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Programa (EB1)

1. Introdução. Bases do projecto.

• Perspectiva histórica
• Métodos de análise e dimensionamento
• Tipos de acções. Combinações de acções

2. Propriedades dos materiais.

• Betão: classificação e relações constitutivas


• Armaduras
• Funcionamento conjunto dos dois materiais

3. Secções solicitadas à flexão e ao esforço axial.

• Bases gerais da flexão


• Secções submetidas ao esforço axial
• Secções submetidas à flexão simples
• Secções submetidas à flexão composta
• Secções pré-esforçadas
• Secções submetidas à flexão desviada

4. Vigas de betão. Esforço transverso.

• Análise do comportamento de vigas de betão


• Verificação da segurança em relação ao esforço transverso
• Dimensionamento e disposições construtivas de vigas

5. Torção.

• Torção e torção associada a esforço transverso

6. Encurvadura de pilares.

• Dimensionamento e verificação da segurança de pilares à encurvadura de acordo


com o método baseado numa curvatura nominal do Eurocódigo 2

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Programa (EB2)

1. Estados limites de utilização.

• Comportamento das estruturas em fase de serviço


• Efeitos da retracção e fluência
• Durabilidade das estruturas
• Estado limite de fendilhação
• Estado limite de deformação

2. Análise e dimensionamento de estruturas porticadas.

• Métodos de análise estrutural


• Métodos simplificados de análise e verificação estrutural
• Avaliação dos efeitos das acções horizontais
• Efeitos globais de 2ª ordem
• Disposições de projecto e disposições construtivas

3. Dimensionamento de lajes e escadas.


4. Fundações em betão.

• Sapatas contínuas e sapatas isoladas


• Sapatas comuns e ensoleiramentos
• Maciços de encabeçamento de estacas

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Bibliografia principal

Livros de texto

• Dimensionnement des Structures en Béton (Volume 7). R. Walther et M. Miehlbradt,


Presse Polytechniques et Universitaires Romandes, EPFL, 1990.
• Design of Concrete Structures. A. H. Nilson, McGraw-Hill International Editions, 12th
Edition, 1997.
• Construções de Concreto (Vols. 1, 3 e 4). F. Leonhardt e E. Mönnig, Editore Inter-
ciência Lda, 1978.
• Hormigón Armado (Vols. 1 y 2). P. Jiménez Montoya, A. Garcia Meseguer, F. Morán
Cabré, Editorial Gustavo Gili, S.A., 13ª Edición, 1994.
• Reinforced Concrete Design to Eurocode 2. B. Mosley, J. Bungey, Ray Hulse, Palgrave
Macmillan, 2007.

Literatura necessária para a disciplina

• Eurocódigo 0: Bases para o projecto de estruturas. ( NP EN 1990:2006);

• Eurocódigo 1: Acções em estruturas Parte 1-1: Acções gerais – Pesos volúmicos, pesos
próprios, sobrecargas em edifícios. (NP EN 1991-1-1:2002);
• Eurocódigo 2: Projecto de estruturas de betão. Parte 1-1: Regras gerais e regras para
edifícios. (NP EN 1992-1-1: 2008);
• REBAP- Regulamento de estruturas de betão armado e pré-esforçado, Imprensa Na-
cional Casa da Moeda, Lisboa 1985.
• RSA - Regulamento de Segurança e Acções para Estruturas de Edifícios e Pontes,
INCM, Lisboa , 1983.
• Tabelas e ábacos de Dimensionamento de Secções de Betão Solicitadas à Flexão e a
Esforços Axiais Segundo o Eurocódigo 2. H. Barros e J. Figueiras, FEUP edições,
2010.
• Textos e notas de apoio preparadas pelos docentes.

