Você está na página 1de 10

1. Introdução; 1.

INTRODUÇÃO
2. O conceito de organização do trabalho;
3. As linhas teôricas sobre organização do A questão da produtividade é hoje, mais do que nun-
trabalho; ca, tema de discussões que se desenvolvem desde os
4. Um modelo de contingência sobre organização recintos acadêmicos até o interior das fábricas. Há
do trabalho; posições bastante diferentes, e as controvérsias não
5. A rotinização do trabalho; parecem estar sendo eliminadas, malgrado os esfor-
6. O centro-de-decisões e a organização do ços de economistas, engenheiros, psicólogos. sindi-
trabalho; calistas e empresários.
7. Produtividade x desorganização dos
trabalhadores. O objetivo deste artigo é propiciar alguns sub-
sídios para esse debate; o material aqui apresenta-
do é o resultado de uma pesquisa sobre característi-
cas do processo da organização do trabalho nos siste-
mas de produção de empresas industriais, cujo enfo-
que, voltado para o aspecto organizacional propria-
mente dito, relaciona-se sobretudo com a questão da
produtividade.

2. O CONCEITO DE ORGANIZAÇÃO DO
TRABALHO

Entendemos organização do trabalho como "a espe-


cificação do conteúdo, métodos e inter-relações entre
os cargos, de modo a satisfazer os requisitos organi-
zacionais e tecnológicos, assim como os requisitos so-
Afonso Carlos Correa Fleury** ciais e individuais do ocupante do cargo"(l).

Sob essa perspectiva, o processo de organização do


trabalho envolve dimensões técnicas e dimensões so-
ciais, que caracterizam o enfoque sócio-técnico, a
partir do qual desenvolvemos a pesquisa. 19
No levantamento bibliográfico inicial, observamos
que os estudos sobre empresas industriais no contex-
to brasileiro privilegiam os aspectos sociológicos e
políticos do processo de trabalho, pouco revelando
do aspecto organizacional. Em função disto, nosso
trabalho assumiu um caráter essencialmente explo-
ratório. Por outro lado, constatamos que a literatura
teórica sobre organização industrial é muito rica, e
dela lançamos mão para elaborar um modelo concei-
tuai que nos permitisse captar as reais dimensões do
problema da organização do trabalho industrial.

3. AS LINHAS TEÓRICAS SOBRE


ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

A literatura existente apresenta três linhas teóricas


básicas a respeito de organização do trabalho indus-
trial, a saber:

* O presente artigo é extraído da tese a) racionalização da tarefa do cargo;


Organização do trabalho industrial:
um confronto entre teoria e realidade, b) enriquecimento de cargos;
apresentada em maio de 1978 à
EPUSP, para a obtenção do título de
doutor. c) grupos semi-autônomos.

** Professor assistente do É importante enfatizarmos, desde o início, que,


Departamento de Engenharia de muito embora as premissas que sustentam cada uma
Produção da Escola Politécnica da das linhas teóricas .sejam diferentes, todas são apre-
USP. sentadas como maximizadoras da produtividade.

Rev. Adm. Emp., Rio de Janeiro, 20(3); 19-28, jul./set. 1980

Produtividade e organizaçaõ do trabalho na indústria


3.1 Racionalização da tarefa e do cargo ticado sistema de treinamento, de modo que cada
operário receba instruções precisas acerca do que de-
A consolidação e a formalização da linha de raciona- ve ser feito, como deve ser feito e o tempo exato para
lização da tarefa e do cargo, também chamada sua execução. A produtividade dependeria, então.
administração científica, é atribuída a Frederick W. apenas do desempenho do operário, e isto seria garan-
tido por um sistema de incentivos salariais, que leva-
Taylor (2).
ria o nível de produtividade ao seu ponto mais alto.
Em fins do século passado e início deste, Taylor
propôs o método da administração científica, ou de- 3.2 O enriquecimento de cargos
terminação científica da tarefa, em substituição "às
regras pessoais empíricas que vigoravam no proces- Para explicar o surgimento do método conhecido co-
so", como a forma mais adequada para acabar com mo enriquecimento de cargos é preciso considerar as
a "vadiagem no trabalho" e aumentar a produtivida- experiências e as teorias acerca dos fatores psi-
de no setor de produção. cológicos que afetam a produtividade, ou de moti-
vação para o trabalho, que se sucederam desde o ex-
A racionalização da tarefa e do cargo baseia-se nas perimento pioneiro da Western Electric, em Haw-
seguintes premissas: thorne, iniciado em 1927.

a) "Existe uma maneira ótima de se desempenhar Nessa ocasião, foi levantada a hipótese de que a
uma tarefa; para estabelecê-la, deve-se examinar a produtividade seria bem maior desde que os aspectos
realidade de forma científica." psicológicos dos trabalhadores estivessem adequada-
mente tratados. No entanto, como pouco se conhecia
Para tornar operacional esta colocação, foi desen- sobre tais aspectos psicológicos, o resultado prático
volvido um conjunto de técnicas, hoje consolidado foi a adoção de medidas que visavam, fundamental-
no chamado estudo de tempos e movimentos. mente, melhorar o ambiente de trabalho.

