A – RADIAÇÃO ELETROMAGNÉTICA
7.1. INTRODUÇÃO
1
tem contribuído de forma expressiva para a descoberta de intrigantes características da realidade,
alargando, ao mesmo tempo, nossos horizontes de investigação.
Em 1905 Einstein, fez uso da hipótese de Planck no artigo sobre efeito fotoelétrico que lhe
deu o Prêmio Nobel de Física em 1921:
“O efeito fotoelétrico é obtido quando uma luz de frequência suficientemente alta atinge uma amostra
metálica, arrancando elétrons superficiais, fazendo com que o metal adquira carga total positiva.”
Posteriormente, em 1913, Niels Bohr, usou a teoria quântica para desenvolver um modelo
matemático do átomo de hidrogênio. Portanto, a teoria quântica é uma teoria geral que se aplica a
todas as interações da matéria com a energia.
refletidas em grandes ângulos fez Rutherford concluir que a carga positiva e a maior parte da massa
de um átomo ficam concentradas em um volume muito pequeno que ele chamou de núcleo (Figura 1).
1
Para melhor compreender esse experimento de Rutherford assista ao vídeo no Youtube
https://www.youtube.com/watch?v=AHXD9pgmkPQ&list=TLPQMTIwNDIwMjG6vIkuozVodw&index=2
2
Figura 1: Modelo Planetário do Átomo.
Fonte: http://www.comciencia.br/reportagens/fisica/fisica07.htm
Segundo esse modelo o elétron orbitaria o núcleo de forma semelhante a um planeta em torno
do sol. Porém, como a força principal de atração do núcleo é elétrica, ela é muito mais forte que a
gravitacional. O átomo seria constituído de um núcleo central positivo circundado por elétrons, tantos
quantos necessários para neutralizar sua carga. Os elétrons girariam com velocidade suficiente para
que a força centrífuga compensasse a atração eletrostática exercida pelo núcleo de cargas positivas.
Esse modelo era inconsistente porque, segundo a teoria de Maxwell, qualquer alteração de velocidade
ou direção de movimento de uma partícula eletricamente carregada é acompanhada da emissão de
energia radiante.
Verifica-se que quando cargas são aceleradas, acabam perdendo energia por emissão de
radiação eletromagnética. Como um elétron em órbita de um núcleo está sempre sob aceleração, deve
emitir energia também, diminuindo assim o raio de sua órbita. Fazendo os cálculos desta perda de
energia os cientistas verificaram que os elétrons colapsariam no núcleo em um intervalo de tempo
extremamente pequeno. Se isso acontecesse, o universo teria deixado de existir logo após sua criação.
James Clerk Maxwell (1831-1879) desenvolveu a teoria que todas as formas de radiação
são propagadas no espaço vibrando um campo elétrico e outro magnético, perpendiculares entre
si. Com as equações de Maxwell, foi demonstrado que o átomo do modelo de Rutherford duraria
-11
apenas 10 segundos. O mundo terminaria em um festival de cores com a emissão de uma série
contínua de comprimentos de onda.
Outro complicador do modelo planetário é o fenômeno que aparece quando se estuda a luz
emitida ou absorvida pelo átomo. Os estudos sugeriam que o elétron não poderia estar em qualquer órbita
em torno do núcleo. Em 1913, Bohr resolveu o impasse. Como para cada órbita existe uma energia
associada, Bohr verificou que as energias da luz emitida nas mudanças de órbitas seriam discretas (não
contínuas). Ou seja, as energias da luz emitida seriam "quantizadas". Este modelo está inspirado na
proposta feita em 1900 por Max Planck, que sugeriu que partículas oscilando em um sistema chamado
corpo negro emitiriam quantidades discretas de energia, fato sem explicação pelas teorias clássicas.
3
Niels Henrik David Bohr (1885 - 1962) aplicou a teoria de Planck e acrescentou três
postulados ao modelo atômico de Rutherford (Figura 2).
No caso do átomo mais simples, o do hidrogênio, com apenas um elétron ligado ao núcleo, o
modelo de Bohr previa que o raio da próxima órbita após a órbita fundamental teria um raio quatro vezes
maior. A terceira órbita com raio nove vezes maior, e assim em diante. Para este átomo o elétron só pode
mudar de uma órbita para outra. Assim, se uma partícula atingisse o elétron a órbita não seria alterada, a
menos que a partícula transferisse ao elétron energia suficiente para passar à próxima órbita ou outra
órbita permitida. Se a teoria clássica fosse válida, qualquer órbita seria permitida.
