuja cria-
ção ou custeio o erário haja concorrido ou concorra ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
com menos de cinquenta por cento do patrimônio Constituem atos de improbidade administrativa:
ou da receita anual, limitando-se, nestes casos, a os que importam em enriquecimento ilícito, os que
sanção patrimonial à repercussão do ilícito sobre causam lesão ao erário, os decorrentes de conces-
a contribuição dos cofres públicos. são ou aplicação indevida de benefício financeiro ou
Agentes públicos, segundo o art. 2º da Lei n° tributário e os que atentam contra os princípios da
administração pública.
8.429/92 é todo aquele que exerce, ainda que tran-
sitoriamente ou sem remuneração, por eleição, Enriquecimento ilícito
nomeação, designação, contratação ou qualquer
outra forma de investidura ou vínculo, mandato, car- Atos de Que causem prejuízo ao erário
go, emprego ou função nas entidades no art. 1º. improbidade
DIREITO ADMINISTRATIVO
das normas pertinentes ou influir de qualquer for- são ou aplicação indevida de benefício financeiro
ma para a sua aplicação irregular; ou tributário;
XII - permitir, facilitar ou concorrer para que tercei-
ro se enriqueça ilicitamente; z Benefício financeiro: desembolsos efetivos.
XIII - permitir que se utilize, em obra ou serviço Exemplo – subvenções sociais (uma ajuda para a
particular, veículos, máquinas, equipamentos ou
manutenção de instituições públicas ou privadas,
material de qualquer natureza, de propriedade ou à
normalmente ligadas à arte, cultura ou assistência
disposição de qualquer das entidades mencionadas
no art. 1° desta lei, bem como o trabalho de servi-
– sem fins lucrativos);
dor público, empregados ou terceiros contratados z Benefício tributário: são vantagens tributárias.
por essas entidades. Por exemplo, diminuição das alíquotas de ISSQN.
XIV – celebrar contrato ou outro instrumento que
tenha por objeto a prestação de serviços públicos Os atos de improbidade administrativa, de acor-
por meio da gestão associada sem observar as for- do com o art. 10-A, consistem em qualquer ação ou
malidades previstas na lei; omissão para conceder, aplicar ou manter benefício 301
financeiro ou tributário contrário ao que dispõem VII - revelar ou permitir que chegue ao conheci-
o caput e o parágrafo 1º do art. 8º-A da Lei Comple- mento de terceiro, antes da respectiva divulgação
mentar nº 116, de 31 de julho de 2003. oficial, teor de medida política ou econômica capaz
É necessário saber que em se tratando de ato dolo- de afetar o preço de mercadoria, bem ou serviço.
so de improbidade administrativa, o STF estabelece VIII - descumprir as normas relativas à celebração,
que o ressarcimento ao erário é imprescritível. fiscalização e aprovação de contas de parcerias fir-
madas pela administração pública com entidades
Atos de Improbidade Administrativa que Atentam privadas.
Contra os Princípios da Administração Pública (art. IX - deixar de cumprir a exigência de requisitos de
11 da lei 8429/92) acessibilidade previstos na legislação.
X - transferir recurso a entidade privada, em razão
da prestação de serviços na área de saúde sem a pré-
A administração pública precisa defender seus
via celebração de contrato, convênio ou instrumento
princípios e valores, por este motivo estabeleceu san-
congênere, nos termos do parágrafo único do art. 24
ções para aqueles que realizem atos que atentem con-
da Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990.
tra estes princípios.
Qualquer ação ou omissão que viole os deveres de
Atualmente o STJ tem aceitado a imposição de
honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealda-
cautelares de indisponibilidade de bens, não só para
de às instituições consiste em violação aos princípios
os atos de enriquecimento ilícito ou de prejuízo ao
da administração pública.
erário, mas também para os atos que atentem contra
os princípios da administração pública.
Art. 11 Constitui ato de improbidade administrati-
va que atenta contra os princípios da administra- Importante ressaltar ainda a diferença entre frus-
ção pública qualquer ação ou omissão que viole os trar a licitude de procedimento licitatório ou de
deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, processo seletivo para celebração de parcerias com
e lealdade às instituições, e notadamente: [...] entidades sem fins lucrativos, ou dispensá-los indevi-
damente e frustrar a licitude de concurso público.
O art. 37, caput, da Constituição Federal prevê: Aquela conduta causa lesão ao erário, enquanto esta
é um ato que atenta contra os princípios da Adminis-
Art. 37 A administração pública direta e indireta de tração Pública.
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Dis-
trito Federal e dos Municípios obedecerá aos prin-
Frustrar a licitude
cípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, de procedimento
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: [...] licitatório ou de
processo seletivo ou
Lesão ao erário
dispensá-los indevida
Portanto, o texto constitucional prevê como prin-
cípios da administração pública o famoso LIMPE: Condutas
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade Atenta contra os
e eficiência. Frustrar a licitude de
princípios da admi-
concurso público
Entretanto, você deve estar sempre atento ao que a nistração pública
literalidade da questão cobra, uma vez que em caso de
esta exigir os princípios expressos da Lei de Impro-
DAS PENAS
bidade Administrativa, o aluno deve ter em mente
que são os seguintes: honestidade, imparcialidade,
O art. 12 estabelece as sanções aplicadas no caso de
legalidade, e lealdade às instituições.
cometimento de ato de improbidade administrativa.
Honestidade As espécies de sanções são a mesmas, mas serão gra-
duadas de acordo com a modalidade de ato praticado.
Princípios Imparcialidade A constituição prevê em seu art. 37, § 4º:
da LIA
Legalidade
Os atos de improbidade administrativa importarão
Legalidade às Instituições a suspensão dos direitos políticos, a perda da
função pública, a indisponibilidade dos bens e o
Nos incisos do art. 11 estão previstas as condutas ressarcimento ao erário, na forma e gradação pre-
vistas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
que atentam contra os princípios da administração
pública.
Dica
I - praticar ato visando fim proibido em lei ou regu-
lamento ou diverso daquele previsto, na regra de Sanções – Constituição Federal
competência; “Improbidade Administrativa – vai a PARIS”
II - retardar ou deixar de praticar, indevidamente, Perda da função pública
ato de ofício; Ação penal (sem prejuízo da ação penal cabível)
III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência Ressarcimento ao erário
em razão das atribuições e que deva permanecer
Indisponibilidade de bens
em segredo;
IV - negar publicidade aos atos oficiais;
Suspensão dos direitos políticos
V - frustrar a licitude de concurso público; Muita atenção! Algumas bancas gostam de con-
VI - deixar de prestar contas quando esteja obriga- fundir o aluno trocando a palavra suspensão por
302 do a fazê-lo; cassação dos direitos políticos.
A LIA acrescentou ainda dois tipos sanções: a) pagamento de multa civil; e (b) proibição de contratar com o
Poder Público ou de receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda
que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário.
Art. 12 Independentemente das sanções penais, civis e administrativas previstas na legislação específica, está o
responsável pelo ato de improbidade sujeito às seguintes cominações, que podem ser aplicadas isolada ou cumulati-
vamente, de acordo com a gravidade do fato: (Redação dada pela Lei nº 12.120, de 2009).
I - na hipótese do art. 9°, perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, ressarcimento integral
do dano, quando houver, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de oito a dez anos, pagamento
de multa civil de até três vezes o valor do acréscimo patrimonial e proibição de contratar com o Poder Público ou
receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa
jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de dez anos;
II - na hipótese do art. 10, ressarcimento integral do dano, perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao
patrimônio, se concorrer esta circunstância, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de cinco a oito
anos, pagamento de multa civil de até duas vezes o valor do dano e proibição de contratar com o Poder Público ou
receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa
jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de cinco anos;
III - na hipótese do art. 11, ressarcimento integral do dano, se houver, perda da função pública, suspensão dos direi-
tos políticos de três a cinco anos, pagamento de multa civil de até cem vezes o valor da remuneração percebida pelo
agente e proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta
ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de três anos.
IV - na hipótese prevista no art. 10-A, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de 5 (cinco) a 8 (oito)
anos e multa civil de até 3 (três) vezes o valor do benefício financeiro ou tributário concedido. (Incluído pela Lei
Complementar nº 157, de 2016)
Parágrafo único. Na fixação das penas previstas nesta lei o juiz levará em conta a extensão do dano causado, assim
como o proveito patrimonial obtido pelo agente.
Em primeiro lugar, importa atentar para o fato de que há independência entre as sanções penais, civis e
administrativas.
Enriquecimento ilícito serão aplicadas as seguintes sanções:
Na hipótese de o agente atentar contra os princípios da administração pública, estará sujeito ao:
E, finalmente, na hipótese prevista no art. 10-A (ação ou omissão para conceder, aplicar ou manter benefício
financeiro ou tributário), o agente estará sujeito à:
303
Vamos resumir estas informações com o seguinte quadro:
Importante!
Na fixação das penas previstas na Lei de Improbidade Administrativa o juiz levará em conta a extensão do
dano causado, assim como o proveito patrimonial obtido pelo agente.
DECLARAÇÃO DE BENS
Atenção, sempre a posse e o exercício de agente público, de acordo com o art. 13, ficam condicionados à apre-
sentação de declaração dos bens e valores que compõem o seu patrimônio privado, a fim de ser arquivada no
serviço de pessoal competente. Isso servirá para analisar a evolução patrimonial do agente público. Essa decla-
ração compreenderá imóveis, móveis, semoventes (animais como bovinos ou equinos), dinheiro, títulos, ações, e
qualquer outra espécie de bens e valores patrimoniais, localizado no País ou no exterior, e, quando for o caso,
abrangerá os bens e valores patrimoniais do cônjuge ou companheiro, dos filhos e de outras pessoas que vivam
sob a dependência econômica do declarante, excluídos apenas os objetos e utensílios de uso doméstico.
Muitas instituições, sobretudo federais, aceitam que seja utilizada cópia do imposto de renda do servidor.
Dessa maneira se alcança o acompanhamento do desenvolvimento patrimonial do servidor de forma simples.
De acordo com o §1° do art. 13, a declaração de bens será anualmente atualizada (e analisada) na data em que
o agente público deixar o exercício do mandato, cargo, emprego ou função.
Art. 13 [...]
§3° Será punido com a pena de demissão, a bem do serviço público, sem prejuízo de outras sanções cabíveis,
o agente público que se recusar a prestar declaração dos bens, dentro do prazo determinado, ou que a
prestar falsa.
§4° O declarante, a seu critério, poderá entregar cópia da declaração anual de bens apresentada à Delegacia da
Receita Federal na conformidade da legislação do Imposto sobre a Renda e proventos de qualquer natureza, com as
necessárias atualizações, para suprir a exigência contida no caput e no § 2° deste artigo.
O art. 14 estabelece que qualquer pessoa pode representar à autoridade administrativa competente para que
seja instaurada investigação destinada a apurar a prática de ato de improbidade.
A representação, escrita ou reduzida a termo e assinada, conterá os dados de qualificação do representante,
as informações sobre o fato e sua autoria e a apontará as provas de que tenha conhecimento, de acordo com
o §1° do art. 14.
Tendo em vista o disposto no §2°, a autoridade administrativa poderá rejeitar a representação, em despacho
fundamentado, se a representação não apresentar os requisitos mínimos elencados pela lei.
A rejeição da representação não impede que esta seja realizada pelo Ministério Público (§ 2°).
Realizada a representação e atendidos os seus requisitos, a autoridade determinará a imediata apuração dos
fatos, vide § 3° do art. 14.
No caso de servidores federais será processada na forma da lei 8.112/90 e tratando-se de servidor militar, de
acordo com os respectivos regulamentos disciplinares, consoante dispõe o § 3° do art. 14.
Por conseguinte, uma vez estabelecida a comissão processante, essa dará conhecimento ao Ministério Público
e ao Tribunal ou Conselho de Contas da existência de procedimento administrativo para apurar a prática de ato
de improbidade, vejamos:
Art. 15 A comissão processante dará conhecimento ao Ministério Público e ao Tribunal ou Conselho de Contas da
existência de procedimento administrativo para apurar a prática de ato de improbidade.
Parágrafo único. O Ministério Público ou Tribunal ou Conselho de Contas poderá, a requerimento, designar
representante para acompanhar o procedimento administrativo.
De acordo com o art. 16, havendo fundados indícios de responsabilidade, a comissão representará ao MP ou à
procuradoria do órgão para que requeira ao juízo competente a decretação do sequestro dos bens do agente ou
304 de terceiro que tenha enriquecido ilicitamente ou causado danos ao patrimônio público.
Indícios fundados Caso a inicial esteja em devida forma, o juiz man-
de dará autuá-la e ordenará a notificação do requerido,
responsabilidade para, por rescrito, oferecer manifestação. A manifes-
tação poderá ser instruída com documentos e justifi-
cações, tudo no prazo de 15 dias (§7°).
O Ministério Público, se não Após o recebimento da manifestação, o juiz, em 30
Representação intervir no processo como dias, em decisão fundamentada, rejeitará a ação, se
MP ou parte, atuará obrigatoriamente, convencido da inexistência do ato de improbidade,
Procuradoria como fiscal da lei, sob pena de da improcedência da ação ou da inadequação da
nulidade (§ 4° do art. 17). via eleita (§8°).
Art. 17 [...]
Pedido de
§9° Recebida a petição inicial, o réu será citado
sequestro dos
para apresentar a contestação.
bens - tudo de §10° Da decisão que receber a petição inicial, cabe
forma cautelar. agravo de instrumento.
§11° Havendo a possibilidade de solução consen-
sual, poderão as partes pedir ao juiz a interrupção
Em 30 dias deve do prazo para a contestação. Essa interrupção será
ser proposta a por prazo não superior a 90 dias.
ação. §11° Em qualquer fase do processo, reconhecida a
inadequação da ação de improbidade, o juiz extin-
guirá o processo sem julgamento do mérito.
É possível, quando necessário, que o pedido inclua a [...]
investigação, o exame e o bloqueio de bens, contas ban- Art. 18 A sentença que julga procedente a ação civil
cárias e aplicações financeiras do indiciado no exterior, de reparação do dano ou decreta a perda dos bens
nos termos da lei e dos tratados internacionais (§2°). havidos ilicitamente determinará o pagamento ou
De acordo com o art. 17, a ação principal, que terá a reversão dos bens, conforme o caso, em favor da
o rito ordinário, será proposta pelo Ministério Públi- pessoa jurídica prejudicada pelo ilícito.
co ou pela pessoa jurídica interessada, dentro de 30
(trinta) dias da efetivação da medida cautelar. DISPOSIÇÕES PENAIS
As ações de improbidade administrativa admitem a
celebração de acordo de não persecução cível, nos termos No que se refere às disposições penais, constitui
da Lei de Improbidade Administrativa (§ 1° do art. 17). crime a representação por ato de improbidade con-
Fique atento ao uso das medidas cautelares! Elas são tra agente público ou terceiro beneficiário, quando o
adotadas para evitar um prejuízo irrecuperável ou de autor da denúncia o sabe inocente (Art. 19).
difícil recuperação, por isso, sempre será necessário que
estejam presentes para sua decretação dois elementos: Art. 19 Constitui crime a representação por ato de
improbidade contra agente público ou terceiro bene-
z Fumus Boni Iuris – indícios de ocorrência – Com- ficiário, quando o autor da denúncia o sabe inocente.
provado; Pena: detenção de seis a dez meses e multa.
z Periculum In Mora – risco da demora – Presumido. Parágrafo único. Além da sanção penal, o denuncian-
te está sujeito a indenizar o denunciado pelos danos
A Fazenda Pública, em determinados casos promo- materiais, morais ou à imagem que houver provocado.
verá as ações necessárias à complementação do ressar-
cimento ao erário (§ 2°). A propositura da ação enseja a
prevenção da jurisdição do juízo para as ações poste- Importante!
riormente promovidas, desde que, possuam a mesma
A perda da função pública e a suspensão dos
causa de pedir ou o mesmo objeto (§ 5°).
direitos políticos só se efetivarão com o com a
§ 6° A ação deve ser instruída com documentos ou decisão final irrecorrível – trânsito em julgado –
justificações que contenham indícios suficientes da da sentença condenatória.
existência do ato de improbidade ou com razões Não esqueça que jamais os direitos políticos serão
fundamentadas da impossibilidade de apresenta- perdidos, podendo, somente, ser suspensos.
ção de qualquer dessas provas, observada a legis-
lação vigente [...].
Art. 20 A perda da função pública e a suspensão
DIREITO ADMINISTRATIVO
12.
311
ANOTAÇÕES
312
15 × 51 = 765
NÚMEROS NATURAIS
MATEMÁTICA
Operações e Propriedades
Z N
z Sucessor: é o próximo número natural.
z Multiplicação de números reais: aplicamos o mes- z A soma ou subtração de dois números pares tem
mo procedimento da multiplicação comum. resultado par.
MATEMÁTICA
Ex.: 5,7 ÷ 1,3 = 4,38 z A soma ou subtração de um número par com outro
2,8 × 100 = 280 ímpar tem resultado ímpar. 313
Ex.: 14 + 5 = 19; 14 – 5 = 9. Adição de 55 e 30: 55 + 30 = 85
z A multiplicação de números pares tem resultado par. Principais propriedades da operação de adição:
Z = {..., -7, -6, -5, -4, -3, -2, -1, 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, ...} z Propriedade do fechamento: a soma de dois núme-
ros inteiros sempre gera outro número inteiro.
O símbolo desse conjunto é a letra Z. Uma coisa
importante é saber que todos os números naturais Ex.: a soma dos números inteiros 8 e 2 gera o
são inteiros, mas nem todos os números inteiros são número inteiro 10 (8 + 2 = 10).
naturais. Logo, podemos representar através de dia-
gramas e afirmar que o conjunto de números naturais � Subtração: subtrair dois números é o mesmo que
está contido no conjunto de números inteiros ou ain- diminuir, de um deles, o valor do outro. Ou seja,
da que N é um subconjunto de Z. Observe: subtrair 7 de 20 significa retirar 7 de 20, restando
13: 20 – 7 = 13.
Podemos destacar alguns subconjuntos de núme- Ex.: 250 – 120 = 130 e 120 – 250 = -130.
ros. Veja:
z Propriedade associativa: não há essa propriedade
z Números Inteiros não negativos = {4,5,6...}. Veja na subtração.
que são os números naturais.
Números Inteiros não positivos = {… -3, -2, -1, 0}. z Elemento neutro: o zero é o elemento neutro da
subtração, pois, ao subtrair zero de qualquer
Veja que o zero também faz parte deste conjunto, número, este número permanecerá inalterado.
pois ele não é positivo nem negativo. Ex.: 13 – 0 = 13.
z Números inteiros negativos = {… -3, -2, -1}. O zero z Propriedade do fechamento: a subtração de dois
não faz parte. números inteiros sempre gera outro número inteiro.
z Números inteiros positivos = {5, 6, 7...}. Novamen-
te, o zero não faz parte. Ex.: 33 – 10 = 23.
+ + + + + +
- - + - - +
+ - - + - -
- + - - + -
Dica Dica
� A multiplicação de números de mesmo sinal � A divisão de números de mesmo sinal tem
tem resultado positivo. resultado positivo.
Ex.: 51 × 2 = 102; (-33) × (-3) = 99 Ex.: 60 ÷ 3 = 20; (-45) ÷ (-15) = 3
� A multiplicação de números de sinais diferen- � A divisão de números de sinais diferentes tem
tes tem resultado negativo. resultado negativo.
Ex.: 25 × (-4) = -100; (-15) × 5 = -75 Ex.: 25 ÷ (-5) = -5; (-120) ÷ 5 = -24
Q 3–1 3
1 – 1 MMC = 2×2×3 = 12.
Multiplicação de Fração
Frações nada mais são do que operações de divi- Assim, chegamos no resultado final, pois não há
4
são. Podemos, por exemplo, escrever 4 ÷ 8, como 8 . mais como simplificar.
Neste tópico, veremos todas as operações que
envolvem as frações, quais sejam: a adição, a subtra- Divisão de Fração
ção, a multiplicação e a divisão.
Para dividir frações, basta repetir a primeira fra-
ção e multiplicá-la pelo inverso da segunda fração.
Adição ou Subtração de Fração
Depois, realiza-se a multiplicação normalmente, da
mesma forma que aprendemos. Veja:
Para somar ou subtrair frações, é necessário ater-
-se, principalmente, aos denominadores, ou seja, à 3 5 3 2 3×2 6 6÷2 3
“base” das frações. Vejamos duas situações possíveis: 4
÷
2
=
4
×
5
=
4×5
=
20
=
20 ÷ 2
=
10
z Denominadores iguais (nessa situação, basta repe- Pode-se simplificar frações, dividindo o numera-
tir as bases e operar os numeradores): dor e o denominador pelo mesmo número.
Resolução:
M(6) = 6,12,18,24,30,36,42,...
Quais são os múltiplos iguais (comuns) entre os Observe “a cada 20 minutos” e “a cada 35 minu-
números? São eles: 12,24,36. E qual o menor deles? É tos”. Aqui temos uma ideia de repetição, pois se por
o número 12. exemplo se a luz que pisca a cada 20 minutos picar às
Sendo assim, o número 12 é o menor múltiplo 15h, ela irá piscar novamente depois de 20 minutos,
comum entre 4 e 6, ou seja, o MMC entre 4 e 6 é igual ou seja, 15h20. Depois às 15h40, 16h, etc.
a 12. Logo, esse é um tipo clássico de questão sobre
MMC.
317
Dica 2
=
x
ou 2 ÷ 3 = x ÷ 6
3 6
Atente-se para as palavras “a cada”, “em”, “ou”
nos enunciados que elas indicam uma ideia de
Para resolvermos esse tipo de problema devemos
repetição, ciclo e periodicidade.
usar a Propriedade Fundamental da razão e propor-
ção: produto dos meios pelos extremos.
MÁXIMO DIVISOR COMUM (MDC)
Meio: 3 e x
Extremos: 2 e 6
O máximo divisor comum (MDC ou M.D.C.) corres-
Logo, devemos fazer a multiplicação entre eles
ponde ao maior número divisível entre dois ou mais
números inteiros. numa igualdade. Observe:
Os divisores comuns de 12 e 18 são 1, 2, 3 e 6. Den-
tre estes, o número maior é o 6. Sendo assim, o núme- 3·X=2.6
ro 6 é o máximo divisor comum entre 12 e 18, ou seja, 3X = 12
o MDC entre 12 e 18 é igual a 6. X = 12/3
X=4
Cálculo do MDC por Fatoração Simultânea
Lembre-se de que a maioria dos problemas envol-
Podemos calcular o MDC entre 2 ou mais núme- vendo esse tema são resolvidos utilizando essa pro-
ros fazendo a fatoração simultânea dos dois números priedade fundamental. Porém, algumas questões
(aqui, é importante ressaltar que a faremos a fatora- acabam sendo um pouco mais complexas e pode ser
ção até o momento em que o número 1 for quem divi- útil conhecer algumas propriedades para facilitar.
de todos os números envolvidos ao mesmo tempo). Vamos a elas.
Veja:
Ex.: Calcule o MDC entre 60 e 45. Propriedade das Proporções
2A 3B
Assim, Carlos vai receber R$6.000 e Diego vai rece- =
4 9
ber R$4.000.
7 . x = 2 · 14 3B = 9 x 1.000
3B = 9.000
14 · 2 B = 3.000
x= =4
7 Sendo assim, os funcionários com 2 anos de casa
receberão R$2.000 de bônus. Já os funcionários com 3
Portanto, encontramos que x = 4. anos de casa receberão R$3.000 de bônus.
O total pago pela empresa será:
Total = 2.2000 + 3.3000 = 4000 + 9000 = 13000.
Importante!
Vale lembrar que essa propriedade também ser-
ve para subtrações internas.
PORCENTAGEM
z Soma com Produto por Escalar: A porcentagem é uma medida de razão com base
100. Ou seja, corresponde a uma fração cujo denomi-
a c a + 2b c + 2d nador é 100. Vamos observar alguns exemplos e notar
= = =
b d b d como podemos representar um número porcentual.
20
Dessa maneira, 1000 é todo, enquanto que 100 é a – = - 0,10
200
parte que corresponde a 10% de 1000.
Quando o todo varia, a porcentagem também Como o resultado foi negativo, podemos afirmar
varia! que houve uma redução percentual de 10% nas aulas
Veja um exemplo: ainda não assistidas por Juliano. O enunciado está
Roberto assistiu 2 aulas de Matemática Financeira. errado ao afirmar que essa redução foi de 20%.
Sabendo que o curso que ele comprou possui um total
de 8 aulas, qual é o percentual de aulas já assistidas
por Roberto?
O todo de aulas é 8. Para descobrir o percentual, REGRA DE TRÊS SIMPLES E
devemos dividir a parte pelo todo e obter uma fração. COMPOSTA
2
=
1 REGRA DE TRÊS SIMPLES
8 4
A Regra de Três Simples envolve apenas duas
Precisamos transformar em porcentagem, ou seja, grandezas. São elas:
vamos multiplicar a fração por 100:
z Grandeza Dependente: é aquela cujo valor se
1 x 100 = 25% deseja calcular a partir da grandeza explicativa;
4 z Grandeza Explicativa ou Independentes: é aque-
la utilizada para calcular a variação da grandeza
Soma e Subtração de Porcentagem dependente.
Assim, comprovamos que realmente são necessá- Analisando isoladamente duas a duas:
rios mais tijolos.
6 (imp.) -------- 40 (min)
z Uma equipe de 5 professores gastou 12 dias para 3 (imp.) ---- ---- X (min)
corrigir as provas de um vestibular. Considerando Perceba que de 6 impressoras para 3 impressoras
a mesma proporção, quantos dias levarão 30 pro- o valor diminui ( - ) e que o tempo irá aumentar ( + ),
fessores para corrigir as provas? pois agora teremos menos impressoras para realizar
a tarefa. Logo, as grandezas são inversas e devemos
Do mesmo jeito que no exemplo anterior, vamos inverter a razão.
montar a relação e analisar:
40 3 ?
= #
5 (prof.) --------- 12 (dias) X 6 ?
30 (prof.) -------- X (dias)
Analisando isoladamente duas a duas:
Veja que de 5 (prof.) para 30 (prof.) tivemos um
1000 (panf.) -------- 40 (min)
aumento (+), mas como agora estamos com uma equi-
2000 (panf.) ------ -- X (min)
pe maior o trabalho será realizado mais rapidamente.
