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CAMICADO DE NORTE A SUL

Loja de presentes sempre foi um negócio regional. Os ex-feirantes Camicado


quebraram a regra e agora avançam por todo o Brasil
Por Patrícia Cançado
Revista Isto É Dinheiro

A história empresarial da família Camicado começa numa lavoura em São Carlos,


interior de São Paulo, passa pelas barracas de verduras das feiras livres da capital
paulista e termina dentro das lojas da Camicado Houseware, rede especializada em
presentes e utensílios domésticos. Termina, não.

A cadeia regional se prepara agora para viver um novo capítulo: deixar de ser uma
empresa paulista para desbravar o território nacional. Dentro dos próximos cinco anos,
pretende abrir 30 lojas nas regiões Sul e Sudeste do País – até então, onze das suas 12
unidades estavam localizadas no Estado de São Paulo. Com a expansão, a Camicado
passa a ser a primeira rede do gênero com atuação nacional. O projeto será financiado
com o lucro da empresa – ao final de 2008, ela terá investido cerca de R$ 100 milhões
na abertura de novos pontos. Os donos não querem franquia, mas admitem a entrada
de investidor. A empresa, hoje, cresce 20% ao ano (já descontada a inflação), faz mais
de 3 mil listas de casamento por mês, tem 700 funcionários e lojas com 8 mil itens (um
supermercado da vizinhança tem, em média, 20 mil). O seu faturamento, porém, é um
segredo, como é típico das empresas familiares japonesas. “Sempre fomos
empreendedores. Com 15 anos eu já tinha a minha barraca”, diz Marie Camicado, a
caçula de cinco irmãos e a única que atua na linha de frente da rede – os outros
participam da administração, mas ficam nos bastidores. “Eu sempre sonhei alto. Cansei
de armar e desarmar barraca todo dia.”

A idéia, desde o começo, era criar um conceito inédito no varejo: uma loja só de
artigos para casa, nem muito sofisticada nem muito popular, com preço competitivo e
mix diversificado. O plano mostrou-se oportuno. A abertura das primeiras Camicado
no final dos anos 80 coincidiu com a decadência das lojas de departamento como
Mappin e Mesbla, o principal canal de distribuição desse tipo de produto. A partir daí,
o setor de utilidades domésticas, que já era pulverizado, ficou sem nenhum nome de
peso. “A Camicado soube aproveitar esse espaço”, afirma Eugênio Foganholo, sócio da
Mixxer consultoria em varejo. “Esse segmento continua carente no Brasil. Além de
regionais, as lojas focaram em dois públicos: o de luxo e o popular”.

A primeira experiência da Camicado fora do território paulista foi em Curitiba, no


começo deste ano. A próxima cidade da lista é o Rio de Janeiro. Em seguida, virá Belo
Horizonte. “O objetivo, no começo, é ir para os Estados mais próximos de São Paulo”,
diz Fábio Kow, diretor de projetos da Camicado. Na companhia, cada passo é
planejado. Minolu, irmão de Marie, sempre foi obcecado pela idéia de crescer de
forma sustentada, no ritmo “anda, para, toma fôlego e volta a andar”. Essa filosofia é
um legado da matriarca dos Camicado, a dona Hilda. Ao se ver viúva e com cinco filhos
pequenos, ela abandonou a lavoura e foi buscar a sorte na cidade grande. Encontrou
RENNER COMPRA CAMICADO E ENTRA NO SETOR
DE UTILIDADES DOMÉSTICAS
Acordo de R$ 165 milhões vai fazer com que loja de roupas amplie seu ramo de
negócios
Portal R7 – Agência Estado

A Lojas Renner vai ampliar seus negócios e vender, além de roupas e outros itens de
vestuário, produtos de utilidades domésticas. A empresa gaúcha anunciou nesta
segunda-feira (4) a compra da rede de lojas de utensílios domésticos Camicado por R$
165 milhões.