Uma das vantagens do modelo atômico de Bohr foi a possibilidade de explicar porque somente
certas frequências de luz eram irradiadas por átomos e, em alguns casos, predizer estes valores. A
emissão de luz, ou espectro do átomo, era obtida com uma descarga elétrica através da amostra gasosa
investigada. O gás excitado emitia radiação sob a forma de luz visível, ultravioleta e infravermelha.
4
Bohr usou seu modelo teórico para calcular o comprimento de onda de várias linhas no espectro
de hidrogênio, encontrado excelentes resultados em acordo com os resultados práticos. Sua teoria
atômica para o hidrogênio foi altamente satisfatória. Essa teoria auxiliou outros cientistas a predizerem
os níveis de energia permitida de todos os átomos. Entretanto, a extensão das idéias de Bohr, para
átomos com dois ou mais elétrons ficou apenas em conformidade qualitativa com as experiências.
Existe um problema fundamental com o modelo de Bohr. A idéia de um elétron movendo ao redor do
núcleo em uma órbita a uma distância fixa do núcleo tem sido abandonada.
5
pode dizer como ele permanece ali. Em vez disso, a mecânica quântica trabalha apenas com a
probabilidade de encontrar uma partícula dentro de uma dada região do espaço.
Em 1926, Erwin Rudolf Josef Alexander Schrödinger (1887 - 1961) demonstrou que a
expressão de De Broglie podia ser generalizada para abranger partículas ligadas, tais como os
elétrons nos átomos. Uma vez que a equação de Schrödinger tem sido solucionada permitindo a
criação de um modelo completo para o átomo, isso tornou possível determinar a probabilidade de
encontrar uma partícula em uma dada região do espaço. Diferente do modelo de Bohr, a equação
de Schrödinger pode ser aplicada para outros átomos e moléculas além do hidrogênio. A partir das
equações de Schrödinger não é possível determinar a trajetória do elétron em torno do núcleo, mas,
a uma dada energia do sistema, obtém-se a região mais provável de encontrá-lo.
Em 1927, Werner Karl Heisenberg (1901-1976) assumindo que os elétrons tinham
propriedades de onda, concluiu ser impossível fixar ao mesmo tempo a sua posição e a sua energia.
Baseado nessa idéia chamada de Princípio da Incerteza, os resultados foram interpretados como: se
escolhermos conhecer com pouca incerteza a energia de um elétron em um átomo, então, temos que
aceitar a correspondente grande incerteza sobre a sua posição no espaço em relação ao núcleo do
átomo. A contribuição da estatística pode ser melhor compreendida no conceito formulado para orbital
como sendo: a região do espaço, mais provável, onde pode ser encontrado o elétron (Figura 4).
A mecânica clássica dispunha das leis formuladas por Charles Augustin de Coulumb, em que
a atração eletrostática variava em função do valor das cargas e do quadrado das distâncias, com elas
era possível explicar as ligações iônicas. A introdução dos conceitos de orbitais e emparelhamento
de elétrons pela mecânica quântica, possibilitou a explicação das ligações covalentes.
6
Podemos definir orbitais como sendo uma região do átomo descrita por uma função de
onda, ou seja, expressões matemáticas, “obtidas a partir da resolução da equação de Schrödinger”,
que “descrevem o estado de energia de um ou mais elétrons no espaço, bem como a possibilidade
de encontra-los” (https://maestrovirtuale.com/orbitais-atomicos-em-que-consistem-e-tipos/)
Uma vez que muitos átomos apresentavam massas maiores do que poderia explicar um modelo
contendo apenas elétrons e prótons, deveria existir um terceiro tipo de partícula sem carga, e com
massa aproximadamente igual à do próton. Em 1932, James Chadwick (1891 – 1974), anunciou a
descoberta do nêutron, partícula eletricamente neutra. O modelo próton-elétron cedeu lugar ao modelo
próton-nêutron-elétron que é usado até hoje. Neste modelo o átomo é considerado como possuindo
certo número de prótons, igual ao número atômico (Z), elétrons suficientes para neutralizar sua carga,
e tantos nêutrons (A-Z) quantos necessários para completar o número de massa (A).
