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Esta unidade dentro da Torá que Rabi Shimon reconheceu permitiu-lhe perceber a
unidade Divina dentro de nosso mundo material e, além disso, ter essa unidade expressa
no fato verdadeiro bem como no abstrato. Ele entendia o estudo de Torá como todo
abrangente, capaz de influenciar e controlar cada aspecto de nossas vidas.
Assim o Zohar relata2 que Erets Yisrael certa vez passou por uma terrível seca. Quando
os judeus apelaram a Rabi Shimon por ajuda, ele explicou o versículo 3: “Como é bom e
agradável para os irmãos morarem juntos” – e começou a chover.
No mesmo nível, o Midrash relata4 que um dos alunos de Rabi Shimon retornou a Erets
Yisrael após conquistar riquezas em terras estrangeiras. Vendo que alguns dos outros
alunos ficaram com inveja, Rabi Shimon os levou a um vale e clamou: “Vale, vale, encha-
se de moedas de ouro,” e assim aconteceu. “Quem quiser pode pegar à voontade,”
declarou Rabi Shimon, “mas ele deve saber que está tirando de sua porção no Mundo
Vindouro.”
Rabi Shimon conseguiu tornar a riqueza espiritual do Mundo Vindouro tão manifesta
quanto a riqueza material neste mundo.
Rabi Yishmael afirma que o versículo não pode ser tomado literalmente; ao contrário,
como o máximo de tempo possível deve ser dedicado ao estudo de Torá, mas parte do
tempo da pessoa deve ser devotado a ganhar o próprio sustento. Rabi Shimon, no
entanto, argumenta que o versículo deve ser levado literalmente. Uma pessoa deve
devotar todo seu tempo e esforço ao estudo de Torá, deixando a cargo de D’us
assegurar que suas necessidades materiais serão satisfeitas.
Rabi Shimon seguia os próprios ensinamentos. O Talmud diz sobre ele, “Toraso
umanuso”, - “Sua profissão era a Torá.” Ele se devotava unicamente ao estudo de Torá,
permanecendo completamente afastado dos assuntos mundanos.
Nossos Sábios dizem11 que a Torá foi dada apenas àqueles – i.e., os judeus no deserto –
que comeram o maná. Esta declaração não visa a limitar o número de pessoas que têm
acesso ao estudo de Torá; pretende, em vez disso, ensinar-nos como devemos abordá-
lo.
Enquanto nossos ancestrais recebiam seu alimento do céu, não tiveram de se preocupar
em ganhar seu sustento. Com todas as suas necessidades miraculosamente providas,
eles puderam concentrar suas energias somente no crescimento espiritual. Nós, em
contraste, não recebemos milagres abertos, e portanto devemos passar uma certa
quantidade de tempo envolvidos com assuntos mundanos. Apesar disso, durante o
tempo em que estudamos Torá, todas as nossas preocupações e cuidados, toda nossa
preocupação com os assuntos materiais, devem ser deixados de lado. Dessa maneira,
durante o tempo que designamos para estudo de Torá, podemos atingir o nível “daqueles
que comeram maná”, e imitar o estado de Toraso umanuso de Rabi Shimon.
O Alter Rebe12 explica que cumprir uma mitsvá estabelece uma união eterna com o
Divino. Assim, estudar Torá, mesmo que brevemente com a atenção “daqueles que
comeram maná”, sedimenta um vínculo eterno com D’us ao nível de Rabi Shimon bar
Yochai. Mesmo depois desse estudo, quando uma pessoa volta sua atenção às
preocupações materiais, esta conexão interior é mantida.
Notas
1 – Veja o ensaio (vol. I pag, 101 ff) intitulado “Preenchendo a lacuna entre o Intelecto e a Auto-Transcendência,” onde
este conceito é explicado à luz da Chassidut de Chabad.
2 – Vol. III, pág. 59 b. O Talmud registra vários casos nos quais numerosos Sábios tinham atendidas suas preces por
chuva (veja Taanit 23 a, 25 b). O que é singular sobre o exemplo acima citado é que a chuva vinha não como uma
resposta à prece, mas como uma expressão física das energias espirituaos despertadas através do estudo de Torá.
3 – Tehilim 133:1.
6 – Berachot 35 b.
7 – Yeshoshua 1:8.
9– Parece que o próprio Rabi Shimon Bar Yochaii avaliava que este nível de devoção estava além do potencial da
maioria dos homens. Assim, Shabat 33 relata que quando Rabi Shimon e seu filho Rabi Elazar emergiram de sua
provação de 13 anos na gruta, eles encontraram as pessoas envolvidas nos seus assuntos mundanos do dia-a-dia.
Rabi Elazar foi incapaz de entender: “Como podem as pessoas abandonar a vida eterna (i.e., o estudo de Torá) e se
ocupar com preocupações temporais?” Rabi Shimon o aplacou, dizendo: “Você e eu somos suficientes para o mundo.”
10– Shulchan Aruch HaRav, Hilchot Tefilah 106:4; Hilchot Talmud Torah 4:4-5.
13– Zohar III, pág. 124 b; veja Igueret HaKodesh, Epístola 26.
O Zôhar
O Zôhar, que significa "esplendor" ou "brilho", tornou-se a base da espiritualidade ímpar da
Chassidut, fundada no século XVIII por Rabi Yisrael ben Eliezer, o "Báal Shem Tov", no Leste
Europeu.
O Zôhar descreve o dia da morte de Rabi Shimon como repleto de grande luz e júbilo sem fim,
e a sabedoria secreta que ele revelou naquele dia aos discípulos; tanto para o mestre como
para os alunos, diz o Zôhar, foi como o dia em que o noivo e a noiva se rejubilam sob a canópia
nupcial. Diz-se que o dia não chegou ao fim antes de Rabi Shimon revelar tudo que lhe fora
permitido revelar. Apenas então o sol recebeu permissão de se pôr; e quando isso aconteceu,
a alma de Rabi Shimon deixou seu corpo, subindo aos céus.
Rabi Abba, um aluno incumbido do trabalho de transcrever as palavras de Rabi Shimon, conta:
"Eu nem ao menos conseguia manter a cabeça levantada, devido à luz intensa que emanava
de Rabi Shimon. Durante todo o dia a casa esteve repleta de fogo, e ninguém podia chegar
perto, por causa da parede de chamas e luz. No fim do dia, o fogo finalmente arrefeceu, e pude
olhar a face de Rabi Shimon. O sol se punha e com ele a alma do mestre se elevava. Estava
morto, envolto em seu Talit, deitado sobre o lado direito – e sorrindo."
Rabi Shimon fora banhado em luz e fogo, pois a Torá é comparada ao fogo – "Aish HaTorá".
Fogo é o material que converte matéria física em energia. Assim também, a Torá nos mostra
como transformar o mundo material em energia transcendente.
Rabi Shimon bar Yochai faleceu em Lag Baômer. Antes de morrer, instruiu os discípulos para
observarem seu yahrzeit, data de seu falecimento, como um dia de muita alegria e festividades.