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FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO UNIDADE 4 AULA 1

Os novos caminhos e desafios da educação

Desafios da educação para cidadania.

Objetivos da Aula:

Apresentar os desafios para formação da cidadania em tempos de globalização. Relacionar o


papel do Estado e suas intencionalidades na formação da cidadania. O papel do docente como
agente formador de cidadania.

Para Morin (2012) a aprendizagem cidadã, assumida na forma da educação deve contribuir
para a autoformação da pessoa, ensinando a assumir a condição humana, ensinar a viver,
ensinar como ser cidadãos. Um cidadão é definido numa democracia, por sua solidariedade em
relação a pátria, supondo enraizamento com uma identidade nacional. 

Contudo, há que se dimensionar o que seria a nação. Assim, o Estado assume função
organizadora e ordenadora desse conceito. Os que residem num dado território constituem
parte de um corpo político, cultural, histórico, místico e religioso. Sendo o Estado um corpo de
poder e força, que na concepção marxista não é um ente representativo dos interesses e do
bem comum.

O Estado que abriga a nação, não é ele, que cria a sociedade que governa, ao contrário, é fruto
dessa sociedade. Atua sob a ilusão de atender interesses comuns diante das contradições que
existem no contexto social.

Os aparelhos ideológicos de Estado

Ao analisar os aparelhos que o Estado utiliza para formar a consciência ou o pensamento social
predominante. Encontramos a ideia de “aparelhos ideológicos”, em que Althusser (1987) nos
revela que a escola é o aparelho ideológico do Estado, sendo responsável pela produção e
reprodução de uma forma de sociabilidade, em que os sujeitos são moldados a ser, ter e a
desempenhar papeis na sociedade de forma a atender os interesses do Estado.

Retomando Morin (2012), a ideia de Estado-Nação, requer associar dois elementos


constituintes: a comunidade e a sociedade. A noção de sociedade é caracterizada pelos
interesses, conflitos, competições, rivalidades e ambições. A comunidade guarda a identidade
e as atitudes, ela tem caráter cultural/histórico, costumes/tradições, crenças e valores
comuns.

Tratar de temas polêmicos em sala de aula, faz parte da construção/formação do cidadão,


renunciar a eles, deixar de se posicionar de forma crítica, reflexiva com respeito a diferença é
um exemplo de não cidadão.

A UNESCO (2015) Debate sobre questões que formam o cidadão deve ocorrer, para que sejam
compreendidas e as contradições que o mundo globalizado apresenta.

Morin (2012), a educação tem como desafio desconstruir paradigmas, que, no entanto, não
significa mitigar ou deslegitimar identidades. Defende um cidadão planetário – cosmopolita,
mas que conhece e reconhece seu lugar exercendo no local a cidadania que tem impactos
globais. 
Aponta que responsabilidade e solidariedade não podem se caracterizar por discursos vazios,
mas que tragam um profundo sentimento de filiação para compreensão de que ser cidadão do
todo, é ser cidadão da parte, de maneira que os desafios globais são locais e os locais são
globais.

Em outras palavras Demo (2008) tece a crítica ao modo de cidadania existente na sociedade
brasileira, pois não apresenta sequer traços de combatividade, não pelo fato de sermos uma
sociedade pacífica e multicultural, mas porque somos sobretudo, uma sociedade domesticada.

Morin (2012) para que se atingir uma cidadania que atenda às necessidades do século XXI, a
noção de sujeito precisa passar por uma reformulação de paradigma, sendo o sujeito aquele
que dá unidade a uma pluralidade de personagens, de caracteres e de potencialidades. O
paradigma atual torna o sujeito invisível, em que sua existência é negada.

Esse sujeito da existência pode trazer características consideradas desafiadoras para as


autoridades, como por exemplo, os “ativistas ambientais”, que colocariam em risco o Estado-
Nação.

O papel da educação é desafiar o status quo, desenvolver habilidades, potencializar as


competências. Contudo, o docente deve ter em sua prática sensibilidade, compromisso e o
cuidado de manter de forma dialógica qualquer assunto em aberto.