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1. INTRODUÇÃO
Betão Aço
resistência à tracção fraca boa
resistência à compressão boa boa
resistência ao corte razoável boa
sofre corrosão
durabilidade boa se não for
protegido
fraca, perde resistência
resistência ao fogo boa quando sujeito a
elevadas temperaturas

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1. INTRODUÇÃO

Elementos estruturais de betão armado (ou pré-esforçado) num edificío

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1. INTRODUÇÃO

Projecto de estruturas de betão armado (ou pré-esforçado)

A estrutura deve satisfazer os três critérios principais:


• Segurança

– estar segura, ou seja, o risco de colpaso deve ser muito baixo;


– não deve deformar, fendilhar ou vibrar para além dos limites aceitáveis para não
diminuir a sua funcionalidade;
• Economia

– ser económica no que se refere ao seu custo inicial e à sua manutenção;

• Qualidade

– ser adequada para o uso desejado e durável - manter o aspecto e os níveis de


desempenho.

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2. BASES PARA O PROJECTO

2.1 Requisitos

2.2 Princípios para o dimensionamento

2.3 Acções

2.4 Combinações de acções

2.5 Coeficientes parciais de segurança

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Eurocódigos - Distinção entre Princípios e Regras de


Aplicação

Princípios

• declarações de carácter geral e definições para as quais não são permitidas alternativas;
• requisitos e modelos analíticos para os quais não são permitidas alternativas, a não ser
que tal seja expressamente especificado.
Os Princípios são identificados pelo número do parágrafo seguido pela letra P.

Regras de aplicação

As Regras de Aplicação são regras geralmente aceites que são conformes aos Princípios e
que satisfazem os seus requisitos.
As Regras de Aplicação são identificadas por um número entre parênteses.

Anexo Nacional

O Anexo Nacional só poderá conter informações sobre os parâmetros deixados em aberto


no Eurocódigo para escolha nacional, designados por Parâmetros Determinados a nível
Nacional, a utilizar no projecto de edifícios e de outras obras de engenharia civil no país em
questão.

Pressupostos

Um projecto que segue os Princípios e as Regras de Aplicação só cumpre os requisitos desde


que satisfaça os pressupostos:
• a escolha do sistema estrutural e o projecto da estrutura são realizados por técnicos
com qualificação e experiência adequadas;
• a execução é realizada por pessoal com competência e experiência adequadas;
• uma supervisão e um controlo da qualidade adequados são assegurados durante toda a
execução da obra, nomeadamente, nos gabinetes de projecto, nas fábricas, nas empresas
e nos estaleiros;
• os materiais e os produtos de construção são utilizados de acordo com as especificações
das EN ou de normas de execução ou especificações aplicáveis;
• as estruturas são objecto de manutenção adequada;
• as estruturas têm uma utilização em conformidade com as hipóteses consideradas no
projecto.

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2.1 Requisitos

Requisitos gerais

O projecto de estruturas de betão deve estar de acordo com os requisitos gerais indicados
no EC0
Considera-se que os requisitos gerais da secção 2 do EC0 são satisfeitos para as estruturas
de betão quando forem aplicadas conjuntamente as disposições seguintes:
• cálculo em relação aos estados limites pelo método dos coeficientes parciais
de acordo com a EC0;
• acções conformes à EC1;
• combinação de acções conformes à EC0 e;
• resistências, durabilidade e utilização conformes à EC2.

Tempo de vida útil de projecto

O tempo de vida útil de projecto deve ser, normalmente, especificado.

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2.2 Princípios para o dimensionamento

Definição de grandezas aleatórias. Acções. Materiais


ö
zi õ (z −z )2
q õ
m
zm = n ∆= ô i
n−1

Curva de frequências da grandeza aleatória, z

Verificação pelo método dos coeficientes parciais

Esquematização da verificação da segurança

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2.2 Princípios para o dimensionamento

Estados limites

• Estados Limites Últimos: associados ao colapso da estrutura e referem-se à segu-


rança das pessoas e/ou à segurança da estrutura.
• Estados Limites de Utilização: referem-se ao funcionamento da estrutura ou dos
seus elementos estruturais em condições normais de utilização, ao conforto das pessoas
e ao aspecto da construção.

Estados limites últimos

• EQU : perda de equilíbrio estático do conjunto ou de parte da estrutura considerada


como corpo rígido;
• STR: rotura ou deformação excessiva da estrutura ou dos elementos estruturais, in-
cluindo sapatas, estacas, muros de suporte, etc., em que a resistência dos materiais da
estrutura é condicionante;
• GEO: rotura ou deformação excessiva do terreno em que as características resistentes
do solo ou da rocha são significativas para a resistência da estrutura;
• FAT : rotura por fadiga da estrutura ou dos elementos estruturais.