E = h
7
4
Como a energia de ligação do elétron no átomo de hidrogênio é da ordem de 10 eV, ao
4
bombardearmos esse elétron com radiação eletromagnética de energia da ordem de 10 eV para
medir sua posição, estaríamos perturbando completamente sua velocidade. Uma vez que, quanto
maior a precisão com que se quer determinar a posição do elétron, menor deve ser o comprimento
de onda da radiação eletromagnética a ser empregada e maior a sua energia, pode-se concluir que
será maior a perturbação na velocidade do elétron. Portanto, maior será a incerteza na velocidade
medida para esse elétron. Temos assim um exemplo particular de aplicação do princípio de
incerteza de Heisenberg.
Frequência (): é o número de oscilações do campo eletromagnético que ocorrem por segundo. A
-1
unidade comum de frequência é o segundo recíproco (s ) ou herstz (Hz), corresponde a ciclos por
segundo.
-1
Número de onda ( ): é o recíproco do comprimento de onda em centímetros (cm ). É muito usado
na espectrometria na região do infravermelho, sendo uma unidade útil por ser diretamente
proporcional à frequência e consequentemente à energia de radiação.
Comprimento de onda (): é a distância linear entre dois pontos equivalentes em ondas sucessivas
(Figura 4)
Figura 4: Demonstração gráfica de uma onda com
a medida de seu comprimento de onda dado por
seus máximos ou mínimos sucessivos.
Fonte:
https://m.mundoeducacao.uol.com.br/upload/cont
eudo/images/crista-e-vale-de-uma-onda.jpg
8
No vácuo, a velocidade da radiação (c) independe de “”, apresentando seu valor máximo
8
(c = 2,99792 x 10 ). No ar essa velocidade difere muito pouco (aproximadamente 0,03% menor).
Portanto, tanto no ar como vácuo pode-se considerar o mesmo valor. Entretanto, a propagação da
radiação é diminuída pela interação entre o campo eletromagnético da radiação e os elétrons
ligados à matéria, em alguns meios contendo matéria. Assim sendo, quando um feixe de onda
eletromagnético passa do vácuo para outro meio, como a frequência de radiação é invariante e
fixada pela fonte, o comprimento de onda deve decrescer.
9
Figura 5: Espectro eletromagnético com alguns equipamentos utilizados no cotidiano e suas
respectivas frequências.
Fonte: https://static.mundoeducacao.uol.com.br/mundoeducacao/2020/05/espectro-eletromagnetico.jpg
Até o final do século XIX tudo o que era partícula tinha o seu movimento descrito pela
mecânica newtoniana enquanto que a radiação eletromagnética era descrita pelas equações de
Maxwell do eletromagnetismo.
A radiação eletromagnética (RE) é uma forma de energia que é transmitida com uma
10
velocidade de propagação de 3x10 cm/s, podendo ser detectada como luz, ou com mais
dificuldade, como raios X, ultravioleta e micro-ondas.
No primeiro quarto do século XX um determinado conjunto de experiências apresentou
resultados conflitantes com essa distinção entre os comportamentos de onda e de partícula, o que
culminou no estabelecimento da radiação eletromagnética sendo constituída de campos
eletromagnéticos oscilantes, propagando-se no vácuo na forma de “pulsos” de energia
denominados “quanta” ou “fótons”. Assim sendo, a RE apresenta as seguintes características:
10
Visualize uma onda, material ou não, incidindo sobre um anteparo opaco possuindo duas
fendas (Figura 6). Cada uma das fendas atua como uma fonte de um novo movimento ondulatório.
Este movimento apresenta uma característica fundamental que é o fenômeno de interferência. Tal
fenômeno reflete o fato das oscilações provenientes de cada uma das fendas poderem ser somadas
ou subtraídas uma da outra. Utilizando-se um segundo anteparo, distante do primeiro, para detectar
a intensidade da onda que passa pelo anteparo com fendas, observa-se como resultado uma figura
que alterna máximos e mínimos da intensidade da onda, chamada figura de interferência.
. A B
Figura 6: Figura de interferência. A: arranjo experimental; B: visão frontal do segundo anteparo.
