ARTIGO ORIGINAL

MOTIVAÇÃO PARA A PRÁTICA DA MUSCULAÇÃO DE ADERENTES

DE ACADEMIAS
Motivation for the practice of academies of members of bodybuilding
ISSN: 2178-7514
Vol. 9| Nº. 1 | Ano 2017 Maria E. C. Hammerschimdt1, Valderi A. de Lima2, William C. de Souza3,
Luis P. G. Mascarenhas4, Marcos T. Grzelczak3, Crisley V. Prado1,2
RESUMO

Existem fatores que influenciam e determinam a aderência à prática da musculação, e por este motivo é
necessário identificar quais fatores motivacionais estão relacionados a esta prática. O presente estudo teve como
objetivo investigar os fatores motivacionais relacionados à prática da musculação em adultos matriculados em
academias da cidade de Lapa/ PR. Esta pesquisa teve como delineamento transversal. Para a composição da
amostra foram selecionados 20 alunos em 04 academias da respectiva cidade. Para avaliar a motivação foi
aplicado um questionário de avaliação dos fatores motivacionais a prática da musculação e um questionário
de avaliação dos facilitadores para a prática da musculação. Foram entrevistados 80 alunos das academias. De
acordo com os resultados, tanto para mulheres como para homens, o fator motivacional mais citado foi saúde,
boa forma física e condicionamento. Quanto aos facilitadores relacionados prática da musculação, o fator mais
prevalente foi profissional da academia. Espera-se que este estudo possa servir de incentivo para proprietários e
administradores de academias a investirem em profissionais qualificados valorizando o trabalho dos profissionais
da Educação Física.

Palavras Chave: Musculação, Motivação, Adultos.

ABSTRACT
There are factors that influence and determine adherence to the practice of bodybuilding, and for this reason
it is necessary to identify motivational factors are related to this practice. This study aimed to investigate the
motivational factors related to the practice of bodybuilding in adults enrolled in academies in Lapa/PR. This
study was cross-sectional design. For the composition of the sample were selected 20 students in 04 academies
of the respective town. To assess the motivation was a questionnaire evaluation of the motivational factors
practicing bodybuilding and a questionnaire evaluation of the facilitators for the practice of bodybuilding.
They interviewed 80 students of the academies. According to the results, both for women and men, the most
cited motivational factor was health, fitness and conditioning. As for facilitators related to the practice of
bodybuilding, the most prevalent factor was the academic professional. It is hoped that this study may serve as
an incentive for owners and academies administrators to invest in qualified professionals valuing the work of
Physical Education.

Keywords: Bodybuilding, Motivation, Adults.

Autor de correspondência 1 – Universidade do Contestado – UnC – Mafra, SC.

2 – Universidade Federal do Paraná – UFPR – Curitiba, PR.
William C. de Souza. Núcleo de Estudos em
Atividade Física - NEAF, Universidade do
3 - Universidade do Contestado – UnC/NEAF – Porto União, SC.
Contestado – UnC. Rua: Joaquim Nabuco, 314. 4 - Universidade Estadual do Centro-Oeste – Unicentro – Irati, PR.
Cidade Nova.
Cep: 89400-000 - Porto União, SC – Brasil.

