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Índice

1. Introdução...............................................................................................................................1

1.1. Objectivos.......................................................................................................................1

1.1.1. Objectivo geral......................................................................................................1

1.1.2. Objectivos específicos...........................................................................................1

1.2. Metodologia....................................................................................................................1

2. Contracto de transporte...........................................................................................................2

2.1. Histórico da génese do contracto de transporte...............................................................2

2.2. Conceitos gerais do contracto de transporte....................................................................2

2.3. Características do contracto de transporte.......................................................................5

2.3.1. Sinalagmático (bilateral).......................................................................................5

2.3.2. Oneroso.................................................................................................................5

2.3.3. Comutativo............................................................................................................5

2.3.4. De duração............................................................................................................5

2.3.5. Típico....................................................................................................................5

2.3.6. Não solene.............................................................................................................5

2.4. Modalidades de transporte..............................................................................................6

2.4.1. Responsabilidade civil..........................................................................................6

2.4.2. Transporte de pessoas...........................................................................................7

2.4.3. Passageiro..............................................................................................................7

2.4.4. Transportador........................................................................................................9

2.5. Transporte de coisas........................................................................................................9

2.5.1. Remetente:..........................................................................................................10

2.5.2. Transportador......................................................................................................11

2.5.3. Transporte gratuito..............................................................................................11

3. Conclusão..............................................................................................................................13

4. Referências bibliográficas.....................................................................................................14
1. Introdução

O presente trabalho tem como tema o contracto de transporte que é o contracto pelo qual
alguém se obriga, mediante retribuição, a transferir de um lugar para outro (transportar)
pessoa ou bens, coisas. O transportador, em virtude do contracto de transporte, tem uma
obrigação de resultado, ou seja, deve transportar o passageiro com segurança, bem como a
mercadoria, sem avarias, ao seu destino. Neste sentido, o trabalho será desenvolvido na base
de conteúdos que visam facilitar a percepção do tema, onde será abordado o histórico da
génese do contracto de transporte, conceitos gerais do contracto de transporte, características
do contracto de transporte, modalidades de transporte e transporte de coisas.

1.1. Objectivos
1.1.1. Objectivo geral
 Compreender o contracto de transporte.

1.1.2. Objectivos específicos


 histórico da génese do contracto de transporte;
 conceitos gerais do contracto de transporte;
 características do contracto de transporte;
 modalidades de transporte;
 transporte de coisas.

1.2. Metodologia

Para fazer face a realização do trabalho foi necessário a consulta de fontes de modo a adquirir
informações que versam sobre o conteúdo em estudo. As tais fontes incluem manuais físicos
que se referem a livros e trabalhos realizados anteriormente e manuais electrónicos adquiridos
por via da internet e os seus respectivos indicadores estão presentes na última página do
trabalho, onde estão pontuados como referências.

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2. Contracto de transporte
2.1. Histórico da génese do contracto de transporte

O contracto de transporte tem sua génese numa época em que o ser humano atinge
determinado grau de relacionamento, fazendo nascer a necessidade de intercâmbio entre os
povos, seja para fins comerciais, seja para fins políticos, tornando-se necessário o translado de
pessoas e objectos. Num primeiro momento, o transporte marítimo foi de suma importância
para os povos da Grécia antiga, ao passo que regulou as normas de danos e avarias nos navios,
bem como de descarto de objectos ao mar, no caso de perigo de naufrágio.

Tratando-se de legislação pátria, somente com a entrada em vigor do Código Comercial, em


1850, é que surgiram as primeiras normas regulamentares expressas, sendo que, devido às
condições existentes à época, tais normas tratavam do transporte muito sucintamente, tendo
em vista o pequeno desenvolvimento do mesmo. O próprio Código Comercial apenas tratou
dos condutores de géneros e dos comissários de transportes, em seus art. 99 a 118.

O Código Civil de 1916 foi completamente silente nesse campo, mantendo-se inerte no que
dia respeito aos contractos de transportes. Assim, somente com a entrada em vigor do Código
Civil de 2002, é que os contractos de transportes foram tipificados, sendo traçadas apenas as
regras gerais para tal modalidade de contracto. Não obstante somente em 2002 ter sido
tipificado os contractos de transportes, os mesmos já eram utilizados como contractos
inominados, haja vista haver legislação esparsa acerca do tema.

