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WA: 301 0512p ER: MULT ) Quanrioabe: 29 | Signos de uma época final 9s | | Progresso e pobreza ‘A polémica suscitada nos iltimos anos pelo termo € pelo ““movi- ricas. Definir os signos e fatores desta mudanca é, sem diivida, tarefa prematura e apressada; no entanto, é préprio de uma época de mudan- as e crises a exigéncia de reflexao, a necessidade de tragar uma pers- pectiva conceitual e uma orientagao te6rica. Esta tarefa preocupa de modo geral a teoria da cultura, mas tem um interesse produtivo ou cria- tivo mais imediato, especificamente para aqueles que como desenhistas istas encontram-se no proprio coragao destas mudancas. recisamente em razio do lugar central ocupado pela arte como ide formadora da cultura, é no terreno da estética e do desenho transformagoes se acusam com maior clareza. O problema, os “signos” de crise que desejo comentar a este respeito tém a ver coma ido especifico: como express sas, €, por conseguinte, do daartee daa zer, formas vamente vazios. A forma artist nho, ‘em que o in- ico € 0 abs- talvez explique por si mesma a natureza dest ment de privagio de ges ¢ inteligéncia em direso aos objetos. Ao mesmo tempo, estes snolégicos que expandem nosso poder parecem warem mais dependentes deles, mais submetidos as. Por isso vivemos subjetivamente o tesouro fascinante das possibilidades técnicas com mescla de admiracao e temor, pois seu progresso acarreta um em- taco da liberdade. A medida qe epistemol6gicas daquela mesma disponibilidade técnica. Nosso poder nos emudece, inclusive lé onde seu proprio projeto nos ameaca subjet vamente com a anulacao da existéncia humana. Uma companhia aérea recentemente anunciava seus v6os interna- cionais com este slogan: “Nossas linhas tornaram 0 mundo menor’ -an em questao € paradoxal porque nao anuncia um universo mel is surpreendente e maravilhoso, mas antes apequenado pelos meios tornam acessivel. Desde comecos do século evidenci zacio técnica e funcional. Georg Simmel, para citar um exemplo, anal menos de degradagao dos aspectos individuais e emocionais ‘© empobrecime! zagio técnica das formas e a repr que supriu a experiéncia subjetiva do mundo e de si prépria pelos pré- fabricados dos meios de comunicagao de massa, também acabou por converter a arte numa sintaxe lingiistica estruturalmente consistente e banal. A anulacao da experiéncia e da identidade individual que a racio- dda reprodugad social acarretou encontra deste modo seu cor- relato estético na anulagao da arte. 99 A linguagem pés-moderna Chamar estilo as criagées artisticas € arquiteténicas que a criti mais recente agrupou sob 0 aleatério conceito de Pés-moderno seria muito pouco preciso, a menos que se desse a esta palavra o significado sistematizado ou de um jargao gra- uma expressao individual, tanto no sentido subjetivo que afeta a criati- vidade, como no sentido objetivo que toca a realidade geral de uma cul- tra. A experimentagao do estilo esteve ligada a um ideal de beleza e verdade. Entretanto, trata-se de algo mais. Nas novas perspectivas artisticas ente falando, uma experimentacao de ica monumental do jalismo alemao. Em pintura produzem-se igualment , do mesmo modo que a auséi erspectiva cultural que ai subjaz é também uma figura especifica da cultura moderna. ‘As novas concepeGes estéticas, as valoragdes éticas, os signos ¢ 0s ‘gestos do Pos-moderno poem em evidéncia, embora sem por em ques- 's empobrecedores da vida e de sua experiéncia subjetiva que resultam de sua racionalizacao tecnolégica nos