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RESUMO
O presente trabalho busca apresentar o modelo de controle de
constitucionalidade misto adotado no Brasil, destacando uma das formas de se
exercitar esse controle, a saber, através da Ação Direta de Constitucionalidade.
Demonstrar-se-á finalidade e procedimento da Ação Direta de
Inconstitucionalidade, quem são os legitimados processuais da referida ação, a
participação do amicus curiae, bem como, quais são os atos impugnáveis pela
Ação Direta e seus efeitos com relação a coisa julgada em sede de controle
difuso de constitucionalidade.
Introdução
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Doutorando do programa de pós graduação em direito pela FADISP. Mestre em direito pela
Faculdade Metodista de Piracica. E-mail: okanoandre@hotmail.com
O questionamento a respeito da inconstitucionalidade de
determinadas leis e atos normativos é algo rotineiro e que, a depender do
resultado do questionamento, pode acarretar um sem fim de efeitos.
Tal inconstitucionalidade por mais flagrante que possa parecer,
necessita de regular processo e ser certificada por órgãos oficiais, pacificando
assim o entendimento sobre as leis e atos normativos que são válidos e
encontram-se em vigor (TAVARES, 2017).
A constatação da inconstitucionalidade é de fundamental
importância para que se mantenha harmonia do ordenamento jurídico, bem
como, a segurança das relações jurídicas existentes.
É bem verdade que o modelo utilizado hoje, ainda que questionável,
é fruto de intensas mudanças que se verificaram ao longo do tempo. A
Constituição Imperial sequer contemplava sistema parecido com o que se
utiliza nos dias de hoje para o controle de constitucionalidade.
Diante dessa evolução do modelo em se detectar e extirpar
inconstitucionalidades de leis e atos normativos é que se faz necessário o
estudo do surgimento da Ação Direta de Inconstitucionalidade, um dos
instrumentos de controle abstrato de constitucionalidade.
Nesse mesmo sentido, Clemersom Mèrlin Clève (2008, p.143) ensina que:
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Medida Cautelar na ADIn 1.157, Rel. Min. Celso de Mello, julg. 1-12-1994: “o requisito da
pertinência temática – que se traduz na relação de congruência que necessariamente deve
existir entre os objetivos estatutários ou as finalidades institucionais da entidade autora e o
conteúdo material da norma questionada em sede de controle abstrato – foi erigido à condição
de pressuposto qualificador da própria legitimidade ativa ad causam, para efeito de instauração
do processo objetivo de fiscalização concentrada de constitucionalidade”.
prioridades. Ao se exigir a demonstração de pertinência temática em
determinados casos, Segundo Dimoulis e Lunardi, “o tribunal atribui maior
importância aos interesses concretos do legitimado do que à possível ofensa
objetiva do ordenamento jurídico” (2013, p. 253).
Percebe-se que ao se exigir a demonstração pertinência temática de
determinados legitimados o STF acaba por introduzir no processo objetivo,
regras do processo subjetivo, fato este muito criticado pela doutrina.
Ademais fica evidente a ampla margem criadora do STF, pois ao
criar “filtros processuais” acaba por limitar o alcance do controle de
constitucionalidade abstrato.
André Ramos Tavares (2017, p. 336) tratando da necessidade de se
criar um Código de Processo Constitucional informa que com a criação:
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Cf. ADI 4.163, Rel. Min. Cezar Peluzo, julgada em 29-2-2012.
tendo em vista que se trata de decisão proferida em sede de controle abstrato
de constitucionalidade.
Art. 102, § 2º da CF/88: As decisões definitivas de mérito, proferidas
pelo Supremo Tribunal Federal, nas ações diretas de
inconstitucionalidade e nas ações declaratórias de constitucionalidade
produzirão eficácia contra todos e efeito vinculante, relativamente aos
demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e
indireta, nas esferas federal, estadual e municipal. (BRASIL, 1988, sn)
Além de efeitos gerais a decisão tem efeito vinculante sobre os
órgãos do Judiciário e da Administração Pública, questão essa que foi
pacificada com a Emenda Constitucional nº4/2004.
Ainda tratando dos efeitos da decisão em sede de ação direta de
inconstitucionalidade, grande discussão gira em torno do efeito retroativo da
decisão. Entende-se que a declaração de inconstitucionalidade de determinada
lei ou ato normativo torna nula o ato impugnado.
Entretanto, tal premissa tem sido temperada pelo Supremo Tribunal
Federal em alguns momentos, em razão até do disposto no artigo 27 da Lei
9.868/99, que possibilita a modulação dos efeitos da decisão. Referida
modulação se dá mediante voto de dois terços dos membros do plenário, por
razões de segurança jurídica ou excepcional interesse social, ocasião em que o
STF poderá restringir os efeitos da inconstitucionalidade e ou decidir pela
eficácia ex nunc ou pro futuro. Conforme se extrai da Lei 9.868/99:
Considerações Finais