2.2. Conceitos gerais do contracto de transporte

Segundo a definição de Pontes de Miranda, “contracto de transporte é o contracto pelo qual


alguém se vincula, mediante retribuição, a transferir de um lugar para o outro pessoa ou
bens”.

O contracto de transporte se compõe de três elementos: o transportador, o passageiro e a


transladação. O passageiro pode ser o que adquiriu a passagem ou o que a recebeu deste.

Este tipo de contracto apresenta-se como típico, distinto das figuras clássicas do direito
contratual. O que o caracteriza principalmente é actividade desenvolvida pelo transportador,
de deslocamento físico de pessoas e coisas de um local para outro, sob sua total
responsabilidade.

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Não basta, todavia, efectuar o deslocamento de pessoas e coisas de um lugar para o outro. É
essencial que o objecto da avença seja especificamente o deslocamento, pois a relação de
transporte pode apresentar-se como acessória de outro negócio jurídico.

O contracto de transporte gera, para o transportador, obrigação de resultado, qual seja, a de


transportar o passageiro são e salvo, e a mercadoria, sem avarias, ao seu destino. Denomina-
se cláusula de incolumidade a obrigação tacitamente assumida pelo transportador de conduzir
o passageiro incólume ao local do destino.

Embora tenha características próprias, o contracto de transporte “rege-se, no que couber, pelas
disposições relativas a depósito”, quando a coisa traslada é “depositada ou guardada nos
armazéns do transportador” (art. 751, CC).

O Artigo 730 do Código Civil conceitua os contractos de transporte como o pacto pelo
qual “alguém se obriga, mediante retribuição, a transportar, de um lugar para o outro,
pessoas ou coisas.”

Venosa (2003, p. 481), em sua obra Direito Civil – Contractos em Espécie, conceitua o


instituto como “negócio pelo qual um sujeito se obriga, mediante remuneração, a entregar
coisa em outro local ou a percorrer um itinerário para uma pessoa.”

Assim, podemos chegar à conclusão de que é contracto de transporte todo pacto pelo qual
alguém, seja pessoa física ou jurídica, compromete-se a trasladar de um local para outro,
pessoas ou coisas, mediante recebimento de remuneração. Do conceito obtido, devemos traçar
algumas considerações de suma importância.

Primeiramente, deve-se observar que para que se configure o contracto de transporte cujas
regras gerais serão dadas pelos artigos 730 a 756 do Código Civil, há de ser obrigatória que o
mesmo se faça mediante retribuição para o transportador, caso contrario estaríamos diante do
transporte gratuito, que falaremos adiante, em tópico próprio. Oportuno esclarecer que não há
a necessidade de que o transporte seja feito apenas mediante pagamento em espécie. O
próprio Código Civil, no parágrafo único do art. 736, considera como contracto oneroso os
que, ainda que feito sem remuneração, tragam vantagens indirectas ao transportador.

Outra matéria que deve ser tratada quando se aduz o conceito deste tipo de contracto é a sua
diferenciação para as outras espécies de contractos que tragam o transporte como meio
acessório para o seu cumprimento. A essência do contracto de transporte é o traslado de

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pessoas e bens, constituindo esse deslocamento o núcleo, a natureza jurídica do contracto. O
deslocamento é o objectivo fim do contracto.

Outrossim, existem outras modalidade de contractos que utilizam-se do transporte apenas


como meio acessório para cumprimento de determinada obrigação. É o que podemos observar
no contracto de compra e venda de determinado bem móvel, onde o vendedor se compromete
a entregar o objecto em sua residência.

Podemos citar como exemplo a hipótese corriqueira da compra de uma geladeira em


determinada loja de electrodomésticos, onde a esta se compromete a fazer a entrega do bem.

Caso a objecto sofra algum dano ou avaria durante esse transporte, a loja será
responsabilizada de acordo com as normas vigentes ao contracto de compra e venda, e não ao
contracto de transportes, haja vista que trata-se daquela modalidade de contracto, sendo o
transporte apenas um meio acessório para a sua execução.