Quando se considera um EQU deve verificar-se que:

Ed,dst ≤ Ed,stb

em que:
Ed,dst é o valor de cálculo do efeito das acções desestabilizantes;
Ed,stb é o valor de cálculo do efeito das acções estabilizantes.

Quando se considera um estado limite de rotura STR e/ou GEO deve verificar-se que:

Ed ≤ Rd

em que:
Ed é o valor de cálculo do efeito das acções, tal como um esforço, ou um vector representando
vários esforços;
Rd é o valor de cálculo da resistência correspondente.

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2.2 Princípios para o dimensionamento

Estados limites

Estados limites de utilização

Quando se considera um estado limite de utilização deve verificar-se que:

Ed ≤ Cd

em que:
Ed é o valor de cálculo correspondente ao valor limite do critério de utilização;
Cd é o valor de cálculo dos efeitos das acções especificadas no critério de utilização, deter-
minado com base na combinação em causa.

Situações de projecto

• persistentes: condições normais de utilização;


• transitórias:condições temporárias aplicáveis à estrutura, como, por exemplo, durante
a construção ou a reparação;
• acidentais: condições excepcionais aplicáveis à estrutura ou à sua exposição (incên-
dios, explosões, impactos ou consequências de rotura localizada);
• sísmicas: condições aplicáveis à estrutura quando sujeita à acção dos sismos.

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2.3 Acções

Classificação das acções

Classificação das acções de acordo com a sua variação no tempo:

• acções permanentes (G) (peso próprio)


• acções variáveis (Q) (sobrecargas, vento, neve)
• acções de acidente (A) (explosões ou choque de veículos)

Classificação das acções de acordo com a sua variação no espaço:

• acções fixas (peso próprio)


• acções móveis (sobrecargas)

Classificação das acções de acordo com a sua origem:

• acções directas (peso próprio, sobrecarga)


• acções indirectas (variações de temperatura, assentamentos diferenciais ou sismos)

Classificação das acções de acordo com a sua natureza e/ou com a resposta
estrutural:

• acções estáticas ( peso próprio, sobrecarga)


• acções dinâmicas (sismos)

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2.3 Acções

Valores característicos e representativos das acções

O valor característico Fk de uma acção é o seu valor representativo principal.

Permanentes

As acções permanentes (G) têm em geral uma variabilidade limitada sendo representadas,
nesse caso, pelo seu valor característico Gk = Gm .

Variáveis

Uma mesma acção variável (Q) pode ter vários valores representativos Frep :
• valor característico, Qk ;
• valor de combinação, ψ0 Qk ;
• valor frequente, ψ1 Qk ;
• valor quase-permanente, ψ2 Qk

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2.3 Acções

Quantificação dos valores representativos das acções

Peso próprio das construções

O peso próprio das obras de construção deve ser classificado como:


• acção fixa permanente;
• nos casos em que o peso próprio possa variar no tempo, deverá considerar-se Gk,sup e
Gk,sup ;
• nos casos em que seja livre (por exemplo, para as divisórias amovíveis), deverá ser
tratado como uma sobrecarga adicional.
Na maioria dos casos, o peso próprio das construções pode ser representado por um único
valor característico e pode ser calculado com base nas dimensões nominais e nos valores
característicos dos pesos volúmicos correspondentes.

Valores nominais dos pesos volúmicos dos materiais de construção (EC1)

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2.3 Acções

Quantificação dos valores representativos das acções

Sobrecargas em edifícios

• acções variáveis livres


• são modeladas por cargas lineares ou superficiais uniformemente distribuídas, por car-
gas concentradas ou por combinações destas cargas.
• deve ser aplicada na zona mais desfavorável da área de influência dos efeitos da acção
considerados.
Para a determinação das sobrecargas, as áreas dos pavimentos e das coberturas dos edifícios
devem ser classificadas em categorias em função da sua utilização.

Categorias de utilização (EC1)

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2.3 Acções

Quantificação dos valores representativos das acções

Sobrecargas em edifícios

Para efeitos de projecto, às categorias das zonas carregadas estabelecidas devem correspon-
der valores característicos:
• qk (carga uniformemente distribuída)
• Qk (carga concentrada).