A aplicação dessas técnicas implica, contudo, uma Deve-se a Maslow (3), Argyris (4), Herzberg (5),
segunda premissa, que é a seguinte: entre outros, os estudos que procuram elucidar os fa-
tores psicológicos que afetam o comportamento das
b) "É necessário separar o planejamento da execução pessoas no trabalho.
da tarefa."
Da análise da obra desses autores, chega-se a duas
20 Isto porque, de acordo com a concepção tayloris- colocações básicas:
ta, "o operário, ainda o mais competente, é incapaz
de compreender esta ciência" . 1. A produtividade de uma pessoa é tanto maior
quanto mais satisfeita ela estiver.
Porém, na medida em que os elementos que plane-
jam o trabalho não são aqueles que o executam, e 2. A satisfação é decorrente de fatores intrínsecos ao
também que tal planejamento resulta numa maneira trabalho.
ótima de executar a tarefa:
Conseqüentemente, para que se atinja altos níveis
c) "É necessário promover a seleção do melhor de produtividade, o trabalho deve ser estruturado de
forma a acarretar satisfação para os indivíduos, e is-
operário para cada tarefa, o seu treinamento e o seu
to será atingido desde que se propicie condições para
desenvolvimento.' , que eles possam atingir as características de perso-
o enquadramento do operário no esquema seria nalidade de pessoas maduras.
simples, na medida em que: A solução proposta para o problema assim coloca-
do é apresentada num conjunto de técnicas que se
d) "Todo trabalhador procura maximizar seus ga- convencionou chamar enriquecimento de cargos.
nhos monetários."
Tais técnicas são as seguintes:
Isto deu ensejo ao desenvolvimento dos sistemas
de incentivo salarial. Por outro lado, como "a expe- a) rotação de cargos - implica o revezamento entre
riência demonstra que quando os trabalhadores estão as pessoas envolvidas nas tarefas do sistema produti-
reunidos tornam-se menos eficientes do que quando vo;
a ambição de cada um é pessoalmente estimulada", b) ampliação horizontal - neste caso, agrupam-se
torna-se necessário: diversas tarefas, de mesma natureza, num único car-
go;
e) "Evitar grupos de trabalho." c) ampliação vertical - é o caso onde se atribuem ta-
refas de diferentes naturezas (exemplo: produção,
Em síntese, o esquema de racionalização da tarefa inspeção, manutenção) a um único cargo;
e do cargo prevê um completo serviço de apoio ao
operário, desde a cuidadosa análise científica da tare- d) enriquecimento de cargos - admite que se aplique
fa que ele deve desenvolver até a criação de um sofis- a ampliação horizontal e a vertical a um único cargo.

Revista de Administração de Empresas


Em síntese, o enriquecimento de cargos prevê a jam: a) a tecnologia de produção; b) as característi-
ampliação do conteúdo do cargo, aumentando a di- cas do ambiente da empresa.
versidade de tarefas que a pessoa desenvolve e proce-
dendo a uma parcial e gradual delegação de respon- 4.1 Tecnologia de produção e organização do
sabilidade. trabalho

3.3 Grupos semi-autônomos Para caracterizar os diferentes tipos de tecnologia de


produção, utilizamo-nos do grau de automatização
o conceito de grupos semi-autônomos passou a ser do processo produtivo, admitindo que, à medida que
difundido a partir de diversas experiências sobre dife- o processo produtivo passa a ser automatizado, ou
rentes formas de organizar trabalho. A primeira de- seja, a ter os mecanismos de controle embutidos nas
las se desenvolveu nas minas de carvão em Durham, próprias máquinas, modifica-se o papel desempenha-
Inglaterra, por volta de 1948, e as mais recentes e fa- do pelos trabalhadores.
mosas são aquelas que estão se desenvolvendo nos
países escandinavos, como é o caso da Volvo e da Um sistema produtivo abriga três elementos bási-
Saab. cos: homem, máquina e produto. Definem-se, assim,
três tipos de relação: homem-máquina. máquina-
Um grupo semi-autônomo (GSA) é uma equipe de produto e homem-produto (6). A primeira rela-
trabalhadores que executa, cooperativamente, as ta- ção, homem-máquina, caracteriza o aspecto de ma-
refas que são designadas ao grupo, sem que haja uma nutenção da máquina. A segunda relação, máquina-
pré-definição de funções para os membros. produto, estabelece o nível de automatização do pro-
cesso. Finalmente, a terceira relação, homem-produ-
As justificativas para este esquema contemplam to, define o cargo da pessoa.
tanto o aspecto social quanto o aspecto técnico do
trabalho. Baseados neste esquema, definimos três tipos de
Sob o aspecto social, admite-se que o ponto mais sistema de produção, em função de seu grau de auto-
relevante é a cooperação requerida entre os elemen- matização:
tos constituintes do grupo, ou seja, o suporte para o
inter-relacionamento entre as pessoas são relações de 1. Não-automatizados são os sistemas de pro-
trabalho, e não relações espontâneas de amizade co- dução em que a relação homem-produto é a primor-
mo colocam os defensores do enriquecimento de car- dial para obtenção do produto;
gos. Além disso, sob o prisma individual, requer o 21
desenvolvimento de múltiplas habilidades. 2. Automatizados - são aqueles em que a relação
básica é a relação máquina-produto;
Sob o aspecto técnico, o conceito fundamental é o
da auto-regulação. Isto decorre da preocupação de se 3. Semi-automatizados - são os sistemas de pro-
evitar a formalização dos cargos, e permite que o sis- dução que não apresentam preponderância de ho-
tema de produção se caracterize por uma grande dose mens ou máquinas para a consecução do produto fi-
de flexibilidade. nal.