paises industrializa- dos. Neste sentido quero sublinhar o panorama da redugao da forma ar- a ¢ do estilo em sua dimensao profunda a um cédigo dessemanti- politico que o respaldam ‘A dessemantizacio das formas e simbolos artisticos nio é, no en- tanto, mais que uma das caracteristicas resultantes da reducio ¢ empo- brecimento da experiéncia artistica. Junto, deve ser considerado 0 pré- prio ecletismo estilistico a ela consequente. Também aqui pode-se fazer Loos, por exemplo, mostram uma justaposigao de elementos semi cos incongruentes entre si. Sua forga artistica ou expressiva provém precisamente de tal tensio interior. O efeito de ‘“colagem”” expressiva- ado pelo dadaismo, cubismo e surrealism é transmutado no ", ao privat os elementos formais de seu significado eespetaculares projetos de tol }0 expressionismo, futurismo ou cubist ‘auma concomitante vontade de epigénicos das vanguardas acabaram por algar a idéia desta fragmenta- co a categoria de elemento ritual, tao codificado sintaticamente e ta0 acomodaticio as condigdes da cultura tardiamente moderna como pude- ram ser as escolas de belas-artes de comecos do século. ‘A arquitetura pés-moderna em geral pratica a ironia e, por fe zes, também 0 cinismo, como correlato do que no co guardas foi o espirito de provocagio, de ruptura e chog| itacdo gerais da experiéncia. En- } |, na profissionalizacao burocratica la, e poe obviamente em evidéncia uma impossibili lar 0 labor pratico do desenho com valores culturais sig le possui uma til- rior da arte e da arquitetura, forma e reflexao ar tima e logica conseqiiéncia: a perda, de qualquer dimensio transcendente, seja critica, seja ut6pica, Nao é de umacaréncia ar- , no sentido mais elementar de elabora¢ao dos conflitos da reali- dade e de formulacio de valores éticos e estéticos além da ldgica da di minagao. A rendncia a um estilo, na acepcao mais forte da palavra, quer impossibilidade de articular artisticamente arias dos pioneiros do Movimento Moderno. 0 cinismo despotico de Philip Johnson distingue-se entretanto da utopica reivindicagao do pagel rnismo ou dos artistas do grupo De Stil, por exemplo, pelo fato de care- cer de qualquer contetido. No final das contas, aaltanaria que sul romintica dos arquitetos revolucionarios s6 serviu pre 8e, a0 mesmo tempo, da neces: Moderno. co, tedrico e programatico do ixa de ser parcial. Nas obras que comentaristas como Jencks e Portoghesi incluem nesta nomenclatura sob uma reflexao te- rica de carater antes sumério, existem dois elementos sigi estética do novo nao-estilo com a nao-politica do desenvolvimento da tecnocracia militar no mundo inteiro, as estratégias mudas de expolia- ‘cao militar e econdmica, ¢ uma expansao sem precedentes hist6ricos do imperialismo de leste € oeste. Os dias que virao ou o principio da esperanga Em torno do jargio do P6s-moderno desenvolvem-se atitudes cul- turais de signo regressivo. Assim se passa com 0 nacionalismo que se ampara por detras dos historicismos nostalgicos ou dos diferentes re- sionalismos; assim, a busca de valores substanciais, de uma ordem ou estética transcendente, através da reivindicagao do tradicion: retorno a formas de pensamento religioso e da defesa de uma autonomia de principios morais também de signo transcendente. A arquitetura res- ponde a esta “demanda”” com a postulagao de ordens “eternas", a mo- numentalizacao de metafisicas do sublime e o culto do poder. Além desta dimensao ameacadora, o movimento do processo cultural pressu- posto no pés-moderno encerra um momento de interesse. As carac- i