Tratando-se de transporte exercido por meio da autorização, concessão ou permissão,


institutos do ramo de Direito Administrativo, o art. 731 do Código Civil dita que os mesmos
serão regidos pelas normas regulamentares e pelo que for estabelecido naqueles actos.

Nesse ínterim, o art. 21, inciso XII, d e e, da Carta Magna, traz a competência da união, in
verbis:

“art. 21 – compete à União:

XII – explorar, directamente ou mediante autorização, concessão ou permissão:

d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre portos brasileiros e


fronteiras nacionais, ou que transponham os limites de Estado ou Território;

e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional de


passageiros;”

O art. 30, insiso V, também da Constituição Federal, passa a tratar da competência do


município em matéria de transportes, aduzindo que lhe compete “organizar a prestar,
directamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse
local, incluído o de transporte colectivo, que tem carácter essencial.” (grifamos) Ao Estado a
Constituição lhe atribui a competência remanescente, através do § 1º do art. 25.
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2.3. Características do contracto de transporte

Voltando ao estudo da Teoria Geral dos Contractos, podemos observar que o contracto de
transporte, assim como todos os demais contractos típicos, possui suas características
próprias, que passarão a ser analisadas individualmente.

2.3.1. Sinalagmático (bilateral)

Trata-se de uma contracto sinalagmático (bilateral), ao passo que gera obrigações para ambas


as partes contratantes, ficando o transportador obrigado a percorrer o trajecto para o
passageiro ou remetente do bem, e estes, por sua vez, ficam obrigados a efectuar o pagamento
do deslocamento.

2.3.2. Oneroso

É oneroso, haja vista que ambas as partes buscam vantagens recíprocas; o pagamento para o
transportador; e o deslocamento para o contratante. Por se tratar de um negócio jurídico, cujo
núcleo principal de existência e validade é a livre declaração de vontade, o contracto de
transporte é consensual, pois aperfeiçoa-se com essa declaração.

2.3.3. Comutativo

É comutativo, pois as parte conhecer desde o início do contracto os limites de suas


obrigações, não dependendo o mesmo de evento futuro e incerto.

2.3.4. De duração

É um contracto de duração, pois o mesmo não de inicia, executa e conclui em apenas um acto,
dependendo de certo lapso temporal para que o mesmo seja cumprido.

2.3.5. Típico

Também possui a característica de ser típico, haja vista ter sido expressamente tipificado pelo
Código Civil de 2002.

2.3.6. Não solene

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E, por último, trata-se de contracto não solene, vez que não necessitado de maiores
formalidades, podendo ser pactuado verbalmente, o que ocorre na grande maioria dos casos.

2.4. Modalidades de transporte

Quanto ao objecto, o contracto de transporte poderá ser:

1. De pessoas;
2. De coisas .

Já quanto ao meio empregado, o transporte poderá ser:

1. Terrestre;
2. Rodoviário;
3. Ferroviário;
4. Aquático;
5. Marítimo;
6. Hidroviário;
7. Fluvial;
8. Aéreo.

2.4.1. Responsabilidade civil

Diz o art. 734, do CC/02 que “o transportador responde pelos danos causados às pessoas
transportadas e suas bagagens, salvo motivo de força maior, sendo nula qualquer cláusula
excludente de responsabilidade”.

Pela leitura do artigo em estudo, podemos concluir que o legislador, ao normalizar as regras
do contracto de transporte, imputou ao transportador a responsabilidade civil objectiva no
caso dos danos causados. Chegamos facilmente a essa conclusão ao analisar a primeira parte
do artigo, onde apenas atribui a responsabilidade ao transportador, não se preocupando em
avaliar se o nexo causal existente entre a acção/omissão e o dano efectivamente causado foi
eivado de culpa ou dolo.

Inclusive institui que qualquer cláusula que exclua tal responsabilidade será considerada nula,
seguindo orientação transcrita pela sumula 161 do STF, in verbis:

“Em contracto de transporte, é inoperante a cláusula de não indemnizar.”


