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Disponibilização: Eva

Tradução: Nane, Adriana, Juliana, Thay, Ma.K.


Revisão: Ana Paula
Leitura Final: Sininho
Formatação: Niquevenen
A minha relação com Hunter DeLucia começou ao contrário.
Nós nos conhecemos em um casamento, ele sentado no lado do noivo, eu sentada
no lado da noiva. Roubamos olhares um do outro durante toda a noite, não havia
como negar uma intensa atração mútua.

Eu peguei o buquê, ele pegou a liga. Hunter segurou-me firmemente enquanto


dançávamos e sugeriu que explorássemos a química faiscando entre nós. A sua boca
indescente devia ter me desligado. Mas por alguma razão maluca, teve o efeito
oposto em mim.

Acabamos voltando para o meu quarto de hotel. Na manhã seguinte, fui para casa
em Nova York, deixando-o para trás na Califórnia, com o número errado.

Pensei nele muitas vezes, mas depois do meu último relacionamento, desisti de
homens charmosos, arrogantes, lindos como o pecado. Um ano depois, Hunter e eu
nos encontramos novamente no nascimento do bebê dos nossos amigos. Nossa
atração não tinha diminuído nem um pouco. Depois de um passeio relâmpago, ele
exigiu um número de telefone real desta vez. Então eu o deixei com a minha mãe -
ela poderia assustar qualquer homem com suas conversas sobre bebês e casamento,
e voei de volta para casa.

Pensei ser engraçado, até a semana seguinte, quando ele tocou a campainha na casa
da minha mãe para o jantar de domingo à noite. O homem louco e lindo tinha
conquistado a minha mãe e pegado um projeto de oito semanas na minha cidade.
Ele propôs que gastássemos esse tempo transando até que cansássemos um do
outro.

Oito semanas de sexo alucinante, sem compromisso? O que eu tinha a perder?

Nada, pensei.

É só sexo, não amor.


Mas você sabe o que dizem sobre os melhores planos ...
A vida não é sobre vencer.
É sobre a primeira pessoa para quem você liga para dizer
que venceu.
“Você acha que há alguma correlação entre inteligência e
ser bom de cama?” Inalo o pequeno resto de papel enrolado e
seguro em meus pulmões enquanto passo para a minha melhor
amiga. Pelo menos nesta rodada não engasgo e tusso por cinco
minutos. Nenhuma de nós fuma maconha há dez anos, não desde
o colegial. Parece apropriado marcar o fim oficial da nossa
infância, acendendo o que Anna confiscou do seu irmão de
dezesseis anos de idade, ontem.

“Estou prestes a me casar com um homem que cria robôs


que podem aprender a pensar. É claro que vou dizer que caras
inteligentes são os melhores de cama. Quer dizer, Derek pode
resolver um cubo mágico em menos de trinta segundos. A vagina
é muito menos complicada.”

“Seu amigo Adam é meigo. Mas ele passou a última hora


falando comigo sobre algum algoritmo que está construindo para
um robô de inteligência artificial chamado Lindsey. Minha única
contribuição para a conversa foi alternar entre uau e isso é
fascinante. Você pode dizer a Derek que ele precisa encontrar
amigos estúpidos?”

Anna inala e fala, tentando não expirar, fazendo sua voz


subir duas oitavas. “Ele foi para o MIT e trabalha em uma
empresa de tecnologia, não tem um grupo grande de pessoas
estúpidas para escolher.” Ela bate seu ombro com o meu. “É por
isso que preciso que se mude para cá. Não posso lidar estar
rodeada por pessoas inteligentes o tempo todo.”

“Muito bem.” Suspiro. “Pelo menos Adam é meio bonito.”

“Então, acho que você vai quebrar seu período de seca esta
noite?”

“Talvez amanhã à noite após o casamento.” Sorrio. “Se ele


tiver sorte. Ainda estou no horário de Nova Iorque. Hoje à noite
estarei pronta para ir para a cama sozinha na hora que servirem
a sobremesa.”

Eu e a noiva, estamos escondidas do resto dos convidados


do jantar de ensaio, atrás de um arco de treliça coberto de hera,
no pátio do restaurante. Uma voz profunda, rouca, me assusta, e
eu quase derrubo a maldita coisa.

“Ele seria o sortudo, hein? Você é tão boa de frente como é


de costas, ou só é convencida mesmo?”

“Quem diabos...?” Viro-me para encontrar um homem


caminhando em nossa direção no escuro. “Por que você não cuida
da sua maldita vida?”

O cara dá mais alguns passos e chama a atenção que Anna


e eu tentamos evitar. Meus olhos quase saltam da minha cabeça.
Ele é lindo. Alto, muito alto, tenho um metro e oitenta e saltos de
dois centímetros e meio e ainda tenho que inclinar meu pescoço
para olhar para ele. Ele tem cabelos escuros, sexys, que parece
precisar de um corte, mas que funciona totalmente a seu favor.
Pele bronzeada, queixo quadrado esculpido, uma barba por fazer
que provavelmente cresceu em duas horas por toda a
testosterona que esse cara exala. Seus olhos são de um azul claro
que se destacam da sua pele escura, e as pequenas rugas ao
redor dos olhos de alguma maneira me fazem pensar que ele sorri
frequentemente. E esse sorriso. Não é realmente um sorriso
completo, mais como um sorriso torto estilo: gato que engoliu o
canário.

O pacote inteiro de homem é muito para absorver de uma


só vez. Mas, enquanto estou ali sem fala, Anna joga os braços ao
redor do pescoço dele.

Espero que ela o conheça e não esteja mais chapada do que


pensei.

“Hunter! Você conseguiu.”

Ufa.

“Claro que sim. Não perderia o meu melhor amigo se


amarrando com a sua menina. Desculpe o atraso. Eu estava em
Sacramento a negócios e tive que alugar um carro e dirigir de
volta quando eles cancelaram meu voo esta tarde.”

O intruso lindo volta sua atenção para mim. Começando


com meus pés, ele faz uma lenta, incrivelmente rude, mas
sedutora verificação sobre o meu corpo. Meus mamilos
endurecem enquanto observo seus olhos azuis escurecerem como
um pôr do sol nebuloso, enquanto viajam sobre mim.

Quando ele termina, nossos olhares se encontram. “Sim,


você é.”

Hã?

Lendo o olhar confuso no meu rosto, Hunter me informa.


“Você é tão boa na frente, quanto por trás. Você está certa. Com
quem quer que esteja pensando em dormir, é um puta sortudo.”

Minha boca está aberta. Não posso acreditar na coragem


desse cara... Mas minha pele está começando a formigar.

“Adam,” Anna diz. “Ele será seu parceiro no casamento. Ela


vai dormir com Adam amanhã à noite.”
Hunter estende a mão para mim com um aceno de cabeça.
“Hunter Delucia. Você tem um nome, bonita? Ou eu deveria
apenas te chamar de ‘a foda’ de Adam?”

Por alguma razão inexplicável, eu sei no fundo do meu


estômago que colocar minha mão na sua é uma má ideia. Meu
corpo e o seu nunca deveriam se tocar, nem sequer uma vez. No
entanto, eu faço isso de qualquer maneira.

“Nat Rossi,” digo, dando-lhe a mão.

“Nat? É o diminutivo para alguma coisa?”

“Natalia. Mas ninguém me chama assim.”

Ele sorri novamente. “Muito prazer em conhecê-la, Natalia.”

Hunter segura minha mão envolta na sua, conforme volta


sua atenção para Anna. “E por que Adam fará par com a bela
Natalia e não eu?”

Minha amiga bufa. Ela está definitivamente chapada.


“Porque vocês dois se matariam.”

Ele parece gostar dessa resposta. Seus olhos se estreitam, e


volta seu olhar para mim. “É mesmo?”

Sinto a eletricidade estalando entre nós, embora algo me


diz que essa eletricidade é dominada de relâmpagos durante uma
tempestade. A última vez que senti uma reação física tão forte
com alguém foi quando conheci Garrett. Meu coração delicado
ainda tem um buraco no meio por causa daquele raio.

“Você se lembra de quando o irmão de Derek, Andrew,


perdeu o emprego e teve dificuldade em situações sociais?” Anna
pergunta. “Ele começou a ficar muito em casa, e eu estava
nervosa que estivesse se transformando em um agorafóbico1?”

“Sim” Hunter diz. “Eu lembro. Foi há alguns anos atrás.”

“Eu sugeri que ele encontrasse um terapeuta para se


consultar, e ajudá-lo a superar o momento difícil e seus medos. E
o que você falou?”

“Eu disse que você estava louca, e que ele precisava de um


chute na sua bunda preguiçosa e um emprego.”

Anna sorri. “Nat é uma terapeuta comportamental. Ela


visita as pessoas com transtornos de ansiedade e trabalha em
quebrar os hábitos que lhes causam estresse.”

Ele arqueia as sobrancelhas. “Isso é uma coisa real?”

Puxo minha mão da sua. “É. Eu trabalho principalmente


com pessoas que têm transtorno obsessivo-compulsivo.”

“Bem, nunca se sabe? Pensei que você estava inventando


essa merda.”

“Hunter é um construtor.” Anna continua. “Ele constrói


grandes projetos como shoppings centers. Sabe, do tipo que
precisam limpar a terra de todas as árvores para construir 1,5
km de Gap, Baby Gap e Abercrombies. Ele construiu aquele que
tomou parte do parque onde costumávamos ir no centro da
cidade quando éramos crianças - Medley Park. Ele e Derek
cresceram juntos. Eles não conseguem ver um ao outro muitas
vezes porque Hunter viaja por todo o país por meses, em
projetos.”

O Sr. Alto, moreno e bonito parece orgulhoso desse


currículo.

1 Aquele que tem agorafobia, ou seja, medo de ficar em lugares públicos abertos.
Ofereço-lhe um sorriso açucarado. “Eu adorava aquele
parque. Bom trabalho explodindo a pegada de carbono2 do Upper
East Side e profanando o nosso meio ambiente.”

“Uma amante de árvores, hein? Parece que Anna tem razão.


Poderíamos nos matar se fôssemos parceiros.”

“Mmm... Eu quero cheesecake. Você está com sede? Estou


com tanta sede.”

Sim. Anna definitivamente está chapada. “Ainda nem


jantamos.” Digo.

“Quem se importa? Vamos comer sobremesa. Vamos lá!”


Lambendo os lábios, ela começa a voltar para o restaurante sem a
gente.

Hunter ri. “Foi bom conhecê-la, Natalia. E se as coisas não


funcionarem com esse merda chato, Adam, estou no quarto 315
do hotel.” Ele pisca e se inclina para sussurrar no meu ouvido.
“Poderíamos nos matar, mas foder até a morte é a maneira que eu
quero morrer.”

C
“Estes assentos estão ocupados?”

Adam e eu estamos terminando a sobremesa quando


Hunter se aproxima e aponta para duas cadeiras vazias em frente
a nós. O casal que sentou ali, foi embora há poucos minutos.

“Sim.” Minto.

2 Todos os dias, através das nossas atividades e rotinas habituais, produzimos dióxido de carbono que
é libertado para a atmosfera – a nossa pegada de carbono. Esses gases de efeito estufa detêm o calor
na atmosfera do planeta o que, por sua vez, contribui para o aquecimento global.
Adam tem a gentileza de me corrigir. “Na verdade, Eric e
Kim estavam sentados aí. Eles disseram tchau dois minutos
atrás, lembra, Nat?”

Um sorriso grande e exultante se espalha pelo rosto de


Hunter. Ele puxa uma cadeira para o seu par do casamento e se
senta na minha frente. “Esta é Cassie. Ela é uma deusa
tecnológica, graduada na Caltech3. Você conhece Adam, Cassie?”

O interesse de Adam é despertado. “Nós nos conhecemos


brevemente esta tarde. Mas eu não tinha percebido que era da
tecnologia. Sou do MIT. Eu trabalho com Derek na panelinha da
programação robótica.”

A conversa entre Adam e Cassie decola como um trem


desgovernado. Nenhum deles sequer percebe a carranca que eu
atiro no arquiteto deste jogo feito no céu geek.

Inclino-me e sorrio, falando através dos meus dentes. “Eu


sei o que você está fazendo.”

Hunter recosta-se na cadeira com um sorriso pomposo de


orelha a orelha. “Eu não sei do que você está falando.”

“Não vai funcionar.”

“Qualquer coisa que você diga. Mas eu estou aqui se você


precisar de uma alternativa para mais tarde.”

Finalizo o café em meu copo e ajusto a frente do meu


vestido para revelar uma boa quantidade de decote. Então pego
meu guardanapo da mesa e discretamente deixo cair no chão.
Pegando meu garfo, pego um pequeno pedaço de cheesecake e
acidentalmente o deixo cair no meu decote.

Hunter assiste ao show inteiro com interesse.

3 Instituto de Tecnologia da Califórnia.


Inclinando-me, envolvo minha mão em torno do bíceps de
Adam. “Você tem um guardanapo? Eles devem ter levado o meu
quando limparam o jantar, e parece que fiz uma bagunça.”

Sendo um cavalheiro, Adam desculpa-se em sua conversa e


se vira para me dar sua atenção. Seus olhos caem no cheesecake,
e sei imediatamente que o ganhei. Esbanjo triunfo no meu sorriso
quando permito que o techie4 me ajude a limpar. A cara feia de
Hunter parece com uma vitória.

Para ser honesta, durante o jantar decidi que não dormiria


com Adam de qualquer maneira, preciso de algum tipo de
química com um homem, mesmo para um caso de uma noite.
Mas gosto de sacanear Hunter de qualquer maneira.

“Eu sou desastrada quando estou cansada.” Digo a Adam.


“Ainda estou no horário de Nova Iorque. Acho que vou voltar para
o hotel.”

“Eu vou acompanhá-la.” Ele responde prontamente. Cassie


quem?

Hunter não desiste facilmente tenho que reconhecer isso.

Ele fica de pé. “Tenho um carro aqui. Posso dar a vocês


dois uma carona. Você está pronta para ir, Cass? Nós quatro
estamos no Carlisle, imagino?”

Mostro ao Sr. Persistente meus dentes brancos e brilhantes


e engancho meu braço no de Adam. “Meu carro alugado está
aqui, então Adam e eu estamos bem. No entanto, muito obrigada
pela oferta, Tanner.”

“Hunter.”

“Certo.” Sorrio.

4 Trabalhador da área de tecnologia.


C
O hotel está há apenas um quilômetro e meio pela estrada.
Quando entramos, vejo alguns rostos familiares, amigos do noivo
no bar do lobby. A festa parece ter se movido do jantar de ensaio
para o hotel. Quando passamos, um dos caras que reconheço
grita para que Adam se junte a eles para uma bebida.

Ele olha para mim antes de responder. “O que você diz?


Quer uma saideira?”

“Eu estou realmente cansada, diferença de fuso e tudo.


Mas vá. Divirta-se.”

“Tem certeza?”

“Tenho. Vou dormir antes da minha cabeça bater no


travesseiro.”

Adam me dá um abraço de boa noite, e vou para o elevador


sozinha.

Realmente estou exausta. Anna e Derek reservaram o


último andar de suítes para os convidados que moravam fora da
cidade, e esqueci que precisava inserir minha chave do quarto no
pequeno compartimento do painel do elevador para ter acesso ao
andar. Depois de empurrar o botão algumas vezes, finalmente
percebo e procuro na minha bolsa para encontrar o cartão
magnético. Estou preocupada com a busca até que ouço aquela
voz.

“Natalia.”

Minha cabeça voa para encontrar Hunter de pé na minha


frente com um sorriso de comedor de merda.
“Você…”

“Eu.” Diz.

Olho para sua figura ampla, imponente. “Onde está sua


parceira?”

Ele pisca. “Eu a deixei no bar com o seu, então os dois


podem se conhecer melhor.”

“Você não vai se sentir sozinho, então?” Digo com


sarcasmo.

“Talvez. Mas posso pensar em uma maneira de corrigir


isso.”

“Vai resolver o assunto com suas próprias mãos, huh?”

Finalmente localizo o cartão magnético do meu quarto na


minha bolsa confusa. Hunter ri e o pega da minha mão para
deslizar no painel. Claro que estávamos no mesmo andar, já que
éramos parte do mesmo casamento. Quando as portas se fecham,
o elevador de repente parece muito pequeno. Não ajuda que
Hunter não se preocupa em virar quando começa subir. Ele me
encara, ficando muito perto. Meu corpo definitivamente toma
nota da proximidade.

“Você não tem nenhuma etiqueta de elevador?” pergunto.


“Vire-se e olhe para os números como uma pessoa normal.”

“Por que eu iria perder meu tempo olhando para isso,


quando a vista é muito mais agradável nessa direção?”

“Eu não vou dormir com você, sabe.”

“Por que não? Você ia dormir com Adam.”

“Isso é diferente.”

“Como assim?”
“Eu conheci Adam antes. Ele é um cara legal.”

“Eu sou um cara legal.”

“Eu não conheço você.”

Hunter enfia as mãos nos bolsos. “Hunter Delucia, vinte e


nove anos de idade, solteiro, nunca fui casado, sem filhos. Fui
para Berkeley para graduação e pós-graduação. Licenciado em
engenharia arquitetônica. Cresci ao lado de Derek, amigos desde
que usávamos o mesmo transporte para a escola. Ele vai
responder por mim como um cara decente. Possuo uma casa em
Idyllwild, cerca de uma hora do casal feliz, sem hipoteca. Eu
também a construí pessoalmente e tem muitas árvores em minha
propriedade, que devem me conseguir pontos extras, pelo
caminho. A última consulta com um médico foi há um mês, limpo
como um apito 5 . E, mais importante...” Ele dá um passo para
mais perto de mim, nossos corpos praticamente se tocam. “Acho
que você é extremamente sexy. Há uma química louca aqui, e
acho que devemos explorá-la.”

Engulo. Felizmente, o elevador apita, e as portas se abrem


no piso superior. Precisando de um pouco de ar que não cheire
como Hunter Delucia, evito a árvore em forma de homem e saio.
Ele segue logo atrás de mim. Quando paro abruptamente,
percebendo que estou indo para o lado errado, ele caminha direto
para mim. Suas mãos me pegam, seus dedos pressionando meus
quadris para me impedir de cair para frente.

“Uoooou. Você está bem?”

“Que diabos? Você quase me derrubou.”

“Você parou.”

5 Expressão muito usada para descrever algo muito limpo, sem impedimento.
“Se você não estivesse na minha bunda, você não teria
trombado comigo.”

Ainda estamos de pé no meio do corredor, e ele ainda tem


um aperto firme em meus quadris... E me sinto muito bem. Deus,
tem sido um longo tempo para mim. Mais de dois anos.

Aqueles dedos apertam um pouco mais forte e sua cabeça


cai para sussurrar junto ao meu ouvido. “Você tem um cheiro
incrível.”

Um fogo arde sob seu toque. Fecho os olhos. Hmmm... Ele e


Derek são amigos desde que eram pequenos. Ele não pode ser um
cara tão ruim. Talvez...

Felizmente, o outro elevador me salva de fazer algo


estúpido. Alguns dos amigos de Derek saem e não parecem notar
o que estava acontecendo entre Hunter e eu.

“Ei, Delucia!” Um braço envolve seu ombro. “Doses em


nosso quarto.”

Balanço algum sentido para minha cabeça e aproveito a


oportunidade para escapar, praticamente correndo pelo corredor
em direção ao meu quarto. Claro, meu quarto tinha que ser o
último. Hunter grita meu nome enquanto tateio para colocar a
chave na porta. Eu o ignoro e corro para dentro. Inclinando-me
contra a porta fechada, solto um suspiro de alívio.

Que diabos estou fazendo? Controle-se, Nat. Literalmente


fugindo de um homem em vez de apenas recusar sua oferta ou
dizer-lhe para dar o fora? Mas algo sobre este homem me faz
sentir inquieta e nervosa. Como se eu precisasse correr em outra
direção.

Uma suave batida na porta em que eu ainda estou


encostada, me faz pular.
“Natália.”

Por que diabos ele tem que me chamar assim? “Estou


dormindo.”

Ouço-o rir. “Só queria te dizer que meu quarto fica ao lado.
Até mesmo o hotel acha que deveríamos dormir juntos.”

Balanço a cabeça, mas sorrio. “Boa noite, Hunter.”

“'Noite, Natália. Mal posso esperar para vê-la amanhã.”


Uma equipe de pessoas trabalha na noiva. Jack Johnson
fazendo barulho, e a enorme suíte nupcial cheira a lilás – o
perfume favorito de Anna. Toda vez que ando pelo distrito de
flores em Nova York na primavera, espero encontra-la ao virar a
esquina.

Vendo-me entrar, ela levanta uma taça de champanhe em


seu reflexo no espelho. “Eu vou me casar, porra.”

Normalmente, tudo a ver com o casamento traz meu lado


amargo e pessimista, mas soco meus sentimentos sobre o
assunto por causa de Anna. Tomo a taça da sua mão e sorrio de
volta. “Você vai se casar, porra.”

O estilista ocupado com seu cabelo sorri e balança a


cabeça.

“Somos elegantes, o que posso dizer?” Ofereço.

Em duas horas, a minha melhor amiga estará andando


pelo corredor para se casar com um jovem techie, rico, bonito,
que adora o chão que ela pisa. Que é muito mais longe do que a
minha farsa de casamento foi.

“Eu vi Hunter segui-la para fora da porta na noite


passada.” Anna diz. “Pobre Cassie, mal conseguia acompanhar a
forma como ele estava te seguindo.”
Preciso da minha própria mimosa para uma discussão
sobre esse homem. Termino a bebida de Anna e vou para a jarra
no bar para encher a dela e pegar uma para mim. “Você se
lembra quando tínhamos dezessete anos e eu tive uma queda
pelo Sr. Westbrook, o professor substituto de Inglês?”

“Como eu poderia esquecer? Ele tinha vinte e três anos e


era lindo.”

“Hunter é... bem, eu não tenho certeza do que fazer com


ele, para ser honesta. Ele é lascivo, atrevido, persistente... sexy
pra caralho.”

“Bonito, financeiramente sólido, confiante, sexy pra


caralho.” Anna acrescenta.

Suspiro. “Sim. Todos esses. Mas há algo sobre ele... algo


que eu não posso explicar, que faz parecer como algo proibido,
como o Sr. Westbrook era na escola.”

Os olhos de Anna se arregalam para o meu reflexo no


espelho. “Sério?”

“Porque diabos você está sorrindo, esquisita?”

“Ele parece proibido porque te dá borboletas.”

“Ele não dá.” Minto.

Não estou certa de por que estou mentindo sobre isso. Além
disso, as borboletas que ele me dá não são o tipo usual que
vibram em seu estômago, estas voam um pouco mais ao sul.

“Dá sim.”

“Não, ele não dá.”


“Então por que você não se entrega para ele? Você acabou
de dizer que acha ele sexy. Você estava pensando em dormir com
Adam, e ele não é tão sexy quanto Hunter.”

Lembro a maneira que a mão de Hunter me segurou no


quadril ontem à noite, e minha barriga vibra mais uma vez. As
malditas coisas estão se unindo com Anna para provar um ponto
que não estou disposta a aceitar.

“Ele é muito arrogante para mim.”

“Você gosta de arrogante. Na verdade, todo cara com quem


você já saiu era arrogante.”

“Exatamente.” Concordo. “Cansei de convencidos.”

Anna sorri e se vira para seu cabeleireiro. “Ela vai dormir


com ele.”

Ele olha para mim, depois de volta para Anna. “Eu sei.”

C
Derek e Anna se casaram em uma encosta com vista para o
oceano. Mesmo com o meu desdém para a instituição do
casamento, choro lágrimas de felicidade. Noto que mais alguns
dos padrinhos estão com os olhos cheios, também. Um, em
particular, parece segurar a minha atenção. Após a segunda vez
que Hunter me pega verificando quão bonito ele parece com seu
smoking e cabelo penteado para trás, consigo evitar fazer contato
visual no resto da cerimônia e a primeira hora da recepção. Não é
fácil, considerando que estamos muito próximos para os deveres
da festa de casamento, mas de alguma forma eu consigo.
Até que estou dançando uma música lenta com o pai de
Anna.

“Posso interromper?” Hunter bate no ombro de Mark. “Você


está monopolizando a mais bela convidada.”

O pai de Anna sorri e sacode um dedo para Hunter. “Você


tem sorte de ter dito convidada, considerando a minha noiva
estar tão bonita essa noite.”

Os dois homens dão alguns tapinhas nas costas, e então


estou nos braços de Hunter. Ao contrário de Mark, que tinha
mantido seu corpo a uma distância educada do meu enquanto
dançávamos, Hunter pega uma das minhas mãos na sua, desliza
a outra pelas minhas costas e a usa para puxar meu corpo.
Droga, isso é tão bom.

“Você está me segurando um pouco apertado.”

“Apenas me certificando que você não pode fugir


novamente.”

Puxo minha cabeça para trás. “Novamente? Eu nunca fugi


de você.”

“Chame do que quiser, mas você tem me evitado como se


eu tivesse algo contagioso.”

Murmuro. “Você provavelmente tem algo contagioso.”

Ele me ignora. “Você está bonita esta noite. Gosto do seu


cabelo preso.”

“Obrigada.”

Ele me puxa ainda mais perto, forçando minha cabeça a


virar em seu ombro, em seguida, mergulha para sussurrar no
meu ouvido. “Eu não posso esperar para puxa-lo mais tarde.”
Que cara atrevido.

E, Deus, por que diabos eu quero que ele puxe meu cabelo?

“Você é louco. Na verdade, quase tudo que disse para mim


desde que nos conhecemos tem sido inadequado.”

“Então só você pode falar sobre seus planos para foder


alguém? Eu não posso?”

“Eu não falei sobre meus planos para dormir com


ninguém.”

“Você estava falando com Anna sobre dormir com Adam,


quando nos conhecemos.”

“Isso era uma conversa particular.”

Ele encolhe os ombros. “Então é isso.”

“Mas...” Estou perplexa, em parte porque ele está meio


certo. Na minha mente, está tudo bem em falar sobre dormir com
alguém na terceira pessoa, ainda que seja errado ser tão brusco
quando se fala diretamente para a parte potencialmente
envolvida. Realmente não faz sentido, mas eu agarro uma razão
que parece lógica. “Você é grosseiro sobre isso. Eu não fui
explícita. É a forma como você diz isso que é ofensivo, não o que
você diz.”

“Então você não gosta de falar sacanagem? Talvez você não


tenha feito isso da maneira certa antes.”

“Eu tenho feito muito bem.”

“Você gosta de falar sacanagem, então?”

Este homem é impossível. Felizmente para a minha


sanidade mental e, possivelmente, para minha força de vontade, a
música que dançamos acaba, e o DJ anuncia que é hora do
jantar. Embora Hunter ainda não afrouxe seu aperto.

“A dança acabou. Você pode soltar agora.”

“Guarde outra para mim mais tarde?”

Sorrio amplamente. “Sem chance.”

Claro, Hunter gosta dessa resposta. Ele ri e beija minha


testa. “Aposto que você é um fogo de artifício na cama. Eu mal
posso esperar.”

“Desfrute da sua noite, Sr. Delucia.”

Sinto seus olhos em minha bunda a cada passo que dou


para sair da pista de dança.

C
Eu só estou legalmente solteira há exatamente dezoito
meses. Não tenho intenção de me casar novamente, por isso
quando chega a hora do arremesso obrigatório do buquê da
noiva, fico no meu lugar. Claro, Anna não permite isso. Ela
agarra o microfone da mão do DJ e insiste que eu, juntamente
com algumas outras, que se afastavam desta festa particular,
levássemos nossas bundas para a pista de dança. Ao invés de
fazer uma cena, eu obedeço, embora intencionalmente fique de
lado. Não quero ter nada a ver com esse buquê.

O DJ leva o público a uma contagem decrescente para o


arremesso, conforme Anna fica no meio do local, de costas para
todas as ansiosas senhoras solteiras.
“3, 2, 1!”

O grande lançamento sobre a cabeça da noiva nunca vem.


Em vez disso, ela se vira e joga a maldita coisa diretamente para
onde eu estou de pé, na lateral. Por instinto, pego o pacote de
flores arremessado.

Grrr. Eu quero matá-la.

Especialmente quando olho do outro lado da sala e vejo


Hunter batendo palmas exageradamente, com um grande sorriso
enquanto olha para mim.

Dez minutos mais tarde, estou ao lado de Anna assistindo


a pista de dança encher com homens solteiros ansiosos para
pegar a cinta-liga que seu marido acabou de remover. Minha mão
agarra um forte cranberry vodka, preciso de alguma coragem
líquida.

“Se Hunter pegar aquela coisa, eu vou te matar.”

“Aqueles que protestam mais alto geralmente têm mais a


esconder.”

“Aqueles que causam problemas têm suas pequenas


bundas magras chutadas,” jogo de volta.

“Ele é realmente um cara ótimo. Eu poderia pensar em


pessoas piores para levantar seu vestido.”

“Se ele é tão legal, me diga novamente por que ele não é o
meu par?”

Anna suspira. “Ele é inteligente, confiante e um sedutor


total.”

“E…”
“E eu também o conheço há quatro anos, e cada vez que o
vejo, ele está com uma bela mulher diferente. Pensei que depois
de Garrett, você poderia querer um tipo diferente.”

Bebo metade da minha bebida com a menção do meu ex-


marido. “Por que eu sou atraída por idiotas?”

“Porque eles são atraentes. Isso é parte do que os torna


idiotas. E Hunter não é um cara mau. Ele não é realmente.
Aposto que é ótimo na cama, também. Se eu estivesse no seu
lugar, escolheria Hunter em vez de Adam para um caso de uma
noite.” Ela se vira para mim. “Seria sexo com Hunter, não amor.
Contanto que você entre com esse estado de espírito, aposto que
ele vai te levar às alturas.”

Um repentino barulho alto chama a nossa atenção para a


ação. Perdemos o lançamento da liga de Derek, mas não tinha
como perder um sorriso arrogante no homem girando a liga em
seu dedo e olhando na minha direção.

“Qualquer chance de você quebrar a tradição da Costa


Leste, onde o cara que pega a liga coloca na perna da mulher que
pega o buquê?”

Anna sorri. “Nem uma maldita chance.”

C
As bebidas vão direto para minha cabeça. Depois que bebo
o cranberry vodka enquanto permaneço em pé com Anna,
continuo a pedir outro e o termino em tempo recorde. O que
significa que tenho um zumbido agradável fluindo na hora que o
DJ coloca uma cadeira no meio da pista de dança e chama meu
nome. Derek e Anna também se juntam a nós conforme todos os
convidados do casamento observam.

“Por que você não se senta, Nat?” diz o DJ, tocando a


cadeira. “Nossa bela noiva até deixou o cavalheiro que pegou a
liga, selecionar a música. Pensei em lhe dar uma amostra e ver se
funciona para você, já que é sob seu vestido que ele vai estar.”

O DJ aperta um botão em seu iPad, e a música começa a


soar - AC / DC ‘You Shook Me All Night Long’ 6 para ser
específica. Depois de dez segundos, ele aperta outro botão, e a
música silencia.

Ele fala ao microfone novamente. “Então, o que você acha?


Hunter escolheu a música certa para a noite?”

Balanço a cabeça, enquanto a multidão ri, e os olhos de


Hunter brilham.

“Tudo bem, então. Talvez seja melhor deixá-la escolher a


música. Você tem algo em mente que talvez pareça mais
adequado?”

Penso por um momento e depois aceno para o DJ para que


eu possa sussurrar em seu ouvido.

Ele sorri e empurra mais botões em seu iPad antes de falar


com Hunter. “Eu estou começando a pegar um pouco de
disparidade aqui, talvez algumas mensagens que vocês dois estão
escondendo em suas escolhas de música.”

Hunter olha para mim, e dou de ombros, assim que o DJ


coloca a música que escolhi. Jason Derulo ‘Ridin' Solo’ 7 soa, e
Hunter inclina a cabeça para trás numa gargalhada. Depois que

6YOU SHOOOK ME ALL NIGHT LONG: Você me sacudiu a noite toda. – Os personagens começam
uma troca de mensagens através do título das músicas que escolhem.

7 RIDIN´ SOLO: Andando Só.


todos dão uma boa risada, o DJ diz à multidão que acha que as
coisas vão correr mais suave, se ele escolher a canção.

Então Hunter ajoelha-se em um joelho para Beyoncé ‘Single


Ladies.’8 Claro, ele é um ótimo show-man. Ele gira a liga em torno
do seu dedo indicador enquanto dá aos espectadores um sorriso
enorme. Então, lentamente levanta o meu pé, dá um beijo suave
na parte de cima, e desliza a liga até minha panturrilha.

“Nós temos um cavalheiro hoje?” O DJ pergunta no


microfone. “Será que ele vai subir mais?”

O brilho malicioso nos olhos de Hunter me diz que ele não


está pensando em ser um cavalheiro. Nos próximos minutos,
através de pedidos de mais alto da parte masculina da festa de
casamento, Hunter avança a liga na minha perna. E ele não está
apenas a levantando. Seu polegar preguiçosamente acaricia o
interior da minha perna enquanto prossegue. Quando chega ao
meio da coxa, ele aperta minha perna para chamar minha
atenção, e nossos olhos se encontram.

Então sua mão continua.

Odeio que eu não o impeço. Odeio que minhas mãos


apenas permanecem obedientemente nos meus lados, e minha
voz, normalmente turbulenta, parece ter sido amordaçada. Mas a
reação do meu corpo torna impossível me opor. O efeito da sua
mão é profundo. Meus mamilos endurecem, minha respiração
fica fraca, e arrepios cobrem minha pele. Estou muito mais
excitada do que eu deveria. E não é só a mão, é a maneira como
ele me observa. Eu sei, sem sombra de dúvida, que ele está tão
excitado como eu estou e isso realmente me afeta.

8 SINGLE LADIES: Moças Solteiras.


Os dedos de Hunter acariciam em um ritmo lento e
sensual, alcançando o topo do interior da minha coxa. Posso
sentir o calor da sua mão irradiando entre minhas pernas.

Mesmo com uma multidão assistindo, graças ao meu


vestido de dama de honra, ninguém pode ver até onde ele vai. E
enquanto toda a cena louca acontece em erótica câmera lenta
para mim, Beyonce nem mesmo terminou de cantar para as
solteiras.

Hunter deixa sua mão deslizar para o meu joelho e o aperta


quando se inclina. “Não tente me dizer que eu sou o único a
sentir isso.”

O DJ pede a todos para dar uma salva de palmas, e Hunter


beija meu rosto, levanta-se e estende a mão para me ajudar a
levantar. Eu ainda estou completamente atordoada.

As sobrancelhas de Anna se abaixam. “Você está bem?”

Limpo a garganta. “Eu preciso de uma bebida.”

“Que tal nós quatro irmos até ao bar para uma bebida?” O
novo marido de Anna diz.

Uma bebida leva a duas, duas leva a três, e três leva a...
Deus, eu me sinto horrível.

Minha cabeça lateja, e meus músculos doem. Há uma


mancha de umidade no meu travesseiro onde devo ter babado
metade da noite. Sem levantar a cabeça, olho ao redor do quarto
e vejo a minha mala no canto - Jesus, eu nem me lembro de voltar
para o meu quarto de hotel. Mas estou muito feliz que esteja aqui
e não no quarto ao lado. Tento pensar na última coisa que me
lembro. Pegar o buquê, Hunter pegar a liga, a mão sob meu
vestido.

Oh Deus. Eu me sinto realmente uma merda, que essa


memória ainda desperte algo dentro de mim.

Lembro-me de irmos para o bar, eu, Anna, Derek e Hunter.


Hunter brinda as três coisas que você mais precisa na vida, uma
garrafa cheia, um amigo fiel, uma bela mulher e ao homem que
tem tudo isso. Lembro-me de Anna e Derek sendo chamados para
algumas fotos, e Hunter encomendando-nos mais uma rodada e
me contando histórias sobre ele e Derek quando eram pequenos.
Ele é definitivamente um sedutor natural, mas há também algo
muito cativante sobre a maneira como ele fala sobre seu amigo.

Depois disso, as coisas ficam confusas. Não lembro, de jeito


nenhum, de sair do casamento ou voltar para o hotel. Estendendo
a mão para o criado-mudo, pego meu telefone para verificar a
hora. Merda. É quase dez, e meu voo é à uma. Estou prestes a
arrastar a minha bunda atrasada para fora da cama, quando um
barulho me faz parar.

Isso quase parece com um ronco.

Um ronco com vibrato profundo.

Estou deitada de lado, e minha cabeça vira para olhar para


o som.

Congelo, encontrando a fonte.

Congelo.

Tenho certeza que meu coração pula uma batida ou duas.

Há um homem deitado na cama ao meu lado, de frente


para mim. E pela largura dos seus ombros, eu sei que não é um
homem qualquer. No entanto, preciso de confirmação. Segurando
minha respiração, eu me inclino sobre o corpo maciço e
vislumbro seu rosto. Assim que vejo Hunter, ele solta outro ronco
alto, e eu pulo da cama. Fico em pé enquanto tento me controlar,
não querendo acordá-lo.

Merda. O que eu fiz?

Caminho na ponta dos pés até o banheiro com meu coração


acelerado e meu cérebro tentando desesperadamente se lembrar
de algo de ontem à noite, qualquer coisa que envolva Hunter
Delucia dentro do meu quarto.

Dentro de mim.

Isso é pior do que a minha pior noite na faculdade. Como


posso não me lembrar de nada? Meu reflexo no espelho, me
responde, pareço uma morta-viva. Meu cabelo escuro está uma
bola meio amarrada para cima, meio para baixo, com grampos
caindo por toda parte. Minha pele, normalmente boa, está mais
pálida do que o habitual, e os meus olhos verdes estão vermelhos
e inchados.

E então finalmente olho para baixo. Estou vestida com uma


camiseta e calça, mas por baixo ainda estou usando um sutiã e
calcinha. Esqueça que eu não me lembre de coloca-los, isso me
faz parar e me perguntar por que estou vestida. Quando meu
sutiã sai, ele não volta. Para não mencionar que eu não sou
tímida sobre meu corpo, não é meu modus operandi me vestir
novamente depois de uma noite de paixão.

É possível que tenhamos dormido juntos e não fizemos


sexo?

Levo minhas mãos para baixo no moletom e pressiono


contra minhas partes íntimas. Não estou ferida. Embora isso não
seja uma prova positiva, talvez o homem gigante, atualmente
roncando na minha cama, não seja anatomicamente correto e
seja um amante gentil. Nem parece plausível.

Verifico a lata de lixo por sinais de um preservativo e o


toalheiro para ver se qualquer toalha foi usada na noite passada.
Nada. Mas ainda assim, eu estou uma bagunça, parece que eu
tive sexo selvagem e louco...

Infelizmente, ou talvez tenha sido felizmente, não tenho


tempo para me debruçar sobre o que tinha acontecido. Se eu não
estiver no meu caminho para o aeroporto nos próximos quinze
minutos, vou perder meu voo.

Depois de um banho rápido, sigo nas pontas dos pés de


volta para a minha mala. Recolho minhas roupas, mas a liga que
começou esta confusão está longe de ser encontrada, e fico
desapontada que não a terei como uma lembrança.

Hunter ainda não se moveu. Na verdade, ele está roncando


alto e com mais consistência agora. Corro para me vestir, puxo
meu cabelo em um rabo de cavalo, e esfrego um pouco de
hidratante no rosto antes de empurrar tudo em minha mala.

Estou prestes a fugir quando decido que preciso saber o


que aconteceu. Deixando minha mala na porta para uma fuga
rápida, calmamente ando para o lado de Hunter da cama.

É claro que, ao contrário de mim, ele parece tão bem esta


manhã como parecia na noite passada. Levo um momento para
apreciar isso. Seu cabelo castanho acobreado está desgrenhado,
mas de alguma forma ainda mais sexy do que quando penteado
para trás na noite passada. Cílios grossos e escuros emolduram
seus olhos fechados, em forma de amêndoa, que eu recordo terem
uma luz azul surpreendente.

Seu ronco suave continua em um ritmo consistente, por


isso, inspiro profundamente e me aproximo. Preciso ver o que
está debaixo do lençol. Seu peito está nu, mas ele está vestindo
calças lá embaixo?

Mais um passo.

Paro novamente e olho para o seu rosto antes de fazer a


minha jogada final. Ele ainda está desmaiado. Ou, eu acho...

Estendendo a mão pego a ponta do lençol e levanto sempre


com muita gentileza. Então me inclino para olhar por baixo.

Puta merda.

Ele está usando cuecas boxer.

Mas... tem uma ereção matinal. A protuberância enorme


projeta-se da cueca apertada. De maneira nenhuma essa coisa
esteve dentro de mim. Eu teria que estar pelo menos um pouco
dolorida.
Sentindo-me aliviada (com uma estranha sensação de
arrependimento e desejo depois de ver esse membro gigante),
coloco o lençol de volta e me viro para ir embora. Uma grande
mão agarra meu pulso.

“Você se lembraria, querida. Confie em mim.” A voz rouca


de Hunter carrega uma pitada de diversão.

“Eu... eu estava à procura de alguma coisa.”

Uma sobrancelha se anima. “Oh sim? O que você estava


procurando?”

“Meu sapato.”

Seu lábio se contrai. “De que cor?”

Contorço-me para lembrar que sapatos eu trouxe nesta


viagem. “Preto com uma barra prata na frente.”

Os olhos de caçador caem nos meus pés. Porra.

Ele olha de volta para mim. “Eu os encontrei para você.”

Viro meus olhos para os meus sapatos para evitar seu


olhar intenso. “Oh. Que tola eu sou. Dormi demais, e estou
desorientada. Preciso correr ou vou perder meu voo.” Tento me
afastar, mas seu aperto no meu pulso fica mais forte.

“Você não vai a lugar nenhum antes de fazer duas coisas.”

“Duas coisas?”

“Deixe o seu número de telefone e me dê adeus.”

“Eu... eu... você não escovou os dentes.”

Hunter ri. Parece que ele pode ver através de todas as


minhas besteiras. Estendendo a mão para o criado-mudo, ele
pega seu telefone e o estende para mim antes de se levantar.
“Ainda tem creme dental no banheiro?”

“O pequeno, do hotel, ainda está aí.”

“Eu vou escovar. Você digita.”

Enquanto ele está no banheiro, reflito sobre não escrever


nada em seu telefone. De maneira nenhuma eu manteria contato
com um homem que vive a quase cinco mil quilômetros de
distância. Um cara como ele é a última coisa que eu preciso. Mas
então penso melhor de apenas lhe dizer que coloquei o meu
número. Ele parece ter me decifrado muito rápido. Então, ao
invés, digito meu nome e número, só que mudo os dois últimos
dígitos.

E é uma coisa boa que eu faço, porque quando Hunter


retorna da sua ida ao banheiro, a primeira coisa que faz é
verificar se digitei alguma coisa. Felizmente, ele não tenta me
ligar. Satisfeito, joga o telefone na cama e balança a cabeça.

“Obrigado. Agora me beije.”

Eu posso ver que ele não vai me deixar ir embora sem isso.
Então, sacrificando perder o meu avião, empurro-me na ponta
dos pés e dou um rápido beijo em seus lábios.

Mmm... Agradável e suave.

(E com gosto de hortelã).

“Bem... foi bom conhecê-lo.” Viro para caminhar para fora,


mas Hunter agarra meu pulso novamente.

“Eu disse me beije.”

“Eu beijei!”
“Beije-me da maneira que você me beijou na noite
passada.”

Antes que eu possa perceber, Hunter me puxa contra ele.


Uma de suas grandes mãos segura a parte de trás do meu
pescoço, e ele aperta com firmeza para colocar minha cabeça
onde quer. Em seguida, seus lábios caem sobre os meus.

O choque de sentir sua boca contra a minha rapidamente


se dissipa enquanto ele lambe meus lábios, incentivando-me a
abrir para ele. Sua língua mergulha, e ele geme quando inclina a
cabeça e aprofunda o beijo. A vibração do som viaja entre nós e
envia um zumbido através do meu corpo. Agradável e suave sai
pela janela, depois disso. Ele agarra um punhado da minha
bunda, e eu levanto meu corpo para cima dele, envolvendo
minhas pernas em volta da sua cintura. Conforme ele nos apoia
na parede, uma sensação de familiaridade me domina. Eu não
consigo lembrar os detalhes do nosso beijo anterior, mas agora,
no fundo sei o que tinha sentindo.

Meu celular cai da minha mão para que meus dedos


possam se emaranhar em seu cabelo. Puxando os fios macios,
não posso ter o suficiente. Um gemido profundo sai de dentro do
meu peito movendo-se através de nossas bocas conectadas.
Hunter empurra com mais força, sua grossa ereção pressionando
o centro das minhas pernas abertas. Ele balança conforme me
beija, causando um atrito através de duas camadas de roupa que
está me levando a um lugar que eu não achei que era possível ir,
totalmente vestida.

Parece que ele quer me engolir inteira e nesse momento, eu


o teria deixado. Meus seios estão esmagados contra o seu peito, e
sinto um violento batimento cardíaco fora de controle. Apenas
não tenho certeza se é meu ou o dele. Jesus, onde é que um
homem aprendeu a beijar assim?
Estou ofegante e chocada quando nosso beijo se rompe.
Hunter chupa meu lábio inferior, puxando-o antes de liberar
minha boca.

Sua voz está tensa. “Altere o seu voo. Nós não terminamos
aqui.”

Engulo em seco, tentando ganhar alguma compostura. “Eu


não posso.” Minha voz é quase um sussurro. É tudo que consigo
dizer.

“Não pode ou não quer?”

“Não posso. Izzy chega em casa hoje.”

Hunter puxa sua cabeça para trás, dando-me algum espaço


para respirar, algum espaço para falar. “Izzy?”

“Minha enteada que me odeia.”


12 anos atrás

Droga. Estou indo para a escola errada.

É o dia mais quente que eu posso me lembrar. O rádio do


carro diz que já está quarenta graus, mas é a umidade incomum
em Los Angeles que torna insuportável. Desde que eu estou
adiantado algumas horas para atender meu irmão e não sei o
caminho pelo seu campus, sento em uma escadaria de tijolos
perto de uma fonte em um campo totalmente aberto, esperando
pegar uma brisa. Essa brisa não aparece, mas algo muito melhor
o faz. A menina mais linda que eu já vi vai até a fonte circular a
cem metros de distância, tira os sapatos, sobe no parapeito e pula
na coisa. Ela mergulha e vem à tona, empurrando seu cabelo
loiro encharcado, do seu rosto.

Pessoas que passam olham para ela, mas parece não notar
ou se importar nem um pouco. Ela flutua de costas no que,
provavelmente, seja apenas dois metros de água. O sorriso em
seu rosto é contagiante, e eu me encontro olhando para ela
hipnotizado. Faz quase um mês desde que minha mãe morreu, e
me sentir feliz e livre parece coisa de uma vida atrás.
Depois de alguns minutos, a menina senta e olha na minha
direção. “Você vai se juntar a mim, ou vai apenas me assistir daí,
como um esquisito?”

Olho em volta para me certificar de que ela está falando


comigo. Não há ninguém nas proximidades. Então eu me levanto
e vou até a fonte.

“Trata-se de uma espécie de iniciação em alguma


irmandade?”

Ela sorri. “Vai fazer você se sentir melhor, se eu disser que


sim? Porque você estava me olhando de lá, como se eu fosse uma
pessoa estranha.”

“Eu não estava te olhando como se você fosse uma pessoa


estranha.”

“Para mim, parecia que sim.”

Tiro meus sapatos e subo na fonte. “Eu estava te olhando,


imaginando se você sempre sorri desta forma, ou se, se refrescar
realmente te fez feliz.”

Ela inclina a cabeça para o lado, me estudando. “O que


existe para não estar feliz? Estamos vivos, não estamos?”

A água fria me faz muito bem. Nós flutuamos em silêncio


por um tempo, sorrindo cada vez que um de nós pega o outro
olhando.

“Sou Summer.” Ela diz.

“Hunter.”

“Você gosta do calor?”

“Assim, não.”

“Qual é a sua estação favorita, Hunter?”


Sorrio. “O verão9.”

Ela vai até a beirada da fonte e apoia os cotovelos sobre o


tijolo, observando o spray interminável de água no centro. Eu
faço o mesmo, posicionando-me ao lado dela e tentando não olhar
para seus mamilos salientes através da sua camiseta molhada.
Não é uma tarefa fácil.

Summer se vira para olhar para mim. “Você frequenta essa


escola?”

“Não. Meu irmão, sim. Vim para o fim de semana, para


uma visita. E quanto a você? Você frequenta ou apenas vem para
se refrescar na fonte?”

Seu sorriso é tão ofuscante quanto o sol. “Eu frequento.


Estudante de arte.”

Ela se empurra para fora da beirada e nada até o outro


lado da fonte. Assisto intrigado com a aleatoriedade de suas
ações. Assim que ela para novamente, segura ambos os lados da
sua boca para gritar para mim, embora a fonte não seja tão
grande. “Verdade ou desafio?”

Esta menina é bizarra. E linda. Quem diria que


bizarramente deslumbrante poderia ser uma combinação tão
sexy.

“Verdade,” grito de volta.

Seu rosto se enruga da maneira mais bonita, enquanto


bate o dedo em seu queixo. Quando descobre o que vai perguntar,
seu rosto se ilumina tanto que a única coisa que falta é uma
bolha sobre sua cabeça com uma lâmpada. Eu rio para mim
mesmo.

9No original SUMMER: é um trocadilho entre o nome da personagem e a estação do ano, que tem a
mesma grafia em inglês.
“Qual é a coisa que você tem mais medo?” Grita de volta.

A resposta normal seria a morte, considerando que perdi


minha mãe recentemente. Ou talvez eu devesse ter dado uma
resposta genérica como aranhas ou alturas. Mas em vez disso,
faço o que sempre me mete em problemas, respondendo com
honestidade não filtrada.

“Você quebrar meu coração.”


Meu celular toca quando estou prestes a descer as escadas
para pegar um trem para o centro. Vejo que é Anna, recuo até a
calçada para não perder o sinal. Não estou com pressa de voltar
para casa.

“Ei, Sra. Weiner.”

Ela suspira. “Será que você vai ser capaz de dizer o meu
novo sobrenome sem surtar?”

“Eu não contaria com isso. Ainda não posso acreditar que
você desistiu de Anna B. Goodwin para se tornar Anna B. uma
Weiner10.”

“Eu estou ignorando seu comentário ranzinza porque estou


em felicidade conjugal.”

“Comentário ranzinza? O vernáculo do seu novo marido


está se esfregando em você.”

Ela ri. “Estou a caminho do aeroporto para o nosso voo


para Aruba, mas queria falar algo para você.”

“Você está bem?”

“Hunter está incomodando o meu marido pelo seu número


de telefone. Ele diz que você deu a ele, mas deve ter digitado
errado. Você digitou errado?”
10Aqui há um trocadilho com o sobrenome: Anna B. Goodwin – Anna seja uma boa vencedora – e
Anna B. a Weiner – Anna é uma salsicha.
“Não. Digitei o número certo... para falar com Éden.”

“Éden? Não me diga que você ainda está dando números de


sexo por telefone aos vinte e oito anos de idade.”

“Claro que não.”

“Então, quem é Éden?”

“Ela é uma acompanhante que por acaso tem um número


muito semelhante ao meu.”

Anna suspira. “Então acho que você não quer que Hunter
tenha o seu número de telefone?”

“Ele é um playboy que vive a cinco mil quilômetros de


distância. Qual é o ponto?”

“Imagino. Embora ele seja realmente um grande cara.


Pensei que vocês tinham muita química.”

“Brincar com química leva a explosões.”

“Bem. Derek não vai lhe dar o seu número, mesmo que ele
o esteja incomodando há alguns dias.” Ela exala. “Como vai Izzy?
Será que ela gostou da semana com a avó?”

“Ela disse que nunca vai voltar. Eu odeio admitir isso, mas
me faz sentir um pouco melhor que ela a despreze, também.”

“Vocês duas precisavam desta pausa.”

Minha enteada, Isabella, vive comigo há dois anos. Bem,


tecnicamente, acho que você poderia dizer que ela vive comigo há
três, já que Garrett e eu tínhamos a custódia total depois que sua
ex-mulher morreu. Izzy perdeu a mãe para o câncer na sétima
série. Então, no meio da oitava série, 31 de outubro, para ser
exata, ela perdeu o pai. Só que desta vez, não foi para uma
doença. No meio da festa de Halloween que estávamos
oferecendo, meu marido foi preso por dirigir um esquema Ponzi11
em sua prestigiada empresa de investimento. Ele estava vestindo
um traje do pirata no momento, ironia em sua melhor expressão.

“Sim, precisávamos de uma pausa. Ela tem sido um pouco


civilizada comigo desde que cheguei em casa. Mas isso vai mudar.
Domingo é dia de visitas. Seu mau humor normalmente leva uma
semana após visitar Garrett. E este mês, escrevi a ele uma carta
pedindo para lhe dizer que ela será tirada da escola particular no
fim deste ano, porque não posso mais pagar. Então, ela vai ficar
especialmente infeliz.”

Nossas peregrinações mensais ao interior do estado são


sempre difíceis. Desde que o estado de Nova York não permite
que menores não acompanhados visitem os presos, eu tenho que
ver meu ex-marido todo mês, apenas para que sua filha, que me
odeia, possa visitar seu querido velho pai.

“Você vai para o céu por levá-la para visitá-lo uma vez por
mês.”

“Espero que não. Vai ser solitário sem você lá.”

Ela ri. “Tenho que desligar. Estamos chegando ao


terminal.”

“Tenha uma boa viagem! Não engravide. Eu ainda não


estou pronta para ser tia.”

“Diz a mulher que tem a guarda de uma menina de 15 anos


de idade.”

“Umm... você acabou de expressar o meu ponto de vista.”

“Te amo. Eu te ligo quando voltar.”

“Eu também te amo, Anna B. uma Weiner.”


11 Um esquema Ponzi é uma sofisticada operação fraudulenta de investimento do tipo esquema em
pirâmide.
C
“Sra. Lockwood?” O guarda da prisão na recepção chama
sem olhar para cima de sua prancheta.

“Você está pronta?” Viro para Izzy.

Ela puxa os fones de ouvidos e vai guardar seu material em


um armário. Enquanto eu sempre deixo todos os itens proibidos
no carro, Izzy não poderia ficar sem seus fones de ouvido na curta
espera para ver seu pai. Deus me livre de tentar iniciar uma
conversa com ela. Ela mantém as coisas em seus ouvidos vinte e
quatro horas, sete dias da semana, como a maioria das crianças
da sua idade.

Ando até o sargento no balcão. É um cara que eu nunca vi


antes. “Sou Natalia Rossi, visitando Garrett Lockwood. Você
chamou a Sra. Lockwood, mas meu nome é Rossi agora.”

Ele folheia alguns papéis em sua prancheta. “A lista de


visitantes aprovados diz Natalia Lockwood, esposa. Você não é
ela?”

“Sim. Bem, não. Eu era quando comecei a visitar. Mas


estamos divorciados agora, e eu sou Natalia Rossi, como a CNH
que te mostrei e o nome que eu assinei.”

“Você deve dizer ao preso para atualizar a lista de nomes.”

Digo, cada vez que eu venho. Mas o idiota se recusa a


escrever o meu nome sem seu sobrenome.

“Não há um formulário que eu possa preencher?”

“Apenas o preso pode solicitar a aprovação dos visitantes.”


Ótimo. Tanto faz.

“Eu teria mantido Lockwood de qualquer maneira.” Izzy diz


atrás de mim. Não percebi que ela tinha terminado de colocar as
coisas no armário. “É um sobrenome melhor do que Rossi.”

Mordo minha língua para não responder que mesmo


Weiner seria um sobrenome melhor do que o de um ladrão
mentiroso. Izzy e eu somos levadas a uma sala onde alguns
outros visitantes esperam, e, eventualmente, eles nos levam para
a sala de visita familiar. Garrett já está sentado em uma mesa.
Ele se levanta quando nos vê e mostra o sorriso deslumbrante
que enganou centenas de milhões de investidores e me deixou
sem chão e sem dignidade.

Seus olhos estão fixos em mim enquanto caminhamos,


mesmo que sua filha esteja praticamente correndo para
cumprimentá-lo. Ela coloca os braços em volta dele para um
breve abraço permitido no início e no final de uma visita. Nesse
momento, a menina vulnerável que ela realmente é aparece
completamente. Izzy faz o seu melhor para parecer forte, com
uma atitude eu-não-estou-nem-aí-com-isso-tudo, mas por dentro,
uma grande parte dela ainda é uma menina que perdeu sua mãe
e seu pai. Ela idolatra Garrett, mesmo com tudo o que ele fez.

Depois que ela o solta, ele tenta me cumprimentar


fisicamente. Dou um passo para trás, para fora de seu alcance, e
aceno. “Olá, Garrett.”

Ele franze a testa. “Olá, Nat. Você está linda.”

“Vou pegar uma bebida. Você quer algo, Izzy?”

Ela nem sequer se vira para responder. “Não.”

As regras exigem que uma menor seja acompanhada por


um tutor. Não me obriga sentar na mesma mesa que o meu ex-
marido. Eu estou aqui por sua filha, se ela aprecia que eu a traga
aqui a cada mês ou não. Vou até a máquina de venda automática
e compro uma garrafa de água antes de sentar em uma pequena
mesa vazia do outro lado da sala.

Durante essa hora, olho para Garrett e Izzy algumas vezes


para ver como ela está. Odeio que uma vez meus olhos pousam
no rosto dele por um minuto. Não percebo que estou fazendo isso.
Mesmo depois de dois anos de prisão com pele pálida, e olheiras
sob seus olhos, ele ainda é um homem incrivelmente bonito. Mas
aprendi da maneira mais difícil que um rosto bonito não é nada
quando você tem um coração feio.

Quando o guarda anuncia o fim do horário de visitas,


caminho de volta para Izzy. Poderia ter esperado na porta, mas
não quero que ela tenha que ir embora sozinha.

Garrett usa todos os olá´s e adeus como uma oportunidade


para me manipular. “Posso falar a sós com Nat, Izzy? Precisamos
conversar sobre finanças.”

Espero até que sua filha esteja fora do alcance da nossa


voz. “Você disse a ela?”

“O momento não era certo.”

Meus olhos se arregalam. “Você tem uma hora por mês.


Você não tem o luxo do momento certo.”

Seus olhos caem para a minha clavícula. “Lembra quando


estávamos na nossa lua de mel e você....”

Eu o interrompo. “Nós não vamos andar pela estrada da


memória. Volte à realidade. Você está prestes a caminhar de volta
para a sua cela de oito por oito. Você precisa dizer a sua filha que
esvaziou o fundo da taxa de matrícula. Eu não posso pagar vinte
e cinco mil dólares por sua escola particular no próximo ano.”
“Eu estou trabalhando em algo.”

Faço uma careta. “De dentro da prisão? Não me faça dizer a


ela. Ela me odeia o suficiente. Você precisa assumir pelo menos
isso.”

Ele estende a mão para mim. Levanto minha mão. “Não


faça isso. Você não pode fazer isso por mim.”

“Eu sinto sua falta, Nat.” Ele sequer me ouviu, porra?

Jogo minhas mãos no ar. “Isso é inútil.”

Então, eu me viro e conduzo minha enteada para fora da


prisão estadual, jurando nunca mais voltar... Como eu faço cada
maldita vez.
9 meses depois

“Que horas é meu chá amanhã?”

Anna nem sequer diz olá antes de perguntar, quando


atendo o telefone, às oito horas em uma manhã de sábado.

Balanço a cabeça e rolo com meu celular pressionado no


ouvido. “Tome chá quando quiser. Estou dormindo.”

“É no Sugar Magnólia?”

“Acho que essa gravidez afetou seu cérebro. Do que você


está falando?”

“Não se faça de idiota. Eu vi a anotação na agenda da


minha mãe, em sua bolsa. E eu sei que você não me privaria da
sua presença no meu chá de bebê. Há muito tempo que não vejo
você, e você me ama muito.”

Sento-me e esfrego o sono dos meus olhos. “O que você


estava fazendo na bolsa da sua mãe olhando sua agenda?”

“Olhando para ter informações sobre o meu chá. Duh!”

“Você é horrível. Você não pode deixar que nada seja uma
surpresa?”
“Bem, eu não sei em que restaurante é. Ela não escreveu
isso. É por isso que estou te ligando.”

Saio da cama e caminho para o pote de café. Finjo


sinceridade como se a Academia 12 estivesse assistindo. “Anna...
Eu sinto muito. Domingo é o dia de visita de Izzy, e eu
simplesmente não posso mudar isso.”

“Meu Deus. Como minha irmã não poderia ter coordenado


a data em torno das suas visitas à prisão?”

Ela realmente coordenou.

“O mundo não pode girar em torno de Garrett. Sinto muito,


querida. Eu odeio perder isso, também. Mas estou atolada no
trabalho, e eu realmente quero pegar alguns dias para ir vê-lo,
quando o pequenino nascer.”

Quando ouço sua voz, me sinto um pouquinho mal por


mentir.

“Mas eu sinto sua falta. E eu não posso ter uma festa sem
você. Lembra quando tentei isso na oitava série, e eu usei aquela
roupa horrível que tinha calças com uma virilha que pendia até
os joelhos e um grande laço no meu cabelo? Acabei beijando
Roger Banya. As crianças começaram a me chamar Anna Bow
Banya13, o que não era ruim... até uma semana depois, quando
disse a Roger que eu não queria sair com ele. Ele ficou bravo e
disse a todos que eu lhe dei um boquete na minha festa. Então
me tornei Anna Blow Banya14. Deus, você tem que vir. Eu não
posso ter uma festa sem você!”

12Como ela está atuando, essa é uma referência a Academia de Artes de Hollywood, que anualmente
premia os melhores atores com o Oscar.

13 ANNA BOW BANYA: Anna reverência Banya.

14 ANNA BLOW BANYA: Anna chupou Banya


Tenho que abafar meu riso, porque o pânico é real, mesmo
que seu raciocínio seja ridículo. Ela está no limite sobre tudo e
qualquer coisa conforme seu parto se aproxima. Embora eu
nunca tenha estado grávida, eu me lembro da minha própria
mudança, que alterou a minha vida me deixando da mesma
maneira.

“Envie-me uma foto da roupa que você escolher, e vou


aprová-la. Eu também tenho certeza que você não vai beijar
ninguém, exceto seu marido nessa festa. Você vai ficar bem.
Vamos ter um vídeo chat durante o evento para que eu possa
estar lá com você de alguma forma.”

Ouço a birra em sua voz. “Certo. Mas é melhor você ficar


pelo menos uma semana, quando o bebê nascer. E você estará
trocando todas as fraldas de cocô.”

Rio. “Fechado. Mas preciso correr. Eu tenho que estar em


algum lugar em uma hora.” O aeroporto.

“Você vai pelo menos me dizer onde é o chá já que você vai
arruiná-lo por não estar lá?”

“Certo. Mas só porque você parece estressada. É em sua


casa.” Minto um pouco mais. Ei, por que não? Estou enrolada.
“Derek a levará para almoçar para fazer você pensar que é o seu
chá. Todo mundo estará aí quando você voltar, brava por que não
era realmente seu chá. Então sorria quando entrar.”

“Meu Deus. Obrigada. Você está certa, eu teria voltado para


casa triste. Certo. Eu vou desligar. Vou fazer uma chamada de
vídeo amanhã do meu chá em casa!”

Depois que desligo, termino de fazer as malas e tento


acordar Izzy com uma mensagem positiva.
Acendendo a luz em seu quarto, digo, “Levante-se e brilhe,
bonita. Vai ser um grande dia.”

Ela puxa o cobertor sobre a cabeça. “O que é tão bom


nele?”

“Bem, o sol está brilhando, e você não tem que ir à escola.”

“Eu odeio o sol. Ele arruína sua pele e lhe dá rugas quando
você fica velha,” ela diz debaixo das cobertas. “E eu prefiro ir para
a escola que ir à casa de Nanna. Não sei por que você continua a
ter que ir embora.”

Ter que ir embora. Um pouco dramática, já que tinha


passado nove meses desde que eu tinha deixado Izzy para ir a
Califórnia para o casamento de Anna e estive em casa, com ela,
praticamente todas as noites desde então.

“Awww... você está chateada porque vai sentir minha falta,


não é?”

“Grrr...”