Logo, a quantidade de dias deverá diminuir (-). Des- Perceba que de 1000 panfletos para 1200 panfle-
MATEMÁTICA
sa forma, as grandezas são inversamente proporcio- tos o valor aumenta ( + ) e que o tempo também irá
nais e vamos resolver multiplicando na horizontal. aumentar ( + ). Logo, as grandezas são diretas e deve-
Observe: mos manter a razão.
5 (prof.) 12 (dias) 40
=
3
#
1000
30 (prof.) X (dias) X 6 2000
30 . X = 5 . 12
30X = 60 Agora basta resolver a proporção para acharmos
X=2 o valor de X. 321
40 3000 bem como pela relativa simplicidade do seu cálculo,
X
= 12000 além de prestar-se bem ao tratamento algébrico.
3X = 40 x 12 A média aritmética ou simplesmente média de um
3X = 480 conjunto de n observações, é definida como:
X = 160
n
As três impressoras produziriam 2000 panfletos em Ʃxi
i=1
160 minutos, que correspondem á 2 horas e 40 minutos. x=
Para fixarmos mais ainda nosso conhecimento, n
vamos analisar mais um exemplo.
Exemplo 2:Um texto ocupa 6 páginas de 45 linhas Onde n é o número de valores observados ou tama-
cada uma, com 80 letras (ou espaços) em cada linha. nho amostral e:
Para torná-lo mais legível, diminui-se para 30 o núme-
ro de linhas por página e para 40 o número de letras n
(ou espaços) por linha. Considerando as novas condi-
ções, determine o número de páginas ocupadas.
Ʃxi = x + x + ⋯ + x (soma dos valores observados).
i=1
1 2 n
0 0 0 1 1 1 1
CAPITAL
EMPRESTADO VALOR REAJUSTADO
Interpretando a fórmula, temos uma lista de (1000,00)
números (x1, x2, x3, ..., xn) com pesos respectivos (p1, p2, 1° mês = 1000,00 1000,00 + (5% de 1000,00) = 1050,00
p3, ..., pn), então, a média aritmética ponderada é dada 2° mês = 1050,00 1050,00 + (5% de 1000,00) = 1100,00
pela fórmula apresentada acima.
3° mês = 1100,00 1100,00 + (5% de 1000,00) = 1150,00
Veja um exemplo: Um aluno prestou vestibular
para Engenharia e realizou provas de matemática, 4° mês = 1150,00 1150,00 + (5% de 1000,00) = 1200,00
Física, Química, História e Biologia. Suponha que o 5° mês = 1200,00 1200,00 + (5% de 1000,00) = 1250,00
peso de Matemática seja 4, de Física seja 4, de Química
seja 2, de História seja 1 e de Biologia seja 1. Suponha Ao final do 5° mês você terá recebido 250,00 reais
ainda que o estudante obteve as seguintes notas: de juros.
Fórmulas utilizadas em juros simples
MATÉRIAS NOTAS (XI) PESO (PI)
4+4+2+1+1
Para aplicar corretamente uma taxa de juros, é im-
portante saber a unidade de tempo sobre a qual a taxa
38,8 + 35,2 + 14,6 + 6 +5,7
de juros é definida. Isto é, não adianta saber apenas
X=
12 que a taxa de juros é de “5%”. É preciso saber se essa
taxa é mensal, bimestral, anual etc. Dizemos que duas
taxas de juros são proporcionais quando guardam a
100,3
mesma proporção em relação ao prazo. Por exemplo,
X= = 8,35
12 12% ao ano é proporcional a 6% ao semestre, e tam-
bém é proporcional a 1% ao mês. 323
Basta efetuar uma regra de três simples. Para
obtermos a taxa de juros bimestral, por exemplo, que 5x = 20
é proporcional à taxa de 12% ao ano:
x = 20 / 5 (isolamos o “x” transferindo o seu coe-
12% ao ano ----------------------- 1 ano ficiente “5” dividindo)
Taxa bimestral ------------------ 2 meses
x = 4.
Podemos substituir 1 ano por 12 meses, para dei-
xar os valores da coluna da direita na mesma unidade O valor de x que torna a igualdade correta é cha-
temporal, temos: mado de “raiz da equação”. Uma equação de primeiro
grau sempre tem apenas 1 raiz. Veja que se substituir-
12% ao ano ---------------------- 12 meses mos o valor encontrado de “x” na equação ela ficará
Taxa bimestral ------------------ 2 meses
igual a zero em ambos os lados. Observe:
Efetuando a multiplicação cruzada, temos:
Para x = 4
12% x 2 = Taxa bimestral x 12 10x = 5x + 20
10 . 4 = 5 . 4 + 20
Taxa bimestral = 2% ao bimestre 40 = 40
40 – 40 = 0
Duas taxas de juros são equivalentes quando são
capazes de levar o mesmo capital inicial C ao montan- z Equação do Segundo Grau
te final M, após o mesmo intervalo de tempo.
Uma outra informação muito importante e que Equações do segundo grau são equações nas quais
você deve memorizar é que o cálculo de taxas equi- o maior expoente de x é igual a 2.
valentes quando estamos no regime de juros simples Sua forma geral é expressa por: ax2 + bx + c = 0.
pode ser entendido assim: 1% ao mês equivale a 6% Onde a, b e c são os coeficientes da equação.
ao semestre ou 12% ao ano, e levarão o mesmo capital
inicial C ao mesmo montante M após o mesmo perío- a é sempre o coeficiente do termo em x².
do de tempo. b é sempre o coeficiente do termo em x.
c é sempre o coeficiente ou termo independente.
Sistemas de Equações de Primeiro Grau (sistemas Nesse exemplo, não vamos precisar fazer uma
lineares) multiplicação, pois já temos a condição necessária
para eliminarmos o “y” da equação. Então, devemos
MATEMÁTICA
Em alguns casos, pode ser que tenhamos mais de fazer apenas a soma das equações. Veja:
uma incógnita. Imagine que um exercício diga que: x
*
+ y = 10. x + y = 10
Perceba que há infinitas possibilidades de x e y
que tornam essa igualdade verdadeira: 2 e 8, 5 e 5, 4x - y = 5
15 e -10, etc. Por esse motivo, faz-se necessário obter 5x = 15
mais uma equação envolvendo as duas incógnitas x=3
para poder chegar nos seus valores exatos. Veja o
exemplo a seguir: 325
Substituindo o valor de “x” na primeira equação
VALOR DA VARIÁVEL FREQUÊNCIAS
achamos o valor de “y”: RELATIVAS (Fri)
x + y = 10 Masculino 56,67%
3 + y = 10 Feminino 43,33%
y = 10 – 3
y=7 Note que a frequência relativa é dada por Fi / n,
onde Fi é o número de frequências de determinado
valor da variável, e n é o número total de observações.
Veja um outro exemplo que vamos precisar
Agora, vamos analisar uma tabela onde a variável
multiplicar: pode assumir um grande número de valores distintos.
Vamos representar na tabela a variável “Altura dos
*
x + y = 10 moradores de Campinas”:
x - 2y = 4
VALOR DA VARIÁVEL FREQUÊNCIAS (Fi)
Multiplicando por -1 a primeira equação, temos: 1,51m 12
1,54m 17
(
- x - y = - 10 1,57m 4
x - 2y = 4 1,60m 2
1,63m 10
Fazendo a soma: 1,67m 5
1,75m 13
(
- x - y = - 10 1,81m 15
x - 2y = 4 1,89m 2
-3y = -6
Quando isto acontece, é importante resumir os
y = -6 / -3 dados de maneira que fique mais fácil para uma leitu-
y= 2 ra e interpretação da tabela. Na ocasião, vamos criar
intervalos que chamaremos de “Classes”.
Substituindo o valor de “y” na primeira equação
achamos o valor de “x”:
CLASSE FREQUÊNCIAS (FI)
x + y = 10 1,50 | - 1,60 33
x + 2 = 10 1,60 | - 1,70 17
x = 10 – 2 1,70 | - 1,80 13
x = 8.
1,80 | - 1,90 17
Uma outra maneira muito utilizada a são os gráfi- São mais utilizados nas representações de séries
cos. Vejamos abaixo alguns tipos. temporais. Vamos analisar a evolução de um ano para
o outro, se houve um crescimento ou um decréscimo
z Colunas ou barras justapostas no número de alunos dentre as séries que estão em
evidência para estudo dentro da escola. Observe:
Utilizamos o gráfico de colunas ou barras justapos-
tas para dados agrupados por valor ou por atributo.
Vamos supor que estamos interessados nas idades de
alguns alunos. O gráfico relaciona as idades com as
respectivas frequências.
IDADE X FREQUÊNCIA
z Histograma
×10 ×10 ×10 ×10 ×10 ×10 1 quilograma (kg) 1000 gramas (g)
:10 :10 :10 :10 :10 :10 1 mililitro (ml) 1centímetro cúbico (cm3)
×100 ×100 ×100 ×100 ×100 ×100 20 minutos = 20 / 60 = 2/6 = 1/3 da hora ou 1/3h.
Para medir ângulos, a unidade básica é o grau.
Km2 hm2 dam2 m2 dm2 cm2 mm2
Temos as seguintes relações:
:100 :100 :100 :100 :100 :100 1 grau equivale a 60 minutos (1º = 60’)
1 minuto equivale a 60 segundos (1’ = 60”)
Exemplo: Converter 5,3 m2 para cm2.
Para sair do metro quadrado e chegar no cen- Aqui vale fazer uma observação: os minutos e os
tímetro quadrado devemos multiplicar por 10000 segundos dos ângulos não são os mesmos do sistema
(100x100), pois “andamos” duas casas até chegar em (hora – minuto – segundo). Os nomes são semelhantes,
centímetro quadrado. Logo, mas os símbolos que os indicam são diferentes, veja:
5,3m2 = 5,3 x 10000 = 53000 cm2.
1h32min24s é um intervalo de tempo ou um ins-
Medidas de Volume (Capacidade) tante do dia.
1º 32’ 24” é a medida de um ângulo.
A unidade principal tomada como referência é o
metro cúbico. Além dele, temos outras seis unidades Medidas de Massa
diferentes que servem para medir dimensões maiores
ou menores. A conversão de unidades de superfície As unidades abaixo são as mais utilizadas quando
segue potências de 1000. Veja o esquema abaixo: estamos trabalhando a massa de uma matéria. Veja
quais são:
Km3 hm3 dam3 m3 dm3 cm3 mm3
(quilômetro
cúbico)
(hectômetro
cúbico)
(decâmetro
cúbico)
(metro
cúbico)
(decímetro (centímetro
cúbico) cúbico)
(mlímetro
cúbico)
Tonelada (t), Quilograma (kg), Grama (g) e
Miligrama (mg).
×1.000 ×1.000 ×1.000 ×1.000 ×1.000 ×1.000 Vamos tomar como base as relações abaixo para
converter uma unidade em outra. Observe:
Km3 hm3 dam3 m3 dm3 cm3 mm3
1 t = 1000 kg (uma tonelada tem mil quilogramas);
1 kg = 1000 g (um quilograma tem mil gramas);
328 :1.000 :1.000 :1.000 :1.000 :1.000 :1.000 1 g = 1000 mg (uma grama tem mil miligramas).
Observe o exemplo a seguir de uma conversão:
NOÇÕES DE GEOMETRIA: FORMA,
Vamos transformar 3,5 kg em gramas. PERÍMETRO, ÁREA, VOLUME, ÂNGULO
Sabemos que 1 kg equivale a 1000 gramas, logo:
E TEOREMA DE PITÁGORAS
1 kg — 1000 g
3,5 Kg — x GEOMETRIA PLANA
x = 3,5 × 1000
x = 3500 g Polígonos
Então, podemos dizer que 3,5 kg equivalem a 3500 g. Vamos considerar n · (n ≥ 3) pontos ordenados A1,
A2, ..., An. Consideremos também os n segmentos con-
Medidas de Temperatura secutivos determinados por estes pontos (A1A2, A2A3,
..., AnA1), de modo que não existam dois segmentos
O instrumento para a medição de temperatura é o consecutivos colineares. Definimos Polígono como a
termômetro, que é um tubo graduado com um líquido reunião dos pontos dos n segmentos considerados.
em seu interior (mercúrio ou álcool). As escalas mais Vejamos alguns exemplos:
comuns para medir temperatura são:
A
z Celsius. Medida em graus centígrados; D
z Kelvin. Medido em Kelvin;
z Fahrenheit. Medida em graus Fahrenheit.
TK = ToC + 273 G
250 = T + 273
o
C F
ToC = 273 – 250 H
T = –23°
o L M
C
Q O
Exemplo 2: Transformar 85 oC para oF:
ToC / 5 = (ToF-32) / 9
85/5 = (ToF-32) / 9 R P N
17 = (ToF-32) / 9
Figura 49. Polígonos
17 × 9 = ToF-32
Região Poligonal
153 + 32 = ToF
ToF = 185° A região poligonal é a reunião do polígono com o
seu interior.
Veja agora algumas relações que você precisar ter G
em mente para resolver diversas questões:
A
UNIDADE RELAÇÃO DE UNIDADE F
E
n (n – 3)
D
d=
2
z 1° caso: 3� n � 9
n = 3 – Triângulo C
n = 4 – Quadrilátero
n = 5 – Pentágono
n = 6 – Hexágono
n = 7 – Heptágono
n = 8 – Octógono
n = 9 – Eneágono;
330
L Quando trabalhamos o conceito de cálculo de
K
áreas das figuras geométricas, usamos a unidade ao
quadrado. No nosso exemplo, tínhamos centímetros e
passamos para centímetros quadrados, que neste caso
é a unidade de área.
H
J Quadrado
O L L
M
N
L
A1
B1 A área também será dada pela multiplicação da
z
base pela altura (b x h). Como ambas medem L, tere-
C1 mos L x L, ou seja:
W
A = L2
D1
V Trapézio
(B + b) # h
A=
2
b Losango
z Área do Retângulo: Chamamos o lado “b” maior É um polígono com 4 lados de mesmo comprimen-
de base, e o lado menor “h” de altura. to. Veja a seguir:
fórmula:
A=b×h
L L
Exemplo: Em um retângulo com 10 centímetros de
lado e 5 centímetros de altura, a área será:
Para calcular a área de um losango, vamos preci-
A = 10cm × 5cm = 50cm2 sar das suas duas diagonais: maior (D) e menor (d) de
acordo com a figura a seguir: 331
b#h
L L A=
2
d Vamos conhecer os tipos de triângulos existentes:
D
Triângulo isósceles: é o triângulo que tem dois
L L
lados iguais. Consequentemente, os 2 ângulos
internos da base são iguais (simbolizados na
Assim, a área do losango é dada pela fórmula a figura pela letra A):
seguir:
D#d
A=
2
Paralelogramo a a
c
É um quadrilátero (4 lados) com os lados opostos
paralelos entre si. Esses lados opostos possuem o mes-
mo tamanho.
b
A A
h C
Triângulo escaleno: é o triângulo que possui os
três lados com medidas diferentes, tendo tam-
b bém os três ângulos internos distintos entre si:
a B
A=b×h c
Triângulo
C A
Trata-se de uma figura geométrica com 3 lados.
Veja-a a seguir: b
a c
A
a a
b
A A
Para calcular a área do triângulo, é preciso conhe- a
cer a sua altura (h):
Podemos calcular a altura usando a seguinte
fórmula:
a 3
c h=
a 2
O lado “b”, em relação ao qual a altura foi dada, é Triângulo retângulo: possui um ângulo de 90°.
chamado de base. Assim, calcula-se a área do triângu-
332 lo utilizando a seguinte fórmula:
h2 = m×n
b2 = m×a
B c2 = n×a
c b×c = a×h
a
Essas fórmulas são chamadas de relações métricas
do triângulo retângulo.
A
Círculo
b
Todos os pontos estão a uma mesma distância em
Temos as seguintes nomenclaturas para cada lado relação ao centro do círculo ou circunferência, cha-
do triângulo. Veja: mada de raio e geralmente representada por “r”. Veja
O ângulo marcado com um ponto é o ângulo reto na figura a seguir:
(90º). Oposto a ele temos o lado “c” do triângulo, que
chamaremos de hipotenusa. Já os lados “a” e “b”,
que são adjacentes ao ângulo reto, são chamados de
catetos.
z Teorema de pitágoras r
Figura 41. Triângulo Retângulo ABC O perímetro de uma circunferência, que é o mesmo
que o comprimento da circunferência, é dado por:
Observação 1: a medida dos lados BC, AC e AB são
dados respectivamente por a, b e c. C=2×π×r
Observação 2: o lado a é chamado de hipotenusa
e os lados b e c de catetos. Para exemplificar, agora vamos calcular o períme-
Observação 3: pelo teorema de Pitágoras temos tro daquela circunferência com 10cm de raio:
a seguinte relação entre os lados do triângulo retân-
gulo: a2 = b2 + c2 C = 2 × 3,14 × 10
Agora vamos falar sobre algumas métricas interes- C = 6,28 × 10 = 62,8 cm
santes que estão presentes no triângulo retângulo.
O diâmetro (D) de uma circunferência é um seg-
mento de reta que liga um lado ao outro da circun-
ferência, passando pelo centro. Veja que o diâmetro
mede o dobro do raio, ou seja, 2r.
b h c
MATEMÁTICA
n m
C H B
a D = 2r
360° --------------------- 2 πr
α -------------------------- Comprimento do setor circular O
Logo,
B
a # 2rr
Comprimento do setor circular =
360c
Figura 3. Setor Angular
ÂNGULOS
Definimos ângulo como a união de duas semirre- Vejamos de que maneira os ângulos podem ser
tas de mesma origem e não colineares (que não per- classificados.
tencem a uma mesma reta). Veja a figura adiante:
Ângulos Consecutivos: dois ângulos serão
A chamados de Consecutivos quando tiverem o
mesmo vértice e um lado em comum.
A
O
B B
O
B B
O
Figura 8. Ângulo Agudo
F O B
O H
A
MATEMÁTICA
Dica
As faces do paralelepípedo são retangulares,
enquanto as faces do cubo são todas quadra-
C O B das. A área total do cubo é a soma das 6 faces
quadradas. Ou seja,
Figura 11. Ângulos Suplementares
AT = 6a2
Observação: os ângulos AÔC e AÔB são
suplementares. Agora no paralelepípedo reto-retângulo temos 2
retângulos de lados (a, b), dois retângulos de lados (b,
Bissetriz de um Ângulo c) e dois retângulos de lados (b, c). Portanto, a área
total de um paralelepípedo é:
Sejam os ângulos AÔB e BÔC, de vértice comum e
lado OB, também comum, conforme a figura abaixo. AT = 2ab + 2ac + 2bc
A semirreta OC divide o ângulo AÔB em duas partes
congruentes, ou seja, iguais. Essa semirreta é denomi- Prismas
nada bissetriz do ângulo AÔB.
Portanto, a Bissetriz de um Ângulo é uma semir- Vamos estudar os prismas retos, ou seja, aqueles
reta que tem origem no vértice e divide o ângulo em que tem as arestas laterais perpendiculares às bases.
duas partes iguais. Os prismas são figuras espaciais bem parecidas com
os cilindros. O que os difere é que a base de um prisma
A não é uma circunferência.
O prisma será classificado de acordo com a sua
base. Por exemplo, se a base for um pentágono, o pris-
ma será pentagonal.
C
Bissetriz
O
b
a a
H
R
H
A = 4 × πr2
Cone
pirâmide pirâmide
Observe a figura a seguir: hexagonal heptagonal
Base
337
Veja: 2. (VUNESP – 2020) Em um grupo com somente pessoas
com idades de 20 e 21 anos, a razão entre o número
de pessoas com 20 anos e o número de pessoas com
21 anos, atualmente, é 4/5. No próximo mês, duas pes-
soas com 20 anos farão aniversário, assim como uma
pessoa com 21 anos, e a razão em questão passará a
ser de 5/8. O número total de pessoas nesse grupo é
m1
a) 30.
b) 29.
c) 28.
m d) 27.
e) 26.
A área lateral da pirâmide é dada por: A razão entre o número de pessoas com 20 anos e o
número de pessoas com 21 anos, atualmente, é 4/5.
Aℓ = pm′ 120
=
4x
total de 9x
121 5x
No próximo mês, duas pessoas com 20 anos farão
A área total da pirâmide é dada por:
aniversário, assim como uma pessoa com 21 anos, e
a razão em questão passará a ser de 5/8.
AT = Ab + Aℓ 120 4x - 2 5
= =
121 5x + 2 - 1 8
O volume da pirâmide é calculado da mesma for- 4x - 2 5
ma que o volume do cone: 1/3 do produto da área da 5x + 1
=
8
base pela altura. Veja: 8 (4x - 2) = 5 (5x + 1)
Ab # h 32x – 16 = 25x + 5
V= 3 7x = 21
x=3
Para sabermos o total de pessoas, basta substituir o
RESOLUÇÃO DE SITUAÇÕES-PROBLEMA valor de X na primeira equação:
9x = 9 x 3 = 27 é o número total de pessoas nesse
Dentro de toda a teoria que já foi estudada sobre grupo. Resposta: letra D.
os diversos conceitos de Raciocínio Lógico, vamos
agora resolver algumas questões de diversas bancas 3. (IBADE – 2018) Três agentes penitenciários de um
que envolvem problemas com lógica e raciocínio para país qualquer, Darlan, Arley e Wanderson, recebem
que você possa praticar. juntos, por dia, R$ 721,00. Arley recebe R$ 36,00 mais
Vamos lá! que o Darlan, Wanderson recebe R$ 44,00 menos que
o Arley. Assinale a alternativa que representa a diária
1. (FAEPESUL – 2016) Em uma turma de graduação em de cada um, em ordem crescente de valores.
Matemática Licenciatura, de forma fictícia, temos
que a razão entre o número de mulheres e o número a) R$ 249,00, R$ 213,00 e R$ 169,00.
total de alunos é de 5/8. Determine a quantidade de b) R$ 169,00, R$ 213,00 e R$ 249,00.
homens desta sala, sabendo que esta turma tem 120 c) R$ 145,00, R$ 228,00 e R$ 348,00.
alunos. d) R$ 223,00, R$ 231,00 e R$ 267,00
e) R$ 267,00, R$ 231,00 e R$ 223,00.
a) 43 homens
b) 45 homens D + A + W = 721
c) 44 homens A = D + 36
d) 46 homens W = A - 44
e) 47 homens Substituímos Arley em Wanderson:
W= A - 44
A razão entre o número de mulheres e o número W= 36+D-44
total de alunos é de 5/8: W= D-8
M 5 Substituímos na fórmula principal:
= D + A + W = 721
T 8
A turma tem 120 alunos, então: T = 120 D + 36 + D + D – 8 = 721
Fazendo os cálculos: 3D + 28 = 721
M 5 3D = 721 - 28
=
T 8 D = 693/3
M 5 D = 231
=
120 8 Substituímos o valor de D nas outras:
8 x M = 5 x 120 A = D + 36
8M = 600 A= 231+36= 267
600
M= W = A - 44
8
W= 267-44
M = 75 W= 223
A quantidade de homens da sala:
338 120 - 75 = 45 homens. Resposta: Letra B.
Logo, os valores em ordem crescente que Wander- 6 Pessoas ------- x Dias
son, Darlan, Arley recebem são, respectivamente, Temos grandezas inversas, então é só multiplicar
R$ 223,00, R$ 231,00 e R$ 267,00. Resposta: Letra D. na horizontal:
6x = 4 . 24
4. (CESPE-CEBRASPE – 2018) A respeito de razões, pro- 6x = 96
porções e inequações, julgue o item seguinte. x = 96/6
Situação hipotética: Vanda, Sandra e Maura receberam x = 16
R$ 7.900 do gerente do departamento onde trabalham, Como já haviam comido por 6 dias é só somar:
para ser divido entre elas, de forma inversamente propor- 6 dias (consumidos por 4) + 16 dias (consumidos por
cional a 1/6, 2/9 e 3/8, respectivamente. Assertiva: Nes- 6) = 22 dias (a comida acabará no dia 22 de abril).
sa situação, Sandra deverá receber menos de R$ 2.500. Resposta: Errado.
a) 48 cm2.
× b) 50 cm2.
c) 52 cm2.
d) 60 cm2.
e) 64 cm2.
2
Suponha que dois tanques, A e B, contenham quanti-
2,5 dades iguais, em litros, de um combustível formado
pela mistura de gasolina e de álcool anidro, sendo 25%
Sabe-se que para enchê-lo completamente, sem trans- o teor de álcool na mistura do tanque A e 27,5%, o teor
bordar, é necessário adicionar mais 3,5 m³ de água. de álcool na mistura do tanque B. Nessas condições, é
Nessas condições, é correto afirmar que a medida da correto afirmar que a quantidade de álcool no tanque
altura desse reservatório, indicada por h na figura, é, B supera a quantidade de álcool no tanque A em
em metros, igual a
a) 10%.
a) 1,25. b) 5%.
c) 7,5%.
b) 1,5.
d) 2,5%.
c) 1,75.
e) 8%.
d) 2,0.
e) 2,5.
3. (TJSP – VUNESP – 2013) Acessando o site de deter-
minada loja, Lucas constatou que, na compra pela
O volume total do reservatório é de 4 + 3,5 = 7,5m3. internet, com prazo de entrega de 7 dias úteis, o note-
Usando a fórmula para calcular o volume, ou seja, book pretendido custava R$ 110,00 a menos do que
Volume = comprimento x largura x altura na loja física que, por outro lado, oferecia a entrega
7,5 = 2,5 x 2 x h imediata do aparelho. Como ele tinha urgência, foi até
3=2xh a loja física e negociou com o gerente, obtendo um
h = 1,5m desconto de 5% e, dessa forma, comprou o aparelho,
342 Resposta: Letra B. pagando o mesmo preço que pagaria pela internet.
Desse modo, é correto afirmar que o preço que Lucas 8. (TJSP – VUNESP – 2010) As 360 páginas de um pro-
pagou pelo notebook, na loja física, foi de cesso estão acondicionadas nas pastas A e B, na
razão de 2 para 3, nessa ordem. O número de páginas
a) R$ 2.110,00. que devem ser retiradas da pasta B e colocadas na
b) R$ 2.200,00. pasta A, para que ambas fiquem com o mesmo núme-
c) R$ 2.000,00. ro de páginas, representa, do total de páginas desse
d) R$ 2.310,00. processo,
e) R$ 2.090,00.
a) 1/4.
