CONTROVÉRSIAS•NA•ORTODONTIA
Pancadas ou batidas nos dentes:
como orientar os pacientes e as condutas
a b
a) ALBERTO CONSOLARO1
b) INGRID ARAÚJO DE OLIVEIRA 2,3
1.  Professor Titular da FOB-USP (Bauru/SP) e da pós-graduação na FORP-
USP (Ribeirão Preto/SP).
2.  ONG Céu da Boca (São Luís/MA, Brasil).
3.  H ospital Infantil Dr. Juvêncio Matos (São Luís/MA, Brasil).
Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade
ou financeiros que representem conflito de interesse nos produtos e companhias
descritos nesse artigo. Os pacientes que aparecem no presente artigo autorizaram
previamente a publicação de suas fotografias faciais e intrabucais, radiografias
ou outros exames imagiológicos e informações diagnósticas.
Como citar: Consolaro A, Oliveira IA. How to guide patients and conduct. Clin
Orthod. 2021 Aug-Sept;20(4):157-64.
Enviado em: 19/06/2021 - Revisado e aceito: 30/07/2021
DOI: https://doi.org/10.14436/2675-486X.20.4.157-164.cont
Endereço para correspondência: Alberto Consolaro
E-mail: consolaro@uol.com.br
© Dental Press Publishing | Clin Orthod. 2021 Aug-Sept;20(4):157-64
Resumo
OBJETIVO: Difundir entre os profissionais e pacientes
as condutas mais eficientes para preservar os dentes
depois dos vários tipos de traumatismos dentários
sem fraturas.
DISCUSSÃO: São cinco as situações de traumatismos
dentários para as quais devemos memorizar as con-
dutas para conduzir os casos clínicos que podem se
apresentar a qualquer profissional, incluindo-se os
ortodontistas: 1) dente com mobilidade sem sair do
osso; 2) o dente sai parcialmente do alvéolo, quase
saindo do osso; 3) o dente saiu do alvéolo, mas ainda
está na boca; 4) o dente saiu da boca e caiu no chão; e
5) o dente só ficou dolorido — a insidiosa concussão.
CONCLUSÃO: Se houver reparo periodontal, o dente
voltará à condição de normalidade. Se não houver
reparo periodontal, o osso vai encostar e reabsorver o
dente, que continuará funcionando normalmente por
bom tempo. A anquilose alveolodentária e reabsorção
dentária por substituição representam um processo
contínuo, mas lento e assintomático. No controle do
caso, deve-se evitar a contaminação da região via
gengival e/ou a fratura e perda da coroa. O tratamento
contemporâneo para esses casos é a decoronação
seguida da colocação de implante.
Palavras-chave
Traumatismo dentário. Concussão. Reim-
plante. Anquilose alveolodentária. Reabsorção
por substituição.
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 Consolaro A, Oliveira IA
PANCADA, BATIDA OU TRAUMATISMO
A forma mais comum das pessoas se expres-
sarem sobre os traumatismos dentários é por
meio das palavras “pancada” e “batida”, in-
dependentemente das suas variadas formas
clínicas.
“Pancada” significa o choque de um corpo em
outro, mas pode ser o ato de espancar, bordoa-
da e paulada. Já o termo “batida” é o contato de
pessoas ou objetos que resulte em impacto de
pequena ou grande intensidade, mas pode ser
um golpe, pancada ou choque.
O termo “batida” também pode ser usado para
identificar uma marca de amassadura ou
como sinônimo de amassado, trincado ou que-
brado. Como ocorre nos veículos automotores,
nos dentes, trincas, pequenas fraturas ou las-
cas de esmalte podem ter o mesmo significado.
Em muitas situações, diz-se a frase: “Bati o
dente; o que faço agora?” Em outras, ouve-
-se: “Levei uma pancada no dente; e agora?”.
Na verdade, ambas as palavras, pancada e ba-
tida, podem ser usadas como sinônimos.