“Eu vou deixar você acordar devagar enquanto faço crepes


de Nutella.” Não descarto suborno para levá-la a sentar-se à mesa
e falar comigo.

“Tudo bem.” É assim que adolescentes falam foda-se.

Quinze minutos mais tarde, ela não pode resistir ao cheiro


de avelã achocolatado que flutua em seu quarto. Entro com um
crepe caseiro com cobertura e deslizo na frente dela. “Comprei
alguns Starbucks K-cups15 descafeinados para você. Quer que eu
faça um café?”

“Eu prefiro com cafeína.”

15 STARBUCKS K-CUPS: Cápsulas de café para máquina da Starbucks.


Abro a Keurig16 e coloco um descafeinado. “Prefiro que elfos
venham e lavem a minha roupa, mas me contento em levá-las
para a lavandaria no porão.”

“Tínhamos alguém que lavava quando meu pai estava por


perto.”

Izzy prefere lembrar apenas das coisas boas sobre seu pai.
Em vez de lembrá-la que a governanta foi paga com a poupança
de uma vida inteira de famílias inocentes que tinham confiado os
seus investimentos a seu pai, eu simplesmente digo: “As coisas
mudam.”

Depois que lhe faço uma caneca de café descafeinado, eu


me junto a ela na mesa com a minha segunda xícara. “Eu devo
estar de volta no momento em que o jogo começar na terça-feira à
noite. Se por alguma razão eu me atrasar, a mãe de Marina vai
me mandar mensagens com as atualizações da pontuação.”

Ela encolhe os ombros. “Estou começando. Mas não é um


grande problema se você não puder fazer isso.”

“Você está de brincadeira? Este é um grande negócio.


Quando foi a última vez que uma estudante de segundo ano
começou a jogar em um time de basquete do time do colégio
Beacon?”

Ela tenta parecer como se não se importasse, mas eu vejo


em seus olhos. “Nunca.”

“Bem, não posso esperar para vê-la, não só começar como


uma aluna do segundo ano, mas chutando bundas.”

Ela come seu café da manhã em relativa calma depois


disso. Quando estou esvaziando a máquina de lavar louça, ela me

16 KEURIG: Máquina de café que usa cápsulas.


surpreende ao iniciar uma conversa. Há dois anos, quase todas
as conversa são iniciadas por mim.

“Você vai sozinha para a Califórnia?”

“Claro. Com quem mais eu poderia ir?”

Ela desvia o olhar. “Com esse cara com quem você saiu na
semana passada.”

Paro de esvaziar para lhe dar toda a minha atenção. “Não.


Foi apenas um encontro. E não acho que vou sair com ele uma
segunda vez.”

Sua voz fica mais alta. “Por causa do meu pai?”

“Não, querida, não por causa de seu pai. Minhas escolhas


de namoro não têm nada a ver com o seu pai. Brad e eu
simplesmente não nos conectamos.”

“Ele é feio.”

Recentemente me forcei a começar a namorar novamente.


Não tenho tempo para sair muitas vezes, mas quando saio, eu me
certifico de não trazê-los para Izzy conhecer.

Minhas sobrancelhas franzem. “Como você sabe como ele


era?”

“Você deixou seu Mac aberto no Match.com quando eu


peguei emprestado.”

“Oh. Desculpa.”

“Ele não se parece com o seu tipo.”

Tradução. Ele não se parece em nada com seu pai. “Eu


estou tentando sair do meu tipo.”

“Por que você faria isso?”


A verdade é que estou tentando evitar homens lindos que
me fazem perder a cabeça e o meu juízo. Mas Izzy é inteligente o
suficiente para entender o que eu quero dizer se eu disser isso. E
jurei não falar mal do seu pai ao falar com ela, não importa o
quão tentador muitas vezes pode ser. Deveria ser permitida a
toda menina idolatrar o pai e tomar suas próprias decisões
quando crescer. Algum dia Izzy pode ver Garrett como ele é, mas
não serei eu a abrir seus olhos.

“Para ser honesta, acho que eu era muito mente fechada


quando era mais jovem,” digo a ela. “Se um menino não era
suficientemente legal ou bonito o suficiente, eu realmente não lhe
dava uma chance. Julgava um livro pela capa, por assim dizer. Já
que estou ficando mais velha, percebi que, ao fazer isso, você
deixa escapar algumas pessoas muito surpreendentes. Então,
tenho tentando não me concentrar nas coisas bobas.”

Izzy fica em silêncio por um momento. “Os meus amigos


zombam desse menino Yakshit... bem, porque seu nome é
Yakshit, e seu nariz é meio grande. Ele se mudou para cá da
Índia no ano passado. Ele está na minha aula de pesquisa
científica, e ele joga no time de basquete masculino. Mas ele é
legal e me faz rir.”

Uau. Estou momentaneamente surpreendida pela partilha


de... Bem, qualquer coisa de Izzy. “Sim. As crianças podem ser
cruéis. Vamos enfrentar isso, os adultos podem ser cruéis,
também. Estou feliz que você seja amiga de Yakshit.”

Seus olhos caem, e percebo que ela está me dizendo algo


mais.

“Izzy, você gosta deste menino... como um namorado?”

O pouquinho que ela compartilha bate com força quando


recua em sua concha. “Eu não disse isso.”
“Está tudo bem se você gostar. Você está com quase
dezesseis anos. Eu gostava de rapazes na sua idade.”

Ela arrisca um olhar para mim. “Meu pai diz que eu não
posso sair com meninos até que tenha vinte e um.”

Estendo a mão e aperto a sua mão para pegar sua atenção


novamente. “Eu nunca vou lhe dizer para ignorar algo que seu
pai diz. Ele é o seu pai, e qualquer conselho que ele dá é digno de
consideração. No entanto, o que se passa no dia a dia, aqui em
nossa casa, enquanto formos abertas e honestas sobre qualquer
coisa uma com a outra, é entre você e eu. Precisamos confiar uma
na outra sobre estas coisas. Assim como eu disse a você sobre
meu encontro com Brad. Estamos nisso juntas, Izzy.”

Ela olha para longe, mas concorda.

É mais do que ela normalmente me permite ter dela.

“Eu vou acabar de fazer as malas para ir para a casa da


Nanna.”

Sorrio. “Está bem. Vamos sair em cerca de meia hora, e vou


deixá-la no caminho para o aeroporto.”

Meu horário de partida, planejado para trinta minutos, se


transforma em uma hora. Já que estou atrasada, digo adeus a
Izzy da porta da casa da mãe de Garrett. “Seja boa. Eu só vou
ficar fora alguns dias.”

“Tanto faz.”

“Oh. E eu me juntei ao Snapchat. Aceite o meu pedido de


amizade ou pedido para te seguir, o que quer que você faça nessa
coisa. Configurei para que possamos mandar mensagens e enviar
imagens.”
Izzy parece horrorizada. “Por favor, não faça isso. Eu não
vou te adicionar no Snapchat.”

“Por que não?”

“Porque não é um lugar onde você se conecta com a sua


mãe.”

Com sua mãe. Ela nem sequer percebe o que disse. E talvez
ela esteja apenas generalizando, mas escolho leva-lo como algo
mais significativo. Volto-me para ela e a envolvo num grande
abraço.

“Eu te amo, Isabella.”

Seu rosto suaviza por um breve momento antes do seu


escudo adolescente subir ao seu lugar. “Eu ainda não vou te
adicionar.”

Desço da varanda. A mãe de Garrett sorri e acena com


aprovação. “Vou te mandar uma mensagem quando eu pousar.”

“Você vai estar em LA. Mande-me algumas fotos de


celebridades, ou caras gostosos, pelo menos.”

“Eu só vou postar no Snapchat. Você terá que me seguir


para vê-los.” Grito quando volto para o táxi esperando.

Fechando a porta, aceno uma última vez e murmuro para


mim mesma: “Além disso, você vai ficar longe dos bonitões, Nat.
Lembra?”

Famosas últimas palavras.


Voar para LAX sempre me diverte.

Motoristas de ternos fazem duas filas, atrás de uma área


fechada ao lado da área de bagagem. Leio suas placas conforme
piso fora da escada rolante, revirando minha bagagem de mão.

Sr. Spellman.

Piedmont.

Família Laroix.

Sr. Damon.

Hmmm. Eu me pergunto se é Matt Damon. Aqui é LA,


afinal. Continuo andando conforme verifico. A maioria está
escrita à mão nas placas brancas com marcadores apagáveis,
embora alguns estejam digitados e impressos. Uma placa em
particular chama minha atenção, não porque tenha o meu
primeiro nome, mas porque foi escrita, no que parece ser um
pedaço rasgado de um saco de papel marrom. A letra é inclinada,
forte e quase ilegível. Mas quando chego mais perto, descubro o
último nome. A placa diz:

Natalia Sbagliato Numero.

Digo em voz alta na minha cabeça uma vez, antes de tudo


se juntar.

Natalia.
Sbagliato. A palavra em italiano para errado.

Numero. Significa número em italiano.

Natalia número errado?

Eu o sinto antes que meus olhos levantem para o rosto do


homem segurando a placa. Um calor inexplicável desce em minha
barriga, e os minúsculos pelos na parte de trás do meu pescoço
sobem em atenção. Mas quando meus olhos se encontram com os
do homem com o sorriso arrogante, faço a única coisa que sou
capaz, tropeço em meus próprios pés e caio de bunda.

C
“Você está bem?”

É impossível ficar calma com minha bunda esparramada


no aeroporto, corada por causa de uma mistura de embaraço,
emoção e raiva. Além disso, Hunter é ainda mais bonito do que
lembro, totalmente bonito, beijado pelo sol da Califórnia, meio
casual e confiante que faz meus joelhos felizes por eu estar no
chão. Mas tanto quanto gosto do pacote completo diante de mim,
odeio que ele me faz sentir fora do prumo. Jogo com a parte do
ódio.

“O que você está fazendo aqui?”

Hunter pulou a barreira que nos separava e se ajoelhou ao


meu lado antes de eu terminar a minha queda. “Eu vim buscá-la.
Você não viu a minha placa com seu nome nela?”

“Natalia Sbagliato Numero? Fofo. Muito bonitinho. Como


você sabe que eu falo italiano?”
Hunter estende a mão para me ajudar a levantar. “Você
estava murmurando maldições para mim na noite do casamento
de Derek e Anna.”

Não me lembro disso. Então, novamente, uma parte da


noite é confusa. Pego sua mão e me levanto. “O que aconteceu
com Samantha? Ela ia me pegar para que pudéssemos fazer as
tarefas para o chá de amanhã.”

Hunter dá um sorriso de menino. “Eu me ofereci para


ajudar com suas tarefas.”

Conheço Samantha. Ela pode se parecer com sua irmã


mais velha, mas não tem a energia da sua irmã. Na verdade,
preguiçosa pode ser o caminho certo para descrever Sam.

“Tenho certeza que você não teve que pedir duas vezes.”

“Não. E eu teria feito todas elas apenas para poder buscá-la


no aeroporto.” Hunter agarra a alça da minha mala. “Você tem
que esperar alguma outra bagagem?”

“Não. É só isso. Odeio despachar bagagem.”

“Parei no estacionamento rápido, por isso não é muito


longe.”

Nós andamos através do aeroporto cheio e da área de


estacionamento, juntos. Os passos de Hunter são mais longos do
que os meus, então quando paramos na faixa de pedestres por
causa do semáforo e, em seguida, começamos de novo, eu posso
ter aproveitado a oportunidade de cobiçar o quão bom seu
traseiro parece em seus shorts. Aposto que ele faz uma porrada
de agachamentos.

Quando chegamos a seu veículo, não fico surpresa de


encontrar uma brilhante caminhonete preta, último modelo. Ele
aperta o botão para abri-la e dá a volta para o lado do passageiro
comigo. Um degrau elétrico abaixa quando ele abre a porta, e
estou feliz porque a caminhonete é realmente alta. Hunter coloca
minha mala no banco de trás da cabine e fecha a porta antes de
correr para o lado do motorista.

O interior é mais espaçoso do que eu teria imaginado.

Hunter me pega inspecionando seu carro. “O que?”

“Essa coisa é tão grande.”

Um sorriso sacana atravessa seu rosto. “Eu já ouvi isso


antes. Frequentemente.”

Reviro os olhos. “Eu quis dizer a caminhonete. Eu nunca


estive dentro de uma caminhonete.”

“Bem, qual é o veredicto?”

O carro de Hunter não é uma típica caminhonete de


trabalho. É mais como um SUV extravagante, forrado em couro
da melhor qualidade, com uma enorme quantidade de produtos
eletrônicos e forrado de madeira escura.

Balanço em aprovação. “É legal. Combina com você.”

Ele coloca uma mão no volante. “Oh sim? Combina comigo?


O que você dirige?”

“O que você acha que eu dirijo?”

Ele parece que vai dar a isso algum pensamento sério, em


seguida, coloca rapidamente o carro em marcha ré. “Fácil. Prius.
Você dirige um Prius.”

“Como você sabe? Anna lhe disse.”

“Não. Sua amiga Anna não quis me dizer nada sobre você.
Não consegui nem mesmo descobrir o seu sobrenome ou número
do seu telefone com ela.”
“Então, como você sabe?”

“Se encaixa. O mesmo que você disse sobre mim e minha


caminhonete.”

Hunter para em frente ao portão de saída do


estacionamento, insere um bilhete na máquina e paga quarenta
dólares por estacionar.

“Deus. Isso é pior do que o estacionamento do JFK17.”

“O trânsito é pior, também. São os preços das casas.”

“Então, por que as pessoas gostam tanto?”

Hunter ergue a mão para a janela. “Sol o ano inteiro. Não


dá para vencer isso.”

“Eu gosto de ter quatro estações.”

Ele ri. É profundo e rouco. “Anna não estava brincando.”

“O que?”

“Quando nos conhecemos, ela primeiro disse que éramos


opostos e poderíamos matar um ao outro.”

A maioria dos dias, eu mal consigo lembrar o que comi no


café da manhã. No entanto, eu me recordo do comentário que
Hunter tinha feito depois do que Anna disse mais de nove meses
atrás. “Podemos matar um ao outro, mas foder até à morte é a
maneira que eu quero morrer.”

Depois de manobrar através do labirinto de Los Angeles,


Hunter dirige para a estrada. “Então, Natalia Número Sbagliato,
por que você me deu o número errado e se recusou a deixar que
Anna me desse o certo?”

17O Aeroporto Internacional John F. Kennedy é um aeroporto internacional no borough de Queens,


em Nova Iorque.
Olho para fora da janela. “Achei que era melhor assim.”

“Melhor para quem?”

“Nós dois.”

“Nós dois? Então você sabe o que é melhor para mim, não
é?”

“Apenas tentando poupar o trabalho de um coração


partido.”

Hunter olha para mim. O lado da sua boca se contorce.


“Um coração partido, né? Você achou que eu iria passar uma
noite em sua cama e perseguiria você durante anos?”

Viro para encará-lo. “Passaram-se nove meses, e você ainda


está me perseguindo depois de uma noite na minha cama. E eu
nem sequer me mostrei. Imagine a condição que você estaria se
eu tivesse feito.”

Hunter sacode a cabeça. “Anna estava errada sobre uma


coisa. Ela disse que éramos completamente opostos, mas você é
tão convencida e tão espertinha como eu.”

Entramos na 405, só que estamos indo para o norte em vez


do Sul, onde a irmã de Anna, Samantha, vive. Vou dormir em sua
casa esta noite para que Anna não me veja antes do chá de
amanhã.

“Você está indo na direção errada.”

“Não, eu não estou. Sam disse que estaria executando


tarefas com ela hoje.”

“Eu estou. Sam vive no Sul, não no Norte.”

“Ah. Percebo sua confusão. Você acha que está gastando o


dia fazendo tarefas com Samantha.”
“Esse era o plano....”

“Concordei em fazer a maioria das tarefas de Sam, não


apenas buscá-la. Então você está gastando o dia fazendo suas
tarefas comigo.”

“Por que você concordou com isso?”

“Porque você não pode fugir de mim quando eu a tenho


cativa na minha caminhonete.”

C
“Deus, eles cheiram tão bem.” Estamos na nossa segunda
parada na lista de tarefas de Sam, Blossoms, uma loja de flores,
onde devemos pegar dezoito arranjos centrais cheios de lilases. A
mulher atrás do balcão foi encaixotá-los enquanto passeio pela
loja, cheirando vários arranjos e plantas.

“O que é isso?”

“É uma ervilha doce18.” Coloco minha mão em torno da flor


roxa delicada. “Aqui, cheire.”

Hunter se inclina e inspira profundamente. “Isso cheira


bem.”

“Não é mesmo? Elas me fazem lembrar a minha avó.


Quando eu tinha uns dez anos, minha mãe nos levou para a
Itália para visitá-la. Nonna as tinham crescendo de forma
selvagem em toda a sua propriedade. Ela tinha uma cerca em
torno da sua pequena casa, e elas cresceram ao redor dela em
tanta quantidade que você mal podia ver os piquetes brancos.
18 ERVILHA DOCE: é uma espécie de flor.
Molho aos domingos e o cheiro de ervilhas doces, isso sempre me
lembrará da minha Nonna Valentina. Ela morreu quando eu era
adolescente. Minha mãe manteve o molho na tradição de
domingo, mas é muito frio para crescer ervilhas doces ao ar livre
em Howard Beach, onde ela vive.”

“Você tem uma grande família italiana?”

“Quatro meninas. Nós nos reunimos todo domingo à noite


para jantar com minha mãe. Duas das minhas irmãs têm filhos,
duas meninas cada. Não há um monte de testosterona.”

A florista volta da parte de trás. “Estamos apenas


terminando de embalar todos eles. Vou receber o pagamento, e
você pode se dirigir para a parte de trás. Vamos carregá-los em
seu carro.”

“Parece bom.” Hunter diz. Ele aponta para a planta de


ervilha doce. “Vamos levar isso também.”

“Espero que isso não seja para mim. Não posso levar isso
em um avião.”

“Não é. É para a minha casa. Eu não tenho nenhuma flor.”


Ele pisca e se inclina para que a florista não possa ouvir. “Além
disso, pensei que você possa gostar de sentir o cheiro depois de
acordar.”

Tenho que lhe dar crédito, ele é pelo menos consistente,


mesmo depois de quase um ano.

Hunter carrega os arranjos centrais encaixotados e sua


nova planta para a parte de trás da sua caminhonete e fecha a
tampa.

“Qual é o próximo lugar da nossa lista?” Pergunto conforme


afivelo o cinto no banco do passageiro.
“Minha casa.”

“Sua casa? Acho que não. Nós temos coisas para fazer.”

“Esta é uma missão. Sam me pediu para construir um poço


dos desejos para o chá. Eu o pintei esta manhã. É necessário
secar antes de carregá-lo no meu carro.”

Hunter vê em meu rosto, que chamo isso silenciosamente


de besteira.

“Não, realmente.” Ele diz.

“Então, isso não é uma tentativa de me levar para sua


cama.”

“Não era. Mas agora que posso impressioná-la com a minha


casa, não posso ser responsável por suas ações se você tentar se
aproveitar de mim.”

“Você está louco.”

“Talvez sim, ervilha doce. Mas você não viu a minha casa
ainda.”

C
A casa de Hunter é incrível. Também não é nada como eu
esperava. Rodeada por árvores no meio de um grande pedaço de
terra há uma cabana de estilo rústico que mistura materiais
industriais, madeira natural e pedra. A grande fachada de pedra,
com enormes janelas panorâmicas, mais parece uma casa de
sonho da HGTV19 do que eu teria esperado de Hunter Delucia.

19É um canal americano de televisão que é de propriedade da Discovery Inc. A HGTV transmite uma
variedade de shows de habilidades com enfoque na melhoria doméstica, jardinagem, artesanato e
remodelação.
Saio da caminhonete, ainda desfrutando da casa. “Isso é
realmente seu? É incrível.”

“Projetado e construído por mim mesmo. Levei seis anos.”

“Uau. Não é como eu esperava.”

“O que você esperava?” Ele caminha para a parte de trás da


caminhonete, abaixa a porta, e tira a sua nova planta.

“Não sei. Algo mais com a sua cara, acho e não tão natural
e bonito.” O som de água corrente chama a minha atenção. “Você
tem um verdadeiro riacho. E árvores. Muitas árvores.”

“Levei o dobro do tempo para construir, porque usei


equipamentos pequenos para reduzir o número de árvores que
tinham que ser derrubadas. Quero olhar para a natureza quando
estiver com minhas janelas abertas. Tentei construir algo que
apresentasse a terra, em vez de subjugá-la.”

“Bem, você definitivamente conseguiu. Sinto que estou em


uma cabana no meio de uma floresta, não a dez minutos da
estrada.”

“Estou feliz que você aprove. Vamos, deixe-me te mostrar o


interior. Este é apenas o início da turnê.” Ele abre a porta e
coloca a mão na parte inferior das minhas costas para me guiar.
“Acho que você vai gostar do quarto que o passeio termina, o meu
quarto.”

Reviro os olhos, escondendo minha diversão.

O interior é tão bonito como o exterior. É simples, discreto,


e surpreendentemente ecologicamente correto. Uma grande
cozinha inoxidável é separada da sala por uma ilha de granito.
Dois conjuntos de portas francesas conduzem a um enorme deck
ao redor dos fundos da casa, onde uma lareira de pedra está
sendo construída.
Hunter aponta para fora. “A lareira pode levar mais seis
anos no ritmo que estou indo.”

“Não posso acreditar que você construiu tudo isso. É meio


irônico que, você que constrói propriedades comerciais e destrói
parques para construir shoppings, ainda vive em uma casa amiga
do meio ambiente.”

“Construir é o meu trabalho. Eu amo, não me interprete


mau. Mas isso não significa que eu quero viver em um dos
shoppings enormes que construí. Você vive em um grande prédio
em Nova York?”

“Sim.”

“Significa que você gosta de poluição, porque vive em um


edifício alto que contribui para a redução de ar fresco e luz
solar?”

“Não. Acho que você está certo.”

“Eu estou sempre certo.”

“Gostava mais de você quando estava me dando um passeio


e deixando sua obra me impressionar em vez da sua boca.”

Hunter ri. “Bem, então vamos continuar. Posso pensar em


muitas maneiras que minhas mãos vão impressioná-la na sala ao
lado. Embora eu tenho certeza que você gostará muito mais da
minha boca lá.”

Claro, o próximo quarto na turnê é o quarto de Hunter.

“Uau.”

Meu queixo cai quando ele acende as luzes. Assim como os


outros cômodos da casa, o espaço é grande e aberto. A cama
king-size se eleva para reivindicar a melhor vista da floresta,
como um jardim de duas paredes. Essa visão inclui uma casa de
passarinhos com um Gaio azul empoleirado atualmente no topo.
Vou até as janelas para olhar para fora. Não é até que eu olho
mais de perto que noto mais de uma casa de passarinho. Na
verdade, há um monte delas.

“Você é um observador de aves?”

“Não. Minha mãe era. Eu sempre quis ter um grande


papagaio Macaw20, no entanto. Todos os anos desde que eu era
capaz de balançar um martelo, fazia uma casa de passarinho no
seu aniversário. Ela colocava semente nela e observava os
pássaros lá fora, e eu secretamente esperava que ela entendesse a
dica e trouxesse um pássaro para dentro.” Hunter fica ao meu
lado na janela e aponta para uma casa de passarinho pendurada
em um galho de árvore à direita. “Essa foi a primeira que fiz. Eu
tinha sete anos. Se você olhar lá dentro, minha mãe colocou
alguns pássaros de plástico. Durante muito tempo, pensei que ela
fazia isso para atrair pássaros reais. Mas depois de alguns anos,
ela parou. Um ano finalmente lhe perguntei por que, e ela me
disse que era porque eu finalmente tinha aprendido a fazer uma
boa casa de passarinho. Aparentemente, os pássaros de plástico
não tinham nada a ver com atrair outras aves. Do jeito que eu
construí as duas primeiras casas, tinha tantos pregos espetados
lá dentro, que ela estava com medo que eles fossem matar os
pássaros.”

Rio. “Isso é engraçado. É doce que ela não quis lhe dizer.
Quantas estão lá fora?”

“Dez. Fiz uma a cada ano dos 7 aos 17. Essa era a única
coisa que ela pedia.”

“Você parou de fazê-las quando foi para a faculdade?”

20
“Não. Ela faleceu quando eu tinha dezessete anos.”

“Oh. Eu sinto muito.”

“Obrigado.” Ele olha para o lado de fora. “Ela gostaria deste


lugar. Se eu colocar um pouco de alpiste em algumas delas, lá
fora se transforma em um aviário.”

Olho para Hunter, que ainda está olhando pela janela. Ele
parece mais jovem na luz natural. “Há mais em você do que os
olhos podem ver.”

Ele volta sua atenção para mim. “Isso é o que eu tentei te


dizer na primeira noite que nos conhecemos. Há muito mais para
você ver. E acontece de estarmos no lugar perfeito para eu te
mostrar.”

Suas palavras são uma brincadeira, mas quando estende a


mão, agarra meu quadril, e dá um passo para mais perto, não há
nada de engraçado sobre as coisas que meu corpo sente.

Nos últimos nove meses, eu saí com alguns homens.


Nenhum deles despertou meu desejo como Hunter faz, com um
simples toque. Na verdade, a diferença é tão evidente que eu
tinha me convencido em acreditar que a minha memória tinha
exagerado o que o homem faz comigo. Aparentemente, a única
coisa exagerada é a minha negação.

“Beije-me.” Sua voz fica mais baixa, e ele estende a mão


para passar os dedos sobre os meus lábios. “Eu tive sonhos com
essa boca, porra.”

“Isso não é uma boa ideia.” Não pareço convincente, até


mesmo para mim.

“É uma ideia muito boa.” Ele inclina a cabeça lentamente.

“Nós temos coisas para fazer.”


“Elas podem esperar. Um beijo.”

Não tenho certeza se posso me controlar depois de um beijo


deste homem. Ele se move lentamente, como se me dando a
chance de detê-lo, que é o que eu planejava fazer. Só que o meu
corpo está em total desacordo com meu cérebro, e enquanto eles
estão ocupados lutando em um maciço cabo de guerra, os lábios
de Hunter selam os meus.

Eu tinha esquecido quão suave seus lábios são. Eles


contradizem diretamente a firmeza do seu toque quando ele passa
os braços ao meu redor e fecha a distância entre nós. Mesmo que
eu tivesse me forçado a esquecer da forma como o seu toque me
faz sentir, meu corpo não esqueceu como reagir. Instintivamente,
minhas pernas se levantam e se enrolam na sua cintura. Hunter
nos leva para longe das janelas, e antes que eu possa registrar
para onde estamos indo, uma cama macia está em minhas
costas.

“Hunter.” Tento protestar debilmente.

“Apenas um beijo.” Fala. “Por enquanto.”

Faz anos desde que eu tive uma verdadeira sessão de


amasso. Nossos corpos estão emaranhados, o seu duro
pressionado contra o meu macio. Tateio seu cabelo, suas costas,
qualquer coisa que eu possa alcançar com minhas mãos para
trazê-lo para mais perto. Cada terminação nervosa do meu corpo
dói por mais que eu o beije com muito mais paixão do que posso
me lembrar de ter beijado alguém.

Fui beijada centenas de vezes, mas foi tão emocionante


quanto à primeira sessão de amasso, quando eu era adolescente,
talvez mais ainda, porque nenhum corpo de adolescente parece
com o corpo duro de Hunter Delucia pressionado contra mim.
Vagamente sinto a vibração contra o meu quadril, mas todo
o meu corpo se agita, por isso não parece como um telefone
celular até que para e depois começa novamente. “Seu....”

“Não importa,” Hunter fala.

O desespero em sua voz faz o canto dos meus lábios


ondular mesmo quando permanece colado ao dele. Mas dez
segundos depois, meu telefone começa a tocar. Eu não tenho
certeza de onde deixei cair a maldita coisa. Ignorá-lo funcionou
na primeira vez, embora a segunda vez que toca, torna-se
impossível.

Saio debaixo de Hunter e encontro meu telefone no chão,


perto da janela onde tínhamos começado a nos beijar. Ele para de
tocar novamente, antes que eu possa deslizar para responder.
Quando a chamada não atendida é registrada, o nome de
Samantha aparece.

“É Sam.”

Hunter pega seu telefone do bolso e checa seu histórico de


chamadas. “Aqui também,” resmunga. “Provavelmente quer
adicionar mais seis coisas à minha lista de coisas para fazer.”

Levo um segundo para arrumar o que as mãos de Hunter


fizeram com o meu cabelo e depois aperto Retornar Ligação.

“Onde você está?” Samantha parece em pânico.

“Relaxe. Nós já pegamos as flores, e estamos na casa de


Hunter pegando o poço dos desejos que ele fez. Nós vamos pegar
tudo o que precisa.”

“Não! Não vai ter um chá de bebê. Anna está em trabalho


de parto. Esqueça as tarefas. Nós vamos ter um bebê, em vez
disso.”
“Meu Deus! Mas ainda faltam seis semanas.” Cubro o
telefone e grito para Hunter. “Anna está em trabalho de parto!”

“O médico disse que o bebê é grande o suficiente, e desde


que a sua bolsa estourou, eles não vão tentar pará-lo. Ela já está
com quatro centímetros de dilatação.”

“Que hospital?”

“Cedars-Sinai.”

“Estamos a caminho.”
“O que? O bebê está aqui? Eu perdi isso?”

Acordo com um toque suave após cochilar por alguns


minutos na sala de espera. Seis de nós estão aqui desde às duas
da tarde, e agora são quase duas da manhã, no fuso horário da
Califórnia. Para mim, são cinco horas, exatamente vinte e quatro
horas depois de eu ter chegado aqui, no dia anterior. O
pensamento de que apenas um dia se passou desde que cheguei
com meu voo não parece algo possível.

Hunter fala baixo para evitar que as duas irmãs de Anna,


sentadas na nossa frente, acordem. “Eu estou indo encontrar
uma máquina de café para a mãe de Derek. Você estava
dormindo encostada no meu ombro, e eu não queria que sua
cabeça caísse quando me levantasse.”

“Obrigada.” Esfrego a parte de trás do meu pescoço duro.


Olhando para Hunter, eu me encolho ao encontrar uma mancha
molhada onde meu rosto tinha estado. Franzo meu nariz. “Acho
que acabei babando um pouco em cima de você. Desculpa.”

“Você também ronca. Quer uma xícara de café ou você vai


voltar a trabalhar na poça em minha camisa quando eu voltar?”
Estico meus braços sobre a cabeça. “Vou dar uma
caminhada com você. Estou toda dura por causa do jeito que
fiquei apoiada em você.”

“Sim. Eu também estou duro com você inclinada sobre


mim. Eu tinha uma visão perfeita, direto para o que está debaixo
da sua camiseta. Belo sutiã vermelho, a propósito. Sexy.”

“Você é um pervertido mesmo às duas da manhã.”

“Você faz florescer o melhor de mim, ervilha doce.”

Nós dois vagamos pelos corredores do hospital até


encontrarmos uma máquina de café que efetivamente estivesse
funcionando. Quando voltamos com o café de Margaret, Derek
está na sala de espera atualizando a todos. “Ela está com sete.
Está nisso já há algumas horas. O médico disse que
provavelmente ainda vai demorar um pouco, antes que o bebê
esteja aqui.”

“Você não pode apressar a perfeição.” Digo.

Derek parece como se fosse ele que tivesse passado as


últimas doze horas em trabalho de parto. Ele passa a mão pelo
cabelo. “Meus pés estão me matando. Embora se eu disser isso a
Anna com o que ela está passando, tenho certeza que acabaria
literalmente me matando.”

Margaret ri. “Acho melhor você manter a dor no pé para si


mesmo.”

Derek volta sua atenção para Hunter. “A propósito, ela


também está com raiva de você.”

“De mim?” Hunter diz. “Que diabos eu fiz?”

“Lembra quando contamos a você que Anna estava


grávida?”
“Acho que sim?”

“O que você disse?”

A resposta de Hunter é apenas um chute. “Parabéns?”

“Não. Você disse que talvez nós tivéssemos o bebê umas


seis semanas mais cedo para compartilhar o aniversário com seu
tio favorito.”

Hunter sorri. “Sim, acho que eu disse isso.”

“Sim, bem... minha esposa acha que o bebê já teria nascido


há algumas horas, mas que parou para compartilhar o
aniversário com você.”

“Então é minha culpa que ela ainda esteja em trabalho de


parto?”

Derek sorri. “É melhor do que ser minha culpa, o que era,


até que ela veio com essa teoria maluca.”

“Vou aceitar isso pelo bem da equipe. Sem problemas.”

Com a promessa de que da próxima vez que ele aparecesse


aqui seria para anunciar o nascimento do seu filho, Derek volta
para a porta dupla da unidade de obstetrícia.

Uma vez que temos algum tempo para matar, Hunter e eu


decidimos sair e dar uma volta em torno do hospital para pegar
um ar fresco. Está escuro, mas Los Angeles é muito iluminada à
noite.

“Então, acho que é hora de desejar feliz aniversário?”

“Obrigado.”

“Quantos anos você tem mesmo?”

“Trinta.”
Viro-me e começo a andar de costas. “Uau. Este é um
grande aniversário. Você tem algum plano?”

“Era para eu tomar alguma coisa com Derek, enquanto as


mulheres estivessem no chá de fraldas de Anna. Em seguida,
fomos designados para carregar minha caminhonete com os
presentes e entregá-los na casa de Derek e Anna. Meu plano era
tentar convencer a hóspede deles a retomar o beijo de onde
paramos no casamento no ano passado.”

Rio. “Parece que você se superou. Fizemos isso esta tarde.”

“Venha jantar comigo esta noite?”

“Não tenho certeza se isso é uma boa ideia.”

Hunter faz beicinho. “Você me deixaria sozinho no meu


trigésimo aniversário?”

“Algo me diz que você não tem que ficar sozinho, se não
quiser. Aposto que você poderia estalar um dedo e conseguir uma
companhia. Na verdade, por que você não tem uma namorada,
Sr. Delucia? O que há de errado com você?”

“Por que tem que ter algo de errado comigo apenas por eu
não ter uma namorada? Estou supondo que você não tem um
namorado, já que me beijou esta tarde. Isso faz ter algo errado
com você?”

“Hummm... Primeiro, foi você que me beijou. Eu não beijei


você. Em segundo lugar, não tenho um namorado, ou aquele
beijo não teria acontecido, não importa quem o tivesse começado.
E em terceiro lugar, sim, tem algo de errado comigo.”

Hunter para de andar. Pode estar escuro, mas eu consigo


ver preocupação legítima em seu rosto. “O que você tem?”
“Eu me divorciei aos vinte e oito. Meu ex-marido está em
uma prisão federal. Tenho a custódia exclusiva de uma menina
de quinze anos de idade, que não é minha filha e que
particularmente não dá muita bola para mim. Acabei de pegar
vinte mil dólares emprestados da minha mãe para cobrir os
custos de uma escola de ensino médio superfaturada e nunca
serei capaz de devolvê-los. Tudo isso para que uma garota de
quinze anos não me odeie tanto assim. Devo continuar?”

“Você maltrata animais indefesos?”

“Animais de estimação? Claro que não.”

“Você chuta pessoas que estão na sarjeta?”

“Não.”

“Alguma vez você já cometeu um assalto, um incêndio


criminoso, assassinato ou alguma agressão?”

“Nunca.”

“Então não há nada de errado com você que não pode ser
corrigido.”

“E se eu não quiser ser corrigida?”

“Então isso é bom. Porque eu não quero consertar você.”

“Você não quer?”

Hunter sacude a cabeça. “Eu só quero foder você e fazer


com que esqueça por algum tempo tudo que está errado.”

“Você é muito vulgar.”

“Talvez. Mas sou honesto. Eu não sei qual é o rolo com o


seu ex, mas estou supondo que a razão de você estar sempre tão
desconfiada dos homens tem a ver com ele não ser muito
honesto.”
Claro, ele está certo, Garrett havia me marcado
profundamente. A confiança é como vidro. Quando quebra,
quebra, e mesmo que você consiga colar tudo de volta novamente,
sempre ficam fissuras. Nunca mais será tão forte como quando
estava inteiro.

“Que tal se sairmos para jantar para comemorar seu


aniversário como amigos, sem expectativas de sexo. Vamos
apenas compartilhar uma refeição agradável e vamos sair apenas
por uma noite. Eu até posso pagar o jantar.”

“Beleza. Mas você não vai pagar o jantar. Isso não tem
negociação. Eu pago pelo jantar, ou você pode encontrar outra
pessoa para não fazer sexo após a refeição.”

Não posso deixar de rir. Estendo a mão, dizendo “Você é


um tipo durão em uma negociação, aniversariante. Temos um
acordo.”

Hunter aperta minha mão para selar o acordo, mas depois


a usa como alavanca para me puxar contra seu corpo. Ele beija
minha testa. “Eu sou durão com muitas coisas. E só porque
concordei com a história de nada de sexo não significa que você
estará livre de mais uma rodada de beijos e amassos.”

“Eu mal posso esperar.” Rio como se estivesse brincando,


mas há uma grande parcela de verdade na minha declaração.

C
Caroline Margaret Weiner nasceu às três horas e quarente
e sete minutos, depois de dezoito horas de trabalho. Assisti a
muitos filmes onde o papai novo corre porta afora vestindo
roupas azuis e diz que o bebê nasceu, mas, na verdade, fazer
parte disso na vida real não é nada menos do que mágico. Derek
está com uma máscara azul e touca quando vem em nossa
direção com os olhos cheios de lágrimas.

“É uma menina.”

Ele mal consegue colocar para fora estas três pequenas


palavras antes que suas lágrimas comecem a fluir. Não há um
único olho seco na sala depois disso.

Mesmo tendo jurado que nunca teria meus próprios filhos


depois que minha vida desmoronou ao longo dos últimos anos,
uma pequena rachadura começa a brotar no muro impenetrável
que eu havia construído em torno do meu coração quando vejo o
bebê de Anna no berçário. Depois de mais uma hora de espera,
nós nos revezamos para visitar a nova mamãe.

Aparentemente Derek não tinha contado a sua esposa que


eu tinha vindo para o chá de fraldas. E como eu havia dito para
ela que talvez não pudesse comparecer, ela fica bastante surpresa
quando entro no quarto.

“Você está aqui! Você está aqui de verdade!”

“Graças a Deus eu estou. Se não tivesse vindo para o chá,


teria perdido isso.” Nós duas nos abraçamos, chorando lágrimas
de alegria, até que uma enfermeira bate à porta. Ela traz o bebê
em um bercinho portátil sobre rodas.

“É hora de a mãezinha ver seu pacotinho de alegria,” diz a


enfermeira. Ela trava as rodas no berço portátil e gentilmente
levanta a bebê Caroline. Aquela coisinha tão preciosa está muito
bem enrolada, então tudo que posso ver é sua carinha doce e cor
de rosa.
Enquanto a enfermeira acomoda Anna com cobertores
extras e um travesseiro para apoiar a bebê, ando até a pia e lavo
minhas mãos, passando um pouco de álcool sobre elas como
precaução adicional. No minuto em que a enfermeira fecha a
porta atrás de si, subo na cama ao lado da minha amiga.

“Meu Deus. Ela é linda. Ela se parece com você.” Desgrudo


meus olhos da bela recém-nascida e olho para minha parceira no
crime ao longo da vida. “Você tem um bebê.”

“Eu tenho um bebê, porra,” ela diz.

Dou risada. “Não acho que você deveria dizer essa palavra
na presença da minha doce sobrinha.”

Seu sorriso murcha. “Você deveria ter um bebê junto


comigo e morar ao lado da minha casa, para que pudéssemos
passear com eles dentro dos carrinhos como fazíamos com nossas
bonecas quando éramos pequenas.”

Acaricio a bochecha da bebê. Sua pele é tão macia. “Talvez


eu possa verificar se é possível realocar meu ex-marido para uma
penitenciária da Costa Oeste para que eu possa me mudar para
cá. Será que fabricam carrinhos do tamanho extragrande? Tenho
certeza que Isabella não vai se importar se eu a enfiar dentro de
um e sair para passear com você.” Eu me inclino e cheiro a bebê
Caroline. “Deus, ela cheira tão bem.”

Nós ficamos ali amontoadas na cama dentro do nosso


próprio mundinho, por isso, não ouvimos Derek e Hunter
entrarem na sala. A voz de Hunter anuncia a presença deles.

“Você acabou de cheirar a bebê?”

Derek ri. “Ela cheira tudo.”

“Eu não.” Com certeza, eu faço isso.


Intrigado, Hunter vai até a cama. “E ela tem cheiro do
quê?”

“De bebê,” digo.

Hunter olha para mim, depois se inclina dá uma grande


cheirada em Caroline.

Derek está se divertindo. “Deus, espero que minha filha


tenha decidido inaugurar sua fralda um minuto atrás.”

A enfermeira que havia trazido a bebê volta e interrompe


nossa festa de fungadas. “Estamos prontos para ver como
Caroline vai mamar?”

Anna concorda. Ela parece nervosa. “Tão pronta como


sempre vou estar.”

“As primeiras vezes podem ser um pouco frustrantes, então


vou buscar um travesseiro de apoio e alguns protetores de seio
enquanto você se despede de seus amigos. Eles podem ir para a
sala de espera, e vou buscá-los quando tivermos terminado, se
você quiser.”

“Não. Está tudo bem,” diz Anna. “Eles precisam ir para


casa e descansar um pouco. Eles estiveram aqui durante a noite
toda. Por que vocês não vão dormir e voltam esta noite se
quiserem.”

Realmente estou exausta. E tenho certeza que Anna precisa


dormir mais do que eu. “Ok.”

“Eu vou lhe dar minhas chaves.” Derek diz.

Eu me esqueci completamente que meu plano era ficar com


Anna e Derek após o chá de bebê. Seria estranho ficar lá sem
Anna estar em casa. Além disso, eles precisam de privacidade
agora que tem um recém-nascido em casa pela primeira vez.
“Está tudo bem. Vou ficar em um hotel.”

“Não seja ridícula. Fique em nossa casa. Derek estará aqui


a maior parte do tempo até que eu possa voltar para casa de
qualquer maneira.”

Hunter se intromete. “Vou me certificar que ela consiga um


bom lugar para ficar.”

“Tem certeza?” Anna questiona.

“Positivo. Vamos todos descansar um pouco e voltaremos


mais tarde para uma visita.”

Anna boceja. “Está bem.”

“Tchau, menina linda.” Acaricio a bochecha de Caroline


uma última vez e roubo mais um cheirinho dela.

C
“Você conhece algum lugar nas proximidades, onde eu
posso ficar?”

“Claro que sim.”

Inclino-me para trás no assento de couro da picape de


Hunter e fecho os olhos. “Não fico acordada há tanto tempo desde
a faculdade. Meu corpo está realmente sentindo a falta de sono.
Eu me sinto uma velha.”

“Nós vamos conseguir dormir um pouco, e então vai se


sentir nova em folha.”
Murmuro algo sobre ele ser um sedutor e digo a mim
mesma que fechar os olhos durante três minutos não vai fazer
mal. A próxima coisa que sei é que estou sendo retirada da
caminhonete de Hunter. Pisco os olhos em confusão. “Onde
estamos?”

“Na minha casa.”

“Você deveria me levar para um hotel.”

“Não. Você perguntou se eu conhecia um lugar nas


proximidades, e eu disse que sim. Conheço. Minha casa.” Ele usa
um pé para fechar a porta do veículo.

“Eu não vou ficar com você.”

“São seis horas da manhã. Check-in em hotéis são feitos no


meio da tarde. Mesmo que eu encontre algum lugar com vagas, o
que não é muito fácil nesta região sem uma reserva, você teria
que esperar para fazer o check-in ou pagar pela noite de ontem
mesmo sem ter dormido lá.”

Ele tem razão, mas ainda assim... “Eu não posso ficar
aqui.”

“Eu tenho um quarto de hóspedes. Você pode desmaiar lá


por algumas horas. Posso levá-la para um hotel esta tarde, se é
isso que você quer. Mas eu tenho muito espaço e você é bem-
vinda para ficar.”

Uma parte de mim quer discutir. Mas o homem está me


levando para lá e para cá desde que foi me buscar no aeroporto, e
ele deve estar tão exausto quanto eu.

“Tudo bem. Mas nada de gracinhas.”

Hunter sorri. “Nunca.”


Uma corrente quente de luz brilhando diretamente nos
meus olhos me acorda. Desorientada, não tenho ideia de onde
estou ou que dia é. Sento na cama confortável e olho ao redor do
quarto familiar até que a manhã volte para mim. A casa de
Hunter. Deixei meu telefone na minha bolsa, que ainda está na
cozinha, eu acho, e não há nenhum sinal de relógio no quarto.
Então, depois de uma rápida visita ao banheiro, saio para
recuperar silenciosamente meu celular, esperando não acordar
Hunter, se ele ainda estiver dormindo.

Só que... Hunter definitivamente não está dormindo.

Congelo quando viro o corredor do quarto para a cozinha


aberta e sala de estar. Ele está de costas para mim no fogão,
cozinhando o que cheira a bacon, sem camisa, enquanto dança
ao som de Billy Joel.

No que diz respeito a despertar, esta visão está no topo.


Hunter usa calça de moletom cinza que param abaixo da sua
cintura estreita, e os músculos das suas costas se unem para
formar um V que leva até os ombros largos. Não há dúvida que o
homem malha, muito. Fico em silêncio, observando a maneira
como seus quadris balançam com a música e lembro como seu
ritmo era bom quando dançamos juntos no casamento da Anna.
Droga.
“Espero que você não seja vegetariana. Eu não faço tofu
com qualquer coisa, especialmente não com bacon.” Pulo ao som
da sua voz rouca. Ele não se vira para me ver, e nem quando fala.

Meu coração dispara no peito. “Você me assustou.”

Ele finalmente se vira. “Eu? Não cheguei de mansinho em


você enquanto estava fritando bacon para admirar sua bunda.”

Aperto os olhos. “Eu não estava admirando sua bunda.”

“Está tudo bem. Eu não me importo.”

“Eu não estava admirando sua bunda.”

Hunter vira de volta para o fogão, estende a mão para o


armário à direita para pegar um prato, e depois usa pinças para
pegar o bacon da frigideira.

“Quanto mais negamos a verdade, mais poder ela tem sobre


nós.” Ele coloca o prato sobre a mesa antes de voltar sua atenção
para mim com um grande sorriso. “Pensando bem, continue
negando. Só vai fazer você se concentrar mais nela.”

“Você é realmente um bundão, você sabe disso?”

Hunter coloca a mão em seu ouvido. “O que é isso? Você


realmente olhou para a minha bunda?”

“Você é sempre tão desagradável na parte da manhã? Não


admira que more sozinho.”

“Não é de manhã há horas. São quase três da tarde. Venha.


Senta e come. Seus ovos ficarão prontos em um minuto.”

“Três horas?” Vou até a mesa esquecendo sobre seu


comentário da bunda. “Eu dormi o dia inteiro.”

“Você precisava disso.”


Ele serve uma caneca de café e a levanta para mim. “Creme
e açúcar?”

“Sim, por favor. Não posso acreditar quanto tempo eu


dormi. Que horas você acordou?”

“Por volta das onze.”

Hunter me traz café. “Obrigada.” Conforme ele entrega para


mim, meus olhos fazem uma varredura involuntária do seu peito.
Teria sido rápido e inofensivo, se o idiota não me visse olhando.
Deus, o homem não perde uma. Ele levanta uma sobrancelha e
sorri.

“Cale-se. Vá colocar algumas roupas, se você não quer que


eu olhe.”

“Eu nunca disse que não quero que você olhe.”

“O que você é, um pavão? Andando por aí espalhando suas


penas da cauda, tentando atrair uma mulher?”

“Isso não é uma má ideia. Deixe-me lhe mostrar minha


cauda.”

Não posso deixar de rir. “Vamos começar de novo. Bom dia,


Hunter.”

Seu sorriso é genuíno. Ele concorda. “Bom dia, Natália.”

“Você dormiu bem?”

“Dormi. E você?”

“Eu não me lembro da última vez que dormir tanto. Essa


cama é muito confortável.”

“Estou feliz que você gostou. Apenas para sua informação,


a do quarto principal é do mesmo modelo se você quiser
experimentá-la da próxima vez.”
Balanço a cabeça. “Você simplesmente não pode parar a si
mesmo, não é? Sempre volta ao sexo.”

Ele ri e vai até o fogão para pegar os ovos. “Falei com Derek
há pouco. Ele disse que Anna e a bebê estão indo muito bem, e
que provavelmente vão para casa amanhã de manhã.”

“Uau. Tão rápido. Acho que gostaria de alguns dias no


hospital para as pessoas cuidarem de mim antes de ir para casa.”

“Derek vai cuidar bem dela.”

“Você está certo. Esqueço que ela tem um marido incrível.”


Brinco. “Eu esqueço que eles existem, às vezes.”

“Derek me disse que você era divorciada. Isso foi tudo que
consegui tirar dele.”

“Derek é um cavalheiro. Ele segue a regra de não dizer


nada, se você não tem nada agradável para dizer, então tenho
certeza que ele não tinha nada mais para dizer sobre Garrett.”

“Você mencionou algo sobre prisão esta manhã. O que


aconteceu, se não se importa que eu pergunte?”

“Eu vou te dar a versão curta. Casei depois de seis meses


de namoro. Vivi o sonho americano em uma cobertura com um
homem lindo, rico. Ele foi preso três anos depois por fraude de
títulos, e não vi nada disso vindo. Fui pega de surpresa em todos
os sentidos. Ele me deixou com mais do que o meu salário anual
de dívida que ele acumulou em meu nome e como a única
cuidadora de sua filha com então treze anos de idade que me
odiava. Eu ainda estou trabalhando para ter ambos sob controle
dois anos depois.”

“Jesus.”
“Sim.” Estou ansiosa para mudar de assunto. “Sabe que
horas é o horário de visita?”

“Das 15:30 às 17:30 e 18:30 às 20:30. Mas Derek disse


para tentar ir à tarde porque ele tem algum grande jantar
surpresa a ser entregue do restaurante favorito da Anna às
18:30.”

“Ele é tão doce. Acho que devemos ir logo então. Eu estava


esperando ir para um hotel e tomar um banho antes de voltarmos
para visitar, mas acho que não vamos ter tempo.”

“Você é bem-vinda para tomar banho aqui. E ficar o tempo


que quiser. Eu tenho um voo amanhã de manhã para um
trabalho no Norte de qualquer maneira, assim você terá o lugar
só para você depois desta noite.”

“Isso é muito gentil da sua parte. Talvez eu vá tomar esse


banho, se você realmente não se importa. E então posso
encontrar um hotel depois de passarmos no hospital.”

“Depois do jantar, você quer dizer?”

“Jantar?”

“O meu jantar de aniversário. Você concordou em jantar


comigo.”

“Deus. Esqueci totalmente. Parece que a conversa foi há


uma semana em vez de esta manhã. Ainda é seu aniversário?”

“Sim. Mas estou passando a tocha para a bebê Caroline


depois de hoje. Trinta é o último que eu comemoro. Depois disso,
é tudo dela. Então você vai me ajudar a celebrar o último.”

“Isso é muita pressão. Agora sinto que eu vou ter que


colocar um vestido e ser divertida e espirituosa.”
Hunter pisca. “Sinta-se livre para ser um vestido decotado
na frente e mostrando um monte de perna.”

C
“Você está linda, Natalia.”

Depois que visitamos Anna, Hunter me deixa em um hotel


para que eu possa fazer o check-in e ficar pronta para jantar.

“Obrigada.” É a segunda vez que ele me elogia desde que


me pegou. Mesmo que ele goste de me provocar sobre sexo,
alguns dos quais não é realmente provocação, estou de algum
modo certa que seu elogio é sincero esta noite. “Você não parece
ruim para um homem na casa dos trinta.”

“Pega leve. Estou há cerca de oito horas nos meus trinta.”

A garçonete vem até nossa mesa. “Posso começar com algo


para beber? A bebida especial desta noite é uma margarita de
coco. Tem creme de leite fresco de coco, suco de limão, Cointreau
e tequila Patrón. O copo é revestido com coco queimado.”

“Mmmm. Isso parece delicioso. Vou experimentar um


desses,” digo.

Hunter pede uma Coca-Cola.

“O que? É seu aniversário. O seu último aniversário. Você


não vai se juntar a mim para uma bebida?”

“Estou dirigindo, e eu tenho um voo às 6 da manhã.”

Viro-me para a garçonete. “Você pode fazer uma margarita


de coco virgem?”
“Lógico que posso.”

“Ele vai beber uma dessas. E coloque um guarda-chuva ou


algo nele. É seu trigésimo aniversário.”

Ela sorri e olha para Hunter para aprovação para mudar


seu pedido.

Ele ri. “Isso está bem. Obrigado.”

Depois que ela vai embora, olho em volta para o


restaurante mexicano no topo de um hotel. A vista de uma LA
cintilante é impressionante.

“Este lugar é lindo. Você vem aqui frequentemente?”

“Primeira vez.”

“É mesmo? Eu diria que este lugar estaria no seu arsenal


de encontros, restaurante impressionante com uma vista e um
menu longo de bebidas no topo de um hotel. É como um sonho de
compras completo de um playboy. Algumas bebidas... pegar um
quarto...”

“Prefiro manter um colchão na minha picape. É mais


barato e mais fácil de despejá-las quando acaba.”

Eu rio. “Inteligente.”

“Você sabe que eu não sou realmente um prostituto.”

A garçonete entrega nossas bebidas, então dou um gole na


minha. É a mais deliciosa que já provei, como uma barra de
sorvete derretida de coco queimado.

“É mesmo? Então, com quantas mulheres você saiu,


digamos, no último mês?”

Ele pensa por um minuto. “Três.”


“Hmph. Isso não é tão ruim, eu acho.” Tomo um gole da
bebida novamente e olho para ele. “A menos que você tenha
dormido com todas elas. Dormir com três mulheres diferentes por
mês seria trinta e seis por ano... depois de dez anos de solteirice
seria mais de trezentos e sessenta mulheres diferentes. Isso é
meio nojento.”

Hunter franze a testa.

Sorrio. “Dormiu com todas elas, hein?”

“Viajo muito a trabalho. Às vezes passo a maior parte de


três meses em um local de trabalho fora do estado, então eu nem
sempre chego a sair tantas vezes.”

“Então você não sai com ninguém quando viaja? Nunca


conheceu uma mulher em um bar na estrada e a levou para o seu
quarto?”

Outra careta. “Nós nos encontramos ou não quando eu


ouvi você tomando a decisão de trazer um cara aleatório, chato
pra cacete, eu poderia acrescentar, para o seu quarto enquanto
você estava viajando?”

“Isso é diferente.”

“Como?”

“Eu tenho uma boa razão para não querer nada mais do
que sexo de um homem nos dias de hoje. Além disso, não faço
isso muitas vezes.”

Hunter não diz nada. Ele parece gostar de discutir comigo,


então o meu palpite é que o seu silêncio repentino é porque eu
bati em cima de algo que ele não quer falar. Talvez ele tenha suas
próprias boas razões para não querer qualquer coisa, além de
uma relação sexual com alguém.
“Então, me diga algo sobre sua vida amorosa, menino
aniversariante que não é um prostituto. Eu te dei a trigésima
segunda versão do meu sofrimento nesta tarde. Qual é o seu
problema?”

“Não há muito a dizer.”

“Já foi casado?”

“Não.”

“Noivo?”

“Não.”

“Namorada séria.”

“Uma.”

Tomo outro gole. “Agora estamos chegando a algum lugar.


Quanto tempo durou essa relação?”

“Alguns anos.”

Apesar de isso me surpreender, faz sentido. Eu não queria


fazer parte de um relacionamento por causa da minha
perspectiva amarga depois do meu casamento. “Por que vocês
terminaram?”

Ele se mexe na cadeira. “A vida.”

“Ah. Isso me diz muito.”

“Prefiro viver minha vida olhando para frente, não para


trás. Se você olha no espelho retrovisor muitas vezes, às vezes
perde o que está bem na sua frente.”

Hã. Não é a resposta que eu esperava. Mas é um ponto


muito bom.
A garçonete vem à nossa mesa. Seu timing é perfeito para
uma mudança no tom da nossa conversa. Depois que ela anota
nosso pedido de jantar, e eu termino a minha grande margarita,
compartilho algo que eu tinha pensado mais cedo quando estava
me arrumando.

“Minha mãe é uma grande jardineira. Conforme crescia, ela


plantava uma flor diferente no meu aniversário a cada ano, uma
que iria florescer de novo no meu aniversário na primavera. Todos
os anos, nós plantávamos uma nova, e todas as minhas plantas
de aniversário floresciam juntas. Quando fui para a faculdade, ela
tirava fotos e enviava com um cartão. É meio pateta, mas eu
adorava e olhava para frente a cada ano. Ontem, quando você me
mostrou as casas de passarinhos de aniversários da sua mãe,
isso me fez pensar que talvez pudéssemos começar algum tipo de
uma tradição para a Caroline.”

Hunter recosta-se na cadeira. “Gostaria disso. O que você


tem em mente?”

“Você sabe aquele carvalho grande que está bem na janela


do quarto da Caroline no quintal?”

“Sim.”

“Eu estava pensando que talvez pudéssemos enviar para


ela plantas a cada ano para pendurar naquela árvore no seu
aniversário. Você poderia fazer uma floreira para a Anna e o
Derek manterem todas as flores em recipientes individuais com
ganchos. Em seguida, no aniversário dela de cada ano, nós
poderíamos nos revezar indo na noite anterior e pendurar todas
as plantas na árvore, como uma espécie de árvore de Natal, mas
uma árvore de aniversário no lugar.”

Hunter olha para mim engraçado por um minuto. Eu acho


que pode ter sido um olhar de decepção, o que me faz dizer, “Se
você acha que é bobagem, podemos simplesmente esquecer.”
“Não, nem um pouco. Acho que é uma grande ideia.”

“Oh, ok. Você fez uma cara estranha, então pensei que
talvez você achasse que era uma ideia idiota.”

Hunter coça o queixo e faz aquela coisa de virar os olhos


que parece que ele está tentando descobrir um problema.

“O que?”

“Nada.”

“Diga. Eu vi no seu rosto que você estava pensando em


algo.”

Ele olha por mais um minuto antes de se inclinar para


frente e cruzar as mãos sobre a mesa. “Tudo bem, quando eu fui
até a Anna para tentar ter o seu número de telefone depois que
você me dispensou com o errado, ela se recusou, e quando eu
perguntei a ela porque, ela disse, 'Eu não vou dar a você para o
seu próprio bem. Ela é tão linda por dentro como é por fora, e ela
vai quebrar seu coração quando você perceber que ela não está
pronta para deixar ninguém entrar’.” Ele faz uma pausa. “Achei
que ela estava cheia de merda e estava tentando passar a sua
rejeição para não prejudicar o meu ego frágil. Agora eu não tenho
mais tanta certeza.”

C
Hunter não brinca sobre nós fazermos sexo quando saímos
do restaurante. Para minha surpresa, ele nem sequer tenta subir
ao meu quarto depois que entra comigo no saguão.
“Obrigada pelo jantar, mesmo que eu deveria ter pago uma
vez que é seu aniversário. E obrigada por me pegar no aeroporto,
me deixar ficar na sua casa, e me transportar por todo lado.”

“Por nada.”

Aperto o botão do elevador. “Acho que eu vou estar em


contato no próximo ano para a nossa primeira articulação da
tradição do presente da Caroline?”

“Vamos ter que trocar números para entrar em contato no


ano que vem. Acho que você pode me dar o número certo agora
que somos amigos?”

Sorrio. “Certo.”

Hunter enfia a mão no bolso para pegar seu celular e


estende-o para mim, mas quando vou pegar, ele agarra a minha
mão. “Beije-me mais uma vez.”

Olho em volta do hotel. Há pessoas andando pelo lobby, até


mesmo uma família com crianças. “Não tenho certeza que o nosso
beijo seria avaliado como inocente o suficiente para o lobby.”

Como se fosse em conluio com o homem, o elevador apita,


anunciando sua chegada. Hunter pega minha mão e me puxa
para dentro. Ele aperta o botão para fechar as portas e me puxa
para perto. “Agora temos privacidade. Qual andar?”

“Quinze. Mas eu não vou....”

O resto da minha sentença é engolida em um beijo


conforme Hunter coloca sua boca sobre a minha. Talvez seja que
a terceira vez é certeira, ou talvez eu esteja ciente de que o
elevador não vai durar muito tempo e inconscientemente não
quero perder nem um segundo, mas não me incomodo em tentar
impedi-lo. Abro para ele, e meu corpo derrete no dele no minuto
que sua língua ávida encontra a minha. A eletricidade que estava
explodindo entre nós desde o primeiro beijo inflama como se um
interruptor de duzentos e vinte volts tivesse sido aceso. Hunter
agarra meus pulsos e prende-os nas minhas costas, o que só
deixa a minha necessidade de tocá-lo ainda mais desesperada.

Quando o beijo quebra, estou confusa. Meu coração


dispara, minha respiração está irregular e desigual, e as portas
do elevador que eu vi fecharem estão agora abertas novamente.
Aparentemente subimos quinze andares, e eu não senti nada.
Hunter ajoelha-se e pega seu celular do chão. Eu deixei cair,
mesmo sem perceber. Isso parece ser uma coisa comum quando
ele me beija, minha capacidade de me concentrar em outra coisa
além do beijo desaparece.

Ele estende o telefone e limpa a garganta, embora sua voz


ainda esteja rouca quando fala. “Se você quer que eu seja um
cavalheiro e permaneça neste elevador, coloque o seu número.
Caso contrário, nós vamos para o seu quarto até você desistir.”

Eu me recolho e aceno com a cabeça, ainda incapaz de


encontrar a minha voz. Antes daquele beijo, eu tinha toda a
intenção de dar a Hunter meu número de telefone. Qual é o
problema? Ele vive a cinco mil quilômetros de distância, e eu
estou razoavelmente segura que ele não é um assassino em série.
Além disso, nós agora temos um presente anual para coordenar
para a nossa doce Caroline. Mas meu coração, ainda acelerado
lembra-me que é um homem com quem devo minimizar o
contato. Não há nenhuma razão específica, mas eu sei que é a
coisa certa a fazer. É como quando alguém dá um soco e você
instintivamente levanta as mãos para proteger o rosto. O beijo de
Hunter coloca o meu corpo em modo de autoproteção. Sorrindo
para ele, e absorvendo seu belo rosto uma última vez, soco sete
dígitos no seu telefone e ofereço-o de volta.

“Tem certeza que é o número certo desta vez?”


Minto. “Sim.” Então praticamente corro para fora do
elevador. “Boa noite, Hunter. Feliz Aniversário. Se cuida.”
12 anos atrás

Nove horas em um ônibus que cheira a urina. Feliz


aniversário para mim.

A última vez que fiz a viagem de Berkeley para a UCLA, eu


estava miserável pra caralho. O ar condicionado estava uma
porcaria durante uma das piores ondas de calor do sul da
Califórnia em uma década. Um mês mais tarde, o calor do verão
tinha diminuído, então pelo menos a temperatura não está
fazendo o já mau cheiro em urina quente. Ainda assim, da
próxima vez preciso chegar ao terminal mais cedo para não ficar
sentado ao lado do banheiro desagradável.

A única coisa boa nesta viagem é que o assento ao meu


lado está vazio. E tiro o máximo de proveito, espalhando meus
lápis de carvão vegetal e blocos de desenho por todo o lugar.
Estou sombreando os ângulos de um desenho para ser entregue
na segunda-feira para a minha aula de design estrutural quando
meu telefone toca no meu bolso. Sorrio antes mesmo de pega-lo,
sabendo que é ela.

A temporada podia ter esfriado, mas as coisas estavam


apenas começando a aquecer no meu próprio verão. Depois de
passarmos horas na fonte juntos na tarde que nos conhecemos,
ela teve que ir embora, seus pais foram buscá-la para um fim de
semana de volta em San Diego onde moram. Nós trocamos
números, e acabei mandando mensagem para ela às duas da
manhã naquela noite depois de tomar cervejas demais com o meu
irmão e seus amigos. Até minhas mensagens bêbadas que
divagavam sobre quão linda ela era não a assustaram. Durante
as próximas seis semanas, nós mandamos mensagens ou nos
falamos algumas vezes por dia, falando sobre todo tipo de merda
que eu normalmente não falava. Mas, recentemente, conforme
minha visita se aproximava, as nossas mensagens tinham
tomado um caminho quente e pesado. Fomos de falar sobre seu
padrasto ser um idiota, a morte da minha mãe, e nossos planos
para o futuro, até o que queremos fazer um com o outro quando
estivermos juntos de novo.

