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Escola Superior de Jornalismo

Jornalismo

2º Ano/ Pós-Laboral

Fundamentos de Economia

Sistemas Económico

Discente
Milton Bay

Docente
Nely Boane

Maputo, 2021
Introdução

O presente trabalho surge no âmbito da Disciplina Fundamentos da Economia e visa


conhecer os tipos de Sistemas Económicos, compreender o seu funcionamento, bem
como conhecer o sistema económico vigente em Moçambique.
Sistemas Económicos

Um sistema econômico pode ser definido como sendo a forma na qual uma sociedade
está organizada em termos políticos, econômicos e sociais para desenvolver as
atividades econômicas de produção, troca e consumo de bens e serviços. Os elementos
básicos de um sistema econômico são:

• Estoques de recursos produtivos ou factores de produção: aqui estão os recursos


humanos (trabalho e capacidade empresarial), o capital, a terra, as reservas naturais e a
tecnologia.

• Complexo de unidade de produção: constituído pelas empresas.

• Conjunto de instituições políticas, jurídicas, econômicas e sociais: que são a base


da organização da sociedade.

Existem dois sistemas político-econômicos praticados no mundo, denominados


capitalismo e socialismo. Esses se diferem pelas ideias e características totalmente
distintas. Não se procura aqui definir “qual é o melhor”, mas buscar compreender
algumas características fundamentais de cada um dos sistemas. Cabe ainda frisar que o
Comunismo não se fundamenta como sistema econômico, mas sim uma ideologia
política que se baseia no sistema econômico socialista que será visto a seguir.

Sistema capitalista ou economia de mercado

É aquele regido pelas forças de mercado, predominando a livre iniciativa e a


propriedade privada dos fatores de produção. O sistema capitalista vigora desde o
século XVIII. Atualmente, há uma predominância significativa do capitalismo - esse
possui uma série de aspectos essencialmente ligados ao capital produtivo e sua
acumulação. São características clássicas do capitalismo:

 Propriedade privada: consiste no sistema produtivo vinculado à propriedade


individual;
 Lucro: é o principal objetivo capitalista, proveniente do resultado da
acumulação de capital.
 Economia de mercado: livre iniciativa da regulação do mercado, sem ou pouca
intervenção do estado. Esse processo ocorre por meio da oferta e da procura, que
regula os preços e os estoques das mercadorias. O Estado tem a responsabilidade
de intervir somente em casos delicados e também na implantação de medidas
que garantem instabilidade econômica.
 Divisão de classes: esse é um dos pontos mais polêmicos do capitalismo. De um
lado está uma minoria denominada "capitalista" ou donos dos meios de
produção e de capitais; e do outro lado a maioria chamada "proletários", pessoas
que vendem sua força de trabalho em troca de um salário que garanta saúde,
alimentação, transporte, lazer, etc. No entanto, é nesse ponto que constitui a
divisão das classes, uma vez que nem sempre o capitalista oferece uma
remuneração que seja suficiente para sanar todas as necessidades básicas da
maioria dos trabalhadores. Desse processo, o capitalista adquiriu a mais-valia,
que corresponde aos lucros oriundos do trabalho do proletário.

Sistema socialista ou economia centralizada ou ainda economia planificada

nesse sistema as questões econômicas fundamentais são resolvidas por um órgão central
de planeamento, predominando a propriedade pública dos fatores de produção,
chamados, nessas economias, de meios de produção, englobando os bens de capital,
terra, prédios, bancos, matérias-primas.

No século XIX, o capitalismo não estava agradando aos trabalhadores europeus, em


razão da condição de exploração em que viviam. Tal fato fez surgir no continente um
sentimento de mudança. A classe proletária pôde enxergar uma solução no socialismo,
que figurava como um acervo de ideias que tinha como objetivo a implantação de um
modelo de sociedade mais justa, para extinguir a sociedade de classes, na qual os
capitalistas exploram os trabalhadores.

A insatisfação e o desejo de mudanças foram reforçados com as ideias de dois grandes


pensadores alemães, Karl Marx e Friedrich Engels, que dispuseram de um conjunto de
ideias necessárias para a instauração de uma sociedade plenamente socialista. Tais
ideias surgiram após um rigoroso estudo sobre o capitalismo. A implantação do
socialismo ocorreu somente no século XX, mais precisamente em 1917, quando o
governo monarquista foi derrubado pela revolução russa, dando origem à União das
Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).

