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Uma das contribuições mais importantes dessa visão locacionista para o estudo da
como resultado de lesões na zona anterior do hemisfério esquerdo ficando, por isso, essa
zona do cérebro conhecida como “área de Broca”. Coube a Wernicke, em 1875, demonstrar
que uma lesão na parte temporal-parietal do córtex cerebral produzia uma forma de
distúrbio na linguagem que diferia daquela descrita por Broca. Essa zona passou a ser
As desordens de linguagem que ocorrem após lesões cerebrais são conhecidas como
casos, esses distúrbios são o principal sintoma da afasia e, em outros, eles são apenas parte
afásicos são conhecidas como dislexia adquirida. Da mesma forma que as pesquisas
PINHEIRO, A. M. V.. A Leitura e Escrita: uma abordagem cognitiva. 2a.. ed. São Paulo: Editora Livro Pleno,
Ltda, 2008. v. 1000. pp. 34 e 63-70.
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mostram existirem vários tipos diferentes de afasia, muitos tipos de dislexia têm também
sido descobertos e, o modelo de duplo-processo de leitura tem sido usado como um meio de
Nas dislexias centrais, o dano pode ser localizado em partes da rota fonológica ou na rota
principal parece causado pelo rompimento parcial ou total da rota lexical, o que dificulta o
pacientes pareçam ler pela via fonológica, há indícios de que o processo fonológico
Entre esses tipos de dislexia, as mais estudadas são as seguintes: leitura letra a letra,
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1.2.3.1. Leitura letra a letra
Os leitores letra a letra, como o próprio nome sugere, têm dificuldade em perceber a
pseudopalavras longas) são o fator que mais afeta a habilidade de leitura desses pacientes.
comprimento2 (Beauvois & Dérousné, 1979; Funnel,1983; Patterson, 1982; Shallice &
Warrington, 1980).
homônimos. No caso da dislexia superficial, uma vez que a leitura é feita basicamente pela
rota fonológica – devido à limitações no uso da rota lexical, que se encontra danificada – é
de se esperar que os pacientes nessa condição, apresentem erros nessas classes de palavras.
O efeito de comprimento refere-se à leitura mais rápida e/ou mais correta de palavras curtas em relação às
palavras mais longas. Como o processamento pela rota lexical tende a ser paralelo, a extensão das palavras
não afeta a leitura. Um forte efeito de comprimento é tomado como indício de processamento serial, que é
característico da leitura fonológica.
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Considerando a primeira classe de estímulos – palavras irregulares – o paciente,
lendo pelo menos algumas palavras pela rota fonológica, terá mais possibilidade de
construir uma pronúncia correta paqra uma palavra regular do que para uma palavra
irregular. De fato, experimentos mostram que realmente esses disléxicos leem palavras
regulares, em voz alta, com mais facilidade do que as palavras irregulares (Coltheart, 1982;
fonema a uma correspondêcia irregular, ou seja, uma tentativa de tratar o estímulo como se
ele fosse regular. Algumas vezes, esses erros, assim como os erros de outras naturezas,
geram palavras (ex., "cassa" por casa), e, em outras, eles geram respostas que não são
palavras (ex., "boche" por boxe e "orgão" ou "orgam" por órgão). O último tipo de resposta,
pseudopalavra.
Embora tenhamos dito que, em geral, os pacientes com dislexia superficial têm
dificuldades com palavras irregulares, alguns desses pacientes conseguem ler corretamente
rota lexical, a possibilidade de leitura de palavras irregulares parece, à primeira vista, estar
homônimos demonstram que esses pacientes não obtêm a pronúncia de palavras irregulares
com dislexia superficial que leu corretamente palavras como mown (cortar grama), some
(algum/a), bury (enterrar) e four (quatro), entre outras palavras de uma lista, mas, ao ser
indagado sobre os itens lidos (todos eles palavras irregulares com pronúncia inconsistente3)
3. Mown, some, bury e four são palavras irregulares porque deveriam, respectivamente, ser
pronunciadas para rimar com down, home, jury e flour, contrapartes com terminações gráficas
idênticas.