Digito a minha senha, e sua nova mensagem aparece.

Summer: Verdade ou desafio?

Sorrio. Considerando que estou sentado em um ônibus,


não tenho muita escolha. Além disso, parece ser a nossa coisa.
Eu sempre escolho a verdade. Summer sempre pega desafio.

Hunter: Verdade.

Summer: Hm... OK. Deixe-me pensar em algo bom.

Poucos minutos depois, outra mensagem chega.

Summer: Qual é a coisa mais nojenta que você já fez com


uma garota?

Sei a resposta, mesmo sem a necessidade de pensar,


embora não tenho certeza se ela gostará de ouvir. Digitei de volta.

Hunter: Você tem certeza que quer a verdade sobre isto? E


se te der nojo?
Summer: Agora estou totalmente intrigada e preciso
saber...

Rio. Ok, você me pediu isso.

Hunter: eu chupei os dedos de uma garota uma vez. Devo


acrescentar que ela tinha acabado de sair do chuveiro, então eles
estavam limpos.

Summer: É algo que você gosta?

Hunter: Nem um pouco.

Summer: Você só queria experimentar?

Hunter: Não. Ela me pediu para fazer.

Summer: Hmmm...

O que isso significa? Hmmm...

Hunter: Você está com nojo?

Summer: Nem um pouco. Exatamente o oposto. Acho que é


sexy você fazer algo que não está afim apenas para agradar sua
parceira.

Quero demonstrar minha dedicação em agradá-la da pior


maneira.

Hunter: Sua vez. Verdade ou desafio?

Ela digita de volta imediatamente.

Summer: Desafio.

Sei o que quero. Inferno, tenho um pau duro crescendo na


minha calça só com o pensamento do que eu quero desafiar ela a
fazer. Mas não quero ser um idiota e digitar me envia uma foto
nua. Então pego leve, jogando a bola para o seu lado.
Hunter: Mande uma foto sexy.

Meu telefone fica em silêncio depois disso por uns bons dez
minutos. Começo a ficar preocupado que eu possa ter deixado ela
chateada, quando toca novamente.

Summer: Use as mãos para proteger o seu telefone para


que ninguém no ônibus veja por cima do seu ombro.

Porra sim.

Poucos segundos depois, uma imagem surge na minha tela.


Summer está completamente nua, mesmo que eu não consiga um
olhar completo de tudo. Ela está ajoelhada para o lado com as
pernas fechadas e tem um braço posicionado sobre o peito para
que ele cubra quase ambos os seios, exceto que deixou o
indicador e o dedo médio bem abertos para que seu mamilo
esquerdo esteja em plena exibição. Como se isso não fosse a coisa
mais sexy que eu já vi, a cara que ela faz é o glacê do bolo. Sua
cabeça está inclinada para baixo de uma maneira tímida, mas
seus lábios se separam em um beicinho conforme ela olha para a
câmera por baixo de seus cílios grossos.

Porra. Ela é o sonho molhado de qualquer garoto. Aberta,


de espírito livre, o rosto de um anjo e o corpo de um diabo. Olho
para a imagem por tanto tempo, que não percebo quanto tempo
passa até Summer mandar uma mensagem novamente.

Summer: Diga alguma coisa. Foi demais? O que você está


pensando aí sentado?

Hunter: Você quer a verdade?

Summer: Claro.

Hunter: Você está linda pra caralho. Estou pensando se


devo correr para o banheiro do ônibus com cheiro de mijo me
masturbar agora ou tentar esperar até que eu chegue à casa do
meu irmão.

Summer: LOL. Feliz aniversário, Hunter. Mal posso esperar


para dizer pessoalmente.

Ela provavelmente pensou que estou brincando. Puxo uma


respiração profunda. Deus, esse ônibus fede. Quarto de Jayce.
Desculpe, irmão. O que me lembra... Summer e eu falamos sobre
passar um tempo juntos este fim de semana, mas não fizemos
quaisquer planos específicos, e meu irmão queria que eu fosse à
uma festa para conhecer uma garota que ele está muito a fim.

Hunter: O que você vai fazer hoje? Meu irmão quer me


levar para uma festa na casa de um dos seus irmãos da
fraternidade. Quer ir junto?

Summer: Hmmm. Prometi a um amigo que iria dar uma


passada em uma festa também. É fora do campus. Que tal irmos
cada um para suas festas e nos encontramos depois nos
dormitórios?

Ir a duas festas ao mesmo tempo para que pudéssemos


ficar sozinhos parece como um bom plano para mim.

Hunter: Eu te mando uma mensagem quando puder


escapar.

Summer: Mal posso esperar para vê-lo.

Passo a última hora da minha viagem de ônibus


memorizando cada detalhe do corpo de Summer enquanto olho
para a imagem que ela enviou. Há algo de especial nesta menina
e não é apenas porque ela é melhor do que uma modelo
fotográfica. Eu até quero que Jayce a conheça, algo que eu nunca
dei a mínima antes. Nenhum de nós nunca havia levado uma
garota para casa para conhecer minha mãe. Esse pensamento
deixa meu coração pesado, sabendo que nunca iria acontecer
agora. Mas por alguma razão, Summer é diferente. Nós só
passamos quatro horas juntos pessoalmente, apesar de termos
conversado por mais de um mês. No entanto, quero que ela
conheça a única família real que eu tenho. Jayce vai gostar dela,
inferno, temos gosto semelhante por garotas.
Desde que voltei da Califórnia, perdi três jantares de
domingo à noite na casa da minha mãe, e agora estou atrasada
para o quarto porque o nosso trem não se mexe há quinze
minutos.

“Por que simplesmente não pegamos seu carro, ou melhor


ainda, um Uber, para Howard Beach como sempre fizemos
quando o papai vinha?”

Isabella é uma menina inteligente. Ela sabe a resposta.

“Porque dirigir para a Cidade de Howard Beach leva uma


eternidade no trânsito, e um Uber é cento e cinquenta dólares ida
e volta. O trem é mais rápido e três dólares em cada sentido.”

Ela levanta seu pequeno nariz alegre no ar. “Quando eu


crescer, não vou ser pobre.”

“Nós não somos pobres.”

“Então por que estamos nessa caixa de suor parado agora


em vez de um Uber com ar-condicionado?”

“Porque nós não desperdiçamos dinheiro. Nós tomamos


decisões sábias sobre como usá-lo.” Aponto meu queixo para seus
pés. “Sabe, como esse Nike de cento e quarenta e dólares que
acabei de comprar para você. Aí está seu Uber.”
Ela revira os olhos, mas para de reclamar. Poucos minutos
depois, o trem finalmente começa a se mover novamente. É na
hora certa também. Não sou claustrofóbica ou qualquer coisa,
mas o calor opressivo me faz sentir como se estivesse presa
dentro de um saquinho selado sem ar.

A casa da mamãe é uns quinze minutos a pé do trem. Ela


mora na mesma casa de tijolos para duas famílias em que
crescemos, só que em vez de um inquilino para ajudar a pagar o
aluguel no andar de cima, agora minha irmã mais velha e sua
família ocupam o espaço. Eles se mudaram há dois anos atrás,
quando ela teve seu segundo filho para que mamãe possa ajudar
com as crianças.

O cheiro de molho flutua no ar conforme nós viramos a


esquina no quarteirão da minha mãe. Claro, isso é Howard
Beach, então quase todas as casas de tijolos no bairro têm uma
família italiana cozinhando molho. Mas posso realmente
identificar o cheiro do molho da minha mãe. Minha boca saliva
conforme nos aproximamos.

Uso a minha chave para entrar. “Nós estamos aqui!


Desculpe pelo atraso.”

Minha mãe franze quatro dedos juntos enquanto fala. “A


massa vai ficar cozida demais.” Ela beija ambas as minhas
bochechas e, em seguida, vai para Izzy. “Você cresceu ainda mais
nas últimas semanas. Agora tem mais espaço para almôndegas.
Venha. Você pode lamber as colheres do bolo que acabei de fazer
antes de pôr a mesa.”

Sigo as duas para o olho da tempestade, de outro modo


conhecida como a cozinha. Minhas duas sobrinhas estão em
cadeirões, a de um ano chorando e a de dois batendo uma colher
contra a bandeja de plástico enquanto grita “Ma Ma Ma Ma” sem
parar. Minha irmã Alegra grita oi enquanto despeja o molho de
uma panela gigante para uma tigela gigante. Minha irmã Nicola
grita porra enquanto puxa o pão do forno, ela aparentemente se
queimou. E minha mãe começa a repreendê-la em italiano por
sua linguagem.

Sim. Sinto falta dos jantares de domingo.

Entrando, pego copos e guardanapos e começo a colocar a


mesa da sala de jantar. Quando volto para a cozinha para pegar
pratos, a campainha toca.

“A Francesca vai um dia lembrar-se da chave?”

“Sua irmã não vem. Ela está em Jersey para o fim de


semana, na costa,” Mamãe murmura. “Espero que ela tenha
protetor solar.”

“Bem, isso faz, colocar a mesa, muito mais fácil.” Minha


irmã Francesca tem uma série de comportamentos obsessivo-
compulsivos, sendo um deles a simetria e ordem. Ela leva mais de
uma hora para consertar a mesa após alguém colocar aos
domingos. Dividi o quarto com ela, enquanto crescíamos, que foi
como me tornei interessada em terapia cognitivo-comportamental,
para começar, não que ela me deixe trabalhar com ela ou até
mesmo ir ver um terapeuta diferente.

A campainha toca novamente.

“Natalia, vá atender a porta.”

“Por quê? Provavelmente é apenas alguém que quer salvar


as nossas almas.” Viro para Alegra. “Pensando bem, você
provavelmente deve atender. Sua alma precisa ser salva, puta.”

Mamãe grita “Atenda a porta, Natalia. Esse é o nosso


convidado. Não o deixe esperando.”

“Nosso convidado?”
“Vá! E penteie o cabelo antes de atender a porta.”

Balanço a cabeça, mas vou para a porta da frente de


qualquer maneira. Se Bella Rossi diz pula...

O olho mágico é tão alto, que tenho que ficar na ponta do


pé e levantar meu pescoço para o céu. Um homem está no degrau
mais alto do alpendre, de frente para a rua. De costas, ele parece
muito bom em seu jeans. Talvez eu devesse ter arrumado meu
cabelo para a Testemunha de Jeová afinal de contas. Espera? As
Testemunhas de Jeová fazem sexo antes do casamento? Sorrio
para mim mesma. Eu realmente preciso transar. Estou checando o
advogado religioso em pé na varanda ao lado de uma estátua da
Virgem Maria na casa da minha mãe.

Com um sorriso ainda no rosto, abro a porta. “Posso te


ajudar?”

O homem vira, e minha respiração fica presa na minha


garganta. Pisco algumas vezes, mas não muda o rosto na minha
frente, o rosto lindo com um sorriso que lentamente se curva em
algo perverso.

“O que... o que você está fazendo aqui?”

“Sua mãe me convidou para o jantar.”

Esqueci o número de quem eu tinha colocado no seu


telefone quando o vi pela última vez na Califórnia há um mês.
“Minha mãe?”

“Sim. Você acidentalmente me deu o número da Bella em


vez do seu, lembra?”

Oh. Meu. Deus. Eu vou matar minha mãe. Dei a Hunter o


número como uma piada, imaginando que ele iria pegar a dica
não muito sutil. E se não, eu tinha certeza que a mamãe iria
mandá-lo correndo na outra direção. Ela não podia falar com um
único homem por três minutos sem mencionar que sua filha
Natália precisava de um marido e filhos.

Estou total e completamente desnorteada ao ver Hunter de


pé na porta da minha mãe. “Minha mãe convidou você, e você
voou por todo o país pelo molho dela?”

“Eu tenho negócios em Nova York esta semana, e a Bella


pensou que seria bom para nós nos vermos novamente. Imaginei
que uma vez que estaria aqui, lhe daria uma oportunidade para
corrigir o seu erro em me dar o número errado. Novamente.”

“Acho que você pode ser um pouco insano.”

Minha mãe me assusta quando abre a porta que está


parcialmente fechada atrás de mim.

“Ah, você deve ser Hunter.” Ela dá um passo para frente e o


beija em ambas as faces. “Tão bom te conhecer. Por que você
ainda está do lado de fora? A minha filha rude esqueceu os bons
modos? Entre. Entre.”

Eu não me mexo desde que abri a porta. Hunter dá um


passo em volta de mim para dentro da casa, parando quando
passa. Ele se inclina e beija meu rosto, em seguida, sussurrando
no meu ouvido, “Vou pegar um beijo adequado de oi mais tarde.”

C
Ainda não posso acreditar que Hunter está em Nova York,
muito menos sentado na cabeceira da mesa de jantar da minha
mãe. As mãos de todos se juntam e nossas cabeças inclinam para
dizer a oração, o que me dá a oportunidade perfeita para olhar
para ele sem ser pega. Deus, ele está tão bonito. Perigosamente.
Conforme minha mãe reza à Santa Mãe Maria, eu me pego
pensando como seria estar debaixo deste homem. Bella passaria
uma semana na igreja rezando por minha alma se soubesse os
pensamentos que eu estou tendo durante sua oração.

Aposto que ele fode duro e é atencioso na cama.


Inconscientemente, a minha língua corre ao longo do meu lábio
inferior conforme mil pensamentos indecentes inundam minha
mente. Claro, Hunter escolhe esse momento para abrir os olhos e
olhar para mim. Um sorriso de menino atravessa seu rosto
quando nossos olhos se encontram. Deus, meu estômago se agita
como de uma adolescente.

Forço meus olhos fechados de volta pelo resto da oração,


que não é uma tarefa fácil. Assim como na primeira vez que
estivemos juntos, me encontro espantada que um homem tenha
um efeito tão visceral em mim, muito parecido como as coisas
tinham sido no começo com Garrett. Esse pensamento é melhor
do que um banho frio. Pelo menos o meu ex-marido ainda é bom
para alguma coisa.

Leva menos de dois minutos depois da oração para as


mulheres Rossi iniciarem a inquisição. Hunter não tem ideia no
que ele está se metendo sentando em uma mesa de sete mulheres
Rossi e uma adolescente com atitude.

“Então, Hunter, como você e minha irmã se conheceram?”

“No casamento de Derek e Anna.”

Minha mãe entra na conversa. “Hunter pegou a liga, e Nat


pegou o buquê. Não é romântico?”

Uma sala cheia de awwws se segue.


Mamãe acrescenta, “Hunter é graduado em arquitetura. Ele
está na construção comercial.” Parece que mamãe e Hunter
passaram muito tempo no telefone. Claro, minha mãe
provavelmente pensou que ele estava pronto para dar seus netos
na próxima semana. Ela convidaria Jeffrey Dahmer para jantar se
isso significasse que eu me casaria novamente e teria um bebê.
Mal sabe ela que Hunter Delucia só quer desonrar sua filha.

“Parece muito romântico.” A minha irmã Alegra acabou de


bater suas pestanas e desmaiar?

Izzy olha para mim. “Você está namorando esse cara?”

“Não.”

“Porque você tem um encontro com aquele Marcus nerd


esta semana?”

Obrigada por manter meus segredos, criança. “Ummm...


Sim. Mas como eu disse, Hunter e eu não estamos namorando.
Nós somos apenas amigos.”

Hunter sorri para Izzy e pisca. “Amigos que às vezes se


beijam.”

Meus olhos se arregalam. Izzy parece achar a situação


engraçada. Largo meu guardanapo e me levanto. “Hunter, eu
posso falar com você na cozinha por um momento?”

Ele olha para a minha mãe antes de levantar. “Por favor,


com licença por um minuto, Bella.”

Ouço Izzy dizer, “Ela provavelmente quer beijá-lo


novamente,” logo antes da sala de jantar irromper em
gargalhadas.
Minhas mãos vão para o meu quadril conforme Hunter
fecha a porta da cozinha atrás dele. “O que você pensa que está
fazendo?”

Ele finge inocência. “Jantando. Conhecendo a sua família.”

“Você acabou de dizer a elas que nos beijamos algumas


vezes!”

Ele se encosta na ilha da cozinha e cruza os braços sobre o


peito. “Nós fizemos isso.”

“Primeiro de tudo, é inadequado. Izzy ainda não tem nem


dezesseis anos. E não é da conta da minha família. E em segundo
lugar, foram apenas duas vezes, e na primeira vez eu estava
bêbada, de modo que não conta.”

“Foram cinco vezes, e eu estou contando a vez que estava


bêbada. A propósito, nessa vez, você me beijou.”

“Cinco? Não foram cinco vezes. E seriamente duvido que


comecei o beijo. Você só está inventando isso porque sabe que eu
não me lembro bem.”

“Cinco vezes.” Ele levanta um dedo. “Um, na noite do


casamento.” Um segundo dedo vem à tona. “Após o casamento,
na manhã seguinte contra a porta do hotel.” Um terceiro dedo
vem à tona. “Na minha casa, começou na janela, terminou na
cama.” O quarto dedo levanta. “No elevador, quando eu disse boa
noite para você como o cavalheiro que eu sou.”

Ok, talvez eu tenha esquecido sobre a casa. Droga. Aquele


foi um bom beijo. “Tudo bem,” exclamo. “Mas isso são quatro e
não cinco.”

O olhar diabólico no rosto de Hunter deixa meus joelhos


fracos. Ele diminui a distância entre nós mais rápido do que
consigo recuperar os meus sentidos.
“Beije-me,” ele diz rispidamente.

Ele não espera por uma resposta antes de esmagar seus


lábios nos meus. Deus, este homem sabe beijar. É lento,
confiante, e tem a quantidade perfeita de agressividade que me
faz querer agarrar sua pele.

Quando o beijo acaba, Hunter encosta a testa na minha.


“Esse é o cinco, ervilha doce.”

Ele deve ter sugado o cérebro da minha cabeça, junto com


minha língua, porque sorrio para ele como uma idiota em vez de
lhe dizer para enfiar na bunda. Sua maldita bunda sexy, eu
poderia acrescentar.

“Não posso acreditar que você está aqui.”

“Eu também. Mas se acostume com isso. Peguei um


trabalho aqui por um tempo.”

“Quanto tempo você ficará na cidade?”

Ele olha nos meus olhos. “Dois meses. E não se dê ao


trabalho de tentar se esconder mais. Sua mãe me deu o seu
número uma semana atrás.”

C
Sete de uma vez.

Lembro-me de ler o conto de fadas dos Irmãos Grimm, onde


o gigante fica impressionado porque ele acha que o alfaiate matou
sete homens com um sopro. O alfaiate não tem nada de Hunter
Delucia, que encantou sete mulheres Rossi e uma adolescente
descontente em um jantar. Tudo bem, talvez sejam oito Rossis,
incluindo eu, mas quem está contando afinal?

Depois do jantar, ambas as minhas irmãs e minha mãe


olham para fora das janelas da frente para assistir Hunter jogar
basquete com Izzy na garagem. Sento em uma cadeira do outro
lado da sala, tentando fingir que não tenho interesse em olhar.

“Jesus Cristo, cada vez que ele faz um arremesso, sua


camisa levanta. Espero que ele chute a bunda da Izzy.” Alegra diz.

“Eu não vejo um V assim há... bem, não acho que eu já vi


nada igual a isso pessoalmente.” Nicola suspira.

A mamãe é da Equipe Hunter o tempo todo. “Ele é um


homem bonito. Mas eu o convidei para jantar, mesmo sem vê-lo.
De modo que deve dizer algo. Ele é tão atraente por dentro como
por fora.”

Esfrego a testa. “Quanto tempo você falou com ele?”

“Tempo suficiente para saber que ele teve uma namorada


séria, sua mãe morreu quando ele tinha dezessete anos, ele tinha
um irmão que morreu há alguns anos, e seus hobbies são
mergulho, surfe e escalada.”

Meu queixo caí. “Ele tinha um irmão que morreu?


Escalada?”

“Sim, o nome dele era Jayce. Ele também é católico. Ele


não vai à confissão há alguns poucos anos. Você deve trabalhar
em corrigir isso. É bom para a alma pedir perdão ao Senhor.”

Por que este homem apareceu na porta da minha mãe?


Qualquer outro homem teria corrido mais rápido e mais longe que
pudesse sem olhar para trás. Em vez disso, ele não só sobreviveu
ao interrogatório da minha mãe, uma mulher que, por causa de
suas próprias experiências é desconfiada de todos os homens,
mas tenho a sensação que minha mãe pode ter uma pequena
queda pelo homem.

Levanto e vou até a janela, onde ela ainda está de boca


aberta. Em pé atrás dela, coloco a mão em seu ombro. “Ele parece
ótimo, mamãe.”

“Ele parece.”

“Você tem a minha bênção.”

“Bom. Espera. O que?”

“Você tem a minha bênção para sair com ele. Sei que ele é
alguns anos mais jovem do que você, mas acho que vocês dois
vão fazer um belo casal.”

Minhas irmãs sorriem para mim por trás das costas da


minha mãe.

Mamãe realmente cora. “Eu não estou interessada nele


para mim. Eu quis dizer para você!”

“Uh-huh.” Escondo meu sorriso e faço uma cara que diz


com certeza você está.

“Natalia Valentina Rossi. Você precisa voltar para o mundo


do namoro, e este homem voou por todo o país para conhecê-la
melhor.”

“Ele tem um trabalho aqui, mãe. Ele viaja para o trabalho,


e seu trabalho aconteceu de ser em Nova York neste momento.”

“Não aconteceu de ser em Nova York. Ele pediu o projeto


para que pudesse estar mais perto de você.”

Fico surpresa. “Ele lhe disse isso?”

Izzy explode pela porta da frente. “Ele é melhor do que o


meu treinador!”
Isso é... Um sorriso que vejo em seu rosto? O homem não é
apenas um sedutor, ele é a porra de um mago.

“Mas ele não é tão bom quanto eu, é?”

Hunter entra atrás dela e fecha a porta da frente. Ele está


suado, tão deliciosamente suado. “Você joga?”

Izzy zomba. “Quando ela dispara um lance livre, uma de


suas pernas sobe como se ela fosse Marilyn Monroe. E há
algumas semanas, ela marcou um gol.”

As sobrancelhas de Hunter vão para baixo. “Ela joga


futebol, também?”

“Não, isso é o que ela diz quando milagrosamente acerta


uma cesta. Ela começou a saltar para cima e para baixo gritando
que marcou um gol.”

“Eu estava animada.”

Izzy balança a cabeça, mas o sorriso nunca deixa seu rosto.


“Eu convidei Hunter para ir ver o meu jogo na terça-feira. Ele vai
assistir e me dizer o que estou fazendo de errado, como o papai
costumava fazer.”

Olho para Hunter. “Ah, ele vai?”

“Está tudo bem para você?” Ele pergunta, parecendo


sincero.

Izzy está tão animada que não posso dizer não. Pelo menos
essa é a razão que me dou quando não me oponho.

“Certo. Isso é legal da sua parte. Tenho planos após o jogo,


mas posso deixar para mais tarde para ficar para a repescagem.”

O Hunter deslumbrante continua durante a sobremesa.


Depois que terminamos, quando vejo as horas no meu telefone,
fico surpresa ao descobrir que são quase dez horas. Normalmente
estamos fora daqui lá pelas oito já que Izzy tem escola de manhã
e a viagem de trem é mais de uma hora.

“Está ficando muito tarde. É melhor irmos, Izzy.”

Ela franze a testa. Mas, então, um pensamento lhe dá uma


esperança momentânea. “Que trem você pega, Hunter?”

“Eu dirigi até aqui. Mas vou ficar em Manhattan. Posso


deixar as senhoras no caminho para onde aluguei.”

Digo, “Não, obrigada” ao mesmo momento que Izzy diz “Isso


seria ótimo.”

Ambos me olham com beicinhos. Reviro os olhos. “Tudo


bem. O trânsito deve estar melhor agora de qualquer maneira.”

A viagem de carro é surpreendentemente tranquila. Izzy


coloca os fones de ouvido no banco de trás e adormece em dez
minutos de viagem, provavelmente acabada de jogar basquete
com Hunter durante tanto tempo. Hunter parece perdido em
pensamentos, e eu luto com meus próprios pensamentos
enquanto olho para fora da janela. Quer dizer, enquanto a ideia
de me envolver com este homem é muito tentadora, não estou de
modo algum preparada para um relacionamento. Eu também
preciso manter meu foco em coisas importantes, minha carreira e
minha enteada.

Conforme nós cruzamos a ponte de volta para Manhattan,


Hunter quebra o silêncio confortável. “Sua família é ótima.”

Sabendo que sua mãe e seu irmão estão mortos, sinto suas
palavras no meu peito, e isso me faz apreciar o que normalmente
me irrita. “Sim, elas são. Mas não diga a elas que eu disse isso.”

Hunter sorri e fala em voz baixa. “Espero que você não se


importe com a minha vinda para o jogo na terça à noite. Joguei
bola na faculdade. Ela é realmente boa, e eu não sabia como dizer
não.”

“Não, de jeito nenhum. É muito gentil da sua parte.”

Depois de mais alguns minutos, ele diz “Aqueles planos que


você mencionou ter após o jogo, seriam os mesmos planos que
Izzy mencionou no jantar que envolve um cara chamado
Marcus?”

Balanço a cabeça. “O próprio.”

“Primeiro encontro?”

“Segundo.”

Mais uma vez ele fica quieto. Finalmente, diz, “Pobre


bastardo.”

Minhas sobrancelhas vão para baixo. “O que? Quem?”

“Marcus. Provavelmente teve um primeiro encontro


agradável. Não vai entender por que você está tão distante no
segundo e nunca aceitará um terceiro. Vai pensar que fez algo
errado.”

“Do que você está falando?”

Hunter dá de ombros. “Você vai estar ocupada pensando


em mim em seu encontro de terça-feira. Pobre coitado nem vai
saber o que o atingiu.”

“Você é tão cheio de si.”

Mesmo que Izzy esteja dormindo com fones de ouvido, ele


se aproxima para sussurrar, “Talvez. Mas logo você estará cheia
de mim, também.”
Passo uma quantidade ridícula de tempo me preparando
para que esteja bem para o meu encontro depois do jogo desta
noite. Não tem nada a ver com o homem que está indo para o
jogo. Repito, nada a ver com Hunter Delucia.

Marcus é um cara legal. Bom trabalho, desenvolvedor de


web para uma empresa de serviços de utilidade pública local
proeminente. Educado, abriu a porta do carro e puxou minha
cadeira no jantar no nosso primeiro encontro. Boa aparência,
estatura média, estrutura mediana, talvez uns nove quilos para
perder. Mas quem não tem uns nove a perder quando bate seus
trinta anos?

Odeio que a resposta a essa pergunta venha como uma


forma visual muito prontamente na minha mente. Hunter não
tem um extra de nove quilos a perder, ele é o quem.

Dou uma última olhada no espelho. Minha saia vermelha é


o mais brilhante dos vermelhos. Não é curta, mas ela parece sexy
por causa da forma como abraça minhas curvas sem ser
extremamente apertada. Eu a combinei com uma blusinha
feminina simples preta de botões, com mangas longas e um par
de sandálias de salto, mas que não são muito inadequados para
assistir a um jogo de basquete da escola antes do meu encontro.

Quando chego ao ginásio na escola de Izzy, o jogo ainda


não começou, mas Hunter já está sentado na arquibancada. Ele
se levanta quando vou me juntar a ele e me puxa para um beijo
inocente na bochecha. Embora não haja nada inocente sobre o
que sinto quando estou perto desse homem.

“Você está linda.”

“Obrigada.”

Hunter resmunga. “Pobre coitado.”

Rio, e nos sentamos assim que as meninas correm para


fora do vestiário. Izzy é a terceira na fila.

“Ela é a única estudante de segundo ano no time da escola,


e já é uma das mais altas.”

“Ambos os pais dela são altos?”

“O pai dela tem um metro e oitenta e oito, e sua mãe tinha


provavelmente cerca de um metro e meio.”

“Tinha?”

“Ela morreu há alguns anos.”

“Uau. Difícil. O pai na prisão e a mãe morreu jovem. Ela


tem sorte que tem você.”

“A maioria dos dias ela não vê dessa maneira.”

“Ela tem quinze anos. Vê o que quer ver a fim de justificar


as reclamações. Eu não estou dizendo que o que aconteceu com
ela é fácil, mas as adolescentes vão encontrar uma razão para
reclamar mesmo quando não há uma.”

“Parece que você está falando por experiência.”

“Depois que minha mãe morreu, fui morar com meu tio Joe
e sua esposa, Elizabeth. Ele era muito mais jovem do que minha
mãe, então parecia mais como um primo mais velho do que um
tio me criando. Nós nos dávamos muito bem, mas ele e sua filha,
isso era uma história totalmente diferente. Quando a Cara tinha a
idade da Izzy, ela era um grande pé no saco. Sua vida era
perfeita. Os pais eram muito felizes no casamento. O pai é
médico. A mãe ficou em casa para criá-la. Ela era inteligente e
linda, tinha os melhores genes de ambos os pais. No entanto,
encontrava uma razão para reclamar diariamente. Nunca entendi
com que diabos ela ficava tão irritada. Eu teria dado qualquer
coisa para estar na sua situação. Ela tem vinte e quatro agora.
Cresceu com isso, e agora nós rimos sobre isso o tempo todo.”

“Não tenho certeza se que alguma vez vamos chegar ao


lugar onde pensamos no passado e rimos destes anos. Mas eu
entendo o que você está dizendo.”

“Por quanto tempo o pai dela ficará afastado?”

“Mais alguns meses. Ele fez algum acordo ridículo para


testemunhar contra um governante federal que tinha subornado
e pegou trinta meses em vez dos trinta anos que ele merecia.”

“O que acontece quando ele sair? A Izzy vai morar com ele?”

“Não sei. Suponho que sim, mas ainda não começamos a


falar sobre isso. Levando um dia de cada vez agora.”

O locutor vem para chamar o time titular. Hunter e eu


estamos de pé e aplaudimos quando chama o nome de Izzy. Ela
olha para as arquibancadas e dá um meio sorriso para nós antes
de seus olhos mudarem para algumas fileiras para cima, e de
repente o sorriso fraco dela fica brilhante enquanto acena para
alguém. Ambos, Hunter e eu, seguimos sua linha de visão para
um rapaz alto de ascendência indiana, sentado sozinho na fileira
superior.

“Quem é ele?” Hunter aponta em direção ao topo da


arquibancada quando viramos de volta. Ele só a viu uma vez, mas
há um tom de proteção em sua voz, no entanto.
Suspiro. “Deve ser Yakshit.”

Suas sobrancelhas saltam. “Como?”

“O menino por quem ela tem uma queda. Seu nome é


Yakshit.”

Hunter balança a cabeça e resmunga, “Outro pobre


coitado.”

C
“Você acertou sessenta por cento dos seus lances livres.”
Hunter diz para Izzy. “Você tem um ótimo arremesso. Mas pode
definitivamente fazer melhor. Está sacudindo a bola com o
polegar da sua mão guia conforme dá seu arremesso, que está
fazendo espirrar para a esquerda.”

“O treinador disse a mesma coisa.”

“Você já tentou apertar o polegar e o dedo indicador em sua


mão guia juntos?”

“Eu tentei, mas esqueço quando estou em um jogo.”

“Você precisa de uma cinta de arremesso. Voltar ao básico.


Uma cinta e pelo menos cinquenta lances livres extras por dia
depois do treino até que faça automaticamente, sem a cinta
dentro de algumas semanas. Eu posso arrumar uma.”

“Está bem! O que mais?”

Olho para a hora no meu telefone, são quase sete e meia.


Nós tínhamos andado até a esquina em um café após o jogo, para
Hunter poder dar à Izzy sua opinião. Mas o jogo acabou tarde,
indo para a prorrogação, e Hunter teve que se desculpar para
uma chamada de negócios que levou perto de uma hora e meia
logo que chegamos. Agora, só tenho meia hora antes do meu
encontro, o que seria necessário para levar Izzy em casa e voltar
para onde eu deveria encontrar Marcus.

Hunter me pega olhando para o relógio e sorri. Não me


surpreenderia ele sentado por meia hora sem realmente ter nada
para falar.

“Com licença um minuto. Preciso fazer uma ligação,” digo.

Saio e atraso com Marcus para oito e meia com um pedido


de desculpas. Isso iria deixar o encontro curto, porque não gosto
de deixar Izzy sozinha à noite por muito tempo e sempre gosto de
ir para casa por volta das dez. Eu poderia ter adiado, mas me
recuso a dar à Hunter essa satisfação.

Quando volto para a mesa, Hunter levanta. “Nós estamos


impedindo o encontro?”

Dou um sorriso açucarado. “Não, eu adiei meia hora.”

Hunter e Izzy voltam a falar do basquete enquanto sento.

“Quando você está arremessando de longa distância, uma


distância de três pontos, você deve deixar seu cotovelo cair para
conseguir mais força atrás do arremesso.”

“Pensei que estivesse.”

“Não o suficiente. Você também está inclinando para frente.


Aqui, deixe-me mostrar a você.” Ele se levanta e estende a mão.
“Natália?”

Relutantemente coloco minha mão na sua. Ele me ajuda a


sair da mesa e me vira para minhas costas ficar de frente para
ele. Segurando meu quadril em uma das mãos, ele usa a outra
para controlar o meu braço. Eu sou essencialmente seu fantoche.

“Você está soltando aqui.” Ele para minha mão em cima da


minha cabeça.

Sem perceber, eu me inclino para frente, seguindo a minha


mão estendida. Hunter passa os dedos pelo meu lado definindo o
arco que meu tronco formou. Arrepios explodem por toda parte.

“Veja como ela está naturalmente dobrando aqui? Agora


observe a postura dela quando solta antes.”

Ele novamente controla meus braços para imitar jogar uma


bola, mas para minha mão um pouco mais baixa para um
arremesso simulado. Mais uma vez, passa a mão pelo meu lado.
Só que desta vez, ele é mais lento. Izzy está tão encantada com o
conhecimento e conselhos que está compartilhando, que parece
não ver nada além do aconselhamento do arremesso
acontecendo. Mas, Deus, eu sinto.

“Vê? Nenhum arco,” diz enquanto sua mão alcança meu


quadril. “Quando é o seu próximo jogo?” Pergunta conforme nós
nos sentamos.

“Quinta-feira à noite.”

“Desculpe, eu não vou poder ver esse. E depois disso?”

“Temos um jogo sábado de manhã. Mas é um jogo fora em


Westchester.”

“Trabalhe no que falamos. Eu vou estar nesse.”

O rosto de Izzy se ilumina. “Está bem.”

No momento em que pagamos a conta, que o treinador


Delucia se recusa a me deixar pagar, eu já estou ficando atrasada
(novamente) para o meu encontro.
Izzy começa a mandar mensagens de texto no seu telefone
no minuto que vamos para a rua.

Viro-me para Hunter. “Acho que vou ver você no sábado,


então?”

“Eu vou te buscar. Podemos ir juntos.”

Digo que sim só porque não gosto de passar por pontes.


Claro que sim.

“Izzy, diga boa noite e agradeça a Hunter.”

Ela ergue os olhos das mensagens de texto por dois


segundos e lhe dá um sorriso genuíno. “Obrigada e boa noite,
Hunter.”

“De nada.”

Izzy imediatamente volta sua atenção para seu celular.

“Boa noite, Natalia.”

Desisto de corrigi-lo e dizer que prefiro ser chamada de Nat.


Mas por que a maneira como ele diz meu nome tem que soar tão
decadente?

Limpo a garganta. “Boa noite, Hunter.”

Ele agarra meu quadril e se inclina para me beijar na


bochecha. Sua cabeça permanece perto do meu ouvido. “Não
durma com seu encontro para tentar me tirar da sua cabeça. Não
vai funcionar de qualquer maneira.”
“Sinto muito. O que você disse?” Deus, quero dar um soco
em Hunter. Isso é totalmente culpa dele.

Marcus franze a testa. Somos apenas nós dois em uma


mesa tranquila na parte de trás de um bom restaurante, um
restaurante caro para isso. Mas eu ainda não sou capaz de
manter o meu foco.

“Eu perguntei se você quer ir a uma abertura de galeria de


arte na tarde de domingo.”

“Oh. Desculpa. Foi um longo dia de trabalho hoje, e estou


com um paciente na cabeça,” minto. “Umm... lógico. Isso parece
bom.”

Infelizmente, eu realmente não quero ir a uma galeria de


arte no domingo. Eu disse sim, porque preciso ter algo
bloqueando o caminho para Hunter. Marcus é esse obstáculo.

Não importa o cara legal que ele seja e o quanto eu quero


ser atraída por Marcus, isso não está lá. Estar com Hunter uma
hora atrás é um lembrete não tão sutil de como é atração. Você
não pode forçar a química a existir mais do que você pode negar
que ela está presente. Então, novamente, a química não é o que
está acontecendo. Química é o que une as pessoas. Não é o que
as mantém juntas. Confiança, respeito e compatibilidade são a
cola que mantém um casal juntos. Eu tinha toda a química do
mundo com meu ex-marido, mas nada da cola que mais
importava no final.

Marcus estende a mão sobre a mesa e pega a minha. “Não


fique tão animada com isso,” brinca.

“Sinto muito. Estou apenas tendo um dia difícil. Não é


você. Mesmo. Não é.”

Ele entrelaça os dedos juntos. “Como foi o jogo da sua


enteada?”

“Elas venceram na prorrogação.”

“Foi bom o treinador lhe dar feedback depois. Ele deve ser
dedicado.” Mencionei que eu ia me atrasar, porque Izzy estava
recebendo algumas dicas de treinamento.

“Oh, não foi seu treinador. Foi Hunter, ele é um amigo de


um amigo.”

“O cara da Califórnia?”

Minhas sobrancelhas vão para baixo. “Sim. Ele está aqui


por um tempo a trabalho. Como você sabe que ele é da
Califórnia?”

“Você mencionou ele no nosso primeiro encontro.”

“Eu falei?”

Ele concorda. “Algumas vezes. Quando você estava falando


sobre sua viagem.”

“Ah.” Sinto a necessidade de explicar agora. “Ele jogou


basquete universitário, então veio para o jogo para observar e lhe
dar algumas dicas.”

Pelo resto do encontro, eu me esforço para estar presente.


Marcus não merece minha atenção meia-boca.
No final da noite, fora do meu prédio, ele segura minhas
mãos. Ele insistiu em me acompanhar em casa. “Eu sei que você
tem que ir para casa para Izzy, mas talvez domingo após a galeria
de arte, eu possa te fazer um jantar na minha casa?”

Terceiro encontro. Mesmo que eu esteja sexualmente


privada e tenha começado o encontro para remediar essa
situação, não estou pronta para o sexo com Marcus.

“Vou para a minha mãe domingo à noite jantar. Todas as


minhas irmãs vão.”

Seu sorriso murcha. “Outra hora, talvez.”

“Certo.”

Ele se inclina e me beija. Conforme isso acontece, eu me


encontro focando na mecânica do beijo. Quase como se eu
precisasse pensar sobre o que fazer com a língua, os lábios, as
minhas mãos. É exatamente o oposto de um beijo com Hunter.
Com ele, eu sou incapaz de pensar. A paixão crua assume, e
tenho controle zero. O beijo de Marcus é... Legal. Agradável.

Eu definitivamente não estou ofegante quando ele para.

“Eu te vejo domingo?”

“Domingo.” Deus, a coisa toda parece estranha, e não


posso esperar para me esconder no meu apartamento. “Obrigada
mais uma vez pelo jantar.”

Bato na porta do apartamento da Sra. Whitman do outro


lado do corredor para que ela saiba que estou em casa. Izzy tem
quinze anos, já passou da idade de achar que ser deixada com
uma babá seja aceitável. Mas eu ainda peço à vizinha para checá-
la quando saio.
Izzy está dormindo no sofá com a TV aos berros quando
entro. Ao invés de acordá-la, cubro-a com um cobertor. Seu
laptop está aberto, então vou desligá-lo, mas quando mexo nele, o
protetor de tela desliga, e a última coisa que ela deve ter feito vem
à tona. É o resultado de uma pesquisa no Google do nome do seu
pai.

Eu a peguei fazendo isso em algumas ocasiões depois que


ele foi preso. Na época, achei que era natural ela estar curiosa
sobre o que estava sendo dito sobre ele. Mas isso é mais de dois
anos depois. Isso me faz perceber que a presença de Hunter esta
noite provavelmente a fez sentir a falta dele. Por mais que ele
tenha mentido para mim e escondeu as coisas de mim, ele era um
bom pai para Izzy. Ele nunca perdeu um jogo, e eles costumavam
jogar basquete muitas vezes juntos.

Suspiro e fecho o laptop antes de desligar a TV. Por que os


homens na minha vida têm que ser tão difíceis?

C
A campainha toca meia hora mais cedo. Considerando que
estou ficando atrasada e acabei de sair do chuveiro, espero que
seja minha vizinha do 4D que tinha esquecido a chave
novamente.

“Oi?”

“Bom dia, ervilha doce.” Sua voz é mais grave através do


interfone. Meus mamilos se animam.

Olho para baixo, e falo com eles. “O que vou fazer com
vocês? Já não falamos sobre isso? Vocês crescem suas
esperanças muito rápido, e então vocês se decepcionam.” Aperto
o interfone. “Quarto andar.” Abro a porta da frente.

Poucos minutos depois, Hunter sai do elevador e caminha


pelo corredor na minha direção. Ele tem uma arrogância
confiante natural que faz até mesmo sua caminhada sexy pra
caralho, sem mencionar que está com suas botas de trabalho
novamente hoje. Essas coisas realmente fazem isso comigo por
um motivo estranho. E desde que estou lá não fazendo nada além
de segurar a porta aberta, não posso deixar de admirar o resto do
pacote. Infelizmente, isso não ajuda nem um pouco a situação
dos meus mamilos.

Os olhos do Hunter caem e tomam uma nota persistente


antes de voltarem para os meus com um sorriso triunfante.
Reviro os olhos e me afasto para ele entrar. Claro, ele para na
porta por isso ficamos frente a frente. Inclinando-se, ele beija meu
rosto e depois, parece ser a sua coisa, algumas palavras que
arrepiam o cabelo no meu pescoço depois de um beijo
superficialmente inocente.

Só que desta vez, ele não diz nenhuma palavra. Em vez


disso, puxa uma profunda inspiração audível, e geme ao exalar.
Eu sinto o ronco disso bater nos meus dedos, fazendo algumas
paradas interessantes no caminho.

É sério? Sou uma poça por causa da porra de uma


fungada. Preciso de uns trinta segundos a mais para me
recompor depois que ele entra.

“Você chegou cedo.”

Ele levanta um saco que eu não tinha notado. “Eu trouxe o


café da manhã.”

Leio o logotipo. “Jamba Juice?”


“Flocos de aveia com bananas, coco ralado, e açúcar
mascavo.”

Meus olhos se arregalam. “Esse é o meu café da manhã


favorito no mundo.”

“Eu sei. Bella me disse.”

“Você ligou para minha mãe para lhe perguntar o que eu


gosto no café da manhã?”

“Não. Ela me ligou ontem à noite para me convidar para


jantar no domingo, e mencionei que estávamos indo para o jogo
de Izzy. Ela pode ter sugerido que eu pegasse o café da manhã no
meu caminho e me disse do que você gosta.”

Falo sob a minha respiração. “Claro que ela fez isso.”

Hunter sorri. “Vamos lá, vamos comer antes que esfrie.”

Teria sido estúpido deixar um café da manhã perfeito ir


para o lixo como uma forma de protesto contra a minha mãe e a
amizade recém-descoberta de Hunter. Então, sento e mergulho
na grandiosidade.

Não percebo que fiquei em silêncio por tanto tempo


enquanto coloco aveia na minha boca até que pego os lábios de
Hunter se levantando enquanto me observa.

“O que?”

“Acho que você realmente gosta dessas coisas?”

Falo com a boca cheia. “É melhor do que o sexo.”

“Então você não foi fodida corretamente.”

No meio de engolir, engasgo com a farinha de aveia,


cuspindo e ofegando.
Hunter deixa cair a colher e parece que está prestes a
mergulhar sobre a mesa para fazer o Heimlich21.

Coloco a mão para detê-lo e falo com tensão. “Estou bem.


Água.”

Ele pega um copo e enche enquanto tento recuperar o


fôlego. Minha garganta arde conforme bebo a água.

“Você tem certeza que está bem?”

Bato no meu peito conforme tudo finalmente faz o seu


caminho para baixo no tubo certo. “Estou bem.”

Hunter senta. “Você não deve tentar falar ao engolir.”

“Você não deveria dizer coisas inapropriadas.”

“Você começou isso. Atendendo a porta com os mamilos


todo alegre, cheirando bem pra caralho, falando sobre sexo. Acho
que você é que é a inapropriada aqui.”

Meus olhos se arregalam. “Você apareceu meia hora mais


cedo, então eu tinha acabado de sair do banho, e os meus
mamilos ainda estavam duros como resultado. Aquele cheiro que
você gosta tanto? É chamado de sabonete. E não estava falando
sobre sexo. Fiz uma declaração que era uma metáfora para
descrever o quanto eu gosto de farinha de aveia.”

Hunter pega uma colher cheia de aveia do seu recipiente e


fala antes de colocar na boca. “A única coisa que eu ouvi dessa
explicação foi mamilos e sexo.”

21A Manobra de Heimlich é o melhor método pré-hospitalar de desobstrução das vias aéreas
superiores por corpo estranho.
C
“Como foi seu encontro na noite passada?” Hunter olha de
lado para mim antes de voltar os olhos para a estrada. Estamos
sentados no trânsito na ponte no nosso caminho para o jogo.

“Foi maravilhoso.”

Ele ri.

“O que?”

“Você é uma mentirosa de merda.”

“Do que você está falando? Eu não sou uma mentirosa.”

“Você tira fiapo imaginário das suas roupas quando mente.


Você só fez isso quando disse que o encontro foi maravilhoso.”

“Você está fora de si.”

Ele encolhe os ombros. “Se você diz.”

Alguns minutos de silêncio constrangedor se passam antes


dele falar de novo. “Você voltou para a sua casa?”

“Isso realmente não é da sua conta.”

“Quer saber o que eu acho?”

“Não, realmente não.”

“Eu acho que você lhe deu um beijo de boa noite, mas
comparou-o com o nosso e percebeu tanto quanto você quer
querer esse cara, que você não quer.”

Meu olhar se estreita. “Nós fizemos sexo, e eu não pensei


em você nenhuma vez.”
“É mesmo?” Ele olha para mim.

“É mesmo,” digo. Viro a cabeça para a janela para manter


meu rosto aquecido longe da sua visão.

Hunter se inclina e viola meu espaço pessoal enquanto


dirige. “O que é isso que você está fazendo com a mão esquerda
agora?”

Congelo. Eu estava pegando malditos fiapos imaginários da


minha calça jeans. Não tendo nenhuma resposta ao ser pega
mentindo, simplesmente faço uma careta para ele.

Ele solta um sorriso na minha direção.

Depois de alguns minutos, ele suspira. “Deixe-me levá-la


para jantar hoje à noite.”

Eu o ignoro. “Você pegou a liga que eu peguei do


casamento da Anna e Derek? Não consegui encontrá-la quando
deixei o meu quarto do hotel.”

“Não. Não vi.”

“Droga. Eu realmente queria guardar.”

Hunter muda de assunto de volta. Ele realmente tem um


caminho em mente. “Então o que você diz? Deixe-me levá-la para
jantar hoje à noite.”

“Não.”

“Você deixa o pobre coitado que você nem sequer gostou de


beijar levá-la para jantar, mas não me deixa levá-la para sair?”

Concordo com a cabeça. “É isso.”

“Estou atraído por você. Você está atraída por mim. Eu não
entendo.”
Decido ser honesta e não filtrar minha resposta. “Quando
eu tinha doze anos, vim para casa da escola mais cedo. Tínhamos
meio dia para reuniões de pais e professores. Minha mãe
mantinha um calendário na geladeira com todos os nossos
horários e atividades. Com quatro meninas, havia rabisco na
maioria dos dias. Mas naquele dia em particular, a mamãe tinha
esquecido de escrever que nós tínhamos um dia mais curto.
Ambos os meus pais trabalhavam, e eu ficava sozinha em casa,
então andei para casa da escola e entrei. Havia barulho vindo do
quarto da minha mãe, então percebi que ela tinha deixado a TV
ligada como às vezes fazia. Fui desligá-la e entrei pegando meu
pai fazendo sexo com uma das boas amigas da minha mãe.”

“Merda. Eu sinto muito.”

“Meu pai me implorou para não contar à minha mãe,


jurando que era a primeira e única vez. Ele disse que se eu
dissesse ela ficaria com o coração partido, e eu destruiria a
família.”

“Isso é uma merda. Ele deveria ter sido homem e dito ele
mesmo, não colocar isso para você.”

“Sim. Eu sei disso agora.”

“Você contou para ela?”

“Não por algumas semanas. Uma noite, a mulher veio em


casa, e eu vi o jeito que meu pai estava olhando para ela. Eu não
podia deixar minha mãe ser humilhada assim. Soube que não foi
um erro de uma vez, mesmo que eu tivesse doze anos. Quando
finalmente disse a ela, ele admitiu isso e disse que estava
apaixonado por sua amiga. O papai se mudou, e minha mãe
entrou em um estado de depressão que durou um tempo muito
longo.”

“Às vezes, fazer a coisa certa é uma merda.”


Forço um sorriso. “Sim.” Olho para fora da janela,
observando as árvores passarem por um tempo. “Meu marido não
me enganou, mas ele também não me contou que a vida que
estávamos levando era financiada pelo dinheiro que tinha
roubado de clientes desavisados, ou que ele tinha administrando
uma farsa por anos. Ele também não mencionou que a cobertura
onde vivíamos estava à beira da execução de hipoteca ou que ele
tinha acumulado uma fortuna em dívida em cartões de crédito no
meu nome. Eu tive que mudar duas semanas depois da sua
prisão, minha conta bancária foi descoberta, e meu crédito era
uma porcaria completa porque ele mandava as contas de cartão
de crédito para o seu escritório e não estava pagando qualquer
uma delas. Mesmo pedindo emprestado dinheiro para a minha
mãe, eu não poderia conseguir um apartamento por conta própria
por causa do meu crédito ruim. Sorte minha, o melhor amigo do
meu marido maravilhoso era muito compreensível e bom o
suficiente para me ajudar a encontrar um lugar para viver.”

“Os homens em sua vida têm sido uma merda. Entendi.”

“Sim.” Suspiro. “Eu tenho problemas de confiança


definidos. Mas é mais do que isso. Não fui para a faculdade como
eu gostaria porque não queria deixar minha mãe sozinha. Ela
nunca me pediu para fazer isso. Na verdade, ela me empurrou tão
forte quanto pôde para ir embora. Quando me casei com Garrett,
ele queria uma esposa dona de casa, embora eu estivesse apenas
começando minha carreira de terapeuta. Então deixei o meu
emprego por causa dele. Estou em um ponto em minha vida onde
preciso me concentrar em mim. Eu amo meu trabalho. Izzy
precisa da minha atenção. Não posso me envolver com qualquer
um, mesmo que eu esteja atraída por ele.”

Hunter acena com a cabeça, e eu posso ver pelo seu perfil


que ele está decepcionado. “Há apenas uma coisa que eu não
entendo.”
“O que?”

“Por que sair com Marcus, então?”

“Você não vai me julgar se eu for honesta?”

“Nunca.”

“Porque ele é um cara muito legal, e embora eu não queira


me envolver com qualquer um, eu também não quero ser
celibatária. Não estou preocupada de me perder nele. Isso faz
sentido?”

Chegamos à escola para o jogo de Izzy. Hunter coloca o


carro no ponto morto e se vira para mim. “Não faz muito sentido.
Tudo isso. No entanto, eu vivo a cinco mil quilômetros de
distância, e eu definitivamente não estou procurando um
relacionamento também. Assim como você tem a sua bagagem,
eu tenho a minha. Estou na cidade por só dois meses. Nós
poderíamos concordar em sermos não celibatários no sexo juntos,
só sexo e diversão, com uma data de expiração. Iria evitar de você
foder com um cara que não está atraída, e nós poderíamos nos
perder um no outro apenas no quarto.” Ele segura o meu olhar.
“Pense nisso. Sexo, não amor.”
12 anos atrás

Eu não tenho interesse real na festa. Nem mesmo na


pequena ruiva bonita que usa seus cotovelos para apertar seu
enorme bíceps cada vez que bate os cílios para mim enquanto
conversamos. Mas Jayce me pediu para ficar por aqui, pelo
menos até a garota que ele quer que eu conheça apareça.

Meu irmão mais velho não é do tipo ame-as e deixe-as.


Posso contar em uma mão o número de namoradas que ele já
teve, mesmo que atraí-las nunca tenha sido um problema. Jayce
é apenas o tipo sério. Muito disso vem do peso que ele carrega
sobre os ombros dos últimos anos antes da mamãe morrer. Ele se
recusou a viver no campus, mesmo recebendo o pacote completo,
incluindo hospedagem e alimentação. Depois que ela morreu, ele
ainda queria ficar em casa para ter certeza de que eu tinha um
lugar para voltar das férias da escola. Nosso tio praticamente teve
que forçá-lo a viver no campus e tentar se divertir.

“Quer outra cerveja?” Jayce grita para mim do outro lado


da cozinha. As pessoas estão jogando cerveja-pong onde estamos.

Balanço minha lata de um lado para o outro. Já que eu


estou cuidando dela, ainda tinha metade. “Estou bem. Obrigado.”
Ele sorri. “Devagar.”

Jayce volta e se apoia contra a pia da cozinha ao meu lado.


Ele segue a bola de plástico saltando na frente dele enquanto fala.
“Você falou com Derek ultimamente?”

“Sim. Ele está construindo um robô ou alguma merda que


eles fazem lá na terra de gênios. Espero que seja um robô
anatomicamente fêmea que possa fazer sexo, porque ele nunca
parece estar fazendo outra coisa senão estudando.”

Meu irmão inclina a cerveja para mim. “Tudo vai valer a


pena um dia. Derek vai ser rico, com uma mulher gostosa que
pensa que seu traseiro nerd anda na água. Você verá.”

Rio. “Veremos.”

“Como vão suas aulas?”

Sempre o irmão mais velho. “Bem. E você?”

“Fácil. Nada faltando, só eletivas, então estou passando a


maior parte do meu tempo tutoreando por dinheiro.”

Jayce encontrou a garota que ele gosta através de seu


trabalho de tutoria.

“Dinheiro? Você ainda está cobrando a Pearl, também?


Você deveria estar tendo um tipo diferente de pagamento agora,”
brinco e tomo o resto da minha cerveja. “Falando nisso, quem dá
o nome de Pearl a uma menina vinte anos atrás? Toda vez que diz
o nome dela, eu imagino você correndo atrás de alguma velha
senhora de cabelo azul como a Sra. Whitton que morava do outro
lado da rua.”

Meu irmão balança a cabeça e ri. “Você é um merda doente.


A Sra. Whitton tinha oitenta e cinco anos com uma bengala. Mas
Pearl é na verdade seu nome do meio. Provavelmente era da sua
avó ou algo assim. É apenas como todo mundo a chama.”

Um dos colegas de quarto do meu irmão grita do quintal.


“Delucia, venha aqui. Precisamos de alguém inteligente para
resolver uma coisa.”

Jayce bate sua lata de cerveja na minha. “Não é difícil ser o


inteligente nesta multidão. Já volto.”

Depois de cerveja espirrar nos meus sapatos duas vezes


dos jogadores bêbados bater na mesa de ping pong, decido tomar
um ar fresco. Uma vez que o quintal está lotado, saio para frente,
imaginando verificar meu telefone para ver se a Summer já saiu
da sua festa. Caminhando para a varanda, paro de procurar meu
telefone quando vejo duas meninas passeando pelo gramado.

Summer.

Ela está andando com outra menina, conversando, quando


olha para cima e nossos olhares se cruzam. Seus olhos arregalam
antes dela sair correndo para a varanda. A menina que ela estava
falando parece confusa a respeito do porquê ela de repente ser
deixada pendurada no meio da conversa.

Summer corre até as escadas e pula em meus braços.


Pensando melhor, esse poderia ter sido o momento em que eu me
apaixonei por ela. Meu coração está tão cheio de sua reação, para
não mencionar que as minhas mãos estão cheias de uma bunda
bem espetacular. Não nos beijamos naquele primeiro dia, apenas
sentado na fonte e conversado por horas. Então passamos as
últimas seis semanas chegando perto em um nível que nunca
tinha explorado com uma menina antes de dormir com ela.
Inferno, quem eu estava enganando? Eu nunca tinha me
incomodado depois de dormir com elas também. Após um grande
abraço com as longas pernas ao meu redor, puxo minha cabeça
para trás para dar uma boa olhada na minha garota. Não tinha
certeza de quando eu tinha começado a considerá-la minha
menina, mas ela é a mesma coisa. Curvilínea, lábios sorridentes
me convidando para prová-los. Envolvendo ambas as mãos em
volta de suas faces macias, fecho os meus lábios nos dela.

Não tenho ideia de quanto tempo dura, mas, finalmente, o


som de alguém limpando a garganta nos traz de volta à realidade.
Nós sorrimos como bobos um para o outro quando o beijo quebra.
Passo meu polegar sobre seu lábio inferior para consertar seu
brilho labial manchado.

“Umm... você dois se conhecem ou este é um dos seus


atrevimentos estúpidos?”

Summer sorri. “Hunter aqui pegou verdade na primeira vez


que eu perguntei a ele. E, na verdade, ele faz isso todo o tempo
desde então.”

Sua amiga sacode a cabeça. “Você e seus testes. Vou deixar


vocês dois voltarem para o que estavam fazendo. Vou encontrar
algo que não seja cerveja barata para bebermos.”

“Tudo bem. Obrigada. Nós vamos encontrá-la dentro de


alguns minutos.”

Quando sua amiga desaparece, pergunto o que ela quis


dizer com ela e seus testes.

“Quando eu estava na oitava série, um bando de rapazes


me pediu para jogar verdade ou desafio. Descobri que era o seu
pequeno truque para fazer as meninas fazerem coisas.
Eventualmente uma de nós iria pegar desafio porque queríamos
parecer legal, e então eles desafiavam a beijá-los. Então eu
comecei a usar o jogo para eliminar os rapazes que estavam
interessados apenas em uma coisa.”

“O que você quer dizer?”


“Se eu acho que um cara é bonito e tem potencial, eu lhe
peço para escolher verdade ou desafio. Se ele vai imediatamente
para desafio, é porque ele quer que eu retribua e escolha desafio,
e então ele vai me desafiar a fazer algo com ele ou para ele,
mostra que ele está mais interessado em brincar do que conhecer
um ao outro.”

Sua lógica era pouco tradicional, mas acho que ela meio
que tem um ponto. E merda, estou feliz que eu tinha escolhido
verdade no primeiro dia. “A maioria dos caras escolhe desafio?”

“Quase todos eles. Bem, não Gavin da minha aula de


conservação de arte. Ele escolheu verdade. Mas percebi que ele
realmente não contava alguns dias mais tarde quando conheci
seu namorado.” Ela inclina a cabeça e sorri para mim. “Você não
é gay, é?”

Sua bunda ainda está em minhas mãos com as pernas em


volta da minha cintura. Respondo mexendo meus quadris para
que ela possa sentir a minha ereção. “O que você acha?”

Summer ri. O som é incrível.

“O que você está fazendo aqui?” Pergunto. “Achei que íamos


nos encontrar depois que você fosse para a sua festa?”

“Eu ia te perguntar a mesma coisa. Você já foi à sua festa?”

Minhas sobrancelhas curvam para baixo. Eu aponto para a


casa. “Esta é a festa que eu estava indo. Esta é a festa que você
ia, também?”

Ela sorri. “Sim. Isso é tão engraçado. Você disse que ia para
uma festa da fraternidade, e eu disse que ia para uma festa fora
do campus. Não me dei conta de que ambos estávamos falando de
uma festa da fraternidade fora do campus.”
Meus olhos caem para seus lábios. “Eu quero sair daqui.
Levá-la... não sei... a qualquer lugar, menos aqui. Mas meu irmão
quer que eu conheça alguém.”

“Eu tenho que encontrar alguém, também. Talvez


possamos fugir logo depois.”

“Definitivamente.”

Tanto quanto odeio, abaixo Summer para o chão. A casa


está muito cheia com pessoas bêbadas para manobrar enquanto
carrego ela. Pego a mão dela. “Vamos. Deixe-me apresentá-la a
Jayce. Talvez sua garota já esteja aqui agora.”

“Isso é engraçado. O cara que vou encontrar chama Jayce


também.”

Às vezes você apenas sabe. Como a primeira vez que a


mamãe caiu. Ajudei-a e perguntei se ela estava bem. Mas algo
dentro de mim estava certo de que ela não tinha acabado de
tropeçar, mesmo que isso tenha sido o que ela disse.

Eu sabia a resposta antes de perguntar a Summer.

“Alguma chance do seu nome do meio ser Pearl?”

Ela torce o nariz pequeno. “Como você sabe disso?”


Eu mal posso me concentrar no jogo. Sexo, não amor.
Essas foram as mesmas palavras que Anna me disse sobre ter
um relacionamento com Hunter. Duas delas faz parecer tão
simples. Talvez seja. Talvez eu esteja tornando isso mais difícil do
que precisa ser. Afinal de contas, é o que terei com Marcus se
dormir com ele. Embora, não tenho certeza de que maneira
Marcus iria ver isso. Não que eu seja convencida em pensar que
Marcus já se apaixonou por mim, mas meu instinto me diz que
ele está à procura de um relacionamento. Claro, alguns homens
levam você para jantar algumas vezes e fingem que é o que eles
querem apenas para tirar suas roupas. Posso estar errada, mas
as intenções de Marcus parecem genuínas.

A parte de mim que quer dormir com Hunter justifica a sua


causa. Dormir com Marcus seria errado, você está enganando ele.
A coisa honesta a fazer seria romper as coisas e ter um
relacionamento puramente sexual com um homem que tem as
mesmas intenções. No entanto, a parte de mim que não quer
dormir com Hunter, meu cérebro, sabe que este homem poderia
quebrar meu coração. Eu estou atraída por ele, com certeza.
Quem não estaria? Mas é mais do que apenas físico. Eu
realmente gosto dele. Ele é engraçado, inteligente e gosta de
atividades ao ar livre. Para não mencionar que tem um vínculo
com Izzy, um cara tem que ser algo especial para combater a
revolta adolescente. Eu poderia estar consciente dos riscos e
impedir os sentimentos de crescer?
“Você quer alguma coisa?” Ouço Hunter dizer.

Viro para ele com confusão estampada em meu rosto.


“Hmm?”

“Você não ouviu uma palavra do que eu disse, não é?”

“Eu te ouvi.”

“Sim? O que eu perguntei?”

“Você perguntou se eu queria alguma coisa.”

“Antes disso.”

“Oh.”

Ele sorri e se inclina. “Pensando sobre o que eu disse


anteriormente no carro, não é?”

“Eu não estou.”

“Você está.”

“Não estou.”

“Você está.”

“Quantos anos você tem? Porque parece como se tivesse


sete.”

Hunter fica de pé. “O que você quer comer? Porque se me


deixar decidir, eu vou comprar um cachorro-quente para ver você
comê-lo.”

“Eu não estou com fome.” Não é até meus olhos seguir
Hunter descendo as arquibancadas que observo o jogo parado. É
o intervalo, e eu estava atordoada pela maior parte do primeiro
tempo do jogo.
Hunter volta com uma caixa marrom de pretzels e dois
refrigerantes ridiculamente grandes. Ele entrega um para mim.
“Então, o que você decidiu?”

“Acho que vou comer um pretzel já que você comprou para


mim.”

“Eu quis dizer sobre a minha proposta que você está


fantasiando durante a última meia hora.”

“Eu não estava...” penso melhor antes de protestar de novo,


o que levaria a uma nova rodada de imaturo não estou, você está,
e em vez disso, sou sincera. Revirando os olhos, digo, “Eu estava
avaliando todos os prós e contras na minha cabeça.”