Em resumo, no esquema de grupos semi-autô- A análise da literatura (7) sugere que, quando o sis-
nomos, o grupo recebe uma tarefa com baixo nível de tema de produção é não-automatizado, o que se re-
detalhamento, recebe recursos para executá-la e tem quer é que o trabalhador tenha conhecimento e habi-
autonomia para se estruturar durante o processo de lidade para desenvolver as tarefas que lhe são entre-
desenvolvimento do trabalho. gues, o que caracteriza um esquema que guarda al-
guns traços do sistema artesanal, o qual denominare-
mos sistema semi-artesanal.
4. UM MODELO DE CONTINGÊNCIA
SOBRE ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO O fato de um sistema ser semi-automatizado e não
totalmente automatizado geralmente decorre de res-
A coexistência de três métodos para organizar o tra- trições de caráter físico, como é o caso da indústria
balho no setor produtivo nos levou a investigar as ra- automobilística, ou de caráter econômico, como é o
zões da não preponderância de um método sobre os caso da indústria de calçados (8). Não obstante, a au-
outros e das condições que permitem que os três tomatização, mesmo que parcial, indica que já houve
métodos permaneçam em uso, simultaneamente. um estudo detalhado e minucioso da tarefa. Homens
e máquinas assumem, então, papéis semelhantes, e o
A análise da literatura existente resultou num mo- que se exige dos trabalhadores é, basicamente, obe-
delo de contingência sobre organização do trabalho, diência a procedimentos preestabelecidos. O método
pois a experiência parece indicar que o melhor de organização do trabalho mais adequado é o da ra-
método para a organização do trabalho numa empre- cionalização da tarefa e do cargo.
sa é função de características próprias da empresa.
Quando o sistema de produção é automatizado, a
Os autores pesquisados concentraram sua atenção função do homem se resume, na maior parte do tem-
basicamente em duas dessas características, quais se- po, às tarefas de rotina, de monitoração e controle

Organização do trabalho
Diversas pesquisas (9) indicam que o método mais
das máquinas. No entanto, se algo de anormal acon-
adequado para a organização do trabalho nestas con-
tecer, é preciso que o operário aja rápida e precisa-
dições é o de grupos semi-autônomos.
mente, para evitar danos consideráveis, decorrentes
do alto custo dos equipamentos e dos materiais em Em resumo, a posição dos autores-pesquisadores,
transformação. no que concerne ao método de organização do tra-
Responsabilidade e iniciativa tornam-se, então, os balho, em função da tecnologia de produção, é a se-
fatores mais importantes para o trabalhador. guinte:

Quadro 1

Não-automatizado Semi-automatizado - automatizado


Tecnologia

Enrique-
Organização Racionalização cimento GSA
do Semi-artesanal
de cargos
trabalho

o método de enriquecimento de cargos não é cita- xa de mudança, teremos caracterizado um ambiente