TRAUMATISMOS DENTÁRIOS NA
PRÁTICA CLÍNICA
As condutas e os procedimentos terapêuticos
relacionados aos traumatismos dentários não
fazem parte do dia a dia clínico do ortodontis-
ta. Entretanto, quando um paciente com apa-
relho instalado sofre um traumatismo dentá-
rio, o primeiro profissional a ser procurado
será o ortodontista. Assim será também com
os pacientes em tratamento nas demais es-
pecialidades clínicas. Quando o paciente com
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Pancadas ou batidas nos dentes: como orientar os pacientes e as condutas
dente traumatizado for criança ou adolescen-
te, é mais frequente os pais e responsáveis
procurarem a odontopediatra1,2.
Todos os especialistas e os clínicos gerais de-
vem ter algumas condutas memorizadas no
momento de orientar e intervir no local com
dentes traumatizados, pois, às vezes, não há
tempo ou logística, no primeiro momento,
para se levar o paciente até o local onde está o
profissional mais especializado.
Seria muito interessante que, formalmente, os
currículos das escolas de Odontologia ofere-
cessem uma disciplina obrigatória de Trauma-
tologia Dentária, com corpo docente específico
sobre o conteúdo, incluindo a parte prática, com
serviços de emergência e clínicas de atendimen-
tos das consequências mais tardias do trauma-
tismo dentário e suas implicações nas demais
especialidades clínicas1,3,4. Entre elas, se incluem
as reabsorções dentárias internas, reabsorção
cervical externa, reabsorção por substituição
depois da anquilose alveolodentária, fraturas e
trincas, escurecimentos dentários, necrose pul-
par asséptica, metamorfose cálcica da polpa,
deslocamentos e decoronação4,5.
Sem uma disciplina com corpo docente específi-
co, o conteúdo sobre esse assunto acaba se frag-
mentando em várias disciplinas clínicas, com
protocolos diferentes e/ou específicos próprios
de cada uma delas. Isso gera no profissional for-
mado uma insegurança na hora da prática em
atender os pacientes com essas necessidades.
Para contribuir com uma maior abrangência
desse assunto e com a preocupação de que to-
dos possam, de forma tranquila, orientar e tratar
seus pacientes, o presente trabalho foi escrito de
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forma direta e objetiva, sem pretender oferecer
um protocolo minucioso e formal de conduta e
tratamento.
CINCO SITUAÇÕES CLÍNICAS DE
CHEGADA DO PACIENTE
Mesmo que pareça não ter acontecido nada com
os dentes, as pessoas devem saber que os dentes
que sofreram batidas ou pancadas devem ser exa-
minados pelo cirurgião-dentista imediatamente,
pois pode ser uma corrida contra o tempo. Esse pri-
meiro exame clínico é fundamental, muito embo-
ra uma primeira análise superficial, orientadora e
tranquilizadora até possa ser feita virtualmente, até
que se chegue ao local de atendimento presencial.
Ao se examinar o paciente com traumatismo
dentário, podemos ter cinco situações:
1. DENTE COM MOBILIDADE SEM SAIR DO
OSSO. Se o dente está com mobilidade, temos
uma luxação, e o reparo do ligamento periodon-
tal se inicia imediatamente, pois não haveria mi-
crorganismos no local, mas os movimentos ao fa-
lar e comer atrapalham a reconstrução tecidual.
Fixar o dente no lugar correto requer destreza, e
isso requer abordagem profissional, pois às ve-
zes ele se desloca de sua posição original (Fig. 1).
O  paciente deve procurar o cirurgião-dentista
na hora, onde estiver. O profissional procurado e
acionado para essa emergência, caso não se ache
preparado, deve imediatamente acionar outro co-
lega habilitado. Até meia hora depois do aciden-
te, a chance de o reparo periodontal acontecer
é muito grande, e até uma hora ainda pode dar
certo do mesmo modo, mas a chance diminui. As-
sim que reposicionado e fixado o dente no local, o
reparo periodontal inicia-se imediatamente.
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Pancadas ou batidas nos dentes: como orientar os pacientes e as condutas
A fixação semiflexível desse dente nos vizinhos
é necessária, pois os movimentos na alimenta-
ção, ainda que seja pastosa por três dias, e os da
própria fala atrapalham o reparo, pois rompem
vasos e deslocam as células em franco processo
de reorganização. Essa fixação por sete a quinze
dias é feita por fios de nylon ou de aço bem finos
e trançados e que permitem uma movimentação
extremamente delicada e importante durante o
reparo, para que se evite que o reparo se faça
com células ósseas.