E-mail: professor_williamsouza@yahoo.com.br
 Motivação para a prática da musculação de aderentes de academias
INTRODUÇÃO
Cada vez mais as informações
sobre os benefícios da pratica regular de
atividades físicas tem influenciado as pessoas
a buscarem um estilo de vida mais saudável
e ativo fisicamente. A busca por viver mais e
melhor comprova que necessitamos de uma
dieta saudável e exercícios físicos. De acordo
com Nahas1 a prática de atividade física pode
prevenir doenças cardiovasculares, auxiliar
no controle de estresse e manutenção do
peso corporal ideal.
Uma das modalidades mais procuradas
nas academias é a musculação, modalidade
de exercício físico que é considerada capaz
de melhorar a saúde e, levar a uma melhor
qualidade de vida,2 esta modalidade cada vez
mais vem sendo praticada por indivíduos de
diferentes faixas etárias, de ambos os sexos e
com diferentes níveis de aptidão física.3
A partir da década de 90 a musculação
passou a fazer parte das diretrizes
internacionais (American College of Sports
Medicine), recomendado por influenciar
beneficamente nos diferentes componentes
da saúde, como por exemplo, força muscular,
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bem estar psicossocial e capacidades
funcionais.4 Ainda de acordo com Costa et
al.4 ela é importante para melhorar a saúde
das pessoas em geral, pois proporciona
muitos benefícios como melhora no
condicionamento físico, hipertrofia muscular,
aprimoramento na coordenação motora,
perda de peso e melhora na autoestima.
De acordo com American College of Sports
Medicine,5 a aderência de pessoas que
iniciam a pratica regular da atividade ocorre
em apenas 5% dos adultos sedentários que
iniciam um programa estruturado.Aderir à
prática de uma determinada atividade física
e manter-se nela motivado depende de vários
fatores que determinam o comportamento
dos indivíduos ao objetivo.6 Para Nahas1 a
motivação para a aderência está relacionada
com uma complexa interação de diversas
variáveis psicológicas sociais e até genética.
Assim, pode-se afirmar que um dos
grandes desafios da saúde pública mundial
tem sido o de manter os indivíduos ativos
fisicamente, de maneira regular para obterem
os efeitos benéficos das atividades.7
Com este estudo visamos analisar
o que leva as pessoas à aderência, e a
 Motivação para a prática da musculação de aderentes de academias
se manterem motivadas na prática da
musculação; além de conhecer melhor o
perfil das pessoas que aderem à prática
da mesma, pois desta forma será possível
fornecer informações importantes para uma
melhor intervenção para a continuidade da
prática da modalidade, efetivando assim os
benefícios proporcionados pela regularidade
do exercício físico a saúde. Com isso o
objetivo deste estudo foi identificar os
fatores motivacionais relacionados à prática
da musculação em alunos matriculados em
academias de musculação.
MÉTODO
O estudo caracteriza-se
pesquisa de campo de caráter observacional
com delineamento transversal, o mesmo foi
aprovado pelo comitê de ética da Universidade
do Contestado – UnC, com o protocolo de
número: 1.082.637.
A amostra foi composta por 80
alunos com idades entre 18 e 65 anos de
ambos os sexos, praticantes de musculação
há no mínimo três meses, regularmente
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matriculados em 4 academias (20 alunos de
cada academia) da cidade de Lapa-PR. Os
mesmos participaram de forma voluntária da
pesquisa.
Para a coleta de dados foram
utilizados neste estudo dois questionários:
1º o questionário de Identificação de Fatores
Motivacionais Relacionados à Prática
da Musculação, e 2º o questionário de
Facilitadores para a Prática da Musculação.8
O 1º questionário (Fatores
Motivacionais Relacionados à Prática da
Musculação) contem questões que buscam
identificar os motivos que influenciam na
prática da musculação; como por exemplo:
Emagrecimento relacionado à saúde,
emagrecimento relacionado à estética; saúde,
como bem-estar, manutenção e promoção da
saúde, etc.; para cada questão o indivíduo
teve cinco opções de resposta. As opções de
respostas variaram entre: 0= não influencia
(0%); 1= influencia um pouco (25%); 2=
influencia parcialmente (50%); 3= influencia
moderadamente (75%); 4= influencia muito
(100%).Para fins de análise, as respostas
foram dicotomizadas em não x sim.
 Motivação para a prática da musculação de aderentes de academias
O 2º questionário (Facilitadores
para a Prática da Musculação) contou com
nove questões, que identificaram o que era
considerado importante ao participante para
a prática da musculação em uma academia;
como por exemplo: aparelhos oferecidos para
a prática, localização da academia, custo da
mensalidade. Para cada questão o indivíduo
teve cinco opções de resposta sobre o quanto
era considerado importante os motivos
relacionados para a prática da musculação
as respostas variaram entre: 0 =Nada
importante (0%); 1=Um pouco importante
(25%); 2= Parcialmente importante (50%);
3= Muito importante (75%); 4= Totalmente
importante (100%). Para fins de análise, as
respostas foram dicotomizadas em não x sim.
Os dados foram analisados por meio
do programa estatístico Epidata Analisys,
para verificar as possíveis diferenças entre
fatores motivacionais e fatores facilitadores
para á pratica da musculação entre os sexos
foi utilizado o teste de qui-quadrado com
nível de significância de p≤0,05.
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RESULTADOS
Na tabela 1 estão demonstradas as
características dos participantes. A amostra
foi composta por 80 participantes, sendo
que 56% eram mulheres. Com relação ao
IMC, sete a cada dez mulheres apresentaram
IMC normal. No entanto, houve diferença
significativa entre homens e mulheres, onde
51,4% dos homens apresentaram sobrepeso
(p=0,007). Em relação ao estado civil, 57,5%
das pessoas da amostra são solteiros. Houve
diferença significava no nível de escolaridade
entre homens e mulheres, onde seis a cada
dez mulheres possuem graduação e seis a
cada dez homens possuem apenas ensino
médiocompleto. Quanto ao nível sócio
econômico, 93,8% de ambos os gêneros
pertencem à classe socioeconômica C. Com
relação aos fatores motivacionais à prática
da musculação 50,0% sentem-se muito
motivados à prática. Por outro lado, 48,8%
apresentaram pouco facilitadores à prática.
Tabela 1. Características dos participantes
 Motivação para a prática da musculação de aderentes de academias