pretagao possuem, © Pés-moderno como manifestacao derradeira, quer dizer, epigdnica e decadente do Movimento Moderno. Mesmo que somente sob este aspecto negativo, a explosio do novo vanguardismo ritual € epigénico possui, mais uma vvez, 0 indiscutivel valor de um revulsivo, de um choque cultural. Qual é, no entanto, anatureza deste choque, deste elemento de rup- tura, essencial a toda a praxis historica das vanguardas? Correndo 0 risco de oferecer uma resposta demasiado simplificadora, diria que, em propria vanguarda, quer dizer, sua morte. Trat to, de precisar em alguma medida esta afirmacao. Por d explosio do Pés-moderno encontra-se a constatacio e a consciéncia do fim da modernidade ou antes, de seu desgaste e claudicacao. Este esgo: tamento das concepgdes teéricas, seja estéticas, seja sociais, dos pio- neiros das vanguardas nao é o resultado de uma interpretagao mais ou ‘menos arbitraria de determinados grupos mais ou menos renitentes ou reacionarios. E certo que, junto a tradigao das vanguardas criticas, sub- 107 sistiu ao longo do século XX a corrente de um tradicionalismo nostalgico, mas essa nao € precisamente a questo. A questao reside, pelo contrario, na invalidacao histérica dos objetivos € meios que os pioneiros das vanguardas se haviam proposto. A maior liberdade c ravés da racionalizagao es antes numa racionalizagao tecnocritica da vida; 0 ideal de uma harmo- nia social, como o podem formular Mondrian ou Gropius, serviu para legi- timar uma planificagao da monotor falta de identidade de nosso meio fisico ¢ urbano; os objetivos igualitarios reivindicados pelas van- {uardas russas sio 08 reais requisitos da uniformizagao burocrética da ‘assumiram como culminacao de seu idedrio estético deriva- criatividade, que no explessio- nismo ou na Bauhaus constituiu 0 objetivo maximo, e em cujo nome o dadaismo ¢ o futurismo declararam guerra & tradicio e ao pedantismo dos professores, sucumbiu a um novo academicismo e, por fim, 0 prd- prio prinejpio de racionalidade em que se fundavam ao mesmo tempo a nova concepeao abstrata do estilo moderno e uma ordem social mais harménica e justa desembocou no principio objetivo de um controle so cial coercitivo. A modernidade estética do século XX sucumbiu a estes «ji no € capaz de formular, a partir de seus principios, ne- speranca. © Pés-moderno pds fs claras esta crise, da mesma maneira que as algazarras futuristas desafiaram 0 idealismo esteticista do final de século aoconfronti-lo cruamente com uma realidade cultural cindida. Mas es facil analogia é unicamente valida para apontar o que esti além d -ontagioso hipnotismo s6 po incia de que oculta sutilmente, em nome de um pas- pera, um futuro préximo cujos con ‘ahi ‘mais podem considerar-se precisamente como inovadoras. A critica te- rica e a inovacao formal sao exatamente as tarefas que hoje temos pela frente. A este respeito desejo terminar estas reflexdes em torno do pre- sente da arquitetura ¢ do desenho em geral com um comentario nao ‘a reprodugao mimética de fendmenos tao irrefletidos como 0 P6s-moderno—anecessidade de reintegrar na experimentacao artistica do desenho preocupacées de indole cultural ampla, naquele sentido per- feitamente esquecido que os pioneiros da vanguarda definiram. Em se- gundo lugar, € preciso tomar consciéncia do atual deslocamento de ualquer reflexao teérica de amplo cardter critico da discussio artistica e também estética. Respaldada pela inércia burocratica das univer: des e protegida pelos interesses dos grupos decisérios do desenho a ni vel internacional, a