Depois de 15 dias, deve-se avaliar a vitalidade
pulpar, pois a chance de uma necrose pulpar
asséptica (Fig. 1) acontecer é grande e o dente
gradativamente vai escurecendo. Se houver fal-
ta de reposta pulpar, o tratamento endodôntico
deve ser realizado. Deve-se evitar esperar a volta
da vitalidade pulpar por períodos maiores, pois
não há como sustentar essa possibilidade do
ponto de vista biológico. E mais, a contaminação
microbiana via sanguínea, ou anacorese, não
é rara, e o dente, depois de algumas semanas,
pode apresentar-se com fístula.
Além da vitalidade pulpar voltar ao normal e
da evolução para necrose pulpar asséptica, o
dente que sofreu luxação pode ainda evoluir
para a metamorfose ou metaplasia cálcica da
polpa. Quase todas as células da polpa, frente
a uma redução do suprimento sanguíneo, so-
frem uma metaplasia ou transformação para
odontoblastos, e depositam aleatoriamente
dentina displásica, obliterando gradativamen-
te o espaço pulpar, apagando-se seus limites.
A consequência clínica é o escurecimento
dentário. Por isso, em dentes traumatizados
vitalizados, sempre deve-se fazer radiografia
periapical e repeti-la a cada três meses, até
completar um ano.
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Figura 1: Deslocamento alveolar do dente #21 com luxação, que pode lesar os vasos pulpares (seta em raio), lesionar os
restos epiteliais de Malassez do ligamento periodontal (setas retas) e induzir a anquilose alveolodentária e subsequente
reabsorção dentária por substituição.
Dentes luxados podem, ainda, evoluir para a
reabsorção interna, reabsorção cervical externa
e reabsorção por substituição. O acompanha-
mento clínico e imagiológico é fundamental, pois
em suas fases iniciais, com a abordagem precoce,
se consegue eliminar as piores consequências.
2. O DENTE SAIU PARCIALMENTE DO ALVÉO-
LO, QUASE SAIU DO OSSO. É urgente e o dente
tem que ficar o menor tempo possível fora do al-
véolo. Até meia hora, ainda haverá chance do re-
paro para voltar ao normal; até uma hora, ainda
vale a pena contar com a biologia.
O melhor nessa situação seria que pessoas lei-
gas, como familiares e amigos, não mexessem
no local ou no dente e procurassem o cirur-
gião-dentista: ele tem treinamento para isso.
Quando um profissional faz a manobra, sua des-
treza lesa muito menos o ligamento e aumenta a
chance de reparo.
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Pancadas ou batidas nos dentes: como orientar os pacientes e as condutas
Peça para o paciente não respirar pela boca, para
que o dente não seque sem saliva, que evapora
com o ar. Em ambientes secos, os remanescentes
do ligamento periodontal e vasos rompidos mor-
rem, pois suas proteínas se coagulam e as trocas
metabólicas normais param completamente.
A fixação semiflexível desse dente nos vizinhos é
necessária, pois os movimentos na alimentação,
ainda que seja pastosa por três dias, e os da própria
fala, atrapalham o reparo, pois rompem vasos e
deslocam as células em franco processo de reorga-
nização. Essa fixação por sete a quinze dias é feita
por fios de nylon ou de aço bem finos e trançados,
que permitem uma mobilidade extremamente de-
licada e importante durante o reparo, para que se
evite que o reparo se faça com células ósseas.
Por sete dias, a alimentação deve ser pastosa, e
por quinze dias deve-se tomar antibiótico, pois
o ambiente foi contaminado. Depois de quinze
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dias, deve-se fazer o canal pois, caso não o faça,
o dente vai escurecer por necrose pulpar assép-
tica e, ainda, pode fistular por contaminação via
local ou sanguínea.
Observação importante: todos os dentes trau-
matizados têm o risco de anquilose alveoloden-
tária seguida de reabsorção dentária por subs-
tituição. Assim, o acompanhamento clínico e
imagiológico é fundamental, com radiografia a
cada três meses no primeiro ano e, depois, uma
vez a cada ano.