do explicitamente na literatura, mesmo porque é um dinâmico.
esquema que não leva em consideração variáveis tec-
nológicas. Não obstante, cremos ser possível caracte- Ao analisarmos as duas tipologias mais conheci-
rizar a sua aplicação a sistemas com um alto grau de' das, a de Lawrence e Lorsch (10) e a de Thomp-
racionalização para minorar os problemas psi- son (11), observamos que ambas propõem quatro
cológicos, assim como a sistemas em transição de classes de ambientes organizacionais, baseadas: a) na
semi-automatizados para automatizados, quando se quantidade das inter-relações empresa-agentes am-
passa a requerer maior responsabilidade por parte do bientais; b) na estabilidade dessas inter-relações. Em
trabalhador. nossO esquema, a quantidade de inter-relações não
foi considerada um fator relevante. '
22
4.2 Ambiente organizacional e organização do
No que concerne à influência do ambiente organi-
trabalho zacional sobre a organização do trabalho, a análise
A maior dificuldade enfrentada pelas pesquisas sobre da literatura existente (12) revelou que para empresas
em ambientes quase-estacionários o esquema de ra-
ambientes organizacionais parece residir na dificul-
dade de estabelecer parâmetros que permitam criar cionalização é o mais adequado, pois a estabilidade
uma tipologia de ambientes organizacionais, o que é das inter-relações resulta em tarefas estáveis, às quais
condição necessária para qualquer tentativa de gene- é possível aplicar a sistemática desenvolvida pela ad-
ministração científica.
ralização.
Nas empresas que inter agem com ambientes dinâ-
Para nossa análise, utilizamos uma simples dicoto- micos, as tarefas assumem um caráter de transitorie-
mia para caracterizar diferentes contextos organiza- dade, que obriga a uma constante redefinição dos
cionais: ambientes quase-estacionários e ambientes papéis dos trabalhadores. Isto requer sistemas produ-
dinâmicos. tivos com características de flexibilidade, que podem
ser alcançadas com a implantação do esquema de
Consideramos que uma empresa, em sua função de grupos semi-autônomos, ou ainda com a constituição
transformação, deve interagir com um grande de um sistema semi-artesanal de trabalho.
número de agentes ambientais: fornecedores, clien-
tes, concorrentes, entidades normalizadoras e regula- Note-se que quanto mais dinâmico é o ambiente,
mentadoras etc. Estes elementos que se relacionam mais complexo deve ser o processo de planejamento
com a empresa, inter-relacionam-se, também, entre externo de trabalho, o que justifica o surgimento de
si. esquemas que propõem a descentralização do proces-
so e a sua atribuição aos próprios encarregados da
Para nós, o traço mais importante para a caracteri- execução. Neste contexto, em primeira instância,
zação do ambiente organizacional é a estabilidade ou parte do processo de planejamento de trabalho seria
não dessas inter-relações, no tempo. Se as inter- transferido para um grupo previamente designado;
relações forem estáveis - o que implica apresenta- em condições ainda mais dinâmicas, nem sequer o
rem uma configuração com baixa taxa de mudança grupo seria planejado, resultando a configuração de
_, consideraremos o ambiente organizacional como homens-e-tarefas do próprio processo de interação
pouco dinâmico ou quase estacionário. Se, ao entre essas pessoas em face da tarefa global que tem
contrário, as inter-relações apresentarem uma alta ta- de ser desenvolvida.

Revista de Administração de Empresas


4.4 Um modelo de contingência sobre organização Figura 1
do trabalho

N~O
Dinâmico Quase-estacionário
Observamos, então, que a literatura existente sobre -----------,1
organização do trabalho lança mão de duas dimen- a I
sões para justificar a adequação dos diferentes ~~ ~.~ I
I
métodos existentes: tecnologia de produção e dina- I
mismo ambiental. § ~. 1
I!!. 1

É necessário ressaltar, entretanto, que essas dimen- Racionalização


da tarefa
sões não são independentes pois, como já frizamos, a
e do cargo
automatização do processo produtivo só se justifica
para tarefas estáveis, ou seja, em um ambiente quase- Fnriquecimento
estacionário. Admitindo ainda que a recíproca seja /

de cargos
verdadeira, isto é, em ambientes quase-estacionários
existe propensão à automatização, pudemos delinear
Grupos
o seguinte modelo de contingência sobre organização semi-autônomos
do trabalho:

5. A ROTINIZAÇÃO DO TRABALHO

5.1 A amostra

Na medida em que o modelo de contingência foi deri-


vado de análises teóricas, o passo seguinte de nosso A amostra utilizada incluiu 12 empresas de seis se-
trabalho envolveu uma pesquisa de campo, de cunho tores industriais - metalúrgico, mecânico, ali-'
preliminar, cujo objetivo era o de levantar possíveis mentícios, têxtil, eletrocomunicação e plásticos, loca-
problemas com o modelo, para então proceder a seu lizados na Grande São Paulo, com a seguinte distri-
refinamento. buição em termos de tamanho:
23
Ouadro2

N? de 150 200 250 300 350 400 450


trabalha- a a a a a a a
dores 199 249 299 349 399 449 499

Mec.l EI. 1 Met.l Mel. 3


Emprc\,,\ ALI Mel.2 Mec.2 Pla.l
AI. 2 Tex.l Met.4 Mec.3

Para a coleta de dados junto às empresas utiliza- As empresas foram distribuídas pelas três catego-
mos o esquema de entrevistas com pessoas em nível rias - não-automatizadas, semi-automatizadas e au-
de diretoria, geralmente o diretor industrial, ou com tomatizadas - de acordo com: a) o tipo de equipa-
o gerente de produção. Em três delas entrevistamos o mento utilizado (máquinas universais ou específicas);
diretor e o gerente de produção. Em quatro empresas b) a forma de ordenação de produção (sob pedido ou
chegamos ainda a entrevistar supervisores de pro- não); c) o tipo preponderante de relação, em termos
dução. da obtenção do produto (homem-produto ou
máquina-produto) .

5.2 Os critérios de categorização Para categorizar o ambiente das empresas como


sendo quase-estacionários ou dinâmicos, considera-
Para a categorização das empresas foram definidos mos três indicadores, todos eles relacionados especi-
dois critérios, um referente à tecnologia de produção ficamente ao setor de produção: o primeiro indicador
e o outro às características ambientais. relacionado à matéria-prima, o segundo, ao mercado
consumidor e o terceiro, a mudanças ocorridas no
Em se considerando a tecnologia, optamos por fa- produto ou processo de produção.
zer a categorização em função do sistema de pro-
dução como um todo, e não de suas máquinas ou Com isto, a categorização das 12 empresas consi-
processos, isoladamente. deradas resultou no seguinte quadro:

Organização do trabalho
Quadro 3

Não-aut, Semi-aut. Aut.