4. (TJSP – VUNESP – 2012) Do valor total recebido pela b) 1/5.
venda de um terreno, Ricardo separou 20% para cus- c) 1/6.
tear uma pequena reforma em sua casa e reservou o d) 1/8.
restante para a compra de um carro novo. Sabe-se e) 1/10.
que 60% do valor separado para a reforma foi usado
na compra de material de construção, e o restante, no 9. (TJSP – VUNESP – 2018) Um estabelecimento comer-
pagamento da mão de obra. Sabendo-se que Ricardo cial possui quatro reservatórios de água, sendo três
gastou R$ 6.000,00 com a mão de obra empregada na deles de formato cúbico, cujas respectivas arestas
reforma, pode-se afirmar que, para a compra do carro têm medidas distintas, em metros, e um com a
novo, Ricardo reservou forma de um paralelepípedo reto retângulo, conforme
ilustrado a seguir.
a) R$ 50.000,00.
b) R$ 65.000,00.
c) R$ 60.000,00.
d) R$ 75.000,00.
e) R$ 70.000,00.
a) R$ 600,00. a) 12,5.
b) R$ 500,00. b) 15,5.
c) R$ 400,00. c) 14.
d) R$ 300,00. d) 16.
e) R$ 200,00. e) 11. 343
11. (TJSP – VUNESP – 2015) Dois recipientes (sem tam- a) 240.
pa), colocados lado a lado, são usados para captar b) 210.
água da chuva. O recipiente A tem o formato de um c) 200.
bloco retangular, com 2 m de comprimento e 80 cm d) 230.
de largura, e o recipiente B tem a forma de um cubo de e) 260.
1 m de aresta. Após uma chuva, cuja precipitação foi
uniforme e constante, constatou-se que a altura do 14. (TJSP – VUNESP – 2012) Observe a sequência de
quadrados, em que a medida
nível da água no recipiente B tinha aumentado 25 cm,
sem transbordar. Desse modo, pode-se concluir que a
água captada pelo recipiente A nessa chuva teve volu-
me aproximado, em m³, de
a) 0,40.
b) 0,36.
c) 0,32.
d) 0,30.
e) 0,28.
a) 1/4
b) 1/12
c) 1/10
d) 1/8
e) 1/2
1 a) 3/5
a) x².
8 b) 4/9
1 c) 2/3
b) x². d) 3/8
4
1 e) 1/3
c) x².
3
1 16. (TJSP – VUNESP – 2014) Observe a sequência de
d) x². figuras feitas em uma malha quadriculada, sendo cada
12
figura composta por quadradinhos brancos e pretos.
1
e) x².
4
13. (TJSP – VUNESP – 2013) A figura mostra um terre-
no retangular cujas dimensões indicadas estão em
metros.
Figura 1 Figura 2 Figura 3
a) 98.
b) 93.
c) 103.
d) 108.
e) 113.
O proprietário cedeu a um vizinho a região quadrada
indicada por Q na figura, com área de 225 m². O perí- 17. (TJSP – VUNESP – 2018) No posto Alfa, o custo, para
metro (soma das medidas dos lados), em metros, do o consumidor, de um litro de gasolina é R$ 3,90, e o
344 terreno remanescente, após a cessão, é igual a de um litro de etanol é R$ 2,70. Se o custo de um litro
de uma mistura de quantidades determinadas desses Nessas condições, é correto afirmar que o perímetro
dois combustíveis é igual a R$ 3,06, então o número da folha ABCD, em centímetros, é igual a
de litros de gasolina necessários para compor 40 litros
dessa mistura é igual a a) 68.
b) 60.
a) 28. c) 64.
b) 20. d) 56.
c) 16. e) 72.
d) 24.
e) 12.
GABARITO COMENTADO
18. (TJSP – VUNESP – 2018) Um investidor adquiriu um
terreno por R$ 74.000,00. Algum tempo depois, o terre- 1.
no foi vendido, e o lucro obtido pelo investidor foi igual
a 20% do valor da venda. Se esse investidor concei- Organizando os dados:
tua lucro como sendo a diferença entre os valores de X = votos totais
venda e de compra, então o lucro obtido por ele nessa Setor político = 27% de X
negociação foi de Setor jurídico = 15% de X
Como o setor político recebeu 87 votos a mais do
a) R$ 14.400,00. que Setor jurídico, logo:
b) R$ 15.870,00. 0,27X = 0,15X + 87
c) R$ 18.500,00. X = 87/0,12
d) R$ 16.600,00. X = 725 (votos totais)
e) R$ 17.760,00 Média = 725 / (5 setores)
Média = 145
19. (TJSP – VUNESP – 2014) Para efeito decorativo, um Resposta: Letra E.
arquiteto dividiu o piso de um salão quadrado em 8
regiões com o formato de trapézios retângulos con- 2.
gruentes (T), e 4 regiões quadradas congruentes (Q),
conforme mostra a figura: Total em cada tanque = 100 (supondo para facilit ar
os cálculos)
A = 25 litros (25% de 100)
B = 27,5 litros (27,5% de 100)
O tanque B tem 2,5 litros a mais do tanque A.
25L-----100%
2,5L------- x%
25x = 2,5 . 100
X = 250/ 25 = 10%
Resposta: Letra A.
3.
8.
17.
ANOTAÇÕES
Temos que:
3,9G + 2,7E = 3,06
G + E = 1 (Litro)
G=1-E
Substituindo na primeira equação:
3,9. (1 - E) + 2,7E = 3,06
3,9 - 3,9E + 2,7E = 3,06
-1,2E = -0,84
E = 0,84 / 1,2
E = 0,7
ETANOL = 0,7
GASOLINA = 0,3
Logo, 40 litros: 40 x 0,3 = 12,0
Resposta: Letra E.
18.
MATEMÁTICA
348
INFORMÁTICA
MS-WINDOWS 10
NOÇÕES DE SISTEMA OPERACIONAL WINDOWS: WINDOWS 10
O sistema operacional Windows foi desenvolvido pela Microsoft para computadores pessoais (PC) em meados
dos anos 80, oferecendo uma interface gráfica baseada em janelas, com suporte para apontadores como mouses,
touch pad (área de toque nos portáteis), canetas e mesas digitalizadoras.
Atualmente, o Windows é oferecido na versão 10, que possui suporte para os dispositivos apontadores tradi-
cionais, além de tela touch screen e câmera (para acompanhar o movimento do usuário, como no sistema Kinect
do videogame XBox).
Em concursos públicos, as novas tecnologias e suportes avançados são raramente questionados. As questões
aplicadas nas provas envolvem os conceitos básicos e o modo de operação do sistema operacional em um dispo-
sitivo computacional padrão (ou tradicional).
O sistema operacional Windows é um software proprietário, ou seja, não tem o núcleo (kernel) disponível e o
usuário precisa adquirir uma licença de uso da Microsoft.
O Windows 10 apresenta novidades em relação às versões anteriores, como assistente virtual, navegador de
Internet, locais que centralizam informações etc. Vejamos algumas delas:
z Botão Iniciar: permite acesso aos aplicativos instalados no computador, com os itens recentes no início da
lista e os demais itens classificados em ordem alfabética. Combina os blocos dinâmicos e estáticos do Windows
8 com a lista de programas do Windows 7;
z Pesquisar: com novo atalho de teclado, a opção pesquisar permite localizar, a partir da digitação de termos,
itens no dispositivo, na rede local e na Internet. Para facilitar a ação, tem-se o seguinte atalho de teclado: Win-
dows+S (Search);
z Cortana: assistente virtual. Auxilia em pesquisas de informações no dispositivo, na rede local e na Internet;
Importante!
A assistente virtual Cortana é uma novidade do Windows 10 que está aparecendo em provas de concursos
com regularidade. Semelhante ao Google Assistente (Android), Siri (Apple) e Alexa (Amazon), ela integra
recursos de acessibilidade por voz para os usuários do sistema operacional.
z Visão de Tarefas: permite alternar entre os programas em execução e abre novas áreas de trabalho. Seu ata-
lho de teclado é: Windows+TAB;
z Microsoft Edge: navegador de Internet padrão do Windows 10. Ele está configurado com o buscador padrão
Microsoft Bing, mas pode ser alterado;
z Microsoft Loja: loja de app’s para o usuário baixar novos aplicativos para Windows;
z Windows Mail: aplicativo para correio eletrônico, que carrega as mensagens da conta Microsoft e pode se
tornar um hub de e-mails com adição de outras contas;
z Barra de Acesso Rápido: ícones fixados de programas para acessar rapidamente;
z Fixar itens: em cada ícone, ao clicar com o botão direito (secundário) do mouse, será mostrado o menu rápido,
que permite fixar arquivos abertos recentemente e fixar o ícone do programa na barra de acesso rápido;
z Central de Ações: centraliza as mensagens de segurança e manutenção do Windows, como as atualizações do
sistema operacional. Atalho de teclado: Windows+A (Action). A Central de Ações não precisa ser carregada pelo
usuário, ela é carregada automaticamente quando o Windows é inicializado;
z Mostrar área de trabalho: visualizar rapidamente a área de trabalho, ocultando as janelas que estejam em
primeiro plano. Atalho de teclado: Windows+D (Desktop);
INFORMÁTICA
z Bloquear o computador: com o atalho de teclado Windows+L (Lock), o usuário pode bloquear o computador.
Poderá bloquear pelo menu de controle de sessão, acionado pelo atalho de teclado Ctrl+Alt+Del;
z Gerenciador de Tarefas: para controlar os aplicativos, processos e serviços em execução. Atalho de teclado:
Ctrl+Shift+Esc;
z Minimizar todas as janelas: com o atalho de teclado Windows+M (Minimize), o usuário pode minimizar todas
as janelas abertas, visualizando a área de trabalho;
z Criptografia com BitLocker: o Windows oferece o sistema de proteção BitLocker, que criptografa os dados de
uma unidade de disco, protegendo contra acessos indevidos. Para uso no computador, uma chave será grava-
da em um pendrive, e para acessar o Windows, ele deverá estar conectado; 349
z Windows Hello: sistema de reconhecimento facial ou biometria, para acesso ao computador sem a necessida-
de de uso de senha;
z Windows Defender: aplicação que integra recursos de segurança digital, como o firewall, antivírus e antispyware;
Dica
O botão direito do mouse aciona o menu de contexto sempre.
No Windows 10, os diretórios são chamados de pastas e algumas pastas são especiais, contendo coleções de
arquivos que são chamadas de Bibliotecas. Ao todo, são quatro Bibliotecas: Documentos, Imagens, Músicas e Vídeos.
O usuário poderá criar Bibliotecas para sua organização pessoal, uma vez que elas otimizam a organização dos
arquivos e pastas, inserindo apenas ligações para os itens em seus locais originais.
O sistema de arquivos NTFS (New Technology File System) armazena os dados dos arquivos em localizações
dos discos de armazenamento. Por sua vez, os arquivos possuem nome e podem ter extensões. Vale dizer que esse
sistema suporta unidades de armazenamento de até 256 TB (terabytes, trilhões de bytes).
Já o FAT32 suporta unidades de até 2 TB.
Agora, antes de prosseguir, vamos conhecer esses conceitos:
Trilhas Circunferência do disco físico (como um hard disk HD ou unidades removíveis ópticas)
Clusters Unidades de armazenamento no disco, identificado pela trilha e setor onde se encontra.
Pastas ou diretórios Estrutura lógica do sistema de arquivos para organização dos dados na unidade de disco
Pode identificar o tipo de arquivo, associando com um software que permita visualização
Extensão
e/ou edição. As pastas podem ter extensões como parte do nome
Arquivos especiais, que apontam para outros itens computacionais, como unidades, pas-
Atalhos tas, arquivos, dispositivos, sites na Internet, locais na rede etc. Os ícones possuem uma
seta, para diferenciar dos itens originais
O disco de armazenamento de dados tem o seu tamanho identificado em Bytes. São milhões, bilhões e até tri-
lhões de bytes de capacidade. Os nomes usados são do Sistema Internacional de Medidas (SI) e estão listados na
escala a seguir.
Exabyte
(EB)
Petabyte
(PB)
Terabyte
(TB)
Gigabyte trilhão
Megabyte (GB)
(MB) bilhão
Kilobyte
milhão
(KB) mil
Byte
(B)
350
Ainda não existem discos com capacidade na Documentos), Imagens (Minhas Imagens),
ordem de Petabytes (PB – quatrilhão de bytes) vendi- Vídeos (Meus Vídeos), Músicas (Minhas Músi-
dos comercialmente. Hoje, essas medidas muito altas cas) – bibliotecas;
são usadas para identificar grandes volumes de dados Estruturas do Usuário: Documentos (Meus
na nuvem, em servidores de redes, em empresas de Documentos), Imagens (Minhas Imagens),
dados etc. Vídeos (Meus Vídeos), Músicas (Minhas Músi-
Com relação ao Byte, entenda: 1 Byte representa cas) – bibliotecas;
uma letra, ou número, ou símbolo. Ele é formado por
Área de Trabalho: Desktop, que permite aces-
8 bits, que são sinais elétricos (que vale zero ou um).
so à Lixeira, Barra de Tarefas, pastas, arquivos,
Os dispositivos eletrônicos utilizam o sistema binário
programas e atalhos;
para representação de informações.
A palavra “Nova”, quando armazenada no dispo- Lixeira: Armazena os arquivos de discos rígi-
sitivo, ocupará 4 bytes. São 32 bits de informação gra- dos que foram excluídos, permitindo a recupe-
vada na memória. A palavra “Concursos”, ocupará 9 ração dos dados.
bytes, que são 72 bits de informação. z Atalhos
Os bits e bytes estão presentes em diversos momen-
Arquivos que indicam outro local: Extensão
tos do cotidiano. Um plano de dados de celular ofere-
LNK, podem ser criados arrastando o item com
ce um pacote de 5 GB, ou seja, poderá transferir até
ALT ou CTRL+SHIFT pressionado.
5 bilhões de bytes no período contratado. A conexão
wi-fi de sua residência está operando em 150 Mbps,
z Drivers
ou 150 megabits por segundo, que são 18,75 MB por
segundo, então um arquivo com 75 MB de tamanho Arquivos de configuração: Extensão DLL e
levará 4 segundos para ser transferido do seu disposi- outras, que são usadas para comunicação do
tivo para o roteador wireless. software com o hardware.
No Windows 10, a organização segue a seguinte criado na área de trabalho arrastando o ícone da
definição: pasta, mostrado na barra de endereços e soltando-
-o na área de trabalho.
z Pastas
Arquivos ocultos, arquivos de sistema ou arqui-
Estruturas do sistema operacional: Arquivos vos somente leitura esses atributos podem ser defini-
de Programas (Program Files), Usuários (Users), dos pelo item Propriedades no menu de contexto. O
Windows. A primeira pasta da undiade é cha- Explorador de Arquivos pode exibir itens que tenham
mada raiz (da árvore de diretórios), represen- o atributo oculto desde que ajuste a configuração
tada pela barra invertida: Documentos (Meus correspondente. 351
ÁREA DE TRABALHO
A interface gráfica do Windows é caracterizada pela Área de Trabalho, ou Desktop. A tela inicial do Windows
exibe ícones de pastas, arquivos, programas, atalhos, barra de tarefas (com programas que podem ser executados
e programas que estão sendo executados) e outros componentes do Windows.
A Área de Trabalho do Windows 10, também conhecida como Desktop, é reconhecida pela presença do papel
de parede ilustrando o fundo da tela. É uma imagem, que pode ser um bitmap (extensão BMP), uma foto (extensão
JPG), além de outros formatos gráficos. Ao ver o papel de parede em exibição, sabemos que o computador está
pronto para executar tarefas.
Na área de trabalho podemos encontrar Ícones e estes podem ser ocultados se o usuário escolher ‘Ocultar
ícones da área de trabalho’ no menu de contexto (botão direito do mouse, Exibir). Os ícones representam atalhos,
arquivos, pastas, unidades de discos e componentes do Windows (como Lixeira e Computador).
No canto inferior esquerdo encontraremos o botão Iniciar, que pode ser acionado pela tecla Windows ou pela
combinação de teclas Ctrl+Esc. Ao ser acionado, o menu Iniciar será apresentado na interface de blocos que sur-
giu com o Windows 8, interface Metro.
A ideia do menu Iniciar é organizar todas as opções instaladas no Windows 10, como acessar Configurações
(antigo Painel de Controle), programas instalados no computador, apps instalados no computador a partir da
Windows Store (loja de aplicativos da Microsoft) etc.
Ao lado do botão Iniciar encontramos a caixa de pesquisas (Cortana). Com ela, poderemos digitar ou ditar o
nome do recurso que estamos querendo executar e o Windows 10 apresentará a lista de opções semelhantes na
área de trabalho e a possibilidade de buscar na Internet. Além da digitação, podemos falar o que estamos queren-
do procurar, clicando no microfone no canto direito da caixa de pesquisa.
A seguir, temos o item Visão de Tarefas sendo uma novidade do Windows 10, que permite visualizar os dife-
rentes aplicativos abertos (como o atalho de teclado Alt+Tab clássico) e alternar para outra Área de Trabalho. O
atalho de teclado para Visão de Tarefas é Windows+Tab.
Enquanto no Windows 7 só temos uma Área de Trabalho, o Windows 10 permite trabalhar com várias áreas de
trabalho independentes, onde os programas abertos em uma não interfere com os programas abertos em outra.
A seguir, a tradicional Barra de Acesso Rápido, que organiza os aplicativos mais utilizados pelo usuário, per-
mitindo o acesso rápido, tanto por clique no mouse, como por atalhos (Windows+1 para o primeiro, Windows+2
para o segundo programa etc.) e também pelas funcionalidades do Aero (como o Aero Peek, que mostrará minia-
turas do que está em execução, e consequente transparência das janelas).
A Área de Notificação mostrará a data, hora, mensagens da Central de Ações (de segurança e manutenção),
processos em execução (aplicativos de segundo plano) etc. Atalho de teclado: Windows+B.
Por sua vez, em “Mostrar Área de Trabalho”, o atalho de teclado Windows+D mostrará a área de trabalho ao
primeiro clique e mostrará o programa que estava em execução ao segundo clique. Se a opção “Usar Espiar para
visualizar a área de trabalho ao posicionar o ponteiro do mouse no botão Mostrar Área de Trabalho na extremida-
de da barra de tarefas” estiver ativada nas Configurações da Barra de Tarefas, não será necessário clicar. Bastará
apontar para visualizar a Área de Trabalho.
Uma novidade do Windows 10 foi a incorporação dos Blocos Dinâmicos (que antes estavam na interface Metro
do Windows 8 e 8.1) no menu Iniciar. Os blocos são os aplicativos fixados no menu Iniciar. Se quiser ativar ou
desativar, pressione e segure o aplicativo (ou clique com o botão direito do mouse) que mostra o bloco dinâmico
352 e selecione Ativar bloco dinâmico ou Desativar bloco dinâmico.
Navegador padrão
do Windows 10 Atalhos
Itens Excluídos
Barra de Tarefas
Mostrar Área de Trabalho agora está no canto inferior direito, ao lado do relógio, na área de notificação da
Barra de Tarefas. O atalho continua o mesmo: Win+D (Desktop).
z Aplicativos fixados na Barra de Tarefas são ícones que permanecem em exibição todo o tempo.
z Aplicativo que está em execução 1 vez possui um pequeno traço azul abaixo do ícone.
z Aplicativo que está em execução mais de 1 vez possui um pequeno traço segmentado azul no ícone.
INFORMÁTICA
1 +1 não está em
execução execução execução
353
ÁREA DE TRANSFERÊNCIA
Um dos itens mais importantes do Windows não é visível como um ícone ou programa. A Área de Transfe-
rência é um espaço da memória RAM, que armazena uma informação de cada vez. A informação armazenada
poderá ser inserida em outro local, e ela acaba trabalhando em praticamente todas as operações de manipulação
de pastas e arquivos.
No Windows 10, se quiser visualizar o conteúdo da Área de Transferência, acione o atalho de teclado Windows+V
(View).
Ao acionar o atalho de teclado Ctrl+C (Copiar), estamos copiando o item para a memória RAM, para ser inse-
rido em outro local, mantendo o original e criando uma cópia.
Ao acionar o atalho de teclado PrintScreen, estamos copiando uma “foto da tela inteira” para a Área de Trans-
ferência, para ser inserida em outro local, como em um documento do Microsoft Word ou edição pelo acessório
Microsoft Paint.
Ao acionar o atalho de teclado Alt+PrintScreen, estamos copiando uma ‘foto da janela atual’ para a Área de
Transferência, desconsiderando outros elementos da tela do Windows.
Ao acionar o atalho de teclado Ctrl+V (Colar), o conteúdo que está armazenado na Área de Transferência será
inserido no local atual.
Dica
As três teclas de atalhos mais questionadas em questões do Windows são Ctrl+X, Ctrl+C e Ctrl+V, que acio-
nam os recursos da Área de Transferência.
As ações realizadas no Windows, em sua quase totalidade, podem ser desfeitas ao acionar o atalho de tecla-
do Ctrl+Z imediatamente após a sua realização. Por exemplo, ao excluir um item por engano e pressionar Del
ou Delete, o usuário pode acionar Ctrl+Z (Desfazer) para restaurá-lo novamente, sem necessidade de acessar a
Lixeira do Windows. Ainda, cabe mencionar que outras ações podem ser repetidas, acionando o atalho de teclado
Ctrl+Y (Refazer), quando possível.
Para obter uma imagem de alguma janela em exibição, além dos atalhos de teclado PrintScreen e Alt+PrintS-
creen, o usuário pode usar o recurso Instantâneo, disponível nos aplicativos do Microsoft Office. Outra forma de
realizar esta atividade é usar a Ferramenta de Captura (Captura e Esboço), disponível no Windows.
No entanto, se o usuário quer apenas gravar a imagem capturada, poderá fazer com o atalho de teclado Win-
dows+PrintScreen, que salva a imagem em um arquivo na pasta “Capturas de Tela”, na Biblioteca de Imagens.
Conforme se vê, a Área de Transferência é um dos principais recursos do Windows, que permite o uso de
comandos, realização de ações e controle das ações que serão desfeitas.
Ao nomear arquivos e pastas, algumas regras precisam ser conhecidas, para que a operação seja realizada
com sucesso:
z O Windows não é case sensitive. Ele não faz distinção entre letras minúsculas ou letras maiúsculas. Um arqui-
vo chamado documento.docx será considerado igual ao nome Documento.DOCX;
z O Windows não permite que dois itens tenham o mesmo nome e a mesma extensão quando estiverem arma-
zenados no mesmo local;
z O Windows não aceita determinados caracteres nos nomes e extensões. São caracteres reservados, para outras
operações, que são proibidos na hora de nomear arquivos e pastas. Os nomes de arquivos e pastas podem ser
compostos por qualquer caractere disponível no teclado, exceto os caracteres * (asterisco, usado em buscas),
? (interrogação, usado em buscas), / (barra normal, significa opção), | (barra vertical, significa concatenador
de comandos), \ (barra invertida, indica um caminho), “ (aspas, abrange textos literais), : (dois-pontos, significa
unidade de disco), < (sinal de menor, significa direcionador de entrada) e > (sinal de maior, significa direcio-
nador de saída);
z Existem termos que não podem ser usados, como CON (console, significa teclado), PRN (printer, significa
impressora) e AUX (indica um auxiliar), por referenciar itens de hardware nos comandos digitados no Prompt
de Comandos. (por exemplo, para enviar para a impressora um texto através da linha de comandos, usamos
TYPE TEXTO.TXT > PRN).
Entre os caracteres proibidos, o asterisco é o mais conhecido. Ele pode ser usado para substituir de zero à N
caracteres em uma pesquisa, tanto no Windows como nos sites de busca na Internet.
Com relação às ações realizadas pelos usuários quanto à manipulação de arquivos e pastas, elas estão condi-
cionadas ao
local em que serão efetuadas, ou seja, ao local de origem e destino dessas ações. Tais operações podem ser
realizadas com atalhos de teclado, com o mouse, ou com a combinação de ambos.
É importante saber disso, pois as
bancas organizadoras costumam questionar ações práticas nas provas. Na maioria das vezes, utilizam-se ima-
gens nas questões, algo que facilita a resolução das mesmas. Portanto, atente-se àquilo que o enunciado pede,
354 buscando identificar esses detalhes, pois são determinantes para o resultado da operação.
OPERAÇÕES COM TECLADO
Atalhos de teclado Resultado da operação
Ctrl+X e Ctrl+V
Não é possível recortar e colar na mesma pasta. Será exibida uma mensagem de erro
na mesma pasta
Ctrl+X e Ctrl+V
Recortar (da origem) e colar (no destino). O item será movido
em locais diferentes
Ctrl+C e Ctrl+V Copiar e colar. O item será duplicado. A cópia receberá um sufixo (Copia) para diferen-
na mesma pasta ciar do original
Ctrl+C e Ctrl+V Copiar (da origem) e colar (no destino). O item será duplicado, mantendo o nome e
em locais diferentes extensão
Tecla Delete em um item do Deletar, apagar, enviar para a Lixeira do Windows, podendo recuperar depois, se o item
disco rígido estiver em um disco rígido local interno ou externo conectado na CPU
Tecla Delete em um item do Será excluído definitivamente. A Lixeira do Windows não armazena itens de unidades
disco removível removíveis (pendrive), ópticas ou unidades remotas
Shift+Delete Independentemente do local onde estiver o item, ele será excluído definitivamente
Renomear. Trocar o nome e a extensão do item. Se houver outro item com o mesmo
F2 nome no mesmo local, um sufixo numérico será adicionado para diferenciar os itens.
Não é permitido renomear um item que esteja aberto na memória do computador
Lixeira
Um dos itens mais questionados em concursos públicos é a Lixeira do Windows. Ela armazena os itens que
foram excluídos de discos rígidos locais, internos ou externos conectados na CPU.
Ao pressionar o atalho de teclado Ctrl+D, ou a tecla Delete (DEL), o item é removido do local original e arma-
zenado na Lixeira.
Quando o item está na Lixeira, o usuário pode escolher a opção Restaurar, para retornar ele para o local
original. Se o local original não existe mais, pois suas pastas e subpastas foram removidas, a Lixeira recupera o
caminho e restaura o item.
Os itens armazenados na Lixeira poderão ser excluídos definitivamente, escolhendo a opção “Esvaziar Lixeira” no
menu de contexto ou faixa de opções da Lixeira.