Valor das sobrecargas em função das categorias de utilização (EC1)

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2.3 Acções

Quantificação dos valores representativos das acções

Sobrecargas em edifícios

Os valores recomendados para os coeficientes ψ relativos às acções mais usuais são:

Coeficientes ψ para edifícios (EC0)

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2.3 Acções

Valores de cálculo das acções

O valor de cálculo Fd de uma acção F pode ser expresso, em geral, da seguinte forma:

Fd = γF · Frep

com

Frep = ψFk

em que
Fk - é o valor característico da acção;
Frep - é o valor representativo da acção;
γF - é um coeficiente parcial relativo à acção, que tem em conta:
• incerteza nos valores representativos das acções;
• incerteza na modelação das acções e dos efeitos da acções.

ψ - é igual a 1,00 ou ψ0 , ψ1 ou ψ2 .

Valor de cálculo do efeito das acções

O efeito das acções (E) nos elementos estruturais (por exemplo, esforço interno, momento,
tensão, extensão) ou no conjunto da estrutura (por exemplo, deslocamento, rotação).

Ed = E {γF,i Frep,i ; ad } i ≥ 1

Valores de cálculo das propriedades dos materiais

O valor de cálculo da resistência Rd pode ser obtido directamente do valor característico da


resistência de um material ou de um produto Rk , da seguinte forma:

Rk
Rd = γM

onde
γM - é um coeficiente parcial relativo ao material, que tem em conta:
• as incertezas na modelação da resistência estrutural;
• as incertezas nas propriedades dos materiais.

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2.4 Combinações de acções

Estados limites últimos

Para cada caso de carga, os valores de cálculo dos efeitos das acções (Ed ) devem ser determi-
nados combinando os valores das acções que se consideram poder ocorrer simultaneamente.

• situações de projecto persistentes ou transitórias (Combinações fundamentais)

 

q 

Ed = E γG,j Gk,j + γP P + γQ,1 Qk,1 + γQ,i ψ0,i Qk,i 
q
j≥1
 i>1 

• situações de projecto acidentais


 

q 

Ed = E Gk,j + P + Ad + (ψ1,1 ou ψ2,1 )Qk,1 + ψ2,i Qk,i 
q
j≥1
 i>1 

• situações de projecto sísmicas


 

q 

Ed = E Gk,j + P + AEd + ψ2,i Qk,i 
q
j≥1
 i≥1 

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2.4 Combinações de acções

Estados limites utilização

As combinações de acções a ter em conta nas situações de projecto consideradas devem ser
adequadas aos requisitos de utilização e aos critérios de desempenho a verificar.
• Combinação característica
 

q 

Ed = E Gk,j + P + Qk,1 + ψ0,i Qk,i 
q
j≥1
 i>1 

• Combinação frequente
 

q 

Ed = E Gk,j + P + ψ1,1 Qk,1 + ψ2,i Qk,i 
q
j≥1
 i>1 

• Combinação quase-permanente
 

q 

Ed = E Gk,j + P+ ψ2,i Qk,i 
q
j≥1
 i≥1 

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2.4 Coeficientes parciais de segurança

Coeficientes parciais relativos às acções (γF )

Estado limite último

• situações de projecto persistentes ou transitórias (Combinações fundamentais)

 

q 

Ed = E γG,j Gk,j + γP P + γQ,1 Qk,1 + γQ,i ψ0,i Qk,i 
q
j≥1
 i>1 

Estado limite Conjunto de coeficientes parciais a usar Quadros


EQU Conjunto A EC0 Quadro NA-A1.2(A)
STR Conjunto B EC0 Quadro NA-A1.2(B)

Acções Permanentes, (γG,j ) Pré-esforço*(γP ) Acção variável Acções variáveis


Desfavoráveis Favoráveis (Favorável) de base**, (γQ,1 ) acompanhantes**, γQ,i
EQU 1,10 0,9 1,0 1,5 1,5
STR 1,35 1,0 1,0 1,5 1,5

(*) ver EC2 2.4.2.2 para os casos em que fôr desfavorável ;

(**) γQ,1 e γQ,i = 0 nos casos favoráveis.

