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RISCO E RETORNO
Risco é a chance de perda financeira. Activos que apresentam maior chance de perda são
considerados mais arriscados do que os que trazem uma chance menor; de acordo com o mesmo
autor, o risco é a probabilidade de perda financeira ou, mais formalmente, é a variabilidade dos
retornos associados a um dado activo (Gitman, 2010, p.203).
Para Weston e Brigham (2000, p.155), o risco é a possibilidade de que algum acontecimento
desfavorável venha a ocorrer.
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Exemplo1: São nos dados dois projectos A e B, com um volume de investimento de 1000 U.M.
Determine o valor esperado e taxa de retorno esperada.
n
R = ∑ ( Ri*pi )
i=1
Ou
^
R = K *I
Projecto A Projecto B
Estado da economia Fluxos de caixa Fluxos de caixa
Probalilidade Valor esperado Probalilidade Valor esperado
(Ri) (Ri)
Recessão 400 0.2 80 0 0.2 0
Normal 500 0.6 300 500 0.6 300
"Boom" 600 0.2 120 1000 0.2 200
Valor esperado (Ṝ) 1 500 1 500
Valor esperado
Taxa de retorno esperada (K^) =
Investimento
Ou
^ n
K = ∑ ( Ki*pi )
i=1
Projecto A Projecto B
Estado da economia Taxa de retorno Taxa de retorno
Retorno (Ki) Probalilidade Retorno (Ki) Probalilidade
esperada esperada
Recessão 0.4 0.2 0.08 0 0.2 0
Normal 0.5 0.6 0.3 0.5 0.6 0.3
"Boom" 0.6 0.2 0.12 1 0.2 0.2
Taxa de retorno esperada (K^) 1 50.00% 1 50.00%
Além da sua amplitude, o risco de um activo pode ser medido quantitativamente por meio de
estatísticas. Aqui havemos de debruçar-se sobre o desvio padrão (σ) e o coeficiente de variação
(CV), que podem ser usadas para medir a variabilidade dos retornos dos activos.
a) Desvio-padrão (σ): Este indicador estatístico mais comum de risco de um activo, mede a
dispersão em torno do valor esperado. Também pode-se dizer que, trata-se de uma
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medida estatística da variabilidade de uma série de observações, portanto, quanto mais
concentrados são os retornos futuros esperados menor é o risco (quanto menor for o
desvio padrão, menor é o risco e, quanto maior for o desvio padrão, maior é o risco).
σ =√ ∑(Ki−K ¿ )2 xPi
ou
2
σ=
√
∑ ( Ki−K ¿ )
n−1
Na vida real, o risco de qualquer investimento específico não seria encarado independentemente
de outros activos. Novos investimentos devem ser analisados à luz do seu impacto sobre o risco e
o retorno da carteira de activos. O objectivo de um gestor financeiro é criar uma carteira eficiente
que maximize o retorno para um dado nível de risco, ou minimize o risco para um dado nível de
retorno. Assim, precisamos de uma maneira para medir o retorno e o desvio-padrão de uma
carteira de activos.
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O retorno de uma carteira é dado pela média ponderada dos retornos dos activos individuais que
a compõem.
Se por exemplo, estivermos a falar de acções, podemos dizer que o retorno esperado de uma
carteira é o retorno esperado da média ponderada sobre as acções mantidas na carteira.
Exemplo 2: Em 2020 um analista de títulos estimou que os seguintes retornos poderiam ser
esperados para quatro grandes empresas moçambicanas:
RETORNO
EMPRESAS
RSPERADO K^
Empresa A 14%
Empresa B 13%
Empresa C 20%
Empresa D 18%
K^=0.25x14%+0.25x13%+0.25x20%+0.25x18%
=16,25%
1.4. Correlação
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A correlação é uma medida estatística da relação entre duas séries de números quaisquer. Se as
duas séries se movem na mesma direcção, elas são positivamente correlacionadas e quando se
movem em direcções opostas, são negativamente correlacionadas.
COV (AB)
ΥAB =
σA*σB ; COV (AB) = Covariância de A+B
n ^ ^
Onde:
Υ = Coeficiente de correlação
Υ AB = Coeficiente de correlação de A+B
O grau de correlação é dado pelo coeficiente de correlação, que varia entre -1 para séries perfeita
e negativamente correlacionadas e +1para séries perfeita e positivamente correlacionadas.
Quando as acções são perfeita e negativamente correlacionadas (γ=-1), todo o risco pode ser
diversificado, mas quando as acções são perfeita e positivamente correlacionadas (γ=+1), a
diversificação não faz diferença alguma.
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O conceito de diversificação é essencial para o desenvolvimento de uma carteira eficiente. Para
reduzir o risco geral, é melhor diversificar por meio da combinação, ou acréscimo à carteira, de
activos com correlação negativa (ou positiva fraca). Combinar activos negativamente
correlacionados pode reduzir a variabilidade geral dos retornos.
Como se referiu anteriormente, o grau de correlação é dado pelo coeficiente de correlação, que
varia entre -1 para séries perfeita e negativamente correlacionadas e +1para séries perfeita e
positivamente correlacionadas, outrossim, o coeficiente de correlação pode ser nulo, o que
significa que alguns activos são não correlacionados, ou seja, não há interacção entre os seus
retornos.
Em suma, combinar activos não correlacionados pode reduzir o risco de maneira não tão
eficaz quanto combinar activos negativamente correlacionados, porem mais eficaz do que
combinar activos positivamente correlacionados. O coeficiente de correlação de activos não
correlacionados é próximo de zero e age como o ponto intermediário entre a correlação
positiva perfeita e a negativa perfeita.