3. O DENTE SAIU DO ALVÉOLO, MAS AINDA
ESTÁ NA BOCA. Oriente o paciente a ficar quieto
com a língua e com os lábios e a não respirar
pela boca, para não ressecar, e deixar o dente
sempre molhado com saliva. O profissional vai
recolocar o dente no lugar de forma adequada,
manipulando-o da maneira correta.
Nesse momento, o profissional deve apenas
segurar o dente pela coroa, preparar o alvéolo
para receber novamente o dente, removendo o
excesso de coágulo sanguíneo, mas sem curetar
as suas paredes. Nessas paredes alveolares, há
remanescentes do ligamento periodontal e va-
sos sanguíneos rompidos, que irão se reconec-
tar com os mesmos remanescentes que ficaram
aderidos na raiz dentária.
Ao recolocar o dente no alvéolo, ele estará todo
umedecido pela saliva, sem necessidade de la-
var, irrigar ou remover essa saliva. As bacté-
rias não serão eliminadas com essa irrigação,
que ainda pode prejudicar e levar um tempo
precioso para o reparo se iniciar. Com ou sem
essa lavagem, veremos a importância da an-
tibioticoterapia pós-tratamento do traumatis-
mo dentário.
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Pancadas ou batidas nos dentes: como orientar os pacientes e as condutas
Um detalhe importante é que a saliva é riquíssi-
ma em EGF, ou fator de crescimento epidérmi-
co ou epitelial, que estimula a proliferação e a
regeneração dos restos epiteliais de Malassez e,
ao mesmo tempo, o EGF impede que as células
ósseas colonizem a superfície radicular, pois es-
timula a ação dos clastos, evitando a anquilose
alveolodentária indesejada e que leva à reabsor-
ção dentária por substituição.
A fixação, alimentação, medicação com antibio-
ticoterapia e controle são os mesmos da situa-
ção 4, a seguir.
4. O DENTE SAIU DA BOCA E CAIU NO CHÃO.
O primeiro cuidado é pegar o dente pela coroa,
que está branca e lisa, e nunca pela raiz, que é
amarelo-avermelhada, pelo sangue e fragmen-
tos do ligamento. Pegar o dente pela raiz diminui
muito a chance de reparo. Na hora de apreender
o dente pela raiz, comprime-se e desorganiza-se
os remanescentes do ligamento periodontal, in-
cluindo os restos epiteliais de Malassez e a rede
vascular, essenciais para o início do reparo.
Em seguida, coloca-se o dente em um reci-
piente com leite — qualquer tipo de leite líqui-
do — e não se mexe mais e nem chacoalha. As
batidas e raspadas do dente no fundo ou nas
paredes do recipiente devem ser evitadas. O
tempo corre: o ideal é até 30 minutos, toleran-
do-se até uma hora. Se não tiver leite, coloque
o dente embaixo da língua. O leite pode ser re-
constituído a partir do pó e na forma conden-
sada, pois o EGF que se quer que aja tem uma
molécula estável, que resiste a esses processos
prévios de tratamento do leite.
Não esfregue nem limpe ou passe qualquer
coisa no dente, só o leite mesmo. O paciente
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deve ser orientado a não fazer bochechos ou
enxagues com nenhuma substância, para não
remover ou alterar o coágulo que está no al-
véolo. Esse coágulo está mantendo viáveis ou
vivos os remanescentes periodontais aderidos
nas paredes ósseas.
O profissional irá segurar o dente apenas pela
coroa, preparar o alvéolo para receber nova-
mente o dente, removendo o excesso de coágulo
sanguíneo e sem curetar as suas paredes. Nes-
sas paredes alveolares, os remanescentes do li-
gamento periodontal e vasos sanguíneos rompi-
dos irão se reconectar com os que ficaram aderi-
dos à raiz dentária, para acontecer o reparo.
Ao recolocar o dente no alvéolo, ele pode estar
todo umedecido pelo leite, sem necessidade de
lavar, irrigar ou se livrar desse leite. As bactérias
não serão eliminadas com essa irrigação, que
ainda pode prejudicar e levar um tempo pre-
cioso para o reparo se iniciar. Com ou sem essa
lavagem, a antibioticoterapia pós-tratamento do
traumatismo dentário é muito importante.