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2.4 Coeficientes parciais de segurança

Coeficientes parciais relativos às acções (γF )

Estado limite último

• situações de projecto persistentes ou transitórias (Combinações fundamentais)

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2.4 Coeficientes parciais de segurança

Coeficientes parciais relativos às acções (γF )

Estado limite último

• situações de projecto acidentais


 

q 

Ed = E Gk,j + P + Ad + (ψ1,1 ou ψ2,1 )Qk,1 + ψ2,i Qk,i 
q
j≥1
 i>1 

• situações de projecto sísmicas


 

q 

Ed = E Gk,j + P + AEd + ψ2,i Qk,i 
q
j≥1
 i≥1 

Os coeficientes parciais das acções para os estados limites ultimos nas situações de projecto
acidentais e sísmicas devem ser iguais a 1,0.

Estados limite de utilização

Os coeficientes parciais das acções para os estados limites de utilização devem ser iguais a
1,0.

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2.4 Coeficientes parciais de segurança

Coeficientes parciais relativos aos materiais (γM )

O coeficentes parciais relativos ao betão e aço estão definidos no EC2 2.4.2.

Situações de projecto: Persistentes e transitórias Acidentais


Material: Betão (γc ) Aço* (γs ) Betão (γc ) Aço* (γs )
Estado limite último 1,5 1,15 1,2 1,0
Estado limite utilização 1,0 1,0

* Armadura de betão armado ou de pré-esforço

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2.4 Coeficientes parciais de segurança

Cargas e combinações correntes num edificio

• situações de projecto persistentes ou transitórias (Combinações fundamentais)

Coeficientes parciais que afectam as acções em cada combinação


Permanentes, Gk Sobrecarga, Qk Vento, Wk Pré-esforço, P
Combinação Desfavorável Favorável Desfavorável Favorável
1. (G + Q) 1,35 1,0 1,5 0 - 1,0
2. (G + W ) 1,35 1,0 - - 1,5 1,0
3. (G + Q + W ) 1,35 1,0 1,5 0 1,5ψ0W 1,0
Q
4. (G + Q + W ) 1,35 1,0 1,5ψ0 0 1,5 1,0

Casos de carga

Ao considerar as combinações de acções deve ter-se em conta os casos de carga relevantes


de modo a permitir a identificação das condições determinantes de projecto de todas as
secções, em toda ou parte da estrutura.

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3. MATERIAIS

3.1 Betão

3.2 Aço para betão armado

3.3 Aço de pré-esforço

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3.1 Betão
No projecto a massa volúmica a tomar para o betão de peso normal é de
• ρ = 2400 kg/m3 - betão não armado;
• ρ = 2500 kg/m3 - betão armado;

Resistência à compressão

Valor característico (quantilho de 5 %) da resistência à compressão referido a


• provetes cilíndricos, fck , ou
• a provetes cúbicos, fck,cubo , de acordo com a EN 206-1.

No EC2 as classes de resistência baseiam-se no valor fck,cil , determinado aos 28 dias.


Contempla 14 classes: da C12/15 à C90/105.

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3.1 Betão

Resistência à tracção

A resistência à tracção fct refere-se à tensão máxima atingida sob esforços de tracção simples.

A resistência à tracção simples do betão pode ser determinada:


• resistência à tracção por ensaio de compressão diametral fct,sp
• resistência à tracção por ensaio de flexão fct,f l

fct = 0, 9fct,sp fct,f l = max {(1, 6 − h/1000) fct ; fct }


h altura total do elemento, em mm.

Módulo de elasticidade

Módulo de elasticidade Ecm , módulo secante entre σc = 0 e 0, 4fcm , para betão com agre-
gados de quartzito. Para agregados de calcário e de grés, o valor deverá ser reduzido de 10
% e de 30 %, respectivamente. Para agregados de basalto, o valor deve ser aumentado de
20 %.