Ele abaixa seu pretzel, tira o pó das suas mãos, e vira em


seu assento para me dar toda a sua atenção. “Fale sobre eles
comigo.”

“O que? Não.”

“Por que não?”

“Bem, para começar, este não é o lugar apropriado para


isso.” Olho para minha esquerda e direita. Embora ninguém
parece estar prestando atenção, eu certamente iria escutar essa
conversa se ouvisse isso nas arquibancadas.

“Ok. Então, onde é?”

“Em algum lugar mais privado.”

“Minha casa depois do jogo de hoje.”

“Não.”

“Por que não? Não pode confiar em si mesma?”

“Não seja ridículo. Vou ficar com Izzy, e eu disse a ela que
vamos às compras esta tarde após o jogo.”
“Amanhã então?”

“Encontro com Marcus.”

Hunter faz uma careta.

“Quando eu disse que estava pensando sobre os prós e


contras na minha cabeça, não quis dizer que queria sua ajuda.
Eu estava apenas sendo honesta.”

“Bem. Mas se você está pensando sobre os prós e contras


sem mim, quero defender o meu caso primeiro.”

Minhas sobrancelhas levantam. “Defender seu caso?”

“Sim. Você pode estar deixando de lado alguns fatores


críticos que iriam influenciar sua decisão.”

“Ah, é?” Rio. “Como o quê?”

“Bem, você deve saber que eu sou muito bom no que faço.”

“Todo homem pensa que é bom no que faz, Hunter.”

Ele me ignora. “E eu sou bem-dotado.”

“Mostre-me um homem que defende seu caso, dizendo ‘Eu


tenho um pau pequeno’.”

“Eu acredito que o sexo sem agradar indo para baixo em


uma mulher em primeiro lugar é falta de educação.”

Abro minha boca para dizer alguma coisa, mas nada sai.

Uma das mulheres sentada duas fileiras na nossa frente, se


vira e diz. “Se ela disser não, eu vou te dar meu número.”

Meu rosto fica vermelho, enquanto Hunter, sendo Hunter,


deslumbra a mulher com um sorriso e piscadela. “E eu nem
mesmo cheguei aos meus melhores pontos ainda.”
Felizmente, o árbitro sopra o apito anunciando o início do
jogo novamente, e o homem persistente sentado ao meu lado
redireciona seu foco. Eu, por outro lado, olho para frente, lutando
para seguir uma bola quicando. Tudo o que consigo pensar é
Deus, eu gosto de um homem com boas maneiras.

C
“Nós podemos ir ao shopping amanhã antes de ir para o
jantar de domingo?” Izzy pergunta da parte traseira do carro
alugado do Hunter. Estamos quase de volta à cidade depois de
ficarmos presos no trânsito.

Eu me viro. “Tenho planos para amanhã à tarde.”

“Oh. Está certo. O cara feio.”

Do canto do meu olho, vejo Hunter sorrindo.

“Marcus não é feio. Além disso, pensei que você precisava ir


ao shopping hoje para comprar alguns shorts de treino.”

Izzy encolhe os ombros. “Posso usar os que eu tenho por


mais algum tempo.”

Há uma razão se ela está desistindo de uma ida ao


shopping. “Tudo bem. Então, se nós esquecermos o shopping
hoje, você quer fazer outra coisa?”

Ela desvia o olhar. “Eu meio que quero ir para Beacon


assistir ao jogo de basquete dos meninos.”

“O jogo de basquete dos meninos?”


“Para técnica,” ela responde com mais persuasão. “É bom
assistir a outros jogadores para aprender as técnicas, certo,
Hunter?”

Os olhos de Hunter piscam para mim. Estreito os meus


para ele, e de alguma forma, temos dois segundos de conversa
sem palavras. “Assistir é sempre bom,” diz ele. “Mas você pode
querer assistir jogos de adultos então você não pega maus
hábitos de crianças do ensino médio.”

Tento não sorrir. É claro que eu vou deixá-la ir ao jogo em


vez de fazer compras comigo. Ela tem quinze anos e pertence com
seus amigos.

Hunter olha no espelho retrovisor em Izzy. “Que horas é o


jogo?”

“Acabou de começar.”

“Pensando bem, observação pode ser bom. Você pode


prestar atenção nas coisas que estão fazendo errado, como parte
do aprendizado.”

Izzy anuncia animada. “Isso é o que eu vou fazer. Você


pode me levar lá, Hunter?”

“Você não quer ir para casa e trocar de roupa?” Digo. “Você


está com seu uniforme ainda.”

“É um jogo de basquete. Há duas equipes com uniformes.”

“Eu não me importo de deixar ela lá,” Hunter diz. “Além


disso, isso nos dará a oportunidade de discutir o negócio que não
conseguimos ainda.”

Franzo minha testa. Então Hunter esclarece. “Prós e


contras.”
C
Hunter espera na frente da escola até Izzy entrar, e então
se vira para mim. “Na minha casa ou na sua?”

“Eu não vou fazer sexo com você.”

“Você quer dizer agora ou nunca?”

“Você disse...” Aprofundo a minha voz para imitar a sua


rouca. “...na sua casa ou na minha, e isso geralmente se refere à
casa de quem você vai para fazer sexo.”

“Então significa que isso está adiado, mas não para


sempre?”

Rio. “Por que não vamos almoçar? Devo-lhe pelo menos isso
por vir para dois jogos de basquete e desistir de sua manhã de
sábado.”

“Tudo bem.” Ele coloca o carro em movimento. “Vou aceitar


o almoço. Mas sei que não parece que desisti de nada esta
manhã, e também... eu vou pagar.”

C
Eu tinha comido um pretzel no jogo, então não estou com
tanta fome. “Vou pedir uma salada Caesar.”

A garçonete se vira para Hunter, que olha para mim. “Você


gosta de lula?”
“Sim.”

“Vamos querer uma porção de lula frita.”

“Ok.” Ela escreve o pedido em seu bloco.

Ele olha para mim novamente. “Você gosta de berinjela?”

“Sim, mas eu realmente não estou com fome.”

“Eu também não. Vamos compartilhar.”

“Ok.”

“Também queremos uma porção de berinjela assada com


molho.”

“Umm... pode cancelar a minha salada Caesar, então?”


Peço para a garçonete.

Depois que ela se afasta da nossa mesa, abro meu


guardanapo e coloco sobre meu colo, em seguida, tomo um gole
da minha água. Hunter me observa atentamente.

“O que?”

Ele encolhe os ombros. “Apenas olhando para você.”

“Bem, não faça isso.”

“Não olhar para você?” Ele arqueia uma sobrancelha. “É


meio difícil sentar em frente a alguém e ter uma conversa sem
olhar para ela.”

“Eu quis dizer, não olhe para mim assim.”

“Assim como?”

“Todo ardente e outras coisas.”

“Eu estou ardente?”


Exalo. “Podemos apenas almoçar como amigos? Sem
conversa sobre sexo, sem você parecer todo atraente e olhando
para mim, sem pressão.”

“Vou tentar. Mas parecer todo atraente é uma coisa que só


vem naturalmente.”

Nós rimos, e parece quebrar a tensão, até meu celular tocar


e eu olhar para a tela. Supervisor pisca na tela.

“Sinto muito. É o supervisor do meu prédio. Eu preciso


atender.”

Atendo, assumindo que é Jimmy, o cara da manutenção


regular. “Alô?”

“Minha inquilina favorita, ouvi que precisa dos meus


serviços?” A voz do outro lado faz minha pele arrepiar. Não é o
supervisor. É o estranho proprietário do edifício.

“Oh. Oi, Damon. Liguei para o supervisor esta manhã por


causa de um pequeno problema. Mas não é grande coisa. Eu não
acho que você precisa se envolver.”

“Você está em casa?”

“Não, na verdade, eu estou fora.”

“Que horas estará em casa? Vou dar uma olhada no


vazamento para você.”

Não tenho ideia de que horas Izzy estará em casa, e eu


tento evitar ficar sozinha com ele a todo custo. “Umm... não tenho
certeza quando estarei de volta. Provavelmente não por algumas
horas.”

“Por volta das cinco?”


Ugh. Por que o supervisor não pode consertar aquilo para
mim como ele faz para qualquer outro inquilino? “Não é
realmente grande coisa, Damon. Jimmy pode consertar quando
tiver tempo. Eu posso usar a pia do banheiro por agora.”

“Vejo você às cinco.”

“Posso chegar um pouco mais tarde.”

“Ligue-me quando você chegar em casa.”

Consigo reprimir um gemido. “Tudo bem.”

Depois que desligo, não posso esconder a minha frustração.

Hunter parece preocupado. “O que aconteceu? Tudo certo?”

“Você se lembra de quando eu disse que o melhor amigo do


meu marido foi agradável o suficiente para me ajudar a encontrar
um lugar para viver? Mas, em troca disso ele achava que eu
deveria dormir com ele?”

“Sim.”

“Bem, esse era o idiota no telefone. Damon é dono do meu


prédio. Eu temo qualquer momento que alguma coisa dá errado
no meu apartamento, porque em vez do supervisor vir consertar,
Damon insiste em aparecer. Ele não vai tão longe quanto tentar
alguma coisa comigo, mas tentou me beijar antes, e ele sempre
me chama para sair, e isso só me deixa muito desconfortável.”

A forma como a mandíbula de Hunter flexiona é cativante.


“Estou indo para casa com você mais tarde. Ele pode consertar a
pia enquanto eu estiver lá.”

“Isso não é necessário.”


“Não, isso é. E enquanto tenho sua atenção, preciso me
desculpar por ser um idiota insistente. Não percebi isso até que
você acabou de me contar sobre esse cara.”

“Você não é um idiota.” Sorrio. “Insistente, talvez. Mas não


é a mesma coisa. Nunca senti como se eu lhe disser não, e
parecer que eu quis dizer isso, você não vai recuar. Damon, por
outro lado, eu não confio. Nem gosto de estar na mesma sala que
ele.”

“Sim, bem, eu vou recuar de qualquer maneira. Você muda


de ideia sobre querer ser nada exceto amigos, estou aqui. Caso
contrário, eu vou aceitar.”

Por mais que eu tenha dito que é o que quero, e sabendo


que é para o melhor, me deixa triste. Forço um sorriso. “Ok.”

O resto do nosso almoço é bom, mas o clima


definitivamente mudou. Há quase um constrangimento com
nossa conversa. Hunter relaxa e começa a dizer algo encantador,
e então se controla e se arrepende disso. É como se ele não sabe
como ser amigo comigo. Em um determinado ponto, quando está
passando o dedo no topo do copo e parecendo excepcionalmente
manter a boca fechada, eu resolvo perguntar.

“Você não tem amigas mulheres, não é?”

Ele olha para cima esquecendo o copo. “Claro que eu tenho.


Sou amigo de muitas mulheres.”

“Quem?”

“Anna, por exemplo.”

“Ela não é sua amiga. Ela é a esposa do seu amigo.”

“Então, é um ou o outro?”

“Você tem mulheres solteiras das quais é amigo?”


“Certo. No trabalho.”

“Está bem. Quem?”

“Eu almoço com Renee do escritório às vezes. Ela é uma


gerente de projeto.”

“Ela está saindo com alguém?”

“Acho que não.”

“Qual a idade dela?”

Ele encolhe os ombros. “Perto dos sessenta, talvez.”

Balanço minha cabeça. “Ela não conta. Está segura. E


sobre alguma amiga solteira em seus vinte ou trinta anos?”

“Não. Mas há uma boa razão para isso.”

“Qual é a razão?”

“Homens e mulheres que estão em idade de acasalamento e


atraídos um pelo outro não podem ser amigos. É primitivo.”

Meus olhos se arregalam. “Você não pode estar falando


sério.”

Hunter recosta-se na cadeira. “O que eu faria com uma


mulher que sou atraído?”

“O que você quer dizer? O que você e seus amigos do sexo


masculino fazem?”

“Coisas ao ar livre. Eu gosto de escalar, mergulhar, jogar


golfe.”

“Então, por que você e eu não podemos fazer essas coisas


juntos?”
“Para começar, quando os rapazes e eu jogamos golfe e um
de nós tem que urinar, nós vamos atrás de um arbusto e
mijamos. Quando vamos escalar, não há melhor maneira de
comemorar chegar ao topo e mijar de cima da montanha.”

“Então, homens e mulheres não podem ser amigos por


causa da sua necessidade de urinar em público?”

“A última vez que fomos mergulhar, Derek cortou a mão em


um recife de coral. Nós enrolamos uma fita isolante em sua mão
para fechar o corte e voltamos para outro mergulho.
Provavelmente precisava de um ponto ou dois, mas se ele tivesse
ido para o hospital, nós teríamos o chamado de mulherzinha por
um mês.”

“E se eu estivesse mergulhando com você, você não iria


usar fita isolante?”

“Não. Iria levá-la para o hospital.”

“E se eu não quisesse ir?”

“Não daria a você uma escolha. Você se machuca, eu vou


cuidar de você.”

“Mas você não vai cuidar do seu melhor amigo, Derek?”

Hunter sorri. “Não.”

“Você é realmente um machista, sabia?”

“Cuidar de uma mulher é ser um cavalheiro.”

“Não quando você faz isso porque acha que seu sexo é
superior e a mulher não pode cuidar de si mesma.”

“Não disse isso. Você cortou sua mão, eu tenho certeza que
pode ir ao pronto-socorro. Mas eu gostaria de levá-la, no
entanto.”
Tomo um gole da bebida e sorrio. “Machista.”

Hunter se inclina. “Aposto que você pode dar a si mesma


um orgasmo. Mas eu prefiro ser o único a fode-la com minha
boca. Isso faz de mim um machista também?”

O pensamento dele me chupando, faz eu me contorcer em


minha cadeira, machista ou não. Claro, ele não poderia ser um
cavalheiro e deixar isso passar despercebido. Em vez disso, um
sorriso indecente curva os cantos de sua boca pecaminosa.

Estou feliz que a garçonete aparece e interrompe. Apesar do


meu protesto, Hunter paga a conta e então estende a mão.

“Venha, vou te levar para casa e ficar lá enquanto aquele


idiota do Damon conserta sua pia.”

“Você não tem que fazer isso.”

“Dê-me este ato cavalheiresco desde que você não vai me


deixar fazer o que eu realmente prefiro fazer para você.”
Acabou que eu não precisei ligar para Damon quando
cheguei em casa. Porque o idiota estava sentado no meu sofá
quando abri a porta da frente.

Assustada, salto para trás. Hunter, que está logo atrás de


mim, me pega e imediatamente me coloca atrás dele.

Cada músculo do seu corpo fica tenso quando fala, “Quem


diabos é você?” Hunter não é um homem que eu gostaria de
encontrar num beco escuro.

Damon levanta-se e olha de volta. “Damon Valente. Quem


diabos é você?”

Aperto o ombro de Hunter. “Está tudo bem. Esse é Damon.


Eu só não esperava que ele estivesse na casa.”

Hunter responde para mim falando com Damon. “Ele não


deveria estar. Como você entrou aqui?”

Damon é um idiota. “Eu sou dono do edifício. Temos chaves


para todos os apartamentos. Quem é esse cara, Nat?”

Sentindo a necessidade de difundir a situação, entro na


frente de Hunter e tento tornar isso menos embaraçoso. “Este é
Hunter Delucia.”

Damon abertamente analisa-o. “Sim? Eu sou o


proprietário, mas também um amigo do marido de Nat, Garrett.”
Largo minha bolsa e o corrijo. “Ex-marido.”

Hunter fecha a porta atrás dele e caminha para estender a


mão para Damon. Suspiro de alívio, pensando que Hunter vai
fazer bonito. Deveria saber que ele só queria chegar mais perto
para entender seu ponto de vista.

Ele espera até que a mão de Damon está na sua e olha


diretamente nos seus olhos enquanto fala. “Você não deveria
estar aqui quando Natália não está em casa.”

“Nat não se importa.”

“Na verdade, Damon, eu me importo.”

Os dois homens ainda estão de mãos dadas, mas é mais


parecido com um cumprimento antes de uma luta de boxe do que
uma apresentação. Preocupada com a tensão no rosto de Hunter,
desvio a atenção para o problema em questão. Embora algo me
diz que Hunter não acha que o problema em questão seja a pia da
cozinha.

Vou até a cozinha e abro as portas duplas do armário


debaixo da pia, revelando o balde agora meio cheio que eu tinha
colocado ali.

“Ele está enchendo mesmo sem soltar água. É pior quando


desce água. A primeira vez que isso aconteceu, não percebi até
que meus pés estavam ficando encharcados. Enchi o gabinete e
vazou em menos de um minuto. Então, estou supondo que há um
buraco em algum lugar ou algo assim.”

Deixo escapar uma respiração instável quando os dois


homens soltam as mãos e Damon vem até a cozinha. Ele coloca a
mão na parte inferior das minhas costas, com os dedos
estendidos muito perto da minha bunda, enquanto fica ao meu
lado. Alcanço e discretamente afasto sua mão.
Damon liga a água e se agacha para observar debaixo da
pia. “Sua vedação está vazando. O filtro está velho e corroído.
Precisa de um novo e massa de vidraceiro.” Ele se levanta e
desliga a água. “Vou providenciar um e voltar amanhã de manhã
para instalá-lo.”

Hunter está na porta, seus ombros ocupando quase todo o


espaço. “Eu cuidarei disso.”

Damon vira. “É parte da locação dela. Landlord cuida da


canalização, eletricidade e aquecimento. Além disso, eu prometi
ao meu amigo que iria cuidar da sua mulher enquanto ele não
está por perto.”

Os olhos de Hunter seguem para mim e depois para


Damon. Sua mandíbula está totalmente rígida. “Ex-mulher. E
você pode deixar seu amigo saber, Natalia está sendo cuidada
muito bem.”

O rosto de Damon aquece. Mas Hunter é mais jovem,


maior, mais forte, e seu tom não deixa espaço para negociação.
Chateado, ele volta sua atenção para mim. “Não desperdice meu
tempo se você vai conseguir alguém para fazer o trabalho
sozinha.”

A porta se fecha um minuto depois. Hunter passa os dedos


pelos cabelos. “Desculpe-me por isso.”

“Desculpe? Duvido muito que o idiota vai se intrometer por


aí mais. Eu não posso agradecer o suficiente.”

“O cara é um canalha.”

“Ele certamente é. Acho que se eu tivesse conhecido Damon


no mesmo dia em que conheci Garrett, eu poderia ter pensado
duas vezes sobre o caráter do meu ex-marido antes que a verdade
me atingisse na cabeça alguns anos mais tarde. Você pode dizer
muito sobre uma pessoa por conhecer seu melhor amigo.”

Hunter concorda. “Concordo.” Ele encontra meus olhos.


“Para o registro, eu acho Anna ótima.”

Deus, este homem poderia derreter o gelo com aqueles


olhos. “Derek é muito legal também.”

C
Mesmo eu dizendo que vou chamar um encanador para
consertar o vazamento, Hunter insiste que não é tão difícil e pode
consertá-lo facilmente. Assim, enquanto ele sai para comprar o
que precisa, tiro tudo debaixo da pia e decido assar para ele
alguns brownies. Eles já estão fora do forno e quase frios quando
Hunter volta, mesmo que a loja que indiquei para ele seja há
apenas uma quadra.

Ele segura duas sacolas quando entra. “Cheira bem aqui.”

“Eu fiz brownies para você. Você gastou tempo ajudando


Izzy e pagou o jantar no seu aniversário e almoço hoje. Vai
arrumar a minha pia. Sem mencionar que me levou para
Califórnia e me deixou ficar em sua casa. É o mínimo que eu
posso fazer.”

“Não é necessário.” Ele estende a mão para o prato, pega


um brownie, e enfia-o na boca. “Mas se você estiver em um
estado de espírito de doações, eu posso pensar em algumas
outras maneiras que pode me pagar.”
Antes que eu possa responder, ele balança a cabeça. “Uau.
Eu realmente não consigo impedir minha boca, mesmo quando
tento. Espero que você estava sendo honesta quando disse que eu
não sou como aquele idiota do Damon.”

“Você não é nada parecido com aquele canalha,” asseguro a


ele. “Estou feliz que você está de volta ao seu estado normal,
pervertido. Essa meia hora que você praticou autocontrole foi
horrível.”

Hunter desabotoa a camisa e pisca. “Eu sabia que você


gostava da minha boca suja.”

Vestindo apenas uma camiseta branca, ele está pronto para


arrumar a pia. Despeja o conteúdo de uma das sacolas no balcão
e abre um monte de peças de encanamento embalado
individualmente em sacos plásticos antes de colocá-los no chão
onde está trabalhando. Assim que coloca no lugar e enfia a
cabeça no armário, o gato de Izzy aparece do nada e corre através
da sala, saltando e pulando sobre Hunter durante sua
perseguição aleatória do ar. As garras sobre seu abdômen fazem
Hunter saltar na posição vertical, e ele bate com a cabeça no
armário enquanto se senta. “Que raio foi aquilo?”

Vou até lá e pego o felino louco. “Desculpa. Você está bem?


Isso foi o gato de Izzy. Ele não sai muitas vezes. Ele é tímido.”

Hunter coça a cabeça, em seguida, ergue os olhos para o


gato na minha mão. Seus olhos se arregalam. “Ele tem... um
olho?”

Acaricio o topo da sua cabeça. “Sim. Ele era um gato de rua


que Izzy costumava alimentar quando vivia com sua mãe. Deve
ter entrado em uma briga e perdeu-o em algum momento. Ele não
tem rabo também.”

“Esse é um gato feio.”


“Ei, seja agradável. Catpernicus tem sentimentos também.”

Hunter arqueia uma sobrancelha. “Catpernicus?”

“Izzy gosta de astronomia. Nós o chamamos de Cat como


apelido. Ele gosta de dormir no armário. Coitado se enfia na pilha
de roupa de adolescente suja no quarto dela. Acho que
provavelmente ele tinha uma vida difícil nas ruas.”

Afundo minhas unhas no topo da cabeça de Catpernicus, e


ele se empurra e lambe o interior do meu pulso enquanto começa
a ronronar.

Hunter resmunga, “Bichano sortudo,” e volta sob a pia.

Quinze minutos depois, minha pia está consertada.

“Eu realmente não posso agradecer o suficiente.”

“Não tem problema.” Hunter lava as mãos e agarra a outra


sacola, que agora percebo que ainda está cheia.

“Você comprou peças extras caso precisasse delas?”

“Não. Tem uma chave de fenda?”

“Claro.” Procuro na gaveta da bagunça e pego uma


enquanto Hunter esvazia o conteúdo da sacola. Dentro há uma
fechadura Baldwin e um conjunto de chaves.

“Mudar a fechadura da sua porta da frente, já que estou


nisso, então aquele idiota não pode entrar sozinho enquanto você
estiver no chuveiro um dia desses.”

Eu nunca tinha pensado nisso. Mas agora que ele diz,


estou feliz que evai fazer isso, porque não iria dormir esta noite
com essa ideia plantada na minha cabeça.

“Uau. Sim. Obrigada. Isso é ótimo.”


C
“Eu tenho que ir.” Hunter termina a cerveja que dei a ele
depois que terminou o conserto da pia e trocou a fechadura da
porta. Já que Izzy mandou uma mensagem que ia para sua amiga
depois do jogo de basquete dos meninos, não tenho nada que
preciso fazer pelo resto da tarde ou à noite.

“Você quer ficar e assistir a um filme ou algo assim? Eu


poderia preparar um jantar tardio já que almoçamos mais tarde?”

Hunter vem onde estou para jogar fora a garrafa de cerveja,


em seguida, afasta uma mecha de cabelo do meu rosto. “Eu devo
ir.”

Sua mão permanece na minha bochecha, seu polegar


acariciando a minha pele quando nossos olhos se encontram.
Deus, eu o quero tanto que dói. Anseio que sua outra mão segure
meu rosto do jeito que ele fez durante os beijos que
compartilhamos. Foi tão íntimo, tão apaixonado. Mas, como
sempre, o medo me impede de lhe dizer isso ou agir com meus
sentimentos.

Hunter percebe o medo em meus olhos e acena com um


sorriso triste. “Eu definitivamente devo ir.”

Nós caminhamos para a porta em silêncio. Quando ele


abre, uma sensação de pânico toma conta de mim. “Você vai para
o jantar da mãe amanhã, certo? Ela convidou você?”

“Ela convidou. Mas vou dizer a ela que eu não posso fazer
isso. Você deveria levar seu encontro, em vez disso.”
Meu encontro. Eu tenho zero desejo de levar Marcus para
mamãe. Na verdade, tenho zero desejo de Marcus. Ao contrário do
homem que está na minha frente.

“Vou ver você de novo?”

“Estou aqui por dois meses. Se precisar de algo, me ligue.


Além disso, vou verificar como está o aprimoramento das
estatísticas de Izzy.” Ele estende a mão, pela primeira vez, em vez
de me beijar como tinha feito todas as outras vezes que se
despediu. “Amigos, sem sexo?”

Não é exatamente tão atraente como sexo, não amor, mas é


o que eu posso lidar agora. Coloco minha mão na sua. “Amigos,
sem sexo.”
“Você realmente está incrível. Eu não posso tirar meus
olhos de você. Meu amigo vai se sentir insultado que não estou
olhando para as pinturas dele.”

Eu me esforcei ao máximo me preparando para meu


encontro com Marcus. Depois de uma noite sentindo melancolia
depois que Hunter saiu, decido que talvez se eu me arrumar,
posso me sentir melhor sobre meu encontro. Infelizmente, isso
não está funcionando.

“Obrigada.” Forço um sorriso.

Marcus e eu nos movemos para a próxima obra de arte, e


meu primeiro sorriso genuíno do dia aparece. Seu amigo é um
pintor talentoso. A maioria de suas peças é surrealista, com o
foco em um objeto exagerado que ele puxou de um filme clássico.
A caixa para o filme que inspirou cada pintura estabelecida em
uma prateleira por baixo de cada trabalho. Esta pintura
particular é do filme de terror culto The Birds. A caixa de filme
tem um enxame de pássaros voando em torno da cabeça de uma
mulher apavorada. Mas a pintura mostra um enxame de gaiolas
que estão caindo aos pedaços com pregos dobrados pendurados
por todo lado, e em vez de uma mulher que parece apavorada, há
um homem assustado com arranhões de unhas em todo o rosto.

“Tenho um amigo que iria se divertir com isso. Você acha


que o artista se importaria se eu tirar uma foto?”
“Não, não mesmo. Há um sinal perto da porta dizendo que
o artista aprecia compartilhar, mas não réplicas.”

Pego meu celular da bolsa e tiro algumas fotos, com a


intenção de enviá-las para Hunter mais tarde. Não percebo que
estou sorrindo o tempo todo até que Marcus me traz de volta à
realidade.

“Seu sorriso é contagiante. O que isso lembra você?”

“Meu amigo H...” interrompo bem a tempo de dizer o nome


Hunter, lembrando que Marcus tinha mencionado minhas
conversas sobre ele as duas últimas vezes que estivemos juntos...
“meu amigo teve uma má experiência com uma casa de
passarinho,” digo.

Depois disso, meus ombros despencam pelo resto do tempo


que nós olhamos para a exposição. Preciso desistir disso com
Marcus. Nenhuma quantidade de força vai me deixar atraída por
ele. Certo alguém arruinou isso para mim. Além disso, ele é um
cara muito agradável para desrespeitar. Então espero até o final
da exposição de arte. Ele se oferece para me levar em casa,
sabendo que tenho planos para o jantar semanal na minha mãe.

“Você é um cara muito legal, Marcus.” Começo.

Seu sorriso desaparece. “Uh-oh. Por mais que isso soe


como um elogio, isso nunca é uma boa frase para ouvir em um
encontro.”

Eu me sinto mal, mas é o melhor. “Sinto muito. Eu


realmente sinto. Você é um ótimo cara que merece uma mulher
que esteja animada por estar com você e que queira um
relacionamento.”

“E essa mulher não é você?”

Balanço minha cabeça. “Não. Sinto muito. Não é.”


“Há mais alguém?”

Pelo menos eu não preciso mentir sobre isso. Não no


sentido físico de qualquer maneira. “Não.”

Marcus passa os dedos pelo cabelo. “Ok.” Ele olha para o


chão. “Amigos, eu acho?”

“Eu gostaria disso.” Nós nos abraçamos e nos despedimos.


Já que é um belo dia, decido ir para casa clarear minha cabeça.
Não faço sexo em quase dois anos e acabei de dispensar um
participante voluntário porque sei que ele está interessado em
mais do que apenas sexo. Tenho censurado Hunter, que também
é um participante voluntário porque tenho medo que eu não
possa manter isso apenas no sexo. Basicamente, acabo de
destruir duas chances para satisfazer a minha libido por causa
do medo de relacionamentos. Neste ponto, estaria melhor saindo
para um bar, pegando um belo estranho, e tendo o mínimo de
conversa que poderia acabar antes de chegar ao sexo.

C
Minha mãe é implacável quando está no rastro de um
solteirão recente que pode dar a ela mais netos. Mas quando
mamãe e minhas irmãs estão todas de um lado, é mais do que eu
posso lidar. Escapando para o quintal sozinha depois do jantar,
sento no balanço no deck dos fundos. Não fico surpresa quando
minha mãe me segue.

“Ei. Você não parece você esta noite.”

“Bem, vocês não são exatamente uma multidão fácil.”

“Nós só queremos o que é melhor para você.”


Respiro fundo e exalo. “Eu sei, mãe.”

Ficamos em silêncio por alguns minutos antes de falar


novamente. Sua voz é mais suave do que o habitual quando
começa. “Eu lamento nunca ter me casado novamente.”

Isso me pega de surpresa. “Você lamenta?”

Mamãe concorda.

“Então, por que não casou?”

“Eu estava com medo de confiar em alguém. Você conhece


o velho ditado de que é mais fácil reavaliar claramente as ações
do passado do que quando estão sendo feitas?”

“Sim.”

“Bem, não era para mim. Por anos olhei para o meu
relacionamento com seu pai procurando por sinais que eu tinha
perdido. Mas, mesmo em retrospectiva, não consigo ver nenhum.
O mesmo vale para a minha amizade com Margie. Até hoje, não
sei como aquela mulher me olhou no rosto e nunca mostrou
quaisquer sinais de que estava dormindo com meu marido. Acho
que se eu tivesse sido capaz de ver isso após o fato, teria sido
mais fácil para mim confiar novamente. Posso ter atribuído isso
em perder os sinais. Mas sem isso, eu estava com medo que seria
surpreendida novamente.”

Eu entendo isso. Olho para trás procurando os sinais que


Garrett não deveria ter sido confiável um milhão de vezes, sem
mencionar que eu não tinha visto o que aconteceu entre os meus
pais surgindo também.

“É difícil passar de um erro sem saber qual foi o seu erro.”

Minha mãe balança a cabeça. “O primeiro passo é não


pensar que é o seu erro, Natalia. Precisei de anos para parar de
pensar, se eu tivesse sido mais elegante, ou mesmo melhorado
minha aparência antes dele chegar em casa à noite, ou até
mesmo sido mais aventureira no quarto, talvez ele não teria me
traído. Mas você sabe o que?”

“O que?”

“Nada disso teria mudado alguma coisa. Porque nunca foi


sobre mim. Era sobre ele, suas próprias insuficiências que o
faziam precisar provar algo para si mesmo. Eu era uma boa
esposa.”

Sinto um peso sobre meu peito. “Sinto muito que ele fez
isso com você, mãe.”

Ela sorri tristemente. “Da mesma forma. Odeio o que


Garrett fez com você. Mas o maior presente que uma mãe pode
dar, é ensinar seu filho. Eu quero que você aprenda com meus
erros, querida. Siga em frente. É por isso que eu pressiono tanto
você para encontrar alguém novo. Quando você passa muito
tempo olhando para trás e tentando descobrir o que deu errado,
você está perdendo de avançar.”

“Eu só preciso me concentrar em minha carreira e Izzy


agora, mãe.”

Ela sorri. “Tudo bem, querida. Qualquer coisa que você


diga. Embora essa coisa esteja indo muito bem, se você me
perguntar.”

Minhas irmãs atravessam a porta de trás, efetivamente


terminando a conversa. Mas minha mãe me deu muito que
pensar.

Ela está certa de que eu também passei muito tempo


focando nos sinais perdidos que meu marido não é o homem que
eu achava que era. Talvez fosse hora de me concentrar em
encontrar a paz com quem ele é e seguir em frente.

Mas é mais fácil admitir que mantenho as pessoas à


distância porque estou com medo de me machucar pela mesma
coisa, do que admitir que estou com medo de me machucar.
Hunter Delucia

Isso é o que o endereço do remetente diz sobre o pacote que


estou olhando desde que o carteiro entregou. Apenas ver o seu
nome, olhando para a caligrafia grosseira, me faz mais feliz do
que tenho sido na última semana e meia.

Hunter manteve a sua palavra de não fazer contato,


passando a bola para mim. E mesmo que eu tenha pensado sobre
ele mais do que algumas vezes a cada dia, ainda não tomei a
iniciativa de estender a mão.

Sento na minha mesa, no meu escritório em casa,


digitando notas sobre Minnie Falk, uma paciente com transtorno
de contagem constante. Ao contrário de muitos pacientes, ela não
tem um medo específico do que pode acontecer com ela se não
realizar seus rituais de contagem. No entanto, ela sofre um
profundo sentimento de não conclusão quando não faz muitas
das suas tarefas em conjuntos de quatro.

Inclino para trás na minha cadeira com o pacote ainda em


minhas mãos e respiro fundo. Meus medos de Hunter são
realmente diferentes dos medos de Minnie. Penso obsessivamente
sobre o homem, sinto compulsão de falar com ele todos os dias, e
tenho um profundo sentimento de não conclusão quando não
faço.

Qual tinha sido meu conselho para Minnie esta semana?


Nós começamos um trabalho de interromper seu padrão.
Ela parou de fumar há alguns anos e recentemente começou de
novo quando sua irmã faleceu. Embora eu teria amado ela parar
completamente, meu trabalho é trabalhar com ela em seu
comportamento de TOC, então me concentro em seu hábito de
quatro cigarros seguidos. Hoje trabalhamos em mudar esse
padrão com o primeiro passo para mudar sua compulsão.
Enquanto ela ainda fuma seus quatro cigarros seguidos, eu a faço
esperar sessenta segundos entre fumar o primeiro e acender o
segundo cigarro. E depois o terceiro, eu a faço comer um lanche
rápido, apenas um pedaço de queijo para quebrar o padrão um
pouco mais.

Talvez esse contato, um pacote, me dará algum alívio dos


sentimentos instáveis que tenho nos últimos tempos, mas ainda
manterá alguma distância entre Hunter e eu. Ansiosa por alívio,
abro a caixa como uma criança na manhã de Natal.

Dentro tem o que parece ser uma braçadeira de pulso preta


de algum tipo. King Wrap Strap 22 . Abaixo do nome tem uma
descrição do produto. Confortavelmente imobiliza o pulso e o
polegar de mudar de posição imediatamente. Debaixo dele há uma
nota sobre um pedaço de papel timbrado da Khaill-Jergin, a
empresa onde Hunter trabalha. A caligrafia combina com o
homem, muito sombrio, parece que ele tem uma mão pesada com
uma caneta, e traços inclinados altos, parecendo masculino.
Estou louca por pensar que sua caligrafia é sexy? A nota em si é
curta e doce, mas acerta o alvo.

Agora você tem uma razão para pensar em mim.

Sorrio de orelha a orelha como uma idiota. É tão doce que


tenha enviado para Izzy a alça de arremesso que ele comentou
com ela. Na verdade, em geral, desde o dia que eu o conheci,

22 Pulseira para melhorar no basquete.


Hunter tem sido nada menos do que doce. Claro, ele é atrevido e
bruto, mas mesmo isso tem uma doçura estranha.

É quase impossível terminar qualquer trabalho pelo resto


da tarde. Pego e solto meu telefone, pensando sobre ligar para ele,
dez vezes diferentes.

Devo ligar para dizer obrigada.

Não, devo pedir para Izzy ligar.

Mas seria rude da minha parte não ligar. Afinal, ele enviou o
pacote para mim.

Embora o conteúdo seja para Izzy.

Vou ligar.

Atenda o telefone. Desligo trinta segundos depois.

Isto é ridículo. Onde estão minhas maneiras? Eu tenho que


ligar.

Eventualmente, depois de debater comigo mesma por quase


meia hora, preparo uma mensagem simples:

Natalia: Acabei de receber o pacote. Izzy vai ficar tão


animada. Foi muito gentil da sua parte enviar. Eu poderia até
conseguir um sorriso de uma jovem de quinze anos esta noite.

Os pontos começam a saltar na tela quase imediatamente.


Meu coração acelera com antecipação.

Hunter: Excelente. E a madrasta dela está sorrindo esses


dias?

Não tenho ideia de como responder a isso. A verdade é que


eu realmente senti falta de estar perto dele. Enquanto estou
sentada na minha mesa, contemplando a minha resposta
mordendo meu lábio inferior, outra mensagem aparece.
Hunter: Pare de pensar em como responder e use a
honestidade.

Natalia: Ocupada. Estive ocupada.

Hunter: Isso não responde à minha pergunta, Natalia.

Não sei por que decido escrever o que veio a seguir.

Natalia: Terminei as coisas com Marcus.

Sua resposta é imediata.

Hunter: Janta comigo.

Natalia: Apenas jantar?

Hunter: Bem, eu prefiro comer você. Mas se isso não é


uma opção, vou aceitar compartilhar uma refeição.

A vibração familiar invade minha barriga. Ele é tão simples


e diferente de qualquer homem que eu já namorei.

Natalia: Quando?

Hunter: Amanhã à noite. Eu vou buscá-la às sete.

Natalia: Ok. Mas não é um encontro, certo? Somos apenas


dois amigos que vão jantar.

Hunter: Coloque qualquer rótulo nisso que te faça feliz,


ervilha doce. Mas vista algo sexy.

C
“Você cheira tão bom pra caralho.” Quase choramingo com
o som da sua voz rouca no meu ouvido. Fiel à forma, Hunter me
puxa contra ele na hora que abro a porta da frente. Envolvendo-
me em um abraço que quase me esmaga, seu hálito quente faz
cócegas no meu pescoço enquanto fala.

Jesus Cristo. Tenha os quatro cigarros em uma sequência,


Minnie, se isso lhe dá este tipo de alívio.

“Obrigada,” consigo falar depois que limpo minha garganta.


“Entre. Você está alguns minutos adiantado, e Izzy ainda não
chegou em casa. Eu não gosto de ela voltar para uma casa vazia
se posso evitar isso. Ela geralmente não chega tão tarde. Tenho
certeza que não vai demorar muito.”

Fecho a porta atrás dele e caminho até a cozinha,


precisando de um pouco de espaço. Olhando por cima do meu
ombro, eu me viro para perguntar se ele quer um copo de vinho e
encontro os olhos de Hunter colados à minha bunda.

Levanto uma sobrancelha em questão quando finalmente


encontra os meus olhos. Claro, ele não se incomoda em fingir que
não tinha acontecido. Esse não é seu estilo.

“Você tem uma bunda grande,” diz em vez disso.

“Isso não está começando como dois amigos indo jantar.


Você está aqui há trinta segundos, e já me disse quão bom é o
meu cheiro enquanto pressionou nossos corpos juntos e
comentou sobre a minha bunda.”

“Eu não disse que esse seria um jantar como amigos.” Ele
encolhe os ombros. “Você disse. Além disso, você está usando
perfume e um vestido que é sexy pra caralho. Você está pronta
para um encontro.”

Reviro os olhos e continuo a colocar essa distância entre


nós. “Você gostaria de um copo de vinho ou não?”

“Claro.”
Ele me segue até a cozinha. Parando do outro lado da
geladeira, ele se encosta no balcão com uma postura confiante.

Erguendo o queixo em direção à pia, pergunta, “Como está


o encanamento? Sem vazamentos?”

Destampo o vinho que eu tinha aberto ontem e sirvo dois


copos. “Não. Tudo bem.”

Quando lhe entrego um copo, ele chama minha atenção.


“Damon apareceu de novo?”

“Não. Acho que você o assustou afinal.”

“Bom.”

Tomo um gole de vinho. “Então, para onde vamos hoje à


noite?”

“One if by Land, Two if by Sea23.”

“Em Barrow?”

“Esse mesmo.”

“Eu passo por lá o tempo todo. Tenho um cliente nas


proximidades.” Estreito os olhos. “Parece romântico do lado de
fora.”

“Vi isso na revista Architectural Digest alguns anos atrás.


Pretendia ir. Mas não tive a chance.”

“Pensei que você vinha para Nova York o tempo todo.”

“Eu venho. Significa que não havia ninguém que eu queria


levar lá.”

Deus, ele é doce sem sequer tentar.

23One if by Land, Two if by Sea é um excelente restaurante localizado na 17 Barrow Street (entre a
Seventh Avenue South e a West 4th Street) no West Village do bairro de Manhattan em Nova York. É
considerado um dos restaurantes mais românticos de Nova York.
Suas palavras, juntamente com aquele olhar intenso, me
fazem contorcer. Pego meu telefone do balcão. “Eu me pergunto
onde Izzy está. Ela normalmente não demora muito. Que horas é
a nossa reserva?”

Antes que Hunter possa responder, a porta da frente abre e


fecha.

“Eu estava começando a imagi...” O rosto dela interrompe


minha frase. Está vermelho e manchado, e seus olhos estão
inchados. Ela definitivamente estava chorando. Vou até ela. “O
que aconteceu? Você está bem?”

“Tudo bem,” ela diz rapidamente.

Hunter e eu nos entreolhamos. Seu rosto despreocupado de


um momento atrás desapareceu, substituído por raiva letal.

“Izzy,” digo. “Você precisa me dar mais do que isso. Alguém


incomodou você no caminho de casa?”

Pela primeira vez, ela nota que Hunter está em nosso


apartamento. Ela também nota o olhar no seu rosto e parece
perceber que o homem está pronto para matar alguém, se ela não
o acalmar.

“Oh. Não. Nada disso.”

Solto um suspiro pesado. “Então o que aconteceu? Você


está atrasada, e estava claramente chorando.”

“Eu não quero falar sobre isso.”

“Você tem certeza?”

Izzy se joga no sofá sem remover sua mochila. “Uma das


meninas da equipe de basquete estava falando sobre o pai.”

Sento ao lado dela. “Como o quê?”


“Aparentemente o pai dela era um investidor do papai, e
quando enviaram para casa a lista de jogadores para a equipe,
eles listaram você e papai como os meus contatos de emergência.
O pai dela viu o nome, me viu no jogo, e desde que pareço muito
com papai, ele soube. Agora todo mundo sabe que meu pai é um
criminoso.” Lágrimas enchem seus grandes olhos castanhos. “E
isso não é tudo.”

Oh Deus. Mais? Não tenho certeza se meu coração pode


aceitar mais lágrimas transbordando. Izzy é uma garota forte. Ela
não chorava desde a audiência de sentença do seu pai e, mesmo
assim, ela escondeu de todos.

“O que mais aconteceu, querida?”

“Yakshit vai ao baile com Brittany.”

“Qual baile?”

“A dança Sadie Hawkins.”

“Isso não é uma dança onde as garotas convidam os


garotos?”

“Sim.”

“Eu nem sabia que você convidou Yakshit para ir com


você.”

As lágrimas transbordam. “Eu não chamei.”

“Oh, querida.” Puxo Izzy para um abraço.

Ela se esforça para esconder os soluços. Não há nenhum


som, mas seus ombros começam a tremer. Ficamos assim por
uns sólidos dez minutos, ela soluçando e me deixando segurá-la.
Odeio a causa da sua dor, mas estou feliz de poder lhe dar todo o
conforto que ela permita.
Quando ela funga o fim de suas lágrimas, afasto o cabelo
úmido do seu rosto. “O que eu posso fazer para você se sentir
melhor?”

“Eu só quero comer e ir para a cama.”

Hunter tinha recuado para a cozinha. Assumi que foi para


nos dar privacidade. Olho para ele com uma cara de desculpas
assim quando ele olha para cima tirando atenção do seu telefone.

“Oi, Hunter.” Izzy força um sorriso. “Usei a minha cinta J


hoje no treino. Obrigada por enviá-la.”

Ele concorda. “Sem problemas. Espero que ajude.”

Izzy percebe o que estou vestindo. “Vocês vão sair?”

Respondo que não no momento exato que Hunter responde


que sim. Isso a faz sorrir.

Levanta do sofá, finalmente removendo sua mochila antes


de ir para a geladeira. “O que tem para comer?”

Hunter responde. “Você gosta de comida italiana?”

Seu espírito se anima. “Nat fez molho?”

Vou até a cozinha. “Não, desculpe. Fiz um sanduiche com


peru e abacate.”

Ela tenta disfarçar sua decepção. “Tudo bem.”

“Vamos. Deixa o sanduiche para o almoço de amanhã,” diz


Hunter. “Vamos comer lasanha e almôndegas.”

“Sério?” Os olhos de Izzy provocam um vislumbre de


felicidade.

Ele olha para mim ao responder. “Eu não brinco com


comida.”
“Eu preciso trocar de roupa?”

“Não. Você vai ser a garota mais bonita da sala, mesmo


após o treino de basquete.”

Senhor, desmaio. A única coisa mais doce do que seus


elogios para mim é ele dizendo um para minha Izzy.

C
“Estes são tão bons quanto da Nanna Rossi.” Izzy enfia
outra almôndega em sua boca e com isso fala de boca cheia. “Não
diga a ela que eu disse isso.”

“Não vou. Contanto que seu quarto esteja arrumado a cada


domingo, antes de ir para o jantar.” Nada como um pouco de
suborno.

“Simplesmente vou negar que eu disse isso.”

Aponto meu garfo através da mesa para Hunter. “Eu tenho


uma testemunha.”

Hunter balança a cabeça. “Eu não ouvi nada. Você disse


algo, garota?”

Izzy mostra suas covinhas, enquanto balança a cabeça.


“Não. Não disse uma palavra.”

Os dois estão unidos contra mim desde que saímos de


casa. Eu não me importo, especialmente desde que parece fazer
Izzy esquecer seu dia terrível.

“Você é italiano também, Hunter?”


Ele concorda. “Sou.”

“Sua mãe fazia um grande jantar no domingo à noite como


Nanna Rossi?”

“Não, ela não fazia. Minha mãe estava muito doente quando
eu estava crescendo.”

“Oh. A minha estava também. Ela tinha câncer.” Izzy me


surpreendeu muito, hoje, com toda a sua abertura. “Sua mãe
morreu?”

“Izzy,” Tento lembrá-la suavemente de suas maneiras. “Isso


não é conversa para o jantar.”

“Está tudo bem. Eu não me importo,” diz Hunter, voltando


sua atenção para Izzy. “Ela morreu quando eu tinha dezessete
anos.”

“Estava doente por um longo tempo? Minha mãe só ficou


doente por, assim, um ano. Ela tinha carcinoma brônquico, eles
chamam isso de câncer de células pequenas. Quase ninguém
desenvolve a menos que fumem. Minha mãe nunca fumou.”

Carcinoma brônquico de células pequenas não devia ser


conversa tão simples para uma garota de quinze anos.

“Minha mãe ficou doente por alguns anos. Mas ela não foi
ao médico. Ela não cuidou de si mesma.”

Izzy ergue a mão para mostrar sua pulseira. Ela usa todos
os dias. “Isso era da minha mãe. Meu pai comprou para ela a
maioria destes.” Ela toca através das argolas pendentes até que
encontra a cor de pérola. “Nat me comprou essa no último ano no
aniversário da minha mãe. É a argola que representa o câncer do
pulmão. Existe uma argola para o que sua mãe teve?”
Hunter olha para o seu próprio pulso. “Não que eu saiba.
Mas a minha mãe fez esta pulseira.” Ele usa uma pulseira bonita,
couro trançado com uma corda fina de prata entrelaçados através
dele. Eu tinha notado isso antes. “Ela costumava fazer um monte
de projetos de artesanato, quando não podia sair da cama.”

Deus, esse é o encontro mais estranho. Estamos sentados


em um restaurante chique e romântico com uma garota de quinze
anos, discutindo a morte. E... Nem sequer deveria ser um
encontro.

Izzy franze a testa. “A mãe de Yakshit morreu cedo,


também. Ela também não foi aos médicos.”

Hunter e eu trocamos olhares. “Parece que vocês dois são


próximos,” ele diz.

“Fomos. Até que ele decidiu ir ao baile com Brittany.”

Izzy tão raramente me permite acesso a suas emoções.


Salto sobre a oportunidade de entender o que está acontecendo
em sua cabeça adolescente.

“Por que não convidou Yakshit para o baile se você queria ir


com ele?”

Ela encolhe os ombros e empurra massas em torno do seu


prato com o garfo. Sua voz está um tom vulnerável que eu
raramente ouço. “Eu estava com medo.”

“Com medo de que ele iria dizer não?”

Ela balança a cabeça. “Mas agora ele gosta da Brittany.”

“Talvez não. Às vezes as pessoas dizem sim apenas para ter


um encontro.”

Izzy olha para cima com um vislumbre de esperança em


seus olhos tristes. “Como você e Marcus?”
Meus olhos alcançam o sorriso no rosto de Hunter.
Suspiro. “Sim. Tipo isso. Ele era bom, então eu saí com ele e dei-
lhe uma chance.” Aperto a mão de Izzy. “Você é jovem. Não estou
dizendo que você deve chamar cada garoto bonito na escola. Mas
se for o baile Sadie Hawkins, e você realmente gosta dele, você
devia ter chamado ele. Não tenha medo de se machucar.”

Quando olho de volta para Hunter, ele está olhando para


mim. Ele fala com Izzy sem interromper o nosso contato com os
olhos. “Soa como um bom conselho, se você me perguntar.”

Depois do jantar, Hunter volta para o nosso apartamento


conosco para se certificar de que chegamos em casa seguras. Izzy
agradece pelo jantar e escapa para seu quarto no minuto em que
entramos.

Tiro meus saltos. “Muito obrigada por esta noite. Eu sei que
não era exatamente o encontro que você tinha planejado, mas
aprecio o que você fez. Você tem um lado doce, Sr. Delucia.”

Ele olha por cima do meu ombro para o corredor até o


quarto de Izzy. Encontrando tudo limpo, passa as mãos em volta
da minha cintura e as prende nas minhas costas. “Pelo menos
você admite agora que nós supostamente saímos em um
encontro.”

Não pensei sobre minhas palavras. Mas o mínimo que


posso fazer é ser honesta. Ele merece. “Usei este vestido para você
e passei o perfume que me disse que gostava quando nos
conhecemos.”

Um sorriso lento se espalha pelo seu rosto. “Eu sei. Mas é


bom ouvir você admitir a verdade para variar.”

“Deus, você é tão arrogante. Você não pode simplesmente


aceitar o elogio.”
Ele segura meu rosto com as mãos. “Sexta-feira à noite.
Apenas nós dois.”

Balanço a cabeça. Em algum lugar entre ele se abrindo


para Izzy durante o jantar e a volta para casa, eu cedi.

Os olhos de Hunter caem para meus lábios. “Agora me


beije. Eu sinto saudade dessa boca.”

Pela primeira vez, não penso nisso. Beijo, bem, pelo menos
começa dessa forma. Hunter assume o controle após cerca de três
segundos. É mais dominador do que os beijos que
compartilhamos antes, provavelmente porque nós dois estamos
cientes de que Izzy está ali no final do corredor e pode sair a
qualquer momento. Mas não é menos apaixonado. Antes que ele
se afaste, faz aquela coisa que me deixa selvagem, capturando
meu lábio inferior entre os dentes e puxando. Senhor, o homem
sabe beijar.

“Sete horas?” Pergunta.

Balanço a cabeça. “É um encontro.”

Ele sorri e se inclina para um último beijo em meus lábios.


“Sim. Sempre foi um encontro.”
Nunca estive tão nervosa para um encontro na minha vida.
Não faz sentido. Passei um tempo com Hunter, sei que ele é um
cara decente, então por que eu sou incapaz de sentar e relaxar?
Na última meia hora, retirei as louças da máquina de lavar,
reorganizei dois armários da cozinha, e agora estou verificando a
data em cada especiaria na prateleira de temperos. Não deveria
ter ficado pronta tão cedo. Quando a campainha toca, eu
literalmente pulo com o som.

Vinho. Preciso de vinho.

“Venha aqui em cima,” finjo calma e casualidade quando


aperto o botão para abrir a porta interior no andar de baixo.
Então corro até a geladeira, sirvo um copo de Shiraz e bebo como
se fosse água. Volto para a porta assim que Hunter sai do
elevador.

Ele está vestido mais casualmente do que eu esperava, com


jeans e uma camisa polo azul marinho. Não me interpretem mal,
ele parece delicioso, mas quando perguntei o que vestir para onde
estamos indo, ele disse um vestido sexy e saltos. Enquanto ele
vem até a porta, seus olhos fazem uma verificação em mim, e
sinto calor viajar pelo meu corpo que não tem nada a ver com o
álcool correndo em minhas veias.

“Acho que minha roupa está exagerada.”


Hunter inclina e cobre meus lábios com os dele para um
Olá rápido. “Não. Você está vestida adequadamente.”

“Mas você está usando camisa polo e calça jeans. Você


disse um vestido sexy, então pensei que significava o código de
vestimenta formal.”

“Eu disse sexy porque é isso que queria ver em você. Não
há código de vestimenta para onde vamos.”

“Aonde vamos?”

“Minha casa. Eu vou preparar o jantar.”

“Eu poderia usar calça jeans para isso.”

Ele sorri. “Pode querer perguntar para onde vamos no


futuro, e não o que você deve usar. Porque a minha resposta
sempre vai ser vestido sexy e saltos, mesmo se nós formos para o
McDonald’s.”

Rio, dando um passo para o lado. “Você é impossível. Entra


por um minuto. Preciso dizer a Izzy que estou saindo.”

No interior, Izzy sai do seu quarto e está pendurada na


porta da geladeira. Ela olha para cima. “Oi, Hunter.” E volta a
olhar para a comida.

“Eu fiz ravióli.”

“Estou de dieta. Nós temos algo com baixos carboidratos?”

“O que? Uma dieta? Desde quando? E melhor ainda, por


quê? Você usa tamanho 36.”

“Desde esta manhã.”

Vou até a geladeira, tiro o ravióli e molho e coloco sobre o


balcão. “Comece sua dieta amanhã.” Beijo sua bochecha. “Sra.
Whitman sabe que eu vou sair. Não vou chegar tarde.”
Ela encolhe os ombros. “Tanto faz.”

“Ninguém no apartamento enquanto eu estiver fora.”

Izzy revira os olhos. “Lá se vai a festa que eu tinha


planejado.”

Os nervos que o vinho tinha acalmado estão de volta com


força total uma vez que estou indo para o apartamento de
Hunter. Olho pela janela do carro, debatendo se estou pronta
para dormir com ele. Pensei que íamos comer, e uma vez que ele
sabe que tenho que estar em casa cedo por causa de Izzy, não era
algo que eu estava preocupada. Agora o jantar será na casa dele,
e sei que tudo o que precisa é um beijo para que minhas
habilidades de tomar decisão sejam prejudicadas. Preciso tomar
uma decisão enquanto não estou sob a influência do seu corpo
pressionado contra o meu.

Hunter olha para mim e de volta para a estrada. “O que


está acontecendo nessa sua cabeça?”

“Nada.”

Nós paramos em um semáforo, e Hunter se vira para mim.


Ele não diz uma palavra. Em vez disso, seus olhos seguem para
onde minhas mãos estão pegando fiapos do meu vestido que não
estão lá. Então, seu olhar encontra o meu.

“Cale a boca,” digo.

Ele ri, e o semáforo muda, chamando sua atenção de volta


para a estrada. Penso que consegui um tempo, mas meio
quarteirão depois, ele casualmente diz, “Nós não vamos fazer sexo
hoje à noite, se isso faz você relaxar um pouco mais.”

Ele acabou de dizer...

“O que?”
“Sexo. Nós não vamos fazer.”

“Por que não?”

“Porque hoje eu vou preparar o seu jantar. Nós vamos


compartilhar uma boa refeição e falar sobre sexo. Quero saber o
que você está fazendo e o que não está. Mas você tem que estar
em casa cedo por Izzy.”

“Isso não é um pouco presunçoso da sua parte? Supondo


que você é o único que pode decidir quando ter relações sexuais.
E se eu não planejo ter sexo com você?”

“Acho que sua calcinha molhada quando nos beijamos diz


que você planeja fazer sexo comigo.”

“Minha calcinha não estava molhada quando nos


beijamos.” Minto totalmente.

“Ok. Vou verificar na próxima vez para provar que está


errada.”

Não tinha imaginado ele com esse tipo de comportamento.


“Vamos voltar esta conversa um pouco. Assim você decidiu que
não vamos fazer sexo esta noite. E se eu lhe disser que queria
fazer sexo? Você não faria sexo comigo?”

Ele realmente considera a minha pergunta por um minuto,


o que acho bastante divertido. “O que eu quis dizer foi, eu não ia
tentar fazer sexo com você esta noite. Mas se você tentar fazer
isso comigo, então sem dúvida, você vai ser fodida.”

Provavelmente deveria me sentir ofendida por uma dúzia de


razões diferentes, mas não estou nem um pouco. Em vez disso, a
comicidade da conversa me faz rir. “Você sabe o que?”

“O que?”
“Eu estava propensa a potencialmente fazer sexo esta noite.
E agora não estou. Então, por mais estranho que essa conversa
seja, isso realmente me faz sentir melhor.”

Hunter sorri enquanto entra em uma garagem subterrânea.


“Feliz em ajudar. E confie em mim, ainda nem mesmo comecei a
fazer você se sentir melhor.”

C
“Uau. Isso é de aluguel?” O apartamento que Hunter está
se hospedando é muito bom. Não é enorme, mas moderno, com
tetos altos e um piso plano aberto, portanto, parece maior do que
a metragem quadrada, embora seja o espaço exterior que eleva o
lugar de muito bom para espetacular. Nova York e espaço exterior
não são normalmente companheiros. Mas este lugar tem uma
varanda grande o suficiente para duas cadeiras, uma mesa que
acomoda mais seis, uma churrasqueira, e uma dúzia de vasos de
plantas.

“É propriedade da Khaill-Jergin, o construtor para quem


trabalho. Eles mantêm esse e alguns outros como apartamentos
corporativos, principalmente para quando os executivos do
escritório de Londres estão na cidade. Eu tive sorte que um
estava disponível.”

“É lindo.”

Hunter desliza as portas de vidro abertas e estende a mão


para eu passar primeiro.

“A vista é sensacional,” digo. “No entanto, parece sereno ao


mesmo tempo.”
Hunter sorri. “Esse era o objetivo. Cada projeto tem uma
declaração na essência. Este edifício é um oásis na selva. Foi
inaugurado há cinco anos. Depois que me formei, eu fiz o meu
estágio com o arquiteto que projetou este edifício em Khaill. O
projeto inicial é feito, mas o arquiteto acaba fazendo um monte de
revisões, enquanto o edifício está subindo. Portanto, este foi o
primeiro projeto que eu já trabalhei.”

“Uau. Isso é muito legal. Honestamente, na maioria das


vezes, eu nem sequer penso sobre os edifícios nos quais passo
perto a cada dia. Deve ser incrível passar por um e olhar para
cima, sabendo que você projetou.”

Ele concorda. Eu me tornei muito familiarizada com Hunter


vaidoso, mas nunca conheci o lado humilde dele antes. Eu gosto.

Pensando sobre isso, gosto do Hunter vaidoso também.

“Você está animada o suficiente para ter um copo de vinho


aqui antes do jantar?”

“Claro. Eu adoraria.”

Hunter entra e volta alguns minutos depois com duas taças


de merlot. Ele vem atrás de mim, e me entrega o meu vinho, e
apoia seus pulsos na grade em cada lado meu, me prendendo
enquanto aproveitamos o pôr do sol e tomamos um gole. O
silêncio é confortável, embora a sensação dele tão perto atrás de
mim, e o profundo efeito que tem sobre meu corpo, é enervante.
Depois de alguns minutos e a sensação de seu hálito quente
fazendo cócegas no meu pescoço, sinto minha respiração saindo
mais rápida e mais profunda.

“Vire-se, Natalia.”

A voz de Hunter é baixa e tão sedutora. Espero ele dar um


passo para trás para que eu possa me virar para encará-lo.
Depois de mais algumas respirações pesadas, percebo que ele não
tem intenção de me dar espaço, então viro enquanto estou presa
entre seus braços. Entre a proximidade, seus olhos azuis claros,
a sua fragrância inebriante, preciso de mais vinho. Levantando
meu copo aos meus lábios, continuo bebendo até terminar.

Quando termino, Hunter levanta uma sobrancelha.

Levanto o copo vazio e balanço para frente e para trás. Um


trecho da conversa que tivemos no carro repetindo na minha
cabeça. “Eu não ia tentar fazer sexo com você esta noite. Mas se
você tentar fazer isso comigo, então sem dúvidas, você vai ser
fodida.”

Mordo o lábio, e Hunter parece ler minha mente. Pega o


copo vazio da minha mão e coloca no chão, ao nosso lado,
juntamente com o seu ainda meio cheio. Quando eu
inconscientemente molho meus lábios, ele murmura uma série de
maldições antes de colocar a sua boca na minha.

O sabor do vinho em sua língua é o suficiente para me


fazer sentir como se eu tivesse bebido a garrafa inteira sozinha.
Minha cabeça está tonta, meu corpo formiga, e quero subir no
maldito homem como uma árvore. Ele pressiona seu corpo ainda
mais forte ao meu, e minhas costas arqueiam do parapeito em
direção ao seu corpo, enquanto meus dedos agarram um
punhado do seu cabelo.

Ele geme quando puxo. “Eu não posso esperar para estar
dentro de você. Você me deixa duro como uma rocha.”

Com um impulso dos seus quadris, ele demonstra que não


está exagerando. Oh Deus. Estou tão desesperada que eu
provavelmente poderia gozar apenas da estimulação sem
penetração com esse homem. Resistir levar as coisas mais longe é
ainda um desafio que não tenho certeza se poderia suportar por
muito tempo.
Quando o beijo interrompe, Hunter parece tão desorientado
por nossa química como eu estou. Olhamos nos olhos um do
outro por um tempo.

“Você é realmente bom nisso,” digo a ele.

Seu sorriso é brincalhão quando suas sobrancelhas


franzem. “O que?”

“Beijar.”

Ele inclina e roça os lábios nos meus. “Eu sou bom em


beijar outros lugares também. Basta dizer a palavra e eu vou lhe
mostrar.”

Eu rio. “Sério. Por que você não tem uma namorada,


Hunter? Você é bonito, inteligente, tem um ótimo trabalho, possui
uma bela casa, você é um beijador fantástico, e você pode
consertar uma pia e construir coisas. Você seria o namorado
perfeito.”

Seu olhar brincalhão fica sério. Ele também se afasta um


pouco, embora não me libere da gaiola feita com seus braços e a
grade da varanda.

“Eu não quero esse tipo de relacionamento.” Ele me estuda


com cuidado. “Eu gosto de você. Você é linda e inteligente. Nós
gostamos um do outro. Mas eu não estou procurando nada
sério.”

Mesmo que ele tenha sido honesto desde que nos


conhecemos, e eu não estou à procura de um relacionamento
afinal, de alguma forma ouvi-lo dizer isso me incomoda.

“O que isso significa exatamente? Que vou estar em sua


cama uma noite e alguém na próxima?”
“Absolutamente não. Seríamos exclusivos. Para ser claro,
isso é uma via de mão dupla. Minha expectativa, uma vez que
você estiver na minha cama, não vai estar na de mais ninguém
também.”

“Ok... e nós vamos passar algum tempo juntos fora do


quarto também?”

“Claro. Eu sempre vou garantir que você coma antes de


comê-la.”

Eu me contorço um pouco com o pensamento. “Então, a


diferença entre o que estaria fazendo e um relacionamento é....”

Nossos olhares se encontram. “Expectativas.”

Desde que estamos colocando as cartas na mesa e tendo


uma conversa sincera, percebo que eu pressiono um pouco mais.
“Você disse que teve um relacionamento sério que durou anos.”

Hunter concorda. “Está certo.”