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O art. 735, também do Código Civil, vem para reforçar a atribuição da responsabilidade
objectiva ao transportador, ao afirmar que “a responsabilidade contratual do transportador
por acidente com o passageira não é elidida por culpa de terceiro, contra o qual tem acção
regressiva.”. Nesse aspecto, o legislador apenas trasladou para o Código Civil um
entendimento já sumulado pelo STF, através de sua sumula n.º 187.

Um exemplo clássico para essa situação é aquele em que um passageiro sofre danos materiais
decorrente de um acidente com o ónibus que o transportava, acidente esse provocado por
veículo de um terceiro que avançou o semáforo fechado em seu sentido. Nesse caso, o
passageiro recorre judicialmente à empresa de transporte, cabendo a ela uma acção regressiva
em face do motorista causador do acidente. Assim, está claro que o objectivo do legislador é
proteger o hiposuficiente da relação contratual.

2.4.2. Transporte de pessoas

O transporte de pessoas é aquele pelo qual o transportador se obriga a trasladar o passageiro


até o destino objectivado. São partes no contracto o transportador e o passageiro. Essa é a
modalidade de contracto mais utilizado no cotidiano de uma pessoa. Alguns trabalhadores
pactuam esse contracto, ainda que sem conhecimento, pelo menos quatro vezes ao dia.

Exemplo clássico é o transporte colectivo urbano. O passageiro, mediante bilhete de


passagem, contrata com o transportador o seu deslocamento para o lugar de seu destino.

Esse bilhete poderá ser nominal, como ocorre com as passagens para transporte aéreo, ou ao
portador, como acontece quando compramos uma passagem interestadual rodoviária. Vale
lembrar que no caso de passagem rodoviária intermunicipal, as empresas exigem o
preenchimento de documento contendo o nome e dados documentais do passageiro, o que não
torna o bilhete um titulo nominal, haja vista que esse preenchimento é valido apenas a titulo
de identificação e controlo dos passageiros.

Conforme já mencionado, trata-se de um contracto sinalagmático, gerando, portanto,


obrigação para ambas as partes. Assim passaremos a analisar algumas dessas obrigações.

2.4.3. Passageiro

Reza o art. 740 e §§, que o passageiro poderá rescindir, unilateralmente, o contracto de
transporte, sendo-lhe devida a restituição, em três hipóteses:
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1. Antes de iniciar a viagem, desde que faça a comunicação ao transportador em tempo
hábil;
2. Após iniciada a viagem, tendo direito apenas à restituição do valor referente ao trecho
não utilizado e desde que fique provado que outra pessoa viajou em seu lugar;
3. Caso não se apresente para o embarque e desde que fique provado que outra pessoa
viajou em seu lugar.

Nas situações apresentadas nas letras b e c, o passageiro somente teria direito a restituição
caso ficasse provado que outra pessoa viajou em seu lugar. Isso foi fixado visando proteger as
empresas do prejuízos, haja vista que com a venda do bilhete ao passageiro, a mesma deixou
um lugar reservado ao mesmo, e, no caso de sua desistência, teria ela prejuízo, caso tivesse
que devolver o valor e a poltrona fosse vazia.

No que tange à prova, por tratar-se de prestação de serviços e, portanto, inerente às normas do
Código de Defesa do Consumidor, Lei 8.078/90, cabe ao transportador provar que outra
pessoa viajou no lugar do passageiro, haja vista o instituto da inversão do ónus da prova,
presente no inciso VIII, do art. 6º.

Tem o passageiro direito à franquia de bagagem, entendendo-se esta como bem acessório ao
transporte de pessoas. Assim, ao realizar contracto de transporte de pessoas, o passageiro
adquire o direito ao transporte acessório de suas bagagem, não constituindo o mesmo um
contracto paralelo de transporte de coisas.

Outros direitos cabem ao passageiro, oriundos do próprio núcleo do contracto de transporte,


como por exemplo:
1. Exigência de transporte incólume;
2. Usufruição dos serviços oferecidos pelo transportador;
3. Ocupação no lugar mencionado n bilhete.