Na segunda metade do século XX o socialismo ganhou outros adeptos, como os países


do Leste Europeu, além da China, Cuba e algumas nações africanas e asiáticas. No
entanto, com configurações socialistas distintas. As características do socialismo são
completamente diferentes em relação ao capitalismo, a seguir veja os principais
aspectos socialistas:

 Meios de produção socializados: no socialismo toda estrutura produtiva, como


empresas comerciais, indústrias, terras agrícolas, dentre outras, são de
propriedade da sociedade e gerenciados pelo Estado. Toda riqueza gerada pelos
processos produtivos é igualmente dividida entre todos;

 Inexistência de sociedade dividida em classes: como os meios de produção


pertencem à sociedade, existe somente uma classe; a dos proletários. Todos
trabalham em conjunto e com o mesmo propósito: melhorar a sociedade. Por
isso não existem empregados nem patrões;
 Economia planificada e controlada pelo Estado: o Estado realiza o controle
de todos os segmentos da economia e é responsável por regular a produção e o
estoque, o valor do salário, controle dos preços e etc. Configuração
completamente diferente do sistema liberal que vigora no capitalismo, no qual o
próprio mercado controla a economia. Dessa forma, não há concorrência e
variação dos preços.

Funcionamento de uma Economia de Mercado

A economia de mercado é o sistema econômico fundamentado na propriedade privada,


ou seja, com a menor participação possível das entidades governamentais. Em outras
palavras, é o padrão no qual as trocas, negócios e comércios são realizados com a
mínima interferência do Estado. Ideais que partem do liberalismo.
Ao avaliar o funcionamento da economia de mercado de forma simples, é possível
afirmar que o investidor define o preço dos produtos e organiza o mecanismo regulador,
guiado pelo princípio da livre concorrência.
Na economia de mercado, a produção econômica significativa é fruto das vendas
efetuadas por empresas privadas. São fábricas, comércios, entidades que atuam na
prestação de serviços. Ou seja, o sistema tem variáveis controladas pelos cidadãos.
 
Nesse cenário, o Estado chega a intervir na economia, mas com atuação focada na
regulamentação e apoio para determinados setores, a exemplo da energia, segurança,
educação, saúde.
Ao olhar para a estrutura da economia de mercado, fica observável que as empresas
privadas detêm a maior quantidade do dinheiro dos meios de produção.

E como fica configurada a economia estatal planificada? Esse padrão é caracterizado


pelo Estado como agente de administração da produção econômica. Em outros termos,
as empresas do Estado controlam as fábricas, os serviços e o comércio.

Como consequência, os trabalhadores são funcionários do governo e a propriedade dos


meios de produção é do Estado. Ou seja, na comparação com a economia de mercado,
ao invés do mercado controlar o sistema, o Estado toma essa responsabilidade.

Logo, a economia de mercado pode ser conhecida também como economia de


mercado livre, regidos pela lei da oferta e da procura.

Pela lei da oferta e da procura, um produto em elevada quantidade no mercado e pouca


procura fica com o preço baixo. No entanto, é preciso ficar atento para o risco de
acontecer um resultado contrário, grande procura e baixa disponibilidade, fazendo os
preços de mercado de um determinado produto subir.

Mesmo considerando os desafios da economia de mercado, é fato que o sistema é


personagem principal da narrativa econômica na globalização.

Livre concorrência
 
Na situação em que os agentes econômicos estão livres para agir sem a interferência do
Estado, existe a chamada livre concorrência. Nesse ambiente, os preços são regulados
pela disputa das empresas pelo mercado consumidor.
Quando diversas empresas atuam no mesmo setor, produzindo ou vendendo o mesmo
produto, os preços têm a tendência de queda. O fato tem como fundamento a questão da
concorrência, pois ela impede que cada mercador fixe um valor de mercadoria que os
clientes não possam comprar.

Na prática, cabe pontuar que nem sempre a queda de preço ocorre, pois existe a
possibilidade de união de empresas para evitar a livre concorrência e estabelecer preços
que elevem os seus lucros.