Fonte: http://www.comciencia.br/reportagens/fisica/fisica02.htm
Ao repetir esta mesma experiência com apenas uma partícula, ocorre algo estranho. Ela
passa pelo primeiro anteparo e atinge o segundo em apenas um ponto, mesmo o primeiro anteparo
apresentando dois orifícios. Repetindo esta experiência um número enorme de vezes, o resultado
é que em cada experimento o ponto de detecção no segundo anteparo é diferente. Entretanto,
sobrepondo todos os resultados obtidos no segundo anteparo de cada experiência obtêm-se,
novamente, a mesma figura de interferência da Figura 8.
Portanto, mesmo falando de apenas uma partícula, somos obrigados a associá-la a uma
onda para que possamos dar conta da característica ondulatória presente nos exemplos
apresentados. Devemos ainda, relacionar esta onda à probabilidade de se encontrar a partícula em
um determinado ponto do espaço para podermos entender os resultados de uma única experiência
de apenas uma partícula, obtendo-se assim o princípio da dualidade onda-partícula.
Quando tentamos determinar por qual fenda a partícula passou procede-se fechando uma
das fendas para ter certeza que ela passou pela outra fenda. Novamente a figura de interferência é
destruída dando lugar a apenas uma concentração bem localizada de partículas. Portanto, ao
montarmos um experimento que evidencia o caráter corpuscular da matéria, destruímos
completamente o seu caráter ondulatório, ou seja, o oposto ao caso com as duas fendas abertas.
Este é o Princípio da Complementaridade.
A aplicação desta teoria a problemas nas escalas atômicas e subatômicas apresenta
resultados como a quantização da energia. O mais interessante é que a mecânica quântica descreve,
com sucesso, o comportamento da matéria desde altíssimas energias (física das partículas
elementares) até a escala de energia das reações químicas ou, ainda de sistemas biológicos. O
12
comportamento termodinâmico dos corpos macroscópicos, em determinadas condições, requer
também o uso da mecânica quântica.
Por que não observamos estes fenômenos no nosso cotidiano, ou seja, com objetos
macroscópicos? Há duas razões para isso. A primeira é que a constante de Planck é extremamente
pequena comparada com as grandezas macroscópicas que têm a sua mesma dimensão. Baseado neste
fato pode-se inferir que os efeitos devidos ao seu valor não nulo, ficarão cada vez mais
imperceptíveis à medida que aumentamos o tamanho dos sistemas. Em segundo lugar, há o chamado
efeito de descoerência. Este efeito só recentemente começou a ser estudado e trata do fato de não
podermos separar um corpo macroscópico do meio onde ele se encontra. Assim, o meio terá uma
influência decisiva na dinâmica do sistema fazendo com que as condições necessárias para a
manutenção dos efeitos quânticos desapareçam em uma escala de tempo extremamente curta.
Entretanto, as novas tecnologias de manipulação dos sistemas físicos nas escalas micro ou
até mesmo nanoscópicas nos permitem fabricar dispositivos que apresentam efeitos quânticos
envolvendo, coletivamente, um enorme número de partículas. Nestes sistemas a descoerência,
apesar de ainda existir, tem a sua influência um pouco reduzida, o que permite observar os efeitos
quânticos durante algum tempo.
Portanto, tudo indica que a mecânica quântica seja a teoria correta para descrever os fenômenos
físicos em qualquer escala de energia. O universo macroscópico só seria um caso particular para o
qual, até o presente momento, só conseguimos entender de forma racional, sua descrição por meio da
mecânica newtoniana. Esta pode ser obtida como um caso particular da mecânica quântica, mas a
recíproca não é verdadeira. Entretanto, recentemente cientista estão conseguindo provar que o elo que
faltava para a descrição do mundo macroscópico por meio da física quântica é a Consciência. A física
quântica tem demonstrado que a Consciência cria nossa realidade. Por isso, a nossa intenção naquilo
que queremos determinar no experimento leva a obtermos determinados resultados.
No entanto, a verdadeira estrutura atômica é complexa demais para se ter uma imagem
aproximada dela. A energia desses fótons de radiação varia com a frequência da radiação segundo
a equação abaixo:
c
E h E h
Onde: E = energia, em Joule; h = constante de Plank (6,626 x 10 J.s); = frequência da radiação
-34
- Transição rotacional: causada por radiação de baixa energia, aumenta a energia rotacional das
moléculas.