Quando acionamos o atalho de teclado Shift+Delete, o item será excluído definitivamente. Pelo Windows,
itens excluídos definitivamente ou apagados após esvaziar a Lixeira não poderão ser recuperados. É possível
recuperar com programas de terceiros, porém isso não deve ser levado em conta durante a resolução de sua pro-
va, pois as bancas questionam a configuração padrão.
Os itens que estão na Lixeira podem ser arrastados com o mouse para fora dela, restaurando o item para o
local onde o usuário liberar o botão do mouse.
A Lixeira do Windows tem o seu tamanho definido em 10% do disco rígido ou 50 GB. O usuário poderá alterar o
tamanho máximo reservado para a Lixeira, poderá desativar ela excluindo os itens diretamente e configurar Lixeiras
individuais para cada disco conectado.
Sobre as ações explicitadas na tabela, lembre-se: o item será arrastar na mesma unidade, o item será movido;
arrastar entre unidades diferentes, será copiado.
355
OPERAÇÕES COM TECLADO E MOUSE
Arrastar com o botão principal pressionado um item com O item será copiado, quando a tecla CTRL for liberada,
a tecla CTRL pressionada independente da origem ou do destino da ação
Arrastar com o botão principal pressionado um item com O item será movido, quando a tecla SHIFT for liberada,
a tecla SHIFT pressionada independente da origem ou do destino da ação
Arrastar com o botão principal pressionado um item com Será criado um atalho para o item, independente da ori-
a tecla ALT pressionada (ou CTRL+SHIFT) gem ou do destino da ação
Extensões de Arquivos
O Windows 10 apresenta ícones que representam arquivos, de acordo com a sua extensão. A extensão carac-
teriza o tipo de informação que o arquivo armazena. Quando um arquivo é salvo, uma extensão é atribuída para
ele, de acordo com o programa que o criou. É possível alterar esta extensão, porém corremos o risco de perder
o acesso ao arquivo, que não será mais reconhecido diretamente pelas configurações definidas em Programas
Padrão do Windows.
Importante!
Existem arquivos sem extensão, como itens do sistema operacional. Ela é opcional e procura associar o
arquivo com um programa para visualização ou edição. Se o arquivo não possui extensão, o usuário não
conseguirá executá-lo, por se tratar de conteúdo de uso interno do sistema operacional (que não deve ser
manipulado).
Confira, na tabela a seguir, algumas das extensões e ícones mais comuns em provas de concursos.
Adobe Acrobat. Pode ser criado e editado pelos aplicativos Office. Formato de documento
PDF
portável (Portable Document Format) que poderá ser visualizado em várias plataformas
Documento de textos do Microsoft Word. Textos com formatação que podem ser editados
DOCX
pelo LibreOffice Writer
Pasta de trabalho do Microsoft Excel. Planilhas de cálculos que podem ser editadas pelo Li-
XLSX
breOffice calc
Apresentação de slides do Microsoft PowerPoint, que poderá ser editada pelo LibreOffice
PPTX
Impress.
Texto sem formatação. Formato padrão do acessório Bloco de Notas. Poderá ser aberto por
TXT
vários programas do computador
Rich Text Format – formato de texto rico. Padrão do acessório WordPad, este documento de
RTF
texto possui alguma formatação, como estilos de fontes
MP4, AVI, Formato de vídeo. Quando o Windows efetua a leitura do conteúdo, exibe no ícone a miniatura
MPG do primeiro quadro. No Windows 10, Filmes e TV reproduzem os arquivos de vídeo
356
EXTENSÃO ÍCONE FORMATO
Formato de áudio. O Gravador de Som pode gravar o áudio. O Windows Media Player e o Groo-
MP3
ve Music, podem reproduzir o som
BMP, GIF,
Formato de imagem. Quando o Windows efetua a leitura do conteúdo, exibe no ícone a miniatura
JPG, PCX,
da imagem. No Windows 10, o acessório Paint visualiza e edita os arquivos de imagens
PNG, TIF
Formato ZIP, padrão do Windows para arquivos compactados. Não necessita de programas
ZIP
adicionais, como o formato RAR que exige o WinRAR
Biblioteca de ligação dinâmica do Windows. Arquivo que contém informações que podem ser
DLL
usadas por vários programas, como uma caixa de diálogo
EXE, COM,
Arquivos executáveis, que não necessitam de outros programas para serem executados
BAT
Uma das extensões menos conhecidas e mais questionadas pelas bancas examinadoras é a extensão RTF. Rich
Text Format, uma tentativa da Microsoft em criar um padrão de documento de texto com alguma formatação para
múltiplas plataformas. A extensão RTF pode ser aberta pelos programas editores de textos, como o Microsoft Word
e LibreOffice Writer, e é padrão do acessório do Windows WordPad.
Se o usuário quiser, pode acessar Configurações (atalho de teclado Windows+I) e modificar o programa padrão.
Alterando esta configuração, o arquivo será visualizado e editado por outro programa de escolha do usuário.
As Configurações do Windows e dos programas instalados estão armazenados no Registro do Windows. O
arquivo do registro do Windows pode ser editado pelo comando regedit.exe, acionado na caixa de diálogo “Exe-
cutar”. Entretanto, não devemos alterar suas hives (chaves de registro) sem o devido conhecimento, pois poderá
inutilizar o sistema operacional.
No Windows 10, Configurações é o Painel de Controle. A troca do nome alterou a organização dos itens de ajus-
tes do Windows, tornando-se mais simples e intuitivo. Através desse item o usuário poderá instalar e desinstalar
programas e dispositivos, configurar o Windows, além de outros recursos administrativos.
Por meio do ícone Rede e Internet do Windows 10, acessado pela opção Configurações, localizada na lista exibi-
da a partir do botão Iniciar, é possível configurar VPN, Wi‐Fi, modo avião, entre outros. Modo Avião por exemplo,
é uma configuração comum em smartphones e tablets que permite desativar, de maneira rápida, a comunicação
sem fio do aparelho – que inclui Wi‑Fi, Bluetooth, banda larga móvel, GPS, GNSS, NFC e todos os demais tipos de
uso da rede sem fio.
No Explorador de Arquivos do Windows 10, ao exibir os detalhes dos arquivos, é possível visualizar informa-
ções, como, a data de modificação e o tamanho de cada arquivo.
INFORMÁTICA
357
z Detalhes: ícones pequenos com nome, data de modificação, tipo e tamanho;
z Blocos: ícones médios com nome, tipo e tamanho, organizados da esquerda para a direita;
z Conteúdo: ícones médios com nome, autores, data de modificação, marcas e tamanho.
Um dos temas mais questionado em provas são os modos de exibição do Windows. Se tem um computador
com Windows 10, procure visualizar os modos de exibição no seu Explorador de Arquivos. Praticar a disciplina
no computador, ajuda na memorização dos recursos.
1. Barra de menus
6. Barra de Rolagem
1. Barra de menus: são apresentados os menus com os respectivos serviços que podem ser executados no
aplicativo.
2. Barra ou linha de título: mostra o nome do arquivo e o nome do aplicativo que está sendo executado na jane-
la. Através dessa barra, conseguimos mover a janela quando a mesma não está maximizada. Para isso, clique
na barra de título, mantenha o clique e arraste e solte o mouse. Assim, você estará movendo a janela para a
posição desejada. Depois é só soltar o clique.
3. Botão minimizar: reduz uma janela de documento ou aplicativo para um ícone. Para restaurar a janela para
seu tamanho e posição anteriores, clique neste botão ou clique duas vezes na barra de títulos.
4. Botão maximizar: aumenta uma janela de documento ou aplicativo para preencher a tela. Para restaurar a
janela para seu tamanho e posição anteriores, clique neste botão ou clique duas vezes na barra de títulos.
5. Botão fechar: fecha o aplicativo ou o documento. Solicita que você salve quaisquer alterações não salvas antes
de fechar. Alguns aplicativos, como os navegadores de Internet, trabalham com guias ou abas, que possui o seu
próprio controle para fechar a guia ou aba. Atalho de teclado Alt+F4.
6. Barras de rolagem: as barras sombreadas ao longo do lado direito (e inferior de uma janela de documento).
Para deslocar-se para outra parte do documento, arraste a caixa ou clique nas setas da barra de rolagem.
No Windows 10, tanto pelo Explorador de Arquivos como pelo menu Iniciar, encontramos as opções para
gerenciamento de arquivos, pastas e configurações.
O Windows 10 disponibiliza listas de atalho como recurso que permite o acesso direto a sítios, músicas, documen-
tos ou fotos. O conteúdo dessas listas está diretamente relacionado com o programa ao qual elas estão associadas. O
recurso de Lista de Atalhos, novidade do Windows 7 que foi mantida nas versões seguintes, possibilita organizar os
arquivos abertos por um aplicativo ao ícone do aplicativo, com a possibilidade ainda de fixar o item na lista.
No Explorador de Arquivos do Windows 10, os menus foram trocados por guias, semelhante ao Microsoft Offi-
ce. Ao pressionar ALT, nenhum menu escondido será mostrado (como no Windows 7), mas os atalhos de teclado
para as guias Arquivo, Início, Compartilhar e Exibir.
O botão direito do mouse exibe a janela pop-up chamada “Menu de Contexto”. Em cada local que for clicado,
uma janela diferente será mostrada. As opções exibidas no menu de contexto contém as ações permitidas para o
item clicado naquele local.
Através do menu de contexto da área de trabalho, podemos criar nova pasta (Ctrl+Shift+N), novo Atalho, ou
novos arquivos (Imagem de bitmap [BMP Paint], Documento do Microsoft Word [DOCX Microsoft Word], Formato
Rich Text [RTF WordPad], Documento de Texto [TXT Bloco de Notas], Planilha do Microsoft Excel [XLSX Microsoft
358 Excel], Pasta Compactada [extensão ZIP], entre outros).
Arquivos de imagens são editados pelo acessório do Windows Microsoft Paint, que no Windows 10 oferece a
versão Paint 3D.
Cada item (pasta ou arquivo) armazena uma série de informações relacionadas a si próprio. Estas informa-
ções podem ser consultadas em Propriedades, acessado no menu de contexto, exibido quando clicar com o botão
direito do mouse sobre o item.
Ao clicar com o botão direito sobre o ícone da Lixeira, será mostrado o menu de contexto, e escolhendo ‘Esva-
ziar Lixeira’, os itens serão removidos definitivamente, utilizando o Windows, não haverá meio de recuperá-los.
PROGRAMAS E APLICATIVOS
Dica
Os acessórios do Windows são aplicativos nativos do sistema operacional, que estão disponíveis para utiliza-
ção mesmo que não existam outros programas instalados no computador. Os acessórios oferecem recursos
básicos para anotações, edição de imagens e edição de textos.
Na primeira categoria encontramos o Configurações (antigo Painel de Controle). Usado para realizar as confi-
gurações de software (programas) e hardware (dispositivos), permite alterar o comportamento do sistema opera-
cional, personalizando a experiência no Windows 7. No Windows 10, o Painel de Controle chama-se Configurações
e pode ser acessado pelo atalho de teclado Windows+X no menu de contexto, ou diretamente pelo atalho de tecla-
do Windows+I.
Na segunda categoria, temos programas que realizam atividades e outros que produzem mais arquivos. Por
exemplo, a calculadora. É um acessório do Windows 10 que inclui novas funcionalidades em relação às versões
anteriores, como o cálculo de datas e conversão de medidas. Temos também o Notas Autoadesivas (como peque-
nos post its na tela do computador).
Outros acessórios são o WordPad (para edição de documentos com alguma formatação), Bloco de Notas (para
edição de arquivos de textos), MSPaint (para edição de imagens) e Visualizador de Imagens (que permite ver uma
imagem e chamar o editor correspondente).
Por fim, temos, as ferramentas do sistema. Desfragmentar e Otimizar Unidades1 (antigo Desfragmentador de
Discos, para organizar clusters2), Verificação de Erros (para procurar por erros de alocação), Backup do Windows
(para cópia de segurança dos dados do usuário) e Limpeza de Disco (para liberar espaço livre no disco).
Otimizar
Firewall do Windows
Painel de controle
1 Em cada local do Windows, o item poderá ter um nome diferente. “Desfragmentar e Otimizar Unidades” é o nome do recurso. “Otimizar e
desfragmentar unidade” é o nome da opção.
2 Unidades de alocação. Quando uma informação é gravada no disco, ela é armazenada em um espaço chamado cluster. 359
A tabela a seguir procura resumir os recursos e novidades do Windows 10. Confira:
WINDOWS 10 O QUE
Win+S Pesquisar
Windows Hello Autenticação biométrica permite logar no sistema sem precisar de senhas.
Permite alternar de maneira fácil entre os modos de desktop e tablet, sendo ideal
Continuum
para dispositivos conversíveis.
Microsoft Edge O novo navegador da Microsoft está disponível somente no Windows 10.
Desktops virtuais O recurso permite visualizar dados de vários computadores em uma única tela.
O modo tablet deixa o Windows mais fácil e intuitivo de usar com touch em dis-
Modo tablet
positivos tipo conversíveis.
Compartilhar Wi-Fi Compartilhar sua rede Wi-Fi com os amigos sem revelar a senha
Complemento para Telefone Sincronizar dados entre seu PC e smartphone ou tablete, seja iOs ou Android.
Quando você clica duas vezes em um arquivo, como por exemplo, uma imagem ou documento, o arquivo
é aberto no programa que está definido como o “programa padrão” para esse tipo de arquivo no Windows 10.
Porém, se você gosta de usar outro programa para abrir o arquivo, você pode defini-lo como padrão, ação dispo-
nível em Configurações, Sistema, Aplicativos Padrão.
360
O Bloco de Notas (notepad.exe): é um acessório do Windows para edição de arquivos de texto sem formatação,
com extensão TXT.
O WordPad (wordpad.exe) é um acessório do Windows para edição de arquivos de texto com alguma formata-
ção, com extensão RTF e DOCX.
O WordPad se assemelha ao Microsoft Word, com recursos simplificados.
O Paint (mspaint.exe) é o acessório do Windows para edição de imagens BMP, GIF, JPG, PNG e TIF.
INFORMÁTICA
A Ferramenta de Captura é um aplicativo da área de trabalho do Windows 10, que permite copiar parte de
alguma tela em exibição.
361
z O arquivo com extensão CSV (Comma Separated
Values) contém textos separados por vírgula, que
podem ser importados pelo Excel, podem ser usa-
dos em mala direta do Word, incorporados a um
banco de dados etc.;
z Um arquivo com a extensão. contact é um contato,
que pode ser usado no Outlook 2016;
z Arquivos compactados com extensão ZIP podem
armazenar outros arquivos e pastas;
Notas Autoadesivas (que agora se chama Stick
z Os arquivos compactados podem ser criados
Notes) é um aplicativo do Windows 10, que permite a
pelo menu de contexto, opção Enviar para, Pasta
inserção de pequenas notas de texto na área de traba-
Compactada;
lho do Windows, como recados do tipo Post-It.
z Os arquivos de Internet, como páginas salvas, rece-
As Anotações podem ser vinculadas ao Microsoft
bem a extensão HTML e uma pasta será criada
Bing e assistente virtual Cortana. Assim, ao anotar um
para os arquivos auxiliares (imagens, vídeos etc.);
endereço, o mapa é exibido. Ao anotar um número de
z O conteúdo de arquivos do Office pode ser transfe-
voo, as informações serão mostradas sobre a partida.
rido para outros arquivos do próprio Office através
O aplicativo “Filmes e TV” pode ser usado para
da Área de Transferência do Windows;
visualização de vídeos, assim como o “Windows Media z O conteúdo formatado do Office poderá ser trans-
Player”. ferido para outros arquivos do Windows, mas a
O Prompt de Comandos (cmd.exe) é usado para formatação poderá ser perdida;
digitar comandos em um terminal de comandos.
O Microsoft Edge é o navegador de Internet padrão
Atalhos de teclado – Windows 10
do Windows 10 . Podemos usar outros navegadores,
como o Internet Explorer 11 , Mozilla Firefox , Google
Chrome , Apple Safari, Opera Browser, etc. Dica
O Windows Update (verificar se há atualizações) é Os atalhos de teclado do Windows são de ter-
o recurso do Windows para manter ele sempre atua- mos originais em inglês. Por serem atalhos de
lizado. Está em Configurações (atalho de teclado Win-
teclado do sistema operacional, são válidos para
dows+I), Atualização e segurança.
os programas que estiverem sendo executados
Configurações
no Windows.
Configurações do Windows
ATALHO AÇÃO
Alterna para o próximo aplicativo
Alt+Esc
em execução
Facilidade de Acesso Privacidade Atualização e Segurança
Narrador, lupa, alto Localização, câmera Windows Update,
Exibe a lista dos aplicativos em
constrate recuperação, backup
Alt+Tab
execução
Volta para a pasta anterior, que
INTERAÇÃO COM O CONJUNTO DE APLICATIVOS Backspace estava sendo exibida no Explorador
MS-OFFICE 2016 OU SUPERIOR de Arquivos
Ctrl+A Selecionar tudo
z Os documentos de texto produzidos pelo Microsoft
Word 2016 ou superior possuem a extensão DOCX; Copia o item (os itens) para a Área
Ctrl+C
z Os documentos de texto habilitados para macros3, de Transferência
possuem a extensão DOCM; Ctrl+Esc Botão Início
z Um modelo4 de documento é um arquivo que pode Ctrl+E / Ctrl+F Pesquisar
ser usado para criar novos arquivos a partir de uma
formatação pré-estabelecida. A extensão é DOTX; Ctrl+Shift+Esc Gerenciador de Tarefas
z Um modelo de documento habilitado para macros Cola o item (os itens) da Área de
Ctrl+V
contém além da formatação básica para criação de Transferência no local do cursor
outros documentos, comandos programados para
Move o item (os itens) para a Área
automatização de tarefas. A extensão é DOTM; Ctrl+X
de Transferência
z As pastas de trabalho produzidas pelo Microsoft
Excel 2016 ou superior possuem a extensão XLSX; Ctrl+Y Refazer
z As pastas de trabalho habilitadas para macros pos- Desfaz a última ação. Se acabou
suem a extensão XLSM; de renomear um arquivo, ele volta
z As pastas de trabalho do tipo modelo, possuem a ao nome original. Se acabou de
extensão XLTX; Ctrl+Z
apagar um arquivo, ele restaura
z As pastas de trabalho do tipo modelo habilitadas para o local onde estava antes de
para macros possuem a extensão XLTM; ser deletado
z O arquivo do Excel que contém os dados de uma
Move o item para a Lixeira do
planilha que não foi salva, que pode ser recupera- Del
da pelo usuário, possui a extensão XLSB. (binário) Windows
3 Macros são pequenos programas desenvolvidos dentro de arquivos do Office, para automatização de tarefas. Os códigos dos programas são
escritos em linguagem VBA – Visual Basic for Applications. Arquivos com macros podem conter vírus, e no momento da abertura, o programa
perguntará se o usuário deseja ativar ou não as macros.
362 4 Template = modelo de documento, planilha ou apresentação, com a formatação básica a ser usada no novo arquivo.
z Os Modelos (Template), com extensão DOTX con-
ATALHO AÇÃO
tém formatações que serão aplicadas aos novos
F1 Exibe a ajuda documentos criados a partir dele. O modelo é usa-
F11 Tela Inteira do para a padronização de documentos;
z O modelo padrão do Word é NORMAL.DOTM
Renomear, trocar o nome: dois
(Document Template Macros – modelo de docu-
arquivos com mesmo nome e
mesma extensão não podem estar mento com macros). Os macros são códigos desen-
na mesma pasta, se já existir ou- volvidos em Visual Basic for Applications (VBA)
F2 para a automatização de tarefas;
tro arquivo com o mesmo nome,
o Windows espera confirmação, z Páginas: unidades de organização do texto, segun-
símbolos especiais não podem ser do a orientação, o tamanho do papel e margens.
usados, como / | \ ? * “ < > : As principais definições estão na guia layout, mas
é possível encontrar algumas definições na guia
Pesquisar, quando acionado no design;
F3 Explorador de Arquivos. Win+S fora
z Seção: divisão de formatação do documento, on-
dele.
de cada parte tem a sua configuração. Sempre que
F5 Atualizar forem usadas configurações diferentes, como mar-
Exclui definitivamente, sem arma- gens, colunas, tamanho da página, orientação, ca-
Shift+Del beçalhos, numeração de páginas, entre outras, as
zenar na Lixeira
seções serão usadas;
Win Abre o menu Início
z Parágrafos: formado por palavras e marcas de
Acessa o primeiro programa da formatação. Finalizado com a tecla Enter, conten-
Win+1
barra de tarefas do formatação independente do parágrafo ante-
Acessa o segundo programa da rior e do parágrafo seguinte;
Win+2 z Linhas: sequência de palavras que pode ser um
barra de tarefas
parágrafo, ocupando uma linha de texto. Se for
Win+B Acessa a Área de Notificação
finalizado com quebra de linha, a configuração
Mostra o desktop (área de atual permanece na próxima linha;
Win+D
trabalho) z Palavras: formado por letras, números, símbolos,
Win+E Abre o Explorador de Arquivos. caracteres de formatação etc.
Feedback – hub para comentários
Win+F Os arquivos produzidos nas versões anteriores do
sobre o Windows.
Word são abertos e editados nas versões atuais. Arqui-
Win+I Configurações (Painel de Controle) vos de formato DOC são abertos em Modo de Compati-
Bloquear o Windows (Lock, bilidade, todavia alguns recursos são suspensos. Para
Win+L
bloquear) usar todos os recursos da versão atual, é necessário
Minimiza todas as janelas e mos- “Salvar como” (tecla de atalho F12) no formato DOCX.
Win+M tra a área de trabalho, retornando Os arquivos produzidos no formato DOCX poderão
como estavam antes. ser editados pelas versões antigas do Office, desde que
instale um pacote de compatibilidade, disponível para
Selecionar o monitor/projetor que download no site da Microsoft.
será usado para exibir a imagem, Os arquivos produzidos pelo Microsoft Office
Win+P
podendo repetir, estender ou podem ser gravados no formato PDF. O Microsoft
escolher Word, desde a versão 2013, apresenta a possibilidade
Search, para pesquisas (substitui o de edição de arquivos em PDF como se fosse um docu-
Win+S
Win+F) mento do Word.
Exibe a lista dos aplicativos em Durante a edição de um documento, o Microsoft
Win+Tab Word:
execução em 3D (Visão de Tarefas)
Menu de acesso rápido, exibido ao
Win+X z Faz a gravação automática dos dados editados
lado do botão Iniciar
enquanto o arquivo não tem um nome ou local
de armazenamento definidos. Depois, se necessá-
rio, o usuário poderá “Recuperar documentos não
salvos”;
MS-WORD 2016 OU SUPERIOR z Faz a gravação automática de auto recuperação
dos arquivos em edição que tenham nome e local
ESTRUTURA BÁSICA DOS DOCUMENTOS definidos, permitindo recuperar as alterações que
não tenham sido salvas;
INFORMÁTICA
Os documentos produzidos com o editor de textos z As versões do Office 365 oferecem o recurso de “Sal-
vamento automático”, associado à conta Microsoft,
Microsoft Word possuem a seguinte estrutura básica:
para armazenamento na nuvem Microsoft OneDri-
ve. Como na versão on-line, a cada alteração, o sal-
z Documentos: arquivos DOCX criados pelo Micro-
vamento será realizado;
soft Word 2007 e superiores. Os documentos são z O formato de documento RTF (Rich Text Format)
arquivos editáveis pelo usuário, que podem ser é padrão do acessório do Windows chamado Wor-
compartilhados com outros usuários para edição dPad, e por ser portável, também poderá ser edita-
colaborativa; do pelo Microsoft Word. 363
Dica
Em questões de informática, as extensões dos arquivos produzidos pelo usuário costumam ser questionadas
com regularidade.
z Ao iniciar a edição de um documento, o modo de exibição selecionado na guia Exibir é “Layout de Impressão”.
O documento será mostrado na tela da mesma forma que será impresso no papel;
z O Modo de Leitura permite visualizar o documento sem outras distrações, como, por exemplo, a Faixa de
Opções com os ícones. Neste modo, parecido com Tela Inteira, a barra de título continua sendo exibida;
z O modo de exibição “Layout da Web” é usado para visualizar o documento como ele seria exibido se estivesse
publicado na Internet como página web;
z Em “Estrutura de Tópicos” apenas os estilos de Títulos serão mostrados, auxiliando na organização dos blocos
de conteúdo;
z O modo “Rascunho”, que antes era modo “Normal”, exibe o conteúdo de texto do documento sem os elementos
gráficos (imagens, cabeçalho, rodapé) existentes nele;
z Os modos de exibição estão na guia “Exibir”, que faz parte da Faixa de Opções. Ela é o principal elemento da
interface do Microsoft Office;
Guia atual
Acesso rápido
Item com listagem
Guias ou abas
z Para mostrar ou ocultar a Faixa de Opções, o atalho de teclado Ctrl+F1 poderá ser acionado;
z A Faixa de Opções contém guias, que organizam os ícones em grupos, como será mostrado na tabela a seguir:
Recortar
Copiar
Área de Transferência
Colar
Pincel de Formatação
Página Inicial
Nome da fonte
Tamanho da fonte
Fonte
Aumentar fonte
Diminuir fonte
364
GUIA GRUPO ITEM ÍCONE
Folha de Rosto
Quebra de Página
Imagem
Formas
Importante!
As bancas costumam priorizar o conhecimento do candidato acerca do uso dos recursos para a produção de
arquivos (parte prática dos programas). Nas questões sabe editores de textos, a produção de documentos
formatados com imagens ilustrativas no formato antes/depois é um assunto muito cobrado.
z As guias possuem uma organização lógica sequencial das tarefas que serão realizadas no documento, desde o
início até a visualização do resultado final, como veremos na tabela a seguir:
BOTÃO/GUIA DICA
Arquivo Comandos para o documento atual: Salvar, salvar como, imprimir, salvar e enviar
Tarefas secundárias: Adicionar um objeto que ainda não existe no documento, tabela, ilustra-
Inserir
ções e instantâneos
Referências Índices e acessórios: Notas de rodapé, notas de fim, índices, sumários etc.
A edição e formatação de textos consiste em aplicar estilos, efeitos e temas, tanto nas fontes, como nos pará-
grafos e nas páginas.
INFORMÁTICA
Os estilos fornecem configurações padronizadas para serem aplicadas aos parágrafos. Estas formatações
envolvem as definições de fontes e parágrafos, sendo úteis para a criação dos índices ao final da edição do docu-
mento. Os índices são gerenciados por meio das opções da guia referências, que estão disponíveis, na Microsoft
Word, na guia Página Inicial.