“Eu casei com o meu único relacionamento sério. Esse


desastre é a principal razão que tenho evitado qualquer pessoa
com potencial de relacionamento real. Eu minto a mim mesma e
aos outros, dizendo que não quero um relacionamento, porque
preciso me concentrar no meu trabalho e em Izzy. Enquanto isso
é parcialmente verdade, se estou sendo honesta, é também
porque Garrett acabou comigo, e eu ainda não superei totalmente
isso.” Faço uma pausa por alguns segundos. “Não querer um
relacionamento tem a ver com alguém sério que você teve?”

Ele olha para longe, olhando por cima do meu ombro em


direção a cidade iluminada antes de voltar os olhos para mim.
“Sim, mas não da maneira que você provavelmente pensa.”

“Ela quebrou seu coração?”


“Nós quebramos um do outro.” Ele limpa a garganta e dá
um passo para trás. “Que tal ir comer?”

“Tudo bem.” Sigo Hunter para a cozinha e me ofereço para


ajudar. Mas ele já tinha feito todo o trabalho de preparação para
um jantar de frango e pesto com brócolis. Estão juntos em uma
panela, e tudo que precisa fazer é aquecer. Ele acende o fogão e
enche o meu copo de vinho novamente enquanto estou sentada
num banco na ilha, observando-o.

“Você cozinha muitas vezes?” Pergunto para suas costas


enquanto tomo o meu vinho e admiro a forma como sua bunda
preenche seus jeans.

Ele olha para trás e me pega verificando ali. Demonstrando


um sorriso meio arrogante diz, “Só quando eu quero comer.”

“Você não pede comida pronta muitas vezes?”

“Eu tento comer comidas saudáveis quando estou em casa.


Viajo muito, então não tenho escolha exceto comer fora. Então,
quando estou em casa, tento evitar comer porcaria. Além disso,
eu gosto de cozinhar. E quanto a você?”

“Eu cozinho quase todas as noites para alimentar Izzy com


uma refeição equilibrada. No período da manhã, ela pega uma
barra de cereal e sai de casa às seis e meia antes da escola e não
chega em casa do esporte até quase sete, na maioria das noites.
O jantar é a única chance que eu tenho para ter certeza que ela
coma algo decente. Além disso...” Sorrio. “Eu gosto de cozinhar
também.”

“Você é realmente boa com ela.”

Tomo um gole de vinho. “Obrigada. Estou me enganando


com isso totalmente. Eu não tenho ideia de como criar uma
adolescente.”
“Você nunca sabe.”

“Minha mãe sempre diz que bons pais gastam metade da


quantidade de dinheiro que acha que deve e o dobro da
quantidade de liberdade que tem com seus filhos. Sorte para Izzy,
estou sempre quebrada e não tenho vida.”

Hunter ri e volta sua atenção para o fogão. Ele levanta a


panela do fogo e balança seu pulso algumas vezes para agitar o
jantar antes de colocar no fogão novamente. Depois baixa o calor
para ferver e vem inclinar-se em frente a mim do outro lado da
ilha com seu vinho na mão.

“Então, quais são os seus limites?”

Bebo. “Meus limites?”

“Na cama. O que é um não para você?”

Estou no meio do gole do meu vinho, e a maneira ocasional


que tinha feito a pergunta me pega tão desprevenida que engulo e
acabo me engasgando. Cuspo e tusso.

“Você está bem?”

Balanço a cabeça e ergo minha mão enquanto recupero o


fôlego. Minha voz está tensa quando posso finalmente falar. “Pare
de fazer isso comigo. Quem fala assim?”

“O que?”

“Você acabou de perguntar sobre meus limites sexuais tão


casualmente, como se estivesse perguntando se eu queria um
copo de água.”

“Como você gostaria que eu perguntasse?”

“Eu não sei. Talvez menos negócios e mais pessoal, talvez.”


Ele assente. “Ok. Eu posso fazer isso.” Caminhando ao
redor do balcão, pega minhas mãos na dele. “Ervilha doce, você
tem uma bunda poderosa. Quais são seus pensamentos sobre eu
bater nela?”

Sinto meu rosto ficar corado e um sorriso maroto se


espalhar no seu.

“Você é um idiota.”

“Tenho certeza que não é novidade para você.”

Um estalo vem da panela no fogão, forçando a atenção de


Hunter para o jantar em aquecimento. Observo ele se mover em
torno da cozinha com graça enquanto prepara duas refeições e
corta um pedaço de pão de sêmola. Embora haja uma mesa de
jantar, sem discutir, comemos na ilha da cozinha em frente um
do outro. Isso me lembra de sair e desfrutar de uma refeição com
um amigo, em vez de forçar a formalidade de comer na sala de
jantar. Eu gosto que ele apenas seguiu o fluxo. Garrett nunca
teria comido na cozinha.

“Isso é muito bom,” digo. “Você fez o molho de creme?”

“Eu fiz. Obrigado.”

Hunter espeta a massa e o frango em seu garfo, e eu não


posso deixar de observar a forma como sua garganta trabalha
para engolir a comida. A oscilação do seu pomo de Adão é
hipnótica. Não posso imaginar como seria vê-lo se despir se a
visão do seu pescoço faz isso comigo.

Enquanto comemos, calmamente penso em dizer algo. Não


tenho dúvida que Hunter e eu teremos muito sexo, mas se eu for
aberta com ele, do jeito que ele está sendo comigo, as coisas só
podem ser melhores. Então, decido empurrar o meu embaraço
para o lado, e falo.
“Eu nunca fiz sexo anal.”

Um sorriso lento se espalha pelo seu rosto. Ele rasga um


pedaço de pão ao meio e mergulha-o no molho em seu prato.
“Oposição a isso?”

“Eu não estou certa se oposição a isso é o termo certo.


Aterrorizada pode encaixar melhor.”

Ele ri. “Tudo bem. Bom saber. Vamos guardar isso para
quando você aprender a confiar em mim na cama. Que tal oral?”

Não posso acreditar que estou tendo essa conversa. “Dar ou


receber?”

“Ambos.”

“Eu gosto de ambos.”

Seus olhos queimam com o calor. “Contra ser amarrada?”

Deus, há um monte que Garrett e eu não fizemos. “Nunca


tentei. Mas eu estaria aberta a isso.”

“Ótimo. Brinquedos?”

Meu rosto aquece. “Tenho um vibrador, sim.”

“Se opõe em usá-lo para mim?”

Meu queixo cai. Nunca me masturbei com alguém me


assistindo. “Não tenho certeza.”

Seus olhos caem para os meus mamilos excitados e sobem


para encontrar os meus. “Vou tomar isso como um sim.
Quaisquer fetiches?”

“Eu? Não. Você?”

“Na verdade, não. Mas iria assustá-la se eu te dizer que


adoraria bater em sua bunda.”
Engulo em seco e sussurro, “Estranhamente, não, não
mesmo.”

“Depois que eu bater em você, vou fode-la por trás,


enquanto você está de quatro. Oposição?”

Jesus Cristo. Não respondo, mas isso não é porque eu sou


contra a isso, eu simplesmente não consigo descobrir como fazer
minha boca se mover. Parecendo sentir que o meu silêncio não é
uma coisa ruim, sua boca pecaminosa continua.

“E quando eu terminar, quero gozar sobre sua bunda e nas


suas costas.”

“Deus, Hunter.”

“Quando é a próxima vez de Izzy ficar na casa da avó?


Quero uma noite inteira na primeira vez que estiver dentro de
você.”

No momento, não consigo me lembrar que dia é, muito


menos qual fim de semana minha enteada está programada para
visitar sua avó. Tomo um gole do vinho de uma forma muito
pouco feminina e respondo honestamente. “Não em breve.”

De alguma forma nós conseguimos não arrancar a roupa


um do outro depois disso. Quando terminamos o jantar, nós
limpamos juntos e, em seguida, sentamos na sala para conversar.
Há uma trégua na nossa conversa enquanto nós cobrimos tudo,
desde trabalho para nossas últimas férias e lugares que
gostaríamos de visitar. Hunter, que parece ser um livro aberto
para tudo, exceto para seu único relacionamento sério. E eu, de
todas as pessoas, entendo querer esquecer os erros do passado.

Mesmo que odeie, peço para me levar para casa por volta
das onze. Ele me acompanha até meu apartamento, e nós nos
despedimos na porta com mais um beijo incrível.
“Eu ligo.” Ele beija minha testa. Realmente amo quando ele
faz isso por alguma razão.

“Eu não vou ser capaz de atender pela maior parte do dia
amanhã. É dia de visitas. Eu levo Izzy para ver seu pai, e é uma
viagem de quatro horas em cada sentido, mais o tempo real
enquanto ela visita.”

Vejo sua mandíbula contrair, mas Hunter balança a cabeça


e não diz mais nada sobre o assunto. “Eu tenho que voar para
Califórnia na terça-feira por alguns dias para trabalhar com um
cliente em algumas revisões de elaboração de última hora. Olhe
para sua agenda e me avise se estará livre no próximo fim de
semana.”

“Está bem.”

Verifico Izzy, que está dormindo, e tomo um banho rápido.


Estou muito acordada para ir simplesmente dormir, então depois,
sento na minha cama, pegando meu laptop, e abro minha agenda
no Google. Próximo fim de semana está marcado como visita
mensal de Izzy com a avó. Ela normalmente vai na sexta-feira, e
eu a pego no domingo, a menos que ela tenha um jogo sábado de
manhã cedo. Então eu a deixo depois do jogo. Clico nos meus
favoritos salvos e abro a agenda de atletismo de Beacon.
Surpreendentemente, o único jogo esta semana é na quinta-feira
à noite. Não há jogo no sábado.

Pego meu telefone e envio uma mensagem para Hunter,


imaginando que ele provavelmente estaria em casa agora.

Natalia: O fim de semana de Izzy com a avó é o próximo.

Os pontos começam a pular.

Hunter: Quando você vai leva-la?


Natalia: Após o treino na sexta-feira, geralmente em torno
das sete. Então a busco quando estou indo jantar com minha
mãe no domingo.

Hunter: Eu vou buscá-la as oito na sexta. Arrume a mala.


Você vai ficar o fim de semana.

Meu pequeno coração entra em louco frenesi. Antes que eu


possa responder, uma segunda mensagem surge.

Hunter: Pensando bem, não traga nada. Você não vai


precisar de nenhuma roupa. Eu vou comprar uma escova de
dente para você.

Natalia: LOL. Vou levar uma mala de qualquer maneira.


Apenas no caso de haver um incêndio e eu precisar correr para
fora da casa.

Hunter: Bem pensado. Não gostaria que os vizinhos vissem


essa bunda. Porque para o que resta da minha missão de dois
meses, ela pertence a mim.

Sorrio como uma adolescente. Eu gosto do som disso.


Muito. Mas na parte de trás da minha cabeça, um pequeno aviso
dispara.

Apenas certifique-se que tudo o que você dará a ele é a sua


bunda, Nat. Não seu coração.
Há 11 anos

Nunca diminuiu.

Nem mesmo depois de oito meses sem vê-la.

Eu deveria ter esquecido tudo sobre Summer até agora.


Houveram outras, talvez muitas outras em uma tentativa de
esquecê-la, mas minha atração ainda está lá a primeira vez que
nossos caminhos cruzam novamente.

É a festa de formatura de Jayce na casa dos nossos tios.


Eu estou tomando uma cerveja na sala de estar quando ela entra.
Nossos olhos se encontram, e juro que sinto como se meu coração
começou a bater pela primeira vez.

Porra. Ela é maravilhosa.

Vejo quando ela se aproxima de Jayce e sua namorada de


dois meses e o abraça. Ela diz algo que faz os três rir, e então
caminha até o sofá e para ao meu lado. Sem virar a cabeça em
minha direção, ela pega a cerveja da minha mão e a ergue aos
lábios para beber.

Ela fala antes de beber. “Verdade ou desafio?”

Sorrio. “Verdade.”
Depois que toma um gole da minha cerveja, ela me devolve.
“Você quis apagar a minha foto quase nua do seu telefone que eu
mandei tempos atrás?”

Viro a cabeça e espero até que ela finalmente olhe para


mim para responder. “Não.”

Seus olhos brilham. “Quantas vezes você olha para ela?”

“Mais verdade?”

Ela concorda com a cabeça.

“Todos os malditos dias.”

Dividimos a cerveja novamente. “Vendo alguém?” Ela


pergunta.

“Eu tenho alguém que vejo de vez em quando.”

“Ver é código para foder?”

Os cantos dos meus lábios tremem. “Eu estava tentando


ser um cavalheiro. E quanto a você? Está vendo alguém?”

Ela arremessa minha resposta evasiva de volta para mim.


“Eu tenho alguém que vejo de vez em quando.”

Estava transando com mais alguém, não tinha visto ou


falado com Summer em oito meses, não desde a noite na festa,
quando saí depois de perceber que ela era a garota que meu
irmão estava louco, e ainda, eu tinha o desejo de arrancar a
cabeça do cara sem nome, sem rosto que ela estava dormindo.
Sim, o tempo não tinha tornado essa merda tediosa.

Fico de pé. “Indo pegar outra cerveja. Você quer uma, ou


está pensando em apenas tomar da minha pelo resto da noite?”
Summer demonstra um sorriso travesso. “Pensando em
tomar a sua pelo resto da noite, a menos que isso seja um
problema.”

“Sem problema aqui.”

Preciso de cinco minutos para acalmar minha cabeça antes


de voltar para o sofá. Olho para o meu irmão com o braço em
torno de Emily, ele parece feliz. Ele tinha sofrido por Summer por
mais de seis meses após aquela festa. Agora que parecia seguir
em frente, o banimento foi revogado? Jayce não tem ideia de tudo
o que já tinha acontecido entre Summer e eu, e verdade seja dita,
não tinha acontecido muito. Mas está tudo bem flertar com a
garota que seu irmão está interessado, embora ela nunca
retornasse os sentimentos? Eu não tinha certeza se minha
bússola moral sempre me apontou na direção certa.

Summer não se moveu do sofá quando volto. Sento, abro


uma nova cerveja e tomo um gole antes de passar para ela.
“Minha vez. Verdade ou desafio?”

Ela toma um longo gole da lata. “Ouse.”

O desafio saiu da minha boca sem qualquer pensamento


real. “Envie uma mensagem para o cara que você está vendo e
diga que não quer mais vê-lo.”

Summer olha de um lado para outro entre meus olhos


antes de procurar em sua bolsa e pegar seu celular. Ela rola
através dos seus contatos e digita uma mensagem. Quando ela
termina, vira o telefone para mim para que eu pudesse ler o texto
que digitou para um cara chamado Gavin.

Ei. Desculpe fazer isso por mensagem. Mas eu preciso


acabar com o que estamos fazendo. Tenha boas férias de verão!

Depois que termino de ler, ela envia.


Bebo da cerveja. “O dia de Gavin acabou de ficar ruim.”

Sorrimos um para o outro quando seu telefone apita com


uma resposta. Amo que ela não se preocupa em abri-la e ignora o
som de uma dúzia de novas mensagens durante a próxima meia
hora que ficamos sentados juntos.

Quando a festa está em pleno andamento, Summer e eu


nos separamos, passando tempo conversando com nossos amigos
e junto com Jayce. Mas não há um segundo do dia que eu não
saiba exatamente onde ela está. Meus olhos são como um ímã
para ela. E não parece que eu seja o único. Às vezes, nossos olhos
se encontram, e nós sorrimos. Outras vezes, um de nós olha para
o outro, no meio da conversa com outra pessoa, e mesmo que os
nossos olhos não possam se conectar, os nossos sorrisos
escondidos dizem que estamos na mesma página.

Em um ponto estou conversando com meu irmão quando


sinto seus olhos em mim. Ainda não tinha experimentado como
qualquer coisa entre Summer e eu afetaria Jayce, então decido
sentir as coisas.

“Você e Emily parecem felizes.”

“Ela é ótima.” Ele tem uma garrafa de água com gás em sua
mão, e noto uma agitação quando a levanta à boca, quase um
tremor. Considerando que nossa mãe tinha Parkinson, isso é algo
que nós dois notamos.

“O que está acontecendo aí?” Levanto meu queixo em


direção a sua mão.

“Apenas bebi demais na noite passada.” Ele inclina a


garrafa para mim. “Uma celebração muito pequena da graduação.
Aderindo a água hoje.”
Que cara de faculdade que vive em uma casa de
fraternidade não teve aquelas noites? Não penso em nada disso,
vendo como tenho tremores de manhã. Então, volto a bisbilhotar.

“Emily vai para a pós-graduação?”

“Não de imediato. Ela vai fazer seu registro profissional,


mas quer trabalhar por um tempo antes de fazer uma pós-
graduação.”

“Como você dois se conheceram afinal?”

“Aulas particulares.” Ele sorri calorosamente. “Ela é uma


porcaria em matemática.”

“Ah. Como Su... Pearl. Como é que ela vai fazer isso
durante seu último ano de faculdade sem você por perto para
ensiná-la?”

Jayce olha por cima do meu ombro. Eu sei para quem ele
está olhando. “Eu vou arranjar tempo se ela ainda precisar de
ajuda. Nunca recuso uma oportunidade de passar tempo com a
Pearl.”

Merda. “Melhor não deixar Emily ouvir você dizer isso.”

Ele balança a cabeça, ainda olhando para Summer por


cima do meu ombro. “Sim. Sem brincadeira. Ninguém gosta de
saber que é a segunda escolha.”

C
Bebi demais.
A festa terminou, e eu não sou o único que tinha
exagerado. Jayce, que havia dito que não ia beber hoje, havia
acabo de tropeçar em seus próprios pés, e sua namorada
embriagada ri muito, ela cai no chão com ele quando tenta ajudá-
lo.

Precisando de um pouco de ar fresco, sento na varanda da


frente sozinho, cuidando de uma cerveja e lambendo minhas
feridas. Tenho me esforçado ao máximo para ignorar Summer
depois da minha conversa anterior com o meu irmão. Então a
porta se abre, e ela senta sua linda bunda bem ao meu lado no
degrau.

“Aqui está você. Estava começando a pensar que você está


me evitando.”

Sou muito honesto, mais ainda quando bebo. “Estou.”

Ela bate seu ombro no meu. “Você não é muito bom no que
faz, vendo como você está sentado na varanda da frente, e esta é
a única maneira de sair.”

Tomo o último gole da minha cerveja. “Ele ainda tem


sentimentos por você.”

O rosto de Summer demonstra surpresa. “Mas ele está


saindo com alguém.”

“Eu estive saindo com outras pessoas. Não me impede de


olhar para o seu rosto todos os dias na porra do meu telefone.”

Ela inclina a cabeça. “Meu rosto? Essa é a parte que você


olha na foto em seu telefone?”

Meus olhos caem para seu decote. “Há mais de três bilhões
de mulheres no mundo. Por que a única que eu realmente quero
é a que eu não posso ter?”
Summer olha para seus pés. Eventualmente, ela diz, “Como
eu te disse, há oito meses, eu gosto de Jayce. Ele é um ótimo
cara. Mas se você e eu tivéssemos nos conhecido ou não, ele é
apenas um amigo.” Os olhos dela sobem para encontrar os meus.
“Você não pode se obrigar a sentir algo por alguém mais do que
você pode se obrigar a impedir de sentir algo por alguém.”

Sei que ela está certa. Não tivemos nenhum contato por
mais de oito meses depois de descobrir que meu irmão era louco
por ela. Nós dois saímos com outras pessoas, e ela nunca mudou
Jayce para fora da zona de amigos. É claro que nenhum de nós
parou de sentir o que sentia naquele primeiro dia um pelo outro.
Coração supera cabeça, cada vez.

Sou eu quem começa o jogo neste momento. As mãos de


Summer estão espalhadas nos degraus de cada lado dela, ao lado
da minha. Levanto meu dedo mindinho e alcanço os poucos
centímetros sobre a sua mão, entrelaçando seu dedo mindinho
com o meu.

“Verdade ou desafio,” digo.

Ela levanta os grandes olhos verdes aos meus, olhando por


cima dos cílios grossos. “Verdade.”

Arqueio uma sobrancelha em sua escolha. Ela sempre foi


uma menina do desafio. Após a triagem através de um milhão de
perguntas na minha cabeça, decido algo sem limites definidos.
“Diga-me um segredo que ninguém mais sabe.”

Summer morde o lábio e parece tímida pela primeira vez


desde que eu a conheci. “Ninguém sabe que eu persigo você no
Facebook e a minha proteção de tela é uma foto que alguém
marcou você. Você está na praia e parece muito sexy.” Ela faz
uma pausa e baixa a voz. “E ninguém sabe que às vezes eu olho
para isso enquanto me masturbo.”
Jesus Cristo.

Engulo em seco. Esta garota está tentando me matar.

Ela olha para os nossos dedos mínimos ligados e aperta.


“Sua vez. Verdade ou desafio.”

Limpo a garganta. Desde que estamos fazendo diferente


isso dessa vez, falo, “Desafio.”

Um sorriso sedutor se espalha por seu rosto. “Venha para


casa comigo.”
“Você e Hunter, tipo, é sério?” Izzy pergunta.

Nós estamos cerca de meia hora da prisão federal quando


ela faz a pergunta de repente. Ela está no seu normal e pensativa
esta manhã e tinha colocado seus fones de ouvido antes de
entrarmos no carro, então dormiu por três horas, da viajem de
três horas e meia que já tinha feito.

“Não. Nem um pouco.” Nós somos exatamente o oposto do


sério. Mas dizer à Izzy que Hunter e eu concordamos em nos
tornar amigos de foda não é realmente apropriado.

Ela encolhe os ombros e coloca os pés em cima do painel.


“Eu gosto dele.”

“Ele é velho demais para você,” provoco.

“Marcus era um tolo.”

“Marcus era muito legal.”

Outro encolher de ombros.

“E quanto a sua vida amorosa?” Olho para minha enteada.


“Como estão as coisas com Yakshit?”

“Ok, eu acho. Ele me perguntou se vou para o baile, e eu


disse que não. Então perguntou por que não. Então disse que a
pessoa com quem eu queria ir já tinha uma acompanhante.”
“Você disse?” Fico surpresa. A antiga Izzy teria apenas lhe
mostrado atitude e não discutido sobre isso. Ela está realmente
amadurecendo. “O que ele disse sobre isso?”

“Ele me perguntou com quem eu queria ir.”

Meus olhos brilham para ela. “O que você disse?”

Izzy enterra a cabeça nas mãos. “Deixei escapar, ‘Você, seu


lesado. Eu queria ir com você.’ Estávamos na aula de ciência, e
todo mundo estava falando porque a professora não tinha
chegado ainda. Minhas costas estavam para a porta, não vi ela
entrar logo antes de gritar. Juro, toda a classe calou a boca
quando eu disse isso. Todo mundo ouviu.”

“Uau. Como foi isso de novo?”

“Algumas pessoas riram. Mas Yakshit apenas olhou para


mim. Pensei que eu tinha apavorado ele. Então, depois da aula,
escapei e ignorei quando ele tentou falar comigo. Consegui ficar
longe dele todo o dia até depois do treino. Ele esperou eu sair do
lado de fora do vestiário.”

“Vocês dois conversaram?”

“Ele falou. Eu estava tão envergonhada que não disse


muito.”

“E…”

“Ele disse que iria para o baile comigo, mas não achava que
eu gostava dele. Ele pensou que eu gostava de Chad Siegler.”

“Quem é esse?”

“Um cara chato que joga com o time de basquete. Ele é


basicamente Marcus. Ele é bonito, eu acho. Mas chato como a
merda.”
Rio, embora provavelmente deveria ter corrigido a sua
linguagem. Mas Izzy e eu estamos conversando sobre garotos.
Quem imaginaria que chegaríamos nisso?

“Por que ele achou que você gosta de Chad?”

“Não faço ideia.”

“Bem, Yakshit ainda vai ao baile com Brittany?”

“Ele me disse que vai dizer a ela que não pode ir para que
possamos ir juntos. Mas eu lhe disse que não. Disse para ir com
ela. O baile é na próxima semana, e isso não é justo com a
Brittany se ele terminar o romance para me levar. É minha culpa
que ele vai com ela porque não tive a coragem de pedir a ele.”

“Isso é muito atencioso da sua parte.”

Ela encolhe os ombros. “Ele disse que quer me levar ao


cinema.”

“Você disse sim?”

“Eu disse-lhe para aproveitar o baile e me perguntar depois


se ele ainda quiser.”

“Uau.”

Ela olha pela janela em silêncio por um tempo antes de


falar novamente. “Tenho que dizer ao meu pai sobre ele se eu for
ao cinema?”

Conheço meu ex-marido. Ele se convenceu de que ela não


pode namorar até que tenha vinte e um. Enquanto eu não amo a
ideia do seu namoro, ela terá dezesseis anos em duas semanas, e
isso vai acontecer, a gente permitindo ou não. Eu sou
basicamente uma mãe solteira e a única figura da mãe que ela
tem, exceto por sua avó que a trata como se ela ainda tivesse três
anos. Íamos ter que confiar uma na outra.
“Isso é com você, Izzy. Mas ele não vai ouvir isso de mim, se
você decidir não compartilhar com ele. No entanto, você e eu
precisamos falar sobre essas coisas. Está bem?”

Quando olho para ela, vejo que fica aliviada. “Ok.”

A nossa visita com Garrett é típica. Ele tenta falar comigo, e


eu me retiro para uma mesa sozinha, mantendo um olhar atento
sobre os dois durante a leitura de um livro. Quando a visita está
quase no fim, vou até a mesa deles para sair com Izzy. Nenhum
deles parece feliz. Mas não é do mesmo jeito que às vezes Izzy fica
quando é hora de ir, que normalmente é tristeza. Em vez disso,
hoje, minha enteada tinha cruzado os braços e parece chateada.
E o meu ex-marido está carrancudo.

“Por que você mesmo não pergunta a ela?” Olha para seu
pai.

Merda. Isso é sobre mim.

Ele me dá um olhar severo e um tom correspondente.


“Deixe-nos alguns minutos a sós, Isabella.”

Izzy olha para seu pai. Eu nunca tinha visto ela desafiadora
em direção a ele antes. “Não,” ela diz. “Eu não vou deixá-la
sozinha para você fazer um questionamento intensivo com Nat.
Não é da sua conta o que ela faz ou com quem passa o tempo.”

Meus olhos se arregalam.

Garrett fala entre dentes cerrados. “Vai esperar perto da


porta, Isabella.”

Izzy fica de pé, e por um segundo, penso que ela vai


desistir. Até que ela se vira para mim. “Você está pronta, Nat?”

Olho de um lado para outro entre o meu ex-marido e


enteada, tentando descobrir a coisa certa a fazer. Não gosto que
ela o deixa com raiva. Se ela lamentar tudo o que tinha dito, não
tem amanhã para fazer tudo certo novamente. Será mais um mês
antes de voltar para a nossa próxima visita.

Esperando ter tomado a decisão certa, olho para Garrett.


“Izzy está se tornando uma pessoa incrível. Ela está realmente
amadurecendo e fazendo progresso sozinha recentemente.” Meus
olhos encontram com os dela. “Então, enquanto odeio vocês dois
brigando, eu apoio ela, e se ela está pronta para sair, nós vamos
ir agora. Adeus, Garrett. Até o mês que vem.”

Izzy olha para seu pai uma última vez. “Tchau, papai.” E
saímos juntas.

Espero que ela desabe depois que saímos da prisão. Mas


não acontece. Izzy está tranquila enquanto nós coletamos nossas
coisas do armário e caminhamos até o carro.

Quando estamos dentro, eu me viro para encará-la antes


de ligar o carro. “Você quer falar sobre isso?”

“Ele é um idiota. Eu estava dizendo a ele sobre como o meu


arremesso melhorou, e você sabe qual foi sua resposta?”

“Qual?”

“Ele perguntou quem era o homem que estava em nosso


apartamento.”

Marcus só esteve dentro do nosso apartamento uma vez, e


meu instinto me diz que não é sobre Marcus. “Como ele sabe que
havia um homem no nosso apartamento?”

“Damon disse a ele que você está namorando um


encanador ou algo assim.”

Ugh. Damon.
“Sinto muito que ele tentou entrar no meio das coisas e
arruinou a sua visita.”

“Papai arruinou a minha visita. Ele não estava ouvindo


sobre o meu jogo. Então ficou chateado quando eu disse que não
era da conta dele quem estava em nossa casa.”

Ah Merda.

“O que ele disse sobre isso?”

“Ele disse que você é a esposa dele, e é da sua conta. Que


eu sou os seus olhos e ouvidos enquanto ele não pode estar em
casa agora. Então eu lhe disse que você é a sua ex-esposa, e que
a culpa é dele que não possa estar em casa agora. Que eu não
sou seus olhos e ouvidos, eu sou sua filha.”

Deus, estou tão orgulhosa dela. Mas meu coração também


despedaça que Garrett está tentando usá-la durante a uma hora
que ele consegue vê-la a cada mês.

“Você está cem por cento certa, Izzy. Mas isso não deve ter
sido fácil dizer.”

“É a verdade.”

Quando ela se tornou assim tão crescida? “Izzy... obrigada.


Obrigada por me defender. Mas eu só quero falar uma coisa,
nunca vou ficar chateada se você quiser dizer ao seu pai nossas
coisas. Enquanto eu não acho que eu sou da conta dele, você é, e
eu suponho que ele tem todo o direito de saber se um homem
está aparecendo enquanto você está em casa.”

Ela novamente olha para fora da janela, assim que eu ligo o


carro para dar-lhe algum tempo. Nós íamos ficar fisicamente
próximas uma da outra pelas próximas horas, mas eu penso que
ela pode precisar de um pouco de privacidade para repetir as
coisas em sua cabeça.
Mas ela não coloca seus fones de ouvido e adormece neste
momento. Em vez disso, parece perdida em pensamentos.

Após cerca de uma hora, aponto para um monte de sinais


de fast-food ao lado da rodovia e pergunto se ela quer parar e
almoçar. Ela concorda com a cabeça. Ao invés de ir no drive-thru
como normalmente seria a caminho de casa, estaciono em um
local no Wendy. Se ela está pronta para conversar um pouco
mais, será mais fácil sentada em frente uma da outra.

Pego minha bolsa na parte de trás e abro a porta do carro


para sair. A voz de Izzy me para.

“Nat?”

Volto para descobrir que Izzy não tinha feito qualquer


tentativa para sair do carro. Ela olha para frente, mas quando
olho atentamente para ela, vejo lágrimas em seus olhos. Fecho a
minha porta do carro.

“Fale comigo, querida. É normal que você esteja chateada


depois do que aconteceu hoje.”

Uma lágrima grossa desce por sua bochecha, e seu lábio


inferior treme. Vendo sua dor quando se vira para mim me
engasgo com minhas próprias lágrimas.

“Quais os direitos papai tem?” Ela resmunga com uma voz


trêmula.

No começo eu não entendo a pergunta, mas depois me


lembro que a última coisa que eu disse foi que ele tinha todo o
direito de saber se um homem estava aparecendo. Penso que é
sobre isso que ela está se referindo.

“Bem, ele é seu pai, então acho que ele tem o direito de
saber que você está segura e bem protegida. Não importa o que
aconteceu entre mim e ele, ou o que ele fez de errado, eu me
sentiria mal em deixá-lo se preocupar com sua segurança.”

Ela balança a cabeça vigorosamente. “Não. Qual direito dele


comigo?”

“Você quer dizer legalmente?”

Ela concorda.

Nós nunca discutimos o aspecto legal da forma como as


coisas foram decididas pelo tribunal. Tudo que ela sabe é que vive
comigo e visita sua avó e pai. “Bem, agora eu tenho a sua
custódia física total. Então, ninguém mais tem o direito de levar
você. Você vai visitar sua avó uma vez por mês, porque isso é o
que eu arranjei com ela. Acho que é importante manter contato
com ela, e ela te ama muito. Ela queria ter a sua custódia física,
mas tem setenta e dois anos, e você nunca tinha vivido com ela
antes, de modo que o tribunal concordou que você devia viver
comigo.”

Eu espero até que ela olhe para mim e garanto que ela ouça
a próxima parte alta e clara. “E eu queria que você vivesse comigo
porque eu te amo.”

Ela sorri por entre as lágrimas e concorda, então eu


continuo.

“Mas há dois tipos de direitos que pessoas têm sobre


menores, custodia física e custódia legal. Seu pai e eu dividimos a
sua custódia legal.”

“O que isso significa?”

“Isso significa que o seu pai e eu temos direitos de


participar nas decisões importantes sobre você, como escola,
assistência médica, e esse tipo de coisa.”
“Mesmo que ele esteja na cadeia?”

“Sim. Eu não tentei lutar com ele pela guarda legal


completa. Ele sempre fez boas decisões para o seu bem-estar, e
ele te ama. Eu não queria que ele sentisse como se estivesse
tentando roubar você dele. Ele cometeu erros. Grandes. Mas ele
ainda é seu pai.”

Penso que fiz um bom trabalho explicando isso, mas


quando termino, ela parece ainda mais devastada do que quando
comecei. Lágrimas escorrem pelo seu rosto.

“Oh meu Deus, eu sinto muito. Eu não queria aborrecer


você. Foi muita informação?” Inclino e puxo ela em meus braços.
“Venha aqui. Fale comigo. Que parte você ficou chateada?”

Ela chora no meu ombro por alguns minutos, e eu não


consigo segurar minhas próprias lágrimas. Dói muito vê-la
sofrendo. As crianças não deviam sentir dor por causa das ações
dos adultos que deveriam protegê-los. No entanto, isso acontece
todos os dias.

Nunca pensei que ia querer que a Izzy zangada e irritada


aparecesse. Depois de um tempo, o choro diminui, e ela funga
antes de levantar a cabeça do meu ombro. Seus olhos estão
inchados e vermelhos.

“Você vai me mandar de volta para viver com ele, não é?”

A pergunta me pega desprevenida. Nunca me ocorreu que


Izzy poderia não querer viver com seu pai quando ele sair em
poucos meses. Foi apenas nos últimos meses que ela começou a
se abrir para mim, e comecei a ver que ela realmente não me
odeia, ela odiava as circunstâncias por que ela tinha que viver
comigo, e eu era a única pessoa por perto para culpar.

Analiso seu rosto. “Você não quer viver com o seu pai?”
Ela balança a cabeça.

“Você está chateada com ele agora. Eu não acho que você
está no momento certo para pensar em coisas como essa.”

“Ele não é uma garota. Ele não iria entender as coisas. Não
posso simplesmente ficar com você e visitá-lo nos fins de semana
ou algo assim?”

Jesus, não estou pronta para responder a essa pergunta.


Ainda mais assim, não tenho certeza se poderia responder a essa
pergunta. Garrett certamente quer a custódia da sua filha
quando ele sair, não é?

“Izzy, eu... não acho que essa decisão cabe a mim, ou a


você, sozinha.”

Seu rosto esperançoso fica triste. “Cabe a papai?”

“Acho que se você e eu decidirmos que seria do seu


interesse ficar comigo, e seu pai discordar, um juiz teria que
decidir.”

Ela olha para baixo, parecendo pensar na resposta por um


minuto. Então é franca comigo, olhando direto nos meus olhos.
“Você quer que eu viva com você, se for isso que eu quero?”

A resposta sai dos meus lábios antes que eu possa pensar.


“Sim.”

Mas eu não tenho uma boa sensação de que as coisas vão


correr bem, se acontecer de ser isso que Izzy queira.
Estou nervosa e agitada.

De alguma forma tenho conseguido me manter ocupada


essa semana e não perdi muito tempo pensando sobre o meu
próximo encontro, ou melhor, próximo fim de semana com
Hunter, até agora. São duas da tarde na sexta-feira, e eu já
terminei todas as minhas consultas e fiz minhas notas dos meus
casos. Esperando relaxar e descontrair, preparo a banheira e jogo
dentro bath bombs24 com fragrância de ervilha doce que comprei
no caminho de casa ontem.

Como o resto do meu apartamento, o banheiro é pequeno,


por isso embaça apenas de encher a banheira com água quente.
Desde que Izzy não está em casa, deixo a porta aberta para deixar
sair um pouco do vapor e jogo minhas roupas antes de entrar na
água quente. Fechando os olhos, respiro fundo e inalo o incrível
aroma do jardim da minha avó. Totalmente o que preciso.

Meu telefone toca na pia interrompendo a minha paz, e


meus olhos se abrem. Encontro um olho penetrante me olhando
no canto da banheira, pulo da água, espirrando metade do banho
por todo o chão, e quase escorrego no azulejo molhado.

O gato.

O maldito gato.

24Bath Bombs são um tipo de sal de banho, em forma de bolas que contém diversas ervas, cores,
aromas e podem provocar muita espuma na banheira.
Você acha que a presença de apenas um olho teria me dado
uma pista.

Catpernicus aproveitou a porta aberta e se empoleirou na


beirada da banheira, quase me matando de susto. Com a forma
como ele continua com um olho em mim (sem trocadilhos), agarro
a toalha da prateleira para me cobrir.

Sério? Eu estou no limite hoje.

Respiro profundamente algumas vezes e vou pegar meu


telefone, o zumbido do que tinha sido o catalisador para o meu
quase desastre, e de repente percebo que meu celular não está
mais na pia. Receio estabelece em meu estômago, mas olho por
toda parte, deixando o que eu mais temia por último.

Não no chão.

Não caiu na pia.

Não saltou milagrosamente para a lata de lixo nas


proximidades.

Meus olhos caem para a banheira.

Merda.

Lá está meu telefone, no fundo da banheira meio cheia.

Na minha corrida frenética para sair, tinha me segurado na


pia e devo ter batido nele que caiu na água. Eu o pego, mas é
claro, já é tarde demais. O telefone está morto, e não posso
imaginar que haverá uma ressurreição.

Embora fique irritada comigo mesma, não há nada que eu


possa fazer sobre isso no momento, então seco meu telefone e
tento voltar para a banheira. Achando impossível relaxar, decido
terminar minha preparação. Depilo as pernas e axilas, e depois
examino o trabalho da depilação brasileira que eu fiz ontem para
garantir de que isso parece bem. Catpernicus senta
obedientemente na beirada da banheira, lambendo e limpando
suas patas. Pedi para minha vizinha, a senhora Whitman, que
também tem um gato, cuidar dele no fim de semana. Eu me
pergunto se talvez Catpernicus está se preparando para seu
próprio encontro.

Preparar a mala é um desafio por si só. Pego minha lingerie


rendada, mas não tenho certeza se vou usar, além disso. O que
resulta em excesso de bagagem, algo para relaxar em casa, algo
para sair, jeans e uma camiseta... E se chover? Imagino o olhar
no rosto de Hunter se eu aparecer com capa de chuva e duas
malas. O pobre homem, provavelmente terá um ataque do
coração, pensando que eu vou me mudar para a casa dele.

Borboletas fixam residência em minha barriga pelo resto da


tarde. Nós trocamos mensagens algumas vezes esta semana e
decidimos que ao invés dele me buscar, eu vou para a sua casa
depois de deixar Izzy. Hunter vive muito perto da casa da mãe de
Garrett. Vou pegar Izzy no treino, e eu não quero que ela veja a
mala, então escondo no porta-malas. Preciso ter cuidado com o
exemplo que dou, especialmente agora que ela está com quase
dezesseis anos e interessada nos garotos. Adolescentes ouvem as
suas ações, não o que você diz a eles se é certo ou errado.

No caminho para pegar Izzy, paro na Verizon e compro um


novo iPhone, ridiculamente caro. Eles não são capazes de salvar
qualquer coisa do meu telefone antigo, então não tenho números
ou contatos, e basicamente começo do zero. Eu nem sei qual o
primeiro dígito do número do telefone de Hunter.

Provavelmente foi melhor que Izzy voltou a ser uma


adolescente descontente e está de mau humor quando eu a pego
no treino. Minhas emoções já estão em todo o lugar, e não tenho
certeza de que seria sensato discutir sobre garotos ou seu pai.
Quando nós chegamos na casa da sua avó, estaciono ao lado de
outro carro.

“Oh, quase esqueci. Deixei cair meu telefone na banheira.


Nem sequer sei o seu número.” Pego meu novo celular do bolso do
casaco. “Você pode salva-lo aqui?”

Ela pega e digita enquanto fala. “Quando você usou a


banheira?”

“Esta tarde.”

“Mas você tomou banho hoje de manhã. Você estava lá


quando eu acordei.”

“Umm... eu estava estressada, então tentei um novo bath


bomb.”

“Tudo certo?”

“Sim.” Minto. “Apenas algumas coisas de trabalho estão me


incomodando.”

Levo Izzy para a porta, falando com sua avó por um


minuto, e depois forço um abraço e um beijo. “Eu te ligo amanhã
para ver se está tudo bem.”

“Você vai fazer algo neste fim de semana?” Ela pergunta.

Sorrio, feliz por não ter que mentir. “Estou pensando em


passar o fim de semana na cama.”

C
É possível sentir o seu coração saltando contra a sua caixa
torácica? Eu não tenho certeza, mas isso é o que sinto que está
acontecendo. Ou isso, ou eu tenho um caso sério de indigestão.
Estaciono meu carro em uma garagem na mesma quadra da casa
do Hunter, e tudo me atinge quando entrego as chaves para o
manobrista. Ele me pergunta que horas eu vou pegar de volta.

Engulo com dificuldade. “Não até domingo.”

Estou realmente fazendo isso.

Borboletas fervilham na minha barriga, mais forte a cada


passo que dou em direção ao prédio de Hunter. Respiro
profundamente quando me cumprimentam.

“Você deve ser a Sra. Rossi?”

Não é o mesmo porteiro que estava trabalhando na noite


em que tinha visitado. “Sim. Como você sabe disso?”

Ele sorri calorosamente e tira o chapéu. “Sr. Delucia ligou


mais cedo e disse que estaria chegando agora. Ele foi incapaz de
falar com você e me pediu para avisar que o voo dele está
atrasado, e ele vai chegar em casa por volta das nove.”

“Oh.” Decepção me domina. Usei toda a tarde mentalizando


a chegada, e outra hora certamente vai destruir o resto dos meus
nervos.

O porteiro enfia a mão no bolso. “Ele pediu que eu pegasse


a chave com o supervisor assim você pode entrar e esperar. Você
gostaria que eu a acompanhe até lá?”

“Oh. Não. Posso fazer isso sozinha.” Pego as chaves e sinto


a necessidade de me explicar por algum motivo desconhecido.
“Eu derrubei o meu telefone na água. É por isso que ele não
conseguiu falar comigo.”
No elevador, pego meu novo telefone do meu bolso
novamente. Não verifiquei desde que a loja ativou ele, além do
momento que Izzy gravou o número dela. Com certeza, tenho uma
nova mensagem de Hunter que tinha chegado nos últimos
minutos.

Hunter: Acabei de pousar no JFK. As minhas mensagens


não estão aparecendo como entregue. Espero que tudo esteja
bem.

Salvo seu número para meus contatos e digito de volta.

Nat: Eu quebrei meu telefone e comprei outro uma hora


atrás. Perdi todos os meus contatos.

Hunter: Voo estava atrasado. Vai ser mais uma hora antes
de chegar aí. Desculpa. Benny o porteiro deve ter uma chave para
você entrar.

O elevador apita e as portas se abrem enquanto eu digito.

Nat: No elevador com chave na mão enquanto escrevo isso.

Hunter: Bom. Eu estava começando a me preocupar que


você estava me dispensando.

Seu apartamento fica algumas portas depois do elevador,


então entro antes de responder novamente.

Nat: Eu ainda tenho uma hora para reconsiderar. Nada


pode acontecer…

Hunter: Que tal você passar essa hora ficando nua e


pensando em todas as coisas que vou fazer com você quando eu
chegar em casa.

Agora isso é tentador. Mordo o lábio inferior e brinco com


ele um pouco.
Nat: Você não vai nem mesmo me alimentar primeiro?

Os pontos começam a pular, depois param, então começam


novamente.

Hunter: Eu te daria o visual do que imagino alimentando


você, mas precisamos parar de conversar ou eu não vou ser capaz
de sair desse avião em poucos minutos sem me envergonhar.

Oh meu. Ele não descreveu, a minha própria imagem é


muito vívida. Outra mensagem surge antes que eu possa
responder.

Hunter: Vejo você em breve.

Suspiro. Deixo minha mala na porta da frente e saio para a


varanda. Puxo o cordão para abrir as cortinas que cobrem as
portas de vidro e aprecio a vista espetacular. É estranho estar
dentro do apartamento de Hunter sozinha. Depois de olhar um
pouco a cidade, decido olhar em volta um pouco. E por olhar,
quero dizer bisbilhotar.

Não é a sua casa, de modo que o lugar tem poucos itens


pessoais. No entanto, isso não me impede de verificar o seu
armário no banheiro. Uma caixa extra de creme dental, um frasco
grande de enxaguante bucal, vitaminas fechadas, dois
desodorantes intocados, apenas o básico. Embora suponho que
se ele tivesse medicamentos, provavelmente levaria com ele ao
viajar, então não vou descobrir nada. No quarto, há uma boa
quantidade de roupas no armário, e a cômoda tem o sortimento
habitual de meias e cuecas. Olhando ao redor do quarto, não há
muito mais para investigar, além do criado-mudo.

O primeiro que verifico está vazio. Estou prestes a terminar


minha investigação quando paro perto do outro criado-mudo.
Deslizando a gaveta aberta com o meu dedo indicador, descubro
algo muito particular. Dentro há um saco acomodado em cima de
alguns papéis. Memorizo como o saco está colocado e, em
seguida, levanto para verificar o conteúdo. Dentro está a maior
caixa de preservativos que eu já vi, um frasco de lubrificante que
pode ser aquecido, e... bath bombs. Vacilo vendo que Hunter
comprou o mesmo perfume que usei mais cedo hoje, ervilha doce.
Também me deixa feliz que os únicos preservativos no
apartamento parecem estar nessa caixa fechada que ele
provavelmente comprou comigo em mente.

Antes de colocar o saco no lugar, verifico os papéis,


tomando cuidado para não tira-los muito do lugar. Dentro há um
contrato de arrendamento de curto prazo para o apartamento de
propriedade da empresa, um contrato de aluguel de automóveis, e
uma correspondência endereçada para Hunter. Quando começo a
colocar o saco de volta acontece de notar o carimbo postal no
envelope, foi enviado há quase dez anos. Olhando para o endereço
de retorno, eu reconheço o nome, Jayce Delucia, irmão de
Hunter. Sei que ele morreu anos atrás. Minha mão esfrega um
local no peito, sentindo-me emocional que Hunter carrega uma
antiga carta de seu irmão morto. Ele não é apenas um cara
bonito abençoado com encanto natural, ele é um homem de
muitas camadas. E ao contrário da maioria dos homens, quanto
mais eu olho sob a superfície mais eu gosto do que vejo.

Sou uma bisbilhoteira, mas não sou uma total idiota, então
coloco a carta do seu irmão de volta e arrumo a gaveta do jeito
que estava antes de fecha-la. Não tenho ideia do que fazer comigo
mesma depois disso. Hunter não estará aqui por mais quarenta e
cinco minutos, pelo menos, então decido ligar para Anna. Será
divertido brincar de adivinhar onde estou.

“Meus mamilos estão me matando,” diz quando atende ao


invés de Olá.

Nada me surpreende com ela. “Bem, tudo bem então. É por


aí que a conversa vai seguir. Eu ia levá-la em uma direção
diferente, mas eu posso trabalhar com isso. Como está sua
bunda?”

Ela geme. “Sério, por que os homens não são os únicos a


produzir leite? Quero dizer, nós fazemos tudo. Eu carreguei esta
pequena pirralha por nove meses, saltou da minha minúscula
vagina, e agora meus peitos estão me matando, porque tudo o
que ela faz é chupa-los durante todo o dia.” Eu ouço um gritinho
doce em segundo plano quando ela termina sua reclamação.

“É a minha sobrinha?”

“É.” Sua voz suaviza. “Ela suga como um aspirador de pó.”

“Aww. Sinto falta de vocês. Diga-me o que ela está fazendo


estes dias. Ela está andando? Falando?” Brinco.

“Não é bem assim. Mas ela tem feito coco e sugado muito
bem.”

Rio e sento no sofá de Hunter. É tão bom ouvir sua voz,


como me embrulhar em um cobertor velho desde a infância.
“Como você está se sentindo?”

“Além dos mamilos rachados, eu realmente me sinto muito


bem. Tenho passeado com o carrinho de bebê muitas vezes, e
com amamentação queimando todas as minhas calorias, meu
corpo está começando a encolher voltando a sua forma normal.”

“Uau. Isso é ótimo.”

“O que está acontecendo com você?”

“Eh.” Finjo não ser grande coisa. “Eu estou apenas sentada
na casa do Hunter, esperando que ele volte para casa para que
possamos transar como coelhos.”

Um grito tão alto vem através do telefone que eu tenho que


puxá-lo para longe do meu ouvido. Desnecessário dizer que nós
colocamos em dia toda a conversa ao longo da próxima meia
hora. Embora Anna esteja inicialmente desconfiada de eu e
Hunter ficarmos juntos, ela está realmente animada. Talvez muito
animada. Ela me mudou para a costa oeste, me casou com o
melhor amigo do seu marido para nós quatro podermos ser
inseparáveis, e empurrar um carrinho de bebê ao lado dela. A
realidade é, Hunter e eu estamos apenas sendo amigos de foda.

Tento controlar suas expectativas, embora a esperança que


ouço na voz dela me diz que não vai ser uma tarefa fácil.

“Por que você não o encontra na porta nua?” Anna diz.

Rio. “Ele esteve viajando o dia todo. Provavelmente está


morrendo de fome.”

“Meu ponto exatamente.” Minha sobrinha começa a


choramingar ao fundo. Nós estamos falando no telefone por um
longo tempo. “Droga. Ela está molhada. Preciso troca-la. Você
pode me ligar de volta em poucos minutos?”

“Hunter deve estar em casa em breve. Que tal se eu te ligar


amanhã.”

“Meu Deus. Ligue-me assim que acabar.”

Eu rio. “Certo. Vou ligar enquanto ele estiver tirando o


preservativo.”

“Ok!”

Não tenho certeza se ela sabe que estou brincando ou não.


“Eu te ligo amanhã, senhora louca.”

Depois que digo adeus, vou para o banheiro para me


refrescar. Enquanto estou lá, por meio segundo considero o que
Anna sugeriu. Eu sei, sem sombra de dúvidas, que Hunter ficará
encantado se eu abrir a porta pelada. Mas ainda estou no limite e
preciso da paixão crescer entre nós antes que eu consiga avançar
muito.

Quando estou escovando meus dentes com o meu dedo,


ouço a porta da frente abrir e fechar. Meu Deus. Ele está em casa.
Estou meio tonta, totalmente nervosa e agitada com uma súbita
onda de adrenalina. Fechando os olhos, respiro profundamente
várias vezes e então olho no espelho antes de sair para ver o
homem responsável por meu coração disparar um milhão de
quilômetros por minuto.

Só que, quando saio, não é Hunter de pé na sala de estar.


É uma mulher. Assim que eu saio do banheiro, ela deixa cair o
casaco no chão.

E eu congelo no lugar, ali de pé olhando para seu belo


corpo nu.
“Merda!” A mulher murmura enquanto abaixa para pegar o
casaco ao redor dos seus pés descalços. “Pensei que ninguém
estava hospedado aqui.” Ela parece ter um sotaque britânico.

Pisco algumas vezes, em primeiro lugar surpresa com o


rumo dos acontecimentos, mas, em seguida, numa tentativa de
descolar os olhos da ruiva escultural. Ela é linda de morrer. Alta,
magra, pele de porcelana, cachos lindos, e as pernas infinitas.
Não costumo ser excessivamente autoconsciente, mas de pé em
um quarto com ela é rápido e real.

Antes que possa formar uma frase coerente, a mulher volta


a falar enquanto puxa o casaco. “Sinto muito. Estou no
apartamento vizinho. Um cara que trabalho, às vezes fica aqui, e
sabia que ele estava na cidade. Quando perguntei ao porteiro se
estava no apartamento, ele disse que estava.”

“Como chegou aqui?”

Ela aponta por cima do ombro. “A porta não estava


trancada. Bati primeiro, mas ninguém respondeu, então abri.”

“Quem é você?”

“Brooke. Brooke Canter.” Ela aperta o casaco na cintura.


“Peço desculpas. Pensei que você fosse outra pessoa. Estou
mortificada.”
O medo que se instala na minha barriga sabe a resposta,
mas pergunto, no entanto. “Quem pensou que estivesse aqui?”

“Hunter Delucia.”

Vendo meu rosto vacilar, os olhos da mulher fecham.


“Merda. Hunter é a sublocação aqui, não?”

Balanço a cabeça lentamente.

“Nós costumávamos...” Ela balança a cabeça. “Deixa para


lá. Tenho que ir.”

Antes que possa dizer qualquer outra coisa, a mulher


envergonhada corre de volta para fora da porta. Eu, por outro
lado, pareço estar imobilizada.

C
“Esse maldito idiota.” Aperto o painel do elevador uma
segunda vez, resmungando para mim mesma. A maldita coisa
não está se movendo, e tudo que quero fazer é dar o fora daqui
antes de Hunter aparecer. Não deveria estar tão chateada, mas
não posso me impedir. Foi estúpido da minha parte esperar que
alguém que propôs que tivéssemos um caso de curto prazo não
tivesse outras. Nem sequer soa como se ela tivesse falado com
Hunter desde que ele chegou na cidade semanas atrás, mas isso
não faz doer menos.

O elevador finalmente começa a se mover. Na minha pressa


de sair do apartamento acho que esqueci de pegar meu celular.
Enquanto procuro desesperadamente na bolsa, as portas do
elevador abrem no térreo. Frenética, encontro o meu telefone,
fecho a bolsa, e saio, sem primeiro olhar para cima. O que é o
motivo de eu bater direto em um homem.

Claro, que o homem tem que ser Hunter.

Ele agarra meus ombros e firma-os para me impedir de


cair. “Ei... aonde vai correndo assim?”

Ele diz de brincadeira e com um sorriso no rosto, mas


quando vê minha cara feia, seu sorriso some.

“Sai da frente.” Exijo.

“Natalia? O que aconteceu? O que está acontecendo?”

“Estou indo embora.”

“Por quê?”

“Não precisa de mim aqui.”

“Do que está falando? Porque está tão chateada?”

Suas mãos ainda estão em meus ombros. “Solte-me!”

Ele ergue as mãos em sinal de rendição. “Tudo bem. Mas


fale comigo. O que está acontecendo?”

Encontro seu olhar. “Eu conheci sua vizinha.”

Suas sobrancelhas descem como se isso não fosse


suficiente. Quem sabe? Talvez não seja. Não fui de porta em porta
para ver quais outras mulheres ele está transando. Reviro os
olhos. “Brooke. A ruiva.”

Os olhos de Hunter fecham.

Espero até que reabram para terminar minha descrição. “E


ela é uma ruiva natural, no caso de ter esquecido. Sorte minha,
que tive uma visão em primeira mão.”
Começo a caminhar em volta de Hunter, mas ele agarra
meu braço. “Natalia.”

Parando, respondo como uma criança mal-humorada. “O


que?”

Falo com seu peito, e ele mantém o silêncio até que olho em
seus olhos. Seu tom é firme, mas calmo. “Vamos falar sobre isso.
Pode decidir sair, ou pode ficar, mas de qualquer forma, por
favor, me ouça.”

Estou cansada, e ele vê no meu rosto.

“Por favor,” ele pressiona.

Nossas vidas estão interligadas por amigos em comum. Só


faz sentido que as coisas terminem do melhor jeito possível.
Balanço a cabeça, e a expressão de alívio em seu rosto me faz
perceber que ele é muito melhor em controlar seu temperamento
do que eu.

Quase como se tivesse medo que eu vá mudar de ideia, ele


aperta o botão para chamar o elevador, pega a alça da minha
mala, e coloca sua outra mão na parte baixa das minhas costas,
guiando-me para dentro.

Poderia ouvir um alfinete cair durante a subida. No


entanto, mesmo chateada e magoada, dividir um espaço pequeno
com Hunter tem um efeito louco em meu corpo. Ele é tão gostoso.
Enche o espaço com seu cheiro inebriante e a maneira como para
em pé, daquela forma masculina de macho alfa.

Fico aliviada quando chegamos em seu andar. Preciso de


um ar que não seja compartilhado com este homem para manter
minha cabeça no lugar. Nosso silêncio continua enquanto
caminhamos pelo corredor. Ainda me sentindo fora de ordem,
nem percebo que passamos a porta do seu apartamento até que
ele bate em outra.

“Por que está batendo?”

Antes que possa responder, a ruiva deslumbrante abre a


porta. Seus olhos se iluminam ao ver Hunter até que ela vê seu
rosto e eu ao seu lado.

“Brooke.” Ele cumprimenta.

Ela olha entre nós dois. “Sinto muito. Não sei o que estava
pensando.”

“Quando foi a última vez que nos vimos?” Hunter pergunta,


novamente naquele tom calmo, mas firme.

“Um ano atrás, talvez?”

“E a última vez que conversamos?”

Ela dá de ombros. “Há alguns e-mails sobre o projeto


Cooper, mas não acho que conversamos em um ano também.”

Hunter concorda. “Obrigado. Sinto muito incomodá-la.”

Com a mão ainda nas minhas costas, ele me guia para a


próxima porta. Sua espera afrouxa brevemente para que ele
possa abri-la, e então me conduz para dentro. Colocando minha
bagagem no chão, ele se vira, afastando o cabelo dos meus olhos.

“O que aconteceu?”

“Eu estava no banheiro, ouvi a porta abrir, então pensei ser


você. Quando saí, ela estava de pé na sala de estar e tinha
acabado de deixar o casaco. Ela estava completamente nua.”

Ele balança a cabeça e parece contemplar essas


informações por um minuto antes de falar novamente. “Se
estivesse te esperando e algum cara chegasse e eu visse seu
pênis, tenho certeza que ficaria chateado. Certeza que ele também
teria conseguido um olho roxo antes de eu sair.”

Dez minutos atrás, não podia imaginar que ele pudesse


dizer qualquer coisa para me fazer sentir melhor. Mas de alguma
forma, ele se colocar no meu lugar alivia um monte a raiva. Ainda
estou machucada, mas aplacou o fogo.

“Ela tem que ter um corpo incrível e ser maravilhosa?”

“Ela não se compara a você. Nem perto.”

Ou ele tem má visão ou é um bom mentiroso, porque soa


muito, muito sincero.

Estendendo a mão, ele segura uma das minhas. “Foi uma


vez depois de uma festa há muito tempo. Nem sabia que ela
estava na cidade e não me importei em descobrir.”

Balanço a cabeça.

Ele me puxa e não luto contra quando ele me envolve num


abraço apertado. Em algum lugar ao longo do caminho, perco o
resto da luta, e o abraço de volta.

“Ervilha doce,” ele abaixa a cabeça no meu pescoço. “Nunca


me importei com cheiros até te conhecer, e agora não consigo
parar de cheirá-la em todos os lugares e pensar em você.”

C
Hunter toma um banho após o drama ter passado. Ele
esteve na construção toda a manhã e, em seguida, viajou toda a
tarde para chegar em casa. Toda a semana imaginei rasgarmos as
roupas um do outro no minuto que finalmente estivéssemos
sozinhos em seu apartamento, mas a visita inesperada da vizinha
estragou isso, pelo menos até ele sair do banheiro usando apenas
uma toalha e parecendo insanamente sexy.

Nunca fui uma boa jogadora de pôquer. Mostro minhas


emoções no rosto. Hunter me pega visualmente comendo seu
corpo, e talvez eu, sem saber, babe um pouco enquanto olho os
músculos esculpidos em seu peito. Jesus. Os homens não
parecem com ele na vida real. Talvez os homens no anúncio fora
da academia que pagava, mas raramente ia, ... mas não reais,
homens de verdade. Seus abdominais são definidos e
ordenadamente cortados em oito que quero traçar com a língua.
Se possível, os ombros largos parecem ainda maiores sem camisa,
e não posso começar a explicar o que o caminho da felicidade que
desaparece na toalha faz comigo.

“Estamos bem?” A voz de Hunter é rouca. “Porque se


continuar me olhando desse jeito, vou te dobrar no sofá que está
sentada e te dar o resto da turnê do meu corpo de dentro para
fora. Mas prefiro não te foder pela primeira vez enquanto está
chateada.”

Meus olhos saltam para os dele, e ele sorri. “Não me


interprete mal, gostaria de te foder brava. De preferência, com
nós dois bravos. Apenas não da primeira vez.”

Engulo. “Estamos bem.”

Ele continua longe, o que me faz pensar que precisa manter


o controle. “Você está com fome?”

Usando uma lição da sua cartilha, arqueio a sobrancelha


em resposta.

Ele ri. “Você será minha morte. Sei disso.” Ele esfrega as
mãos sobre o rosto. “Já jantou?”
Realmente não jantei, mas comida não está na minha lista
de prioridades no momento. “Não estou com fome.”

“Vou pedir algo.” Enquanto ele fala, meus olhos caem para
a linha de pelos que desce do seu umbigo para a toalha. Hunter
murmura enquanto caminha para o quarto, “Você está tornando
muito difícil fazer a coisa certa.”

C
Hunter pega duas almofadas do sofá e joga no chão. “Tudo
bem se comermos aqui?”

“Gostaria disso.”

Ele coloca uma música de fundo e pega uma garrafa de


vinho enquanto coloco a comida chinesa entregue. Adoro que
numa noite ele cozinhe e me sirva na ilha da cozinha, e na
próxima me entregue pauzinhos e um pote. Há algo tão íntimo
sobre comer na mesa do café. Pedi frango xadrez, e ele camarão
chow mein. De vez em quando, pega parte do meu e trocamos
sorrisos.

Quando não estou fugindo dele literal ou figurativamente,


realmente gosto da sua companhia.

“Como foi sua viagem?” Pergunto.

“Ocupado. O cliente mudou de ideia quarenta vezes antes


de se decidir pelo que propus, em primeiro lugar.”

Dou um sorriso atrevido. “Soa familiar, deve ter esse efeito


nas pessoas.”
Ele ri. “Como foi sua semana? A visita ao ex foi bem?”

Coloco o pote para baixo. “Isso nunca acontece.”

“O que aconteceu?”

“Eu a levo para visitar seu pai, porque me importo com ela.
Garrett usa Izzy como uma desculpa para falar comigo e tenta
tirar informações. Ela está começando a vê-lo por quem é.”

“Isso é péssimo. Parece que ele não gosta que o tenha


deixado.”

“Sim. Ele realmente a machucou. Na volta para casa, ela


praticamente me disse que quer ficar comigo, mesmo depois de
Garrett sair.”

“Como se sente sobre isso?”

“Honestamente, não pensei seriamente até ela mencionar.


Até recentemente, ela passava a maior parte do nosso tempo
juntas silenciosamente me odiando do seu quarto. Mas quando
disse, notei que não consigo ver minha vida sem ela. E tanto
quanto ela tenta me afastar, quer uma figura materna em sua
vida. Talvez Garrett e eu possamos resolver isso.” Dou de ombros.
“Funciona com um monte de casais divorciados que a mãe
mantém a custódia e as crianças visitam o pai nos fins de
semana. Acontece que não compartilho DNA com ela, mas não a
vejo como qualquer outra coisa além de minha.”

Hunter me olha divertido.

“O que eu disse?”

“Você é uma ótima mãe.”

Sinto meu coração apertar. Uma ótima mãe. Ninguém


nunca disse essas palavras para mim. “Obrigada. Como te disse,
não tenho a menor ideia do que estou fazendo, mas tento sempre
colocá-la em primeiro lugar.”

Hunter coloca o recipiente em cima da mesa e termina o


resto do vinho no copo. “Vem cá, mulher madura.” Ele estende a
mão para mim.

Quando a seguro, de alguma forma ele consegue me puxar


para seu colo.

“Nunca comi uma mãe sexy antes.”

Sorrio. “Você é tão grosseiro.”

Hunter entrelaça nossos dedos, e seu rosto fica sério


quando olha em meus olhos. “Estamos bem?”

“Sim,” suspiro.

“Seus olhos dizem algo diferente.”

“O que você quer dizer?”

“Eles dizem que me quer ou que quer fugir. Nunca há uma


certeza. Quando era criança, eu, meu irmão, Derek, e todas as
crianças do bairro costumavam fazer um jogo chamado Luz
vermelha, Luz verde 1-2-3 onde uma pessoa era 'ele', e o objetivo
era chegar até ele enquanto cantasse luz vermelha luz verde 1-2-
3. Mas a qualquer momento, ele poderia gritar luz vermelha e
correr. Então, todo mundo teria que congelar no lugar.”