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atribuiu-lhes os seguintes significados: "chorar", "dinheiro", "chapéu" e "para você",
respectivamente, por associação, com moan (resmungar), sum (soma), beret (boina) e for
(para) - palavras regulares - que são homônimos de mown, some, bury e four,
respectivamente.
dessas palavras, por serem irregulares, deve ter sido recuperada como um todo. O fato de o
paciente ter dado a mown, some, bury e four a definição apropriada a moan, sum, beret e for
– membros dos pares de homônimos que são palavras regulares – indica que embora a sua
pronúncia tenha sido obtida pela via lexical (rota L/V2 na Figura 1), o seu significado foi
a lesão cerebral que gera a dislexia superficial pode afetar as conexões entre o sistema de
saída – rota L/V2. Em alguns casos, a rota L/V2 pode ser preservada, o que possibilita ao
paciente ter acesso à pronúncia de palavras como um todo. Quando essa rota encontra-se
também danificada, o disléxico possui, como último recurso, o uso da rota fonológica, isto
é, ele tem de recorrer ao uso de regras de correspondência entre grafema e fonema para
construir a pronúncia do item lido. Por ser um código acústico o output do processo
fonológico, as palavras lidas por esse processo podem ser compreendidas pela sua
paciente compreende-as de acordo com a maneira pela qual elas são pronunciadas e não
pela sua grafia. Na literatura, encontram-se paralelos entre casos de dislexia superficial
desenvolvimento.
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Modelo de Processamento da repetição e leitura em voz alta de palavras
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1.2.3.4. Dislexia profunda
Na dislexia profunda, os disléxicos leem palavras concretas muito mais facilmente
do que palavras abstratas. Eles têm dificuldade na leitura de palavras funcionais e, como
mesma classe. Além dessas dificuldades, esses pacientes cometem erros de derivação (ex.,
canto por "cantei", construir por "contruindo"), erros visuais simples (ex., cabra por
"cobra"), uma combinação de erros visuais seguidos de erros semânticos (ex., sympathy
(empatia) lido como "orchestra" (orquestra), por associação com "symphony" (sinfonia)).
Como os disléxicos fonológicos, pessoas com dislexia profunda não conseguem ler em voz
De acordo com Ellis (1984), a explicação para esses sintomas é controversa. O autor
cita Coltheart, Patterson, Marshall (1980), que argumentam haver, na dislexia profunda, não
apenas um distúrbio parcial dos processos de leitura no hemisfério cerebral esquerdo mas,
sim, uma completa destruição dos processos de leitura nesse hemisfério. A habilidade
1.2.3.5. Resumo
As dislexias são distúrbios da leitura adquiridos em consequência de lesões ao
dislexias periféricas, entre as quais a "leitura letra a letra" é a mais bem estudada. Quando a
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rota fonológica ou a semântica é atingida, temos a dislexia fonológica e a semântica,
Referências
BEAUVOIS, M. F. & DÉROUSNÉ, J. (1979). Phonological alexia: three dissociations. Journal of Neurology
and Psychiatry, 42, 1115-1124.
COLTHEART, M.; PATTERSON, K. & MARSHALL, J. C. (1980). Deep Dyslexia. London Routledge and
Kegan Paul.
ELLIS, A. W. (1984). Reading writing and dyslexia: a cognitive analysis. London: Lawrence Erbaum
associates.
FUNNEL, E. (1983). Phonological processes in reading: new evidence from acquired dyslexia. British
Journal of Psychology. 74, 159-180.
PATTERSON, K. E. (1982). The relation between reading and phonological coding: further
neuropsychological observations. In A. W. Ellis (Ed). Normality and Pathology in Cognitive Functions.
London: Academic Press.
SHALLICE, T. & WARRINTON, K. E. (198O). Single and multiple component central dyslexia syndromes.
In M. Coltheart, K. E. Patterson, and J. C. Marshall (Eds.). Deep Dyslexia. London: Routledge and Kegan
Paul.
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Tabela 1 – Variedades e classificação de dislexia
(a) DISLEXIAS PERIFÉRICAS
Componentes do modelo Estímulos que causam
Tipo de dilexia Característica
de leitura danificado dificuldades
1. dislexia de negligência dificuldade no nível de identificação de letras qualquer palavra e pseudopalavra
diferentes partes do percurso da 2. dislexia atencional difilcudade no nível de análise visual sequência de letras
rota visual ao significado palavras reais e pseudopalavras
3. leitura letra-a-letra dificuldade em perceber a forma global das palavras
longas
(b) DISLEXIAS CENTRAIS
(1) Síndrome de um único componente
Componentes do modelo Estímulos que causam
Tipo de Dislexia Característica
de leitura danificado dificuldades
processo de conversão grafema- palavras desconhecidas e
4. dislexia fonológica dificuldade na conversão grafema-fonema
fonema pseudopalavras
falta de entendimento das palavras lidas
partes da rota léxico-semântica 5. dislexia semântica qualquer palavra
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