Economias conectadas com o mercado

Na análise do contexto mundial, a economia de mercado vive em interação com


diversos tipos de economia, afetando de forma direta o funcionamento e nível de
presença desse sistema nos países. Entre as economias que mais se conectam com o
mercado, vale destacar:

• Economia centralizada: tipo de economia global em que todos os sistemas


econômicos são fiscalizados por um país ou bloco econômico. Como o próprio nome
sugere, trata-se do conjunto de economias e movimentações econômicas realizadas no
mundo, ou seja, é a maneira como o dinheiro é aplicado ou gasto em todos os países, de
forma individual.

É a economia de todos os países em conjunto, que se dividem entre blocos de países


com economia mais desenvolvida, como a União Europeia, e blocos regionais, como os
Tigres Asiáticos, que estabelecem relações comerciais a fim de que um país coopere
com o desenvolvimento do outro.
Dependendo do nível de desenvolvimento de suas economias, cada país é classificado
por níveis: os que pertencem a economias desenvolvidas, os emergentes (como é o caso
do Brasil) e os subdesenvolvidos.
• Economia dirigida: modelo econômico no qual o controle e distribuição dos bens e
recursos de um país são controlados e dirigidos pelo governo;

• Economia mista: padrão de economia no qual participam tanto a esfera pública


quanto a privada, ou seja, empresas que são e que não são controlados pelo Estado. Esse
sistema mescla características da economia de mercado com aspectos da economia
planificada, sendo também conhecido como Estado de Bem-Estar Social. O lucro
continua sendo um objetivo econômico nessas sociedades, mas benefícios à população
também devem ser garantidos pelo Estado.

• Economia industrial: ramo da economia ligada ao desempenho e procedimento


estratégico das organizações industriais, considerando as suas relações e influências no
mercado.

Diante da diversidade de ações econômicas no mundo, os estudos do comportamento da


economia na interação com o mercado estão divididos no âmbito da microeconomia e
da macroeconomia.
 
A microeconomia analisa a economia em uma escala menor, a exemplo de empresas,
famílias e indivíduos. Enquanto isso, a macroeconomia fica responsável por observar a
economia no sentido mais amplo, olhando todos os fatores que afetam o sistema
nacional, regional e global.

Sistema Economico em Moçambique

Deste a independência, Moçambique conheceu três Constituições, nomeadamente a


Constituição da República Popular de Moçambique de 1975 em que a sua economia era
centralmente planificada, característico dos países Socialistas, regime adoptado logo
após a proclamação da Independência de Moçambique.

A segunda Constituição de 1990 que culminou com a introdução do multipartidarismo


em Moçambique e consequentemente a sua economia ali patente era mista.
A terceira Constituição da República de Moçambique, denominada Constituição
moderna, veio consagrar que  «A República de Moçambique é um Estado independente,
soberano, democrático e de justiça social», que tem entre outros objectivos
fundamentais a edificação de uma sociedade de justiça social e a criação do bem-estar
material, espiritual e de qualidade de vida dos cidadãos; a promoção do
desenvolvimento equilibrado, económico, social e regional do país; a defesa e a
promoção dos direitos humanos e da igualdade dos cidadãos perante a lei; vide art. 1 e
11 da CRM. Através desta Constituição é introduzida a economia de mercado.

Assim, a CRM, consagra no Título IV organização económica, social, financeira e


fiscal, patente no artigo 96, que a política económica do Estado é dirigida à construção
das bases fundamentais do desenvolvimento, à melhoria das condições de vida do povo,
ao reforço da soberania do Estado e à consolidação da unidade nacional, através da
participação dos cidadãos, bem como da utilização eficiente dos recursos humanos e
materiais, (vide nr 1 do art. 96 CRM). E sem prejuízo do desenvolvimento equilibrado,
o Estado garante a distribuição da riqueza nacional, reconhecendo e valorizando o papel
das zonas produtoras.