Em contrapartida, como em todo contracto bilateral, tem o passageiro a obrigação de cumprir


com seus deveres, como, por exemplo, o pagamento da tarifa, sendo esta a obrigação
principal.

Outros deveres:
1. Apresentação pontual para embarque;
2. Procedimento adequado ao transporte;
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3. Sujeição às normas legais da empresa.
2.4.4. Transportador

Passamos, agora, a analisar os direitos e os deveres do transportador.

Entre os direitos, destacamos o direito de retenção de bagagem. Assim como ocorre na classe
de hotelaria, caso o pagamento do contracto de transporte se de na conclusão do mesmo, não
adimplindo o passageiro com sua obrigação, estará o transportador no direito de reter a
bagagem do mesmo, até o limite da obrigação daquele.

Outro direito de suma importância é o direito de reter 5% (cinco por cento) do valor da
passagem no caso de desistência do passageiro elencados nos § 1º e 2º do art. 740. Isso se dá
pelo fato de que o transportador possui outros gastos com a emissão de bilhete de passagem,
como, por exemplo, o papel utilizado, a tinta da máquina de imprimir, a hora de trabalho do
funcionário que vendeu a passagem, dentre outros. Assim, essa retenção serve para amenizar
essas despesas suportadas pelo transportador.

O transportador poderá impedir o embarque de passageiro mal trajado ou sob o efeito de


álcool e entorpecentes, ou substância que gere dependência físico-psíquica. Poderá, ainda,
determinar o desembarque, na próxima escala, do passageiro inoportuno ou inconveniente,
que não esteja respeitando as normas legais impostas pela empresa. O principal dever do
transportador é contratar seguro para os passageiros.

Outros deveres:

1. Responsabilidade por danos aos passageiros;


2. Responsabilidade por atrasos;
3. Transporte diligente e incólume;
4. Ceder franquia de bagagem.

2.5. Transporte de coisas

No transporte de coisas as partes contratantes são remetente, pessoa depositária do objecto e


que contracto o transporta ao seu destino, e transportador. Alguns renomados autores, dentre
eles Washington de Barros Monteiro, incluem o consignatário (pessoa destinatária do objecto)
como parte nessa modalidade de contracto.

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Não seguimos essa linha, pois entendemos que o consignatário apenas sofre alguns dos efeitos
do contracto, mas não se insere como parte do mesmo. Inclui-se no contracto de transporte de
coisas o transporte de animais.

Nessa modalidade de contracto, a responsabilidade do transportador será limitada ao valor


constante no conhecimento, que é o documento emitido quando da entrega do objecto ao
transportador. É o correspondente ao bilhete de passagem no transporte de pessoas. O
Conhecimento possui a característica da literalidade, ou seja, o que estiver escrito no mesmo
valerá como lei. Outra característica é a de ser um documento endossável, a excepção de
possuir cláusula “não à ordem”.

Passaremos, agora, à análise dos direitos e deveres das partes envolvidas.

2.5.1. Remetente:

O principal direito do remetente é a chamada variação de consignação, que é a troca de


destino do objecto. Por esse instituto, poderá o remetente alterar o local de entrega da
mercadoria, para outro diverso do anteriormente estipulado, desde que seja feita a solicitação
antes da entrega ao destinatário. Assim, se o objecto já encontra-se na cidade de destino,
porém em armazém do transportador, não sendo feita a entrega ao destinatário, poderá o
remetente alterar o local de entrega para outro diverso daquele.

Outro direito do remetente é o que diz respeito à indemnização por perda, furto ou avaria da
coisa, incluindo-se neste o vício redibitório, previsto no art. 441 do Código Civil. Outrossim,
no que diz respeito ao vício redibitório, o parágrafo único do art. 754, prevê que o prazo
prescricional para reclamar é de 10 (dez) dias, contados da entrega do objecto.

Nesse ponto, o Código Civil não foi tão generoso como o Código de Defesa do Consumidor,
que prevê que o prescrição começa a contar da data que o consumidor descobre o vicio
redibitório.