Minha testa franze. “Conheço o jogo, mas o que tem a ver


comigo?”

“Você é ele. Continuo avançando, mas sinto que a qualquer


momento vai gritar luz vermelha e eu vou precisar congelar,
possivelmente com um caso grave de bolas azuis.”
Embora sua analogia seja louca, ele não está errado. Estou
enviando sinais quentes e frios desde o primeiro dia que o
conheci, à procura de qualquer desculpa para correr. Mas tudo se
resume a uma verdade.

Olho nossas mãos unidas e levanto os olhos para encontrar


os dele. “Você me assusta demais, Hunter. Mas não consigo ir
embora.”

Ele segura meu olhar. “Não é uma aventura sem um pouco


de medo.”

Naquele momento, realmente decido dar uma chance. Fui


queimada, mas me curei. Fui derrubada, mas me levantei. Não
estou pronta para pensar sobre o resto da minha vida de
qualquer maneira, então por que não desfrutar de uma aventura?
Respirando fundo, calmamente canto para Hunter, “luz verde, luz
verde, 1-2-3.”

Há um olhar hesitante em seus olhos, e sua testa franze.

“Eu ignoro a luz vermelha. É tudo verde daqui para frente.”

Hunter segura a parte de trás do meu pescoço e me puxa


para ele. Nossos lábios se encontram num beijo que começa de
forma diferente dos outros. Normalmente começamos com
frustrações reprimidas que tomam a forma de choque de línguas
e dentes. Mas desta vez não é a frustração que alimenta nossa
paixão, toda essa merda estava nos segurando.

Nosso beijo é mais lento, mais profundo, mais sensual. O


tipo de beijo que te faz sentir como se nunca tivesse sido beijada.
Sinto seu pênis entre minhas pernas e, inconscientemente,
começo a me esfregar nele enquanto o beijo se intensifica.

Os dedos de Hunter puxam meu cabelo, e ele geme.


“Calma, querida.”
“Não quero ir devagar mais,” sussurro, roçando-o com mais
força.

Se for do meu jeito, terminaremos o que começamos no


chão da sala. Mas, aparentemente, Hunter tem outras ideias. Ele
me pega no colo.

Ele nunca afasta os olhos enquanto nos leva para o quarto.


“Preciso estar dentro de você da pior maneira e te foder na sala de
estar por mais tentador que seja, não é nada bom para uma
primeira. Embora possa ter a maldita certeza que acontecerá
neste fim de semana. Agora, terá minha boca primeiro para que
eu possa ter certeza de que está cuidada antes de me
envergonhar como um adolescente quando finalmente estiver
dentro de você.”

Hunter me coloca na cama e começa a se despir. Primeiro a


camisa. Ele levanta as mãos e a tira num movimento fluido.
Sentada na beirada do colchão, estou cara a cara com seu peito
definido. Em seguida saem as calças. Meus olhos estão colados à
suas mãos enquanto seus dedos trabalham no botão e zíper da
calça jeans. O som de cada dente de metal abrindo vibra na boca
do meu ventre.

Enganchando dois polegares nos lados, ele puxa o tecido.


Quando se volta para cima, usando apenas cueca boxer preta,
meu queixo cai. Hunter tem um pacote enorme, cuja ponta
espreita no topo da cueca. Umidade brilha na cabeça, me
hipnotizado.

“Foda-se.” Hunter geme. “Você não tem ideia de quão ruim


quero agarrar seu cabelo e foder essa boca aberta.”

Observo-o por debaixo dos cílios. “O que está te


impedindo?”
Ele inclina a cabeça e murmura alguma coisa a Deus antes
de começar a me despir. Meu corpo formiga da cabeça aos pés
quando ele tira minhas sandálias, dando um beijo no topo de
cada pé antes de passar para os jeans. Ele os desliza do meu
corpo e roça sobre a renda da minha calcinha antes de as
eliminar também. Quando tira minha camisa e sutiã, estou muito
cativada pela forma como ele me olha até mesmo para notar que
estou nua. Seus olhos escurecem e dilatam, eclipsando quase
totalmente o azul bebê que me encanta.

Quando fica de joelhos, sua voz é rouca. “Deite. Abra-se


para mim, Natalia.”

Sempre me perguntei por que ele escolheu me chamar de


Natalia, em vez de Nat como todo mundo. No entanto, a maneira
como meu nome sai da sua língua neste momento me faz
agradecer esse fato. Empurrando meus joelhos, ele beija até o
interior das coxas. Quando atinge o ápice do meu centro, minhas
pernas tremem. Depois de tal suave subida, esperava sentir um
beijo doce ou o calor da sua língua entre minhas pernas. Mas não
há nada gentil sobre a forma como Hunter me devora.

Minhas costas arqueiam para fora da cama pela selvageria


inesperada e desespero do seu toque. Ele lambe minha excitação,
chupando com força em meu clitóris, e afundando o rosto em
mim. É como se tivesse morrendo de fome e eu fosse sua primeira
refeição. A construção dentro de mim é tão rápida e furiosa como
o apetite de Hunter.

“Hunter.” Minha respiração falha.

“Goze na minha língua, baby.”

Oh Deus. “Hunter...” gemo seu nome.

Ele responde deslizando dois dedos dentro de mim


enquanto sua boca se concentra no meu clitóris palpitante.
Ele bombeia dentro e fora algumas vezes.

“Oh Deus.”

“Sua buceta é tão apertada. Não posso esperar para te ter


apertando meu pau.”

Isso é suficiente. Não importa que normalmente odeio essa


palavra. O desejo em sua voz tensa faz soar sexy pra caralho, e
me envia ao limite. Meu orgasmo é intenso, me arrastando numa
poderosa onda que parece durar para sempre. A língua
implacável de Hunter nunca para de trabalhar no ritmo dos seus
dedos, arrancando cada contração do meu corpo.

Mesmo que esteja deitada de costas, fazendo nenhum


esforço, meu corpo tem um brilho de suor, e eu mal posso
respirar quando ele finalmente para.

“Foi bom?” Hunter beija a pele sensível acima do meu osso


púbico.

“Eu... Eu não sei. Meu cérebro não voltou a funcionar


ainda.”

Ele ri e sobe pelo meu corpo, beijando logo abaixo do meu


umbigo. Em seguida, coloca um joelho em cima da cama para me
levar até a cabeceira. A parte da garota antifeminista, que eu
odeio admitir que existe em mim, quer admitir que amou o fato
dele me carregar como se fosse uma pena.

Hunter sobe em mim, pairando com seu peso apoiado nos


braços. “Será que vai incomodá-la se te beijar depois disso?”

Ninguém nunca me fez essa pergunta. Mas Garrett sempre


saiu da cama para escovar os dentes depois, e eu fazia o mesmo
após o sexo oral, mesmo que nunca tenhamos conversado sobre
isso.
“Não tenho certeza. Está perguntando o que prefiro?”

Deslocando seu peso para um braço, ele estende a mão


entre minhas pernas e esfrega os dedos contra minha umidade.
Indo devagar, quase como se quisesse me dar a chance de
impedi-lo, ele aproxima a mão do meu rosto, seus dedos traçam
meus lábios, cobrindo minha boca com minha excitação. Seus
olhos traçam seus dedos como se enfeitiçado.

“Lamba seus lábios,” ele geme.

A maneira como me olha me faz obedecer. Observando-o,


corro a língua lentamente de um lado do meu lábio superior para
o outro antes de trazê-la de volta para minha boca. Fecho os
olhos e chupo minha língua, engolindo antes de abrir novamente.
Então faço a mesma coisa com meu lábio inferior.

“Essa é a porra mais sexy que já vi na vida.” Sua boca cai


sobre a minha.

Qualquer modéstia que tinha sobre o beijo depois de um


ato tão íntimo sai pela janela, vendo o efeito que tem sobre
Hunter. Ele me beija por um longo tempo e sua língua faz eu me
perder de novo. Ele aperta sua ereção contra mim, e escorrego as
mãos em sua cueca para afundá-las em sua bunda.

“Preciso de você,” ele geme.

Ele tira a cueca e pega um preservativo na mesa de


cabeceira. Usando os dentes para abrir a embalagem, coloca com
um movimento antes de voltar a se estabelecer entre minhas
pernas. Eu as abro, sabendo que faz um tempo muito longo para
mim.

Meus olhos estão fixos no homem que tenta não se desfazer


na minha frente. Ele alinha a grande cabeça do seu pênis na
minha abertura e lentamente empurra para dentro. Vi parte dele,
a ponta saindo pela cueca, então sei que ele é grande. Mas senti-
lo me esticar enquanto seus quadris balançam para frente e para
trás, faz-me perceber que julguei mal.

Lambo meus lábios com o pensamento de quão grande ele


é.

“Jesus Cristo,” ele ofega. “Estou tentando ir devagar.”

Meus olhos fecham enquanto ele empurra mais.

“Olhe para mim, Natalia,” Hunter ordena. “Cuidado com o


que você faz comigo.”

Lutando contra o meu instinto natural em me esconder,


encontro seu olhar. Hunter se move dentro e fora, cada impulso
indo mais fundo, até que está totalmente em mim. A maneira
como me olha é como se pudesse ver tudo de mim. É assustador
me sentir tão aberta, tão vulnerável, mas ao mesmo tempo, é
bonito e me faz sentir segura. Finalmente percebo por que estou
tão aterrorizada. Não é porque estou com medo de me apaixonar
por ele, porque eu já estou. E não importa o que tenhamos
combinado, estamos compartilhando mais do que corpos.

Seus braços começam a tremer.

Minhas unhas arranham suas costas.

Seus impulsos ficam mais e mais rápidos.

Vejo quando sua mandíbula tenciona enquanto ele chega


mais perto da própria libertação. A visão deste homem gozando é
nada menos do que magnífica. Hedonista. O ápice da decadência.

“Foda-se,” ele xinga, afundando tão fundo que ofego.

Aperto-o, outro orgasmo me acertando de repente, assim


que Hunter treme uma última vez e goza dentro de mim. Mesmo
através do preservativo posso sentir seu calor entrando em mim.
Abraçamo-nos, nossos olhares não se separando, assim
como nossas respirações. Quando ele finalmente sai, me beija
suavemente nos lábios e depois na testa antes de levantar para
tirar o preservativo e pegar uma toalha para me limpar.

Voltando para a cama, deita de costas, me puxando para


seu peito e envolvendo dois braços em mim para me segurar
firme. “Isso foi incrível. Estou feliz que não fugiu de novo.”

Sorrio, embora não possa vê-lo. “Eu também. Eu te dei


uma canseira, e agora você descontou, Sr. Delucia.”

“Levou um ano, querida.”

“Sim. Acho que sim. Mas estou aqui agora.”

Ele beija o topo da minha cabeça e me aconchega mais


perto. “Bom. Fique por um tempo.”
10 anos atrás

“Eu te amo porque me faz rir e tem um grande coração.”


Summer vai até a cama onde ainda estou deitado nu com as
mãos cruzadas atrás da cabeça e monta meus quadris. “Mas
isso...” ela se abaixa e segura meu pau. “Esta grande coisa é um
bônus muito bom.”

Seguro a parte de trás do seu cabelo e puxo sua cabeça até


a minha. “Oh sim? Você me ama, né?” Estamos nos vendo há seis
meses, mas nunca dissemos essas palavras antes.

Ela sorri e inclina a cabeça. “Acho que sim.”

Puxando-a para mais perto, beijo seus lábios. “Acho que


também te amo, então.”

Ela se inclina para trás e dá um tapa na minha barriga.


“Ei. Isso não é muito romântico. Acho que também te amo, então.”

“Bem. Que tal agora? Summer Pearl Madden, eu te amo


porque nunca diz não a um desafio e ri das próprias piadas,
mesmo quando não são engraçadas.” Apalpo seus seios. “Mas
isso... esses grandes seios são um bônus muito bom.”

Ela ri. “Está nervoso por hoje?”

“Nah. Ele ficará feliz. Ele ficará feliz por nós.”


Jayce e Emily ficaram noivos na noite passada. Foi
inesperado, mas os dois parecem estar em seu próprio mundinho.
Após seis meses de esconder minha relação com Summer, planejo
abrir o jogo com meu irmão. Mesmo que seja uma viagem de
ônibus de oito horas na maioria dos dias, Summer e eu somos
inseparáveis desde a noite da festa de formatura do meu irmão.
Conversamos por vídeo algumas horas, e um de nós está num
ônibus todo fim de semana, fazendo uma visita. O ‘eu te amo’ que
trocamos só reforçou a certeza de que já deveria ter contado.

Pego meu celular na mesa de cabeceira e verifico a hora.


“Merda. Tenho que correr. Meu tio nos pediu para encontrá-lo no
escritório à uma, então disse a Jayce para me encontrar no
Starbucks ao virar da esquina para que possa contar.” Pego
Summer pelos quadris e a levanto para que possa sentar. “O que
fará hoje enquanto eu estiver fora?”

Ela faz beicinho. “Estudar matemática. Se não passar, não


vou me formar.”

“Vou ajudá-la quando voltar.”

Summer se deita e observa eu me vestir. “Eu amo quando


me ensina.”

Coloco meu jeans. “Você gosta porque é grátis. Posso


começar a cobrar.”

“Estou bem com isso. Contanto que aceite favores sexuais


como pagamento.”

Cheiro uma camisa. Não tenho certeza se a usei antes e


não me preocupo em arrumar a bagunça que faço. Decidindo que
está limpa, eu a coloco.

“Isso é horrível.” Summer franze o nariz. “Cheirar roupas


antes de colocá-las.”
Olho para sua calcinha preta no chão ao lado da cama e
pego-a. Segurando o material fino nas duas mãos, trago-a ao
nariz e inalo sua calcinha.

Ela balança a cabeça, mas sorri. “Você é nojento.”

“Sim. Acha isso nojento?” Coloco a calcinha no bolso.


“Estou mantendo isso até mais tarde, e vou cheira-la como um
pervertido até em casa como algum tipo de preliminar demente
antes de voltar e te foder.”

C
Jayce parece distraído enquanto esperamos na fila para o
café. “Por minha conta,” digo quando chegamos ao caixa.

“Obrigado.”

Ele fica quieto, mesmo quando sentamos. “O que aconteceu


contigo? Parece que alguém matou seu cão.”

Jayce força um sorriso. “Apenas cansado, eu acho.”

“Sua noiva está te sugando, velho?”

Meu irmão olha sua xícara. “Ela está gravida.”

Não é exatamente a direção que esperava para essa


conversa. “Uau. Umm... parabéns.”

Ele passa os dedos pelo cabelo. “Eu realmente gosto dela.”

“Você não a ama?”

Ele balança a cabeça. “Não. Bem que eu queria.”


“Então por que pediu a ela para se casar?”

“Foi um acidente.”

Minhas sobrancelhas sobem. “Um acidente? Como,


exatamente, você acidentalmente propõe a alguém?”

Sua cabeça cai nas mãos. “Eu não sei. Ela me disse que
estava grávida, e chateada. Obviamente, não foi planejado. Ela
chorava e dizia que sempre sonhou em se casar e ter filhos, mas
não queria começar uma família tão jovem e sozinha. Nunca iria
abandoná-la, e não queria que ela sentisse como se estivesse por
conta própria.”

“Então lhe pediu em casamento?”

Jayce puxa seu cabelo. “Porra! Eu odeio vê-la gritar, e é


minha responsabilidade, também.”

“Talvez ela se sinta da mesma maneira? Ela pode estar com


medo e não quer se casar também. O que disse quando
perguntou?”

Ele afunda mais na cadeira. “Seu rosto se iluminou, ela


pulou em meus braços e disse que me amava.”

Merda. Jayce é um cara certinho. Tanto quanto parece


ridículo que alguém possa acidentalmente pedir alguém em
casamento, isso faz total sentido quando vem do meu irmão. Na
verdade, ele é um cara tão bom que sei a resposta para minha
próxima pergunta antes mesmo de fazê-la. “Você disse a ela que a
ama?”

Ele olha para mim. Claro que ele disse.

Quando pega seu café, sua mão treme tanto que o derruba
em tudo.

“Vai ficar tudo bem, mano.”


“Como?”

“Você vai falar com ela. Dizer que se preocupa e planeja


apoiar o bebê, mas não está pronto para casar.”

Jayce fica quieto por um longo tempo. Ele parece perdido


em pensamentos. “Por que não posso amá-la?” Ele murmura.
“Ela merece mais do que um cara que não pode dar seu coração,
porque alguém ainda tem um pedaço dele.”

Fecho os olhos.

A porra do meu coração se parte por muitos motivos.


Acordo numa cama vazia.

Deixei meu telefone em algum lugar na sala de estar, e não


há um despertador na mesa de cabeceira. As persianas estão
fechadas, mas as lâminas estão abertas, e uma vez que nenhuma
luz entra, imagino que ainda não é de manhã. Mas onde está
Hunter? Espero alguns minutos para ver se ele levantou para
pegar uma bebida ou usar o banheiro, mas ele não volta e o
apartamento não tem som de alguém se movendo. Incapaz de
voltar a dormir envolvo um lençol em meu corpo nu e vou
procurar o homem em cujos braços adormeci.

Todas as luzes estão apagadas, mas a cidade, além das


portas de vidro, ilumina o suficiente para eu ver que Hunter não
está aqui. Encontrando meu telefone, olho a hora e descubro ser
quatro e meia da manhã. Dormimos poucas horas. Talvez Hunter
seja um madrugador rato de academia?

Esta menina não é, então decido voltar para a cama e ter


uma resposta quando acordar novamente em algumas horas.
Estou quase na porta do quarto quando um movimento da
varanda me chama a atenção. Hunter está sentado lá fora.

Observo-o por alguns momentos, enquanto olha o espaço.


Ele parece perdido em pensamentos, quase perturbado.
Eventualmente, caminho até a porta e a abro. Ele se vira ao som.

“Ei. O que está fazendo aqui?” Pergunto.


“Só respirando ar fresco.”

Puxo o lençol mais apertado ao meu redor. “Está frio pra


caralho.”

“Nem sequer notei.”

“Você parece perdido em pensamentos. Qualquer coisa que


queira falar?”

Os olhos de Hunter encontram os meus. Ele parece pensar


por um momento, mas depois balança a cabeça e desvia o olhar
enquanto fala.

“Não. Simplesmente não consegui dormir.” Ele levanta.


“Vamos. Vou levá-la para a cama.”

Ele fica em silêncio enquanto caminhamos de volta para o


quarto e ainda mais silencioso à medida que voltamos para a
cama. Assim como na noite passada, ele deita de costas e me
puxa para ele assim minha cabeça repousa em seu peito. Ouço
seus batimentos cardíacos por um tempo, e mesmo que ache
calmante, ainda tenho um mau sentimento.

Virando de lado, coloco as duas mãos no peito de Hunter e


as uso para apoiar minha cabeça e poder ver seu rosto enquanto
falo.

“Tem muitos problemas para dormir?”

“Às vezes.”

“É difícil adormecer ou manter o sono?”

“Ambos.”

“Será que é porque tem muito na mente?”

“Talvez.”
“Sabe o que eu ouvi que ajuda com isso?”

“O que?”

“Dar mais do que uma resposta como palavra,” digo


sarcasticamente.

O lábio de Hunter se contorce. “Você sabe o que eu ouvi


que ajuda?”

“O que?”

Ele faz um movimento rápido que me joga de costas, e de


repente paira sobre mim. “Uma atividade física extenuante.”

“Umm... quantas vezes acorda? Porque se for o caso, posso


não ser capaz de andar na segunda-feira.”

A nuvem que sombreava seus olhos apenas momentos


antes parece sumir. “Vai me achar um idiota total, se admitir que
adoraria que doesse toda vez que se sentar na segunda-feira?”

“Você me quer dolorida?”

“Não, quero que lembre de como é me ter dentro de você.”

Estou certa de que não será um problema. Levanto as mãos


sobre a cabeça e arqueio as costas, levando meus seios em
direção ao seu rosto. “Faça o melhor, Sr. Delucia.”

C
Hunter tem algumas coisas no trabalho que precisa fazer,
então vou a mercearia italiana que vi na esquina para pegar algo
para o almoço. Ficamos acordados até o sol nascer e, finalmente,
voltamos a dormir até depois das dez. Acordei com a ereção de
Hunter me cutucando. O homem tem um apetite insaciável por
sexo.

Pego minhas comidas favoritas para fazer um lanche,


azeitonas negras, dolmades 25 , muçarela fresca, tomates com
manjericão e cogumelos, em vez do básico para sanduíche sem
graça ou algo assim. No momento em que chego à caixa
registradora, minha cesta pesa uma tonelada, e consigo gastar
oitenta dólares nessas coisas.

Hunter me deu uma chave para entrar, mas minhas mãos


estão cheias, então uso meu pé para bater. Ele abre a porta com
um lápis atrás da orelha, calças de moletom e sem camisa. Droga.
Todos estes bons petiscos italianos e ele.

“Desculpa. Não quis largar tudo para pegar a chave porque


um dos sacos está começando a rasgar. Acho que o vidro de
azeitona caiu porque minha mão está segurando os mantimentos
dentro.”

Hunter pega os dois sacos de meu braço esquerdo e tenta


pegar o outro.

“Não, tenho um presente. Não quero que quebre.”

Na cozinha, Hunter olha os sacos. “O que é tudo isso?


Pensei que iria fazer o café da manhã.”

“Este é o café da manhã.”

Ele franze a testa e procura num saco. “Cannolis26?”

“É laticínios. Um dos principais quatro grupos


alimentares.”

25 Dolma ou dolmades é uma família de pratos de vegetais recheados.

26 Os cannoli são uma sobremesa proveniente da Sicília que consiste em uma massa doce frita em
formato de tubo, recheada de um creme de ricota.
Puxando outro item do saco, ele levanta um recipiente de
cookies coloridos.

Justifico. “Isso se encaixa em pães e cereais.”

Ele levanta uma sobrancelha.

“O que? Tem os mesmos ingredientes. Farinha, sal, ovos....”

Ele guarda e pega um pacote de dolmades. Minha boca


enche de água. “Frutas e vegetais.”

Ele balança a cabeça. “É a folha de uma fruta. Não estou


completamente certo se conta como uma fruta ou vegetal.”

Pego-os da sua mão. “Semântica.”

Rindo, ele procura novamente. Desta vez, pega um grande


pote de Nutella. “Esse eu conheço.”

“Sim?”

Ele me ignora e abre o frasco, eliminando o lacre antes de


enfiar o dedo dentro e tirar uma quantidade generosa do creme.
Sei pelo grande sorriso em seu rosto quando ele olha para cima
que seu interesse não tem nada a ver com o doce. Inclinando-se,
ele passa o dedo ao longo da minha clavícula exposta antes de se
curvar e lamber.

“Pintura corporal. Isto vai para o quarto mais tarde.”

Rio porque penso que ele está brincando, mas ele


desaparece no quarto com o pote. Minha mente começa a correr
com o que pintarei e depois lamberei.

Quando volta, me abraça por trás e beija o topo da minha


cabeça. “Obrigado por ir à loja. Vou ajudá-la a desfazer as malas
e, em seguida, terminar. Só preciso de mais dez minutos ou
mais.”
“Não seja bobo. Vá fazer seu trabalho. Vou arrumar tudo e
fazer lanches deliciosos.”

Hunter beija minha testa. “Obrigado.” Ele anda metade do


caminho para a mesa da sala de jantar e vira. “Quase esqueci...
Derek ligou enquanto estava fora. Ele vem para a cidade à
negócios em duas semanas. Quer nos encontrar para um
drinque.”

“Ok. Parece ótimo. Anna mencionou que ele tinha uma


viagem próxima.”

Levo meu tempo com as compras e preparo vários lanches.


Hunter tem projetos espalhados por toda a mesa, e quando o vejo
começar a enrolar o de cima, levo os pratos à mesa.

“Parece impressionante.” Diz.

“Fez o que precisava fazer?”

“Sim. Este projeto vem acontecendo há anos. Somos seu


terceiro construtor. Sempre que há mais de um construtor, há
uma razão.” Ele enrola um elástico em torno do rolo em que
trabalhava e joga-o da mesa. “O proprietário é de Dubai e não
percebe que New York tem um código de construção. O edifício é
antigo e precisa de reforços estruturais para tudo o que quiser
fazer. É bom, mas triplica o peso do que está construindo durante
a renovação, e o primeiro construtor mal fez a estrutura,
basicamente tem que começar de novo. E apesar de quase todos
os projetos e planos serem feitos num computador agora, ele quer
ver cada conjunto de mudanças no estilo velho, fazendo o modelo
em lápis e papel.”

“O que ele mudou que ficou tão pesado?”

“A casa no topo do edifício.”

Pensei ter ouvido errado. “Uma no topo do edifício?”


“Sim. Uma casa.” Hunter ri. “Ele está construindo uma
casa em cima do telhado de um edifício de ferro fundido.”

“Uma casa inteira?”

“Enorme.”

“Por quê? O edifício não é residencial?”

“Não, a maior parte é residencial, exceto as fachadas


comerciais nos dois primeiros andares.”

“Então por que não renovar um apartamento em vez de


construir uma casa em cima do telhado? Eu não entendo.”

“Edifícios são um playground para os extraordinariamente


ricos em Nova York. Não pode olhar para a lógica. A resposta é
sempre a mesma, porque eles querem.”

“Isso é louco.”

“Mantém-me empregado. Este edifício em particular é


realmente bonito. Vou levá-la para vê-lo um dia, se quiser. Os
andares superiores estão fechados durante a reforma, e estamos
num impasse até que a cidade aprove a última rodada de
mudanças.”

“Gostaria disso. Mesmo que vivi aqui toda a minha vida,


realmente não passei muito tempo apreciando a arquitetura.”

“Já pensou em viver em outro lugar?” Hunter pergunta.

“Eu costumava pensar. Fui para a faculdade aqui na


cidade, e Anna na Califórnia. Nós nos revezamos nas visitas e
tinha grandes planos de ir para a costa oeste para que
pudéssemos morar perto novamente. Planejamos engravidar ao
mesmo tempo para nossas filhas serem da segunda geração de
melhores amigas.”
“Ainda pode acontecer. Tenho certeza de que Anna e Derek
terão mais filhos.”

Uma imagem de Anna e eu no quintal de Hunter com bebês


no colo, enquanto Derek e Hunter cuidam do churrasco, de
repente passa diante dos meus olhos. O pensamento me aquece,
embora também assuste até a morte que minha cabeça tenha ido
lá. Hunter não está nisto em longo prazo. É apenas uma
aventura. Certo?

Sorrio hesitante, com medo de criar esperanças, mas, no


fundo, sabendo que já existem. “Talvez. Nunca se sabe, acho.”
Hunter e Derek já estão no bar quando entro. Vendo-me, os
dois homens se levantam. Enquanto caminho, percebo que é a
primeira vez que Hunter e eu estamos em público com amigos. Ao
longo das últimas semanas, passamos tanto tempo juntos quanto
pudemos, tomando café da manhã juntos se não pudéssemos nos
ver a noite, levando uma dúzia de crianças para jantar no décimo
sexto aniversário de Izzy, assistindo seus jogos de basquete,
vendo um filme durante o dia entre minhas sessões de
aconselhamento. Até almoçamos no telhado de sua obra uma
tarde, sem mencionar que passamos tanto tempo na cama, que é
surpreendente que eu possa andar. No entanto, estamos numa
bolha particular. A menos que conte Izzy, estamos sempre
sozinhos.

Então, quando me aproximo dos homens, não tenho


certeza de como cumprimentar Hunter. Ele resolve o debate
interno por mim no momento em que me aproximo. Pegando
minha mão, ele me puxa, dando ao meu cabelo um pequeno
puxão, inclinado minha cabeça e dando um beijo possessivo em
meus lábios.

Sorrio, mais do que satisfeita com sua saudação, e solto


um ofegante “ei” antes de voltar minha atenção para Derek.
“Como está meu pequeno e doce pai da bebê Caroline?”
Derek sorri e se curva para beijar minha bochecha. “Estou
bem. Será que vou soar como um idiota total, se disser que sinto
falta do cheiro dela?”

Meu coração falha no peito. “De modo nenhum. Soa como o


homem perfeito.”

“Ei... e eu?” Hunter me repreende.

“Awww... você está menosprezado porque elogio outro


homem? Que bonitinho. Mas meu coração derrete um pouco ao
ouvi-lo dizer que sente falta do seu cheiro. É a coisa mais
romântica que já ouvi. Não tenho certeza que pode superar isso,
menino bonito.”

Hunter coloca seu braço na minha cintura e me puxa para


ele. “Sinto falta de algumas partes do seu cheiro, também.”

Eu lhe dou uma cotovelada. “Isso não é romântico, é


pervertido.”

“Qual a diferença?”

Todos rimos, e Hunter puxa um banquinho para podermos


formar um pequeno círculo no bar. Conversamos sobre fotos de
bebê, a mais recente obsessão de Anna com tudo na casa ser
orgânico e o check-up mais recente de Caroline.

“Quase me esqueci. Anna quer que eu ligue, enquanto


estou com vocês. Ela me deu instruções específicas para pedir
mimosas e usar o alto-falante.”

Hunter já pediu um copo de vinho para mim. Levo-o aos


lábios. “Podemos ignorar as mimosas. Direi a ela que pediu se
perguntar.”
“Ah não. Você não tem ideia de quão hormonal minha
esposa está agora. Não darei nenhuma chance.” Derek faz sinal
para o garçom e pede três mimosas antes de ligar para Anna.

“Ei, baby. Está no viva-voz.”

“Será que eles têm mimosas?”

“Eles têm. E eu também.”

“Depois de desligar, me envie uma foto dos dois com as


bebidas.”

Derek arqueia uma sobrancelha como se dissesse: eu te


disse. “Enviarei.”

“Oi, Nat!” Anna grita.

“Oi!”

“Oi, Hunter. Está cuidando bem da minha menina?”

“Estou tentando,” diz ele e dá a meu joelho um pequeno


aperto.

“Gostaria de poder estar aí com vocês. Mas é muito cedo


para voar com Caroline com todos os germes de um avião. Assim,
desde que Derek tinha que estar na cidade a negócios esta
semana de qualquer maneira, isso é o mais próximo de nós
quatro juntos que pude arrumar. Derek, você tem meus
acessórios prontos?”

Ele balança a cabeça, indicando que acha que sua esposa é


louca, mas coloca a mão no bolso, no entanto. “Tenho.”

“OK. Mostre a primeira imagem.”

Derek pega uma foto minha e de Anna. Provavelmente


temos cerca de quatro ou cinco anos e empurramos carrinhos de
boneca.
“Nat, te conheço toda a vida,” diz Anna. “Você é a melhor
amiga que uma menina pode ter. Quando pensei no que queria
dizer hoje, tentei pensar num exemplo de quando lhe pedi ajuda e
sempre esteve lá para mim. Mas não consegui. Porque mesmo
que precisei da sua ajuda muitas vezes ao longo dos últimos vinte
e tantos anos, nunca tive que pedir. Você esteve lá antes mesmo
de eu ter a chance.” A voz de Anna quebra, e sei que ela está
chorando. “Você é a minha pessoa, Nat. Eu te amo e confio em
você com minha vida.”

Sinto-me emocionada também. “Eu também te amo, Anna


Bow Banya.”

Ela limpa a garganta. “Sua vez, Derek. Próximo.”

Derek sacude a cabeça, mas afasta a foto e agora mostra


uma foto antiga do que assumo serem ele e Hunter. “Você bateu
em Frankie Munson, quando ele me chamou de nerd na sexta
série. Na oitava série, quando era muito tímido para convidar
uma garota ao baile, convidou duas das meninas mais sexys para
ir com a gente. Na décima série, quando era capitão do time de
futebol, e eu capitão do time de debate, não deu uma merda
sobre sair com um nerd. Você sempre cuidou de mim, mano.”

Anna coordena. “Próxima imagem, querido!”

Derek pega outra foto da parte de trás da pilha que tem na


mão. É uma foto minha e de Hunter em seu casamento, que
nunca vi. Lembro do momento, mas não sabia ter sido registrado.
Ele tinha acabado de interromper enquanto dançava com o pai de
Anna, e eu estava insultando-o, embora sorrisse para fingir que a
forma como ele me segurava contra seu corpo não tinha nenhum
efeito. É uma boa foto. Minha cabeça está inclinada para ele com
um sorriso, e ele me olha com o sexy meio sorriso que usa com
tanta frequência. Não há dúvidas da faísca entre nós.
Hunter e eu olhamos um para o outro quando Anna fala.
“Então, porque vocês dois são nossas pessoas, e confiamos em
vocês com nossas vidas, queremos que sejam as pessoas da
nossa filha se algo nos acontecer.” Ela faz uma pausa. “Última
foto, amor.”

Derek embaralha novamente, e desta vez pega uma foto de


Caroline. Ela está vestida com um macacão com o logotipo do
filme O Poderoso Chefão.

“Hunter e Nat, serão padrinhos da nossa filha?”

Meu sorriso é tão largo, que é surpreendente meu rosto não


rachar. Salto do meu lugar e abraço Derek, pegando o telefone e
gritando para Anna. “Sim! Sim!”

Hunter tem uma abordagem mais moderada e aperta a mão


do amigo. “Será uma honra, homem.”

Depois de Derek desligar, peço ao barman para tirar uma


foto com meu telefone de nós três segurando as mimosas. Então
mando para Anna. Ela me manda uma de volta, segurando minha
futura afilhada num braço e sua própria bebida no outro.

“Não escolhemos uma data de batismo ainda, porque o que


começou como uma pequena reunião de família, minha esposa
está tentando transformar em nosso casamento, parte dois,”
Derek brinca. “Mas estamos pensando em três semanas a partir
de domingo, no dia 25.”

Mentalmente faço as contas. Minha visita a Garrett foi no


último dia 10, de modo que a próxima será antes do dia 17. “Isso
parece ótimo. Talvez vá pegar Izzy na escola sexta-feira e voar de
volta na quinta para ter um longo fim de semana fora.” Olho para
Hunter. “Acha que pode tirar um dia de folga para voar mais
cedo?”
Hunter olha para baixo, e então seu olhar encontra o meu.
Há apreensão em seus olhos. “Já estarei fora, na Califórnia.”

“Oh. Ok. Não sabia que tinha outra viagem planejada.”


Tento minimizar como se não fosse grande coisa, mas meu
intestino recebe a mensagem antes do meu cérebro. “Talvez
possamos ajeitar isso para voltarmos juntos.”

A voz de Hunter é solene, e ele pega minha mão. “Não vou


voltar também. Meu trabalho aqui em Nova York terminará antes
do batismo. Minha atribuição de dois meses acabou. Estarei em
casa na Califórnia.”

Uau. Isso dói. Ele não está sendo cruel de forma alguma.
Na verdade, a suavidade do seu tom e a forma como estende a
mão para tocar a minha mostram que ele sabe o que o lembrete
fará. Mas mal entorpece o nervosismo que sinto. Fico chateada,
não necessariamente com ele. Estou chateada comigo mesma por
deixar isso me incomodar tanto.

Nosso relacionamento é temporário desde o início. Entrei


nisso de olhos abertos. O único problema é que, em algum lugar
ao longo do caminho, também abri meu coração.

Hunter diz algo e me espera responder. Forço-me a sair dos


meus pensamentos. “Sinto muito. O que disse?”

“Eu disse, talvez você e Izzy possam ficar comigo durante o


fim de semana?”

“Claro.” Forço um sorriso. “Veremos.”

Pelos próximos vinte ou mais minutos, acompanho a


conversa de Derek e Hunter. Sorrio e rio, mas por dentro, estou
travando uma batalha de cabeça contra coração. Minha cabeça
grita, ele está partindo, quem se importa? E meu coração
responde, Você, idiota. Você se importa.
Felizmente, todos temos planos para a noite, e não
implicam em passar muito mais tempo um com o outro. Hunter e
Derek tem o jogo dos Knicks, e preciso ver mamãe.

“Tenho que ir para o jantar. Estou tão feliz que vimos um


ao outro, Derek.” Eu estou. “Obrigada por me escolher para
madrinha de Caroline. Por favor, dê a minha melhor amiga um
abraço gigante por mim quando chegar em casa.”

Derek se levanta e me dá um abraço. “Eu vou. E te verei no


próximo mês.”

Viro para Hunter, grata por um adeus público e a fuga


rápida. “Ligue mais tarde,” digo sendo evasiva.

Hunter fala com Derek. “Dê-me alguns minutos. Vou levar


Natalia para fora, e depois iremos ao jogo.”

“Sem problemas.”

Tanto para uma fuga rápida. Com a mão na parte inferior


das minhas costas, Hunter me guia para fora do bar.

Olho meus pés, não querendo que ele veja o que estou
sentindo estampado em meu rosto.

Mas ele segura meu rosto e pressiona a testa contra a


minha. “Desculpe se te chateei.”

“Você não chateou,” digo. Mas nem mesmo meus próprios


ouvidos acreditam em mim.

Ele espera, sabendo que eventualmente olharei para cima.


Quando nossos olhos finalmente se encontram, ele fala. “Eu me
importo com você, Natalia. Não será fácil para mim sair. Este
último mês e meio foi ótimo...” seus olhos enrugam nos cantos.
“Especialmente as últimas semanas desde que estamos juntos.”
Talvez ouvir que não gostei sozinha deveria me fazer sentir
melhor. Mas foi o não dito que camufla um sentimento de
melancolia sobre mim como uma armadura. Será difícil para ele
partir..., mas ele não está considerando ficar. Nem faz qualquer
menção de tentar algo a distância. Isso é porque nosso tempo
acabou.

Forço um pequeno sorriso. “Ligarei mais tarde.”

Ele olha nos meus olhos, fechando momentaneamente os


seus antes de concordar. “Ok.”

Seus lábios cobrem os meus num beijo suave antes de dar


um em minha testa. “Tenha cuidado nos trens.”

“Divirta-se no jogo.”

É difícil ir embora, mas sei que preciso ser a única a fazê-


lo. Sinto os olhos de Hunter em mim por toda a quadra até a
estação de trem, certa de que ele ficou fora do restaurante me
observando. Mas não viro para ter certeza. É assim que terá que
ser entre nós, preciso ir embora já que ele não fará nada para
ficar perto da minha vida.
Não vejo Hunter faz cinco dias.

Para a maioria dos casais, isso pode ser normal. Em dias


de semana estão ocupados. Tenho uma adolescente para cuidar.
Então, novamente, não somos realmente um casal, certo? Desde
que Hunter e eu ficamos, nunca nos separamos por tanto tempo.
Comemos juntos, vamos aos jogos de Izzy, passamos algumas
horas em seu quarto, ou mesmo fazendo um café da manhã. Ele
nunca fez um esforço para encontrar tempo. Até agora. E não é
falta de esforço da sua parte. Estou evitando-o, e ele sabe,
embora ainda não tenha falado sobre isso.

Mas tenho a sensação de que isso está prestes a mudar


quando aperto o botão para destravar a porta da frente no andar
de baixo. Após cinco dias comigo dizendo que estou ocupada e
demorando em responder suas mensagens, ele aparece de
surpresa no meu apartamento esta manhã. Convenientemente,
Izzy acabou de sair para a escola, e ele sabe que raramente tenho
compromissos antes das dez.

Abro a porta do apartamento e espero. Hunter sai do


elevador e caminha em minha direção com um propósito. É
irritante que meu corpo reaja ao vê-lo quando não quero ficar
excitada. E essa raiva é evidente no meu tom sarcástico.

“Estava no bairro e pensou em dizer Olá?” Pergunto. Não


abro a porta para deixa-lo passar.
Hunter me olha nos olhos. “Não. Vim falar com você. Izzy
está fora?”

A raiva é uma emoção que posso tolerar. Cruzo os braços


sobre o peito. “Sim. Mas tenho que me arrumar para o trabalho.
Você deveria ter ligado primeiro.”

Ele dá um passo mais perto, em meu espaço pessoal e me


olha. “Por que faria isso? Então, você poderia me ignorar de
novo?”

Uma minicompetição de olhares acontece. Recuso-me a


recuar, apesar de que estar tão perto dele me faz querer
desmoronar. Endireitando a coluna, digo: “Tem sido divertido,
Hunter. Vamos acabar isso da melhor forma.”

Seus olhos brilham. “Podemos entrar e conversar?”

“Não tenho certeza que há qualquer coisa que precisamos


conversar. Foi divertido. Agora acabou.”

Então ele faz a única coisa que sei não poder suportar, ele
estende a mão e toca meu rosto. Lágrimas estúpidas ameaçam
cair pela ternura do seu toque.

Seu polegar acaricia minha pele. “Sinto muito, Natalia. Eu


realmente sinto.”

Engulo em seco e sinto gosto de sal na minha garganta.


“Mesmo? Não parece.”

Hunter fecha os olhos. “Podemos entrar e conversar? Por


favor?”

Balanço a cabeça, e ele me segue até o apartamento.

Não estando pronta para a conversa que está por vir, paro
por um tempo e o ar enche com nada além de silêncio. “Quer um
café?”
“Não, obrigado.”

“Eu preciso de um.”

Ele concorda, e vou para a cozinha, esperando que esses


poucos minutos me ajudem a descobrir o que quero dizer. Minha
cabeça nada com emoções, e tenho medo de chorar se não me
controlar.

Quando volto para a sala, vejo Hunter olhando pela janela.


Lembro-me da manhã que o encontrei na varanda. Ele estava a
um milhão de quilômetros.

Sentindo-me, ele vira. “Que horas é seu primeiro


compromisso?”

Sou honesta. “Não por algumas horas.”

Um sorriso triste, mas real, aparece por trás da nuvem


sombria da sua expressão. Estou muito nervosa para ter essa
conversa sentada, então não me incomodo em convidá-lo para
sentar antes de começar.

Tomo um gole de café e finjo inocência. “Do que quer falar?”

Hunter estende a mão e coloca uma mecha de cabelo atrás


da minha orelha. “Gosto de você. Muito, Natalia. Gosto da sua
companhia. Você é linda e inteligente... e uma espertinha, o que
estranhamente, acho ridiculamente sexy. E o sexo...” ele balança
a cabeça. “Passaria todo momento dentro de você, se pudesse.”

Tão perfeito como parece, sei que é apenas o início.


Sustento seu olhar. “Mas…”

“Isso deveria ser apenas sexo e diversão por um tempo.”

Essa resposta me enlouque. É covarde. “E eu deveria estar


casada com um homem honesto que não fosse um ladrão. As
coisas nem sempre saem como planejado, não é?”
Ele baixa a cabeça. “Sinto muito, Natalia.”

“Por quê?” Digo. “Quero saber o porquê.”

Ele olha para cima. “Porque o que?”

“Por que pode dizer todas essas grandes coisas sobre mim,
sobre gostar tanto de mim, como somos bons juntos, mas então
nem tenta continuar. Será que é porque moramos longes”

“Você era mortalmente contra um relacionamento com


alguém quando isso começou. Intencionalmente encontrou
pessoas que não se conectou apenas para manter as coisas num
nível puramente físico.” Ele passa a mão pelo cabelo. “Isso é tudo
que eu concordei.”

“E daí?” Levanto a voz. “Não concordei em me divorciar com


vinte e oito anos e uma filha de dezesseis. Mas aqui estou. E sabe
de uma coisa? Estou feliz com o que tenho, mesmo que essa não
seja a vida de conto de fadas. Não imaginei isso. Às vezes você
pensa em dirigir em linha reta e a vida dá uma guinada à
esquerda, o que acaba por ser certo.”

Olhamos um para o outro, e vejo tanto em seus olhos:


tristeza, raiva, culpa, desejo. Mas acima de tudo, sei que estou
olhando um homem que tem sentimentos por mim. Não estou
sozinha nessa. No entanto, algo o impede de sequer tentar ser
mais.

“Não é tão simples assim,” diz.

“Não disse que era. Mas em vez de tentar descobrir as


coisas, só vai dizer adeus em duas semanas e não olhar para
trás.”

Quando ele não revida e diz qualquer coisa, alimenta ainda


mais minha raiva. Coloco meu café na mesa, e minhas mãos vão
para os quadris. “Diga, terá uma substituta para mim na hora
que eu voar para o batismo? Como vou te olhar? Estendo a mão
para ela, troco elogios sobre vestidos e falamos sobre sua
resistência?”

“Não faria isso com você... levar outra mulher ao batismo.


Cristo, não estou sequer pensando em outra mulher, Natalia.”

Bato meu dedo indicador nos lábios. “Hmm... deve ser uma
coisa mútua? Porque e se eu quiser levar alguém?”

Isso chama sua atenção. Sua mandíbula cerra, e vejo um


lampejo de fúria em seus olhos. Mas não estou feliz com um
lampejo, quero no mínimo uma chama completa.

Então forço. “Você me perguntou se queria ficar com você


quando for para lá. O convite se estende? Quer dizer você se
incomodaria se fodêssemos em seu quarto? Gemo um pouco alto
quando sou fodida com força.” Faço uma pausa. “Mas acho que
sabe disso, não é?”

A mandíbula já rígida de Hunter aperta ainda mais, e acho


que ele corre o risco de quebrar um dente. No entanto, ainda não
explode.

Quero saber a razão pela qual ele não vai lutar por nós.
Preciso saber. Frustrada, levanto os braços e bato-os contra meus
lados. “Por que veio aqui, Hunter?”

“Porque sabia que estava chateada, e continua me


ignorando.”

“Assim? Será que isto ajudou de alguma forma? Precisava


ver em primeira mão que estou chateada ou algo assim? Porque
certamente não me ajuda em nada.” Viro-me para longe, mas ele
agarra meu cotovelo, me parando.

“Natalia.”
Puxo meu braço da sua mão e giro tão rápido, que ele tem
que recuar para evitar bater em mim.

“Ou veio para uma transa rápida? É isso que quer?”


Começo a desfazer os botões da minha camisa. “Isso é tudo o que
é de qualquer maneira, certo?”

“Pare com isso.”

Eu não paro. Sigo em frente. O terceiro botão, em seguida,


o quarto...

“Você merece mais do que posso dar.”

Isso não é uma explicação, é uma desculpa. Mas ele


finalmente disse algo certo. Eu mereço mais.

“Quando meus pais estavam se separando, meu pai disse à


minha mãe que sempre se preocuparia com ela, mas nunca a
amou profundamente do jeito que amava Margie. Ele basicamente
admitiu que estava acabado. E não vamos nem falar sobre minha
escolha com Garrett. Você está absolutamente correto. Eu mereço
mais. Mereço alguém que queira estar comigo do jeito que eu
quero estar com ele. E talvez seja minha culpa criar sentimentos
por você quando nunca prometeu nada mais do que um
relacionamento físico. Mas sabe o que ...” encaro seus olhos.
“Acho que estou nisto sozinha. Fui tola o suficiente para pensar
que estava comigo, quebrando sua regra de manter as coisas só
no sexo.”

Hunter coça a nuca, olhando para o chão.

Seguro os lados da minha camisa desabotoada. “Você deve


ir.”

“Natalia…”
Seu tom calmo me irrita. Estou numa montanha-russa
emocional, e ele fluí como um rio lento. Isso me enlouquece.

“Saia! Vá encontrar a porra da nova parceira do mês. Oh


espere. É uma foda trimestral, não é?”

Viro e vou em direção a porta da frente, abrindo-a sem


outra palavra. Hunter fica onde está por alguns momentos e
então vai para a porta. Só que ele não sai, ele a fecha. Com ele
dentro do apartamento.

“Estou com você. Eu só….”

“Só o quê?”

“Não posso prometer mais. Mas também não consigo sair


por esta porra de porta.”

Estou triste e com raiva. Então, como respondo?

Eu o beijo.

Provavelmente não é o mais inteligente a fazer. No entanto,


não posso me impedir.

Demora cerca de um segundo para Hunter parar de lutar


contra. Ele coloca as duas mãos na minha bunda e me levanta
contra a porta. Minhas pernas envolvem sua cintura, braços ao
redor do pescoço, e toda minha raiva aparece no beijo.

Não posso chegar perto o suficiente. E desta vez, tenho


certeza que não sou a única. Hunter puxa meu cabelo, inclinando
a cabeça para aprofundar o beijo, e pressiona seu corpo no meu
enquanto geme. Nossos corações batem juntos. Começamos a
tirar as roupas sem afastar nossas bocas. Absorta na fúria da
paixão, nem percebo estar me movendo até sentir o pé de Hunter
abrir a porta do meu quarto.
Sempre muito gentil, ele me coloca na cama, nossas
línguas ainda entrelaçadas. Estou perdida, estamos perdidos no
momento. Não é até o beijo terminar, e Hunter levantar para
remover o resto de suas roupas, que qualquer um de nós tem a
chance de ficar sóbrio.

Nossos olhares se encontram, e ele congela, a mão no zíper.


“Quer que eu pare? Diga agora.”

Dez minutos atrás, teria o chutado para fora. Agora o quero


dentro de mim mais do que minha próxima respiração. É claro
que, no momento, posso justificar qualquer coisa. Que diferença
fará mais duas semanas? Já tenho sentimentos por ele. Privar-me
de gratificação sexual não mudará isso. Meus olhos caem para o
grosso vulto nas calças de Hunter.

Não. Mais duas semanas não farão um pingo de diferença.

“Não,” sussurro. “Eu não quero que pare.”

Desejo afasta a hesitação dos olhos de Hunter. Ele tira um


preservativo da carteira, jogo-a no chão, e faz um rápido trabalho
em tirar o resto das minhas roupas. Pairando sobre mim, ele roça
sua ereção para cima e para baixo no meu centro antes de olhar
nos meus olhos uma última vez buscando confirmação.

Balanço a cabeça, mas quando se inclina novamente, mudo


de ideia. “Espere.”

Hunter congela com nossos narizes a um centímetro de


distância.

Se farei isso, quero estar no controle, tanto quanto possível.


“Quero ficar por cima,” digo.

Um flash de alívio atravessa seu rosto lindo. Num


movimento rápido, ele fica de costas, deixando-me por cima.
“Monte-me, baby,” ele diz, com a voz rouca. “Monte-me forte.”
Fico de joelhos e o pego na mão. Ele é tão grosso, meus
dedos não podem envolvê-lo. As mãos de Hunter apertam meus
quadris, e ele me levanta alto o suficiente para se alinhar na
minha entrada. O cheiro de sexo flutua no ar, permeando tudo.

Olho para Hunter. Ele parece tão desesperado, mas me


cede o controle que preciso, mesmo que o controle seja falso.

“Foda-se,” ele geme quando me abaixo nele.

Seus dedos apertam meus quadris tão forte que


provavelmente terei contusões amanhã. Quero tê-las. E quero ver
cada segundo o que posso fazer a este homem. Olhando em seus
olhos, tomo mais dele. Ele solta o ar quando deslizo e o permito ir
mais fundo.

Hunter é um homem grande, e nesta posição é quase


doloroso. No entanto, aprecio a dor. Inclinando-me para trás, com
as mãos nas minhas coxas, arqueio as costas. A posição faz com
que esteja com minha bunda descansando quase em suas bolas.

“Cristo. Devagar, Natalia.”

A ameaça tácita do que acontecerá me estimula. Movo


meus quadris para trás e para frente, girando e girando. A tensão
em seu rosto me deixa selvagem, com uma necessidade louca
para fazê-lo perder o controle. Monto-o com força, meus seios
saltando para cima e para baixo com cada ascensão e queda.
Suor banha minha pele e minhas coxas tremem com antecipação.

O polegar de Hunter pressiona em meu clitóris dolorido, e


ele começa a formar círculos que fazem meus quadris
acompanharem seu ritmo. Minha respiração vem em rajadas, e
um gemido escapa quando o orgasmo me atinge.

“Hunter,” gemo.
Ele responde puxando meu cabelo para poder alcançar
minha boca. Sua língua mergulha num beijo que afasta qualquer
realidade que tenha sobrado. Estou totalmente e completamente
perdida neste homem.

Enquanto isso seus dedos magistrais tocam meu clitóris, a


fricção constante nesse ponto sensível, sua mão apertando meu
cabelo, sua boca exigente. Monto meu orgasmo, onda após onda
dominando meu corpo. Meus gemidos são engolidos por sua
boca.

Sem fôlego, ofego por ar, e Hunter afrouxa o aperto no meu


cabelo para poder ver meus últimos tremores.

“Tão porra linda.”

E então ele toma de volta o controle que pensei ter. Ele


agarra meus quadris, levantando-me e empurrando. Cada vez que
ele entra mais forte, me fodendo por baixo, volto para o topo. Pura
determinação toma seu rosto e é a coisa mais sexy que já vi.

“Foda-se.” Ele cerra os dentes. “Vou gozar.”

Ele entra uma última vez e solta um gemido enquanto se


enterra profundamente no meu corpo. Observá-lo gozar, a tensão
em seu rosto dando lugar a puro êxtase, é absolutamente
excitante.

Sem forças, desabo sobre ele, incapaz de me manter em pé.


Hunter enterra o rosto no meu pescoço, sussurrando coisas doces
entre beijos. Deus, esse homem é tão lindo.

Saciada, me alegro com o momento de ternura e aproveito.


Somos bons juntos. Gosto de pensar que é nossa química e não
sua experiência passada que faz nosso tempo íntimo tão incrível.
Estou longe de ser virgem, mas estar com Hunter me faz sentir
como se tudo antes fosse somente um teste, só com ele provei a
coisa de verdade.

É o pensamento que me tira da neblina induzida pela


luxúria e me joga na realidade. Se Hunter é minha coisa real, por
que tenho que voltar para os impostores?
10 anos atrás

Summer não está feliz comigo.

Ela disse que entende por que não contei a Jayce sobre
nós. Mas agora dois meses se passaram, e nosso relacionamento
durante as férias de verão tornou as coisas um desafio. Não posso
ir até San Diego visitá-la muitas vezes, porque consegui um
estágio na empresa de arquitetura que quero trabalhar após a
graduação. E se ela vier para o norte, não temos exatamente um
lugar para ir considerando que moro com minha tia e tio, igual
meu irmão. Pelo menos até hoje.

Jayce está saindo. Surpreendentemente, ele disse a


verdade a Emily e admitiu não estar pronto para casar. Ela foi
muito compreensiva. Honestamente, esquecendo as razões
egoístas que tenho, espero que as coisas funcionem entre os dois,
qualquer mulher que pode entender isso enquanto está cheia de
hormônios da gravidez vale a pena continuar junto.

“Sinto sua falta,” Summer choraminga através do telefone.

Summer não é de chorar. Preciso consertar a bagunça em


que me meti e dizer a verdade de uma vez por todas. Eu amo essa
menina.

“Eu sei, amor. Também sinto sua falta. Vou sentar com
Jayce hoje depois que ajudá-lo a se mudar. Então vou falar com
meus tios, e tenho certeza que não vão se importar se vier para
uma visita.”

“Sério?” Ela se anima.

“Eles podem te fazer dormir no quarto de hóspedes.”

“Não me importo mesmo. Só sinto falta de ver seu rosto.”

“Sinto falta de todo o pacote.”

Jayce coloca a cabeça na porta do meu quarto. “Pode me


ajudar a descer meu colchão?”

Cubro o telefone. “Sim. Dê-me dois minutos.”

Ele acena com a cabeça e desaparece.

“Vou ligar esta noite.”

“OK. Boa sorte hoje.”

“Obrigado.”

Jogo meu telefone na cama e passo por tio Joe na escada.


Ele levanta o pequeno abajur em suas mãos. “Não me deixou
ajudar com o colchão. O merdinha pensa que sou velho demais
para transportar mais de cinco quilos.”

Rio. “Não se preocupe. Quando sair, vou colocar meus pés


em cima do sofá, e poderá carregar o caminhão inteiro sozinho.”

O quarto de Cara é a primeira porta no topo das escadas.


Ela está deitada no centro da cama, chutando os pés no ar
enquanto lê uma revista.

“Não se preocupe, Cara,” digo ao passar por lá. “Nós


conseguimos.”

Rio e vou para o quarto de Jayce, no final do corredor. Sua


porta está aberta, mas ele não está lá. Olho nos outros quartos
no segundo andar, mas ele está longe de ser encontrado. Então,
sento em sua cama e olho o quarto meio vazio. Mesmo que só
ficamos no mesmo lugar durante os verões, será estranho viver
aqui sozinho. Jayce é a constante na minha vida, antes e depois
de mamãe morrer.

Um barulho de dentro do quarto me surpreende,


considerando que pensei estar sozinho. Parece que o cão da tia
Elizabeth tem uma bola de pelo na garganta novamente. Olho
debaixo da cama, nenhum cão. Em seguida, levanto e olho para o
outro lado. Quase caio, encontrando meu irmão deitado no chão.
Ele está pálido como um fantasma e espumando pela boca,
enquanto seu corpo treme.

Grito pela janela para meu tio, e abro a boca do meu irmão
para ver se ele está engasgado com alguma coisa. Não há nada
visível, e não tenho ideia do que fazer, então levanto-o do chão e
começo a correr as escadas com ele tremendo nos meus braços.

Felizmente, a assistência médica é apenas a um andar de


distância quando se vive com um médico. Doutor Joe entra em
ação e me faz colocar Jayce no sofá para poder examiná-lo
enquanto ligo para a ambulância. Até o momento que desligo, os
espasmos pararam e a cor começa a voltar para rosto do meu
irmão.

“O que diabos aconteceu?” Pergunto.

Mesmo Cara se levantou para verificar a comoção.

“Ele teve uma convulsão.” Tio Joe olha Jayce. “Basta ficar
assim, filho. Lembra se caiu antes disso acontecer? Bateu a
cabeça ou qualquer coisa?”

Meu irmão está desorientado e não responde.

“Por que isso aconteceu? O que há de errado com ele?”


“Eu não sei, mas vamos chegar ao fundo da questão.”

C
Quatro dias.

Quatro malditos dias.

Estou seriamente perto de perder a paciência. O que


diabos leva tanto tempo? Ao longo destes quatro dias, levaram
Jayce para todos os tipos de exames, sangue foi colhido, e o
ligaram a um monte de máquinas. Oito médicos diferentes
fizeram as mesmas perguntas mais e mais. Mas ninguém diz
nada.

“Cara. Você vai ser o único nesta cama com um colapso se


não relaxar.”

Jayce típico, mais preocupado comigo do que com ele.

“Além disso, está com estas roupas faz quatro dias. Você
está começando a feder.”

Passo a mão pelo cabelo. “Por que não me falou sobre a


merda que disse aos médicos? Não tinha ideia que teve quaisquer
outros sintomas.”

Ele me vê andar para trás e para frente no pé da sua cama.


“Isso é por que não importava. Vai fazer um caminho no chão, se
não se sentar e parar de se preocupar.”

Há alguns dias, poderia ter sido a primeira crise, mas


aparentemente Jayce tem outra merda acontecendo faz um tempo
e não contou a ninguém. Espasmos musculares, tremores, perda
de peso, notei dois dos três e perguntei sobre eles.

“Deveria ter falado na porra da primeira vez que disse estar


de ressaca. Sequer bebeu na noite anterior? Devia ter te levado ao
médico. Por que não me contou?”

O rosto do meu irmão fica sério. “Você quer a verdade? Eu


não quero saber.”

“Ótimo.” Balanço a cabeça. “Agora está agindo como a


mamãe. Ignorando assistência médica e deixando tudo ao acaso.”

“Que diferença faz saber? Se tiver Parkinson como mamãe,


não há cura de qualquer maneira.”

“Não. Mas há tratamento. E então pode saber o que


esperar.”

“O médico disse que as crises não são um sintoma comum


do mal de Parkinson. Então está deixando isso fora de
proporção.”

Doutor Joe entra na sala carregando um arquivo. Ele


parece exausto. Ele esteve aqui vinte das vinte e quatro horas
durante os últimos quatro dias. Mas ao contrário de mim, ele pelo
menos tomou banho e correu para casa para trocar de roupa. Eu
me recusei, dormindo na cadeira na sala de espera quando me
chutaram para fora do seu quarto à noite.

Ele olha ao redor. “Onde está Emily?”

“Eu a fiz ir para casa e descansar um pouco.” Jayce ergue o


queixo em direção a mim. “Como este idiota deveria fazer.”

Doutor Joe me olha. “Acho que é uma boa ideia. Por que
não vai para casa e descansa? Quero falar com Jayce sozinho de
qualquer maneira.”
“Por quê?” Olho a pasta. “Finalmente tem resultados?”

Joe olha para Jayce. “Sei que são próximos. Mas a


informação médica é particular.”

Jayce olha entre nosso tio e eu. “Está bem. Hunter pode
ficar.”

“Tem certeza?”

“Sim.”

Meu tio puxa uma cadeira ao lado da cama de Jayce. “Por


que não se senta também, Hunter?”

Quando alguém lhe diz para sentar, uma má notícia vem a


seguir. “Prefiro ficar de pé.”

Ele balança a cabeça e olha a pasta fechada em seu colo


por um tempo terrivelmente longo. Tirando os óculos, esfrega os
olhos cansados antes de começar.

“Todos assumimos que sua mãe tinha Parkinson. Ela teve


os sintomas clássicos. E, bem, sabe que ela se recusou a ir a um
médico e fazer exames.”

“Ela não tinha Parkinson?” Pergunto.

“Obviamente, não há maneira de ter certeza, mas não


penso assim.”

“Isso significa que não tenho Parkinson?” Diz meu irmão.

Tio Joe balança a cabeça. “Não. Você não tem Parkinson,


filho.”

A cabeça de Jayce se inclina para o teto, e os ombros caem


de alívio. “Graças a Deus.”
O alivio que sinto é de curta duração, depois de dar uma
olhada no rosto do meu tio. Ele não está aliviado. De repente,
acho que sentar é uma boa ideia.

“Existem algumas doenças que têm sintomas muito


semelhantes a outras doenças. Mesmo ontem, quando soube tudo
sobre os sintomas que mostrou ao longo dos anos, ainda parecia
Parkinson. E embora convulsão não seja comum das pessoas que
sofrem da doença, há uma conhecida comorbidade 27 entre
Parkinson e epilepsia.”

“Então, eu tenho epilepsia?”

“Não, não tem epilepsia também. Sinto muito. Estou


confundindo as coisas com essa explicação. Só quero que
entenda que, por vezes, os sintomas podem se apresentar de uma
forma que leva a um diagnóstico, mas sem testes, não há maneira
de confirmar realmente o que se tem. Sua mãe se foi há quase
dois anos, e ainda estamos adivinhando já que ela recusou os
exames. Nunca teremos total certeza, mas a condição genética
que tem agora nos leva a crer que ela não tinha Parkinson.”

“Condição genética? O que está errado comigo?”

Os olhos do meu tio se enchem de lágrimas. “Você tem uma


condição genética conhecida como doença de Huntington, Jayce.
A sua é considerada a doença de Huntington juvenil por causa da
idade em que começou a apresentar os sintomas. É herdada de
um único gene, uma doença autossômica dominante. Ela provoca
degeneração progressiva das células nervosas no cérebro, o que
impacta na capacidade de uma pessoa se mover, entre outras
coisas. É por isso que está delirando e tendo tremores nas mãos.
No início, parece os sintomas de quem bebeu demais.”

“No começo? O que mais acontecerá comigo?”

27 Comorbidade é a existência de duas ou mais doenças em simultâneo na mesma pessoa.


“É difícil saber, especialmente em casos juvenis de
Huntington, porque é raro. Mas a maioria das pessoas perde o
movimento e tem problemas cognitivos.”

“Cognitivo? Vai afetar a maneira que penso? Tipo, o que?


Minha mãe sempre pareceu deprimida, mas assumimos ser
porque não se sentia bem.”

“O mais provável é que foi devido a doença de Huntington.


Dr. Kohan virá falar com você daqui a pouco. Ele é um
especialista na área e responderá todas suas perguntas. Sei o
básico, mas como a doença de Huntington juvenil não é comum e
os sintomas ocorrem de forma diferente, ele está numa posição
melhor para explicar as coisas.”

Minha cabeça gira, e meu irmão parece chocado.

“Existe cura para a doença de Huntington?” Pergunto.

O olhar no rosto do meu tio responde à pergunta. “Não até


hoje. Mas a ciência faz novas descobertas o tempo todo.”

“Mas as pessoas vivem com isso, certo?”

“Há uma esperança de vida curta com a doença.”

“Curta?” Meu irmão finalmente fala. “Quanto mais curta?”

“Em média, a partir do momento que os sintomas


aparecem, as pessoas vivem entre dez e trinta anos quando
diagnosticados como adultos. Mas, com o início precoce, a vida
útil é geralmente de dez anos ou menos. Sinto muito, Jayce. Eu
sinto muito.”