Com a ferramenta Pincel de Formatação, o usuário poderá copiar a formatação de um local e aplicar em outro
local no mesmo documento, ou em outro arquivo aberto. Para usar a ferramenta, selecione o “modelo de forma-
tação no texto”, clique no ícone da guia Página Inicial e clique no local onde deseja aplicar a formatação.
365
O conteúdo não será copiado, somente a formatação. Se efetuar duplo clique no ícone, poderá aplicar a forma-
tação em vários locais até pressionar a tecla Esc ou iniciar uma digitação.
Seleção
Utilizando-se do teclado e do mouse, como no sistema operacional, podemos selecionar palavras, linhas, pará-
grafos e até o documento inteiro.
Assim como no Windows, as operações com mouse e teclado também são questionadas nos programas do
Microsoft Office. Entretanto, por terem conteúdos distintos (textos, planilhas e apresentações de slides), a seleção
poderá ser diferente para algumas ações.
Botão principal Shift Seleção bloco Seleção de um ponto até outro local
Botão principal
Ctrl+Alt Seleção bloco Seleção vertical
pressionado
Dica
Teclas de atalhos e seleção com mouse são importantes tanto nos concursos como no dia a dia. Experimente
praticar no computador. No Microsoft Word, se você digitar =rand(10,30) no início de um documento em branco,
ele criará um texto “aleatório” com 10 parágrafos de 30 frases em cada um. Agora você pode praticar à vontade.
CABEÇALHOS
Localizado na margem superior da página, poderá ser configurado em Inserir, grupo Cabeçalho e Rodapé5.
Poderá ser igual em toda a extensão do documento, diferente nas páginas pares e ímpares (para frente e verso),
mesmo que a seção anterior, diferente para cada seção do documento, não aparecer na primeira página, entre
várias opções de personalização.
Os cabeçalhos aceitam elementos gráficos, como tabelas e ilustrações.
A formatação de cabeçalho e rodapé, é diferente entre os programas do Microsoft Office. No Microsoft Word o
cabeçalho tem 1 coluna. No Excel, são 3 colunas. No Microsoft Power Point, pode-se ter 2 ou 3 colunas.
A numeração de páginas poderá ser inserida no cabeçalho e/ou rodapé.
5 O grupo Cabeçalho e Rodapé permite a inserção de um Cabeçalho (na margem superior), Rodapé (na margem inferior) e Número de Página
366 (no local do cursor, na margem superior, na margem inferior, na margem direita/esquerda)
(Digite aqui)
PARÁGRAFOS
Os parágrafos são estruturas do texto que são finalizadas com Enter. Um parágrafo poderá ter diferentes for-
matações. Confira:
Os editores de textos, recursos que conhecemos no dia a dia possuem nomes específicos. Confira alguns
exemplos:
Muitos recursos de formatação não são impressos no papel, mas estão no documento. Para visualizar os carac-
teres não imprimíveis e controlar melhor o documento, você pode acionar o atalho de teclado Ctrl+* (Mostrar tudo). 367
CARACTERES NÃO IMPRIMÍVEIS NO EDITOR MICROSOFT WORD
Tecla(s) Ícone Ação Visualização
Ctrl+Shift+
Espaço em branco não separável
Espaço
- - Hifens opcionais
- - Âncoras de objetos
FONTES
As fontes são arquivos True Type Font (.TTF) gravadas na pasta Fontes do Windows e aparecem para todos os
programas do computador.
As formatações de fontes estão disponíveis no grupo Fonte, da guia Página Inicial.
368
Nomes de fontes como Calibri (fonte padrão do Word), Arial, Times New Roman, Courier New, Verdana, são os
mais comuns. Para facilitar o acesso a essas fontes, o atalho de teclado é: Ctrl+Shift+F.
A caixa de diálogo Formatar Fonte poderá ser acionada com o atalho Ctrl+D.
Ao lado, um número indica o tamanho da fonte: 8, 9, 10, 11, 12, 14 e assim sucessivamente. Se quiser, digite o
valor específico para o tamanho da letra.
Vejamos, agora, alguns atalhos de teclado:
z Pressione Ctrl+Shift+P para mudar o tamanho da fonte pelo atalho. E diretamente pelo teclado com Ctrl+Shift+<
para diminuir fonte e Ctrl+Shift+> para aumentar o tamanho da fonte;
z Estilos são formatos que modificam a aparência do texto, como negrito (atalho Ctrl+N), itálico (atalho Ctrl+I) e
sublinhado (atalho Ctrl+S). Já os efeitos modificam a fonte em si, como texto tachado (riscado simples sobre as
palavras), subscrito (como na fórmula H2O – atalho Ctrl + igual), e sobrescrito (como em km2 – atalho Ctrl+Shift+mais).
A diferença entre estilos e efeitos é que, os estilos podem ser combinados, como negrito-itálico, itálico-subli-
nhado, negrito-sublinhado, negrito-itálico-sublinhado, enquanto os efeitos são concorrentes entre si.
Concorrentes entre si, significa que você escolhe o efeito tachado ou tachado duplo, nunca os dois simultanea-
mente. O mesmo para o efeito TODAS MAIÚSCULAS e Versalete. Sobrescrito e subscrito.
Por sua vez, Sombra é um efeito independente, que pode ser combinado com outros. Já as opções de efeitos
Contorno, Relevo e Baixo Relevo não, devendo ser individuais.
Para finalizar esse assunto, temos o sublinhado. Ele é um estilo simples, mas comporta-se como efeito dentro
de si mesmo. Temos, então, Sublinhado simples, Sublinhado duplo, Tracejado, Pontilhado, Somente palavras (sem
considerar os espaços entre as palavras) etc. São os estilos de sublinhados, que se comportam como efeitos.
Dica
As questões sobre Fontes são práticas. Portanto, se puder praticar no seu computador, será melhor para a
memorização do tema. Lembre-se de que as questões são independentes da versão, podendo a banca exa-
minadora usar o Word 2007 ou o Word 365, para abordar aspectos do Word 2016.
COLUNAS
O documento inicia com uma única coluna. Em Layout da Página, podemos escolher outra configuração, além
de definir opções de personalização.
As colunas poderão ser definidas para a seção atual (divisão de formatação dentro do documento) ou para o
documento inteiro. Assim como os cadernos de provas de concursos, que possuem duas colunas, é possível inserir
uma “Linha entre colunas”, separando-as ao longo da página.
INFORMÁTICA
Biblioteca de Marcadores
Nenhum
Marcadores de Documento
Ao pressionar duas vezes “Enter”, sairá da formatação dos marcadores simbólicos, retornando ao Normal.
Os marcadores numéricos são semelhantes aos marcadores simbólicos, mas com números, letras ou algaris-
mos romanos. Podem ser combinados com os Recuos de parágrafos, surgindo o formato Múltiplos Níveis.
Para trabalhar com a formatação de marcadores múltiplos níveis, o digitador poderá usar a tecla “TAB” para
aumentar o recuo, passando os itens do primeiro nível para o segundo nível. E também pelo ícone “Aumentar
recuo”, presente na guia Página Inicial, grupo Parágrafo. Usando a régua, pode-se aumentar o recuo também.
Dica
Ao teclar “Enter” em uma linha com marcador ou numeração, mas sem conteúdo, você sai do recurso, voltan-
do à configuração normal do parágrafo. Se forem listas numeradas, itens excluídos dela provocam a renume-
ração dos demais itens.
TABELAS
As tabelas são estruturas de organização muito utilizadas para um layout adequado do texto, semelhante a
colunas, com a vantagem que estas não criam seções exclusivas de formatação.
As tabelas seguem as mesmas definições de uma planilha de Excel, ou seja, tem linhas, colunas, é formada por
células, podendo conter, também, fórmulas simples.
Ao inserir uma tabela, seja ela vazia, a partir de um desenho livre, ou convertendo a partir de um texto, uma pla-
nilha de Excel, ou um dos modelos disponíveis, será apresentada a barra de ferramentas adicional na Faixa de Opções.
Um texto poderá ser convertido em Tabela, e voltar a ser um texto, se possuir os seguintes marcadores de for-
matação: ponto e vírgula, tabulação, enter (parágrafo) ou outro específico.
Algumas operações são exclusivas das Tabelas, como Mesclar Células (para unir células adjacentes em uma
única), Dividir células (para dividir uma ou mais células em várias outras), alinhamento do texto combinando
elementos horizontais tradicionais (esquerda, centro e direita) com verticais (topo, meio e base).
O editor de textos Microsoft Word oferece ferramentas para manipulação dos textos organizados em tabelas.
O usuário poderá organizar as células nas linhas e colunas da tabela, mesclar (juntar), dividir (separar), visua-
lizar as linhas de grade, ocultar as linhas de grade, entre outras opções.
E caso a tabela avance em várias páginas, temos a opção Repetir Linhas de Cabeçalho, atribuindo no início da
tabela da próxima página, a mesma linha de cabeçalho que foi usada na tabela da página anterior.
As tabelas do Word possuem algumas características que são diferentes das tabelas do Excel. Geralmente esses
370 itens são aqueles questionados em provas de concursos.
Por exemplo, no Word, quando o usuário está digitando em uma célula, ocorrerá mudança automática de
linha, posicionando o cursor embaixo. No Excel, o conteúdo “extrapola” os limites da célula, e precisará alterar as
configurações na planilha ou a largura da coluna manualmente.
WORD EXCEL
Tabela, Mesclar Todos os conteúdos são mantidos Somente o conteúdo da primeira célula será mantido
Em inglês, com referências direcionais
Tabela, Fórmulas Em português, com referências posicionais =SOMA(A1:A5)
=SUM(ABOVE)
Tabelas, Fórmulas Não recalcula automaticamente Recalcula automaticamente e manualmente (F9)
Tachado Texto Não tem atalho de teclado Atalho: Ctrl+5
Quebra de linha
Shift+Enter Alt+Enter
manual
Pincel de Copia apenas a primeira formatação da
Copia várias formatações diferentes
Formatação origem
Ctrl+D Caixa de diálogo Fonte Duplica a informação da célula acima
Ctrl+E Centralizar Preenchimento Relâmpago
Ctrl+G Alinhar à Direita (parágrafo) Ir para...
Ctrl+R Repetir o último comando Duplica a informação da célula à esquerda
F9 Atualizar os campos de uma mala direta Atualizar o resultado das fórmulas
F11 - Inserir gráfico
Finaliza a entrada na célula e mantém o cursor na célula
Ctrl+Enter Quebra de página manual
atual
Alt+Enter Repetir digitação Quebra de linha manual
Finaliza a entrada na célula e posiciona o cursor na célula
INFORMÁTICA
IMPRESSÃO
Disponível no menu Arquivo e pelo atalho Ctrl+P (e também pelo Ctrl+Alt+I, Visualizar Impressão), a impres-
são permite o envio do arquivo em edição para a impressora. A impressora listada vem do Windows, do Painel
de Controle. 371
Podemos escolher a impressora, definir como será a impressão (Imprimir Todas as Páginas, ou Imprimir Sele-
ção, Imprimir Página Atual, imprimir as Propriedades), quais serão as páginas (números separados com ponto e
vírgula/vírgula indicam páginas individuais, separadas por traço uma sequência de páginas, com a letra s uma
seção específica, e com a letra p uma página específica).
Havendo a possibilidade, serão impressas de um lado da página, ou frente e verso automático, ou manual.
O agrupamento das páginas permite que várias cópias sejam impressas uma a uma, enquanto Desagrupado, as
páginas são impressas em blocos.
As configurações de Orientação (Retrato ou Paisagem), Tamanho do Papel e Margens, podem ser escolhidas no
momento da impressão, ou antes, na guia Layout da Página. A última opção em Imprimir possibilita a impressão
de miniaturas de páginas (várias páginas por folha) em uma única folha de papel.
Numeração de Páginas
INFORMÁTICA
Disponível na guia Inserir, permite que um número seja apresentado na página, informando a sua numeração
em relação ao documento.
Combinado com o uso das seções, a numeração de página pode ser diferente em formatação a cada seção do
documento, como no caso de um TCC.
373
Conforme observado na imagem acima, o número de página poderá ser inserido no Início da Página (cabeça-
lho), ou no Fim da página (rodapé), ou nas margens da página, e na posição atual do cursor.
LEGENDAS
Uma legenda é uma linha de texto exibida abaixo de um objeto para descrevê-lo. Podem ser usadas em Figuras
(que inclui Ilustrações) ou Tabelas.
Disponível na guia Referências (índices), as legendas podem ser inseridas na configuração padrão ou persona-
lizadas. Depois, podemos criar um índice específico para elas, que será o Índice de Ilustrações.
No final do grupo Legendas, da guia Referências, no Word, encontramos o ícone “Referência Cruzada”. Em
alguns textos, é preciso citar o conteúdo de outro local do documento. Assim, ao criar uma referência cruzada, o
usuário poderá ir para o local desejado pelo autor e a seguir retornar ao ponto em que estava antes.
ÍNDICES
Dica
A guia Referências é uma das opções mais questionadas em concursos públicos por dois motivos: envolvem
conceitos de formatação do documento exclusivos do Microsoft Word e é utilizado pelos estudantes na for-
matação de um TCC (Trabalho de Conclusão de Curso).
INSERÇÃO DE OBJETOS
Disponíveis na guia Inserir, os objetos que poderiam ser inseridos no documento estão organizados em
categorias:
z Páginas: objetos em forma de página, como a capa (Folha de Rosto), uma Página em Branco ou uma Quebra de
Página (divisão forçada, quebra de página manual, atalho Ctrl+Enter);
z Tabela: conforme comentado anteriormente, organizam os textos em células, linhas e colunas;
z Ilustrações: Imagem (arquivos do computador), ClipArt (imagens simples do Office), Formas (geométricas),
SmartArt (diagramas), Gráfico e Instantâneo (cópia de tela ou parte da janela).
z Links: indicado para acessar a Internet via navegador ou acionar o programa de e-mail ou criação de referên-
cia cruzada;
z Cabeçalho e Rodapé;
z Texto: elementos gráficos como Caixa de Texto, Partes Rápidas (com organizador de elementos do documen-
to), WordArt (que são palavras com efeitos), Letra Capitular (a primeira letra de um parágrafo com destaque),
Linha de Assinatura (que não é uma assinatura digital válida, dependendo de compra via Office Marketplace),
Data e Hora, ou qualquer outro Objeto, desde que instalado no computador;
z Símbolos: inserção de Equações ou Símbolos especiais.
INFORMÁTICA
CAMPOS PREDEFINIDOS
Estes campos são objetos disponíveis na guia Inserir que são predefinidos. Após a configuração inicial, são
inseridos no documento.
Além da configuração da Linha de Assinatura, existem outras opções, como Data e Hora, Objeto e dentro do
item Partes Rápidas, no grupo Texto, da guia Inserir, a opção Campo.
Entre as categorias disponíveis, encontramos campos para automação de documento, data e hora, equações e
fórmulas, índices, informação sobre o documento, informações sobre o usuário, mala direta, numeração, vínculos
e referências. 375
CAIXAS DE TEXTO
Nova Concursos
ATALHO AÇÃO
Ctrl+A Abrir: carrega um arquivo da memória permanente para a memória RAM
Salvar: grava o documento com o nome atual, substituindo o anterior. Caso não tenha nome, será
Ctrl+B
mostrado “Salvar como”
Ctrl+C Copiar: o texto selecionado será copiado para a Área de Transferência
Ctrl+D Formatar Fonte
Ctrl+E Centralizar: alinhamento de texto entre as margens
Ctrl+F Limpar formatação do parágrafo.
Ctrl+G Alinhar à direita: alinhamento de texto na margem direita
Ctrl+I Estilo Itálico
Ctrl+J Justificar: alinhamento do texto distribuído uniformemente entre as margens esquerda e direita.
Ctrl+L Localizar: procurar uma ocorrência no documento
Ctrl+M Aumentar recuo
Ctrl+N Estilo Negrito
Ctrl+O Novo documento
376
ATALHO AÇÃO
Ctrl+P Impressão rápida (imprimir na impressora padrão)
Ctrl+Q Alinhar à esquerda: alinhamento de texto na margem esquerda
Ctrl+R Refazer
Ctrl+S Estilo Sublinhado simples
Ctrl+Shift+ > Aumentar o tamanho da fonte
Ctrl+Shift+ < Reduzir o tamanho da fonte
Pincel de Formatação: para copiar a formatação de um local e aplicá-la a outro, seja no mesmo
Ctrl+Shift+C
documento ou outro aberto. Para colar a formatação copiada, use Ctrl+Shift+V.
Ctrl + = Formatação de Fonte = Subscrito
Ctrl e Shift e + Formatação de Fonte = Sobrescrito
Ctrl+T Selecionar tudo: seleciona todos os itens
Ctrl+U Substituir: procurar uma ocorrência e trocar por outra
Ctrl+V Colar: o conteúdo da Área de Transferência é inserido no local do cursor
Ctrl+X Recortar: o selecionado será movido para a Área de Transferência
Ctrl+Z Desfazer
F1 Ajuda
F5 Ir para (navegador de páginas, seção etc)
F7 Verificar ortografia e gramática: procurar por erros ou excesso de digitação no texto
Shift+F1 Revelar formatação
Shift+F3 Alternar entre maiúsculas e minúsculas
Importante!
As planilhas de cálculos não são bancos de dados. Muitos usuários armazenam informações (dados) em
uma planilha de cálculos como se fosse um banco de dados, porém o Microsoft Access é o software do
pacote Microsoft Office desenvolvido para esta tarefa. Um banco de dados tem informações armazenadas
em registros, separados em tabelas, conectados por relacionamentos, para a realização de consultas.
Guias – Excel
INFORMÁTICA
BOTÃO/GUIA LEMBRETE
Arquivo Comandos para o documento atual: Salvar, salvar como, imprimir, Salvar e enviar
Página Inicial Tarefas iniciais: O início do trabalho, acesso à Área de Transferência (Colar Especial),
formatação de fontes, células, estilos etc
Inserir Tarefas secundárias: Adicionar um objeto que ainda não existe. Tabela, Ilustrações, Instantâ-
neos, Gráficos, Minigráficos, Símbolos etc
377
BOTÃO/GUIA LEMBRETE
Dados Informações na planilha: Possibilitam obter dados externos, classificar e filtrar, além de ou-
tras ferramentas de dados
Os atalhos de formatação (Ctrl+N para negrito, Ctrl+I para itálico, entre outros) são os mesmos do Word.
F4 Refazer
A planilha em Excel, ou folha de dados, poderá ser impressa em sua totalidade, ou apenas áreas definidas pela Área
de Impressão, ou a seleção de uma área de dados, ou uma seleção de planilhas do arquivo, ou toda a pasta de trabalho.
Ao contrário do Microsoft Word, o Excel trabalha com duas informações em cada célula: dados reais e dados formatados.
Por exemplo, se uma célula mostra o valor 5, poderá ser o número 5 ou uma função/fórmula que calculou e
resultou em 5 (como =10/2).
378
CONCEITOS DE CÉLULAS, LINHAS, COLUNAS, PASTAS E GRÁFICOS
z Célula: unidade da planilha de cálculos, o encontro entre uma linha e uma coluna. A seleção individual é com
a tecla CTRL e a seleção de áreas é com a tecla SHIFT (assim como no sistema operacional);
z Coluna: células alinhadas verticalmente, nomeadas com uma letra;
z Linha: células alinhadas horizontalmente, numeradas com números;
Célula
Linha
z Planilha: o conjunto de células organizado em uma folha de dados. Na versão atual são 65546 colunas (nomea-
das de A até XFD) e 1048576 linhas (numeradas);
z Pasta de Trabalho: arquivo do Excel (extensão XLSX) contendo as planilhas, de 1 a N (de acordo com quanti-
dade de memória RAM disponível, nomeadas como Planilha1, Planilha2, Planilha3);
z Alça de preenchimento: no canto inferior direito da célula, permite que um valor seja copiado na direção
em que for arrastado. No Excel, se houver 1 número, ele é copiado. Se houver 2 números, uma sequência será
criada. Se for um texto, é copiado, mas texto com números é incrementado. Dias da semana, nome de mês e
datas são sempre criadas as continuações (sequências);
z Mesclar: significa simplesmente “Juntar”. Havendo diversos valores para serem mesclados, o Excel manterá
somente o primeiro destes valores, e centralizará horizontalmente na célula resultante.
E após a inserção dos dados, caso o usuário deseje, poderá juntar as informações das células.
Existem quatro opções no ícone Mesclar e Centralizar, disponíveis na guia Página Inicial:
z Mesclar e Centralizar: Une as células selecionadas a uma célula maior e centraliza o conteúdo da nova célula;
Este recurso é usado para criar rótulos (títulos) que ocupam várias colunas;
z Mesclar através: Mesclar cada linha das células selecionadas em uma célula maior;
INFORMÁTICA
z Mesclar células: Mesclar (unir) as células selecionadas em uma única célula, sem centralizar;
z Desfazer Mesclagem de Células: desfaz o procedimento realizado para a união de células.
A tabela de dados, ou folha de dados, ou planilha de dados, é o conjunto de valores armazenados nas células.
Estes dados poderão ser organizados (classificação), separados (filtro), manipulados (fórmulas e funções), além de
apresentar em forma de gráfico (uma imagem que representa os valores informados).
379
Para a elaboração, poderemos:
z Digitar o conteúdo diretamente na célula. Basta iniciar a digitação, e o que for digitado é inserido na célula;
z Digitar o conteúdo na barra de fórmulas. Disponível na área superior do aplicativo, a linha de fórmulas é o
conteúdo da célula. Se a célula possui um valor constante, além de mostrar na célula, este aparecerá na barra
de fórmulas. Se a célula possui um cálculo, seja fórmula ou função, esta será mostrada na barra de fórmulas;
z O preenchimento dos dados poderá ser agilizado através da Alça de Preenchimento ou pelas opções automá-
ticas do Excel;
z Os dados inseridos nas células poderão ser formatados, ou seja, continuam com o valor original (na linha de
fórmulas) mas são apresentados com uma formatação específica;
z Todas as formatações estão disponíveis no atalho de teclado Ctrl+1 (Formatar Células);
z Também na caixa de diálogo Formatar Células, encontraremos o item Personalizado, para criação de máscaras
de entrada de valores na célula.
ab Texto: Ex.: 4
Dica
As informações existentes nas células poderão ser exibidas com formatos diferentes. “Por exemplo, uma
data, na verdade, é um número formatado como data. Por isto conseguimos calcular a diferença entre datas.
Os formatos Moeda e Contábil são parecidos entre si, mas possuem exibição diferenciada. No formato de Moe-
da, o alinhamento da célula é respeitado e o símbolo R$ acompanha o valor. No formato Contábil, o alinhamento
é ‘justificado’ e o símbolo de R$ fica posicionado na esquerda, alinhando os valores pela vírgula decimal.
Moeda Contábil
R$4,00 R$4,00
O ícone é para mostrar um valor com o formato de porcentagem. Ou seja, o número é multiplicado por 100.
380 Exibe o valor da célula como percentual (Ctrl+Shift+%).
VALOR FORMATO PORCENTAGEM % PORCENTAGEM E 2 CASAS % ,0 0
ß,0
1 100% 100,00%
2 200% 200,00%
0,004 0% 0,40%
O ícone 000 é o Separador de Milhares. Exibe o valor da célula com um separador de milhar. Esse comando
alterará o formato da célula para Contábil sem um símbolo de moeda.
1 R$1,00 1,00
,00
Os ícones ß,0
,00 à,0 são usados para Aumentar casas decimais (Mostrar valores mais precisos exibindo mais
casas decimais) ou Diminuir casas decimais (Mostrar valores menos precisos exibindo menos casas decimais).
Quando um número na casa decimal possui valor absoluto diferente de zero, ele é mostrado ao aumentar
casas decimais. Se não possuir, então será acrescentado zero.
Quando um número na casa decimal possui valor absoluto diferente de zero, ele poderá ser arredondado para
cima ou para baixo ao diminuir as casas decimais. É o mesmo que aconteceria com o uso da função ARRED, para
arredondar.
Simbologia Específica
Cada símbolo tem um significado, e nas tabelas a seguir, além de conhecer o símbolo, conheça o significado e
alguns exemplos de aplicação.
% (percentual) Percentual = 20% Faz 20 por cento, ou seja, 20 dividido por 100
z ( ) – parênteses;
z ^ – exponenciação (potência, um número elevado a outro número);
z * ou / – multiplicação (função MULT) ou divisão;
z + ou - – adição (função SOMA) ou subtração.
381
Importante!
Como resolver as questões de planilhas de cálculos?
Leitura atenta do enunciado (português e interpretação de textos);
�
Identificar a simbologia básica do Excel (informática);
�
Respeitar as regras matemáticas básicas (matemática);
�
Realizar o teste, e fazer o verdadeiro ou falso (raciocínio lógico).
�
z Um valor jamais poderá ser menor e maior que outro valor ao mesmo tempo;
z Uma célula vazia é um conjunto vazio, ou seja, não é igual a zero, é vazio;
z O símbolo matemático ≠ não poderá ser escrito diretamente na fórmula, use <>
z O símbolo matemático ≥ não poderá ser escrito diretamente na fórmula, use >=
z O símbolo matemático ≤ não poderá ser escrito diretamente na fórmula, use <=
OPERADORES DE REFERÊNCIA
z O símbolo de cifrão transforma uma referência relativa ( A1 ) em uma referência mista ( A$1 ou $A1 ) ou em
382 referência absoluta ( $A$1 );
� O símbolo de exclamação busca o valor em outra planilha, na mesma pasta de trabalho ou em outro arquivo.
Ex.: =[Pasta2]Planilha1!$A$2.
Importante!
O símbolo de cifrão é um dos mais importantes na manipulação de fórmulas de planilhas de cálculos. Nas
provas de concurso público, costumam ser abordadas fórmulas com e sem ele nas referências das células.
Identifica uma
= HOJE ( ) Retorna a data atual do computador
função ou os valo-
( ) parênteses = SOMA (A1;B1) Faz a soma de A1 e B1
res de uma opera-
= (3+5) / 2 Faz a soma de 3 e 5 antes de dividir por 2
ção prioritária
As fórmulas e funções começam com o sinal de igual. Outros símbolos podem ser usados, mas o Excel substi-
tuirá pelo sinal de igual.