Dentre os deveres do remetente estão:

1. Declaração do valor e da natureza das mercadorias acondicionadas em embalagens


fechadas;
2. Acondicionamento satisfatório da mercadoria;

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2.5.2. Transportador

Dentre os direitos do transportador, podemos citar o direito de retenção. Semelhante ao que


ocorre no transporte de pessoas, poderá o transportador reter a mercadoria transportada, a
título de pagamento de frete, caso tenha sido pactuado para ser feita no destino e encontra-se
inadimplida. Poderá, ainda, o transportador reajustar o frete, em caso de exercício do direito
de variação de consignação por parte do remetente.

Outro direito que caberá ao transportador será o de efectuar o transporte cumulativo, meio
pelo qual o transportador “terceiriza” o transporte em determinado trecho, que será feito por
empresa distinta da contratada. Nesses casos, conforme preceito do art. 733, cada
transportador será responsabilizado pelos danos causados ao objecto relativamente ao
respectivo trecho percorrido.

O art. 746 elenca as hipóteses em que o transportador poderá recusar o transporte de


mercadorias, inserindo-se tais hipóteses numa faculdade do transportador, cabendo a ele
próprio avaliar os riscos e decidir pela aceitação ou não do transporte.

Já o art. 747 traz o rol de hipóteses nas quais o transportador deverá recursar o transporte de
mercadorias, constituindo em dever legal, não cabendo ao transportador a análise pela
aceitação ou não do transporte.

Dentre os deveres do transportador, elencamos:

1. Expedição de conhecimento;
2. Aceitação da variação de consignação.

2.5.3. Transporte gratuito

O transporte desinteressado, feito por mera cortesia, não possui suas regras ditadas pelos
contractos de transporte previsto nos art. 730 a 756.

A súmula 145 do STJ, dita que:

“No transporte desinteressado, de simples cortesia, o transportador se será civilmente


responsável por danos causados ao transportado quanto incorrer em dolo ou culpa
grave.”

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Com isso, mudamos a figura da responsabilidade civil, passando-se a adoptar a modalidade
subjectiva, haja vista que o transportador somente será responsabilizado caso incorra em dolo
ou culpa grave. Assim, o condutor de veículo somente será responsabilidade pelo danos
causados a uma pessoa a qual dê carona, caso esteja em alta velocidade, caso em que restará
comprovada a imprudência, uma das modalidades de culpa.

Assim, em qualquer que seja a situação, o transportado deverá, além de comprovar o dano e a
acção/omissão da agente causador, provar que o mesmo agiu com dolo ou culpa grave, para aí
sim ter direito à reparação de seus danos.

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3. Conclusão

Com base na realização deste trabalho, podemos chegar à conclusão de que é contracto de
transporte todo pacto pelo qual alguém, seja pessoa física ou jurídica, compromete-se a
trasladar de um local para outro, pessoas ou coisas, mediante recebimento de remuneração.
Pois o deslocamento é o objectivo fim do contracto. E também destacar que no Contracto de
Transporte uma das partes, o transportador, obriga-se a deslocar de um lugar para o outro
pessoas ou coisas, mediante o pagamento de um preço. Assim, o Contracto de Transporte é
1°) Bilateral ou Sinalagmático; 2°) Consensual; 3°) Oneroso; 4°) Típico; 5°) De duração; 6°)
Comutativo e 7°) Não solene.

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4. Referências bibliográficas

 Azevedo, Álvaro Villaça (1987). Teoria Geral das obrigações. 2. ed. São Paulo:
Hemeron.
 Diniz, Maria Helena (1993). Tratado Teórico e Prático dos Contractos. São
Paulo: Saraiva. 5 v.
 Gomes, Orlando (1983). Contractos. 9. ed. Rio de Janeiro: Forense.
 Gonçalves, Carlos Roberto (2014). Direito civil brasileiro, volume 3: contractos e
actos unilaterais. 11. ed. São Paulo: Saraiva.
 Monteiro, Washington de Barros (1980). Tratado de Direito Privado. 15. ed. São
Paulo: Saraiva; v.5: Direito das Obrigações: 2ª parte.
 Venosa, Silvio de Salvo (2003). Direito Civil: contractos em espécie. São Paulo:
Atlas.

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