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O RETORNO DO POLÍTICO

RENÉ RÉMOND

Apresentação: Isabela Moura


SOBRE O AUTOR:

Nasceu em 1918 na França.


Em um momento que falar de política era considerado um pecado para
os historiadores, ele se tornou amplamente famoso por sua luta para
recolocar a História Política no centro das pesquisas e discussões
acadêmicas.
Foi secretário geral da Juventude Estudantil Católica Francesa, em 1943,
e membro do Centro Internacional de Documentação e Informação em
Paris.
Após atuar anos em defesa da História Política, foi presidente da
Fundação Nacional de Ciências Políticas, de 1981 a janeiro de 2007.
Membro fundador da Pontifícia academia de Ciências Sociais.
Foi eleito à Academia Francesa, em 1998, na vaga do historiador François
Furet.
SOBRE O TEXTO:

O Retorno do Político é o Terceiro capítulo da


obra: Questões para a história do presente.
Obra organizada e coordenada por Agnès
Chauveau e Philippe. Tétard.
INTRODUÇÃO:

O político e os fenômenos assim chamados retomaram à história do


presente ou imediata, um lugar que eles tinham perdido.
O político, pode ser um objeto de conhecimento científico assim
como fator de explicação de outros fatos além de si mesmo.
Rémond argumenta que são pontos incontestáveis utilizando-se de
uma entrevista entre Le Goff e Pierre Lepape:
“A crise da Nova História expressou-se também por uma série de
retornos, história-relato, história dos acontecimentos, sobretudo da
história política.”
Ambos retornos haviam sido mantidos sob controle pelos Annales
em proveito da História econômica e social.
Três momentos da História Política:

GLORIFICADA NO SÉCULO XIX


(Nacionalismo)

DESPREZADA
(À época da Escola dos Annales.)

RECUPERADA
(Anos 80, novas orientações e tendências)
Os Partidos
Mediador das
relações

Opinião Pública Associativismo


produto do vácuo deixado
Manifestação Pública pelo poder instituido
História
Política
As Eleições Renovada A Mídia
Comportamento Instrumento

O Vocabulário
Articulação e significação
Intencionalidades
Objetivo do texto: investigar o que
significou a reversão, o alcance e os
limites.
Observação: a emergência da História
Política não significa retomada da história
política tradicional.
“Desfaçamos a confusão entre História Próxima e
História Política.” (Rémond, 1999, p.53)
História Próxima e História Política não se
coincidem.
O Político não está exclusivamente ligado pela
proximidade de tempo.
Historiadores da antiguidade e da Idade Média
contribuíram enormemente para o retorno do
político.
Claude Nicolet: trata do político e da cidadania
na República Romana.

Bernard Guenée: Fenômeno do Estado.

Philippe Contamine: “se a guerra não é de fato


política está próxima disso.”

“É preciso ultrapassar o quadro cronológico


dessa jornada.” (RÉMOND, 1999, p.54)
“A História Política não se reduz ao acontecimento” (RÉMOND, 1999,
p.54)
Talvez atribua mais importância ao evento do que outras correntes.
Ainda que um acontecimento possa ser outra coisa que não político.
Exemplificando:

1. Crash econômico 1929


2. Terremoto em Lisboa
3. Tchernobyl
“É preciso reavaliar o papel do acontecimento.”
Se trabalharmos sobre um período curto ou próximo, somos
levados a atribuir a ele uma parte mais importante do que sobre
períodos mais afastados.
“Jean-Jacques Becker observa que o risco para o historiador do
contemporâneo é que não há o aval da sequência.” (RÉMOND,
1999, p.55)
“O fato que, que é uma janela e um revelador modifica também
em profundidade – e não somente na superfície – o destino dos
povos e os destinos individuais.” p.55
Por que esse retorno do político?

“A evolução do ambiente ideológico em primeiro lugar.”

“O político não deve ser exclusivo. Ele não é sempre determinante


e imutável. Deve-se evitar isolá-lo.”

“Se militei pela história do político não me limitei a isso de algum


modo, cheguei ali por outras vias [...] Cheguei ao político através
da opinião” (RÉMOND, 1999, p.58)
A expressão “retorno do político” é discutível.

Le Goff: “A expressão retorno é ambígua, fala-se dela como um


retono a uma concepção do passado que teria sido suprimida
ou comprimida pela Nova História.”
“O campo do político não é definido de uma vez por todas, ele
é mutável”.
Hoje em dia o político concerne a tudo o que toca a existência
individual: o corpo, a vida, o nascimento, a morte.
O político inscreve-se tanto na longa duração como na
mudança. Ora, não há nada que defina melhor a
inteligência histórica do que a percepção da duração e a
distinção entre o que fica e o que muda. Só isso bastaria
para consagrar ao político um lugar importante no
campo da investigação do historiador.”
(Rémond, 1999, p.60).

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