Mec I AI I
Ambiente Met 3 AI 2
quase Me! 4 Pia I
estacionário Tex I

Mec 2 EI I
Ambiente Me! I Me! 2
Dinâmico Mec 2

Em função do que é proposto pelo modelo de integralmente um de seus princípios, modifica um


contingência, seria o seguinte o resultado esperado outro principio e descarta os outros três.
quanto ao esquema de organização do trabalho nes-
sas empresas: Assim é que, a rotinização:

- não permite a formação de grupos;


_ separa o planejamento da execução da tarefa até
um nível conveniente.
Figura 2
Mas, ao contrário da racionalização:

- não estabelece a maneira ótima de produzir;


Tecnologia
- não procede ao selecionamento e desenvolvimento
cientifico do trabalhador;
_ não usa recompensas monetárias como fator moti-
vacional para aumentar a produtividade.

Na medida em que os princípios utilizados pelo


24 Met.4 PIa. 1 método de racionalização se justificam, em seu con-
Tex. 1 junto, em termos de busca de máxima produtividade,
foi preciso procurarmos a lógica que justifica as dire-
trizes básicas do esquema de rotinização. A nosso
ver, esta lógica é derivada de uma determinada con-
cepção quanto ao trabalhador e ao mercado de mão-
de-obra de uma forma geral.

Mec.3 O esquema de rotinização se fundamenta em três


diretrizes básicas.

1. Na criação de uma estrutura organizacional de


apoio à produção, cujo porte é proporcional à incer-
teza das tarefas da empresa. Isto permite que os car-
gos no setor de produção sejam estruturados e for-
5.3 A rotinização do trabalho malizados até o ponto em que é possível a utilização
de mão-de-obra desprovida de conhecimentos sobre
Os resultados da pesquisa nos levaram a uma conclu- Q processo e sobre o produto.
são surpreendente, qual seja:

a) que todas as empresas consideradas utilizavam um Os dados colhidos na pesquisa de campo mostram
mesmo esquema para a organização do trabalho, in- que as empresas que se situam em ambientes dinâmi-
dependentemente da tecnologia de produção e do cos, cujas tarefas estão em constante redefinição, ins-
grau de dinamismo ambiental; talam vários departamentos incumbidos de planejar e
controlar o trabalho: departamento de projetos; de-
b) que esse esquema não era idêntico a qualquer dos partamento de engenharia industrial; departamento
métodos propostos pelas diferentes linhas teóricas. de tempos e métodos; departamento de programação
e controle de produção; departamento de planeja-
Este esquema de organização do trabalho, por nós mento do processo produtivo; departamento de con-
denominado rotinização do trabalho, pode, não obs- trole de qualidade. Já as empresas em ambientes
tante, ser considerado uma variante da racionali- quase-estacionários, com tarefas estáveis, apresen-
zação da tarefa e do cargo, na medida em que utiliza tam um aparato bem menor, sendo que as empresas

Revista de Administração de Empresas


cujos sistemas de produção são automatizados não trabalho, com o estabelecimento de tarefas indivi-
possuem nenhum desses departamentos (a não ser duais.
uma indústria alimentícia, que tem um departamento
de controle de qualidade devido a uma exigência le-
A racionalização assume esta posição para justifi-
gal).
car a busca de máxima produtividade baseada na pre-
missa de que "o homem busca a máxima prosperida-
Não obstante, em nenhuma dessas empresas há a de individual". Para tanto, define a maneira ótima
preocupação de estudar o trabalho até se estabelecer
de produzir e utiliza esquemas de incentivo salarial.
a maneira ótima de produzir. Das 12 empresas ape-
nas seis tinham departamentos de tempo e métodos,
os quais, no entanto, tinham apenas a função de esta- Já a rotinização não pode justificar a extrema divi-
belecer tempos, em geral cronometrados, para o pla- são do trabalho do mesmo modo, pois não estabelece
nejamento da produção e para a apropriação de ClJ,S- o melhor método e não usa incentivos salariais. As-
tos. Os tempos eram referentes a tarefas completas, sim, a explicação que encontramos para os comple-
não existindo a dissecação das tarefas em partes e a xos sistemas hierárquicos existentes vinculam-se à
mensuração de cada elemento, com a posterior com- idéia de evitar qualquer contato direto entre os
posição desses elementos buscando a minimização operários, mesmo que seja para a coordenação do
dos tempos, tal como proposto pela administração fluxo produtivo.
científica.
Em síntese, a organização do trabalho na indústria
Assim, o planejamento do trabalho vai até o ponto parece refletir, principalmente, os aspectos sociais
no qual a tarefa pode ser entregue a um trabalhador envolvidos na questão, colocando em segundo plano
com poucos conhecimentos sobre o processo e o pro- os fatores técnicos, relacionados ao objetivo de pro-
duto, e sem requerer qualquer tipo de treinamento dutividade.
mais especifico. E só vai até esse ponto.