O símbolo & é usado para concatenar dois conteúdos, como por exemplo: =”15”&”A45” resulta em 15A45. Pode-
remos usar a função CONCATENAR, ou a função CONCAT, para obter o mesmo resultado do símbolo &.
Erros
Quando trabalhamos com planilhas de cálculos, especialmente no início dos estudos, é comum aparecerem
mensagens de erros nas células, decorrente da falta de argumentos nas fórmulas, referências incorretas, erros de
digitação, entre outros. Vamos ver algumas das mensagens de erro mais comuns que ocorrem nas planilhas de
cálculos. 383
As planilhas de cálculos oferecem o recurso “Rastrear precedentes”, dentro do conceito de Auditoria de Fór-
mulas. Com esse recurso, muito questionado em concursos, o usuário poderá ver setas na planilha indicando a
relação entre as células, e identificar a origem das mensagens de erros.
A seguir, os erros mais comuns que podem ocorrer em uma planilha de cálculos no Microsoft Excel:
Funções Básicas
No Microsoft Excel, a função SOMA efetua a adição dos valores numéricos informados em seus argumentos. Se
existirem células com textos, elas serão ignoradas. Células vazias não são somadas.
=SOMA(A1;A2;A3) Efetua a soma dos valores existentes nas células A1, A2 e A3;
=SOMA(A1:A5) Efetua a soma dos 5 valores existentes nas células A1 até A5;
=SOMA(A1;34;B3) Efetua a soma dos valores da célula A1, com 34 (valor literal) e B3;
=SOMA(A1:B4) Efetua a soma dos 8 valores existentes, de A1 até B4. O Excel não faz ‘triangulação’, operan-
do apenas áreas quadrangulares;
=SOMA(A1;B1;C1:C3) Efetua a soma dos valores A1 com B1 e C1 até C3;
=SOMA(1;2;3;A1;A1) Efetua a soma de 1 com 2 com 3 e o valor A1 duas vezes.
z SOMASE(valores;condição): realiza a operação de soma nas células selecionadas, se uma condição for
atendida.
z MÉDIA(valores): realiza a operação de média nas células selecionadas e exibe o valor médio encontrado.
=MEDIA(A1:A5) Efetua a média aritmética simples dos valores existentes entre A1 e A5. Se forem 5 valores,
serão somados e divididos por 5. Se existir uma célula vazia, serão somados e divididos por 4. Células vazias
não entram no cálculo da média.
Mediana é o ‘valor no meio’. Se temos uma sequência de valores com quantidade ímpar, eles serão ordenados
e o valor no meio é a sua mediana. Por exemplo, para os valores (5,6,9,3,4), ordenados são (3,4,5,6,9) e a mediana
é 5.
Se temos uma sequência de valores com quantidade par, a mediana será a média dos valores que estão no
meio. Por exemplo, para os valores (2,13,4,10,8,1), ordenados são (1,2,4,8,10,13), e no meio temos 4 e 8. A média de
4 e 8 é 6 ((4+8)/2).
=MAXIMO(A1:D6) Exibe qual é o maior valor na área de A1 até D6. Se houver dois valores iguais, apenas um
será mostrado.
z ESQUERDA(texto;quantidade)
Extrai de uma sequência de texto, uma quantidade de caracteres especificados, a partir do início (esquerda).
z DIREITA(texto;quantidade)
Extrai de uma sequência de texto, uma quantidade de caracteres especificados, a partir do final.
z CONCATENAR(texto1;texto2; ... )
z CONCAT(intervalo)
=CONCAT(A1:A5) junta o conteúdo das células A1 até A5 em uma nova célula. Esta função não funciona nas
versões antigas do Office.
z NÚM.CARACT(célula)
z INT(valor)
z TRUNCAR(valor;casas decimais)
=TRUNCAR(PI();3) exibir o valor de PI com 3 casas decimais – valor 3,14159 exibe 3,141.
z ARRED(valor;casas decimais)
Exibe um número com a quantidade de casas decimais, arredondando para cima ou para baixo.
=ARRED(PI();3) exibir o valor de PI com 3 casas decimais – valor 3,14159 exibe 3,142.
FUNÇÕES LÓGICAS
Retornará um valor que você especifica se uma fórmula for avaliada para
SEERRO (Função SEERRO)
um erro; do contrário, retornará o resultado da fórmula
Importante!
Existem milhares de funções no Microsoft Excel. Em concursos públicos, essas são as mais questionadas.
IMPRESSÃO
A impressão no Excel é semelhante ao Word. Difere ao oferecer o item Área de Impressão, que permite ao
usuário escolher uma área de uma planilha para ser impressa. Outro item que o Excel oferece que é exclusiva, é a
possibilidade de imprimir os títulos das colunas e linhas, fazendo com que a impressão seja muito parecida com
a tela que está sendo visualizada. Ambos estão na guia Layout da Página.
Na caixa de diálogo de impressão (Ctrl+P) temos o ajuste da impressão (zoom), permitindo ajustar para caber em
uma página, ajustar apenas as linhas, apenas as colunas, e mudar as quebras de páginas arrastando a divisão na tela.
INFORMÁTICA
387
INSERÇÃO DE OBJETOS
A inserção de objetos contém os mesmos itens do Microsoft Word, mas o destaque são os Gráficos.
A tabela e o gráfico dinâmico possibilitam resumir os dados rapidamente, a partir de critérios padronizados
no Excel.
Os gráficos são representações visuais de dados da planilha. De acordo com a opção escolhida, teremos uma
forma de apresentação. Alguns gráficos são indicados para situações específicas. Outros gráficos são generalistas.
Gráficos
Além da produção de planilhas de cálculos, o Microsoft Excel produz gráficos com os dados existentes nas
células.
Gráficos são a representação visual de dados numéricos, e poderão ser inseridos na planilha como gráficos
“comuns” ou gráficos dinâmicos.
Os gráficos dinâmicos, assim como as tabelas dinâmicas, são construídos com dados existentes em uma ou
várias pastas de trabalho, associando e agrupando informações para a produção de relatórios completos.
z Os gráficos de Colunas representam valores em colunas 2D ou 3D. São opções do gráfico de Colunas: Agrupada,
Empilhada, 100% Empilhada, 3D Agrupada, 3D Empilhada, 3D 100% Empilhada, e 3D.
388
z Os gráficos de Linhas representam valores com z Os gráficos de Ações necessitam que os dados este-
linhas, pontos ou ambos. São opções do gráfico de jam organizados em preço na alta, preço na baixa
Linhas: Linha, Linha Empilhada, 100% Empilha- e preço no fechamento. Datas ou nomes das ações
da, com Marcadores, Empilhada com Marcadores, serão usados como rótulos. São exemplos de gráficos
100% Empilhada com Marcadores, e 3D. de Ações: Alta-Baixa-Fechamento, Abertura-Alta-
-Baixa-Fechamento, Volume-Alta-Baixa-Fechamen-
to, e Volume-Abertura-Alta-Baixa-Fechamento.
z O gráfico do tipo Cascata, exibe e destaca as variações dos valores ao longo do tempo.
z Os gráficos do tipo Combinação permitem combinar dois tipos de gráficos para a exibição de séries de dados.
São exemplos de gráficos do tipo Combinação: Coluna Clusterizada-Linha, Coluna Clusterizada-Linha no
Eixo Secundário, Área Empilhada-Coluna Clusterizada, e a possibilidade de criação de uma Combinação
Personalizada.
CAMPOS PREDEFINIDOS
Semelhante ao Word, o Excel poderá operar com os mesmos campos. Campos são variáveis inseridas na plani-
lha de dados, que serão atualizadas segundo a necessidade.
Data e Hora, Linha de Assinatura, Cabeçalho e Rodapé, entre muitos.
Uma das principais diferenças entre o editor de textos e o editor de planilhas, é o Cabeçalho e Rodapé. Enquan-
to no editor de textos eles são únicos, no Excel estão dividido em 3 partes.
390
CONTROLE DE QUEBRAS E NUMERAÇÃO DE PÁGINAS
O Excel poderá trabalhar com as informações inseridas pelo usuário na planilha, e com dados provenientes
de outros locais. Disponível na guia Dados, o grupo ‘Obter Dados Externos’, apesar de figurar no edital de alguns
concursos, nunca foi questionado em provas de Noções de Informática, tanto nível médio como nível superior.
INFORMÁTICA
391
De Arquivo
De banco de dados
Do Azure
392
De serviços online
De outras fontes
CLASSIFICAÇÃO DE DADOS
por cor da célula, cor da fonte ou ícones, por uma lista personalizada, linhas, por mais de uma coluna ou linha, ou
por uma coluna sem afetar as demais.
393
CLASSIFICAÇÃO COMENTÁRIOS
Se houver datas ou horas, podemos ‘Classificar da mais antiga para a mais nova’
Classificar datas ou horas
ou ‘Classificar da mais nova para a mais antiga’, resumindo, cronologicamente
Você pode usar uma lista personalizada para classificar em uma ordem definida
Classificar por uma lista
pelo usuário. Por exemplo, uma coluna pode conter valores pelos quais você
personalizada
deseja classificar, como Alta, Média e Baixa
CORREIO ELETRÔNICO
Para utilizar o serviço de correio eletrônico, o usuário deve ter uma conta cadastrada em um serviço de e-mail.
O formato do endereço foi definido inicialmente pela RFC822, redefinida pela RFC2822, e atualizada na RFC5322.
Dica
RFC é Request for Comments, um documento de texto colaborativo que descreve os padrões de cada proto-
394 colo, linguagem e serviço para ser usado nas redes de computadores.
De forma semelhante ao endereço URL para recur- Conheça estes elementos na criação de uma nova
sos armazenados em servidores, o correio eletrônico mensagem de e-mail.
também possui o seu formato.
Vale mencionar que algumas bancas organizado-
ras apresentam o formato reduzido usuário@prove- CAMPOS DE UMA MENSAGEM DE E-MAIL
dor no enunciado das questões em vez do formato CAMPO CARACTERÍSTICAS
detalhado usuário@provedor.domínio.país. Ambos
Identifica o usuário que está en-
estão corretos.
viando a mensagem eletrônica, o
FROM (De)
remetente. É preenchido automatica-
CAMPOS DE UM ENDEREÇO DE E-MAIL – mente pelo sistema.
USUÁRIO@PROVEDOR.DOMÍNIO.PAÍS
Identifica o (primeiro) destinatário da
COMPONENTE CARACTERÍSTICAS mensagem. Poderão ser especifica-
Antes do símbolo de @, identifi- dos vários endereços de destinatá-
usuário ca um único usuário no serviço de rios neste campo, e serão separados
e-mail. TO (Para) por vírgula ou ponto-e-vírgula (segun-
do o serviço). Todos que receberem
Significa AT (lê-se ‘em’ ou ‘no’), e se- a mensagem, conhecerão os ou-
para a parte esquerda que identifica tros destinatários informados neste
@ o usuário, da parte à sua direita, que campo.
identifica o provedor do serviço de
mensagens eletrônicas. Identifica os destinatários da men-
sagem que receberão uma cópia do
Imediatamente após o símbolo de CC e-mail. CC é o acrônimo de Carbon
@, identifica a empresa ou provedor (com cópia ou Copy (cópia carbono).
Nome do que armazena o serviço de e-mail cópia carbono) Todos que receberem a mensagem,
domínio (o servidor de e-mail executa soft- conhecerão os outros destinatários
wares como o Microsoft Exchange informados neste campo.
Server, por exemplo).
Identifica os destinatários da men-
Identifica o tipo de provedor, por BCC sagem que receberão uma cópia do
exemplo, COM (comercial), .EDU (CCO – com e-mail. BCC é o acrônimo de Blind
(educacional), REC (entretenimen- cópia oculta ou Carbon Copy (cópia carbono oculta).
Categoria do to), GOV (governo), ORG (organiza- cópia carbono Todos que receberem a mensagem
domínio ção não-governamental), etc., de oculta) não conhecerão os destinatários in-
acordo com as definições de Do- formados neste campo.
mínios de Primeiro Nível (DPN) na
Internet. SUBJECT Identifica o conteúdo ou título da
(assunto) mensagem. É um campo opcional.
Informação que poderá ser omitida,
quando o serviço está registrado Anexar Arquivo: Identifica o(s) ar-
nos Estados Unidos. O país é infor- quivo(s) que estão sendo enviados
país junto com a mensagem. Existem res-
mado por duas letras, como: BR, ATTACH
Brasil, AR, Argentina, JP, Japão, CN, trições quanto ao tamanho do anexo
(anexo)
China, CO, Colômbia etc. e tipo (executáveis são bloqueados
pelos webmails). Não são enviadas
Quando o símbolo @ é usado no início, antes do pastas.
nome do usuário, identifica uma conta em rede social. O conteúdo da mensagem de e-mail,
Para o endereço URL do Instagram https://www.ins- Mensagem poderá ter uma assinatura associada
tagram.com/novaconcursos/, o nome do usuário é @ inserida no final.
novaconcursos.
As mensagens enviadas, recebidas, apagadas ou
PREPARO E ENVIO DE MENSAGENS salvas, estarão em pastas do servidor de correio ele-
trônico, nominadas como ‘caixas de mensagens’.
Ao redigir um novo e-mail, o usuário poderá preen- A pasta Caixa de Entrada contém as mensagens
cher os campos disponíveis para destinatário(s), título recebidas, lidas e não lidas.
da mensagem, entre outros. A pasta Itens Enviados contém as mensagens efe-
Para enviar a mensagem, é preciso que exista tivamente enviadas.
um destinatário informado em um dos campos de A pasta Itens Excluídos contém as mensagens
destinatários.
apagadas.
Se um destinatário informado não existir no servi-
INFORMÁTICA
ENDEREÇO
CARACTERÍSTICAS Servidor DNS
URL FICTÍCIO
Usando o protocolo http, acessare-
mos o servidor abc, que é comercial Internet
Endereço URL
(.com), no Brasil (.br). Acessaremos a Usuário
divisão multimídia (www) com arqui- Os endereços URL’s são reconhecíveis pelos usuários, mas os dados
http://www. são armazenados em servidores web com números de IP. O servidor
vos textuais, vídeos, áudios e imagens.
abc.com.br/ DNS traduz um URL em número de IP, permitindo a navegação na
O recurso acessado é o index.html,
Internet.
entendido automaticamente pelo na-
vegador, por não ter nenhuma especi-
Conceitos e Funções Válidas para Todos os
ficação de recurso no fim.
Navegadores
Usando o protocolo https, acessare-
mos o servidor abc, que é comercial z Modo normal de navegação: as informações serão
https://mail.
(.com) e pode estar registrado nos registradas e mantidas pelo navegador. Histórico
abc.com/caixa
Estados Unidos. Acessaremos o dire- de Navegação, Cookies, Arquivos Temporários,
s/inbox/
tório caixas, subdiretório inbox. Aces- Formulários, Favoritos e Downloads;
saremos o serviço mail no servidor.
Usando o protocolo de transferência
de arquivos ftp, acessaremos o servi-
ftp://ftp.abc.g
dor ftp da instituição governamental
ov.br/edital.pdf
(gov) brasileira (br) chamada abc, que
disponibiliza o recurso edital.pdf.
z Modo de navegação anônima: as informações de
Outra forma de analisar um endereço URL é na navegação serão apagadas quando a janela for
sua sintaxe expandida. Quando navegamos em sites fechada. Apenas os Favoritos e Downloads serão
na Internet, nos deparamos com aquelas combinações mantidos;
de símbolos que não parecem legíveis. No entanto,
INFORMÁTICA
esquema://domínio:porta/caminho/recurso?
querystring#fragmento
z Dados de formulários: informações preenchidas
Onde “esquema” é o protocolo que será usado na em campos de formulários nos sites de Internet;
transferência.
397
z Favoritos: endereços URL salvos pelo usuário para acesso posterior. Os sites preferidos do usuário poderão ser
exportados do navegador atual e importados em outro navegador de Internet;
z Downloads: arquivos transferidos de um servidor remoto para o computador local. Os gerenciadores de down-
loads permitem pausar uma transferência ou buscar outras fontes caso o arquivo não esteja mais disponível;
z Uploads: arquivos enviados do computador local para um servidor remoto;
z Histórico de navegação: são os endereços URL acessados pelo navegador em modo normal de navegação;
z Cache ou arquivos temporários: cópia local dos arquivos acessados durante a navegação;
z Pop-up: janela exibida durante a navegação para funcionalidades adicionais ou propaganda;
z Atualizar página – acessar as informações armazenadas na cópia local (cache);
z Recarregar página: acessar novamente as informações no servidor, ignorando as informações armazenadas
nos arquivos temporários;
z Formato PDF: os arquivos disponíveis na Internet no formato PDF podem ser visualizados diretamente no
navegador de Internet, sem a necessidade de programas adicionais.
Links e Sites
Link e elemento de hipermídia formado por um trecho de texto em destaque ou por um elemento gráfico que,
ao ser acionado ( geralmente mediante um clique de mouse), provoca a exibição de novo hiperdocumento.
Já o site corresponde ao local na Internet identificado por um nome de domínio, constituído por uma ou mais
páginas de hipertexto, que podem conter textos, gráficos e informações em multimídia.
z Cookies: arquivos de texto transferidos do servidor para o navegador com informações sobre as preferências
do usuário. Eles não são vírus de computador, pois códigos maliciosos não podem infectar arquivos de texto
sem formatação;
z Feeds RSS: quando o site oferece o recurso RSS, o navegador receberá atualizações para a página assinada pelo
usuário. O RSS é muito usado entre sites para troca de conteúdo;
z Certificado digital: os navegadores podem utilizar chaves de criptografia com mais de 1024 bits, ou seja, aceitam
certificados digitais para validação de conexões e transferências com criptografia e segurança;
z Corretor ortográfico: permite a correção dos textos digitados em campos de formulários a partir de dicionários
on-line disponibilizados pelos desenvolvedores dos navegadores.
Atalhos de Teclado
Nos navegadores de Internet, os links poderão ser abertos de 4 (quatro) formas diferentes.
BUSCA
Na Internet, os sites (sítios) de busca e pesquisa têm, como finalidade, apresentar os resultados de endereços
URLs com as informações solicitadas pelo usuário.
Google Buscas, da empresa Google, e Microsoft Bing, da Microsoft, são os dois principais sites de pesquisa da
atualidade. No passado, sites como Cadê, Aonde, Altavista e Yahoo também contribuíram para a acessibilidade das
informações existentes na Internet, indexando em diretórios os conteúdos disponíveis.
Os sites de pesquisas foram incorporados aos navegadores de Internet e, na configuração dos browsers, temos
a opção “Mecanismo de pesquisa”, que permite a busca dos termos digitados diretamente na barra de endereços
do cliente web. Essa funcionalidade transforma a nossa barra de endereços em uma omnibox (caixa de pesquisa
inteligente), que preenche com os termos pesquisados anteriormente e oferece sugestões de termos para comple-
398 tar a pesquisa.
O Microsoft Edge tem o Microsoft Bing como buscador padrão. O Mozilla Firefox e o Google Chrome têm o
Google Buscas como buscador padrão. As configurações podem ser personalizadas pelo usuário.
Os sites de pesquisas incorporam recursos para operações cotidianas, como pesquisa por textos, imagens,
notícias, mapas, produtos para comprar em lojas on-line, efetua cálculos matemáticos, traduz textos de um idioma
para outro, entre inúmeras funcionalidades, ignoram pontuação, acentuação e não diferenciam letras maiúsculas
de letras minúsculas, mesmo que sejam digitadas entre aspas.
Além de todas essas características, os sites de pesquisa permitem o uso de caracteres especiais (símbolos)
para refinar os resultados e comandos para selecionar o tipo de resultado da pesquisa. Nos concursos públicos,
esses são os itens mais questionados.
Ao contrário de muitos outros tópicos dos editais de concursos públicos, essa parte você consegue praticar até
no seu smartphone. Comece a usar os símbolos e comandos nas suas pesquisas na Internet e visualize os resulta-
dos obtidos.
Os comandos são seguidos de dois pontos e não possuem espaço com a informação digitada na pesquisa.
O site de pesquisas Google também oferece respostas para pedidos de buscas. O site Microsoft Bing oferece
mecanismos similares.
As possibilidades são quase infinitas, pois os assistentes digitais (Alexa, Google Assistent, Siri, Cortana) permi-
tem a pesquisa por voz. Veja alguns exemplos de pedidos de buscas nos sites de pesquisas.
Os resultados apresentados pelas pesquisas do site são filtrados pelo SafeSearch. O recurso procura filtrar os
resultados com conteúdo adulto, evitando a sua exibição. Quando desativado, os resultados de conteúdo adulto
serão exibidos normalmente.
No Microsoft Bing, na página do buscador www.bing.com, acesse o menu no canto superior direito e escolha
o item Pesquisa Segura.
No Google, na página do site do buscador www.google.com, acesse o menu Configurações no canto inferior
direito e escolha o item Configurações de Pesquisa.
399
IMPRESSÃO DE PÁGINAS Voltado para o mercado corporativo e educacional,
assim como o Google Meet, teve suas funcionalidades
Além da funcionalidade apresentada pelo Win- liberadas por um período para todos os usuários,
dows a partir do atalho Ctrl + P para imprimir, os devido à pandemia de COVID-19 no ano de 2020.
navegadores mais comuns também apresentam suas Atualmente (agosto/2021) existem duas versões
próprias opções quanto a essa função. Vejamos: disponíveis. O Microsoft Teams para uso pessoal, dis-
ponível para qualquer pessoa que tenha uma conta
z Google Chrome: acesse o ícone de reticências para Microsoft (Hotmail, Live, xBox), e a versão corporativa
mais opções. Em seguida, toque em “Imprimir”; integrante do pacote Office 365 “empresarial”.
z Mozilla Firefox: toque no ícone de menu para Na versão pessoal, o OneDrive é usado para arma-
acessar opções adicionais. Feito isso, toque em zenar arquivos compartilhados. Na versão empresa-
“Imprimir” rial o SharePoint é usado para compartilhar arquivos
z Microsoft Edge: clique no ícone de reticências com a equipe (dentro do domínio da empresa) e o
OneDrive para compartilhar com usuários de fora da
para visualizar mais funções. Então, clique em
equipe, na Internet. A versão gratuita não possui o
“Imprimir”;
recurso Microsoft SharePoint, mas o usuário poderá
z Opera: pressione o comando “Crtl + P” para visua- compartilhar arquivos pelo Microsoft OneDrive.
lizar o layout de impressão ou pressione o coman- Com o Teams, você pode conversar por meio de
do “Ctrl + Shift + P” para imprimir sem visualizar texto, realizar videoconferências (com webcam) e
o layout; trocar arquivos. Você pode utilizá-lo via navegador
z Safari: na barra de menu superior do Safari, toque de Internet ou instalar o app no smartphone e ter os
em “Arquivo”. Depois basta clicar em “Imprimir” mesmos recursos de conversação e troca de arquivos.
para visualizar o layout de impressão. Outras funcionalidades incluem:
Depois que o grupo estiver montado, você poderá adicionar participantes. Clique no canto superior direito e
adicione os novos participantes da conversa:
z Não incluir o histórico de chats (igual ao WhatsApp, a pessoa não saberá o que foi conversado antes de seu
ingresso no grupo);
z Incluir histórico do número de dias anteriores: define a quantidade de dias das conversas do grupo, que o
novo participante terá acesso;
z Incluir todo o histórico de chats (igual ao Telegram, quem for adicionado no grupo saberá tudo que foi conver-
sado desde o início).
Para excluir participantes do grupo, abra a lista e clique no “X” à frente do nome:
INFORMÁTICA
401
Conversas e grupos importantes poderão ser fixados, mantidos no topo da listagem. Clique em Opções e mar-
que fixar:
Para Enviar Arquivos para outros Colaboradores da Equipe (usando Microsoft Teams)
Compartilhamento de tela
Adicionar participantes ao chat
Ao receber um chat ou chamada de alguém que não tenha conversado anteriormente, será apresentada a tela
de boas-vindas em que você poderá visualizar a mensagem, e então aceitar ou bloquear.
Na conversa, é possível realizar chamada de áudio, chamada de vídeo, compartilhar a tela de algum programa
aberto ou de todo o dispositivo, adicionar novos participantes ao chat ou exibir a conversa em nova janela.
Quando o anfitrião cria uma reunião e adiciona os participantes, o chat se torna uma reunião. Assim como em
outros locais, é possível trocar mensagens de texto, compartilhar arquivos, imagens, adicionar novos participan-
tes e compartilhar o link para acesso externo.
Ao iniciarmos a nossa participação no chat, é possível definir como ela será (somente texto, com áudio, com
vídeo). Ao clicar no botão Entrar, a janela de acesso ao chat/reunião será exibida.
INFORMÁTICA
403
Arquivos da conversa
Mensagens de texto e avisos
Imagens da conversa
Participantes
Link do chat
Quando o anfitrião cria uma reunião e adiciona os participantes, o chat se torna uma reunião. Assim como em
outros locais, é possível trocar mensagens de texto, compartilhar arquivos, imagens, adicionar novos participan-
tes e compartilhar o link para acesso externo.
Ao iniciarmos a nossa participação no chat, é possível definir como ela será (somente texto, com áudio, com
vídeo). Ao clicar no botão Entrar, a janela de acesso ao chat/reunião será exibida.
Vídeo ativado
Áudio ativado
Ajustes do dispositivo
Estas configurações poderão ser ajustadas durante a reunião, acessando o item “Mais opções” ou “Mais ações”
(reticências na barra de ferramentas da reunião) e “Configurações do dispositivo”.
Chamadas de Áudio
Durante uma chamada de áudio, após as definições das configurações na tela inicial, serão apresentados novos
controles, para deixar mudo o seu microfone e encerrar a chamada (Sair).
A chamada de áudio é realizada utilizando a tecnologia VoIP (Voice over Internet Protocol), sem qualquer cus-
to adicional para quem realiza a ligação. As ligações de áudio são realizadas entre os usuários da organização, ou
para externos se eles possuem o Microsoft Teams.
Para iniciar um chat, clique no ícone “Chamada de áudio” (atalho de teclado Ctrl+Shift+C) e aguarde o usuário
atender sua ligação.
404
Importante!
É possível realizar chamadas telefônicas para números externos por meio do Microsoft Teams. Para tanto, o
usuário precisará ter um pacote de minutos de telefonia contratado junto à Microsoft. O recurso de discagem
está disponível em “Configurações e mais ações”, ao lado do seu nome de usuário.