OBS:
15
Tabela 2: Cores da radiação do visível
Comprimento de onda – λ (nm) Cor Cor complementar
(Radiação de absorção) (Radiação transmitida)
400 – 465 Violeta Verde – amarelada
465 – 482 Azul Amarelo
482 – 487 Azul – esverdeado Alaranjado
487 – 493 Turquesa Vermelho – alaranjado
493 – 498 Verde – azulado Vermelho
498 – 530 Verde Vermelho – púrpuro
530 – 559 Verde – amarelado Púrpura – avermelhada
559 – 571 Amarelo – esverdeado Púrpura
571 – 576 Amarelo – esverdeado Violeta
576 – 580 Amarelo Azul
580 – 587 Laranja – amarelado Azul
587 – 597 Alaranjado Azul – esverdeado
597 – 617 Laranja – avermelhado Turquesa
617 – 780 Vermelho Turquesa
Fonte: Ewing (1972)
OBS:
1) Uma solução colorida apresenta máxima absorção para sua cor complementar.
2) Nas análises colorimétricas a radiação que incide sobre a solução sempre corresponde à cor
complementar da solução. Exemplo: Solução de KMnO4 (violácea) a radiação incidente
deve ser amarelo-esverdeado.
Um Um Um Um Um
Angstron Nanômetro Micrometro Centímetro Metro
Angstron (A) 1 10 10.000 100.000.000 10.000.000.000
Nanômetro (nm) 10-1 1 1.000 10.000.000 1.000.000.000
-4 -3
Micrometro (μm) 10 10 1 10.000 1.000.000
-8 -7 -4
Centímetro (cm) 10 10 10 1 100
-10 -9 -6 -2
Metro (m) 10 10 10 10 1
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7.4. Propriedades da Radiação Eletromagnética
a) Difração da Radiação
A radiação eletromagnética apresenta difração que é um processo no qual um feixe paralelo
de radiação é deformado ao passar por uma barreira de borda definida ou através de uma abertura
estreita, sendo uma propriedade da onda, tanto eletromagnética quanto acústica. Portanto a
difração é uma consequência de interferência (Figura 12).
Figura 12: Feixe paralelo de radiação deformado ao passar por uma abertura estreita.
Fonte: TORRES (2005)
b) Transmissão da Radiação
A velocidade com a qual a radiação se propaga através de uma substância transparente é
menor que a sua velocidade no vácuo e depende do tipo e da concentração de átomos, íons ou
moléculas do meio. Assim sendo, a radiação interage de alguma maneira com a matéria, porém
não é observada nenhuma mudança na frequência e, portanto, a interação não envolve uma
transferência permanente de energia. Essa interação pode ser atribuída à polarização periódica das
espécies atômicas e moleculares que constituem o meio, significando uma deformação temporária
das nuvens eletrônicas associadas aos átomos ou às moléculas, que é provocada pelo campo
eletromagnético oscilante da radiação. Por não haver absorção de energia, a absorção da energia é
retida apenas momentaneamente pela espécie e reemitida sem alteração quando a substância
retorna ao estado original. Apesar de não haver modificação na frequência da radiação emitida,
sua propagação é diminuída pelo tempo requerido para que a retenção e a reemissão ocorra.
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c) Refração da Radiação
A refração é uma mudança abrupta na direção, ou “refração” do feixe como consequência da
diferença de velocidade da radiação, quando a radiação passa em ângulo através da interface entre
dois meios transparentes que têm densidades diferentes (Figura 12 A e B). Quando o feixe de
radiação passa de um meio menos denso para um mais denso o desvio ocorre em direção à normal,
ou seja, o ângulo do feixe diminui em relação à normal, em função de sua densidade ser menor.
A B
d) Reflexão da Radiação
A reflexão pode ser de dois tipos: regular e difusa. Na reflexão regular a luz incidente em
uma superfície “S” volta ao mesmo meio, regularmente. Ocorre quando S é uma superfície
metálica bem polida (espelhos). Já na reflexão difusa a luz incidente em S volta ao mesmo meio,
irregularmente. Ocorre quando S é uma superfície rugosa.
Quando um feixe de radiação atravessa uma interface em que os ambientes apresentam densidade
diferente sempre ocorre reflexão do meio menos denso para um mais denso, nesse caso chamamos de
espalhamento. Assim sendo, quanto maior a diferença dos índices de refração maior será a fração do feixe
de radiação que será refletida (Figura 12 A e B). A reflexão regular e difusa é um tipo de espalhamento.