VARIAVEIS M A S C U L I N O F E M I N I N O X² p TOTAL (=80)

(n=35) (n=45)
n % n % n %
IMC
Normal 13 37,1 32 71,1 9,927 0,007 45 56,3
Sobrepeso 18 51,4 12 26,7 30 37,5
Obesidade 4 11,4 1 2,2 5 6,3
Estado Civil
Solteiro 25 71,4 21 46,7 5,638 0,130 46 57,5
Casado 9 25,7 22 48,9 31 38,8
Divorciado 1 2,9 1 2,2 2 2,5
Viúvo 0 0 1 2,2 1 1,3
Escolaridade
FC 1 2,9 2 4,4 8,629 0,013 3 3,8
Ens. Médio 24 68,6 16 35,6 40 50,0
Graduação 10 28,6 27 60,0 37 46,3
NSE
B 2 5,7 3 6,7 0,03 0,861 5 6,3
C 33 94,3 42 93,3 75 93,8
Motivação
Pouca 3 8,6 1 2,2 1,823 0,401 4 5,0
Médio 16 45,7 20 44,4 36 45
Muito 16 45,7 24 53,3 40 50
Facilitadores
Não 1 2,9 5 11,1 2,887 0,236 6 7,5
Pouco 20 57,1 19 42,2 39 48,8
Muito 14 40 21 46,7 35 43,8
FC: Ensino fundamental completo, NSE: Nível sócio econômico. X2: qui-quadrado
De acordo com os fatores motivacionais
relacionados à prática de musculação (gráfico fortalecimento muscular e ósseo (80,0%). Entre
1), para as mulheres, o fator que mais prevalece os gêneros não houve diferenças significativas.
é saúde, boa forma física, condicionamento;
fortalecimento muscular e ósseo (93,3%), Gráfico 1. Fatores motivacionais relacionados à
seguidos de estética e aumento de massa muscular prática de musculação de acordo com o gênero
(88,9%), saúde e bem-estar (83,8%).Para os (%).
homens, o fator que também prevalece é saúde,
boa forma física e condicionamento (94,3%),
estética, aumento de massa muscular (85,7%),

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 Motivação para a prática da musculação de aderentes de academias

De acordo com os facilitadores relacionados da academia (88,6%), seguidos de marketing

à prática da musculação de acordo (gráfico 2),
para as mulheres, os fatores relevantes foram
profissionais da academia (82,2%), aparelhos
oferecidos para a prática (77,8%) e, marketing
interno (66,7%). Para os homens, o fator que
também mais prevaleceu foram os profissionais
interno (74,3%), e, aparelhos oferecidos pela
academia (71,4%). Entre os gêneros não houve
diferenças significativas.
Gráfico 2. Facilitadores relacionados à prática de
musculação de acordo com o gênero (%).