Outro aspecto importante sobre o leite, como
também a saliva, é o fato de ser riquíssimo em
EGF, ou fator de crescimento epidérmico ou
epitelial, que estimula a proliferação e a rege-
neração dos restos epiteliais de Malassez e, ao
mesmo tempo, impede que as células ósseas
colonizem a superfície radicular, pois estimu-
la a ação dos clastos, evitando-se a anquilose
alveolodentária indesejada, que leva à reab-
sorção dentária por substituição.
Fixa-se o dente traumatizado com fio de nylon
ou de aço trançado bem delicado, que todo den-
tista tem no consultório, unindo-o com os vizi-
nhos. A fixação semiflexível é necessária, pois os
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Pancadas ou batidas nos dentes: como orientar os pacientes e as condutas
movimentos na alimentação e os da fala atrapa-
lham o reparo, pois rompem vasos e deslocam
as células em franco processo de reorganização.
Essa fixação por quinze a trinta dias permite
uma mobilidade extremamente delicada e im-
portante durante o reparo, para que se evite que
o reparo se faça com células ósseas.
Se doer, e para não inchar, será receitada uma
droga anti-inflamatória. Por uma semana, a
alimentação deve ser pastosa, e por quinze
dias deve-se tomar antibiótico, pois o ambien-
te foi contaminado. Depois de quinze dias, de-
ve-se fazer o canal: se não o fizer, pode-se pôr
tudo a perder. Para não se colocar a vida em
risco, deve-se tomar vacina antitetânica assim
que terminarem os procedimentos por parte
do cirurgião-dentista.
5. O DENTE SÓ FICOU DOLORIDO: A INSIDIO-
SA CONCUSSÃO. Se tiver sintomas, geralmente
será uma sensação de desconforto ou leve dor,
que desaparece depois de uma a três horas e
tudo volta ao normal. Aí que mora o perigo desse
traiçoeiro “leve” traumatismo dentário chamado
concussão6: se houver aumento da mobilidade
dentária, não se trata de concussão, e sim de lu-
xação (Fig. 1).
Uma pancada ou batida simples no dente pode:
a) machucar o ligamento e promover a anqui-
lose alveolodentária e b) a consequente reab-
sorção por substituição; c) provocar necrose
asséptica da polpa ou d) o fechamento do canal
por nova dentina displásica na metamorfose
ou metaplasia cálcica da polpa — ambas com
escurecimento do dente e que requerem tra-
tamento endodôntico. A concussão ainda pro-
voca: e) a reabsorção interna e f) a reabsorção
cervical externa do dente.
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Depois das frequentes pancadas ou batidas sim-
ples que representam um traumatismo dentário
leve ou concussão, sempre se deve fazer uma ra-
diografia periapical e repeti-la a cada três meses,
até completar um ano. Se nada acontecer, é por
que as forças traumáticas se dissiparam sem le-
sar qualquer uma das estruturas dentárias.
FORMAS MAIS COMPLEXAS/
COMPLICADAS DE TRAUMATISMOS
DENTÁRIOS
As cinco situações clínicas selecionadas nesse
artigo não envolvem condutas e protocolos de
dentes traumatizados que:
a) Sofreram fraturas, assim como traumatis-
mos com intrusão dos dentes no osso alveo-
lar. Esses traumatismos dentários lesam de
forma mais ampla o ligamento periodontal e,
em consequência, a rede epitelial de Malas-
sez, tornando a anquilose alveolodentária e
a reabsorção por substituição inevitáveis.
b) Apresentam-se com rizogênese incompleta,
nos quais deve-se levar em consideração o
reparo e as condições dos tecidos periapicais
que estão formando o terço apical, como a
papila dentária, a bainha de Hertwig e o folí-
culo dentário, já descrito anteriormente5,7.
c) Envolvam os dentes decíduos e nos quais de-
ve-se levar em consideração as suas relações
com os dentes permanentes antes e depois
do traumatismo dentário, especialmente em
crianças e adolescentes1,2. Protocolos especí-
ficos foram elaborados para esses dentes1.
O objetivo desse artigo foi discorrer sobre as con-
dutas que possam evitar, nos dentes permanentes
completos e traumatizados, a instalação da an-
quilose e reabsorção por substituição, reabsorção
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Pancadas ou batidas nos dentes: como orientar os pacientes e as condutas
inflamatória externa, reabsorção interna e a reab-
sorção cervical externa4. Também objetivou-se
ressaltar as condutas para evitar as consequên-
cias maiores, nesses dentes, da necrose pulpar as-
séptica e da metamorfose cálcica da polpa5.
