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RELATO DE EXPERIÊNCIA - EDUCAÇÃO DE SURDOS E PESSOAS SURDAS

Eu ainda estava cursando o convênio ou o 3º ano do ensino médio, quando o professor


de geografia decidiu mudar um pouco a dinâmica da aula e usar o projetor de slides para
transmitir um vídeo documentário sobre globalização. Porém, um de meus colegas de turma
era surdo e mesmo fazendo leitura labial era difícil para ele acompanhar o vídeo, visto que a
maioria das cenas era narrada com imagens de ilustração. Quando o professor se deu conta
disso, ele buscou o mesmo documentário legendado e encontrou com relativa facilidade no
YouTube. O que nenhum de nós havia considerado, contudo, era que meu colega não era
alfabetizado em Língua Portuguesa, e sim na Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS). Ainda
que ele tivesse alguma noção de português era como pedir para que alguém com
conhecimento básico de inglês assistisse um filme inteiro legendado em inglês e
compreendesse tudo.
Até então, o professor estava seguro no fato de que o aluno surdo era proficiente em
leitura labial. Por esse motivo, ele tentava não falar de costas para ele e sempre pronunciava
bem as palavras para que meu colega entendesse as aulas. A escola em que eu estudava não
tinha intérprete de Libras e apenas um estudante conseguia se comunicar com meu colega,
pois frequentava uma igreja na qual tinham oficinas de Libras. Como solução temporária e de
má qualidade para essa situação, o professor passou a transmitir alguns minutos de vídeo,
pausar e depois falar sobre o documentário para que meu colega fizesse a leitura labial. Nesse
cenário, observe que quando se trata de educação de pessoas surdas ou deficientes auditivas,
os maiores obstáculos são a comunicação e o acesso à cultura. Do mesmo modo que uma
pessoa não surda se comunica de várias formas, uma pessoa surda precisa ter múltiplas
formas da informação chegar até ela, e não apenas uma.

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