As chamadas de vídeo apresentam outros recursos, como compartilhamento de tela por exemplo, em que o
usuário pode compartilhar com outro aquilo que está sendo visualizado na tela escolhida por ele.
Chamadas de Vídeo
Durante uma chamada de vídeo, feitas as definições das configurações na tela inicial, serão apresentados
novos controles na janela, que permitem:
Tempo decorrido
Utilizando-se do botão Sair, quando for o anfitrião, o usuário poderá sair da reunião (e ela seguirá com os
outros participantes e anfitriões) ou Encerrar a reunião, desconectando todos.
Os aplicativos do Microsoft Office 365 estão disponíveis no Microsoft Teams, para compartilhamento de con-
teúdo e funções adicionais.
Na conversa, seja chat ou reunião, acesse a guia Arquivos. Ao clicar no botão Novo (New), é possível criar
arquivos do Word (documento de texto), Excel (planilha de cálculos) ou PowerPoint (Apresentação de slides).
A edição será pelo Microsoft 365 (versão online) ou então pelo aplicativo Office correspondente da área de tra-
balho se o mesmo se encontrar instalado no dispositivo.
O carregamento do arquivo, se este se encontrar no PC, poderá ser feito por meio da opção Enviar (Upload).
Você pode arrastar e soltar os arquivos que estiverem sendo exibidos em uma janela do Explorador de Arquivos.
Arquivos vazios (tamanho 0 KB) não podem ser compartilhados.
“Obter link” pode ser utilizado para compartilhar o item com outros usuários: será criado um link de acesso ao
arquivo que será armazenado no OneDrive ou SharePoint.
Coeditando um Arquivo
Os arquivos que foram carregados no Microsoft Teams e compartilhados com a equipe, podem ser acessados
e editados simultaneamente.
406
Para fazer isso, basta abrir o arquivo e iniciar a edição, que as alterações serão mescladas. Cada usuário faz a
sua parte e o Microsoft Teams/Office se encarrega de manter todos atualizados.
Apenas pessoas da organização com o link de acesso, podem exibir e editar. Usuários externos podem apenas
visualizar. Ao compartilhar um documento, planilha ou apresentação, informe o endereço do e-mail do usuário,
uma mensagem (opcional) e envie. É possível apenas copiar o link do compartilhamento e enviar por outros
canais, como o chat do Teams ou conversa no WhatsApp.
Se o arquivo não ultrapassar 25MB de tamanho, poderá ser enviado como anexo por e-mail. Se for maior,
permanecerá no OneDrive e um link é enviado para o convidado. O convidado precisará usar a versão desktop do
Office instalada no seu computador para acessar o arquivo.
A coautoria só é suportada em formatos de arquivo modernos, incluindo: .docx (Word ), .pptx (PowerPoint ) e
.xlsx (Excel ).
Os aplicativos que aceitam a coautoria são o Word e PowerPoint em suas versões mais recentes (Office 2010 ou
superior). O Microsoft Excel app móvel e a versão mais recente do Excel do Microsoft 365 também aceitam coautoria.
O Microsoft PowerPoint, dentro do Microsoft Teams, compartilhado para coautoria com outros editores, apre-
senta controle de versões “avançado” em relação aos outros programas.
INFORMÁTICA
A apresentação é aberta pelo Microsoft Teams no navegador de Internet, podendo ser editada localmente 407
Após ter sido compartilhada com outros editores,
via OneDrive ou SharePoint, eles poderão editar o con-
Organização
teúdo da apresentação de slides. Pública
Híbrida
Durante a edição, será mostrada na parte superior
da Faixa de Opções do PowerPoint os avatares dos Privada
usuários que estão editando a apresentação simulta-
Organização X
neamente. Um balão colorido com o nome do usuário
poderá acompanhar o que cada um está fazendo nos
slides da apresentação. Ative esta funcionalidade em Organização Y
Comunitária
Arquivo > Opções > Avançado > Exibir > Mostrar sina-
lizadores de presença para itens selecionados.
Organização Z
Microsoft OneNote
O Microsoft OneNote é um sistema de compartilhamento de mensagens (páginas) do usuário, que são anota-
ções com textos formatados. São lembretes, que via Microsoft Teams poderão ser compartilhados com a equipe
para a realização de tarefas sincronizadas.
Nos lembretes podemos adicionar:
z Marcas: sinalizadores que definem o tipo de anotação realizada, como Tarefa, Contato, Crítico, Ideia, Senha
etc.;
z Feed: histórico de anotações realizadas no OneNote;
z Nova página: nova anotação;
z Nova seção: nova seção, ou divisão, ou grupo, para separação das anotações;
z Inserir Impressão do Arquivo: adicionar na nota um arquivo PDF ou documento de impressora;
z Áudio: adicionar áudio na anotação;
z Matemática: desenho de fórmulas matemáticas na tela, que poderão ser convertidas em fórmulas como se
tivessem sido digitadas;
z Cor da página: cor da anotação;
z Mostrar autores: visualizar os autores das anotações que aparecem em seu Bloco de Anotações.
O arquivo do OneNote é um “Bloco de Anotações”, as divisões do arquivo são as “Seções” e o conteúdo ou ano-
tações são as “Páginas”.
As páginas com anotações são gravadas na conta Microsoft (OneDrive) e compartilhada com os dispositivos
que estão com o aplicativo OneNote e a mesma conta de acesso.
Os demais recursos são semelhantes aos encontrados no Word, Excel e PowerPoint.
A reunião pode ser definida como uma comunicação entre duas ou mais pessoas (participantes), com textos,
vídeo, áudio, arquivos e compartilhamentos de tela.
Uma reunião poderá ser realizada imediatamente ou agendada no Calendário. Ao acessar o item Calendário,
no lado esquerdo da tela do Teams, clique no botão correspondente na barra de ferramentas.
INFORMÁTICA
Calendário
Para realizar o agendamento, basta localizar a data e horário no Calendário e seguir o passo a passo para adi-
cionar um evento. Ou clicar no botão “Nova reunião” e preencher as informações essenciais. 409
Calendário
Preencha os campos solicitados e, ao clicar em “Salvar”, você terá o link de acesso para ser compartilhado com
os participantes.
Título da reunião
Repetição do evento
Localização
Mensagem para os
participantes da reunião
A repetição do evento poderá ser “Não se repete” (evento único), “Todos os dias de semana (Segundo a Sexta)”,
Diariamente, Semanalmente, Mensalmente, Anualmente ou Personalizada. Em “Personalizada” é possível definir
o início, a frequência (por exemplo, a cada 10 dias) e a data de encerramento da repetição.
A mensagem para os participantes da reunião é uma composição semelhante ao e-mail do Microsoft Outlook,
com formatação, links, tabelas, imagens etc. Reunião criada, link disponível.
Agora o usuário poderá copiar o link e enviar por e-mail ou chat (até no WhatsApp, Facebook Messenger etc.)
para os participantes, ou ainda adicionar no Google Agenda. Quem tem smartphone Android ou usa o Google Agen-
da no iOS, poderá adicionar o evento em seu calendário por meio das opções personalizáveis do Google Agenda.
410
Nas opções da reunião, é possível definir as suas configurações.
“Quem pode ignorar o lobby? Somente eu / Todos.” O que isto significa? O lobby é a sala de espera para a reu-
nião. As configurações do lobby poderão ser ajustadas durante a transmissão, acessando “Mais ações” > “Opções
de reunião”.
A reunião via Microsoft Teams, assim como nos demais aplicativos de videoconferência, estão suscetíveis à
ataques do tipo zoombombing, situação que envolve a invasão de pessoas alheias à organização com a intenção
INFORMÁTICA
Ao acessar o Teams e localizar o chat da reunião, o participante poderá ingressar pelo botão “Ingressar agora”.
Na tela inicial, os ajustes preliminares serão apresentados.
É possível ingressar na reunião com a imagem da câmera, ou câmera desligada. É possível também ingressar
na reunião com o áudio do microfone, ou mutado (sem áudio). Em ambos, as Configurações permitem ajustes dos
dispositivos conectados.
O link da reunião será enviado por e-mail para o endereço de correio eletrônico do participante. O participante
pode ingressar na reunião por meio do aplicativo (na área de chat, do lado esquerdo), ou pela tela do navegador
de Internet, ou ainda pelo link de acesso contido na mensagem de e-mail do convite.
Na mensagem também são adicionados links de acesso por e-mail e ID da conferência de VTC (Virtual Teams
Conference). São usados em conexões por telefone convencional, especialmente entre operadoras de telefonia nos
Estados Unidos.
Gravação da Reunião
O organizador (anfitrião) da reunião pode iniciar e parar uma gravação. Outros usuários que pertencem à
mesma organização do anfitrião também poderão iniciar a gravação, que continua mesmo que a pessoa que ini-
ciou a gravação tenha saído da reunião. Os participantes serão informados que a gravação está sendo realizada e
ela para automaticamente quando todos saem da reunião.
Pessoas de fora da organização, convidados e anônimos não podem iniciar ou parar uma gravação de reunião.
Para iniciar a gravação, acesse “Mais ações” ou “Mais opções” e clique em “Iniciar gravação e transcrição” e para
finalizar acesse “Mais ações” ou “Mais opções” e clique em “Parar gravação e transcrição”.
Se uma pessoa começar a gravar uma reunião, essa gravação será armazenada na nuvem e estará disponível
para todos os participantes no OneDrive. A gravação não expira, ou seja, não é apagada automaticamente após
um período de tempo, por exemplo.
No começo, eram armazenadas no Microsoft Stream. O motivo da mudança para o OneDrive ou SharePoint
se deu foi por conta do processamento lento do Stream, tornando a gravação disponível apenas depois de certo
tempo, o que não ocorre nos dois aplicativos mais modernos. Vale notar que apenas o proprietário da gravação
412 pode deletá-la.
No OneDrive, a gravação poderá ser compartilhada com qualquer usuário, mediante link de acesso e permis-
sões. No SharePoint, a gravação poderá ser acessada diretamente por qualquer usuário da organização que tenha
o link de acesso ou participou da reunião.
O que determina o local da gravação da reunião? Se a reunião foi realizada por um canal (entre membros da
instituição), ela estará salva no SharePoint. Se for uma simples reunião, ela será armazenada no OneDrive.
A gravação da reunião poderá ser acessada nas guias da reunião, exibidas na parte superior da janela, que
contém o chat de conversas, Arquivos, Detalhes, Anotações, Quadros de Avisos, e Gravações.
Teclas de Atalhos
No aplicativo Desktop instalado no computador e no acesso por meio do navegador de Internet, alguns atalhos
de teclado poderão ser usados durante a operação do Microsoft Teams.
Confira as principais (todas as teclas de atalhos estão disponíveis na página da Microsoft):
No item “Configurações e muito mais”, localizado no canto superior da barra de títulos do Microsoft Teams,
você poderá ver os atalhos de teclado na tela do aplicativo, para consulta rápida.
Configurações
Zoom (100%)
Atalhos do teclado
Sobre
INFORMÁTICA
Verificar atualizações
Baixar o aplicativo móvel
413
Esse usuário deseja criar um atalho para um arquivo
Importante! na Área de Trabalho, e, para isso, ele deve clicar em
O Microsoft Teams é um tema novo em concur- a) “Exibir”, em seguida, selecionar “Atalho” na lista de
sos públicos e também é um recurso extrema- opções que surge na tela, e seguir as orientações na
mente prático semelhante ao WhatsApp, em que janela “Criar Atalho”.
muitas pessoas aprendem usando. Portanto, b) “Novo”, em seguida, digitar o nome do atalho na janela
que surge na tela.
fica a sugestão: instale e use um pouco o Micro-
c) “Novo”, em seguida, selecionar “Atalho” na lista de
soft Teams para se familiarizar com o aplicativo. opções que surge na tela, e seguir as orientações na
janela “Criar Atalho”.
d) “Atualizar”, em seguida, selecionar “Atalho” na lista de
opções que surge na tela, e seguir as orientações na
janela “Criar Atalho”.
HORA DE PRATICAR! e) “Exibir”, em seguida, digitar o nome do atalho na janela
que surge na tela.
1. (TJ-SP – VUNESP – 2017) No ambiente do MS-Win-
dows 10, em sua configuração padrão, no aplicativo 4. (TJ-SP – VUNESP – 2018) A seguir, é apresentada
acessório WordPad (e em grande parte dos aplicativos uma parte do Explorador de Arquivos do Windows 10.
em ambiente Windows), quando se deseja selecionar
um parágrafo todo, pode-se
7. (TJ-SP – VUNESP – 2017) A Área de Transferência do MS-Office 2016 permite que dados sejam transferidos entre os
diversos aplicativos. Suponha que um usuário tenha aberto um arquivo do MS-Excel 2016 e outro do MS-Word 2016 e
que, no Excel, algumas células tenham sido copiadas com o comando Ctrl + C. Observe a figura do MS-Word 2016.
a) todo o conteúdo da Área de Transferência será copiado para a posição após o cursor no texto.
b) uma janela lateral será aberta, exibindo todos os elementos colocados na Área de Transferência, além de botões
diversos.
c) o último elemento copiado para a Área de Transferência será copiado para a posição após o cursor no texto, na forma
“Manter Formatação Original”.
d) o último elemento copiado para a Área de Transferência será copiado para a posição após o cursor no texto, na forma
“Colar Especial”.
e) a Área de Transferência será limpa.
8. (TJ-SP – VUNESP – 2019) Tem-se o seguinte documento criado no Microsoft Word 2016, em sua configuração
original.
Assinale a alternativa com o resultado, ao selecionar a palavra “torturantes” e clicar no ícone negrito duas vezes.
a) E o sertão é um vale fértil. É um pomar vastíssimo, sem dono. Depois tudo isto se acaba. Voltam os dias TORTURAN-
INFORMÁTICA
10. (TJ-SP – VUNESP – 2014) Um documento com apa- 13. (TJ-SP – VUNESP – 2015) O enunciado a seguir será
rência profissional nunca termina uma página somen- utilizado para responder à questão.
te com uma linha de um novo parágrafo ou inicia uma
página somente com a última linha da página anterior.
A última linha de um parágrafo, sozinha no topo de numero de processos
engenheiro
a) Radar.
Localizado no grupo Fonte da guia Página Inicial. Essa b) Dispersão.
palavra ficará escrita na forma: c) Ações.
d) Área.
e) Colunas.
a) engenheira
b) engenheiro 14. (TJ-SP – VUNESP – 2015) Um usuário do MS-Excel
c) engenheiro (versão para a língua portuguesa), em sua configuração
d) engenheirO padrão, elaborou uma planilha e protegeu todas suas
e) engenheirA células para que outros usuários não as alterem. Caso
algum usuário deseje remover essa proteção, ele deve
12. (TJ-SP – VUNESP – 2015) O enunciado a seguir será
a) selecionar a aba Proteção do Menu, clicar no ícone
utilizado para responder à questão. Desbloquear Planilha do grupo Proteção.
A planilha a seguir foi elaborada no MS-Excel (ver- b) selecionar a aba Proteção do Menu, clicar no ícone
são para a língua portuguesa), em sua configuração Senha de Desproteção do grupo Proteção e digitar a
416 padrão. senha solicitada.
c) selecionar a aba Revisão do Menu, clicar no ícone Des-
travar Planilha do grupo Proteger.
d) selecionar a aba Revisão do Menu, clicar no ícone Des-
proteger Planilha do grupo Proteger e digitar a senha
solicitada.
e) ter privilégios de Administrador quando da abertura do
arquivo.
Suponha que a seguinte fórmula tenha sido colocada
15. (TJ-SP – VUNESP – 2018) Considere a seguinte tabe- na célula D4 da planilha:
la, editada no MS-Excel 2016 (versão em português e =MÁXIMO(A1;A1:B2;A1:C3)
em sua configuração padrão). O resultado produzido nessa célula é:
a) 7
b) 9
c) 3
d) 6
e) 8
a) A3: 4; B3: –; C1: –; C2: –; C3: – contenham exatamente a frase: feriados no Brasil.
b) A3: 4; B3: 6; C1: 3; C2: 7; C3: 10 Para isso, deve-se digitar, na Barra de Pesquisa do site,
c) A3: –; B3: –; C1: 3; C2: –; C3: – o seguinte:
d) A3: 4; B3: 6; C1: –; C2: –; C3: –
e) A3: –; B3: –; C1: 3; C2: 7; C3: – a) feriados&no&Brasil
b) (feriados no Brasil)
17. (TJ-SP – VUNESP – 2017) Observe a planilha a seguir, c) feriadosANDnoANDBrasil
elaborada no MS-Excel 2016, em sua configuração d) “feriados no Brasil”
padrão, para responder à questão. e) feriados-no-Brasil 417
GABARITO COMENTADO
1.
No sistema operacional Microsoft Windows, tanto no acessório de edição de textos WordPad como no aplicativo
Microsoft Word integrante do pacote Microsoft Office, os cliques do mouse podem ser usados para posicionamen-
to do cursor ou seleção.
‘Em “a”: Certo – Três cliques no botão principal do mouse em uma palavra do parágrafo, irá selecionar todo o
parágrafo.
Em “b”: Errado – Duplo clique no botão principal do mouse em uma palavra do texto, seleciona apenas a palavra.
Em “c”: Errado – Ao acionar o botão secundário do mouse, será exibido o menu de contexto com as opções dispo-
níveis para o local (Recortar, Copiar, Colar, Parágrafo e Listas).
Em “d”: Errado – Ao acionar duplo clique no botão secundário do mouse, será exibido o menu de contexto com as
opções disponíveis para o local.
Em “e”: Errado – Ao selecionar uma palavra do parágrafo e clicar uma vez em cada botão do mouse, ao clicar
no botão principal, sairá da seleção e, ao clicar no botão secundário do mouse, será exibido o menu de contexto.
Resposta: Letra A.
2.
O Windows 10 é a versão do sistema operacional Windows que trouxe uma combinação de funcionalidades do
Windows 7 com Windows 8, além de novidades. Entre as novidades do Windows 10, o navegador de Internet
padrão é o Microsoft Edge.
Em “a”: Certo – O navegador Microsoft Edge é o navegador padrão do Windows 10.
Em “b”: Errado – O navegador Microsoft Internet Explorer 10 foi a penúltima versão do navegador, e estava
disponível no Windows 7, sendo substituído pelo Microsoft Internet Explorer 11 como navegador padrão do
Windows 7.
Em “c”: Errado – Safari é um navegador web da Apple, que poderá ser instalado no sistema operacional Windows.
Em “d”: Errado – O navegador Microsoft Internet Explorer 11 é o navegador web padrão do Windows 7.
Em “e”: Errado – Chrome é um navegador web da Google, que poderá ser instalado no sistema operacional
Windows.
Resposta: Letra A.
3.
Quando uma informação é acessada frequentemente, o usuário pode criar um atalho para ela e deixar disponí-
vel na Área de Trabalho, na Barra de Tarefas, em uma pasta do dispositivo ou no menu Iniciar. O atalho poderá
apontar para uma unidade de disco, uma pasta, um arquivo, um recurso local (como a impressora), um recurso
remoto (na rede local) ou um recurso na Internet (site).
O atalho é independente do destino que aponta, e poderá ser criado de várias formas:
1. arrastando o item com o botão principal do mouse pressionado enquanto mantém pressionado a tecla Alt ou
Ctrl+Shift;
2. arrastando o ícone com o botão principal do mouse pressionado da barra de endereços no Explorador de
Arquivos para o local desejado;
3. arrastando o ícone com o botão principal do mouse pressionado para a barra de acesso rápido, na Barra de
Tarefas do Windows;
4. através do menu de contexto, acionado pelo botão secundário do mouse, escolhendo a opção “Novo”, item
“Atalho” e seguir as orientações na janela “Criar Atalho”.
Em “a”: Errado – O item “Exibir” no menu de contexto é usado para controlar a exibição dos itens no local, como
o tamanho dos ícones e a organização automática deles na tela.
Em “b”: Errado – O item “Novo” permite a criação de uma nova Pasta, novo Atalho, e novos arquivos relaciona-
dos aos programas instalados no dispositivo do usuário. A escolha do item, sem especificar que deseja criar um
“Atalho”, não apresentará a janela para digitação do nome dele.
Em “c”: Certo – Ao acionar a opção “Novo” no menu de contexto e escolher o item “Novo”, será exibida uma caixa
de diálogo de duas etapas. Na primeira, o usuário escolhe o objeto ou local que deseja associar ao atalho e, na
segunda etapa, informa o nome do atalho.
Em “d”: Errado – O item “Atualizar” no menu de contexto é usado para atualizar a exibição dos itens no local
atual. Ele é um comando e não possui tela adicional. O atalho de teclado para Atualizar é F5.
Em “e”: Errado – O item “Exibir” no menu de contexto é usado para controlar a exibição dos itens no local, como
o tamanho dos ícones e a organização automática deles na tela.
Resposta: Letra C.
4.
O Explorador de Arquivos do Windows 10 é o gerenciador de arquivos e pastas, que substituiu o Windows Explo-
rer do Windows 7.
418 A barra de endereços, localizada na parte superior, exibe informações e controles para a navegação.
Em “a”: Errado – Para navegar para a tela seguinte, deverá acessar o ícone Avançar, que será ativado quando o
usuário já tiver navegador pela pasta seguinte.
Em “b”: Certo – A pasta atual é Downloads, que está em “Este Computador”, portanto, ao clicar no ícone de seta
para cima presente antes da Barra de Endereços, o usuário será levado para o nível acima do atual, ou seja, “Este
Computador”. O atalho de teclado é Alt+seta para cima.
Em “c”: Errado – Na imagem não está sendo exibido o ícone Desfazer (atalho de teclado Ctrl+Z) para desfazer a
última ação realizada.
Em “d”: Errado – Para navegar para a tela anterior, deverá acessar o ícone Voltar. O atalho de teclado é Alt+seta
para esquerda ou Backspace.
Em “e”: Errado – Não há na imagem da questão nem no Explorador de Arquivos um ícone que acesse o nível
abaixo do atual quando existir. O nível abaixo do atual é uma subpasta, que será exibida na listagem de arquivos
e pastas. O usuário deve selecionar e teclar Enter (ou duplo clique no botão principal do mouse) para acessar o
nível abaixo do atual, se existir.
Resposta: Letra B.
5.
O Bloco de Notas é o acessório do Windows para a edição de notas, que são pequenos textos sem formatação. Os
arquivos do Bloco de Notas serão gravados com a extensão TXT e não poderemos ter elementos gráficos em seu
conteúdo.
Em “a”: Errado – A criação de Tabelas para organizar o texto em células por colunas e linhas não está disponível
no Bloco de Notas. Este recurso está disponível no acessório WordPad e no editor de textos Microsoft Word.
Em “b”: Certo – Através do menu Formatar, Fonte, é possível escolher uma fonte de letra para exibição do con-
teúdo do arquivo.
Em “c”: Errado – As imagens não podem ser inseridas em um texto sem formatação que não aceita elementos
gráficos em seu conteúdo.
Em “d”: Errado – No Bloco de Notas, é possível alterar apenas a exibição da fonte, não sendo possível alterar a
cor. Este recurso está disponível no acessório WordPad e no editor de textos Microsoft Word.
Em “e”: Errado – O Bloco de Notas não possui corretor ortográfico nem corretor gramatical. Com o corretor orto-
gráfico, os erros de digitação serão sinalizados e poderão ser corrigidos. Com o corretor gramatical, os erros de
concordância e excesso de digitação serão sinalizados e poderão ser corrigidos. Estes recursos estão disponíveis
INFORMÁTICA
6.
No Microsoft Word, os textos podem receber formatação de fonte, e os parágrafos, formatação de parágrafos.
Ambas as opções estão na guia Página Inicial.
A imagem apresenta um documento com 3 linhas e 3 palavras, sendo cada uma inserida em uma linha ou
parágrafo. 419
Em “a”: Errado – Ao acionar o atalho de teclado Ctr-
l+C, todo o conteúdo selecionado será copiado para
a Área de Transferência. Para inserir o conteúdo da
Área de Transferência no local atual do cursor, deve
acionar o atalho de teclado Ctrl+V.
Em “b”: Certo – O clique na seta existente no canto
inferior de um grupo em algum programa do Micro-
soft Office, exibirá uma caixa de diálogo ou janela
lateral com opções adicionais referentes ao grupo.
Em relação ao alinhamento, a palavra Tribunal está Em “c”: Errado – Ao acionar o atalho de teclado Ctr-
entre as margens (Centralizado), a palavra De está l+V, o último elemento que foi recortado ou copia-
alinhada na margem esquerda, e a palavra Justiça do para a Área de Transferência será inserido no
está alinhada na margem direita. local atual com a formatação original. O recurso
não é acessado pela seta indicada no enunciado da
questão.
Em “d”: Errado – Ao acionar o atalho de teclado Ctr-
l+Alt+V, será exibida a caixa de diálogo “Colar Espe-
cial” para o usuário escolher o formato do conteúdo
que será inserido no local atual.
Em “e”: Errado – A Área de Transferência será esva-
ziada se o usuário escolher o botão “Limpar Tudo”,
que é exibido ao clicar na seta ao lado do texto
“Área de Transferência”. É uma ação extra, um pas-
Em relação à formatação de fontes, elas possuem so a mais, que deve ser realizado depois de clicar na
estilos de formatação (Negrito, Itálico e Sublinha- seta indicada.
do). Negrito é a formatação que exibe o texto com Resposta: Letra B.
mais destaque e pode ser aplicado com o atalho de
teclado Ctrl+N. Itálico é a formatação que exibe o 8.
texto inclinado e pode ser aplicado com o atalho de
teclado Ctrl+I. Sublinhado é a formatação que exibe Nos textos, a formatação aplicada através de ícones
o texto com uma linha embaixo das palavras e pode poderá ser ativada ou desativada. Ao clicar uma vez,
ser aplicado com o atalho de teclado Ctrl+S. é aplicado o estilo negrito na palavra selecionada.
Em “a”: Errado – A palavra Justiça está com alinha- Ao clicar novamente, o estilo que está aplicado será
mento à esquerda e a palavra De está com estilo de removido (e o ícone aparecerá como desabilitado).
fonte Itálico. Em “a”: Errado – A palavra recebeu a formatação de
Em “b”: Certo – A palavra Tribunal está com estilo todas as letras em maiúsculas.
de fonte Negrito e a palavra De está com estilo de Em “b”: Errado – O segundo parágrafo recebeu a
fonte Itálico. formatação de negrito, que seria obtido se um tri-
Em “c”: Errado – A palavra De está com alinhamen- plo clique tivesse sido efetuado (para selecionar o
to à esquerda ou justificado, e a palavra Tribunal parágrafo) e apenas um clique acionado no ícone
está com estilo de fonte Negrito. Negrito.