Outros tipos de espalhamento possíveis.
Espalhamento Rayleigh (em homenagem a Lord Rayleigh)
É o espalhamento ocasionado por moléculas ou agregados de moléculas com dimensões menores
que o comprimento de onda da radiação. Um exemplo desse tipo de espalhamento é a cor azul do céu,
causada pelo maior espalhamento dos menores comprimentos de onda do espectro do visível.
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Espalhamento por moléculas grandes
É o espalhamento ocasionado por partículas de dimensão de coloides, sendo
suficientemente intenso para ser visto a olho nu (efeito Tyndall).
Espalhamento Raman
É o espalhamento que sofre variações quantizadas de frequência, resultantes de transições
entre níveis vibracionais que ocorrem nas moléculas devido ao processo de polarização.
e) Polarização da Radiação
Diz-se que uma onda eletromagnética é polarizada quando ela caminha ao longo de um
plano com uma dada direção. Portanto, a luz proveniente de uma lâmpada incandescente, por
exemplo, é não polarizada já que consiste de um grande número de ondas, cada uma vibrando
segundo uma direção aleatória.
A polarização da radiação só pode ser explicada considerando-se a radiação eletromagnética
como sendo uma onda transversal. Caso a radiação eletromagnética fosse constituída por partículas,
sempre existiria uma imagem da fonte após a segunda reflexão, ou seja, sempre existiriam partículas
percorrendo a trajetória completa. O fenômeno de polarização de uma onda eletromagnética
confirma não apenas o seu caráter de onda, mas, ainda, o seu caráter de onda transversal.
a) Efeito Fotoelétrico
A radiação eletromagnética é uma forma de energia que libera elétrons de uma superfície
metálica e fornece a esses elétrons energia cinética suficiente para que eles sejam transportados para
o eletrodo. A quantidade de fotoelétrons transportada é proporcional à intensidade de feixe incidente.
Ao contrário da polarização, as características do efeito fotoelétrico não podem ser
explicadas considerando-se a radiação eletromagnética como sendo uma onda. As características
do efeito fotoelétrico só podem ser explicadas considerando-se a radiação eletromagnética como
um conjunto de partículas (chamadas fótons).
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chamados estados eletrônicos. Já as moléculas, além dos estados eletrônicos, apresentam estados
vibracionais quantizados associados à energia das vibrações interatômicas e estados rotacionais,
ocasionados pela rotação das moléculas ao redor de seus centros de gravidade.
c) Emissão de Radiação
A produção da radiação eletromagnética ocorre quando átomos, íons ou moléculas
excitados liberam seu excesso de energia na forma de fótons. A excitação dessas partículas pode
ocorrer de várias formas: bombardeamento de elétrons ou outra partícula elementar; exposição a
uma corrente elétrica, centelha ou calor de uma chama; irradiação com um feixe de radiação
fluorescente. Essas radiações formam espectros que podem se apresentar na forma de linhas,
bandas ou espectros contínuos.
Espectros de Linha
Os espectros de linhas ocorrem, geralmente, na região do visível e ultravioleta quando as
espécies irradiantes são partículas atômicas individuais, que se apresentam bem separadas em fases
gasosas (Figura 13). Essas partículas individuais comportam-se independentes uma das outras,
-4 -5
sendo seus espectros formados por uma série de linhas com largura de 10 Å (10 nm).
Espectros de Bandas
Os espectros de bandas são emitidos, geralmente, por radicais gasosos ou pequenas
moléculas, sendo provenientes dos numerosos níveis vibracionais quantizados (Figura 14).
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Figura 14: Espectros de absorção do NAD+ e do NADH.
Fonte: https://www.ufrgs.br/vitaminas-b/img/espectro%20de%20absor%C3%A7%C3%A3o%20b3.jpg
Espectros contínuos
Os espectros contínuos são produzidos quando sólidos são aquecidos até a incandescência,
por inumeráveis oscilações de átomos e moléculas no estado sólido, excitados por energia térmica
(Figura 15). Essa radiação térmica é chamada de radiação de corpo negro, sendo característica da
temperatura da superfície emissora e não do material que o compõe.
d) Absorção da Radiação
A absorção da radiação eletromagnética ocorre quando esta atravessa uma camada de um
líquido, sólido ou gás e algumas frequências ou ondas são seletivamente removidas por absorção,
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sendo transferida para átomos, íons ou moléculas do material atravessado, que passam para um
maior estado de energia.