Nós três sentamos em silêncio por um longo tempo depois


disso. Eventualmente, Dr. Kohan entra e se junta a nós. Ele
passa mais duas horas falando, embora não tenho tanta certeza
se Jayce ou eu, entendemos muito.
A expectativa de vida de dez anos é o máximo desde que
sintomas apareceram pela primeira vez. Jayce me disse ontem
que começou a notar pequenos problemas há cinco anos. Meu
irmão acaba de completar vinte e um.

“Vou deixar meu cartão com vocês.” Dr. Kohan pega uma
caneta do bolso do jaleco e anota algo na parte de trás. “Se tiver
qualquer dúvida, meu celular está aqui. Ligue de dia ou de noite.
É uma responsabilidade muito grande. Eu sei. Terá perguntas
uma vez que assimilar tudo. É para isso que estou aqui.”

Dr. Kohan e tio Joe conversam por alguns minutos, em


seguida, Dr. Kohan estende a mão para mim e meu irmão. “Meu
assistente ligará para agendar um horário com vocês.”

“Os dois?” Aperto a mão do médico.

“Sim. Gostaria que encontrasse nosso conselheiro genético


antes de fazer o teste. Ela trabalha no meu escritório às quintas-
feiras.”

“Testes?”

Os dois médicos se olham antes do meu tio falar


suavemente.

Ele coloca a mão no meu ombro. “Como explicou o Dr.


Kohan, Huntington é hereditária. Cinquenta por cento das
crianças herdam o gene de um dos pais.”

Estou tão assustado com meu irmão, que parte da


conversa passou direito. Ouvi a estatística de cinquenta por
cento, mas não registrei corretamente. Acho que assumi que
cinquenta por cento viria de um pai, e há dois de nós... meu
irmão foi o único azarado. Mas as palavras do nosso tio afundam
agora. Cada filho tem uma chance de cinquenta por cento.
Meu irmão estará morto dentro de cinco anos, e tenho as
mesmas chances de ter a doença.
A cama está vazia.

Devo ter dormido após o êxtase pós-coito. Levantando a


cabeça, vou virar e pegar meu telefone no criado-mudo, mas levo
um susto enorme quando vejo Hunter sentado na cadeira de
balanço em frente à cama.

Saltando, seguro o lençol contra meu peito. “Puta merda.


Não sabia que estava aí.”

“Desculpe. Não quis assustá-la.”

Ele colocou a calça jeans e está com o botão aberto, sem a


camisa ou sapatos.

“O que está fazendo?”

O canto da sua boca se curva. “Assistindo você dormir.”

“Isso é estranho. Foi interessante?”

“Fascinante.” Ele levanta e vem até a cama, inclinando-se


para beijar minha testa. “Tenho que ir. Preciso encontrar o
departamento de construção em pouco tempo, e tenho um
compromisso em uma hora.”

“Oh. OK.”

Ele observa meu rosto e diz em voz baixa. “Você se


arrepende?”
Não tenho certeza se ele se refere a esta manhã ou ao nosso
relacionamento em geral. “De tudo ou hoje?”

“Diz você.”

Penso antes de responder. Posso estar triste, mas não


posso dizer que lamento meu tempo com Hunter. “Não. Não me
arrependo.”

“Jantar neste fim de semana?”

“Certo. Parece ótimo.”

Ele roça os lábios nos meus, e depois sai.

C
Eu deveria pagar à Minnie desta vez. No mínimo, deveria
ter ligado. Terminamos nossa sessão, mas fico para conversar
enquanto faço um pouco de primeiros socorros.

As bolhas nos dedos da sua incessante verificação se a


porta da frente está trancada e o gás desligado, e estou
preocupada que elas possam infectar. Tirando as luvas de
borracha, limpo as feridas e conversamos sobre minha vida.
Conto a ela tudo sobre Hunter ao longo dos últimos dois meses.

“Existem apenas três razões para um homem ser evasivo.


Ou ele é um pescador, um leiteiro, ou um padre.”

Olho para ela. “Terá que explicar isso.”

“Um pescador sabe que há uma abundância de peixes no


mar, e não quer passar a vida comendo bacalhau quando há
atum e robalo que ainda não provou.”
Não tenho certeza se Minnie percebe que seu eufemismo
para um cafajeste foi bastante bruto ao se alimentar de peixes.
Mas percebo seu ponto.

“Realmente não acho que é o caso de Hunter. Embora


talvez apenas não queira acreditar que ele seja assim. Meu
instinto diz que não tem nada a ver com a necessidade de passar
para a próxima mulher.”

“Bem. Então, talvez ele seja um leiteiro. Boa mulher em


casa, e ainda continua indo fazer as entregas para as donas de
casa.”

Rio. “Não acho possível. Fui a sua casa, e não há nenhum


sinal de mulher. Além disso, Derek e Anna saberiam se ele tivesse
um relacionamento sério.”

“Então ele é um padre.”

Corto a fita no último dedo que enrolei, e aliso-o o mais


suavemente possível. “Ele definitivamente não é um padre.”

“Não quis dizer que não gosta de ação abaixo da cintura.


Um padre é alguém que se sacrifica para o bem dos outros,” diz
Minnie. “Eles vão abandonar a própria felicidade para que as
pessoas em seu rebanho não se machuquem.”

Hmmm. “Mas por quê? Do que ele pode estar tentando me


proteger?”

“Ele conhece sua história. Talvez esteja com medo de deixá-


la para baixo, ou de não ser bom o suficiente.”

Zombo da última parte. “Hunter Delucia tem mais


confiança em seu pequeno dedo mindinho do que eu em todo
meu corpo.”
“Às vezes a confiança é usada como uma máscara para se
proteger das inseguranças.”

“Suponho. Só... não parece se encaixar em nenhum.”

“Talvez a última mulher partiu seu coração. Ele já teve um


relacionamento sério?”

“Uma vez.”

“Ele contou o que aconteceu?”

“Não. Na verdade, ele deu uma resposta muito vaga, e não


tenho ideia de por que as coisas terminaram.”

Minnie levanta os dedos recém-enfaixados e mexe-os ao


redor. “Pode querer conseguir mais informações sobre isso.”

C
Depois de Izzy ir para a cama, faço com uma xícara de chá
e pego meu celular. São quase onze horas em Nova York, mas
apenas oito na Califórnia. Pensei toda a tarde sobre a conversa
com Minnie e decidi que ir direto à fonte não será tão produtivo
quanto ligar para minha melhor amiga.

“Ei,” Anna diz. “É a fada madrinha.”

Sorrio. “Você sabe, quando era pequena, sempre imaginei


minha fada madrinha como Stevie Nicks.”

“Acho que Stevie Nicks seria uma madrinha de merda.


Talvez devo ver se ela está disponível. Certeza de que ela vive em
LA então, novamente, quem sabe, posso tê-la aqui. Derek disse
que você e Hunter estão enjoativos de tão doces.”
Meus ombros caem. “Eu não contaria com isso.”

“Ah não. O que aconteceu?”

“Faz dois meses.”

“OK…”

“E... tivemos excelentes dois meses.”

“Não acha que um relacionamento a distância vai


funcionar?”

“Não sou eu. É Hunter.”

“Ele não acha que vai funcionar?”

“Eu não faço ideia. Basicamente concordamos em ser


parceiros de foda por alguns meses. Agora acabou.”

“Você quer mais?”

“Sim. Não. Eu não sei.”

“Você parece segura.”

“Eu gosto dele, Anna. Muito. Muito mais do que devo.”

“Oh querida. Será que ele sabe como se sente?”

“Eu não vim a público e disse, embora ele saiba que tenho
sentimentos. Mas ele sequer considerou manter as coisas.”

“Por quê?”

“Essa é a pergunta de um milhão de dólares.”

Mesmo com cinco mil quilômetros entre nós, Anna sabe


que estou sofrendo. Sua voz suaviza. “Deus, sinto muito, Nat. Eu
disse quando o conheceu que sabia que ele namorava muito. Mas
assim fazem um monte de caras. Eu pensei... sabe, às vezes ele
só precisa encontrar a mulher certa.”
Às vezes as palavras não ditas são ouvidas mais
claramente. Eu não sou a mulher certa para Hunter. Embora doe
pensar, também me faz lembrar da mulher que tenho
curiosidade.

“Deixe-me perguntar, sabe detalhes do que aconteceu entre


Hunter e a mulher que ele namorou por um longo tempo?”

“Summer? Na verdade, não. Sei que se conheceram


durante a faculdade, mas terminaram antes de eu conhecer
Derek. A única coisa que realmente sei é que ela ligou para Derek
um monte de vezes depois de Hunter terminar. Ela bebia e ligava,
sempre chateada com o fim.”

“Ele terminou com ela?” Por alguma razão, assumi ser o


contrário e ele estar receoso porque seu coração foi partido. Oh,
espere, talvez isso seja eu.

“Sim. Ele definitivamente terminou. Embora realmente não


saiba por quê. Derek nunca disse, e nunca tive uma razão para
perguntar. Mas deixe-me bisbilhotar um pouco.”

“Ok. Não seja muito óbvia.”

Ficamos ao telefone por mais meia hora, conversando sobre


Caroline, o batismo, Izzy, e a vida em geral. Foi muito bom
conversar com ela, mesmo que ainda tenha mais perguntas do
que respostas sobre Hunter quando desligo.
Izzy está gripada e fica assim mais de uma semana.

Assim, os planos que fiz com Hunter para desfrutar da


nossa última semana e meia tinham se transformado em ele
vindo ver TV no meu sofá enquanto Izzy me chama em seu quarto
a cada quinze minutos.

Esta noite será nossa primeira, agora que Izzy finalmente


se sente melhor. Ela foi a uma festa do pijama e podemos ter a
noite inteira para nós. Infelizmente, nem mesmo esse pensamento
conseguiu tirar minha bunda da cama para começar o dia. Cada
osso do meu corpo dói. Sinto-me tão horrível que tive que usar
meu celular para ligar para Izzy e me certificar de que ela foi para
a escola. O pensamento de levantar e ir do meu quarto para o
dela me deixa exausta demais para realmente fazê-lo.

Ainda em negação por ter pego a gripe da minha enteada,


cancelo meus compromissos da manhã e volto a dormir por
algumas horas. Minha esperança some ao meio-dia, quando
acordo e arrasto a bunda para o banheiro, onde vejo minha
temperatura. 38,8.

Não posso estar doente.

Tenho um encontro hoje à noite, e Hunter partirá em três


dias.

Uma onda de calafrios parece responder esse pensamento,


mas não do tipo bom. Normalmente os tenho quando penso em
Hunter Delucia. Meu cérebro quer estar frustrado, mas
honestamente, não tenho energia. Tudo que posso fazer é engolir
dois Tylenol e rastejar de volta para as cobertas.

Não posso obrigar-me a cancelar oficialmente até Hunter


mandar uma mensagem no final da tarde.

Hunter: Use vermelho esta noite.

Decepção me atinge. É assim que as coisas acabarão entre


nós. Sequer teremos uma última noite memorável.

Dói a pele dos meus dedos digitar, se isso é sequer possível.

Natalia: A única coisa vermelha que estarei usando esta


noite é por causa da febre. Desculpa. Acho que peguei a gripe de
Izzy.

Hunter: Merda. Desculpa. Precisa de algo?

Natalia: Tem uma pílula mágica para me deixar melhor?

Hunter: Vou abster-me de dizer que tenho algo que pode


engolir que te fará se sentir melhor.

Sorrio e balanço a cabeça.

Natalia: Estou realmente feliz que se absteve...

Hunter fica em silêncio depois disso. Em qualquer outro


dia, provavelmente teria desperdiçado duas horas com
mensagens. Sorte para mim, hoje não tenho energia. A febre me
destrói, e durmo por mais algumas horas, até que a campainha
me acorda.

Aperto o interfone com o cobertor a minha volta.

“Quem é?”
“Apenas eu,” diz a voz de Hunter. “Saí cedo para trazer um
pouco de caldo de galinha.”

Minha parte feminina quer correr para um espelho, lavar


meu rosto e tirar a mancha de maquiagem de ontem que
provavelmente deixei no meu rosto. Mas a parte doente diz à
parte feminina para se calar. Aperto a campainha para
destrancar a porta, em seguida, encosto-me à parede, enquanto
espero o elevador chegar.

Mesmo muito doente, a visão de Hunter caminhando até a


porta acorda meu corpo. Ele usa calça jeans e uma camisa de
botão enrolada nos braços. E ele usa as botas de trabalho que
amo. Também carrega sacos em ambos os braços.

“Acho que acabou de visitar a obra?” Digo olhando as botas


enquanto caminha.

“Não. Tive uma reunião com o cliente, em seguida, com o


departamento de construção. Uso as botas porque você gosta
delas.”

“Como sabe que gosto?”

“Eu te observo.” Ele beija minha testa. “É como também sei


que gosta quando seguro suas mãos acima da sua cabeça,
enquanto estou te fodendo.”

Eu gosto disso. Deus, sou tão transparente? “O que mais


gosto?”

Hunter sorri. “Gosta quando traço sua clavícula com a


língua. E realmente gosta quando digo todas as coisas que farei
com você, mesmo que não queira admitir que gosta quando digo
que tem uma buceta doce.”
Meu queixo cai. Ele está tão certo. Odeio essa palavra, mas
algo sobre ele falar para mim no auge da paixão realmente me
excita. E, claro, exatamente como ele disse, não quero admitir.

Balanço a cabeça. “O que está fazendo aqui?”

Ele levanta os sacos. “Trazendo suprimentos.”

“Mas vai ficar doente.”

“Esse é um risco que estou disposto a correr. Agora vamos,


precisa se deitar.”

Hunter insiste que eu sente enquanto descompacta o


conteúdo dos sacos que trouxe. “Sopa de galinha do restaurante
que gosta no centro da cidade, onde almoçamos há algumas
semanas.”

“Realmente não estou com fome.”

“Você fez Izzy comer quando disse a mesma coisa.”

Faço beicinho porque ele está certo.

Ele continua a tirar coisas. “Dayquil para baixar a febre.


Lembro de jogar fora a caixa da última vez que Izzy tomou.
Refrigerante de gengibre, porque a única vez que essa porcaria
tem bom gosto é quando está doente e bebe com torradas.
Falando nisso ...” ele tira um pedaço de pão da primeira sacola e
passa para a segunda. Manteiga, Gatorade, Theraflu, vitamina C,
lenços e quatro DVDs. A última coisa que ele pega é uma caixa de
algum tipo de jogo.

Ele a ergue. “No caso de ficar entediado.”

“O que é isso?”

Ele encolhe os de ombros. “Estava na farmácia. No caso de


precisar de algo para mantê-la ocupada sem se levantar.”
Deus, este homem pode ferir meu coração e curá-lo ao
mesmo tempo. Lembro de que ele disse que sua mãe fazia
artesanato quando não se sentia bem e não conseguia sair da
cama. Ele realmente é um cara doce e protetor. E aí está o
problema. Seria um inferno mais fácil dizer adeus a alguém que
correu para as colinas quando estava doente, alguém que só ficou
nas horas boas. Mas Hunter apenas é o melhor tipo de homem, o
que torna muito mais difícil vê-lo como apenas sexo.

Dou um sorriso triste, esperando que ele não note meus


pensamentos. “Obrigada por isso. Não precisava fazer.”

Seus olhos percorrem meu rosto. “Está sempre cuidando de


outra pessoa. Estou feliz de estar aqui para cuidar de você.”

O pensamento é doce, mas tudo que consigo pensar é,


estou feliz por não ficar doente por quatro dias.

C
O Dayquil me deixa sonolenta. Ou talvez seja o filme de
ação com Bruce Willis e edifícios explodindo que me faz dormir.
Mas porque tinha dormido durante todo o dia, estou confusa
quando acordo no sofá. Meus pés ainda estão no colo de Hunter
como estavam quando cochilei, só que ele não assiste televisão.
Meus olhos abrem e ele está me observando dormir novamente.

“Que horas são?”

“Quase dez, eu acho. Izzy ligou. Vi seu nome aparecer no


celular, então atendi antes que te acordasse. Ela queria voltar
para casa e cuidar de você.”
“Oh. Isso é doce. Ela está se aproximando ultimamente.”

Hunter concorda. “Disse que estava aqui, mas certifique-se


de ligar.”

“Está bem. Obrigada. Vou falar com ela.”

Ele concorda. “Está com fome?”

“Se disser não vai me forçar a comer algo, certo?”

Seu lábio contrai. “Provavelmente.”

Ele estende a mão e sente minha testa. “Ainda legal. Mas


faz quatro horas desde que tomou o Dayquil. Quer uma dose de
Nyquil desta vez para te ajudar a dormir?”

“Deus, tudo o que tenho feito é dormir.”

Hunter vai até a cozinha, pega o comprimido e serve um


copo de refrigerante de laranja. Consigo sentar enquanto ele faz
isso.

Ele senta na beirada da mesa de café na minha frente e faz


com que engula as pílulas, em seguida, pega o copo da minha
mão.

“Você é muito bom neste tipo de coisas, meio enfermeiro,


sabe.”

“Prefiro ser o médico do que o enfermeiro, mas sou flexível.”

“Pelo menos sou uma paciente melhor do que Izzy. Não


estou te chamando a cada cinco minutos para pegar meus lenços
sujos e dizer que algo dói.”

“Não. Acho que dormir por toda a coisa é mais seu estilo.”

“Bem, agora que dormi o dia inteiro, provavelmente vou


aguentar até metade da noite.” Balanço a cabeça para o kit de
joias artesanais que ele trouxe. “Então, faremos algumas
pulseiras de baixa qualidade enquanto isso. A minha não será tão
boa quanto a que tem.”

Ele olha seu pulso. “Tinha dez ou onze anos quando minha
mãe ficou doente. Ela teve problemas musculares que afetaram
as pernas, de modo que ficava muito na cama. Minha tia trazia
esses kits o tempo todo. Mantinha-a ocupada.” Ele torce o
bracelete em seu pulso. “Macramé e couro eram seus favoritos.
Costumava ter um monte, mas ao longo dos anos quebraram ou
os perdi. Este é o único que resta. Vou usar essa porcaria até o
fim.”

Uau. É uma batalha perdida não me apaixonar um pouco


mais a cada dia. “Sabe, Hunter, por baixo da máscara idiota que
usa, você é um cara muito legal.”

Ele me olha por um momento antes de se levantar. “Vamos.


Vamos levá-la para a cama.”

Hunter me enfia debaixo das cobertas e, em seguida,


despe-se e deita atrás de mim. Ao contrário das outras noites que
dividimos a cama, ele fica de cueca. Envolvendo os braços em
minha cintura, ele me puxa contra seu corpo. Seu domínio é
apertado e me faz sentir como se tivesse medo de me deixar. Ou
talvez isso seja o que quero acreditar.

Amanhã Izzy estará em casa, assim esta noite é


provavelmente nossa última noite juntos. Não é exatamente como
imaginei nosso ato final, mas talvez seja mais fácil dessa maneira.

Cerca de meia hora depois de estarmos na cama, ouço uma


mudança na respiração de Hunter, e seu poder sobre mim
afrouxa. Permito-me sucumbir à neblina medicinal que deixa
minhas pálpebras pesadas demais para ficarem abertas.
Na manhã seguinte, Hunter se move, mas não abro os
olhos, assumindo que ele vai ao banheiro ou algo assim. Depois
de alguns minutos dele andar ao redor, sinto seus lábios em
minha testa, e percebo que ele deve estar indo.

Ele afasta uma mecha de cabelo do meu rosto e sussurra:


“Sou louco por você, ervilha doce. Sinto muito.” Então sai.
Começo a me sentir melhor quando o temido dia vem. Não
ótima, mas boa o suficiente para tomar um banho e passar algum
tempo na posição vertical. Hunter veio algumas vezes depois da
nossa noite juntos, ele até trouxe um filme de terror para mim e
Izzy, sabendo o quanto ela os ama.

Durante as últimas vinte e quatro horas, estive tentando


evitar pensar em dizer adeus, perguntando como as palavras
soariam.

Obrigada, foi divertido.

Encontro você por aí.

Sempre que estiver na cidade, venha me ver. Minha porta


está sempre aberta. E por porta, quero dizer vagina.

Fica a dica!

Passo de triste para irritada e volto a triste tantas vezes que


é apenas questão de tempo saber qual Nat o pobre homem vai
encontrar.

Infelizmente para ele, chega quando estou irritada. Não me


preocupo em esperar na porta como costumo fazer para admirar
sua despedida. Em vez disso, o deixo abrir e volto para o livro que
não estou realmente interessada.

Hunter bate duas vezes antes de abrir a porta.


Aceno, mas não olho para cima.

Constrangimento surge antes mesmo de a porta fechar


atrás dele, pelo menos para mim.

Ele senta na beirada da mesa e segura minhas pernas.


“Como está minha paciente?”

“Melhor.” Ajo como uma adolescente insolente, ainda não o


olhando.

Ele me espera falar por alguns minutos, até que olho para
cima para ver o que ele está fazendo. E então ele prende meu
olhar.

“Aí está.”

Seu sorriso serve apenas para me irritar mais. Ele parece


como de costume, e quero que ele pareça como eu me sinto por
dentro. Uma confusão total. Odeio que ele não esteja afetado pelo
nosso adeus.

“Podemos apenas dizer adeus e acabar logo?” Digo com


tanta frieza quanto posso evocar.

Pelo menos seu sorriso some. “Natalia…”

“Sério, nós somos adultos. Foi divertido. Agora acabou. Não


estou dando-lhe um último boquete, se é isso que espera.”

A cabeça de Hunter cai, e ele olha o chão por um minuto.


Quando seus olhos voltam para os meus, vejo a dor neles. “Eu...
eu nunca quis te machucar, Natalia.”

Minha boca começa a falar sem meu cérebro pensar a


respeito. “Bem, você machucou. Sabe por quê? Porque isso nunca
foi só sexo. Pode dizer o que quiser, mas sabia desde o primeiro
dia. Você não janta com a família de uma mulher, ajuda sua filha
e cuida quando ela está doente quando é só sexo. E, neste ponto,
acho que é um insulto que finja que é tudo o que temos.”

Hunter corre os dedos pelos cabelos e solta um profundo


suspiro. “Você está certa. Sempre fomos mais. Mas isso não
muda o fato que precisa acabar.”

Parece que alguém cortou meu coração. Engulo.

“Talvez não. Mas sabe o que muda?”

“O que?”

“Você me deve uma explicação.”

Hunter me olha diretamente nos olhos. “Sinto muito, Nat.


Eu realmente sinto.”

Não consigo parar as lágrimas que começam a cair. Mas


também quero um pouco de dignidade. “Apenas vá. Por favor.”

Sinto-o me olhando, mas não encontro seus olhos.


Eventualmente, ele se levanta. Acaricia meu cabelo mais uma vez
antes de se inclinar e beijar minha testa. Então sai sem dizer
mais nada.

Choro compulsivamente depois que a porta fecha. O


engraçado é que, com tudo o que passei com Garrett, não chorei
nenhuma vez. Meu casamento implodiu de repente. Após o
choque inicial do meu marido ser preso e descobrir que ele não
era o homem que achei ser, fui direto para a raiva, quase
ignorando a fase de perda.

No entanto, mesmo com todo o caos de Garrett, nunca


senti que a esperança se foi. Fiquei decepcionada, abatida, como
uma idiota e depressiva em um milhão de maneiras, mas nunca
duvidei de que merecia algo melhor e que estava lá fora só para
mim.
Hoje finalmente percebo por que me senti assim, porque há
alguém melhor lá fora, que é exatamente certo para mim. O único
problema é que esse alguém só saiu pela porta, levando minha
última esperança com ele.
Uma semana depois, minha saúde está de volta ao normal,
mas meu coração ainda não começou a se curar. Uma parte
minha se arrepende de como Hunter e eu dissemos adeus, ou
melhor, como eu disse. Agi com imaturidade, culpando-o por algo
que realmente não é sua culpa. Ele foi direto desde o início. No
entanto, no final, fui eu que criei esperanças de que fosse mudar
de ideia. Foi uma tolice.

A coisa é, sei que Hunter tem sentimentos por mim. Só não


sei por que não faz nada sobre eles ou tenta fazer funcionar. E
por causa disso, não consegui um fechamento real. É como se
estivesse deixando algo importante para trás.

Ontem, um dos pais que muitas vezes converso durante os


jogos de Izzy me perguntou se o cara que veio aos jogos
recentemente era meu namorado. Doeu muito dizer sem admitir
em voz alta que Hunter desapareceu da minha vida para sempre,
que nem tinha percebido por que ele entrou. Quando veio a
pergunta seguinte, se tinha planos para sexta à noite, fiquei
completamente alheia ao fato de que ele me chamava para jantar.

O pobre rapaz teve que explicar o que quis dizer, apenas


para ser rejeitado. Mas não há nenhuma maneira no inferno que
me sinta pronta para saltar para o mundo dos namoros ainda.

Então aqui estou, sozinha na sexta à noite, comendo um


litro de Cherry Garcia direto do pote, enquanto minha filha de 16
anos se arruma para ir jogar boliche com um menino. Pelo menos
uma de nós tem uma vida.

“Esteja em casa às dez,” digo a ela. “E espero que ele te


traga até a porta e te espere entrar ou terá dois pais presos
quando eu terminar com ele.”

“Você não é sequer assustadora. Agora, se Hunter dissesse


isso, Yak poderia...” Izzy sorri. “Borrar as calças.”

Rio, dizendo para ter cuidado com a linguagem. Ela me


abraça, algo novo que começou a fazer nos últimos dias. Isso me
faz pensar se ela se sente mal que fui rejeitada. De qualquer
maneira, aceito tudo o que posso receber dela, independente da
razão.

Quando o sorvete começa a enjoar, meu celular toca. Uma


foto de Anna e eu de rosto colado no dia do casamento aparece.
Coloco o pote na mesa do café e apoio meus pés.

“Graças a Deus. Estava a caminho de acabar com um litro


inteiro de Ben e Jerry, sem uma pausa.”

“Mmm... Chunky Kong?”

“Não.” Esfrego meu estômago inchado. “Cherry Garcia.”

“Bem, deixe um pouco para quando desligarmos porque vai


precisar.”

Meu coração acelera no peito. Anna e eu conversamos há


poucos dias depois que fiz minhas reservas de voo para o
batismo. Ela mencionou não ter visto Hunter desde que ele
voltou, mas que iria jantar na última noite. Obviamente, tudo o
que está prestes a dizer é sobre ele.

“O que? Se ele levou uma mulher, não acho que quero


ouvir, Anna.”
“Ele veio sozinho. Não trouxe ninguém.”

Sinto-me infinitamente melhor. “Ele levará para o


batismo?”

“Não. Não é disso que se trata.”

Começo a entrar em pânico. “O que está acontecendo?”

“Hunter ficou bêbado ontem à noite. Quero dizer, realmente


bêbado. E começou a falar sobre a morte do seu irmão e ficou
muito chateado. Sabia que seu irmão cometeu suicídio? Eu não
tinha noção até ontem à noite.”

Antes da gravidade de suas palavras poder afundar, ouço


um gemido em segundo plano. “Droga, Nat. Caroline acabou de
acordar. Sinto muito. Pensei que ela dormiria por mais tempo.
Ligarei de volta em dois minutos. Vou acalmá-la para podermos
conversar.”

“Meu Deus. Não pode me fazer esperar muito tempo.


Depressa.”

“Eu vou!”

C
Troquei meu litro de sorvete por um copo de vinho, bebi a
coisa toda, e estava no segundo copo antes do meu celular
começar a tocar. “Deus, foram dez minutos, e não dois.”

“Eu sinto muito. Ela é exigente.”

“Pode falar agora?”


“Sim. Ela só se acalmou, então terei que falar baixo,
enquanto amamento. Mas é isso ou ligar depois que ela dormir.”

“Comece a falar.”

“Nem sei por onde começar.”

“Pelo início. Conte-me tudo.”

“Ok, bem... foi uma noite estranha desde o começo.


Normalmente, ele tem uma cerveja ou duas. Mas quando Derek
ofereceu uma Stella, ele disse que preferia ter um Jack e Coca-
Cola. Para ser honesta, parece que ele está bebendo
recentemente. Seu cabelo está sempre um pouco descabelado,
sabe, ele é naturalmente confuso, mas é bonito, só que ontem à
noite parecia uma merda. Tinha olheiras sob seus olhos, não se
barbeia há algum tempo, e parece ter dormido com as roupas.
Houve alguma comunicação silenciosa entre Derek e Hunter
quando ele disse precisar de uma bebida. Derek assentiu como se
compreendesse, como se os dois já tivessem feito isto antes.”

Queria que ele sentisse nossa separação, mas ouvir isso


não me dá a satisfação que pensei. Em vez disso, pareço ter
levado um soco no estômago.

“Não sabia que seu irmão cometeu suicídio,” digo a ela. “Ele
disse que estava doente. Mas não entendo o que trouxe tudo à
tona agora. Ele morreu anos atrás, certo? É o aniversário da sua
morte ou algo assim?”

“Nada faz sentido. Deixe-me continuar e talvez vá entender


melhor.”

“OK…”

“Então, ele bebe a primeira dose em tipo, três minutos. Vi


Derek preparar. A coisa é basicamente uísque em um copo com
um pouco de Coca-Cola. Hunter nem sequer estremeceu ao
engolir. Depois da segunda, ele resmungou que conseguiu uma
promoção no trabalho.”

“Ele resmungou sobre uma promoção?”

“Sim. Quando o felicitei e disse que era uma grande notícia,


ele respondeu que a vida não é sobre a notícia, é sobre a primeira
pessoa para quem quer contar.”

Irônico. Dois dias atrás, Izzy foi nomeada MVP28 do jogo, e


meu primeiro instinto foi mandar uma mensagem a Hunter. Foi
uma coisa pequena, e levou dois segundos para eu lembrar que
não tenho razão para contar a Hunter, mas minha reação foi
engraçada e o resto da noite ficou manchado por esse momento.
Fiquei triste, em vez de feliz. Não me permiti analisar por que ele
me afetou tanto, mas Hunter tinha acertado, a vida é sobre a
pessoa que deseja chamar primeiro e contar uma notícia boa.

Suspiro no celular. “Ele está triste por não poder contar ao


irmão?”

“Não. Ele estava se referindo a você, Nat.”

“Estou confusa. Pensei que disse que estava triste pelo


irmão.”

“Eu disse. Essa é a parte confusa. Um minuto ele estava


dizendo que sentia sua falta, e no próximo falava sobre seu
irmão. É como se os dois estivessem ligados em sua mente.”

Fico presa a algumas palavras atrás. “Ele disse que sentiu


minha falta?”

“Ele disse que não dava a mínima para a promoção,


quando não tem você para compartilhar.”

28Most Valuable Player e refere-se ao jogador mais valioso da NBA, a liga norte-americana de
basquete.
Meu coração acelera contra a caixa torácica. “Não entendo.
Eu nunca entendi. Se ele quer compartilhar coisas comigo, então
por que dizer adeus?”

“Fiz essa pergunta.”

“E o que ele disse?”

“Disse que é para seu próprio bem.”

“O que isso significa?”

“Eu não consegui fazê-lo falar sobre isso. Ele apenas


encheu o copo e falou coisas aleatórias pelo resto da noite.”

“Como o quê?”

“Muito não faz sentido. Por exemplo, ele disse sobre querer
colocar alpiste para os pássaros no quintal, e então começou a
falar sobre memórias aleatórias do irmão. Aparentemente, o
aniversário de Jayce está chegando. Honestamente não tinha
ideia de que ele tinha cometido suicídio. Acho que nunca forcei
Derek a falar sobre isso, porque ele era próximo de Hunter e
Jayce. Sei que Jayce morreu jovem, e quando perguntei como,
Derek disse que ele teve uma doença genética e esteve doente por
um longo tempo. Ontem à noite, depois que Hunter desmaiou no
nosso sofá, questionei Derek sobre por que ele mentiu.”

“O que ele disse?”

“Disse que realmente não tinha mentido. Que Jayce estava


doente, e que escolheu lembrar-se disso, por que ele morreu pela
doença, mesmo que não foi tecnicamente o que tirou sua vida.”

Jesus. “Então ele estava doente e tirou a própria vida?”

“Sim. E Hunter nunca superou. Eles eram próximos.”


Anna fica em silêncio por um tempo, nós duas
contemplando a enormidade de suas palavras. “Ele se enforcou,
Nat. No banheiro.”

Meu peito começa a tremer com lágrimas. Perder um ente


querido para uma doença é difícil, mas acrescentar a tragédia do
suicídio... As pessoas deixadas para trás muitas vezes sentem
culpa.

“Você está bem?” Anna pergunta. Sei pelo tremor em sua


voz que ela está chorando também.

“Não.”

“Sim, eu sei. É horrível pensar. Não posso sequer ficar


chateada com Derek por esconder de mim. Porque uma vez que
ele me disse a verdade, fiquei mal e desejei não saber. Agora não
consigo parar de imaginar.”

Anna e eu conversamos por mais de duas horas. Faço ela


me contar todos os detalhes que consegue lembrar de toda a
noite. Tenho uma dor de cabeça estrondosa no momento em que
desligamos, mas a dor na minha cabeça é pouca em comparação
com a dor no meu peito.

Quero voar para a Califórnia e consolar Hunter por seu


irmão. Não importa que não estejamos juntos, só quero estar lá
para ele.

Naquela noite viro na cama durante horas. Minha mente


louca com tantos pensamentos. Está a perda de Hunter
relacionada com por que ele não quer ter um relacionamento
comigo? Ele pode ter receios de fixação após tal trauma? Ele
perdeu sua mãe e irmão numa idade tão jovem. Talvez as perdas
deixaram cicatrizes traumáticas que o deixaram com medo de ir
para a guerra e arriscar seu coração?
Mesmo que Anna tenha lançado uma luz sobre a psique de
Hunter Delucia, sinto-me mais no escuro sobre o homem do que
nunca. É quase meia-noite quando pego meu celular da mesa de
cabeceira. Meus dedos pairam sobre o nome de Hunter. São
apenas nove horas na costa oeste, não é tarde demais para ligar.
Se o fizer, ele definitivamente colocará dois e dois juntos e saberá
que Anna me ligou para contar sobre a noite passada. Se eu não
fizer, nunca serei capaz de dormir.

Decido mandar uma mensagem, em vez de ligar,


percebendo que se abrir a porta da comunicação, ele pode
escolher falar comigo ou fechá-la na minha cara. Depois de mais
dez minutos pensando nas palavras certas, decido pelo simples.

Natalia: Pensando em você. Pode falar?

Meu pulso acelera quando aperto enviar e espero uma


resposta. Imediatamente o texto aparece como entregue. Depois
de mais de dez segundos, ele muda de entregue para lido. Prendo
a respiração quando os pontos começam a pular. Antecipação
pulsa em minhas veias enquanto espero uma resposta. Após
alguns segundos, os pontos param de se mover, e solto um
suspiro audível. Fico congelada, olhando a tela e assumindo que
os pontos tinham parado de se mover porque ele acabou de
digitar e as palavras estão correndo através do ar direto para meu
telefone. Espero-as chegar.

Cinco minutos.

Dez minutos.

Meia hora.

Toda uma hora de espera.

Mas as palavras nunca vêm.


Teria sido mais fácil aceitar se ele não tivesse aberto minha
mensagem, ou se nunca visse os pontos saltando enquanto ele
respondia. Então poderia sempre me perguntar se ele tinha
recebido a mensagem, agarrada a um pedaço de esperança de ser
o caso. Mas não há dúvidas. Hunter leu meu texto e decidiu não
se preocupar em responder.
7 anos atrás

“Vamos, Jayce. Atenda o maldito telefone.” Minha perna


salta para cima e para baixo enquanto conto os toques. Após o
quarto, vai para o correio de voz. Desligo e imediatamente aperto
para chamar de novo.

Sem resposta novamente.

Algo está errado. Pego meu laptop e os arquivos que preciso


para trabalhar e paro no escritório do meu chefe.

“Preciso fazer uma pesquisa para o departamento de


construção,” minto. “Estarei de volta em poucas horas.”

No meu carro, coloco um pouco de música numa tentativa


de relaxar durante os trinta minutos até Jayce. Mas é exatamente
o oposto. Cada canção que toca, cada quilômetro para a casa do
meu irmão, intensifica o sentimento de merda que tenho.

Jayce está deprimido ultimamente. Não posso culpá-lo. Ele


luta para fazer coisas simples e sentar é um trabalho duro. De
alguma forma, ele consegue sair da cama todos os dias, e até
caminha, mas no final do dia, está exausto e dependente da
cadeira de rodas que despreza. O tremor involuntário em seus
braços e ombros se intensificou tanto que o acorda durante a
noite, então ele raramente dorme mais do que uma ou duas horas
direto. A não ser para consultas médicas, ele não sai de casa há
meses. A maioria de seus dias consiste em ver TV e esperar os
diferentes enfermeiros que o visitam para que possa fazer a barba
ou ir para o quintal.

Tentamos fazê-lo voltar a morar com tio Joe e tia Elizabeth


ou comigo. Mas ele recusou, preferindo ficar sozinho em sua casa
deprimente, em vez de cercado por uma família que quer ajudar.
Visito-o algumas noites por semana depois do trabalho, assim
como nosso tio, mas nem isso o anima mais. Costumava pensar
que a pior coisa do mundo é a morte. Mas estes dias, tenho
certeza que estar à espera de morrer é muito pior.

Ainda 20 minutos, disco novamente enquanto dirijo. Sem


uma porra de resposta novamente. Estive numa reunião quando
ele ligou e deixou uma mensagem esta manhã, por isso o toque
estava desligado. A sensação de mal-estar torce meu intestino
quando ouço a mensagem que ele deixou novamente.

“Bro” (Silêncio por dez segundos)

Nunca fiquei bravo por causa da Summer. (Algumas


respirações profundas enquanto ele luta para falar.)

Só queria ter certeza de que sabe disso. (Outra longa pausa)

“Te amo, cara.”

Huntington afetou sua mente, seu modo de pensar, as


coisas que quer. Vícios e manias se desenvolveram em sua
personalidade. Li o suficiente para saber tudo o que está
passando, mas algo em sua voz me diz que a mensagem é mais
do que apenas um pensamento aleatório durante uma crise. Não
falo com Summer faz anos. Mesmo que abri o jogo sobre meu
relacionamento com ela, terminei as coisas não muito tempo
depois que ele saiu do hospital. Por que ele estava pensando
nisso agora? Parece que quer ter certeza de que não carrego esse
peso depois que ele se for. Rezo para estar errado.

Cada quilômetro aumenta meu sentimento ruim, e meu pé


pressiona o acelerador. No momento em que saio da rodovia,
percebo estar a noventa e cinco quilômetros por hora. Faço o
caminho de trinta minutos em vinte.

Meu irmão não responde quando bato na porta então uso a


chave que ele me deu no ano passado.

“Jayce!”

Nenhuma resposta.

“Jayce!”

Nenhuma resposta.

Abro e fecho minhas mãos. Tão frio. Minhas mãos estão tão
frias.

Nada na cozinha.

Nem na sala de estar ou de jantar.

A porta do quarto está aberta.

Nada.

Não há muitos mais lugares para olhar na pequena casa.

Nada no quintal.

Ando pelo corredor que leva de volta para a cozinha e


encontro a porta do banheiro fechada. Encarando-a, o cabelo na
parte de trás do meu pescoço arrepia.

Porra. Estou ficando louco.

Respiro fundo e bato. “Jayce. Você está aí?”


Sem resposta.

Bato mais uma vez, e a porta abre quando o faço.

Congelo.

Minha respiração para.

A terra se move e uma navalha atravessa meu coração.

Não.

Não.

“Nãoooooooo!” Grito.

Corro em direção ao corpo do meu irmão preso por uma


corda amarrada à luminária de teto. Ele tirou a lâmpada para
chegar até as vigas.

Em pânico, levanto seu corpo para dar a corda uma folga.

Seus olhos estão abertos e saltando das órbitas.

Seus lábios e rosto estão azuis.

Sangue seco mancha os cantos da boca.

Mas me recuso a acreditar que é tarde demais.

“Não!”

“Não!”

“Você não pode....”

Seguro-o por mais tempo, não querendo que a corda aperte


seu pescoço.

Não posso soltá-lo para procurar algo e cortar a corda.

Não posso soltá-lo para chamar ajuda.


Não posso soltá-lo para verificar se ele tem pulso.

Não posso soltá-lo.

Simplesmente não posso soltá-lo...


Presente - duas semanas depois

Isto é muito mais difícil do que achei que seria.

Sentado em uma cadeira Adirondack29 no quintal de Derek,


olho para Natalia falando com um monte de mulheres e me
pergunto se alguém mais vê o que eu vejo. Talvez estejam cegos
pela sua beleza, o sorriso que ilumina uma sala, pernas longas e
tonificadas no ponto certo apenas o suficiente para serem bem
definidas, mas ainda feminina, e um vestido que abraça suas
curvas apesar de cobrir tudo de uma forma que a deixa mais sexy
ao mostrar menos pele. Mas quando ela disse ‘olá’ hoje mais cedo,
nossos olhos se encontraram por um breve segundo, e eu pude
ver antes que ela rapidamente se esquivasse. Ela está sofrendo
sob todas aquelas camadas de beleza. Porra, e eu odeio ter feito
isso com ela.

Bebo outro gole da minha segunda água com gás,


desejando que fosse outra coisa. Mas depois de semanas de
bebedeira, porcaria, acho que não parei de beber desde que Jayce

29
morreu, Derek me fez prometer que me manteria sóbrio no
batismo. É o mínimo que eu posso fazer.

Meu amigo se senta na cadeira ao meu lado, um braço


segurando sua adormecida belezinha, vestindo um longo vestido
branco que pende abaixo dela.

“Minha mulher vai pedir o divórcio quando descobrir, você


sabe.”

“Do que você está falando?”

Ele me dá um olhar que diz não banque o idiota. “E ela vai


descobrir. Ela poderia continuar pensando que você era só um
babaca que não queria se prender a ninguém. Mas não. Você
tinha que ferrar com isso. Desde aquela sua noite de bebedeira
falando sobre Jayce, ela acha que você está sofrendo. E você
conhece Anna. Não tem nada que ela goste mais do que um
projeto para curar alguém. Ela não vai parar de cavar até que
descubra cada pequena coisa sobre sua vida. Não estou dando
detalhes, mas também não vou mentir para ela. Eventualmente,
ela vai me perguntar mais informações sobre a doença genética e
vai acabar somando dois e dois.”

“Não use palavrões na frente da minha afilhada, por favor.”

Derek sacode a cabeça. Ele fica quieto por um momento


enquanto nós olhamos para sua esposa e sua melhor amiga. Sua
voz fica séria quando ele volta a falar. “Nat merece saber.”

“Não, o que ela merece é muito mais do que eu posso dar a


ela.”

“E você? Você não merece um pouco de felicidade?”

Tomo outro gole de água com gás, desejando uma bebida


mais forte para enfrentar aquilo. “Deixe os projetos de cura para
sua esposa.”
C
Nós não poderíamos evitar um ao outro na igreja. Os
padrinhos ficam sentados no fim do banco, um ao lado do outro.
Natalia está com Caroline nos braços. Ela está linda embalando
um bebê, parece que nasceu para isso. E não tem nada a ver com
o quão linda ela é. Tento não olhar para ela, lutando contra o
desejo de ficar encarando, porque por um breve segundo,
esqueceria que ela não é mais minha. Então, quando eu lembrar
outra vez, doeria até para respirar.

Um dos cobertores em cima de Caroline cai no chão, então


me inclino para pegá-lo, limpando-o mesmo que o piso de
mármore esteja impecável. A igreja está suficientemente
aquecida, então o coloco no banco entre nós em vez de cobrir o
bebê novamente.

Finalmente encontro coragem de olhar para Natalia, e


quando nossos olhos se encontram, ela espera que eu diga
alguma coisa, faça alguma coisa. Quando eu não o faço, ela
quebra o gelo.

“O vestido é lindo, não é?”

Meus olhos descem sobre ela. “Sim. Vermelho é a sua cor.


Você está linda.”

Natalia esboça um pequeno sorriso. “Eu quis dizer o vestido


de Caroline.”

“Oh. Sim. O vestido dela é bonito também.” Eu sou um


idiota.
É tudo muito estranho, e eu me sinto um lixo, já que a
conversa entre nós sempre fluiu facilmente, desde a primeira vez
que nos conhecemos.

Então, tento deixar as coisas melhores. “Como você está?”

O olhar em seu rosto me diz que isso causou o efeito


oposto. “Sozinha. E você?”

Não posso responder qualquer besteira e deixa-la na mão,


depois dela ter sido tão honesta. Forçando um tipo de sorriso
patético, digo: “Eu também.”

Então, como o idiota que sou, meus olhos descem para


seus lábios carnudos. Estar sentado em uma igreja não me
impede de pensar sobre o quanto eu adoraria vê-los inchados
devido às minhas investidas. Quando volto a encarar seus olhos,
eles me dizem que ela sabe exatamente os pensamentos que estão
na minha mente. Para minha sorte, a música do órgão começa
dando início à cerimônia, ou eu poderia ter feito algo estúpido,
inclinando-me no pequeno espaço que nos separa... Dentro de
uma igreja!

C
Meu amigo venceu sua esposa na batalha do planejamento
da festa, por isso a celebração após o batismo é discreta. Apenas
família e alguns amigos, alguma comida servida por Anna e Derek
nos fundos da casa, e Adam. Suponho que Adam cairia na
categoria de amigos, uma vez que ele e Derek trabalham juntos e
são próximos o suficiente para que ele seja um padrinho em seu
casamento. Mas, para mim, esta noite, Adam é o inimigo número
um. Gostaria de saber se o idiota sabe o quão perto ele está de
dormir com a bela mulher com quem está conversando neste
momento. Pior, eu não consigo parar de pensar se Natalia pode
estar no mesmo estado de espírito esta noite. Ela joga a cabeça
para trás e ri de alguma coisa que aquele pescoço de lápis diz, e
eu quase perco a cabeça. Como beber não é uma opção, decido
que dar um tempo é uma boa ideia e saio para um passeio.

Encontro Izzy na frente, uma bola quicando perto da cesta


de basquete do vizinho na calçada. Eu vou até lá. “Como está sua
média de lances livres?”

Ela salta duas vezes, em seguida, acerta uma bola dentro


da cesta. “Nunca esteve melhor.”

Tiro meu casaco e o coloco sobre a grama. “Está a fim de


um mano-a-mano?”

A espertinha olha de lado a lado. “Certo. Tem alguém por


aqui realmente capaz de competir neste jogo?”

Entro e roubo a bola no meio de uma quicada, mostrando a


ela onde está a competição que ela deseja. “Como você está indo?”

“Bem. Fui eleita a melhor jogadora há algumas semanas.”

“Parabéns. Isso é ótimo.”

Ela dá de ombros como se não fosse grande coisa e tenta


esconder seu sorriso orgulhoso. Balanço a bola, fintando para
esquerda, depois para direita, dou alguns passos e arremesso de
longe, tentando uma cesta de três pontos.

Swoosh.

“Sorte,” diz ela.

“Sim. Tudo bem. Sua vez.” Ela pega a bola, e eu fico no


caminho da rede com as mãos para cima. “Passa por mim, Melhor
Jogadora.”
Gostaria de dizer que deixei ela me driblar para ganhar
confiança. Mas não preciso deixar que ela faça qualquer coisa.
Ela não tem nenhuma dificuldade em passar por mim. E eu
descubro muito rapidamente que meu tiro de três pontos foi pura
sorte de principiante. Nós jogamos por um tempo, o jogo cada vez
mais intenso a cada nova cesta. No momento em que terminamos
de jogar, minha camisa está para fora da calça, mangas
arregaçadas, e eu estou suando como um homem velho e fora de
forma. Izzy está quase sem fôlego.

“Precisa de uma pausa?” Ela pergunta.

Estou curvado com as mãos nos joelhos, tentando


recuperar o fôlego. “O que lhe dá essa ideia?”

Ela ri e nós nos sentamos na calçada para descansar.

“Como vão as coisas? Yakass é bom com você, ou eu


preciso voar para Nova York e chutar a bunda dele?”

“Yakshit, não Yakass. E está tudo bem, eu acho.”

“Você acha?”

“Deixa eu te perguntar uma coisa? Será que você realmente


atravessaria o país para chutar o traseiro de um menino se ele
fosse malvado comigo?”

Tenho certeza que ela acha que eu estou brincando, mas


não estou. “Com certeza.”

“Então eu deveria retribuir o favor. Oh, espere... Eu acabei


de chutar o seu traseiro.” Ela sorri.

Eu mereço isso. Pego alguns gravetos do gramado e


pergunto, “Como ela está?”

“Não muito bem...” Izzy se vira para me olhar bem no rosto,


... “graças a você.”
“Sinto muito, Izzy.”

“Eu não consigo entender. Pensei que você gostasse dela.”

“Eu gostava. Eu gosto.”

“Então qual é o problema? Será que é porque você mora


aqui, e nós vivemos em Nova York?”

“É complicado.”

Ela balança a cabeça. “Não é de verdade. Adultos apenas


deixam as coisas mais complicadas do que precisam ser. Você
gosta dela. Ela gosta de você. Você lida com isso.”

“Não é tão simples assim. Existem muitas outras coisas em


jogo quando você fica mais velho.”

“Você vai para a cadeia?”

Infelizmente, ela está fazendo uma pergunta séria. “Não, eu


não vou para a cadeia.”

“Você a traiu?”

“Eu não acho que esta seja uma conversa apropriada para
nós dois. Mas não, eu não a traí.”

Ela ignora meu comentário. “Você ainda pensa nela?”

Balanço a cabeça. É impossível não pensar nela durante


todo o dia, embora eu me esforce.

Izzy fica em silêncio por um longo tempo, e eu sei que ela


está tentando montar o quebra-cabeça desta nossa conversa.
Embora se não tiver todas as peças, ela nunca será capaz de ver
a imagem completa. Pelo menos é o que eu penso, até que ela
prova que crianças podem enxergar muito mais do que os adultos
acham que elas podem.
“Meu pai ferrou com tudo de tantas formas. Ele não é o
cara que eu achava que ele fosse. Ao longo dos últimos anos,
pensei sobre todas as coisas que ele me disse. Como eu nunca
suspeitei que ele pudesse ser um mentiroso, isso me fez pensar se
eu sequer sou capaz de saber o que é verdade entre todas as suas
mentiras. Então, passei a duvidar de tudo, será que ele me ama?
Será que ele quer ficar comigo, ou conosco, ou será que somos
parte da encenação dele? Eu não havia percebido até
recentemente, mas Nat se sente da mesma maneira. É por isso
que, para ela, foi difícil seguir em frente, para nós duas
seguirmos em frente. Meu pai alega que não disse a verdade a
Nat, porque não queria machucá-la. E, claro, todo mundo acha
que eu sou muito jovem para entender as coisas.” Ela encolhe os
ombros. “Talvez eu seja muito jovem para entender um monte de
coisas. Mas o que eu aprendi ao longo dos últimos dois anos é
que Nat não precisa de proteção. Ela é a mulher mais forte que
conheço. Então, se você quer protegê-la, não a deixe ficar se
questionando, você precisa deixar que ela continue seguindo em
frente, sem ficar se arrastando de volta por anos como as coisas
que meu pai fez. Porque mesmo que a verdade doa, é como um
band-aid quando você o arranca. A dor vai embora. As mentiras e
os questionamentos é que fazem tudo ficar tão dolorido por um
longo tempo.”

Minha boca fica aberta. Eu não só acabei de ter minha


bunda chutada em um jogo mano-a-mano, como acabei de
receber uma lição de vida e de amor de uma garota de dezesseis
anos de idade.
Uma semana depois

Puta merda.

Sempre suspeitei que fosse ela.

Vim visitar Jayce algumas vezes por ano, mas a cada ano,
em seu aniversário, o túmulo sempre tinha flores em cima dele
antes de eu chegar. Eram uma combinação estranha, uma
violeta, um lírio, um cravo, talvez duas rosas, e algumas
estrelícias. Não é um arranjo que uma florista montaria, jamais.
E as flores nunca estavam envoltas na forma tradicional, apenas
uma corda de juta mantinha o conjunto desorganizado junto. Isso
me fazia pensar em alguém entrando em uma floricultura e
escolhendo as flores que gostava, ou aquelas que acha que o
destinatário gostaria, sem levar em consideração se combinam ou
se dariam um bom buquê juntas.

E, por isso, sempre suspeitei dela. Aquilo parecia bem


típico de Summer, arrojado e bonito, como algo visto através dos
olhos dela.

Ela está de costas para mim, mas sei que é ela, mesmo há
duas fileiras de distância. Por força do hábito, paro e observo à
distância. Eu fiz isso por alguns meses depois que as coisas
terminaram, não querendo vê-la, mas não sendo capaz de me
manter afastado.

Ela anda de um lado para outro na frente da lápide de


Jayce, e eu penso que talvez ela esteja falando com ele. Isso
parece certo. Sorrio quando a vejo abanar o dedo para a pedra.
Depois de observar por mais tempo do que deveria, eu me viro
para ir embora. Voltarei mais tarde para minha visita. Mas eu só
dou uma meia dúzia de passos quando sua conhecida voz me
chama.

“Hunter?”

Congelo. Merda.

O que diabos faço agora? Continuo caminhando e finjo que


não a ouvi? Eu já fui um idiota por tempo suficiente. Talvez fosse
hora de voltar às boas maneiras. Respirando fundo, lentamente
me viro.

Quanto tempo se passou? Jayce faleceu há mais de sete


anos. Todo esse tempo e ela ainda parece exatamente a mesma,
mas ainda assim, nada como costumava ser. Ela ainda está linda
como sempre, mas parece mais madura agora, quase
domesticada.

“Oi,” digo. Um começo bastante inexpressivo depois de


tanto tempo.

Ela sorri e inclina a cabeça. “Você estava indo embora


porque me viu?”

Nossos olhos se encontram. “Quer a verdade?”

“Sempre.”

Balanço a cabeça. “Sim.”


“Eu estava terminando. Venho todos os anos no dia do seu
aniversário para gritar com ele. Apenas deixe-me dizer adeus, e
vou embora.” Ela se vira para a lápide por um minuto e, em
seguida, volta para mim. Ainda não tinha me movido de onde
estava. “Tudo pronto. Ele é todo seu para gritar.” Summer dá um
passo em direção ao carro estacionado na pista pavimentada ali
perto e olha para mim novamente. “Você parece bem, Hunter.
Espero que esteja feliz.”

Ela está quase no carro antes que eu finalmente tome


coragem, embora não faça ideia do que eu quero dizer.

“Summer... espere.”

Ando até o final da fileira de Jayce onde ela está parada, só


para olhar para os meus pés como um colegial desajeitado. “Você
parece bem,” falo.

“Como você pode dizer isso quando não está nem mesmo
olhando para mim?” Ouço o humor em sua voz. Ela não havia
mudado, mesmo depois de todos estes anos.

Olho para cima, e ela sorri. É genuíno e verdadeiro.


Summer não guarda raiva ou rancor.

“Você está feliz?” Pergunto.

Sua mão vai para a barriga, e ela esfrega um pequeno


inchaço que eu não tinha notado. “Estou. Estou grávida de
quatro meses e tenho enjoos durante todo o dia e noite. Mas eu
estou feliz.” Ela aponta para o carro. “Aquele é meu marido,
Alan.”

Uau. Olho para o carro estacionado. Eu não tinha notado


ninguém sentado ali. Realmente não estou muito bem hoje.
“Parabéns.”

Seus olhos procuram meu rosto. “Dê-me um minuto, ok?”


Balanço a cabeça, principalmente porque não tenho ideia
do que ela está falando. Mas ela caminha até o carro e fala com o
marido que está atrás do volante. Inclinando-se pela janela, ela o
beija antes que ele dê partida no motor.

Quando volta para onde eu estou, o carro vai embora.


“Vamos. Vamos dar um passeio. Alan vai nos dar um tempo para
que possamos conversar.”

Começo a andar ao lado dela, sem saber para onde estamos


indo ou o que ela pode ter para me dizer.

“Você está casado?” Ela pergunta.

“Não.”

“Divorciado?”

“Não.”

“Filhos?”

“Não.”

Ela olha por cima, me estudando. “Você ainda não tem


ideia, não é?”

A questão poderia significar um milhão de coisas, mas eu


sei exatamente o que ela está perguntando. “Não. Eu já disse, eu
não quero saber.”

“Então você ainda não tem quaisquer sintomas?”

Balanço minha cabeça. “Ainda não.”

Andamos em silêncio até que o caminho chega a uma


bifurcação. Nós viramos à direita.

“Você se apaixonou por alguém desde que nós


terminamos?”
Não preciso nem pensar antes de responder. “O nome dela
é Natalia.”

“Como ela se sente sobre sua decisão de não fazer o teste?”

Enquanto penso em como responder, Summer chega à


conclusão correta.

Ela balança a cabeça. “Você terminou comigo porque não


queria que eu, eventualmente, tivesse que assistir sua doença.
Durante meses eu tentei fazê-lo mudar de ideia. Então, estou
supondo que seu cérebro deformado agora acha que é mais fácil
nem mesmo contar isso a alguém que você gosta. Apenas ame
alguém e depois vá embora sem nenhuma explicação para que
elas possam odiar você. Acertei? Ela não sabe que você tem
cinquenta por cento de chance de desenvolver a doença de
Huntington. Ou que você é teimoso demais para fazer o teste.”

“Que bem que isto traria? Apenas para que ela pudesse se
preocupar comigo?”

Summer para. “Eu pensei que você tivesse dito que a


amava.”

“Eu amo.”

“Então! Ela não merece a verdade e uma chance de tomar a


decisão com você?”

“Não. Às vezes, mentiras podem salvar as pessoas um


monte de dor. Você sabia, e isso tornou mais difícil para você
seguir em frente. E se eu contar a ela e deixá-la fazer parte da
decisão, e ela me convencer a fazer o teste. E se for positivo? E se
ela não me deixar, e então acabar tendo que me ver sofrer e
morrer aos quarenta?”

“E se for negativo e você tiver perdido uma vida ao lado de


Natalia?”
Solto um suspiro profundo. “É um risco muito grande para
se correr. Ela tem um passado. Você não entende. Todo homem
na vida dela acaba decepcionando-a. Eu não posso fazer isso com
ela. Não posso ser outro homem que vai decepcioná-la.”

Ela olha dentro dos meus olhos. “Parece que você já está
fazendo isso, Hunter.”

C
O carro está novamente esperando quando voltamos para o
túmulo de Jayce, quase meia hora mais tarde. Summer acena
para o marido para que ele saiba que está tudo bem e levanta
dois dedos.

“Eu tenho que ir. Temos uma consulta médica em pouco


tempo. Mas estou realmente feliz de ter ido atrás de você.” Ela me
dá um abraço e dá dois passos em direção ao seu carro antes de
se virar e andar para trás. “Verdade ou desafio. Vamos lá, uma
última vez.”

Balanço minha cabeça. “Não vou dar a chance de você


escolher desafio estando grávida.”

“Tudo bem,” ela diz. “Mas só porque estou grávida. Não


porque perdi minha coragem. Vou escolher verdade.”

Eu rio e penso em alguma pergunta. “Você quer um menino


ou uma menina? E você não pode dizer que você quer um bebê
saudável, porque estamos jogando um jogo sério aqui.”
Summer esfrega sua barriga. “Se eu pudesse escolher o
sexo, escolheria uma menina. Mas eu vou ter um bebê saudável
de qualquer sexo.”

“Isso é justo.”

“Sua vez. Verdade ou desafio?”

“Uma vez que você escolheu verdade, você sabe que eu


tenho que escolher desafio.”

Ocorre-me que este tinha sido o plano dela o tempo todo.

“Vá atrás da mulher que você ama, deixe-a ser parte da sua
vida e realmente viva para variar.”

C
“Você parece uma merda.”

“Essa é uma boa maneira de atender a porta.” Nós


havíamos combinado jogar raquetebol esta noite, mas ele ainda
estava vestindo um terno. “Eu não sabia que havia um código de
vestimenta para ser seguido.”

“Não estava falando de suas roupas. Você parece ter saído


do inferno. Você dormiu um pouco ultimamente?”

Eu não tenho dormido, porque há muita coisa acontecendo


ao mesmo tempo. Nos últimos dias, encontrei Summer na
sepultura do meu irmão, onde acabei recebendo um sermão.
Então, vejo nas notícias uma história sobre a libertação iminente
e antecipada do idiota do ex-marido de Natalia e, finalmente, esta
tarde, fui vestir um jeans que voltou da lavandaria e encontrei
uma calcinha de renda vermelha de Natalia no saco de roupas
sujas.

Esqueci que eu a havia encontrado debaixo da cama


quando fui verificar tudo novamente antes da sublocação. Acabei
enfiando-a na minha mala enquanto embalava minhas coisas e,
em seguida, joguei todo conteúdo da bolsa em um saco de roupas
quando voltei para casa. Encontrar a calcinha trouxe uma onda
momentânea de excitação, até que percebo que ela está limpa e
que já não posso sentir o cheiro dela ali, não importa o quanto eu
tente.

“Só ocupado no trabalho,” minto.

Derek sacode a cabeça. “Quanta besteira. Tanto faz. Você


pode tentar enganar todo mundo à sua volta, mas você não pode
enganar a si mesmo, seu bundão. Eu vou me trocar.”

Enquanto ele está trocando de roupa, Anna vem até a porta


da frente com a bebê. Ela segura seu dedo na frente dos lábios,
fazendo sinal para eu ficar quieto enquanto anda na ponta dos
pés com a bebê adormecida em seus braços. Ela desaparece no
quarto de Caroline e sai com um monitor nas mãos um minuto
depois.

“Desculpa. Ela estava um pouco exigente, por isso a levei


para um passeio e acabei de conseguir fazê-la adormecer para
uma sesta. Eu não queria acordá-la.”

“Como está passando meu pequeno amendoim?”

O rosto de Anna se ilumina. “Ela é muito legal, eu tento


dizer a mim mesma.”

Ela anda até a cadeira e senta na minha frente. “Você quer


ter filhos algum dia, Hunter?”
Essa é uma pergunta que eu sempre odiei responder.
Querer filhos e ser capaz de tê-los são duas coisas diferentes.
Assim, enquanto a resposta correta seria que eu adoraria ter uma
criança algum dia, respondo com a meia-verdade que se tornou
uma segunda natureza para mim.

“Não acho que crianças estejam em meu futuro.”

“Por quê?”

Merda. Embora eu conheça Anna há anos, ela sempre foi a


garota do meu amigo. Uma casa vermelha no tabuleiro de damas,
enquanto eu era a peça preta. Sempre saltei por cima e em volta
dela, mas nunca realmente aterrissei bem ali. Nós não temos esse
tipo de conversa. Obviamente, ela tem uma razão para estar
interessada em mim agora, além de eu ser o amigo do seu
marido, e este interesse me enerva. Olho por cima do meu ombro,
esperando ver Derek vir pelo corredor para interromper esta
conversa. Não tenho essa sorte.

“Algumas pessoas servem apenas para serem tios legais e


não pais.”

A maioria das pessoas entenderia o recado na minha


resposta imprecisa. Não Anna.

Ela olha para mim. “Você é sempre tão esquivo quando lhe
fazem perguntas? Acho que nunca prestei atenção suficiente
nisso até agora.”

Minha mão automaticamente se move para minha gravata,


tentando soltá-la, apenas para descobrir que não estou usando
uma. Antes que eu possa descobrir como responder a isso, ela
dispara novamente. “Você foi ótimo com Izzy. Talvez você não
devesse se menosprezar.”

“Izzy é uma criança ótima.”


Anna me estuda do jeito que um detetive examina um
suspeito. Ela está concentrada, pronta para captar qualquer sinal
revelador em meu rosto.

“Nat fez um trabalho incrível com ela,” diz.

Desvio o olhar sob o seu escrutínio, mas ela provavelmente


me vê recuar ante a menção do nome de Natalia. “Sim, ela fez.”

Anna espera até que eu encontre seus olhos. Sempre uso


este mesmo maldito movimento com Nat quando ela tenta me
evitar.

“Pena que o pai dela vai voltar à cena em breve. Eles vão
soltá-lo na semana que vem, um mês mais cedo, devido à
superlotação. Tenho certeza que isso vai exigir readaptação para
Izzy.”