marginalizagao de qualquer atividade reflexiva e in- dependente sé tem como efeitos a cega reproducao dos paradigmas es- tabelecidos ¢ a continuidade de um modernismo plenamente obsoleto. ‘Também a este respeito, todavia, a tradicao das vanguardas histéricas, contemplada a partir de uma perspectiva nem epig6nica nem provincia- nna, mostra até que ponto foi criativa a insercao de uma ampla. filoséfica, politica e econdmica na reformulacao das categorias e cas modernas. Sobre as caracteristicas de uma nova consciéncia artistica somente ‘quero apontar, para terminar, uma aspecto por outro lado fundamental das vanguardas pensamento do Movimento Moderno e, antes del historicas, assumiu um projeto de integral ra [ei ‘auze w seyy,, 28mm Bp asta wv argos sagxayar seoT|goUEoUE sons se ‘epingas wo ‘9s-arajou 1ovuid jaaysourour o ¢,,renye waNy—, inbse Bu 9 onbUsBuo] canny ou ows}onSeIdosU Op OBdEZTTEA: Y,, ‘oBnise optioyoy ON “ous vp oRSUNy BADW v ‘vansadsiod wsoSUBIadsD umn wiod ‘wooafequisa sepsenurea se a URLPUOW ‘onuBIENUG yusopour auze up woUgpEoep w a1qos selopeAlasuoD asa} Sep 918 NO “eUIOP -our 91.8 ep vat Nposdas-o9fti99) ORSdastI0D vjad wsne wp OBSINISEP up ORO ens wo ‘uIWefuag JoHTeAA 9p B OWOD BAHEBAL voNgIS euIN ap Ope] oF as-weA}UOUa — OBIE oMsaUL OW N9AI989 *,,eIP epeo v se8]na seu 9 2UIe B,, — 2128 Bp vIOUaPEDEP vw aiqos UEP WOW, 9p Sasa} SB ‘OVB] aq “oIdgin apeytOA ens sod sopeztia}ouse wiaq vinidns op soiuoupsour sosIno v 9 owsteuFerdns oF ‘sneyneg oe ‘ueLZpuoyy © winWoD ‘sepsensueA sep voNgISS wp wisIuNSSad AB0LI0ISIY B $929A seINOg sepeziuesat ogsnposdas v @ oxdnpoid & ‘aodsa o ‘soprdys ayiodsue.y ap sorau so ogs osindwit nag “Dpoia00f rua wuajd stew ¥UI0} 28 JO}I8}X9 eprA ¥ anb sousUas oda} OW ped uns wisaoue : ypwara 0x9) op a ouistjeusol op n so}oadse snes tua novoquiesap ‘ered apues8 wo “ean yeaa 1718030} oxSnposdas vad INU Bo BUIDUID ojad 9 oy-s1enu ojad opynynsqns equowearssesBosd 9 01789) 0 founsuos ap 2 oxny ap s0}a{go ap ogSnpoad y vaIpap as no sfruaureUio seas -B) wo wjoBse 9s vANyINase w |, oRSNA}SUOD,, BsOUr y suOUTEAISsALB -o1d apuay einyayinbse & :fersisnpur opSezITIAIO wu ayse wp ¥IDU_pED -9p v 2 opSepesBap v asqos Sasa} sojUINBas se noNULIO} UBLIPLOW Wid ‘74s aq wistaos vlad ‘7Z6q wis opwongnd o8fy2¥ o8u0] uN, ovdipa varaosai p o8 ody Sue ep ogstuyepel Vv on ‘oaniny op Ino apep nuap} BAou BUN ap ovSEaNBijuOD e wred ‘SeBNUE seIM]ND op ‘sreUOIDEL ‘gu soywi 9 Sojoquiss sop ‘wHOIsIY wp “ezosmEU Ep OpEDYTUBIS o No S21 -o[RA So a1qos 242 ep ByOSOIY Up 2 BaMayInbIE Ep ‘oyUasap op odus¥D Ou. ‘oexo[jax Bxou Bun oldsoULd o apsap 9 OAoU ap IeININIE ‘oLIeNUOD O[9d ‘oupssagau J “luapusasues oBU 9 oong|29 OUISIOUOIsIY WN ap NO [R19 stew o8f ‘o1ueiua ou ‘wa8lxe oUspow opunus Op SouOD saIsq, soyjaus oanyny wh sej9p 9 BLIDISHY e MOD “ez od ep ose|nuzoyas wun our 9p staamnaosns soo19189 9 s0an9 sax0]8A 80 18 wlo9 ousspoU WeWOY op TEINN9 OF! 2p opippuojnuinoe ou ypeaseg wruzouo39-0 tun op opSeodns euysso00u ¥ opmia1gos 2“ “08 opSezyouoines anu ‘seaUsIY apepAUOp! no NOW 20 “pomp ossaifoud azw ‘wzainyeu 9 wfoj0Usa1 9 SON}u0> SO pepiuap! -ogu wun ‘soyjeu no “eajy 2 wrensqe jeamjn> apepauapY wl Bauaursiooud 195010)0 op Zedeo 908 OUI2POW OWUDLIAOW op soucRida So epipou apuvi8 ws vzio19e9 9ub wo ov o1U8n) 09 220409 sexta 2 soanyjod 31008 ‘S00189}009 D senate ap sozedeo selio8oI8 20019}0 oft anbiod wisjosqo 2 210313 “rma owc> ofou soamede‘aGo4 2p tba H3IH 9 218NGI05 3 “Pep 0897 ouTUONYDS "UeUPLOY O1t09 Is ona somedsyp OF s3z01N8

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