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3.1 Betão

Evolução de fcm , fctm e Ecm em função de fck

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3.1 Betão

Evolução das propriedades com o tempo


Resistência à compressão

A tensão de rotura do betão à compressão numa idade t depende: do tipo de cimento, da


temperatura e das condições de cura.
Para temperatura=20 °C e uma cura de acordo com a EN 12390,
fcm (t) = βcc (t) · fcm

28 1/2
; 5 1 2 6<
βcc (t) = exp s 1 − t

fcm (t) tensão média de rotura do betão à compressão à idade de t dias;


fcm tensão média de rotura aos 28 dias de idade;
βcc (t) coeficiente que depende da idade do betão t ;
t idade do betão em dias;
s coeficiente que depende do tipo de cimento:
• = 0,20 para CEM 42,5 R, CEM 52,5 N e CEM 52,5 R (Classe R);
• = 0,25 para CEM 32,5 R, CEM 42,5 N (Classe N);
• = 0,38 para CEM 32,5 N (Classe S).

Evolução de βcc (t) com o tempo

t (dias) Classe R Classe N Classe S


1 0,42 0,34 0,19
2 0,58 0,50 0,35
3 0,66 0,60 0,46
7 0,82 0,78 0,68
14 0,92 0,90 0,85
28 1,00 1,00 1,00
90 1,09 1,11 1,18
360 1,15 1,19 1,31

Resistência à tracção

fctm (t) = (βcc (t))α · fctm


• α = 1 para t < 28 dias
• α = 2/3 para t ≥ 28 dias.

Módulo de elasticidade

Ecm (t) = (fcm (t)/fcm )0,3 Ecm = (βcc (t))0,3 Ecm

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3.1 Betão

Relações σ − ε para a análise estrutural não-linear


A relação entre σc e εc para o carregamento uniaxial de curta duração

σc kη−η 2
fc = 1+(k−2)η

η = εc /εc1 ;
εc1 extensão correspondente à tensão máxima, de acordo com o Quadro 3.1;
k = 1, 05Ecm × |εc1 | /fcm (fcm de acordo com o Quadro 3.1).
expressão é válida para 0 < |εc | < |εcu1 | em que εcu1 é o valor nominal da extensão última.

Evolução de εcu1 em função da classe de betão

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3.1 Betão

Relações σ − ε para o cálculo de secções transversais


Para o cálculo de secções transversais,
5 3 4n 6
εc
σc = fcd 1 − 1 − εc2 para 0 ≤ εc ≤ εc2

σc = fcd para εc2 ≤ εc ≤ εcu2

fck
fcd = γc
(ver γc no Quadro 2.1N) EC2
n expoente, de acordo com o Quadro 3.1 EC2;
εc2 extensão ao ser atingida a resistência máxima, de acordo com o Quadro 3.1 EC2;
εcu2 extensão última, de acordo com o Quadro 3.1 EC2.

Evolução de εcu2 e εc1

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FEUP-MIEC-EB1

3.1 Betão

Relações σ − ε para o cálculo de secções transversais


Outras idealizações para a relação simplificada σ − ε na condição de serem equivalentes ou
mais conservativas do que a anterior, por exemplo
• diagrama bilinear, com os valores de εc3 e εcu3 de acordo com o Quadro 3.1.

• distribuição rectangular de tensões,

λ = 0, 8 para fck ≤ 50 MPa


λ = 0, 8 − (fck − 50)/400 para 50 < fck ≤ 90 MPa
e
η = 1, 0 para fck ≤ 50 MPa
η = 1, 0 − (fck − 50)/200 para 50 < fck ≤ 90 MPa

Se a largura da zona comprimida diminuir na direcção da fibra extrema mais comprimida,


o valor ηfcd deverá ser reduzido de 10 %.

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3.1 Betão

Coeficiente de Poisson

• =0,2 para betão não fendilhado;


• =0 para betão fendilhado.

Coeficiente de dilatação térmica

• o coeficiente de dilatação térmica linear poderá ser considerado igual a 10 × 10−6 k −1

Fluência e retracção

A retracção e a fluência são propriedades reológicas do betão.

Em geral, os seus efeitos deverão ser considerados na verificação dos estados limites de
utilização.