Em “d”: Errado – A palavra De está com estilo de Em “c”: Errado – Todo o texto foi formatado como
fonte Itálico e a palavra Justiça está com estilo de negrito. Para obter este resultado, precisará sele-
fonte Sublinhado. cionar tudo (atalho de teclado Ctrl+T) e aplicar um
Em “e”: Errado – A palavra Tribunal está com ali- clique no ícone Negrito.
nhamento centralizado e a palavra Justiça está com Em “d”: Errado – Apenas a palavra foi formatada,
estilo de fonte Sublinhado. O efeito de texto Sobres- e este resultado é obtido quando efetua apenas um
crito (atalho de teclado Ctrl+Shift+mais) posiciona o clique no ícone negrito.
texto acima da linha, com o número 2 em km2. Em “e”: Certo – O estilo Negrito foi aplicado (primei-
Resposta: Letra B. ro clique) e removido (segundo clique).
Resposta: Letra E.
7.
9.
No Windows, um espaço da memória RAM é reser-
vado para armazenar temporariamente um item A guia Página Inicial do Microsoft Word contém
copiado (Ctrl+C) ou recortado (Ctrl+X), até que o os grupos Área de Transferência, Fonte, Parágrafo,
próximo item substitua o atual. Esta limitação é Estilos e Editar. No grupo Parágrafo, encontramos
incômoda, e o pacote de aplicativos Microsoft Offi- os controles para formatação dos parágrafos do
ce oferece a possibilidade de acesso a todos os itens documento. Os ícones apresentados no enunciado
que foram copiados ou recortados. da questão são para escolha do alinhamento dos
No grupo Área de Transferência, da guia Página parágrafos em relação às margens esquerda e direi-
Inicial, em qualquer um dos aplicativos do Office, o ta, e ícone de Espaçamento entre Linhas.
usuário pode clicar na seta existente no canto infe- Em “a”: Certo – O ícone permite escolher o espaça-
rior direito, e uma janela lateral (painel de visua- mento entre linhas, espaçamento antes e espaça-
lização) será aberta, exibindo todos os elementos mento depois do parágrafo.
colocados na Área de Transferência, além de botões Em “b”: Errado – O ícone 1 é para alinhamento do
420 de opções. parágrafo na margem esquerda.
Em “c”: Errado – O ícone 2 é para alinhamento do Em “c”: Errado – Atribui o símbolo o no lugar da
parágrafo centralizado, entre as margens esquerda letra o, que poderia ser obtido aplicando o estilo
e direita. Sobrescrito na letra.
Em “d”: Errado – O ícone 3 é para alinhamento do Em “d”: Certo – Aumentou o tamanho da fonte da
parágrafo na margem direita. letra o.
Em “e”: Errado – O ícone 4 é para alinhamento do Em “e”: Errado – Além da alteração de gênero, alte-
parágrafo justificado, que distribui o texto entre as rou a caixa (de minúsculas para maiúsculas).
margens esquerda e direita do documento. Resposta: Letra D.
Resposta: Letra A.
12.
10.
Na questão, desejamos verificar qual alternativa
contém uma fórmula correta para a exibição de
Os parágrafos digitados em uma página do docu-
resultados nas células D3 a D8, B8 e C8. As alterna-
mento poderão ser formados por várias linhas. tivas oferecem opções para o resultado em B8, ou
Quando uma linha é exibida sozinha no final de C8, ou D6 ou D8.
uma página, e as demais linhas são movidas para
a próxima página, ou quando apenas uma linha é
mostrada no início de uma página, sendo que as
outras linhas do mesmo parágrafo estão na página
anterior, temos uma nomenclatura especial para
estas linhas.
A linha que está sozinha no topo de uma página,
sendo que as demais estão na página anterior, é
denominada linha viúva. Dica: todos ficaram no
passado, e ela ficou sozinha no final (viúva).
A linha que está sozinha no final de uma página,
sendo que as demais estão na página seguinte, é
denominada linha órfã. Dica: ela ficou sozinha no
começo, e todos se foram (órfã).
Em “a”: Errado – Linha recuada é uma linha con- As células informadas possuem a totalização de
figurada com recuo, que é a distância do texto em células existentes na mesma linha (como D6 que é a
relação às margens esquerda e direita. Linha espa- soma de B6 e C6, ou D8 que é a soma de B8 e C8) ou
çada é uma linha do parágrafo que possui espa- na mesma coluna (como B8 que é a soma de B3 até
çamento entre linhas, ou espaçamento antes, ou B7, ou C8 que é a soma de C3 até C7).
espaçamento depois. Em “a”: Errado – Para totalização de valores em B8,
Em “b”: Errado – Retrato e paisagem são Orienta- devemos usar a fórmula =SOMA(B3:B7). Não existe
ções da página, e estão disponíveis no ícone Orien- a função SOMAT.
tação da guia Layout. Em “b”: Errado – Para totalização de valores em C8,
devemos usar a fórmula =SOMA(C3:C7). A fórmula
Em “c”: Errado – Rodapé e cabeçalho são elemen-
=SOMA(C3-C7) será a diferença entre 380 (célula C3)
tos das páginas para as margens inferior e superior,
e 700 (célula C7)
respectivamente. Estão disponíveis para inserção Em “c”: Certo – 5250 exibido na célula D8 é a soma
na guia Inserir, grupo Cabeçalho e Rodapé. dos valores de D3 até D7, ou dos valores de B8 e
Em “d”: Errado – Espelhada é uma opção de mar- C8. O valor existente em D8 poderá ser calculado
gens, quando o documento está configurado com com a fórmula =SOMA(D3:D7), ou com a fórmula
frente e verso. Isolada não temos. =SOMA(B8:C8), ou ainda =SOMA(B3:C7).
Em “e”: Certo – A última linha de um parágrafo, Em “d”: Errado – Para totalização dos valores em
sozinha no topo de uma página, é conhecida como D8, não poderíamos usar a função SOMAT, pois ela
viúva. A primeira linha de um parágrafo, sozinha não existe. A fórmula =SOMA(B3:C7) poderá produ-
na parte inferior de uma página, é conhecida como zir o valor correto para a célula D8.
órfã. Em “e”: Errado – A função SUM é para somar os
Resposta: Letra E. valores no Excel versão em inglês, ou em uma tabe-
la do Microsoft Word. No MS-Excel (versão para a
11. língua portuguesa), conforme informado no enun-
ciado da questão, a função SUM não irá funcionar,
Através do botão: devendo usar a função SOMA.
Resposta: Letra C.
13.
INFORMÁTICA
Em “b”: Certo – Os gráficos de dispersão distribuem dois conjuntos de valores (valor de X em função do valor de
Y), como nas equações matemáticas de primeiro grau (reta), de segundo grau (parábola) etc. A diferença entre o
gráfico de dispersão e o gráfico de linhas é que este tem valores nos eixos X e Y.
Em “c”: Errado – Os gráficos de Ações necessitam que os dados estejam organizados em preço na alta, pre-
ço na baixa e preço no fechamento. Datas ou nomes das ações serão usados como rótulos. São exemplos de
gráficos de Ações: Alta-Baixa-Fechamento, Abertura-Alta-Baixa-Fechamento, Volume-Alta-Baixa-Fechamento, e
Volume-Abertura-Alta-Baixa-Fechamento.
Em “d”: Errado – Os gráficos de Área representam dados de forma semelhante ao gráfico de Linhas, mas com
preenchimento até a base (eixo X). São opções dos gráficos de Área: Área, Área Empilhada, Área 100% Empilhada,
Área 3D, Área 3D Empilhada, e Área 3D 100% Empilhada.
Em “e”: Errado – Os gráficos de Colunas representam valores em colunas 2D ou 3D. São opções do gráfico de Colu-
nas: Agrupada, Empilhada, 100% Empilhada, 3D Agrupada, 3D Empilhada, 3D 100% Empilhada, e 3D.
Resposta: Letra B.
14.
Nas planilhas de cálculos, as células poderão ser bloqueadas ou protegidas. O bloqueio é realizado através da
caixa de diálogo Formatar Células, aberta ao acionar o atalho de teclado Ctrl+1. A proteção é aplicada ao acionar
a opção Proteger Planilhas, na guia Revisão. Enquanto o bloqueio é restrito às células escolhidas e poderá ser
liberado por qualquer usuário, a proteção da planilha é realizada mediante uma senha, que deve ser informada
para desproteger ela.
Para desproteger a planilha o usuário deve acessar a guia Revisão, escolher o ícone Desproteger planilha no gru-
po Alterações (atualmente é o grupo Proteger) e informar a senha para liberar a proteção.
422
Em “a”: Errado – Não existe a aba Proteção. Em “a”: Errado – O valor 1 é o menor valor de A2
Em “b”: Errado – Não existe a aba Proteção. até B3.
Em “c”: Errado – Não existe o ícone Destravar Em “b”: Certo – O segundo menor valor de A2 até
Planilha. B3 é 2.
Em “d”: Certo – Acionar o ícone Desproteger plani- Em “c”: Errado – O valor 11 é o segundo menor
lha, do grupo Proteger, da guia Revisão, e informar valor de A4 até C4.
a senha que foi usada para proteger a planilha. Em “d”: Errado – O valor 3 é o segundo menor valor
Em “e”: Errado – O administrador é o usuário do de A1 até C1.
ambiente Windows que possui privilégios e per- Em “e”: Errado – O valor 12 é o maior valor do inter-
missões para manipular comandos avançados dos valo de A1 até C4.
arquivos, mas não interfere na configuração interna Resposta: Letra B.
de uma planilha de cálculos.
Resposta: Letra D. 16.
19.
z Na linguagem simbólica:
RACIOCÍNIO LÓGICO p ⊻ q
Representação simbólica: ↔
Exemplo:
ESTRUTURAS LÓGICAS
A NEGAÇÃO COM O CONECTIVO “NÃO” z Na linguagem natural:
Bino vai ao cinema se e somente se ele receber
Representação simbólica: (~p) ou (¬p) dinheiro.
Sabemos que o valor lógico de “p” e “~p” são opos-
tos, isto é, se p é uma proposição verdadeira, ~p será z Na linguagem simbólica:
falsa, e vice-versa. Exemplo: p ⟷ q
p: Matemática é difícil.
(~p) ou (¬p): Matemática não é difícil.
Exemplo:
Veja na prática:
Crianças
Se fizer sol, então vou à praia. (V)
Fez sol. (V)
Logo, vou à praia. (F) Patrícia
O silogismo vem da Teoria Aristotélica dentro do Os espanhóis são inteligentes. (Predicado não
raciocínio dedutivo e geralmente é formado por três distribuído)
proposições, em que de duas delas, que funcionam Os portugueses não são espanhóis.
como premissas ou antecedente, extrai-se outra propo- Logo, os portugueses não são inteligentes.
sição que é a sua conclusão ou consequente. Além disso,
podemos dizer que é um tipo especial de argumento. Menor extensão na conclusão do que nas premissas.
Estrutura do Silogismo Categórico z 3ª Regra: O termo médio nunca pode estar na con-
clusão. Exemplo:
RACIOCÍNIO LÓGICO
Ao menos uma premissa tem de ser universal, Quando “Todo A é B” é verdadeira, os valores lógi-
para que possa existir ligação entre o termo médio e cos das outras proposições categóricas, interpretando
os outros termos e ser possível extrair uma conclusão. os diagramas, serão os seguintes:
Esquematizando: Nenhum A é B – É falsa.
Algum A é B – É verdadeira.
Algum A não é B – é falsa.
REGRAS
A B
DIAGRAMAS LÓGICOS
Não há intersecção entre o conjunto A e o conjunto B
Esse tema é diretamente ligado ao estudo dos Quan-
tificadores Lógicos ou Proposições Categóricas, que Quando “Nenhum A é B” é verdadeira, os valores
são elementos que especificam a extensão da valida- lógicos das outras proposições categóricas, interpre-
428 de de um predicado sobre um conjunto de constantes tando o diagrama, serão os seguintes:
Todo A é B – É falsa.
Algum A é B – É falsa. SEQUÊNCIAS
Algum A não é B – é verdadeira.
SEQUÊNCIAS NUMÉRICAS
Quantificador Particular (Afirmativo): “Algum” / “Pelo
Menos um” / “Existe” Esse tema pode ser mais difícil do que parece.
Descobrir a lei de formação ou padrão da sequência
Exemplo: é o seu principal objetivo, pois em questões sobre
Algum A é B. sequências/raciocínio sequencial, você será apresen-
Algum homem joga bola. tado a um conjunto de dados dispostos de acordo com
alguma “regra” implícita, alguma lógica de formação.
Perceba que temos dois conjuntos envolvidos no O desafio é exatamente descobrir essa “regra” para,
exemplo, o do homem e o de jogar bola. Vale lembrar com isso, encontrar outros termos daquela mesma
que “Algum A é B” significa que o conjunto A tem pelo sequência.
menos um elemento em comum com o conjunto B, ou Veja o exemplo a seguir:
seja, há intersecção entre os círculos A e B. Logo, pode-
mos fazer quatro representações com diagramas: 2, 4, 6, 8,...
Os dois conjuntos possuem uma parte em comum, mas não há uma sequência que tem mais de uma lei de formação.
contato de alguns elementos de A com B Podemos ter 2 sequências que se alternam, como nes-
te exemplo:
Veja que em todas as representações o conjunto
A tem pelo menos um elemento que não pertence ao 2, 5, 4, 10, 6, 15, 8, 20, ...
conjunto B. Então, quando “Algum A não é B” é verda-
deira, os valores lógicos das outras proposições cate- Se analisarmos mais minuciosamente, podemos
góricas, interpretando o diagrama, serão os seguintes: dizer que temos uma sequência a qual, de um núme-
ro para outro, devemos somar 2 unidades. Também
Todo A é B – É falsa. podemos notar que temos a sequência a qual, de um
Nenhum A é B – É indeterminada. número para o outro, basta somar 5 unidades, elas
Algum A não é B – É indeterminado. estão em sequências numéricas alternadas. Veja: 429
1° Sequencia: 2, 4, 6, 8,... Soma do Primeiro ao N-ésimo Termo da PA
2° Sequencia: 5, 10, 15, 20, ...
A fórmula a seguir nos permite calcular a soma dos
PROGRESSÃO ARITMÉTICA “n” primeiros termos de uma progressão aritmética:
n # (a1 + an)
Uma progressão aritmética é aquela em que os Sn =
2
termos crescem, sendo adicionados a uma razão cons-
tante, normalmente representada pela letra r. Para entendermos um pouco melhor, vamos calcu-
lar a soma dos 7 primeiros termos do nosso exemplo
z Termo inicial: valor do primeiro número que que já foi apresentado: {1,3,5,7,9,11, 13, ...}.
compõe a sequência; Já sabemos que a1 = 1, e n = 7. O termo an será, nes-
z Razão: regra que permite, a partir de um termo, te caso, o termo a7, que observando na sequência é o
obter o seguinte. número 13, ou seja, a7 = 13. Substituindo na fórmula,
temos:
Observe o exemplo a seguir:
n # (a1 + an)
Sn =
2
{1,3,5,7,9,11,13, ...}
7 # (1 + 13)
S7 =
Veja que 1+2=3, 3+2=5, 5+2=7, 7+2=9, e assim sucessi- 2
vamente. Temos um exemplo nítido de uma Progressão 7 # 14
Aritmética (PA) com uma razão 2, ou seja, r = 2 e termo S7 =
2
inicial igual a 1. Em questões envolvendo progressões
aritméticas, é importante você obter o termo geral e a 98
S7 = = 49
soma dos termos, conforme veremos a seguir. 2
Dependendo do sinal da razão r, a PA pode ser:
Termo Geral da PA
z PA crescente: se r > 0, a PA terá termos em ordem
Trata-se de uma fórmula que, a partir do primei- crescente.
ro termo e da razão da PA, permite calcular qualquer Ex.: {1, 4, 7, 10, 13, 16...} → r = 3
outro termo. Temos a seguinte fórmula:
z PA decrescente: se r < 0, a PA terá termos em
ordem decrescente.
an = a1 + (n-1)r
Ex.: {20, 19, 18, 17 ...} → r = -1
Nesta fórmula, an é o termo de posição n na PA (o z PA constante: se r = 0, todos os termos da PA serão
“n-ésimo” termo); a1 é o termo inicial, r é a razão e n é iguais.
a posição do termo na PA. Ex.: {7, 7, 7, 7, 7, 7, 7...} → r = 0.
Usando o nosso exemplo anterior, vamos desco-
brir o termo de posição 10. Já temos as informações Dica
que precisamos: {1,3,5,7,9,11, 13, ...}
PA crescente: se r > 0;
z o termo que buscamos é o da décima posição, isto PA decrescente: se r < 0;
é, a10; PA constante: se r = 0.
z a razão da PA é 2, portanto r = 2;
z o termo inicial é 1, logo a1 = 1; Em uma progressão aritmética de 3 termos, o
z n, ou seja, a posição que queremos, é a de número segundo termo, ou o termo do meio, é a média aritmé-
10: n = 10 tica entre o primeiro e terceiro termo. Veja:
A fórmula a seguir nos permite obter qualquer Não há uma teoria específica para este assun-
termo (an) da progressão geométrica, partindo-se do to, mas comentaremos, a seguir, algumas questões
primeiro termo (a1) e da razão (q): para “pegarmos o jeito” dos exercícios que envolvem
sequências com figuras e de palavras. Esse é o modo
an = a1 × qn-1 como se aprende esta matéria. Mãos à obra!
Para aperfeiçoar seus estudos, veja na prática um
No exemplo, o quinto termo, a5 (n = 5), pode ser pouco dos conceitos estudados durante a leitura do
encontrado assim: material
a1 # (0 - 1)
S∞ =
q-1
a1
S∞ =
RACIOCÍNIO LÓGICO
q-1
O número que substitui o símbolo “?” é:
Dica
a) 25.
Em uma progressão geométrica, o quadrado do b) 23.
termo do meio é igual ao produto dos extremos. c) 32.
{a1, a2, a3} (a2)2 = a1 × a3 d) 20.
Veja: {2, 4, 8, 16, 32...} e) 28.
82 = 4 × 16
64 = 64. Note o seguinte padrão:
1 + 2 = 3 (primeiro número da segunda coluna)
431
3 + 5 = 8 (primeiro número da terceira coluna) Na palavra MALOTE, foi invertida a ordem das
8 + 12 = 20 (primeiro número da quarta coluna) duas primeiras sílabas (LOMA) e invertida a ordem
20 + 28 = 48 (primeiro número da quinta coluna) das duas últimas letras (ET). Basta seguir o mes-
Resposta: Letra E. mo raciocínio para a palavra CAMILO, que fica:
MICAOL. Resposta: Letra B.
3. (ACCESS – 2020) Observe a sequência infinita a
seguir:
a) .
b) ♠.
c) ♦.
figura 7 figura 8
d) ♣.
e) ♥.
a) – 10 e 6.
d) b) – 9 e 7.
c) – 11 e 5.
d) – 12 e 4.
e) – 13 e 3.
16. (TJ-SP – VUNESP – 2018) Na sequência numérica 1, (10; 11; 20; 21; 22; 30; 31; 32; 33; 40; . . . ; 98; 99).
2, 3, 6, 7, 8, 21, 22, 23, 66, 67, 68, ..., os termos se suce-
dem segundo um padrão. Mantido o padrão, o décimo Pode-se afirmar corretamente que a soma dos algaris-
quarto termo é o número mos que compõem o 38º elemento é
a) 229. a) 8.
b) 308. b) 10.
c) 282. c) 7.
d) 255. d) 9.
434 e) 202. e) 6.
GABARITO COMENTADO Nega a 1° proposição, troca o “OU” pelo “se então”,
repete a 2° proposição.
Assim,
1.
“Marta não atende ao público interno ou Jéssica cui-
da de processos administrativos”.
Na questão, temos uma condicional sendo falsa, ou
Fica:
seja, V→F = F. Assim,
Se Marta atende ao público interno, então Jéssica
“Se Ana é gerente, então Carlos é diretor” cuida de processos administrativos.
Ana é gerente = verdade Resposta: Letra E.
Carlos é diretor = falso
Dessa forma, podemos afirmar que o gabarito da 6.
alternativa E, pois Ana ser gerente tem valoração
verdadeira. Resposta: Letra E. Para negar o conectivo “ou” devemos trocar
pelo conectivo “E” e negar todas as proposições
2. envolvidas.
Logo,
Analisando o enunciado. “João é rico, ou Maria é pobre”
Se todo cartão de cor amarela tinha carimbada uma Negando:
figura em tinta azul, temos que: João não é rico, e Maria não é pobre.
Cartão de cor amarela → Figura com tinta azul Resposta: Letra C.
Após isso, ela mostrou 3 cartões:
1) Cartão de cor amarela com figura com tinta azul 7.
2) Cartão de cor vermelha com figura com tinta
preta Para esse tipo de questão, é importante achar o pon-
3) Cartão de cor branca com figura com tinta azul to de partida, ou seja, por onde começar a valorar as
Logo, nenhum dos cartões mostrados contradiz a proposições. Aqui temos o conectivo “E” como ponto
afirmação de Marta, pois todo cartão amarelo tem de partida, uma vez que todas as proposições são
carimbo azul, mas nem todo cartão com carimbo verdadeiras para o resultado ser verdade. Assim,
azul, é amarelo. Se Maria é bonita (V), então Carlos é rico (V).
Resposta: Letra D. Verdade
Se Ana é feliz (F), então José é um herói (V/F).
3. Verdade
Maria é bonita (V) e Ana não é feliz (V). Verdade
Na questão, temos uma condicional sendo falsa, ou Analisando as alternativas:
seja, V→F = F. Carlos é rico (V) ou José é um herói (V/F). Verdade.
Assim: Resposta: Letra E.
“Se hoje estudo, então amanhã não trabalho”
Hoje estudo = verdade 8.
Amanhã eu não trabalho = falso
Valorando as alternativas de acordo com os valores Precisamos levar em consideração as condições que
das proposições simples: o enunciado colocou e achar o que podemos afirmar
a) Hoje não estudo (F) ou amanhã não trabalho (F). com 100% de certeza. Logo,
Falso Possibilidades:
b) Hoje não estudo (F) e amanhã trabalho (V). Falso (Hélio Bombeiro: HB)
c) Hoje estudo (V) e amanhã trabalho (V). Verdade (Cláudia Comissária: CC)
HB ^ CC=Falso
d) Amanhã não trabalho (F). Falso
V F
e) Se amanhã trabalho (V), então hoje não estudo
F V
(F). Falso
F F
Resposta: Letra C.
HB → CC=Verdade
V V
4. F V
F F
Para negar a condicional, devemos: Note que cada afirmação exclui uma das possibili-
Repetir a 1° proposição, trocar o “se então” pelo dades da outra e que a única coisa que podemos afir-
conectivo “E” e negar a 2° proposição. mar com certeza é que Hélio não é bombeiro. Não
RACIOCÍNIO LÓGICO
10.
11.
12.
13.
Para resolvermos a questão, primeiro devemos montar uma tabela relacionando todos os amigos com todos os
anos de nascimento, assim como com todas as profissões. Então temos:
Sabe-se que Paulo não nasceu em 1970 (cortamos esse ano para Paulo);
Que o arquiteto nasceu antes de Caio e antes do fotógrafo João (Caio não pode ser o arquiteto e João é o
436 fotógrafo, bem como eles não podem ter nascido em 1970);
Que Fábio nasceu antes do advogado (Fábio não pode ser o advogado);
Que o advogado não nasceu em 1977 e que o engenheiro, que não é Caio, nasceu em 1981 (Caio não é
engenheiro e não nasceu em 1981).
Agora, perceba que a tabela nos mostra claramente qual a profissão de Caio (advogado) e o ano em que ele
nasceu, pois há uma afirmação dizendo que isso - que o advogado não nasceu em 1977, então ele só pode ter
nascido em 1990 (o restou para ele).
Veja que o engenheiro só pode ser Paulo, pois Fábio nasceu em 1970 conforme mostra a tabela e, de acordo com
a afirmação - que o engenheiro, que não é Caio, nasceu em 1981, o engenheiro nasceu em 1981. E assim, as
outras informações da tabela irão se completar automaticamente, veja:
14.
“Bete vive reclamando do barulho feito pelo cachorro, no andar imediatamente acima do seu”. Logo, Bete não
pode estar no 4º andar e o cachorro não estará no 1º andar. Apaga da tabela.
Apaga os correspondentes na tabela. E como Kelly possui o passarinho, apaga onde não aparece a Kelly na tabe-
la. Perceba que a Yara mora no 4°, pois sobrou apenas isso para ela como opção.
“Quem mora no 3° andar tem uma tartaruga”. Veja que aqui podemos afirmar que Kelly mora no 1° andar, pois
ela tem um passarinho e, cortando na tabela o 3° andar, sobra apenas o 1° andar para ela. E automaticamente
Joana mora no 2° andar e Bete no 3° andar e tem a tartaruga.
“Bete vive reclamando do barulho feito pelo cachorro, no andar imediatamente acima do seu; Joana, que não
mora no 4°, mora um andar acima do de Kelly, que tem o passarinho e não mora no 2° andar”.
Então, comece por Kelly que tem o passarinho e a única possibilidade é o 1º andar, portanto, Joana mora no 2º
andar; Bete vive reclamando do barulho feito pelo cachorro, no andar imediatamente acima do seu, logo mora
no 3º andar e Yara tem um cachorro. Restando apenas o gato para Joana.
15.
Para esse tipo de questão, basta dividir as posições pelo número de elementos que há no ciclo, ou seja, 109, 131, e
152 por 8 (que é a quantidade de figuras no ciclo).
O resto é a parte mais importante aqui, pois ele nos mostrará qual o elemento de dentro do ciclo em cada posição.
109 / 8 = 13, sobra 5. (Figura 5)
131 / 8 = 16, sobra 3. (Figura 3)
152 / 8 = 72, sobra 0. (Figura 8)
Obs.: quando o resto for 0, a resposta sempre será o último elemento do ciclo.
Sobrepondo-se as figuras 109, 131 e 152, obtém-se a figura da letra C.
Resposta: Letra C.
16.
17.
18.
19.
Resposta: Letra B.
20.
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