2. A rotinização implica o estabelecimento de tarefas Procurando explorar esta hipótese, desenvolvemos


simples individualizadas que permitem a substi- uma segunda pesquisa de campo, que envolveu sz
tuição, temporária ou permanente, do operário. empresas do setor de máquinas-ferramenta.

Na racionalização da tarefa e do cargo, a manuten-


ção de um baixo grau de diversidade de tarefas para 6. O CENTRO-DE-DECISÕES EA
cada cargo é justificada pela possibilidade de o ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO 25
operário atingir um maior nível de especialização, do
qual deverá resultar maior produtividade. No caso da Nesta segunda etapa de nossa pesquisa procuramos
rotinização, o motivo mais importante é a facilidade entender quais são as dimensões mais importantes no
de substituição do trabalhador. processo de organização do trabalho em uma empre-
sa.
Isto ficou patenteado pelo fato de que as empresas
Inicialmente, admitimos que em cada empresa há
consideradas têm, reconhecidamente, quadros de tra-
balhadores superdimensionados, o que se justifica uma pessoa, ou grupo de pessoas, que assume a res-
ponsabilidade pelo estabelecimento das diretrizes da
em função de altas taxas de turno ver e absenteísmo e
organização do trabalho na produção; denominamo-
do baixo custo de mão-de-obra. Assim, as empresas
la centro-de-decisões. Admitimos ainda que, para es-
contam com certa capacidade ociosa quando todos
sa definição de diretrizes, entram em jogo: a percep-
os operários estão presentes, ou seja, existe um certo
ção do centro-de-decisões quanto às demandas do
número de trabalhadores de reserva no sistema. Não
sistema técnico de produção, a sua postura frente ao
obstante, para o uso indiscriminado dessas reservas
sistema social que se cria no recinto da fábrica e uma
em qualquer cargo cujo ocupante tenha saído, tem-
teoria implícita de organização do trabalho, através
porária ou definitivamente, é preciso que o cargo seja
da qual ele processa as informações e toma decisões.
definido com tarefas simples e individualizadas.
Para entender as opções que o centro-de-decisões
Como decorrência desta posição, observa-se que o
tem para definir o esquema de organização do traba-
desenvolvimento dos operários numa fábrica é muito ·lho, fizemos as seguintes considerações.
mais fruto do acaso do que o resultado de um proces-
so cientificamente estabelecido.
6.1 Processos de planejamento e controle do
trabalho
3. A rotinização implica a criação de um sistema
hierárquico para a supervisão das tarefas, eliminan- Como em todas as atividades, o trabalho no setor de
do a necessidade de contato entre os operários para a produção envolve três fases: planejamento, execução
coordenação do fluxo produtivo. e controle.

A contrapartida da divisão do trabalho é a necessi- É na fase de planejamento que se dá a transfor-


dade de coordenação. Tanto a racionalização quanto mação dos objetivos declarados de produção em es-
a rotinização propõem um alto grau de divisão do pecificações sobre os procedimentos necessários para

Organização do trabalho
6.2 Tipos de processo de planejamento e controle do
produzir e controlar o trabalho; assim, o planeja-
mento condiciona a forma de execução e de controle. trabalho
Não obstante, as características do processo de pla-
Como o enfoque básico de nosso estudo está voltado
nejamento devem ser definidas em função do tipo de
para as atividades que definem as ações dos trabalha-
controle que se queira exercer; ou seja, planejamento
dores no sistema de produção, procuramos estabele-
e controle se revelam faces de uma mesma moeda, .
cer uma categorização que refletisse o modo como os
condicionando diretamente a forma de execução.
diferentes processos abordam esta questão específi-
ca. É evidente que nesta tentativa de categorização
Nas empresas industriais, as características da or-
privilegiamos certos elementos em detrimento de ou-
ganização do trabalho ficam definidas quando o
centro-de-decisões estabelece as diretrizes do proces- tros.
so de planejamento e controle do trabalho. A variável básica que utilizamos para estabelecer
uma categorização dos processos de planejamento e
É importante que se distinga os dois tipos de deci-
controle do trabalho foi o grau de envolvimento dos
sões que estão envolvidos nesta colocação. Primeira-
mente, há decisões que podem ser consideradas de operários no referido processo.
caráter estratégico, pois são elas que definem os
Consideremos operário o indivíduo encarregado
princípios básicos que orientam a estruturação do
da execução do trabalho - o seu envolvimento, ou
processo de planejamento e controle do trabalho pro-
não, nas atividades de planejamento e controle per-
priamente dito. mitiu que caracterizássemos três tipos básicos de pro-
cessos de planejamento e controle do trabalho.
Em segundo lugar, deve-se considerar as decisões
do tipo operacional, que são aquelas necessárias para
Em primeiro lugar, existem os casos em que o
o funcionamento normal do processo, depois que ele
operário é totalmente excluído do processo de plane-
já estiver estruturado. Poder-se-ia dizer que são as
jamento e controle. Quando isto ocorre, dizemos que
decisões envolvidas na operação cotidiana do proces-
o processo é externalizado, ficando implícito que es-
so. sas atividades de planejamento e controle são desen-
volvidas por outras pessoas na empresa. Caso
Consideramos centro-de-decisões a pessoa, ou gru-
contrário, se o operário é também o responsável pelo
po de pessoas, responsável pelo primeiro tipo de de-
planejamento e controle de seu próprio trabalho, di-
císões. Quanto ao segundo tipo, o centro-de-decisões
zemos que o processo é intemaiizado.
poderá também assumir a responsabilidade sobre
26 elas, ou delegá-la a outras pessoas ou departamentos.
Finalmente, existem empresas onde os operanos
são responsabilizados apenas por algumas das deci-
sões concernentes à sua tarefa, sendo as restantes de
responsabilidade de outras pessoas da empresa. O
Figura 3
processo é, então, semi-externalizado.