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 Motivação para a prática da musculação de aderentes de academias
DISCUSSÃO
Para os fatores motivacionais relacionados
à prática da musculação, os resultados deste estudo
apresentaram como fator mais predominante
entre homens e mulheres, foram saúde, seguidos
de boa forma física e condicionamento (94,3%
e 93,3% respectivamente), resultado importante
que demonstra que as pessoas estão cada vez
mais buscando praticar exercícios físicos para
melhorar ou manutenção da saúde. Outro fator
prevalente foi fortalecimento muscular e ósseo
com 93,3% relatados pelas mulheres. Liz8 em
seu estudo encontrou resultados semelhantes,
onde 93,9% dos pesquisados apontaram saúde,
boa forma física, fortalecimento muscular,
bem-estar e condicionamento, como fatores
motivacionais. Segundo a mesma autora, esses
fatores influenciam de moderadamente a muito
na prática da musculação.
Lacerda e Mathias9 diz que os fatores
motivacionais para a aderência dos praticantes de
exercícios físicos em academias de ginásticas são
a busca pela saúde, a melhoria da qualidade de
vida, e bem-estar. Hoje um dos fatores bastante
citados segundo o autor é a estética, um dado que
não foi relevante neste estudo. Segundo Checa10,
em seu estudo realizado com 100 pessoas de
ambos os gêneros em academias de São Caetano
do Sul, aproximadamente 90% das mulheres
consideram a saúde como fator determinante
para a aderência à prática de atividade física. Este
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resultado foi semelhante no estudo de Babinotti e
Capozolli11, onde mulheres apresentaram o fator
saúde como o mais motivante.
Para o fator que mais facilita tanto
homens como mulheres de aderir à prática da
musculação é o profissional da academia (88,6%
e 82,2% respectivamente), dados semelhantes
foram encontrados no estudo de Liz8, onde
86,7% afirmam também que profissionais da
academia influenciam muito no fator facilitador a
prática da musculação. Martins12, em seu estudo,
apresenta resultados semelhantes onde 86,0%
dos adultos entrevistados afirmaram que o papel
do professor é de extrema importância para a
permanência dos alunos nas academias de São
Leopoldo/RS, a autora afirma que 70,0% dos
praticantes de musculação aliam a competência
do professor a outras características, como ser
extrovertido, comunicativo e saber transmitir o
que sabe.
Para Toledo13, os principais fatores
que determinam a permanência dos alunos nas
academias são o conhecimento e a qualificação
dos professores. Em seu estudo em uma academia
de Londrina/PR com 76 alunos praticantes da
musculação, 76,0% da amostra consideram o
papel do professor muito importante, e segundo
o autor isso é fundamental para o processo de
fidelização dos alunos na academia, concordando
com o presente estudo. Avino14 reportou que
a principal tarefa dos professores é fazer com
que os alunos criem gosto e expectativa com a
musculação. Os professores são os principais
 Motivação para a prática da musculação de aderentes de academias
motivadores para a aderência a prática desta
atividade.
Neste estudo, o profissional da academia
foi um dos facilitadores de maior importância.
Nos resultados estatísticos não foi encontrado
diferenças significativas entre homens e mulheres.
Contar com um profissional capacitado, que
saiba transmitir seus conhecimentos técnicos
e científicos de uma forma simples e coerente,
pode garantir aderência das pessoas na prática da
musculação. Ainda é de grande importância que
o profissional seja um grande observador, para
que os objetivos de seus clientes sejam atingidos
mantendo os motivados à prática. Espera-se
que este estudo possa servir de incentivo para
proprietários e administradores de academias
a investirem em profissionais qualificados
valorizando o trabalho dos profissionais da
Educação Física.
Mais estudos são necessários no intuito de
elucidar ainda mais os fatores motivacionais e de
aderência das pessoas na prática da musculação,
para que mais pessoas busquem a modalidade
e possam aproveitar os benefícios já citados da
prática regular dos exercícios melhorando assim
sua qualidade de vida.
Os resultados deste estudo afirmam
que os fatores motivadores para a prática de
musculação, tanto para homens, quanto para
mulheres, estão relacionados à saúde, boa
forma física e condicionamento. Para manter-
se na prática, o maior facilitador para homens
e mulheres é o profissional da academia. Sendo
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assim, conclui-se que é fundamental a qualificação
deste profissional tanto técnico quanto cientifico
e que o mesmo tenha um bom relacionamento
com seus clientes, seja observador e possa
auxiliá-los a alcançar seus objetivos para que se
mantenham na prática fazendo da musculação
um estilo de vida saudável e mais pessoas venham
a aderir à mesma.
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 Motivação para a prática da musculação de aderentes de academias

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de Curso]. Campinas (SP). Universidade Estadual de
Campinas; 2001.

Observação: Os autores declaram a não existência de

conflitos de interesses de qualquer natureza.

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