Devemos observar de forma crítica as proposições sobre os aspectos que abordam o


protagonismo juvenil. Para que, novamente, a ação pedagógica não seja a reprodução
idealizada pelo aparelho ideológico do Estado

As relações sociais, suas contradições não foram superadas, os elementos que constituem a
educação do século XXI carregam em si os fundamentos da organização política educacional do
Estado, que é o mesmo descrito por Marx e Engels no século XIX. Não se trata de pessimismo,
mas de compreensão de que os desafios para uma educação cidadã está nas raízes do próprio
sistema, romper os paradigmas da modernidade no âmbito educacional não implica em
superação dos antagonismos que marcam as desigualdades políticas, sociais e econômicas.

VIDEO AULA:

 Formar o cidadão para o séc XXI é um desafio, pois traz características da própria
modernidade.
 O cidadão vem de uma estrutura de estado, ele passa por uma esfera que administra a
vida em sociedade, sendo o estado o regulador.
 O professor também está presente a essas teias. Que levam a constituição do cidadão.
 Autores defendem que há uma ausência de cidadania no cotidiano, uma cidania
tutelada, no qual os cidadãos não são de fato emancipados.
 Escolas e professores, se dá de forma não neutra (não há neutralidade nas escolhas)
reproduz escolhas na qual o estado formata seus interesses. A ação educadora acaba
reproduzindo efeitos dos quais o próprio estado requer de um cidadão. São atores e
agentes.
 Há uma luta pelo controle ideológico social que vai se refletir em uma cidadania,
ganha força ao passo que os processos se tornam mais democráticos dentro escolas e
as ações dos professores mais livres. Recentemente lançado e precisa ser aperfeiçoado
no Brasil.
 Temos que ter em mente que estamos preparando pessoas para uma sociedade de
conflitos, que muitos ideais estão em jogo, e esse jogo faz parte do ator cidadão,
preparar e ter esse sujeito na compreensão que nas ações do local, influem no global.
 A cidadania no séc XXI traz consigo todas as características que marcaram o sujeito na
modernidade.
 Apresenta os elementos para a pós modernidade.

Ser o espaço escolar um ambiente relacional humanizado onde as aprendizagens sejam


significativas, potencializando o crescimento pessoal e social dos indivíduos.

A concepção sobre a cidadania deve ser além da descrição normativa ou objeto de retorica.
Exige de todos visão e vontade política, investimento e envolvimento de todos agentes
educativos, ressaltando que os docentes são os principais agentes nesse processo.

A UNESCO aponta para o desenvolvimento do conceito de cidadania global, visto a


interdependência política, econômica, social e cultural que o mundo atual exige dos atores
sociais. Nessa perspectiva, a educação para cidadania, que compreenda um sujeito
cosmopolita, na escola deve ser tratada de forma transdisciplinar e não como matéria em
separado, superposta, pois o conhecimento transdisciplinar está em todas as áreas do
conhecimento.

O aprender a conviver com as diferenças, reconhecendo nas diferenças a própria existência


individual como sujeito de direitos passa por uma formação emancipatória e cidadã.

Alguns temas são importantes na atualidade para reforçar os traços que compõem a ação
cidadã, no contexto global, há que se promover a solidariedade diante da competição, ao
mesmo tempo, promover a competição numa perspectiva que difere do simples fato de estar
a frente.  A competição que inova, transformação e criatividade que apresente respostas aos
desafios do mundo atual. o outro é importante, como sujeito, numa perspectiva cidadã e
inclusiva.

O cidadão é do lugar ou do mundo, o sujeito é nacional ou cosmopolita, os problemas são


locais com repercussão global, ou, globais com repercussão local. Diante desse dilema a
educação precisa dimensionar as questões de identidade, o multiculturalismo e o respeito as
diferenças.

“A pedagogia do século XXI transdisciplinar que dialogue para construção de sujeitos em que a
cidadania esteja no cerne de sua vivência em sociedade, requer educadores e educadoras,
docentes que estejam participando desse processo de forma ativa, se posicionando e
apresentando as contradições do mundo global.”

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