A empresa familiar, nascida na rua 25 de Março, centro de comércio popular de São


Paulo, tem 27 unidades em shoppings em seis Estados e no Distrito Federal.
Para o negócio ser fechado, ainda falta a aprovação dos acionistas da companhia, que
devem se reunir do início de maio para discutir o assunto.

A compra da rede de lojas é vista como a porta de entrada da Renner no mercado de


produtos do lar, um comércio com potencial de consumo de R$ 15,7 bilhões por ano
no Brasil. A Camicado, que tem 800 funcionários, faturou R$ 153,1 milhões no ano
passado.

Além das unidades em shoppings, adquiridas pela Renner, a empresa fundada por
Minolu Camicado - um filho de japoneses de 55 anos - também mantém sete unidades
na 25 de Março, que deverão ficar de fora do acordo.

Junto dos utensílios domésticos, essas lojas comercializam também itens populares,
como produtos para festas e brinquedos.

Segundo especialistas, o negócio faz sentido para a Renner. A empresa gaúcha fechou
o ano passado com receita de R$ 2,75 bilhões e 134 lojas.

Em 2010, a companhia lançou um modelo de lojas compactas, com o objetivo de


aumentar o número de pontos de venda da Renner para 250 até o fim de 2014.

RENNER TERÁ 6 MESES PARA AJUSTAR A


CAMICADO
Fonte: O Estado de S. Paulo
Por Suzana Inhesta
Publicado em 06 de abril de 2011

Segundo o presidente da Renner, Camicado é uma empresa bem gerida, mas não tinha
mais fôlego para continuar crescendo
O presidente da Lojas Renner, José Galló, disse ontem que, nos próximos seis meses, a
empresa centrará esforços para "ajustar" a Camicado, cuja compra foi anunciada na
segunda-feira, aos padrões Renner. Após esse período, terão início os planos de
expansão propostos para os próximos períodos.

"A Camicado hoje é uma empresa bem gerida, mas não está aproveitando seu
potencial de expansão. Os acionistas já não tinham mais esse fôlego para crescimento.
Podemos dizer que compramos uma empresa com expansão reprimida", afirmou
Galló, em teleconferência.

Segundo o executivo, uma pessoa da gestão familiar da Camicado ficará no comando


após a compra pela Renner e as áreas de compras e lojas e as marcas serão
independentes. "Da Renner, a Camicado utilizará a equipe de estilo, de gestão
financeira e de recursos humanos." Em termos de logística, disse Galló, a Camicado
possui um centro de distribuição no País e a área responsável da Renner já está vendo
se necessitará de mais centros e o que pode ser aproveitado da Renner para a
Camicado.

Expansão. "Temos de olhar a expansão da Camicado em duas vertentes: via novas lojas
e o que se pode tirar no metro quadrado atual. Assim que incorporarmos o conceito
de "life style" da Renner, a filosofia de encantamento, simplificação do processo, a
Camicado irá crescer muito", disse.

Um dos argumentos estratégicos para a compra da Camicado utilizados pela Renner é


que o cartão Renner será um impulsionador de vendas da empresa adquirida. "A
Camicado hoje não tem crediário próprio e o nosso cartão pode alavancar em 20% a
25% os seus negócios", previu Galló. O executivo também está otimista com as vendas
online da Camicado, que hoje representam 15% do total da empresa.

O anúncio da compra da Camicado foi feita na segunda-feira, por um valor de R$ 165


milhões. Do total, R$ 104,5 milhões serão pagos na data do fechamento da operação,
após aprovação em assembleia marcada para o dia 4 de maio, além de R$ 8 milhões de
dívidas; R$ 37,5 milhões a ser quitado em três parcelas mensais e R$ 15 milhões para
pagamento em cinco anos.

A combinação cria uma companhia de lucro líquido de R$ 309,2 milhões (bases


financeiras de 2010 da Renner e da Camicado) e receita líquida de mercadorias de R$
2,590 bilhões.

Compra
R$ 165 mi é o valor da aquisição da rede Camicado pela Renner, incluindo R$ 8 milhões
em dívidas

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