Absorção Atômica
Partículas monoatômicas absorvem algumas freqüências ou comprimentos de ondas bem
definidos. São espectros simples devido ao pequeno número de estados de energia para as
partículas absorvedoras.
Absorção Molecular
As moléculas poliatômicas apresentam espectros de absorção mais complexos que as
partículas monoatômicas. Isto se deve ao fato que o número de estados de energia das moléculas
é muito grande comparado com o número de estados de energia dos átomos isolados.
Absorção Induzida por um Campo Magnético
Em elétrons ou núcleos de certos elementos submetidos a um campo eletromagnético forte
podem ser observados níveis de energia quantizados adicionais como consequência das
propriedades magnéticas dessas partículas.
e) Processos de Relaxação
Esses processos permitem que átomos ou moléculas excitados voltem ao estado normal,
ocasionando que o tempo de vida desses átomos ou moléculas sejam normalmente breve.
Relaxação Não-Radiante
Este processo envolve perda de energia em uma série de pequenas etapas pela colisão com
outras moléculas, com a energia de excitação sendo convertida em energia cinética.
Relaxação Fluorescente e Fosforescente
A emissão radiante ocorre quando as espécies excitadas retornam ao estado fundamental,
com a fluorescência ocorrendo mais rapidamente que a fosforescência.
A fosforescência ocorre quando uma molécula excitada relaxa para um estado eletrônico
mestaestável (estado triplete), reemitindo-a em forma de luz visível, mesmo após a interrupção da
iluminação. As substâncias desse tipo continuam a emitir um brilho fraco por intervalos de tempo
que variam de segundos a horas. Um exemplo comum de corpo fosforescente são os interruptores
residenciais que podem ser facilmente encontrados no escuro.
A fluorescência é produzida pela emissão de radiação idêntica, em frequência, à radiação
empregada. As radiações fluorescentes emitem luz somente enquanto estão recebendo energia de
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alguma fonte externa, assim como as lâmpadas ultravioletas. Dessa forma, quando a fonte de
energia cessa, o processo de fluorescência é interrompido imediatamente.
Um bom exemplo de objetos fluorescentes são as lâmpadas brancas. Essas lâmpadas
contêm um gás ionizado em seu interior que, ao ser acelerado, produz luz ultravioleta. Na parte
interna dessas lâmpadas, há um pó que contém fósforo. Esse pó absorve a radiação ultravioleta e
reemite-a, imediatamente, na forma de todos os comprimentos de onda de luz visível, produzindo
um intenso brilho branco, que apresenta todos os comprimentos de onda da luz visível (também
chamados luz policromática).
3) Um colorímetro possui três filtros cujos comprimentos de onda são 482 a 487, 530 a 559 e
617 a 650 nm (cor complementar). Baseado na Tabela 2, qual deles se prestaria para a
determinação de uma solução alaranjada (Radiação de absorção)? Por quê?
OBS: Consulte a Tabela 2 do item 1.2.4 Características da Energia Radiante
8) Como se deve considerar a radiação eletromagnética para que se possa explicar o efeito
fotoelétrico?
10) Porque se pudéssemos fotografar um elétron em órbita num átomo de hidrogênio, para
medir sua velocidade ou posição, esse ato de medição iria interferir na partícula e
consequentemente em seu movimento?
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BIBLIOGRAFIAS CONSULTADAS
EWING, G. W. Instrumental Methods of chemical analysis. McGraw-Hill Book Co. (1972)
NASCIMENTO FILHO, V. F. Técnicas analíticas nucleares de fluorescência de raios x por
o
dispersão de energia (ed-xrf) e por reflexão total (txrf). Dept de Ciências Exatas/ESALQ. Lab.
de Instrumentação Nuclear/CENA. 1999.
QUANTUM. Radiação Eletromagnética. Boletim educativo do Núcleo de Comunucação do
Centro Tecnológico da Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, ano 1, número 1,
2001.
RUSSELL, J. B. Química Geral. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1981.
TORRES, D. M. Curso de Emissão Óptica por Plasma. 2005. 57p.
24