Factores Retracção Fluência


humidade ambiente • •
dimensões do elemento • •
composição do betão • •
idade do betão • •
idade do betão no 1º carregamento - •
duração e intensidade da carga - •

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3.1 Betão

Fluência e retracção
Humidade ambiente e idade do betão

Evolução da retracção com o tempo, em função da HR

Evolução da fluência com o tempo, em função da HR

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3.1 Betão

Fluência e retracção
Dimensões do elemento

Influência das dimensões do elemento na retracção do betão

Influência das dimensões do elemento no coeficiente de fluência, a 30 anos com HR=60%

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3.1 Betão

Fluência e retracção
Composição do betão

Efeito da razão água/cimento na retracção do betão para diferentes conteúdos em agregado

Idade do betão no 1º carregamento

Influência da idade do carregamento na fluência relativemente à fluência do betão carregado aos


7 dias

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3.1 Betão

Retracção
A extensão total de retracção é constituída por duas componentes,

εcs = εcd + εca

εcs extensão total de retracção;


εcd extensão de retracção por secagem;
εca extensão de retracção autogénea.

Retracção por secagem

O valor final da extensão de retracção por secagem,

εcd,∞ = kh εcd,0 .

Valores de εcd0 (×10−3 ) para o betão com cimentos CEM da Classe N

A fórmula para εcd,0 é dada no Anexo B.

Valores de kh

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3.1 Betão

Retracção
A evolução com o tempo da extensão de retracção por secagem é dada por:

εcd (t) = βds (t, ts ) · kh · εcd,0

(t−ts ) √
βds (t, ts ) = (t−ts )+0,04 h30

t idade do betão na data considerada, em dias;


ts idade do betão (dias) no início da retracção por secagem
h0 espessura equivalente (mm) da secção transversal = 2Ac/u;
Ac área da secção transversal do betão;
u perímetro da parte da secção transversal exposta à secagem.

Retracção autogénea

A extensão de retracção autogénea é dada por:

εca (t) = βas (t)εca (∞)

em que:

εca (∞) = 2, 5(fck − 10) · 10−6

βas (t) = 1 − exp(−0, 2t0,5 )

em que t é expresso em dias.

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3.1 Betão

Retracção

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3.1 Betão

Fluência

A deformação do betão por fluência, εcc (∞, t0 ), na idade t = ∞ para uma tensão de com-
pressão constante, σc , aplicada na idade do betão t0 , é dada por:
σc
εcc (∞, t0 ) = φ(t, t0 ) · Ec

• se σc ≤ 0, 45fck (t0 ) pode utilizar-se Figura 3.1 do EC2;


• se σc > 0, 45fck (t0 ) deverá considerar-se a não linearidade da fluência.

φ(∞, t0 ) valor final do coeficiente de fluência;


t0 idade do betão na data do carregamento, em dias
h0 espessura equivalente = 2Ac /u;
S - cimento Classe S;
N - cimento Classe N,
R - cimento Classe R.

Para mais informações, incluindo a evolução da fluência com o tempo, poderá utilizar-se o
Anexo B do EC2.

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3.1 Betão

Deformação total

εc (t) = εci (t0 ) + εcc (t, t0 ) + εcs (t) + εcT (t)

εcT (t) - deformação de origem térmica =α∆T = 10 × 10−6 ∆T

Parcelas dependentes da tensão

εc,σ = εci (t0 ) + εcc (t, t0 ) = εci (t0 ) + εci (t0 ).φ(t, t0 )

εc,σ = (1 + φ(t, t0 )) Eσc0c + σc


Eco = σc
Ec,ef f
1+φ(t,t0 )

Módulo elasticidade efectivo

1,05Ecm Ecm
Ec,ef f = 1+φ(t,t0 ) ≃ 1+φ(t,t0 ) (expressão 7.20 EC2)

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3.2 Aço para betão armado

Tipos de armaduras ordinárias:

Os aços utilizados nas armaduras ordinárias podem ser apresentados sob a forma de:
• varões direitos nervurados (A400, A500):φ6-8-10-12-16-20-25-32-(40) mm

• redes electrossoldadas (A500): φ3-12 mm

Os varões de aço podem ser obtidos directamente por:


• laminagem a quente
• um processo posterior de endurecimento a frio (laminagem, estiragem)

O comportamento do aço das armaduras para betão armado é definido pelas seguintes
propriedades (EN 10080):
• tensão de cedência (fyk ou fy0,2k );
• tensão de cedência máxima real (fy,max );
• resistência à tracção (ft );
• ductilidade (εuk e ft /fyk );
• aptidão à dobragem;
• características de aderência (fR , ver Anexo C);
• dimensões e tolerâncias das secções;
• resistência à fadiga;
• soldabilidade;
• resistência ao corte e à soldadura para redes electrossoldadas e vigas em treliça pré-
fabricadas.