O artigo 97 da CRM de 2004, estabelece os Princípios fundamentais da organização


económica e social da República de Moçambique que visam a satisfação das
necessidades essenciais da população e a promoção do bem-estar social e assenta nos
seguintes princípios fundamentais:

a) Na valorização do trabalho;

b) Nas forças do mercado;

c) Na iniciativa dos agentes económicos;

d) Na coexistência do sector público, do sector privado e do sector cooperativo e social;

e) Na propriedade pública dos recursos naturais e de meios de produção, de acordo com


o interesse colectivo;

f) Na proteção do sector cooperativo e social;


g) Na acção do Estado como regulador e promotor do crescimento e desenvolvimento
económico e social.

E ainda o artigo 99 CRM, vem consagrar os “Sectores de propriedade dos meios de


produção” em que a economia nacional garante a coexistência de três sectores de
propriedade dos meios de produção:

 O sector público é constituído pelos meios de produção cuja propriedade e


gestão pertence ao Estado ou a outras entidades públicas.

 O sector privado é constituído pelos meios de produção cuja propriedade ou


gestão pertence a pessoas singulares ou colectivas privadas, sem prejuízo do disposto no
número seguinte.

 O sector cooperativo e social compreende especificamente:

1. Os meios de produção comunitários, possuídos e geridos por comunidades


locais;

2. Os meios de produção destinados à exploração colectiva por trabalhadores;

3. Os meios de produção possuídos e geridos por pessoas colectivas, sem carácter


lucrativo, que tenham como principal objectivo a solidariedade social, designadamente
entidades de natureza mutualista.

No capítulo II da Constituição da República, vem consagrar a Organização


económica de Moçambique, em que, estabelece o seguinte:

Artigo 10: Coordenação da actividade económica

O Estado promove, coordena e fiscaliza a actividade económica agindo directa ou


indirectamente para a solução dos problemas fundamentais do povo e para a redução
das desigualdades sociais e regionais.

O investimento do Estado deve desempenhar um papel impulsionador na promoção do


desenvolvimento equilibrado.
Artigo 105 (Sector familiar)
1. Na satisfação das necessidades essenciais da população, ao sector familiar cabe
um papel fundamental.

2. O Estado incentiva e apoia a produção do sector familiar e encoraja os


camponeses, bem como os trabalhadores individuais, a organizarem-se em formas mais
avançadas de produção.

Artigo 106 (Produção de pequena escala)


O Estado reconhece a contribuição da produção de pequena escala para a economia
nacional e apoia o seu desenvolvimento como forma de valorizar as capacidades e a
criatividade do povo.

Artigo 107 (Empresariado nacional)


1. O Estado promove e apoia a participação activa do empresariado nacional no
quadro do desenvolvimento e da consolidação da economia do país.

2. O Estado cria os incentivos destinados a proporcionar o crescimento do


empresariado nacional em todo o país, em especial nas zonas rurais.

Artigo 108 (Investimento estrangeiro)


O Estado garante o investimento estrangeiro, o qual opera no quadro da sua política
económica.

Os empreendimentos estrangeiros são autorizados em todo o território nacional e em


todos os sectores económicos, excepto naqueles que estejam reservados à propriedade
ou exploração exclusiva do Estado.

Nestes termos podemos dizer que Moçambique adoptou a economia de mercado, na


medida em que o estado promove, coordena e fiscaliza a actividade económica agindo
directa ou indirectamente para a solução dos problemas fundamentais do povo e para a
redução das desigualdades sociais e regionais.
Conclusão
Neste presente trabalho abardamos sobre Sistemas Económicos, que são a forma na qual
uma sociedade está organizada em termos políticos, econômicos e sociais para
desenvolver as atividades econômicas de produção, troca e consumo de bens e serviços,
e concluímos que uns sistemas económicos, independentemente do tipo, visam o
Crescimento econômico, aumentando a produção a taxas superiores da população.
Referências bibliografia

PEREIRA. Luís Carlos Bresser. Conceito histórico do desenvolvimento económico.


2008
CASTELAR, Armando. Sociedade e Economia: estratégias de crescimento e
desenvolvimento. Instituto de Pesquisa Económica Aplicada-ipea, 2009

Organização Económica do Estado Moçambicano. 28 de Março de 2021. Acessado em:


https://sopra-educacao.com/2021/03/28/organizacao-economica-do-estado-
mocambicano/ Acesso em: 29 de Novembro de 2021.

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