Ficam, assim, definidas as três categorias básicas


r---------------------- --l dos processos de planejamento e controle do traba-
I I Objetivos lho:
Teoria I
implícita de I do sistema
organizaçlo I produtivo - processo externalizado;
do trabalho I - processo semi-externalizado;
I
I - processo internalizado.
I
I Nos casos em que o processo é externalizado, se os
I
procedimentos básicos relativos ao planejamento e
controle do trabalho não são formalmente estabeleci-
dos, mas são do domínio de uma ou mais pessoas, o
processo será considerado pessoal. Caso contrário,
quando existem departamentos encarregados de de-

C Execuçlo)
senvolver o processo, e cujo funcionamento depende
da existência de procedimentos claros, formalmente
estabelecidos, o processo será considerado impes-
soal.

Quando o processo é externalizado, uma outra di-


visão se faz necessária. Se a responsabilidade pelo de-
o centro-de-decisões define as características senvolvimento do processo recai sobre uma única
básicas do processo de acordo com a sua percepção pessoa, ou departamento, diremos que o processo é
do sistema socíal, do sistema técnico e traz implícita centralizado. Se diversas pessoas, ou departamentos,
uma teoria sobre organização do trabalho. estiverem envolvidas, cada qual tendo uma esfera de

Revista de Administração de Empresas


competência definida, o processo será considerado uma empresa não pode ser justificada em termos
descentralizado. técnicos.

Esquematicamente, teríamos, então, os seguintes Esta conclusão nos levou a duas outras hipóteses,
tipos de processo de planejamento e controle de tra- mutuamente exclusivas. Não nos parece viável dis-
balho: cuti-las em profundidade em face do escopo deste
artigo, mas gostaríamos de expô-las e colocar alguns
fatos que surgiram durante a pesquisa, os quais já
Figura 4 propiciam subsídios para uma discussão inicial.

A primeira hipótese diz que: "Os centros-de-


decisões, muito embora preocupados com a questão
da produtividade, não têm muitos conhecimentos so-
bre teorias de organização do trabalho, a não ser
uma vaga idéia do método de racionalização da tare-
,............Centralizado - padrão 1 fa e do cargo, que seria aquele disseminado pela cul-
Pessoal ,,~
Processos
tura empresarial."
Externa< . Descentralizado - padrão 2
de lizado
planejamento Centralizado - padrão 3 Isto justifica a quase totalidade de empresas utili-
Impessoal
( zando o esquema de rotinização pois, como já vimos,
Descentralizado - padrão 4 a aplicação do método de racionalização requer uma
ampla gama de recursos e habilidades por parte da
Semi-extemalizado ------- padrão 5
administração e só é economicamente viável se as ta-
refas apresentarem características de estabilidade.
Intemalizado -------- padrão 6
Como estas condições são dificilmente atingidas, as
empresas acabam com uma solução de compromissos
que seria a rotinização.

Se esta hipótese é verdadeira, então a questão da


produtividade e organização do trabalho assume um
caráter eminentemente técnico, sendo simples a sua
A pesquisa de campo envolveu 32 empresas do solução. Bastaria um maior esforço no sentido de 27
setor de máquinas-ferramenta ou as seguintes carac- conscientizar os centros-de-decisões das diversas al-
terísticas: ternativas existentes para a organização do trabalho.
Numa situação ideal cada centro-de-decisões decidi-
- 25 estavam localizadas na Grande São Paulo, e 7 ria com base no modelo de contingência.
no interior do estado;
- 23 eram nacionais, e nove estrangeiras; A segunda hipótese seria a seguinte: "Os centros-
de-decisões têm capacitação para analisar e organizar
- uma era grande (mais de 1.000 operários), 17 uma situação de trabalho, porém não estão preo-
eram médias (entre 100e 500 operários) e 14 eram pe- cupados com a questão da produtividade; o trabalho
quenas. está organizado de acordo com sua postura frente ao
- além das estrangeiras (subsidiárias), havia em- sistema social. "
presas familiares e de administração profissional.