Balanço minha cabeça.

Mas ela não para de me incitar. “E para Nat. Tenho certeza


que ele vai tentar usar Izzy para tentar rastejar de volta para a
vida de Nat, tanto quanto for possível.”

É impossível permanecer impassível depois desse


comentário. Mesmo que eu tenha conseguido me manter quieto,
sei que meu rosto está gritando que quero estrangular alguém.

“Natalia é mais esperta do que isso.”

Anna dá o golpe fatal. “Ela é... mas ela está bastante


vulnerável agora.”

Felizmente, Derek finalmente termina de se trocar. Ansioso


para dar o fora daqui eu me levanto abruptamente. “Já era hora.
Vamos nos atrasar. Eles só tinham uma hora disponível na
quadra.”

Derek olha para o relógio. “Nós temos muito tempo.”


Bundão.

Ignorando-o, eu me inclino e roço meus lábios no rosto de


Anna. “Foi bom ver você, Anna.”

Ela faz uma cara que diz que mentira e se levanta.

Derek estala os dedos. “Esqueci minha raquete. Já volto.”


Meu prestes a se tornar ex-amigo desaparece novamente,
deixando Anna e eu encarando um ao outro. Depois de uma troca
silenciosa, ela estende a mão e aperta meu braço.

“Ela está apaixonada por você,” diz suavemente. “Mas


Garrett é um encantador....”

Fecho os olhos.

“Você está pronto?” Derek grita quando volta para a sala


mais uma vez.

“Sim.” Fixo meu olhar em Anna. “Tenha uma boa noite.”


Eu não consigo dormir.

O sentimento inquieto e nervoso dentro de mim não vai


embora. Nos sete anos desde que Jayce morreu, eu nunca, nem
uma vez questionei minha decisão de não fazer o teste. Conheço o
que o fato de saber, o que ficar esperando pelo que vai vir pela
frente, tinha feito ao meu irmão. E no caso de ter amolecido, caso
tenha esquecido um único momento da agonia que ele sofreu,
sento-me na cama e abro minha mesa de cabeceira para reviver
as últimas e dolorosas lembranças. Pegando na mesa de
cabeceira a carta que sempre está comigo, acendo a lâmpada de
cabeceira. Faz tempo que não faço uma releitura.

Hunter,

Esta manhã eu precisei de três tentativas para colocar o


cereal na minha boca. Minha mão tremia tanto que cada vez que
chegava aos meus lábios, não havia mais nada na colher. Mas na
terceira tentativa, consegui manter um pouco em cima, só para
quase sufocar até a morte porque os músculos da minha garganta
mal conseguem engolir qualquer coisa.

Eu sinto muito. Sinto muito mesmo.

Não me sobrou muito mais, além da minha dignidade. Eu


preciso levá-la comigo e não deixar isso para trás como meu xixi na
cama e minha necessidade de ser alimentado como uma criança.
Isso vai te machucar, mas eu sei que você também vai entender
porque preciso fazer.

Minha última oração nesta Terra será para que você seja
poupado.

No caso de você não ser, não tenho muitos conselhos para


lhe dar, a não ser contar as coisas que eu gostaria de ter feito
diferente. Eu gostaria que Emily nunca tivesse ficado sabendo do
meu diagnóstico. Eu me culpo por seu aborto, por ela ter estado
chateada por tanto tempo. Então eu a pressionei, dizendo que eu
nunca a amei de verdade. Mas eu a amava. Eu simplesmente não
podia obriga-la a passar o que viria pela frente nos próximos anos,
o que eu estava prestes a enfrentar. Às vezes, quando você ama
alguém, você precisa deixar esta pessoa ir, para seu próprio bem.

Viva a vida, irmãozinho. Não a desperdice debruçando-se


sobre seu diagnóstico, como eu fiz. O tempo voa, esteja você
curtindo a vida ou não. A escolha é sua.

Perdoe-me e siga em frente.

Amor, Jayce

Leio esta maldita nota uma meia dúzia de vezes.


Normalmente, quando faço isso, eu me concentro em sua dor,
preciso fazer isso repetidamente para justificar o que meu irmão
acabou fazendo, para aceitar que foi melhor assim. Mas desta vez,
fico preso lendo uma passagem várias e várias vezes.

Viva a vida, irmãozinho. Não a desperdice debruçando-se


sobre seu diagnóstico, como eu fiz. O tempo voa, esteja você
curtindo a vida ou não. A escolha é sua.

Sempre usei a parte do debruçando-se sobre seu


diagnóstico, como eu fiz, para validar minha decisão de não fazer
o teste. Qual é o ponto de saber, quando não há nada que possa
fazer para evitar o aparecimento da doença? Por que viver a vida
à espera do início de uma sentença de morte, quando eu poderia
seguir em frente em vez disso?

Apenas…

Pela primeira vez na minha vida, pondero se eu ainda estou


vivo. Claro, tenho relações, relações sexuais, um trabalho que eu
amo, e alguns amigos próximos. Isso sempre foi suficiente. Mas
estou seguindo em frente e vivendo minha vida ou estou apenas
existindo à espera do aparecimento de um sintoma, de qualquer
maneira? Nunca quis saber para que pudesse escolher viver cada
dia como se fosse o último e ter que viver o que a vida escolheu
para mim. No entanto, se eu pudesse escolher como gastar o meu
último dia aqui na Terra, eu desejaria estar com Natalia. Então,
estou realmente cumprindo o que me propus a fazer?

Releio o final da carta novamente.

Viva a vida, irmãozinho. Não a desperdice debruçando-se


sobre seu diagnóstico, como eu fiz. O tempo voa, esteja você
curtindo a vida ou não. A escolha é sua.

Igualei a não me deter sobre o meu diagnóstico com não


descobrir. Sempre achei que o fato de não saber foi o que fez com
que eu não plantasse raízes por todos estes anos. Mas, de
repente, percebo que as raízes já haviam sido plantadas, e uma
videira forte tinha crescido e se enrolado no meu coração. Não foi
a incerteza sobre minha saúde que me manteve voando, foi o fato
de não ter encontrado a pessoa que me faria querer resistir a uma
tempestade, permitindo que essas raízes pudessem penetrar mais
fundo.

Natalia é esta pessoa. Eu amei Summer. Ela foi meu


primeiro amor. Mas ela não era A pessoa. Talvez nós fôssemos
muito jovens. Talvez eu sempre tivesse pensado nela como meu
primeiro amor, porque no fundo eu sabia que ela não seria o
último.

Natalia é minha única.

Eu me apaixonei muito antes de estar disposto a aceitar o


que aquilo era.

O que mudaria para mim agora, se eu fizesse o teste e


desse positivo? Voltaria à estupidez da foda consentida entre dois
adultos? Como isso é diferente de tentar seguir em frente sem
descobrir agora?

Não a desperdice debruçando-se sobre seu diagnóstico.

Ela nem sequer precisa saber se eu fizer o teste e der


positivo.

Mas e se eu fizer o teste e descobrir que sou negativo?

A escolha é sua…

Será que o risco de descobrir supera o risco de perdê-la?

É quase uma da manhã, mas depois de eu finalmente


conseguir reunir coragem suficiente para responder a esta
pergunta, preciso falar com alguém. Pegando meu celular, rolo
através dos meus contatos até encontrar o que preciso e clico em
chamar.

Ele responde no quarto toque, com sono em sua voz.


“Hunter? Está tudo bem?”

Solto um suspiro profundo. “Sim, tio Joe. Está tudo bem.


Lamento ligar tão tarde. Mas preciso coletar sangue. Posso passar
no seu consultório amanhã bem cedo?”

“Você está doente?”

“Não.” Faço uma pausa. “Mas agora eu preciso saber.”


Nenhuma outra explicação é exigida. Tio Joe leva um
momento para processar o que eu tinha dito. “Dê-me alguns
minutos para colocar uma roupa. Posso te encontrar no
consultório em meia hora.”

“É uma da manhã.”

“Eu sei. Mas você não fez esta chamada com o ânimo leve.
Quero ouvir o que está acontecendo. Vou levar café. Se você ainda
quiser fazer o teste depois colocar tudo para fora, conheço um
laboratório que abre às seis. Vou tirar o sangue e eu mesmo vou
leva-lo até lá e solicitarei urgência no resultado.”
“Ligue sua TV na NBC.”

Nenhum Oi. Nada de O que você está fazendo, amigo.

Pego o controle remoto, ligo a TV e coloco no canal que


Derek falou. Um comercial sobre um produto para quedas de
cabelo está passando. Pressiono o mudo.

“Não tem muita coisa acontecendo comigo por estes dias,


mas meu cabelo ainda está bem.”

“Apenas espere.”

“Você não vai me fazer assistir a duas horas de um filme de


terror de categoria B outra vez apenas para que eu veja seu nome
como consultor de robótica nos créditos finais, né?”

“Cale a boca e assista.”

Acabei de chegar de uma reunião matinal, então tiro os


sapatos e puxo minha camisa para fora das calças. Estou
começando a desabotoá-la, com meu celular ainda enfiado entre
meu ombro e orelha quando a notícia começa a passar.

Pego o controle remoto para aumentar o volume sem


perceber que meu celular se soltou e caiu em algum lugar no
sofá.

Que porra é essa?


A tela exibe o vídeo de um homem andando no meio de um
bando de repórteres em direção a um prédio de apartamentos. Na
parte de baixo aparece a inscrição Garrett Lockwood, condenado
como organizador de esquema de pirâmide, foi solto esta manhã.
Um grupo de repórteres empurra microfones em seu rosto,
fazendo perguntas sobre restituições às vítimas enquanto ele
tenta andar.

Garrett ergue a mão, claramente não estranhando toda esta


atenção e diz, “Pessoal, eu só quero ir para casa e ficar com a
minha família. Vou responder a quaisquer perguntas, amanhã.”

Mas não é isso que me deixa apertando o controle remoto


com tanta força que racha a tampa do painel de bateria. É o
edifício para onde ele está caminhando e chamando de casa.

É o prédio onde Natalia mora.

A reportagem não dura mais de um minuto antes que a


notícia seja substituída por uma história sobre uma sequência de
invasões a domicílio. Fico olhando para a TV, completamente
esquecido de Derek, até que ouço uma voz baixinha chamando
meu nome ao longe. Está vindo do meu telefone, no sofá.

“Merda.” Pego meu celular. “Desculpa. Deixei cair meu


telefone.”

“Você viu isso?”

“Que diabos ela está fazendo deixando-o ficar em sua


casa?”

“Eu não sei. Mas posso pensar em uma boa maneira de


descobrir.”

Derek vem enchendo meu saco para que eu telefone para


Natalia desde que as coisas terminaram. Mas, como contei a ele
que eu havia me submetido ao teste, ele vem sendo implacável.
“Você sabe que os resultados não estarão prontos até
sexta-feira.”

“Sim, acho que Nat só vai dividir a cama com seu ex até lá,
então. Ou seja, isso se você tiver os resultados desejados. Você
não se importa em ficar em segundo, não é?”

“Que porra é essa? O que você espera que eu faça?”

“Deixe de ser um idiota, para começar.” Ele faz uma pausa.


“São duas horas aqui. Se você for para o aeroporto agora, poderá
chegar até ela por volta da meia-noite, mais ou menos.”

Meu coração começa a trovejar dentro do meu peito. Eu


não posso fazer isso.

Posso?

Sair em disparada para Nova York para dizer a uma mulher


que abandonei que ela não pode voltar para seu ex-marido?

Isso exige coragem.

Andando para lá e para cá, esqueço que ainda estou no


telefone, apesar de ainda o estar segurando contra minha orelha,
até que Derek fala novamente.

“Você vai se arrepender, cara. Há uma coisa chamada


demorar tempo demais para tomar uma decisão.”

Arrasto meus dedos pelo cabelo. Porra. Ele está certo.

“Eu tenho que ir.”

“Vá atrás dela, homem. Já está na hora.”


C
Passo seis horas em um avião tentando descobrir o que
dizer quando chegar. No entanto, ainda não tenho a menor ideia.
Eu fiz os testes. Se os resultados forem negativos, planejei fazer o
que fosse possível para reconquistar Natalia. Mas a soltura de
Garrett complicou as coisas. Mesmo que eu não esteja mais na
jogada, ela merece coisa melhor do que aquele idiota.

Consigo entrar pela porta principal do prédio quando


alguém está saindo, assim Natalia não terá qualquer aviso de que
estou aqui até que eu esteja de pé na porta dela. Não tenho
certeza se isso é uma coisa boa ou ruim. Pressiono o dedo no
botão de sobe do painel do elevador pela segunda vez e fico
olhando para os números que vão se alternando acima das
portas, enquanto batuco com meu pé. O suor começa a brotar na
minha testa, embora o ar esteja bem fresco hoje.

E se ele atender à porta?

Pior, e se eu interromper alguma coisa entre eles?

Meu coração começa a bater enquanto imagino as


diferentes circunstâncias que podem me cumprimentar.

Quando o elevador finalmente chega, resolve parar e abrir


sua porta em todos os andares, embora apenas o botão do quarto
andar esteja iluminado. Parece mais um teste de paciência.

Em sua porta, espero um minuto, em uma tentativa de me


equilibrar. São onze horas da noite, seu ex-marido pode estar ali
dentro e eu não tenho qualquer ideia do que vou dizer. Grande
plano. Duas respirações profundas não fazem nada para me
acalmar, e como acho que estou prestes a explodir se não chegar
até ela, bato e espero.
Sei que estou tentando minha sorte.

Sei que não tenho qualquer direito de ser possessivo


quando foi eu que me afastei.

Sei que aparecer depois de três semanas sem qualquer


telefonema é um movimento bem idiota.

Mas também sei que amo essa mulher.

E é por isso que parece que meu coração vai ser arrancado
do meu peito quando a porta finalmente se abre. E estou olhando
para Garrett, que está dentro do apartamento dela, vestindo
apenas uma cueca.
“Eu preciso falar com a Natalia.” Meus punhos se fecham,
mas, milagrosamente, consigo mantê-los baixados na lateral e
não soco o idiota na cara.

Garrett me encara e olha de cima a baixo. Ele dá um passo


para fora e fecha a porta atrás de si, antes de cruzar os braços
sobre seu peito nu. “Estamos um pouco ocupados agora.” Ele
ergue o queixo. “O que quer que você tenha sido para Nat
enquanto eu não estava aqui, agora acabou, camarada.”

Tenho duas escolhas: empurrá-lo, entrar mesmo assim, o


que sei que não vai ser um problema, pela rápida olhada em seu
físico, e tentar falar com Natalia, ou dar meia volta com o rabo
entre as pernas e ir embora, porque não tem a menor chance
deste cara me deixar entrar.

Eu não vou embora sem ver Natalia. Não quero uma briga
com esse cara. No entanto, preciso falar com ela.

Felizmente, Garrett não está preparado para o quão


desesperado eu estou para falar com ela, por isso não preciso de
muito esforço para passar por ele. Eu o pego desprevenido, mas
sua mão já está no meu ombro assim que eu grito o nome de
Natalia para dentro do apartamento.

“Saia. Seja você quem for, minha esposa não quer mais vê-
lo.”
Empurro a mão do meu ombro, voltando-me para ele. “Ex-
mulher. E eu gostaria de ouvir isso diretamente dela. Eu não
quero fazer uma cena. Só quero conversar com ela.”

O som do rangido de uma porta sendo aberta no fundo do


corredor interrompe o nosso olho no olho e ambos nos viramos na
direção do barulho. Pensei que fosse Natalia, mas é Izzy quem
vem caminhando pelo corredor, tirando um conjunto de fones de
ouvido Bose das suas orelhas.

Ou ela não ouviu o confronto crescente entre seu pai e eu


ou ela não dá à mínima. Seu rosto se ilumina quando me vê.
“Hunter! O que você está fazendo aqui?”

Vejo com minha visão periférica que Garrett está


observando nossa interação. “Passei para conversar com Natalia.
Desculpe se acordei você, querida.”

Ela me dispensa. “Eu não estava dormindo.”

Uso a oportunidade para conseguir atingir o objetivo da


minha visita. “Nat está dormindo? Você se importaria de dizer a
ela que estou aqui?”

Ela franze as sobrancelhas. “Nat não está aqui. Meu pai


não disse isso a você? Ela vai ficar na casa da mãe dela esta
semana.”

Olho para Garrett enquanto respondo a Izzy. “Não, ele não


mencionou isso.”

Izzy é uma garota esperta. Ela entende o que está


acontecendo. Revirando os olhos, ela balança a cabeça para o pai
antes de olhar para mim. “Meu pai queria passar mais tempo
comigo, mas Nat não queria interromper minha rotina escolar.” O
olhar se desloca até seu pai. “Meu pai se ofereceu para dormir no
sofá. Mas Nat não o queria sob o mesmo teto que ela, porque
sabia que ele acabaria fazendo seus joguinhos.”

“Isabella,” seu pai alerta.

“O que?” Diz “É verdade!”

Dou um sorriso. Amo essa garota. “Obrigado, Izzy. Vejo


você em breve.”

Ela sorri. “Você vai?”

Pisco. “Se eu puder escolher, vou sim.”

C
Estou sentado na varanda desde que escureceu.

Vejo quando o céu escuro da noite negra dá lugar ao


amarelo e laranja do nascer do sol. Faz anos que não tomo tempo
para assistir o alvorecer ou a um pôr do sol. Isso é viver, e não
ficar esperando parado na Califórnia para ver se meu dedo vai
apresentar uma contração. Nas três últimas horas, decidi que se
eu tiver sorte suficiente de ter Natalia de volta a minha vida, vou
me levantar uma hora mais cedo a cada dia para que eu possa ter
sessenta minutos a mais para gastar com ela.

São quase oito horas, quando ouço a porta atrás de mim se


abrir. Fico em pé no segundo degrau onde estive esperando e me
viro para encontrar Bella. Ela dá uma olhada em mim e espia
para trás por cima do ombro, fechando a porta atrás dela.

“Minha filha está sofrendo.”

Olho para baixo. “Eu sei. Sinto muito.”


“Existe outra mulher?”

“Não, Senhora. Não há outra mulher.”

Ela pondera por um momento.

“Você ama minha filha?”

“Eu amo.”

“Você está aqui para ajeitar as coisas com ela?”

“É complicado, Bella. Eu não vou mentir para você. Mas


espero que as coisas terminem bem.”

Ela me olha por um momento. “Você sabe como as mães


italianas fazem almôndegas a partir do zero?”

Franzo minha testa. “Acho que sim.”

“Você pega a carne e a coloca dentro de um moedor de


metal.” Ela usa suas mãos para demonstrar uma manivela
girando.

“Ok…”

Bella puxa sua bolsa para o ombro e endireita as costas. “É


isso que eu vou fazer com suas bolas se você machucar meu bebê
outra vez.” Então ela beija minhas bochechas e desce os degraus,
deixando-me ali de pé na varanda.

Ela grita por cima do ombro quando chega à calçada. “A


porta está aberta. Ela está na cozinha. Sem sexo no meu sofá.
Acabei de colocar um revestimento novo.”

Rio para mim mesmo e a vejo ir embora. Então, respiro


fundo e entro na casa.

Natalia grita da cozinha. “O que você esqueceu desta vez?”


Ela está de costas para mim enquanto se serve de uma
xícara de café com uma mão e segura seu telefone com a outra,
lendo alguma coisa ali.

Espero até que ela devolva a jarra à cafeteira para não lhe
dar um susto e digo com a voz baixa. “Oi.”

Ela salta e vira o rosto para mim. Piscando rapidamente,


como se estivesse pensando que eu seja uma obra da sua
imaginação, ela segura seu telefone celular contra o peito.

Dou um passo hesitante mais para perto. “Desculpa. Eu


não queria assustar você.”

“Hunter? Que diabos você está fazendo aqui?”

“Sua mãe me deixou entrar. Vim para conversar com você.”

O entusiasmo inicial em seu rosto desaparece enquanto


uma máscara desliza sobre ele. Ela puxa o laço do robe para
deixa-lo mais apertado.

“Isso é engraçado. Entrei em contato há algumas semanas,


e você não queria falar então. Você sequer se preocupou em
responder ao meu texto. Não tinha muito a dizer no batismo
também.”

Enfio as mãos nos bolsos e olho para meus pés. “Eu vi na


TV o seu ex entrando em seu prédio.”

Estou acordado há vinte e quatro horas sem nada para


fazer além de pensar no que ia dizer a ela. Mas o olhar em seu
rosto me diz que, aparentemente, esta foi a coisa errada para
começar a conversa. Ela está chateada.

Suas mãos voam para os quadris “Então você pensou que


meu ex foi lá para me visitar e o que... Achou que eu estivesse
transando com ele?”
Seu tom me diz que sim não é a maneira correta de
responder a essa pergunta, mesmo que seja exatamente isso. “Eu
preciso falar com você.”

“Sobre o que?”

Ela está brava.

Ela está na defensiva.

Ela parece prestes a me dar um tapa no rosto.

No entanto, para mim, ela nunca esteve mais bela. Deus,


estou tão apaixonado por ela. Esse pensamento faz com que eu
não consiga evitar o sorriso que se espalha pelo meu rosto. Com
razão, ao ver isso, Natalia olha para mim como se eu tivesse
enlouquecido.

“Por que diabos você está sorrindo?”

Dou dois passos hesitantes mais perto de onde ela está.


“Você é incrivelmente bela.”

“Você é um idiota.” Suas palavras são duras, mas seu rosto


se suaviza um pouco.

“Eu sou.” Meu sorriso fica ainda mais amplo.

“O que você quer? Eu tenho um compromisso.”

Ela ainda não havia se movido, então quando dou mais um


passo para frente, ela fica presa com a pia em suas costas e meu
corpo na frente dela. Tomo como positivo o fato dela não me
chutar nas bolas. Meu coração dispara e parece que se eu não
tocá-la, ele poderia explodir dentro do meu peito.

“Eu senti sua falta.” Dou mais um passo e acabo com a


distância entre nós. Ela ainda não se movimenta e assim eu
continuo tentando minha sorte. Estendendo a mão, toco suas
bochechas entre meus dedos. Meus olhos se fecham com a
incrível sensação da sua pele macia. Inspiro profundamente,
saboreando seu perfume inebriante. Ela definitivamente acabou
de tomar um banho. Sorrio, abrindo os olhos, e lentamente
inclinando-me para roçar meus lábios contra os dela. “Ervilha
doce,” murmuro. “Amo este cheiro.”

O telefone em sua mão cai, mas ela não faz nenhuma


tentativa de pegá-lo. Encaro isso como um bom sinal e avanço
para mais. Esmagando minha boca sobre a dela, beijo-a
novamente. Só que desta vez é mais do que um roçar de lábios.
Inclinando-a contra a pia, beijo-a com força e longamente. Dou
uma lambida em seus lábios, pedindo a ela para abri-los, e Nat
geme em minha boca quando nossas línguas ficam emaranhadas.
A minha mão em seu rosto serpenteia em seu pescoço, e eu
pressiono suavemente para que ela incline sua cabeça e
possamos aprofundar mais o beijo. Ela geme novamente, e o som
me atinge.

Deus, como senti falta disso.

Como senti a falta dela.

Como posso ter pensado que estava vivendo daquele jeito?

Nós nos beijamos por um longo tempo, e quando


interrompemos, sua mandíbula fica apertada quase
imediatamente.

“Eu não posso fazer isso de novo, Hunter. Você me


machucou.”

Encosto a testa na dela. “Eu sei. Desculpe-me. Porra, sinto


tanto mesmo por ferir você. Estou louco por você. Eu não queria
que isso acontecesse. Exatamente o oposto. Eu queria evitar que
você fosse ferida.”
Depois de um minuto respirando superficialmente, ela
engole em seco. “Eu não entendo, Hunter. Você me feriu porque
queria impedir que eu fosse ferida? Isso não faz sentido. O que
está acontecendo?”

Olho em seus olhos. É o momento da verdade. Nos últimos


dez anos eu me escondi atrás de uma doença que não tenho
certeza se tenho. Eu quero viver, e quero viver para e com esta
mulher.

“Precisamos sentar e conversar.”

Ela concorda com a cabeça. “Vamos para a sala de estar.


Minha mãe foi para a casa da minha irmã para cuidar das
crianças. Ela não vai voltar durante horas. Nós teremos
privacidade.”

Eu não tenho certeza de estar fazendo a coisa certa. Não


estou certo se isso aqui não vai acabar em um desastre colossal
ainda maior que da última vez, mas preciso ter um pouco de fé.
Sentado no sofá, aperto minhas mãos, olho para baixo, e
silenciosamente faço uma pequena oração. Eu não faço isso
desde o funeral do meu irmão.

Então começo do início...

“Quando minha mãe tinha dez anos, sua mãe foi fazer uma
cirurgia de rotina no joelho e morreu na mesa de operação. Ela
tinha uma doença cardíaca latente que causou complicações com
a anestesia. Por causa disso, minha mãe cresceu com um medo
irracional de médicos. Então, quando meu irmão e eu éramos
pequenos, nosso pai morreu de traumatismo craniano devido a
um acidente de carro. Como ele estava acordado na cena do
acidente e morreu mais tarde no hospital, minha mãe culpou o
hospital por sua morte, também. Isso exacerbou seu medo de
médicos, e ela, basicamente, nunca foi a um outra vez.”
“Quando eu tinha nove anos, começamos a ver sinais de
que ela tinha a doença de Parkinson. Eu não sei quanto tempo
antes aquilo havia começado, mas naquele momento ela não
podia mais esconder. Suas mãos tremiam e ela tinha dificuldade
para caminhar. Como se recusou a ir ao médico, meu tio a
tratava da melhor forma que podia e fez um diagnóstico a partir
de observações. Mas ela nunca tomou qualquer um dos
medicamentos que ele prescrevia e não deixou nenhum exame de
sangue ser realizado. Ela morreu em casa quando eu tinha
dezessete anos.”

Faço uma pausa. “Eu sei que você sabe um pouco sobre
isso. Mas preciso contar tudo desde o início.”

Ela estende a mão e segura a minha. Dando um aperto, diz,


“Leve o tempo que for preciso.”

“Meu irmão começou a mostrar sintomas do que parecia


ser Parkinson no final da adolescência. Ele não nos contou nada
sobre isso até que não conseguiu mais esconder, tampouco.”

“Oh, Deus. Eu sinto muito. Não sabia que Parkinson


pudesse atingir alguém tão jovem.”

“Geralmente não. Mas Jayce não tinha a doença de


Parkinson. Nem minha mãe.”

“Eu não entendo.”

Respiro fundo e olho dentro dos seus olhos enquanto


continuo falando. “Eles tinham a doença de Huntington. É uma
condição genética. Meu irmão teve um início precoce, o que
provoca uma rápida deterioração em comparação com a doença
que só se apresenta na idade adulta. É basicamente como ter
Parkinson combinada com esclerose múltipla. Quando ele estava
com vinte e poucos anos, já lutava para caminhar ou se
alimentar. Ele começou a engasgar tentando engolir a própria
saliva. Ele se enforcou para acabar com sua vida. Eu o
encontrei.”

A mão de Natalia voa para sua boca, e as lágrimas


começam a escorrer pelo seu rosto. “Eu sinto muito. Huntington é
uma doença horrível.”

“Obrigado.”

Desvio o olhar, não querendo que ela veja as lágrimas nos


meus olhos, e faço o possível para engoli-las. Uma queimadura
salgada arranha minha garganta. Quando meus olhos voltam a
encará-la, eles são recebidos com dor e compaixão. Enquanto
reúno a coragem para terminar a história, para lhe contar a razão
de eu basicamente ter fugido dela, seus olhos tristes, de repente,
se arregalam e ficam parecendo dois pires.

Ela juntou o resto da história sozinha.

“É uma doença genética?” Pergunta.

Balanço a cabeça.

“Então isso significa que é hereditária, certo?”

Olho em seus olhos. “Pode ser. Huntington tem cinquenta


por cento de chance de passar para os filhos de uma pessoa que
carrega a mutação genética.” Respiro fundo e junto a última gota
de coragem que tenho para lhe dizer as palavras que eu nunca
disse a ninguém, além de Derek. “Depois que meu irmão morreu,
escolhi não fazer o teste. Eu não quero viver minha vida à espera
dos sintomas. Mas depois que eu deixei você e voltei para a
Califórnia, percebi que não estava vivendo minha vida de jeito
nenhum. Então, eu finalmente fiz os exames na semana passada.
Os resultados devem sair até o final desta semana.”
Eu vomitei.

Disse a Hunter que precisava ir ao banheiro, porque senti a


familiar queimadura no esôfago que aconteceu antes. Minha visão
ainda está embaçada pelas lágrimas enquanto minha cabeça
pende no vaso, olhando para a água.

A porta abre, mas não posso levantar a cabeça. Hunter


senta no chão e envolve seu corpo no meu. O calor do seu peito
me atinge como um cobertor. Coloco a cabeça em seu ombro e
deixo tudo para fora.

Ele me segura firme por um longo tempo, balançando-nos


e, silenciosamente, acariciando meu cabelo. Quando nossos olhos
se encontraram, ele fala baixo. “Eu sinto muito. Não queria te
dizer até saber os resultados.”

“Estava mesmo pensando em me dizer se o resultado for


positivo?”

Ele não tem que falar. Seu olhar diz tudo. Limpo meu nariz.
“Bem, então estou feliz que Garrett finalmente teve uso. Como
sabia que estava com minha mãe? Ainda não disse a Anna.”

“Izzy me contou quando fui à sua casa.”

Inclino-me para cima. “Viu Garrett?”

“Sim.”
“Como foi?”

“Ele tentou me fazer pensar que estava com ele, juntos.”

Exalo. “É um imbecil. Odeio deixar Izzy, mas sei que ela


quer passar mais tempo com ele, mesmo se nunca admitir. Ela
ama o pai, e eles têm um monte de trabalho para corrigir seu
relacionamento.”

Hunter concorda. Ele fica em silêncio por um tempo depois


disso.

“O que está pensando agora?” Pergunto.

Ele balança a cabeça. “Não sei se fiz a coisa certa contando.


Foi realmente egoísta da minha parte. Não podemos ficar juntos
se for positivo.”

“O que quer dizer com não podemos estar juntos se for


positivo?”

“Não vou sujeitá-la a isso para que acabe sendo, minha


enfermeira. Voei para Nova York porque sou um idiota ciumento.
Disse a você, porque lhe devia a verdade. Os homens em sua vida
a desrespeitaram com mentiras, e não posso fazer isso. Mas não
vou fazê-la assistir o que vi acontecer com meu irmão.”

“Isso não é você quem decide.”

Hunter fecha os olhos. Quando os reabre, ele diz: “Não há


nenhum ponto em discutir agora. Terei os resultados em dois
dias.”

“Tudo bem.” Preciso de alguns dias para pensar e formular


uma resposta para cada um dos argumentos que ele dará contra
estarmos juntos se, Deus me livre, o teste der positivo.

Sentamos no chão do banheiro por mais uma hora,


enquanto Hunter responde minhas perguntas sobre a doença. Ele
está claramente bem estudado sobre a genética e estatística, além
de ter experimentado em primeira mão com a mãe e o irmão. A
única coisa positiva que aprendi é que Hunter passou da idade
que possa ser considerada de início precoce, que é quando os
sintomas ocorrem antes dos vinte. Adultos geralmente são
atingidos entre trinta e cinquenta, mas pode começar tão tarde
quanto oitenta, e a progressão da doença é de muito mais tempo
até causar a morte.

“Vamos.” Hunter finalmente se levanta e me ajuda. “Vamos


sair deste pequeno banheiro.”

“Tenho compromissos que preciso ligar e cancelar.”

“Não tem que fazer isso. Preciso encontrar um lugar para


ficar e dormir um pouco. Estou acordado desde ontem de
manhã.”

“Quanto tempo vai ficar?”

“Não tenho certeza. Pelo menos os próximos dois ou três


dias.”

“Fique aqui até minha mãe estar comigo.”

“Ela tem uma daquelas coisas de metal que usa para moer
carne?”

Franzo meu nariz. “Sim. Por quê?”

“Nenhuma razão. Ela faz boas almôndegas. Mas prefiro ter


um hotel, se não se importa.”

“Tudo bem.”

Mesmo que já tenha tomado um banho, tomo outro


esperando que ajude a limpar minha cabeça enquanto Hunter
usa meu laptop para encontrar um hotel perto da casa da minha
mãe. Quando termino, o encontro sentado no sofá, mas
dormindo. Levo um momento para apreciar o homem e considerar
quão difícil foi a decisão de me contar. Ele não contou a ninguém,
exceto seu melhor amigo ao longo da vida há dez anos atrás. É
muito para uma pessoa segurar. Decido que quero mostrar a ele o
quanto aprecio ele ser honesto, então monto seus quadris e
acordo-o com meus lábios nos dele.

“Mmmm...” geme, voltando à vida.

Posso ter começado o beijo, mas ele certamente assume


rápido o suficiente. Hunter envolve ambas as mãos no meu
cabelo e usa-o para me manter no lugar enquanto sua língua
talentosa toma a minha numa dança tentadora. Quando tento
quebrar o beijo, pega meu lábio inferior entre os dentes e puxa.

“Onde está tentando ir? Posso me acostumar a acordar


assim.”

Roço meu nariz no dele. “Quando era menina, sempre que


minhas irmãs e eu não queríamos confessar algo de errado,
minha mãe prometia que não teríamos punição por dizer a
verdade: 'A honestidade é sempre recompensada'. Então, quando
uma contava o que estávamos escondendo, ela nos daria um
pirulito ou algo como recompensa.”

“Oh sim? Está dizendo que vai me dar um pirulito por


despejar minha verdade deprimente em você?”

Afasto-me o suficiente para que ele possa ver meu sorriso


malicioso. “Calado. Estava pensando em ser o pirulito. Vou para
meus compromissos, você vai para o hotel, toma um banho
quente, e deita na cama nu. Vou acordá-lo com sua recompensa
pela honestidade.”
C
Minnie é meu último compromisso do dia. Não é
profissional ter pacientes favoritos, mas vim visitá-la, mesmo se
não receber o pagamento.

Ela olha para o painel de elevador com linhas de tensão em


seu rosto enquanto espera o elevador chegar. Verifica a fechadura
da porta três vezes antes de eu lhe pedir para caminhar até o
elevador. Não verificar a quarta vez a está matando.
Comportamento obsessivo-compulsivo não é sobre não ser capaz
de resistir à compulsão. É sobre a incapacidade de parar de
pensar sobre a compulsão quando resiste. Ela não precisa
verificar se a porta está trancada uma quarta vez, mas é incapaz
de parar de pensar sobre como verificar. Tento distrai-la
enquanto esperamos.

“Então... Hunter voltou.”

Isso funciona. Pelo menos temporariamente.

“Oh? Sabia que ele veria a razão.”

Sorrio. “Isso faz com que um de nós tenha salvação.”

As portas do elevador abrem, e tenho que colocar a mão em


seu ombro para guiá-la para dentro. Não é fácil para ela deixar o
chão. Mas hoje estamos indo para o saguão, saindo do elevador, e
esperando um pouco antes de voltar para verificar se a porta está
trancada. Quebrando o padrão um pouco a cada semana está
funcionando, embora lentamente.

“Você estava certa. Ele tinha um segredo e tentava me


proteger. Ele tem uma condição de saúde. Bem, é complicado,
mas estava com medo de se envolver comigo e me arrastar para o
que pode ascender em anos difíceis, medicamente falando.”

Minnie está tranquila quando saímos do elevador e


esperamos que ele desça novamente. Sei por experiência anterior
que o foco é difícil para ela até que está em ascensão,
encontrando alívio para seu stress. Hoje é entrar no elevador que
aliviou um pouco da ansiedade, sabendo que em breve será capaz
de tocar a maçaneta novamente.

Uma vez que as portas do elevador fecham, ela solta um


suspiro audível e fala. “Trinta anos atrás, quando estava lidando
com minha condição sozinha, afastei as pessoas porque não
queria que tentassem me fazer parar o que estava fazendo. Sabia
que as pessoas iriam tentar me ajudar, mas isso significaria ter
que parar de verificar as coisas, e, é claro, que o pensamento só
me causou stress. Então as afastei em vez de enfrentar meus
medos.”

Balanço a cabeça. “Acho que isso é o que Hunter está


fazendo todos esses anos. Ele não fez exames por um longo
tempo, porque não quer lidar com os resultados. É mais fácil
afastar as pessoas do que ser pressionado para fazer os testes
quando não está pronto.”

As portas do elevador abrem. Ela para no final do corredor,


o que me faz sorrir. Passos de bebê. Eu a vejo sair enquanto
verifica a maçaneta mais uma vez e, em seguida, caminha de
volta para mim. Seu rosto mostra alívio.

Aperto o botão para baixo. “Você está bem?”

Ela assente com a cabeça. “Próxima parada Puff e outras


coisas.” Hoje faremos um passeio. Embora soe fácil, isso implica
trabalhar uma série de compulsões. No táxi, ela precisa verificar a
fechadura da porta quatro vezes, na loja haverá quatro segmentos
de contar sua mudança. Tenho um plano pequeno para uma
pausa em cada um. Mas, por enquanto, ela está concentrada.
Entramos no elevador e retomo a conversa como se uma
compulsão obsessiva não tivesse acabado de nos interromper.

“As únicas pessoas que mantive durante os últimos trinta


anos são pessoas que me aceitam do jeito que sou e não tentam
mudar a forma como quero viver. Acho que sabe a quantas
pessoas isso equivale.”

Minnie tem uma irmã e sua mãe. Sem amigos ou colegas de


trabalho. Ela se afastou do mundo inteiro, para não ser
incomodada para parar suas obsessões. Mas desde que sua mãe
está idosa e a irmã casou e mudou para a Geórgia, ela percebeu
que está sozinha na maioria dos dias. Isso é o que a levou a
finalmente procurar terapia. Ela quer ser capaz de ter pessoas em
sua vida e escolhê-los sobre a doença.

“Deixe-me perguntar algo. Você afastaria pessoas que


nunca mencionassem sua doença e a deixassem viver do jeito que
quer?”

Ela dá de ombros. “Provavelmente não. Mas as pessoas não


podem se impedir. Elas sempre querem me mudar.”

É como se uma luz acendesse na minha cabeça. Viro para


ela no elevador e a puxo para um abraço gigante. “Minnie, a
sessão foi sobre mim hoje. É o mínimo que posso fazer quando
apenas resolveu meu maior problema de amor e vida.”
Penso ser um sonho.

Um do tipo pornô. Mas para minha surpresa, a mão me


acariciando não é minha imaginação. Fechei as cortinas para
adormecer durante o dia, por isso meu quarto de hotel está
escuro. Assim como Natalia tinha sugerido, fiz check-in, tomei
um banho quente, e depois deitei nu. Não tenho certeza que ela
cumprirá sua promessa depois de trabalhar o dia todo, mas estou
preparado, se ela fizer.

Posso ver claramente a silhueta de Natalia. Ela está nua e


de quatro, com a cabeça pairando sobre meu pau. Ele incha
enquanto sua mão bombeia algumas vezes, e minha pele formiga
quando lentamente ela abaixa a cabeça. Logo antes de sua língua
sair, ela olha para mim e sustenta meu olhar enquanto me lambe
da coroa até a base.

Eu gemo.

Porra.

Como alguma vez posso ter pensado que ficar longe dela
seria uma boa ideia?

Ela rola a língua em toda a cabeça, molhando-a enquanto


se prepara para descer. Tenho o forte desejo de enfiar minhas
mãos em seu cabelo e em meu pau, empurrando em sua
garganta. Mas de alguma maneira me controlo. Esta pode ser sua
recompensa para mim, mas é seu jogo, e preciso lhe permitir
jogar como bem entender.

Embora, se não posso mostrar a ela o que faz para mim, é


impossível pelo menos, não o expressar verbalmente.

“Porra. Isso é tão bom. Não tem ideia de quão difícil é não
segurar e foder esse rosto bonito.”

Um vislumbre de um sorriso malicioso brilha no escuro,


logo antes da mandíbula de Natalia abrir e ela me chupar
totalmente em sua boca sexy.

Jesus Cristo.

Isto.

Isto é viver.

A mulher que amo vem para casa do trabalho e me acorda


com a boca. Nada no mundo é melhor. Sou um idiota por não
notar mais cedo.

Ela chupa com força, abrindo a garganta, levando-me


profundamente. Quando começa a mover a cabeça, roçando meu
comprimento com sua boca e garganta, começo a me preocupar
que estou prestes a me envergonhar e gozar em trinta segundos.

“Porra. Natalia, mais devagar.”

Se for possível, dizendo isso a faz ir ainda mais fundo. A


cabeça do meu pau bate contra a traseira da sua garganta, e
tenho certeza que minha respiração para. Minhas bolas apertam,
e sei que não vou durar muito. Sou um caso perdido de muitas
formas com esta mulher. Mas não estou pronto para isso
terminar. Preciso estar dentro dela. Quero preencher cada orifício
do seu corpo. Quero transar com ela e ouvi-la gemer meu nome
do seu jeito sexy.
Usando toda minha força de vontade, sento tanto quanto
posso, afasto-a do meu pau, e puxo até ela estar totalmente em
cima de mim. Então nos viro de modo que ela esteja por baixo.

“Não quer minha boca em você?”

“Oh baby, quero sua boca em mim. Quero foder sua boca,
bem como sua bunda e lindos seios. Tenho planos para colocar
meu pau em qualquer e em todos os lugares que deixar.” Roço
seus lábios com o polegar. “Mas não vou durar com esta boca
linda em mim, e preciso estar dentro de você primeiro.”

Estou posicionado em cima dela, meu pau duro como rocha


e praticamente pingando, então quando ela abre as pernas
debaixo de mim, é fácil escorregar para dentro. Fecho os olhos e
saboreio a sensação de nos conectar novamente. Nada nunca foi
tão bom em toda minha vida. Seu calor molhado e a buceta
apertada me sugam e fazem perder a cabeça.

E não é apenas a conexão física que é tão bom. Natalia abre


os olhos, e até mesmo na escuridão, nossos olhares se
encontram. Fodi muito na minha vida, mas posso dizer
honestamente que está é a primeira vez que faço amor.

Começo a me mover dentro e fora lentamente, enquanto


observo seu rosto. Ela é tão linda, tão aberta, tão crua e real para
mim. Emoção me domina, e abro a boca para selar o negócio.
Afastando uma mecha de cabelo do rosto, roço meus lábios nos
dela. “Natalia, eu te ...”

Merda!

Porra.

Porra.

Porraaa.
Rapidamente pulo da cama.

Natalia está justamente confusa. “O que? Qual o


problema?”

Ando para frente e para trás, puxando o cabelo da minha


cabeça. “Eu não tenho um preservativo.”

“E? Eu tomo pílula. Confio em você.”

“Isso não importa,” Digo. “Foi totalmente irresponsável. E


se... porra. Não posso acreditar que fiz isso.”

“Hunter, está tudo bem.”

“Não, não está. Não está bem. Não deveria ter acontecido.”

Vou ao banheiro para me repreender em privado. Como


posso ser tão irresponsável? E se engravidei Natalia? E se ela
tiver meu filho, e formos positivos, e eu a deixar sozinha para
cuidar de sua doença, e ela tiver que enterrar duas pessoas que
ama?

Estúpido.

Tão porra descuidado.

Tomo um banho para tentar relaxar, mas não ajuda.


Preciso pedir desculpas a Natalia pelo jeito que agi e me certificar
de que ela sabe que nunca pode acontecer novamente. Mas
quando saio do banheiro, ela se foi.

C
Ligo, pela décima vez, mas ela não atende.
Estupido.

Sou um idiota.

Finalmente tenho minha garota de volta, e o que faço?


Foda-se, gozo dentro dela. Quem diabos faz isso? Eu exagerei.
Não há nenhuma desculpa. Fui rude e gritei com ela quando
deveria ter me desculpado.

Meus cotovelos estão nos joelhos, com as mãos segurando


minha cabeça enquanto fico sentado na beirada da cama. Ela
saiu há mais de uma hora quando a porta abre.

Paro imediatamente, soltando um suspiro aliviado, e vou


em sua direção. “Sinto muito, querida.”

Natalia estende a mão, me parando. “Não. Sente. Nós


precisamos conversar.”

Faço que ela pede e sento. Minutos de silêncio


constrangedor passam enquanto Nat brinca com o anel que
sempre usa em seu dedo indicador.

Quando não aguento mais, tento novamente. “Nat, sinto


muito. Eu não deveria....”

“Eu não quero saber.”

“Só preciso pedir desculpas e dizer mais uma vez por que
fiz isso.”

“Não, não quis dizer isso. Sei que você está arrependido, e
entendo por que ficou chateado.”

“OK…”

“O que quis dizer foi... não quero saber se der positivo para
a doença de Huntington.” Ela senta ao meu lado.

Fico atordoado. “Natalia... eu....”


“Deixe-me explicar.”

Desde que honestamente não tenho ideia maldita como


responder, nem estou certo de como me sentiria sobre não saber
depois de tomar a decisão monumental de descobrir, estou feliz
que ela queira falar primeiro.

“Pensei muito nisso hoje. Nos últimos dez anos, você


escolheu não fazer o teste. Só tomou essa decisão por minha
causa. E pretende ir embora se descobrir que sim porque acha
que vai me poupar. Bem... Não estou disposta a correr o risco.
Planejei dizer isso esta noite. Mas então, quando se assustou
porque se esqueceu de usar um preservativo, isso me fez perceber
que se não descobrirmos, nunca serei capaz de ter filhos.” Ela faz
uma pausa. “Agora... percebo que estou segurando a arma aqui.
Quem sabe, nossa relação pode não funcionar por um milhão de
razões normais, por isso tudo será um ponto discutível. Mas
precisei considerar como me sentiria sobre não ter filhos, porque
seu estado genético é desconhecido. E decidi não me preocupar.
Tenho Izzy, e ela é uma filha para mim, mesmo não tendo meu
sangue, e só nos conhecemos há cinco anos. Se decidimos ter um
filho um dia, estou bem com a adoção.”

Ouvi-la dizer o quanto está disposta a sacrificar por mim


faz meu coração doer e crescer, ao mesmo tempo. “Natalia, não
sei o que dizer. O fato de estar disposta a oferecer uma coisa tão
enorme, sacrificar algo tão importante é...” balanço a cabeça.
“Isso significa o mundo para mim.”

Ela me olha diretamente nos olhos. “Eu quero você,


Hunter. O resto podemos descobrir. Nunca quero que esteja
dentro de mim e sinta que é errado novamente. Se as coisas entre
nós seguirem o caminho que parece que vão ... um de nós pode
fazer uma cirurgia e não teremos que nos preocupar com
preservativos ou gravidez.”
Ela acaba de me dar o maior presente que alguém pode
receber. Ela oferece tanto e não quer nada em troca, exceto a
mim. Não tenho certeza se mereço ou não, mas sou egoísta o
suficiente para aceitar.

Sei como me sinto sobre ela faz um tempo, simplesmente


não tenho bolas para dizer. Mas está na hora. Muito tempo
passou.

Ando até ela e fico de joelhos onde ela está sentada na


beirada da cama. “Eu te amo, Natalia. Estou tão apaixonado que
meu peito parece que vai explodir com tudo que sinto.”

“Eu também te amo, Hunter.”

Suavemente beijo seus lábios.

“Então, estamos bem?” diz. “Concorda que não devemos


saber?”

“Dê-me algum tempo para pensar. Está bem?”

“Claro. É uma grande decisão, e temos alguns dias, certo?”

Balanço a cabeça. “Os resultados do teste provavelmente


não estarão prontos até sexta de manhã.”

“Tudo bem. Então, vamos pensar sobre o assunto e falar


sobre isso novamente amanhã com uma nova perspectiva.”

Isso soa como um grande plano. Então, novamente, sabe o


que dizem sobre grandes planos...
Estou confusa quando acordo ao som de um telefone
tocando. As persianas estão fechadas, e não tenho certeza de que
horas são ou onde estou em primeiro lugar. Mas o peito duro
agindo como meu travesseiro me lembra. Hunter está desmaiado,
ele nem sequer pestaneja ao ouvir o som do telefone, então
estendo a mão para a mesa de cabeceira e pego seu celular. O
telefone para de tocar, assim que o pego, mas a chamada não
atendida é do Tio Joe. Verifico a hora antes de guarda-lo de novo.
09:00 Droga, nós dois dormimos até tarde.

Gentilmente cutuco meu gigante adormecido. “Hunter.”

“Mmm?” Seus olhos apertam.

“Seu telefone tocou. E é tarde. Quase nove.”

Ele abre um olho. “Senta na minha cara.”

Rio e bato em seu ombro. “Essa é sua resposta quando te


acordo e digo que você perdeu um telefonema?”

“O que? Gosto de comer assim que acordo.”

“Era seu tio.”

Ambos seus olhos abrem, e o rosto fica sério.

“O que?”
Ele se inclina nos cotovelos. “São apenas seis da manhã na
Califórnia. Se ele está ligando tão cedo, há uma razão.”

“Não pensei nisso. Bem, ligue de volta.”

Hunter balança as pernas e senta na beirada da cama. Mas


ele não vai imediatamente para o telefone. No começo acho que
ele está tomando um tempo para acordar, mas depois vejo seu
rosto. “Qual o problema?”

“Tio Joe fez o teste. Ele disse que ligaria assim que os
resultados saíssem.”

“Mas é apenas quinta-feira. Disse que os resultados não


chegariam até sexta.”

“Ele disse que, provavelmente, seria na sexta. Eu não sei.


Ele pode ter ligado por outra coisa. Mas….”

Seu celular volta a tocar. Olhamos um para o outro por


alguns toques antes dele atender. “Ei, Tio Joe. Dê-me um minuto,
ok?”

Ele cobre o telefone. “Tem certeza que é isso? Não quer


saber. É uma grande decisão, Natalia.”

Não tenho certeza de muito, mas tenho de uma coisa. “Você


vai me deixar se der positivo. Sua vida não será a mesma. Vou
deixar isso para você. Mas não quero correr o risco. Eu não
preciso ou quero saber.”

Ele me olha nos olhos por um longo tempo antes de


concordar. Em seguida, leva o telefone ao ouvido. “Ei, Tio Joe.
Antes de dizer qualquer coisa, quero que saiba que eu decidi não
saber o resultado. Então, se essa é a razão que está ligando, eu
não quero saber.”
Ouço a voz de um homem através da linha, mas não
consigo distinguir as palavras que ele diz. Hunter olha para longe,
ouvindo atentamente.

“Uh-huh. Certo.”

Os olhos de Hunter vêm para os meus. “Natalia e eu


decidimos que não queremos saber.”

Ele desvia o olhar de novo, enquanto volta a escutar. Não


posso ficar parada. Enrolo-me no lençol e começo a andar pelo
chão.

Hunter continua balançando a cabeça e diz sim algumas


vezes. Em um ponto, ele esfrega as têmporas com a mão livre.
Fico ansiosa que talvez seu tio tenha ligado por que algo ruim
aconteceu.

Depois de alguns minutos que parecem horas, Hunter


pigarreia. “OK. Obrigado, tio Joe. Vou ligar amanhã.” Ele encerra
a chamada e fecha os olhos.

“O que aconteceu? Sua tia está bem?”

Meu coração acelera quando ele olha para cima. Lágrimas


escorrem por seu rosto.

“Hunter, o que aconteceu?”

Sem aviso, de repente sou lançada no ar e jogada na cama.


“Meu teste deu negativo.”

Balanço a cabeça, com medo de acreditar no que acabei de


ouvir. “Que teste?”

“Minha análise de DNA deu negativo. Há uma chance de


zero por cento que eu tenha a doença de Huntington.”
Lágrimas escorrem por meu rosto para combinar com o
seu. “Meu Deus. Está falando sério? Mas disse a ele que não
queria saber.”

Hunter sorri. “Ele ficou bravo e disse que não ficaria


sentado com um resultado negativo até que finalmente tirasse
minha cabeça da bunda.”

“Você realmente não tem? Não está apenas dizendo isso


para me fazer sentir melhor por causa da briga de ontem?”

“Não, não estou apenas te tentando fazer se sentir melhor,


querida.” Ele aperta seus lábios nos meus. “Mas estou a ponto de
te fazer se sentir melhor.”

Sinto-me cheia de energia. “Devemos sair e comemorar!


Não posso acreditar!”

“Vou comemorar dentro. Dentro de você.”

Hunter afasta o lençol que enrolei no meu corpo e beija


meu pescoço. “Nunca transei sem preservativo com exceção dos
minutos da noite passada.”

Sorrio. “Então será a primeira vez?”

“Sempre me senti na primeira vez com você. Mas desta vez,


quero gozar dentro de você. Quero me enterrar tão profundo e
gozar tão forte que suas pernas vão tremer e as pessoas no
quarto ao lado saberão meu nome. Quero minha porra dentro de
você, assim como você está dentro de mim tão longe que se
perderá e nunca vai sair. Quero marcá-la como minha.”

“Deus, Hunter.”

Ele segura minhas mãos sobre a cabeça e aperta-as,


utilizando uma mão, enquanto a outra toca entre minhas pernas.
“Abra-se para mim, linda.”
Eu abro, e a cabeça de Hunter abaixa para sugar um
mamilo na boca enquanto seus dedos tocam meu clitóris. Gemo
enquanto ele traça círculos com o polegar. Ele desliza dois dedos
dentro de mim para se certificar de que estou pronta e, em
seguida, volta a alinhar-se com minha abertura.

Ele nunca afasta os olhos quando entra. Estou tão


molhada, tão incrivelmente pronta para ele. Envolvo as pernas
em sua cintura quando ele empurra profundamente. Os braços
de Hunter começam a tremer. “Porra. Você é tão gostosa ... tão,
tão gostosa ...”

Ele começa devagar, entrando e saindo e estudando a


reação no meu rosto a cada impulso. Fechando os olhos, parece
que quer saborear cada minuto do primeiro tempo dentro de
mim, mas quando gemo e digo para ele gozar dentro de mim, sua
força de vontade quebra.

O que começou como fazer amor passa para uma foda.


Animal, porra primal. Hunter entra em mim forte, seu rosto
desesperado com necessidade. Nossos corpos encharcados de
suor enquanto nos movemos juntos, encontro cada um de seus
fortes impulsos. O som de corpos molhados ecoa pelo quarto e é a
coisa mais erótica que já ouvi.

“Hunter…”

“Porra. Goze, amor. Goze comigo. Vou gozar dentro da sua


buceta doce.”

Nós dois gozamos ao mesmo tempo. Grito o nome dele e


gemo, o calor dele gozar dentro de mim, alimenta o orgasmo mais
intenso da minha vida. É o sentimento mais incrível que já tive.

À medida que diminui a velocidade, Hunter afasta o cabelo


do meu rosto e continua a deslizar dentro e fora, enquanto
tentamos respirar. “Eu te amo, ervilha doce.”
“Eu também te amo. Acho que roubou um pedaço do meu
coração na primeira noite que nos conhecemos.”

“Sou charmoso e difícil de resistir.”

“Umm... Acho que fiz um bom trabalho resistindo. Teve que


me perseguir por quase um ano e voar quase cinco mil
quilômetros para me ter.”

“Tenho notícias para você, querida. Um ano foi nada. E


teria te perseguido por todo o mundo. Pensei que não podia te
tirar da cabeça, mas foi meu coração que não te deixou ir.”
Dois anos e meio mais tarde

Escapo enquanto Hunter ainda dorme e corro para a casa


de Anna para pegar o presente que comprei para ele.

Ele está acordado e na cozinha quando tento esgueirar-me


para casa. Como toca música, ele não me ouve entrar, o que me
dá a oportunidade de cobiça-lo por trás. Os quatro anos desde
que nos conhecemos no casamento dos nossos amigos não
fizeram nada para aliviar o desejo que sinto por este homem.
Pequenas borboletas se agitam na boca do meu estomago quando
o vejo sem camisa, balançando ao som da música enquanto faz
seu café.

Sexo, não amor. Foi assim que tudo começou. Sorrio,


pensando em quão mal-humorado meu homem esteve mês
passado, quando declarei que não faríamos sexo nos trinta dias
que antecedem ao nosso casamento.

Hunter grita sem virar, fazendo-me saltar desde que não


achei que ele soubesse que o estava olhando. Mas ele sempre
sabe, não? É como se tivesse um sexto sentido. Ele vem até mim
com duas canecas nas mãos e me passa uma quando dá um beijo
firme em meus lábios.

“Onde foi tão cedo?”


Dou um sorriso furtivo. “Tive que pegar uma coisa.”

Ele passa um braço em minha cintura e me puxa. “Lingerie


para mais tarde? Espero que não seja muito caro porque
pretendo rasgá-la de você no minuto que o ministro falar que me
pertence oficialmente.”

Passo os braços em seu pescoço. “Primeiro de tudo, não é


lingerie. Estarei sem nada sob meu vestido branco esta tarde.
Você não é o único que não quer perder tempo removendo
roupas. Em segundo lugar, temos de passar o jantar com nossos
amigos e familiares antes de rasgar qualquer coisa. E por
último...” roço meus lábios contra os dele. “Pertenço a você desde
o dia que apareceu na casa da minha mãe e conquistou todas as
mulheres da minha família.”

O rosto de Hunter suaviza. “Simplesmente não posso


esperar até que seja oficial, Natalia Delucia.”

“Eu também. Mas deixe-me buscar seu presente. Izzy


estará aqui em cerca de uma hora, e depois o cara do cabelo e
maquiagem e Anna virá pouco depois.”

Deixei seu presente no carro, então me livro dos braços do


meu futuro marido e volto para fora. Paro com a mão na
maçaneta da porta da frente e viro. “Oh, e Izzy está trazendo um
amigo. Então, seja bom.”

“Um amigo? É melhor o nome ser Mary, Martha ou Sally.”

Balanço a cabeça. “Seu nome é Gaige. E ela realmente


parece gostar dele. Então, tente não o assustar como fez com o
último.” Não podemos sequer falar sobre o que ele disse para o
cara que viu com Izzy no Dia dos Pais na Universidade da
Califórnia, sem entrar numa briga. Acontece que Hunter é ainda
mais protetor do que o pai de Izzy. Felizmente, Garrett e eu
fizemos um acordo sobre a guarda compartilhada de Izzy
enquanto ela terminava seus últimos dois anos do ensino médio
em Nova York. Uma vez que se formou e decidiu ir para a UCLA,
foi, finalmente, minha hora de vir para a Califórnia. Tenho o que
poderia sonhar aqui, minha melhor amiga, minha filha, uma bela
casa, um grande trabalho, e o homem dos meus sonhos.

Hunter murmura: “Vou medir quão longe pode chutar um


traseiro.”

Eu o ignoro e vou para o carro. Joguei um cobertor sobre a


gaiola para mantê-lo aquecido, mas também serviu como um
embrulho. Dentro, o rosto de Hunter está definitivamente confuso
enquanto me observa arrastar uma caixa retangular coberta com
um cobertor.

“Feliz casamento!” Sorrio e sento na gaiola coberta.

“Você me deu uma casa de bonecas?”

Rio porque é um bom palpite. Parece uma casa de bonecas.


Mas o ruído de dentro confirma que é tudo menos isso.

“Fottiti!30“

Hunter salta para trás. “O que é isso?”

Rio com a reação do grande homem. Levantando o cobertor,


revelo seu presente de casamento, uma arara gigante. É a ave
com as cores mais vibrantes que já vi, tem penas azul, amarelas e
vermelhas.

“Este é Arnold.”

“Você me comprou um pássaro?” O rosto de Hunter


ilumina como um menino de dez anos de idade.

30 Foda-se em italiano.
Balanço a cabeça. “Achei que era hora de colocar todas
essas casas de pássaros em uso. Disse que sempre quis ter um,
mas sua mãe não iria deixar.”

“Eles podem viver, tipo, cinquenta anos. Ela sabia que não
tinha muito tempo.”

Abro a gaiola e estendo a mão para Arnold. Ele salta nela


imediatamente. “Bem, você tem mais de cinquenta anos, Sr.
Delucia. Temos mais de cinquenta anos para cuidar de Arnold.”

Hunter me olha. “Realmente podemos ter tanto tempo


juntos, certo?”

“Espero que sim.”

Hunter se inclina para me beijar, e pouco antes de nossos


lábios se tocarem, Arnold grita novamente.

“Fottiti.”

“O que ele está dizendo? Acho que este pássaro nasceu


para ser meu.”

Rio. “Ah não. Ele está dizendo fottiti. Há duas coisas que
me fizeram comprar Arnold. Fottiti é uma delas. Quando comecei
a olhar as aves, visitei um monte de lojas. Na semana passada
estava no Paraíso tropical verificando as gaiolas quando vi
Arnold. Ele ficava gritando essa palavra, mas não tinha ideia do
que significava... até que minha mãe passou a chamar e ouvi-lo
em segundo plano. Aparentemente, fottiti é italiano para ir se
foder. Minha mãe ficou horrorizada, mas achei engraçado.
Acontece que Arnold aqui tem oito anos. Seus proprietários
anteriores, Guiseppe e Gianna Moretti, o entregaram na loja de
animais porque estavam se divorciando. Pensei que o pobre
Arnold poderia ter um lar feliz, e podemos ensinar-lhe algumas
palavras agradáveis.”
“É justo termos um pássaro que amaldiçoa em italiano.”

“Não é?”

“Qual a outra coisa?”

“Hã?”

“Você disse que houve duas razões para compra-lo.”

“Oh!” Coloco a mão no bolso de trás. “Esta é a coisa


estranha. Selou o acordo que Arnold é para ser nosso.”

Entrego a Hunter à papelada que a loja me deu. A página


principal é a nota de venda. Lista todas as informações
relevantes, incluindo o nome, sexo, raça, seu pai e da mãe da ave,
e... Data de nascimento da ave.

Espero uma reação enquanto os olhos de Hunter leem o


documento. Quando seus olhos se arregalam, sei que ele viu a
data de nascimento.

“Só pode estar brincando.”

“Não.” Nosso novo menino nasceu no mesmo dia que o


irmão de Hunter.

“Sabe que é o aniversário de Jayce.”

“Sim. Diria que este pássaro desbocado foi feito para ser
nosso, não é?”

Depois de Hunter me agradecer por seu presente e tentar


me foder no processo, ele me diz para esperar na sala de estar,
porque tinha algo para mim também.

Ele me entrega uma caixa preta com um laço prata. Arnold


está em seu ombro. Tenho a sensação de que ele passará muito
tempo ali.
“Não é tão impressionante quando Arnold, mas é para
você.”

Abro a caixa. Meus olhos ardem. “É isto?”

Hunter dá um sorriso travesso. “É isto.”

Levanto a familiar liga azul da caixa. Foi a que ganhou no


casamento de Anna e Derek e colocou na minha perna depois de
eu ter pego o buquê. “Perguntei duas vezes se sabia o que
aconteceu a ela, e disse que não.”

“Eu sei. Eu menti. Algo me disse que precisava mantê-la.


Acho que, no fundo, sabia que iria coloca-la em sua perna um
dia, quando te fizesse minha mulher. E mesmo que pensei ser
impossível no momento, a guardei com esperança. Recusei-me a
desistir.”

“Essa é a coisa mais romântica que alguém já disse.”


Estendo a mão e entrelaço nossos dedos.

Claro, ele usa a conexão para me puxar contra ele. “Oh


sim? Isso ganha acesso a suas calças agora?”

C
Casei com Hunter Delucia ao crepúsculo numa pequena
cerimônia no nosso quintal com nossas famílias e amigos.
Coloquei velas nas casas de pássaros que pendem nas árvores
que estamos embaixo. Isso o faz sentir como se sua mãe e irmão
estivessem nos observando de cima.

Encontramos o amor, saúde e somos mais felizes do que


qualquer um de nós poderia ter imaginado. Quando o ministro
disse que ele podia beijar a noiva, meu marido com os olhos
marejados segurou minhas bochechas.

“Eu amo você, Natalia Delucia. Você me mostrou o que é


viver, e meu coração será sempre seu.”

Seus lábios cobrem os meus antes que eu possa retribuir


as palavras. Mas ele sabe. Ele sabe.

Costumo pensar que Hunter Delucia roubou um pedaço do


meu coração. Mas estou errada. Porque, eventualmente, até
mesmo o coração para de bater. Este homem roubou um pedaço
da minha alma, porque a alma vive para sempre, e assim será
meu amor por este homem bonito.

Fim

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