1.5. O modelo de formação de preços de activos (CAPM – Capital Asset Pricing Model)
A teoria fundamental que relaciona o risco e o retorno de qualquer activo é o modelo CAPM.
Este modelo será usado para entender as relações entre o risco e retorno envolvidas em todos os
tipos de decisão financeira.
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diversificação. Factores como guerras, inflação, incidentes internacionais e eventos
políticos criam o risco diversificável.
Risco Global – Combinação do risco não diversificável com o risco diversificável de um
título, portanto, Risco total=Risco não diversificável + Risco diversificável
Como qualquer investidor pode criar uma carteira de activos que elimine praticamente todo o
risco diversificável, o único risco relevante é o não diversificável.
O modelo CAPM desenvolveu-se para analisar as relações existentes entre o risco e as taxas de
retorno existentes quando agrupados num portfólio bem diversificado e a taxa de retorno
requerida. Este modelo é utilizado em finanças para determinar a taxa de retorno teórica
apropriada de um determinado activo em relação a uma carteira de mercado perfeitamente
diversificada. O modelo leva em consideração a sensibilidade do activo ao risco não-
diversificável (risco de mercado), representado pela variável conhecida como índice beta ou
coeficiente beta (β), assim como o retorno esperado do mercado e o retorno esperado de um
activo teoricamente livre de riscos.
Em suma, o modelo CAPM relaciona o risco não diversificável ao retorno para qualquer activo;
portanto, trata-se de um modelo baseado na proposição de que a taxa de retorno requerida de
qualquer acção é igual a taxa de retorno isenta de risco mais um prémio de risco, em que o risco
reflecte a diversificação.
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Todos os activos são perfeitamente divisíveis e perfeitamente líquidos por conseguinte
não há custos na sua transacção;
Não há impostos;
Os investidores assumem que a compra e venda não afectará o preço dos títulos;
A quantidade de todos os activos é dada e é fixa.
De acordo com Gitman (2010, pp. 222), o coeficiente beta (b), consiste em uma medida relativa
do risco não diversificável. É um indicador do grau de variabilidade do retorno de um activo em
resposta a uma variação do retorno do mercado. Para tal usa-se os retornos históricos de um
activo para encontrar o seu coeficiente beta. O retorno do mercado é o retorno da carteira de
mercado composta por todos os títulos negociados.
Para Weston e Brigham (2000, p.175), o coeficiente beta (b), é a medida da volatilidade da
acção em relação a uma acção média. O beta é um elemento-chave do modelo CAPM; portanto,
pode-se afirmar que o coeficiente beta (b) é uma medida da extensão pela qual os retornos de
uma determinada acção se movem com o mercado de acções.
Um beta mais elevado de um activo x (maior inclinação da recta) indica que o seu retorno é mais
sensível a variações dos retornos de mercado (quanto maior for mais arriscado é).
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Exemplos de coeficientes beta de acções seleccionadas (10 de Julho de 2007)1:
Acção Beta
Amazon.com 1.2
Disney 1.3
Exxon Mobil Corp. 0.9
General Electric 1.1
Intel 1.15
Microsoft 0.95
Nike, Inc 0.85
PepsiCo. Inc 0.75
Xerox 1.4
Yahoo. Inc 1.4
O beta de uma carteira pode ser facilmente estimado usando os betas dos activos que a
compõem. Seja Wi, a parcela do valor total da carteira representado pelo activo i e seja bi o beta
do activo i; o beta da carteira (bc) seria:
n
bc = ∑ ( Wi*bi )
i=1
Exemplo: O Sr. Vicente é um investidor individual e quer avaliar o risco de duas pequenas
carteiras, com as proporções e os respectivos betas.
Carteira X Carteira Y
Activo
Proporção Beta Proporção Beta
1 0.10 1.65 0.10 0.80
2 0.30 1.00 0.10 1.00
3 0.20 1.30 0.20 0.65
4 0.20 1.10 0.10 0.75
5 0.20 1.25 0.50 1.05
Total 1.00 1.00
Beta da carteira 1.20 0.91
O beta da carteira X é de 1.2 e o da carteira Y é 0,91. Os cálculos do Sr. Vicente revelam que os
retornos da carteira X são mais sensíveis a variações do retorno do mercado e, portanto, mais
1
Fonte: Adaptado de Value Line Investment Survey (Nova York: Value Line Publishing, 20 de Julho de 2007),
citado por Gitman (2010, pp.224)
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arriscados do que os da carteira Y. Ele agora precisa de decidir com qual carteira se sentirá à
vontade para acrescentar a seus investimentos existentes (se é que quererá acrescentar alguma
delas).
A equação
Usando o coeficiente beta para medir o risco não diversificável, o modelo CAPM é dado pela
seguinte equação: ri=Rf + (rm-Rf) *bi
Onde:
ri –Retorno exigido doa activo i
Rf – Taxa de retorno livre de risco
bi – coeficiente beta ou índice de risco não diversificável do activo i
Rm – retorno do mercado; retorno sobre a carteira de mercado de activos
A SML é na verdade uma recta que reflecte o retorno exigido no mercado para cada nível de
risco não diversificável (beta), portanto, a SML mostra o comportamento dos investidores
mediante a combinação risco-taxa de retorno, dai que também se chama curva ou função dos
dilemas risco-retorno; A medida que o risco aumenta são exigidos maiores retornos sobre os
investimentos.
De acordo com Weston e Brigham (2000, p.181), a SML também é designada linha de mercado
de títulos (LMT), é a linha que demonstra a relação entre o risco, conforme medido por beta, e a
taxa de retorno requerida para os títulos individuais. A linha de mercado de títulos é determinada
pela seguinte equação: SML=ri=Rf+(rm-Rf)*bi
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