CONSIDERAÇÕES FINAIS:
AUSÊNCIA DO REPARO PERIODONTAL
E A PREVENÇÃO DO TRAUMATISMO
DENTÁRIO
1) Se não houver reparo periodontal, nada de
desespero. O osso vai encostar e reabsorver
o dente, que continuará lindo e funcionará
normalmente por um bom tempo. A anquilo-
se alveolodentária e as raízes a serem subs-
tituídas por osso, pela reabsorção dentária
por substituição, representam um processo
contínuo, mas lento e assintomático.
2) No controle clínico do caso, deve-se evitar a
contaminação da região via gengival e/ou a
fratura e perda da coroa. O tratamento con-
temporâneo para esses casos é a decorona-
ção seguida da colocação de implante. O me-
lhor momento para isso, evitando e anteci-
pando-se à contaminação e fratura, deve ser
analisado caso a caso.
3) Proteger-se do traumatismo dentário é mais
simples do que parece, pois existem os prote-
tores dentários e bucais. Praticar esportes sem
protetores bucais é a mesma coisa que fazê-lo
sem capacete, joelheira, cotoveleira, etc.
4) Ninguém gosta de perder dentes, mas, se
acontecer, lembre-se que, hoje, a ciência
odontológica é muito evoluída e haverá uma
forma de restabelecer a estética e a função
e ninguém vai perceber. Nós, profissionais,
devemos explicar isso aos pacientes com a
serenidade e segurança garantidas pelo co-
nhecimento prévio sobre o assunto.
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 Consolaro A, Oliveira IA
How to guide patients and
conduct
Abstract
Objective: To disseminate among professionals and
patients the most efficient conducts to preserve
teeth after the various types of dental trauma
without fractures.
Discussion: There are five situations of dental
trauma for which we should memorize the pro-
cedures to conduct clinical cases that can be
presented to any professional, including ortho-
dontists: 1) The tooth is mobile without leaving the
bone; 2) The tooth is partially out of the alveolus,
almost out of the bone; 3) The tooth has left the
alveolus, but is still in the mouth; 4) The tooth left
the mouth and fell on the floor; and 5) The tooth
was only painful: the insidious concussion.
REFERÊNCIAS
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permanente de crianças e adolescentes. Ribeirão Preto: Cia do
eBook; 2019.
2. Assed S. Odontopediatria: bases científicas para a prática clínica.
São Paulo: Artes Médicas; 2005.
3. Lages-Marques JL, Antoniazzi JH. Traumatologia dentária
assistida: urgência e acompanhamento. São Paulo: Artes Médicas;
2009.
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Pancadas ou batidas nos dentes: como orientar os pacientes e as condutas
Conclusion: If there is periodontal repair, the tooth
will return to normal. If there is no periodontal
repair, the bone will lean against and resorb the
tooth, which will continue to function normally
for quite some time. Alveolodental ankylosis and
tooth resorption by replacement represent a con-
tinuous, but slow and asymptomatic process.
In the control of the case, contamination of the
region via gingiva and/or fracture, and loss of
the crown must be avoided. The contemporary
treatment for these cases is decoronation followed
by implant placement.
Keywords
Dental trauma. Concussion. Reimplantation.
Alveolodental ankylosis. Replacement resorption.
4. Consolaro A. Reabsorções dentárias nas especialidades clínicas. 3.
ed. Maringá: Dental Press; 2012.
5. Consolaro A. Biologia e patologia da polpa e periápice: para as
especialidades clínicas. Maringá: Dental Press; 2018.
6. Consolaro A. A importância da Concussão Dentoalveolar
(Traumatismo Dentário) na Estética e na Ortodontia. Os sinais
do traumatismo dentário prévio como fator preditivo das
reabsorções dentárias no tratamento ortodôntico. Rev Clin Ortod
Dent Press. 2014 Ago-Set;13(4):114-22.
7. Esberard RM, Consolaro A. Deferentes formas de evolução
da reparação apical e periapical dos dentes com rizogênese
incompleta. Odonto. 2000 Jan-Jun;2(1):31-9.
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