Em todas essas empresas, em contato com o A partir do material levantado em nossa pesquisa,
centro-de-decisões, procuramos entender quais eram acreditamos existirem sérios argumentos no sentido
da comprovação desta hipótese.
os fatores utilizados, e sua hierarquização, no pro-
cesso de definição das diretrizes para a organização
do trabalho na produção. Verificamos que as opiniões emitidas pelos cen-
tros-de-decisões em relação à mão-de-obra sem
pre tiveram conotação negativa, destacando a incom-
7. PRODUTIVIDADE X DESORGANIZAÇÃO petência, a irresponsabilidade e a indolência dos
DOS TRABALHADORES operários, traços estes que foram justificados por fa-
tores culturais, educacionais e até institucionais, co-
Desenvolvida a pesquisa de campo, cujos dados fo- mo é o caso do FGTS.
ram analisados de forma individualizada, como se
tratasse do estudo de 32 casos, concluímos que as em- Se nos reportarmos às características do esquema
presas que empregam idênticos processos de planeja- de rotinização, observaremos que ele, realmente, é
mento e controle de trabalho apresentam poucas ca- dirigido para um tipo de mão-de-obra não-qualifica-
racterísticas comuns (em termos de tamanho, de tec- da, barata e instável.
nologia de produção, tipo de administração, etc.).
Confirmou-se, assim, a hipótese de que a escolha de Não obstante, nesse esquema o trabalho é organi-
um esquema de organização do trabalho por parte de zado de forma a:

Organização do trabalho
- não permitir a qualificação e o aperfeiçoamento utilizadas na aplicação do método do que com as pre-
missas que justificam todo o procedimento.
de mão-de-obra;
_ não permitir o contato e o agrupamento entre os 3. Maslow, A. (1943). Uma teoria de motivação hu-
operários, evitando sua possível organização; mana. Ind: Balcão, Y. B. & Cordeiro, L. L. eds. O
_ manter baixos os salários individuais dos Comportamento humano na empresa. Rio de Janei-
operários; ro, FGV, 1975. p. 337-66.
- induzir a rotatividade da mão-de-obra.
4. Argyris, C. The Individual and organization: so-
Podemos concluir, então, que os centros-de- me problems of mutual adjustment. In: Administra-
decisões têm uma concepção definida sobre a mão- tive Science Quarterly, June 1957; Personality and
de-obra e a partir dela organizam o trabalho de tal organization theory revisited. Administrative Science
forma que o operário assume padrões de comporta- Quarterly, 18, June 1973.
mento de acordo com o esperado.
5. Herzberg, F.; Mausner, B. & Snyderman, B: The
o trabalho na produção não é organizado de for- Motivation to work. New York, Wiley, 1959.
ma a utilizar a mão-de-obra de maneira eficiente,
mas sim de forma a desqualificá-la e desorganizá-la, 6. Davis, L. E. & Taylor, J. C. The Design of jobs.
minimizando a possibilidade de surgimento de confli- Penguin Books, 1972. p. 12.
tos dentro da fábrica. Em outras palavras, os
centros-de..<fecisões"sacrificam a eficiência para evi- 7. Entre eles: Blauner, R. Alienation and freedom.
tar problemas com a mão-de-obra" . Chicago, The University of Chicago Press, 1964;
Woodward, J. Industrial organization: theory and
pratice. London, Oxford University Press, 1965; Jo-
Os dados disponíveis não nos permitem ir mais nes, J. C. The Designing of man-machine systems.
adiante na discussão desta hipótese. Ela abre, entre- Ergonomics, 10 (2), 1967.
tanto, novos caminhos de investigação, pois toca em
um ponto nevrálgico do sistema capitalista que é o da 8. Bright, J. Management and automation. Cam-
contradição entre o objetivo declarado de eficiência e bridge, Mass. Harvard University Press, 1958.
lucro e sua realização no campo da organização do
trabalho, onde o objetivo de máxima produtividade é 9. Entre eles: Blauner, R. op. cit.; Susman, G. I.
sobrepujado pelo de minimização dos conflitos entre The Impact of automation on work group autonomy
28 capital e trabalho. and task specialization. In: Davis, L. E. & Taylor, J.
C. eds. Design of jobs. Penguin Books, 1970; Wal-
ker C. R. Toward the authomatic factory, New Hea-
ven, Vale University Press, 1957.

10. Lawrence, P. R. & Lorsch, J. W. Organization


and environment. Illinois, Irwin, 1967.

REFER~NCIAS BIBLIOGRÁFICAS 11. Thompson, J. D. Organizations in action. New


1. Davis, L. E. The Design of jobs. Industrial rela- York, McGraw-Hill, 1967.
tions, 6(1)21, 1966.
12. Entre eles: Burns, T. &Stalker, G. M. The Ma-
2. Para analisar o método da administração científi- nagement of innovation. London, Tavistock Pub.,
1961; Herbst, P. G. Socio-tecnnical design: strategies
ca, baseamo-nos, principalmente, no livro de Taylor,
in multidisciplinary research. London, Tavistock
Princípios de administração cientifica, cujo original
é de 1911. Isto se justifica pelo fato de que a imensa Pub., 1974; Emery, F. E. & Trist, E. L. Socio-tech-
maioria dos livros que surgiram posteriormente sobre nical systems. In: Emery, F. E. ed. Systems thinking.
o assunto preocupam-se muito mais com as técnicas Penguin Books, 1960.

Revista de Administração de Empresas

Você também pode gostar