Diagrama σ − ε para aço típico laminado a quente e aço típico endurecido a frio

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3.2 Aço para betão armado


As propriedades das armaduras requeridas para a utilização com EC2 estão indicadas no
Anexo C.

Anexo Nacional

Informação adicional:
http://www.qsp.pt/reftecn_idaco.html

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3.2 Aço para betão armado

Hipóteses de cálculo

Para o cálculo corrente, poderá admitir-se qualquer uma das seguintes hipóteses :
• a) um ramo superior inclinado com uma extensão limite de εud e uma tensão máxima
de kfyk /γs (γs = 1, 15) para εuk , em que k = (ft /fy )k ;
• b) um ramo superior horizontal sem necessidade de verificação do limite da extensão.

O valor de εud a utilizar num determinado país poderá ser dado no respectivo Anexo Na-
cional. O valor recomendado é 0, 9εuk .

O valor de (ft /fy )k é dado no Anexo C.

Diagramas σ − ε, idealizado e de cálculo, do aço das armaduras para betão armado


(traccionado ou comprimido)

Outras propriedades

• o valor médio da massa volúmica, ρ = 7850 kg/m3 .


• o valor de cálculo do módulo de elasticidade, Es = 200GP a

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3.3 Aço de pré-esforço

Tipos de armaduras de pré-esforço:

Os aços utilizados nas armaduras activas podem ser apresentados sob a forma de:
• varões ou fios;
• cordões;
• cabos (conjunto de cordões)

O fabrico de fios e cordões para pré-esforço são obtidos por trefilagem a frio de fios de aço
laminado a quente (fio de máquina ou fio laminado), de elevado teor em carbono (0,72 a
0,85 % C).
O comportamento das armaduras de pré-esforço é definido pelas seguintes propriedades (EN
10138, Partes 2 a 4):
• resistência, indicando o valor característico da tensão limite convencional de propor-
cionalidade a 0,1 %, (f0,1k ),
• o valor da relação entre a resistência à tracção e a tensão limite convencional de
proporcionalidade (fpk /fp0,1k ) e a extensão na carga máxima (εuk );

Diagrama σ − ε tensões-extensões do aço típico de pré-esforço

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3.3 Aço de pré-esforço


O comportamento das armaduras de pré-esforço é definido pelas seguintes propriedades (EN
10138, Partes 2 a 4) (cont.):
• classe, indicando o comportamento em relação à relaxação;
• secção;
• características da superfície.

As armaduras de pré-esforço devem ser classificadas, em relação à relaxação, definem-se três


classes de relaxação:
• Classe 1: fios ou cordões– relaxação normal;
• Classe 2: fios ou cordões – baixa relaxação;
• Classe 3: barras laminadas a quente e com tratamento complementar.

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3.3 Aço de pré-esforço

Hipóteses de cálculo

Para o cálculo das secções, poderá admitir-se qualquer uma das seguintes hipóteses:
• um ramo inclinado, com uma extensão limite εud ;
• ou um ramo superior horizontal sem extensão limite.

O valor de εud a utilizar num determinado país poderá ser dado no respectivo Anexo Na-
cional. O valor recomendado é 0, 9εuk .

Na ausência de valores mais precisos, os valores recomendados são εud = 0, 02 e fp0,1k /fpk =
0.9 .

Diagramas σ − ε, idealizado e de cálculo, para aços de pré-esforço

Outras propriedades

• o valor médio da massa volúmica, ρ = 7850 kg/m3 .


• o valor de cálculo do módulo de elasticidade,

– Ep = 205 GP a no caso de fios e varões (pode variar entre 195 e 210 GPa);
– Ep = 195 GP a no caso de cordões (pode variar entre 185 e 205 GPa).

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